CONFIGURAÇÃO TERRITORIAL DE DIVINÓPOLIS
PARTE I
Prefeito de Divinópolis Vladimir de Faria Azevedo
Presidente da FUNEDI/UEMG
Gilson Soares
Equipe Técnica da FUNEDI/UEMG
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AA Alcoólicos Anônimos
ACASP Associação Comunitária de Apoio a Segurança Pública
ACID Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Serviços de Divinópolis
ACCCOM Associação de Combate ao Câncer do Centro-Oeste de Minas Gerais
Adefom Associação de Deficientes do Oeste de Minas Gerais
AMVI Associação dos Municípios do Vale do Itapecerica
ANBV Associação Nascentes Bela Vista
ANIP Associação Nacional de Importadores de Pneus
APAE Associação de Pais e Amigos Excepcionais
APP Área de Preservação Permanente
APRAFAD Associação dos Produtores Rurais da Agricultura Familiar
APT Área de Potencial Turístico
AR Organização Não Governamental Ação Renovadora
ARPA Associação Regional de Proteção Ambiental
ASCADI Associação dos Catadores de Divinópolis
CAD Casa de Apoio Diagnóstico
CAIC Centro de Aprendizagem e Integração de Cursos
CBH Pará Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará
CDL Câmara de Dirigentes Lojistas
Cefet Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
CEMEI Centro Municipal de Educação Infantil
CEMAS Centro Municipal de Apoio a Saúde
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
Cetepe Centro Técnico Pedagógico
CID Código Internacional de Doenças
CISVI Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região do Vale do Itapecerica
CMEI Centro Municipal de Ensino Infantil
CODEMA Conselho Municipal de Desenvolvimento Ambiental
Comad Conselho Municipal sobre Drogas
COMPHAP Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico de
Divinópolis
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
COPAM Conselho Estadual de Política Ambiental
Copasa Companhia de Saneamento de Minas Gerais S/A
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social
CRER Centro Regional de Reabilitação
Crevisa Centro Referência em Vigilância Sanitária
CVT Centro Vocacional Tecnológico
DATASUS Departamento de Informática do SUS 4
DATASUS Departamento de Informática do SUS
DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito
EACS Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde
EEE Estação Elevatória de Esgoto
EFOM Estrada de Ferro Oeste de Minas
EJA Educação de Jovens e Adultos
Emater Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas
Gerais
EMOP Empresa Municipal de Obras Públicas e Serviços
ESF Estratégia de Saúde Familiar
ETA Estação de Tratamento de Água
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
FCA Ferrovia Centro-Atlântica
FEAM Fundação Estadual de Meio Ambiente
FJP Fundação João Pinheiro
FMMA Fundação Municipal de Meio Ambiente
FUNEDI Fundação Educacional de Divinópolis
GEEC Grupo Educação Ética e Cidadania
Gepar Grupo Especializado em Policiamento de Áreas de Risco
HSJD Hospital São João de Deus
HAP Hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEB Índice de Desenvolvimento de Educação Básica
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IDH-M Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
IGA Instituto de Geociências Aplicadas
IGA Instituto de Geociências Aplicadas
IGP-DI Índice Geral de Preços/ Disponibilidade Interna
IMA Instituto Mineiro de Agropecuária
INCRA Instituto Nacional de Colonização Agrária
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano
LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MDA Ministério de Desenvolvimento Agrário
MDIC Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio
MEC Ministério de Educação e Ciência
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NEEPI Núcleo de Estudos Epidemiológicos 5
OMS Organização Mundial de Saúde
ONG Organização Não Governamentais
ONU Organização das Nações Unidas
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PDE Plano de Desenvolvimento de Educação
PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
PEV Pontos de Entrega Voluntária
PIB Produto Interno Bruto
PMD Prefeitura Municipal de Divinópolis
PMMG Polícia Militar de Minas Gerais
PMS Plano Municipal de Saneamento
PROERD Programa Educacional de Resistência a Drogas e a Violência
RAIS Relação Anual de Relações Sociais
SBAU Sociedade Brasileira de Arborização Urbana
SECTES Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior
SEDS Secretaria de Estado de Defesa Social
SEMOUDES Secretaria Municipal de Operações Urbanas e Defesa Social
Semusa Secretaria Municipal de Saúde
SEPLAN Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico
Sinvesd Sindicato das Indústrias do Vestuário de Divinópolis
SUS Sistema Único de Saúde
TAC Termo de Ajustamento de Conduta
UNESP Universidade Estadual Paulista
UPA Unidade de Pronto-Atendimento
LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Evolução da urbanização em Divinópolis.................................... 52
FIGURA 2 – Divinópolis e a verticalização da região Central.......................... 54 FIGURA 3 – Centralidades principais de Divinópolis....................................... 60 FIGURA 4 – Densidade Populacional (hab/ha/setor)........................................ 64 FIGURA 5 – Vazios urbanos – Divinópolis........................................................ 70 FIGURA 6 – Distribuição das comunidades rurais........................................... 76 FIGURA 7 – Mapa dos vazios urbanos............................................................ 108 FIGURA 8 – Divisão político-administrativa regional em Minas Gerais....... 110 FIGURA 9 – Localização do município de Divinópolis na Região Centro-Oeste de Minas Gerais................................................................................................. 111 FIGURA 10 – Mapa da bacia do rio Pará......................................................... 114 FIGURA 11 – Mapa de cobertura do solo e uso da terra do município de Divinópolis........................................................................................................ 116 FIGURAS 12 E 13 – Cultivo de eucalipto e produção de carvão vegetal na zona rural do município de Divinópolis........................................................... 121 FIGURA 14 – Rio Itapecerica, cachoeira da ponte do bairro Niterói, em Divinópolis.......................................................................................................... 123 FIGURAS 15 E 16 – Galpões construídos na área de inundação do rio Itapecerica, em Divinópolis............................................................................... 124 FIGURAS 17, 18, 19 E 20 – Área de despejo clandestino de lixo no bairro Ipiranga, próximo à Siderúrgica São Luiz....................................................... 126 FIGURA 21 – Reflorestamento do Projeto Nova Margem às margens do rio Itapecerica, em Divinópolis............................................................................... 127 FIGURA 22 – Situação quanto ao grau de preservação das nascentes analisadas na microbacia do rio Itapecerica no município de Divinópolis.. 129 FIGURAS 23 E 24 – Visão panorâmica da Mata do Noé, em Divinópolis..... 131 FIGURAS 25 E 26 – Ocupação da área por loteamentos e aterro e lixo nas bordas da Mata do Noé, em Divinópolis.......................................................... 131
FIGURAS 27 E 28 – Espelho d’água totalmente recoberto com aguapé e descarte de lixo e resíduos da construção civil em área de APP da Lagoa da Sidil, em Divinópolis.......................................................................................... 133 FIGURAS 29, 30, 31 E 32 – Entrada do parque (A) e instalações para promoção de eventos culturais, educativos e científicos (B, C e D)............ 134 FIGURAS 33, 34, 35 E 36 – Aulas noturnas de campo do curso de Ciências Biológicas (A); curso de Extensão em Avaliação Ambiental (B); visita de alunos de escolas públicas (C); e gravação do programa Música Ambiente (D)........................................................................................................................ 135 FIGURAS 37 E 38 – Vista panorâmica da vegetação da área do Parque Linear Danilo Passos, em Divinópolis......................................................................... 136 FIGURA 39 – Foto de satélite da área do Parque Linear Danilo Passos, em Divinópolis.......................................................................................................... 136 FIGURAS 40, 41, 42 E 43 – (A) Portaria do Parque; (B) Local de lazer para crianças; (C) Área de plantio de mudas (recuperação); e (D) Área de vegetação em APP............................................................................................. 138 FIGURA 44 – Foto de satélite da área do Parque da Ilha, em Divinópolis.... 139 FIGURA 45 – Limite da área das nascentes.................................................... 140 FIGURAS 46 E 47 – Visão panorâmica da área onde se encontra as nascentes do Bela Vista, em Divinópolis........................................................................... 141 FIGURAS 48 E 49 – Duas das principais nascentes existentes na área....... 141 FIGURAS 50 E 51 – Trilhas de beleza cênica em meio à mata...................... 142 FIGURAS 52 E 53 – Escalada e rapel em pedreira dentro da área das nascentes........................................................................................................... 142 FIGURAS 54 E 55 – Voçorocas que são potencializadas pela enxurrada que desce das ruas à montante da área................................................................ 143 FIGURAS 56 E 57 – Casa interditada pela Defesa Civil por risco de desabamento; o imóvel se encontra na APP de uma das nascentes........... 144 FIGURAS 58 E 59 – Lixo comumente encontrado em toda a área............... 144 FIGURA 60 – Lixo oriundo do uso de drogas ilícitas dentro da área das nascentes........................................................................................................... 145
FIGURAS 61 E 62 – Vestígios de queimada que, segundo o sr. Geraldo, acomete à área anualmente.............................................................................. 147 FIGURA 63 – Fogo na área das nascentes...................................................... 147 FIGURAS 64 E 65 – Área de APP utilizada pela Copasa para passagem de tubulação............................................................................................................ 148 FIGURAS 66 E 67 – Especulação imobiliária: sr. Geraldo mostra intervenções irregulares em APP visando à abertura de ruas (observar a instalação de postes para iluminação) ................................................................................... 148 FIGURA 68 – Mapa do Índice de Área Verde por habitante em Divinópolis.......................................................................................................... 151 FIGURAS 69 E 70 – Degradação de árvores na área urbana de Divinópolis.......................................................................................................... 153 FIGURA 71 – Regiões de planejamento: Noroeste Rural............................... 155 FIGURA 72 – Regiões de planejamento: Sudoeste Rural.............................. 156 FIGURA 73 – Comportamento migratório da zona rural para a área urbana no município de Divinópolis, de 1960 a 2010....................................................... 157 FIGURA 74 – Rendimento do trabalhador de Divinópolis (em salários), no ano de 2010................................................................................................................ 158 FIGURAS 75 E 76 – Sinalização nas estradas rurais do município de Divinópolis.......................................................................................................... 162 FIGURAS 77, 78, 79 E 80 – Locais de acondicionamento de lixo para coleta pelo caminhão nas comunidades rurais......................................................... 163 FIGURAS 81 E 82 – Coletores de lixo reciclável nas comunidades rurais... 164 FIGURAS 83 E 84 – Sistema de coleta e distribuição de água...................... 164 FIGURA 85 – Sistema de tratamento de esgoto em Buritis........................... 165 FIGURAS 86, 87, 88 E 89 – Áreas de chacreamento nas comunidades rurais do município de Divinópolis............................................................................. 168 FIGURA 90 – Evolução da área plantada (ha) no município de Divinópolis – MG, de 1990 a 2011............................................................................................ 171 FIGURAS 91 E 92 – Agricultura familiar nas comunidades rurais do município............................................................................................................ 172
FIGURA 93 – Cultivo de banana na comunidade de Lava-pés...................... 175 FIGURA 94 – Área plantada com culturas temporárias em Divinópolis, no ano de 2011................................................................................................................ 176 FIGURA 95 – Produtividade média do milho no município de Divinópolis, de 2000 a 2010......................................................................................................... 177 FIGURAS 96 E 97 – Produção de eucalipto nas comunidades rurais do município de Divinópolis.................................................................................. 179 FIGURA 98 – Ocupação do solo (ha) por essências florestais no município de Divinópolis – MG nos anos de 2007 e 2009..................................................... 180 FIGURA 99 – Cobertura vegetal (ha) no município de Divinópolis – MG nos anos de 2007 e 2009.......................................................................................... 181 FIGURAS 100 E 101 – Pecuária na zona rural do município de Divinópolis.......................................................................................................... 183 FIGURA 102 – Produção pecuária (em número de cabeças) no município de Divinópolis – MG, ano 2009 a 2011.................................................................. 183 FIGURA 103 – Produção de ovos de galinha (mil dúzias), ovos de codorna (mil dúzias), leite de vaca (mil litros) e mel de abelha (kg) no município de Divinópolis – MG, 2009-2011............................................................................. 184 FIGURA 104 – Principais atividades agropecuárias nas comunidades rurais em Divinópolis................................................................................................... 187 FIGURA 105 – Divulgação de cavalgada na comunidade de Cachoeirinha...................................................................................................... 189 FIGURAS 106 E 107 – Comunidade de Amadeu Lacerda.............................. 190 FIGURAS 108 E 109 – Locais com potencial turístico nas comunidades de Cachoeira (Ponte de Ferro) e Lago das Roseiras........................................... 192 FIGURAS 110, 111, 112 E 113 – Serra Calçada, próximo a Amadeu Lacerda............................................................................................................... 193 FIGURA 114 – Áreas de Potencial Turístico (APTs) na zona rural do município de Divinópolis.................................................................................. 194 FIGURAS 115 E 116 – Projeto balde Cheio e a produção leiteira.................. 196 FIGURAS 117 E 118 – Estradas em boas condições na área rural............... 199
FIGURA 119 – Programa Prato Rural no Quilombo........................................ 202 FIGURA 120 – Trecho onde as rodovias MG-050 e BR-494 se sobrepõem.. 218 FIGURA 121 – Volume de passageiros do transporte púbico coletivo em Divinópolis por área, 2012................................................................................ 241 FIGURA 122 – Interseção da rua Goiás e da avenida Primeiro de Junho.... 246 FIGURAS 123 E 124 – Travessias para pedestres na área central com e sem acessibilidade para pessoas com necessidades especiais.......................... 252 FIGURA 125 – Interseção da avenida Primeiro de Junho e da Rua São Paulo, com o pórtico e travessia de pedestres coberta............................................ 253 FIGURA 126 – Trechos viários sem calçadas................................................. 255 FIGURA 127 – Divisão das calçadas em três faixas....................................... 255 FIGURA 128 – Distribuição espacial e áreas atendidas pelo serviço de transporte público coletivo............................................................................... 262 FIGURA 129 – Ponto de ônibus na rua Pernambuco, entre as avenidas Primeiro de Junho e Getúlio Vargas................................................................ 263 FIGURA 130 – mortes em acidentes de trânsito em Minas Gerais 2002-2010 ............................................................................................................................. 268 FIGURA 131 – Alteração do hidrograma em função da urbanização............ 278 FIGURA 132 – Locação dos pontos críticos da drenagem pluvial................ 284 FIGURA 133 – Mancha de inundação do rio Itapecerica dentro da área urbana................................................................................................................. 288 FIGURA 134 – Localização da ETA Itapecerica às margens do rio............... 289 FIGURA 135 – Inundação da ETA do Itapecerica em 2008............................. 289 FIGURA 136 – Esgoto – Atendimento pelo sistema de esgotamento sanitário.............................................................................................................. 297 FIGURA 137 – Equipamentos de esgoto......................................................... 300 FIGURA 138 – Regionalização do abastecimento de água........................... 305 FIGURA 139 – Áreas de Intermitência no Abastecimento de água.............. 307 FIGURA 140 – Total anual de coleta de lixo domiciliar.................................. 326 FIGURAS 141, 142, 143 E 144 – Locais de acondicionamento de lixo para coleta pelo caminhão nas comunidades rurais............................................. 345
FIGURAS 145 E 146 – Coletores de lixo reciclável nas comunidades rurais................................................................................................................... 346 FIGURA 147 – Divulgação de cavalgada em Cachoeirinha........................... 407 FIGURA 148 – Comunidade de Amadeu Lacerda........................................... 408 FIGURAS 149 E 150 – Locais com potencial turístico nas comunidades de Cachoeira (Ponte de Ferro) e Lago das Roseiras........................................... 410 FIGURAS 151, 152, 153 E 154 – Serra Calçada, próximo a Amadeu Lacerda............................................................................................................... 411 FIGURA 155 – Mapa do preço médio do metro quadrado do terreno de Divinópolis – 2012.............................................................................................. 424 FIGURA 156 – Rede urbana regional – AMVI.................................................. 429 FIGURA 157 – Mapa mental de Paulo Henrique Batista, que identificou elementos históricos: o Rio e o Pontilhão, a Praça da Estação e o Casarão (onde funciona o Museu) e a Catedral............................................................. 432 FIGURA 158 – Condição social da família....................................................... 441 FIGURA 159 – Mapa da região Central de Divinópolis................................... 445 FIGURA 160 – Mapa da área de fronteira entre as regiões Central, Nordeste e Sudeste, constituindo-se em um corredor de vulnerabilidades................... 451 FIGURA 161 – Mapa da Região Sudeste de Divinópolis................................ 457 FIGURA 162 – Imagem da Região Sudeste e da rua Bom Sucesso e avenida México................................................................................................................ 561 FIGURA 163 – Localização dos Bairros Dona Rosa e Santa Rosa – Região Sudeste............................................................................................................... 466 FIGURA 164 – Localização dos bairros Dona Quita, Paraíso e Jusa Fonseca –Região Sudeste.................................................................................................. 467 FIGURA 165 – Localização dos Bairros Nossa Senhora das Graças, Santa Tereza, Nova Holanda, Nossa Senhora de Lourdes e Mar e Terra................ 469 FIGURA 166 – Localização dos Bairros Santos Dumont, Aeroporto, Quinta das Palmeiras, Maria Peçanha, Terra Azul e Costa Azul............................... 470 FIGURA 167 – Mapa da Região Nordeste de Divinópolis.............................. 473 FIGURA 168 – Mapa da região Noroeste de Divinópolis................................ 482
FIGURA 169 – Mapa da região Sudoeste de Divinópolis............................... 490 FIGURA 170 – Mapa da região Nordeste Distante de Divinópolis................ 496 FIGURA 171 – Mapa da região Oeste de Divinópolis..................................... 501 FIGURA 172 – Mapa da região Sudoeste Distante de Divinópolis................ 505 FIGURA 173 – Mapa da Região Noroeste Distante de Divinópolis – Santo Antônio dos Campos......................................................................................... 510 FIGURA 174 – Mapa da região Noroeste Rural de Divinópolis...................... 521 FIGURA 175 – Mapa da região Sudoeste Rural de Divinópolis..................... 527 FIGURA 176 – Mapa da diversidade cultural de Divinópolis......................... 536 FIGURA 177 – Terno de Folia de Reis do bairro Afonso Pena....................... 544 FIGURA 178 – Avenida 1° de Junho esquina com rua São Paulo, onde se concentram comércio popular, bancos, Receita Federal, Câmara Municipal e diversos serviços; o local é palco de manifestações sociais, culturais, artísticas e políticas........................................................................................... 555 FIGURA 179 – Vista de Divinópolis e do rio Itapecerica................................ 557 FIGURA 180 – Rio Itapecerica e o pontilhão David Guerra............................ 559
FIGURA 181 – Mapa mental de Paulo Henrique Batista, que identificou elementos históricos: o rio e o pontilhão, a praça da Estação e o Casarão (onde funciona o museu) e a catedral............................................................ 561 FIGURA 182 – Teatro Municipal Usina Gravatá............................................. 562 FIGURA 183 – Museu Histórico de Divinópolis, na praça da Catedral......... 566 FIGURA 184 – Estação Ferroviária de Ermida................................................ 568 FIGURA 185 – Encontro preparatório ocorrido dia 28/11/2012, no auditório da E. E. Lauro Epifânio, no bairro Interlagos, região Sudeste........................... 592 FIGURA 186 – Mapa da taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais (%), dos municípios da região de planejamento Centro-Oeste de Minas Gerais – 2010...................................................................................................... 637 FIGURA 187 – Taxa de Analfabetismo entre adultos, por regiões de planejamento...................................................................................................... 641 FIGURA 188 – Construção da Praça dos Esportes e da Cultura no bairro N. S. das Graças, localizado na região SE............................................................... 645
FIGURA 189 – Determinantes da saúde........................................................... 652 FIGURA 190 – Etapas do processo do Plano Diretor Participativo de Divinópolis.......................................................................................................... 688 FIGURA 191 – Lançamento do Plano Diretor Participativo de Divinópolis.. 689 FIGURA 192 – Posse do Conselho Gestor do Plano Diretor Participativo de Divinópolis.......................................................................................................... 691 FIGURA 193 – Capacitação dos professores da EJA..................................... 692 FIGURA 194 – Encontro temático de Agricultura Familiar Local.................. 693 FIGURA 195 – Encontro preparatório da região Central................................ 696 FIGURA 196 – Encontro preparatório da região Nordeste............................. 697 FIGURA 197 – Encontro preparatório da região Sudeste.............................. 698 FIGURA 198 – Encontro preparatório da região Sudoeste........................... 699 FIGURA 199 – Encontro preparatório da região Nordeste Distante............. 700 FIGURA 200 – Encontro preparatório da região Noroeste Distante............. 702 FIGURA 201 – Reunião da Equipe Técnica do Plano Diretor Participativo de Divinópolis......................................................................................................... 704 FIGURA 202 – Programete coleta de lixo........................................................ 705 FIGURA 203 – Programete saneamento básico............................................. 706 FIGURA 204 – Programete mobilidade urbana............................................... 707 FIGURA 205 – Programete trânsito.................................................................. 708 FIGURA 206 – Programete lazer....................................................................... 709 FIGURA 207 – Reunião com os rotarianos sobre o Plano Diretor................ 710 FIGURA 208 – Reunião do Plano Diretor com diretores da CDL................... 712 FIGURA 209 – Reunião da Coordenação do Plano Diretor com os representantes da FIEMG.................................................................................. 713 FIGURA 210 – Reunião da equipe do Plano Diretor com associados e diretores da CDL................................................................................................ 716 FIGURA 211 – Audiência pública da região Central....................................... 721 FIGURA 212 – Audiência pública da região Sudeste..................................... 722 FIGURA 213 – Audiência pública da região Nordeste.................................... 723 FIGURA 214 – Audiência pública da região Noroeste.................................... 725
FIGURA 215 – Audiência pública da região Sudoeste................................... 727 FIGURA 216 – Audiência pública da região Nordeste Distante.................... 728 FIGURA 217 – Audiência pública da região Oeste......................................... 729 FIGURA 218 – Audiência pública da região Sudoeste Distante.................... 730 FIGURA 219 – Audiência pública da região Noroeste Distante.................... 731 FIGURA 220 – Audiência pública da região Sudoeste Rural......................... 732 FIGURA 221 – Audiência pública da região Noroeste Rural......................... 734 FIGURA 222 – Conferência da Cidade............................................................. 735
LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – Taxa real do crescimento do PIB do Brasil, de Minas Gerais e de Divinópolis.................................................................................................... 365 GRÁFICO 2 – Taxa real do crescimento do PIB no Brasil, em Minas Gerais e em Divinópolis – Ano-base: 2004..................................................................... 366 GRÁFICO 3 – Participação do PIB de Divinópolis na microrregião.............. 367 GRÁFICO 4 – Classificação do PIB de Divinópolis no ranking estadual..... 369 GRÁFICO 5 – Participação dos setores econômicos no total do valor adicionado – Divinópolis – 1999 a 2010.......................................................... 370 GRÁFICO 6 – Evolução do mercado de trabalho formal em Divinópolis – 2007 a 2011.................................................................................................................. 375 GRÁFICO 7 – Criação de empregos em Divinópolis – 2007-2012................. 376 GRÁFICO 8 – Criação de postos de trabalho nos serviços, na agropecuária, construção e comércio – 2007-2011................................................................ 377 GRÁFICO 9 – Criação de postos de trabalho por subsetor........................... 378 GRÁFICO 10 – Criação de postos de trabalho na indústria de transformação – 2007-2011......................................................................................................... 379 GRÁFICO 11 – Criação de postos de trabalhos por subsetor....................... 380 GRÁFICO 12 – Renda per capita das principais cidades da região Centro-Oeste de Minas Gerais...................................................................................... 386 GRÁFICO 13 – Evolução da área plantada em ha – Divinópolis................... 387 GRÁFICO 14 – Área plantada em Divinópolis – 2011..................................... 388 GRÁFICO 15 – Área plantada por culturas permanentes em Divinópolis – 2011..................................................................................................................... 389 GRÁFICO 16 – Produtividade média da laranja – Kg/ha................................ 390 GRÁFICO 17 – Área plantada com culturas temporárias em Divinópolis – 2011.................................................................................................................... 391 GRÁFICO 18 – Produtividade média do milho – Kg/ha................................. 392 GRÁFICO 19 – Evolução populacional – Divinópolis – 1960 a 2010............ 395 GRÁFICO 20 – Rendimento do trabalhador de Divinópolis – 2010.............. 396
GRÁFICO 21 – Ocupação do solo (ha) por essências florestais no município de Divinópolis nos anos de 2007 e 2009......................................................... 400 GRÁFICO 22 – Cobertura vegetal (ha) no município de Divinópolis nos anos de 2007 e 2009.................................................................................................... 401 GRÁFICO 23 – Produção pecuária (em número de cabeças) no município de Divinópolis – ano 2009 a 2011.......................................................................... 403 GRÁFICO 24 – Produção de ovos de galinha (mil dúzias), ovos de codorna (mil dúzias), leite de vaca (mil litros) e mel de abelha (kg) no município de Divinópolis – 2009-2011.................................................................................... 404 GRÁFICO 25 – Principais atividades agropecuárias nas comunidades rurais em Divinópolis................................................................................................... 405 GRÁFICO 26 – Classificação de Divinópolis entre os municípios exportadores no Brasil...................................................................................... 418 GRÁFICO 27 – Número de domicílios permanentes em Divinópolis............ 419 GRÁFICO 28 – Ocorrência de Crimes Violentos no Município de Divinópolis/MG, por Regiões de Planejamento – 2004 a 2011...................... 452 GRÁFICO 29 – Ocorrência de crimes violentos na região de planejamento Nordeste de Divinópolis/MG – 2004 a 2011..................................................... 479 GRÁFICO 30 – Ocorrência de homicídios consumados em Divinópolis/MG, por regiões de Planejamento – 2004 a 2011.................................................... 480 GRÁFICO 31 – População residente por faixa etária – 2010.......................... 514 GRÁFICO 32 – Pessoas de 15 anos ou mais de idade, residentes na zona rural, por nível de instrução e grupos de idade.............................................. 515 GRÁFICO 33 – Classes de rendimento nominal mensal domiciliar da zona rural..................................................................................................................... 516 GRÁFICO 34 – Pessoas de 10 anos ou mais ocupadas, com domicílio na área rural, segundo setores econômicos e classe de atividade do trabalho principal – 2010.................................................................................................. 517 GRÁFICO 35 – Principais atividades agropecuárias nas comunidades rurais em Divinópolis/MG............................................................................................. 518
GRÁFICO 36 – Indicadores de Vulnerabilidade Social – Região Noroeste Rural.................................................................................................................... 525 GRÁFICO 37 – Indicadores de Vulnerabilidade Social – Região Sudoeste Rural.................................................................................................................... 529 GRÁFICO 38 – Taxa de frequência ao Ensino Fundamental – 2000 a 2010..................................................................................................................... 623 GRÁFICO 39 – Taxa de frequência ao ensino médio, 2000 a 2010............... 628 GRÁFICO 40 – Pessoas de 10 anos ou mais de idade, por nível de instrução – Total.................................................................................................................... 634 GRÁFICO 41 – População de 10 anos e mais sem instrução e fundamental incompleto.......................................................................................................... 635 GRÁFICO 42 – População de 10 anos e mais sem instrução e fundamental incompleto.......................................................................................................... 636 GRÁFICO 43 – Número de analfabetos jovens (15 a 24 anos)...................... 639 GRÁFICO 44 – Número de internações por região de planejamento........... 663 GRÁFICO 45 – Coeficiente de mortalidade segundo o tipo de causa externa (por mil/hab.) – Divinópolis, 2002-2011........................................................... 667 GRÁFICO 46 – Área urbana.............................................................................. 679 GRÁFICO 47 – Área rural.................................................................................. 680
GRÁFICO 48 – Homicídios consumados por região de planejamento......... 681 GRÁFICO 49 – Crimes violentos contra o patrimônio por região de planejamento...................................................................................................... 682 GRÁFICO 50 – Crimes violentos contra o patrimônio por regiões rurais.... 683
LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Fases da ocupação....................................................................... 45 QUADRO 2 – Porcentual de domicílios em apartamento................................. 68 QUADRO 3 – Perímetro urbano e áreas parceladas......................................... 71 QUADRO 4 – Proporção dos perímetros urbanos de cidades do Centro-Oeste Mineiro.................................................................................................................. 72 QUADRO 5 – Distância da sede às comunidades rurais................................. 77 QUADRO 6 – Comunidades rurais com áreas de urbanização em Divinópolis............................................................................................................ 78 QUADRO 7 – Estado das rodovias BR-494 e MG-050 em 2012..................... 207 QUADRO 8 – Relação dos destinos das viagens realizadas a partir do terminal rodoviário de Divinópolis................................................................... 216 QUADRO 9 – Velocidades máximas recomendadas em vias urbanas......... 222 QUADRO 10 – Viadutos e trincheiras de transposição dos obstáculos...... 226 QUADRO 11 – Principais características da concessão do transporte coletivo de Divinópolis – 2012........................................................................................ 259 QUADRO 12 – Principais características operacionais do sistema de transporte coletivo de Divinópolis – 2012....................................................... 260 QUADRO 13 – Dados referentes ao cadastramento dos mototaxistas e motofrentistas em set. e out./2012................................................................... 275 QUADRO 14 – Comunidades rurais com áreas de potencial turístico por comunidade rural no município de Divinópolis.............................................. 409 QUADRO 15 – Equipamentos públicos na região Noroeste Rural................ 523 QUADRO 16 – Número de famílias atingidas pela enchente em Divinópolis/MG em 2008/2009........................................................................... 534 QUADRO 17 – Relação das irmandades e guardas do Reinado Divinópolis – 2012..................................................................................................................... 542 QUADRO 18 – Eventos com potencialidade de tradição – 2012................... 549 QUADRO 19 – Festas tradicionais da cidade – 2012...................................... 550
QUADRO 20 – Praças do município de Divinópolis – Região de planejamento..................................................................................................... 570 QUADRO 21 – Praças rurais do município de Divinópolis............................ 572 QUADRO 22 – Comparação de modelos de política patrimonial.................. 576 QUADRO 23 – Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) Cultura – 2000-2006............................................................................................................ 581 QUADRO 24 – Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) Gastos per
capita e esforço orçamentário – Cultura – 2000-2010.................................... 582 QUADRO 25 – Pontuação do ICM-Patrimônio Cultural Divinópolis – 1996-2011..................................................................................................................... 583 QUADRO 26 – Relação de bens tombados pelo município de Divinópolis até o ano de 2011..................................................................................................... 590 QUADRO 27 – Mapeamento dos equipamentos e atividades de esporte e lazer desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Esporte de Divinópolis – 2012..................................................................................................................... 647 QUADRO 28 – Efetivo da Polícia Civil.............................................................. 687 QUADRO 29 – Clipping 24/1/2013..................................................................... 711 QUADRO 30 – Clipping 26/2/2013..................................................................... 714 QUADRO 31 – Clipping 27/2/2013..................................................................... 717
LISTA DE TABELAS TABELA 1 – População de Divinópolis, entre 1960 e 2010, por situação de domicílio............................................................................................................... 62 TABELA 2 – Taxa de Crescimento Geométrico (TCG) de Divinópolis, entre 1960 e 2010, por situação de domicílio (em %)................................................. 62 TABELA 3 – Distribuição da população por região de planejamento (população residente em domicílios particulares............................................ 63 TABELA 4 – Distribuição das tipologias de domicílio por região de planejamento (domicílios particulares permanentes)...................................... 65 TABELA 5 – Inserção de Divinópolis nas regiões político-administrativas. 112 TABELA 6 – Índice de área verde pública por habitante em Divinópolis..... 149 TABELA 7 – Áreas verdes particulares e públicas significativas em Divinópolis.......................................................................................................... 152 TABELA 8 – Comunidades rurais do município de Divinópolis e seus núcleos polarizantes........................................................................................................ 160 TABELA 9 – Distância da sede às comunidades rurais do município de Divinópolis.......................................................................................................... 161 TABELA 10 – Comunidades rurais com áreas de urbanização no município de Divinópolis.................................................................................................... 166 TABELA 11 – Estrutura fundiária de Divinópolis........................................... 172 TABELA 12 – Número de estabelecimentos agropecuários de Divinópolis em 2006 por condição do produtor em relação às terras e grupos de atividade econômica e grupos de área total.................................................................... 174 TABELA 13 – Área (ha) ocupada por culturas permanentes no município de Divinópolis, do ano de 2000 a 2011.................................................................. 175 TABELA 14 – Área (ha) ocupada por culturas temporárias no município de Divinópolis.......................................................................................................... 178 TABELA 15 – Efetivo dos rebanhos por tipo de criação em Divinópolis – MG, nos anos de 2001 e 2011................................................................................... 182
TABELA 16 – Produção agropecuária por núcleo polarizante (e comunidades polarizadas) no município de Divinópolis....................................................... 185 TABELA 17 – Áreas de produção industrial, artesanal e minerária por comunidade rural em Divinópolis.................................................................... 188 TABELA 18 – Comunidades rurais com áreas de potencial turístico por comunidade rural no município de Divinópolis.............................................. 191 TABELA 19 – Evolução da frota de veículos de Divinópolis por tipo de veículo – 2001-2012........................................................................................... 235 TABELA 20 – Evolução da frota total de veículos de Divinópolis – 2001-2012..................................................................................................................... 235 TABELA 21 – Áreas com maiores volumes de passageiros de transporte público coletivo nas áreas................................................................................ 239 TABELA 22 – Síntese dos dados da pesquisa origem-destino dos deslocamentos em transporte coletivo em Divinópolis – 2012..................... 242 TABELA 23 – Volumes de tráfego entre 17h30 e 18h30 em 13 interseções da área central de Divinópolis – 2002 2007.......................................................... 249 TABELA 24 – mortes em acidentes de trânsito, por tipo de acidente, no Brasil – 2000-2007......................................................................................................... 268 TABELA 25 – Pesquisa de tráfego de veículos de carga no bairro Niterói – Setembro de 2011.............................................................................................. 271 TABELA 26 – Vias com estacionamento rotativo regulamentado no Centro de Divinópolis.......................................................................................................... 272 TABELA 27 – Pontos de inundação decorrente da urbanização................... 282 TABELA 28 – Regiões afetadas pelas inundações do Itapecerica................ 287 TABELA 29 – Composição gravimétrica do lixo em alguns países.............. 300 TABELA 30 – Faixas mais utilizadas da geração per capitã.......................... 321 TABELA 31 – Código de cores dos resíduos sólidos recicláveis................. 331 TABELA 32 – Composição média do entulho de obra no Brasil................... 337 TABELA 33 – Disposição final do lixo no Brasil............................................. 341 TABELA 34 – Disposição final do lixo em Minas Gerais................................ 342
TABELA 35: Produto interno bruto de Divinópolis, em bilhões de R$ a preços correntes e respectivas participações na região............................................ 364 TABELA 36: Municípios com os maiores PIBs de Minas Gerais – 2010...... 368 TABELA 37 – PIB (%) por setor econômico no Brasil, em Minas Gerais e em Divinópolis.......................................................................................................... 369 TABELA 38: Classificação das atividades econômicas e número de empresas e outras organizações em Divinópolis........................................... 372 TABELA 39 – Evolução do pessoal ocupado total, pessoal assalariado e salários médios.................................................................................................. 373 TABELA 40 – Distribuição da população economicamente ativa em 2010.. 376 TABELA 41 – Salário médio de admissão das ocupações de Divinópolis –2011 (em R$)....................................................................................................... 382 TABELA 42 – Salário médio mensal por atividade em 2010.......................... 383 TABELA 43 – Renda per capita no Brasil, em Minas Gerais e em Divinópolis –2010..................................................................................................................... 384 TABELA 44 – Renda per capita do Brasil, de Minas Gerais e por regiões de planejamento de Minas Gerais......................................................................... 385 TABELA 45 – Área ocupada por culturas permanentes em Divinópolis – ha......................................................................................................................... 390 TABELA 46 – Área ocupada por culturas temporárias em Divinópolis – ha......................................................................................................................... 393 TABELA 47 – Número de estabelecimentos agropecuários de Divinópolis em 2006 por condição do produtor em relação às terras e grupos de atividade econômica e grupos de área total.................................................................... 394 TABELA 48 – Pessoal ocupado em estabelecimentos agropecuários – Divinópolis.......................................................................................................... 397 TABELA 49 – Número e área dos estabelecimentos agropecuários, por condição do produtor em relação às terras e agricultura familiar em Divinópolis – 2006.............................................................................................. 397 TABELA 50 – Estrutura fundiária de Divinópolis – MG.................................. 398 TABELA 51 – Quantidade produzida na silvicultura de Divinópolis............. 399
TABELA 52 – Efetivo dos rebanhos por tipo de criação em Divinópolis..... 402 TABELA 53 – Áreas de produção industrial, artesanal e minerária por comunidade rural em Divinópolis.................................................................... 406 TABELA 54 – Evolução da balança comercial de Divinópolis...................... 413 TABELA 55 – Principais produtos importados por Divinópolis – Jan./out. de 2012..................................................................................................................... 414 TABELA 56 – Principais origens das importações de Divinópolis – Jan./out. de 2012............................................................................................................... 415 TABELA 57 – Destinos das exportações de Divinópolis – Jan./out. 2012.. 416 TABELA 58 – Principais produtos exportados por Divinópolis – Jan./out. de 2012..................................................................................................................... 417 TABELA 59 – Domicílios particulares permanentes por situação e número de moradores.......................................................................................................... 420 TABELA 60 – Número de domicílios particulares permanentes alugados.. 420 TABELA 61 – Número de domicílios por tipo de construção em Divinópolis.......................................................................................................... 421 TABELA 62 – Número de apartamentos – 2010.............................................. 421 TABELA 63 – Condomínios implantados em Divinópolis 2004-2011........... 423 TABELA 64 – Preço médio do terreno na região central de Divinópolis – R$/m2................................................................................................................... 425
TABELA 65 – Preço médio do terreno na região Noroeste de Divinópolis – R$/m2.................................................................................................................. 425
TABELA 66 – Preço médio do terreno na região sudoeste de Divinópolis – R$/m2................................................................................................................... 426 TABELA 67 – Preço médio do terreno na região Nordeste distante de Divinópolis – R$/m2............................................................................................ 427
TABELA 68 – Preço do metro quadrado na zona rural de Divinópolis......... 428 TABELA 69 – Domicílios particulares permanentes, por classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita – 2010............................. 440 TABELA 70 – Déficit Habitacional Básico e Inadequação dos domicílios urbanos em Divinópolis/MG............................................................................. 531
TABELA 71 – Distribuição da população de Divinópolis por região............ 601 TABELA 72 – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB – Divinópolis – 2011.............................................................................................. 620 TABELA 73 – Número de escolas da educação básica, por rede de ensino................................................................................................................. 621 TABELA 74 – Matrículas da educação especial por dependência administrativa e nível/modalidade – Divinópolis – 2012................................ 626 TABELA 75 – Pessoas de 10 anos ou mais de idade, por nível de instrução, segundo a situação do domicílio, o sexo e os grupos de idade................... 633 TABELA 76 – Número de analfabetos e taxa de analfabetismo da população jovem (15 a 24 anos) de Divinópolis................................................................ 638 TABELA 77 – Número de analfabetos e taxa de analfabetismo da população adulta (25 a 59 anos) de Divinópolis................................................................ 640 TABELA 78 – Mortalidade infantil por mil nascidos vivos............................. 656 TABELA 79 – Mortalidade Infantil (mil nascidos vivos) por região de Planejamento...................................................................................................... 657 TABELA 80 – Óbitos de < 1 ano residentes no município de Divinópolis por região – 2011...................................................................................................... 658 TABELA 81 – Óbitos de < 1 ano residentes no município de Divinópolis por região – 2012...................................................................................................... 659 TABELA 82 – Informações sobre nascimentos de residentes em Divinópolis/MG, 2002 a 2011............................................................................. 660 TABELA 83 – Taxa bruta Natalidade por região de planejamento – 2012... 661 TABELA 84 – Internações hospitalares de residentes em Divinópolis/MG por grupos de causas e sexo, 2011........................................................................ 662 TABELA 85 – Número de casos notificados no município no período de 2011-2012..................................................................................................................... 665 TABELA 86 – Mortalidade proporcional (%) de residentes em Divinópolis por faixa etária.......................................................................................................... 666 TABELA 87 – Quadro de pessoal da área da saúde da Prefeitura Municipal de Divinópolis.......................................................................................................... 669
TABELA 88 – Procedimentos/município......................................................... 672 TABELA 89 – Evolução dos crimes violentos no município de Divinópolis.......................................................................................................... 677 TABELA 90 – Evolução de homicídios consumados em Divinópolis.......... 677 TABELA 91 – Síntese dos relatos dos encontros preparatórios.................. 678 TABELA 92 – Projetos Proerd e Rede de Vizinhos Protegidos distribuídos por região........................................................................................................... 685 TABELA 93 – Agenda dos encontros preparatórios...................................... 694 TABELA 94 – Agenda das audiências públicas.............................................. 719
SUMÁRIO APRESENTAÇÃO................................................................................................. 38 IDENTIDADE CULTURAL DE DIVINÓPOLIS...................................................... 39 1 – DIRETRIZES METODOLÓGICAS PARA A REVISÃO DO PLANO DIRETOR.............................................................................................................. 42 2 – EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO DO MUNICÍPIO.............................................. 44 2.1 Introdução...................................................................................................... 44 2.2 Fases da ocupação........................................................................................ 44 2.3 Primeiras ocupações nas proximidades da Cachoeira Grande................ 45 2.4 Consolidação do núcleo............................................................................... 46 2.5 Criação do entroncamento ferroviário........................................................ 47 2.6 Plano de Antônio Olímpio de Morais........................................................... 47 2.7 Aparecimento e consolidação dos primeiros bairros............................... 48 2.8 Expansão espontânea dos primeiros bairros............................................ 49 2.9 Expansão urbana desordenada.................................................................... 51 2.10 Instituição de instrumentos de controle da expansão urbana................ 55 2.11 O surgimento de condomínios fechados.................................................. 56 2.12 Parcelamento irregular da zona rural........................................................ 57 2.13 A instalação de grandes empreendimentos habitacionais urbanos...... 58 2.14 As diversas centralidades de Divinópolis................................................. 58 2.15 Evolução urbana e aspectos demográficos.............................................. 61 2.16 Distribuição atual da população................................................................. 63 2.17 Distribuição atual dos domicílios............................................................... 65 2.18 O quadro atual da ocupação....................................................................... 66 2.19 Configuração da mancha urbana............................................................... 67 2.20 O perímetro urbano..................................................................................... 71 2.21 Ocupação e estruturação rural.................................................................. 74
3 – LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA E CARTOGRAFIA......................................... 80 3.1 Introdução...................................................................................................... 80 3.2 Legislação urbanística federal..................................................................... 81 3.3 Legislação urbanística municipal................................................................ 82 3.4 Lei de Uso e Ocupação do Solo................................................................... 82 3.5 Código de Obras............................................................................................ 83
3.6 Código de Posturas....................................................................................... 84
3.7 Lei Municipal de Parcelamento do Solo...................................................... 84
3.8 Código Municipal de Saúde.......................................................................... 85
3.9 “Lei dos Franciscanos” (regulamenta a ocupação do quarteirão do Santuário de Santo Antônio) ............................................................................. 85
3.10 Lei Municipal de Meio Ambiente................................................................ 86
3.11 Lei do Perímetro Urbano............................................................................. 86
3.12 Plano Diretor................................................................................................ 87 3.13 Dinâmica utilizada na elaboração e aprovação........................................ 87 3.14 Principais características........................................................................... 87 3.15 Relação entre o Plano Diretor e o Estatuto da Cidade............................ 88 3.16 Relação entre o Plano Diretor e a Lei 12608/2012 – Política Nacional de Proteção e Defesa Civil....................................................................................... 92 3.17 Áreas especiais............................................................................................ 92
3.18 Sistema de acompanhamento e controle – Gestão democrática da cidade.................................................................................................................... 93
3.19 Cartografia e planta de valores.................................................................. 97 3.19.1 Cartografia básica..................................................................................... 97
3.19.2 Material disponível.................................................................................... 98
3.20 Planta de valores......................................................................................... 99 3.20.1 Situação atual.......................................................................................... 100
4 – ASPECTOS AMBIENTAIS............................................................................ 101 4.1 Caracterização geográfica.......................................................................... 110
4.2 Relevo e geologia........................................................................................ 112
4.3 Hidrografia................................................................................................... 113 4.4 Clima............................................................................................................. 115
4.5 Flora e fauna................................................................................................. 115 4.6 Comprometimento ambiental..................................................................... 117 4.6.1 Industrialização e urbanização................................................................ 117 4.6.2 Bacia do rio Itapecerica: aspectos ambientais...................................... 122 4.6.3 Áreas verdes e arborização urbana........................................................ 129 5 – CARACTERIZAÇÃO DA ZONA RURAL...................................................... 155 5.1 Ocupação do solo rural.............................................................................. 165 5.2 Produção agropecuária e silvicultura........................................................ 170 5.3 Produção industrial, artesanal e minerária por comunidade rural, no município de Divinópolis.................................................................................. 187 5.4 Turismo nas comunidades rurais.............................................................. 189 5.5 Projetos existentes...................................................................................... 195 6 DIAGNÓSTICO MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE...................................... 203 6.1 Introdução.................................................................................................... 203 6.2 Inserção regional......................................................................................... 206 6.2.1 Ligações rodoviárias................................................................................ 206 6.2.1.1 MG-050 e BR-494.................................................................................... 206 6.2.2 Demais acessos rodoviários................................................................... 208 6.2.3 Inserção na malha rodoviária nacional.................................................. 209 6.3 Ligações ferroviárias................................................................................... 210 6.3.1 Inserção na malha nacional..................................................................... 210 6.3.2. Gestão e operação................................................................................... 210 6.3.3. Projeto do Contorno Ferroviário............................................................ 211 6.3.4 Planos para uso da malha ferroviária para o transporte de passageiros de média distância............................................................................................. 212 6.4 Aeroporto...................................................................................................... 213
6.4.1 Situação e inserção urbana..................................................................... 213 6.4.2 Gestão e operação.................................................................................... 214 6.5 Terminal rodoviário..................................................................................... 215 6.5.1 Situação e inserção urbana..................................................................... 215 6.5.2 Gestão e operação.................................................................................... 215 6.6 Diretrizes para melhoria da acessibilidade e mobilidade regionais....... 216 6.7 Sistema viário municipal............................................................................. 217 6.7.1 Caracterização e hierarquia do sistema viário urbano......................... 217 6.7.1.1 Caracterização geral do sistema viário urbano.................................. 217 6.7.2 Hierarquização viária................................................................................ 219 6.8 Sistema viário e estrutura urbana.............................................................. 224 6.8.1 Obstáculos e descontinuidades.............................................................. 224 6.8.2 Estrutura urbana e interligações regionais............................................ 227 6.9 Projetos existentes...................................................................................... 229 6.9.1 Projetos estruturantes.............................................................................. 229 6.9.2 Outras intervenções viárias planejadas................................................. 230 6.10 Sistema viário das áreas rurais................................................................ 230 6.10.1 Caracterização e situação do sistema viário das áreas rurais........... 230 6.10.2 Projetos para o sistema viário das áreas rurais.................................. 232 6.11 Outros aspectos do sistema viário.......................................................... 232 6.11.1 Pavimentação e estado de manutenção das vias................................ 232 6.11.2 Sinalização e semáforos........................................................................ 233 6.12 Diretrizes para o sistema viário................................................................ 234 6.13 Mobilidade e circulação............................................................................ 234 6.13.1 Frota e modos de deslocamento........................................................... 234 6.13.1.1 Frota veicular....................................................................................... 234 6.13.2 Uso dos diferentes modos de deslocamento...................................... 236 6.14 Deslocamentos e usos do solo................................................................ 238 6.15 Circulação e tráfego.................................................................................. 244 6.15.1. Padrões de circulação.......................................................................... 244 6.15.2 Principais eixos de circulação.............................................................. 245
6.15.3 Volumes de tráfego veicular.................................................................. 248 6.16 Deslocamentos não-motorizados............................................................ 250 6.16.1 Circulação de pedestres........................................................................ 250 6.16.2 Circulação de bicicletas......................................................................... 256
6.17 Diretrizes para melhoria da mobilidade e da circulação........................ 257 6.18 Transporte coletivo.................................................................................... 258 6.18.1 Gestão e operação.................................................................................. 259 6.18.1.1 Contrato de concessão....................................................................... 259 6.18.2 Características operacionais do sistema............................................. 259 6.19 Serviços e ocupação urbana.................................................................... 261 6.20 Infraestrutura.............................................................................................. 263 6.20.1 Espaço de circulação para o transporte coletivo................................ 263 6.20.2. Pontos de ônibus................................................................................... 264 6.20.3 Inserção urbana das ferrovias e potencial para uso para transporte coletivo............................................................................................................... 265 6.20.4 Diretrizes para melhoria do transporte coletivo.................................. 267 6.21 Outros aspectos relacionados à acessibilidade e mobilidade.............. 267 6.21.1 Acidentes de trânsito............................................................................. 267 6.22 Transporte de cargas e mercadorias....................................................... 269 6.23 Estacionamentos....................................................................................... 272 6.24 Motocicletas, mototaxi e motofrete.......................................................... 273 6.25 Diretrizes complementares sobre acessibilidade e mobilidade............ 276 7 – SANEAMENTO............................................................................................. 277 7.1 Drenagem urbana........................................................................................ 277 7.1.1 Introdução................................................................................................. 277 7.1.2 Caracterização da drenagem urbana de Divinópolis............................ 280 7.1.2.1 Microdrenagem...................................................................................... 280 7.1.3 Outros impactos relacionados à drenagem pluvial............................... 286 7.1.3.1 Macrodrenagem..................................................................................... 286 7.1.4 Considerações finais................................................................................ 290
7.2 Esgotamento sanitário................................................................................ 292 7.2.1 Situação do sistema atual........................................................................ 292 7.2.2 Redes coletoras........................................................................................ 293 7.2.3 Redes interceptoras................................................................................. 293 7.2.4 Estações elevatórias................................................................................ 294 7.2.5 Estações de tratamento........................................................................... 295 7.2.6 Fossas comunitárias................................................................................ 296 7.2.7 Fossas individuais................................................................................... 296 7.2.8 Novo sistema de esgotamento................................................................ 297 7.2.8.1 Subsistema Pará.................................................................................... 298 7.2.8.2 Subsistema Itapecerica......................................................................... 298 7.2.9 Sistemas de abastecimento de água...................................................... 300 7.2.10 Perdas no sistema.................................................................................. 301 7.2.11 Qualidade da água.................................................................................. 302 7.2.12 Resíduos das estações de tratamento de água................................... 302 7.2.13 Sistema do rio Itapecerica..................................................................... 303 7.2.14 Sistema do rio Pará................................................................................ 303 7.2.15 Sistema distribuidor de Divinópolis...................................................... 303 7.2.16 Regionalização do atendimento............................................................ 304 7.2.17 Sistemas secundários............................................................................ 308 7.3 Limpeza urbana............................................................................................ 308 7.3.1 Introdução................................................................................................. 308 7.3.2 Formas de administração........................................................................ 311 7.3.3 Remuneração dos serviços..................................................................... 314 7.3.4 Panorama dos serviços no Brasil.......................................................... 318 7.3.5 Caracterização geral dos Serviços em Divinópolis............................. 319 7.3.5.1 Caracterização dos resíduos sólidos do município de Divinópolis. 319 7.3.5.2 Características físicas........................................................................... 320 7.3.5.3 Coleta dos resíduos sólidos urbanos.................................................. 323 7.3.5.4 Classificação dos resíduos sólidos..................................................... 323 7.3.5.5 Coleta convencional.............................................................................. 325
7.3.6 Coleta seletiva........................................................................................... 327 7.3.7 Coleta seletiva porta a porta.................................................................... 328 7.3.8 Pontos de entrega voluntária – PEV........................................................ 330 7.3.9 Cooperativa de catadores........................................................................ 331 7.3.10 Reclamações por parte da sociedade.................................................. 333 7.3.11 Coleta dos resíduos dos serviços de saúde........................................ 333 7.3.12 Coleta dos resíduos da construção civil.............................................. 336 7.3.13 Coleta de pneumáticos........................................................................... 337 7.3.14 Outros resíduos especiais..................................................................... 338 7.3.14.1 Pilhas e baterias.................................................................................. 338 7.3.14.2 Lâmpadas fluorescentes.................................................................... 339 7.3.15 Disposição final dos resíduos sólidos urbanos.................................. 340 7.3.16 Resíduos sólidos na zona rural............................................................ 344 7.3.17 Resíduos provenientes da coleta convencional.................................. 346 7.3.18 Material proveniente da coleta seletiva............................................... 352 7.3.19 Resíduos dos serviços de saúde......................................................... 353 7.3.20 Questão legal.......................................................................................... 353 7.3.21 Disposição final de resíduos da construção civil............................... 355 7.3.22 Pneumáticos............................................................................................ 356 7.3.23 Varrição, capina, limpeza de bueiros e bocas de lobo........................ 357 7.3.23.1 Varrição............................................................................................... 357 7.3.23.2 Capina................................................................................................. 357 7.3.23.3 Limpeza de bueiros e bocas de lobo.............................................. 357 7.3.24 Considerações gerais........................................................................... 357 7.3.25 A legislação e os serviços de limpeza urbana................................... 358 7.3.26 Normas técnicas da ABNT................................................................... 361 7.3.27 A legislação federal.............................................................................. 361 8 – DINÂMICA DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DE DIVINÓPOLIS.............. 364 8.1 Participação das empresas......................................................................... 371 8.2 Criação de postos de trabalho................................................................... 374
8.3 Rendimento do trabalhador........................................................................ 382 8.4 Agropecuária e atividades rurais............................................................... 386 8.5 Silvicultura.................................................................................................... 398 8.6 Pecuária........................................................................................................ 401 8.7 Comércio exterior........................................................................................ 411 8.8 Mercado imobiliário..................................................................................... 418 9 – DESENVOLVIMENTO SOCIAL.................................................................... 429 9.1 Gestão da assistência social...................................................................... 434 9.2 Território e vulnerabilidade......................................................................... 439 9.3 Região Central.............................................................................................. 444 9.4 Região Sudeste............................................................................................ 456 9.5 Região Nordeste.......................................................................................... 472 9.6 Região Noroeste.......................................................................................... 482 9.7. Região Sudoeste......................................................................................... 489 9.8 Região Nordeste Distante........................................................................... 495 9.9 Região Oeste................................................................................................ 501 9.10 Região Sudoeste Distante......................................................................... 504 9.11 Região Noroeste Distante......................................................................... 509 9.12 Região Noroeste e Sudoeste Rurais........................................................ 513 9.13 Região Noroeste Rural.............................................................................. 521 9.14 Região Sudoeste Rural.............................................................................. 526 9.15 Habitação.................................................................................................... 530 10 – ELEMENTOS DA IDENTIDADE CULTURAL DE DIVINÓPOLIS – DIAGÓSTICO...................................................................................................... 536 10.1 Introdução.................................................................................................. 536 10.2 Manifestações culturais............................................................................ 538 10.3 Congado e Reinado................................................................................... 539 10.3.1 Ocorrências............................................................................................. 540 10.3.2 As irmandades........................................................................................ 540
10.3.3 Preservação e valorização..................................................................... 543 10.4 A Folia de Reis........................................................................................... 544 10.5 Festa da Cruz e Terço Cantado................................................................ 545 10.6 Novas tradições......................................................................................... 545 10.7 Música, dança e teatro.............................................................................. 547 10.7.1 Iniciativas particulares........................................................................... 547 10.7.2 Eventos privados.................................................................................... 548 10.8 Festas populares....................................................................................... 550 10.9 Artes plásticas, literatura e artesanato.................................................... 551 10.9.1 Artes plásticas........................................................................................ 552 10.9.2 Literatura................................................................................................. 552 10.9.3 Artesanato sustentável.......................................................................... 553 10.9.4 Meios de comunicação.......................................................................... 553 10.10 Espaços e centralidades......................................................................... 554 10.11 O rio Itapecerica....................................................................................... 557 10.11.1 A ocupação do vale urbano................................................................. 559 10.11.2 Espaços culturais públicos................................................................. 561 10.11.3 Usina Gravatá........................................................................................ 562 10.11.4 Escola de Música.................................................................................. 563 10.11.5 Praça do Santuário............................................................................... 563 10.11.6 Biblioteca Pública................................................................................. 564 10.11.7 Arquivo Público.................................................................................... 565 10.11.8 Museu Histórico.................................................................................... 566 10.11.9 Estação Ferroviária............................................................................... 567 10.11.10 Biblioteca dos Franciscanos............................................................. 568 10.11.11 Praças urbanas................................................................................... 568 10.11.12 Praças rurais....................................................................................... 571 10.11.13 Espaços culturais privados............................................................... 572 10.11.14 Opções na área urbana...................................................................... 573 10.11.15 Opções na área rural.......................................................................... 574 10.12 Gestão cultural......................................................................................... 574
10.12.1 Patrimônio cultural............................................................................... 574 10.12.2 Órgãos de assessoramento e fiscalização......................................... 577 10.12.3 Patrimônios histórico, artístico e paisagístico.................................. 577 10.12.4 Cultura e proteção patrimonial............................................................ 578 10.13 Aspectos econômicos............................................................................. 578 10.13.1 Gastos com preservação e difusão.................................................... 580 10.13.2 Recursos e incentivos fiscais............................................................. 582 10.14 Aspectos da legislação sobre a cultura................................................ 584 10.14.1 Lei Orgânica do Município................................................................... 584 10.14.2 Plano Diretor vencido.......................................................................... 585 10.14.3 Corredor cultural Candidés-Gravatá................................................... 586 10.14.4 Lei Municipal n. 6374/2006 – Lei dos Franciscanos.......................... 587 10.14.4.1 Decreto Municipal nº 8977/2009....................................................... 588 10.15 Tombamentos e registros....................................................................... 588 10.16 Leitura comunitária.................................................................................. 591 10.16.1 Região Central....................................................................................... 592 10.16.2 Região Nordeste................................................................................... 593 10.16.3 Região Sudeste..................................................................................... 594 10.16.4 Região Noroeste................................................................................... 594 10.16.5 Região Sudoeste................................................................................... 595 10.16.6 Região Nordeste Distante.................................................................... 596 10.16.7 Região Oeste......................................................................................... 596 10.16.8 Região Noroeste Distante.................................................................... 597 10.16.9 Região Sudoeste Distante................................................................... 598 10.16.10 Zona Rural Noroeste.......................................................................... 598 10.16.11 Zona Rural Sudoeste......................................................................... 599 10.16.12 População de Divinópolis................................................................. 600 10.17 Diagnósticos........................................................................................... 601 10.17.1 Das manifestações culturais.............................................................. 601 10.17.1.1 Expressões populares..................................................................... 601 10.17.1.2 Das iniciativas culturais particulares............................................... 602
10.17.1.3 Das expressões artísticas e intelectuais......................................... 604 10.18 Dos espaços e centralidades.................................................................. 605 10.18.1 Do rio Itapecerica.................................................................................. 606 10.18.2 Dos espaços públicos.......................................................................... 606 10.18.3 Dos espaços privados.......................................................................... 608 10.19 Da gestão cultural.................................................................................... 609 10.19.1 Do patrimônio cultural e a política urbana......................................... 609 10.19.2 Das ambiguidades nos conselhos de assessoramento e fiscalização......................................................................................................... 610 10.19.3 Aspectos econômicos.......................................................................... 611 10.19.4 Da legislação municipal sobre Cultura: vencida............................... 613 10.19.5 Dos bens culturais: tombamentos e registros................................... 614 10.20 Da leitura comunitária............................................................................. 615 10.20.1 Dos pontos positivos da cidade real.................................................. 615 10.20.2 Dos pontos negativos da cidade real................................................. 616 10.20.3 Da cidade desejada............................................................................... 616 10.21 Considerações finais............................................................................... 618 11 – EDUCAÇÃO................................................................................................ 619 12 – ESPORTE E LAZER................................................................................... 643 12.1 Leitura comunitária................................................................................... 648 13 – SAÚDE........................................................................................................ 650 13.1 Introdução.................................................................................................. 650 13.2 Leitura comunitária.................................................................................... 653 13.3 Diagnóstico................................................................................................ 654 13.4 Mortalidade infantil.................................................................................... 655 13.5 Taxa de natalidade..................................................................................... 660 13.6 Morbidade – Internações por grupo de causas distribuídas por localização de residência.................................................................................. 661
13.7 Mortalidade................................................................................................. 665 13.8 Assistência................................................................................................. 668 14 – DIAGNÓSTICO DA SEGURANÇA PÚBLICA............................................ 674 15 – MEMORIAL – PLANO DE MOBILIZAÇÃO SOCIAL.................................. 688 REFERÊNCIAS................................................................................................... 737
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APRESENTAÇÃO
O Plano Diretor é uma lei municipal elaborada pela Prefeitura com a participação da
Câmara Municipal e da sociedade civil que visa a estabelecer e organizar o planejamento
territorial da cidade e orientar as prioridades de investimentos. Desta forma, constitui-se
como uma estratégia de desenvolvimento urbano na esfera local e um marco na construção
da gestão urbana participativa.
O Diagnótico-Base Configuração Territorial de Divinópolis foi dividido em duas partes
para publicação digital. A primeira apresenta sete capítulos, e a segunda, oito, ambas
descrevendo os aspectos metodológicos implementados e o diagnóstico, com as leituras
técnica e comunitária.
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IDENTIDADE CULTURAL DE DIVINÓPOLIS
Quem vive em Divinópolis divinopolitano é! Cidade acolhedora que recebe todos e todas.
Um lugar na Picada de Goiás, a passagem e a paragem, onde o desafio da travessia se faz
todos os dias no Vale do Itapecerica.
Uma cidade de tradição, mas muito mais de renovação e de construção, com os olhos para o
futuro e para a modernidade. Até a Itapecerica, que na linguagem tupi traduz-se em
“caminho de pedra na correnteza do rio”, condição natural de passagem de uma margem à
outra e determinante para a fundação do lugar no século XVIII, foi detonada no século XX,
para a construção de uma usina hidrelétrica. Nesse lugar, muitas pontes se sucederam e se
foram com as cheias até que se construísse a ponte Padre Libério, de ferro e concreto, que
depois foi duplicada.
No mesmo local, para atender o entroncamento ferroviário dos ramais de São João del-
Rei/Paraopeba e Belo Horizonte/Garças, foi construído um pontilhão de ferro, que hoje leva
o nome do maquinista pioneiro Davi Guerra. E assim, sobre o rio da Itapecerica não
pararam mais de passar pessoas, veículos e trens, levando e trazendo crescimento e, mais
do que isso, trazendo desenvolvimento.
Divinópolis se formou, originalmente, na margem esquerda do rio, em torno do morro onde
se eleva a Catedral do Divino Espírito Santo. Depois, ocupou a margem direita, e hoje se
desenvolve em ambos os lados. Assim, o rio transformou-se em um ícone de integração e
abriga, no seu vale, raízes da história e da memória local.
Foi assim, depois de expulsos os índios e os quilombolas, que vieram novos fazendeiros, os
negros em liberdade, os tropeiros, os comerciantes, os ferroviários, os protestantes, os
maçons, os livres pensadores, os franciscanos – todos com disposição para a transformação
e consolidação de propósitos, exemplo dado por Pedro X. Gontijo, na iniciativa da
emancipação. Afinal, as cidades são construídas por desejos e sonhos, especialmente a
40
Cidade do Divino (divina pólis), fruto da convergência de ideias, de um mutirão de
intelectuais, de religiosos e, principalmente, de trabalhadores.
Divinópolis é o centro de uma região intermediária, nem tanto agrícola, nem tanto
mineradora, mas, sobretudo, estratégica. Tem a vocação para os serviços e comércio, e é
favorecida pela localização geográfica e pela acessibilidade por vias rodoviárias,
ferroviárias e aéreas. São animadoras as interligações do município com as diversas regiões
do Estado e do País. São intensos os fluxos de produtos e de pessoas, comprando, vendendo,
orando, tratando da saúde, estudando ou apenas se encontrando. Eventos não faltam o ano
todo, e para todos os gostos.
Mas ainda assim não basta. Não basta destilar álcool de mandioca, em plena crise de
combustível; ter a primeira hidrelétrica da CEMIG e fornecer energia excedente para o
município de Pains; construir locomotivas e sediar a maior oficina ferroviária do Brasil e
uma das maiores da América Latina; produzir ferro, aço e moda; e ter tantas mulheres
bonitas, centralizar e polarizar serviços regionais ou oferecer uma variedade de cursos de
graduação.
Não bastam, ainda, a perenidade dos reinadeiros e das folias de reis, a musicalidade dos
artistas de diferentes gêneros, a poesia famosa, a vasta literatura, a concorrida dança, o
expressivo teatro, as belas esculturas em madeira, as pinturas, a fotografia, as produções
audiovisuais e o artesanato.
Tudo isso é pouco para um município que ainda tem muito a oferecer. Seu povo é adepto
do desenvolvimento integral e com justiça social. Seu horizonte está sempre mais à frente,
encorajando o ir além e a superação de seus próprios limites.
A cidade, banhada por dois rios, é mesmo abençoada por tantas riquezas e diversidade!
Ainda assim, não deixa de almejar um futuro brilhante; de extrapolar-se das interligações
físicas e de se propagar pelo Centro-Oeste e pelo mundo afora, criando canais para a
difusão dos seus serviços e comércio; de dar voz à participação popular; de ampliar os
41
meios de comunicação e de interlocução entre as esferas pública e privada e de responder à
altura às propostas de seu povo desbravador, inquieto e inovador. Divinópolis é ouvida em
frequência ampliada faz tempo, coisa do Jovelino Rabelo. Depois, foram as emissoras de
frequência modulada, e aí não parou mais de aumentar a capacidade de comunicação do
município. Os franciscanos, bem antes, haviam fundado o primeiro jornal impresso – “A
Semana” – e, a partir daí, vieram diário, boletim, revistas e até TV, que leva o nome dos
primeiros – Candidés.
Nos finais de semana, a cidade fica tranquila, quando não acontece festa ou encontro
marcado nos barzinhos. Os moradores gostam de ir para chácaras e sítios, lá na roça ou para
a barragem de Cajuru. Vão descansar, nadar, andar a cavalo, pescar, jogar bola, praticar
ciclismo, motocross, trilha, escalar a pedra da Serra Calçada e outras... e festejar. E assim
Divinópolis dorme e acorda, recriando-se no dia seguinte.
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1 – DIRETRIZES METODOLÓGICAS PARA A REVISÃO DO PLAN O DIRETOR
O processo de revisão do Plano Diretor Participativo de Divinópolis (PDPD1 fundamentou-
se nos princípios e nas regras estabelecidos pela Lei Federal nº 10.257/2001 – Estatuto da
Cidade e pelas resoluções de números 13, 25 e 34 do Conselho das Cidades/Ministério das
Cidades, constituindo-se em espaço democrático de escuta e acolhimento de todos os
segmentos da sociedade divinopolitana.
Para sensibilização e mobilização da comunidade, um conjunto de estratégias foi utilizado
para possibilitar a ação participativa:
– Ato de lançamento público do processo de elaboração do Plano Diretor.
– Constituição de um grupo gestor formado por representantes dos poderes executivo e
legislativo, da sociedade civil organizada e do grupo executivo (equipe técnica da
FUNEDI).
