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Módulo II
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Sumário
Unidade 3 – Crimes Ambientais.................................................................................... 3
3.1 – Licenciamento ambiental.................................................................................. 3
3.2 – Código Florestal atualizado ............................................................................ 16
3.3 – Crimes praticados contra o meio ambiente...................................................... 25
Unidade 4 – Direito Processual ................................................................................... 36
4.1 – Aspectos gerais............................................................................................... 36
4.2 – Ação civil pública........................................................................................... 40
4.3 – Ação popular ambiental.................................................................................. 54
4.4 – Mandado de segurança coletivo ambiental...................................................... 69
4.5 – Mandado de injunção ambiental ..................................................................... 80
Conclusão do Módulo II.............................................................................................. 97
Bibliografia................................................................................................................. 98
3
Unidade 3 – Crimes Ambientais
Olá, aluno(a)!
Nesta unidade, vamos aprender sobre crimes ambientais. A princípio,
receberemos informações sobre as políticas de licenciamento ambiental, com destaque
para os tipos de licenciamento e o caminho para consegui-las.
Em seguida, vamos conhecer as alterações propostas e implantadas pelo Novo
Código Florestal.
Por fim, vamos conhecer os crimes efetivamente praticados contra o meio
ambiente.
Bom estudo!
3.1 – Licenciamento ambiental
A Resolução do CONAMA nº.
237/97, define a licença ambiental como
sendo "o ato administrativo pelo qual o
Poder Público, via órgão ambiental
competente, estabelece as condições, as
restrições e as medidas de controle
ambiental a serem cumpridas pelo
empreendedor para a implantação de
empreendimentos ou atividades
utilizadoras dos recursos naturais, efetiva
ou potencialmente poluidoras".
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O licenciamento ambiental pode ser definido como um procedimento realizado
por órgão público ambiental que tem por objetivo autorizar a localização, a instalação, a
ampliação e a operação de negócios ou as atividades que venham a utilizar em alguma
parte de seu processo de produção, os recursos ambientais, podendo se tornar poluidoras
ou que possam causar algum tipo de degradação ambiental.
Trata-se de um instrumento fundamental para a garantia de cumprimento da
Política Nacional do Meio Ambiente, tendo a administração pública, o poder de
controlar atividades empresariais que possam causar danos ou alterações nas condições
ambientais. Neste sentido, a licença ambiental tem por princípio estabelecer um
equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a manutenção dos recursos naturais,
assegurando um desenvolvimento sustentável.
O Licenciamento Ambiental está previsto na Lei 6.938/81, mais precisamente
em seu artigo 10:
“Art. 10 – A construção, instalação, ampliação e funcionamento de
estabelecimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais,
efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma,
de causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento
ambiental.”
Em razão da grande preocupação com o meio ambiente, o mercado tem se
tornado cada vez mais exigente em adquirir produtos e serviços de empresas que
cumpram todas as normas ambientais. No mesmo sentido, órgãos de financiamentos e
incentivos governamentais estão condicionando seus financiamentos e aprovações de
projetos à apresentação da licença ambiental.
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Tipos de licenças
O licenciamento ambiental apresenta três tipos básicos de licenças que podem
ser emitidas de forma sucessivas ou isoladas. São elas:
1. Licença Prévia (LP)
O processo de licenciamento se inicia com a Licença Prévia (LP). Nesta primeira
etapa, o órgão responsável deverá avaliar a localização e a concepção do
empreendimento, no qual deverá atestar a sua viabilidade ambiental.
Nesta etapa preliminar são definidos todos os aspectos relacionados com
controle ambiental, observando principalmente, e com base na Lei de Zoneamento
Municipal, se a área sugerida para instalação da empresa é tecnicamente adequada.
2. Licença de Instalação (LI)
Alcançado a primeira etapa na qual verifica-se a viabilidade do local e a
definição de medidas de proteção ambiental, passa-se ao requerimento da Licença de
Instalação (LI), com a qual se concede o direito de construir o empreendimento e
instalar os equipamentos necessários.
Importante ressaltar que todo o processo de construção e instalação deve seguir
rigorosamente o projeto apresentado. Qualquer alteração deve ser avaliada pelo órgão
licenciador.
3. Licença de Operação (LO)
Esta é a última etapa do processo na qual o órgão licenciador irá autorizar o
funcionamento do empreendimento. A Licença de Operação (LO) só será emitida
quando o órgão verificar que todas as orientações das licenças anteriores foram
cumpridas e que as medidas de controle ambiental são eficazes.
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Segmentos de mercado obrigados a adotarem a licença ambiental
A Resolução CONAMA 237/97 estabelece os segmentos obrigados a possuir
uma licença ambiental. Observe a relação a seguir:
Extração e tratamento
de minerais
– pesquisa mineral com guia de utilização;
– lavra a céu aberto, inclusive de aluvião, com ou
sem beneficiamento;
– lavra subterrânea com ou sem beneficiamento;
– lavra garimpeira;
– perfuração de poços e produção de petróleo e gás
natural.
Indústria de produtos
minerais não
metálicos
– beneficiamento de minerais não metálicos, não
associados à extração;
– fabricação e elaboração de produtos minerais não
metálicos tais, como: produção de material cerâmico,
cimento, gesso, amianto, vidro, entre outros.
Indústria metalúrgica
– fabricação de aço e de produtos siderúrgicos;
– produção de fundidos de ferro e
aço/forjados/arames/relaminados com ou sem
tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia;
– metalurgia dos metais não-ferrosos, em formas
primárias e secundárias, inclusive ouro;
– produção de laminados/ligas/artefatos de metais
não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície,
inclusive galvanoplastia;
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– relaminação de metais não-ferrosos, inclusive ligas;
– produção de soldas e anodos;
– metalurgia de metais preciosos;
– metalurgia do pó, inclusive peças moldadas;
– fabricação de estruturas metálicas com ou sem
tratamento de superfície, inclusive galvanoplastia;
– fabricação de artefatos de ferro/aço e de metais
não-ferrosos com ou sem tratamento de superfície,
inclusive galvanoplastia;
– têmpera e cementação de aço, recozimento de
arames e tratamento de superfície.
Indústria mecânica
– fabricação de máquinas, aparelhos, peças,
utensílios e acessórios com e sem tratamento térmico
e/ou de superfície.
Indústria de material
elétrico, eletrônico e
comunicações
– fabricação de pilhas, baterias e outros
acumuladores.
– fabricação de material elétrico, eletrônico e
equipamentos para telecomunicação e informática;
– fabricação de aparelhos elétricos e
eletrodomésticos.
Indústria de material
de transporte
– fabricação e montagem de aeronaves;
– fabricação e reparo de embarcações e estruturas
flutuantes.
Indústria de madeira
– serraria e desdobramento de madeira;
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– preservação de madeira;
– fabricação de chapas, placas de madeira
aglomerada, prensada e compensada;
– fabricação de estruturas de madeira e de móveis.
Indústria de papel e
celulose
– fabricação de celulose e pasta mecânica;
– fabricação de papel e papelão;
– fabricação de artefatos de papel, papelão, cartolina,
cartão e fibra prensada.
Indústria de borracha
– beneficiamento de borracha natural;
– fabricação de câmara de ar e fabricação e
recondicionamento de pneumáticos;
– fabricação de laminados e fios de borracha;
– fabricação de espuma de borracha e de artefatos de
espuma de borracha, inclusive látex.
Indústria de couros e
peles
– secagem e salga de couros e peles;
– curtimento e outras preparações de couros e peles;
– fabricação de artefatos diversos de couros e peles;
– fabricação de cola animal.
Indústria química
– produção de substâncias e fabricação de produtos
químicos;
– fabricação de produtos derivados do processamento
de petróleo, de rochas betuminosas e da madeira;
– fabricação de combustíveis não derivados de
petróleo;
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– produção de óleos/gorduras/ceras vegetais-
animais/óleos essenciais vegetais e outros produtos
da destilação da madeira;
– fabricação de resinas e de fibras e fios artificiais e
sintéticos e de borracha e látex sintéticos;
– fabricação de
pólvora/explosivos/detonantes/munição para caça-
desporto, fósforo de segurança e artigos pirotécnicos;
– recuperação e refino de solventes, óleos minerais,
vegetais e animais;
– fabricação de concentrados aromáticos naturais,
artificiais e sintéticos;
– fabricação de preparados para limpeza e polimento,
desinfetantes, inseticidas, germicidas e fungicidas;
– fabricação de tintas, esmaltes, lacas, vernizes,
impermeabilizantes, solventes e secantes;
– fabricação de fertilizantes e agroquímicos;
– fabricação de produtos farmacêuticos e
veterinários;
– fabricação de sabões, detergentes e velas;
– fabricação de perfumarias e cosméticos;
– produção de álcool etílico, metanol e similares.
Indústria de produtos
de matéria plástica
– fabricação de laminados plásticos;
– fabricação de artefatos de material plástico.
Indústria têxtil, de
vestuário, calçados e
artefatos de tecidos
– beneficiamento de fibras têxteis, vegetais, de
origem animal e sintético;
– fabricação e acabamento de fios e tecidos;
– tingimento, estamparia e outros acabamentos em
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peças do vestuário e artigos diversos de tecidos;
– fabricação de calçados e componentes para
calçados.
Indústria de produtos
alimentares e bebidas
– beneficiamento, moagem, torrefação e fabricação
de produtos alimentares;
– matadouros, abatedouros, frigoríficos, charqueadas
e derivados de origem animal;
– fabricação de conservas;
– preparação de pescados e fabricação de conservas
de pescados;
– preparação, beneficiamento e industrialização de
leite e derivados;
– fabricação e refinação de açúcar;
– refino/preparação de óleo e gorduras vegetais;
– produção de manteiga, cacau e gorduras de origem
animal para alimentação;
– fabricação de fermentos e leveduras;
– fabricação de rações balanceadas e de alimentos
preparados para animais;
– fabricação de vinhos e vinagre;
– fabricação de cervejas, chopes e maltes;
– fabricação de bebidas não alcoólicas, bem como
engarrafamento e gaseificação de águas minerais;
– fabricação de bebidas alcoólicas.
Indústria de fumo
– fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras
atividades de beneficiamento do fumo.
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Indústrias diversas
– usinas de produção de concreto;
– usinas de asfalto;
– serviços de galvanoplastia.
Obras civis
– rodovias, ferrovias, hidrovias e metropolitanos;
– barragens e diques;
– canais para drenagem;
– retificação de curso de água;
– abertura de barras, embocaduras e canais;
– transposição de bacias hidrográficas;
– outras obras de arte.
Serviços de utilidade
– produção de energia termoelétrica;
– transmissão de energia elétrica;
– estações de tratamento de água;
– interceptores, emissários, estação elevatória e
tratamento de esgoto sanitário;
– tratamento e destinação de resíduos industriais
(líquidos e sólidos);
– tratamento/disposição de resíduos especiais, tais
como: os agroquímicos e suas embalagens usadas, os
de serviço de saúde, entre outros;
– tratamento e destinação de resíduos sólidos
urbanos, inclusive aqueles provenientes de fossas;
– dragagem e derrocamentos em corpos d’água;
– recuperação de áreas contaminadas ou degradadas.
- transporte de cargas perigosas.
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Transporte, terminais
e depósitos
– transporte por dutos;
– marinas, portos e aeroportos;
– terminais de minério, petróleo e derivados e
produtos químicos;
– depósitos de produtos químicos e produtos
perigosos.
Turismo
– complexos turísticos e de lazer, inclusive parques
temáticos e autódromos.
Atividades diversas
– parcelamento do solo;
– distrito e polo industrial.
Atividades
agropecuárias
– projeto agrícola;
– criação de animais;
– projetos de assentamentos e de colonização.
Uso de recursos
naturais
– silvicultura;
– exploração econômica da madeira ou lenha e
subprodutos florestais;
– atividade de manejo de fauna exótica e criadouro
de fauna silvestre;
– utilização do patrimônio genético natural;
– manejo de recursos aquáticos vivos;
– introdução de espécies exóticas e/ou geneticamente
modificadas;
– uso da diversidade biológica pela biotecnologia.
Fonte: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res97/res23797.html
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Como obter uma licença ambiental
Para obter uma das licenças ambientais, é preciso seguir alguns passos que,
sucintamente, passamos a descrever:
1. Passo
O primeiro passo é identificar qual é a licença ambiental a ser requerida. Neste
sentido, deve-se observar se trata-se de um empreendimento novo ou não. Cada situação
exigirá um tipo de licença.
2. Passo
Em seguida é preciso identificar o órgão responsável por emitir a licença
ambiental, por exemplo:
•••• Empreendimentos que ultrapassem os limites do Estado, o licenciamento
é emitido pelo IBAMA.
•••• Empreendimentos restritos aos limites do Estado, o licenciamento deve
ser requerido pela FEEMA.
Os próximos passos se referem aos casos de licenças emitidas pelo FEEMA, por
serem as mais comuns.
3. Passo
Depois de identificar o órgão licenciador e o tipo de licença, é necessário
solicitar os formulários de requerimento e cadastro industrial.
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4. Passo
Em seguida, inicia-se a coleta de dados e documentos, que podem diferenciar-se
dependendo de certos requisitos, como: tamanho da empresa, grau de risco, fase do
licenciamento, entre outras informações. De qualquer forma, apresentamos um rol com
os principais documentos exigidos:
• Memorial descritivo do processo industrial da empresa;
• Formulário de Requerimento preenchido e assinado pelo representante legal;
• Cópia do CPF e Identidade do representante legal que assinar o requerimento;
• Cópias dos CPF’s e Registros nos Conselhos de Classe dos profissionais
responsáveis pelo projeto, construção e operação do empreendimento;
• Cópias do CPF e Identidade de pessoa encarregada do contato entre a empresa
e o órgão ambiental;
• Cópias da Procuração, do CPF e da Identidade do procurador, quando houver;
• Cópia da Ata da eleição da última diretoria, quando se tratar de sociedade
anônima, ou contrato social registrado, quando se tratar de sociedade por cotas
de responsabilidade limitada;
• Cópia do CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica;
• Cópias do registro de propriedade do imóvel ou de certidão de aforamento ou
cessão de uso;
• Cópia da Certidão da Prefeitura indicando que o enquadramento do
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empreendimento está em conformidade com o a Lei de Zoneamento Municipal;
• Cópia da Licença ambiental anterior, se houver;
• Guia de Recolhimento (GR) do custo de Licença. A efetuação do pagamento e
custo da taxa referente deverá ser orientada pelo órgão;
• Planta de Localização do empreendimento. Poderá a empresa anexar cópia de
mapas do Guia Rex ou outros mapas de ruas, indicando sua localização;
• Croquis ou planta hidráulica das tubulações que conduzem os despejos
industriais, esgotos sanitários, águas de refrigeração, águas pluviais etc. A
representação dessas tubulações deverão ser representadas com linhas em cores
ou traços diferentes.
5. Passo
O requerente, depois de levantados os documentos exigidos, deve preencher o
cadastro de atividade industrial. Trata-se de um documento que descreve a operação da
empresa, destacando o produto fabricado, fontes de abastecimento de água, efluentes
gerados, entre outros.
6. Passo
Depois de realizar o preenchimento e o levantamento de todos os documentos,
esse processo deve ser levado ao órgão licenciador para que possa ser aberto o processo
de requerimento da licença.
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7. Passo
Depois de conferir os documentos entregues e estes forem aprovados, é preciso
realizar a publicação de abertura de processo em jornal de grande circulação e no Diário
Oficial.
3.2 – Código Florestal atualizado
O Novo Código Florestal, Lei
no. 12.651, de 25 de maio de 2012, é
um documento que regula as áreas de
proteção ambiental e estabelece
regras para os direitos de propriedade
que se encontram em regiões de
proteção e preservação de vegetações
nativas.
Veja o que diz o artigo 1º. da Lei no. 12.651/12:
“Art. 1o-A – Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da
vegetação, áreas de Preservação Permanente e as áreas de Reserva
Legal; a exploração florestal, o suprimento de matéria-prima
florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e
prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos
e financeiros para o alcance de seus objetivos.
Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvimento
sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios:
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I – afirmação do compromisso soberano do Brasil com a preservação
das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da
biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do
sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e
futuras;
II – reafirmação da importância da função estratégica da atividade
agropecuária e do papel das florestas e demais formas de vegetação
nativa na sustentabilidade, no crescimento econômico, na melhoria da
qualidade de vida da população brasileira e na presença do País nos
mercados nacional e internacional de alimentos e bioenergia;
III – ação governamental de proteção e uso sustentável de florestas,
consagrando o compromisso do País com a compatibilização e
harmonização entre o uso produtivo da terra e a preservação da
água, do solo e da vegetação;
IV – responsabilidade comum da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, em colaboração com a sociedade civil, na criação de
políticas para a preservação e restauração da vegetação nativa e de
suas funções ecológicas e sociais nas áreas urbanas e rurais;
V – fomento à pesquisa científica e tecnológica na busca da inovação
para o uso sustentável do solo e da água, a recuperação e a
preservação das florestas e demais formas de vegetação nativa;
VI – criação e mobilização de incentivos econômicos para fomentar a
preservação e a recuperação da vegetação nativa e para promover o
desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis.”
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O Código Florestal realmente precisava passar por uma série de atualizações, em
razão de sua longa história.
O primeiro Código que tratava do meio ambiente, foi criado em 1934 pelo
Decreto no. 23.793/34. Somente em 1965, através da Lei no. 4.771/65 é que o Código
Florestal passou por uma atualização, estabelecendo novas regras para a preservação
ambiental. Por fim, depois de anos de discussão, em 2012 foi aprovado o novo Código
Florestal, através da Lei no. 12.651/12, mas que ainda traz em seu bojo uma série de
discussões e vetos, como veremos ao longo desse tópico.
Os dois pontos principais continuam sendo a Reserva Legal e a área de
Preservação Ambiental que veremos a seguir:
Reserva Legal
A Lei em seu artigo 2º. define a reserva legal da seguinte forma:
“Área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural,
delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso
econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural,
auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e
promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a
proteção de fauna silvestre e da flora nativa;”
Esta delimitação de que trata o artigo 12, baseia-se nos seguintes valores:
• 80% em áreas de floresta da Amazônia Legal;
• 35% em áreas no cerrado brasileiro;
• 20 % em áreas em campos gerais;
• 20% nos demais biomas de regiões do país.
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Área de Preservação Ambiental (APP)
Da mesma forma que a Reserva Legal, a Lei também define em seu artigo 2º. A
Área de Preservação Ambiental (APP) da seguinte forma:
“Área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a
estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de
fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
humanas;”
O objetivo das áreas de preservação permanente é assegurar que locais mais
frágeis sejam preservados. Podemos considerar como locais frágeis, as beiras de rios,
topos de morros e encostas que, se forem desmatados, poderão trazer sérios danos ao
meio ambiente, como: erosões e deslizamentos de terra, perdas de nascentes, entre
outros.
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Reforma do Código Florestal
Fonte: http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/04/entenda-o-que-diz-o-codigo-florestal-ser-votado-na-camara.html
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Aprovação do Código Florestal foi um dos destaques do Legislativo
em 2012
Novo código foi aprovado após vários anos de discussão entre parlamentares,
governo, ruralistas e ambientalistas.
Um dos principais destaques na agenda legislativa de 2012, o novo Código
Florestal (Lei 12.651/12) foi aprovado após anos de muita discussão entre
parlamentares, governo, ruralistas e ambientalistas. A lei veio como uma
tentativa de regularizar a situação de mais de 4 milhões de propriedades
rurais com alguma pendência ambiental – 80% do total.
A pressão de produtores por mudanças na lei anterior, de 1965, ganhou força
no Congresso nos últimos quatro anos, após o governo do ex-presidente Lula
editar um decreto prevendo multa a quem descumprisse os índices de reserva
legal na propriedade.
Durante os debates no Legislativo, a aplicação das multas pelo
descumprimento da reserva legal foi adiada seguidas vezes. Até que, com a
aprovação do novo código em maio e algumas alterações em outubro, por
meio da Medida Provisória 571/12 (convertida na Lei 12.727/12), produtores
e governo chegaram a um consenso de que a regularização poderia ser
flexibilizada conforme o tamanho da propriedade e o período de ocorrência
do desmatamento.
O deputado Bohn Gass (PT-RS), que presidiu a comissão especial sobre a
MP 571, avalia que, apesar dos embates entre ruralistas, ambientalistas e
governo, o texto final mantém o foco na justiça social.
"Nos lugares onde não há nenhuma árvore e precisa haver recuperação, ela
obedece a uma justiça social. O pequeno agricultor vai recompor menos, o
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médio mais e o maior ainda mais. É como na justiça tributária: quem tem
muito paga muito e quem tem pouco paga pouco", disse Bohn Gass.
Pequeno agricultor
Com 84 artigos, o novo código abre uma série de excepcionalidades para os
pequenos agricultores. Todo agricultor deve se inscrever no Cadastro
Ambiental Rural, em fase de estruturação pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelos estados. Para
os agricultores familiares, a inscrição será simplificada e deverá contar com
apoio técnico e jurídico do poder público.
O cadastro é o primeiro passo para a adesão aos programas de regularização
ambiental, a serem coordenados pelos governos federal e estaduais até 2014.
Imóveis com mais de quatro módulos fiscais devem recuperar áreas de
preservação permanente (APPs) desmatadas às margens de rios em índices
que variam entre 20 e 100 metros, conforme o tamanho do curso d'água.
Já os pequenos devem recompor as matas ciliares em índices que vão de 5 a
15 metros, dependendo da extensão da propriedade e independentemente da
largura do rio.
Durante a última etapa de discussão no Congresso, a maioria dos
parlamentares decidiu incluir critérios especiais também para as médias
propriedades na recomposição de matas ciliares em rios de até 10 metros de
largura. O governo discordou e vetou a mudança, sob o argumento de que a
inclusão dos médios reduziria a proteção mínima originalmente proposta.
Médios proprietários
Apesar de considerar os critérios do novo código razoáveis, o ex-ministro da
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Agricultura e hoje deputado Reinhold Stephanes (PSD-PR) prevê problemas
na aplicação da legislação para os médios proprietários.
"Uma propriedade até quatro módulos, pequena, de maneira geral, está com
uma legislação muito adequada e bem protegida para poder executar esta
legislação. Mas uma propriedade com cinco módulos, ligeiramente superior,
já está fora e pode perder até 60% da sua área de produção e se tornar
inviável nos moldes que ela vem produzindo. Esses fatos vão acontecer",
disse Stephanes.
Pelo novo código, a reserva legal continua variando entre 20% e 80% de
mata nativa na propriedade, dependendo da região do país. O proprietário
pode incluir no cálculo da reserva outras áreas obrigatórias de preservação,
como as matas às margens de rios. Esta possibilidade era bastante restrita
antes.
Para as pequenas propriedades, a área de reserva é considerada regularizada
se o imóvel possuía algum remanescente de vegetação nativa até julho de
2008, mesmo que em índices inferiores aos exigidos pela lei.
Preocupação ambiental
Na prática, as áreas protegidas vão diminuir, o que preocupa ambientalistas
como o advogado Raul do Valle, do Instituto Socioambiental. Ele lembra que
as regras mais brandas vão atingir, principalmente, as regiões mais carentes
de vegetação nativa e, por isso, mais sujeitas aos problemas de água e
fertilidade do solo.
“Esta lei criou duas categorias de cidadãos. Os cidadãos que respeitaram a lei
terão obrigação de preservação muito maior do que os que não preservaram”,
disse Valle.
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O advogado também alertou sobre os riscos do chamado cadastramento
fracionado de imóveis, isto é, quando uma grande propriedade é registrada no
cartório como se fosse várias propriedades menores. “Há um risco sério de
que, se não houver no decreto uma proibição do cadastramento fracionado de
imóveis, a anistia que foi direcionada para os pequenos tende a se espraiar
para médios e grandes."
Raul do Valle lembrou que, para o Código Florestal antigo, a forma de
registro da propriedade em cartório era irrelevante. Com o novo código, no
entanto, as regras de recuperação variam conforme o tamanho da
propriedade.
Por enquanto, o governo editou apenas um decreto para regulamentar pontos
gerais do Cadastro Ambiental Rural e do Programa de Regularização
Ambiental.
Regulamentação do código
Na avaliação de Rodrigo Justus, assessor de Meio Ambiente da
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a regulamentação
do novo código terá de definir com mais clareza as especificidades de cada
tipo de produtor e região, bem como os prazos para conversão de áreas
produtivas em mata nativa obrigatória.
"O país não detém toda a tecnologia para fazer as soluções. Para cada
situação, terá um incremento de custos. A tarefa de fazer (a conversão) não é
simples, mesmo para quem tem dinheiro", disse Justus.
Pelo novo código, ao se cadastrar e aderir ao Programa de Regularização
Ambiental, o produtor terá suspensas as multas e outras sanções relativas ao
desmatamento irregular de vegetação nativa ocorrido até julho de 2008.
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3.3 – Crimes praticados contra o meio ambiente
Para que possamos adquirir uma ideia mais concreta sobre crimes praticados
contra o meio ambiente, é de fundamental importância, nós entendermos o conceito de
“crime ambiental”. Neste sentido, vamos, primeiramente, compreender esses dois
conceitos (crime e ambiente) separadamente.
Se cumprir os prazos e as condições estabelecidos no termo de regularização,
as multas serão convertidas em serviços ambientais. As punições também
permanecem suspensas enquanto os programas de regularização não saírem
do papel.
A estimativa do Executivo é de que mais de 20 milhões de hectares de matas
nativas serão recuperados no país.
Reportagem - Ana Raquel Macedo/Rádio Câmara
Edição – Pierre Triboli
Fonte: http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/433399-APROVACAO-DO-
CODIGO-FLORESTAL-FOI-UM-DOS-DESTAQUES-DO-LEGISLATIVO-EM-2012.html
26
Para o Professor Damásio E. de Jesus, crime nada mais é que “a violação de um
bem penalmente protegido” cometido através de “um fato típico e antijurídico”, ou seja,
para que um crime ocorra é preciso que haja uma conduta dolosa ou culposa, com um
resultado e um nexo entre conduta e resultado. Também é preciso que tal fato seja
enquadrado por nosso ordenamento jurídico como crime. Por sua vez, ambiente é o
local onde a vida acontece em todas as suas formas.
Com estas duas definições, podemos concluir que crime ambiental é qualquer
ato que possa causar dano ou prejuízo aos elementos que compõem nosso meio
ambiente. Passamos agora a analisar os crimes ambientais em suas principais espécies:
Crimes contra a fauna
Podemos definir fauna como sendo um conjunto de animais, sejam eles
terrestres ou aquáticos que vivem em uma determinada área. Em nosso estudo, estamos
determinando como área, todo o território nacional, e, como fauna, todos os animais
terrestres ou aquáticos, nativos ou migratórios ou qualquer outra espécie que tenha pelo
menos parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos limites de nosso território ou em
águas nacionais.
Os crimes contra a fauna estão previstos pela Lei no. 9.605/98, entre os artigos
29 ao 37 e pelo Decreto 6.514/08, cujas penas podem ser de detenção, reclusão e multas
como veremos:
• Pena de detenção: variam de 3 meses a 3 anos;
• Pena de reclusão: variam de 1 a 5 anos;
• Multa: variam de R$ 50,00 a R$ 1.000.000,00, dependendo do crime praticado.
De forma resumida, os principais crimes contra a fauna, previstos pela Lei no.
9.605/98, são:
27
1. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos
ou em rota migratória, sem que a autoridade competente autorize a realização
de tais atos ou que os atos estejam em desacordo com a autorização obtida;
Praticam crime também, as pessoas que impeçam a procriação da fauna sem a
devida autorização ou em desacordo com esta; Por sua vez, podem ser
penalizados aqueles que modificam, danificam ou destroem ninhos, abrigos ou
criadouros naturais; quem utiliza comercialmente ou mantém sob sua guarda,
sem autorização, ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota
migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos;
2. Exportar de forma ilegal peles e couros de anfíbios e répteis em bruto;
3. Trazer para o país espécime animal, sem autorização das autoridades
competentes;
4. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,
domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, mesmo que tais atos tenham
fins didáticos ou científicos;
5. Provocar a morte de espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos,
açudes, lagoas, baías ou águas jurisdicionais brasileiras. No mesmo crime,
incorre quem causa destruição de viveiros, açudes ou estações de aquicultura
de domínio público;
6. Pratica crime ambiental quem realiza pesca em período proibido ou em lugares
interditados por órgão competente. No mesmo sentido, incorre em crime quem
pesca quantidades superiores às permitidas ou com utilização de aparelhos,
apetrechos, técnicas e métodos não permitidos.
28
Crimes contra a flora
A flora deve ser definida como um conjunto de espécies vegetais, podendo ser
plantas, árvores, arbustos etc, de uma determinada região ou ecossistema, como é o caso
da Amazônia, da Mata Atlântica, do Cerrado, do Pantanal, entre outras. Utilizando o
mesmo princípio da fauna, trabalharemos com a ideia de território nacional.
O Brasil possui um dos ecossistemas com a maior diversidade de espécies do
mundo, com mais de 55 mil espécies de plantas, representando cerca de 22% do total no
mundo. Em razão disso, podemos destacar uma legislação rica em relação à sua
proteção. Entre as principais áreas protegidas por lei, podemos destacar:
• As Áreas de Proteção Permanente (APP): sua proteção está prevista pelo
Código Florestal;
• Áreas especialmente protegidas, como Reservas Biológicas, Reservas
Ecológicas, Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, Reserva
Extrativista, entre outras: sua proteção está prevista pela Constituição Federal,
art. 225, parágrafo. 1º., III;
• Patrimônio Nacional como a Floresta Amazônica, Pantanal, Mata
Atlântica, entre outras: sua proteção está prevista pela Constituição Federal,
art. 225, parágrafo 4º.
Os crimes contra a fauna estão previstos pela Lei no. 9.605/98 entre os artigos
38 ao 56, cujas penas podem ser de detenção, reclusão e multas, como veremos:
• Causar destruição em florestas de preservação permanente, mesmo aquelas em
formação;
• Cortar árvores em floresta de preservação permanente;
29
• Provocar incêndios em mata ou floresta;
• Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas
florestas e em demais formas de vegetação;
• Retirar de florestas qualquer tipo de mineral, como pedra, areia e cal, sem prévia
autorização dos órgãos responsáveis;
• Cortar ou transformar em carvão madeira de lei para exploração pessoal ou
econômica, em desacordo com as determinações legais;
• Receber ou adquirir, para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e
outros produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do
vendedor;
• Criar empecilhos para a regeneração natural de florestas e demais formas de
vegetação;
• Destruir ou danificar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em
propriedade privada alheia;
• Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de
dunas, protetora de mangues e objeto de especial preservação;
• Comercializar motosserra ou utilizá-la em florestas e nas demais formas de
vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente;
• Penetrar em unidades de conservação conduzindo substâncias ou instrumentos
próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais,
sem licença da autoridade competente.
30
Poluição das águas
É de notório conhecimento que a água é um dos bens mais preciosos que temos e
de recursos limitados. Desta forma, seu uso irracional e a poluição indiscriminada
podem antecipar ainda mais a sua falta. Obviamente, não estamos aqui falando de água
salgada, uma vez que nosso planeta é composto de aproximadamente 2/3 deste líquido,
mas de água doce, própria para consumo que pode ser encontrada em rios, lagos e
reservas aquíferas. Não que as águas marinhas não sejam importantes, mas nosso foco
irá se concentrar nas águas passíveis de consumo em razão de sua evidente importância.
O Professor Fiorillo define a poluição da água como sendo: “qualquer alteração
química, física ou biológica que possa importar em prejuízo à saúde, à segurança e ao
bem-estar das populações, causar dano à flora e à fauna, ou comprometer o seu uso
para finalidades sociais e econômicas”.
Neste sentido, podemos considerar alterações qualquer lançamento ou emissão
de substância contaminante, como dejetos industriais, lixos, esgotos não tratados,
derivados de petróleo e mineração, ou qualquer outra substância que possa comprometer
direta ou indiretamente as propriedades naturais da água, tornando-a imprópria para uso
ou consumo.
