Educação e Mudança climá1ca: a transformação cultural
como cerne da transformação social O papel do Incline na construção de alterna1vas
transformadoras
“A cultura importa” Daniel Luzzi -‐ FSP
Ao que tudo indica, as mudanças de postura em relação à energia e ao clima se chocam com o obstáculo dos códigos culturais das sociedades pós-‐industriais.
Há trinta anos existem claras evidencias cienIficas da
relevância da mudança climá1ca e suas consequências.
Neste período também
surgiram cada vez mais
tecnologias não agressivas ao
clima
Não foi suficiente para gerar as necessárias mudanças de
comportamento da administração
pública, das industrias e da sociedades.
Cultura
Natureza Sociedade
Por isso é necessária uma transformação cultural
Que media a relação entre
O enfrentamento desse novo desafio requer uma mudança de postura e de esBlo de vida
A conclusão é de um estudo publ icado por Dan Kahan. Universidade Yale Revista c ienIfica “Nature C l imate Change”.2012
A posição de um indivíduo em relação à mudança climáBca depende muito mais das suas convicções pessoais do que da sua capacidade de entender o fenômeno cienBficamente
Dan Kahan, autor do estudo e professor de psicologia na Universidade Yale, concluiu que o posicionamento frente a mudança climáBca se trata de uma questão de
“cognição cultural”
Resultado consistente com o de outros estudos semelhantes, que avaliaram a posição diante de outros temas polêmicos: Energia nuclear, posse de armas, aplicação da vacina contra o HPV em meninas em idade escolar, entre outros.
“cognição cultural”.
processo em que os valores dos indivíduos de um grupo moldam a percepção que eles têm da sociedade.
Inconscientemente, as pessoas destacam apenas os dados cienIficos que estão de acordo com os valores que elas já têm.
Isso acontece mesmo entre os que dominam melhor os temas em questão.
Nossas ideias e valores organizam o mundo, são como lentes que nos fazem ver isso e não aquilo; e que nos fazem interpretar as coisas que vemos de uma determinada maneira
Vemos o mundo como nós somos e não como ele é.
“cognição cultural”.
a percepção está mediada pela sociedade na qual se vive: quando nos recusamos a perceber esta mediação da cultura no momento histórico, estamos condenados a
perceber só aparências.
Epistemologia escola de frankfurt Adorno e Horkheimer
Ao formar sua representação de um objeto, o sujeito, de certa forma, o consBtui, o reconstrói em seu sistema cogniBvo, de modo a adequá-‐lo ao
seu sistema de valores,
o qual, por sua vez, depende de sua história e do contexto social e ideológico no qual está inserido.”
“Para Moscovici, sujeito e objeto não são funcionalmente dis1ntos, eles formam um conjunto indissociável.
Isso significa que um objeto não existe por si mesmo, mas apenas em relação a um sujeito (indivíduo ou grupo);
é a relação sujeito-‐objeto que determina o próprio objeto.
As respostas para as
mudanças climá1cas
Ciências naturais
Compreender os fenómenos, gerar Inovações, tais como a implementação de
energias renováveis, medidas de adaptação.
Ciências sociais
Mudanças fundamentais na nossa maneira de viver, uso da terra e da água,
processos de produção, padrões de consumo e demanda de energia.
Desafiar as formas em que os seres humanos pensam e interagem entre si e
com o ambiente.
Os sistemas polí1cos, econômicos e educa1vos se desenvolvem, em parte,
em base ao progresso da ciência.
Condição necessária mas não suficiente.
Já que estes dependem do estado cultural da sociedade. Dilthey
Assim, o progresso social depende de:
Do avanço da ciência
Estado cultural de um povo
conceito de felicidade que guia nossas ações, ao que consumimos, ao Bpo de energia que produzimos e uBlizamos, ao como nos transladamos, o que comemos e, até mesmo, tem relação com a igualdade de direitos e oportunidades desfrutada por mulheres e homens.
Sem educação que colabore na formação de uma nova cidadania não temos chance alguma de contribuir na construção de alterna1vas de solução para a mudança climá1ca.
A influência da a1vidade humana sobre o clima é complexa: diz respeito ao
De que maneira os consumidores de sociedades com diferentes níveis de desenvolvimento podem “passar da palavra para a ação”, em direção a uma cultura de sustentabilidade?
