8/20/2019 Direito Comercial I Lara Geraldes
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DIREITO COMERCIAL I
PROF. MENEZES CORDEIRO
Faculdade de Direito de Lisboa
DISCLAIMER
Estes apontaentos n!o dispensa o estudo dos anuais recoendados peloPro"essor Re#ente e Assistente.
0
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CAP$T%LO I& COM'RCIO E COMERCIANTES
()& SENTIDO O*+ECTI,O. Os actos de comércio em sentido objectivo são aqueles que
se encontram esecialmente re!ulados no C"di!o #art. $%& '( arte). *sta rimeira no+ão
denota a rela+ão de esecialidade entre o direito comercial& esecial& e o direito civil& !eral
e de alica+ão subsidi,ria. Desta rimeira aborda!em odemos concluir
• em todos os actos re!ulados no C"di!o são actos comerciais
• em aenas os actos re!ulados no C"di!o são actos comerciais.
/ "rmula le!al recorre a um enunciado iml1cito que cumre determinar com maior
clare2a.
/ctos comerciais em sentido objectivo são também aqueles que 3istoricamente
3aviam sido consa!rados no C"di!o& embora 3oje erten+am a le!isla+ão e4trava!ante o
tresasse& 5arrendamento comercial6 #art. '''$% CC)& v!.
7eormulando o disosto no art. $%& conclui-se os actos de comércio em sentido
objectivo são aqueles que se encontram& ou se encontraram outrora& 5esecialmente6
re!ulados no C"di!o e na lei comercial !eral& considerando o objecto e os interesses em
questão. estes termos& o contrato de trabal3o não é objectivamente comercial. 8ara
OLI,EIRA ASCENS-O& s" são comerciais os actos re!ulados no C"di!o e nos quais alore a
caracter1stica da esecialidade& em rela+ão 9 lei civil.
(& ANALO/IA. Dado o teor de tiicidade ec3ada do art. $%& aliado a ra2:es de
se!uran+a jur1dica& oder-se-ia di2er que a qualiica+ão de actos comerciais or analo!ia seria
roibida #OLI,EIRA ASCENS-O).
;odavia& cumre recordar que as normas comerciais são eseciais e não e4cecionais&
suscet1veis& or isso& de alica+ão anal"!ica nos termos !erais do art. '0% CC as normas
comerciais não contrariam os rinc1ios !erais do direito& nem constituem qualquer ius
sin!ulare.
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tuo?emréstimo& se não estivessem j, consa!rados no C"di!o). estes
termos& o mesmo oderia ser qualiicado como acto comercial em sentido objectivo&
mediante analo!ia iuris #*AR*OSA DE MA/AL0-ES).
Contrariando esta teoria& a doutrina resondeu ne!ativamente 9 questão a alica+ão
anal"!ica de normas comerciais contraria a inten+ão de ta4atividade atente no art. $%
OLI,EIRA ASCENS-O& /%IL0ERME MOREIRA& PINTO COEL0O& REM'DIO MAR1%ES e
CO%TIN0O DE A*RE%.
/inda que a teoria da acessoriedade se considere 3oje abandonada& a arecia+ão
casu1stica do reenc3imento de lacunas comerciais é oss1vel #caso a caso& norma a norma)
MENEZES CORDEIRO sustenta& assim& a alica+ão anal"!ica das obri!a+:es resultantes da
cula in contra3endo aquando da reara+ão de um contrato comercial. O acto ser,
comercial se o re!ime or comercial e esecial.
(2& SENTIDO S%*+ECTI,O. ão actos comerciais em sentido subjectivo os contratos e
obri!a+:es dos comerciantes& com caacidade ara tal& que a+am do comércio roissão. /
nature2a dos mesmos não ode& todavia& ser e4clusivamente civil& e o contr,rio não ode
resultar do r"rio acto #art. $%& $( arte). *4licitemos.
Duas lin3as de interreta+ão desenvolveram-se em torno do disosto no art. $A0%
• *ntendimento de emresa enquanto actividade #objectivismo) B /%IL0ERME
MOREIRA e CO%TIN0O DE A*RE%.
$
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• *ntendimento de emresa enquanto or!ani2a+ão de meios #subjectivismo) B
*AR*OSA DE MA/AL0-ES.
• Oini:es conciliadoras B OLI,EIRA ASCENS-O.
/astaremos quaisquer roostas de interreta+ão actualista que recondu2am o
disosto no art. $A0% a actos subjectivamente comerciais #leia-se 5essoas& sin!ulares ou
colectivas6) o le!islador ori!in,rio #') não con3ecia o conceito de essoa colectiva&
introdu2ido em '0E or /%IL0ERME MOREIRA& elo que ao elencar 5emresas comerciais6
reeria-se& tão-s"& a actos objectivamente comerciais #5actua+:es?emreendimentos6 e não
or!ani2a+ão de meios& tio 5sujeito6). MENEZES CORDEIRO e4emliica-o uma associa+ão
académica não é comerciante or or!ani2ar um esect,culo or ano se o i2er& o acto é
objectivamente comercial& tão-s".
/ caacidade comercial dos comerciantes #art. 'A%) coincide com a caacidade civil&
elo que o art. E% deve ser remetido ara as re!ras !erais da caacidade de !o2o e de
e4erc1cio.
8or outro lado& ratica& de acto& o comércio& o comerciante que celebre contratos e
actos elencados nos arts HA% e H%.
/ nature2a do acto não ode ser e4clusivamente civil ara MENEZES CORDEIRO serão
actos e4clusivamente civis aqueles que& no momento considerado& não sejam re!ulados ela
lei comercial !eral #"rmula mais abran!ente e actualista& caso a caso). OLI,EIRA ASCENS-O
vai mais lon!e ser, e4clusivamente civil o acto que o direito comercial !eral& ela sua
nature2a& não ossa re!ular #inclua-se os actos relativos ao direito da am1lia e sucess:es e as
doa+:es comerciais& v!). CO%TIN0O DE A*RE%& *AR*OSA DE MA/AL0-ES e FERRER
CORREIA assumem uma interreta+ão mais e4tensiva& nos termos se!uintes é e4clusivamente
civil o acto que não ten3a qualquer cone4ão com o e4erc1cio do comércio em !eral #assim& a
doa+ão j, seria considerada um acto comercial). MENEZES CORDEIRO discorda uma doa+ão
eita a clientes não tem qualquer re!ime comercial& não se tratando de acto de comércio.
/ comercialidade deve ser aastada quando o contr,rio resulte do acto de
circunstncias que o acoman3em& em nada relacionadas com o !iro comercial& enim.
A
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*is o esquema a reter
• Contratos e obri!a+:es dos comerciantes #art. 'A%)
o Caacidade art. E% e re!ras !erais do CC.
o 8ratique& de acto& o comércio arts HA% e H%.
• ature2a não e4clusivamente civil #v! contrato de trabal3o& que retende
rote!er a arte mais raca& o trabal3ador).
• O contr,rio não resulta do acto
Conclusão
/ distin+ão entre actos comerciais em sentido objectivo e subjectivo não é& 3oje&
decisiva j, não deende do oro cometente& como 3istoricamente j, se admitiu #até 'A$&
com a uniica+ão o oro& os actos comerciais eram jul!ados em tribunais comerciais e os actos
civis elos tribunais comuns). ão obstante& a relevncia desta discussão reside na alica+ão
do re!ime comercial& ma4ime daquele que ainda vi!ora no nosso a1s os oucos arts que
restam do C"di!o Comercial.
(3& COMERCIANTES. em todos os que raticam actos de comércio devem ser
considerados comerciantes. estes termos& é comerciante #art. 'A%) quem
• ;en3a caacidade ara tal #art. E%& que remete !lobalmente ara a lei civil)
o / maioria doutrin,ria deende que o comerciante carece de
caacidade de e4erc1cio. J, FERRER CORREIA& or seu lado& admite
bastar a simles caacidade de !o2o. MENEZES CORDEIRO entende
que& j, que as essoas sin!ulares t=m caacidade de !o2o leno #art.
HE% CC)& e as essoas colectivas t=m caacidade de !o2o necess,ria
ou conveniente 9 rossecu+ão dos seus ins #art. 'H0% CC)& o reerido
art. remete !lobalmente ara a lei civil caacidade de !o2o e de
e4erc1cio. ublin3e-se que certos actos de comércio são acess1veis a
menores& mesmo não reresentados #relembre-se que a incaacidade
de e4erc1cio dos menores é meramente aarente& se!undo /OMES DA
SIL,A& j, que as e4ce+:es consa!radas no art. '$E% CC são mais
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e4tensas do que a re!ra& e os actos s" são suscet1veis de
anulabilidade).
• 8ratique& de acto& o comércio arts HA% e H%
• Fa+a do comércio roissão& com ind1cios de roissionalidade #vectores que
classiicam a r,tica comercial de actos comerciais)
o 8r,tica reiterada e 3abitual #não necessariamente cont1nua B actos
não ocasionais nem isolados)
o Inten+ão lucrativa #visa an!ariar meios)
o /ctividade juridicamente aut"noma #em nome r"rio e or sua
conta& ao contr,rio do trabal3ador subordinado& que é abran!ido elore!ime do contrato de trabal3o)
o /ctividade tendencialmente e4clusiva #ode e4ercer outras
roiss:es& embora 3aja limites r,ticos não se e4i!e e4clusividade&
mas sim dedica+ão tendencialmente e4clusiva& mediante total
aecta+ão do seu atrim"nio de comerciante ao seu comércio) -
OLI,EIRA ASCENS-O considera que este não é um verdadeiro ind1cio.
o Or!ani2a+ão de meios e de recursos #ara al!uns autores)
MENEZES CORDEIRO considera que esses elementos não constituem verdadeiros
requisitos e que o sistema é m"vel oder-se-, disensar um ind1cio& desde que os outros
sejam inequ1vocos.
Conclui-se ser-se comerciante é a2er roissão do comércio& desde que se ten3a
caacidade ara tal. *4cluem-se& deste mbito& as sociedades.
ão essoas semel3antes a comerciantes& ainda que não o sejam ara eeitos do art.
'A% todas as entidades aut"nomas que ratiquem actos com ins lucrativos e que ara tal
dison3am de uma or!ani2a+ão de meios m1nima. Caso a caso cumre determinar se o
mandat,rio comercial& com ou sem reresenta+ão #mero comiss,rio)& ou se roissionais
liberais de !randes sociedades de advo!ados& v!& ossam ser recondu2idos 9 cate!oria !eral
de comerciante. MENEZES CORDEIRO ronuncia-se airmativamente& embora e4clua os
trabal3adores nos termos de um contrato de trabal3o e os roissionais liberais em !eral.
