AULA 0
Leonardo
CULTURA DO MILHO
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CULTURA DO MILHO
ENGENHARIA AGRONÔMICA
CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES
IDAM
Olá, meus amigos e amigas!
Estamos inaugurando este novo espaço para concursos e é muito
bom tê-los aqui. Nossas aulas visam preencher uma lacuna no mundo dos
concursos com relação as áreas agrícolas, onde faltam materiais de
qualidade para que possamos estudar os temas pedidos nos editais, nosso
objetivo e preencher esta lacuna e preparando os alunos a disputar uma
vaga, e estar entre os classificados. Assim, teremos aulas voltadas para os
principais concursos nacionais como: FISCAL AGROPECUÁRIO - (MAPA)
(Agronomia, veterinária, zootecnia), PERÍTO DA POLÍCIA FEDERAL
(Agronomia, engenharia florestal, engenharia elétrica, etc),
POLÍCIA CIENTÍFICA, INCRA E MUITOS OUTROS. Estaremos
elaborando aulas de acordo com os editais, com muitos exercícios, para
que possamos gabaritar estas provas. Queremos abordar várias áreas,
como engenharia agrícola, florestal, ambiental, engenharia civil,
engenharia elétrica, arquitetura etc.
INTRODUÇÃO
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CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES
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ENTÃO, NÃO SE ESQUEÇA: ESTE É O NOSSO ESPAÇO
Nosso curso compõe-se de 20 aulas em PDF totalmente explicadas
contemplando vários exercícios de concursos anteriores visando o
treinamento do candidato, esse material objetiva ser a única fonte do aluno
contemplando toda a matéria solicitada no edital. Então, não precisará de
livros, apostilas, ou qualquer outro material. Em caso de dúvidas, teremos
um FÓRUM diretamente ligado aos professores, no qual você pode
entrar em contato, quando julgar necessário, para esclarecimento de
pontos da aula que não ficaram tão claros ou precisam de um
aprofundamento. O site foi feito pensando em você, para que alcance seus
sonhos, passar em um bom concurso. Para isso precisamos de excelentes
materiais, o que era uma raridade nas áreas específicas, hoje temos
AGRONOMIACONCURSOS vindo a preencher está lacuna. Acompanhe
nossa página no Facebook.
Agronomia concursos
www.agronomiaconcursos.com.br
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APRESENTAÇÃO
Meu nome é Leonardo, sou Engenheiro
Agrônomo formado na Universidade Federal de
Lavras. Trabalho na Emater-MG (Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de
Minas Gerais). Tenho pós-graduação Lato Sensu em
Extensão Ambiental para o Desenvolvimento
Sustentável e em Gestão de Agronegócio. Iniciei o
mestrado em Agricultura Tropical, na área de
conservação de solos. Fui professor do curso técnico agrícola Pronatec,
ministrei aulas de nutrição e forragicultura, fertilidade do solo e culturas
anuais e olericultura. Sou professor de matemática e física do ensino
médio. Ministro vários cursos para agricultura familiar, entre eles
fertilidade do solo, culturas anuais, olericultura, mecanização agrícola,
cafeicultura e manejo da bovinocultura de leite. Trabalho com crédito rural
(custeio e investimento), elaborando projeto e prestando orientação aos
agricultores há 10 anos. Sou responsável pela elaboração da Declaração
de Aptidão ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(DAP) e correspondente bancário pelo sistema COPAN. Fiz vários
concursos, como Adagro-Pe (agência de fiscalização agropecuária de
Pernambuco), Perito da Policia Federal área 4 – agronomia, Ministério
Público e Ibama. Logrei êxitos em alguns e fui reprovado em outros, mas
assim é a vida do concurseiro. Passei na Emater-MG, onde estou até hoje.
O AGRONOMIA CONCURSOS tornou-se o nosso ponto de encontro, nosso
espaço de estudo para gabaritar todas as provas de agronomia. Aproveite
todas as oportunidades. Solicitamos que os alunos que adquirirem nossos
cursos avaliem-nos no final, para que possamos melhorar a linguagem e
os temas que não ficarem tão claros. Espero que vocês também aprovem
e gostem do nosso material, e que ele possa ajudar na sua aprovação!
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O QUE VAMOS ESTUDAR NESTE CURSO?
AULAS PROGRAMA
AULA 0 GRÃOS: MILHO
AULA 1 GRÃOS: ARROZ E FEIJÃO
AULA 2 FRUTICULTURA COM ÊNFASE EM AÇAÍ, CUPUAÇU, LARANJA, LIMÃO,
MAMÃO, COCO, MARACUJÁ, ABACAXI, BANANA
AULA 3 OLERICULTURA COM ÊNFASE EM TUBEROSAS, FOLHOSAS, FRUTOS
E CONDIMENTARES
AULA 4 CULTURAS VEGETAIS COM POTENCIAL PARA PRODUÇÃO DE
ENERGIA, CULTURAS INDUSTRIAIS E FIBRAS NATURAIS
AULA 5 SOLOS: SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS I
AULA 6 SOLOS: SISTEMA BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS II
AULA 7 MICROBIOLOGIA DO SOLO; MATÉRIA ORGÂNICA; RELAÇÃO C|N;
COMPOSTAGEM ORGÂNICA, RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA;
MANEJO E CONSERVAÇÃO
AULA 8 FERTILIDADE E QUÍMICA DO SOLO; INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE
QUÍMICA, FÍSICA
AULA 9 NUTRIÇÃO MINERAL DAS PLANTAS
AULA 10 CONHECIMENTOS EM AGROECOLOGIA: CONCEITOS E PRINCÍPIOS
DE AGROECOLOGIA.O CONCEITO DE AGROECOSSISTEMA:
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO. FATORES ECOFISIOLÓGICOS
ASSOCIADOS AOS SISTEMAS VEGETAIS E ANIMAIS E SUAS
RELAÇÕES COM O MEIO AMBIENTE. O PAPEL DA AGR
AULA 11 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE ECOLOGIA DA POPULAÇÃO VEGETAL.
FLUXOS DE ENERGIA E NUTRIENTES NA AGRICULTURA.
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INTERAÇÕES, DIVERSIDADE E ESTABILIDADE EM
AGROECOSSISTEMAS. A TRANSIÇÃO DA AGRICULTURA
TRADICIONAL|CONVENCIONAL À AGRICULTURA AGROECOLÓGICA.
AULA 12 BOVINOCULTURA DE LEITE E CORTE - CRIAÇÃO DE PEQUENOS,
MÉDIOS E GRANDES ANIMAIS: ÍNDICES ZOOTÉCNICOS, MANEJO,
INSTALAÇÕES, SANIDADE.
AULA 13 AVICULTURA, PISCICULTURA
AULA 14 SUINOCULTURA, NOÇÕES DE DEFESA SANITÁRIA ANIMAL E
VEGETAL: PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE CONTROLE
AULA 15 MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS E DOENÇAS; PRAGAS DE
PRODUTOS AGRÍCOLAS ARMAZENADOS
AULA 16 IRRIGAÇÃO E DRENAGEM: TIPOS DE SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO.
MANEJO DA IRRIGAÇÃO. AVALIAÇÃO DA NECESSIDADE DE
DRENAGEM. TIPOS DE SISTEMAS DE DRENAGEM AGRÍCOLA.
AULA 17 NOÇÕES DE MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA: TRATORES AGRÍCOLAS,
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DE TRAÇÃO ANIMAL E
TRATORIZADA. AGROTÓXICOS: CONCEITO, CARACTERÍSTICAS
DOS PRODUTOS E IMPACTO DO USO DE AGROTÓXICOS NO
AMBIENTE, RECEITUÁRIO AGRONÔMICO.
AULA 18 NOÇÕES DE GESTÃO DO AGRONEGÓCIO, ASSOCIATIVISMO:
SINDICALISMO E COOPERATIVISMO: DIREITOS E GARANTIAS
FUNDAMENTAIS INDIVIDUAIS E COLETIVAS
AULA 19 ADMINISTRAÇÃO DA PROPRIEDADE RURAL, FUNÇÕES DO
ADMINISTRADOR RURAL. COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA
AULA 20 CRÉDITO RURAL, ELABORAÇÃO, ANÁLISE E ACOMPANHAMENTO DE
PROJETOS AGROPECUÁRIOS. PRINCIPAIS LINHAS DE CRÉDITO
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RURAL PARA A AMAZÔNIA.
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INTRODUÇÃO À FITOTECNIA
A Fitotecnia trabalha para o desenvolvimento e aprimoramento dos
sistemas de produção das culturas. Podemos dividi-las em culturas
Anuais;
Culturas perenes;
Culturas semi-perenes:
As culturas anuais ou de ciclo curta são aquelas que concluem seu
ciclo produtivo em um ano ou em até menos tempo, tendo a necessidade
após a colheita, iniciar um novo plantio. Como exemplos podemos citar: a
soja, o feijão, o milho, o trigo, o arroz a mandioca.
As Culturas perenes são aquelas que permanecem no campo por
vários anos, mas a cada ano ocorre um ciclo produtivo, temos como
exemplos o café, uva, frutíferas em geral, mamão, algodão, seringueira e
etc. As culturas semi-perenes são aquelas que o ciclo tem duração entre 12
e 24 meses, entram nesta classe a cana-de-açúcar e mandioca.
