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    Manifesto Self

    Num mundo cada vez mais competitivo, muito importante olharmos para ns e cuidarmos de ns prprios. No apenas da aparncia mascuidar de ns como um todo, como algo que devemos proteger, acarinhare conduzir ao caminho dos nossos sonhos e objetivos. Sem grandes ra-dicalismos ou barreiras no que respeita linha editorial, a Sel procuracontedos que contribuam para um melhoramento das nossas capacida-des como indivduos, nos mais variados gneros literrios. Ajudar-nos air mais longe, ensinar-nos a azer melhor, procurar ser o nosso treinador pessoal em tudo o que so reas de aprendizagem. O desenvolvimento pessoal algo que pode ser potenciado por cada um de ns.

    Acreditamos que ser melhor ter mais capacidade para en rentar obs-tculos, lidar com di culdades, tirar o melhor partido das nossas capaci-dades, saber gerir as nossas vidas e como consequncia ser mais eliz.

    A Sel no uma chancela hermtica ou echada sobre si prpria. Aescolha dos seus ttulos cuidadosamente ponderada por um conselhoeditorial, constitudo por pessoas bem posicionadas e pro undamente co-nhecedoras das temticas que publicam. Pelo pluralismo do seu conselhoeditorial, consegue encontrar os trabalhos dos melhores pro ssionais nasmais diversas reas de conhecimento.

    Porque ns no somos seres unidimensionais, importante preencheralguns dos campos mais prticos da vida como: a carreira, a amlia, oexerccio sico, a alimentao e culinria, as nanas pessoais, etc. Masnunca esquecendo o quo importante cuidar das reas mais subjetivasdas nossas vidas, como a espiritualidade, a meditao, o autoconheci-mento, entre outras.

    O objetivo da Sel , portanto, promover a ideia do Ser mais, Ser me-lhor. Dizer ao leitor que a nossa vida est nas nossas mos e que no hlimites para o que podemos azer ou alcanar.

    Estamos atentos s tendncias e s necessidades, para sermos o me-lhor veculo do seu Coaching pessoal.

    Seja melhor. Por si e pelos outros.

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    raduo de eresa Martins de Carvalho

    A presente obra respeita as regrasdo Novo Acordo Ortogr co.

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    NDICE

    PARTE 1 - DESENVOLVENDO O SEU MAIOR DOM 15UMA IDADE DE OURO PARA O CREBRO 17CINCO MITOS A DISSIPAR 30

    SOLUES DO SUPERCREBRO: PERDA DE MEMRIA 49

    HERIS DO SUPERCREBRO 53SOLUES DO SUPERCREBRO: DEPRESSO 67

    PARTE 2 - FAZENDO A REALIDADE 79O SEU CREBRO, O SEU MUNDO 81

    SOLUES DO SUPERCREBRO: EXCESSO DE PESO 96

    O SEU CREBRO EST A EVOLUIR 103SOLUES DO SUPERCREBRO: ANSIEDADE 116

    O CREBRO EMOCIONAL 128SOLUES DO SUPERCREBRO: CRISES PESSOAIS 136

    DO INTELECTO INTUIO 142SOLUES DO SUPERCREBRO: ENCONTRANDO O SEU PODER 162

    A MORADA DA FELICIDADE 171SOLUES DO SUPERCREBRO: AUTOCURA 184

    PARTE 3 - MISTRIO E PROMESSA 191O CREBRO ANTIENVELHECIMENTO 193

    SOLUES DO SUPERCREBRO: LONGEVIDADE MXIMA 204

    O CREBRO ILUMINADO 220SOLUES DO SUPERCREBRO: TORNANDO DEUS REAL 236

    A ILUSO DA REALIDADE 245SOLUES DO SUPERCREBRO: BEM-ESTAR 263

    EPLOGO DE RUDYOLHANDO PARA A DOENA DE ALZHEIMER COM ESPERANA E LUZ 269

    EPLOGO DE DEEPAK ALM-FRONTEIRAS 275

    AGRADECIMENTOS 280SOBRE OS AUTORES 281

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    PARTE 1

    DESENVOLVENDOO SEU MAIORDOM

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    UMA IDADE DE OUROPARA O CREBRO

    Oque sabemos ns realmente acerca do crebro humano? Nas dcadasde 1970 e 1980, quando os autores faziam o seu percurso acadmico,a resposta honesta era muito pouco. poca corria um dizer: estudar ocrebro era como aplicar um estetoscpio do lado de fora do Astrodome1

    para apurar as regras do futebol.O seu crebro contm, grosso modo, cem mil milhes de clulasnervosas formando por toda a parte um bilio a talvez mesmo mil bi-lies de conexes chamadas sinapses. Estas conexes esto em cons-tante e dinmico estado de remodelao em resposta ao mundo sua volta. Como maravilha da natureza que , esta minscula e contudomonstruosa.

    Todos olham com assombro para o crebro, em tempos apelidado deo universo de quilo e meio2. E com toda a razo. O seu crebro no se li-mita a interpretar o mundo, cria-o. Tudo o que voc v, ouve, toca, degustae cheira no teria nenhuma dessas qualidades sem o crebro. Seja o que forque vivencie hoje o seu caf da manh, o amor que sente pela sua famlia,uma ideia brilhante no trabalho , foi especi camente personalizado suamedida nica.

    1 O primeiro estdio fechado e um dos mais famosos dos EUA, inaugurado em 1965 emHouston, Texas, e o cialmente encerrado em 2005. (N. da T.)2 Adaptao portuguesa da popular expresso em lngua inglesathree-pound universe, ouuniverso de trs libras. (N. da T.)

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    Como utilizador, responsvel por manter o seu crebro emboa ordem de funcionamento.

    Nestes quatro papis jaz toda a diferena entre o crebro de todos osdias apelidemo-lo de crebro base e aquilo a que chamamos superc-rebro. A diferena abissal. Ainda que voc no se relacione com o crebropensandoQue ordens hei de dar hoje? ou Que novos trilhos quero criar?, precisamente isso que faz. O mundo personalizado em que vive tem neces-sidade de um criador. O criador no o seu crebro, voc.

    O supercrebro equivale a um criador plenamente consciente usandoo crebro com a mxima vantagem. O seu crebro in nitamente adapt- vel, e voc poderia desempenhar os seus quatro papis condutor, inven-

    tor, professor e utilizador com resultados muitssimo mais satisfatriosdo que aqueles que agora alcana.Condutor: As ordens que voc d no so simplesmente dados de

    comando de um computador como apagar ou rolar para o fundo da p-gina. Esses so comandos mecnicos inseridos numa mquina. As suas or-dens so recebidas por um organismo vivo que muda de cada vez que enviauma instruo. Se pensarQuero os ovos com bacon que comi ontem, o seucrebro no muda de todo. Se em vez disso pensarO que hei de comer hojeao pequeno-almoo? Quero algo di erente, de sbito estar a abrir um ma-nancial de criatividade. A criatividade uma inspirao viva, com flego,

    sempre renovada, que computador algum pode igualar. Porque no tirar omximo partido disso? Pois o crebro tem a miraculosa capacidade de dartanto mais quanto mais lhe pedir.

    Traduzamos esta ideia em como se relaciona com o seu crebro agorae como se poder vir a relacionar. Veja as listas abaixo. Com qual dos doisse identi ca?

    CREBRO BASENo me levo a comportar de modo muito diferente hoje do deontem.

    Sou uma criatura de hbitos.No estimulo a mente com coisas novas muito frequentemente.Gosto da familiaridade. a maneira mais confortvel de viver.Para ser honesto, tudo uma entediante repetio em casa, notrabalho, e nos meus relacionamentos.

    SUPERCREBROEncaro cada dia como um novo mundo.Tomo ateno para no cair em maus hbitos, e se algum se

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    instala, com facilidade lhe ponho m.Gosto de improvisar.Abomino o tdio, que para mim signi ca repetio.Deixo-me atrair por coisas novas em muitas reas da minha vida.

    Inventor: O seu crebro est em constante evoluo. Isto aconteceindividualmente, faceta nica do crebro (e um dos seus mais profundosmistrios). O corao e o fgado com que nasceu sero essencialmente osmesmos rgos quando morrer. No o crebro. capaz de evoluir e aper-feioar-se ao longo de toda a sua vida. Invente coisas novas para ele fazer, e voc tornar-se- fonte de novas aptides. Uma impressionante teoria tem

    por slogan dez mil horas, segundo a noo de que possvel adquirir-sequalquer exmia aptido se nela se aplicar esse perodo de tempo, at apti-des como pintura e msica dantes reservadas apenas s pessoas de talento.Se alguma vez assistiu ao Cirque du Soleil, poder ter assumido que aquelesespantosos acrobatas provm de famlias circenses ou trupes estrangeiras.Na realidade, cada ato do Cirque du Soleil, com poucas excees, ensina-do a gente comum que frequenta uma escola especial em Montreal. A umdeterminado nvel, a sua vida uma srie de aptides, comeando como andar, falar e ler. O erro que cometemos o de limitar essas aptides. Econtudo o mesmo sentido de equilbrio que lhe permitiu dar os primeiros

    passos, andar, correr e guiar uma bicicleta, se lhe derem dez mil horas (oumenos), pode permitir-lhe transpor um arame entre dois arranha-cus.Est a pedir muito pouco ao seu crebro quando deixa de lhe pedir queaperfeioe novas aptides diariamente.

    Com qual dos dois se identi ca?

    CREBRO BASENo posso propriamente dizer que esteja a crescer tanto comoquando era mais novo.Se aprendo uma nova aptido, levo-a s at certo ponto.

    Resisto mudana e s vezes sinto-me ameaado por ela.No vou para alm daquilo em que j sou bom.Passo grande parte do tempo em atividades passivas como verteleviso.

    SUPERCREBROContinuarei a evoluir durante toda a minha vida.Se aprendo uma nova aptido, levo-a o mais longe possvel.Adapto-me rapidamente mudana.

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    Se no sou bom numa coisa primeira tentativa, tudo bem.Gosto do desa o.A atividade que me faz vicejar, apenas com uma dose mdicade inao.

    Professor: O conhecimento no est enraizado em factos; est enrai-zado na curiosidade. Um professor inspirado pode alterar um aluno paratoda a vida instilando-lhe curiosidade. Voc est na mesma posio paracom o seu crebro, mas com uma grande diferena: tanto aluno comoprofessor. Instilar curiosidade responsabilidade sua, e quando ela surge, voc igualmente aquele que se sente inspirado. Crebro algum foi alguma vez inspirado, mas quando voc o , desencadeia uma cascata de reaes

    que iluminam o crebro, ao passo que o crebro desprovido de curiosidadeest basicamente adormecido. (E pode estar igualmente a desmoronar; hprovas de que podemos prevenir sintomas de senilidade e envelhecimentocerebral permanecendo socialmente adaptados e intelectualmente curiososao longo de toda a vida.) Tal como um bom professor, voc tem de con-trolar erros, encorajar pontos fortes, reparar quando o aluno est prontopara novos desa os, e por a fora. Tal como um aluno brilhante, tem de semanter aberto s coisas que desconhece, ser recetivo e no mentalmentefechado.

    Com qual dos dois se identi ca?

