UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA
DANIEL DE SOUZA CRUZ MORAIS
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIOXIDANTES E
CITOTÓXICAS DE EXTRATOS RICOS EM
POLISSACARÍDEOS EXTRAÍDOS DAS HASTES DE
MANDACARU (CEREUS JAMACARU DE CANDOLLE,
CACTACEAE)
NATAL
2013
DANIEL DE SOUZA CRUZ MORAIS
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIOXIDANTES E
CITOTÓXICAS DE EXTRATOS RICOS EM
POLISSACARÍDEOS EXTRAÍDOS DAS HASTES DE
MANDACARU (CEREUS JAMACARU DE CANDOLLE,
CACTACEAE)
Dissertação apresentada ao
Departamento de Bioquímica da
Universidade Federal do Rio Grande
do Norte como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em
Bioquímica.
Orientador: Hugo Alexandre de
Oliveira Rocha.
NATAL
2013
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências
Morais, Daniel de Souza Cruz.
Avaliação das atividades antioxidantes e citotóxicas de extratos ricos em
polissacarídeos extraídos das hastes de Mandacaru (Cereus jamacaru de candolle,
cactaceae). / Daniel de Souza Cruz Morais. – Natal, RN, 2013.
65 f.: il.
Orientador: Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Centro de Biociências. Departamento de Bioquímica.
1.
1. Cereus jamacaru – Dissertação. 2. Citotóxico – Dissertação. 3. Doença renal –
Dissertação. I. Rocha, Hugo Alexandre de Oliveira. II. Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE-CB CDU 582.661.56
Dedico esta obra
À minha família, que sempre me deu todo o apoio necessário para
superar os obstáculos passados durante o período em que fiz o
mestrado. Sem vocês, a passagem por esta etapa teria sido mais difícil.
Dedico esta obra
Ao professor Hugo Alexandre de Oliveira Rocha, pela imensa paciência,
serenidade e cumplicidade nestes anos em que estive sob sua orientação.
Sem seus ensinamentos, esta dissertação nunca teria se concretizado.
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai, Álvaro Navarro, por todo o apoio intelectual dado por toda a
minha vida. Seus ensinamentos sempre me inspiraram a alçar voos cada
vez mais altos e a seguir meus sonhos, agora alcançados com esta obra
À minha mãe, Rita de Cácia, por todo o amor e carinho dedicado e que,
mesmo à milhares de quilômetros de distância, me fez seguir em frente
nesta jornada.
Aos meus irmãos, Thiago e Camilla, por sempre acreditarem na minha
capacidade de perseverar e me apoiarem nos momentos mais difíceis
desta caminhada.
À Lenice e Marcos Vinícius, minha segunda família aqui em Natal, por
sempre me auxiliarem no que fosse preciso, seja através de um afago ou
uma refeição reconfortante em dias de muito trabalho.
Aos meus irmãos paternos, Walkíria, Fabíola e Tadeu, torcerem para que
eu obtivesse sucesso na vida.
À toda a minha família, que sorriu e sofreu comigo nesses últimos anos.
A etapa que se finaliza agora só mostra o quanto sou feliz por ter uma
base familiar tão sólida. Meus sinceros agradecimentos à todos!
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Hugo Rocha, por sempre acreditar na resolução deste trabalho. Seus ensinamentos passados durante todos os anos de
convívio serão de extrema importância na minha carreira profissional. A amizade, descontração e cumplicidade nestes mesmos anos tornaram
minha estadia no laboratório muito agradável e prazerosa.
À Marcia Pedrini, minha orientadora no início do mestrado, pela orientação e amizade dedicada nestes anos.
Aos meus amigos de Engenharia Química, Graciana Dantas, Sirtys Lessa,
Márcio Dadox e Andréa Almeida pela ótima companhia no laboratório e fora dele. Vocês são muito especiais para mim.
À Aída dos Santos (in memoriam) por compartilhar todas as alegrias e tristezas da pós graduação. Saudades imensas de nossas conversas e
refeições (sem glúten). Sinto muito sua falta!
Aos meus colegas de BIOPOL, Sara, Gabriel, Cinthia, Raniere, Monique, Artur, Leandro, Jaílma, Mariana, Moacir, Fernanda, Rafael, Maxsuell, Ivan, Rony, Fernando, Letícia, Ana Karina, Joanna, Álvaro, Dayanne, Almino,
Pablo, Marília, Íngrid e Duda, pela feliz convivência no laboratório.
À Karoline Melo, pela valiosa ajuda dada na última etapa do mestrado. Sem o seu auxílio este trabalho não seria concretizado.
Aos colegas de turma de mestrado, especialmente Joyce e Paulo, por
todo o apoio dado durantes esses anos. Sucesso para todos!
À Luciana Rabelo e Ruth Medeiros, pela amizade desde o começo da graduação de biologia e apoio tanto dentro quanto fora do DBQ.
Aos meus amigos, Tiara, Tanágara, Emanuell, Pablo, Françoise, Tieme, Patricia (Tita), Mariana (Maricota), Gentil, Paulo Sarkis e João Marcelo
pelo apoio incondicional, pelas cervejas bebidas e por me aguentarem em todos os momentos desta caminhada.
Aos professores, equipe administrativa e ASG´s do DBQ, por manterem o departamento funcionando de forma exemplar, facilitando assim a vida de
todos aqui dentro.
À banca de qualificação composta Paula, Valéria e Luciana Guimarães, pelas valiosas sugestões que contribuíram para o enriquecimento deste
trabalho.
À CAPES e CNPQ, pelo financiamento que permitiu o desenvolvimento deste trabalho
RESUMO
A utilização de plantas medicinais para a cura e tratamento de diversas
afecções é uma prática comum no mundo e também no Brasil. Em várias
regiões do Nordeste brasileiro o cacto Cereus jamacaru, mais conhecido como
mandacaru, é utilizado popularmente no tratamento de várias doenças,
incluindo aquelas relacionadas com problemas cardíacos, respiratórios, úlceras
gástricas, escorbuto, e problemas renais. Contudo, há uma escassez na
literatura científica que comprove cientificamente a aplicação popular do
mandacaru. Assim como outras plantas, Cereus jamacaru sintetiza várias
moléculas potencialmente bioativas, como polissacarídeos. Neste trabalho, três
extratos aquosos ricos em polissacarídeos, MCA80, MPM e MCP60, foram
obtidos dessa planta e analisados quimicamente, bem como, foi avaliado os
seus potencias como agentes antioxidantes e citotóxicos. Os dados mostraram
que todos os extratos são constituídos principalmente de polissacarídeos
(89,42 a 95,76%), porém foram detectados contaminantes proteicos (>2 %) e
fenólicos (3 a 8,87%). Todos os extratos são ricos em galactose, glicose e
manose. Além disso, de MCA80 e MCP60 apresentam ácido glucurônico em
sua composição. Os extratos apresentaram capacidade antioxidante total
variando de 55,21 a 68,13 equivalentes de ácido ascórbico (EAA). Porém não
apresentaram atividade sequestradora de íon superóxido. Por outro lado, eles
apresentaram atividade redutora e quelação cúprica de forma dose-
dependente. Nenhum dos extratos inibiu a redução do MTT na presença das
células tumorais de próstata (PC-3). Por outro lado, as células HEK, HeLa e
786 tiveram seu poder redutor de MTT inibido em diferentes níveis na presença
dos extratos. MCP60 foi o extrato mais efetivo, impedindo a redução do MTT
em cerca de 80% na presença das células 786. Ensaios de fragmentação
nuclear mostraram que esse extrato induz morte celular. Os dados indicaram
que mandacaru sintetiza polissacarídeos bioativos com potencial como agentes
antioxidantes e antitumorais. Em estudos futuros pretende-se purificar esses
polissacarídeos e caracterizar seus mecanismos de ação antioxidante e
antitumoral.
Palavras chave: Cereus jamacaru, citotóxico, doenças renais.
ABSTRACT
The use of medicinal plants to cure and treat various diseases is a common
practice in the world and in Brazil. In several regions of the Brazil´s Northeast,
the cactus Cereus jamacaru, known as mandacaru, is used popularly as a
treatment to many diseases, including those related to heart respiratory
diseases, gastric ulcers, scurvy, and kidney diseases. However, there is a
scarcity in the scientific literature that proves scientifically the popular
application of this cactus. Like other plants, Cereus jamacaru synthesizes
several potentially bioactive molecules, like as polysaccharides. In this work,
three polysaccharides-rich aqueous extracts, MCA80, MPM and MCP60, were
obtained from this plant and analyzed chemically, as well as their cytotoxic and
antioxidant potential. The data showed that all extracts consist mainly of
polysaccharides (89.42 to 95.76%), but also protein (> 2%) and phenolic (3 to
8.87%) contaminants were detected. All extracts are rich in galactose, glucose
and mannose. In addition, glucuronic acid was found in MCA80 and MCP60.
The extracts showed total antioxidant capacity ranged from 55.21 to 68.13 of
ascorbic acid equivalents (AAE). Besides, they exhibited reducer power and
cupric chelation in a dose-dependent manner. None of the extracts inhibited the
MTT reduction in the presence of prostate tumor cells (PC-3). However, MCP60
was the most effective extract by preventing the reduction of MTT by about 80%
in the presence of cells 786. Nuclear fragmentation tests showed that this
extract induces cell death. The data indicated that mandacaru synthesizes
bioactive polysaccharides with potential as antioxidant and antitumor agents.
For future studies, it is intended to purify and characterize these
polysaccharides and its antioxidant and antitumor mechanisms.
