UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
Disciplina: Seminário Aplicado
CRUZAMENTOS E DESEMPENHO EM VACAS LEITEIRAS
Rafael Alves da Costa Ferro
Orientadora: Dra. Eliane Sayuri Miyagi
GOIÂNIA
2011
ii
RAFAEL ALVES DA COSTA FERRO
CRUZAMENTOS E DESEMPENHO EM VACAS LEITEIRAS
Seminário apresentado junto à Disciplina
Seminários Aplicados do Programa de
Pós-Graduação em Ciência Animal da
Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás.
Nível: Mestrado.
Área de Concentração:
Produção Animal
Linha de Pesquisa:
Fatores genéticos e ambientais que
influenciam o desempenho dos animais
Orientadora:
Profa. Dra. Eliane Sayuri Miyagi – UFG
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Marlos Castanheira – UEG
Profa. Dra. Maria Clorinda Soares Fioravanti - UFG
GOIÂNIA
2011
iii
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................... iv
LISTA DE FIGURAS...................................................................... v
LISTA DE QUADRO...................................................................... vi
LISTA DE TABELAS..................................................................... vii
1 INTRODUÇÃO.............................................................................. 1
2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................... 3
2.1 Cruzamentos................................................................................. 3
2.1.1 Objetivos........................................................................................ 3
2.1.2 Heterose........................................................................................ 4
2.1.3 Tipos de cruzamentos................................................................... 5
2.1.3.1 Cruzamento simples...................................................................... 5
2.1.3.2 Cruzamento contínuo ou absorvente............................................ 6
2.1.3.3 Cruzamento rotativo ou alternado................................................. 7
2.1.3.4 Cruzamento triplo ou tricross......................................................... 9
2.2 Raças utilizadas nos cruzamentos................................................ 9
2.2.1 Holandesa..................................................................................... 10
2.2.2 Jersey............................................................................................ 12
2.2.3 Pardo-Suíça................................................................................... 13
2.2.4 Gir.................................................................................................. 14
2.3 Desempenho das vacas oriundas dos cruzamentos..................... 16
2.3.1 Girolando....................................................................................... 16
2.3.2 Grupos genéticos ou mestiços...................................................... 17
2.4 Alguns parâmetros genéticos que influenciam na escolha dos
animais..........................................................................................
22
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... 24
REFERÊNCIAS............................................................................. 25
iv
LISTA DE ABREVIATURAS
DL - Duração da lactação
F1 - Primeira geração
G - Gir
GC - Geração controlada
H - Holandês
IP - Intervalo de parto
IPP - Idade ao primeiro parto
PC - Puro por cruza
PL - Produção de leite
v
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Esquema do cruzamento simples......................................... 6
FIGURA 2 Esquema do cruzamento contínuo....................................... 7
FIGURA 3 Esquema do cruzamento alternado simples......................... 8
FIGURA 4 Formação do Girolando........................................................ 8
FIGURA 5 Concentrações de cortisol segundo os grupos raciais,
durante ordenha mecanizada exclusiva...............................
20
vii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Produção de leite e teor de gordura, em 305 dias, da raça
Holandesa.............................................................................
11
TABELA 2 Índices reprodutivos da raça Holandesa............................... 11
TABELA 3 Produção de leite e teor de gordura, em 305 dias, da raça
Jersey...................................................................................
13
TABELA 4 Produção de leite e teor de gordura, em 305 dias, da raça
Pardo-Suíça..........................................................................
14
TABELA 5 Produção de leite e teor de gordura, em 305 dias, da raça
Gir.........................................................................................
15
TABELA 6 Produção de leite e teor de gordura, em 305 dias, da raça
Girolando..............................................................................
17
TABELA 7 Produção de leite (kg), em 305 dias, dos grupos genéticos,
Holandês e Gir......................................................................
18
TABELA 8 Duração de lactação (dias) dos grupos genéticos,
Holandês e Gir......................................................................
20
TABELA 9 Idade ao Primeiro Parto (meses) dos grupos genéticos,
Holandês e Gir......................................................................
21
TABELA 10 Intervalo de Partos (meses) dos grupos genéticos,
Holandês e Gir......................................................................
22
1 INTRODUÇÃO
Em 2009, o Brasil produziu 29.112.024 mil litros de leite, com uma
estimativa para 2010 de 30.360.374 mil litros, representando um aumento de
4,29% (NOGUEIRA, 2011). Com um efetivo bovino de 205.292 milhões de
cabeça, sendo a região Centro-Oeste detentora de 34,4% do rebanho, e deste
efetivo nacional, 18% são destinadas a produção de leite e 2 % para duplo
propósito (leite e carne) (IBGE, 2009). Possuindo, então, 41.058,4 bovinos
leiteiros, produzindo 709,04 litros/vaca/ano, com uma produção de 1,94
litros/vaca/dia.
O desempenho produtivo e reprodutivo de vacas leiteiras, criados em
países de clima tropical e subtropical, como o Brasil, ainda é baixo, principalmente
quando comparado aos países de clima temperado, como os Estados Unidos,
Holanda, Canadá.
Muitas vezes esses baixos valores são causados pela falta de
conhecimento, dos produtores rurais e de alguns técnicos, quanto à exigência
nutricional, sanitária, climática, entre outras, dos animais, tornando-se comum
encontrar vacas leiteiras com alto potencial produtivo, produzindo aquém de sua
capacidade.