    CREBRO BASEEstou bastante instalado na minha abordagem vida.Estou casado com as minhas crenas e opinies.Deixo que os outros sejam os peritos.Raramente vejo programas de televiso educativos ou assistoa palestras.J se passou um bom tempo desde que me senti realmenteinspirado.

    SUPERCREBROGosto de me reinventar.Alterei recentemente uma crena ou opinio h muitosustentada.H pelo menos uma coisa em que sou perito.Deixo-me atrair por vias educativas na televiso ou em univer-sidades locais.Sinto-me diariamente inspirado pela minha vida.

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    Utilizador: No existe manual de instrues para o crebro, masele precisa de alimento, reparao e da devida manuteno ainda assim.Certos nutrientes so fsicos; a atual mania dos alimentos para o crebrofaz as pessoas correrem para vitaminas e enzimas. Mas o devido alimentopara o crebro tanto mental como fsico. O lcool e o tabaco so txi-cos, e sujeitar o crebro sua exposio fazer mau uso dele. A raiva e omedo, o stress e a depresso so igualmente uma forma de m utilizao.No momento em que escrevemos este livro, um novo estudo revela queuma rotina de stress dirio fecha o crtex pr-frontal, a parte do crebroresponsvel pela tomada de decises, correo de erros e avaliao de si-tuaes. por isso que as pessoas do em doidas em engarrafamentos. um stress rotineiro, e contudo a fria, frustrao e impotncia que alguns

    condutores sentem indicam que o crtex pr-frontal deixou de dominaros impulsos primrios por cujo controlo responsvel. Damos constan-temente connosco a voltar mesma questo: use o seu crebro, no deixeque o seu crebro o use a si. As frias com o trnsito so um exemplo doseu crebro a us-lo, mas o mesmo se passa com as memrias txicas, asferidas de antigos traumas, maus hbitos que no conseguimos quebrar, emais trgico que tudo, vcios descontrolados. Esta uma rea de extremaimportncia a ter em conta.

    Com qual dos dois se identi ca?

    CREBRO BASESenti-me recentemente descontrolado em pelo menos umarea da minha vida.O meu nvel de stress muito elevado, mas eu dou conta dele.Preocupo-me com depresses ou estou deprimido.A minha vida est a ponto de ir numa direo que eu noquero.Os meus pensamentos podem ser obsessivos, assustadores ouansiosos.

    SUPERCREBROSinto-me confortavelmente detentor do controlo.Fao por evitar situaes stressantes afastando-me e deixandoir.Estou consistentemente de bom humor.No obstante acontecimentos inesperados, a minha vida estencaminhada na direo que quero.Gosto da forma como a minha mente pensa.

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    Ainda que o seu crebro no venha com um manual de instrues,pode us-lo para seguir um trilho de crescimento, realizao, satisfaopessoal e novas aptides. Sem se dar conta disso, capaz de dar um saltoquntico na forma como usa o seu crebro. O nosso destino nal o cre-bro iluminado, que vai para alm dos quatro papis por si representados. uma rara espcie de relao, na qual voc serve de observador, de silenciosatestemunha de tudo o que o crebro faz. Aqui jaz a transcendncia. Quando capaz de ser a testemunha silenciosa, no se deixa enredar na atividadecerebral. Permanecendo em total paz e silenciosa conscincia, encontra a verdade quanto s eternas questes respeitantes a Deus, alma, e vidaaps a morte. A razo porque cremos ser real este aspeto da vida que,quando a mente deseja transcender, o crebro est pronto a segui-la.

    Uma Nova RelaoQuando Albert Einstein morreu em 1955 aos setenta e seis anos de idade,houve uma tremenda curiosidade quanto ao mais famoso crebro do sculoXX. Partindo do princpio de que algo fsico deveria ter criado tal gnio, foiefetuada uma autpsia ao crebro de Einstein. Desa ando as expetativas deque grandes pensamentos requerem um crebro grande, o crebro de Eins-tein na realidade pesava 10% menos que o crebro mdio. Estava-se entoainda no limiar da era de explorao dos genes, e as mais avanadas teorias

    sobre o modo como novas conexes sinpticas se formam jaziam a dcadasde distncia no futuro. Uma coisa e outra representam avanos dramticosno conhecimento. No podemos ver os genes em funcionamento, mas po-demos observar como os neurnios formam novos axnios e dendrites, asnssimas extenses que permitem a uma clula cerebral conectar-se comoutra. Sabe-se agora que o crebro pode formar novos axnios e dendritesat aos ltimos anos de vida, o que nos d uma esperana tremenda para apreveno da senilidade, por exemplo, e para a inde nida preservao danossa capacidade mental. (To espantosa a capacidade que o crebro temde estabelecer novas conexes que um feto prestes a nascer forma 250.000

    novas clulas cerebrais por minuto, levando a milhes de novas conexessinpticas por minuto.)E contudo, ao assim falarmos, somos to ingnuos como reprteres

    de jornal ansiosos por dizer ao mundo que Einstein possua um crebroestramblico continuamos a enfatizar o fsico. No de mais sublinhar aimportncia da forma de nos relacionarmos com o crebro. Parece-nos quesem uma nova relao, no se pode pedir ao crebro que faa coisas novas einesperadas. Consideremos por exemplo as crianas desencorajadas na es-cola. Tais alunos existiam em todas as classes que todos ns frequentmos,

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    encontrando-se em geral sentados na la de trs. O seu comportamentosegue um triste padro.

    Primeiro a criana tenta manter-se a par dos colegas. Quando essesesforos falham, seja por que motivo for, instala-se o desencorajamento. Acriana deixa de se esforar tanto como as crianas imbudas de sucesso eencorajamento. A fase seguinte o dar nas vistas, a desestabilizao custade barulho ou disparates para chamar a ateno. Qualquer criana necessitade ateno, ainda que negativa. As desestabilizaes podem ser agressivas,mas, com o tempo, a criana acaba por constatar que nada de bom acontece.Dar nas vistas leva a desaprovao e castigos. De modo que entra na terceirafase, que o silncio amuado. No se volta a esforar por se manter a par daclasse. Os colegas pem-lhe o rtulo de atrasado ou estpido, um pria. A

    escola tornou-se uma priso sufocante em vez de local enriquecedor.No difcil ver como este ciclo de comportamento afeta o crebro.Sabemos agora que os bebs nascem com 90% dos seus crebros formadose milhes de conexes extra. De modo que os primeiros anos de vida sopassados a joeirar de parte as conexes no utilizadas e a desenvolver as queconduziro a novas aptides. Uma criana desencorajada, podemos nsconjeturar, aborta este processo. As aptides proveitosas no so desenvol- vidas, e as partes do crebro que caem em desuso atro am. O desencoraja-mento holstico, abarcando crebro, psique, emoes, comportamento, eposteriores oportunidades na vida.

    Para operar bem, qualquer crebro requer estimulao. Mas clara-mente a estimulao secundria face ao modo como a criana se sente,que mental e psicolgico. Uma criana desencorajada relaciona-se com oseu crebro de forma diferente de uma criana encorajada, e os seus cre-bros podem responder de maneira diferente tambm.

    O supercrebro assenta no credo de conectar a mente e o crebro deuma nova forma. No o lado fsico que faz a diferena crucial. a resolu-o de uma pessoa, a sua inteno, pacincia, esperana e diligncia. Todaselas so uma questo de como a mente se relaciona com o crebro, paramelhor ou para pior. Podemos resumir esta relao em dez princpios.

    O CREDO DO SUPERCREBROCOMO A MENTE SE RELACIONA COM O CREBRO

    1. O processo envolve sempre circuitos de retroalimentao.2. Estes circuitos de retroalimentao so inteligentes eadaptveis.3. A dinmica cerebral equilibra-se e desequilibra-se mas

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    favorece sempre o equilbrio conjuntural, conhecido comohomeostase.4. Usamos o nosso crebro para evoluir e desenvolvermo-nos,guiados pelas nossas intenes.5. A autorre exo impulsiona-nos para territrio desconhecido.6. Muitas diversas reas do crebro so coordenadas emsimultneo.7. Temos a capacidade de monitorizar muitos nveis de consci-ncia, ainda que o nosso foco esteja em geral con nado a umnvel (i.e., viglia, sono ou sonho).8. Todas as qualidades do mundo conhecido, tais como viso,som, textura e paladar so misteriosamente criadas pela inte-

    rao de mente e crebro.9. A mente, no o crebro, a origem da conscincia.10. S conscincia pode entender conscincia. No h expli-cao mecnica, operando a partir de factos respeitantes aocrebro, que baste.

    Estas so ideias gerais. Temos muito que explicar, mas queramos que visse logo partida as ideias gerais. Com o simples exaltar de duas palavrasda primeira frase circuitosde retroalimentao , voc poderia magneti-zar uma classe da Faculdade de Medicina por um ano. O corpo um imenso

    circuito de retroalimentao constitudo por bilies de minsculos circuitos.Cada clula fala com todas as outras e escuta as respostas recebidas. essaa simples essncia da retroalimentao, um termo retirado da eletrnica. Otermstato na sua sala de estar sente a temperatura e liga o aquecimento se adiviso arrefece demasiado. medida que a temperatura sobe, o termstatorecebe essa informao e responde desligando o aquecimento.

    O mesmo sistema c-e-l opera atravs de interruptores no organis-mo que regulam igualmente a temperatura. Nada de fascinante, at data.Mas quando voc pensa um pensamento, o seu crebro envia informaopara o corao, e se a mensagem for de entusiasmo, medo, excitao sexual,

    ou muitos outros estados, pode fazer o corao bater mais depressa. O c-rebro enviar uma contramensagem dizendo ao corao para abrandar denovo, mas se este circuito de retroalimentao se romper, o corao podecontinuar disparado como um carro sem traves. Os doentes que tomamesteroides esto a substituir os esteroides naturais feitos pelo sistema end-crino. Quanto mais tempo se tomar esteroides arti ciais, mais diminuemos naturais, e consequentemente as glndulas endcrinas atroam.

