Dívida e Privatizações
Curso de Formação – Plebiscito Popular sobre a Companhia Vale do Rio Doce
São Paulo, 17 de maio de 2007
A humanidade continua dividida em DOIS MUNDOS:
- Aquele onde a ciência e a tecnologia abrem uma infinita gama de possibilidades, e
- Outro onde as mais elementares necessidades humanas ainda não estão satisfeitas.(Revista Cadernos do Terceiro Milênio)
CONJUNTURA
“19 MIL CRIANÇAS MORREM POR DIA NO MUNDO DEVIDO AO CUSTO FINANCEIRO DA DÍVIDA”
(UNICEF-ONU)
Desigualdade Mundial•Concentração de renda nos países mais ricos •Crescimento espantoso da MISÉRIA•Elevado endividamento dos países pobres e
subdesenvolvidos
Processo Continuado de Espoliação
• 500 anos: Ouro, prata, pedras preciosas, montanhas, plantas e animais.
SAQUE•Serviço da Dívida Eterna
•Remessas de lucros Privatizações
•Remessas ilegais Paraísos Fiscais
•Taxas de Risco
•Importações de artigos supérfluos e de luxo
Romper com esse processo continuado de espoliação
Somos um país potencialmente rico.
Precisamos trabalhar para que esse potencial se
concretize, na realidade, em favor do povo
brasileiro, de forma que todos usufruam das
riquezas e tenham vida digna.
BRASIL:País predestinado à abundânciaPOR QUE ESTAMOS NESSA SITUAÇÃO
DESESPERADORA:• 53 milhões de miseráveis• 28 milhões de famintos• Desemprego• Sem teto• Sem casa• Analfabetismo• Violência ? ? ? ? ? ? ? ? ?
Principal razão DÍVIDA
Que dívida é essa?• Afeta nossa vida• Tem servido de tapete para propostas
lesivas à nossa soberania:
ALCAIMPOSIÇÕES do FMI
AUDITORIA
ESTÁ PREVISTA NA CONSTITUIÇÃO
Enquanto o Congresso Nacional se omite...
AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA
• Movimento que visa abrir essa Caixa Preta
• Possibilidade de articulação dos devedores
PLEBISCITO DA DÍVIDA EXTERNA
CAMPANHA JUBILEU SUL
• SEMANA DA PÁTRIA ANO 2000
• VOTANTES 6.030.329 cidadãos
• 96% NÃO à continuidade do pagamento da dívida externa sem a realização da AUDITORIA prevista na Constituição Federal
• Campanha Auditoria Cidadã da Dívida Abril/2001
DIREITO À VERDADE SOBRE O ENDIVIDAMENTO
PROPOSTA DE EXAME DA DÍVIDA EXTERNA
Oportunidade para se· cumprir a Constituição
Federal· resgatar tudo o que foi
levantado · abrir essa caixa preta da
dívida
HISTÓRIA
APÓS ANOS DE COLONIALISMO, O BRASIL JÁ NASCE ENDIVIDADO
BARGANHA:
“Olha pai, eu fico aqui, no poder, você volta para Portugal, e nós lhe pagamos tudo que
deixou aqui - propriedades e terras.” (D. Pedro I)
HERANÇA:
Dívida de 1,3 milhão de libras esterlinas que Portugal havia assumido junto à Inglaterra, exatamente para lutar contra a nossa independência.
PRIMEIRA AUDITORIA - 1931
GETÚLIO VARGAS Oswaldo Aranha
• Somente 40% dos contratos documentados
• Valores das remessas ignorados • Não havia contabilidade regular da dívida externa
Cancelamento de parte significativa da dívida
Não se cuidou de reivindicar a reparação
Articulação de 14 países da América Latina
Resumo da Construção da Chantagem
• Estímulo ao Endividamento Externo Década de 70Características:Regime MilitarContratos SigilososTaxas de Juros BAIXÍSSIMAS, porém FLUTUANTES
• GOLPE:Alta unilateral dos juros pelos Estados UnidosFim da paridade dólar/ouroConseqüência:
CRISE DA DÍVIDA EXTERNA NA DÉCADA DE 80
• FMI vem em “socorro” à Crise da Dívida1ª Carta de Intenções em janeiro de 1983Condicionalidades:Redução de Gastos PúblicosElevação de Preços (Alinhamento, redução de subsídios)Redução da intervenção do Estado na Economia PRIVATIZAÇÕES
Resumo da Construção da Chantagem• Carta de Intenções em janeiro de 1983
...”Parte substancial do ajuste econômico caberá às empresas do Governo (...) torna-se necessário, durante 1983 e em anos subsequentes um corte substancial no dispêndio global dessas empresas”... Deve reduzir o número das empresas governamentais e ajustá-las às regras do mercado”...”Igualmente importante será um endurecimento substancial na política de gastos das empresas estatais”
• Carta de Intenções em dezembro de 1984A Carta fala da transferência do superávit das empresas estatais para as autoridades monetárias, “nos termos do parágrafo 4 do anexo do Memorando Técnico de Entendimentos”: “as transferências líquidas das empresas estatais federais para o Banco Central não deverão ser inferiores a CR$2.600 bilhões durante o período de 6 meses terminando em 30/06/1985”.Assegurou-se, assim, recurso suficiente ao pagamento de juros, com
sérias consequências para o desenvolvimento do país e para o funcionamento das estatais Aldo Arantes - O FMI e a Nova Dependência Brasileira” Ed.
