7/24/2019 Educação, Classe e Revolução
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Debate
Germinal: Marxismo e Educação em Debate, Londrina, v. 3, n. 1, p.15-42; fev. 2011 15
ONDE ESTÃO OS HOMENS LIVRES?
¿DÓNDE ESTÁN LOS HOMBRES LIBRES?
WHERE ARE THE FREE MEN?
Máuri de Carvalho1
Resumo: Para o marxismo é fundamental e indispensável começar pelo concreto. Pensar a educação burguesa ou aescola capitalista como vetor hegemonicamente voltado à afirmação da teoria e da prática revolucionárias é pensar deforma infantil a política maior de um país. Ao utilizarmos o marxismo na educação para superar os estreitos limitesda educação formal burguesa é preciso trabalhar segundo os interesses da classe operária, fautora da libertação detoda a sociedade. Ë a revolução e não a crítica o fundamento da transformação social e da reforma pedagógica.Reforma ou Revolução! Palavras- Chave: Classe operária, educação, reforma, revolução.
Resumen: Para el marxismo es fundamental e indispensable comenzar por lo concreto. Pensar la educaciónburguesa o la escuela capitalista como vector hegemónicamente direccionado a la afirmación de la teoría y de lasprácticas revolucionarias es pensar de forma infantil la política mayor de un país. Al utilizar el marxismo en laeducación para superar los estrechos límites de la educación formal burguesa es necesario trabajar según los interesesde la clase obrera, partidaria de la liberación de toda la sociedad. Es la revolución y no la crítica el fundamento de latransformación social y de la reforma pedagógica. ¡Reforma o Revolución! Palabras Clave: Clase obrera, educación, reforma, revolución.
Abstract: According to the Marxist Theory, it‟s fundamental and indispensable to begin with the concrete category.Considering the bourgeois education or the capitalist school as a hegemonic vector aiming at the assertion of therevolutionary theory and practice turns a country‟s policies naive. By using Marxism in education to overcome thenarrow limits of bourgeois formal education, it is necessary to work according to the interests of a working-class, which is responsible for the society‟s freedom. The foundation for a social transformation and a pedagogic reform isrevolution instead of criticism. Reform or Revolution! Keywords: Working-class, education, reform, revolution.
IntróitoPara além do recorte e da análise multifacetada sobre a relação educação, classes sociais e
revolução enquanto fenômenos históricos socialmente determinados, sobre os quais nos debruçamos é
fundamental e indispensável começar pelo concreto. Na tradição marxista, o concreto é concreto à medida
que
é a síntese de múltiplas determinações, logo, a unidade da multiplicidade. Por isso, surgepara o pensamento como processo de síntese, como resultado, e não como ponto departida, embora seja o verdadeiro ponto de partida e conseqüentemente também oponto de partida de percepção e da representação. (MARX, 1983, p. 218)
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Neste sentido, pensar a educação burguesa ou a escola capitalista como vetor hegemonicamente
voltado à afirmação da teoria e da prática revolucionárias é pensar de forma infantil a política maior de um
país, vez que
[...] toda a classe nova que toma o lugar daquela que antes dela dominava, é obrigada,para realizar os seus fins, a apresentar os seus interesses, como sendo o interessecoletivo (sic!) de todos os membros da sociedade, ou seja, é obrigada a exprimi-loidealmente, a dar aos seus pensamentos a forma de universalidade, a apresentá-loscomo os únicos racionais e universalmente válidos. (MARX, 1990, p. 93)
Logo, a burguesia, enquanto classe dominante,
[...] determina uma época histórica em toda a sua extensão, [e] é evidente que adetermina em todos os seus aspectos, e que, portanto, domina, entre outras coisas,enquanto conjunto de seres pensantes, enquanto produtores de pensamentos, quefixam a produção e a distribuição do pensamento do seu tempo, e, por conseguinte, osseus pensamentos são os pensamentos dominantes da época. (Idem, ibidem)
Parece escapar aos educadores, mesmo os que se dizem de esquerda, um pequeno detalhe
apontado por Marx:
Quanto menos cada um comer, beber, comprar livros, for ao teatro ou ao baile, ao bar2,quanto menos cada um pensar, amar, teorizar, cantar, pintar, poetar, etc., tanto maispoupará, tanto maior será seu tesouro, que nem a traça e a ferrugem roerão, o seucapital. Quanto menos cada um for, quanto menos cada um expressar a sua vida, tantomais terá, tanto maior será a sua vida alienada e maior será a poupança da sua vidaalienada. (MARX, 1989, p. 201)
Ao utilizarmos o marxismo na educação para superar os estreitos limites da educação formal
burguesa é preciso trabalhar, por exemplo, como conteúdo:
(1) O papel histórico da classe operária como criador da sociedade socialista.
(2) A classe operária como fator principal à abolição da miséria, da exploração e da extorsão do
homem pelo homem e das humilhações postas e impostas pela classe dominante.
(3) O processo de libertação da classe operária como fautora da libertação de toda a sociedade.
(4) A necessidade da demolição derrubada da sociedade capitalista, das suas instituições estatais
e das organizações não-governamentais financiadas pela iniciativa privada via Banco Mundial para
arrefecer a luta de classes.
A ausência de radicalidade , esta compreendida como rigor acadêmico, faz com que os críticos de
Marx não percebam as contradições sociais imanentes e em andamento na sociedade brasileira. Enquanto
educador nossa tarefa deve ser essencialmente crítica radical. Portanto, não podemos assumir
compromisso que nos calem a voz quando devemos falar, cantar, gritar, não podemos depor as armas
antes de usá-las.
A radicalidade analítica nos faz compreender como necessária e exeqüível a socialização dos
meios e instrumentos de produção, como da própria produção, distribuição e consumo; e a erradicação da
propriedade privada como ponto de partida à socialização plena da própria educação. Ser radical significa
apanhar as coisas e os fatos sociais pelas raízes; ir à raiz das coisas e dos fatos. Portanto, nada menos
dogmático do que aquele que procura a raiz do pensamento e das causas do próprio pensamento, pois,
como diria Marx, “a raiz do homem é o homem”.
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Educar é formar a consciência crítica da totalidade ou consciência de classe que vai além da
aparência, derruba máscaras e ilusões pagando o preço da crítica, da luta, da transgressão, da
desobediência rumo à revolução. Não se pode permanecer ad aeternum na ilusão pequeno burguesa onde a
intervenção da educação é o suficiente para reparar os erros e contradições econômicas da cidade docapital e seus inerentes desvãos. É preciso reconhecer os limites históricos e políticos da educação.
Sobre as classes sociais
Não é falso afirmar que não coube a Marx o mérito de ter descoberto a existência das classes
sociais e da luta de classe contra classe. Marx nada inventou, não criou, mas tão somente tomou por base
de sua elaboração as teorias dos pensadores burgueses. Isto é o que ele próprio diz:
Muito antes de mim, alguns historiadores burgueses já tinham exposto a evoluçãohistórica dessa luta de classes e alguns economistas burgueses à anatomia destas. O queeu trouxe de novo foi demonstrar que: a) a existência das classes se encontra sempreligada a determinadas fases históricas de desenvolvimento da produção; b) a luta declasses conduz necessariamente à ditadura do proletariado; c) esta mesma ditadura nãoé em si mais do que a transição para a abolição de todas as classes e para uma sociedadesem classes. (MARX, 1966, t. II, p. 456)
No entanto, classe social tem sido utilizada como mera “categoria discursiva” à medida que não
são considerados os elementos em que repousa, por exemplo, o capital que sem o trabalho não é nada.
Contudo, os intelectuais “progressistas” da educação física continuam na ilusão “de conceber o real como
resultado do pensamento, que se concentra em si mesmo, se aprofunda em si mesmo e se movimenta por
si mesmo”. ( MARX, 1983, p. 218)
Ao reelaborar o conceito de classe social, Marx põe por terra a noção abstrata de sociedade que,
como se pode denotar, é um simples conjunto / aglomerado / reunião de indivíduos isolados, traduzida
como multidão. Numa rápida observação, a dissociação sociedade e economia política é um erro
lamentável, imperdoável, vez que a sociedade “é uma abstração à medida que se despreza, por exemplo, as
classes de que se compõem”. ( MARX, 1983)
Para evitar o jogo de palavras entre a realidade e o lugar comum, é necessário, também para
evitar todo tipo de dificuldade no uso e estudo do conceito, determinar especificamente aquilo que
entendemos precisamente neste âmbito. (STUCKA, 1968)
Fugindo ao subterfúgio das ciências manipuladas pelos intelectuais orgânicos da burguesia, por
sociedade entendo, preliminarmente, um grupo mais ou menos extenso de homens e mulheres , que mantêm
relações recíprocas, ou melhor, uma determinada esfera das próprias relações mútuas em que entram estes
homens e mulheres. (STUCKA, 1968, p. 26)
Assim sendo, na base da essência do Homo sapiens está o desenvolvimento da sociedade, apenas
determinado por fatores objetivos ou transformações do modo de produção da existência. É daqui que
iria resultar a seguinte conclusão: a existência de grandes grupos sociais em conformidade com sua posição
no modo de produção material. A sociologia, ciência social forjada por Auguste Comte, já tinha
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determinado a existência desses grupos, embora os pré-comteanos tomassem essencialmente como fulcro
de suas ilações o homem isolado. (KOVALHOV, 1975)
Certamente a melhor e mais completa definição de classes sociais nos foi legada por Lenin,
lavrada da seguinte forma:
Grandes grupos de pessoas que se diferenciam entre si pelo seu lugar num sistema deprodução social historicamente determinado, pela sua relação (as mais das vezes fixadae formulada nas leis) com os meios de produção, pelo seu papel na organização socialdo trabalho e, conseqüentemente, pelo modo de obtenção e pelas dimensões da parteda riqueza social de que dispõem. As classes são grupos de pessoas, um dos quais podeapropriar-se do trabalho do outro graças ao fato de ocupar um lugar diferente numregime determinado de economia social. (LENIN, t. 3, 1977. p. 150)
Lenin destaca quatro características fundamentais da classe social: em primeiro lugar, a posição
num sistema historicamente determinado de produção social (material e intelectual); em segundo lugar, a
relação com os meios de produção; em terceiro lugar, o papel na organização social do trabalho; emquarto lugar, o modo de obtenção e as proporções do rendimento peculiares à cada classe social,
individual e coletivamente. Essas quatro características são representativas incontornáveis das classes
sociais numa sociedade movida por forças antagônicas.