    As glndulas endcrinas so responsveis por enviar a mensagemque faz abrandar um corao disparado. De modo que se um doente parar

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    de tomar um medicamento esteroide de repente em vez de ir reduzindo,o organismo poder ser deixado sem traves. A glndula endcrina noteve tempo para voltar a crescer. Nesse caso, algum poderia vir sub-rep-ticiamente por detrs de si, gritar Buu! e fazer o seu corao disparardescontrolado. Resultado? Um ataque cardaco. Com tais possibilidades,subitamente os circuitos de retroalimentao comeam a tornar-se fasci-nantes. Para os tornar magnetizantes, h formas extraordinrias de usar aretroalimentao cerebral. Qualquer pessoa comum ligada a uma mquinade biorretroalimentao pode rapidamente aprender a controlar os meca-nismos orgnicos que de costume funcionam automaticamente. Poderbaixar a presso arterial, por exemplo, ou alterar a frequncia cardaca.Poder induzir o estado de ondas alfa associado meditao e criatividade

    artstica.No que seja necessria uma mquina de biorretroalimentao.Experimente o seguinte exerccio: olhe para a palma da sua mo. Sinta-aenquanto a observa. Agora imagine que est a car mais quente; veja a cora tornar-se mais rosada. Se se mantiver focado nesta inteno, a palma dasua mo car de facto mais quente e rosada. Os monges budistas tibetanosusam este simples circuito de biorretroalimentao (uma avanada tcnicade meditao chamadatumo) para aquecerem o corpo inteiro.

    uma tcnica to e caz que os monges que dela fazem uso se podemsentar em glidas grutas a meditar uma noite inteira nada mais envergan-

    do do que as suas nas tnicas de seda aafro. Aqui o simples circuitode retroalimentaco tornou-se completamente abrangente, pois aquilo quepodemos induzir pelo simples intento no tem limite. Os mesmos mongesbudistas atingem estados de compaixo, por exemplo, que dependem de al-teraes fsicas no crtex pr-frontal do crebro. Os seus crebros no o fa-zem sozinhos; seguem ordens da mente. Transpomos assim uma fronteira.Quando um circuito de retroalimentao mantm uma normal frequnciacardaca, o mecanismo involuntrio est a us-lo a si. Mas se voc alte-rar intencionalmente a sua frequncia cardaca (por exemplo, imaginandodeterminada pessoa que o excite romanticamente), ser voc a us-lo em

    vez disso.Levemos este conceito para o ponto em que a vida se pode tornarmiservel ou feliz. Considere as vtimas de acidentes vasculares cerebrais.A cincia mdica fez enormes avanos na sobrevivncia de doentes acome-tidos de acidentes vasculares cerebrais, mesmo massivos, alguns dos quaispodem ser atribudos a melhores medicamentos e disseminao de uni-dades de trauma, dado que estes acidentes devem idealmente ser assistidoso mais rapidamente possvel. O pronto tratamento est a salvar incontveis vidas, comparativamente ao passado.

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    Mas sobrevivncia no o mesmo que recuperao. Droga algumarevela comparvel sucesso ao permitir a recuperao de vtimas de parali-sia, o efeito mais comum de um acidente vascular cerebral. Tal como comas crianas desencorajadas, com as vtimas destes acidentes tudo parecedepender da retroalimentao. Dantes cavam maioritariamente con na-das a uma cadeira e sujeitas ateno mdica, e o seu curso de resistnciamnima era usar o lado do corpo que no fora afetado pelo acidente vas-cular cerebral. Agora a reabilitao toma ativamente o curso da resistnciamxima. Se a mo esquerda de uma doente cou paralisada, por exemplo,o terapeuta f-la- usar apenas essa mo para pegar numa chvena de cafou pentear o cabelo.

    A princpio estas tarefas so sicamente impossveis. O simples levan-

    tar de uma mo paralisada causa dor e frustrao. Mas se o doente repetira inteno de usar a mo debilitada, uma e outra vez, novos circuitos deretroalimentao so desenvolvidos. O crebro adapta-se, e lentamente ve-ri ca-se uma nova funo. Vemos hoje notveis recuperaes em doentesque andam, falam e usam normalmente os seus membros com reabilitaointensiva. H nem vinte anos, tais funes teriam de nhado ou mostradoapenas progressos mnimos.

    E tudo o que temos feito at data foi explorar as implicaes de duaspalavras.

    O credo do supercrebro faz a ponte entre dois mundos, a biologia

    e a experincia. A biologia fantstica a explicar os processos fsicos, mas totalmente inadequada a falar-nos no signi cado e propsito da nossaexperincia subjetiva. Qual ser a sensao de ser uma criana desenco-rajada ou uma vtima paralisada de acidente vascular cerebral? A histriacomea com essa pergunta, e a biologia vem a seguir. Precisamos de ambosos mundos para nos compreendermos a ns prprios. De contrrio, ca-mos na falcia biolgica que sustenta que os seres humanos so controladospelos seus crebros. Deixando de lado incontveis argumentos entre vriasteorias de mente e crebro, a meta clara: queremos usar o nosso crebro,no deixar que ele nos use a ns.

    Alongar-nos-emos sobre estes dois princpios com o desenrolar dolivro. Conquistas signi cativas na neurocincia apontam todas na mesmadireo. O crebro humano pode fazer muitssimo mais do que alguma vezse pensou. Contrariando crenas estafadas, as suas limitaes so impos-tas por ns, no pelas suas debilidades fsicas. Por exemplo, aquando danossa formao mdica e cient ca, a natureza da memria era um com-pleto mistrio. Por essa altura circulava um outro dizer: Sabemos mais oumenos tanto acerca da memria como se o crebro estivesse cheio de ser-radura. Afortunadamente, os exames imagiolgicos cerebrais estavam no

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    horizonte, e os investigadores de hoje podem observar em tempo real asreas do crebro a iluminar-se, exibindo a de agrao dos neurnios, medida que as pessoas examinadas se lembram de determinadas coisas. Otelhado do Astrodome agora feito de vidro, poder-se-ia dizer.

    Mas a memria permanece esquiva. No deixa vestgios fsicos nosneurnios, e ningum sabe realmente como so armazenadas as memrias.Mas isso no razo para pr quaisquer limitaes quilo que os nossoscrebros podem recordar. Uma jovem prodgio indiana da matemtica deuuma demonstrao onde lhe foi pedido que multiplicasse dois nmeros,cada um com trinta e dois algarismos, de cabea. Ela deu a resposta, desessenta e quatro ou sessenta e cinco algarismos, segundos depois de ouviros nmeros enunciados. Em mdia, a maior parte das pessoas consegue

    lembrar-se apenas de seis ou sete algarismos de relance. Qual deveria entoser a norma no que toca memria, a da pessoa mdia ou a da excecional?Em vez de se dizer que a menina-prodgio da matemtica tem melhoresgenes ou um dom especial, faa-se outra pergunta: treinou o crebro parater uma supermemria? Existem cursos de aprendizagem dessa aptido, eas pessoas mdias que os frequentam podem levar a cabo feitos como re-citar de cor a Bblia Sagrada, no usando mais que os genes e os dons comque nasceram. Tem tudo a ver com a forma como se relaciona com o seucrebro. Ao estabelecer expetativas mais elevadas, entra numa fase de maiselevado funcionamento.

    Uma das coisas nicas do crebro humano que pode fazer apenas oque pensa poder fazer. No momento em que diz A minha memria j no o que era ou Hoje no me lembro de uma s coisa, est de facto a treinaro crebro para corresponder s suas diminudas expetativas. Baixas expe-tativas equivalem a baixos resultados. A primeira regra do supercrebro que o seu crebro est sempre a espiar os seus pensamentos. Assim escuta,assim aprende. Se lhe ensinar limitao, o seu crebro car limitado. Mas,e se zer o oposto? E se ensinar o seu crebro a ser ilimitado?

    Pense no seu crebro como sendo um piano de caudaSteinway. Todasas teclas esto no lugar, prontas a soar ao toque de um dedo. Seja um prin-

    cipiante a sentar-se ao teclado ou um virtuoso de renome mundial comoVladimir Horowitz ou Arthur Rubinstein, o instrumento sicamenteo mesmo. Mas a msica que dele ressoar ser inteiramente diferente. Oprincipiante usa menos de 1% do potencial do piano; o virtuoso transcendeos limites do instrumento.

    Se o mundo da msica no dispusesse de virtuosos, ningum ja-mais adivinharia as coisas espantosas que umSteinway de cauda pode fa-zer. Afortunadamente, a investigao ao funcionamento do crebro esta facultar-nos exemplos surpreendentes de inexplorado potencial vindo

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    brilhantemente luz. S agora esto esses espantosos indivduos a ser estu-dados com exames imagiolgicos cerebrais, o que torna mais assombrosase simultaneamente mais misteriosas as suas capacidades.

    Consideremos Magnus Carlsen, o prodgio noruegus do xadrez.Conquistou o ttulo mais elevado do xadrez, gro-mestre, com treze anosde idade, o terceiro mais novo da histria. Por essa altura, numa partidarelmpago, ele forou a um empate Gary Kasparov, o ex-campeo mundialde xadrez. Estava nervoso e intimidado, recorda Carlsen, seno t-lo-iaderrotado. Para jogar xadrez a este nvel, um gro-mestre tem de poderreportar-se, instantnea e automaticamente, a milhares de jogos armazena-dos na sua memria. Sabemos no estar o crebro cheio de serradura, maso modo como uma pessoa capaz de recordar to vasta armazenagem de

    jogadas individuais num total de muitos milhes de possibilidades um total mistrio. Numa demonstrao televisionada das suas capacidades,o jovem Carlsen, que tem agora vinte e um anos, jogou simultaneamenteuma partida relmpago contra dez adversrios de costas viradas para ostabuleiros.

    Por outras palavras, teve de ter em mente dez tabuleiros de xadrezdistintos, com as suas trinta e duas peas, enquanto o relgio concedia ape-nas segundos por cada jogada. O desempenho de Carlsen de ne o limite damemria, ou uma pequena fatia dela. Se difcil para uma pessoa normalimaginar ter uma tal memria, o facto que Carlsen no esfora o crebro.

    O que faz, diz ele, f-lo com total naturalidade.Acreditamos que cada notvel faanha um sinal a apontar o cami-nho. Voc no saber o que o seu crebro pode fazer at testar os seus limi-tes e tentar ir mais alm. Por mais de ciente uso que esteja a fazer do seucrebro, uma coisa certa: ele a porta de entrada para o seu futuro. O seusucesso na vida depende do seu crebro, pela simples razo de que toda aexperincia nos chega atravs do crebro.

    Queremos queSupercrebro seja o mais prtico possvel, pois podesolucionar problemas de longe muito mais difceis, ou mesmo impossveis,para o crebro base. Cada captulo terminar com a sua prpria seco

    Solues do Supercrebro, com uma hoste de sugestes inovadoras parasuperar muitos dos mais comuns desa os da vida.

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    CINCO MITOS A DISSIPAR

    Relacionar-se com o seu crebro de uma nova forma o modo de mudara realidade. Quanto mais os neurocientistas aprendem, mais parece queo crebro tem poderes ocultos. O crebro processa a matria-prima da vida,como um servo atento a qualquer desejo seu, qualquer viso que tenha. Omundo fsico slido no pode resistir a este poder, e contudo destranc-lorequer novas convices. O seu crebro no pode fazer o que pensa nopoder fazer.

    Cinco mitos em particular tm provado ser limitativos e obstrutores mudana. Todos foram em tempos aceites como factos, nem h uma ouduas dcadas.

    O crebro lesado no se pode autocurar.Sabemos agora que o crebro tem espantosos poderes de cura, de que nopassado no se suspeitava sequer.

    A cablagem fixa do crebro no pode ser alterada.De facto, a linha entre cablagem xa e mvel est sempre a mudar, e a nossacapacidade de religarmos o nosso crebro permanece intacta desde o nas-cimento at ao m da vida.

    O envelhecimento cerebral inevitvel e irreversvel.A contrariar esta crena obsoleta, surgem diariamente novas tcnicas paramanter o crebro jovem e preservar a acuidade mental.

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    Este novo crescimento recompensa as conexes perdidas na complexa redeneuronal de que cada neurnio faz parte.

