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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE ITAJAÍ
VANESSA WERNER CABRAL
Itajaí, (SC) 2009
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VANESSA WERNER CABRAL
ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS
Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí
Orientador: Prof. Dr. Jamir João Sardá Jr.
Itajaí SC, 2009
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Agradecimentos
Agradeço aos meus pais que me proporcionaram o ingresso e a permanência na faculdade, como também todo o amor e
compreensão nos momentos mais difíceis.
Ao meu namorado Eliken pela paciência nos momentos de “stress”. Eu te amo!
Ao meu orientador Jamir João Sardá Jr por aceitar me orientar, pela calma e compreensão.
Aos meus grandes amigos, que sempre estiveram do meu lado.
A todas as pessoas que participaram desta pesquisa e que foram essenciais para a realização da mesma.
Obrigada!
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................................. 7
2. OBJETIVOS .................................................................................................................................. 9
2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................................... 9
2.2 Objetivos específicos........................................................................................................ 9
3.1 Estresse .............................................................................................................................. 10
3.2 Estresse em Professores ............................................................................................... 12
3.3 Estratégias de Enfrentamento ...................................................................................... 13
4. ASPÉCTOS METODOLÓGICOS............................................................................................ 15
4.1 Amostra............................................................................................................................... 15
4.3 Instrumentos ..................................................................................................................... 15
4.2 Procedimentos para coleta e analise dos dados..................................................... 17
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................................... 18
Tabela 1 - Características sócio-demográficas da população estudada ...................... 18
Tabela 2 – Atividades Estressantes ........................................................................................ 19
Tabela 3 - Estatísticas descritivas dos testes aplicados com a população. ................ 20
Tabela 4 - Médias e seus desvios padrão para as estratégias de Coping utilizadas por professores. ........................................................................................................................... 22
6. CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 26
7. REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 28
8. ANEXO......................................................................................................................................... 31
Anexo 1 ........................................................................................................................................... 32
Anexo 2 ........................................................................................................................................... 34
9. APÊNDICE .................................................................................................................................. 36
Apêndice 1 ..................................................................................................................................... 37
Apêndice 2 ..................................................................................................................................... 39
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ESTRESSE E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS.
Orientador: Jamir João Sardá Jr
Defesa: Junho de 2009
Resumo:
A profissão do professor tem sido descrita na literatura como uma profissão extremamente estressante. Fatores como demanda e características dos alunos, características doambiente de trabalho, como a pouca valorização da profissão, a carga horária curricular e extracurricular (como corrigir provas, e sacrificar um final de semana com a família para planejar atividades) têm sido descrito como fatores estressores. Este trabalho visa identificar os sintomas de estresse apresentados por professores, as fontes de estresse no ambiente de trabalho e as estratégias de enfrentamentos utilizadas pelos mesmos. Participaram do estudo 27 professores de duas escolas públicas de ensino fundamental do município de Itajaí. Os instrumentos utilizados foram: o Inventário de Sintomas de Stress (ISSL), o Inventário de Estratégias de Coping, e para identificar as fontes de estresse foi aplicado um questionário descrever alguns eventos estressores. Os dados foram analisados usando estatísticas descritivas e inferenciais e correlação. Verificou-se que são vários os estressores presentes na situação de trabalho do professor, os que estão mais em evidencia são o excesso de alunos e o desinteresse dos mesmos. Com relação ao nível de estresse podemos observar que 14 de 27 professores encontram-se na fase de resistência. As estratégias de enfrentamento mais utilizadas pelos professores foram: reavaliação positiva, autocontrole, resolução de problemas, suporte social e fuga e esquiva. Sobre a relações das fontes de estresse, sintomas de depressão e estratégias de enfrentamento os resultados sugerem não existir uma relação entre tempo de atuação na profissão e escores elevados no inventário de estresse e no questionário de estratégias de enfrentamento, o que significa que o tempo exercendo a profissão não é determinante nos níveis de estresse e na
estratégia de enfrentamento utilizada.
Palavras-chave: estresse, eventos estressores e estratégias de enfrentamento.
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Sub-Área de concentração (CNPq)
Membros da Banca
Prof. Giovana Delvan StuhlerProfessora convidada
Prof. Dr. Eduardo José LegalProfessor convidado
Prof. Dr. Jamir João Sardá JrProfessor Orientador
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1. INTRODUÇÃO
O tema Stress em professores, fontes estresse e suas estratégias de
enfrentamento, abordado nesta pesquisa, vem sendo frequentemente discutido no
meio cientifico bem como na população em geral. Para a maioria das pessoas o
estresse está diretamente ligado a doenças e problemas relacionados à vida
moderna, devendo ser de algum modo eliminado.