Segundo Poulantzas, “as classes sociais são conjuntos de agentes sociais, determinados
principalmente , mas não exclusivamente, por seu lugar no processo de produção, isto é, na esfera econômica”.
(POULANTZAS, 1978, p. 13)
Nesta seara há três critérios de limitação de classe: o econômico, o ideológico e o político. Que
quer isto dizer? Que na tradição marxista as classes sociais não existem a priori isoladas da luta de classes,elas “abrangem as práticas sociais – a luta de classes – e só podem ser colocadas em sua oposição”. (Idem,
ibidem)
É fácil denotar que na cidade do capital a diferença fulcral entre as duas classes sociais
fundamentais pode ser observada no modo como cada uma dessas classes se relaciona com os meios de
produção. Neste sentido, a posição de determinada classe na sociedade burguesa é dependente do papel de
cada uma no processo de produção social e de onde extrai seus rendimentos e salários que, no final de
contas dependem das relações com os meios de produção.
Convém observar que numa cidade edificada sobre a divisão entre classes socialmentedeterminadas, uma das classes tem em suas mãos os meios de produção, enquanto as outras ou,
simplesmente, a outra é dona apenas de sua força de trabalho, fato este que possibilita sua exploração
pelos proprietários privados dos meios e instrumentos de produção.
Historicamente, a propriedade privada sobre os meios de produção está indissoluvelmente
ligada com as relações sociais de dominação e submissão da minoria pela minoria, por isto, há ênfase em
afirmar que nenhuma verdadeira reforma da sociedade, em se mantida a propriedade privada, poderá
libertá-la dessas relações. Nesta quadra, contrariamente à apologia dos reformistas de todos os matizes, a
exploração, extorsão e submissão da classe operária a ditadura do capital, só poderão ser erradicadas apartir da liquidação da propriedade privada dos meios de produção.
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A luta de classe contra classe é abandonada e a crença na salvação da humanidade e/ou da sua
sociedade pela conciliação das classes é posta como a mais nova forma de messianismo, isto é, a pregação da
salvação da sociedade, em clara decomposição, pela entronização de um indivíduo, um grupo de
orientação “blanquista” ou, simplesmente, uma ideologia.Entretanto, ainda hoje permanece cada vez mais claro o papel social das diferentes classes na
organização social da cidade do capital. Nesta cidade a classe que dispõe dos meios de produção, enquanto
força social hegemônica organiza e dirige com Mão de ferro o processo de produção, enquanto que a
classe desprovida de meios de produção, dona apenas de sua força de trabalho, criando diuturnamente os
bens materiais que atendem às demandas da classe dominante, está afastada de uma possível posse dessa
produção.
Os críticos burgueses têm pela frente dois discursos que se juntam em um só: no primeiro caso,
justificam que a condição da burguesia (a classe social que se apropria da produção de outrem) comoclasse social dominante seria uma decorrência de ser constituída por pessoas talentosas, dotadas de uma
condição intelectual superior e que ocupam as posições chaves graças às suas notáveis e reconhecidas
capacidades administrativas; no segundo discurso, reafirmam a cosmovisão da burguesia, negando o papel
histórico e decisivo na transformação da sociedade implementada pela classe operária, não aceitam a
filosofia como arma teórica do pólo negativo da contradição dialética, seu elemento destruidor: o
proletariado.
Aqui e alhures essas ilações soam distantes da realidade objetiva, na qual o “ter” capitalista se
exerce sobre o “ser” trabalhador. A afirmação do “ser” trabalhador implica, necessariamente, a negação do“ter” capitalista, por isto, para Marx a classe operária um dia haveria de colocar no lugar da velha
sociedade capitalista um tipo de organização social que excluía as classes sociais e seu antagonismo; não
haveria mais poder político tal como é entendido nas sociedades classistas.
Permanece o confronto idiopático entre as teorias e os métodos. Neste sentido, na melhor das
suspeitas considera-se a existência de lacunas nas teorias e nos métodos, jamais localizando o fulcro das
lacunas explicativas e da antinomia entre as visões de mundo (teorias e métodos) na base material da
sociedade ou no modo de produção.
Não é de hoje que os intelectuais burgueses utilizam como critério fundamental da dominaçãoburguesa e, logicamente da repartição das riquezas não a propriedade privada como causa essencial da
diferença entre os rendimentos das diferentes classes sociais, preferindo considerar como causa fundante
dessas classes as diferenças profissionais, o modus viendi et faciendi , a educação etc..
O engodo sociológico. Com essas diferenças, secundárias, os intelectuais apenas afirmam que na
cidade do capital desapareceram as classes e com elas, obviamente, a luta de classes e o antagonismo
social. Neste sentido, o modus vivendi , mas não o faciendi , do operário e do capitalista pode ser igual, à
medida que ambos dão preferência aos mesmos fatos (portadores que são da mesma ideologia), vêem os
mesmos programas de televisão e são adeptos do mesmo time de futebol, ou seja, a cultura como máscarado domínio da minoria sobre os meios de produção.
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O engodo sociológico é uma clara apologia do primado do capital sobre o trabalho, ele está
direcionado ainda para esconder a exploração de uma classe por outra, e mascarar a luta de classes na
cidade do capital que não se trata de uma mera e fortuita luta seres humanos cujo labor prático e teórico
podem se completar. Querem mascarar ainda a luta entre concepções de mundo como reflexo dosinteresses antagônicos das classes sociais historicamente determinadas.
Além do mais procuram ofuscar a indissociável relação entre teoria e prática, apontada por Marx
na sua famosa Tese XI à Feuerbach: Os filósofos não fizeram outra coisa senão interpretar o mundo de diversas
maneiras. Esqueceram que se trata de transformá-lo.
Tanto as manifestações intelectuais de Marx e Engels, como os escritos de Lenin, estão
encimadas em experiências práticas e em pressupostos verificáveis por via empírica. A prática social inclui,
necessariamente, a luta de classe contra classe e a luta entre as Nações, a produção cientifica, tanto no
campo teórico, quanto no campo prático, a criação artística etc.Procuram também eliminar a conexão inelutável do marxismo com toda herança cultural
anterior, com outras palavras, fruto da síntese das múltiplas determinações, a obra marxista é considerada
como produto do que de melhor no campo intelectual a humanidade tinha produzido.
Para tanto, camuflam que o marxismo nasceu, cresceu e amadureceu no confronto com as mais
diversas manifestações do pensamento, correntes, tendências e concepções de mundo. Buscam a todo
custo ocultar que o nascedouro do marxismo intrinsecamente revolucionário é a luta da classe operária. A
ela se vincula e a ela responde com um humanismo de tipo novo montado contra a superstição, os mitos,
a narcotização das diversas seitas religiosas, a liberdade abstrata, a fuga tragicômica da realidade, odiversionismo das práticas esportivas, as perspectivas anárquicas etc.
Adeus às ilusões!
Para além da mera especulação das correntes “novidadeiras”, é de fundamental importância
compreender que se a educação oficial está direcionada à reprodução ou à construção de outra sociedade
o que seria ou como seria outra educação?
A educação nesta sociedade tem uma dupla função: (i) processo de adaptação e adequação às
relações sociais realmente existentes, assegurando aos filhos e filhas da classe dominante manter os
privilégios de sua classe - e “adaptação” dos filhos e filhas do proletariado que a ela têm acesso às
condições de exploração da sua existência; ou (ii) instrumento na luta contra a opressão a serviço das
jovens gerações de proletários e trabalhadores assalariados. Não há terceiro caminho, via ou possibilidade.
Corolário: no primeiro caso a educação esta posta como manifestação e arma ideológica da
dominação burguesa; no segundo, concebendo a realidade de modo concreto é expressão, elemento e
arma da relação que derruba e transforma a ordem capitalista em socialista pelo trabalho coletivo do
proletariado e aliados; no terceiro caso é puro devaneio, quimera banal!
Todavia, as idéias hegemônicas na educação brasileira são as idéias clássicas do capitalismo em
andamento nesta sociedade. Na verdade, permanece a clássica tese na qual a classe que tem a sua
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disposição os meios de produção material, dispõe também, por esse motivo, dos meios de produção
espiritual, o que faz com que a ela sejam submetidas às idéias daqueles aos quais faltam os meios de
produção espiritual.
O conjunto dessas idéias, grosso modo, tem por propósito (i) advertir os homens e mulherestrabalhadoras que não devem ultrapassar o horizonte burguês; e (ii) perpetuar a ilusão histórica na qual o
homem burguês tem para os operários uma importância tamanha que eles não conseguem conceber nenhuma
situação social na qual o homem deixe de ser burguês . Ironizando, eles são como certos intelectuais que fazem
apologia do socialismo e do comunismo, mas não saberiam viver sem o capitalismo.
Mas o que realmente ensina a educação brasileira? Certamente ensina o respeito pelas regras
estabelecidas a partir da dominação de classe, regras que compõem a maior parcela do conteúdo dos
diversos curricula escolares. Quem fez e quem faz os curricula , para quem, contra quem e estribado em que?
Obviamente em disciplinas, para disciplinar! Sintomaticamente, a escola burguesa ensinapreferencialmente o saber dar ordens, ou seja, saber falar aos operários para intimidá-los ou iludi-los, em
suma, para os enrolar.
Com raras exceções, tornados guardiães ideológicos do capitalismo, não conseguem escapar à
“impregnação” da ideologia dominante com a qual cumprem a contento suas tarefas, seja como quadros
auxiliando na exploração e na extorsão, seja como sumos sacerdotes ou funcionários da ideologia
dominante, fazendo ilações e “exegeses” sobre questões adjetivas, subjetivas e secundárias, como se elas
fossem de relevância capital. Na verdade, tomam o acidental pelo essencial, desconhecem a ordem e
desrespeitam a hierarquia que deviam estabelecer entre os problemas.Privados da perspectiva de totalidade confundem o relativo com o absoluto, o contingente com
o necessário, e situando sua reflexão - relação entre o pensamento e o ser - no plano da imanência e não
da transcendência, como viajantes extraviados ignorando o mapa da região, se perdem nos estreitos limites
do particular e do contingente.