    Olhando para trs, parece-nos bizarro que a cincia tenha em temposnegado aos neurnios uma capacidade comum aos outros nervos. Desdenais do sculo XVIII, era do conhecimento dos cientistas que os neur-nios do sistema nervoso perifrico (os nervos que percorrem o corpo forado crebro e da espinal medula) se podiam regenerar. Em 1776, WilliamCumberland Cruikshank, anatomista de origem escocesa, cortou uma sec-o de pouco mais de um centmetro do nervo vago ou vagueador do pescoo de um co. O nervo vago corre para o crebro ao longo daartria cartida na garganta, e est envolvido na regulao de algumas fun-es importantes frequncia cardaca, transpirao, movimentos mus-

    culares da fala e na manuteno da laringe aberta para respirar. Se ambasas rami caes do nervo forem cortadas, o resultado letal. Cruikshankcortou apenas uma e descobriu que o vazio por ele criado rapidamente foipreenchido com novo tecido nervoso. Quando submeteu o seu artigo Real Sociedade, contudo, o mesmo foi acolhido com ceticismo e no foipublicado durante dcadas.

    Por essa altura, provas adicionais iam con rmando que os nervosperifricos como o vago se podem curar quando cortados. (Voc pode ex-perimentar o mesmo fenmeno se um corte profundo lhe deixar um dedodormente; passado algum tempo o tato volta.) Mas durante sculos as pes-

    soas tinham acreditado que os nervos do sistema nervoso central (crebroe espinal medula) careciam da mesma capacidade. verdade que o sistema nervoso central no se pode regenerar com a

    mesma robustez e rapidez do sistema nervoso perifrico.Contudo, devido neuroplasticidade, o crebro pode remodelar e

    remapear as suas conexes na sequncia de uma leso. Este remapeamento a de nio funcional de neuroplasticidade, que agora matria mais quesensvel.Neuro vem deneurnio, enquanto plasticidade reporta a maleabili-dade. A velha teoria era a de que os bebs mapeavam as suas redes neuronaiscomo parte natural do seu desenvolvimento, aps o que o processo parava e

    o crebro cava equipado da sua cablagem xa. Agora vemos as projeesdos neurnios no crebro como longos e nos vermes recon gurando-secontinuamente em resposta experincia, aprendizagem, e leses. A cura ea evoluo esto intimamente ligadas.

    O seu crebro est em autorremodelao neste preciso momento.No necessria uma leso para desencadear o processo basta estar vivo.Voc pode promover a neuroplasticidade, alm disso, expondo-se a novasexperincias. Melhor ainda dispor-se deliberadamente a aprender novasaptides. Se mostrar paixo e entusiasmo, tanto melhor. O simples passo de

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    DIAGRAMA 1: NEURNIOS E SINAPSES

    As clulas nervosas (neurnios) so verdadeiras maravilhas danatureza com a sua capacidade de criar o nosso sentido de re-alidade. Os neurnios interconectam-se entre si formando vas-tas e intrincadas redes neuronais. O seu crebro contm cercade cem mil milhes de neurnios e at mil bilies de conexes,chamadas sinapses.

    Os neurnios projetam fios vermiformes conhecidos poraxnios e dendrites, que emitem sinais simultaneamente qumi-cos e eltricos atravs da lacuna entre sinapses. Um neurniocontm muitas dendrites para receber informao das outras

    clulas nervosas. Mas tem apenas um axnio, que se podeestender at mais de um metro (sensivelmente 39 polegadas)de comprimento. O crebro de um adulto humano contm bemmais de 100.000 milhas (160.000 quilmetros) de axnios e in-contveis dendrites bastantes para dar mais de quatro voltas Terra.

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    se dar a uma pessoa mais velha um animal de estimao do qual cuidar ins-tila mais vontade de viver. O facto de o crebro estar a ser afetado faz a di-ferena, mas temos de nos lembrar de que os neurnios so simples servos.O bisturi de dissecao revela alteraes ao nvel das projees nervosas edos genes. O que realmente revigora uma pessoa mais velha, no entanto, adquirir um novo propsito e algo novo para amar.

    Neuroplasticidade mais que mente sobre matria. mente trans-formando-se em matria medida que os seus pensamentos criam novocrescimento neuronal. Em tempos idos, o fenmeno era escarnecido e osneurocientistas eram menosprezados por usarem o termoneuroplasticida-de. Ainda assim, muitos novos conceitos que provavelmente daro fruto ese revelaro correntes daqui a dcadas so hoje considerados destitudos

    de sentido e inteis. A neuroplasticidade ultrapassou um incio acidentadopara se tornar uma estrela.Que a mente tivesse tal poder sobre a matria foi signi cativo para

    ambos na dcada de 1980. Deepak estava focado no lado espiritual da co-nexo mente-corpo, promovendo a meditao e a medicina alternativa. Erainspirado por um dizer com que se deparara em tempos: Se quer saberquais eram os seus pensamentos no passado, olhe para o seu corpo hoje. Sequer saber como ser o seu corpo no futuro, olhe para os seus pensamentoshoje.

    Para Rudy, esta descoberta derrubadora de paradigmas calou fundo

    quando era estudante graduado da Faculdade de Medicina de Harvard noprograma de neurocincia. Trabalhando no Hospital Peditrico de Boston,estava a tentar isolar o gene que produz a principal toxina cerebral da do-ena de Alzheimer, a protena beta-amiloide peptdeo A-beta para en-curtar , a substncia adesiva que se acumula no crebro e se correlacionacom os neurnios que se esto a tornar disfuncionais e a colapsar. Rudypassava furiosamente em revista cada artigo que conseguia encontrar sobrea doena de Alzheimer e a sua txica amiloide. Esta pode tomar a forma debeta-amiloide na doena de Alzheimer, ou de prio amiloide nas doenasrelacionadas com a das Vacas Loucas.

    Certo dia leu um artigo que demonstrava como o crebro de um do-ente de Alzheimer lidara com a acumulao de beta-amiloide, num esforode remodelar a parte atingida do crebro responsvel pela memria de cur-to prazo, o hipocampo, localizado no lobo temporal (assim chamado por sesituar no crnio sob as tmporas).

    O facto de que o crebro pudesse tentar encontrar maneira de contor-nar leses devastadoras alterou toda a perspetiva de Rudy sobre a doenaque vinha estudando, dia e noite, num exguo laboratrio do tamanho deuma pequena arrecadao no quarto piso do hospital. Entre 1985 e 1988,

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    ele focou-se em identi car o gene que faz com que a beta-amiloide se acu-mule excessivamente no crebro dos doentes de Alzheimer. Trabalhavadiariamente lado a lado com a sua colega Rachel Neve, com msica porpano de fundo, especialmente de Keith Jarrett, incontestavelmente o me-lhor pianista de jazz de todos os tempos.

    Rudy adorava os concertos de Keith Jarrett pela sua brilhante im-provisao. Jarrett tinha a sua prpria palavra para isso: extemporizado.Por outras palavras, vivendo o momento, radicalmente espontneos. ParaRudy, Jarrett expressava em msica a forma como o crebro funciona nomundo do dia-a-dia respondendo no momento em direes criativascom base no alicerce de toda uma vida de experincias. A sabedoria autor-renovando-se no momento. A memria vivi cando-se. justo dizer que

    quando Rudy descobriu o primeiro gene de Alzheimer, a protena precur-sora amiloide (PPA), naquele pequeno laboratrio do quarto piso, a suamusa foi Keith Jarrett.

    Com este pano de fundo, entra em cena o artigo de 1986 que deua esperana de regenerao do tecido cerebral aos doentes de Alzheimer.Estava um dia extemporaneamente frio mesmo para um inverno deBoston, e Rudy encontrava-se sentado na zona de estantes de livre consultano terceiro piso da biblioteca da Faculdade de Medicina de Harvard, ina-lando o familiar odor de papel antigo ba ento alguns destes documentoscient cos no viam a luz do dia h dcadas.

    Entre os novos artigos sobre a doena de Alzheimer havia um da re- vistaScience, reportado por Jim Geddes e colegas, com o intrigante ttuloPlasticidade da Circuitagem do Hipocampo na Doena de Alzheimer.Depois de o folhear de relance, Rudy correu disparado para a mquina detrocos a m de obter um punhado de moedas para a fotocopiadora. (Oluxo das revistas computorizadas ainda era coisa do futuro.) Depois de oler atentamente com Rachel, entreolharam-se de olhos arregalados peloque lhes pareceu horas, exclamando nalmente: do outro mundo! Omistrio de um crebro capaz de se autocurar acabara de dar entrada nassuas vidas.

    A essncia daquele estudo que se revelou crucial era esta. Na doenade Alzheimer, uma das primeiras coisas a descambar a memria de curtoprazo. No crebro, as projees neuronais-chave que permitem que a infor-mao sensorial seja armazenada so literalmente cortadas. (Estamos nomesmo campo de Cruikshank quando cortou o nervo vago do co.) Maisespeci camente, h uma pequena bolsa dilatada de neurnios no crebrochamada crtex entorrinal, que atua como estao intermediria de toda ainformao sensorial que absorvemos, repassando-a ao hipocampo paraarmazenao de curto prazo. (Se se lembra de que Rudy trabalhava com

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    uma colega chamada Rachel, isso o hipocampo a fazer o seu trabalho.)O hipocampo deriva o seu nome do termo latino para cavalo-marinho, aoqual se assemelha. Desenhe dois Cs com os indicadores e polegares comuma mo em frente da outra e enganche-os num plano paralelo, e basica-mente essa a forma certa.

    Digamos que chega a casa vinda das compras e quer falar a umaamiga de uns sapatos encarnados que seriam perfeitos para ela. A imagemdesses sapatos, passando pelo crtex entorrinal, repassada atravs de pro- jees neuronais a que se d o nome de via perfurante. Chegmos agora razo siolgica para uma pessoa com a doena de Alzheimer no se lem-brar desses sapatos. Nos doentes de Alzheimer a regio exata em que a viaperfurante perfura o hipocampo contm rotineiramente uma abundncia

    de beta-amiloide neurotxica, que provoca um curto-circuito na transfe-rncia da informao sensorial. Para cumular os estragos, as terminaesnervosas comeam a atro ar e colapsar na mesma regio, rompendo efeti- vamente a via perfurante.

    Os neurnios do crtex entorrinal de onde deveriam germinar essasterminaes nervosas depressa morrem, j que dependem da derivao defatores de crescimento, as protenas que sustentam a sua sobrevivncia, pe-las terminaes nervosas que dantes faziam a ligao com o hipocampo.Com o tempo, a pessoa deixa de poder processar memria e aprendizagemde curto prazo, e instala-se a demncia. O resultado devastador. Como diz

    um ditado: No sabemos que temos Alzheimer por nos termos esquecidoonde pusemos as chaves do carro. Sabemos que temos Alzheimer quandonos esquecemos para que que elas servem.

    No seu estudo crucial, Geddes e os seus colegas demonstraram que,nesta rea de massiva extino neuronal, algo puramente mgico ocorre.Dos neurnios sobreviventes das vizinhanas comeam a germinar novasprojees para compensar as que se perderam. Esta uma forma de neuro-plasticidade chamada regenerao compensatria. Pela primeira vez, Rudydeparava-se com uma das mais miraculosas propriedades do crebro. Eracomo se uma rosa fosse colhida de um arbusto, e o arbusto ao lado lhe es-

    tendesse uma nova rosa.Rudy sentiu subitamente um profundo apreo pelo re nado podere resilincia do crebro humano.Nunca ds o crebro por vencido, pensou.Com a neuroplasticidade, o crebro evoluiu para um rgo maravilhosa-mente adaptvel e notavelmente regenerativo. Existia a esperana de quemesmo no caso de um crebro j em processo de leso pela doena deAlzheimer, fosse uma questo de a apanhar a tempo para a neuroplasti-cidade poder ser desencadeada. uma das mais brilhantes possibilidadespara investigao futura.