Alfa Omega
I Choque d
o
Petróleo
II Choque
Alta de
Juros p
elos
EUA
US$ 271 bilhões
A CONSTRUÇÃO DA CHANTAGEM
Pagamento Antecipado ao
FMI
Fonte: Banco Central
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Ano / mês
% a
o a
no
Crise da Dívida
Choque dos Juros EUA
Fonte: Ipeadata
A Elevação das Taxas de Juros (Prime Rate EUA)
A América Latina se transforma em exportadora líquida de Capitais
Fonte: Banco Mundial
Aumento dos Juros Flutuantes
Crise do Petróleo
Nova Oferta de Capitais
Financeiros
Crises Financeiras
"Se os países subdesenvolvidos não conseguem pagar suas
dívidas externas, que vendam suas riquezas, seus territórios e
suas fábricas”
Margareth Tatcher, 1983 Primeira-ministra da Inglaterra
“A solução implicará um sacrifício; eu prefiro que as nações
endividadas assegurem suas obrigações externas frente aos
credores com a ajuda de ativos reais, via cessão do patrimônio das
empresas públicas”
Henry Kissinger, 1985
Ex-Secretário de Estado dos EUA
Anos 80: FMI e Banco Mundial Assegurar o pagamento da Dívida
CONTRAPARTIDA:Políticas de ajuste estrutural na América Latina
Liberalização financeira
Abertura Comercial
Flexibilização do mercado de trabalho
PRIVATIZAÇÕES
Raúl Zibechi, "Privatizaciones: el fin de un ciclo de despojos”, http://americas.irc-online.org/reports/2004/sp_0408privatizacion.html
Utilização das Empresas Estatais para a tomada de empréstimos externos
Destino real dos recursos: pagamento da dívida externa ilegítima
Comprometimento Financeiro das empresas públicas
Real causa do “desequilíbrio financeiro” de empresas públicas na América Latina, utilizado
como justificativa para as privatizações
Raúl Zibechi, "Privatizaciones: el fin de un ciclo de despojos”, http://americas.irc-online.org/reports/2004/sp_0408privatizacion.html
Moratória decretada em fevereiro de 1987•Atingiu somente a parcela da dívida de médio e longo prazo,
contraída com bancos internacionais estrangeiros (que não vinham dando qualquer contribuição ao financiamento da economia brasileira e tinham sido os principais beneficiários da transferência líquida de recursos efetuada desde 1982)
• Tinha finalidades precisas e limitadas, que diziam respeito à defesa dos interesses vitais da nação:
• Constituía fundamentalmente um instrumento de negociação, ou seja, os valores devidos seriam depositados em conta especial no Banco Central e os pagamentos seriam retomados no momento em que se chegasse à conclusão de um acordo abrangente, que afastasse em definitivo a ameaça de estrangulamento decorrente das maciças transferências de recursos a que vinha sendo forçada a economia brasileira desde o início da década de 80; · Buscava-se proteger e recompor as reservas e, principalmente, abrir
caminho para uma solução efetiva do grave problema da dívida.Fonte: BATISTA Jr., P.N. (1988) Da Crise Internacional à Moratória Brasileira, Ed. Paz e Terra.
RELATÓRIO FHC
COMISSÃO FORMADA EM 1987- Análise da Moratória da Dívida
• Levantamento de irregularidades a partir de diversos depoimentos e documentos
• Reconhecimento da Co-responsabilidade dos Credores• Influência da elevação unilateral das taxas de juros
pelos Estados Unidos• Influência da crise do petróleo, excesso de moeda e
taxas flutuantes
O possível confronto entre os países produtores-exportadores e os países consumidores de petróleo foi evitado pelo endividamento dos países em desenvolvimento, através da reciclagem dos petrodólares.”
