1
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
UM OLHAR SOBRE A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM
SÃO GONÇALO - RJ, NO BAIRRO ESTRELA DO NORTE
Por: Luciana Maria A Santana Sardinha
Orientador
Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro - RJ
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
UM OLHAR SOBRE A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL EM
SÃO GONÇALO NO BAIRRO ESTRELA DO NORTE
Apresentação de monografia à AVM
Faculdade Integrada como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista de MBA em
Qualidade, Saúde, Meio ambiente, Segurança do
Trabalho no Sistema de Gestão integrado.
Por: Luciana Maria A Santana Sardinha
3
AGRADECIMENTOS
Ao meu irmão Júlio César (Em
memória), que foi mais que um irmão,
era minha direção e exemplo de vida,
de caráter e dedicação, à minha mãe e
amigos que de alguma forma
contribuíram com minha formação.
4
DEDICATÓRIA
Ao meu filho Diego Santana que
me fortalece para continuar traçando
meus objetivos.
5
RESUMO
O olhar sobre a degradação ambiental em um bairro de São Gonçalo,
chamado de estrela do norte, foi muito importante para que fossem avaliados
quais os fatores que levaram a degradação ambiental naquele local,
juntamente com a verificação sobre a situação das encostas do bairro, por isso
entendemos que para tentarmos solucionar os problemas das encostas,
devemos conscientizar a população sobre a importância da vegetação natural e
o beneficio da ausência de lixos nas encostas, precisamos também,
conscientizar todos quanto a criação de alternativas para diminuir o volume de
resíduos gerados pela população, preservando assim seu ambiente,
incentivando também a realização de reciclagem destes resíduos.
Acúmulo de resíduos, podagem de árvores de modo inadequadas, queimadas
e desgaste natural do solo podem ter levado à degradações significantes. Os
dados foram coletados in loco, pesquisa de campo, ao longo das ruas,
residências e comércios, internet, livros, revistas e entrevistas com as pessoas
para saber se estão conscientes com a falta de preservação que aparece ao
redor. Este trabalho teve como objetivo analisar as diretrizes de Educação
Ambiental dos moradores e coleta de dados qualitativa nas áreas selecionadas
a fim de verificar o perfil das comunidades. As famílias tem se mostrado
preocupadas e sensibilizadas à problemática ambiental, dispostas a mudança
de hábitos no seu dia-a-dia a fim de melhorar a qualidade de vida. O motivo do
trabalho é tentar solucionar os problemas da encosta, pois o solo encontra-se
em processo de erosão e risco de desabamento e mostra sobre a importância
da vegetação natural e o benefício da ausência de lixo nas encostas.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi desenvolvida através de estudos de caso sobre
a degradação do solo e suas consequências com minha vivência profissional
na área de meio ambiente. Foi realizadas pesquisas na internet principalmente
da Defesa Civil do município de São Gonçalo e coletânea da legislação
ambiental, da Constituição Federal, obra de Odete Meduar, foram realizadas
pesquisas em normas técnicas, manual técnico de Bitar e alguns artigos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................8
CAPÍTULO I – Ações das autoridades ambientais no município de São Gonçalo.........................................................................................................10
CAPÍTULO II – As consequências da chuva nas encostas...............15 CAPÍTULO III – As áreas de estudo e suas características..............20 CAPÍTULO IV – Fatores ambientais que pode interferir em
deslizamentos na área analisada..................................................................22 CAPÍTULO V – O lixo nas encostas e o processo de coleta.............28
CAPÍTULO VI – Resíduos Sólidos Urbanos......................................33
CONCLUSAO - .................................................................................38
ANEXOS - .........................................................................................39
APÊNDICE - ......................................................................................49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA - ....................................................52
LISTA DE FIGURAS - .......................................................................54
INDICE - ............................................................................................55
8
INTRUDUÇÃO
Neste trabalho falaremos sobre os problemas das degradações nas
encostas. O crescimento demográfico é acentuado e os problemas
provenientes da falta do planejamento urbano se refletem nas ocupações
irregulares. De acordo com REIGOTA (1994, pág. 09) “É necessário entender
que o problema está no excessivo consumo desses recursos naturais por uma
pequena parcela da humanidade e no desperdício e produção de artigos inúteis
e nefastos à qualidade de vida”. Desenvolver uma pesquisa com o referido
tema (Crescimento Demográfico) surge da reflexão da vivência no campo
profissional do meio ambiente vinculado a habitação. A observação de
inúmeros problemas como pela degradação ambiental em decorrência das
ocupações irregulares, aumento populacional desordenado e falta de
saneamento básico que mesmo com conhecimento dos problemas os
moradores continuam jogando e acumulando resíduos sólidos urbanos no
entorno de suas residências. Para SANTOS (2002, p. 27) é fundamental maior
atenção à preservação ambiental urbana, principalmente no que diz respeito às
condições em que a população vive na própria degradação de seu ambiente.
Apresento entrevistas em formato de questionários (Apêndices 1 e 2), onde
duas moradoras foram entrevistadas para declara o problema local.As famílias
precisam ser sensibilizadas às questões ambientais, famílias jogavam in natura
todos os resíduos produzidos, estas ações precisam ser reduzidas para uma
melhoria da qualidade de vida de todos. Sensibilizar o cidadão sobre as
questões ambientais exige ação de sensibilização por parte da Educação
Ambiental. É o conhecimento que propicia a mudança de atitude, o
comprometimento e a ação, tanto individual como coletiva, da população.
9
(PMRF-APPs, 2004). Fazer com que a população local crie uma cultura de
preservação em seu ambiente para que possuam boas condições de moradia e
não prejudicar o seu meio.
Avaliar a quantidade de resíduos para que possam junto aos órgãos públicos
analisar assentamentos irregulares. Casos citados de escorregamentos na
Região Metropolitana em São Gonçalo – RJ, no Bairro Estrela do Norte.
O trabalho foi apresentado em 5 capítulos e assim apresentado:
O capitulo I um aborda o sobre ações das autoridades ambientais no
município de São Gonçalo, onde a população local é orientada por eles para
evitar o desgaste do solo; no capítulo II são abordadas as consequências do
excesso de chuvas entrando no processo de enchargamento, a importância do
relevo, vegetações para proteger o solo e ação antrópica desenfreada sendo o
principal agente modificador da dinâmica das encostas; no capitulo III abordará
sobre umas das características da área de estudo, clima e coleta, métodos e
ferramentas para a pesquisa; no capítulo IV mostra os fatores ambientais que
podem interferir na área analisada, o trabalho da defesa civil onde tem o
objetivo de reduzir os riscos de algumas eventualidades trabalhando com a
prevenção e mitigação dos riscos; capítulo V aborda sobre o lixo nas encostas,
principal assunto abordado nesse trabalho e todo processo de coleta dos
resíduos sólidos do local, destacando sobre os tipos de coleta, incluindo a
coleta seletiva; no capítulo VI destaquei sobre os resíduos sólidos urbanos e a
logística reversa.
10
CAPÍTULO I
Ações das autoridades ambientais no Município de São
Gonçalo
1.1 – Orientações para evitar o desgaste do solo
É de suma importância que as autoridades competentes do município
de São Gonçalo realizem diversas ações nas mais variadas comunidades da
região para que a população tenha conhecimento de como é importante o
envolvimento com o meio.
Conforme o lixo é depositado nesses locais impróprios, como terrenos
baldios e mesmo próximo a suas residências, entulho que sobrecarrega a área
já fragilizada com a decomposição do lixo orgânico. “Para evitarmos isso é
importante que se realize de atividades educativas com os cidadãos durante
todo o ano”. Os moradores das áreas de encostas são quem mais sofrem com
a situação mesmo consciente que são os mesmos que formam o cenário da
degradação, por isso precisam de atenção especial e de orientações para
minimizar os problemas. Na época das chuvas este lixo aumenta de peso pelo
encharcamento. Os movimentos causados pelo acúmulo de lixo nas encostas
adquirem caráter muito destrutivo devido à grande quantidade de água que é
colocada em movimento de uma só vez, sendo as enxurradas.
Antes de o deslizamento começar, acontecem falhas no terreno, com
os seguintes resultados:
ü Portas e janelas empenam ou emperram de repente;
ü Aparecem rachaduras novas no reboco, concreto, tijolos ou
fundações;
ü Rachaduras antigas se alargam;
ü Paredes externas e calçadas começam a se afastar do prédio ou
casas;
ü Cercas, muros, postes e árvores se inclinam ou movem;
11
ü Aparecem água e protuberâncias na base da encosta.