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    Mito 2. A cablagem fixa do crebro no pode ser alterada.Durante todo o tempo anterior comprovada legitimidade da neuroplasti-cidade, a medicina poderia ter dados ouvidos ao lsofo suo Jean-JacquesRousseau, que alegou em meados do sculoXVIII no ser a natureza estag-nada ou maquinal mas viva e dinmica. Ele avanou com a proposta deque o crebro estava a ser continuamente reorganizado segundo as nossasexperincias. Por conseguinte, as pessoas deviam praticar exerccio mentaltal como exerccio fsico. Para todos os intentos e propsitos, esta pode tersido a primeira declarao de que o nosso crebro exvel e plstico, capazde se adaptar s mudanas do meio ambiente.

    Bastante mais tarde, em meados do sculoXX, o psiclogo nor-te-americano Karl Lashley facultou a prova para este fenmeno. Lashleytreinou ratos a procurarem num labirinto recompensas em comida, re-movendo-lhes ento grandes pores do crtex cerebral, pedao a pedao,para veri car quando que eles se esqueceriam do que tinham aprendidopreviamente. Partiu do princpio, dada a delicadeza do tecido cerebral e datotal dependncia de qualquer criatura do seu crebro, que a remoo deuma pequena poro acarretaria uma severa perda de memria.

    Com abaladora surpresa, Lashley descobriu que podia remover 90%do crtex de um rato e o animal continuava a orientar-se com sucesso nolabirinto. Conforme se veri cou, ao tomarem conhecimento do labirinto,os ratos criam muitos tipos diferentes de sinapses redundantes com baseem todos os seus sentidos. Muitas diferentes partes dos seus crebros inte-ragem formando uma variedade de associaes sensoriais sobrepostas. Poroutras palavras, os ratos no viam apenas o caminho para a comida no labi-rinto; cheiravam e sentiam de igual forma o caminho. Quando eram remo- vidos pedaos do crtex cerebral, do crebro germinavam novas projees(axnios) formando novas sinapses para tirar partido dos outros sentidos,usando as pistas que restavam, por mais n mas que fossem.

    Aqui temos a primeira forte pista de que o termo cablagem xa de- veria ser encarado com ceticismo. O crebro tem circuitagem mas no ca-bos; os circuitos so constitudos de tecido vivo. Mais importante ainda, soreformatados por pensamentos, memrias, desejos e experincias. Deepakrecorda-se de um controverso artigo mdico de 1980 intitulado, meio abrincar, Ser o Crebro Realmente Necessrio? Baseava-se no trabalhodo neurologista britnico John Lorber, que vinha trabalhando com vtimasde um distrbio cerebral conhecido por hidrocefalia (gua no crebro),em que se forma um excesso de uidos. A presso da resultante espreme asclulas cerebrais da sua vida. A hidrocefalia leva a retardamento bem comoa outros severos danos e at mesmo morte.

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    Lorber escrevera anteriormente a respeito de dois bebs nascidossem crtex cerebral. Apesar desta de cincia rara e fatal, contudo, pare-ciam estar a desenvolver-se normalmente, sem quaisquer sinais exterioresde danos. Uma das crianas sobreviveu por trs meses, a outra por um ano.Como se isto no fosse j por si digno de nota, um colega da Universidadede Sheffi eld enviou a Lorber um jovem com uma cabea anormalmentegrande. Licenciara-se em matemtica com distino e tinha um QI de 126.No tinha sintomas de hidrocefalia; o jovem levava uma vida normal. Noentanto uma TAC revelou, segundo as palavras de Lorber, que ele no ti-nha virtualmente crebro. O crnio estava revestido por uma na camadade clulas cerebrais com cerca de um milmetro de espessura (menos de umdcimo de polegada), enquanto o restante espao do crnio estava preen-

    chido por uido cerebral.Estarrecedor distrbio de contemplar, este, mas Lorber foi mais longe,registando mais de seiscentos casos. Dividiu os seus objetos de estudo emquatro categorias dependendo da quantidade de uido existente no cre-bro. A categoria mais severa, que constitua apenas 10% da amostra, con-sistia em pessoas cuja cavidade cerebral estava 95% preenchida de lquido.Destas, metade eram gravemente retardadas; a outra metade, contudo, ti-nha QI superiores a 100.

    Como no era de admirar, os cticos passaram ao ataque. Alguns du- vidaram de que Lorber tivesse lido corretamente as TAC, mas ele assegu-

    rou-lhes que as suas provas eram slidas. Outros argumentaram que eleno pesara de facto a restante matria do crebro, ao que ele respondeusecamente: No posso dizer se o crebro do estudante de matemtica pesa50 ou 150 gramas, mas claro que nem de perto se aproxima do normalquilo e meio. Por outras palavras, duas a seis onas podem estar envolvi-das, mas isso no so nem de perto quase trs libras. Neurologistas maiscompreensivos declararam que estes resultados eram mais que prova daredundncia do crebro muitas funes so copiadas e sobrepem-se.Mas outros descartaram esta explicao, fazendo notar que redundncia uma sada para se contornar algo que no se entende. At hoje, todo o

    fenmeno est envolto em mistrio, mas ns temos de o manter presente medida que a nossa discusso se desenrola. Poderia isto ser um exemploradical do poder da mente para fazer o crebro at mesmo um crebrodrasticamente reduzido levar a cabo ordens?

    Apenas temos de considerar mais que leses cerebrais. Num exemplomais recente de religao neuronal, o neurocientista Michael Merzeniche colegas da Universidade da Califrnia, So Francisco, pegaram em setepequenos macacos que foram treinados para usar os dedos na procura decomida. Pequenos gros com aroma a banana eram colocados no fundo

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    regenerar novos trilhos capazes de restaurar a sua funo cerebral. Das sau-dveis clulas nervosas germinavam novos axnios (troncos principais) edendrites (numerosas e nas rami caes) para criar circuitagem neuronalque compensasse as clulas mortas neuroplasticidade clssica!

    A ideia subjacente que no dispomos de cablagem xa. O nossocrebro incrivelmente resiliente; o maravilhoso processo de neuroplasti-cidade d-lhe a si a capacidade, nos seus pensamentos, sentimentos e aes,de se desenvolver em qualquer direo sua escolha.

    Mito 3. O envelhecimento cerebral inevitvel e irreversvel.A sociedade est a ser varrida por um movimento chamado nova velhice3.

    A norma social para as pessoas de idade era passiva e sombria; con nadas acadeiras de baloio, esperava-se que entrassem em declnio fsico e mental.Agora o inverso verdade. As pessoas mais velhas tm expetativas maiselevadas de que permanecero ativas e com vitalidade. Consequentemente,a de nio de velhice mudou. Num inqurito perguntou-se a uma amos-tra debaby boomers: Quando tem incio a velhice? A resposta mdia foiaos 85. medida que aumentam as expetativas, o crebro deve claramentemanter-se a par e adaptar-se nova velhice. A antiga teoria do crebro xoe estagnado sustentava ser inevitvel um crebro que envelhecesse. Supos-tamente as clulas cerebrais morriam continuamente ao longo do tempo

    medida que uma pessoa envelhecia, e a sua perda era irreversvel.Agora que compreendemos quo exvel e dinmico o crebro, ainevitabilidade da perda celular j no vlida. No processo de envelheci-mento que progride razo de 1% ao ano depois dos trinta anos de ida-de no h duas pessoas que envelheam de maneira igual. At os gmeosidnticos, nascidos com os mesmos genes, tero muito diferentes padresde atividade gentica aos setenta anos, e os seus corpos podero ser acen-tuadamente diferentes em consequncia de escolhas de estilo de vida. Taisescolhas nada acrescentaram ou subtraram aos genes com que eles nas-ceram; em vez disso, quase cada aspeto da vida dieta, atividade, stress,

    relacionamentos, trabalho e ambiente fsico alterou a atividade dessesgenes. Com efeito, no h um nico aspeto do envelhecimento que sejainevitvel. Para cada funo, mental ou fsica, podemos encontrar pessoasque melhoraram com o tempo. H corretores da bolsa de 90 anos de idadeque levam a cabo complexas transaes com cada vez melhor memria aolongo do tempo.

    3 New old age, no original; jogo de palavras com a conhecida expressoNew Age (NovaEra). (N. da T.)

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    O problema que demasiados de ns aderimos norma. medi-da que avanamos na idade, tendemos a car preguiosos e apticos antea aprendizagem. Deixamo-nos perturbar por menores focos de tenso, eesses focos de tenso perduram por mais tempo. O que dantes era des-contado como manias de velho pode agora ser reportado conexomente-crebro. Por vezes o crebro dominante nesta parceria. Suponhaque um restaurante est demorado a sentar as pessoas com reservas pre- viamente feitas. Uma pessoa mais nova obrigada a esperar na la sente-seminimamente aborrecida, mal-estar que se dissipa uma vez sentada. Umapessoa mais velha poder reagir com um acesso de clera e permanecerressentida mesmo depois de ser encaminhada ao seu lugar. Esta a dife-rena na resposta ao stress fsico pela qual o crebro responsvel. De igual

    modo, quando as pessoas mais velhas se sentem subjugadas por demasiadainformao sensorial (um ruidoso engarrafamento, um grande armazmapinhado de gente), os seus crebros exibiro provavelmente uma funodiminuda para aguentarem os tsunmis de dados do mundo fervilhantede atividade.

    Em grande parte do tempo, no entanto, a mente que domina aconexo mente-crebro. medida que avanamos na idade, tendemos asimpli car as nossas atividades mentais, frequentemente como mecanis-mo de defesa ou cobertor de segurana. Sentimo-nos seguros com o queconhecemos, e desviamo-nos do caminho para evitar aprender qualquer

    coisa nova. O comportamento sentido pelos jovens como irritabilidade eteimosia, mas a verdadeira causa pode ser reportada dana entre a mentee o crebro. Para muitas, embora no todas, pessoas mais velhas, a msicaabranda. O que mais importante que no saiam da pista de dana oque aplanaria o caminho para o declnio da mente e do crebro igualmente.Em vez de fazer novas sinapses, o seu crebro persiste em xar-se nas que jtem. Nesta espiral decrescente de atividade mental, a pessoa mais velha tereventualmente menos dendrites e sinapses por neurnio no crtex cerebral.

    Afortunadamente podem ser feitas escolhas conscientes. Voc podeescolher estar consciente dos pensamentos e sentimentos evocados pelo

    seu crebro minuto a minuto. Pode escolher seguir uma curva ascenden-te de aprendizagem, independentemente da idade que tenha. Ao faz-lo,criar novas dendrites, sinapses, e trilhos neuronais que realcem a sadedo seu crebro e ajudem mesmo a prevenir a doena de Alzheimer (comosugerem as descobertas das mais recentes investigaes).

