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DA NAU DOS LOUCOS A BISPO DO ROSÁRIO: ANÁLISE
DISCURSIVA DE CARTAZES DOMOVIMENTO DA LUTA
ANTIMANICOMIAL
Cláudia Janice Hilgert*
Marcelo Nicomedes dos Reis Silva Filho**
RESUMO: A Reforma Psiquiátrica foi iniciada, no Brasil, no final da década de 1970, em um momento
que se construíam grandes modificações no cenário político nacional, impulsionadas por movimentos
sociais, como o da redemocratização, por exemplo. O Movimento de Luta Antimanicomial, também surgido
neste contexto, por meio de movimentos dos trabalhadores em saúde mental, deve ser tomado como
indissociável da Reforma Psiquiátrica no Brasil. O dia da Luta Antimanicomial, 18 de maio, foi instituído
em 1987, durante o I Congresso dos Trabalhadores em Saúde Mental e, desde então, a cada ano, em todo
o território nacional, são programadas diversas atividades como forma de lembrar e divulgar a luta pelo
fim dos manicômios. Os cartazes produzidos para esta data são importantes estratégias de divulgação do
movimento e são carregados de sentidos sobre a história da saúde mental. Neste trabalho foram analisados
três cartazes alusivos ao dia da luta antimanicomial, obtidos no site de buscas na internet Google, com as
palavras “18 de maio dia da luta antimanicomial”. Sob o olhar da Análise de Discurso francesa, com base
em autores como Pêcheux (1999, 2014, 2015), Orlandi (2007, 2015) e outros, buscou-se apontar efeitos
de sentido produzidos pelo material em análise. A produção dos materiais que foram analisados parte de
memórias que constituíram no decorrer da história, e ainda constituem, o dizer sobre a loucura e os seus
sentidos, e materializam posições ideológicas e políticas do movimento antimanicomial.
ABSTRACT: The Psychiatric Reform began in Brazil at the end of the 1970s, at a time when great
changes were being made in the national political scene, boosted by social movements such as
redemocratization, for example. The Anti-Manicomial Movement, also arising in this context, through the
movement of workers in mental health, must be taken as inseparable from the Psychiatric Reform in Brazil.
The day of the anti-asylum movement, May 18, was instituted in 1987 during the First Congress of Mental
Health Workers, and since then, every year, throughout the national territory, various activities are planned
as a way of remembering and fight for the end of asylums. The posters produced for this date are important
strategies for publicizing the movement and are loaded with meanings about the mental health history. In
this work, three posters allusive to the day of the antimanicomial fight were analyzed, obtained in the
Google search site, with the words "May 18 antimanicomial fight day". From the perspective of French
Discourse Analysis, based on authors such as Pêcheux (1999, 2014, 2015), Orlandi (2007, 2015) and
others, we sought to point out the meaning effects produced by the material under analysis. The production
of the materials that were analyzed leaves of memories that constituted in the course of history, and still
constitute, the discourse about the madness and its meanings, and materialize the ideological and political
positions of the antimanicomial movement.
PALAVRAS CHAVE: Loucura; manicômios; luta antimanicomial; análise de discurso.
KEYWORDS: Madness; insane asylums; antimanicomial movement; discourse analysis.
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INTRODUÇÃO
Efeito de Início
O movimento da Reforma Psiquiátrica, iniciado no Brasil ao final da década de 1970, foi
consolidado pela Lei 10.216/2001, que estabelece os direitos dos portadores de transtorno
mental e o modelo de assistência em saúde mental. Essa legislação proporcionou uma
nova direção para a assistência psiquiátrica e regulamentou as internações involuntárias,
colocando-as sob a supervisão do Ministério Público. No contexto dessa lei, a Reforma
Psiquiátrica é entendida como um processo social complexo, que envolve a mudança na
assistência, de acordo com os novos pressupostos técnicos e éticos, devidos à
incorporação cultural desses valores e a convalidação jurídico-legal dessa nova ordem.
(BRASIL, 2005).
De acordo com Amarante (1992, p. 104), a época em que Movimento de Reforma
Psiquiátrica (final da década de 1970, início da década de 1980) tomou força foi marcada
por uma série de mudanças na conjuntura político-social brasileira. Diversos movimentos
sociais e instituições se mobilizaram pela “anistia, pela reinserção político-partidária,
pelas liberdades sindicais e de associação civil, enfim, pela redemocratização”. De início,
o movimento surgiu como um apelo corporativista dos profissionais de saúde e entidades
de classe, para, posteriormente, se tornar o principal crítico da psiquiatria clássica e dos
manicômios.
O movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil, no período da recente
redemocratização, inicia-se pautado, sobretudo, em questões de ordem
trabalhista e em denúncias das políticas de saúde mental. É evidente que com
a conjuntura repressiva e autoritária de então, o objetivo da transformação
esteja centrado em torno, primeiramente, ou da humanização dos serviços
hospitalar-manicomiais, ou da administração dos serviços ou, ainda, da
questão genérica das condições de trabalho e assistência. (AMARANTE, 1992,
p. 103)
O Movimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil deu origem a um movimento mais
específico que é o Movimento da Luta Antimanicomial, de forma que os dois se tornaram
praticamente indistinguíveis. O dia 18 de maio marca o dia nacional da Luta
Antimanicomial. Esta data foi estabelecida em 1987 na cidade de Bauru, durante o I
Congresso de trabalhadores de serviços de saúde mental e instituiu, além da data, o lema
“Por uma sociedade sem manicômios”. (SANTO; ARAUJO; AMARANTE, 2016)
A luta por uma sociedade sem manicômios é uma das mais bem sucedidas da
história recente brasileira. Uma das principais práticas de visibilidade do
movimento é a comemoração do Dia Nacional de Luta Antimanicomial, sendo
a data lembrada em diversas localidades do Brasil. As comemorações desse
dia têm nos cartazes uma das suas principais estratégias de divulgação e
mobilização: com eles circulam e são difundidos os discursos que defendem
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uma sociedade sem manicômios. (SANTO; ARAUJO; AMARANTE, 2016, p.
454).
O objetivo deste artigo é analisar, com base na teoria e procedimentos da Análise de
Discurso francesa (AD), cartazes de campanhas do Dia da Luta Antimanicomial, 18 de
maio. Esta análise permite compreender a produção de sentidos no contexto do
movimento antimanicomial e suas posições ideológicas, de acordo com a teoria pela qual
este trabalho é composto, assinalando sua relação com outros discursos e com a memória
discursiva, resgatada historicamente.
O corpus deste trabalho é constituído por três imagens de cartazes alusivos ao dia 18 de
maio. As imagens foram selecionadas por meio de uma pesquisa no site de buscas Google,
direcionada pelas palavras-chave: “18 de maio dia da luta antimanicomial”. Os cartazes
foram escolhidos pela forma como representam a questão manicomial e o tratamento da
loucura. A decisão por este tipo de material se deu pela sua grande circulação, já que estão
disponíveis em meio virtual, e pelo papel que desempenham dentro do movimento, o de
representar seus ideais.
Este artigo é composto por uma breve contextualização teórica da AD, apresentando
conceitos necessários ao entendimento da produção de sentidos no discurso, o que irá
basear as análises do corpus que se seguem. O item seguinte apresenta os cartazes
selecionados e suas análises, que mobilizam, além da teoria da AD, outras fontes, como
o trabalho de Foucault (1984, 2014) e outros autores, sobre a loucura, para colocar em
evidência sentidos produzidos no material.
1. CONTEXTUALIZANDO TEORICAMENTE A PESQUISA: A ANÁLISE DE
DISCURSO FRANCESA
Antes de iniciar a exposição do material a ser analisado, é importante realizar algumas
considerações teóricas a respeito da Análise de Discurso pêuchetiana (AD), que norteia
teórica e metodologicamente este trabalho. A construção teórica da AD foi iniciada na
França por Michel Pêcheux, durante a década de 60. De acordo com Orlandi (2015), a
linguagem para a AD não é tratada como um simples sistema, fechado em si mesmo e
com sentidos transparentes. A língua é concebida como mediação entre o homem e sua
realidade, essa mediação é o discurso. Assim, para a AD, na materialidade da língua o
discurso é produzido e determinado por um contexto, em que pesam também o sujeito
que o produz e a quem ele é dirigido:
Chamaremos discurso uma sequência linguística de dimensão variável,
geralmente superior à frase, referida às condições que determinam a produção
dessa sequência em relação a outros discursos, sendo essas condições
propriedades ligadas ao lugar daquele que fala e àquele que o discurso visa,
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isto é, àquele a quem se dirige formal ou informalmente, e ao que é visado
através do discurso. (PÊCHEUX, 1973/2015, p. 214)
Dessa forma, para a AD, é importante o estabelecimento das condições de produção ou o
contexto, para análise dos efeitos de sentido de um discurso, já que estes são determinados
historicamente, segundo essa teoria. O conceito “condições de produção” foi deslocado
do âmbito da economia, de acordo com Pêcheux (1973/2015, p. 215), para indicar a
descrição da conjuntura em que o discurso foi produzido, principalmente no diz respeito
à “produção de um efeito”, isto é, o jogo das relações sociais e as posições sustentadas
pelos sujeitos.