1.2 O interesse como um todo
Os territórios irregulares, que não atendem os parâmetros urbanísticos
estabelecidos, ficam oficialmente excluídos do acesso aos serviços e
investimentos públicos. A omissão do poder público em implantar um conjunto
de medidas voltadas para impedir o surgimento de novos assentamentos
clandestinos, até mesmo dos próprios moradores coloca em perigo aspectos
de interesse coletivo e individual que interferem significante na qualidade de
vida da cidade como um todo.
Em fase de realidade atual das áreas de proteção em espaços urbanos,
estabeleceu-se uma situação particularmente difícil, tendo em vista a enorme
quantidade de habitações nelas instaladas, a maior parte ocupada por
contingentes populacionais de baixa renda, sendo assim ilustra de maneira
inequívoca a dimensão significativa do problema, expõem a uma alternativa
habitacional encontrada pela população de baixa renda a despeito dos
crescentes riscos aos quais acaba se submetendo, isto é, deslizamentos,
recalque e outros.
Área de Proteção Ambiental (APA) é uma área em geral
extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos
abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes
para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. As
condições para a realização de pesquisa científica e visitação pública
nas áreas sob domínio público serão estabelecidas pelo órgão gestor
da unidade.
A ausência de infraestrutura de saneamento e de problemas como
lançamento inadequado de efluentes, descarte aleatório de resíduos
domésticos, destruição de vegetação nativa, indução de processos erosivos,
impermeabilização do solo, incluindo os efeitos cumulativos dessas práticas.
12
1.3 - Escorregamentos em encostas ocupadas
O escorregamento está relacionado às várias áreas do conhecimento,
como: Mecânica dos solos e das rochas, geotécnica, engenharia civil, geologia,
geomorfologia etc.
A importância da análise controle de escorregamento está diretamente
relacionada à demanda socioeconômica oriunda de acidentes e problemas
diversos concernentes à estabilização de encostas.
1.4 - Definições básicas e classificações de escorregamentos
Os processos de transporte de matéria sólida da dinâmica superficial do
nosso planeta podem ser subdivididos em movimentos gravitacionais de
massa, definido como todos aqueles que são induzidos pela aceleração
gravitacional, e em movimentos de transporte de massa, onde o material
movimentado é transportado por um meio qualquer, como água, gelo ou ar.
(http://www.forumdaconstrucao.com.br/)
Os escorregamentos e processos correlatos fazem parte dos
movimentos gravitacionais de massa, diretamente relacionados à dinâmica das
encostas, (GUERRA etc al., 2005).
As encostas podem ser definidas como toda superfície natural inclinada
unindo outras duas, caracterizadas por diferentes energias potenciais
gravitacionais.
O termo talude é mais empregado para definir encostas próximas a
obras lineares, de mineração, dentre outros, tendo um caráter mais geotécnico
e relacionado a áreas restritas. Os termos talude de corte, para taludes
resultantes de algum processo de escavação promovido pelo homem; e taludes
artificiais, relacionados aos declives de aterros, constituídos de materiais
diversos.
Podemos definir talude como uma superfície de solo exposta
que forma um ângulo com a superfície horizontal. Podem ser
classificados como artificial ou natural. Os taludes naturais são
comumente conhecidos como encostas e sua denominação feita
através de estudos geotécnicos. Formados há muitos milhões de anos
e encontrados principalmente nas encostas de montanhas.
13
Existem inúmeras classificações de movimentos gravitacionais de massa
ou escorregamentos, sendo as mais recentes baseadas nos seguintes critérios
básicos:
ü Cinemática do movimento: definida pela relação entre a massa em
movimentação e o terreno estável;
ü Tipo de material: solo, rocha, detritos, depósitos etc., destacando a
sua estrutura, textura e contendo água;
ü Geometria: tamanho e formas das massas mobilizadas.
Alguns autores classificam ou termos relacionados a tipos geológicos,
geomorfológicos e climáticos específicos, ou a idade e condições de atividade
destes processos. Elas possuem um caráter restrito de aplicação, e os
processos por elas descritos sempre podem ser associados ás classificações
baseadas nos três critérios (BITAR,1995).
1.4.1 Fatores que atuam na deflagração dos escorregamentos
Os processos de escorregamento envolvem uma série contínua de
eventos de causa e efeito que resultam na ruptura de materiais terrestres,
quando as solicitações são maiores que a resistência dos terrenos.
Segundo Bitar (1995), podem-se agrupar os fatores que deflagram os
escorregamentos em: os que aumentam as solicitações; e os que diminuem a
resistência dos terrenos.
14
Tabela 1 – Fatores Deflagradores dos Movimentos (extraída de BITAR, 1995).
Na maioria das rupturas, atuam vários fatores simultaneamente, ou um
único fenômeno para produzir os efeitos de aumento da solicitação, e
diminuição da resistência do terreno. Atentar apenas para o fator
(agente/causa) final responsável pelo movimento, não é somente difícil, mas
também pode ser incorreto visto que ele pode representar apenas o gatilho que
pôs em movimento uma massa que já estava em processo de ruptura. (Extraída
de BITAR, 1995).
Ação
Fatores
Fenômenos
Geológicos/
Antrópicos
AUMENTO
DA SOLICITAÇÃO
REMOÇÃO DE
MASSA (lateral ou da base)
Erosão, escorregamentos
Cortes
SOBRECARGA
Peso da água de chuva,
neve, granizo, etc.
Acúmulo natural de
material (depósito)
Peso da vegetação
Construção de estruturas,
aterros, etc
SOLICITAÇÕES
DINÂMICAS
Terremotos, ondas,
vulgões, etc
Explosões, tráfego, sismos
induzidos.
REDUÇÃO
DA RESISTÊNCIA
PRESSÕES
LATERAIS
Água em trincas,
congelamento, material expansivo.
CARACTERÍSTICAS
INERENTES AO MATERIAL
(geometria, estruturas,etc.).
Característica
geomecânicas do material,
tensões.
MUDANÇAS OU
FATORES VARIÁVEIS
Intemperismo=> redução
na coesão, ângulo de atrito.
Elevação do N.A
15
CAPÍTULO II
As Consequências da chuva nas encostas
2.1 As chuvas como agente deflagrador de escorregamentos
As chuvas atuam como principal agente deflagrador dos segmentos no
contexto da dinâmica climática e geológica do Brasil. Os grandes acidentes
relacionados a estes processos registrados no território nacional ocorreram
durante o período chuvoso, que varia de região para região. (Site Fórum da
Construção).
As chuvas contribuem diretamente para as instabilidades de encostas
pelos seguintes mecanismos:
a) Alteamento do nível de água e geração de forças de percolação
(Fórum da Construção);
b) Preenchimento temporário de fendas, trincas e/ou estruturas em solos
saprolíticos e rochas (fraturas, juntas, dentre outros), com geração de pressão
hidrostática.
c) Formação de “frentes de saturação”, sem a elevação/formação de N.A
(solo não saturado), reduzindo a resistência dos solos pela perda de coesão
aparente (GUIDICINI e NIEBLE, 1976).
A influência da distribuição da chuva no tempo correlaciona-se
diretamente com o regime de infiltração no terreno, que por sua vez, determina
a taxa com que a água das chuvas penetra no maciço terroso ou rochoso,
diminuindo sua resistência ou aumentando as tensões nele atuantes.
Os escorregamentos em rocha, condicionados por planos de fraqueza,
são mais suscetíveis a chuvas concentradas ou imediatas (geração de
pressões hidrostáticas), sendo menos afetados pelos índices pluviométrico
acumulados nos dias anteriores ao evento.
Estas estreitas relações entre a deflagração dos escorregamentos e os
índices pluviométricos têm levado alguns pesquisadores a tentar estabelecer
relações empíricas, probabilísticas ou físico-matemáticas entre dois
parâmetros. O objetivo maior destas correlações entre chuvas e
escorregamentos é o de prever temporalmente a ocorrência destes eventos.
16
2.2 Características Naturais Agravantes dos Processos de
Escorregamento
As características naturais de uma determinada região revelam uma
correlação com a ocorrência dos processos de escorregamentos. São elas
(PISANI, 1988): relevo, tipo de solo, vegetação índices pluviométricos e lençol
freático.
2.2.1 Relevo
A declividade e a forma do perfil são as principais características físicas
naturais que determinam uma encosta. A declividade é uma característica
fundamental a ser avaliada quando do estudo de escorregamentos. É evidente
que um terreno com um relevo variando de muito suave a quase plano não
deve apresentar grandes problemas com relação a escorregamentos
O perfil que dá a forma das encostas é caracterizado pela variação de
sua declividade ao longo de seu comprimento ou de sua extensão transversal
Os perfis mais observados são: retilíneo, convexo e côncavo.