    Se a inevitabilidade tem sido posta em questo, o que dizer da irre- versibilidade dos efeitos do envelhecimento? medida que avanamosna idade, muitos de ns sentimos cada vez mais que a nossa memria esta declinar. No nos lembramos porque entramos numa sala e brincamos,

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    na defensiva, quanto nossa senilidade. Rudy tem um gato maravilhosoque o segue para todo o lado como um co. Por mais de uma vez, Rudylevantou-se do seumaple na sala de estar e dirigiu-se cozinha com ogato a reboque, s para dar, uma vez l chegado, consigo e o gato a olha-rem estupidamente um para o outro. Nenhum deles sabe o propsito da viagem. Conquanto nos possamos referir a estes lapsos como exemplosde perda de memria relacionada com a idade, eles devem-se na realida-de a uma falta de aprendizagem de registo de novas informaes nocrebro. Em muitos casos, camos to embotados ou abstrados quantoao que estamos a fazer que o simples d ce de ateno leva a uma faltade aprendizagem. Quando no nos conseguimos lembrar de um simplesfacto como onde pusemos as chaves, isso signi ca que no aprendemos

    ou registmos onde as pusemos para comear. Como utilizadores donosso crebro, no registmos ou consolidmos a informao sensorialnuma memria de curto prazo durante o processo de pousar as chaves.No se podelembrar aquilo que nunca seaprendeu.

    Se permanecer alerta, um crebro saudvel continuar a servi-lo como avanar da idade. Deve contar com pronta vigilncia, e no com o pavorda debilitao e senilidade. No nosso entender Rudy fala como eminenteinvestigador da doena de Alzheimer , uma campanha pblica que cau-sasse alarme quanto senilidade teria um efeito nocivo. As expetativas sopoderosos estmulos para o crebro. Se conta perder a memria e repara

    no mais n mo lapso com ansiedade, est a interferir no natural, espont-neo e destitudo de esforo ato de se lembrar. Biologicamente, at 80% daspessoas com mais de setenta anos no tm perda de memria signi cativa.As nossas expetativas devero seguir essa descoberta, e no o nosso pavoroculto e amplamente infundado.

    Se se tornar aptico e embotado quanto sua vida, ou se simples-mente for perdendo o entusiasmo pelas suas experincias de momento amomento, o seu potencial de aprendizagem est debilitado. Como evidn-cia fsica, um neurologista pode apontar as sinapses que tm de ser con-solidadas para a memria de curto prazo. Mas na maior parte dos casos

    um acontecimento mental precedeu a evidncia fsica: nunca chegmos aaprender o que acreditamos ter esquecido.Nada como a emoo solidi ca a memria. Quando crianas, apren-

    demos sem esforo pois a gente nova naturalmente apaixonada e entu-siasta no que toca aprendizagem. Emoes de jbilo e maravilhamento,mas igualmente de horror e pavor, intensi cam a aprendizagem. Isso trancaas memrias, frequentemente para toda a vida. (Tente lembrar-se do seuprimeiro passatempo ou do seu primeiro beijo. Agora tente lembrar-se emquem votou pela primeira vez, ou da marca do carro do vizinho quando

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    tinha dez anos. Habitualmente uns so coisa fcil e outros no to fcil as-sim a no ser que tivesse uma paixo precoce por poltica e carros.)

    Por vezes o fator surpresa que conta para as crianas conta tambmpara os adultos. Uma forte emoo frequentemente a chave. Todos noslembramos de onde estvamos aquando dos ataques do 11 de setembro,tal como as pessoas mais velhas se lembram de onde estavam no dia 12 deabril de 1945, quando o Presidente Roosevelt morreu subitamente de friasna pequena Casa Branca em Warm Springs, Gergia. Dado a memriapermanecer um terreno to inexplorado, no sabemos dizer, em termos defuno cerebral, porque que as emoes intensas podem fazer que nelase depositem memrias ricamente detalhadas. Algumas emoes intensaspodem ter o efeito oposto: no abuso sexual infantil, por exemplo, esse pode-

    roso trauma suprimido e apenas pode ser recuperado com terapia intensi- va ou hipnose. Estas questes no se podem resolver at que se d respostaa algumas perguntas bsicas: o que uma memria? Que tipo de vestgiofsico, se que o h, deixa uma memria dentro de uma clula cerebral?

    At que surjam as respostas, cremos que o comportamento e as ex-petativas so a chave. Quando nos apaixonamos e entusiasmamos de novopor aprender, semelhana das crianas, formam-se novas dendrites esinapses, e a nossa memria pode de novo car to forte como quandoramos mais novos. De igual modo, quando recordamos uma antiga me-mria por recuperao ativa (i.e., procedemos a uma reviso mental para

    recordarmos o passado com preciso), fazemos novas sinapses, o que re-fora as velhas sinapses, aumentando as probabilidades de que nos venha-mos a recordar da mesma memria novamente no futuro. Tem tudo a verconnosco, condutores e utilizadores dos nossos crebros. Ns no somoso nosso crebro; somos muito mais. No m de contas, isso que importasempre lembrar.

    Mito 4. O crebro perde milhes de clulas por dia, e os neurnios perdidos no podem ser substitudos.O crebro humano perde cerca de 85.000 neurnios corticais por dia, ou

    cerca de um por segundo. Mas isto uma frao in nitesimal (0,0002%)dos cerca de 40 mil milhes de neurnios do crtex cerebral. A este ritmo,levaramos mais de seiscentos anos a perder metade dos neurnios do nossocrebro! Crescemos todos a dizerem-nos que, assim que perdemos clulas,elas se vo para sempre e nunca sero substitudas. (Na nossa adolescncia,este aviso fazia parte dos sermes parentais sobre os perigos do lcool.) Aolongo das ltimas dcadas, contudo, demonstrou-se no ser esse a perdapermanente o caso. O investigador Paul Coleman, da Universidade deRochester, demonstrou que o nmero total de clulas nervosas no nosso

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    crebro aos vinte anos de idade no se altera signi cativamente quandochegamos aos setenta.

    Ao crescimento de novos neurnios chama-se neurognese. Foi pelaprimeira vez observada h cerca de vinte anos nos crebros de certas aves.Por exemplo, quando os diamantes-mandarins se esto a desenvolver e aaprender novos trinados para propsitos de acasalamento, os seus crebrosaumentam visivelmente de tamanho novos neurnios so produzidospara acelerar o processo de aprendizagem. Depois de o diamante-manda-rim aprender o trinado, muitos dos novos neurnios morrem, restituindoo crebro ao seu tamanho original. Este processo conhecido por mortecelular programada, ou apoptose. Os genes no s sabem quando est naaltura de novas clulas nascerem (digamos, como quando nos crescem os

    dentes de nitivos para substituir os dentes de leite ou quando passamos pe-las alteraes da puberdade), mas igualmente quando est na altura de umaclula morrer, tal como quando renovamos as clulas da pele, perdemos osglbulos sanguneos ao m de uns meses, e muitos outros casos. A maioriadas pessoas ca admirada ao saber deste facto. A morte existe ao servioda vida voc pode resistir ideia, mas as suas clulas compreendem-noperfeitamente.

    Nas dcadas que se seguiram a estas frutferas descobertas, os cientis-tas observaram a neurognese no crebro dos mamferos, particularmenteno hipocampo, que usado para a memria de curto prazo. Sabemos agora

    que vrios milhares de novas clulas nervosas nascem diariamente no hi-pocampo. O neurocientista Fred Gage do Instituto Salk demonstrou que oexerccio fsico e o enriquecimento ambiental (circunstncias de vida esti-mulantes) estimulam o crescimento de novos neurnios nos ratos. O mes-mo princpio se v em funcionamento nos jardins zoolgicos. Os gorilase outros primatas de nham se forem mantidos em jaulas con nadas semnada que fazer, mas orescem em vastos cercados com rvores, baloios ebrinquedos. Se pudssemos aprender ao certo como induzir em seguran-a a neurognese no crebro humano, mais e cazmente poderamos tratarcondies em que se perderam ou lesaram gravemente clulas cerebrais:

    doena de Alzheimer, leso traumtica cerebral, acidente vascular cerebrale epilepsia. Poderamos tambm con antemente manter a sade do nossocrebro com o avanar da idade.

    O investigador de Alzheimer Sam Sisodia da Universidade de Chicagodemonstrou que o exerccio fsico e a estimulao mental protegem os ratosde desenvolver a doena de Alzheimer, mesmo quando induzidos a carre-gar uma mutao humana de Alzheimer no seu genoma. Outros estudoscom roedores oferecem encorajamento para o crebro normal, tambm.Ao escolher fazer exerccio todos os dias, voc pode aumentar o nmero

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    de novas clulas nervosas, tal como faz quando procura ativamente apren-der novas coisas. Ao mesmo tempo, promove a sobrevivncia destas novasclulas e conexes. Em contraste, o stress e trauma emocional conduzem produo de glucocorticoides no crebro, toxinas que inibem a neurogne-se em animais de laboratrio.

    Podemos com segurana descartar o mito quanto perda de milhesde clulas cerebrais por dia. At o aviso parental de que o lcool mata osneurnios se revelou ser uma meia-verdade. O consumo casual de lcoolna realidade apenas mata um nmero mnimo de neurnios, mesmo entrealcolicos (que, no entanto, incorrem em muitos reais riscos de sade). A verdadeira perda resultante da bebida ocorre nas dendrites, mas estudosparecem indicar que este dano maioritariamente reversvel. A ideia subja-

    cente por agora a de que, medida que avanamos na idade, reas-chavedo crebro envolvidas na memria e aprendizagem continuam a produzirnovas clulas nervosas, e que este processo pode ser estimulado pelo exerc-cio fsico, atividades mentalmente estimulantes (como a leitura deste livro)e interao social.

    Mito 5. As reaes primrias (medo, raiva, cime, agressividade) predominam sobre o crebro superior.A maioria das pessoas j ouviu pelo menos um rumor de que os quatro

    primeiros mitos so falsos. O quinto mito, contudo, parece estar a ganharterreno. A base racional para declarar que os seres humanos so movidospor impulsos primrios parcialmente cient ca, parcialmente moral, eparcialmente psicolgica. Para o resumir numa frase: Nascemos mausporque Deus nos est a castigar, e at a cincia concorda. Demasiadas pes-soas acreditam pelo menos em parte desta frase, se no em toda ela.

    Examinemos o que parece ser a posio racional, o argumento cien-t co. Todos ns nascemos com memria gentica que nos providencia osinstintos bsicos necessrios sobrevivncia. A evoluo visa assegurar apropagao da nossa espcie. As nossas necessidades instintivas funcionam

    a par dos nossos impulsos emocionais de recolher alimento, encontrar abri-go, buscar poder e procriar. O nosso medo instintivo ajuda-nos a evitarsituaes perigosas que ameaam a nossa vida e a das nossas famlias.

    Um argumento evolucionrio assim usado para nos persuadir deque os nossos medos e desejos, instintivamente em ns programados desdea gestao, esto no comando, predominando sobre o nosso crebro supe-rior, mais evoludo, com a sua razo e lgica (interpretando a por demaisbvia ironia de que o crebro superior inventou a teoria que o rebaixa).Indubitavelmente, as reaes instintivas esto implantadas na estrutura

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    cerebral. Alguns neurocientistas acham convincente o argumento de quecertas pessoas so programadas para se tornarem antissociais, criminosasou raivodependentes, assim como outras so programadas para a ansieda-de, depresso, autismo e esquizofrenia.

