DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DA REGIÃO EM TORNO DA LAGOA DO CATÚ, AQUIRAZ-CEARÁ
1 Sérgio Ricardo Pinto Nogueira, Laboratório de Geologia Marinha e Aplicada - Universidade Federal do Ceará, E-mail: [email protected]; 2 Lorena Cavalcante Lima, Universidade Federal do Ceará, E-mail: [email protected]; 3 Terezinha Cassiano de Sousa, Universidade Federal do Ceará, E mail:
[email protected]; 4 Edson Vicente da Silva, Professor Universidade Federal do Ceará.
RESUMO A lagoa do Catú se encontra no município de Aquiraz a 30 quilômetros da Capital Cearense. Constitui um manancial de água doce formada devido ao represamento do córrego do Catú pelo campo de dunas móveis. Esta era utilizada pela população tradicional para tirar seu sustendo por maio da pesca e também de atividades agrícolas em suas margens. Nos ultimos 20 anos o manancial foi sendo explorado pela especulação imobiliária que trouxe impactos sobre o equilíbrio ambiental e socioeconômico da região O objetivo geral desse trabalho consiste em realizar um levantamento da forma de uso e ocupação do solo em torno da lagoa e verificar os impactos que estão ocorrendo na área. Para a realização desse trabalho foi feito um levantamento bibliográfico, atividades de campo e interpretação dos dados e confecção um mapa geoambiental e outro de uso e ocupação do solo. Os resultados obtidos nesse trabalho nos relatam que as construções na maioria são irregulares e que o uso foi bastante alterado apresentando atividades degradantes como o Jet ski e os bugres. Portanto recomenda-se o uso racional desse recurso. . ABSTRACT The Catú lake is an interdune freshwater body fills up with Catú stream, located in Aquiraz Municipality situated 30 km distance from Fortaleza, Ceará State, Brazil. This is an important reservoir of about 3.0 km2 mainly used for water supply, recreation, fishing and agricultural activities of the local population. However, there are kinds of socioeconomic and environment impacts due to a strong continuous real estate expansion and tourist activities in the region during the last 20 years. The present study deals with the impacts caused by land change around the lake, in order to obtain scientific basis for policies in conservation and security this essential water resource. The applied method was based on geospatial analysis and modeling of the collected data of the literature and field work, presented as geoenvironment and land change maps. The results show that deforestation and erosion have been strongly increasing and mostly buildings have been settled in the area of the protected zone.
INTRODUÇÃO
A área a ser estudada constitui a porção do manancial do Catú que se estende desde a CE 040
até a Foz. Á área está localizada no Município do Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza. Esse
ambiente é composto por três tipos de paisagens: a de tabuleiros, situada nos Glacis pré-litorâneos,
local onde se encontra a lagoa do Catú, na qual se observa a presença de sítios e casas de veraneio; As
dunas, que são responsáveis, juntamente com a barragem pelo represamento e formação do espelho de
água e a foz onde se verifica uma área estuarina, porém pequena e com pouca vegetação, mas de uma
importante beleza.
No Brasil, segundo Esteves (1998), usa-se o termo lagoa para referir-se a todos os corpos de
água costeiros e mesmo litorâneo, independentemente de que seja a sua origem. Porem o mesmo autor
menciona que é incorreto uma vez que a maioria das lagoas costeiras é na verdade lagunas, que são
ligadas ao mar. As lagoas costeiras podem ter ou não contato direto com o mar. As lagoas como do
Catú, Uruaú, Banana, e Jijoca, não possuem contato com o mar, apenas quando estão sangrando é que
lançam água por meio de córregos.
A lagoa do Catú foi escolhida, por constituir uma das paisagens relevantes da região
metropolitana de Fortaleza. Quanto ao histórico, a lagoa do Catú era formada pelo represamento do
córrego de mesmo nome pela formação de dunas, na qual formou um espelho de água que se estendia
até aproximadamente dois quilômetros a montante. Em 1993 com a construção da barragem no
sangradouro ocorreu um aumento da área do espelho de água que passou a se estender até a CE 040,
aproximadamente 4,5 quilômetros a mais. Esse aumento de volume criou uma paisagem que despertou
o interesse pela especulação imobiliária. Diante disso mostrou-se necessário a realização desse estudo
ambiental da área objetivando um diagnostico dos impactos que essa ocupação vem trazendo.