Criar políticas de proteção da água é fundamental para a manutenção de uma
vida saudável, já que a falta de água potável pode causar diversas doenças, como:
diarreia, esquistossomose, hepatite, febre tifóide em uma série de outros problemas que,
se não forem adequadamente tratados, podem levar à morte.
Poluição atmosférica
A poluição do ar, assim como a poluição das águas, traz prejuízos a todas as
espécies animais e vegetais existentes na Terra. Toda alteração provocada no ar, pode
comprometer os processos de fotossínteses de plantas terrestres, a alteração de
31
vegetação aquática e sérios problemas respiratórios, como: enfisema, bronquite, rinite
alérgica e uma série de problemas de menor expressão.
Entre os fenômenos mais comuns causados pela poluição do ar, podemos
destacar:
• Smog
Esta palavra tem origem na junção das palavras em inglês smoke (fumaça) + fog
(nevoeiro). Trata-se de um fenômeno causado pela poluição, principalmente em grandes
centros urbanos, no qual uma massa de ar, composta por diversos gases emitidos por
veículos, fábricas, entre outros, permanece estagnada sobre as cidades, proporcionando
sérios danos aos pulmões.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Smog
Efeito estufa
Trata-se de um isolamento térmico do planeta, ou seja, a emissão de diversos
gases tóxicos, como a queima de dióxido e monóxido de carbono, gás metano, entre
outros, que sobem para a atmosfera, criando uma camada isolante, o que provoca o
aumento da temperatura na superfície da Terra.
Ligado a isso, temos também a destruição da camada de ozônio responsável por
absorver os raios ultravioletas. Se não existir mais esta camada, esses raios atingem a
32
superfície terrestre, podendo causar sérios danos a saúde do homem, como o câncer de
pele.
Chuvas ácidas
A chuva ácida é provocada pela presença de ácido sulfúrico no ar, o que pode
provocar sérios danos à vida terrestre e aquática, além de prejudicar florestas e o próprio
solo, proporcionando mais prejuízos à população.
A proteção do ar está prevista em vários diplomas legais, como: a Lei dos
Crimes Ambientais, Lei da Política Nacional do Meio Ambiente e em algumas
Resoluções do Conama, vejamos:
Resolução Conama 18/86: que instituiu o Programa de Controle da Poluição do Ar por
Veículos Automotores;
Resolução Conama 5/89: que instituiu o Programa Nacional de Qualidade do Ar.
Resíduos sólidos
O Professor Fiorillo considera resíduos sólidos: “toda substância resultante da
não-interação entre o meio e aqueles que o habitam, ou somente entre estes, não
incorporada a esse meio, isto é, que determina um descontrole entre os fluxos de certos
elementos em um dado sistema ecológico. Em outras palavras, é o “resto” e/ou a
“sobra” não reaproveitada pelo próprio sistema, oriunda de uma desarmonia
ecológica.”
Já a Resolução Conama 5/93, conceitua resíduo sólido da seguinte maneira:
33
Art. 1º – Para os efeitos desta Resolução definem-se:
I – Resíduos Sólidos: conforme a NBR nº. 10.004, da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – "Resíduos nos estados
sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de
origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d'água, ou exijam
para isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à
melhor tecnologia disponível".
Quanto a sua origem, os resíduos sólidos podem ser classificados da seguinte
maneira:
1. Resíduos hospitalares
São aqueles oriundos de estabelecimentos de saúde, possuindo alto risco de
contaminação, uma vez que se tratam de sangue, excreção, secreção, restos de áreas de
isolamento, fetos e equipamentos descartados que podem causar cortes e perfurações.
Em razão de todo esse risco, a ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas) estabelece uma série de regras para lidar com este tipo de lixo, evitando com
isso qualquer risco de contaminação.
2. Resíduos radioativos ou nucleares
Não podemos analisar os resíduos radioativos ou nucleares apenas utilizando a
ideia de usinas. A Constituição Federal estabelece que o uso de radioisótopos de forma
34
médica ou terapêutica se encaixa nesta categoria, uma vez que podem causar danos à
saúde e ao meio ambiente.
3. Resíduos químicos
Em razão de sua complexidade química, este tipo de lixo apresenta alto potencial
de risco para a população e o meio ambiente. Podemos citar como exemplo, as drogas
quimioterápicas, os materiais farmacêuticos contaminados, vencidos, interditados e os
demais produtos previstos pela NBR 10.005 da ABNT.
4. Resíduos comuns
Todos aqueles resíduos orgânicos e inorgânicos que não façam parte dos grupos
anteriores.
Quanto às formas de tratamentos dos resíduos urbanos, podemos destacar os
seguintes tipos:
Deposição
É a forma mais antiga de tratamento de lixo, o que, na verdade, não se trata
absolutamente nada. São os famosos lixões a céu aberto, para onde o lixo é levado e
simplesmente depositado, trazendo sérios danos ao meio ambiente e grandes prejuízos,
econômicos, sanitários e sociais.
Aterragem
São os conhecidos aterros sanitários, locais criados e projetados para receber o
lixo urbano. A ideia é aterrar o lixo de forma a minimizar o risco de contaminação da
população, no entanto, não impede a contaminação do solo.
35
Alguns aterros têm sido desenvolvidos com tecnologias mais modernas, de
forma a aproveitar os gases, especialmente o gás metano liberado pela decomposição
dos elementos orgânicos para a produção de gás combustível.
Compostagem
Tratamento mais adequado, porém, muito difícil de ser realizado em grandes
quantidades. Trata-se da transformação do lixo orgânico em composto rico em
nutrientes para ser usado como adubo nas plantações.
36
Unidade 4 – Direito Processual
Olá, aluno(a)!
Nesta unidade, teremos contato com o Direito Ambiental na prática, ou seja,
vamos conhecer as peças processuais que podem ser interpostas para evitar ou
responsabilizar alguém por um dano causado ao meio ambiente.
Bom estudo!
4.1 – Aspectos gerais
A legislação estabelece
algumas medidas protetivas para
garantir que danos causados ao meio
ambiente sejam punidos pela letra da
lei e que se possa acionar
judicialmente os envolvidos, em
busca de reparação financeira,
através de ações de indenização.
Neste sentido, antes de adentrarmos ao cerne da questão, apresentando as
principais ações a serem propostas, devemos realizar uma análise geral sobre alguns
aspectos processuais, como veremos a seguir:
Legitimidade ativa
A coletividade tem legitimidade para propor ação contra dano causado ao meio
ambiente. Neste sentido, tais ações podem ser propostas por associações civis que tem
por finalidade estatutária a defesa do meio ambiente. Também, os sindicatos, em razão
37
de não serem mais controlados pelo governo, passaram a ter personalidade jurídica de
associação, podendo, com isso, ingressar com ações coletivas.
Importante ressaltar, neste caso, conforme nos ensina Fiorillo, que o particular
não possui legitimidade para propor ação civil pública ambiental, restando a ele apenas
pleitear em juízo indenização para reparação de dano pessoal.
O Ministério Público também tem legitimidade para propor ação civil pública
ambiental, podendo inclusive agir em litisconsórcio, ou seja, em conjunto entre os
Ministérios Públicos Federal, Estadual e do Distrito Federal.
Legitimidade passiva
Podem figurar no polo passivo das ações coletivas ambientais, conforme art. 3º.
da Lei 6.938/81, qualquer pessoa, seja ela física e jurídica de direito público ou privado,
que se enquadre no conceito de poluidor.
Apenas para relembrar:
“Art 3º – Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:
(...)
III – poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e às econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos;
38
IV – poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou
privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade
causadora de degradação ambiental;”
Competência
A Lei da Ação Civil Pública, em seu artigo 2º., estabelece que o juízo
competente para julgar uma ação coletiva ambiental é o local onde ocorreu ou deva
ocorrer o dano.
“Art. 2º – As ações previstas nesta Lei serão propostas no foro do
local onde ocorrer o dano, cujo juízo terá competência funcional para
processar e julgar a causa.
Parágrafo único A – propositura da ação prevenirá a jurisdição do
juízo para todas as ações posteriormente intentadas que possuam a
mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.”
Trata-se de competência absoluta, portanto, a sua inobservância acarretará a
nulidade dos atos processuais decisórios, independente se a parte interessada for a
União Federal ou um de seus órgãos.
Ônus da prova
Pelo Código de Processo Civil, em seu artigo 333, a responsabilidade por
produzir provas é sempre do autor da ação, no entanto, existem alguns casos em que é
permitida a inversão do ônus, cabendo ao réu provar que não praticou dano contra o
meio ambiente.
39
Liminares
É permitida a concessão de mandado liminar nas ações ambientais, conforme
artigo 12, caput da Lei 7.347/85.
“Art. 12 – Poderá o juiz conceder mandado liminar, com ou sem
justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.”
Fiorillo afirma que, sobre a necessidade de oitiva da pessoa jurídica de direito
público interessada, esta deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas,
porém, não se pronunciando neste prazo ou sendo caso de extrema urgência, poderá o
juiz conceder a liminar de plano, utilizando o princípio: inaudita autera parte.
Importante ressaltar ainda que para conceder um mandado de liminar, é preciso
observar os pressupostos periculum in mora e fumus boni iuris.
Tutela antecipada da lide
Entendemos como tutela antecipada a antecipação provisória dos efeitos da
sentença, desde que preenchidos certos requisitos processuais. Importante frisar que as
normas da jurisdição civil coletiva permitem ao juiz conceder a tutela antecipada de
ofício, ou seja, não é necessário o requerimento das partes.
Recursos
Para as ações coletivas de cunho ambiental, aplicam-se os recursos previstos
pelo Código de Processo Civil, com algumas observações do art. 14 da Lei da Ação
Civil Pública, conferindo ao juiz poderes para efeitos suspensivos dos recursos,
minimizando o risco de prejuízo irreparável à parte.
Como bem observa o Professor Fiorillo:
40
“... a finalidade da norma é evitar o perecimento de direito, de sorte
que o juiz deve agir para que esse objetivo seja alcançado, conferindo
ou não efeito suspensivo ao recurso, de acordo com a situação fática
e as peculiaridades do caso concreto.
O juiz, ao proceder ao juízo de admissibilidade do recurso, observará
os requisitos intrínsecos (cabimento, legitimação para recorrer e
interesse em recorrer) e extrínsecos (tempestividade, regularidade
formal, preparo e inexistência de fato impeditivo ou extintivo do
direito de recorrer). Preenchidos eles, será dado ao magistrado, sob o
fundamento de dano irreparável à parte, a concessão do efeito
suspensivo.”
4.2 – Ação civil pública
A ação civil pública, antes
do Código de Defesa do
Consumidor, tinha um alcance bem
discreto, podendo ser usada apenas
para cobrar responsabilidade pelos
danos causados ao meio ambiente,
ao consumidor, bens e direitos de
valor artístico, estético, histórico e
paisagístico.
Com o Código de Defesa do Consumidor vinculado à Lei da Ação Civil Pública,
aumentou consideravelmente o poder de atuação deste mecanismo de defesa
possibilitando a proteção de outros interesses difusos e interesses individuais
homogêneos. Estabeleceu também a possibilidade de cumular esses pedidos com uma
indenização por danos morais e patrimoniais.
41
Para o Professor Fiorillo, “... podemos verificar que a Lei da Ação Civil Pública
presta-se à defesa de interesses coletivos lato sensu, à proteção do patrimônio público,
meio ambiente, consumidores e da ordem econômica, tendo por fim a condenação dos
responsáveis à reparação do interesse lesado, preferencialmente com o cumprimento
específico da pena.”
Conheça agora um modelo da Ação Civil Pública Ambiental:
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA
DA COMARCA DA ________________
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO __________, por seus
promotores ao final assinados, e por especial designação do Excelentíssimo Sr.
Procurador Geral de Justiça, propor
AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE RESPONSABILIDADE POR DANOS
CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE COM PEDIDO DE LIMINAR
em face de
PREFEITURA MUNICIPAL ______________, pessoa jurídica de direito
público interno, com sede na Cidade e Comarca _______, neste Estado do
_______, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
DOS FATOS
A Prefeitura Municipal ________, desobedecendo normas e princípios relativos
à proteção ambiental, vem acumulando grande quantidade de lixo em área de
preservação permanente (cabeceira de nascente), localizada no Km ____da BR
_____.
42
A área em questão é objeto de comodato entre o _____ – Instituto Agronômico
do ______ e a Prefeitura Municipal _________, desde ____ de _________ de
__________, onde funciona a Estação Experimental ___________.
O lixo é depositado junto ao manancial que faz parte da microbacia do rio
______________
Cumpre ressaltar que, além da poluição hídrica que ocorre no manancial, existe
também o problema com relação à morte da vegetação nativa existente no
imóvel, principalmente a de inúmeros pinheiros, causada pelos resíduos sólidos
e o trânsito de caminhões e máquinas pesadas em meio à floresta.
O lixo é depositado neste local sem qualquer separação, ou seja, materiais que
poderiam ser reciclados são despejados junto com restos de comida, cascas de
frutas e verduras, materiais sólidos etc.
O acúmulo deste material, detritos, sucatas, sobras domésticas e industriais, está
sendo realizado em área de preservação permanente, ocorrendo proliferação de
insetos e apanha por parte de famílias de catadores, que vivem na área do
depósito. Ademais, acresça-se a isto, o fato destes trabalhos estarem sendo
realizados completamente fora das normas sanitárias legais, por conseguinte,
sem a devida aprovação do órgão estatal.
A irregular descarga de lixo, a céu aberto, sem as necessárias medidas de
proteção, causa grande desconforto e acarreta inúmeros malefícios à saúde dos
moradores da região, em consequência do mau cheiro e da proliferação de
roedores, vetores e outros insetos.
O progresso que se opera nas mais diversas regiões do mundo, notadamente
43
como avanço tecnológico, impõe à sociedade um preço muito grande, em razão
de estar ela constantemente expostas a todos os malefícios que advêm com a
chamada “sociedade industrializada”, seja em virtude da degradação ambiental,
decorrente da poluição atmosférica, seja da má utilização dos recursos naturais.
Os “lixões” urbanos a céu aberto constituem-se em um sério problema no
tocante a aspectos do meio ambiente, saúde e suas interações. Desconhece-se o
grau de extensão de influência danosa dos lixões sobre o meio ambiente. Sabe-
se, isto sim, o tipo de influência que estes resíduos podem causar sobre o ser
humano. Alguns desses resíduos degradam-se facilmente em contato com as
intempéries, outros, ao contrário, persistem por muitos, e, às vezes, por centenas
de anos no meio ambiente, a saber:
papel – 2 a 4 semanas;
plástico – mais de 50 anos;
lata – 100 anos;
alumínio – 200 a 500 anos;
vidro – tempo indeterminado.
O impacto causado por determinados resíduos pode trazer consequências
irreversíveis ao meio ambiente. Na questão do lixo doméstico, sabe-se que
materiais como pilhas de rádio são colocadas tranquilamente dentro dos sacos
de lixo (que são de plástico). As pilhas contêm mercúrio, que representa um dos
mais sérios e graves problemas de contaminação do homem e do meio
ambiente. É absorvido pelos organismos vivos e vai se acumulando de forma
contínua durante toda a vida. Pela contaminação da terra ou da água (lixiviação
para o lençol freático), entra com facilidade na cadeia alimentar, representando
um perigo potencial para o homem, que se alimenta dos peixes ou aves das
áreas vizinhas aos lixões. A ação tóxica do mercúrio afeta o sistema nervoso
central, provocando lesões no córtex e na capa granular do cérebro. São
44
observadas alterações em órgãos do sistema cardiovascular, urogenital e
endócrino. Dentre os principais sintomas menciona-se a paralisia, dormência
dos lábios, mãos e pés, distúrbios emocionais, fadiga, perda da memória,
cefaleia, gengivite, estomatite e gosto metálico.
Em casos de intoxicações severas, os danos são irreparáveis.
Segundo o “Perfil Ambiental e Estratégias”- 1992 – Secretaria Especial de
Assuntos de Meio Ambiente:
“A saúde pública vem sendo seriamente afetada pela baixa qualidade do
saneamento básico, principalmente a falta de tratamento de esgoto e a
inadequada coleta e disposição de lixo urbano.”
