O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE
2009
Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE
VOLU
ME I
LETRAMENTO DIGITAL E A REFLEXÃO IDEOLÓGICA EM SALA DE AULA
DE LÍNGUA INGLESA
Autor: Prof.Rubens Schwalemberg1
Orientadora: Profa. Doutoranda Marlene Néri Sabadin2
RESUMO:
O presente artigo contribui para o resgate de uma prática social com visão e conhecimento crítico da tecnologia de informação e comunicação. Somos todos desafiados à prática da análise de temas atuais através da identificação, interpretação, contextualização e socialização da linguagem midiática (recorte de filme, vídeo clip, charge, títulos de cunho jornalístico, sites e links). O surgimento das novas tecnologias exige uma aprendizagem de comportamentos, raciocínios e educação específicos – o letramento digital. A comunidade escolar precisa despertar para a leitura de textos multimodais (que privilegiam imagens, sons e cores), com mensagens fortemente marcadas por uma ideologia e força de poder. Um dos objetivos da proposta foi o de incentivar e possibilitar que alunos e professores participassem das várias práticas sociais e multiletramentos de maneira ética, crítica, democrática e com responsabilidade social. Portanto, a linguagem deixa de ser apenas alfabética e pode-se trabalhar simultânea e integradamente, com linguagem verbal e não-verbal. Ao utilizarmos as tecnologias na escola como metodologia de ensino, oportunizamos a integração de
1 Docente da rede estadual de ensino, graduado em Letras Português/Inglês, com Especialização
em Didática Geral.
2 Professora do Curso de Letras da Unioeste/Cascavel. Mestre em Letras, área de concentração
em Linguagem e Sociedade com pesquisa voltada para as Séries Iniciais do Ensino Fundamental e
Formação de Professor em Língua Inglesa; Doutoranda em Letras e Linguística na Universidade
Federal da Bahia e uma das autoras dos Fascículos (MEC) “O Professor e o Ensino da Língua
Estrangeira nas Séries Iniciais”.
tecnologias e conhecimentos para produzir novos conhecimentos que permitam uma melhor compreensão, ressignificação das informações e problemas de uma sociedade cada vez mais individualista.
Palavras-chave: Letramento Digital; Reflexão Ideológica; Gêneros Textuais.
ABSTRACT: This article contributes to ransom to a social practice with vision and
knowledge of critical information technology and communication. We are all
challenged the practice of analysis of current issues through the identification,
interpretation, context and socialization of media language (clipping from film,
music video, cartoon, journalistic imprint titles, sites and links). The emergence of
new technologies requires a learning behavior and specific reasoning - computer
literacy. The school community needs to wake up for the reading of multimodal
texts (that focus images, sounds and colors), messaging with strongly marked by a
power strength ideology. The proposal aims was to encourage and enable
students and teachers could participate in various social practices and
multiliteracies in an ethical, critical, democratic and social responsibility. So,
language becomes not only alphabetic and can work simultaneous and seamlessly
with verbal and nonverbal. When we use the technologies in schools as teaching
methodology, allowing the integration of technologies and knowledge produce new
knowledge that will enable a better understanding, reinterpretation of information
and problems from more and more individualistic society.
KEYWORDS: Digital Literacy; Ideological Reflection; Textual Genres.
1 Introdução
Os hipertextos são meios de informação on-line presentes não só em
textos escritos, mas também em sons, imagens e animações, bem como nas
facilidades atuais de interação e criação da realidade virtual. Eles tornam viável a
abordagem interdisciplinar dos mais diversos temas, não havendo mais fronteiras
que separam as áreas do conhecimento. Observamos por meio desta pesquisa e
dos estudos que o hipertexto ainda é pouco conhecido e explorado na vida
escolar, apesar de fazer parte do dia a dia de todos nós. Percebemos ainda que
não estamos dando a devida importância e significado da leitura de imagens,
havendo pouco empenho e conscientização por parte dos educadores nesta
tarefa pedagógica e prática social. O conhecimento escolar é basicamente verbal,
o que acaba produzindo pouco interesse no que diz respeito às ideologias no
mundo da mídia - como internet, televisão e celulares. Segundo Moran (1997,
p.150), “a chave do sucesso está em integrar a Internet com as outras tecnologias
- vídeo, televisão, jornal, computador. Integrar o mais avançado com as técnicas já
conhecidas, dentro de uma visão pedagógica nova, criativa, aberta.”
A realidade, no entanto, é que as práticas de linguagem estão sofrendo
mudanças muito rápidas na sociedade pós-moderna e globalizada em que
vivemos, como resposta às amplas alterações sociais, econômicas, políticas e
tecnológicas. No campo da educação, surgem novas práticas de linguagem como
a atenção dada à leitura e a escrita em contextos virtuais de ensino.