Keywords: Cereus jamacaru, citotoxic, kidney diseases.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Distribuição geográfica da família Cactaceae..................................... 16
Figura 1- Morfologia da haste (A) flor (B) e fruto (C) de Cereus
jamacaru.................................................................................................... 19
Figura 3 - Visão da planta Cereus jamacaru DE CANDOLLE............................. 30
Figura 4: Esquema de obtenção dos extratos aquosos de C.
jamacaru............................................................................................................... 35
Figura 5- Capacidade antioxidante total de extratos aquosos de C.
jamacaru............................................................................................................... 45
Figura 6 - Quelação de cobre de extratos de C. jamacaru.................................. 46
Figura 7- Poder redutor dos extratos aquosos de C. jamacaru........................... 47
Figura 8- Inibição da redução do MTT utilizando o extrato aquoso de C.
jamacaru MCA80 frente a diversas linhagens celulares....................................... 49
Figura 9- Inibição da redução do MTT utilizando o extrato aquoso de C.
jamacaru MPM frente a diversas linhagens celulares.......................................... 50
Figura 10- Inibição da redução do MTT utilizando o extrato aquoso de C.
jamacaru MCP60 frente a diversas linhagens celulares....................................... 53
Figura 11- Imagens de microscopia de fluorescência das células 786 coradas
com DAPI.............................................................................................................. 51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Antioxidantes endógenos e exógenos............................................. 22
Tabela 2- Composição química dos extratos aquosos MCA80, MPM e MCP60 de hastes de C. jamacaru.......................................................................................................... 42
Tabela 3- Relações molares de monossacarídeos do cacto Cereus jamacaru.......................................................................................................... 43
Tabela 4- Atividade sequestradora de ânion superóxido dos extratos aquosos MCA80, MCP60 e MPM DE C. jamacaru.......................................... 48
LISTA DE ABREVIATURAS / SIGLAS
ANOVA Análise de variância
Arab Arabinose
BHA Butil-hidroxianisola
BHT Butil-hidroxitolueno
BIOPOL Laboratório de biotecnologia de polímeros naturais
CAT Capacidade antioxidante total
CLAE Cromatografia liquida de alta eficiência
DAPI 4',6-diamidino-2-phenylindole
DMEM Dubelco´s Modified Eagle Medium
EDTA Etilenodiaminotetracético
ERO Espécies reativas do oxigênio
Fuc Fucose
Gal Galactose
Ac. Glu. Ácido glucurônico
Gli Glicose
Man Manose
MCA80 Extrato de mandacaru na condição aquosa a 80 °C
MCP60 Extrato de mandacaru na condição proteolítica a 60 °C
MPM Extrato de mandacaru precipitado em metanol
MTT (3-(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazolium bromide)
NBT Nitroblue tetrazolium
OMS Organização mundial de saúde
PBS Tampão fosfato salino
Xil Xilose
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................... 16
1.1 CONSIDERAÇÕES BOTÂNICAS..................................................... 16
1.1.1 Família Cactaceae...................................................................... 16
1.1.2 Mandacarú.................................................................................. 17
1.2 CONSIDERAÇÕES ETNOFARMACOLÓGICAS E FITOQUIMICAS................................................................................. 20
1.3 ANTIOXIDANTES.............................................................................. 21
1.3.1 Polissacarídeos Antioxidantes............................................. 23
1.4 ATIVIDADE ANTITUMORAL............................................................. 25
1.4.1 Polissacarídeos antitumorais............................................... 25
2. OBJETIVOS........................................................................................ 28
2.1 GERAL............................................................................................... 28
2.2 ESPECÍFICOS................................................................................... 28
3. MATERIAIS E MÉTODOS 29
3.1 MATERIAIS........................................................................................ 29
3.1.1 Materiais Biológicos 29
3.1.1.1 Cacto C. jamacaru.................................................................... 29
3.1.1.2 Linhagens celulares e manutenção das cultura de célula.............................................................................................. 30
3.1.2 Outros materiais..................................................................... 31
3.1.3 Equipamentos......................................................................... 32
3.2 MÉTODOS........................................................................................ 33
3.2.1 Obtenção de extratos aquosos de C. jamacaru.................. 33
3.2.2 Caracterização Química......................................................... 35
3.2.2.1 Dosagem de açúcares totais........................................ 35
3.2.2.2 Dosagem de proteínas................................................. 35
3.2.2.3 Compostos fenólicos totais........................................... 35
3.2.2.4 Determinação da composição monossacarídica.......... 35
3.2.3 Atividade antioxidante........................................................... 36
3.2.3.1 Capacidade antioxidante total...................................... 36
3.2.3.2 Quelação de cobre....................................................... 36
3.2.3.3 Poder redutor................................................................ 37
3.2.3.4 Sequestro do radical superóxido (O2-•)......................... 39
3.2.4 Atividade citotóxica............................................................... 39
3.2.5 Fragmentação nuclear........................................................... 40
3.2.6 Análise estatística.................................................................. 41
4. RESULTADOS..................................................................................... 42
4.1 DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES QUÍMICOS DOS EXTRATOS AQUOSOS DE C. JAMACARU..................................... 42
4.2 DETERMINAÇÃO DOS CONSTITUINTES MONOSSACARÍDEOS DOS EXTRATOS AQUOSOS DE C. JAMACARU....................................................................................... 43
4.3 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE........................................................... 44
4.3.1 Capacidade Antioxidante Total............................................. 44
4.3.2 Quelação De Cobre................................................................ 45
4.3.3 Poder Redutor........................................................................ 46
4.3.4 Sequestro de íons superóxido.............................................. 47
4.4 EFEITO DOS EXTRATOS FRENTE A REDUÇÃO DO MTT PELAS LINHAGENS CELULARES EM CONDIÇÕES DE CULTURA.......................................................................................... 48
4.4.1 Efeito do extrato aquoso de C. jamacaru MCA80 frente a redução do MTT pelas linhagens celulares em condições de cultura............................................................................................ 49
4.4.2 Efeito do extrato aquoso de C. jamacaru MPM frente a redução do MTT pelas linhagens celulares em condições de cultura. ............................................................................................ 50
4.4.3 Efeito do extrato aquoso de C. jamacaru MCP60 frente a redução do MTT pelas linhagens celulares em condições de cultura. ............................................................................................ 51
4.5 FRAGMENTAÇÃO NUCLEAR........................................................... 52
5. DISCUSSÃO........................................................................................ 54
6. CONCLUSÕES..................................................................................... 59
REFERÊNCIAS.................................................................................... 60
INTRODUÇÃO 16
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES BOTÂNICAS
1.1.1 Família Cactaceae
A família Cactaceae apresenta aproximadamente 125 gêneros e 1.900
espécies (ARECES, 2004). É formada por plantas dicotiledôneas, suculentas de
diversos hábitos, podendo ser trepadeiras, epífitas, árvores, arbustos ou geófitas;
suas hastes podem ser colunares, roliças, globulares, em forma de costeletas, asas,
achatadas, com poucas ou nenhuma folhas e com espinhos (BARTHLOTT e HUNT,
1993). Os representantes da família Cactaceae, mais conhecidos como cactos,
habitam as regiões mais diversas, de planícies costeiras a regiões montanhosas de
alta altitude. Com apenas uma exceção da espécie Rhipsalis bacífera, presente na
África, a família Cactaceae é nativa das Américas, ocorrendo desde a patagônia até
as regiões da Columbia Britânica e Alberta, no oeste canadense (ANDERSON,
2001; COTA SANCHES et al, 2010), como observado na Figura 1.
Figura 1- Distribuição geográfica da família Cactaceae. Fonte:
http://www.thecompositaehut.com/www_tch/images/webcurso_spv/mapas/cactaceae.jpg. Acesso:
09/02/13
INTRODUÇÃO 17
De acordo com Britton e Rose (1919), a família Cactaceae está subdividida
em três grupos subfamiliares: Cactideae, Opuntoideae e Pereskioidadeae (Barthlott
e Hunt, 1993). Em 2001, foi proposta a criação de uma nova subfamília,
Maihuenioideae, a qual foi incluso o gênero Maihiuenia (Weber), antes pertencente à
subfamília Pereskioidadeae (Anderson, 2001).
Das quatro subfamílias de Cactaceae, três (Pereskioideae, Opuntioideae e
Cactoideae) possuem representantes no Brasil (TAYLOR E ZAPPI, 2004),
totalizando 160 espécies, pertencentes a 32 gêneros (BARROSO ET AL. 1978).
Destes, 80 espécies de 18 gêneros estão localizadas na região Nordeste brasileira
(BARBOSA ET. AL, 1996).
Algumas plantas da família Cactaceae possuem interesse econômico e social
em diversos países. Antes mesmo do descobrimento das Américas pelos europeus,
o peiote (Lophophora williamsii) já era utilizado por Ameríndios em rituais religiosos
devido às suas propriedades alucinógenas (BYE, 1979; SCHULTES, 1981).
Diversos cactos fornecem água e são usados como forrageiras para gado e outros
animais, tais como Opuntia spp. (RUSSEL, 1987), Cereus spp., Melocactus spp. e
Pilocereus spp. (FABREGUES, 1966). Além das hastes, os frutos de Cactaceae são
consumidos tanto por humanos quanto por outros animais, podendo ser citados; o
figo-da-índia, de Opuntia fícus (CORTÁZAR, 1992) e o koubo, de Cereus peruvianus
(MIZRAHI, 1999).
1.1.2 Mandacaru
O gênero Cereus sp., pertencente à subfamília Cactoídadeae e ao grupo
Cereoideae, compreende plantas tipo árvore ou arbusto com cladódios (talos)
INTRODUÇÃO 18
eretos. Sua etimologia vem da palavra grega Keros, que significa tocha, remetendo
ao formato de candelabro característico das primeiras espécies descritas. O gênero
foi caracterizado inicialmente por Hermann, em 1698, e depois por Miller, em 1754, e
inclui 900 espécies descritas (SHEINVAR, 1985). Em 1909, Riccobono dividiu o
gênero e criou a denominação Piptanthocereus, atualmente com 24 espécies
(BRITTON e ROSE, 1920).