Independentemente do perfil da encosta, a declividade é um dos fatores
mais relacionados com o nível de suscetibilidade de risco. Quanto maior a
declividade de uma encosta, maior é o movimento da terra necessário para a
ocupação, e esses cortes e aterros realizados sem obras de estabilização
geram níveis maiores de riscos associados a escorregamentos.
2.2.2 Vegetação
Entre as causas antrópicas o desmatamento tem um papel importante
como desencadeador dos movimentos de massa. A cobertura vegetal constrói
ao longo do tempo um sistema radicular que estrutura as camadas superficiais
do solo, similar a uma tela ou manta protetora. A vegetação forma uma malha,
às vezes densa, de raízes dispostas paralelamente à superfície do terreno e
esta dá às camadas superiores um aumento significativo de resistência ao
17
cisalhamento. Esse fenômeno é bem explorado pela engenharia civil que utiliza
gramíneas como agentes protetores de taludes artificiais.
A retirada da camada de vegetação que protege o solo desencadeia, em
pouco tempo, a deterioração e consequente perda de resistência do sistema
radicular. Pode-se afirmar que a resistência do solo aumenta
proporcionalmente a resistência de um sistema radicular por ele coberto.
Evidencia-se que o sistema radicular, mesmo depois da vegetação ser cortada,
continua a dar resistência durante algum tempo até que esteja totalmente
deteriorado. É importante levantar historicamente os desmatamentos ocorridos,
pois um solo nu pode aparentar estabilidade devido a um sistema radicular
ainda ativo e entrar em colapso sem que seja observado o motivo, que é o
enfraquecimento que ocorre debaixo do solo. A camada de vegetação em um
solo forma uma barreira de interceptação das águas pluviais e tem os
seguintes efeitos:
ü Proteger o solo contra os impactos das gotas de chuva;
ü Prolongar o período de precipitação, pois a barreira que é
formada pela vegetação retém parte da precipitação, que goteja após o evento,
dissipando a energia e reduzindo a intensidade;
ü Reter um grande volume de água em todos os componentes da
camada vegetal, reduzindo a quantidade de água a atingir o solo. Essa
quantidade retida varia em função das características da vegetação e da
chuva.
Neste trabalho não foi descartada a evidência de que para se edificar
residências e outras construções, há necessidade de remoção da vegetação,
mas ressalta-se que não há necessidade de remoção total da vegetação, como
é frequente nas tipologias das ocupações em encostas brasileiras.
2.2.3 Pluviosidade
O principal agente acelerador dos movimentos gravitacionais de massa
é a água. Portanto, no período chuvoso é que ocorre a maioria absoluta dos
18
acidentes relacionados a escorregamentos em encostas. A água atua na
desestabilização de uma encosta de várias formas:
ü Eleva o grau de saturação do solo e consequentemente diminui
sua resistência;
ü Aumenta o peso específico do solo, devido à retenção da parte
infiltrada da água;
ü Provoca infiltrações nos vazios, fissuras e juntas dos maciços ou
em partes deles, gerando pressões hidrostáticas ou hidrodinâmicas, que
podem ocasionar a ruptura de um talude.
ü Gera o escoamento superficial, podendo ocasionar diferentes
tipos de erosões (laminar, em sulcos e boçorocas) que aumentam a
instabilidade nas encostas.
2.4.4 Lençol Freático
A localização do lençol freático, mais ou menos profundo, tem
influências sobre a suscetibilidade a escorregamentos. Quando há o
surgimento d’água, indicando áreas de lençol freático raso e/ou “aflorante”, as
edificações e as obras de terraplanagem exigem cuidados especiais. Obras de
drenagem são necessárias para manter a estabilidade dos solos, pois, sem
elas, a saturação e outros efeitos provocados pela presença da água
ocasionam instabilizações, podendo gerar escorregamentos.
2.4.5 Causas antrópicas
O homem vem-se constituindo o mais importante agente modificador da
dinâmica das encostas. O avanço das diversas formas de uso e ocupação do
solo em áreas naturalmente suscetíveis aos movimentos gravitacionais de
massa acelera e amplia os processos de instabilização.
A identificação da ação antrópica como importante agente indutor de
escorregamento no Brasil não pode ser considerada novidade. Gonçalves
(1992) apresenta um ofício da Câmara de Vereadores da Comarca da Bahia,
datado de 1671, que atribui como causa para o escorregamento ocorrido nas
ladeiras da Conceição e Misericórdia (Cidade Baixa) em abril daquele ano “as
19
imundices lançadas nos despenhadeiros”. Este ofício solicitava permissão ao
rei para levantar paredões a fim de impedir o lançamento de lixo nas encostas.
As principais modificações oriundas das interferências antrópicas
indutoras dos movimentos gravitacionais de massa são apresentadas abaixo
(GEORIO, 2000):
ü Remoção da cobertura vegetal;
ü Lançamento e concentração de águas pluviais/servidas;
ü Vazamento na rede de abastecimento, esgoto e presença de fossas;
ü Execução de cortes com geometria incorreta (altura/inclinação);
ü Execução deficiente de aterros (compactação, geometria, fundação);
ü Lançamento de lixo nas encostas/taludes
20
CAPÍTULO III
As áreas de estudo e suas características
3.1 Caracterização da área de estudo
O estudo foi desenvolvido no município de São Gonçalo, localizado na
porção sudoeste do Estado do Rio de Janeiro (Brasil), com um contingente
populacional que ultrapassa a casa de um milhão de habitantes, distribuídos
numa área total de 241km2
No município há o predomínio de dois tipos de movimentos de massa:
a) deslizamentos de encosta e;
b) deslizamentos de blocos.
O relevo do município é caracterizado por três feições distintas: relevo
de morros isolados, planícies flúvio-marinhas e superfícies coluvionares. São
Gonçalo é caracterizado por um relevo colinoso, que corresponde a 35% da
área total, e pela presença de maciços, tabuleiros e planícies costeiras. Nessas
serras e morros que compõem o relevo, as declividades das encostas são
superiores a 30%, o que, segundo Cunha (1991) exige critérios minuciosos
para serem ocupadas.
3.1.1 O Clima de São Gonçalo
O clima da região é do tipo AW (Köppen), e o período mais seco
ocorrem nos meses de maio a outubro, com totais pluviométricos mensais
inferiores a 100 mm. A estação chuvosa acontece no período de novembro a
abril. Cerca de 22,0% do total acumulado está concentrado no mês de janeiro,
no qual, em geral, registra-se um total de chuva superior a 170 mm. (Clima
Tempo – Previsão do tempo/cidade) A temperatura média anual é de cerca de
26°C. Em geral, a região apresenta temperaturas quentes e alta umidade
relativa do ar, em média 74,0%, na maior parte do ano (BERTOLINO et al.,
2007).
21
3.2 - Coleta de dados
A coleta de dados ocorreu de forma qualitativa e as informações foram
obtidas por meio de estudo de caso, no município de São Gonçalo onde se
verificou o perfil das comunidades escolhidas através de entrevistas realizadas
nas áreas propostas. As visitas ocorreram de forma aleatória, foi observada a
situação de forma geral, além das observações sistemáticas houve uma
conversa informal com a comunidade. Enfim, a metodologia aplicada nesta
etapa resume-se na observação do ambiente em que se encontram as famílias,
verificação e acompanhamento das ações dos mesmos.
Os métodos que levam ao problema proposto, como leitura de livros,
jornais, revistas, questionários... e a resposta, após coleta de dados, pesquisa
bibliográfica, pesquisa de campo ao longo das ruas, casas e comércio,
observação do objeto de estudo,
Foram realizadas entrevistas com as pessoas para saber se estão
conscientes com a falta de preservação que aparece ao redor.
22
CAPÍTULO IV
Fatores ambientais que podem interferir em
deslizamentos na área analisada
4.1- Gerenciamentos de riscos
Em estudos recentes, Bertolino et al. (2014) demonstraram que os
valores de intensidade de chuva para o município de São Gonçalo apresentam
o predomínio de chuvas de menor intensidade (insignificante e leve) que
perfazem um total de 86,3%. Em seguida, ocorrem os eventos de intensidades
moderada (13,0%) e forte (0,6%), não havendo nenhum registro de chuvas
muito fortes no período analisado. Os resultados mostram um padrão para o
município de São Gonçalo de chuvas até 10 mm (93,0%) com predomínio de
intensidades insignificantes e leves (86,3%), ocorrendo preferencialmente nos
períodos úmidos. O padrão de precipitação do município está atrelado a
frequências de chuvas de pequenas magnitudes e de baixa intensidade com
longa duração, estando os movimentos de massa relacionados a esse padrão,
sobretudo após dias seguidos de eventos de chuvas (insignificante e leve)
devido à umidade antecedente acumulada (Bertolino et al., 2014).