A escola não pode esquecer que a era digital está presente e atuante na
nossa vida com sua influência positiva, negativa e alienadora. O letramento digital
exige uma prática social e pedagógica comprometida, bem como sólida base
teórica.
O desafio permanente é o despertar na comunidade escolar a leitura
crítica de textos, que incluem discursos multimodais e contemplem imagens com
mensagem fortemente marcada por uma ideologia e força de poder. Para Bakhtin
(1992, p.43), juntamente com o crescimento da tecnologia, “cada época e cada
grupo social tem seu repertório de formas de discurso na comunicação sócio-
ideológica”. Portanto, não podemos tratar das informações como se fossem
neutras, aja visto a existência de forças antagônicas entre dominantes e
dominados.
A grande quantidade de imagens que hoje aparecem nas diferentes
práticas de comunicação coloca a linguagem visual em evidência – “textos” que
apresentam duas ou mais modalidades semióticas em sua composição tomam o
lugar das tradicionais práticas da escrita, provocando efeitos nos formatos e nas
características de informação e comunicação, resultando no que foi denominado
multiletramentos. Diante dos avanços da tecnologia e os inúmeros recursos
que se apresentam para a mídia, surge o desafio de uma aprendizagem
multimodal, ou seja, aprender a ler palavras e imagens ao mesmo tempo. Quando
a linguagem deixa de ser apenas alfabética, podemos trabalhar de forma
integrada com linguagem verbal e não-verbal (cinematográfica, musical, visual,
gestual). São novas possibilidades pedagógicas através do uso da tecnologia
midiática, com o objetivo de favorecer o exercício reflexivo sobre a cultura e as
informações ideológicas presentes.
Como professores que participam do processo de educação
contextualizada, devemos conhecer e incorporar essas inovações tecnológicas,
para adaptá-las ao nosso trabalho educativo. Assim estaremos atendendo às
demandas comunicativas globais. Não existe mais a possibilidade do educador
ignorar as necessidades contemporâneas, isto é, a intercomunicação realizada
principalmente e, cada vez mais, por meio da mídia. Os incríveis avanços técnicos
em eletrônica, informática e redes vêm criando novos desafios educacionais que
revelam, segundo Belloni (2002, p.30), estarmos “em um novo campo de ação,
novos processos sociais, métodos de trabalho, mudanças culturais profundas,
novos modos de aprender e perceber o mundo e, portanto, de intervir nele.” A
partir desta nova realidade social, econômica, política, cultural e educacional
passamos a entender as mudanças e os desafios do multiletramento midiático: a
primeira mudança é o crescimento da importância dada à diversidade linguística e
cultural; isto é, neste mundo globalizado precisamos nos atualizar, ver e respeitar
o diferente em nosso cotidiano; a segunda, diz respeito à influência da linguagem
das novas tecnologias e os significados que surgem de modos variados – na
escrita, nas imagens, no movimento, no áudio. Estas duas realidades revelam a
necessidade de um conceito de letramento novo – a presença da ideologia que
nos desafia a desvendar o que está oculto, respeitar as diferenças, valorizar o que
está perto de nós, incentivar ações construtivas e humanas, solidárias e fraternas,
em meio a uma sociedade massacrada por mensagens globais centradas no
consumismo, na força do capital e no egoísmo, onde sobrevivem os mais “fortes”.
Um dos objetivos da escola é justamente possibilitar que os alunos possam
participar das várias práticas sociais e multiletramentos de maneira ética, crítica e
democrática. Para alcançar esta finalidade, buscamos por meio da proposta de
intervenção escolar melhorar a qualidade de ensino na escola, através de ações
pedagógicas pautadas na fundamentação teórica de educadores como: Silva
(2010), Moran (2007), Freitas (2006), Valente, Prado e Almeida (2003), Xavier
(2002), Marcuschi (2002), Celani e Magalhães (2002), Belloni (2002), Lévy (1996),
Bakhtin (1992), Freire (1983).
Ao se considerar as imagens virtuais como gênero discursivo, há uma
identificação por parte dos que participam da situação e do objetivo da
comunicação; também a presença de características linguístico-textuais, temática,
estilo, condições de produção e circulação nas diversas esferas sociais - literária,
jornalística, publicitária, comercial, de divulgação científica. Assim, os gêneros
discursivos devem ser vistos na relação com as práticas sociais, nas relações de
poder, nas tecnologias, nas atividades discursivas, no interior da cultura, nas
relações de poder, nas tecnologias, nas atividades discursivas e no interior da
cultura, com os seus aspectos cognitivos e com os interesses ocultos e não-
ocultos.