A Análise de Discurso, segundo Orlandi (2015), articula conhecimentos das áreas da
Linguística e das Ciências Sociais, questionando seus métodos e suas bases
epistemológicas, a fim de gerar reflexões a respeito da determinação histórica da língua
e da linguagem tomada como transparente, como se houvesse um sentido único e literal
para as palavras. Assim, a AD tem como objetivo “compreender a língua fazendo sentido,
enquanto trabalho simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e de
sua história” (p.15).
O quadro epistemológico da Análise do Discurso, dessa forma, é composto pela
articulação das três seguintes áreas do conhecimento científico:
1. o materialismo histórico, como teoria das formações sociais e de suas
transformações, compreendida aí a teoria das ideologias;
2. a linguística, como teoria dos mecanismos sintáticos e dos processos de
enunciação ao mesmo tempo;
3. a teoria do discurso, como teoria da determinação histórica dos processos
semânticos.
Convém explicitar ainda que essas três regiões são, de certo modo,
atravessadas e articuladas por uma teoria da subjetividade (de natureza
psicanalítica) (PÊCHEUX; FUCHS, 2014, p. 160)
De acordo com Pêcheux (2014) a necessidade de uma teoria materialista do discurso está
na característica dos sentidos das palavras serem construídos histórica e socialmente, ou
seja, pela posição ideológica que o sujeito ocupa, no processo sócio-histórico em que o
discurso é produzido. Desta forma, o sentido do discurso muda conforme as posições
sustentadas por aqueles que o produzem, ou “em referência às formações ideológicas nas
quais essas posições se inscrevem” (p. 147). Assim, foi teorizado um conceito muito
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importante para a AD, que permite conceber como se dão os processos discursivos, o de
formação discursiva1 (FD):
Chamaremos, então, formação discursiva aquilo que, numa formação
ideológica dada, isto é, a partir de uma posição dada numa conjuntura dada,
determinada pelo estado da luta de classes, determina o que pode e o que deve
ser dito (articulado sob a forma de uma arenga, de um sermão, de um panfleto,
de uma exposição, de um programa, etc.) (PÊCHEUX, 2014, p. 147, grifo do
autor)
Desta maneira, não se pode falar de um sentido único para uma palavra, e sim de sentidos,
determinados pela formação discursiva à qual pertence. De acordo com Pêcheux (2014),
a formação discursiva também tem a propriedade de dissimular, pelo efeito de uma
transparência de sentido (isto é, o que é dito só pode ser compreendido daquela forma), a
formação ideológica da qual é dependente para se constituir.
A ideologia funciona de modo a interpelar os indivíduos em sujeitos, fornecendo a estes
sua realidade. O funcionamento, em última instância, da ideologia é inconsciente,
apagado ou esquecido, e se dá por meio de um efeito de sujeito e de sentido, disfarçados,
“sob a forma de autonomia” do sujeito (p. 149), o que o leva a acreditar que somente pode
dizer algo da forma como diz e com o sentido que pretende dar ao que comunica.
(PÊCHEUX, 2014)
2. OS CARTAZES DE 18 DE MAIO COMO ESPAÇO DE MEMÓRIA DA LUTA
ANTIMANICOMIAL
Como dito anteriormente, este trabalho propõe analisar discursivamente 2 cartazes de
divulgação de eventos e atividades referentes à data de 18 de maio, dia nacional da Luta
Antimanicomial. A figura 1 mostra um cartaz produzido em 1997, que anuncia um evento
em comemoração ao dia 18 de maio, com apresentações culturais, conforme especificado
na tarja direita do cartaz. Os promotores do evento são: o Conselho Regional de
Psicologia (CRP), o Departamento de Psicologia clínica da UNESP, e o governo
municipal e estadual, por meio de suas secretarias de saúde.
1 O conceito de formação discursiva foi constituído por Foucault (2009) como uma regularidade que se
estabelece no discurso. Segundo o autor: “no caso em que se puder descrever, entre um certo número de
enunciados, semelhante sistema de dispersão, e no caso em que entre os objetos, os tipos de enunciação, os
conceitos, as escolhas temáticas, se puder definir uma regularidade (uma ordem, correlações, posições e
funcionamentos, transformações), diremos, por convenção, que se trata de uma formação discursiva.”
(FOUCAULT, 2009, p. 43)
Pêcheux deslocou este conceito para a AD, mudando o entendimento que uma formação discursiva seja
regular e homogênea, mas sim heterogênea, definida pela ideologia, em contextos determinados pela luta
de classes, em um posicionamento claramente marxista.
