Praacutetica de Ensino Supervisionada em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
Caacutetia Alexandra Mendes Machado
Relatoacuterio de Estaacutegio apresentado agrave Escola Superior de Educaccedilatildeo de
Braganccedila para obtenccedilatildeo do Grau de Mestre em Educaccedilatildeo Preacute-Escolar
Orientado por
Professora Doutora Maria Angelina Sanches
Braganccedila
2013
II
Dedicatoacuteria
Aos meus pais
Agrave minha irmatilde Sofia
III
Agradecimentos
A todas as pessoas que me acompanharam nesta caminhada ajudando a tornar-
me mais forte eacute com grande gratidatildeo que expresso o meu agradecimento por tudo o que
satildeo e fizeram por mim para que conseguisse atingir os meus fins e tornando o meu
sonho possiacutevel
Agrave professora Doutora Maria Angelina Sanches pelo pilar que foi para mim pela
troca conjunta de conhecimentos partilha de ideias e pela forte disponibilidade em
atender a todas as minhas duacutevidas
Agraves crianccedilas da sala na qual tive oportunidade de estagiar que me acolheram
desde o primeiro dia e com quem aprendi diariamente proporcionando-me experiecircncias
enriquecedoras e tambeacutem agrave educadora cooperante pela partilha pela entreajuda e pelas
palavras adequadas na hora certa
A todos os professores da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Braganccedila pelas
aprendizagens e desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais que me
proporcionaram
A todos os docentes que me acompanharam e me fizeram acreditar que era
possiacutevel orientando-me ao querer saber mais e melhor sobre a Educaccedilatildeo Preacute-escolar
Ao meu par de praacutetica de ensino e amiga Juacutelia Correia pela amizade
companheirismo apoio e pelas horas de diaacutelogo
Aos meus pais Augusto e Maria da Luz que sempre estiveram do meu lado e
que me apoiaram incondicionalmente nesta etapa bem como pela paciecircncia dedicaccedilatildeo
e esforccedilo e por acreditarem em mim desde sempre
Agrave minha irmatilde Sofia pela forccedila e pelas palavras de incentivo bem como pela
disponibilidade e tempo dispensado para me ajudar dando-me a matildeo nos momentos
mais difiacuteceis
Aos meus amigos familiares e namorado por acreditarem em mim por me
encorajarem nos momentos mais difiacuteceis acompanhando-me em cada etapa com
palavras amigas e muito carinho
A todos vocecircs o meu sincero Obrigada
IV
Resumo
O papel fundamental que a educaccedilatildeo preacute-escolar assume na vida das crianccedilas
requer que seja atribuiacuteda particular atenccedilatildeo agraves praacuteticas educativas que nela
experienciam Neste sentido colocaram-se-nos desafios e exigecircncias ao longo da nossa
praacutetica de ensino supervisionada que nos propomos apresentar e refletir no presente
relatoacuterio A intervenccedilatildeo educativa foi desenvolvida com um grupo de crianccedila de 4 anos
de idade e decorreu num jardim-de-infacircncia da Rede Privada de Solidariedade Social
O relatoacuterio inclui a contextualizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo do grupo de
crianccedilas e do ambiente educativo mais especificamente o espaccedilo o tempo e as
interaccedilotildees educativas Integra tambeacutem a fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees pedagoacutegicas e a
descriccedilatildeo e anaacutelise da praacutetica educativa que desenvolvemos ao longo do ano letivo
2012-2013 no acircmbito do Curso de Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-escolar
Apresenta por uacuteltimo uma reflexatildeo sobre a globalidade da accedilatildeo educativa que
desenvolvemos procurando relanccedilar sobre ela um novo olhar no sentido de melhor a
compreender e identificar os seus contributos para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
Palavras-chaves Educaccedilatildeo Preacute-escolar experiecircncias de aprendizagem aprendizagem
ativa
V
Abstract
The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children
requires that particular attention be given to educational practices that her experience In
this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised
teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The
educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a
kindergarten of the Private Social Solidarity Network
The report includes the contextualization of the institution the characterization
of the Group of children and educational environment more specifically the space time
and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the
description and analysis of educational practice that developed throughout the
academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education
Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity
developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and
identify their contributions to our professional and personal development
Keywords Preschool Education learning active learning experiences
VI
Iacutendice geral
Agradecimentos III
Resumo IV
Abstract V
Iacutendice de Figuras VII
Introduccedilatildeo 1
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3
11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3
12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4
13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6
131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7
1311Espaccedilo interior 7
1312Espaccedilo exterior 11
132Rotina diaacuteria 12
133As interaccedilotildees 14
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17
21A aprendizagem como um processo ativo 17
22Modelos Curriculares 19
23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31
31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32
32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39
33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45
34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52
IV Reflexatildeo Criacutetica 59
Consideraccedilotildees Finais 64
Bibliografia 65
VII
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7
Figura 2 - Planta da sala 9
Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9
Figura 4 - Aacuterea da escrita 10
Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10
Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10
Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10
Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da
histoacuteria do Elmer 35
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38
Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41
Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42
Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56
1
Introduccedilatildeo
A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica
no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em
complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o
desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como
seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal
devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa
atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se
Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve
procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da
comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto
de apoio para o processo educativo a desenvolver
A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual
desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e
resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com
entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e
possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral
Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e
apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem
ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela
que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada
A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto
educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e
carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a
praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o
espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do
grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de
oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e
desenvolvimento
No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa
1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica
2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia
passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE
2
perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica
desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da
Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a
educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada
aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber
No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de
aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo
algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os
diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de
cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro
de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos
Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma
suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel
que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo
experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste
processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem
para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer
continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes
3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
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de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
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talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
27
A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
28
quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
32
31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
34
Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
36
visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
38
Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
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cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
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agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
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informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
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as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
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escolar
Lei nordm 51997 de 10 de Fevereiro ndash Lei quadro da Educaccedilatildeo Preacute-escolar
II
Dedicatoacuteria
Aos meus pais
Agrave minha irmatilde Sofia
III
Agradecimentos
A todas as pessoas que me acompanharam nesta caminhada ajudando a tornar-
me mais forte eacute com grande gratidatildeo que expresso o meu agradecimento por tudo o que
satildeo e fizeram por mim para que conseguisse atingir os meus fins e tornando o meu
sonho possiacutevel
Agrave professora Doutora Maria Angelina Sanches pelo pilar que foi para mim pela
troca conjunta de conhecimentos partilha de ideias e pela forte disponibilidade em
atender a todas as minhas duacutevidas
Agraves crianccedilas da sala na qual tive oportunidade de estagiar que me acolheram
desde o primeiro dia e com quem aprendi diariamente proporcionando-me experiecircncias
enriquecedoras e tambeacutem agrave educadora cooperante pela partilha pela entreajuda e pelas
palavras adequadas na hora certa
A todos os professores da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Braganccedila pelas
aprendizagens e desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais que me
proporcionaram
A todos os docentes que me acompanharam e me fizeram acreditar que era
possiacutevel orientando-me ao querer saber mais e melhor sobre a Educaccedilatildeo Preacute-escolar
Ao meu par de praacutetica de ensino e amiga Juacutelia Correia pela amizade
companheirismo apoio e pelas horas de diaacutelogo
Aos meus pais Augusto e Maria da Luz que sempre estiveram do meu lado e
que me apoiaram incondicionalmente nesta etapa bem como pela paciecircncia dedicaccedilatildeo
e esforccedilo e por acreditarem em mim desde sempre
Agrave minha irmatilde Sofia pela forccedila e pelas palavras de incentivo bem como pela
disponibilidade e tempo dispensado para me ajudar dando-me a matildeo nos momentos
mais difiacuteceis
Aos meus amigos familiares e namorado por acreditarem em mim por me
encorajarem nos momentos mais difiacuteceis acompanhando-me em cada etapa com
palavras amigas e muito carinho
A todos vocecircs o meu sincero Obrigada
IV
Resumo
O papel fundamental que a educaccedilatildeo preacute-escolar assume na vida das crianccedilas
requer que seja atribuiacuteda particular atenccedilatildeo agraves praacuteticas educativas que nela
experienciam Neste sentido colocaram-se-nos desafios e exigecircncias ao longo da nossa
praacutetica de ensino supervisionada que nos propomos apresentar e refletir no presente
relatoacuterio A intervenccedilatildeo educativa foi desenvolvida com um grupo de crianccedila de 4 anos
de idade e decorreu num jardim-de-infacircncia da Rede Privada de Solidariedade Social
O relatoacuterio inclui a contextualizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo do grupo de
crianccedilas e do ambiente educativo mais especificamente o espaccedilo o tempo e as
interaccedilotildees educativas Integra tambeacutem a fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees pedagoacutegicas e a
descriccedilatildeo e anaacutelise da praacutetica educativa que desenvolvemos ao longo do ano letivo
2012-2013 no acircmbito do Curso de Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-escolar
Apresenta por uacuteltimo uma reflexatildeo sobre a globalidade da accedilatildeo educativa que
desenvolvemos procurando relanccedilar sobre ela um novo olhar no sentido de melhor a
compreender e identificar os seus contributos para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
Palavras-chaves Educaccedilatildeo Preacute-escolar experiecircncias de aprendizagem aprendizagem
ativa
V
Abstract
The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children
requires that particular attention be given to educational practices that her experience In
this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised
teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The
educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a
kindergarten of the Private Social Solidarity Network
The report includes the contextualization of the institution the characterization
of the Group of children and educational environment more specifically the space time
and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the
description and analysis of educational practice that developed throughout the
academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education
Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity
developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and
identify their contributions to our professional and personal development
Keywords Preschool Education learning active learning experiences
VI
Iacutendice geral
Agradecimentos III
Resumo IV
Abstract V
Iacutendice de Figuras VII
Introduccedilatildeo 1
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3
11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3
12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4
13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6
131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7
1311Espaccedilo interior 7
1312Espaccedilo exterior 11
132Rotina diaacuteria 12
133As interaccedilotildees 14
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17
21A aprendizagem como um processo ativo 17
22Modelos Curriculares 19
23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31
31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32
32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39
33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45
34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52
IV Reflexatildeo Criacutetica 59
Consideraccedilotildees Finais 64
Bibliografia 65
VII
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7
Figura 2 - Planta da sala 9
Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9
Figura 4 - Aacuterea da escrita 10
Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10
Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10
Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10
Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da
histoacuteria do Elmer 35
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38
Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41
Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42
Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56
1
Introduccedilatildeo
A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica
no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em
complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o
desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como
seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal
devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa
atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se
Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve
procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da
comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto
de apoio para o processo educativo a desenvolver
A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual
desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e
resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com
entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e
possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral
Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e
apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem
ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela
que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada
A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto
educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e
carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a
praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o
espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do
grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de
oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e
desenvolvimento
No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa
1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica
2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia
passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE
2
perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica
desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da
Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a
educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada
aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber
No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de
aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo
algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os
diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de
cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro
de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos
Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma
suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel
que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo
experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste
processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem
para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer
continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes
3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
25
de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
26
talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
27
A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
28
quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
32
31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
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Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
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visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
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Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
53
as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
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escolar
Lei nordm 51997 de 10 de Fevereiro ndash Lei quadro da Educaccedilatildeo Preacute-escolar
III
Agradecimentos
A todas as pessoas que me acompanharam nesta caminhada ajudando a tornar-
me mais forte eacute com grande gratidatildeo que expresso o meu agradecimento por tudo o que
satildeo e fizeram por mim para que conseguisse atingir os meus fins e tornando o meu
sonho possiacutevel
Agrave professora Doutora Maria Angelina Sanches pelo pilar que foi para mim pela
troca conjunta de conhecimentos partilha de ideias e pela forte disponibilidade em
atender a todas as minhas duacutevidas
Agraves crianccedilas da sala na qual tive oportunidade de estagiar que me acolheram
desde o primeiro dia e com quem aprendi diariamente proporcionando-me experiecircncias
enriquecedoras e tambeacutem agrave educadora cooperante pela partilha pela entreajuda e pelas
palavras adequadas na hora certa
A todos os professores da Escola Superior de Educaccedilatildeo de Braganccedila pelas
aprendizagens e desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais que me
proporcionaram
A todos os docentes que me acompanharam e me fizeram acreditar que era
possiacutevel orientando-me ao querer saber mais e melhor sobre a Educaccedilatildeo Preacute-escolar
Ao meu par de praacutetica de ensino e amiga Juacutelia Correia pela amizade
companheirismo apoio e pelas horas de diaacutelogo
Aos meus pais Augusto e Maria da Luz que sempre estiveram do meu lado e
que me apoiaram incondicionalmente nesta etapa bem como pela paciecircncia dedicaccedilatildeo
e esforccedilo e por acreditarem em mim desde sempre
Agrave minha irmatilde Sofia pela forccedila e pelas palavras de incentivo bem como pela
disponibilidade e tempo dispensado para me ajudar dando-me a matildeo nos momentos
mais difiacuteceis
Aos meus amigos familiares e namorado por acreditarem em mim por me
encorajarem nos momentos mais difiacuteceis acompanhando-me em cada etapa com
palavras amigas e muito carinho
A todos vocecircs o meu sincero Obrigada
IV
Resumo
O papel fundamental que a educaccedilatildeo preacute-escolar assume na vida das crianccedilas
requer que seja atribuiacuteda particular atenccedilatildeo agraves praacuteticas educativas que nela
experienciam Neste sentido colocaram-se-nos desafios e exigecircncias ao longo da nossa
praacutetica de ensino supervisionada que nos propomos apresentar e refletir no presente
relatoacuterio A intervenccedilatildeo educativa foi desenvolvida com um grupo de crianccedila de 4 anos
de idade e decorreu num jardim-de-infacircncia da Rede Privada de Solidariedade Social
O relatoacuterio inclui a contextualizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo do grupo de
crianccedilas e do ambiente educativo mais especificamente o espaccedilo o tempo e as
interaccedilotildees educativas Integra tambeacutem a fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees pedagoacutegicas e a
descriccedilatildeo e anaacutelise da praacutetica educativa que desenvolvemos ao longo do ano letivo
2012-2013 no acircmbito do Curso de Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-escolar
Apresenta por uacuteltimo uma reflexatildeo sobre a globalidade da accedilatildeo educativa que
desenvolvemos procurando relanccedilar sobre ela um novo olhar no sentido de melhor a
compreender e identificar os seus contributos para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
Palavras-chaves Educaccedilatildeo Preacute-escolar experiecircncias de aprendizagem aprendizagem
ativa
V
Abstract
The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children
requires that particular attention be given to educational practices that her experience In
this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised
teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The
educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a
kindergarten of the Private Social Solidarity Network
The report includes the contextualization of the institution the characterization
of the Group of children and educational environment more specifically the space time
and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the
description and analysis of educational practice that developed throughout the
academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education
Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity
developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and
identify their contributions to our professional and personal development
Keywords Preschool Education learning active learning experiences
VI
Iacutendice geral
Agradecimentos III
Resumo IV
Abstract V
Iacutendice de Figuras VII
Introduccedilatildeo 1
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3
11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3
12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4
13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6
131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7
1311Espaccedilo interior 7
1312Espaccedilo exterior 11
132Rotina diaacuteria 12
133As interaccedilotildees 14
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17
21A aprendizagem como um processo ativo 17
22Modelos Curriculares 19
23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31
31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32
32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39
33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45
34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52
IV Reflexatildeo Criacutetica 59
Consideraccedilotildees Finais 64
Bibliografia 65
VII
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7
Figura 2 - Planta da sala 9
Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9
Figura 4 - Aacuterea da escrita 10
Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10
Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10
Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10
Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da
histoacuteria do Elmer 35
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38
Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41
Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42
Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56
1
Introduccedilatildeo
A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica
no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em
complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o
desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como
seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal
devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa
atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se
Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve
procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da
comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto
de apoio para o processo educativo a desenvolver
A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual
desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e
resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com
entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e
possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral
Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e
apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem
ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela
que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada
A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto
educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e
carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a
praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o
espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do
grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de
oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e
desenvolvimento
No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa
1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica
2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia
passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE
2
perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica
desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da
Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a
educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada
aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber
No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de
aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo
algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os
diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de
cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro
de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos
Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma
suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel
que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo
experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste
processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem
para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer
continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes
3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
25
de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
26
talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
27
A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
28
quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
32
31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
34
Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
36
visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
38
Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
53
as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
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Lei nordm 51997 de 10 de Fevereiro ndash Lei quadro da Educaccedilatildeo Preacute-escolar
IV
Resumo
O papel fundamental que a educaccedilatildeo preacute-escolar assume na vida das crianccedilas
requer que seja atribuiacuteda particular atenccedilatildeo agraves praacuteticas educativas que nela
experienciam Neste sentido colocaram-se-nos desafios e exigecircncias ao longo da nossa
praacutetica de ensino supervisionada que nos propomos apresentar e refletir no presente
relatoacuterio A intervenccedilatildeo educativa foi desenvolvida com um grupo de crianccedila de 4 anos
de idade e decorreu num jardim-de-infacircncia da Rede Privada de Solidariedade Social
O relatoacuterio inclui a contextualizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo a caracterizaccedilatildeo do grupo de
crianccedilas e do ambiente educativo mais especificamente o espaccedilo o tempo e as
interaccedilotildees educativas Integra tambeacutem a fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees pedagoacutegicas e a
descriccedilatildeo e anaacutelise da praacutetica educativa que desenvolvemos ao longo do ano letivo
2012-2013 no acircmbito do Curso de Mestrado em Educaccedilatildeo Preacute-escolar
Apresenta por uacuteltimo uma reflexatildeo sobre a globalidade da accedilatildeo educativa que
desenvolvemos procurando relanccedilar sobre ela um novo olhar no sentido de melhor a
compreender e identificar os seus contributos para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
Palavras-chaves Educaccedilatildeo Preacute-escolar experiecircncias de aprendizagem aprendizagem
ativa
V
Abstract
The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children
requires that particular attention be given to educational practices that her experience In
this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised
teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The
educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a
kindergarten of the Private Social Solidarity Network
The report includes the contextualization of the institution the characterization
of the Group of children and educational environment more specifically the space time
and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the
description and analysis of educational practice that developed throughout the
academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education
Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity
developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and
identify their contributions to our professional and personal development
Keywords Preschool Education learning active learning experiences
VI
Iacutendice geral
Agradecimentos III
Resumo IV
Abstract V
Iacutendice de Figuras VII
Introduccedilatildeo 1
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3
11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3
12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4
13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6
131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7
1311Espaccedilo interior 7
1312Espaccedilo exterior 11
132Rotina diaacuteria 12
133As interaccedilotildees 14
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17
21A aprendizagem como um processo ativo 17
22Modelos Curriculares 19
23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31
31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32
32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39
33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45
34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52
IV Reflexatildeo Criacutetica 59
Consideraccedilotildees Finais 64
Bibliografia 65
VII
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7
Figura 2 - Planta da sala 9
Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9
Figura 4 - Aacuterea da escrita 10
Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10
Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10
Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10
Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da
histoacuteria do Elmer 35
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38
Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41
Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42
Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56
1
Introduccedilatildeo
A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica
no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em
complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o
desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como
seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal
devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa
atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se
Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve
procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da
comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto
de apoio para o processo educativo a desenvolver
A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual
desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e
resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com
entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e
possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral
Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e
apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem
ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela
que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada
A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto
educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e
carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a
praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o
espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do
grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de
oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e
desenvolvimento
No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa
1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica
2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia
passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE
2
perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica
desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da
Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a
educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada
aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber
No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de
aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo
algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os
diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de
cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro
de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos
Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma
suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel
que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo
experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste
processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem
para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer
continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes
3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
25
de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
26
talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
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A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
28
quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
32
31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
34
Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
36
visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
38
Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
53
as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
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V
Abstract
The fundamental role that the pre-school education takes on the lives of children
requires that particular attention be given to educational practices that her experience In
this sense placed themselves us challenges and requirements throughout our supervised
teaching practice that we propose to present and reflect in the present report The
educational intervention was developed with a group of 4-year-old child and ran a
kindergarten of the Private Social Solidarity Network
The report includes the contextualization of the institution the characterization
of the Group of children and educational environment more specifically the space time
and educational interactions Integrates the educational options Foundation and the
description and analysis of educational practice that developed throughout the
academic year 2012-2013 within the masters degree course in Kindergarten Education
Finally it presents a reflection about the entirety of the educational activity
developed looking for relaunch about her a new look in order to better understand and
identify their contributions to our professional and personal development
Keywords Preschool Education learning active learning experiences
VI
Iacutendice geral
Agradecimentos III
Resumo IV
Abstract V
Iacutendice de Figuras VII
Introduccedilatildeo 1
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3
11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3
12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4
13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6
131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7
1311Espaccedilo interior 7
1312Espaccedilo exterior 11
132Rotina diaacuteria 12
133As interaccedilotildees 14
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17
21A aprendizagem como um processo ativo 17
22Modelos Curriculares 19
23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31
31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32
32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39
33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45
34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52
IV Reflexatildeo Criacutetica 59
Consideraccedilotildees Finais 64
Bibliografia 65
VII
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7
Figura 2 - Planta da sala 9
Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9
Figura 4 - Aacuterea da escrita 10
Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10
Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10
Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10
Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da
histoacuteria do Elmer 35
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38
Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41
Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42
Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56
1
Introduccedilatildeo
A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica
no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em
complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o
desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como
seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal
devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa
atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se
Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve
procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da
comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto
de apoio para o processo educativo a desenvolver
A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual
desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e
resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com
entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e
possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral
Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e
apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem
ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela
que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada
A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto
educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e
carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a
praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o
espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do
grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de
oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e
desenvolvimento
No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa
1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica
2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia
passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE
2
perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica
desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da
Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a
educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada
aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber
No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de
aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo
algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os
diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de
cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro
de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos
Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma
suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel
que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo
experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste
processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem
para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer
continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes
3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
25
de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
26
talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
27
A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
28
quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
32
31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
34
Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
36
visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
38
Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
53
as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
Bibliografia
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VI
Iacutendice geral
Agradecimentos III
Resumo IV
Abstract V
Iacutendice de Figuras VII
Introduccedilatildeo 1
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada 3
11Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo 3
12Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas 4
13Organizaccedilatildeo do ambiente educativo 6
131Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo 7
1311Espaccedilo interior 7
1312Espaccedilo exterior 11
132Rotina diaacuteria 12
133As interaccedilotildees 14
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas 17
21A aprendizagem como um processo ativo 17
22Modelos Curriculares 19
23Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar 24
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem 31
31Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um desafio para todos 32
32Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer 39
33Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas 45
34Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando colaborativamente 52
IV Reflexatildeo Criacutetica 59
Consideraccedilotildees Finais 64
Bibliografia 65
VII
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7
Figura 2 - Planta da sala 9
Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9
Figura 4 - Aacuterea da escrita 10
Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10
Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10
Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10
Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da
histoacuteria do Elmer 35
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38
Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41
Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42
Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56
1
Introduccedilatildeo
A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica
no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em
complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o
desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como
seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal
devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa
atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se
Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve
procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da
comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto
de apoio para o processo educativo a desenvolver
A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual
desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e
resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com
entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e
possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral
Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e
apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem
ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela
que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada
A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto
educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e
carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a
praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o
espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do
grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de
oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e
desenvolvimento
No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa
1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica
2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia
passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE
2
perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica
desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da
Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a
educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada
aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber
No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de
aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo
algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os
diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de
cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro
de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos
Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma
suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel
que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo
experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste
processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem
para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer
continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes
3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
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de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
26
talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
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A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
28
quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
32
31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
34
Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
36
visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
38
Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
53
as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
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VII
Iacutendice de Figuras
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala 7
Figura 2 - Planta da sala 9
Figura 3- Aacuterea da biblioteca 9
Figura 4 - Aacuterea da escrita 10
Figura 5 - Aacuterea dos jogos 10
Figura 6- Aacuterea da casa espaccedilo do quarto 10
Figura 7 - Espaccedilo da cozinha 10
Figura 8 - Aacuterea da garagemconstruccedilotildees 11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas 11
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da
histoacuteria do Elmer 35
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no habitat 37
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e secundaacuterias 38
Figura 13 - Livro - Elmer e o arco-iacuteris de David Mckee 39
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris realizado por uma crianccedila da sala 41
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado por uma crianccedila da sala 41
Figura 16 - Crianccedilas jogando o Jogo dos sorrisos 42
Figura 17 - Resultado da atividade praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris 43
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala 48
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz 51
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos da respetiva cor 53
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores favoritas 56
1
Introduccedilatildeo
A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica
no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em
complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o
desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como
seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal
devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa
atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se
Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve
procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da
comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto
de apoio para o processo educativo a desenvolver
A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual
desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e
resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com
entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e
possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral
Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e
apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem
ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela
que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada
A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto
educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e
carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a
praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o
espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do
grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de
oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e
desenvolvimento
No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa
1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica
2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia
passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE
2
perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica
desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da
Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a
educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada
aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber
No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de
aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo
algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os
diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de
cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro
de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos
Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma
suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel
que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo
experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste
processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem
para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer
continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes
3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
25
de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
26
talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
27
A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
28
quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
32
31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
34
Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
36
visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
38
Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
53
as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
Bibliografia
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1
Introduccedilatildeo
A educaccedilatildeo preacute-escolar eacute reconhecida como a primeira etapa da educaccedilatildeo baacutesica
no processo de educaccedilatildeo ao longo da vida da qual se espera que em