Diante do que foi exposto, buscamos atender aos seguintes objetivos:
I. motivar alunos e professores a conhecer os conceitos básicos que
permeiam o mundo da comunicação e seus propósitos;
II. desafiar os educandos à prática de análise crítica frente aos temas
propostos no projeto a serem desenvolvidos em sala de aula;
III. interpretar, contextualizar e socializar a linguagem midiática (recortes
de filmes, vídeo clipes, charges, títulos e imagens de cunho jornalístico,
mensagens subliminares), respeitando o conhecimento prévio, conceitual
(científico e filosófico) e a possibilidade da comunicação, da interação com o outro,
da prática e da vivência coletiva.
2 PARTICIPAÇÃO NO PDE
O PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) do Estado Paraná é
um programa completo porque proporciona ao professor o retorno à Universidade
Estadual para assim aproximar-se dos textos científicos de educadores e
estudiosos da educação e da linguagem. Um verdadeiro aporte teórico para os
encaminhamentos do projeto, construção do material didático e elaboração do
artigo científico; as universidades, por sua vez realizam cursos gerais e
específicos. O professor PDE, como é denominado, é afastado da sala de aula por
um período de dois anos - um ano totalmente à disposição para se dedicar aos
estudos e à orientação e, no outro, com 25% da carga horária destinada à
aplicação do projeto e escrita do artigo. O aprendizado e o crescimento é intenso
nesse período com as leituras e cursos realizados. Compartilho as ideias dos
principais teóricos na sequência.
O ensino de Língua Estrangeira Moderna (LEM), segundo as orientações
das Diretrizes Curriculares Estaduais (DCEs), deve estar voltado para o propósito
educacional que revela a existência das relações entre língua/texto/sociedade e
das novas tecnologias e estruturas de poder presentes.
Vivemos cercados de signos. O signo para Bakhtin (2002, p.31) “é um
elemento de natureza ideológica”, tudo que "é ideológico possui um significado e
remete a algo fora de si mesmo. Tudo que é ideológico é signo. Sem signos não
existe ideologia”. Assim sendo, (ibid., p.33) ressalta ainda o fato de que “todo
fenômeno que funciona como signo ideológico tem uma encarnação material, seja
como som, massa física, como cor, como movimento do corpo ou de outra coisa
qualquer”.
Ao falarmos em signo, automaticamente somos remetidos à Linguagem
que é todo sistema organizado de sinais que serve como meio de comunicação
entre os indivíduos. Tanto a linguagem verbal quanto a não-verbal expressam
sentidos e, para isso, utilizam-se de signos que são constituídos de sons da
língua, ao passo que nas outras são explorados as formas, a cor, os gestos, os
sons musicais, os desenhos. Em todos os tipos de linguagem, os signos são
combinados entre si de alguma forma. Diante da realidade tecnológica em que
vivemos, cabe mencionar sobre o mundo das telecomunicações e suas novas
maneiras de pensar e de conviver – isto nos faz lembrar que escrita, leitura, visão
e audição, criação e aprendizagem são utilizados por uma informática cada vez
mais avançada. É tarefa, portanto, da pedagogia de ensino o reconhecimento da
natureza dinâmica da comunicação e, principalmente, o questionar e interpretar
aquilo que é visto e experimentado. Os elementos visuais existem dentro de
sistemas de representações presentes na cultura e na história; esta informação é
sempre carregada de algum conteúdo ideológico.
Ao fazermos referência à informática, faz-se necessário trazermos o
conceito de cibercultura que segundo Lévy (1999, p.17), “designa o conjunto de
técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de
pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do
ciberespaço”. Em plena fase denominada cultura eletrônica, da internet ao Ipad,
presenciamos uma explosão de gêneros e novas formas de comunicação, tanto
na oralidade quanto na escrita.
A abordagem educacional das novas formas de interação social,
orientadas pelo avanço da tecnologia digital, precisa estar presente na realidade
das instituições de ensino. Uma vez que os gêneros textuais digitais fazem parte
da realidade social na qual estamos inseridos, é papel da escola discutir a
utilização e a importância desses gêneros no cotidiano dos alunos.
O letramento digital exige a realização de práticas de leitura e escrita
diferentes das formas tradicionais de letramento e alfabetização. Considerar,
portanto, um indivíduo letrado digital pressupõe mudanças nas perspectivas de
leitura e escrita, orientadas pelo uso de diferentes recursos verbais e não-verbais
e proporcionados pelas possibilidades oferecidas pelas mídias digitais.