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O cartaz traz a imagem de duas pessoas nuas, do sexo masculino, um branco, outro negro,
em frente a uma parede, na qual, ao lado esquerdo, pode ser observado um portão de
grades fechado. Há manchas no chão e nas paredes, próximas das pessoas, o que sugere
sujeira no ambiente. Os personagens do cartaz estão sentados, nus, na sujeira. Acima, na
imagem, há o enunciado “Manicômio nunca mais”, escrito em formato de círculo, como
se fosse um carimbo. Nas informações presentes na lateral direita do cartaz podemos
observar a programação de uma série de eventos culturais (dança, teatro, música, pintura,
etc) realizados em uma praça (praça da catedral).
Figura 1- Cartaz Movimento Antimanicomial
Fonte: http://www.revistahcsm.coc.fiocruz.br/wp-content/uploads/2016/06/manicomio_nunca_mais
A forma como o cartaz é construído é coerente com uma FD que compartilha o modelo
de saúde mental proposto pela Reforma Psiquiátrica. Os eventos propostos levam a
loucura para as ruas, as praças. Uma das principais propostas da Reforma Psiquiátrica,
como se pôde ver, é a de reinserir socialmente o sujeito. O dizer “Manicômio nunca mais”
é disposto como um carimbo, é uma marca do movimento da Luta Antimanicomial, como
uma palavra de ordem repetida e que pode ser observada na maioria dos seus materiais
de divulgação. O dizer “Manicômio nunca mais” recupera uma memória histórica do
movimento e marca um posicionamento ideológico do grupo ou das instituições que
produziram o material em questão.
Porém, como observam Santo, Araújo e Amarante (2016), em um artigo que analisam
discursivamente este e outros cartazes do dia 18 de maio, no canto inferior direito há a
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informação de dois patrocinadores, “Risperidal” e “Janssen Farmacêutica”, que são
empresas farmacêuticas. Os autores sustentam que os interesses da indústria farmacêutica
podem ser antagônicos ao movimento de Luta Antimanicomial, pois a medicação é a nova
forma de contenção utilizada na área da saúde mental. A tarja preta na lateral do cartaz
também retoma sentidos relacionados ao tema da medicação: a maioria dos psicoativos
apresentam a tarja preta em sua embalagem, que sinaliza o possível desenvolvimento de
dependência química, em caso de uso excessivo. A tarja também retoma a memória da
loucura como doença.
O que torna possível estas contradições no interior de um enunciado é a ação da ideologia,
em que o sujeito produz enunciados sem se dar conta que estes são determinados pela FD
em que está inserido. Assim, para o sujeito que produz discurso não há contradição no
que é dito, pois pelo efeito da ideologia, existe uma naturalização dos sentidos, a
linguagem é tomada como transparente para aquele que diz. Também se pode afirmar que
existe uma relação interdiscursiva, na qual sentidos produzidos em outros contextos são
retomados, inconscientemente, no interior de uma determinada FD. O interdiscurso foi
proposto por Pêcheux (2014, p. 149)como aquilo que “fala sempre ‘antes, em outro lugar
e independentemente’, isto é, sob a dominação do complexo das formações ideológicas”.
Desta forma, é possível que no cartaz encontremos discursos que, a princípio, seriam
contraditórios, mas pela ação da ideologia, e da própria constituição do sujeito, estas
contradições são apagadas na formulação do dizer.
O sentido é constituído para o sujeito no interior das FDs, segundo Pêcheux (2014, p.
148), por meio do assujeitamento ideológico e do que ele chamou de “processo
discursivo”, que “passara a designar o sistema de relações de substituição, paráfrases,
sinonímias, etc., que funcionam entre elementos linguísticos – ‘significantes’ – em uma
formação discursiva dada”. Conforme Courtine (2009, p. 73), as FDs não são passíveis
de se isolarem “das relações de desigualdade, de contradição ou de subordinação que
marcam sua dependência em relação ao ‘todo complexo com dominante’ das FD”. O
autor ainda esclarece que esse complexo ideológico é nomeado “interdiscurso” e o estudo
do processo discursivo necessita levar em consideração as relações interdiscursivas que
o constitui.
Na relação entre o interdiscurso de uma FD e o processo de enunciação, que se estabelece
uma articulação ente o discurso e a língua denominada “pré-construído”. De acordo com
Courtine (2009, p. 74), esse termo foi introduzido por Paul Henry e “designa uma
construção anterior, exterior, independente por oposição ao que é construído na
enunciação”. São os pré-construídos que fornecem ao sujeito os objetos de seu discurso.
Quando Pêcheux (1999, p. 52) explica o funcionamento da memória no discurso, ele
afirma que os pré-construídos residem na memória, “na forma de remissões, retomadas e
paráfrases” que, pela repetição, podem contribuir para a construção de estereótipos.