No município de São Gonçalo há também outro agravante, que é a
interferência antrópica associada ao despejo de dejetos in natura no topo da
encosta, mantendo-a em constante grau elevado de umidade, que associada
ao regime pluviométrico elevado na estação úmida propicia a deflagração dos
movimentos de massa. Os conselhos que seguem já estão repetidos há muitos
anos aos moradores das encostas e se todos entendessem e seguissem estes
conselhos, poderíamos vencer o problema das encostas:
ü Não executar cortes e aterros;
ü Não desmatar;
ü Não remover a vegetação superficial;
ü Não jogue o lixo nas encostas;
23
ü Não desviar os caminhos das águas;
ü Não construir às margens dos rios;
ü Não estrangule o rio;
ü Não obstruir a drenagem;
ü Não construir em encostas;
ü Atentar para qualquer sinal de anormalidade.
4.2 - Defesa Civil de São Gonçalo- RJ
A Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de São Gonçalo-
RJ (COMDEC-SG), atende a toda a população do município de São Gonçalo -
RJ das mais variadas solicitações no âmbito da Defesa Civil.
A atuação da proteção e defesa civil tem o objetivo de reduzir os riscos
de desastre e compreende ações de prevenção, mitigação, preparação,
resposta e recuperação. O município de São Gonçalo-RJ deve estar sempre
preparado para atender imediatamente a população atingida por qualquer tipo
de desastre, reduzindo perdas materiais e humanas. Por isso, a importância
dos trabalhos da COMDEC-SG na redução dos riscos e da resposta aos
desastres.
A Política a Nacional de Proteção e Defesa Civil nº 12.608 foi publicada
no Diário Oficial da União nº 70, de 11 de abril de 2012 e orienta que o
gerenciamento de riscos e de desastres deve ser focado nas ações de
prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação e demais políticas.
Na figura 1 mostra o número de solicitações e atendimentos que a defesa civil
do município de São Gonçalo teve no ano de 2014.
Os dados da estatística mostra a quantidade de ocorrências que a
Defesa Civil de São Gonçalo atendeu (Figura 1 – Dados Defesa Civil, São
Gonçalo).
24
Figura 1 – Avaliações realizadas pela Defesa Civil de São Gonçalo disponíveis em
seu site
Conhecimento e proteção para um momento que acontecer
deslizamentos e enxurradas:
ü Os grandes deslizamentos são, em geral, acompanhados por um
som trovejante que aumenta à medida que se aproxima. Além
disso, o terreno se inclina e começa a se mover sob seus pés;
ü Depois de chuvas fortes e prolongadas é quase certo haver
enxurradas.
Entrevistas foram realizadas com alguns moradores do local em estudo
(Bairro Estrela do Norte – SG), onde os moradores relataram o que levaram a
construir naquele local e como convivem com a degradação do solo,
aumentando o risco de desabamento de seus imóveis (entrevista anexa).
4.3 - A população afetada
O bairro Estrela do norte possui várias encostas com área construída,
sem nenhum cuidado ou planejamento dos moradores, trazendo grande risco
25
de deslizamentos. Encostas com plantações inadequadas que ajudam na
degradação do solo, lixo armazenado de maneira inadequada e até mesmo
jogado nas encostas e a construção evidencia o descaso com a própria
segurança (Conforme figuras 2, 3, 4 e 5). Comunicado aos moradores da
Secretaria Municipal de Infraestrutura e Urbanismo de São Gonçalo (Anexo).
A Lei número 12.305/2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos)
mostra princípios e objetivos, para que sigam e as apliquem para que não
cheguem na decadência dos desgastes das fonte naturais (Aplicação da Lei
anexo).
Figura 2 - Vegetação inadequada - bananeiras (Encosta Estrela do
Norte – Extraída do acervo particular - LUCIANA SANTANA, 2015
26
Figura 3 - Construção inadequada (Encosta Estrela do Norte –
Extraída do acervo particular - LUCIANA SANTANA, 2015).
Figura 4 - Lixos nas encostas (Encosta Estrela do norte - Extraída de
acervo particular – LUCIANA SANTANA, 2015).
27
Figura 5 - Lixos nas encostas (Encosta Estrela do norte - Extraída de
acervo particular – LUCIANA SANTANA, 2015).
28
CAPÍTULO V
O lixo nas encostas e o processo de coleta
5.1 – O efeito do lixo nas encostas
O lixo acumulado nas encostas absorve grande quantidade de água e
desenvolve um processo bioquímico de degradação e produção de chorume,
líquido negro e espesso, favorecendo a sua interação com o solo. À medida
que se avoluma e absorve água, essa massa de lixo pode induzir rupturas e
deslizamentos de encostas. Mesmo que o deslizamento contenha apenas a
massa de lixo, ele poderá provocar acidentes consideráveis, dependendo do
seu volume. O lixo nas valetas do terreno e nas canaletas obstrui o
escoamento da água, permitindo extravasamento e aumento da sua infiltração
nos solos, não esquecendo que é ambiente propício para a proliferação de
ratos, baratas e insetos.
5.2 - A mecanização de coleta domiciliar A mecanização da coleta da coleta convencional só é possível nas vias
abertas à circulação de veículos de grande porte. A coleta é feita em carro
compactador convencional, no qual são utilizados caminhões com carroceria,
tipo baú, adaptada com prensa compactadora. O carregamento é feito pela
parte traseira do veículo, o qual tem uma abertura ampla e uma placa giratória
que empurra o lixo para o interior da caçamba, onde é comprimido contra o
painel. A guarnição para este tipo de coleta é composta por três garis e um
motorista, o qual é responsável pela operação da coleta.
5.3 - Coleta seletiva manual
A coleta alternativa manual é recomendada para locais íngremes e
estreitos onde não existem possibilidades de acesso a veículo de grande e
médio porte, e o transbordo não pode ser executado diretamente para o
29
caminhão compactador convencional. Nesses locais, o tipo de coleta
recomendado deve adotar sistemas operacionais e equipamentos alternativos,
utilizando veículo de pequeno porte, carroça, carro de mão e banguê, através
dos quais o lixo domiciliar é coletado porta a porta, e depositado em pontos
indicados pela prefeitura. Em qualquer solução alternativa adotada, o lixo deve
ser acondicionado, se possível, em sacos plásticos, coletados e transportados
em veículo compactador para o seu destino final. É importante orientar a
população sobre as formas de acondicionamento do lixo, os locais, disposição
e horário da coleta, evitando, assim, a prática generalizada de jogar fora o lixo,
logo que seja gerado, lançando-o nas encostas.
5.4 - Coleta com apoio de carrinho de mão A coleta porta a porta, com apoio do carrinho de mão é solução
alternativa para as áreas onde a ocupação urbana se dá em áreas íngremes, e
o acesso é feito através de rampas que permitem a circulação de carrinhos de
mão.
Essa forma de coleta é associada e complementada por veículo de
pequeno porte, que recolhe o lixo nas vias coletoras e o leva para transbordo
em carro compactador, que faz o transporte até o destino final.
5.5 - Reciclagem de lixo A reciclagem do lixo nos morros é uma saída para a redução de
vasilhames PETs e outros materiais recicláveis, lançados e acumulados sobre
as encostas dos morros e levados para os canais, criando problemas para a
drenagem das águas de chuva O custo da coleta do lixo domiciliar nas áreas
de morros é muito alto devido à baixa produtividade do caminhão de coleta,
além do que os resíduos gerados não são coletados na sua totalidade. A
disposição irregular de lixo no ambiente leva à perda de receita, uma vez que
as empresas concessionárias recebem de acordo com o peso do volume
coletado. Pode ser economicamente interessante criar um sistema alternativo
de coleta seletiva, operado pela própria comunidade, de forma a ampliar a
30
capacidade da coleta desse material, ao mesmo tempo em que fomente um
programa de educação ambiental e de geração de renda para a população nos
morros.
5.6 - Como implantar a coleta seletiva
Inicialmente é necessária a conscientização de todos para a busca de
soluções para o grave problema. Isto é possível através de palestras, manual
de Coleta Seletiva e cartazes demonstrando as vantagens da reciclagem, da
preservação dos recursos naturais e a não poluição do meio ambiente.
