UNIVERSIDADE DE SO PAULO FACULDADE DE CINCIAS FARMACUTICAS
Programa de PsGraduao em Frmaco e Medicamentos rea de Produo e Controle Farmacuticos
ESTABILIDADE FSICA E METODOLOGIA ANALTICA PARA FORMULAES FARMACUTICAS CONTENDO
CETOCONAZOL
ANDRIA CRICCO PERARO
Dissertao para obteno do grau de
MESTRE
Orientadora: Profa. Titular Erika Rosa Maria Kedor - Hackmann
SO PAULO 2001
Ficha CatalogrificaElaborada pela DivisA0 de Biblioteca e
Documentao do Conjunto das Qumicas da USP.
Peraro, Andria CriccoP427 e Estabilidade fsica e metodologia anaHtica para formulaes
farmacuticas contendo cetoconazol / Andria CriccoPeraro. -- So Paulo, 2001.
116p.
Dissertao (mestrado) Faculdade de CinciasFarmacuticas da Universidade de So Paulo. Departamentode Farmcia.
Orientador: Kedor-Hackmann, Erika Rosa Maria
1. Medicamento: Controle de qualidade 2. Formulaesfarmacuticas 3. Estabilidade: Medicamento: Anlise farmacuticaI. T. 11. Kedor-Hackmann, Erika Rosa Maria, orientador.
615.19015 CDD
ANDRIA CRICCO PERARO
ESTABILIDADE FSICA E METODOLOGIA ANALTICA PARA FORMULAES FARMACUTICAS CONTENDO
CETOCONAZOL
Comisso Julgadora
Dissertao para obteno do grau de MESTRE
Profa Titular Erika Rosa Maria Kedor Hackmann
Orientadora/ Presidente
Profa Titular Maria Ins Rocha Miritello Santoro
1 Examinador
Profa Dra Magali Benjamin de Arajo
2 Examinador
So Paulo,27 de junho de 2001
O Senhor o meu rochedo, e o meu lugar forte , a minha fortaleza , em quem confio Salmo 18
No basta saber, preciso aplicar. No basta querer, preciso fazer
Goethe
Aos meus avs maternos Paulo Cricco e
Maria Riberti Cricco e paternos Alcino Peraro e
Alcinda Rogatto Peraro pela existncia de meu
melhor presente: meus pais .
profa Dra Magali Benjamin de Arajo , pela amizade
e pelo primeiro grande incentivo para a realizao deste trabalho
AGRADECIMENTOS
Profa Titular Erika Rosa Maria Kedor Hackmann, pela orientao, amizade e
colaborao.
Coordenadoria do Programa de Ps-Graduao em Frmaco e
Medicamentos do Departamento de Farmcia da Faculdade de Cincias
Farmacuticas da Universidade de So Paulo.
Aos meus pais Ademar Peraro e Durvalina Cricco Peraro, pelo amor, incentivo
e fora.
Ao meu irmo Luciano Cricco Peraro, pela amizade, auxlio e incentivo. Ao Adilson Cornlio dos Reis, pelo apoio, incentivo, fora e determinao.
profa Titular Maria Ins Rocha Miritello Santoro, pela amizade, incentivo e
sugestes.
profa Dra Maria Amlia Barata da Silveira pelo apoio e ateno.
s amigas Ftima Cristina Franco e Silva, Fernanda Pereira Ribeiro, Maria Rita
Rodrigues, Roberta Ribeiro Gonalez, pelo apoio, companheirismo e pacincia.
Aos amigos e colegas de graduao Adalberto Tsutsumi, Diogo Teixeira
Carvalho, Flvia Garcia, Irany Mesquita Coelho Moraes, Magda Damares de
Oliveira, Monica Silva Coelho Caracillo, Paula Marie Gardino Timmer, Oswaldo
Miguel Jnior e Roberto Parise Filho, pelo apoio e companheirismo.
Ao amigo e colega Dr Martin Steppe, pelas sugestes, apoio, companheirismo e
colaborao.
Aos colegas do Laboratrio de Controle de Qualidade Fsico- Qumico Adriana
Osrio, Aldo Adolar Maul, Andria Montoro Taborianski, Anil Kumar Singh,
Beatriz Resende Freitas, Daniella Almana G. C. Oliveira, Elizngela Abreu
Dutra, Ixis Ivette Taymes Hidalgo, Maria Gabriela de Arajo, Maria Segunda
Aurora Prado e Njla Mohamed Kassab, pelo auxlio, compreenso, amizade e
colaborao.
Dra Ins de Almeida Gonalves pelos espectros no infravermelho.
funcionria Iria Raimunda da Silva pelo carinho, compreenso e colaborao.
Ao prof.Titular Joo Fernandes Magalhes pelo apoio e incentivo.
s profas Dra Eliane Orsine e Dra Elizabeth Ap. Gianoto pelas correes e
sugestes.
Ao prof Dr Jorge Seferin Martins pelo apoio.
s funcionrias Luzanira Maciel e Regina Maura Rojas, pela colaborao.
s colegas Bianca Fedriz de Carvalho e Celina Y. Motizuki pelo auxlio na
execuo deste trabalho.
Ao colega do Laboratrio de Farmacotcnica Marcelo Guimares, pelo auxlio
no estudo das formulaes.
profa Dra Maria Valria Velasco, pela colaborao e correes.
s funcionrias do Laboratrio de Farmacotcnica Claudinia e Carla, pelo
fornecimento de matrias-primas.
Elizabete C. S. Paiva, secretria do Programa de Ps-Graduao em
Frmaco e Medicamentos, pela ateno e colaborao.
s funcionrias da Biblioteca do Conjunto das Qumicas Adriana de Almeida
Barreiros e Leila Aparecida Bonadio, pela reviso das referncias bibliogrficas.
Aos funcionrios da Secretaria de Ps-Graduao da Faculdade de Cincias
Farmacuticas da Universidade de So Paulo Benedita E. S. Oliveira, Elaine M.
Ychico e Jorge de Lima, pela ateno e colaborao.
Aos Laboratrios ISP, Chemy Union, EMS, pelo fornecimento de matrias-
primas.
Fundao de Amparo Pesquisa de So Paulo ,FAPESP, pelos recursos
financeiros que possibilitaram a realizao deste trabalho.
Ao Senhor(a) assessor(a) da FAPESP pelas sugestes e correes realizadas
durante a execuo deste trabalho.
A todos que direta e indiretamente colaboraram pela realizao deste trabalho.
RESUMO
O cetoconazol um derivado imidazlico com atividade antifngica,
empregado no tratamento de grande variedade de infeces cutneas.
O objetivo deste trabalho foi a padronizao e a validao dos mtodos
analticos empregando-se a espectrofotometria no ultravioleta ( UV ) por
derivada de primeira ordem e a cromatografia lquida de alta eficincia ( CLAE )
para a determinao do cetoconazol em formulaes farmacuticas sob a forma
de creme obtidas no comrcio e formuladas em laboratrio. O estudo da
estabilidade fsica das formulaes obtidas em laboratrio foi realizado aps o
armazenamento sob diferentes condies de tempo, temperatura e umidade.
O mtodo espectrofotomtrico no UV por derivada de primeira ordem foi
padronizado a 257nm , no intervalo de concentrao de 5,0 a 30,0 g/mL em
metanol. O coeficiente de correlao linear foi de 0,9997, o percentual de
recuperao foi de 100,24%. A mdia do desvio padro relativo foi de 0,56%
para a amostra simulada e 0,41% para a amostra comercial.
A determinao de cetoconazol por CLAE foi realizada empregando-se
uma coluna LiChrospher 100 RP- 18 ( 5m ) e fase mvel constituda por uma
mistura de trietilamina em metanol( 1:500 ) e soluo de acetato de amnio em
gua (1:200 ) na proporo de 75 : 25 v/v, com vazo de 1,0 mL/min e
deteco no UV a 225 nm. O terconazol foi utilizado como padro interno. O
coeficiente de correlao linear foi de 0,9981, o percentual de recuperao foi
de 100,88%, a mdia do desvio padro foi de 2,13% para a amostra simulada e
1,25% para a amostra comercial.
A amostra simulada apresentou comportamento pseudoplstico e
tixotropia em decorrncia das medidas reolgicas obtidas experimentalmente.
ABSTRACT
Ketoconazole is an imidazole antifungal agent used in the treatment of
great variety of skin infectious diseases.
The aim of this research was the standardization and the validation of two
analytical methods, first derivative ultraviolet ( UV ) spectrophotometry and
high performance liquid chromatography( HPLC ) to determine ketoconazole in
commercial and simulated cream dosage forms preparations. The validated
methods were used to study the stability of the simulated cream after storage
under high temperatures and high percentage of humidity.
First derivative UV spectrophotometry was standardized at 257 nm, in a
range of concentration from 5.0 to 30.0 g/mL in methanol. The coefficient of
correlation was 0.9997 and the recovery average was 100.24%. The average
relative standard deviation ( RSD ) was 0.56% for simulated preparation and
0.41 % for commercial preparation.
The determination of ketoconazole by HPLC was performed using a
LiChrospher 100 RP-18(5m ) column, a mobile phase consisting of
triethylamine in methanol (1:500) and ammonium acetate solution in water(1:200
) 75:25 ( v/v ), a flow rate of 1.0 mL/min and UV detection at 225nm.
Terconazole was used as internal standard. The coefficient of correlation was
0.9981, the recovery average was 100.88%, the average relative standard
deviation ( RSD ) was 2.13% for the simulated preparations and 1.25% for the
commercial preparations.
The rheological measurements showed that the simulated preparation
presented pseudoplastic and thixotropic behavior.