K
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(4& ACTOS %NILATERAIS. uando concluirmos or um acto objectivamente comercial
o direito a alicar é o direito comercial. er, unilateral o acto de comércio s" com rela+ão a
uma das artes #art. %)
• uando objectivamente comercial ara uma arte aenas re!ime comercial
• uando subjectivamente comercial ara uma arte aenas re!ime comercial
/ ressalva 5salvo as que s" orem alic,veisM6 reseita 9s obri!a+:es esec1icas dos
comerciantes #art. '%) irma& re!isto comercial& etc.
/ lei comercial re!e quanto a todas as artes& enim. alvo se o contr,rio resultar da
r"ria lei.
(5& SOLIDARIEDADE. /s obri!a+:es comerciais odem ser
• in!ulares
• 8lurais #co-obri!ados)
o 8arci,rias #art. K'A% CC) re!ra !eral - cada um deve resonder
ela d1vida na sua quota-arte e o cumrimento da obri!a+ão&
or um dos devedores& não e4onera os restantes erante o
mesmo credor.
o olid,rias #art. '00%) re!ra esecial& quando resulte da lei ou
da vontade das artes B o cumrimento da obri!a+ão& or um
dos devedores& e4onera os restantes erante o mesmo credor.
Os co-obri!ados são solid,rios
alvo estiula+ão em contr,rio
Nu. disosi+:es não e4tensivas aos não comerciantes
quanto aos contratos que não constitu1rem actos
comerciais
Conclui-se aerir da solidariedade das obri!a+:es comerciais equivale a analisar a
comercialidade dos actos raticados& enim.
H
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(6& RESPONSA*ILIDADE DO CASAL. / resonsabilidade dos bens comuns do casal não
equivale a solidariedade nas obri!a+:es. /s d1vidas conju!ais odem& assim& ser
• Comunic,veis #art. 'H'%-'d e 'HK% CC e art. 'K%) resonsabili2a+ão de
ambos os cPnju!es se as d1vidas oram contra1das em roveito comum
#bastando ara o acto a inten+ão& lato sensu& e não o roveito em termos
atrimoniais) ou se não vi!orar o re!ime de seara+ão de bens.
o 7esondem os bens comuns do casal e& na alta ou insuici=ncia
destes& os bens r"rios de cada um& solidariamente.
• Incomunic,veis #art. 'H$% e 'HH% CC) resonsabili2a+ão do cPnju!e a
que reseitam se as d1vidas oram contra1das em roveito r"rio ou se
vi!orar o re!ime de seara+ão de bens.
o 7esondem os seus bens r"rios e& subsidiariamente& a sua
mea+ão nos bens comuns.
7e!ra esecial #art. 'K%) as d1vidas do cPnju!e comerciante resumem-se contra1das
no e4erc1cio do seu comércio. 7equisitos cumulativos ara que esta resun+ão se veriique
• CPnju!e comerciante #aerida a roissionalidade da sua actividade)
• D1vida comercial #roveniente de acto de comércio)
*4emlo d1vida contra1da no casino B a e4lora+ão dos casinos deriva de contratos
administrativos de concessão celebrados or sociedades comerciais que& ao abri!o do art. '%
CC& t=m or objecto a r,tica de actos de comércio. Considera-se que as obri!a+:es
contra1das nos casinos não são naturais orque delas cabe recurso ara os tribunais #art.
'$K% CC). e um comerciante contrair uma d1vida deste cari2& o 5contr,rio resulta do r"rio
acto6 contrai as d1vidas no casino não enquanto comerciante& mas sim enquanto cidadão
comum. ão é or ser comerciante que todas as actividades or ele raticadas sejam
comerciais.
Os ar!umentos que aontam no sentido da roissionalidade de uma determinada
actividade não equivalem 9 determina+ão da r,tica de actos comerciais em sentido
objectivo ou subjectivo& como j, analisado sura.
E
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CAP$T%LO II& ESTA*ELECIMENTO COMERCIAL
()& ESTA*ELECIMENTO. O estabelecimento comercial é& ara MENEZES CORDEIRO& o
conjunto de coisas cor"reas e incor"reas #art. $K%) devidamente or!ani2adas ara a
r,tica de comércio. estes termos& corresonde 9 unidade uncional cujo objectivo é a
obten+ão de lucro através da conquista de clientela. Corresonde& !rosso modo& a uma ideia
de emresa sem o elemento 3umano e de direc+ão.
(& ELEMENTOS. Desta rimeira no+ão odemos concluir elos se!uintes elementos
caracteri2adores do estabelecimento comercial
• *lementos activos conjunto de direitos e de outras osi+:es equiar,veis
aectas ao e4erc1cio do comércio.
o Coisas cor"reas
Qens materiais relativos a im"veis e m"veis #mercadorias&
mob1lia& instrumentos de trabal3oM - a e4ist=ncia de um
im"vel não é condi+ão sine qua non ara o estabelecimento
vendedor ambulante& v!)
Direitos reais e essoais de !o2o relativos a im"veis
o Coisas incor"reas
8roriedade industrial #marcas& atentes& RnoS-3oS& direito 9
irma?nome)
8resta+:es rovenientes de osi+:es contratuais #contratos de
trabal3o& resta+ão de servi+os& distribui+ão& a!=ncia&
ranquiaM)
o Clientela conjunto real ou otencial de essoas disostas a contratar
com o estabelecimento.
o /viamento / mais valia que resulta da atidão uncional do
estabelecimento e a soma dos elementos que o comon3am. /
uniica+ão de todos os elementos& enim. 8ara CO%TIN0O DE A*RE%
trata-se de um 5bem jur1dico novo6. Critério decisivo ara aerir a
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e4ist=ncia de um estabelecimento. T, estabelecimento& na medida
em que 3, aviamento.
/ clientela e o aviamento não constituem objecto de direitos subjectivos& embora
corresondam a osi+:es activas e sejam objecto de re!ras de tutela #v! indemni2a+ão de
clientela& no contrato de a!=ncia).
• *lementos assivos adstri+:es ou obri!a+:es contra1das elo comerciante& no
e4erc1cio do comércio. U requente& em ne!"cios de transmissão& limit,-los ao
activo& não incluindo o assivo no estabelecimento.
(2& TRANSMISS-O DO ESTA*ELECIMENTO. /erida a e4ist=ncia de um verdadeiro
estabelecimento comercial& o mesmo ode ser transmitido no seu todo nos termos se!uintes
• ;ransmissão deinitiva tresasse& re!ime e4cecional
• ;ransmissão temor,ria cessão de e4lora+ão& re!ime !eral
/ re!ra !eral é& contrariamente a estas que aqui observamos& a re!ra da
esecialidade cada uma das situa+:es jur1dicas distintas a transmitir e4i!iria& em rinc1io&
um ne!"cio aut"nomo.
(3& TRESPASSE. O tresasse consiste na transmissão deinitiva da titularidade do
estabelecimento comercial& no seu todo& sem erda de atidão uncional #do aviamento&
enim) trata-se de um >nico ne!"cio jur1dico& mediante uma >nica escritura. e!undo
MENEZES CORDEIRO e OLI,EIRA ASCENS-O& a transmissão de um 5estabelecimento6 com
erda do aviamento& consiste na transmissão de um 5estabelecimento incomleto6.
8ode ser celebrado mediante qualquer contrato com eic,cia translativa da
titularidade do direito #v! comra e venda& doa+ão& troca ou da+ão em cumrimento). O
rincial eeito resulta da transmissão da roriedade relativamente a esse estabelecimento&
ou do direito essoal de !o2o do arrendat,rio& mais requentemente. *is os tra+os !erais do
re!ime do tresasse& de nature2a e4cecional ace ao re!ime !eral da cessão de e4lora+ão
• *st, re!ulado no CC #art. '''$% CC) mas é considerado le!isla+ão comercial&
ma4ime acto comercial em sentido objectivo& or ra2:es 3ist"ricas e ela sua
nature2a rotec+ão do interesse e do desenvolvimento comercial.
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• ão 3, qualquer necessidade de consentimento do sen3orio #art. '''$%-'a
CC)& bastando a mera comunica+ão #art. '''$%-A CC) elo locat,rio ori!in,rio&
no ra2o de quin2e dias #art. '0A% ! CC) acto que sustenta a sua nature2a
de rotec+ão do interesse comercial.
• Forma escrita #art. '''$%-A CC). 8roblema da simliica+ão ormal do
tresasse essa norma alica-se também ao roriet,rio do rédioV
CO%TIN0O DE A*RE% considera que se aasta o art. EK% CC e o art. 0% do
C"di!o do otariado& relativamente 9 necessidade da escritura >blica na
transmissão do direito de roriedade sobre im"veis em caso de tresasse.
• / viola+ão do dever de comunica+ão constitui undamento do direito de
resolu+ão do contrato #art. '0A%-$ e CC) e de indemni2a+ão or
resonsabilidade obri!acional #art. E% CC).
• O sen3orio tem direito de reer=ncia no tresasse or venda ou da+ão em
cumrimento #art. '''$%- CC)& ermitindo-l3e uma vanta!em otencial. e
reerir& e4tin!ue-se o contrato or conusão de eseras jur1dicas o sen3orio
não ode ser simultaneamente sen3orio e locat,rio.
• Dever de não concorr=ncia do tresassante com o tresass,rio dever que
decorre da boa é& ma4ime& do dever de lealdade. uando violado& !era
resonsabilidade "s-contratual nos termos dos rinc1ios da cula ost
actum initum& se!undo MENEZES CORDEIRO. e as artes aastarem o dever
de não concorr=ncia& convencionam& !eralmente& uma remunera+ão
roorcional. *videncia a imortncia da clientela enquanto elemento activo
do estabelecimento. 8reconi2a a observncia de limites
o
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estabelecimento no seu todo& or desmantelamento& v!. estes termos& 3,
que interretar restritivamente o disosto no art. '''$%-$ a CC& considerando
que o limite que tra+a a distin+ão entre tresasse e mera cessão de
e4lora+ão reside na erda de aviamento& e não na mera transmissão de
utens1lios e de mercadorias. Cabe ao sen3orio undamento de resolu+ão do
contrato elo e4erc1cio& no rédio& de outro ramo de comércio sem o seu
consentimento #art. '''$%-$ b CC)& norma que retende obstar 9 simula+ão
de tresasse& nos casos de transmissão do esa+o e não do estabelecimento.
