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1
DINÂMICA POPULACIONAL DE CARIACICA
DIAGNÓSTICO E CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS
CONSULTORES:
Gutemberg Hespanha Brasil
Aurélia H. Castiglione
EQUIPE DE APOIO:
Carlos Umberto Felipe
CARIACICA
2012
2
Lista de siglas e abreviaturas
ABEP – Associação Brasileira de Estudos Populacionais
CEDEPLAR – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG
CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe
COHAB - Companhia de Habitação
CST – Companhia Siderúrgica de Tubarão
CVRD – Companhia Vale do Rio Doce
Denatran – Departamento Nacional de Trânsito
Detran – Departamento Estadual de Trânsito
Datasus – Departamento de Informática do SUS (Sistema Único de Saúde)
ENCE – Escola Nacional de Ciências Estatísticas - Rio de Janeiro
FEE – Fundação de Economia e Estatística – Rio Grande do Sul
GWh - Gigawatt-hora
IBGE – Instituto Brasileiro de geografia e Estatística
IE – Índice de Envelhecimento
INOCOOP-ES - Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais
MWh - Megawatt-hora
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Distrito Federal e Rio de Janeiro
NEPO – Núcleo de Estudos de População – Campinas – SP
NIS - Número de Identificação Social
PDMP - Plano Diretor Municipal Participativo
PMC – Prefeitura Municipal de Cariacica
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
3
PSF - Programa de Saúde da Família
RD – Razão de Dependência
RMGV - Região Metropolitana da Grande Vitória
RS – Razão de Sexo
SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – São Paulo
SIM – Sistema de Informações Sobre Mortalidade
SM - Saldo Migratório
TBM - Taxa Bruta de Mortalidade
TBN - Taxa Bruta de natalidade
TMI - Taxa de Mortalidade Infantil
UFES - Universidade Federal do Espírito Santo
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
UNFPA/Brasil – Fundo de População das Nações Unidas
4
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 - Evolução da população de Cariacica, GV, RMGV, ES e Brasil................................. 16
Tabela 2.2 - Evolução da participação da população de Cariacica (no ES, BR e RMGV-GV) e
taxa de crescimento geométrico de 1940 a 2010............................................................................. 19
Tabela 2.3 – Crescimento geométrico médio anual 1991–2000 e 2000-2010 (%).......................... 20
Tabela 2.4 - População residente por situação de domicílio............................................................ 22
Tabela 2.5 - Densidade populacional de Cariacica (hab/km2)......................................................... 24
Tabela 2.6 – Regiões administrativas de Cariacica (dados do censo 2000).................................... 26
Tabela 2.7 - Distribuição dos principais grupos etários (%) - Cariacica - 1960-2010..................... 34
Tabela 2.8A - Taxa de dependência demográfica (%) - Cariacica - 1960-2010 (idosos 65+)........ 36
Tabela 2.8B - Taxa de dependência demográfica (%) - Cariacica - 1960-2010 (idosos 60+)......... 36
Tabela 2.9A - Razão de Sexo total e por grupos etários – Cariacica - 1960-2010 – Idosos 65+.... 39
Tabela 2.9B - Razão de Sexo total e por grupos etários – Cariacica - 1960-2010 – Idosos 60+..... 39
Tabela 2.10 - Índice de idosos – Cariacica - 1960-2010 – idosos 65+ e idosos 60+....................... 41
Tabela 2.11 - Índice de idosos (%) – Vitória, Serra e Cariacica - 1960-2010 – idosos 65+............ 43
Tabela 3.1 – Nascimentos por ocorrência e residência da mãe segundo o ano do nascimento -
Cariacica – 1994-2007..................................................................................................................... 51
Tabela 3.2 – Nascimentos por residência da mãe segundo o sexo Cariacica – 1994 a 2007.......... 54
Tabela 3.3 – Indicadores de fecundidade implícitos nas projeções populacionais – Espírito
Santo – 1991/2030........................................................................................................................... 56
Tabela 3.4 - Indicadores de fecundidade – Cariacica – 1996 e 2000.............................................. 60
Tabela 3.5 - Nascimentos por residência da mãe por Ano do nascimento segundo a Idade da
mãe – Cariacica – 1994-2007.......................................................................................................... 62
Tabela 3.6 - Nascimentos por residência da mãe por Ano do nascimento segundo a Idade da
mãe (%) – Cariacica – 1994-2007................................................................................................... 63
Tabela 3.7 – Indicadores de mortalidade implícitos nas projeções populacionais – Espírito
Santo – 1991/2030........................................................................................................................... 72
Tabela 3.8 – Indicadores de mortalidade infantil – Cariacica......................................................... 80
Tabela 3.9 - Óbitos de menores de 1 ano por residência da mãe segundo a faixa etária e sexo –
Cariacica – 2007.............................................................................................................................. 81
Tabela 4.1 – Pessoas não naturais do Espírito Santo segundo o Estado de nascimento - 1970 a 99
5
2000..................................................................................................................................................
Tabela 4.2 – População nascida no Espírito Santo segundo o Estado de residência e população
residente no Espírito Santo segundo o Estado de nascimento – 2000............................................. 101
Tabela 4.3 – Trocas migratórias de pessoas de 5 anos ou mais de idade entre o Espírito Santo e
os outros Estados da Federação em 2000, considerando a residência em 31.07.1995.................... 102
Tabela 4.4 – Indicadores demográficos implícitos na projeção da população 1991-2030.............. 107
Tabela 4.5 – Proporção de pessoas não naturais do Espírito Santo na população residente no
Estado e em Cariacica - 1970 a 2000.............................................................................................. 107
Tabela 4.6 – Pessoas residentes em Cariacica, não naturais do Espírito Santo segundo o lugar de
Nascimento – 1970 a 2000 (% da população de Vitória)........................................................... 108
Tabela 4.7 – Indicadores de migração - RMGV – 2000.................................................................. 114
Tabela 4.8 – Migrantes segundo o local da residência em julho de 1995....................................... 115
Tabela 4.9 – Migração entre os municípios da RMGV – Período 1995-2000................................ 118
Tabela 5.1: Frota total de veículos, participação (%) da frota de Cariacica no ES e crescimento
anual................................................................................................................................................. 120
Tabela 5.2: Frota de automóveis, participação (%) da frota de Cariacica no ES e crescimento
anual................................................................................................................................................. 120
Tabela 5.3: Consumo de Energia Elétrica no Município de Cariacica (GWh) – (2000-2009)....... 124
Tabela 5.4: Taxas de crescimento anual – Consumo de Energia Elétrica em Cariacica (%).......... 127
Tabela 5.5: Número de unidades consumidoras de energia elétrica – Cariacica............................ 128
Tabela 5.6: Taxa de crescimento anual (%) – Número de unidades consumidoras de EE-
Cariacica......................................................................................................................................... 129
Tabela 6.1 - População de 0 a 4 anos de idade e de 60 anos ou mais (Cariacica).......................... 132
Tabela 6.2A - Esperança de vida por sexo...................................................................................... 134
Tabela 6.2B – Taxa de Fecundidade Total..................................................................................... 134
Tabela 6.3: Projeções da população de Cariacica (2010-2030) – Cenários 1, 2, 3, 4, 5 e 6........... 136
Tabela 6.4: Taxa média geométrica de crescimento (2010-2030) – Cenários 1, 2, 3, 4, 5 e 6....... 136
Tabelas do Anexo
Tabela A6.1 – Cenário 1 – Projeção da população de Cariacica por sexo e idade 2010 – 2030.... 152
Tabela A6.2 – Cenário 2 – Projeção da população de Cariacica por sexo e idade 2010 – 2030.... 153
6
Tabela A6.3 – Cenário 4 – Projeção da população de Cariacica por sexo e idade 2010 – 2030.... 154
Tabela A6.4 – Cenário 1 – Estatísticas implícitas nas projeções populacionais Cariacica - 2010-
2030....................................................................................................................................... 156
Tabela A6.5 – Cenário 2 – Estatísticas implícitas nas projeções populacionais Cariacica - 2010-
2030....................................................................................................................................... 156
Tabela A6.6 – Cenário 4 – Estatísticas implícitas nas projeções populacionais Cariacica - 2010-
2030....................................................................................................................................... 156
Tabela A6.7 - Razão de dependência (65+) – Cariacica – 2010-2030 (%).................................... 157
Tabela A6.8 - Razão de sexo – Cariacica – 2010-2030 (%).......................................................... 157
Tabela A6.9- Índice de envelhecimento (65+) – Cariacica – 2010-2030 (%)................................ 157
Tabela A6.10 - Evolução da participação dos grupos etários (%) - Cariacica –2005-2030 -
cenário 1.......................................................................................................................................... 157
Tabela A6.11 - Evolução da participação dos grupos etários (%) - Cariacica –2005-2030 -
cenário 2.......................................................................................................................................... 158
Tabela A6.12 - Evolução da participação dos grupos etários (%) - Cariacica –2005-2030 -
cenário 4.......................................................................................................................................... 158
Lista de Figuras
Figura 2.1 – Evolução da população de Cariacica: 1920 – 2010.................................................... 17
Figura 2.2 – Evolução da população da RMGV: 1940 – 2010....................................................... 18
Figura 2.3 – Evolução da taxa média geométrica de crescimento anual: Cariacica, RMGV e ES
- 1920-2010..................................................................................................................................... 20
Figura 2.4 – Evolução da taxa média geométrica de crescimento anual: Cariacica, RMGV e ES
- 1920-2010..................................................................................................................................... 21
Figura 2.5 – População residente por situação de domicílio: ES – 1960-2010.............................. 23
Figura 2.6 – População residente por situação de domicílio: Cariacica– 1960-2010..................... 23
Figura 2.7 – População urbana - ES e Cariacica (%) – 1960-2010................................................ 24
Figura 2.8 – Regionalização do município de Cariacica (%) – 2006............................................. 27
Figura 2.9 - Pirâmide etária para Cariacica no ano censitário de 1920.......................................... 28
Figura 2.10A - Pirâmides etárias para Cariacica nos anos censitários: 1960 a 2010...................... 29
Figura 2.10B - Pirâmides etárias para Cariacica nos anos censitários (%): 1960 a 2010............... 30
Figura 2.11 - Participação homens/mulheres na população total, por faixa etária – Cariacica –
2010................................................................................................................................................ 31
Figura 2.12A – Distribuição dos grupos etários (%) – Cariacica (1960-2010) – Idosos 65+........ 33
7
Figura 2.12B - Distribuição dos grupos etários (%) – Cariacica (1960-2010) – Idosos 60+......... 33
Figura 2.13 - Proporção de pessoas idosas em Cariacica (1960-2010) – duas classificações........ 34
Figura 2.14A – Razão de dependência (%) – Cariacica (1960-2010) – Idosos 65+....................... 37
Figura 2.14B – Razão de dependência (%) – Cariacica (1960-2010) – Idosos 60+....................... 37
Figura 2.15A - Razão de sexo (%): total da pop. e grupos etários – Cariacica – idosos 65+......... 38
Figura 2.15B - Razão de sexo (%): total da pop. e grupos etários – Cariacica – idosos 60+........ 39
Figura 2.16 – Razão de sexo total Cariacica e ES – 1960 – 2010................................................. 40
Figura 2.17A – Índice de idosos (%): Cariacica – idosos 65+....................................................... 41
Figura 2.17B – Índice de idosos (%): Cariacica – idosos 60+........................................................ 42
Figura 2.18 – Evolução da população por "cor ou raça" Cariacica - (1950-2010)......................... 45
Figura 2.19 – Evolução da população por "cor ou raça" ES - (1950-2010)................................... 46
Figura 3.1 - Brasil - Taxas de natalidade e de mortalidade (por 1000).......................................... 49
Figura 3.2 – Nascidos vivos por residência da mãe e por ocorrência segundo o ano do
nascimento – Cariacica – 1994-2007.............................................................................................. 50
Figura 3.3 - Nascimentos por ocorrência e por residência da mãe – RMGV, Maiores centros
urbanos e Demais Municípios – 2007............................................................................................. 52
Figura 3.4 – Nascimentos por ocorrência e por residência da mãe - RMGV – 2007..................... 53
Figura 3.5 - Taxas específicas de fecundidade por idade Espírito Santo – 1991, 2010 e 2030...... 58
Figura 3.6 – Nascimentos por residência da mãe segundo a idade da mãe - Cariacica – 2007...... 64
Figura 3.7 - Nascimentos por residência da mãe por ano de nascimento e Estado Civil da mãe –
Cariacica – 1999 a 2007.................................................................................................................. 65
Figura 3.8 - Nascimentos por residência da mãe e Estado Civil da mãe – RMGV –2007............. 66
Figura 3.9 – Nascimentos por residência de mães solteiras segundo a idade da mãe (%) -
Cariacica – 2007............................................................................................................................. 68
Figura 3.10 - Nascimentos por residência da mãe por ano de nascimento e consultas pré-natal –
Cariacica – 2007............................................................................................................................. 69
Figura 3.11 – Óbitos por residência e ocorrência – Cariacica – 1979 a 2007................................ 73
Figura 3.12 – Óbitos por ocorrência e residência segundo o ano do óbito RMGV – 1979-2007... 74
Figura 3. 13 – Óbitos por ocorrência e por residência – RMGV – 2007........................................ 75
Figura 3.14– Óbitos de residentes segundo o sexo – Cariacica – 1979 a 2007.............................. 76
8
Figura 3.15 – Óbitos de residentes por idade e sexo – Cariacica – 2007....................................... 77
Figura 3.16 – Sobremortalidade masculina na população residente – Cariacica – 2007................ 77
Figura 3.17- Taxas de mortalidade por idade e sexo – Cariacica – 2000....................................... 79
Figura 3.18 - Taxa de Mortalidade Infantil – Cariacica e Espírito Santo – 1989 a 1998............... 81
Figura 3.19 – Proporção de óbitos de residentes segundo os 4 grupos de causas mais
importantes – Cariacica – 1979 a 2007........................................................................................... 83
Figura 3.20 – Proporção de óbitos de residentes segundo o grupo de causas: doenças infecciosas
ou parasitárias – Cariacica – 1979 a 2007.................................................................... 84
Figura 3.21 – Proporção de óbitos infantis de residentes segundo alguns grupos de causas –
Cariacica – 1996 a 2007.................................................................................................................. 85
Figura 3.22 – Número de óbitos de residentes por sexo segundo os grupos de causas mais
importantes (CID -10) – Cariacica – 2007...................................................................................... 86
Figura 3.23 – Grupos de causas de mortalidade segundo a incidência proporcional por idades –
Cariacica – óbitos por residência – 2007........................................................................................ 87
Figura 3.24 – Proporção de óbitos de residentes por causas externas de morbidade e
mortalidade no total de óbitos do grupo etário segundo o sexo e os grupos etários – Cariacica –
2003 a 2007.....................................................................................................................................
88
Figura 3. 25 – Evolução do número de óbitos de residentes por causas externas de mortalidade
– RMGV e demais municípios do Espírito Santo 1979 a 2007...................................................... 89
Figura 3.26 – Evolução do número de óbitos por ocorrência segundo causas externas de
mortalidade - Cariacica e demais municípios da RMGV – 1979 a 2007........................................ 89
Figura 3.27 – Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas RMGV – 2007........... 91
Figura 3.28 – Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas município de
Cariacica – 2007............................................................................................................................. 91
Figura 3.29 - Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas município da Serra –
2007................................................................................................................................................. 92
Figura 3.30- Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas município de Vila
Velha – 2007................................................................................................................................... 92
Figura 3.31- Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas município de Vitória –
2007................................................................................................................................................. 93
9
Figura 3.32 - Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência –
RMGV 2007................................................................................................................................... 94
Figura 3.33- Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência –
Cariacica 2007................................................................................................................................ 94
Figura 3.34- Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência – Serra
2007....................................................................................................................................... 95
Figura 3.35 - Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência –Vila
Velha 2007...................................................................................................................................... 95
Figura 3.36 - Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência –
Vitória – 2007................................................................................................................................. 96
Figura 4.1 – Proporção de residentes segundo o Estado de nascimento no total de pessoas não-
naturais do Espírito Santo - 1970-2000.......................................................................................... 100
Figura 4.2 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam no Espírito Santo em
31.07.1995, por sexo, segundo os grupos de idade Espírito Santo – 2000..................................... 104
Figura 4.3 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam no Espírito Santo em
31.07.1995, por grupos de anos de estudo (%) – 2000................................................................... 105
Figura 4.4 – População residente, por deslocamento para trabalho ou estudo, segundo os grupos
de idade - Espírito Santo – 2000......................................................................................... 106
Figura 4.5 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, por lugar de residência em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e outros
municípios do Espírito Santo..........................................................................................................
109
Figura 4.6 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, residentes em Minas Gerais em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e
outros municípios do Espírito Santo...............................................................................................
110
Figura 4.7 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, residentes na Bahia em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e outros
municípios do Espírito Santo..........................................................................................................
111
Figura 4.8 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, residentes no Rio de Janeiro em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e
outros municípios do Espírito Santo...............................................................................................
112
10
Figura 4.9 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, residentes em São Paulo em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e
outros municípios do Espírito Santo...............................................................................................
113
Figura 4.10 – Saldos migratórios dos municípios que apresentam os maiores valores positivos e
negativos – Espírito Santo – Período 1995 a 2000......................................................................... 114
Figura 4.11 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam em outro Município do Espírito
Santo em 31.07.1995, por grupos de anos de estudo (%) - Espírito Santo – 2000......................... 116
Figura 4.12 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam em outro município do Espírito
Santo em 31.07.1995, por idade - Espírito Santo – 2000............................................................... 117
Figura 4.13 – Proporção das pessoas residentes que trabalhavam ou estudavam em outro
município do Espírito Santo, segundo os municípios de residência e os grupos etários RMGV –
2000.................................................................................................................................................
118
Figura 5.1A – Evolução da Frota total de veículos – Cariacica, RMGV e ES – 1999-2009.......... 121
Figura 5.1B – Taxa de crescimento anual da Frota total de veículos (%) – Cariacica, RMGV e
ES – 1999-2009........................................................................................................................................................ 122
Figura 5.2A – Evolução da frota de automóveis – Cariacica, RMGV e ES – 1999-2009.............. 122
Figura 5.2B – Taxa de crescimento anual da frota de automóveis (%) – Cariacica, RMGV e ES
– 1999-2009.................................................................................................................................... 123
Figura 6.1 – Projeções dos cenários 1, 2, e 4 (2010 – 2030)......................................................... 137
Figura 6.2 – Taxa média geométrica de crescimento - projeções dos cenários 1, 2, e 4................ 137
Figura 6.3 – Projeções dos cenários 2 e 6 (2010 – 2030).............................................................. 138
Figura 6.4 – Taxa média geométrica de crescimento - projeções dos cenários 1, 2, 3, 4, 5 e 6..... 138
Figura 6.5 - Pirâmides etárias (%) para Cariacica nos anos projetados: 2010 a 2030 (cenário 1). 139
Figura 6.6 - Pirâmides etárias (%) para Cariacica nos anos projetados: 2010 a 2030 (cenário 2). 140
Figura 6.7 - Pirâmides etárias (%) para Cariacica nos anos projetados: 2010 a 2030 (cenário 4). 141
Figura 6.8A – Evolução dos grupos etários - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030 (cenários
1, 2, 4)............................................................................................................................................. 144
Figura 6.8B – Evolução dos grupos etários - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030 (cenários
1, 2, 4)............................................................................................................................................. 145
Figura 6.9 – Razão de dependência - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030 (cenários 1, 2, 4) 147
Figura 6.10 – Razão de Sexo - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030 (cenários 1, 2, 4).......... 148
11
Figura 6.11 – Índice de envelhecimento - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030 (cenários 1,
2, 4)................................................................................................................................................. 150
Lista de Gráficos
Gráfico 5.3 – Consumo de Energia Elétrica no município de Cariacica (GWh) – (2000-2009).... 125
Gráfico 5.4 – Consumo de Energia Elétrica no município de Cariacica (MWh) – (2000-2009)... 126
Gráfico 5.5 – Taxas de Crescimento Anual: Consumo de Energia Elétrica em Cariacica (%)...... 128
Gráfico 5.6 – Unidades consumidoras de energia elétrica – Cariacica – (2000-2009).................. 129
Gráfico 5.7 – Taxa de crescimento anual (%) – Número de unidades Consumidoras de EE-
Cariacica......................................................................................................................................... 130
12
SUMÁRIO
RESUMO......................................................................................................................................... 13
1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 14
2. A EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA DE CARIACICA..................................................... 15
2.1 A população total.................................................................................................................. 15
2.2 Estrutura da população de Cariacica por idade e sexo ......................................................... 27
3. DINÂMICA DEMOGRÁFICA: COMPONENTE NATURAL..................................... 46
3.1 Fecundidade.......................................................................................................................... 48
3.1.1 Indicadores da fecundidade................................................................................................... 48
3.1.2 Evolução e características..................................................................................................... 49
3.1.3 Medidas e características da natalidade do município de Cariacica..................................... 54
3.2 Mortalidade........................................................................................................................... 69
3.2.1 Indicadores da mortalidade................................................................................................... 69
3.2.2 Evolução e características..................................................................................................... 73
3.2.3 Características e medidas da mortalidade do município de Cariacica.................................. 75
4. DINÂMICA DEMOGRÁFICA: COMPONENTE MIGRATÓRIO............................. 96
4.1 Considerações gerais............................................................................................................. 96
4.2 Análise das características da migração no Espírito Santo................................................... 98
4.3 Análise das características da migração em Cariacica.......................................................... 107
5. INDICADORES INDIRETOS DE CRESCIMENTO..................................................... 119
5.1 Frota de veículos automotivos.............................................................................................. 119
5.2 Consumo de energia elétrica................................................................................................. 123
6. PROJEÇÕES DA POPULAÇÃO PARA O MUNICÍPIO DE CARIACICA: 2010-
2030....................................................................................................................................... 130
6.1 Uma discussão qualitativa..................................................................................................... 130
6.2 Projeções e premissas........................................................................................................... 131
6.3 Anexo – Projeções dos cenários 1, 2 e 4 por sexo e faixa etária: 2010-2030....................... 152
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................. 158
8. ANEXO: CONCEITOS E DEFINIÇÕES........................................................................ 161
9. REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 171
13
Dinâmica Populacional de Cariacica
Resumo
O estudo da dinâmica populacional do município de Cariacica para o período que vai de 2010 a
2030, constitui um dos eixos temáticos que estruturam a Agenda Cariacica. A partir da análise dos
dados demográficos disponíveis (desde o censo demográfico de 1920) procurou-se mapear aspectos
importantes para o tema, tendo como base uma conceituação dos modelos demográficos e uma
“revisão da literatura” dos diversos modelos para projeções populacionais, e os resultados sobre
“Indicadores Sociodemográficos para o Brasil”. Isso resultou em: (i) em uma análise dos dados
existentes dos censos e outros, para descrever a “dinâmica demográfica de Cariacica” sobre diversos
aspectos; (ii) nas projeções demográficas para o município de Cariacica até 2030, através de duas
metodologias distintas produzindo seis cenários, sendo três deles descritos como cenários possíveis;
(iii) no estudo de variáveis que possam indiretamente indicar ou não o “crescimento” populacional
do município; e, finalmente, (v) em alguns comentários indicando possíveis “cenários e tendências”
para os próximos anos. Quais as questões fundamentais que a demografia nos traz para pensar no
futuro de Cariacica? São várias tendências demográficas simultâneas que estão ocorrendo, desde a
queda da fecundidade à queda da migração e ao aumento da esperança de vida. Esses e outros fatores
indicam que a população deve começar a diminuir daqui a 30 anos e acelerar seu processo de
envelhecimento. Os últimos dados censitários têm indicado uma tendência geral de redução nas taxas
anuais de crescimento populacional. A taxa de fecundidade total de Cariacica apresenta tendência
decrescente nos dados reais disponíveis. Também fica evidenciado o envelhecimento da população.
Os dados dos últimos censos (1991, 2000, e 2010 - apenas dados divulgados até 29/04/2011)
demonstram uma tendência de queda no saldo migratório positivo do município. Os dados indicam
crescimento populacional com desaceleração, provocando alterações na pirâmide populacional.
Palavras Chave: Fecundidade; mortalidade; projeções populacionais; metodologia; Dinâmica
populacional: município da Cariacica/ES.
14
1. Introdução
O estudo da dinâmica populacional do município de Cariacica para o período que vai de 2010 a
2030, constitui um dos eixos temáticos que estruturam a Agenda Cariacica. Diversas questões
pertinentes ao tema foram propostas pela equipe coordenadora da Agenda. A indisponibilidade de
alguns dados, ou mesmo a sua inexistência, dificultaram o uso prospectivo, como por exemplo,
dados atualizados sobre migração. Procurou-se resolver as questões propostas da maneira mais
satisfatória possível.
Quais as questões fundamentais que a demografia nos traz para pensar no futuro de Cariacica? São
várias tendências demográficas simultâneas que estão ocorrendo, desde a queda da fecundidade à
queda da migração e ao aumento da esperança de vida. Esses e outros fatores indicam que a
população vai começar a diminuir daqui a 30 anos e acelerar seu processo de envelhecimento. O
crescimento da população em idade ativa irá gerar demandas no sistema escolar além da ocupação do
tempo. Com o envelhecimento esperam-se alterações no perfil epidemiológico, que já são
manifestas. Além disso, não se pode esquecer que Cariacica é parte de uma grande Região
Metropolitana e seu fluxo conjunto deve ser considerado.
O conteúdo do estudo é como se segue. No capítulo 2 descreve-se a evolução da população de
Cariacica por idade e sexo, com alguns de seus indicadores implícitos associados. No capítulo 3 os
componentes do crescimento natural: fecundidade e mortalidade são apresentados em detalhe, para o
Brasil, Espírito Santo e Cariacica. No capítulo 4, o processo migratório no ES e, em especial, na
RMGV e Cariacica, é analisado para os últimos censos demográficos. O capítulo 5 procura verificar
alguns indicadores de crescimento (populacional) indireto, quais sejam a frota de veículos e o
consumo de energia elétrica. As projeções populacionais para o período 2010- 2030, com alguns
indicadores implícitos, encontram-se no capítulo 6. No capítulo 7 é realizada uma síntese com
algumas considerações finais. Nos capítulos 8 e 9 estão, respectivamente, alguns conceitos e
definições úteis para o entendimento do texto e as referências bibliográficas.
Comentário importante:
A primeira versão deste relatório foi concluída em maio/2010. Esta é uma versão atualizada do
relatório. Em 29/04/2011 foi divulgada a sinopse do censo 2010 realizado pelo IBGE. Assim,
procurou-se atualizar as tabelas e gráficos com pertinência desses dados. Vale destacar que a
15
projeção do IBGE para o município de Cariacica no ano 2009 foi de 365.859 habitantes. A contagem
do censo 2010 para o município foi 348.738 habitantes. A projeção foi superestimada. Optou-se por
deixar os cenários propostos neste estudo, como na versão inicial, visto que não se dispõe ainda dos
dados definitivos do censo 2010. Comenta-se no capítulo 6, sobre o cenário que mais se ajustou à luz
dos resultados até agora divulgados.
2. A Evolução demográfica de Cariacica
2.1. A população total
Primeiramente veio o desenvolvimento através de uma vida econômica regular, com uma população
fixada na região. Em dezembro de 1837 foram estabelecidas três freguesias subordinadas ao
município de Vitória: Vitória, Carapina e São João Batista de Cariacica. Foi a criação do primeiro
distrito municipal. Em 1880, assinala Bezerra (2009, página 56), o distrito “já se apresentava com
capacidade econômica para ter vida autônoma”. Em novembro de 1890 foi elevado à categoria de
Vila com a denominação de Cariacica e sede na Vila de São João Batista de Cariacica. “O dia 30-12-
1890 constitui a data do desmembrado do município de Cariacica do município de Vitória”; (ibid.,
página 59). Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o município é constituído por 2
distritos: Cariacica e Itanguá. Em 1914 a sede do distrito de Itanguá passa para a povoação de
Itaquari e o distrito de Itanguá passa a denominar-se Itaquari. A divisão territorial nesses dois
distritos, Cariacica e Itaquari, permenece em divisão territorial datada de 2005; Bezerra (2009),
IBGE (2010a, b). Cariacica permaneceu como vila durante quase cinquenta anos, sendo elevada à
categoria de cidade em novembro de 1938 (Bezerra, 2009, página 61).
Do ponto de vista territorial, os limites do município de Cariacica foram fixados por lei de novembro
de 1937, regulando as fronteiras com os municípios vizinhos: Santa Leopoldina, Serra, Vitória, Vila
Velha (denominado inicialmente Espírito Santo), Viana (denominado inicialmente Jabaeté), e,
Domingos Martins. Bezerra (2009) sugere que a circunscrição inicial, em 1864, era de cerca de 400
km2. Contudo, a área territorial oficial do município de Cariacica, é de 279,975 km
2, conforme o
IBGE; IBGE (2010b). Assim, no período de tempo aqui estudado essa é a área do município de
Cariacica.
O crescimento da população de Cariacica, do Estado, da Região Metropolitana da Grande Vitória e
do Brasil, de 1920 a 2010 (censo 2010, IBGE) pode ser vislumbrado na tabela 2.1 e na figura 2.1.
16
Durante três décadas, de 1950 a 1980, a população do município de Cariacica teve um intenso
crescimento, certamente decorrente das migrações no sentido das áreas rurais para região
metropolitana, ocasionadas pelas transformações econômicas no Estado do Espírito Santo,
especialmente de 1960 para 1970 por causa da crise na cafeicultura (“a quebra da economia rural”).
De 1950 para 1960, a população passou de 21.741 para 39.608, um crescimento de 82,2%. De 1960
para 1970 a população aumentou em 156,1%, um excepcional crescimento geométrico anual de
9,86%; e, de 1970 para 1980, o crescimento foi 86,5%. Em 1980 a população era de 189.099
habitantes. No censo de 1991, Cariacica era o município mais populoso da Grande Vitória (274.532
habitantes). A partir daí observou-se uma desaceleração do crescimentro e, atualmente, uma
estabilização: de 1991 para 2000 houve um acréscimo populacional de apenas 18,1%. O censo do
IBGE para o ano 2010 mostra que o crescimento relativamente ao ano 2000 foi de apenas 7,54%, o
que dá um crescimento geométrico anual médio de 0,73%, ficando abaixo de todas as expectativas;
ver também a tabela 2.2.
Tabela 2.1: Evolução da população de Cariacica, GV, RMGV, ES e Brasil
Ano Cariacica(1) GV(2) RMGV(2) ES(1) Brasil(1)
1920 12.036 ----- ------ 457.328 30.635.605
1940 15.228 91.570 111.456 750.107 41.165.289
1950 21.741 110.931 131.337 861.562 51.944.397
1960 39.608 194.311 221.104 1.170.858 70.070.457
1970 101.422 385.998 418.273 1.599.333 93.139.037
1980 189.099 706.244 753.959 2.023.340 119.002.706
1991 274.532 1.064.919 1.136.842 2.600.618 146.825.475
1996 301.183 1.182.354 1.267.423 2.802.707 157.070.163
2000 324.285 1.337.187 1.438.596 3.097.232 169.799.170
2010(3) 348.738 1.565.393 1.687.704 3.514.952 190.755.799
(1) Fonte IBGE - vários censos demográficos. População residente: censos de 1940, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000, 2010 e contagem 1996 e 2007.
População presente: censos de 1920, 1950.
(2) Fonte Ipea. (3) Censo IBGE divulgado em 29/04/2011 (www.ibge.gov.br).
GV - Grande Vitória: Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana.
17
RMGV – Região Metropolitana da GV: Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica, Viana, Guarapari, Fundão.
Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Cabe ressaltar que, na construção das tabelas com a população de Cariacica, ES e Brasil, utilizaram-
se os dados definitivos dos censos de 1920, 1940, 1950, 1960, 1970 e 1980 disponíveis na biblioteca
digital do IBGE (www.ibge.gov.br) e diretamente no site para os censos de 1991, 2000 e 2010;
(IBGE, 1920, 1940, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000, 2011, 2011a). Para a composição da população
da GV e da RMGV, utilizaram-se os dados disponíveis no site do Ipea (www.ipeadata.gov.br).
Existem pequenas divergências nas várias bases de dados, para alguns anos, devido às revisões
realizadas e à não atualizações dos sites na internet. De outro lado, a população utilizada nos cálculos
demográficos é a "população residente" (anos de 1940, 1960, 1970, 1980, 1991, 1996, 2000 e 2010).
Em alguns casos, devido à inexistência desse dado utiliza-se a "população presente" (anos de 1920 e
1950).
Figura 2.1 – Evolução da população de Cariacica: 1920 - 2010
12036 15228 21741
39608
101422
189099
274532
301183
324285
348.738
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
1920
1930
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
2010
Po
pu
lação
Evolução da população de Cariacica - 1920-2010
É importante visualizar na figura 2.1 a evolução da população de Cariacica nos últimos noventa
anos. A curva populacional esboçada ao longo do período que vai de 1920 a 2010, representa uma
curva típica do crescimento populacional: a curva logística. Aparentemente, se não houver grandes
18
fluxos migratórios, a curva apresenta crescimento, porém, a taxas decrescentes rumo a um limite de
saturação (veja-se também a figura 2.3).
A figura 2.2 mostra a evolução da população dos municípios da RMGV de 1940 a 2010, sendo os
dados de 2010 o resultado do censo divulgado em 29/04/2011 pelo IBGE. A tabela 2.2 mostra a
evolução da participação da população de Cariacica e a taxa de crescimento geométrico no período.
A primeira parte da tabela explicita a participação da população de Cariacica no total da população
em vários níveis. Em 1960 a população de Cariacica correspondia a 20% da RMGV, passou para
26,8% em 1980, ficou em 24,3% no ano 2000, e passou para 22,3% em 2010. A figura 2.2 mostra
que esse decrescimento foi acompanhado do crescimento relativo dos outros municípios da Região
Metropolitana, especialmente Vila Velha e Serra.