SUMRIO
1 INTRODUO 2
2 REVISO DA LITERATURA 4
2.1 GENERALIDADES 4
2.2 ANTIFNGICOS 5 2.2.1 Antifngicos derivados dos imidazis 6
2.3 CETOCONAZOL 8 2.3.1 Aspectos gerais 8 2.3.2 Sntese 11 2.3.3 Estereoisomeria do cetoconazol 14 2.3.4 Mtodos de anlise de formulaes contendo cetoconazol 15
2.4 EMULSES 17 2.4.1 Definio 17
2.4.1.1 Componentes da emulso 18 2.4.2 Estudo de estabilidade de emulses 18
2.4.2.1 Reologia 21 2.4.2.2 Tamanho das partculas 22 2.4.2.3 Mtodos qumicos utilizados no estudo da estabilidade 23
3 OBJETIVOS 26
4. MATERIAL E MTODOS 27
4.1 Material 27 4.1.1 Solventes e Solues 27 4.1.2 Frmacos empregados como substncias de referncia 27 4.1.3 Matrias-primas 28 4.1.4 Equipamentos e acessrios 28 4.1.5 Formulaes estudadas 29
4.1.5.2 Obteno do creme com cetoconazol a 2% 35 4.1.6 Amostras 36
4.2 Mtodos 37 4.2.1 Identificao do cetoconazol matria-prima 37
4.2.1.1 Ponto de fuso 37 4.2.1.2 Cromatografia em camada delgada 37 4.2.1.3 Espectroscopia no infra - vermelho 37 4.2.1.4 Estudos Termoanalticos 38
4.2.2 Ensaios espectrofotomtricos preliminares 38 4.2.6 Ensaios cromatogrficos preliminares 39
4.3 Validao da metodologia analtica 40 4.3.1 Padronizao do mtodo espectrofotomtrico 40
4.3.1.1 Construo da curva de calibrao 41
1
4.3.1.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 41 4.3.1.3 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme 42
4.3.2 Padronizao do mtodo cromatogrfico 44 4.3.2.1 Construo da curva de calibrao 45 4.3.2.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 45 4.3.2.3 Determinao do limite de deteco e limite de quantificao 47 4.3.2.4 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme 47
4.4 Estabilidade fsica do cetoconazol em creme 49 4.4.1 Caractersticas organolpticas 50 4.4.2 Anlise de pH 50 4.4.3 Comportamento reolgico 51
5 RESULTADOS 52
5.1 Identificao do cetoconazol matria-prima 52 5.1.1 Ponto de fuso 52 5.1.2 Cromatografia em camada delgada 53 5.1.3 Espectroscopia na regio do infravermelho 54 5.1.4 Estudos Termoanalticos 55 5.1.5 Ensaios preliminares com as diferentes formulaes 56 do creme com cetoconazol a 2% 56
5.6 Validao da metodologia analtica 59 5.6.1 Padronizao do mtodo espectrofotomtrico por derivada de 1 ordem 59
5.6.1.1 Construo da curva de calibrao 59 5.6.1.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 61 5.6.1.3 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme 62
5.6.2 Padronizao do mtodo cromatogrfico 66 5.6.2.1 Construo da curva de calibrao 67 5.6.2.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes 69 5.6.2.3 Determinao dos Limites de Deteco e Quantificao 70 5.6.2.4 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme 70
5.7 Estabilidade fsica do cetoconazol em creme 73 5.7.1 Caractersticas organolpticas 73 5.7.2 Anlise de pH 74 5.7.3 Comportamento reolgico 75
6 DISCUSSO 93
7 CONCLUSES 101
8 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 103
2
1 INTRODUO
O cetoconazol um derivado imidazlico com atividade antifngica. Foi
lanado no Brasil sob a forma de comprimidos, contendo 200 mg de
cetoconazol, creme tpico e xampu na concentrao de 20 mg/g. O
cetoconazol na forma de comprimidos vem sendo substitudo por outros
antifngicos administrados por via oral por apresentar alguns efeitos
colaterais indesejveis, como a hepatotoxicidade 82; 96. O cetoconazol creme
a 2% continua sendo muito utilizado no combate de diversas infeces
cutneas. ainda eficaz no combate dermatite seborrica e vrias
infeces causadas por diferentes espcies de fungos. Recentemente tem
sido usado contra acantomebase disseminada 88; 91. O cetoconazol xampu a
2% muito utilizado no combate caspa 44.
No incio do sculo os medicamentos tinham como origem fontes
magistrais e oficinais e no havia problema com a estabilidade, pois alm do
nmero reduzido de matrias-primas, as frmulas farmacuticas eram
preparadas e imediatamente fornecidas ao paciente o que implicava em
pouco ou nenhum tempo de armazenamento. Aps a 2a Guerra Mundial
muitos frmacos de origem natural foram isolados, suas frmulas qumicas
elucidadas e obtidos por sntese qumica. Novos frmacos foram sendo
sintetizados em nmero cada vez maior resultando em novas formulaes
farmacuticas. O processo da industrializao veio favorecer o arsenal
teraputico, mas trouxe problemas como: mudana na escala de trabalho
acarretando tempo de exposio fatores ambientais, risco de interao
fsica, qumica e microbiolgica. Houve mudanas na comercializao
trazendo problemas com o transporte e armazenamento dos produtos
farmacuticos.
3
A estabilidade de um produto farmacutico fator relevante e crtico,
principalmente em pases de clima variado. Nesse sentido, marcante a
influncia do excipiente, principalmente nos medicamentos de uso tpico 34.
A estabilidade definida como sendo o perodo de tempo em que um
produto mantm sua vida til, preservando as mesmas propriedades e
caractersticas que possua na ocasio de sua fabricao. Dentre os tipos de
estabilidade temos a estabilidade:- qumica, onde cada ingrediente ativo
mantm sua integridade e potncia declarada, entre os limites
especificados;- fsica, em que as propriedades fsicas originais incluindo
aparncia, uniformidade e suspendibilidade so conservadas; -
microbiolgica, na qual a esterilidade ou resistncia ao crescimento
microbiolgico mantida de acordo com os requisitos especificados; -
teraputica, em que deve permanecer inalterada a atividade farmacolgica
do produto e - toxicolgica, onde no pode ocorrer aumento significativo da
toxicidade97.
A degradao de princpios teraputicos durante o armazenamento e
o transporte o maior problema, principalmente em pases de clima tropical.
O prazo de validade, que em pases de clima temperado funciona como uma
maneira adequada de prever degradaes, pode no ser o mesmo nos
pases tropicais, mesmo que o medicamento seja armazenado em materiais
de acondicionamento apropriados 78.
Diante disto, temos que a introduo constante de novos frmacos na
teraputica, com estruturas qumicas das mais variadas, impe o estudo da
estabilidade dos medicamentos visando a garantia de prazos de validade
compatveis com o tempo necessrio para a comercializao e com as
exigncias da legislao.
4
2 REVISO DA LITERATURA
2.1 GENERALIDADES
As micoses so classificadas em superficiais e profundas ou
sistmicas. As micoses superficiais so predominantes e apresentam
distribuio universal. So manifestaes tegumentares causadas por
diferentes espcies e gneros de fungos que possuem em comum o
tropismo para invaso do tegumento cutneo. Caracterizam-se por produzir
leses na pele, mucosa, plos, unhas, dobras periungueais, conduto auditivo
externo zonas cutneo-mucosas, entretanto no invadem os tecidos mais
profundos 24, 26. As micoses profundas ou sistmicas so causadas por
organismos que vivem livremente na natureza ou em materiais orgnicos
em decomposio. Estas infeces esto freqentemente limitadas a certas
reas geogrficas. Podem ser assintomticas, desenvolver sintomatologias
brandas e em alguns casos podem evoluir para doenas graves ou fatais 55.
As micoses superficiais podem ser reunidas em trs grandes grupos:
dermatofitoses, ceratofitoses e candidase04 .
A disseminao de micoses superficiais tem aumentado
significativamente por fatores como: convivncia em certos ambientes
coletivos, reaes climticas(calor, umidade), vesturios(tecidos sintticos,
sapatos apertados) que acumulam o calor e a umidade corporal. Contribuem
tambm para a disseminao destas micoses o emprego, em larga escala,
de contraceptivos orais, antibiticos de amplo espectro de ao e, at
mesmo, o excesso de higiene com o favorecimento de proliferao de
fungos oportunistas 26.
As micoses profundas ou sistmicas so raras, porm seu ndice tem
aumentado nos ltimos anos devido a infeces por fungos oportunistas92.
5
Os fungos so abundantes na natureza, podendo tambm estar
presentes no organismo humano.Espcies de Candida podem estar
presentes na mucosa digestiva, no trato respiratrio e genital. Outros, como
Cryptococcus e Aspergillus podem ser aspirados pelo homem e no causar
doena, devido ao sistema imune celular que o protege 45, 54. Entretanto,
estados subnutricionais, organismos debilitados (aidticos, cancerosos,
diabticos), modificaes fisiolgicas (gravidez), longo tempo de
hospitalizao e, principalmente, avanos mdicos na teraputica
imunossupressora, como a quimioterapia do cncer, ou o tratamento de
transplantados renais, contribuem para aumentar o nmero de pacientes
vulnerveis. Estes estados propiciam o desenvolvimento de infeces por
fungos oportunistas e so causas freqentes de morbidade e de morte 45, 55.
De uma maneira geral, o homem acometido pelas micoses,
independente de sexo, cor e idade. Somente as micoses superficiais so
transmitidas de homem para homem45.
2.2 ANTIFNGICOS
Por muitas dcadas, o desenvolvimento de substncias antimicticas
foi ofuscado pelo grande impulso dado bacteriologia95.
Antes de 1950, no existia tratamento confivel ou seguro para
micoses profundas e a teraputica das micoses superficiais dependia de
preparaes tpicas empricas51.
O tratamento de infeces por fungos iniciou-se com a descoberta
dos antibiticos polinicos representados pela nistatina e anfotericina B51. A
nistatina foi isolada por HAZEN e BROWN36 do Streptomyces noursei em
1949, estando disponvel comercialmente desde 195151. A anfotericina B foi
isolada do fungo Streptomyces nodosus, em 1956, por GOLD e
colaboradores26.
6
Apesar de suas desvantagens, como administrao intravenosa lenta
e efeitos adversos, tais como febre, nuseas e toxicidade renal, a
anfotericina B foi o nico antimictico fidedigno de amplo espectro de ao
at 1970.27;28;51
OXFORD e colaboradores70 isolaram, em 1938 a griseofulvina.
Entretanto sua ao antifngica s se tornou conhecida em 195827;51.
Em 1944, WOOLLEY103 constatou a atividade antifngica e
antibacteriana do benzimidazol. Esta informao foi, no entanto, ignorada,
uma vez que as infeces micticas no eram muito notadas na poca.
Uma nova gerao de substncias antifngicas iniciou-se com
produtos sintticos tais como, a flucitosina, sintetizada por DUSCHINSKY e
colaboradores39 em 1957, disponvel no comrcio desde 1963, e o tolnaftato
que foi preparado por MIYASAKI e colaboradores63 em 1963, cuja ao
antifngica foi estudada em 196851
JERCHEL e colaboradores revisando as observaes de
WOOLLEY103 verificaram, em 1952, que alguns compostos benzimidazlicos
substitudos apresentavam notvel atividade antifngica. Este fato despertou
interesse em outros pesquisadores, iniciando-se, em 1969, com os
derivados imidazlicos, uma nova classe de antimicticos muitos dos quais
vm sendo introduzidos com xito nas ltimas dcadas23.