• e e4iste verdadeiro tresasse& mas outro destino oi dado ao rédio& 3,
undamento do direito de resolu+ão do contrato nos termos dos arts. '0A% c&
'0A%-'c e '''$%-K CC e consequente indemni2a+ão or resonsabilidade
obri!acional #art. E% CC).
(4& ELEMENTOS TRANSMITIDOS. Caracteri2ado o tresasse nos seus tra+os !erais&
cumre determinar quais os elementos do estabelecimento que devem considerar-se
transmitidos com o tresasse do mesmo.
OLI,EIRA ASCENS-O& neste mbito& estabelece a distin+ão entre
• itua+:es jur1dicas e4loracionais não a2em sentido sem o estabelecimento
a que reseitam& elo que se transmitem com este.
• itua+:es jur1dicas comuns
/ssim& transmitem-se& num lano interno #entre o tresassante e o tresass,rio)
*lementos activos
• Direito de roriedade sobre m"veis e im"veis& em rinc1io #mesmo sem
acordo e4resso& or estar iml1cito na vontade 3iotética das artes que
celebram o tresasse).
• Direito essoal de !o2o relativo ao arrendamento.
• Direito 9 irma& com consentimento escrito do titular #art. % 78C).
• O nome do estabelecimento& lo!"tio e ins1!nias #art. A'%- C"di!o de
8roriedade Industrial).
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• 8osi+:es contratuais
o Contrato de trabal3o or mero eeito da lei& com vista 9 rotec+ão
do trabal3ador& a arte mais raca B as d1vidas transmitem-se 9
se!uran+a social.
o Contrato de ornecimento as situa+:es jur1dicas e4loracionais
transmitem-se tacitamente& se!undo OLI,EIRA ASCENS-O.
• Direitos de crédito& sem consentimento do devedor #art. KEE% CC).
• /viamento e clientela actores que inluenciam decisivamente o valor do
estabelecimento e que& sendo este transmitido& vão com ele.
*lementos assivos
• D1vidas& com consentimento do credor #art. KK% CC)& e4ceto quando se trate
de d1vidas e4loracionais& indissoci,veis do estabelecimento #se!undo
OLI,EIRA ASCENS-O transmitem-se tacitamente). / solu+ão adotada deve
ser intermédia nem ela transmissão em bloco das mesmas& ela di1cil
eseciica+ão de todas& nem ela transmissão das d1vidas uma a uma& ela
e4i!=ncia que imortaria.
;ransmitem-se& num lano e4terno #entre o tresass,rio e terceiros)
*lementos activos
• Cessão da osi+ão contratual #art. $% CC) com consentimento
• Cessão de créditos #art. KEE% CC) sem consentimento
*lementos assivos
• D1vidas #art. KK% CC)
o Com consentimento do credor e4onera o tresassante& o devedor
ori!in,rio.
o em consentimento do credor não e4onera o tresassante& o devedor
ori!in,rio& que& a!ando a d1vida em causa& ode e4ercer direito de
re!resso sobre o tresass,rio& o novo devedor.
'$
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(5& CESS-O DE E7PLORA8-O. / cessão de e4lora+ão do estabelecimento consiste na
transmissão temor,ria do !o2o do estabelecimento como um todo& a t1tulo oneroso #loca+ão
de estabelecimento) ou !ratuito #5comodato6 de estabelecimento). ;rata-se do re!ime !eral
revisto no art. $% CC& a alicar quando se considere aastada a ossibilidade de tresasse&
a t1tulo e4cecional& ou quando este& a e4istir& resulte em erda do aviamento do
estabelecimento a cessão de e4lora+ão aasta o re!ime restritivo do arrendamento.
*studaremos a cessão de e4lora+ão a t1tulo oneroso& dita loca+ão do estabelecimento& com
maior ormenor. *is os tra+os !erais do re!ime da loca+ão do estabelecimento
ecessidade de consentimento #art. $% CC e art. '0K%). ão e4istindo qualquer
consentimento& 3, undamento de resolu+ão do contrato e indemni2a+ão or resonsabilidade
obri!acional #arts '0E% e '0A% e E% CC).
• *4ist=ncia de um estabelecimento comercial #ou tratar-se-, de uro
arrendamento) a alta de um dos elementos estruturais do estabelecimento&
aquando da cessão& determina a sua conversão le!al em arrendamento.
• Forma escrita #art. '''$%-A& or remissão do art. ''0% CC).
• Observncia das obri!a+:es do locat,rio #art. '0A% CC).
• O não consentimento do sen3orio e a inobservncia das obri!a+:es do
locat,rio constituem undamento do direito de resolu+ão do contrato elo
sen3orio v! elo e4erc1cio& no rédio& de outro ramo do comércio sem o seu
consentimento #art. '''$%-$ b) norma que retende obstar 9 simula+ão de
tresasse.
• O direito 9 resolu+ão do contrato e consequente indemni2a+ão or
resonsabilidade obri!acional encontra-se consa!rado nos arts '0E%& '0A% e
E% CC.
• uando o estabelecimento se encontre instalado em local arrendado a
loca+ão não carece de autori2a+ão do sen3orio& mas deve ser-l3e comunicada
no ra2o de um m=s #art. ''0%-$ CC).
uando o locat,rio não transmita a titularidade do direito essoal de !o2o sobre o
estabelecimento& mas tão-s" aculte o seu !o2o a um terceiro& dearamo-nos com adenominada subloca+ão do estabelecimento& nos termos se!uintes #art. '0H0% CC)
'A
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• ão 3, cessão da osi+ão contratual do locat,rio ori!inal& a avor do
sublocat,rio #o locat,rio mantém o seu direito essoal de !o2o& neste caso&
embora aculte o !o2o da coisa ao sublocat,rio).
O re!ime da subloca+ão #art. '0H0%) caracteri2a-se or
• Dever de comunica+ão #art. '0A% ! e '0H'% CC)
• Wiola+ão do dever de comunica+ão constitui causa de resolu+ão do contrato e
de indemni2a+ão or resonsabilidade obri!acional #arts '0A% e E% CC).
uando a subloca+ão verse sobre im"veis& dis:e o re!ime do subarrendamento #art.
'0% CC)
•
ecessidade de autori2a+ão do sen3orio& or escrito #art. '0A% e '0% CC)
'
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CAP$T%LO III& RE/ISTO COMERCIAL E FIRMA
()& RE/ISTO COMERCIAL. Os rinc1ios orientadores do re!isto comercial são os
se!uintes
• Le!alidade #arts E% e % C7 Comercial)
• Instncia #art. $% C7 Comercial)
• Obri!atoriedade #art. 'K%-' C7 Comercial)
• Comet=ncia
O rincial eeito do re!isto comercial é o eeito resuntivo #art. ''% C7 Comercial)&
ainda que ilid1vel nos termos !erais do art. AK0%-$ CC. ão tem qualquer eeito constitutivo&
nem no caso das sociedades comerciais& ara MENEZES CORDEIRO #vs art. K% CC)& e4ceto
no re!isto do en3or& na medida em que 3, j, ersonalidade colectiva antes do re!isto.
e!undo o art. '%-A& os comerciantes são obri!ados a a2er inscrever no re!isto
comercial os actos a ele sujeitos. Os actos relativos a comerciantes individuais que estejam
sujeitos a re!isto são elencados no art. $% C7 Comercial& numa tiicidade ec3ada. O in1cio da
actividade do comerciante individual est, revisto no art. $% a C7 Comercial. er,& todavia&
esse re!isto obri!at"rioV ão& na medida em que essa al1nea não se encontra revista na
tiicidade ec3ada que consta do art. 'K% C7 Comercial. Conclui-se o re!isto comercial não
tem eeito constitutivo& mas sim meramente resuntivo& dada a un+ão de conerir é >blica
aos actos re!istados #art. ''% C7 Comercial). T,& todavia& mecanismos de obri!atoriedade
indirecta& como aqueles enunciados no art. '% C7 Comercial.
(& FIRMA. / irma é o nome do comerciante no comércio. /esar da crescente
simliica+ão do seu re!ime #cr. 5emresa na 3ora6)& a constitui+ão da irma deve ser
conorme com os rinc1ios se!uintes
• Xnidade #art. A% 78C)
• /utonomia rivada
• Obri!atoriedade e normali2a+ão #art. '%)
'K
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• Werdade #art. A$% 78C)
• *stabilidade
• ovidade e e4clusividade #art. AA% 78C)
/ irma& ou o nome do comerciante no comércio& é semre obri!at"ria #art. '%-'% e
A%-' 78C). e não or adotada uma irma ica imossibilitada a inscri+ão de actos com
re!isto obri!at"rio.
/ transmissão da irma é oss1vel mediante autori2a+ão escrita do titular da mesma
#art. % e A%-$ 78C).
'H
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CAP$T%LO I,& CONTRATOS COMERCIAIS
()& CONTRATOS COMERCIAIS. Wi!ora& no mbito dos contratos comerciais& a re!ra
!eral da autonomia rivada #art. 0K% CC)& em conju!a+ão com as re!ras da interreta+ão
ne!ocial& se!undo MENEZES CORDEIRO. O numerus aertus desi!na que o n>mero de actos
mercantis teoricamente oss1veis é ilimitado& com as consequ=ncias se!uintes
• /s descri+:es le!ais dos contratos comerciais não são t1icas
• /s descri+:es le!ais dos contratos comerciais odem ser alicadas
analo!icamente
O rinc1io é o da consensualidade& tal como do direito civil #art. $'% CC)&
maniestado na liberdade de l1n!ua na celebra+ão de contratos comerciais #art. H%).
8rinc1ios comerciais materiais
• Internacionalidade
• imlicidade e raide2
• Clare2a jur1dica& ublicidade e tutela da conian+a
• Onerosidade
Como j, reerimos& MENEZES CORDEIRO deende a alica+ão anal"!ica das re!ras da
cula in contra3endo aos contratos comerciais #art. $$E% CC)& ela viola+ão de deveres
esec1icos de conduta aquando da reara+ão dos contratos #civis ou comerciais). Lo!o& a
resonsabilidade é obri!acional& e não aquiliana& ela viola+ão de um dever !enérico de
reseito #art. E% vs A% CC)& com consequ=ncias relevantes a cula resume-se #art. E%
CC) e 3, lu!ar a indemni2a+ão or todos os danos causados #danos emer!entes e lucros
cessantes)& e não aenas elos danos ne!ativos #danos que não 3averia se não tivesse ocorrido
a ne!ocia+ão al3ada).
uanto 9s cl,usulas contratuais !erais& remete-se esse estudo ara o ca1tulo do
direito banc,rio& inra.