Quais são as posições que um marxista deve defender na escola capitalista? Não se pode negar
que ao contrário dos acólitos do “livre” mercado, proclamados acima da luta de classes, historicamente
conformistas e conformados, coadjuvam a política de corte neoliberal que destrói o sistema de educação
pública, os professores marxistas têm na economia política a ciência revelada como ciência da riqueza e darenúncia, do gasto conspícuo e da privação absurda. O ideal dessa ciência, como escreve Marx, “é o
escravo asceta , mas produtivo. O seu ideal moral é o trabalhador que leva parte do salário à caixa econômica.
O trabalhador deve apenas ter o que lhe é necessário para querer viver e deve querer viver unicamente
para isso ter”. (MARX, 1989, p. 210-211)
Reafirmando a unidade teórica, não transformamos questões sociais em questões específicas
inerentes à educação; não fragmentamos a realidade em “mônadas” incomunicáveis - economia, política,
cultura, etc. - e nem camuflamos o papel da educação na manutenção das desigualdades sociais.
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Lutar para reconstruir a educação é lutar para destituir a burguesia da sua posição de mando,
restringindo ao limite suas prerrogativas e/ou liberdades. Por isto, insistimos, é a revolução e não a crítica
o fundamento da transformação social e da reforma pedagógica. Reforma ou Revolução!
No entanto, o messianismo apologético de uma possível educação socialista a hegemonizar-senesta sociedade, representa, em primeiro lugar, uma mistificação sobre a construção do novo homem a
partir da escola burguesa; e, em segundo lugar, ignora que mesmo que fosse possível desenvolver uma
escola socialista, à la “Falanstério” ou “Icária”, a educação nela efetuada não afetaria os fundamentos da
sociedade capitalista que diz questionar, só criaria mais ilusões.
Romper os estreitos limites da educação burguesa significa trabalhar os seguintes pontos como
conteúdo da educação:
(I) A necessidade da derrubada da sociedade capitalista em sua etapa imperialista das suas
instituições estatais e das instituições não-governamentais financiadas pela iniciativa privadae/ou pelo Banco Mundial para arrefecer a luta de classes;
(II) A classe operária como fator principal de abolição da miséria, da exploração e da extorsão
do homem pelo homem e das humilhações postas e impostas pela classe dominante;
(III) O processo de libertação da classe operária como fator da libertação de toda a sociedade;
(IV) O papel histórico da classe operária como criador da sociedade socialista. Aqui discordo da
tese que afirma a classe operária como “ontologicamente” conservadora;
(V) A revolução como fautor único da derrubada não só da classe dominante, mas também da
sociedade de classes;(VI) O marxismo como teoria revolucionária da moderna revolução.
Sobre o revisionismo
Por incríveis reveses da história, que se acreditava caminhar apenas para frente, sem retroceder
jamais, hoje a consolidação do capitalismo moderno, mais selvagem ainda, coincide com a ressurreição do
revisionismo, fiel escudeiro do oportunismo. Enquanto corrente antimarxista e anticomunista o revisionismo se
alimenta da ideologia neoliberal que lhe prepara e abre novos caminhos.
Não é casual que a vida de Lenin tenha sido uma conseqüente e intransigente luta contra três
ervas daninhas do século, o revisionismo, o oportunismo e o dogmatismo. Medrando e tomando corpo no seio
dos movimentos operário e comunista. No transcurso de sua obra literária Lenin desnuda a essência do
revisionismo, suas bases econômicas, ideológicas e sociais, seus fundamentos filosóficos políticos, suas
fontes gnosiológicas, demonstrando, pari passu seu caráter internacional e as formas sob as quais se
manifestava pela Europa.
Lenin pôs em evidencia tudo o que era nocivo e nefário no revisionismo aos movimentos
operários e comunistas. Em Quem muito corre logo para , ele afirma: “O revisionismo ou a „revisão‟ do
marxismo é hoje uma das principais manifestações, senão a principal influência burguesa sobre o
proletariado e a corrupção burguesa dos proletários”. (LENIN, 1984, t. 25, p. 187)
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A gênese do revisionismo parece ter ocorrido no último quartel do século XIX, como já disse
anteriormente, imediatamente após a morte de Engels, quando a luta contra o marxismo, especialmente
contra sua anima revolucionária , assumiu a forma de „retoques‟, „adições‟ e „acoplagens‟ à teoria elaborada por
Marx e Engels.Lenin comentava que o nascimento do revisionismo não era fortuito e nem casual, mas devido à
contrafação imanente à dinâmica contraditória do modo de produção capitalista. A rigor, a inevitabilidade
do trânsito livre do revisionismo no seio do proletariado era devido a forte e constante afluência da
intelectualidade pequeno-burguesa, portadora de concepções pequeno-burguesas, nas vastas filas do
movimento proletário e do movimento comunista.
Uma das condições da infiltração das ervas daninhas – revisionismo, oportunismo e dogmatismo – no
movimento operário é a situação privilegiada de um setor ou camada da classe operária, conhecida como
“aristocracia operária ”, a quem a burguesia local outorga parte de seus lucros extorquidos da parte do tempo detrabalho excedente e não pago à força de trabalho.
Essa “aristocracia operária ”, como enfatiza Lenin era composta por operários, “objetivamente
subornados pela burguesia (melhores salários, cargos honoríficos, etc.) e que ajudam a burguesia do seu
país a saquear e oprimir os povos menos desenvolvidos e débeis e a lutar pelo reparto do botim capitalista”.
(LENIN, t. 31, 1985, p. 181)
Lenin observa ainda que o revisionismo é a continuação da luta da burguesia contra os ideais
revolucionários do proletariado encimados no marxismo. Na verdade, “a dialética da história é tal que o
triunfo teórico do marxismo obriga a seus inimigos a disfarçar-se de marxistas. O liberalismo, podre pordentro, intenta reavivar-se sob a forma de oportunismo socialista”. (LENIN, t. 23, 1984, p. 3)
Os revisionistas egressos das fileiras do marxismo-leninismo, do trotskismo e do maoismo, se
lançam hoje, mundo a fora, na luta contra Marx, Engels e Lenin, assumindo a defesa mitigada de um
capitalismo com feições humanas, “humanizado”. Na verdade, são portadores de uma histórica, crassa e
imperdoável ignorância. De maneira bisonha, expõem as suas idéias „novidadeiras‟ que havia sido
Bernstein quem afirmara que o marxismo não servia mais para a análise adequada da sociedade, mesmo
porque, a esperança na derrubada do capitalismo pelo proletariado era apenas uma pueril ilusão.
Contra os revisionistas do século XX, Lenin fez a seguinte refutação:Qualquer pessoa que conheça um pouco de literatura filosófica deve saber que seriadifícil encontrar hoje um professor de filosofia (ou de teologia) que não se ocupe,abertamente ou por procedimentos oblíquos, em refutar o materialismo. Proclamaram-se centenas de milhares de vezes que o materialismo tinha sido refutado, e continua-se arefutá-lo pela centésima primeira, ou até pela milésima primeira vez. Os nossosrevisionistas mais não fazem do que refutar o materialismo (...) colocando-se no ponto de vista do positivismo „moderno‟ e „contemporâneo‟, das ciências da natureza, etc..(LENIN, 1990, p. 15)
O revisionismo na sua forma concreta tem sido materializado nas ações paradoxais dos partidos
que, historicamente vinculados, defensores ou orgânicos dos trabalhadores, hoje abandonaram
abertamente e sem nenhum constrangimento a luta da classe trabalhadora contra o capital.
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Do ponto de vista político, o revisionismo ficou conhecido ao longo da história do movimento
socialista e comunista internacional como “oportunismo de esquerda ” por ter assumido a retórica pseudo-
revolucionária. Na verdade, esse oportunismo historicamente foi / é predisposto à demagogia e à vacilação
entre os interesses da classe operária e os interesses do grande capital.Sintomaticamente muitos foram os revisionistas que abandonaram o marxismo e cerraram fileiras
com a direita. Hoje, sua palração e sua ação política são
Sofismas próprios de um renegado e da completa abjuração do marxismo. Suas tesesenquanto claros sofismas esvaziam o marxismo da sua alma revolucionária, à medidaque reconhecem “no marxismo tudo menos os meios revolucionários de luta, a suapropaganda e a preparação, a educação das massas precisamente nesse sentido.(LENIN, v. 3, 1977, p. 5)
Encimados no legado de Bernstein e Kautski os revisionistas predicam a possibilidade de dois
métodos radicalmente diferentes / antagônicos de transformação da sociedade: o democrático e o
ditatorial. Esta diferenciação decorre de uma confusão teórica monstruosa, assim como de uma completarenegação do marxismo, que é preciso reconhecer que ultrapassa em muito o mito evolucionário de
Bernstein.
A questão da ditadura do proletariado deve ser entendida como “a questão da relação do Estado
proletário com o Estado burguês, da democracia proletária com a democracia burguesa”, em não
reconhecendo essa relação, preferindo voltar-se para a relação entre o Estado burguês e o absolutismo
feudal é como se Kautski, “adormecido, mastigasse um trapo!”. (Idem, p. 7)
Um e outro procuram apresentar os bolcheviques como se eles tivessem horror e pregassem o
desprezo pela democracia. Na verdade, ambos colocam a questão tal como os liberais, pois se reportam àdemocracia em geral e não à democracia burguesa. Sobre isto, diz Lenin: “O nosso charlatão [usa] um
palavreado muito agradável à burguesia, porque equivale a adornar a democracia burguesa e a esbater a
questão da revolução proletária”. (Idem, p. 8)
Os social-democratas esquecem que a “ditadura do proletariado” cunhada por Marx em 1875 é:
Uma formulação historicamente concreta e cientificamente mais precisa da tarefa doproletariado de „quebrar‟ a máquina de Estado burguesa, da qual (tarefa) tanto de Marxcomo de Engels, tendo em conta as experiências das revoluções de 1848 e mais aindada de 1871, falam de 1852 a 1891, durante quarenta anos . (Idem, ibidem)
A deturpação implementada por Kautski corresponde, segundo Lenin, no âmbito da filosofia, à
substituição do marxismo pelo ecletismo e pela sofística . Enquanto, no âmbito da política prática, essa ação se
reduz a servilismo perante os oportunistas e a burguesia. Para o crítico intransigente os revisionistas
progridem passo a passo para rapidamente atingir o virtuosismo na arte de serem, de um lado, marxistas
em palavras e, do outro, lacaios da burguesia de fato.