– Uso intensivo de meios de comunicação como televisão, rádio, redes sociais, jornais,
carro de som, cartilhas, cartazes, panfletos, banner, etc.
– Capacitação por meio de minicursos (Capacitação de Agentes de Desenvolvimento
Urbano) dos diversos segmentos sociais (formadores de opinião): professores, produtores
da agricultura familiar, delegados (representantes eleitos nas audiências), dentre outros.
– Organização de uma sala de situações, em local estratégico, onde os cidadãos e as cidadãs
tiveram livre acesso a toda a documentação utilizada e produzida no processo de elaboração
do Plano Diretor.
1 Todas as ações encontram-se sistematizadas no memorial (volume 2).
43
– Uso das redes locais estabelecidas na sociedade civil organizada: fórum dos conselhos
municipais, associação de moradores, entidades de classe, ONGs, entidades profissionais,
sindicatos e igrejas, dentre outros.
– Realização de encontros preparatórios e audiências públicas regionais e da Conferência
da Cidade para possibilitar a participação da população, buscando responder às questões:
“Que cidade temos?” e “Que cidade desejamos?”
No processo de elaboração participativa do Plano Diretor, o conjunto da sociedade refletiu
sobre os problemas urbanos do município, resultando em diagnósticos situacionais, em
forma de problemas e identificação de potencialidades. Esta etapa pressupôs a realização
dos encontros preparatórios e uma campanha de comunicação que buscou sensibilizar a
população e orientar a reflexão para as questões propriamente urbanas, de modo a evitar a
dispersão e o tratamento generalista das questões sociais.
Optou-se, assim, pelo planejamento de abordagem participativa, especialmente o método
FOFA, que identifica coletivamente os pontos internos e externos que influenciam o
processo. Nos encontros regionais, foram utilizadas técnicas de moderação, visualização e
participação. Toda a sistematização e compartilhamento das informações da realidade do
município, importante para a definição dos eixos estratégicos do planejamento local, foi
didaticamente apresentada em mapas temáticos.
Os delegados eleitos nas audiências públicas participaram de uma capacitação, estratégia de
preparação para participar na Conferência da Cidade, possibilitando a compreensão das
diretrizes do anteprojeto de lei do Plano Diretor. Na Conferência da Cidade, foi constituída
uma Comissão de Acompanhamento da elaboração jurídica do documento aprovado,
ratificando os princípios democráticos do processo de revisão do Plano Diretor.
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2 – EVOLUÇÃO DA OCUPAÇÃO DO MUNICÍPIO
2.1 Introdução
Aqui não mais existem exemplos da paisagem natural primitiva. Toda ela foi transformada
pela ação humana. O cerrado tornou-se pasto, a maioria das matas ciliares está reduzida a
manchas secundárias sobreviventes. A mancha urbana propriamente dita apresenta grandes
vazios intercalados às áreas efetivamente ocupadas, numa proporção de quase 80%. Parte
da ocupação se dá em áreas inadequadas.
Por outro lado, a cidade está bem estruturada – possui centros econômicos e simbólicos
consolidados ou em processo de formação, numa escala regional e local, e a estrutura viária
atende aos fluxos principais, ainda que haja importantes elementos de desarticulação. E, o
mais importante, as pessoas amam o lugar.
Para entender este lugar, vamos olhar para ele como um conjunto formado de elementos
espaciais, econômicos e sociais em constante interação, um conjunto construído através da
história do município e cuja análise permite definir ações potencializadoras de seu futuro.
2.2 Fases da ocupação
Uma análise, ainda que sucinta, dos principais momentos do processo de instalação e
evolução do núcleo urbano de Divinópolis é ferramenta importante para a compreensão do
atual estágio de configuração da cidade e serve como elemento consistente de prospecção
das etapas futuras, investigação bastante pertinente no contexto de um Plano Diretor, com
horizonte temporal mais ampliado.
São considerados, aqui, 11 momentos mais significativos deste processo, tendo como
ênfase a dinâmica dos eventos e sua interferência na realidade atual da cidade, conforme
sumarizado no quadro abaixo.
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QUADRO 1 – Fases da ocupação
Etapas Período
1. Primeiras ocupações nas proximidades da Cachoeira Grande
Século XVIII
2. Consolidação do núcleo alto da matriz Século XIX
3. Criação do entroncamento ferroviário Início do século XX
4. Plano de Antônio Olímpio de Morais Início do século XX
5. Aparecimento e consolidação dos primeiros bairros Início do século XX até 1950
6. Expansão espontânea dos primeiros bairros De 1950 até 1970
7. Expansão urbana desordenada Década de 1980
8. Instituição de instrumentos de controle da expansão A partir de 1980
9. Surgimento dos condomínios fechados A partir do final da década de 1990
10. Parcelamento irregular da zona rural A partir de 2000
11. Instalação de grandes empreendimentos habitacionais A partir de 2008
2.3 Primeiras ocupações nas proximidades da Cachoeira Grande
A ausência de jazidas de minerais preciosos determinou o pouco interesse econômico da
região hoje ocupada por Divinópolis para os pioneiros da colonização. O valor do território
era o de lugar de passagem, de acesso aos verdadeiros polos de interesse – as minas de ouro.
Para que se viabilizasse tal acesso, os povos indígenas habitantes originais da região foram
exterminados durante o século XVII. O genocídio deixou o caminho livre.
As primeiras ocupações permanentes no atual município de Divinópolis ocorreram ainda no
século XVIII em um trecho às margens do rio Itapecerica, junto à chamada Cachoeira
Grande, hoje praça Candidés. Facilitadas pelo afloramento rochoso existente no leito do rio,
neste trecho, as tropas de passagem pela região, rumo às regiões mineradoras, faziam a
travessia neste ponto, criando, com o passar do tempo, demanda para serviços básicos de
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apoio e abastecimento, que se instalaram no local, ainda de forma incipiente e não
definitiva.
Este embrionário núcleo reflete um Brasil do século XIX bastante agrário, com 90% da
população, aproximadamente, ainda vivendo nos campos, embora Minas Gerais venha a
destoar desta tendência pelo fato de a principal atividade econômica – a mineração –
promover uma economia urbana. De uma forma geral, os pequenos núcleos urbanos não-
mineradores tinham uma função de comercialização de produtos não-existentes nas
fazendas, bem como o excedente produtivo rural. No caso de Divinópolis, inicialmente
chamado de Paragens do Itapecerica, o que originalmente era um ponto de descanso para os
viajantes, tempos depois foi gradativamente se constituindo em um povoado chamado
Arraial do Espírito Santo do Itapecerica.
2.4 Consolidação do núcleo
Já no século XIX, as ocupações surgidas às margens do rio Itapecerica iniciaram um
processo espontâneo de migração para o ponto mais alto, com respeito à configuração
topográfica, existente no entorno, que coincide exatamente com o chamado Alto da Matriz,
hoje praça Dom Cristiano e catedral do Divino Espírito Santo. Este tipo de ocupação, muito
comum na época, procurava os locais mais elevados como forma de proteção contra
invasores, já que a vista privilegiada propiciava amplas perspectivas do entorno. Este
processo ocorreu, de forma gradual e espontânea, ao longo do século XIX.
Todavia, para alguns estudiosos da cultura brasileira, como Holanda (2001), tal tipo de
ocupação reflete a falta de planejamento das cidades na América Portuguesa, o que não
aconteceu nas colônias espanholas na América. Para ele a ausência de planejamento urbano
nas primeiras cidades brasileiras foi demonstrada:
[...] por sua forma de ocupação do espaço, acompanhando a sinuosidade do relevo [...] A ausência de planejamento nas cidades da época colonial pode ser observada pela tortuosidade de suas ruas, por seus passeios estreitos e pela ausência de simetria entre as quadras, diferentemente do sistema cartesiano como um tabuleiro xadrez adotado pelos espanhóis (HOLANDA apud PEDROSA, 2012).
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As formas das primeiras cidades brasileiras, apontadas por Holanda (2001) podem ser
observadas no núcleo urbano inicial de Divinópolis. Mas as características da urbanização
moderna do Brasil é que determinarão as formas de ocupação local, como será observado a
seguir.
2.5 Criação do entroncamento ferroviário
A ferrovia, cuja implantação, no Brasil, se iniciou em meados do século XIX, foi
fundamental para a emancipação e crescimento de Divinópolis. Ela teve o objetivo geral de
promover o escoamento da produção cafeeira até os portos e também de reduzir o
isolamento de várias regiões. Ainda em 1889, o arraial foi beneficiado pela passagem da
EFOM por seu território, tendo sido construída a primeira estação ferroviária em 1890. A
travessia da EFOM pelo arraial propiciou o surgimento de novas construções e maior
trânsito de pessoas, especialmente dos operários que trabalharam em sua construção
(CORGOZINHO, 1999, p. 54). Mas, para a autora, o fato que iria efetivamente impulsionar
seu desenvolvimento ocorreu em 1910, quando foi construído o entroncamento ferroviário,
vindo de Belo Horizonte no sentido do Triângulo Mineiro, o que propiciou o transporte
ferroviário para Belo Horizonte, Rio de Janeiro, para o Oeste e Sul de Minas, Triângulo
Mineiro, Goiás e São Paulo. Em 1910, também foi instalada, no distrito do Espírito Santo
do Itapecerica, a oficina da Rede Ferroviária, tendo sido acompanhada de uma vila operária
para servir de moradia aos seus trabalhadores, onde hoje é o bairro Esplanada. Este
processo gerou empregos e fortaleceu outras atividades econômicas, especialmente o
comércio e a prestação de serviços.
2.6 Plano de Antônio Olímpio de Morais
A expansão do primeiro núcleo existente no entorno do largo da Matriz ocorreu, de fato,
com a implantação do plano urbanístico elaborado por Antônio Olímpio de Morais,
pioneiro do desenvolvimento do município, no início do século XX. O plano contemplava
um espaço definido, basicamente, pela atual catedral do Divino Espírito Santo, ao Norte,
pelo rio Itapecerica, a Leste, pela atual rua Pernambuco, ao Sul, e pela atual avenida Sete de
48
Setembro, a Oeste. Este plano original, que incorporava um território de aproximadamente
30 hectares, foi a matriz do modelo urbanístico hoje verificado na cidade, com traçado
ortogonal das vias e quadras com formas regulares.
Destaque-se que, neste período, já havia alguma legislação exigindo um mínimo de
ordenamento urbano. A própria presença de engenheiros das oficinas ferroviárias
influenciou na elaboração da planta topográfica que permitiu um ordenamento urbano
inicial para Divinópolis. Tratava-se, também, de um Brasil que já se industrializava,
urbanizava e respirava os ares de certa modernidade da Revolução de 1930, situação que
colaborou para que Divinópolis tivesse um ordenamento mais moderno em relação aos seus
vizinhos de formação mais antiga, como Santo Antônio do Monte, Itapecerica e Pitangui.
2.7 Aparecimento e consolidação dos primeiros bairros
Do início do século XX até a década de 1950, surgem os primeiros bairros, que irão atender
às demandas de moradia para os trabalhadores da nascente indústria local. Sob o aspecto
econômico, destaca-se que, em 1937, já estava em funcionamento no município uma
fábrica de tecidos.
Com a ocupação gradual deste primeiro núcleo planejado, as demandas de crescimento
físico levaram ao surgimento, durante as terceira e quarta décadas do século XX, dos
primeiros bairros situados fora da planta original da cidade. Estes núcleos pioneiros
ocorrem de maneira espontânea, sem projeto de parcelamento, e de forma imediatamente
agregada ao núcleo inicial, sem vazios territoriais intermediários.
Tais bairros surgem ao redor do núcleo planejado, praticamente em todas as direções –
Catalão, Porto Velho, Niterói e Córrego do Barro (atual Afonso Pena) –, articulados ao
parcelamento já existente por vias de ligação que até hoje funcionam como corredores de
acesso às diversas regiões da cidade.
49
Os bairros Icaraí, Tietê e Esplanada são exceções a este processo de justaposição, já que
surgiram desgarrados das áreas já urbanizadas. O primeiro, em função de seu
posicionamento com relação à saída para Belo Horizonte, única na época; o segundo, em
função de um empreendimento comercial instalado no local do parcelamento, e o terceiro,
em função das oficinas da Rede Mineira de Viação, abrigando os operários da ferrovia.
2.8 Expansão espontânea dos primeiros bairros
Em 1942, a primeira siderurgia de Divinópolis foi instalada – a Companhia Mineira de
Siderurgia –, dando início à segunda temporalidade de crescimento econômico da cidade,
que se fortaleceu, nos anos de 1950, com a produção de ferro-gusa, matéria-prima
necessária à produção de bens duráveis na fase desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek.
Esta era a tendência da industrialização de Minas Gerais, que ocorria de forma
especializada e, para Dulci (1999), implicou no abandono de uma maior diversificação da
economia:
O processo pelo qual a idéia do desenvolvimento regional passa a ser identificada cada vez mais com a industrialização em si mesma e, dentro desta, com a expansão da indústria siderúrgica e da produção de bens intermediários, é que resultará no posterior abandono da imagem de uma economia diferenciada em favor de outra que privilegiará a especialização em tais segmentos industriais, como estratégia para uma rápida modernização do sistema (DULCI, 1999, p. 58).
Em 1960, Divinópolis já se apresentava como uma cidade de base industrial, voltada para a
siderurgia. A produção rural era reduzida, e predominavam as pequenas propriedades com
regime de trabalho principalmente familiar.
O incremento da atividade industrial promoveu o crescimento demográfico no município e
provocou a expansão dos primeiros bairros. A partir destes bairros iniciais, ocupados
gradualmente até 1950, começam a surgir novos bairros agregados em continuidade, ou
seja, sem vazios intermediários. Cada bairro inicial dá origem a novos parcelamentos
contíguos, com a seguinte configuração básica:
– a partir do bairro Catalão surgem bairros como o São José, São Miguel e outros;
50
– a partir do bairro Porto Velho são agregados os bairros Interlagos, Nações e outros;
– a partir do bairro Niterói surgem bairros como o Espírito Santo, Halim Souki e outros;
– a partir do bairro Córrego do Barro (atual Afonso Pena) são agregados os bairros Bom
Pastor, Industrial e outros.
Assim, a cidade prosseguiu sua expansão física, ainda de forma contínua e atendendo às
demandas do crescimento populacional daquela década.
Mas, apesar de os primeiros administradores de Divinópolis terem tido uma preocupação
com o planejamento urbano – com a elaboração de uma planta que estabelecia ruas largas e
perpendiculares –, a instalação das indústrias metalúrgicas locais, principalmente as
siderurgias, não foram coerentes com a utilização racional do espaço urbano (PEDROSA,
2005). Conforme aponta a autora, estas indústrias se instalaram em vários pontos da cidade,
provocando sérios impactos ambientais e transtornos aos moradores que hoje estão em suas
proximidades, sendo que o ordenamento industrial veio a ocorrer somente em 1972, com a
criação do Centro Industrial Jovelino Rabelo. Este distrito industrial foi parte de uma
política estadual gestada em 1935, visando a estimular a industrialização de Minas Gerais:
A proposta de concentrar atividades industriais em área específica já havia sido apresentada alguns anos antes – no IV Congresso Comercial, Industrial e Agrícola, realizado em Belo Horizonte em 1935. Em 1941, Israel Pinheiro a retomou, inaugurando com isso o sistema de distritos industriais que seria gradualmente construído em Minas ao longo das décadas seguintes. Era uma idéia inovadora, que o governo transformou em símbolo de sua inflexão industrializante (DULCI, 1999, p. 73).
Entretanto, atualmente, o próprio Centro Industrial Jovelino Rabelo encontra-se ocupado
por residências em áreas de expansão industrial e necessita ampliar sua infraestrutura com
vistas a atrair indústrias para seu espaço.
Na década de 1970, a indústria siderúrgica brasileira enfrentou grandes problemas
econômicos. Nesse momento, a indústria de confecção começou a se destacar em
Divinópolis, criando, ao longo do tempo, uma importante alternativa econômica para o
município e levando-o a transformar-se em polo de produção e comercialização de roupas.
51
2.9 Expansão urbana desordenada
Por volta do final da década de 1970, sem a ocorrência de nenhum fenômeno demográfico
ou evento particular de crescimento do núcleo que justificasse expansão rápida do território
urbanizado, ocorreu a primeira ruptura com este modelo tradicional de crescimento por
justaposição de parcelamentos. São aprovados, em um período bastante curto de tempo, um
grande número de novos parcelamentos, sem que houvesse demanda real de ocupação ou
criação de novos loteamentos, nesta escala.
Na época, estava tramitando no Congresso Nacional a Lei Federal no 6.766, de 1979, que
regulamentaria o parcelamento do solo urbano e estabeleceria padrões urbanísticos
mínimos de infraestrutura e de equipamentos urbanos. Assim, a urgência na aprovação de
tais loteamentos pode ter sido causada por uma preocupação particular dos empreendedores
e dos políticos de evitar que tais empreendimentos se submetessem às novas regras.
Após mais de três décadas, estes bairros localizados na periferia de Divinópolis ainda não
têm perspectivas reais de ocupação efetiva, e estão desagregados da área urbanizada e
consolidada por grandes vazios urbanos intermediários. Destaca-se que outros novos
parcelamentos foram implementados após este período, sem uma real demanda, o que
aumentou ainda mais o excessivo número de lotes vagos.
Este quadro, facilmente constatado em uma visita à periferia urbana de Divinópolis, é a
origem da maior parte dos graves problemas de infraestrutura hoje verificados. A Figura
abaixo ilustra o processo descrito acima.
52
FIGURA 1 – Evolução da urbanização em Divinópolis
Assim, o crescimento urbano de Divinópolis se ampliou entre as décadas de 1970 e 1980.
Em 1969, a cidade possuía 23.500 lotes, ocupando uma área de 1.096 ha. Em 1979, eram
2.068 ha e 41.450 lotes; e, em 1988, somavam 4.188 ha ocupados por 88.853 lotes
(DIVINÓPOLIS, 2006). Neste curto período, a cidade quadruplicou a sua área urbana,
sendo que grande parte dos loteamentos foi aprovados sem infraestrutura básica, como a
coleta de esgoto e a pavimentação das vias.
A figura do Consórcio Imobiliário estabelecida no Estatuto da Cidade poderá ser de grande
auxílio para resolver algumas destas situações, já que este instrumento permite a
implantação de infraestrutura em áreas onde o empreendedor não as executou, mediante o
pagamento em unidades imobiliárias.
O excessivo número de loteamentos aprovados nas condições acima descritas é
paradigmático quanto ao que ocorre em vários municípios brasileiros, onde a expansão da
53
área urbana é determinada por interesses imobiliários movidos pela crença de que “[...]
investir em imóveis neste país é o único investimento verdadeiramente seguro, que jamais,
com crise ou plano econômico, vira pó” (ROLNIK, 1997, p. 25).
Por outro lado, a expansão de loteamentos não significou o atendimento às demandas por
habitação de interesse social ao longo dos anos de 1970/2000. O que se observa é a
predominância de interesses privados no espaço urbano e exclusão social:
Através da perpetuação do processo de apropriação do mesmo [espaço urbano] como uma moeda valiosa, sem maiores regulações por parte do Poder Público, permitiu-se que o uso da propriedade urbana não tivesse limites, de maneira a prevalecerem interesses privados cada vez mais concentrados (PEDROSA, 2012).
Outros problemas decorrentes do número excessivo de lotes vagos ocorrem na esfera
ambiental, como a disposição irregular de lixo e entulho de construção, a proliferação de
mato e vetores de doenças, esconderijo para criminosos, queimadas e a consequente
poluição atmosférica, aliada ao risco de incêndios em residências e outras construções.
Os serviços urbanos são de menor custo quando implementados de forma contígua no
espaço, e os vazios urbanos dificultam e encarecem tais serviços, especialmente quanto ao
saneamento urbano e transporte coletivo.
Sob este aspecto, observa-se que, dos 147.548 imóveis prediais e territoriais existentes em
2009, 64.419 (43,6%), encontravam-se em ruas sem pavimentação (DIVINÓPOLIS, 2009),
condição esta que propicia a instalação de processos erosivos e carreamento de terra pela
enxurrada para os cursos d’água, causando o enchimento da calha e favorecendo as
enchentes. Ruas não pavimentadas também levam a dificuldades para o trânsito de veículos
e pedestres, promovem a geração de poeira no período de estiagem e consequente
acometimento de doenças respiratórias, dentre outros problemas.
Por outro lado, os bairros mais próximos ao Centro da cidade, que contam com completa
infraestrutura, possuem seus preços elevados, como é o caso dos bairros Ipiranga,
Esplanada, Sidil, Afonso Pena e Centro.
54
Em virtude do alto preço da terra na região Central de Divinópolis, há uma excessiva
verticalização nessa região e grande adensamento, determinando espaços urbanos saturados
e com qualidade ambiental comprometida, conforme se observa na figura abaixo.
FIGURA 2 – Divinópolis e a verticalização da região Central
Fonte: Prefeitura Municipal (2006) citada por Couto (2007)
É importante destacar que, sob o aspecto da legislação, o Estatuto da Cidade, em suas
diretrizes, aponta para a necessidade de ordenar o controle do uso do solo de modo a evitar
“o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à
infra-estrutura urbana” (BRASIL, 2001). O Estatuto apresenta instrumentos que buscam
distribuir, equitativamente, os benefícios da urbanização, bem como cobrar daqueles que
oneram esse processo, como a outorga onerosa do direito de construir e as operações
urbanas consorciadas, além de instrumentos tributários que permitem ao Poder Público
recuperar gastos com investimentos públicos que geraram a valorização de imóveis
privados, como a contribuição de melhoria.
Quanto ao aspecto da verticalização, observa-se que as duas praças centrais da cidade – a
do Santuário e a da Catedral – encontram-se rodeadas de elevados edifícios. Esta temática,
55
que envolve a relação entre a ocupação urbana de Divinópolis e as formas de reprodução do
capital, foi abordada por Couto (2007), que analisou estas duas importantes áreas verdes
públicas centrais, seus conflitos e possibilidades de intermediar as relações econômicas e
sociais. Destaca-se, neste estudo, a percepção da autora acerca do uso do espaço urbano de
forma irrestrita:
O processo de modernização econômica e cultural desencadeado em Divinópolis manifestou uma forte tendência à racionalização instrumental, ao progresso tecnológico e aos interesses capitalistas, voltados ao uso irrestrito do espaço da cidade sem se levar em conta, sob o aspecto ambiental, os recursos naturais, as condições físicas e topográficas e as áreas inundáveis. Sob o aspecto sócio-histórico-cultural, não se observa uma preocupação com a preservação do patrimônio histórico e, principalmente, natural, nem com as áreas de convívio (COUTO, 2007, p. 195).
Couto (2007) alerta para a importância da tomada de decisões que criem possibilidades de
“se articularem as áreas verdes urbanas públicas de Divinópolis que, com certeza,
aguardam por propostas inteligentes e sensíveis, que supram as necessidades por lugares
qualificados, de simultaneidade e de encontros” (COUTO, 2007, p. 195).
2.10 Instituição de instrumentos de controle da expansão urbana
A partir da constatação do fenômeno descrito no item anterior e de todos os
desdobramentos negativos decorrentes, o Poder Público Municipal passou a adotar, desde
1985, instrumentos de política urbana e uma estrutura de planejamento urbano mínima,
capaz de monitorar o crescimento urbano e estabelecer mecanismos e instrumentos de
controle e ordenação efetivos deste processo.
Neste âmbito, surge a Lei Municipal nº 2.429, de 1988, que regulamentou o parcelamento
do solo, com base nas legislações estadual e federal vigentes. Esta Lei, que ainda se
encontra em vigor e será objeto de análise específica, interrompeu o surto descontrolado de
novos parcelamentos, ao exigir dos empreendedores a instalação de toda a infraestrutura
necessária para um novo bairro. São exemplos de parcelamentos aprovados, neste período,
o núcleo comercial L. P. Pereira, o residencial Dom Cristiano e o bairro Fábio Botelho
Notini, entre outros.
56
2.11 O surgimento de condomínios fechados
A partir do final dos anos 1990, começaram a surgir, em Divinópolis, demandas específicas
de novas modalidades de parcelamento do solo, direcionadas para as camadas de alto poder
aquisitivo, que procuravam uma condição especial de moradia, em bairros exclusivos,
fechados e desarticulados, urbanisticamente, do entorno já existente. Neste contexto,
surgem os chamados condomínios fechados, alguns implantados sem aprovação junto aos
órgãos municipais de controle.
Trata-se de um fenômeno bastante comum nos municípios de médio e grande porte e
caracteriza-se como uma forma de segregação socioespacial, marcada pela ocupação dos
espaços por distintas categorias sociais, que se agrupam de forma relativamente homogênea
segundo suas situações de poder, status, hábitos e condição econômica, conforme aponta
Bourdieu:
[...] a ocupação do espaço da cidade resulta dos princípios de estruturação do espaço. Cada princípio representa uma forma de hierarquia do poder: econômico, social e simbólico. A noção de distância social coagulada das distâncias físicas é entendida como manifestação dos poderes das classes sociais de se apropriarem da cidade como recurso (BOURDIEU apud RIBEIRO, 2004, p. 165).
Ressalte-se que o modelo tradicional de segregação e que ocorre em grande escala é do tipo
centro/periferia, o que ainda permanece em Divinópolis. A título de exemplo, citamos
concentrações de segmentos com maior poder aquisitivo em áreas como a avenida 7 de
Setembro, no trecho entre as ruas São Paulo e Serra do Cristal. Mas as recentes restrições
de verticalização neste trecho, bem como problemas relacionados à redução da qualidade
de vida na área central (poluição sonora e do ar, violência, etc.), podem ter colaborado para
a formação destas novas formas de segregação através de condomínios fechados. Estes se
caracterizam por serem de microescala (modelo fractal), com as camadas ricas vivendo em
periferias, próximas aos pobres, mas com barreiras físicas às interações.
Não se trata de um fenômeno local, tendo em vista que os condomínios fechados,
denominados por Caldeira (2000) como enclaves fortificados, têm aumentado, na
57
contemporaneidade, devido à liberalização do mercado de terras, à privatização dos
serviços urbanos e ao crescimento da violência. Atualmente, há cinco condomínios
horizontais fechados já construídos em Divinópolis e outros dois em fase de aprovação nos
órgãos públicos. Além da própria barreira física criada, para Kaztman (2001), este
fenômeno espacial, produz outros efeitos perversos relacionados às maiores dificuldades de
relacionamentos entre pessoas de diferentes classes sociais, o que conduz a um progressivo
isolamento.
Esta modalidade de assentamento, embora anômala do ponto de vista da convivência
urbana não pode ser ignorada pelas legislações de parcelamento e meio ambiente de
Divinópolis. Trata-se de um fenômeno em expansão e torna-se necessária a regulamentação
para este tipo de uso do solo, procurando minimizar seus impactos negativos na estrutura
urbana.
2.12 Parcelamento irregular da zona rural
A zona rural compreende as áreas externas ao perímetro urbano e devem ser utilizadas para
atividades compatíveis com a preservação ambiental e atividades socioeconômicas rurais.
O adensamento de áreas rurais, através de ocupação residencial em lotes menores que o
módulo rural, ou mesmo para o uso industrial, gera demandas de serviços urbanos e de
infraestrutura que não são oferecidos na mesma proporção que na zona urbana. Isto alerta
para possíveis danos ambientais como poluição, assoreamento de nascentes e problemas
decorrentes da ausência de saneamento (destinação inadequada do esgoto, dos resíduos
sólidos e fornecimento de água potável).
Em Divinópolis, a partir da década inicial do século XXI, intensificaram-se os
parcelamentos irregulares do solo, fora dos limites do perímetro urbano, na forma de
chácaras, contrariando toda a legislação federal e municipal vigentes. Este tipo de
assentamento ocorre de forma aleatória, sem nenhum critério técnico ou ambiental, e pode
representar fonte de sérios problemas, de toda ordem, para o Poder Público, que ainda não
estabeleceu controle sobre o processo.
58
2.13 A instalação de grandes empreendimentos habitacionais urbanos
No decorrer dos últimos anos, começaram a se instalar na área urbana do município pelo
menos nove grandes empreendimentos habitacionais do Programa Federal Minha Casa,
Minha Vida, concentrando cerca de 3.000 novas unidades habitacionais.
Estes empreendimentos, embora venham suprir boa parte do déficit habitacional da cidade,
trazem impactos significativos na estrutura urbana como um todo, gerando demandas
localizadas e agudas de serviços de saúde, educação, transporte, segurança e outros, além
de comprometer a mobilidade em eixos específicos da malha viária.
Um instrumento adequado para prevenir estes desequilíbrios potenciais é o Estudo de
Impacto de Vizinhança, como definido no Estatuto da Cidade (artigos 36 a 38).
2.14 As diversas centralidades de Divinópolis
A ocupação do espaço pelo ser humano implica sempre na construção de lugares com
significado econômico e simbólico especial – as centralidades. A evolução urbana descrita
acima não foge à regra.
A primeira centralidade em Divinópolis foi definida pela Cachoeira Grande (a passagem),
em seguida pela via férrea (as oficinas e a estação ferroviária), ambas coincidindo
espacialmente (o atual bairro Niterói) e em termos de significado (o fluxo, o acesso, o lugar
de chegada e de saída de bens e gente). As duas primitivas centralidades desenvolveram-se
em uma terceira e maior – o que hoje é o “Centro”, lugar referencial de todo o município.
Na última década do século XX, consolidaram-se duas novas centralidades urbanas: o
conjunto de comércio e serviços surgido em torno ao novo terminal rodoviário e o conjunto
formado pelo polo de educação e lazer, referenciado pelas escolas universitárias do vetor
Sudoeste e o parque de exposições e onde, atualmente, estão sendo construídos o Hospital
Público Regional e a nova sede da Prefeitura de Divinópolis.
59
O processo urbano de criação de novas centralidades, típico de médias ou grandes cidades,
encontra-se associado tanto à saturação das áreas centrais tradicionais, envolvendo um
maior custo do preço da terra, como às escolhas locacionais de empresários que buscam
uma clientela residente próximas destas centralidades. O fenômeno pode ser explicado a
partir dos seguintes fatores:
(...) um processo espacial associado às deseconomias de aglomeração da Área Central, ao crescimento demográfico e espacial da cidade, inserindo-se no processo de acumulação de capital. De certa forma repete o fenômeno da centralização tornando a organização espacial da cidade mais complexa, com o aparecimento de subcentros comerciais e áreas industriais não-centrais (CORRÊA apud ARAÚJO, 2012, p. 11).
Algumas centralidades surgem espontaneamente, outras são estimuladas pela instalação de
grandes equipamentos urbanos que, por sua vez, atraem outras formas de comércio,
prestação de serviços e até pequenas indústrias que se beneficiam da infraestrutura e do
fluxo de pessoas proporcionado pela instalação do grande equipamento.
Um estudo da centralidade formada no entorno do terminal rodoviário de Divinópolis
aponta o impacto positivo que este equipamento urbano proporcionou em termos de
geração de emprego e renda:
[...] a inserção do equipamento público “terminal rodoviário” no vetor norte da cidade, foi capaz, entre outras ações, de promover o adensamento da região, desencadeado pelo desenvolvimento de atividades produtivas, principalmente ligadas à indústria da confecção, que intensificou o fluxo de pessoas atraídas principalmente pelo comércio varejista e atacadista que ali se instalaram (ARAÚJO, 2012, p. 12).
Conforme Araújo (2012), esta centralidade desenvolveu uma intensa circulação de pessoas,
mercadorias e serviços, destacando-se três agências bancárias, seis hotéis, um shopping
center, cinco shoppings confeccionistas e um supermercado. É uma referência tanto para os
moradores da cidade quanto para os visitantes que procuram Divinópolis.
60
A descentralização de atividades representada por estes centros de polarização urbana
promove um equilíbrio altamente benéfico na distribuição dos fluxos urbanos principais e
na disseminação da qualidade de vida urbana como um todo.
As centralidades de Divinópolis situam-se no eixo de circulação urbana Nordeste-Sudeste,
como indica a figura a seguir, que também mostra as densidades domiciliares por setor
censitário (Censo IBGE – 2010).
FIGURA 3 – Centralidades principais de Divinópolis
1 – Terminal Rodoviário / Centro de Comércio e Serviços
2 – Centro Urbano: referência histórica e moderna 3 – Universidades / Parque de Exposições
– futuro Hospital Regional – futura Prefeitura
61
2.15 Evolução urbana e aspectos demográficos
A abordagem a seguir foca o crescimento demográfico de Divinópolis. Este processo,
analisado em conjunto com o desenvolvimento da siderurgia local e no contexto das
tendências gerais da urbanização brasileira, permite compreender por que o maior
crescimento demográfico local ocorreu até a década de 1970.
No Brasil, o crescimento das cidades ocorreu tardiamente em relação aos países pioneiros
da industrialização, mas foi considerado um dos mais acelerados do mundo, quando, ao
longo do século XX, inverteu o lugar de moradia de sua população, que passou do rural ao
urbano até o início dos anos de 1970. No início dos anos de 1970, 56% da população já
estavam residindo nas cidades e, no Censo de 2010, este percentual atingiu os patamares de
84% (IBGE). Dois marcos significativos desse processo foram as políticas industrializantes
de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
Mas não se podem ignorar outros fatores que contribuíram para o êxodo rural e
consequente urbanização: a modernização do campo em vastos territórios do Brasil, que
reduziu drasticamente o número de trabalhadores rurais e o baixo dinamismo da agricultura
de subsistência, que não constou na pauta das políticas públicas agrárias do período.
Embora Divinópolis seja uma cidade de porte médio, sua população apresentou a mesma
tendência do país, quando, a partir de 1950, sofreu uma expansão demográfica devido ao
incremento da siderurgia, que atraiu populações tanto de cidades circunvizinhas quanto de
seu meio rural. As tabelas abaixo apresentam a população local de 1960 a 2010,
considerando o local de domicílio e sua taxa de crescimento geométrico anual. Nestas
tabelas, pode-se verificar que o crescimento populacional de Divinópolis foi relativamente
elevado no período de 1960/80, embora com tendência ao declínio da taxa de crescimento
geométrico. Observa-se, ainda, que o crescimento da população urbana local ocorreu
paralelamente à redução de sua população rural.
62
É interessante destacar que foi no momento em que Divinópolis reduzia sua taxa de
crescimento populacional – final dos anos de 1970 – que ocorreu uma explosão de
loteamentos no município, conforme já analisado neste texto. Tal situação demonstra que a
ampliação da área de urbana através de loteamentos não acompanhou as tendências de
crescimento populacional, evidenciando uma falta de sincronia com o que é recomendável
em termos de planejamento urbano. O Censo de 2010 indicou taxa de crescimento
geométrico anual de 1,5%, bastante inferior ao que foi apontado na década de 1970 (4,2%).
TABELA 1 – População de Divinópolis, entre 1960 e 2 010,
por situação de domicílio
Década População
Urbana Rural Total
1960 42.195 11.145 53.340
1970 70.686 9.658 80.344
1980 109.596 7.737 117.333
1991 144.429 7.033 151.462
2000 177.973 5.989 183.962
2010 207.516 5.500 213.016
Fonte: Divinópolis 100+20, Fundação Israel Pinheiro – 2012
TABELA 2 – Taxa de Crescimento Geométrico (TCG) de Divinópolis,
entre 1960 e 2010, por situação de domicílio (em %)
Década População
Urbana Rural Total
1960 - 1970 5,3 - 1,4 4,2
1970 - 1980 4,5 - 2,2 3,9
1980 - 1991 2,8 - 0,9 2,6
1991 - 2000 2,1 - 1,6 2,0
2000 - 1010 1,5 - 0,8 1,5
Fonte: Divinópolis 100+20, Fundação Israel Pinheiro – 2012
63
2.16 Distribuição atual da população
Como vimos no item anterior, o crescimento populacional do município vem decrescendo
década a década, chegando a um ritmo bastante modesto no período de 2000 a 2010, o que
de certa forma é positivo, pois permite à cidade progredir em qualidade e não apenas em
quantidade. O quadro resultante deste processo é mostrado na tabela abaixo.
TABELA 3 – Distribuição da população por região de planejamento
(população residente em domicílios particulares e coletivos)
Região de Populaçã % Área (ha) Densidade
Central 36.532 17,15 580,56 62,93
Nordeste 26.877 12,62 907,62 29,61
Nordeste Distante 8.027 3,77 3.292,56 2,44
Noroeste Distante 5.364 2,52 2.127,01 2,52
Noroeste 25.403 11,93 1.880,78 13,51
Noroeste Rural 3.618 1,70 36.876,52 0,10
Oeste 11.031 5,18 824,43 13,38
Sudeste 47.816 22,45 5.203,62 9,19
Sudeste Rural 1.945 0,91 13.066,14 0,15
Sudoeste 36.376 17,08 2.021,73 17,99
Sudoeste Distante 10.027 4,71 4.235,55 2,37
Total 213.016 71.016,52 100
Fonte dos dados básicos: IBGE – Censo Demográfico de 2010
Em 2010, cinco das 11 regiões de planejamento concentravam 81% da população – Sudeste,
Central, Sudoeste, Nordeste e Noroeste. Ao destacarmos as densidades, a região Central
desponta de forma isolada, com mais que o dobro da densidade populacional da região
Nordeste (a segunda mais densa) e mais do triplo da região Sudoeste (a terceira colocada).
A densidade é um indicador mais preciso da intensidade de ocupação, pois relativiza o
64
tamanho das áreas consideradas. Pode indicar também o nível de verticalização das regiões2,
o que fica ainda mais evidente quando se desce à escala de setor censitário.
A figura abaixo mostra os setores de maior densidade populacional do município. Vários
deles chegam ao triplo da maior densidade média das regiões (a Central, com 63 hab/ha) e,
no conjunto, permitem fazer algumas considerações sobre sua espacialização.
FIGURA 4 – Densidade Populacional (hab/ha/setor)
Há um claro eixo de adensamento Nordeste/Sudoeste, correspondendo às centralidades
mais importantes do município. Certamente, a acessibilidade proporcionada pelos eixos
viários das avenidas Paraná e 1º de Junho/JK e rua Goiás são parte importante deste
2 Note-se que o adensamento não necessariamente indica verticalização. As grandes favelas são altamente adensadas (muito mais que a área central de Divinópolis) sem verticalização. A estratégia, no caso, é a drástica redução do tamanho dos lotes e das ruas.
65
processo. Outro fato que se destaca é a existência de um segundo conjunto de setores com
grande adensamento a Oeste do rio Itapecerica.
2.17 Distribuição atual dos domicílios
A análise das tipologias de domicílio reforça as considerações anteriores. A região Central
é o foco de concentração da tipologia “apartamento” (58,6%), seguida da região Sudoeste
(14,2%). Assim, praticamente 3/4 dos apartamentos de Divinópolis situam-se nestas duas
regiões, o que indica sua verticalização.
Curiosamente, essas mesmas duas regiões, acrescidas da Noroeste, respondem por 80% das
“vilas ou condomínios”, que são uma tipologia oposta à anterior – indicam horizontalidade.
A região Central é de novo a campeã – concentra 35% da tipologia, contra 20% da
Sudoeste e 25% da Noroeste.
TABELA 4 – Distribuição das tipologias de domicílio por região de planejamento (domicílios particulares permanentes)
Região de
planejamento
Total de
domicílios
Apartament
o
Casa Vila/condomínio
Central 12.543 7.149 5.322 72
Nordeste 8.296 958 7.322 16
Nordeste Distante 2.295 19 2.276 0
Noroeste Distante 1.596 45 1.549 2
Noroeste 7.838 972 6.825 41
Noroeste Rural 1.218 1 1.215 2
Oeste 3.409 318 3.090 1
Sudeste 14.415 911 13.485 19
Sudeste rural 592 1 591 0
Sudoeste 11.262 1.729 9.483 50
Sudoeste Distante 3.089 102 2.986 1
Total 66.553 12.205 54.144 204
Fonte dos dados básicos: IBGE – Censo Demográfico de 2010
66
2.18 O quadro atual da ocupação
Em trabalho de visita ao campo, cobrindo toda a área urbana e as comunidades rurais mais
expressivas de Divinópolis, foram produzidas fichas com dados básicos de cada núcleo que
permitem uma visão geral dos seguintes aspectos:
– Padrão construtivo das edificações;
– Uso e ocupação do solo;
– Presença de verticalização das edificações e maiores concentrações deste modelo de
assentamento;
– Adensamento da ocupação;
– Configuração básica da topografia local;
– Identificação da presença de equipamentos de uso coletivo;
– Identificação de itens básicos de infraestrutura, tais como energia elétrica/iluminação
pública, esgoto sanitário, pavimentação e água tratada, através de observação direta in loco
e entrevista com moradores locais;
– Identificação da existência de serviços urbanos básicos, tais como coleta de lixo e
transporte coletivo;
– Classificação dos núcleos, com base em seu estágio atual de consolidação, tomando como
referência os recortes temporais considerados na evolução urbana: ocupação inicial, bairros
antigos, primeira expansão (em continuidade), expansão desordenada e expansão
monitorada (vigência da Lei Municipal de Parcelamento);
– Outras observações específicas relativas a cada núcleo ou região.
Após a análise do material coletado em campo, podemos identificar alguns aspectos mais
relevantes com relação à ocupação do território, visto que as características de uso e
ocupação do solo refletem claramente a dinâmica de expansão e crescimento da cidade,
conforme descrito a seguir:
67
2.19 Configuração da mancha urbana
• A área central, que corresponde a uma versão ampliada do núcleo histórico original
planejado por Antônio Olímpio de Morais, encontra-se integralmente consolidada, com
a presença marcante de duas naturezas bem distintas de ocupação:
– alta concentração de comércio e serviços nos eixos principais do Centro (ruas
Pernambuco e Goiás e avenidas 1º de Junho e Getúlio Vargas, além de suas principais
transversais);
– alta concentração de prédios residenciais e alto nível de verticalização e adensamento,
em especial no entorno das duas principais praças da cidade: Benedito Valadares e Dom
Cristiano. Estes índices de verticalização e adensamento são resultantes da atual
legislação de uso e ocupação do solo, que admite parâmetros de ocupação muito
elevados para a Zona Comercial 1, classificação predominante na área central.
• O primeiro anel de bairros externos ao núcleo original, surgidos até 1950, encontra-se
igualmente consolidado, com baixíssima ocorrência de lotes vagos, uso residencial
concentrado em edificações verticais e uso comercial e de serviço concentrados nos
eixos viários principais. São exemplos os bairros Catalão, Porto Velho, Niterói, Afonso
Pena e a parte da área central próxima ao Anel Rodoviário.
• O segundo anel de bairros, surgidos em continuidade aos primeiros núcleos, encontra-se
em um nível parcial de consolidação, também com usos comerciais e de serviços
concentrados nos corredores de acesso e o uso residencial disperso entre o modelo
unifamiliar horizontal e o multifamiliar vertical. São exemplos deste modelo os bairros
São José, Ponte Funda, Espírito Santo, Bom Pastor, Ipiranga e outros.
• Os bairros periféricos, surgidos no período de explosão de novos parcelamentos, ainda
se encontram em processo de consolidação, com os usos comerciais e de serviço sem
concentrações mais evidentes e o uso residencial predominantemente unifamiliar
horizontal, com amplas áreas desocupadas, baixos níveis de adensamento e altas
68
demandas de infraestrutura e serviços. É importante observar, nestes bairros, a
existência de um expressivo estoque de lotes vagos de posse de um reduzido número de
proprietários, o que pode caracterizar uma retenção especulativa.
Quanto à verticalização excessiva referida anteriormente, é interessante comparar
Divinópolis com outras cidades, tendo como referência a tipologia residencial
“apartamento”.
QUADRO 2 – Porcentual de domicílios em apartamento
Município % de domicílios em apartamento
Belo Horizonte 32,97
Contagem 16,88
Divinópolis 18,76
Juiz de Fora 29,67
Montes Claros 5,87
Uberlândia 8,94
Minas Gerais 9,76
Brasil 8,42
Fonte dos dados básicos: IBGE – Censo Demográfico de 2010
Como o quadro anterior indica, os índices de verticalização de Divinópolis só são inferiores
aos de Belo Horizonte e Juiz de Fora, municípios de grande porte e de intensa urbanização.
Em comparação com os demais, todos de maior população, os índices de Divinópolis são
bastante elevados, inclusive muito acima da média do Estado e do país.
Quanto à presença de grandes vazios urbanos, a figura abaixo mostra de forma evidente
estes trechos sem ocupação, dispersos por toda a área urbana, mas com especial destaque
nas regiões Nordeste Distante, Sudeste e Sudoeste Distante. Nestas regiões, a extensão de
áreas vazias é significativamente superior à extensão de áreas ocupadas, configurando um
nível baixíssimo de adensamento, o que inviabiliza o investimento de recursos financeiros
para instalação de infraestrutura, em razão da relação custo-benefício bastante deficiente.
69
Merece menção, ainda, a existência de enormes estoques de terras não parceladas, entre os
loteamentos existentes.
Neste contexto, torna-se fundamental a adoção de instrumentos adequados de política
urbana para enfrentamento deste tipo de especulação. O parcelamento e edificação
compulsórios e o imposto predial e territorial progressivos são exemplos destes
instrumentos, que podem reduzir os efeitos urbanísticos negativos desta configuração
espacial.
70
FIGURA 5 – Vazios urbanos – Divinópolis
71
2.20 O perímetro urbano
Com base no material fornecido pela Prefeitura, o quadro abaixo apresenta um sumário
desta questão, tendo como referência o perímetro urbano definido na Lei Municipal
7369/2011.
QUADRO 3 – Perímetro urbano e áreas parceladas Área total do município: 716 km2
Área ocupada pelo perímetro urbano
214,88 km2
% da área total do município
30,01%
Área parcelada no interior do perímetro urbano
47,81 km2
% da área do perímetro urbano
22,25%
Total de lotes na área parcelada
155.338
Total de lotes vagos na área parcelada
63.175
O perímetro urbano atual ocupa, aproximadamente, 30% da área total do município, valor
que pode ser considerado alto, levando-se em consideração o montante total de área de
Divinópolis, uma cidade de extensão territorial mediana, pelo padrão do Estado, e os
valores apresentados por outros municípios vizinhos, conforme quadro a seguir:
72
QUADRO 4 – Proporção dos perímetros urbanos de cida des do Centro-Oeste Mineiro
Município Área total % ocupado pelo perímetro
Araújos 246,00 km2 2,35%
Carmo da Mata 365,58 km2 0,37%
Carmo do Cajuru 455,00 km2 2,05%
Conceição do Pará 249,00 km2 0,41%
Divinópolis 716,00 km 2 30,01%
Igaratinga 219,32 km2 2,62%
Iguatama 153,93 km2 24,5%
Japaraíba 172,00 km2 1,84%
Moema 203,00 km2 2,95%
Nova Serrana 282,00 km2 6,82%
Pains 418,04 km2 1,04%
Pedra do Indaiá 349,09 km2 0,62%
Perdigão 250,00 km2 2,26%
São Gonçalo do Pará 265,58 km2 1,19%
São Sebastião do Oeste 404,04 km2 2,32%
Como pode ser observado no quadro acima, com exceção do município de Iguatama, que
teve seu perímetro urbano artificialmente ampliado, para incluir uma indústria de grande
porte na área urbana, quase todas as demais cidades apresentam percentuais de perímetro
inferiores a 5%. Embora se trate de cidades de menor porte, a divergência com o percentual
de Divinópolis é bastante acentuada, mesmo quando se compara com Nova Serrana,
município com altos níveis de urbanização e expansão urbana. Esta constatação pode
indicar um desequilíbrio entre o estoque de território urbano e rural, com prejuízo das
funções e atividades não urbanas, fundamentais na dinâmica dos municípios.
No interior do atual perímetro urbano, verifica-se a existência de 77% de terrenos indivisos,
não parcelados, o que significa um montante de aproximadamente 166 km2. Esta área, se
parcelada segundo os critérios da legislação vigente, poderia produzir por volta de 276.000
novos lotes de 360 m2 cada, já descontados os percentuais destinados a sistema viário, áreas
institucionais e áreas de interesse ambiental.
73
Trata-se, portanto, de um enorme estoque para urbanização futura, sem a necessidade de
novas ampliações do perímetro, superior até ao montante total de imóveis existente hoje em
Divinópolis.
Divinópolis apresenta números altamente distorcidos no que diz respeito à proporção entre
lotes vagos e ocupados, no interior da área já parcelada.
O total de lotes vagos é de 63.175 unidades e chega a 41% do total de terrenos, algo
próximo a 53 km2, território suficiente para o assentamento de aproximadamente 221.000
habitantes, levando-se em conta apenas uso residencial unifamiliar com frequência de 3,5
moradores por domicílio. Ou seja, apenas os lotes vagos disponíveis no interior do
perímetro urbano seriam mais que suficientes para dobrar a população atual de Divinópolis,
hoje em torno de 213.000 habitantes (Censo IBGE 2010).
Esta demanda é bastante improvável. Segundo as projeções realizadas pela Fundação Israel
Pinheiro, constantes do documento “Divinópolis, 100 + 20”, no cenário de alto crescimento
a população de Divinópolis alcançaria por volta de 270.000 habitantes em 2032, um
acréscimo de apenas 57 mil pessoas. Também, ao se considerar o cenário de alto
crescimento, seriam acrescentados 29.000 novos domicílios nos próximos 20 anos (FIP,
Divinópolis, 100 + 20, projeções demográfica e domiciliar).
Diante das constatações anteriores, verificamos a necessidade de adoção de mecanismos
consistentes de controle da expansão do perímetro urbano de Divinópolis, no âmbito do
Plano Diretor, como forma de assegurar um crescimento ordenado, racional e sustentável
do município.
O equilíbrio entre as funções e atividades, no âmbito dos municípios, depende de uma
proporção adequada entre os estoques de terra destinados à urbanização e os terrenos rurais,
ou seja, entre áreas de ocupação construtiva intensiva e as áreas de ocupação rarefeita, com
reservas ambientais e usos extensivos.
74
No caso de Divinópolis, o próprio Plano Diretor atual da cidade (Lei Complementar nº 60,
de 2000) reconheceu que o atual perímetro urbano do município é muito extenso e propôs
uma redução temporária deste limite, até que se processasse a ocupação das áreas mais
próximas ao núcleo consolidado e dos vazios urbanos intersticiais existentes.
Este dispositivo, lamentavelmente, foi suprimido do projeto original, encaminhado ao
Legislativo, em função de pressões do mercado imobiliário.
A autorização para aprovação de usos tipicamente urbanos, no interior da atual zona rural,
contribui, ainda mais, para o distanciamento destes núcleos com relação à mancha
parcelada existente, o que acarreta ônus e impactos significativos no processo de gestão da
cidade, no que diz respeito a linhas de transporte, redes de infraestrutura, acessos, bloqueios
físicos, etc.
Os problemas gerados pela explosão de novos parcelamentos, ocorrida na década de 1980,
portanto, seriam renovados e ainda mais intensificados.
2.21 Ocupação e estruturação rural
A zona rural de Divinópolis é composta por 45 comunidades, distribuídas nas regiões de
planejamento 10 e 11 (zona rural Noroeste e zona rural Sudeste), com os respectivos
núcleos geradores de Santo Antônio dos Campos e Buritis. As duas regiões compreendem
uma área de 493,24 km2. Embora representem uma pequena parcela da população (2,58%,
em 2010), os moradores da zona rural do município desempenham um papel importante na
produção de alimentos local, realizada, principalmente, em unidades voltadas à agricultura
familiar.
Os eixos de estruturação entre as comunidades ocorrem através de estradas rurais, sendo
este um importante aspecto, especialmente quando se consideram a mobilidade e o
escoamento da produção. Outro fator a ser considerado é o papel polarizador de algumas
75
comunidades, fenômeno que ocorre, principalmente, em função de instrumentos sociais que
estão presentes nas comunidades polo.
As comunidades rurais mais importantes têm características físicas marcadamente urbanas,
com lotes pequenos, arruamento e infraestrutura instalados e consolidados e uso residencial
predominante segundo o modelo unifamiliar horizontal. Algumas dispõem de
equipamentos de uso coletivo e infraestrutura ausentes em muitos bairros da periferia
urbana, o que torna anacrônica e inadequada sua condição fundiária legal de zona rural,
ensejando a proposição de mecanismos que possam corrigir este tipo de distorção.
Esta constatação, verificada em muitos núcleos rurais distantes do perímetro urbano, sugere
o estudo para criação de núcleos urbanos isolados do perímetro, como forma de reconhecer
esta configuração presente no interior do território rural. Estas comunidades, desta forma,
poderiam regularizar a documentação dos terrenos e se beneficiar de outras prerrogativas
dos assentamentos urbanos.
Por outro lado, há importantes áreas com potencial para uso de lazer devido a suas
características ambientais e, neste caso, interessa preservar tais características não urbanas.
A figura e o quadro abaixo apresentam a distribuição espacial das comunidades rurais em
Divinópolis.
76
FIGURA 6 – Distribuição das comunidades rurais
Fonte: Divinópolis (2009)
77
QUADRO 5 – Distância da sede às comunidades rurais
COMUNIDADE KM COMUNIDADE KM
Amadeu Lacerda 35 Junco 16
Boa Esperança 12 Lagoa 13
Boa Vista 13 Laje 12
Branquinhos 18 Lavapés 15
Buritis 11 Lixas 25
Cachimba 6 Lopes 14
Cachoeira 17 Mata dos Coqueiros 25
Cachoeirinha 12 Mutirão 28
Cacôco de Baixo 10 Olaria 20
Cacôco de Cima 10 Paivas 22
Cacôco do Meio 10 Passagem 22
Choro 15 Perobas 24
Córrego da Divisa 6 Piteiras 18
Córrego do Paiol 8 Posses 17
Córrego Falso 23 Quilombo 18
Costas 30 Roseiras 23
Djalma Dutra 19 Rua Grande 14
Ferrador 10 Santo Antônio dos Campos
Campos
7
Fortaleza 9 Tamboril 15
Inhame 13 Tavares 19
Jararaca 23
Fonte: Banco de Dados – SEPLAN
Como visto anteriormente, a partir da década inicial do século XXI, intensificaram-se os
parcelamentos irregulares do solo rural na forma de chacreamentos. Em entrevistas
realizadas junto a setores institucionais e comunitários ligados à questão da ocupação e uso
da área rural3 , constatou-se que 28 comunidades rurais apresentam processos de
3 Sr. Paulo Sérgio de Oliveira (secretário municipal de Agronegócios); Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (presidente do Conselho e os presidentes das comunidades rurais); sr.
78
urbanização, totalizando cerca de 62% das comunidades. O quadro abaixo apresenta os
dados obtidos nesta pesquisa.
QUADRO 6 – Comunidades rurais com áreas de urbaniza ção em Divinópolis
COMUNIDADES ÁREAS DE URBANIZAÇÃO
Amadeu Lacerda Adensamento expressivo, chacreamento
Boa Vista Chacreamento
Branquinhos Loteamento/chacreamento
Buritis Dois chacreamentos
Cachimba Loteamento/chacreamento
Cachoeira (Ponte de Ferro) Loteamento
Cachoeirinha Parcelamento legal – área urbana
Cacôco de Baixo Loteamento/chacreamento
Cacôco de Cima Pequenos chacreamentos
Cacôco do Meio Loteamento/chacreamento
Chácaras Belo Horizonte Loteamento/chacreamento
Choro Loteamento/chacreamento
Córrego da Divisa Loteamento
Córrego do Paiol Loteamento
Córrego Falso Loteamento agrovila
Costas Loteamento
Djalma Dutra Loteamento
Ferrador Loteamento
Fortaleza Loteamento/chacreamento
Inhame Grandes chacreamentos bem estruturados
Lagoa Dois chacreamentos
Laje Chacreamento
Lavapés Chacreamento
Lopes Chacreamento (dois são bem organizados, com planta, ruas
com nomes) Quilombo Adensamento expressivo
Roseiras Chacreamento
Rua Grande Chacreamento
Tamboril Chacreamento
Nilson (presidente da Associação de Agricultura Familiar); sr. José Paiva de Carvalho (Instituto Mineiro de Agropecuária); sr. Alberto Coutinho Amaral (Emater); e sargento Nixon (Polícia Ambiental).
79
A identificação precisa destes núcleos, a avaliação de sua extensão e impactos e o
estabelecimento de mecanismos rigorosos de controle para impedir novas iniciativas desta
natureza devem ser preocupações constantes da municipalidade.
80
3 – LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA E CARTOGRAFIA
3.1 Introdução
Há um diverso e complexo conjunto de normas que tratam da questão urbana, contudo, a
Constituição Federal organizou um sistema de instituição de competências que confere
coerência e legitimidade aos regramentos de natureza urbanística.
Esse sistema referencia nas disposições contidas no próprio texto constitucional, na
legislação geral editada pela União Federal e nas várias normas de estados e municípios que,
obrigatoriamente, devem guardar consonância com a legislação federal e o contido na carta
constitucional.
É conferida competência, nos termos do artigo 21, XX, para a União Federal estabelecer as
diretrizes para a habitação, saneamento básico e transportes urbanos. O artigo 24, I,
determina que, concorrentemente a União deve legislar sobre Direito Urbanístico,
estabelecendo normas gerais. Vigora atualmente a Lei Federal 10.257/2001, Lei de
Desenvolvimento Urbano ou Estatuto da Cidade. Ela regulamenta as disposições contidas
nos artigos 182 e 183 e traça as diretrizes e os objetivos da política urbana nacional.
O Estatuto trata ainda da aplicação da política urbana no sentido do estabelecimento de um
sistema organizado e participativo de gestão e também institui um rol de instrumentos
urbanísticos a serem aplicados conforme definição das leis específicas.
O município, por força do artigo 30 da Constituição, que o autoriza legislar sobre assuntos
de interesse local, mas também porque, textualmente, o artigo 182 determinou que o Plano
Diretor Municipal seja o instrumento legal para regulamentar a verificação do cumprimento
do Princípio da Função Social da Propriedade, mediante a aplicação do Parcelamento ou
Edificação Compulsórios, do Imposto Sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbanos
Progressivo no Tempo, e a Desapropriação para Fins de Reforma Urbana.
81
Diante disso a legislação municipal deve tratar no Plano Diretor dos instrumentos e orientar
a legislação urbanística para atendimento aos princípios constitucionais.
Arrolamos a seguir elementos das leis urbanísticas federais e pontos de contato e
implicações junto ao Município de Divinópolis, tendo em vista o processo de revisão do
Plano Diretor e da legislação urbanística local em curso:
3.2 Legislação urbanística federal
Há um conjunto de leis federais que organizam a política urbana no país e as mesmas
devem ser observadas quando da elaboração ou revisão das normas locais:
– Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, Estatuto da Cidade, regulamenta os artigos 182 e
183 da Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana;
– Lei no 6.766, de 19 de dezembro de 1979, dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano;
– Lei Federal no 12.587, de 03 de janeiro de 2012, Institui as diretrizes da Política Nacional
de Mobilidade Urbana;
– Lei Federal no 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e
critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência
ou com mobilidade reduzida;
– Lei Federal no 11.124, de 16 de junho de 2005, Dispõe sobre o Sistema Nacional de
Habitação de Interesse Social – SNHIS, cria o Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social – FNHIS e institui o Conselho Gestor do FNHIS;
– Lei 11.977, de 07 de julho de 2009, Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida –
PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas;
– Plano Nacional de Habitação (Planhab), instituído a partir da Lei 11.124/2005;
– Decreto-Lei 271, de 28 de fevereiro de 1967, dispõe sobre loteamento urbano,
responsabilidade do Loteador concessão de uso e espaço aéreo e dá outras providências;
– Decreto-Lei 3.365, de 21 de junho de 1941, Dispõe sobre desapropriações por utilidade
pública;
82
– Lei 4.132, de 10 de setembro de 1962, Define os casos de desapropriação por interesse
social e dispõe sobre sua aplicação;
– Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010, Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998;
– Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
– Lei Federal No 11.445, de 05 de janeiro de 2007, Estabelece diretrizes nacionais para o
saneamento básico;
– Resolução 335, de 3 de abril de 2003, dispõe sobre o licenciamento ambiental de
cemitérios;
– Lei Federal no 12.608, de 10 de abril de 2012, Institui a Política Nacional de Proteção e
Defesa Civil – PNPDEC; dispõe sobre o Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil –
SINPDEC e o Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil – CONPDEC; autoriza a
criação de sistema de informações e monitoramento de desastres.
3.3 Legislação urbanística municipal
A Legislação Urbanística do Município é o conjunto mais importante de ferramentas
disponíveis para monitoramento e controle das atividades e da expansão urbanas, conforme
as competências assim definidas pela Constituição do País. Trata-se de um conjunto de Leis
e Códigos que controlam a maior parte dos aspectos da vida da cidade, refletindo
diretamente na qualidade de vida de seus moradores.
Uma análise da Legislação urbanística de Divinópolis demonstra a necessidade clara de
revisão e até mesmo de reformulação integral de diversos itens, conforme descrito a seguir.
3.4 Lei de Uso e Ocupação do Solo
– Lei em vigor: Lei Municipal nº 2.418 de 18/11/1988.
– Legislação totalmente defasada, frente a atual realidade do Município;
83
– Adoção de critérios diversos para definição dos limites de ocupação dos terrenos
(gabaritos fixos, taxas de ocupação e outros) dificultando a aplicação e o entendimento;
– Definição de Zonas Especiais que não incluem as ZEIS – Zonas Especiais de Interesse
Social;
– Anexo com zoneamento da área urbana incompatível com a atual realidade de uso e
ocupação do solo verificada;
– Existência de um número elevadíssimo de emendas e alterações (cerca de 300), que
praticamente inviabilizam a sua plena aplicação;
– Existência de parâmetros altamente permissivos de taxa de ocupação e coeficiente de
aproveitamento para algumas zonas, gerando altíssimos níveis de verticalização das
edificações e adensamento excessivo;
– Gestão participativa e acompanhamento da sociedade estabelecido de forma confusa e em
permanente contradição, o que inviabiliza sua atuação. Há previsão na Lei de uma
Comissão Municipal do Uso e Ocupação do Solo cuja competência ampla adquire
atribuições próprias de órgão gestor executivo, o que por si só já aponta para sua
inviabilização. Contudo, os parágrafos 1o e 2o do artigo 36 estabelecem, contraditoriamente
que, no primeiro, a Comissão de Uso do Solo terá o prazo máximo de quarenta e cinco dias
para emitir seus pareceres, findo o qual o processo será enviado ao Prefeito para o
encaminhamento devido ou decisão final, quando for o caso e, no segundo parágrafo, toda e
qualquer decisão final só deverá ser através de Lei autorizativa do Legislativo.
3.5 Código de Obras
– Lei em vigor: Lei Municipal no 1.071 de 21/11/1973;
– Legislação com quase 40 anos de vigência e integralmente defasada com relação aos
requisitos mínimos de parâmetros para aprovação de projetos de edificações;
– Em razão do tempo de vigência, existe um número significativo de emendas e alterações,
o que dificulta bastante sua aplicação;
– Contem dispositivos que deveriam ser tratados na Lei de Uso e Ocupação do Solo;
– Defasagem com relação à Lei de Uso e Ocupação do Solo, com a qual chega a conflitar;
84
– Referenciais relativos às edificações específicas (escolas, unidades de saúde e outros) em
desacordo com a legislação própria de cada área;
– Normas de segurança em desacordo com a legislação em vigor;
– Inexistência de parâmetros e exigências relacionados com a acessibilidade plena nas
edificações, de um modo geral.
3.6 Código de Posturas
– Lei em vigor: Lei Municipal no 6.907 de 22/12/2000;
– A revisão feita na Lei Municipal 1.077, de 29/12/1973, preservou a estrutura original do
instrumento, mantendo muitos elementos defasados e desatualizados;
– A linguagem e a terminologia utilizadas no documento anterior, e mantidas no atual,
remetem a parâmetros e conceitos da década de 1970, hoje já superados;
– Foram agregados dispositivos integralmente copiados de legislações de outros municípios,
o que, em alguns casos, tornam a proposição inaplicável;
– Muitos dispositivos da Lei são pertinentes, porém, não passíveis de fiscalização efetiva,
configurando-se como meras recomendações.
3.7 Lei Municipal de Parcelamento do Solo
– Lei em vigor: Lei Municipal no 2.429 de 24/11/1988;
– Dispositivo em vigor há mais de 20 anos, demandando revisão para adequação a
realidade atual da cidade;
– Ausência de subsídios específicos para análise e aprovação de parcelamentos do solo, na
categoria Condomínio Fechado;
– A Lei define requisitos mínimos de infraestrutura para instalação nos novos loteamentos,
mas não verifica a existência de serviços públicos disponíveis e dimensionados para
atendimento às demandas, na região dos empreendimentos;
– Alguns parâmetros relativos a áreas non aedificandi devem ser revistos, à luz da nova
legislação florestal vigente, em nível nacional;
85
– A caracterização dos chamados Parcelamentos de Interesse Social não é detalhada e deve
ser revista;
– A Lei traz requisitos mínimos relativos à natureza do terreno do empreendimento, mas
não traz nenhuma limitação de caráter urbanístico para a implantação de novos
parcelamentos, com base nas políticas definidas no Plano Diretor;
– Existência de legislação de parcelamento do solo urbano destinado a Conjuntos
Habitacionais vinculados a programas habitacionais de interesse exclusivamente social,
datada de 1982 e totalmente defasada, embora em vigor.
3.8 Código Municipal de Saúde
– Lei em vigor: Lei Complementar no 30 de 14/08/1996;
– Em função da evolução tecnológica e científica verificada, 16 anos é um período bastante
extenso para uma legislação desta natureza não sofrer nenhuma revisão, o que indica sinais
de desatualização e inadequação;
– A maioria dos Capítulos trata de aspectos complexos de maneira sucinta, demandando
regulamentação técnica posterior;
– As normas relativas a estabelecimentos de serviços de interesse à saúde não mencionam a
legislação estadual relativa à matéria, superior à municipal, nestes casos (RDC 50 e outras);
– A Lei traz um título relativo ao Meio Ambiente e ao Saneamento, conteúdo já
contemplado, de maneira detalhada, em legislação própria.
3.9 “Lei dos Franciscanos” (regulamenta a ocupação do quarteirão do Santuário de
Santo Antônio)
– Lei em vigor: Lei Municipal no 6374 de 02/05/2006;
– A Lei regulamenta a Zona Especial 2, definida no Anexo 6 da Lei de Uso e Ocupação do
Solo, para o Quarteirão do Santuário de Santo Antônio, compreendido pelas Ruas Minas
Gerais e São Paulo e pelas Avenidas 21 de Abril e 7 de Setembro;
– O instrumento assegura a utilização institucional e cultural para a área, vedando quaisquer
outros usos estranhos a esta natureza de utilização;
86
– A Lei define, ainda, parâmetros limite para ocupação do terreno, em projeção e altura,
preservando a identidade visual do conjunto arquitetônico;
– Ficam definidos como órgãos deliberativos, no caso de ocupação do terreno, o Conselho
Municipal do Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico de Divinópolis e a Comissão de
Uso e Ocupação do Solo;
– A Legislação não vem sendo observada, em função de iniciativas de ocupação da área,
surgidas recentemente e que não observam os requisitos definidos para utilização do terreno.