Fig.1 –divisões da fitotecnia
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Abordaremos neste curso as seguintes culturas anuais (fig.2):
Fig. 2 – culturas anuais a serem estudas no curso
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O milho é o grão de maior relevância nacional dada a sua importância
econômica e social. Essencial para diversas cadeias produtivas alimentares
(humana e animal), com intenso efeito multiplicador na geração de renda,
congrega uma gama de produtores com níveis de tecnificação
completamente diversos. Atualmente no território nacional temos
aproximadamente 15,8 milhões de hectares plantados, em 2014. Mesmo
sendo uma cultura de exportação com tendência a certo grau de
homogeneidade nos pacotes tecnológicos adotados, verificamos, ao nível
de produção macrorregional, pólos dinâmicos de sucesso e regiões pouco
dinâmicas ou estagnadas em relação ao estado da arte da tecnificação
adotada (Alves; Souza; Gomes, 2013).
O milho pertence a família das gramíneas, sendo o único cereal
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nativo do Novo Mundo e não proveniente do Brasil e sim originado no
México e na Guatemala, sendo o terceiro mais cultivado no planeta
podendo atingir altitudes que vão desde o nível do mar até 3 mil metros. A
mais antiga espiga de milho foi encontrada no vale do Tehucan, localizado
no México, datada de 7.000 a.C. O Teosinte ou “alimento dos deuses”,
como era chamado pelos maias, deu origem ao milho por meio de um
processo de seleção artificial. O Teosinte ainda é encontrado na América
Central (fig.: 1).
Fig.: 1 – milho moderno e seu ancestral do teosinto
Com as grandes navegações do século XVI e o início do processo de
colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes
do mundo sendo cultivado e consumido em todos os continentes e sua
produção só perde para a do trigo e do arroz. Cristóvão Colombo,
descobridor da América foi o primeiro a observar pela primeira vez a
existência do milho na costa oeste de Cuba. Ao longo do tempo, houve uma
crescente domesticação do milho por meio da seleção visual no campo,
considerando importantes características, tais como produtividade,
resistência a doenças e capacidade de adaptação, dentre outras, originando
às variedades da atualidade.
Assim, atualmente temos de 478 cultivares de milho, sendo 292
cultivares transgênicas e 186 cultivares convencionais, atualmente está
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sendo comercializados dois híbridos duplos transgênicos, aumentando a
escolha dos agricultores com menor capacidade de investimento. Com
relação ao nível tecnológico encontramos no Brasil produtores que estão
obtendo rendimentos de milho superiores a 12 t/ha-1
(200 sacos/ha-1
) e
ainda existem outros grupos de produtores que utilizam melhor tecnologia
levando-os a produzirem acima de 14 t/ha-1
.
Mas, as margens de produtividades médias alcançadas são variadas
sendo que tem agricultores ainda produzindo bem abaixo 7000 t/ha-1
,
demonstrando uma grande variação entre os sistemas de produção em
uso, o que proporciona grande variabilidade no potencial produtivo e no
rendimento por área. Desta forma temos ainda várias tecnologias ligadas à
cultura que estão sendo implementada onde podemos destacar:
Utilização de cultivares de alto potencial genético (híbridos simples
e triplos) e de cultivares não transgênicas e transgênicas com
resistência a lagartas e ao uso do herbicida glifosato.
Espaçamento reduzido associado à maior densidade de plantio,
permitindo melhor controle de plantas daninhas, controle de
erosão, melhor aproveitamento de água, luz e nutrientes, além de
permitir uma otimização das máquinas plantadoras.
Melhoria na qualidade das sementes associada ao tratamento dos
grãos, especialmente o tratamento industrial, máquinas e
equipamentos de melhor qualidade, que garante boa
plantabilidade boa distribuição das plantas emergidas, garantindo
assim maior índice de sobrevivência do plantio à colheita.
Uso intensivo do Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas
Daninhas (MIP).
Correção do solo baseando-se em dados de análise e levando em
consideração o sistema, e não a cultura individualmente.
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Ainda temos a implementação do sistema de plantio direto, a
integração lavoura-pecuária, a agricultura de precisão e melhores técnicas
de irrigação as quais buscam melhorar o potencial produtivo das lavouras.
Destacamos na produção de milho no Brasil de duas épocas de plantio
sendo a primeira chamada de safra (ou safra de verão) e segunda safrinha.
Os plantios de verão são realizados em todos os estados, na época
tradicional, durante o período chuvoso, que ocorre no final de agosto, na
região Sul, até os meses de outubro/novembro, no Sudeste e Centro-
Oeste. Na região Nordeste, esse período ocorre no início do ano.
A safrinha refere-se ao milho de sequeiro, plantado
extemporaneamente, geralmente de janeiro a março ou até, no máximo,
meados de abril, quase sempre depois da soja precoce e
predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná, São
Paulo e Minas Gerais. Contudo, nos últimos anos houve um decréscimo nas
áreas plantadas da primeira safra, mas compensado pelo aumento do
plantio no período da safrinha e no aumento do rendimento de grãos das
lavouras de milho, tanto na primeira safra quanto na safrinha. Apesar das
condições desfavoráveis de clima, os sistemas de produção da safrinha têm
sido aprimorados e adaptados a essas condições, o que tem contribuído
para elevar os rendimentos das lavouras também nessa época.
DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO MILHO
O desenvolvimento da produção e do mercado do milho deve ser
analisado sob a ótica das cadeias produtivas ou dos sistemas
agroindustriais (SAG). O milho é insumo para produção de uma centena de
produtos; na cadeia produtiva de suínos e aves são consumidos
aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70% e 80%
do milho produzido no Brasil. A produção de milho no Brasil, juntamente
com a de soja, contribui com cerca de 80% da produção de grãos.
A diferença entre as duas culturas está no fato de que a soja tem
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liquidez imediata, dadas as suas características de "commodity" no
mercado internacional, enquanto que milho tem sua produção voltada para
o abastecimento interno, embora recentemente a sua exportação venha
sendo realizada em quantidades expressivas e contribuindo para maior
sustentação dos preços internos. Apesar disto, o milho tem evoluído como
cultura comercial apresentando, nas últimas décadas, taxas de crescimento
da produção de 3,0% ao ano e da área cultivada de 0,4% ao ano.
A cadeia produtiva do milho constitui-se de: setor de insumos
(fornecedores de defensivos, fertilizantes, sementes, máquinas); produção
propriamente dita (produtores familiares ou empresariais); armazenamento
(cooperativas e armazéns públicos ou privados); processamento (o
primário abrange indústria de rações animais, de produção de amido, fubás
e flocos de milho; o secundário, outros produtos finais, cereais, misturas
para bolos); distribuição (para atacado e varejo, externo e interno);
consumo (da propriedade rural até a indústria química); ambiente
institucional (legislação e mecanismos governamentais de
comercialização); ambiente organizacional (órgãos ligados à assistência
técnica, crédito e pesquisa) (LEÃO, 2014).
O Brasil é o terceiro produtor mundial de milho, perdendo apenas
para Estados Unidos e China. Completam o grupo dos seis maiores,
Argentina, Ucrânia e México, concentrando 79% (799 milhões de
toneladas) da produção de milho do planeta, em 2016/2017 (USDA,
2017a). A produção mundial de milho está estimada em 1,04 bilhão de
toneladas (-2,9% em relação à safra passada), enquanto o consumo, em
1,07 bilhão (+0,4%) (USDA, 2017b). A produção nacional prevista para a
atual safra (2017/2018) é de 92,2 milhões de toneladas, redução de 5,7%
em relação à safra anterior (ou 5,6 milhões de toneladas), numa área total
de 17 milhões de hectares, 3% inferior à da safra 2016/2017 (-528 mil
hectares) (CONAB, 2017b).
O Centro-Oeste é o maior produtor, entre as regiões, com previsão
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de 47,8 milhões de toneladas na safra 2017/2018; o Sul deve contribuir
com 23,8 milhões de toneladas, o Sudeste com 11,6 milhões e o Nordeste
com 6,4 milhões. Na série observada (2009-2017), há crescimento no
Brasil (65%) e em todas as regiões (entre 4% e 183%). A última safra
para a atual (2017/2018), a tendência é de redução no País (-5,7%) e em
todas as regiões (entre -2% e -12%), em parte porque a safra anterior
contou com condições meteorológicas muito boas, que possibilitaram safra
recorde em muitas culturas de grãos (CONAB, 2017b).
O Mato Grosso é o maior estado produtor (previsão de 28 milhões de
toneladas), seguido do Paraná (16,2 milhões), Mato Grosso do Sul (9,8
milhões) e Goiás (9,5 milhões). Esses estados deverão ter redução da
produção entre 1% e 9%, só havendo maiores aumentos entre estados
com pouca expressão na cultura, a exceção do Maranhão (1,4%) e Bahia
(5,8%), nono e décimo produtores nacionais, respectivamente (CONAB,
2017b). O Brasil deverá ter área de milho -3% menor que na safra
2016/2017 (17,6 para 17 milhões de hectares), fato que se repete em
todas as regiões (variando entre -8% e 0,5%).