No encalço dos revisionistas, descobre-se como natural para um liberal falar de “democracia”
em geral, pari passu com o esquecimento da seguinte questão: democracia para que classe? Quanto à Grécia
clássica onde predominava a ditadura escravista, também conhecida e pranteada como democracia,
pergunta-se: essa ditadura suprimia a democracia entre os escravistas? Toda gente sabe que não. Os
revisionistas caem no absurdo monstruoso aliado a uma falsidade histórica ao esquecerem-se da luta de
classes na velha Grécia.
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Se for verdade que a finalidade da ditadura não é refutar a opinião oposta, mas suprimir
violentamente sua expressão. Então, os dois métodos, o democrático e o ditatorial, se excluem e se opõem
de maneira irredutível. Um exige discussão, outro a recusa. (KAUTSKY, 1979, p. 4)
Temos aqui uma contradição. Laborando sob o método metafísico, os revisionistas admitem (1)o princípio da identidade, (2) o princípio do isolamento das coisas, (3) o princípio da divisão eterna e
intransponível e (4) o princípio da oposição dos contrários. Neste momento nos interessa apenas este
último princípio.
Deduz-se da oposição dos contrários que “democracia é democracia e ditadura é a ditadura”,
afirmando não nada haver de comum entre elas; ambas são classificadas a parte uma da outra. Vêm a
democracia e a ditadura cada uma por si própria, sem perceber as relações que existem entre elas.
Considerando a democracia e a ditadura como isoladas, definitivamente diferentes uma da outra, são
postas como antípodas entre si. (POLITZER, 1987)Para o revisionista, encimado no método metafísico, duas coisas opostas não podem coexistir ao
mesmo tempo. Ignorando o princípio dialético da contradição, quando se reporta à democracia e à
ditadura exige que uma sociedade deva escolher entre uma ou outra: aquela não é esta, esta não é aquela: é
necessário escolher, sem o que estamos em face de uma contradição, de um absurdo, de uma
impossibilidade.
Para a tradição marxista, a ditadura proletária é, a um tempo, a ditadura do povo e a democracia
para a massa dos explorados e, obviamente, ditadura para a burguesia. À transformação da sofística
metafísica em afirmação dialética, concreta, verdadeira, ou para transformar o discurso neoliberal sobre ademocracia e a ditadura em afirmação marxista é preciso colocar a questão sem esquecer-se de perguntar,
ditadura para que classe e contra qual classe e a partir d ela dizer:
A ditadura não significa necessariamente a supressão da democracia para a classe queexerce essa ditadura sobre as outras classes, mas significa necessariamente a supressão(ou uma restrição muito essencial, o que é também uma das formas de supressão) dademocracia para a classe sobre a qual ou contra a qual se exerce a ditadura. Mas pormais verdadeira que seja esta afirmação, ela não define a ditadura. A ditadurarevolucionária do proletariado é um poder conquistado e mantido pela violência doproletariado sobre a burguesia, um poder que não está amarrado por nenhuma lei.(LENIN, 1977, v. 3, p. 8)
Prosseguindo, e atendo a sentença seguinte de Lenin, é como se estivéssemos no bojo do
diversionismo ideológico, demagógico e eleitoreiro em curso, vejam:
E esta simples verdade, verdade clara como a luz do dia para qualquer operárioconsciente ( um representante da massa e não da camada superior e filistina subornada peloscapitalistas ), esta verdade evidente para qualquer representante dos explorados que lutampela sua libertação, esta verdade indiscutível para qualquer marxista, é preciso“conquistá-la pela guerra”. (Idem, ibidem)
Contra as teses dos revisionistas contemporâneos pomos à reflexão as teses abaixo:
Tese 1. Não se pode falar de “democracia pura” enquanto existir classes sociais
antagônicas, pode-se falar apenas de democracia de classes . Tese 2. Democracia “pura” é uma frase de ignorante a revelar uma crassa incompreensãotanto da luta de classes como da essência do Estado, mas também uma fase triplamente
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vazia, pois na sociedade comunista a democracia modificando-se e tornando-se umhábito, extinguir-se-á , mas nunca será democracia pura. Tese 3. A democracia burguesa embora sendo um grande avanço progresso históricoem comparação com a Idade Média – sob o capitalismo é estreita, amputada, falsa,hipócrita, um paraíso para os ricos, armadilha e um engano para os pobres.
Tese 4. O parlamento burguês continuará mais submetido à Bolsa e aos banqueirosmesmo na mais desenvolvida democracia burguesa. Portanto, apenas “um liberal podeesquecer o caráter historicamente limitado e relativo do parlamentarismo burguês.3 Tese 5. No mais democrático Estado burguês, os operários e trabalhadores assalariadosse deparam a cada passo com uma contradição flagrante entre a igualdade formal , que a“democracia” dos capitalistas proclama, e os milhares de limitações e subterfúgios reaisque fazem deles escravos assalariados .
Não é sem sentido, nem movido por impulso e nem vazado de emoção irracional que Lenin
tece o seguinte comentário:
Só um reacionário, um inimigo da classe operária, um lacaio da burguesia, pode pintaros encantos da democracia burguesa e palrar acerca da democracia pura, voltando-se
para um passado já caduco. A democracia burguesa foi progressiva em relação a IdadeMédia, e era preciso utilizá-la. Mas agora é insuficiente para a classe operária. Agora épreciso olhar não para trás, mas para frente, para substituição da democracia burguesapela democracia proletária . (LENIN, 1977, v. 3, p. 28)
Outra característica marcante do revisionismo contemporâneo é o implícito social-reformismo, ou
seja, a tentativa frustra de substituir com reformas reformistas que não alteram a estrutura, a base
econômica do capital, a luta de classes travada para levar a termo as demandas históricas e sociais do
movimento proletário.
Os revisionistas de direito como os de esquerda erguem à condição de universal e à categoria de
feitiço a democracia burguesa, defendendo o capitalismo de cunho estatal-monopolista alugado aosinteresses da oligarquia financeira internacional.
Seguindo a crítica antecipada de Marx, apontamos, em primeiro lugar, que na teoria da miséria
esquecida ou tergiversada pelos intelectuais em retirada à direita
Os meios sociais de produção e de subsistência se transformaram em capital, num póloe, no pólo oposto, a massa da população se converteu em assalariados livres, em pobresque trabalham essa [é a] obra prima da indústria moderna. Se o dinheiro, segundo Augier, “vem ao mundo com uma mancha natural de sangue numa de suas faces”, ocapital, ao surgir, escorrem-lhe sangue e sujeira por todos os poros, da cabeça soa pés.(MARX, l.1, v.2, 1982, p. 879)
Em segundo lugar, a tese do “desenvolvimento sustentável”4 do capitalismo, está sustentado (1)na redução no número de magnatas capitalistas, (2) no recrudescimento do imperialismo como etapa superior do
capitalismo. Os revisionistas tergiversam sobre o capitalismo parasitário, moribundo, em estado de
putrefação, ignorando a teoria científica do imperialismo elaborada por Lenin que estabelece uma
definição completa e rigorosa dessa nova onda bárbara tomando como ponto de partida algumas e
pontuais teses (LENIN, v. 1, 1977).
Tese 1. Como decorrência do colossal incremento da indústria e do processo rapidíssimo de
concentração da produção em empresas cada vez maiores nasce os monopólios que exercem um papel
decisivo na vida econômica dos países capitalistas. A transformação do capitalismo concorrencial emcapitalismo monopolista é um dos fenômenos mais importantes da economia capitalista. O monopólio
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capitalista ou imperialismo sobre a vida econômica de determinada sociedade tem por corolário a sua
onipotência na esfera política.
Observa-se contemporaneamente o suborno exercido sob o aparelho de Estado do qual se
servem os capitalistas para enriquecerem cada vez mais. Como lei inexorável do capitalismo monopolista,a concentração de riquezas continua crescendo sem cessar. Neste caso, a análise concreta da realidade
concreta revela que a livre competição origina a concentração da produção que, em determinado
momento do seu desenvolvimento, conduz ao monopólio. Sobre a trilha aberta pelo Marx, Engels e Lenin
é possível resumir da seguinte maneira o desenvolvimento do capitalismo monopolista em sua fase
imperialista:
Entre 1860 e 1870 ocorre o ponto culminante do desenvolvimento do capitalismo concorrencial
ou da livre competição ou concorrência. Após 1873 houve um largo período de implantação e
desenvolvimento dos cartéis. No auge do final do século XIX e início do século XX, com a crise de 1900a 1903, os cartéis se convertem numa das bases de toda a vida econômica. O capitalismo se transforma,
então, em imperialismo.
Tese 2. Lenin chamava a atenção para a fusão do capital industrial com o capital bancário e,
conseqüentemente, a criação, baseada nessa fusão, da oligarquia financeira. À medida que vão aumentando
as operações bancárias concentrando-se cada vez num número reduzido de bancos, eles (os bancos)
tornam-se monopolistas onipotentes dispondo de quase todo o capital monetário dos capitalistas, médios
e pequenos empresários. Ademais se apropriam da maior parte dos meios de produção e das fontes de
matérias primas de muitos países. Dir-se-ia que todo Banco é, no fundo, uma bolsa. Este aforismomoderno é tanto mais preciso quanto maior é o banco, quanto maiores são os êxitos da concentração dos
negócios bancários.
Há que dedicar atenção aqui para o que ocorre nos dias de hoje: fusão do capital industrial com
o capital bancário e, conseqüentemente, a partir dessa fusão, criação da oligarquia financeira. Neste
sentido, à medida que vão aumentando as operações bancárias concentradas em um número cada vez mais
reduzido de bancos, de modestos intermediários assume a condição de monopolistas onipotentes. Os
bancos passam a dispor de quase todo o capital monetário dos capitalistas e dos médios e pequenos
empresários, ainda se apropriam da maior parte dos meios de produção e das fontes de matérias primas demuitos países. Todo Banco é uma bolsa. Este aforismo moderno é tanto mais preciso quanto maior é o
banco, quanto maiores são os êxitos da concentração dos negócios bancários.