Visando melhorar esses índices, tem-se realizado cruzamentos de
animais de origem européia, Holandesa, Jersey e Pardo-Suíça, com zebuínos,
principalmente o Gir Leiteiro, obtendo grupos genéticos, mestiços, altamente
produtivos e rústicos, adaptados as mais variadas condições ambientais. As
vacas mestiças, segundo SILVA et al. (2010), são responsáveis por 80% da
produção de leite nacional.
Em toda exploração leiteira, independente do local de criação, é
necessário conhecer qual raça será utilizada, seu potencial produtivo e limitações,
pois assim poderá adotar corretas medidas de manejo, como a realização ou não
de cruzamentos.
O sucesso da pecuária leiteira tem uma correlação positiva com o
melhoramento genético e índices reprodutivos do rebanho.
A reprodução é um dos fatores que afetam a produção de leite, sendo
que a maioria das vacas criadas no Brasil, apresentam elevada idade ao primeiro
2
parto (IPP) e um maior intervalo de parto. A IPP é de extrema importância, pois os
animais tornam-se produtivos mais cedo, proporcionando maiores lucros aos
produtores.
Objetivou-se com a presente revisão identificar os tipos de
cruzamentos utilizados em bovinos leiteiros e quais as principais raças e mestiços
podem ser criados nas regiões tropicais, para obter melhores índices produtivos e
reprodutivos.
3
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Cruzamentos
O cruzamento é definido como o acasalamento entre indivíduos de
raças diferentes (TEODORO, 2006), com o intuito de melhorar a capacidade
produtiva e reprodutiva dos animais, criados nos trópicos (MCMANUS et al.,
2008a).
Para a escolha do tipo de cruzamento e quais raças utilizar, é
necessário conhecer os fatores ambientais da propriedade, com o objetivo de
obter animais de elevado potencial genético e adaptado ao local de criação
(VASCONCELLOS et al., 2003).
Uma alternativa econômica que vem sendo bastante difundida,
aumentando a produção de leite, é o cruzamento entre animais das raças Bos
taurus (européias) com Bos indicus (zebuínos) (COSTA, 2009), principalmente
Holandês com Gir, formando animais produtivos e de maior rusticidade,
adaptados as mais variadas condições ambientais (FACÓ et al., 2002).
Um dos grandes problemas verificados na utilização de cruzamentos é
a variação de animais de diferentes grupos genéticos dentro de uma propriedade,
dificultando o manejo (REIS FILHO, 2006).
2.1.1 Objetivos
Um dos objetivos do cruzamento é reunir, agregar, em um só animal
características desejáveis de duas ou mais raças, como a adaptabilidade das
raças zebuínas e o elevado potencial produtivo das raças especializadas (REIS
FILHO, 2006), apresentando a complementaridade em alguns cruzamentos,
dependendo da diferença entre as populações utilizadas (NICHOLAS, 2011).
Gerar animais altamente produtivos e com boa capacidade reprodutiva,
adaptados as condições tropicais (GUIMARÃES et al., 2002).
Pelo cruzamento tem-se o aproveitamento da heterose (FACÓ et al.,
2002).
4
2.1.2 Heterose
A heterose, ou vigor híbrido, é definido como a superioridade dos filhos
em relação à média dos pais, manifestada em muitas características, reprodução,
produção e resistência (TEODORO, 2006), observando um aumento na produção
de leite (Quadro 1), redução na idade ao primeiro parto (IPP) e intervalo de parto
(IP) (FACÓ et al., 2008).
A heterose é mais intensa, máxima, quanto mais distante
geneticamente, na origem evolutiva, forem as linhagens ou raças utilizadas nos
cruzamentos (FREITAS et al., 2010).
QUADRO 1 – Exemplo de heterose para produção leiteira.
Heterose = Peso do produto – Média dos pais*
Heterose = 4.375 kg – 3.500 kg = 875 kg (25%)
* Média dos pais = 5.000 kg + 2.000 kg = 3.500 kg
2
Fonte: FREITAS et al. (2010).
A heterose é explicada pela teoria da dominância, sobredominância e
epistasia (LOPES et al., 2005a):
Na teoria da dominância, os alelos dominantes têm efeito sobre os alelos
recessivos. Como é difícil encontrar indivíduos com apenas alelos
dominantes, o cruzamento de duas raças distintas, resultará em progênies
com maior quantidade destes alelos.
Teoria da sobredominância: o heterozigoto é superior ao homozigoto,
♂ Europeu
5.000 kg
♀ Zebu
2.000 kg
½ EZ
4.375 kg
x
5
ocorrendo uma complementação fisiológica, tornando o híbrido mais
produtivo e adaptado.
E na Teoria da epistasia, há interação de alelos de loco diferente,
produzindo efeito mais favorável. A combinação dos alelos dominantes
A_B_ é superior, pois quando em homozigose recessiva ocorre a epistasia,
reduzindo a produção.
Como exemplo, das três teorias, o cruzamento do indivíduo A
(AAbbCC) com B (aaBBcc), produzirá descendentes com genótipo AaBbCc, de
maior desempenho (LOPES et al., 2005a).
A heterozigose na primeira geração (F1), oriunda do cruzamento de
uma raça taurina com uma zebuína, é 100%, estimada por tais efeitos
(TEODORO, 2006).
Realizando o cruzamento entre F1, o valor de heterozigose diminui
para 50%, em relação à obtida na primeira geração, mesmos assim pode ser
vantajoso (LOPES et al., 2005a). Já no cruzamento contínuo, passa para 67% da
observada na F1 e com o tricross para 86% (COSTA, 2009).