2.2.1 Antifngicos derivados dos imidazis
Em 1969, houve um grande avano no tratamento de micoses, com a
introduo dos derivados imidazlicos: o clotrimazol, o miconazol, o
econazol e em seguida o isoconazol101.
Estes compostos foram as primeiras substncias com atividade
teraputica contra um grande nmero de leveduras, dermatfitos, fungos
dimrficos e algumas bactrias gram-positivas95.
O cetoconazol foi sintetizado em 1978 e introduzido na teraputica em
1981 por HEERES e colaboradores38. Seu desenvolvimento significou um
avano na quimioterapia antifngica27.
7
Outros avanos na terapia antifngica foram representados pelo
terconazol de uso tpico, fluconazol, de uso oral e parenteral e itraconazol,
de uso oral. A terbinafina, alilamina sintetizada em 1978, utilizada na
teraputica de infeces dermatofticas.
Recentemente surgiu um novo antifngico tpico da classe dos
imidazis, o nitrato de sertaconazol, particularmente ativo contra espcies de
Candida15. Outro derivado imidazlico o voriconazol, que mostrou
melhores resultados contra Candida sp do que a anfotericina B, fluconazol e
itraconazol 09;22.
Recentes pesquisas com outros novos derivados imidazlicos tm
mostrado bons resultados: eberconazol apresenta maior eficcia contra
espcies de Candida e Cryptococcus neoformans, comparando-se com
clotrimazol e cetoconazol 96; o SCH 5659205, mostrou melhor atividade
antifngica in vitro do que o fluconazol, itraconazol e cetoconazol. Outro
imidazlico o AFK-108, tem mostrado melhor atividade antifngica in vitro,
em relao a outros imidazlicos40.
8
2.3 CETOCONAZOL
2.3.1 Aspectos gerais
O cetoconazol um derivado imidazlico com atividade antifngica.
Quimicamente denominado cis-1-acetil-4-{4-[2-(2,4-diclorofenil)-2-
(1H-imidazolil-1-metil)-1,3-dioxilanil-4-metoxi]fenil}piperazina. Sua frmula
molecular C26H28Cl2N4O4 e seu peso molecular 531,4451:
CH3CON N OCH2O
O
CCl
CH2 NN
Cl
Figura 1- Estrutura qumica do cetoconazol
Consta da Farmacopia Americana 24a edio e apresenta-se como
p branco, levemente amarelado, inodoro, facilmente solvel em
diclorometano, solvel em cidos e em metanol, parcialmente solvel em
etanol e praticamente insolvel na gua 06, 11, 98.
No Brasil, o cetoconazol, foi lanado no comrcio sob a forma de
comprimidos, contendo 200mg de cetoconazol, creme tpico contendo
20mg/g e xampu tambm na concentrao de 20mg/g 16, 50.
9
As principais formulaes farmacuticas contendo cetoconazol
comercializadas no Brasil esto relacionadas no quadro abaixo 17, 50:
Quadro 1 - Principais formulaes farmacuticas contendo cetoconazol comercializadas no Brasil
Nome comercial Forma farmacutica Laboratrio
Candiderm creme Ach
Candoral comprimidos Ach
Cetoconazol comprimidos Bergamo
Cetoconazol comprimidos, creme, xampu Neo-Qumica
Cetonax comprimidos, creme, xampu Janssen-Cilag
Cetonil comprimidos, creme, xampu Stiefel
Cetozol comprimidos, creme, xampu Cazi
Ketocon comprimidos Cibran
Ketonan comprimidos, creme, xampu Marjan
Miconan comprimidos, creme, xampu Ativus
Nizoral comprimidos creme, xampu Janssen-Cilag
Noriderm comprimidos, creme EMS
Cetoconazol comprimidos Davidson
Cetoconazol comprimidos Ducto
Cetoconazol Bunker comprimidos creme xampu Bunker
Cetozan comprimido creme xampu Royton
Cetoconazol creme (Medicamento Genrico Lei 9.787/99)
Teuto Brasileiro
Cetoconazol comprimidos Teuto Brasileiro
Cetoconazol comprimidos, creme Green Pharma
Cetoconazol comprimidos, creme, xampu Honorterpica
Fungoral comprimidos, creme, xampu Farmion
Cetoconazol comprimidos, xampu Luper
Arcolan creme Galderma
10
As associaes com cetoconazol mais comercializadas no Brasil so:
Candicort (cetoconazol, betametasona) e Novacort (cetoconazol,
betametasona, sulfato de neomicina) ambas produzidas por Ach
Laboratrios S/A e Cetocort(cetoconazol, betametasona) de Laboratrio
Teuto Brasileiro 16, 17, 50.
O cetoconazol foi o primeiro antifngico ministrado por via oral.
Apresenta amplo espectro de atividade que inclui Candida sp, Cryptococcus
neoformans, Coccidioides immitis, Histoplasma capsulatum, Blastomyces
dermatitides e diversos dermatfitos29. O cetoconazol tambm tem sido
testado em pacientes portadores de cncer de prstata 89.
O cetoconazol creme a 2% tem sido usado topicamente no tratamento
de diversas infeces cutneas.
O cetoconazol um agente fungicida contra Pityrosporum ovale, um
importante fator etiolgico na dermatite seborrica. Diversos estudos clnicos
tm demonstrado a eficcia do tratamento antifngico com cetoconazol
tpico em dermatite seborrica 21, 93 . A eficcia do creme com cetoconazol
equivalente ao cetoconazol de uso sistmico, sem a desvantagem da
hepatotoxicidade, causada pelo uso sistmico repetido 30.
Vrios estudos provaram uma maior eficcia e segurana do
cetoconazol creme a 2% contra dermatite seborrica do que a hidrocortisona
creme a 1%, que tambm usada para essa finalidade 47, 68, 73.
Tinea pedis, Tinea cruris, Tinea corporis so infeces fngicas muito
comuns. So causadas por uma variedade de organismos e mostram uma
resposta muito varivel ao tratamento. Estudos demonstraram que o
cetoconazol creme a 2% tem sido eficaz e seguro no tratamento dessas
infeces . O cetoconazol atua contra as espcies de fungo Trichophyton,
Microsporum e Epidermophyton causadores dessas infeces56.
Para a Tinea pedis, conhecida como p de atleta, nem sempre os
dermatologistas indicam um tratamento tpico, mas estudos provaram que o
cetoconazol creme a 2% muito eficaz contra essa infeco31.
SAVIN e HORWITZ82 estudaram formulaes contendo cetoconazol
creme a 2% e creme placebo e ainda compararam com o cetoconazol usado
11
por via oral contra Tinea versicolor. Os resultados mostraram que o
cetoconazol realmente eficaz quando comparado com seu creme placebo,
e em comparao com cetoconazol via oral tambm mostrou maior eficcia
contra Tinea versicolor. Esses autores verificaram, nesse mesmo trabalho,
atravs de autoradiografia que a penetrao do cetoconazol se restringe ao
estrato crneo e estrato granuloso, no havendo absoro percutnea.
O cetoconazol creme a 2% mostrou maior eficcia quando comparado
com a mesma formulao contendo miconazol72.
Diversos estudos foram feitos para o tratamento eficaz de doenas de
pele de vrias origens e foram conseguidos bons resultados utilizando
combinaes com dipropionato de beclometasona(0,025%),
cetoconazol(2%) e fusidato de sdio(2%)85. Combinaes de fusidato de
sdio, butirato de clobetasona e cetoconazol, foram usadas no tratamento de
superinfeco por fungos e por bactrias 13;18;71.
Outro uso recente do cetoconazol creme a 2% est sendo no combate
a acantomebase disseminada, doena causada por uma ameba da espcie
Acanthomoeba sp, que causa infiltraes na pele podendo levar morte,
atacando principalmente pacientes imunocomprometidos 88;91 .
2.3.2 Sntese A sntese do cetoconazol demonstrada no Esquema 1.
A 2,4 dicloroacetofenona submetida a uma ciclizao com glicerol
na presena do benzeno-1-butanol e do cido p-toluenossulfnico(1), levando formao do produto (2); este pela ao do bromo, transforma-se em cis-2-(2,4-diclorofenil)-2-bromometil-4-hidroximetil-1,3-dioxolano(3), o qual benzoilado com cloreto de benzoila, resultando o cis-2-(2,4-
diclorofenil)-2-bromometil-4-benzoiloximetil-1,3-dioxolano(4). A condensao deste com 1-H-imidazol produz o cis-2-(2,4-diclorofenil)-2-(1-H-imidazol-
1metil)-4-benzoloximetil-1,3-dioxolano(5), o qual, em meio bsico, debenzoilado, dando cis-2-(2,4-diclorofenil)-2-(1H-imidazol-1-metil)-4-
hidroximetil-1,3-dioxolano(6). A reao do (6) com cloreto de metanossulfonila produz o cis-2-(2,4-diclorofenil)-2-(1H-imidazol-1-metil)1,3-
12
dioxolano-4-metilmetanossulfonato(7). Finalmente, este composto condensado com 1-acetil-4-(4-hidrofenil)piperazina, por meio de hidreto de
sdio em benzeno-dimetilssulfxido, produzindo o cis-1-acetil-4-{4-[2-(2,4-
diclorofenil)-2-(1H-imidazolil-1-metil)-1,3-dioxilanil-
4metoxi]fenil}piperazina(cis I) 38.
Esquema 1- Sntese do cetoconazol(cis I)
13
14
2.3.3 Estereoisomeria do cetoconazol O cetoconazol um antifngico com amplo espectro de ao. A base de sua atividade antifngica o bloqueio da converso de lanosterol em
ergosterol, necessrio para manter a integridade da membrana dos
organismos celulares. O ponto especfico da interveno qumica parece
envolver a inibio da enzima do citocromo P-450.
O cetoconazol tem mostrado um efeito inibitrio similar na enzima
correspondente responsvel pela converso de lanosterol em colesterol em
humanos80. Em adio a isso, o cetoconazol tem mostrado inibio em
inmeras outras enzimas do citocromo P-450, envolvendo esteroidogneses
e metabolismo de frmacos. Um exemplo bem conhecido a diminuio de
nveis de andrognios em pacientes masculinos que usam cetoconazol por
um longo perodo. O cetoconazol tambm tem mostrado bloqueio adrenal na
esteroidognese e tem apresentado interferncia no metabolismo da
testosterona08, 47 . Essas propriedades tm levado o cetoconazol a ser
utilizado no tratamento contra o cncer de prstata e a sndrome de
Cushing80 .
Essa variedade de aes do cetoconazol, esto relacionadas com
seus ismeros, pois estes se diferenciam quanto s propriedades
farmacolgicas.