Os contratos comerciais odem ser
'E
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• De or!ani2a+ão não ori!inam nen3uma realidade jur1dica nova ou nen3uma
entidade aut"noma& diversa das artes& e reconi2am a colabora+ão e
cooera+ão duradouras entre as artes.
o Cons"rcio #reali2a+ão de uma actividade ou contribui+ão& de orma
concertada)
o /ssocia+ão em articia+ão #aoios ao desenvolvimento do comércio
de um comerciante& em nome e or conta deste)
ature2a jur1dica de ambos ara OLI,EIRA ASCENS-O e CO%TIN0O DE
A*RE%& não se trata de actos de comércio em sentido objectivo& na medida
em que odem não consubstanciar actos comerciais& mas sim actos
meramente econ"micos. 8ara mais& o consorciado ou o associante não t=m
que ser comerciantes. e o orem& j, serão considerados os seus actos como
comerciais em sentido subjectivo.
Dierentemente& MENEZES CORDEIRO considera que ambos consistem em
actos de comércio em sentido objectivo& na medida em que& or ra2:es
3ist"ricas& j, estiveram revistos no C"di!o& embora 3oje erten+am a
le!isla+ão e4trava!ante. ão erderam a sua nature2a comercial or essa
consa!ra+ão aut"noma.
• De distribui+ão retendem a2er c3e!ar o roduto& do rodutor& ao
consumidor inal
o /!=ncia
o Concessão
o Franquia ou ranc3isin!
(& OR/ANIZA8-O 9 CONS:RCIO. O cons"rcio é o contrato elo qual duas ou mais
essoas& sin!ulares ou colectivas& e4ercem uma actividade econ"mica e se obri!am entre si a&
de orma concertada& reali2ar certa actividade ou eectuar certa contribui+ão #art. '% 7JCC).
O seu teor é semre oneroso& e não !ratuito.
/ no+ão le!al #art. '% 7JCC) menciona a rossecu+ão de uma actividade econ"mica&
não necessariamente comercial& que ode até ser uramente civil #ara OLI,EIRA ASCENS-O
'
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e CO%TIN0O DE A*RE%) B o contrato de cons"rcio é um acto de comércio em sentido
subjectivo se as artes orem comerciantes.
/ alavra-c3ave é& aqui& a!ir de orma 5concertada6. / concerta+ão& ou articula+ão&
se se reerir& diere do e4erc1cio comum& em sociedade& v! ostula uma or!ani2a+ão
comum. Os dois vectores em jo!o é a cooera+ão e a concorr=ncia& ara uns.
De acordo com o art. %-$ 7JCC& a contribui+ão restada deve consistir em coisa
cor"rea e as contribui+:es em din3eiro s" são ermitidas se todas as contribui+:es dos
membros orem dessa esécie.
*is os tra+os !erais do re!ime do cons"rcio
• O cons"rcio ode ser interno& sem invoca+ão e4ressa #art. K%-' 7JCC)& ou
e4terno #art. K%-$ 7JCC). o rimeiro caso& s" um dos consorciados estabelece
rela+:es com terceiros& devendo as d1vidas ser reartidas solidariamente. o
se!undo caso& cada um dos consorciados relaciona-se com o e4terior&
ale!ando-o e4ressamente a solidariedade não se resume #art. '%-' 7JCC)&
elo que equivale a concluir-se ela não resun+ão da comercialidade dos
actos celebrados em cons"rcio. O cons"rcio& nestes termos& não comerciali2a
as d1vidas cabe aerir a comercialidade& acto a acto.
• *lementos duas ou mais essoas& desenvolvimento de uma actividade
econ"mica& contrato e concerta+ão ou or!ani2a+ão comum.
o / actividade econ"mica desenvolvida não tem que ser comercial
ode ter consequ=ncias uramente civis.
o / orma de celebra+ão do contrato deve ser escrita& mediante
escritura >blica quando 3aja transmissão de im"veis #art. A% 7JCC).
• O cons"rcio não tem ersonalidade colectiva #vs sociedade).
• 8ro1bem-se undos comuns #vs sociedade).
• /s re!ras do seu re!ime jur1dico t=m nature2a suletiva.
• O elenco do art. $% 7JCC não é ec3ado tiicidade delimitativa& e não
ta4ativa& ara OLI,EIRA ASCENS-O.
• /mla liberdade de estiula+ão das artes #art. % 7JCC).
'
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• 8roibi+ão de concorr=ncia #art. % 7JCC).
• O contrato cessa erante incumrimento ou e4onera+ão dos membros #art. %
7JCC) e 3, direito de resolu+ão com justa causa #art. '0% 7JCC).
(2& OR/ANIZA8-O 9 ASSOCIA8-O EM PARTICIPA8-O. / associa+ão em articia+ão
consiste na associa+ão de uma essoa #associado) a uma actividade econ"mica e4ercida or
outra #associante)& icando a rimeira obri!ada a articiar nos lucros e erdas que& desse
e4erc1cio& resultarem ara a se!unda #art. $'% 7JCC). Tistoricamente& encontrava-se
consa!rada no C"di!o de FERREIRA *OR/ES enquanto 5conta em articia+ão6. / actividade
econ"mica e4ercida elo associante ode não ser comercial& tal como o que sura oi
mencionado relativamente ao cons"rcio. O associado não é vis1vel do e4terior aenas o
associante estabelece rela+:es econ"micas com terceiros. Da conju!a+ão do art. $%-' e
7JCC conclui-se que a contribui+ão do associado& ainda que atrimonial& ode não ser em
din3eiro #v! contribui+ão de im"vel& com transmissão de roriedade). e a contraresta+ão
consistir numa quantia i4a& considera-se j, não e4istir qualquer associa+ão em articia+ão.
Desta deini+ão artiremos ara a an,lise do re!ime jur1dico
• / articia+ão nos lucros é essencial. / articia+ão nas erdas ode ser
disensada& mas& a não s=-lo& carece de rova escrita.
• ualquer articia+ão diversa da suletiva deve resultar de conven+ão
e4ressa #art. $K%-$ 7JCC).
• Forma consensual #art. $A% 7JCC)& salvo orma esecial e4i!1vel s" odem
ser rovadas or escrito as cl,usulas que e4cluam a articia+ão do associado
nas erdas do ne!"cio.
• / solidariedade não se resume #art. $$% 7JCC e K'A% CC).
• Obri!a+ão de contribui+ão atrimonial #art. $% 7JCC) ode ser disensada se
o associado articiar nas erdas. a alta de i4a+ão do valor das erdas&
cada um resonde or K0Y #art. $K% 7JCC).
• O direito de resolu+ão anteciada carece de justa causa #art. A0% 7JCC).
• ão tem ersonalidade colectiva #vs sociedade).
• 7elativamente 9 dura+ão dos contratos& ara eeitos do art. A0%-' e A 7JCC
$0
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o Contratos de dura+ão determinada resolu+ão
o Contratos de dura+ão indeterminada #critério suletivo)
7esolu+ão disensa de ré-aviso
Den>ncia com ré-aviso& disensando-se este se 3ouver justa
causa
• Deveres do associante #art. $H%-' 7JCC)
o Inorma+ão
o Dili!=ncia
o ão concorr=ncia
o ão tresasse ou encerramento do estabelecimento se / or
associado e Q o associante& e se o >ltimo tresassar o
estabelecimento a C& sem acordo com o associado& alica-se o
disosto no art. $H%-'b 7JCC B a associa+ão e4tin!ue-se ela
imossibilidade de reali2a+ão do seu objecto #art. $E% b 7JCC) e 3,
direito de indemni2a+ão or resonsabilidade obri!acional #art. E%
CC).
(3& REPRESENTA8-O COMERCIAL. / reresenta+ão comercial consiste na r,tica de
actos que se vão reercutir directamente na esera jur1dica de outrem actua+ão em nome de
outrem& or conta dessa essoa e disondo de oderes ara tal. ;endo o C"di!o Comercial
sido arovado em '& o mesmo adotou um esquema ranc=s de reresenta+ão e não
dissociou o mandato da rocura+ão& que s" oi conse!uido com os contributos de +0ERIN/ e
de LA*AND. 8ara o C"di!o o mandato é semre reresentativo& enim #art. $A'% ss). Cumre
distin!uir tr=s i!uras
• Gerente corresonde ao mandato !eral& com reresenta+ão #art. $%)
• /u4iliares e cai4eiros #art. $KH%)
• Comiss,rio corresonde ao mandato sem reresenta+ão #art. $HH%)
$'
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(4& DISTRI*%I8-O 9 A/;NCIA E CONCESS-O. Contratos de distribui+ão devem& aqui&
ser entendidos enquanto contratos de distribui+ão indirecta inte!rada& reconi2ando a
coordena+ão entre a rodu+ão e a comerciali2a+ão o distribuidor é inte!rado em circuitos
r"rios do rodutor& sujeitando-se 9s suas directri2es.
O contrato de a!=ncia celebrado entre o a!ente e o rincial obri!a a que o rimeiro
romova& or conta do se!undo& a celebra+ão de contratos osteriores& de modo aut"nomo e
est,vel e mediante retribui+ão #art. '% 7JC/). J, a concessão consiste no contrato mediante o
qual um concession,rio adquire rodutos do concedente e coloca-os no mercado ara
revenda. /s rinciais dieren+as de re!ime são as se!uintes
• /!=ncia o a!ente romove a celebra+ão de contratos& or conta do rincial&
mediante a remunera+ão se!undo comissão #art. 'H% 7JC/) B resta+ão de
servi+os& ma4ime mandato. ;rata-se de um contrato oneroso cujo objectivo é
a conquista e desenvolvimento do mercado. 7eira-se o anterojecto de
PINTO MONTEIRO& de elevada imortncia neste mbito.
• Concessão o concession,rio celebra eectivamente comras ara revendas&
em nome e or conta r"ria& mediante a remunera+ão que resulta do lucro.
O concession,rio é a ace mais vis1vel do contrato& reresentando a marca em
causa ara uma determinada circunscri+ão !eo!r,ica& normalmente.
*is as eseciicidades do re!ime do contrato de a!=ncia
• /!=ncia com reresenta+ão a!ente ode cobrar os créditos do rincial #art.
A% 7JC/)& sem autori2a+ão escrita. Os oderes de reresenta+ão são
coneridos or escrito #art. $%-' 7JC/).