3.10 Lei Municipal de Meio Ambiente
– Lei em vigor: Lei Municipal no 5.451 de 17/09/2002;
– Decreto de Regulamentação em vigor: Decreto 4.748 de 02/10/2002;
– Assim como no caso do Código Municipal de Saúde, o avanço científico e tecnológico
verificado nos últimos anos, confere um certo anacronismo a Lei e ao Decreto aqui
considerados, vigentes há quase 10 anos;
– Os índices e parâmetros técnicos definidos no Decreto de Regulamentação, em especial
com respeito aos níveis de poluição aferidos, são alterados por revisões periódicas
decorrentes do avanço tecnológico, estando, possivelmente, desatualizados;
– O Decreto não trata das formas eletromagnéticas de poluição, em especial as decorrentes
de torres de transmissão de telecomunicações;
– A gradação dos valores das penalidades definida no Decreto carece de revisão, em face de
realidade atual dos empreendimentos com potencial poluente e a extensão dos danos
verificados.
3.11 Lei do Perímetro Urbano
– Lei em vigor: Lei Municipal no 7369, de 30/06/2011;
– Ampliou os limites do Perímetro Urbano anterior unicamente para possibilitar a
aprovação de um novo condomínio fechado;
– A Lei traz, inclusive, algumas diretrizes de ocupação para o novo condomínio, conteúdo
claramente atípico, para esta natureza de legislação;
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– As comunidades rurais mais importantes têm características físicas marcadamente
urbanas, o que torna anacrônica e inadequada sua condição fundiária legal de zona rural,
ensejando a proposição de mecanismos que possam corrigir este tipo de distorção, no
âmbito do Plano Diretor.
3.12 Plano Diretor
– Lei em vigor: Lei Complementar 060 de 24/03/2000;
– Segunda experiência de instrumento de planejamento global organizado realizada no
município;
– Processo iniciado aproximadamente em 1995;
– Existência prévia de legislação de uso, ocupação e parcelamento do solo, aprovada em
1988.
– Ausência de sistematização externa (Ministério das Cidades);
– Ausência de iniciativas políticas de regulamentação dos principais aspectos;
– Legislação não aplicada, na prática.
3.13 Dinâmica utilizada na elaboração e aprovação
– Participação indireta da comunidade: consultas institucionais baseadas em conteúdos
mínimos, previamente elaborados internamente;
– Realização de encontros setoriais, com segmentos convidados, para discussão e
aprofundamento dos conteúdos mínimos;
– Sistematização do material acumulado nos encontros setoriais;
– Redação jurídica, sem consultas públicas;
– Mutilação do texto original na Câmara Municipal, após discussão sucinta;
– Proposta de veto às alterações introduzidas, que não foi encaminhado ao Legislativo.
3.14 Principais características
– Ênfase clara no conteúdo físico-territorial;
88
– Contempla instrumentos de política urbana do Estatuto da Cidade;
– Não contempla proposições específicas para o território rural;
– Maioria dos dispositivos demanda regulamentação e/ou estudos posteriores;
– Conteúdo socioeconômico e institucional genérico e sucinto.
3.15 Relação entre o Plano Diretor e o Estatuto da Cidade
O Estatuto da Cidade destaca o Plano Diretor como instrumento básico da política de
desenvolvimento e expansão urbana, sendo parte do processo de planejamento municipal,
devendo o PPA, LDO e LOA incorporar suas diretrizes e prioridades. (Artigo 40, §1o).
No Plano Diretor atual de Divinópolis tal determinação é mencionada nas disposições
transitórias, quando deveria compor o rol de princípios básicos da lei.
O Estatuto estabelece ainda, em seu artigo 42, que o Plano Diretor deverá conter a
delimitação das áreas urbanas onde poderá ser aplicado o parcelamento, edificação ou
utilização compulsórios e as disposições requeridas para exercer o direito de preempção,
para a outorga onerosa do direito de construir, para as operações urbanas consorciadas e
para a transferência do direito de construir.
O Plano Diretor de Divinópolis, no Parágrafo único do artigo 85, remete para o Código
Tributário a definição das alíquotas para cobrança do IPTU Progressivo e no referido
código não há tal definição;
O Plano Diretor Municipal prevê apenas 3 instrumentos de política urbana: Operações
Urbanas, Transferência do Direito de Construir e Parcelamento ou Edificação Compulsória,
conforme determinado nos Capítulos I, II e III do Título IV, artigos. 69 a 88.
Por outro lado, o Estatuto da Cidade em seu Artigo 4o aponta que serão utilizados, no
âmbito municipal, entre outros, os seguintes instrumentos:
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III – planejamento municipal, em especial: a) plano diretor; b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; c) zoneamento ambiental; d) plano plurianual; e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual; f) gestão orçamentária participativa; g) planos, programas e projetos setoriais; h) planos de desenvolvimento econômico e social; IV – institutos tributários e financeiros: a) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU; b) contribuição de melhoria; c) incentivos e benefícios fiscais e financeiros; V – institutos jurídicos e políticos: a) desapropriação; b) servidão administrativa; c) limitações administrativas; d) tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; e) instituição de unidades de conservação; f) instituição de zonas especiais de interesse social; g) concessão de direito real de uso; h) concessão de uso especial para fins de moradia; i) parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; (o Plano Diretor atual não trata de utilização compulsória) j) usucapião especial de imóvel urbano; l) direito de superfície; m) direito de preempção; n) outorga onerosa do direito de construir e de alteração de uso; o) transferência do direito de construir; p) operações urbanas consorciadas; q) regularização fundiária; (o Plano Diretor atual remete à lei específica) r) assistência técnica e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos; s) referendo popular e plebiscito; t) demarcação urbanística para fins de regularização fundiária; (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009) u) legitimação de posse. (Incluído pela Lei nº 11.977, de 2009); VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).
O tratamento dado pelo estatuto aos instrumentos obrigatórios é o seguinte:
Art. 25. O direito de preempção confere ao Poder Público municipal preferência para aquisição de imóvel urbano objeto de alienação onerosa entre particulares. § 1o Lei municipal, baseada no plano diretor, delimitará as áreas em que incidirá o direito de preempção e fixará prazo de vigência, não superior a cinco anos, renovável a partir de um ano após o decurso do prazo inicial de vigência. § 2o O direito de preempção fica assegurado durante o prazo de vigência fixado na forma do § 1o, independentemente do número de alienações referentes ao mesmo imóvel. Art. 26. O direito de preempção será exercido sempre que o Poder Público necessitar de áreas para: I – regularização fundiária;
90
II – execução de programas e projetos habitacionais de interesse social; III – constituição de reserva fundiária; IV – ordenamento e direcionamento da expansão urbana; V – implantação de equipamentos urbanos e comunitários; VI – criação de espaços públicos de lazer e áreas verdes; VII – criação de unidades de conservação ou proteção de outras áreas de interesse ambiental; VIII – proteção de áreas de interesse histórico, cultural ou paisagístico; IX – (VETADO) Parágrafo único. A lei municipal prevista no § 1o do art. 25 desta Lei deverá enquadrar cada área em que incidirá o direito de preempção em uma ou mais das finalidades enumeradas por este artigo. Art. 27. O proprietário deverá notificar sua intenção de alienar o imóvel, para que o Município, no prazo máximo de trinta dias, manifeste por escrito seu interesse em comprá-lo. § 1o À notificação mencionada no caput será anexada proposta de compra assinada por terceiro interessado na aquisição do imóvel, da qual constarão preço, condições de pagamento e prazo de validade. § 2o O Município fará publicar, em órgão oficial e em pelo menos um jornal local ou regional de grande circulação, edital de aviso da notificação recebida nos termos do caput e da intenção de aquisição do imóvel nas condições da proposta apresentada. § 3o Transcorrido o prazo mencionado no caput sem manifestação, fica o proprietário autorizado a realizar a alienação para terceiros, nas condições da proposta apresentada. § 4o Concretizada a venda a terceiro, o proprietário fica obrigado a apresentar ao Município, no prazo de trinta dias, cópia do instrumento público de alienação do imóvel. § 5o A alienação processada em condições diversas da proposta apresentada é nula de pleno direito. § 6o Ocorrida a hipótese prevista no § 5o o Município poderá adquirir o imóvel pelo valor da base de cálculo do IPTU ou pelo valor indicado na proposta apresentada, se este for inferior àquele. Seção IX Da outorga onerosa do direito de construir Art. 28. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais o direito de construir poderá ser exercido acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário. § 1o Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é a relação entre a área edificável e a área do terreno. § 2o O plano diretor poderá fixar coeficiente de aproveitamento básico único para toda a zona urbana ou diferenciado para áreas específicas dentro da zona urbana. § 3o O plano diretor definirá os limites máximos a serem atingidos pelos coeficientes de aproveitamento, considerando a proporcionalidade entre a infra-estrutura existente e o aumento de densidade esperado em cada área. Art. 29. O plano diretor poderá fixar áreas nas quais poderá ser permitida alteração de uso do solo, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário. Das operações urbanas consorciadas Art. 32. Lei municipal específica, baseada no plano diretor, poderá delimitar área para aplicação de operações consorciadas. § 1o Considera-se operação urbana consorciada o conjunto de intervenções e medidas coordenadas pelo Poder Público municipal, com a participação dos proprietários, moradores, usuários permanentes e investidores privados, com o objetivo de alcançar em uma área transformações urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental.
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§ 2o Poderão ser previstas nas operações urbanas consorciadas, entre outras medidas: I – a modificação de índices e características de parcelamento, uso e ocupação do solo e subsolo, bem como alterações das normas edilícias, considerado o impacto ambiental delas decorrente; II – a regularização de construções, reformas ou ampliações executadas em desacordo com a legislação vigente. Art. 33. Da lei específica que aprovar a operação urbana consorciada constará o plano de operação urbana consorciada, contendo, no mínimo: I – definição da área a ser atingida; II – programa básico de ocupação da área; III – programa de atendimento econômico e social para a população diretamente afetada pela operação; IV – finalidades da operação; V – estudo prévio de impacto de vizinhança; VI – contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários permanentes e investidores privados em função da utilização dos benefícios previstos nos incisos I e II do § 2o do art. 32 desta Lei; VII – forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhado com representação da sociedade civil. § 1o Os recursos obtidos pelo Poder Público municipal na forma do inciso VI deste artigo serão aplicados exclusivamente na própria operação urbana consorciada. § 2o A partir da aprovação da lei específica de que trata o caput, são nulas as licenças e autorizações a cargo do Poder Público municipal expedidas em desacordo com o plano de operação urbana consorciada. Art. 34. A lei específica que aprovar a operação urbana consorciada poderá prever a emissão pelo Município de quantidade determinada de certificados de potencial adicional de construção, que serão alienados em leilão ou utilizados diretamente no pagamento das obras necessárias à própria operação. § 1o Os certificados de potencial adicional de construção serão livremente negociados, mas conversíveis em direito de construir unicamente na área objeto da operação. § 2o Apresentado pedido de licença para construir, o certificado de potencial adicional será utilizado no pagamento da área de construção que supere os padrões estabelecidos pela legislação de uso e ocupação do solo, até o limite fixado pela lei específica que aprovar a operação urbana consorciada. Seção XI Da transferência do direito de construir Art. 35. Lei municipal, baseada no plano diretor, poderá autorizar o proprietário de imóvel urbano, privado ou público, a exercer em outro local, ou alienar, mediante escritura pública, o direito de construir previsto no plano diretor ou em legislação urbanística dele decorrente, quando o referido imóvel for considerado necessário para fins de: I – implantação de equipamentos urbanos e comunitários; II – preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico, social ou cultural; III – servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda e habitação de interesse social. § 1o A mesma faculdade poderá ser concedida ao proprietário que doar ao Poder Público seu imóvel, ou parte dele, para os fins previstos nos incisos I a III do caput. § 2o A lei municipal referida no caput estabelecerá as condições relativas à aplicação da transferência do direito de construir.
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3.16 Relação entre o Plano Diretor e a Lei 12608/2012 – Política Nacional de Proteção
e Defesa Civil
– Caso o município de Divinópolis seja incluído no cadastro nacional de municípios com
áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande impacto, inundações bruscas ou
processos geológicos ou hidrológicos correlatos, o Plano Diretor, deverá conter:
– parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo, de modo a promover a diversidade
de usos e a contribuir para a geração de emprego e renda;
– mapeamento contendo as áreas suscetíveis à ocorrência de deslizamentos de grande
impacto, inundações bruscas ou processos geológicos ou hidrológicos correlatos;
– planejamento de ações de intervenção preventiva e realocação de população de áreas de
risco de desastre;
– medidas de drenagem urbana necessárias à prevenção e à mitigação de impactos de
desastres.
– O Plano Diretor também deverá, no caso de interesse e necessidade de se viabilizar
habitação para população de baixa renda, delimitar áreas para habitação de interesse social
por meio da demarcação de zonas especiais de interesse social e de outros instrumentos de
política urbana. Esta medida poderá impedir que a especulação imobiliária torne inviável a
construção de empreendimentos para a população de baixa renda.
– Necessidade de Regulamentação de alguns artigos por intermédio de Decreto ou Planos
Setoriais. Os planos setoriais são leis específicas ou genéricas destinadas a regular
determinadas situações dentro de áreas indicadas no Plano Diretor.
3.17 Áreas especiais
– O Plano Diretor atual de Divinópolis estabelece, conforme seu Art. 30 e seguintes, Áreas
de Intervenção Urbanística.
– Áreas de intervenção urbanística são espaços do território que, por suas características de
degradação urbana ou estagnação econômica, exijam intervenções específicas para sua
recuperação.
– Art. 31. São áreas de intervenção urbanística:
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I áreas situadas na faixa lindeira à linha férrea; II áreas contíguas aos Centros de Equipamentos Industriais; III corredores de transporte urbano, saturados ou em via de saturação; IV áreas situadas nas faixas marginais aos córregos canalizados; V loteamentos degradados do ponto de vista físico. § 1º. O Poder Público delimitará as áreas previstas neste artigo, visando aplicação do disposto no art. 72. § 2º. A qualquer tempo o Poder Público poderá definir novas áreas de intervenção urbanística, bastando para isto que as áreas selecionadas possuam características previstas neste artigo.
3.18 Sistema de acompanhamento e controle – Gestão democrática da cidade
– O Estatuto da Cidade é enfático ao estabelecer Gestão Democrática da Cidade. Seus
dispositivos prevêem a adoção da participação nos instrumentos de planejamento como
condição de validade da lei que os instituiu, como é o caso da legislação orçamentária. As
propostas do PPA, LDO e LOA, como condição obrigatória para sua aprovação pela
Câmara.
Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea f do inciso III do art. 4o desta Lei incluirá a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.
– Na gestão da cidade qualquer decisão normativa deve ser precedida de debates,
audiências e consultas públicas sobre assuntos de interesse urbano e iniciativa popular de
projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos: I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal; II – debates, audiências e consultas públicas; III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
– O Plano Diretor atual não estabelece um Sistema de Gestão cuja base é a participação
da sociedade. O mesmo prevê três organismos específicos de acompanhamento de
questões urbanas ou de planejamento. Todos consultivos, senão vejamos:
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– Comissão de Uso e Ocupação do Solo
– Prevista no Plano Diretor no Artigo 98 e também no Artigo 35 da Lei de Uso e Ocupação
do Solo. O dispositivo do Plano estabelece as seguintes diretrizes para atuação da CMS:
Art. 98. São diretrizes básicas para reestruturação da Comissão Municipal do Uso e Ocupação do Solo: I a criação de mecanismos que garantam a participação mais efetiva da Comissão nos processos de alteração do texto da lei e/ou zoneamento, garantindo a presença de representação dos membros nas discussões do Legislativo Municipal, sempre que haja divergência entre posições da Comissão e da Câmara; II estudo da viabilidade de instalação de comissões setoriais, formadas por integrantes das nove Regiões de Planejamento oficiais, com objetivo de estabelecer um relacionamento mais estreito entre os membros e as questões localizadas; III o estabelecimento de critérios de avaliação das entidades participantes, para a inclusão de novos órgãos representativos surgidos recentemente e/ou a exclusão de outros, que não tenham demonstrado interesse efetivo no processo.
Já a Lei de Uso e Ocupação do Solo, anterior ao plano, organiza a composição e atuação da
CMS:
Art. 35. O Executivo Municipal constituirá por Decreto, a Comissão de Uso e Ocupação do Solo, composta por 14 (quatorze) membros efetivos e seu respectivos suplentes, a serem indicados pelos seguintes órgãos e entidades (NR Lei 6.966): I – 02 membros da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Políticas Urbanas (NR Lei 6.966); II – 01 membro da Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (NR Lei 6.966); III – 01 membro do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico; IV – 01 membro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA; V – 01 membro do Conselho de Defesa e Preservação do Meio Ambiente – CODEMA; VI – 01 membro da Associação Comercial e Industrial de Divinópolis – ACID; VII – 01 membro da Federação das Associações de Moradores de Bairros e Conselhos Comunitários – FAMBACORD; VIII – 01 membro do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Mobiliário de Divinópolis; IX – 01 membro do Corpo de Bombeiros Militar; X – 01 membro do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis; XI – 01 membro da 48ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil; XII – 01 membro do Sindicato das Empresas de Construção Civil – SINDUSCOM; XIII – 01 membro do Gabinete do Prefeito.” § 1º – Em caso de empate nas votações, caberá ao Presidente da Comissão escolhido por votação entre os membros, exercer o voto de minerva. § 2º – Na hipótese de o representante da entidade ou órgão integrante da Comissão a que se refere o art. 35 deixar de comparecer a três reuniões consecutivas sem a devida justificativa, ou ainda no caso de extinção, o Prefeito
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poderá, livremente indicar substituto de qualquer outra entidade ouvida a comissão em exercício” (NR Lei 6.617/07). Art. 36. À Comissão de Uso do Solo compete: I – colaborar na aplicação e fiscalização do cumprimento desta e de outras Leis Municipais relativas às edificações e ao parcelamento, uso e ocupação do solo; II – propor modificações das Leis Municipais relativas às edificações e ao parcelamento, uso e ocupação do solo; III – emitir parecer analítico sobre toda proposta de modificação das leis municipais relativas às edificações e ao parcelamento, uso e ocupação do solo; podendo rejeitar de plano qualquer pedido de alteração que não estejam acompanhados por fundamentação técnica, legal ou social consistente; (NR Lei 7.258/2010); IV – propor critérios e requisitos urbanísticos especiais, para os casos de urbanização específica de interesse social; V - emitir parecer analítico sobre toda proposta de instituição de zonas especiais; VI – emitir parecer sobre toda proposta de desafetação de área de domínio público de uso comum do povo e de uso especial ou de modificação da destinação dos equipamentos de parques e praças; VII – emitir, obrigatoriamente, parecer relativo à conveniência e, quando for o caso, à caracterização do loteamento de interesse social, de acordo com a Lei Municipal de Parcelamento; VIII – manter ou reformar, em grau de recurso, decisão administrativa que indeferir pedido de licença de edificação sujeita à aprovação da Divisão de Transporte; IX – dirimir dúvidas na aplicação das leis municipais relativas ao parcelamento, uso e ocupação do solo, estabelecendo a interpretação administrativa aplicável; X – emitir, obrigatoriamente, parecer fundamentado prévio à concessão de licença para construções e atividades nas seguintes hipóteses: a – edificações e obras destinadas à segurança pública, tais como aquelas destinadas às polícia militar e civil, às Forças Armadas, presídios, penitenciárias e outras similares, bem como a depósitos para armazenagem de inflamáveis e de munições; b – edificações de uso industrial, de comércio e de serviços de sua subclassificação especial SE 1, com área superior a 2.000 m2 (dois mil metros quadrados) de área construída; c – edificações de interesse histórico ou cultural, a critério do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico, Artístico e Paisagístico; d – edificações destinadas a super e hipermercados, centros comerciais (shopping centers) e motéis, com área superior a 1.500 m2 (um mil e quinhentos metros quadrados) de área construída; e – edificações destinadas aos seguintes equipamentos de uso institucional: escolas de samba, aeródromos, autódromos, hipódromos, estádios, "campi" universitários, cemitérios, viadutos, mercado municipal, feiras livres, “campi” diversos, aeroportos, postos de gasolina, praças e parques com área superior a 10.000 m2 (dez mil metros quadrados), jardim zoológico, terminais de transportes, hospitais e clínicas de saúde com área superior a 2.000 m2 (dois mil metros quadrados), terminais de transportes rodoferroviários, estações de telecomunicações e radiodifusão, linhas de transmissão de energia elétrica e matadouros; f – atividades econômicas extrativas na área urbana; g – renovação de licença para atividades ou usos não conformes com as disposições desta Lei, de acordo com o art. 49; XI – decidir sobre a utilização de terrenos que forem considerados inviáveis para o efeito de aproveitamento, em virtude das limitações impostas pela presente Lei.
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§1º A Comissão de Uso do Solo terá o prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias para emitir seus pareceres, findo o qual o processo será enviado ao Prefeito para o encaminhamento devido ou decisão final, quando for o caso. §2º Toda e qualquer decisão final só deverá ser através de Lei autorizativa do Legislativo.
Do Conselho Consultivo de Acompanhamento do Plano Diretor COPLAN:
– Ao tratar do Sistema de Planejamento e Gestão que prevê a criação de um Instituto de
Pesquisa e Planejamento de Divinópolis, o Plano Diretor determina a instituição de
Conselho Consultivo de Acompanhamento do Plano Diretor.
Art. 113. Fica instituído o Conselho Consultivo de Acompanhamento do Plano Diretor
COPLAN, que será regulamentado por decreto do Executivo Municipal.
– Não há qualquer orientação quanto à competência ou composição do referido conselho
além do previsto no Art. 117, que, inclui o caráter técnico e consultivo na denominação do
COPLAN.
Art. 117. Mudanças, ajustes e modificações nas disposições deste Plano Diretor somente
serão feitas mediante um processo iniciado no Conselho Técnico Consultivo de
Acompanhamento do Plano Diretor COPLAN.
Conselho de Ética Administrativa:
– O Plano Diretor institui um Conselho de Ética com o objetivo de proceder a fiscalização
externa de atos administrativos relativos a aprovação de edificação e parcelamento do solo,
expedição de alvará para instalação e funcionamento de atividades econômicas no
Município, bem como as ações fiscalizadoras.
– Não há definição explícita quanto ao caráter do Conselho, contudo o art.121 nos incisos II
e IV informam que devem ser comunicado o Poder Executivo e o Poder Legislativo sobre a
identificação de irregularidades. Não há definição quanto à composição do Conselho,
exceto quanto à proibição de participação de membros do Poder Executivo no mesmo.
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Art. 121. Fica instituído o Conselho de Ética Administrativa com o objetivo de proceder a fiscalização externa de atos administrativos relativos a aprovação de edificação e parcelamento do solo, expedição de alvará para instalação e funcionamento de atividades econômicas no Município, bem como as ações fiscalizadoras. Art. 122. As atribuições, composição e formas de atuação deste Conselho serão definidas em lei específica, que regulamentará, ainda, as seguintes disposições: I o Conselho terá acesso amplo e garantido a todas as fases dos processos de aprovação de edificações e loteamentos, licenciamento para instalação e funcionamento de atividades econômicas no Município, bem como a toda legislação pertinente à matéria; II toda irregularidade verificada será informada às autoridades municipais para instauração de processo administrativo, conforme legislação específica; III comprovado a ilegalidade intencional na aprovação dos projetos, na concessão de alvarás e na fiscalização, em desacordo com a legislação pertinente, deverá ser instaurado processo, dentro dos trâmites legais cabíveis e o ato administrativo será nulo para todos os efeitos jurídicos; IV será dado ciência ao Legislativo acerca do processo, caso se configure descumprimento voluntário e doloso da lei; V poderá ser convocada assessoria técnica especializada e independente para avaliar processos mais complexos; VI é vedada a participação de membros do Executivo Municipal na composição deste Conselho. Parágrafo único. O Executivo encaminhará à Câmara Municipal para aprovação, no prazo máximo de noventa dias, contados da data de promulgação desta Lei, o projeto da lei a que se refere o caput deste artigo. Art. 123. É assegurado a todo cidadão o direito de impetrar recursos e oferecer denúncia a este Conselho no caso de descumprimento de quaisquer dispositivos legais.
3.19 Cartografia e planta de valores
3.19.1 Cartografia básica
A base cartográfica, ou seja, o conjunto de plantas e mapas disponíveis do Município, tanto
da área urbana quanto rural, é material fundamental para as atividades de planejamento, em
qualquer âmbito.
Atualmente, com as técnicas de geoprocessamento em constante evolução, as atividades de
planejamento e gestão não podem prescindir destas ferramentas, que devem estar sempre
atualizadas e adaptadas às diversas demandas da Administração Municipal.
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3.19.2 Material disponível
Divinópolis conta hoje com um conjunto bastante limitado de elementos cartográficos,
defasados e insuficientes para o desenvolvimento pleno do processo de planejamento. São
os seguintes os elementos disponíveis mais relevantes:
a) Levantamento aerofotogramétrico encomendado pela Prefeitura Municipal, realizado em
1973, com cobertura fotográfica de toda a área urbana e restituição cadastral em escala
1:2.000, com planta chave na escala 1:25.000. Encontra-se completamente desatualizada e
serve apenas como elemento de comparação com informações mais recentes. O material
encontra-se disponível apenas em papel e sem o conjunto de fotografias que geraram a
restituição.
b) Levantamento aerofotogramétrico encomendado pela Prefeitura Municipal, realizado em
1999, com cobertura fotográfica de toda a área urbana e restituição cadastral em escala
1:2.000, com planta chave na escala 1:25.000 e ortofotocarta na escala 1:5.000. Trata-se do
material mais recente disponível, mas integralmente defasado, frente à expansão e ao
adensamento do núcleo urbano na última década. O material encontra-se disponível em
papel e em arquivos digitais, tanto as fotografias aéreas quanto a restituição. Este
levantamento deveria ter servido de base para implantação de um sistema de informações
geográficas no âmbito da Prefeitura Municipal, fato que não ocorreu, tornando o material
subutilizado e com retorno limitado para a Administração.
c) Cópia da restituição semicadastral de levantamento aerofotogramétrico realizado pela
Cemig em 1987, na escala 1:20.000, com cobertura da área urbana do Município. Trata-se
de material disponível apenas em papel e com utilização mais restrita às necessidades do
órgão que encomendou o trabalho.
d) Cópia da restituição semicadastral de levantamento aerofotogramétrico realizado pela
Copasa em 1987, na escala 1:20.000, com cobertura da área urbana do Município. Da
mesma forma que o item anterior, trata-se de material disponível apenas em papel e com
utilização mais restrita às necessidades do órgão que encomendou o trabalho.
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e) Planta cadastral elaborada pela Telemig em 1981, em escala 1:5.000, disponível apenas
em cópia em papel. O material encontra-se totalmente defasado, em função do tempo
transcorrido, desde sua elaboração, e tem utilização bastante restrita e limitada.
f) Conjunto de fotografias aéreas produzido pelo antigo IBC – Instituto Brasileiro do Café,
sem restituição, com cobertura de toda a extensão do Município, mas datado de 1975,
portanto completamente defasado. Trata-se material elaborado em escala 1:25.000 e
disponível apenas em papel.
g) Fotografias de satélite disponibilizadas através do Google Earth, com livre acesso, com
resolução melhorada para toda á área urbana, incluindo Santo Antônio dos Campos e
alguns núcleos rurais.
h) Plantas do Município, em escala 1/50.000 e 1/100.000, elaboradas pelo IBGE em 1975,
com topografia, núcleos de ocupação e demais elementos naturais. Trata-se de material
integralmente defasado, em função do tempo transcorrido, desde sua elaboração, servindo
unicamente para referência, mesmo em áreas onde não ocorreu urbanização.
3.20 Planta de valores
A Planta de Valores é um instrumento fundamental para a política de gestão urbana,
atuando em dois âmbitos:
a) estabelece a base para a aplicação dos instrumentos urbanísticos definidos no Estatuto da
Cidade, a exemplo da Outorga Onerosa, a Transferência do Direito de Construir e outros.
b) estabelece a base para a política tributária referente à dinâmica imobiliária, a exemplo do
IPTU e do ITBI.
Tendo em vista estas funções, é imprescindível que a Planta de Valores reflita a realidade
do mercado imobiliário local. Isto não acontece com a atual Planta de Valores do município,
como analisado a seguir.
100
3.20.1 Situação atual
– Lei Municipal nº 3.518 de 29 de dezembro de 1993, encontra-se em vigor desde 30 de
dezembro de 1993;
– O mapeamento realizado para edição da lei já dista 20 anos, o que certamente impõe
flagrante defasagem dos parâmetros utilizados para avaliar terrenos e edificações no
município;
– Há de se avaliar se a distribuição espacial do Cadastro Imobiliário continua atendendo à
realidade socioeconômica do município;
– O mercado imobiliário passou por transformações significativas nos últimos anos e os
parâmetros de avaliação dos imóveis de Divinópolis não acompanhou tais mudanças;
– Por Decreto, o município vem atualizando a Planta de Valores Genérica, aplicando sobre
a mesma o índice do Índice Geral de Preços Mercado – IGPM. Tal medida se garante a
atualização e manutenção de níveis de tributação do IPTU e ITBI com certa atualização,
pode aprofundar a defasagem da tributação, visto que não são levados em consideração no
valor venal possíveis avanços de infraestrutura ou implantação de empreendimentos em
determinados locais diferentemente de outros.
101
4 – ASPECTOS AMBIENTAIS
Os aspectos do ambiente, inicialmente natural e posteriormente transformado, exercem uma
forte influencia sobre a economia, cultura e qualidade de vida da população. Um dos
desafios da humanidade tem sido definir padrões de uso e de conservação da paisagem,
através do planejamento de utilização dos espaços. Isso se traduz em instrumentos
regulativos, que tratam do uso e ocupação do solo urbano e rural, os planos diretores
municipais e de bacias hidrográficas, leis de parcelamento do solo urbano; zoneamento
ecológico-econômico; definição do potencial e capacidade de uso do solo rural, dentre
outros. Em todos os casos, comumente há conflito paradigmático entre os interesses
coletivos e ecológicos com os individuais e econômicos (BRAGA E FONSECA, 2012).
Segundo os autores supra citados, os problemas, desafios e conflitos acima descritos são
compartilhados em praticamente todas as cidades brasileiras, inclusive em Divinópolis. No
Brasil e especialmente em Minas Gerais, muitas cidades surgiram em função de suas
riquezas naturais, por conterem minerais preciosos em suas terras ou simplesmente porque
serviram de passagem e pouso para os bandeirantes, exploradores e aventureiros que se
enveredavam nos sertões das gerais em busca de ouro e diamante. Esse quadro marcou o
início de um pequeno povoado que, aproximadamente 250 anos mais tarde, se
transformaria em uma cidade de mais de mais 200 mil habitantes e pólo de referencia para
o Centro-Oeste mineiro, a atual Divinópolis.
A história do município pode ser contada a partir do início do século XVIII, quando vastos
territórios do estado de Minas Gerais haviam se transformado em um cenário de
aventureiros e forasteiros que vinham de diversas partes do país, em busca de ouro e o
diamante. Esses eram chamados de “Emboabas” e vieram pela região do Rio das Mortes,
entre o caminho que ligava as cidades de Barbacena e Pitangui e também o que ligava
Barbacena a Vila Tamanduá (atual cidade de Itapecerica), a procura de um lugar propício
para atravessar o Rio Pará. Após atravessarem a cachoeira descobriram ali um local de fácil
travessia do rio e do outro lado da margem, um local estratégico para se refugiarem, já que
102
era um local que proporcionava uma vista panorâmica da região e adequado para a
construção de um acampamento (AZEVEDO, 1988).
Os naturais, ou Paulistas, não toleravam os Emboabas, considerando-os invasores e
despóticos. Os emboabas foram crescendo em número e os Paulistas se viam cada vez mais
na contingência de defender as minas que eles haviam descoberto. Esse conflito culminou
na Guerra dos Emboabas, luta que aconteceu na região mineradora de Minas Gerais, no
início do séc. XVIII (AZEVEDO, 1988; CORGOZINHO, 2003).
Acredita-se, sem comprovação historiográfica, que alguns emboabas tenham se fixado às
margens do rio Itapecerica, em área que atravessa a cidade de Divinópolis/MG, para
escaparem das perseguições que estavam sofrendo. Pelos relatos cunhados na história e na
memória, esses fugitivos, ao chegarem ao cume de uma colina, no local onde está situado
atualmente o bairro Porto Velho, depararam-se com uma majestosa cachoeira, que se
estendia do atual bairro Esplanada até o bairro Niterói. Cabe ressaltar que, como não foram
ainda encontradas evidências históricas suficientes para sustentar essas afirmações, existem
interpretações diferentes a esse respeito (CORGOZINHO, 2003). Atualmente só é possível
observar aproximadamente 100 metros desta grande cachoeira em função da construção de
uma barragem com a finalidade de gerar energia elétrica para as oficinas da rede ferroviária
e para a cidade (AZEVEDO, 1988).
De acordo com relatos encontrados em Azevedo (1988), havia em frente à Cachoeira
Grande, grandes pedras justas, redondas como esferas. Foram essas pedras que deram nome
ao rio Itapecerica (Tupi-Guarani: Ita-pissirica, Ita = pedra, Pissirica = molhada,
escorregadia).
A área junto à Cachoeira Grande, conhecida como “Passagem da Itapecerica”, já era
percorrida por tropeiros a caminho das vilas de Pitangui, Tamanduá e São João Del-Rei,
desde os meados do séc. XVIII, possivelmente antes mesmo do surgimento de um pequeno
arraial, chamado de Espírito Santo do Itapecerica. Os habitantes, que depois se fixaram no
local, faziam comércio com a Vila de Pitangui, onde vendiam seus produtos e compravam
103
escravos e sal. Pelos vestígios encontrados sabe-se também que essa região era habitada por
índios (CORGOZINHO, 2008).
Até o final do séc. XIX, o arraial do Espírito Santo do Itapecerica constituía-se de algumas
poucas casas ao redor da igreja matriz e ruelas nas suas imediações. Sua posição geográfica
era privilegiada, pois se situava numa das rotas do comércio regional, por onde passavam
tropas que levavam ou traziam produtos do Rio de Janeiro e de outras regiões da Província.
Tal privilégio se dava em função de a povoação ter surgido nas proximidades da
“Cachoeira Grande”, um ponto do rio Itapecerica onde as pedras facilitavam a travessia de
forasteiros, tropeiros e viajantes. Com o passar do tempo, o arraial tornou-se um ponto de
aglutinação de pessoas e local de pouso de negociantes, o que favorecia os contatos, as
trocas comerciais e impulsionava o desenvolvimento inicial (CORGOZINHO, 2003).
Ainda segundo a autora, a produção agropecuária fazia-se nos arredores do arraial, nas
propriedades rurais. A terra não favorecia a agricultura e a pecuária era a atividade rural
mais significativa, além da suinocultura. Os carros de bois e as tropas de burros eram os
meios de transporte usados na importação ou exportação de mercadorias e os produtos
manufaturados eram trazidos de fora pelos comerciantes. Assim, o dinheiro que circulava
nessa povoação era gerado, em grande parte, pela atividade comercial.
Nesse sentido, a utilidade do local serviu de marco para os primeiros habitantes e compôs
os primeiros nomes de Divinópolis: Passagem da Itapecerica (1737), Pousada da
Itapecerica (1740), Paragem da Itapecerica (1757) e Espírito Santo da Itapecerica em
1770. A criação do Distrito aconteceu em 1839 e o mesmo passou a ser disputado entre
várias comarcas vizinhas. Na ocasião da instalação do município, em 1912, foi denominado
Vila Henrique Galvão, nome do engenheiro responsável pela instalação e manutenção da
rede férrea que havia sido implantada na região em 1890 (SAINT-HILAIRE, 1975). Um
ano mais tarde, formulou-se o nome de Divinópolis pelo então presidente da câmara,
Antônio Olimpio de Morais (AZEVEDO, 1988).
104
A história do surgimento do arraial do Espírito Santo do Itapecerica se assemelha a grande
maioria dos municípios brasileiros, que surgem próximos a recursos hídricos como lagos,
rios e estuários. É claro que tal quadro não surge por coincidência: inicialmente os rios
fornecem água, que é utilizada para consumo, limpeza e geração de força, como as
moendas, moinhos e monjolos. Posteriormente foram também utilizadas para geração de
energia elétrica, através dos antigos dínamos e mais recentemente pelas usinas geradoras de
eletricidade (BRAGA e FONSECA, 2012).
A importância dos rios no contexto da formação das cidades não pára por aí – eram
importantes fontes de recursos alimentares, obtidos principalmente através da pesca e ainda,
pelo plantio nas terras marginais ricas em nutrientes e com maior índice de umidade - tais
condições favoreciam as plantações e as pastagens, que supriam as populações ribeirinhas e
favorecia o comércio com outros centros de povoamento. Além disso, através das
embarcações, constituía-se em uma rápida e segura alternativa de desbravamento dos
sertões, em comparação com as passagens pelas montanhas, florestas e cerrados, cheias de
incertezas e perigos. Tais condições e recursos naturais, de certa forma, emolduraram a
fixação dos primeiros colonizadores às margens do rio Itapecerica, passo inicial para o
desenvolvimento de uma cidade que futuramente seria chamada de Divinópolis (BRAGA e
FONSECA, 2012).
A partir do desenvolvimento da cidade, as grandes transformações provocadas pelo
processo de criação, expansão e ocupação de espaços naturais por áreas urbanas acarretou
uma série de problemas de ordem ambiental no município. Segundo Braga e Fonseca
(2012), espaços urbanos habitáveis demandam a disponibilização de solos edificáveis e
infra-estrutura, como arruamento, transporte coletivo, abastecimento de água potável,
esgotamento sanitário, drenagem pluvial, coleta de resíduos sólidos, fornecimento de
energia elétrica, alimentação, vestuário e telecomunicações. Para tanto, é necessário o
abastecimento contínuo de materiais e serviços.
Segundo Odum e Barrett (2007), uma cidade, especialmente industrializada, é um
ecossistema incompleto, ou heterotrófico, na medida em que depende de grandes áreas
105
externas para obtenção de energia, alimentos, água, fibras e outros materiais para uso
comercial, industrial e para manutenção da própria vida. Além disso, promove uma saída de
resíduos, efluentes, calor e substâncias químicas sintéticas e tóxicas. Desta forma, a cidade
carece de extensos ambientes de entrada e saída para constituir-se num sistema completo e
funcional. Apesar de ocuparem apenas de 1% a 5% da área territorial mundial, as cidades
alteram a natureza de rios, campos, florestas, atmosfera, oceanos e solo em extensões muito
superiores, por causa dos impactos gerados nos ambientes de entrada e de saída, exigidos
para atender às demandas comentadas acima. Portanto, uma cidade pode afetar uma floresta
distante, por meio da poluição atmosférica (por exemplo, a chuva ácida) ou pela demanda
por produtos florestais, como lenha, carvão, madeira e papel.
Nesse sentido, as implicações ambientais envolvidas pela urbanização envolvem aspectos
como: degradação da flora e fauna em função da remoção da cobertura vegetal natural;
geração de ruído e de poluentes atmosféricos; elevação da temperatura do ar; geração de
material de solo pela movimentação de terra; geração e poluição devido ao descarte dos
resíduos de construção civil, doméstico e industrial; impermeabilização do solo e aumento
do fluxo de águas superficiais; alteração no sistema natural de drenagem e no ciclo de
águas subterrâneas; erosão do solo, carreamento de material e assoreamento de corpos
hídricos; demanda de água para abastecimento público; geração de resíduos sólidos
domésticos, provocando a poluição do solo, do ar e das águas, devido a sua disposição no
ambiente; geração e lançamento de esgoto, causando a degradação de corpos hídricos
(BANCO DO NORDESTE, 1999).
A definição do espaço urbano do município de Divinópolis em 1921 criou o arcabouço para
o crescimento industrial e a diversificação econômica da cidade deste então. Naquela época,
visando dar apoio ao projeto de crescimento e de construção da cidade, ou mesmo para
especular financeiramente com os imóveis, muitos moradores se dispuseram a possuir
propriedades na nova área do município, ou mesmo receberam terrenos por doação do
governo municipal (MARTINS, 2011).
106
Desde o final do séc. XIX o processo de expansão urbana, industrial e econômica foi
impulsionado pela instalação da linha férrea e pela instalação das oficinas da Estrada de
Ferro Oeste de Minas – EFOM em Divinópolis, interligando a cidade a outras regiões do
estado e do país (CORGOZINHO, 2003).
Com a implantação dos trilhos da linha férrea e posteriormente da oficina de manutenção
dos serviços ferroviários houve significativas modificações na paisagem. A implantação da
oficina de manutenção da ferrovia demandou muita madeira e modificação dos terrenos
naturais com cortes, aterros e transposições, criando uma nova feição nas áreas onde se
inseriram os trilhos e modificando para além daí, através da demanda de matérias primas e
energia, que muitas vezes foram obtidos em áreas mais distantes. Além disso, a presença
dos trilhos e da oficina trouxe uma grande migração de operários especializados, o que
também causou impactos no tecido urbano já modificado pela presença dos trilhos. Para
abrigar os trabalhadores foram construídos conjuntos de casas em áreas próximas à ferrovia
(MARQUES, 2012).
O fornecimento de energia elétrica foi ampliado em 1920, como um serviço público
municipal, e a partir de 1930 novas atividades produtivas foram iniciadas em Divinópolis,
como a Usina de Álcool-Motor de Mandioca do Estado de Minas Gerais, local onde
atualmente funciona o Teatro Municipal da Usina do Gravatá. Além dessas atividades, no
fim da década de 1940 foi anunciada a construção da rede urbana de telefonia e a
construção do aeroporto (CORGOZINHO, 2003).
A cidade vivia do movimento da ferrovia e dos trabalhos da oficina e, embora a ferrovia
houvesse impactado o ambiente natural do município, este ainda não estava tão
profundamente ferido, o que vai acontecer só no ciclo seguinte: o do gusa e da siderurgia.
Na década de 1940 se instalaram as primeiras siderúrgicas e na década de 50, com o ciclo
desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, estas atividades se intensificam, destacando-se
a instalação da Companhia Mineira de Siderurgia, considerada pelo IBGE, em 1956, a
terceira siderurgia de Minas Gerais e a sétima do Brasil. As atividades econômicas
107
continuaram se ampliando com a criação da Siderúrgica Pains, em 1957, atualmente
incorporada pela Gerdau (MARTINS, 2011; MARQUES, 2012).
Segundo Corgoinho (2003), durante a primeira metade do século XX, as bases econômicas
de Divinópolis caminharam progressivamente para a hegemonia das atividades comerciais
e industriais, que, por sua vez, influenciaram a agricultura na região e estimularam sua
modernização. Na década de 1960, Divinópolis apresentava-se como uma cidade
tipicamente industrial. A produção rural era reduzida e predominavam as pequenas
propriedades com regime de trabalho basicamente familiar, apesar de existir o sistema de
meia e de assalariamento, com pagamento de diárias.
Na década de 1970 a cidade enfrentou grandes problemas econômicos na indústria
siderúrgica, entretanto, nesse momento a indústria da confecção começa a se destacar, e
prestação de serviços se amplia, transformando-se em importante alternativa econômica no
município. O efeito imediato dessa mudança foi o forte incremento da construção civil e
nos transportes rodoviários (CORGOZINHO, 2003).
O crescimento urbano de Divinópolis se ampliou entre as décadas de 1970 e 1980. Em
1969, a cidade possuía 23.500 lotes, ocupando uma área de 1.096 ha. Em 1979, eram 2.068
ha e 41.450 lotes; e em 1988, somavam 4.188 ha urbanizados em 88.853 lotes
(DIVINÓPOLIS, 2006). Portanto, neste curto período, a cidade duplicou a sua área urbana.
Entretanto, segundo Couto (2007), o que regeu a concepção do projeto dos loteamentos em
Divinópolis foi o espírito desenvolvimentista e racional, destinado ao lucro e à ocupação
máxima e irrestrita do solo.
Vale ressaltar, neste contexto, que grande parte dos loteamentos foram aprovados sem
infra-estrutura básica, como a coleta de esgoto e a pavimentação das vias. Em 2009, a
cidade possuía cerca de 250 bairros e 147.548 imóveis prediais e territoriais, sendo 63.708
somente territoriais (lotes vagos) (DIVINÓPOLIS, 2009). Conforme evidencia a Figura 1,
referente aos vazios urbanos no município, há espaço urbanizado ocioso e suficiente para
acomodar mais 200 mil habitantes, sem a necessidade e aprovação de nenhum novo
108
loteamento em Divinópolis. Este número elevado de lotes vagos propicia uma série de
problemas ambientais, como disposição irregular de lixo e entulho de construção,
proliferação de mato e vetores de doenças, esconderijo para marginais, queimadas e a
conseqüente poluição atmosférica, aliada ao risco de incêndios em residências e outras
construções.
FIGURA 7 – Mapa dos vazios urbanos
109
Dos 147.548 imóveis prediais e territoriais existentes em 2009, 64.419 (43,6%)
encontravam-se, em 2009, em ruas sem pavimentação (DIVINÓPOLIS, 2009), condição
esta que propicia instalação de processos erosivos e carreamento de terra pela enxurrada
para os cursos d’água, causando o enchimento da calha e favorecendo as enchentes. Ruas
não pavimentadas também levam a dificuldades para o trânsito de veículos e pedestres,
promovem a geração de poeira no período de estiagem e consequente acometimento de
doenças respiratórias, dentre outros problemas.
A pacata cidade interiorana da década de 1960, caracterizada pelo traçado cartesiano de
ruas largas e quase planas, arborizadas, ocupadas predominantemente por residências
unifamiliares e poucos prédios residenciais e comerciais, optou pela verticalização urbana,
com a promulgação da lei de uso e ocupação do solo urbano. Um dos marcos desta
transformação é o edifício Costa Rangel, com 18 andares e 226 salas, construído em terreno
que anteriormente abrigava duas ou três residências (BRAGA e FONSECA, 2012).
Segundo Corgozinho (2003), nas décadas de 60 e 70, a cidade experimentou o maior índice
de crescimento anual em relação ao estado de Minas Gerais. Acabava o primado social das
famílias tradicionais com o crescimento populacional advindo de cidades e lugarejos
próximos. Foi um período de grande impulso urbanístico com a inauguração de várias
praças - Dom Cristiano, São Sebastião, Candidés, Benedito Valadares, além do
asfaltamento de ruas centrais, inauguração de três edifícios residenciais multifamiliares
verticais e de dois comerciais, melhoria no sistema de iluminação, dentre outros. Após os
anos 80, houve incremento na indústria de confecção de roupas e Divinópolis tornou-se
também uma cidade atrativa para compras de vestuário por pessoas de outras localidades.
Nesta década, esta cidade foi o primeiro município do interior mineiro em densidade
demográfica e o sexto em população.
A vida urbana tende a maximizar as funções econômicas a tal ponto que os aspectos sociais
e ambientais da existência humana não são maximizados simultaneamente. O aumento do
tamanho das cidades geralmente é acompanhado pelo aumento dos salários, mas
110
comumente não traz consigo melhoria equivalente em termos de qualidade ambiental4. As
construções, a compactação, impermeabilização e pavimentação do solo, a remoção da
cobertura vegetal, o calor, a poeira, o ruído e outros poluentes atmosféricos implicam na
perda de qualidade ambiental nas cidades em relação às áreas rurais adjacentes. Portanto,
um dos desafios da humanidade tem sido planejar e definir padrões de uso e de conservação
da paisagem, considerando as condições locais, as alterações provocadas e a qualidade
ambiental almejada.
4.1 Caracterização geográfica
O município encontra-se na região Centro-Oeste de Minas Gerais (figuras abaixo) e possui
uma área de 716 km², equivalente a 0,12% da área do Estado, com uma a área urbana de
192 km² de extensão territorial e população de 216.099 habitantes, segundo dados da
estimativa do IBGE (2010).
FIGURA 8 – Divisão político-administrativa regional em Minas Gerais
Fonte: Prefeitura de Divinópolis (2009)
4 O Estado do meio ambiente como objetivamente percebido, em termos de medição de seus componentes, ou subjetivamente, em termos de atributos tais como beleza e valor. Pode também ser definido como o estado do ar, da água, do solo e dos ecossistemas, em relação aos efeitos da ação humana ou ainda, pelos componentes do ambiente que exercem uma influência maior sobre a qualidade de vida presente e futura dos membros de um sistema humano (DICIONÁRIO AMBIENTAL, 2012).
111
FIGURA 9 – Localização do município de Divinópolis na Região
Centro-Oeste de Minas Gerais
Fonte: Prefeitura de Divinópolis (2009)
A sede do Município de Divinópolis situa-se na interseção das coordenadas geográficas
20º 8` 21” de latitude sul e 44º 53` 17” de longitude oeste ou das coordenadas UTM E:
512123 e N: 7773124. Limita-se ao norte com Nova Serrana e Perdigão; ao sul com
Cláudio; a leste com São Gonçalo do Pará e Carmo do Cajuru; a oeste com São Sebastião
do Oeste e Santo Antônio do Monte. A Tabela 1 mostra sua inserção nas seguintes regiões
político-administrativas.
112
TABELA 5 – Inserção de Divinópolis nas regiões polí tico-administrativas
DIVISÃO POLÍTICO -
ADMINISTRATIVA E REGIONAL
NÍVEL TERRITORIAL CÓDIGO UNIDADE
TERRITORIAL FONTE
Município 3122306 Divinópolis IBGE
Distrito 312230610 Santo Antônio dos Campos - Divinópolis
IBGE
Microrregião Geográfica 31043 Divinópolis IBGE
Mesorregião Geográfica 3109 Oeste de Minas IBGE
Região Geográfica 3 Sudeste IBGE
Região de Planejamento I Metalúrgica e Campo das Vertentes
SEPLAN-MG
Macrorregião de Planejamento do Estado de Minas Gerais
09 Centro-Oeste de Minas
SEPLAN-MG
Região Administrativa 09
Região Administrativa do Alto São Francisco
Lei nº. 11962 de 30/10/95
Divinópolis é sede da Administração Regional do Alto São Francisco e da Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Itapecerica - AMVI.
Fonte: SEPLAN/PMD/ IBGE
4.2 Relevo e geologia
Geomorfologicamente, o município encontra-se situado na região das terras altas do
Sudeste, na faixa hipsométrica entre 600 e 850 m de altitude (DIVINÓPOLIS, 1997). O
ponto mais alto na área urbana está no Jardim das Acácias, a 829,7 metros. O ponto mais
baixo, 670 metros, está localizado na foz do córrego do Morro Grande no rio Itapecerica,
bairro Danilo Passos/Vila Romana (MARQUES, 2012).
O relevo apresenta formações típicas de planaltos dissecados, como serras e mares de
morros. As porções leste e noroeste do Município são caracterizadas por terras altas que
constituem a Serra dos Caetanos. Nas porções leste e sudeste estão situadas as maiores
áreas de várzea, onde predominam os terrenos de aluvião. As principais serras são:
113
Conquista, Piteiras, Quilombo, Amparo, Simão Repuxo, Perobas, Sorocabas, Negra,
Flechas, Boa Vista, Capoeira, Seriema e dos Caetanos (SEPLAN, 2004 e 2009).
Geologicamente, o município é formado por rochas do Pré-Cambriano Arquezóico com
baixa intensidade de mineralização. A maior parte dos solos são formados de latossolos
vermelhos e alaranjados e podzólicos vermelho amarelo, de textura argilosa. São solos
profundos, porosos, meteorizados, pouco resistentes e de reação ácida. Caracterizam-se pela
baixa fertilidade e pela secura durante o inverno (SEPLAN, 2006 e 2009).
4.3 Hidrografia
O município de Divinópolis é banhado pelos rios Pará e Itapecerica, tendo sua sede
cortada por este último e seus afluentes. A bacia do Rio Pará é uma das mais importantes
da bacia do Rio São Francisco, de regime tropical austral, abrangendo 16 municípios, com
uma área de 234.347 km² (Figura 3). O Rio Pará nasce na Serra das Vertentes, próximo ao
povoado de Hidelbrando no município de Resende Costa. Seus principais afluentes em
Divinópolis são: Rio Itapecerica, Córrego Ferrador, Córrego da Divisa, Ribeirão do Choro
e Ribeirão do Varão (DIVINÓPOLIS, 2004).
114
FIGURA 10 – Mapa da bacia do rio Pará
Fonte: Marques (2012)
O rio Itapecerica nasce no município de Itapecerica, no Morro do Calado, com a
denominação de Rio Vermelho e, na junção dos rios Gama e Santo Antônio, passa à sua
denominação de Itapecerica. Banha três municípios e corta Divinópolis em uma extensão
de 29 km. Seus principais afluentes no Município são: Ribeirão Boa Vista, Córrego Buriti,
Córrego do Paiol, Córrego do Nenêm, Córrego Catalão (DIVINÓPOLIS, 2009).
Na Usina do Gafanhoto, ainda no município de Divinópolis, as águas do Rio Pará se
encontram com as águas do Rio Itapecerica. Desse trecho, o rio segue para outros
municípios como, por exemplo, São Gonçalo do Pará (MARQUES, 2012).
115
Segundo os estudos que informam o planejamento da bacia, esta representa um grande
potencial para geração de energia hidroelétrica, bem como fonte de abastecimento
doméstico e industrial, irrigação, dessedentação de animais, pesca, recreação, dentre outros.
Além disso, os recursos minerais da bacia também são explorados, tais como ferro,
manganês, ouro, prata, cromo, areias e argilas (MARQUES, 2012).
4.4 Clima
O clima do Município está classificado como Cwa mesotérmico, caracterizado por
invernos secos e verões chuvosos. A temperatura média de inverno é de 16º C
aproximadamente. A média do mês mais quente fica em torno dos 25º C. A microrregião
de Divinópolis esta contida entre as isoietas 1.100 mm e 1.700 mm. Os meses entre
dezembro e fevereiro são os mais chuvosos. Os meses mais secos são os de outono e
inverno (de abril a setembro). A direção predominante dos ventos é a sudeste, na maior
parte do ano, e a segunda dinâmica se dá na direção nordeste, durante os meses mais
quentes (DIVINÓPOLIS, 2009).
4.5 Flora e fauna
O município se insere no Bioma do Cerrado, mas seu ambiente está profundamente
alterado pelas atividades da pecuária, siderurgia e urbanização. Embora o Cerrado seja um
dos biomas mais ricos em biodiversidade do Brasil, essa condição não prevalece em
Divinópolis: há pouquíssimos remanescentes das condições originais, o campo Cerrado
encontra-se, em grande parte, degradado pela atividade pastoril de forma extensiva no
município e por práticas agrícolas não adequadas como monoculturas, como soja e arroz,
produção carvoeira, do desmatamento causado pela atividade madeireira ilegal e por
freqüentes queimadas, em parte devido à baixíssima umidade do ar nos períodos de seca e
por outra pela ação negligente ou criminosa (MARQUES, 2012). Outro fator de
degradação da vegetação é a ocupação urbana, mediante parcelamento do solo
(DIVINÓPOLIS, 2006 e 2009).
116
FIGURA 11 – Mapa de cobertura do solo e uso da terr a
do município de Divinópolis
A vegetação é caracterizada pela existência de um estrato arbustivo com árvores espaçadas,
retorcidas, em geral dotadas de cascas grossas e suberosas e de raízes profundas, e pela
existência de um estrato erbáceo-graminoso. Observa-se ao longo de alguns córregos e em
alguns trechos às margens dos rios Itapecerica e Pará formações de matas galeria.
117
Assim como a flora, o município apresenta uma expressiva fauna, entretanto, esta
encontra-se em sua maior parte negativamente impactada, especialmente em função da
ocupação de habitats pela agricultura, pecuária e expansão urbana.
Torna-se importante ressaltar que existem poucas informações científicas sobre as espécies
que compõem a flora e fauna do município. Essas informações praticamente se restringem
a uma listagem da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e do Desenvolvimento
Sustentável, presente em Divinópolis (2004) e em pesquisas científicas locais, dentre elas,
os trabalhos de identificação de pequenos mamíferos (BOTELHO et al., 2007); de répteis
e anfíbios (MELLO e WACHLEVSKI, 2007) e de diferentes grupos de insetos (SILVA et
al., 2003; FONSECA et al., 2004; DOS SANTOS et al. 2007; SIDNEY et al. 2007;
ANDRADE FILHO et al. 2008; OLIVEIRA et al. 2008; CAMPOS e SCHOEREDER,
2009; ANDRADE et al., 2009; SANTOS et al., 2009 e FONSECA et al., 2010). O
levantamento de representantes da fauna de peixes do Rio Pará foi tema da dissertação
desenvolvida na PUC/BH, por Fonseca (2003), e há ainda um trabalho sobre espécies
vegetais da mata ciliar do Rio Itapecerica (BRAGA et al., 2010).
4.6 Comprometimento ambiental
4.6.1 Industrialização e urbanização
Considerando a origem e o crescimento do tecido urbano de Divinópolis, e as
transformações impostas ao ambiente e aos ecossistemas naturais afetados neste processo,
pode-se discorrer sobre as condições vigentes atualmente na área urbana (Braga e Fonseca,
2012). O crescimento das atividades econômicas em Divinópolis confirmou a tendência
iniciada nas décadas de 50 e 70, contemplando os segmentos metalúrgico, de vestuário e de
serviços. Em 2002, eram 119 indústrias metalúrgicas; 43 de mobiliário; 693 de confecção
de roupas; 53 de produtos alimentícios e 59 indústrias do vestuário, calçados e artefatos de
tecidos (DIVINÓPOLIS, 2009). Dados atuais do IBGE revelam a participação no PIB de
Divinópolis dos seguintes setores: agropecuária = 63.950 (2,5%); indústria = 868.168
(33,4%); serviços = 1.662.727(64,1%).
118
Diante da expressiva presença da indústria metalúrgica na cidade, cabe ressaltar os
problemas ambientais dela emanados. As guseiras e siderúrgicas se localizaram em áreas
muito próximas à cidade, e algumas delas, dentro do próprio tecido urbano. Embora essa
atividade tenha sido muito importante e vigorosa para a economia do município, foi
extremamente danosa para os recursos naturais e para o próprio ambiente urbano. A
expansão urbana, especialmente entre as décadas de 50 e 70 foi feita sem critérios, com o
aterramento de muitas nascentes e com a supressão da cobertura vegetal que, somadas aos
altos índices de poluição atmosférica, tornaram a situação daquele momento muito grave.
Os danos à hidrografia e cobertura vegetal nunca foram reparados e se pode considerar que
representam um grande passivo ambiental5. Houve também nesse período um grande
decréscimo da atividade rural (MARQUES, 2012).
Segundo os autores supra citados, as unidades produtivas lançavam elevada carga de
material particulado e gases na atmosfera, faziam lançamentos de águas utilizadas nos
processos de produção diretamente nos cursos d’água, e como usavam o carbono do carvão
como redutor, provocaram uma grande devastação na vegetação nativa e diminuição da
biodiversidade do cerrado local, com a supressão da vegetação para o carvoejamento. Além
disso, esta atividade utilizou a participação de mão de obra de menores, já que envolvia
todo o grupo familiar do carvoeiro.
Havia ainda a disposição inadequada dos rejeitos, que obstruíram drenagens e poluíram a
hidrografia, além do contínuo tráfego dos caminhões envolvidos principalmente com o
transporte de carvão e outros insumos, que danificavam de maneira continuada o sistema
viário municipal e suas rodovias de acesso, além do comprometimento com a segurança dos
moradores residentes nas rotas desses veículos (MARQUES, 2012).
5 Valor monetário, composto basicamente de três conjuntos de itens:o primeiro, composto das multas, dívidas, ações jurídicas existentes ou possíveis, taxas e impostos pagos devido à inobservância de requisitos legais; o segundo, composto dos custos de implantação de procedimentos e tecnologias que possibilitem o atendimento às não-conformidades; o terceiro, dos dispêndios necessários à recuperação de área degradada e indenização à população afetada. Importante notar que este conceito embute os custos citados acima mesmo que eles não sejam ainda conhecidos, e pesquisadores estudam como incluir no passivo ambiental os riscos existentes, isto é, não apenas o que já ocorre, mas também o que poderá ocorrer (DICIONÁRIO AMBIENTAL, 2012).
119
A produção de ferro e aço está baseada em processos pirumetalúrgicos, onde a poluição do
ar é o fator mais relevante, incluindo gases residuais e poeiras. Dentre as substâncias
nocivas produzidas por esse tipo de indústria, destaca-se os hidrocarbonetos aromáticos
policíclicos (HAP), que são compostos que apresentam comprovadas propriedades
carcinogênicas e mutagênicas. O risco destes compostos para a saúde está evidenciado no
fato de que dezesseis HAP são considerados poluentes prioritários pela Agência de
Proteção Ambiental Americana (EPA-USA) e pela Agencia Internacional do Câncer
(IARC). Recentemente a União Europeia, com o objetivo de evitar e prevenir os efeitos
adversos dos HAP à saúde e ao ambiente, estabeleceu o valor alvo de 1 ng/m3 (1 grama em
1 trilhão de litros) para o benzo[a]pireno no ar ambiente, e recomenda o monitoramento de
outros HAP e do benzeno. As principais fontes antropogênicas destes compostos residem
na combustão incompleta da gasolina e diesel, queima de biomassa, gaseificação de carvão
e cimento e principalmente, na produção de alumínio, ferro e aço (Ravindra et al, 2008).
O trabalho de Menezes e Cardeal (2012) avaliou a poluição atmosférica devida aos HAP
presentes no material particulado (MP) coletado em Divinópolis por um período de seis
meses (maio a outubro de 2010). Foram selecionados cinco pontos de amostragem
localizados na área urbana. Os resultados obtidos durante a campanha indicaram
concentrações de todos os HAP acima dos níveis aceitáveis em regiões urbanas e
industriais. A concentração média de benzo[a]pireno (HAP de maior potencial
carcinogênico e mutagênico) foi duas vezes o limite atual estabelecido pela União Européia.
O risco estimado de câncer de pulmão foi cerca de sete vezes maior que o máximo
recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O estudo também indicou que
os HAP presentes no material analisado são oriundos principalmente do setor siderúrgico.
Considerando que no Brasil a legislação ambiental do Conama (1990) em vigor não
contempla os HAP como poluentes atmosféricos prioritários, e que os resultados obtidos
nesse trabalho forneceram evidências da contaminação do ar por estes poluentes nos locais
de estudo, os autores recomendam a revisão da legislação com a inclusão dos HAP como
indicadores de qualidade do ar. A exemplo de diversos países, atenção especial deve ser
dada ao benzo[a]pireno por se tratar de uma espécie que possui elevado potencial
carcinogênico. Estabelecer níveis máximos seguros destes poluentes na atmosfera é
120
essencial para garantir o direito constitucional à saúde pública e ao desenvolvimento
sustentável.
Segundo a pesquisa realizada por Bueno et al. (2010), os distúrbios respiratórios têm sido a
principal causa de internação hospitalar na rede pública de saúde de Divinópolis,
respondendo por um terço do total de internações registradas entre 2000 a 2006. Os dados
obtidos no referido estudo mostraram uma relação direta entre a concentração de
particulados na atmosfera, a qualidade do ar e o quadro epidemiológico, este último
retratado pelo número de internações hospitalares relativos aos problemas respiratórios. A
constatação da relação direta entre a incidência de doenças respiratórias em crianças e a
concentração de particulados, ou o índice de qualidade do ar em Divinópolis, indicam que o
aumento da poluição atmosférica provoca o aumento de internações hospitalares associadas a
causas respiratórias.
Além da poluição atmosférica, as escórias constituem resíduos sólidos do processo, além
das águas residuárias, comumente originárias dos processos de resfriamento e
despoeiramento a úmido. Outro problema ambiental da indústria metalúrgica é a geração de
ruídos, podendo atingir 133 dB (A), índice considerado extremamente elevado (BANCO
DO NORDESTE, 1999).
Portanto, a população urbana de Divinópolis convive desde os anos de 1950 com a poluição
atmosférica, hídrica, do solo e o ruído gerados pelas indústrias metalúrgicas. Certamente, os
efeitos desses poluentes à saúde e ao ambiente e ecossistemas em geral são acumulativos,
caracterizando, portanto, um passivo ambiental significativo daquele setor produtivo para
com a Sociedade Divinopolitana, e que não poderá ser compensado pelo argumento
simplista da geração de emprego e renda.
Aliado a esses fatores, o aumento das áreas de plantio de eucaliptos para a produção de
carvão, tem se mostrado danoso ao ambiente, por alterar o ecossistema e a estrutura
fundiária de extensas áreas, eliminando as possibilidades de áreas de preservação e ainda,
de uma produção agrícola diversificada e sustentável (figuras abaixo).
121
FIGURAS 12 E 13 – Cultivo de eucalipto e produção d e carvão
vegetal na zona rural do município de Divinópolis
Segundo Braga e Fonseca (2012), a produção do gusa deixou no município um enorme
passivo ambiental, cuja ampliação foi de alguma forma descontinuada pela deliberação
Normativa COPAM 49, em vigor desde 2001, a qual determina que todas as instalações de
produção de ferro gusa estão obrigadas a promover melhorias de processo, instalar
equipamentos de controle e descartar adequadamente seus resíduos, entre outras medidas
destinadas ao cumprimento integral da legislação ambiental. Embora essa deliberação não
discuta a matriz energética envolvida no processo, ela levou os índices de poluição e outros
impactos a se adequarem aos parâmetros da legislação ambiental, mesmo que ao custo da
desativação de plantas industriais com tecnologias obsoletas.
A exigência de controle ambiental em processos produtivos no Brasil iniciou-se somente a
partir da promulgação da Lei Federal 6938, de 31 de agosto de 1981, e vem ocorrendo de
forma gradual e lenta. De uma forma geral, pode-se dizer que só a partir dos anos 2000 é
que realmente as indústrias implantaram medidas efetivas de controle ambiental. Merece
destaque a Deliberação Normativa do Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM
nº 49, em 28 de setembro de 2001, tratando exclusivamente do controle ambiental das
indústrias não integradas de produção de ferro gusa no Estado de Minas Gerais, atingindo
diretamente os dois grandes pólos guseiros de Divinópolis e Sete Lagoas (BRAGA e
FONSECA, 2010).
122
Em termos institucionais, a Fundação Municipal de Meio Ambiente (FMMA), entidade da
Administração Indireta e responsável pela implementação da Política Ambiental do
Município, nos termos da Lei nº 4.165, de 30 de abril de 1997 foi posteriormente
transformada em Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Políticas Urbanas, que tem
como missão promover a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental do
município.
Outro órgão de relevância ambiental é o Conselho Municipal de Conservação e Defesa do
Meio Ambiente – CODEMA, órgão colegiado, autônomo, consultivo normativo e
deliberativo, criado a partir da Lei Complementar nº 47 de 08 de julho de 1998. O conselho
tem como objetivo aconselhar e assessorar o Prefeito Municipal, nos assuntos relativos à
conservação, proteção e melhoria do meio ambiente. Dentre outras atribuições, compete ao
CODEMA formular e fazer cumprir as diretrizes da política ambiental do Município e
também elaborar e propor leis, normas, procedimentos e ações destinadas à recuperação,
melhoria ou manutenção da qualidade ambiental, observadas as legislações federal,
estadual e municipal que regulem a espécie.