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Retomando a análise dos cartazes, a sua imagem central, os dois homens sentados no
chão, nus, com a cabeça abaixada, cabelos curtos ou raspados, no meio da sujeira, retoma
memórias históricas dos campos de concentração nazistas, do Holocausto dos judeus,
durante a segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945, envolvendo grande parte
das nações do mundo. A foto do cartaz, segundo o site de buscas Google, é de pacientes
do Hospital Colônia de Barbacena, Minas Gerais, que, pelo histórico de abusos e maus
tratos, foi chamado de “Holocausto Brasileiro”, tamanhos foram os horrores e a
quantidade de pessoas atingidas.
A história do Hospital Colônia de Barbacena ficou marcada como um dos principais
exemplos das condições desumanas a que eram submetidos milhares de internos nos
manicômios do Brasil, de tal forma que foi relacionado a um dos acontecimentos que
mais guardam memórias de horror e medo da história, o holocausto dos judeus. Em ambos
os casos, os sujeitos são desumanizados, alienados de sua condição, “estrangeirizados”,
conforme Foucault (2014), a familiaridade, o reconhecimento se desfazem, então se torna
possível a violência e o isolamento, pois aqueles que o praticam, não o fazem contra seus
iguais.
A figura 2, é composta por duas fotografias, uma de um campo de concentração, outra do
interior do Hospital de Barbacena, que assinala a memória que é retomada no Cartaz 1,
por meio da imagem dos homens nus. Pode-se observar semelhanças, entre as fotos da
figura 2 e a figura 1, como a nudez e a magreza das pessoas, as poucas vestes em trapos,
as cabeças raspadas, o ambiente sujo, fechado. Na foto do cartaz, os sujeitos não encaram
a câmera, o efeito de sentido produzido é de sujeitos em posição de submissão, alienados
da situação. Nas fotos da figura 2, existe o olhar dos sujeitos, que produzem um efeito de
tristeza, desolamento.
Figura 2 - à esquerda, uma imagem de um campo de concentração nazista (Buchenwald,
na Alemanha); à direita, uma fotografia dos internos do Hospital Colônia de Barbacena.
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Fonte: Google imagens
No prefácio do livro intitulado Holocausto Brasileiro, da jornalista Daniela Arbex (2013),
Eliane Brum diz que utilizar a palavra holocausto fora do contexto do nazismo pode
parecer exagero, mas neste caso, não o é. Segundo a escritora, na obra de Arbex, “seu uso
é preciso. Terrivelmente preciso” (p.12). Arbex (2013) narra em seu livro uma extensa
investigação que realizou no “Colônia”, como o hospital era chamado na região,
pesquisando documentos e registros, realizando entrevistas com ex-pacientes e
funcionários. Os números chocam: 60 mil mortos entre os anos de 1930 e 1980 (p. 229).
Mas o terror não é resumido somente em números. Os internos dormiam em montes de
palha, para economizar espaço no hospital e acumular mais gente. Passavam frio, fome,
andavam nus ou em trapos. Bebiam água de esgoto, apanhavam, eram abusados
sexualmente, eram submetidos a tratamentos de eletrochoque que, em muitos casos, por
uso indiscriminado de força, causavam a morte do paciente. O hospital comercializou
centenas de corpos para uso em faculdades. Cerca de 30 crianças foram tiradas de suas
mães (ARBEX, 2013, p. 107). As crianças que estavam internadas no hospital tinham um
espaço chamado de “Enfermeirinha”, e recebiam tratamentos desumanos tais quais os
adultos.
O Hospital Colônia de Barbacena, atual Centro Hospitalar Psiquiátrico de
Barbacena, foi criado em 1903. Na década de 1930 a cidade de Barbacena, que
em função do grande nosocômio recebia pacientes de todo o estado, foi
apelidada de “Cidade dos Loucos”. Na instituição já se contabilizou algo em
torno de 100 óbitos em um único inverno, o que fez com que ficasse conhecida
por ser uma das principais fornecedoras de cadáveres para faculdades de
Medicina de todo do país. (BORGES, 2017, p. 105)
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O hospital de Barbacena era um depósito de “indesejados”, estima-se que 70% dos
pacientes não tinham diagnóstico de transtorno mental, mas eram pessoas que a sociedade
não queria em circulação. Esta situação também foi relatada por Foucault (2014), que
narra a transformação das grandes estruturas dos leprosários em manicômios, quando
ficaram ociosas a partir do controle da lepra, que se deu, em grande parte, pelo próprio
isolamento dos doentes nos hospitais. Esta estrutura teve um novo destino, no período
que Foucault chamou de “a grande internação”, ocorrida nos meados século XVII. Nesta
época, os manicômios não abrigavam somente loucos, mas também paralíticos,
mendigos, indigentes, desempregados, prostitutas, doentes venéreos, idosos senis e toda
sorte de indesejados pela sociedade. A internação tinha um caráter moral e até, em alguns
casos, religioso, que uniformizava os que não se enquadravam nos padrões e não era
questionada. De acordo com o autor, o “espanto pelo fato de doentes terem sido fechados,
por ter-se confundido loucos com criminosos, surgirá mais tarde. Por ora, estamos diante
de um fato uniforme” (p. 83).