2.1.3 Tipos de cruzamentos
2.1.3.1 Cruzamento simples
É a forma mais simples e consiste no cruzamento de um indivíduo da
população A com uma da população B, obtendo a progênie denominada de F1
(NICHOLAS, 2011), como mostra a Figura 1. É necessário que o produtor possua
a linhagem materna e paterna (quando não utilizar inseminação artificial) puras
dentro de sua propriedade (LOPES et al., 2005a).
A primeira geração, quando oriunda do cruzamento de animais
zebuínos com europeus, apresenta heterose máxima e como vantagens, boa
produção de leite; maior resistência a doenças, endo e ectoparasitas; rusticidade;
porte intermediário entre as raças paternas, com bom ganho de peso; valorizadas
no mercado; sendo base para os demais cruzamentos. As desvantagens é a
6
necessidade do produtor em manter no rebanho duas raças (FREITAS et al.,
2010).
FIGURA 1 – Esquema do cruzamento simples. Fonte: FREITAS et al. (2010).
Alguns estudos têm mostrado o maior desempenho produtivo,
reprodutivo e econômico de animais meio sangue, oriundos do cruzamento
simples, em comparação a vacas formadas pelo cruzamento alternado
modificado, contínuo e bimestiçagem, quando criados no Brasil, em fazendas de
manejo comum (TEODORO, 2006).
2.1.3.2 Cruzamento contínuo ou absorvente
O cruzamento absorvente é utilizado para substituir os genes de uma
raça menos produtiva, menor potencial genético, por genes de outra, de maior
produção (REIS FILHO, 2006).
Com a utilização da mesma raça, com o passar das gerações obtêm-se
diferentes composições genéticas (Figura 2) (LOPES et al., 2005a). Quando
atinge a proporção 31/32 é considerado Puro por Cruza (PC) e as gerações
subseqüentes conhecidas como Geração Controlada (GC1, GC2, GC3), sendo
que a partir da GC3, também são denominadas Puras de Origem Nacional
(DURÃES et al., 2001).
7
Á medida que se realiza o cruzamento contínuo, é necessário fazer
mudanças na propriedade, adequando o ambiente, aos novos animais que
surgirão, pois a cada geração, como se aproximam da raça pura, tornam-se mais
exigentes (LOPES et al., 2005a).
FIGURA 2 – Esquema do cruzamento contínuo. Fonte: FREITAS et al. (2010).
2.1.3.3 Cruzamento rotativo ou alternado
O cruzamento rotativo pode ser realizado de duas maneiras, simples
ou modificado (FREITAS et al. 2010).
O alternado simples consiste na utilização de duas raças puras
mudando-se a raça do reprodutor a cada geração (Figura 3). Obtem-se animais
com duas composições genéticas dentro do rebanho, podendo realizar a
reposição de fêmeas com animais do próprio plantel. Esse sistema é indicado
para produtores com baixo nível tecnológico na sua propriedade (LOPES et al.,
2005a).
Como desvantagem, quando não realiza a inseminação artificial, há a
necessidade de se manter dois reprodutores de raças diferentes dentro da
8
propriedade, elevando o custo de produção (FREITAS et al. 2010).
A raça sintética Girolanda é formada pelo cruzamento alternado
simples, até a terceira geração, onde se realiza o cruzamento com outro animal
de mesma proporção sanguínea, ⅝ H + ⅜ G (Figura 4) originando o bimestiço
(SILVA et al., 2010).
FIGURA 3 – Esquema do cruzamento alternado simples.
Fonte: Adaptado de FREITAS et al. (2010).
FIGURA 4 – Formação do Girolando. Fonte: Adaptado de FREITAS et al. (2010).
9
O cruzamento alternado simples apresenta bom desempenho
produtivo, considerado viável, em condições adversas (TEODORO, 2006).
O alternado modificado também consiste na utilização de reprodutores
de duas raças, mas de maneira repetida, ou seja, cruzam-se as descendentes
com animais puros de uma mesma raça, duas ou três vezes seguidos, para
posteriormente mudá-la, apresentando como vantagem a maior composição
genética de determinada raça, escolhida pelo produtor, atendendo seus objetivos
de criação. Em contrapartida tem-se na propriedade uma falta de padronização
dos animais, dificultando práticas de manejo (FREITAS et al., 2010).
2.1.3.4 Cruzamento triplo ou tricross
Inicialmente ocorre o cruzamento simples (A x B), gerando F1, as quais
são cruzadas com um animal de uma terceira população, raça (C), originando
animais com as seguintes proporções genéticas: ¼ A + ½ C + ¼ B, melhorando a
capacidade produtiva e reprodutiva (NICHOLAS, 2011).
Como desvantagem, o produtor necessita fazer a aquisição de fêmeas
meio sangue para reposição e manter um reprodutor, terceira raça, para a
realização do tricross (LOPES et al., 2005a).
2.2 Raças utilizadas nos cruzamentos
Diferentes raças e grupos genéticos são utilizados nos sistemas de
produção de leite, necessitando aliá-las ao melhor ambiente, para obter índices
produtivos e reprodutivos satisfatórios (PINHEIRO et al., 2005).
No Brasil os animais mais utilizados são os mestiços, oriundos do
cruzamento de um Bos taurus taurus (Holandês, Jersey e Pardo-Suíça) com Bos
taurus indicus (Gir) (SARTORI, 2007).
Raças puras, Holandesa e Jersey, são utilizadas em menor escala,
ficando mais restrito a propriedade com boas condições ambientais, manejo
10
adequado e melhor tecnificação, criação em semi-confinamento e confinamento,
permitindo que expressem todo seu potencial genético (MCMANUS et al., 2008b).
