CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU ON-LINE EM PROCESSO CIVIL
Procedimentos especiais: monitória, dissolução parcial de sociedade e embargos de terceiro
PROF. MARCOS DESTEFENNI
1. Ação Monitória Introduzida no direito brasileiro
por meio da Lei n. 9.079/95, queacrescentou ao estatuto processualos arts. 1.102-A, 1.102-B e 1.102-C.
Mantida no CPC de 2015: arts.700/702.
A generalização da tutela monitória
SISTEMAS:
MONITÓRIA DOCUMENTAL
MONITÓRIA PURA
• Brasil adotou o procedimentomonitório documental, de origem luso-brasileira (Ordenações Manoelinas – L.III, T. XVI; e Ordenações Filipinas – L. III,T. XXXV).
• Ação de “assinação de dez dias” ou“processo decendiário”
O Contraditório como técnica
processual
Contraditório:
a) Prévio
b) Diferido
c) Eventual ou invertido
2ª Seção do STJ, REsp 1.262.056/SP (REPETITIVO)
... no procedimento monitório há inversão do
contraditório ...
1.1. Conceito e natureza jurídica da ação monitória
Tema controvertido:
Ação de conhecimento, condenatória
Ação mista (mista, cognitiva e executiva).
Processo monitório
Ação sui generis
Tutela de evidência
NCPC, Art. 700. A ação monitória pode serproposta por aquele que afirmar, com baseem prova escrita sem eficácia de títuloexecutivo, ter direito de exigir do devedorcapaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungívelou de bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazerou de não fazer.
1.2. Juízo competente
Em relação à justiça competente, a ação monitória
poderá tramitar tanto na Justiça Especial
(Trabalhista), como na Justiça Comum (Federal ou
Estadual).
Com relação ao foro competente, segue-se a regra
geral, isto é, a ação será proposta no foro do domicílio
do réu, nos termos do art. 46 do CPC/2015.
A possibilidade de pretensão real, referente à entrega
de coisa, pode determinar a incidência do art. 47 do
CPC/2015, se a monitória versar sobre bem imóvel.
1.3. Cabimento
NCPC, Art. 700. A ação monitória pode ser
proposta por aquele que afirmar, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, ter
direito de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de
bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de
não fazer.
SÚMULA 504 DO STJ
O prazo para ajuizamento de ação monitória em
face do emitente de nota promissória sem força
executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao
vencimento do título.
2ª Seção do STJ, REsp 1.262.056/SP (REPETITIVO)
... Não é possível aplicar à ação monitória fundada em título decrédito sem força executiva o prazo prescricional de três anos,previsto no artigo 206, § 3º, IV, do Código Civil. Isso porque talprazo concerne a ações fundadas em ressarcimento deenriquecimento sem causa, disciplinadas pelos artigos 884 a 885do Código Civil, o que não é a hipótese dos autos.
Não é possível aplicar à ação monitória fundada em notapromissória sem força executiva o prazo prescricional previsto noartigo 206, § 3º, VIII, do Código Civil. Isso porque esse dispositivoexpressamente restringe sua incidência à pretensão para haver opagamento de título de crédito ressalvadas as disposições de leiespecial, e, no caso, além de não se tratar de ação de naturezacambial, o prazo para execução de crédito estampado em notapromissória é regulado por norma especial, no caso, a Lei Uniformede Genebra ...
2ª Seção do STJ, REsp 1.262.056/SP (REPETITIVO)
... O prazo prescricional para o ajuizamento de açãomonitória fundada em título de crédito prescrito nãoé o mesmo aplicável à relação fundamental queoriginou a causa debendi, ainda que a pretensãonesta ação seja concernente ao crédito oriundo daobrigação causal, decorrente do negócio jurídicosubjacente. Isso porque, como no procedimentomonitório há inversão do contraditório, não fazsentido exigir que o prazo prescricional da açãomonitória seja definido a partir da natureza dessacausa debendi, conforme entendimento do STJ...
1.4. Legitimidade ad causam
NCPC, Art. 700. A ação monitória pode serproposta por aquele que afirmar, com base emprova escrita sem eficácia de título executivo, terdireito de exigir do devedor capaz ...
§ 6º É admissível ação monitória em face daFazenda Pública.
O STJ já havia consolidado o entendimento nosentido da admissibilidade da ação por meio daSúmula 339: É cabível ação monitória contra aFazenda Pública.
2ª Seção do STJ, REsp 1.262.056/SP (REPETITIVO)
... A ação monitória fundada em título de crédito
prescrito, mesmo que avalizado, deve ser ajuizada
contra o emitente do título e não contra o avalista.
Isso porque, sendo o aval instrumento
exclusivamente de direito cambiário, uma vez
prescrito o prazo para o ajuizamento da ação
cambiária, não existe pretensão a ensejar ação
monitória em face do avalista com base apenas na
cártula ...
1.5. Marcos sobre a prova escrita sem eficácia de
título executivo
NCPC, Art. 700. A ação monitória pode ser
proposta por aquele que afirmar, com base em
prova escrita sem eficácia de título executivo, ter
direito de exigir do devedor capaz...
A prova escrita pode se consubstanciar em
documento único ou em um conjunto probatório.
O documento hábil a ensejar a ação monitória deveapresentar, no mínimo, duas características:
a) Não pode ter eficácia executiva;
b) Deve evidenciar, de forma razoável, a existência daobrigação.