Segundo Bernik (1997 apud FILGUEIRAS e HIPPERT 2002, p. 112) “o
estresse já é um problema econômico e social de saúde pública, que implica em
gastos não só para o indivíduo, mas também para empresas e governos”. O autor
ainda afirma que o índice de estresse aumenta a cada ano.
O estresse se caracteriza por um conjunto de reações não especificas,
demonstradas quando o organismo se depara com uma situação bastante carregada
emocionalmente, precisando tomar uma decisão (LIPP, 1996).
Segundo Lipp (1996), a profissão do professor parece ser mais estressante
que outras, uma vez que estes estão freqüentemente se queixando de seu trabalho,
ou que estão sempre estressados. A autora afirma ainda, que o estresse em
professores é uma síndrome de respostas de sentimentos negativos, tais como raiva
e depressão. Essas respostas geralmente são acompanhadas de mudanças
fisiológicas ou bioquímicas potencialmente patogênicas, que são resultados do
trabalho do professor, assim como as exigências profissionais constituem uma
ameaça à sua auto-estima ou bem estar. A autora destaca a importância das
estratégias de enfrentamento.
Pesquisas demonstram estressores comuns a todas as categorias de
ensino, em níveis diferentes todos os profissionais parecem apresentar com menor
ou maior intensidade as mesmas frustrações: pressão do tempo, classes com
grande número de alunos, excessivas demandas administrativas, falta de suporte
administrativo e exercício de vários papéis. Muitas vezes o professor está em um
ambiente que não lhe oferece condições de trabalho para desempenhar o papel que
lhe é exigido, e automaticamente torna-se um ambiente tenso para o profissional
(PEREIRA, 2002).
Segundo Sardá, Legal e Jablonski (2004) as estratégias de enfrentamento
são funcionais para o não agravamento dos sintomas, evitando assim um estresse
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crônico, enquanto que as técnicas procuram responder adequadamente aos eventos
estressores reduzindo os efeitos prejudiciais de um contato prolongado a eles.
Pesquisas sobre estratégias de enfrentamento de estresse demonstram uma
melhora na vida profissional e pessoal dos professores que utilizam estratégias mais
efetivas para lidarem com seus problemas. Alguns autores, como Savoia (1996),
enfatizam que o coping é um conceito a ser explorado até mais que o estresse, isso
porque pode ser utilizado para modificar ou eliminar os problemas que surgem do
estresse.
Dependendo de como as pessoas lidam com as situações estressantes,
exerce grande influência sobre sua saúde. O trabalhador pode então ter uma saúde
preservada caso decida exercer comportamentos adequados que diminuam os
impactos advindos do estresse, visto que o bom uso de estratégias de
enfrentamento saudáveis aumentam os estados emocionais positivos (OLF, 2008).
Lipp (1996) destaca que em várias partes do mundo existem pesquisas
sobre o estresse, mas o estresse ocupacional do professor é um assunto que pode
ser mais explorado na realidade escolar brasileira, pois há uma falta significativa de
estudos que abordam este tema. Desta forma este estudo objetiva avaliar os níveis
e sintomas de estresse bem como as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos
professores no desenvolvimento de suas atividades.
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Investigar o nível de estresse em professores do Ensino Fundamental
de escolas públicas do município de Itajaí.
2.2 Objetivos específicos
Identificar as fontes de estresse no ambiente de trabalho;
Identificar os sintomas de estresse;
Identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas pelos professores;
Verificar as relações entre carga horária, eventos estressantes, fases do
estresse e estratégias de enfrentamento.
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3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Estresse
O conceito de estresse foi descrito pela primeira vez em 1936, pelo
endocrinologista canadense Hans Selye. Ele utilizou este termo para denominar o
conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma
situação que exige esforço de adaptação. (SELYE, 1965).