complementaridade com a accedilatildeo educativa da famiacutelia favoreccedila a formaccedilatildeo e o
desenvolvimento das crianccedilas tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo na sociedade como
seres autoacutenomos livres e solidaacuterios (Lei nordm597 de 10 de fevereiro artordm 2ordm) Como tal
devemos proporcionar agraves crianccedilas experiecircncias de aprendizagem de natureza diversa
atraveacutes das quais possam aprender e desenvolver-se
Sendo o educador o construtor e o gestor do curriacuteculo (MEDEB 1997)1 deve
procurar fazecirc-lo em equipa e escutando os saberes das crianccedilas das suas famiacutelias e da
comunidade As Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar2 satildeo um ponto
de apoio para o processo educativo a desenvolver
A faixa etaacuteria em que se encontravam as crianccedilas do grupo com o qual
desenvolvemos a praacutetica de ensino supervisionada requer uma constante atenccedilatildeo e
resposta pelo que pressupotildee que o educador exerccedila a sua accedilatildeo profissional com
entusiasmo e dedicaccedilatildeo suficiente para tornar possiacutevel que as crianccedilas aprendam e
possam ser cidadatildeos responsaacuteveis e dotados de consciecircncia ciacutevica e moral
Eacute nesta linha de pensamento que se integra o trabalho que desenvolvemos e
apresentamos neste relatoacuterio Como tal propomo-nos destacar os aspetos que podem
ajudar agrave sua compreensatildeo procurando que seja o mais congruente possiacutevel com aquela
que eacute a representaccedilatildeo que temos do que foi a nossa praacutetica de ensino supervisionada
A sua estrutura contempla num primeiro capiacutetulo a caraterizaccedilatildeo do contexto
educativo em particular no que se refere agrave organizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo e agrave constituiccedilatildeo e
carateriacutesticas de aprendizagem do grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a
praacutetica educativa bem como agrave organizaccedilatildeo do ambiente educativo considerando o
espaccedilo e os materiais o tempo pedagoacutegico e as interaccedilotildees estabelecidas ao niacutevel do
grupo Neste acircmbito relevamos a implicaccedilatildeo de todos adultos e crianccedilas na criaccedilatildeo de
oportunidades de accedilatildeo e de relaccedilatildeo que favorecessem o seu bem-estar e
desenvolvimento
No segundo capiacutetulo procedemos agrave fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
procurando aprofundar conhecimentos sobre o processo de aprendizagem numa
1 Ministeacuterio da EducaccedilatildeoDepartamento de Educaccedilatildeo Baacutesica
2 Considerando que ao longo do presente relatoacuterio vamos utilizar vaacuterias vezes esta fonte de referecircncia
passamos a indicaacute-las apenas pela sigla OCEPE
2
perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica
desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da
Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a
educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada
aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber
No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de
aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo
algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os
diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de
cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro
de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos
Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma
suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel
que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo
experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste
processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem
para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer
continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes
3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
25
de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
26
talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
27
A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
28
quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
32
31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
34
Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
36
visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
38
Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
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as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
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- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
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Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
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2
perspetiva ativa e os modelos curriculares que favorecem a construccedilatildeo de uma praacutetica
desta natureza como o modelo HighScope o modelo Reggio Emilia e o modelo da
Escola Moderna Debruccedilamo-nos ainda sobre as linhas de orientaccedilatildeo curricular para a
educaccedilatildeo preacute-escolar atribuindo particular atenccedilatildeo agraves dimensotildees contempladas em cada
aacuterea de conteuacutedo no quadro de uma construccedilatildeo articulada do saber
No terceiro capiacutetulo apresentamos um conjunto de quatro experiecircncias de
aprendizagem que desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo incluindo
algumas evidecircncias desse trabalho atraveacutes de fotografias e notas de campo sobre os
diaacutelogos das crianccedilas Estas experiecircncias de aprendizagem relevam a importacircncia de
cada um aprender a valorizar respeitar e aceitar-se a si proacuteprio e aos outros no quadro
de exerciacutecio de uma cidadania facilitadora da integraccedilatildeo de todos
Por uacuteltimo incluiacutemos uma reflexatildeo sobre a praacutetica educativa na se efetiva uma
suacutemula reflexiva sobre as diferentes dimensotildees do processo de aprendizagem o papel
que como educadores nos cabe assumir e as implicaccedilotildees de percurso formativo
experienciado por crianccedilas e adultos Relevamos os importantes contributos deste
processo natildeo apenas para a aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas mas tambeacutem
para a nossa formaccedilatildeo e desenvolvimento pessoal e profissional Este requer
continuidade no sentido de podermos responder aos desafios e exigecircncias emergentes
3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
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de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
26
talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
27
A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
28
quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
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31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
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- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
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Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
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As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
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visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
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Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
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Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
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recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
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pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
53
as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
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3
I Contextualizaccedilatildeo da Praacutetica de Ensino Supervisionada
11 Caraterizaccedilatildeo da instituiccedilatildeo
O contexto em que realizaacutemos a praacutetica educativa era uma instituiccedilatildeo particular
de solidariedade social (IPSS) situada na cidade de Braganccedila e incluiacutea serviccedilos de
creche jardim-de-infacircncia e centro de conviacutevio para idosos O horaacuterio de
funcionamento da instituiccedilatildeo era extenso mantendo-se aberta das 7h45min ateacute agraves 19h
incluindo neles e no que se refere aos serviccedilos destinados agrave educaccedilatildeo de infacircncia a
componentes educativa e a componente de apoio agrave famiacutelia A componente educativa
decorre num total de cinco horas por dia de manhatilde das 9h agraves 12h e de tarde das 14h e
agraves 16h Os restantes tempos englobam atividades socioeducativas e de serviccedilo de
almoccedilos sendo estes frequentados pelas crianccedilas segundo a necessidade das famiacutelias e
normalmente em funccedilatildeo da sua ocupaccedilatildeo laboral
No que se refere ao edifiacutecio eacute constituiacutedo por trecircs andares funcionando no reacutes-
do-chatildeo o centro de dia e conviacutevio o gabinete de psicologia o posto meacutedico o bar
lavandaria e garagem No primeiro andar funciona o Jardim-de-Infacircncia constituiacutedo por
trecircs salas de atividades e ainda alguns espaccedilos de apoio como a cozinha refeitoacuterio
vestiaacuterio bem como a secretaria da instituiccedilatildeo
No segundo andar funciona a creche com seis salas na sua totalidade uma copa
de leites refeitoacuterio arrecadaccedilotildees e um salatildeo polivalente no qual se realizam festas a
praacutetica da expressatildeo motora e tambeacutem atividades em grande grupo Neste andar
localiza-se ainda a sala da direccedilatildeo da instituiccedilatildeo Os andares encontram-se ligados por
escadas e cada um estaacute equipado com instalaccedilotildees sanitaacuterias adequadas agraves faixas etaacuterias
para que cada setor a que se destina Os espaccedilos interiores da instituiccedilatildeo e os
equipamentos da mesma encontram-se em bom estado de conservaccedilatildeo
No que se refere aos espaccedilos exteriores possui um espaccedilo de recreio com zonas
luacutedicas delimitadas incluindo um espaccedilo pavimentado e outro com areia Este estaacute
equipado com um parque infantil O espaccedilo cimentado de recreio eacute utilizado no periacuteodo
de entrada e saiacuteda das crianccedilas como zona de paragem das viaturas dos pais dado
limitado espaccedilo que ao niacutevel da via puacuteblica existe para o efeito Existem alguns
materiais de apoio agraves atividades de recreio exterior sendo deslocados pelas crianccedilas do
interior para o exterior e vice-versa quando terminadas as atividades
4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
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ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
25
de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
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talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
27
A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
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quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
32
31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
34
Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
36
visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
38
Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
53
as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
65
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4
Considerando que como referem as Orientaccedilotildees Curriculares para a Educaccedilatildeo
Preacute-escolar (MEDEB 1997) ldquoo meio em que a crianccedila vive influenciaraacute o modo como
esta se iraacute desenvolverrdquo (p 31) importa que nos interroguemos sobre o modo como o
ambiente educativo da instituiccedilatildeo se encontra organizado e que nos esforcemos para
contribuir para enriquececirc-lo Nesta linha de pensamento importa sublinhar que foi
nossa preocupaccedilatildeo colaborar com os profissionais da instituiccedilatildeo e as crianccedilas nessa
organizaccedilatildeo de modo a construir um ambiente que se constituiacutesse como potencialmente
facilitador do desenvolvimento de todos crianccedilas e adultos
A equipa pedagoacutegica da instituiccedilatildeo era constituiacuteda por seis educadoras de
infacircncia trecircs na modalidade de creche e trecircs na de jardim de jardim-de-infacircncia
assumindo uma destas as funccedilotildees de coordenadora pedagoacutegica Esta equipa contava
ainda com o apoio de um grupo alargado de assistentes operacionais uma por sala no
que se refere agrave etapa preacute-escolar bem como da psicoacuteloga e da direccedilatildeo administrativa da
instituiccedilatildeo
12 Caraterizaccedilatildeo do grupo de crianccedilas
Como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) haacute diferentes fatores que
influenciam o modo proacuteprio de funcionamento do grupo como por exemplo a sua
dimensatildeo e o maior ou menor nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pelo que importa que
na accedilatildeo educativa a promover se atenda agrave sua contextualizaccedilatildeo
O grupo de crianccedilas com o qual desenvolvemos a praacutetica educativa apresentava
uma dimensatildeo extensa integrando vinte e cinco crianccedilas com quatro anos idades Ao
niacutevel do nuacutemero de crianccedilas de cada sexo pode entender-se que era um grupo com uma
organizaccedilatildeo equilibrada integrando doze crianccedilas do sexo masculino e treze do sexo
feminino
Segundo informaccedilotildees fornecidas pela educadora de infacircncia cooperante a
maioria das crianccedilas frequentavam a instituiccedilatildeo desde a creche encontrando-se apenas
duas crianccedilas a frequentaacute-la pela primeira vez Importa ainda referir que integravam o
grupo trecircs crianccedilas de origem natildeo portuguesa duas crianccedilas que eram irmatildeos naturais
de Espanha e outra que era Ucraniana
5
Segundo o referido nas OCEPE (MEDEB 1997)
observar cada crianccedila e o grupo para conhecer as suas capacidades interesses e
dificuldades recolher as informaccedilotildees sobre o contexto familiar e o meio em que
as crianccedilas vivem satildeo praacuteticas necessaacuterias para compreender melhor as
caracteriacutesticas das crianccedilas e adequar o processo educativo agraves suas necessidades
(p 25)
Nesta linha de pensamento importa considerar as caracteriacutesticas que nos foi
possiacutevel observar das crianccedilas quer a niacutevel individual quer a niacutevel grupo ao longo ano
letivo Assim importa referir que relativo a questotildees relacionadas com a vida em
grupo as crianccedilas manifestavam saber orientar-se em relaccedilatildeo agraves normas e regras
definidas na sala ainda que nem sempre lhes fosse faacutecil respeitaacute-las como partilhar
materiais com os colegas e saber esperar pela sua vez
Os tempos da rotina eram do seu conhecimento e manifestavam independecircncia
no que se refere agrave realizaccedilatildeo da higiene pessoal e tomada de refeiccedilotildees Dum modo geral
as crianccedilas envolviam-se nas atividades quer nas propostas por noacutes quer nas da sua
iniciativa revelando-se um grupo ativo
Ao niacutevel das preferecircncias em relaccedilatildeo agraves aacutereas de atividade da sala as aacutereas mais
escolhidas pelas crianccedilas eram a da casa e a das construccedilotildeesgaragem Enquanto a
primeira era frequentada por ambos os sexos a segunda era mais frequentada pelo sexo
masculino ainda que procuraacutessemos salientar a importacircncia de trabalharbrincar em
todas pelas diferentes experiecircncias que lhes permitiam efetuar
As atividades ao niacutevel da expressatildeo dramaacutetica e plaacutestica bem como a entoaccedilatildeo
de canccedilotildees e o escutar de histoacuterias integravam-se tambeacutem entre as preferecircncias do
grupo As crianccedilas manifestavam-se curiosas em conhecer o conteuacutedo das histoacuterias e em
colocar questotildees sobre as mesmas quando natildeo percebiam alguma palavra expressatildeo ou
frase
Sendo o espaccedilo de dimensatildeo limitada face agrave dimensatildeo do grupo as crianccedilas em
geral manifestavam organizar-se nas suas brincadeiras e relaccedilotildees sem se perturbar uns
aos outros com exceccedilatildeo de uma crianccedila que desestabilizava o grupo
No que respeita agrave expressatildeo oral era evidente o desenvolvimento das crianccedilas
com exceccedilatildeo na pronuacutencia de algumas palavras sobretudo no iniacutecio do ano e no que se
refere ao uso de determinados tempos verbais aspeto que era mais evidente em duas
crianccedilas utilizando com frequecircncia por exemplo a expressatildeo ldquoeu sabordquo em vez de ldquoeu
seirdquo o que foi sendo ultrapassado no decurso do ano letivo
6
Verificaacutemos ainda que como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquopor vezes as
crianccedilas hesitam enquanto procuram palavras para expressar uma ideia nova
particularmente difiacutecilrdquo (p 534) e que eacute importante dar-lhes tempo para que elas
proacuteprias escolham as palavras de que necessitam e evitar interferirmos com as suas
proacuteprias sugestotildees
Considerando que como refere Oliveira-Formosinho (2007a) ldquoa escuta eacute um
meio para ouvir a crianccedila sobre a sua colaboraccedilatildeo no processo de co-construccedilatildeo do
conhecimentordquo (p 32) procuraacutemos estabelecer diaacutelogos em que as crianccedilas usufruiacutessem
de tempo para se expressar e que nos permitissem conhecermos as crianccedilas
No que respeita ao nuacutecleo familiar das crianccedilas e considerando os dados que
constam das suas fichas de inscriccedilatildeo a maioria dos pais famiacutelia das crianccedilas advecircm de
um meio socioeconoacutemico meacutedio trabalham nos vaacuterios setores de atividade sendo que a
maioria trabalha como funcionaacuterio puacuteblico No que se refere ao nuacutemero de irmatildeos de
acordo com os dados dessas mesmas fichas quinze crianccedilas tecircm um irmatildeo nove
crianccedilas natildeo tecircm irmatildeos e sobre uma crianccedila natildeo foi possiacutevel recolher esse dado
13 Organizaccedilatildeo do ambiente educativo
Sendo um jardim-de-infacircncia um contexto institucional destinado a crianccedilas de
tenra idade deve estar organizado de forma a proporcionar o indispensaacutevel bem-estar
prazer em frequentaacute-lo e favorecer atividades de ludicidade que motivem agrave
aprendizagem Posto isto julgamos de grande importacircncia organizar um ambiente
educativo agradaacutevel estaacutevel e que seja favoraacutevel agrave aprendizagem significativa da
crianccedila
Demos importacircncia ao horaacuterio de atendimento aos pais pois em nossa opiniatildeo eacute
um bom meio de incentivar os pais a deslocarem-se agrave instituiccedilatildeo na qual a sua crianccedila
estaacute inserida e estarem informados das suas condiccedilotildees conhecimento da funcionalidade
da instituiccedilatildeo ter a oportunidade de conversar com as educadoras e estarem a par da
evoluccedilatildeo das crianccedilas conseguirem tambeacutem ter conhecimento das atividades realizadas
e dos seus resultados
De acordo com o que se refere nas OCEPE (MEMEB 1997) importa ter em
conta que ldquoa famiacutelia e a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo preacute-escolar satildeo dois contextos sociais
que contribuem para a educaccedilatildeo da mesma crianccedila importa por isso que haja uma
relaccedilatildeo entre estes dois sistemasrdquo (p 43)
7
131 Caracterizaccedilatildeo do espaccedilo
Evidenciando o espaccedilo interior e o exterior pois os dois tecircm um papel
fundamental no processo educativo e no desenvolvimento das crianccedilas e concordando
com Oliveira-Formosinho e Andrade (2011a) ldquopensamos o espaccedilo como um territoacuterio
organizado para a aprendizagem um lugar de bem-estar alegria e prazer Procuramos
que o espaccedilo pedagoacutegico seja aberto agraves vivecircncias e interesses das crianccedilas e
comunidades seja seguro seja luacutedico e culturalrdquo (p 11)
1311 Espaccedilo interior
A sala apesar da sua pequena dimensatildeo estava cuidadosamente organizada e
todos os espaccedilos eram aproveitados para possibilitar agraves crianccedilas a oportunidade de
experimentar e manipular os materiais Juntamente com o espaccedilo e os materiais foi
possiacutevel realizar diversas experiecircncias de aprendizagem dentro da sala As crianccedilas
conseguiam movimentar-se e explorar as aacutereas e o que as mesmas tinham para lhes
proporcionar Tal como estaacute presente nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoo procedimento
de aprendizagem implica tambeacutem que as crianccedilas compreendam como o espaccedilo estaacute
organizado e como pode ser utilizado e que participem nessa organizaccedilatildeo (hellip) o
conhecimento do espaccedilo dos materiais e das actividades possiacuteveis eacute tambeacutem condiccedilatildeo
de autonomia da crianccedila e do grupordquo (p 38)
A sala na qual desenvolvemos a praacutetica
de accedilatildeo pedagoacutegica apresentava uma forma
retangular e como anteriormente foi referido a
sala natildeo possuiacutea grandes dimensotildees Desde o
iniacutecio percebemos que toda ela estava
previamente dividida por aacutereas e todas elas
estavam identificadas com uma placa com o nome e o
nuacutemero de crianccedilas que poderiam frequentar em simultacircneo Cada crianccedila era
representada com um siacutembolo um sorriso por cada crianccedila como podemos verificar na
figura 1 Ainda nas placas de identificaccedilatildeo das aacutereas podiacuteamos verificar desenhos
realizados pelas crianccedilas Procuramos ainda atender a que como lembram Oliveira-
Formosinho e Andrade (2011a)
Figura 1 - Identificaccedilatildeo das aacutereas da sala
8
As crianccedilas tecircm o direito de crescer em espaccedilos onde o cuidado e a atenccedilatildeo
prestados agrave dimensatildeo esteacutetica constituam um princiacutepio educativo baacutesico As
experiecircncias que as crianccedilas vivem com o espaccedilo devem poder converter-se em
experiecircncias esteacuteticas de prazer e de bem-estar (p 12)
Uma das paredes da sala possuiacutea trecircs janelas com visionamento para o exterior
Estas proporcionavam uma agradaacutevel luminosidade natural e possibilitavam ainda
identificar o estado do tempo A sala encontrava-se igualmente devidamente equipada
com sistema de aquecimento funcionando este em situaccedilotildees necessaacuterias No que
respeita ao pavimento da sala este possuiacutea uma cor azulada clara resistente lavaacutevel
um pouco confortaacutevel e pouco refletora de som proporcionando desse modo um
benevolente isolamento acuacutestico
O mobiliaacuterio da sala apresentava um bom estado de conservaccedilatildeo O moacutevel de
maior dimensatildeo estava preenchido com materiais trabalhos e os portefoacutelios das
crianccedilas Havia um moacutevel para arrumaccedilatildeo de materiais sendo alguns destes de escrita
(como os laacutepis marcadores) e tambeacutem tesouras materiais reciclados e outros que
serviam de apoio agraves atividades de expressatildeo plaacutestica Encontravam-se quatro mesas na
sala de formato retangular proporcionando agraves crianccedilas um largo espaccedilo para trabalhar e
brincar sobre as mesmas todas acompanhadas por cinco cadeiras Eacute importante salientar
que as mesas e as cadeiras serviam de apoio agraves atividades em pequeno e grande grupo
Ainda na sua constituiccedilatildeo a sala possuiacutea um placard no qual eram expostos os
trabalhos realizados pelas crianccedilas embora alguns destes fossem expostos no corredor
de forma a divulgaacute-los junto dos paiscomunidade Indo ao encontro de Niza (2007)
quando refere que ldquoo ambiente geral da sala deve resultar agradaacutevel e altamente
estimulante utilizando as paredes como expositores permanentes das produccedilotildees das
crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras de desenho pintura tapeccedilaria ou
textordquo (p 133)
A planta que se segue apresenta-nos uma perspetiva da realidade do espaccedilo
fiacutesico da sala ao longo do ano letivo considerando que as alteraccedilotildees ocorridas
incidiram na integraccedilatildeo de materiais mas natildeo na disposiccedilatildeo das aacutereas
9
A sala integrou desde iniacutecio seis aacutereas de trabalho todas devidamente
identificadas sendo estas a aacuterea da casa (cozinha e quarto) a aacuterea dos jogos a aacuterea de
acolhimento a aacuterea da biblioteca a aacuterea da escrita e a aacuterea da garagemconstruccedilotildees
Estas estavam organizadas no sentido de possibilitar ao grupo de crianccedilas um faacutecil
acesso aos distintos materiais e objetos pois como menciona Oliveira-Formosinho
(2007b) ldquoa organizaccedilatildeo do espaccedilo em aacutereas com os seus respectivos materiais (hellip)
porque estatildeo visiacuteveis acessiacuteveis e etiquetados (tambeacutem para facilitar a autonomia na
arrumaccedilatildeo) eacute uma forma poderosiacutessima de passar mensagens impliacutecitas agrave crianccedilardquo (p
68)
Podemos verificar na figura 2 que as aacutereas rotuladas como barulhentas
encontram-se um pouco afastadas das aacutereas mais calmas A aacuterea da biblioteca (figura 3)
situa-se no canto superior direito da figura 2 desfrutava de
uma boa luminosidade natural pois encontrava-se junto de
uma das janelas Esta era constituiacuteda por uma estante na qual
as crianccedilas poderiam encontrar livros variados uma mesa
circular de pequenas dimensotildees acompanhada por trecircs
cadeiras de madeira Esta proporcionava agraves crianccedilas
oportunidade agradaacutevel de explorar as ilustraccedilotildees das
histoacuterias folhear e contar histoacuterias umas agraves outras Hohmann
e Weikart (2011) referem que ldquotalvez mais nenhuma outra
actividade seja tatildeo importante para a emergente literacia da crianccedila do que um adulto ou
amigo lhe fizerrdquo (p 546)
Figura 3- Aacuterea da biblioteca
Figura 2 - Planta da sala
10
Figura 6- Aacuterea da casa
espaccedilo do quarto
Figura 5 - Aacuterea dos jogos
Do outro lado da sala estava situada a aacuterea da
escrita (figura 4) nesta as crianccedilas tinham a
oportunidade de escrever explorar as diferentes
formas das letras podendo inclusivamente manipular
materiais de escrita
No centro da sala encontrava-se a aacuterea do
acolhimento um espaccedilo destinado a momentos em grande grupo de modo a ser
possiacutevel todas as crianccedilas se visualizarem umas agraves outras partilharem interesses
ouvirem histoacuterias tinham ainda a oportunidade de cantarem canccedilotildees e dialogarem
A aacuterea dos jogos (figura 5) estava localizada perto
da aacuterea do acolhimento dispunha de uma mesa
acompanhada por cinco cadeiras e de uma estante na qual
se encontravam diversos tipos de jogos puzzles
enfiamentos dominoacutes blocos loacutegicos jogo de letras jogos
com formas geomeacutetricas entre outros Esta aacuterea permitia o
desenvolvimento cognitivo das crianccedilas aleacutem das
experiecircncias diversificadas que as motivavam para a
resoluccedilatildeo de problemas
A aacuterea da casa distribuiacutea-se por dois espaccedilos o quarto
(figura 6) e a cozinha (figura 7) O mobiliaacuterio e materiais desta
aacuterea estavam apropriados agrave altura das crianccedilas Nesta era
visiacutevel a frequente representaccedilatildeo por parte das crianccedilas
assumindo o papel de adultos imitando expressotildees gestuais e