A utilização de tecnologias na escola e na sala de aula impulsiona a
abertura de espaços no mundo e no contexto social em que vivemos, articulando
situações globais e locais sem, contudo, abandonar o universo de conhecimentos
acumulados ao longo do desenvolvimento da humanidade. Tecnologias e
conhecimentos se integram para produzir novos conhecimentos que permitam
compreender as problemáticas atuais na área educacional, cultural, social,
econômica e política.
Para desenvolver uma prática pedagógica voltada para a integração das
mídias, uma das possibilidades tem sido o trabalho com temas recorrentes que
são questões invariavelmente presentes e consideradas de urgência social.
Alguns destes temas foram escolhidos para o presente projeto: os efeitos da
prática do bullying e o cyberbullying que acontece nas redes sociais da net; o
consumismo atrelado ao capitalismo; os perigos da mídia; o pensamento positivo
como processo “mágico” de vida bem sucedida, e outros. O aluno é convidado a
compartilhar aquilo que sabe e a buscar novas compreensões com significado
para aquilo que está produzindo. É importante o aluno aplicar aquilo que sabe de
forma intuitiva e/ou formal, estabelecendo relações entre conhecimentos,
refletindo sobre os conceitos e as estratégias e metodologias utilizadas.
Entretanto, essa abordagem pedagógica requer do professor uma postura
diferente daquela habitualmente utilizada no sistema escolar, ou seja, uma postura
que entende a aprendizagem conforme Valente (2003, p. 20), “uma trajetória que
o aluno constrói como produto do processamento, da interpretação, da
compreensão da informação”.
Professores e alunos devem compreender que representações e crenças
revelam um profundo vínculo sócio-histórico, relacionando-se a temas de natureza
cultural, política e ideológica e, portanto, a normas, símbolos do mundo social e “a
valores que determinam quem detém o poder de falar em nome de quem, quais
são os discursos valorizados e a que interesses servem” (CELANI &
MAGALHÃES, 2002, p.321). O desafio, portanto, é uma educação para ações
conscientes que nos conduzam voluntariamente da reflexão transformadora à
prática social e solidária, diante de uma sociedade exageradamente egoísta e
solitária que nos cerca.
Para Moran (2000, p.137), o uso das mídias somente fará sentido se
“ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de ensinar e
aprender”. Relacionar este entendimento de leitura à perspectiva de letramento
digital, significa discutir juntos e de forma ampla, as diretrizes comportamentais
que orientam a evolução das tecnologias digitais e as mudanças sociais que estas
vem provocando. No que diz respeito à escola, espera-se que esta possibilite não
somente a identificação dos gêneros digitais, como também uma reflexão crítica a
respeito da função social que os mesmos assumem; mas, acima de tudo, o
incentivo a nossa atuação enquanto cidadãos, que querem cooperar através de
ações que visem transformar nossa sociedade consumista e competitiva numa
sociedade mais humana e solidária.
A escola deve possibilitar que alunos e professores possam participar do
letramento digital de maneira ética, crítica e democrática. Na proposta da nova
mediação pedagógica, o papel do professor é completamente diferente daquele
que simplesmente ensina transmitindo informações, aplicando exercícios e
avaliando aquilo que o aluno responde, em termos de certo ou errado. Este
desafio tem exigido dos educadores ações reflexivas e investigativas que
favoreçam o processo de construção do conhecimento dos alunos e que
possibilitem aplicar aquilo que sabem, estabelecendo relações entre
conhecimentos científicos e de sua própria experiência. É o aluno interagindo,
inferindo e decidindo como produto do processamento da interpretação e da
compreensão da informação – ele é o protagonista de sua história e de sua vida.
3 IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO
Após as escolhas dos temas para a elaboração das atividades organizou-
se um Caderno Pedagógico que refletiu a fundamentação teórica na prática
didático-pedagógica, conforme o relato a seguir. A implementação do projeto
aconteceu entre os dias 16 de agosto a 16 de Novembro de 2010, no Colégio
Estadual José Ângelo Baggio Orso, Bairro Guarujá, Cascavel. As turmas
contempladas com a aplicação do projeto foram os segundos anos do Ensino
Médio, Turmas A, B e C.
3.1 Ação Pedagógica 1 - Debates sobre sociedades de comunicação e
recursos tecnológicos
Iniciamos as aulas do segundo semestre de 2010, no dia 16 de agosto.
Sabíamos, portanto, que o primeiro desafio seria este: o período limitado de tempo
para completarmos o conteúdo proposto na implementação do projeto.
Selecionamos, com os alunos, os temas de maior interesse.