Figura 2.2 – Evolução da população da RMGV: 1940 - 2010
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
400.000
450.000
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
2010
Evolução da população da RMGV - 1940-2010
Cariacica Vila Velha Serra Vitória Viana Guarapari Fundão
A tabela 2.2 e a figura 2.3 mostram o comportamento da taxa média geométrica de crescimento
anual: de 1950 a 1980 a população de Cariacica cresceu a altas taxas e acima da média estadual e da
RMGV. A partir daí observou-se uma desaceleração do crescimento, ficando o mesmo abaixo da
19
média da RMGV a partir dos anos 1980 e abaixo da média estadual a partir de 1996. O que
aconteceu de 1996 a 2000? Uma conjectura seria uma aceleração nas atividades de setor de petróleo
e gás no ES de modo geral; contudo o padrão de decrescimento se mantém (figura 2.4).
Tabela 2.2 - Evolução da participação da população de Cariacica (no ES, BR e RMGV-GV) e taxa
de crescimento geométrico de 1940 a 2010
1940 1950 1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010(1)
Participação da população de Cariacica no total da população (%)
GV 16,63 19,60 20,38 26,28 26,78 25,78 25,47 24,25 22,28
RMGV 13,66 16,55 17,91 24,25 25,08 24,15 23,76 22,54 20,66
ES 2,03 2,52 3,38 6,34 9,35 10,56 10,75 10,47 9,92
Brasil 0,04 0,04 0,06 0,11 0,16 0,19 0,19 0,19 0,18
Taxa média geométrica de crescimento anual (%)
Cariacica 1,18 3,69 6,08 9,86 6,43 3,45 1,90 1,86 0,73
GV ------ 1,97 5,67 6,98 6,23 3,80 2,15 3,12 1,59
RMGV ------ 1,68 5,26 6,58 6,07 3,80 2,24 3,22 1,61
ES 2,50 1,42 3,06 3,17 2,38 2,31 1,53 2,53 1,27
Brasil 1,49 2,39 2,99 2,89 2,48 1,93 1,38 1,97 1,17
Fonte: Censo 2010 do IBGE divulgado em 29/04/2011. Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
20
Figura 2.3 – Evolução da taxa média geométrica de crescimento anual:
Cariacica, RMGV e ES - 1920-2010
1,18
3,69
6,08
9,86
6,43
3,45
1,901,86
0,73
1,68
5,26
6,58
6,073,80
2,24
3,22
1,612,50
1,42
3,06 3,17
2,38 2,311,53
2,53
1,27
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
1940/1920 1950/1940 1960/1950 1970/1960 1980/1970 1991/1980 1996/1991 2000/1996 2010/2000
Evolução da Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual: Cariacica, RMGV e ES - 1920-2010
Cariacica RMGV ES
A figura 2.4 é uma reedição da figura 2.3, apenas excluindo-se o ano de 1996. Nesse caso pode-se
visualizar o crescimento de 1991 para 2000 (tabela 2.3). Nota-se que houve um decréscimo na taxa
tanto para Cariacica, quanto para a RMGV, quanto todo o Estado. Contudo a velocidade do
decaimento foi maior para Cariacica.
O alto crescimento populacional de 1950 até meados dos anos 1980 pode ser resultado do
movimento migratório “provocado pela desestruturação do modelo primário exportador” e pela
implantação dos grandes projetos no Estado. E o grande destino do processo migratório no Estado,
até 1980 com grande intensidade e até 2000 com menor intensidade, foi direcionado para os
municípios da Grande Vitória, especialmente Cariacica (ver capítulo 4). Observa-se que, desde
1980, a população de Cariacica cresce menos que a da RMGV.
Tabela 2.3 – Crescimento geométrico médio anual 1991–2000 e 2000-2010 (%)
Região 2000/1991 2010/2000
Espírito Santo 1,98 1,27
RMGV 2,68 1,61
21
Cariacica 1,89 0,73
Fonte: Dados dos censos IBGE. Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Figura 2.4 – Evolução da taxa média geométrica de crescimento anual:
Cariacica, RMGV e ES - 1920-2010
1,18
3,69
6,08
9,86
6,43
3,45
1,89
0,73
2,50
1,42
3,06 3,17
2,38 2,31
1,98
1,27
1,68
5,26
6,58
6,07
3,80
2,68
1,61
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
1940/1920 1950/1940 1960/1950 1970/1960 1980/1970 1991/1980 2000/1991 2010/2000
Evolução da Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual: Cariacica, RMGV e ES - 1920-2010
Cariacica ES RMGV
População urbano-rural e densidade populacional
A tabela 2.4 apresenta a população do Estado e do município de Cariacica por situação de domicílio.
A população rural do município de Cariacica era, em 1970, de 32.222 pessoas, perfazendo 31,8% da
população total. No entanto, de 1970 para 1980, praticamente houve em êxodo rural, visto que a
população rural do município recuou para 2,0%. O censo de 1991 registrou um patamar, em números
absolutos, idêntico ao de 1960, mas que, percentualmente representava apenas 4,9% da população (a
população rural representava 34,8% em 1960). A figura 2.6 mostra claramente esse movimento na
população rural do município. Com relação ao Estado, a população urbana que era de 31,4% em
1960, passou para 79,5% da população total em 2000 e para 83,4% em 2010; tabela 2.4 e figura 2.7.
A figura 2.5 é elucidativa ao mostrar claramente que foi no início da década de 1970, que se deu a
22
reversão entre a população urbana e rural no Estado. Desde então o crescimento da população urbana
é evidente; figura 2.7.
Tabela 2.4 - População residente por situação de domicílio
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
ES Urbana 367.568 721.916 1.293.378 1.924.588 2.176.006 2.463.049 2.928.993
Rural 803.290 877.417 729.962 676.030 626.701 634.183 583.679
Total 1.170.858 1.599.333 2.023.340 2.600.618 2.802.707 3.097.232 3.512.672
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Cariacica Urbana 25.816 69.200 185.298 261.084 290.291 312.980 337.822
Rural 13.792 32.222 3.801 13.448 10.892 11.305 11.111
Total 39.608 101.422 189.099 274.532 301.183 324.285 348.933
Fonte: Dados dos censos IBGE. Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
23
Figura 2.5 – População residente por situação de domicílio: ES – 1960-2010
367.568
721.916
1.293.378
1.924.588
2.176.006
2.463.049
2931472
803.290
877.417
729.962676.030 626.701
634.183
583.480
1.170.858
1.599.333
2.023.340
2.600.618
2.802.707
3.097.232
3.514.952
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
3.500.000
4.000.000
1960 1970 1980 1990 2000 2010
Evolução da população residente por situação de domicílio - ES - 1960-2010
Urbana Rural Total
Figura 2.6 – População residente por situação de domicílio: Cariacica– 1960-2010
25.81669.200
185.298
261.084
290.291
312.980337.643
13.792 32.2223.801
13.448 10.892 11.305 11.095
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
400.000
1960 1970 1980 1990 2000 2010
Evolução da população residente por situação de domicílio - Cariacica - 1960-2010
Urbana Rural
24
Figura 2.7 – População urbana - ES e Cariacica (%) – 1960-2010
31,4
45,1
63,9
74,077,6
79,5
83,4
65,268,2
98,095,1
96,4 96,5 96,8
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
1960 1970 1980 1990 2000 2010
Evolução da proporção de pessoas residentes em área urbana com relação ao total da população -ES e Cariacica -1960-2010
ES Urbana Cariacica Urbana
Na tabela 2.5 encontra-se a densidade populacional do município no período de 1920 a 2010, com
relação à superfície territorial oficial do município; IBGE (2010a). A região rural representa,
aproximadamente, a metade da extensão territorial do município. Por isso a grande concentração
populacional na região considerada urbana. Outras informações estão na tabela: população urbana
(%) e o índice de desenvolvimento humano municipal (IDHM).
Tabela 2.5 - Densidade populacional de Cariacica (hab/km2)
Ano Área (km2) População de Cariacica (hab)
Densidade populacional
(hab/km2)
População
urbana (%) IDHM
1920
279,975
12.036 43,0 ---- ----
1940 15.228 54,4 ---- ----
1950 21.741 77,7 ---- ----
1960 39.608 141,5 65,2 ----
1970 101.422 362,3 68,2 ----
25
1980
189.099 675,4 98,0 ----
1991 274.532 980,6 95,1 0,672
1996 301.183 1.075,7 96,4 ----
2000 324.285 1.158,3 96,5 0,750
2010 348.738 1.245,6 96,8 ----
Fonte da área territorial oficial do município de Cariacica: IBGE (2010a). População (IBGE, vários censos
Distribuição espacial (censo 2000) – regiões
Em 1916, o Código de Posturas do município de Cariacica registrava cinco regiões administrativas,
que haviam sido estabelecidas por lei municipal em 1914, são: (1) a Vila de Cariacica; (2) a
povoação de Duas Bocas; (3) a povoação de São Paulo; (4) a povoação de Itapoca; e, (5) a povoação
de Itaquari. Observe-se que, e isso é importante, os distritos administrativos tinham os mesmos
limites dos distritos judiciários e também dos distritos policiais.
Utilizando os dados censitários do ano 2000, encontra-se em PMC (2005) uma distribuição espacial
da população do município em 13 regiões, representadas na tabela 2.6 e na figura 2.8. Conforme
descrito em PDM (2006), essa regionalização foi criada pelo município com o objetivo de melhor
definir e priorizar as ações do Orçamento Participativo (OP). A região 13, tipicamente rural
corresponde à metade da área do município. Observe-se que a classificação regional da tabela 2.6 -
PMC (2005) – não contempla toda a população rural do município, segundo o IBGE (2000); ver a
tabela 2.4.
Tabela 2.6 – Regiões administrativas de Cariacica (dados do censo 2000)
26
Regiões Homens Mulheres Total Hab/dom 2000 (%)
1- Porto Santana 21.323 21.571 42.894 3,86 13,2
2 - Santana 11.114 11.496 22.610 3,63 7,0
3 - Itacibá 15.488 16.360 31.848 3,60 9,8
4 - Campo Grande 23.998 25.778 49.776 3,40 15,3
5 - Itaquari 8.281 9.117 17.398 3,53 5,4
6 - Jardim América 15.999 17.049 33.048 3,53 10,2
7 - Caçaroca 13.541 13.781 27.322 3,76 8,4
8 - Nova Rosa da Penha 9.394 9.444 18.838 3,91 5,8
9 - Cariacica Sede 11.034 10.981 22.015 3,63 6,8
10 - Operário 11.546 11.589 23.135 3,72 7,1
11 - Padre Gabriel 9.907 10.092 19.999 3,74 6,2
12 - Santa Bárbara 6.154 6.183 12.337 3,68 3,8
13 - Rural 1.652 1.409 3.061 3,77 0,9
Total 159.431 164.850 324.281 3,64 100,0
Nota: Os nomes das regiões não são oficiais, são denominações da equipe Agenda Cariacica: Dinâmica populacional. Fontes: PDM (2006); IBGE
(2000).
Figura 2.8 – Regionalização do município de Cariacica (%) – 2006
27
2.2. Estrutura da população de Cariacica por idade e sexo
Pirâmides etárias
De acordo com o recenseamento de 1920 a população de Cariacica era de 12.036 habitantes, sendo
50,6% do sexo feminino. As pirâmides etárias da figura 2.9, mostram a população por faixa etária e
sexo, em valores absolutos e em percentagem. É uma pirâmide típica da primeira metade do século
XX: o grupo etário de 0 a 9 anos representava 28,9% da população, enquanto a população com mais
de 60 anos apenas 4,5%.
28
Figura 2.9 - Pirâmide etária para Cariacica no ano censitário de 1920
1777
1498
853
729
553
297
152
53
27
1703
1471
1037
699
542
317
203
79
32
20000 15000 10000 5000 0 5000 10000 15000 20000
0 a 9 anos
10 a 20 anos
21 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 a 69 anos
70 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária - Cariacica - 1920
Homens Mulheres
População
14,8
12,5
7,1
6,1
4,6
2,5
1,3
0,4
0,2
14,2
12,2
8,6
5,8
4,5
2,6
1,7
0,7
0,3
20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0
0 a 9 anos
10 a 20 anos
21 a 29 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
60 a 69 anos
70 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária - Cariacica (%) - 1920
Homens Mulheres
As pirâmides etárias nos anos de censo de 1960, 1970, 1980, 1991, 2000 e 2010, mostram as
mudanças ocorridas na estrutura etária da população por sexo. As Figuras 2.10A e 2.10B mostram
essas “pirâmides”; a primeira com o dado populacional (habitantes), e a segunda em termos
percentuais, para ambos os sexos e faixas etárias.
Não é demais acentuar que a pirâmide populacional é uma representação gráfica da composição
etária e por sexo de uma população. Por meio de valores absolutos ou proporções de homens e
mulheres em cada grupo etário, a pirâmide oferece um quadro visual das características da
população. O somatório de todos os grupos de idade e sexo na pirâmide é igual ao total da população
ou 100% da mesma.
29
O que se observa, além do evidente crescimento populacional, é uma redução da base da pirâmide (0
a 4 anos): na tabela 2.10B pode-se ver uma redução de 17,5% em 1960 para 9,7% em 2000, e, 7,5%
em 2010, ocasionado por uma queda na taxa de fecundidade. Uma das consequências da queda da
fecundidade são taxas de crescimento diferenciadas entre as várias faixas etárias, pois, havendo menos
filhos, tem-se menos crianças. Isso resulta na diminuição do peso da população jovem do município e
no aumento da proporção de idosos, ou seja, o envelhecimento populacional, que será detalhado mais
à frente.
Figura 2.10A - Pirâmides etárias para Cariacica nos anos censitários: 1960 a 2010
3547
2948
2292
1772
1625
1517
1309
1020
882
738
646
531
403
295
156
105
57
3371
2845
2264
1955
1821
1646
1285
1012
853
698
592
472
341
252
154
121
80
20000 15000 10000 5000 0 5000 10000 15000 20000
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
População
Pirâmide etária - Cariacica - 1960
Homens Mulheres
7822
7687
7013
5604
4109
3339
3145
2872
2484
1629
1294
1125
920
684
415
147
139
7518
7503
7017
5919
4813
3624
3045
2896
2141
1498
1403
1086
796
625
344
197
231
20000 15000 10000 5000 0 5000 10000 15000 20000
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
População
Pirâmide etária - Cariacica - 1970
Homens Mulheres
13895
11300
11248
11158
10592
8703
6277
4797
4202
3415
2825
1857
1523
1289
735
464
299
13445
11101
10942
11411
10473
8379
6349
4923
4178
3472
2685
2085
1624
1386
866
651
412
20000 15000 10000 5000 0 5000 10000 15000 20000
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
População
Pirâmide etária - Cariacica - 1980
Homens Mulheres
16217
16942
16682
13691
13528
12443
11206
9470
6970
5066
4022
3169
2625
1756
1138
737
582
15642
16265
16111
13899
13467
13021
11526
9563
7219
5298
4391
3554
2969
2041
1375
992
955
20000 15000 10000 5000 0 5000 10000 15000 20000
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
População
Pirâmide etária - Cariacica - 1991
HomensMulheres
16080
15907
16558
17646
16428
13832
12999
11790
10408
8284
5806
4182
3248
2509
1785
1011
960
15526
15055
16591
17316
16490
14253
13452
12769
10975
8697
6527
4790
3992
3102
2381
1411
1525
20000 15000 10000 5000 0 5000 10000 15000 20000
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
População
Pirâmide etária - Cariacica - 2000
Homens
M
13343
14359
15571
15450
16112
16284
14916
12618
11744
10314
8960
6869
4717
3329
2353
1538
1481
12 883
13 409
15 372
15 020
16 643
16 673
15 570
13 307
12 359
11 558
9 981
7 944
5 785
4 222
3 204
2 256
2 594
20000 15000 10000 5000 0 5000 10000 15000 20000
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
População
Pirâmide etária - Cariacica - 2010
M
Mulheres
M
Homens
M
Homens
M
Homens
M
30
Nos anos censitários/contagem de 1991 a 2010, e nas faixas etárias consideradas, existe completa
predominância feminina, exceto nas faixas de 0 a 4 anos, 5 a 9 anos e 10 a 14 anos. A figura 2.11
ilustra esse fato demográfico: no censo 2010, à medida que a idade aumenta, o número de mulheres
cresce em relação ao número de homens (na faixa de 80 ou mais anos, 63,7% são mulheres. Era
61,4% em 2000).
Mesmo com o crescente saldo migratório observado no município de Cariacica até 1980, observa-se
que a faixa mais nova da população (de 0 a 4 anos), tem tido sua participação relativa na população
total diminuída censo a censo (15,2% em 1970, 14,5% em 1980, 11,6% em 1991, 10,0% em 1996,
9,7% em 2000 e, 7,5% em 2010); ver também a seção 4.3.
Figura 2.10B - Pirâmides etárias para Cariacica nos anos censitários (%):
1960 a 2010
9,0
7,4
5,8
4,5
4,1
3,8
3,3
2,6
2,2
1,9
1,6
1,3
1,0
0,7
0,4
0,3
0,1
8,5
7,2
5,7
4,9
4,6
4,2
3,2
2,6
2,2
1,8
1,5
1,2
0,9
0,6
0,4
0,3
0,2
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 1960
Homens Mulheres
7,7
7,6
6,9
5,5
4,1
3,3
3,1
2,8
2,5
1,6
1,3
1,1
0,9
0,7
0,4
0,1
0,1
7,4
7,4
6,9
5,9
4,8
3,6
3,0
2,9
2,1
1,5
1,4
1,1
0,8
0,6
0,3
0,2
0,2
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 1970
Homens Mulheres
7,4
6,0
6,0
5,9
5,6
4,6
3,3
2,5
2,2
1,8
1,5
1,0
0,8
0,7
0,4
0,2
0,2
7,1
5,9
5,8
6,0
5,5
4,4
3,4
2,6
2,2
1,8
1,4
1,1
0,9
0,7
0,5
0,3
0,2
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 1980
Homens Mulheres
5,9
6,2
6,1
5,0
4,9
4,5
4,1
3,4
2,5
1,8
1,5
1,2
1,0
0,6
0,4
0,3
0,2
5,7
5,9
5,9
5,1
4,9
4,7
4,2
3,5
2,6
1,9
1,6
1,3
1,1
0,7
0,5
0,4
0,3
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 1991
HomensMulheres
31
5,0
4,9
5,1
5,4
5,1
4,3
4,0
3,6
3,2
2,6
1,8
1,3
1,0
0,8
0,6
0,3
0,3
4,8
4,6
5,1
5,3
5,1
4,4
4,1
3,9
3,4
2,7
2,0
1,5
1,2
1,0
0,7
0,4
0,5
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2000
Homens Mulheres
3,8
4,1
4,5
4,4
4,6
4,7
4,3
3,6
3,4
3,0
2,6
2,0
1,4
1,0
0,7
0,4
0,4
3,7
3,8
4,4
4,3
4,8
4,8
4,5
3,8
3,5
3,3
2,9
2,3
1,7
1,2
0,9
0,6
0,7
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2010
Homens Mulheres
Figura 2.11 - Participação homens/mulheres na população total, por faixa etária –
Cariacica - 2010
50,9 51,7 50,3 50,7 49,2 49,4 48,9 48,7 48,7 47,2 47,3 46,4 44,9 44,142,3
40,536,3
49,1 48,3 49,7 49,3 50,8 50,6 51,1 51,3 51,3 52,8 52,7 53,6 55,1 55,9 57,759,5 63,7
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
0 a
4 a
no
s
5 a
9 a
no
s
10 a
14 a
no
s
15 a
19 a
no
s
20 a
24 a
no
s
25 a
29 a
no
s
30 a
34 a
no
s
35 a
39 a
no
s
40 a
44 a
no
s
45 a
49 a
no
s
50 a
54 a
no
s
55 a
59 a
no
s
60 a
64 a
no
s
65 a
69 a
no
s
70 a
74 a
no
s
75 a
79 a
no
s
80 +
Participação de homens e mulheres na população total,por faixa etária - Cariacica - 2010
Homens Mulheres
Distribuição dos principais grupos etários
A figura 2.12A e a tabela 2.7, expressam um aumento consistente, desde 1960 até 2010, na chamada
população em idade ativa, (PIA), ou em idade produtiva, que representava 53,3% da população em
1960 e passou para 69,6% no ano 2010. Essa é a definição de alguns países desenvolvidos (as
pessoas idosas são aquelas com 65 ou mais anos). No entanto, pode-se adotar o corte etário da
população idosa em 60 anos, de acordo com Rede Interagencial de Informações para a Saúde - Ripsa
32
e 25ª Conferência Sanitária Pan-Americana da Organização Pan-Americana da Saúde - Opas. Com
essa última definição a PIA passou 51,4% da população em 1960 e passou para 66,6% no ano 2010.
Apresentam-se os resultados para dois grupos de idosos, “65 ou + anos” (figura 2.12A), e “60 ou +
anos” (figura 2.12B), visto que se pode adotar o corte etário da população idosa nessas duas idades.
O que se observa é um aumento lento, mas persistente, na participação dos idosos na população
(3,1% em 1960 para 6,0% em 2010) e um decréscimo um pouco mais acentuado na população jovem
(43,6% em 1960 para 24,4% em 2010); figura 2.12A, tabela 2.5, considerando-se o grupo de idosos
com 65 ou + anos.
A figura 2.13 ilustra a participação das pessoas idosas na população de Cariacica (1960-2010) nas
duas classificações. O que se nota nos censos de 1991 e 2010 é que a proporção de pessoas com 60
ou mais anos e menos de 65, foi de 2,0% e, 3,0%, respectivamente (em 1980 essa diferença foi de
1,7%). Dizendo de outro modo, em 2010, 3,0% dos idosos moradores de Cariacica tinham idade
entre 60 (inclusive) e 65 anos.
Figura 2.12A – Distribuição dos grupos etários (%) – Cariacica (1960-2010) –
Idosos 65+
33
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
43,6 44,1 38,1 35,6 32,0 29,5 24,4
53,3 53,258,7 60,9 64,1 66,0
69,6
3,1 2,8 3,2 3,5 4,0 4,5
6,0
Evolução dos indicadores de idade por grupo etário (%) Cariacica - 1960-2010
Jovens (0-14) Idade produtiva (15-64) Idosos (65+)
Figura 2.12B - Distribuição dos grupos etários (%) – Cariacica (1960-2010) –
Idosos 60+
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
43,6 44,138,1 35,6 32,0 29,5 24,4
51,4 51,557,0 58,8 61,9 63,7
66,6
5,0 4,4 4,9 5,5 6,1 6,8
9,0
Evolução dos indicadores de idade por grupo etário (%) Cariacica - 1960-2010
Jovens (0-14) Idade produtiva (15-59) Idosos (60+)
Cabe ressaltar que a PIA é a população em idade potencialmente ativa (por exemplo, na
classificação de 15 a 64 anos), sendo um conceito estritamente demográfico. Um conceito correlato
é o de população economicamente ativa (PEA), que se refere à população “ocupada/empregada, não
34
ocupada/desempregada”, sendo um conceito econômico, e usualmente contabilizada para a
população de dez anos ou mais. Ver por exemplo, IBGE (2002).
Tabela 2.7 - Distribuição dos principais grupos etários (%) - Cariacica - 1960-2010
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Jovens (0-14) 43,6 44,1 38,1 35,6 32,0 29,5 24,4
Idade produtiva (15-59) 51,4 51,5 57,0 58,8 61,9 63,7 66,6
Idade produtiva (15-64) 53,3 53,2 58,7 60,9 64,1 66,0 69,6
Idosos (60+) 5,0 4,4 4,9 5,5 6,1 6,8 9,0
Idosos (65+) 3,1 2,8 3,2 3,5 4,0 4,5 6,0
Fonte: Dados IBGE. Elaboração Equipe Agenda Cariacica : Dinâmica Populacional.
Figura 2.13 - Proporção de pessoas idosas em Cariacica (1960-2010) – duas classificações
5,04,4
4,9
5,56,1
6,8
9,0
3,12,8
3,23,5
4,04,5
6,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
(%) d
e id
oso
s
Proporção de pessoas de 60+ e 65+ – Cariacica – 1960-2010
Idosos (60+) Idosos (65+)
Razão de dependência (RD) ou taxa de dependência demográfica (TDD)
Apresentam-se os resultados para dois grupos de idosos, 60 ou mais anos e 65 ou + anos, visto que se
pode adotar o corte etário da população idosa nessas duas idades. Em qualquer caso a razão de
35
dependência total reflete a população “dependente” na população em idade ativa, que pode ser de 15
a 59 anos ou 15 a 64 anos, dependendo do corte adotado. A razão de dependência dos jovens reflete
a população jovem (0-14) na população ativa (15-64). A razão de dependência dos idosos reflete a
população idosa na população ativa (15-64).
A figura 2.14A e a tabela 2.68A, mostram que a razão de dependência total (RD) vem se reduzindo
desde a década de 1970 até 2010 [RD = [((P0-14 + P65 +)/P15-64)*100]. Uma das consequências da
transição demográfica é a alteração da estrutura etária da população reduzindo o peso relativo das
crianças e aumentando, em primeiro lugar, o peso dos adultos e, em um período posterior, o peso dos
idosos. Nota-se que entre 1960 e 1970 as taxas de dependência estavam em 87,5 pessoas
“dependentes” para cada 100 pessoas em idade produtiva. No censo 2000, a razão de dependência
estava em 51,6%; isso significa que existem, aproximadamente, dois indivíduos em idade ativa para
cada dependente". O censo 2010 revelou uma razão de dependência de 43,6%, indicando que
existem, aproximadamente, 2,3 indivíduos em idade ativa para cada "dependente" (0-14 anos e 65
anos ou+).
Com a queda da fecundidade a taxa de dependência foi se reduzindo. Observa-se que a taxa de
dependência de jovens (0-14 anos) continua caindo persistentemente, compensando a elevação da
dependência dos idosos (65 +). Note que pode-se utilizar a Razão de Dependência (RD), como uma
aproximação ao grau de dependência econômica da população. Logo, menores RD denotariam uma
situação demográfica confortável para as demandas socioeconômicas da população. Pelo menos em
princípio.
A população em idade produtiva (de 15 a 64 anos) em 1970 representava 53,2% do total, e a
população de dependentes jovens representava 44,1%, mostrando se tratar de uma população com
predominância jovem (tabela 2.7). Em 2010, a população em idade produtiva passou a representar
69,6% da população, enquanto e população de dependentes jovens representava 24,4%.
O que se nota é que o componente responsável pela diminuição na RD, até 2010, é o segmento
jovem. A RDJ [RDJ = [((P0-14)/P15-64)*100] num período de 50 anos passa de 81,8% para 35,0%
(tabela 2.8A). Em contraste, a dependência causada pelos idosos, embora com valores pequenos vem
aumentando. Esses fatos indicam que deveremos observar razões de dependência total (RD’s)
menores (ou até mínimas) nos próximos quinze anos, uma vez que a dependência de idosos (RDI)
36
permanece aumentando lentamente. “Trata-se de uma conjuntura favorável para o planejamento
futuro das demandas sociais e econômicas, pois haveria, proporcionalmente a épocas anteriores, um
menor volume de crianças e uma proporção de idosos, ainda, estável, embora tendendo no muito
curto prazo, a rápidos aumentos”; Wong (2004).
Como reflexo da queda da fecundidade a proporção de jovens (0-14 anos) vem decaindo enquanto a
proporção de pessoas ativas, (15-64 anos), está aumentando significativamente (ver figura 2.12A e
2.14A). Contudo, a população de idosos (65 ou + anos) vem aumentando, mas em uma velocidade
menor. O processo de envelhecimento é mais intenso na dinâmica populacional de Vitória, como
descrito em Castiglioni, Brasil, Rocha e Felipe (2008).
Nota: Nas figuras 2.14A a 2.17B o eixo temporal (1960 a 2010) não está em escala, sendo apenas
ilustrativo.
Tabela 2.8A - Taxa de dependência demográfica (%) - Cariacica - 1960-2010 (idosos 65+)
Taxa de dependência demográfica (%) - Cariacica - 1960-2010 (idosos 65+)
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Total - (RD) 87,5 88,1 70,3 64,3 56,1 51,6 43,6
Jovens (0 – 14) – (RDJ) 81,8 82,9 64,8 58,6 49,9 44,8 35,0
Idosos (65+) – (RDI) 5,8 5,2 5,5 5,7 6,2 6,9 8,6
Fonte: Dados IBGE. Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Tabela 2.8B - Taxa de dependência demográfica (%) - Cariacica - 1960-2010 (idosos 60+)
Taxa de dependência demográfica (%) - Cariacica - 1960-2010 (idosos 60+)
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Total - (RD) 94,4 94,3 75,3 70,0 61,4 56,9 50,1
Jovens (0 – 14) – (RDJ) 84,8 85,6 66,7 60,6 51,6 46,3 36,6
Idosos (65+) – (RDI) 9,6 8,6 8,6 9,4 9,8 10,6 13,5
Fonte: Dados IBGE. Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
37
Figura 2.14A – Razão de dependência (%) – Cariacica (1960-2010) – Idosos 65+
87,5
88,1
70,3
64,3
56,151,6
43,6
81,8 82,9
64,8
58,6
49,944,8
35,0
5,8 5,2 5,5 5,7 6,2 6,9 8,6
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Razão de dependência demográfica (%) - Cariacica - 1960-2010
Total Jovens Idosos (65+)
Figura 2.14B – Razão de dependência (%) – Cariacica (1960-2010) – Idosos 60+
94,4 94,3
75,370,0
61,4
56,950,1
84,8 85,6
66,7
60,6
51,646,3
36,6
9,6 8,6 8,6 9,4 9,8 10,6 13,5
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Razão de dependência demográfica (%) - Cariacica - 1960-2010
Total Jovens Idosos (60+)
Razão de sexo (RS)
A razão de sexo representa o número de homens para cada 100 mulheres na população. O padrão
usual é observar-se um excesso de homens no nascimento e este reduzir-se gradativamente. Índices
menores que 100 denotam predominância do sexo feminino.
38
A figura 2.15A e a tabela 2.9A colocam em evidência a predominância feminina nos grupos etários e
o aumento acentuado na feminização no grupo de idosos (65+): 101,0% em 1960 e 70,9% em
2010. Em 1960 a razão de sexo total era de 100,4% permanecendo em 95,1% em 2010. Já para o
grupo de jovens, em todos os censos de 1960 a 2010, o número de homens foi sempre maior que o de
mulheres (cerca de 103 homens para cada 97 mulheres). O grupo na idade produtiva (15-64 anos)
apresenta comportamento oposto: sendo a maioria do sexo feminino (a razão de sexos foi de 94,5 no
censo 2010). As mesmas observações podem ser feitas adotando-se o outro corte para idosos,
ilustrado na figura 2.15B e na tabela 2.9B.
A figura 2.16 apresenta a razão de sexo total para Cariacica e ES de 1960 a 2010. Observa-se que até
o censo de 1980 a população do estado era majoritariamente masculina. Desde então passou a ter
uma leve predominância feminina. O indicador sempre ficou abaixo daquele do ES em todo o
período, mas com o mesmo comportamento.
Figura 2.15A - Razão de sexo (%): total da pop. e grupos etários – Cariacica – idosos 65+
103,6 102,2 102,7 103,8 103,1 102,9 103,9
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Razão de Sexo: total da população
e por grupos etários - Cariacica 1960-2010
Total da população Produtivos (15-64) Jovens (0-14) Idosos (65+)
Tabela 2.9A - Razão de Sexo total e por grupos etários – Cariacica - 1960-2010 – Idosos 65+
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Total da população 100,4 99,5 100,2 98,5 97,6 96,7 95,1
39
Idade Produtiva (15-64) 97,8 97,4 99,6 96,8 96,4 95,8 94,5
Jovens (0-14) 103,6 102,2 102,7 103,8 103,1 102,9 103,9
Idosos (65+) 101,0 99,1 84,1 78,6 77,7 74,4 70,9
Fonte: Dados IBGE. Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Figura 2.15B - Razão de sexo (%): total da pop. e grupos etários – Cariacica – idosos 60+
103,6 102,2 102,7 103,8 103,1 102,9 103,9
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Razão de Sexo: total da população
e por grupos etários - Cariacica 1960-2010
Total da população Produtivos (15-59) Jovens (0-14) Idosos (60+)
Tabela 2.9B - Razão de Sexo total e por grupos etários – Cariacica - 1960-2010 – Idosos 60+
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Total da população 100,4 99,5 100,2 98,5 97,6 96,7 95,1
Idade Produtiva (15-64) 97,2 96,9 99,8 97,1 96,8 96,3 95,1
Jovens (0-14) 103,6 102,2 102,7 103,8 103,1 102,9 103,9
Idosos (60+) 107,2 105,1 87,3 82,1 80,4 76,6 74,3
Fonte: Dados IBGE. Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Figura 2.16 – Razão de sexo total Cariacica e ES – 1960 - 2010
40
100,499,5 100,2
98,597,6
96,795,1
103,6
101,5 101,5
99,698,9
98,297,1
90,0
92,0
94,0
96,0
98,0
100,0
102,0
104,0
106,0
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Razão de sexo total Cariacica e ES - 1960-2010
Cariacica ES
Índice de idosos (ID) ou índice de envelhecimento (IE)
Esse índice demográfico é uma medida do envelhecimento populacional e representa a população de
idosos (65+) relativamente à população jovem (0-14). Espera-se que este índice, com maior ou
menor velocidade, aumente no mundo todo. Esse padrão já vem sendo observado no Brasil.
Adotando-se o corte etário da população idosa em 60 anos, nesse caso, o IE é a proporção de pessoas
de 60 anos e mais, por 100 indivíduos de 0 a 14 anos.
A figura 2.17A e a tabela 2.10 mostram que a proporção de idosos total relativamente aos jovens
vem se ampliando em todo o período analisado: passou de 7,1% em 1960 para 24,7% no ano 2010. A
população que em 1970 tinha aproximadamente 7 idosos para cada 100 jovens, índice de
envelhecimento de 7,1%, passou a ter aproximadamente 25 idosos para cada 100 jovens em 2010,
índice de envelhecimento de 24,7%. Contudo, o processo de envelhecimento populacional apresenta-
se seletivo com relação ao sexo, isto é, existe uma feminização do envelhecimento populacional,
visto que a curva relativa ao índice para as mulheres é superior em todos os censos. A figura 2.17B
ilustra os mesmos resultados para os idosos definidos com “60 ou + anos”.