A grande produção na safra anterior fez com que as cotações
caíssem, e os produtores ajustassem a área, considerando também as
pretensões de plantio da soja, que geralmente alcança melhores preços.
Com produção e área menores, a produtividade brasileira de milho deverá
cair 2,8% (de 5.562 kg/ha para 5.405 kg/ha), assim como todas as
regiões, que devem perder entre -0,2% e -5,2% da safra anterior para a
de 2017/2018. A maior queda prevista é para o Nordeste (-5,2%), de
2.567 kg/ha para 2.433 kg/ha, o menor índice regional. A produtividade
mais elevada encontra-se na região Sul, com previsão de 6.274 kg/ha,
4,7% menor que a da safra anterior, que tem também o estado de maior
produtividade no País, Santa Catarina, com 7.414 kg/ha (-9,1% em relação
à safra passada) (CONAB, 2017b).
O destaque do Nordeste na produção de milho está no cerrado
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(Maranhão, Bahia e Piauí), encampado na região do Matopiba, além de
algumas microrregiões que cultivam o milho em regime intensivo, como
Sergipe, que, apesar de não possuir área de cerrado, tem a segunda maior
previsão de produtividade da Região, de 3.467 kg/ ha. A produção de
Sergipe é amparada por assistência técnica governamental eficiente e
outros investimentos em infraestrutura, encarada como atividade
econômica rentável, independentemente do porte do agricultor, e é a
atividade que ocupa a maior área do Estado, 46,09% (175,14 mil
hectares), segundo dados da Produção Agrícola Municipal (IBGE, 2017).
O consumo animal representa 52% da demanda do milho atual,
enquanto o consumo humano, menos de 2% (ABIMILHO, 2017b). O milho
está presente em até 90% da composição da ração utilizada na
suinocultura e na avicultura industriais. A produção brasileira de milho é
bastante pulverizada, com 88% das propriedades produtoras sendo
familiares, segundo censo do IBGE de 2006, geralmente usando tecnologias
tradicionais e produzindo também para o autoconsumo, sendo muito
importante no âmbito social.
Por outro lado, o cerrado nordestino (Bahia, Maranhão e Piauí) produz
88% do total do Nordeste e 6% da produção nacional, apoiado por
sistemas de produção de alta tecnologia. O cerrado nordestino é o principal
fornecedor de milho para os produtores de aves do Nordeste (Bahia,
Pernambuco e Ceará) (OLIVEIRA et al., 2008). No caso da Bahia, a
proximidade com a região produtora de grãos e o clima tem mudado a
geografia da produção de aves no Estado, em especial o município de
Barreiras, extremo oeste baiano, que nos últimos vinte anos (1995-2015)
aumentou a produção de aves e de ovos.
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Figura 1 – Mapa da produção agrícola – Milho primeira safra
Fig.: 2 – produção de milho
BOTÂNICA DO MILHO
A semente da planta de milho após lançada ao solo, havendo
condições favoráveis de unidade e temperatura, germina após 5 ou 6 dias.
A semente do milho é um tipo especial de fruto, botanicamente classificado
como cariopse, apresentando basicamente as seguintes partes:
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O pericarpo é a camada mais externa, fina resistente, constituindo a
parede externa da semente. O endosperma é a parte mais volumosa da
semente, é envolvida pelo pericarpo e constituída de substâncias de
reserva principalmente o amido e outros carboidratos. A parte mais externa
do endosperma e em contato com o pericarpo denomina-se camada de
aleurona, rica em proteínas e enzimas, que desempenham papel
importante no processo de germinação. O embrião e a planta em
miniatura, possuindo os primórdios de todos os órgãos da planta
desenvolvida, ele encontrado ao lado do endosperma.
Com relação ao sistema radicular no início da germinação, a parte do
embrião correspondente à radícula desenvolve-se em uma raiz, rompendo
as camadas externas da semente, aprofunda-se no solo, em sentido
vertical. Logo em seguida surgem as raízes secundárias que se ramificam
intensamente e a raiz primária se desintegra. Posteriormente, há o
aparecimento das raízes adventícias que partindo dos primeiros nós do
colmo orientam-se no sentido de atingir o solo, atingindo–o ramificam
intensamente contribuindo para melhor fixação.
As raízes secundárias e adventícias (fig.3), intensamente ramificadas
num sistema radicular denominado fasciculado, esse sistema raramente
penetram mais que 40 cm no solo e plenamente desenvolvido atinge um
raio de cerca de 50 cm em torno da planta.
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Fig. 3 – estrutura de sustentação do milho
A parte aérea da planta recém germinada apresenta cerca de 15 cm
de altura, o caule se encontra completamente formado, possuindo todas as
folhas, os primórdios da inflorescência feminina que se constituirá na
espiga, localizada na axila das folhas e também primórdios da
inflorescência masculina (flecha ou pendão), situada no ápice do caule.
Desse ponto em diante, o crescimento da planta é resultante do aumento
das células em número e volume.
A parte aérea da planta atinge a altura em torno de 2 metros,
podendo variar em função da variedade ou híbrido, condições climáticas,
fertilidade do solo, etc. Os colmos são eretos, via de regra não ramificado,
apresentando nós e inter-nós também denominados meritalos, de natureza
esponjosa, relativamente rica em açúcares o que lhes confere sabor
adocicado. As folhas dispõem-se alternadamente e inserem-se nos nós. São
constituídas de uma bainha invaginante, pilosa de cor verde clara e limbo-
verde escuro, estreito e de forma lanceolada, possuindo bordos serrilhados
com uma nervura central vigorosa e em forma de canaleta.
Entre a bainha e o existe a lígula que é estreita e de natureza
membranosa. A planta do milho é monoica, isto é, possui os dois sexos na
mesma planta, separados em inflorescências diferentes. As flores
masculinas estão numa panícula terminal, conhecida pelo nome de flecha
ou pendão e as femininas em espigas axilares.
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Inflorescência masculina (pendão)
Inflorescência feminina (espiga)
A panícula, que contém as flores masculinas, é formada por um
central que termina num ramo principal, abaixo do qual partem
lateralmente ramificações secundárias, que podem ramificar-se dando as
terciárias. A região de ligação da panícula com o caule constitui o
pedúnculo. Essa inflorescência pode atingir de 50 a 60 cm de comprimento
possuindo coloração variável podendo ser esverdeada, marrom ou
vermelho escuro.
As flores masculinas dispõem-se ao longo do ramo principal e das
ramificações. Cada flor é constituída de 3 estames protegidos por duas
formações membranosas chamadas lema e palea. Dois desses conjuntos
são protegidos por duas plumas formando uma espigueta. Essas espiguetas
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são inseridas nos ramos das inflorescências em grupo de duas, sendo uma
pedunculada e outra séssil, ou seja, sem pedúnculo. Essas duas flores
amadurecem seus grãos de pólen em períodos diferentes, sendo que a
produção de pólen dura cerca de 8 dias e cada panícula pode produzir até
50 milhões de grãos de pólen.
A inflorescência feminina, ou espiga, é constituída por um eixo ou
ráquis (sabugo) ao longo do qual dispõem-se as reentrâncias ou alvéolos.
Nesses alvéolos, desenvolvem-se as espiguetas aos pares como na
inflorescência masculina. Cada espigueta é formada por duas flores, sendo
uma fértil e outra estéril. Cada flor é coberta por duas glumelas e o
conjunto de duas flores é recoberto por um par de glumas. Cada flor
feminina é constituída de um ovário unilocular, ou seja, com uma única loja
no interior da qual existe um único óvulo. Saindo do ovário desenvolve-se o
estilo-estigma bífido, dividido em dois na sua extremidade livre. O conjunto
de estilo-estigma é que vem a constituir o cabelo, barba ou boneca do
milho. A espiga externamente é protegida pelas palhas.
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A polinização consiste na transferência do grão de pólen da antera da
flor masculina ao estigma das flores femininas. A planta de milho, pela sua
organização morfológica, impede que haja autofecundação, ou seja, a
polinização de uma espiga por grãos de pólen da mesma planta. O grão de
pólen de uma planta, normalmente através de agentes naturais
principalmente correntes aéreas, atinge a barba da espiga de outras
plantas. Ocorre normalmente apenas cerca de 2% de autofecundação,
razão pela qual se diz que o milho é tipicamente uma planta de polinização
cruzada.
Para que haja polinização, há necessidade que as flechas estejam
soltando pólen e a receptividade das barbas seja coincidente com essa
soltura de pólen. Normalmente as barbas ficam receptivas por vários dias,
assim como a flecha também solta pólen por vários dias. Essa situação
garante a polinização de todas as espigas e se algum fator estranho
ocorrer, pode haver queda da produção devido a uma polinização
deficiente.
Uma vez processada a polinização, ocorre à fecundação propriamente
dita, que é um fenômeno complexo, resultando a formação do fruto
comumente denominado grão.
Vamos exercitar!
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1 - FUNDEP - IFSP - Agronomia - 2014
Na cultura do milho, o grão de pólen germina logo após entrar em
contato com o estigma, dando início ao desenvolvimento do tubo polínico.