O estresse apresenta (segundo a maior parte dos pesquisadores) três
estágios: fase de alerta, fase de resistência e fase de exaustão. Na fase de alerta o
organismo está em confronto com o evento estressor, Neste momento ocorre uma
grande liberação de catecolaminas (adrenalina e norepirefrina) e de vasopressina
que agem sobre as células epiteliais dos vasos sanguíneos provocando
vasoconstricção (redução do diâmetro) dos vasos coronários. Há também a
liberação de aldosterona que atua na regulação do volume do sangue diminuindo a
excreção de água vai urina. O aumento do volume sanguíneo provoca uma elevação
do número de plaquetas e fibrinogênio no sangue favorecendo a rápida resposta de
coagulação. A fase de resistência surge quando a exposição ao agente estressor é
prolongada, o que exige uma adaptação do organismo. Neste período ou fase do
estresse, o indivíduo experimenta uma pequena pausa nos sintomas resultado da
liberação de nutrientes que serão convertidos em energia por parte do organismo e
que alimentam a alta taxa de gasto energético provocada. A fase de exaustão ocorre
quando a ação do agente estressor ao qual o organismo se adaptou permanece por
um longo período de tempo, esgotando a energia de adaptação. Neste estágio o
organismo é atingido tanto em nível físico quanto psicológico (LIPP, 2001).
SILVA (2005) pontua que o estresse não é só considerado uma coisa ruim,
ele é necessário para impulsionar as pessoas a alcançarem seus objetivos, mas
quando ele aparece em excesso, ele elimina as defesas do corpo e afeta a saúde.
Até a fase de resistência, o stress ainda pode ser considerado positivo, pois o
organismo apresenta-se ativo para uma ação, a partir da fase de esgotamento, o
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organismo não produz energia suficiente para promover uma ação, sendo assim
negativo para o ser humano
Segundo Alvarez (2001) o stress caracteriza-se com uma resposta
psicofisiológica diante das situações que exija do organismo uma ação intensa a fim
de estabelecer homeostase.
Lipp (1996) define estresse como uma reação do organismo com elementos
físicos e/ou psicológicos, ocasionada por alterações psicofisiológicas que ocorrem
quando um sujeito enfrenta uma situação na qual o deixa irritado, com medo ou que
deixe extremamente infeliz. Aponta ainda que o estresse não deve ser visto apenas
como uma reação, mas sim como um processo, pois quando a pessoa é exposta a
uma situação estressante instala-se um longo processo bioquímico no qual a pessoa
apresenta sudorese excessiva, tensão muscular, boca seca, sensação de estar
alerta e aparecimento de taquicardia.
Atualmente o ser humano está mais vulnerável em relação aos agentes
estressores, pois está exposto a um trabalho precarizado, a uma segurança caótica,
a relações familiares conturbadas e em volta com incertezas de toda natureza. Isso
requer que ele responda com seu organismo, uma constante luta perante essas
situações, agindo inconscientemente com um instinto de preservação de sua própria
vida. Podemos afirmar que o stress sempre esteve presente na vida dos seres vivos
e o que muda ou se altera são os fatores estressantes conforme os tempos e
sociedade em que está inserido.
Os sintomas de estresse podem ser físicos (dor de cabeça, hipertensão,
taquicardia), psicológicos (insatisfação com o trabalho, ansiedade, depressão) ou
comportamentais (absenteísmo, insônia, fumar ou beber excessivamente), pois a
reação hormonal desencadeia uma série de alterações físicas e também reações
emocionais. Os sintomas psicológicos mais comuns são: apatia, desânimo e
sensação de desalento, hipersensibilidade emotiva, como também raiva, ira e
irritabilidade, podendo desencadear surtos psicóticos e crises neuróticas (LIPP,
2001).
Além destes sintomas psicológicos o estresse pode colaborar para o
desencadeamento de algumas doenças mais graves, afetando assim profundamente
a qualidade de vida do indivíduo e de populações específicas. Dentre as doenças
psicofisiológias que já foram estudadas por pesquisadores que têm o estresse
presente em sua ontogênese, como um fator que vai cooperador, encontram-se:
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hipertensão arterial essencial, úlceras gastroduodenais, câncer, psoríase, vitiligo,
retração de gengivas, depressão, pânico e surtos psicóticos. É importante saber que
o estresse não é o causador destas doenças, mas sim um evento desencadeador ou
agravante do problema (LIPP, 1996)
3.2 Estresse em Professores
Na atualidade o papel do professor extrapolou a mediação do processo de
conhecimento do aluno, o que era habitualmente esperado. Expandiu-se a missão
do profissional para fora da sala de aula, a fim de garantir uma articulação entre a
escola e a comunidade. O professor, além de ensinar deve participar da gestão da
escola e de seus planejamentos, isso significa que ele deve ter uma dedicação mais
ampla, a qual se estende às famílias e a comunidade.