• /!=ncia sem reresenta+ão o a!ente contrata em nome r"rio&
retransmitindo osteriormente a sua osi+ão ara o rincial. Carece de
ratiica+ão #art. $$% 7JC/ e $H% CC)& considerando-se ratiicado se não
3ouver oosi+ão #o sil=ncio é& aqui& meio declarativo B art. $'% CC). O CC é
omisso quanto a terceiros de boa é& elo que o art. $$%-$ 7JC/ admite
ratiica+ão t,cita& quase resumida& que tutele esses terceiros.
• Forma na r,tica& escrita.
$$
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• 7eresenta+ão aarente #art. $A% 7JC/) i!ura !ermnica se!undo a qual o
also reresentado não tolera ou não con3ece da situa+ão de alsa
reresenta+ão B o 5reresentante6 arro!a-se rocurador de outrem& sem
con3ecimento do 5reresentado6& or ne!li!=ncia deste& que deveria ter
observado deveres de cuidado ara revenir a situa+ão. / tutela
#resonsabilidade or danos de conian+a) não oera& se!undo MENEZES
CORDEIRO& quando o 5reresentado6 devesse con3ecer a alta de rocura+ão.
o ;em os mesmos eeitos do que a reresenta+ão se a situa+ão de acto
or suicientemente s"lida. *sta i!ura não col3e em 8ortu!al& j, que
não é oss1vel alar!ar o disosto no art. $HH% CC aos casos em que
alte rocura+ão& nem mesmo em situa+:es de tolerncia ou de
aar=ncia ora de qualquer revisão le!al esec1ica& a conian+a s"
é rote!ida através da boa é ou do abuso de direito B o terceiro ode
invocar& no caso em are+o& venire contra actum rorium ou
surrectio.
o 8or essas ra2oes& MENEZES CORDEIRO recondu2 a e1!rae desse art.
$A% 7JC/ 9 reresenta+ão institucional& elo autor reconi2ada v! a
reresenta+ão or also uncion,rio de uma cai4a de suermercado&
rodu2indo os mesmos eeitos de uma reresenta+ão rorio sensu.
• Cobran+a de créditos o a!ente s" ode cobrar créditos em nome do rincial
se este l3e tiver conerido& or escrito& oderes ara tal #art. A% e $A% 7JC/).
Z cobran+a de créditos alica-se o art. $A%-' 7JC/ e& não e4istindo
autori2a+ão& alica-se o disosto no art. EE0% CC or remissão do art. A%-A
7JC/. J, o disosto no art. $$% 7JC/ não ode nunca ser alicado 9 cobran+a
de créditos& mas tão-s" 9 celebra+ão de contratos. e a cobran+a de créditos
or ineica2 e o rincial ode e4i!ir o cumrimento ao cliente& que a!ar,
duas ve2es. Desta rimeira aborda!em conclui-se elo se!uinte racioc1nio
o Devemos reenc3er os ressuostos do art. $A% 7JC/
7equisitos da tutela da conian+a& ara MENEZES CORDEIRO
o itua+ão de conian+a
$A
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o Justiica+ão da conian+a
o Investimento de conian+a
o Imuta+ão da conian+a
o uando esse art. não se alique& recorrer ao art. EE0% CC or
remissão do art. A%-A 7JC/ se!undo o art. EE0% b CC& a ratiica+ão
ode ser e4ressa ou t,cita.
o 7ecorrer ao art. $$% 7JC/& em se!undo lu!ar considera-se o ne!"cio
ratiicado quando o rincial não se l3e oon3a.
• Indemni2a+ão de clientela #art. AA% 7JC/) não se considera verdadeira
indemni2a+ão orque não torna indemne #sem dano)& consistindo numa meracomensa+ão ela an!aria+ão de clientela. ão 3, dano& nem sequer
ilicitude& elo que não e4iste uma indemni2a+ão rorio sensu. 8ermite&
todavia& a restitui+ão do enriquecimento do rincial com a an!aria+ão de
clientela& elo a!ente não constitui enriquecimento sem causa orque& na
verdade& 3, causa& embora a l"!ica seja semel3ante. O contrato de a!=ncia
ode& elo seu uncionamento& acarretar clientes ara o rincial& clientes
esses que se manterão mesmo a"s o seu termo cessando a a!=ncia& é justo
que o a!ente osse comensado elo enriquecimento roorcionado 9 outra
arte. T, ainda uma tutela do a!ente& além do restabelecimento do
equil1brio do rincial retende-se que o >ltimo não 5descarte6 o rimeiro
a"s obter o que retendia& a clientela. O a!ente é considerado& elo 7JC/& a
arte mais raca e carece& or isso& de esecial tutela. U uma indemni2a+ão
cumul,vel com outras a que 3aja direito #v! indemni2a+ão or den>ncia ou
indemni2a+ão or incumrimento). 7equisitos
o O a!ente an!ariou novos clientes ara a outra arte ou aumentou
substancialmente o volume de ne!"cios com a clientela j, e4istente
o O rincial beneiciou consideravelmente& a"s a cessa+ão do
contrato& da actividade desenvolvida elo a!ente
o O a!ente dei4ou de receber qualquer retribui+ão or contratos
ne!ociados ou conclu1dos& a"s a cessa+ão da a!=ncia& com os
$
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clientes or ele an!ariados ou cujos ne!"cios ten3am sido
aumentados
o O a!ente não cedeu& or acordo com a outra arte& a sua osi+ão
contratual a um terceiro #art. AA%-A 7JC/)
• O a!ente ode contratar um suba!ente& re!ido nos termos do art. K%-$ 7JC/.
/ indemni2a+ão de clientela também l3e é alic,vel& ressarcida elo a!ente e
j, não elo rincial& desde que veriicados os requisitos do art. AA% 7JC/.
• Cessa+ão da a!=ncia com ré-aviso& a"s arova+ão de uma directri2
comunit,ria que obstou 9 concorr=ncia entre os a1ses do orte #maior
rotec+ão do a!ente) e os a1ses do ul #menores custos).
• O rincial& or seu lado& ode edir a resolu+ão do contrato& quando o
incumrimento seja !rave #art. A0% 7JC/) e cabe indemni2a+ão nos termos da
resonsabilidade contratual #art. E% CC).
• Dis:e o art. $E%-$ 7JC/ que se considera transormado em contrato de
a!=ncia or temo indeterminado aquele cujo conte>do continue a ser
e4ecutado elas artes& não obstante o decurso do resectivo ra2o. este
caso& ara determinar a anteced=ncia da comunica+ão da den>ncia& alica-se
o disosto no art. $%- 7JC/ o ra2o é de tr=s meses #art. $%-' c 7JC/).
• /lica+ão anal"!ica do 7JC/ aos contratos de concessão e de ranquia o 7JC/
é alic,vel a qualquer uma das modalidades de contratos de distribui+ão
mediante arecia+ão cautelosa caso a caso& e alica+ão anal"!ica norma a
norma.
/s eseciicidades do re!ime da concessão são as se!uintes
• Contrato que corresonde tendencialmente a esquemas destinados a
distribuir rodutos de elevado valor #v! autom"veis). O rodutor i4a com um
distribuidor #o concession,rio) um quadro de distribui+ão nos termos do qual o
>ltimo se insere na rede de distribui+ão do rimeiro& adquirindo o roduto e
obri!ando-se a vend=-lo& em nome r"rio& na ,rea delimitada elo contrato.
$K
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• ão tendo base le!al directa #nature2a at1ica)& este contrato assenta na
autonomia rivada e na alica+ão anal"!ica do 7JC/ #se!undo o rembulo do
DL& PINTO MONTEIRO e a maioria da jurisrud=ncia nacional). / norma
atinente 9 indemni2a+ão de clientela #art. AA% 7JC/)& or e4emlo& tem
se!ura alica+ão neste mbito.
• / e4clusividade do a!ente aenas resulta de acordo& escrito& nos termos do
art. % 7JC/. esse caso& ica o rincial roibido de contratar outro a!ente&
e não concession,rio& dir-se-ia mediante interreta+ão literal. ;odavia&
entende-se que o contrato de a!=ncia e o contrato de concessão t=m a
mesma un+ão& odendo mesmo o rincial sair rejudicado& visto que o
concession,rio tem maior mar!em de manobra do que o a!ente. /ssim& onde
se l= 5a!entes6 deve ler-se& mediante interreta+ão e4tensiva&
5distribuidores6. / cl,usula de e4clusividade verbal é nula& nos termos do art.
$$0% CC. / viola+ão da e4clusividade acarreta undamento de resolu+ão do
contrato e consequente indemni2a+ão.
• / concessão do direito de e4clusividade deende de acordo escrito. ão o
tendo sido& alica-se o disosto no art. $'% CC. O art. % 7JC/ é uma norma
e4cecional que& como tal& não comorta alica+ão anal"!ica. *4istindo uma
viola+ão da obri!a+ão de e4clusividade& alica-se o art. A0% 7JC/& aesar de
não e4istir uma verdadeira lacuna.
(5& DISTRI*%I8-O 9 FRAN1%IA. o contrato de ranquia o ranqueador atribui ao
ranqueado a ossibilidade #o direito e a obri!a+ão& enim) de usar nomes& ins1!nias&
rocessos de abrico e comerciali2a+ão de uma determinada marca& deinindo os armetros
através dos quais a distribui+ão deve ser rocessada. Com ori!em nos *X/& dada a dimensão
!eo!r,ica do a1s& este tio de contrato de distribui+ão sur!e enquanto resosta quando
invi,veis os métodos de distribui+ão convencionais. O contrato de ranquia ode ser
• De servi+o #v! /vis)
• De rodu+ão #v! Coca-cola)
•
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O ranqueador ode iscali2ar o ranqueado& obtendo uma ercenta!em sobre as
vendas #uma 5renda6& enim ro[alties). Cr o que oi mencionado sura NK& relativamente 9
alica+ão anal"!ica do 7JC/ ao contrato de ranquia.
$E
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7ecorde-se que os contratos celebrados or temo indeterminado& odem ser
denunciados em ve2 de resolvidos& ainda que sem reseitar o ra2o de ré-aviso& or e4istir
justa causa de den>ncia.
• ;emo indeterminado B den>ncia
• ;emo indeterminado e determinado B resolu+ão
$
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DI7*I;O Q/C\7IO
CAP$T%LO I& PRINC$PIOS DE DIREITO *ANC
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J, no mbito da re!ulamenta+ão do direito banc,rio& redomina o rinc1io da
ondera+ão banc,ria& assente nos se!uintes vectores
• 8reval=ncia das realidades econ"micas #e não da re!ularidade ormal)
• /bran!=ncia #!era ne!"cios ou actos em cadeia)
• Fle4ibilidade #adata+ão de i!uras cl,ssicas& como a loca+ão inanceira)
• 8rimeiro entendimento #tutela da aar=ncia de actos jur1dicos correntes)
Finalmente& o rinc1io da eic,cia ermite a suera+ão do incumrimento de actos
banc,rios com recurso a convers:es& esquemas laterais ou !arantias.