orais Atraveacutes das bonecas as crianccedilas representavam vivecircncias
do seu dia-a-dia como vestir e despir as crianccedilas deitaacute-las a
dormir maquilhaacute-las faziam e desfaziam a cama arrumavam e
desarrumavam toda a aacuterea representando
de variadas formas o ldquofaz-de-contardquo
O espaccedilo da cozinha era utilizado para representar
vivecircncias do dia-a-dia integrando parecenccedilas com algumas
cozinhas das casas das crianccedilas e em vaacuterias situaccedilotildees as
crianccedilas assumiam os papeacuteis de adultos e representavam
momentos vividos nas suas proacuteprias casas
Figura 4 - Aacuterea da escrita
Figura 7 - Espaccedilo da
cozinha
11
Figura 9 - Quadro semanal de presenccedilas
A uacuteltima aacuterea a ser apresentada eacute intitulada pela aacuterea da
garagemconstruccedilotildees (figura 8) Nesta as crianccedilas usavam
materiais como carros ferramentas de mecacircnica uma pista de
carros entre outros As crianccedilas principalmente do sexo
masculino apropriavam-se ou tentavam por vaacuterias vezes
apropriar-se desta aacuterea pois mostravam bastante interesse na
mesma gostavam de brincar e imaginar situaccedilotildees proacuteprias da
aacuterea
Para registar as presenccedilas diaacuterias das crianccedilas foi criado um quadro semanal de
presenccedilas como pudemos verificar na figura 9 este estava adequado agrave altura das
crianccedilas Foi criado ldquopara o aluno marcar com um sinal convencional a sua presenccedila
na quadriacutecula onde o seu nome cruza com a coluna do diardquo (Niza 2007) (p 135)
Neste encontravam-se expostos os nomes das crianccedilas
do lado esquerdo e na parte superior do quadro
estavam os dias da semana separados por quadriacuteculas
A presenccedila da crianccedila era assinalada com duas bolas
de pequenas dimensotildees uma verde fazendo referecircncia
agrave presenccedila e uma outra de cor vermelha fazendo
referecircncia agrave ausecircncia da crianccedila A marcaccedilatildeo das
presenccedila era identificado pela proacutepria crianccedila isto eacute
cada uma efetuava a sua presenccedila agrave exceccedilatildeo das
crianccedilas que se encontravam ausentes essa marcaccedilatildeo
era realizada ou pelas educadoras ou pelas crianccedilas
1312 Espaccedilo exterior
O espaccedilo exterior possuiacutea uma aacuterea de dimensotildees bastante consideraacuteveis
rodeada por um muro com grades que permitia observar do interior para o exterior da
instituiccedilatildeo e vice-versa O pavimento variava existindo zonas de relva com aacutervores de
cimento com maior dimensatildeo e de areia Neste uacuteltimo encontraacutevamos equipamento de
parque infantil sendo este composto por uma estrutura com escorrega barras para
trepar baloiccedilos fixos no chatildeo e cavalos de molas
Figura 8 - Aacuterea da
garagemconstruccedilotildees
12
Este espaccedilo exterior eacute de grande importacircncia pois nele como referem Hohmann
e Weikart (2011) ldquoas crianccedilas tecircm acesso a um conjunto de actividades e brincadeiras
que habitualmente natildeo fazem no interiorrdquo (p 369) No periacuteodo de recreio ldquoas crianccedilas
podem experimentar os sons e imagens do ar livre usar o material e equipamento do
recreio e brincar vigorosamente (ou sossegadamente se assim o preferirem) rdquo (idem
ibidem)
Em muitos momentos no recreio enquanto foi possiacutevel a sua utilizaccedilatildeo tivemos
a oportunidade de praticar jogos em grande grupo sendo estes com movimentos
rotativos movimentos lentos e coordenados movimentos raacutepidos e livres para as
crianccedilas exercitarem a motricidade Apesar dos momentos de recreio e de sala serem de
diferentes caracteriacutesticas ldquotecircm algo em comum encorajar as crianccedilas a envolverem-se
activamente com materiais pessoas ideias e acontecimentosrdquo (Hohmann amp Weikart
2011 p 370)
132 Rotina diaacuteria
A organizaccedilatildeo do tempo no jardim-de-infacircncia eacute definido e iniciado pelos
adultos estes devem refletir e estruturar devidamente uma rotina diaacuteria pois esta
auxilia as crianccedilas e adultos tal como referem Hohmann e Weikart (2011)
a rotina diaacuteria (hellip) ajuda as crianccedilas a responder (hellip) a questotildees ao
oferecer-lhes uma sequecircncia de acontecimentos que elas podem seguir e
compreender Tambeacutem ajuda os adultos a organizarem o seu tempo com as
crianccedilas de forma a lhes oferecer experiecircncias de aprendizagem activas e
motivadoras Neste sentido os elementos de uma rotina diaacuteria satildeo como
marcas de pegadas num caminho Ao seguirem o caminho as crianccedilas
envolvem-se em variadas aventuras e experiecircncias que lhes interessam e que
respondem agrave sua natureza inventiva e luacutedica (p 224)
Quando iniciaacutemos a nossa praacutetica de ensino na sala dos quatro anos estes jaacute
tinham uma rotina diaacuteria definida desde o iniacutecio do ano Apesar disso a rotina diaacuteria foi
suscetiacutevel de alteraccedilotildees tendo em conta atividades que emergiam visitas e o desenrolar
de certas experiecircncias de aprendizagem A rotina diaacuteria integrava os seguintes
segmentos temporais
i) Tempo de acolhimento momento de receccedilatildeo das crianccedilas em grande
grupo Era inclusive neste momento que as crianccedilas e os adultos
cantavam canccedilotildees partilham ideias vivecircncias e experiecircncias pessoais e
procediam agrave marcaccedilatildeo das presenccedilas
13
ii) Tempo de atividades em grande grupo neste tempo as crianccedilas e os
adultos juntavam-se para atividades a vaacuterios niacuteveis de muacutesica
movimento expressatildeo dramaacutetica leitura e exploraccedilatildeo de histoacuterias entre
outras Estas envolviam experiecircncias de aprendizagem nos diferentes
domiacutenios Apesar de em vaacuterias ocasiotildees serem os adultos a iniciarem
estas atividades as crianccedilas proporcionavam e apresentavam novas
ideias
iii) Tempo de higienealmoccedilo este tempo era dedicado agrave higiene das
crianccedilas e logo de seguida deslocavam-se ao refeitoacuterio da instituiccedilatildeo
para almoccedilarem
iv) Tempo de recreiodescanso momento reservado ao descanso das
crianccedilas mas tambeacutem quando as condiccedilotildees atmosfeacutericas o permitiam as
crianccedilas usufruiacuteam do espaccedilo exterior ocasionando-lhes situaccedilotildees nas
quais poderiam variar na forma como utilizavam o corpo tal como
trepar deslizar baloiccedilar e correr
v) Tempo de atividades nas aacutereas este tempo contemplava alguns tipos de
atividades propositadamente planeados de forma a proporcionar
experiecircncias de aprendizagens significativas nas diferentes aacutereas do
conteuacutedo Era ainda neste momento que se procedia agrave organizaccedilatildeo das
crianccedilas pelas diferentes aacutereas da sala consoante a preferecircncia que cada
uma manifestava de forma a reforccedilar os interesses naturais das crianccedilas
a capacidade de iniciativa da mesma e desenvolver competecircncias na
resoluccedilatildeo de problemas
vi) Tempo de lanche as crianccedilas apoacutes terem efetuado a arrumaccedilatildeo das
aacutereas da sala realizavam a higiene pessoal e deslocavam-se ao refeitoacuterio
da instituiccedilatildeo e tomavam o lanche Cada uma das crianccedilas possuiacutea a sua
lancheira e os lanches variavam de crianccedila para crianccedila
vii) Tempo de atividades orientadaslivres momento dedicado vaacuterias vezes
ao relaxamento da crianccedila as crianccedilas assistiam a filmes brincavam em
pequenos grupos com legos praticavam jogos em grande grupo sendo
estes uacuteltimos bastante solicitados pelas crianccedilas
A rotina diaacuteria vivenciada na sala ocorria como podemos verificar nos
segmentos temporais referidos de forma a despertar e apoiar as crianccedilas na tomada de
iniciativa perante atividades propostas Era uma forma de encorajar o envolvimento das
14
crianccedilas em atividades de pequenos grupos ou ateacute mesmo em pares envolvendo-as na
procura de soluccedilotildees para os problemas com que se iam confrontando Um dos principais
objetivos nas atividades era promover interaccedilotildees positivas nos diversos momentos de
trabalho O facto de as crianccedilas escolherem a sua aacuterea preferida e os materiais a
manusear para a execuccedilatildeo dos trabalhos demonstrava ao adulto a sua evoluccedilatildeo e
crescente autonomia
133 As interaccedilotildees
Para a melhor compreensatildeo do processo de interaccedilatildeo eacute essencial
compreendermos esse termo Neste sentido Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011)
afirmam que ldquoas interaccedilotildees adulto-crianccedila satildeo uma tatildeo importante dimensatildeo da
pedagogia que a anaacutelise do estilo dessas interaccedilotildees nos permite determinar se estamos
perante uma pedagogia transmissiva ou uma pedagogia participativa (p 30) Dizem-nos
tambeacutem que ldquodesenvolver as interaccedilotildees refleti-las pensaacute-las e reconstruiacute-las eacute um
habitus que as profissionais que desenvolvem a Pedagogia-em-Participaccedilatildeo necessitam
de promoverrdquo (idem ibidem) Neste sentido reconhecemos que o educador desempenha
um papel crucial no desenrolar das diversas interaccedilotildees e no que tem a ver com as
interaccedilotildees educadoracrianccedila da instituiccedilatildeo estas satildeo em nosso parecer bastante
positivas As OCEPE (MEDEB 1997) alertam que ldquoa relaccedilatildeo individualizada que o
educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora da sua inserccedilatildeo no grupo e das
relaccedilotildees com as ouras crianccedilasrdquo (p 35)
Achamos importante lembrar que ldquoa crianccedila aprende interagindo O adulto
aprende a ajudar a crianccedila a desenvolver a interacccedilatildeo A crianccedila eacute activa o adulto
tambeacutemrdquo (Oliveira-Formosinho 1996 p 55) Quando as crianccedilas e os educadores
desenvolvem algo em conjunto se o educador consegue envolver a crianccedila de tal forma
que esta se concentre totalmente no que estatildeo a desenvolver esta envolvecircncia faz com
que tanto a crianccedila como o adulto estejam ativos facilitaraacute a interaccedilatildeo entre ambos
tanto de um como do outro Eacute com a interaccedilatildeo que a crianccedila aprende vaacuterios fatores que
a ajudaratildeo no seu desenvolvimento e eacute tambeacutem com a interaccedilatildeo que o adulto tem a
oportunidade de auxiliar o desenvolvimento da crianccedila Neste sentido Hohmann e
Weikart (2011) defendem que ldquoa partilha do controlo num clima de apoio apela agrave
reciprocidade ndash um dar e receber muacutetuo entre crianccedilas e adultosrdquo (p 77)
No que diz respeito agraves interaccedilotildees crianccedilacrianccedila na sala onde se desenrolou a
accedilatildeo educativa verificaacutemos uma vasta cumplicidade entre elas existindo a formaccedilatildeo de
15
grupos de amigos Mostraram desde cedo apelar agrave brincadeira entre elas partilhando os
objetos e tentando haver na sala um clima de interaccedilotildees positivas
No nosso caso em concreto procuraacutemos desde cedo escutar apoiar e ainda
compreender as crianccedilas desenvolvendo desse modo uma interaccedilatildeo participativa
seguindo uma praacutetica na qual as crianccedilas foram sempre reconhecidas como pessoas que
tem sentimentos Tentaacutemos como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquocriar e manter
ambientes em que a interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas
possam trabalhar e brincar com pessoas e objetos libertas de medo ansiedades ou de
aborrecimentordquo (p 63)
Reconhecemos que possibilitaacutemos agraves crianccedilas diversas situaccedilotildees nas quais
pudessem entender e participar em atividades promotoras de aprendizagens e que
pudessem construir e desenvolver as suas proacuteprias competecircncias Tentaacutemos observar e
entender a crianccedila pois como referem Oliveira-Formosinho e Formosinho (2011) ldquoo
papel do professor eacute o de organizar o ambiente e observar a crianccedila para entender e lhe
responderrdquo (p 15)
A fim de apoiar e acompanhar as crianccedilas nas suas atividades procuraacutemos
atraveacutes de uma observaccedilatildeo participante conhecer os interesses e necessidades
formativas das crianccedilas no sentido de favorecer interaccedilotildees que pudessem tornar-se
facilitadoras de aprendizagem das crianccedilas Assim sendo ao longo da nossa experiecircncia
de praacutetica educativa apoiaacutemos o envolvimento do grupo nas vaacuterias atividades de modo
a favorecer a sua implicaccedilatildeo na descoberta resoluccedilatildeo de problemas e na tomada de
decisotildees
16
17
II Fundamentaccedilatildeo das opccedilotildees educativas
No presente capiacutetulo procedemos ao aprofundamento de conhecimentos que nos
ajudem a melhor fundamentar e interpretar a praacutetica educativa em contexto preacute-escolar
Neste sentido debruccedilamo-nos sobre as perspetivas atuais de aprendizagem da crianccedila
as linhas de orientaccedilatildeo curricular e os modelos pedagoacutegicos que nos podem ajudar a
desenvolver uma accedilatildeo educativa de qualidade
21 A aprendizagem como um processo ativo
O desenvolvimento da praacutetica educativa suscita-nos questionamento sobre como
encarar o processo de aprendizagem a promover com as crianccedilas no sentido de ajudaacute-
las a progredir e a beneficiar do necessaacuterio bem-estar e integraccedilatildeo social
Neste sentido importa considerar a perspetiva de Brickmann e Taylor (1996)
defendendo os autores que ldquoas experiecircncias de aprendizagem para crianccedilas devem ser
ativasrdquo (p 3) explicitando que ldquodevem tornar a crianccedila capaz de construir o seu
proacuteprio conhecimento lidando diretamente com pessoas materiais e ideiasrdquo (idem p 3-
4) Neste acircmbito torna-se importante retomar a perspetiva teoacuterica de Piaget (1976) que
reconhece e valoriza a pessoa como sujeito ativo na construccedilatildeo de conhecimento O
autor defende que se enverede por um processo de aprendizagem experiencial e alerta
para a importacircncia da crianccedila poder explorar pensar e descobrir a partir da accedilatildeo sobre
os objetos e da relaccedilatildeo com os outros Como refere Novo (2009) ldquona perspetiva do
autor a crianccedila descobre do mesmo modo o mundo das pessoas e o dos objetos reais ou
simboacutelicosrdquo (p 52) Para Piaget (in Hohmann amp Weikart 2011) ldquoo conhecimento natildeo
proveacutem nem dos objetos nem da crianccedila mas sim das interaccedilotildees entre a crianccedila e os
objetosrdquo (p 19) pressupondo assim uma accedilatildeo reciacuteproca da crianccedila sobre os objetos e
dos objetos sobre a crianccedila na construccedilatildeo do conhecimento Nesta linha de pensamento
como tambeacutem afirma o autor (1978 citado por Novo 2009) ldquoconhecer natildeo consiste em
copiar o real mas agir sobre ele e transformaacute-lordquo (p 53)
Assim como Tompkins (1996) lembra importa ter em conta que uma
aprendizagem ativa eacute muito mais do que a mera manipulaccedilatildeo de materiais pelas crianccedilas
e do que a transmissatildeo de conhecimentos pelo educador Neste sentido sublinha que
18
a maior parte dos educadores de infacircncia concordaria com a ideia de que as
crianccedilas aprendem mais quando encorajadas a explorarem a interagirem a
serem criativas a seguirem os seus proacuteprios interesses e a brincarem No
entanto muitos educadores de infacircncia bem-intencionados acabam por
conduzir actividades em oposiccedilatildeo a esta teoria (p 6)
Este eacute um aspeto que natildeo deixa de caraterizar a nossa accedilatildeo educativa daiacute a
preocupaccedilatildeo em acedermos a conhecimentos que possam ajudarmos a melhor tomar
consciecircncia do tipo de praacuteticas que desenvolvemos e das linhas em que apoiaacute-las para
que incluam perspetivas que na atualidade satildeo reconhecidas como facilitadores de uma
aprendizagem ativa das crianccedilas
Importa assim considerar que segundo Formosinho (1996) as aprendizagens
ativas satildeo ldquoaquelas em que a crianccedila atraveacutes da sua acccedilatildeo sobre os objectos e da sua
interacccedilatildeo com as pessoas as ideias e os acontecimentos chega agrave compreensatildeo do
mundordquo (p 56) Por isso uma accedilatildeo educativa que se centra em ajudar as crianccedilas a
aprender como referem Oliveira-Formosinho amp Formosinho (2011) deve dar um papel
de relevo agrave crianccedila agrave colaboraccedilatildeo entre pares e agrave colaboraccedilatildeo entre adultos e crianccedilas
ou seja ldquodesenvolve uma epistemologia de natureza construtiva interativa
colaborativardquo (p 18)
Nesta linha importa o recurso a estrateacutegias pedagoacutegicas que proporcionem a
partilha de conhecimentos a implicaccedilatildeo das crianccedilas na resoluccedilatildeo de situaccedilotildees
problemaacuteticas de modo a exploraacute-las sob diversos acircngulos recorrendo agravequilo que jaacute
conhecem e agrave sua capacidade imaginativa O educador deve entatildeo observar e escutar as
crianccedilas e valorizar a sua participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo e desenvolvimento do processo de
aprendizagem bem como na reflexatildeo sobre o mesmo Deve dar-se atenccedilatildeo aos seus
interesses e aos valores que representam as atividades da sua iniciativa na
reorganizaccedilatildeo da compreensatildeo que faz do mundo e por conseguinte no seu
desenvolvimento Nesse processo importa considerar que
tal como os adultos as crianccedilas tem comportamentos positivos e
comportamentos negativos mas eacute importante prestar atenccedilatildeo ao que as
crianccedilas fazem bem feito incidindo nesses pontos e valorizando-os Ao
observar cuidadosamente aquilo que as crianccedilas podem fazer os adultos tecircm
oportunidade para aproveitar o desejo natural de aprender das crianccedilas
(Hohmann 1996 p 22)
Dewey (2002) lembra que as experiecircncias das crianccedilas podem tornar-se agrave
semelhanccedila das suas brincadeiras e jogos em formas ativas da accedilatildeo Para o autor de
acordo com Pinazza (2007) ldquoas situaccedilotildees educativas devem apoiar-se na atividade da
19
crianccedila ou seja deve aprender fazendordquo (p 74) Daiacute a importacircncia que deve merecer a
organizaccedilatildeo do ambiente educativo e as atividades e projetos em que se envolvem
Importa considerar tambeacutem que ldquoa liberdade de accedilatildeo natildeo se opotildee agrave intencionalidade e
ao estabelecimento de propoacutesitos educativos nem tatildeo pouco agrave formaccedilatildeo de haacutebitosrdquo (p
75) devendo ser tidas todas estas dimensotildees em consideraccedilatildeo
Vygostky de acordo com Pinazza (2007) defende a relaccedilatildeo entre processo
educativo e as experiecircncias pessoais das crianccedilas No entanto eacute de considerar que nem
todas as experiecircncias satildeo igualmente educativas O valor de uma experiecircncia baseia-se
no princiacutepio da continuidade experiencial e o da interaccedilatildeo (idem) Importa ter em conta
que a continuidade pressupotildee alargar as experiecircncias e que a interaccedilatildeo se configura no
ambiente educativo que se cria
Nesse processo eacute de ter em conta a importacircncia a atribuir natildeo apenas aos
conhecimentos e competecircncias da crianccedila mas tambeacutem agrave forma como se estabelecem as
interaccedilotildees e agrave complexidade que as atividades apresentam Neste acircmbito importa
considerar que como defende Vygostky (1996 citado por Novo 2009) ldquoque com o
auxiacutelio de outra pessoa toda a crianccedila consegue concretizar mais do que faria sozinhardquo
(p 58) podendo entender-se este aspeto muito mais indicativo do desenvolvimento da
crianccedila Ideia que reforccedila a importacircncia da observaccedilatildeo e apoio que o adulto deve
promover para acompanhar e promover o processo da aprendizagem da crianccedila
22 Modelos Curriculares
Associado a uma perspetiva de aprendizagem ativa encontram-se alguns
modelos curriculares que tecircm vindo a ser apontados em vaacuterios trabalhos como
facilitadores de praacuteticas educativas preacute-escolares de qualidade tal como o modelo
HighScope (Hohmann amp Weikart 2011) o modelo do Movimento da Escola Moderna
(Niza 2007) e o modelo de Reggio Emilia (Eduards Gandini amp Forman 1999)
Reconhecendo que os princiacutepios em que cada um desses modelos se apoiam
podem ajudar-nos a melhor entender as linhas que caraterizam a nossa accedilatildeo importa
efetuar uma breve abordagem aos mesmos
O modelo curricular HighScope valoriza a aprendizagem pela acccedilatildeo o que
pressupotildee que as crianccedilas possam ldquoviver experiecircncias directas e imediatas e retirar delas
significado atraveacutes da reflexatildeordquo (Hohmann amp Weikart 2011 p 5) no sentido de
construiacuterem conhecimentos que as ajudem a dar sentido ao mundo As crianccedilas devem
20
dispor da possibilidade de explorar os objetos colocar sobre os acontecimentos e acerca
do que lhes desperta curiosidade
No que diz respeito agrave organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais de trabalho as salas
seguem uma organizaccedilatildeo construtivista que aponta para a organizaccedilatildeo de aacutereas
diferenciadas que permitam a realizaccedilatildeo de diferentes aprendizagens A organizaccedilatildeo da
sala por aacutereas e com os respetivos materiais faz com que as crianccedilas adquiram
independecircncia autonomia e responsabilidade em relaccedilatildeo ao seu modo de utilizaccedilatildeo
transmitindo mensagens impliacutecitas agraves crianccedilas Como referem Hohmann e Weikart
(2011)
Uma vez que o ambiente estaacute organizado de forma a que estas escolham as
suas brincadeiras os adultos ficam livres de funccedilotildees diretivas de
entretenimento ou de controlo das crianccedilas Em vez disso passam a poder
concentrar-se no apoio a dar agraves brincadeiras das crianccedilas e agrave sua capacidade de
resoluccedilatildeo de problemas (p 182)
A organizaccedilatildeo do ambiente educativo inclui quatro componentes sendo elas a
organizaccedilatildeo do espaccedilo e materiais das rotinas do grupo e das interaccedilotildees Segundo este
modelo o espaccedilo deve estar organizado por diferentes aacutereas de modo a permitir que as
crianccedilas desenvolvam diferentes aprendizagens envolvendo-se em atividades
diversificadas A organizaccedilatildeo do espaccedilo deve ser flexiacutevel deve adaptar-se agraves
necessidades e interesses das crianccedilas e do grupo pelo que deve estar organizado de
modo a conferir autonomia agraves crianccedilas Outra especificidade desta organizaccedilatildeo reside
no facto de as aacutereas estarem organizadas de forma a permitirem a livre circulaccedilatildeo das
crianccedilas entre elas de acordo com os seus interesses Por sua vez ldquoa arrumaccedilatildeo dos
materiais deve proporcionar a execuccedilatildeo do ciclo encontra-brinca-arrumardquo (Hohmann amp
Weikart 2011 p 164)
A organizaccedilatildeo de uma rotina diaacuteria oferece estabilidade agrave crianccedila no sentido de
que pode aperceber-se do que vai acontecer oferecendo-lhe ldquosentido de controlo sobre
aquilo que vai fazer em cada momento do diardquo (idem p 8) Deve permitir agraves crianccedilas
experienciarem oportunidade de se envolverem na concretizaccedilatildeo do ciclo planear-fazer-
rever (idem p 229) Este consiste em promover o seu envolvimento no planeamento
das suas atividades a experienciaccedilatildeo das mesmas e a partilha e discussatildeo acerca do que
foi realizado Para isso o educador deve adotar uma gestatildeo flexiacutevel do tempo
permitindo que a crianccedila organize os seus acontecimentos as suas propostas e as suas
interaccedilotildees tendo em conta a sequecircncia temporal Os tempos em pequeno e grande
21
grupo bem como a niacutevel individual satildeo imprescindiacuteveis pois permitem a inserccedilatildeo das
crianccedilas em diferentes tipos de atividades quer da iniciativa do adulto quer da
iniciativa da crianccedila
A rotina diaacuteria preacute-escolar eacute constante estaacutevel e previsiacutevel para que a crianccedila
compreenda a forma de utilizaccedilatildeo do tempo e assim tornar-se menos dependente do
adulto face ao tempo em que deve concretizar determinada atividade A previsatildeo dos
tempos de rotina permite a seguranccedila e independecircncia da crianccedila e a diferenciaccedilatildeo das
atividades contribui para a variedade de experiecircncias
No que concerne agraves interaccedilotildees o papel do adulto eacute criar situaccedilotildees que
proporcionem agrave crianccedila o desenvolvimento do seu pensamento favorecendo a
emergecircncia de conflitos cognitivos (idem) Importa ter em conta que o adulto ajuda a
equilibrar a liberdade que a crianccedila necessita para explorar o meio que a rodeia Por
isso natildeo deve desencorajar a crianccedila quando esta natildeo consegue concretizar e resolver os
problemas com que se defronta Deve por sua vez fazer com que ela acredite em si
mesma e se envolva na procura de recursos que podem ajudaacute-la nesse processo Assim
um dos principais objectivos do programa HighScope consiste em apoiar os
adultos de modo a que estes possam criar e manter ambientes em que a
interacccedilatildeo com as crianccedilas seja positiva e por forma que estas possam
trabalhar e brincar com pessoas e objectos libertas de medos ansiedades ou
de aborrecimento e negligecircncia (Hohmann amp Weikart 2011 p 63)
O modelo curricular Reggio Emilia como antes referimos apoia-se tambeacutem em
princiacutepios pedagoacutegicos de participaccedilatildeo ativa das crianccedilas na construccedilatildeo do seu
conhecimento Como refere Malaguzzi (1999) o principal objetivo do projeto de
Reggio Emilia consiste em construir uma escola ldquopara crianccedilas pequenas como um
organismo vivo integral como um local de vidas e relacionamentos compartilhados
entre muitos adultos e muitas crianccedilasrdquo Para aleacutem deste objetivo a abordagem Reggio
Emilia estimula o desenvolvimento intelectual das crianccedilas partindo da representaccedilatildeo
simboacutelica
Como refere Edwards (2008) no que diz respeito ao papel do educador este eacute
natildeo apenas de ouvinte e observador mas tambeacutem deve ser proporcionador de
oportunidades e experiecircncias Os objetivos centralizam-se em criar oportunidades de
aprendizagem e desenvolvimento do pensamento das crianccedilas sendo por isso
importante escutaacute-las O papel do educador ldquocentraliza-se na provocaccedilatildeo de
oportunidades de descobertas atraveacutes de uma espeacutecie de facilitaccedilatildeo alerta e inspirada e
22
de estimulaccedilatildeo do diaacutelogo de accedilatildeo conjunta e da co-construccedilatildeo do conhecimento pela
crianccedilardquo(idem p 161)
As crianccedilas percebem quando os adultos valorizam os seus trabalhos e as suas
ideias uma vez que lhes comunicam essa valorizaccedilatildeo indiretamente atraveacutes de accedilotildees e
estrateacutegias Como exemplo destas accedilotildees o educador expotildee trabalhos das crianccedilas na
escola e partilha com toda a comunidade educativa a informaccedilatildeo que as crianccedilas
produzem
Os pais participam ativamente na vida escolar dos seus filhos uma vez que
colaboram com o educador e datildeo continuidade ao que as crianccedilas aprendem quer na