Embora o sucesso da educação dependa do perfil do professor, a
administração escolar não fornece os meios pedagógicos necessários à realização
das tarefas, cada vez mais complexas. Os professores são compelidos a buscar,
então, por seus próprios meios, formas de requalificação que se traduzem em
aumento não reconhecido e não remunerado da jornada de trabalho (Teixeira, 2001;
Barreto e Leher, 2003; Oliveira, 2003).
Diversos são os fatores estressantes no ambiente de trabalho de um
professor, dentre eles podemos citar: barulho intenso em sala de aula, turmas com
um número elevado de alunos, temperaturas elevadas (nos meses mais quentes)
que deixam os alunos dispersos, cansados e desestimula o professor, atividades
extras como corrigir provas e trabalhos em casa (LIPP, 2002). A mesma autora
aponta que não é difícil encontrar professores que sacrificam momentos de lazer
com sua família para corrigir provas ou outras atividades com finalidade de cumprir
também os prazos de entrega estipulados pela instituição de ensino onde trabalham.
Outro fator estressante que é bem comum entre professores é a falta de perspectiva
de crescimento dentro da instituição, deixando assim os professores sem motivação.
Os diversos fatores estressantes descritos acima podem contribuir para o estresse,
consequentemente vem o baixo desempenho profissional, a frustração, alteração de
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humor e conseqüências físicas e mentais, que são alguns dos sintomas de estresse
(LIPP, 2002).
Na sala de aula o professor se depara com alunos com várias características
pessoais distintivas e oriundos de famílias cujo ambiente é muito variado em
leiturabilidade, valores, clima, estrutura, relações interpessoais etc. Não estando
adequadamente preparado para tanto acaba enfrentando uma situação de alta
pressão. O estresse atinge níveis que tornam seu comportamento ainda mais
inadequado à situação. Não tendo aprendido a controlar o estresse, o problema
evolui para um quadro ainda mais negativo. Forma-se um círculo vicioso e se impõe
a necessidade de apoio ao docente. Um Psicólogo Escolar competente torna-se de
grande valia, por um lado, ensinando o professor a lidar com situações estressantes
e ajudando-o a controlar os efeitos negativos do estresse. Por outro lado,
informando-o e capacitando- o no uso de procedimentos e tecnologias de ensino
mais compatíveis com a diversidade cultural que encontra na sala de aula (Elliot &
Dupuis, 2002).
Fontana (1991) comenta que estudos demonstram que cerca de 60% das
pessoas que consideram seus trabalhos estressantes não praticam qualquer
programa de diminuição do estresse. Elas não acreditam que deve haver uma
maneira de lidar com o stress, quase sempre acham que não há solução, e com isso
deixam de lutar pelo que querem.
Rossi (1994) afirma que as diversas tarefas desenvolvidas pelos
profissionais nas diferentes áreas no mundo do trabalho podem trazer consigo um
excesso de sofrimento. O mundo informatizado faz com que o ser humano crie
situações em que tenha que competir com uma máquina, pois tem que produzir
mais. Muitas vezes, essas situações requerem um esforço psicológico excessivo,
ocasionando assim, níveis elevados de stress, redução do desempenho, desgaste
profissional, fadiga e cansaço.
3.3 Estratégias de Enfrentamento
Savoia (2002), afirma que o coping, ou estratégias de enfrentamento são
definidas como todos os esforços de controle, sem considerar as conseqüências, ou
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seja, é uma resposta ao estresse (comportamental ou cognitiva) com a finalidade de
reduzir as suas qualidades aversivas, o coping é uma resposta com o objetivo de
aumentar, criar ou manter a percepção de controle pessoal.
Para Lemos e Guerra (2002 apud PINTO E CORREA, 2008), estratégias de
enfrentamento é um conceito que se insere num termo mais abrangente que é a
adaptação, refere-se ao esforço comportamental e cognitivo por parte de um
individuo no sentido de lidar e gerir os estressores, bem como a relação pessoa-
meio. Assim, as estratégias de enfrentamento são concebidas como voluntária,
consciente e intencional.