    Mas o enfatizar do crebro inferior negligencia uma poderosa verda-de. O crebro multidimensional, de forma a permitir quequalquer experi-ncia ocorra. Qual a experincia que dominar no algo automtico nemgeneticamente programado. H um equilbrio entre desejo e conteno,escolha e compulso. Aceitar que a biologia destino deita por terra todoo propsito de se ser humano: devemos submeter-nos ao destino apenascomo ltima e desesperada escolha, mas o argumento para um crebroinferior dominante faz da submisso a primeira escolha. Como pode isso

    ser tolerado? Encolhemos os ombros ao facto de os nossos antepassadosse terem resignado ao pecado humano pois diz-se ter ele sido herdado dadesobedincia de Ado e Eva no Jardim do den. A herana gentica correo risco de induzir mesma resignao, ataviada de garbo cient co.

    Embora experimentemos diariamente medo e desejo como reaesnaturais ao mundo, no temos de ser governados por eles. Um condutorfrustrado retido na autoestrada de Los Angeles no meio de as xiante polui-o sentir a mesma resposta lutar-ou-fugir dos seus antepassados caado antlope na savana africana ou do tigre-dente-de-sabre na Europa doNorte. Esta resposta ao stress, um mpeto instintivo, foi-nos incutida, mas

    no faz os condutores abandonarem em massa os seus veculos para fu-girem ou atacarem-se uns aos outros. Freud sustentava que a civilizaodepende de dominarmos os nossos impulsos primrios para que mais al-tos valores possam prevalecer, o que soa razoavelmente verdadeiro. Masele acreditava pessimisticamente que pagamos um preo elevado por isso.Reprimimos os nossos mpetos inferiores mas nunca os extinguimos ounos reconciliamos com os nossos medos e agressividades mais profundos.O resultado so erupes de violncia em massa como as duas guerrasmundiais, quando toda essa energia reprimida cobra o seu tributo de for-mas horrendas e incontrolveis.

    No podemos resumir os milhares de livros que tm sido escritos so-bre este tema, ou oferecer a resposta perfeita. Mas seguramente que rotularseres humanos como fantoches do instinto animal est errado, em primeirolugar por ser algo to desequilibrado. O crebro superior simplesmente to legtimo, poderoso e evolutivo como o crebro inferior. Os maiores cir-cuitos do crebro, que formam circuitos de retroalimentao entre as reassuperior e inferior, so maleveis. Se voc for umen orcer do hquei pro s-sional e a sua tarefa for iniciar brigas no gelo, provavelmente ter escolhi-do moldar a sua circuitagem cerebral de modo a favorecer a agressividade.

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    Mas foi sempre uma escolha, e se o dia alguma vez chegar em que venha alamentar a sua escolha, pode retirar-se para um mosteiro budista, meditarsobre a compaixo e modelar a circuitagem cerebral numa nova e mais ele- vada direo. A escolha est sempre l.

    Com rara exceo, a liberdade de escolha no interditada pela pro-gramao previamente instalada. O crebro levou-me a faz-lo tornou-seuma explicao automtica para quase todos os comportamentos indese- jveis. Podemos estar conscientemente cientes das nossas emoes e esco-lher no nos identi carmos com elas. Isto mais fcil de dizer do que defazer para uma pessoa que sofra de distrbio bipolar, toxicodependnciaou de qualquer fobia. Mas a estrada para o bem-estar cerebral comea coma conscincia. Termina igualmente na conscincia, e a conscincia possi-

    bilita cada passo do caminho. No crebro, a energia ui para onde vai aconscincia.Quando a energia deixa de uir, emperramos. O emperramento

    uma iluso, mas quando nos acontece a ns, parece bem real. Considereuma pessoa com um medo mortal de aranhas. As fobias so reaes xas(i.e., emperradas). Um aracnofbico no pode ver uma aranha sem sentiruma onda automtica de medo. O crebro inferior desencadeia uma com-plexa cascata qumica. As hormonas disparam atravs da corrente sangu-nea para acelerar o corao e fazer subir a presso arterial. Os msculospreparam-se para lutar ou fugir. Os olhos semicerram-se bem focados, com

    a viso assestada em tnel na coisa que se teme. A aranha torna-se enormeaos olhos da mente. To poderosa a reao de medo que o crebro su-perior a parte que sabe quo pequenas e inofensivas so a maioria dasaranhas ca bloqueado no escuro.

    Aqui est um excelente exemplo do crebro a us-lo a si. Impe umafalsa realidade. Todas as fobias so no fundo distores da realidade. Asalturas no so automaticamente motivo para pnico; nem os espaos aber-tos, andar de avio e a mirade de outras coisas de que os fbicos tm medo.Ao abrirem mo do poder que tm de usar o crebro, os fbicos cam em-perrados numa reao xa.

    As fobias podem ser tratadas com sucesso trazendo-as conscinciae restituindo o controlo ao utilizador do crebro, que o seu lugar. Umatcnica fazer a pessoa imaginar aquilo de que tem medo. A um aracno-fbico, por exemplo, pedido que veja uma aranha e que v aumentandoe diminuindo a imagem. Depois, que faa a imagem andar para trs e paradiante. Este simples ato de emprestar movimento ao objeto temido podeser muito e caz na disperso do seu poder de induo, pois o medo imobi-liza a mente. Gradualmente, a terapia pode passar para uma aranha numacaixa de vidro. Ao fbico pedido que se aproxime o mais que puder sem

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    entrar em pnico. -lhe permitido alterar a distncia de acordo com o seunvel de conforto, e com o tempo esta liberdade de alterar as coisas restabe-lece igualmente o controlo. O fbico aprende que tem mais opes do quesimplesmente desatar a fugir.

    Obviamente, o crebro superior pode dominar at os medos mais ins-tintivos; de contrrio, no teramos alpinistas (medo das alturas), funm-bulos (medo de cair), e domadores de lees (medo da morte). O mais triste,contudo, que somos todos como o fbico que no pode sequer imaginara imagem de uma aranha sem ser tomado de suores frios. Rendemo-nosaos medos, no de aranhas, mas daquilo a que chamamos normal: fracasso,humilhao, rejeio, velhice, doena e morte. tragicamente irnico queo mesmo crebro capaz de conquistar o medo nos sujeite igualmente a me-

    dos que nos assombram ao longo das nossas vidas.As denominadas criaturas inferiores gozam da liberdade do medopsicolgico. Quando uma chita ataca uma gazela, esta entra em pnico eluta pela vida. Mas no se encontrando presente predador algum, a gazelaleva uma vida despreocupada, pelo que nos dado saber. Ns, humanos,contudo, sofremos terrivelmente no nosso mundo interior, e este sofrimen-to traduz-se em problemas fsicos. Os riscos so muito elevados no que tocaa deixar-se usar pelo seu crebro. Mas se for voc a comear a us-lo em vezdisso, as recompensas so ilimitadas.

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    SOLUES DO SUPERCREBRO:

    PERDA DE MEMRIA

    Temos vindo a insistir na tecla de que precisa de se relacionar com o seu c-rebro de uma nova forma. Isto especialmente verdadeiro para a memria.No podemos esperar que a memria seja perfeita, e o modo como reages suas imperfeies consigo. Se v cada pequeno lapso como um sinalde aviso de inevitvel declnio da idade, ou uma indicao de que lhe faltamassa cinzenta, est a criar as condies para que a sua crena se torne rea-lidade. De cada vez que se queixa Est a faltar-me a memria, refora essamensagem no crebro. No equilbrio de mente e crebro, a maior parte daspessoas demasiado lesta a culpar o crebro. Aquilo em que deveriam pros olhos no hbito, comportamento, ateno, entusiasmo e focalizao,tudo coisas essencialmente mentais.

    Assim que deixa de prestar ateno e desiste de aprender coisas novas,no est a dar qualquer encorajamento memria. Um simples axiomasustenta: Seja o que for a que d ateno, cresce. Portanto, para encorajara sua memria a crescer, precisa de prestar ateno forma como se desen-rola a sua vida. O que signi ca isto, especi camente? A lista longa, mascontm atividades que vm naturalmente. A nica diferena medida queavana na idade que tem de fazer escolhas mais conscientes do que faziamais cedo na vida:

    UM DELIBERADO PROGRAMA DE MEMRIA

    Encare com paixo a sua vida e as experincias com que apreenche.

    Aprenda entusiasticamente coisas novas.

    Preste ateno s coisas de que ter de se lembrar mais tarde.

    A maioria dos lapsos de memria so na realidade lapsos deaprendizagem.

    Recupere ativamente antigas memrias; apoie-se menos emmuletas da memria, como listas.

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    Conte manter a memria intacta. Resista s expetativas maisbaixas das pessoas que racionalizam a perda de memriacomo normal.

    No deplore nem tema ocasionais lapsos.

    Se uma memria no vier de imediato, no a descarte comoperdida. Seja paciente e aproveite os segundos suplementarespara que o sistema de recuperao do crebro funcione.

    Foque-se em coisas ou pessoas que associe memria per-dida, e provavelmente recordar-se-. Todas as memrias es-

    to associadas a outras memrias anteriores. Esta a base daaprendizagem.

    Seja diversi cado nas suas atividades mentais. O exerccio depalavras cruzadas usa uma parte diferente do sistema da me-mria do que o lembrar-se das compras que precisa de fazer, eambos so diferentes de aprender uma lngua nova ou recor-dar caras de pessoas acabadas de conhecer. Exercite ativamen-te todos os aspetos da memria, no apenas aqueles que lhesurgem com mais facilidade.

    O o condutor deste programa acompanhar a conexo mente-cre-bro. Cada dia conta. O seu crebro nunca deixa de prestar ateno ao quelhe diz, e pode responder muito rapidamente. Um amigo de longa data deDeepak, um editor mdico, gaba-se da memria que tem desde a infncia.Como lesto a salientar, no tem uma memria fotogr ca (ou eidtica).Em vez disso, mantm as antenas estendidas, tal como ele o descreve.Desde que continue a prestar ateno sua existncia diria, capaz derecuperar memrias rapida e avelmente.

    Este homem completou recentemente sessenta e cinco anos, talcomo a maioria dos seus amigos. Comearam a trocar piadas retorcidassobre os seus episdios de senilidade. (Amostra: A minha memria estto boa como sempre. Simplesmente no tenho entrega no prprio dia.)O homem comeou a dar por lapsos ocasionais em si prprio, emborano tivesse problemas em usar a memria quando fazia investigao parao seu trabalho.

    Sem me preocupar verdadeiramente com o caso, diz, decidi come-ar a fazer listas de compras. At ento, nunca as zera. Ia s compras e

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    partculas no universo conhecido estimado ser apenas de 10 seguido desetenta e nove zeros!