Como são postos em questão nada menos do que os fundamentos de nossa cultura industrial, torna-‐se necessário trabalhar em direção a uma abordagem mais prá1ca.
Goethe-‐Ins1tut Grupo de pesquisa “clima e cultura”
A pesquisa climáBca não será capaz de realizar algo sem o aspecto da formação cultural, pois só ela terá condições de mudar comportamentos e esBlos de vida
projeto KlimaKultur
É um profundo ques1onamento sobre as formas de pensamento sobre o qual a civilização
tem se construído.
A problemá1ca ambiental, mais que uma crise ecológica,
(CAPRA, 1982; MORIN, 1998; LEFF, 2003)
Desenvolver uma área de educação ambiental que colabore na formação
e atualização de professores e pesquisadores de todo o pais;
e a sensibilização de alunos e
comunidades,
fomentando a mudança cultural necessária para promover a construção de uma sociedade
sustentável e o pensamento cienIfico dos alunos.
Desenvolver um espaço de formação e atualização de professores, pesquisadores e alunos através de cursos curtos nas modalidades semipresencial e a distância, relacionados a todas as áreas de pesquisa
do Incline.
Desenvolver um programa de pesquisa em educação para mudança climáBca que desenvolva e implemente uma estratégia para o trabalho
interdisciplinar nas escolas de ensino fundamental e médio.
Construir uma rede nacional de troca de experiências práBcas entre professores de ensino fundamental e médio que facilite o desenvolvimento de aBvidades
nas escolas (trilhas do saber fazer).
Promover o desenvolvimento de campanhas de consumo responsável de energia por parte de escolas
e comunidades.
INCLINE Projeto de Cultura e Educação
são dois processos que se encontram arBculados entre si, formando uma unidade
o ensino propicia
a apropriação da cultura
e, ao mesmo tempo,
o desenvolvimento do pensamento.
É necessária uma reforma completa que reveja a educação, desde as suas bases.
Já não são suficientes
as mudanças superficiais ou cosmé1cas
A verdadeira alterna1va para construir uma sociedade e uma educação melhor passam por mudar a forma como enxergamos :
a nós mesmos, a sociedade, ao mundo, mas também a escola.
Compreender os desafios presentes como uma forma de superar o modelo de vida profundamente irracional que nos envolve.
Já havia sinalado Vygotsky, (1987, p170), que o ensino direto de conceitos prontos para ser empacotados pelos alunos é impossível e pedagogicamente improdu1vo. “O professor que tenta usar essa abordagem não alcança mais do que um aprendizado estúpido de palavras, um verbalismo vazio que es1mula ou imita a presença de conceitos na criança. Nessas condições, a criança aprende não o conceito mas a palavra, que ele capta pela memória, não pelo pensamento”
Isso reflete a crise educa1va do momento, e o esgotamento dos modelos pedagógicos centrados no conteúdo a
ser transmiBdo;
Assim, alcançamos a triste realidade de alunos que depois de 20 anos de educação formal
não aprenderam a pensar, não desenvolveram uma éBca de vida e cidadania, e que uBlizam os conhecimentos técnicos apreendidos na busca de vantagens pessoais de curto prazo; pessoas que foram ensinadas a não se comprometer, a não se responsabilizar
“Terminada a última guerra mundial foi encontrada, num campo de concentração nazista, a seguinte mensagem dirigida aos professores: Prezado Professor, Sou sobrevivente de um campo de concentração. Meus olhos viram o que nenhum homem deveria ver.
Câmaras de gás construídas por engenheiros formados. Crianças envenenadas por médicos diplomados. Recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas. Mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades.
Assim, tenho minhas suspeitas sobre a Educação. Meu pedido é: ajude seus alunos a tornarem-se humanos. Seus esforços nunca deverão produzir monstros treinados ou psicopatas hábeis. Ler, escrever e aritmética só são importantes para fazer nossas crianças mais humanas. As tecnologias são importantes, mas apenas se soubermos utilizá-las. E saber utilizá-las não é apenas um problema técnico” .
Um projeto naturalmente
dialógico, que nasce da contradição
ins1tuído e o ins1tuínte
tradição e a mudança, reprodução e inovação;