Segundo Lipp (2002), algumas estratégias de enfrentamento podem ajudar
os profissionais a lidarem de forma mais coerente com situações estressantes,
Primeiramente identifica-se os estressores, ou seja, quais as situações que estão
causando incômodo, quando identificado, é necessário verificar se esse fator é
passível de transformação ou não. É neste momento que o professor terá que
utilizar seus recursos internos para se adaptar a situação. Algumas técnicas que têm
por finalidade reduzir o estresse, e que até mesmo podem ser utilizadas para se ter
uma saudável e prevenir o estresse e que poderão trazer benefícios à pessoa, são
atitudes saudáveis que o professor pode utilizar em seu dia-a-dia como:
alongamento, alimentação saudável, atividade física, relaxamento, planejamento das
atividades do seu dia, administrar seu tempo, dentre outras.
Pesquisas apontam que as estratégias de enfrentamento do estresse mais
utilizadas dizem respeito à racionalização das atividades ocupacionais, ao
envolvimento em atividades sociais, entretenimentos, atitudes mais relaxantes e
melhora da qualidade de vida. (LIPP, 1996).
De acordo com essa perspectiva, a pesquisa mostra a seguir, o estudo dos
sintomas de estresse e das estratégias de enfrentamento utilizadas pelos
professores no ambiente escolar para assim poder utilizá-las como forma a oferecer
subsídios às pessoas para lidarem benéfica e assertivamente com o estresse.
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4. ASPÉCTOS METODOLÓGICOS
4.1 Amostra
A amostra desta pesquisa contou com a participação de professores de duas
escolas públicas de 1° a 8° série do município de Itajaí, totalizando 27 participantes.
Os participantes foram selecionados por amostragem não probabilista
intencional ou de conveniência. Por se tratar de uma pesquisa exploratória onde não
se tem a pretensão de generalizar os achados não foi estabelecido o tamanho da
amostra.
4.3 Instrumentos
Para identificar os sintomas de estresse foi aplicado o Inventário de
Sintomas de Stress (ISSL) versão Lipp e Guevara (1994) (Anexo 2), e para avaliar
as estratégias de enfrentamento foi aplicado o Inventário de Estratégias de Coping,
de Lazarus e Folkman (1984) (Anexo 1), adaptado para o português por Savóia et al.
(1996) e Savóia et al. (1999). Foi utilizado também um questionário estruturado com
dados sociodemográficos, incluindo a idade, o sexo, a carga horária, o tempo de
trabalho, se tem outras funções e quais eventos estressores (Apêndice 2).
O ISSL (Inventário de Sintomas de Stress) foi elaborado por Lipp e Guevara
em 1994 para avaliar estresse em populações com idade superior a 15 anos, e em
2000 foi adaptado para contemplar uma quarta fase do estresse, a fase de quase-
exaustão (Lipp, 2001). Este Inventário visa identificar a presença de sintomas de
estresse, os tipos de sintomas existentes, somáticos, psicológicos, e a fase em que
se apresentam. O teste apresenta três quadros que se referem às quatro fases do
estresse. A primeira fase é de alerta, considerada uma fase positiva do estresse, o
ser humano se energiza através da produção da adrenalina, a sobrevivência é
preservada e uma sensação de plenitude é freqüentemente alcançada. Na segunda
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fase, a da resistência, a pessoa automaticamente tenta lidar com os seus
estressores de modo a manter sua homeostase interna. Se os fatores estressantes
persistirem em freqüência ou intensidade, há uma quebra na resistência da pessoa e
ela passa à fase de quase-exaustão. Nesta fase o processo do adoecimento se
inicia e os órgãos que possuírem uma maior vulnerabilidade genética ou adquirida
passam a mostrar sinais de deterioração. Se não há alivio para o estresse por meio
da remoção dos estressores ou pelo uso de estratégias de enfrentamento, o
estresse atinge a sua fase final, a da exaustão, que é quando doenças graves
podem ocorrer nos órgãos mais vulneráveis. No total inclui 37 sintomas de natureza
somática e 19 de caráter psicológico distribuídos pelos três quadros. O primeiro
quadro refere-se às ultimas 24 horas, o segundo à ultima semana, e o terceiro ao
últimos mês. Os resultados são conferidos pelas tabelas de avaliação que definirão
a fase de estresse em que se encontra o indivíduo. O teste é composto de manual,
caderno de aplicação e protocolo de interpretação. A aplicação pode ser individual
ou coletiva, e o tempo de aplicação gira em torno de trinta minutos.