O cacto Cereus jamacaru, conhecido popularmente por mandacaru,
mandacaru-de-boi, nhamandacaru, manacaru, cardeiro, cardeiro-rajado, facheiro,
tunaé e arumbeva (SCHEINVAR, 1985) é uma planta típica da Caatinga e possui
duas subespécies: Calcirupicola, que ocorre somente no estado de Minas Gerais e
Jamacaru, que está distribuída por todo o Brasil (Anderson, 2001; Meiado, 2010).
Possui os seguintes sinônimos científicos: Cactus jamacaru Kosteletzky, Cereus
laetevirens Salm-Dick, Cereus glaucus Salm-Dyck, Cereus lividus Pfeiffer, Cereus
horribarbis Otto in Salm-Dick, Cereus cauchinii Rebut in Schumann, Piptanthocereus
jamacaru glaucus Riccobono, Piptanthocereus jamacaru Riccobono e
Piptanthocereus jamacaru cyaneus Riccobono (BRITTON; ROSE, 1920).
A espécie pode chegar a 10 metros de altura, possui tronco lenhoso e hastes
eretas de números variáveis, formando um topo compacto. As hastes juvenis são de
coloração azulada e possuem de 4 a 5 costelas de ápices obtusos e sulcos
profundos. Possuem auréolas circulares com distância de 2 a 5 cm entre si. Os
espinhos são radiais, variando de 9 a 30 cm de comprimento, tendo a coloração
avermelhada ou marrom. As flores são de coloração branca, noturnas, solitárias,
localizadas nas porções laterais e/ou subapicais, possuindo de 20 a 30 cm de
comprimento. Os frutos são elipsoides, de coloração laranja ou vermelho-claro,
INTRODUÇÃO 19
polpa branca, comestíveis. A Figura 2 ilustra os caracteres morfológicos acima
listados. (BARBOSA ET AL, 2007; BRITTON e ROSE, 1919; LIMA, 1996;
SCHEINVAR, 1985;)
Figura 2- Morfologia da haste (A) flor (B) e fruto (C) de Cereus jamacaru. Fonte: A:http://community.fortunecity.ws/greenfield/swallowtail/785/cereus_jamacaru.jpg; Acesso em: 11/02/2013. B:http:// farm1staticflickr.com/112/312974980_8ff095baa9_z.jpg. Acesso em: 13/02/2013 e C:http://www.jardimdesuculentas.net76.net/apostila/apostilaimages/cactceas-e-suclentas_img_19b.jpg. Acesso em: 11/02/2013
Na região semiárida do Brasil, em períodos de seca prolongada, os espinhos
são queimados e as hastes são utilizadas como alimentação para bovinos, caprinos
e ovinos. (BRITTON e ROSE, 1919; MEDEIROS, SATHLER e GÓIS, 1994). Outras
partes do mandacaru também são aproveitadas, como os frutos que servem de
alimentos para pássaros e animais silvestres da caatinga (CAVALCANTI &
RESENDE,2007). A sua polpa, de acordo com Pimentel Gomes (2007) é doce e
comestível, e a semelhança de outras cactáceas, pode ser utilizada na alimentação
humana (SALEMA, 1966; ALBUQUERQUE & ANDRADE, 2002; SILVA ET AL.,
2005).
INTRODUÇÃO 20
1.2 CONSIDERAÇÕES ETNOFARMACOLOGICAS E FITOQUíMICAS
Relatos populares e estudos de etnofarmcologia e etnobotânica têm
mostrado inúmeros usos de extratos aquosos de mandacaru. Seu caule e raiz,
utilizados como infusos ou decocos, são apontados como diuréticos e melhoram
males cardíacos e renais. As cascas do caule raspadas e maceradas em água,
também são utilizadas para distúrbios renais e no controle do colesterol
(ALBUQUERQUE E ANDRADE, 2002). A planta também é utilizada no combate ao
escorbuto e nas afecções do aparelho respiratório, tais como bronquites, eliminação
de secreções e tosses (SHEINVAR, 1985). Há ainda relatos da utilização desta
planta no tratamento de problemas com sífilis, diabetes, cálculos vesiculares, dores
na coluna, problemas uretrais, como antiinflamatório e no controle de albuminúria
(ALBUQUERQUE, 2007; GUEDES, 2009).
Vem somar a estes estudos etnofarmacológicos obtidos com animais. Como
por exemplo, estudos feitos em 2011 com ovelhas mostraram que quando estes
animais eram alimentados com fragmentos de caule de mandacaru (64,6 g/kg de
animal) diariamente por seis semanas e, ao final do experimento, os animais
apresentaram uma redução de 65 % do número de ovos de helmintos (Haemonchus
contortus e Trichostrongylus colubriformis) em suas fezes, evidenciando assim uma
atividade antiparasitária do mandacaru (VALTA et al., 2011).
Já estudos in vitro mostraram que extratos etanólicos de hastes de
mandacaru possuem atividade antibacteriana frente diversas espécies, e as mais
afetadas foram Streptococcus epidermidis, Staphylococcus aureus, Pseudomonas
aeruginosa e Escherichia coli (DAVET et al., 2009). Estudos fitoquímicos mostraram
que em C. jamacaru foram encontrados alcaloides como a tiramina (BRHUN e
INTRODUÇÃO 21
LINDGREN, 1976), kaempferol (BURRET et al., 1982), hordeína, N-metiltiramina e
esteróis como o β-sitosterol, (DAVET et al., 2009). Em extratos etanólicos de hastes
de mandacaru foram identificados também ácido acético, cânfora, cisteína e
geranilacetona (SCHWARZ et al., 2010).
As sementes de mandacaru também são fontes de compostos bioativos.
Óleos de semente de mandacaru são ricos em ácidos graxos insaturados,
principalmente de ácido oléico (30,2%) e o ácido linoléico (43,4%), pode-se também
citar os óleos saturados: palmítico e esteárico (MAYWORM ET AL., 1996).
1.3 ANTIOXIDANTES
O termo antioxidante pode servir para qualquer substância cuja presença,
mesmo em baixas concentrações, retarde ou iniba a oxidação de um substrato,
evitando o dano causado por radicais livres. Em células, o conjunto de antioxidantes
é denominado de sistema de defesa antioxidante, e nele são encontrados
antioxidantes enzimáticos e não-enzimáticos, que juntos atuam para impedir o início
do dano oxidativo e/ou controlar a sua propagação (FERREIRA, MATSUBARA,
1997).
Devido à oxidação de um substrato ser provocada por um radical em uma
reação em cadeia que inclui três etapas (iniciação, propagação e terminação), a
ação dos antioxidantes é avaliada através de vários mecanismos. Por exemplo, os
antioxidantes podem inibir as enzimas pró-oxidantes que geram radicais (como
inibidor de enzima, visando o início da reação em cadeia), a quelação de íons de
metais de transição que catalisam a geração de radicais (como quelantes de metais,
visando o início da reação em cadeia) ou neutralizar os radicais (como
sequestradores de radicais livres, visando à propagação da reação em cadeia). Os
INTRODUÇÃO 22
dois primeiros tipos de antioxidantes impedem a formação de radicais e, assim,
reduzem o perigo dos radicais indiretamente. Esses são chamados de antioxidantes
preventivos. O terceiro tipo de antioxidantes elimina os radicais diretamente e são,
portanto, referidos como antioxidantes bloqueadores da cadeia (iniciação,
propagação e terminação) (ZHANG, 2006). A Tabela 1 sumariza exemplos de
alguns tipos de antioxidantes, que podem ser tanto de origem endógena
(sintetizados internamente) como exógena (ingeridas).
Tabela 1. Antioxidantes endógenos e exógenos.
Tipos de antioxidante
Antioxidantes Bloqueadores de cadeia
Não enzimáticos
Albumina, bilirrubina e ácido úrico
Vitamina C, vitamina E, carotenos, ácido lipóico,
Coenzima Q10, glutationa, flavonóides
Enzimáticos
Superóxido dismutase, catalase, glutationa peroxidase
Antioxidantes preventivos
Metalotionina, transferina,
Ceruplasmina, mioglobina, ferritina,
Selênio, flavonóides
EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético)
DTPA (Ácido Dietilenotriaminopentacético)
Fonte: Adaptada de SOMOGY et al., 2007
INTRODUÇÃO 23
Com o avanço do conhecimento relacionado ao papel dos antioxidantes nos
organismos, descobriu-se que estão relacionados com uma grande variedade de
doenças comuns relacionadas com a idade e condições degenerativas, como
doenças cardiovasculares, condições inflamatórias e doenças neurodegenerativas,
inclusive Alzheimer, além de mutações e câncer (ZHANG, 2006). Na tentativa de
melhorar a eficácia terapêutica de doenças dessa natureza, a busca de
antioxidantes exógenos de fontes naturais cresceu demasiadamente nos últimos
anos, o que é percebido pelo número de publicações relacionadas a antioxidantes e
estresse oxidativo que tem se multiplicado rapidamente (CHEN, 2009). Outro motivo
que também estimula a busca por antioxidantes naturais é o fato de que
antioxidantes sintéticos como o BHA (butil-hidroxianisola) e BHT (butil-
hidroxitolueno) utilizados nos gêneros alimentícios, são suspeitos de ter elevada
citotoxicidade (VALENTÃO, 2002).
Isto fez com que a busca se intensificasse cada vez mais no intuito de se
identificar antioxidantes exógenos naturais não-tóxicos. Os principais alvos são
antioxidantes naturais multipotentes, ou seja, aqueles que agem por mais de um
mecanismo antioxidante. Já há relatos que a utilização destes antioxidantes em
casos de isquemias cardíacas melhoraram o quadro geral dos pacientes (CHUN-
HUI, 2007). Nos últimos anos, crescentes evidências destacam que alguns
polissacarídeos isolados de plantas, macroalgas e fungos tiveram atividades
antioxidantes e apresentaram baixa ou quase nula citotoxicidade (LIU, 1997; COSTA
et al., 2010; COSTA et al., 2011).