Destacam-se, em Divinópolis, várias organizações não-governamentais (ONGs) que têm
como princípios básicos a preservação ambiental, a sustentabilidade, a cidadania e a
proteção dos animais domésticos e da biodiversidade, podendo-se citar: Grupo Ação
Renovadora (AR), Associação Regional de Proteção Ambiental (ARPA), SOS Itapecerica,
Lixo e cidadania, Sociedade Protetora dos Animais de Divinópolis (SPAD), Associação
Nascentes Bela Vista (ANBV), Grupo Educação, Ética e Cidadania (GEEC) e Instituto
Águas Claras.
4.6.2 Bacia do rio Itapecerica: aspectos ambientais
O rio Itapecerica (figura abaixo) e sua bacia tem sofrido ao longo da ocupação do território
uma série de impactos, tais como a ocupação de suas margens pela urbanização,
123
desmatamento da mata ciliar, exploração de areia no leito do rio envolvendo o uso de
dragas e portos, provocando a degradação da vegetação ciliar e da calha do rio.
FIGURA 14 – Rio Itapecerica, cachoeira da ponte do bairro Niterói,
em Divinópolis
A exploração de minerais classe 3, principalmente areia no rio Itapecerica, cascalho e argila
em outros pontos do território, também ocorreu de forma intensiva e inadequada e próxima
ao tecido urbano e até mesmo dentro dele. Essa exploração envolveu o uso de dragas e
portos, provocando a degradação da vegetação ciliar e da calha do rio. A extração de argila
e montagem de olarias provocou a abertura de cavas às margens do rio e seus afluentes,
dentro e nas imediações da área urbana. Não houve recuperação das áreas de extração, o
que também se constitui num importante passivo ambiental de Divinópolis (BRAGA e
FONSECA, 2012; MARQUES, 2012).
Segundo os autores, a Lei nº 3.675, de 05 de outubro de 1994, conhecida como “lei das
palafitas”, possibilitou a aprovação de projetos para edificações em terrenos situados ao
longo da faixa inundável do Rio Itapecerica, desde que fosse efetuado aterro elevando o
nível do terreno ou da edificação acima das cotas de máxima cheia, definidas pelo Decreto
Municipal nº 1.406, de 5 de março de 1987. Tal lei, além de incentivar a degradação da
124
mata ciliar e a ocupação de áreas naturalmente de risco de inundação, desrespeitava as Leis
Federais 4771/65 e 6766/79, que restringem o uso e a ocupação dessas áreas da paisagem.
Os galpões mostrados nas Fotos 4 e 5 são empreendimentos aprovados pela prefeitura
municipal através da Lei e Decreto supra citados e encontram-se na área de inundação do
Rio Itapecerica, ao final da Rua Pitangui, no Bairro Danilo Passos.
FIGURAS 15 E 16 – Galpões construídos na área de in undação
do rio Itapecerica, em Divinópolis
Segundo Braga e Fonseca (2012), outro agravante ao rio refere-se à grande quantidade de
entulho gerado pela construção civil, que em parte, tem sido utilizada para aterramento e
alteamento das margens do rio Itapecerica e de seus afluentes, ocupando a área natural de
várzea e de lagoas temporárias (lagoas marginais), cuja função ecológica e ambiental é de
promover o amortecimento e expansão de cheias e berçário natural de reprodução da fauna
aquática. O aterramento das margens contribui ainda para o aumento da velocidade das
águas e favorece a ocorrência de enchentes e danos nas áreas à jusante do rio.
Para se ter uma noção da magnitude do problema dos resíduos de construção, a Prefeitura
de Divinópolis havia concedido até 2008 o montante de 121.889,31 m2 de área de habite-se
de construção (DIVINÓPOLIS, 2009). Portanto, expressivo volume de entulho é gerado
diariamente na cidade, tornando-se imprescindível a existência de locais adequados e
distribuídos ao longo da malha urbana, para receber esse tipo de resíduo, e inclusive
reciclá-lo. No passado, a prefeitura autorizou “bota foras” em locais tecnicamente
125
impróprios, como fundos de grotas, voçorocas, aterramento de margens de córregos e do rio
Itapecerica. Esses locais foram disponibilizados sem nenhum controle geotécnico ou
medida de contenção do material depositado, criando áreas de risco de escorregamento ou
de carreamento para o leito de corpos hídricos. Além desses locais autorizados, há os “bota
foras” clandestinos (não autorizados), distribuídos por toda a área urbana, notadamente em
locais de periferia pouco habitados, margens de corpos hídricos, lotes vagos, dentre outros
(BRAGA e FONSECA, 2012). Exemplo dessa situação pode ser constato nas figuras
abaixo, que mostram uma área de “bota-fora” irregular, na rua Itambé, bairro Ipiranga,
próximo à Siderúrgica São Luiz. Nessa área pode-se observar todo o tipo de material de
despejo, como resíduos da construção civil, móveis, lixo doméstico, material vegetal
proveniente de podas, pneus, ferragens, dentre outros. O problema é agravado uma vez que
logo a jusante encontra-se uma área de APP com mata ciliar.
126
FIGURAS 17, 18, 19 E 20 – Área de despejo clandesti no de lixo no bairro
Ipiranga, próximo à Siderúrgica São Luiz
(Observar que o despejo ocorre diretamente sobre um a área de mata)
Em 22 de outubro de 1993 foi criado, em Divinópolis, o Comitê da Bacia Hidrográfica do
Rio Pará. Um dos catalisadores da criação desse Comitê foi a crescente poluição das águas
do Rio Itapecerica que abastece parte da região de Divinópolis. Em 22/09/98, foi publicado
no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais o Decreto Estadual Nº39 913 instituindo o
Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pará como Órgão de Governo deliberativo e
Normativo para discutir as questões das águas nesta bacia.
Por iniciativa da FUNEDI, em parceria com o Ministério Público do Estado de Minas
Gerais e a Polícia Militar de Meio Ambiente, e depois com vários outros parceiros, como a
Prefeitura Municipal de Divinópolis, a Associação Regional de Proteção Ambiental –
127
ARPA, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais – Copasa e o Grupo AR, em 2002 foi
proposto um projeto denominado “Nova Margem – Vida Nova ao Itapecerica”, visando
resgatar, restaurar e promover o uso sustentável das Áreas de Preservação Permanente
(APPs) às margens do rio Itapecerica (faixas de 50 metros de cada lado do rio), através da
recuperação da mata ciliar e da implantação de ciclovias, calçadões, áreas de lazer e
recreação (Foto 9). Até o ano de 2009, o Nova Margem havia implantado 16 mil árvores
em 7 km de margens, e realizado campanhas ambientais educativas, através dos meios de
comunicação, edição e publicação de jornais e cartazes; cursos de formação de docentes;
oficinas, excursões e caminhadas ecológicas com alunos das escolas, dentre outras ações
(BRAGA, 2006; BRAGA e FONSECA, 2012).
FIGURA 21 – Reflorestamento do Projeto Nova Margem às margens
do rio Itapecerica, em Divinópolis
Ainda por iniciativa do Projeto Nova Margem, foi criado o Parque Linear Municipal Danilo
Passos, em área pública de 13.500 m2 entre a ponte Fábio Notini e o bairro Vila Romana.
Junto à área do parque foi construído um calçadão com 1.400 metros, margeando a avenida
Antônio Neto, em parceria com a Prefeitura Municipal de Divinópolis (BRAGA e
FONSECA, 2012).
Projeto de recuperação do Rio Itapecerica e a melhoria das condições de infraestrutura
urbana e saneamento do município de Divinópolis são fundamentais para a qualidade de
vida dos divinopolitanos e também para a recuperação da fauna aquática no Rio Itapecerica
128
e no Rio Pará. A recomposição das matas ciliares e proteção de nascentes e áreas de recarga
dos aquíferos devem fazer parte desse programa de recuperação dessas bacias e subbacias
(MARQUES, 2012).
Fato mais recente, de 2011 envolve a celebração do contrato de concessão e prestação de
serviço entre a Prefeitura Municipal de Divinópolis e a Copasa, visando à coleta, transporte,
tratamento e disposição final de esgotos sanitários. Segundo Braga e Fonseca (2012), tal
projeto marca o início de uma nova etapa ambiental na cidade, contemplando a despoluição
das águas do rio Itapecerica, berço histórico de nascimento e origem do município de
Divinópolis, e uma das razões de sua existência. Trata-se de uma ação aguardada pela
Comunidade Divinopolitana há várias décadas, e de grande relevância sócio-ambiental, não
só para o município, mas também para a bacia hidrográfica do rio Pará e as áreas banhadas
a jusante de Divinópolis.
Ainda no que se refere aos recursos hídricos, a área urbana de Divinópolis destaca-se pela
presença de várias nascentes. Tal quadro foi mostrado pelo relatório do trabalho
desenvolvido por Saturnino et al. (2011), através da equipe coordenada pelo Professor
Helvécio Costa Menezes. Esse trabalho foi desenvolvido no ano de 2011 e visou avaliar o
grau de conservação das nascentes, bem como as condições da vegetação de entorno de 34
das 101 nascentes mapeadas pela equipe. O trabalho apontou que das 34 nascentes
avaliadas, apenas quatro apresentavam-se preservadas, sendo que nas demais encontravam-
se aterradas e/ou com processos erosivos e/ou contaminadas por lixo e/ou animais,
conforme mostra a figura abaixo.
129
FIGURA 22 – Situação quanto ao grau de preservação das nascentes
analisadas na microbacia do rio Itapecerica no muni cípio de Divinópolis
Fonte: Saturnino et al. (2011)
A situação apontada nesse trabalho evidencia um quadro generalizado de degradação da
maioria das nascentes existentes no perímetro urbano de Divinópolis, o que aponta a
necessidade de ações efetivas de mapeamento, recuperação e proteção dessas nascentes.
4.6.3 Áreas verdes e arborização urbana
O crescimento de Divinópolis se fez numa coexistência conflitiva entre a forma de vida
tradicional e a nova realidade da cidade, entre a ocupação do solo e o meio ambiente,
gerando uma conformação urbana ambientalmente impactante, sem referenciais, sem áreas
de lazer, sem áreas verdes e de convívio social. Portanto, o processo de modernização
econômica e cultural desencadeado no município manifestou uma forte tendência à
racionalização instrumental, ao progresso tecnológico e aos interesses capitalistas, voltados
ao uso irrestrito do espaço da cidade, sem se levar em conta, sob o aspecto ambiental, os
recursos naturais, as condições físicas e topográficas e as áreas inundáveis. Sob o aspecto
sócio-histórico-cultural, não se observa uma preocupação com a preservação do patrimônio
histórico e, principalmente, natural, nem com as áreas de convívio (COUTO, 2007).
130
Segundo a autora, em Divinópolis, observa-se uma carência e/ou distribuição inadequada
de áreas verdes e de recreação em praticamente todo o município, o que vem causar
problemas sócio-ambientais na cidade, com privação de lazer e de encontros, como também
de uma melhor qualidade ambiental para a população. Tem-se observado áreas verdes
localizadas em fundos de vale ou áreas pontuais, resultado do parcelamento tipo xadrez, em
junção com outros loteamentos, sem aproveitamento para o empreendedor. Observa-se
ainda a necessidade de políticas efetivas direcionadas para o lazer e a melhoria da qualidade
de vida dos moradores da cidade. A distribuição e a qualidade das áreas verdes são
fundamentais para o ambiente da cidade e para o convívio das pessoas.
Caso emblemático ocorreu no início do ano 2000, quando da aprovação do loteamento
Bairro Antares, em parte da “Mata do Noé”, antiga fazenda da Chácara, com 322 ha de
vegetação nativa e localizada nas imediações dos Bairros Nossa Senhora das Graças e
Antonio Fonseca, na região Sudeste, cujo número de habitantes é o maior em relação às
demais regiões. O parcelamento da Mata do Noé para uso urbano materializa a perda de um
“símbolo cultural” de um ambiente urbano saudável, conforme atesta o Decreto Municipal
1.655/88, que declara a área como de utilidade pública e interesse ambiental (BRAGA e
FONSECA, 2012). Através de reivindicações e movimentação de pessoas ligadas ao lugar e
entidades, tais como o Grupo Ar, o loteamento não foi implantado. Sendo assim, percebe-se
uma movimentação, por parte da sociedade, em preservar aquela área, enquanto local de
interesse público e de uso coletivo, o que vem confirmar a sua importância enquanto
potencialidade social-paisagística.
Segundo Couto (2007), por ser outro lugar expressivo do ponto de vista social e ambiental,
este local representa um lugar carregado de possibilidades para a implantação de um parque
urbano regional (figuras abaixo). Por localizar-se numa área densamente ocupada,
constituir-se-ia um outro núcleo social, possibilitando um tipo de lazer diferente dos demais.
Devido à sua extensão territorial, proporcionaria a instalação de um parque com a
realização de diversas atividades, inclusive um parque ecológico e educativo.
131
FIGURAS 23 E 24 – Visão panorâmica da Mata do Noé, em Divinópolis
Foi observado in loco que a área florestal vem sendo paulatinamente suprimida para
implantação de pastagens, loteamentos e/ou aterros. Parte da vegetação encontra-se já
bastante modificada pela ação antrópica. A presença de lixo às margens da área florestal
também é bastante comum (figuras abaixo).
FIGURAS 25 E 26 – Ocupação da área por loteamentos e aterro
e lixo nas bordas da Mata do Noé, em Divinópolis
Atualmente, existe uma proposta da Administração Pública de Divinópolis/MG de se criar
uma Unidade de Conservação de Proteção Integral (Art. 7º, I, Lei nº 9.985/2000) em parte
da área denominada Mata do Noé, na modalidade de Parque. Essa modalidade se
caracteriza por preconizar a preservação da natureza, permitindo a exploração dos recursos
naturais apenas de maneira indireta sendo também, a mais adequada de empreendimento a
ser implantado na área em questão, pois esta sofre grande influencia urbana e é a mais
viável para ser utilizada em atividades de visitação e lazer.
132
Através da contratação de uma empresa especializada, procedeu-se a elaboração de estudos
técnicos de fauna e flora, com a identificação da Unidade que melhor se enquadraria com o
Sistema nacional de Unidades de Conservação – SNUC. Realizou-se então o mapeamento
das áreas de maior integridade e estágios mais elevados de conservação, para então associá-
los a realização de audiência pública, à criação de decreto ou projeto de Lei para a criação
da Unidade, ao georreferenciamento do perímetro, e a identificação das ocupações internas.
Tal levantamento gerou o “Diagnóstico para criação de Unidade de Conservação de
Proteção Integral / modalidade Parque”6 , apresentado à Prefeitura de Divinópolis/MG
através da Secretaria de Meio Ambiente e Políticas Urbanas para implantação da Unidade
de Conservação Municipal de Proteção Integral, contendo Estudos de Viabilidade Técnica.
O estudo concluiu que a área proposta para implantação do Parque é extremamente
adequada para implantação de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, na
modalidade de parque, que confira a sociedade um espaço de lazer e visitação com o
manejo e manutenção da biodiversidade local; sendo, portanto, altamente sustentável.
No que se refere à área que se encontra a Lagoa da “SIDIL” (aproximadamente 52 ha de
área verde desocupada), tal espaço se apresenta como um local propício ao lazer. Embora
as águas da lagoa não se encontrem passíveis para o uso, nota-se um uso freqüente por
crianças e adultos, que vão ao local para pescaria. O lugar tem tendência ao encontro,
apesar de não apresentar sinais de tratamentos paisagísticos e de urbanização. Devido o seu
entorno estar totalmente ocupado e parcelado, mostra-se como um único espaço disponível
na região e deveria receber maior atenção perante os órgãos públicos, quando na sua
desapropriação e parcerias com empresas privadas para a implementação de um parque
urbano público, já que a cidade não dispõe deste tipo de equipamento público (COUTO,
2007).
Atualmente espelho d’água encontra-se ocupado por aguapé (Eichornia crassipes), o que
ocasiona um impacto negativo ao ecossistema, por impedir a entrada de luz solar e
6 Disponível em: http://www.divinopolis.mg.gov.br/site/paginas/meioAmbiente.php. Acesso em: 22 jan. 2013.
133
enriquecer ainda mais a água por matéria orgânica. Parte da lagoa encontra-se com a sua
área de proteção ambiental sem cobertura vegetal e ainda, com pontos de descarte de lixo e
resíduos da construção civil (figuras abaixo). Torna-se importante ressaltar que existe à
montante da lagoa uma significativa área de mata que proporciona proteção às nascentes
que a abastece.
FIGURAS 27 E 28 – Espelho d’água totalmente recober to
com aguapé e descarte de lixo e resíduos da constru ção civil
em área de APP da Lagoa da Sidil, em Divinópolis
(observar área de mata à montante)
Ainda como áreas verdes municipais, o município conta ainda com as unidades de
conservação do Parque do Gafanhoto, Parque Linear Danilo Passos e Parque da Ilha. O
Parque do Gafanhoto situa-se às margens da Rodovia MG-050, na altura da ponte sobre o
Rio Pará, divisa com o município de Carmo do Cajuru. Trata-se de imóvel rural do
Patrimônio da União, doado pelo município de Divinópolis na década de 50, tendo como
confrontantes: (i) a margem esquerda do Rio Pará, junto a Usina do Gafanhoto da
Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), a montante da ponte de concreto; (ii) a
rodovia MG-050, que interliga Divinópolis e Belo Horizonte; (iii) o Córrego do Cesarinho;
perfazendo o total de 19,2 ha.
Atualmente, o Parque funciona ainda como Campus Avançado da FUNEDI, que conta com
um Centro de Estudos Ambientais, dotado de infra-estrutura necessária para tornas a área
um local para o desenvolvimento de diversas atividades relacionadas às questões
134
ambientais. A Delegacia Federal da Agricultura/MG, em parceria com a FUNEDI,
possibilitou a criação deste centro para fomentar a formação e capacitação de pessoal para o
desenvolvimento de diversas funções pertinentes às atividades de ensino, pesquisa,
extensão e educação ambiental (figuras baixo).
FIGURAS 29, 30, 31 E 32 – Entrada do parque (A) e i nstalações para
promoção de eventos culturais, educativos e científ icos (B, C e D)
A B
C D
135
FIGURAS 33, 34, 35 E 36 – Aulas noturnas de campo d o curso de Ciências
Biológicas (A); curso de Extensão em Avaliação Ambi ental (B); visita de
alunos de escolas públicas (C); e gravação do progr ama Música Ambiente (D)
A B
C D
O Parque Linear Municipal Danilo Passos é uma unidade de conservação criada pela Lei
6.547 de 23 de março de 2007, regulamentada pelo Decreto 7572, de 2 de abril de 2007,
cujo objetivo é de conservação da natureza, aliada à atividades sistemáticas de educação
ambiental, lazer e recreação, estando sob a guarda e administração da Secretaria Municipal
do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Divinópolis (figuras acima).
136
FIGURAS 37 E 38 – Vista panorâmica da vegetação da área
do Parque Linear Danilo Passos, em Divinópolis
Segundo Rodrigues (2007), o Parque está localizado nos bairros Danilo Passos e Vila
Romana, à jusante da ponte Fábio Notini que dá acesso àqueles bairros, à margem direita
do rio Itapecerica em Divinópolis, contando com cerca de 13.5 hectares (figura abaixo). No
ponto mais elevado da área do Parque, numa altitude de aproximadamente 700m, existe
uma cachoeira de singular beleza cênica. A conservação da área é de extrema importância
na manutenção da mata ciliar, animais, aves, peixes, a cachoeira e o leito do rio Itapecerica
naquele local, constituindo-se numa área verde pública remanescente do processo de
urbanização de Divinópolis.
FIGURA 39 – Foto de satélite da área do Parque Line ar Danilo Passos,
em Divinópolis
Fonte: Rodrigues (2007)
137
Além das ocupações antrópicas presentes na área do parque, existe em vários pontos a
existência de bota-foras e disposição de resíduos industriais e domésticos (lixo e limpeza ou
podas em quintais). Outro tipo de intervenção identificada foi a evidência da incidência de
incêndios, decorrentes principalmente da presença de espécies gramíneas invasoras,
notadamente braquiária e capim-napier, que na estação seca do ano são comumente
queimadas, provocando principalmente a degradação da vegetação arbustiva e arbórea da
mata de galeria.
O Parque Ecológico Dr. Sebastião Gomes Guimarães, conhecido como “Parque da Ilha”,
foi criado pelo Decreto-Lei 3.606, de 30 de junho de 1994. Em 7 de junho de 2011 a
administração municipal transformou o parque em unidade de conservação municipal de
uso sustentável (figuras abaixo).
138
FIGURAS 40, 41, 42 E 43 – (A) Portaria do Parque; ( B) Local de lazer
para crianças; (C) Área de plantio de mudas (recupe ração);
e (D) Área de vegetação em APP
A B
C D
O parque, de 20,4 hectares de área (Figura 7), está localizado na área central do Município
de Divinópolis (MG), margeado pelo rio Itapecerica à direita e a esquerda pelo canal que
alimenta as turbinas de uma pequena usina hidrelétrica. Fica a jusante da área conhecida
como “cachoeira grande” que separa o Bairro Niterói do centro da cidade. Uma Ponte e um
Pontilhão (linha férrea sobre o Rio pertencente à Ferrovia Centro Atlântica) fazem a ligação
do Bairro com a área central da Cidade. Cabe ressaltar que existem cerca de 13 ha de área
verde em parte do entorno do Parque.
139
FIGURA 44 – Foto de satélite da área do Parque da I lha, em Divinópolis
Fonte: Google Earth
Outra área de importância ambiental refere-se às Nascentes do Bairro Bela Vista, uma área
de aproximadamente 16 ha situada entre a avenida catalão, ruas Viriato Correa, Medina,
Machado de Assis e Candeias, tendo a estação de tratamento da Copasa em uma de suas
extremidades (figura abaixo).
140
FIGURA 45 – Limite da área das nascentes
Fonte: ANBV (2012)
As figuras abaixo apresentam uma visão panorâmica da área em questão.
141
FIGURAS 46 E 47 – Visão panorâmica da área onde se encontra as nascentes do Bela Vista, em Divinópolis
Trata-se de uma área onde há várias nascentes (figuras abaixo), sendo parcialmente
recoberta com vegetação de mata ciliar e pastagem (Brachiaria). Há também uma área
brejosa recoberta por taboa (Typha domingensis), onde no passado existiam várias lagoas.
FIGURAS 48 E 49 – Duas das principais nascentes exi stentes na área
Nas áreas de mata ciliar, há várias trilhas de grande beleza cênica que percorrem a
vegetação de mata (figuras abaixo) até as nascentes.
142
FIGURAS 50 E 51 – Trilhas de beleza cênica em meio à mata
Também existe uma pedreira que vem sendo utilizada pela população para a prática de
escalada e rapel (figuras abaixo). Trata-se de um local importante para esse tipo de esporte,
já que no município são raros as locais que possibilitam essa prática.
FIGURAS 52 E 53 – Escalada e rapel em pedreira dent ro
da área das nascentes
Fonte: ANBV (2012)
Um dos grandes problemas da área se refere à enxurrada (ocasionada pelas chuvas)
proveniente das ruas que margeiam a área, pois não existe ainda um sistema adequado de
143
drenagem pluvial. A enxurrada desce diretamente das ruas para o terreno, levando muita
terra e lixo, provocando erosão e assoreamento das nascentes e de um brejo que existe à
jusante. Atualmente existem na área grandes voçorocas que são potencializadas anualmente
pela enxurrada (figuras abaixo).
FIGURAS 54 E 55 – Voçorocas que são potencializadas pela
enxurrada que desce das ruas à montante da área
O processo erosivo vem impactando a área de tal forma a comprometer casas periféricas,
como é o caso do sobrado mostrado nas figuras abaixo, que se encontra interditado pela
defesa civil. Entretanto os moradores continuam na casa, segundo eles por não terem outra
opção e nem condições de pagamento de aluguel.
144
FIGURAS 56 E 57 – Casa interditada pela Defesa Civi l por risco de
desabamento; o imóvel se encontra na APP de uma das nascentes
Também são observados focos de despejo clandestino de lixo (figuras abaixo), sendo que
parte deste vem carreado pela enxurrada das ruas, especialmente no período chuvoso.
FIGURAS 58 E 59 – Lixo comumente encontrado em toda a área
A área também vem sendo ponto de uso de drogas, conforme pode ser observado na Foto
44 (latinhas de alumínio cortadas para uso de entorpecentes). Cabe ressaltar que durante a
nossa visita no local, encontramos um grupo de jovens utilizando drogas na área de mata
ciliar que protege uma das nascentes.
145
FIGURA 60 – Lixo oriundo do uso de drogas ilícitas dentro
da área das nascentes
O ambientalista Geraldo de Oliveira, que nos acompanhou durante a visita às nascentes,
vêm se dedicando a defender a área. No ano de 2011 conseguiu reunir um grupo de pessoas
com os mesmos ideais e em 1o de março registrou a Associação Nascentes Bela Vista
(ABNV), uma associação civil, de Direito Privado de caráter sócio Ambientalista sem fins
lucrativos, que tem a finalidade de proteger o meio ambiente e os recursos naturais.
Segundo a ANBV (2012), foi assinado em 2006 um Termo de Ajustamento de Conduta –
TAC, nº 06/06 pelo procurador do Município Kelsen Ricardo Rios. O TAC gerou dois
processos contra o município e encontra em execução nas fazendas públicas: classe
EXECUÇÃO processo nº 022307221725-8 em Apenço em 15/07/2009 e processo classe
Cominatória Obrigação de Fazer N.022307221690-4, pois até o momento, o TAC não foi
cumprido e com isto o processo erosivo está aumentando e assoreando as nascentes e o
brejo.
O acordo previa ao município o compromisso de concluir as obras de drenagem pluvial nas
ruas periféricas à área, pois restavam ainda 50% da obra a ser realizada. Previa também o
calçamento de seis quarteirões em torno da grota, com início para janeiro de 2012. Incluía
ainda a construção da Praça São Francisco de Assis, a ser executado pela Usina de Projeto
da Prefeitura de Divinópolis. Esta praça ficaria ao lado da nascente Bela Vista - a
146
revitalização do local seria feita por uma seguradora da Viasolo reparando um sinistro
ocorrido em 2011.
Conforme já relatado, atualmente somente 50% do TAC foi cumprido e o restante da obra
está orçado em R$ 250 mil pela Usina de Projeto do município de Divinópolis. Pelo não
cumprimento do TAC, há uma multa diária de R$ 300,00 imposta ao município. O Sr.
Geraldo acrescenta que somando os sete anos já ultrapassados, chegaríamos a uma cifra de
R$ 756 mil, devendo ser acrescentado mais 10% de multa e juros de mora.
Outro problema que anualmente acomete a área no período seco do ano refere-se ao fogo
(figuras abaixo). Segundo o Sr. Geraldo, deveria haver projetos de conscientização
ambiental e programas de controle por parte da prefeitura municipal e do corpo de
bombeiros. O problema maior do controle é que não existe acesso do caminhão do corpo de
bombeiros em maior parte da área. Segundo o Sr. Geraldo, uma possibilidade seria utilizar
uma área onde passa uma tubulação da Copasa, que corta horizontalmente o terreno (Fotos
48 e 49). A idéia seria aproveitar essa área lateral onde existe a tubulação para possibilitar a
passagem do caminhão de controle de incêndio.
147
FIGURAS 61 E 62 – Vestígios de queimada que, segund o
o sr. Geraldo, acomete à área anualmente
FIGURA 63 – Fogo na área das nascentes
Fonte: ANBV (2012)
148
FIGURAS 64 E 65 – Área de APP utilizada pela Copasa
para passagem de tubulação
Além desses problemas, existe ainda a exploração mobiliária. Segundo o Sr. Geraldo e
reportagens do blog da ANBV, a área em questão sofre pela abertura de ruas visando
loteamentos e também a instalação de postes de iluminação pela CEMIG (figuras abaixo),
que vem paulatinamente impactando a área, especialmente por deixar o solo exposto e
assim potencializar a erosão. O blog da ANBV (http://anbv.blogspot.com.br/) traz mais
informações sobre as intervenções e crimes ambientais que tem acometido a área nos
últimos anos.
FIGURAS 66 E 67 – Especulação imobiliária: sr. Gera ldo mostra
intervenções irregulares em APP visando à abertura de ruas
(observar a instalação de postes para iluminação)
149
Em função das constatações realizadas em nossa visita e ainda, conversas junto ao Sr.
Geraldo e moradores, verificamos a relevância ambiental e social da área, sendo
veementemente recomendada a recuperação e preservação da área em questão, através de
criação de um parque municipal que possa preservar os recursos naturais e possibilitar o
uso pela sociedade.
A tabela abaixo mostra o índice de área verde pública por habitante em Divinópolis. A
região central apresenta um dos maiores índices de habitantes, 34.041, conforme, área
verde por habitante. A região de menor índice é o sudoeste, envolvendo os bairros: Planalto,
Catalão, São José e São Judas (figura abaixo). As áreas de lazer e de convívio, de
apropriação dos moradores, são aquelas da região central, em específico as praças Benedito
Valadares e Dom Cristiano. Devido à escassez de áreas disponíveis para o lazer público,
observa-se uma apropriação das ruas – estreitas e não projetadas para esse uso –
principalmente nas imediações das igrejas dos bairros Planalto, São José e São Judas, onde
regularmente a população utiliza para seus encontros e convívios (COUTO, 2007).
TABELA 6 – Índice de área verde pública por habitan te em Divinópolis
Fonte: SEPLAN (2006) citado por Couto (2007)
Ainda segundo a autora, apesar de o índice área verde por habitante, apresentado na tabela
acima e figura abaixo não corresponder à qualificação das áreas, permite uma visualização
da área verde urbana pública da cidade de Divinópolis, nas diferentes regiões de
planejamento. Percebe-se que os maiores índices de áreas verdes são encontrados nas
150
periferias, regiões 6 e 8, áreas estas sem urbanização e de preservação permanente, sem
condições físicas atuais para o convívio. Devido à vegetação nativa de grande porte ou
mesmo o capim, que conformam uma mata fechada, a falta de iluminação, a disposição de
resíduos sólidos não possibilitam a utilização dessas áreas pelas pessoas. Ao contrário, é
um local que induz a atividades marginais e causam insegurança à população.
Por sua vez, a região Central, possui um índice de 7,4 m²/hab., aquém daqueles
estabelecidos pela ONU, de 12m²/hab. e pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana -
SBAU, de 15m²/hab. É uma região densamente ocupada e recebe moradores e usuários de
bairros distantes que intensificam ainda mais a aglomeração de pessoas. Nesse contexto,
vê-se a existência de reduzidas áreas verdes públicas qualificadas no município e,
consequentemente, a cidade carece de espaços de convívio, onde as trocas são permitidas e
as relações sociais são tecidas (COUTO, 2007).
151
FIGURA 68 – Mapa do Índice de Área Verde por habita nte em Divinópolis
Os dados da tabela acima mostram que, dentre as nove regiões de planejamento, sete
regiões com índices menores que o recomendado pela ONU e pela SBAU. O índice geral
da área verde urbana 6,97 m²/hab é aquém dos estabelecidos como ideal, demonstrando
uma escassez de área verde em toda a área urbana do município, principalmente naquelas
mais densamente ocupadas. As regiões centrais, mais densamente ocupadas, são aquelas
que detêm os menores índices de área verde por habitante, variando entre zero a seis e seis
a doze (COUTO, 2007).
152
Segundo Couto (2007), tal problema é ainda agravado devido ao fato da Lei de Uso e
Ocupação do Solo Urbano de Divinópolis no 2.418/88 prever coeficientes construtivos
muito generosos, provocando alta densidade construtiva e verticalização excessiva na
região central, criando condições de habitabilidade, higiene e convívio comprometidos,
devido à alteração da insolação, ventilação e iluminação naturais.
As poucas áreas verdes significativas restantes no município de Divinópolis são mostradas
na tabela abaixo.
TABELA 7 – Áreas verdes particulares e públicas significativas em Divinópolis
Áreas ve rdes Tamanho (aprox.)
das áreas (ha) Coordenadas geográficas
Gafanhoto e entorno 19,2 (Parque) 14,8 (entorno)
23K 516243,28 m L , 7776301,60 S
Nascentes Bela Vista 16 23K 510190,63 L ; 7769900,68 S Mata do Noé 322 23K511347,96 L ; 7770294,45 S
Mata dos Vilelas 59 23K 514171,36 L ; 7776422,11 S Lagoa da Sidil 52 23K 510621,79 L ; 7773657,25 S
Parque Linear Danilo Passos 13,5 23K 513148,01L ; 7775725,99 S Parque da Ilha e Entorno 20,4 (Parque) 13
(Entorno) 23K 512521,66 L ; 7773352,85 S
Áreas Projeto Nova Margem Áreas fragmentadas 23K 512345,25 L ; 7773927,87 S Entorno Campo do Flamengo 7 23K 512149,73 L ; 7772698,10 S
Morro da Antena 179 23K 514300,48 L ; 7772185,04 S
Fonte: Instituto Estadual de Florestas – IEF (2012)
Outro exemplo dessa situação envolve o patrimônio arbóreo público de Divinópolis,
composto por frondosas árvores de sibipiruna (Caesalpinia pluviosa), oiti (Licania
tomentosa), albizia (Albizia lebbeck), alfeneiro (Ligustrum lucidum var. japonicum), dentre
outras. Esse patrimônio vem sendo dilapidado, paulatinamente, tanto na região central
como nos bairros mais antigos (figuras abaixo). A substituição das residências pelos
edifícios impõe restrição de espaço para as copas das árvores frondosas, que vêm sendo
suprimidas e substituídas por arvoretas, como ipê-mirim (Tecoma stans), murta (Murraya
paniculata), espirradeira (Nerium oleander), hibisco (Hibiscus rosa-sinensis), dentre
153
outras. Exemplo disso acontece na avenida Antônio Olímpio de Morais, onde são visíveis
os grossos tocos de albízias cortadas (BRAGA E FONSECA, 2012).
FIGURAS 69 E 70 – Degradação de árvores na área urb ana de Divinópolis
Ainda segundo os autores, as antigas residências dispunham de quintais arborizados,
normalmente com espécies frutíferas e que, de certa forma, compunham uma extensa e
expressiva massa verde urbana. Com a substituição das casas pelos prédios, a área verde
formada pelos quintais arborizados vem se reduzindo e afetando negativamente a qualidade
ambiental da cidade.
Segundo Laurence (2008), a necessidade de introduzir árvores no espaço urbano se deve a
fatores de ordem psicológica, fisiológica, estética e ambiental, em razão da precariedade
crescente de condições e da qualidade de vida urbana. As árvores amenizam temperaturas
extremas, umidificam e purificam o ar, geram sombra, amortizam a propagação de ruídos e
criam efeito estético e paisagístico agradável ao transeunte, minimizando o impacto visual
causado pelas construções e prédios. As árvores servem ainda de abrigo e fonte de alimento
para pássaros e pequenos animais que povoam as cidades e distraem crianças e adultos.
Perante a carência que a cidade apresenta em termos de áreas verdes urbanas públicas, o
poder público deve tomar atitudes, a fim de supri-las, enfrentando o problema de manter e
154
não doar as áreas públicas destinadas ao lazer e ao convívio (COUTO, 2007). Torna-se
também de fundamental importância o desenvolvimento de programas efetivos de
arborização urbana, visto a precariedade desse setor na cidade, onde já se pode ser
observado quarteirões consecutivos com nenhuma (ou quase nenhuma) árvore. Tais
programas não devem levar em consideração somente os aspectos técnicos, mas sim deve
envolver toda a sociedade em um processo de conscientização e colaboração.
Segundo Couto (2007), deve também estabelecer uma política de ampliação das áreas
verdes com criação de parques e praças, especialmente nas regiões de maior carência, como
é o caso das regiões central e sudeste. É preciso que o poder público estabeleça uma agenda
de compromissos e metas considerando as necessidades específicas de cada região, voltadas
ao lazer, ao convívio e à preservação de espaços naturais potenciais, tais como a “Lagoa da
SIDIL”, a “Lagoa dos Mandarins”, as margens do Rio Itapecerica e a “Mata do Noé”. Em
curto prazo, o poder público deveria efetivar a desapropriação e tombamento dessas áreas,
criar uma legislação específica que garantisse o uso público, para que a médio e longo
prazo, contando com parcerias junto ao setor privado e entidades filantrópicas, pudesse
efetivar a implantação de parques culturais, urbanos e regionais.
Finalizando, Couto (2007) aponta que é importante instigar o exercício da cidadania e da
participação na dinâmica da cidade pelos habitantes. Fazer-se cidadão, criar vínculo com o
lugar, é parte da proposta deste estudo. Além disso, quando na aprovação dos novos
loteamentos, o poder público deve exigir destinação de áreas verdes públicas qualificadas
que atendam à função socioambiental da região em que se insere.
155
5 – CARACTERIZAÇÃO DA ZONA RURAL
A zona rural de Divinópolis é composta por 45 comunidades, distribuídas nas regiões de
planejamento 10 e 11 (figuras abaixo), com os respectivos núcleos geradores de Santo
Antônio dos Campos e Buritis (tabela abaixo). As duas regiões compreendem uma área de
493,24 km2 (DIVINÓPOLIS, 2009). Os principais núcleos rurais do município são Buritis;
Djalma Dutra; Cacôco de Baixo; Branquinhos; Quilombo; Amadeu Lacerda; Córrego Falso;
Ferrador e Costas. Embora representem uma pequena parcela da população, os moradores
da zona rural do município desempenham um papel importante na produção de alimentos
local, realizada, principalmente, em unidades voltadas à agricultura familiar (MARQUES,
2012).
FIGURA 71 – Regiões de planejamento: Noroeste Rural
156
FIGURA 72 – Regiões de planejamento: Sudoeste Rural
Outro importante aspecto na realidade rural de Divinópolis refere-se ao processo de
migração da população rural para a urbana. Tal fenômeno tem acontecido de forma
acentuada na parte das cidades brasileira onde a grande maioria da população vive em
centros urbanos. Isto não tem sido diferente em Divinópolis, que registrou uma forte
tendência de esvaziamento da população rural. A forte tendência de urbanização pode ser
visualizada na figura abaixo, onde é possível notar o comportamento migratório da zona
rural para a área urbano. De 1960 a 2010, a população residente no campo caiu 50%, e a
urbanização se intensificou consideravelmente.
157
FIGURA 73 – Comportamento migratório da zona rural para a área urbana
no município de Divinópolis, de 1960 a 2010
Fonte: IBGE
No município de Divinópolis, existiam 9.658 moradores na área rural em 1970, que
representavam 12,02% da população total. Em 2010, esses números eram de 5.500
habitantes, que representavam 2,58% do total (MARQUES, 2012). Esse expressivo
movimento migratório observado no município pode ser explicado, em parte, pela
defasagem dos rendimentos (figura abaixo) entre os trabalhadores rurais e urbanos (pois em
2010 o rendimento médio do trabalhador da cidade era de 2,2 salários contra apenas 1,5 na
zona rural) e pela busca de melhores condições de vida (escola, emprego, lazer, etc.).
158
FIGURA 74 – Rendimento do trabalhador de Divinópoli s (em salários),
no ano de 2010
Fonte: IBGE
Hayami e Ruttan (1988) afirmam que o desenvolvimento agrícola depende da habilidade de
eleger e colocar em prática as inovações tecnológicas que tornem possível substituir fatores
de produção escassos que, por sua vez, apresentam maiores custos, por outros mais
abundantes e, consequentemente, de menores valores.
Assim, devem ser implantadas mudanças tecnológicas como forma de desenvolvimento da
agricultura regional. Tais mudanças técnicas são qualquer tipo de mudança nos coeficientes
de produção resultante das atividades dirigidas para o desenvolvimento de novas técnicas
incorporadas em projetos, materiais ou organizações. Em suma, deve-se aprimorar o
modelo de inovações induzidas, que se fundamenta na programação da educação em
interligação com investigação e extensão agrárias.
Apesar de Divinópolis não possuir vocação para se transformar em um município agrícola,
tem um papel reservado para a agricultura familiar7, sobretudo se observados os impactos
sociais desta prática.
7 A Lei 11.326/2006, do MDA, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural, no seu art. 3º, aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
159
O censo agropecuário realizado pelo IBGE (2006), indica que a agricultura familiar de
Divinópolis ocupa 2.493 pessoas, o que representa 61,5% do total da mão de obra rural
ativa do município. As propriedades rurais da agricultura familiar ocupam apenas 33,7% da
área rural total de Divinópolis, registrando tamanho médio de 16,06 hectares, menor que a
média nacional (18,37 hectares) e mineira (20,22 hectares).
De acordo Grossi e Marques8, a agricultura familiar se consolidou na última década como
maior responsável pela garantia da segurança alimentar do país, principalmente em relação
a produtos de consumo no mercado interno. Para Mançano9, a agricultura familiar é
responsável pela produção de cerca de 70% dos alimentos que chegam à mesa dos
brasileiros.
Em Divinópolis, foi criada, em 2007, a APRAFAD, que desenvolve um trabalho de
organização do segmento e orienta os associados sobre os mecanismos estabelecidos pelo
Governo Federal de apoio à agricultura familiar no Brasil, tais como: o Programa Nacional
de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf)10, a compra direta, por meio do
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)11, a lei da merenda escolar de 2009, pela qual
um mínimo de 30% da merenda dos municípios devem ser comprados diretamente de
agricultores familiares, sem licitação, no âmbito do Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE). No município, mais de 40% da merenda escolar originam-se da
I – não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II – utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III – tenha renda familiar predominantemente originada de atividades econômicas vinculadas ao próprio estabelecimento ou empreendimento; III – tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo (redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011); IV – dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. 8 Mauro Eduardo Del Grossi, pesquisador do MDA, e Vicente Marques, pesquisador do Incra, são abordados em texto da revista Desafios do Desenvolvimento, publicada pelo Ipea e disponível no site http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2512:catid=28&Itemid=23. 9 Bernardo Mançano é pesquisador e professor da Unesp. Estudo disponível no site http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2512:catid=28&Itemid=23. 10 Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares com baixas taxas de juros dos financiamentos. 11 Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) normatiza a compra alimentos com isenção de licitação até o limite de R$ 4,5 mil ao ano por agricultor familiar.
160
agricultura familiar, segundo informações de 2012, da Secretaria Municipal de
Agronegócio.
Outro fator a ser considerado se deve à polarização de algumas comunidades, fenômeno
que ocorre, principalmente, em função de instrumentos sociais que estão presentes nas
comunidades polo. Tais aspectos podem ser observados na tabela abaixo.
TABELA 8 – Comunidades rurais do município de Divin ópolis e seus núcleos polarizantes
Núcleo de polarização
(rural ou urbano)
Comunidades rurais que polariza
Santo Antônio dos Campos (Ermida) Lajes, Lavapés, Lopes, Olaria, Posse, Tamboril
Amadeu Lacerda Jararaca, Mutirão
Djalma Dutra Furtados, Lagoa, Perobas
Ferrador Cachimba, Roseiras
Choro Branquinho, Fortaleza
Quilombo Macuco, Mata dos Coqueiros, Piteiras
Costas Junco
Córrego Falso Lajinha, Lixas
Buritis Boa Vista, Paivas, Passagem, Ribeirão do
Servo, Sete Lagoas, Tavares
Cabe ressaltar que as comunidades de Boa Esperança, Cachoeira da Ponte de Ferro,
Cachoeirinha, Cacôco de Baixo, Cacôco de Cima, Cacôco do Meio, Córrego da Divisa,
Córrego do Paiol e Inhame, em função de sua proximidade com a cidade de Divinópolis,
não apresentam núcleos polarizantes, pois os mesmos utilizam os recursos e instrumentos
presentes na área urbana do município.
Os eixos de estruturação entre as comunidades ocorrem através de estradas rurais (tabela
abaixo), sendo este um importante aspecto, especialmente quando se consideram a
mobilidade e o escoamento da produção. Segundo dados da Prefeitura, o município de
Divinópolis possui cerca de 1200 km de estradas rurais que necessitam de extensa
161
recuperação, para dotá-las de melhores condições de trafegabilidade e diminuir seus
impactos ambientais.
TABELA 9 – Distância da sede às comunidades rurais do município de Divinópolis
COMUNIDADES KM COMUNIDADES KM
Amadeu Lacerda 35 Junco 16
Boa Esperança 12 Lagoa 13
Boa Vista 13 Laje 12
Branquinhos 18 Lavapés 15
Buritis 11 Lixas 25
Cachimba 6 Lopes 14
Cachoeira 17 Mata dos Coqueiros 25
Cachoeirinha 12 Mutirão 28
Cacôco de Baixo 10 Olaria 20
Cacôco de Cima 10 Paivas 22
Cacôco do Meio 10 Passagem 22
Choro 15 Perobas 24
Córrego da Divisa 6 Piteiras 18
Córrego do Paiol 8 Posses 17
Córrego Falso 23 Quilombo 18
Costas 30 Roseiras 23
Djalma Dutra 19 Rua Grande 14
Ferrador 10 Santo Antônio dos
Campos 7
Fortaleza 9 Tamboril 15
Inhame 13 Tavares 19
Jararaca 23
Fonte: Banco de Dados – SEPLAN
162
A equipe do Plano Diretor constatou que, de um modo geral, as estradas rurais do
município encontram-se em bom estado de manutenção, devidamente sinalizadas e com
cascalho para evitar degradação por erosão, deslize e atolamento (figuras abaixo).
FIGURAS 75 E 76 – Sinalização nas estradas rurais do município de Divinópolis
No que se refere aos resíduos sólidos, foi constatado pela equipe do Plano Diretor que,
embora na maioria das comunidades rurais o caminhão de coleta passe pelo menos uma vez
por semana, os locais de acondicionamento dos resíduos sólidos (para a coleta pelo
caminhão) são inadequados ou insuficientes para o volume gerado. Desta forma, o lixo fica
sujeito ao manuseio por pessoas e/ou acesso aos animais, gerando muita sujeira e poluição
visual, conforme mostram as figuras abaixo.
163
FIGURAS 77, 78, 79 E 80 – Locais de acondicionament o de
lixo para coleta pelo caminhão nas comunidades rur ais
Entre as comunidades de
Cachoeirinha e Choro Comunidade de Lagoas
Comunidade do Ferrador Local próximo ao rio Itapecerica,
na Comunidade do 49
Foi também relatado, pelos moradores locais, que as comunidades de Paivas, Tavares,
Passagem, Olaria e Lava-pés não têm coleta de lixo, sendo que os moradores destes locais
geralmente queimam, enterram ou mesmo transportam o lixo para outras comunidades onde
existe a coleta. Em áreas públicas de algumas comunidades com maior adensamento urbano,
existem coletores disponibilizados pela Prefeitura para pequenos volumes de recicláveis
(figuras abaixo).
164
FIGURAS 81 E 82 – Coletores de lixo reciclável nas comunidades rurais
Comunidade do Choro Comunidade dos Costas
No que se refere ao abastecimento de água por rede geral, esta não chega a 5% na maior
parte dos setores censitários da zona rural (MARQUES, 2012). Algumas comunidades com
maior adensamento urbano, como é o caso de Branquinhos, Quilombo, Costas, Córrego
Falso, Amadeu Lacerda, Djalma Dutra, Tamboril, Ferrador, Lajes, Lagoa e Buritis, há o
fornecimento de água através de poço artesiano, geralmente gerenciado pela Prefeitura e
com cobrança de taxa anual (figuras abaixo). Na comunidade de Lajes e Cachoeirinha, os
moradores reclamam que, no período da seca, o volume de água é insuficiente. Apesar do
oferecimento desse serviço, muitas famílias optam por obter a água através de cisternas,
poços artesianos e minas d’água. Cabe ressaltar que essas fontes de água são as únicas
opções onde não existe o sistema de abastecimento pela Prefeitura.
FIGURAS 83 E 84 – Sistema de coleta e distribuição de água
Caixa d’água em Djama Dutra Sistema de captação de água em Lagoa
165
No que se refere ao esgoto doméstico, a maior parte das residências faz o uso da fossa
negra e, em alguns casos, como Djalma Dutra, o esgoto é em sua maior parte lançado in
natura no ribeirão. A única comunidade onde se constatou o tratamento do esgoto foi a de
Buritis (figura abaixo).
FIGURA 85 – Sistema de tratamento de esgoto em Buri tis
5.1 Ocupação do solo rural
De acordo com a tabela abaixo, das 45 comunidades rurais, 28 apresentam processos de
urbanização (chacreamemento/loteamento), totalizando cerca de 62% das comunidades
(figuras abaixo). Segundo Santoro (2004), há diversas interpretações envolvendo a
sobreposição de legislações e competências que definem o parcelamento do solo nas áreas
rurais. Uma vertente considera o parcelamento do solo rural competência do município;
para outra, é de competência federal, do INCRA. Embasando essas vertentes, há diferentes
interpretações sobre o direito agrário, ambiental e urbanístico. Essas questões aparecem
destacadas na publicação, em alguns momentos, justificando um aprofundamento e
detalhamento no futuro.
166
TABELA 10 – Comunidades rurais com áreas de urbaniz ação
COMUNIDADES ÁREAS DE URBANIZAÇÃO
Amadeu Lacerda Adensamento expressivo, chacreamento
Boa Vista Chacreamento
Branquinhos Loteamento/chacreamento
Buritis Dois chacreamentos
Cachimba Loteamento/chacreamento
Cachoeira (Ponte de Ferro) Loteamento
Cachoeirinha Parcelamento legal – área urbana Loteamento/chacreamento
Cacôco de Baixo Loteamento/chacreamento
Cacôco de Cima Pequenos chacreamentos
Cacôco do Meio Loteamento/chacreamento
Chácaras Belo Horizonte Loteamento/chacreamento
Choro Loteamento/chacreamento
Córrego da Divisa Loteamento
Córrego do Paiol Loteamento
Córrego Falso Loteamento agrovila
Costas Loteamento
Djalma Dutra Loteamento
Ferrador Loteamento
Fortaleza Loteamento/chacreamento
Inhame Grandes chacreamentos bem estruturados
Jararaca Comunidade rural
Lagoa Dois chacreamentos
Laje Chacreamento
Lavapés Chacreamento
Lopes Chacreamento (dois são bem organizados, com planta, ruas com nomes)
167
Fonte de informações12
Os loteamentos nas áreas rurais são clandestinos, por não terem sido submetidos a
processos de aprovação municipal, uma vez que muitos municípios não possuem
legislações próprias que regulem o parcelamento do solo rural, ou proíbem tal parcelamento
além do perímetro urbano. O não-cumprimento das exigências urbanísticas e legais
geralmente se materializa em territórios com infraestrutura deficitária, ofertando lotes a
preços muito baixos, atendendo, assim, precariamente à população de baixa renda. Há,
também, casos de condomínios para moradia ou lazer para demanda de classe média e alta.
Em ambos os casos, verifica-se inadequação urbanística e fundiária (SANTORO, 2004;
SPAROVEK et al., 2004).
12 Secretário Sr. Paulo Sérgio de Oliveira (Secretaria Municipal de Agronegócios); Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (Presidente do Conselho, Sr. Sebastião, os presidentes das comunidades rurais); Sr. Nilson (presidente da Associação de Agriculta Familiar); Sr. José Paiva de Carvalho (Instituto Mineiro de Agropecuária, responsável pelo IMA em Divinópolis);– Eng. Agrônomo Alberto Coutinho Amaral (Emater/Divinópolis); Sargento Nixon (Polícia Ambiental de Divinópolis).
Quilombo Adensamento expressivo Chacreamento
Roseiras Chacreamento
Rua Grande Chacreamento
Santo Antônio dos Campos
Incorporado à cidade (não é distrito) Loteamento/Chacreamento
Tamboril Chacreamento
168
FIGURAS 86, 87, 88 E 89 – Áreas de chacreamento nas
comunidades rurais do município de Divinópolis
Placas de venda de chácaras no Inhame Chacreamento em Jatobá/Inhame
Chacreamento em Lopes Chacreamento em Cachoeirinha
Para alguns, seria papel do INCRA estabelecer os módulos mínimos de parcelamento do
solo que tenham como finalidade desenvolver atividades agrícolas. No entanto, este papel
pode contrapor-se à responsabilidade constitucional do município, de legislar sobre
assuntos de interesse local – como a regulação do uso, ocupação e parcelamento de todo o
seu território. As diversas interpretações das leis e competências configuram-se como
aparente lacuna nas regras de parcelamento, ora por não haver regras municipais, ora pela
dificuldade de fiscalizar-se a aplicação das regras federais, abrindo brechas para a
irregularidade que certamente afeta as condições de vida dos grupos sociais, a manutenção
do meio ambiente e os mananciais hídricos (SANTORO, 2004).
169
A autora chama ainda a atenção para os vários problemas oriundos da ocupação
desordenada nas áreas rurais. Tal ação tem promovido maior desmatamento e, algumas
veze,s o desassoreamento de cursos d’água, em função das ocupações, prejudicando a
função socioambiental que o território rural tem, de oferecer proteção ao meio ambiente.
Essa polêmica tem sido objeto de várias condenações aos proprietários que fazem o
parcelamento e é uma das bandeiras do Ministério Público.
Sparovek et al. (2004) acrescenta que a fragmentação do tamanho das propriedades
dificulta a mecanização e o uso extensivo; a proximidade com áreas habitadas restringe a
possibilidade de aplicar defensivos (agroquímicos) e dificulta a gestão da produção;
máquinas, implementos e insumos não podem ser deixados nas áreas de produção; invasão
e dano às culturas (fogo intencional e acidental, roubo da produção ou de animais e outras
perturbações) são aspectos que dificultam a produção agrícola tradicional nas áreas
próximas às cidades. Em contraposição, o preço das terras aumenta, e aparece o interesse
das empresas imobiliárias para loteamentos.
Em entrevista junto ao sargento Nixon, do batalhão da Polícia Ambiental em Divinópolis,
foram acrescentados, ainda, como problemas ocasionados pela ocupação desordenada, a
captação irregular e o desvio de cursos d’água, o esgoto lançado in natura nos rios e os
córregos e a disposição clandestina de lixo.
Nakano (2004) aponta que esse processo de ocupação irregular gera um quadro bastante
contraditório. De um lado, a cidade expande-se, avançando sobre as áreas rurais. Os
perímetros urbanos, definidos em lei municipal, acomodam – por interesses clientelistas –
as áreas que já foram ocupadas e aquelas que serão ocupadas no futuro. De outro lado, os
vazios urbanos permanecem ociosos por vários anos, o que provoca a desintegração
socioterritorial entre os bairros e as áreas centrais da cidade, dificultando as ligações
interbairros e elevando os custos de implantação das infraestruturas urbanas. Daí a
importância de as estratégias de regulação do solo urbano e rural serem articuladas umas às
outras.
170
Segundo Sparovek et al. (2004), essa dinâmica não atende ao interesse coletivo e não
favorece a população de baixa renda ou as comunidades excluídas, nem ao setor agrícola
produtivo. Como resultado, temos a geração de passivos ambientais, a destinação
desnecessária de recursos públicos para áreas, além dos vazios urbanos já existentes e a
apropriação privada por segmentos privilegiados de áreas de interesse coletivo, como opção
de extensão de suas atividades de lazer e opções de moradia.
5.2 Produção agropecuária e silvicultura
A análise do desenvolvimento das atividades rurais no município parte do estudo da
distribuição e da representatividade das culturas agrícolas do município de Divinópolis,
utilizando como referências, para mostrar o desempenho rural, os quadros de produção e
rendimentos da produção agropecuária que servirão para sustentar as indicações de
possíveis trajetórias para a zona rural do município.
Segundo o Censo Agropecuário do IBGE, apenas uma pequena área do município é
ocupada pela agricultura, sendo que, em 2011, a área agrícola do município estava dividida
em 90% com lavouras temporárias e 10% com lavouras permanentes. Entre 1990 e 1995,
observou-se um crescimento expressivo de 208% na área plantada, quando passou-se de
1.980 hectares para mais de 6.000 hectares plantados. Mas, a partir de 1996, a agricultura
divinopolitana registrou retrações importantes até o ano de 2002, quando a área ocupada era
de 1.300 hectares. De 2002 a 2011, assistiu-se a uma estagnação do crescimento da área
com lavouras temporárias e permanentes.
171
FIGURA 90 – Evolução da área plantada (ha) no munic ípio
de Divinópolis – MG, de 1990 a 2011
Fonte: IBGE
Apesar de Divinópolis não possuir vocação para se transformar em um município agrícola,
tem um papel reservado para a agricultura familiar (figura abaixo), sobretudo se observados
os impactos sociais desta prática (PDR, 2009). Segundo o IBGE (2006), a agricultura
familiar ocupa 2.493 pessoas, o que representa 61,5% do total da mão de obra rural de
Divinópolis. A maioria das propriedades rurais do município (71%) é classificada nesta
categoria, mas estas propriedades ocupam apenas 33,7% da área rural de Divinópolis. Isto
ocorre porque predominam no município propriedades pequenas – tamanho médio de 16,06
hectares, menor que a média nacional (18,37 hectares) e mineira (20,22 hectares).
172
FIGURAS 91 E 92 – Agricultura familiar nas comunida des
rurais do município
Horticultura em Lopes Horticultura em Branquinhos
A tabela abaixo apresenta a estrutura fundiária de Divinópolis, mostrando que a maioria das
propriedades são aquelas com menos de 10 hectares (34,33%) e menos de 100 hectares
(55,47%), totalizando, essas duas categorias, 90% das propriedades.
TABELA 11 – Estrutura fundiária de Divinópolis
CLASSES NÚMERO % % acumulada
Menos de 10 ha 333 34,33 34,33
10 a menos de 100 ha 538 55,47 89,80
100 a menos de 200 ha 66 6,80 96,60
200 a menos de 50000 ha 26 2,68 99,28
500 a menos de 2000 ha 7 0,72 100,00
TOTAL 970
Fonte: EMATER-MG 2006
O não-cumprimento da legislação ambiental, pela agricultura familiar, é demonstrado pelo
fato de que apenas 12,9% da área total destas propriedades são ocupados por áreas de
preservação permanente e reservas legais (PDR, 2009).
173
Os gestores municipais e técnicos locais indicam como principais limitações enfrentadas
pela agricultura familiar a falta de informação e de capacitação do produtor, a falta de
organização da classe, a produção não integrada, o acondicionamento, o transporte e
armazenamento inadequados e a classificação inexistente ou insuficiente. Os principais
potenciais identificados para a agricultura familiar foram: existência de entidades
representativas de classe legalmente constituídas, aptidão dos produtores para o setor, solos
aptos ao plantio, disposição do produtor em investir e existência de parceria com
SENAR/MG (PDR, 2009).
Segundo dados do Censo Agropecuário de 2006, conforme a tabela abaixo, ainda que o
setor primário não tenha uma expressão significativa no município de Divinópolis, observa-
se um número expressivo de propriedades rurais, o que demonstra algumas atividades
pecuaristas e de criação de outros animais na zona rural da cidade, num total de 643
empreendimentos. O número de propriedades que se dedicavam também à lavoura
temporária é bastante expressivo, seguido da horticultura e floricultura, com 127
empreendimentos. Nota-se que as lavouras permanentes, a produção florestal – florestas
plantadas e produção florestal – e as florestas nativas possuíam 8, 21 e 4 empreendimentos,
respectivamente, o que, segundo Marques (2012), significa que há espaços para políticas
públicas que estimulem o agronegócio no município.
174
TABELA 12 – Número de estabelecimentos agropecuário s de Divinópolis
em 2006 por condição do produtor em relação às terr as e grupos de
atividade econômica e grupos de área total
Grupos de atividade
econômica
Condições do produtor
Proprietário Arrendatário Parceiro Ocupante Total
Lavoura temporária 131 - 1 5 137
Horticultura e
floricultura 118 2 1 6 127
Lavoura permanente 8 - - - 8
Pecuária e criação de
outros animais 611 15 2 15 643
Produção florestal –
florestas plantadas 21 - - - 21
Produção florestal –
florestas nativas 3 - - 1 4
Total 892 17 4 27 940
Fonte: IBGE – Censo Agropecuário de 2006
A tabela abaixo mostra a área (ha) ocupada por culturas permanentes no município de
Divinópolis, de 2000 a 2011. Tendo como base os dados do IBGE (2011), o percentual de
representatividade de lavouras permanentes (figura abaixo) no município de Divinópolis
em relação à produção estadual mostra-se baixa, não ultrapassando a faixa de 0,35%, com
as maiores percentagens para a produção de goiaba (0,31%) e uva (0,16%). A produção de
café (0,002%), banana (0,006%), laranja (0,06%) e tangerina (0,07%) é relativamente
inexpressiva.
175
TABELA 13 – Área (ha) ocupada por culturas permanen tes no
município de Divinópolis, do ano de 2000 a 2011
Cultura Ano/Área (ha)
2000 200
1 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Banana 20 20 20 20 20 5 5 5 5 5 5 5
Café 400 400 400 400 350 35 35 35 35 45 45 45
Laranja 70 70 70 70 70 70 70 70 70 70 70 70
Maracujá - - - - - 3 7 7 - 2 2 2
Tangerina - - - - - - - - 4 4 4 4
Uva - - - - - - 2 2 2 2 2 2
Total 490 490 490 490 440 116 123 123 120 132 132 132
Fonte: IBGE
FIGURA 93 – Cultivo de banana na comunidade de Lava -pés
No que se refere às lavouras temporárias e ao seu percentual de representatividade no
Estado, os dados do IBGE (2011) também mostram baixos índices, com destaque para
tomate e mandioca, com porcentagens de 0,10% e 0,07%, respectivamente. Lavouras como
arroz (0,03%), milho (0,05%) e feijão (0,01%) têm sido cultivadas em baixa escala e,
geralmente, para uso e consumo na propriedade onde são produzidas. A produção de
mandioca (0,07%) e cana-de-açúcar (0,02%) tem sido em sua maior parte direcionada
176
respectivamente para a fabricação de polvilho e mandioca, na propriedade onde são
produzidas ou mesmo em fábricas e alambiques vizinhos.
Como na maioria dos municípios do Estado de Minas Gerais, o milho é a cultura que mais
ocupa as terras agricultáveis do município, com (77%) da área plantada, seguido pela
cultura da cana-de-açúcar (12%) e feijão (5%), que, em sua grande maioria, há a presença
de atividades que envolvem pequenos agricultores (figura abaixo).
FIGURA 94 – Área plantada com culturas temporárias
em Divinópolis, no ano de 2011
Fonte: IBGE
Com relação ao rendimento médio da cultura do milho, nota-se que o mesmo conseguiu
durante vários anos acompanhar o nível de produtividade do Estado de Minas Gerais e estar
acima da média nacional, mas, a partir de 2007, quando o rendimento do milho alcançou
seu ponto máximo, com quase 4.500kg/ha, observa-se um declínio, chegando, em 2010,
com valores abaixo da média nacional (figura abaixo).
177
FIGURA 95 – Produtividade média do milho no municíp io de Divinópolis,
de 2000 a 2010
Fonte: IBGE
Durante os anos de 2000 a 2011, percebe-se uma regressão substancial na participação da
área ocupada destinada às lavouras temporárias (-46,6%), resultado da queda na área
plantada de todas as principais culturas do município. Essa diminuição ocorreu de forma
mais severa em áreas com plantação de feijão, arroz, tomate e mandioca (tabela abaixo).
178
TABELA 14 – Área (ha) ocupada por culturas temporár ias
no município de Divinópolis
Cultura Ano/Área (ha)
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Arroz 105 100 80 100 100 80 80 80 80 20 20 20
Cana-de-
açúcar 200 200 200 200 200 130 130 130 130 210 210 150
Feijão 596 516 250 250 100 130 130 130 130 60 60 60
Mandioca 120 120 120 120 100 30 30 30 30 40 40 40
Milho 1.200 1.250 150 150 300 900 900 900 900 900 900 920
Tomate 20 20 15 15 15 5 6 6 6 8 8 8
Total 2.247 2.212 815 835 815 1.275 1.276 1.276 1.276 1.238 1.238 1.198
Fonte: IBGE
De acordo com Bastos e Gomes (2010), o Oeste de Minas apresenta pouca diversificação
agrícola, com grande parte de suas culturas crescendo lentamente, dentre as quais se podem
citar o tomate, o café e a uva. Apenas sete produtos cresceram nesta mesorregião a taxas
maiores que no Estado, sendo a batata-doce, a batata-inglesa, a cana-de-açúcar, o feijão, a
mandioca, o milho e a soja. Não há nenhum produto dinâmico nesta mesorregião, o que
demonstra que sua capacidade produtiva tem sido ineficientemente utilizada e não têm sido
feitos investimentos para que a mesorregião se especialize em produtos nos quais tenha
vantagem competitiva em relação ao restante do Estado.
No que se refere à produção florestal, dados do IBGE (2011) mostram uma produção de
2.634 toneladas de carvão vegetal e 21.900 metros cúbicos de lenha em 2010. Tal produção
(figuras abaixo), geralmente, tem sido utilizada para suprir as indústrias siderúrgicas do
município e região e/ou abastecer as olarias de municípios próximos, como Carmo do
Cajuru e/ou Conceição do Pará.
179
FIGURAS 96 E 97 – Produção de eucalipto nas comunid ades rurais
do município de Divinópolis
Plantação de eucalipto na estrada de Lopes Viveiro de mudas de Eucalipto no Ferrador
De acordo com a Associação Mineira de Silvicultura, a maior parte da produção mineira de
carvão vegetal vai para os principais mercados consumidores de carvão vegetal no Estado,
localizados nas regiões de Sete Lagoas, Belo Horizonte, Vertentes, João Monlevade, Rio
Piracicaba, Rio Doce, Santos Dumont, Pirapora, Montes Claros e Ouro Preto e Divinópolis.
Na região de Divinópolis, a oferta de produtos originários da silvicultura registrou uma
evolução na última década. De acordo com o IBGE, em 2005, a quantidade produzida de
carvão vegetal era de 17 toneladas; em 2010, o município produzia 2.634 toneladas, e a
produção de lenha saltou de 50 metros cúbicos para 21.900 metros cúbicos no mesmo
período. Mas, apesar disso, a área que a silvicultura ocupa no município ainda é pequena,
quando comparada à área total do município.
Através de dados obtidos junto ao Inventário Florestal de Minas Gerais (2012), observa-se,
na figura abaixo, que a ocupação do solo (ha) por essências florestais no município, entre
os anos de 2007 e 2009, tem se mostrado estável para reflorestamento e crescente para
vegetação nativa, o que é um indicativo positivo para a conservação ambiental.
180
FIGURA 98 – Ocupação do solo (ha) por essências flo restais no
município de Divinópolis – MG nos anos de 2007 e 20 09
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
18000
2007 2009
Ano
Áre
a (h
a)
Nativa Reflorestamento
Fonte: Inventário Florestal de MG (2012)
A figura abaixo mostra a cobertura vegetal (ha) no município de Divinópolis nos anos de
2007 e 2009, para as vegetações de campo, cerrado senso strictu, eucalipto e floresta
estacional semidecidual montana. Observa-se que a maior área está ocupada pela floresta
estacional semidecidual montana, com mais de 7.000 hectares. Esse tipo de floresta
constitui uma vegetação pertencente ao bioma da Mata Atlântica (mata atlântica do interior)
e, atualmente, existem leis ambientais que dão proteção especial e esse tipo de
fitofisionomia. A área ocupada por eucalipto se manteve estável entre os dois anos
analisados, com 1.359,4 hectares em 2009. As vegetações de campo e cerrado senso strictu
apresentaram as menores áreas, com 571,1 e 1.826,9 hectares em 2009, respectivamente.