Sobre as condições climáticas que favorecem o desenvolvimento do tubo
polínico, assinale a alternativa CORRETA.
a) Alta umidade e/ou baixa temperatura.
b) Baixa umidade e/ou baixa temperatura.
c) Alta umidade e/ou alta temperatura.
d) baixa umidade e/ou alta temperatura.
SOLUÇÃO
Tempo seco na época do florescimento é prejudicial porque o cabelo
da boneca do milho seca e pode não conter umidade suficiente para
suportar a germinação do pólen e o crescimento do tubo polínico até o
ovário. Dois dias de estresse hídrico no florescimento diminuem o
rendimento em mais de 20%. Durante a floração, 4 a 8 dias de seca
diminuem a produção em mais de 50%. O efeito do estresse hídrico sobre
o crescimento da planta será diretamente no alongamento celular,
enquanto a divisão celular não é tão afetada. Isso equivale dizer que a
planta, mesmo sob condições de falta de água, continua sua divisão
celular, porém o alongamento é reduzido ou até paralisado, dependendo da
duração e da intensidade do estresse. Submetida a déficit hídrico, as
plantas fecham estômatos, eliminam mecanismo de resfriamento e
aumentam a temperatura da folha, afetando a respiração. Com isso, vai
haver maior consumo de reservas, o que vai reduzir não só o crescimento
como a produção de matéria seca de uma maneira geral. A redução na
fotossíntese se dá por: fechamento estomático e diminuição da área foliar.
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Plantas em condições de estresse hídrico passam mais tempo respirando do
que fotossintetizando. Água é de fundamental importância, porém sua falta
é o fator mais inibidor da produção, após a luz: se não tem água, não tem
fotossíntese.
Com relação a temperatura, considerando as fases da emergência à
polinização, a elevação da temperatura acelera o pendoamento, enquanto
na polinização o efeito da temperatura (acima de 30 °C) vai reduzir a
viabilidade do pólen. Da polinização à maturidade fisiológica, a elevação de
temperatura vai provocar o encurtamento da fase de enchimento de grãos,
com consequente menor taxa de acúmulo de matéria seca nos grãos e
menor teor de proteína. Com a redução da temperatura abaixo de 12 °C,
vai haver redução da germinação, e o desenvolvimento será reduzido da
emergência ao pendoamento, uma vez que o metabolismo diminui com a
baixa da temperatura. Após a maturação fisiológica, o metabolismo vai
continuar lento, com baixa perda de umidade nos grãos e
comprometimento na qualidade de grãos.
Assim, o desenvolvimento das sementes pode ser afetado por fatores
ambientais tais como temperatura do ar e umidade do solo. O estresse
hídrico, durante o enchimento da semente, afeta a deposição de amido nas
células do endosperma, de maneira semelhante ao efeito de altas
temperaturas sobre a conversão de sacarose em amido, que ocorre no
interior das células do endosperma. Por outro lado, altas temperaturas
reduzem o tempo em que a semente deveria estar em enchimento.
RESPOSTA A
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ECOFISIOLOGIA DA CULTURA DO MILHO
A fenologia das plantas tem diversas aplicações importantes no
campo da agricultura, definida como o ramo da Ecologia que estuda os
fenômenos periódicos dos seres vivos e suas relações com o ambiente
(BERGAMASCHI, 2007). Em razão de suas múltiplas aplicações, pode-se
dizer que a fenologia das plantas é fundamental em todo o grande espectro
da Biologia, tanto vegetal como animal.
Na Agrometeorologia a fenologia das plantas é indispensável sob
vários aspectos. Ela é indispensável em estudos e aplicações que envolvem
as interações clima-planta, como zoneamentos agroclimáticos, calendários
de semeadura e plantio, modelagem de cultivos, monitoramento de safras,
avaliação de riscos climáticos, cultivos protegidos, irrigação, entre outras. A
fenologia das culturas é fundamental na avaliação de impactos da
variabilidade climática em escala espaço-temporal ou de futuros cenários, à
luz das relações clima-planta.
A caracterização dos eventos fenológicos permite identificar todo
desenvolvimento das plantas, a fim de estabelecer relações com as
condições do ambiente em particular o clima, sob diferentes ambientes
(anos, épocas ou locais). Sendo possível assim, avaliar e descrever com
precisão o impacto de eventuais fenômenos adversos. A caracterização das
necessidades e sensibilidades das espécies também necessita descrever
suas etapas fenológicas. A determinação de períodos críticos é um aspecto
particular na definição das necessidades e sensibilidades das espécies,
visando reduzir danos por eventos climáticos extremos. Classificar
genótipos segundo sua precocidade também é fundamental e requer
precisão na descrição fenológica.
Com a duração do ciclo e seus períodos críticos é possível planejar a
implantação e o manejo das espécies, para diluir prejuízos por estresses
climáticos e racionalizar atividades de condução das lavouras. A elaboração
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e a utilização adequada de zoneamentos é outra importante aplicação da
fenologia, visando adequar as necessidades das plantas às disponibilidades
do ambiente. Por fim, a escolha de genótipos, épocas e locais para cultivo e
o manejo das espécies também exigem detalhes de fenologia, pois suas
demandas variam durante o ciclo. Isto tudo permite o uso mais racional
dos recursos naturais, da mão-de-obra e insumos (BERGAMASCHI, 2007).
ESCALAS FENOLÓGICAS PARA MILHO
Escala de Hanway (1963)
Durante as últimas décadas do Século XX, a escala fenológica
descrita por Hanway (1963, 1966) foi a mais utilizada em todo o mundo.
Ela consta de uma sequência de estádios numerados em ordem crescentes,
da emergência das plântulas à maturação fisiológica dos grãos. Sua clareza
e simplicidade tornaram esta escala amplamente conhecida e adotada,
internacionalmente.
No Brasil, Fancelli (1986) fez adaptações à clássica escala de Hanway
(1963, 1966); e Nel e Smith (1976). Foi acrescentada a duração média dos
intervalos entre os estádios da cultura, considerando uma ampla faixa de
genótipos e climas brasileiros. A representação gráfica de cada estádio
também deu mais clareza e praticidade ao uso da escala, para caracterizar
com mais precisão a fenologia do milho no campo. A fig. 4, apresenta a
adaptação feita por Fancelli (1986) à fenologia do milho, baseada na escala
de Hanway (1963).
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Quadro 1 – Escala fenológica do milho segundo Hanway (1963), adaptada por
Fancelli (1986).
Escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993)
Ao final do Século XX, a escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993)
passou a ser adotada na descrição da fenologia do milho. Ela manteve
grande parte dos critérios da escala de Hanway (1963), sobretudo nos
estádios reprodutivos. Porém, os estádios vegetativos passaram a ter maior
detalhamento. A cada nova folha totalmente expandida corresponde um
estádio vegetativo. Os símbolos que representam os estádios vegetativos
são formados pela letra V e um algarismo que corresponde ao número de
folhas totalmente expandidas. Os estádios reprodutivos passaram a ter
símbolos formados pela letra R e um algarismo correspondente à sequência
dos mesmos estádios da escala de Hanway (1963). A tabele 2 apresenta a
escala fenológica de Ritchie, Hanway e Benson (1993).
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Quadro 2 – Estádios fenológicos de uma planta de milho, pela escala de Ritchie,
Hanway e Benson (1993).
Ecofisiologia e Fenologia
O milho, sendo uma planta de origem tropical, exige, durante o seu
ciclo vegetativo, calor e umidade para se desenvolver e produzir
satisfatoriamente, proporcionando rendimentos compensadores.
Os processos da fotossíntese, respiração, transpiração e evaporação,
são funções diretas da energia disponível no ambiente, comumente
designada por calor; ao passo, que o crescimento, desenvolvimento e
translocação de fotoassimilados encontram-se ligados à disponibilidade
hídrica do solo, sendo que seus efeitos são mais pronunciados em
condições de altas temperaturas onde a taxa de evapotranspiração é
elevada. Independentemente da tecnologia aplicada, o período de tempo e
as condições climáticas em que a cultura é submetida constituem-se em
preponderantes fatores de produção. Dentre os elementos do clima
conhecidos para se avaliar a viabilidade e a estação para a implantação das
mais diversas atividades agrícolas, a temperatura e a precipitação pluvial
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são os mais estudados.
Para a cultura do milho, muito se tem estudado sob o ponto de vista
de suas exigências climáticas, sempre objetivando o aumento do
rendimento agrícola. Assim, algumas condições ideais para o
desenvolvimento desse cereal podem ser apontadas:
(A) por ocasião da semeadura, o solo deve apresentar-se com temperatura
superior a 10oC, aliado à umidade próxima à capacidade de campo,
possibilitando o desencadeamento dos processos de emergência;
(B) durante o crescimento e desenvolvimento das plantas, a temperatura
do ar deverá girar em torno de 25oC e encontrar-se associada à adequada
disponibilidade de água no solo e abundância de luz;
(C) temperatura e luminosidade favoráveis, elevada disponibilidade de
água no solo e umidade relativa do ar, superior a 70%, são requerimentos
básicos durante a floração e enchimento dos grãos
(D) ocorrência de período predominantemente seco por ocasião da colheita.