Parece que para as autoridades é mais rentável deixar que a saúde pública se
deteriore do que tentar resolver os problemas de saneamento básico de forma
objetiva e eficaz. Os lixões também são focos vetores de doenças, através de
insetos, ratos etc. Outra situação originada pelos lixões é a da decomposição do
lixo com pouco ou nenhum oxigênio, que contribui para a formação do gás
metano, representando um sério risco de incêndio nestas áreas. Como estes
resíduos são apenas lançados em um local qualquer, existe também uma
necessidade natural da expansão do “lixão”, com a consequente derrubada
gradativa da vegetação circunvizinha.
Uma alternativa econômica para um depósito de lixo bem conduzido, é a
própria utilização do gás metano como fonte energética, que poderia com a
nova adequação do local ser utilizada pela Prefeitura Municipal, inclusive como
combustível em veículos. Os aspectos de poluição do ar e também de poluição
visual, pois os lixões a céu aberto, visualmente repugnantes, devem ser
45
considerados.
Quanto aos vetores que vivem nos lixões, pode-se citar:
– moscas: 120 a 150 ovos/dia, sendo o seu ciclo reprodutivo de 12 dias (até a
fase adulta). É responsável pela transmissão de cem espécies patogênicas;
– roedores: são transmissores de várias doenças. Em um ano de vida a fêmea
gera 98 novos ratos. Transmitem doenças, tais como: a leptospirose,
salmonelose etc;
– baratas: reproduzem-se exageradamente, visto que, em um ano e meio, a
barata gera 1.300 outras baratas. Transmitem doenças como o vírus da
poliomielite e bactérias intestinais.
Segundo assevera PAULO AFFONSO LEME MACHADO, em sua obra
“Direito Ambiental Brasileiro”, pág. 296, 3ª ed., RT, 1989, “verbis”:
“Não podemos estar imbuídos de otimismo inveterado, acreditando que a
natureza se arranjará por si mesma, frente a todas as degradações que lhe
impomos. De outro lado, não podemos nos abster pelo pessimismo. A luta
contra a poluição é perfeitamente exeqüível, não sendo necessário para isso
amarrar o progresso da indústria, pois a poluição da miséria é uma de suas
piores formas”.
A situação do depósito de lixo do Município da ___________ é lamentável e
nenhuma providência concreta foi tomada pela Prefeitura Municipal para
solucionar o problema, embora tenha sido-lhe solicitado pelo __________, por
46
diversas vezes e, também, foi compromisso firmado pela Prefeitura no termo de
comodato acima mencionado.
Em data de ___/___/_____, a Administração da Estação Experimental da
_______, foi alvo de críticas e responsabilizada por permitir o despejo de lixo
em sua área, em publicação feita no jornal “_________”. Todavia, procedem
tais afirmações, pois o ____________, através da Administração da Estação
Experimental da ___________, tem buscado soluções para o problema que
pode ser comprovado pelos ofícios recentemente enviados para o
____________ – Instituto Ambiental do __________ e para a Câmara
Municipal da ____________, haja vista que anteriormente, desde o ano de
________, este órgão está tentando sanar o fato em tela.
A população circunvizinha ao depósito de lixo em ________ de __________,
promoveu um abaixo-assinado, contendo 124 assinaturas, solicitando das
autoridades competentes providências urgentes e imediatas para transferência
do local do despejo do lixo urbano do município.
O extinto ________, hoje ______, em ______ de ______de ______, ao verificar
a situação local do despejo do lixo, lavrou o auto de infração nº. __________,
baseado na Lei 6.938/81 e Decreto 99274/90. Foi embargada a continuidade da
deposição de lixo na área de preservação permanente e nas proximidades da
vegetação existente no imóvel (Termo de Embargo nº. ________), porém em
visita a área em _____ de _______ de _______, verificou-se o não
cumprimento do embargo e a necessidade urgente de se abandonar a área para
despejo do lixo e promover o mais rapidamente possível a restauração da área
degradada, através de um Plano de Recuperação Ambiental.
47
DO DIREITO
O art. 225 da Constituição Federal, em seu inciso IV, estabelece para as obras
que causem danos ao ambiente a exigência prévia de elaboração do estudo de
impacto ambiental, “in verbis”:
“Art. 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se
ao poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações.
(…)
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de
impacto ambiental, a que se dará publicidade.”
A política de proteção ao meio ambiente, fez editar pelo Conselho Nacional de
Meio Ambiente, a Resolução nº. 01 de 23 de janeiro de 1986, a qual,
expressamente determina em seu artigo 1º, inciso IV:
“Art. 1º – Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades
humanas que, direta ou indiretamente, afetam:
(…)
48
IV – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente”.
Mais adiante, em seu art.29, X, estabelece:
“Art. 29 – Dependerá de elaboração de estudo de impacto ambiental e
respectivo relatório de impacto ambiental – RIMA, a serem submetidos à
aprovação do órgão estadual competente, e da SEMA em caráter supletivo, o
licenciamento, tais como:
(…)
X – aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou
perigosos.”
Com a sua atuação infringe a requerida o disposto na Portaria Federal nº. 053 de
01 de março de 1979, a saber:
“I – os projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem
como a fiscalização de sua implantação, operação e manutenção ficam sujeitos
à aprovação do órgão estadual de controle da poluição e de preservação
ambiental, devendo ser enviadas, à Secretaria Especial do Meio Ambiente
(SEMA), cópias das autorizações concedidas para os referidos projetos”.
Em seu artigo 3º e incisos, dispõe a Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981:
“Art. 3º – Para fins previstos nesta Lei, entende-se por:
49
I – Meio Ambiente: o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as
suas formas;
II – Degradação da qualidade ambiental: a alteração adversa das características
do meio ambiente;
III – Poluição: a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que
direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lançem matérias ou energia em desacordo com os padrões estabelecidos.”
No parágrafo 1º do art. 14, da citada Lei está expresso:
“Parágrafo 1º – Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é
o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para
propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio
ambiente”.
A requerida com sua atividade infringe também, o que estabelece o Decreto
88351/83:
50
“Art. 37 –
I – contribuir para que um corpo d’água fique em categoria de qualidade
inferior à prevista na classificação oficial;
II – contribuir para que a qualidade do ar ambiental seja inferior ao nível
mínimo estabelecido em Resolução Oficial;
III – emitir ou despejar efluentes ou resíduos sólidos, líquidos ou gasosos
causadores de degradação ambiental em desacordo com o estabelecido em
Resolução ou licença especial;
IV – exercer atividades potencialmente degradadoras do meio ambiente, sem a
licença ambiental legalmente exigível ou em desacordo com a mesma”.
As infrações supra encontram-se agravadas na aplicação de multa, pelo disposto
no artigo 40 do sobredito decreto, o qual, em seus incisos destaca:
I – reincidência específica;
II – maior extensão da degradação ambiental;
III – dolo, mesmo eventual;
A irregular e inconsequente ação da requerida causou e continua causando
deplorável dano a ecologia. O meio ambiente é um patrimônio a ser
necessariamente assegurado e protegido e toda a sociedade é prejudicada pela
supressão dos recursos ambientais. No presente caso é objetiva a
51
responsabilidade pelo dano ambiental provocado pela ré, sendo desnecessárias
quaisquer considerações acerca do caráter culposo da conduta da mesma.
Ademais, a Lei 4.771 de 15 de setembro de 1.965, do Código Florestal, protege
as áreas de preservação permanente, por serem de interesse comum a todos os
habitantes do país, não podendo sofrer qualquer tipo de exploração ou
ocupação. Assim estabelecido no seu artigo 1º:
“Artigo 1º – As florestas existentes no território nacional e as demais formas de
vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de
interesse comum a todos os habitantes do país, exercendo-se os direitos de
propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta
Lei estabeleceu”.
Em seu artigo 2º, alínea c, dispõe:
“Artigo 2º – Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta
Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”,
qualquer que seja a sua situação topográfica, em um raio mínimo de 50
(cinquenta) metros de largura”.
E, mais adiante, em seu artigo 26, a mesma Lei estatui:
“Artigo 26 – Constituem contravenções penais (…)
a) destruir ou danificar a floresta considerada de preservação permanente,
52
mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas
estabelecidas ou previstas nesta Lei.”
Ao Ministério Público como guardião da defesa da ordem jurídica e dos
interesses indisponíveis da sociedade compete, portanto, zelar pela fiel
observância da Constituição e das leis, e nos termos da vigente legislação,
defendendo os interesses meta-individuais, sendo o detentor de legitimidade
para a defesa dos direitos difusos.
DOS PEDIDOS
Face ao exposto, em razão de ser considerado o local como inadequado para a
destinação que lhe foi dada, primeiramente por ser área de preservação
permanente e depois, pelo não cumprimento da exigência legal de elaboração de
RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), nos termos da legislação pertinente e
por haver a Prefeitura Municipal, com esta atuação, desrespeitado os
respectivos dispositivos legais e causado a degradação ambiental da região,
REQUER-SE a concessão de MEDIDA LIMINAR para que não mais seja
acumulado naquele logradouro, seja pela Prefeitura Municipal de ________,
seja por terceiros, qualquer espécie de lixo, fixando-se, para eventual
descumprimento, multa diária, nos termos do art. 11 da Lei 7.347/85.
Visualiza-se, pelo exposto, a urgência de solução da problemática causada pela
ré, estando presentes os requisitos necessários para a concessão da medida
pleiteada, ou seja: “fumus boni iuris”, consistente nos dispositivos legais retro
mencionados e o “periculum in mora”, presentes no agravamento da situação e
a ocorrência dos danos daí decorrentes, eis que, a ré não tomou as medidas
cabíveis para a supressão dos danos nocivos à comunidade.
53
Requer-se a procedência da ação, para o fim de não mais ser utilizado o local
mencionado para fins de depósito de lixo, bem como seja recomposta a área
degradada, com a recuperação integral do ambiente afetado, para que readquira
qualitativamente as condições anteriores ao processo de degradação.
A elaboração do Estudo de Impacto Ambiental com o devido Relatório de
Impacto Ambiental para o novo local que vier a ser utilizado como aterro
sanitário.
Caso haja descumprimento por parte da requerida, no prazo fixado por Vossa
Excelência para cessação da atividade, por ocasião da sentença ao final, requer-
se a cominação de multa diária, consoante dispõe o art. 11 da Lei 7.347/85.
A citação da requerida, nos termos do art. 221, inciso II, do Código de Processo
Civil, para responder presente ação, com as advertências da revelia, devendo o
pedido ser julgado procedente, condenando-se a ré aos ônus da sucumbência,
honorários periciais e demais cominações legais.
Protesta-se por todos os meios de provas em direito admitidos, inclusive
depoimentos pessoais, juntada de documentos e perícias.
Dá-se à causa o valor de R$ ____________.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura]
Fonte: http://www.modelodepeticoes.com/modelo-de-peticao-peticao-inicial-acao-civil-publica-ambiental-acao-civil-
publica-em-decorrencia-de-danos-causados-ao-meio-ambiente
54
4.3 – Ação popular ambiental
A ação popular é um dos
instrumentos de defesa mais antigos na
defesa dos direitos coletivos. Este
instrumento está previsto na Constituição
Federal, no artigo 5º., inciso LXXIII,
vejamos:
“Artigo 5º – Todos são iguais
perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular
que vise anular o ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo
comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência.”
É preciso adotar alguns cuidados quanto ao objeto desta ação, pois para cada
situação será preciso realizar procedimentos específicos, ou seja, é uma ação que
defende bens de natureza difusa (meio ambiente) e bens de natureza pública (patrimônio
público). Neste sentido, os procedimentos para defesa do meio ambiente são os
previstos pela Lei da Ação Civil Pública e Código de Defesa do Consumidor, enquanto
55
para defesa de patrimônio público serão utilizados os procedimentos previstos pela Lei
no. 4.717/65.
Conheça agora um modelo da ação popular ambiental:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____
VARA CÍVEL E DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE
MACAPÁ, ESTADO DO AMAPÁ
JUDSON BARROS PEREIRA, brasileiro, casado, advogado inscrito na OAB-
AP 2182, residente e domiciliado nesta cidade, à Rua XX xx, apartamento
“C”, Bairro X, CEP – xxxx-xxx, telefone xxxx-xxxx, em pleno gozo de seus
direitos políticos, representando-se neste ato, informa o endereço acima para
receber citações, intimações e demais documentos de praxe, vêm perante
Vossa Excelência, amparado no art. 5º, LXXIII, CF, combinado com o Artigo
1º da Lei 4.717/65, propor
AÇÃO POPULAR COM PEDIDO DE LIMINAR INAUDITA ALTERA
PARTE
contra a Prefeitura Municipal de Macapá - AP, entidade civil, de direito
público, situada à Avenida Fab, 840 Centro - Macapá / AP, e o Prefeito
Municipal, Antônio Roberto Rodrigues Góes da Silva, que poderão ser
encontrados no prédio sede da Prefeitura no endereço acima especificado,
mediante as razões de fato e de direito que passa a expor:
1. DA AÇÃO
1.1. Da Legitimidade Ativa
O autor, brasileiro, casado, advogado, regular com a Justiça Eleitoral, com
56
amparo no Art. 5º, LXXIII da Carta Magna, tem direito ao ajuizamento de
AÇÃO POPULAR, que se substancia em um instituto legal de Democracia.
É direito próprio do cidadão participar da vida política do Estado fiscalizando
a gestão do Patrimônio Público, a fim de que esteja conforme com os
Princípios da Moralidade e da Legalidade.
1.2. Da Legitimidade Passiva
A Lei nº. 4.717/65 – LAP – Lei da Ação Popular, em seu Art. 6º, estabelece
um espectro abrangente de modo a empolgar no pólo passivo o causador ou
produtor do ato lesivo, como também todos aqueles que para ele contribuíram
por ação ou omissão.
A par disto, respondem passivamente os suplicados nesta sede processual na
condição de pessoas públicas, autoridades e administradores.
O Art. 6º da Lei da Ação Popular prescreve que a ação será proposta contra as
pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as
autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado,
aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas,
tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do
mesmo.
Também determina que o Ministério Público acompanhe a ação, cabendo-lhe
apressar a produção da prova e promover a responsabilidade, civil ou criminal,
dos que nela incidirem, sendo-lhe vedado, em qualquer hipótese, assumir a
defesa do ato impugnado ou dos seus autores.
1.3. Do Cabimento
57
É a AÇÃO POPULAR o remédio constitucional que aciona o Poder
Judiciário, dentro da visão democrática participativa dos jurisdicionados
pátrios, fiscalizando e atacando os atos lesivos ao Patrimônio Público com a
condenação dos agentes responsáveis, assim garante o Art. 5º, LXXIII da
CFB:
In verbis:
LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise
anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio
histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência;
Aqui constituídos todos os pressupostos da Ação Popular, quais sejam,
condição de eleitor, ilegalidade e lesividade, o que impugna para que seja
cabível a propositura da ação popular, por conter ato ilegal e lesivo ao
patrimônio público, em conformidade com a Lei 4.717/65.
A AP é cabível contra toda ação ou omissão lesiva do patrimônio público
brasileiro. Além dos bens materiais estatais, cabível será a AP na proteção da
moralidade administrativa, do meio ambiente e dos bens históricos e culturais.
A AP é cabível contra ato lesivo ao patrimônio público pratico por pessoas
físicas, autoridades públicas, órgãos públicos, pessoas jurídicas de direito
público ou privado.
Nos termos do art. 2º da LAP, podem ser atacados judicialmente os atos
lesivos ao mencionado patrimônio público nos casos de incompetência, vício
de forma, ilegalidade do objeto, inexistência dos motivos e desvio de
finalidade.
58
O art. 3º da LAP enuncia que os atos lesivos cujos vícios não se compreendam
no elenco do art. 2º serão anuláveis, segundo as prescrições legais compatíveis
com a natureza deles. No art. 4º há outro catálogo de atos passíveis de
anulação via AP. Esse mencionado novo elenco não desborda do aludido do
rol do art. 2º, apenas especifica algumas situações de modo mais
pormenorizado, mas dentro dos parâmetros já estabelecidos, posto que a
tônica para a nulidade é o caráter lesivo e ilegal do ato objurgado
judicialmente.