O cetoconazol uma mistura racmica de cis(2S,4R) e cis(2R,4S)
enantimeros. So numerosas as diferentes propriedades farmacolgicas
entre esses estereoismeros.
Os quatro estereoismeros do cetoconazol agem inibindo as enzimas
do citocromo P450. Os ismeros cis(2S,4R) e (2R,4S) so mais potentes
inibidores da 14-dimetilase do lanosterol de mamferos do que os
diasteroismeros trans (2R,4R) e (2S,4S), por isso os ismeros cis possuem
atividade antifngica superior. O ismero cis(2S,4R) trs vezes mais
potente que seu similar cis (2R,4S)80
Diversos estudos buscam a sntese dos 4 estereoismeros do
cetoconazol, para a obteno de compostos mais puros08, 80 .
15
2.3.4 Mtodos de anlise de formulaes contendo cetoconazol Para comprimidos contendo cetoconazol, ABOUNASSIF e EL-SHAZLY01, sugeriram o uso de duas tcnicas rpidas e quantitativas. A
primeira foi uma titulao potenciomtrica em meio no-aquoso, onde o
ponto de equivalncia foi detectado graficamente por potenciometria
diferencial. A segunda tcnica foi a ressonncia nuclear magntica,
envolvendo a integrao dos sinais de prton do grupo metila do
cetoconazol, usando benzocana como padro interno.
DAS14 props para anlise de cremes e pomadas contendo
cetoconazol, uma rpida identificao e quantificao atravs da
cromatografia em camada delgada e densitometria. O cetoconazol foi
separado dos excipientes utilizando uma mistura de propores iguais de
clorofrmio e lcool isoproplico. Em seguida foi aplicado em placa de slica
gel F254, utilizando como fase mvel n-hexano : clorofrmio : metanol :
dietilamina(50:40:10:1) e quantificado por densitometria.
A espectrofluorimetria foi o mtodo de anlise para xampu utilizado
por EL-BAYOUMI e colaboradores20. Usou-se um gel-xampu com
cetoconazol a 2%.
Para a anlise de cremes e comprimidos contendo cetoconazol, foi
proposto por EL-SHABOURI e colaboradores19, a espectrofotometria,
baseada na formao de complexo de carga de transferncia. Esse
complexo foi formado pelo frmaco(cetoconazol) como doador de eltrons e
o iodo como receptor. O mtodo apresentou rapidez, simplicidade e
sensibilidade.
SADEGHII e SHAMSIPUR81 , sugeriram a extrao do cetoconazol
contido em creme e comprimido, utilizando uma mistura de 1:1 de um
complexo formado por cido pcrico em pH 2,5 e clorofrmio, e analisados
por espectrofotometria em 410nm.
A Farmacopia Americana 24a edio98, preconiza para comprimidos
a cromatografia lquida de alta eficincia, utilizando como fase mvel uma
mistura de diisopropilamina em metanol 1:500/soluo de acetato de amnio
16
em gua 1:200 na proporo de 7:3, coluna C-18 de 30cm x 3,9 mm e
detector UV a 225nm.
HACKMANN e colaboradores 48, 67, propuseram para a anlise de
cetoconazol em comprimido e creme , a espectrofometria direta no
ultravioleta, usando como solvente o cido clordrico 0,01mol/L e leitura em
222 e 269nm; no mesmo trabalho foi proposta a cromatografia liquida de alta
eficincia(CLAE), utilizando como fase mvel uma mistura de
diisopropilamina em metanol 1:500/ soluo de acetato de amnio em gua
1:200 na proporo a 8:2 e coluna LiChrospher 100RP-18(5m) Merck
medindo 12,5 cm x 4mm, detector a 225nm e terconazol como padro
interno.
LOW e WANGBOONSKUL 57 descreveram um mtodo para anlise
de cetoconazol comprimido, creme e xampu, utilizando a CLAE. Os autores
utilizaram uma coluna de octadecilslica medindo 200 x 4,6 mm. A fase
mvel foi constituda por acetonitrila 60% e ortofosfato dissdico
hidrogenado a 20 mM e 0,2% de dietilamina v/v, em pH 4,0., vazo de 1,5
mL/min e detector UV a 232nm
ARRANZ e colaboradores03 pesquisaram recentemente uma nova
metodologia de anlise para o cetoconazol, aplicando a eletroforese capilar,
uma tcnica moderna e que apresenta vantagens em comparao com
outros mtodos, como a alta eficincia em separaes, curto tempo de
anlise, uso de pequenos volumes de amostras e reagentes, alta
versatilidade e completa automao. Nesse trabalho os autores conseguiram
atravs da eletroforese capilar, a separao de uma mistura contendo
cetoconazol, econazol e clotrimazol. Essa tcnica tambm foi utilizada para
a anlise de medicamentos que contm esses antifngicos separadamente,
obtendo-se bons resultados, podendo essa tcnica ser utilizada no controle
de qualidade de amostras que contenham esses antifngicos.
17
2.4 EMULSES 2.4.1 Definio
Emulses so preparaes farmacuticas obtidas pela disperso de
duas fases lquidas imiscveis ou praticamente imiscveis.74
As emulses so o tipo mais comum de sistemas de liberao usados
em produtos cosmticos. Elas permitem que ampla gama de ingredientes
sejam liberados de maneira rpida e conveniente nos cabelos e na pele. Os
tipos de emulses usados so normalmente materiais semi-slidos formados
por uma poro aquosa(hidrfila) e uma poro oleosa(lipoflica). Essas
duas pores constituem as fases interna e externa da emulso. A fase
interna composta pelos materiais que formam as minsculas partculas
dispersas(ou emulsificadas). Normalmente, a fase externa(tambm chamada
de fase contnua) a mais abundante das duas.84
Emulso O/A e A/O: a mais tpica das emulses aquela na qual o
leo est disperso na gua. Compreensivelmente, ela chamada de
emulso leo-em-gua(O/A). Um outro tipo de emulso simples a emulso
gua-em-leo(A/O), na qual a gua torna-se emulsificada. Se uma emulso
do tipo O/A ou A/O depende de vrios fatores, entre os quais a
concentrao de cada um dos materiais no sistema, o tipo de emulsificante e
a tcnica empregada no processamento de criao da emulso.
Emulses mltiplas: alm da emulso simples, de duas fases,
podem ser desenvolvidos sistemas mais complexos. Essas emulses podem
ter vrias fases internas e so conhecidas como emulses mltiplas. So
verdadeiras emulses dentro de emulses. Por exemplo, a gua pode ser
dispersa num leo que, posteriormente, disperso numa outra fase aquosa.
Essa a chamada emulso gua/leo/gua(A/O/A). Outras emulses
mltiplas podem apresentar mais trs, quatro ou mais fases internas.
18
2.4.1.1 Componentes da emulso Fase oleosa: esta fase formada por compostos no polares,
tipicamente incompatveis com a gua. Entre tais compostos podemos citar
gorduras, leos e cra e todos os seus derivados, inclusive alcois graxos,
cidos graxos, steres, hidrocarbonetos, glicerdeos e silicones.
Fase aquosa: esta parte da emulso formada pela gua e demais materiais hidrfilos do sistema. Podem ser materiais umectantes, como
glicerina ou propilenoglicol, polmeros hidrossolveis que do espessamento
ou do condicionamento, conservantes, corantes,eletrlitos ou ingredientes
caractersticos, como extratos vegetais ou protenas hidrolisadas.
Emulsificantes: so os compostos que possibilitam a emulsificao,
estabilizando a disperso da fase interna na fase contnua. So tensoativos
que reduzem a tenso superficial entre as fases. Os emulsificantes tpicos
so molculas com uma poro hidrfila e uma poro lipoflica. So
classificados como aninicos, catinicos, no-inicos ou anfteros,
dependendo da natureza de seu principal grupo hidrossolvel. Ao serem
colocados na gua, os emulsificantes tm a tendncia de alinhar-se de modo
a minimizar a interao entre suas extremidades hidrfilas e lipfilas.
Havendo quantidade suficiente de emulsificante, podem formar-se estruturas
esfricas chamadas micelas. Essas estruturas so agregados nos quais as
caudas lipoflicas orientam-se para o centro da micela e as cabeas
hidroflicas formam a superfcie externa.84 As emulses so usadas oralmente, parenteralmente e
topicamente(cremes,por exemplo)07.
2.4.2 Estudo de estabilidade de emulses
Os sistemas emulsificados leo em gua ou gua em leo so
considerados termodinamicamente instveis79 . O uso do agente
emulsificante indispensvel para a formao da emulso, pois exibe a
19
habililidade de baixar a tenso superficial da gua ou de reduzir a tenso
interfacial entre duas substncias imiscveis 102 .
As preparaes farmacuticas e cosmticas so planejadas seguindo
as orientaes tcnicas e bsicas de boas normas de fabricao e devem
permanecer estveis por vrios meses aps a sua produo, mesmo quando
sujeitas s mais variadas espcies de agresses do meio ambiente, como
por exemplo: luz(radiaes ultravioleta, visvel e infravermelho), altas e
baixas temperaturas, oxignio do ar, estresse mecnico em funo do
transporte, reaes qumicas e contaminao microbiana 10, 42, 76, 77, 79.
A emulso dever manter suas caractersticas originais de forma
aceitvel por um perodo finito, o qual normalmente denominado prazo de
validade 10, 42, 49, 76, 77, 79.
O estudo da estabilidade tem por objetivo prever se o produto
suportar as condies adversas do ambiente por determinado tempo, em
condies normais de armazenamento.Para isso, procede-se ao teste de
envelhecimento acelerado do produto. Este teste poder fornecer
antecipadamente uma indicao dos problemas, que podero ocorrer nas
formulaes e dizer se o produto ou no estvel 10, 42, 49, 64, 69, 76, 77, 79.
Dentre os fatores que afetam o tempo de vida e merecem ateno
especial num planejamento do estudo de estabilidade envolvendo emulses,
destacam-se a temperatura, luz, umidade, efeitos mecnicos, tamanho das
partculas, comportamento reolgico e eficcia de conservantes 46, 77, 102 . Os estudos sobre a desestabilizao das emulses mostraram que existem quatro mecanismos principais que so a cremagem ou cremeao,
a floculao, a coalescncia e a inverso. Esses mecanismos, embora
explicados separadamente, ocorrem simultaneamente na emulso.