(Senador Fernando Henrique Cardoso)
CONSTITUIÇÃO FEDERAL CONJUNTURA no período da Constituinte: ENDIVIDAMENTO
considerado o responsável pela grave Crise Econômica. Irregularidades apontadas por FHC, pressões internacionais e da mídia nacional propiciaram a inclusão do Artigo 26 no ADCT da
Constituição Federal de 1988:
“Art. 26. No prazo de um ano a contar da promulgação da Constituição, o Congresso Nacional promoverá, através de Comissão mista, exame analítico e pericial dos atos e fatos geradores do endividamento externo brasileiro.
§ 1º - A Comissão terá a força legal de Comissão parlamentar de inquérito para os fins de requisição e convocação, e atuará com o auxílio do Tribunal de Contas da União.
§ 2º - Apurada irregularidade, o Congresso Nacional proporá ao Poder Executivo a declaração de nulidade do ato e encaminhará o processo ao Ministério Público Federal, que formalizará, no prazo de sessenta dias, a ação cabível.”
COMISSÃO DE 1989
Comissão Mista do Congresso Nacional, formada para dar cumprimento ao Artigo 26 do ADCT da
Constituição Federal
A Auditoria não chegou a ser realizada!
- Primeiro Relator da Comissão Senador Severo Gomes • Análise dos aspectos jurídicos dos contratos• Cláusulas desenganadoramente nulas
de pleno direito, aberrantemente infringentes da Constituição.
- Destaques• Renúncia à alegação de nulidade• Renúncia à argüição de nossa soberania
COMISSÃO DE 1989
“Sem qualquer sombra de dúvida, aqui está o ponto mais espantoso dos Acordos ... Esta cláusula retrata um Brasil de joelhos, sem brios poupados, inerme e inerte, imolado à irresponsabilidade dos que negociaram em seu nome e à cupidez de seus credores ... Este fato, de o Brasil renunciar explicitamente a alegar a sua soberania, faz deste documento talvez o mais triste da História política do País. Nunca encontrei ... em todos os documentos históricos do Brasil, nada que se parecesse com esse documento, porque renúncia de soberania talvez nós tenhamos tido renúncias iguais, mas uma renúncia declarada à soberania do País é a primeira vez que consta de um documento, para mim histórico. Este me parece um dos fatos mais graves, de que somos contemporâneos.”
(Senador Severo Gomes)
COMISSÃO DE 1989
Relatório Final - Dep. Federal Luiz Salomão
• Factibilidade de reduzir o montante da dívida externa
• Deduzir do principal consignado pelos bancos que emprestaram a juros flutuantes o excedente, avaliado em simulações feitas pelo Banco Central, que variavam de 34 a 62 bilhões de dólares, na época.
• Retomar as investigações e os processos judiciais tendentes a recuperar as perdas provenientes de fraudes e negócios ilícitos
• Responsabilizar penalmente os responsáveis internos e os cúmplices externos
• Repatriar as divisas evadidas clandestinamente.
COMISSÃO DE 1989
“Manobras impediram que o relatório fosse votado na Comissão Mista ... Sem o apoio da maioria da Comissão, o parecer foi levado a exame do Plenário do Congresso ... os partidos majoritários na Câmara e no Senado optaram pela omissão.”
(Dep.Fed. Luiz Salomão)
Resumo da Construção da Chantagem• Carta de Intenções em junho de 1988
O texto fala das medidas que já estão sendo tomadas para dinamizar o processo de privatizações. No Documento Modernização e Ajustamento - 88/89, item 31, fala-se da criação do Conselho Federal de Desestatização, com o objetivo de coordenar a redução da participação do Estado na economia e o “encaminhamento ao Congresso Nacional de projeto de lei estabelecendo procedimentos para a alienação ao setor privado do capital de empresas estatais, exceto no caso da Petrobrás.”
A Constituição estava sendo desrespeitada antes mesmo de ser aprovada em definitivo, pois assegurava monopólio estatal sobre
diversos setores de atividades, como: petróleo, telecomunicações, mineração, navegação e cabotagem.
Rejeita redução de encargos com a dívida, mas propõe a redução do déficit público por meio de cortes drásticos no Orçamento da União e nas empresas estatais, provocando o debilitamento do aparelho do Estado.
