DESENHANDO NO METRÔ - De Copacabana à Tijuca DRAWING AT THE SUBWAY - from Copacabana to Tijuca TEXTO © Celso Mathias ILUSTRAÇÕES © Celso Mathias Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida em qualquer forma sem permissão por escrito, exceto no caso de breves citações incorporadas em artigos críticos. English Version Stefan Toecutter ISBN: 978-85-913909-1-5 Rio de Janeiro, 2012. www.celsomathias.com [email protected]
CELSO MATHIAS
DESENHANDO NO METRÔ DE COPACABANA À TIJUCA
Há uns três anos eu comecei a desenhar no Metrô no trajeto entre a minha casa
no bairro de Copacabana e o meu estúdio na Tijuca. Exatamente 13 estações.
Todos os dias entre segunda e sábado, eu desenho. Percebo no Metrô que
alguns escutam música, outros colocam o papo em dia com colegas de
viagem, outros leem e eu, porém, prefiro desenhar essas mesmas pessoas.
A primeira dificuldade é o balanço do vagão que exige um cuidado e uma
rapidez no traço para não errar e depois a escolha do modelo certo. Poder
observar ao seu redor é saborear a própria vida com alegria.
Quando se apura o olhar, acaba conseguindo enxergar o que outros não veem.
É gratificante. Fico ali observando os diferentes traquejos e vestuário e em
quase toda viagem sempre tem um ou outro que me desperta a desenhá-lo.
Às vezes eles estão a pouquíssimos metros de distância e em alguns casos,
alguns poucos centímetros mesmo. É preciso ser muito rápido e ter um olho
preciso e discreto. Quase um “ninja”.
Algumas pessoas quase te convidam a desenhá-las. Seja por uma pose
inusitada, uma roupa diferente, um penteado engraçado ou mesmo algumas
expressões que elas mesmas não se percebem que fazem. Mas lá estou eu a
retratá-las no instante dos segundos que se perduram pela eternidade.
Eu amo desenhá-las. Nunca tive a preocupação de retratar esse cotidiano com
exatidão de detalhes. O momento é o mais importante. É ele que ficará
estampado em meus desenhos, portanto não há tempo a perder com dobras de
roupa acabadas ou proporções exatas. Os desenhos devem respirar a vida.
É um prazer preencher ao menos uma página do Sketchbook por dia. Vejo isso
como uma missão. Com isso vou descobrindo a vida nos vagões do Metrô.
Uma vida além do cotidiano. Além dos trilhos.
Além de mim mesmo... Celso Mathias
2012
DRAWING AT THE SUBWAY - from Copacabana to Tijuca About three years ago I started drawing while riding the subway from my
house in Copacabana to my studio at Tijuca. Precisely 13 stations. Everyday
from monday to saturday, I draw. I've noticed that some people while riding
the subway like to listen to music, others chat with other commuters, some
read and I, on the other hand, prefer to draw them.
The first issue is to carefully keep your balance as the train moves and
drawing with swift movements so you won't mess and there's also choosing
the right subject. Being able to look around with a good spirit is to savor one's
life with joy.
When you exercise your eye, you are able to see what other's can't. That's
rewarding! I stand there watching different types of people and their clothes
and almost every trip has at least a couple that will draw my attention.
Sometimes they are just a few feet away and in some cases, just a few inches.
It takes great speed and a discreet and precise eye. Almost a "ninja".
Some people almost invite you to draw them. Be it due to an unusual posture,
different clothing, a funny haircut or even a manner that they don't even notice
themselves. But there I am, ready to capture them for the period of the few
seconds that will endure in my sketchbook.
I love drawing them. I was never
concerned with portraying this daily
life in much detail. The moment is
what matters It's what will be
imprinted in my drawings, therefore
there is no time to waste on precise
details, with clothes foldings
carefully represented or exact
proportions. These drawings must
breathe life.
It is a pleasure to fill at least one of
my sketchbook pages each day. I
look at it as a mission. Through it I
get to find life inside the subway's
cars. A life that goes beyond the
daily one. Beyond the tracks.
Beyond myself... Celso Mathias
2012