A fim de introduzir o projeto, refletimos sobre a influência da mídia no
ensino e aprendizagem como ponto de partida junto à equipe de professores e
alunos do Ensino Médio. Sintetizamos o conteúdo e objetivos do projeto
primeiramente com toda a equipe de professores, direção, pedagogos e
funcionários da escola. Houve interesse por parte dos docentes no que diz
respeito à elaboração de temas de aulas que contemplassem, além do conteúdo
específico da disciplina, o uso de textos autênticos na língua alvo e atividades
com o acréscimo de recortes/clipes e atividades correlacionadas (Caderno
Pedagógico).
Os alunos ficaram extremamente curiosos quando puderam observar o
contraponto entre a tecnologia do passado e do presente/futuro – a tecnologia
oculta do livro (Clips/YouTube) que revela a ajuda dada por um monge auxiliar da
biblioteca do Convento a um colega que tentava descobrir como se manuseava
um livro, com capa e centenas de páginas escritas à mão. Um tremendo “avanço
tecnológico” para quem na época só dispunha de papiros. Na sequência,
assistimos a outro clipe mostrando a mais recente invenção tecnológica de nossos
dias chamado de Ipad (“tablete” com o principal recurso de leitura de livros
eletrônicos guardados numa biblioteca virtual).
Ao tratarmos do letramento digital houve a sugestão por parte dos alunos
em sala de aula, no sentido de que “alunos digitais” podem ajudar os colegas
“imigrantes digitais” quando pesquisam no laboratório de informática da escola.
Neste momento aconteceu de fato uma inclusão digital e social.
3.2 Ação Pedagógica 2 - Reflexão ideológica sobre temas através de textos
autênticos em Língua Inglesa
Os temas geradores foram cinco e aplicados em sala de aula conforme a
composição do Caderno Pedagógico - material didático-pedagógico produzido
pelos professores da rede pública estadual com o objetivo de difundir e incutir
desde cedo os valores no cotidiano dos alunos, preparando-os para enfrentar um
mundo em constante transformação. Cada tema gerador deveria ser composto de
várias unidades, com abordagem centrada em temas da área de LEM – Língua
Inglesa, contendo texto e atividades com fundamentação teórica apropriada. Na
verdade, tudo começou quando fomos monitores/orientadores do EaD/GTR
(Educação à Distância/Grupo de Trabalho em Rede), em que pudemos apresentar
aos inscritos um dos temas escolhido (pré-projeto), além do material proposto pela
SEED. Oferecemos material para uma prática-modelo na sala de aula.
Oito professores participaram do curso de Educação à Distância – Grupo
de Trabalho em Rede em LEM – Língua Inglesa. Destes educadores, três eram
de língua espanhola e os demais de língua inglesa. Os textos escolhidos pela
SEED apontavam para a necessidade de leitura teórica e fundamentação didático-
pedagógica que deveriam refletir a respeito da prática de ensino e aprendizagem.
A interação cursista/cursista e cursista/orientador revelaram questões que iam
desde o uso da tecnologia em sala de aula até a noção mais clarificada de que os
mesmos devem ser utilizados apenas como meios/ferramentas, com o objetivo de
promover um ensino contextualizado através de temas atuais e polêmicos que
refletem o conhecimento histórico acumulado da humanidade e que favorecem a
reflexão dialética-libertadora. Segundo Paulo Freire (1979), entende-se dialética
libertadora como uma relação de troca horizontal entre educador e educando,
exigindo-se nesta troca, atitude de transformação da realidade conhecida. É por
isso, que a educação libertadora é, acima de tudo, uma educação
conscientizadora, na medida em que além de conhecer a realidade, busca
transformá-la.
Escolhemos o primeiro tema para começarmos a caminhada de
implementação pedagógica do projeto. Alunos e professor estavam curiosos e
ansiosos naquilo que no decorrer das aulas acabou se tornando uma prática
alegre e participativa. O tema Positive Mind Ideology trata de cursos e livros de
auto-ajuda que prometem sucesso-mágico aos seus cursitas e leitores. Que
ideologia poderia estar por trás deste assunto tão em moda, tanto nos Estados
Unidos como no Brasil?
Para Bakhtin (1992), a utilização da língua efetua-se em forma de
enunciados (orais e escritos) composto de conteúdo temático, estilo verbal e
construção composicional. Todos estes itens arrolados pelo educador colaboram
na tarefa de se decifrar os bastidores do que é considerado um fenômeno
mundial: livros de auto-ajuda e programas de pensamento positivo que
preconizam a existência de um caminho ideal/real para a concretização de todos
os nossos sonhos, sejam eles viáveis ou não; especialmente a construção
composicional como item responsável pelo acabamento da unidade de
comunicação verbal, possibilita ao interlocutor inferir a totalidade da estrutura do
gênero.