1.3.1 Polissacarídeos Antioxidantes
INTRODUÇÃO 24
No mecanismo de antioxidantes, a capacidade de uma molécula de doar
átomos de hidrogênio aos radicais e a propensão de doação de hidrogênio é o fator
crítico que influencia a atividade contra os danos causados pelos radicais livres
(CETKOVIC, 2004). Os polissacarídeos são moléculas altamente hidratadas e os
grupos hidroxila podem servir como doadores e aceptores de hidrogênio. Em
contrapartida, os grupos hidroxila são também sítios ativos para o sequestro de
radicais através da doação de átomos de hidrogênio (ALIMI et al, 2011). Estas
características fazem dos polissacarídeos moléculas antioxidantes multipotentes.
Porém há outras características que fazem com que alguns polissacarídeos sejam
melhores antioxidantes do que outros. Características químico-estruturais, como tipo
de açúcar, peso molecular, arranjo estrutural da cadeia polissacarídica e a presença
de grupamentos químicos ligados ao polímero, como grupamentos sulfato,
carboxílico ou metil estão intimamente relacionadas com a atividade antioxidante de
polissacarídeos (CHEN, 2008).
Diversos relatos na literatura mostram polissacarídeos, obtidos das mais
variadas fontes, como animais, fungos, algas e plantas, com atividade antioxidante
que agem por mecanismos diferentes. XIE et al., em um trabalho publicado em
2001, mostraram que a ação sequestradora de radical hidroxila da quitosana,
polissacarídeo aminado obtido de crustáceos, pode inibir a peroxidação lipídica de
fosfatidilcolina e linolato lisossomal (XIE et al., 2001). DORE et al. em 2007,
mostraram que β-glucanas extraídas do fungo Geastrum saccatum apresentaram
significativo potencial antioxidante por sequestrar radicais superóxido e radicais
hidroxilas em testes “in vitro” (DORE et al, 2007). COSTA et al. em 2010 relataram a
atividade antioxidante de polissacarídeos sulfatados extraídos de várias algas
INTRODUÇÃO 25
marinhas, pela capacidade desses compostos em doar elétrons em testes “in vitro”.
(COSTA, 2010). Já polissacarídeos sulfatados extraídos da planta Aloe barbadensis,
apresentam a capacidade de sequestrar radicais superóxidos, como é relatado por
CHUN-HUI et al. 2007, apresentando assim um potencial antioxidante (CHUN-HUI et
al., 2007). Mais recentemente, Silveira et al (2012) mostram que xilanas extraídas de
sabugo de milho possuem baixa capacidade doadora de elétrons e sequestradora
de radicais, por outro lado, possuem alta atividade quelante de ferro (~100%) em
concentrações de 1mg/mL.
1.4. ATIVIDADE ANTITUMORAL.
Com os avanços da medicina moderna a expectativa de vida da população
mundial aumenta a cada ano. Mas esse aumento no tempo de vida aliado aos
constantes estresses causados pela rotina da vida moderna, como por exemplos a
poluição ambiental e também a alimentação desregulada, além do aumento do
tabagismo elevam a incidência de câncer em todo o mundo. O câncer deverá
superar as doenças cardiovasculares como primeira causa de mortalidade no mundo
em breve, revela estudo do Centro Internacional de Pesquisas contra o Câncer da
OMS (Organização Mundial de Saúde) (WHO, 2013).
Nesse contexto, há uma busca mundial, principalmente nos países
desenvolvidos, por novos compostos, sejam de origem natural ou sintética, com
potencial anticancerígeno. Diversos trabalhos na literatura nacional e internacional
mostram polissacarídeos extraídos de fontes naturais com grande potencial
antitumoral (COSTA, 2011; ATHUKORALA et al., 2006).
1.4.1. Polissacarídeos antitumorais
INTRODUÇÃO 26
Os polissacarídeos podem agir diretamente sobre o metabolismo celular
inibindo ou reduzindo a taxa de proliferação celular, ou ainda induzindo a morte
celular. Além disso, alguns podem, indiretamente, apresentar atividade antitumoral
“in vivo” por serem antiangiogênicas e inibirem a proliferação de células endoteliais e
musculares ou antimetastáticas e/ou antiadesivas (ROCHA, 2001). Contudo, o
conhecimento de todo o mecanismo pelo qual os polissacarídeos exercem efeitos
antineoplásicos ainda é pouco entendido (ATHUKORALA et al., 2006).
Assim como em outras atividades, algumas características estruturais devem
ser observadas para que polissacarídeos possam desempenhar atividade
antitumoral, como a massa molecular, tamanho das ramificações, tipos de ligações
glicosídicas e de monossacarídeos, padrões de substituições de grupos carregados
negativamente, como por exemplo, o grupamento sulfato. A importância dessas
características fica ainda mais evidente quando se encontram trabalhos como o de
POMIN et al. (2010). Estes autores promoveram a hidrólise química de uma
galactana sulfatada e obtiveram cinco oligossacarídeos sulfatados de diferentes
massas moleculares que variavam de 9.3 a 650 kDa. Quando estes foram testados
quanto a sua capacidade antitumoral “in vivo” frente às linhagens de sarcoma S-180
e hepatoma H-22, os oligossacarídeos com massas moleculares de até 15 kDa
foram os que apresentaram as maiores taxas de inibição tumorais, de
aproximadamente 70% (POMIN, 2010). HAROUN-BOUHEDJA et al. (2000)
demonstraram que polissacarídeos sulfatados de Ascophyllum nodosum, mesmo
após dessulfatação parcial, não perderam em muito a sua atividade tumoral frente a
células tumorais de mama (MCF-7).
INTRODUÇÃO 27
Além disso, vários trabalhos relatam que a presença de cargas não é uma
característica essencial para um polissacarídeo apresentar atividade antitumoral,
uma vez que alguns polissacarídeos não apresentaram efeito frente algumas
linhagens de células tumorais, apesar de serem sulfatadas (DESLANDES et al,
2000). Por outro lado, polissacarídeos neutros de diversas fontes apresentam
atividade antitumoral, como observado com polissacarídeos extraídos da planta
Salicornia herbacea que inibiram a proliferação e estimularam a apoptose de células
de câncer de cólon de maneira dose-dependente. Análises por citometria de fluxo
mostraram que esses polissacarídeos aumentaram o número de células apoptóticas
em 90%, em comparação com o controle negativo, sem polissacarídeo (13,51%)
(RYU, 2009).
Como dito anteriormente, o mandacaru é uma planta comum na caatinga
nordestina e é utilizada amplamente pela população local em diversas atividades
humanas, inclusive como alimento de animais e como remédio popular para o
tratamento de várias afecções. Contudo, pouco ainda é conhecido sobre esta planta.
E muito menos se sabe sobre o potencial das substâncias que são produzidas por
esta planta, inclusive polissacarídeos. O grupo em que se insere esta dissertação,
está localizado no nordeste e há mais de 20 anos vem se dedicando ao estudo de
polissacarídeos de várias fontes. Portanto já detém experiência para produzir
conhecimento também sobre os polissacarídeos sintetizados pelo mandacaru, tanto
com relação a sua estrutura química como em relação às suas potencialidades
farmacológicas, neste caso, suas atividades antioxidante e antitumoral.
OBJETIVOS 28
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Obter extratos ricos em polissacarídeos de hastes de Cereus jamacaru e
avalia-los com relação a suas atividades antioxidante e citotóxica.
2.2. Específicos
Obter de extratos ricos em polissacarídeos de hastes de Cereus
jamacaru;
Determinar o teor de açúcares, proteínas e compostos fenólicos dos
extratos obtidos;
Avaliar o potencial antioxidante dos extratos obtidos tendo como base os
seguintes testes: Capacidade antioxidante total (CAT), Sequestro de radical
superóxido, Poder redutor e Quelação de cobre;
Avaliar a citotoxicidade dos extratos frente a diferentes linhagens
celulares: linhagem tumorais: humana de cólon de útero (HeLa), de próstata
(PC-3), e renal (786-0) e linhagem normal renal (HEK-293).
MATERIAIS E MÉTODOS 29
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 MATERIAIS
3.1.1 Materiais Biológicos
3.1.1.1 Cacto C. jamacaru:
FILO: Magnoliophyta
CLASSE: Magnoliopsida
SUBCLASSE: Caryophyllales
FAMILIA: Cactaceae
GÊNERO: Cereus
ESPÉCIE: Cereus jamacaru DE CANDOLLE
Para este estudo, foi escolhido o cacto denominado Cereus jamacaru
(Figura 03). A planta foi coletada no município de Nísia Floresta, distrito de
Pium- RN- Brasil (5°58.27´S/35°9.615´W). As hastes de mandacaru foram
cortadas com auxílio de um facão, colocadas em sacos de polietileno e
levadas, no mesmo dia da coleta ao Laboratório de Biotecnologia de Polímeros
Naturais – BIOPOL, localizado no Departamento de Bioquímica/CB-UFRN. No
laboratório, as hastes foram lavadas em água corrente para retirada de detritos
e restos de folhas de outras plantas. Um exemplar de C. jamacaru foi
MATERIAIS E MÉTODOS 30
identificado pelo professor Jomar Gomes Jardim e depositado no Herbário da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte sob número de identificação
UFRN 14075.