Temperaturas do solo inferiores a 10°C e superiores a 42° C prejudicam
sensivelmente a germinação, ao passo que, aquelas situadas entre 25 e
30°C propiciam as melhores condições para o desencadeamento dos
processos de germinação das sementes e emergência das plântulas. Por
ocasião do período de florescimento e maturação, temperaturas médias
diárias superiores a 26°C podem promover a aceleração dessas fases, da
mesma forma que temperaturas inferiores a 15,5º C podem prontamente
retardá-las.
Com relação à luz, a cultura do milho responde com altos
rendimentos a crescentes intensidades luminosas, em virtude de pertencer
ao grupo de plantas “C4”, o que lhe confere alta produtividade biológica. O
milho é, originalmente, uma planta de dias curtos, embora os limites
dessas horas de luz não sejam idênticos e nem bem definidos para os
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diferentes cultivares. Com a redução de 30 a 40% da intensidade luminosa,
ocorrerá um atraso na maturação dos grãos, principalmente em cultivares
tardios, que mostram-se mais sensíveis à carência de luz.
A incidência de ventos no milharal pode aumentar a demanda de
água por parte da planta, tornando-a mais suscetível aos períodos curtos
de estiagem, além de promover o acamamento da cultura. Da mesma
forma, ventos frios ou quentes podem ocasionar falhas na polinização,
constituindo-se, frequentemente, em importante fator limitante na
produção de milho de algumas regiões.
Plantas de milho apresentando de quatro a 10 folhas, quando
submetidas a ventos, podem ser significativamente prejudicadas quanto ao
crescimento e desenvolvimento. A evidência de folhas apresentando bordas
esbranquiçadas e secas, bem como enrolamento pode ser atribuído à
incidência de ventos. Ainda, plantas instaladas em solos arenosos e sem
cobertura, podem sofrer o efeito abrasivo de partículas deslocadas pela
ação do vento.
Com relação a exigência por água, as fases mais críticas são a de
emergência, florescimento e formação do grão. No período compreendido
entre 15 dias antes e 15 dias após o aparecimento da inflorescência
masculina, o requerimento de um suprimento hídrico satisfatório aliado a
temperaturas adequadas tornam tal período extremamente crítico. A
cultura exige um mínimo de 350-500 mm de precipitação no verão para
que produza a contento, sem a necessidade da utilização da prática de
irrigação. O consumo de água por parte do milho, em um clima quente e
seco, raramente excede 3,0 mm/dia, enquanto a planta estiver com altura
inferior a 30 cm. Todavia, durante o período compreendido entre o
espigamento e a maturação, o consumo pode se elevar para 5,0 a 7,5 mm
diários.
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O milho é uma planta de ciclo vegetativo variado, evidenciando desde
genótipos extremamente precoces, cuja polinização pode ocorrer 30 dias
após a emergência, até mesmo aqueles cujo ciclo vital pode alcançar 300
dias. Contudo, nas condições brasileiras, o ciclo é variável entre 110 e 180
dias, em função da caracterização dos genótipos (superprecoce, precoce e
tardio), período este compreendido entre a semeadura e a colheita. De
forma geral, o ciclo da cultura compreende as seguintes etapas de
desenvolvimento:
a) germinação e emergência: período compreendido desde a semeadura
até o efetivo aparecimento da plântula, o qual em função da
temperatura e umidade do solo pode apresentar de cinco a 12 dias de
duração;
b) crescimento vegetativo: período compreendido entre a emissão da
segunda folha e o início do florescimento. Tal etapa apresenta
extensão variável, sendo este fato comumente empregado para
caracterizar os tipos de cultivares de milho, quanto ao comprimento
do ciclo;
c) florescimento: período compreendido entre o início da polinização e o
início da frutificação, cuja duração raramente ultrapassa 10 dias;
d) frutificação: período compreendido desde a fecundação até o
enchimento completo dos grãos, sendo sua duração estimada entre
40 e 60 dias;
e) maturidade: período compreendido entre o final da frutificação e o
aparecimento da camada negra, sendo este relativamente curto e
indicativo do final do ciclo de vida planta.
Entretanto, para maior facilidade de manejo e estudo, bem como
objetivando a possibilidade do estabelecimento de correlações entre
elementos fisiológicos, climatológicos, fitogenéticos, entomológicos,
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fitopatológicos, e fitotécnicos, como desempenho da planta, o ciclo da
cultura do milho foi dividido em 11 estádios distintos de desenvolvimento:
Estádio 0: da semeadura à emergência;
ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILHO
ESTÁDIOS VEGETATIVOS
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ESTÁDIOS REPRODUTIVOS DO MILHO
As fases reprodutivas iniciam-se no pendoamento e vão até a
maturação fisiológica, estádio onde os grãos apresentam a camada preta
na inserção entre o grão e o sabugo. A camada nada mais é do que um
conjunto de células mortas que impedem a entrada de nutrientes para
dentro dos grãos e marca a fase de perda de água. O estádio de
crescimento de uma lavoura é definido quando, no mínimo, 50% das
plantas estiverem no mesmo estádio. O desenvolvimento de uma cultura é
um processo contínuo e interligado, em que cada uma de suas fases
cumpre papel importante na produtividade final.
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PLANTIO DO MILHO
O plantio de qualquer cultura deve ser bem planejado, pois durará deste
a germinação até a colheita cerca de 120 a 130 dias afetando todas as
operações envolvidas, além de determinar as possibilidades de sucesso ou
insucesso da lavoura. É por ocasião do plantio que se define o espaçamento
entre linhas e a densidade de plantio para garantir uma boa produtividade .
Esta característica não é tão importante em outras culturas com grande
capacidade de perfilhamento, como arroz, trigo, aveia, sorgo e outras
gramíneas, ou de maior habilidade de produção de floradas, como feijão e
soja.
Neste contexto, a escolha e o cuidado com as plantadoras
representam um importante elemento dentro do processo de produção,
uma vez que afetam a distribuição e a localização do adubo, a distribuição
de sementes nas fileiras e a profundidade de plantio, o espaçamento entre
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fileiras, determinando a qualidade do plantio e seu efeito sobre as
operações subsequentes e a produtividade da lavoura. O milho também
desempenha importante papel em sistema de plantio direto, na integração
lavoura-pecuária, possuindo muitas aplicações dentro da propriedade
agrícola, deste a alimentação animal na forma de grãos ou de forragem
verde ou conservada, na alimentação humana ou na geração de receita
mediante a comercialização da produção excedente.
O período de crescimento e desenvolvimento do milho é limitado pela
água, pela temperatura e pela radiação solar, ou luminosidade. A cultura
do milho necessita que alguns índices dos fatores climáticos, especialmente
a temperatura, precipitação pluviométrica e o fotoperíodo, atinjam níveis
ótimos, para que o potencial genético de produção da cultura se expresse
ao máximo. Assim, temperatura possui uma relação complexa com o
desempenho da cultura, uma vez que a condição ótima varia com os
diferentes estádios de crescimento e desenvolvimento da planta.
A temperatura da planta de milho é basicamente a mesma do ambiente
que a envolve. Devido a esse sincronismo, flutuações periódicas influenciam
nos processos metabólicos que ocorrem no interior da planta. Nos momentos
em que a temperatura é mais elevada, o processo metabólico é mais acelerado
e nos períodos mais frios, o metabolismo tende a diminuir. As temperaturas
ideais do solo para a cultura de milho estariam entre 25 e 30 ºC, sendo que
temperaturas do solo inferiores a 10 ºC ou superiores a 40 ºC ocasionam
prejuízo sensível à germinação.
Por ocasião da floração, temperaturas médias superiores a 26 ºC
aceleram o desenvolvimento dessa fase, e as inferiores a 15,5ºC o retardam.
Cada grau acima da temperatura média de 21,1 ºC nos primeiros 60 dias
após a semeadura pode acelerar o florescimento entre dois e três dias.
Quando a temperatura é superior a 35 ºC ocorre diminuição da atividade
da enzima redutase do nitrato, podendo alterar o rendimento e a
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composição protéica dos grãos.
Durante a polinização, temperaturas acima de 33 ºC reduzem
sensivelmente a germinação do grão de pólen. Verões com temperatura
média diária inferior a 19 ºC, e noites com temperatura média inferior a
12,8 ºC não são recomendados para a produção de milho. Por outro lado,
temperaturas noturnas superiores a 24 ºC proporcionam um aumento da
respiração, ocasionando uma diminuição da taxa de fotossimilados e uma
consequente redução da produção, além de provocar senescência precoce
das folhas. Temperaturas inferiores a 15ºC retardam a maturação dos
grãos.
A planta de milho precisa acumular quantidades distintas de energia
ou simplesmente unidades calóricas (U.C.) necessárias a cada etapa de
crescimento e desenvolvimento. A unidade calórica é obtida através da
soma térmica necessária para cada etapa do ciclo da planta, desde o
plantio até o florescimento masculino. O somatório térmico é calculado
através das temperaturas máximas e mínimas diárias, sendo 30ºC e 10ºC,
respectivamente, as temperaturas referenciais para o cálculo.
Com relação ao ciclo, as cultivares são classificadas pelas empresas
produtoras de sementes em normais ou tardias, semiprecoces, precoces e
superprecoces. As cultivares normais apresentam exigências térmicas
correspondentes a 890-1200 graus-dia (G.D.), as precoces, de 831 a 890,
e as superprecoces, de 780 a 830 G.D. Essas exigências calóricas se
referem ao cumprimento das fases fenológicas compreendidas entre a
emergência e o início da polinização.