O Inventário de Estratégias de Coping, de Larazus e Folkman (1984),
adaptado para o português por Savóia (1999). O inventário contém 66 itens que
avaliam a maneira como as pessoas lidam com as demandas internas ou externas
de um evento estressante específico. É composto por itens que descrevem
pensamentos e ações, podendo ser definida a intensidade do uso por meio de
escala de 0 (não utiliza) a 3 (utiliza em grande quantidade). Os itens que compõem o
inventário foram divididos em oito fatores: Fator 1- confronto, Fator 2- afastamento,
Fator 3- autocontrole, Fator 4- busca de suporte social, Fator 5- aceitação de
responsabilidade, Fator 6- fuga e esquiva, Fator 7- planejamento e resolução de
problemas e Fator 8- reavaliação positiva. Os participantes foram orientados a
responder às questões pensando especificamente no enfrentamento de uma
situação estressante.
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4.2 Procedimentos para coleta e analise dos dados
A coleta de dados ocorreu nas dependências de duas escolas públicas do
município de Itajaí (SC). Inicialmente, foi contatada a coordenação da escola, para
prestar devidos esclarecimentos em relação à pesquisa e solicitar autorização para
realização da mesma. Após esta etapa, a pesquisadora entrou em contato com os
professores visando explicar os objetivos da pesquisa e eleger voluntários. Aos
participantes foi apresentado o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice
1). Mediante a assinatura do termo, foram aplicados os instrumentos. A aplicadora/
pesquisadora explicou os instrumentos para os participantes e em acordo prévio
retornou a instituição para recolher os questionários.
Após o término da pesquisa será dado uma devolutiva aos participantes da
pesquisa sobre os níveis de estresse e estratégias indicadas para lidarem com estes
sintomas
Os dados coletados foram analisados através de suas freqüências relativas,
média, desvio padrão e pontos de corte, a fim de estabelecer as fontes e o nível de
estresse apresentado pelos participantes. Através da análise de correlação foram
analisadas as relações entre fontes de estresse, sintomas de depressão e estratégia
de enfrentamento.
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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos serão apresentados de forma categorizada,
primeiramente os dados demográficos e em seguida, uma tabela constando os
fatores estressantes referidos pelos participantes. Após serão apresentadas as
médias para o inventário de estresse e estratégias de enfrentamento e
posteriormente as correlações entre estas variáveis.
Tabela 1 - Características sócio-demográficas da população estudada
Características sócio-demográficas N (%)
Faixa etária (anos) (N= 25)
20 – 30 11 (40.7)
31 – 40 5 (18.5)
41 -50 8 (29.6)
+ 51 3 (11.2)
Média (DP) 36
Gênero Masculino 5 (18.5) Feminino 22 (81.5)
Tempo de Trabalho
Até 12 meses 13 (48.1)
De 13 ä 24 meses 10 (37.1)
+ de 25 meses 4 (14.8)
Média (DP) 14.1 (8.8)
Carga Horária 20 horas 4 (14.8) 40 horas 23 (85.2)
Outras Funções Não 18 (66.7) Sim 18 (33.3)
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Tabela 2 – Atividades Estressantes
Excesso de Alunos Não 8 (29.6) Sim 19 (70.4)
Desinteresse Não 5 (18.5) Sim 22 (81.5)
Salário Inadequado Não 15 (55.6) Sim 12 (44.44)
Falta de Material Não 19 (70.4) Sim 8 (29.6)
Falte de Perspectiva Não 21 (77.8) Sim 6 (22.2)
Com relação a distribuição etária, a população apresentou-se heterogênea,
com uma maior concentração de pessoas na faixa etária entre 20 a 30 anos
(40.7%). A idade média dos participantes foi de 36.74 anos (DP=3.37). No tocante
ao gênero, a proporção de mulheres que participaram da pesquisa foi muito maior
que dos homens, sendo quase 5 para 1. A maior parte dos participantes trabalha
nas instituições pesquisadas há 12 meses (48.1%). Em relação à carga horária
pode-se afirmar que a maioria dos participantes trabalha quarenta horas semanais
(85.2%). Quanto aos fatores estressantes mais comuns apresentados pela
população aparece o excesso de alunos e desinteresse. Os fatores estressantes
referentes a questões materiais (salário e material) aparecem depois dos fatores
estressores referentes aos alunos. Além disto, 41% dos professores referiu a
presença de 3 ou mais eventos estressantes simultaneamente. Outras fontes de
estresse não foram investigadas. Entretanto as fontes descritas acima parecem ser
as mais relevantes como apontam outros pesquisadores.