escola quer em casa Ou seja existe interajuda entre escolafamiacutelia na organizaccedilatildeo e
concretizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Por exemplo na realizaccedilatildeo de um projeto os
educadores comunicam aos pais o tema do projeto
encorajando-os a envolverem-se com as atividades de seus filhos atraveacutes da
busca dos materiais necessaacuterios do trabalho com os professores no
ambiente fiacutesico da oferta de livros suplementares e assim por diante Dessa
forma os pais satildeo levados a revisar a imagem que tecircm de seus filhos e a
compreender a infacircncia de um modo mais rico e complexordquo (Edwards 2008
p 163)
Segundo Lino (2007) o modo como o espaccedilo eacute organizado ldquoreflete as ideias
valores atitudes e patrimoacutenio cultural de todos os que nele trabalhamrdquo (p 107) Isto
porque atraveacutes da comunicaccedilatildeo cooperaccedilatildeo partilha de atividades e ideias a crianccedila
constroacutei o seu conhecimento do mundo (idem) Sendo assim o espaccedilo nas escolas de
Reggio Emilia eacute planeado ao pormenor pela comunidade educativa Relativamente ao
espaccedilo exterior este eacute organizado de forma a possibilitar uma continuidade das
atividades realizadas no interior
A gestatildeo da rotina praticada em Reggio dispotildee de uma organizaccedilatildeo do tempo
que proporciona agraves crianccedilas oportunidades de estabelecer diferentes tipos de interaccedilatildeo
Assim como sublinha Lino (2007) ldquoelas podem escolher trabalhar sozinhas em
pequeno grupo em grande grupo com os adultos ou sem elesrdquo (p 109)
O modelo curricular do Movimento da Escola Moderna (MEM) como refere
Niza (2007) ldquoassenta num Projecto Democraacutetico de autoformaccedilatildeo cooperada de
docentes que transfere por analogia essa estrutura de procedimento para um modelo
de cooperaccedilatildeo educativa nas escolasrdquo (p 125) Tendo em conta a escola como local de
23
iniciaccedilatildeo agrave vida democraacutetica este modelo propotildee diversos princiacutepios fundamentais para
a estruturaccedilatildeo da accedilatildeo educativa Referindo Niza (idem)
- Os meios pedagoacutegicos veiculam em si os fins democraacuteticos da educaccedilatildeo
pelo que a escolha dos materiais os processos usados e as formas de
organizaccedilatildeo das atividades devem respeitar as regras democraticamente
decididas pelos educadoresprofessores e crianccedilas
- A actividade escolar enquanto contrato social e educativo deve concretizar-
se atraveacutes da negociaccedilatildeo entre educadoresprofessores e crianccedilas entre si
- A praacutetica democraacutetica da organizaccedilatildeo partilhada por todos decide-se em
conselho de cooperaccedilatildeo
- Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autecircnticos
aproximando deste modo a escola agrave vida social
- A informaccedilatildeo de projectos estudos e outras realizaccedilotildees das crianccedilas eacute
partilhada atraveacutes de circuitos de produccedilatildeo distribuiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo como
paineacuteis conferecircncias jornal escolar e outros tipos de apresentaccedilotildees
- As praacuteticas escolares conferem sentido social agraves aprendizagens das crianccedilas
atraveacutes da partilha dos saberes com os seus pares e pela intervenccedilatildeo na
comunidade envolvente ou com a comunidade mais distante atraveacutes da troca
de correspondecircncia entre outros meios
- Os alunos interpelam o meio social e trazem para a escola pessoas da
comunidade como recurso e fonte de conhecimento e culturardquo (pp 127-130)
O Movimento Escola Moderna salienta alguns instrumentos de organizaccedilatildeo da
vida em grupo que se tornam indispensaacuteveis na participaccedilatildeo conjunta do educador e da
crianccedila como o plano de atividades a lista semanal de projetos o quadro semanal de
distribuiccedilatildeo de tarefas o mapa de presenccedilas diaacuterio e o diaacuterio de grupo
Este tipo de organizaccedilatildeo ajuda as crianccedilas a situarem-se no espaccedilo e no tempo
Desta forma eacute necessaacuterio a sala estar organizada por aacutereas de atividades que estaratildeo
dispostas agrave volta da mesma no centro da sala deve estar situada uma aacuterea de trabalho
coletivo Estas aacutereas devem ser originais para que possam ser o mais possiacutevel parecidas
com a realidade que os envolve Como afirma Niza (2007) ldquo o ambiente geral da sala
deve resultar agradaacutevel e altamente estimulante utilizando as paredes como expositores
permanentes das produccedilotildees das crianccedilas onde rotativamente se revecircem nas suas obras
de desenho pintura tapeccedilaria ou textordquo (p 133)
24
A gestatildeo do tempo eacute segundo Niza (2007) ldquoconstituiacuteda por duas etapas de
configuraccedilatildeo distinta
a etapa da manhatilde centra-se fundamentalmente no trabalho ou na actividade
eleita pelas crianccedilas e por elas sustentada desconcentradamente pelas aacutereas
de actividade Com o apoio discreto e itinerante do educador A etapa da
tarde reveste a forma de sessotildees plenaacuterias de informaccedilatildeo e de actividade
cultural dinamizadas por convidados pelos alunos ou pelos educadores
(p135)
O MEM tem uma forma muito proacutepria de promover o relacionamento das
crianccedilas entre si e das mesmas com os adultos Esta interaccedilatildeo eacute fomentada por
fundamentos da pedagogia da cooperaccedilatildeo Assim as crianccedilas devem no jardim-de-
infacircncia experimentar praacuteticas e atitudes que lhes permitiratildeo aprender valores e atraveacutes
das suas vivecircncias aprofundar o desenvolvimento da sua cidadania
Como afirma Niza (2007) os educadores assumem-se neste modelo como
promotores da organizaccedilatildeo participada dinamizadores da cooperaccedilatildeo
animadores ciacutevicos e morais do treino democraacutetico auditores activos para
promoverem a livre expressatildeo e a atitude criacutetica Mantecircm e estimulam a
autonomizaccedilatildeo e responsabilizaccedilatildeo de cada educando no grupo de educaccedilatildeo
cooperada (p139)
De acordo com este modelo eacute necessaacuterio dar continuidade agraves experiecircncias
educativas promovendo a curiosidade a iniciativa e a descoberta das crianccedilas e criar
condiccedilotildees para que tomem a iniciativa e se sintam valorizadas
Em suma os modelos referidos possibilitam um conjunto de orientaccedilotildees que se
tornam fundamentais para nos ajudar a organizar uma intervenccedilatildeo pedagoacutegica que
favoreccedila o desenvolvimento de crianccedilas no quadro de conquista de uma progressiva
autonomia
23 Linhas de orientaccedilotildees curricular da educaccedilatildeo preacute-escolar
Para a organizaccedilatildeo da accedilatildeo educativa importa ter em consideraccedilatildeo o estabelecido
nas Orientaccedilotildees Curriculares3 definidas para a educaccedilatildeo preacute-escolar
As OCEPE acentuam que sejam promovidos saberescompetecircncias que
favoreccedilam a progressatildeo das crianccedilas ao niacutevel da sua Formaccedilatildeo Pessoal e Social
Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo (domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita domiacutenio
das expressotildees incluindo a motora dramaacutetica musical e plaacutestica e o domiacutenio da
matemaacutetica) e Conhecimento do Mundo no sentido de ajudaacute-las a tornarem-se capazes
3 OCEPE-MEDEB 1997 Despacho 522097 de 4 de agosto Metas de aprendizagem (ME 2010)
25
de uma plena inserccedilatildeo na sociedade como cidadatildeos autoacutenomos livres e solidaacuterios
(MEDEB 1997) As Metas de Aprendizagem para a Educaccedilatildeo Preacute-Escolar (ME 2010)
explicitam os conteuacutedos incluiacutedos nas aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo definidas nas
OCEPE indicando o que as crianccedilas devem ter aprendido no final da etapa educativa
preacute-escolar
Entendemos dever ser dada importacircncia aos contributos destes diferentes
documentos para organizaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo das experiecircncias de aprendizagem no quadro
de construccedilatildeo de respostas educativas preacute-escolares de qualidade
Assim e no sentido de melhor compreender a natureza das aprendizagens que
devem nortear a accedilatildeo educativa preacute-escolar importa efetuarmos ainda que de forma
resumida uma abordagem das aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo
A aacuterea de Formaccedilatildeo Pessoal e Social eacute considerada uma aacuterea transversal
considerando que todas as componentes curriculares deveratildeo contribuir para promover
nas crianccedilas atitudes e valores que lhes permitam tornarem-se cidadatildeos conscientes e
solidaacuterios capacitando-os para a resoluccedilatildeo dos problemas da vida Tambeacutem a educaccedilatildeo
preacute-escolar deve favorecer a formaccedilatildeo da crianccedila tendo em vista a sua plena inserccedilatildeo
na sociedade como ser autoacutenomo livre e solidaacuterio
Importa referir que entre as aprendizagens a promover estas se situam num
processo em construccedilatildeo do ser humano ldquosendo influenciado e influenciando o meio que
o rodeiardquo (MEDEB 1997 p51) eacute de salientar tambeacutem que ldquoeacute na famiacutelia e no meio
soacutecio-cultural em que vive os primeiros anos de vida que a crianccedila inicia o seu
desenvolvimento pessoal e socialrdquo (idem p52) Eacute acentuado um papel essencial na
educaccedilatildeo para os valores sendo ldquoque natildeo se ldquoensinamrdquo mas que se vivem na acccedilatildeo
conjunta e nas relaccedilotildees com os outrosrdquo (idem ibidem) As relaccedilotildees e interaccedilotildees
estabelecidas pelo adulto com as crianccedilas e o grupo o modo como as apoia satildeo
caracterizados como um suporte da educaccedilatildeo Importa ter em conta que a relaccedilatildeo
estabelecida pelo educador com as crianccedilas o modo como as valoriza e respeita
estimula e encoraja os seus processos facilita a auto-estima da crianccedila e as relaccedilotildees que
as crianccedilas estabeleceratildeo entre si Eacute ainda de considerar que ldquofavorecer a autonomia da
crianccedila e do grupo assenta na aquisiccedilatildeo do saber-fazer indispensaacutevel agrave sua
independecircncia e necessaacuterio a uma maior autonomia enquanto oportunidade de escolha e
responsabilizaccedilatildeordquo (idem p 53)
Obter maior independecircncia representa na educaccedilatildeo preacute-escolar dominar certos
saberes tais como vestir-se despir-se lavar-se comer utilizando adequadamente os
26
talheres etc mas tambeacutem serem capazes de utilizar de forma correta materiais e
instrumentos agrave sua disposiccedilatildeo tais como jogos tintas pinceis laacutepishellip (idem ibidem)
Como se afirma nas OCEPE (MEDEB 1997) reconhecer laccedilos de pertenccedila
social e cultural respeitando outras culturas eacute um aspeto que deve ser tambeacutem
valorizado na educaccedilatildeo preacute-escolar fazendo parte do desenvolvimento da identidade Eacute
de considerar que a igualdade de oportunidades entre os diferentes sexos indiviacuteduos de
diferentes classes sociais e diferentes etnias se constroacutei numa perspetiva de educaccedilatildeo
multicultural devendo esta natildeo ser apenas criada pela participaccedilatildeo na organizaccedilatildeo do
ambiente educativo mas tambeacutem pela participaccedilatildeo na aprendizagem em grupo Eacute
preciso ter em conta que a participaccedilatildeo na discussatildeo e na tomada de posiccedilatildeo favorece a
consciecircncia de valores sociais culturais e eacuteticos (idem p 55)
Em suma como as proacuteprias OCEPE alertam a aacuterea da Formaccedilatildeo Pessoal e
Social entende-se como ldquoaacuterea de conteuacutedo integradora pois embora com
intencionalidade proacutepria inscreve-se em todas as outrasrdquo (idem ibidem)
A aacuterea da Expressatildeo e Comunicaccedilatildeo como eacute referido nas OCEPE (MEDEB
1997) ldquoengloba as aprendizagens relacionadas com o desenvolvimento psicomotor e
simboacutelico que determinam a compreensatildeo e o progressivo domiacutenio de diferentes formas
de linguagemrdquo (p56) Esta aacuterea eacute a uacutenica em que se diferenciaram vaacuterios domiacutenios
Releva-se que eacute importante que os adultos facultem ocasiotildees agraves crianccedilas que
distingam o real e o imaginaacuterio pois nestas idades por vezes ainda confundem Importa
proporcionar agraves crianccedilas ldquosuportes que permitam desenvolver a imaginaccedilatildeo criadora
como procura e descoberta de soluccedilotildees e exploraccedilatildeo do lsquomundorsquo rdquo OCEPE (MEDEB
1997 p 56)
Ao niacutevel do domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita importa que as
crianccedilas se envolvam em experiecircncias que lhes permitam progredir ao niacutevel da
expressatildeo oral e que lhe facultem a possibilidade de se familiarizarem com o coacutedigo
escrito permitindo-lhes contactar com as suas diferentes funccedilotildees Sublinha-se que numa
abordagem transversal a liacutengua portuguesa deve ser trabalhada em diferentes atividades
relacionadas com diferentes domiacutenios de conteuacutedo Importa considerar que
Proporcionar no jardim-de-infacircncia ambientes linguisticamente estimulantes e
interagir verbalmente com cada crianccedila satildeo as duas vias complementares que
podem ajudar a combater as assimetrias que afectam o desenvolvimento da
linguagem nas crianccedilas (Sim-Sim Silva amp Nunes 2008 p 12)
27
A comunicaccedilatildeo criada pelo educador permite agraves crianccedilas dominar a linguagem
ampliando o seu vocabulaacuterio e formando frases mais elaboradas O dia-a-dia na
educaccedilatildeo preacute-escolar possibilitaraacute atraveacutes de interaccedilotildees de qualidadecomplexidade
com a escrita que as crianccedilas usem corretamente frases simples de diversos tipos
As crianccedilas desde cedo conseguem distinguir a escrita do desenho comeccedilam a
ldquoimitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escritordquo (OCEPE p 69) Mesmo que
as crianccedilas natildeo consigam reproduzir corretamente a escrita os educadores devem
incentivaacute-las nas suas tentativas Como se refere nas OCEPE (idem) ldquoa atitude do
educador e o ambiente que eacute criado devem ser facilitadores de uma familiarizaccedilatildeo com
o coacutedigo escrito Neste sentido as tentativas de escrita mesmo que natildeo conseguidas
deveratildeo ser valorizadas e incentivadasrdquo (p 69)
O educador deve inclusive ler e contar histoacuterias agraves crianccedilas pois desse modo
suscitaraacute na crianccedila o desejo de aprender a ler A forma como este lecirc e faz uso de
diferentes tipos de texto para as crianccedilas seratildeo usados por estas como exemplo de como
e para que serve ler (idem p 70)
As crianccedilas que desde cedo estatildeo envolvidas na utilizaccedilatildeo da linguagem
escrita e que vecircem outros a ler e a escrever vatildeo desenvolvendo a sua
perspectiva sobre o que eacute a leitura e a escrita e simultaneamente vatildeo
desenvolvendo capacidades e vontade para participarem em acontecimentos
de leitura e escrita (Mata 2008 p 14)
O educador tem que ter em atenccedilatildeo que em algumas ocasiotildees existem
diferentes liacutenguas como aconteceu na nossa praacutetica educativa visto que algumas
crianccedilas da sala natildeo tinham como liacutengua materna o portuguecircs Procuramos valorizar
essa dimensatildeo como meio de sensibilizar o grupo para a existecircncia de outras liacutenguas
mas tambeacutem de apoiar essas crianccedilas a acederam a um progressiva fluecircncia discursiva
No que diz respeito ao domiacutenio da matemaacutetica podemos destacar que as
crianccedilas vatildeo espontaneamente construindo noccedilotildees matemaacuteticas a partir de vivecircncias do
dia-a-dia Estas noccedilotildees fundamentam-se na vivecircncia do espaccedilo e tempo tendo como
ponto de partida as atividades espontacircneas em que se envolve ou que o educador
promove O papel da matemaacutetica na estruturaccedilatildeo do pensamento as suas funccedilotildees na
vida corrente e a sua importacircncia para aprendizagens futuras determina a atenccedilatildeo que
lhe deve ser dada na educaccedilatildeo preacute-escolar (idem p 73)
Procuraacutemos promover o desenvolvimento de noccedilotildees matemaacuteticas aproveitando
variadas situaccedilotildees luacutedicas das crianccedilas e momentos da rotina diaacuteria sabendo que como
se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquocabe ao educador partir das situaccedilotildees do
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quotidiano para apoiar o desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico
intencionalizando momentos de consolidaccedilatildeo e sistematizaccedilatildeo de noccedilotildees matemaacuteticasrdquo
(ibidem) Neste acircmbito importa ainda ter em conta o que afirmam Castro e Rodrigues
(2008) quando defendem que
uma das funccedilotildees do Jardim-de-Infacircncia eacute criar ambientes de aprendizagem
ricos em que as crianccedilas se possam desenvolver como seres de muacuteltiplas
facetas construindo percepccedilotildees e bases onde alicerccedilar aprendizagens Estas
reflectir-se-atildeo ao longo da vida quer nas aprendizagens quer na
sociabilizaccedilatildeo e mesmo no reconhecimento de algumas regras e
procedimentos Os nuacutemeros devem portanto desempenhar um papel
desafiante e com significado sendo a crianccedila estimulada e encorajada a
compreender os aspectos numeacutericos do mundo em que vive e a discuti-los
com os outros (p 12)
No que se refere ao domiacutenio das expressotildees como se refere nas OCEPE
(MEDEB 1997) eacute importante que o educador tenha em conta as especificidades de
cada expressatildeo mas tambeacutem a sua inter-relaccedilatildeo e a sua articulaccedilatildeo (p 57)
No que concerne agrave expressatildeo motora tal como se menciona nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquoao entrar para o preacute-escolar a crianccedila jaacute possui algumas aquisiccedilotildees
motoras baacutesicas tais como andar transpor obstaacuteculos manipular objectos de forma
mais ou menos precisardquo (p 58) Tendo em conta todos os movimentos que a crianccedila jaacute
possui a educaccedilatildeo preacute-escolar deve originar situaccedilotildees de exerciacutecio da motricidade
global e tambeacutem da motricidade fina permitindo que todas e cada uma aprendam a
utilizar e a dominar da melhor forma o seu proacuteprio corpo (idem ibidem) Eacute importante
que as crianccedilas usufruam de oportunidades para desenvolver os diferentes segmentos do
seu corpo facilitando a interiorizaccedilatildeo do esquema corporal e tendo consciecircncia do seu
corpo em relaccedilatildeo ao exterior aprendendo as relaccedilotildees no espaccedilo
Cabe ao educador tirar partido das situaccedilotildees que ocorrem nos diferentes espaccedilos
aproveitando a sala o espaccedilo exterior locais apetrechados e materiais que
proporcionem diversas e enriquecedoras oportunidades de expressatildeo motora O
educador deve proporcionar agraves crianccedilas formas de utilizar o seu corpo servindo-se de
jogos de movimento de sons de ritmos e danccedilas Como se afirma nas OCEPE
(MEDEB 1997) ldquotodas estas situaccedilotildees permitem que a crianccedila aprenda a utilizar
melhor o seu corpo e (hellip) que vaacute tomando consciecircncia de condiccedilotildees essenciais para
uma vida saudaacutevelrdquo (p 59)
29
A expressatildeo dramaacutetica eacute um meio de descoberta de si e do outro atraveacutes da qual
a crianccedila se afirma a si proacuteprio na relaccedilatildeo com os outros apropriando-se de situaccedilotildees
socias
Eacute frequente na idade de preacute-escolar depararmo-nos com crianccedilas movimentando-
se e colocando-se em diversas posiccedilotildees fiacutesicas muitas vezes imitando certas pessoas ou
ateacute mesmo animais E como nos referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoexperimentar
movimentos que impliquem o corpo todo ajuda as crianccedilas a desenvolver o auto-
controlo e a consciecircncia do seu posicionamento fiacutesicordquo (p 629)
A expressatildeo musical permite a exploraccedilatildeo de sons e ritmos que as crianccedilas
produzem e exploram espontaneamente e que vatildeo aprendendo a identificar e a
reproduzir elas mesmas com os diversos aspetos que caracterizam os sons Como
afirmam Hohmann e Weikart (2011) ldquoouvir muacutesica mover-se ao seu som e fazer
muacutesica satildeo experiecircncias vitais que permitem agrave crianccedila expressar-serdquo (p 656) Os
mesmos autores acrescentam que ldquoa muacutesica acompanha-nos ao longo de toda a nossa
vida marcando acontecimentos desde do nascimento agrave morterdquo (p 657)
Baseando-se no pensamento de Carlton (1994) Hohmann e Weikart (2011)
apresentam seis aspetos que importa explorar no acircmbito de expressatildeo musical como
mover-se ao som da muacutesica explorar e identificar sons explorar a voz a cantar
desenvolver melodias cantar canccedilotildees e tocar instrumentos musicais simples
Na nossa praacutetica a muacutesica estava presente diariamente na sala pois logo pela
manhatilde as crianccedilas cantavam canccedilotildees relacionadas com os bons dias e por vezes outras
por elas sugeridas A abordagem de canccedilotildees com entusiasmo e entendendo que eacute uma
parte integrante de cultura musical da crianccedila eacute outra dimensatildeo considerada
A expressatildeo plaacutestica permite agraves crianccedilas explorarem diversos materiais e
instrumentos sendo as atividades motoras iniciadas pelas crianccedilas Como se afirma nas
OCEPE (MEDEB 1997) a crianccedila ldquoexterioriza espontaneamente imagens que
interiormente construiurdquo (p 61) Godinho e Brito (2010) defendem que ldquoeacute (hellip)
importante que as crianccedilas em ambiente de jardim-de-infacircncia possam experimentar
distintos papeacuteis de executante criador e apreciadorrdquo (p 11) e ter em conta que os
trabalhos das crianccedilas tecircm ldquosignificados concretos e partilhaacuteveis com os outrosrdquo (idem
p 65)
O desenho a pintura a digitinta a modelagem o recorte e a colagem satildeo
teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica que devem ser explorados na educaccedilatildeo preacute-escolar
OCEPE (MEDEB 1997) Importa ainda atender agrave diversidade e quantidade de
30
materiais de modo a favorecer a expressatildeo criativa das crianccedilas Eacute importante que as
crianccedilas tenham agrave sua disposiccedilatildeo materiais que lhes possibilitem escolher e promover
diferentes formas de combinaccedilatildeo A identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo de cores bem como a
mistura de cores baacutesica para formar outras (secundaacuterias) satildeo aspetos da expressatildeo
plaacutestica que tambeacutem importa explorar
No que diz respeito agrave aacuterea do Conhecimento do Mundo esta ldquoenraiacuteza-se na
curiosidade natural da crianccedila e no seu desejo de saber e compreender porquecircrdquo (idem p
79) A crianccedila antes de iniciar a educaccedilatildeo preacute-escolar sabe jaacute bastantes coisas sobre o
mundo que a rodeia A curiosidade e o desejo de descobrir e aprender das crianccedilas
manifestam-se na procura de compreensatildeo do mundo e de lhe atribuir sentido Tal
procura leva-as a formas progressivamente mais elaboradas do pensamento
A exploraccedilatildeo de conteuacutedos relacionados com esta aacuterea poderatildeo estar ldquomais ou
menos relacionada com o meio proacuteximo mas que aponta para a introduccedilatildeo a aspectos
relativos a diferentes domiacutenios do conhecimento humano (hellip) que mesmo elementares
e adequados a crianccedilas destas idades deveratildeo corresponder sempre a um grande rigor
cientiacuteficordquo (idem p 80) As OCEPE apontam ainda para que as crianccedilas possam
entender certos fenoacutemenos e acontecimentos que experienciam no seu dia-a-dia A
sensibilizaccedilatildeo agraves ciecircncias pode assim entender-se como partindo dos interesses das
crianccedilas que o educador alarga e contextualiza procurando fomentar a curiosidade e o
desejo de aprender O educador tem um papel fundamental na escolha dos conteuacutedos a
desenvolver poreacutem deve ter a preocupaccedilatildeo de acordar e negociar as suas propostas com
o grupo de modo a promover aprendizagens com significado para as crianccedilas Entre o
que se apresenta como fundamental desenvolver neste domiacutenio ldquosatildeo aspectos que se
relacionam com os processos de aprender a capacidade de observar o desejo de
experimentar a curiosidade de saber a atitude criacuteticardquo (idem p 85)
Foi com base em todas as aacutereas de conteuacutedo e domiacutenios que procuraacutemos
promover experiecircncias de aprendizagem diversas sendo que algumas dessas seratildeo
descritas e analisadas na terceira parte deste relatoacuterio
31
III Descriccedilatildeo e anaacutelise das experiecircncias de aprendizagem
O presente capiacutetulo incide sobre o processo de ensino e aprendizagem que
desenvolvemos com as crianccedilas ao longo do ano letivo de 2012-2013 apresentando um
conjunto de experiecircncias de aprendizagem atraveacutes das quais pretendemos aprofundar a
reflexatildeo sobre a accedilatildeo educativa promovida
Neste sentido procuraacutemos explicitar as intencionalidades que as orientam os
processos de desenvolvimento recursos utilizados e informaccedilatildeo tomada em
consideraccedilatildeo para a compreensatildeo do desenvolvimento desse processo e a progressatildeo
das crianccedilas
As experiecircncias de aprendizagem que aqui apresentamos incidem
particularmente sobre o segundo semestre do ano letivo referido porque foi nesse
periacuteodo que nos foi possiacutevel promover uma maior continuidade ao trabalho
desenvolvido o que permitiraacute uma melhor compreensatildeo das linhas de accedilatildeo e das formas
de intervenccedilatildeo pedagoacutegica em que nos situamos
No que se refere agrave planificaccedilatildeo da accedilatildeo educativa procuraacutemos articular num
todo coerente a nossa intervenccedilatildeo no sentido de proporcionar agraves crianccedilas a vivecircncia de
um projeto formativo integrado e em continuidade as reflexotildees preacute e poacutes-accedilatildeo com a
educadora de infacircncia cooperante foram importantes Como elementos de apoio ao
desenvolvimento desse processo relevamos as Orientaccedilotildees Curriculares para a
Educaccedilatildeo preacute-escolar o projeto curricular do grupo e os interesses e necessidades
formativas que no decurso da accedilatildeo educativa iacuteamos identificando Os planos de
intervenccedilatildeo pedagoacutegica assumiram um caraacuteter flexiacutevel de modo a podermos integrar as
contribuiccedilotildees do grupo de crianccedilas nesse processo e adequar as estrateacutegias quando
necessaacuterio de modo a garantir melhores oportunidades de aprendizagem e
desenvolvimento das crianccedilas
Ao niacutevel da recolha da informaccedilatildeo para ajudar a melhor poder compreender-se o
modo como se desenvolveu o processo de aprendizagem recorremos sobretudo a notas
de campo e registos fotograacuteficos Natildeo podemos deixar de relevar a importacircncia que
tambeacutem assumiram as produccedilotildees das crianccedilas incluiacutedas nos seus portefoacutelios pois
ajudaram-nos a melhor compreender como cada uma se apropriou e retratou as