Aldo Arantes - O FMI e a Nova Dependência Brasileira” Ed. Alfa Omega
Consenso de Washington
• Disciplina Fiscal• Eliminação de subsídios e aumento de gastos em
educação e saúde• Reforma Tributária, com aumento da carga e da base
tributária• Taxa de juros deve ser positiva e determinada pelo
mercado• Taxa de câmbio deve ser determinada pelo mercado• Comércio deve ser liberalizado e voltado para o exterior• Não deve haver restrições ao investimento direto• EMPRESAS ESTATAIS DEVEM SER PRIVATIZADAS• Atividades econômicas devem ser desregulamentadas• Prover melhores garantias aos direitos de propriedade
Aldo Arantes - O FMI e a Nova Dependência Brasileira” Ed. Alfa Omega
Fins dos anos 80: Plano Brady “Solução” para a Crise da Dívida
Troca da Questionável Dívida Contratual por Títulos
Contrapartida: Implantação do Receituário Neoliberal
Livre Comércio, Desregulamentação, Ajuste Fiscal, PRIVATIZAÇÕES
Resumo da Construção da Chantagem• Carta de Intenções em setembro de 1990“O governo lançou um programa de privatizações que se
destina a liberar recursos fiscais e promover a eficiência na economia. O primeiro grupo de empresas públicas a serem privatizadas dentro dos próximos três anos inclui 10 firmas nos setores petroquímico, siderúrgico e de fertilizantes, com um valor total preliminarmente orçado em US$ 15 bilhões líquidos (...) a receita proveniente da privatização será utilizada no resgate da dívida pública.”
• Carta de Intenções em dezembro de 1991“Um programa ambicioso de privatizações que deverá render
US$ 18 bilhões nos próximos anos, foi iniciado com a venda da USIMINAS - maior siderúrgica da América Latina”“Progresso adicional na redução da intervenção estatal na economia e na promoção de investimentos externos diretos deverá ser alcançado com mudanças institucionais que trarão investimentos privados em áreas até aqui reservadas ao setor público, como telecomunicações, mineração, transporte e comercialização de petróleo, e com um tratamento igualitário para empresas de capital nacional e estrangeiro” Aldo Arantes - O FMI e a Nova Dependência Brasileira” Ed. Alfa Omega
Programa Nacional de Desestatização (PND)Lei 8.031/1990, Art. 1° - É instituído o PND, com os
seguintes objetivos fundamentais:
II - contribuir para a redução da dívida pública, concorrendo para o saneamento das finanças do setor público;
III - permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades que vierem a ser transferidas à iniciativa privada;
V - permitir que a administração pública concentre seus esforços nas atividades em que a presença do Estado seja fundamental para a consecução das prioridades nacionais;
Justificativa para as privatizações: o governo não tem recursos para investir nas empresas estatais, e deve vendê-las para pagar a dívida
Negociação Concentrada de 1991 a 1994
ÞQuestionamentos ignoradosÞ Substituição dos contratos por bônus (Securitização)Þ Efetivo aumento dos pagamentosÞ Pulverização
dos credores
O PLANO BRADY NO BRASIL ACORDO COM OS BANCOS COMERCIAIS
O PLANO BRADY NO BRASIL ACORDO COM OS BANCOS COMERCIAIS
“A finalização do acordo ocorreu durante a gestão de um Ministro da Fazenda que preparava sua
candidatura à Presidência da República e encontrava na conclusão da negociação com os bancos estrangeiros um meio de solidificar suporte
internacional a suas pretensões políticas. Por isso, Fernando Henrique estava disposto não só a
respeitar integralmente as condições aceitas por Collor como a introduzir modificações nos termos
originais que tornaram o acordo ainda mais oneroso para o País.”
(Prof. Paulo Nogueira Batista Jr. e Armênio de Souza Rangel)
O PLANO BRADY NO BRASIL
ACORDO COM OS BANCOS COMERCIAIS
“Todos os bônus, quando de sua emissão, estarão aptos para conversão no Programa Nacional de Privatização
do Brasil…”
Artigo IV, Seção 4.01, d, i, E
Programa Nacional de Desestatização
Aceitação de Moedas Podres
Cotação muito abaixo do Valor de Face
OBJETIVO:
Obter a credibilidade dos credores
“baixar o Risco–país”
Enquanto se paga a dívida financeira, a dívida social é postergada
Programa Nacional de Desestatização
Pedro Malan, 1998
“O setor público brasileiro não teria a menor condição de realizar essa expansão nessa área de infra-estrutura, que é uma exigência do país e não do governo Fernando Henrique Cardoso. O Brasil precisa de uma melhoria na quantidade e na qualidade desses serviços prestados à população e é ingênuo imaginar que o setor público por si só, sem financiamento de natureza inflacionária, teria condição de fazê-lo.”