Cremagem: as gotculas em uma emulso possuem diferentes
densidades e esto, portanto, propensas a passar por um processo de
desestabilizao conhecido como cremagem. Trata-se de um processo
segundo o qual as partculas menos densas tendem a ir para o topo. A
emulso fica com duas sees, uma delas tendo maior quantidade da fase
20
interna e outra com maior quantidade da fase externa. A formao da
cremagem representa um problema pouco grave para a estabilidade porque
nenhuma das partculas realmente se combina. Esse fenmeno pode ser
revertido por agitao.
Floculao: durante este processo as gotculas da fase interna
formam uma associao fraca e reversvel. O fenmeno tipicamente
causado por uma carga inadequada sobre as micelas, o que reduz a fora
de repulso entre elas. As duas partculas permanecem distintas e no h
alterao nas dimenses. Isso pode ser demonstrado por meio de duas
bolas de bilhar e fazendo-as tocar uma na outra. Enquanto elas se tocam,
forma-se uma associao. No entanto, essa associao pode ser facilmente
rompida pela remoo de uma das bolas. Da mesma forma a floculao em
uma emulso pode ser revertida por meio da agitao do sistema. Por esse
motivo, a floculao um problema de pouca gravidade para a estabilidade
da emulso.
Coalescncia: quando duas gotculas da fase interna se aproximam
o suficiente, elas se unem para formar uma gotcula maior. Esse processo
representa um problema srio para a estabilidade, por ser irreversvel.
Quando um nmero grande de partculas coalesce, o resultado uma
separao completa das duas fases. Existe um fenmeno semelhante
chamado amadurecimento Ostwald segundo o qual as partculas da fase
interna tendem a combinar-se em dimenses iguais. Ele tambm pode levar
separao das fases.
Inverso: a separao uma das conseqncias do processo de
desestabilizao da emulso e a inverso de fase outra conseqncia.
Quando ocorre a inverso de fase, a fase externa torna-se fase interna e
vice-versa. Uma alterao dessas normalmente indesejvel porque as
caractersticas fsicas da emulso resultante sero diferentes da original. A
inverso e a separao de fases promovem a inutilizao de uma emulso.
21
medida em que as emulses se tornam instveis, sua composio
fsico-qumica pode variar. Podem-se usar diferentes mtodos para
determinar o grau de desestabilizao. O mtodo mais simples o da
observao direta, e verificaes de viscosidade e de pH. Outros mtodos
mais sofisticados envolvem tcnicas de disperso de luz, medio de
condutividade, avaliao microscpica e at ressonncia magntica
nuclear(RMN).64, 69, 84 As caractersticas reolgicas observadas no estudo da estabilidade
fsica das emulses so viscosidade da fase interna, viscosidade da fase
externa, proporo fase-volume, emulsificantes usados e sua quantia,
efeitos eletroviscosos, distribuio das partculas. Outros testes realizados
so aparncia e velocidade de sedimentao07.
As razes que podem levar a disperso e coalescncia so a
incompatibilidade qumica entre emulsificante e outro componente, a escolha
imprpria do tensoativo, a alta concentrao de eletrlitos, a baixa
viscosidade e a temperatura07.
2.4.2.1 Reologia
A reologia estuda as condies de fluidez e de deformao da
matria, que so influenciados por foras externas. O comportamento
reolgico do material pode ser medido como resultado dessas foras. Esse
estudo envolve a determinao de caractersticas complexas das
substncias, como a viscosidade, a consistncia, a plasticidade e a
elasticidade. A viscosidade definida como a resistncia para o fluxo e
medida pela proporo da fora de cisalhamento(fora aplicada) e pelo
gradiente de velocidade(movimento). Se o gradiente muda durante a
aplicao, a mudana da fora pode ser descrita por uma curva de fluxo em
funo do aumento ou diminuio do gradiente de velocidade. Dividindo-se a
fora de cisalhamento pelo gradiente de velocidade, para cada ponto,
resultar a curva de viscosidade 53;66;86
A consistncia a propriedade apresentada pelos corpos de
resistirem s deformaes permanentes que uma dada carga tende a
22
provocar-lhe. No caso dos corpos fludos(gases ou lquidos newtonianos)
esta resistncia deformao depende da viscosidade do fluido, grandeza
fsica e mensurvel. Considerando o oposto destas condies tem-se os
corpos slidos, cuja resistncia deformao s pode ser avaliada
empiricamente pela dureza. Tem-se tambm os lquidos no-newtonianos e
os corpos semi-slidos, como as emulses. A consistncia desse tipo de
material deriva da soma e da interferncia de fatores como as foras de adeso e de coeso, elasticidade, viscosidade, tixotropia e estrutura
micelar.76
Os lquidos no-newtonianos e os corpos semi-slidos podem
classificar-se quanto s suas propriedades reolgicas em trs grupos
fundamentais, estabelecidos de acordo com o tipo de escoamento que
apresentam quando submetidos a uma fora externa: plsticos,
pseudoplsticos e dilatantes76.
As emulses so consideradas lquidos no-newtonianos, pois no
seguem a lei de Newton de fluidos viscosos, ou seja, no mostram
proporcionalidade direta entre fora de cisalhamento e gradiente de
velocidade. Nesse caso, a viscosidade varia em funo de gradiente de
velocidade 53, 62, 90. Tambm so consideradas pseudoplsticas, pois
mostram uma diminuio na viscosidade quando o gradiente de velocidade
aumenta 99, 100 .
A tixotropia a capacidade de um sistema em apresentar baixa
viscosidade quando sofre cisalhamento e a capacidade de recuperar sua
estrutura aps determinado perodo de tempo66.
2.4.2.2 Tamanho das partculas As partculas que compem a fase interna da emulso so
polidispersas(isto , apresentam dimenses variveis), e suas dimenses
mdias que so usadas na classificao da emulso. Por exemplo, se seu
dimetro mdio for menor do que 100 ela passa a ser referida como
emulso micelar. Com o dimetro de partculas cuja mdia esteja situada
entre 100-2000 a emulso passa a ser chamada de microemulso.
23
Partculas com dimetro mdio maior formam uma macroemulso, que o
tipo mais comum utilizado na formao de produtos cosmticos84.
Dentre os mtodos para avaliar a estabilidade de emulses, est o
exame microscpico, que determina o tamanho, a forma e a distribuio das
gotculas da fase dispersa das emulses.
A distribuio irregular do tamanho e a agregao de partculas, so
sinais de alerta quando se avalia o comportamento de um dado sistema em
funo de seu agente emulsificante 99,102. Conseqentemente, deve-se optar
pelas emulses que forneam gotculas menores, quando tratadas em
condies semelhantes, visto que estas tornam-se mais estveis quanto
menores e mais uniformes forem o tamanho de suas partculas 49 .
A distribuio do tamanho de partculas determina a estabilidade ou
instabilidade da emulso, em funo do aumento do tamanho das partculas,
desde que estejam dentro dos padres especificados pela literatura de 0,5
10 m 25 .
2.4.2.3 Mtodos qumicos utilizados no estudo da estabilidade
A instabilidade das emulses tambm pode ser resultado da
instabilidade qumica (principalmente hidrlise de tensoativos), destruio
microbiana de um componente crtico da emulso, ou por processos
fotoqumicos.79
Os ensaios qumicos devem estabelecer se as substncias contidas
nas amostras, conservadas em condies adequadas, permanecem
inalteradas ou se parcial ou totalmente alteradas. Para isso necessrio
identificar a substncia e verificar se no h formao de produtos que
inicialmente no existiam; em seguida necessrio a determinao
quantitativa das substncias em ensaio e, se possvel, seus produtos de
alterao. Uma tcnica insubstituvel para identificao completa das
substncias inalteradas e de seus possveis produtos de alterao a
cromatografia em camada delgada. Os mtodos de anlises quantitativas
devem ser, por sua vez muito especficos de maneira a poderem distinguir
entre frmaco inalterado e produto de degradao: um mtodo que no
24
garante esta diferenciao no serve para estabelecer se um medicamento
estvel. Mtodos de anlise especficos podem ser conseguidos
empregando-se tcnicas como cromatografia em papel ou coluna,
cromatografia preparativa em camada delgada, cromatografia gasosa,
cromatografia lquida de alta eficincia, espectrofotometria no ultravioleta,
espectroscopia no infravermelho e ressonncia magntica nuclear 12.
sempre recomendvel, antes de se tirar concluses sobre a
estabilidade fornecida pelos dados experimentais de laboratrio, determinar-
se a preciso dos mtodos atravs da estatstica. Diversos fatores podem
alterar a estabilidade de um produto farmacutico. Cada componente quer
terapeuticamente ativo ou inativo, pode afetar a estabilidade. Outros fatores,
chamados extrnsecos como a temperatura, luz, ar (especificamente o
oxignio, dixido de carbono e vapores de gua), umidade, local de
acondicionamento tambm alteram a estabilidade. H tambm os fatores
intrnsecos como: incompatibilidade, pH, hidrlise, racemizao e
oxidao61,97.
O controle da estabilidade pode ser feito atravs de estudos
preliminares e acelerados. De acordo com a resoluo GMC 53/96 do
Mercosul 41, 65 o programa de estudo de estabilidade deve levar em
considerao o mercado para o qual est destinado o produto e as zonas
climticas em que ser utilizado. O Brasil se enquadra na zona climtica
IV32, 33, 41 que definida como quente e mida, portanto as condies de
armazenamento so 30C- 70% de Umidade Relativa(UR) para estudos
preliminares e para estudos acelerados as condies foradas de
armazenamento so 40C-75% UR para 6 meses ou 50C-90% de UR para
3 meses. O estudo preliminar da estabilidade pode ser realizado a partir de
uma exposio, por breve tempo, em condies drsticas como:
autoclavao sucessiva, alta temperatura, luz solar direta, uso de agentes
oxidantes e redutores, umidade e centrifugao. Todos esses ensaios
devero ser feitos com produtos do mesmo lote ou lotes diversos, mas com
substncias obtidas pelo mesmo processo de sntese. Esses ensaios podem
dar informaes sobre a vida mdia e possveis alteraes, permitindo a
25
seleo de melhores formulaes. No entanto, o estudo acelerado da
estabilidade deve ser baseado em: seleo de ensaios de envelhecimento,
de acordo com a forma farmacutica em exame; subdiviso das amostras
em material de acondicionamento de diversos tipos para selecionar o mais
adequado; esquema de verificao bem definido e o mais especfico
possvel, para conseguir em tempo mais breve e de forma mais segura, a
coleta de dados essenciais para avaliao da forma em exame 34, 35, 37 . O
objetivo do estudo acelerado verificar a necessidade de aumentar a dose
do princpio ativo e determinar o prazo de validade da substncia
analisada37, 97.