Tese 3. Como reportava Lenin, o capital financeiro é o capital à disposição dos bancos e
colocados ao uso caro dos industriais. Por trás desta definição está um dos aspectos mais importantes do
capital financeiro: aumento da concentração da produção e do capital em grau tão elevado que conduz ao
monopólio irracional. A parte leonina da fusão capital financeiro versus capital industrial é o capital
especulativo (volátil), concentrado em poucas mãos e a obter um lucro descomunal com o beneplácito do
Estado burguês. O imperialismo consolida a dominação da oligarquia financeira e impõe a toda asociedade um tributo perverso em proveito dos especuladores.
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No Brasil, “um país de todos!”, quatro grandes bancos gozam do privilégio do monopólio
absoluto sobre o capital especulativo. A maior lucratividade da oligarquia financeira ocorre durante os
períodos de recessão, na aquisição de médias e pequenas empresas arruinadas adquiridas por preços
baixíssimos, numa operação chamada de “saneamento re-organizacional” ou “reordenação da economia”. A rigor, o saneamento e a reorganização têm uma dupla importância para os bancos como (1) operação
lucrativa, (2) ocasião propícia para colocar sob sua dependência essas sociedades necessitadas.
Tese 4. Diferentemente da exportação de mercadorias, a exportação de capital adquire
importância extraordinária, por ser, exatamente, a característica principal do capitalismo moderno onde
impera o monopólio. Essa exportação obedece é o reflexo do desenvolvimento desigual do capitalismo
que amadureceu excessivamente no centro carecendo de campo para sua colocação lucrativa, daí sua
transferência por empréstimo para a periferia onde países como o Brasil o remuneram com as mais altas
taxas de juros do mundo. Tese 5. O capitalismo para se tornar hegemônico precisava se desenvolver e se aninhar no
mundo inteiro, vaticinou Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista . Os poucos grupos monopolistas
partilham entre si, primeiramente, o mercado interno, apoderando-se quase que totalmente da produção
interna, e, secundariamente, singra os mares, atravessa as planícies e escala as rochosas em sua busca
incansável e neurótica por novos mercados e novas taxas de lucro. Sob o capitalismo monopolista
imperialista há uma inevitável e estreita relação entre mercado interno e mercado externo, a qual é a marca
indelével do capitalismo ou mercado mundializado.
Ignorando o imperialismo contemporâneo como etapa derradeira superior do capitalismo, osrevisionistas esquecem que a redução draconiana dos direitos trabalhistas além de incrementar a distinção
entre as classes sociais e entre os próprios membros da classe operária, impulsiona cada vez mais a força
de trabalho para a informalidade do chamado setor de serviços.
A análise de Marx sobre a tendência do capital em intensificar as taxas de exploração sob
pressões competitivas é confirmada da seguinte maneira:
Em primeiro lugar, o declínio da parcela de renda outorgada ao trabalho é diretamente
proporcional aos lucros do capital; em segundo, a crescente transformação dos trabalhadores em força de
trabalho temporária; enfim, o incremento dos custos da produção social, marcadamente em virtude dosaumentos dos insumos caminha na redução das partes do Orçamento Geral da União destinadas à saúde e
da perda dos direitos individuais e coletivos.
Mas os números cantam e seu triste canto demonstra empiricamente a validade do prognóstico
da depauperação absoluta do proletariado como resultado do desenvolvimento do capitalismo. Digamos
de passagem, o prognóstico formulado por Marx grafado nos Grundrisse e n‟ O Capital é irretorquível.
Ao tratar da lei geral da acumulação capitalista , Marx lavra o seguinte comentário numa espécie de
contra crítica antecipada aos revisionistas :
Todos os meios para desenvolver a produção redundam em meios de dominar eexplorar o produtor, mutilam o trabalhador, reduzindo-o a um fragmento de serhumano, degradam-no à categoria de peça de máquina, destroem o conteúdo de seu
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trabalho transformado em tormento; (...) desfiguram as condições em que trabalha,submetem-no constantemente a um despotismo mesquinho e odioso, transformamtodas as horas de sua vida em horas de trabalho e lançam sua mulher e seus filhos sob orolo compressor do capital... Infere-se daí que, na medida em que se acumula o capital(diferentemente do que pregam os intelectuais orgânicos da burguesia), tem de piorar a
situação do trabalhador, suba ou desça a remuneração. (...) A acumulação de miséria, éproporcionada pela acumulação do capital. A acumulação de riqueza num pólo é aomesmo tempo acumulação de miséria, de trabalho atormentante, de escravatura,ignorância, brutalização e degradação moral, no pólo oposto constituído pela classecujo produto vira capital. (MARX, l.1, v. 2, 1982, p. 748-749)
A dialética do imperialismo, ignorada pelos revisionistas , demonstra que a diminuição constante
do número de capitalistas usurpadores das vantagens do processo de inversão da economia, acrescenta-se a
massa da miséria, a opressão, a servidão, a degeneração e a extorsão. Não percebem que “o trabalhador
assalariado está preso a seu proprietário por fios invisíveis. A ilusão de sua independência se mantém pela
mudança contínua dos seus patrões e com a ficção do contrato”. (MARX, 1982, v. 2, p. 667)
Na moderna cidade do capital o caráter inevitável do revisionismo, enquanto fenômeno
internacional é determinado por suas raízes de classe. O revisionismo penetra e toma corpo no âmago da
esquerda latino-americana, em primeiro lugar, sob o nome de sindicalismo propositivo e seu parelho o
sindicalismo de resultados; em segundo lugar, proclamando a necessidade de um arco de alianças entre as
forças historicamente antagônicas (burguesia e proletariado, capitalistas e trabalhadores assalariados,
latifundiários e trabalhadores rurais sem terra) como sendo imprescindível à reconstrução democrática da
sociedade.
Contrariando a tese revisionista a história recente deste país demonstra que o aliancismo entre
trabalhadores, comunistas e socialistas com liberais, capitalistas e mega-empresários não faz mais que
“embotar a consciência das massas, não reforçando, mas debilitando o significado real da sua luta”.
(LENIN, v. 1, 1977, p. 44)
Assim, quando anuncia o fim do marxismo e da luta de classes, o revisionismo não o faz a partir
de uma posição imparcial, mas na colaboração objetiva e ativa com a burguesia reafirmando sua luta
permanente contra os trabalhadores. E mais ainda, repetem à exaustão aos pés de ouvidos cansados o
velho e roto discurso: não há alternativa à política burguesa, é um absurdo colocar em dúvida a eterna
dominação do capital, reforçar o capital é o único caminho inteligente.
Os revisionistas insones e solertes negam a possibilidade de fundamentar cientificamente o
socialismo soviético e demonstrar do ponto de vista da concepção materialista da história a sua
necessidade e a sua inevitabilidade. Negam o fenômeno da miséria crescente, da proletarização e da
exacerbação das contradições capitalistas. Declaram como inconsistente a própria concepção do objetivo
final . Rejeitam categórica e peremptoriamente a idéia da necessidade histórica ditadura do proletariado.
Negam a oposição de princípios entre o liberalismo e o socialismo, além de negarem a teoria da luta de classes
por não ser aplicável a uma sociedade democrática como a brasileira, mormente porque governada de
acordo com a vontade da maioria etc.. (LENIN, v. 1, 1977, p. 84-85)
Não é de estranhar a crítica oportunista dos revisionistas contemporâneas tenha sido feita ao
marxismo-leninismo somente após o fracionamento do Leste Europeu. Falseando a historia, os revisionistas
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desconhecem não ser o leninismo “uma escola, entre outras, do marxismo teórico, mas sim a expressão da
corrente revolucionária na época imperialista”. (AMIN, 1977, p. 131)
Na verdade, Amin apenas repete o que Stalin já tinha adiantado: “o leninismo é a teoria e a tática
da revolução proletária em geral, a teoria e a prática da ditadura do proletariado em geral”. (STALIN, s/d.,p. 7)
Todavia, é imprescindível retomar as Obras Completas de Lenin, e não apenas partes delas, para
compreender que o leninismo, malgrado as deformações decorridas da completa incompreensão intelectual
dessas obras, não pode ser apreendido como um dogma acabado, uma religião revelada e reveladora no
atacado e no varejo.
Do ponto de vista acadêmico e político, o resgate dessas obras radica em que elas estão para
além do absoluto silêncio sobre elas praticado pelos revisionistas e a apontar o capitalismo como destino
inexorável da humanidade. Neste sentido, as críticas leninistas demonstram a inadequação do capitalismomoderno às demandas populares, desmascaram a função social dos intelectuais burgueses na manipulação
da história e das teorias econômicas para ocultar a hegemonia do imperialismo norte-americano no
contexto da mundialização do capital.
A crítica leninista é dirigida prioritariamente às cátedras universitárias, à tribuna política do
cretinismo parlamentar e às numerosas publicações cultuadas pelas novas gerações, educadas numa
tendência que não se desenvolveu e não se formou por sua própria vontade, mas foi transplantada
diretamente da velha literatura burguesa.
É fato! O cinismo campeia à solta propondo realizar as demandas do proletariado, pari passucom a manutenção do justo lucro dos capitalistas. Mas o que seria realmente justo lucro: 50%, 100% ou
300%?
Justo lucro para a burguesia e extorsão para a classe operária, coloca Marx em nota de rodapé
esclarecedora, sinaliza que:
O capital tem horror à ausência de lucro ou ao lucro muito pequeno, como a naturezatem horror ao vácuo. Com lucro adequado, o capital cria coragem. Dez por centocertos, e fica assegurado seu emprego em qualquer parte; com 20%, infla-se deentusiasmo; com 50%, é positivamente audacioso; com 100%, calca a seus pés todas asleis humanas; com 300%, não se detém diante de nenhum crime, mesmo sob o risco daforça. Se a turbulência e a cizânia produzem lucros, encorajará a ambas. Prova:contrabando e tráfico de escravos. (MARX, 1982, v. 2, p. 667)
Seriam os capitalistas da metade do século XIX mais avaros que os capitalistas contemporâneos?