Resumo da Construção da Chantagem• Carta de Intenções em novembro de 1998
“Continuada abertura da economia através da liberalização do comércio e dos fluxos de capital, o que talvez seja o mais amplo programa de privatizações da história, a desmonopolização e desregulamentação de setores chaves da economia, além de um fortalecimento fundamental do sistema bancário...”
Aldo Arantes - O FMI e a Nova Dependência Brasileira” Ed. Alfa Omega
Nota-se o “orgulho” na concretização de política tão nefasta aos interesses da Nação e do povo.
Saldo Comercial, Investimento Estrangeiro Direto e Juros da Dívida Externa (USS$ bilhões)
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1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Privatizações: para garantir as divisas para o pagamento da dívida externa
Fonte: Banco Central
IED (Privatizações)
Saldo Comercial
Juros da Dívida Externa
Privatizações: Para garantir o pagamento da dívida
Fonte: CARVALHO, Marco Antônio de Sousa, “Privatização, dívida e Déficit Públicos no Brasil”, Texto para Discussão nº 847 do IPEA, 2001.
Justificativa da Venda da CVRD
Nota Oficial do Ministério da Fazenda, 13/05/1997
“Ao longo dos próximos doze meses o Tesouro Nacional deixará de gastar cerca de R$ 534 milhões com o pagamento de juros sobre a dívida pública mobiliária em decorrência da privatização da CVRD. (...) Os dividendos que vinham sendo pagos anualmente pela Vale à União equivalem a uma média inferior a R$ 100 milhões por ano, segundo o secretário.”
A Dívida explodiu, apesar das privatizações
Receitas de Privatizações X Crescimento da Dívida
Período de 1990 a 2005 (US$ bilhões)
050
100150200250300350400450500
Receitas dasPrivatizações Federais
e Estaduais
Receitas PrivatizaçãoCVRD
Crescimento dasDívidas Interna e
Externa
Fonte: Relatório de Atividades do PND (2005) e Auditoria Cidadã da Dívida
Obs: Considerando o valor de face das moedas podres utilizadas nas privatizações
PREJUÍZO FINANCEIRO
Privatização da CVRD: R$ 42 bilhões (45% de R$ 92 bilhões, equivalente à perda de participação
acionária estatal na CVRD desde o Leilão, em 1997)
Serviço da Dívida Pública Federal (1997-2006)
R$ 1,179 TRILHÃO
Serviço da Dívida = 28 Leilões da CVRD
1 Leilão da Vale a cada 4 meses
PREJUÍZO FINANCEIRO
Serviço da Dívida = 28 Leilões da CVRD
Final dos Anos 90: As privatizações estaduais
Dívida dos estados explodiu nos anos 90, devido às altas taxas de juros
estabelecidas pelo Governo Federal
Em fins dos anos 90, o Governo Federal oferece assumir as dívidas dos estados e
municípios, com taxas de juros “menores”, sob condições.
Renegociação das dívidas dos estados
Condições (Lei 9.496/1997):
• Superávit Primário;
• Redução das despesas com servidores
• Aumento das Receitas;
• Implementação de Programas de Privatização, Concessão de Serviços Públicos, Reforma Administrativa e Patrimonial;
• Redução dos Investimentos.
PROES - Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária
O PROES emprestou R$ 62 bilhões para “sanear” os bancos estaduais, e arrecadou R$ 11,8 bilhões em privatizações
O Ciclo Vicioso do Endividamento
Endividamento Externo da Ditadura (juros flutuantes)
Alta das taxas de juros (1979)
A Chantagem do “mercado” e das
Instituições Financeiras Multilaterais
Implementação do Neoliberalismo
(Liberalização Financeira, Comercial, Ajuste Fiscal,
Privatizações
Aumento nas remessas de lucro, endividamento para financiar importações, dívida “interna”
Mais endividamento, conversão de dívida externa em interna
Mais endividamento, juros sobre juros
E A DÍVIDA CONTINUA GERANDO
PRIVATIZAÇÕES...
Cartas de Intenção de FHC ao FMI
- Reforma (Privatização) da Previdência
- Privatização dos bancos estaduais
- Privatizações das empresas elétricas
- Privatizações dos resseguros
- Venda de participações acionárias minoritárias.