Na lição proposta Positive Mind Ideology procuramos perceber a ideologia
sugerida nas frases dos dizeres populares, provérbios e pensamentos positivos: é
conteúdo moral? Ético? Religioso? Político? Discriminatório? Individualista? Uma
proposta de felicidade e auto-estima a qualquer custo? O que há de verdadeiro e
falso na ideologia do pensamento positivo?
Os alunos perceberam a incoerência desta “indústria” americana do
pensamento positivo: apesar de investirem muito em livros e cursos de auto-ajuda,
este país mantém um elevado índice de uso de medicação antidepressiva. Os
alunos ainda observaram que, junto com a mudança interna de otimismo, deve
haver a contra-partida da mudança externa positiva.
A partir da frase histórica de Winston Churchil: “The pessimist sees
difficulty in every opportunity. The optimist sees the opportunity in every difficulty”,
aconteu um debate interessante. A maioria dos alunos considerou os
pensamentos e as ações positivas como uma força interior necessária para a
tomada de decisões mais coerentes e desafiadoras.
Recordamos também ditados do tempo de nossos avós, um verdadeiro
tesouro e legado às futuras gerações, através de cartazes com o desenho
correspondendo à frase do ditado escrito em língua inglesa. Alguns exemplos:
“Who gives to the poor lends to God. / Grain by grain, the hen fills the crop. /
Better a bird in the hand than two flying.” A sala foi visitada como exposição e
atraiu o interesse das demais turmas.
Ao vermos o recorte do filme “Yes, Man”, uma comédia com Jim Carrey, o
protagonista que vive uma vida totalmente focada no pessimismo. Tudo saia
literalmente errado. Até que um amigo seu o convidou para um curso de auto-
ajuda intitulado “YES”. O desafio era dizer “yes” para todos os desafios e convites
que se apresentassem em sua vida a partir daquele instante. Agora tudo mudou.
Realizou cursos inimagináveis e até arranjou uma namorada. Mas a sequência do
filme e a cena final acabaram revelando algo tão importante como o sim - há
momentos na vida em que é vital que digamos “NO” (no drugs, no bullying, no
violence, no lies, no fights, no disrespect for parents and teachers).
Coincidentemente ao final do debate sobre a importância do otimismo e da
aceitação de desafios, na visita da supervisora à sala de aula, a cada tarefa que
se lembrava sobre a participação dos mesmos numa visita programada a uma
universidade para o dia seguinte, os alunos respondiam em alta voz com “Yes”.
Questionamos o poder do pensamento positivo em momentos críticos da
vida como: depressão ou falta de planejamento no uso do dinheiro para
investimentos sem prever dificuldades possíveis como o desemprego, uma
doença, uma crise mundial financeira – o que comprometeria em muito o
pagamento da dívida.
O tema seguinte foi sugestão de uma das turmas que no primeiro
semestre literalmente usou do expediente do bullying contra um colega obeso.
Resultado: o mesmo pediu transferência da escola!
Era a lição Bullying Ideology que permitiu a lembrança do assunto – a
maioria dos alunos haviam esquecido o fato de que bully não se refere somente à
agressão física, mas que é acima de tudo violência simbólica sutil e devastadora
que visa destruir, desfazer, isolar, gozar, jogar “lama” em sua honra e nome e
diminuí-lo de tal maneira que sua auto-estima, sua personalidade, seu valor como
pessoa, seu ser interior... seja “pisoteada”.
Bullying, no ambiente escolar, segundo Santos (2001) significa todas as
atitudes agressivas, intencionais e repetitivas contra outro(s), causando dor e
angústia e executadas numa relação desigual de poder, tornando possível a
intimidação da vítima.
Os alunos começaram, então, a fazer um auto-exame da conduta
tipificadora de bullying na escola, na vida pessoal. Lembraram também de algo
ainda mais ameaçador - o cyberbullying . Cyberbullying é o amplificador virtual do
bullying. Segundo a educadora Silva (2010, p. 126), ocorre quando o agressor ou
autor se utiliza dos recursos tecnológicos e dos “mais modernos instrumentos da
internet e de outros avanços tecnológicos na área de informação e da
comunicação com o covarde intuito de constranger, humilhar e maltratar suas
vítimas”. Isso faz com que o sofrimento das vítimas se estenda além da escola e,
suas consequências, influenciem no rendimento e no comportamento escolar até
na sua vida adulta, constituindo-se em crime previsto em lei.