Na próxima fase, é necessário sinalizar e disponibilizar coletores específicos
para cada tipo de material em lugar comum a todos e de fácil acesso. Hoje,
além dos coletores é possível disponibilizar sacos de lixos nas cores padrões
de cada material. Na última fase é necessário ter um sistema pré-determinado
para o recolhimento dos materiais selecionados e que deverão ser
encaminhados para as usinas de reciclagens.
5.6.1 - Sistemas de coleta de seletiva
Existem algumas formas de coletas de materiais recicláveis.
O primeiro exemplo é o sistema de porta a porta onde os caminhões do serviço
de limpeza passam recolhendo os materiais separados, como na coleta de lixo
comum, mas em dias específicos. O segundo exemplo é através da entrega
voluntária (PEV) em postos de coleta distribuídos pela cidade nas escolas,
praças, supermercados, etc., onde a população entrega os materiais separados
nos respectivos coletores. Hoje existem, também, empresas especializadas
que retiram os materiais selecionados e encaminham para as usinas de
reciclagens mediante contratos ou solicitações. Este método é mais adequado
às empresas onde o volume de material é maior.
31
5.6.2 - A separação do lixo reciclável do não reciclável
No cotidiano de nossas cidades, são produzidas milhares de toneladas
de lixo. Há muito tempo este resíduo é um dos grandes problemas que o poder
público e a sociedade tem enfrentado, buscando soluções que nem sempre
atendem as necessidades. Razão disso a degradação do meio ambiente, tais
como as contaminações de nossos rios, a poluição do ar, ruas sujas,
proliferação de insetos, ratos etc, causando doenças.
A solução mais eficiente é a separação dos materiais recicláveis para o
reaproveitamento, transformando o problema do lixo em solução econômica e
social. Para que isto seja possível é preciso que todos participem colaborando
com o programa de Coleta Seletiva.
Empresas que fabricam e comercializam a maior linha de coletores (lixeiras)
para ambientes domésticos, comerciais, industriais e condomínios. Seguindo
os padrões CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) essa empresa
trabalha para que o resíduo seja separado na origem, facilitando todos os
processos posteriores para a reciclagem. Desta forma, permite que toda
empresa enquadrada no projeto de responsabilidade ambiental, atenda
também as normas de qualidade ISO 14001.
5.7 - Benefícios da coleta seletiva Para 75 latas de aço, recicladas, preserva-se uma árvore que seria
usada como carvão; para cada tonelada de papel reciclado, evita-se a
derrubada de 16 a 30 árvores adultas, em média; a cada 100 toneladas de
plástico reciclado, evita-se a extração de 01 tonelada de petróleo e a economia
em torno de 90% de energia; 10% de vidro reciclado, economiza-se 4% de
energia e reduz 10% no consumo de água.
As vantagens da reciclagem são muitas mas acima de tudo, ela melhora
a qualidade de vida, minimiza os efeitos da poluição no planeta, gera empregos
e rendas, além de valorizar as empresas ambientalmente corretas. Os
principais materiais recicláveis são papéis, plásticos, vidro e metal. Todos
32
deverão ser separados e colocados em coletores ou sacos plásticos de
preferência na cor padrão de cada material conforme resolução do CONOMA
(Conselho Nacional do Meio Ambiente). Os materiais que não são recicláveis:
Lixo orgânico ou úmido – são restos de comidas, cascas de frutas e legumes
etc; rejeitos: Lenços e guardanapo de papel, absorvente e papel higiênico,
fraldas, papéis sujos, espelhos, cerâmicas, porcelanas etc; resíduos especiais:
Pilhas e baterias; resíduos hospitalar: Curativos, gazes, algodão, seringas etc;
Lixo químico ou tóxico: Embalagens de agrotóxicos.
33
CAPÍTULO VI
PLANO NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
6.1 - Resíduos Sólidos Urbanos
A aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS, após
longos vinte e um anos de discussões no Congresso Nacional marcou o início
de uma forte articulação institucional envolvendo os três entes federados –
União, Estados e Municípios, o setor produtivo e a sociedade em geral na
busca de soluções para os problemas graves e de grande abrangência
territorial que comprometem a qualidade de vida dos brasileiros. A aprovação
da Política Nacional de Resíduos Sólidos qualificou e deu novos rumos à
discussão sobre o tema. A partir de agosto de 2010, baseado no conceito de
responsabilidade compartilhada, a sociedade como um todo - cidadãos,
governos, setor privado e sociedade civil organizada – passou a ser
responsável pela gestão ambientalmente correta dos resíduos sólidos. Agora
o cidadão é responsável não só pela disposição correta dos resíduos que
gera, mas também é importante que repense e reveja o seu papel como
consumidor; o setor privado, por sua vez, fica responsável pelo
gerenciamento ambientalmente correto dos resíduos sólidos, pela sua
reincorporação na cadeia produtiva e pelas inovações nos produtos que
tragam benefícios socioambientais, sempre que possível. Os governos
federal, estadual e municipal são responsáveis pela elaboração e
implementação dos planos de gestão de resíduos sólidos, assim como dos
demais instrumentos previstos na Política Nacional que promovam a gestão
dos resíduos sólidos, sem negligenciar nenhuma das inúmeras variáveis
envolvidas na discussão sobre resíduos sólidos.
O Ministério do Meio Ambiente -MMA, num esforço conjunto com
órgãos dos Governos Federal, Estaduais e Municipais, com a iniciativa
34
privada, organizações não governamentais e sempre com a participação da
sociedade civil, vem desenvolvendo ações em diferentes frentes a fim de
viabilizar a implementação da PNRS e o cumprimentos dos prazos
estipulados. Neste sentido, em 2011 iniciou-se o processo de elaboração do
Plano Nacional de Resíduos Sólidos, um dos instrumentos mais importantes
da Política Nacional, na medida em que identifica os problemas dos diversos
tipos de resíduos gerados, as alternativas de gestão e gerenciamento
passíveis de implementação, indicando planos de metas, programas e ações
para mudanças positivas sobre o quadro atual. Como não poderia deixar de
ser, o Plano Nacional de Resíduos Sólidos mantém estreita relação com
outros planos nacionais tais como o de Mudanças do Clima (PNMC), de
Recursos Hídricos (PNRH), de Produção e Consumo Sustentável (PPCS) e
também se harmoniza com a Política Nacional de Educação Ambiental e com
a proposta de Plano Nacional de Saneamento Básico – PLANSAB,
evidenciando, desse modo, a abrangência e complexidade do tema em
questão.
A lei 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos
– PNRS prevê a elaboração do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, sendo o
seu processo de construção descrito no Decreto no. 7.404/2010, que a
regulamentou. Cabe à União, por intermédio da coordenação do Ministério do
Meio Ambiente, no âmbito do Comitê Interministerial, elaborar o Plano
Nacional de Resíduos Sólidos num amplo processo de mobilização e
participação social. O Plano Nacional de Resíduos Sólidos tem vigência por
prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, com atualização a cada
04 (quatro) anos e conteúdo conforme descrito nos incisos I ao XI do Artigo
15 da lei 12.305/2010.
Os resíduos sólidos urbanos (RSU), que correspondem aos resíduos
domiciliares e de limpeza urbana (varrição, limpeza de logradouros e vias
públicas e outros serviços de limpeza urbana), foram os que apresentaram
uma maior quantidade de informações disponibilizadas em diversos sistemas
de informações de fontes oficiais (IBGE, MCidades). Compreendem uma
grande variedade de temas inter-relacionados, tais como a logística reversa,
35
a coleta seletiva, a atuação dos catadores de materiais reutilizáveis e
recicláveis, a compostagem, a recuperação energética, dentre outros, e se
referem a questões que apresentam maior impacto nas relações entre entes
federados, em especial Estados e Municípios, com reflexos no processo de
elaboração dos demais planos de resíduos sólidos pelos entes federados
(planos estaduais, Inter federativos e municipais). O Decreto no. 7.404/2010,
que regulamentou a PNRS, em seus artigos 53 e 54 estabeleceu o vínculo
entre os planos de resíduos sólidos (municipais ou intermunicipais) e os
planos de saneamento básico, no que tange ao componente de limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos.
6.2 - Resíduos Sólidos cuja Logística Reversa é obrigatória
Apresentado como um dos instrumentos da PNRS, a Logística
Reversa é definida no Art. 3º, inciso XII da PNRS como: “o instrumento de
desenvolvimento econômico e social caracterizado pelo conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo
ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente
adequada.” Assim, a PNRS também estabelece a responsabilidade
compartilhada pelos resíduos entre geradores, poder público, fabricantes e
importadores. Para a implementação da Logística Reversa é necessário o
acordo setorial, que representa: ato de natureza contratual firmado entre o
poder público e fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes,
tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida do produto1 . Nesse sentido, sem este acordo prévio e o conhecimento
da realidade local, regional ou nacional, o planejamento de metas e ações
poderá ser inadequado e, assim, os benefícios da gestão de resíduos sólidos
não serão eficientes e eficazes e os prejuízos ambientais e socioeconômicos
continuarão a representar um ônus à sociedade e ao ambiente.