Cartas de Intenção de Lula ao FMI e ao Banco Mundial
- Reforma (Privatização) da Previdência- Venda dos quatro bancos federalizados- Parcerias Público-Privadas- Reforma Universitária (Pró-Uni)
MAIS PRIVATIZAÇÕES
- Venda de Poços de Petróleo- Concessão de Rodovias- Transposição do São Francisco (Privatiz. Água)- Venda de jazidas minerais
A pior privatização é a ausência de serviços
públicos básicos, por causa do SUPERÁVIT PRIMÁRIO
EVOLUÇÃO DO SUPERÁVIT PRIMÁRIO
Fonte: Banco Central. Inclui União, Estados e Municípios. Considerou-se a nova série do PIB, divulgada pelo IBGE em março de 2007.
OBTIDO ÀS CUSTAS DE ENORME SACRIFÍCIO: Aumento da carga tributária e corte dos gastos sociais
2,92%
3,97%
Ano Eleitoral
Apesar do enorme sacrifício imposto à sociedade para se produzir esse
superávit (contínuo aumento da carga tributária e cortes de gastos e
investimentos públicos), a dívida segue aumentando, tendo a dívida interna
alcançado, em novembro de 2008, a cifra de R$1,5 trilhão, e a dívida
externa US$271 bilhões.
Para pagar a dívida, a Carga Tributária cresceu
Fonte: Secretaria da Receita Federal e Banco Central. Elaboração: Auditoria Cidadã da Dívida
Considerou-se a nova série do PIB, divulgada pelo IBGE em março de 2007.
Superávit Primário
Gastos não financeiros
Acordo com o FMIQuase todo o crescimento
da carga tributária foi
destinado para o
superávit primário
Quem paga a conta?CRESCIMENTO DA CARGA TRIBUTÁRIA:
Fonte: SRF, Banco Central, Confaz. Elaboração: Auditoria Cidadã da DívidaObs: A carga tributária municipal de 2007 foi estimada, mantendo-se a carga de 2006Considerou-se a nova série do PIB, divulgada pelo IBGE em março de 2007
Imp. de Importação IPI, IOF, CPMF, Cofins, PIS, CIDE, ICMS ISS, IRPF, IRRF
IR (Capital e outros), CSLL
Tributos: ITR, IPVA, ITCD, IPTU, ITBI
Outros (inclui INSS e FGTS)
Crescimento da Carga Tributária de 1995 a 2007 (% do PIB)
Tipo de Tributo 1995 2007 CrescimentoPATRIMÔNIO 0,87 1,16 0,28OUTROS 7,65 9,48 1,82RENDA DO CAPITAL 3,09 5,41 2,33CONSUMO E RENDA DO TRABALHO 15,15 19,07 3,92TOTAL 26,76 35,12 8,36
Fonte: SRF, Banco Central, Confaz. Elaboração: Auditoria Cidadã da DívidaObs: A carga tributária municipal de 2007 foi estimada, mantendo-se a carga de 2006Considerou-se a nova série do PIB, divulgada pelo IBGE em março de 2007
O total de impostos, taxas, contribuições e tributos arrecadados em 2007 somou R$ 899 bilhões, o equivalente a 35% do PIB,
que foi de R$ 2,558 trilhões e representa o total, em termos líquidos, do que é
produzido anualmente pelos brasileiros.
E COMO É GASTO ESSE DINHEIRO?
Orçamento Geral da União - 2008
Fonte: SIAFI (Sistema Access da Câmara dos Deputados)Obs: Não inclui o “refinanciamento” da dívida, ou seja, o pagamento de amortizações por meio da emissão de novos títulos.
Como o Governo tem alcançado a arrojada meta de SUPERÁVIT
PRIMÁRIO
Às custas de enorme SACRIFÍCIO SOCIAL:• Elevação da carga tributária
• Corte de Gastos e Investimentos Públicos
A pior privatização é a ausência de serviços públicos básicos, por
causa do SUPERÁVIT PRIMÁRIO
A PRIVATIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR
Instituições Públicas - 1.209.304 alunos (26%)
Instituições Privadas – 3.467.342 alunos (74%)
Fonte: Censo da Educação Superior de 2006 - INEP
A pior privatização é a ausência de serviços públicos básicos, por
causa do SUPERÁVIT PRIMÁRIO
A PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE
50 milhões de beneficiários de Planos de Saúde (ANS, 2008)
Depender do SUS é morrer nas filas
A PRIVATIZAÇÃO DA PREVIDÊNCIA
Receita dos Planos de Previdência Privada
Fonte: FENAPREVI – Dados Estatísticos – Dezembro de 2007
A quem interessa as Reformas (Privatização) da Previdência???