A ação monitória deve ser admitida no caso de dúvidaquanto à eficácia executiva do documento. Nesse casotambém se admite a propositura de ação deconhecimento, como decidiu a 3ª Turma do STJ, aoenfrentar o REsp. 717.276/PR (DJ de 29-6-2007, p.581): “Existindo dúvida quanto à força executiva dotítulo executivo, é possível a adoção do processo deconhecimento com procedimento comum”.
O STJ tem admitido que o portador de título
executivo extrajudicial dispense o processo de
execução e ajuíze a ação monitória. Com efeito,
assim decidiu a 3ª Turma: “O credor que tem em
mãos título executivo pode dispensar o processo
de execução e escolher a ação monitória” (AgRg no
Ag 645.617/RJ, DJe de 3-2-2009).
NCPC, Art. 785. A existência de título executivo
extrajudicial não impede a parte de optar pelo
processo de conhecimento, a fim de obter título
executivo judicial.
ENUNCIADO DO FPPC: “Cabe ação monitória
mesmo quando o autor for portador de título
executivo extrajudicial”.
Deve-se evitar possível arbitrariedade do credor.
REsp 324.135/RJ: “Admite-se como prova escrita hábil ainstruir a ação monitória qualquer documento que denoteindícios da existência do débito e seja despido de eficáciaexecutiva, bastando que permita ao Juiz concluir pelaplausibilidade ou verossimilhança do direito alegado” (4ªT., DJ de 7-11-2005, p. 287).
Em certas situações, quando evidenciada de forma razoávela existência da obrigação, admite-se até mesmo odocumento constituído unilateralmente pelo credor. 2ªTurma do STJ: “Doutrina e jurisprudência, inclusive do STJ,têm entendido que é título hábil para cobrança, documentoescrito que prove, de forma razoável, a obrigação, podendo,a depender do caso, ter sido produzido unilateral-mentepelo credor” (REsp 894.767/SE, DJe de 24-9-2008).
Cheque prescrito. Súmula 299 do STJ: É admissível aação monitória fundada em cheque prescrito.
STJ, 2ª Seção, REsp 1101412/SP, RECURSO ESPECIALREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DOCPC. AÇÃO MONITÓRIA APARELHADA EM CHEQUEPRESCRITO. PRAZO QUINQUENAL PARA AJUIZAMENTODA AÇÃO. INCIDÊNCIA DA REGRA PREVISTA NO ART.206, § 5º, INCISO I, DO CÓDIGO CIVIL.
Para fins do art. 543-C do Código de Processo Civil: “Oprazo para ajuizamento de ação monitória em face doemitente de cheque sem força executiva é quinquenal,a contar do dia seguinte à data de emissão estampadana cártula”.
Contrato de abertura de crédito em conta-
corrente. Súmula 247 do STJ: O contrato de
abertura de crédito em conta-corrente,
acompanhado do demonstrativo de débito,
constitui documento hábil para o ajuizamento da
ação monitória.
Alienação fiduciária. Súmula 384 do STJ: Cabe ação
monitória para haver saldo remanescente oriundo
de venda extrajudicial de bem alienado
fiduciariamente em garantia.
Vários outros documentos têm sido admitidos:
a) Instrumento de procuração que concede ao advogado o direito de
reter percentual dos levantamentos judiciais por ele efetuados (REsp
967.319/SP);
b) Prestações decorrentes de contrato de construção de obra
administrada por comissão formada por coproprietários (AgRg nos
EDcl no AgRg no REsp 402.849/SP);
c) Guia de Recolhimento da Contribuição Sindical acompanhada de
prova da notificação do devedor (REsp 744.581/SP);
d) Fatura de cobrança por serviços de fornecimento de energia elétrica
emitida por concessionária (REsp 773.247/RS);
e) Contrato de arrendamento mercantil e termo de circulação de
mercadorias (REsp 631.192/MG).
NCPC, Art. 700.
§ 1º A prova escrita pode consistir em prova oral
documentada, produzida antecipadamente nos
termos do art. 381.
O dispositivo permite interpretação ampliativa?
NCPC, Art. 700.
§ 5º Havendo dúvida quanto à idoneidade de prova
documental apresentada pelo autor, o juiz intimá-
lo-á para, querendo, emendar a petição inicial,
adaptando-a ao procedimento comum.
ENUNCIADO 188 DO FPPC: “Com a emenda da
inicial, o juiz pode entender idônea a prova e
admitir o seguimento da ação monitoria.”.
1.6. Mandado monitório
NCPC, Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o
juiz deferirá a expedição de mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou para execução
de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo
ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o
cumprimento e o pagamento de honorários
advocatícios de cinco por cento do valor atribuído
à causa.
1.7. Aspectos formais e procedimentais
NCPC, Art. 700.
§ 2º Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar,
conforme o caso:
I - a importância devida, instruindo-a com
memória de cálculo;
II - o valor atual da coisa reclamada;
III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o
proveito econômico perseguido.
2ª Seção do STJ, Resp REPETITIVO: REsp 1.154.730/PE
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO REPETITIVO. ART. 543-CDO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA.DEMONSTRATIVO DA EVOLUÇÃO DA DÍVIDA. AUSÊNCIAOU INSUFICIÊNCIA. SUPRIMENTO. ART. 284 DO CPC.
Para fins do art. 543-C, §§ 7º e 8º, do CPC, firma-se aseguinte tese: a petição inicial da ação monitória paracobrança de soma em dinheiro deve ser instruída comdemonstrativo de débito atualizado até a data doajuizamento, assegurando-se, na sua ausência ouinsuficiência, o direito da parte de supri-la, nos termosdo art. 284 do CPC.