Tabela 2.10 - Índice de idosos – Cariacica - 1960-2010 – idosos 65+ e idosos 60+
41
Índice de idosos (65+) – (%) Índice de idosos (60+) – (%)
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
1960 7,0 7,2 7,1 11,6 11,2 11,4
1970 6,1 6,3 6,2 10,2 10,0 10,1
1980 7,6 9,3 8,5 11,8 13,9 12,9
1991 8,5 11,2 9,8 13,7 17,4 15,5
1996 10,7 14,2 12,4 16,7 21,4 19,0
2000 12,9 17,8 15,3 19,6 26,3 22,9
2010 20,1 29,5 24,7 31,0 43,3 37,1
Fonte: Dados IBGE. Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Figura 2.17A – Índice de idosos (%): Cariacica – idosos 65+
7,0
6,1
7,68,5
10,7
12,9
20,1
7,26,3
9,3
11,2
14,2
17,8
29,5
7,1
6,2
8,59,8
12,4
15,3
24,7
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Evolução do índice de idosos (65+) - Cariacica - 1960-2010
Homens Mulheres Total
Figura 2.17B – Índice de idosos (%): Cariacica – idosos 60+
42
11,6 10,2
11,8
13,7
16,7
19,6
31,0
11,2 10,0
13,917,4
21,4
26,3
43,3
11,4 10,112,9
15,5
19,0
22,9
37,1
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
1960 1970 1980 1991 1996 2000 2010
Evolução do índice de idosos (60+) - Cariacica - 1960-2010
Homens Mulheres Total
Os reflexos de uma população progressivamente envelhecida já podem ser observados e a
expectativa é que tendam a ampliar-se rapidamente nos próximos 20 anos. Em cidades de países
desenvolvidos, que já atingiram a fase de equilíbrio do final do processo da transição, a proporção de
idosos, de 65 anos ou mais, já está próxima dos 20%. Por exemplo, como mostram Carvalho &
Garcia (2003), no recenseamento do ano 2000 na Inglaterra, o grupo etário de “60 e + anos” já
representava 20,4% da população. Ver também Wong & Carvalho (2005), Moreira (2001) e Wong
(2004).
Desse modo, o que se constata de toda análise deste capítulo é que existe um baixo crescimento
populacional, justaposto ao envelhecimento gradativo da população. Isso pode alterar uma possível
atenção aos problemas da cidade. De um lado existe uma demanda crescente por mais
infraestrutura e serviços, de outro, um crescente contingente de pessoas em idade ativa
demandando por melhor qualidade de vida. Além disso, apenas com os resultados do censo que
será realizado em 2010, teremos uma fotografia razoavelmente precisa do crescimento
populacional das regiões de Cariacica. Observe-se na tabela 2.11 que o índice de envelhecimento
da população de Vitória é mais acentuado que o da população de Cariacica que, por sua vez, é maior
que o da Serra todos apresentando a mesma tendência.
Tabela 2.11 - Índice de idosos (%) – Vitória, Serra e Cariacica - 1960-2010 – idosos 65+
Vitória Cariacica Serra
43
Ano Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
1960 7,2 8,7 7,9 7,0 7,2 7,1 11,0 10,5 10,8
1970 7,8 8,6 8,2 6,1 6,3 6,2 9,1 6,9 8,0
1980 9,8 13,7 11,7 7,6 9,3 8,5 7,0 6,9 6,9
1991 11,8 18,2 15,0 8,5 11,2 9,8 6,0 7,1 6,5
1996 15,7 24,8 20,2 10,7 14,2 12,4 7,7 9,7 8,7
2000 19,3 32,1 25,5 12,9 17,8 15,3 9,9 11,7 10,8
2010 32,8 52,9 42,7 20,1 29,5 24,7 15,2 20,8 18,0
Fonte: Dados IBGE. Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Evolução da população por "cor ou raça" Cariacica e ES - 1950-2010
Já foi acentuada a influência do negro nas bases da colonização do município de Cariacica. Bezerra
(2009), citando o Dicionário Histórico, Geográfico e Estatístico publicado em 1878, menciona que,
dos 5.318 habitantes da província (Cariacica), 1.174 eram escravos de cor negra, o que representa
22,02% da população total. Na primeira edição do livro Cariacica – Resumo Histórico em 1951,
Bezerra (2009, página 45) assinala que: “não se nota predominância de estrangeiros na sua
população [de Cariacica], a não ser nas colônias alemãs, e mesmo nestas o que hoje existe é a
tradição. Os hábitos e costumes, com as influências portuguesas e africanas, amoldaram-se às
circunstâncias ambientes, deixando em seu lugar o realismo envolvente da própria terra”.
As figuras 2.18 e 2.19 mostram, respectivamente, a evolução da população total por “cor ou raça”,
para o município de Cariacica e todo o Estado no período que vai de 1950 a 2010. Nota-se que para
todo o ES, a população é predominantemente “branca”, mas, desde o censo de 1991 o grupo de cor
“parda” vem se igualando ao de cor “branca”, superando-o em 2010. Quanto ao município de
Cariacica, de 1960 a 1980, devido, possivelmente, à grande migração de origem italiana do interior
do Estado para o município de Cariacica, houve predominância de “brancos”. De 1980 a 2010 a
predominância é da cor “parda”. As descrições seguintes sobre o quesito “cor ou raça” nos censos
foram extraídas do item “Conceituação das Características”, divulgado nos anos dos censos;
(www.ibge.gov.br).
No Censo de 1950, a distribuição da população, segundo a “cor ou raça”, foi dividida em quatro
grupos – brancos, pretos, amarelos e pardos –, incluindo-se neste último os índios e os que se
declararam mulatos, caboclos, cafusos, etc. Segundo o IBGE, a experiência censitária brasileira,
44
demonstrava as dificuldades que se opõem à coleta de dados relativos à “cor ou raça”. Embora
reconhecendo tal circunstância, o IBGE avaliou como oportuno proceder a pesquisa, uma vez que
tais dados, no Brasil, tenham sido o meio empregado para obter elementos mais amplos sobre o
assunto. Vale notar que a declaração de “cor ou raça” no Censo de 1950 foi deixada à discrição do
recenseado, para dar maior precisão aos resultados. Há ainda os que preferiram ou “não
quiseram/souberam” declarar a “cor ou raça”, ficando no grupo “sem declaração”. Observe-se que no
levantamento anterior, o Censo de 1940, as respostas quanto à “cor ou raça” limitaram-se às
qualificações “preta”, “branca”, “amarela” e a designação “parda” ficou para os que registraram
outra declaração (índio, caboclo, mulato, moreno, etc.). A atribuição ficou por conta do recenseador.
Para o Censo de 1960 foi semelhante a classificação adotada no Censo de 1950, para a apresentação
dos dados relativos a “cor ou raça”. O quesito “cor ou raça” no censo de 1970 não foi avaliado.
No Censo de 1980, a questão da “cor ou raça” voltou a ser investigada e foram discriminadas as
seguintes respostas: branca, preta, amarela e parda (mulato, mestiço, índio, caboclo, cafuzo,
mameluco, etc.). As pessoas que não apresentaram respostas à indagação foram alocadas no grupo
“sem declaração”. Na conceituação das características divulgadas não foi especificado se as
respostas ficaram a critério do recenseado ou do recenseador.
No Censo de 1991, na questão da “cor ou raça” foi incluída a população “indígena” que vivia em
postos da Funai, em missões religiosas ou em outras áreas, porém os aborígines que viviam em tribos
arredias ao contato, conservando seus atos primitivos de existência, não foram incluídos no Censo.
Na conceituação das características divulgadas nada mais se comentou sobre o quesito “cor ou raça”,
o que equivale dizer que todas as outras características dos Censos anteriores foram mantidas.
No censo de 2000, a investigação da “cor ou raça” ocorreu de acordo com a autoclassificação da
pessoa em uma das seguintes opções: (i) branca - para a pessoa que se enquadrou como branca; (ii)
preta - para a pessoa que se enquadrou como preta; (iii) amarela - para a pessoa que se enquadrou
como de raça amarela de origem japonesa, chinesa, coreana, etc.; (iv) parda - para a pessoa que se
enquadrou como parda ou se declarou mulata, cabocla, cafuza, mameluca ou mestiça; ou (v)
indígena - para a pessoa que se declarou como indígena ou índia.
No censo de 2010, A investigação da cor ou raça foi feita de acordo com a autoclassificação da
pessoa em uma das seguintes opções: (i) Branca - para a pessoa que se declarou branca; (ii) Preta -
45
para a pessoa que se declarou preta; (iii) Amarela - para a pessoa que se declarou de cor amarela (de
origem oriental: japonesa, chinesa, coreana, etc.); (iv) Parda - para a pessoa que se declarou parda; e
(v) -Indígena - para a pessoa que se declarou indígena ou índia. Esta classificação se aplica tanto aos
indígenas que vivem em terras indígenas como aos que vivem fora delas. (IBGE, 2011a).
Figura 2.18 – Evolução da população por "cor ou raça" Cariacica - (1950-2010)
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010
Evolução da população por "cor ou raça" Cariacica - 1950-2010
Branca Preta Amarela Parda Indígena S/ declaração
Figura 2.19 – Evolução da população por "cor ou raça" ES - (1950-2010)
46
0
200.000
400.000
600.000
800.000
1.000.000
1.200.000
1.400.000
1.600.000
1.800.000
1960 1970 1980 1990 2000 2010
Evolução da população por "cor ou raça" ES - 1950-2010
Branca Preta Amarela Parda Indígena S/ declaração
3. Dinâmica demográfica: O crescimento natural
As populações humanas estão em evolução contínua. A dinâmica da população no tempo, isto é, seu
crescimento ou seu decréscimo, assim como o ritmo de sua evolução são resultantes da interação de
quatro fatores que representam as entradas de pessoas: natalidade (N) e imigração (I), e as saídas de
pessoas: mortalidade (M); e emigração (E). O crescimento demográfico (C) no curso de um
determinado período de tempo é composto pela componente natural e pela componente migratória,
assim expresso:
C = (N - M) + (I – E).
A importância da contribuição das componentes do processo de crescimento varia segundo os limites
territoriais considerados. Em um território mais amplo, como no caso de um país, um estado, é o
processo de renovação endógena que domina a dinâmica das populações (Caselli, Vallin, e Wunsch,
2001). O peso das componentes varia também durante as etapas do processo de desenvolvimento da
sociedade. Em sociedades com modelos de fecundidade elevados, o crescimento natural é o principal
fator do crescimento demográfico, já nas regiões que se urbanizam rapidamente, a ação das
migrações torna-se preponderante.
47
No que diz respeito à evolução do crescimento natural, a transição demográfica é uma teoria que se
propõe a explicar as modificações que ocorreram na dinâmica demográfica ao longo dos dois últimos
séculos, assim sintetizada: nas sociedades tradicionais, com baixos níveis de desenvolvimento as
taxas de fecundidade e de mortalidade são elevadas, nas sociedades de desenvolvimento mais
avançado essas taxas são baixas. Entre as duas situações ocorre a transição demográfica (Tabutin, sd.
Castiglioni, 2006).
Antes do processo da transição, tanto as taxas de natalidade como as de mortalidade são muito
elevadas, do que resulta um baixo crescimento. Tanto a natalidade como a mortalidade são elevadas,
equilibrando o crescimento dessas populações que evoluem lentamente. No decorrer do processo
transicional, as duas componentes do crescimento declinam de modo diferenciado. Inicialmente, as
taxas de mortalidade apresentam queda acentuada enquanto que as taxas de natalidade continuam
elevadas. Deste comportamento diferencial das componentes resulta um crescimento acelerado, que
foi qualificado como “explosão demográfica”. A seguir, a mortalidade continua em queda e a
natalidade começa, por sua vez, a declinar, do que resulta a continuação do crescimento
demográfico, porém em níveis decrescentes. No período após a transição as duas componentes
atingem níveis baixos e as taxas de crescimento são nulas ou quase nulas.
A teoria da transição demográfica é, grosso modo, universal, mas as peculiaridades dos processos de
desenvolvimento dos diversos contextos podem introduzir alterações na tendência clássica. O
modelo da transição demográfica, suas causas e consequências constituem o quadro teórico de
referência para o estudo e compreensão das modificações que ocorrem na dinâmica populacional.
O estudo das componentes do movimento natural, natalidade e mortalidade, é feito neste trabalho a
partir dos dados produzidos por duas fontes: o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE,
cuja base de dados é construída com as informações coletadas nos Cartórios de Registro Civil dos
Municípios, e o Ministério da Saúde, com base de dados construída com as Declarações de Óbitos
(DO) e Declarações de Nascidos Vivos (DN). O Ministério da Saúde implantou o sistema de coleta
em todas as Secretarias Municipais de Saúde do país. Os dados produzidos pelo Ministério da Saúde
formam o Sistema de informações sobre Mortalidade (SIM) e o Sistema de Informações sobre
Nascidos Vivos (SINASC).
48
Cada uma destas fontes apresenta problemas específicos relacionados à cobertura e à exatidão do
conteúdo dos registros, entretanto observa-se uma melhoria gradativa na qualidade das informações
ao longo do tempo. Segundo o Ministério da Saúde, a cobertura do Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM) do Espírito Santo ficou acima da média da região e do país no decorrer da última
década: 94% em 1993 e 2003. Já a cobertura do Sistema de informações sobre Nascidos Vivos
(SINASC) do estado ficou abaixo da média da região, entre 1996 a 2003: 95% em 1996 e 85% em
2003 (Ministério da Saúde, 2005).
O estudo dos nascimentos e dos óbitos é feito para todo o período disponível nos bancos de dados
utilizados. No estudo da evolução das tendências das componentes foram utilizados, para os
nascimentos, os dados do SINASC que cobrem o período de 1994 a 2007; e para a mortalidade, os
dados do SIM, disponíveis a partir de 1979. As análises mais detalhadas se referem ao ano de 2007,
uma vez que os dados de 2008 são considerados ainda preliminares. Os dados relativos à estrutura da
população por sexo e idade são os dados censitários fornecidos pelo IBGE.
3.1. Fecundidade
Os modelos de fecundidade são condicionados pela interação de determinantes demográficos,
biológicos, socioculturais e econômicos. (Tapinos, 1985). No estudo desta componente deve-se fazer
a distinção entre conceitos. A natalidade diz respeito aos nascimentos e seus indicadores relacionam
esses eventos à população média. A fecundidade traduz o comportamento reprodutivo das mulheres
em idade de procriação, o intervalo de 15 a 50 anos. Já a fertilidade é a capacidade fisiológica de
conceber uma criança.
3.1.1. Evolução e características
A transição demográfica do Brasil teve início na primeira metade do século XX quando a
mortalidade começou a declinar. Nos meados do século, como ocorre no modelo clássico, a
fecundidade mantinha-se elevada e as taxas de incremento demográfico atingiam valores de 3% ao
ano. Durante a segunda metade do século XX iniciou-se a queda da fecundidade e a redução
continuada das taxas de crescimento natural que declinaram de 2,99% no período de 1950 a 1960
para 1,64 entre 1991 e 2000 (Figura 3.1)
49
Figura 3.1 - Brasil - Taxas de natalidade e de mortalidade (por 1000)
Fonte: Elaborado a partir dos dados publicados pelo IBGE, Censos demográficos e dados da Projeção da
População do Brasil por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 – Revisão 2004, in Castiglioni, A. H. Revista
Fluminense de Geografia n. 4, 2006.
O processo de transição ainda não se completou: a mortalidade prosseguirá em queda, uma vez que
os níveis de mortalidade infantil não atingiram ainda níveis satisfatórios, e que a esperança de vida se
alonga. Todos os estados do país registraram estas transformações em seus padrões demográficos,
com níveis diferenciados devido às disparidades socioeconômicas que estão na base do processo
(Castiglioni, 2006). As tendências gerais do país são observadas no Espírito Santo, mas o processo
neste estado ocorreu com atraso devido a fatores históricos e estruturais. Atualmente o processo
ocorre a um ritmo mais acelerado no Estado com relação à situação do país.
Este estudo mostra, para cada componente, a situação do Espírito Santo e, para alguns aspectos, a da
Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV), contextos mais amplos nos quais se insere
Cariacica. Estas referências são importantes para a compreensão das características do município de
Cariacica e possibilitam análises comparativas.
3.1.2. Evolução e classificação dos nascimentos
O número anual de nascidos vivos é um indicador geral da natalidade. Faz-se necessário,
primeiramente, apresentar os conceitos utilizados no levantamento dos nascimentos:
50
“nascido vivo É a expulsão ou a extração completa de um produto da concepção do
corpo materno, independentemente da duração da gestação, o qual, depois da separação
do corpo materno, respire ou dê qualquer outro sinal de vida, tais como: batimento do
coração, pulsação do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos da
contração voluntária, estando ou não cortado o cordão umbilical e estando ou não
desprendida a placenta” (PRINCÍPIOS..., 1974 apud IBGE, 2008).
O Ministério da Saúde publica anualmente os eventos segundo o Município de residência
da mãe e o local de ocorrência do nascimento. A figura 3.2 e a tabela 3.1 apresentam a
evolução do número de nascimentos relativos à Cariacica segundo esta dupla
classificação entre 1994 e 2007, período para o qual as informações são disponíveis. As
duas séries apresentam tendências crescentes até 1999 e decrescentes após esta data.
Figura 3.2 – Nascidos vivos por residência da mãe e por ocorrência segundo o ano do nascimento
– Cariacica – 1994-2007
Nascidos vivos por residência da mãe e
por ocorrência - Cariacica-1994-2007
0
1.500
3.000
4.500
6.000
7.500
9.000
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Ano
N°.
de n
ascim
en
tos
Residência Ocorrência
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
51
Tabela 3.1 – Nascimentos por ocorrência e residência da mãe segundo o ano do nascimento -
Cariacica – 1994-2007
Ano do
nascimento
Nascimentos por
ocorrência
(A)
Nascimentos por
residência da mãe (B) (A)-(B)
% de (A) com
relação a (B)
1994 301 5.540 -5.239 5,43
1995 315 6.927 -6.612 4,55
1996 299 7.021 -6.722 4,26
1997 1.318 7.139 -5.821 18,46
1998 2.844 6.915 -4.071 41,13
1999 4.102 7.338 -3.236 55,90
2000 3.448 6.737 -3.289 51,18
2001 3.254 6.600 -3.346 49,30
2002 3.399 6.140 -2.741 55,36
2003 2.944 5.846 -2.902 50,36
2004 3.371 6.017 -2.646 56,02
2005 2.951 5.692 -2.741 51,84
2006 3.003 5.657 -2.654 53,08
2007 2.571 5.723 -3.152 44,92
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
Os dados apresentados mostram que grande parte das gestantes de Cariacica deu à luz em outros
municípios, indicando que a infraestrutura local não comporta a demanda de cuidados de saúde
materno-infantis. No início do período considerado, entre 1994 e 1996, os nascimentos ocorridos no
município representavam de 4,3 a 5,4% dos nascimentos de residentes. As diferenças entre as duas
séries diminuem a partir de 1999 (1999 a 2006), mas os eventos ocorridos no município
correspondem, grosso modo, à metade dos nascimentos registrados por residência da mãe.
Esta situação é reproduzida, em escala maior pelo conjunto de municípios que formam o Estado. A
infraestrutura e os serviços de saúde do Espírito Santo estão concentrados nos maiores centros
urbanos, o que atrai a população do interior do município e também das unidades próximas. A figura
3.3 traduz esta situação: a RMGV e os maiores aglomerados situados fora desta região (Cachoeiro de
52
Itapemirim, Colatina, Linhares e São Mateus) apresentam maior número de nascimentos por
ocorrência do que de residentes, e, o conjunto dos demais municípios apresenta tendência contrária1.
Figura 3.3 - Nascimentos por ocorrência e por residência da mãe – RMGV, Maiores centros
urbanos e Demais Municípios – 2007
25.130 25.758
8.071
10.476
17.819
14.636
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
N°.
de n
ascim
en
tos
RMGV Maiores centros
urbanos (*)
Demais municípios
Nascimentos por ocorrência e por residência da mãe - 2007
Nascimentos por residência da mãe Nascimentos por ocorrência
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
(*) Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Linhares, São Mateus
Ao focalizar as unidades que formam a RMGV, observa-se que, com relação a este tema, as unidades
apresentam realidades muito heterogêneas. Com efeito, a infraestrutura e os serviços de saúde
materno-infantis estão concentrados em Vitória e em Vila Velha, o que atrai principalmente a
população dos municípios mais próximos que compõem a região.
A figura 3.4, com dados de 2007, mostra que os nascimentos que ocorrem na capital correspondem
ao triplo do número de nascimentos de seus residentes. Nos municípios de Cariacica, Serra, Viana e
Fundão um número significativo de gestantes busca atendimento fora de suas localidades. Na Serra e
1 Alguns municípios deste grupo não se enquadram neste modelo.
53
em Cariacica, os nascimentos de mães residentes são o dobro dos nascimentos ocorridos nos próprios
municípios; em Viana e Fundão praticamente a totalidade dos eventos ocorre fora do município de
residência.
Figura 3.4 – Nascimentos por ocorrência e por residência da mãe
RMGV – 2007
5.723
2.571
243 2
1.5611.361
6.644
3.281
9290
5.597 5.242
4.433
13.301
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
N°.
de n
ascim
en
tos
Cariacica Fundão Guarapari Serra Viana Vila Velha Vitória
Nascimentos por ocorrência e por residência da mãe
RMGV – 2007
Nascimentos por residência da mãe Nascimentos por ocorrência
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
Em todo o mundo nascem mais homens do que mulheres. A razão de sexo ou Índice de
masculinidade ao nascimento é um parâmetro que os demógrafos sempre consideraram como
intangível (Caselli, Vallin e Wunsch, 2001). Nos tempos atuais o valor do indicador é de,
aproximadamente, 105 nascimentos masculinos por 100 femininos. No decorrer da vida a
mortalidade diferencial por sexo vai, nas idades adultas, equilibrar a razão e, nas idades mais
avançadas, inverter os valores em favor das mulheres. Os valores da relação apresentam-se mais
baixos ao nascimento em países com níveis de mortalidade elevada, podem apresentar-se acima do
54
nível esperado, em decorrência de políticas ou de razões culturais, como ocorre em regiões da China
e da Índia.
A tabela 3.2 contém a distribuição dos nascimentos em alguns anos mais recentes segundo o sexo
para alguns anos. Os valores da razão de sexo corroboram as tendências universais, mas são
superiores aos valores esperados, em 2006 e inferiores, em 2007, sugerindo incompletude ou falhas
na cobertura dos eventos.
Tabela 3.2 – Nascimentos por residência da mãe segundo o sexo Cariacica – 1994 a 2007
Indicadores Anos de referência
1994 2000 2005 2006 2007
Nascimento por residência da mãe
Ambos os sexos
Homens
Mulheres
Ignorada
Razão de sexo ao nascimento (por
100)
5.540
2.817
2.688
35
104,80
6.737
3.472
3.262
3
106,44
5.692
2.926
2.763
3
105,90
5.657
2.960
2.697
109,75
5.723
2.854
2.869
99,48
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
3.1.3. Medidas2 e características da natalidade do Município de Cariacica
A Taxa Bruta de Natalidade (TBN), a medida mais geral da mortalidade, é a relação entre o
número de nascidos vivos em um ano e a população média desse ano, expressa por mil.
1000*2/)PP[(
NTBN
1tt
1t,t
Onde: t, t+1 = são os instantes inicial e final do ano.
Em geral, nas sociedades menos desenvolvidas, as taxas de natalidade atingem ou ultrapassam os
valores de 40 nascimentos por mil habitantes. Nos países de desenvolvimento mais avançado, que já
completaram a transição demográfica, as taxas giram em torno de 9 a 14 por mil.
A TBN não é um indicador refinado dos níveis de fecundidade das populações, por várias razões: (i)
seu valor é afetado pela repartição por idade e sexo da população; (ii) o indicador relaciona os
2 Sobre a construção de indicadores de fecundidade consultar Wunsch e Termote, 1978.
55
eventos “Nascimentos” à população média total que não é a população na qual os eventos poderiam
ocorrer, uma vez que na composição deste denominador entram os próprios nascidos vivos, homens,
mulheres em idades não reprodutivas. No entanto deve-se reconhecer a importância desta medida:
além da facilidade para sua obtenção, mesmo para as regiões carentes de informações, este indicador
fornece informações sobre os níveis de natalidade e compõe, com a Taxa Bruta de Mortalidade, o
cálculo do crescimento demográfico.
A Tabela 3.3 apresenta estimativas que fornecem uma visão geral da tendência de indicadores
demográficos do Espírito Santo, no período de 1991 a 2030. Foram elaboradas pelo
IBGE/DPE/Coordenação de População e Indicadores Sociais para subsidiar os trabalhos de projeções
populacionais. O valor da TBN do Espírito Santo, de 24,21 nascimentos vivos por mil habitantes em
1991, declina e atinge o valor de 16,16 em 2010 e em 2030, segundo as estimativas, o valor atingirá
11,86.
56
Tabela 3.3 – Indicadores de fecundidade implícitos nas projeções populacionais – Espírito Santo – 1991/2030
Indicadores demográficos Anos de referência
1991 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030
Nascimentos 63.420 61.480 60308 59.680 57.579 55.147 53.063 51.666 50.314
Taxa bruta de natalidade 24,21 21,60 19,46 17,88 16,16 14,64 13,45 12,58 11,86
Taxas específicas de fecundidade por
grupos de idades das mulheres
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
0,0870
0,1685
0,1431
0,0840
0,0460
0,0195
0,0049
0,0837
0,1497
0,1243
0,0733
0,0386
0,0135
0,0029
0,0808
0,1333
0,1079
0,0640
0,0322
0,0083
0,0011
0,0812
0,1306
0,0978
0,0519
0,0238
0,0059
0,0007
0,0814
0,1290
0,0916
0,0445
0,0186
0,0044
0,0005
0,0815
0,1281
0,0882
0,0404
0,0158
0,0036
0,0004
0,0816
0,1275
0,0859
0,0377
0,0139
0,0031
0,0003
0,0816
0,1272
0,0848
0,0364
0,0130
0,0028
0,0002
0,0817
0,1271
0,0842
0,0357
0,0125
0,0027
0,0002
Taxa de fecundidade total 2,77 2,43 2,14 1,96 1,85 1,79 1,75 1,73 1,72
Taxa bruta de reprodução 1,35 1,19 1,04 0,96 0,90 0,87 0,85 0,84 0,84
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica.
Projeto UNFPA/BRASIL (BRA/02/P02) – População e Desenvolvimento – Sistematização das medidas e indicadores sociodemográficos oriundos da Projeção (preliminar) da população por sexo e idade, por
método demográfico, das Grandes Regiões e Unidades da Federação para o período 1991/2030.Elaboração: Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional
57
A fecundidade expressa o desempenho reprodutivo efetivo de uma mulher ou de um grupo de
mulheres que já completaram o período reprodutivo, que se estende de 15 a 50 anos. A fecundidade
apresenta uma grande variabilidade no decorrer do período fecundo, definido como o intervalo de 15
a 49 anos para as mulheres. Devido a esta variabilidade é necessário construir um indicador que
considere a repartição dos nascimentos segundo a idade da mãe.
A Taxa Específica de Fecundidade por Idade (TEF), que permite controlar o efeito da estrutura
por idade, é calculada relacionando os nascimentos vivos tidos por mulheres de determinada idade
ou grupo de idades (nNx) ao efetivo de mulheres da mesma idade ( fxnP ):
fxn
xn
P
NTEF
Onde: n, x e p = são respectivamente, o intervalo de tempo, a idade e a população feminina.
As curvas de fecundidade por idade do Espírito Santo, apresentadas na figura 3.5 mostram que o
declínio da fecundidade ocorreu em todas as idades entre 1991, 2010 e 2030, com exceção do grupo
mais jovem que apresentou tendência contrária, fenômeno denominado de “gravidez na
adolescência”. A fecundidade atinge seus níveis mais elevados entre as idades de 20 e 30 anos,
quando a fertilidade é mais elevada. Neste intervalo ocorrem quase 60% do total de nascimentos.
58
Figura 3.5 - Taxas específicas de fecundidade por idade Espírito Santo – 1991, 2010 e 2030
0,00
0,03
0,06
0,09
0,12
0,15
0,18
15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49
Faixa etária
TEF
1991 2010 2030
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados publicados pelo IBGE.
UNFPA/Brasil - IBGE (2006)
As taxas de fecundidade calculadas para as idades ou grupos de idades fecundas são sintetizadas pela
Taxa de Fecundidade Total, o indicador conjuntural da fecundidade.
A Taxa de Fecundidade Total expressa o número médio de filhos nascidos vivos tidos por mulher.
É construída pela soma das taxas específicas de fecundidade:
xTEFTFT
Para grupos quinquenais, a TFT é expressa por:
xnTEFTFT
Onde:
n, x = são respectivamente, o intervalo de tempo e a idade.
α e β representam a idade inicial e final do período fecundo.
59
O Espírito Santo apresentava até meados do século XX, uma sociedade com sólida base rural e
padrões de fecundidade similares aos das regiões menos desenvolvidas do país: o número médio de
filhos por mulher, o indicador que sintetiza a fecundidade, era superior a sete. A partir da década de
sessenta a introdução e a difusão de métodos contraceptivos associadas a um intenso processo de
redistribuição da população da região rural para a urbana e às mudanças na estrutura produtiva do
Estado provocam a redução do modelo familiar amplo adotado na economia agrária.
O indicador de fecundidade cai para 6,4 em 1970. Para referência comparativa, o número médio de
filhos por mulher é superior a 6 filhos nas sociedades de forte fecundidade. O descenso se acentua
nas duas décadas seguintes e prossegue com um ritmo mais lento na década de 90. No final do século
XX a fecundidade converge para os mesmos níveis da região Sudeste, de 2,1 filhos por mulher. Em
2010 o número de filhos declina para 1,85 e, em 2030 deverá declinar ainda para 1,72, segundo as
estimativas do IBGEDPE – Projeto UNFPA/Brasil (Tabela 3.3). A evolução apresentada por países
que se encontram na fase pós-transição, com famílias muito reduzidas fornece indicativos para os
níveis de convergência deste indicador: em muitos destes países as mulheres têm em média 1,2
filhos, valor este muito abaixo da taxa de reposição da população, o que tem incentivado a prática de
políticas pró-natalistas.
A Taxa Bruta de Reprodução indica o número médio de filhas tidas nascidas vivas pelas mulheres,
sem considerar o efeito da mortalidade das novas gerações3. O cálculo é o mesmo da TFT, levando
em conta somente as filhas.
fTEFTBR
Grupos quinquênais:
fxnTEFnTBR
A TBR informa sobre a substituição de uma população. O valor do indicador igual a 1 significa que,
em média cada mulher seria substituída por uma filha, na próxima geração de mães. Em 1991, o
valor do indicador, estimado pelo IBGE para o Espírito Santo é igual a 1,35 indicando que o grupo
de filhas formará um grupo de mães maior que o considerado na época. Em 2000 já se observa uma
3 A Taxa Líquida de Reprodução leva em consideração a mortalidade, mas o seu cálculo não será abordado neste trabalho.
60
igualdade entre os dois grupos, de mães e de filhas e, a partir daí os valores são inferiores à unidade
indicando que o contingente de futuras mães se reduzirá. O valor projetado para 2030 é de 0,84
(Tabela 3.3).
A Taxa de reposição indica o nível que a taxa de fecundidade total deve atingir para que a
população permaneça constante, que é de 2,1 filhos por mulher. Nas projeções do IBGE para o
Estado, o número de filhos por mulher é mais elevado que a taxa de reposição até 2000, a seguir a
fecundidade fica cada vez mais abaixo do nível de reposição das gerações.
Os indicadores de fecundidade Cariacica, em 2000, apresentados na tabela 3.4 foram calculados a
partir das informações do censo relativas ao número total de mulheres de 10 anos ou mais de idade, e
do número de mulheres que tiveram filhos nascidos vivos no período de referência de 12 meses
anteriores ao Censo. Pode-se notar que o Município de Cariacica apresenta para vários indicadores
demográficos valores que correspondem à situação média do Estado: A Taxa Bruta de Natalidade
estimada a partir dos registros do SINASC e da população fornecida pelo IBGE caiu de 23,02 por
mil habitantes em 1996 à 21 em 2000. A Taxa de Fecundidade Total obtida a partir dos dados do
censo é de 2,08 filhos por mulher e a Taxa bruta de Reprodução é de 1,01 filhas por mulher. Os
indicadores calculados com os dados dos nascidos vivos fornecidos pelo SINASC em 2000
apresentam em geral valores mais elevados.
Tabela 3.4 - Indicadores de fecundidade – Cariacica – 1996 e 2000
Grupos de idade das mulheres/Indicadores
Taxas Específicas de Fecundidade
1996 2000
Fonte NV: SINASC Fonte NV: SINASC Fonte NV: IBGE
10 a 14 0,00313 0,00265 0,00717
15 a 19 0,09434 0,08587 0,06791
20 a 24 0,15692 0,13263 0,12480
25 a 29 0,12543 0,11212 0,09872
30 a 34 0,06921 0,06720 0,06943
35 a 39 0,03236 0,03187 0,04268
40 a 44 0,00884 0,00851 0,00348
45 a 49 0,00173 0,00046 0,00161
Taxa Bruta de Natalidade (por mil) 23,02 21,0 19,4
Taxa de Fecundidade Total 2,46 2,21 2,08
61
Taxa Bruta de Reprodução 1,20 1,08 1,01
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC
Dados da população: IBGE, Censos 1996 e 2000.
As tabelas 3.5 e 3.6 apresentam a série de nascimentos de residentes de Cariacica distribuídos pela
idade da mãe, no período de 1994 a 2007. Em todo o período o número de nascimentos é mais
elevado no intervalo de 15 a 29 anos e depois declina gradativamente à medida que a idade cresce. A
maior incidência de nascimentos ocorre, em todos os anos, no grupo de mães de 20 a 24 anos, e a
idade média das mães, de mais ou menos 25 anos, traduz esta distribuição.