36
6.3 - Planos Intermunicipais de Resíduos Sólidos
As dificuldades financeiras e a fragilidade da gestão de grande parte dos
municípios brasileiros para a solução dos problemas relacionados aos resíduos
sólidos abrem espaço para que as cidades se organizem coletivamente
visando a construção de planos intermunicipais de gestão integrada de
resíduos sólidos. A Política Nacional de Resíduos Sólidos incentiva a formação
de associações intermunicipais que possibilitem o compartilhamento das
tarefas de planejamento, regulação, fiscalização e prestação de serviços de
acordo com tecnologias adequadas à realidade regional.
O Governo Federal tem priorizado a aplicação de recursos na área de
resíduos sólidos por meio de consórcios públicos, constituídos com base na Lei
nº 11.107/2005, visando fortalecer a gestão de resíduos sólidos nos
municípios. É uma forma de induzir a formação de consórcios públicos que
congreguem diversos municípios para planejar, regular, fiscalizar e prestar os
serviços de acordo com tecnologias adequadas a cada realidade, com um
quadro permanente de técnicos capacitados, potencializando os investimentos
realizados, e profissionalizando a gestão.
Quando comparada ao modelo atual, no qual os municípios manejam
seus resíduos sólidos isoladamente, a gestão associada possibilita reduzir
custos. O ganho de escala no manejo dos resíduos, conjugado à implantação
da cobrança pela prestação dos serviços, garante a sustentabilidade
econômica dos consórcios e a manutenção de pessoal especializado na gestão
de resíduos sólidos.
Os estudos de regionalização são importantes para viabilizar a
constituição de consórcios públicos, pois fornecem uma base de dados capaz
de facilitar o entendimento ou as negociações entre os diferentes gestores
municipais, agilizando o processo de constituição de consórcios. O Estudo de
Regionalização consiste na identificação de arranjos territoriais (microrregiões)
entre municípios, contíguos ou não, com o objetivo de compartilhar serviços, ou
atividades de interesse comum, permitindo, dessa forma, maximizar os
37
recursos humanos, de infraestrutura e financeiros existentes em cada um
deles, gerando economia de escala.
Os municípios que optarem por soluções consorciadas intermunicipais
para gestão dos resíduos sólidos estarão dispensados da elaboração dos seus
Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Neste caso, o
plano intermunicipal deve observar o conteúdo mínimo previsto no Art. 19 da
Lei nº 12.305/2010.
38
CONCLUSÃO
O estudo mostrou que os principais processos de instabilidade das
encostas são devidos a causas antrópicas, decorrente do fato da ocupação e
não respeitar a capacidade de uso das terras e adotar práticas inadequadas de
implantação de suas moradias. Se a expansão de assentamentos não for
planejada utilizando uma política racional, o equilíbrio da natureza não estará
garantido, comprometendo toda uma estrutura de vidas no local.
As medidas preventivas são imprescindíveis para garantir o equilíbrio
da natureza. Prevenir significa definir uma política de caráter sustentável para o
uso de recursos do solo e da água, preservando-os de modo a mantê-los
renováveis ao longo das gerações. A ocupação das encostas precisa ser feita
de forma planejada, minimizando-se os impactos negativos à área e evitando a
degradação do solo e os danos provocados pelo fluxo descontrolado da água.
Segundo Bitar (1995), as aplicações de normas relativas às áreas de
preservação devem ser diferenciadas para o ambiente urbano, de acordo com
cada caso. Sendo considerado um município urbano-industrial, mantém uma
relação estreita socioeconômico com Niterói e Rio de Janeiro, reforçando a
ideia de município periférico. As relações intermunicipais de acumulação de
produção são dependentes da dinâmica de outros municípios, no caso Rio de
Janeiro e Niterói, o que dificulta o desenvolvimento em São Gonçalo. Essa
situação de dependência faz com que a economia local não seja capaz de
absorver a mão de obra, o que qualifica este município como “cidade-
dormitório”. A ocupação desordenada vem acarretando sérios problemas que
se refletem na qualidade de vida da população e no meio ambiente. É de suma
importância a conscientização dos processos de reciclagem e como descartar
os resíduos sólidos que não são recicláveis, contemplando a logística reversa.
39
ANEXO 1
RESOLUÇÃO Nº 303, DE 20 DE MARÇO DE 2002.
Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.
O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das
competências que lhe são conferidas pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de
1981, regulamentada pelo Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, e tendo
em vista o disposto nas Leis nos 4.771, de 15 de setembro e 1965, 9.433, de 8
dejaneirode1997,e o seu Regimento Interno, e Considerando a função sócio-
ambiental da propriedade prevista nos arts. 5º, inciso XXIII, 170, inciso VI, 182,
§ 2º, 186, inciso II e 225 da Constituição e os princípios da prevenção, da
precaução e do poluidor-pagador.
Considerando a necessidade de regulamentar o art. 2º da Lei nº 4.771, de 15
de setembro de 1965, no que concerne às Áreas de Preservação Permanente;
Considerando as responsabilidades assumidas pelo Brasil por força da
Convenção da Biodiversidade, de 1992, da Convenção Ramsar, de 1971 e da
Convenção de Washington, de 1940, bem como os compromissos derivados
da Declaração do RiodeJaneiro, de1992; Considerando que as Áreas de
Preservação Permanente e outros espaços territoriais especialmente
protegidos, como instrumentos de relevante interesse ambiental, integram o
desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras gerações,
resolve:
Art. 1º Constitui objeto da presente Resolução o estabelecimento de
parâmetros, definições e limites referentes às Áreas de Preservação
Permanente.
Art. 2º Para os efeitos desta Resolução, são adotadas as seguintes definições:
I - nível mais alto: nível alcançado por ocasião da cheia sazonal do curso
40
d`água perneou intermitente; II - nascente ou olho d`água: local onde aflora
naturalmente, mesmo que de forma intermitente, a água subterrânea;
III - vereda: espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou
cabeceiras de cursos d`água, onde há ocorrência de solos hidromórficos,
caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo (Mauritia
flexuosa) e outras formas de vegetação típica;
IV - morro: elevação do terreno com cota do topo em relação a base entre
cinqüenta e trezentos metros e encostas com declividade superior a trinta por
cento (aproximadamente dezessete graus) na linha de maior declividade;
V - montanha: elevação do terreno com cota em relação a base superior a
trezentos metros; VI - base de morro ou montanha: plano horizontal definido
por planície ou superfície de lençol d`água adjacente ou, nos relevos
ondulados, pela cota da depressão mais baixa ao seu redor;
VII - linha de cumeada: linha que une os pontos mais altos de uma seqüência
de morros ou de montanhas, constituindo-se no divisor de águas;
VIII - restinga: depósito arenoso paralelo a linha da costa, de forma geralmente
alongada, produzido por processos de sedimentação, onde se encontram
diferentes comunidades que recebem influência marinha, também
consideradas comunidades edáficas por dependerem mais da natureza do
substrato do que do clima. A cobertura vegetal nas restingas ocorrem mosaico,
e encontra-se em praias, cordões arenosos, dunas e depressões,
apresentando, de acordo com o estágio sucessional, estrato herbáceo,
arbustivos e abóreo, este último mais interiorizado;
IX - manguezal: ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos
à ação das marés, formado por vasas lodosas recentes ou arenosas, às quais
se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue,
com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e
com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os estados do
Amapá e SantaCatarina; X - duna: unidade geomorfológica de constituição
predominante arenosa, com aparência de cômoro ou colina, produzida pela
ação dos ventos, situada no litoral ou no interior do continente, podendo estar
recoberta, ou não,por vegetação; XI - tabuleiro ou chapada: paisagem de
41
topografia plana, com declividade média inferior a dez por cento,
aproximadamente seis graus e superfície superior a dez hectares, terminada de
forma abrupta em escarpa, caracterizando-se a chapada por grandes
superfícies a mais de seiscentos metros de altitude;
XII - escarpa: rampa de terrenos com inclinação igual ou superior a quarenta e
cinco graus, que delimitam relevos de tabuleiros, chapadas e planalto, estando
limitada no topo pela ruptura positiva de declividade (linha de escarpa) e no
sopé por ruptura negativa de declividade, englobando os depósitos de colúvio
que localizam-se próximo ao sopéda escarpa; XIII - área urbana consolidada:
aquela que atende aos seguintes critérios:a) definição legal pelo poder público;
b) existência de, no mínimo, quatro dos seguintes equipamentos de infra-
estrutura urbana:
1. malha viária com canalização de águas pluviais,
2. rede de abastecimento de água;
3. rede de esgoto;
4. distribuição de energia elétrica e iluminação pública ;
5. recolhimento de resíduos sólidos urbanos;
6. tratamento de resíduos sólidos urbanos; e
c) densidade demográfica superior a cinco mil habitantes por km2.