Os resultados encontrados são semelhantes a um estudo realizado por
Byrne (1991 apud Carlotto, 2002) que também identificou estressores ambientais em
outra população docente, sendo estes: pressão de tempo classes com um grande
número de alunos e desinteresse em sala de aula.
Lipp (2002), em um estudo com professores identifica também o excesso de
alunos em sala de aula um estressor no ambiente de trabalho que desestimula o
professor.
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Pitthers e Fogarty (1995) avaliaram o estresse e a tensão ocupacionais em
professores utilizando o Occupational Stress Inventory, instrumento que avalia
estresse ocupacional, sobrecarga acumulada e estratégias adotadas. Os maiores
escores foram encontrados entre os professores, quando comparados com outros
profissionais. Os resultados foram associados à sobrecarga de trabalho e aos
conflitos com os superiores e as normas. Os autores ainda citam o estudo de Punch
e Tuetteman, realizado em 1990, que avaliou 574 professores na Austrália e
encontrou níveis de estresse psicológico duas vezes maior do que na população em
geral. Estudos realizados nos EUA (1976), Austrália e Nova Zelândia (1982) e Reino
Unido (1991), citados pelos mesmos autores, mostraram que um terço dos
professores avaliados consideram seu trabalho "estressante" ou "muito estressante".
Na tabela 3 são apresentadas as médias e o desvio padrão do Inventário de
Sintomas de Stress.
Tabela 3 - Estatísticas descritivas dos testes aplicados com a população.
De acordo com a tabela percebe-ser que no Q1 (fase de alerta) a população
pesquisada apresenta-se abaixo da média (< 11), ou seja, poucas pessoas
encontram-se na fase de alerta. O maior número de professores estaria na fase de
resistência (Q2 = 11 que é > 3) julga-se, se baseando nas circunstâncias de
acontecer no segundo semestre letivo, no qual os professores começaram a sentir
as responsabilidades, exigências institucionais às quais estão submetidos, com
prazo para a elaboração de provas e trabalhos, correções ou entregas de notas. Um
estudo realizado por Belli e Lorenzi (2003) com professores universitários
Questionário Média DP Média do
ISSL
Ponto de
corte
25% 50% 75% 90%
Q1 Alerta 3.59 2.54 11 6 2 4 5 7
Q2 Resistência 5.37 3.66 9 6 2 6 8 11
Q3 Exaustão 6.25 4.50 16 8 2 5 9 14
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apresentaram resultados semelhantes, onde a maior parte dos participantes
encontrava-se na fase de resistência. No Q3 também há um baixo índice. Mesmo
analisando os resultados em quartis, nem mesmo os 10% dos professores com os
resultados mais altos (90%) apresentaram resultados próximos a média proposta no
manual do ISSL (LIPP, 2002).
Entretanto considerando o ponto de corte proposto pelo manual (fase de
alerta > 6 pontos, fase de resistência > 6 e fase de exaustão > 8), pode se observar
que 14 participantes têm sintomas de estresse compatíveis com a fase resistência.
Pesquisas sobre estresse em professores realizadas por LIPP (2002)
enfatizam a vida docente como um grande gerador de estresse. MARTINS (2005)
investigou os índices de estresse demonstrados por professores das séries iniciais.
Os resultados revelaram que os sintomas de estresse estão presentes na maioria
dos professores, prevalecendo o mesmo na fase de resistência; nenhum deles
apresentou estresse na fase de alerta; e outra parte encontrava na fase de
exaustão.
Considerando o reduzido tempo de trabalho desta população (menor que 2
anos), pode se considerar que os sintomas de estresse são importantes.
22
Tabela 4 - Médias e seus desvios padrão para as estratégias de Coping
utilizadas por professores.
Estratégias de Coping Média Desvio Padrão
Confronto (Fator 1) 7.5556 3.80620
Afastamento (Fator 2) 5.1481 2.47610
Autocontrole (Fator 3) 9.7037 5.82973
Suporte Social (Fator 4) 7.8889 3.35506
Aceitação de Responsabilidade (Fator 5) 6.2593 2.52057
Fuga e Esquiva (Fator 6) 7.6667 4.48073
Resolução de Problemas (Fator 7) 8.4444 3.60911
Reavaliação Positiva (Fator 8) 10.8889 4.07934
Dentre as estratégias de coping utilizadas pelos professores para
enfrentarem as situações que consideram estressantes, as mais utilizadas foram:
Fator 8 (reavaliação positiva), F3 (auto controle), Fator 7 (resolução de problemas),
F4 (suporte social) e F6 (fuga esquiva).