Substanciação da demanda
A ação monitória, sendo de conhecimento, exige aexposição da causa de pedir, próxima (fundamentosjurídicos do pedido) e remota (fatos).
No caso de ação monitória fundada em título de créditoprescrito, discute-se a necessidade da narração, nainicial, do negócio jurídico subjacente.
Entende-se que nos títulos não causais não hánecessidade da narração.
REsp n. 419.477/RS: “Na linha da orientação dasTurmas da Segunda Seção, o cheque prescrito é provasuficiente a ensejar o ajuizamento de ação monitória,pouco importando a origem da dívida”. (4ª T., DJ de 2-9-2002, p. 199).
SÚMULA 531 DO STJ:
Em ação monitória fundada em cheque prescrito
ajuizada contra o emitente, é dispensável a menção
ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.
NCPC, Art. 700.
§ 3º O valor da causa deverá corresponder à
importância prevista no § 2º, incisos I a III.
NCPC, Art. 700.
§ 4º Além das hipóteses do art. 330, a petição
inicial será indeferida quando não atendido o
disposto no § 2º deste artigo.
A DECISÃO LIMINAR (“SENTENÇA LIMINAR”)
NCPC, Art. 701. Sendo evidente o direito do
autor ...
NCPC, Art. 701.
§ 3º É cabível ação rescisória da decisão
prevista no caput quando ocorrer a hipótese
do § 2º.
NCPC, Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o
juiz deferirá a expedição de mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou para execução
de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo
ao réu prazo de 15 (quinze) dias para:
- o cumprimento e
- o pagamento de honorários advocatícios de
cinco por cento do valor atribuído à causa.
§ 1º O réu será isento do pagamento de custas
processuais se cumprir o mandado no prazo.
NCPC, Art. 700.
§ 7º Na ação monitória, admite-se citação por
qualquer dos meios permitidos para o
procedimento comum.
Entendimento do STJ - Súmula 282 do STJ - cabe a
citação por edital em ação monitória. Nesse caso,
“nomear-se-á curador especial para exercer a
defesa do réu através de embargos” (REsp
297.421/MG, DJ de 12-11-2001, p. 125).
NCPC, Art. 701.
§ 4º Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados
os embargos previstos no art. 702, aplicar-se-á o
disposto no art. 496, observando-se, a seguir, no
que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial.
(REMESSA NECESSÁRIA)
§ 5º Aplica-se à ação monitória, no que couber, o
art. 916.
(MORATÓRIA)
A INÉRCIA DO RÉU
NCPC, Art. 701.
§ 2º Constituir-se-á de pleno direito o título
executivo judicial, independentemente de
qualquer formalidade, se não realizado o
pagamento e não apresentados os embargos
previstos no art. 702, observando-se, no que
couber, o Título II do Livro I da Parte Especial.
1.8. Embargos à ação monitória
Art. 702. Independentemente de prévia segurança
do juízo, o réu poderá opor, nos próprios autos, no
prazo previsto no art. 701, embargos à ação
monitória.
§ 1º Os embargos podem se fundar em matéria
passível de alegação como defesa no procedimento
comum.
“Embora se possa sustentar que os embargos têmnatureza de ação incidental sui generis, o que afastariaa possibilidade da incidência dos prazos especiaisprevistos nos arts. 188 e 191 do CPC, a melhor solução,do ponto de vista prático, é admitir a aplicação dosmencionados dispositivos legais, pois o STJ temafirmado a natureza de defesa dos embargos.
Nesse sentido a lição de Medina, Fábio de Araújo eFernando Gajardoni: “A natureza jurídica de peçadefensiva acarreta na incidência de prazos especiaispara a produção da defesa, nos termos do art. 188 e191 do CPC”.
Predomina o entendimento de que os embargos
têm natureza de defesa, conforme constou do
julgamento do REsp 222.937/SP: “Segundo a mens
legis os embargos na ação monitória não têm
‘natureza jurídica de ação’, mas se identificam com
a contestação. Não se confundem com os embargos
do devedor, em execução fundada em título
judicial ou extrajudicial, vez que, inexiste ainda
título executivo a ser desconstituído”.
Admite-se que na ação monitória há inversão do
ônus da prova, principalmente em face de o credor
exibir prova documental da obrigação, como se vê
do julgamento do REsp 285.223/MG: “Apresentado
pelo autor o cheque, o ônus da prova da
inexistência do débito cabe ao réu”.
Art. 702.
§ 2º Quando o réu alegar que o autor pleiteiaquantia superior à devida, cumprir-lhe-á declararde imediato o valor que entende correto,apresentando demonstrativo discriminado eatualizado da dívida.
§ 3º Não apontado o valor correto ou nãoapresentado o demonstrativo, os embargos serãoliminarmente rejeitados, se esse for o seu únicofundamento, e, se houver outro fundamento, osembargos serão processados, mas o juiz deixará deexaminar a alegação de excesso.
Art. 702.
§ 4º A oposição dos embargos suspende a eficácia
da decisão referida no caput do art. 701 até o
julgamento em primeiro grau.
Art. 702.
§ 5º O autor será intimado para responder aos embargosno prazo de 15 (quinze) dias.
A inércia do credor embargado não conduz aos efeitos darevelia. Mesmo nesse caso o ônus de provar a inexistênciada dívida continua sendo do devedor/embargante.
3ª Turma do STJ: “Na ação monitória, o non liquetverificado em sede de embargos opostos pelo devedor,quando relativo à existência e extensão da dívida, não podeser resolvido em desfavor do credor, autor da ação.