(2& SIT%A8-O +%R$DICA *ANC
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O sujeito que contacta com o banqueiro é o cliente& sin!ular ou colectivo& desde que
caa2 de e4erc1cio. a rela+ão que se estabele+a entre ambos redominam os deveres de
inorma+ão e de dili!=ncia do rimeiro #normas ro!ram,ticas e de enquadramento& que t=m
que ser comletadas or outras& de nature2a le!al ou contratual).
O objecto da situa+ão jur1dica& esse& é o comle4o de direitos e deveres emer!entes
do concreto acto banc,rio considerado.
(3& SE/REDO E INFORMA8-O. O dever de se!redo banc,rio é um dever acess"rio&
derivado da boa é. este sentido& o si!ilo banc,rio corresonde a uma concreti2a+ão da
tutela da conian+a& embora se assista& 3oje& a um enraquecimento da sua consa!ra+ão
le!al. Coerentemente& rev=em-se e4ce+:es ao se!redo banc,rio v! branqueamento de
caitais #utili2a+ão de banqueiros ara dissimular a ori!em criminosa da obten+ão de undos).
blicas& se!undo MENEZES CORDEIRO& justiicou roostas de limita+ão
deste dever acess"rio.
/ inorma+ão banc,ria& or seu lado& ou a comunica+ão ermanente entre todos os
intervenientes do !iro banc,rio& é o vector que ossibilita a re!ularidade das oera+:es
monet,rias. / rela+ão banc,ria estabelecida entre o banqueiro e o seu cliente é uma rela+ão
duradoura que se encontra assente na ermanente inorma+ão trocada elas artes
inorma+ão sobre o assado& o resente e o uturo. Conclui-se o direito banc,rio é um direito
de inorma+:es.
A'
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CAP$T%LO II& DO%TRINA *ANC
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Conclui-se os actos banc,rios são& em rinc1io& objectiva e subjectivamente
comerciais. estes termos& erante actos mistos #actos comerciais em rela+ão a uma das
artes e não comerciais em rela+ão 9 outra) alica-se o re!ime dos actos comerciais& do
mesmo modo que os actos unilaterais #art. %).
7elativamente 9 solidariedade das d1vidas& o art. '00% consa!ra a re!ra suletiva da
solidariedade& nas obri!a+:es comerciais& esecial ace ao re!ime comum do art. K'A% CC.
este mbito& a ian+a comercial #art. '0'%) é solid,ria relativamente ao iador de obri!a+ão
mercantil e ser, comercial quando a obri!a+ão rincial o seja #acessoriedade) aasta-se&
assim& o bene1cio da e4cussão revisto no art. HA% CC.
Cumre reter o esquema se!uinte
/s obri!a+:es comerciais odem ser
• in!ulares
• 8lurais #co-obri!ados)
o 8arci,rias #art. K'A% CC) re!ra !eral
o olid,rias #art. '00%) re!ra esecial& quando resulte da lei ou
da vontade das artes B o cumrimento da obri!a+ão& or um
dos devedores& e4onera os restantes erante o mesmo credor.
Os co-obri!ados são solid,rios
alvo estiula+ão em contr,rio
Nu. disosi+:es não e4tensivas aos não comerciantes
quanto aos contratos que não constitu1rem actos
comerciais
Conclui-se aerir da solidariedade das obri!a+:es comerciais equivale a analisar a
comercialidade dos actos raticados& enim.
/ resonsabilidade dos bens comuns do casal não equivale a solidariedade nas
obri!a+:es. /s d1vidas conju!ais odem& assim& ser
• Comunic,veis #art. 'H'%-'d e 'HK% CC e art. 'K%) resonsabili2a+ão de
ambos os cPnju!es se as d1vidas oram contra1das em roveito comum ou
se não vi!orar o re!ime de seara+ão de bens.
AA
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o 7esondem os bens comuns do casal e& na alta ou insuici=ncia
destes& os bens r"rios de cada um& solidariamente.
• Incomunic,veis #art. 'H$% e 'HH% CC) resonsabili2a+ão do cPnju!e a
que reseitam se as d1vidas oram contra1das em roveito r"rio ou se
vi!orar o re!ime de seara+ão de bens.
o 7esondem os seus bens r"rios e& subsidiariamente& a sua
mea+ão nos bens comuns.
7e!ra esecial #art. 'K%) as d1vidas do cPnju!e comerciante resumem-se contra1das
no e4erc1cio do seu comércio. 7equisitos cumulativos ara que esta resun+ão se veriique
• CPnju!e comerciante #aerida a roissionalidade da sua actividade)
• D1vida comercial #roveniente de acto de comércio)
(& RESPONSA*ILIDADE *ANCmeros reju12os otenciais #ma4ime al=ncia).
o nosso ordenamento é de aastar a e4ist=ncia de uma resonsabilidade >blica dos
bancos ela concessão de crédito movem-se no seio do direito rivado. estes termos& o
esquema le!al adotado aro4ima-se do modelo alemão #resonsabili2a+ão do banqueiro
elos danos causados a terceiros& quer ten3a atentado contra os bons costumes ou ordem
>blica)& e não do modelo ranc=s #alta do banqueiro& num misto de cula e de ilicitude).
/qui& o rocesso tradicional de tutela dos credores reside na denominada imu!na+ão
auliana& visando a subsist=ncia de certos ne!"cios e não a indemni2a+ão dos reju12os #art.
H'0% CC).
*m suma& quando assuma um comromisso& ainda que indirecto& deve o banqueiro
cumri-lo& nos termos da resonsabilidade contratual #art. E% ss CC). estes termos& a
viola+ão de deveres de dili!=ncia e de inorma+ão que redunde em resonsabilidade
obri!acional acilita o uncionamento do instituto. / resonsabilidade do banqueiro não
disensa& todavia& a veriica+ão dos requisitos !erais da resonsabilidade civil acto&
ilicitude& imuta+ão& dano e ne4o de causalidade.
A
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(2& C%LPA IN CONTRA0ENDO. / jurisrud=ncia alemã coni!ura a cula in
contra3endo #art. $$E% CC) quando& na ase rearat"ria de um contrato& as artes não
acatem deveres de actua+ão que sobre elas imendem& no mbito da boa é. 7ecorde-se& a
este reseito& os deveres se!uintes
• Deveres de rotec+ão
• Deveres de inorma+ão
• Deveres de lealdade
8odemos aontar como e4emlo a rutura injustiicada das ne!ocia+:es& ma4ime das
ne!ocia+:es que antecedem um contrato banc,rio. / viola+ão dos deveres sura #deveres
esec1icos de conduta) redunda em resonsabilidade obri!acional #e não aquiliana& undada
na viola+ão de um dever !enérico)& com consequ=ncias relevantes a cula resume-se #art.
E% CC) e deve o resons,vel ressarcir todos os danos #danos emer!entes e lucros cessantes).
(3& CL
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• Fa2er deender a eectiva inclusão de cl,usulas da comunica+ão& na 1nte!ra e
atemadamente& e da inorma+ão #art. K% e H% LCCG& concreti2a+:es do art.
$$E% CC).
• ]nus da rova do eectivo cumrimento desses deveres #art. K%-A LCCG)& que&
quando desreseitados& envolvem resonsabilidade obri!acional e
corresondente resun+ão de cula #art. E% CC).
• uando as cl,usulas inseridas sejam nulas& o aderente ode escol3er entre o
re!ime !eral #nulidade com 3i"tese de redu+ão& art. $$% CC) ou a
manuten+ão do contrato& arts 'A% e '% LCCG).
• /s cl,usulas absolutamente roibidas não odem& a qualquer t1tulo& ser
inclu1das em contratos através do mecanismo de adesão #arts '% e $'% LCCG).
• /s cl,usulas relativamente roibidas não odem ser inclu1das em contratos
desde que& sobre elas& incida um ju12o de valor sulementar que a tanto
condu2a& ormulado ela entidade alicadora #art. '% e $$% LCCG).
• ão re!ras le!ais esec1icas de direito banc,rio aquelas que constam dos arts
$$%-' c& d e $& em derro!a+ão da al1nea c& $$%-A& em derro!a+ão das al1neas
c e d& e & também em derro!a+ão& da LCCG a normali2a+ão do tr,e!o
banc,rio e a raide2 requerida elos actos em causa justiicam que& ara o
eeito& se ossa recorrer a este tio de cl,usulas contratuais.
O contrato ré-ormulado é aquele que uma das artes ro:e 9 outra& sem admitir
contraroostas ou ne!ocia+:es. /ro4ima-se das cl,usulas contratuais !erais ela ri!ide2&
mas distin!ue-se das mesmas ela alta de !eneralidade.
AH
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CAP$T%LO III& ACTOS E CONTRATOS *ANC
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saldo ositivo. o caso de o banqueiro ser titular de um crédito sobre o cliente& ode
comens,-lo com o saldo que este deten3a numa das suas contas. / questão é relevante
tratando-se de conta conjunta& o banqueiro aenas ode& quando a créditos que deten3a em
rela+ão a um dos contitulares& oerar a comensa+ão até ao limite da quota de que este
dison3a sobre o saldo #não se resume a solidariedade& enim). ão é oss1vel& neste caso& a
comensa+ão com d1vidas de aenas um dos contitulares. / quota& essa& resume-se
i!ualit,ria. 7essalve-se que a comensa+ão é oss1vel se as cl,usulas !erais o ermitirem não
se encontrando revista& não 3aver, comensa+ão& j, que o saldo não seria al!o de
5dison1vel6. O saldo s" ode ser movimentado nos termos actuados& enim.
/ conta ode ser
• olid,ria qualquer dos titulares ode movimentar so2in3o livremente a
conta& sendo que o banqueiro se e4onera se entre!ar a totalidade do de"sito
a um >nico dos titulares #art. K$%CC - sem interreta+ão literal& ou o
banqueiro& credor de um dos contitulares& oderia comensar o seu direito
com o saldo& até que este se es!otasse o art. reere-se ao devedor& que
oder, liberar-se escol3endo o credor mais acess1vel& tão-s").
o 8resumem-se ercenta!ens i!ualit,rias sobre o saldo #art. K'H% CC) B
resun+ão ilid1vel #art. AK0%-$ CC)
• Conjunta s" ode ser movimentada or todos os seus titulares& em
simultneo #art. KA% e '0A%-$ CC).