62
Tabela 3.5 - Nascimentos por residência da mãe por Ano do nascimento segundo a Idade da mãe – Cariacica – 1994-2007
Idade da mãe 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
10 a 14 anos 23 54 53 50 52 54 44 63 57 43 51 34 32 40
15 a 19 anos 1.086 1.458 1.573 1.685 1.606 1.703 1.487 1.516 1.272 1.208 1.247 1.187 1.165 1.168
20 a 24 anos 1.849 2.245 2.264 2.308 2.212 2.367 2.187 2.107 2.014 1.847 1.969 1.773 1.672 1.696
25 a 29 anos 1.352 1.614 1.665 1.664 1.581 1.683 1.598 1.496 1.426 1.441 1.458 1.385 1.451 1.507
30 a 34 anos 721 950 917 914 940 1.008 904 920 873 798 804 847 833 833
35 a 39 anos 326 379 371 364 364 394 407 395 400 419 394 387 394 384
40 a 44 anos 69 116 84 105 99 81 93 90 87 78 93 75 99 88
45 a 49 anos 11 7 12 8 9 7 4 4 5 3 - 4 10 7
50 a 54 anos - - - - - - - - - - - - 1 -
Idade ignor. 103 104 82 41 52 41 13 9 6 9 1 0 0 0
TOTAL 5.540 6.927 7.021 7.139 6.915 7.338 6.737 6.600 6.140 5.846 6.017 5.692 5.657 5.723
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
63
Tabela 3.6 - Nascimentos por residência da mãe por Ano do nascimento segundo a Idade da mãe (%) – Cariacica – 1994-2007
Idade da mãe 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
10 a 14 anos 0,42 0,79 0,76 0,70 0,76 0,74 0,65 0,96 0,93 0,74 0,85 0,60 0,57 0,70
15 a 19 anos 19,97 21,37 22,67 23,74 23,40 23,34 22,11 23,00 20,74 20,70 20,73 20,85 20,59 20,41
10 a 19 anos 20,40 22,16 23,43 24,44 24,16 24,08 22,77 23,96 21,67 21,43 21,58 21,45 21,16 21,11
20 a 24 anos 34,01 32,90 32,63 32,52 32,23 32,44 32,53 31,97 32,83 31,64 32,73 31,15 29,56 29,63
25 a 29 anos 24,87 23,66 23,99 23,44 23,04 23,06 23,77 22,70 23,25 24,69 24,24 24,33 25,65 26,33
30 a 34 anos 13,26 13,92 13,22 12,88 13,70 13,81 13,44 13,96 14,23 13,67 13,36 14,88 14,73 14,56
35 a 39 anos 6,00 5,55 5,35 5,13 5,30 5,40 6,05 5,99 6,52 7,18 6,55 6,80 6,96 6,71
40 a 44 anos 1,27 1,70 1,21 1,48 1,44 1,11 1,38 1,37 1,42 1,34 1,55 1,32 1,75 1,54
45 a 49 anos 0,20 0,10 0,17 0,11 0,13 0,10 0,06 0,06 0,08 0,05 0,00 0,07 0,18 0,12
50 a 54 anos - - - - - - - - - - - - 0,02 -
TOTAL 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Idade média 25,23 25,13 24,90 24,80 24,89 24,85 25,06 24,97 25,24 25,35 25,22 25,40 25,61 25,53
Fonte: Elaboração: Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS - Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC
64
A curva que representa a distribuição dos nascimentos segundo os grupos de idade das mães
residentes em Cariacica, relativa ao ano de 2007 (figura 3.6) apresenta, de modo geral, as tendências
clássicas e é representativa da fecundidade do período considerado.
Figura 3.6 – Nascimentos por residência da mãe segundo a idade da mãe
Cariacica - 2007
Nascimento por residência da mãe segundo Idade da mãe
Cariacica - 2007
1.168
1.507
833
384
788
1.696
40
0
300
600
900
1200
1500
1800
10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49
Grupos de idades
N°
de n
ascim
en
tos
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
Os registros do MS/SINASC fornecem também informações sobre características pessoais das mães,
dentre as quais o estado civil. A figura 3.7 revela tendências importantes. Não obstante o curto
período considerado é patente o aumento do número de mães solteiras, que a partir de 2005 passa a
ser superior ao das casadas. Deve-se ressaltar que há um número elevado de pessoas que não
informaram seu estado civil (21,2% em 2005 e 14,5% em 2007), o que prejudica a análise da
distribuição e, ainda, uma queda acentuada de pessoas que se declararam em união consensual, que
apresenta valores mínimos a partir de 2005. É provável que uma parte importante das não respostas
se enquadre em união consensual, cuja curva apresenta uma brusca mudança no decorrer do período
considerado, no qual esta categoria continua a ter uma importante representação na população em
geral. Pode ser também que, mulheres vivendo em união consensual, tenham se declarado
“solteiras”.
65
Figura 3.7 - Nascimentos por residência da mãe por ano de nascimento e Estado Civil da mãe –
Cariacica – 1999 a 2007
Nascimentos por residência e estado civil da mãe
Cariacica - 1999-2007
0
10
20
30
40
50
60
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Ano de nascimento
%
Solteira Casada
Viúva ou separada judicialmente União consensual
Ignorado
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
A Figura 3.8 mostra que esta situação não é particularidade de Cariacica. Em 2007, em todos os
municípios da RMGV, assim com no Estado como um todo, o estado civil predominante é o das
solteiras. Esta tendência é confirmada pelos dados de 2005, à exceção de Viana, que apresentou nesta
data uma pequena predominância das casadas. A representação das solteiras tem seus maiores
valores em Guarapari (62,7%), Fundão (62,6%), e na Serra (61,2%). Com quase metade das mães
que tiveram filhos em 2007 pertencentes à categoria “solteira” (49,1%), Cariacica apresenta níveis
similares ao comportamento médio das unidades do Estado, de 48,8%. Deve-se ressaltar que os
valores elevados da categoria “Ignorado” só são encontrados em Cariacica e Viana, justamente os
dois municípios que apresentam também as menores proporções de mães “solteiras”
66
Figura 3.8 - Nascimentos por residência da mãe e Estado Civil da mãe – RMGV –2007
Nascimentos por residência e estado civil da mãe
RMGV - 1999-2007
0
10
20
30
40
50
60
70
Cariacica Fundão Guarapari Serra Viana Vila Velha Vitória Espírito
Santo
%
Solteira Casada Outros Ignorado
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SVS/DASIS
As séries apresentadas nas tabelas 3.5 e 3.6 mostram uma tendência que traz preocupações para toda
a sociedade: a elevada incidência da fecundidade precoce, a chamada gravidez na adolescência,
período compreendido entre 10 e 19 anos, caracterizado por importantes mudanças físicas e
psicológicas.
A gravidez na adolescência acarreta sérias consequências para os adolescentes envolvidos, que, em
geral, não têm maturidade emocional nem condições financeiras para assumir a criação e educação
dos filhos, para os filhos que nascem, para suas famílias e para a sociedade. A gravidez na
adolescência ocorre em todos os níveis sociais, mas a incidência tende a ser maior nas populações de
baixa renda.
No artigo “Gravidez na Adolescência” Maria Silvia de Souza Vitalle e Olga Maria Silvério Amancio
da UNIFESP/EPM comentam sobre as consequências desta ocorrência:
A gravidez na adolescência tem sérias implicações biológicas, familiares,
emocionais e econômicas, além das jurídico-sociais, que atingem o indivíduo
67
isoladamente e a sociedade como um todo, limitando ou mesmo adiando as
possibilidades de desenvolvimento e engajamento dessas jovens na sociedade.
Devido às repercussões sobre a mãe e sobre o concepto é considerada gestação de
alto risco pela Organização Mundial da Saúde (OMS 1977, 1978), porém,
atualmente postula-se que o risco seja mais social do que biológico. (Vitalle e
Amancio, 2001).
Em Cariacica, a porcentagem dos nascimentos do grupo de 10 a 19 anos é significativa, contribuindo
por mais de 20% da fecundidade em todo o período considerado na análise, atingindo 23,4% em
1996, 24,4% em 1997, 24,2% em 1998, 24.1% em 1999 e 24% em 2001. A partir de 2002 observa-se
um pequeno declínio, mas a participação deste grupo em 2007 é ainda de 21,1%.
O problema social deste grupo pode ser apreendido na análise do perfil dessas mães adolescentes
com relação ao estado civil (figura 3.9). Dentre as mais jovens, de 10 a 14 anos, 87% se declararam
solteiras. O percentual desta categoria também é elevado para o grupo de adolescentes de 15 a 19
anos: 71,5%. Estes índices são bem mais elevados que a média de mães solteiras do Município, que é
de 48,8%.
68
Figura 3.9 – Nascimentos por residência de mães solteiras segundo a idade da mãe (%) -
Cariacica - 2007
Nascimentos por residência de mães solteiras (%) - Cariacica-2007
86,9
71,4
54,9
48,8
42,1
32,6
30,633,0
40,1
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
100,0
10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 Total
Grupos de idades
(%)
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
A quase totalidade dos nascimentos, cujas mães residiam em Cariacica ocorreu em hospitais: 5.711
dentre os 5.723 nascimentos, o que representa 99,8% do total de eventos ocorridos em 2007. As
informações mostram que a grande maioria procura os serviços médicos durante a gestação (figura
3.10). Com relação ao número de consultas, em 2007 63,6% das mães tiveram 7 ou mais consultas.
Considerando-se 4 ou mais consultas, o percentual das mulheres atendidas sobe à 93% dentre as que
tiveram filhos em 2007. A representação das gestantes que não buscam assistência pré-natal declinou
no curto período considerado, em 2007 elas representavam apenas 2,3% do total.
69
Figura 3.10 - Nascimentos por residência da mãe por ano de nascimento e consultas pré-natal –
Cariacica – 2007
Nascimentos por residência da mãe e consultas pré-natal
Cariacica - 2007
0
10
20
30
40
50
60
70
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
%
Nenhuma De 1 a 3 consultas De 4 a 6 consultas 7 ou mais consultas Ignorado
Fonte: Elaboração da Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SINASC.
3.2. Mortalidade
A duração da vida humana é determinada por uma diversidade de causas que decorrem de fatores
que atuam em vários níveis. A nível individual atuam fatores biológicos e genéticos e os
comportamentais, no entanto, os principais determinantes dos níveis da mortalidade situam-se no
nível coletivo: são as características do contexto socioeconômico, sanitário e cultural que explicam
as diferenças da mortalidade entre países, regiões de um mesmo país, classes sociais, níveis culturais,
categorias profissionais, entre outras.
Vários fatores contribuíram para aumentar substancialmente a duração da vida humana ao longo dos
dois últimos séculos: a melhoria da quantidade e qualidade dos alimentos e sua diversificação, a
melhoria da higiene pública e individual, a elevação dos níveis educacionais, os avanços médicos e
científicos, principalmente.
3.2.1. O declínio da mortalidade
Um dos princípios da teoria clássica da transição demográfica é o da anterioridade da queda da
mortalidade sobre a da fecundidade. Este postulado se verificou no Brasil, onde a transição
70
demográfica começou na primeira metade do século XX quando a mortalidade começou a declinar,
bem antes que a fecundidade.
A esperança de vida ao nascimento é o indicador que resume a duração de vida de uma população e
exprime o número médio de anos vividos por uma geração de nascidos vivos. É considerado como
um dos melhores indicadores do nível de desenvolvimento de uma região.
A esperança de vida ao nascimento do país era de 42,74 anos na década de 1940 (IBGE, 1988) e
subiu para 45,90 anos em 1950, atingindo o patamar de 68,55 anos em 2000. Os ganhos de duração
de vida foram significativos, sobretudo nas últimas décadas do século, devido, sobretudo às
melhorias ocorridas na área de saúde, em particular na área materno-infantil, que provocou a queda
da mortalidade infantil. Na segunda metade do século XX os ganhos de duração de vida foram
significativos: a vida dos brasileiros foi alongada, em média, em 22,65 anos. Em 2010 os níveis do
indicador são estimados em 73,40 anos para ambos os sexos, 69,68 para os homens e 77,26 para as
mulheres (IBGE, Revisão 2008). Neste século, a duração da vida tende a prosseguir sua tendência
crescente, pois as conquistas médicas e sociais propiciarão uma vida mais longa à população assim
como a continuidade de redução da mortalidade infantil, cujos níveis estão ainda acima dos
desejados.
Os níveis de mortalidade geral e, de modo especial os de mortalidade infantil, refletem as
modificações sociais, econômicas e sanitárias de uma sociedade. (Tabutin in Gerard). O indicador de
mortalidade infantil é um indicador muito sensível às condições de vida da sociedade, assim trata-se
de um indicador muito relevante para a avaliação do nível de vida de uma população, pois reflete o
processo de desenvolvimento de uma região, suas melhorias como também suas vicissitudes.
As taxas de mortalidade infantil do Brasil apresentaram queda acentuada no decorrer do século XX:
os valores das taxas atingiam 158,27 mortes de menores de 1 ano por mil nascidos vivos na década
de 1930, baixam progressivamente, caindo, em 2005 para 25,8 por mil (IBGE, Revisão 2004).
Segundo o PRB, Population Reference Bureau, a TMI do Brasil em 2009 é de 24 mortes de menores
de 1 ano por mil nascidos vivos (PRB, 2009).4. Este valor é ainda elevado quando comparado aos
valores apresentados pelos países de desenvolvimento mais avançado, onde o índice atinge valores
4 A TMI estimada pelo IBGE para o país em 2010 é de 21,6 mortes por mil nascidos vivos. (IBGE, Revisão 2008).
71
mínimos, entre 2,8 e 3 por mil. É igualmente elevado quando comparado aos países da América do
Sul: Colômbia (19), Venezuela (16,5), Argentina (12,9), Uruguai (10,5), Chile (7,6)
As tendências de declínio da mortalidade geral e infantil são também apresentadas pelo Espírito
Santo. Os níveis dos indicadores sempre foram menores no Estado que os níveis médios
apresentados para o país. Concorreram para esta situação a extensão do território que não apresenta
extremos de heterogeneidade como acontece em outros estados, e a formação de sua população,
composta majoritariamente por imigrantes europeus, cujos hábitos e costumes influenciaram
positivamente os modos de vida da população. A esperança de vida já mais elevada que a do
conjunto do país em 1940, quando era de 47,19 anos, evolui sempre com valores superiores à média
do país. No ano de 2010 a esperança de vida ao nascimento, segundo estimativas do IBGE/DPE é de
74,53 anos para ambos os sexos, 70,99 para os homens e 78,24 para as mulheres (tabela 3.7).
Segundo as projeções do IBGE/DPE, em 2030 os níveis passarão a 78,95 para ambos os sexos; 75,65
para os homens e 82,41 para as mulheres.
A evolução do indicador de mortalidade infantil mostra também uma situação melhor para o Espírito
Santo, com relação à média do país. Na década de 1930, a TMI do Brasil era de 158,27 mortes de
crianças de menos de 1 ano por 1000 nascidas vivas bem superior à do Espírito Santo, que era de
139,30. Na década de 1970, o nível havia declinado para 60,73 no Estado, contra 87,88 do Brasil
(IBGE, 1988). Seguindo a tendência apresentada pelo país, houve também uma redução importante
dos níveis do indicador nas últimas décadas: em 2005, a TMI do Espírito Santo era de 20,2 contra
25,80 do Brasil (IBGE, Revisão 2004).
72
Tabela 3.7 – Indicadores de mortalidade implícitos nas projeções populacionais – Espírito Santo – 1991/2030
Indicadores demográficos Anos de referência
1991 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030
Óbitos totais 15.470 16.670 18.262 19.708 21.327 23.072 25.139 27.714 30.994
Taxa bruta de mortalidade 5,90 5,86 5,89 5,90 5,99 6,13 6,37 6,75 7,31
Óbitos de menores de 1 Ano 1.898 1.711 1.417 1.202 994 812 671 560 473
Taxa de mortalidade infantil (por mil
nascidos vivos):
Ambos os sexos
Homens
Mulheres
31,70
34,60
28,70
27,80
30,30
25,10
23,50
25,70
21,10
20,10
22,20
17,90
17,20
19,20
15,00
14,70
16,50
12,70
12,60
14,30
10,80
10,80
12,40
9,20
9,40
10,70
8,00
Esperança de vida ao nascer
Ambos os sexos
Homens
Mulheres
69,39
65,60
73,36
70,40
66,69
74,30
71,65
68,02
75,47
73,14
69,56
76,90
74,53
70,99
78,24
75,80
72,32
79,46
76,96
73,54
80,56
78,01
74,65
81,54
78,95
75,65
82,41
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica.
Projeto UNFPA/BRASIL (BRA/02/P02) – População e Desenvolvimento – Sistematização das medidas e indicadores sociodemográficos oriundos da Projeção (preliminar) da população por sexo e idade, por
método demográfico, das Grandes Regiões e Unidades da Federação para o período 1991/2030.
Elaboração: Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
73
3.2.2. Evolução e classificação dos óbitos
A cobertura dos registros de óbitos é melhor que a dos nascimentos, devido à exigência do atestado
de óbito para realização do enterro. A cobertura, porém não é completa, pois há situações em que o
registro não é efetuado, como, por exemplo, em casos de mortes violentas com ocultação do corpo,
desaparecimento, sepultamento em cemitérios clandestinos, entre outras.
Nos registros de óbitos, assim como nos de nascimentos, os eventos são classificados segundo o
local de residência do falecido e o local de ocorrência do evento. Neste estudo da mortalidade foram
utilizados os dados disponibilizados pelo SIM para os óbitos e os dados censitários para a população.
A figura 3.11 apresenta a evolução do número de óbitos ocorridos em Cariacica segundo dupla
classificação entre 1979 e 2007, período para o qual as informações do SIM são disponíveis.
A situação descrita para os nascimentos se repete: os óbitos de residentes de Cariacica são mais
numerosos do que os eventos que ocorreram no Município, em todo o período considerado. Até 2002
o número de óbitos de residentes era bem mais que o dobro dos eventos ocorridos no Município. Nos
últimos anos registra-se uma pequena diminuição desta relação, mas os óbitos de residentes são
ainda 1,7 vezes maior que os classificados por ocorrência no Município.
Figura 3.11 – Óbitos por residência e ocorrência – Cariacica – 1979 a 2007
74
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SVS/DASIS
A situação descrita decorre das inter-relações estreitas existentes entre as unidades que compõem a
RMGV assim como da posição privilegiada que a capital ocupa quanto à infraestrutura e à oferta de
serviços de saúde. Os hospitais, serviços especializados e equipamentos concentrados em Vitória
atraem a população das outras unidades do Estado, em especial dos Municípios que compõem a
RMGV.
A Figura 3.12 apresenta a evolução do número de óbitos por residência e por ocorrência
considerando-se o conjunto da RMGV. As duas séries apresentam tendências crescentes, tendência
esta também apresentada pela população da região ao longo do período considerado. Os óbitos por
ocorrência são mais numerosos e a diferença entre as duas séries corresponde à população de outros
municípios e também de estados vizinhos que vem buscar os serviços de saúde da região da capital.
Vale ressaltar que a diferença entre as duas séries não apresentou um aumento expressivo entre 1979
e 2007. A diferença entre óbitos de residentes e por ocorrência era de 768 óbitos em 1979, passando
a 1017 em 2007.
Figura 3.12 – Óbitos por ocorrência e residência segundo o ano do óbito RMGV – 1979-2007
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
75
A figura 3.13 indica que as maiores inter-relações ocorrem entre as unidades que compõem a
RMGV. Os dados são indicativos das relações que se processam no interior da região quanto à
utilização da infraestutura médico hospitalar. Vitória apresenta-se como uma unidade diferenciada
das demais com relação à concentração de óbitos por ocorrência, que são mais do que o dobro dos
óbitos de residentes. Modelo oposto é o apresentado por Cariacica, que apresenta as maiores
diferenças entre as duas séries: os óbitos de grande parte dos habitantes ocorrem fora do município
de residência, certamente em Vitória. No ano de 2007, a diferença entre os registros de óbitos por
ocorrência e por residência foi de 836 óbitos.
Figura 3. 13 – Óbitos por ocorrência e por residência – RMGV – 2007
2094
1258
81 66
573380
19642137
371 184
2343 22431888
4073
0
1500
3000
4500
N°.
de ó
bito
s
Cariacica Fundão Guarapari Serra Viana Vila Velha Vitória
Óbitos por ocorrência e por residência - RMGV - 2007
Óbitos por residência Óbitos por ocorrência
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
3.2.3. Características e medidas5 da mortalidade do Município de Cariacica
A mortalidade é diferencial com relação à característica “sexo”. A figura 3.14 apresenta a evolução
do número de óbitos de residentes de Cariacica segundo o sexo no período de 1970 a 2007. Os níveis
das curvas traduzem a predominância de óbitos do sexo masculino em todo o período. A
sobremortalidade masculina é expressa pela Razão de Sexo que apresenta valores crescentes: em
1979 ocorreram 141,2 óbitos masculinos por 100 femininos, em 2007 a relação sobe para 166, 1.
5 Sobre indicadores de mortalidade consultar Wunsch e Termote, 1978.
76
Figura 3.14– Óbitos de residentes segundo o sexo – Cariacica – 1979 a 2007
Óbitos de residentes segundo o sexo – Cariacica - 1979-2007
0
500
1000
1500
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
Ano
N°.
de ó
bit
os
Homens Mulheres
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
A mortalidade é também diferencial com relação à idade. A curva que traduz a incidência da
mortalidade segundo as idades apresenta tendências universais: níveis mais elevados no primeiro ano
de vida, a seguir decréscimo rápido a níveis que se mantêm baixos até o início da vida adulta e, a
seguir, aumento progressivo dos riscos de morte à medida que a idade avança.
Os riscos de morte são superiores para o sexo masculino em todas as idades, mesmo quando se
considera a mortalidade intrauterina. A explicação da sobremortalidade masculina é devida à ação de
vários fatores. Os fatores biológicos aparecem como determinantes importantes da mortalidade
diferencial por sexo e a eles se somam os fatores comportamentais que levam o homem a uma maior
exposição ao risco (Castiglioni, 1994).
A figura 3.15 apresenta o número de óbitos de residentes de Cariacica em 2007. As curvas de
mortalidade por idade segundo o sexo traduzem os comportamentos diferentes dos dois sexos face
aos riscos de morte. Pode-se observar neste gráfico o aumento da incidência de óbitos masculinos
nas idades jovens-adultas. As medidas da sobremortalidade masculina segundo a idade,
representadas na figura 3.16 atingem níveis máximos nas idades jovens, entre 15 e 30 anos, quando
os fatores comportamentais passam a ser os determinantes principais da mortalidade masculina.
77
Figura 3.15 – Óbitos de residentes por idade e sexo – Cariacica – 2007
0
40
80
120
160
200
< 1
ano
1-4
5-9
10-1
4
15-1
9
20-2
4
25-2
9
30-3
4
35-3
9
40-4
4
45-4
9
50-5
4
55-5
9
60-6
4
65-6
9
70-7
4
75-7
9
80+
Nº d
e ó
bit
os
Grupo etário
Óbitos de residentes por idade e sexo - Cariacica - 2007
Masculino Feminino
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
Figura 3.16 – Sobremortalidade masculina na população residente – Cariacica – 2007
0
300
600
900
1200
< 1
ano
1-4
5-9
10-1
4
15-1
9
20-2
4
25-2
9
30-3
4
35-3
9
40-4
4
45-4
9
50-5
4
55-5
9
60-6
4
65-6
9
70-7
4
75-7
9
80
+
Mo
rtes m
asc /
Mo
rtes fem
Grupo etário
Sobremortalidade masculina - Cariacica - 2007
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
78
A Taxa bruta de mortalidade, a medida mais global da mortalidade, expressa o número médio
anual de óbitos por mil pessoas. É obtida pela relação entre o número de mortes ocorridas durante o
ano considerado (M) e a população média desse ano (P), assim expressa:
1000*2/)PP[(
MTBM
1tt
1t,t
Onde: t, t+1 = são os instantes inicial e final do ano.
A TBM é uma medida fácil de ser obtida, fornece informações sobre os níveis gerais da mortalidade
e possibilita, com a taxa bruta de natalidade, o cálculo do crescimento natural. Entretanto, não é uma
medida refinada da mortalidade e deve ser padronizada para se prestar a análises comparativas. Isto
porque os níveis de mortalidade são determinados pelo comportamento de duas componentes: a
intensidade dos riscos de morte segundo as idades, e a estrutura etária da população.
As taxas brutas de mortalidade de Cariacica, estimadas a partir dos dados do MS/Sim para os óbitos
e do IBGE para a população apresentam valores baixos, em torno de 6 por mil, uma vez que no atual
estágio da transição caracterizada por declínio de mortalidade e estrutura etária jovem, grande parte
da população é submetida a baixas probabilidades de morte. Na medida em que a população
envelhece, ocorrerá uma elevação da taxa de mortalidade, pois, uma parcela cada vez mais
representativa será submetida a riscos mais elevados.
Devido ao caráter diferencial de incidência da mortalidade ao longo da vida, esta componente é mais
bem representada quando se considera a ocorrência de óbitos segundo a idade.
As taxas específicas de mortalidade por idade correspondem ao quociente entre as mortes
ocorridas em uma determinada idade ou grupo de idades (nMx) e a população média da idade (Px) ou
do grupo de idades (nPx) considerado:
x
xx
P
MTEM
xn
xnxn
P
MTEM
Onde:
x = idade
79
n = intervalo do grupo de idades.
As taxas específicas de mortalidade representam a ocorrência média de eventos na população de uma
determinada idade ou grupo de idades. As taxas de mortalidade por idade e sexo de Cariacica
apresentam a tendência clássica: as taxas são elevadas no início da vida, declinam a seguir e chegam
a níveis mínimos nos grupos jovens e, a partir das idades adultas, aumentam progressivamente à
medida que a idade aumenta. As curvas traduzem também a mortalidade diferencial por sexo, com
níveis sempre mais elevados para os homens (Figura 3.17).
Figura 3.17- Taxas de mortalidade por idade e sexo – Cariacica – 2000
Taxas de mortalidade por idade e sexo
Cariacica - 2000
0,000
0,001
0,010
0,100
1,000
0-4
5-9
10-1
4
15-1
9
20-2
4
25-2
9
30-3
4
35-3
9
40-4
4
45-4
9
50-5
4
55-5
9
60-6
4
65-6
9
70-7
4
75-7
9
80 +
Grupo etário
TEM
Homens Mulheres
Fontes: Elaboração da Equipe Agenda Vitória: Dinâmica Populacional, com dados publicados pelo IBGE e do MS/SIM.
Dentre as taxas por idade, a taxa do primeiro ano de vida tem uma importância particular (Tapinos,
1985). A taxa de mortalidade infantil constitui um bom indicador dos níveis de vida de uma
sociedade e está estreitamente correlacionada ao nível de desenvolvimento de uma região.
A taxa de mortalidade infantil é o número anual de mortes de crianças de menos de um ano por mil
nascimentos vivos ocorridos no determinado ano.
1000 vivosNascidos
idade de ano 1 de menos de crianças de MortesxTMI
80
Como ocorre no Estado, em Cariacica os óbitos de menores de 1 ano apresentam valores
decrescentes (tabela 3.8). Verifica-se também, na mortalidade infantil, a diferença entre óbitos por
residência e por ocorrência já evidenciada na mortalidade geral. A ação diferencial da mortalidade
por sexo explica a sobremortalidade masculina infantil em todos os anos considerados, com exceção
de 2005, devido possivelmente à incompletude dos registros nesse ano.
Tabela 3.8 – Indicadores de mortalidade infantil – Cariacica
Indicadores Anos de referência
1991 1996 2000 2005 2006 2007
Óbitos de menores de 1 ano por
local de residência
Ambos os sexos
Homens
Mulheres
Índice de masculinidade (por 100) (1)
153
95
58
163,79
144
78
66
118,18
124
71
53
133,96
87
41
46
89,13
82
44
38
115,79
74
41
33
124,24
Óbitos de menores de 1 ano por
local de ocorrência 29
25
30
33
26
19
Elaboração: Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SIM
É fato comprovado que as mortes infantis ocorrem mais frequentemente nos primeiros dias e
semanas após o nascimento, decrescendo a seguir. Uma classificação geral distingue dois grupos de
causas: endógenas, de origem biológica são decorrentes de características do indivíduo
(malformações congênitas, debilidade) de problemas relacionados ao parto ou de características da
mãe, como a idade à fecundidade. As causas exógenas são condicionadas pelo meio sócioeconômico
cultural em que se insere o recém nascido (Castiglioni, 1994). As mortes por causas endógenas
ocorrem majoritariamente no primeiro mês de vida, a partir daí predominam as causas exógenas (J.
Bourgeois-Pichat, apud Wunsch e Termote, 1978). Os óbitos de 2007 confirmam esta tendência, que
é observada em todo o intervalo para o qual os dados são disponíveis: os óbitos se concentram na
81
primeira semana, quando ocorrem 35,1% do total de óbitos infantis. Mais da metade dos óbitos
infantis, 56,8%, ocorrem no primeiro mês de vida (tabela 3.9).
Tabela 3.9 - Óbitos de menores de 1 ano por residência da mãe segundo a faixa etária e sexo –
Cariacica – 2007
Faixa Etária Masculino Feminino Total %
0 a 6 dias 13 13 26 35,14
7 a 27 dias 12 4 16 21,62
28 a 364 dias 16 15 31 41,89
Menor 1 ano (ign) 0 1 1 1,35
Total 41 33 74 100,00
Elaboração: Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional com dados do MS/SIM
No que se refere à medida dos níveis da mortalidade infantil, os cálculos feitos diretamente a partir
dos registros de nascimentos e de óbitos em geral subestimam o indicador devido aos problemas de
cobertura dos sistemas. As taxas de mortalidade infantil de Cariacica apresentadas na figura 3.18,
foram estimadas pelo DATASUS e mostram que Cariacica apresenta taxas inferiores às do Estado
em todo o período representado. Ambas as séries, do Espírito Santo e de Cariacica, apresentam
tendência de diminuição progressiva, no entanto o declínio ocorrido em Cariacica entre 1989 e 1998,
de 28,75% foi maior que o verificado no Estado, de 22,33%.
Figura 3.18 - Taxa de Mortalidade Infantil – Cariacica e Espírito Santo – 1989 a 1998
Taxa de Mortalidade Infantil - Cariacica e Espírito Santo - 1989-1998
24,6
36,034,6
30,4
28,0
30,0
23,3
32,8
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
1989 1990 1994 1998
Ano
TMI
Cariacica Espírito Santo
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do DATASUS Estimativas da Mortalidade Infantil por Microrregiões
e Municípios
82
Como já citado, a esperança de vida ao nascimento do Estado, é em 2010 de 74,53 anos para ambos
os sexos, 70,99 para os homens e 78,24 para as mulheres, segundo as e estimativas do IBGE/DPE.
Este valor é tomado como referência para Cariacica, uma vez que são poucas as estimativas do
indicador para os municípios. Podem ser citados os valores publicados no Atlas de Desenvolvimento
Humano, disponíveis para 1991 e 2000. Segundo esta fonte, a esperança de vida de Cariacica, menor
que a média estadual, passou de 62 anos em 1991 para 67,2 anos em 2000. De acordo com esta fonte,
para fim comparativo, a esperança de vida ao nascimento do Espírito Santo evolui de 64,2 para 68,2
anos no mesmo período.
Outro eixo relevante no estudo da mortalidade é relativo às modificações ocorridas em seus padrões.
O perfil epidemiológico de uma população apresenta modificações que ocorrem paralelamente à
queda dos níveis de mortalidade e às mudanças da estrutura etária que acompanham o processo da
transição demográfica. As transformações dos padrões de mortalidade caracterizam o processo
denominado transição epidemiológica, que é a mudança de um perfil caracterizado por alta
mortalidade causada por doenças infecciosas e parasitárias para um perfil de baixa mortalidade com
predominância das doenças crônico-degenerativas e causas externas. Caracterizam também o
processo a mudança da incidência da mortalidade dos grupos mais jovens aos mais idosos e o
aumento da morbidade (Schramm et al, 2004). A mudança progressiva do ranking das causas de
mortalidade é correlacionada ao processo de desenvolvimento da sociedade e às mudanças que
ocorrem na estrutura etária da população devido ao alongamento da duração da vida e o conseqüente
envelhecimento da população. A mudança na composição da mortalidade fornece também
indicadores das condições de vida de uma população.
A mortalidade em todo o país passa pelas mudanças significativas que caracterizam o processo da
transição epidemiológica: não só os níveis da mortalidade geral baixaram como ocorreram
modificações significativas em sua composição segundo as causas de morte e segundo o perfil etário
dos óbitos. (Secretaria de Vigilância em Saúde/MS).
As mudanças dos padrões de mortalidade podem ser analisadas a partir da distribuição percentual de
óbitos provocados por determinada causa ou grupo de causa no total de óbitos da população, na
região e ano considerados. No município de Cariacica, a mortalidade proporcional segundo as causas
de morte observadas em um curto período mostra que a evolução da representação das causas
apresenta as tendências que caracterizam o processo de transição epidemiológica: as doenças
83
infecciosas e parasitárias foram reduzidas, ao passo que as mortes ligadas ao processo de
envelhecimento do organismo apresentam uma representação significativa no total de óbitos (figura
3.19).
Figura 3.19 – Proporção de óbitos de residentes segundo os 4 grupos de causas mais importantes
– Cariacica – 1979 a 2007
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
O quadro das principais causas de mortalidade de Cariacica apresenta em destaque as doenças
decorrentes do processo degenerativo do organismo, devido ao perfil etário da população formado
por um número cada vez maior de idosos. O principal grupo de causas no período compreende as
doenças do aparelho circulatório: em 1979 este grupo foi responsável por 26,9% dos óbitos que
ocorreram em Cariacica, a seguir a curva apresenta oscilações e chega ao nível de 30,9% em 2007.
Outra mudança relevante neste quadro é o crescimento progressivo das neoplasias (9,8% em 1979 a
14,6% em 2007). As doenças do aparelho respiratório completam o grupo composto por doenças
crônico-degenerativas. A participação destas três causas no total de óbitos subiu de 48,8% em 1979 a
52,9% em 2007. Esta representação tende a aumentar, pois o processo de envelhecimento, apenas
iniciado, deverá prosseguir em seu curso crescente nas próximas décadas.