181
FIGURA 99 – Cobertura vegetal (ha) no município de Divinópolis – MG
nos anos de 2007 e 2009
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
Campo (limpo e sujo) Cerrado Sensu Stricto Eucalipto Floresta EstacionalSemidecidual Montana
Tipo de vegetação
Áre
a (h
a)
2007 2009
Fonte: Inventário Florestal de MG (2012)
Quando comparadas aos dados do Inventário Florestal (2009), as informações obtidas pelo
Plano Diretor (em junho de 2012), através de satélite, mostraram, em 2012, um aumento da
área de vegetação natural no município, totalizando 12.906 ha, o que equivale à cerca de 18%
da área total. Entretanto, esse tipo de vegetação se mostrou fragmentada em toda a extensão do
município, com pouquíssimas exceções. Também nessa comparação, a área ocupada por
eucalipto aumentou em 1.176 ha, totalizando, essa cultura, 3,57 % da área do município.
No que se refere à pecuária (figuras abaixo), o município conta com um rebanho total de
1.293.734 cabeças, segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE (2011). A maior
representatividade do rebanho é formada por cabeças de aves, sendo que, aproximadamente,
1.200.000 são de galos, frangas, frangos, pintos e galinhas. Em segundo lugar, encontra-se
o efetivo de bovinos com 42.500 cabeças, que se destina, exclusivamente, ao fornecimento
de leite e carne para o mercado local.
182
TABELA 15 – Efetivo dos rebanhos por tipo de criaçã o em Divinópolis – MG, nos anos de 2001 e 2011
Fonte: IBGE
Analisando o histórico evolutivo do rebanho do município, nota-se que houve um
crescimento importante da atividade pecuária de 54,7% no total do rebanho efetivo, com
destaque para o forte crescimento do rebanho de aves (acima de 150%) e para a
estabilidade do rebanho de bovinos, que aumentou apenas 5,12 % em 10 anos.
A figura 102 mostra que o número de cabeças dos rebanhos do município apresentou, entre
os anos de 2009 e 2011, uma variação estável para bovinos e codornas, ascendente para
galos, frangas, frangos e pintos no ano de 2011 e decrescente para galinhas nos três anos
avaliados.
Rebanho 2001 2011 Taxa de crescimento
2001-2011
Bovino 40.650 42.500 5,12
Equino 1.200 1.250 1,63
Bubalino 140 230 64,2
Asinino - 14
Muar 32 50 42,8
Suíno 1.925 2.200 -11,2
Caprino 90 140 55,5
Ovino - 350
Galos, frangas, frangos e pintos
279.600 712.000 155,2
Galinhas 512.440 500.000 -2,3
Codornas - 35.000
Total 836.077 1.293.734 54,7
183
FIGURAS 100 E 101 – Pecuária na zona rural do munic ípio de Divinópolis
Gado de Corte em Cachimba Muares no Cacôco de cima
FIGURA 102 – Produção pecuária (em número de cabeça s) no
município de Divinópolis – MG, ano 2009 a 2011
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
800.000
Produção Bovinos Galos, frangos e pintos Galinhas Codornas
Núm
ero
cabe
ças
2009 2010 2011
Fonte: IBGE (2011)
A figura abaixo mostra a produção referente a ovos de galinha (mil dúzias), ovos de
codorna (mil dúzias), leite de vaca (mil litros) e mel de abelha (kg) nos anos de 2009 a
2011. Observa-se uma tendência para redução na produção de ovos de galinha, o que
corrobora com a figura anterior, que mostra uma redução no número de cabeças. Já a
produção de ovos de codorna manteve-se estável, em torno de 600 mil dúzias nos três anos
avaliados. A produção de leite de vaca mostrou uma tendência de aumento ao longo dos
184
três anos, com 26 milhões de litros em 2011. A produção de mel de abelha também mostrou
uma tendência de crescimento, atingindo 10.500 kg em 2011.
FIGURA 103 – Produção de ovos de galinha (mil dúzia s), ovos de
codorna (mil dúzias), leite de vaca (mil litros) e mel de abelha (kg)
no município de Divinópolis – MG, 2009-2011
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
Ovos de galinha (mildúzias)
Ovos de Codorna (mildúzias)
Leite de vaca (millitros)
Mel de abelha (kg)
Uni
dade
de
Med
ida
2009 2010 2011
Fonte: IBGE (2011)
No que se refere ao percentual de representatividade da pecuária do município em relação
ao Estado, destaca-se a criação de aves, com um de 3,71% para a produção de ovos de
galinha e 2,71% para ovos de codorna. A produção de mel de abelha e leite de vaca atinge
representatividades baixas, em torno de 0,34% e 0,29%, respectivamente (IBGE, 2011).
Informações sobre a produção agropecuária no município de Divinópolis em cada
comunidade rural foi obtida junto a diferentes atores que atuam nessa área, como a Emater,
o IMA, a Secretaria Municipal de Agronegócios e o Conselho Municipal de
Desenvolvimento Rural Sustentável, entre outros, além das coletas de informações em
campo (tabela abaixo).
185
TABELA 16 – Produção agropecuária por núcleo polari zante
(e comunidades polarizadas) no município de Divinóp olis
Núcleo urbano polarizante : SANTO ANTÔNIO DOS CAMPOS (Ermida)
Comunidades rurais que polariza Lajes, Lavapés, Lopes, Olaria, Posse, Tamboril. Produção Agropecuária Criação de cavalo
Eucalipto Fruticultura: citrus, goiaba, uva, banana
Horticultura Ovinocultura
Pecuária de corte e leite Núcleo de Polarização Rural de Médio Porte: AMADEU LACERDA
Comunidades Rurais que Polariza Jararaca, Mutirão Produção Agropecuária Apicultura
Eucalipto Pecuária de corte e leite
Núcleo de Polarização Rural de Médio Porte: DJALMA DUTRA Comunidades Rurais que Polariza Furtados, Lagoa, Perobas.
Produção Agropecuária Apicultura Eucalipto
Horticultura Mandioca
Pecuária de corte e leite Núcleo de Polarização Rural de Médio Porte: FERRADO R
Comunidades Rurais que Polariza Cachimba, Roseiras. Produção Agropecuária Cana de açúcar (Cachaça)
Criação de cavalos Eucalipto (madeira e viveiro de mudas)
Pecuária de leite e corte Produção de mudas ornamentais
Núc leo de Polarização Rural de Médio Porte: CHORO Comunidades Rurais que Polariza Branquinho, Fortaleza.
Produção Agropecuária Abatedouro de frango Avicultura de corte e postura
Eucalipto Horticultura
Pecuária de leite e corte Piscicultura
Núcleo de Polarização Rural de Médio Porte: QUILOMB O Comunidades Rurais que Polariza Macuco, Mata dos Coqueiros, Piteiras.
Produção Agropecuária Eucalipto Horticultura
Mandioca (Polvilho) Pecuária de leite e corte
Núcleo de Polarização Rural de Médio Porte: COSTAS Comunidades Rurais que Polariza Junco
Produção Agropecuária Pecuária de leite e corte Horticultura
Cana de açúcar (cachaça) Núcleo de Polarização Rural de Médio Porte: CÓRREGO FALSO
Comunidades Rurais que Polariza Lajinha, Lixas. Produção Agropecuária Cana de açúcar (cachaça)
Fruticultura: maracujá Horticultura
186
Pecuária de leite Viveiro de mudas Associação (Agrovila)
Núcleo de Polarização Rural de Médio Porte: BURITIS Comunidades Rurais que Polariza Boa Vista, Paivas, Passagem, Ribeirão do Servo, Sete Lagoas,
Tavares. Produção Agropecuária Cana de açúcar (cachaça)
Eucalipto Fruticultura: banana, mexerica, limão.
Horticultura Mandioca (Polvilho)
Pecuária de leite e corte Reservas florestais de sucupira
ÁREA URBANA DE DIVINÓPOLIS 13 Comunidades rurais Boa Esperança, Cachoeira da Ponte de Ferro, Cachoeirinha,
Cacoco de baixo, Cacoco de cima, Cacoco do meio, Córrego da Divisa, Córrego do Paiol, Inhame.
Produção Agropecuária Avicultura de corte e postura Cana de açúcar (cachaça)
Criação de cavalo Eucalipto
Horticultura Mandioca (polvilho)
Melhoramento genético de bovinos Pecuária de corte e leite
Reservas florestais de sucupira Viveiro de mudas do IEF
Fonte de informações14
A figura abaixo apresenta um consolidado das principais atividades agropecuárias nas
comunidades rurais em Divinópolis, mostrando que a produção de bovinos de corte e/ou
leite, junto à produção de eucalipto e hortaliças, está presente em mais de 50% das
propriedades rurais do município. A piscicultura é uma atividade presente em apenas quatro
das propriedades, com produção ainda inexpressiva do ponto de vista estadual e, certamente,
por isso, não aparece nas estatísticas do IBGE.
13 Conforme apontado anteriormente, as comunidades aqui citadas, em função de sua proximidade com a cidade de Divinópolis, não apresentam núcleo polarizante, pois as mesmas utilizam dos recursos e instrumentos presentes na área urbana do município. 14 Secretário Sr. Paulo Sérgio de Oliveira (Secretaria Municipal de Agronegócios); Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (Presidente do Conselho, Sr. Sebastião, os presidentes das comunidades rurais); Sr. Nilson (presidente da Associação de Agriculta Familiar); Sr. José Paiva de Carvalho (Instituto Mineiro de Agropecuária, responsável pelo IMA em Divinópolis); Eng. Agrônomo Alberto Coutinho Amaral (Emater/Divinópolis); Sargento Nixon (Polícia Ambiental de Divinópolis).
187
FIGURA 104 – Principais atividades agropecuárias na s comunidades
rurais em Divinópolis
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Piscicultura
Apicultura
Fruticultura
Mandioca
Avicultura de corte e/ou postura
Cana de açúcar
Hortaliças
Eucalipto
Bovinocultura de corte e/ou leite
Número de comunidades rurais
5.3 Produção industrial, artesanal e minerária por comunidade rural, no município de
Divinópolis
A tabela abaixo mostra áreas de produção industrial, artesanal e minerária por comunidade
rural no município. Destacam-se, na produção industrial, as siderurgias; na artesanal, a
produção de doces, cachaça e polvilho; e na mineraria. a extração de areia e argila.
188
TABELA 17 – Áreas de produção industrial, artesanal e minerária
por comunidade rural em Divinópolis
Comunidades Produção industrial, artesanal e minerá ria
Amadeu Lacerda Cachaça
Boa Vista Cachaça Artesanato (tear)
Buritis
Fábrica de poupa de frutas Polvilho Produção de Queijo Artesanato
Cachoeira (Ponte de Ferro)
Extração de Areia Polvilho
Cachoeirinha Cachaça
Cacôco de Baixo Cachaça
Choro Produção de Queijo e doce Indústria de sucata Extração de Areia
Roseiras Argila para olarias
Córrego Falso Cachaça Agrovila
Costas Cachaça
Branquinhos Fábrica de ração Alvorada
Ferrador Cachaça orgânica
Fortaleza Abatedouro de frango
Inhame Viveiro de mudas do IEF
Laje Produção de Doce (Dona Alice)
Passagem Polvilho Cachaça
Piteiras Fábrica de ração Piteiras Polvilho Empresa de beneficiamento de polvilho
Quilombo Siderúrgicas
Santo Antônio dos Campos
Siderurgia (Matprima) Confecção Fundição (Somasa)
Fonte de informações15
15
Secretário Sr. Paulo Sérgio de Oliveira (Secretaria Municipal de Agronegócios); Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (Presidente do Conselho, Sr. Sebastião, os presidentes das comunidades rurais); Sr. Nilson (presidente da Associação de Agriculta Familiar); Sr. José Paiva de Carvalho (Instituto Mineiro de Agropecuária, responsável pelo IMA em Divinópolis); Eng. Agrônomo Alberto Coutinho Amaral (Emater/Divinópolis); Sargento Nixon (Polícia Ambiental de Divinópolis).
189
5.4 Turismo nas comunidades rurais
O turismo rural no município de Divinópolis apresenta um significativo potencial em
função de sua cultura, gastronomia e riqueza natural. Segundo Marques (2012), o turismo
rural tem crescido bastante na cidade, e são diversas as cavalgadas realizadas, anualmente,
pelas comunidades rurais do município, organizadas pelo Clube do Cavalo, pelo Sindicato
Rural de Divinópolis e por particulares (figura abaixo). Outro segmento de atividade
realizada no turismo rural é o leilão de animais – gado, cavalos, dentre outros, com
organização do Sindicato Rural de Divinópolis.
FIGURA 105 – Divulgação de cavalgada na comunidade de
Cachoeirinha
Existem, ainda, comunidades rurais e propriedades que têm potencial para atender ao
turismo rural, como é o caso da comunidade de Amadeu Lacerda, que apresenta um perfil
bastante peculiar, com presença de áreas verdes, estação ferroviária e cachoeiras (figuras
abaixo).
190
FIGURAS 106 E 107 – Comunidade de Amadeu Lacerda
Praça Estação Ferroviária
A tabela abaixo mostra, por comunidade rural, as riquezas naturais com potencial para
aproveitamento turístico. Deve-se levar em consideração que, atualmente, se encontra em
fase de implantação o projeto de tratamento de esgoto de Divinópolis, sendo que em médio
prazo o rio Itapecerica não receberá mais esgoto in natura, o que propiciará um maior
aproveitamento do potencial turístico não só do rio Itapecerica, mas também do rio Pará.
Nestes dois rios, existem, em diversos pontos, praias, cachoeiras e corredeiras, que poderão
ser aproveitadas para esportes e lazer.
191
TABELA 18 – Comunidades rurais com áreas de potenci al turístico por
comunidade rural no município de Divinópolis
COMUNIDADES POTENCIAL TURÍSTICO E VALOR HISTÓRICO
Amadeu Lacerda Povoado com potencial turístico, com cachoeira na divisa com o
município de Santo Antônio do Monte Cachoeira
(Ponte de Ferro) Cachoeiras, área potencial de lazer
Córrego do Paiol Área de potencial turístico/ lazer (margens do rio Itapecerica, já foi
utilizado o trecho para a prática de caiaque)
Costas Cachoeira
Djalma Dutra e Serra Calçada
A comunidade de Djalma Dutra situa-se próxima a Serra Calçada ou Serra dos Caetanos – Área potencial de preservação e esportes como
o Rapel.
Lavapés Igreja antiga (valor histórico)
Roseiras Represa do Cajuru
Fonte de informações16
Nas comunidades de Córrego do Paiol, Cachoeira – Ponte de Ferro e Roseiras, existem
excelentes locais para lazer e esportes náuticos. Em Cachoeira – Ponte de Ferro, existe uma
sequência de cachoeiras e em Roseiras a Represa do Cajuru (Fotos 28 e 29) oferece lindas
paisagens e propicia uma série de possibilidades de esportes náuticos.
16 Secretário Sr. Paulo Sérgio de Oliveira (Secretaria Municipal de Agronegócios); Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (Presidente do Conselho, Sr. Sebastião, os presidentes das comunidades rurais); Sr. Nilson (presidente da Associação de Agriculta Familiar); Sr. José Paiva de Carvalho (Instituto Mineiro de Agropecuária, responsável pelo IMA em Divinópolis); Eng. Agrônomo Alberto Coutinho Amaral (Emater/Divinópolis); Sargento Nixon (Polícia Ambiental de Divinópolis)
192
FIGURAS 108 E 109 – Locais com potencial turístico nas comunidades de
Cachoeira (Ponte de Ferro) e Lago das Roseiras
Rio Itapecerica, Comunidade 48 ou cachoeira
Ponte de ferro Lago das Roseiras na barragem do Carmo do
Cajuru
No que se refere à Serra Calçada, na comunidade de Djalma Dutra, trata-se de uma região
montanhosa que atualmente tem sido utilizada para prática de escalada e trilha de montainbike
e motocross. Na década de 1990, o Ministério Público embargou a exploração de granito na
Serra Calçada e na Serra do Capão (área próxima à Serra Calçada) em resposta a reação de
moradores, e de um estudo indicando que o lugar abriga muitas nascentes. O acesso
também é facilitado em função das condições do sistema de estradas vicinais.
193
FIGURAS 110, 111, 112 E 113 – Serra Calçada, próxim o a Amadeu Lacerda
A gastronomia rural também pode vir a ser uma alternativa de turismo e, conseqüentemente,
de renda para o produtor rural divinopolitano, como é o caso do Projeto Prato Rural, no
qual, segundo Marques (2012), os pratos típicos das comunidades são apresentados em um
evento, cuja renda final é destinada às localidades rurais, gerando uma fonte alternativa de
renda a essa população.
Segundo Marques (2012) para enriquecer o turismo em Divinópolis está sendo revitalizado
o Circuito Turístico Campos das Vertentes, em parceria com a Associação dos Municípios
da Microrregião do Vale do Itapecerica – AMVI. A sede do Circuito Turístico se encontra
instalada em Divinópolis. Nesse cenário inclui-se também o inventário de ofertas turísticas
de Divinópolis e será criado, em breve, o Centro de Atendimento ao Turista. Com a
reforma da pista do aeroporto Brigadeiro Cabral em 2010 e a operação do terminal de
194
passageiros, a cidade contará com vôos regulares o que certamente contribuirá para
alavancar ainda mais o turismo na cidade e região.
Foram identificadas áreas na zona rural do município com potencial turístico, as quais
denominamos “Áreas de Potencial Turístico” – APT (Figura 13). Para tanto, levou-se em
consideração a presença de bens naturais e paisagísticos propícios ao ecoturismo, ao
turismo de vilarejo e ao turismo de aventura.
FIGURA 114 – Áreas de Potencial Turístico (APTs) na zona
rural do município de Divinópolis
195
Nessas áreas poderão ser criados e implementados programa de desenvolvimento do
turismo através de ações de preservação e divulgação do capital ambiental existente, da
melhoria das condições de infraestrutura, da intermediação de recursos disponíveis nas
esferas estadual e federal e da capacitação e engajamento das comunidades locais.
5.5 Projetos existentes
Visando a equacionar diferenças e enfrentar diretamente os gargalos ao desenvolvimento
existentes nas comunidades rurais, o Município de Divinópolis tem buscado soluções
integradas, que abranjam desde a melhoria ou implantação de infraestrutura até o apoio ao
associativismo por parte dos produtores locais. Neste âmbito o Município implementou em
2009 o Projeto Campo Revigorado, que contempla uma grande variedade de ações de
diferentes naturezas e tem colhido resultados muito expressivos. Segundo Marques (2012),
o Programa se estrutura a partir de sete principais ações, a saber:
Programa de Gestão e Melhoria das Propriedades Leiteiras
O programa visa a o aumento efetivo da produtividade nas propriedades do micro
empreendedor rural do Município por meio da transferência de tecnologia e da capacitação
continuada dos produtores. O programa se pauta na capacitação continuada e o
acompanhamento dos produtores a médio e longo prazo para que estes possam, não só ter
contato com técnicas e conhecimentos específicos, mas também terem tempo de incorporá-
los ao seu manejo diário. Para atingir tal objetivo, a Prefeitura Municipal de Divinópolis
firmou um convênio com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e a
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG) para integrar o
Projeto Balde Cheio (Fotos 12e 13).
196
FIGURAS 115 E 116 – Projeto balde Cheio e a produçã o leiteira
Projeto balde cheio em Inhame Gado de leite em Córrego Falso
Por meio deste programa, profissionais da área de Engenharia Agronômica e de Veterinária
são capacitados, repassando posteriormente aos produtores orientações com relação ao
manejo, produção, manutenção e recuperação de pastagens, assim como o planejamento da
atividade leiteira nos diferentes horizontes temporais. A assistência é feita de forma gratuita
a cada 45 dias e é voltada aos agricultores familiares cuja renda provém da atividade
leiteira.
Existem no município 13 propriedades cadastradas no programa que contabilizam um total
de 599 cabeças. Uma das maiores dificuldades encontradas no âmbito do projeto se dá com
relação à obtenção de animais com características desejáveis à produção leiteira. O uso da
inseminação artificial tem se mostrado importante no processo de melhoria da genética
local.
Criação e Implantação do SIM – Serviço de Inspeção Municipal
O Serviço de Inspeção Municipal – SIM foi criado pela Lei Municipal nº 7.011, de 02 de
julho de 2009, e regulamentada através do decreto nº 9.541, de 9 de Julho do mesmo ano. O
SIM é o órgão responsável pela inspeção e fiscalização dos locais que trabalham com
alimentos (desde o armazenamento até a distribuição) de origem animal e seus derivados,
atuando também em abatedouros e laticínios.
197
Os padrões de fiscalização se baseiam em normas e padrões de higiene que possam
minimizar os riscos à saúde oriundos do processo de elaboração e manipulação dos
alimentos. A adoção do SIM permite aos proprietários a comercialização de seus produtos
dentro do Município e garante aos consumidores locais que estes produtos foram
manipulados de acordo com as normas de vigilância sanitária, além de terem sido
produzidos dentro do próprio município.
Desta forma, o Serviço de Inspeção Municipal permite que os produtos provenientes da
agricultura familiar possam ser comercializados em diferentes centros comerciais dentro de
Divinópolis, possibilitando a complementação da renda familiar. Além disso, este serviço
age no sentido de garantir uma maior Segurança Alimentar à população divinopolitana e
aos demais consumidores que passam pelo cidade.
Ressalta-se ainda que, uma vez tendo adequada sua produção ao SIM, os produtores locais
podem buscar sua adesão ao SISBI – Sistema Brasileiro de Inspeção, o que lhes propiciaria
a comercialização de seus produtos em qualquer lugar do Brasil. Levando-se em
consideração a localização de Divinópolis em ponto estratégico do Estado e seu tradicional
papel de “grande entreposto comercial”, a adoção dos produtores locais ao SISBI traria uma
grande possibilidade de geração de renda.
A partir da implantação do programa, no ano de 2010 teve-se 38 cadastramentos e 2
certificações, enquanto em 2011 os números foram de 64 cadastramentos e 9 certificações.
Outra importante ação realizada no âmbito deste programa é a capacitação dos produtores
locais, tendo sido realizados, apenas no ano 2011, 8 programas que certificaram um público
total de 87 alunos.
A implantação do Serviço de Inspeção Municipal tem trazido ao Município de Divinópolis
uma série de resultados bastante positivos que não se restringem somente ao aumento do
padrão de qualidade dos produtos locais. Com a possibilidade de comercialização direta de
seus produtos nos diferentes estabelecimentos da cidade, os preços pagos aos produtores
198
aumentaram de forma significativa, incrementando a geração de renda e fortalecendo a
economia local. Estas melhores condições de comercialização e aumento do valor agregado
têm incentivado uma maior produção de produtos de origem animal, o que tem levado
novos produtores a buscarem sua adesão.
Mobilidade Rural
No que tange à infraestrutura das comunidades rurais locais, o programa de melhoria da
mobilidade rural é um dos principais eixos do Projeto Campo Revigorado. É importante
ressaltar que as condições básicas de mobilidade garantirão o sucesso das demais políticas
voltadas à qualidade de vida da população das comunidades rurais, tendo em vista que
permitirá uma melhor logística de escoamento de produção, menores custos de aquisição de
insumos, mais eficiência no acesso a serviços públicos básicos e aumento da
competitividade dos produtores rurais.
Estas ações visam ainda à melhoria das condições de transporte escolar, propiciando
melhor desempenho do sistema e maior segurança aos usuários, além de incrementar o
turismo nas áreas rurais.
Em 2009 foi elaborado em conjunto com a Ruralminas projeto específico para a
recuperação dos 132 quilômetros de estradas rurais principais (figuras abaixo). Em 2011 a
execução da primeira parte deste projeto foi iniciada com a revitalização de 42 quilômetros.
Atualmente dois trechos já foram atendidos pelo programa, sendo um na porção sul do
município (que vai da sede municipal até a divisa com o município de Cláudio, atendendo a
comunidade de Buritis) e um trecho na porção norte (que compreende a estrada que liga
Santo Antônio dos Campos, atendendo as comunidades de Lages, Lagoa, Djalma Dutra,
Perobas e chegando até a comunidade de Amadeu Lacerda, na divisa com o município de
Santo Antônio do Monte).
199
FIGURAS 117 E 118 – Estradas em boas condições na á rea rural
Estrada na comunidade Lopes Estrada no Ferrador
A recuperação das estradas se dá por meio de parâmetros que possibilitem condições
adequadas de tráfego, com largura mínima de sete metros e uso de material de revestimento
(escória, saibro e terra) em camada de espessura de 15 cm. Já nas áreas de topografia mais
acentuada foram executadas obras de calçamento, tipologia esta mais adequada à situação.
Segurança Alimentar – Alimentação Escolar
Uma ação de grande relevância implementada pelo município se refere à alimentação
escolar. A partir desta iniciativa o Município compra dos próprios produtores locais os
produtos que serão utilizados nas escolas. Esta é uma forma de apoiar diretamente a
economia local através da injeção de recursos nos produtores da agricultura familiar,
estando em consonância com os parâmetros de sustentabilidade tão discutidos nesta
publicação.
A compra dos alimentos utilizados na alimentação escolar movimenta toda a cadeia do
agronegócio local, além de dar aos produtores locais uma garantia de parte do mercado.
Com esse aporte de recursos os produtores podem investir em novos insumos, fomentando
a economia local.
200
O Programa de Alimentação Escolar foi implantado em 2009, sendo que para 2010 foi
estipulada a meta de 30% da alimentação escolar a ser adquirida de produtores locais.
Levando-se em consideração apenas a rede pública municipal de Divinópolis, atualmente
17.000 crianças são alimentadas todos os dias com produtos adquiridos junto a produtores
da agricultura familiar local.
Fomento ao Associativismo – APRAFAD
De forma a contornar um dos gargalos identificados durante a implementação das demais
ações inseridas no Projeto Campo Revigorado, o Município agiu no sentido de propiciar o
associativismo, melhorando o grau de cooperação e organização dos moradores locais.
A Associação dos Produtores Rurais da Agricultura Familiar de Divinópolis foi criada no
ano de 2007 e visa integrar todos os produtores rurais que têm na agricultura familiar sua
fonte de subsistência. As ações visam preparar a associação para comercializar seus
produtos diretamente em estabelecimentos comerciais diversos no Município. Além das
questões quantificáveis, a organização da Associação dos Produtores Rurais da Agricultura
Familiar de Divinópolis traz um ganho de autoestima aos produtores e mais segurança com
relação à comercialização de seus produtos.
Fomento ao Associativismo – Feiras livres
O programa tem buscado também organizar as feiras livres existentes no Município, uma
vez que as mesmas ocorriam sem qualquer tipo de organização ou sistematização que
pudesse lhes conferir parâmetros de segurança, higiene.
Até o presente momento as ações empreendidas trouxeram resultados muito satisfatórios. Já
foram definidos os modelos de barracas a serem utilizados, a setorização e inauguração da
feira. Além disso, foi feita a demarcação do espaço de todos os feirantes. A
comercialização dos produtos da agricultura familiar nas feiras é mais uma forma de
201
geração de renda no campo, sendo muito coerente com a proposta de uma área rural mais
sustentável.
Segurança Alimentar – Assistência Social, PAA e Banco de Alimentos
Ações de grande impacto nas condições socioeconômicas municipais são as empreendidas
no âmbito do PAA – Programa Municipal de Aquisição de Alimentos da Agricultura
Familiar e o Banco de Alimentos. O primeiro se refere a um convênio federal com o
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, permitindo a aquisição de
alimentos de qualidade que atendem a cinco mil pessoas por meio do trabalho de mais de
40 associações de assistência social como APAEs, Asilos e instituições de amparo a
dependentes químicos.
Este programa busca estabelecer uma relação muito benéfica entre campo e cidade,
propiciando, de um lado, a geração de renda e, de outro, o acesso a alimentos de qualidade
nas instituições atendidas. Atualmente 300 agricultores são beneficiados com os repasses
deste programa, 55 entidades de assistência social encontram-se cadastradas e 591
toneladas de hortifrúti e produtos beneficiados são adquiridos e doados.
Com a finalidade de proporcionar a infraestrutura necessária a esta logística busca-se
atualmente a implantação do Banco de Alimentos. Este banco representa uma infraestrutura
para a separação, armazenamento, preparação e distribuição dos alimentos adquiridos no
PAA e outros programas municipais. O objetivo central do Banco de Alimentos é o de
arrecadar alimentos que comumente estariam fora dos padrões de comercialização, porém
próprios para consumo humano.
Este projeto se mostra extremamente sustentável desde sua concepção inicial, tendo em
vista que busca o reaproveitamento de produtos que, em outras condições, seriam
descartados, e sua doação a entidades que trabalham na assistência social.
202
Ainda segundo Marques (2012), além das ações acima descritas, todas implementadas no
âmbito do Programa Campo Revigorado, no município de Divinópolis existem ainda outros
programas voltados à melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais, dentre os quais se
destacam o Programa Prato Rural e o Programa Provaca. O Programa Prato Rural foi criado
em 2009 e trata-se de um evento no qual as comunidades rurais apresentam seus pratos
típicos, sendo a renda gerada durante este evento destinada às próprias comunidades
participantes (figura abaixo). Este programa, além de proporcionar a geração de renda,
promove também a auto-estima das comunidades envolvidas, além de fomentar o turismo
rural na região.
FIGURA 119 – Programa Prato Rural no Quilombo
O Programa Provaca, por sua vez, tem como propósito a melhoria da genética do gado local
através da inseminação artificial. Neste programa um técnico em inseminação treinado
realiza este procedimento nas fazendas nas quais é solicitado. A melhoria da genética do
gado local, a médio prazo, trará aos produtores rurais uma maior rentabilidade de suas
atividades, tendo em vista que irá garantir uma maior produtividade.
203
6 DIAGNÓSTICO MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE
6.1 Introdução
A história e o desenvolvimento de Divinópolis estão intimamente ligados ao transporte e às
conexões com o restante do país. O povoado que se instalou, no século XVIII, onde hoje
está a área urbana de Divinópolis, prosperou, em um primeiro momento, em função de sua
localização geográfica privilegiada: devido a sua proximidade de um ponto do rio
Itapecerica onde as pedras facilitavam a travessia do rio, era ponto de passagem de uma
rota comercial, por onde tropas transportavam mercadorias entre os povoados e vilas da
região. Tal situação favoreceu seu desenvolvimento. A própria evolução da denominação
do lugar indica este processo: de Passagem do Itapecerica (1737), para Pousada e em
seguida Paragem do Itapecerica (1740 e 1757), o que sugere que o povoado passou de um
simples local de passagem para um ponto de parada dos viajantes.
Em fins do século XIX, a construção da Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM) ampliou
a acessibilidade da cidade permitindo o transporte de pessoas e mercadorias, de forma ágil,
a diversas partes do estado e do país. Além da ferrovia, também foram instaladas em
Divinópolis as oficinas da EFOM, o que impulsionou a expansão econômica, urbana e
industrial da cidade – algumas décadas depois se instalariam as primeiras siderurgias que
transformariam a economia local.
Nas décadas de 1960 e 1970 as políticas nacionais industriais e de transporte foram
claramente rodoviaristas – instalou-se um grande número de montadoras de automóveis no
país e várias estradas foram construídas e pavimentadas. Foi nessa época que, em
Divinópolis, as primeiras ruas centrais foram asfaltadas. A época também coincidiu com a
crise da indústria siderúrgica e o desenvolvimento da indústria da confecção, do setor de
serviços e da construção civil, o que contribuiu, a nível local, com o incremento dos
transportes rodoviários.
204
Nos anos recentes, tem-se observado em Divinópolis, processo semelhante ao que ocorre
em quase todas as cidades grandes e médias no Brasil: um aumento significativo da frota de
veículos motorizados e de seu uso na cidade. Se por um lado, esse processo permitiu a um
maior número de pessoas nas cidades brasileiras o acesso a veículos particulares – carros e
motos – e consequentemente a melhores condições de mobilidade individual; por outro lado,
observou-se que a ampliação das vias e demais infraestruturas de transporte urbano não
acompanhou essa evolução. A consequência tem sido, sobretudo nas grandes cidades, uma
piora nas condições de circulação da cidade.
É preciso observar, como mostra Charles Wright, que, se os meios de transporte
individuais têm características que favorecem seus usuários (velocidade, conforto,
flexibilidade, etc.), com relação à coletividade e à cidade como um todo, as consequências
de seu uso são negativas quando comparado com meios de transporte coletivos ou não
motorizados (consumo de energia e espaço, acidentes, poluição, custo da infraestrutura, etc.)
(WRIGHT). É por isso que as recomendações técnicas relacionadas ao transporte urbano
têm, nos últimos anos, indicado que se procure desestimular o uso de carros particulares na
cidade ao mesmo tempo em que se estimule o uso de meios de transporte não motorizados e
coletivos. Em 2012 essas recomendações técnicas foram convertidas em política nacional,
através da lei 12.587/12, que institui as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade
Urbana.
A lei tem como base princípios como acessibilidade universal, equidade no acesso ao
transporte público e justa distribuição dos benefícios e bônus decorrentes do uso do
transporte urbano (art. 5º). Dentre suas diretrizes estão: prioridade dos modos de transportes
não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o
transporte individual motorizado; integração da política de transporte com a política de
desenvolvimento urbano; mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos
deslocamentos e priorização de projetos de transporte público coletivo estruturadores do
território e indutores do desenvolvimento urbano integrado (art. 6º).
205
Como se verá ao longo deste relatório, a redução do uso dos transportes individuais
motorizados é talvez o maior desafio, tendo em vista que o cenário atual é o oposto do
indicado: o uso dos carros particulares tem aumentado continuamente nos últimos anos,
juntamente com a frota de veículos. Isso se deve, em parte, à atual política industrial do
país que, de forma contraditória com a política de mobilidade urbana, vem incentivando a
produção de a venda de automóveis, através da redução dos seus impostos.
Se o município não pode alterar as políticas industriais nacionais, a recente legislação sobre
mobilidade urbana indica uma série de instrumentos para que se busquem padrões mais
equilibrados de mobilidade e transporte urbano – o município não tem controle sobre a
posse dos veículos, mas tem poder e pode influenciar seu uso. Dentre os instrumentos de
gestão que podem ser usados pelos entes federativos ressaltam-se: restrição e controle de
acesso e circulação; aplicação de tributos sobre modos e serviços de transporte visando
desestimular o uso de determinados modos; dedicação de espaço exclusivo nas vias
públicas para os serviços de transporte público coletivo e modos de transporte não
motorizados e controle do uso e operação da infraestrutura viária destinada à circulação e
operação do transporte de carga, concedendo prioridades ou restrições (art. 23).
A lei também institui a obrigatoriedade de criação de um Plano Municipal de Mobilidade
Urbana para municípios com mais de 20 mil habitantes, que deverá ser o instrumento de
efetivação da Política de Mobilidade Urbana. Os municípios têm um prazo de 3 anos para
desenvolver esse plano. O Plano de Mobilidade Urbana deverá estar integrado e compatível
com o Plano Diretor Municipal.
Sobre esse último aspecto deve-se ressaltar a interligação existente entre os deslocamentos
realizados nas cidades e os padrões de uso e ocupação do solo. Por um lado, as
infraestruturas de transporte influenciam a ocupação de determinadas localidades, pois são
condicionantes de uma série de atividades humanas, por outro lado, a ocupação de certos
locais gera fluxos de deslocamentos e cria pressões para a construção e/ou melhoria de
infraestruturas de transporte. Por isso, as políticas e as ações sobre o transporte urbano
devem sempre estar integradas com políticas e instrumentos de uso e ocupação do solo,
206
devendo seu planejamento ser realizado em conjunto. Nesse sentido, o município deve,
dentre outros aspectos, induzir a ocupação mais intensa de áreas já dotadas de
infraestruturas de transporte e desestimular ampliação da área urbanizada.
O presente relatório não se limita a trazer uma descrição objetiva das infraestruturas,
serviços de transporte e padrões de deslocamentos das pessoas e mercadorias no município.
Além disso, também traz uma visão crítica desses aspectos considerando principalmente a
aplicação de princípios e diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana como a
necessidade de padrões de mobilidade equitativos e justos do ponto de vista social e
ambiental, a integração do uso e da ocupação do solo com as infraestruturas e os serviços
de transporte e a priorização e incentivo ao uso dos modos não motorizados e coletivos de
transporte.
Cada capítulo do relatório traz, em sua última seção, diretrizes que, em função da situação
existente, buscam efetivar as questões indicadas acima no município de Divinópolis.
6.2 Inserção regional
6.2.1 Ligações rodoviárias
6.2.1.1 MG-050 e BR-494
As principais rodovias de acesso ao município de Divinópolis são a rodovia federal BR-494
e a rodovia estadual MG-050. Estas duas rodovias atravessam a zona urbana do município,
tangenciado a área de ocupação mais adensada.
A BR-494 cruza a zona urbana no sentido norte-sul. Em sua extremidade norte ela faz
entroncamento com a BR-262 no município de Nova Serrana que, por sua vez permite o
acesso ao triângulo mineiro e a Belo Horizonte. Ao sul a BR-494 interliga-se à BR-381 e a
São João Del-Rei.
207
A MG-050 atravessa Divinópolis no sentido leste-oeste. A leste ela permite a ligação com
Itaúna, com a Região Metropolitana de Belo Horizonte e com a BR-262. A oeste ela
interliga Divinópolis com Formiga, Passos, em Minas, e com a região de Ribeirão Preto, no
estado de São Paulo.
De acordo com a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) o estado geral tanto da
MG-050 quanto da BR-494 em 2012 é regular, sendo a primeira melhor classificada
quando considerados os critérios pavimentação, sinalização e geometria. O quadro abaixo
mostra os resultados segundo estes critérios:
QUADRO 7 – Estado das rodovias BR-494 e MG-050 em 2 012
Geral Pavimentação Sinalização Geometria
BR-494 (trecho MG) Regular Regular Regular Ruim
MG-050 Regular Regular Bom Regular
Fonte: CNT (As classificações são ótimo, bom, regular, ruim e péssimo)
A MG-050 encontra-se, desde 2007, concedida para a Concessionária Nascentes das Gerais
(pertencente ao grupo AB Concessões S/A) que vem investindo em obras de melhoria da
rodovia. As intervenções previstas pela concessão no município de Divinópolis são as
seguintes:
– Intervenções já implantadas: terceiras faixas em alguns trechos (total de 6,3 km);
– Intervenções em implantação: duplicação da ponte sobre o Rio Itapecerica;
– Intervenções previstas: duplicação de pista (multivia – total de 10 km), implantação de
uma rotatória alongada, implantação de duas passagens inferiores de veículos e pedestres e
implantação de uma passagem inferior de pedestres.
Nos trechos que atravessam a zona urbana de Divinópolis a BR-494 e a MG-050 compõem
o chamado Anel Rodoviário. Trata-se na verdade de um arco rodoviário, pois ele não
realiza um contorno completo, que atravessa as áreas norte e oeste da mancha urbana. O
208
eixo das rodovias MG-050 e BR-494 forma uma importante via transversal da cidade, que
permite a ligação de diversos bairros (sobretudo das regiões norte e oeste), sem passar pelo
centro.
No Anel Rodoviário, observa-se a sobreposição de fluxos de atravessamento e fluxos locais.
Somam-se a esses conflitos de diferentes fluxos, conflitos entre as rodovias e a ocupação
urbana, como se verá mais detalhadamente no capítulo sobre o sistema viário municipal –
ainda que se trate de um importante elemento para a acessibilidade urbana de Divinópolis,
os trechos da BR-494 e da MG-050 que atravessam a zona urbana também apresentam o
caráter oposto, configurando-se em algumas situações como um obstáculo. Essa aparente
contradição ocorre em diferentes escalas: do ponto de vista do município (ou da
macroacessibilidade), as rodovias apresentam-se como conectores, mas do ponto de vista
dos bairros que atravessam (microacessibilidade) elas configuram barreiras. Essas questões
serão tratadas com mais detalhes no capítulo sobre o sistema viário deste relatório.
6.2.2 Demais acessos rodoviários
Divinópolis conta com outras duas rodovias pavimentadas que articulam seu território com
outros municípios: a MG-345 e a MG-252. Além delas, algumas estradas não pavimentadas
de responsabilidade do município também permitem ligações intermunicipais.
A MG-345 é a estrada de Carmo do Cajuru, e interliga esta última com Divinópolis, onde
se transforma na rua Bom Sucesso. Suas condições de pavimentação, geometria e
sinalização são regulares. Além de se constituir na principal ligação entre Carmo do Cajuru
e Divinópolis, a rodovia também permite o acesso ao Lago das Roseiras, importante área de
lazer da cidade.
A MG-252 interliga a MG-050, na altura de São Gonçalo do Pará a Moema, passando por
Araújos e Perdigão e por um pequeno trecho no norte do município de Divinópolis, onde
faz interseção com a BR-494.
209
Além das rodovias já citadas, outras vias, todas elas municipais e não pavimentadas,
também proporcionam o acesso a outros municípios. Em todos os casos as ligações
proporcionadas são com as áreas rurais dos municípios vizinhos, tendo em vista que as
sedes dos municípios e os acessos a outras vias da rede rodoviária são mais bem acessadas
através das vias pavimentadas.
6.2.3 Inserção na malha rodoviária nacional
As principais vias de ligação entre Divinópolis e municípios mais distantes, além da MG-
050, que atravessa o território municipal, são a BR-262 e a BR-381. O traçado das duas está
totalmente fora do município ao qual elas se ligam através da BR-494 e da MG-050.
A BR-262 tem seu eixo no sentido leste-oeste e permite acessar Bom Despacho, Luz, Araxá
e o triângulo mineiro, a oeste e a região metropolitana de Belo Horizonte a leste.
A BR-381, ou rodovia Fernão Dias, interliga as regiões metropolitanas de São Paulo e Belo
Horizonte passando por Carmópolis de Minas, Oliveira, Perdões, Lavras e pelo sul de
Minas Gerais.
Como essas duas rodovias não entram no município de Divinópolis, seu acesso deve ser
realizado através de outras vias. A principal delas é a BR-494.
A BR-262 tem uma melhor acessibilidade a partir de Divinópolis, podendo ser atingida em
diversos pontos através de outras estradas. Além da BR-494, o acesso à BR-262 pode ser
feito pela MG-050, que faz interseção com ela na altura de Juatuba; a MG-430 interliga-a
com a MG-050 na altura de Igaratinga.
Por outro lado, o acesso à Rodovia Fernão Dias é feito unicamente pela BR-494. No
sentido de ampliar a acessibilidade a ela, o Plano Diretor de Divinópolis de 2000 propunha,
no inciso X do artigo 51 “a implantação de uma via que ligue o Município á rodovia federal
BR-381”. Esta ligação partiria da Estrada de Carmo do Cajuru, próximo ao Lago das
210
Roseiras. Um trecho de 9 km já se encontra pavimentado. O restante é hoje composto por
estradas vicinais não pavimentadas. O trecho se interliga com a MG-260, pavimentada, no
município de Cláudio. Como parte do trecho encontra-se fora do território divinopolitano, a
Plano propunha como estratégia “assegurar junto à outras esferas de governo os recursos
necessários à implantação da via”.
O trecho, além de melhorar a articulação de Divinópolis com a Rodovia Fernão Dias,
também melhoraria a acessibilidade aos municípios de Cláudio, Carmópolis de Minas e
Passatempo. Deve-se observar também que o município de Carmo do Cajuru seria
fortemente beneficiado por essa ligação.
O Anexo 1 – Mapas diagnóstico de mobilidade e acessibilidade ilustra as rodovias que
atravessam Divinópolis e suas ligações com o restante do sistema viário nacional.
6.3 Ligações ferroviárias
6.3.1 Inserção na malha nacional
O município de Divinópolis é atravessado por dois ramais ferroviários do trecho conhecido
como Estrada de Ferro Oeste Minas (EFOM). Um dos ramais, no sentido leste-oeste,
interliga Belo Horizonte a Brasília, o outro interliga Divinópolis ao litoral do Rio de Janeiro,
passando por Lavras e pelo sul de Minas. O entroncamento entre os dois ramais está
localizado na zona urbana da cidade, próximo à área central e junto ao pátio de manutenção,
ao qual ambos têm acesso, e onde ocorrem atividades de manutenção de vagões e
locomotivas.
6.3.2. Gestão e operação
Todos os trechos ferroviários de Divinópolis estão concedidos à Ferrovia Centro Atlântica
– FCA. Atualmente nenhum desses trechos ferroviários realiza transporte de passageiros,
211
sendo de uso exclusivo para cargas. Os principais produtos transportados são: soja, açúcar,
álcool, produtos perigosos e cimento.
A presença da linha férrea e seu uso para transporte de carga na área urbana, incluindo
trechos adjacentes à área central, causa consideráveis impactos na cidade. Existem, na área
urbana de Divinópolis, 6 passagens superiores, 1 passagem inferior e 16 passagens em nível.
Dessas, 6 são consideradas críticas e contam com guarda-cancelas. Deve-se ressaltar que a
grande extensão de algumas composições ferroviárias (algumas ultrapassem mil metros de
comprimento) e sua baixa velocidade de circulação causam transtornos para a fluidez no
trânsito, pois as composições chegam a interromper as vias que a interceptam em nível por
até 15 minutos. Além disso, as composições de carga na área urbana representam riscos de
acidentes, devido ao grande número de passagens em nível.
6.3.3. Projeto do Contorno Ferroviário
Existe um projeto que busca eliminar esses conflitos através da retirada dos fluxos
ferroviários de carga da área urbana de Divinópolis: trata-se do Contorno Ferroviário de
Divinópolis.
O traçado proposto pelo projeto está ao sul da atual linha. O novo trecho tem início
próximo ao limite com o município de Carmo do Cajuru e encontra novamente a linha
existente em Santo Antônio dos Campos. Contudo o traçado não evita totalmente a área
com ocupação urbana da cidade, pois ele atravessa o bairro Jardinópolis, de ocupação já
consolidada, onde está previsto um túnel. Além disso, o pátio de manutenção, localizado no
bairro Esplanada, fará com que as composições continuem a usar a ligação entre o contorno
ferroviário e este equipamento. Por outro lado todo o fluxo do ramal leste-oeste cessará e a
travessia da área central pelas composições de carga será eliminada. O traçado do Contorno
Ferroviário está ilustrado no Anexo 1 – Mapas diagnóstico de mobilidade e acessibilidade.
Apesar de possíveis conflitos ambientais e também sociais (sobretudo no bairro
Jardinópolis), não resta dúvida que, para a área urbanizada de Divinópolis, principalmente a
212
área central, os efeitos do projeto serão positivos, com a eliminação dos atuais conflitos
observados. Contudo é preciso destacar que a destinação e o uso das áreas atualmente
ocupadas pelos trilhos na área urbana não foram tratados no projeto. Ora, se a motivação do
projeto foi a eliminação dos conflitos atualmente existentes, não bastaria a simples retirada
dos trens, mas também seria necessária a definição do novo uso para o eixo dos trilhos.
Nesse sentido pode-se considerar que o projeto é incompleto, pois ele não trata da
destinação das áreas atualmente ocupadas pela ferrovia na zona urbana da cidade.
O Plano Diretor Municipal, atualmente em vigor, já defendia a retirada do transporte
ferroviário de cargas na área central. Ele também traça diretrizes para a destinação das
áreas atualmente ocupadas pelos trilhos, para as quais ele recomenda “a integração ao
sistema viário e de transporte à infra-estrutura ferroviária urbana, após o deslocamento da
linha férrea, como opção do transporte de massa”.
Cabe destacar também que a localização da linha férrea favorece projetos que destinem a
área para o transporte coletivo urbano. De fato, com relação à inserção das ferrovias na área
urbana de Divinópolis, elas apresentam uma excelente localização, sobretudo em seu trecho
próximo à área central, adjacente às regiões mais dinâmicas da cidade. Nesse sentido será
de extrema importância dotar este espaço de um uso que traga benefícios para a maior parte
da população e para a cidade como um todo. Por fim, acrescenta-se que a Política Nacional
de Mobilidade Urbana (lei 12.587/2012) tem entre suas diretrizes a “priorização de projetos
de transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento
urbano integrado”, característica que um eventual projeto de transporte urbano sobre trilhos
nas ferrovias de Divinópolis certamente apresentará.
6.3.4 Planos para uso da malha ferroviária para o transporte de passageiros de média
distância
Atualmente as ferrovias que atravessam Divinópolis não transportam passageiros. Contudo,
a Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte (ARMBH) está
desenvolvendo estudos de viabilidade para uso da malha ferroviária existente na região
213
metropolitana e seu entorno para o transporte de passageiros. A proposta original, que era
de reativação do transporte ferroviário na região metropolitana, foi ampliada para outros
polos regionais no seu entorno. Divinópolis está entre esses polos. Estuda-se, nesse caso, o
trecho que interliga Divinópolis, Belo Horizonte e Sete Lagoas.
A ARMBH está atualmente realizando levantamentos sobre a situação atual da malha
ferroviária, assim como estudos de viabilidade econômica para a reativação do transporte
ferroviário de passageiros na região. A publicação do edital para exploração dos serviços
está prevista para meados de 2013. A expectativa é que a concessão seja iniciada em 2014.
6.4 Aeroporto
6.4.1 Situação e inserção urbana
O aeroporto de Divinópolis é chamado Aeroporto Brigadeiro Antônio Cabral. Sua pista
possui 1540 metros de extensão e 30 de largura, com iluminação e balizamento noturnos.
Em 2000 foram realizadas obras de melhoria de sua infraestrutura. A pavimentação da pista
de pouso foi recuperada e foram implantados cercamento e seção contra incêndio. A pista
também recebeu sinalização luminosa em toda sua extensão, o que permite que sejam
realizados decolagens e pousos noturnos. Foram realizados, para esses intervenções,
investimentos de R$ 11,5 milhões do governo do Estado através do programa ProAero.
Em 2010 ele recebeu um novo terminal de passageiros com 400 m2, rampas de acesso para
portadores de deficiência e banheiros adaptados, guichês de atendimento, sala de espera,
pontos de energia elétrica para passageiros e salas de serviço do terminal. As intervenções
tiveram um custo de R$ 1,2 milhões sendo R$ 500 mil do município e R$ 700 mil do
governo federal.
O aeroporto Brigadeiro Antônio Cabral está localizado entre os bairros Aeroporto e Jusa
Fonseca, na região sudoeste da cidade.
214
Ele está localizado em uma área alta do município, o que facilita as operações de pouso e
decolagem. Contudo, deve-se observar que do ponto de vista de sua inserção urbana, sua
localização não é boa. O aeroporto está distante das principais rodovias de acesso à cidade e
as vias que o interligam às rodovias, à área central e ao restante do município apresentam
problemas de continuidade, geometria e pavimentação.
Como será exposto adiante, no capítulo sobre Sistema Viário, existem projetos para a
melhoria da ligação do aeroporto com a região oeste da área urbana. Tal ligação deve ser
considerada estratégica se for considerado um aumento das operações no aeroporto de
Divinópolis.
6.4.2 Gestão e operação
O aeroporto é administrado pela Prefeitura Municipal através da Secretaria de
Desenvolvimento Econômico Sustentável.
Atualmente ele não possui voos regulares, sendo utilizado apenas por voos particulares. De
acordo com informações da prefeitura, são realizados cerca de 600 pousos e decolagens por
mês, com um movimento mensal de 1300 usuários, entre pilotos, assistentes e passageiros.
Atualmente sua pista de pouso possui capacidade para operação de aeronaves com até 60
lugares.
Os últimos voos regulares aconteceram em 2006 e, para que a aviação comercial volte a
operar no aeroporto de Divinópolis, de acordo com as atuais normas da Agência Nacional
de Aviação Civil, algumas intervenções e equipamentos ainda são necessários:
– equipamentos de inspeção de passageiros, veículos e pessoal de serviço (como detectores
de metais, catracas e equipamentos de comunicação);
– caminhão de bombeiros e brigada de incêndio (com os quais a seção contra incêndio, já
existente, ainda não está equipada);
– elaboração de Manual de Gerenciamento Operacional.
215
A Prefeitura de Divinópolis, em conjunto com o Governo do Estado, está desenvolvendo
estudo de viabilidade técnica para verificar a possibilidade de se implantar esses
equipamentos no aeroporto para que ele possa ser usado pela aviação civil até 2014.
6.5 Terminal rodoviário
6.5.1 Situação e inserção urbana
O Terminal Rodoviário Joaquim Martins Lara, inaugurado em 1996, está localizado na
Avenida JK, a 1,6 km da rodovia MG-050. A pequena distância entre o terminal e a rodovia,
e a boa condição da via de acesso (Av. JK) facilita a entrada e a saída dos veículos.
O terminal possui boa acessibilidade por transporte público, sendo atendido por várias
linhas de ônibus municipais, inclusive todas as linhas distritais (que atendem as áreas rurais)
6.5.2 Gestão e operação
A gestão do terminal rodoviário é feita através de concessão. O contrato foi feito em 2003 e
o prazo de concessão é de 15 anos (término em 2023). A empresa concessionária é a Irmãos
Teixeira Ltda.
O terminal movimenta cerca de 205 ônibus e 1.500 passageiros por dia, com viagens para
36 destinos diferentes, sendo 27 em Minas Gerais e 9 fora dos estado. As viagens
interestaduais saindo do terminal rodoviário de Divinópolis têm como destino os estados de
Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo, além do Distrito Federal.
216
QUADRO 8 – Relação dos destinos das viagens realiza das a partir do
terminal rodoviário de Divinópolis
� Belo Horizonte
� Nova Serrana
� Oliveira
� Itaúna
� Para de Minas
� Pitangui
� Uberlândia
� Juiz de Fora
� Campo Grande
� Bauru
� Bambuí
� Itapecerica
� Marilândia
� Itaguara
� Bom Despacho
� Pompeu
� Martinho Campos
� Cláudio
� Formiga
� Campinas
� São Paulo
� Santos
� Araújo
� Santo Antônio do Monte
� Rio Janeiro
� São João Del Rei
� Lagoa Prata
� Perdigão
� Dores Indaiá
� Lavras
� L. Ferreira
� Abaeté
� Brasília
� Ribeirão Preto
� São Carlos
� Passos
Fonte: Prefeitura de Divinópolis
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito de
Divinópolis, quando da elaboração do contrato de concessão do terminal rodoviário, em
1996, a previsão era de cerca 3.500 passageiros por dia, contudo esta estimativa caiu para
1.500 passageiros por dia, devido a liberação concedida pela Prefeitura, permitindo que os
ônibus transitassem passando pelas avenidas JK e Primeiro de Junho, pela Rua Goiás e pelo
trevo da MG-050 no bairro Icaraí recolhendo passageiros.
6.6 Diretrizes para melhoria da acessibilidade e mobilidade regionais
– Fazer gestão, junto aos governos estadual e federal, para implantação de ligação
rodoviária pavimentada entre a BR-381 (no município de Cláudio) e a MG-345 (Estrada
para Carmo do Cajuru);
217
– Fazer gestão junto ao governo federal para acelerar a implantação do Contorno
Ferroviário;
– Fazer, no curto prazo, estudo para verificar melhor alternativa para o uso da linha férrea
na área central após implantação do Contorno Ferroviário, considerando-se uma premissa o
transporte coletivo como prioridade do projeto;
– Incentivar a criação de serviço de transporte ferroviário de passageiros ligando
Divinópolis a Belo Horizonte e Sete Lagoas;
– Incentivar o retorno de voos regulares ao aeroporto de Divinópolis.
6.7 Sistema viário municipal
6.7.1 Caracterização e hierarquia do sistema viário urbano
6.7.1.1 Caracterização geral do sistema viário urbano
O sistema viário da área urbana de Divinópolis apresenta significativos contrastes.
Enquanto na área central observa-se um padrão de vias bem organizado e interconectado,
alguns bairros têm sua estrutura de circulação bastante desconectada do restante da cidade.
Deve-se ressaltar que o arruamento interno a esses bairros é, de maneira geral, bem
estruturado (embora se observem problemas de pavimentação e de precariedades nas
calçadas) – as limitações estruturais são principalmente de conexão com outras áreas da
cidade e não de estruturação urbana interna dos bairros. Tais deficiências de conexão entre
bairros se devem, como se verá adiante, em grande parte à falta de rigidez quanto às
regulamentações de parcelamento do solo, que permitiu a criação de bairros afastados entre
si, sem garantir a continuidade do tecido urbano.
Ressalta-se no conjunto do sistema viário urbano de Divinópolis o chamado Anel
Rodoviário (na verdade trata-se de um arco viário). Ele é formado pelas rodovias MG-050 e
BR-495. Estas duas vias formam um eixo viário que é tanto usado por fluxos regionais, de
acesso e atravessamento da cidade, quanto por fluxos urbanos locais. As duas rodovias se
confundem num trecho de cerca de 4,6 km. Neste trecho observam-se vias marginais,
218
separadas das pistas centrais por canteiros separadores, o que faz com que os conflitos entre
os fluxos locais e os de atravessamento sejam minimizados.
FIGURA 120 – Trecho onde as rodovias MG-050 e BR-49 4 se sobrepõem
Fonte: maps.google.com
Os principais acessos à área urbana de Divinópolis se dão a partir do Anel Rodoviário. São
eles: Av. Governador Magalhães Pinto, Av. JK, Rua Goiás, Av. Autorama e Av. Paraná.
Além desses acessos destacam-se a Rua Bom Sucesso e a Av. Ayrton Senna (acessos a
partir das estradas nova e velha para Carmo do Cajuru) e a estrada para Santo Antônio do
Monte.
Deve-se observar que o acesso, a partir da MG-050, ao bairro Icaraí e ao Distrito Industrial,
na altura da rua Rosana Noronha Guarany apresenta-se deficiente, devido a sua
infraestrutura incompatível com os fluxos existentes. Em função da ausência de rotatória ou
outro dispositivo que permita as conversões à esquerda com segurança, nos momentos com
maiores volumes de tráfego, essas operações mostram-se extremamente difíceis (trata-se
sobretudo do movimento dos veículos que saem do bairro Icaraí e pretendem entrar na MG-
050 no sentido oeste). Em função deste problema a prefeitura instalou um semáforo na
rodovia que funciona apenas nos horários de maior movimento. Porém, o funcionamento do
semáforo causa consideráveis retenções na rodovia.
O acesso ao bairro Quintino a partir da MG-050, na extremidade sudoeste da área
urbanizada, também é precário. Mesmo com baixo fluxo de veículos (o que não faz com
219
que uma rotatória seja necessária), não se observa na interseção faixa de aceleração na
rodovia no sentido leste (centro). Esta faixa tornaria mais seguro o acesso ao centro da
cidade para quem sai da região.
As demais ligações entre a MG-050 e o restante do sistema viário urbano são adequadas,
contando com rotatórias que minimizam os conflitos dos veículos que realizam
movimentos distintos (acessos a: Av. Governador Magalhães Pinto, Av. JK, Rua Goiás,
BR-494 e estrada para Santo Antônio do Monte).
Contudo nos acessos aos bairros a partir da BR-494 observam-se alguns pontos onde as
interseções são inadequadas. Nesse grupo, destaca-se o acesso à Av. Paraná a partir da BR-
494. Trata-se de uma rotatória parcial, que permite acesso direto apenas para o fluxo da
BR-494 proveniente do sul (minoritário). Do ponto de vista do uso do solo, deve-se
ressaltar que se trata de uma área do município com vocação para implantação de grandes
equipamentos – FUNEDI, CEFET, Parque de Exposições (existentes); nova sede da
Prefeitura Municipal e Hospital Regional (em implantação). Por isso, pode-se esperar um
aumento considerável nos fluxos nessa interseção, o que provavelmente tornará necessária
uma intervenção que aumente a capacidade viária e a segurança deste acesso.
6.7.2 Hierarquização viária
As vias sob jurisdição municipal em Divinópolis têm a seguinte classificação:
Vias urbanas
– Vias coletoras principais
– Vias coletoras secundárias
– Vias locais
Vias rurais
Estradas Vicinais
O Anexo 1 – Mapas diagnóstico de mobilidade e acessibilidade mostra a classificação
viária de Divinópolis.
220
De maneira geral a classificação viária é coerente, com as vias estruturantes, de maior
potencial de interligação entre bairros e maior volume de tráfego na categoria superior.
Entretanto, a comparação da atual classificação com as recomendações legais urbanísticas e
de trânsito permite que se façam observações de três tipos:
– Restrição da classificação às vias sob jurisdição municipal;
– Ausência de vias classificadas como arteriais e de trânsito rápido;
– Vias locais na área central;
Como se vê a seguir.
– Restrição da classificação às vias sob jurisdição municipal.
Nota-se que a classificação das vias de Divinópolis se restringe àquelas sob jurisdição
municipal. Contudo, deve-se observar que, se a classificação das vias sob responsabilidade
de outras esferas governamentais não afetará aspectos operacionais, como a velocidade
máxima regulamentada, ela pode, por outro lado, servir de referência e condição para
aspectos sob responsabilidade do município, como o uso do solo e posturas urbanísticas.
O condicionamento dos usos do solo que implicam em maior impacto na circulação e no
transporte a localização dessas atividades em vias com classificação compatível com os
fluxos que atraem ajuda a garantir melhores condições do trânsito e evitam situações
indesejadas e impactos sobre zonas residenciais. Caso todas as vias localizadas no território
de Divinópolis, mesmo aquelas sob jurisdição estadual ou federal, sejam classificadas, tal
classificação pode auxiliar uma regulamentação da localização das atividades urbanas de
forma a reduzir seus impactos indesejados.17
17 A classificação viária deve ser um de um grupo critérios para regulamentar a localização das atividades urbanas. Os demais seriam aspectos como fragilidade ambiental, relevo, infraestrutura existente e particularidades locais.
221
– Ausência de vias classificadas como arteriais e de trânsito rápido
O Código Nacional de Trânsito classifica, define as classificações e indica velocidades
máximas para as vias conforme o quadro a seguir:
222
QUADRO 9 – Velocidades máximas recomendadas em vias urbanas
Classificação viária Definição Velocidade
máxima
recomendada
Vias urbanas Ruas, avenidas, vielas, ou caminhos e similares
abertos à circulação pública, situados na área
urbana, caracterizados principalmente por possuírem
imóveis edificados ao longo de sua extensão.
-
Via
s
urb
an
as
Vias de trânsito
rápido
Aquela caracterizada por acessos especiais com
trânsito livre, sem interseções em nível, sem
acessibilidade direta aos lotes lindeiros e sem
travessia de pedestres em nível.
80 km/h
Vias arteriais Aquela caracterizada por interseções em nível,
geralmente controlada por semáforo, com
acessibilidade aos lotes lindeiros e às vias
secundárias e locais, possibilitando o trânsito entre
as regiões da cidade.
60 km/h
Vias coletoras Aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que
tenha necessidade de entrar ou sair das vias de
trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o trânsito
dentro das regiões da cidade.
40 km/h
Vias locais Aquela caracterizada por interseções em nível não
semaforizadas, destinada apenas ao acesso local ou
a áreas restritas.
30 km/h
Vias rurais Estradas e Rodovias. -
V
i
a
s
R
u
r
a
i
s
Rodovias Via rural pavimentada. 80 km/h a
110 km/h
Estradas Via rural não pavimentada. 60 km/h
Fonte: Código Nacional de Trânsito, arts. 60, 61 e anexo
223
Deve-se ressaltar que as velocidades máximas são indicativas. O texto legal deixa claro que
“o órgão ou entidade de trânsito ou rodoviário com circunscrição sobre a via poderá
regulamentar, por meio de sinalização, velocidades superiores ou inferiores àquelas
estabelecidas no parágrafo anterior”.
Ainda que, como mencionado, a hierarquização se mostra coerente com o sistema de
circulação existente, com as classificações mais altas destinadas às principais vias (com
exceção das rodovias, que não se encontram classificadas), recomenda-se que ela seja
alterada de forma a estar compatível com as indicações do Código Nacional de Trânsito.
Nesse sentido, as principais vias da cidade, que possibilitam “o trânsito dentro das regiões
da cidade”, tais como as avenidas JK, Primeiro de Junho, Governador Magalhães Pinto,
Paraná, Autorama, Ayrton Sena e as ruas Goiás, Divino Espírito Santo, dentre outras,
deveriam ser classificadas como vias arteriais. Da mesma forma, as rodovias, inclusive
aquelas sob jurisdição do município, deveriam ser classificadas como vias de trânsito
rápido. Como já mencionado, tal classificação poderia auxiliar em regulamentações
urbanísticas de uso e ocupação do solo, além de criar uma referência mais clara do sistema
viário para a população e para o poder público.
– Vias locais na área central
Alguns trechos de vias na área central com consideráveis volumes de tráfego (alguns deles,
por essa razão, operam em mão única) são classificados como vias locais. Deve-se observar
que essa classificação para trechos na área central de vias como Av. Antônio Olímpio de
Morais, Av. Sete de Setembro e Rua Minas Gerais, equipara essas vias a ruas residenciais
de bairros periféricos, o que não corresponde à verdade do ponto de vista dos padrões de
circulação nem com relação aos usos do solo.
Assim, recomenda-se que seja feita a rediscussão da classificação de todas as vias
classificadas como vias locais na área central.
224
6.8 Sistema viário e estrutura urbana
6.8.1 Obstáculos e descontinuidades
Os obstáculos existentes na malha urbana de Divinópolis são principalmente os cursos
d’água (sobretudo o rio Itapecerica, mas também ribeirões e córregos), e as ferrovias.
Também se podem considerar como obstáculos grandes equipamentos, como a oficina
ferroviária, grandes indústrias inseridas no tecido urbano e o aeroporto. O relevo da área
central é, em sua maioria, adequado à ocupação, não se configurando como obstáculo maior
em nenhum ponto.
Contudo, são observadas grandes descontinuidades nas redes viárias locais em função de
grandes áreas não parceladas localizadas entre os bairros. Se essas áreas não parceladas não
podem ser consideradas como obstáculos para a urbanização, do ponto de vista da rede de
transporte e circulação ela o é, pois cria interrupções nas vias, canalizando os fluxos para
aquelas poucas que realizam ligações inter-regionais na área urbana.
Com relação às áreas não parceladas, é importante destacar que elas são decorrentes da
grande liberdade dada aos parcelamentos do solo, que não foram capazes de assegurar a
continuidade do tecido urbano com ligações adequadas entre os diferentes bairros. Devido a
falta de exigências de que novos parcelamentos sejam contíguos àqueles já realizados ou a
incentivos ao parcelamento de áreas próximas ao centro, observam-se na área urbana de
Divinópolis alguns bairros afastados do centro com poucas ligações com o restante da
cidade assim como interrupções em diversas vias que impedem ligações entre bairros.
Em função disso, a ligação entre alguns bairros só é possível por algumas poucas vias e os
fluxos são canalizados para elas que, em alguns horários apresentam retenções, gerando
perda de tempo para a população. A Av. Gabriel Passos é um desses casos: ela é a única via
que permite uma ligação direta entre os bairros da região sudeste e o centro. No ponto em
225
que ela toca a Rua Goiás, no bairro Porto Velho, ocorre um dos piores pontos de retenção
da cidade, segundo a Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito18.
As travessias viárias do rio Itapecerica são feitas exclusivamente por pontes, já a travessia
da rede ferroviária pode ser realizada em nível.