De acordo com o Zoneamento Agrícola para a cultura de milho, as
cultivares eram classificadas, em função do ciclo, em três grupos:
Grupo I - necessita até 780 U.C. (precoce).
Grupo II - necessita entre 780 e 860 U.C. (ciclo médio).
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Grupo III - necessita mais que 860 U.C. (ciclo tardio).
A partir da safra 2009/10, para efeito de simulação, o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento classifica as cultivares em três
grupos de características homogêneas: Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n
= 110 dias e = 145 dias); e Grupo III (n > 145 dias), onde “n” expressa o
número de dias da emergência à maturação fisiológica.
Outro fator de grande importância e a altitude que tem um efeito direto
na temperatura, tanto diurno como noturna, afetando tanto a fotossíntese
como a respiração. Para as condições brasileiras, o milho plantado em maiores
altitudes apresenta maior número de dias para atingir o pendoamento,
aumentando o ciclo e apresentando maior rendimento de grãos. Aumentando o
período de enchimento de grãos, consequentemente aumentará a
produtividade, em temperaturas máximas menores e mais próximas da
temperatura ótima.
E menores temperaturas noturnas reduzem a taxa de respiração, o que
resultará na redução do ponto de compensação sendo esse o ponto em que a
fotossíntese e a respiração são idênticas, o que também implica no aumento
da produtividade. Uma análise sobre avaliação de cultivares em diferentes
regiões do Brasil mostrou que os ensaios plantados em regiões com altitude
superior a 700 m apresentaram maior rendimento (7.429 kg/ha) e
florescimento masculino de 65 dias, comparados com os ensaios plantados em
altitudes abaixo de 700 m, que apresentaram rendimento de 6.473 kg/ha e
florescimento masculino de 65 dias.
A umidade do solo também influência na cultura do milho que muito
exigente em água. Entretanto, pode ser cultivado em regiões onde as
precipitações vão desde 250 mm até 5.000 mm anuais, sendo que a
quantidade de água consumida pela planta, durante seu ciclo, está em torno
de 600 mm. O consumo de água pela planta, nos estádios iniciais de
crescimento, num clima quente e seco, raramente excede 2,5 mm/dia.
Durante o período compreendido entre o espigamento e a maturação, o
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consumo pode se elevar para 5 a 7,5 mm diários. Mas se a temperatura
estiver muito elevada e a umidade do ar, muito baixa, o consumo poderá
chegar até 10 mm/dia.
A ocorrência de déficit hídrico na cultura do milho pode ocasionar
danos em todas as fases. Na fase do crescimento vegetativo, o dano se
verifica pelo menor elongamento celular e pela redução da massa
vegetativa, com diminuição na taxa fotossintética. Após o déficit hídrico, a
produção de grãos também é afetada diretamente, pois com menor massa
vegetativa a planta possui menor capacidade fotossintética.
Na fase do florescimento, a ocorrência de dessecação dos estilos-
estigmas aumentando o grau de protandria, abortos dos sacos
embrionários, de distúrbios na meiose, e aborto das espiguetas e de morte
dos grãos de pólen resultando em redução no rendimento. O déficit hídrico
na fase de enchimento de grãos afetará o metabolismo da planta e o
fechamento de estômatos, reduzindo a taxa fotossintética e,
consequentemente, a produção de fotossimilados e sua translocação para
os grãos.
O fotoperíodo e um dos componentes climáticos que afetam a
produtividade do milho, representado pelo número de horas de luz solar, o
qual é um fator climático de variação sazonal, mas que não apresenta
muita variação de ano para ano. O milho é considerado uma planta de dias
curtos, embora algumas cultivares tenham pouca ou nenhuma sensibilidade
às variações do fotoperíodo. Um aumento do fotoperíodo faz com que a
duração da etapa vegetativa aumente e proporcione também um
incremento no número de folhas emergidas durante a diferenciação do
pendão e do número total de folhas produzidas pela planta. Nas condições
brasileiras, o efeito do fotoperíodo na produtividade do milho é
praticamente insignificante.
A radiação solar é de extrema importância para a planta de milho,
sem a qual o processo fotossintético é inibido e a planta é impedida de
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expressar o seu máximo potencial produtivo. Grande parte da matéria seca
do milho, cerca de 90%, provém da fixação de CO2 pelo processo
fotossintético. O milho é uma planta do grupo C4, altamente eficiente na
utilização da luz. Uma redução de 30% a 40% da intensidade luminosa, por
períodos longos, atrasa a maturação dos grãos ou pode ocasionar até
mesmo queda na produção.
A época de semeadura embora não tenha custo adicional, o plantio
de milho feito na época correta afeta diretamente a produção e a
produtividade da lavoura e, consequentemente, o lucro do agricultor. O
atraso no plantio dificulta também diversas operações agrícolas, como o
controle de pragas e plantas daninhas, além de aumentar a ocorrência e a
severidade de doenças, e é apontado como um dos principais fatores
responsáveis pela baixa produtividade, principalmente do pequeno e médio
produtor.
O período de crescimento e desenvolvimento é afetado pela umidade
do solo, pela temperatura, pela radiação solar e pelo fotoperíodo. A época
de plantio é em função destes fatores, cujos limites extremos são variáveis
em cada região agroclimática. A época de semeadura mais adequada é
aquela que faz coincidir o período de floração com os dias mais longos do
ano, e a etapa de enchimento de grãos com o período de temperaturas
mais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar. Isto, considerando
satisfeitas as necessidades de água pela planta. Nas condições tropicais,
devido a menor variação da temperatura e do comprimento do dia, a
distribuição de chuvas é que, geralmente, determina a melhor época de
semeadura.
No sul do Brasil, o milho, geralmente, é plantado de agosto a
setembro e à medida que se caminha para os estados do Centro-Oeste e
do Sudeste, a época de semeadura na safra varia de outubro a novembro.
A época de semeadura afeta várias características da planta, ocorrendo um
decréscimo mais acentuado no número de espigas por planta e no
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rendimento de grãos. O atraso na semeadura pode resultar em perdas que
podem ser superiores a 60 kg/ha/dia. Essa tendência pode ser revertida se
não houver déficit hídrico e ocorrer uma redução na temperatura do ar, nos
meses de fevereiro - março.
Na região Sudeste, as épocas de plantio das lavouras de milho de alta
produtividade concentram-se nos meses de outubro e novembro, chegando
a cerca de 80% das lavouras com produtividade acima de 8.000 kg ha-1. O
mesmo ocorre nos estados da região Centro-Oeste, onde as melhores
lavouras de milho são plantadas, principalmente, nos meses de outubro e
novembro. Para os estados da região Nordeste, para as lavouras de alta
produtividade na Bahia e no Piauí, principalmente, à época de plantio
concentra-se no final do mês de novembro e principalmente no mês de
dezembro. Assim, podemos concluir que a análise dos levantamentos das
diferenças edafoclimáticas de cada região influenciam muito na tomada de
decisão da época de plantio da cultura de milho, na safra normal.
Por ser plantado no final da época recomendada, o milho safrinha tem
sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes
limitações de radiação solar e temperatura na fase final de seu ciclo. Além
disso, como o milho safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data
de plantio depende da época do plantio dessa cultura e de seu ciclo. Assim, o
planejamento do milho safrinha começa com a cultura do verão, visando
liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor
será o potencial e maior o risco de perdas por seca e/ou geadas.
A profundidade da semeadura e outra variável que está condicionada
aos fatores temperatura do solo, umidade e tipo de solo. A semente deve ser
colocada em uma profundidade que possibilite um bom contato com a umidade
do solo. Entretanto, a maior ou menor profundidade de semeadura vai
depender do tipo de solo. Naqueles mais pesados (argilosos), com drenagem
deficiente ou com fatores que dificultam o alongamento do mesocótilo,
dificultando a emergência de plântulas, as sementes devem ser colocadas
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entre 3 e 5 cm de profundidade. Em solos mais leves ou arenosos, as
sementes podem ser colocadas mais profundas, entre 5 e 7 cm de
profundidade, para se beneficiarem do maior teor de umidade do solo.
No Sistema Plantio Direto, onde há sempre um acúmulo de resíduos
na superfície do solo, especialmente em regiões mais frias, a cobertura
morta pode retardar a emergência, reduzir o estande e, em alguns casos,
pode até causar queda no rendimento de grãos da lavoura, dependendo da
profundidade em que a semente foi colocada.
Contrário a uma crença popular, a profundidade de semeadura tem
influência mínima na profundidade do sistema radicular definitivo, que se
estabelece logo abaixo da superfície do solo. A densidade de plantio, ou
estande, é definida como o número de plantas por unidade de área, tem papel
importante no rendimento de uma lavoura de milho, uma vez que pequenas
variações na densidade têm grande influência no rendimento final da cultura.
O milho é a gramínea mais sensível variação na densidade de plantas. Para
cada sistema de produção, existe uma população que maximiza o
rendimento de grãos.