84
Dentre as causas principais aparece em posição importante e representação crescente o grupo de
causas externas, formado pelas chamadas “mortes violentas”: mortes provocadas por acidentes
diversos, homicídios, suicídios, entre outros, que são responsáveis pelo aumento da mortalidade de
jovens. A evolução da representação deste grupo é preocupante e traz sérias implicações para a
sociedade e para as políticas públicas: o grupo aparece como o segundo na composição das causas e
é o que apresenta o maior crescimento: a proporção desta categoria, igual a 12,2% dos óbitos em
1979 é, em 2007, responsável por 25% dos óbitos de residentes.
As doenças infecciosas ou parasitárias, principal grupo de causas de óbitos no passado, figuram
atualmente como o sétimo grupo de causas em importância na mortalidade de Cariacica. A redução
mais importante destas doenças ocorreu antes do período considerado nesta análise, no entanto pode-
se ainda verificar a continuação da tendência declinante da representação deste grupo, que caiu de
8,75 % em 1979 a 2,82% do total de óbitos em 2007 (Figura 3.20).
Figura 3.20 – Proporção de óbitos de residentes segundo o grupo de causas: doenças infecciosas
ou parasitárias – Cariacica – 1979 a 2007
Proporção de óbitos segundo o grupo de causas: doenças
infecciosas ou parasitárias - Cariacica - 1979-2007
0
4
8
12
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
Ano
%
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
A redução de mortes por Doenças Infecciosas e Parasitárias ao longo da segunda metade do século
XX ocorreu principalmente no 1º ano de vida, para o qual a mortalidade por estas doenças é mais
85
elevada. Em 1979 os três principais grupos de causas eram de acordo com a classificação do
Capítulo CID-9, o Grupo XV - Algumas afecções originárias no período perinatal (23,15%), o Grupo
III – Doenças das glândulas endócrinas, da nutrição e do metabolismo e transtornos imunitários
(21,76%) e o Grupo I - Doenças Infecciosas e Parasitárias (20,83% dos óbitos infantis). Estas
medidas devem ser analisadas com prudência uma vez que a proporção de Sintomas, sinais e
afecções mal definidas apresenta percentuais elevados para o período considerado, que chegam ao
valor de 23% em 1989, o que prejudica e mascara a análise da distribuição da incidência das causas
de mortalidade.
A figura 3.21 apresenta a evolução da representação das causas de mortalidade infantil, em
Cariacica, para o período de 1996 a 2007, quando entra em vigor a classificação do Capítulo CID-10.
A causa - Algumas afecções originárias no período perinatal - continua predominante representando
em geral mais da metade dos óbitos (63,41% em 2006; 48,65% em 2007). Em ordem de
representação, vem a seguir, o grupo “Malformações congênitas deformações e anomalias
cromossômicas” (21,62% em 2007). As Doenças Infecciosas e Parasitárias contavam em média por
4,60% dos óbitos que ocorreram no último triênio considerado.
Figura 3.21 – Proporção de óbitos infantis de residentes segundo alguns grupos de causas –
Cariacica – 1996 a 2007
Proporção de óbitos infantis segundo alguns grupos de causas
Cariacica - 1996-2007
0
10
20
30
40
50
60
70
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Ano
%
Algumas doenças infecciosas e parasitárias Algumas afec originadas no período perinatal
M alf cong deformid e anomalias cromossômicas
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
86
Para o estudo da mortalidade, seus níveis, causas e tendências é preciso distinguir sua incidência
segundo os dois sexos, como já enfatizado. As diferenças de duração de vida para homens e
mulheres resultam da forma diferencial de atuação dos riscos de morte segundo o sexo.
A figura 3.22 apresenta a mortalidade por sexo segundo os principais grupos de causas de
mortalidade para Cariacica em 2007. A sobremortalidade masculina ocorre na maioria dos grupos de
causas representadas. No conjunto considerado, as mulheres apresentam maior risco que os homens
para o grupo de doenças endócrinas nutricionais e metabólicas, tendência esta verificada em outros
contextos, que confirmam a maior fragilidade feminina com relação a estas doenças.
Figura 3.22 – Número de óbitos de residentes por sexo segundo os grupos de causas mais
importantes (CID -10) – Cariacica – 2007
Número de óbitos de residentes segundo os grupos de causas
mais importantes (CID-10) - Cariacica - 2007
351
447
170
80
44
66
37
34
20
19
297
76
136
74
62
27
22
10
17
17
0 80 160 240 320 400 480
Doenças do aparelho circulatório
Causas externas de morbidade e mortalidade
Neoplasias (tumores)
Doenças do aparelho respiratório
Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas
Doenças do aparelho digestivo
Algumas doenças infecciosas e parasitárias
Transtornos mentais e comportamentais
Doenças do sistema nervoso
Algumas afec originadas no período perinatal
N° de óbitosMasculino Feminino
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
O estudo e a compreensão dos níveis, tendências e causas da mortalidade devem considerar não
somente a incidência diferencial das mortes segundo as idades, como também a composição da
mortalidade nos diversos grupos etários. A figura 3.23 relativa a 2007 mostra como os óbitos
relativos aos mais importantes grupos de causas de mortalidade em Cariacica incidem no total de
eventos que ocorrem em cada um dos grupos de idades considerados. Um traço marcante da
87
mortalidade, observado em todo o país, emerge também nesta distribuição de causas por idade: a
elevadíssima incidência das mortes chamadas “violentas” nos grupos de idades jovens-adultas. Já foi
visto que as mortes por Causas Externas constituem a segunda causa de mortalidade em Cariacica. A
composição da mortalidade segundo a idade mostra que nos grupos de 15 a 19 e de 20 a 24 anos, as
Causas Externas correspondem a, respectivamente, 88,1% e 89,4% dos óbitos que ocorrem nestes
grupos. À medida que a idade avança, o grupo de doenças decorrentes do processo degenerativo do
organismo cresce em importância na composição da mortalidade, principalmente as doenças do
aparelho circulatório.
Figura 3.23 – Grupos de causas de mortalidade segundo a incidência proporcional por idades –
Cariacica – óbitos por residência – 2007
0
20
40
60
80
100
< 1
1 -
4
5 -
9
10-1
4
15-1
9
20-2
4
25-2
9
30-3
4
35-3
9
40-4
4
45-4
9
50-5
4
55-5
9
60-6
4
65-6
9
70-7
4
75-7
9
80+
(%)
Grupo etário
Grupos de causas de mortalidade segundo a incidência proporcional por idades - óbitos por residência - Cariacica - 2007
D. Ap. Circulatório Causas Externas
Neoplasias D. Ap. Respiratório
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
A diferença de incidência das mortes violentas segundo o sexo é um outro traço marcante da
mortalidade em idades jovens. Nos dados de Cariacica, considerados em um período quinquenal para
evitar variações aleatórias, As curvas da figura 3.24 apresentam níveis mais baixos para as crianças,
elevam-se nas idades jovens apresentando um “pico” entre 15 e 30 anos e depois decrescem à
88
medida que a idade aumenta. As Causas Externas são responsáveis por 94,2% das mortes masculinas
do grupo de 15 a 19 anos, 89,8% das que ocorrem entre 20 a 24 anos e 86,4% para o grupo de 25 a
29 anos. A curva do sexo feminino apresenta a mesma tendência, porém com valores bem menores
de, respectivamente: 50,9%, 43,5% e 45,2%.
Os fatores causais à base do forte grau de diferenciação por sexo desta causa são os fatores
comportamentais, que levam o homem a envolver-se, mais que as mulheres em situações perigosas e
violentas e a exceder-se na velocidade no trânsito e no uso de bebidas alcoólicas, de drogas, de fumo.
A razão de sexo do total de óbitos ocorridos em Cariacica, no período de 2003 a 2007, é de 164,1
mortes masculinas por 100 femininas, porém nas idades jovens, esta relação eleva-se a 592,7 para o
grupo de 15 a 19 anos; 726,1 para o grupo de 20 a 24 anos; 604,8 para o de 25 a 29 e 363,2 para o
grupo de 30 a 34 anos.
Figura 3.24 – Proporção de óbitos de residentes por causas externas de morbidade e mortalidade
no total de óbitos do grupo etário segundo o sexo e os grupos etários – Cariacica – 2003 a 2007
Proporção de óbitos de residentes por causas externas de
morbidade e mortalidade - Cariacica - 2003-2007
0
20
40
60
80
100
< 1
1-4
5-9
10-1
4
15-1
9
20-2
4
25-2
9
30-3
4
35-3
9
40-4
4
45-4
9
50-5
4
55-5
9
60-6
4
65-6
9
70-7
4
75-7
9
80+
Grupo etário
%
Masculino Feminino
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
A evolução crescente do número de óbitos por causas externas é verificada tanto para os residentes
da RMGV como para os demais municípios do Espírito Santo (figura 3.25). Nos últimos anos, o
aumento da incidência de óbitos por causas externas foi menor para os residentes de Cariacica que
89
para os residentes do conjunto formado pelos demais municípios da RMGV, mas as diferenças se
acentuam quando se considera os óbitos por ocorrência (Figura 3.26).
Figura 3. 25 – Evolução do número de óbitos de residentes por causas externas de mortalidade –
RMGV e demais municípios do Espírito Santo 1979 a 2007
Evolução do número de óbitos de residentes por causas
externas de mortalidade – RMGV e demais municípios do
Espírito Santo - 1979-2007
0
500
1000
1500
2000
2500
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
Anos
Nº.
de ó
bit
os
RMGV Demais Municípios do Espírito Santo
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
Capítulo CID-9: XVII.Causas externas (1979 a 1995) Capítulo CID-10: XX. Causas externas de morbidade e mortalidade (1996 a 2007)
Figura 3.26 – Evolução do número de óbitos por ocorrência segundo causas externas de
mortalidade - Cariacica e demais municípios da RMGV – 1979 a 2007
Evolução do número de óbitos por ocorrência segundo causas
externas de mortalidade - Cariacica e RMGV - 1979-2007
0
500
1000
1500
2000
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
Anos
Nº.
de
ób
ito
s
Demais Municípios da RMGV Cariacica
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
90
Os gráficos e dados apresentados corroboram as tendências apresentadas em todo o país: a evolução
crescente dos níveis e da distribuição por sexo e idade da mortalidade por causas externas constituem
uma problemática da maior gravidade que exige da sociedade em geral e do governo medidas e
programas para evitar a perda precoce de tantas vidas. A sobremortalidade jovem masculina é tão
elevada que interfere no nível da esperança de vida masculina, aumentando as diferenças entre os
valores deste indicador segundo o sexo.
As figuras a seguir apresentam as categorias que formam o grupo de Causas Externas, por ocorrência
do óbito em 2007, na RMGV e alguns dos seus municípios. Verifica-se que na RMGV têm
preponderância os óbitos classificados na categoria “agressões”, na qual se incluem os homicídios,
que provocaram 59% das causas externas em 2007, e pelos “acidentes de transporte” com
representação de 20% do total de óbitos do grupo. A terceira causa em importância, “outras causas
externas de lesões acidentais”, mortes provocadas por quedas, contam por 16% dos óbitos (figura
3.27).
A análise mais específica das unidades mais populosas da RMGV coloca em evidência diferenças
espaciais na representação das categorias do grupo de Causas Externas (Figuras 3.28 a 3.31). Nos
quatro municípios representados, a principal causa de óbitos por ocorrência é a categoria
“agressões”, porém com níveis diferenciados: Cariacica apresenta o nível mais elevado: 75% e
Vitória o menor, de 42%. Os “acidentes de transporte” apresentam como a segunda causa em
importância em Vitória, Serra, e Cariacica, mas os níveis são bem mais elevados em Vitória (27%) e
na Serra (19%). As “outras causas externas de lesões acidentais”, mortes provocadas por quedas, são
mais freqüentes em Vitória, onde sua representação (26%) quase se iguala à dos acidentes de
trânsito. Em Vila Velha, esta categoria é a segunda em importância embora seu percentual (13%)
seja menor que os apresentados por Vitória e Serra.
91
Figura 3.27 – Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas RMGV – 2007
RMGV-2007
Agressões
59%
Acidentes de
transporte
20%
Outras causas
externas de lesões
acident
16%
Outras
causas
2%
Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
3%
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
Figura 3.28 – Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas município de Cariacica
– 2007
Cariacica-2007
Acidentes de
transporte
10%
Outras
causas
3%
Agressões
75%
Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
3%
Outras causas
externas de lesões
acident
9%
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
92
Figura 3.29 - Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas município da Serra –
2007
Serra-2007Outras causas
externas de lesões
acident
15%
Outras
causas
1%
Acidentes de
transporte
19% Agressões
63%
Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
2%
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
Figura 3.30- Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas município de Vila Velha
– 2007
Vila Velha-2007
Acidentes de
transporte
11%
Outras
causas
2%
Agressões
70%
Outras causas
externas de lesões
acident
13%
Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
4%
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
93
Figura 3.31- Óbitos por ocorrência por grande grupo de causas externas município de Vitória –
2007
Vitória-2007 Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
3% Agressões
42%
Acidentes de
transporte
27%
Outras causas
externas de lesões
acident
26%
Outras
causas
2%
Fonte: Elaborado com dados do MS/SVS/DASIS - Sistema de informações sobre mortalidade – SIM.
Enfim, as figuras 3.32 a 3.36 possibilitam a comparação entre a incidência de óbitos de categorias do
grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência na RMGV e os municípios
considerados na análise anterior, para o ano de 2007. Os gráficos se enquadram em três modelos de
comportamento:
1- Os óbitos registrados por local de ocorrência são mais elevados que os registrados por
residência. Enquadram-se neste modelo a RMGV e os Municípios de Vitória e Serra.
2- Os óbitos registrados por local de residência são mais elevados que os registrados por
ocorrência. É o caso de Cariacica.
3- Os óbitos registrados por local de ocorrência são mais elevados que os registrados por
residência para a categoria “Agressões”. Para as demais categorias, os óbitos registrados por
local de residência são mais elevados que os registrados por ocorrência. É o caso de Vila
Velha.
4-
94
Figura 3.32 - Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência –
RMGV 2007
RMGV-2007
1.329
437352
62 46
410
309
59 44
1.284
0
300
600
900
1.200
1.500
Agressões Acidentes de
transporte
Outras causas
externas de lesões
acidentais
Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
Outras causas
Nº
de ó
bit
os
Ocorrência Residência
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
Figura 3.33- Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência –
Cariacica 2007
Cariacica-2007
286
40 3610 11
84 76
15 10
338
0
100
200
300
400
Agressões Acidentes de
transporte
Outras causas
externas de lesões
acidentais
Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
Outras causas
Nº
de ó
bit
os
Ocorrência Residência
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
95
Figura 3.34- Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência – Serra
2007
Serra-2007
122
94
14 9
9569
9 6
387
366
0
100
200
300
400
Agressões Acidentes de
transporte
Outras causas
externas de lesões
acidentais
Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
Outras causas
Nº
de ó
bit
os
Ocorrência Residência
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
Figura 3.35 - Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência –
Vila Velha 2007
Vila Velha-2007
46 52
15 8
108
67
16 15
292
275
0
100
200
300
400
Agressões Acidentes de
transporte
Outras causas
externas de lesões
acidentais
Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
Outras causas
Nº
de ó
bit
os
Ocorrência Residência
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
96
Figura 3.36 - Óbitos por grande grupo de causas externas por residência e por ocorrência –
Vitória - 2007
Vitória-2007
161 152
17 14
56 66
13 8
242
186
0
100
200
300
400
Agressões Acidentes de
transporte
Outras causas
externas de lesões
acidentais
Lesões
autoprovocadas
voluntariamente
Outras causas
Nº
de ó
bit
os
Ocorrência Residência
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do MS/SIM.
4. Dinâmica demográfica: a componente migratória
4.1. Considerações gerais
A migração esteve sempre presente na história das populações. A troca da comunidade de origem por
outro local tem como motivação principal a aspiração por um melhor nível de vida. A insatisfação do
indivíduo com suas condições de vida e com a falta de perspectivas para o futuro leva o indivíduo a
deixar seu ambiente familiar e comunitário para buscar as mudanças que almeja em um local mais
propício à realização de seus projetos.
O estudo da migração enfrenta muitas dificuldades devido à complexidade desta componente do
crescimento. Em primeiro lugar, trata-se de um fenômeno de difícil apreensão, devido à inexistência
de dados adequados. Os registros de nascimentos e óbitos são obrigatórios, mas a migração é realizada
sem qualquer tipo de declaração. No que diz respeito à composição dos fluxos, a migração é
caracterizada pela seletividade: as pessoas que migram tendem a apresentar determinadas
características como a idade, a instrução, a especialização. Trata-se também de um processo complexo
em seus determinantes pessoais, políticos, sociais e econômicos. Não menos importantes são suas
consequências que ocorrem em vários níveis: a migração produz efeitos que afetam os indivíduos,
97
suas redes familiares e comunitárias, e, em um nível mais amplo, provoca modificações nas regiões de
origem e de destino dos fluxos, de ordem demográfica, que afetam o montante, a distribuição espacial,
a composição e a dinâmica das populações, e de ordem econômica, política e social, pois interferem
nas características das sociedades relacionadas ao movimento.
A migração ocorre durante o processo de modernização da sociedade, atuando como o motor da
urbanização. Mais da metade da população do planeta já mora em regiões urbanas, e a tendência é o
aumento progressivo desta concentração. (Veron, 1991). O conhecimento da migração: suas
características, suas causas, e consequências, é de grande relevância para o planejamento de políticas
públicas e sociais.
Devido à inexistência de um sistema de registros, como foi ressaltado, o conhecimento sobre a
migração e sobre os migrantes fica restrito às informações coletadas por ocasião dos censos
demográficos, que são realizados a cada dez anos. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) fornece anualmente informação sobre os fluxos migratórios, porém somente a nível
estadual.
A distribuição espacial da população do Espírito Santo passou por importantes transformações no
decorrer da segunda metade do século XX, devido à ação de vários fatores econômicos, demográficos,
sociais e políticos. O intenso êxodo rural decorrente destas mudanças teve como conseqüência a
transferência da população das zonas rurais para as urbanas. Em 1950 as atividades agrícolas
dominavam a economia do Estado e cerca de 80% da população viviam na zona rural, trabalhando em
pequenas ou médias propriedades, principalmente da cultura do café. Nas décadas seguintes, a
redistribuição da população para as áreas urbanas, foi gradativamente invertendo esta situação: a
população urbana atingiu o nível de cerca de 80% em 2000. Uma característica importante desta
mudança foi a aglomeração da população na Capital e nos municípios adjacentes, devido à
concentração dos investimentos econômicos e sociais na Grande Vitória e proximidades. A população
residente na região da capital que representava 18,5% do total do Estado em 1960 aumentou
progressivamente para 46,5% da população do estado em 2000.
Nas décadas de sessenta e setenta a população oriunda do interior do Espírito Santo dirigiu-se não
somente para a região da capital do Estado como também para as cidades de outros Estados e também
para regiões rurais, como o fluxo de agricultores que emigraram para Rondônia. O Espírito Santo, até
98
1980, perdeu população para estados mais atrativos, caracterizando-se como um Estado expulsor de
população.
Nas últimas décadas do século XX, as oportunidades de emprego induzidas pela expansão urbano-
industrial do Estado provocam uma inversão nas tendências migratórias. O Espírito Santo passa a
apresentar um saldo migratório positivo que aumenta na medida em que novos arranjos produtivos se
concretizam. A Região Metropolitana da Grande Vitória concentra a maioria dessas novas
oportunidades e apresenta-se como a região mais dinâmica e mais atrativa.
Na última década, novas tendências de distribuição da população se anunciam no processo de
crescimento do Estado. A RMGV continua sendo a que apresenta maior crescimento demográfico,
porém observa-se uma redução do ritmo. Concomitantemente surgem outras áreas dinâmicas fora do
eixo da Região metropolitana da Grande Vitória.
4.2. Análise das características da migração
Neste trabalho são utilizados os dados dos recenseamentos fornecidos pelo IBGE. As informações
sobre a migração coletadas no censo referem-se apenas à última mudança de residência efetuada
entre municípios e não fornecem elementos para maior apreensão da dinâmica do processo
migratório. Uma restrição importante a ser ressaltada é que os dados disponíveis no momento atual
referem-se à migração informada no censo de 2000, relativa à última mudança de residência entre
municípios ocorrida no quinquênio anterior à data em que o censo foi realizado. São apresentadas, a
seguir algumas análises sobre a migração no Espírito Santo e no Município de Cariacica fornecidas
pelos dados censitários.
A questão do censo, relativa às pessoas não naturais do município em que residem, informa sobre o
estoque de imigrantes. O número de residentes no Espírito Santo, nascidos em outros Estados vem
crescendo progressivamente: as pessoas não-nativas representavam 14,14% da população, em 1970 e
passaram a 19,10% em 2000. (tabela 4.1).
Nos trabalhos precursores que tentavam explicar a migração, a distância já aparecia em destaque, já
se afirmava que a maioria dos migrantes se desloca à curta distância. Este princípio é confirmado
pela migração no Espírito Santo: as pessoas não-naturais do Espírito Santo são originárias,
majoritariamente, dos estados vizinhos: Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro. Os mineiros, que
99
formam o grupo mais numeroso, representavam em 2000, 9,26% da população do Espírito Santo, os
baianos representam 3,96% e os fluminenses, 2,98%.
Tabela 4.1 – Pessoas não naturais do Espírito Santo segundo o Estado de nascimento - 1970 a
2000
Ano Pessoas não naturais
do ES
Pessoas não
naturais do ES (%)
Minas
Gerais
(%)
Bahia
(%)
Rio de
Janeiro
(%)
1970 225.699 14,14 9,46 2,21 1,41
1980 333.238 16,50 10,16 2,26 2,33
1991 465.772 17,91 9,79 2,86 2,76
2000 591.754 19,10 9,26 3,96 2,98
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censos Demográficos. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
O número de mineiros na população capixaba continua crescente, porém proporcionalmente, sua
representação diminui (figura 4.1). Enquanto os naturais de Minas Gerais apresentaram um aumento
de 20,17% entre 1991 e 2000, os baianos cresceram 75,91% e os fluminenses, 37,17%. A
atratividade do Espírito Santo sobre os demais estados, agrupados, na categoria “outros”, cresceu
neste período considerado, quando este grupo teve um aumento de 38,16% em sua representação. A
categoria engloba São Paulo, seguido pelos Estados do Ceará, Pernambuco, Paraná, Pará e Alagoas.
No que diz respeito à imigração internacional, observa-se um incremento nos últimos tempos,
embora ainda tímido: vivem no Espírito Santo, segundo os dados do censo de 2000, 3.752
estrangeiros.
100
Figura 4.1 – Proporção de residentes segundo o Estado de nascimento no total de pessoas não-
naturais do Espírito Santo - 1970-2000
66
61
55
48
15 14 16
21
1214 15 16
711
14 15
0
10
20
30
40
50
60
70
(%)
Minas Gerais Bahia Rio de Janeiro Outros
Proporção de residentes segundo o Estado de nascimento no total de
pessoas não-naturais do Espírito Santo
1970 1980 1991 2000
Fonte: Elaboração equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censos Demográficos.
Adaptado de Castiglioni et al (2008).
O número acumulado de saídas e entradas do Espírito Santo com relação aos estados e os saldos
entre esses estoques são mostrados na tabela 4.2. Os Estados que têm maior contingente de capixabas
em suas populações são: Rio de Janeiro, onde moravam 229.355 pessoas naturais do Espírito santo,
Minas Gerais, com 91.921 e Rondônia, com 83.480 capixabas residentes. Quanto aos migrantes
residentes no Espírito Santo, predominam os mineiros: 286.978 seguidos de baianos: 122.978 e
fluminenses: 92.320. Os saldos dos estoques de migrantes são altamente favoráveis ao Espírito Santo
nas trocas com Minas Gerais e Bahia. O maior saldo positivo, de 195.057, é relativo às trocas
efetuadas com Minas Gerais. Quanto às trocas com a Bahia, o saldo é de 91.973, um número que
apresenta tendência a aumentar nos próximos anos. Os saldos negativos mais importantes são
referem-se às trocas relativas aos seguintes Estados Rio de Janeiro (-37.035), Rondônia (-
80.535), São Paulo (-32.085), Pará (-15.576) e Mato Grosso (-12.686).
101
Tabela 4.2 – População nascida no Espírito Santo segundo o Estado de residência e população
residente no Espírito Santo segundo o Estado de nascimento - 2000
Unidade da
Federação
Naturais do Espírito Santo
segundo o Estado de
residência (A)
Residentes no Espírito Santo segundo o Estado
de Nascimento (B)
(A) –
(B)
Rondônia 83.480 2.945 -80.535
Acre 1.425 488 -937
Amazonas 1.608 874 -734
Roraima 556 130 -426
Pará 19.734 4.158 -15.576
Amapá 161 293 132
Tocantins 1.231 99 -1.132
Maranhão 2.273 2.646 373
Piauí 268 1.864 1.596
Ceará 954 8.893 7.939
Rio Grande do Norte 617 2.197 1.580
Paraíba 485 3.701 3.216
Pernambuco 1.171 7.523 6.352
Alagoas 320 4.017 3.697
Sergipe 452 2.447 1.995
Bahia 30.677 122.650 91.973
Minas Gerais 91.921 286.978 195.057
Espírito Santo 2.505.744 2.505.744 -
Rio de Janeiro 229.355 92.320 -137.035
São Paulo 56.489 24.404 -32.085
Paraná 17.661 7.384 -10.277
Santa Catarina 1.625 1.251 -374
Rio Grande do Sul 1.402 3.438 2.036
Mato Grosso do Sul 1.921 869 -1.052
Mato Grosso 13.886 1.200 -12.686
Goiás 4.193 1.792 -2.401
Distrito Federal 6.675 3.290 -3.385
Brasil sem
especificação - 150 150
Brasil 3.076.285 3.093.745 17.461
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
102
O censo 2000 informa, para as pessoas de 5 anos ou mais de idade, o local de residência destas
pessoas em 31.07.1995, possibilitando uma mensuração da migração do quinquênio do final do
século. A tabela 4.3 mostra os fluxos ocorridos entre o Espírito Santo e os demais Estados a partir da
questão que investiga o lugar de residência cinco anos antes do censo de 2000. O Espírito Santo
apresenta nesse quinquênio um saldo positivo, de 36.442 pessoas. Os maiores volumes de trocas
ocorrem com os Estados mais próximos: as entradas são provenientes, em ordem de importância, de
Minas Gerais, da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo. As saídas do Espírito Santo têm como
destino os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo. O balanço entre ganhos e
perdas populacionais é favorável ao Espírito Santo: o maior saldo decorre das trocas com a Bahia,
seguida pelo Rio de Janeiro, Minas Gerais e, em menor escala, São Paulo.
Fora desta área é significativo o saldo negativo das trocas efetuadas com Rondônia; dando
continuidade aos fluxos que se originaram na zona rural do Espírito Santo logo após a crise agrícola.
No período de 1995 a 2000, 2.116 pessoas provenientes de Rondônia migraram para o Espírito
Santo, enquanto que 7.754 fizeram o percurso inverso, o que resulta, para o Espírito Santo, na perda
de -5.638.
Tabela 4.3 – Trocas migratórias de pessoas de 5 anos ou mais de idade entre o Espírito Santo e os
outros Estados da Federação em 2000, considerando a residência em 31.07.1995
Brasil e Unidade da Federação Destino: Espírito Santo Origem: Espírito Santo Saldo
Brasil 2.813.125 2.776.683 36.442
Rondônia 2.116 7.754 -5.638
Acre 220 117 103
Amazonas 350 265 85
Roraima 184 99 85
Pará 2.411 1.855 556
Amapá 65 84 -19
Tocantins 117 316 -199
Maranhão 912 605 307
Piauí 257 320 -63
Ceará 958 988 -30
Rio G. do N. 469 360 109
103
Paraíba 539 407 132
Pernambuco 1.321 1.196 125
Alagoas 926 410 516
Sergipe 853 154 699
Bahia 31.743 14.447 17.296
Minas Gerais 38.516 29.529 8.987
Espírito Santo 2.681.517 2.681.517 0
Rio de Janeiro 28.927 18.250 10.677
São Paulo 11.850 10.826 1.024
Paraná 1.404 1.468 -64
Santa Catarina 583 727 -144
Rio Grande do Sul 812 831 -19
Mato Grosso do Sul 410 173 237
Mato Grosso 638 981 -343
Goiás 680 1.226 -546
Distrito Federal 1.908 1778 130
Brasil sem especificação 925 - 925
País estrangeiro 1.514 - 1.514
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do IBGE, Censo de 2000.
Adaptado de Castiglioni et al (2008).
As informações disponibilizadas pelo censo 2000 possibilitam a análise de algumas características do
fluxo de migrantes que se fixaram no Espírito Santo no período de 1995 a 2000. É fato amplamente
observado que a idade é uma das poucas características que apresenta tendência observada
universalmente. A tendência a migrar é maior para os jovens, que estão procurando emprego ou uma
ocupação mais rentável. Os jovens são em geral mais livres de responsabilidades, menos presos à
“raízes” e podem mais facilmente expor-se aos riscos e dificuldades decorrentes da migração.
Segundo o princípio de “racionalidade econômica” à base da tomada de decisão a migrar, os jovens
enfrentam melhor os “custos” associados à mudança, pois têm pela frente muitos anos de vida para
maximizar os benefícios que a migração pode propiciar. Por isso, a propensão a migrar diminui à
medida que a idade aumenta, pois os custos da migração tornam-se cada vez maiores que as
compensações. As curvas apresentadas na figura 4.2 confirmam esses princípios teóricos: a migração
104
apresenta um pico entre 15 e 30 anos para ambos os sexos, e diminui gradativamente à medida que a
idade aumenta.
Segundo os princípios teóricos, as mulheres predominam na migração rural-urbana, e os homens na
direção rural. As curvas da figura 4.2 mostram que as mulheres migram mais e precocemente com
relação aos homens. A predominância feminina é traduzida pelo valor da razão de Sexo: são 98
homens por 100 mulheres.
Figura 4.2 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam no Espírito Santo em
31.07.1995, por sexo, segundo os grupos de idade Espírito Santo - 2000
Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam no
Espírito Santo em 31.07.1995-2000
-
2 000
4 000
6 000
8 000
10 000
5-9
10-1
4
15-1
9
20-2
4
25-2
9
30-3
4
35-3
9
40-4
4
45-4
9
50-5
4
55-5
9
60-6
4
65-6
9
70-7
4
75-7
9
80+
Faixa etária
N°
de p
esso
as
Homens Mulheres
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
A instrução é também uma característica que pode ser seletiva no processo migratório. Diz-se que a
seleção é “positiva” quando a migração atrai as pessoas mais instruídas que podem obter
informações sobre melhores possibilidades de trabalho e postular a tais postos, e que são atraídas por
trabalhos que exigem qualificação e que propiciam melhores salários. No entanto, esta característica
não segue um modelo universal como a idade. O nível de instrução depende dos fatores que
estimulam a migração. Se o determinante é positivo, como, a oferta de empregos especializados, que
oferecem salários elevados, o fluxo migratório é composto por pessoas especializadas com melhor
nível de instrução.
105
Numa situação de miséria, como o êxodo rural que ocorreu a partir dos meados do século XX, as
pessoas são “expulsas” de suas regiões de origem pela falta de condições de sobrevivência, e a
instrução perde seu caráter seletivo. Na migração mais recente, continuam a predominar pessoas com
pouca instrução: os migrantes que têm de 4 a 7 anos de instrução representam 31,8% do total,
quando se considera as pessoas com menos do que o primeiro grau ou sem instrução, estas compõem
63,7% do total. Pode-se observar que os dois tipos de “seleção” atuam na migração: o grupo que
atende a estímulos positivos, com nível de instrução equivalente ao ensino Médio e Superior
representa 21,3% do total (figura 4.3).
Figura 4.3 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam no Espírito Santo em
31.07.1995, por grupos de anos de estudo (%) - 2000
Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não
residiam no Espírito Santo em 31.07.1995-2000
14,1
17,8
31,8
14,9
15,8
5,5
0 5 10 15 20 25 30 35
Sem instrução e menos de 1
ano
1 a 3 anos
4 a 7 anos
8 a 10 anos
11 a 14 anos
15 anos ou mais
Gru
po
s d
e a
no
s d
e e
stu
do
s
(%)
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
O êxodo rural teve sua intensidade máxima nas décadas de 1960 e 1970. O ritmo da migração rural-
urbana diminuiu nas últimas décadas ao passo que novas formas de mobilidade se intensificaram,
propiciadas pela modernização dos meios de transporte e comunicação. Crescem em importância os
movimentos que ocorrem no interior das grandes aglomerações urbanas e entre municípios
próximos, os chamados movimentos pendulares e a circulação. Sabe-se que, no decorrer do processo
106
de modernização da sociedade as fontes do êxodo rural se esgotam, ao passo que se intensificam
outros modelos de mobilidade para trabalho, estudo, compras e lazer.
No Espírito Santo, essas formas de mobilidade crescem em importância, em particular, na RMGV e
suas proximidades. Torna-se cada vez mais freqüente, também em municípios do interior, a
mobilidade para o trabalho e para o estudo. Estes tipos de mobilidade se intensificam não somente
entre unidades administrativas do próprio Estado, mas também entre unidades situadas em estados
vizinhos.
A figura 4.4 apresenta os deslocamentos da população residente no Espírito Santo em 2000. Pode-se
observar que, com relação à idade, as pessoas que trabalham ou estudam em um município diferente
do da residência, concentram-se nas idades de 30 a 60 anos. A mobilidade para trabalho ou estudo
em outro Estado da Federação é praticada com maior freqüência pelas pessoas do grupo de 30 a 40
anos.