experiecircncias promovidas
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31 Experiecircncia de aprendizagem Respeitar as diferenccedilas um
desafio para todos
Um dos principais objetivos desta experiecircncia de aprendizagem centrou-se em
alertar as crianccedilas para a importacircncia de favorecer a integraccedilatildeo e bem-estar de todos
independentemente das diferenccedilas fiacutesicas e culturais entre outras que pudessem
possuir
Partimos da histoacuteria Elmer de David Mckee (2007) e comeccedilaacutemos por apresentar
o livro agraves crianccedilas lendo o tiacutetulo e perguntar-lhes se conheciam a histoacuteria ao que nos
responderam que natildeo Com este questionamento pretendiacuteamos saber se as crianccedilas jaacute
conheciam o conteuacutedo da histoacuteria Decidimos entatildeo solicitar agraves crianccedilas a observaccedilatildeo
da capa do livro de modo a explorar os elementos paratextuais em grande grupo
Vaacuterias crianccedilas identificaram e indicaram de imediato a personagem nela retratada
como sendo um elefante Mas duas delas manifestaram natildeo ter a certeza considerando a
aparecircncia do mesmo como as suas afirmaccedilotildees permitem perceber parece um elefante
mas parece um elefante colorido (Tiago)4 parece um elefante arco-iacuteris (Joana)
No sentido de melhor se compreenderem estes comentaacuterios importa mencionar
que o referido elefante era representado no livro atraveacutes de um desenho-ilustraccedilatildeo
desafiando agrave imaginaccedilatildeo e procurando ilustrar a mensagem pretendida de alerta para as
diferenccedilas mas afastando-se da figura ldquorealrdquo que por exemplo uma imagem
fotograacutefica permite retratar
Propusemos entatildeo agraves crianccedilas escutar com atenccedilatildeo a histoacuteria no sentido de
percebermos do que abordava Lemos a histoacuteria mostrando as imagens que a ilustravam
e no final refletimos sobre o conteuacutedo da mesma partindo da questatildeo
- Entatildeo do que nos fala a histoacuteria (Ed Estagiaacuteria)
- Eacute do Elmer Ele natildeo gostava da cor que tinha (Manuel)
- Pois ele natildeo gostava da cor que tinha e porque seria (Ed Est)
Surgiram vaacuterias respostas De entre elas destacamos as seguintes afirmaccedilotildees
- Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo)
- E natildeo gostava de ser assim (Diogo)
- E depois com as tintas ficou de outra cor (Manuel)
- Pois foi Mas os outros riram-se (Margarida)
- Com a chuva voltou a ficar igual (Laura)
- E o que acharam dos elefantes se rirem dele acham que isso eacute bom (Ed Est)
- Natildeo (Vaacuterios)
- Porquecirc (Ed Est)
4 Os nomes das crianccedilas apresentadas satildeo fictiacutecios de modo a assegurar o anonimato da sua identidade
33
- Porque mesmo diferentes temos que ser amigos (Pedro)
- Porque somos todos diferentes (Inecircs)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
O excerto permite perceber que o conteuacutedo da histoacuteria tinha sido compreendido
referindo as crianccedilas que eram abordadas as diferenccedilas fiacutesicas que apresentava o animal
as dificuldades em aceitar a diversidade ou a diferenccedila de cor ou raccedila como as
seguintes afirmaccedilotildees permitem perceber Porque ele eacute agraves cores (Gonccedilalo) e natildeo gostava
de ser assim (Diogo) Tambeacutem a importacircncia de respeitar e aceitar as diferenccedilas foram
identificadas como conteuacutedo da histoacuteria ao reconhecerem e indicarem que natildeo foi bom
os elefantes rirem do modo como o Elmer tentou superar os constrangimentos sentidos
tentando mudar de cor justificando o Pedro porque mesmo diferentes temos que ser
amigos e acrescentando a Inecircs porque somos todos diferentes
Na sequecircncia da histoacuteria dialogaacutemos sobre possiacuteveis diferenccedilas fiacutesicas que
pudemos encontrar entre as pessoas e a importacircncia de aceitaacute-las mas tambeacutem de
respeitar e aceitar se elas quiserem fazer algumas mudanccedilas para se sentirem mais
bonitas ou felizes No sentido de uma melhor compreensatildeo desse valor alertaacutemos para
que cada um de noacutes por vezes tambeacutem mudar alguma coisa porque gosta como pintar
as unhas os laacutebios e o cabelo e noacutes gostamos e somos amigas delas quer estejam ou
natildeo pintadas Partindo desta ideia as crianccedilas falaram das suas experiecircncias e das dos
seus familiares Lembraacutemos ainda que tambeacutem noacutes natildeo somos todos iguais temos
diferenccedilas
Nesta linha de pensamento propusemos agraves crianccedilas observar diferenccedilas e
semelhanccedilas que existiam entre os elementos do grupo Vimos que uns tinham os
cabelos loiros outros castanhos e outros pretos Tambeacutem nos olhos podiacuteamos ser
diferentes e mesmo ao niacutevel da pele observando que embora fossemos todos de pele
branca uns tinham uma cor mais clara outros uma cor mais escura Sem que o
solicitaacutessemos algumas crianccedilas puxaram as mangas da camisola e colocaram o braccedilo
junto do de outras para verificarem melhor as diferenccedilas fazendo comentaacuterios sobre o
que observavam
Num outro momento mostraacutemos agraves crianccedilas duas imagens de elefantes uma
colorida como a do Elmer a personagem da histoacuteria e outra em cor cinzenta
Propusemos agraves crianccedilas que descobrissem as semelhanccedilas entre os dois elefantes
34
Observaacutemos diferentes reaccedilotildees Enquanto algumas crianccedilas manifestaram natildeo
perceber bem o pretendido outras manifestaram que isso tinha acontecido fazendo
afirmaccedilotildees como as que a seguir apresentamos e permitiram que as outras
compreendessem o que lhe tiacutenhamos solicitado fazerem
-Tecircm os dois uma tromba (Vaacuterios)
-Tecircm tambeacutem rabo para baixo as duas (Manuel)
-Tecircm dois olhos (Gabriel)
- Muito bem e haveraacute diferenccedilas entre os dois elefantes (Ed Est)
-A cor dos elefantes (vaacuterios)
-Um eacute cinzento como todos os elefantes e outro eacute agraves cores (Manuel)
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Como o excerto deixa perceber o diaacutelogo estabelecido possibilitou observar que
a diferenccedila que caraterizava os animais representados era a cor mas que se tratava do
mesmo tipo de ser e por isso apresentavam muitas outras carateriacutesticas comuns
Entendemos que este tipo de abordagem pode ajudar a que melhor possamos
entender aceitar e respeitar as pessoas pelos seres humanos que satildeo e ultrapassar
barreiras discriminatoacuterias que infelizmente ainda se fazem sentir Neste sentido
importa considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) eacute na aceitaccedilatildeo da
diferenccedila e ldquonuma perspetiva multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidadesrdquo (p 54)
Relevamos que esta atividade permitiu agraves crianccedilas natildeo soacute obterem e discutirem
valores que nos levem a enveredar por perspetivas e praacuteticas facilitadoras das
multiculturas e de igualdade de oportunidades como suscitar a pesquisa sobre o animal
que entrou na histoacuteria e espaccedilos em que vivia Assim levaacutemos e colocaacutemos na aacuterea da
biblioteca alguns livros sobre animais onde se incluiacuteam os elefantes o que suscitou a
continuidade da atividade Algumas crianccedilas quiseram descobrir como eram os
elefantes e se seriam todos parecidos ou natildeo Apoiaacutemo-las nesse processo ajudando-as
a descobrir mais pormenores que poderiam apontar para as diferenccedilas ou semelhanccedilas
mas relevando a importacircncia de cada um
No que se refere ao tempo de trabalho nas aacutereas importa evidenciar que algumas
crianccedilas quiseram representar ao niacutevel da expressatildeo plaacutestica figuras de elefantes
optando sobretudo por materiais tridimensionais como a plasticina como as imagens da
figura 10 permitem perceber No final sugerimos a contagem das representaccedilotildees dos
elefantes
35
As figuras apresentadas permitem observar diferentes produccedilotildees no que se
refere agrave reproduccedilatildeo de algumas partes do corpo quer agrave cor escolhida para elaborar o
trabalho As vaacuterias formas de representaccedilatildeo tambeacutem nos permitem perceber diferentes
niacuteveis de representaccedilatildeo simboacutelica incluindo e diferenciando vaacuterias partes do corpo do
animal algumas ainda o seu modo de locomoccedilatildeo enquanto outras representam apenas
para aleacutem do corpo no seu todo a parte que mais o diferencia dos outros animais a
tromba Como refere Gonccedilalves (1991) ldquoa expressatildeo eacute motivada pelo que mais a
impressionardquo (p 13)
No que se refere agrave escolha da plasticina para fazer as figuras do elefante importa
considerar que como referem Hohmann e Weikart (2011) este eacute um material a partir do
qual as crianccedilas gostam de fazer as suas reproduccedilotildees para o que em nosso entender
contribui o facto de poderem realizar produccedilotildees tridimensionais e as possibilidades de
modelagem que este material oferece
Na discussatildeo sobre os animais surgiu a questatildeo de como se designa um conjunto
de elefantes (nomes coletivos) ao que uma das crianccedilas respondeu prontamente eacute uma
manada (Carlos) No sentido de partilha de saberes possuiacutedos por cada um em relaccedilatildeo
ao toacutepico sobre o qual viacutenhamos a interrogar as crianccedilas solicitaacutemos-lhes que dissessem
o que sabiam sobre os elefantes Surgiram vaacuterias respostas entre as quais sublinhamos
- Tem uma tromba (Laura)
- Tem orelhas grandes (Pedro)
- Tem quatro patas (Tiago)
- Eles podem beber com a tromba (Rafael)
As respostas obtidas permitem-nos perceber que as crianccedilas jaacute possuiacuteam alguns
conhecimentos acerca das caracteriacutesticas dos elefantes mas tambeacutem que ainda havia
muitas coisas que poderiacuteamos aprender sobre eles Neste sentido sugerimos-lhes
Figura 10 ndash Produccedilotildees das crianccedilas em plasticina na sequecircncia da exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer
36
visualizar imagens em PowerPoint que ilustravam as caracteriacutesticas do elefante No
final da apresentaccedilatildeo questionaacutemo-nos sobre o observado comeccedilando por colocar-lhes
um questatildeo sobre os seus haacutebitos alimentares
- Do que seraacute que o elefante se alimenta (Ed Est)
- Comem plantas (Pedro)
- E maccedilatildes das aacutervores (Ricardo)
- Bebem a aacutegua (Gabriel)
-Comem tambeacutem bananas (Gonccedilalo) Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Entre as vaacuterias questotildees e respostas que surgiram a discussatildeo incidiu sobre os
dentes dos elefantes e a sua funccedilatildeo o nuacutemero de patas que tinham e como eram
constituiacutedas bem como sobre qual a funccedilatildeo da tromba para aleacutem de ser para beber
Este momento de diaacutelogo em grande grupo permitiu que as crianccedilas aprendessem a
ouvir-se umas agraves outras a esperar a sua vez para falar e para colaborar na atividade
Possibilitou ainda que conhececircssemos melhor as carateriacutesticas e os interesses das
crianccedilas pelo que nos parece poder ir ao encontro da ideia de Hohmann e Weikart
(2011) quando referem que
enquanto as crianccedilas interagem com materiais pessoas ideias e
acontecimentos para construir o seu proacuteprio entendimento da realidade os
adultos observam e interagem com elas para descobrir como as crianccedilas
pensam e raciocinam Os adultos tentam reconhecer os interesses e
capacidades particulares das crianccedilas oferecer-lhes apoio e colocar-lhes
desafiosrdquo (p 27)
Na sequecircncia da observaccedilatildeo das imagens dos livros sobre os animais integrados
na biblioteca iam surgindo perguntas em torno dos mesmos e do local onde viviam Por
isso e no sentido de poder alargar essa abordagem entendemos recorrer a vaacuterias
figurasbrinquedos de animais apresentando-os numa maqueta em que se encontravam
representados diferentes tipos de habitats As crianccedilas mostraram-se bastante curiosas
em descobrir quais os animais aiacute representados e os locais em que surgiam situados No
decurso do diaacutelogo uma crianccedila questionou-nos sobre o significado da palavra habitat
Perguntaacutemos ao grupo quem sabia e queria explicar ao colega mas gerando-se um
silecircncio informaacutemos que se tratava do local no qual vivem os animais e propusemos
que observassem a maqueta e descobrissem que locais se encontravam laacute representados
Obtivemos respostas variadas como
-Ali eacute a aacutegua (Diogo)
-Eacute na terra (Laura)
-Nas montanhas (Margarida)
37
Nota de campo 25 de fevereiro 2013
Informaacutemos as crianccedilas que todas as repostas correspondiam a elementos que
faziam parte dos habitats dos animais e que estes eram de trecircs tipos o terrestre o
aquaacutetico e o aeacutereo Realizaacutemos uma breve explicaccedilatildeo agraves crianccedilas da constituiccedilatildeo dos
habitats e dos animais que os habitavam
Distribuiacutemos por cada crianccedila a figura de
um animal em formato de fantoche e
solicitaacutemos-lhes que cada uma identificasse o
animal que tinha na matildeo e qual o habitat em que
esse animal se integraria colocando-o na
maqueta como a figura 11 permite perceber
Todas as crianccedilas participaram nesta atividade A
realizaccedilatildeo da atividade em grande grupo permitiu
partilhar ideias e valorizar os saberes de todos no
sentido de um enriquecimento muacutetuo
Esta atividade tinha como objetivo principal ajudar as crianccedilas a compreender
que os animais podem viver em diferentes ambientes ecoloacutegicos Sugerimos agraves crianccedilas
que desenhassem um animal e o seu habitat
Como forma de dar continuidade agrave atividade sobre os animais sugerimos a
realizaccedilatildeo do jogo ldquoOs animais da selvardquo que consistia em retirar de entre um conjunto
de cartotildees apresentados numa caixa um cartatildeo seria lida a tarefa agrave crianccedila e esta
concretizaacute-la-ia Entre as propostas de realizaccedilatildeo apresentadas constavam por exemplo
imitar o som de um determinado animal representar o seu modo de locomoccedilatildeo e cantar
uma canccedilatildeo relacionada com os animais
No sentido de dar continuidade agrave exploraccedilatildeo da histoacuteria do Elmer solicitaacutemos as
crianccedilas num momento de trabalho em grande grupo a identificarem e nomearem as
cores primaacuterias Obtivemos respostas variadas por parte das crianccedilas algumas
respondiam corretamente ao nome das cores e outras natildeo as identificavam Decidimos
entatildeo explorar as cores primaacuterias e para que melhor pudessem observaacute-las e identificaacute-
las colocaacutemos tintas com as trecircs cores primaacuterias (azul amarelo e vermelho) em frascos
transparentes As crianccedilas puderam mexer e fazer pinceladas na folha No decurso da
atividade uma crianccedila referiu que existem tambeacutem as cores secundaacuterias (Margarida)
Figura 11 - Crianccedila colocando o animal no
habitat
38
Noutro momento e ainda no acircmbito do processo de identificaccedilatildeo das cores
propusemos agraves crianccedilas a utilizaccedilatildeo de outros recursos folhas de acetato e guaches
Sugerimos-lhes que colocassem em cada folha gotas de tinta de cores diferentes e
depois que as juntassem Ao juntarem as duas folhas de acetatos as crianccedilas reparavam
que surgiria uma nova cor Sugerimos agraves crianccedilas a realizaccedilatildeo do quadro das cores que
integraria as cores primaacuterias num primeiro momento e ao qual iriacuteamos mais tarde
acrescentar as secundaacuterias (verde laranja e roxo) Questionaacutemos as crianccedilas de modo a
identificarem e nomearem as cores e conforme iam sendo identificadas iam sendo
colocadas pelas crianccedilas no quadro
Procedemos num segundo momento agrave exploraccedilatildeo de uma cor secundaacuteria o
verde propondo agraves crianccedilas a mistura das cores amarela e azul e tentar que as crianccedilas
descobrissem que cor surgia dessa mistura Algumas crianccedilas responderam
corretamente que surgiria a cor verde As crianccedilas colocaram a cor verde em frente agrave cor
amarela e azul para que percebessem que da junccedilatildeo das duas cores iniciais resultava
essa cor
Repetimos esse mesmo processo com as cores amarelo e vermelho de cuja
junccedilatildeo surgiu o laranja e com o azul e vermelho
da qual surgiu o roxo Completaacutemos o quadro das
cores primaacuterias e secundaacuterias com as tintas que jaacute
possuiacuteamos e com as novas tintas que surgiram
na junccedilatildeo das cores primaacuterias
Expusemos o trabalho na sala permitindo
relembrar e melhor memorizar o nome das
diferentes cores (primaacuterias e secundaacuterias) como a
figura 12 permite observar
No desenvolvimento da atividade as crianccedilas mostraram-se bastante
surpreendidas com o surgir da nova cor a partir da junccedilatildeo das duas cores iniciais
expressando alegria e desejo de fazer novas experiecircncias Neste sentido importa ter em
conta que como refere Luft (2011) ldquoa cor eacute um dos principais elementos das artes
visuais (hellip) despertando sensaccedilotildees e emoccedilotildees seja na pintura na esculturardquo (p 304)
entre outras teacutecnicas de expressatildeo plaacutestica
Procurando que as crianccedilas tirassem partido das cores exploradas sugerimos agraves
crianccedilas que decorassem a imagem do elefante Elmer utilizando folhas em formato A2
A proposta inicial era de que as crianccedilas pintassem a imagem do elefante Elmer
Figura 12 - Quadro das cores primaacuterias e
secundaacuterias
39
recorrendo agrave teacutecnica de pintura sopro que consistia em colocar um pouco de tinta num
quadrado e soprar com a palhinha de forma a espalhar a cor por todo o quadrado do
papel Algumas crianccedilas manifestaram bastante dificuldade na realizaccedilatildeo do sopro e
comeccedilaram a utilizar a palhinha como forma de pincel Decidimos entatildeo sugerir a
essas crianccedilas que utilizassem pinceacuteis se assim o entendessem No final surgiu uma
figura de elefante muito colorida aos quadrados que expusemos junto agrave da entrada para
a sala no sentido de partilhar a experiecircncia com os pais
Em siacutentese no acircmbito desta experiecircncia de aprendizagem promovemos a criaccedilatildeo
de oportunidades de as crianccedilas desenvolverem saberes que se prendem particularmente
com as carateriacutesticas da vida animal e a composiccedilatildeo das cores (primaacuterias e secundaacuterias)
numa dimensatildeo articulada da aacuterea do mundo fiacutesico e social e dos domiacutenios da expressatildeo
oral dramaacutetica e plaacutestica Foi nossa preocupaccedilatildeo que as crianccedilas pudessem questionar-
se manifestar as suas opiniotildees e implicar-se na exploraccedilatildeo dos materiais colocados agrave
sua disposiccedilatildeo Neste acircmbito releva-se nas OCEPE (MEDEB 1997) que ldquoa
identificaccedilatildeo e nomeaccedilatildeo das cores a mistura de cores baacutesicas para formar outras satildeo
aspetos da expressatildeo plaacutestica que se ligam com a linguagem e o Conhecimento do
Mundordquo (pp 62-63) Nesta experiecircncia de aprendizagem pudemos relevar a exploraccedilatildeo
do mundo fiacutesico mas tambeacutem e sobretudo o social no sentido de valorizar a
construccedilatildeo de um pensamento aberto a formas diversas de ser e estar no quadro de
valores de respeito aceitaccedilatildeo e de diaacutelogo com os outros
32 Experiecircncia de aprendizagem Aprender a observar e conhecer
Considerando o interesse manifestado pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da
histoacuteria do Elmer sendo a mesma referida em vaacuterios e diferentes momentos decidimos
dar-lhe continuidade explorando o livro intitulado Elmer e o arco-iacuteris de David
Mckee5 Trata-se de uma histoacuteria que aborda os valores de
entreajuda dar algo sem o perder bem como os sentimentos de
amizade e de felicidade
Relevamos neste sentido que como refere Mata (2008)
ldquoa leitura de histoacuterias eacute uma actividade muito rica e completa
5 A imagem do livro que consta na figura 13 foi obtida em
httpwwwcaminholeyacomfotosprodutos500_9789722118620_elmer_e_o_arco_irisjpg
Figura 13 - Livro - Elmer e o
arco-iacuteris de David Mckee
40
pois permite a integraccedilatildeo de diferentes formas de abordagem agrave linguagem escrita em
geral e agrave leitura de uma forma especiacuteficardquo (p 78)
Comeccedilaacutemos por observar interpretar e descrever oralmente as imagens da capa
e da contracapa tendo como objetivo que as crianccedilas compreendessem que tanto as
palavras escritas como os desenhos transmitem informaccedilotildees Embora algumas crianccedilas
manifestassem possuir conhecimento acerca da composiccedilatildeo dos livros mas que nem
conseguiam fazecirc-lo entendemos explicar esses elementos agraves crianccedilas Procedemos em
seguida agrave leitura expressiva da mesma No final questionaacutemos as crianccedilas acerca do
seu conteuacutedo e todas referiram que falava sobre o arco-iacuteris sobre este ter perdido as
suas cores e o elefante Elmer ter ajudado a que este as recuperasse As crianccedilas
mencionaram partes da histoacuteria relevantes mostrando ter prestado atenccedilatildeo agrave leitura e tecirc-
la interiorizado Importa ter em conta que como se refere nas (OCEPEMEDEB
1997) ldquoeacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila iraacute dominando a
linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases mais correctas e complexas
adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e comunicaccedilatildeordquo (p 67)
Nesta linha de pensamento e aproveitando as ideias que as crianccedilas
mencionaram questionaacutemo-las sobre o que sabiam acerca do arco-iacuteris tais como
quantas cores teria o arco-iacuteris e obtivemos respostas como
-Tem cinco cores (Diogo)
- Acho que tem seis cores (Gonccedilalo)
- Eu acho que tem sete cores (Tiago)
- Tem muitas cores (Laura)
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que natildeo tinham a certeza em
relaccedilatildeo agraves cores do arco-iacuteris o que era de esperar dado a tenra idade das crianccedilas
Decidimos revelar agraves crianccedilas o verdadeiro nuacutemero de cores que tem o arco-iacuteris
referindo que o arco-iacuteris apresenta sete cores Continuando o diaacutelogo procuraacutemos levar
as crianccedilas a idealizarem e nomear as possiacuteveis cores do arco-iacuteris Obtivemos as
seguintes respostas
- O arco-iacuteris tem amarelo (Pedro)
-Tem tambeacutem azul (Rodrigo)
- Tem verde o arco-iacuteris (Tiago)
- Eu acho que tambeacutem tem cor de laranja (Gonccedilalo)
- Natildeo tem eacute vermelho (Pedro)
- Eu acho que tem cor-de-rosa (Inecircs) Nota de campo 11 de marccedilo 2013
41
Algumas crianccedilas comentaram que natildeo sabiam porque nunca o tinham visto
outras disseram que jaacute o tinham visto mas que natildeo se lembravam das cores que eram
Decidimos entatildeo informar as crianccedilas das cores que o arco-iacuteris possui nomeadamente
o violeta anil azul verde amarela laranja e vermelho
As crianccedilas que tinham respondido corretamente a uma das cores sentiram-se
bastante satisfeitas mostraram conforto e confianccedila em si proacuteprias comentando a sua
resposta entre o grupo Como referem Hohmann e Weikart (2011) ldquoas reflexotildees das
crianccedilas sobre as suas acccedilotildees satildeo uma parte
fundamental do processo de aprendizagem Ouvir e
encorajar a forma particular como cada crianccedila pensa
fortalece o seu pensamento emergente e as suas
capacidades de raciociacuteniordquo (p 47)
Sugerimos agraves crianccedilas que desenhassem e
pintassem numa folha branca como julgavam que era
constituiacutedo o arco-iacuteris exemplo figura 14
Durante a atividade as crianccedilas comentavam entre si qual seria a cor com que o
arco-iacuteris iniciava tentavam lembrar-se da ordem das
cores e curiosamente comentavam o formato do arco-iacuteris
referiam-se a este como tendo uma forma muito
semelhante a uma ponte Depois de vaacuterias crianccedilas terem
desenhado o arco-iacuteris exemplo figura 15 mostraacutemos a
imagem do mesmo no sentido de melhor perceberem
como era constituiacutedo Esta experiecircncia permitiu relembrar
as cores partindo da sua identificaccedilatildeo num fenoacutemeno da
natureza
Expusemos uma imagem do arco-iacuteris ldquorealrdquo numa das paredes da sala para que
todos a visualizassem e comparassem com os desenhos que eles tinham realizado
anteriormente A reaccedilatildeo das crianccedilas foi surpreendente comentavam a imagem
sublinhando a beleza da mesma e as experiecircncias possuiacutedas de ter visto ou natildeo esse
fenoacutemeno
A alegria aumentava agrave medida que descobriam que tinham colocado no desenho
cores que correspondiam agraves observadas no fenoacutemeno do arco-iacuteris e que uma ou outra
surgiam segundo a mesma ordem
Figura 14 - Desenho de um arco-iacuteris
realizado por uma crianccedila da sala
Figura 15 - Arco-iacuteris elaborado
por uma crianccedila da sala
42
No sentido de relembrar e explorar o conteuacutedo da histoacuteria Elmer e o arco-iacuteris
propusemos a realizaccedilatildeo de um jogo de expressatildeo de afetos intitulado como o ldquoJogo
dos sorrisosrdquo O objetivo do jogo consistia em compreender a importacircncia de expressar
pequenos gestos que satildeo importantes para quem os recebe e para quem os daacute que natildeo
representam perdas mas antes ganhos como por exemplo dar um sorriso ou um abraccedilo
a algueacutem As crianccedilas manifestaram terem compreendido o conteuacutedo da histoacuteria e por
conseguinte o que se pretendia do jogo
O jogo constava de uma crianccedila de cada vez ir retirar um cartatildeo de dentro de
uma caixa no qual estava escrito uma mensagem que educadora lhe lia e que ela iria
transmitir a algueacutem da sala que escolhesse dirigir-lha Todas as crianccedilas participaram
no jogo recebendo e manifestando gestos Entre as
mensagens escritas nos cartotildees encontrava-se por
exemplo dar um abraccedilo um beijo no rosto um aperto
de matildeo entre outros As crianccedilas manifestaram
grande interesse e entusiamo em realizar o jogo
observando-se grande envolvimento na realizaccedilatildeo do
mesmo como a tiacutetulo de exemplo a imagem da figura
16 permite perceber que as crianccedilas estatildeo a dar as matildeos
manifestando gesto de carinho
No sentido de ajudar as crianccedilas a compreenderem a que se deve a formaccedilatildeo do
arco-iacuteris procuraacutemos num outro momento propor uma atividade praacutetica que permitisse
observar o surgir desse fenoacutemeno Comeccedilaacutemos por perguntar agraves crianccedilas se sabiam
como este fenoacutemeno surgia tentando auscultar as ideias preacutevias Entre essas ideias
surgiram as seguintes
- Podemos ver o arco-iacuteris quando haacute sol e chuva (Manuel)
- Eacute preciso haver chuva e sol (vaacuterios)
- O arco-iacuteris vai sempre buscar aacutegua aos rios (Manuel)
Nota de campo 11 de marccedilo de 2013
As afirmaccedilotildees das crianccedilas deixam perceber que algumas jaacute apresentam ideias
sobre as carateriacutesticas temporais que levam a que se decirc a refraccedilatildeo da luz do sol e se
observe a formaccedilatildeo do arco-iacuteris apesar de ainda natildeo dominarem o conhecimento
cientiacutefico do fenoacutemeno Por usa vez a afirmaccedilatildeo do Manuel deixa perceber que pode
entender-se como indo ao encontro do afirmado por Martins et al (2009) quando