Figura 3 - Visão da planta Cereus jamacaru DE CANDOLLE. Fonte: Autor
3.1.1.2 Linhagens celulares e manutenção das culturas de células
As linhagens tumorais humanas de cólon de útero (HeLa), de câncer de
próstata (PC-3) e a linhagem normal renal (HEK-293) foram mantidas em meio
DMEM. Já a linhagem tumoral humana renal (786-0) foi mantida em meio
RPMI-1640. Todas as linhagens celulares foram cultivadas a 37 °C em
incubadora umidificada em atmosfera de 5% de CO2; Todos os meios foram
suplementados com 10% de soro fetal bovino e os antibióticos
MATERIAIS E MÉTODOS 31
penicilina/streptomicina (1000 U E 1O mg para cada meio litro de meio de
cultura, respectivamente). As células HeLa (ATCC CCL-2) foram doadas pela
Profa. Dra. Silvia Regina (Depto. Biologia Celular e Genética – UFRN); 786-0
(ATCC CRL-1932) foram doadas pelo Prof. Dr. Edvaldo da Silva Trindade
(Depto. Biologia Celular, UFPR), PC-3 (ATCC CRL-1435 ) foram doadas pela
Profa. Dra. Helena B. Nader (Depto de Bioquímica, UNIFESP) e HEK-293
(ATCC CRL-1573) foram doadas pela Profa Aurigena Antunes de Araújo (Depto
Farmacologia – UFRN).
3.1.2 Outros materiais
Acetato de sódio trihidratado (3 H2O) e ácido acético da VETEC
(São Paulo, SP, Brasil).
Ácido ascórbico, albumina, glicose, nitroblue tetrazolium (NBT),
ferrozina, violeta de pirocatecol, sulfato de cobre II pentahidratado
e riboflavina da Sigma-Aldrich Brasil (São Paulo, SP, Brasil);
Ácido Gálico da CAQ Casa de Química Ind. E Com. (Diadema,
SP, Brasil);
Ácido sulfúrico, álcool etílico, álcool metílico, coomasie brilliant
blue R 250, fosfato de sódio dibásico, fosfato de sódio
monobásico, hidróxido de sódio, peróxido de hidrogênio e sulfato
de ferro heptahidratado da CRQ (Diadema, SP, Brasil);
DAPI (4´,6´-diamidino-2-phenylindole) foram adquiridos da
Invitrogen (Carlsbad, CA, USA);
DMEM (Dubelco´s Modified Eagle Medium e RPMI 1640 foram
adquiridos da da Cultilab (Campinas, SP, Brasil);
MATERIAIS E MÉTODOS 32
Fenol e molibdato de amônio da Reagen Quimibrás Industrias
Químicas (Rio de Janeiro, RJ, Brasil);
Membrana de PVDF da Millipore Corp. (Bedford, MA, USA);
Reagente de Bradford da Bio-Rad (NY, EUA);
Reagente Folin-Ciocalteau e Cloreto de Ferro da Merck (São
Paulo, SP).
3.1.3 Equipamentos
Além dos equipamentos laboratoriais usuais, foram utilizados:
- Incubadora de CO2 LaboVen - Modelo L212
Agitador orbital modelo 255-B da FANEM Ltda (São Paulo, SP,
Brasil);
Balança analítica e de precisão da TECNAL (Piracicaba, SP,
Brasil);
Bancada de Fluxo Laminar Pachane Pa300 (Piracicaba, SP,
Brasil;
Banhos e estufas de temperatura controlável da FANEM Ltda
(São Paulo, SP, Brasil);
Centrífuga refrigerada CR21 da Hitachi Koki Co. Ltda. (Tóquio,
Japão);
Espectrofotômetro Femto 700 plus da Femton Ind. Com.
Instrumentos Ltda (São Paulo, Sp, Brasil);
Espectrofotômetro Hitachi U-2000 (Tóquio, Japão);
Medidor de pH PHTEK, modelo Meter PHS 3B (Tóquio, Japão);
MATERIAIS E MÉTODOS 33
Microscópio de fluorescência OLYMPUS BX41
Microscópio NIKON CFI60, Spectrum – Spectrum Bioengenharia
médica hospitalar LTDA.
Purificador de água Milli-Q® Water System Millipore Corp.
(Bedford, MA, USA);
3.2 MÉTODOS
3.2.1 Obtenção de extratos aquosos de C. jamacaru
Com auxílio de uma faca, os espinhos foram retirados e as hastes foram
cortadas em partes de aproximadamente 1 cm³. Após o corte, o mandacaru foi
triturado em liquidificador com 0,25M de NaCl, posto para macerar por 24 h e
filtrado posteriormente. Após a maceração duas porções foram obtidas: a parte
líquida, que foi precipitado em 2 volumes de metanol PA por 18 horas e depois
centrifugado (4 C, 9000g, 20 min) e seco em dessecador, resultando em um
extrato denominado mandacaru precipitado em metanol (MPM); e a parte
sólida, que foi seca em estufa aerada a 40 °C por 15 horas. Este material seco
foi dividido em duas porções iguais, ressuspendidas em NaCl 0,25M e cada
porção foi submetida a um tratamento diferente: 1) Extração proteolítica
(Enzima proteolítica denominada prozima, 15,5 mg/mL, pH 8,0) a 60 °C e; 2)
Extração a 80 °C. Todos os dois tratamentos foram mantidos em banhos-
marias com suas respectivas temperaturas mantidas por 18 horas. Depois as
MATERIAIS E MÉTODOS 34
porções liquidas foram filtradas, precipitadas em 2 V de metanol PA,
centrifugadas (4 C, 9000g, 20 min) e secas em dessecador. O pó seco foi
chamado de mandacaru na condição proteolítica a 60 °C (MCP60) e
mandacaru na condição aquosa a 80 °C (MCA80), respectivamente. Na Figura
04 observa-se de forma esquemática as etapas de obtenção dos materiais.
MATERIAIS E MÉTODOS 35
Figura 4: Esquema de obtenção dos extratos aquosos de C. jamacaru
3.2.2 Caracterização Química
MATERIAIS E MÉTODOS 36
3.2.2.1 Dosagem de açúcares totais
Para verificação da quantidade de açúcares nos extratos aquosos, foi
realizada o método fenol/ácido sulfúrico, utilizando a glicose como padrão e
leitura à 490 nm, como descrito por DUBOIS et al (1956).
3.2.2.2 Dosagem de proteínas
A quantificação de proteína de cada extrato foi determinada com o
método de Bradford, utilizando o reagente Comassie Blue fornecido pela
empresa Bio-Rad. As instruções para quantificação foram seguidas de acordo
com o manual de instruções fornecido pelo fabricante. Como padrão de leitura,
foi utilizada a albumina. A leitura foi realizada a 595nm.
3.2.2.3 Compostos fenólicos totais
Os compostos foram quantitativamente avaliados pelo método colorimétrico
de Folin-Ciocalteau e as leituras realizadas a 765nm. O ácido gálico foi
utilizado como padrão de leitura (COSTA, et al., 2010) resultado foi expresso
em equivalentes de ácido gálico, que é definido como a razão mg de ácido
gálico/g de amostra.
3.2.2.4 Determinação da composição monossacarídica
MATERIAIS E MÉTODOS 37
Os extratos de C. jamacaru foram hidrolisados com de HCl 2M por 2
horas a temperatura de 100 °C. Após hidrólise, foram secos (três vezes) à
pressão reduzida, na presença de pastilhas de NaOH. Os monossacarídeos
dos extratos foram determinados através de cromatografia líquida de alta
performance (CLAE) utilizando-se a coluna LiChroCART® 250-4
LiChrosphere® 100 NH2 (10μm), tendo como fase móvel acetronitrila:água
(80:20) em um fluxo de 1mL/min a 40 °C. Utilizaram-se os seguintes padrões:
galactose, glicose xilose, arabinose, fucose e ácido glucurônico.
3.2.3 Atividade antioxidante in vitro
3.2.3.1 Capacidade antioxidante total
O ensaio é baseado na redução do Mo+6 a MO+5 pela amostra teste, com
formação final de um complexo esverdeado fosfato/molibdênio +5 em pH ácido.
As amostras (1 mg/mL) foram adicionadas em uma solução reagente (28 mM
de fosfato de sódio, 0,6M de ácido sulfúrico, 4 mM de molibdato de amônia). A
solução foi mantida a 100 °C por 90 minutos e depois resfriada. A leitura foi
feita a 695 nM (PRIETO; PINEDA; AGUILAR. 1999). Como padrão de leitura, o
foi utilizado o ácido ascórbico. O resultado foi expresso em equivalentes de
ácido ascórbico (mg de ácido ascórbico/g de amostra).
3.2.3.2 Quelação de cobre
MATERIAIS E MÉTODOS 38
A habilidade de quelar o íon cobre dos extratos foi determinada pelo
método descrito por Anton (1960). O violeta de pirocatecol, reagente utilizado
neste ensaio, tem a capacidade de associar com alguns cátions como alumínio,
cobre, bismuto e tório. Na presença de agentes quelantes esta associação não
é formada, resultando na diminuição da coloração. Tal diminuição permite,
assim, estimar a atividade quelante do íon cobre dos extratos de Cereus
jamacaru. O teste é realizado em microplaca de 96 poços que conterá uma
mistura de reação contendo diferentes concentrações das amostras (0,1 – 2,00
mg/mL), violeta de Pirocatecol (4 mM) e sulfato de cobre II pentahidratado (5
H2O) (50 µg/mL). Todos os poços foram homogeneizados com um auxílio de
uma micropipeta e a absorbância da solução foi medida a 632 nm. A
habilidade, das amostras, em quelar o íon cobre foi calculada usando a
equação abaixo:
Absorbância do branco – Absorbância da amostra x 100
Absorbância do branco
3.2.3.3 Poder redutor
O poder redutor foi quantificado de acordo com metodologia descrita por
ATHUKORALA; KIM; JEON (2006) e WANG ET AL. (2008). 4 mL das amostras
teste em diferentes concentrações (0,10-1,00 mg/mL) foram misturadas em
tampão fosfato (0,2M, pH 6,6) e ferricianeto de potássio (1%) e incubados por
20 min a 50 °C. A reação foi interrompida pela adição de TCA (ácido
MATERIAIS E MÉTODOS 39
tricloroacético) a 10%. Posteriormente, foi misturada água destilada e cloreto
de ferro (0,1%). As amostras foram lidas a 700 nm.