Fonte: FENAPREVI – Dados Estatísticos – Dezembro de 2007
Fonte: ANFIP
Fonte: ANFIP
Despesas
QUAL A LÓGICA DESTE MODELO?
- PRIORIDADE MÁXIMA AO PAGAMENTO DE JUROS DA DÍVIDA
- AUMENTO DA CARGA TRIBUTÁRIA
A QUALQUER ENSAIO DE MUDANÇA, O “MERCADO” CHANTAGEIA:
- RISCO PAÍS- FUGA DE CAPITAIS
A DÍVIDA É O PANO DE FUNDO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS NACIONAIS
- O volume do endividamento é assustador
- Ritmo de crescimento da Dívida cada vez mais acelerado
- Recordes de arrecadação, com a tributação injusta
- Não há recursos para investimentos sociais efetivos
- Injustiça social e concentração de renda, desemprego
- Reformas de cunho neoliberal (Ex: Previdência); liberalização comercial e financeira, privatizações
- Modelo agrícola exportador, impeditivo da necessária reforma agrária
- Enfraquecimento do Estado e grave ameaça à soberania.
Enquanto isso, os banqueiros...
Fonte: Banco Central
Governo Lula
Governo FHC
FHC: R$ 62 bilhões
Lula: R$ 687 bilhões
Dezembro de 2008: R$ 1,6 TRILHÃO
A EXPLOSÃO DA DÍVIDA “INTERNA”
Fonte: Banco Central
Crescimento de 50% em menos
de 3 anos
Dívida Interna Federal:
Reciclagem da Dívida Externa
De out/2005 a jun/2006:- Pagamento de US$ 24 bilhões de
antecipação de dívida externa (FMI, Clube de
Paris e Bradies)
- Compra de US$ 25,7 bilhões de dólares pelo BC, via emissão de mais dívida interna
Crescimento acelerado da Dívida Interna:De jun/2005 a fev/2007, a Dívida Interna
cresceu de R$ 938 bi para R$ 1,2 trilhão!!!
Dívida Interna Federal:
Reciclagem da Dívida Externa
Janeiro a Abril de 2007
BC comprou US$ 34 bilhões, o equivalente às compras de todo o ano de 2006
Explosão da dívida interna
Prejuízo ao BC e benefício aos bancos privados, pois o dólar segue caindo
Consequência da Política Econômica do Governo
Prejuízo do Banco Central
Lucro dos Bancos Comerciais
2005: R$ 10,45 bilhões R$ 33,8 bilhões
2006: R$ 13,17 bilhões R$ 42 bilhões
2007:
R$ 47 bilhões
2007:
R$ 56 bilhões
“Cláusulas de Ação Coletiva” (CACs)
• Inserida em todos os títulos da dívida externa emitidos a partir de 2003• Fazem parte das exigências do FMI• Definem que os detentores de 75% do valor da dívida poderão definir os termos da renegociação, cujo Foro será em Nova Iorque, o que caracteriza desrespeito à soberania.
Resposta do Ministério da Fazenda a requerimento de informações da senadora Heloísa Helena (P-SOL/AL), que solicitava o conteúdo das
CACs:
“Relativamente ao conteúdo das cláusulas vigentes sobre os bônus, as informações serão complementadas
porteriormente, tão logo concluído o processo de de tradução dos contratos”.
Data Moeda Na Cupom Títulos comda Local Moeda Prazo % ªª Cláusula de Ação
Emissão Local Coletiva - CAC18.01.2006 USD 1.000.000.000 31 anos 7,13% Sim03.02.2006 EUR 300.000.000 9 anos 7,38% Sim23.03.2006 USD 500.000.000 31 anos 7,13% Sim02.06.2006 USD 197.802.000 27 anos 8,25% Sim16.08.2006 USD 500.043.000 31 anos 7,13% Sim13.09.2006 BRL 1.600.000.000 15 anos 12,50% Sim13.10.2006 BRL 650.000.000 15 anos 12,50% Sim14.11.2006 USD 1.500.000.000 10 anos 6,00% Sim11.12.2006 BRL 750.000.000 15 anos 12,50% Sim30.01.2007 USD 500.000.000 30 anos 7,13% Sim14.02.2007 BRL 1.500.000.000 21 anos 10,25% Sim27.03.2007 BRL 750.000.000 21 anos 10,25% Sim11.04.2007 USD 525.000.000 10 anos 6,00% Sim17.05.2007 BRL 787.500.000 21 anos 10,25% Simhttp://www.stn.fazenda.gov.br/divida_publica/downloads/soberanosinternet.xls
QUE POLÍTICA ECONÔMICA É ESTA?- Regime de metas de inflação
- Tarifas públicas: principais responsáveis pela inflação
Jul/94 a dez/2008IPCA (preços livres): 202,77%
IPCA (preços monitorados): 402,31%
Juros altos para rebaixar os preços livres, atingindo-se a meta de inflação
Coroando o processo de substituição de dívida externa por interna, em 2006 o
governo isentou os investidores estrangeiros que comprarem títulos da
dívida interna.