Desde o início do século XX, a falta de critério médico para as internações era
rotina no lugar onde se padronizava tudo, inclusive os diagnósticos. Maria de
Jesus, brasileira de apenas vinte e três anos, teve o Colônia como destino, em
1911, porque apresentava tristeza como sintoma. Assim como ela, a estimativa
é que 70% dos atendidos não sofressem de doença mental. Apenas eram
diferentes ou ameaçavam a ordem pública. Por isso, o Colônia tornou–se
destino de desafetos, homossexuais, militantes políticos, mães solteiras,
alcoolistas, mendigos, negros, pobres, pessoas sem documentos e todos os
tipos de indesejados, inclusive os chamados insanos. A teoria eugenista, que
sustentava a ideia de limpeza social, fortalecia o hospital e justificava seus
abusos. Livrar a sociedade da escória, desfazendo-se dela, de preferência em
local que a vista não pudesse alcançar. (ARBEX, 2013, p. 21)
De acordo com Borges (2017, p. 105), o Hospital Colônia de Barbacena expõe uma
memória dolorosa da história da psiquiatria no Brasil e, ao mesmo tempo, se constituí
como um importante patrimônio, entendido aqui como atitude política, a serviço da Luta
Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica. “O patrimônio cultural é um discurso político
que procura instituir a importância de determinados bens, materiais ou imateriais”, neste
caso, as condições desumanas encontradas nos hospitais psiquiátricos quando estes foram
abertos, durante a década de 1970 e 1980, no início do Movimento da Reforma
Psiquiátrica.
O movimento da Reforma Psiquiátrica, como forma de preservar a memória dos horrores
e sofrimento, infringidos aos pacientes no interior dos hospitais psiquiátricos durante
décadas, foi responsável pela criação do Museu da Loucura, que toma parte do que foi o
Hospital Colônia de Barbacena. Borges (2017, p. 111) cita ainda o museu Bispo do
Rosário de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro, o Memorial do São Pedro, em Porto
Alegre e o Centro de Documentação e Pesquisa do Hospital Colônia Sant´Ana, em Santa
Catarina como “instituições de memória dentro de hospitais psiquiátricos” que fazem
parte do mesmo movimento.
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Discursivamente, segundo Pêcheux, (1999, p. 50), a memória deve “ser entendida aqui
não no sentido diretamente psicologista da ‘memória individual’, mas nos sentidos
entrecruzados da memória mítica, da memória social inscrita em práticas, e da memória
construída do historiador”. A memória constitui um espaço discursivo dividido, de
disjunções, deslocamentos e retomadas, de conflitos e regularização, “um espaço de
desdobramentos, réplicas, polêmicas e contra-discursos” (p. 56).
A memória discursiva estabelece o que Pêcheux (1999, p. 52) chamou de implícitos, ou
seja, “mais tecnicamente, os ‘pré-construídos’, elementos citados e relatados, discursos
transversos, etc”, necessários à leitura de um acontecimento, ou seja, a memória fornece
elementos para a construção de sentidos para um determinado objeto, que são
regularizados, por meio da repetição do discurso. De acordo com Courtine (2009, p. 105-
106), a memória discursiva “diz respeito à existência histórica de um enunciado no
interior de práticas discursivas”. A memória, em seu funcionamento em uma FD,
possibilita lembranças, repetições, negações, e também esquecimentos, que se
materializam nos enunciados.
Desta forma, quando o Movimento Antimanicomial produz um material de divulgação
como o cartaz 1, ele promove uma fusão do sentido do manicômio com a memória dos
holocaustos (tanto judeu como o holocausto brasileiro), reforçando a palavra de ordem
expressa no material (Manicômio nunca mais), interditando, pelo horror, outros possíveis
sentidos em relação aos manicômios, que não o de um lugar desumano, cruel e que deve
ser banido da sociedade.
Vamos ao segundo cartaz, (figura 3), composto por 6 quadros, distribuídos na parte
superior, sob um fundo preto. A primeira imagem é de um livro aberto, e ao lado vê-se o
dizer: “1961 – 2011 50 anos História da Loucura na Idade Clássica Michel Foucault”,
fazendo referência à obra de Foucault, que trata, historicamente, da história da loucura na
Europa, e o do início dos internamentos como forma de exclusão e tratamento dos loucos
nas cidades.