•
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e!undo CANARIS& a abertura de conta desemen3a as se!uintes un+:es
• imliica+ão e uniica+ão
• e!uran+a
• Crédito as artes oderão icar& recirocamente& na situa+ão de credor e de
devedor
Imlica& desde j,& a manuten+ão de uma rela+ão de ne!"cios sob a orma
contabil1stica de uma conta-corrente destinada 9 satisa+ão de certos débitos. estes
termos& o credor de arcelas inclu1das em conta-corrente& através do mecanismo da
comensa+ão& vai ser reerencialmente satiseito elo desaarecimento dos seus r"rios
débitos ara com o devedor. ão 3, concurso de credores& neste mbito.Cessa+ão de conta banc,ria
• Caducam as conven+:es de c3eque& os contratos de de"sito& os acordos
relativos a cart:es e outros acordos acess"rios
• O livre cancelamento& elo banqueiro& das contas 9 ordem& deende de um
ré-aviso com & 'K ou A0 dias de anteced=ncia #den>ncia com ré-aviso&
cessa+ão unilateral& discricion,ria e não retroactiva).
• O cliente ode& a todo o temo& denunciar a conta& or alica+ão directa ou
anal"!ica dos arts A% e EEE% CC.
• 8or acordo das artes revo!a+ão ou distrate
(& CONTA=CORRENTE. / conta-corrente banc,ria é um elemento necess,rio da
abertura de conta& e constitui um contrato celebrado entre o banqueiro e o seu cliente #art.
A%). estes termos& ostula a resta+ão de diversos servi+os banc,rios& com relevo ara o
servi+o de cai4a. *is os tra+os !erais
• 7eorta-se a movimentos em din3eiro
• Inclui-se num ne!"cio mais vasto #normalmente& a abertura de conta)
• 8ostula uma emissão cont1nua de saldos?remessas
• O banqueiro não sur!e como credor o saldo deve ser avor,vel ao cliente ou& no
m,4imo& i!ual a 2ero o saldo é um elemento vital da conta-corrente s" o saldo é
A
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dison1vel& s" o saldo é en3or,vel e s" o saldo reresenta o valor social e
econ"mico de uma conta banc,ria
• O cliente ode disor ermanentemente do seu saldo
• 8ressu:e um dever a car!o do banqueiro or!ani2a+ão e aresenta+ão da conta
• D, lu!ar a e4tractos& a emitir elo banqueiro e cuja arova+ão& elo cliente& é em
re!ra t,cita e consolida os movimentos que deles constem
/ redu+ão dos eeitos da conta-corrente em elementos r"rios de diversos contratos
deve ser entendida& contudo& em termos unit,rios.
*eitos do contrato de conta-corrente #art. AH%)
•
;ranser=ncia de roriedade elo acto subjacente 9 remessa& e não ela
conta-corrente em si
• ova+ão entre o creditado e o debitado da obri!a+ão anterior conversão em
din3eiro dos bens levados 9 conta-corrente& resultante dos ne!"cios
subjacentes 9 conta e não 9 r"ria conta em si
• Comensa+ão rec1roca entre os contraentes e4tin+ão dos créditos e dos
débitos rec1rocos& restando somente o saldo.
• *4i!ibilidade do saldo resultante decorr=ncia da comensa+ão& j, que tudo o
mais se e4tin!uiu
• Wencimento de juros concreti2a+ão da re!ra !eral do art. '0$%
• N >nico os bens levados 9 conta devem ter uma e4ressão monet,ria& sendo a
cobran+a a condi+ão resolutiva do lan+amento
Conclui-se a conta-corrente é uma orma de e4tin+ão de obri!a+:es sucessivas& or
comensa+ão& não acultando er se outras e4tin+:es. Cumre& ois& estabelecer a se!uinte
distin+ão
• *ncerramento ou ec3o da conta acto e eeito de actuar a comensa+ão
revista ela conta& com vencimento do saldo B desaarecem os créditos e
débitos rec1rocos& até ao limite da sua concorr=ncia& sobejando
eventualmente um saldo& a e4i!ir #art. A% e AK0%).
0
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• ;ermo do contrato e4tin!ue o r"rio relacionamento em termos de conta-
corrente& acarretando o ec3o da conta e imedindo a retoma de novo ciclo&
salva celebra+ão de novo contrato #art A% e EEE% CC) B contrato intuito
ersonae.
o Tavendo ra2o estiulado ara o encerramento da conta nen3uma
das artes ode Pr termo ao contrato
o O termo imediato da conta-corrente& que rejudique a outra arte e
a sua conian+a le!1tima& é contr,rio 9 boa é e requer um ré-aviso
ra2o,vel.
(2& DEP:SITO *ANC
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suceder na conta do cliente& quando não 3aja cula deste& cabe ao banqueiro. ão é um
de"sito rorio sensu& j, que não tem autonomia.
O re!ime !eral das contas de de"sito é aquele que consta do art. '% DL A0?'
• De"sitos 9 ordem e4i!1veis& a todo o temo& elo cliente
o Xma >nica conven+ão de de"sito& ane4a 9 abertura de conta
o Considerado& ela doutrina e jurisrud=ncia& como um de"sito
irre!ular #5de"sito6 através do qual o deosit,rio& em ve2 de
restituir a coisa deositada& tem que devolver o equivalente& art.
'$0H% CC B o banqueiro adquire a titularidade do din3eiro que l3e é
entre!ue& sendo o cliente um simles credor& dado que o saldo est,
ermanentemente na sua disosi+ão).
• De"sitos com ré-aviso e4i!1veis aenas a"s um ré-aviso escrito
• De"sitos a ra2o?de ouan+a e4i!1veis no im do ra2o ara que orem
acordados. /s institui+:es de crédito odem conceder uma mobili2a+ão
anteciada ou o seu res!ate& ainda que com erda de juros ara o cliente.
o Dão a2o a um t1tulo nominativo #art. A% DL A0?')
o ature2a jur1dica m>tuo #alta a ideia de restitui+ão e de
disonibilidade do saldo)
• De"sitos a ra2o não mobili2,veis não admitem a concessão de
mobili2a+ão anteciada& ela institui+ão de crédito
o Dão a2o a um t1tulo nominativo #art. A% DL A0?')
• De"sitos em re!ime esecial todos os outros& de livre cria+ão& desde que
dando a con3ecer ao Q8 no ra2o de A0 dias #art. $% DL A0?').
7essalve-se que& aesar das distin+:es sura& trata-se de uma i!ura unit,ria& r"4ima
do de"sito irre!ular& se!undo MENEZES CORDEIRO.
J, os de"sitos constitu1dos em institui+:es de crédito dão a2o a certiicados de
de"sito nominativos que são transmiss1veis or endosso transmitem-se todos os direitos
relativos aos de"sitos que reresentem #DL AE$?').
• De"sito re!ular #coisa inun!1vel)& art. ''K% CC
$
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• De"sito irre!ular #coisa un!1vel& art. $'E% CC - substituibilidade)& m>tuo art.
'$0H% e ''$% CC #de"sito banc,rio stricto sensu). uando deositamos
din3eiro num banco& este d,-nos um valor equivalente& e não e4actamente as
notas deositadas.
(3& CON,EN8-O DE C0E1%E. O c3eque é o documento do qual consta uma ordem&
dada or um cliente #sacador) ao seu banqueiro #sacado)& de eectuar um determinado
a!amento a terceiro& ao ortador ou ao r"rio mandante #beneici,rio). ão artes na
conven+ão em c3eque o cliente e o banqueiro& devendo este ter undos 9 disosi+ão do
rimeiro. / conven+ão ode ser e4ressa ou t,cita& e atribui ao sacador o direito de disor
dos undos do c3eque.
(4& /IRO *ANCltilos actos banc,rios. 8ressu:e& j, o sabemos& a révia
celebra+ão de uma abertura de conta& com uma inerente conta-corrente banc,ria. 8ode
acultar as oera+:es se!uintes
• ;ranser=ncias banc,rias simles #no mesmo a1s)
• ;ranser=ncias internacionais #ara um banco& no estran!eiro)
• 8a!amentos or conta banc,ria #solv=ncia de d1vidas)
• Cobran+as or conta banc,ria #satisa+ão de créditos)
• Outras oera+:es de transer=ncias de undos
/s ordens concretas de transer=ncia são actos de e4ecu+ão do contrato de !iro
banc,rio. Weriicados os ressuostos #ma4ime disonibilidade de undos na conta)& o
banqueiro não deve recusar a ordem de transer=ncia do cliente& salvo justa causa #v!
roibi+ão administrativa).
A
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/ doutrina recon3ece& no contrato de !iro banc,rio& uma variedade de mandato sem
reresenta+ão o banqueiro adstrin!e-se a raticar determinados actos jur1dicos& or conta do
seu cliente.
(5& M>T%O *ANCtuo é o contrato elo qual uma das artes emresta 9
outra din3eiro ou outra coisa un!1vel& icando a se!unda obri!ada a restituir outro tanto do
mesmo !énero e qualidade #art. ''$% CC). 8ode ser um contrato !ratuito ou oneroso&
consoante 3aja ou não retribui+ão& embora a onerosidade se resuma #art. ''K% CC& solu+ão
inversa 9quela do C"di!o de eabra resume-se !ratuito). / resun+ão de onerosidade
contraria o 3,bito social do m>tuo e a2 sentido nas rela+:es comerciais #art. AK%)& e não nas
rela+:es civis& ara MENEZES CORDEIRO. e o m>tuo or oneroso& qualquer das artes ode
denunci,-lo& com A0 dias de anteced=ncia #art. ''% CC). / conce+ão do m>tuo enquanto
ne!"cio real quoad constitutionem& que s" rodu2iria os seus eeitos ela entre!a da coisa
mutuada& encontra-se em clara re!ressão admitem-se m>tuos meramente consensuais. U um
ne!"cio consensual ou ormal& consoante o seu valor se suerior a $0.000 ^ deve ser
celebrado mediante escritura >blica& ou documento assinado elo mutu,rio& se suerior a
$000 ^ #art. ''A% CC). Celebrado o contrato e entre!ue a coisa ao mutu,rio& este torna-se
roriet,rio da mesma #art. ''% CC)& ao inverso do comodato a roriedade nunca dei4a a
esera do comodante.