Isso porque, para o ajuizamento da monitória, já se exige aapresentação do extrato do débito que, em tese representaprova escrita da dívida (an debeatur e quantum debeatur)”(AgRg no Ag 1.062.290/RJ).
Art. 702.
§ 6º Na ação monitória admite-se a reconvenção,
sendo vedado o oferecimento de reconvenção à
reconvenção.
Súmula 292 do STJ: A reconvenção é cabível na
ação monitória, após a conversão do procedimento
em ordinário.
REsp 222.937/SP: “Não pagando o devedor o mandado
monitório, abre-se-lhe a faculdade de defender-se,
oferecendo qualquer das espécies de respostas
admitidas em direito para fazer frente à pretensão do
autor. Os embargos ao decreto injuncional
ordinarizam o procedimento monitório e propiciam a
instauração da cognição exauriente, regrado pelas
disposições de procedimento comum. Por isso, não se
vislumbra qualquer incompatibilidade com a
possibilidade do réu oferecer reconvenção, desde que
seja esta conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa”.
STJ, 2ª Seção, REsp 1.094.571/SP (RECURSOREPETITIVO): “É cabível a ação monitória ajuizada emface do emitente, fundada em cheque prescrito, semdemonstração na inicial do negócio jurídicosubjacente à emissão da cártula, porquanto a falta deindicação da causa debendi não tem o condão de, por sisó, inviabilizar a ampla defesa do sacador da cártula,na medida em que, conforme precedentes do STJ, atutela diferenciada introduzida pela ação monitória,que busca atingir, no menor espaço de tempo possívela satisfação do direito lesado, não é incompatível coma ampla defesa do réu, que deve ser assegurada,inclusive pela via reconvencional”.
Art. 702.
§ 7º A critério do juiz, os embargos serão autuados
em apartado, se parciais, constituindo-se de pleno
direito o título executivo judicial em relação à
parcela incontroversa.
§ 8º Rejeitados os embargos, constituir-se-á de
pleno direito o título executivo judicial,
prosseguindo-se o processo em observância ao
disposto no Título II do Livro I da Parte Especial,
no que for cabível.
Art. 702.
§ 9º Cabe apelação contra a sentença que acolhe
ou rejeita os embargos.
Não há previsão expressa quanto aos efeitos da
apelação na monitória.
Há quem sustente a incidência do efeito
meramente devolutivo, por força do § 4º do artigo
ora analisado.
Art. 702.
§ 10. O juiz condenará o autor de ação monitória
proposta indevidamente e de má-fé ao pagamento,
em favor do réu, de multa de até dez por cento
sobre o valor da causa.
§ 11. O juiz condenará o réu que de má-fé opuser
embargos à ação monitória ao pagamento de
multa de até dez por cento sobre o valor atribuído
à causa, em favor do autor.
O STJ não tem admitido a conversão, de ofício, de
ação de execução em monitória:
2ª Seção, REsp 1.129.938/PE (REPETITIVO)
“Para fins do art. 543-C, do Código de Processo
Civil, é inadmissível a conversão, de ofício ou a
requerimento das partes, da execução em ação
monitória após ter ocorrido a citação, em razão da
estabilização da relação processual a partir do
referido ato”.
2. Embargos de Terceiro(Arts. 674 a 681 do CPC/2015)
DOS EMBARGOS DE TERCEIRO
NCPC, Art. 674. Quem, não sendo parte no
processo, sofrer constrição ou ameaça de
constrição sobre bens que possua ou sobre os
quais tenha direito incompatível com o ato
constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou
sua inibição por meio de embargos de terceiro.
2.1. Conceito e natureza jurídica da ação de
embargos de terceiro
Ação de conhecimento, de procedimento especial
de jurisdição contenciosa, com finalidade
desconstitutiva e eficácia mandamental.
A ação pode assumir caráter reparatório ou
inibitório, tendo em vista a expressa possibilidade
de ser ajuizada a ação no caso de ameaça.
A finalidade da ação de embargos de terceiro é
desconstituir um ato constritivo judicial sobre um
bem.
A ação pode ser utilizada para a defesa da posse.
Então, é fundamental verificar a origem da
constrição, isto é, da turbação ou do esbulho
possessório.
Os embargos destinam-se à desconstituição da
ofensa decorrente de ato judicial.
A doutrina tem afirmado a natureza constitutiva
negativa da ação de embargos de terceiro.
Em artigo sobre o tema, Donaldo Armelin
enfatizou o caráter mandamental da ação de
embargos de terceiro.
Em nosso entender, há efeito desconstitutivo (da
constrição) e mandamental (inclusive, a ordem é
cumprida sem necessidade de qualquer
instauração de procedimento executivo complexo).
A questão da cognição nos embargos
Alguns afirmam a limitação.
Hamilton de Moraes E. Barros: “A lide, nosembargos de terceiro, é restrita. Versará apenas ainclusão ou a exclusão do bem na execução e nãoos direitos que o terceiro possa ter sobre a coisa”.
“A regra é fazer a sentença de embargos coisajulgada apenas sobre a licitude do ato judicial,deixando íntegro o direito do embargante e doexecutado. É que a lide aqui se resume apenas nainclusão ou na exclusão do bem na execução”.
Ruy Zoch Rodrigues: “Em nosso entendimento a
ação de embargos não é possessória e, como tal,
não guarda as restrições próprias daquelas
demandas. Também não há restrições à atividade
probatória das partes, nem a decisão final é
baseada em aparência, donde concluir-se pela
inexistência de restrições legais que limitem a
cognição judicial nos embargos de terceiro”.