Para a realização desse trabalho foi feito um levantamento bibliográfico sobre temas que
abordem ambientes lacustre, zoneamento geoambiental, impactos, contaminação dos recursos hídricos
entre outros, bem como a confecção de mapas temáticos como o zoneamento geoambiental, seguindo o
modelo de Bertrand (1971) e o de uso e ocupação do solo. No campo as entrevistas foram realizadas
com a população nativa, e coleta de dados fotográficos que foram analisadas posteriormente. O
Trabalho apresenta um diagnóstico geoambiental da área e um levantamento do uso e ocupação do
solo.
MATERIAL E MÉTODO
Para a realização desse trabalho foi realizados inicialmente um levantamento bibliográfico
onde se consultou vário trabalho voltado para os recursos hídricos, contaminação das águas e uso e
ocupação do solo entre outros. Complementando a etapa preliminar do trabalho foi feita uma
verificação de fotografias aéreas e imagens da área, por meio de programas como Google Earth, na
qual no auxiliou na elaboração de um mapa base para elaboração do relatório. Esse mapa serviu de
base para a confecção do mapa de analise geoambiental da área e do mapa de uso e ocupação do solo.
Para isso se utilizou o programa Auto cad map.
A segunda etapa foi a realização de duas visitas ao local de estudo. A primeira foi para um
levantamento regional da área bem como coleta de dados e registros fotográficos. Na segunda foi feito
um contato com a população na qual fora aplicado entrevistas as suas condições de vida, sobre o uso
da lagoa e quais impactos estes tem verificado. Durante essa mesma visita foi realizada uma
observação da paisagem para verificar a forma de uso e ocupação do solo.
Na terceira etapa foi realizada a interpretação dos dados. Com o uso dos questionários com a
população e dos registros fotográficos e com imagens do Google Earth, foi feito um diagnóstico do uso
e ocupação do solo bem como a caracterização geoambiental da área, segundo Bertrand (1971).
Na quarta etapa foi realizados a confecção de um mapa geoambiental e um mapa de uso e
ocupação do solo, a partir do mapa base realizado na primeira etapa. E por fim a confecção do relatório
final, na qual está apresentado todo o resultado da pesquisa e a conclusão. Também a apresentado
algumas recomendações visando o uso sustentável desses recursos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto aos aspectos geoambientais:
No ponto de vista geoambiental a lagoa está situada na Grande Unidade Natural denominada
Litoral do Nordeste estando inserida nos seguintes Geossistema: Glacis Pré-litorâneos, Planície fluvial
e Planície costeira, Bertrand (1971). Seguindo a classificação de Bertrand (op cit) a área estudada foi
subdividida em seis geofácies: No geossistema planície costeira esta se insere em quatro geofácies:
Planície de praia, Planície de deflação, Planície fluvio-marinha e campo de dunas, sua constituição
geológica está baseado em sedimentos pelistocênicos, formados pela ação dos ventos e da atuação
marinha. Nos Glacis Pré-litorâneos se identificou apenas um geofácies: os tabuleiros Pré-litorâneos,
formados por sedimentos plio-pleistocênicos da formação barreiras e a Planície fluvial identificamos
como geofácies a planície de inundação que bordeja os córregos. Sua geologia é composta por
sedimentos areno-argilosos depositados pela ação das cheias desses córregos. A figura 01 mostra um
mapa geoambiental da área a ser estuda.
Figura 01: Mapa contendo os aspectos geoambientais segundo a teoria dos sistemas (Bertrand, 1971).
Cada geofácies apresenta as seguintes característica:
Planície de Praia:
A planície de praia compreende a faixa de praia de largura que varia de no máximo até 200
metros, constitui a zona em que possui influencia direta com a ação das marés e os ventos. Esta
geofácies é subdividida em: antipraia, que constitui a zona de arrebentação das ondas; o estirâncio,
situada entre o limite da maré baixa e alta e o berma onde só é inundada pelas marés em períodos de
tempestade. É nessa área em que são montadas as barracas de praia e onde os banhistas jogam bola e
tomam sol. Essa faixa apresenta-se despida de vegetação devido à alta energia atuante, por ser uma
área muito instável não é aconselhável a construção de edificações permanentes como casas etc. Na
área observa-se esse geofácies ao longo da Praínha. (figura 02).