3.2.3.4 Sequestro do radical superóxido (O2-•)
Este método baseia-se na capacidade da amostra teste (frações
polissacarídicas) em inibir a redução fotoquímica do nitroblue tetrazolium (NBT)
em um sistema riboflavina-luz-NBT (CÂMARA et al, 2011). 3 mL da solução
reagente contendo: tampão fosfato (50 mM, pH 7,8), metionina (13 mM),
riboflavina (2 μM), EDTA (100 μM), NBT (75 μM) e 1 mL de solução contendo
as frações polissacarídicas em diferentes concentrações (10-2000 µg/mL),
foram incubadas sob iluminação com lâmpada fluorescente por 10 min. A
produção do azul de formazan foi monitorada pelo aumento da absorbância a
560 nm.
3.2.4. Atividade citotóxica
Para analisar o efeito dos extratos sobre a capacidade redutora do 3-
(4,5-Dimethylthiazol-2-yl)-2,5-difeniltetrazolium brometo (MTT) pelo metabolismo
celular, as células foram tratadas com diferentes concentrações dos extratos e
avaliadas pelo método proposto por Mosmann (1983). Este método é baseado
na redução do MTT a cristais de formazan pelas células vivas.
Aproximadamente 5 x 103 células foram colocadas em placa estéril de 96
poços para um volume final de 100 μL de meio DMEM 10% de soro fetal
MATERIAIS E MÉTODOS 40
bovino. Posteriormente, as células foram incubadas com diferentes
concentrações do polissacarídeo (0,5; 1,0; 2,0 mg/mL). Após 24 horas, MTT (5
mg/mL) foi adicionado ás células, e incubados por mais 4 horas. Após este
período, o meio foi aspirado, e adicionou-se 100 μL de HCl 0,04 N em álcool
isopropílico para dissolver os cristais de formazan formados e precipitados. A
quantificação da absorbância foi feita em leitor de placa de 96 poços em
comprimento de onda de 562 nm. O ensaio foi realizado em quintuplicata. O
cálculo de inibição da proliferação celular foi realizado em comparação com o
controle contendo células não tratadas com o extrato.
3.2.5 Fragmentação nuclear
As células (3,5x104 em aproximadamente 40 µL) foram plaqueadas
sobre lamínulas circulares de 12 mm colocadas em placas de 24 poços. Após
45 minutos a 37 C, adicionou-se meio com soro fetal bovino (SFB) (10%) para
completar um volume final de 1 mL. Após 24h, o meio foi removido e as células
foram carenciadas por 24h com meio sem soro. Posteriormente, o meio foi
aspirado e as células foram estimuladas a sair de G0 pelo acréscimo de meio
com SFB 10% na ausência (controle) e na presença de MCP60 (0,5 mg/mL).
As células foram expostas a MCP60 por 24h e então foram lavadas com PBS
gelado e em seguida fixadas com paraformaldeído 4% a temperatura ambiente
por 30 minutos. Após lavagem duas vezes com PBS, as células foram
mantidas em solução de PBS contendo 0,1% de Triton X-100 a temperatura
ambiente por 30 minutos. Posteriormente, as células foram subsequentemente
MATERIAIS E MÉTODOS 41
incubadas com DAPI (1 µg/mL) a temperatura ambiente por 30 minutos,
lavadas em seguida com PBS e examinadas por microscopia de fluorescência.
3.2.6. Análise estatística
Todos os dados dos experimentos realizados foram expressos como
média ± desvio padrão (n=3). Para testar diferenças entre os extratos aquosos,
foi utilizado o teste de análise paramétrica de análise de variância (ANOVA). O
teste de Student–Newman–Keuls (Nível de significância de p<0,05) foi aplicado
para se comprovar algumas similaridades encontradas pela ANOVA. Utilizou-
se o software GraphPad Instat 5.0 (GraphPad Software, San Diego, California,
USA)
RESULTADOS 42
4. RESULTADOS:
4.1 DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES QUÍMICOS DOS EXTRATOS
AQUOSOS DE C. JAMACARU.
Os extratos aquosos das hastes de C. jamacaru foram submetidos à
análise química para a determinação do conteúdo de proteínas, açúcares totais
e compostos fenólicos totais. As quantidades obtidas foram somadas e
consideradas como 100%, como mostrado na Tabela 2. Os extratos aquosos
MCA80, MPM e MCP60 apresentaram baixos teores de proteína (< 2%). Em
relação ao conteúdo percentual de açúcares totais, o extrato MCA80 e MPM
não apresentaram diferença entre o teor de açúcar, já MCP60 teve quantidades
significativamente menores de açúcar do que as demais extratos (p<0,05). Por
outro lado, aqueles extratos que apresentaram maiores quantidades açúcar
possuem menores quantidades de compostos fenólicos. Assim, MCP60
apresentou significativamente as maiores quantidades de compostos fenólicos
(p<0,05), seguido por MPM e MCA80.
Tabela 2- Composição química dos extratos aquosos MCA80, MPM e MCP60 de hastes de C. jamacaru.
Extratos Aquosos
Proteínas (%)
Açúcares totais (%)
Fenólicos totais (EAG)*
MCA80 0,054 ± 0,004ª 95,76 ± 2,81ª 3.63 ± 0,030ª
MPM 1,71 ± 0,015b 93,29 ± 0,17a 4,98 ± 0,043b
MCP60 1,78 ± 0,016b 89,41 ± 2,66b 8,87 ± 0,092c
O conteúdo de fenólicos totais é expresso em Equivalentes de Ácido Gálico (EAG). Os valores são expressos como média ± desvio padrão (n=3). a,b,c Letras distintas indicam diferença significativa (p<0,05) entre os extratos.
RESULTADOS 43
4.2 DETERMINAÇÃO DOS CONSTITUINTES MONOSSACARÍDICOS DOS
EXTRATOS AQUOSOS DE C. JAMACARU
Após hidrólise dos extratos aquosos estes foram submetidos a
determinação dos seus constituintes monossacarídicos. Após esta etapa, foi
feita uma razão molar desses monossacarídeos, utilizando a galactose como
açúcar de referência, pois se encontrava em maior quantidade, e preparou-se a
Tabela 3. Como pode ser observado nesta Tabela todas os extratos
apresentam galactose, manose e glicose. Porém a proporção de glicose nos
extratos é diferente. MCP60 apresenta 1,5 mais glicose do que MCA80, que
por sua vez possui o dobro de glicose do que MPM. Outra diferença entre os
extratos é a presença de ácido glucurônico. Este monossacarídeo foi
encontrado em MCA80 e em MCP60 em quantidade quantificável, enquanto
que em MPM foram detectados traços deste elemento.
Tabela 3- Relações molares de monossacarídeos do cacto Cereus jamacaru
Extratos Aquosos
Relações Molares1
Gal Gli Xil Man Fuc Ac. Glu
Ara
MCA80 1,0 1,0 n.d. 1,0 n.d. 0,5 n.d.
MPM 1,0 0,5 n.d. 1,0 n.d. - n.d.
MCP60 1,0 2,5 n.d. 1,0 n.d. 0,5 n.d.
1 relação molar do açúcar, tendo a galactose como referência; n.d. não detectado; “-“ traços.
RESULTADOS 44
Gal- Galactose, Gli - Glicose, Xil - Xilose, Man- Manose, Fuc– Fucose, Ac. Glu.- Ácido
glucurônico e Ara- Arabinose
4.3 ATIVIDADE ANTIOXIDANTE
Existem diversos métodos para a determinação das atividades
antioxidantes. Por isso, a atividade antioxidante in vitro dos extratos aquosos
de C. jamacaru foi avaliada por diferentes ensaios: capacidade antioxidante
total (CAT), poder redutor, quelação cúprica e sequestro do radical superóxido.
4.3.1 Capacidade Antioxidante Total
O teste de capacidade antioxidante total (CAT) tem como finalidade a
avaliação da habilidade de uma amostra de doar elétrons, neutralizando assim
compostos com radicais livres, tais como as EROs. Os resultados são
apresentados na forma de equivalentes de ácido ascórbico (EAA), ou seja, mg
de ácido ascórbico/ g de extrato.
Neste teste, como mostrado na Figura 5, todos os extratos tiveram
atividade detectável; O extrato MCP60 apresentou a capacidade antioxidante
total significantemente maior (p< 0,05) que os demais extratos, apresentando
68,13 EAA, enquanto que os extratos MCA80 e MPM não apresentaram
diferença significativa nas suas atividades, com valores de 55,21 e 54,82 de
EAA, respectivamente.
RESULTADOS 45
Figura 5- Capacidade antioxidante total de extratos aquosos de C. jamacaru. Resultados expressos em equivalentes de ácido ascórbico. Os valores são expressos como média ± desvio padrão (n=3). a,b Letras distintas indicam diferença significativa (p<0,05) entre os extratos.
4.3.2 Quelação de Cobre
O efeito quelante, sobre íons de cobre, exibido por diferentes
concentrações de extratos obtido de C. jamacaru está exposto na Figura 7.
Todos os extratos testados exibiram atividade semelhante em relação à
quelação de cobre. A quelação cúprica teve um aumento percentual
significante até a concentração de 0,5 mg/mL, e na concentração máxima (2,0
mg/mL), observou-se um leve decréscimo de atividade. A exceção foi
encontrada no extrato MCP60, que teve um aumento de atividade até a
concentração de 0,25 mg/mL e decréscimo a partir da concentração 1,0
mg/mL.
RESULTADOS 46
Figura 6- Quelação de cobre de extratos de C. jamacaru. a,b,c,d,e,f Diferentes letras indicam
diferenças significativas entre as diferentes concentrações do mesmo extrato. x,y,z Diferentes
letras indicam diferenças significativas entre a mesma concentração em diferentes extratos.
4.3.3 Poder Redutor
O ensaio do poder redutor também tem como objetivo avaliar a
capacidade de uma amostra de doar elétrons. Entretanto, as condições de
reação química são diferentes do CAT, o que afeta a capacidade da amostra
de atuar como um agente redutor. O resultado deste ensaio é expresso em
atividade redutora equivalente ao ácido ascórbico na concentração de 0,1
mg/mL.