26
3 OBJETIVOS
-Seleo de mtodos analticos para a determinao do cetoconazol
em formulaes farmacuticas sob a forma de creme obtidas no comrcio e
simuladas em laboratrio;
-Validao e padronizao da metodologia analtica
espectrofotometria derivada no ultravioleta, utilizada para a determinao do
cetooconazol em creme;
--Validao e padronizao da metodologia analtica cromatografia
lquida de alta eficincia, tambm utilizada para a determinao do
cetooconazol em creme;
-Estudo de estabilidade acelerada de formulaes farmacuticas
creme contendo cetoconazol;
-Estudo da estabilidade fsica do cetoconazol em preparaes
farmacuticas creme obtidas em laboratrio, sob diferentes condies de
armazenamento.
-Estudos reolgicos das amostras de creme obtidas em laboratrio e
armazenadas sob diferentes condies de temperatura e umidade em
tempos determinados.
27
4. MATERIAL E MTODOS
4.1 Material
Todos os reagentes utilizados foram de grau analtico e as matrias-
primas de grau farmacutico.
4.1.1 Solventes e solues
-acetato de amnio(Merck)
-acetato de etila(Merck)
-acetato de sdio(Merck)
-cido actico glacial(Merck)
-cido clordrico(Merck)
-clorofrmio(Merck)
-diisopropilamina(Merck)
-etanol 96%(Merck)
-metanol para cromatografia(Merck)
-n-hexano(Merck)
-trietilamina(Merck)
4.1.2 Frmacos empregados como substncias de referncia
-cetoconazol padro (United States Pharmacopeia)
- terconazol matria-prima(Janssen-Cilag)
28
4.1.3 Matrias-primas -Butilidroxitolueno B.H.T.(Galena)
-Cetiol V oleato de decila(Galena)
-Cetoconazol (Americhem-Laboratrios Prieto S/A(Panam-Panam)) teor : 99,73%
-Cetoconazol (Laboratrios Ach) teor : 100,92%
-Cetoconazol (Laboratrios EMS) teor : 99,5%
-Chemynol I imidazolidiniluria(Chemy Union)
-EDTA (Merck)
-Germal II diazolidiniluria(ISP do Brasil)
-Isocil PC metilcloroisotiazolinona e metilisoclorotiazolinona(Chemy
Union)
-Lanette Nlcool cetoestearlico; cetoestearilsulfato de sdio(Galena)
-Merguard 1200 metilbromoglutaronitrila e fenoxietanol (Calgon-
Galena)
-Nipagin metilparabeno(Galena)
-Nipazol propilparabeno(Galena)
-Polawax cera autoemulsionante(Galena)
-Propilenoglicol(Galena)
-Vaselina liquida(Galena)
4.1.4 Equipamentos e acessrios
-Agitador mecnico com hlice adaptvel- tica
-Balana analtica- OHAUS
-Balana eletrnica BG 200 GEHAKA
-Banho ultrasnico Thornton T14
-Clula DSC50 acoplada com acessrio para resfriamento
automtico(LTC50) IQ-USP
-Coluna cromatogrfica Merck LiChrospher 100RP 18(5m)
-Cromatgrafo lquido modelo CG 480, munido de injetor de loop fixo
de 20L
29
-Detector ultravioleta, modelo CG 435
-Espectrofotmetro infravermelho Bomem, com transformador de
Fourier
-Espectrofotmetro UV/Visvel Beckmann-DU srie70, acoplado a
computador e impressora, com cubeta de quartzo de 1cm de caminho tico
-Estufa tica regulada a 40C
-Estufa Fanem regulada a 50C
-Integrador modelo CG-200
-Manta aquecedora
-Medidor de ponto de fuso (Melting Point SMP1 Stuart Scientific)
-Membrana Millipore
-Milli Q Plus Milipore obteno de gua
-Placas de slica gel 60 F 254(Merck)
-pHmetro DM 21 Digimed TE 901
-Potes de plstico de poliestireno capacidade de 30 g
-Potes de vidro tipo III capacidade de 30 g
-Refrigerador Tropical Peabody, mantido a 10C
-Termobalana Shimadzu modelo TGA-50 IQ-USP
-Termo-higrmetro
-Viscosmetro rotacional Brookfield RVT com dispositivo
para pequenas amostras Spindle SC4-29
4.1.5 Formulaes estudadas As formulaes do creme base 58, 59 para incorporar cetoconazol a 2% preparadas em laboratrio e submetidas a estudos preliminares, foram as
seguintes:
30
Formulao 1
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante
gua destilada q.s.p. 100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p
Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante
no inica
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
Nipazol 0,05 Propilparabeno Conservante
Formulao 2
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 3,00 Propilenoglicol Umectante
Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante
gua destilada q.s.p. 100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Polawax 20,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante
no inica
Vaselina lquida 2,00 Vaselina lquida Emoliente
Nipazol 0,05 Propilparabeno Conservante
Fase C %p/p cido ctrico 4,00 cido ctrico Solubilizante
Trietanolamina 5,00 Trietanolamina Neutralizante de pH
31
Formulao 3
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante
EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante
no inica
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
Nipazol 0,02 Propilparabeno Conservante
B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante
Fase C %p/p Merguard 1200 0,30 Metildibromoglutaronitril e
fenoxietanol
Conservante
Formulao 4
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante
EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Lanette N 15,00 Disperso coloidal de
alcois graxos e sulfato de
cetil-estearila
Base auto-emulsionante
Cetiol V 3,00 Oleato de decila Emoliente
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
Nipazol 0,02 Propilparabeno Conservante
B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante
32
Formulao 5
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante
no inica
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante
Fase C %p/p Merguard 1200 0,30 Metildibromoglutaronitril e
fenoxietanol
Conservante
Formulao 6
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante
no inica
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante
Fase C %p/p Chemynol I 0,50 Imidazolidiniluria Conservante
33
Formulao 7
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante
no inica
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante
Fase C %p/p Germal II 0,50 Diazolidiniluria Conservante
Formulao 8
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
EDTA 0,20 EDTA dissdico Quelante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante
no inica
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante
Fase C %p/p
Chemynol I 0,50 Imidazolidiniluria Conservante
Isocil PC 0,05 Mistura de isotiazolinonas Conservante
34
Formulao 4A
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Lanette N 15,00 Disperso coloidal de
alcois graxos e sulfato de
cetil-estearila
Base auto-emulsionante
Cetiol V 3,00 Oleato de decila Emoliente
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
B.H.T. 0,05 Butilidroxitolueno Antioxidante
Formulao 4B
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
Nipagin 0,15 Metilparabeno Conservante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Lanette N 15,00 Disperso coloidal de
alcois graxos e sulfato de
cetilestearila
Base auto-emulsionante
Cetiol V 3,00 Oleato de decila Emoliente
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
Nipazol 0,02 Propilparabeno Conservante
35
Formulao 4C
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Lanette N 15,00 Disperso coloidal de
alcois graxos e sulfato de
cetilestearila
Base auto-emulsionante
Cetiol V 3,00 Oleato de decila Emoliente
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
As fases A e B foram aquecidas em manta aquecedora temperatura
de 70C. A fase aquosa(A) foi vertida sobre a oleosa(B) sob constante
agitao, com o auxlio de um agitador mecnico com hlice, at atingir
consistncia. Os componentes da fase C, juntamente com o cetoconazol
foram adicionados a uma temperatura em torno de 45C.
4.1.5.2 Obteno do creme com cetoconazol a 2% Em um gral de porcelana triturou-se at p fino o cetoconazol,
exatamente pesado, a fim de se obter concentrao de 2%, e adicionou-se
uma pequena quantidade de propilenoglicol para solubiliz-lo. Acrescentou-
se aos poucos o creme base ao gral contendo cetoconazol e misturou-se
para obter uma formulao homognea.
Na Formulao 2 foi usado o cido ctrico para solubilizar o cetoconazol, e trietanolamina para corrigir o pH.
Todas as formulaes foram acondicionadas em frascos de plstico e
de vidro com capacidade de 30g e submetidas a estudos preliminares em
diferentes condies de armazenamento.
36
4.1.6 Amostras A formulao que se mostrou mais adequada para os estudos de
estabilidade e seleo de mtodos de anlise foi a Formulao 6(amostra simulada): Formulao 6
Nome comercial Nome qumico Funo
Fase aquosa(A) %p/p
Propilenoglicol 5,00 Propilenoglicol Umectante
EDTA dissdico 0,20 EDTA dissdico Quelante
gua destilada q.s.p.100,0 Veculo
Fase oleosa(B) %p/p Polawax 15,00 Cera auto-emulsionante Cera auto-emulsionante
no inica
Vaselina lquida 5,00 Vaselina lquida Emoliente
B.H.T. 0,05 Butil hidrxitolueno Antioxidante
Fase C %p/p Chemynol I 0,50 Imidazolidiniluria Conservante
Cetoconazol 2,00 Cetoconazol Antifngico
Dentre as vrias amostras de creme com cetoconazol que so
comercializadas no Brasil, a amostra utilizada foi o creme com cetoconazol a
2% do Laboratrio Teuto(Medicamento Genrico Lei 9.787/99):
Cetoconazol.............................................................................................20 mg
Excipiente( Metilparabeno, propilbarabeno, lcool etlico, EDTA dissdico,
Polawax , polissorbato 80, propilenoglicol) q.s.p. ......................................1 g
37
4.2 Mtodos 4.2.1 Identificao do cetoconazol matria-prima
A identificao do cetoconazol matria-prima foi realizada de acordo
com as monografias encontradas nas Farmacopias Americana98 e
Britnica06. Para o ensaio de identificao da matria-prima cetoconazol em
cromatografia em camada delgada foram utilizadas as amostras de trs
diferentes laboratrios( Ach, Americhem, EMS )e nos demais ensaios
utilizou-se a matria prima cetoconazol do laboratrio Americhem.
4.2.1.1 Ponto de fuso
Foi determinado o ponto de fuso da amostra de cetoconazol
utilizando o aparelho Melting Point SMP1 Stuart Scientific.
4.2.1.2 Cromatografia em camada delgada
Para a identificao atravs da cromatografia em camada delgada
foram preparadas solues de amostras de cetoconazol matria prima de
trs laboratrios diferentes na concentrao de 10mg/mL em clorofrmio e
aplicadas em cromatoplacas em vidro 20 X 20 cm recobertas com Silica gel
60 F254 Merck e comparadas com uma aplicao do cetoconazol padro,
tambm na concentrao de 10mg/mL. A fase mvel utilizada foi composta
pela mistura de n-hexano: acetato de etila: metanol: gua: cido actico
glacial( 27: 40: 30: 2: 1) . Para a revelao das manchas foi utilizado vapor
de iodo 97, 98 .