As raças zebuínas, Gir, são adaptadas a diversas situações, mas
apresentam índices produtivos inferiores em comparação a animais de origem
européia (TEODORO, 2006).
2.2.1 Holandesa
A raça Holandesa é originada da Holanda, onde passou por processos
de seleção, ao longo dos anos, tornando-se a mais produtiva dentre as espécies
bovinas (FREITAS et al., 2010).
No Brasil vem sendo bastante utilizada para a exploração leiteira,
principalmente em cruzamentos, com raças zebuínas (REIS FILHO, 2006;
MCMANUS et al., 2008b).
Possuem pelagem preta com branca (variedade Frísia) e vermelha com
branca (M.R.Y. – Mosa, Reno e Yessel). A pele é fina, macia, pigmentada nas
malhas escuras e róseas nas partes brancas da pelagem; cabeça é delicada, de
tamanho médio e perfil côncavo; orelhas pequenas e cobertas de pêlos na parte
interna; olhos grandes e salientes; narinas largas e bem abertas; pescoço mais
musculoso no macho e longo e delicado nas fêmeas (SILVA & VELOSO, 2011).
O corpo é bem desenvolvido, comprido; peito largo, grande capacidade
respiratória e circulatória; dorso reto; linha dorso-lombar um pouco ascendente no
sentido frontal; garupa larga, tendendo a invertida (ísquios mais elevados que
íleos); umbigo reduzido; membros finos com bons aprumos (FREITAS et al.,
2010), com peso médio a idade adulta de 644 kg (CARNELOSSO et al., 2011).
Tem o úbere bem desenvolvido, simétrico, com boa irrigação
sanguínea. Considerada altamente especializada para a produção leiteira (Tabela
1) (SILVA & VELOSO, 2011), sendo que o local de criação, variações ambientais,
influencia a produção leiteira (FERREIRA & FERNANDES, 2000).
11
TABELA 1 – Produção de leite e teor de gordura, em 305 dias, da raça Holandesa.
Autores Produção de Leite
(kg)
Gordura
(%)
FERREIRA & FERNANDES (2000) 4.485,0 3,27
FREITAS et al. (2000) 7.035,0 -
DURÃES et al. (2001) 6.303,4 -
LEITE et al. (2001) 3.306,0 -
Adaptado de PORCIONATO et al. (2005) 8.042,2 -
MCMANUS et al. (2008a) 3.049,0 -
FREITAS et al. (2010) 9.036,0 3,50
Adaptado de MAIXNER et al. (2011) 5.825,5 4,00
Adaptado de CARNELOSSO et al. (2011) 8.613,2 3,94
FREITAS et al. (2000) verificaram que em sistema intensivo,
fornecendo conforto ambiental e atendendo as exigências nutricionais dos
animais, obtêm uma maior produção leiteira.
A média de produção de leite (PL) de uma vaca Holandesa, quando
bem manejada, varia de 6.000 kg a 10.000 kg, com lactação superior a 10 meses
(FREITAS et al., 2010). Essa produção tem um declínio com o aumento da
temperatura ambiente, mostrando a falta de adaptação da raça. Ocorre também
redução no teor de gordura do leite (FERREIRA & FERNANDES, 2000).
Quanto aos índices reprodutivos (Tabela 2) também são afetados pelo
manejo adotado na propriedade. Animais com maior produção leiteira apresentam
um pior desempenho reprodutivo (MCMANUS et al., 2008b).
TABELA 2 – Índices reprodutivos da raça Holandesa.
Autores IPP (meses) IP (meses)
FREITAS et al. (2000) 25,5 -
LEITE et al. (2001) 37,1 14,6
Adaptado de MCMANUS et al. (2008a) 35,0 15,0
Adaptado de MCMANUS et al. (2008b) 29,8 13,5
FREITAS et al. (2010) 25,0 -
12
A IPP está relacionada ao peso dos animais, inseminados quando
alcançavam 340 kg de peso vivo. O IP encontrado está abaixo do ideal (12
meses), indicando ineficiência do manejo reprodutivo, ocasionando perdas de
produção de leite e também pode estar relacionado à má detecção do cio,
aumentando o intervalo de parto (LEITE et al., 2001).
Os valores de IP podem ser bastante influenciados pelo produtor rural,
devido à escolha de adiar ou adiantar a inseminação artificial, em função do preço
do leite (MCMANUS et al., 2008b).
2.2.2 Jersey
Considerada a segunda raça leiteira mais importante do mundo. É
originada da Ilha de Jersey, localizada no Canal da Mancha, Inglaterra. No Brasil
está distribuída em quase todos os Estados, encontrando-se principalmente em
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas
Gerais (FREITAS et al., 2010).
Possuem pelagem variando do amarelo ou pardo claro ao escuro,
possuindo as extremidades mais escuras; pêlos claros em volta dos olhos,
focinho e linha dorsal; mucosa preta; cabeça curta, pequena e côncava; olhos
escuros, proeminentes e grandes; orelhas curtas, voltada para frente; focinho
largo; pescoço de comprimento médio, musculoso no macho e delicado nas
fêmeas; corpo em forma de triângulo, característica leiteira; garupa horizontal;
bons aprumos; e úbere de acordo com o tamanho do animal, com boa
conformação e irrigação sanguínea (SILVA & VELOSO, 2011).
É uma raça de pequeno porte, apresentam estatura média, na altura da
garupa, de 1,15 a 1,30 metros, pesando de 300 a 500 kg (FREITAS et al., 2010).