Trabalhamos o recorte do filme MainGirls (Meninas Malvadas),
selecionando os momentos de bullies e a condução que a referida escola deu ao
problema. Houve por parte dos alunos uma mea culpa e uma reflexão ética.
Aderiu-se ao firme propósito de melhorar o relacionamento humano, começando
na sala de aula e estendendo à família.
Nas aulas seguintes, os alunos participaram ativamente do tema que
envolvia Lan houses, os jogos na net e as redes sociais. Lan houses & Games net
ideology ofereceu a oportunidade de discussão sobre a inclusão digital, jogos
virtuais e a preferência pelos games violentos.
Para o educador Xavier (2002), o surgimento das tecnologias de
comunicação modificaram muitas atividades da vida moderna, inclusive o
processo de ensino e aprendizagem. O crescente aumento da utilização das
ferramentas tecnológicas (computador, internet, cartão magnético, caixa
eletrônico, Lan-Houses, Vídeo Games...) na vida social têm exigido de todas as
pessoas uma aprendizagem de comportamentos e raciocínios específicos. Falar
em letramento digital é concomitantemente falar de inclusão social. Políticas
públicas precisam continuar incentivando a construção de centros de informática e
internet, com acesso franqueado à informação para todos como passaporte de
entrada no universo do letramento digital.
Buscamos na memória dos alunos a realidade da Lan-house na vida dos
mesmos como primeiro lugar de inclusão digital, entretenimento e espaço social
de comunicação (MSN, Orkut, twitter...). A respeito dos Games na net observou-se
a presença da violência na maioria dos jogos eletrônicos. Onde estaria o limite
entre violência virtual e real?. A interiorização da violência revelou-se da parte dos
alunos quando deveriam resolver casos de bullies com a devida sugestão de
reação positiva anti-bullying (questionário com alternativas). Para espanto de
todos e também deste educador, somente dois ou três alunos se dispunham a
denunciar, afastar-se da briga ou defender a vítima. Os demais alunos
simplesmente optaram por uma solução de violência prévia que induzia à briga,
xingamentos e ofensa retribuida com atitude ainda mais destruidora.
Capitalismo, consumismo, marketing, pirataria e direitos autorais foram as
palavras-chave do tema seguinte: Consumism Ideology. Trabalhamos com os
alunos a respeito dos produtos piratas. Quando se listou razões para consumi-los,
as ideias não faltaram - desde “o que cai na net é de todos” até o fato social-
econômico que “não permite adquirir os originais por serem caros demais.” A lista
das razões que nos convenceriam a adquirir produtos originais praticamente não
andou. O professor precisou intervir e lembrar alguns deles: evade taxas/ steal
ideas and inventions/ food organized crimes... Consideramos ainda a importância
da boa administração no que diz respeito a administração do “money”. Observou-
se diferentes tipos de trabalhos para “teens” nos Estados Unidos e em nosso país.
Um aluno ponderou com ênfase a respeito da urgência nas oportunidades de
trabalho como estágios voluntários ou menor aprendiz. Houve neste período um
chamamento, propaganda e oportunidade de trabalhos voluntários (tipo estágio)
não remunerados. Poucos se interessaram e foram se inscrever. A fala mais
contundente era a de que “ninguém trabalha sem salário”. De nada adiantou o
professor salientar a importância da aquisição de experiência e da possibilidade
de poder se fixar na atividade após o período do voluntariado. Nem isso os
convenceu...
Como já foi dito nesta pesquisa científica, para Bakhtin (1992) todo gênero
discursivo, além de remeter a algo fora de si mesmo, é um elemento de natureza
ideológica e, tudo que é ideológico, possui um significado. Na sociedade pós-
moderna, segundo Marcuschi (2002), é a partir do bombardeio publicitário que se
faz emergir um consumo personalizado, no qual as relações interpessoais dão
lugar às relações de consumo, a beleza a todo o custo e ao prazer imediato.
Esses desejos e necessidades consumistas surgem como reflexos de identidade
assumidos pelo indivíduo, revelando uma nova constituição social e fazendo surgir
o neo-individualismo no qual o sujeito vive sem projetos, sem ideais, a não ser
cultuar sua auto-imagem.
A partir do recorte do filme Confessions of a Shopaholic revelou-se em
todos nós, com mais ou menos intensidade, o vício do consumo. Abordamos ainda
questões relativas ao consumo próprio e ao perigo de nos tornamos meros
“consumidores de produtos descartáveis”. O que fazer para revertermos este
processo? O que seria comprar “sem culpa”? Como equilibrar o binômio o ser e o
ter sendo ambos necessários para a sobrevivência humana? Sentimos a falta de
exemplos e curso apropriado na área da economia doméstica e pessoal - a
administração do dinheiro.