A população recomendada para maximizar o rendimento de grãos de
milho varia de 40.000 a 80.000 plantas.ha-1
, dependendo da
disponibilidade hídrica, da fertilidade do solo, dá cultivar, da época de
semeadura e do espaçamento entre linhas. Vários pesquisadores
consideram o próprio genótipo como principal determinante da densidade
de plantas. O aumento da densidade de plantas até determinado limite é
uma técnica usada com a finalidade de elevar o rendimento de grãos da
cultura do milho. Porém, o número ideal de plantas por hectare é variável,
uma vez que a planta de milho altera o rendimento de grãos de acordo com
o grau de competição intraespecífica proporcionado pelas diferentes
densidades de planta.
O rendimento de uma lavoura aumenta com a elevação da densidade de
plantio, até atingir uma densidade ótima, que é determinada pela cultivar e
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por condições externas resultantes de condições edafoclimáticas do local e do
manejo da lavoura. A partir da densidade ótima, quando o rendimento é
máximo, aumento na densidade resultará em decréscimo progressivo na
produtividade da lavoura. A densidade ótima é, portanto, variável para cada
situação e, basicamente, depende de três condições: cultivar, disponibilidade
hídrica e do nível de fertilidade de solo. Qualquer alteração nesses fatores,
direta ou indiretamente, afetará a densidade ótima de plantio.
Além do rendimento de grãos, o aumento da densidade de plantio
também afeta outras características da planta. Dentre essas características,
temos a redução no número de espigas por planta (índice de espigas) e o peso
médio da espiga, o diâmetro do colmo é reduzido e há maior susceptibilidade
ao acamamento e ao quebramento, pode haver um aumento na ocorrência
de doenças, especialmente as podridões de colmo.
Esses aspectos podem determinar o aumento de perdas na colheita,
principalmente quando mecanizada. Desta forma, às vezes deixamos de
recomendar densidades maiores, embora em condições experimentais
apresentem maiores rendimentos, não são aconselhadas em lavouras
colhidas mecanicamente.
A densidade de plantio e a distribuição de sementes são também
afetadas pela velocidade de plantio. Assim, para plantadeiras a disco
recomenda-se velocidades não superiores a 5 Km/h. Plantadeiras a dedo ou
a vácuo podem realizar operações de semeadura com velocidade de até 10
Km/h, desde que as condições de topografia do terreno, umidade e textura
do solo permitiam a operação nesta velocidade. De um modo geral, não se
recomenda a semeadura em velocidades superiores a 7 Km/h quando se
utilizar essas plantadeiras. Devemos fazer um teste antes da semeadura,
operando a plantadeira em diferentes velocidades para, então se escolher a
melhor opção, tendo em vista principalmente a uniformidade da
profundidade das sementes.
A velocidade acima do recomendado aumenta o número de falhas e
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duplas e prejudicam a uniformidade da profundidade das sementes. Esses dois
fatores reduzem a população de plantas e aumentam o número de plantas
dominadas. Em termos genéricos, observamos que cultivares precoces, as
de ciclo mais curto exigem maior densidade de plantio em relação a
cultivares tardias, para expressarem seu máximo rendimento.
As cultivares mais precoces, geralmente, possuem plantas de menor
altura e menor massa vegetativa. Essas características morfológicas
determinam um menor sombreamento dentro da cultura, possibilitando,
com isto, menor espaçamento entre plantas, para melhor aproveitamento
de luz. Mesmo dentre os grupos de cultivares (precoces ou tardios), há
diferenças quanto à densidade ótima de plantio.
As faixas de densidades mais frequentemente recomendadas para os
híbridos duplos variam de 50 a 60 mil plantas por ha, havendo casos de
recomendação até de 70 mil plantas por ha. Para os híbridos triplos e
simples, é frequente a densidade de 55 a 70 mil plantas por ha, havendo
casos de recomendação de até 80 mil plantas por ha, principalmente entre
os híbridos simples. Assim, muda-se a idéia tradicional de se utilizar um
saco de sementes para o plantio de um hectare não sendo mais verdadeira,
havendo necessidades de se utilizar 1,2 a 1,4 sacos de sementes (com
60.000 sementes) para o plantio de um hectare.
Atualmente, a redução no espaçamento entre linhas e o aumento da
densidade de plantio é uma realidade na cultura de milho, encontramos no
mercado plataformas adaptáveis às colhedoras com espaçamentos de até
0,45 m. Na ocasião do plantio e posterior colheita a densidade adequada e
uniforme de plantas deverá tomar uma série de cuidados, entre eles:
I. utilizar sementes de alta qualidade em termos de poder germinativo
e vigor;
II. realizar o plantio com máquinas e equipamentos de maior qualidade
e precisão que, aliados a uma mão de obra melhor qualificada,
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possibilitará um plantio cada vez mais uniforme, minimizando a
ocorrência de falhas, de duas sementes juntas (duplas) e de plantas
dominadas;
III. fazer o tratamento de sementes e se for necessário, fazer aplicação
de fungicidas, especialmente em regiões mais frias onde o processo
de germinação e emergência é retardado;
IV. plantar na época certa e quando o solo tiver com teor de umidade
adequado promovendo a melhoria das condições químicas, físicas e
biológicas do solo, facilitando o desenvolvimento e sobrevivência das
plântulas.
Figura 5. Erros no estabelecimento de uma lavoura de milho
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DOENÇAS
Nos últimos anos, principalmente a partir do final de década de 90, as
doenças têm se tornado uma grande preocupação por parte de técnicos e
produtores envolvidos no agronegócio do milho. Assim, podemos destacar
a severa epidemia de cercosporiose ocorrida na região Sudoeste do Estado
de Goiás no ano de 2000, na qual foram registradas perdas superiores a
80% na produtividade.
A evolução das doenças do milho está estreitamente relacionada à
evolução do sistema de produção da cultura como exemplo a expansão da
fronteira agrícola, a ampliação das épocas de plantio (safra e safrinha), a
adoção do sistema de plantio direto, o aumento do uso de sistemas de
irrigação, a ausência de rotação de cultura e o uso de materiais suscetíveis
têm promovido modificações importantes na dinâmica populacional dos
patógenos, resultando no surgimento, a cada safra, de novos problemas
para a cultura relacionados à ocorrência de doenças.
Dentre as doenças que atacam a cultura do milho no Brasil, merecem
destaque a mancha branca, a cercosporiose, a ferrugem polissora, a
ferrugem tropical, os enfezamentos vermelho e pálido, as podridões de
colmo e os grãos ardidos. Além destas, nos últimos anos algumas doenças
como a antracnose foliar e a mancha foliar de Diplodia, consideradas de
menor importância, têm promovido elevada severidade em algumas
regiões produtoras. No entanto, algumas das doenças são de ocorrência
mais generalizada nas principais regiões de plantio, como é o caso da
mancha branca. As principais medidas recomendadas para o manejo de
doenças na cultura do milho são:
utilizar cultivares resistentes;
realizar o plantio em época adequada, de modo a evitar que os
períodos críticos para a cultura coincidam com condições ambientais
mais favoráveis ao desenvolvimento da doença;
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utilizar sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas;
utilizar rotação com culturas não suscetíveis;
rotação de cultivares;
manejo adequado da lavoura – adubação equilibrada (N e K),
população de plantas adequada, controle de pragas e de invasoras e
colheita na época correta.
Essas medidas, reduzem o potencial de inóculo dos patógenos
presentes na lavoura, contribuem para uma maior durabilidade e
estabilidade da resistência genética presentes nas cultivares comerciais. A
mais atrativa estratégia de manejo de doenças é a utilização de cultivares
geneticamente resistentes, não exigindo nenhum custo adicional ao
produtor, não causando nenhum tipo de impacto negativo ao meio
ambiente, sendo perfeitamente compatível com outras alternativas de
controle. Agruparemos as doenças do milho de acordo com o órgão da
planta infectado, formando os seguintes grupos: doenças foliares;
podridões de colmo e das raízes; podridões de espigas e de grãos; e
doenças sistêmicas.
DOENÇAS FOLIARES
Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)
A doença foi observada inicialmente no Sudoeste do Estado de Goiás
em Rio Verde, Montividiu, Jataí e Santa Helena, no ano de 2000.
Atualmente a doença está presente em praticamente todas as áreas de
plantio de milho no Centro Sul do Brasil. A doença ocorre com alta
severidade em cultivares suscetíveis, podendo as perdas serem superiores
a 80%.
Os sintomas caracterizam-se por manchas de coloração cinza,
predominantemente retangulares, com as lesões desenvolvendo-se
paralelas às nervuras. Com o desenvolvimento dos sintomas da doença,
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pode ocorrer necrose de todo o tecido foliar (Figura 1). Em situações de
ataques mais severos, as plantas tornam-se mais predispostas às infecções
por patógenos no colmo, resultando em maior incidência de acamamento
de plantas.
Figura 1. Cercosporiose do milho (Cercospora zeae-maydis).
A disseminação ocorre através de esporos e de restos de cultura levados
pelo vento e por respingos de chuva. Os restos de cultura são, portanto, fonte de
inóculo local e, também, para outras áreas de plantio. A ocorrência de
temperaturas entre 25º C e 30º C e de umidade relativa do ar superior a 90% são
consideradas condições ótimas para o desenvolvimento da doença.