Art. 3º Constitui Área de Preservação Permanente a área situada:
I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção horizontal,
com largura mínima, de:
a) trinta metros, para o curso d`água com menos de dez metros de largura;
b) cinqüenta metros, para o curso d`água com dez a cinqüenta metros de
largura;
c) cem metros, para o curso d`água com cinqüenta a duzentos metros de
largura;
d) duzentos metros, para o curso d`água com duzentos a seiscentos metros de
largura;
e) quinhentos metros, para o curso d`água com mais de seiscentos metros de
largura;
II - ao redor de nascente ou olho d`água, ainda que intermitente, com raio
42
mínimo de cinqüenta metros de tal forma que proteja, em cada caso, a bacia
hidrográfica contribuinte;
III - ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de:
a) trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas;
b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d`água
com até vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta
metros;
IV - em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com largura
mínima de cinqüenta metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado;
V - no topo de morros e montanhas, em áreas delimitadas a partir da curva de
nível correspondente a dois terços da altura mínima da elevação em relação a
base;
VI - nas linhas de cumeada, em área delimitada a partir da curva de nível
correspondente a dois terços da altura, em relação à base, do pico mais baixo
da cumeada, fixando-se a curva de nível para cada segmento da linha de
cumeada equivalente a mil metros;
VII - em encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou
quarenta e cinco graus na linha de maior declive;
VIII - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas, a partir da linha de
ruptura em faixa nunca inferior a cem metros em projeção horizontal no sentido
do reverso da escarpa; IX- nas restingas :a) em faixa mínima de trezentos
metros, medidos a partir da linha de preamar máxima;
b) em qualquer localização ou extensão, quando recoberta por vegetação com
função fixadora de dunas ou estabilizadora de mangues;
X - em manguezal, em toda a sua extensão;
XI-em duna; XII - em altitude superior a mil e oitocentos metros, ou, em
Estados que não tenham tais elevações, à critério do órgão ambiental
competente;
XIII - nos locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias;
XIV - nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçadas
de extinção que constem de lista elaborada pelo Poder Público Federal,
Estadual ou Municipal;
43
XV - nas praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre.
Parágrafo único. Na ocorrência de dois ou mais morros ou montanhas cujos
cumes estejam separados entre si por distâncias inferiores a quinhentos
metros, a Área de Preservação Permanente abrangerá o conjunto de morros
ou montanhas, delimitada a partir da curva de nível correspondente a dois
terços da altura em relação à base do morro ou montanha de menor altura do
conjunto, aplicando-se o que segue:
I - agrupam-se os morros ou montanhas cuja proximidade seja de até
quinhentos metros entre seus topos;II - identifica-se o menor morro ou
montanha;
III - traça-se uma linha na curva de nível correspondente a dois terços deste; e
IV - considera-se de preservação permanente toda a área acima deste nível.
Art. 4º O CONAMA estabelecerá, em Resolução específica, parâmetros das
Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de
uso de seu entorno. Art. 5º Esta Resolução entra em vigor na data de sua
publicação, revogando-se a Resolução CONAMA 004, de 18 de setembro de
1985.
44
ANEXO 2
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO GONÇALO
SECRETARIA MUNICIPAL DE INFRAESTRUTURA E URBANISMO
AJUDE A EVITAR DESLIZAMENTOS
Os deslizamentos de solo e rochas são fenômenos naturais que ocorrem
nas encostas. No entanto, podem ser agravados pela ação dos próprios
moradores.
Veja o que provoca deslizamentos:
ü LIXO NAS ENCOSTAS
O acúmulo de lixo aumenta o peso na encosta e provoca
deslizamentos. O lixo entope valas e causa enchentes.
Além disso, vira comida de ratos, cobras e insetos.
Se não há coleta perto de sua casa, embale o lixo e coloque-o na
caçamba ou lixeira mais próxima.
_______________________________________________________
________________________
ü BANANEIRAS
45
Nos morros, é sinal de perigo, porque ajudam a concentrar água na
terra e facilitam os deslizamentos de terreno.
Substitua as bananeiras próximas a sua casa por outras plantas mais
adequadas.
_______________________________________________________
_________________________
ü ATERROS E CORTES NAS ENCOSTAS
Provocam a instabilidade do terreno e acabam em deslizamentos.
Procure sempre orientação dos técnicos da Prefeitura antes de construir.
_______________________________________________________
_________________________
ü VALAS
Obstruídas, são perigo na certa. Transbordam e encharcam o solo
das encostas. Em época de chuva, mantenha as valas limpas.
_______________________________________________________
________________________
ü ESGOTOS
Se não há rede de esgotos em sua área, conduza a água usada até
a vala mais próxima.
Não deixe que o esgoto seja lançado nas encostas, produzindo
deslizamentos.
_________________________
46
ANEXO 3
LEI Nº 12.305, DE 2 DE AGOSTO DE 2010.
Regulamento
Institui a Política Nacional de Resíduos
Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de
fevereiro de 1998; e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
§ 1o Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos.
§ 2o Esta Lei não se aplica aos rejeitos radioativos, que são regulados por legislação específica.
Art. 2o Aplicam-se aos resíduos sólidos, além do disposto nesta Lei, nas Leis nos 11.445, de 5 de janeiro de 2007, 9.974, de 6 de junho de 2000, e 9.966, de 28 de abril de 2000, as normas estabelecidas pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama), do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa) e do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Sinmetro).
O Decreto 7.404. de 23/12/2010, regulamenta a Lei 12.305/2010 –
Política Nacional de Resíduos Sólidos, que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional e o Comitê
Orientador para implantação dos Sistemas de Logística Reversa.
47
A Política Nacional de Resíduos Sólidos estabelece princípios, objetivos,
instrumentos e diretrizes para a gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos,
as responsabilidades dos geradores, do poder público, e dos consumidores,
bem como os instrumentos econômicos aplicáveis. Ela consagra um longo
processo de amadurecimento de conceitos: princípios como o da prevenção e
precaução, do poluidor-pagador, da eco eficiência, da responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida do produto, do reconhecimento do resíduo
como bem econômico e de valor social, do direito à informação e ao controle
social, entre outros.
A Lei estabelece uma diferenciação entre resíduo e rejeito num claro
estímulo ao reaproveitamento e reciclagem dos materiais, admitindo a
disposição final apenas dos rejeitos. Inclui entre os instrumentos da Política as
coletas seletivas, os sistemas de logística reversa, e o incentivo à criação e ao
desenvolvimento de cooperativas e outras formas de associação dos catadores
de materiais recicláveis.
A coleta seletiva deverá ser implementada mediante a separação prévia
dos resíduos sólidos (nos locais onde são gerados), conforme sua constituição
ou composição (úmidos, secos, industriais, da saúde, da construção civil etc.).
A implantação do sistema de coleta seletiva é instrumento essencial para se
atingir a meta de disposição final ambientalmente adequada dos diversos tipos
de rejeitos.
A coleta seletiva deve ser entendida como um fator estratégico para a
consolidação da Política Nacional de Resíduos Sólidos em todas as suas áreas
de implantação. No tocante ao serviço público de limpeza urbana e manejo de
resíduos sólidos deverá se estabelecer, no mínimo, a separação de resíduos
secos e úmidos e, progressivamente, se estender à separação dos resíduos
secos em suas parcelas específicas segundo as metas estabelecidas nos
planos de gestão de resíduos sólidos.
A responsabilidade compartilhada faz dos fabricantes, importadores,
distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de
limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos responsáveis pelo ciclo de
vida dos produtos. A lei visa melhorar a gestão dos resíduos sólidos com base
48
na divisão das responsabilidades entre a sociedade, o poder público e a
iniciativa privada.
Todos têm responsabilidades segundo a Política Nacional de Resíduos
Sólidos: o poder público deve apresentar planos para o manejo correto dos
materiais (com adoção de processos participativos na sua elaboração e adoção
de tecnologias apropriadas); às empresas compete o recolhimento dos
produtos após o uso e, à sociedade cabe participar dos programas de coleta
seletiva (acondicionando os resíduos adequadamente e de forma diferenciada)
e incorporar mudanças de hábitos para reduzir o consumo e a consequente
geração.