Há em Divinópolis 15 elementos de travessia viária em desnível com a ferrovia ou os rios
Itapecerica e Pará, de acordo com o quadro a seguir:
18 Este problema na circulação está também relacionado com o transporte de cargas, como se verá adiante.
226
QUADRO 10 – Viadutos e trincheiras de transposição dos obstáculos
Eixo Tipo de
elemento
Obstáculo
vencido
Bairros interligados
01 Rua Goiás Viaduto Linha férrea e Rio
Itapecerica
Centro e Porto Velho
02 Rua Goiás Trincheira MG-050 e BR-494 Orion – lados leste e oeste
03 Av. Primeiro de
Junho
Viaduto Linha férrea Centro e Esplanada
04 Rua Itapecerica Ponte Rio Itapecerica Centro e Niterói
05 Rua Cruzeiro Ponte Rio Itapecerica Manoel Valinhas e Santa
Clara
06 Rua Elisa Pinto do
Amaral
Ponte Rio Itapecerica Danilo Passos e Padre
Libério
07 MG-050 Ponte Rio Itapecerica Bom Pastor e Vila Romana
08 Rua Maria Joaquina Ponte Rio Itapecerica Esplanada e Antônio
Fonseca
09 Alameda Rio
Perdido
Viaduto MG-050 e BR-494 Tietê – lados leste e oeste
10 MG-050 e BR-494 Viaduto Linha férrea Tietê e Orion
11 Av. Autorama Viaduto Linha férrea Vila Belo Horizonte e Santa
Luzia
12 Rua Castro Alves Viaduto Linha férrea Vila Belo Horizonte e
Catalão
13 Rua Dr. João
Ferreira de Morais
Pontilhão
ferroviário
Linha férrea Interlagos e Mangabeiras
14 Estrada para Carmo
do Cajuru
Ponte Rio Pará Bairro Chácara Belo
Horizonte ao Município de
Carmo do Cajuru
15 Rua Campo do meio Viaduto Linha férrea Rua São João Del Rey ao
bairro São José
Fonte: bases cartográficas e levantamentos de campo
Existem também 16 travessias em nível da rede ferroviária. Os efeitos dessas travessias são
de dois tipos:
227
Em primeiro lugar há a questão da segurança. Das 16 passagens de nível, 6 são
consideradas críticas devido ao alto fluxo de veículos. É preciso observar que o peso
elevado das composições de carga, lhes confere enorme energia, mesmo a baixas
velocidades, o que torna uma eventual colisão ainda mais grave.
O segundo incômodo se deve às interrupções no trânsito devidas à passagem das
composições. Embora as interrupções ocorram em pequena quantidade, quando ocorrem,
sua duração é elevada, chegando a 15 minutos, pois as composições são longas e sua
velocidade é baixa.
É importante ressaltar que esses inconvenientes, na escala em que ocorrem, não são
inerentes do transporte ferroviário em si, mas do tipo de transporte - longas composições a
baixas velocidades. Caso, por exemplo, as linhas férreas venham a ser usadas para o
transporte de passageiros por veículos leves sobre trilhos, os eventuais acidentes seriam de
menor gravidade (e também mais facilmente evitados, devido à maior capacidade de
frenagem de trens leves) e as interrupções na circulação durariam alguns segundos.
O Anexo 1 – Mapas diagnóstico de mobilidade e acessibilidade mostra a localização dos
viadutos, trincheiras, passagens e desnível e em nível de Divinópolis.
6.8.2 Estrutura urbana e interligações regionais
Os dois principais obstáculos físicos ao sistema viário urbana de Divinópolis – o rio
Itapecerica e a rede ferroviária – formam uma cruz que divide a mancha urbana central em
quatro quadrantes: nordeste, noroeste, sudeste e sudoeste.
A área central está localizada no quadrante noroeste, que possui a rede viária mais coesa e
contínua, dentre os quatro quadrantes. Este quadrante também é aquele com concentra a
maior quantidade de atividades de comércio e serviço, sendo o principal destino dos
deslocamentos para os motivos de trabalho e compras. Essa é a região que oferece o maior
número e os melhores acessos ao Anel Rodoviário.
228
As ligações viárias entre as regiões sudoeste e noroeste e a área central se dão em
quantidade que permite a adequada distribuição dos fluxos e a continuidade da estrutura
urbana.
Na região nordeste, se os bairros mais próximos do rio Itapecerica têm suas vias bem
integradas com o restante do sistema viário, este não é o caso de bairros mais afastados,
como Nova Suíça, Ipanema, Icaraí e o Distrito Industrial, que estão separados do restante
da mancha urbana por uma grande área não parcelada, e seu acesso ao restante da cidade se
faz exclusivamente pela BR-050 ou pela rua Marechal Floriano, uma via estreita e não
pavimentada que atravessa a área desocupada.
Contudo, a região sudeste é aquela que possui o menor número de acessos viários com o
restante da cidade, apresentado, consequentemente, o maior grau de desconexão e os
maiores problemas de acessibilidade. Como já mencionado, a Av. Gabriel Passos (cuja
continuação é a rua Goiás) é a única via que permite uma ligação direta entre os bairros da
região sudeste e o centro. E isso vale para todos os bairros da região sudeste. Além dessa
ligação, as únicas outras vias que interligam toda a região ao restante da cidade são a ponte
da Rua Maria Joaquina, a passagem em nível da rua Formiga e passagem inferior da rua Dr.
João Ferreira de Morais. A região sudeste é a única região da cidade sem acesso direto ao
Anel Rodoviário.
As descontinuidades no sistema viário que separam os bairros da região sudeste do restante
da cidade não se devem apenas à linha férrea e ao rio Itapecerica. Há também grandes áreas
não parceladas. A área entre as regiões sudeste e sudoeste é atravessada pelo rio Itapecerica
e ocupada pela mata do Noé, área de interesse ambiental.
Sobre a canalização dos fluxos em poucas vias, deve-se observar que a maioria dessas vias
estruturantes ligam os bairros a região central. Desta forma, diversas ligações interbairros
ocorrem com o atravessamento da área central, devido a ausência de ligações alternativas.
Isso dificulta as trocas entre esses bairros e torna o fluxo da área central ainda mais intenso.
229
6.9 Projetos existentes
6.9.1 Projetos estruturantes
A Prefeitura de Divinópolis possui alguns projetos considerados como estruturantes para o
sistema viário da área urbana. Todos eles buscam resolver os problemas descritos acima
com a criação de novas ligações entre regiões da cidade que não passam pelo centro. São
elas:
Complementação do Anel Rodoviário
– Implantação de Avenida Transversal Sul, ligando a BR-494 ao aeroporto.
– Prolongamento da Rua Monte Líbano
– Projeto de Prolongamento da Rua Divino Espírito Santo no sentido Oeste
– Melhoria na Rua Petrópolis e interligação desta com binário da Av. Paraná e Rua Espírito
Santo
– Ponte sobre o rio Itapecerica na Rua Pernambuco
Interseções em desnível com a MG-050
– Rua Pitangui
– Rua Itamarandiba
– Rua Petrópolis
Via preferencial para o transporte de cargas paralela à rua Bom Sucesso
Os projetos encontram-se em diferentes graus de desenvolvimento, alguns deles já possuem
seu traçado estudado, enquanto outros restringem-se a ideias. Porém, ao contrário do
projeto do contorno ferroviário, nenhum deles se encontra em nível de projeto executivo. A
localização de cada projeto está ilustrada no O Anexo 1 – Mapas diagnóstico de mobilidade
e acessibilidade.
230
6.9.2 Outras intervenções viárias planejadas
A Prefeitura também tem planos para outras intervenções no sistema viário. Tratam-se de
projetos mais simples, que incluem ações como alterações nos sentidos de circulação viária,
pequenas alterações na geometria das vias e implantação de ciclovias. São projetos de três
grupos:
– Melhoria da mobilidade na região central;
– Ampliação e reestruturação viária nas regiões periféricas e acessos à região central, com
implantação de ciclovias;
– Tratamento de áreas escolares.
Sua listagem e descrição encontra-se no Anexo 2. A previsão da prefeitura é que a
implantação dos primeiros projetos ocorra a partir do 1º semestre de 2013. Como se trata
principalmente de pequenas alterações na geometria das vias, melhorias de sinalização e
alteração na circulação, eles serão tratados no capítulo sobre mobilidade e circulação.
6.10 Sistema viário das áreas rurais
6.10.1 Caracterização e situação do sistema viário das áreas rurais
O município de Divinópolis possui cerca de 1200 km de vias rurais. A maior parte dessas
vias são estradas não pavimentadas. Três trechos, num total de 16 km, são de rodovias com
pavimentação asfáltica sob responsabilidade municipal: rodovia para Santo Antônio do
Monte (cerca de 6,5 km), ligação entre a MG-345 (estrada para Carmo do Cajuru) e a área
de lazer junto ao Lago das Roseiras (cerca de 9 km) e ligação entre a BR-494 e a localidade
de Choro (cerca de 1 km).
Estas vias rurais pavimentadas encontram-se, todas as três, em situação semelhante: não
possuem acostamento (exceto no caso da ligação com Santo Antônio do Monte, onde, em
231
alguns trechos, verifica-se acostamento não pavimentado). A situação dessas vias com
relação a geometria, pavimentação e sinalização é regular.
Quanto às estradas não pavimentadas, sua situação geral é regular. Alguns trechos
necessitam de recuperação para melhorar suas condições de circulação. Deve-se destacar a
boa situação da sinalização no sistema viário rural de Divinópolis. Todas as localidades
estão identificadas por placas de sinalização vertical. Também se observam nas principais
interseções indicações com as direções e distâncias das localidades que podem ser atingidas
a partir de cada interseção. A implantação da sinalização indicativa nas estradas rurais é
recente, tendo sido realizada, de acordo com a Prefeitura, nos últimos quatro anos. É
importante que ela seja mantida em boas condições, pois auxilia a orientação dos
condutores no sistema viário rural, sendo particularmente positiva para o turismo.
Algumas estradas, com destaque para os acessos a Buritis e Amadeu Lacerda, foram objeto
de intervenções recentes – alargamentos e encascalhamento ou pavimentação em pedra de
alguns trechos. As intervenções atingiram um total de 42 km de vias. Também foram
realizadas, nessas estradas, intervenções para melhoria do escoamento das águas pluviais.
É nelas que a sinalização está em melhor situação. A figura a seguir mostra um trecho da
estrada para Amadeu Lacerda, objeto de uma dessas intervenções.
Com relação às demais estradas, algumas intervenções ainda devem ser realizadas para
melhorar sua situação. Deve-se ressaltar que aquelas que ligam as localidades rurais à área
urbana de Divinópolis encontram-se, de maneira geral, em situação melhor que as
transversais, que integram as localidades entre si, ainda assim essas últimas têm condições
de trafegabilidade razoável. O mapa do sistema viário rural está ilustrado no Anexo 1 –
Mapas diagnóstico de mobilidade e acessibilidade.
As vias das comunidades rurais são, em sua grande maioria, não pavimentadas. Algumas
comunidades, como Amadeu Lacerda, Buritis, Branquinhas e Choro possuem algumas de
suas vias com pavimentação, em geral em condições regulares. Nas demais comunidades
nenhuma das vias é pavimentada.
232
6.10.2 Projetos para o sistema viário das áreas rurais
A Prefeitura de Divinópolis, através do Projeto Campo Revigorado, que conta com
programas em diversas áreas, procura melhorar as condições de vida na área rural do
município. Uma das áreas é a mobilidade rural, que é um dos principais eixos do projeto.
Considera-se que a melhoria das condições básicas de mobilidade ajudará as demais
políticas voltadas à qualidade de vida da população das comunidades rurais, através da
melhoria da logística de escoamento de produção, de menores custos de aquisição de
insumos, mais eficiência no acesso a serviços públicos básicos e aumento da
competitividade dos produtores rurais. As ações também contribuirão com a melhoria das
condições de transporte escolar, além de favorecer o turismo nas áreas rurais.
Em 2009 foi elaborado projeto específico para a recuperação dos 132 quilômetros de
estradas rurais principais. Em 2011 a execução da primeira parte deste projeto foi iniciada
com intervenções em 42 quilômetros. Atualmente dois trechos já foram atendidos pelo
programa: a ligação da zona urbana com a comunidade de Buritis e trechos da estrada de
Amadeu Lacerda, na divisa com o município de Santo Antônio do Monte.
A recuperação das estradas se dá por meio de parâmetros que possibilitem condições
adequadas de tráfego, com largura mínima de 7 metros e uso de material de revestimento
(escória, saibro e terra) em camada de espessura de 15 cm. Já nas áreas de topografia mais
acentuada foram executadas obras de calçamento, tipologia esta mais adequada à situação.
6.11 Outros aspectos do sistema viário
6.11.1 Pavimentação e estado de manutenção das vias
A situação do sistema viário urbano, com relação ao estado da sinalização e da
pavimentação é de boa a regular. Esta é a percepção da Secretaria Municipal de Transporte
233
e Trânsito. Os levantamentos de campo confirmaram esta informação, com a ressalva de
que ela se aplica apenas aos trechos pavimentados do sistema viário.
Os bairros periféricos da área urbana de Divinópolis possuem várias ruas não pavimentadas.
A prefeitura tem um projeto de pavimentação de vias, já em execução, onde a prioridade
está sendo dada para as vias por onde circulam os serviços de transporte público coletivo.
A manutenção do pavimento é feita pela Secretaria Municipal de Operações Urbanas e
Defesa Social e a sinalização semafórica e estratigrafia pela Secretaria Municipal de
Trânsito e Transportes.
6.11.2 Sinalização e semáforos
A área urbana de Divinópolis possui algumas interseções semaforizadas. Devido ao
aumento no fluxo de veículos, a Secretaria de Transporte e Trânsito já possui projetos para
semaforizar novas interseções, principalmente ao longo dos trechos dos binários citados
anteriormente.
Com relação à sinalização, como já comentado anteriormente, ela encontra-se em boa
situação nas estradas rurais e o mesmo se observa na MG-050. Na área urbana, assim como
na BR-494, ela é de boa a regular.
Um aspecto negativo se refera às placas toponímicas, que mostram os nomes das vias
públicas. Elas são bastante raras nas vias da área urbana de Divinópolis, o que dificulta a
identificação dos locais e a orientação no espaço da cidade. Este aspecto é particularmente
negativo para os turistas.
234
6.12 Diretrizes para o sistema viário
• Implantar os projetos estruturantes. Para isso, deverão ser adotados critérios para
definir a priorização dos mesmos, devendo a implantação dos projetos seguir a
ordem da priorização definida;
• Rever a hierarquização do sistema viário, de foram a criar uma nova classificação
que leve em consideração os padrões de circulação e a relação do sistema viário
com os usos do solo
• Implantar projetos de melhoria das condições de circulação e de acessibilidade,
sempre compatibilizando-os com as necessidades dos pedestres, ciclistas e usuários
do transporte coletivo;
• Melhorar as condições das estradas rurais
• Pavimentar todas as vias da área urbana
• Realizar a pavimentação das principais vias das comunidades rurais
• Garantir que o sistema viário de novos parcelamentos esteja conectado às vias
existentes;
• Estimular novos parcelamentos nos espaços vazios entre os bairros,
preferencialmente próximos à área central,não permitir expansão da área ocupada
senão com contrapartidas proporcionais aos impactos criados;
• Realizar manutenção constante da pavimentação e da sinalização do sistema viário
• Instalar placas toponímicas – identificação dos nomes dos logradouros.
6.13 Mobilidade e circulação
6.13.1 Frota e modos de deslocamento
6.13.1.1 Frota veicular
A frota de veículos no município de Divinópolis teve, como em todo o país, um aumento
expressivo nos últimos anos. Entre 2001 e 2012 o número de veículos motorizados no
235
município mais do que dobrou, passando de pouco menos de 50 mil veículos para mais de
110 mil, como se pode observar nas tabelas abaixo.
TABELA 19 – Evolução da frota de veículos de Divinó polis por tipo de
veículo – 2001-2012
Automóveis Motocicletas
Ônibus e
microônibus
Tratores e
veículos de
carga Outros Total
2001 32.048 7.113 611 4.393 5.403 49.568
2012 62.372 25.186 965 8.030 14.187 110.740
Variação no
período 95% 254% 58% 83% 163% 123%
Fonte: Denatran
TABELA 20 – Evolução da frota total de veículos de Divinópolis – 2001-2012
Ano*
Frota
total
Variação
anual
2001 49.568
2002 52.729 6%
2003 55.669 6%
2004 60.241 8%
2005 64.958 8%
2006 70.367 8%
2007 76.120 8%
2008 82.940 9%
2009 88.688 7%
2010 96.239 9%
2011 104.506 9%
2012 110.740 6%
Fonte: Denatran.
Dados do mês de dezembro, exceto 2012 (setembro)
236
Ressalta-se o aumento da frota de motocicletas e similares. Se em 2001 eram menos cerca
de 7 mil, agora já são mais de 25 mil, representando um aumento de 254%.
Outro aspecto que deve ser observado é ritmo do aumento da frota, que vem sendo
crescente. A variação anual da frota passou de 6% em 2002 para 9% em 2011, notando-se
que, com exceção do ano de 2009, a cada ano observou-se a manutenção ou o aumento da
taxa de variação.19 Caso essa tendência continue, isso pode significar que os problemas de
circulação tenderão a piorar em ritmo acelerado.
Proporcionalmente à população da cidade, a atual frota implica em uma taxa de
motorização de 0,5 veículos por habitante (ou 500 veículos para cada grupo de mil
habitantes). Esta taxa está acima das médias estadual (0,36) e nacional (0,34). Comparando-
se com o número de famílias, tem-se mais de 1 veículo por família, e mesmo mais de 1
automóvel por família (segundo o DENATRAN e o IBGE, são 62.372 automóveis e 61.760
famílias.)
O aumento das frotas de veículos se deve à ampliação geral da renda e à maior facilidade
de captação de crédito, em comparação com o passado recente. Ele também é a principal
causa do aumento dos fluxos de veículos e dos problemas de trânsito nas cidades.
6.13.2 Uso dos diferentes modos de deslocamento
Não há informações detalhadas sobre a participação de cada modo de transporte no
conjunto das viagens realizadas no município de Divinópolis. Mas o aumento da frota de
veículos motorizados pode representar uma ameaça para a cidade. Caso o uso e o volume
de veículos em circulação aumentem no mesmo ritmo acelerado da frota, poderão ser
observados em alguns anos maiores problemas de trânsito e congestionamentos. Deve-se
observar que atualmente o trânsito já é percebido pela população como um problema na
cidade: foi citado em quase todas as reuniões para a preparação da leitura comunitária do
Plano Diretor, associado a adjetivos como ruim, confuso e caótico.
19 O ano de 2012 não foi considerado, pois os dados são parciais.
237
Por outro lado, o aumento da frota de veículos tem aspectos positivos. Além de representar
e espelhar o aumento da renda da população, ele também representa melhoria na qualidade
de vida das pessoas, através de melhores condições de mobilidade. Porém, ele tem impactos
negativos na cidade, a partir do momento em que causa aumento nos fluxos de veículos
sem que haja infraestruturas adequadas para suportá-los. Deve-se observar que o aumento
da frota vem ocorrendo em função de ações que não dependem do poder público municipal
– aumento da renda, maior acesso a crédito e políticas industriais e estímulo à indústria
automobilística.
Contudo, deve-se diferenciar a posse e o uso dos veículos. A posse de um veículo confere
comodidade para uma família. Porém seu uso indiscriminado por todos é prejudicial para a
cidade, pois exige grandes investimentos em infraestrutura e causa impactos como
acidentes e poluição. É preciso ter em mente que caso o uso dos veículos aumento no
mesmo ritmo da frota não será possível ampliar o sistema viário e sua capacidade na
mesma proporção, tendo em vista o alto custo das intervenções necessárias.
Se as questões relacionadas à posse do automóvel estão, em sua maioria, além da
capacidade de influência do município, diversas atribuições do poder público municipal
estão diretamente ligadas a seu uso.
A disposição do espaço das vias e sua destinação para circulação de pedestres, veículos e
estacionamento influencia a frequência, destinação e local em que os veículos são usados.
Estudos sugerem que obras de infraestrutura que melhoram as condições de circulação de
veículos estimulam seu uso, fazendo com que mais pessoas usem os carros. Assim,
investimentos que procuram melhorar a fluidez do trânsito têm efeitos que, em longo prazo,
cancelam seu benefício, tendo em vista que, se em um primeiro momento as intervenções
melhoram as condições de circulação, essa melhora atrai mais motoristas e carros, que
voltam a saturar o sistema. Da mesma forma, espaços onde as calçadas encontram-se em
melhores condições estimulam deslocamentos a pé. O mesmo vale para bicicletas, que são
mais usadas onde existem mais e melhores ciclovias.
238
Além disso, políticas de uso do solo também podem contribuir para estimular
deslocamentos em modos não motorizados ou coletivos. Políticas que buscam concentrar
usos não residenciais e polos de geração de tráfego junto às vias com melhor atendimento
por transporte coletivo incentivam seu uso.
Paralelamente políticas que buscam descentralizar atividades econômicas e sociais, que
geram emprego e atraem pessoas, distribuindo-as pela cidade, fazem com que o acesso a
esses pontos ocorra através de distâncias mais curtas, estimulando deslocamentos não
motorizados.
6.14 Deslocamentos e usos do solo
A licitação do transporte público coletivo, realizada em 2012, foi precedida de uma
pesquisa das origens e destinos de seus usuários. Ainda que não seja uma pesquisa de
origem-destino completa (que englobaria todos os deslocamentos em todos os modos de
transporte e ainda outros dados como motivo das viagens e perfil socioeconômico das
pessoas), ela fornece informações interessantes sobre a dinâmica urbana.
O centro é, de longe, o maior polo atrator da cidade, sendo destino de quase um terço das
viagens municipais em transporte coletivo – 30.460 de um total de 96.602 viagens. O
segundo lugar em destinos por transporte coletivo, Bom Pastor, é destino de 5.334 viagens
por dia, quantidade quase seis vezes menor que a verificada no centro. Em seguida tem-se,
como maiores destinos: S. Judas Tadeu/S. José, Niterói, L.P. Pereira e Tietê. O quadro
abaixo mostra os números de viagens por transporte coletivo com origens ou destinos em
cada uma destas cinco áreas:
239
TABELA 21 – Áreas com maiores volumes de passageiro s de transporte
público coletivo nas áreas
Cód Região
Total Pico da manhã - 6h às 8h
Viagens
destinad
as
Viagens
originadas
Viagens
destinadas
Viagens
originada
s
Destinos/
Origens
1 Centro 30.460 30.969 7.325 3.376 2,17
48 Bom Pastor 5.334 4.947
934 730 1,28
26
São Judas Tadeu/São
José 5.138 4.741
866 859 1,01
3 Niterói 4.554 4.091 1.035 781 1,33
6 L.P Pereira 3.538 3.532
479 394 1,22
2 Porto Velho 2.599 2.304
777 490 1,59
5
São Sebastião/Afonso
Pena 2.440 2.915
583 507 1,15
Fonte: elaboração própria a partir de dados de Divinópolis (2012)
Como a pesquisa apresenta os deslocamentos por faixas de horários, é possível analisar os
padrões de deslocamento ao longo do dia. Uma análise interessante consiste em se verificar
as proporções entre as viagens originadas e aquelas destinadas a uma determinada área no
início da manhã. A maior parte das viagens nesse horário é realizada a partir da residência e
tem como destino o local de trabalho ou estudo. Assim, um número muito maior de viagens
originadas do que viagens destinadas no início da manhã em uma área é um indício de que
se trata de uma área pouco dinâmica com pequena quantidade de atividades econômicas e
sociais. Por outro lado, mais viagens destinadas do que originadas indicam maior dinâmica
de uma área, com maior variedade de usos e, consequentemente, maior poder de atração de
pessoas.
240
Pode-se verificar que todas as cinco áreas com mais destinos de viagens por transporte
coletivo apresentam valores superiores na um na proporção dos destinos e das origens,
indicando, em conjunto com as quantidades totais de viagens, significativa dinâmica
econômica. O mapa e a tabela a seguir ilustram os principais resultados da pesquisa, para
todas as áreas levantadas.
241
FIGURA 121 – Volume de passageiros do transporte pú bico coletivo em
Divinópolis por área, 2012
Fonte: elaboração própria a partir de dados de Divinópolis, 2012
242
TABELA 22 – Síntese dos dados da pesquisa origem-de stino dos
deslocamentos em transporte coletivo em Divinópolis – 2012
Cód Região
Total Pico da manhã - 6h às 8h
Viagens
destinadas
Viagens
originada
s
Viagens
destinadas
Viagens
originadas
Destinos/
Origens
1 Centro 30.460 30.969 7.325 3.376 2,17
2 Porto Velho 2.599 2.304 777 490 1,59
3 Niterói 4.554 4.091 1.035 781 1,33
4 Manoel Valinhas 1.492 2.053 446 503 0,89
5
São Sebastião/Afonso
Pena 2.449 2.915 583 507 1,15
6 L.P Pereira 3.037 3.532 479 394 1,22
7 Planalto 1.088 1.260 151 181 0,83
8 Catalão 1.275 1.465 300 263 1,14
9 Esplanada 825 936 208 153 1,36
10
Nossa Senhora das
Graças 1.614 1.957 175 421 0,42
11 Interlagos I 2.257 1.931 205 468 0,44
12 Santa Rosa 1.774 2.225 99 754 0,13
13 Maria Helena 847 740 53 274 0,19
14 São Luiz/Itaí 1.126 984 153 292 0,52
15 Danilo Passos 3.134 2.974 462 707 0,65
16 Vila Romana 916 870 197 199 0,99
17 São Caetano 398 512 49 131 0,37
18 Eldorado 78 13 1 2 0,5
19 Oliveira 1.836 1.212 324 219 1,48
20 Serra Verde 1.922 1.928 193 546 0,35
21 Estrada Sto Antônio 648 838 44 253 0,17
22 Tietê 2.661 2.804 315 482 0,65
23
Cj Habitacional Nilda
Barros 1.437 883 157 190 0,83
24 Jardim Real 36 17 3 5 0,6
25 Jardim Zona Sul 482 565 59 178 0,33
26
São Judas Tadeu/São
José 5.138 4.741 866 859 1,01
27 Belvedere II 1.764 2.359 243 432 0,56
28 Belvedere I 1.214 938 304 231 1,32
29
Quintas das
Palmeiras/Nova Holanda 1.154 997 124 314 0,39
30 Paraíso 1.837 930 194 235 0,83
243
31 Dona Rosa 1.385 1.688 178 862 0,21
32 Nações 1.783 2.072 365 634 0,58
33 Davanuze I 389 533 27 212 0,13
34 Davanuze II 552 846 29 245 0,12
35 Del Rey 707 652 73 118 0,62
36 Savassi 0 2 0 0 *
37 Jardim Dos Candidés 600 568 94 142 0,66
38 Jardim Floramar 296 561 58 70 0,83
39 Icaraí 950 882 63 135 0,47
40 Jardinópolis 551 348 79 83 0,95
41 São Cristovão 538 455 34 143 0,24
42 Cacôco 317 157 50 60 0,83
43 Jardim Copacabana 98 46 35 12 2,92
44 Santo André 220 194 42 39 1,08
45 Costa Azul/ Terra Azul 339 493 80 129 0,62
46 Chácara Novo Horizonte 152 97 15 13 1,15
47 Chácara Beira Rio 5 2 0 0 *
48 Bom Pastor 5.334 4.947 934 730 1,28
49
Santo Antônio dos
Campos 1.145 1.071 105 154 0,68
50 Nova Suíça 122 143 21 39 0,54
51 Jardim Primavera 16 84 0 34 0
52 Santa Cruz 465 434 28 106 0,26
53 Zona Rural/Choro 103 164 0 51 0,2
54 Zona Rural/Granja 12 1 6 0 *
55 Zona Rural/Quilombo 21 3 2 1 2
56 Zona Rural/ Costas 29 16 0 4 0
57 Lopes 87 59 0 21 0
58 Mata dos Coqueiros 3 0 0 0 *
59 E.M Miguel A. Esteves 0 0 0 0 *
60
E.M Maria Valinhas
Ramos 0 0 0 0 *
61
Zona Rural/Posto Coelho
Tamboril 18 72 0 8 0
62
Zona Rural/Córrego do
Paiol 307 67 52 0 *
63 Barragem 6 2 0 19 0
Total
96.602 96.602 17.904 17.904
Fonte: elaboração própria a partir de dados de Divinópolis, 2012
244
O Anexo – Termo de referência do edital de licitação para concessão do serviço de
transporte público coletivo de Divinópolis mostra os resultados da pesquisa.
6.15 Circulação e tráfego
6.15.1. Padrões de circulação
O padrão de ocupação e uso da área urbana de Divinópolis, como mostrado acima, é
fortemente polarizado pela área central, onde se concentra a maior parte das atividades e
dos empregos da cidade. Consequentemente esta área é foco de grande parte dos
deslocamentos realizados pelas pessoas.
A maior parte dos pontos onde se observam saturação de trânsito e formação de filas está
na área central. Segundo a Prefeitura de Divinópolis, o único ponto onde esses fenômenos
são observados fora do centro fica na Praça Dulphe Pinto de Aguiar, justamente um ponto
onde se estrangula a ligação entre o centro e os bairros da região sudeste.
Observa-se uma clara concentração de pessoas e veículos no centro. Esta concentração de
fluxos tem duas explicações: em primeiro lugar ela se deve ao fato de o centro da cidade,
por sua concentração de atividades, ser a região com maior atração de viagens,
principalmente por motivo de trabalho e compras.
Contudo, existe uma segunda razão para a concentração de fluxos no centro de Divinópolis:
como não existem ligações transversais entre todas as regiões da cidade e as vias que ligam
os bairros ao centro possuem boas características geométricas e de pavimentação, parte dos
veículos que circulam na área central está ali apenas por motivo de atravessamento, não
tendo esta área como origem ou destino.
Como já foi apresentado, existem diversas interrupções no sistema viário municipal,
separando diferentes bairros. Como os melhores trajetos são os que ligam os bairros ao
centro, frequentemente uma ligação entre duas áreas da cidade tem um trajeto passando
245
pelo centro como melhor rota, ainda que o centro não seja nem origem nem destino da
viagem.
É preciso observar que tais fluxos de passagem, ao contrário dos fluxos que têm como foco
a área central, são nocivos para a região, pois trazem apenas efeitos negativos para a área –
poluição e congestionamentos – sem os efeitos positivos para as atividades econômicas e
sociais. Contudo, como se verá a seguir, aparentemente os volumes de tráfego no centro
têm sido controlados.
6.15.2 Principais eixos de circulação
A Rua Goiás e o eixo formado pelas avenidas Primeiro de Junho e JK são os dois principais
eixos leste-oeste e norte-sul respectivamente. Esses eixos são justamente aqueles que
apresentam os maiores graus de continuidade e possibilitam as melhores ligações com os
eixos transversais, principalmente o anel rodoviário (MG-050 e BR 494). Na área central
essas vias operam em mão única, com a circulação da Av. Primeiro de Junho indo no
sentido sul (entrando no centro) e da Rua Goiás no sentido oeste (saindo). As duas ruas
paralelas a cada um desses dois eixos operam no sentido contrário – a Rua Getúlio Vargas e
a Av. Antônio Olímpio de Moraes saem do centro no sentido sul-norte e as ruas Minas
Gerais e Pernambuco entram no centro no sentido leste-oeste.
246
FIGURA 122 – Interseção da rua Goiás e da avenida P rimeiro de Junho
Fonte: maps.google.com
Além das vias citadas acima, outras ruas também operam em mão única na área central e
também em outras regiões de Divinópolis, formando binários viários – duas vias paralelas
operando em mão única e sentidos contrários. Estão sobretudo na área central e nos
principais eixos de ligação entre ela e outras regiões da cidade, com destaque para as
ligações com as áreas separadas por obstáculos, onde o fluxo é canalizado para as vias que
dão acesso a pontes e viadutos.
No centro, além das já citadas, trechos das ruas São Paulo, Rio de Janeiro e Paraíba, na
direção leste-oeste e da avenida 21 de abril (norte sul) também operam em mão única,
formando sistemas binários.
Fora do centro trechos da Av. Paraná e da Rua Castro Alves também operam em mão única
formando um binário viário. Deve-se ressaltar a importância da Av. Paraná para o sistema
de mobilidade da cidade: ela possibilita a ligação da área central com a região sudoeste da
zona urbana, que é atualmente uma das regiões da cidade que mais crescem, recebendo,
inclusive alguns novos grandes equipamentos, como a nova sede da Prefeitura e o hospital
regional. Ela também possibilita, em conjunto com a Rua Divino Espírito Santo, uma rota
de transversal de desvio da área mais adensada do centro.
Fazendo a conexão entre as regiões central e noroeste, há um binário formado por trecho da
Av. Gov. Magalhães Pinto, no sentido leste-oeste e pelo eixo formado pelas Ruas José do
247
Rosário e Ouro Fino, no sentido oeste-leste. Este eixo compõem uma das rotas de ligação
da cidade com o Anel Rodoviário.
Algumas vias do Bairro Esplanada também funcionam em mão única formando a ligação
entre a região central e sudeste, com o uso da ponte da Rua Maria Joaquina, que atravessa o
rio Itapecerica. São trechos das ruas Américo Martins, Mestre Rangel, Mestre João Pinto,
Mestre Pedro Silva e Monte Sé.
A prefeitura de Divinópolis vem adotando binários para fazer reduzir os impactos do
aumento do volume de veículos nas ruas. Além dos já existentes, outros já estão planejados
e devem ser implementados a partir de 2013. Os binários viários planejados são:
– Rua Rio Grande do Sul e Av. Sete de Setembro, entre as ruas Ceará e Pedro II;
– Ruas Pains e Pedro I, entre as ruas Mato Grosso e Rio Grande do Sul;
– Av. Paraná e Rua Espírito Santo, entre as ruas Sergipe e Divino Espírito Santo;
– Rua Sergipe, ente Rua Piauí e Av. Antônio Olímpio de Morais (formando binário com a
Rua Pernambuco, que já opera em mão única).
Os projetos estão descritos no Anexo – Projetos de intervenções e alterações na circulação
previstos pela Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito.
A adoção de binários é utilizada para ampliar a capacidade das vias, conferindo-lhes mais
fluidez, sem que seja necessário aumentar sua largura. Contudo, deve-se observar que,
quanto um sistema viário que utiliza binários encontra-se saturado, outras soluções devem
ser encontradas, como o alargamento das vias. No centro de Divinópolis o alargamento das
caixas viárias não deverá mostrar-se viável, devido à ocupação altamente consolidada da
área. Porém outras ações podem ser adotadas para evitar congestionamentos. Dentre elas,
ressaltam-se:
– Medidas para redução do uso do automóvel, através de incentivos ao uso do transporte
coletivo e de meios não motorizados (bicicletas e deslocamentos a pé) bem como medidas
248
de desestímulo ao uso do automóvel, principalmente para acesso a área central (por
exemplo, aumento do custo do estacionamento na área);
– Criação de novos eixos viários transversais para desviar os fluxos de atravessamento da
área central.
6.15.3 Volumes de tráfego veicular
Existem informações sobre volumes de tráfego na área central de Divinópolis nos anos de
2002 e 2007: tratam-se de pesquisas de contagem de veículos realizadas para embasas
propostas de implantação de semáforos, alterações na circulação e outras intervenções.
Ainda que as pesquisas não tenham tido os mesmos os mesmos objetivos e métodos,
algumas comparações podem ser feitas, possibilitando uma percepção nas alterações nos
volumes de veículos. Um dos aspectos que chamam a atenção é que as variações nos
volumes de tráfego no intervalo de 5 anos foi muito inferior à variação observada na frota
de veículos. A tabela abaixo mostra a variação nos volumes de tráfego em 13 interseções da
área central de Divinópolis, nos anos de 2002 e 2007.
249
TABELA 23 – Volumes de tráfego entre 17h30 e 18h30 em 13 interseções da
área central de Divinópolis – 2002 2007
Interseção 2002 2007 Variação
Av. 1º de Junho com R. Cel.
J. Notini 1706 1939 14%
Rua Getúlio Vargas com
Rua Goiás 2147 2161 1%
Av. 1º de Junho com R.
Goiás 1724 1541 -11%
R. Getúlio Vargas com Rua
Itapecerica 1186 1401 18%
Av. 1º de Junho com Rua
Itapecerica 1495 1421 -5%
Av. 1º de Junho com R. Rio
de Janeiro 1707 1718 1%
Av. 1º de Junho com Rua
Pernambuco 1705 1912 12%
Av. Antônio Olímpio com R.
Minas Gerais 830 861 4%
Rua 7 de Setembro com Rua
Minas Gerais 1113 1124 1%
R. Pernambuco com R. 7 de
Setembro 1398 1305 -7%
Rua Goiás com Av. Paraná 1378 1494 8%
Rua Pernambuco com Av.
Paraná 1284 1181 -8%
Rua Pernambuco com Rua
Piauí 1252 1297 4%
Variação média 2%
Fonte: elaboração própria a partir de dados de Divinópolis 2002 e Divinópolis 2007
Enquanto a variação média nos volumes de tráfego nessas interseções entre 2002 e 2007 foi
de apenas 2%, observou-se, no mesmo período um aumento na frota de veículos de 44%,
como já indicado.
250
É preciso observar que os pontos levantados estão todos localizados na área central da
cidade. Por isso, não se pode concluir que o aumento no uso de veículos na cidade como
um todo foi de apenas 2% entre 2002 e 2007. Possivelmente houve aumento de tráfego em
outras vias, não verificadas pela pesquisa, tese que se reforça ao se verificar a
descentralização das atividades urbanas.
Ainda assim, a comparação das pesquisas mostra que o município foi capaz de implantar
projetos que evitaram, pelo menos até 2007, o aumento excessivo dos fluxos justamente na
área mais movimentada da cidade, o centro.
6.16 Deslocamentos não-motorizados
6.16.1 Circulação de pedestres
De forma geral, verifica-se, com relação à qualidade e ao estado das calçadas, situação
similar à observada com relação ao sistema viário. Observa-se grande heterogeneidade. Nas
vias pavimentadas, a situação das calçadas é regular enquanto elas são inexistentes nas vias
não pavimentadas.
A infraestrutura geral de circulação de pedestres – considerando-se aqui, além das calçadas,
também as travessias, semáforos para pedestres e rebaixos de meio fio para acesso das
calçadas – apresenta melhores condições na área central. O centro é também a área da
cidade onde se observam os maiores volumes de pedestres. O alto volume de pedestres no
centro pode ser explicado pela concentração de estabelecimentos de comércio e serviço,
mas também pelo fato de ser a área mais bem atendida pelo transporte coletivo.
Mesmo ao se considerar o centro como o local com melhor infraestrutura para a circulação
de pedestres, deve-se observar que diversas melhorias ainda precisam ser implementadas
para que se tenha, de fato, boas condições. Ainda que, na maior parte de suas vias, as
calçadas não sejam estreitas, elas apresentam, em alguns pontos, larguras insuficientes para
os altos volumes de pessoas. Esses problemas são observados principalmente junto aos
251
pontos de embarque e desembarque de passageiros do transporte coletivo, onde se
observam conflitos entre os pedestres e os passageiros que aguardam seus ônibus.
Com relação à acessibilidade, se a área central é o local da cidade onde se observam a
maior quantidade de rebaixos de meio fio, com rampas para acesso das calçadas, estes
elementos ainda não estão presentes em todas as esquinas e travessias de pedestres. Deve-se
observar que, se por um lado, a maior parte dos pedestres consegue circular
independentemente deste tipo de facilidade, rampas são imprescindíveis para algumas
pessoas, como os cadeirantes. É preciso acrescentar ainda que elas também facilitam outros
usuários das vias públicas, como idosos, deficientes temporários (como portadores de
muletas) e pessoas com carrinhos de bebê, carrinhos de compra etc.
Além de rebaixos de meio fio e rampas de acessibilidade, também se encontram em alguns
cruzamentos da área central, travessias de pedestres elevadas, no mesmo nível das calçadas.
Esses dispositivos são interessantes em áreas com grandes volumes de pedestres, pois além
de facilitar o atravessamento das vias eles também funcionam como elementos
moderadores de tráfego, forçando os veículos a reduzirem sua velocidade, o que confere
mais segurança para os pedestres e, do ponto de vista simbólico, indicam claramente a
prioridade destes.
252
FIGURAS 123 E 124 – Travessias para pedestres na ár ea central com e sem
acessibilidade para pessoas com necessidades especi ais
Dentre as travessias elevadas, destaca-se a localizada na interseção da Av. Primeiro de
Junho com a Rua São Paulo. Neste ponto, além da travessia elevada, também há um pórtico
que, além de seu aspecto monumental, também confere proteção às intempéries durante a
travessia. As quadras da Rua São Paulo junto à interseção com a Av. Primeiro de Junho
foram fechadas para a circulação de veículos. Nesses trechos foram criados espaços
exclusivos para pedestres, com destaque para a área de estar e permanência, como uma
praça, no trecho localizado entre as avenidas Primeiro de Junho e Antônio Olímpio de
Morais.
Os trechos da Rua Goiás e da Av. Primeiro de Junho, próximo à interseção entre ambas,
são aqueles com os maiores volumes de pedestres. Esses trechos também receberam
recentes intervenções, com alargamento das calçadas. Apenas as calçadas do lado direito
(no sentido do tráfego) foram alargadas. Contudo tal estratégia é condizente com os
volumes de pedestres na área, pois o lado direito de ambas as vias tem maiores
concentrações de pedestres – e isso se deve, certamente, ao fato de que é ali que se
localizam os pontos de ônibus. A intervenção também contribuiu para a redução dos
conflitos entre pedestres e passageiros em pontos de embarque e desembarque do transporte
coletivo.
As recentes intervenções de melhorias nas condições de circulação de pedestres na área
central de Divinópolis foram realizadas em conjunto com ações para o disciplinamento do
253
comércio ambulante que disputava espaço com os pedestres causando efeitos negativos
para a circulação destes últimos. As atividades dos ambulantes foram transferidas para uma
área específica, no calçadão da Rua São Paulo, no trecho entre a Av. Primeiro de Junho e a
Rua Getúlio Vargas. Deve-se observar que este “camelódromo” também é objeto de
algumas críticas, pois acabou ocupando um espaço que deveria ser dos pedestres. Há uma
proposta de transferência do Camelódromo de sua atual localização, para um terreno há
alguns metros dali, também na Rua São Paulo, ao lado do Restaurante Popular.
FIGURA 125 – Interseção da avenida Primeiro de Junh o e da Rua São Paulo,
com o pórtico e travessia de pedestres coberta
O Plano Diretor de 2000 (Lei complementar 60) também citou outros pontos como
“preferenciais para criação dos espaços de uso público, de acesso exclusivo para pedestres”.
São eles:
– Av. 21 de Abril, entre as ruas Pernambuco e Minas Gerais;
– Av. Antônio Olímpio de Morais, entre a rua Cel. João Notini e a Praça do Mercado;
– Avenida Amazonas, entre as ruas Pernambuco e Goiás.
As áreas já exclusivas para pedestres assim como as indicadas para essa finalidade pelo
Plano Diretor de 2000 estão ilustradas no Anexo – Mapas diagnóstico de mobilidade e
acessibilidade.
254
Com relação às infraestruturas de maior porte específicas para a circulação de pedestres,
como pontes e passarelas, elas existem em pequeno número.
Há duas pontes exclusivas para pedestres sobre o rio Itapecerica: uma interligando os
bairros Esplanada e Porto Velho (e que permite a conexão da parte sul deste último com a
área central), e outra junto à ponte que interliga a rua Itapecerica e a Av. Governador
Magalhães Pinto, um antigo pontilhão ferroviário. Além dessas travessais, deve-se observar
que todas as demais pontes também possuem áreas para circulação de pedestres, contudo,
alguns desses espaços possuem larguras inadequadas (inferiores a 1,2 metros) além de se
verificarem em algumas dessas áreas a presença de postes de iluminação, que dificultam a
circulação dos pedestres e impossibilitam a passagem de cadeiras de rodas.
Sobre o anel rodoviário existem apenas três passarelas. Uma próxima à Rua Goiás, uma no
eixo da Alameda Rio Araguaia e outra interligando a Rua José Maria Campos à Av. José
Geraldo Oliveira. Este número de passarelas é pequeno, considerando-se que o anel
rodoviário tem uma extensão de mais de 15 km.
A regulamentação da construção das calçadas é feita pelo Código de Obras, Capitulo VII,
Seção III e no Código de Postura, Capitulo V. Seção III. De acordo com esses dispositivos
legais, a responsabilidade pela construção e manutenção das calçadas é do proprietário do
imóvel lindeiro (exceto nos logradouros sem meio fio, cuja implantação é responsabilidade
do município). Ao Poder Público Municipal, compete a fiscalização quanto à existência e
estado de manutenção dos passeios. Para novas calçadas, assim como para obras de
adaptação de calçadas existentes, deve ser aplicada a norma de acessibilidade da ABNT
(NBR 9050). De acordo com a prefeitura, em locais de grande fluxo de pedestres,
sobretudo na área central, a prefeitura assume as intervenções, como no caso das
intervenções recentes, descritas acima.
É preciso observar que, se a responsabilização dos proprietários dos imóveis pela
construção da calçada é usual na maioria das cidades brasileiras, ela não isenta o poder
255
público de responsabilidades, pois a ele cabe a regulamentação e a fiscalização do estado
geral das calçadas. Embora seja raro na área central, no restante da cidade são mais comuns
trechos de calçadas inexistentes ou em mau estado, como diante da maior parte dos lotes
vagos, existentes em grande número na cidade.
FIGURA 126 – Trechos viários sem calçadas
O Código de Posturas define que as calçadas são divididas em três faixas: faixa de serviço,
destinada à plantação de árvores, implantação de mobiliário urbano e rampas de acesso;
faixa livre; destinada à circulação de pedestres, que deve ter largura mínima de 1,5 metros e
ser livre de obstáculos e faixa de acesso, destinada à elementos para acesso e apoio às
edificações, como toldos, floreiras etc. A figura a seguir ilustra as três faixas.
FIGURA 127 – Divisão das calçadas em três faixas
Fonte: Divinópolis, 2008 – Código de Posturas, art. 72.
256
6.16.2 Circulação de bicicletas
As bicicletas não são um modo de transporte muito utilizados em Divinópolis. Apesar da
ausência de informações quantitativas sobre seu uso, os levantamentos de campo e as
entrevistas realizadas mostraram que seu uso é limitado: elas são raramente vistas nas ruas.
Esse fato contrasta com a topografia, da cidade, favorável na maior parte do espaço urbano,
e que faz com que os deslocamentos em bicicleta sejam, teoricamente, viáveis. Contudo,
como já mencionado, um dos aspectos que estimulam as pessoas a usar bicicletas para os
deslocamentos urbanos é a infraestrutura disponível. E a infraestrutura cicloviária de
Divinópolis é, atualmente, muito limitada.
Existe na cidade apenas uma ciclovia, na Rua Pitangui, entre o anel rodoviário e a Rua
Elisa Pinto do Amaral, totalizando cerca de 1km. Esta ciclovia possui, hoje, mais um
caráter de espaço de lazer que de infraestrutura de transporte.
Porém a Prefeitura de Divinópolis possui projetos para ampliar os espaços exclusivos para
circulação de bicicletas em seu sistema viário. Tratam-se de três projetos:
– Prolongamento da ciclovia da Rua Pitangui (já existente) no sentido sul, seguindo as vias:
R. Pitangui, R. Centralina, Av. Joaquim André, Av. Sanitária, Av. JK, R. Vereador Dr.
Waldemar Rauch e Rua Antônio Florentino, até o Parque da Ilha.
– Ciclovia na Av. Autorama, entra as ruas Vinicius de Morais e Marquês de Olinda.
– Ciclofaixas interligando as regiões sudeste e sudoeste à área central, e integradas à
ciclovia projetada para a Av. Autorama, utilizando as seguintes vias: R. Marquês de Olinda,
R. Fagundes Varela, R. Anita Garibaldi, Av. do Contorno, R. 21 de Abril, R. Sergipe, Av.
Antônio Olímpio de Morais, R. Benjamin de Oliveira, R. Prof. Jahel Corrêa Brandão, Av.
Cel. Júlio Gontijo Ribeiro, R. São João Del Rei, R. Antônio Alípio de Oliveira e R. Campo
Verde.
Os levantamentos de campo realizados identificaram além desses trechos, outros eixos
potenciais para a implantação de ciclovias. Os critérios usados foram a topografia e a
257
interligação realizada entre áreas de interesse e outros eixos cicloviários. Os eixos
cicloviários complementares identificados foram:
• Rua Cel. Jovelino Rabelo
• Trecho da Av. Paraná ao sul da linha férrea
• Eixos das atuais ferrovias
• Anel rodoviário
A ciclovia existente, os projetos citados e os eixos cicloviários potenciais levantados estão
representados no anexo 1 – mapas diagnóstico de mobilidade e acessibilidade.
6.17 Diretrizes para melhoria da mobilidade e da circulação
As principais diretrizes relacionadas à mobilidade e à circulação visam incentivar os
deslocamentos não-motorizados priorizando-os sobre os motorizados assim como os
deslocamentos em transporte coletivo sobre os realizados em modos individuais
motorizados. Deve-se considerar que se trata de um grande desafio e que diversas ações
deverão ser tomadas de forma coordenada com diferentes horizontes temporais. É preciso
ter em mente que alguns objetivos poderão ser atingidos apenas no longo prazo, em um
horizonte maior que os dez anos de duração do Plano Diretor.
São indicadas as seguintes ações:
• Fazer com que as ações públicas relacionadas a acessibilidade e mobilidade
priorizem os deslocamentos não motorizados sobre os motorizados e os coletivos
sobre os individuais;
• Desestimular o uso de veículos particulares através do controle e da restrição de
circulação em determinadas vias ou horários; regulamentação e cobrança pelo uso
de estacionamentos em determinadas áreas (podendo ser considerada, inclusive a
taxação de estacionamento em áreas particulares) e, eventualmente, cobrança pelo
uso das vias;
• Implantar medidas que melhorem a circulação, porém sem desconsiderar que a
escolha do modo de transporte está relacionada às possibilidades oferecidas a cada
modo nas cidades – assim, em cidades que oferecem todas as facilidades aos carros
258
e poucas para pedestres e bicicletas, as pessoas que tiverem acesso a veículos
particulares sempre optarão por eles;
• Melhorar as condições das infraestruturas para pedestres – calçadas e travessias –
com foco principalmente na área central;
• Prover mais acessos e ligações para bicicletas, com foco sobretudo na área central;
• Implantar passarelas para pedestres sobre o Anel Rodoviário, nas áreas com maior
concentração de pessoas;
• Melhorar as condições de transporte coletivo (as diretrizes específicas para o
transporte coletivo encontram-se no próximo capítulo);
• Criar instrumentos de uso e ocupação do solo que estimulem a maior distribuição
das atividades sociais e econômicas ao longo do tecido urbano assim como
estimular grandes equipamentos e polos geradores de tráfego nos locais com as
melhores infraestruturas viárias e melhor atendidos por transporte coletivo público;
• A médio e longo prazos deverão ser criadas redes de circulação de bicicletas que
alcancem toda a cidade e que permitam que possam circular com eficiência e
segurança; deverão também ser promovidas campanhas de conscientização dos
direitos e da importância dos pedestres e das bicicletas.
6.18 Transporte coletivo
Como já comentado na introdução deste relatório, a Política Nacional de Mobilidade
Urbana indica que o transporte coletivo deve ser prioritário sobre o transporte individual
motorizado.
Também a população demonstrou dar grande importância a esta questão. O transporte
coletivo de qualidade foi indicado, na maior parte das reuniões, como elemento desejado
para a cidade. Além disso, a atual sistema foi apontado como deficiente pelos grupos.
259
6.18.1 Gestão e operação
6.18.1.1 Contrato de concessão
O serviço regular de transporte coletivo urbano e rural de passageiros em todo o município
de Divinópolis foi objeto de novo contrato de concessão em 2012. A concessão foi
realizada através de licitação na modalidade Concorrência Pública, tendo por parâmetro
para avaliação da melhor proposta a combinação dos critérios de maior oferta pela outorga
da concessão com o de melhor técnica. O vencedor da licitação foi o consorcio Transoeste,
composto pelas empresas que já prestavam os serviços anteriormente.
O quadro abaixo mostra as principais características da concessão.
QUADRO 11 – Principais características da concessão do transporte coletivo
de Divinópolis – 2012
Valor estimado do contrato R$ 514.236.827,48
Prazo de duração do contrato 15 anos prorrogáveis por mais 15
Modalidade de remuneração do serviço Tarifa paga pelo usuário
Valor da tarifa R$ 2,25
Tributos e taxas ISSQN (5%)
Custo de Gerenciamento Operacional (4%)
Capital mínimo exigido R$ 4.000.000,00 (0,77% do valor do contrato)
Valor mínimo da outorga R$ 10.100.000,00
Previsão de subsídios Não
Condições para reajuste das tarifas Planilha de Apropriação de Custos
Operacionais
Fonte: Divinópolis (2012)
6.18.2 Características operacionais do sistema
A nova concessão do serviço tem como meta reestruturar o sistema de transporte coletivo,
com a “criação de linhas que irão interligar os principais pólos geradores de viagens,
260
durante todo o dia, além de redes de transporte distintas para o pico e o fora-pico, visando a
racionalização dos serviços.” (DIVINÓPOLIS, 2012).
O sistema de transporte por ônibus possui 44 linhas urbanas e 3 linhas distritais. O quadro
abaixo mostra os dados operacionais do sistema.
QUADRO 12 – Principais características operacionais do sistema
de transporte coletivo de Divinópolis – 2012
Passageiros e distâncias percorridas
Passageiros por mês – total 2.561.914
Passageiros por mês – pagantes 2.073.034
Produção quilométrica mensal 999.205 km
Índice de Passageiros por Quilômetro (IPK) 2,09
Linhas
Linhas urbanas 44
Linhas distritais 3
Frota
Veículos com 3 portas 156
Veículos com 2 portas 6
Vans adaptadas para pessoas com dificuldade de
locomoção
1 (com previsão de aumento para 2 em
12 meses)
Fonte: Divinópolis (2012)
O anexo – mapas diagnóstico de mobilidade e acessibilidade mostra os trechos do sistema
viário atendidos pelas linhas de ônibus. O anexo 3 traz o Termo de Referência do edital de
licitação para concessão do serviço de transporte público coletivo de Divinópolis.
Deve-se ressaltar que, nas reuniões realizadas com a comunidade, os serviços de transporte
coletivo de Divinópolis foram apontados negativamente. Foram destacados, como aspectos
negativos, a falta de conforto, superlotação e horários escassos.
261
De fato, os quadros horários indicam, em algumas linhas, grandes intervalos entre os
veículos, principalmente fora dos horários de pico e nos finais de semana. Evidentemente
essa variação nos horários dos veículos acompanha a demanda. Ainda assim, devem ser
avaliadas medidas para se melhorar a qualidade do sistema de transporte público.
Dentre elas, a prefeitura pode considerar a possibilidade de se fornecer algum subsídio para
o serviço apresentar melhor desempenho nos horários com menor demanda. Além disso,
também é possível se estudar a criação de serviços complementares e suplementares aos
atuais e que se diferenciem dos atuais com relação aos trajetos, níveis de conforto (como ar-
condicionado, por exemplo), tipos de veículos e tarifas. Esses serviços poderiam ser
prestados dentro do atual contrato de concessão ou através de permissões. Eles devem ser
planejados, não para atrair usuários dos serviços convencionais de transporte coletivo, mas
para atrair novos usuários ao sistema.
6.19 Serviços e ocupação urbana
Do ponto de vista da distribuição espacial, as linhas de ônibus atendem bem à maior parte
do território municipal, a maior parte da área ocupada está a menos de 400 metros de uma
linha de ônibus.
Entretanto algumas áreas parceladas encontram-se a mais de 700 metros do atendimento
por transporte coletivo. Tratam-se de trechos nas extremidades sudoeste, sudeste e nordeste
da área urbana, partes dos bairros Savassi, Morumbi, Chácaras Beira Rio, São Bento,
Jardim Copacabana e Cacôco. A figura a seguir ilustra o atendimento espacial do sistema
de transporte coletivo de Divinópolis.
262
FIGURA 128 – Distribuição espacial e áreas atendida s pelo serviço de
transporte público coletivo
Fonte: elaboração própria
O sistema de transporte público está fortemente polarizado pela área central. Todas as
linhas, tanto as urbanas quanto as centrais passam pela área central. Essas linhas utilizam
principalmente os binários Av. Primeiro de Junho-R. Getúlio Vargas e Rua Goiás-Rua
Pernambuco. Todas as linhas de ônibus da cidade utilizam pelo menos um desses binários.
Dessa forma, todas as linhas de ônibus também passam pelo trecho onde esses binários se
encontram.
Todas as linhas passam pelo trecho da Rua Pernambuco, entre a Av. Primeiro de Junho e a
Rua Getúlio Vargas, diante da prefeitura municipal. Por questões operacionais, nem todas
elas param no ponto de embarque e desembarque localizado nesse trecho. Ainda assim ele é
o ponto com maior volume de passageiros.
263
FIGURA 129 – Ponto de ônibus na rua Pernambuco, ent re as avenidas
Primeiro de Junho e Getúlio Vargas
Fonte: maps.google.com
As vias mais usadas no acesso aos bairros são, de maneira geral, as que os ligam mais
diretamente ao centro, que são também aquelas classificadas com vias coletoras principais:
avenidas JK, Governador Magalhães Pinto, Gabriel Passos, Ayrton Senna, Paraná,
Autorama, México, Rua Bonsucesso e Estrada para Ermida.
6.20 Infraestrutura
6.20.1 Espaço de circulação para o transporte coletivo
Na cidade de Divinópolis não há nenhum trecho viário com exclusividade para o transporte
coletivo. Existem algumas faixas preferenciais para ônibus – Av. Primeiro de Junho, Rua
Goiás e Rua Pernambuco. O corredor da Rua Goiás está ilustrado na figura a seguir.
Mas esses espaços não são exclusivos para ônibus e outros veículos podem acessar essas
áreas. Eles não apenas podem acessar as faixas preferenciais para ônibus como seu acesso
está previsto pelo sistema de circulação: existem conversões a direita (lado da via em que
se localizam as faixas preferenciais) e essas conversões só podem ser realizadas através da
faixa para ônibus.
264
Além das conversões a direita, existem vagas de estacionamento junto ao corredor para
ônibus, que deve ser atravessado pelos veículos que vão acessar as vagas. Nos trechos da
Rua Goiás e da Av. Primeiro de Junho onde foram realizados alargamento da calçadas, as
vagas a direita da faixa para ônibus foram eliminadas. Assim, além dos ganhos para os
pedestres e para os usuários dos pontos de ônibus desses locais, o sistema de transporte
coletivo teve ganhos operacionais.
Assim seria recomendável que os corredores de ônibus sejam melhorados com relação aos
aspectos citados: vagas de estacionamento à direita dos corredores poderiam ser eliminadas,
e as conversões a direita deveria ser reduzidas em quantidade, além de ter seu acesso
controlado – apenas os veículos que vão virar a direita poderiam invadir a faixa para ônibus.
Além disso, para melhoria do sistema de transporte coletivo, também podem ser criados
novos corredores para ônibus, nas vias com maior concentração de linhas.
6.20.2. Pontos de ônibus
A Prefeitura de Divinópolis é responsável pelos pontos de embarque e desembarque de
passageiros do transporte coletivo. A instalação e a manutenção dos abrigos de ônibus são
de responsabilidade do consórcio que gerencia o sistema.
A infraestrutura dos pontos de embarque e desembarque do transporte coletivo em
Divinópolis é ruim. Apenas alguns pontos são dotados de abrigos e, ainda assim, tratam-se
de abrigos precários e, quase sempre, pequenos. O tamanho dos equipamentos é
insuficiente para abrigar o número de usuários nos horários de pico em caso de chuva.
Além disso, os poucos abrigos existentes não são equipados adequadamente. A maioria
deles não possui lixeiras ou painéis informativos. Apenas em seis pontos de ônibus da área
central foram verificadas placas indicativas das linhas que atendem o ponto.
265
Deve-se observar que, se o transporte coletivo deve ser de boa qualidade e deve de fato ser
prioritário sobre o transporte individual motorizado, não somente os veículos, mas também
os pontos de embarque devem ser confortáveis e bem equipados.
Sobre as informações, ressalta-se que, por seu baixo custo, é um elemento que apresenta
ótima relação benefício/custo ao se considerar a melhoria da qualidade do sistema. Não
apenas placas indicativas das linhas que atendem a cada ponto, mas informações sobre
trajetos, horários e tarifas, nos pontos de ônibus e também no interior dos veículos. Com as
atuais tecnologias da informação, pode-se criar sistemas informativos que podem ser
acessados pela internet, por aparelhos de celular e até mesmo por mensagens de texto
(SMS). Com um equipamento de localização geográfica (GPS – também de custo
relativamente baixo) em cada veículo, é possível se desenvolver um sistema que informe
aos usuários a posição real dos veículos, assim como o tempo para o veículo chegara um
determinado ponto.
Tais elementos podem consistir em verdadeiros diferenciais para atrair usuários para o
sistema de transporte coletivo.
6.20.3 Inserção urbana das ferrovias e potencial para uso para transporte coletivo
Em momento anterior deste relatório, quando se avaliou a malha ferroviária municipal, foi
mencionada a boa inserção da linha férrea na área urbana.
Ao se comparar seu traçado com os volumes de passageiros por transporte coletivo por
ônibus, verifica-se que a linha férrea passa junto a áreas com grande demanda por esse
modal, como Niterói, Interlagos, Porto Velho e Tietê, o que lhe dá um grande potencial
para o transporte de passageiros.
Mas a principal questão relacionada à localização da via férrea em Divinópolis está
relacionada à sua inserção na área central, que como já foi mostrado, atrai quase um terço
das viagens em transporte coletivo no município – a linha férrea passa junto a esta área da
266
cidade e, da mesma forma que seus impactos negativos são consideráveis com o atual uso
para transporte de carga, os seus potenciais para o transporte urbano de passageiros são
igualmente grandes devido a sua localização.
Deve-se lembrar mais uma vez que, caso as linhas férreas venham a ser usadas para o
transporte de passageiros, os inconvenientes seriam consideravelmente menores, tanto no
que diz respeito a segurança (as composições seriam menores e teriam maior capacidade de
frenagem) quanto com relação às interrupções na circulação nos cruzamentos em nível, que
durariam alguns segundos, e nãovários minutos, como ocorre atualmente.
Além disso, como também já foi comentado, acrescenta-se que a Política Nacional de
Mobilidade Urbana (lei 12.587/2012) tem entre suas diretrizes a “priorização de projetos de
transporte público coletivo estruturadores do território e indutores do desenvolvimento
urbano integrado”, característica que um eventual projeto de transporte urbano sobre trilhos
nas ferrovias de Divinópolis certamente apresentará.
O Plano Diretor Municipal, atualmente em vigor, já defendia a retirada do transporte
ferroviário de cargas na área central. E indica uma destinação das áreas atualmente
ocupadas pelos trilhos, para as quais ele recomenda “a integração ao sistema viário e de
transporte à infra-estrutura ferroviária urbana, após o deslocamento da linha férrea, como
opção do transporte de massa”.
A redação da lei em vigor, tal como ela está, não indica necessariamente que se deve
instalar um sistema de transporte urbano de passageiros sobre trilhos. De fato, linhas de
ônibus circulando em vias que venham a se instalar nas atuais localizações dos trilhos
também podem ser “projetos de transporte público coletivo estruturadores do território e
indutores do desenvolvimento urbano integrado”, se suas características forem adequadas
para tal.
É necessário um estudo que se avalie a demanda e as características operacionais e
econômicas das diferentes possibilidades. Em todo caso, recomenda-se que tal estudo
267
considere as vantagens do transporte sobre trilhos com relação a conforto, confiabilidade,
velocidade e imagem para o usuário.
6.20.4 Diretrizes para melhoria do transporte coletivo
• Melhorar as condições gerais dos serviços de transporte coletivo;
• Fazer estudo de viabilidade e de demanda de serviços complementares ou
suplementares aos existentes, buscando atrair novos usuários para o sistema;
• Adotar critérios operacionais eficientes nos corredores de ônibus e ampliar a rede
de corredores de ônibus na cidade;
• Ampliar e melhorar os abrigos em pontos de ônibus e aumentar a quantidade de
abrigos na cidade;
• Implantar sistema de informações integradas do transporte coletivo que inclua
informações em todos os pontos de ônibus, todos os veículos do sistema e possa ser
acessado por internet, inclusive via dispositivos móveis. O sistema deve ter
informações sobre trajetos, destinos, horários e tarifas;
• Fazer, no curto prazo, estudo para verificar melhor alternativa para o uso da linha
férrea na área central após implantação do Contorno Ferroviário, considerando-se
uma premissa o transporte coletivo como prioridade do projeto.
6.21 Outros aspectos relacionados à acessibilidade e mobilidade
6.21.1 Acidentes de trânsito
Os acidentes de trânsito e suas consequências representam as externalidades mais graves
dos sistemas de transporte. E eles têm crescido junto com a frota de veículos. O aspecto
mais dramático dessa questão são as mortes, que têm crescido igualmente. Mais de 37 mil
pessoas morreram no Brasil devido a acidentes de trânsito em 2007, o que representa uma
taxa de 20 mortos/100 mil habitantes. Comparativamente, as taxas em lugares como os
Estados Unidos e a Europa são de 12,5 e 7,8 (para a União Europeia), e ainda com taxas de
motorização muito superiores à brasileira.
268
Em Minas Gerais ocorreram 4.362 mortes em acidentes de trânsito em 2010, com uma taxa
de 22,9 mortos/100 mil habitantes. Esse número tem crescido consideravelmente como
mostra o gráfico a seguir.
FIGURA 130 – mortes em acidentes de trânsito em Min as Gerais 2002-2010
Fonte: CNM
Deve-se ressaltar que, a variação ocorreu não apenas na quantidade de mortes, mas também
no padrão e no tipo dos acidentes. O quadro abaixo, que traz os números de mortes em
acidentes de trânsito no Brasil, entre 2000 e 2007, diferenciando-as por tipo de acidente,
mostra que os acidentes com motociclistas representam o grupo com a maior variação,
tendo mais do que triplicado, passando de 2.465 mortes para 8.078 no período, enquanto o
total variou 29%. – as mortes em acidentes com motocicletas passaram a representar 22%
do total em 2007, enquanto eram apenas 9% em 2000.
TABELA 24 – mortes em acidentes de trânsito, por ti po de acidente, no Brasil
– 2000-2007
Fonte: CNM
269
Em Divinópolis, existem dois espaços que, por suas características, apresentam maiores
tendência para a ocorrência de acidentes de trânsito: a área central e o anel rodoviário. Nas
duas situações a tendência para os acidentes se deve a fatores distintos. No caso do centro é
a grande concentração de veículos e pedestres que provoca o risco. Já no caso do anel
rodoviário são a alta velocidade regulamentada, algumas interseções inadequadas (como
nos acessos aos bairros Icaraí, Quintino e à Av. Paraná) e a ausência de travessias seguras
para pedestres que ameaçam a segurança.
No caso do centro a solução deve considerar medidas para reduzir a velocidade do veículo
e facilitar a travessia dos pedestres. No anel rodoviário, devem-se implantar intervenções de
melhoria nas interseções inadequadas e implantar passarelas em maior quantidade, nos
pontos com maior concentração de pedestres.