Figura 3 – Cartaz dia da Luta Antimanicomial.
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Fonte: http://antimanicomialbh.blogspot.com.br/p/blog-page.html
O cartaz mostra sobre o fundo branco a figura de um homem, com uma vestimenta com
muitos bordados coloridos, puxando uma carretinha de madeira com vários barquinhos
de papel. Na lateral esquerda há uma tarja preta (que faz alusão às tarjas das embalagens
dos medicamentos psicoativos, com esta cor), com os dizeres: “Se quero o outro comigo,
fraco, cansado ou louco... ... tenho que deixar sempre abertas, as portas do coração”.
Acima da figura do homem está escrito: “18 de maio Dia Nacional da Luta
Antimanicomial”. Abaixo, no canto esquerdo, se encontra o logotipo do Conselho Federal
de Psicologia ao lado do dizer “Por uma sociedade sem manicômios”.
Realizando uma primeira “leitura” dos dizeres do cartaz, embora não se tenha
informações sobre o ano em que foi produzido, percebe-se uma mudança em relação aos
outros cartazes apresentados: fornece ao louco uma humanidade, representada pela
fragilidade a que qualquer ser humano está exposto: fraco, cansado ou louco. Estes 3
adjetivos, que seguem o enunciado: “se quero o outro comigo”, produzem um efeito de
aproximação com o interlocutor. Notemos que este sujeito não está mais trancado. É uma
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outra abordagem da questão da luta antimanicomial que é apresentada, a do sujeito com
transtorno mental próximo, incluído, se movimentando pelo espaço da sociedade.
Dessa forma, deve-se “manter” a porta aberta, não das celas ou do hospital e sim do
coração. O efeito de sentido aqui é consolidação do movimento, de criar uma
aproximação afetiva com a loucura, de aceitação desta na sociedade, com suas
características e particularidades. O enunciado: “por uma sociedade sem manicômios”,
que é o lema estabelecido no I Congresso de Trabalhadores de serviços de saúde mental,
em 1987, quando se instituiu a data de 18 de maio como dia da luta antimanicomial. É
mais uma memória do movimento de luta antimanicomial que é retomada na
materialidade discursiva do cartaz em questão.
O homem que aparece no cartaz é Arthur Bispo do Rosário (1909 – 1989), um artista
brasileiro que, aos30 anos, de acordo com Jimenez (2008) foi internado sob um
diagnóstico de esquizofrenia paranóide e viveu desde então em manicômios da cidade do
Rio de Janeiro. Suas obras foram expostas em diversos museus no mundo todo. Constitui
um verdadeiro enigma para os estudiosos da área, o fato de um sujeito que viveu isolado
da sociedade por tanto tempo produzir obras com tão grande impacto e de tamanha
sofisticação estética. O “fio” pelo qual o artista puxa o carrinho é composto pela seguinte
frase: “Obra de Arthur Bispo do Rosário, internado no Hospital Psiquiátrico Pedro II, no
Rio de Janeiro, após delirar dois dias nas ruas. ”
O cartaz dá ao portador de transtornos mentais um outro lugar, pelo fato de representar
não mais o louco aprisionado, imóvel, mas sim em movimento, indo ao longe, seguido
por sua arte. Por outro lado, e de forma mais contundente ainda, está a arte de Arthur
Bispo do Rosário, que provocou rupturas no imaginário construído a respeito da loucura,
libertando, simbolicamente, o seu discurso. Ambos rompem com os discursos da razão,
que falam da/e pela loucura e dão voz aos loucos que falem por si mesmos. Assim temos
uma loucura muito mais próxima daquela do período da renascença, representada no
cartaz analisado anteriormente pela obra de Bosch, em era portadora de uma verdade
sobre a natureza do homem.
Orlandi (2012) trata dos meios de “individu(aliz)ação” do sujeito na modernidade, sob a
ordem do capitalismo, de modo que, interpelado pela ideologia em sua constituição como
sujeito, acredita-se e percebe-se como ser “responsável, dono de sua vontade, com direitos
e deveres e direito de ir e vir” (p. 228). Esse sujeito moderno, que adquire “valor” em
uma sociedade por meio do trabalho, ao mesmo tempo em que é alienado dos frutos
produzidos por este, se identifica nesta “posição-sujeito” individual, e é isto que permite
sua inscrição em uma determinada formação discursiva. Ironicamente, a ideologia pode
falhar nesse processo, gerando rupturas captadas na materialidade do discurso:
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[...] A ideologia, como dissemos, é um ritual com falhas. Mas nem por isso, a
ideologia pára de funcionar.