Figura 16 - Crianccedilas jogando o
Jogo dos sorrisos
43
lembram que ldquoas crianccedilas datildeo explicaccedilotildees que muitas vezes natildeo correspondem ao
conhecimento cientiacutefico actual mas que tem loacutegica para sirdquo (p 12)
Assim e depois de um breve diaacutelogo sobre o fenoacutemeno sugerimos a realizaccedilatildeo
de uma atividade sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris manifestando-se as crianccedilas bastante
curiosas em saber como fazer para que o fenoacutemeno ocorresse
Os materiais utilizados para a realizaccedilatildeo da atividade praacutetica foram previamente
fabricados e preparados por noacutes bem como testada a experiecircncia Para tal fizemos uma
abertura estreita em forma de retacircngulo numa cartolina preta de seguida colocaacutemos a
cartolina em frente ao nosso peito na horizontal e apontaacutemos luz para essa abertura de
forma a conseguirmos um raio de luz estreito Colocaacutemos um espelho inclinado numa
tina com aacutegua e inclinaacutemos uma folha grande de cartolina branca junto da tina com
aacutegua Apontaacutemos a luz atraveacutes da cartolina preta
para que esta acertasse no espelho No final
tiacutenhamos conseguido ver a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
Estes procedimentos foram repetidos com as
crianccedilas na atividade que viacutenhamos a descrever foi
possiacutevel observarmos a refraccedilatildeo da luz formando o
arco-iacuteris que se apresenta na figura 17
Procuraacutemos diversificar os materiais e ajudar as
crianccedilas a compreenderem que o efeito pode provir de vaacuterias fontes Neste sentido
observaacutemos tambeacutem o aparecimento do arco-iacuteris atraveacutes de uma lanterna e de um Cd
permitindo este objeto tambeacutem fazer com que se decirc a refraccedilatildeo da luz da lanterna e por
conseguinte a sua divisatildeo em vaacuterias cores fazendo o efeito de arco-iacuteris Fizemos incidir
a luz da lanterna na parte superior do cd e inclinaacutemos o cd para que a luz incidisse na
parede pois eacute nesta que as crianccedilas conseguem ver as cores do arco-iacuteris
Inicialmente as crianccedilas mostravam-se bastante eufoacutericas e curiosas em saber
como iria aparecer o arco-iacuteris com dois objetos (uma lanterna e um Cd) No entanto ao
iniciarmos a atividade fez-se uma grande silecircncio na sala dado o interesse e a atenccedilatildeo
com que estavam para observar o resultado Quando mostraacutemos que era possiacutevel fazer
aparecer o reflexo do arco-iacuteris na parede da sala estas ficaram surpreendidas
experimentaram tambeacutem as crianccedilas refletirem a imagem do arco-iacuteris com os dois
objetos Terminada a atividade praacutetica as crianccedilas referiram que gostavam de mostrar
aos pais esta atividade iriam inclusive pedir para que estes disponibilizassem uma
lanterna e um Cd
Figura 17 - Resultado da atividade
praacutetica sobre a formaccedilatildeo do arco-iacuteris
44
No decurso da semana sugerimos agraves crianccedilas uma nova atividade praacutetica ainda
de acordo com o que tiacutenhamos explorado anteriormente Poreacutem desta vez
pretendiacuteamos enveredar pelo efeito contraacuterio ao das atividades anteriores ou seja a
uniatildeo de vaacuterias cores formando uma soacute Assim solicitaacutemos agraves crianccedilas que colorissem
com cada cor as divisotildees de um ciacuterculo que lhe apresentaacutemos desenhado em cartolina
branca Quando terminavam de colorir o ciacuterculo colocavam o laacutepis de carvatildeo no centro
e faziam o ciacuterculo girar O objetivo era visualizar qual a cor que surgiria ao girar o laacutepis
pois as crianccedilas tinham diferentes cores nos ciacuterculos Mostraacutemos agraves crianccedilas um ciacuterculo
pintado com as cores do arco-iacuteris e perguntaacutemos agraves crianccedilas se sabiam qual a cor que
surgiria ao rodarmos o laacutepis observando-se as seguintes respostas
-Vai ficar azul-escuro (Manuel)
-Se rodares muito depressa vai ficar tudo vermelho (Pedro)
-Vai aparecer o arco-iacuteris (Margarida)
-Se calhar vai ficar tudo amarelo (Pedro)
- Fica quase branco (Manuel) Nota de campo 12 de marccedilo 2013
Todas as crianccedilas faziam tentativas para acertar na cor que surgiria ao rodar o
laacutepis decidimos deste modo rodaacute-lo O objetivo da atividade era como jaacute antes
referimos que as crianccedilas percebessem que ao juntar todas as cores do arco-iacuteris a cor
que surgiria era a cor branca
Eacute de referir que esta atividade natildeo correu como era esperado pois as crianccedilas
natildeo conseguiam colocar o laacutepis a girar de modo a que o movimento permitisse a junccedilatildeo
das vaacuterias cores e fosse possiacutevel observar apenas a cor branca
Para que as crianccedilas natildeo ficassem desiludidas por um lado e por outro lado para
promover a interaccedilatildeo entre pais e filhos sugerimos agraves crianccedilas que realizassem a mesma
atividade em casa com o auxiacutelio dos pais pedindo-lhes para as ajudarem a fazecirc-la e que
dialogassem de modo a descobrirem com eles a cor que surgiria quando fizessem girar o
laacutepis Refletindo sobre a atividade importa sublinhar que aprendemos que nem sempre
eacute faacutecil gerir imprevisibilidades mas que temos de saber superaacute-las tentando encontrar
soluccedilotildees alternativas Meditando sobre a experiencia de aprendizagem desenvolvida a
partir do livro Elmer e o arco-iacuteris sublinhamos as oportunidades criadas para as
crianccedilas se envolverem em diferentes atividades nas quais foram levadas em
consideraccedilatildeo os saberes e interesses manifestados por elas valorizar a ludicidade como
estrateacutegia de envolvimento na construccedilatildeo de conhecimento cientiacutefico
45
Sabemos que haacute fenoacutemenos que as crianccedilas vatildeo observando e aprendendo a
identificar mas tambeacutem que nem sempre tecircm oportunidades de conhecer fatores que lhe
datildeo origem pelo que importa promover situaccedilotildees de aprendizagem em contexto preacute-
escolar que as ajudem na compreensatildeo dos mesmos Foi nessa linha de pensamento que
surgiram as atividades que desenvolvemos em torno do arco-iacuteris
As crianccedilas envolveram-se e manifestaram sentir gosto e prazer em concretizar
as atividades desenvolvidas parecendo-nos terem contribuiacutedo para que desenvolvessem
saberes e criar oportunidades de partilha dos mesmos com os outras crianccedilas e adultos e
com os pais
Relevamos ainda a importacircncia que nos parece ter assumido o alertar das
crianccedilas para a atenccedilatildeo a prestar aos outros e a importacircncia de manifestar e receber
afetos no quadro de construccedilatildeo de uma sociedade comunicativa solidaacuteria e facilitadora
da integraccedilatildeo de todos
33 Experiecircncia de aprendizagem Conhecendo diferentes culturas
No decurso da accedilatildeo educativa surgiu a abordagem da questatildeo das diferenccedilas
entre as culturas levando-nos a pensar ser importante aprofundar o questionamento e
reflexatildeo sobre esse toacutepico Nesse sentido entendemos partir da leitura da histoacuteria
Meninos de todas as cores de Luiacutesa Ducla Soares
Em trabalho de grande grupo comeccedilaacutemos por ler o tiacutetulo da histoacuteria e questionar
as crianccedilas no sentido de perceber se a conheciam As suas afirmaccedilotildees levaram-nas a
perceber que natildeo era do seu conhecimento mas que o tiacutetulo da histoacuteria estimulou a sua
curiosidade comeccedilando a fazer comentaacuterios entre si sobre a mesma e sobre o que
entendiam poder incidir
Procedemos agrave leitura da histoacuteria acompanhado com a apresentaccedilatildeo das
imagens manifestando-se as crianccedilas muito atentas ateacute ao final da mesma Terminada a
leitura questionaacutemos as crianccedilas sobre o que achavam da histoacuteria Elas afirmaram ter
apreciado o seu conteuacutedo e ilustraccedilatildeo
Sugerimos-lhes o reconto da histoacuteria neste as crianccedilas surpreendentemente
referiram pormenores do conteuacutedo da histoacuteria como a cor de cada crianccedila aspetos
sobre cada cor e respetivos objetos relacionados com as cores O entusiasmo com que
comunicavam e escutavam as outras crianccedilas deixava perceber o reconhecimento do
valor formativo da atividade Importa neste sentido relevar que como sublinham Sim-
46
Sim Silva e Nunes (2009 retomando a ideia de Mata 2008) ldquoeacute funccedilatildeo do educador
alargar intencionalmente as situaccedilotildees de comunicaccedilatildeo (hellip) que permitam agraves crianccedilas
dominar a comunicaccedilatildeo como emissores e receptoresrdquo (p 35)
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas em relaccedilatildeo ao conteuacutedo da histoacuteria a
procura do livro no tempo das atividades nas aacutereas de atividades na sala e a atitude de
respeito que pareciam manifestar uns em relaccedilatildeo aos outros levou-nos a inferir ter sido
pertinente a escolha que fizemos da obra para explorar com as crianccedilas no quadro dos
seus possiacuteveis contributos para que cada um como cidadatildeo possa assumir uma atitude
de abertura aceitaccedilatildeo das diferenccedilas e valorizaccedilatildeo de todos Neste acircmbito importa
considerar que como se refere nas OCEPE (MEDEB 1997) ldquoa aceitaccedilatildeo da diferenccedila
sexual social e eacutetnica eacute facilitadora da igualdade de oportunidades num processo
educativo que respeita diferentes maneiras de ser e de saber para dar sentido agrave
aquisiccedilatildeo de novos saberes e culturasrdquo (p 54) Merece ainda natildeo esquecer que ldquoeacute numa
perspetiva de educaccedilatildeo multicultural que se constroacutei uma maior igualdade de
oportunidades entre mulheres e homens entre indiviacuteduos de diferentes classes sociais e
de diferentes etniasrdquo (pp 54-55)
Nesta linha de pensamento importa que na educaccedilatildeo preacute-escolar as crianccedilas
usufruam de oportunidades de se envolver em experiecircncias formativas que lhes
facilitem a aquisiccedilatildeo de um espiacuterito criacutetico e a interiorizaccedilatildeo de valores conhecimentos
e atitudes que contribuam para que possam comportar-se e agir segundo princiacutepios de
equidade respeito e aceitaccedilatildeo de todos no quadro de uma cidadania responsaacutevel e
esclarecida
Num outro momento e em continuidade de outras atividades desenvolvidas
anteriormente propusemos agraves crianccedilas uma atividade no acircmbito do desenvolvimento do
domiacutenio da linguagem oral e abordagem agrave escrita nomeadamente ao niacutevel da
consciecircncia fonoloacutegica e da consciecircncia grafemaacutetica
Comeccedilaacutemos por solicitar agraves crianccedilas em trabalho de pequeno grupo que
tentassem identificar siacutelabas comuns em diferentes palavras ou seja que terminassem
com a mesma siacutelaba Nesse sentido distribuiacutemos pelas crianccedilas cartotildees com trecircs
diferentes imagens e a palavra escrita que lhe correspondia solicitando-as a contornar a
siacutelaba final de cada palavra Exploraacutemos oralmente as siacutelabas de uma palavra dizendo
por exemplo Ca-ra-col (Caracol) acompanhando com palmas das crianccedilas consoante
as siacutelabas da palavra Percebemos que a maioria das crianccedilas conseguia reproduzir
corretamente o nuacutemero de siacutelabas correspondente agrave segmentaccedilatildeo das palavras em
47
siacutelabas atraveacutes do batimento de palmas Poreacutem trecircs crianccedilas das mais novas ainda natildeo
o conseguiam fazer corretamente Decidimos por isso repetir a atividade fazendo uma
crianccedila de cada vez e variando as palavras par manter o interesse e implicaccedilatildeo das
crianccedilas na atividade Reconhecemos que eacute importante organizarmos previamente a
atividade de forma a trabalhar corretamente a consciecircncia fonoloacutegica e a divisatildeo silaacutebica
das palavras com as crianccedilas criando condiccedilotildees apelativas para estimular o interesse
das mesmas ou seja criar ldquocondiccedilotildees para que as crianccedilas aprendamrdquo (MEDEB 1997
p 66)
Retomando a reflexatildeo sobre a atividade em anaacutelise sugerimos que as crianccedilas
assinalassem a uacuteltima siacutelaba das palavras Algumas crianccedilas fizeram-na sem ajuda
poreacutem outras crianccedilas necessitaram dela sendo a mesma proporcionada quer pelos
adultos da sala quer por outras crianccedilas com um niacutevel de desenvolvimento superior
Neste sentido sublinhamos a importacircncia que assume o desenvolver atividades em
pequeno grupo no qual possam beneficiar de apoio de outros que integram um niacutevel
desenvolvimento superior de modo a que possa atuar na zona de desenvolvimento
proximal (Vygotsky 1979) Neste acircmbito Novo (2009 retomando a perspetiva do
autor 1996) sublinha que ldquocom auxiacutelio de uma outra pessoa toda a crianccedila pode fazer
mais do que faria sozinhardquo (p 58)
A atividade foi gratificante natildeo apenas para as crianccedilas mas tambeacutem para noacutes
adultos percebendo os seus contributos em termos formativos indo portanto ao
encontro dos objetivos pretendidos Apesar da tenra idade foi interessante ver como as
crianccedilas aderiram agrave atividade e a realizaram com bastante empenho tentando responder
corretamente chamando os adultos para confirmarem as suas respostas e para ajudaacute-las
na sua melhor realizaccedilatildeo
Dialogaacutemos com as crianccedilas sobre a histoacuteria e sobre a opiniatildeo destas
relativamente agrave mesma escutando as suas respostas Propusemos-lhes a realizaccedilatildeo de
um ldquoestendalrdquo de palavras observando que era a primeira vez que trabalhavam com
este Explicamos-lhes o que se pretendia da atividade e vaacuterias crianccedilas sorriram e
comentaram-na ficando curiosas Procedemos agrave elaboraccedilatildeo da atividade pendurando o
fio de latilde na sala de modo a que estivesse ao acesso de todas as crianccedilas Apresentaacutemos-
lhes cartotildees com imagem e a palavra respetiva as quais no seu conjunto formavam
uma das frases retirada da histoacuteria e que tinha sido lida agraves crianccedilas
Sob a forma de jogo em que fosse articulado o prazer de brincar e o de
concretizar da tarefa propusemos que a realizaccedilatildeo do referido jogo tentando ordenar os
48
cartotildees com as imagens de modo a construirmos a frase isto eacute trabalhando a
construccedilatildeo fraacutesica As imagens da frase a ordenar eram relativas agrave frase O menino
branco entrou num aviatildeo
Relacionado com esta atividade procedemos agrave contagem do nuacutemero de cartotildees
pendurados no fio explorando o conceito de cardinal algumas crianccedilas identificaram de
imediato os seis cartotildees As crianccedilas participaram e gerou-se companheirismo na ajuda
em dar uns aos outros no sentido de que todos fossem bem-sucedidos na concretizaccedilatildeo
da proposta Trabalhamos a consciecircncia de grafema com a ajuda das educadoras (figura
18)
-Sabes que letra eacute essa que tens na matildeo
(Ed Est)
-Sei esta letra estaacute no meu nome tambeacutem eacute
um O (Rodrigo)
-Achas que essa letra eacute do mesmo tamanho
das outras (Ed Est)
-Natildeo acho que eacute maior que as outras
(Rodrigo)
Nota de campo 8 de abril 2013
Conforme iacuteamos questionando as crianccedilas de certa forma iacuteamos tambeacutem
implementando alguma informaccedilatildeo no acircmbito do domiacutenio da linguagem oral e
abordagem agrave escrita As crianccedilas iam organizando ideias mentais fazendo a construccedilatildeo
fraacutesica da mesma e compreendiam inclusive que a escrita e os desenhos transmitem
informaccedilatildeo Repetimos este exerciacutecio com vaacuterias crianccedilas pois a maioria queria
participar e colocar os cartotildees no estendal
Observaacutemos que algumas crianccedilas fizeram a construccedilatildeo fraacutesica muito mais
raacutepido do que outras manifestando algumas uma certa dificuldade na construccedilatildeo
revelando algumas incerteza sobre o que fazer
Assim e procurando que as crianccedilas percebessem a frase tiacutenhamos a imagem a
acompanhar e questionaacutemo-las vaacuterias vezes sobre a imagem que cada cartatildeo tinha a
acompanhar Atraveacutes das imagens em geral as crianccedilas compreendiam que a frase (natildeo
construiacuteda) natildeo fazia total sentido na sua leitura e voltavam a iniciar a atividade do
estendal por vezes ajudadas na atividade por um colega
Num outro momento realizaacutemos uma atividade idecircntica mas optaacutemos por
trabalhar com cores e objetos Tiacutenhamos cinco cartotildees com cinco cores diferentes e
outros tantos com objetos diferentes mas cada objeto associado a uma cor Explicaacutemos
Figura 18 - Interajuda entre as crianccedilas da sala
49
agraves crianccedilas que do nosso lado direito elas encontravam cartotildees com cores no centro
tinha cartotildees com as palavras ldquocomordquo ldquoaordquo e do lado esquerdo encontravam cartotildees
com objetos As crianccedilas tinham que conseguir formar frases como por exemplo
ldquoAmarelo como o sol branco como o leite castanho como o chocolate vermelho como
a cereja e preto como a estradardquo
Inicialmente mostraacutemos agraves crianccedilas os cartotildees com cores colocaacutemo-los no
estendal e questionaacutemo-las se sabiam o nuacutemero de cartotildees que tinha o estendal algumas
crianccedilas (Carlos Diogo e Tiago) responderam rapidamente e corretamente agrave questatildeo
enquanto as outras crianccedilas observavam e faziam a contagem mais calmamente
conseguindo identificar os cinco cartotildees com cores Questionaacutemo-las novamente
tentando saber se alguma crianccedila conseguia identificar um cartatildeo cuja palavra iniciasse
pela letra A Apoacutes um breve momento de silecircncio uma crianccedila respondeu Amarelo
comeccedila pela letra A (Carlos)
Questionaacutemos se mais alguma palavra dos cartotildees comeccedilava pela letra A e de
imediato vaacuterias crianccedilas responderam que natildeo Concluiacutemos que em cinco cartotildees um
deles comeccedilava pela letra A trabalhando assim o domiacutenio da matemaacutetica Repetimos
mais uma vez esta atividade mas solicitando que as crianccedilas identificassem a palavra
escrita no cartatildeo que iniciasse com a letra P respondendo uma delas Preto comeccedila pela
letra P e eacute tambeacutem a primeira letra do meu nome (Pedro)
Foi gratificante observar o entusiasmo das crianccedilas em quererem realizar as
atividades sendo de sublinhar o grande interesse que manifestaram em participar na
atividade De seguida iniciaacutemos a atividade de elaboraccedilatildeo do ldquoestendalrdquo das palavras
A primeira crianccedila a realizar a atividade escolheu um cartatildeo dos que tinham cores e
colocou-o no fio de latilde Questionaacutemo-la se sabia qual a cor que tinha escolhido ao que a
crianccedila respondeu corretamente ser branco Questionaacutemos de novo as crianccedilas no
sentido de perceber se sabiam o que tinha que fazer a seguir respondendo corretamente
Posteriormente foi colocado por uma crianccedila o respetivo cartatildeo agrave frente das palavras
Eacute de destacar que os uacuteltimos cartotildees incluiacuteam igualmente palavras retiradas da
histoacuteria os Meninos de todas as cores mas desta forma trabalhadas de diferente
maneira Esta atividade fez com que todas as crianccedilas trabalhassem na identificaccedilatildeo das
palavras e a sua organizaccedilatildeo na frase pois todas tiveram a oportunidade de participar
Os objetivos eram esses que todas as crianccedilas participassem na atividade de construccedilatildeo
de frases em ordem a compreenderem que a escrita e as imagens transmitem
50
informaccedilatildeo e a identificarem palavras que terminavam com a mesma siacutelaba (construccedilatildeo
de grafema)
Para que as crianccedilas pudessem dar continuidade a este tipo de atividades e criar
gosto pela leitura integraacutemos o referido estendal num espaccedilo da sala recorrendo a este
e ainda a outros materiais
Na sequecircncia da histoacuteria lida durante a semana em que esta foi explorada
sugerimos ainda agraves crianccedilas a construccedilatildeo de um cartaz relativo agrave mesma Neste acircmbito
sugerimos agraves crianccedilas que pensassem sobre o assunto e como elemento do grupo
tambeacutem apresentaacutemos propostas e depois foram discutidas as sugestotildees Assim as
crianccedilas resolveram fazer a estampagem da palma da matildeo utilizando tintas azul e
verde para que parecesse o planeta terra e que fossem pintadas cada um dos dedos de
cores diferentes como as cores dos meninos da histoacuteria que no caso seriam brancas
pretas castanhas amarelas e vermelhas Uma a uma cada crianccedila pintou e estampou
uma das matildeos no cartaz O trabalho foi desenvolvido na aacuterea de expressatildeo plaacutestica
utilizando os materiais aiacute disponiacuteveis como tintas pinceis e o papel de cenaacuterio de
modo a que pudessem usaacute-los de modo independente Entre os comentaacuterios feitos pelas
crianccedilas enquanto elaboravam o trabalho sublinhamos
-Temos aqui muitas cores verde azul amarelo preto vermelho castanho e
branco (Diogo)
-Vamos pintar os dedos com cinco cores diferentes (Tiago)
-Vou pintar o dedo de amarelo como a menina amarela como o sol (Pedro)
-Este dedo vai ser branco como o Miguel o menino branco como o accediluacutecar
(Rafael)
-O meu dedo do meio vai ser castanho como o chocolate (Renato)
-O meu dedo pequeno vai ser vermelho como a menina da cor do sangue
(Carlos)
-Este dedo vou pintar de preto como as azeitonas (Pedro)
Nota de campo 9 de abril 2013
Os comentaacuterios feitos pelas crianccedilas permitiram perceber que mobilizavam
informaccedilatildeo relacionada com as atividades anteriores mas tambeacutem as suas
intencionalidades e a diversidade de tintas disponiacuteveis A imagem apresentada na figura
19 daacute conta do trabalho desenvolvido
51
Importa neste acircmbito relevar que nas OCEPE (MEDEB 1997) se alerta para a
importacircncia de as crianccedilas terem ldquoagrave sua disposiccedilatildeo vaacuterias cores que lhes possibilitem
escolher e utilizar diferentes formas de combinaccedilatildeordquo (p 62) Sublihamos ainda a
importacircncia de as crianccedilas poderem percorrer os seus proacuteprios caminhos de expressatildeo
artiacutestica mas tambeacutem que elas necessitam para tal de oferecer-lhes aleacutem da
experimentaccedilatildeo de materiais as diferentes formas de arte na pintura (UNESCO 2005
p 31) Importa ainda considerar que as tintas exercem grande fasciacutenio na crianccedila tanto
pela cor quanto pela sensaccedilatildeo agradaveacutel que produzem ao serem manuseadas (idem)
Mais tarde propusemos agraves crianccedilas a criaccedilatildeo de fantoches com materiais
reciclados acerca da histoacuteria dos Meninos de todas as cores As crianccedilas mostraram-se
bastante curiosas pois ainda natildeo tinham trabalhado com fantoches e iria ser uma
atividade diferente Organizaacutemo-nos em pequenos grupos de trabalho no total de cinco
crianccedilas em cada propondo-lhes que cada um que pintasse uma luva integrando em
cada dedo uma cor diferente Por sua vez outros grupos de crianccedilas trabalhavam na
criaccedilatildeo dos transportes que apareciam na histoacuteria
Dialogaacutemos sobre a possibilidade da representaccedilatildeo da histoacuteria agraves outras crianccedilas
e adultos do jardim-de-infacircncia As crianccedilas entusiasmaram-se com a iniciativa e por
consenso decidimos proceder agrave concretizaccedilatildeo da mesma como mais tarde aconteceu
Assumimos o papel de narrador e o grupo de crianccedilas ficou com a
responsabilidade de representar a histoacuteria procedendo agrave manipulaccedilatildeo dos fantoches
Todas as crianccedilas e educadoras da sala apoiaram e elogiaram a representaccedilatildeo
Repetimos do mesmo modo a apresentaccedilatildeo de fantoches na sala dos trecircs anos e tambeacutem
aqui as crianccedilas foram bastante aplaudidas e elogiadas
Em siacutentese importa evidenciar que esta atividade foi rica em conteuacutedo e os
objetivos foram concretizados fazendo com que as crianccedilas pudessem acima de tudo
ser elas a participar ativamente nas atividades terem contacto direto com os materiais e
Figura 19 - Sequecircncia de imagens da construccedilatildeo do cartaz
52
usufruiacuterem de prazer manifestando entusiasmo e envolvimento na sua realizaccedilatildeo Esta
atividade proporcionou agraves crianccedilas um momento de contacto com crianccedilas de outras
salas ou seja de outras faixas etaacuterias e por conseguinte com carateriacutesticas diversas
Fez com que estas pudessem de certa forma desenvolver o relacionamento social entre
elas Importa relembrar Hohmann e Weikart (20011) quando sublinham que
atraveacutes da imitaccedilatildeo e do faz-de-conta as crianccedilas organizam aquilo que
compreendem e ganham um sentido de mestria e controlo sobre os
acontecimentos que testemunharam ou nos quais fazem parte (hellip) Fazer de
conta e representar papeacuteis tendem a ser actividades francamente sociais e
parecem ter um efeito positivo no desenvolvimento social e de linguagem
das crianccedilas (p 494)
Esta experiecircncia de aprendizagem fez com que fosse possiacutevel haver
continuidade com as atividades anteriores fornecendo assim um processo formativo
articulado e integrado Foi possiacutevel explorar conteuacutedos relacionados com as cores as
diferenccedilas de raccedila entre a humanidade e as culturas e a vivecircncia de um processo pautado
pela interajuda e cooperaccedilatildeo entre os elementos do grupo Esta experiecircncia permitiu
ainda contribuir para as crianccedilas desenvolverem a consciecircncia de grafema a criaccedilatildeo de
fantoches a dramatizaccedilatildeo de uma histoacuteria e a interaccedilatildeo em grupos alargados
Desta experiecircncia de aprendizagem importa ainda relevar o prazer e alegria
manifestados pelas crianccedilas em fazer atividades como a de poderem pintar a palma da
matildeo as luvas escolher as cores que queria colocar-lhes e ver as produccedilotildees do grupo
divulgadas para as famiacutelias ou outros atraveacutes de um cartaz que foi exposto no corredor
de entrada da instituiccedilatildeo As crianccedilas puderam construir pensamentos e saberes
construindo em nosso entender uma aprendizagem com significado para todos os
implicados nesse processo
34 Experiecircncia de aprendizagem Descobrir trabalhando
colaborativamente
Tendo como objetivo proporcionar agraves crianccedilas um momento de interaccedilatildeo e
interajuda entre elas sugerimos a realizaccedilatildeo de um jogo ao ar livre no recreio da
instituiccedilatildeo Tendo os espaccedilos interiores e exteriores potencialidades proacuteprias eacute
importante que os educadores tirem partido das mesmos (MEDEB 1997) procurando
diversificar e enriquecer as atividades em que se envolvem as crianccedilas
Assim aproveitaacutemos o espaccedilo interior e exterior para explorar de uma forma
diferente as cores que apresenta o mundo fiacutesico em que nos integramos Sabemos que
53
as crianccedilas gostam naturalmente de observar mas tambeacutem que eacute importante que se
valorizem as observaccedilotildees que fazem na construccedilatildeo da sua aprendizagem e
desenvolvimento Eacute nesta linha de pensamento que se situa esta experiecircncia de
aprendizagem
De forma a iniciar a atividade de pesquisa as crianccedilas formaram cinco grupo