    Pode pensar que est a ler esta frase neste preciso momento, ou a es-preitar pela janela para ver como est o tempo, mas na realidade no est.O que na realidade est a fazer a sobrepor-se ao universo. um facto, noco-cient ca. Ocasionalmente este facto invade a vida de todos os diascom resultados espantosos. Quando o faz, a complexidade um amigo ouinimigo, e por vezes um pouco de ambos. Um dos clubes mais exclusivosdo mundo consiste num punhado de pessoas que partilham uma condiomisteriosa que s recentemente, em 2006, foi descoberta: hipertimesia. Elaslembram-se de tudo. Tm uma capacidade de lembrana absoluta. Quandose renem, podem levar a cabo jogos mentais como: Qual o melhor 4 de

    abril da sua vida? Cada pessoa folheia rapidamente o seuRolodex mental,s que em vez de chas com notas, veem os factos passados de cada dia 4 deabril das suas vidas. Numa questo de um minuto algum dir: Oh, 1983,de nitivamente. Vesti um fato de banho novo, e eu e a minha me bebemoslaranjada na praia enquanto o meu pai lia o jornal. Isso foi tarde; s seishoras fomos comer lagosta a uma marisqueira.

    So capazes de se lembrar de cada dia das suas vidas com completa einfalvel preciso. (imesia, uma das palavras-raiz dehipertimesia, o termogrego para ato de recordar. A outra palavra,hiper, signi ca excessivo.) Osinvestigadores localizaram apenas sete ou oito norte-americanos at data

    que evidenciam esta condio, mas no se trata de uma molstia. Nenhumadestas pessoas tem qualquer leso cerebral, e nalguns casos a sua capacida-de de se lembrarem de cada detalhe das suas vidas comeou subitamente,num determinado dia em que a memria vulgar deu um salto quntico.

    Para se quali car ao diagnstico de hipertimesia, uma pessoa temde passar por testes de memria que parecem impossveis. A uma mulherdeu-se a ouvir o tema musical de uma srie que passou na televiso apenasem dois episdios na dcada de 1980, mas, tendo visto um deles, soubedizer instantaneamente o nome do programa. Outra candidata era uma fde basebol. Foi-lhe pedido que recordasse a pontuao de um determinado

    jogo entre Pittsburgh e Cincinatti anos antes. uma resposta ardilosa, re-plicou ela. O avio da equipa de Pittsburgh avariou e a equipa no chegou.No houve jogo.

    Discutimos a memria no captulo anterior deste livro, e a hiperti-mesia o exemplo consumado de uma capacidade por todos partilhadaextrapolada a nveis sobre-humanos no deixando contudo de ser muitohumana ainda assim. Quando inquirida se gostava de se lembrar perfeita-mente de tudo, uma mulher suspirou: Lembro-me de cada vez que a mi-nha me me disse que eu era gorda de mais. As pessoas com hipertimesia

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    concordam que revisitar o passado pode ser intensamente doloroso. Evitampensar nas piores experincias das suas vidas, desagradveis lembrana dequalquer um mas extraordinariamente vvidas para elas, to vvidas comose estivessem de facto a viv-las. A maior parte do tempo, a sua total lem-brana incontrolvel. A mera meno de uma data provoca-lhes um des-bobinar de imagens na imaginao, em paralelo com as vises normais.( como um ecr dividido; estou a falar com algum e a ver outra coisaqualquer, explica um indivduo.)

    Voc e eu no temos hipertimesia, portanto qual a relao dissocom o objetivo do supercrebro? ento que entra o problema da com-plexidade. A cincia tem estudado a lembrana total e os centros cerebraisda memria; vrios deles esto alargados nas pessoas com hipertimesia.

    Desconhece-se a causa. Os investigadores suspeitam de ligaes ao distr-bio obsessivo-compulsivo (DOC), dado que as pessoas com hipertimesiaapresentam frequentemente comportamentos compulsivos; ou a vrias for-mas de d ce de ateno, dado que os portadores de lembrana total nopodem pr m s memrias quando elas comeam a a uir. Talvez sejampessoas que nunca desenvolveram a capacidade de esquecer. Pode-se sem-pre contar com uma coisa no que toca ao crebro humano: no se podeolhar para lado algum sem se olhar para todo o lado.

    procura de heris

    A forma de contornar o problema da complexidade dar-lhe a volta com-pleta. Se o seu crebro est adiante do universo, ento o seu potencial ocultodever ser muito maior do que se supe. Podemos deixar esse trilio deconexes aos cientistas. Escolhamos trs reas onde, num crebro saud- vel normal, seja alcanvel um desempenho perfeito. Em cada rea haveralgum que abriu caminho. Estes so heris do supercrebro, ainda quepossa nunca os ter visto dessa maneira.

    HERI #1ALBERT EINSTEIN

    PELA ADAPTABILIDADEO nosso primeiro heri o fsico Albert Einstein, mas no o escolhemospelo seu intelecto. Einstein como os gnios em geral um mode-lo de sucesso. Tais pessoas possuem uma inteligncia e criatividade muitoalm da norma. Se soubssemos o seu segredo, cada um de ns teria maissucesso independentemente do que zssemos. As pessoas muitssimobem-sucedidas no tm meramente sete hbitos5. Usam o crebro de uma

    5 Aluso aTe Seven Habits o Highly Effective People, editado em portugus com o ttulo

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    maneira a nada para o sucesso. Se se restringir maneira de Einstein usaro seu crebro, limita as suas possibilidades de sucesso. No uma questode bons genes apenas. Einstein usava o seu crebro de uma maneira quequalquer pessoa pode aprender.

    A chave adaptabilidade.O supercrebro tira partido da sua capacidade inata de se adaptar.

    Esta capacidade necessria sobrevivncia. De todas as coisas vivas, os hu-manos tm-se adaptado a todos os ambientes do planeta. Confrontem-noscom os climas mais duros, as mais estranhas dietas, as piores doenas, ouas mais temveis crises desencadeadas por foras naturais, e ns adapta-mo-nos. OHomo sapiens f-lo to incrivelmente bem que o tomamos porgarantido at nos aparecer frente algum que extrapola a adaptabilidade a

    um novo nvel, algum como Einstein.Einstein adaptava-se encarando o desconhecido e conquistando-o. Oseu campo era a fsica, mas toda a gente diariamente confrontada com odesconhecido. A vida est cheia de inesperados desa os. Para se adaptarao desconhecido, Einstein desenvolveu trs foras e evitou trs obstculos:

    Trs foras: Deixar-se ir, ser exvel, relaxarTrs obstculos: Hbitos, condicionamentos, emperramento

    Pode-se medir a adaptabilidade de uma pessoa pela sua capacidade de

    se deixar ir, permanecer exvel e relaxar diante das di culdades. Pode-semedir a falta de adaptabilidade de uma pessoa pela predominncia de ve-lhos hbitos e condicionamentos que a mantm emperrada. Memriasnocivas de choques e adversidades do passado dizem-lhes repetidamentequo limitadas so. Einstein era capaz de ignorar velhos hbitos de pensa-mento que o rodeavam. Relaxava e deixava vir a si novas solues atravsdos sonhos e da intuio. Apurava tudo o que podia a respeito de um pro-blema, depois rendia-se a possibilidades desconhecidas.

    No assim que o pblico v Einstein, que imaginado como umdescabelado manaco cerebral a encher o quadro negro de equaes mate-

    mticas. Mas olhemos para a sua carreira de uma perspetiva pessoal. Comoele prprio diz, a maior motivao de Einstein era o assombro e maravi-lhamento que sentia perante os mistrios da natureza. Este era um estadoespiritual, e ele costumava dizer que penetrar nos segredos do universo eracomo ler a mente de Deus. Vendo o cosmos primeiro como um mistrio,Einstein estava a rejeitar o hbito de o ver como uma mquina gigante cujaspeas mveis podem ser identi cadas e mensuradas. Fora assim que Isaac

    Os Sete Hbitos das Pessoas Altamente E cazes pela editora brasileira Best Seller. (N. da T.)

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    Newton visionara a fsica. Notavelmente, Einstein pegou nas noes maisbsicas do sistema newtoniano, como a gravidade e o espao, e reinven-tou-as totalmente.

    F-lo, como o mundo inteiro depressa apurou, atravs da teoria darelatividade e da sua famosa equao, E=mc2. Estava envolvida uma mate-mtica superior, mas isso era uma manobra de diverso. Einstein disse certa vez a uns jovens estudantes: No se preocupem com os problemas que tmcom a matemtica. Asseguro-vos que os meus so muito maiores. Nose tratava de falsa modstia. O seu mtodo criativo era mais como sonhardo que cogitar; assim que viu como funcionavam o tempo e o espao,seguiu-se mais tarde o urdir da prova matemtica, com grande di culdade.

    Quando enfrenta um novo problema, voc pode resolv-lo de velhas

    maneiras ou de uma nova maneira. O primeiro de longe o caminho maisfcil de seguir. Pense num casal de longa data que passa o tempo a discutir.Sentem-se frustrados e bloqueados. Nenhum quer ceder um centmetroque seja. O resultado um ritual em que repetem as mesmas obstinadasopinies, fazem as mesmas queixas rezingonas, exibem a mesma incapaci-dade de aceitar o ponto de vista do outro. Qual seria uma nova maneira detirar um casal de longa data da sua infelicidade?

    Em vez de carem emperrados em velhos comportamentos, pro-gramados nos seus crebros, poderiam usar os seus crebros das seguintesmaneiras:

    COMO SER ADAPTVEL

    Pare de repetir o que nunca resultou em primeiro lugar.

    Recue e pea uma nova soluo.

    Pare de se debater ao nvel do problema a resposta nuncaest a.

    Trabalhe no seu prprio emperramento. No se preocupe coma outra pessoa.

    Quando forem desencadeados velhos focos de tenso, desande.

    Veja a raiva justi cada pelo que realmente raiva destrutivamascarada para soar positiva.

  • 8/13/2019 Deepak Chopra Supercerebro

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    Reconstrua os laos que se foram es apando.

    Assuma uma parte maior do fardo do que julga merecer.

    Pare de pr tanto peso em ter razo. No esquema maior dascoisas, ter-se razo insigni cante em comparao com ser-sefeliz.

    A tomada destes passos no simplesmente pura psicologia: cria umespao de forma a que o seu crebro possa mudar. A repetio cola os ve-lhos hbitos no crebro. Acalentar uma emoo negativa a maneira maiscerta de bloquear emoes positivas. De modo que, de cada vez que um

    casal de longa data revisita os mesmos ressentimentos, est a ativ-los ain-da mais nos seus crebros. Ironicamente, Einstein, um mestre a aplicar toespantosa adaptabilidade fsica, via-se como um falhado como marido epai. Divorciou-se da sua primeira mulher, Mileva, em 1919 aps uma sepa-rao de cinco anos. Uma lha nascida fora do casamento em 1902 desa-pareceu das pginas da histria. Um dos seus dois lhos era esquizofrnicoe morreu num hospcio; o outro, que sofreu em criana quando os paisse separaram, foi alienado do pai por duas dcadas. Estas situaes causa-ram grande dor a Einstein. Mas at para um gnio, as emoes so maisprimitivas e urgentes do que os pensamentos racionais. Os pensamentos

    movem-se como relmpagos; as emoes movem-se bem mais devagar epor vezes quase impercetivelmente.Aqui est um bom lugar para salientar que o separar das emoes e

    da razo totalmente arti cial. Ambas se fundem. Os exames imagiolgi-cos cerebrais a rmam que o sistema lmbico, uma parte do crebro inferiorque desempenha um papel importante nas emoes, se ilumina quando aspessoas pensam estar a tomar decises racionais. Isto inevitvel dado quea circuitagem do crebro est inteiramente interconectada. Estudos tm de-monstrado que quando as pessoas se