Na falha, ela se abre em ruptura, onde o sujeito pode irromper com seus outros
sentidos e com eles ecoar na história. Condição para os sujeitos e os sentidos
possam ser outros ‘fazendo sentido no interior do não sentido’. É a isto que
chamo resistência. E não a voluntarismo inscrito em teorias que se sustentam
na onipotência dos sujeitos e dos sentidos que mudam à vontade. Somos
sujeitos interpelados pela ideologia e é só pelo trabalho e pela necessidade
histórica da resistência que a ruptura se dá quando a língua se abre em falha,
na falha da ideologia, enquanto o Estado falha, estruturalmente, em sua
articulação do simbólico com o político. Não é, pois pela magia, nem pela
vontade, mas pela práxis que a resistência toma seu lugar. (ORLANDI, 2012,
p. 231)
A resistência presente na relação interdiscursiva entre o cartaz em questão e a obra de
Arthur Bispo do Rosário aponta para possibilidades, deixa entrever, talvez, um novo lugar
para o louco que não o da doença, da incapacidade, da prisão, do silêncio. Mas, no jogo
de forças (ou luta de classes), presente desde sempre na história, em que as sociedades se
movem entre avanços e retrocessos de movimentos como o da Reforma Psiquiátrica, há
um longo caminho a ser percorrido ainda.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com Amarante (1992, p. 105), o movimento de Reforma Psiquiátrica não
substitui a psiquiatria clássica por outro modelo, mas sim, procura utilizá-lo “como marco
explicativo-causal e epidemiológico para a nova organização assistencial que propõe”. A
principal diferença entre os dois modelos é que, para a Reforma Psiquiátrica o hospital é
o último recurso no tratamento dos transtornos mentais.
O autor indica ainda que, embora haja uma predominância do “modelo preventista” como
alternativa de tratamento, existe uma propagação de propostas, ideias e novos modelos
“alternativos” para a questão do tratamento em saúde mental. Referente ao modelo
preventista, ainda esclarece que este acaba por se constituir uma nova forma de controle
social da loucura, passando do modelo asilar (ou manicomial) para a medicalização.
Este fato mostra que, apesar de grandes mudanças em direção a tratamentos mais
humanizados para o transtorno mental, com melhorias das suas condições de vida e
reinserção na sociedade, o movimento da Reforma Psiquiátrica ainda não rompeu com o
discurso médico, até mesmo porque foi construído no interior de movimentos de
profissionais de saúde. Esta característica é evidenciada pelo fato de que o transtorno
mental (ou a loucura) ainda ser considerado um campo que necessita de tratamento. Não
se trata aqui de dizer que os transtornos mentais não necessitam de tratamento e sim que,
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apesar de uma outra abordagem, a Reforma Psiquiátrica ainda se inscreve no discurso
médico de oposição saúde-doença, normalidade – não-normalidade, etc.
Em última instância, e essa constatação se deve também à Análise de Discurso, quando
esta trata da ideologia, seu funcionamento interpelando os sujeitos, e também pela
conceituação de forma-sujeito, como forma histórica dos sujeitos de uma determinada
época, os modelos de tratamento em saúde mental, surgidos até agora, não rompem com
o capitalismo. Foucault (1984) relata que o grande “pecado” cometido pelos loucos, em
uma sociedade capitalista, é não produzir. Ora, até hoje a medicina esteve a serviço de
colocar os sujeitos em condições de trabalhar, seja com métodos mais ou menos humanos.
E todo este movimento histórico acaba sendo materializado nos discursos, seja na mídia,
seja no discurso científico, no cotidiano dos sujeitos e das instituições.
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*Cláudia Janice Hilgert: Mestranda em Letras - Linguagem e Sociedade pelo PPGL -
Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, graduada em Psicologia - Instituto
de Ensino Superior de Foz do Iguaçu, membro do GEAD - Grupo de Estudos em Análise
de Discurso Unioeste. [email protected]
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**Marcelo Nicomedes dos Reis Silva Filho: Doutorando em Letras - Linguagem e
Sociedade pelo PPGL - Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, Mestre em
Educação pelo PPGE da UCB, pesquisador do NUPESDD - Núcleo de Pesquisa e Estudos
Sociolinguísticos, Dialetológicos e Discursivos da Universidade Estadual do Mato
Grosso do Sul-UEMS, CEPAD - O Centro de Pesquisa em Análise do Discurso da mesma
Universidade e do membro do GEAD - Grupo de Estudos em Análise de Discurso
Unioeste. Professor do Curso de Licenciatura em Linguagens e Códigos - UFMA -
Campus São Bernardo. [email protected]