O NCPC favorece o entendimento em prol da ampla
cognição.
Conforme o art. 679 do NCPC, a ação seguirá o
procedimento comum (e não mais o
sumário/cautelar).
Há limitação à defesa, no art. 680, contra os
embargos do credor com garantia real. Não nos
demais casos.
O art. 681 dispõe que, acolhido o pedido inicial, o
ato de constrição judicial indevida será cancelado,
com o reconhecimento do domínio, da manutenção
da posse ou da reintegração definitiva do bem ou
do direito ao embargante.
2.2. Juízo competente
A ação de embargos de terceiro é acessória,
secundária ou derivada.
Aplica-se, pois, o art. 61. do NCPC: A ação acessória
será proposta no juízo competente para a ação
principal.
Quanto ao juízo: a ação, em tese, pode tramitar na
Justiça Comum, Federal ou Estadual, bem como
perante a Justiça do Trabalho.
Art. 676. Os embargos serão distribuídos por
dependência ao juízo que ordenou a constrição e
autuados em apartado.
Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição
realizado por carta, os embargos serão oferecidos
no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo
deprecante o bem constrito ou se já devolvida a
carta.
2.3. Cabimento
Art. 675. Os embargos podem ser opostos a
qualquer tempo no processo de conhecimento
enquanto não transitada em julgado a sentença e,
no cumprimento de sentença ou no processo de
execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação,
da alienação por iniciativa particular ou da
arrematação, mas sempre antes da assinatura da
respectiva carta.
Parágrafo único. Caso identifique a existência de
terceiro titular de interesse em embargar o ato, o
juiz mandará intimá-lo pessoalmente.
ENUNCIADO 184 DO FPPC
“Os embargos de terceiro também são oponíveis na
fase de cumprimento de sentença e devem observar,
quanto ao prazo, a regra do processo de execução”.
NCPC, Art. 792. A alienação ou a oneração de bem é
considerada fraude à execução:
§ 4º Antes de declarar a fraude à execução, o juiz
deverá intimar o terceiro adquirente, que, se
quiser, poderá opor embargos de terceiro, no
prazo de 15 (quinze) dias.
ENUNCIADO DO FPPC: “O prazo de quinze dias para
opor embargos de terceiro, disposto no § 4º do art.
792, e aplicável exclusivamente aos casos de
declaração de fraude a execução; os demais casos
de embargos de terceiro são regidos pelo prazo do
caput do art. 675”.
A doutrina afirma que mencionado prazo tem
natureza decadencial. Porém a decadência é do
direito de propor a ação especial, não ficando
obstada a possibilidade de buscar “as vias
ordinárias”.
ENUNCIADO 54 DO ENFAM (Escola Nacional de
Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados) -
SEMINARIO: O PODER JUDICIARIO E O NOVO
CODIGO DE PROCESSO CIVIL: A ausência de
oposição de embargos de terceiro no prazo de 15
(quinze) dias prevista no art. 792, § 4º, do
CPC/2015 implica preclusão para fins do art. 675,
caput, do mesmo código.
2.4. Legitimidade ad causam
Legitimidade ativa
A situação legitimante nos embargos de terceiro:
só pode opor os embargos de terceiro pessoa
estranha ao processo.
Art. 674.
§ 1º Os embargos podem ser de terceiro
proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor.
SÚMULA 84 DO STJ: “É admissível a oposição de
embargos de terceiro fundados em alegação de
posse advinda do compromisso de compra e venda
de imóvel, ainda que desprovido do registro”.
Art. 674.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dos
embargos:
I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a
posse de bens próprios ou de sua meação,
ressalvado o disposto no art. 843;
SÚMULA 134 DO STJ: “EMBORA INTIMADO DA
PENHORA EM IMÓVEL DO CASAL, O CÔNJUGE DO
EXECUTADO PODE OPOR EMBARGOS DE TERCEIRO
PARA DEFESA DE SUA MEAÇÃO”.
Art. 674.
§ 2º Considera-se terceiro, para ajuizamento dosembargos:
II - o adquirente de bens cuja constrição decorreu dedecisão que declara a ineficácia da alienação realizadaem fraude à execução;
III - quem sofre constrição judicial de seus bens porforça de desconsideração da personalidade jurídica, decujo incidente não fez parte;
IV - o credor com garantia real para obstarexpropriação judicial do objeto de direito real degarantia, caso não tenha sido intimado, nos termoslegais dos atos expropriatórios respectivos.
STJ, Corte Especial, REsp 1.091.710/PR
(REPETITIVO): “"Em processo de execução, o
terceiro afetado pela constrição judicial de seus
bens poderá opor embargos de terceiro à execução
ou interpor recurso contra a decisão constritiva,
na condição de terceiro prejudicado, exegese
conforme a instrumentalidade do processo e o
escopo de economia processual” (Precedente: Resp
329.513/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 06/12/2001, DJ
11/03/2002)”.
Donaldo Armelin: “A doutrina preponderante
reconhece no denominado responsável executivo
secundário a qualidade de parte, o que o exclui dos
legitimados aos embargos de terceiro, reservando-
lhe os embargos de devedor. Negando, porém, tais
responsáveis a sua subsunção às hipóteses do art.
592 do CPC, ou seja, sustentando a sua qualidade
de terceiro e não de responsável, poderão valer-se
dos embargos de terceiro”.
Art. 677.
§ 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato
de constrição aproveita, assim como o será seu
adversário no processo principal quando for sua a
indicação do bem para a constrição judicial.