Figura 02: Zona de estirâncio na Prainha em Aquiraz: fonte: picasaweb.google.com
Planície de deflação:
A leste do estuário do Rio Catú se observa uma grande planície entre a planície de praia e o
campo de dunas, essa área constitui o geofácies planície de deflação (figura 04). A planície de deflação
é uma planície plana formada devida processo de migração da duna. Normalmente nessa área se
formam no período chuvoso, pequenas lagoas. Essa área é geralmente coberta por uma vegetação
rasteira e pequenos arbustos aonde muitos pássaros vêm se alimentar e é também utilizada para o pasto
de animais. É justamente nessa área em que a aeronáutica faz os treinamentos. Observa-se que na
planície de deflação ainda podem-se encontrar resquícios das dunas como essas pequenas barcanas
vistas na figura 03.
Figura 03: Vista aérea da planície de deflação na praínha próximo a foz do Catú. Fonte: Google. Campo de dunas:
O campo de dunas na área estudada se encontra em três gerações: as dunas móveis, na qual
estão sendo modeladas constantemente pela ação dos ventos. Esses segundo os critérios propostos por
Tricart (1977) apresentam vulnerabilidades instáveis à fortemente instáveis. As dunas fixas se
apresentam mais para oeste na região da Praínha, apresentando uma cobertura vegetal composta por
arbustos e gramíneas. Entra a vegetação predominante se encontra a restinga, murici e cajueiro que se
desenvolve cada vez que a duna vai soterrando. A duna fixa também é instável, um desmatamento
dessa vegetação pode levara duna a sofrer ação do vento. As paleodunas não foram de inicio
identificadas na área estudada, por ser mais plana levemente ondulada se confunde com os tabuleiros.
A figura 04 mostra essa feição em contato com a lagoa, demonstrando que essa tem participação na
formação do manancial por repesar o córrego.
Figura 04: Campo de dunas do Catú
Planície fluvio-marinha:
A única manifestação da planície fluvio-marinha na área consiste na foz do córrego do Catú,
na Praínha. De pequena dimensão, geralmente forma um pequeno lago de água doce quando a taxa de
deposição de sedimentos na planície de praia é muito alta o que leva a represar o córrego (Figura 05).
Porem, ao inicio das chuvas essa represa se rompe e o mar penetra até aproximadamente um
quilômetro adentro. A presença de vegetação de mangue é muito pouca ocorrendo apenas próxima à
formação de dunas alguns exemplares. Mesmo pequena tem um significado importante para o
equilíbrio terra e mar, e lá se desenvolve uma fauna de peixes, siris entre outras espécies, que são
utilizadas pela população nativa como um meio alternativo de sobrevivência. A figura 06 e mostra
uma fotografia aérea extraída do Google desse geofácies.
Figura 05: Lago periódico que se forma na foz do Córrego do Catú
Figura 06: Imagem aérea do estuário do Catú. Fonte: Google.
Tabuleiros pré-litorâneos:
O geofácies predominante na área estudada consiste nos Tabuleiros pré-litorâneos,
pertencente ao ecossistema Glacis Pré-litorâneos apresentam-se como ambiente estável e de baixa
vulnerabilidade (Tricart, op cit). Constitui uma superfície plana com um caimento leve em direção ao
mar (Figura 07). Essa superfície apresenta-se recortada por vales fluviais dando uma forma tabular, daí
no nome de tabuleiros. Sua vegetação está altamente degradada, mas algumas matas recuperadas
mostram a presença de arbustos que chegam a 10 metros de altura aproximadamente. Essa área de
tabuleiros é densamente utilizada para o cultivo da mangueira, cajueiro e coqueiro, comuns do litoral
cearense.
Figura 07: Superfície de Tabuleiro, ao fundo se avista a Lagoa do
Catú.
Planície de inundação:
Na área estudada, a planície de inundação ocorre apenas em alguns testemunhos, a maioria
pode ter sido inundada quando fizeram a barragem em 1993, na qual levou ao aumento do nível de
água da lagoa. A planície de inundação está caracterizada por ser uma área que durante as cheias ficam
inundadas (Figura 08). A carnaubeira é o tipo de vegetação que predomina, alem de outros pequenos
arbustos. Antes de a lagoa aumentar o seu volume, a população retirava sedimentos para a fabricação
de tijolos.
Figura 08: Planície de inundação.
Quanto aos geótopos identificou-se os seguintes: As margens direita e esquerda da lagoa; a
parte barlavento e sotavento das dunas, o córrego sangradouro e a pequena lagoa se forma
periodicamente no estuário devido ao represamento pelos sedimentos da praia.