Ou será que lucro justo é aquele a se aproximar ou se igualar a 300%?
Numa questão Marx está absolutamente correto, quando a cizânia produz lucro, a força do
Estado e o crime de luxo organizado não se detêm: cresce o tráfico de humanos vendidos nos prostíbulos
do mundo rico, o tráfico de armas e o narcotráfico que, juntos como xipófagos, movimentam bilhões de
euros por ano.
Negação do marxismo o revisionismo representa a negação e morte do movimento operário e dasua libertação, posto que, para ele cabe à classe operária uma sábia resignação ou uma abjeta e boa
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negociação por migalhas do “justo lucro”. Diante deste fato e do aliancismo corrente nesta sociedade, nos
cabe dizer que a arma científica da classe operária na luta que trava por sua libertação do jugo burguês, o
marxismo-leninismo se afirma, sobretudo na luta contra as teorias novidadeiras da historia, contra a filosofia
burguesa e as diversas correntes do revisionismo e do dogmatismo contemporâneo.Para Lenin não há “dogmatismo onde o critério supremo e único da doutrina é a sua
conformidade com o processo real do desenvolvimento sócio-econômico; [e não haver] sectarismo quando
a tarefa se reduz a contribuir com a organização do proletariado, quando, por conseguinte, o papel da
intelectualidade se reduz a fazer desnecessários os dirigentes intelectuais de tipo especial”. (LENIN, t. 1,
1981, p. 20)
Faço aqui uma séria consideração acadêmica: a luta contra o marxismo-leninismo esconde uma
questão ideológica de fundo, a luta contra o comunismo. (LUKÁCS, 1979, p.45)
Neste sentido, sob o marxismo-leninismo é possível desreificar o conhecimento; evidenciar o serhumano que o produz como ser social fruto de todas as relações sociais; rejeitar toda e qualquer alusão a
uma possível universalização dos conceitos sob a sociedade de classe; refutar o método positivista
essencialmente quantitativista e sua pretensão à determinação do que é ou do que deixa de ser científico;
apontar a neutralidade do saber técnico, científico e epistemológico, como farsa e forma manhosa de fuga
da realidade; demonstrar não existir neutralidade nas Ciências Sociais e na Filosofia.
Encerrando este tópico considero que
Todo mundo reconhece que não há ciência que possa desenvolver-se e prosperar sem a
luta de opiniões, sem liberdade de crítica. Porém esta regra universalmente reconhecidaé ignorada e pisoteada sem contemplações. Formou-se um grupo fechado que se pondoa salvo de toda possível crítica, estabelece como lei, a reger as ciências, seus caprichos earbitrariedades. (STALIN, 1978, p. 555)
Como sentencia o filósofo Roland Corbisier:
A nós modestos intelectuais, que lutamos ingloriamente pela lucidez e pela consciência,em meio, à alienação e aos mais dolorosos e dramáticos equívocos, nesta fase noturna,na qual está submersa a sociedade brasileira em que pensar, tentar refletir, ou dizer,ainda é um delito punido com o martírio da difamação velada, o que quer nos dizer arigorosa “acácia delirante”, a nós que nos obstinamos em manter acesa a débil chamado espírito rebelde, insurrecto, neste mundo dominado pela injustiça, pela violência,pela prepotência e arrogância do imperialismo? (CORBISIER, 1967, p.193)
O revisionismo enquanto paradigma político ofusca a compreensão sobre o bosque, ao privilegiar
as árvores. Nesta metáfora ecológica os revisionistas surgem carentes de razão e perpassados por uma
reacionária concepção de mundo e de ciência, se erguem à condição de arautos da ocultação da causa das
contradições sociais que atormentam a maior parte da população brasileira.
Na contramão dos revisionistas , opino que o caráter polêmico não retira nada a cientificidade. O
conhecimento alimenta-se da ironia e da contestação. As lutas teóricas o impede de estagnar. Sem a luta
entre as concepções de mundo ou os mais diversos métodos não chegaremos a uma concepção do real e
do possível.
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A fusão da ignorância sobre o marxismo-leninismo com a parva fraseologia e com as insensatas
alegrias do truão acadêmico, constitui um dos traços mais salientes do estilo revisionista dos críticos do
marxismo-leninismo. E tal como aponta Lenin,
Aqueles que tentam resolver os problemas da transição do capitalismo para osocialismo com generalidades sobre a liberdade, a igualdade, a democracia em geral, aigualdade da democracia do trabalho etc., apenas revelam desta maneira a sua naturezade pequenos burgueses, de filisteus, de espíritos mesquinhos, que se arrastamservilmente atrás da burguesia no plano ideológico. (LENIN, v. 3, 1977, p. 151)
Só a ilusão do truão e o oportunismo tácito do intelectual da esquerda orgânica do capital
podem afirmar que sob a educação escolar burguesa as novas gerações de filhos e filhas do proletariado e
dos trabalhadores assalariados poderão construir a consciência de classe, consciência revolucionária. Além
de firmeza do caráter, perspicácia elevada e horizonte político amplo para ter a possibilidade de decidir
numa só votação, e a prescindir de uma longa experiência de luta pela necessidade real de construção do
socialismo.
Minha crença racional e apaixonada quanto ao papel político da classe operária e trabalhadores
assalariados, bem como sobre a função histórica da “parteira da história”, a revolução, me leva a caminhar
na luta pelo comunismo, ainda que a cometer pequenos deslizes. Todavia, de uma coisa estamos convictos
sem revolução apenas a barbárie!
Sobre a revolução
A relação reforma versus revolução deve ser vista no bojo da totalidade da obra de Marx, cuja
carga semântica do termo se modifica através do tempo. A compreensão do verbete usado em 1844 e em
1847 nos permite constatar não sua modificação, mas uma profunda concretização histórica
enriquecida, primeiro, pela crítica ao reformismo e segundo, pelo desenvolvimento do próprio
capitalismo. Aprofundamento e enriquecimento que não iriam cessar no longo itinerário seguido por Marx
que, certamente, iria conduzi-lo, nos anos 40 do século XIX, à determinação da revolução como categoria
histórica.
A revolução em Marx longe de ser um simples conceito ou noção “política” exprime uma
modalidade específica de objetivação do ser social historicamente determinado pela ordem burguesa.
Para Marx revolução é o processo pelo qual o proletariado subverte a ordem burguesa e instaura o
socialismo – etapa de transição à sociedade comunista (da idealidade à condensação de tendências políticas
operantes).
Neste caso, o primeiro passo é a tomada do poder econômico, pari passu com a tomada do poder
de Estado. Assentados no poder de Estado os operários e os trabalhadores assalariados tratarão de suprimir
a propriedade privada dos meios de produção, posta como condictio sine qua non da eliminação da extorsão
da força de trabalho.
A revolução socialista, cuja vanguarda cabe ao proletariado, deverá tratar de abolir as classes e
apear a burguesia do poder político, suprimindo os antagonismos sociais. As contradições (distintas dos
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antagonismos ) continuarão, contudo, operando e demandando soluções. Convém apontar que a análise
teórica de Marx revela a questão social como insolúvel nos marcos da ordem burguesa. Neste caso, a
transformação do proletariado em classe dominante será o primeiro passo da revolução.
Como advertia Marx:
A emancipação da classe oprimida implica, pois, necessariamente a criação de uma novasociedade. (...) A condição da emancipação da classe operária é a abolição de todas asclasses, do mesmo modo que a condição de emancipação do terceiro estado, da ordemburguesa, foi a abolição de todos os estados de todas as ordens (MARX, 1979, p. 142)
Essa é a palavra de ordem da re volução é: “Lutar ou morrer, a luta sangrenta ou nada. É o
dilema inexorável” (SAND Jorge in MARX, 1979, p. 143).
Revolução não é blanquismo
Em 1847, a categoria revolução já está documentada no Manifesto, onde seus autores afirmam
que os objetivos dos comunistas “só podem ser alcançados pela transformação violenta de toda a ordem
social até hoje existente” (MARX e ENGELS, t. 1, 1986, p.123). (Os negritos são meus)
A análise concreta da realidade concreta revela à Marx a necessidade da “revolução
permanente”. Se Marx reduzisse a revolução à forma insurrecional, seguramente sua teoria da revolução não
resistiria à prova histórica do tempo. O que se delineia como índice definidor da revolução, na concepção
de Marx é a com a propriedade privada dos meios de produção, ou seja, a supressão da propriedade
privada dos meios de produção.
Na evolução do seu pensamento, uma invariante é nele constatável: a edificação de um novo
modo de produção da existência, o comunismo, passa necessariamente pela abolição da propriedade
privada dos meios de produção.
A leitura atenta das propostas elaboradas por Marx como programática da revolução socialista,
desde os Manuscritos de 1844, reforça a tese que sua pedra-de-toque é a eliminação da propriedade privada
dos meios de produção, passando pelo Manifesto e culminando nas páginas finais d‟O capital.
Convém registrar que a categoria revolução, ao olhar dos intelectuais burgueses, é o bastante
flexível para compreender os processos que extrapolam as formas insurrecionais, ou seja, que respaldam o
reformismo e o aliancismo. Todavia, Marx, ao recusar de plano o reformismo, não deixou de avaliar como
progressistas, para a classe operária, algumas reformas introduzidas na vida social.
A revolução como método
Prosseguindo, eu diria que para o marxismo a revolução, método histórico de apropriação do
poder instaurado pela burguesia jacobina em 1789, ainda hoje permanece como caminho para apear do
poder sobre os meios de produção da existência, demolição do mando da classe dominante, anulação total
da sociedade de classes e edificação da sociedade comunista.
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Convém registrar que na defesa dos seus interesses e para a execução dos seus objetivos as
classes dominantes ao longo da história da humanidade criaram organizações políticas repressivas e ideológicas. A
classe dominante do momento, para permanecer na posse dos meios de produção, se apóia nas suas organizações
para salvaguardar seus privilégios e impôr suas idéias (ideologia) a toda a sociedade.Por seu turno a classe social dominada e extorquida utilizando a força das suas parcas organizações
política e sindical tenta modificar a ordem existente e liquidar o processo de exploração Ao qual está atavicamente
submetido. As classes sociais fundamentais das sociedades classistas, suas organizações, interesses e objetivos,
representam por caminhos diversos, grosso modo divergentes, a marcha da história dessas sociedades, do
escravagismo ao capitalismo.