Figura 4.4 – População residente, por deslocamento para trabalho ou estudo, segundo os grupos
de idade - Espírito Santo - 2000
População residente, por deslocamento para
trabalho ou estudo - Espírito Santo - 2000
0
3
6
9
12
0-4
5-9
10-1
4
15-1
9
20-2
4
25-2
9
30-3
4
35-3
9
40-4
4
45-4
9
50-5
4
55-5
9
60-6
4
65-6
9
70-7
4
75-7
9
80+
Faixa etária
(%)
Trabalhavam ou estudavam em outro M unicípio do Estado
Trabalhavam ou estudavam em outro Estado da Federação
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
A tabela 4.4 contém os indicadores estimados pelo IBGE, projeto UNFA/Brasil, para períodos
quinquênais, de 1991 até 2030 para subsidiar as projeções de população. Nestas estimativas feitas
107
com base em tendências das décadas anteriores, o saldo migratório e a taxa líquida de migração
apresentam saldos positivos e tendência decrescente. A migração, no entanto, é um fenômeno
complexo, decorrente das interações de múltiplos fatores, e, portanto de difícil previsão.
Tabela 4.4 – Indicadores demográficos implícitos na projeção da população 1991-2030
Indicadores
Demográficos
Anos de Referência
1991 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030
Saldo migratório
anual 11.063 6.979 6.979 6.749 6.518 6.288 6.058 5.826 5.596
Taxa líquida de
migração (por mil
habitantes)
4,22 2,45 2,25 2,02 1,83 1,67 1,54 1,42 1,32
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Projeto
UNFPA/BRASIL (BRA/02/P02) – População e Desenvolvimento – Sistematização das medidas e indicadores sociodemográficos oriundos da Projeção
(preliminar) da população por sexo e idade, por método demográfico, das Grandes Regiões e Unidades da Federação para o período 1991/2030.
4.3. Análise das características da migração em Cariacica
A evolução do “estoque” de imigrantes nascidos em outros estados que residem em Cariacica,
apresenta uma tendência de crescimento, similar à descrita para o contexto mais amplo, representado
pelo total do Espírito Santo. A representação das pessoas não-naturais do Espírito Santo que residem
em Cariacica é maior que a apresentada pelo Estado, em 2000 20,06% da população residente em
Cariacica eram compostos por pessoas nascidas em outros estados (tabela 4.9).
Tabela 4.5 – Proporção de pessoas não naturais do Espírito Santo na população residente no
Estado e em Cariacica - 1970 a 2000
Ano Pessoas não Naturais do ES (%)
Residentes no Espírito Santo Residentes em Cariacica
1991 17,91 19,96
2000 19,10 20,06
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censos Demográficos.
Cariacica recebe migrantes originários principalmente dos estados vizinhos. Os mineiros
predominam: em 2000, contavam por 56,98% do segmento dos não naturais do Espírito Santo (tabela
4.6). As pessoas naturais da Bahia compõem o segundo segmento em importância (17,03%),
seguidos por naturais do Rio de Janeiro e do Ceará. A informação de cerca de uma década mostra
108
uma tendência de diminuição da representação dos mineiros e aumento significativo da proporção de
baianos.
Tabela 4.6 – Pessoas residentes em Cariacica, não naturais do Espírito Santo segundo o lugar de
Nascimento – 1970 a 2000 (% da população de Vitória)
Ano Pessoas não
naturais do ES
Pessoas não
Naturais do ES
(%)
Estado de nascimento
Minas
Gerais
(%)
Bahia
(%)
Rio de
Janeiro
(%)
Ceará
(%)
Outros
(%)
1991 54.797 19,96 65,54 11,58 10,09 2,34 10,45
2000 65.038 20,06 56,98 17,03 10,36 3,45 12,18
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censos Demográficos.
A compreensão da dinâmica migratória de Cariacica requer que se considere a RMGV na qual este
município se insere e interage estreitamente. A posição de Vitória sempre foi a de capital e principal
centro administrativo, político, econômico e cultural do estado. A atração deste pequeno município
sobre a população do interior e sobre as regiões próximas, situadas em estados vizinhos, intensificou-
se nas décadas da segunda metade do século XX. A pressão populacional sobre a capital, provocou a
incorporação progressiva dos municípios adjacentes em sua área de atratividade. Primeiramente, a
população, em especial os imigrantes, se dirigia para Vila Velha e Cariacica, centros mais
tradicionais, que apresentavam maior disponibilidade de espaço e moradia a menor custo. Estes dois
municípios já apresentavam, entre 1940 e 1950, taxas de crescimento superiores à da capital.
A seguir, a continuidade do êxodo rural durante a década de sessenta induz a expansão do
crescimento nos territórios da Serra e de Viana. Estas modificações prosseguem na década seguinte,
quando as taxas dos três principais centros se enfraquecem em favor da Serra, que com a
industrialização, apresenta o maior crescimento. O ritmo de crescimento da RMGV diminui a seguir,
mas a região continua crescendo.
As entradas de pessoas vindas de municípios de outros estados na década final do século XX estão
representadas na figura 4.5. Trata-se da migração quinquênal mensurada a partir da questão do censo
de 2000 sobre o local de residência em 31/07/1995.
109
Figura 4.5 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, por lugar de residência em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e outros
municípios do Espírito Santo
Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na UF em 31.07.1995, por
lugar de residência em 31.07.1995, segundo a RMGV e outros municípios do ES
Viana
1%
Outros
38%
Vitória
11%
Vila Velha
18%
Serra
17%
Guarapari
7%
Cariacica
8%
Fundão
0%
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
Para os municípios que compõem a RMGV dirigiram-se 62% das pessoas que moravam em outros
estados em julho de 1995. Cariacica recebeu 8% dos imigrantes interestaduais. Vila Velha (18%) e
Serra (17%) foram os municípios que mais receberam migrantes, seguidos por Vitória (11%). Os
municípios do Estado situados fora desta região e agrupados na categoria “Outros” receberam juntos
38% dos imigrantes.
Nas figuras 4.6 a 4.9 estão apresentados os fluxos considerados nesta análise segundo os quatro
estados de maior contribuição com relação à variável focalizada. Os migrantes dos referidos estados
dirigiram-se, preferencialmente, para a RMGV, em especial os que procedem da Bahia (69,6%) e de
São Paulo (64%). Em Cariacica, as migrações mais numerosas envolveram mineiros e baianos.
110
Figura 4.6 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, residentes em Minas Gerais em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e outros
municípios do Espírito Santo
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000.
Adaptado de Castiglioni et al (2008).
111
Figura 4.7 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, residentes na Bahia em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e outros
municípios do Espírito Santo
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000.
Adaptado de Castiglioni et al (2008).
112
Figura 4.8 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, residentes no Rio de Janeiro em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e
outros municípios do Espírito Santo
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000.
Adaptado de Castiglioni et al (2008).
113
Figura 4.9 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que não residiam na Unidade da Federação em
31.07.1995, residentes em São Paulo em 31.07.1995, segundo os municípios da RMGV e outros
municípios do Espírito Santo
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000.
Adaptado de Castiglioni et al (2008).
O quadro geral do movimento migratório dos municípios da RMGV ocorrida no período de 1995 a
2000 é apresentado na tabela 4.7. Na análise da tabela podem ser destacados os seguintes pontos: (i)
no que diz respeito à migração interna, isto é, entre os municípios do Espírito Santo, os municípios
que compõem a RMGV são os mais atrativos. Cariacica é o terceiro em número absoluto de entradas
(19.230), situando-se depois de Serra, o mais atrativo, e de Vila Velha; quanto às saídas para outros
municípios do Estado, Cariacica apresenta o segundo maior valor (18.132), superada apenas por
Vitória, a unidade que mais perde população; o saldo migratório, a diferença entre entradas e saídas,
é positivo para Cariacica (1.098), Serra e Vila Velha são os municípios que mais ganham nas trocas e
Vitória o que mais perde população. (ii) Neutralizando o efeito da população, o saldo migratório
ponderado, isto é, a taxa líquida de migração é positiva para Cariacica, mas o valor é baixo, para
Vitória a taxa apresenta valor negativo. (iii) Quanto à migração oriunda dos outros estados, Cariacica
coloca-se no 4º posto, com 10.050 entradas. (iiii) para a imigração internacional estão apresentadas
somente as entradas, que são pouco significativas em Cariacica.
114
Tabela 4.7 – Indicadores de migração - RMGV - 2000
Residência em
2000
Migração Interna entre
municípios
do Espírito Santo
Saldo
migratório
ponderado
( por mil)
Migração
oriunda
de
outros
estados
Migração oriunda de outro
país
Atração
(A)
Repulsão
(R)
Saldos
migratórios
A-R
Cariacica 19230 18132 1098 3,4 10050 52
Fundão 1634 920 715 55,0 498 0
Guarapari 5612 3668 1945 22,0 9179 84
Serra 26062 13315 12748 39,7 22527 75
Viana 6433 3491 2942 55,0 1453 23
Vila Velha 25590 15249 10341 29,9 23277 394
Vitória 13865 29664 -15798 -54,0 13823 554
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
A figura 4.10 mostra a situação de Cariacica no conjunto dos municípios que apresentam saldo
migratório interno positivo. Como já enfatizado, as trocas migratórias são desfavoráveis para Vitória,
que ocupa o último lugar no ranking do Estado.
Figura 4.10 – Saldos migratórios dos municípios que apresentam os maiores valores positivos e
negativos – Espírito Santo – Período 1995 a 2000
Saldos migratórios dos municípios que apresentam
os maiores valores positivos e negativos – ES
12748
10341
2942
2025
1945
1550
1194
1149
1098
1059
-986
-1030
-1338
-1392
-1606
-1704
-1903
-2308
-2726
-15798
-20000 -15000 -10000 -5000 0 5000 10000 15000
Serra
Vila Velha
Viana
Santa Maria de Jetibá
Guarapari
São Mateus
Venda Nova do Imigrante
Marataizes
Cariacica
Sooretama
Montanha
São Gabriel da Palha
Pancas
Barra de São Francisco
Nova Venécia
Afonso Cláudio
Pedro Canário
Colatina
Linhares
Vitória
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
115
Nas décadas marcadas pela redistribuição de população entre áreas rurais e urbanas, a migração era
na sua maior parte proveniente do interior do Estado. Atualmente a maior parte da migração da
RMGV ocorre entre os municípios que formam o conjunto (tabela 4.8). A migração intra regional
corresponde a 63% do total. Os residentes dos municípios que compõem a RMGV tendem a mudar-
se para Vila Velha, Serra e Cariacica. Dentre os migrantes de outros municípios que se destinaram à
RMGV, a maioria é proveniente de municípios do norte do estado: Colatina, São Mateus, Cachoeiro
de Itapemirim, Barra de São Francisco, Nova Venécia, Aracruz, Pedro Canário, Conceição da Barra,
Baixo Guandu e Afonso Cláudio. Estes migrantes mostram preferência por Serra, Vila Velha e
Cariacica.
Tabela 4.8 – Migrantes segundo o local da residência em julho de 1995
Muni
cípio
Total de
migrantes
internos
Número de migrantes Número de migrantes
Oriundos dos
municípios da
RMGV
Oriundos dos
outros municípios
Oriundos dos
municípios da
RMGV
Oriundos dos
outros municípios
Cariac
ica 18587 11114 7473 60 40
Fundã
o 1554 691 863 44 56
Guara
pari 5406 3144 2262 58 42
Serra 25345 16016 9329 63 37
Viana 6283 4952 1331 79 21
Vila
Velha 24762 17151 7611 69 31
Vitóri
a 13404 6994 6410 52 48
Total 95341 60062 35279 63 37
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
* Foram excluídas nesta tabela as pessoas provenientes do Estado que não especificaram o município de origem.
As informações sobre os migrantes possibilitam a análise da seletividade dos fluxos provenientes do
interior do estado com relação a algumas características: sexo, instrução e idade. Sabe-se que a
população feminina predomina nos fluxos direcionados para as regiões urbanas, devido às
oportunidades de emprego que a urbanização oferece às mulheres com pouca instrução e
especialização. A migração estudada corrobora esta tendência: o fluxo interno que se dirige para os
municípios da RMGV apresenta predominância feminina, com 54,7% de mulheres.
116
A instrução aparece como um determinante importante da migração: os estudantes compõem 39,7%
do total dos migrantes (figura 4.11). Quanto à seletividade, observa-se que os migrantes internos têm
baixo nível de instrução: 40,2% têm ensino fundamental ou menos. Os migrantes com nível
instrucional mais elevado (médio, superior e pós-graduação) são 20,1%. Quanto à idade, a
distribuição dos migrantes confirma também as tendências clássicas: a propensão a migrar é mais
elevada entre 15 a 19 anos, e os níveis diminuem com o aumento da idade. No grupo de jovens
adultos, de 15 a 40 anos, concentram-se 60% dos migrantes (figura 4.12).
Figura 4.11 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam em outro Município do
Espírito Santo em 31.07.1995, por grupos de anos de estudo (%)
Espírito Santo - 2000
31
3048
556
187
10350
5171
1694
28
220 13994
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000
Alfabetização de adultos
Antigo primário
Antigo ginásio
Antigo científ ico
Ensino fundamental
Ensino médio
Ensino superior
Mestrado ou doutorado
Nenhum
Estudante
Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam em outro Município do ES
em 31.07.1995, por grupos de anos de estudo (%) Espírito Santo-2000
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
117
Figura 4.12 – Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam em outro município do
Espírito Santo em 31.07.1995, por idade - Espírito Santo - 2000
Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam em outro município
do Espírito Santo em 31.07.1995, por idade - ES
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
0-4
5-9
10-1
4
15-1
9
20-2
4
25-2
9
30-3
4
35-3
9
40-4
4
45-4
9
50-5
4
55-5
9
60-6
4
65-6
9
70-7
4
75-7
9
80+
Faixa etária
Nú
mero
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
A tabela 4.9 corresponde à matriz de migração interna da RMGV: os números que compõem uma
coluna representam as saídas de pessoas do município indicado no cabeçalho e os números que
formam a linha, as entradas no município indicado na linha correspondente. A soma dos números de
uma determinada coluna representa as saídas de população do município indicado e a soma dos
números de uma determinada linha, as entradas do município. A matriz mostra que Cariacica tem
participação significativa na dinâmica inter-regional. Os fluxos inter regionais mais importantes são:
(i) os que têm origem em Vitória com destino a Serra (41,9% do total oriundo de Vitória) e Vila
Velha (32,8%); (ii) os fluxos de Cariacica para Vila Velha (42,6% do total originário desta unidade)
e (iii) os fluxos de Vila Velha para Cariacica (36,1% do total originado em Vila Velha).
118
Tabela 4.9 – Migração entre os municípios da RMGV – Período 1995-2000
Residência em julho de 1995 total
RMGV Cariacica Fundão Guarapari Serra Viana Vila Velha Vitória
Cariacica - 48 333 1.882 1.684 4.146 3.020 11.114
Fundão 71 - 0 349 0 59 212 691
Guarapari 513 0 - 415 109 912 1.196 3.144
Serra 3.341 240 243 - 513 3.217 8.463 16.016
Viana 2.876 0 125 422 - 842 686 4.952
Vila Velha 6.210 90 752 3.004 456 - 6.639 17.151
Vitória 1.556 51 349 2.561 182 2.295 - 6.994
Total 14.567 430 1.802 8.633 2.943 11.471 20.215 60.062
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
A mobilidade para fins de trabalho e estudo da população dos municípios da RMGV é apresentada
na figura 4.13 A intensidade dos movimentos pendulares é maior para os habitantes de Viana e
Cariacica e menor para Vitória e Guarapari. Quanto à idade, predomina neste tipo de movimento a
população em idade ativa, de 25 a 64 anos. Cerca de 25% dos moradores de Cariacica , na faixa de
25 a 64 anos, e 22% dos jovens de 15 a 24 anos, trabalham ou estudam em outro município.
Figura 4.13 – Proporção das pessoas residentes que trabalhavam ou estudavam em outro
município do Espírito Santo, segundo os municípios de residência e os grupos etários RMGV –
2000
Proporção das pessoas residentes que trabalhavam ou
estudavam em outro município do ES - RMGV - 2000
0
8
16
24
32
Cariacica Fundão Guarapari Serra Viana Vila Velha Vitória
( %)
0-14 anos 15-24 anos 25-64 anos 65 ou mais
119
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica, com dados do IBGE, Censo de 2000. Adaptado de Castiglioni et al (2008).
5. ALGUNS INDICADORES INDIRETOS DE CRESCIMENTO
Os movimentos de algumas variáveis são importantes indicadores, antecedentes ou coincidentes, da
velocidade do crescimento populacional. Duas dessas variáveis são o crescimento da frota
automotiva, particularmente automóveis, e o consumo de energia elétrica, em suas diversas
modalidades (residencial, comercial, industrial, outros).
5.1. Frota de veículos automotivos
As séries de dados da frota de veículos foram obtidas através do encadeamento de duas fontes:
Denatran e Detran (ver observações na tabela 5.1). A frota automotiva total inclui: automóvel;
bonde; caminhão; caminhão trator; caminhonete; camioneta; chassi plataforma; ciclomotor;
microônibus; motocicleta; motoneta; ônibus; quadriciclo; reboque; semireboque; side-car; outros;
trator esteira; trator rodas; triciclo; utilitário. Fica evidente que a “frota total de veículos” inclui
apenas os itens existentes em cada município. Isso indica que o principal componente da frota total
para o município de Cariacica são os automóveis. Na verdade, para Cariacica, no período de dados
detalhados disponíveis, automóveis e motocicletas perfizeram de 72,9% em 2001 a 75,0%% da frota
total em 2009. Outros 10% da frota são caminhões e caminhonetes.
No período de 1999 a 2009 o município de Cariacica teve um aumento na frota de veículos
automotivos de 41.571 para 93.358, um crescimento de 124,6% em 10 anos. Nesse período a frota de
veículos de Cariacica manteve uma taxa anual média de crescimento de 8,5% enquanto que a do
Espírito Santo apresentou crescimento anual médio de 10,3%. A frota de veículos de Cariacica que
em 1999 representava 9,5% da frota total de veículos do Espírito Santo passou a representar 8,0% em
2009. Ver tabela 5.1 e figuras 5.1A e 5.1B.
Os dados de crescimento da frota total não indicam uma grande desaceleração nos últimos anos,
período de 2007 a 2009, no ES, na RMGV e tampouco em Cariacica. O que vem ocorrendo na frota
do município é um pequeno crescimento no número de automóveis e motos, em detrimento das
outras categorias.
Com relação à frota de automóveis, esta cresceu 88,5% de 2001 a 2009, passando de 27.417 para
51.682 veículos; tabelas 5.2. A taxa de crescimento anual média da frota de automóveis do município
120
de Cariacica foi de 8,3%, e segue um padrão similar ao da frota total. Ver tabela 5.2 e figuras 5.2A e
5.2B.
Ponderando-se o que foi descrito sobre esse indicador de crescimento, os dados não nos permitem
inferir inequivocamente sobre a existência de uma forte aceleração do crescimento populacional.
Tabela 5.1: Frota total de veículos, participação (%) da frota de Cariacica no ES e crescimento
anual
Ano ES RMGV Cariacica Cariacica/ES (%) Crescimento anual (%) – frota total
ES RMGV Cariacica
1999 439.336 255.550 41.571 9,5 --- --- ----
2000 505.704 267.197 43.240 8,6 15,11 4,56 4,01
2001 548.985 276.667 44.909 8,2 8,56 3,54 3,86
2002 594.042 299.872 48.353 8,1 8,21 8,39 7,67
2003 639.288 320.624 51.718 8,1 7,62 6,92 6,96
2004 692.588 345.285 55.783 8,1 8,34 7,69 7,86
2005 753.475 374.153 60.801 8,1 8,79 8,36 9,00
2006 829.534 409.919 66.823 8,1 10,09 9,56 9,90
2007 933.849 459.274 75.069 8,0 12,58 12,04 12,34
2008 1.052.155 513.881 84.685 8,0 12,67 11,89 12,81
2009 1.163.331 565.863 93.358 8,0 10,57 10,12 10,24
Média 8,2 10,25 8,31 8,47
Fontes:1 - Em 1986, a frota passou a ser processada pela PRODEST.
2 - No Período de 1997 / 1998, foi efetuada a depuração no cadastro da frota de veículos registrados.
3 - Fontes: Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, Sistema Nacional de 2001 a 2009
Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, Total ES de 1999 a 2000
Departamentos Estaduais de Trânsito – DETRAN, de 1999 a 2000 (estimativas).
4 - Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional
Tabela 5.2: Frota de automóveis, participação (%) da frota de Cariacica no ES e crescimento
anual
Ano ES RMGV Cariacica Cariacica/ES (%) Crescimento anual (%) – automóveis
ES RMGV Cariacica
1999 270.916 --- --- 8,5 --- --- ---
2000 300.192 --- --- 8,5 10,81 --- ---
121
2001 322.093 191.966 27.417 8,5 7,30 --- ---
2002 344.399 205.709 29.367 8,5 6,93 7,16 7,11
2003 365.594 217.312 31.231 8,6 6,15 5,64 6,35
2004 392.081 232.170 33.439 8,6 7,24 6,84 7,07
2005 422.207 249.146 36.109 8,5 7,68 7,31 7,98
2006 458.609 269.743 39.301 8,4 8,62 8,27 8,84
2007 505.635 296.181 43.054 8,4 10,25 9,80 9,55
2008 554.701 322.436 46.801 8,5 9,70 8,86 8,70
2009 612.038 353.276 51.682 8,5 10,34 9,56 10,43
Média 8,5 8,37 7,93 8,25
Fontes:
1 - Em 1986, a frota passou a ser processada pela PRODEST.
2 - No Período de 1997 / 1998, foi efetuada a depuração no cadastro da frota de veículos registrados.
3 - Fontes: Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, Sistema Nacional de 2001 a 2009
Departamento Nacional de Trânsito - DENATRAN, Total ES de 1999 a 2000
Departamentos Estaduais de Trânsito – DETRAN, de 1999 a 2000 (estimativas).
4 - Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional
Figura 5.1A – Evolução da Frota total de veículos – Cariacica, RMGV e ES – 1999-2009
122
Figura 5.1B – Taxa de crescimento anual da Frota total de veículos (%) – Cariacica,
RMGV e ES – 1999-2009
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Taxa de crescimento anual - Frota total de veículos (%) Cariacica, RMGV, ES
Cariacica Total ES RMGV
Figura 5.2A – Evolução da frota de automóveis – Cariacica, RMGV e ES – 1999-2009
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
700.000
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
Frota automóveis: Cariacica, RMGV, ES - 1999-2009
Cariacica Total ES RMGV
123
Figura 5.2B – Taxa de crescimento anual da frota de automóveis (%) – Cariacica, RMGV
e ES – 1999-2009
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
9,0
10,0
11,0
12,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Taxa de crescimento anual - Frota de automóveis (%)Cariacica, RMGV, ES
Cariacica Total ES RMGV
5.2. Consumo de Energia Elétrica
O consumo de energia elétrica nos diversos setores da economia também se constitui em um
indicador do crescimento, econômico e populacional, de uma localidade. A Tabela 5.3 apresenta os
dados disponibilizados pela empresa distribuidora de energia elétrica (Escelsa) para o município de
Cariacica. Com esta pequena quantidade de dados (dez anos), consegue-se visualizar muito pouco,
além da impossibilidade de usar modelos estatísticos com dados anuais; ver também os gráficos 5.3
(dados em GWh) e 5.4 (dados em MWh). Os modelos gerados com dados mensais não são
apropriados para previsões de médio e longo prazo, digamos com horizontes de previsão maior que
dois anos. Ressalte-se que, a utilização desses dados de consumo associado ao número de unidades
consumidoras, proporcionou uma checagem para as projeções populacionais realizadas para o
município da Serra/ES, conforme descrito em Brasil e Rocha (2007).
Por outro lado, pode-se realizar uma análise exploratória. No período considerado, de 2000 a 2009, o
maior crescimento do consumo foi para a categoria “comercial”, 72,6%, e em seguida o consumo
“residencial”, 29,8%. O consumo “industrial” mostra uma queda abrupta de consumo de 2003 para
2004. A trajetória do consumo residencial de energia elétrica reduz-se nos anos 2001 e 2002 por
causa do racionamento de energia ocorrido em 2001, com visível impacto no aprendizado da
124
população no sentido de maior racionalização do consumo nas residências. A tabela 5.4 e o gráfico
5.5 mostram as taxas de crescimento anual, onde se visualiza o mesmo comportamento, notando-se
um pico na velocidade do crescimento de 2004 para 2005, e de 2006 para 2007, estabilizando-se em
2009. Note-se que, somente em 2005 atingiu-se o consumo residencial total do ano 2000, cerca de
125 GWh, a despeito do crescimento populacional e da inclusão de novos clientes ainda não
atendidos.
Tabela 5.3: Consumo de Energia Elétrica no Município de Cariacica (GWh) – (2000-2009)
Setor / Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Residencial 125,57 108,33 104,53 116,14 110,31 125,09 127,32 141,36 150,30 162,93
Industrial 306,49 268,50 278,30 293,52 39,98 40,21 42,30 42,35 41,59 38,90
Comercial 51,20 49,72 54,90 60,72 61,88 68,00 74,61 80,27 84,92 88,34
Rural 2,85 2,52 2,67 2,68 2,71 3,07 3,36 3,52 3,30 3,39
Outros 29,63 24,98 27,82 28,36 29,50 29,97 31,62 32,94 36,67 36,82
Total Cariacica 515,73 454,04 468,23 501,41 244,37 266,34 279,21 300,44 316,78 330,39
Fonte: Escelsa. “Outros” inclui: consumo próprio, poder público, iluminação pública, serviço público.
Ainda com relação ao consumo residencial de energia elétrica, é instrutivo analisar-se o número de
unidades consumidoras, tabela 5.5. e gráfico 5.6, e também as taxas de crescimento anual do número
de unidades, tabela 5.6. e gráfico 5.7. Observa-se que, exceto pelo leve decaimento nos anos 2003,
2004 e 2006, houve uma inclusão crescente de novas unidades consumidoras, mas uma aparente
estabilização em 2009. Relativamente a 2000, houve um acréscimo de 26,4% no número de unidades
residenciais consumidoras de energia elétrica. Esse crescimento foi de 27,3% no número de unidades
comerciais.
Além disso, ao confrontar-se a quantidade de domicílios do censo 2000 do IBGE, 88.092, com a
quantidade de unidades consumidoras relativamente ao mesmo ano, dos dados da Escelsa, vê-se que
muitas unidades domiciliares não estavam atendidas pela rede elétrica no ano 2000. Isso significa
que em 2000, aproximadamente 86,5% dos domicílios estavam conectados à rede elétrica.
Adotando-se o número médio de pessoas por domicílio detectado no último censo, e considerando-se
o número de 96.566 unidades domiciliares de 2009, fornecido pela Escelsa, projeta-se uma
125
população de cerca de 367.000 habitantes para 2009. Esse número está bastante próximo da
projeção do IBGE para 2009, 365.879 habitantes, apresentado na tabela 2.1.
Devem ser feitas algumas ressalvas. O crescimento da quantidade de domicílios, pode ter sido
suficiente para atender as unidades até então não atendidas, mas podem ainda existir unidades
domiciliares não conectadas à rede elétrica. Por isso, a projeção populacional para 2009, deve estar
entre 355.480 e 408.812, sendo uma boa estimativa o valor mencionado de 367.533 habitantes.
Gráfico 5.3 – Consumo de Energia Elétrica no município de Cariacica (GWh) – (2000-
2009)
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
160,00
180,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Consumo de energia elétrica no município de Cariacica (GWh) (2000-2009)
Residencial Comercial Outros
Nota: “Outros” inclui: rural, consumo próprio, poder público, iluminação pública, serviço público.
Apenas com os resultados do censo a ser realizado em 2010 verificar-se-á se os domicílios estão
completamente atendidos pela rede elétrica o que confirmaria claramente uma desaceleração no
crescimento do número de unidades consumidoras de energia elétrica, juntamente com uma redução
na velocidade de crescimento do consumo. Os dados apresentados indicam que existe ainda uma
pequena parcela de domicílios não atendidos, fato considerado no cálculo da estimativa populacional
apresentada para o ano 2009.
126
Gráfico 5.4 – Consumo de Energia Elétrica no município de Cariacica (MWh) – (2000-2009)
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
INDUSTRIAL
24000
26000
28000
30000
32000
34000
36000
38000
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
OUTROS
100000
110000
120000
130000
140000
150000
160000
170000
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
RESIDENCIAL
2400
2600
2800
3000
3200
3400
3600
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
RURAL
40000
50000
60000
70000
80000
90000
00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
COMERCIAL
Fonte: Escelsa. “Outros” inclui: consumo próprio, poder público, iluminação pública, serviço público.
127
Embora não diretamente associados ao crescimento populacional da Serra, é importante também
verificar-se o desempenho dos outros consumos de energia elétrica no município. O consumo
comercial de energia elétrica bem como o respectivo número de unidades consumidoras,
apresentou um crescimento aproximadamente linear crescente de 2001 a 2009. Na verdade, de 2002
a 2009 o crescimento do consumo foi de 60,9%, demonstrando o vigor do comércio no município.
No ano de 2009 o consumo de energia elétrica do setor comercial foi 127% maior do que o do setor
industrial.
Já o consumo industrial, vem apresentando um comportamento constante desde 2004, na média de
41 GWh. Note-se a ocorrência de um valor abrupto no ano de 2004. Segundo a EDP-Escelsa, “a
razão da queda de consumo do industrial de Cariacica em 2004 se deve a migração do maior cliente
deste segmento (Arcelor Mittal - Belgo) para o mercado livre”. Sobre a redução de clientes
industriais, de acordo com a EDP-Escelsa, “a Escelsa como um todo apresentou esta redução.
Grande parte está ligada ao saneamento do cadastro, o que pode resultar na reclassificação destes
clientes para as classes que realmente pertencem”.
Tabela 5.4: Taxas de crescimento anual – Consumo de Energia Elétrica em Cariacica (%)
Setor / Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Residencial -13,7 -3,5 11,1 -5,0 13,4 1,8 11,0 6,3 8,4
Industrial -12,4 3,7 5,5 -86,4 0,6 5,2 0,1 -1,8 -6,5
Comercial -2,9 10,4 10,6 1,9 9,9 9,7 7,6 5,8 4,0
Rural -11,6 5,9 0,3 1,2 13,1 9,5 4,9 -6,4 2,9
Outros -12,6 10,9 8,2 3,1 2,8 14,9 14,4 20,1 10,0
Total Cariacica -20,9 14,3 -2,0 0,2 0,4 0,8 0,8 7,2 2,7
Fonte: Escelsa. “Outros” inclui: consumo próprio, poder público, iluminação pública, serviço público.
128
Gráfico 5.5 – Taxas de Crescimento Anual: Consumo de Energia Elétrica em Cariacica (%)
-30
-25
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
20
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Taxas de crescimento anual: consumo de energia elétrica (%) Cariacica - 2001-2009
Residencial Comercial Outros
Nota: “Outros” inclui: rural, consumo próprio, poder público, iluminação pública, serviço público.
Tabela 5.5: Número de unidades consumidoras de energia elétrica – Cariacica
Setor / Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Residencial 76232 80229 84053 83923 81400 85435 85337 88909 91810 96566
Industrial 906 928 910 861 832 824 806 807 802 786
Comercial 5455 6075 6015 6074 6116 6300 6257 6470 6739 6944
Rural 504 576 603 624 653 691 708 719 742 734
Outros 330 330 338 349 350 370 389 392 423 437
Total Cariacica 83427 88138 91919 91831 89351 93620 93497 97297 100516 105467
Fonte: Escelsa. “Outros” inclui: consumo próprio, poder público, iluminação pública, serviço público.
129
Gráfico 5.6 – Unidades consumidoras de energia elétrica – Cariacica – (2000-2009)
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Unidades consumidoras de energia elétrica Cariacica - 2000-2009
Residencial Comercial Industrial
Tabela 5.6: Taxa de crescimento anual (%) – Número de unidades consumidoras de EE-
Cariacica
Setor / Ano 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Residencial 5,2 4,8 -0,2 -3,0 5,0 -0,1 4,2 3,3 5,2
Industrial 2,4 -1,9 -5,4 -3,4 -1,0 -2,2 0,1 -0,6 -2,0
Comercial 11,4 -1,0 1,0 0,7 3,0 -0,7 3,4 4,2 3,0
Rural 14,3 4,7 3,5 4,6 5,8 2,5 1,6 3,2 -1,1
Outros 0,0 2,4 3,3 0,3 5,7 5,1 0,8 7,9 3,3
Total Cariacica 5,6 4,3 -0,1 -2,7 4,8 -0,1 4,1 3,3 4,9
Fonte: Escelsa. “Outros” inclui: consumo próprio, poder público, iluminação pública, serviço público.
130
Gráfico 5.7 – Taxa de crescimento anual (%) – Número de unidades Consumidoras de EE-
Cariacica
-8,0
-6,0
-4,0
-2,0
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Taxa de crescimento anual (%) – número de unidades Consumidoras de energia elétrica - Cariacica -2001-2009
Residencial Comercial Industrial
6. PROJEÇÕES DA POPULAÇÃO PARA O MUNICÍPIO DE CARIACICA: 2010-2030
6.1. Uma discussão qualitativa
Nesta seção apresenta-se uma síntese, representando uma discussão qualitativa sobre o crescimento
populacional de Cariacica, baseada nos seminários programados pela coordenação da Agenda
Cariacica, e em entrevistas realizadas por nossa equipe com alguns atores atentos ao que está
ocorrendo no município de Cariacica.
O que aconteceu na dinâmica populacional de Cariacica 1980 a 2000?
No final da década de 1960 vários loteamentos foram aprovados em torno das BR’s 262 e 101. Com
a inauguração do Porto de Tubarão (1967), Cariacica começa a perder sua dinâmica de polo
industrial, sendo atraídos grandes investimentos a serem implantados em Vitória e Serra. A partir
dessa época, acelera-se em Cariacica um crescimento desordenado no setor urbano, com inúmeros
131
loteamentos clandestinos e invasões, o que facilitou grande oferta de imóveis destinados à população
de baixa renda, surgindo assim sérios problemas sociais e ambientais para o município. Ocorreram
“ocupações clandestinas”, “loteamentos sem infraestrutura”, e “invasões”. Esses loteamentos foram
em grande parte induzidos por políticos em troca de benefícios eleitorais.