Poderá haver litisconsórcio passivo.
2.5. Da prova da posse ou domínio
Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a
prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da
qualidade de terceiro, oferecendo documentos e
rol de testemunhas.
§ 1º É facultada a prova da posse em audiência
preliminar designada pelo juiz.
§ 2º O possuidor direto pode alegar, além da sua
posse, o domínio alheio.
2.6. Aspectos formais e procedimentais
O procedimento da ação, agora, é o comum.
ENUNCIADO 178 DO FPPC
O valor da causa nas ações fundadas em posse, tais
como as ações possessórias, os embargos de
terceiro e a oposição, deve considerar a expressão
econômica da posse, que não obrigatoriamente
coincide com o valor da propriedade.
Art. 678. A decisão que reconhecer
suficientemente provado o domínio ou a posse
determinará a suspensão das medidas constritivas
sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem
como a manutenção ou a reintegração provisória
da posse, se o embargante a houver requerido.
O dispositivo afasta a tese da concessão de liminar
de ofício.
Art. 678.
Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a
ordem de manutenção ou de reintegração
provisória de posse à prestação de caução pelo
requerente, ressalvada a impossibilidade da parte
economicamente hipossuficiente.
Art. 677.
§ 3º A citação será pessoal, se o embargado não
tiver procurador constituído nos autos da ação
principal.
Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no
prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o
procedimento comum.
A contestação e as matérias alegáveis
Súmula 195 do STJ: Em embargos de terceiro não
se anula ato jurídico, por fraude contra credores.
É possível, porém, a alegação de fraude de
execução.
Com o NCPC, será questionada a Súmula 195, em
função do parágrafo único do art. 675: “Caso
identifique a existência de terceiro titular de
interesse em embargar o ato, o juiz mandará
intimá-lo pessoalmente”.
Art. 680. Contra os embargos do credor com
garantia real, o embargado somente poderá alegar
que:
I - o devedor comum é insolvente;
II - o título é nulo ou não obriga a terceiro;
III - outra é a coisa dada em garantia.
Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de
constrição judicial indevida será cancelado, com o
reconhecimento do domínio, da manutenção da
posse ou da reintegração definitiva do bem ou do
direito ao embargante.
STJ, SÚMULA 303: “Em embargos de terceiro, quem
deu causa à constrição indevida deve arcar com os
honorários advocatícios”.
3. Dissolução parcial de
sociedade
(Arts. 599 a 609 do CPC/2015)
3.1. Conceito e natureza jurídica da ação de
dissolução parcial de sociedade
Novidade do CPC/2015
O CPC/39 regulava a dissolução e liquidação de
sociedades (total)
Na dissolução parcial, a sociedade continua (um ou
mais sócios deixam de integrar a sociedade)
Direito material – Código Civil (arts. 1.028 e ss): Da
Resolução da Sociedade em Relação a um Sócio
Trata-se de ação de conhecimento, de
procedimento especial, que pode apresentar duas
fases procedimentais:
a) Fase dissolutiva: destinada a decidir sobre
eventual motivo para a dissolução da
sociedade;
b) Fase de apuração: para levantamento e
apuração dos haveres
3.2. Juízo competente
É CABÍVEL A ELEIÇÃO DE FORO
3ª Turma, REsp 684760 / AM
“Sociedade limitada. Contrato social. Cláusula de
eleição de foro.
Nem no regime anterior nem no novo regime do
Código Civil há qualquer disposição que impeça os
sócios das sociedades limitadas de estabelecer
cláusula de eleição do foro para dirimir suas
desavenças”.
A QUESTÃO DA APURAÇÃO DE HAVERS DO SÓCIO
FALECIDO
Juízo Sucessório ou Juízo Comum?
Questão de alta indagação?
STJ, 3ª Turma, REsp 1.459.192/CE, DJe12/08/2015:
“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.CONFLITO POSITIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO DAVARA DE SUCESSÕES E JUÍZO DA VARA CÍVEL.INVENTÁRIO. DISSOLUÇÃO PARCIAL DESOCIEDADES. APURAÇÃO DE HAVERES. ARTS. 984 E993, PARÁGRAFO ÚNICO, II, DO CPC. QUESTÕES DEALTA INDAGAÇÃO. EXTENSA DILAÇÃOPROBATÓRIA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA VARACÍVEL. RECURSO PROVIDO.
(...)
1. ‘Cabe ao juízo do inventário decidir, nos termos do art.984 do CPC, 'todas as questões de direito e também asquestões de fato, quando este se achar provado pordocumento, só remetendo para os meios ordinários asque demandarem alta indagação ou dependerem deoutras provas', entendidas como de 'alta indagação'aquelas questões que não puderem ser provadas nosautos do inventário’ (REsp n. 450.951/DF).
2. Questões de alta indagação, por exigirem extensadilação probatória, extrapolam a cognição do juízo doinventário, para onde devem ser remetidos apenas osresultados da apuração definitiva dos haveres.Interpretação dos arts. 984 e 993, parágrafo único, II, doCPC.
3. É no juízo cível que haverá lugar para a dissoluçãoparcial das sociedades limitadas e consequenteapuração de haveres do de cujus, visto que, nessa viaordinária, deve ser esmiuçado, caso a caso, o alcance dosdireitos e obrigações das partes interessadas – osquotistas e as próprias sociedades limitadas,indiferentes ao desate do processo de inventário.