4.2.1.3 Espectroscopia no infravermelho
A amostra foi identificada por espectroscopia na regio do
infravermelho(IV). Primeiramente foi transformada em pastilha de KBr, e
38
determinada de acordo com as recomendaes da literatura11. O espectro
obtido foi comparado com um espectro relatado na literatura.
4.2.1.4 Estudos termoanalticos Calorimetria exploratria diferencial (DSC)
Condies experimentais: cadinho de alumnio(parcialmente
fechado), massa de amostra em torno de 1,9mg, atmosfera de
nitrognio(50mL/min), programao de aquecimento desde temperatura
ambiente at 600C, razo de aquecimento de 10C/min.
Termogravimetria (TG)
- calibrao do instrumento com padro de oxalato de clcio.
- condies experimentais: cadinho de platina, massa de amostra
em torno de 4,5 a 5 mg, atmosfera dinmica de
nitrognio(50mL/min), programao de aquecimento desde
temperatura ambiente at 900C, razo de aquecimento de
10C/min. 4.2.2 Ensaios espectrofotomtricos preliminares Para a anlise do cetoconazol matria-prima e do cetoconazol creme
a 2% por espectrofotometria no UV, foram obedecidas as seguintes
condies experimentais: velocidade de 300nm/min, limite de absorbncia
de 0,000 a 1,000; cubeta de quartzo de 1 cm de espessura.
Os parmetros utilizados para a anlise do cetoconazol matria-prima
foram os seguintes:
- solvente metanol ; concentrao de 25g/mL de cetoconazol
matria-prima; comprimento de onda mximo( max) 244 nm;
39
- solvente metanol ; concentrao de 220g/mL de cetoconazol
matria-prima; max de 296 nm;
- solvente cido clordrico 0,01 mol/L; concentrao de 270g/mL de
cetoconazol matria-prima; max 269nm.
Todas essas anlises foram efetuadas por espectrofometria direta no
UV e por espectrofometria derivada no UV.
As amostras de cetoconazol creme a 2% foram analisadas seguindo
os parmetros abaixo:
- solvente cido clordrico 0,01 mol/L; concentrao 200g/mL de
cetoconazol ; max 269nm espectrofotometria direta no UV;
max 218,5nm espectrofotometria derivada no UV;
- solvente cido clordrico 0,01 mol/L; concentrao 200g/mL de
cetoconazol ; max 269nm espectrofotometria direta no UV;
concentrao 25g/mL; max 218,5nm espectrofotometria
derivada no UV;
- solvente metanol; ; concentraes 20g/mL e 5g/mL de
cetoconazol ; max 244nm espectrofotometria direta no UV;
max 257nm espectrofotometria derivada no UV.
4.2.6 Ensaios cromatogrficos preliminares Escolha do solvente
Foram testados os solventes cido clordrico 1mol/L ; mistura de
diclorometano e metanol(1:1) e metanol.
40
Fase mvel
Foram testados os seguintes tipos de fase mvel:
- mistura de trietilamina em metanol(1:500) e soluo de acetato de
amnio em gua(1:200) nas propores de 7:3 e 75:25;
- diisopropilamina em metanol(1:500) e soluo de acetato de amnio
em gua(1:200) nas propores 7:3 e 8:2.
Colunas cromatogrficas empregadas
- coluna cromatogrfica Nova Pack C18 300 mm x 3,9mm;
- coluna cromatogrfica: Merck LiChrospher 100 RP-18 (5m) em
LiChroCART medindo 4mm x 12,5mm.
4.3 Validao da metodologia analtica
4.3.1 Padronizao do mtodo espectrofotomtrico Aps terem sido realizados os ensaios preliminares, foram estabelecidos os seguintes parmetros:
- Intervalo de leitura dos espectros de absoro: 211 295 nm.
- mximo para o cetoconazol: 244 nm em espectrofotometria
direta no UV e 257 nm em espectrofotometria derivada no UV de
primeira ordem.
- Velocidade de varredura dos espectros de absoro: 300 nm/min
41
- Solvente: metanol para cromatografia
- Cubeta de quartzo de 1 cm.
- Assentamento das ordenadas: 0,500
- Delta lambda ( ):2 nm
- Mtodo quantitativo: zero pico
- Ordem da derivada: 1a
Verificou-se que a derivatizao dos espectros no UV direto melhora a
visualizao dos mesmos. Padronizou-se como mtodo de anlise a
espectrofotometria derivada no UV. 4.3.1.1 Construo da curva de calibrao
Foram pesados 25,0 mg de cetoconazol padro e transferidos para
balo volumtrico de 100,0 mL, completando-se o volume com metanol,
obtendo-se uma soluo final de 250,0 g/mL.
Desta soluo a 250,0 g/mL foram transferidas alquotas de 0,5; 1,0;
1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 mL para bales de 25 mL e completou-se o volume com
metanol, obtendo-se concentraes de 5,0; 10,0; 15,0; 20,0; 25,0 e 30,0
g/mL de cetoconazol em cada balo volumtrico.
As derivadas das leituras das absorbncias destas solues foram
efetuadas a 257 nm, empregando-se metanol como branco.
4.3.1.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes Especificidade
a) Preparao da soluo padro
Foram pesados 10,0 mg de cetoconazol padro e transferidos para
balo volumtrico de 100,0 mL, completou-se o volume do balo com
metanol, desta soluo transferiu-se uma alquota de 5,0 mL para balo
volumtrico de 25,0 mL, completou-se o volume com metanol e obteve-se
uma soluo de concentrao final de 20,0 g/mL.
42
b) Preparao da soluo da amostra creme simulada(formulao 6) Foram pesados 500,0 mg de creme de cetoconazol a 2%,
equivalentes a 10,0 mg de cetoconazol e transferidos para balo volumtrico
de 100,0 mL, dissolvendo-se o creme com metanol, levou-se a soluo 15
minutos em ultrassom e depois completou-se o volume com metanol.
A soluo foi filtrada em papel de filtro quantitativo, rejeitando-se os
primeiros 10,0 mL e do filtrado transferiu-se uma alquota de 5,0mL para
balo volumtrico de 25,0 mL, completou-se o volume com metanol,
obtendo-se uma concentrao final correspondente a 20,0g/mL.
c) Preparo da soluo da amostra creme comercial
Essa soluo foi preparada conforme item 4.3.1.2b., utilizando a
amostra creme comercial de cetoconazol a 2%.
d) Preparo da soluo da amostra placebo
Pesou-se 500,0 mg de creme base sem cetoconazol, procedendo-se
conforme o preparo da soluo amostra de creme com cetoconazol (item
4.3.1.2 b).
e) Preparo da mistura de soluo padro e soluo da amostra
placebo
Foram pesados 10,0 mg de cetoconazol padro e transferidos para
balo volumtrico de 100,0 mL, completou-se o volume do balo com
metanol, desta soluo transferiu-se uma alquota de 5,0 mL para balo
volumtrico de 25,0 mL, e nesse mesmo balo transferiu-se uma alquota de
5,0mL da soluo placebo concentrada, completou-se o volume do balo
com metanol.
Todas essas solues foram analisadas por espectrofotometria
derivada no UV.
4.3.1.3 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme Desvio padro relativo - Preciso
43
a) Preparao da soluo padro
Foi utilizada a mdia aritmtica das leituras de 3 solues padro de
20 g/mL preparadas como descrito no item 4.3.1.2.
b) Preparao da soluo amostra creme simulada(formulao 6) Foram preparadas 10 solues de amostra creme simulada de
acordo com o descrito no item 4.3.1.2. Todas as solues com concentrao
final de 20,0 g/mL , foram analisadas por espectrofotometria derivada no
UV.
c) Preparao da amostra creme comercial
Foram preparadas 10 solues de amostra creme comercial de
acordo com o descrito no item 4.3.1.2. Todas as solues com concentrao
final de 20,0 g/mL, foram analisadas por espectrofotometria derivada no
UV.
Teste de recuperao - Exatido
a) Preparo da soluo padro
Foram pesados 25,0 mg de cetoconazol e transferidos para balo
volumtrico de 100,0 mL, completando-se o volume com metanol, obtendo-
se uma soluo de concentrao final de 250,0 g/mL.
b) Preparo da soluo amostra creme comercial
Foi pesado 1,25 g da amostra creme comercial, equivalente a 25,0 mg
de cetoconazol e transferiu-se para balo volumtrico de 100,0 mL,
dissolvendo-se com metanol em banho de ultrassom por 15 minutos.
Completou-se o volume com metanol, obtendo-se soluo a 250,0 g/mL.
Filtrou-se essa soluo, rejeitando-se os primeiros 10,0 mL, desse
filtrado foram coletadas alquotas para o teste de recuperao.
44
c) Procedimento
Alquotas de soluo padro e de amostra creme foram transferidas
para balo volumtrico de 25,0 mL, conforme o procedimento
seguinte:
Amostra creme
250,0 g/mL
Padro
250,0 g/mL
Concentrao final
1 1,0 mL ________ 10,0 g/mL
2 ________ 1,0mL 10,0 g/mL
3 1,0 mL 1,0mL 20,0 g/mL
4 1,0 mL 1,5 mL 25,0 g/mL
5 1,0 mL 2,0 mL 30,0 g/mL
Essas solues foram analisadas por espectrofotometria derivada no
UV.
4.3.2 Padronizao do mtodo cromatogrfico
Aps vrios experimentos, foram fixados os seguintes parmetros:
Fase mvel: mistura de trietilamina em metanol 1:500 e soluo de
acetato de amnio em gua 1:200 na proporo de 75:25.
A fase mvel foi filtrada em membrana para filtrao Millipore de
0,5m e desgaseificada antes de ser utilizada.
Vazo: 1,0 mL/min
Deteco no UV: 225 nm
Atenuao: 7 A.U.F.S.
Temperatura ambiente( 25C 1C)
Volume de injeo: 20 L
Coluna: LiChrospher 100RP-18(5mm) Merck
45
Solvente: metanol
As solues foram filtradas em unidades filtrantes HV MILLEX
0,45 m, antes de serem injetadas no cromatgrafo.