Quanto ao uso e ocupação do solo:
A lagoa do Catú apresenta atualmente, Segundo Pinheiro e Cabral (op cit) “além do uso
doméstico (consumo humano, cozinhar, lavagem de roupa e banho) dos moradores locais, os seguintes
usos: a) aqüicultura; b) manancial de abastecimento humano para o município de Aquiraz e população
ribeirinha; c) lazer e d) irrigação. Esses múltiplos usos tornam a lagoa do Catú um reservatório de
suma importância para a região”.
No trabalho de uso do solo foi observado que a lagoa está quase por completo apresentando
suas margens alteradas por construções, na maioria por segundas residências. Ao norte da margem
leste da lagoa encontra-se ainda uma pequena área preservada, junto ao contato com a formação de
dunas, que se estende em direção à jusante por uns dois quilômetros aproximadamente. Essa área
mesmo sem ocupação já está delimitada, pois como mostra a figura 09, existem demarcações de terra,
por meio de picadas, que podem compreender em futuras instalações.
Figura 10: Margem leste próximo ao campo de dunas ainda
preservado. Fonte: Google.
Na mesma margem leste, mais a montante, se observa muitas ocupações, na maioria por
segundas residências. São casas dotadas de equipamentos como quadras, latadas, piscinas ente outros
que conferem o poder aquisitivo de seus proprietários. Segundo observações realizadas em fotos aéreas
como na figura 11, verificou-se que a resolução 04 do CANAMA (1984), na qual estabelece uma área
preservada de 50 metros de margens para lagoas com mais de 20 hectares, não é respeitada, pois foi
constatada que as margens da lagoa em torno dessas edificações foram completamente desmatadas,
inclusive com construções de ancoradouros e aterros que altera o contorno das margens, onde se pode
observar na figura 10 a presença de uma quadra de esportes.
Figura 10: Modo de ocupação do espaço pelas segundas
residências. Fonte: Google.
Já na CE 040, na margem oeste, esta sendo construído um condomínio de apartamentos na
qual também rasgou a resolução CONANA 04 (op cit) (figura 11). Próximo da rodovia foi deixado
uma margem preservada de 60 metros aproximadamente, mas uns 140 metros afastados da rodovia
essa área preservada deixa de existir, onde o aterro entra direto em contado com o espelho de água. Na
margem oeste a degradação por segundas residências continua, sendo que e próximo ao sangradouro
uma área de aproximadamente 25 hectares com 300 metros de contato com a lagoa está totalmente
desmatada por um empreendimento de avicultura, figura 12.
Figura 11: Construção de um condomínio de apartamentos as
margens do Catú.
Figura 12: Área desmatada por granja nas margens da Lagoa do
Catú Fonte: Google.
No sangradouro até o contado com o pequeno estuário não existe ocupação, apenas o canal
do sangradouro que se estende por uns 30 metros, nessa área se forma um córrego que segue
acompanhando a formação de dunas (figura 13). Na foz do córrego do Catú, forma-se um pequeno
estuário na qual em sua margem leste está em contado com a falésia por onde passa a estrada que de
acesso a Praínha, na qual está densamente ocupada por segundas residências e casas de população
residente e a margem leste por sua vez desocupada por tratar de uma área pertencente à aeronáutica
(figura 14).
Figura 13: Sangradouro e córrego do Catú a jusante d alagoa.
Fonte: Google.
Figura 14: Foz do rio Catú. Fonte: Google.
Alem das edificações de segundas residências a lagoa é utilizada para atividades turísticas,
sendo estas utilizadas pelos nativos que montam suas barracas onde de venda de serviços como
alimentos e bebidas, constituindo assim uma fonte de renda para a população local (figura 15). Bem
como as rendeiras que ocupam pólos feitos pela prefeitura na Praínha onde vendem seus produtos a
turistas que vem ao local. Por outro lado, a presença de hotéis, principalmente na Praínha, onde o Rio
Catú desemboca, reflete a exploração de cunho capitalista onde excluem as populações nativas. De
acordo co o Ministério do Meio Ambiente (1996) as comunidades tradicionais estão desaparecendo
dos nossos litorais, e em torno do Catú e na Praínha já é evidente esse fato.
Figura 15: Barraca de venda de alimentos e bebidas as margens da
Lagoa do Catú.