Nessa linha, será cabível, portanto, a AP toda vez que houver ação ou omissão
ilegítima e lesiva ao patrimônio público, independentemente de quem seja a
autoria deste ato.
1.4. Da competência
A Lei 4.717, de 29 de junho de 1965, que regula a ação popular determina em
seu artigo 5º, que conforme a origem do ato impugnado, é competente para
conhecer da ação, processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a
organização judiciária de cada Estado, o foro para as causas que interessem à
União, ao Distrito Federal, ao Estado ou ao Município.
Ademais, as ações populares, movidas em face de Prefeito, que julgam
responsabilidade civil por atos praticados no exercício do cargo devem ser
ajuizadas no primeiro grau de jurisdição. [1]
1.5. Do Procedimento
A Lei 4767/65 determina que a ação obedeça ao procedimento ordinário,
previsto no Código de Processo Civil e deve observar a norma de que o
representante do Ministério Público providencie para que as requisições
referentes à produção de provas sejam atendidas dentro dos prazos fixados
pelo juiz.
59
1.6. Das Custas Judiciais
A previsão na Lei nº. 4.717, de 29 de junho de 1965, é a seguinte:
Art. 10. As partes só pagarão custas e preparo a final.
2. DOS FATOS
O município de Macapá se encontra em uma situação deprimente no que diz
respeito da coleta do lixo urbano. No ano de 2012, a coleta do lixo foi efetuada
com extrema precariedade. Pelo que os meios de comunicação veicularam
várias empresas foram contratadas no decorrer do ano para realizarem o
processo de coleta e também tiveram os contratos rescindidos por motivos que
não foram esclarecidos pelas partes contratantes.
Fato ainda mais grave é o que se constata no momento atual, a cidade está
completamente tomada pelo lixo, isso demonstrando a falta de coleta diária e a
irresponsabilidade do gestor público. Este fato se agravou, sobretudo após o
processo eleitoral em que o atual prefeito não conseguiu se manter no
Executivo Municipal. É evidente que a coleta foi amplamente negligenciada
após o resultado eleitoral de 28 de outubro de 2012. Em alguns bairros da
cidade a coleta não está sendo feita há mais de mês.
É tão grave a situação do lixo nas calçadas e nas esquinas que o mau cheiro já
toma de conta da cidade. Este fato é por demais inquietante, podendo levar a
situação a uma questão de saúde pública irremediável.
A coleta do lixo é urgentíssima sob pena da população padecer de uma
situação grave no que tange a saúde pública municipal. Doenças podem advir
causando um complicador sem precedentes. A insalubridade que já se constata
evidencia a possibilidade de um transtorno endêmico e até mesmo epidêmico
60
se medidas urgentes não forem adotadas. A saúde da população se encontra
em risco em face da interrupção da coleta do lixo.
O lixo na cidade de Macapá encontra-se em todo lugar, as paradas de ônibus
estão entulhadas de lixo, causando mal-estar para os cidadãos que necessitam
dos serviços de transporte coletivo. As ruas mais parecem um lixão a céu
aberto (fotos em anexo). Esta situação é inaceitável, afinal a população da
cidade elegeu um prefeito, que administra dinheiro público advindo de tributos
para resolver os problemas da urbe.
Nenhuma justificativa é aceitável para a situação em foco. A única que se
pode vislumbrar é a de irresponsabilidade administrativa por parte dos
gestores públicos que deveriam cuidar dos serviços ora questionados.
3. DO DIREITO
Com a Conferência de Estocolmo, patrocinada pela ONU em 1972, as nações
civilizadas participantes do pacto internacional passaram a incluir a temática
ambiental em seus ordenamentos jurídicos, o que ocorreu tanto no plano
constitucional, como infraconstitucional. Neste liame, os países deveriam
levar a cabo os respectivos procedimentos culturais, sociais, jurídicos e
comunitários de defesa do meio ambiente e de desenvolvimento sustentável,
valendo-se, inclusive, da esfera penal.
No ano de 1992, no Rio de Janeiro, realizou-se a 2ª grande Conferência
Mundial de defesa do meio ambiente, conhecida internacionalmente como
ECO-92. Após intensas discussões sobre os avanços e retrocessos da
Conferência Mundial de Estocolmo, reforçou-se a ideia central de que os
países pactuantes deveriam colocar em prática os princípios acordados na
Suécia, desenvolvendo ações globais, regionais e locais.
61
No Brasil, com o advento da Constituição Federal de 1988 (antes mesmo da
ECO-92), os municípios receberam o poder-dever de garantir a defesa do meio
ambiente, quando em foco questões de caráter local. Na realidade, a ECO-92
apenas estabeleceu as bases principio-lógicas da atuação municipal, já que o
ordenamento jurídico brasileiro vigente, por si só, já obrigava os municípios a
agirem de forma harmônica e integrada com o plano estadual e federal em
matéria ambiental.
A Constituição Federal, em seu artigo 23, incisos VI e VII, prevê que é
competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios proteger o meio ambiente e preservar as florestas, a fauna e a
flora.
Ainda leciona a CF no art. 30, inciso V, que compete aos Municípios
organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os
serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem
caráter essencial; neste contexto também se inclui o serviço de coleta e
tratamento do lixo urbano. A coleta de lixo é essencialmente um serviço de
interesse local, o que justifica a competência municipal para prestá-lo e
colocá-lo à disposição do cidadão.
Com efeito, o Hely Lopes Meirelles ensina que "a limpeza das vias e
logradouros públicos é, igualmente, serviço de interesse local, de suma
importância para a coletividade”.[2]
Compete, pois, aos municípios a implementação de procedimentos e a
observância de métodos que visem o afastamento dos resíduos sólidos dos
locais onde foram produzidos, dando-lhes destino final adequado, sem
comprometimento da qualidade do meio ambiente e da saúde da população.
O artigo 225, caput, da Carta Magna preceitua que todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
62
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e as futuras gerações.
O artigo § 1° descreve que para assegurar a efetividade deste direito, incumbe
ao Poder Público:
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
Resíduos sólidos não podem ser dispostos no meio ambiente sem tratamento
prévio que assegure a eliminação das características de periculosidade, a
preservação dos recursos naturais e o atendimento aos padrões de qualidade
ambiental e de saúde pública, além da observância a critérios de toxidade,
inflamabilidade, corrosividade e reatividade (artigos 10 e 12 da
Resolução/CONAMA nº. 005/1993, c/c artigo 4º da Resolução/CONAMA nº.
283/2001, complementada pela Resolução/CONAMA nº. 358/2005).
O depósito ou disposição de resíduos a céu aberto, sem qualquer preocupação
ambiental, denota a necessidade de adoção de medidas por parte do Judiciário,
já que o Poder Executivo não está obtendo êxito em resolver a pendência de
forma extrajudicial.
Com efeito, impõe-se a interrupção da prática, a omissão do poder público e a
consecução do competente ato ambiental, em cujo procedimento devem ser
observados os requisitos mínimos para a disposição regular de resíduos
sólidos, inclusive com a diferenciação entre o regime de disposição de
resíduos hospitalares e o regime de disposição das demais espécies de resíduos
sólidos.
Além da imperiosa necessidade de interrupção do dano, remanesce o dever de
reparar e recuperar o meio ambiente por parte do infrator/poluidor, nos termos
63
do artigo 4º, inciso VII, c/c artigo 14, § 1º, ambos da Lei n.º 6.938/81.
Não é outro o entendimento jurisprudencial:
“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DEPÓSITO DE LIXO IRREGULAR. DANO
AMBIENTAL COMPROVADO. Constatada a existência de prejuízos ao
meio ambiente causados pelo depósito irregular de lixo em local inapropriado,
tendo agido o Município contrariamente às normas definidas pelas autoridades
ambientais competentes, é plenamente admissível, além de inevitável, sua
condenação, como agente poluidor, à reparação dos prejuízos causados,
consistente na realização de obras voltadas a recuperação da área degradada,
em cumprimento aos artigos 2º, VIII, e 4º, VII, da Lei n. 6938/1981”. (TJMG,
Processo n. 1.0000.00.234112-1/000 Rel. Des. Brandão Teixeira, julgado em
02/04/2002, publicado em 26/04/2002).
A Lei 12.305/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,
dispõe sobre princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes relativas à gestão
integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, delimitando a esfera de
responsabilidade do poder público. São diretrizes a serem aplicadas na gestão
de resíduos sólidos com a previsão integrada de sustentabilidade: não geração
de resíduos, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos e
disposição final ambientalmente adequada.
Como princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos, previstos no artigo
6º da Lei 12.305/2010 são enumerados: a prevenção e a precaução, poluidor-
pagador e protetor-recebedor, visão sistêmica, desenvolvimento sustentável,
ecoeficiência, a cooperação entre o setor público, privado e sociedade,
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, reconhecimento
do resíduo como um bem econômico e de valor social, respeito às diversidade
locais e regionais, direito da sociedade à informação e ao controle social (grifo
nosso), razoabilidade e proporcionalidade. [3]
64
Os objetivos da Política estão elencados na referida Lei no artigo 7º, onde
podemos destacar:
a) proteção da saúde e da qualidade de vida;
b) Estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção de bens e serviços;
c) gestão integrada de resíduos sólidos;
d) regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação
dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos (grifo nosso).
Pelo exposto pode-se observar a importância fundamental e imediata da gestão
do lixo como um direito fundamental, pois na realidade se trata do direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado previsto constitucionalmente.
Assim, a pretensão do requerente, inicialmente, tem por escopo a remoção do
injusto, evitando-se o prolongamento de seus efeitos que podem ser
extremamente mais drásticos se o ilícito não for imediatamente interrompido,
sob pena de tornar o dano irrecuperável ou de difícil recuperação.
Ainda prevê a LAP em seu art. 12:
In verbis:
A sentença incluirá sempre, na condenação dos réus, o pagamento, ao autor,
das custas e demais despesas, judiciais e extrajudiciais, diretamente
relacionadas com a ação e comprovadas, bem como o dos honorários de
advogado. (grifo nosso)
4. DA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE
Atento a finalidade preventiva no processo, a lei instrumental civil, por seu art.
804 permite através de cognição sumária dos seus pressupostos à luz de
65
elementos a própria Petição Inicial, o deferimento initio lide de medida
cautelar inaudita altera parte, exercitada quando inegável urgência de medida e
as circunstâncias de fato evidenciarem que a citação dos réus e a instrução do
processo poderá tornar ineficaz a pretensão judicial, como ensina o Ilustre
Professor Dr. HUMBERTO THEODORO JUNIOR em Curso de Direito
Processual Civil, ed. Forense, vol. II, 1ª edição, pág. 1160.
A Lei 4.717/65 reguladora da ação popular vislumbra o periculum in mora da
prestação jurisdicional e em boa oportunidade no comando do seu art. 5º § 4º
preconiza “na defesa do patrimônio público caberá a suspensão liminar do ato
lesivo impugnado”.
Na espécie, visualiza-se a prima facie LESIVIDADE AO PATRIMÔNIO
PÚBLICO, ILEGALIDADE E IMORALIDADE DO ATO que justifica in
extremis a concessão de liminar para que estanque a lesividade ao direito
público difuso em tela e para que o gestor público dê cumprimento à sua
obrigação no resguardo dos princípios administrativos e de direito.
Destarte, presentes os requisitos do fumus bonis júris e do periculum in mora,
o autor requer seja CONCEDIDA A LIMINAR, determinando que a
Prefeitura Municipal de Macapá e o Prefeito Municipal cumpram incontinenti
a determinação de executar a coleta do lixo urbano que se encontra espalhado
em toda a cidade.
A concessão da liminar é medida que se impõe. Os danos vividos dia após dia
pela sociedade macapaense são incalculáveis. A proliferação de vetores e a
contaminação do meio ambiente são iminentes. A saúde pública encontra-se
ameaçada. Aliás, a saúde pública já foi lesada. O meio ambiente urbano está
sendo agredido incessantemente, com prejuízo irreparável para a população,
dentre outros danos ambientais.
No caso em questão, o dano já ocorreu e continua a ocorrer, motivo pelo qual
66
devem ser adotadas, com urgência, medidas para recuperação/reparação do
passivo ambiental, impedindo-se, outrossim, a continuidade do dano, através
da remoção do ilícito.
A lei da ação popular dispõe que poderá ser ajuizada ação cautelar objetivando
evitar o dano ao meio ambiente como também a lei preceitua que o juiz poderá
conceder mandado liminar, com ou sem justificação prévia.
De acordo com a melhor doutrina, a tutela de urgência reveste-se de caráter
satisfatório, logo a Lei alarga o âmbito de ação cautelar, fazendo-a mais ampla
e mais profunda, no campo da ação popular. É o que se colhe
desenganadamente de sua previsão no sentido de que a ação cautelar possa,
aqui, ter o fito de evitar o dano, cuja reparabilidade, ao lado da recomposição
do status quo ante, constituem as metas desse precioso instrumento.
Também lecionando sobre o tema, Ada Pelegrine Grinover, observa que a
ação popular garante o direito democrático de participação do cidadão na vida
pública, baseando-se no princípio da legalidade dos atos administrativos e no
conceito de que a coisa pública é patrimônio do povo. (In: A tutela
jurisdicional dos interesses difusos, Revista de Processo, São Paulo, n. 14-15,
p.38, abr/set 1979).
Indubitável, portanto, a viabilidade e o cabimento da liminar, medida
imprescindível para se evitar o dano ao meio ambiente e à saúde pública.
Os requisitos para concessão da medida estão por demais demonstrados: a)
fumus boni iuris: evidenciado pela plausibilidade do direito invocado e a
manifesta omissão do requerido em cumprir a legislação ambiental, que exige
o prévio e regular licenciamento ambiental para as atividades de aterro
sanitário (o que, em absoluto, não se verifica no município requerido); b)
periculum in mora: fundado nos danos e prejuízos ao meio ambiente e à saúde
pública, que, se não atacados agora, tornar-se-ão cada vez maiores, o que
67
caracteriza o risco de permanência e agravamento da situação atual.
5. DO PEDIDO
Diante do exposto, requer:
1) a concessão de MEDIDA LIMINAR, "inaudita altera pars", sem
justificação prévia, pela existência do "fumus boni juris", patenteado pela
legislação relacionada, da qual a requerida fez "tabula rasa", como também
pelo "periculum in mora" demonstrado concretamente através do grave risco
de dano irremediável ao meio ambiente e à saúde pública compelindo-se a
Prefeitura de Macapá e o Prefeito Municipal a providenciarem, no prazo de 24
horas, a coleta da totalidade do lixo disposto nas ruas da Capital;
2) a determinação de manter em intervalos não superiores a 24 (vinte e quatro)
horas, a coleta sistemática e periódica do lixo urbano;
3) a citação dos requeridos para, querendo, ofertar contestação no prazo legal,
sob pena de revelia;
4) a produção de todos os meios de prova em direito admitidas, notadamente a
pericial, a testemunhal, o depoimento pessoal, a juntada de novos documentos
e tudo mais que se fizer necessário à completa elucidação dos fatos articulados
na presente inicial;
5) seja o pedido julgado procedente no mérito, condenando-se os réus a
promoverem a coleta de lixo urbano de forma sistemática e periódica;
6) na hipótese de descumprimento da medida judicial imposta (liminar ou na
sentença de mérito), seja fixada multa diária à entidade pública e ao Prefeito
Municipal no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) separadamente, sem
68
prejuízo das medidas de cunho criminal por eventual delito de desobediência e
da aplicação do disposto no artigo 14, inciso V, do Código de Processo Civil;
7) sejam os réus condenados a pagarem as custas e as demais despesas
judiciais e extrajudiciais, bem como o ônus da sucumbência e pagamento de
honorários como prevê o artigo 12 da LAP.
8) o parecer do Ministério Público.
Dá-se a causa, para fins legais (artigo 258 do Código de Processo Civil), o
valor de R$ 1.000,00 (mil reais).
Termos em que pede deferimento.
Macapá (AP), 28 de novembro de 2012.