4. Cabe ao juízo do inventário a atribuição jurisdicionalde descrever o saldo advindo com a liquidação dassociedades comerciais e dar à herança a devida partilha,não comportando seu limitado procedimento questõesmais complexas que não aquelas voltadas para olevantamento, descrição e liquidação do espólio.
5. Recurso especial provido”.
3.3. Cabimento
A ação é cabível para a dissolução parcial, emdecorrência:
a) Da retirada do sócio: exercício de direitopotestativo.
CC, Art. 1.029. Além dos casos previstos na lei ouno contrato, qualquer sócio pode retirar-se dasociedade; se de prazo indeterminado, mediantenotificação aos demais sócios, com antecedênciamínima de sessenta dias; se de prazo determinado,provando judicialmente justa causa.
b) Da exclusão do sócio:
CC, Art. 1.030. Ressalvado o disposto no art. 1.004e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluídojudicialmente, mediante iniciativa da maioria dosdemais sócios, por falta grave no cumprimento desuas obrigações, ou, ainda, por incapacidadesuperveniente.
Parágrafo único. Será de pleno direito excluído dasociedade o sócio declarado falido, ou aquele cujaquota tenha sido liquidada nos termos doparágrafo único do art. 1.026;
c) Do falecimento do sócio:
CC, Art. 1.028. No caso de morte de sócio, liquidar-
se-á sua quota, salvo:
I - se o contrato dispuser diferentemente;
II - se os sócios remanescentes optarem pela
dissolução da sociedade;
III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a
substituição do sócio falecido.
NCPC, Art. 599. A ação de dissolução parcial desociedade pode ter por objeto:
I - a resolução da sociedade empresáriacontratual ou simples em relação ao sóciofalecido, excluído ou que exerceu o direito deretirada ou recesso; e
II - a apuração dos haveres do sócio falecido,excluído ou que exerceu o direito de retirada ourecesso; ou
III - somente a resolução ou a apuração dehaveres.
NCPC, Art. 599.
§ 2º A ação de dissolução parcial de sociedadepode ter também por objeto a sociedadeanônima de capital fechado quandodemonstrado, por acionista ou acionistas querepresentem cinco por cento ou mais do capitalsocial, que não pode preencher o seu fim.
A doutrina aponta razões jurídicas (proibição daatividade), econômicas (falta de capital) epolíticas (desavença insuperável) como motivosde impossibilidade de preenchimento do fimsocial.
3.4. Legitimidade ad causam
a) No caso de retirada: após a notificação, pelo
sócio que exerceu o direito de retirada;
b) No caso de exclusão: pela propositura de ação
pela sociedade. Há quem afirme a legitimidade
é dos demais sócios. O sócio excluído pode
propor a ação para apuração de haveres.
c) No caso de morte: pela sociedade. O espólio ou,
após a partilha, os sucessores poderão propor a
ação para apuração de haveres.
A questão da legitimidade do sócio minoritário:
4ª Turma/STJ: “Em circunstâncias excepcionais,
é possível a exclusão do sócio majoritário a
pedido de minoritário, a fim de prestigiar o
princípio da preservação da empresa. Teoria do
fato consumado que se adota como fundamento
para manter o sócio minoritário no quadro
societário” (REsp 1.121.530/RN).
4ª Turma/STJ: “... em interessante artigo publicado nosítio "www.abdir.com.br" - categoria arbitragem -, LuizCláudio Barreto Silva trata do assunto iniciando suaabordagem nos seguintes termos:
‘É possível a exclusão dos sócios majoritários pelosminoritários pela via judicial. Essa e a interpretação desubstancial vertente doutrinária ao artigo 1.030 do novoCódigo Civil em vigor, que disciplina a resolução dasociedade com relação ao sócio. Nessa espécie deexpulsão dos sócios não se leva em conta a maioria docapital social. É que o Código Civil brasileiro usa aexpressão 'mediante iniciativa dos demais sócios'. Porisso, cometida falta grave, não se pode negar aos demaissócios, ainda que minoritários, o direito de buscar na viajudicial a expulsão do sócio faltoso da sociedade’”.
NCPC, Art. 600. A ação pode ser proposta:
I - pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores nãoingressar na sociedade;
II - pelos sucessores, após concluída a partilha do sócio falecido;
III - pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem o ingresso doespólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando esse direito decorrerdo contrato social;
IV - pelo sócio que exerceu o direito de retirada ou recesso, se não tiver sidoprovidenciada, pelos demais sócios, a alteração contratual consensualformalizando o desligamento, depois de transcorridos 10 (dez) dias do exercíciodo direito;
V - pela sociedade, nos casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; ou
VI - pelo sócio excluído.
Parágrafo único. O cônjuge ou companheiro do sócio cujo casamento, uniãoestável ou convivência terminou poderá requerer a apuração de seus haveres nasociedade, que serão pagos à conta da quota social titulada por este sócio.
3.5. Apuração dos haveres
É possível que a apuração de haveres seja feita em
uma segunda fase processual.
O pedido inicial, porém, poderá ser só de apuração
de haveres, quando há concordância com a
dissolução parcial.
O NCPC também permite que, havendo
concordância, a primeira fase (de dissolução) seja
encerrada rapidamente.
3.6. Aspectos formais e procedimentais
A AÇÃO DE DISSOLUÇÃO
NCPC, Art. 599.
§ 1º A petição inicial será necessariamente
instruída com o contrato social consolidado.
(Deve-se entender como possível a
apresentação das várias alterações
contratuais).
Art. 601. Os sócios e a sociedadeserão citados para, no prazo de 15(quinze) dias, concordar com opedido ou apresentar contestação.