6.22 Transporte de cargas e mercadorias
Devido à importância do setor industrial em Divinópolis, sobretudo da siderurgia, o
transporte de cargas tem um papel considerável na circulação da cidade. Apesar de contar
com dois ramais ferroviários que atravessam a mancha urbana, grande parte dos
deslocamentos de mercadorias originadas em ou destinadas para as indústrias da cidade são
realizados através de caminhões, causando consideráveis transtornos para a circulação. Há
registro, inclusive, de transporte de ferro-gusa líquido, por caminhões, o que representa um
grande risco para a cidade e seus habitantes.
Dentre as indústrias cujas operações logísticas causam impacto no trânsito, ressalta-se a
usina siderúrgica da Gerdau, localizada no bairro Porto Velho. Como já citado
anteriormente, o único ponto de saturação de tráfego fora da área central, a Praça Dulphe
Pinto de Aguiar (bairro Porto Velho), deve seus altos volumes de tráfego a dois motivos:
ser um ponto de estrangulamento do sistema viário, mas também ser ponto de passagem
dos caminhões que acessam a Gerdau.
270
Para acessar a MG-050 os caminhões atravessam o bairro Niterói, através da Av.
Governador Magalhães Pinto. Esses fluxos de carga causam consideráveis impactos no
bairro – segundo técnicos da Prefeitura de Divinópolis, trata-se do principal conflito entre o
transporte de cargas e as demais atividades e ocupações do município.
Existe uma pesquisa de fluxos de veículos de carga no bairro Niterói, de setembro de 2011,
que constatou a circulação de cerca de 900 veículos de carga por dia no bairro, sendo quase
a metade com destino à Gerdau. A tabela abaixo mostra os resultados da pesquisa:
271
TABELA 25 – Pesquisa de tráfego de veículos de carg a no bairro Niterói
– Setembro de 2011
DIA 12 E 13 DIA 14 E 15 DIA 16 E 17 TOTAL %
RODOVIA ->CIDADE 469 415 481 1365 50,33%
CIDADE -> RODOVIA 485 441 421 1347 49,67%
TOTAL ABORDADO 954 856 902 2712
CLASSIFICACAO
NÃO INFORMADOS 20 17 33 70 2,58%
A - CAMINHAO - 2EIXOS 231 224 205 660 24,34%
B - CAMINHAO - 3 EIXOS 206 214 277 697 25,70%
C -CAMINHAO - 4 EIXOS OU
MAIS 32 19 0 51 1,88%
D - SEMI REBOQUE - 3 EIXOS 25 4 3 32 1,18%
E - SEMI REBOQUE - 4 EIXOS 21 4 15 40 1,47%
F - SEMI REBOQUE - 5 EIXOS 188 196 228 612 22,57%
G - SEMI REBOQUE - 5 EIXOS
TRUC DT 39 10 1 50 1,84%
H - SEMI REBOQUE - 6 EIXOS
OU NAIS 182 155 131 468 17,26%
I - REBOQUE 4 EIXOS 2 2 3 7 0,26%
J - REBOQUE 5 EIXOS OU
MAIS 8 11 6 25 0,92%
CARGA
SOLIDA 536 473 541 1550 57,15%
LIQUIDA 66 58 90 214 7,89%
VAZIO 352 325 271 948 34,96%
DESTINO
DIVINOPOLIS 572 544 588 1704 62,83%
OUTRA CIDADE MG 341 280 288 909 33,52%
OUTRO ESTADO 41 32 26 99 3,65%
GERDAU 222 206 193 621 45,49%
COOPERATIVA 17 16 16 49 3,59%
SUPERMERCADOS 21 37 56 114 8,35%
SIDERURGICAS 22 24 35 81 5,93%
OUTROS(CITAR) 180 131 179 490 35,90%
OUTRO ESTADO 7 1 2 10 0,73%
Fonte: Divinópolis (2011)
272
Existem medidas que podem ser adotadas pelo poder público municipal para minimizar os
conflitos e os problemas. A Lei 12.587/12 enumera, dentre os instrumentos de gestão do
sistema de transporte e da mobilidade urbana, o “controle do uso e operação da
infraestrutura viária destinada à circulação e operação do transporte de carga, concedendo
prioridades ou restrições”. Ou seja, é possível restringir a circulação de carga em locais
mais delicados a horários em que causem menos transtornos. Evidentemente tais medidas
devem ser adotadas com a participação dos afetados e considerando-se seus efeitos
econômicos.
6.23 Estacionamentos
Diversas vias da área central de Divinópolis têm seu estacionamento regulamentado como
rotativo pago. A tarifa é de R$ 1,50 e o controle é realizado através de talão impresso, que
deve ser deixado dentro do veículo, à vista, para fiscalização.
O mapa abaixo ilustra as áreas onde o estacionamento rotativo é regulamentado.
TABELA 26 – Vias com estacionamento rotativo regula mentado
no Centro de Divinópolis
Fonte: Prefeitura de Divinópolis
273
Trata-se de quase todas as vias da área central, aquelas com maior concentração de
atividades de comércio e serviço e, por isso, maior destino de viagens motorizadas. Assim,
o rotativo contribui para que as vagas sejam usadas por um maior número de veículos e de
pessoas, impedindo que usuários deixem os carros parados por longos períodos –
moradores da área e funcionários dos estabelecimentos.
Para estes últimos, os usuários que utilizam a área por longos períodos, existe uma vasta
oferta de vagas em estacionamentos particulares que, aparentemente, supre a demanda.
As áreas de estacionamentos no interior dos imóveis são regulamentadas pela Lei de Uso e
Ocupação do Solo que, em seu Anexo III, define mínimos exigidos para diferentes
situações. Para os usos residenciais a exigência vai de 1 vaga para cada quatro unidades
habitacionais até duas vagas por unidade, dependendo do zoneamento e da tipologia da
unidade. Para usos não residenciais exige-se 25 m² de estacionamento para cada 150 m² ou
200 m² de área útil. A lei também traz exigências para vagas de estacionamentos em polos
geradores de tráfego. A Secretaria de Transporte e Trânsito informou que estão
desenvolvendo estudo para criar uma legislação específica para esses polos.
Do ponto de vista da Gestão da Demanda por Transporte, que compreende instrumentos
que buscam influenciar os deslocamentos, o modo e os horários como são realizados pelas
pessoas, o estacionamento pode ser usado para estimular ou desestimular o uso do
transporte individual motorizado. A ausência de espaço para estacionar próximo ao destino
ou a cobrança pelo uso das vagas podem induzir as pessoas a utilizar modos coletivos ou
não motorizados. Evidentemente tais medidas devem ser adotadas em conjunto com outras,
tais como melhorias nas condições e nos custos destes últimos.
6.24 Motocicletas, mototaxi e motofrete
A frota de motocicletas e assemelhados é aquela que mais tem crescido em Divinópolis
ultimamente. Enquanto a frota total apresentou um aumento médio de 123% entre 2001 e
2012, o número de motocicletas teve uma ampliação de 254%, tendo passado de 7.113 para
274
25.186. Com isso, a participação das motocicletas no total da frota passou de 14% para
23% nesse período.
O governo federal, através da lei 12.009 de 2009, regulamentou as atividades de
motofretista e mototaxista. Em Divinópolis, as atividades ainda não foram regulamentadas
a nível municipal, mas, de acordo com a prefeitura, o município está trabalhando para tal
ainda em 2013.
Em função desta preparação, foi realizado, em 2012, um cadastro de motofretistas e
mototaxistas. Os dados encontram-se a seguir.
275
QUADRO 13 – Dados referentes ao cadastramento dos m ototaxistas e
motofrentistas em set. e out./2012
TIPO DE CADASTRO PONTOS DE MOTOTAXI
MOTOTAXI 100 QUANTIDADE DE PONTOS 40
MOTOFRETE 24 COOPERATIVA, ASSOCIAÇÃO, EMPRESA 29
MOTOTAXI E MOTOFRETE 109 PONTO INDIVIDUAL - AUTÔNOMO 11
MAIOR QUANTIDADE DE MOTOTAXISTA EM
UM PONTO 24
TEMPO DE ATIVIDADE
MENOR QUANTIDADE DE MOTOTAXISTA EM
UM PONTO 5
PRETENDE INICIAR 1
01ANO 30 ACIDENTES
02ANOS 18 SIM 87
03ANOS 26 NÃO 145
04ANOS 17 NÃO INFORMOU 1
05ANOS 27
ENTRE 05 E 10 ANOS 44 CATEGORIA PROFISSIONAL
MAIS DE 10 ANOS 65 AUTONOMO 73
NÃO INFORMOU 5 VINCULADO A UMA PESSOA JURÍDICA 65
PROPRIETÁRIO DE PESSOA JURÍDICA 5
ANO DO VEÍCULO VINCULADO A UMA ASSOCIAÇÃO 38
MOTO MAIS NOVA 2012 VINCULADO A UMA COOPERATIVA 50
MOTOMAIS ANTIGA 1990 OUTRA 1
MEDIA ANO DA FROTA 2008 NÃO INFORMOU 1
CILINDRADAS VINCULO PROFISSIONAL
100CC 0 AUTÔNOMO 168
125CC 66 REGISTRO EM CTPS 16
130CC 1 NÃO RESPONDEU 49
149CC 5
150CC 147 VINCULO TRAB. OUTRA EMPRESA
200CC 1 NÃO 214
250CC 2 SIM-AUTÔNOMO 6
300CC 1 SIM-REGISTRO EM CTPS 11
ACIMA DE 300CC 0 NÃO INFORMOU 2
ABAIXO DE 100CC 0
NÃO INFORMOU 10 PROGRAMA SOCIAIS
SIM 13
Fonte: Prefeitura de Divinópolis
276
É importante destacar que assim como a frota de motocicletas foi a que mais cresceu,
também os acidentes com motos foram os que apresentaram maior aumento. Por isso, é
preciso ter cautela para que a regulamentação destas atividades garanta a segurança da
população, principalmente no caso do mototaxi. A participação popular e a interferência de
grupos interessados na segurança podem auxiliar a processo nesse sentido.
6.25 Diretrizes complementares sobre acessibilidade e mobilidade
• Implantar medidas que reduzam os acidentes no trânsito, como regulamentação de
velocidade, fiscalização e intervenções físicas nos locais com maiores números de
acidentes;
• Implantar passarelas ao longo do anel rodoviário e intervenções que criem medidas
moderadoras de tráfego na área central;
• Promover campanhas educativas sobre segurança no trânsito;
• Discutir com os interessados as implicações de se restringir circulação de veículos
de carga em áreas com maiores conflitos, como os bairros Niterói e Porto Velho,
regulamentar tais restrições nos horários mais adequados;
• Desenvolver estudo para verificar efeitos no aumento do custo de estacionamento
para controlar fluxos de veículos em determinadas áreas, sobretudo no centro, mas
também fora dele;
• Promover discussão pública para regulamentação das atividades de mototaxista e
motofretista.
277
7 – SANEAMENTO
7.1 Drenagem urbana
7.1.1 Introdução
Os sistemas de drenagem são constituídos pelos sistemas de microdrenagem, responsáveis
pela coleta e condução do escoamento superficial provocado pelas precipitações nas áreas
impermeabilizadas e pelos sistemas de macrodrenagem compostos por cursos d’água,
destino final dos sistemas de microdrenagem.
Os sistemas de drenagem urbana têm como objetivo básico garantir o escoamento das
águas pluviais, impedindo o alagamento da cidade. À medida que existem cursos d’água
que atravessam ou limitam as áreas urbanizadas, é fundamental que os sistemas de
macrodrenagem e microdrenagem sejam integrados.
Os cursos d’água, componentes da macrodrenagem, são historicamente utilizados para o
despejo da drenagem pluvial. A última Pesquisa Nacional do Saneamento Básico (PNSB),
realizada pelo IBGE em 2008, aponta que, dos 5.256 municípios brasileiros que declararam
possuir manejo de águas pluviais, 74,4% informaram utilizar cursos d’água (rios)
permanentes como corpos receptores.
A urbanização tem forte impacto sobre a drenagem pluvial. O aumento da densidade de
ocupação por edificações e obras de infraestrutura viária resulta em maiores áreas
impermeáveis e, como consequência, no incremento das velocidades de escoamento
superficial e a redução de recarga do lençol freático.
De modo geral, quando as condições da bacia são alteradas pela ação do homem como
obras hidráulicas, urbanização, desmatamento, reflorestamento e uso agrícola, o padrão de
escoamento e a ocorrência de inundações sofrem alterações. A bacia, em condições naturais,
possui maior interceptação vegetal, maiores áreas permeáveis, menor escoamento na
278
superfície do solo e drenagem mais lenta. A bacia urbanizada, artificial, possui superfícies
impermeáveis, tais como telhados, ruas, pisos e estacionamentos, e produz aceleração no
escoamento. Os resultados da urbanização sobre o escoamento são: o aumento da máxima
vazão, do escoamento superficial e da velocidade de escoamento e a redução do tempo de
pico. A figura abaixo é um hidrograma de cheia que mostra a alteração do regime de
escoamento em uma bacia hidrográfica, em função da urbanização.
FIGURA 131 – Alteração do hidrograma em função da u rbanização
Fonte: Tucci (2009)
Nota-se, na figura acima, que, em condições de urbanização, a maior velocidade do
escoamento gera uma concentração da vazão em um pico mais acentuado que em condições
naturais (não-urbanizado). Esse fator explica a velocidade com que as inundações se
propagam em áreas urbanas.
No equacionamento e prevenção das enchentes urbanas, não se pode separar a questão
urbana da gestão da bacia. Neste contexto, Tucci (2008) afirma que o escoamento pluvial
pode produzir inundações e impactos nas áreas urbanas em razão de dois processos, que
ocorrem isoladamente ou combinados:
279
– inundações de áreas ribeirinhas: são inundações naturais que ocorrem no leito maior dos
rios por causa da variabilidade temporal e espacial da precipitação e do escoamento na
bacia hidrográfica;
– inundações em razão da urbanização: são as inundações que ocorrem na drenagem
urbana por causa do efeito da impermeabilização do solo, canalização do escoamento ou
obstruções ao escoamento.
As inundações de áreas ribeirinhas tornam-se um problema à medida que essas áreas de
inundação natural são ocupadas pelo homem com edificações, pontes, aterros, etc. Assim,
um evento natural passa a trazer prejuízos materiais e sociais à população. Da mesma forma,
a ocupação de fundos de vale e de áreas essenciais ao escoamento das águas pluviais, bem
como deficiências no sistema de microdrenagem, pode ocasionar os transtornos citados
anteriormente.
Dos 2.274 municípios brasileiros que declararam ter problemas com inundações e
alagamentos em sua área urbana nos últimos cinco anos, 60,7% informaram haver
ocupação urbana em áreas inundáveis naturalmente por cursos d’água e 48,1% informaram
a existência de áreas urbanas irregulares em baixios naturalmente inundáveis (IBGE, 2008).
A correta gestão das águas pluviais urbanas está intrinsecamente ligada ao uso correto do
solo, que deveria se pautar pelos planos diretores. No entanto, o que se constatam na
maioria das cidades são a proliferação de assentamentos informais, desobedientes aos
planos diretores; a alta densidade de ocupação no espaço; a ocupação de áreas de risco; e a
urbanização sem infraestrutura sustentável, resultando em impacto sobre a própria
população (SILVÉRIO, 2008).
O problema de drenagem urbana vem apresentando impactos tão significativos que o
Estado de Minas Gerais, por meio do COPAM, emitiu a Deliberação Normativa 95, de
12/4/2006, que dispõe sobre critérios para o licenciamento ambiental de intervenções em
cursos d’água, de sistemas de drenagem urbana no Estado. Esta deliberação apresenta as
seguintes considerações:
280
– A necessidade de estabelecer critérios para o licenciamento de intervenções em cursos
d’água;
– Os sistemas de drenagem apontam para a preservação dos cursos d’água, sua despoluição
e manutenção das várzeas de inundação; e
– O revestimento das calhas dos rios provoca o aumento da velocidade de escoamento, com
consequente transferência das inundações para jusante e eliminação de ecossistemas
aquáticos.
Em decorrência de tais fatos, impõe severas restrições ao uso de canalizações em cursos de
água urbanos.
O manejo da drenagem urbana deve constar no Plano Municipal de Saneamento previsto no
Art. 19 da Lei Federal 11.445/2007, que estabelece as diretrizes nacionais para o
saneamento básico.
7.1.2 Caracterização da drenagem urbana de Divinópolis
7.1.2.1 Microdrenagem
A microdrenagem é, enquanto parte da infraestrutura urbana, o aspecto menos trabalhado
em Divinópolis. O município não conta com instrumento regulador para manejo das águas
pluviais. Poucas são as informações disponíveis referentes ao serviço de drenagem urbana
existente, não havendo cadastro de rede.
O Setor de Saneamento é responsável pelos serviços de esgotamento sanitário e de
drenagem pluvial do município.
O Plano Municipal de Saneamento, finalizado em 2010, não traz informações consistentes
quanto à micro drenagem. A respeito da captação e condução das águas pluviais, o referido
documento traz a seguinte informação:
A captação das águas pluviais urbanas é realizada através de bocas de lobo e caixas com grelha em sarjetas e o lançamento é feito nos corpos d’água, fundos de vale, depressões naturais, grotas e áreas livres, públicas ou particulares.
281
A rede de macro drenagem da malha urbana é composta por 16 cursos d’água, 8 km de canalizações existentes e uma Avenida Sanitária nas proximidades da rodoviária.
Todos os trechos de drenagem implantados foram feitos de forma aleatória, em grande
parte das vezes, atendendo a uma demanda pontual de correção do sistema, esta prática foi
adotada por todas as administrações sem que nenhuma se preocupasse em mapear os
serviços realizados.
Sabe-se, também, que o sistema de drenagem adotado é separador, ou seja, a drenagem de
águas pluviais é separada da drenagem do esgoto, mas, devido à existência de ligações
clandestinas de esgoto à rede pluvial, cujo número e locação não são conhecidos, a
eficiência desse sistema fica comprometida.
Assim como em Divinópolis, segundo Souza (2010), no Brasil predomina o uso do sistema
separador absoluto. Entretanto, devido à falta de condições básicas de saneamento e à
carência de educação ambiental, é comum serem observadas ligações clandestinas de
esgotos (tanto doméstico quanto industrial), os quais danificam a condição e a manutenção
dos sistemas de drenagem.
Apesar de todas as vias possuírem drenagem superficial (sarjetas), é notável que há
diversos pontos da cidade que necessitam de dispositivos de captação e escoamento
subterrâneo. Esses pontos estão dispersos por toda a malha urbana, e não há um
levantamento específico destes endereços.
A ocupação desordenada do solo urbano, sobretudo em APPs e fundos de vale, somada à
impermeabilização do solo, criou diversos pontos críticos na rede de drenagem os quais
foram identificados e são relacionados na tabela abaixo.
282
TABELA 27 – Pontos de inundação decorrente da urban ização
Rua Bairro
Rua José da Paz com Bom Sucesso Antônio Fonseca
Rua Januário de Sousa Rocha Belvedere
Rua Lagoa da Prata com Abelardo Moreira Gomes Belvedere
Avenida JK com Nações Bom Pastor
Avenida JK próximo ao Hemominas (rua José
Gabriel) Bom Pastor
Travessia Asa Delta Campina Verde
Rua Mar e Terra com Marataízes e Guarapari Candelária
Rua Amazonas entre o Córrego e a Ferrovia Catalão
Avenida Antônio Olímpio de Morais com Sergipe Centro
Rua Paraíba com Getúlio Vargas Centro
Rua Ribeiro Pena entre Rua Comércio e Oeste de
Minas Centro
Rua Nicarágua Córrego que liga os bairros Dona Rosa e
Santa Rosa
Rua Maria da Paz próximo à ponte Danilo Passos
Rua Rafael Santos com Antônio Neto Danilo Passos
Rua Uberaba com Itamogi Espírito Santo
Avenida Monte Líbano com Santa Catarina Halim Souki
Rua Itaúna com Londrina Icaraí
Rua Ibituruna entre Goiás e Minas Gerais Ipiranga
Rua Damasco com Urucuia Itaí
Rua Dom Pedro II entre Mato Grosso e Maranhão Jardim Nova América
Rua Paraná com Dom Pedro I Jardim Nova América
Rua Sílvio Carvalho com Maria Zulmira José Thomas
Rua 11 de Novembro com Rio de Janeiro L. P. Pereira
Rua Goiás com Itumbiara L. P. Pereira
Rua Petrópolis com Teresópolis Liberdade
Travessia no córrego na Rua Dinamarca Ligando os bairros Paraíso e Jusa
Fonseca
Avenida Santa Lúcia esquina com São Joaquim Maria Helena
Rua Vinícius de Moraes com Muriaé Morada Nova
Rua Edmundo de Oliveira com Rua Itinga Nossa Senhora da Conceição
283
Rua Frei Respício com Monte Alverne Nova Fortaleza
Avenida JK com Elisa Amaral Padre Libério
Rua Epitácio Pessoa com Joaquim Nabuco Porto Velho
Rua Estados Unidos com João Severino Sagrada Família
Avenida Bom Sucesso com Brasil e entre
Nicarágua e Havana Sagrada Família
Rua Antonieta Fonseca com Acylino Diniz Moreira Santos Dumont
Rua Paraíba entre Mato Grosso e Maranhão Sidil
Rua Sergipe com Francisco Martins Sion
Alameda Rio Caiapó com Mauro Costa Tietê
Rua Rio de Janeiro com MG-050 Tietê
Rua Bom Despacho com Boston Vale do Sol
Rua São Pedro Vila Romana
Em suma, as causas dessas inundações são diversas e cumulativas, mas a essência sempre
reside na ocupação irregular do solo.
Foram identificados 41 pontos, no perímetro urbano de Divinópolis, onde são recorrentes
problemas com a drenagem pluvial que culminam em inundações. Estes pontos estão
locados na figura abaixo.
284
FIGURA 132 – Locação dos pontos críticos da drenage m pluvial
Essas inundações causam sérios prejuízos materiais à população e ao comércio local, além
de representarem risco de vida. Existem inúmeros processos indenizatórios correntes contra
a Prefeitura em virtude dessas inundações. Vários são os exemplos de perdas e danos
devido às inundações da microdrenagem, entre eles imóveis que ficam inutilizáveis, como
285
uma casa situada na rua Paraíba com a rua Mato Grosso sem condições de habitação e
aguardando decisão judicial, carros que são danificados pelas inundações, comércios
invadidos pela água, etc.
Outra problemática verificada pela Defesa Civil nos períodos chuvosos são inundações
provocadas por bueiros e canalizações obstruídas por lixo.
Existem relatos de galerias que tiveram o escoamento interrompido pela carcaça de
eletrodoméstico, como geladeira e máquina de lavar. Esses exemplos são de o extremo de
uma situação bastante corriqueira em regiões urbanas, o lixo danificando sistema de
infraestrutura. Essa componente envolve educação ambiental e cidadania, mas, também,
remete à análise da eficácia da coleta e disposição de resíduos sólidos no município.
Além dos fatores físicos inerentes a urbanização, a disposição das edificações e a
distribuição de ruas e quadras representam um problema de drenagem. Não há uma regra
para o traçado dos loteamentos que tenha como critério o escoamento preferencial da
drenagem, e surgem, assim, situações graves, com quadras edificadas em pontos baixos por
onde a água tende a escoar naturalmente, quando o correto seria que nesses pontos
houvesse ruas ou outros componentes urbanos que não impedissem o escoamento da água.
Um exemplo antigo desse tipo de ocupação é a região da rua Maranhão com a rua Mato
Grosso, que se estende desde a rua Minas Gerais até a avenida Divino Espírito Santo. Ali,
as quadras estão implantadas no talvegue, sobre a canalização de um curso d’água. A região
recebe a drenagem de boa parte do Centro da cidade. A canalização, obviamente
subdimensionada, não promove o escoamento adequado deste fluxo. Ocorrem, ali,
inundações frequentes e problemas relacionados a vazamentos subterrâneos da canalização,
ocasionando saturação do solo e, conseqüentemente, diversos problemas relacionados,
como recalque de fundações e colapso do solo, etc.
Existem alguns projetos de adequação da rede de drenagem para alguns desses pontos, mas
não há previsão orçamentária para sua execução. Em outros pontos, a situação que se
286
observa é a inviabilidade técnica de qualquer solução estrutural. A única solução definitiva
para essas áreas seria a desapropriação.
7.1.3 Outros impactos relacionados à drenagem pluvial
As grandes vazões escoadas superficialmente, em grande velocidade, podem provocar o
deslocamento do revestimento das vias e, em vias de revestimento primário, gera o
deslocamento de solo e promove o processo erosivo. Do processo erosivo, surge o
assoreamento, que é a deposição do solo carreado em cursos hídricos e fundos de vale.
Outro aspecto do deslocamento de solo pela drenagem pluvial são os danos à própria rede.
Esses efeitos ocorrem de montante para jusante. Deficiências ou ausência de drenagem em
regiões de cabeceira da rede podem transferir danos para regiões mais baixas quando, por
exemplo, há carreamento de solo e este se deposita nos bueiros e bocas de lobo,
ocasionando seu entupimento.
A erosão e o assoreamento podem se apresentar, também, nos pontos de descarga na
macrodrenagem. Dependendo da forma como a água é descarregada no curso d’água, pode
desencadear um processo erosivo e/ou de assoreamento no ponto de despejo.
O impacto ambiental da drenagem urbana nos corpos receptores configura-se, na maioria
dos casos, como uma contribuição difusa, em vista de os lançamentos ocorrerem em
diversos pontos da rede hidrográfica natural. Neste sentido, o adequado acompanhamento
da operação do sistema de drenagem pluvial, assim como a manutenção de cadastros de
redes, é necessidade fundamental para que se possa avaliar, de forma mais acurada, os
impactos desses lançamentos em mananciais de áreas urbanas.
7.1.3.1 Macrodrenagem
O município de Divinópolis apresenta uma grande rede de macrodrenagem, sendo que em
todas as regiões verifica-se a existência de cursos d’água. Os principais recursos hídricos da
287
cidade são o rio Itapecerica, responsável pela maior parte do abastecimento da cidade e que
escoa da região Sudoeste para o Noroeste; e o rio Pará, na porção Leste, divisa com os
municípios de Carmo do Cajuru e São Gonçalo do Pará.
Ambas as margens do rio Itapecerica encontram-se amplamente ocupadas na extensão que
corta a área urbana de Divinópolis e, como consequência natural dessa ocupação, as cheias
do Itapecerica atingem residências, pontos comerciais, vias de tráfego e pontes, etc.
As partes da cidade comumente afetadas pelas inundações ribeirinhas do Itapecerica estão
listadas na tabela abaixo.
TABELA 28 – Regiões afetadas pelas inundações do It apecerica
Margem Direita
Bairro Região
Danilo Passos Nordeste
Dr. José Thomaz Nordeste
Espírito Santo Nordeste
Niterói Nordeste
Porto Velho Sudeste
Antônio Fonseca Sudeste
Estância do
Gafanhoto Nordeste
Margem esquerda
Belvedere Sudoeste
São Miguel Sudoeste
Dom Pedro II Central
Esplanada Central
Vila Cruzeiro Central
Santa Clara Noroeste
Padre Libério Noroeste
Bom Pastor Noroeste
Oliveiras Noroeste
Jardim Candelária Noroeste
Fonte: Defesa Civil
288
A tabela ilustra o alcance da inundação do Itapecerica em suas margens dentro da área
urbana de Divinópolis.
FIGURA 133 – Mancha de inundação do rio Itapecerica dentro da área urbana
Vale ressaltar, aqui, que, dentro dessas regiões, g eralmente atingidas, estão equipamentos
importantes como a Estação de Tratamento de Água da Copasa, no bairro Belvedere, que é
289
responsável pela maior parte do abastecimento de ág ua de Divinópolis. Nos últimos anos
tem-se observado maior frequência das inundações do Itapecerica que levam à paralisação
do funcionamento da ETA por vários dias. Em decorrê ncia disso, algumas regiões da cidade
atendidas pela ETA do Itapecerica passaram mais de uma semana sem abastecimento de
água. A figura 134 abaixo mostra a localização da E TA na margem esquerda do rio
Itapecerica.
FIGURA 134 – Localização da ETA Itapecerica às marg ens do rio
FIGURA 135 – Inundação da ETA do Itapecerica em 200 8
Fonte: Corpo de Bombeiros
ETA
290
Além das inundações do Itapecerica, o extravasamento de alguns cursos d’água na malha
urbana geram transtornos. É exemplo a inundação do Flecha/Catalão nas imediações da
Vila João Cota, próximo à FITEDI. Nessa região, o córrego é canalizado, após já ter
recebido boa parte de sua bacia de contribuição. É provável que esta canalização represente
um estrangulamento da seção de escoamento formando uma zona de turbulência a montante.
Esse fenômeno, por si só, dificulta o escoamento da água. Aliado a esta condição, o
Flecha/Catalão ainda recebe o refluxo das águas do rio Itapecerica quando há cheia à sua
confluência.
7.1.4 Considerações finais
Uma das principais fontes de vulnerabilidade urbana, a questão da drenagem tem
preocupado especialistas devido à sua gestão inadequada, o que traz, como consequências,
o comprometimento das fontes de abastecimento pela contaminação dos mananciais
superficiais e subterrâneos; a erosão e produção de sólidos; e as inundações urbanas e ciclos
de contaminação.
Segundo Tucci (2008), o planejamento e o desenvolvimento das áreas urbanas são
realizados sem incorporar aspectos relacionados com os diferentes componentes da
infraestrutura de água.
A definição de uma política de desenvolvimento urbano enquadra-se como medida não
estrutural para amenizar a problemática observada. Contudo, as medidas não estruturais não
resolvem a totalidade de problemas. Resta, ainda, a adoção de medidas estruturais que
ofereçam soluções mais imediatas.
As medidas estruturais envolvem a execução de obras para as adaptações dos sistemas de
drenagem existentes às condições atuais das sub-bacias e expansão da rede de drenagem; as
medidas não estruturais envolvem o desenvolvimento de normas e parâmetros de controle
291
do impacto da urbanização das bacias através do controle do uso e impermeabilização do
solo.
O emprego de medidas estruturais deve estar associado ao emprego de medidas não
estruturais, de forma a evitar a transferência dos problemas de enchentes para as regiões à
jusante.
Atualmente, o sistema de drenagem urbana aponta para a preservação dos cursos d’água,
sua despoluição e a manutenção das várzeas de inundação, de forma que não sejam
necessárias obras estruturantes, reduzindo-se custos de implantação e problemas que
provocam, tirando proveito de seu potencial urbanístico como áreas verdes e parques
lineares.
Assim, podem ser apontados alguns caminhos para a adequação do sistema de drenagem e,
principalmente, medidas de prevenção contra o surgimento de novos pontos críticos e
ocupações irregulares:
– Estabelecer normas e parâmetros de drenagem para mitigação dos efeitos do
parcelamento, uso e ocupação de áreas em estágio de pré-desenvolvimento e/ou em estágio
inicial de desenvolvimento, de forma a evitar o surgimento de novos pontos críticos de
inundação e enchentes. Podem ser adotados, aqui, a recuperação da infiltração natural da
bacia, visando à redução dos impactos ambientais; e a ocupação de áreas ribeirinhas apenas
a partir de um zoneamento que contemple as condições de enchentes, etc.
Cabe, aqui, ressaltar que na legislação vigente em Divinópolis não há um instrumento
regulamentador do índice de impermeabilização. Os índices urbanísticos existentes
referem-se ao percentual de ocupação de terrenos no que se refere à área edificada, mas não
impedem que toda a totalidade do terreno seja impermeabilizada.
– Estabelecer mecanismos de compensação à manutenção de matas ciliares e áreas de
preservação ambiental de interesse à drenagem urbana e ao controle de inundações, como,
por exemplo, incentivos fiscais à ampliação de áreas permeáveis; aplicação de cobrança
292
pela superfície impermeabilizada; e desenvolvimento de estudos relativos à compra de
áreas inundáveis.
Para a implementação destes padrões, que buscam uma visão de desenvolvimento
sustentável no ambiente urbano, é necessário um Plano Diretor de Drenagem Urbana. Neste
plano, devem ser tratados assuntos como a caracterização do desenvolvimento de um local,
planejamento da drenagem urbana em etapas, vazões e volumes máximos para várias
probabilidades de ocorrência, verificação da possibilidade de utilização de reservatório para
amortecimento de cheias (critérios de dimensionamento, tamanhos, localização, condições
de escoamento), medidas para melhorar a qualidade da água e regulamentações pertinentes.
Todos estes itens devem ser desenvolvidos em consonância com objetivos secundários
como recreação pública, limpeza, proteção pública e recarga subterrânea (FEAM, 2006).
A consolidação de um cadastro do sistema de drenagem é uma medida tão importante
quanto aquelas acima citadas. De posse desse cadastro, torna-se mais fácil realizar estudos
e elaborar estratégias de ação para a implementação das demais medidas convenientes,
sejam elas preventivas ou de correção.
7.2 Esgotamento sanitário
A Copasa é o órgão responsável pelo sistema de esgotamento sanitário da cidade. A
companhia assinou o contrato de gerenciamento do sistema de esgotamento sanitário do
município em junho de 2011 e assumiu definitivamente o sistema em janeiro de 2012.
Anteriormente a esta data o sistema era gerenciado pelo Setor de Saneamento da Prefeitura
de Divinópolis.
7.2.1 Situação do sistema atual
Segundo a Copasa, a rede coletora existente atende a 88% da população, servindo a uma
população de 182.700 usuários. Este índice de atendimento ainda não é satisfatório,
devendo haver mais ligações à rede coletora a fim de aumentar sua abrangência.
293
O principal corpo receptor local é o rio Itapecerica, onde são lançados, diariamente, mais de
43 mil m³ de esgoto.
7.2.2 Redes coletoras
Uma rede coletora de esgotamento sanitário é a tubulação que se localiza ao longo da rua;
ela serve de ligação entre as residências e os interceptores. A rede coletora de Divinópolis
tem cerca de 900 km de extensão e coleta em média 1,5 milhão de metros cúbicos de esgoto
sanitário por ano, que são lançados “in natura” nos cursos d’água que formam as bacias dos
rios Itapecerica e Pará, criando sérios problemas ambientais.
Um agravante é que parte deste esgoto é lançada a montante da estação de captação de água
da Copasa no rio Itapecerica.
Cumpre ressaltar que a rede coletora existente apresenta trechos com mais de 40 anos de
uso, que por serem antigos e subdimensionados, requerem intervenções e manutenções
constantes.
São necessários o redimensionamento e substituição da rede instalada no Centro e nos
bairros mais antigos da cidade. Ainda não existe cronograma para execução dos serviços.
Em vários pontos da cidade há a interferência da rede de drenagem pluvial na rede coletora
de esgoto, o que aumenta o número de refluxos de esgoto em momentos de chuva, pois a
tubulação de esgoto não comporta o acréscimo de água de chuva e retorna em pontos
baixos, que, na maioria das vezes, estão dentro de residências. Ainda não existe
cronograma para manutenção dos serviços.
7.2.3 Redes interceptoras
Rede interceptora de esgoto é o nome dado à canalização localizada nas margens dos
córregos e rios, seguindo até o ponto mais baixo de cada bacia hidrográfica, destinada a
294
impedir que a demanda de esgoto de determinada região seja lançada diretamente nos
cursos de águas naturais.
A cidade possui apenas alguns trechos de interceptores, totalizando cerca de 5 km. A
maioria foi implantada através do Projeto SOMMA, do Governo Estadual, beneficiando 11
bairros. Algumas obras desses interceptores não foram completamente finalizadas e outros
trechos já se encontram obsoletos por insuficiência de capacidade.
A maior parte dos interceptores ainda está em fase de projeto. São mais de 110 km de
extensão de redes interceptoras, a serem executadas dentro de áreas de preservação
permanente e áreas de desapropriação.
7.2.4 Estações elevatórias
Estações Elevatórias de Esgoto são instalações dimensionadas estrategicamente para
receber a demanda de esgoto de determinada bacia ou região e, por meio de bombeamento,
transportá-lo até um ponto mais alto da bacia hidrográfica, de modo que, a partir daquele
ponto, o volume de esgoto siga por gravidade até o interceptor. E assim sucessivamente até
a Estação de Tratamento de Esgoto.
O município de Divinópolis possui estações elevatórias de esgoto sanitário implantadas nos
bairros Realengo, Santa Lúcia, Cidade Jardim, Conjunto Habitacional Nilda Barros e a do
bairro Quinta das Palmeiras. Nenhuma delas possui condições adequadas de funcionamento.
Após a execução de todos os serviços de reforma, construção e adequação das estações
elevatórias de esgoto, deverão ser realizadas programações de manutenção periódica, com
equipes preparadas para tal e para realizar a instalação de um sistema de monitoramento
eletrônico para evitar furtos e problemas de manutenção.
295
7.2.5 Estações de tratamento
As Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) são instalações destinadas à captação e a
adequação dos efluentes líquidos, antes de serem enviados a algum curso d’água que corta
o município. O sistema de esgotamento sanitário de Divinópolis conta com oito pequenas
estações de tratamento. Elas estão localizadas em:
– Santo Antonio dos Campos
– Conjunto Habitacional Lagoa dos Mandarins
– Bairro Santa Tereza
– Comunidade rural de Buritis
– Bairro Nova Fortaleza
– Bairro Jardinópolis
– Bairro Candidés/Floramar
– Bairro Primavera
Todas elas apresentam problemas em suas instalações, necessitando de levantamento para
identificação da reestruturação necessária.
7.2.6 Fossas comunitárias
Fossas comunitárias são instalações destinadas à captação do volume de esgoto de
determinada região, até que seja necessária sua limpeza, removendo todo o efluente
armazenado e conduzindo-o até o aterro controlado do município. As principais fossas
comunitárias de Divinópolis estão localizadas nos bairros:
– Santos Dumont
– Jardim das Acácias
– Padre Herculano
– Prolongamento Walchir Resende
– Terra Azul
296
7.2.7 Fossas individuais
Fossas individuais são instalações destinadas ao armazenamento do volume de esgoto
produzido em residências particulares, onde ainda não existe rede coletora por razões de
ordem técnica, como, por exemplo, topografia da região, falta de lançamento adequado e
necessidade de instalação de estação elevatória.
Atualmente, Divinópolis possui, aproximadamente, 8.200 fossas espalhadas em diversos
bairros, e os serviços de limpeza de fossas são realizados por empresas terceirizadas,
através de contratos de prestação de serviços.
O destino final dos resíduos é o aterro controlado.
297
FIGURA 136 – Esgoto – Atendimento pelo sistema de e sgotamento sanitário
7.2.8 Novo sistema de esgotamento A empresa SANAG Engenharia de Saneamento, em 2010, elaborou um Estudo de
Concepção do Sistema de Esgotamento Sanitário de Divinópolis. Nele, são previstas as
intervenções necessárias nas redes coletoras, às necessidades de interceptores, estações
elevatórias, e de tratamento de esgotos para as bacias dos rios Pará e Itapecerica. Este
estudo foi aprovado pela Câmara Municipal e é o ponto de referência da Copasa para
elaboração dos projetos executivos.
298
O Sistema de Esgotamento Sanitário Proposto é composto por dois subsistemas
independentes: Subsistema Itapecerica e o Subsistema Pará, que visam a atender à demanda
do núcleo urbano da cidade de Divinópolis.
7.2.8.1 Subsistema Pará
O Subsistema Pará, de menor porte, é composto por três Estações Elevatórias de Esgoto
(EEE) e uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), denominada ETE Pará, a ser
implantada na região do Distrito Industrial, próximo às instalações da Copasa (ETA do Rio
Pará). Este sistema está a salvo de inundações e responde pelo atendimento à demanda de
aproximadamente 7% do núcleo urbano da cidade de Divinópolis.
7.2.8.2 Subsistema Itapecerica
O Subsistema Itapecerica, responsável pelo atendimento à demanda de cerca de 93% do
Sistema de Esgotamento Sanitário Proposto, apresenta uma concepção mais complexa. De
uma forma macro, a concepção elaborada prevê a reversão dos efluentes da margem direita
para esquerda em cinco pontos, os quais correspondem, em sua maioria, aos trechos de
travessia sobre o rio Itapecerica, ou seja, nas pontes existentes.
Ainda no Subsistema Itapecerica, perante a possibilidade de inundação de áreas urbanas,
previu-se a subdivisão do sistema de esgotamento sanitário em duas categorias
independentes: sistema inundável e sistema convencional.
Os sistemas inundáveis, responsáveis pelo atendimento a 5,9% do Subsistema Itapecerica,
têm como objetivo atender a região urbanizada sujeita à inundação, bem como as demais
regiões interligadas a estas áreas. Os sistemas inundáveis são independentes e estão
interligados aos sistemas convencionais, que se encontram a salvo da inundação, por meio
das EEE. Na concepção proposta, nos períodos de cheia, apenas os sistemas inundáveis são
interrompidos, permitindo que o conjunto formado pelos sistemas convencionais continue
em operação.
299
Os sistemas convencionais atendem a 94,1% da demanda do Subsistema Itapecerica. Para
tanto, foram previstas, ao todo, 43 estações elevatórias de esgoto para atendimento a todo o
Subsistema Itapecerica, exclusive a Estação Elevatória pertencente à ETE.
Duas Estações de Tratamento de Esgoto completam o Subsistema Itapecerica. A primeira,
denominada ETE Jardim Real, visa a atender ao bairro de mesmo nome, que se encontra
relativamente afastado das demais unidades do subsistema.
A segunda, denominada ETE Itapecerica, atende à demanda de praticamente 99% do
Subsistema Itapecerica. Para implantação desta ETE, selecionou-se uma área na margem
esquerda do rio Pará, na zona rural, 80 metros à jusante da confluência do rio Itapecerica
com o rio Pará.
Em ambos os subsistemas, abrangendo uma extensão total de 66 km, estão previstos a
implantação de interceptores principais, ao longo dos cursos d’água que dão nome aos
respectivos subsistemas, e interceptores secundários que visam a interceptar os efluentes ao
longo dos afluentes que compõem as sub-bacias dos referidos subsistemas e coletoras-
tronco que, na maior parte dos casos, visam a separar os sistemas inundáveis dos
convencionais.
Os lodos gerados nas unidades de tratamento de esgotos deverão ser submetidos a um
processo de desidratação seguido por destinação final.
300
FIGURA 137 – Equipamentos de esgoto
7.2.9 Sistemas de abastecimento de água
Em Divinópolis o abastecimento de água está sob a responsabilidade da Copasa, que detém
a concessão desde 1973 até o ano de 2033. O sistema de abastecimento de água da Copasa
utiliza água dos rios Pará e Itapecerica, denominados, respectivamente, de Sistema Pará e
Sistema Itapecerica. Ambos possuem unidades de captação, adução de água bruta,
301
tratamento de água (ETA), adução de água tratada e um sistema distribuidor comum,
composto de reservação e distribuição.
O percentual da população com abastecimento de água potável é de 99%. A Copasa não
opera o abastecimento de água na zona rural.
O índice de atendimento com serviços de água tem impacto direto na saúde e qualidade de
vida da população e nas condições para a implantação de atividades não-residenciais.
Considerando que é impossível alguém viver sem água, o atendimento nas áreas urbanas
deve ser sempre em 100% das habitações ligadas à rede pública. A parcela não atendida
com ligação é, em geral, constituída da população mais pobre, que vive em áreas periféricas
ou favelas não alcançadas pelas redes públicas de abastecimento.
Esta população vai se servir de abastecimentos não convencionais do próprio sistema
público (como chafarizes) ou, então, de fontes alternativas (cisternas, minas, etc.). Em
ambas as situações, ocorrem restrições nos volumes utilizados, sendo que, no caso de fontes
alternativas em áreas urbanas, os riscos de contaminação são elevados, com grave
comprometimento para a saúde pública.
7.2.10 Perdas no sistema
As perdas no sistema de abastecimento de Divinópolis situam-se em torno de 25 a 30%. As
associações de concessionárias consideram aceitável o índice entre 15 e 20%. Índices de
perdas elevadas são consequência de uma infraestrutura física de má qualidade e de uma
deficiente gestão dos sistemas.
Os investimentos em curso no PAC representam uma oportunidade de melhoria
significativa, devendo não apenas ampliar os sistemas, mas, sobretudo, imprimir qualidade
operacional e institucional a eles.
302
Um aspecto que começa a ser discutido no âmbito dos Planos Diretores de Recursos
Hídricos é a cobrança pela água retirada do manancial. A concessionária, como grande
usuário, passaria a pagar pela água que capta, tornando ainda mais onerosas as perdas.
O CBH Pará já possui o Plano Diretor de Recursos Hídricos. O instrumento de cobrança,
uma das últimas fases da instituição do Plano, já vem sendo discutido pelo Comitê.
7.2.11 Qualidade da água
A Copasa possui um rígido controle operacional e vem investindo continuamente na
modernização desse controle. Desta forma, á água distribuída na rede geral atende ao
Padrão de Potabilidade do Ministério da Saúde – Portaria 518/2004.
7.2.12 Resíduos das estações de tratamento de água
Os sistemas completos de tratamento de água para o abastecimento público geram rejeitos
que são dispostos diretamente em cursos d’água receptores. São evidentes os danos
ambientais decorrentes da inadequada disposição destes rejeitos, mas ainda não estão
consolidadas as técnicas relativas ao seu aproveitamento ou descarte.
No sistema de abastecimento do município de Divinópolis, como na grande maioria dos
sistemas brasileiros, não é feito o tratamento destes resíduos.
A implantação da cobrança pelo uso na bacia hidrográfica do rio Pará também se aplica ao
lançamento de efluentes na bacia. A cobrança imposta aos lançamentos de efluentes aplica-
se com base no princípio do poluidor-pagador. Assim, quanto maiores o volume de efluente
e a concentração de poluentes, maiores as suas despesas.
303
7.2.13 Sistema do rio Itapecerica
O Sistema do Rio Itapecerica é responsável por 84,6% da produção de água tratada do
município de Divinópolis. Situa-se em área inundável, sendo que, na última década,
verificou-se aumento na frequência das inundações do sistema, com registro de cinco
ocorrências.
Nessas ocasiões, é frequente a completa inundação da ETA Leri Moreira dos Santos,
causando paralisação do sistema de abastecimento de água por vários dias. Há necessidade
de execução de obras para contenção dessas inundações na área das unidades do sistema
Itapecerica. Devem ser implantadas, também, as melhorias projetadas para o sistema, de
modo que ele possa operar em sua capacidade máxima.
Outro ponto importante são os lançamentos de esgoto proveniente das regiões ocupadas a
montante da ETA, que podem contaminar o manancial, dificultando o tratamento da água
para consumo humano.
7.2.14 Sistema do rio Pará
O Sistema do Rio Pará é responsável por 15,2% da produção de água tratada de Divinópolis.
Este sistema deverá, em breve, ser ampliado, visando a suprir as necessidades futuras de
água do município, tendo em vista a proximidade do limite de captação do rio Itapecerica.
Outro fator que merece especial cuidado é a localização desta captação, uma vez que se
situa a poucos quilômetros a montante do lixão municipal.
7.2.15 Sistema distribuidor de Divinópolis
É responsável pela distribuição das águas dos sistemas Itapecerica e Pará. Constitui-se de
reservatórios, da rede de distribuição e das ligações prediais.
304
Divinópolis possui 22 reservatórios de água tratada. O sistema apresenta deficiências
localizadas, necessitando de ampliação para melhoria das condições operacionais, tais
como a implantação de reservatório para atendimento da região dos bairros Santo Antônio,
Jardim das Acácias e Eldorado, São João de Deus e São Simão.
Ressalta-se, ainda, a necessidade de ampliação da capacidade de reservação do sistema de
Santo Antônio dos Campos (Ermida), com a implantação de reservatórios elevados.
A rede de distribuição tem extensão total superior a 910 km. Apresenta trechos
subdimensionados e altas pressões nas partes baixas, dificuldades de abastecimento nas
partes altas e perdas elevadas. Ela necessita ser otimizada, com implantação de redes
alimentadoras para reforço e distribuição equilibrada da água nos vários setores da cidade.
7.2.16 Regionalização do atendimento
Como visto, existem dois sistemas de abastecimento no município, o Itapecerica e o Pará.
Com base no cadastro da Copasa, é possível definir as regiões atendidas por cada sistema e
as regiões que não possuem ligação com a rede geral, dentro do perímetro urbano.
305
FIGURA 138 – Regionalização do abastecimento de águ a
O fato de o limite de capacidade de abastecimento do sistema Itapecerica estar próximo de
ser atingido cria uma condicionante para o crescimento da ocupação nas regiões por ele
atendidas.
Não será possível expandir a ocupação nessas regiões sem que seja feita uma adequação do
sistema de abastecimento como, por exemplo, a transposição de águas do sistema Pará para
306
os reservatórios do Itapecerica. Vale ressaltar que, caso não haja uma solução técnica, não
poderão ser aprovadas novas ocupações nessas regiões.
Verifica-se, em todas as regiões, parcelas classificadas como “Sem abastecimento”. Esses
trechos correspondem, em sua maioria, a loteamentos ainda não ocupados, onde a rede
ainda não foi implantada, além de alguns vazios urbanos. As áreas ocupadas incluídas nessa
classificação são os bairros São Bento, São Mateus e a comunidade do Ferrador na região
Sudeste; e a comunidade Inhame, na região Sudoeste Distante.
De modo geral, as comunidades rurais não contam com abastecimento pela Copasa. No
caso do Ferrador, há um sistema secundário de abastecimento, constituído por poço
profundo. No caso dos bairros São Bento e São Mateus, não há um sistema semelhante e
nem previsão de sua implantação. A população é atendida por caminhão-pipa, serviço
prestado pela Prefeitura, mas há relatos de que o abastecimento não é regular.
A Prefeitura também abastece 28 outros imóveis, urbanos e rurais, através de caminhões-
pipa.
As áreas que a Copasa considera atingidas por intermitência no abastecimento estão locadas
na figura abaixo. Entende-se por áreas com intermitência, aquelas que têm o abastecimento
interrompido eventualmente por subdimensionamento da rede, subdimensionamento do
reservatório e deficiências gerais na rede.
Em grande parte dos casos, o abastecimento é interrompido devido à hiperutilização do
sistema. Nos horários de pico, toda a rede de distribuição fica sobrecarregada e perde a
capacidade de transportar água para regiões mais altas ou mais distantes.
307
FIGURA 139 – Áreas de Intermitência no Abasteciment o de água
A Copasa reconhece falhas no abastecimento na região Sudeste, nos bairros Davanuze,
Santa Lúcia, Padre Eustáquio e Vila das Roseiras; na região Sudoeste Distante, nos bairros
Jardim das Acácias, Padre Herculano e Geraldo Pereira; na região Noroeste, nos bairros
Santa Marta, Jardim das Oliveiras, Serra Verde e Nova Fortaleza; e na região Noroeste
Distante, em Santo Antônio dos Campos.
308
Além dessas localidades, verificou-se, em visitas de campo e na leitura comunitária,
deficiência de abastecimento em pontos localizados nos bairros Santo André, São Paulo e
Jardinópolis.
7.2.17 Sistemas secundários
São operados pela Prefeitura de Divinópolis, visando a complementar o abastecimento da
Copasa, nas regiões onde este não chega:
– Sistema do Ferrador (Chácaras Belo Horizonte)
– Sistema Chácaras Sambeca (Lago das Roseiras)
Esses sistemas não são dotados de dispositivos para controle de perdas, da qualidade de
suas águas e de seus custos. É necessário elaborar um estudo de adequação de suas
instalações visando a dotá-los de dispositivos para realização desses controles. Ao final,
deve-se estabelecer uma política tarifária visando a sua auto-suficiência, de forma a não
onerar parte da população que já paga pela água da Copasa.
No Plano Municipal de Saneamento, não consta nada a respeito do sistema de
abastecimento na comunidade do Choro. Entretanto, no encontro com a população, foi
informado que a comunidade é abastecida por um poço profundo cuja capacidade já não é
mais suficiente para a população. O número de residências abastecidas aumentou
consideravelmente desde a perfuração deste poço. Assim, a vazão retirada atualmente não
atende a toda a comunidade.
7.3 Limpeza urbana
7.3.1 Introdução
Um sistema de limpeza urbana deve contemplar os seguintes serviços:
309
– Coleta, transporte, disposição final e, quando for o caso, tratamento dos resíduos sólidos
urbanos e dos resíduos dos serviços de saúde;
– Gestão dos resíduos da construção civil;
– Capina, varrição e limpeza de logradouros públicos;
– Limpeza de bueiros e demais obras de infra-estrutura.
O sistema de limpeza urbana de qualquer cidade deve ser institucionalizado segundo um
modelo de gestão que, tanto quanto possível, seja capaz de:
• promover a sustentabilidade econômica das operações;
• preservar o meio ambiente;
• preservar a qualidade de vida da população;
• contribuir para a solução dos aspectos sociais envolvidos com a questão.
Em todos os segmentos operacionais do sistema deverão ser escolhidas alternativas que
atendam simultaneamente a duas condições fundamentais:
• sejam as mais econômicas;
• sejam tecnicamente corretas para o ambiente e para a saúde da população.
O modelo de gestão deverá não somente permitir, mas sobretudo facilitar a participação da
população na questão da limpeza urbana da cidade, para que esta se conscientize das várias
atividades que compõem o sistema e dos custos requeridos para sua realização, bem como
se conscientize de seu papel como agente consumidor e, por conseqüência, gerador de lixo.
A conseqüência direta dessa participação traduz-se na redução da geração de lixo, na
manutenção dos logradouros limpos, no acondicionamento e disposição para a coleta
adequados, e, como resultado final, em operações dos serviços menos onerosas.
É importante que a população saiba que é ela quem remunera o sistema, através do
pagamento de impostos, taxas ou tarifas. Em última análise, está na própria população a
310
chave para a sustentação do sistema, implicando por parte do Município a montagem de
uma gestão integrada que inclua, necessariamente, um programa de sensibilização dos
cidadãos e que tenha uma nítida predisposição política voltada para a defesa das prioridades
inerentes ao sistema de limpeza urbana.
Essas defesas deverão estar presentes na definição da política fiscal do Município, técnica e
socialmente justa, e, conseqüentemente, nas dotações orçamentárias necessárias à
sustentação econômica do sistema, na educação ambiental e no desenvolvimento de
programas geradores de emprego e renda.
A base para a ação política está na satisfação da população com os serviços de limpeza
urbana, cuja qualidade se manifesta na universalidade, regularidade e pontualidade dos
serviços de coleta e limpeza de logradouros, dentro de um padrão de produtividade que
denota preocupação com custos e eficiência operacional.
A ação política situa-se no envolvimento das lideranças sociais da cidade, de empresas
particulares e de instituições estaduais e federais atuantes no Município com
responsabilidades ambientais importantes.
A instrumentação política concretiza-se na aprovação do regulamento de limpeza urbana da
cidade que legitima o modelo de gestão adotado e as posturas de comportamento social
obrigatórias, assim como as definições de infrações e multas. O regulamento deverá
espelhar com nitidez os objetivos do poder público na conscientização da população para a
questão da limpeza urbana e ambiental.
O que se verifica no município de Divinópolis é uma quase completa dissociação entre a
população e os prestadores de serviços de limpeza urbana, sendo que a primeira não se
sente parte integrante do processo, delegando aos segundos toda a responsabilidade por ele.
311
7.3.2 Formas de administração
A Constituição Federal, em seu art. 30, inciso V, dispõe sobre a competência dos
municípios em “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
os serviços públicos de interesse local, incluído o sistema de limpeza urbana, que tem
caráter essencial”.
O que define e caracteriza o "interesse local" é a predominância do interesse do Município
sobre os interesses do Estado ou da União. No que tange aos municípios, portanto,
encontram-se sob a competência dos mesmos os serviços públicos essenciais, de interesse
predominantemente local e, entre esses, os serviços de limpeza urbana.
O sistema de limpeza urbana da cidade pode ser administrado das seguintes formas:
• diretamente pelo Município;
• através de uma empresa pública específica;
• através de uma empresa de economia mista criada para desempenhar especificamente essa
função.
No município de Divinópolis existem as três modalidades de prestação de serviços.
Independentemente disso, os serviços podem ser ainda objeto de concessão ou terceirizados
junto à iniciativa privada. As concessões e terceirizações podem ser globais ou parciais,
envolvendo um ou mais segmentos das operações de limpeza urbana.
Existe ainda a possibilidade de consórcio com outros municípios, especialmente nas
soluções para a destinação final dos resíduos. O consórcio caracteriza-se como um acordo
entre municípios com o objetivo de alcançar metas comuns previamente estabelecidas. Para
tanto, recursos – sejam humanos ou financeiros – dos municípios integrantes são reunidos
sob a forma de um consórcio a fim de viabilizar a implantação de ação, programa ou
projeto desejado.
312
Esta alternativa, apesar de, teoricamente, se mostrar a mais sensata, é de operacionalização
complicada. Recentemente tentou-se criar um consórcio para a implantação de um aterro
sanitário em comum para os municípios de Divinópolis, Carmo do Cajuru, São Gonçalo do
Pará e Cláudio, sem sucesso, em parte por motivos logísticos e políticos.
Na concessão, a concessionária planeja, organiza, executa e coordena o serviço, podendo
inclusive terceirizar operações e arrecadar os pagamentos referentes à sua remuneração,
diretamente junto ao usuário/beneficiário dos serviços. As concessões em geral são objeto
de contratos a longo termo que possam garantir o retorno dos investimentos aplicados no
sistema. Mas a grande dificuldade está nas poucas garantias que as concessionárias
recebem quanto à arrecadação e o pagamento dos seus serviços e na fragilidade dos
municípios em preparar os editais de concessão, conhecer custos e fiscalizar serviços.
A terceirização consolida o conceito próprio da administração pública, qual seja, de exercer
as funções prioritárias de planejamento, coordenação e fiscalização, podendo deixar às
empresas privadas a operação propriamente dita. É importante lembrar que a terceirização
de serviços pode ser manifestada em diversas escalas, desde a contratação de empresas bem
estruturadas com especialidade em determinado segmento operacional – tais como as
operações nos aterros sanitários –, até a contratação de microempresas ou trabalhadores
autônomos, que possam promover, por exemplo, coleta com transporte de tração animal ou
a operação manual de aterros de pequeno porte.
Quaisquer dessas alternativas, ou de suas numerosas combinações possíveis, devem ser
escolhidas com base no binômio baixo custo-técnica correta para o meio ambiente, sempre
visando a um sistema auto-sustentável, resistente às mudanças de governo.
No serviço público delegado a terceiros, através de concessão, o poder concedente detém a
titularidade do serviço e o poder de fiscalização. Isso pressupõe uma capacitação técnica e
administrativa, para executar todos os atos atinentes ao processo, desde decisões técnicas,
elaboração de termos de referência, elaboração de edital e contrato, até a fiscalização e o
controle dos serviços prestados.
313
A escala da cidade, suas características urbanísticas, demográficas, econômicas e as
peculiaridades de renda, culturais e sociais da população devem orientar a escolha da forma
de administração, tendo sempre os seguintes condicionantes como referência:
• custo da administração, gerenciamento, controle e fiscalização dos serviços;
• autonomia ou agilidade para planejar e decidir;
• autonomia de aplicação e remanejamento de recursos orçamentários;
• capacidade para investimento em desenvolvimento tecnológico, sistemas de informática e
controle de qualidade;
• capacidade de investimento em recursos humanos e geração de emprego e renda;
• resposta às demandas sociais e políticas;
• resposta às questões econômicas conjunturais;
• resposta às emergências operacionais;
• resposta ao crescimento da demanda dos serviços.
A administração direta operando todo o sistema de limpeza urbana é uma forma frequente
em cidades de menor porte. Nesses casos, o gestor normalmente é um departamento da
prefeitura ou de uma de suas secretarias, compartilhando recursos com outros segmentos da
administração pública.
Esse tipo de administração, compartilhada com outros segmentos da prefeitura, em geral
tem custo bastante reduzido quando comparado com o custo de um órgão ou de uma
instituição especificamente voltada para a gestão da limpeza urbana da cidade. Mas todos
os demais condicionantes referidos anteriormente tornam-se difíceis de serem superados e o
serviço tende a perder prioridade também para outras áreas compartilhadas da prefeitura
que possuem, eventualmente, maior visibilidade política.
A prefeitura poderá promover a terceirização dos serviços de coleta e limpeza urbana a
empresas especializadas, cuidando apenas da administração dos contratos e da qualidade
dos serviços. O núcleo administrativo na prefeitura pode ser reduzido e as empresas devem
cobrar do governo municipal preços que abrangem as despesas tanto de custeio como de
314
capital, liberando o Município de ter que investir recursos na aquisição e reposição de
veículos e equipamentos.
Nesses casos, algumas questões podem não ser resolvidas, tais como as vinculadas às
demandas sociais e políticas, as de caráter econômico conjunturais, as emergências
operacionais ou as de crescimento da demanda, que exigiriam renegociação dos contratos,
uma vez que tais fatos não podem ser valorados, previstos ou pré-dimensionados.
Conseqüentemente, mesmo terceirizando os serviços, é prudente que a prefeitura conte com
alguma reserva própria operacional, constituída de veículos, equipamentos e recursos
humanos, para fazer frente a essas necessidades contigenciais e que possam, eventualmente,
suprir ou complementar algum serviço deixado a descoberto pelas empresas contratadas.
7.3.3 Remuneração dos serviços
Em termos da remuneração dos serviços, o sistema de limpeza urbana pode ser dividido
simplesmente em coleta de lixo domiciliar, limpeza dos logradouros e disposição final. Pela
coleta de lixo domiciliar, cabe à prefeitura cobrar da população uma taxa específica,
denominada taxa de coleta de lixo.
Alguns serviços específicos, passíveis de serem medidos, cujos usuários sejam também
perfeitamente identificados, podem ser objeto de fixação de preço e, portanto, ser
remunerados exclusivamente por tarifas.
A remuneração do sistema de limpeza urbana, realizada pela população em quase sua
totalidade, não se dá de forma direta, nem os recursos advindos do pagamento de taxas de
coleta de lixo domiciliar podem ser condicionados exclusivamente ao sistema, devido à
legislação fiscal. Da mesma forma, a prefeitura não pode cobrar dos moradores a varrição e
a limpeza da respectiva rua por ser um serviço indivisível. É preciso, portanto, que a
prefeitura garanta, por meios políticos, as dotações orçamentárias que sustentem
adequadamente o custeio e os investimentos no sistema.
315
No tocante à inadimplência dos contribuintes ou usuários, são parcas as soluções
legalmente possíveis para contornar a situação. Os cortes comumente adotados no
fornecimento de luz ou água, pela falta de pagamento da tarifa, não podem ser aplicados na
coleta ou remoção de lixo. A falta de pagamento da taxa de lixo, por exemplo, não pode ser
combatida com a suspensão do serviço e do atendimento ao contribuinte inadimplente,
simplesmente porque o lixo que ele dispõe para a coleta tem que ser recolhido de qualquer
maneira por razões de saúde pública.
Restam, assim, poucas armas. Embora de aplicação legalmente duvidosa, em alguns casos é
adotada a inscrição do imóvel do devedor na dívida pública do Município. Mesmo assim
esse ato tem pouco poder punitivo, porque apenas ameaça o devedor na ocasião da eventual
alienação do imóvel.
O sistema de limpeza urbana, de um modo geral, consome de 5 a 10% do orçamento do
Município. Há uma tendência, no país, de as prefeituras remunerarem os serviços de
limpeza urbana através de uma taxa, geralmente cobrada na mesma guia do Imposto Predial
e Territorial Urbano – IPTU –, quase sempre usando a mesma base de cálculo, que é a área
do imóvel. Essa é uma prática inconstitucional, que vem sendo substituída por diversas
outras formas de cobrança, não havendo ainda um consenso quanto à maneira mais
adequada de fazê-lo.
Tem-se tentado correlacionar a produção de lixo com consumo de água, de energia elétrica,
testada do terreno etc. Só mesmo uma reforma tributária poderá instrumentalizar os
municípios a se ressarcirem, de forma socialmente justa, pelos serviços de limpeza urbana
prestados à população.
Mesmo assim, a receita proveniente dessa taxa é recolhida ao Tesouro Municipal, nada
garantindo sua aplicação no setor, a não ser a vontade política da prefeitura. De qualquer
forma, representa apenas parte dos custos reais dos serviços. A atualização ou correção dos
valores da taxa depende da autorização da Câmara dos Vereadores, que geralmente resiste a
aumentos da carga tributária dos munícipes.
316
Além disso, a aplicação de uma taxa realista e socialmente justa, que esteja dentro da
capacidade de pagamento da população e que efetivamente cubra os custos dos serviços,
dentro do princípio de “quem pode mais, paga mais”, implica uma ação política que requer
habilidade e empenho por parte do prefeito.
Torna-se necessário, então, contrariar a tendência de relegar a planos não prioritários os
serviços de limpeza urbana que, por conta disso, recebem menos recursos que os
necessários. Se não for possível a remuneração adequada do sistema, ficará prejudicada a
qualidade dos serviços prestados e o círculo vicioso não se romperá. A limpeza urbana será
mal realizada, pois não disporá dos recursos necessários, e a população poderá não aceitar
as taxas por não contar com serviços de qualidade.
A prefeitura precisa arcar, durante algum tempo, com o ônus de um aumento da carga
tributária, se isso for necessário, até que o quadro se reverta com a melhoria da qualidade
dos serviços prestados.
Para realização de investimentos, seja a compra de equipamentos, seja a instalação de
unidades de tratamento e disposição final, as prefeituras podem recorrer a fontes de
financiamento externo.
Ainda que haja pouca clareza legal que oriente a concessão do serviço público de limpeza
urbana, a terceirização, através da contratação de empresas privadas para execução, com
seus próprios meios (equipamentos e pessoal), da coleta, limpeza de logradouros,
tratamento e disposição final, é uma solução possível para as prefeituras que não tenham
recursos imediatos disponíveis para investimentos.
Quanto à situação financeira para a gestão dos resíduos industriais, o equilíbrio e a
sustentabilidade têm que ser buscados dentro do universo dos próprios geradores e dos
centros de tratamento e disposição final, também operados pela iniciativa privada. Como os
investimentos nessas unidades são elevados e seu licenciamento junto aos órgãos de
controle ambiental é um processo complexo, o sistema ainda não está equilibrado. De
qualquer forma, supõe-se que, quando uma indústria prepara um determinado produto, em
317
seu preço de venda esteja embutido o valor necessário à cobertura dos custos com a
disposição final adequada dos resíduos provenientes do seu processo produtivo.
Seja como for, a remuneração do sistema de limpeza urbana se resolve na seguinte equação:
Remuneração = Despesas = Recursos do Tesouro Municipal + Arrecadação da Taxa de
Coleta de Lixo (TCL) + Arrecadação de Tarifas e Receitas Diversas.
Independentemente da forma de gestão, os recursos do Tesouro Municipal e a arrecadação
de tarifas possíveis devem equivaler ao orçamento do custeio e despesas de capital de todas
as operações que abrangem a limpeza da cidade.
A remuneração deverá ser igual às despesas do sistema. As despesas devem incluir os
gastos de pessoal, transporte, manutenção, reposição, renovação de veículos e
equipamentos; serviços de apoio, inspeção e apoio; despesas de capital, pesquisa e
desenvolvimento tecnológico e administração.