Apresenta boa rusticidade, facilidade de parto, fertilidade, longevidade,
produção de leite com elevados teores de sólidos totais (Tabela 3) (SILVA &
VELOSO, 2011), e também índices reprodutivos adequados com IPP entre 26 e
30 meses, considerados precoces ao primeiro parto (FREITAS et al., 2010).
É a mais rústica, dentre as raças européias (FREITAS et al., 2010).
Quando comparada a raça Holandesa, tem uma melhor tolerância ao calor,
13
começando a reduzir sua produção de leite quando a temperatura ambiente é
superior a 27ºC, 3ºC a mais que a raça Holandesa (PINHEIRO et al., 2005).
TABELA 3 – Produção de leite e teor de gordura, em 305 dias, da raça Jersey.
Autores Produção de Leite
(kg)
Gordura
(%)
FREITAS et al. (2010) 5.500,00 5,30
Adaptado de MAIXNER et al. (2011) 4.758,00 5,56
Adaptado de CARNELOSSO et al. (2011) 6.798,45 4,12
Em virtude do seu elevado potencial leiteiro com grande quantidade de
gordura, a Jersey vem sendo amplamente utilizada nos cruzamento com outras
raças leiteiras, para aumentar os teores de sólidos do leite (FREITAS et al., 2010).
Apesar de produzirem menos leite que raças Holandesas, sua
utilização é recomendada em regiões que remuneram uma bonificação pela
qualidade do leite, teor de gordura e proteína, superando assim a diferença na
produção entre estas raças (CUNHA et al., 2010).
2.2.3 Pardo-Suíça
Originada da Suíça, é criada em quase todos os países da Europa,
mas também, encontrada no Brasil, Canadá, Estados Unidos, Uruguai e Argentina
(SILVA & VELOSO, 2011).
Encontra-se difundida em todo o território nacional, apresentando
índices produtivos razoáveis, mesmo em condições climáticas inadequadas
(SILVA et al., 2000).
Possuem pelagem variando do cinza claro ao escuro, sendo os macho
mais escuros; mucosa preta; pele de pigmentação escura e grossa; cabeça
média, com fronte larga; olhos pretos e grandes; orelhas médias, cobertas de
pêlos; pescoço grosso, em ambos os sexo, com pouca barbela (FREITAS et al.,
2010).
14
Apresentam o peito largo; costelas arqueadas; boa cobertura muscular;
linha dorso-lombar reta; garupa ampla, às vezes com leve inclinação; a
conformação varia em forma de cunha (característica leiteira) e de cilindro (corte);
membros curtos; úbere volumoso, com boa conformação; e tetos médios (SILVA
& VELOSO, 2011).
São animais de grande porte, altura da cernelha variando 1,38 a 1,48
metros; com peso vivo de 550 a 750 kg (FREITAS et al., 2010).
Animais da raça Pardo-Suíça suportam mais calor que os da raça
holandesa, podendo obter uma alta produção leiteira quando submetidos a
condições ambientais adequadas (LALONI et al., 2004). Constitui uma boa
alternativa para o cruzamento com animais zebuínos (SILVA & VELOSO, 2011).
As médias da produção de leite, encontradas, da raça Pardo-Suíça
quando submetidas a um manejo satisfatório, permitindo que expressem seu
potencial genético estão expressas na Tabela 4 (SILVA et al., 2000).
TABELA 4 – Produção de leite e teor de gordura, em 305 dias, da raça Pardo-Suíça.
Autores Produção de Leite
(kg)
Gordura
(%)
SILVA et al. (2000) 4.332,08 -
RENNÓ et al. (2002) 5.791,50 3,78
ARAÚJO et al. (2003) 6.085,79 3,70
Adaptado de FREITAS et al. (2010) 6.085,00 3,69
SILVA & VELOSO (2011) 4.741,00 4,16
2.2.4 Gir
Dentre as raças zebuínas a Gir é a mais difundida, bastante utilizada
na produção leiteira (REIS FILHO, 2006), compondo o rebanho leiteiro brasileiro
na forma pura ou em cruzamentos com raças especializadas, Holandesa
(PROSPERI et al., 2000; WENCESLAU et al., 2000).
É originada da região de Kathiavar, sul da Índia. Possui diferentes tipos
de pelagens, variando do vermelho ao amarelo, em diversas tonalidades, chita
15
clara e rosilha, e moura; pele preta; cabeça média e larga, convexa; marrafa
jogada para trás; focinho largo e preto, com narinas dilatadas; olhos elípticos e
escuros, protegidos por rugas, nas pálpebras superiores; orelhas pendentes,
forma de “gavião”; chifres fortes e longos, voltados para baixo e para trás;
pescoço médio e musculoso no macho, sendo mais delicado nas fêmeas
(FREITAS et al., 2010).
Apresentam o corpo comprido; peito amplo; cupim, giba, volumoso, em
forma de castanha de caju; dorso e lombo são horizontais e largos; costelas
arqueadas e compridas; umbigo e prepúcio são compridos; ancas largas; garupa
comprida, inclinada (ílios mais altos que os ísquios); vulva preta; úbere bem
desenvolvido, projetado para frente, quartos simétricos; tetas de tamanho médio
(SILVA & VELOSO, 2011); com peso vivo médio de 470 kg (RIBEIRO et al.,
2009).
Por meio do processo de seleção, desde a década de 30, dos melhores
animais para a produção leiteira, realizada por entidades governamentais e
criadores, ocorreu à formação de uma linhagem leiteira, sendo animais produtivos
e rústicos, adaptados ao clima tropical (SILVA & VELOSO, 2011), apresentando
duração da lactação (DL) em torno de 286 dias, produzindo uma boa quantidade
de leite (Tabela 5) e de qualidade, com altos valores de sólidos totais (FREITAS
et al., 2010).