O 5emréstimo6 mercantil sur!e quando a coisa cedida seja destinada a qualquer
acto mercantil #art. A%) acto comercial& or via da teoria do acess"rio #v! en3or& ian+a e
de"sito). /esar do disosto no art. AK%& MENEZES CORDEIRO considera que a retribui+ão
5autom,tica6 não a2 sentido& j, que mesmo entre comerciantes odem ser celebrados
m>tuos !ratuitos. J, a liberdade de rova #art. AH%) deve ser entendida como liberdade de
orma #art. $'% CC).
O m>tuo banc,rio é celebrado or um banqueiro& como mutuante& a!indo no
e4erc1cio da sua roissão. 8odem rovar-se or escrito articular& seja qual or o seu valor&
ainda que a outra arte não seja comerciante. / ta4a de juros& essa& deve ser semre i4ada
or escrito #art. '0$% N'). / comra e venda com m>tuo& reerente a rédio urbano& ode ser
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celebrada or documento articular& com recon3ecimento de assinaturas& e ica sujeita a
re!isto disensa-se a escritura >blica.
Finalmente& o m>tuo banc,rio é também um m>tuo de escoo& na medida em que
ica o mutu,rio adstrito a dar um determinado destino 9 imortncia recebida ra2:es
>blicas #diri!ismo banc,rio) e rivadas #utili2a+ão racional das imortncias mutuadas).
_ Decreto A$EHK de 'A
(6& CONTRATOS ESPECIAIS DE CR'DITO.
/ abertura de crédito é reerida no art. AH$% #não ta4ativo) como uma oera+ão de
banco contrato consensual& sem necessidade de qualquer entre!a monet,ria& le!almente
at1ico e corresondente a um tio social. uanto 9 orma& alicam-se as re!ras do m>tuo
banc,rio orma escrita. 8oder,& todavia& ser requerida escritura >blica se a abertura de
crédito incluir ne!"cios que o e4ijam #v! !arantia 3iotec,ria). / cessão de uma abertura de
crédito& quando não re!ulamentada elas artes& ser, re!ulada elas re!ras da conta-
corrente em !eral& do mandato #quanto 9 disonibilidade) e do m>tuo #quanto ao saldo).
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O descoberto em conta #acilidades de cai4a) é a situa+ão que se !era quando& numa
conta-corrente subjacente a uma abertura de conta& o banqueiro admita um saldo a seu
avor um saldo ne!ativo ara o cliente& enim. 8ode advir do a!amento de c3eques sem
rovisão& v!. U !eralmente tolerado elo banqueiro& or curto er1odo de temo. /licam-se
as re!ras do m>tuo banc,rio& or analo!ia #tio social).
e4emlo
"ossibilidade de fazer levantamentos até um determinado valor, ainda que a conta
não disponha de saldo suficiente.
/ antecia+ão banc,ria é um contrato elo qual um banqueiro concede& ao seu
cliente& um crédito& mediante um en3or equivalente de t1tulos& din3eiro ou outros bens. O
banqueiro antecia o re+o dos bens& dando-l3e um crédito e recebendo-os como !arantia.
/ssocia um en3or #de t1tulos& normalmente) e a entre!a de uma quantia em din3eiro de
valor roorcional ao da !arantia constitu1da. Distin!ue-se do m>tuo dado o consensualismo.
Devem-se combinar os re!imes do m>tuo e do en3or de t1tulos& com reonderncia ara o
>ltimo.
O desconto banc,rio é o contrato elo qual o banqueiro entre!a& ao seu cliente& uma
determinada quantia& em troca de um crédito& ainda não vencido& sobre um terceiro.
Funciona normalmente sobre t1tulos de crédito #letras)& cedendo o cliente ao banqueiro umt1tulo que incorora o débito do terceiro #art. AH$%& não ta4ativo). Forma e4i!=ncia comum
da orma escrita& nos emréstimos banc,rios. o desconto 3, um m>tuo !arantido& e não uma
venda a crédito. uando o banqueiro receba o desconto ara se a!ar?restituir ro solvendo&
dearamo-nos com um m>tuo rorio sensu. ão 3aver, qualquer desconto quando o banco
5adiantar6 imortncias 9 subscritora& tratando-se de um simles m>tuo se a libera+ão do
cliente s" oerar com boa cobran+a. o caso inverso& tratar-se-, de mera venda?cessão de
créditos.
H
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e4emlo
# tem a letra de B, ainda não vencida$ necessitando de obter imediatamente o valor
correspondente % mesma, diri!e&se a um Banco e endossa&lhe a letra$ em contrapartida, este
antecipa&lhe o valor titulado, deduzindo&lhe uma comissão e um uro.
/ abertura de crédito document,rio& ou conirmado& é a oera+ão ela qual um
banqueiro& a edido de um cliente& abre um crédito a avor de terceiro #beneici,rio
vendedor)& crédito esse que oder, mobili2ar mediante a entre!a& ao banqueiro& de
determinados documentos #cas3 a!ainst documents& v! documento que comrova a remessa
de mercadorias !uia ou con3ecimento de car!a& no direito mar1timo). Ori!inalmente visava
acilitar a!amentos 9 distncia. O comrador #ordenante)& cliente do banqueiro #emitente)&
constitui-se devedor da imortncia em causa& suortando todas as ta4as e encar!os. uando
irrevo!,vel& unciona como uma verdadeira !arantia& assentando em dois contratos distintos
entre o ordenante e o banqueiro #abertura de crédito e mandato sem reresenta+ão) e entre
o ordenante e terceiro beneici,rio.
e4emlo
# encomendou a B um carre!amento de café do Brasil mas, como não queria pa!ar o
preço antes de receber o carre!amento, diri!iu&se a um
Banco e solicitou a abertura de um
crédito a favor de B, entre!ando documentos que comprovassem a remessa de mercadorias.
O crédito ao consumo& na ori!em do en"meno da oulari2a+ão da banca& ermite o
acesso das camadas da oula+ão economicamente mais débeis a m>ltilos bens de
equiamento e de consumo. /s consequ=ncias odem redundar na sobre-e4lora+ão dessas
camadas& levadas a assumir débitos sueriores 9s suas ossibilidades de a!amento. Diversas
E
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normas retendem moderar este mecanismo inorma+ão da ta4a anual eectiva !lobal #;/*G)
e 5er1odo de rele4ão6& v!.
(?& LOCA8-O FINANCEIRA. O contrato de leasin! ou loca+ão inanceira é o contrato
oneroso& temor,rio e ori!inador de rela+:es duradouras& elo qual uma entidade #locador
inanceiro& as sociedades de leasin!) concede a outra #locat,rio inanceiro) o !o2o temor,rio
de uma coisa cor"rea adquirida elo r"rio locador a terceiro #ornecedor& or contrato de
comra e venda)& or indica+ão do locat,rio.
O locat,rio adquire o bem elo valor residual& transmitindo-se a roriedade& sendo
nula a cl,usula contratual que o obri!ue a adquirir esse bem #o+ão de comra& tão-s"). /té
essa aquisi+ão& dis:e o locador inanceiro da titularidade do bem #!arantia or e4cel=ncia)&
ermitindo-l3e& através da celebra+ão deste contrato& diluir os custos das aquisi+:es e obter
vanta!ens iscais. 8ara eeitos de deesa da osse é este o ossuidor da coisa& ainda que
e4er+a essa osse através do locat,rio inanceiro.
O risco& esse& é or conta do locat,rio& j, que beneicia da rui+ão do bem #art. 'K%
DL '?K& ubi commoda& ibi incommoda).
Os eeitos do incumrimento do contrato deendem da o+ão de resolu+ão ou
manuten+ão do mesmo
• 7esolu+ão ra2o sulementar que ode ser recludido elo locat,rio com o
a!amento do devido volvido esse ra2o& a mora no cumrimento transere-
se em incumrimento culoso deinitivo #art. 0'%-$ CC) ermite colocar o
locador na osi+ão em que estaria não osse a viola+ão #art. E% e KH$% CC).
o
7estitui+ão da coisa rovid=ncia cautelar adatada B resun+ãoinilid1vel de ericulum in mora #eeito >til).
o 7endas vencidas e juros de mora& 9 ta4a le!al
o 8ercenta!em das rendas vincendas e ercenta!em do re+o residual
#cl,usula enal& jurisrud=ncia $0Y do valor residual e juros vencidos
desde a resolu+ão até ao a!amento deinitivo) a mera restitui+ão
não é ressarcit"ria #não est, a ser indemni2ado B bem usado in>til
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ara uma institui+ão inanceira)& e& no outro e4tremo& admitir o
a!amento das rendas vincendas em simultneo seria abusivo.
• do at1ico
misto #romessa de venda de créditos uturos& assun+ão de risco e resta+ão de servi+os& art.
''KH% CC B alica-se o re!ime do mandato& com atribui+ão de uma comissão ad valorem&
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cobrada em un+ão do valor dos créditos). MENEZES CORDEIRO su!ere a alica+ão anal"!ica
do art. $% DL 'E?H& relativamente 9 den>ncia.
Cumre reter aqui o re!ime da cessão #transmissibilidade das obri!a+:es) art. KEE%
CC& indeendentemente de consentimento do devedor& e4i!indo-se notiica+ão #art. KA% CC).
U um modo de transmissão de obri!a+:es& nomeadamente quanto 9 transmissão de um crédito
mediante um contrato entre o anti!o credor e o novo credor #contrato-base e contrato-
onte). o CC não releva o comromisso e a roissionali2a+ão que subja2 9 cessão inanceira.
e4emlo
'actor(udo celebrou com # um contrato nos termos do qual se obri!ava a transmitir&
lhe a totalidade dos seus créditos, presentes e futuros, por um per)odo de tempo
indeterminado. (eria direito a receber um uro pela antecipação, para além da comissão
devida pela !estão e cobrança de créditos. 'icava obri!ada a prestar assessoria comercial a
#, mediante remuneração.
K0
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CAP$T%LO I,& /ARANTIAS *ANC
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(2& PEN0OR *ANC
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acautelando os interesses do Qanco e romovendo o eectivo cumrimento da
obri!a+ão
• Forte
U um ne!"cio unilateral onte de obri!a+:es #cumulativamente)
• Cumrimento inte!ral dos deveres
• /justamento do caital aos montantes 5conortados6
• Xso de comleta dili!=ncia
e4emlo
#, sociedade detentora de *+ do capital de B, enviou uma carta ao Banco nos
termos da qual declarava ter conhecimento de-, fornecer apoio e-, conceder esforços para
o cumprimento de-
(4& /ARANTIA A%T:NOMA *ANC
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a pa!ar ao !arantido, mediante mera interpelação, valor esse correspondente % obri!ação
contra)da por #.