A arrecadação da Taxa de Coleta de Lixo – TCL – deverá, tentativamente, cobrir o custeio
e os investimentos das operações de coleta, transporte, tratamento e disposição final do lixo,
bem como a limpeza de logradouros. A remuneração dos serviços de coleta de lixo dos
grandes geradores (restaurantes, hotéis), assim como os serviços passíveis de serem
tarifados (medidos), como remoções especiais, a coleta de lixo hospitalar e remoção de
entulho e bens inservíveis, pode ser sustentada pelas próprias empresas coletoras,
credenciadas pela prefeitura. É sempre bom lembrar que todas as atividades operacionais
que não forem auto-sustentadas por tarifas adequadas e por um sistema eficiente de
arrecadação o serão por recursos do Tesouro Municipal e, portanto, devem ser previstas no
orçamento do Município, especificamente na rubrica de despesas com limpeza urbana, sob
pena de obrigar a prefeitura a remanejar recursos preciosos de outras áreas.
Ressalte-se também que uma forma de reduzir os custos com o sistema de limpeza urbana,
sobretudo com as atividades de coleta, tratamento e disposição final, é sensibilizar a
população a reduzir a quantidade de lixo gerado, assim como implantar programas
318
específicos como a segregação do lixo na fonte geradora com fins de reciclagem, ou até
mesmo a criação de bolsas de resíduos para a reciclagem.
7.3.4 Panorama dos serviços no Brasil
No Brasil, o serviço sistemático de limpeza urbana foi iniciado oficialmente em 25 de
novembro de 1880, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, então capital do Império.
Nesse dia, o imperador D. Pedro II assinou o Decreto nº 3024, aprovando o contrato de
"limpeza e irrigação" da cidade, que foi executado por Aleixo Gary e, mais tarde, por
Luciano Francisco Gary, de cujo sobrenome origina-se a palavra gari, que hoje denomina
os trabalhadores da limpeza urbana em muitas cidades brasileiras.
Dos tempos imperiais aos dias atuais, os serviços de limpeza urbana vivenciaram
momentos bons e ruins. Hoje, a situação da gestão dos resíduos sólidos se apresenta em
cada cidade brasileira de forma diversa, prevalecendo, entretanto, uma situação nada
alentadora.
De acordo com Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB – realizada pelo IBGE e
editado em 2008, a disposição final de lixo nos municípios assim se divide:
228.413 ton/dia de resíduos sólidos (domiciliar e público). Destes:
77,50% recebem algum tipo de tratamento, quais sejam:
• 73,20% em aterros sanitários/controlados;
•4,30% compostagem/reciclagem;
22,50% em lixões ou cursos d’água.
Considerada um dos setores do saneamento básico, a gestão dos resíduos sólidos não tem
merecido a atenção necessária por parte do poder público. Com isso, compromete-se cada
319
vez mais a já combalida saúde da população, bem como degradam-se os recursos naturais,
especialmente o solo e os recursos hídricos.
A interdependência dos conceitos de meio ambiente, saúde e saneamento é hoje bastante
evidente, o que reforça a necessidade de integração das ações desses setores em prol da
melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
Como um retrato desse universo de ação, há de se considerar que mais de 70% dos
municípios brasileiros possuem menos de 20 mil habitantes, e que a concentração urbana da
população no país ultrapassa a casa dos 80%. Isso reforça as preocupações com os
problemas ambientais urbanos e, dentre esses, o gerenciamento dos resíduos sólidos, cuja
atribuição pertence à esfera da administração pública local.
7.3.5 Caracterização geral dos Serviços em Divinópolis
7.3.5.1 Caracterização dos resíduos sólidos do município de Divinópolis
As características do lixo podem variar em função de aspectos sociais, econômicos,
culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também diferenciam as
comunidades entre si e as próprias cidades.
Não se tem referência de qualquer tipo de caracterização feita com os resíduos sólidos
urbanos do município de Divinópolis. Entretanto, pode-se assumir características similares
as demais cidades de mesmo porte no Brasil.
A tabela abaixo expressa a variação das composições do lixo em alguns países, deduzindo-
se que a participação da matéria orgânica tende a se reduzir nos países mais desenvolvidos
ou industrializados, provavelmente em razão da grande incidência de alimentos
semipreparados disponíveis no mercado consumidor.
320
TABELA 29 – Composição gravimétrica do lixo em algu ns países
COMPOSTO Brasil Alemanha Holanda EUA
Mat. Orgânica 65,0 61,2 50,3 35,6
Vidro 3,0 10,4 14,5 8,2
Metal 4,0 3,8 6,7 8,7
Plástico 3,0 5,8 6,0 8,5
Papel 25,0 18,8 22,5 41,0
7.3.5.2 Características físicas
De acordo com a NBR 10.004 da ABNT, os resíduos sólidos podem caracterizados por:
• Geração per capita
• Composição gravimétrica
• Peso específico aparente
• Teor de umidade
• Compressividade
Geração per capita:
A “geração per capita” relaciona a quantidade de resíduos urbanos gerada diariamente e o
número de habitantes de determinada região. Muitos técnicos consideram de 0,5 a
0,8kg/hab./dia como a faixa de variação média para o Brasil. Na ausência de dados mais
precisos, a geração per capita pode ser estimada através da tabela a seguir.
321
TABELA 30 – Faixas mais utilizadas da geração per capita
TAMANHO
DA CIDADE
POPULAÇÃO URBANA
(habitantes)
GERAÇÃO PER CAPITA
(kg/hab./dia)
Pequena Até 30 mil 0,50
Média De 30 mil a 500 mil De 0,50 a 0,80
Grande De 500 mil a 5 milhões De 0,80 a 1,00
Megalópole Acima de 5 milhões Acima de 1,00
Cruzando-se os dados de geração fornecidos pela empresa VIASOLO, com a população
urbana total do município de Divinópolis, chegamos a uma contribuição per capita de 0,55
kg/hab.dia.
Composição gravimétrica:
A composição gravimétrica traduz o percentual de cada componente em relação ao peso
total da amostra de lixo analisada. Os componentes mais utilizados na determinação da
composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos são:
Madeira, matéria orgânica, metal ferroso, borracha, papel, metal não-ferroso, couro,
papelão, alumínio, pano/trapos, plástico rígido, vidro claro, ossos, plástico maleável, vidro
escuro, cerâmica, PET e agregado fino.
Entretanto, muitos técnicos tendem a simplificar, considerando apenas alguns componentes,
tais como papel/papelão; plásticos; vidros; metais; matéria orgânica e outros. Esse tipo de
composição simplificada, embora possa ser usado no dimensionamento de uma usina de
compostagem e de outras unidades de um sistema de limpeza urbana, não se presta, por
exemplo, a um estudo preciso de reciclagem ou de coleta seletiva, já que o mercado de
plásticos rígidos é bem diferente do mercado de plásticos maleáveis, assim como os
mercados de ferrosos e não-ferrosos.
322
Também não se tem registros de estudos sobre a composição gravimétrica do lixo de
Divinópolis. Acredita-se que a composição gravimétrica não será muito diferente da média
nacional.
Peso específico aparente:
Peso específico aparente é o peso do lixo solto em função do volume ocupado livremente,
sem qualquer compactação, expresso em kg/m3. Sua determinação é fundamental para o
dimensionamento de equipamentos e instalações. Na ausência de dados mais precisos,
podem-se utilizar os valores de 230kg/m3 para o peso específico do lixo domiciliar, de
280kg/m3 para o peso específico dos resíduos de serviços de saúde e de 1.300kg/m3 para o
peso específico de entulho de obras.
Teor de umidade:
Teor de umidade representa a quantidade de água presente no lixo, medida em percentual
do seu peso. Este parâmetro se altera em função das estações do ano e da incidência de
chuvas, podendo-se estimar um teor de umidade variando em torno de 40 a 60%.
Compressividade:
Compressividade é o grau de compactação ou a redução do volume que uma massa de lixo
pode sofrer quando compactada. Submetido a uma pressão de 4kg/cm², o volume do lixo
pode ser reduzido de um terço (1/3) a um quarto (1/4) do seu volume original.
Analogamente à compressão, a massa de lixo tende a se expandir quando é extinta a
pressão que a compacta, sem, no entanto, voltar ao volume anterior. Esse fenômeno chama-
se empolação e deve ser considerado nas operações de aterro com lixo.
323
7.3.5.3 Coleta dos resíduos sólidos urbanos
De acordo com o Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda, “lixo é tudo aquilo que não se
quer mais e se joga fora; coisas inúteis, velhas e sem valor”. Já a Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT – define o lixo como os "restos das atividades humanas,
considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo se
apresentar no estado sólido, semi-sólido ou líquido, desde que não seja passível de
tratamento convencional.”
Normalmente os autores de publicações sobre resíduos sólidos se utilizam indistintamente
dos termos “lixo” e “resíduos sólidos”. Neste trabalho, resíduo sólido ou simplesmente
“lixo” é todo material sólido ou semi-sólido indesejável e que necessita ser removido por
ter sido considerado inútil por quem o descarta, em qualquer recipiente destinado a esse ato.
Há de se destacar, no entanto, a relatividade da característica inservível do lixo, pois aquilo
que já não apresenta nenhuma serventia para quem o descarta, para outro pode se tornar
matéria-prima para um novo produto ou processo. Nesse sentido, a idéia do
reaproveitamento do lixo é um convite à reflexão do próprio conceito clássico de resíduos
sólidos. É como se o lixo pudesse ser conceituado como tal somente quando da inexistência
de mais alguém para reivindicar uma nova utilização dos elementos então descartados.
7.3.5.4 Classificação dos resíduos sólidos
São várias as maneiras de se classificar os resíduos sólidos. As mais comuns são quanto aos
riscos potenciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou origem.
Quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente:
De acordo com a NBR 10.004 da ABNT, os resíduos sólidos podem ser classificados em:
324
CLASSE I OU PERIGOSOS: São aqueles que, em função de suas características
intrínsecas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade,
apresentam riscos à saúde pública através do aumento da mortalidade ou da morbidade, ou
ainda provocam efeitos adversos ao meio ambiente quando manuseados ou dispostos de
forma inadequada.
CLASSE II – A OU NÃO-INERTES: São os resíduos que podem apresentar características
de combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, com possibilidade de acarretar
riscos à saúde ou ao meio ambiente, não se enquadrando nas classificações de resíduos
Classe I – Perigosos – ou Classe II – B – Inertes.
CLASSE II – B OU INERTES: São aqueles que, por suas características intrínsecas, não
oferecem riscos à saúde e ao meio ambiente, e que, quando amostrados de forma
representativa, segundo a norma NBR 10.007, e submetidos a um contato estático ou
dinâmico com água destilada ou deionizada, a temperatura ambiente, conforme teste de
solubilização segundo a norma NBR 10.006, não tiverem nenhum de seus constituintes
solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, conforme
listagem nº 8 (Anexo H da NBR 10.004), excetuando-se os padrões de aspecto, cor,
turbidez e sabor.
Quanto à natureza ou origem:
A origem é o principal elemento para a caracterização dos resíduos sólidos. Segundo este
critério, os diferentes tipos de lixo podem ser agrupados em cinco classes, a saber:
• Lixo doméstico ou residencial
• Lixo comercial
• Lixo público
• Lixo domiciliar especial:
– Entulho de obras
– Pilhas e baterias
325
– Lâmpadas fluorescentes
– Pneus
• Lixo de fontes especiais
– Lixo industrial
– Lixo radioativo
– Lixo de portos, aeroportos e terminais rodoferroviários
– Lixo agrícola
– Resíduos de serviços de saúde
Segundo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), cabe ao gerador a
coleta, o transporte e a disposição final ambientalmente correta de seus resíduos. Como é
inviável que cada cidadão execute, individualmente, estes serviços, fica legalmente a cargo
da Prefeitura Municipal o manejo do lixo doméstico ou residencial, comercial e público.
Com relação aos resíduos domiciliares especiais e de fontes especiais, estes não são de
responsabilidade da Prefeitura Municipal. Cada gerador é responsável pela sua correta
gestão.
Os resíduos dos serviços de saúde são de responsabilidade da municipalidade apenas
quanto gerados por instituições mantidas e administradas por ela própria.
Com relação aos pneumáticos, apesar da legislação federal (Resolução CONAMA 258/99)
determinar a responsabilidade dos fabricantes e importadores, o poder público acaba por
assumir a logística de recolhimento dentro dos limites do município.
7.3.5.5 Coleta convencional
A coleta convencional é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
(SEMSUR), com a execução terceirizada para a empresa VIASOLO Engenharia Ambiental
S.A.
326
Segundo informações da própria empresa, a área urbana do município é 100 % atendida por
esta coleta, com frequência diária na região central e alternada (3 vezes por semana) nos
bairros periféricos.
Para a realização dos serviços, ainda segundo informações da empresa, são utilizados sete
caminhões compactadores, com capacidade de 15 m³, sendo um reserva e dois caminhões
carrocerias de 12 m. Para a coleta indireta, são disponibilizadas 30 caçambas.
No que se refere à produção total mensal, aponta-se uma produção de 3.300 t/mês, que são
dispostos no aterro após serem pesadas na balança da Prefeitura e 160 t/mês de dos serviços
de varrição e capina.
A figura abaixo ilustra o total anual da coleta de lixo domiciliar nos últimos 8 anos,
segundo dados da Viasolo.
FIGURA 140 – Total anual de coleta de lixo domiciliar
-
5,000.00
10,000.00
15,000.00
20,000.00
25,000.00
30,000.00
35,000.00
40,000.00
45,000.00
50,000.00
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
37,751.17 38,798.48 39,689.47
39,676.09 41,222.54 44,448.99
49,777.03 48,343.47
Tatal coletado no ano (t)
P eríodo levan tado (ano)
L ixo d om ic ilia r co le tado an ua lm ente
O aumento das quantidades coletadas pode ser explicado por fatores sociais e
principalmente demográficos observando a tendência de crescimento populacional e,
consequentemente, de produção de lixo.
O acondicionamento dos resíduos sólidos pela população não é realizado de modo a
permitir uma coleta “limpa” (sem deixar resíduos após a operação) e uma execução dos
327
serviços com produtividade adequada. Utilizam-se sacos plásticos (estes adequados, mas
geralmente não fechados convenientemente), caixotes, latões de óleo, “bombonas” e até
lixo depositado a granel.
Reclamações da sociedade:
Nos encontros públicos realizados com a sociedade foram relatados diversas problemas
com relação à coleta convencional dos resíduos.
Área Central
Resíduos sendo deixados espalhados pela equipe de coleta nas vias públicas.
Bairros
Descumprimento de horários e itinerários de coletas.
Resíduos sendo deixados espalhados pela equipe de coleta nas vias públicas.
7.3.6 Coleta seletiva
A criação de políticas ambientais nos países desenvolvidos despertou o interesse da
população pela questão dos resíduos sólidos. O aumento da geração per capita de lixo,
fruto do modelo de alto consumo da sociedade capitalista, começou a preocupar
ambientalistas e a população, tanto pelo seu potencial poluidor, quanto pela necessidade
permanente de identificação de novos sítios para aterro dos resíduos.
Entre as alternativas para tratamento ou redução dos resíduos sólidos urbanos, a reciclagem
é aquela que desperta o maior interesse na população, principalmente por seu forte apelo
ambiental.
Os principais benefícios ambientais da reciclagem dos materiais existentes no lixo
(plásticos, papéis, metais e vidros) são:
328
• a economia de matérias-primas não-renováveis;
• a economia de energia nos processos produtivos;
• o aumento da vida útil dos aterros sanitários.
Outro aspecto relevante que deve ser considerado é que a implantação de programas de
reciclagem estimula o desenvolvimento de uma maior consciência ambiental e dos
princípios de cidadania por parte da população.
O grande desafio para implantação de programas de reciclagem é buscar um modelo que
permita a sua auto-sustentabilidade econômica. Os modelos mais tradicionais, implantados
em países desenvolvidos, quase sempre são subsidiados pelo poder público e são de difícil
aplicação em países em desenvolvimento.
Embora a escassez de recursos dificulte a implantação de programas de reciclagem,
algumas municipalidades vêm procurando modelos alternativos adequados às suas
condições econômicas.
Entre os processos que envolvem a reciclagem com segregação na fonte geradora, podem
ser destacados:
7.3.7 Coleta seletiva porta a porta
É o modelo mais empregado nos programas de reciclagem e consiste na separação, pela
população, dos materiais recicláveis existentes nos resíduos domésticos para que
posteriormente os mesmos sejam coletados por um veículo específico.
Em Divinópolis é adotado este modelo de coleta seletiva, que também é realizada pela
VIASOLO, em parceria coma a ASCADI (Associação dos catadores de Divinópolis), com
o auxílio de um caminhão de carroceria comum. Segundo informações da Prefeitura, o
serviço é oferecido a 70 % dos bairros, com a coleta média de 70 ton/mês.
329
Os recicláveis são encaminhados para a ASCADI, onde são triados e parte é comercializada.
A separação dos materiais recicláveis nas residências pode ser feita individualizando-se os
materiais recicláveis e acondicionando-os em contêineres diferenciados ou agrupando-os
em um único recipiente.
O sistema com separação individualizada dos materiais recicláveis requer considerável
espaço para guarda dos contêineres, inviabilizando sua adoção em apartamentos ou em
casas de pequenas dimensões. Nesse modelo, o veículo de coleta deve ter sua carroceria
compartimentada de forma a transportar os materiais separadamente.
Outro modelo, bem mais utilizado, é aquele que a população separa os resíduos domésticos
em dois grupos:
• Materiais orgânicos (úmidos), compostos por restos de alimentos e materiais não
recicláveis (lixo). Devem ser acondicionados em um único contêiner e coletados pelo
sistema de coleta de lixo domiciliar regular.
• Materiais recicláveis (secos), compostos por papéis, metais, vidros e plásticos. Devem ser
acondicionados em um único contêiner e coletados nos roteiros de coleta seletiva.
Na maioria das cidades onde existe o sistema, os roteiros de coleta seletiva são realizados
semanalmente, utilizando-se caminhões do tipo carroceria aberta.
Após a coleta, os materiais recicláveis devem ser transportados para uma unidade de
triagem, equipada com mesas de catação, para que seja feita uma separação mais criteriosa
dos materiais visando à comercialização dos mesmos.
É importante que a população seja devidamente orientada para que somente sejam
separados, como lixo seco, os materiais que possam ser comercializados, evitando-se
despesas adicionais com o transporte e manuseio de rejeitos, que certamente serão
produzidos durante o processo de seleção por tipo de material e no enfardamento.
Os principais aspectos negativos da coleta seletiva porta a porta são:
330
• aumento das despesas com transporte em função da necessidade do aumento do número
de caminhões;
• alto valor unitário, quando comparada com a coleta convencional.
As unidades de triagem devem ser dotadas de prensas para que os materiais recicláveis de
menor peso específico (papéis e plásticos) possam ser enfardados para facilitar a estocagem
e o transporte dos mesmos.
Após a implantação da coleta seletiva, o poder público deve manter a população
permanentemente mobilizada através de campanhas de sensibilização e de educação
ambiental.
A coleta seletiva, quando utiliza veículos da própria prefeitura, de uma maneira geral, não é
econômica. Ideal seria que o poder público se reservasse a normatizar, regular e incentivar
o processo, sem participar diretamente de sua operação. Deveria até mesmo investir em
galpões e equipamentos, como prensas de enfardar, trituradores, lavadores etc., para
agregar valor aos recicláveis. Vale lembrar que um sistema de recuperação de recicláveis
sem interferência direta da prefeitura traz benefícios econômicos importantes para o serviço
de limpeza urbana, pois os recicláveis previamente separados não terão que ser coletados,
transferidos e dispostos no aterro, reduzindo, assim, o trabalho da prefeitura.
7.3.8 Pontos de entrega voluntária – PEV
Consiste na instalação de contêineres ou recipientes em locais públicos para que a
população, voluntariamente, possa fazer o descarte dos materiais separados em suas
residências.
Este modelo, apesar de na maioria das vezes apresentar ótimos resultados, não é aplicado
no município de Divinópolis.
331
A Resolução CONAMA nº 275, de 25/4/2001 estabelece o código de cores para os
diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores,
bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva, como indicado na tabela a
seguir:
TABELA 31 – Código de cores dos resíduos sólidos re cicláveis
COR DO CONTÊINER MATERIAL RECICLÁVEL
Azul Papéis/papelão
Vermelha Plástico
Verde Vidros
Amarela Metais
Preta Madeira
Laranja Resíduos perigosos
Branca Resíduos ambulatoriais e de serviços de
saúde
Marrom Resíduos orgânicos
Cinza Resíduo geral não-reciclável ou misturado,
ou contaminado, não passível de separação
A instalação de PEV pode ser feita através de parcerias com empresas privadas que podem,
por exemplo, financiar a instalação dos contêineres e explorar o espaço publicitário no local.
Algumas municipalidades vêm desenvolvendo parcerias com indústrias recicladoras que
custeiam integralmente a implantação dos contêineres e a coleta dos materiais depositados
nos PEV.
7.3.9 Cooperativa de catadores
A grave crise social existente no país, que tem uma das piores distribuições de renda do
mundo, tem levado um número cada vez maior de pessoas a buscar a sua sobrevivência
através da catação de materiais recicláveis existentes no lixo domiciliar. Os catadores
trabalham nas ruas, vazadouros e aterros de lixo.
332
Alguns municípios têm procurado dar também um cunho social aos seus programas de
reciclagem, formando cooperativas de catadores que atuam na separação de materiais
recicláveis existentes no lixo.
Em Divinópolis existe a Ascadi.
A utilização de cooperativas de catadores, sempre incentivada pelas prefeituras, apresenta
várias vantagens:
• geração de emprego e renda;
• resgate da cidadania dos catadores, em sua maioria moradores de rua;
• redução das despesas com os programas de reciclagem;
• organização do trabalho dos catadores nas ruas evitando problemas na coleta de lixo e o
armazenamento de materiais em logradouros públicos;
• redução de despesas com a coleta, transferência e disposição final dos resíduos separados
pelos catadores que, portanto, não serão coletados, transportados e dispostos em aterro pelo
sistema de limpeza urbana da cidade.
Um dos principais fatores que garantem o fortalecimento e o sucesso do projeto de coleta
seletiva é a boa comercialização dos materiais recicláveis. Os preços de comercialização
serão tão melhores quanto menos intermediários existirem no processo até o consumidor
final, que é a indústria de transformação (fábrica de garrafas de água sanitária, por
exemplo). Para tanto, é fundamental que sejam atendidas as seguintes condições:
• boa qualidade dos materiais (seleção por tipo de produto, baixa contaminação por
impurezas e formas adequadas de embalagem/enfardamento);
• escala de produção e de estocagem, ou seja, quanto maior a produção ou o estoque à
disposição do comprador, melhor será a condição de comercialização;
• regularidade na produção e/ou entrega ao consumidor final.
333
Após a implantação de uma cooperativa de catadores é importante que o poder público
continue oferecendo apoio institucional de forma a suprir carências básicas que prejudicam
o bom desempenho de uma cooperativa, notadamente no início de sua operação. Entre as
principais ações que devem ser empreendidas no auxílio a uma cooperativa de catadores,
destacam-se:
• apoio administrativo e contábil com contratação de profissional que ficará responsável
pela gestão da cooperativa;
• criação de serviço social com a atuação de assistentes sociais junto aos catadores;
• fornecimento de uniformes e equipamentos de proteção industrial;
• implantação de cursos de alfabetização para os catadores;
• implantação de programas de recuperação de dependentes químicos;
• implementação de programas de educação ambiental para os catadores.
7.3.10 Reclamações por parte da sociedade
Em todos os encontros com a sociedade as reclamações com relação a coleta seletiva foram
as mesmas:
– Pequena área de abrangência;
– Descumprimento de horários, dias e itinerários de coleta;
– Nenhuma visibilidade dos resultados
7.3.11 Coleta dos resíduos dos serviços de saúde
Compreende todos os resíduos gerados nas instituições destinadas à preservação da saúde
da população. Segundo a Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005, os resíduos
de serviços de saúde seguem a classificação apresentada abaixo.
I – GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção.
334
II – GRUPO B: Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco à
saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e toxicidade.
III – GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas
normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é
imprópria ou não prevista.
IV – GRUPO D: Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou radiológico à
saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
V – GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear,
agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas,
lâminas de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e
todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e
placas de Petri) e outros similares.
A citada Resolução também salienta que, cabe aos geradores de resíduos de serviço de
saúde e ao responsável legal, o gerenciamento dos resíduos desde a geração até a
disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de saúde pública e saúde
ocupacional, sem prejuízo de responsabilização solidária de todos aqueles, pessoas físicas e
jurídicas que, direta ou indiretamente, causem ou possam causar degradação ambiental, em
especial os transportadores e operadores das instalações de tratamento e disposição final.
Os geradores de resíduos de serviços de saúde constantes, conforme listados na Resolução
358, em operação ou a serem implantados, devem ainda elaborar e implantar o Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde-PGRSS, de acordo com a legislação
vigente, especialmente as normas da vigilância sanitária.
Os resíduos de serviços de saúde devem ser acondicionados atendendo às exigências legais
referentes ao meio ambiente, à saúde e à limpeza urbana, e às normas da ABNT, ou, na sua
ausência, às normas e critérios internacionalmente aceitos.
335
A Deliberação Normativa COPAM nº 97, de 12 de Abril de 2006, convocou todos os
estabelecimentos de saúde do Estado de Minas Gerais, localizados em municípios com
população urbana superior a 50.000 (cinqüenta mil) habitantes, conforme dados do último
censo do IBGE, obrigados a se adequar às exigências descritas acima (Resolução
CONAMA nº 358/2005), no prazo máximo de 31 de dezembro de 2006.
Todos os estabelecimentos de saúde, localizados nos demais municípios do Estado de
Minas Gerais, com população urbana inferior a 50.000 (cinquenta mil) habitantes, foram
obrigados a se adequarem no prazo máximo de 04 de maio de 2007.
Em Divinópolis, a coleta dos resíduos dos serviços de saúde também é de responsabilidade
da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SEMSUR), com a execução terceirizada para
a empresa VIASOLO Engenharia Ambiental S.A.
Estes resíduos são coletados conforme demanda dos geradores, por meio de um veículo
furgão.
Existem dois fatores que dificultam a coleta destes resíduos em todos os municípios, não
sendo diferente no município de Divinópolis:
O primeiro deles diz respeito a enorme quantidade de pequenos geradores, podendo-se citar
consultórios médicos, dentários, farmácias, clínicas veterinárias, entre outros, que muitas
vezes não são alcançados pela coleta regular.
O segundo fator está relacionado com a geração destes resíduos pela população comum, em
suas residências, que, na maioria das vezes os dispões com o lixo doméstico, trazendo
riscos para os funcionários da coleta e eventuais catadores.
336
7.3.12 Coleta dos resíduos da construção civil
Conforme citado anteriormente, a coleta destes resíduos não é de responsabilidade da
Prefeitura Municipal, e sim dos geradores, que, na maioria das vezes, terceirizam estes
serviços. Em Divinópolis, existem diversas empresas que exploram este ramo de atividade,
podendo-se citar:
– Alô Caçamba, Diskentulho, Divinópolis Caçambas e Terracaçamba, dentre outras.
Cabe à administração pública municipal regular e fiscalizar a prestação destes serviços.
A indústria da construção civil é a que mais explora recursos naturais. Além disso, a
construção civil também é a indústria que mais gera resíduos. No Brasil, a tecnologia
construtiva normalmente aplicada favorece o desperdício na execução das novas
edificações. Enquanto em países desenvolvidos a média de resíduos proveniente de novas
edificações encontra-se abaixo de 100kg/m2, no Brasil este índice gira em torno de
300kg/m2 edificado.
Em termos quantitativos, esse material corresponde a algo em torno de 50% da quantidade
em peso de resíduos sólidos urbanos coletados em cidades com mais de 500 mil habitantes
de diferentes países, inclusive o Brasil.
Em termos de composição, os resíduos da construção civil são uma mistura de materiais
inertes, tais como concreto, argamassa, madeira, plásticos, papelão, vidros, metais,
cerâmica e terra.
337
TABELA 32 – Composição média do entulho de obra no Brasil
COMPONENTES VALORES (%)
Argamassa 63,0
Concreto e blocos 29,0
Outros 7,0
Orgânicos 1,0
Total 100,0
Salienta-se que a gestão dos resíduos sólidos provenientes da construção, no Brasil, é
deliberada pela Resolução CONAMA 307/2002.
7.3.13 Coleta de pneumáticos
São muitos os problemas ambientais gerados pela destinação inadequada dos pneus. Se
deixados em ambiente aberto, sujeito a chuvas, os pneus acumulam água, servindo como
local para a proliferação de mosquitos. Se encaminhados para aterros de lixo convencionais,
provocam “ocos” na massa de resíduos, causando a instabilidade do aterro. Se destinados
em unidades de incineração, a queima da borracha gera enormes quantidades de material
particulado e gases tóxicos, necessitando de um sistema de tratamento dos gases
extremamente eficiente e caro.
Por todas estas razões, o descarte de pneus é hoje um problema ambiental grave ainda sem
uma destinação realmente eficaz. Recentes experiências no setor de engenharia rodoviária
aprovaram a mistura de borracha moída de pneus descartados com massa asfáltica até o
volume de 05%, tornando o revestimento das estradas mais resistente, maleável e
impermeável, com aumento da vida útil da rodovia ampliada em seis vezes.
A Resolução CONAMA nº 258, de 26 de agosto de 1999, delibera, em seu Artigo 1º, que:
As empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos para uso em veículos automotores e bicicletas ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional, na proporção definida nesta Resolução relativamente às quantidades fabricadas e/ou importadas.
338
Apesar de não ser responsabilidade da Prefeitura Municipal, esta providencia o
recolhimento dos pneus inservíveis, em virtude dos graves riscos sanitários e ambientais de
sua disposição inadequada. Eles são armazenamento em um EcoPonto até serem recolhidos
pela ANIP (Associação Nacional de Fabricantes e Importadores de Pneus).
7.3.14 Outros resíduos especiais
7.3.14.1 Pilhas e baterias
As pilhas e baterias têm como princípio básico converter energia química em energia
elétrica utilizando um metal como combustível. Apresentando-se sob várias formas
(cilíndricas, retangulares, botões), podem conter um ou mais dos seguintes metais: chumbo
(Pb), cádmio (Cd), mercúrio (Hg), níquel (Ni), prata (Ag), lítio (Li), zinco (Zn), manganês
(Mn) e seus compostos.
As substâncias das pilhas que contêm esses metais possuem características de corrosividade,
reatividade e toxicidade e são classificadas como “Resíduos Perigosos – Classe I”.
As substâncias contendo cádmio, chumbo, mercúrio, prata e níquel causam impactos
negativos sobre o meio ambiente e, em especial, sobre o homem. Outras substâncias
presentes nas pilhas e baterias, como o zinco, o manganês e o lítio, embora não estejam
limitadas pela NBR 10.004, também causam problemas ao meio ambiente.
A Resolução CONAMA nº 257, de 30 de junho de 1999, dispõe e, seu Artigo 1º que:
As pilhas e baterias que contenham em suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos, necessárias ao funcionamento de quaisquer tipos de aparelhos, veículos ou sistemas, móveis ou fixos, bem como os produtos eletro-eletrônicos que as contenham integradas em sua estrutura de forma não substituível, após seu esgotamento energético, serão entregues pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam ou à rede de assistência técnica autorizada pelas respectivas indústrias, para repasse aos fabricantes ou importadores, para que estes adotem, diretamente ou por meio de terceiros, os procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final ambientalmente adequada.
339
Devido à falta de estruturação por parte dos fabricantes, para cumprir a legislação
ambiental no que diz respeito ao recolhimento destes resíduos, faz com que boa parte deles
seja encaminhada para a coleta convencional do município. Este fato traz diversos
transtornos, sobretudo no aumento do potencial poluidor do chorume gerado no local de
disposição final dos resíduos.
Existem iniciativas de ONG’s no município no sentido de aumentar a abrangência de
recolhimento destes resíduos, entretanto, todas ainda muito incipientes.
O poder público municipal não possui controle sobre a geração e disposição final destes
resíduos.
7.3.14.2 Lâmpadas fluorescentes
O pó que se torna luminoso encontrado no interior das lâmpadas fluorescentes contém
mercúrio. Isso não está restrito apenas às lâmpadas fluorescentes comuns de forma tubular,
mas encontra-se também nas lâmpadas fluorescentes compactas.
As lâmpadas fluorescentes liberam mercúrio quando são quebradas, queimadas ou
enterradas em aterros sanitários, o que as transforma em resíduos perigosos Classe I, uma
vez que o mercúrio é tóxico para o sistema nervoso humano e, quando inalado ou ingerido,
pode causar uma enorme variedade de problemas fisiológicos.
Uma vez lançado ao meio ambiente, o mercúrio sofre uma “bioacumulação”, isto é, ele tem
suas concentrações aumentadas nos tecidos dos peixes, tornando-os menos saudáveis, ou
mesmo perigosos se forem comidos frequentemente. As mulheres grávidas que se
alimentam de peixe contaminado transferem o mercúrio para os fetos, que são
particularmente sensíveis aos seus efeitos tóxicos.
A acumulação do mercúrio nos tecidos também pode contaminar outras espécies selvagens,
como marrecos, aves aquáticas e outros animais.
340
Também não há uma logística efetiva de recolhimento destes resíduos no município, o que
faz com que, boa parte deles, acabe sendo disposta com o resíduo doméstico. Apenas os
grandes geradores, geralmente licenciados pelo órgão ambiental estadual, possuem
contratos com empresas privadas que recolhem e dão disposição final adequada a estes
resíduos.
7.3.15 Disposição final dos resíduos sólidos urbanos
O problema que envolve a questão da disposição final do lixo urbano, apesar de ser um dos
principais pontos relacionados com o saneamento das grandes cidades, na maioria das
vezes ainda permanece sem solução.
Uma vez que os sistemas designados a promover a coleta, o transporte e a destinação final
do lixo urbano encontram-se vinculados às administrações municipais, um dos grandes
desafios enfrentados pelas prefeituras, neste contexto, é onde dispor esses resíduos com
segurança, uma vez que áreas disponíveis tornam-se cada vez mais escassas, mais distantes
dos centros de geração do lixo e têm seu custo mais elevado. Em vista disso, várias
“soluções” têm sido adotadas, algumas das quais sem nenhuma avaliação preliminar
criteriosa.
Com relação às formas utilizadas para destinação final do lixo no Brasil, pode-se destacar
que 22,50% do lixo coletado é depositado em vazadouros a céu aberto ou vazadouros em
áreas alagadas e 77,50% são dispostos em aterros sanitários ou controlados. A última
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE em 2008, levantou as
seguintes informações:
341
TABELA 33 – Disposição final do lixo no Brasil
Quantidade diária de lixo coletado (t/dia)
Total
Unidade de destino final do lixo coletado
Vazadouro a céu
aberto (lixão)
Vazadouro
em áreas
alagadas
Aterro
controlado
Aterro
sanitário
Estação de
compostagem
Estação
de
triagem
Locais
não-
fixos
Brasil 228 413 48 321,7 232,6 84 575,5 82 640,3 6 549,7 2 265,0 1 230,2
Norte 11 067 6 279,0 56,3 3 133,9 1 468,8 5,0 - 95,6
Nordeste 41 557 20 043,5 45,0 6 071,9 15 030,1 74,0 92,5 128,4
Sudeste 141 616 13 755,9 86,6 65 851,4 52 542,3 5 437,9 1 262,9 781,4
Sul 19 874 5 112,3 36,7 4 833,9 8 046,0 347,2 832,6 119,9
C.-Oeste 14 296 3 131,0 8,0 4 684,4 5 553,1 685,6 77,0 104,9
Ressalta-se que, em todo o estado de Minas Gerais, no ano de 2011, 32,6% dos 853
municípios não possuíam áreas adequadas de destinação do lixo urbano. Hoje, 12,37
milhões de pessoas são atendidas por 73 aterros sanitários e 136 usinas de triagem e
compostagem com Licença de Operação (LO) concedida pelo COPAM, evidenciando a
intensa movimentação dos municípios no sentido de se adequarem às normas e prazo
estabelecidos pela DN COPAM 75/2004. Em recente levantamento da FEAM, constatou-se
que, no estado, existem:
342
TABELA 34 – Disposição final do lixo em Minas Gerai s
Forma de Disposição Quantidade de Municípios
Aterros sanitários 83
Aterros controlados 307
Usinas de triagem e compostagem de lixo 121
Usinas de triagem e compostagem de lixo não
licenciadas
15
AAF’s sem verificação 49
Lixões 278
TOTAL 853
As áreas destinadas a receber toneladas de lixo sem, contudo, possuírem infra-estrutura
adequada capaz de evitar os danos conseqüentes desta atividade, têm seu uso futuro
comprometido e são responsáveis pela degradação ambiental das regiões sob sua influência.
Dentre os problemas oriundos da disposição de grandes quantidades de lixo, pode-se
ressaltar a poluição do ar, das águas e do solo, além da proliferação de vetores.
Estas áreas de despejo não podem ser consideradas como o ponto final para muitas das
substâncias contidas ou produzidas a partir do lixo urbano, pois, quando a água
principalmente das chuvas percola através desses resíduos, várias dessas substâncias
orgânicas e inorgânicas são carreadas pelo chorume: líquido poluente originado da
decomposição do lixo. O chorume ou líquido percolado cuja composição é muito variável
pode tanto escorrer e alcançar as coleções hídricas superficiais, como infiltrar no solo e
atingir as águas subterrâneas, comprometendo sua qualidade e, por conseguinte, seu uso.
Lixão é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se caracteriza
pela simples descarga sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde
pública. O mesmo que descarga de resíduos a céu aberto.
Os resíduos assim lançados acarretam problemas à saúde pública, como proliferação de
vetores de doenças, geração de maus odores e, principalmente, a poluição do solo e das
águas superficiais e subterrâneas através do chorume, comprometendo os recursos hídricos.
343
Além disso, a queima de lixo constitui prática comum, entretanto inadequada, uma vez que
degrada o meio ambiente através da poluição atmosférica pela emissão de fuligem, fumaça
e partículas, podendo causar danos à saúde humana.
Acrescenta-se a esta situação o total descontrole quanto aos tipos de resíduos recebidos
nestes locais, verificando-se até mesmo a disposição de dejetos originados dos serviços de
saúde e de indústria. Comumente ainda se associam aos lixões fatos altamente indesejáveis,
como a criação de porcos e a existência de catadores, que muitas vezes, residem no próprio
local.
Numa economia em retração, com redução da oferta de empregos, concentração de
atividades econômicas no setor terciário e desativação de frentes de trabalho na construção
civil, ocorre o desemprego de grande quantidade de pessoas de baixa qualificação
profissional, que passam a apelar para qualquer tipo de trabalho que garanta, pelo menos,
sua sobrevivência e a da sua família.
A catação do lixo em aterros e nas ruas das cidades, embora seja uma atividade insalubre, é
um trabalho alternativo que vem sendo cada vez mais difundido no Brasil.
Segundo dados levantados pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana –
COMLURB/RJ –, em 1993, 87% dos catadores declararam a catação de lixo como sua
principal fonte de renda/trabalho, sendo que 13% declararam não ter tido nunca outra
ocupação, ou seja, as pessoas de baixo nível de escolaridade encaram a catação de lixo em
aterros municipais como uma profissão.
Assim, caso não se ofereça nenhuma alternativa de renda àqueles que se dedicam a esta
atividade, pode-se ter como certa a presença de catadores no interior do aterro,
movimentando-se livremente pela área operacional, junto com os caminhões dos sucateiros,
dificultando as operações de espalhamento, compactação e cobertura do lixo, e com altos
riscos de sofrerem acidentes causados pelas máquinas que operam no aterro. Em qualquer
hipótese, não deve ser permitida a presença de crianças na área do aterro, devendo o poder
344
público criar, para elas, programas de permanência integral em escolas ou centros de
esportes ou lazer, além de um sistema de compensação de renda aos pais pela não
participação dos filhos no trabalho de catação.
7.3.16 Resíduos sólidos na zona rural
No que se refere aos resíduos sólidos, foi constato pela equipe do plano diretor que embora
na maioria das comunidades rurais o caminhão de coleta passe pelo menos uma vez por
semana, os locais de acondicionamento dos resíduos sólidos (para a coleta pelo caminhão)
são inadequados ou insuficientes para o volume gerado. Dessa forma, o lixo fica sujeito ao
manuseio por pessoas e/ou acesso aos animais, gerando muita sujeira e poluição visual,
conforme mostra as figuras abaixo.
345
FIGURAS 141, 142, 143 E 144 – Locais de acondiciona mento de lixo para
coleta pelo caminhão nas comunidades rurais
Entre as comunidades de Cachoeirinha e
Choro
Comunidade de Lagoas
Comunidade do Ferrador Local próximo ao rio Itapecerica, na
Comunidade do 49
Foi também relatado pelos moradores locais, que as comunidades de Paivas, Tavares,
Passagem, Olaria e Lava-pés não tem coleta de lixo, sendo que os moradores desses locais
geralmente queimam, enterram ou mesmo transportam o lixo para outras comunidades onde
existe a coleta. Em áreas públicas de algumas comunidades com maior adensamento urbano,
existem coletores disponibilizados pela prefeitura municipal para pequenos volumes de
recicláveis (figuras abaixo).
346
FIGURAS 145 E 146 – Coletores de lixo reciclável na s comunidades rurais
Comunidade do Choro Comunidade dos Costas
7.3.17 Resíduos provenientes da coleta convencional
A disposição dos resíduos sólidos provenientes da coleta convencional de Divinópolis
configura um ponto problemático das políticas de desenvolvimento urbano do município.
Seu destino é uma área, de propriedade do Município, localizado na margem da rodovia
MG 345, que liga os municípios de Divinópolis e Carmo do Cajuru.
O local é utilizado há pelo menos 25 anos, sendo, historicamente, um grande exemplo de
descontrole técnico e ambiental.
Do ponto de vista de operação, durante vários anos, foram constatadas várias
irregularidades, tais como a presença de inúmeros catadores, a falta de recobrimento e de
drenagem pluvial. Salienta-se que estes pontos foram recentemente corrigidos pela
administração pública municipal.
A área foi cercada, os resíduos cobertos, os catadores retirados e inseridos em outras
atividades. Outros serviços, tais como a implantação de drenagem pluvial provisória, foram
também implantados, no sentido de mitigar os impactos ambientais ali gerados.
Entretanto, em virtude da inadequação locacional da área, ela ainda é considerada como
“Lixão” pelo “órgão ambiental estadual”.
347
A sua localização é completamente inadequada do ponto de vista técnico e ambiental,
podendo-se citar:
– Localização dentro do perímetro urbano do município;
O Artigo 2º da Deliberação Normativa COPAM 52/2001 estabelece que a disposição de
resíduos sólidos, na forma de aterros controlados, dever ser feita a uma distância mínima de
500 m de qualquer núcleo populacional. A área em questão não atende a este requisito.
– Localização dentro do manancial de abastecimento do rio Pará, no trecho em que este é
considerado de Classe I;
Lei nº 10.793, de 2 de julho de 1992, conhecida como “Lei dos Mananciais”, estabelece em
seu Artigo 1º:
Ficam considerados mananciais, para os efeitos desta Lei, aqueles situados a montante do ponto de captação previsto ou existente, cujas águas estejam ou venham a estar classificadas na Classe Especial e na Classe I da Resolução nº 20, de 18 de junho de 1986, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA –, e na Deliberação Normativa nº 10, de 16 de dezembro de 1986, do Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM.
Já no Artigo 4º da referida lei, fica vedada a implantação de depósitos de lixo ou aterros
sanitários dentro de qualquer manancial.
O Artigo 1º da Deliberação Normativa COPAM nº 028, de 9 de setembro de 1998,
enquadra o rio Pará, em seu leito principal, desde sua nascente, até a confluência com o rio
Itapecerica, como de “Classe I”.
Assim sendo, toda a bacia direta do rio Pará, deste sua nascente, até a captação da
COPASA no município de Divinópolis, se enquadra como manancial, segundo a Lei
10.793, não sendo permitida a disposição de resíduos sólidos em seu interior.
348
Acrescenta-se ainda que a captação do Copasa do rio Pará, que atende a aproximadamente
30 % da população Divinopolitana, encontra-se logo abaixo do atual lixão.
– Localização dentro da Área de Segurança Aeroportuária – ASA, do aeroporto do
município;
Abaixo são transcritos os Artigos 1º e 2 º da Resolução CONAM nº 4 /1995.
Art. 1º São consideradas “Área de Segurança Aeroportuária – ASA” as áreas abrangidas por um determinado raio a partir do "centro geométrico do aeródromo", de acordo com seu tipo de operação, divididas em 2 (duas) categorias: I – raio de 20 km para aeroportos que operam de acordo com as regras de vôo por instrumento (IFR); e II – raio de 13 km para os demais aeródromos. Art. 2º Dentro da ASA não será permitida implantação de atividades de natureza perigosa, entendidas como "foco de atração de pássaros", como por exemplo, matadouros, cortumes, vazadouros de lixo, culturas agrícolas que atraem pássaros, assim como quaisquer outras atividades que possam proporcionar riscos semelhantes à navegação aérea.
A ASA do aeroporto de Divinópolis compreende a toda a região contida dentro da
circunferência de 13 km de raio, medido a partir do centro geométrico do referido aeroporto.
O atual lixão este dentro desta área.
Proximidade com diversas nascentes:
Há várias nascentes no entorno da atual área, todas já com a qualidade de suas águas
comprometida.
Proximidade com a rodovia que liga o município de Divinópolis a Carmo do Cajuru:
A proximidade com a rodovia MG 354, que liga o município de Divinópolis a Carmo do
Cajuru é outro fator preocupante, tendo em vista os riscos de acidentes com os caminhões
que constantemente transitam com destino ao lixão, o urubus comuns na região, sacolinhas
plásticas e possível fumaça.
Legislação Estadual e a Obrigatoriedade do aterro Controlado:
349
A Deliberação Normativa COPAM nº 52, de 14 de dezembro de 2001 obriga todos os
municípios a acabar com seus lixões, pela implantação do chamado “Aterro Controlado” e
com a recuperação das áreas já degradadas pelos lixões.
Salienta-se que, no Artigo 3º desta Deliberação, consta que as Prefeituras Municipais
deverão dar prioridade à implementação dos Sistemas de Disposição Final de Resíduos
Sólidos Urbanos por meio de consórcios intermunicipais.
Ficaram todos os municípios do Estado de Minas Gerais obrigados a minimizar os impactos
ambientais nas áreas de disposição final de lixo, devendo implementar os seguintes
requisitos mínimos, até que fosse implantado, através de respectivo licenciamento, sistema
adequado de disposição final de lixo urbano de origem domiciliar, comercial e pública:
I – disposição em local com solo e/ou rocha de baixa permeabilidade, com declividade
inferior a 30%, boas condições de acesso, a uma distância mínima de 300m de cursos
d’água ou qualquer coleção hídrica e de 500m de núcleos populacionais, fora de margens
de estradas, de erosões e de áreas de preservação permanente;
II – sistema de drenagem pluvial em todo o terreno de modo a minimizar o ingresso das
águas de chuva na massa de lixo aterrado;
III – compactação e recobrimento do lixo com terra ou entulho, no mínimo, três vezes por
semana;
IV – isolamento com cerca complementada por arbustos ou árvores que contribuam para
dificultar o acesso de pessoas e animais;
V – proibição da permanência de pessoas no local para fins de catação de materiais
recicláveis, devendo o Município criar alternativas técnica, sanitária e ambientalmente
adequadas para a realização das atividades de triagem de recicláveis, de forma a propiciar a
manutenção de renda para as pessoas que sobrevivem dessa atividade, prioritariamente,
pela implantação de programa de coleta seletiva em parceria com os catadores.
VI – responsável técnico pela implementação e supervisão das condições de operação do
local, com a devida Anotação de Responsabilidade Técnica.
350
O prazo último para o atendimento do disposto acima, foi 30 de julho de 2004, sendo que
os municípios mineiros que não implantaram estes requisitos mínimos foram autuados pela
Fundação Estadual do Meio Ambiente, cerca de 530 municípios, por ocasionarem
degradação ambiental por seus lixões. O município de Divinópolis está dentro da lista dos
municípios autuados.
Para estes municípios, foram fixados novos prazos para atendimento, sem prejuízo das
sanções previstas na legislação.
Salienta-se que, os municípios que não cumpriram essas determinações estão sujeitos as
penalidades previstas na legislação ambiental vigente, sem prejuízo de outras sanções
previstas em outros dispositivos legais.
A Legislação Estadual e a Obrigatoriedade do aterro sanitário:
O Artigo 1º da Deliberação Normativa do COPAM nº 52 / 2001, convocou todos os
municípios do Estado de Minas Gerais, com população urbana superior a 50.000 habitantes,
a implantar aterro sanitário.
O prazo para o atendimento deste Artigo já foi prorrogado diversas vezes, e atualmente já
se encontra vencido. Desta forma, como o município de Divinópolis possui mais 50.000
habitantes, e ainda não implantou o aterro sanitário, está em desacordo com a legislação
ambiental vigente.
Assim sendo, salienta-se que, o município de Divinópolis já foi atuado pelo órgão
ambiental estadual, estando sujeito ainda, às penalidades cabíveis, quer seja na esfera
administrativa, civil ou até mesmo criminal.
A implantação do aterro sanitário deve ser uma das prioridades da administração pública
municipal.
Recuperação da área do atual lixão:
351
O “lixão” é uma forma inadequada de se dispor os resíduos sólidos urbanos porque provoca
uma série de impactos ambientais negativos. Portanto, os lixões ou vazadouros devem ser
recuperados para que tais impactos sejam minimizados.
Teoricamente, a maneira correta de se recuperar uma área degradada por um lixão seria
proceder à remoção completa de todo o lixo depositado, colocando-o num aterro sanitário e
recuperando a área escavada com solo natural da região.
Entretanto, os custos envolvidos com tais procedimentos são muito elevados,
inviabilizando economicamente este processo.
Uma forma mais simples e econômica de se recuperar uma área degradada por um lixão
baseia-se nos seguintes procedimentos:
• entrar em contato com funcionários antigos da empresa de limpeza urbana para se definir,
com a precisão possível, a extensão da área que recebeu lixo;
• delimitar a área, no campo, cercando-a completamente;
• efetuar sondagens a trado para definir a espessura da camada de lixo ao longo da área
degradada;
• remover o lixo com espessura menor que um metro, empilhando-o sobre a zona mais
espessa;
• conformar os taludes laterais com a declividade de 1:3 (V:H);
• conformar o platô superior com declividade mínima de 2%, na direção das bordas;
• proceder à cobertura da pilha de lixo exposto com uma camada mínima de 50cm de argila
de boa qualidade, inclusive nos taludes laterais;
• recuperar a área escavada com solo natural da região;
• executar valetas retangulares de pé de talude, escavadas no solo, ao longo de todo o
perímetro da pilha de lixo;
• executar um ou mais poços de reunião para acumulação do chorume coletado pelas
valetas;
• construir poços verticais para drenagem de gás;
352
• espalhar uma camada de solo vegetal, com 60 cm de espessura, sobre a camada de argila;
• promover o plantio de espécies nativas de raízes curtas, preferencialmente gramíneas;
• aproveitar três furos da sondagem realizada e implantar poços de monitoramento, sendo
um a montante do lixão recuperado e dois à jusante.
Porém, a recuperação do lixão não se encerra com a execução dessas obras. O chorume
acumulado nos poços de reunião deve ser recirculado para dentro da massa de lixo
periodicamente, através do uso de aspersores (similares aos utilizados para irrigar gramados)
ou de leitos de infiltração; os poços de gás devem ser vistoriados periodicamente,
acendendo-se aqueles que foram apagados pelo vento ou pelas chuvas; e a qualidade da
água subterrânea deve ser controlada através dos poços de monitoramento implantados,
assim como as águas superficiais dos corpos hídricos próximos.
7.3.18 Material proveniente da coleta seletiva
Conforme citado anteriormente, este material é encaminhado para o galpão da ASCADI,
onde e separado.
Vale ressaltar que, apesar de todo material recolhido ser teoricamente “reciclável”, apenas
uma parte dele é efetivamente aproveitado para a comercialização, sendo o restante também
encaminhado para o atual lixão.
Em virtude do preço de mercado praticado para alguns produtos recicláveis, muitas vezes
demasiadamente baixo, estes não são aproveitados, por não pagarem o serviço de separação.
Cabe aqui uma análise sobre a necessidade de subsídio do poder público à associação de
catadores.
353
7.3.19 Resíduos dos serviços de saúde
O material coletado pela VIASOLO e encaminhado para a sua unidade de tratamento de
disposição final localizada no município de Betim, devidamente licenciada pelo órgão
ambiental estadual. Lá, os resíduos são Autoclavados, triturados e aterrados.
Cabe aqui especial preocupação com os resíduos que, pelos motivos expostos anteriormente,
não são recolhidos pela referida empresa.
7.3.20 Questão legal
Os sistemas de tratamento e disposição final de resíduos de serviços de saúde devem estar
licenciados pelo órgão ambiental competente para fins de funcionamento e submetidos a
monitoramento de acordo com parâmetros e periodicidade definidos no licenciamento
ambiental. Salienta-se que são permitidas e aconselhadas soluções consorciadas para tais
fins. Admiti-se as seguintes formas de disposição final:
– Os resíduos do Grupo A1, conforme listados anteriormente, devem ser submetidos a
processos de tratamento em equipamento que promova redução de carga microbiana
compatível com nível III de inativação microbiana e devem ser encaminhados para aterro
sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para disposição final de resíduos dos
serviços de saúde.
– Os resíduos do Grupo A2, devem ser submetidos a processo de tratamento com redução
de carga microbiana compatível com nível III de inativação e devem ser encaminhados para:
I – aterro sanitário licenciado ou local devidamente licenciado para disposição final de
resíduos dos serviços de saúde, ou
II – sepultamento em cemitério de animais. Parágrafo único. Deve ser observado o porte
do animal para definição do processo de tratamento. Quando houver necessidade de
fracionamento, este deve ser autorizado previamente pelo órgão de saúde competente.
354
– Os resíduos do Grupo A3, quando não houver requisição pelo paciente ou familiares e/ou
não tenham mais valor científico ou legal, devem ser encaminhados para:
I – sepultamento em cemitério, desde que haja autorização do órgão competente do
Município, do Estado ou do Distrito Federal; ou
II – tratamento térmico por incineração ou cremação, em equipamento devidamente
licenciado para esse fim.
– Os resíduos do Grupo A4, podem ser encaminhados sem tratamento prévio para local
devidamente licenciado para a disposição final de resíduos dos serviços de saúde. Ficando a
critério dos órgãos ambientais estaduais e municipais a exigência do tratamento prévio,
considerando os critérios, especificidades e condições ambientais locais.
– Os resíduos do Grupo A5, devem ser submetidos a tratamento específico orientado pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA.
– Os resíduos pertencentes ao Grupo E, devem ter tratamento específico de acordo com a
contaminação química, biológica ou radiológica.
Outras considerações:
– Os resíduos do Grupo A não podem ser reciclados, reutilizados ou reaproveitados,
inclusive para alimentação animal.
– Os resíduos pertencentes ao Grupo B, com características de periculosidade, quando não
forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem, devem ser
submetidos a tratamento e disposição final específicos.
– Os resíduos no estado sólido, quando não tratados, devem ser dispostos em aterro de
resíduos perigosos – Classe I.
– Os resíduos no estado líquido não devem ser encaminhados para disposição final em
aterros.
– Os resíduos pertencentes ao Grupo B, sem características de periculosidade, não
necessitam de tratamento prévio. Se no estado sólido, podem ter disposição final em aterro
licenciado. Se no estado líquido, podem ser lançados em corpo receptor ou na rede pública
de esgoto, desde que atendam respectivamente as diretrizes estabelecidas pelos órgãos
ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes.
355
Para os municípios ou associações de municípios com população urbana até 30.000
habitantes, conforme dados do último censo disponível do IBGE e que não disponham de
aterro sanitário licenciado, admite-se de forma excepcional e tecnicamente motivada, por
meio de Termo de Ajustamento de Conduta, com cronograma definido das etapas de
implantação e com prazo máximo de três anos, a disposição final em solo obedecendo aos
critérios mínimos, com a devida aprovação do órgão ambiental competente.
7.3.21 Disposição final de resíduos da construção civil
O Art. 3º da Resolução CONAMA 307/2002 traz a seguinte classificação para os resíduos
da construção civil:
I – Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:
a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infra-
estrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos
(tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos,
tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;
II – Classe B – são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos,
papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
III – Classe C – são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou
aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação, tais como
os produtos oriundos do gesso;
IV – Classe D – são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como:
tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas
e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros.
Segundo esta mesma Resolução, os resíduos deverão ter as seguintes destinações:
356
I – Classe A: deverão ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou
encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a
permitir a sua utilização ou reciclagem futura;
II – Classe B: deverão ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a áreas de
armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou
reciclagem futura;
III – Classe C: deverão ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com
as normas técnicas especificas.
IV – Classe D: deverão ser armazenados, transportados, reutilizados e destinados em
conformidade com as normas técnicas especificas.
O município de Divinópolis, como a grande maioria dos municípios brasileiros, não possui
uma Usina de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil. Este fato obriga que os
resíduos classificados das classes A, B e C sejam encaminhados para áreas de aterramento.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente, junto com os órgãos ambientais estaduais, tenta
legalizar áreas para o aterramento destes resíduos, o que bastante difícil, tendo em vista a
grande quantidade de resíduos gerada e pulverização das fontes geradoras.
As principais reclamações da população dizem respeito ao lançamento clandestino de lixo e
à existência de bota-foras da construção civil, também clandestinos, apesar de existirem
depósitos regularizados.
7.3.22 Pneumáticos
Os pneumáticos recolhidos e armazenados pela Prefeitura Municipal são encaminhados
para a ANIP (Associação Nacional de Fabricantes e Importadores de Pneus).
A ANIP recolhe os pneus no EcoPonto, sempre que a quantidade armazenada garantir a
carga completa de uma carreta, os encaminhando para incineração nos fornos de
Cimenteiras devidamente licenciadas para estes fim.
357
7.3.23 Varrição, capina, limpeza de bueiros e bocas de lobo
A EMOP – Empresa Municipal de Obras Públicas e Serviços é responsável pelos serviços
de varrição, capina, limpeza de bueiros e bocas de lobo.
7.3.23.1 Varrição
Segundo informações da EMOP, o serviço de varrição é executado de segunda-feira a
sábado nas principais vias da cidade. Nos domingos e feriados o serviço se restringe ao
centro da cidade.
7.3.23.2 Capina
Não há rotina para a execução dos serviços de limpeza de logradouros, como capina e
roçada. Fato este, que pode ser constatado pela presença de vegetação alta em vários
logradouros, principalmente nos bairros mais afastados.
7.3.23.3 Limpeza de bueiros e bocas de lobo
Estes serviços são executados de acordo com um cronograma, por setores da cidade, ou
quando houver alguma situação emergencial.
Salienta-se que a necessidade deste serviço está diretamente relacionada com a qualidade
do acondicionamento e da coleta de lixo, com a existência de lixeiras nos logradouros
públicos (ponto este bastante criticado pela população) e com a própria educação ambiental
da população.
7.3.24 Considerações gerais
O município elaborou recentemente o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos
Sólidos – PGIRS, documento previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos. Dentre
358
outras coisas, este plano estabelece um conjunto de atividades que permite o correto
processo de coleta, acondicionamento, transporte e destinação final dos resíduos gerados,
como também, tratar da minimização dos passivos ambientais existentes e atender às
necessidades da população, contribuindo para a melhoria da saúde pública.
É importante que este plano seja efetivamente implantado e monitorado.
O Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos – PGIRS deve constar no Plano
Municipal de Saneamento previsto no Art. 19 da Lei Federal 11.445/2007 que estabelece as
diretrizes nacionais para o saneamento básico. Salienta-se que o atual plano de saneamento
de Divinópolis deve ser revisado e adequado a atual realidade do município.
7.2.25 A legislação e os serviços de limpeza urbana
Existe, no Brasil, uma coleção numerosa de leis, decretos, resoluções e normas que
evidenciam enorme preocupação com o meio ambiente e, especificamente na questão da
limpeza urbana, há ainda iniciativas do Legislativo municipal nas leis orgânicas e demais
instrumentos legais locais.
Sem mencionar lixo, a Constituição Federal dispõe:
• “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco da doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário a ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
• “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e as futuras gerações”.
• “É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
– proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;
– promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições habitacionais
e de saneamento básico;
359
– combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização promovendo a integração
social dos setores desfavorecidos”.
Constituição Federal, arts. 196, 225 e 23, incisos VI, IX e X, respectivamente.)
O Sistema de Licenciamento Ambiental está previsto na Lei Federal nº 6.938, de 31/8/1981,
e foi regulamentado pelo Decreto Federal nº 99.274, de 06/6/1990. Por outro lado, a
Resolução CONAMA nº 01/86 define responsabilidades e critérios para avaliação de
impacto ambiental e define as atividades que necessitam de Estudo de Impacto Ambiental –
EIA – e Relatório de Impacto Ambiental – RIMA –, entre as quais se inclui a implantação
de aterros sanitários.
Há ainda outras resoluções CONAMA e normas técnicas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT – que tratam de resíduos sólidos, quais sejam:
Resoluções CONAMA:
008/91 – Ementa: Veda a entrada no Brasil de materiais residuais destinados à disposição
final e incineração.
006/91 – Ementa: Desobriga a incineração ou qualquer outro tratamento de queima dos
resíduos sólidos provenientes dos estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos,
ressalvados os casos previstos em lei e acordos internacionais.
011/86 – Ementa: Altera o art. 2º da Resolução CONAMA nº 001 de 23 de janeiro de 1986,
que estabelece definições, responsabilidades, critérios básicos e diretrizes gerais para uso e
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política
Nacional de Meio Ambiente.
237/97 – Ementa: Dispõe sobre o sistema de licenciamento ambiental, a regulamentação de
seus aspectos na forma do estabelecido na Política Nacional de Meio Ambiente, estabelece
critério para o exercício da competência para o licenciamento a que se refere o art. 10 da
Lei nº 6.938/81 e dá outras providências.
360
004/95 – Ementa: Cria áreas de segurança aeroportuárias – ASA – para aeródromos,
proibindo a implantação, nestas áreas, de atividades de natureza perigosa que sirvam como
foco de atração de aves.
001/86 – Ementa: Define responsabilidades e critérios para avaliação de impacto ambiental
e define atividades que necessitam de Estudo de Impacto Ambiental – EIA – e Relatório de
Impacto Ambiental – RIMA.
005/88 – Ementa: Estabelece critérios para exigências de licenciamento para obras de
saneamento.
002/91 – Ementa: Determina procedimentos para manuseio de cargas deterioradas,
contaminadas, fora de especificação ou abandonadas que serão tratadas como fontes
potenciais de risco ao meio ambiente, até manifestação do órgão do meio ambiente
competente.
257/99 – Ementa: Disciplina o descarte e o gerenciamento ambientalmente adequado de
pilhas e baterias usadas, no que tange à coleta, reutilização, reciclagem, tratamento ou
disposição final.
006/88 – Ementa: Dispõe sobre o processo de Licenciamento Ambiental de Atividades
Industriais, sobre os resíduos gerados e/ou existentes que deverão ser objeto de controle
específico.
258/99 – Ementa: Trata da destinação final de pneumáticos inservíveis.
005/93 – Ementa: Estabelece definições, classificação e procedimentos mínimos para o
gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos,
terminais ferroviários e rodoviários.
275/01 – Ementa: Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser
adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas
informativas para a coleta seletiva.
283/01 – Dispõe sobre o tratamento e a disposição final de resíduos de serviços de saúde.
358/05 – Ementa: Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços
de saúde e dá outras providências.
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7.3.26 Normas técnicas da ABNT
NBR 10.004 – Ementa: Classifica resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao
meio ambiente e à saúde pública, para que estes resíduos possam ter manuseio e destinação
adequados.
NBR 13.896 – Ementa: Fixa condições mínimas exigíveis para projeto, implantação e
operação de aterros de resíduos não perigosos, de forma a proteger adequadamente as
coleções hídricas superficiais e subterrâneas próximas, bem como os operadores destas
instalações e populações vizinhas.
NBR 1.057; NB 1.025 – Ementa: Aterros de resíduos perigosos – Critérios para projeto,
construção e operação.
NBR 8.849; NB 844 – Ementa: Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos
sólidos urbanos.
NBR 8.418; NB 842 – Ementa: Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais
perigosos.
NBR 8419; NB 843 – Ementa: Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos
sólidos urbanos.
7.3.27 A legislação federal
O art. 9º, inciso IV, da Lei nº 6.938/81, estabelece como um dos instrumentos da Política
Nacional de Meio Ambiente o licenciamento e a revisão de atividades “efetiva” ou
“potencialmente poluidoras”, e o art. 10 prevê que a construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais –
considerados “efetivo” e potencialmente poluidores”, bem como os capazes, sob qualquer
forma, de causar “degradação ambiental” –, dependerão de prévio licenciamento do órgão
estadual competente, integrante do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA.
O Decreto nº 99.274/90, a partir do art. 17, explica o processo de licenciamento,
determinando que as atividades efetiva ou potencialmente poluidoras e aquelas capazes de
causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento do órgão estadual
362
competente integrante do SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças cabíveis, repetindo o
texto da Lei Política Nacional de Meio Ambiente.
Já o art. 19 (Decreto nº 99.274/90) dispõe que o poder público, no exercício de sua
competência de controle, expedirá as seguintes licenças: prévia, de instalação e de operação.
A Constituição Federal de 1988 elevou o Município à categoria de ente político como se
depreende dos arts. 1º e 18, que prevêem que a Federação Brasileira é constituída da União,
estados e municípios.
Os municípios já podiam legislar, prestar serviços e instituir e cobrar os próprios tributos,
além de eleger prefeito e vereadores. Além disso, os municípios têm a competência comum
– do art. 23, incisos VI e VII – de proteger o meio ambiente, combater a poluição e
preservar as florestas, a fauna e a flora.
O art. 30, inciso I, lhes permite legislar sobre interesse local, logo elaborar leis de política
municipal de meio ambiente, e pelo art. 30, inciso II, suplementar a legislação federal e
estadual, no que couber, além, do art. 30, inciso VIII, que confere competência exclusiva
para legislar sobre ordenamento territorial, mediante planejamento e uso do solo.
O art. 225 da Constituição Federal também ajuda a esclarecer que o Município tem o dever
de proteger o meio ambiente, uma vez que impõe ao poder público (União, Estado e
Município) e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações. Logo, o Município pode legislar sobre proteção ambiental e exercer o poder de
polícia administrativa.
Portanto, as prefeituras deverão se respaldar em suas leis orgânicas a fim de decidir, em
função de sua escala urbana (determinada pelo tamanho de sua população), sua situação
socioeconômica e cultural, alternativas possíveis para institucionalização do sistema de
limpeza urbana, formas de gestão, cobranças de taxas e tarifas e associações com outras
entidades que possam atuar ou convergir esforços, independentemente de sua natureza
institucional no país.
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Especificamente, o regulamento de limpeza urbana deve ser a espinha dorsal do sistema de
limpeza urbana da cidade, expressando todos os princípios fundamentais que devem
orientar o comportamento do poder municipal e de sua população.