_____________________________
Judson Barros Pereira
OAB/AP 2182
Fonte: http://vitimasfalsoscondominios.blogspot.com.br/2013/01/peticao-incial-de-acao-popular-para.html
69
4.4 – Mandado de segurança coletivo ambiental
O mandado de segurança coletivo está
previsto na Constituição Federal, no art. 5º. Incisos
LXIX e LXX os quais estabelecem que o mandado
de segurança tem a função de garantir direito líquido
e certo quando o responsável pela ilegalidade for
autoridade pública .
Veja o que diz o artigo:
“Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros, residentes
no país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito
líquido e certo, não amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data",
quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público;
LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano,
em defesa dos interesses de seus membros ou associados;”
70
Conheça agora um modelo de um mandado de segurança coletivo ambiental:
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA__________ VARA CÍVEL DA
COMARCA DE ___________, ESTADO DO___________
_____________, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de
_________, portador (a) do CIRG n.º_____ e do CPF n.º _______, residente e
domiciliado (a) na Rua _________, n.º ______, Bairro ______, Cidade ______,
Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a)
(procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua _____,
nº. ______, Bairro _____, Cidade _______, Estado ______, onde recebe
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência propor
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR
em face de
_______, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de _______, portador
(a) do CIRG n.º ______ e do CPF n.º ______, residente e domiciliado (a) na
Rua ______, n.º _______, Bairro _______, Cidade _______, Estado ________,
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
DOS FATOS
Nos autos da AÇÃO CIVIL PÚBLICA em trâmite no Juízo de __________,
aforada pela COMPANHIA DE SANEAMENTO__________ S.A. em desfavor
do Impetrante ___________ e de __________ e ___________, foram todos,
autora e réus, em data de ________ de _________ do ano findo, convocados a
firmarem o TERMO DE COMPROMISSO E AJUSTAMENTO DE
CONDUTA perante o Ministério Público do Estado de _________, que resultou
homologado nos autos da referida ação (proc. ________) - documento junto.
71
Por este Termo, Excelência, o Impetrante __________ e os demais réus, se
incumbiram de obter do órgão ambiental competente, licença para operar
sistema de irrigação de lavouras mediante o emprego de pivôs centrais ou
qualquer outro sistema que implique na utilização das águas do Ribeirão
___________ ou de qualquer outro manancial que componha a sua bacia
hidrográfica, interrompendo, a partir de ______ de _______de __________, a
utilização das águas e conseqüentemente o processo de irrigação, enquanto a
referida licença não for concedida (item ____).
Está claro que a obrigação firmada pelos réus, no referente a interromper a
utilização das águas e o processo de irrigação, haveria de ser cumprida a partir
de _____ de _____ de _______. Esta providência poderia ser tomada até no dia
de hoje, ou após, porquanto lá está que tal interrupção haverá de acontecer a
partir daquela data. E mais: "enquanto a referida licença não for concedida".
Vê-se da última frase transcrita, tal como firmado pelo Impetrante e os demais
réus e a autora, com o Ministério Público. E mais, Excelência. Há um prazo
máximo para cumprimento: 02 (dois) anos. Veja-se o item 6, II, final, prazo. Se
o Termo foi firmado em _____ de _____ de ______, a rigor, só em _____ de
_____ de _______, haveria de dar o seu implemento, enquanto se aguarda a
referida licença.
Não há, in casu, qualquer ferimento ao disposto, pois lá está: a partir de _____
de _______ TODAVIA, Excelência, surpreendentemente, o Ministério Público
em diligência constatou que o Impetrante, ainda sem a licença, continua a
utilizar o sistema de irrigação através de pivôs centrais, o que não poderia ser
diferente, pois suas lavouras dependem dessa irrigação e, como demonstrado,
não está descumprindo o que avençou com a Promotoria de Justiça.
Mas, em face desta constatação, o M.Público requereu fosse o Impetrante
notificado para interromper o processo de irrigação através da utilização de seus
pivôs centrais e, bem assim, postulou a lacração da parte do conjunto de
72
irrigação que promove a captação de água do Ribeirão __________, com o fim
de garantir a efetiva interrupção do processo irrigatório. E sem atentar que ele
ainda não havia conseguido a licença, embora postulada junto ao órgão
competente, em data anterior (doc.junto).
In continenti, o MM.Juiz Dr. _________, da vizinha Comarca de __________,
substituto em _____________, como Plantonista de _______, assim despachou,
de forma manuscrita, no rosto do requerimento: "Junte-se. Esgotado o prazo
pactuado no termo de ajustamento de conduta - cláusula sexta (fls. _______) -
judicialmente homologado (fls. ____________), sem que os produtores rurais
mencionados nesta peça tenham exibido cópia da licença da Agência
Ambiental, defiro os pedidos infra e determino a notificação e a lacração nos
termos postulado pelo Ministério Público. Expeça-se os competentes mandados,
autorizo o escrivão assiná-los. BJ, 06.07.2000"
A ordem foi cumprida. O lacramento aconteceu. As lavouras do Impetrante,
com mais de uma semana sem irrigação, podem chegar à perda total, levando-o
à insolvência. Tal decisão manuscrita, apesar de lançada por um dos mais
conceituados juízes componentes da Magistratura ____________, jovem e
estudioso, foi impensada, data latíssima vênia, além de equivocada. Resultou
que o Impetrante chegou a ser hospitalizado, ante o desespero que lhe afetou a
lacração dos pivôs, sem prévio aviso e sem sequer lhe oportunizar a
manifestação ou apresentação de justificativa. E adoeceu, diante da iminência
do incalculável prejuízo.
Vossa Excelência irá verificar, e isso já foi exposto linhas antes, que ao
contrário do que entendeu o MM. Juiz do Plantão, o prazo pactuado para
obtenção da licença não está esgotado.
O despacho que ordenou a lacração foi brusco, violento, não só porque sem
oitiva das partes – autora e réus –, mas também porque a própria autora,
Companhia de Saneamento _________ S.A., tinha obrigações a cumprir e não
73
as cumpriu.
Evidente que, se a própria a Companhia __________ e os réus, todos eles, não
cumpriram, ainda, o que haviam se compromissado, é porque algo estaria
pendente. Daí faltou prudência no exaramento do despacho indigitado,
certamente por excesso de serviço no Plantão de Julho, a cargo do Digno
Magistrado. E o que estaria ocorrendo, para que as partes, autora e réus,
deixassem de cumprir o pactuado? Perguntar-se-ia. É simples a resposta.
Não bastasse a documentação aqui anexada, demonstradora da diligência do
Impetrante junto à Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, em
_____ de _____ de ______, por meio de requerimento protocolizado n.
___________, no qual, baseado em certidão de propriedade e contato de
arrendamento, almejou a outorga de uso das águas estaduais, nos exatos termos
das informações cadastrais, para irrigação de suas lavouras de grãos, o que por
certo atenderia o objetivo visante no Termo de Ajustamento, há, ainda, por
outro lado, que ponderar- se o seguinte: a. - A obrigação de interromper, a partir
de ______ de ______, a utilização das águas e conseqüentemente o processo de
irrrigação, enquanto a referida licença não for concedida, é tarefa do
Impetrante.
E origina-se de compromisso por ele assumido e atermado; b. - Não cumprindo,
isto é, se o Impetrante não proceder a essa interrupção estará sujeito à MULTA.
E não, ver lacrados os pivôs, pela Justiça, sem oitiva ou sem lhe oportunizar
justificativas, com lavouras sendo irrigadas. Estava ele sujeito à multa, fosse o
caso. Está no item 7, do Termo: "Os compromissários que não implementarem
as providências que lhes incumbem nos prazos fixados no presente E>TERMO
DE COMPROMISSO E AJUSTAMENTO DE CONDUTA, incidirão em multa
diária pelo atraso, em valor correspondente em moeda corrente nacional a 1.500
(um mil e quinhentos) UFIR'S - UNIDADE FISCAL DE REFERÊNCIA - do
Governo Federal". É isso o que haveria de acontecer: a aplicação da multa, se
não houvesse justificativa que o impossibilitasse de interromper a irrigação.
74
Mas, no caso há motivo justo. O Impetrante não só postulou a obtenção da
licença, objeto do compromisso (docs. juntos), como, também, não foi omisso,
pois através do LAUDO DE VISTORIA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL
HÍDRICO DO ____________, firmado por um dos peritos mais competentes
nesta área, está patente a inexistência de risco iminente de dano à natureza,
decorrente da irrrigação (doc. anexo).
O Impetrante, Excelência, a exemplo dos demais réus, desde o momento da
assinatura do Termo de Compromisso e Ajustamento de Conduta, iniciou sua
peregrinação para conseguir licença para operar sistema de irrigação de
lavouras pela utilização de pivôs centrais, na utilização direta das águas do
_____________. Contudo, para se obter a outorga da Superintendência de
Recursos Hídricos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente do Estado de
____________, mister se faz a construção de represas. E para a construção
outra providência haverá de ser implementada: a obtenção de licença junto à
Agência _____________ do Meio Ambiente e Recursos Naturais
(___________________), sendo este um dos requisitos para a concessão
daquela outorga.
Trata-se, pois, de burocracia necessária, embora dificultosa para o Impetrante,
até financeiramente. E isso demanda prazos longos, questão não observada por
ocasião da firmação do Termo de Ajuste. De lembrar-se mais, Excelência, que
nesta época do ano é impossível a construção de represas, além do que, a
licença, mesmo depois de atendido aquele requisito de construção de barragem,
não é concedida em menos de seis meses, o que implica em sérios prejuízos
para o Impetrante e toda a sua família, pois teria que deixar a terra ociosa, sem
produzir qualquer tipo de alimento nesta época do ano, mergulhando assim em
mais dívidas, já que estas não são novidades em meio aos produtores rurais
brasileiros.
De recordar-se mais, Excelência, que se Ação Civil Pública, já referida, sede do
75
fato, teve por escopo evitar risco de dano à natureza e não prejudicar o
abastecimento de água à população urbana de ______________, tais hipóteses
foram rechaçadas pelos peritos.
De modo que a lacração dos pivôs só prejudica, e muito, a pessoa do
Impetrante. Inexiste risco de dano à natureza, já foi dito. E no referente ao
abastecimento, é de ver-se que por este motivo, foi elaborado o LAUDO DE
VISTORIA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL HÍDRICO DO ____________,
pelo Engenheiro Agrônomo Dr. _____________, perito da Justiça Federal,
principalmente no que tange ao meio ambiente, cujo laudo concluiu o seguinte:
"Este Assistente Técnico, conclui, com base no descrito acima, que o
abastecimento d'água à população urbana de _______________ está
assegurado, mesmo mantendo simultaneamente os bombeamentos da
________, ________________ e _________, desde que a Companhia
________ amplie sua capacidade de tratamento da água; que a falta d'água na
cidade deve-se ao tratamento insuficiente, por falta de capacidade de sua
unidade de tratamento e não por falta de água na sua captação.
Conclui ainda que é possível operar todos os pivôs instados no trecho, porém
condicionado a construção de barragens nas devidas localizações e demissões
por todos os usuários"(destacamos e grifamos).
De se ver mais que a demanda da vazão, no trecho do ponto de captação da
_____________, à montante, até o ponto de captação da __________(destilaria
de álcool), em ______ de ________ é de 467,33 l/s, enquanto que nos autos da
Ação Civil Pública o Perito Judicial ao avaliar a demanda de vazão instalada,
em ________ de ________ era de 1113 l/s, portanto, 41,98% do que bombeava
em ________ de ____________.
De modo, Excelência, claríssimo está dos autos a inexistência do risco de dano
à natureza e, bem assim, qualquer prejuízo ao abastecimento de água em
__________(cidade)_____________ A uma porque qualquer falta de água que
76
possa ocorrer isso se deve à própria Autora, a Companhia _________ S.A., por
falta de ampliação de sua capacidade de tratamento e, a duas, porque a vazão de
água é inferior ao que se bombeava em __________, representando percentual
de 41,98% do total de 1113 l/s.
O impetrante é um pequeno produtor rural, e plantou, como foi dito, numa área
aproximada de 145 hectares, lavoura de milho híbrido. E a produção já está
compromissada com a empresa _____________ LTDA., conforme contratos
anexos, um de 97 e outro de 48 hectares (cópias anexas), cujo plantio já está
concretizado e em pleno desenvolvimento vegetativo. E conforme esses
contratos, todo o preparo da terra, plantio e colheita serão suportados pelo
Impetrante, às suas expensas e sob sua exclusiva responsabilidade. As
fotografias que, instruíram o requerimento do Ministério Público, são provas
bastantes da existência dessas lavouras e da necessidade premente de irrigação
(cópia anexa). As lavouras irrigadas, do Impetrante, em uma área de mais ou
menos 145 hectares, são de milho próprio para semente, com produtividade
esperada de 8.600kg/ha ou 1.290.000Kg. em toda a área. Portanto, de alto valor
econômico, e por isso necessitam, em sua parte mais atrasada, de serem
irrigadas por mais 40 dias, para completarem seu ciclo sem prejuízo (doc.
anexo). E mais: Mão de obra utilizada: Os 145,20 has. já irrigados e cultivados,
atualmente, com milho semente demandam do plantio a colheita que é feita
manual por se tratar de semente, aproximadamente, 6.460 dias homens, diz o
laudo anexo. A vazão do manancial, medida em 27 de maio p.p., se vê dos
documentos anexos, foi de 505,4 litros/segundo. E o Impetrante necessita
apenas de 161,33 litros/segundo, se funcionar dois pivôs simultaneamente.
Ainda sobra, sem uso, 344,07 litros/segundo. Isso corresponde a 1.238.652,00
litros/hora, ou 1.238 metros cúbicos por hora, sendo que o abastecimento da
cidade consome apenas 140,00 metros cúbicos por hora, segundo noticiou a
Douta Promotoria de Justiça (fls. ________).
Induvidosamente não risco para o abastecimento. Mas há, com certeza,
incalculável risco à produção já contratada, com sérios prejuízos ao Impetrante,
77
sua família e demais pessoas envolvidas nesse cultivo do milho e, bem assim,
aos produtores rurais que necessitarão da semente ali em fase de produção para
ser semeada no próximo ano agrícola _________. A interrupção do processo de
irrigação e a lacração do conjunto de irrigação, como ocorreu pelo lacre
judicial, resultará que toda cultura de milho semente reste ameaçada, caso não
venha a ser irrigada nas próximas horas, disso acarretando sérios prejuízos a
todos os que de uma forma ou de outra, direta e indiretamente, acham-se
envolvidos na colheita ou produção dessa lavoura.
O Impetrante espera o deferimento de seu pedido liminar, com suspensão da
interrupção do processo irrigatório, também porque o deferimento do pedido
ministerial, de pronto como aconteceu, sem oitiva das partes, não seja cabível
por não restarem presentes prejuízos de difícil reparação, pressupostos estes
exigidos nos termos da lei. A regra é a mesma dos pedidos liminares na causa
principal, ao inverso. A lacração, data latíssima vênia, in casu, só poderia
ocorrer se convincentemente demonstrado o prejuízo do abastecimento de água
à população ___________, ou de forma grave à natureza, nesse preocupante
tema ambiental. Não é o caso, pois o que aconteceu foi justamente o contrário.
DO DIREITO
O deferimento da medida postulada pelo Ministério Público, sem ouvir as
partes, de maneira desatenta aos laudos, acarreta sério prejuízo ao Impetrante,
se continuarem lacrados os pivôs. No entanto, o deslacramento não provoca
qualquer dano no abastecimento, ou à natureza, ou mesmo prejuízo de qualquer
espécie a terceiros.
A decisão ora atacada, que mandou lacrar os pivôs, não tem respaldo no Termo,
pois a interrupção da irrigação, se houvesse motivo justo, é tarefa do Impetrante
em qualquer data a partir do dia 15 de junho, sob pena de multa. Tal decisão
chega a ser teratológica, porque lançada sem cautela e sem a necessária
prudência, malgrado ser da lavra de Culto Magistrado, se pensar no tamanho do
78
prejuízo que ela poderá acarretar. Nosso Tribunal de Justiça já decidiu:
EMENTA: "Mandado de Segurança. Ato Judicial não atacado por recurso. O
mandado de Segurança não é sucedâneo de recurso, salvo em se tratando de
decisão teratológica, de manifesta ilegalidade, capaz de ocasionar dano
irreparável." (TJGO Terceira Câmara Cível. DJ n 12066 de 18/05/1995 p 11 -
ACÓRDÃO: 04/04/1995 04/04/1995 - RELATOR: Des Mauro Campos -
Mandado de Segurança n 5559-4/101).