TABELA 5 – Produção de leite e teor de gordura, em 305 dias, da raça Gir.
Autores Produção de Leite
(kg)
Gordura
(%)
BALEIRO et al. (2000) 2.653,00 -
PROSPERI et al. (2000) 2.512,00 -
RIBEIRO et al. (2009) 2.575,10 4,20
Adaptado de FREITAS et al. (2010) 3.777,00 -
Quando a raça Gir e a Holandesa são colocadas em pastagens, nas
regiões tropicais, de mesma condição, a Gir produz mais leite, devido à maior
adaptação. Entretanto, em boas condições ambientais, que atendem as
necessidades da raça Holandesa elas tornam-se mais produtivas que a raça Gir
16
(NEGRÃO et al., 2008). A resistência dos zebus está relacionada a maior
sudorese (maior volume das glândulas sudoríparas) e baixa produção de leite,
gerando menor incremento calórico (AZEVEDO et al., 2005).
Por meio de programas de melhoramento genético, seleção, teste de
progênie tem-se obtido animais com maior capacidade produtiva e reprodutiva
(TEODORO, 2006).
2.3 Desempenho das vacas oriundas dos cruzamentos
2.3.1 Girolando
No ano de 1996 o Ministério da Agricultura reconheceu, oficializou, o
Girolando como uma raça sintética, na composição genética de ⅝ H + ⅜ G,
bimestiço. Criada, no Brasil, com o objetivo de ter animais produtivos,
economicamente viáveis, em condições subtropicais e tropicais (SILVA et al.,
2010).
Possui o perfil da cabeça retilíneo; olhos médios, com moderada
saliência; garupa levemente inclinada; umbigo reduzido; vulva de tamanho médio,
um pouco estriada (FREITAS et al., 2010).
As orelhas possuem comprimento médio, larga e com a ponta mais
fina; pescoço bem implantado, delicado nas fêmeas e musculoso nos machos;
peito amplo e largo; boa cobertura muscular; costelas longas e arqueadas;
membros médios e fortes; úbere bem desenvolvido, com boa irrigação sanguínea,
veias mamárias de bom calibre. Apresentam diferentes colorações de pelagem,
preto, castanho, vermelho, em varias tonalidades e manchas; pêlos curtos e finos.
Considerada especializada para a produção de leite (Tabela 6) (SILVA &
VELOSO, 2011).
17
TABELA 6 – Produção de leite e teor, em 305 dias, da raça Girolando.
Autores Produção de Leite
(kg)
GROSSI & FREITAS et al. (2002) 4.533,10
SILVA et al. (2010) 4.936,00
SILVA et al. (2010) verificaram um aumento na PL, saindo de 3.648
kg/lactação, no ano de 2000, para 4.936 kg/lactação, em 2009, apresentando uma
DL de 298 dias e IPP de 35,2 meses.
Esses índices produtivos da raça sintética Girolando mostram o baixo
processo de seleção durante sua formação (FACÓ et al., 2005), sendo necessário
um melhor processo de escolha das raças puras, aumentando o desempenho
produtivo e reprodutivo desses animais (FACÓ et al., 2008).
Mas sem dúvida, são animais bem adaptados às condições brasileiras,
com boa resposta, produtiva, quando criados em pastagem, principalmente se
ocorrer um bom manejo nutricional (SILVA & VELOSO, 2011).
2.3.2 Grupos genéticos ou mestiços
Uma alternativa viável para melhorar os índices produtivos do rebanho
brasileiro é a utilização de animais mestiços, grupos genéticos, pois são
produtivos e adaptados ao clima tropical (VASCONCELLOS et al., 2003).
Eles são obtidos por meio de cruzamentos, na maioria das vezes entre
animais da raça Holandesa e Gir, para atender os objetivos dos produtores,
gerando animais com diferentes proporções genéticas (TEODORO, 2006).
As características raciais são variadas em função da proporção
genética, ficando, por exemplo, mais próximas da raça Holandesa, pura, quanto
maior a composição genética de Holandês do animal e assemelha aos da raça Gir
quanto maior composição desta raça no mestiço (FREITAS et al., 2010).
Os ½ HG possuem o perfil subconvexo; olhos elípticos, com rugas na
parte superior, herdada da raça Gir; garupa com inclinação evidente, devido à
grande proporção genética da raça Gir; umbigo de tamanho médio; e vulva
18
volumosa e estriada. Já os ¾ HG, apresentam perfil subcôncavo; olhos
arredondados, com ligeira saliência; garupa mais nivelada; umbigo pouco
evidente; e vulva de menor volume, com a presença de estrias (FREITAS et al.,
2010).
Características como PL (Tabela 7) IPP e IP, são influenciadas pela
composição genética dos animais (FACÓ et al., 2009).
TABELA 7 – Produção de leite (kg), em 305 dias, dos grupos genéticos, Holandês e Gir.