Estava chegando a hora de compartilharmos informações e experiências a
respeito dos perigos que a internet e os sites de comunicação oferecem. Ao
trabalharmos com Danger Internet Ideology, discorremos sobre a importância da
net na vida global do nosso planeta terra e na vida de cada um de nós. Quais são
as vantagens desta poderosa ferramenta de comunicação? Como ela pode ser
usada na pesquisa escolar? Como definir o Google – “espião” ou mediador
cibernético?
Vimos com os alunos à questão da definição do que é ser Alfabetizado e
Letrado. Os alunos se surpreenderam com o fato de que não basta saber ler e
escrever, mas que há a necessidade de entender/interpretar/construir e
desconstruir o conhecimento e as informações a que somos expostos pela mídia.
Todos participaram com bastante interesse quando trabalhamos as siglas do
“Basic Internet Vocabulary”. Ficamos preocupados quando vimos sobre os perigos
que rondam o uso da internet e, em especial, nas redes sociais de comunicação.
Muitos colaboraram com exemplos próprios e vistos na própria mídia.
3.3 Ação Pedagógica 3 - Compartilhando Experiências (students teach
students)
Por um período de quase três meses e meio vimos, lemos,
construímos/desconstruímos, compartilhamos nossos conhecimentos prévios,
confrontamos ideias, recorremos ao conhecimento científico e acumulado, tivemos
acesso à informações novas, agimos e nos expressamos diante dos diversos
temas oferecidos através do projeto Letramento Digital e a Reflexão Ideológica
em sala de aula de Língua Inglesa.
Com a finalidade de fortalecer o processo de conhecimento, fomos
desafiados a nos expressar e compartilhar o conteúdo visto em sala de aula - na
interação com o outro e na relação pensamento-linguagem-expressão. A
culminância do projeto previa uma ação pedagógica que foi intitulada de
“Students teach students”. As séries contempladas, no caso, foram os alunos
das oitavas séries do Ensino Fundamental. Alunos do Ensino Médio que
participaram do projeto (voluntários) foram acompanhados pelo professor e
divididos em grupos de três alunos (quatro grupos). O desafio foi a preparação de
um roteiro mínimo de trinta minutos sobre um tema já visto pelos mesmos (quatro
temas). Como cada aula tem a duração de cinquenta minutos. Na preparação das
“aulas”, houve a participação dos grupos que compartilharam suas experiências e
conhecimentos prévios e novos sobre o tema selecionado para a exposição. A
receptividade dos alunos das oitavas séries, frente à apresentação dos colegas do
Ensino Médio, superou as expectativas. Houve participação dos mesmos com
questionamentos, ideias, novas informações e questões pertinentes.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O reconhecimento dos textos multimodais e digitais como tipo de gênero
textual é importante aos educadores que têm a responsabilidade de mediar o
processo do ensino e aprendizagem, em plena era dos avanços tecnológicos
disponíveis também para a educação.
As tecnologias, portanto, assumem o papel de pontes que conectam a
sala de aula ao mundo, representando os fatos, a cultura e o conhecimento de
forma mais concreta ou abstrata, mais estática ou mais dinâmica, porém, sempre
combinadas - permitindo a apreensão da realidade e o desenvolvimento das
potencialidades dos alunos e dos diferentes tipos de inteligência, habilidades e
atitudes. Além disso, os alunos estão em contato com discursos multimodais que
contemplam imagens com mensagem fortemente marcada por uma ideologia e
força de poder. São novas possibilidades pedagógicas através do uso da
tecnologia midiática, com o objetivo de favorecer o exercício reflexivo sobre a
cultura e as informações ideológicas presentes.
Letramento Digital e a Reflexão Ideológica na Sala de Aula de Língua
Inglesa é um projeto que, em sua aplicabilidade em sala de aula, comprovou ser
um ponto de partida para o resgate de uma prática social, com visão e
conhecimento crítico da tecnologia da informação e de comunicação. É a
possibilidade real da comunicação, da interação com o outro, da prática e da
vivência comunitária e coletiva. A atitude de respeito às diferenças de opinião e
culturas, sem deixar de valorizar a sua própria história, revelam vidas que
voluntariamente desejam ser agentes protagonistas e transformadores em meio a
uma sociedade demasiadamente individualista voluntários. É o desafio de
transformar-se e transformar, começando pela sua própria comunidade social.
REFERÊNCIAS
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LÉVY, P. O que é o virtual? Rio de Janeiro: Editora 34, 1996.
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