Como se disse anteriormente as classes sociais fundamentais da cidade do capital são apenas duas e a
comportarem frações de classe. Assim, de um lado está a classe dominante exploradora e, do outro lado, está a classe
dominada explorada e extorquida.
Nesta relação dialética entre o pólo positivo da contradição – a burguesia exploradora – e o pólo negativodessa mesma contradição – o proletariado extorquido – satisfeita com sua situação a classe exploradora representa
O progresso social sob a forma de uma evolução desenrolando-se pacificamente, dequanto em quando perturbada pelas massas “desordeiras” e ignorantes, capazes de irematé inesperados “cataclismo sangrentos anti-sociais”, chamados revoluções.(KOVALHOV, 1975, p. 288)
Noutro flanco da contradição dialética estão os operários vendo a revolução como sucedâneo
radicalizado da greve geral, ou seja, como saída natural da insatisfação crescente, considerando “a
revolução como o tempo e o juízo “supremo” e do ajuste de contas”. (Idem, p. 287)
Historicamente a revolução continua a ser companheira da vida, natural e inevitável, dasociedade baseada na propriedade privada e na exploração do homem pelo homem. Pela sua essência a
revolução é o modo natural da resolução dos antagonismos sociais e políticos, é um movimento social radial
que assegura a transição da sociedade de classes para a sociedade constituindo-se na eliminação das classes
sociais em geral, ou seja, transição de um modo de produção da existência autoritário e anacrônico para
outro democrático e mais desenvolvido.
É pela revolução, como adianta Marx, que “um povo destrói a grande propr iedade e divide-a;
dá, assim, com esta nova distribuição, um novo caráter à produção”. (MARX, 1983, p. 214)
O significado histórico da revolução socialista consiste precisamente em que ela abole a forma depropriedade caduca, além de demolir as relações de produção dominantes que travam o desenvolvimento
social favorável à classe operária. Anote-se que o movimento de transição revolucionária do modo de
produção hegemônico para outro modo produção estribado na produção e na apropriação coletivas, não
se dará ao mesmo tempo em todas as sociedades-Nações e nem em todo lado com a mesma intensidade.
As revoluções ao longo da história da humanidade foram feitas por homens e mulheres reunidos
em classes e enquanto forças sociais que impulsionam à frente a moderna revolução. Neste sentido, são as
classes e os grupos sociais que compõe a sociedade as forças motrizes do processo revolucionário.
Acrescente-se a isto que a questão principal de toda e qualquer revolução é a tomada do poder político.
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Abolir as relações de produção caducas é possível e desejável somente quando liquidada a antiga
forma de propriedade, vencido o poder político que a conserva e apagado da consciência social os
preconceitos que consagram a exploração do homem pelo homem.
A revolução constitui o paroxismo da luta de classe contra classe, luta entre forças progressistase reacionárias, é a apoteose quando os antagonismos amontoados no transcurso da marcha do
desenvolvimento econômico e social do modo de produção capitalista são resolvidos pela demolição do
poder da burguesia e consolidação do novo modo de produção, do poder do proletariado.
As forças motoras da revolução proletária, a classe operária, o campesinato pobre e as camadas
não proletárias de trabalhadores assalariados, explorados e oprimidos em geral pela burguesia, são os
interessados diretos na completa supressão da exploração do homem pelo homem, e da mulher pelo
homem.
Não se deve perder de vista que a questão central das revoluções na história do modo deprodução capitalista é a luta pelo poder, poder da classe operária, ou seja, consolidação e fortalecimento da
ditadura do proletariado cuja tarefa principal é liquidar a exploração do homem pelo homem e construir o
socialismo – primeira etapa do modo de produção comunista.
Contudo, uma revolução não poderá ser compreendida fora da reestruturação moral da
sociedade e do homem acarretada por ela. A moral comunista, moral do novo modo de produção,
sustentáculo de novas relações sociais, fraternas e igualitárias, “supera a contradição intrínseca” à cidade
do capital ou “a história anterior da moral entre o egoísmo5 e o altruísmo6, entre o ascetismo7 e o
hedonismo8” (TITARENKO, 1982, p. 42) A teoria marxiana sobre a relação entre a base econômica e a superestrutura é o fundamento
teórico e metodológico para escolher-se a política e a ideologia revolucionária que devem ser adotadas a
realidade concreta nas condições da crise do capitalismo e da necessidade de estabelecer-se um novo
modo de produção historicamente humana, ou seja, de feição socialista e comunista.
Nesta quadra, a análise materialista dialética e histórica, marxista, do conjunto de contradições,
alterações e mudanças no modo de produção capitalista e nas relações de produção, na sua estrutura social
e na economia é uma premissa indispensável para reelaborar a política e a ideologia que para que
correspondam ao máximo às tarefas revolucionárias propostas. (ZAMÓSCHIKINE, SOLOVIOV eMOTROSCHÍLOVA, 1982)
A política e a ideologia que permeia a revolução devem corresponder de forma concentrada aos
anseios e demandas da classe operária: um processo econômico a incluir relações de produção, estruturas e
mecanismos que assegurem objetivamente o pleno desenvolvimento individual e coletivo de todos os
trabalhadores.
Não é errado continuar dizendo que os falsificadores do marxismo, os revisionistas e
reformistas de todos os tipos e de todas as épocas tentaram e tentam deturpar o sentido dialético do
marxismo sobre a relação infra-estrutura e superestrutura. Para eles isto seria estruturalismo.
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burguesia só pode alcançar os objetivos de se desfazer de toda a velha porcaria, assumir uma nova função
social e principiar a edificação da sociedade comunista, uma revolução. (MARX e ENGELS, 1979)
A organização da prática revolucionária deve estar focada na educação como conteúdo e
necessidade histórica e principal tarefa da classe operária, pois apenas na e pela prática revolucionária sepode educar os homens e mulheres de amanhã.
Um lembrete. O marxismo é um método de pensamento, uma teoria do conhecimento, uma
filosofia e uma linha de ação que se propõe superar as contradições do real, que as teorias novidadeiras
como as velhas doutrinas do conhecimento, guardiãs do acervo anacrônico, se limitam a interpretar.
O marxismo está estreitamente unido à realidade, em sua essência genesíaca, porque nasce da
realidade e do esforço dos homens para conquistá-la. O marxismo restabelece a relação da teoria com a
prática, ainda que a antiga lógica tente impedir a compreensão dessa relação incontornável. Ele revela a
face partidária da filosofia na luta política, devolve à inteligência sua verdadeira função original deorganizadora da conduta humana para erradicar os estreitos limites da sociedade burguesa entre os quais
os trabalhadores e trabalhadoras se encontram desumanizados.
A prática revolucionária deve ser enfocada na educação como conteúdo e necessidade histórica
e/ou principal tarefa da classe operária, pois apenas na prática revolucionária se educam os homens e as
mulheres livres de amanhã.
A mediação entre o homem “animalizado” ou a “animalizar-se” e a sua real humanização – que,
a meu juízo, corresponde à cidadania plena, ao contrário da “cidadania” parcelarizada observada nas
sociedades capitalistas - é feita, não pelo “trabalho”, mas pela revolução, pela expropriação dosexpropriadores, pela ditadura do proletariado, bases à edificação da sociedade comunista.
A revolução representa “a derrocada do estado de sociedade existente; a superação da propriedade
privada; então a libertação de cada indivíduo singular é alcançada na mesma medida em que a história
transforma-se completamente em história mundial”. (MARX e ENGELS, 1979, p. 54) No entanto, essa
subversão total ou revolução não pode prescindir dos seguintes elementos materiais historicamente
construídos ou em construção,
De um lado, as forças produtivas existentes e, de outro, a formação de uma massa
revolucionária que se revolte, não só contra as condições particulares da sociedadeexistente até então, mas também contra a própria “produção da vida” vigente, contra a“atividade total” sobre a qual se baseia. (MARX e ENGELS, 1979, p. 57)
Pouco importa a pregação e a proclamação da idéia da revolução como parteira da história se os
“elementos materiais não existem”. A rigor, “determinadas condições de existência”, como as observadas
no Brasil dos anos 90 (fome, miséria, brutalidade máxima e explícita, pilantragem e gatunagem in extremis ,
etc.), não podem ser consideradas como anormalidades não-modificáveis, perenes, imutáveis, eternas.
Felizmente, milhões de proletários e a ortodoxia marxista-leninista pensam de “modo
literalmente diferente e prov arão isto no devido tempo, quando puserem seu “ser” em harmonia com sua
“essência” de uma maneira prática, através de uma revolução”. (MARX e ENGELS, 1979, p. 63) Ainda hoje,
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Para os comunistas , trata-se de revolucionar o mundo existente, de atacar e transformar,praticamente, o estado de coisas que ele encontrou. [Até porque]... as coisas foram tãolonge que os indivíduos devem apropriar-se da totalidade existente de forçasprodutivas, não só para alcançar a auto-atividade, mas tão-somente para assegurar suaexistência. (MARX e ENGELS, 1979, p. 105)
Essa apropriação, pelos proletários, na qual parte do que foi expropriado/apropriado deve ser
subsumida a cada indivíduo, e a propriedade de todos,
Só pode ser realizada (...) através de uma revolução que, de um lado, derrube o poder domodo de produção e de intercâmbio anterior e da estrutura social, e que desenvolva deoutro lado, o caráter universal e a energia do proletariado necessária para a realização daapropriação. (MARX e ENGELS, 1979, p. 106)
Marx compreende como necessário a criação em massa de uma consciência comunista ,
naturalmente, oriunda da transformação em larga escala dos homens e mulheres. Essa
Transformação só se pode operar por um movimento prát ico, por uma revolução; estarevolução é necessária, entretanto, não por ser o único meio de derrubar a classedominante, mas também porque apenas uma revolução permitirá a classe que derruba aoutra varrer toda a podridão do velho sistema e tornar-se capaz de fundar a sociedadesobre bases novas. (MARX e ENGELS, 1979, p. 109)
Refletindo sobre a afirmação de que apenas a revolução possibilita “varrer toda a podridão do
velho sistema”, consideramos a necessidade da revolução como instrumento único ao desmonte das
quadrilhas que controlam a economia, a política e, obviamente, as Universidades Públicas deste país.