Autores Grupos Genéticos
¼ ½ ¾ ⅞ 15/16 31/32
1 - 2.281,63c 4.000,69ab 4.244,95a 3.579,70abc 3.864,89abc
2 - 3.434,90c 4.568,50b 5.470,00a - -
3 - 3.727,00d 3.968,30c 4.058,67b 4.099,67b 4.402,76a
4 - 3.549,30c 4.331,70b 4.515,70a - -
5 - 2.926,43 3.807,33 3.845,13 3.365,63
6 2.348,80b 3.473,40a 3.823,30a - - -
Médias seguidas das mesmas letras nas linhas não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade. 1. GUIMARÃES et al. (2002) 2. Adaptado de GROSSI & FREITAS (2002) 3. Adaptado de FREITAS et al. (2001) 4. GLÓRIA et al. (2006) 5. Adaptado de REIS FILHO (2006) 6. MCMANUS et al. (2008a)
Em muitas propriedades as vacas com maior proporção da raça
Holandesa, não conseguem expressar todo seu potencial genético, em virtude do
manejo adotado, sistema de criação e influência dos fatores ambientais
(VASCONCELLOS et al., 2003), por exigirem temperatura ambiente entre -1 a
16ºC, com limites de -10 a 27ºC, enquanto os zebuínos de 10 a 27ºC, com
temperatura critica de zero a 35ºC, entrando em estresse quando ultrapassam
esses limites, afetando o consumo de alimentos, comportamento e os índices
produtivos e reprodutivos (FERREIRA, 2005).
O desempenho produtivo de diferentes grupos genéticos em sistema
extensivo, não apresenta diferença significativa entre os animais, devido a
influencia negativa de fatores ambientais (FACÓ et al., 2002). Animais
19
Holandeses, puros, com grupos genéticos (½ e ¾) apresenta uma maior PL aos
mestiços, em virtude do estresse nutricional e térmico (MCMANUS et al. 2008a).
Em propriedades com manejo inadequado a criação de raças puras
especializadas, recomenda-se a utilização de vacas mestiças, ½ HG, por possuir
uma maior rusticidade e adaptação ao clima tropical, máxima heterose, sendo
assim capazes de expressar seu potencial genético, produtivo, herdado da raça
Holandesa (TEODORO, 2006). Devido a maior adaptação desses animais,
comparados a vacas com maior composição genética da raça Holandesa, ¾ e ⅞,
quando submetidos a mesma temperatura ambiente (AZEVEDO et al., 2005).
Já para o semi-intensivo o grupo de animais ≥ ⅞ apresentaram um
desempenho superior, produção de leite, aos demais, devido à proporção da raça
Holandesa, seguido pelos animais ¾ e ½, encontrando menores valores para os
animais ¼, observando que, promovendo uma melhoria das condições ambientais
tem um aumento no desempenho dos animais ≥ ⅞, ¾ e ½ H (FACÓ et al., 2002;
GROSSI & FREITAS, 2002; GUIMARÃES et al., 2002). GLÓRIA et al. (2006)
observaram que em sistema de pastejo, época das águas, e suplementação
volumosa, na seca, os animais ¾ são altamente produtivos.
FREITAS et al. (2001); FACÓ et al. (2009) verificaram uma maior PL a
medida que aumentou a composição genética da raça Holandesa, isto, quando
criadas em ambientes favoráveis, com bom manejo. Mostrando que a melhor
alternativa para produção de leite, em condições de nutrição e manejo adequado,
é a utilização de vacas com maior proporção da raça Holandesa.
Vacas com maior composição genética da raça Holandesa são mais
calmas, facilitando a ordenha. Animais ½ apresentam maior produção de cortisol
durante a ordenha mecânica (Figura 5) aproximadamente 13 ng/ml, enquanto as
¾ de cinco ng/ml, afetando a liberação de ocitocina, reduzindo a PL
(PROCIONATO et al., 2005)
20
FIGURA 5 – Concentrações de cortisol segundo os grupos raciais, durante ordenha mecanizada exclusiva.
Fonte: PROCIONATO et al. (2005).
A duração de lactação (Tabela 8) também é afetada pela composição
genética doa animais (MCMANUS et al., 2008a).
TABELA 8 – Duração de lactação (dias) dos grupos genéticos, Holandês e Gir.
Autores Grupos Genéticos
¼ ½ ¾ ⅞ 15/16 31/32
1 - 267d 272c 282b 281,6b 292,3a
2 - 231,94 298,75 289,94 268,25 284,25
3 - 306,5c 328,2b 337,0a - -
4 - 250,73b 293,57a 305,77a 305,15a
5 284,4a 279,3b 274,4c - - -
Médias seguidas das mesmas letras nas linhas não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade. 1. Adaptado de FREITAS et al. (2001) 2. GUIMARÃES et al. (2002) 3. GLÓRIA et al. (2006) 4. Adaptado de REIS FILHO (2006) 5. MCMANUS et al. (2008a)
A DL foi inferior para os animais ½, em consequência da elevada
proporção da raça Gir em sua composição genética, pois os zebuínos apresentam
a duração de lactação mais curta (GLORIA et al., 2006; REIS FILHO, 2006).
21
Vacas com maior proporção genética da raça Holandesa apresentam maior DL
(GUIMARÃES et al., 2002).
Quando submetidas em ambientes desfavoráveis, ocorre uma redução
na DL dos animais com maior proporção genética da raça Holandesa (MCMANUS
et al., 2008a).
Com o aumento da produção de leite por vaca, obtêm piores índices
reprodutivos, IPP (Tabela 9) e IP (Tabela 10) (VERCESI FILHO et al., 2007).
TABELA 9 – Idade ao Primeiro Parto (meses) dos grupos genéticos, Holandês e Gir.