Entre os aspectos relevantes da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
a logística reversa é o instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado pelo conjunto de ações, procedimentos e meios para coletar e
devolver os resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento em
seu ciclo de vida ou em outros ciclos produtivos. Sua implementação será
realizada de forma prioritária para seis tipos de resíduos, apresentados neste
item.
A Lei Federal 12.305, cria também uma hierarquia que deve ser
observada para a gestão dos resíduos: não geração, redução, reutilização,
reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente
adequada dos rejeitos, instituindo uma ordem de precedência que deixa de ser
voluntária e passa a ser obrigatória.
49
APÊNDICE - ENTREVISTAS
Apêndice 1- ADRIANA MAGALHÃES
Nome: Adriana Magalhães
Função/ profissão: Dona de casa (Moradora do bairro Estrela do Norte).
ü Por que não segue o conselho da Defesa Civil, que não pode cortar as
árvores e jogar aterro nas encostas?
Entrevistado: Se corta quando é necessária, uma delas foi cortada
porque estava com risco de cair em nossa cabeça e a Defesa Civil
nunca veio aqui.
ü Por que jogam lixo e entulhos nesses locais?
Entrevistado: por comodidade mesmo ou quando se perde o horário do
lixeiro ou tem muito carro na rua e o caminhão não dá para passar
ü Qual a maior dificuldade em organizar a limpar entorno de suas
residências?
Entrevistado: A maior dificuldade é que ninguém que mora aqui não
quer se comprometer de cada semana se ajuntar para limpar e organizar
o lugar.
ü Construíram nesse local por qual motivo?
Entrevistado: Meu sogro comprou o terreno com uma casinha,
conforme a família foi aumentando houve a necessidade de ir avançando no
terreno para construir mais casas.
ü Como convivem com a degradação do solo?
Entrevistado: Não fazemos realmente nada para mudar a situação do
lugar, quando acumula muito lixo.
50
ü Sabe que com o solo em degradação aumenta o risco de desabamento
de seus imóveis, o que pretendem fazer para não correr esse risco?
Entrevistado: Ainda não sei o que vamos fazer, sei quando chove forte
saímos de dentro de casa com medo de cair.
51
Apêndice 2- Sra. IRACY
Nome: IRACY
Função/ profissão: Dona de casa (Moradora do bairro Estrela do Norte).
ü Por que não segue o conselho da Defesa Civil, que não pode cortar as
árvores e jogar aterro nas encostas?
Entrevistado: Moro na parte de baixo e sou prejudicada tanto quanto o
pessoal da parte de cima, sendo que os lixos vêm parar na minha porta.
ü Por que jogam lixo e entulhos nesses locais?
Entrevistado: Porque realmente não possuem educação, o lixeiro passa
três vezes na semana.
ü Qual a maior dificuldade em organizar a limpar entorno de suas
residências?
Entrevistado: A dificuldade é que não querem saber do bem estar do
vizinho ou mesmo deles próprios.
ü Construíram nesse local por qual motivo?
Entrevistado: Meu marido e eu já morávamos aqui quando essa
família veio pra cá, compraram o terreno acima onde tinha uma casinha, daí
a família foi crescendo e mais construção também, agora está esse perigo e
sujeiras, por isso também que não consigo vender essa casa.
ü Como convivem com a degradação do solo?
Entrevistado: Com muito medo disso começar a desmoronar e atingir
minha casa.
ü Sabe que com o solo em degradação aumenta o risco de desabamento
de seus imóveis, o que pretendem fazer para não correr esse risco?
Entrevistado: Já tentei falar com um dos moradores da parte de cima,
simplesmente me ignoram.
52
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BITAR,O.Y.- Manual técnico para a ocupação das encostas (Relatório
IPT 28.215). 1990.
CLIMA TEMPO - (www.climatempo.com.br/previsao-do-
tempo/cidade/325/saogoncalo-rj); Data de acesso em 31/01/2016.
DEFESA CIVIL – A Política a Nacional de Proteção e Defesa Civil nº
12.608 foi publicada no Diário Oficial da União nº 70.
______(http://www0.rio.rj.gov.br/defesacivil/deslizamento.htm); Data de
acesso em 13/01/2016
______.http://www.defesacivil.sg.nom.br/index.php/estatisticasmenu/62-
estatistica-fev-2014; Data de acesso em 13/01/2016.
FÓRUM DA CONSTRUÇÃO. –
(http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=9&Cod=706); Data de
acesso em 30/01/2016.
GUINDICINI, G., NIEBLE, C.N- Estabilidade de taludes naturais e de
conservação. Editora Edgard Blucher ltda, 1976.
INPE – (www.inpe.br/crs/crectealc/pdf/bressani_ceos). Data de acesso
em 24/01/2016.
LIXO E O EFEITO DO LIXO - http://docplayer.com.br/11959748-Capitulo-
lixo-o-efeito-do-lixo-nas-encostas-15-1-tipos-de-solucoes-para-a-coleta-do-lixo-
15-2.html. Site acessado em 05/02/2015.
53
PORTAL DE ARTIGOS GEOGRÁFICOS –
http://www.igc.ufmg.br/portaldeperiodicos/index.php/geografias/article/view/639/
499; Data de acesso em 09/01/2016.
SINIR-
http://www.sinir.gov.br/documents/10180/12308/PNRS_Revisao_Decreto_280812.
Data de acesso 11/02/2016.
54
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Avaliações realizadas..................................24
Figura 2 – Vegetação inadequada................................25
Figura 3 – Construção inadequada...............................26
Figura 4 – Lixo na encosta............................................26
Figura 5 – Lixo nas encostas........................................27
Tabela 1 - Fatores deflagradores dos movimentos......14
55
INDICE
RESUMO..............................................................5
METODOLOGIA...................................................6
SUMÁRIO.............................................................7
INTRODUÇÃO.....................................................8
CAPÍTULO I – Ações das autoridades ambientais no município de São
Gonçalo...........................................................................................................10
1.1 – Orientações para evitar o desgaste do solo................................10
1.2 – Interesses como um todo............................................................11
1.3 – Escorregamentos em encostas ocupadas..................................12
1.4 - Definições básicas e classificações de escorregamentos...........13
1.4.1- Fatores que atuam na deflagração dos escorregamentos.........13
CAPÍTULO II - As consequências da chuva nas encostas..................15
2.1 – As chuvas como agente deflacador de escorregamentos...........15
2.2 – Características naturais agravantes dos processos de
ecorregamento.................................................................................................16
2.2.1 – Relevo.......................................................................................16
2.2.2 – Vegetação.................................................................................16
2.2.3 – Pluviosidade..............................................................................17
2.2.4 – Lençol freático...........................................................................18
2.4.5 – Causas antrópicas.....................................................................18
CAPÍTULO III – As áreas de estudo e suas características..................20
3.1 – Caracterização da área de estudo................................................20
3.1.1 – O clima de São Gonçalo...........................................................20
3.2 – Coleta de dados............................................................................21
CAPÍTULO IV – Fatores ambientais que podem interferir em
deslizamentos na área analisada......................................................................22
4.1 – Gerenciamento de riscos...............................................................22
4.2 – Defesa Civil de São Gonçalo – RJ.................................................23
4.3 – A população afetada......................................................................24
56
CAPÍTULO V – O lixo nas encostas e o processo de coleta..................28
5.1 – O efeito do lixo na encosta.............................................................28
5.2 – A mecanização de coleta domiciliar...............................................28
5.3 – Coleta seletiva manual...................................................................28
5.4- coleta com apoio de carrinho de mão..............................................29
5.5 – Reciclagem de lixo.........................................................................29
5.6 - Como implantar a coleta seletiva...................................................30
5.6.1 - Sistema de coleta seletiva...........................................................30
5.6.2 - A separação do lixo reciclável do não reciclável.........................31
5.7 – Benefícios da coleta seletiva..........................................................31
CAPÍTULO VI – Plano nacional de resíduos sólidos..............................33
6.1 – Resíduos sólidos urbanos..............................................................33
6.2 – Resíduos sólidos cuja logística reversa é obrigatória....................35
6.3 – Planos intermunicipais de resíduos sólidos...................................36
CONCLUSÃO.........................................................................................38
ANEXOS.................................................................................................39
APÊNDICE – ENTREVISTAS.................................................................49
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA............................................................52
LISTA DE FIGURAS...............................................................................54