Discursos em contrário são prédicas, extemporâneas e reacionárias à espera que “a terra faça-se céu e o
céu se faça terra, então, brilharão, em meio a celestes harmonias, a alegria e a felicidade por toda a
eternidade”. (Idem, ibidem)É a revolução a porta de acesso à construção de uma sociedade sobre novas bases, a sociedade
comunista distingue-se de todas as outras por ser “precisamente a base real para tornar impossível tudo o
que existe independentemente dos indivíduos, na medida em que o existente nada mais é do que o
produto do intercâmbio anterior dos próprios indi víduos”. (MARX e ENGELS, 1979, p. 110)
É a revolução e não o trabalho o fator de mediação entre o indivíduo e a coletividade, porque a
condição de existência do proletário sob o trabalho é sacrificada desde a juventude conduzindo-o a
patamares de desumanização crescente; é a revolução e não o trabalho o instrumental capaz de fazer o
proletariado acessar por livre escolha o acervo cultural produzido e acumulado historicamente, sem o quala humanização do Homo e, obviamente, a construção da cidadania plena não são mais do que categorias
discursivas, vazias, engodo retórico, perorata de revisionistas e oportunistas inescrupulosos.
Temos bem claro a revolução como imprescindível a derrota do capitalismo, por isto,
precisamos que a escola, a politécnica , encimada na tese defendida por Marx na Assembléia de 1864 da
Associação Internacional dos Trabalhadores – AIT, na qual se combinava a educação para o trabalho
( trabalho braçal ), a educação intelectual ( trabalho intelectual ) e a educação física. (MARX e ENGELS, t.17,
1987)
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Lenin insistia com os bolcheviques para uma questão bastante palpável: o peso terrível da
tradição burguesa e, em particular, da ideologia pequeno-burguesa no seio da nova sociedade em
construção e, naturalmente, no Partido Comunista.
Na perspectiva leninista, é uma necessidade do proletariado tomar o poder de Estado paragarantir, simplesmente, o futuro da sua ditadura imprescindível à passagem do capitalismo para o
socialismo. Revolucionar o “Aparelho Ideológico de Estado escolar” (como os demais) transformado em
“peça” estratégica da dominação de classe do proletariado era o mote posto por Lenin.
À maneira de conclusão
Quase ao final deste texto, tenho o seguinte a dizer: a educação no Brasil “deve ensinar a
modéstia, a política e a guerra” (SAINT-JUST, 1989, p. 65).
Parafraseando esse insigne revolucionário francês, um jacobino de escol, eu diria que não se
pode esquecer que em 1789, na Declaração de Direitos do Homem, artigo II, estava escrito como
imprescritíveis os seguintes direitos homem: “o direito à liberdade, à propriedade, a segurança e a
resistência a opressão” (Idem, ibidem).
A moderna educação brasileira, reflexo do tipo de sociedade que a criou, negando os valores
revolucionários republicanos tem uma função negativa, embora paradoxal:
Primeiro, reafirma e escamoteia a negação da liberdade, ratifica a privatização da propriedade e
justifica a criminalização da resistência a opressão política e econômica.
Segundo, lustra os costumes das novas gerações e as estraga, embelezando-as torna-as
dissimuladas, depravando-as e viciando-as procura ulteriormente esconde-las.
Terceiro, estimula a geração de tristes inclinações que pervertem os costumes e geram atos
sociais delituosos que tanto atormentam as leis e a própria sociedade que hipocritamente se horroriza, se
escandaliza.
Como lembrava Saint- Just: “Quando todos os homens forem livres, eles serão iguais; quando
eles forem iguais, serão justos. O que é honesto caminha por si mesmo” (Idem, p. 151).
Destarte, a formação de consciências críticas é necessária à construção de uma nova ordem
social, política e econômica, tal como a superação das concepções religiosas e autoritárias e do domínio da
burguesia. Neste caso, a crítica ácida aos fundamentos da imaterialidade nos quais o homem se nega a si
próprio e à sua independência, e a crítica desta ordem social que, ao logo dos anos, vem forçando a classe
operária a renunciar a uma vida digna e a subordinar-se ao poder do capital; são os aspectos
incontornáveis da trajetória de luta para alcançarmos a emancipação real de todos os homens e mulheres.
Sob este prisma de análise a escola deve ser colocada como questão relevante aos intelectuais
que ainda acreditam na “utopia” comunista . Assim, a educação é indissociável da transformação social. A
dialética materialista, como visão do processo histórico nos seus movimentos contraditórios, coloca-nos o
problema da libertação da consciência da classe operária dos elementos místicos, míticos e alegóricos tem
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se configurado como um problema ligado, necessariamente, a derrubada da ordem social que oprime,
explora e/ou extorque o proletariado e os trabalhadores assalariados.
Cabe-nos dizer, que o intelectual marxista para ser útil ao proletariado e aos trabalhadores
assalariados, deve saber distinguir os casos “concretos” de compromissos que são, à luz da razão, a maispura e inadmissível expressão do oportunismo ou do “alpinismo social” e contra tais atitudes
compromissos “concretos” toda a força da crítica cm o propósito do desmascaramento implacável,
daqueles que inventam para os operários e trabalhadores assalariados receitas que apresentam soluções
adequadas para todas as circunstâncias e demandas individuais e coletivas.
Essas soluções não se encontram na revolução socialista mas na conspirata à la blanquismo de
intelectuais pequenos burgueses, teoria da conspiração levada a cabo por um grupo através da qual a
sociedade se emancipa, se liberta da escravidão assalariada não por intermédio da luta de classes dos
obreiros – operários e trabalhadores assalariados – mas por meio de um complot da minoria de iluminadosjacobinos sem guillotine . (LENIN, s/d. p. 21)
A suposta crise do marxismo nos obriga, em primeiro lugar, redobrar atenção sobre a obra de
Marx, pois as teorias hegemônicas negam à tendência revolucionária o direito de existência e condenam-na
inevitavelmente, tarde ou cedo; à bancarrota política; em segundo lugar, adotar de modo resoluto uma
posição rigorosamente determinada na luta da classe operária contra a dominação capitalista.
A construção do futuro exige de nós máxima atenção à luta da classe operária em
desenvolvimento, a qual, à medida que o movimento se expande, cresce a consciência dessa luta, as crises
do capitalismo se tornam cada vez mais agudas e mais freqüentes, táticas, meios ou procedimentos novose diversificados de defesa e ataque são engendrados.
Enfim, aprendemos , se assim se pode dizer, com a prática das massas operárias e trabalhadoras,
longe de pretender ensiná-las as engessadas formas de luta, tal como fazem os “revolucionários” de
gabinete. Mas, hoje, ano de 2010, só vejo no Brasil, politicastros, soldados, tribunais, sentinelas, juízes e
promotores: onde estão, pois, os homens livres? (SAINT-JUST dixit! )
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ZAMÓSCHIKINE, I. SOLOVIOV, E. e MOTROSCHÍLOVA, N. A filosofia e o processo revolucionário.Moscou: Progresso, 1982.
Notas:
1 Professor Associado Doutor do Departamento de Desportos do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal doEspírito Santo. Pesquisador vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas Marxismo, História, Tempo Livre e Educação / UEL.Pesquisador vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas História, Trabalho e Educação / HISTEDBR.
2 O bar é o único lugar possível onde todos os iguais, os oprimidos e os excluídos; os desqualificados ou os ninguéns se reúnemcontando mentiras para poder suportar a perversidade das reformas capitalistas praticados por um Presidentedemagogicamente “cego”, um Parlamento irresponsavelmente mudo e uma “esquerda” que deletéria apenas lamenta.
3 Sobre a questão do parlamentarismo, para Lenin a participação dos comunistas no parlamento burguês era “necessário aopartido do proletariado revolucionário para o esclarecimento das massas, que é alcançado pelas eleições e pela luta dos partidosno parlamento. Mas limitar a luta de classes à luta dentro do parlamento ou considerar esta última como a forma superior edecisiva que subordina todas as outras formas de luta, significa passar de fato para o lado da burguesia contra o proletariad o”(LENIN, v. 3, 1977, p. 241).
4 Um pleonasmo, pois desenvolvimento implica, necessariamente, ser sustentável, senão vejamos, desenvolvimento é a ação ouefeito de (1) desenvolver (-se), (2) aumento da capacidade ou das possibilidades de algo, (3) crescimento, (4) progresso, (5)adiantamento. Em economês trata-se do crescimento econômico, social e político de um país, região, comunidade etc.Enquanto desenvolver significa aumentar a capacidade ou possibilidade de, conduzir ou caminhar para um estágio maisavançado ou eficaz, fazer progredir etc.
5 Egoísmo é o amor exagerado aos próprios valores e interesses a despeito dos de outrem; é o exclusivismo que leva uma pessoa ase tomar como referência a tudo; excessiva vaidade, pretensão, orgulho, presunção; em linguagem filosófica, egoísmo é a paixãohumana fundamental, que consiste na submissão do dever ao interesse particular, em detrimento da obediência à lei moral. Éainda a atitude social adquirida / aprendida cujo princípio central e móvel fundamental da ação moral é a defesa dos próprios
interesses.6 Altruísmo é tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro e que, não
obstante sua atuação espontânea deve ser aprimorada pela educação, evitando-se assim a ação antagônica dos instintos naturaisdo egoísmo. Amor desinteressado ao próximo, abnegação.
7 Ascetismo, em linguagem filosófica, é a doutrina que considera a ascese , isto é, a disciplina e autocontrole estritos do corpo e doespírito, como caminho imprescindível em direção a descoberta da verdade ou da virtude.
8 Hedonismo é cada uma das doutrinas que concordam na determinação do prazer como o bem supremo, finalidade e fundamentoda vida moral, embora se afastem, não queiram ou não saibam explicitar o conteúdo e as características da plena fruição, assimcomo os meios para obtê-la. É ainda dedicação ao prazer dos sentidos, fundamento de todos os prazeres espirituais. ParaEpicuro era a busca de prazeres moderados, únicos que expurgam os sofrimentos indesejados, quer dizer, o comportamentohumano é motivado pelo desejo de prazer e para evitar o que causa dor e desprazer.