Autores Grupos Genéticos
¼ ½ ¾ ⅞ 15/16 31/32
1 34,15b 32,85a 33,63b 33,3ab
2 - 35,67 34,68 35,89 37,44
3 41,92c 32,89b 27,68a - - -
Médias seguidas das mesmas letras nas linhas não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade. 1. Adaptado de FACÓ et al. (2005) 2. Adaptado de REIS FILHO (2006) 3. Adaptado de MCMANUS et al. (2008a)
Os valores de IPP foram maiores à medida que aumentou a
composição genética da raça Holandesa, mesmo de maneira não significativa
(REIS FILHO, 2006). Esses resultados podem estar associados a falhas no
manejo do rebanho, novilhas, resultado em menor ganho de peso (WENCESLAU
et al., 2000), uma vez que a IPP está relacionada com o peso dos animais para
dar início a vida reprodutiva (MCMANUS et al., 2008a), estando também
relacionado ao manejo na propriedade, como detecção de cio e habilidade do
inseminador (GROSSI & FREITAS, 2002).
FACÓ et al. (2005) verificaram uma menor média para o grupo ½,
representando um maior desempenho reprodutivo, sendo estatisticamente igual
ao ≥ ⅞. Os animais ¾ apresentaram resultados intermediários, já o grupamento ¼
possuiu a menor média.
22
TABELA 10 – Intervalo de Partos (meses) dos grupos genéticos, Holandês e Gir.
Autores Grupos Genéticos
¼ ½ ¾ ⅞ 15/16 31/32
1 13,54ab 13,41a 13,70b 14,12c
2 - 12,43 12,70 13,16 13,24
3 14,38b 14,52b 11,66a - - -
Médias seguidas das mesmas letras nas linhas não diferem entre si a nível de 5% de probabilidade. 1. Adaptado de FACÓ et al. (2005) 2. Adaptado de REIS FILHO (2006) 3. Adaptado de MCMANUS et al. (2008a)
Os animais com maior composição genética da raça Holandesa
apresentam um maior IP, piores índices reprodutivos, podendo ser justificado pela
maior produção de leite (FACÓ et al., 2005), devido ao redirecionamento dos
nutrientes para a glândula mamária, em consequência da lactação (SANTOS et
al., 2009).
Outro fator que pode promover um aumento no intervalo de parto é o
adiamento da inseminação, por parte dos produtores, de animais altamente
produtivos (MCMANUS et al., 2008a).
2.4 Alguns parâmetros genéticos que influenciam na escolha dos animais
A produção de leite é influenciada por fatores de ordem genética e não
genética (RENNÓ et al., 2002).
Dentre esses parâmetros genéticos encontra-se a repetibilidade e
herdabilidade. O valor de repetibilidade permite uma previsão das futuras
produções dos animais, com base na produção atual, sendo bons indicadores no
processo de seleção dos melhores animais (MCMANUS et al., 2008b; SANTANA
JÚNIOR et al., 2010).
Quanto mais alto o valor da repetibilidade, maior a possibilidade de
apenas uma medida no animal representar sua capacidade real de produção
(LOPES et al., 2005b).
23
Para a raça Pardo-Suíça, foram encontrados valores de 0,40 e 0,37,
para produção de leite e gordura, respectivamente (ARAÚJO et al., 2003).
A repetibilidade, para raça Holandesa, em Goiás, foi de 0,21 e 0,20,
respectivamente, para PL e teor de gordura. Esses baixos valores podem ser em
virtude da pequena quantidade de lactação por vaca (SANTANA JÚNIOR et al.,
2010).
GLÓRIA et al. (2006) encontraram elevados valores de repetibilidade
para produção de leite, 0,72, 0,69 e 0,63, respectivamente para os grupos
genéticos ½, ¾ e ⅞ HG.
A herdabilidade representa a porção da variância fenotípica causada
pela variação dos valores genéticos aditivos, podendo variar de zero a um.
Valores baixos (zero a 0,2) indicam que o ambiente influencia em grande parte na
variação da característica entre os indivíduos, já para valores altos (acima de 0,4)
significa que a variação da característica é devido às diferenças genéticas
(LOPES et al., 2005b).
Tem-se observado variações nos valores de herdabilidade para PL e
de gordura. Em experimento em Goiás, em rebanho da raça Holandesa,
encontraram valores de 0,18, tanto para produção de leite quanto para teor de
gordura (SANTANA JÚNIOR et al., 2010). Enquanto FREITAS et al. (2000)
verificaram valor de 0,27 para a PL.
VERCESI FILHO et al. (2007) encontraram valores de herdabilidade de
0,28, 0,30, 0,19 e 0,48, respectivamente, para produção de leite, teor de gordura,
DL e IP.
MCMANUS et al. (2008b) acharam valores de 0,18 para IP e 0,24 para
IPP, mostrando a grande influencia do meio nos índices reprodutivos, e foram
encontrados valores de herdabilidade de 0,37 e 0,36, para PL e gordura,
respectivamente, para a raça Pardo-Suíça (ARAÚJO et al., 2003).
24
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
São vários os tipos de cruzamentos e raças existentes que podem ser
utilizados para promover o melhoramento genético do rebanho brasileiro.
Entretanto, necessita-se de estudos para verificar qual o melhor sistema a ser
utilizado na região que se pretende criar os animais.
Com a realização dos cruzamentos entre as raças taurinas e zebuínas,
tem-se formação de diferentes grupos genéticos, podendo ser criados nas mais
variadas condições. Sendo que em ambientes mais rústicos, como sistema
extensivo, animais com maior proporção genética de raças zebuínas são mais
produtivos. Já em sistema semi-intensivo e intensivo, boa qualidade do ambiente,
vacas com maior proporção da raça Holandesa apresentam desempenho superior
aos das raças zebuínas.
25
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