Pode o juiz determinar a citaçãopara tentativa de soluçãoconsensual, especialmente amediação?
Art. 601.
Parágrafo único. A sociedade não será citada setodos os seus sócios o forem, mas ficará sujeitaaos efeitos da decisão e à coisa julgada.
4ª Turma/STJ: “Na ação de dissolução parcial desociedade limitada, é desnecessária a citação dapessoa jurídica se todos os que participam doquadro social integram a lide” (REsp1.121.530/RN).
Mas os interesses dos sócios se confundem com ointeresse da sociedade?
Art. 602. A sociedade poderá formular pedido deindenização compensável com o valor dos haveres aapurar.
Parece superada a discussão sobre o cabimento dereconvenção em ações de dissolução da sociedade. Jápredominava o entendimento que admitia areconvenção.
O pedido pode ser feito na própria contestação.
O pedido, contudo, deve ser feito da na fasedissolutiva. Não pode ser feito na fase de apuraçãode haveres.
Também deve ser admitido pedido indenizatóriofeito pelo sócio.
Art. 603. Havendo manifestação expressa eunânime pela concordância da dissolução,o juiz a decretará, passando-seimediatamente à fase de liquidação.
§ 1º Na hipótese prevista no caput, nãohaverá condenação em honoráriosadvocatícios de nenhuma das partes, e ascustas serão rateadas segundo aparticipação das partes no capital social.
Art. 603.
§ 2º Havendo contestação, observar-se-á oprocedimento comum, mas a liquidação dasentença seguirá o disposto neste Capítulo.
Pelo fato de que o CPC determina que se siga oprocedimento comum após a contestação, hádúvida quanto à possibilidade de mediação, ouseja, da adoção do modelo multiportas.
O negócio jurídico processual pode ser utilizadopelas partes.
A FASE OU AÇÃO PARA A APURAÇÃO DOS HAVERES
É possível que a ação passe, imediatamente, a essa
fase, por força do art. 603 do NCPC: Havendo
manifestação expressa e unânime pela
concordância da dissolução, o juiz a decretará,
passando-se imediatamente à fase de liquidação.
É possível que a ação seja movida apenas com
pedido de apuração de haveres.
Art. 604. Para apuração dos haveres, o juiz:
I - fixará a data da resolução da sociedade...
Art. 605. A data da resolução da sociedade será:
I - no caso de falecimento do sócio, a do óbito;
II - na retirada imotivada, o sexagésimo dia seguinte ao dorecebimento, pela sociedade, da notificação do sócio retirante;
III - no recesso, o dia do recebimento, pela sociedade, da notificaçãodo sócio dissidente;
IV - na retirada por justa causa de sociedade por prazodeterminado e na exclusão judicial de sócio, a do trânsito emjulgado da decisão que dissolver a sociedade; e
V - na exclusão extrajudicial, a data da assembleia ou da reunião desócios que a tiver deliberado.
Art. 604. Para apuração dos haveres,
o juiz:
II - definirá o critério de apuração
dos haveres à vista do disposto no
contrato social;
Art. 604.
§ 3º Se o contrato social estabelecer o pagamento doshaveres, será observado o que nele se dispôs no depósitojudicial da parte incontroversa.
Art. 606. Em caso de omissão do contrato social, o juizdefinirá, como critério de apuração de haveres, o valorpatrimonial apurado em balanço de determinação,tomando-se por referência a data da resolução eavaliando-se bens e direitos do ativo, tangíveis eintangíveis, a preço de saída, além do passivo também aser apurado de igual forma.
Art. 604. Para apuração dos haveres, o juiz:
III - nomeará o perito.
Art. 471. As partes podem, de comumacordo, escolher o perito, indicando-omediante requerimento, desde que:
I - sejam plenamente capazes;
II - a causa possa ser resolvida porautocomposição.
Art. 606.
Parágrafo único. Em todos oscasos em que seja necessária arealização de perícia, anomeação do perito recairápreferencialmente sobreespecialista em avaliação desociedades.
Art. 604.
§ 1º O juiz determinará à sociedade ouaos sócios que nela permaneceremque depositem em juízo a parteincontroversa dos haveres devidos.
§ 2º O depósito poderá ser, desde logo,levantando pelo ex-sócio, pelo espólioou pelos sucessores.
Art. 607. A data da resolução e o critério
de apuração de haveres podem ser
revistos pelo juiz, a pedido da parte, a
qualquer tempo antes do início da
perícia.
Art. 608. Até a data da resolução, integram o valordevido ao ex-sócio, ao espólio ou aos sucessores aparticipação nos lucros ou os juros sobre o capitalpróprio declarados pela sociedade e, se for o caso, aremuneração como administrador.
Parágrafo único. Após a data da resolução, o ex-sócio, oespólio ou os sucessores terão direito apenas à correçãomonetária dos valores apurados e aos juros contratuaisou legais.
Art. 609. Uma vez apurados, os haveres do sócioretirante serão pagos conforme disciplinar o contratosocial e, no silêncio deste, nos termos do § 2º do art.1.031 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (CódigoCivil).
QUESTÕES PARA DISCUSSÃO
a) Analise criticamente a legitimidade de espólioe herdeiros para a ação de dissolução parcial desociedade, bem como a legitimidade do sóciominoritário para tal demanda por exclusão.
b) Quais a principais mudanças na tutelamonitória com advento do CPC-15.
c) É possível discutir fraude em sede deembargos de terceiro?
d) Examine o problema da extensão da coisajulgada a terceiro, nos casos do art. 601,parágrafo único, CPC.