E no caso presente, como fácil se colhe, o despacho ora atacado é capaz de
ocasionar dano irreparável ao Impetrante, já foi demonstrado. Ademais,
"presentes os pressupostos do art. 7, inciso II, da Lei n. 1.533/51, impõe-se a
concessão da liminar, independentemente de qualquer garantia ou depósito
prévio" (STJ-2a.Turma, RMS 360-SP, rel Min. Peçanha Martins, j.26.6.91,
deram provimento, v.u.rep.DJU 30.9.91, p.13.500).
O caminho processual escolhido é adequado, e melhor para o reparo pretendido.
Nesse sentido calhante a EMENTA do nosso TJGO: "MANDADO DE
SEGURANÇA. É viável a impetração do mandamus contra ato judicial desde
que presentes os pressupostos do fumus boni juris e do periculum in mora".
(TJGO Segunda Câmara Cível. DJ n 11957 de 08/12/1994 p 6- ACÓRDÃO:
22/11/1994 11/22/1994 - RELATOR: Des Fenelon Teodoro Reis - DECISÃO :
Segurança concedida, à unanimidade - RECURSO: Mandado de Segurança n
5688-4/101).
Em caso semelhante, provindo do mesmo despacho ora atacado, o outro réu da
Ação Civil Pública, __________ obteve, por Despacho do Desembargador
BYRON SEABRA GUIMARÃES, Vice-Presidente no exercício legal da
Presidência, idêntica liminar em Mandado de Segurança impetrado na semana
passada (autos n.200001267927 - MS 9.480-0/101), porquanto ele, igualmente
ao Impetrante, acabou atingido prejudicialmente pelo referido despacho do
MM. Juiz Plantonista, conforme demonstrou.
79
O nosso Tribunal de Justiça naquele caso do co-réu ________________, e com
o costumeiro acerto, entendeu que os dois requisitos previstos no inciso II
("fumus boni iuris" e possibilidade de lesão irreparável ou de difícil reparação)
são essenciais para que possa ser concedida a medida liminar. Tal como julgou
o STF - Pleno: RTJ 91/67. E neste sentido: RTJ 112/140. E a presença desses
requisitos está fartamente demonstrada, além de provada. Acham-se claros, in
casu, o FUMUS BONI IURIS e o PERICULUM IN MORA.
DOS PEDIDOS
O Impetrante, por todo o exposto e respeitosamente, REQUER lhe seja
deferida, liminarmente, a suspensão da execução da decisão impugnada, dando-
se o deslacramento de seus pivôs, justamente para evitar o prejuízo que, por
certo, se perdurar a medida, afetará também a sua família e à dos demais
trabalhadores da lavoura.
O Impetrante tem família e vive de seu trabalho, não podendo admitir, em face
da não existência da degradação do meio ambiente, permaneça sem irrigação a
cultura de milho de semente que encontra-se em estado vegetativo e que não
suporta a falta de água nas próximas 24 horas. Mais agora, diante da mudança
do tempo, frio inesperado e anormal na região, com previsão de geada nas
lavouras. Assim, achando-se claro o seu direito líquido e certo de permanecer
irrigando a lavoura de milho semente, já que não existe qualquer malefício à
natureza e ao abastecimento da cidade, REQUER lhe seja concedida a liminar
pré-falada, determinando-se o rompimento da lacração do seu conjunto de
irrigação que promove a captação de água do ___________, com o fim de
garantir o processo irrigatório de suas lavouras, através da utilização dos pivôs
centrais, dando-se a notificação do Impetrado para apresentar informações, bem
como a notificação do Ministério Público e a citação da Companhia de
Saneamento__________ S.A. - sociedade de economia mista, com sede na Av.
___________, Nº. __________, BAIRRO_____________, nesta Capital,
devendo ao final dar-se a procedência do pedido para tornar definitiva a liminar,
80
ou para que se suspenda a execução do despacho lançado pelo MM. Juiz
Plantonista, até que as providências técnicas sejam viabilizadas, e assim
compromissadas as partes em novo Termo de Ajuste.
Dá-se à causa o valor de R$ _____________________
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]
Fonte: http://www.igf.com.br/blog/modelos-de-documentos/Peticao/Ambiental/Mandado-de-seguranca-impetrado-em-face-de-ato-emanado-por-magistrado
4.5 – Mandado de injunção ambiental
Conforme apresenta o Professor
Fiorillo, o mandado de injunção ambiental é
“... uma ação constitucional que tem por
objeto possibilitar que o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania não seja
inviabilizado pela ausência de norma
regulamentadora.”
O mandado de injunção está previsto na Constituição Federal, no art. 5º. Inciso
LXXI, conforme veremos a seguir:
81
“Art. 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de
norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania;”
Observe um modelo:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE
__________
_______, brasileiro (a), (estado civil), advogado inscrito na OAB/ ______ sob o
nº.______ portador (a) do CIRG n.º _________ e do CPF n.º ________,
residente e domiciliado (a) na Rua _______, n.º ....., Bairro ....., Cidade .....,
Estado ________, vem muito respeitosamente à presença de Vossa Excelência,
na qualidade de advogado da Defensoria Pública do _________, em causa
própria, com fundamento no art. 5º, LXXI e respectivo § 1º, combinado com os
demais dispositivos das Constituições, Federal e Estadual, aplicáveis ao feito,
impetrar
MANDADO DE INJUNÇÃO
em face de
82
pessoa jurídica de direito público ____________, pelos motivos de fato e de
direito a seguir aduzidos.
COLENDO ÓRGÃO ESPECIAL
MM. DESEMBARGADOR RELATOR
EMÉRITOS JULGADORES
PRELIMINARMENTE
1. DA LEGITIMIDADE ATIVA
Por ser, o ora impetrante, advogado da Defensoria Pública do ________, no
exercício das funções de Defensor Público, cf. docs. nº. __________ e
_________, em anexo, tem o mesmo legítimo e fundado interesse na
organização do Órgão nos moldes e critérios estabelecidos pelas Constituições
Federal e Estadual vigentes, bem como de ter assegurado o exercício de seus
direitos decorrentes da regulamentação da carreira, observando-se o princípio
da isonomia de vencimentos, consoante artigo 135, da Constituição Federal.
2. DA LEGITIMIDADE PASSIVA
Por ser o anteprojeto da Lei objetivando regulamentar a carreira da Defensoria
Pública, de iniciativa privada do Governador do Estado, cf. preceitua o inc. III,
do art. 66, da Constituição Estadual; bem como ante o exaurimento do prazo
constitucional de cento e oitenta dias estabelecido pelo artigo 6º, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias, da Constituição Estadual, sem que o
Governador do Estado promovesse o encaminhamento, à Assembleia
Legislativa, do anteprojeto de lei objetivando regulamentar a carreira da
Defensoria Pública; fica caracterizado ser o Estado do __________, na pessoa
do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, nos exatos termos, e na forma
estabelecida pelo inciso I, do artigo 87, da Constituição Estadual, o polo passivo
da presente relação processual.
83
3. DA COMPETÊNCIA (Legislativa)
Em razão do disposto no inciso III, do artigo 66, da Constituição Estadual,
combinado com o disposto no artigo 6º, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias da mesma, fica estabelecida a competência do Governador do
Estado para, privativamente, propor leis dispondo sobre a organização da
Defensoria Pública, mesmo porque o inciso XIII, do artigo 24, da Constituição
Federal, atribui, concorrentemente, esta competência ao Estado.
4. DA COMPETÊNCIA (Jurisdicional)
Em razão do contido nos artigos 87, inciso I, combinado com o artigo 101, inc.
VII, "c", ambos da Constituição Estadual, e nos termos do contido no artigo 83,
inc. IV, "e", do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Paraná, compete
ao C. Órgão Especial desse E. Tribunal de Justiça, processar e julgar,
originariamente, o presente Mandado de Injunção impetrado contra
__________ em razão da inércia do Governador quanto ao encaminhamento do
aludido anteprojeto de lei. E, por ser o Regimento Interno anterior à
Constituição Federal de 1988, que criou o instituto mandamental sob análise,
equipara-se o mesmo, em sua forma procedimental, ao mandado de segurança.
DO MÉRITO
1. DO RESUMO RETROSPECTIVO DAS ATIVIDADES PROFISSIONAIS
DO IMPETRANTE NA FUNÇÃO DE DEFENSOR PÚBLICO
O ora impetrante, desde __________, ainda na condição de acadêmico de
direito, já desenvolvia suas atividades jurídicas no âmbito da Defensoria
Pública, à época denominada "Assistência Judiciária", cf. docs. nº. _________ a
_________, em anexo.
84
Desde ___/____/____, o ora impetrante vem atuando como – e efetivamente o é
– servidor público da administração direta do Estado, cf. docs. nº._____ a
_____, em anexo.
O ora impetrante, servidor público, sempre atuando no âmbito da "Assistência
Judiciária" Defensoria Pública, sempre exercendo as funções de Defensor
Público, ao longo do desempenho das suas atividades profissionais, recebeu
várias promoções. Pois vejamos:
a) em ____/____, de ___, passou a ____, cf. doc. ___, em anexo;
b) em ____/____, de ____, passou a ____, cf. doc. ____, em anexo;
c) em ____/____, de ____, passou a ____, cf. doc. ____, em anexo;
d) em data de ____/____/____, cf. Diário Oficial do Estado nº. ____, na
qualidade de advogado da Defensoria Pública do ___________, obteve a devida
licença governamental de afastamento do país para participar de curso de
___________, a nível de _________, em ____________, junto à Universidade
Católica ____________, cf. docs. nº. _________________ e seguintes, em
anexo. Participação esta prejudicada ante o retardamento da respectiva bolsa de
estudos obtida junto à __________, em razão da greve dos funcionários
públicos federais e do Ministério da Educação, em fins de ___________: (Note-
se que do conjunto probatório contido no doc. sob nº. _________, o Estado
reconhece expressamente o exercício da função de Defensor Público, e quanto a
isto não há o que se objetar);
e) desde ____/____, o ora impetrante participa de curso de ________ junto à
Universidade Federal do ________, como bolsista indicado pela Defensoria
Pública do _______, cf. doc. nº. __________, em anexo;
f) desde ____/____/____, o ora impetrante é representante judicial, por
85
delegação de poderes, com atribuições de prestar assistência jurídica aos
necessitados, na Comarca de _________, exercendo, portanto, em nome do
Estado, também no interior, as funções de Defensor Público, cf. docs. nº.
_______ e ______, em anexo, inclusive delegação de poderes;
g) quanto a qualidade dos serviços prestados no exercício das funções de
Defensor Público, junta-se os docs. _____ nº. ________ e seguintes, em anexo.
Relatada, sinteticamente, a retrospectiva das atividades profissionais,
devidamente documentada, não há dúvida de que o ora impetrante, estável, vem
exercendo, há longo tempo, no interior e principalmente na Capital, tanto
perante a primeira quanto na Superior Instância, perante os Tribunais de Alçada
e de Justiça, cf. docs. nº. __________ e seguintes, em anexo, as funções de
Defensor Público, nos moldes dos artigos 55 e 22, dos Atos das Disposições
Constitucionais Transitórias das Constituições Estadual e Federal,
respectivamente, fazendo jus ao direito de enquadramento/opção na/pela
correspondente carreira.
2. DOS DIREITOS DO IMPETRANTE
O ora impetrante, na qualidade de advogado da Defensoria Pública do _______,
no efetivo exercício das funções de Defensor Público, desde o início de suas
atividades profissionais junto ao Estado, cf. provam os docs. nº. ______ a
______, entre outros em anexo, tem o legítimo interesse na regulamentação da
respectiva carreira, nos moldes previstos pelas Constituições Estadual e Federal.
Por estar no efetivo exercício das funções de Defensor Público, há mais de
______ anos, o impetrante tem o direito constitucionalmente assegurado ao
enquadramento no cargo da carreira de Defensor Público, consoante o disposto
no artigo 55, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da
Constituição Estadual.
86
A pretensão também é amplamente assegurada através do artigo 22, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal, que assim
determina:
"Constituição Federal
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Art. 22 – É assegurado aos defensores públicos investidos na função até a data
de instalação da Assembléia Nacional Constituinte o direito de opção pela
carreira, com observância das garantias e vedações previstas no art. 134,
parágrafo único, da Constituição."
VII – DA ESTABILIDADE
Em razão do tempo de serviço, cf. docs. nº. ______ e ________, entre outros
em anexo, o ora impetrante tem assegurada a estabilidade no serviço público,
nos termos do artigo 19, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da
Constituição Federal.
Ao mesmo tempo, verifica-se que o ora impetrante, em razão do disposto no
artigo 233, da Constituição Estadual, a partir da promulgação da mesma, passou
a ser regido pelo Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado.
3. DA ISONOMIA
Não obstante o direito constitucional assegurado através do § 1º, do artigo 39,
da Constituição Federal, o § 2º, do artigo 33, da Constituição Estadual, à
isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhados do
mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, o impetrante vem sendo preterido, percebendo uma remuneração
muito aquém do devido.
87
A defasagem dos vencimentos mensais do impetrante, se comparados aos de
cargos assemelhados, como os da carreira do Ministério Público ou da própria
Magistratura, considerando o tempo de serviço, entrância de instância de
atuação, é irrisório e vexatório.
Exercendo, já há longa data, as funções de Defensor Público perante a ______ª
Vara Criminal da Comarca de ________, bem como perante os Tribunais de
Alçada e de Justiça do ________, recebe, o ora impetrante, a título de
remuneração, a irrisória quantia consignada no contracheque de pagamento,
cuja cópia, doc. nº. _______, segue em anexo.
4. DA INVIABILIDADE DE EXERCÍCIO DOS DIREITOS E LIBERDADES
CONSTITUCIONAIS
O ora impetrante, por ter assegurado, dupla e constitucionalmente, tanto pela
Constituição Federa, quanto pela Constituição Estadual o direito de opção ou de
enquadramento na carreira de Defensor Público, cf. arts. 22 e 55, dos Atos
Constitucionais das Disposições Transitórias, das Constituições Federal e
Estadual, respectivamente, está privado do exercício de direito e liberdades
inerentes ao cargo, em decorrência da ora reclamada falta de encaminhamento,
à Assembléia Legislativa, do anteprojeto de lei objetivando regulamentar a
carreira do Defensor Público e organizar a Defensoria Pública.
5. DOS DIREITOS LESADOS
Em razão da inércia do Poder Executivo, portanto do Estado, o ora impetrante
vem sendo lesado e sofre prejuízos de ordem econômica, vez que, ante a
ausência da reclamada regulamentação da carreira de Defensor Público
inviabiliza-se e torna impossível o exercício do direito constitucional de
isonomia de vencimentos assegurado tanto pelo § 1º, do artigo 39, da
Constituição Federal, quanto pelo § 2º, do artigo 33, da Constituição Estadual.
88
6. DA LIMINAR
Em razão da reclamada falta de encaminhamento do anteprojeto de lei
objetivando regulamentar a carreira da Defensoria Pública, no prazo legal, já
exaurido, de cento e oitenta dias, consoante determina o artigo 6º, do Ato
Constitucional das Disposições Transitórias, da Constituição Estadual,
inviabilizou-se, ante a inércia do Poder Executivo, portanto do Estado, a
possibilidade ao exercício do direito do impetrante de optar ou de ser
enquadrado no cargo da carreira de Defensor Público e de obter,
consequentemente, a isonomia de vencimentos de que trata o § 1º, do artigo 39,
da Constituição Federal, e também o § 2º, do artigo 33, da Constituição
Estadual.
A melhor doutrina, segundo (Mello, Celso Antônio Bandeira de, "Regime
constitucional dos servidores da administração direta e indireta", São Paulo: Ed.