Injustiça Tributária
PROPOSTAS DA SOCIEDADE
• Auditoria da Dívida
• Reforma Tributária
• Controle de Capitais
• Revisão das Privatizações e das tarifas públicas
AUDITORIA DA DÍVIDA
• Prevista na Constituição Federal de 1988
• Plebiscito realizado no ano 2000, do qual participaram mais de seis milhões de pessoas.
• Enquanto o Congresso Nacional se omite...
AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDARede Jubileu Sul
Dívida: IMPEDE A VIDA DIGNA e o atendimento aos DIREITOS HUMANOS
• De onde veio toda essa dívida pública? • Quanto tomamos emprestado e quanto já
pagamos? • O que realmente devemos? • Quem contraiu tantos empréstimos? • Onde foram aplicados os recursos? • Quem se beneficiou desse endividamento? • Qual a responsabilidade dos credores e organismos
internacionais nesse processo?
Somente uma AUDITORIA poderia responder a essas questões, dentre tantas outras.
AS TAREFAS DA AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA
I - Resgate Histórico da DívidaEstudos, Resgate e Análise dos documentos
II - Acompanhamento dos Fatos AtuaisAcordos com FMI, Orçamento da União, Propostas de Renegociacão, Outros mecanismos (Risco-país e Cláusula de Ação Coletiva - CAC), Acompanhamento da legislação tributária e da regulamentacão expedida pelo Banco Central
III - Compilação de Argumentos JurídicosDívida Odiosa, Força Maior, Rebus Sic Stantibus
IV – Articulação InternacionalAuditoria como ferramenta política
TRABALHOS DA AUDITORIA CIDADÃ
RESOLUÇÕES DO SENADO FEDERAL
• Planilha contendo 815 Resoluções• Seleção temas
• Pobreza/Miséria• Energia Elétrica
• 59 Ofícios• Governos dos Estados, Tribunais de
Contas e Companhias• 16 respostas
AUDITORIA CIDADÃ - RESPOSTAS
• ... A operação de crédito está resguardada pelo sigilo
bancário... (TC-RS)• ... As operações financeiras mencionadas nas
Resoluções não foram efetivadas por esta Companhia
(CEEE)• ... É o TCU que é o órgão competente ... (TC-Roraima)• ... Nada foi encontrado neste Tribunal que tratasse do
assunto em questão (TC-MS)• ... Esta Corte de Contas não dispõe das informações
solicitadas no expediente (TC-PE)
AUDITORIA CIDADÃ
•Esforço para popularização do tema - Cartilha•Processo de conscientização - Informação•Mostrar a chocante contradição de nosso rico país abrigar tanta miséria•Ressaltar a enorme responsabilidade das escolhas feitas pelos nossos governantes• Questionar a adoção de medidas econômicas impostas pelo FMI, mas inversas às adotadas pelos países que comandam o próprio FMI.
Outro Brasil é possível
• Aprofundar os estudos sobre o processo de
endividamento
• Resgatar documentos que comprovem a
ilegitimidade desse processo
• Conectar esse processo com propostas que
visam aumentar a dependência, o
colonialismo e o risco de anexação.
PARA QUE HAJA ÉTICA E JUSTIÇA...
Deve ser realizada a auditoria da dívida, cujos juros extorsivos estão impedindo o crescimento econômico e tornando nosso potencialmente rico país empobrecido.
“Quando se trava uma luta, não se deve ter a preocupação com o resultado, mas se há ou não o dever de lutar por aquele ideal.”
“Sou feliz por achar que cumpri o meu dever.”
Barbosa Lima Sobrinho
Obrigada
Maria Lucia Fattorelli Carneiro