O uso do espelho de água da lagoa tem sido, segundo entrevista com a população, apenas
usado pela população nativa que tirava o seu sustento da pesca, existiam ali muitas espécies de peixes
como carás, traíras, piabas (lambaris) e cará peba. Hoje devido à degradação, a maioria das espécies
desapareceu. Hoje com a atividade turística foi constatada uma série de irregularidades como a prática
de jet ski no manancial, o que é bastante degradante por três motivos segundo Gomes (1998): o
primeiro é que forma ondas que vai assoreando e erodindo as margens, o segundo é o possível
derramamento de óleo, principalmente quando são realizadas as manobras, que comprometem a
qualidade da água e por fim o barulho e o reboliço desses aparelhos causam stress nos animais que
vivem na lagoa, levando a morte de muito deles.
Uma outra ocupação mais antiga e que ainda resiste na resiste é a presença de sítios onde são
cultivadas muitas fruteiras. A população nativa ainda realiza atividades agrícolas mais essa prática vai
sendo substituída por atividades alternativas como prestação de serviços aos turistas e trabalhar como
caseiros das segundas residências. A figura 16 apresenta um mapa de uso do solo, identificando as
áreas que são usadas como: segundas residências, residências dos nativos, áreas preservadas, sítios e
áreas de esportes radicais que são feitos por bugres sobre as dunas.
Figura 16: Mapa de uso e ocupação do solo da área em torno da Lagoa do Catú.
CONCLUSÕES
De acordo com o que foi verificado quanto as aspectos geoambientais e a forma de uso e
ocupação do solo, nota-se que por meio da classificação de Tricart (op Cit) relacionada a estabilidade
dos ambientes e a forma como esses ambientes estão sendo ocupados leva a um desequilíbrio
ambiental. Caso semelhante de mau uso do solo resultou em sérios problemas de contaminação da
água na Lagoa de Uruaú, ambiente semelhante ao do Catú, onde as maiorias das águas superficiais e
subterrâneas ficaram impróprias para consumo humano.Nogueira (2002). Segundo Mota (1995), a
contaminação das lagoas tem origem em fontes não localizadas, caracterizadas como sendo uma
aplicação difusa dos poluentes na água como, por exemplo: águas de infiltração a partir de
lançamentos de resíduos sólidos e líquidos que são depositados aleatoriamente próximo à lagoa. Valle
(1994) afirma que essa contaminação pode se dar por várias formas: pela poluição orgânica, que
durante a deposição pode provocar redução na taxa de oxigênio; pela presença de nutrientes que
provocam o aumento de crescimento desordenado de vegetais causando assim a eutrofização da lagoa
entre outras formas de poluição. Leom (1999) atribuiu aos esgotos domésticos, que sendo lançados
sem tratamento, contaminam os rios e lagoas com altas concentrações de vírus e bactérias que podem
trazer uma série de doenças como febre tifóide, hepatite, diarréia, cólera entre outras. Portanto a forma
das edificações verificadas na lagoa de Catú e também a presença de uma avicultura constitui um caso
preocupante.
O uso de Jet ski, segundo Gomes (1998) é muito degradante, e muitos mananciais já se
apresentam comprometido. Pois essa prática agita muito as águas formando ondas que vão erodindo as
margens, desenterrando raízes de vegetação o que leva posteriormente a morte da planta acelerando
ainda mais o processo de erosão dessas margens. Portanto essa prática deveria ser proibida em lagoas
costeiras. Outra prática degradante ocorre sobre as dunas, que são os passeios de bugres, com suas
manobras radicais vão acelerando a erosão eólica o que pode levar ao soterramento de áreas produtivas
e da própria lagoa. Sobre as dunas verificou-se a construção de instalações de palha para abrigar esses
veículos durante suas manobras. Quanto a essas modalidades de esportes radicais é importante o
monitoramento por parte de autoridades competentes para que os impactos sejam atenuados.
Devido ao curto tempo de execução desse trabalho, que foi apenas de quatro meses não foi
suficiente para que um diagnóstico mais detalhado pudesse ser obtido, diante disso recomenda-se antes
de tudo um trabalho mais detalhado enfocando e analisando a capacidade ambiental em torno da Lagoa
do Catú, verificando o grau de estabilidade de cada ambiente, como o solo, tipo de sedimento, solo,
drenagem, o clima, entre outros aspectos, para que se possa realizar um plano de uso para o ambiente.
A criação de um plano diretor deve ser feita, mas com a participação de todas as camadas
sócias como a população nativa, os ambientalistas, geólogos, geógrafos, biólogos, donos de sítios e os
empreendedores. Pois o objetivo do plano diretor é o uso sustentável de qualquer local.
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