Ver. dos Trib., 1990), dá amplo respaldo à pretensão. Pois vejamos:
Obra citada:
Pág. 84 – Sob o título "Regime único", conclui o autor:
"Por tudo isto resulta que para bem cumprir-se o disposto no artigo 37, que
enumera os princípios da Administração Pública – e entre eles o da
impessoalidade, da finalidade e da moralidade – o regime normal da
Administração Pública é o próprio de quem exerce cargo público, isto é, o
regime de funcionário."
Pág. 85 – "Assim, aparece como inequívoco que o regime constitucionalmente
previsto como idôneo para a genérica regência normal, ordinária, dos servidores
públicos é o regime dito estatutário: regime de cargo público."
89
Sob o título "Isonomia de vencimentos" afirma o mesmo autor (Obra citada):
Pág. 92 – "Posto que o regime há de ser uniforme para a administração direta,
autarquias e fundações públicas, tem-se que, nas pessoas jurídicas de direito
público, terá de existir isonomia de vencimentos para os servidores ocupantes
de cargos assemelhados ou de atribuições iguais, nada importando quanto a isto
sejam eles da administração direta, de autarquias ou fundações públicas de tal
ou qual Poder."
Pág. 93 – "Afora a isonomia referida no § 1º, do art. 39 – e que terá de ser
apurada ante a igualdade de atribuições e semelhança dos cargos – encarregou-
se o próprio Texto Constitucional de definir casos em que já qualificou de
antemão como existente a sobredita igualdade. São os que constam de seus arts.
135 e 241."
Dispõe o art. 135 que: Às carreiras disciplinadas neste Título aplicam-se o
princípio do art. 37, XII, e o art. 39, § 1º:
"Aí se estabeleceu, portanto, que as carreiras mencionadas no Título IV (Da
Organização dos Poderes) são consideradas isônomas. Quais as carreiras
cogitadas no Título? São as da Magistratura, do Ministério Público, Advocacia
Geral da União, Advocacia Pública e Defensoria Pública. Assim, mesmo que se
considere - o que aliás é induvidoso - existirem entre elas muitas diferenças,
conquanto tenham aspecto fundamental comum de serem carreiras jurídicas, na
Constituição, foram igualadas para fins retributivos. Vale dizer: entendeu-se
bastante o fato de serem privativas e específicas de bacharel em Direito. Daí
que, dentro das respectivas órbitas - isto é, da União, dos Estados e do Distrito
Federal (pois o Município não tem Judiciário nem Ministério Público) - os
servidores integrantes das distintas carreiras estarão todos parificados em
vencimentos, respeitados os escalões correspondentes em que estejam alocados,
tendo em vista a correspondência recíproca de correspondência recíproca de
seus patamares."
90
Demonstrado o efetivo direito do impetrante, calcado nas disposições
Constitucionais e doutrina expostas, há de ser deferida a liminar pleiteada, vez
que a falta de percepção dos devidos vencimentos, observada a isonomia,
acarreta prejuízos irreparáveis ao impetrante, notadamente em razão dos valores
defasados atualmente recebidos, cf. doc. nº. _______, em anexo.
Valores estes decorrentes, ao que parece, de uma política governamental
visando o esvaziamento dos quadros de servidores da Administração Pública.
Desta forma, em razão da impossibilidade e da inviabilidade de exercício do
direito de opção pela carreira de Defensor Público, nos termos do art. 22, do
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal e
artigo 55, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição
Estadual, e da inviabilidade de exercício do direito à isonomia de vencimentos,
assegurada pelo artigo 39, § 1º, e reafirmado pelo artigo 135, ambos da
Constituição Federal, e também pelo § 2º, do artigo 33, da Constituição
Estadual, e novamente reafirmado pelo § 3º, do artigo 56, do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Estadual, verifica-se
estarem presentes os requisitos legais fumus boni juris e periculum in mora à
concessão da competente liminar; a fim de que seja determinado ao Órgão
competente a imediata implantação de vencimentos mensais, em favor do ora
impetrante, com valores correspondentes a cargos de atribuições iguais ou
assemelhadas do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, cf. os dispositivos constitucionais e entendimento
doutrinário indicados. Garantindo-se, desta forma, ao ora impetrante, o
exercício do direito à isonomia de vencimentos, mediante a percepção de
valores mensais condizentes à atividade profissional de Defensor Público
Exercida. Tomando-se como base ou parâmetro, para que se estabeleça,
efetivamente, a isonomia de vencimentos, os valores de remuneração dos cargos
de atribuição igual ou assemelhada aos das carreiras do Ministério Público e da
Magistratura, observando-se o tempo de serviço, entrância e instância de
91
atuação. Evitando-se prejuízos de difícil reparação, ou mesmo irreparáveis ao
impetrante. Assegurando-se-lhe, assim, de imediato, o exercício do direito
constitucional à isonomia de vencimentos, consoante é o entendimento do Prof.
Celso Antônio Bandeira de Mello (Obra citada).
7. DO OBJETO
Tem por finalidade e objeto o presente "Mandado de Injunção" obter a devida
tutela jurisdicional, assegurando-se ao ora impetrante o exercício do direito de
opção / enquadramento pela / na carreira de Defensor Público, bem como à
isonomia de vencimentos, determinando-se, ainda, ao ...., através do Poder
Executivo, na pessoa do Excelentíssimo Senhor Governador do Estado, que
promova o encaminhamento à Assembleia Legislativa, do anteprojeto de lei
objetivando regulamentar a carreira da Defensoria Pública.
A melhor doutrina, segundo (Cretella Júnior, José "Comentários à Constituição
Brasileira de 1988", v. 2, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1989), dá
amplo respaldo à pretensão. Pois vejamos:
"... que determine a prática ou a abstenção de ato, tanto da administração
pública, como do particular, por violação de direitos constitucionais, fundada na
falta de norma regulamentadora."
Pág. 724 – Sob o título "Falta de Norma Regulamentadora" afirma o autor:
"Definimos o mandado de injunção como a ação civil do rito sumário, que
possibilita a todo aquele, que tem direito subjetivo público ou privado, exigir,
em juízo, o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania, tornados inviáveis pela
falta de norma regulamentadora ..."
Pág. 728 – "Assim 'sempre que a falta de norma regulamentadora, já existente
92
ou a ser editada, isto é, regra jurídica ordinária federal, complementadora de
dispositivo elaborado pelo constituinte, torna inviável o exercício dos direitos e
liberdades constitucionais, e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à
soberania e à cidadania', o Poder Judiciário, mediante provocação do
interessado concederá mandado de injunção. Desse modo, aqueles direitos e
liberdades podem ser exercitadas por quem quer que seja detentor do respectivo
direito subjetivo, público ou privado, mas que não possa exercê-los por falta de
regra jurídica ordinária ..."
Note-se que a interpretação aqui dada, pelo autor, à Constituição Federal, é
perfeitamente aplicável em relação à aplicabilidade das normas, direitos e
garantias assegurados pela Constituição Estadual.
Pág. 862 – Sob o título "Aplicação Imediata" afirma o mesmo autor (Cretella
Júnior):
"... A aplicação imediata, a que se refere a Carta Política de 1988, art. 5º,
LXXVII, § 1º, é a eficácia, em si e por si, da norma, sem outra que a
regulamente."
Os ensinamentos doutrinários de (Francisco, Ivo Dantas Cavalcanti, "Mandado
de Injunção", Rio de Janeiro, Aide Ed., 1989) são no mesmo sentido. Pois
vejamos, também:
Obra citada:
Pág. 97 – Sob o título "A Sentença no Mandado de Injunção - Recursos", afirma
o autor:
"Já a sentença de mérito examina o direito invocado e, se procedente a
pretensão, deverá preencher a lacuna da omissão que vinha existindo, pela não
ação de quem era responsável para tornar efetivos em direitos e liberdades
93
constitucionais."
Em seguida, quanto a sucumbência, ensina o mesmo autor (Ivo Dantas),
reportando-se a Meirelles:
Pág. 97 – "Comprida a ordem judicial, exaure-se o conteúdo mandamental da
sentença, restando apenas o seu efeito condenatório para o pagamento das
custas e honorários a ser exigido nos mesmos autos, na forma processual
comum" como ensina Meirelles.
8. DAS PROVAS COMPLEMENTARES
A título de provas complementares do efetivo exercício das função de Defensor
Público e quanto a qualidade dos serviços prestados, junta-se os docs. nº. _____
e seguintes, em anexo.
DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer-se a esse C. Órgão Especial do E. Tribunal de Justiça do
_____, através do Excelentíssimo Senhor Des. Relator, preliminarmente, que:
a) seja solicitado junto à Presidência da Assembléia Legislativa do ______,
através de Ofício, que se informe, mediante expedição da competente Certidão,
se o Governador do Estado promoveu o encaminhamento, àquela Casa
Legislativa, de anteprojeto de lei objetivando regulamentar a carreira da
Defensoria Pública, consoante determina o artigo 6º, do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias da Constituição Estadual. Solicitando-se também,
em caso afirmativo, da data exata do encaminhamento e cópia de inteiro teor do
respectivo anteprojeto;
b) sejam requisitadas, junto aos setores próprios do Ministério Público e da
Magistratura, as respectivas tabelas de vencimentos das correspondentes
94
carreiras;
c) seja deferida, liminarmente, a pretensão exposta no item XI, reconhecendo-se
de plano o direito à isonomia de vencimentos aos cargos de atribuições iguais
ou assemelhadas aos das carreiras do Ministério Público e da Magistratura,
determinando-se ao Poder Executivo que adote as providências necessárias para
a imediata implantação do valor de vencimentos mensais que forem
liminarmente fixados observando-se, à isonomia, o tempo de serviço, entrância
e instância de atuação. Determinando-se, inclusive, o pagamento dos valores
retroativos, a contra da promulgação da Constituição Federal;
d) seja determinada a citação inicial do impetrado, observado-se o disposto no
inciso I, do artigo 87, da Constituição Estadual;
e) seja determinada a intimação da Procuradoria Geral do Estado, através do
Procurador Geral, observando-se o disposto no inciso I, do artigo 124, da
Constituição Estadual;
f) seja o presente feito submetido à apreciação do Ministério Público, para os
fins previstos pelo inc. II, do artigo 129, da Constituição Federal e inc. II, do
artigo 120, da Constituição Estadual;
g) seja admitida a produção de todos os meios de provas em direito admitidas,
especialmente ouvida de testemunhas, cujo rol será oferecido oportunamente,
caso se faça necessário;
h) seja determinado o processamento do feito, independentemente do preparo
de custas, cf. inciso LXXVII, do artigo 5º, da Constituição Federal.
Finalmente, quanto ao mérito, conhecido o presente "Mandado de Injunção",
requer-se a esse C. Órgão Especial que lhe seja dado provimento condenando
________, expedindo-se, consequentemente, competente Ordem Judicial para
95
que:
a) seja assegurado ao ora impetrante o exercício do direito constitucional de
opção/enquadramento pela/na carreira de Defensor Público, com as garantias
que lhe são próprias, observados os seus princípios e o direito à isonomia de
vencimentos;
b) seja determinado ao _______, confirmando a liminar, que promova a
implantação definitiva do novo valor dos vencimentos mensais, observada a
isonomia, bem como dos valores retroativos, devidamente reajustados pelos
índices legais, a contar da promulgação da Constituições Federal;
c) seja determinado ao ______, na pessoa do Excelentíssimo Senhor
Governador que, no prazo de .... dias, encaminhe à Assembleia Legislativa,
competente anteprojeto de lei objetivando regulamentar a carreira da Defensoria
Pública;
d) seja o condenado, o ______, ao pagamento das eventuais custas e honorários
advocatícios de sucumbência, à base de 20%, a ser calculado sobre o total
retroativo reajustado devido, bem como sobre a soma de _____ parcelas
vincendas, cf. art. 20, do Código de Processo Civil;
e) sejam adotadas as providências que se fizerem necessárias ao cumprimento
do disposto no § 2º, do artigo 101, da Constituição Estadual.
A presente causa tem valor inestimável!
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
96
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]
Fonte: http://www.igf.com.br/blog/modelos-de-documentos/Peticao/Administrativo/Mandado-de-injuncao-interposto-para-assegurar-o-exercicio-do-direito-de-opcao-enquadramento-na-carreira-de-Defensor-Publico-bem-como-a-isonomia-de-vencimentos
97
Conclusão do Módulo II
Olá, aluno(a)!
Chegamos ao fim do nosso Curso de Direito Ambiental, com a certeza de que
conseguimos transmitir as noções básicas sobre este tema tão relevante.
Lembramos que o Direito é uma matéria extremamente ampla e complexa,
sendo uma matéria específica da faculdade de Direito, a qual possui Pós-Graduação e
Mestrado, por esta razão não tivemos a pretensão de formar especialistas no assunto,
mas apresentar as noções básicas a respeito.
Esperamos que caso você tenha se interessado pelo assunto, que o estudo aqui
apresentado possa lhe auxiliar no desenvolvimento de seus conhecimentos sobre o tema.
A próxima e última etapa do nosso curso e a avaliação do Módulo II, que se
encontra em sua sala virtual. Faça a avaliação quando se sentir seguro(a) e preparado(a)
para realizá-la.
Boa sorte e sucesso!
98
Bibliografia
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Ambiental Brasileiro. 2ª. Ed, Ampliada, Editora Saraiva. São Paulo: 2001. JESUS, Damásio E. de. Direito Penal - parte geral. 21ª ed. rev. atual. Saraiva. São Paulo: 1998. 1º vol. Revista dos Tribunais, Princípios do processo civil na Constituição Federal, São Paulo, 1995. SAMPAIO, Rômulo. Direito Ambiental. Disponível em:<http://academico.direito-rio.fgv.br/ccmw/images/0/00/Direito_Ambiental.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2013. SILVA, Thomas de Carvalho. O meio ambiente na Constituição Federal de 1988. Disponível em:<http://www.oab.org.br/editora/revista/revista_08/anexos/o_meio_ambiente_na_constituicao_federal.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2013. PRUX, Paula. Cidadania e meio ambiente. Disponível em:<http://www.ecsbdefesa.com.br/fts/CMA.pdf>. Acesso em 21 de maio de 2013. Site Justiça Federal em Santa Catarina. Classificação do meio ambiente. Disponível em:<http://www.jfsc.jus.br/ambiental/opiniao/meio_ambiente.htm>. Acesso em 21 de maio de 2013. Site Ministério do Meio Ambiente. Licenciamento ambiental. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/governanca-ambiental/portal-nacional-de-licenciamento-ambiental/licenciamento-ambiental>. Acesso em 21 de maio de 2013. Site Ministério do Meio Ambiente. Manual de licenciamento ambiental. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/cart_sebrae.pdf Site Brasil.gov. Código Florestal. Disponível em:<http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/legislacao-e-orgaos/codigo-florestal>. Acesso em 21 de maio de 2013. Portal G1. Entenda o que diz o Código Florestal a ser votado na Câmara. Disponível em:<http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/04/entenda-o-que-diz-o-codigo-florestal-ser-votado-na-camara.html>. Acesso em 21 de maio de 2013. Portal Câmara dos Deputados. Aprovação do Código Florestal foi um dos destaques do Legislativo em 2012. Disponível em:<http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/MEIO-AMBIENTE/433399-APROVACAO-DO-CODIGO-FLORESTAL-FOI-UM-DOS-DESTAQUES-DO-LEGISLATIVO-EM-2012.html>. Acesso em 21 de maio de 2013.
99
Site Polícia Militar de Alagoas. Crimes contra a fauna. Disponível em:<http://www.pm.al.gov.br/bpa/down_fauna.html>. Acesso em 21 de maio de 2013. Site Rancho dos Gnomos. Crimes contra animais. Disponível em:<http://www.ranchodosgnomos.org.br/crimecontrafauna.php>. Acesso em 21 de maio de 2013. Site Meio ambiente news. Crimes contra a Flora. Disponível em:<http://www.meioambientenews.com.br/conteudo.ler.php?q%5B1%7Cconteudo.idcategoria%5D=35&id=4076>. Acesso em 21 de maio de 2013. Site do Planalto. Legislações. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em 21 de maio de 2013.