Todos os extratos apresentaram poder redutor. Contudo, eles
apresentaram esta atividade num perfil diferente como visto na Figura 6.
MCP60 apresentou um efeito dose dependente que ficou bem mais evidente a
RESULTADOS 47
partir de 0,5 mg/mL. Vale também salientar que este extrato, assim como no
CAT, apresentou maior atividade antioxidante. Contudo, MPM, diferente do que
foi visto no CAT, também apresentou a mesma potência de atividade redutora
que MCP60 na maior concentração avaliada (1,0 mg/mL). O extrato MCA80
possuiu o menor poder redutor chegando a sua atividade a não ultrapassar o
valor de com valor de 22,38 EAA.
Figura 7- Poder redutor dos extratos aquosos de C. jamacaru. Poder redutor expresso em poder redutor equivalente à 0,1 mg/mL de ácido ascórbico. Os valores são expressos como média ± desvio padrão (n=3). a,b,c Letras distintas indicam diferença significativa (p<0,05) entre as diferentes concentrações do mesmo extrato. x,y,z indicam diferença significativa entre a mesma concentração dos diferentes extratos de C. jamacaru.
4.3.4 Sequestro de íons superóxido
Os resultados de atividade sequestradora de ânions superóxido estão
expostos na Tabela 4. Apenas o extrato MCP60 na concentração de 0,5 mg/mL
apresentou atividade sequestradora.
Entretanto, tal atividade é considerada baixa se levarmos em
consideração o padrão de ácido gálico em todas as concentrações testadas.
RESULTADOS 48
Tabela 4- Atividade sequestradora de ânion superóxido dos extratos aquosos MCA80, MCP60 e MPM DE C. jamacaru.
Extratos Aquosos
Concentração (mg/mL)
Sequestro
(%)
MCA80
0,05 nd 0,1 nd
0,25 nd 0,5 nd
MPM
0,05 nd 0,1 nd
0,25 nd 0,5 nd
MCP60
0,05 nd 0,1 nd
0,25 Nd 0,5 9,35 ± 0,13ª
Ácido Gálico
0,05 57,73 ± 0,59a
0,1 66,34± 1,83b
0,2 78,50 ± 0,06c
0,4 86,35 ± 2,06d
0,6 90,17± 0,16e
Valores expressos como a média ± desvio padrão (n=3). a,b,c,d,e Letras indicam diferença
significativa (p<0,05) entre as concentrações do mesmo extrato/padrão.
4.4 EFEITO DOS EXTRATOS FRENTE A REDUÇÃO DO MTT PELAS
LINHAGENS CELULARES EM CONDIÇÕES DE CULTURA.
Com o objetivo de avaliar o efeito dos extratos sob o metabolismo de
células normais e tumorais do trato urogenital humano, as células foram
cultivadas na presença dos extratos de C. jamacaru através do ensaio clássico
de redução do MTT.
RESULTADOS 49
4.4.1 Efeito do extrato aquoso de C. jamacaru MCA80 frente a redução do
MTT pelas linhagens celulares em condições de cultura.
O extrato MCA80 não foi capaz de atuar sobre a redução do MTT
quando as células PC-3 foram utilizadas no teste (Figura 8). Por outro lado,
este extrato inibiu a redução do MTT na presença das outras três linhagens
celulares avaliadas (HEK-293, HeLa e 786), Porém o seu perfil de atuação foi
diferente com cada célula. Quando HEK e HeLa foram utilizadas nos teste,
MCA80 só conseguiu atuar de forma significante na concentração mais elevada
(2 mg/mL). Além disso, a inibição da redução do MTT foi bem mais afetada
quando HEK (~30%) foi utilizada do que quando HeLa (~20%) usada com
redutora de MTT. Com a relação a inibição da redução do MTT na presença
das células 786, observa-se que esta já ocorre numa concentração de 1 mg/mL
e aumenta para próximo de 40% com 2 mg/mL do extrato.
Figura 8- Inibição da redução do MTT utilizando o extrato aquoso de C. jamacaru MCA80
frente a diversas linhagens celulares. Os valores são expressos como a média ± desvio
padrão (n=3). a,b,c Letras distintas indicam diferença significativa (p < 0,05) entre diferentes
concentrações da mesma linhagem celular; x,y,z Letras distintas indicam diferença significativa
(p < 0,05) entre as linhagens celulares de mesma concentração.
.
RESULTADOS 50
4.4.2 Efeito do extrato aquoso de C. jamacaru MPM na redução do MTT
pelas linhagens celulares em condições de cultura.
MPM foi extrato que menos afetou a redução do MTT pelas células.
Além disso, ele não consegui influenciar, mesmo na maior dose, a redução do
MTT quando na linhagem celular PC-3. Foram utilizadas (Figura 9). Já quando
as linhagens tumorais HEK-293, HeLa e 786, o MPM conseguiu diminuir a
redução do MTT em até cerca de 30 % (Figura 9). Porém, quando as duas
linhagens foram avaliadas como redutoras de MTT na presença de MPM numa
concentração menor (1 mg/mL), ele foi bem mais efetivo como inibidor na
presenças das células 786.
Figura 9- Inibição da redução do MTT utilizando o extrato aquoso de C. jamacaru MPM
frente a diversas linhagens celulares. Os valores são expressos como a média ± desvio
padrão (n=3). a,b,c Letras distintas indicam diferença significativa (p < 0,05) entre diferentes
concentrações da mesma linhagem celular; x,y,z Letras distintas indicam diferença significativa
(p < 0,05) entre as linhagens celulares de mesma concentração.
RESULTADOS 51
4.4.3 Efeito do extrato aquoso de C. jamacaru MCP60 na redução do MTT
pelas linhagens celulares em condições de cultura.
O extrato MCP60 foi o que mais influenciou na redução do MTT na
presença das células (Figura 10). Porém, ele foi incapaz de influenciar a
redução do MTT quando as células PC-3 foram utilizadas no teste. Quando as
células HEK foram avaliadas, MPM só afetou a redução do MTT na maior
concentração utilizada (2 mg/mL). Porém, quando HeLa e 786 foram testadas,
MPM já promoveu a redução do MTT na menor concentração testada, este
efeito foi dose dependente, e foi mais efetivo com as células 786, cuja inibição
foi de cerca de 80% na concentração de 2 mg/mL Vale a pena ressaltar que o
extrato, na concentração de 1,0 mg/mL, foi capaz de afetar a redução do MTT
em células tumorais 786, sem afetar as células normais HEK-293
Figura 10- Inibição da redução do MTT utilizando o extrato aquoso de C. jamacaru
MCP60 frente a diversas linhagens celulares. Os valores são expressos como a média ±
desvio padrão (n=3). a,b,c Letras distintas indicam diferença significativa (p < 0,05) entre
RESULTADOS 52
diferentes concentrações da mesma linhagem celular; x,y,z Letras distintas indicam diferença
significativa (p < 0,05) entre as linhagens celulares de mesma concentração.
4.5 FRAGMENTAÇÃO NUCLEAR
Dentre as células avaliadas, as células tumorais 786 foram as células
mais afetadas no ensaio de redução do MTT na presença do extrato MCP60.
Isto pode ser um indicio que esse extrato possa induzir morte celular a essas
células. Um dos critérios clássicos para se identificar morte celular é a
fragmentação nuclear. Portanto, essas células foram incubadas na presença do
extrato MCP60 para se avaliar se havia a presença de fragmentos nucleares.
As células foram incubadas em lamínulas na ausência e na presença de
MCP60 (2,0 mg/mL) por 24 h, fixadas em paraformaldeído, coradas com DAPI,
um marcador nuclear, e visualizadas em um microscópio de fluorescência. De
acordo com a Figura 11A, pode observar-se que as células 786 controle
apresentam núcleo intacto, arredondado e sem fragmentação nuclear
significante. Já as células 786 submetidas à tratamento com MCP60 (2,0
mg/mL) por 24 horas (Figura 11B) apresentaram fragmentação celular
significante (indicadas pelas setas brancas da Figura 10B), indicando que o
extrato induz a morte das células 786.
RESULTADOS 53
Figura 11- Imagens de microscopia de fluorescência das células 786 coradas com DAPI.
Fotografias obtidas em microscópio de fluorescência. As setas brancas evidenciam
fragmentação nuclear e condensação de cromatina. A- Células 786 sem tratamento e coradas
com DAPI após 24 h. B- Células 786 incubadas com MCP60 e coradas com DAPI após 24 h.
Em ambas as fotografias, a ampliação foi de 40x.
DISCUSSÃO 54
5. DISCUSSÃO
Os dados obtidos das análises químicas, dos testes antioxidante e com
as células confirmam que foi possível obter diferentes populações de
polissacarídeos de mandacaru com cada metodologia utilizada. Acredita-se
que um dos principais motivos deste fato ter ocorrido é que polissacarídeos,
diferente de proteínas e ácidos nucléicos, não são sintetizados a partir de um
molde. Sua síntese é influenciada por vários fatores como concentração de
enzimas e de substratos, o que faz com que o organismo em questão produza
diferentes polissacarídeos, que podem ser estruturalmente muito parecidos,
porém apresentarem propriedades farmacológicas/biológicas distintas.
Portanto, cada metodologia, como dito anteriormente, extraiu polissacarídeos
que apresentavam características distintas e que se refletiram nos testes
farmacológicos.
Utilizaram-se três formas de obter extratos aquosos ricos em
polissacarídeos do mandacaru. No método, aqui denominado de MPM, a
extração do polissacarídeo foi baseada na capacidade desses se solubilizarem
em água. Do resíduo sólido resultante desse primeiro método de extração,
obteve-se ainda dois extratos ricos em polissacarídeos; O MCA80 foi utilizado
com o objetivo de permitir a extração dos polissacarídeos solúveis em água
mas que estariam mais presos na estrutura da parede celular, e que portanto,
precisariam de uma energia maior (calor) para serem liberados dessa parede.