Nos anos 80 se deu o grande crescimento populacional decorrente da expansão da CST (construção
de fornos) e da construção da terceira ponte. Na década de 1990, Cariacica tinha a maior população
da Grande Vitória,
O que se espera do crescimento populacional de Cariacica nos próximos 10 anos?
Nos últimos dez anos não houve muita migração externa por causa da própria estrutura espacial
do município (configuração geográfica) e da topografia e também dos recentes desenvolvimentos
(regulamentações, etc). Quanto às migrações externas esperadas, estas se direcionarão em grande
medida para outros municípios da Grande Vitória (especialmente Serra e Vila Velha).
O que se espera é a manutenção da tendência de declínio do crescimento populacional.
Com relação à movimentação interna, existe uma razoável estabilidade nos movimentos internos;
ou seja, as pessoas se mudam pouco devido a uma similaridade dos bairros e a infraestrutura
muito parecida existente nas regiões.
A violência em Cariacica está centrada em 2 ou 3 bairros. Não se espera que a violência afete o
crescimento ou o decrescimento populacional nos próximos anos.
Espera-se um crescimento de menos de 2% nos próximos cinco anos e também nos próximos 10
anos.
O crescimento populacional de Cariacica já atingiu o seu auge?
O crescimento populacional de Cariacica já atingiu o seu auge, e o crescimento populacional é
conseqüência do que já existe.
O que se observará ao longo dos anos são as pessoas melhorando a qualidade de vida: as
habitações já vêm melhorando nos últimos anos (alvenaria, etc).
6.2. Cenários: premissas e projeções
132
O grande crescimento populacional do município da Cariacica ocorreu entre 1950 e 1970; em
seguida observou-se uma ligeira queda neste crescimento, provocando alterações na pirâmide
populacional. A partir de 1980 até 2000 o crescimento foi a taxas aceleradamente decrescentes.
Acreditamos que a partir de 2000, caso sejam mantidas as mesmas condições observadas nos últimos
anos, o crescimento deverá ficar abaixo das taxas estaduais de maneira que ocorrerá uma estabilidade
na estrutura da pirâmide populacional do município, no sentido de manter suas tendências já
esboçadas.
A tabela 6.1 mostra, de acordo com dados do IBGE para os censos de 1980 a 2000, que houve um
aumento de 137% na população de idosos, considerando a faixa etária de 60 anos ou mais de idade e
de 240,3% de 1980 a 2010. Na faixa etária de 0 a 4 anos de idade, considerando o mesmo 1980-
2000, o crescimento foi apenas de 15,6%, mas o censo 2010 evela decréscimo populacional na faixa
de 0 a 4 anos. Isso evidencia o envelhecimento da população do município de Cariacica, na ausência
de significativos fluxos migratórios externos.
Tabela 6.1 - População de 0 a 4 anos de idade e de 60 anos ou mais (Cariacica)
Ano 0 a 4 anos Crescimento sobre 1980 60+ anos Crescimento sobre 1980
1980 27.340 ------ 9.249 ------
1991 31.859 ------ 15.170 ------
1996 30.232 ------ 18.306 ------
2000 31.606 15,6% 21.924 137,0%
2010 26.226 -4,07 31.479 240,3%
Fonte: IBGE- Vários censos; Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional
As análises estabelecidas nos capítulos anteriores e as percepções qualitativas resumidas na seção
6.1, onde os entrevistados prevêem um “crescimento natural”, constituem a base para o
estabelecimento das hipóteses na construção dos cenários. Cabe observar que uma taxa de
crescimento vegetativo (natural) é obtida pela diferença entre as taxas brutas de natalidade e
mortalidade e expressa o crescimento da população devido a esses fatos vitais. Assim, as hipóteses
razoáveis para construir os cenários alternativos devem considerar um “crescimento a taxas
decrescentes”.
Foram elaborados seis cenários, sendo os cenários 1, 2 e 4 considerados os mais realistas. O
cenário 1 representa uma variante de crescimento alto, o cenário 2 uma variante de crescimento
médio e os cenários 3 e 4, duas variantes de crescimento baixo. Os cenários 5 e 6 também são de
133
crescimento a taxas decrescentes: o cenário 5 é apenas ilustrativo de um crescimento constante e o
cenário 6 representa o crescimento via curva matemática (logística).
Para os seis cenários resumidos a seguir, apresentam-se as projeções populacionais e também as
taxas médias geométricas de crescimento até o ano 2030; e, para os cenários 1, 2 e 4 também as
estatísticas implícitas. As tabelas 6.4 e 6.5 mostram as projeções e as respectivas taxas de
crescimento geométrico para os seis cenários. Observe-se que cinco dos seis cenários consideram a
hipótese de crescimento, mas a taxas decrescentes; ver as figuras 6.1 e 6.2.
A construção dos seis cenários: cenários 1, 2, 3 e 4
As projeções fornecem a evolução futura da população: o montante total e o padrão demográfico por
sexo e idade. Para a elaboração das projeções considera-se a evolução passada e as tendências
esperadas para o futuro. A evolução passada, descrita e analisada nos capítulos precedentes, forneceu
a base para a escolha de hipóteses que traduzem comportamentos prováveis dos componentes do
crescimento demográfico.
As projeções foram calculadas pelo método dos componentes, que se baseia nas tendências da
mortalidade, fecundidade e migrações. Os resultados do censo demográfico 2000 constituíram a base
para a construção das perspectivas. Neste trabalho as hipóteses adotadas para a mortalidade e para a
fecundidade foram as de continuação do declínio. Para a mortalidade foram utilizadas as tábuas de
mortalidade elaboradas pelo CEPAL/CELADE (2004) para o Brasil. Os valores das funções de
mortalidade do período 2020-2025 do cenário 3 e dos períodos 2015-2020 e 2020-2025 do cenário 4
foram obtidos por extrapolação linear dos valores dos períodos anteriores (tabela 6.2A). Os
indicadores dos níveis de fecundidade foram obtidos nas séries publicadas pelo
IBGE/DPE/Coordenação de População e Indicadores Sociais. Projeto UNFPA/BRASIL
(BRA/02/P02); (tabela 6.2B).
Um dos maiores problemas que se coloca para a elaboração de projeções é o da escolha de hipóteses
sobre a evolução e a composição dos fluxos migratórios. A natalidade e a mortalidade são
condicionadas por fatores biológicos e socioeconômicos de tendência mais previsível e seu registro é
obrigatório. O comportamento migratório é condicionado por fatores muito complexos que se inter-
relacionam: pessoais, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, que atuam a nível individual e
coletivo. A dificuldade de escolha de uma tendência provável é acentuada pela falta de dados sobre
134
este componente: a mobilidade interna não é registrada como no caso dos nascimentos e dos óbitos e
as informações disponíveis são coletadas por ocasião dos censos. Outra lacuna diz respeito aos
fluxos migratórios internacionais que se intensificaram nas últimas décadas: pouco se sabe sobre sua
intensidade e composição por sexo e idade. Os dados atualmente existentes por município são
relativos à migração do período 1995 a 2000 que certamente não retratam a situação atual, que será
conhecida em pouco tempo, por ocasião da divulgação dos resultados do recenseamento de 2010. Por
estes motivos para a migração foi considerado que as entradas e as saídas se equivalem.
A figura 6.1 mostra as projeções dos cenários 1, 2, e 4 para os anos 2010 – 2030; a figura 6.2 mostra
a taxa média geométrica de crescimento anual. O cenário 3 foi suprimido das figuras pois os
resultados são similares aos do cenário 4.
Tabela 6.2A - Esperança de vida por sexo
Período Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4
Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
2000-2005 65,69 73,33 67,31 74,90 68,85 76,10 69,98 77,23
2005-2010 67,31 74,90 68,85 76,10 69,98 77,23 71,28 78,28
2010-2015 68,85 76,10 69,98 77,23 71,28 78,28 72,25 79,25
2015-2020 69,98 77,23 71,28 78,28 72,25 79,25 73,22 80,22
2020-2025 71,28 78,28 72,25 79,25 73,22 80,22 74,19 81,19
2025-2030 72,25 79,25 73,22 80,22 74,19 81,19 75,16 82,16
Fonte: CEPAL/CELADE (2004)
Tabela 6.2B – Taxa de Fecundidade Total
Período Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4
2000-2005 2,43 2,14 1,96 1,85
2005-2010 2,14 1,96 1,85 1,79
2010-2015 1,96 1,85 1,79 1,75
2015-2020 1,85 1,79 1,75 1,73
2020-2025 1,79 1,75 1,73 1,72
2025-2030 1,75 1,73 1,72 1,71
Fonte: IBGE/DPE/Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. Projeto
UNFPA/BRASIL (BRA/02/P02) – População e Desenvolvimento – Sistematização das medidas e indicadores sociodemográficos oriundos da Projeção
(preliminar) da população por sexo e idade, por método demográfico, das Grandes Regiões e Unidades da Federação para o período 1991/2030.
135
A construção dos seis cenários: cenários 5 e 6
A metodologia utilizada para a obtenção dos cenários 1, 2, 3 e 4 adota o método das componentes
demográficas, que se baseia nas tendências da mortalidade, fecundidade e migrações. É diferente
daquela utilizada para os cenários 5 e 6.
O cenário 5 é apenas ilustrativo, mas considera uma trajetória que merece ser verificada. Vejam-se a
tabela 2.2 e a figura 2.3, que mostra o crescimento geométrico anual no período 2000-2009,
utilizando-se a estimativa populacional do IBGE para 2009. Este cenário 5 considera simplesmente
um crescimento médio geométrico anual constante, e igual a 1,36%, de 2010 a 2030. Neste cenário
a população alcança em 2030 um valor 50% maior do que no censo 2000; tabela 6.3.
Cenário 6. O método utilizado para a elaboração das projeções considera que a população seguirá o
modelo matemático de uma curva logística; ver Siegel and Swanson (2008). Neste cenário procura-
se ajustar uma curva logística (via regressão) aos dados populacionais do município de 1920 a 2000.
A curva melhor ajustada foi obtida através de critérios estatísticos, considerando-se uma boa
estimativa do dado do censo 2000, e que a população tende assintoticamente a um valor de saturação
de 600.000 (valor determinado empiricamente). Neste cenário a população alcança em 2030 um
valor 61% maior do que no censo 2000. Também, a população, no ritmo de crescimento do cenário,
atingiria 580.000 habitantes em 2055; tabela 6.3. Ver o capítulo 8 (Anexos), para uma conceituação
da curva logística. A figura 6.4 exibe a taxa média geométrica de crescimento para o período 2010-
2030 de todos os seis cenários.
Se admitirmos que o processo migratório está estabilizado (além de não ocorrerem eventos de grande
fluxo migratório no futuro) e que o aumento nas taxas de fecundidade está de acordo com as
variações regionais decrescentes, é bastante razoável pensarmos na população de Cariacica não
evoluindo de acordo com os cenários 5 e 6.
Comentários sobre as projeções e taxas: tabelas 6.3 e 6.4
Observe-se que no cenário 4, variante de crescimento baixo, a taxa de decrescimento é maior: 1,14%
ao ano em 2010, decaindo até 0,44% ao ano no quinquênio 2025-2030; no cenário 1 (variante de
crescimento alto), o decaimento é mais lento, projetando uma população de 371.882 habitantes para
o ano 2010 e atingindo 400.000 habitantes apenas em 2018. O cenário 5 projeta uma população para
2010 próxima àquela do cenário 1, no entanto deve superestimar as projeções até 2030. As projeções
136
do cenário 6, apesar de ajustarem um curva com dados desde 1920, aponta uma taxa de crescimento
em 2010 com um valor elevado, que não considera plenamente o decaimento que vem sendo
observado (contagem de 2007). Dessa forma, os cenários 5 e 6 são de pequena probabilidade. A
figura 6.3 esboça as projeções do cenário 2 (variante de crescimento médio) e do cenário 6
(extrapolação da curva logística). As projeções completas e as estatísticas implícitas para os cenário
1, 2 e 4 encontram-se nas tabelas A6.1, A6.2 e A6.3 no anexo a este capítulo. Nas tabelas A6.4 a
A6.13 encontram-se as estatísticas implícitas obtidas desses cenários.
Tabela 6.3: Projeções da população de Cariacica (2010-2030) – Cenários 1, 2, 3, 4, 5 e 6
Ano Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6
2010 371.882 366.636 363.899 362.681 370.842 405.540
2015 390.426 384.068 381.000 379.621 396.794 441.927
2020 405.906 398.861 395.396 394.051 424.561 473.627
2025 419.661 411.257 407.244 405.830 454.272 500.402
2030 431.100 421.112 416.410 414.765 486.063 522.434
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados dos Censos do IBGE.
Tabela 6.4: Taxa média geométrica de crescimento (2010-2030) – Cenários 1, 2, 3, 4, 5 e 6
Ano Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6
2010 1,40 1,25 1,18 1,14 1,36 2,32
2015 0,98 0,93 0,92 0,92 1,36 1,73
2020 0,78 0,76 0,74 0,75 1,36 1,40
2025 0,67 0,61 0,59 0,59 1,36 1,11
2030 0,54 0,47 0,45 0,44 1,36 0,87
Fonte: Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional, com dados dos censos do IBGE.
137
Figura 6.1 – Projeções dos cenários 1, 2, e 4 (2010 – 2030)
320.000
340.000
360.000
380.000
400.000
420.000
440.000
2010 2015 2020 2025 2030
População estimada - Cariacica - 2010-2030 - Cenários 1, 2, e 4
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 4
Figura 6.2 – Taxa média geométrica de crescimento - projeções dos cenários 1, 2, e 4
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
2010 2015 2020 2025 2030
Taxa média geométrica de crescimento anual Cariacica - 2010-2030 - Cenários 1, 2, e 4
Cenário 1 Cenário2 Cenário 4
O valor da taxa média geométrica de crescimento anual de 2010 é relativa a 2000
138
Figura 6.3 – Projeções dos cenários 2 e 6 (2010 – 2030)
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
1920
1925
1930
1935
1940
1945
1950
1955
1960
1965
1970
1975
1980
1985
1990
1995
2000
2005
2010
2015
2020
2025
2030
População estimada - Cariacica - 2010-2030 - Cenários 2 e 6(Até o ano 2000 a população é a dos censos - IBGE)
Cenário 6 Cenário 2
Figura 6.4 – Taxa média geométrica de crescimento - projeções dos cenários 1, 2, 3, 4, 5 e 6
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
2010 2015 2020 2025 2030
Taxa média geométrica de crescimento anual Cariacica - 2010-2030 - Cenários 1, 2, 3, 4, 5 e 6
Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6
O valor da taxa média geométrica de crescimento anual de 2010 é relativa a 2000
139
Comentários sobre as projeções dos cenários escolhidos: cenários 1, 2 e 4
Crescimento Populacional. No censo do ano 2000 a população recenseada foi de 324.285
habitantes. O cenário 1 projeta 371.882 habitantes para 2010, um crescimento de 14,7% no período;
já o cenário 4 prevê 362.681 habitantes, apenas 11,8% superior à população do ano 2000. Para 2030,
a projeção do cenário 1 é de 431.100 habitantes, um crescimento de 32,9% relativamente a 2000
(último dado real disponível).
Pirâmides Etárias / Distribuição por faixa etária e sexo. Nas figuras 6.5, 6.6 e 6.7 encontram-se,
respectivamente, as pirâmides etárias projetadas para os cenários 1, 2 e 4, bem como as distribuições
por faixa etária e sexo. No cenário 4 a redução das faixas etárias jovens (até 14 anos) é mais
acentuada. Nos cenários 1 e 2 as reduções são ligeiramente mais lentas. Nos três cenários constatam-
se as tendências já observadas: (i) aumento da participação da população nas faixas acima de 45 anos
na medida da passagem do tempo; ou seja, para 2030 em todos os três cenários a participação dessa
faixa é maior que em 2010 e 2020; (ii) uma redução da participação das faixas mais jovens de 0-4
anos, 5-9 anos e 10-14 anos na população total, com decaimento mais rápido no cenário 1; (iii) um
envelhecimento gradual da população em todos os três cenários.
Figura 6.5 - Pirâmides etárias (%) para Cariacica nos anos projetados: 2010 a 2030
(cenário 1)
4,6
5,0
4,3
4,2
4,4
4,6
4,2
3,6
3,3
3,0
2,6
2,0
1,3
0,9
0,6
0,4
0,2
4,4
4,8
4,1
4,1
4,4
4,7
4,4
3,8
3,5
3,3
2,8
2,2
1,6
1,1
0,9
0,6
0,3
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2010 - Cenário 1
Homens Mulheres
3,6
3,8
4,2
4,5
3,9
3,8
3,9
4,1
3,7
3,1
2,8
2,5
2,0
1,5
0,9
0,5
0,3
3,5
3,7
4,0
4,4
3,7
3,7
4,0
4,2
3,9
3,4
3,1
2,9
2,4
1,8
1,2
0,8
0,4
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos5 a 9 anos
10 a 14 anos15 a 19 anos20 a 24 anos25 a 29 anos30 a 34 anos35 a 39 anos40 a 44 anos
45 a 49 anos 50 a 54 anos 55 a 59 anos60 a 64 anos65 a 69 anos70 a 74 anos
75 a 79 anos 80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2020 -Cenário 1
Homens Mulheres
140
3,3
3,3
3,4
3,6
3,9
4,2
3,5
3,5
3,5
3,7
3,3
2,7
2,4
1,9
1,5
1,0
0,4
3,2
3,2
3,2
3,4
3,8
4,1
3,5
3,5
3,7
3,9
3,6
3,0
2,7
2,4
1,9
1,3
0,6
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos5 a 9 anos
10 a 14 anos15 a 19 anos20 a 24 anos25 a 29 anos30 a 34 anos35 a 39 anos40 a 44 anos
45 a 49 anos 50 a 54 anos 55 a 59 anos60 a 64 anos65 a 69 anos70 a 74 anos
75 a 79 anos 80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2030 - Cenário 1
Homens Mulheres
Figura 6.6 - Pirâmides etárias (%) para Cariacica nos anos projetados: 2010 a 2030
(cenário 2)
4,3
4,5
4,3
4,3
4,4
4,7
4,3
3,6
3,4
3,0
2,6
2,0
1,4
0,9
0,7
0,4
0,2
4,1
4,3
4,2
4,1
4,4
4,7
4,4
3,8
3,6
3,4
2,9
2,2
1,6
1,1
0,9
0,6
0,3
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2010 - Cenário 2
Homens Mulheres
3,5
3,7
3,9
4,1
3,9
3,9
4,0
4,2
3,8
3,2
2,9
2,5
2,1
1,5
1,0
0,6
0,3
3,4
3,5
3,8
4,0
3,8
3,8
4,1
4,3
4,0
3,4
3,2
2,9
2,4
1,8
1,3
0,8
0,5
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2020 - Cenário 2
Homens Mulheres
3,1
3,2
3,3
3,5
3,7
3,8
3,7
3,6
3,6
3,8
3,4
2,8
2,5
2,0
1,6
1,0
0,4
3,0
3,1
3,2
3,3
3,6
3,7
3,6
3,6
3,8
4,0
3,7
3,1
2,8
2,5
2,0
1,4
0,7
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2030 - Cenário 2
Homens Mulheres
141
Figura 6.7 - Pirâmides etárias (%) para Cariacica nos anos projetados: 2010 a 2030
(cenário 4)
4,0
4,0
4,4
4,4
4,5
4,8
4,4
3,7
3,4
3,1
2,7
2,1
1,4
1,0
0,7
0,5
0,2
3,9
3,9
4,2
4,2
4,5
4,8
4,5
3,9
3,6
3,4
2,9
2,3
1,7
1,2
0,9
0,7
0,4
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2010 - Cenário 4
Homens Mulheres
3,4
3,5
3,7
3,7
4,0
3,9
4,1
4,3
3,9
3,3
3,0
2,6
2,2
1,6
1,0
0,6
0,3
3,3
3,4
3,5
3,5
3,9
3,8
4,1
4,4
4,1
3,5
3,3
3,0
2,5
1,9
1,3
0,9
0,5
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2020 - Cenário 4
Homens Mulheres
3,0
3,1
3,2
3,4
3,5
3,5
3,7
3,7
3,8
3,9
3,5
2,9
2,6
2,1
1,7
1,1
0,5
2,8
3,0
3,1
3,2
3,3
3,4
3,7
3,6
3,9
4,1
3,8
3,2
2,9
2,6
2,1
1,5
0,7
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
0 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
30 a 34 anos
35 a 39 anos
40 a 44 anos
45 a 49 anos
50 a 54 anos
55 a 59 anos
60 a 64 anos
65 a 69 anos
70 a 74 anos
75 a 79 anos
80 +
Pirâmide etária (%) - Cariacica - 2030 - Cenário 4
HomensMulheres
Estatísticas implícitas nas projeções: cenários 1, 2, e 4
As figuras 6.8 a 6.11 mostram as principais estatísticas implícitas extraídas das projeções dos
cenários. Apresentam-se apenas as análises considerando o grupo idoso composto por pessoas com
65 ou mais anos.
Estatísticas implícitas: principais grupos etários. A figura 6.8A resume a evolução da distribuição
etária na classificação dos três grandes grupos etários: 0-14 anos (jovens); 15-64 anos (grupo em
idade produtiva); e 65+ anos (idosos), para os cenários 1, 2, e 4. Em todos os três cenários é visível o
aumento percentual do grupo de idosos e o decréscimo do grupo de jovens. No cenário 4 essas
tendências são mais acentuadas. No cenário 4, em 2030, a participação dos idosos na população é:
13,7% a 17,5%. No cenário médio, cenário 2, essa participação é de 12,9 e 18,2%, respectivamente
para idosos e jovens. A figura 6.8B resume os resultados quando se considera como idosos o grupo e
60+ anos o que acentua ainda mais o envelhecimento; por exemplo, no cenário 4, em 2030, a
participação dos idosos na população ultrapassa a de jovens: 19,4% a 17,5%.
142
Estatísticas implícitas: razão de dependência. A razão de dependência total para Cariacica que era
de 51,6% em 2000 foi projetada para 44,8% em 2010, no cenário 2 (idosos com 65+), mas fica no
patamar 44,1% em 2030. Esse fato pode ser explicado pelo aumento da população em idade
produtiva que em 2000 (15-64 anos) representava 66,3% da população, e, projeta-se que esse
percentual fique em 63,4% em 2030; ao mesmo tempo a população de dependentes jovens (0-14
anos) que era de 28,6% em 2000, decresce para 25,7% em 2010 e cai para 18,2% em 2030. Quanto à
razão de dependência total, as projeções dos três cenários não são destoantes.
Estatísticas implícitas: razão de sexo. A razão de sexo total indica predominância feminina em
todos os cenários. Os cenários, 1, 2 e 4 projetam para 2030, aproximadamente 96 homens para cada
100 mulheres. No grupo etário de (0-14 anos) a predominância ainda será masculina de acordo com
os três cenários. Mas essa relação se inverte nos dois outros grupos etários
Estatísticas implícitas: índice de envelhecimento. No censo do ano 2000, Cariacica apresentava
uma população de 14.684 idosos (65 anos e mais), equivalente a 6,87% da população; para 2030, a
população projetada no cenário 1 é de 47.873 pessoas, ou 16,0% da população. No cenário 2 essa
população de idosos foi projetada em 49.091 habitantes, ou 16,8% da população.
O índice de envelhecimento foi de 15,3% no ano 2000 (pessoas de “65 ou mais anos” com relação
aos jovens de “0-14 anos”). O cenário 1 projeta 18,7% para 2010 enquanto os cenários 2 e 4
projetam 20,3% e 22,4%, respectivamente. Para 2030 a projeção fica em 56,6% para o cenário 1,
61,6% para o cenário 2 e 68,1% para o cenário 4. Isso indica a predominância cada vez maior dos
idosos relativamente aos jovens.
Finalizando. É fato reconhecido que qualquer projeção de população por sexo e grupos de idade,
realizada por métodos demográficos, deve ser revista na medida em que surjam novas informações.
Essas informações confiáveis quase sempre são provenientes de: (i) censos demográficos; (ii)
pesquisas domiciliares por amostragem (PNAD’s); ou (iii) estatísticas vitais. Assim, apenas com a
disponibilidade desses dados, podem-se obter projeções revisadas com confiabilidade. Portanto, o
censo demográfico deste ano de 2010 é que vai cristalizar a realidade demográfica da década de 2000
a 2009.
Consoante à regra universal de que todos os procedimentos utilizados para se obter projeções
populacionais estão baseados nas tendências observadas nos dados passados, e em algumas
143
suposições sobre a trajetória futura de alguns parâmetros importantes, dependentes dos modelos
utilizados, esse estudo não foge à regra. Não se observando as premissas adotadas nos cenários as
projeções não se confirmarão.
Por outro lado, os últimos dados censitários no Brasil têm indicado uma tendência geral de redução
nas taxas anuais de crescimento populacional (com exceções localizadas). A taxa de fecundidade
total de Cariacica também apresenta tendência decrescente, nos dados reais disponíveis. Também
fica evidenciado o envelhecimento da população. Os dados dos dois últimos censos demonstram uma
tendência de queda no saldo migratório positivo do município. Isso significa dizer que os
pressupostos subjacentes às projeções dos cenários 1, 2 e 4 parecem realistas, mas conduzem a
estatísticas implícitas bem diferentes em uns poucos casos. O cenário 1, denominado “variante de
crescimento alto” projeta uma população de 371.882 habitantes para o ano 2010 (aproximadamente
15% maior com relação à população de 324.285 do censo 2000) e 431.100 habitantes para o ano
2030 (apenas 32,9% superior, relativamente a 2000). Considerando-se as estimativas populacionais
determinadas a partir dos dados de consumo de energia elétrica (seção 6.2), que projeta uma
população de 367.533 habitantes para 2009, é possível que este cenário prevaleça.
Comentário pós-divulgação do censo 2010 em 29/04/2011
Com os dados divulgados até o momento e atualizados no capítulo 2, evidencia-se que o cenário 4,
variante de crescimento baixo, foi o de melhor ajuste, apresentando 3,9% de erro absoluto percentual
médio. (Sigla em inglês: MAPE - Mean absolute precentual error). O Erro absoluto percentual médio
do cenário 1 foi de 6,6%. As projeções dos cenários superestimaram os resultados. A taxa de
crescimento geométrico prevista no cenário 4, foi de 1,14% ao ano em 2010. Na verdade a taxa
calculada com os dados do censo foi de 0,73% (figura 2.3). Considerando-se uma cobertura completa
do censo 2010 no município, além de uma acentuada diminuição na taxa de fecundidade, deve ter
ocorrido uma razoável redução do número médio de pessoas por domicílio, que era de 3,64 em 2000
(tabela 2.6), passando para 3,1 a 3,3 habitantes por domicílio em 2010. Somente com os dados
completos do censo, que devem ser divulgados em ainda 2011, poder-se-á refazer alguns cálculos e
cenários desenvolvidos neste estudo.
144
Figura 6.8A – Evolução dos grupos etários - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030
(cenários 1, 2, 4)
145
Figura 6.8B – Evolução dos grupos etários - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030
(cenários 1, 2, 4)
146
147
Figura 6.9 – Razão de dependência - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030 (cenários 1, 2,
4)
48,9
47,345,9
43,0 42,844,4
42,139,9
37,3
32,429,6 28,3
6,8 7,5 8,710,6
13,116,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
2005 2010 2015 2020 2025 2030
Razão de dependência demográfica (%)
Cariacica - 2005-2030 - Cenário 1
Total Jovens Idosos (65+)
47,2
44,8 43,0 41,8 42,344,1
40,4
37,3
34,2
30,928,6 27,3
6,9 7,6 8,810,9
13,716,8
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
2005 2010 2015 2020 2025 2030
Razão de dependência demográfica (%)
Cariacica - 2005-2030 - Cenário 2
Total Jovens Idosos (65+)
148
45,7
42,5 40,3 40,842,1
44,1
38,7
34,7
31,229,3
27,6 26,2
7,0 7,8 9,1
11,4
14,5
17,9
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
50,0
2005 2010 2015 2020 2025 2030
Razão de dependência demográfica (%) Cariacica - 2005-2030 - Cenário 4
Total Jovens Idosos (65+)
Figura 6.10 – Razão de Sexo - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030 (cenários 1, 2, 4)
104,1 104,0 103,9 104,0 104,1 104,2
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
2005 2010 2015 2020 2025 2030
Razão de Sexo (Índice de Masculinidade): total da população
e por grupos etários - Cariacica 2005-2030 - Cenário 1
Total da população Produtivos (15-64) Jovens (0-14) Idosos (65+)
149
104,2 104,1 104,0 104,1 104,2 104,2
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
2005 2010 2015 2020 2025 2030
Razão de Sexo (Índice de Masculinidade): total da população e por grupos
etários - Cariacica 2005-2030 - Cenário 2
Total da população Produtivos (15-64) Jovens (0-14) Idosos (65+)
104,3 104,3 104,2 104,2 104,3 104,4
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
2005 2010 2015 2020 2025 2030
Razão de Sexo (Índice de Masculinidade): total da população e por grupos etários - Cariacica 2005-2030 - Cenário 4
Total da população Produtivos (15-64) Jovens (0-14) Idosos (65+)
150
Figura 6.11 – Índice de envelhecimento - Cariacica - anos projetados: 2005 a 2030 (cenários
1, 2, 4)
13,515,7
19,6
27,8
38,1
48,2
18,921,9
27,1
37,5
50,9
65,4
16,218,7
23,3
32,6
44,4
56,6
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
2005 2010 2015 2020 2025 2030
Evolução do índice de idosos (65+)
Cariacica - 2005-2030 - Cenário 1
Homens Mulheres Total
14,217,1
21,8
30,3
41,3
52,6
19,923,7
30,1
40,6
54,9
71,0
17,0 20,3
25,8
35,4
47,9
61,6
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
2005 2010 2015 2020 2025 2030
Evolução do índice de idosos (65+)
Cariacica - 2005-2030 - Cenário 2
Homens Mulheres Total
151
15,1 18,8
24,6
33,4
45,4
58,4
21,026,1
33,9
44,7
60,0
78,3
18,0 22,4
29,1
38,9
52,5
68,1
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
2005 2010 2015 2020 2025 2030
Evolução do índice de idosos (65+) Cariacica - 2005-2030 - Cenário 4
Homens Mulheres Total
152
6.3. Anexo – Projeções dos cenários 1, 2 e 4 por sexo e faixa etária: 2010-2030
Tabela A6.1 – Cenário 1 – Projeção da população de Cariacica por sexo e idade 2010 - 2030
Faixa
etária
2010 2015 2020
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
00-04 16992 16327 33320 15519 14901 30420 14604 14015 28619
05-09 18410 17748 36159 16907 16264 33171 15448 14849 30297
10-14 15911 15258 31170 18370 17721 36091 16873 16241 33114
15-19 15773 15204 30977 15827 15226 31052 18281 17687 35968
20-24 16260 16290 32550 15601 15157 30758 15670 15182 30852
25-29 17112 17307 34419 16027 16222 32249 15397 15100 30497
30-34 15801 16262 32063 16833 17210 34043 15788 16140 31927
35-39 13257 14019 27275 15498 16137 31635 16536 17090 33626
40-44 12347 13163 25510 12938 13862 26801 15154 15972 31126
45-49 11032 12347 23379 11955 12947 24901 12557 13653 26210
50-54 9524 10453 19977 10564 12053 22617 11481 12663 24144
55-59 7333 8099 15432 8970 10092 19061 9986 11670 21656
60-64 4914 5892 10806 6740 7689 14428 8285 9620 17905
65-69 3329 4136 7464 4364 5456 9820 6024 7162 13185
70-74 2356 3212 5567 2804 3683 6487 3707 4901 8608
75-79 1581 2232 3813 1836 2689 4526 2210 3124 5334
80+ 797 1205 2002 948 1419 2367 1108 1729 2837
Total 182729 189153 371882 191699 198727 390426 199108 206798 405906
Tabela A6.1 – Cenário 1 – Projeção da população de Cariacica por sexo e idade 2010 - 2030
Faixa
etária
2025 2030
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
00-04 14457 13866 28323 14230,81 13641,69 27872,5
05-09 14545 13971 28516 14404,05 13826,68 28230,73
10-14 15420 14830 30250 14520,76 13954,98 28475,75
15-19 16800 16213 33013 15359,35 14806,51 30165,87
20-24 18121 17641 35762 16666,86 16174,48 32841,34
25-29 15489 15130 30619 17930,3 17585,54 35515,84
30-34 15192 15030 30222 15299,99 15065,76 30365,75
35-39 15538 16036 31573 14970,61 14940,56 29911,17
153
40-44 16204 16929 33133 15248,29 15896,99 31145,28
45-49 14746 15750 30497 15797,45 16711,7 32509,14
50-54 12100 13377 25477 14243,04 15455,78 29698,81
55-59 10900 12290 23191 11522,19 13012,52 24534,72
60-64 9276 11164 20439 10164,21 11795,88 21960,09
65-69 7458 9007 16465 8391,873 10500,88 18892,75
70-74 5166 6483 11649 6438,356 8209,046 14647,4
75-79 2959 4204 7163 4158,8 5617,446 9776,246
80+ 1341 2028 3370 1804,196 2752,607 4556,802
Total 205713 213948 419661 211151,1 219949,1 431100,2
Tabela A6.2 – Cenário 2 – Projeção da população de Cariacica por sexo e idade 2010 - 2030
Faixa
etária
2010 2015 2020
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
00-04 15726 15100 30827 14714 14121 28836 13996 13424 27420
05-09 16451 15825 32276 15654 15048 30702 14655 14077 28732
10-14 15940 15279 31219 16418 15803 32221 15626 15028 30655
15-19 15789 15211 30999 15863 15250 31113 16347 15775 32123
20-24 16291 16298 32589 15632 15167 30800 15724 15210 30934
25-29 17157 17320 34477 16078 16237 32315 15452 15115 30567
30-34 15851 16278 32129 16901 17232 34133 15864 16162 32026
35-39 13307 14037 27343 15572 16164 31735 16634 17121 33755
40-44 12404 13186 25590 13012 13893 26905 15259 16012 31271
45-49 11094 12378 23471 12038 12987 25025 12662 13700 26362
50-54 9590 10490 20079 10654 12107 22761 11600 12725 24325
55-59 7400 8141 15541 9065 10156 19221 10115 11751 21866
60-64 4974 5935 10909 6835 7760 14595 8420 9716 18136
65-69 3380 4178 7557 4445 5528 9973 6153 7265 13419
154
70-74 2402 3260 5662 2871 3753 6624 3812 5004 8817
75-79 1624 2285 3909 1893 2765 4659 2291 3220 5511
80+ 816 1241 2057 979 1469 2449 1149 1795 2944
Total 180194 186442 366636 188626 195442 384068 195761 203100 398861
Tabela A6.2 – Cenário 2 – Projeção da população de Cariacica por sexo e idade 2010 - 2030
Faixa etária 2025 2030
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
00-04 13575 13013 26588 13222 12668 25890
05-09 13945 13386 27331 13531 12981 26511
10-14 14631 14061 28691 13923 13372 27295
15-19 15565 15005 30569 14579 14040 28619
20-24 16217 15738 31956 15454 14973 30426
25-29 15559 15162 30721 16063 15694 31757
30-34 15263 15051 30314 15386 15104 30490
35-39 15633 16066 31699 15059 14970 30029
40-44 16324 16973 33297 15365 15939 31304
45-49 14876 15807 30683 15944 16773 32717
50-54 12230 13444 25674 14401 15535 29937
55-59 11046 12378 23424 11680 13107 24787
60-64 9432 11278 20710 10340 11918 22258
65-69 7618 9139 16757 8576 10658 19233
70-74 5312 6622 11934 6620 8386 15006
75-79 3069 4336 7405 4313 5796 10109
80+ 1397 2108 3505 1880 2863 4743
Total 201692 209565 411257 206335 214777 421112
Tabela A6.3 – Cenário 4 – Projeção da população de Cariacica por sexo e idade 2010 - 2030
Faixa
etária
2010 2015 2020
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
00-04 14566 13970 28536 14030 13449 27479 13435 12872 26308
155
05-09 14596 14020 28616 14513 13931 28443 13984 13415 27399
10-14 15965 15296 31261 14572 14004 28576 14490 13916 28406
15-19 15812 15221 31033 15902 15271 31174 14520 13984 28504
20-24 16346 16314 32661 15686 15185 30871 15789 15239 31028
25-29 17250 17343 34592 16174 16263 32437 15537 15142 30679
30-34 15952 16306 32258 17039 17269 34308 15995 16200 32195
35-39 13400 14068 27468 15719 16209 31929 16812 17176 33988
40-44 12503 13228 25731 13151 13947 27097 15450 16081 31531
45-49 11201 12435 23636 12189 13058 25248 12844 13783 26627
50-54 9707 10559 20265 10819 12202 23021 11800 12834 24635
55-59 7515 8217 15733 9243 10271 19514 10333 11896 22229
60-64 5074 6016 11090 7008 7887 14894 8652 9890 18542
65-69 3468 4261 7729 4591 5659 10249 6371 7453 13824
70-74 2484 3355 5839 2994 3883 6877 3989 5193 9182
75-79 1698 2384 4082 2000 2907 4907 2431 3399 5830
80+ 849 1302 2151 1035 1561 2596 1225 1919 3144
Total 178386 184295 362681 186665 192957 379621 193657 200393 394051
Tabela A6.3 – Cenário 4 – Projeção da população de Cariacica por sexo e idade 2010 - 2030
Faixa etária 2025 2030
Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total
00-04 12859 12314 25173 12335 11806 24140
05-09 13396 12844 26240 12827 12291 25118
10-14 13964 13403 27367 13379 12833 26213
15-19 14444 13898 28343 13925 13388 27313
20-24 14428 13958 28385 14364 13875 28240
25-29 15655 15200 30855 14321 13926 28247
30-34 15383 15089 30472 15517 15153 30670
35-39 15801 16121 31923 15215 15024 30239
40-44 16548 17053 33601 15576 16018 31595
45-49 15118 15910 31027 16222 16889 33112
50-54 12463 13568 26031 14703 15686 30389
55-59 11303 12540 23844 11974 13286 25260
60-64 9709 11492 21201 10662 12153 22815
156
65-69 7905 9389 17295 8915 10961 19876
70-74 5573 6886 12458 6959 8733 15692
75-79 3266 4590 7857 4601 6147 10748
80+ 1496 2263 3759 2019 3082 5101
Total 199312 206519 405830 203513 211252 414765
Tabela A6.4 – Cenário 1 – Estatísticas implícitas nas projeções populacionais Cariacica - 2010-
2030
Ano RS RD 65+ RD 60+ II 65+ II 60+
2010 96,6 47,3 53,9 18,7 29,5
2015 96,5 45,9 54,2 23,3 37,7
2020 96,3 43,0 52,6 32,6 52,0
2025 96,2 42,8 53,4 44,4 67,8
2030 96,0 44,4 55,8 56,6 82,6
RS – Razão de sexo. RD – Razão de dependência. II – Índice de idosos.
Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Tabela A6.5 – Cenário 2 – Estatísticas implícitas nas projeções populacionais Cariacica - 2010-
2030
Ano RS RD 65+ RD 60+ II 65+ II 60+
2010 96,6 44,8 51,4 20,3 31,9
2015 96,5 43,0 51,2 25,8 41,7
2020 96,4 41,8 51,5 35,4 56,2
2025 96,2 42,3 53,3 47,9 73,0
2030 96,1 44,1 55,9 61,6 89,5
RS – Razão de sexo. RD – Razão de dependência. II – Índice de idosos.
Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Tabela A6.6 – Cenário 4 – Estatísticas implícitas nas projeções populacionais Cariacica - 2010-
2030
Ano RS RD 65+ RD 60+ II 65+ II 60+
2010 96,8 42,5 49,0 22,4 34,9
2015 96,7 40,3 48,5 29,1 46,8
2020 96,6 40,8 50,7 38,9 61,5
157
2025 96,5 42,1 53,4 52,5 79,4
2030 96,3 44,1 56,5 68,1 98,4
RS – Razão de sexo. RD – Razão de dependência. II – Índice de idosos.
Elaboração Equipe Agenda Cariacica: Dinâmica Populacional.
Tabela A6.7 - Razão de dependência (65+) – Cariacica – 2010-2030 (%)
2010 2015 2020 2025 2030
Cenário 1 47,3 45,9 43,0 42,8 44,4
Cenário 5 44,8 43,0 41,8 42,3 44,1
Cenário 6 42,5 40,3 40,8 42,1 44,1
Tabela A6.8 - Razão de sexo – Cariacica – 2010-2030 (%)
2010 2015 2020 2025 2030
Cenário 1 96,6 96,5 96,3 96,2 96,0
Cenário 5 96,6 96,5 96,4 96,2 96,1
Cenário 6 96,8 96,7 96,6 96,5 96,3
Tabela A6.9- Índice de envelhecimento (65+) – Cariacica – 2010-2030 (%)
2010 2015 2020 2025 2030
Cenário 1 18,7 23,3 32,6 44,4 56,6
Cenário 5 20,3 25,8 35,4 47,9 61,6
Cenário 6 22,4 29,1 38,9 52,5 68,1
Tabela A6.10 - Evolução da participação dos grupos etários (%) - Cariacica –
2005-2030 - cenário 1
Grupos etários 2010 2015 2020 2025 2030
Jovens (0-14) 27,1 25,5 22,7 20,8 18,8
Idade produtiva (15-64) 67,9 68,5 69,9 70,0 68,9
Idosos (65+) 5,1 5,9 7,4 9,2 12,3
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
158
Tabela A6.11 - Evolução da participação dos grupos etários (%) - Cariacica –
2005-2030 - cenário 2
Grupos etários 2010 2015 2020 2025 2030
Jovens (0-14) 25,7 23,9 21,8 20,1 18,2
Idade produtiva (15-64) 69,0 69,9 70,5 70,3 68,9
Idosos (65+) 5,2 6,2 7,7 9,6 12,9
Total 100 100 100 100 100
Tabela A6.12 - Evolução da participação dos grupos etários (%) - Cariacica –
2005-2030 - cenário 3
Grupos etários 2010 2015 2020 2025 2030
Jovens (0-14) 24,4 22,3 20,8 19,4 17,5
Idade produtiva (15-64) 70,2 71,3 71,0 70,4 68,8
Idosos (65+) 5,5 6,5 8,1 10,2 13,7
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As perspectivas de população constituem um importante instrumento para subsidiar o planejamento
de programas e projetos. Os fenômenos demográficos são dotados de certa inércia ao longo do tempo
e sua evolução se processa gradativamente (Bacci, 1986). As tendências são, portanto, previsíveis no
curto e médio prazo, desde que se disponha de uma boa base de dados e que haja uma escolha de
parâmetros demográficos que expressem as tendências mais prováveis. Os perfis populacionais
traçados pelas projeções não são jamais definitivos e devem ser revistos sempre que novas
informações mostrarem o curso real das transformações demográficas. Esta é sempre uma boa
prática de cautela quando se trabalha com previsões demográficas
Nas últimas três décadas, tem-se observado um rápido declínio dos níveis de fecundidade. Essa é
uma das mudanças demográficas mais importantes. Seus efeitos mais significativos são: a redução da
taxa de crescimento demográfico, e a redistribuição etária no decorrer do tempo. O avanço da
transição demográfica é acompanhado pela redução da proporção de crianças, e pelo aumento da
população ativa e idosa. As alterações nos pesos dos grupos etários têm implicações e desafios que
159
induzem mudanças nas demandas sociais e econômicas, em especial na educação, na oferta de mão-
de-obra, na saúde e na previdência social que devem se ajustar a uma nova realidade. A sociedade
em geral não está preparada para este processo praticamente irreversível.
Um processo de envelhecimento populacional está em curso e deverá se acelerar nas próximas
décadas, visto que o segmento idoso é atualmente o que apresenta maior crescimento. Esse fato
também está ocorrendo no município de Cariacica. Esse processo demanda investimentos crescentes
para prevenção e tratamento das doenças crônico-degenerativas, construção de asilos, serviços
médicos e sociais especializados, produção de artigos de consumo e
diversão/entretenimento/turismo, etc. Aumentam as preocupações relativas às mudanças que
ocorrem nos modelos familiares, face à redução da família e suas implicações para o idoso, ou ainda
ao alongamento da vida humana “com qualidade” para assegurar assistência especializada ao
segmento da “quarta idade”, constituído por pessoas dependentes. Essas observações também foram
constatadas em outros municípios da RMGV (Serra e Vitória); Castiglioni et al (2008) e Brasil &
Rocha (2007).
Um aspecto significativo do envelhecimento populacional é a feminização da população idosa,
decorrente da maior longevidade das mulheres, que tem consequências demográficas e
socioeconômicas, dentre as quais, o aumento da demanda de cuidados de saúde mais especializados e
o aumento dos gastos com aposentadorias e pensões, uma vez que as mulheres utilizam o sistema
previdenciário por maior tempo que o homem (Castiglioni, 2006).
Associada à transição demográfica, a transição epidemiológica apresenta, em sua evolução um
aumento das doenças crônico-degenerativas e causas externas e a diminuição das doenças infecto-
contagiosas. É necessário considerar que o alongamento da duração da vida está relacionado à
evolução de diferentes patologias que afetam as pessoas de idades muito elevadas, e implicam na
assistência a uma grande parte do segmento da “quarta idade” que apresenta, em geral, incapacidade
física ou mental (Caselli, Vallin e Wunsch, 2001).
Um aspecto significativo, no quadro da mortalidade é a incidência crescente das mortes violentas,
agrupadas como causas externas, responsáveis pela interrupção precoce da vida de muitos jovens. A
importância da seletividade da mortalidade neste grupo, que atinge preponderantemente jovens do
sexo masculino, se reflete nos diferenciais da esperança de vida por sexo, ampliados pela eliminação
160
seletiva de homens. A implementação de medidas que atuem eficazmente sobre os determinantes
desse grupo de mortes é um grande desafio para a sociedade em suas várias dimensões.
Na medida em que os meios de transporte e de comunicações se modernizam e que os processos
transicionais avançam, a migração cresce em importância. A migração foi e continua sendo a
principal responsável pela urbanização acelerada do estado, em especial da RMGV. Este componente
produz efeitos imediatos e diretos sobre a população, seu tamanho, composição dos grupos etários e
da mão-de-obra, assim como efeitos que se fazem sentir a médio e a longo prazo sobre a vida social,
econômica e cultural da sociedade.
Os saldos migratórios fornecem uma medida parcial do componente. Há que considerar os efeitos
indiretos produzidos pela migração: os jovens que migram encontram-se nos períodos mais
produtivos e fecundos de sua vida e a transferência deste segmento produz efeitos quantitativos e
qualitativos sobre as regiões de origem e de destino. A falta de registros e dados adequados
representa uma grande lacuna para o conhecimento da migração. Em países de desenvolvimento
mais avançado existem organismos que se ocupam dos registros das mudanças residenciais. A
criação de órgãos destinados ao conhecimento e à medida da migração apresenta-se como uma
medida de grande relevância para subsidiar programas que atuem sobre os determinantes que
provocam a atração e a expulsão de migrantes e das consequências positivas e negativas que a
mudança produz para os migrantes e para as regiões de origem e de destino.
A concentração acentuada da população na RMGV atinge níveis muito elevados, a região reúne
quase a metade da população do Estado, fato que deve ser confirmado pelo censo deste ano de 2010.
Na medida em que as fontes do êxodo rural se esgotam, o ritmo do crescimento arrefece e as
trocas passam a ocorrer com mais freqüência no interior da aglomeração urbana, como já
ocorre no Estado. A melhoria da infraestrutura urbana e a modernização dos meios de transporte e
comunicação possibilitam o surgimento de formas de mobilidade, freqüentes e repetitivas, entre
municípios próximos como os movimentos pendulares e a circulação para estudo e trabalho. Estes
tipos de mobilidade, que tendem a intensificar-se nas próximas décadas, não podem ser
negligenciados na elaboração de projetos de infraestrutura urbana.
Com relação às projeções para o período 2010-2030, foram desenvolvidos seis cenários. Dos três
cenários mais realistas elaborados, cenários 1, 2 e 4, constatam-se as tendências já observadas: (i)
161
aumento da participação da população nas faixas acima de 45 anos na medida da passagem do
tempo; ou seja, para 2030, em todos os três cenários, a participação dessa faixa é maior que em 2010
e 2020; (ii) maioria da população feminina nas faixas acima de 50 anos, em todos os cenários; (iii)
uma redução da participação das faixas mais jovens de 0-4 anos, 5-9 anos e 10-14 anos na população
total; (iv) um envelhecimento gradual da população em todos os três cenários; no cenário 2 esse fato
ocorre mais lentamente. Por exemplo, o cenário 4 projeta 19,4% da população com idade acima de
60 anos para 2030 enquanto que esse percentual é de 18,2% e 18,8% para os cenários 2 e 1,
respectivamente. Se considerarmos como idosos a população com idade acima de 65 anos esse
percentual fica em 13,7%, 12,9%, e 12,3%, respectivamente para os cenário 4, 2, e 1.
Em termos de projeção, se a escolha for o cenário 2 (variante de crescimento médio) a projeção para
2010 será de 367.000 habitantes, mas o cenário 1 (variante de crescimento alto) projeta 372.000
habitantes. Para 2030, considerando-se esses dos cenários, a população ficará entre 421.000 e
431.000 habitantes.
Finalmente, é importante ressaltar que as grandes tendências demográficas do município de
Cariacica não são diferentes daquelas que estão ocorrendo nos outros municípios da RMGV; essas
tendências são: (i) fecundidade declinante; (ii) envelhecimento populacional; (iii) mortalidade ainda
em declínio (os níveis da mortalidade infantil devem ainda diminuir enquanto que a duração da vida
aumentará); (iv) maioria da população feminina em especial com idade acima de 50 anos; (vi) maior
número de pessoas potencialmente ativas (em idade produtiva); e, (vii) processo migratório em
declínio.
8. ANEXO: CONCEITOS E DEFINIÇÕES
A demografia trata dos aspectos estáticos de uma população num determinado momento, tamanho e
composição, assim como também da sua evolução no tempo e da interrelação dinâmica entre as
variáveis demográficas. Alguns conceitos são úteis no entendimento dos textos demográficos para o
usuário não especialista. O glossário aqui apresentado consolida informações de UNFPA/Brasil -
IBGE (2006) e Carvalho et al (1998), entre outros.
(A) Indicadores de população
População fechada - população de uma determinada área geográfica, num determinado momento
sem movimentos migratórios onde a população atual é totalmente explicada pela população inicial,
162
mortes e nascimentos ocorridos no período. O tamanho da população em qualquer momento desse
período pode ser reproduzido por:
ttn ONPP 0
Onde:
nP =População no instante n;
0P População inicial, no instante 0;
tN = Nascimentos no período t (t = n - 0);
tO = Óbitos no período t (t = n - 0).
População presente - É constituída pelas pessoas presentes, moradoras no domicílio na data do
censo, ou que não tinham residência fixa no domicílio, mas ali haviam passado a noite da data de
referência do censo (exemplo: no censo 2000, o dia 1º de agosto).
População residente - É formada pelas pessoas moradoras no domicílio, presentes na data do censo
ou ausentes por período não superior a 12 meses. Inclui também membros de representação
diplomática ou militar que se encontravam em missão em país estrangeiro e suas famílias. Assim, os
dados de População Residentes por sexo e situação de domicílio referenciam os moradores habituais
em cada residência. A quantificação se baseia nas pessoas presentes ou ausentes na data de
referência.
Projeção de população - Entende-se por projeção de população ao conjunto de resultados
provenientes de cálculos relativos à evolução futura de uma população, partindo-se, usualmente, de
certos supostos com respeito ao curso que seguirá a fecundidade, a mortalidade e as migrações.
Geralmente são cálculos formais que mostram os efeitos dos supostos adotados.
Previsão demográfica ou projeção preditiva - É uma projeção de população baseada em hipóteses
muito prováveis sobre o comportamento futuro dos fenômenos demográficos. O período coberto pela
projeção ou pela previsão chama-se prazo ou alcance cronológico (ou horizonte da projeção) e,
mesmo sendo variável, na maioria das vezes trabalha-se com projeção (previsão) de curto prazo,
porque o risco de erro cresce consideravelmente na medida em que o prazo aumenta.
163
Método das componentes - a partir de uma distribuição por sexo e idade de uma população inicial,
ou população base (ou população de partida), calcula-se a população futura de cada geração, ou
grupo de gerações, aplicando-se separadamente os supostos sobre a fecundidade, a mortalidade e as
migrações.
Projeção retrospectiva ou retroprojeção - Quando se pode calcular a população para o passado.
Neste caso, somente a mortalidade é aplicada sobre a população base e, dependendo das
necessidades específicas, a migração também entra no cálculo.
Estimativas de população – as estimativas de população segundo o tamanho e composição para
diversas datas do passado, presente ou futuro podem ser obtidas mediante vários procedimentos,
inclusive alguns dos que se usam para as projeções de população.
Estimativas demográficas - são as estimativas de população e de algumas de suas características,
tais como a fecundidade, a mortalidade, a migração, etc.
Estimativa intercensitária - estimativa correspondente a uma data compreendida entre dois censos.
Estimativa póscensitária - leva em conta os resultados de um censo recente.
Crescimento absoluto da população - É a diferença entre a população em um instante t qualquer e
a população inicial: Pt - P0.
Crescimento relativo - É o quociente entre a diferença da população no instante t e a população
inicial, dividido pela população inicial: (Pt - P0) / P0 .
Taxa média anual de crescimento geométrico (r) - É a raiz t do quociente entre a população no
instante t (Pt) e a população inicial (P0) menos 1.
1P
Pr t
0
tt
ou
1t
)P
Plog(
logantir 0
t
t
ou
100*1Pop
Popr
)1t(t1
1t
tt
.
Onde:
t = período, em unidades de tempo, decorridos entre 0 e t;
r = Taxa de crescimento por unidade de tempo
164
Taxa intrínseca de crescimento populacional - É a taxa de crescimento que se observa nas
populações quando as taxas de fecundidade e de mortalidade permanecem constantes por um período
prolongado de tempo (normalmente não inferior ao tempo de substituição de uma geração).
Taxa de crescimento vegetativo ou incremento natural – é a diferença entre o número de
nascimentos e o número de óbitos ocorridos na população no período t: tt ON .
Composição ou estrutura por sexo e idade da população - É como o volume populacional de uma
determinada região em um determinado instante se distribui segundo o sexo e a idade das pessoas.
Pirâmide etária - Uma pirâmide populacional representa graficamente a composição etária e por
sexo de uma população, através de um histograma duplo. Por meio de valores absolutos ou
proporções de homens e mulheres em cada grupo etário, a pirâmide oferece um quadro vívido das
características de uma população. O somatório de todos os grupos de idade e sexo na pirâmide é
igual ao total da população ou 100% da mesma.
Função do erro censitário - É o resultado da diferença (absoluta e percentual) entre o volume
populacional por sexo e idade proveniente do levantamento censitário e o proveniente de uma
projeção por método demográfico.
Razão de sexo (RS) - expressa o número de pessoas do sexo masculino para cada grupo de 100
pessoas do sexo feminino. É obtida através do quociente entre as populações masculina e feminina
por grupos de idade.
%100*inaminfePop
masculinaPopRS .
Razão de dependência (RD) ou Taxa de dependência demográfica (TDD) - É uma medida que
expressa o peso da população em idade potencialmente inativa sobre a população em idade
potencialmente ativa. No caso da razão de dependência total, é o resultado do quociente entre as
populações de 0 a 14 anos, mais a de 65 anos ou mais, e o segmento populacional com idades entre
15 e 64 anos. O resultado é expresso em percentual.
%100*)6415(Pop
)]ou65(Pop)140(Pop[RD
.
165
Atenção: é também usual definir-se a RD entre pessoas nas idades demograficamente “dependentes”
(convencionalmente, definidas com as idades abaixo de 15 e acima de 60 anos) e aquelas em idades
“economicamente produtivas” (15-60 anos) em uma população.
A taxa de dependência dos jovens (TDJ) - %100*)6415(Pop
)140(PopRD )140(
É a relação entre as pessoas menores de 15 anos e as de 15 a 64 anos.
A taxa de dependência dos idosos (TDI) - %100*)6415(Pop
)ou65(PopRD65
É a relação entre as pessoas de 65 anos e mais e as de 15 a 64 anos.
Índice de envelhecimento (IE) - É o resultado da razão entre a população de 65 anos ou mais e a
população de 0 a 14 anos de idade (com menos de 15 anos). Mede o número de pessoas idosas em
uma população, para cada grupo de 100 pessoas jovens.
%100*)140(Pop
)ou65(PopIE
.
Essa é a definição de alguns países desenvolvidos. No entanto, pode-se adotar o corte etário da
população idosa em 60 anos, de acordo com Rede Interagencial de Informações para a Saúde - Ripsa
e 25ª Conferência Sanitária Pan-Americana da Organização Pan-Americana da Saúde - Opas. Nesse
caso, o IE é a proporção de pessoas de 60 anos e mais por 100 indivíduos de 0 a 14 anos.
Curva logística de crescimento – é uma curva de crescimento populacional; segue uma relação
matemática, que estabelece uma curva em forma de S. A população tende assintoticamente a um
valor de saturação. Os parâmetros podem ser também estimados por regressão não linear. Uma das
formas de representar a logística, adequada para uma estimação de mínimos quadrados ordinários
(regressão linear), é a seguinte:
t
10
t
u
1
1Y
)(Ln.t)(Lnu
1
Y
1Ln 10
t
uYLim tt
Se 0 ≤ 1 ≤1
Onde:
0 = termo constante; i = coeficiente da regressão (i = 1, 2, ... n );
166
t = variável independente (tempo); Ln = Logaritmo na base natural (neperiana)
u = Limite superior (saturação)
Uma outra forma de escrever a logística é:
)]ctexp(.b1[
a
)]t.cexp(.ba[
1Y
1
1t
a
1a1
a
bb1
Onde: 1a é nível de saturação; 1b é ponto inicial do processo; e, c é a velocidade de crescimento do
processo. Também, 1tt
aYLim
.
(B) Indicadores de fecundidade
Taxas específicas de fecundidade (TEF) - Taxas de Fecundidade podem ser também obtidas para
grupos de idade específicos para fins de comparação ao longo do tempo ou para medir diferenças no
comportamento da fecundidade nas diferentes idades. No trabalho também foram calculadas as
Taxas Específicas de Fecundidade Marital (TEFM), que compara mulheres unidas com as não
unidas. Por exemplo para calcular a TEF das mulheres de 20 a 24 anos temos:
2420
2420
Mulheres
M12NVUTEF
,
Onde 2420M12NVU são os filhos nascidos vivos nos últimos 12 meses das mulheres de 20 a 24 anos.
Taxa bruta de natalidade (TBN) – A natalidade é medida através da TBN, que é definida como a
relação entre o número de crianças nascidas vivas durante um ano e a população total. Usualmente
esta relação é expressa por mil habitantes. Representa a freqüência com que ocorrem os nascimentos
em uma determinada população. É o quociente entre os nascidos vivos ocorridos em um determinado
ano e a população ao meio do ano, vezes 1000.
1000*P
NTBN
j
jj
.
Onde Nj é o número de nascidos vivos durante o ano j.
t0j )r1(PP onde t é contado exatamente da data do censo anterior até 1º de julho do ano j.
167
Coorte - Conjunto de indivíduos que estão experimentando um acontecimento similar no transcurso
de um mesmo período de tempo.
Coorte hipotética de mulheres - Num censo demográfico, a classificação das mulheres por grupos
quinquênais de idade, dentro do período fértil, está associada a uma análise de período. Uma análise
de coorte considera, por exemplo, um grupo de mulheres que ingressa no período fértil e, ao longo
do tempo, observa-se o comportamento do mesmo frente aos riscos de procriação. Entretanto, em um
único censo demográfico, mesclam-se distintas gerações de mulheres e, de acordo com o conceito da
taxa de fecundidade total, supõe-se o acompanhamento de como essas mulheres vão tendo seus
filhos ao longo do tempo. Por esse motivo, na definição conceitual da taxa de fecundidade total é
necessário enfatizar que o grupo de mulheres em questão trata-se de uma coorte hipotética.
Taxa de fecundidade total – É o número médio de crianças que teriam nascido vivas de uma
mulher ao longo do seu período reprodutivo se ela experimentar um mesmo conjunto de Taxas
Específicas de Fecundidade de um dado ano. É uma medida sintética, pois nenhuma mulher passará
três décadas sob o mesmo regime de fecundidade. A taxa de fecundidade total expressa o número de
filhos que, em média, teria uma mulher pertencente a uma coorte hipotética de mulheres, que durante
sua vida fértil tiveram seus filhos de acordo com as taxas de fecundidade por idade do período em
estudo.
Taxa de fecundidade por idade – A taxa de fecundidade por idade é geralmente calculada por
grupo quinquênal de idade, desde os 15 até os 49 anos. A taxa resulta da divisão do número de filhos
nascidos vivos de mulheres do grupo de idade, em um período de tempo próximo à data do censo
demográfico, usualmente os últimos 12 meses, pelo total de mulheres do mesmo grupo etário.
Nível de reposição da fecundidade – é o nível de fecundidade no qual uma coorte de mulheres tem
o número de filhos suficientes para “repor” a si mesmas na população. Uma vez alcançado o Nível
de Reposição, os nascimentos gradualmente atingem o equilíbrio com as mortes e na ausência de
imigração e emigração, uma população finalmente parará de crescer e se tornará estacionária.
Atualmente, a maioria dos países desenvolvidos apresenta fecundidade no nível de reposição ou
abaixo dele, mas as suas populações continuam a crescer.
Taxa bruta de reprodução – A taxa bruta de reprodução expressa o número de filhas que, em
média, teria uma mulher, pertencente a uma coorte hipotética de mulheres, que durante sua vida fértil
168
tiveram suas filhas de acordo com as taxas de fecundidade por idade do período em estudo e não
estiveram expostas a riscos de mortalidade desde o nascimento até o término do período fértil.
Taxa líquida de reprodução – A taxa líquida de reprodução expressa o número de filhas que, em
média, teria uma mulher, pertencente a uma coorte hipotética de mulheres, que durante sua vida fértil
tiveram suas filhas de acordo com as taxas de fecundidade por idade do período em estudo e
estiveram expostas a riscos de mortalidade desde o nascimento até o término do período fértil.
(C) Indicadores de mortalidade
Taxa bruta de mortalidade (TBM) - Representa a freqüência com que ocorrem os óbitos em uma
determinada população. É o quociente entre os óbitos ocorridos em um determinado ano e a
população ao meio do ano, vezes 1000. Como uma aproximação para o total de pessoas-ano, adota-
se a estimativa da população total no meio do ano (Julho), na suposição de que os nascimentos e
óbitos na população ocorram uniformemente no decorrer do ano. Como se trata de um período curto
(12 meses), tal suposição não introduz, de maneira geral, distorções significativas. Representa o risco
que tem uma pessoa dessa população de morrer no decorrer desse ano.
j
j
P
OTBM ,
j refere-se ao ano calendário. jO = Óbitos no ano j. tj rPP )1(0 .
Diferentemente da TBM, a TBN não é medida de risco, pois nem todas as pessoas incluídas no
denominador estão sujeitas a se tornarem pais ou mães no ano em questão. Neste campo, a medida
de risco é dada pelas taxas de fecundidade.
Taxa de mortalidade infantil (TMI) - A taxa de mortalidade infantil é definida como o número de
óbitos de menores de um ano de idade (por mil nascidos vivos), em determinada área geográfica e
período; interpreta-se como a estimativa do risco de um nascido vivo morrer durante o seu primeiro
ano de vida. Altas taxas de mortalidade infantil refletem, de maneira geral, baixos níveis de saúde, de
condições de vida e de desenvolvimento sócio-econômico. As taxas de mortalidade infantil são
geralmente classificadas em altas (50% ou mais), médias (20% - 49%) e baixas (menos de 20%), em
função da proximidade ou distância dos valores já alcançados pelas sociedades mais desenvolvidas
169
ao longo do tempo. No entanto, mesmo quando as taxas de mortalidade infantil são baixas no
conjunto, podem ser verificadas pronunciadas variações entre distintos segmentos da população.
A Taxa de Mortalidade Infantil corresponde ao risco que um nascido vivo tem de vir a falecer antes
de completar um ano de idade. Como seria necessário esperar dois anos para se poder calcular a TMI
dos nascidos vivos em um determinado ano e dada a dificuldade prática de se separar, em cada ano-
calendário, do total de óbitos infantis aqueles referentes a crianças nascidas no próprio ano e a
crianças nascidas no ano anterior usualmente toma-se como numerador da TMI os óbitos abaixo de
um ano ocorridos durante o ano calendário e como denominador o número de nascimentos do
mesmo ano.
J
j,01J
N
OTMI ou 000.1*
vivos_nascidos_de_Total
ano_1_e_0_entre_ÓbitosTMI
Onde j,01O são todos os óbitos ocorridos abaixo de 1 ano ocorridos no ano j independente do ano de
nascimento
Taxa específica de mortalidade - Se refere ao risco de morte em cada idade ou em cada grupo
etário. Corresponde ao quociente entre o total de óbitos, num determinado ano, em cada idade ou
grupo etário e a população correspondente no meio do ano. Representamos por:
jxn
nOjxn
PTEM
jx
,,
,
Onde x é a idade limite inferior do grupo etário e j o ano em questão.
Taxas de Mortalidade podem ser obtidas por grupos específicos de idade a fim de comparar a
mortalidade nas diferentes idades ou identificar suas mudanças no tempo num mesmo grupo etário.
Através delas pode-se também realizar comparações temporais entre áreas e entre regiões.
Geralmente, trabalha-se com grupos quinquênais de idade sendo o primeiro grupo (0 a 4 anos)
desagregado em: 0 a menos de 1 ano e 1 a 4 anos, dado o peso da mortalidade infantil.
000.1*anos_6965_entre_População
anos_6965_entre_ÓbitosTEM 6965
170
Proporção de óbitos por causa específica (POCE) – Expressa os óbitos por causas específicas em
relação ao total de óbitos. Por exemplo, para calcular a proporção de óbitos por causas externas
temos:
100*óbitos_de_Total
externas_causas_ÓbitosPOCEexternas
Probabilidade de morte entre duas idades exatas x e x + n - sendo n a amplitude do intervalo é o
quociente entre os óbitos ocorridos entre as idades exatas x e x+n e os sobreviventes na idade exata
x. Fornece a probabilidade de um indivíduo que atingiu a idade x não atingir a idade x+n.
Esperança de vida, expectativa de vida ou vida média em uma idade x qualquer – É o número
médio de anos que um indivíduo de idade x esperaria viver a partir desta idade. Particularmente, se x
= 0, tem-se a expectativa de vida ao nascimento.
(D) Migração
Saldo migratório (SM) - O saldo migratório de um país, ou qualquer subdivisão geográfica do
mesmo, para um determinado período de tempo é obtido pela diferença entre o volume de entradas e
saídas no mesmo período.
SM =(Imigrante – Emigrante)
Taxa líquida de migração - A taxa líquida de migração é obtida pela diferença entre a taxa de
emigração e de imigração ou o quociente entre o saldo migratório em um determinado período e a
população ao meio do período vezes mil.
171
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Estudos Populacionais, 24p, 2000, Caxambu. Belo Horizonte: CEDEPLAR, 1 CD-ROM.
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regimes de fecundidade no Brasil e sua variação entre 1991 e 2000. XIV Encontro Nacional de
Estudos Populacionais, ABEP, Caxambu-MG, 2004.
Berquó, Elza e Cavenaghi, Suzana (2005), Increasing Adolescent and Youth Fertility in Brazil: a
new trens or a one-time event?, (paper apresentado no Encontro Anual da Population Association
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Bezerra, Omyr Leal (2009), Cariacica – Resumo Histórico, 2ª Edição, IPEDOC, 2009.
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In Agenda Serra 21: plano estratégico 2007-2027, PMS, 2008, pp 30-40. Trabalho completo em CD,
Estudo Temático: Dinâmica Populacional. Elaboração em abril-dezembro/2007. (disponível em
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