explicaacutemos que o objetivo era irmos ao exterior observar as cores que existem no
mundo agrave nossa volta e que cada um tinha como tarefa tentar descobrir onde poderia
encontrar-se uma cor por ele escolhida Para efetuarem a escolha da cor apresentaacutemos
um conjunto de cartotildees numa caixa e cada grupo retirou um procurando ter em
consideraccedilatildeo que as cores a observar por cada grupo deveriam ser diferentes
Escolhida a cor a observar por cada grupo deslocaacutemo-nos ao exterior da
instituiccedilatildeo (redondezas das mesma) tendo como objetivo identificar e registar
elementos que apresentassem as seguintes cores vermelho verde laranja azul e
amarelo A figura 20 ilustra o ambiente e daacute conta da implicaccedilatildeo da procura na recolha
de dados
De regresso agrave sala de atividades e em
grande grupo realizaacutemos a contagem dos
objetos observados e registados pelos adultos
com base na indicaccedilatildeo dada pelas crianccedilas de
cada um dos grupos O grupo que observou
mais elementos foi o que tinha como tarefa
observar elementos de cor amarela tendo
registado um total de treze seguindo-se-lhe o
grupo verde com nove o grupo azul com oito e os grupos laranja e vermelho com cinco
elementos cada um
No sentido de evitar a extensatildeo do relatoacuterio mas tambeacutem de ilustrar o
observado apresentamos aqui apenas os dados relativos ao grupo que observou
elementos de cor amarela tendo indicado
- O escorrega eacute amarelo (Luana)
- O muro do passeio tambeacutem eacute (Ricardo)
- O sol eacute amarelo (Rafael)
- As peacutetalas da flor satildeo amarelas (Gonccedilalo)
- O girassol eacute amarelo (Gonccedilalo)
- A parede da escola eacute amarela (Inecircs)
- O tubo da escola tambeacutem eacute amarelo (Inecircs)
- A antena eacute amarela (Gonccedilalo)
Figura 20 - Crianccedilas procurando objetos
da respetiva cor
54
- A cola que sai das aacutervores tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A luz do poste eacute amarela agrave noite (Rafael)
- A areia do recreio tambeacutem eacute amarela (Ricardo)
- Aquela casa tambeacutem eacute amarela (Inecircs)
- A girafa colada naquela janela eacute amarela (Luana)
Nota de campo 22 de abril 2013
Os enunciados apresentados permitem-nos perceber que todas as crianccedilas foram
capazes destacar uma ou mais elementos da cor a identificar O mesmo se verificou com
os restantes grupos mas para aleacutem da identificaccedilatildeo de mais ou menos elementos
entendemos ser importante destacar o envolvimento das crianccedilas na procura de dados a
interajuda que se gerou natildeo apenas ao niacutevel do interior de cada grupo como tambeacutem
intergrupos surgindo situaccedilotildees em que se alertavam uns aos outros sobre onde
observar
Na sequecircncia desta atividade uma das crianccedilas sugeriu que poderiam desenhar
os objetos que observaram Apoiaacutemos a iniciativa e alertaacutemos que para o fazerem
poderiam utilizar diferentes materiais Entendemos que o uso de materiais de natureza
diversificada poderia ajudar as crianccedilas nas suas representaccedilotildees
Os elementos observados e registados permitiram-nos explorar conceitos
matemaacuteticos ao niacutevel da contagem classificaccedilatildeo e forma de objetos No que se refere agrave
classificaccedilatildeo desses elementos procuraacutemos ter em conta que como se refere nas
OCEPE (MEDEB 1997) ldquoagrupar os objetos ou seja formar conjuntos de acordo
com um criteacuterio previamente estabelecido a cor a forma etc reconhecendo as
semelhanccedilas e diferenccedilas (hellip) permitem distinguir o que pertence a um e a outro
conjuntordquo (p 74)
Assim partindo dos desenhos realizados pelas crianccedilas procedemos agrave formaccedilatildeo
de conjuntos atendendo agrave cor que integravam os elementos representados Para isso
colocaacutemos no chatildeo da sala cinco arcos referentes cada um agrave cor e em cada arco as
crianccedilas colocavam os respetivos desenhos Depois procedemos agrave contagem dos
elementos de cada conjunto e comparaccedilatildeo do que tinha mais e menos elementos
surgindo por parte das crianccedilas algumas leituras como os exemplos deixam perceber
Procuraacutemos cinco cores (Rodrigo) O arco que tem mais objetos eacute o amarelo (Inecircs)
Aproveitando ainda as falas de duas crianccedilas referindo uma que viu um sinal
(hellip) azul e quadrado (Micael) e outra que observou um sinal vermelho que tinha a
forma redonda (Manuel) propusemos agraves crianccedilas que identificassem na sala e
55
nomeassem elementos que apresentavam uma forma geomeacutetrica Verificaacutemos que as
crianccedilas identificaram com alguma facilidade algumas formas geomeacutetricas como os
exemplos dos seus enunciados permitem perceber
- A mesa eacute redonda [ciacuterculo] (Pedro)
- O quadro [expositor] eacute quadrado (Tiago)
- E o tapete tem a forma de um retacircngulo (Diogo)
- Aquela reacutegua [esquadro] tem a forma de triacircngulo (Margarida)
- Conseguimos descobrir quatro formas geomeacutetricas (Manuel)
Nota de campo 23 de abril 2013
Num outro momento e partindo da fala de outra crianccedila (Mariana) que referiu
que o laranja era sua cor favorita (Mariana) sugerimos agraves crianccedilas tentar descobrir qual
era a cor preferida do grupo Neste sentido solicitaacutemos-lhes que colocassem a matildeo no
ar quando disseacutessemos a sua cor favorita contando o nuacutemero de elementos indicados
mas sem os registar
Apoacutes todas as crianccedilas terem indicado a cor favorita questionaacutemo-las se sabiam
qual seria a cor mais escolhida por mais crianccedilas do grupo
- Jaacute natildeo me lembro (Rafael)
- Todos pusemos a matildeo no ar (Diogo)
Nota de campo 23 de abril 2013
Os enunciados deixam perceber a dificuldade que eacute fazer a leitura de dados
observados sem que se proceda ao registo dos mesmos No sentido de ajudar o grupo a
perceber a importacircncia de registar os dados recolhidos questionaacutemos as crianccedilas sobre
como poderiacuteamos entatildeo descobrir a cor favorita do grupo Surgiram vaacuterias respostas
uma delas do Carlos que indicava que podiacuteamos pocircr as cores numa cartolina e depois
puacutenhamos a nossa cor favorita laacute Discutimos a proposta merecendo consenso a sua
concretizaccedilatildeo e no sentido de facilitar a compreensatildeo do conceito de nuacutemero
propusemos agraves crianccedilas que fosse indicada a preferecircncia colocando um lego em cima
da cor preferida o que fizemos Indicadas as preferecircncias procedemos agrave leitura dos
resultados surgindo os seguintes comentaacuterios
- A cor com menos legos eacute a preta e a castanha (Rodrigo)
- Assim podemos ver o tamanho dos legos (Pedro)
- Tem legos da mesma altura (Manuel) Nota de campo 24 de abril 2013
56
Tiacutenhamos assim construiacutedo um graacutefico de barras em conjunto e como
mencionam Castro e Rodrigues (2008) ldquoa organizaccedilatildeo dos dados em graacuteficos permite
uma anaacutelise mais raacutepida uma vez que a contagem dos elementos da mesma categoria eacute
mais evidenterdquo (p 72) Promovemos a discussatildeo escutando as opiniotildees expressas pelas
crianccedilas na leitura do mesmo pois como referem os autores (idem) ldquoapoacutes a construccedilatildeo
do graacutefico (hellip) deve sempre haver um momento em que se discute o que este nos
sugererdquo (ibidem)
Procedemos em seguida agrave leitura dos dados (atraveacutes da contagem dos legos)
observando que a cor mais escolhida era o azul com sete escolhas e as menos
escolhidas seriam o castanho e o preto com uma escolha
Propusemos ao grupo o registo desses dados elaborando para o efeito uma
tabela de dupla entrada Propusemos agraves
crianccedilas que sugerissem um tiacutetulo para a
tabela ideia para a qual apontam Castro e
Rodrigues (idem) Apoacutes vaacuterias respostas das
crianccedilas acordaacutemos que o tiacutetulo fosse A
minha cor favorita O nome das crianccedilas foi
registado por elas na quadriacutecula vertical do
lado esquerdo e na horizontal indicaacutemos as
cores como mostra a figura 21
Entendemos que se tratou de uma
atividade enriquecedora para as crianccedilas pois estas visualizaram e experimentaram a
construccedilatildeo de uma tabela sendo esta facilitadora da anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados
Num outro momento e relembrando uma afirmaccedilatildeo de uma crianccedila (Carlos)
que tinha dito que o vidratildeo era verde e considerando que algumas crianccedilas
manifestaram natildeo saber o que era o vidratildeo achaacutemos importante dialogar com as
crianccedilas sobre os ecopontos
Comeccedilamos por abordar a importacircncia da reciclagem e posteriormente
apresentaacutemos uma canccedilatildeo que explicava a separaccedilatildeo de resiacuteduos soacutelidos Como se
refere nas OCEPE (MEDEB 1997) existe uma relaccedilatildeo entre a canccedilatildeo e a palavra
trabalhar as letras das canccedilotildees relaciona o domiacutenio da expressatildeo musical
com a linguagem que passa por compreender o sentido do que se diz por
tirar partido das rimas para discriminar os sons por explorar o caraacutecter
luacutedico das palavras e criar variaccedilotildees da letra original (p 64)
Figura 21 - Crianccedila preenchendo a tabela das cores
favoritas
57
Concordando com a afirmaccedilatildeo podemos salientar que atraveacutes da expressatildeo
musical as crianccedilas satildeo capazes de captar a informaccedilatildeo mais raacutepido No final uma das
crianccedilas perguntou se poderiam construir ecopontos para ter na sala Considerando a
sugestatildeo da crianccedila levaacutemos caixas que as crianccedilas decoraram com o objetivo de
organizarmos na sala ecopontos Quando construiacutedo os ecopontos promovemos um
jogo que consistia em colocar resiacuteduos soacutelidos no ecoponto correto
A experiecircncia de aprendizagem descrita proporcionou agraves crianccedilas em nosso
entender uma forma ativa e significativa de construccedilatildeo de pensamentos e saberes
Relevamos a importacircncia que assumiu a accedilatildeo desenvolvida no espaccedilo exterior da
instituiccedilatildeo enquanto meio de recolha de informaccedilotildees a partir das quais surgiram novas
oportunidades de aprendizagem
Atraveacutes desta experiecircncia de aprendizagem pudemos explorar com as crianccedilas
aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo como a matemaacutetica a Linguagem oral e abordagem agrave
escrita expressatildeo plaacutestica a aacuterea do Conhecimento do Mundo e a aacuterea de Formaccedilatildeo
pessoal e Social
Sabemos que as crianccedilas satildeo grandes observadoras e criacuteticas do mundo que as
rodeia e atraveacutes dos seus comentaacuterios constataacutemos que observavam atendendo a
pormenores
Importa relevar que devemos escutar cada crianccedila valorizando a sua
contribuiccedilatildeo para o grupo fomentar o diaacutelogo entre elas e o seu desejo de comunicar
Corroboramos assim a ideia expressa nas OCEPE (MEDEB 1997) que
eacute no clima de comunicaccedilatildeo criado pelo educador que a crianccedila ira
dominando a linguagem alargando o seu vocabulaacuterio construindo frases
mais corretas e complexas adquirindo um maior domiacutenio da expressatildeo e
comunicaccedilatildeo que lhe permitam formas mais elaboradas de representaccedilatildeo (p
67)
Concluiacutemos que eacute crucial que o educador planeie situaccedilotildees de aprendizagem que
sejam desafiadoras para as crianccedilas de modo a que as motive e as estimule a aprender e
a desenvolver-se Esta experiecircncia permitiu ainda perceber que para aleacutem das atividades
planeadas foram integradas outras propostas pelas crianccedilas A este respeito importa
relembrar que ldquoo planeamento realizado com a participaccedilatildeo das crianccedilas permite ao
grupo beneficiar da sua diversidade das capacidades e competecircncias de cada crianccedila
num processo de partilha facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento de todas e
de cada umardquo (MEDEB 1997 p 26)
58
Tentaacutemos ainda articular todas as aacutereas do conteuacutedo pois como se refere nas
OCEPE (idem) ldquoque as diferentes aacutereas de conteuacutedo deveratildeo ser consideradas como
referencias a ter em conta do planeamento e avaliaccedilatildeo e experiecircncias e oportunidades
educativas e natildeo como compartimentos estanque a serem abordados separadamenterdquo (p
48)
59
IV Reflexatildeo Criacutetica
Refletimos nesta uacuteltima parte sobre a praacutetica educativa desenvolvida
abordando os conteuacutedos que procuraacutemos explorar com as crianccedilas
No iniacutecio da praacutetica educativa as expectativas eram muitas as quais se prendiam
com o desenvolvimento de atividades estimulantes e criativas o respondermos agraves
solicitaccedilotildees de todas crianccedilas e o sermos bem acolhidas pelas crianccedilas e membros da
instituiccedilatildeo entre outras As duacutevidas e os receios eram tambeacutem muitos mas com o
decorrer do tempo fomos conhecendo as crianccedilas e ganhando laccedilos de afeto ajudando-
nos a ultrapassar estes sentimentos Para tal foi importante a reflexatildeo e o diaacutelogo com
os diferentes intervenientes no processo educativo gerando-se um ambiente de
compreensatildeo e ajuda muacutetua
Procuraacutemos ter disponibilidade para cooperar para experienciar de certa forma
para aprender com os erros e com as conquistas alcanccediladas reconhecendo que em certas
alturas conseguimos suscitar o envolvimento das crianccedilas e criar atividades
enriquecedoras Poreacutem noutros momentos sentimos algumas dificuldades no que se
refere agrave elaboraccedilatildeo da planificaccedilatildeo das atividades e ao tornar acessiacutevel agraves crianccedilas a
compreensatildeo de alguns conteuacutedos o que tentaacutemos ir superando de forma a criar
respostas adaptadas agraves suas necessidades e do grupo Este processo permitiu-nos
aprender e desenvolver-nos do ponto de vista pessoal e profissional
Demos importacircncia agraves atividades iniciadas pelas crianccedilas tentamos responder agraves
suas duacutevidas e procuraacutemos desenvolver com elas experiecircncias de aprendizagem que
incluiacutessem as diferentes aacutereas e domiacutenios de conteuacutedo curricular
Refletimos sobre as perspetivas de aprendizagem nas quais buscaacutemos apoiar a
accedilatildeo educativa que desenvolvemos destacando o papel ativo das crianccedilas Nesta
reflexatildeo procuraacutemos relevar e retratar as vaacuterias dimensotildees da accedilatildeo educativa
merecendo-nos particular atenccedilatildeo as intervenccedilotildees os espaccedilos a observaccedilatildeo
planificaccedilatildeo entre outros
Procuraacutemos evidenciar as ideias que estiveram na base da praacutetica de ensino
supervisionada desenvolvida e aprendizagens promovidas com as crianccedilas Assim
valorizando as perspetivas das crianccedilas e procurando a curiosidade e o desejo de querer
saber sempre mais sentimentos que foram manifestados pelas crianccedilas e que
procuramos ter em consideraccedilatildeo para ir regulando a nossa praacutetica em ordem agrave
60
construccedilatildeo de oportunidades educativas que favorecessem a progressatildeo de cada uma e
do grupo O trabalho colaborativo quer com os adultos quer com as crianccedilas foi na
dimensatildeo valorada e que constitui o suporte para uma continuada progressatildeo do ponto
de vista da nossa formaccedilatildeo pessoal e profissional Nesta linha de pensamento
relevamos que como afirmam Hohmann e Weikart (2011)
Quando as crianccedilas e os adultos trabalham em conjunto em qualquer
ambiente de aprendizagem em acccedilatildeo sustentado num clima de apoio
interpessoal as crianccedilas sentem-se motivadas a prosseguir e levar a bom
porto as suas intenccedilotildees e motivaccedilotildees Os adultos encorajam as crianccedilas a
utilizar aquilo que sabem para resolver problemas e a iniciar novas
experiecircncias atraveacutes das quais ganharatildeo uma outra compreensatildeo sobre o que
as rodeia (p 75)
A maioria das crianccedilas da sala mostrou implicaccedilatildeo nos trabalhos desenvolvidos
vontade de realizar novas experiecircncias e procurar diferentes fontes de informaccedilatildeo O
gosto por participar e por conhecer suscitavam questionamentos e a procura de novas e
diferentes formas de informaccedilatildeo
Aproveitaacutevamos momentos em grande grupo momentos em pequenos grupos
momentos na sala e momentos no recreio para observar as crianccedilas da sala e refletir
sobre as suas curiosidades e motivaccedilotildees Procuramos observar as crianccedilas e registar
informaccedilatildeo sobre o cada uma e o grupo o que natildeo foi tarefa faacutecil considerando o duplo
papel que tiacutenhamos que assumir o de observadores e atores Acrecenta-se ainda a esse
aspeto a dimensatildeo extenccedila do grupo o tempo limitado destinado agrave praacutetica para que
pudesse ser-lhe dada continuidade
Tivemos em conta os interesses das crianccedilas e pusemos o foco de atenccedilatildeo nas
interaccedilotildees que estas estabeleciam com os objetos e os adultos de forma a desenvolver
desse modo aprendizagens com significado
As crianccedilas desde o iniacutecio da praacutetica educativa foram demonstrando que as
atividades tinham significado para elas pois trabalhavam com motivaccedilatildeo e entusiasmo e
mostravam recordar-se das experiecircncias realizadas como exemplo as desenolvidas em
torno da histoacuteria do Elmer
Apesar de ser um grupo constituiacutedo por vaacuterios elementos preocupamo-nos que
cada crianccedila pudesse escolher e ter faacutecil acesso as aacutereas e materiais da sala de uma
forma autoacutenoma ocasionando dessa forma aprendizagens ativas nas mesmas pois eacute
atraveacutes da accedilatildeo com os materiais que as crianccedilas chegam agrave compreensatildeo do mundo
Estas tendo a possibilidade de escolher e sendo as mesmas a tomar decisotildees e
61
resolvendo os problemas que apareciam no dia-a-dia desenvolviam a sua
independecircncia
Esteve presente a preocupaccedilatildeo de planificar e criar experiecircncias de
aprendizagem de modo a que todas as crianccedilas se envolvessem nas atividades e nos
momentos de brincadeiras fazendo com que estas desenvolvessem cada vez mais
competecircncias
Pudemos evidenciar que existiram bastantes momentos aproveitados para
dialogar com as crianccedilas permitindo desse modo conhececirc-las de uma forma
individualizada permitindo escutar as suas opiniotildees questionar e sermos questionados
partilhar e engrandecer os saberes das crianccedilas
Para a realizaccedilatildeo da praacutetica educativa utilizamos a planificaccedilatildeo semanal como
instrumento sistemaacutetico de trabalho procuraacutemos bastante informaccedilatildeo em diversos
documentos direcionados para o preacute-escolar contudo natildeo descartamos outros
documentos essenciais a uma planificaccedilatildeo rica nos seus conteuacutedos e procuraacutemos
orientar os diferentes elementos do curriacuteculo em conformidade com as necessidades e
interesses das crianccedilas A elaboraccedilatildeo das planificaccedilotildees foram desde cedo pensadas e
realizadas em conformidade com os conteuacutedos adequados agrave idade das crianccedilas e
adequadas agrave evoluccedilatildeo das mesmas por isso tentaacutemos clarificar todas as atividades para
que natildeo houvesse duacutevidas nas mesmas por parte dos destinataacuterios
Apercebemo-nos que as atividades planificadas tiveram constantemente ligaccedilatildeo
umas com as outras Por vezes surgiam atividades que natildeo estavam previstas nas
planificaccedilotildees mas surgiam em conformidade com a curiosidade das crianccedilas e
manifestaccedilatildeo destas em quererem aprender sempre mais sobre certos conteuacutedos Sendo
que estas favoreciam em vaacuterias ocasiotildees o desenvolvimento de competecircncias em
diversos domiacutenios tornando desse modo mais faacutecil trabalhar todos e cada um
As experiecircncias de aprendizagem foram organizadas de modo a surgirem
aprendizagens ativas e significativas nas crianccedilas desafiando-as a participar a serem as
mesmas a intervir nas atividades a realizaacute-las a tirar partido de toda a informaccedilatildeo e de
todos os conteuacutedos a tomar iniciativa e a aprenderem informaccedilotildees necessaacuterias sobre
cada domiacutenio da educaccedilatildeo preacute-escolar
Em diversas atividades estiveram presentes histoacuterias que eram novas para as
crianccedilas e continham informaccedilotildees novas para as mesmas e pudemos atraveacutes destas
trabalhar diversos conteuacutedos Tentamos que as histoacuterias despertassem na crianccedila
curiosidade em aprender mais sobre tudo o que nos rodeia tentando durante a leitura da
62
mesma captar a atenccedilatildeo das crianccedilas e fazer com que estas pudessem trabalhar o
imaginaacuterio e pocirc-lo em praacutetica na realidade
Eacute pertinente afirmar que os adultos possuem um papel importante no que
respeita a motivaccedilatildeo das crianccedilas de modo a que autonomamente estas vatildeo ao
encontro do que podem aprender com a escrita e a leitura percebendo assim a
importacircncia destes conteuacutedos para o seu futuro
Buscaacutemos em vaacuterios aspetos relacionar o que as crianccedilas escutavam com toda a
informaccedilatildeo que possuiacuteam previamente As crianccedilas eram questionadas e inclusive
dialogaacutevamos com elas sobre o conteuacutedo da leitura Como mencionam Sim-sim Silva e
Nunes (2008) a interaccedilatildeo das educadoras durante a leitura de livros em sala de
atividades tem muito a ver com a forma como estas leem livros com crianccedilas em
contexto de grupo e que estaacute fortemente relacionada com o desenvolvimento a longo
prazo do vocabulaacuterio e de competecircncias de compreensatildeo de histoacuterias
Abordando um pouco a gestatildeo do tempo e dos espaccedilos podemos afirmar que
efetuamos durante toda a praacutetica uma flexibilidade em relaccedilatildeo agrave gestatildeo da rotina
diaacuteria existente na sala Pois para a criaccedilatildeo de um bom ambiente educativo eacute
necessaacuterio existir uma boa organizaccedilatildeo de tempo das atividades
O trabalho em pequeno e grande grupo possibilitou-nos um melhor
acompanhamento das crianccedilas de forma a compreendermos os interesses e motivaccedilotildees
destas e estimulando-as a experimentar e promover a cooperaccedilatildeo com as outras crianccedilas
do grupo Destacamos neste sentido que como sublinham as Orientaccedilotildees Curriculares
(MEDEB 1997) ldquoa relaccedilatildeo que o educador estabelece com cada crianccedila eacute facilitadora
da sua inserccedilatildeo no grupo e das relaccedilotildees com as outras crianccedilasrdquo (p 35) Eacute necessaacuterio
considerar que essa relaccedilatildeo envolve a criaccedilatildeo de um ambiente agradaacutevel onde cada crianccedila
se sinta ouvida
Recordaacutemos que o jardim-de-infacircncia deve facultar um conjunto alargado de
saberes permitir formar pessoas autoacutenomas livres e solidaacuterias Procuraacutemos ajudar as
crianccedilas a desenvolverem as habilidades necessaacuterias para tomar decisotildees elucidadas
Consideraacutemos que as experiecircncias de aprendizagem facultaram agraves crianccedilas um
equiliacutebrio de experiecircncias nas diferentes aacutereas e domiacutenios de aprendizagem e que se
revelaram positivas pela participaccedilatildeo ativa demonstrada pelas crianccedilas o empenho e
concentraccedilatildeo das mesmas nas atividades
As crianccedilas foram os elementos centrais na praacutetica educativa porque para aleacutem
de participarem nas atividades tambeacutem participavam em todos os momentos de
63
diaacutelogo onde deram as suas opiniotildees e foi atraveacutes de todos estes momentos que
aproveitamos para proporcionar agraves crianccedilas atividades enriquecedoras aproveitando a
maioria das vezes situaccedilotildees segundo as ideias preacutevias das crianccedilas
Desejaacutemos que as crianccedilas se tornem sucessivamente mais autoacutenomas
responsaacuteveis curiosas e em accedilatildeo
Achaacutemos que as estrateacutegias que utilizamos proporcionaram agraves crianccedilas desfrutar
de oportunidades de bem-estar e de desenvolvimento de competecircncias a diversos niacuteveis
Apercebemo-nos ao longo da accedilatildeo educativa que a partilha de conhecimentos
conduziu-nos e conduziraacute futuramente agrave construccedilatildeo de novos e diferentes saberes
Atualmente e terminada a nossa experiecircncia da praacutetica educativa achaacutemos
todas as estrateacutegias que utilizamos facultaram agraves crianccedilas oportunidades de bem-estar e
desenvolvimento a vaacuterios niacuteveis Estas oportunidades de conhecimento conduziram a
crianccedila agrave construccedilatildeo de novos saberes indo ao encontro ao nosso objetivo final Sendo
assim podemos afirmar que as nossas intenccedilotildees foram concretizadas
Em suma achaacutemos pertinente afirmar que todo o trabalhado realizado
proporcionou aprendizagens significativas na nossa formaccedilatildeo como educadoras de
infacircncia
64
Consideraccedilotildees Finais
Finda esta etapa onde as conquistas e desafios foram variados e que em muito
contribuiu para o desenvolvimento de competecircncias profissionais e pessoais eacute chegado
o momento de efetuar algumas consideraccedilotildees acerca do desenvolvimento da praacutetica
educativa
Acreditamos que as caracteriacutesticas consideradas fundamentais para o nosso
desempenho profissional como futuros educadores de infacircncia foram alvo de progresso
ao longo da praacutetica educativa que desenvolvemos Salientamos o importante papel que a
supervisora teve neste processo de formaccedilatildeo em que os feedbacks dados pela mesma
nos levaram a um claro progresso Esta partilha permitiu uma constante reflexatildeo sobre
as praacuteticas promovidas e contribuiu desta maneira para o nosso desenvolvimento
profissional e pessoal
As crianccedilas assumiram neste processo um papel importante papel considerando
que foram criadoras de situaccedilotildees que nos ajudaram a refletir e a investir na procura de
novas informaccedilotildees para que pudeacutessemos encontrar respostas coerentes e com
continuidade As experiecircncias de aprendizagem vividas no contexto onde decorreu a
praacutetica de ensino possibilitaram-nos aprender e desenvolver competecircncias relacionadas
com a dimensatildeo da aprendizagem e desenvolvimento das crianccedilas da integraccedilatildeo do
curriacuteculo da interaccedilatildeo e de dimensatildeo eacutetica e social Para tal os contributos dos vaacuterios
agentes educativos revelaram-se fundamentais neste curto processo de formaccedilatildeo
Concluindo reconhecemos que ainda temos um longo caminho a percorrer no
entanto estamos cientes do caminho que percorremos e do importante papel que neste
processo assumiu a praacutetica de ensino supervisionada Sublinhamos que construiacutemos
novos olhares sobre a educaccedilatildeo de infacircncia a imagem da crianccedila e sobre o papel do
educador de infacircncia Esta experiecircncia proporcionou-nos uma evoluccedilatildeo na medida que
possuiacutemos um leque abrangente de experiecircncias Temos desejo em continuar a
progredir renovando conhecimentos e desenvolvendo novas aprendizagens ao longo da
vida com vista agrave realizaccedilatildeo pessoal e profissional
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