Contudo, esse método é incapaz de extrair aqueles polissacarídeos que
estariam ligados covalentemente à proteínas. Portanto, obteve o extrato
MCP60, que foi obtido utilizando-se proteases que degradaram proteínas do
tecido vegetal, permitindo então a solubilização dos polissacarídeos que
estavam ligados covalentemente às proteínas (ROCHA et al, 2005)
Extratos polissacarídicos extraídos de qualquer fonte vegetal podem
apresentar variações de contaminações (proteínas, lipídios, ácidos nucléicos e
compostos fenólicos, por exemplo) dependendo do método de extração
desenvolvido. Como por exemplo, a extração de polissacarídeos de algas
marinhas mostrou uma variação de contaminação proteica de 0,7% a 2,0%
(COSTA et al, 2010). O extrato MCP60 em teoria deveria ter menos proteínas
DISCUSSÃO 55
que os demais, pois foi utilizado um complexo contendo enzimas proteolíticas
para promover a liberação dos polissacarídeos, e estas degradariam as
proteínas solúveis. Contudo, isto não foi o observado, este extrato apresentou
quantidades semelhantes de proteínas que MPM, e estes dois apresentaram
bem mais quantidade de proteínas do que MCA80. É provável que esta maior
quantidade de proteínas detectada seja resíduo das proteases adicionadas no
começo da extração. Corrobora com está hipótese os dados apresentados por
Fidelis (2011), que observou que extratos obtidos a 60 °C sem proteases
apresentavam 60% menos proteínas do que extratos obtidos a 60 °C com
proteases. O extrato MCA80 foi o que apresentou menor quantidade de
compostos fenólicos e de proteínas dentre os três extratos obtidos. Este extrato
foi obtido à temperatura mais elevada que os demais, assim acredita-se que
esta temperatura tenha promovido uma maior degradação dos contaminantes
(proteínas e compostos fenólicos) e, portanto, diminuído a sua quantidade em
relação a aquela encontrada nos demais extratos. Corrobora com esta hipótese
os dados publicados por Hamama e Nawar (1991).
Glicose, manose e galactose foram encontradas em todos os extratos
em proporções semelhantes. Esta composição é diferente daquela encontrada
em extratos aquosos ricos em polissacarídeos obtidos dos cactos Opuntia fícus
indica e Mesembryanthemum crystallinum, estes dois produzem
polissacarídeos ricos em ácidos urônicos, arabinose, xilose, galactose e glicose
(DETERS et al., 2012). Galactose e arabinose também foram encontradas em
grande quantidade em polissacarídeos extraídos do cacto Melocactus
depressus (SILVA, 2002). Em suma, os dados da literatura, incluindo deste
trabalho, mostram que os polissacarídeos sintetizados por espécies diferentes
de cactos são diferentes entre si. Portanto cada polissacarídeo purificado de
um cacto é potencialmente um novo composto com as mais variadas
aplicabilidades.
Vários estudos são dedicados ao estudo de atividades biológicas de
polissacarídeos extraídos de fontes vegetais. Seguindo esta linha de
pensamento, este trabalho avaliou algumas atividades
DISCUSSÃO 56
biológicas/farmacológicas dos extratos ricos em polissacarídeos obtidos de
mandacaru.
O sistema antioxidante natural presente nas células é um importante
controlador para a formação do estresse oxidativo. A elevada formação de
espécies reativas, principalmente as derivadas do oxigênio, desempenha um
papel importante no desenvolvimento de doenças neurodegenerativas e
câncer. Um teste que avalia o potencial antioxidante é conhecido como
“Atividade Antioxidante Total” (CAT). Este método é baseado na redução de
Mo+6 para Mo+5 pelos compostos antioxidantes, e a formação de complexos
verdes com o molibdênio reduzido com uma máxima absorção de 695 nm. O
complexo colorido verde é bastante estável e não é afetado por vários
solventes orgânicos usados para a extração de polissacarídeos
(ATHUKORALA, 2006). Os três extratos apresentaram valores de CAT
superiores a 50 mg de equivalente de ácido ascórbico/g de extrato, dentre eles
o mais potente foi MCP60 (68,13 EAA). Esta atividade foi superior às obtidas
com galactanas sulfatadas extraídas de alga vermelha Gracilaria caudata
(COSTA et al., 2010), e foi maior que as atividade de xiloglucanas de sementes
de tamarindo (CHOI et al, 2009) e de sabugo de milho (MELO-SILVEIRA et al.,
2012). Devido à alta capacidade antioxidante mostrado pelo método de
fosfomolibdênio, os extratos rico em polissacarídeos de mandacaru foram
selecionadas para a análise de detalhes de suas propriedades usando ensaio
de sequestro de radical superóxidos, quelação cúprica e poder redutor.
Contudo os dados aqui apresentados foram semelhantes aos
encontrados para polissacarídeos sulfatados purificadas da alga Laminaria
japonica (WANG, et al., 2008). Os resultados mostram que os polissacarídeos
de mandacaru possuem como principal mecanismo antioxidante doar elétrons
e quelar metais, agindo assim como antioxidantes bloqueadores de cadeia
(ZHANG 2006)
Radicais ânions superóxidos atuam como um oxidante, mas sendo
altamente instáveis, imediatamente são dismutados espontaneamente ou
enzimaticamente no meio intracelular. Embora o superóxido seja um
antioxidante de meia-vida relativamente curta, ele é decomposto na forma
DISCUSSÃO 57
extremamente reativa, a espécie reativa radical hidroxila. Entre as espécies
reativas do oxigênio, o radical hidroxila é o mais quimicamente reativo. Esses
radicais podem, por exemplo, subtrair átomos de hidrogênio de grupos tióis de
moléculas biológicas e formar radicais sulfidrilas, que são capazes de se
combinar com oxigênio para gerar radicais oxisulfidrilas e danificar moléculas
biológicas (SUDHAKAR et al., 2008). Os extratos de mandacaru (0,5 a 2,0
mg/mL) não apresentaram atividade contra o superóxido. Dados similares
foram observados com manogalactoglucanas que não mostraram atividade
sequestradora de radical superóxido em todas as concentrações usadas no
estudo (de 0,05 a 2,0 mg/mL) (TELLES et al., 2011). Por outro lado, fucoidans
(polissacarídeos sulfatados) da alga marinha marrom Laminaria japonica
(ZHAO, 2008) e ulvanas (polissacarídeos sulfatados) da alga verde Ulva
pertusa (QI et al, 2005) têm uma atividade sequestradora de radical superóxido
maior que vitamina C. Estes dois trabalhos têm proposto que a habilidade de
sequestro desse radical depende do conteúdo de sulfato presente na estrutura
dos polissacarídeos, ainda propõem que polissacarídeos altamente sulfatados
têm maior capacidade sequestradora do que os polissacarídeos menos
sulfatados. Além disso, quando quitosanas (amino polissacarídeos) foram
sulfatadas, exibiram maior atividade sequestradora em comparação ao
composto original (YAN-CHUN, 1991). Dessa forma, pode-se atribuir que a
inexistente ação contra os radicais superóxidos dos polissacarídeos
encontrados no mandacaru seja pelo fato da falta de grupamentos iônicos,
como sulfato.
Os resultados aqui relatados foram bastante interessantes, pois indicam
que mandacaru sintetiza polissacarídeos com diferentes mecanismos
antioxidantes. Apesar de sua potência antioxidante não ter sido tão alta em
alguns ensaios, deve ser a somação dos efeitos individuais desses polímeros
que é utilizada como uma estratégia de defesa da planta ao ambiente
semiárido da caatinga. Isto proporcionaria uma defesa mais eficiente frente aos
radicais livres em detrimento da síntese de polissacarídeos com alta atividade
antioxidante, mas que agiram apenas via um mecanismo.
DISCUSSÃO 58
Relatos em trabalhos científicos demonstram, que extratos ricos tanto
em polissacarídeos quanto compostos antioxidantes apresentam atividade
antiproliferativa frente a linhagens tumorais (ATHUKORALA et al, 2006).
Entretanto, os extratos de mandacaru não mostraram qualquer correlação
direta com a atividade antioxidante apresentada por esses polímeros, como é
mostrado também em outros trabalhos para polissacarídeos de outras fontes
vegetais (YUAN et al, 2006; YE et al, 2008).
Os extratos polissacarídicos de mandacaru não afetaram a capacidade
redutora de MTT das células PC-3. Por outro lado eles afetaram principalmente
a capacidade redutora das células tumorais renais 786. O extrato mais efetivo
foi MCP60. O teste de fragmentação nuclear mostrou que MCP60 além de
afetar o metabolismo de células 786, também poderá induzir morte celular.
Outro fato interessante, é que MCP60 na concentração de 1 mg/mL afeta a
capacidade redutora de MTT das células tumorais de rins 786, porém não afeta
a capacidade das células normais de rins, o que dá a este extrato um grande
potencial para ser utilizado contra tumores renais.
Pretende-se no futuro purificar os polissacarídeos encontrados em
MCP60 e identificar aquele(s) com maior potencial antitumoral, bem como
compreender seu mecanismo de ação.
CONCLUSÕES 59
6- CONCLUSÕES
Os extratos aquosos ricos em polissacarídeos obtidos de mandacaru
são ricos em galactose, manose e glicose e apresentam traços de ácido
glucurônico. Apresentaram atividade antioxidante por serem capazes de doar
elétrons e quelar cobre e possuem atividade citotóxica frente a linhagem celular
tumoral de rim 786 (contra células tumorais de rins.) Neste caso, o extrato
MCP60 foi mais potente, já demonstrando atividade com 0,5 mg/mL, além
disso, ele não apresentou citotoxicidade contra células normais de rins até uma
concentração de 1 mg/mL.
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