4.3.2.1 Construo da curva de calibrao
a) Preparao da soluo padro
Foram pesados exatamente 10,0 mg de cetoconazol e transferidos
para balo volumtrico de 100,0 mL, dissolvendo-se e completando-se o
volume com metanol, obtendo-se soluo de concentrao final de 100,0
g/mL de cetoconazol .
b) Preparo da soluo de padro interno
Foram pesados exatamente 25,0 mg de terconazol e transferidos
para balo volumtrico de 100,0 mL, dissolvendo-se e completando-se o
volume com metanol, obtendo-se soluo de concentrao final de 250,0
g/mL de terconazol .
c) Procedimento
Alquotas de 2,0; 3,0; 4,0; 5,0; 6,0; 7,0 e 8,0 mL da soluo padro
foram transferidos para balo volumtrico de 10,0 mL e em cada balo de
10,0 mL foi acrescentado uma alquota de 2,0 mL da soluo de padro
interno a 250,0 g/mL, completou-se o volume de cada balo com metanol,
obtendo-se solues com concentraes de 20,0; 30,0; 40,0; 50,0; 60,0;
70,0 e 80,0 g/mL de cetoconazol e 50,0g/mL de terconazol. 4.3.2.2 Pesquisa de interferentes a partir de excipientes
Especificidade
46
a) Preparao da soluo padro
Foram pesados 10,0 mg de cetoconazol e transferidos para balo
volumtrico de 100,0 mL, completando-se o volume com metanol. Desta
soluo transferiu-se uma alquota de 4,0 mL para balo volumtrico de
10,0mL e uma alquota de 2,0 mL da soluo de padro interno a
250,0g/mL, completou-se o volume com metanol e obteve-se uma
concentrao final de 40,0 g/mL de cetoconazol e 50,0g/mL de
terconazol.
b) Preparao da soluo amostra creme simulada(formulao 6)
Foi pesado 1,0 g da amostra creme simulada, equivalente a 20,0 mg
de cetoconazol e transferido para balo volumtrico de 100,0 mL, adicionou-
se cerca de 80,0 mL de metanol e submeteu-se a soluo ao banho de
ultrassom por 15 minutos e completou-se o volume com metanol. Filtrou-se
esta soluo, rejeitando-se os primeiros 10,0 mL, do filtrado transferiu-se
uma alquota de 2,0 mL para balo volumtrico de 10,0 mL e uma alquota
de 2,0 mL de soluo de padro interno a 250,0 g/ml, completou-se o
volume com fase mvel e obtendo-se uma concentrao final de 40,0 g/mL
de cetoconazol e 50,0 g/mL de terconazol.
c) Preparo da soluo amostra placebo
Foi pesado 1,0 g de creme base sem cetoconazol e procedeu-se
conforme o preparo da soluo amostra creme, sem adicionar padro
interno, descrito anteriormente.
47
4.3.2.3 Determinao do limite de deteco e do limite de quantificao
Procedimento:
Foram preparadas solues contendo 20,0; 30,0; 40,0; 50,0 e 60,0
g/mL de cetoconazol e em cada soluo foi acrescentado 50 g/mL de
padro interno terconazol. Foram efetuadas trs determinaes para cada
concentrao e calculado o desvio padro entre os resultados obtidos a
partir das razes entre as reas de padro e padro interno.
O clculo para o limite de deteco(LD) e limite de quantificao(LQ)
foi realizado pelas frmulas94:
LD = Desvio Padro mdio X 3,3
Inclinao da curva de calibrao
LQ = Desvio Padro mdio X 10
Inclinao da curva de calibrao
4.3.2.4 Aplicao do mtodo padronizado s amostras creme Desvio padro relativo - Preciso
a) Preparao da soluo padro
Foram preparadas trs solues padro conforme item 4.3.2.2a.e
efetuadas trs leituras de cada soluo padro. Utilizou-se a mdia
aritmtica dessas leituras como valor do padro.
48
b) Preparao da soluo de amostra creme simulada(formulao 6)
A soluo de amostra creme simulada foi preparada conforme
descrito no item 4.3.2.2b. Foram realizadas 10 determinaes para cada
amostra e os resultados foram analisados estatisticamente.
c) Preparao da soluo de amostra creme comercial
A soluo de amostra creme comercial foi preparada conforme
descrito no item 4.3.2.2b. Foram realizadas 10 determinaes para cada
amostra e os resultados foram analisados estatisticamente.
Teste de recuperao - Exatido
a) Preparao da soluo padro
Foram pesados 25,0 mg de cetoconazol padro e transferidos para
balo volumtrico de 100,0 mL, dissolvendo-se e completando-se o volume
com metanol, obtendo-se uma soluo de 250,0 g/mL.
b) Preparao da soluo de amostra creme comercial
Foi pesado 1,0 g da amostra creme, equivalente a 20,0 mg de
cetoconazol e transferiu-se para balo volumtrico de 100,0 mL, adicionou-
se cerca de 80,0 mL de metanol e submeteu-se essa soluo ao banho de
ultrassom por 15 minutos, depois completou-se o volume com metanol.
Filtrou-se esta soluo contendo 200,0 g/mL de cetoconazol. Esse filtrado
foi utilizado para preparar as solues diludas para realizar o teste de
recuperao.
49
c) Preparao da soluo de padro interno
Foram pesados 25,0 mg de terconazol padro e transferidos para
balo volumtrico de 100,0mL, dissolvendo-se e completando-se o volume
com metanol, obtendo-se uma soluo de 250,0g/mL.
Procedimento:
Alquotas de soluo padro e de amostra creme foram transferidas
para balo volumtrico de 25,0 mL, conforme procedimento que segue:
Amostra creme
250,0 g/mL
(filtrado)
Padro
250,0 g/mL
Concentrao
final de cetoconazol
1 4,0 mL ________ 40,0 g/mL
2 ________ 4,0mL 40,0 g/mL
3 4,0 mL 1,0 mL 50,0 g/mL
4 4,0 mL 2,0 mL 60,0 g/mL
5 4,0 mL 3,0 mL 70,0 g/mL
Em todos os bales volumtricos foram transferidas alquotas de 5,0
mL da soluo de padro interno a 250,0 g/mL, sendo a concentrao final
de terconazol(padro interno) em cada balo 50,0 g/mL
4.4 Estabilidade fsica do cetoconazol em creme
a) Condies de armazenamento das amostras
50
Aps o preparo de um lote de 3 kg da Formulao 6(amostra simulada), este foi dividido em amostras acondicionadas em frascos de vidro
tipo II e frascos plsticos de poliestireno com capacidade de 30 g. Foram
feitas coletas dessas amostras aps 48 horas do preparo e analisadas
quanto s caractersticas fsicas.
Em seguida, as amostras foram armazenadas em trs condies
diferentes: 10C, 40C e 75%U.R.(umidade relativa)* e 50C e 90%U.R.**.
*Para atingir a umidade de 75%U.R. e temperatura de 40C, as
amostras foram armazenadas em dessecador contendo soluo saturada de
acetato de sdio e armazenado em estufa a 40C. A umidade de 75% foi
medida atravs de termo-higrmetro.
** A umidade de 90%U.R. e temperatura de 50C foram atingidas
adicionando-se gua destilada em dessecador e armazenando- o em estufa
a 50C. A umidade de 90%U.R., tambm foi medida atravs de termo-
higrmetro.
b) Anlise das amostras de cetoconazol creme
As amostras a 50C e 90%U.R. foram coletadas e analisadas nos
tempos 7, 14, 28, 42 dias, as amostras a 40C e 75%U.R. nos tempos 7 e 28
dias e as amostras a 10C foram analisadas aps 1 ms de armazenamento.
As caractersticas fsicas foram analisadas atravs de sua aparncia,
pH e comportamento reolgico.
4.4.1 Caractersticas organolpticas
As amostras armazenadas temperaturas diferentes foram
observadas em relao a cor e odor em tempos pr determinados.
4.4.2 Anlise de pH
51
O pH das amostras foi analisado nos tempos e temperaturas
determinados. Foram preparadas solues a 10% da amostra creme76. O pH
inicial dessa formulao foi de 5,6.
4.4.3 Comportamento reolgico
As anlises foram realizadas temperatura ambiente utilizando-se
13,0 g da amostra, em viscosmetro rotacional Brookfield e spindle SC4-29.
As amostras foram submetidas aos seguintes gradientes de velocidade:
0,125; 0,25; 0,625; 1,25; 2,50; 5,00; 12,50 e 25,00 1/s. O tempo
estabelecido para cada leitura do torque foi de 2 minutos.
52
5 RESULTADOS
5.1 Identificao do cetoconazol matria-prima 5.1.1 Ponto de fuso
Cetoconazol Faixa de fuso C
Matria-prima 148 154
Padro USP 148 152
53
5.1.2 Cromatografia em camada delgada
Figura 5 - Cromatografia em camada delgada do cetoconazol 1- Padro cetoconazol
2- Matria-prima (Laboratrio EMS) 3- Matria-prima (Laboratrio Ach) 4- Matria-prima (Americhem)
O sistema eluente composto pela mistura de n-hexano; acetato de
etila; metanol; gua; cido actico glacial(27:40:30:2:1) permitiu a
identificao das manchas do cetoconazol padro e das amostras de
matria-prima cetoconazol. Os Rfs podem ser observados na Tabela 1.
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Tabela 1 - Valores de Rf do cetoconazol padro e das amostras de matria-prima
Amostra Rf
Padro cetoconazol 0,67
Matria-prima EMS 0,66
Matria-prima Ach 0,67
Matria-prima Americhem 0,66
5.1.3 Espectroscopia na regio do infravermelho
Figura 6- Espectro infravermelho do cetoconazol matria - prima
55
5.1.4 Estudos termoanalticos
Figura 7 - Curva DSC do cetoconazol. Condies: cadinho de alumnio com massa de amostra em torno de 1,9mg,sob atmosfera dinmica de N2(50 mL), da temperatura ambiente a 600C, com razo de aquecimento de 10C/min.
Figura 8 Curvas TG/DTG do cetoconazol Condies: cadinho de platina com massa de amostra entre 4,5-5 mg, sob atmosfera dinmica de N2(50 mL), da temperatura ambiente a 900C, com razo de aquecimento de 10C/min.
56
5.1.5 Ensaios preliminares com as diferentes formulaes
do creme com cetoconazol a 2%
Todas as amostras de creme com cetoconazol a 2%, inicialmente possuam colorao branca. Para cada amostra com cetoconazol submetida
diferentes temperaturas, preparou-se uma amostra de creme sem
cetoconazol e submeteu-se s mesmas condies. Todas as amostras de
creme base sem cetoconazol, submetidas diferentes temperaturas, no
sofreram alterao de cor.
As tabelas abaixo, indicam quais amostras sofreram alterao de cor,
pela influncia do tempo e temperatura:
Tabela 2 - Formulaes contendo cetoconazol a 2% submetidas a temperatura de 10C Tempo(dias) 7 15 30 45 60 Amostras Formulao 1 S A S A S A S A S A Formulao 2 S A S A S A S A S A Formulao 3 S A S A S A S A S A Formulao 4