A principal medida de manejo da cercosporiose é a utilização de cultivares
resistentes. Além disso, recomenda-se evitar a permanência de restos da cultura
de milho em áreas em que a doença ocorreu com alta severidade para reduzir o
inóculo do patógeno; realizar a rotação com culturas não hospedeiras como a
soja, o sorgo, o girassol, o algodão e outras, sendo que o milho é o único
hospedeiro de C. zeae-maydis; realizar adubações de acordo com as
recomendações técnicas para evitar desequilíbrios nutricionais nas plantas,
favoráveis ao desenvolvimento desse patógeno, principalmente a relação
nitrogênio/potássio.
Para que essas medidas sejam eficientes, recomenda-se a sua aplicação
regional (em macrorregiões) para evitar que a doença volte a se manifestar a
partir de inóculo trazido pelo vento de lavouras vizinhas infectadas. Em áreas com
plantio de cultivares suscetíveis e sob condições ambientais favoráveis para a
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ocorrência da doença, o controle químico deve ser avaliado como uma opção para
o manejo da doença.
Mancha branca (etiologia indefinida)
A mancha branca é considerada, atualmente, uma das principais doenças da
cultura do milho no Brasil, estando presente em praticamente todas as regiões de
plantio de milho no Brasil. As perdas na produção podem ser superiores a 60% em
situações de ambiente favorável e de uso de cultivares suscetível.
As lesões da mancha branca são, inicialmente, circulares, aquosa e verde
clara (anasarcas). Posteriormente, passam a necróticas, de cor palha, circulares a
elípticas, com diâmetro variando de 0,3 a 1 cm (Figura 2). Geralmente, são
encontradas dispersas no limbo foliar, mas iniciam-se na ponta da folha
progredindo para a base, podendo coalescer. Em geral, os sintomas aparecem
inicialmente nas folhas inferiores, progredindo rapidamente para as superiores,
sendo mais severos após o pendoamento. Sob condições de ataque severo, os
sintomas da doença podem ser observados também na palha da espiga. Em
condições de campo, os sintomas não ocorrem, normalmente, em plântulas de
milho.
A mancha branca é favorecida por temperaturas noturnas amenas (15 a
20ºC), elevada umidade relativa do ar (>60%) e elevada precipitação. Os plantios
tardios favorecem elevadas severidades da doença devido à ocorrência dessas
condições climáticas durante o florescimento da cultura, fase na qual as plantas
são mais sensíveis ao ataque do patógeno e os sintomas são mais severos.
A principal medida recomendada para o manejo da mancha branca é o uso
de cultivares resistentes sendo encontrado no mercado as cultivares da Embrapa
BRS 1010 e BRS 1035. Outra medida importante para o manejo da enfermidade é
a escolha da época de plantio. Deve-se optar por épocas de semeadura cujas
condições climáticas que favoreçam a doença não coincidam com a fase de
florescimento da cultura. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, os plantios tardios
realizados a partir da segunda quinzena de novembro até o final de dezembro
favorecem a ocorrência da doença em elevadas severidades.
Assim, recomenda-se, sempre que possível, antecipar a época do plantio
para a segunda quinzena de outubro ou o início de novembro. O controle químico
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também é uma medida viável nas situações em que são utilizados cultivares
suscetíveis, em regiões cujas condições climáticas são favoráveis ao
desenvolvimento da doença.
Figura 2. Sintomas da mancha branca do milho.
Ferrugem Polissora (Puccinia polysora Underw.)
No Brasil, foram determinadas perdas superiores a 40% na produção
de milho devido à ocorrência de epidemias de ferrugem polissora. A doença
está distribuída por toda a região Centro-Oeste, pelo Noroeste de Minas
Gerais, por São Paulo e por parte do Paraná. Os sintomas da ferrugem
polissora são caracterizados pela formação de pústulas circulares a ovais,
de coloração marron clara, distribuídas, predominantemente, na face
superior das folhas (Figura 3).
Figura 3. Sintomas da ferrugem polissora no milho (Puccinia polysora Underw).
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A ocorrência da doença é dependente da altitude, ocorrendo com
maior intensidade em altitudes abaixo de 700m, onde predominam
temperatura mais elevadas (25º C a 35º C). A ocorrência de períodos
prolongados de elevada umidade relativa do ar também é um fator
importante para o desenvolvimento da doença. As principais medidas
recomendadas para o manejo da ferrugem polissora compreendem o uso
de cultivares resistentes, a escolha da época e do local de plantio, a
aplicação de fungicidas em situações de elevada pressão de doença e o uso
de cultivares suscetíveis.
Ferrugem Comum (Puccinia sorghi)
No Brasil, a doença tem ampla distribuição com severidade
moderada, tendo maior severidade nos estados da região Sul. A ferrugem
comum caracteriza-se pela formação de pústulas em toda a parte aérea da
planta, mas com maior abundância nas folhas. As pústulas ocorrem em
ambas as superfícies da folha, sendo esta uma das características que a
diferencia da ferrugem polissora, cujas pústulas predominam na superfície
superior da folha. As pústulas da ferrugem comum apresentam formato
circular a alongado e coloração castanho clara a escuro, que se acentua à
medida em que as pústulas amadurecem e se rompem, liberando os
uredósporos, que são os esporos típicos do patógeno. Sob condições
ambientais favoráveis, as pústulas podem coalescer, formando grandes
áreas necróticas nas folhas (Figura 4).
Figura 4. Sintomas da ferrugem comum do milho: pústulas de coloração marrom claro
apresentando halo amarelado (A); coalescência de pústulas apresentando necrose foliar e
bordos arroxeados; detalhe do formato alongado das pústulas (C).
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A ocorrência de prolongados períodos de temperaturas baixas (16 a 23°C),
alta umidade relativa do ar (>90%) e chuvas frequentes favorecem o
desenvolvimento da doença. Os teliósporos produzidos pelo patógeno germinam e
produzem basidiósporos, os quais infectam plantas do gênero oxalis spp. (trevo),
em que o patógeno desenvolve o estágio aecial (fase reprodutiva). Desse modo, a
presença de plantas de trevo na área contribui para a sobrevivência e para a
disseminação do patógeno.
O uso de cultivares resistentes é a principal forma de manejo da ferrugem
comum. A escolha da época e de locais de plantio menos favoráveis ao
desenvolvimento da doença e a eliminação de hospedeiros alternativos também
contribuem para a redução da severidade da doença. A aplicação de fungicidas é
recomendada em situações de elevada pressão de doença e uso de cultivares
suscetíveis, quando a doença surge nos estádios iniciais de desenvolvimento da
cultura.
Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca (Physopella zeae)
No Brasil, a ferrugem tropical encontra-se distribuída nas regiões Centro-
Oeste e Sudeste (Norte de São Paulo). A doença é mais severa em plantios
contínuos de milho, principalmente em áreas irrigadas. A ferrugem branca
caracteriza-se pela formação de pústulas de formato arredondado a oval, em
pequenos grupos, de coloração esbranquiçada a amarelada, na superfície superior
da folha e recoberta pela epiderme. Uma borda de coloração escura pode envolver
o agrupamento de pústulas (Figura 5).
Figura 5. Pústulas de aspecto pulverulento e coloração esbranquiçada
características da ferrugem branca do milho.
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Os uredoóporos são o inóculo primário e secundário, sendo
transportados pelo vento ou em material infectado. Não são conhecidos
hospedeiros intermediários de P. zeae. A doença é favorecida por condições
de alta temperatura (22-34°C), alta umidade relativa e baixas altitudes.
Por ser um patógeno de menor exigência em termos de umidade, a
severidade da doença tende a ser a maior nos plantios de safrinha.
As principais medidas de manejo são: plantio de cultivares
resistentes; escolha da época e do local de plantio; evitar plantios
sucessivos de milho; e aplicação de fungicidas em situação de elevada
pressão de doença. Além disso, recomendam-se a alternância de genótipos
e a interrupção no plantio durante certo período para que ocorra a morte
dos uredósporos.
Helmintosporiose (Exserohilum turcicum)
No Brasil, as maiores severidades desta enfermidade têm ocorrido em
plantios de safrinha. Em situações favoráveis ao desenvolvimento da
doença, as perdas na produção podem chegar a 50%, quando o ataque
começa antes do período de floração. Os sintomas típicos da doença são
lesões necróticas, elípticas, medindo de 2,5 a 15cm de comprimento
(Figura 6). A coloração do tecido necrosado varia de cinza a marrom e, no
interior das lesões, observa-se intensa esporulação do patógeno. As
primeiras lesões aparecem, normalmente, nas folhas mais velhas.
Figura 6. Sintomas da helmintosporiose ( Exserohilum turcicum) em milho.
Foto: Luciano Viana Cota
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O patógeno apresenta boa capacidade de sobrevivência em restos de
cultura. A disseminação ocorre pelo transporte de conídios pelo vento a
longas distâncias. Temperaturas moderadas (18-27°C) são favoráveis à
doença, bem como a ocorrência de longos períodos de molhamento foliar
ou a presença de orvalho. O patógeno tem como hospedeiros o sorgo, o
capim sudão, o sorgo de halepo e o teosinto. No en