Na categoria reavaliação positiva percebe-se que os professores não tem o
hábito de avaliar a situação estressante para solucioná-la, eles utilizam mais as
estratégias focalizadas na emoção do que estratégias focadas no problema
(confronto). Fica evidente o uso de estratégias voltadas para o controle das
emoções quando aparece a estratégia autocontrole, esta estratégia segundo
Folkman e Lazarus (1980), tem como objetivo modificar a relação entre a pessoa e o
ambiente, adequando a resposta emocional ao problema.
Os professores demonstram se esquivar das situações que são aversivas, e
procuram realizar atividades no qual eles possam relaxar, fica claro quando pontuam
a estratégia de fuga e esquiva, pesquisas efetuadas por Leiter (1991 apud TAMOYO
e TROCCOLI, 2002), referentes às estratégias de enfrentamento, evidenciam que o
uso de estratégias de esquiva desenvolvem um aumento no nível do estresse, o
23
autor relata que essa evidencia pode ser de utilidade para a prevenção do estresse,
através de programas de apoio, técnicas de reavaliação e relaxamento.
Segundo Lazarus e Folkman (1984), nem sempre as funções das quais as
estratégias se propõem, alcançam o resultado desejado. Assim, mesmo que os
professores se utilizem de estratégias de fuga e esquiva, por exemplo, para reduzir o
nível de estresse percebido, este resultado não está sendo alcançado.
Os resultados mostraram também que os participantes utilizam pouco as
seguintes estratégias: Fator 2 (afastamento) e Fator 5 (aceitação de
responsabilidade). Os participantes de uma pesquisa feita por Mendonça (2002),
também apresentaram um baixo índice de apontamentos para estratégias ligadas a
categoria aceitação de responsabilidade, de um modo geral, apontam que os
participantes possuem dificuldades em avaliar a situação e posteriormente enfrentá-
la.
Belli e Lorenzi, 2003, em um estudo realizado com professores universitários
identificaram algumas estratégias de enfrentamento utilizadas por eles diante de
uma situação estressante, forma estas: Fator 3 – autocontrole, Fator 4 – Suporte
Social, Fator 5 – Aceitação de Responsabilidade e Fator 7 – Resolução de
Problemas.
Um dos estudos realizados por Kyriacou (1980), identificou três formas
fundamentais de coping com o estresse utilizadas pelos professores: 1- expressar
sentimentos e procurar apoio, 2- desenvolver ações planejadas e centradas na
resolução de problemas e 3- envolver-se em atividades para distrair-se ou pensar
em outros assuntos. Alguns exemplos de estratégias de enfrentamento, de entre as
mais utilizadas pelos docentes pesquisados, são: tentar manter o problema em
perspectiva, tentar evitar confrontos e tentar relaxar após o trabalho.
Jesus e Pereira (1994), num estudo também realizado com professores
sobre estratégias de enfrentamento referem que as mais utilizadas são as
estratégias de controle, que para eles é a mais adaptada para o contexto
profissional.
24
Tabela 5 – Correlação entre as variáveis carga horária, eventos estressantes, fases do estresse e estratégias de
enfrentamento
25
Embora a compreensão da relação entre fontes de estresse, sintomas de
depressão e estratégia de enfrentamento não tenha sido uma das propostas iniciais
desta pesquisa, optamos por realizar esta análise para compreender as relações
ente algumas variáveis.
Os resultados sugerem não existir uma relação entre tempo de atuação na
profissão e escores elevados no inventário de estresse e no questionário de
estratégias de enfrentamento, o que significa que o tempo exercendo a profissão
não é determinante nos níveis de estresse e na estratégia de enfrentamento
utilizada. Por outro lado a presença de um maior número de estressores está
relacionada com o aumento dos escores de estresse em Q1, Q2 e Q3. Também
existe uma correlação moderada entre as fases, o que indica que quando o sujeito
apresenta maiores pontos em uma fase isto também ocorre em outras fases.
Ocorreram também correlações positivas entre as fases do estresse e as
estratégias de enfrentamento. O fator fuga-esquiva foi o único a apresentar uma
correlação com o número de eventos estressantes, e aumento em Q1, Q2 e Q3, o
que indica que diante de um aumento de eventos estressantes e escores nas fases
de estresse ocorre um aumento de pontos também nos escores desta escala, ou
seja, o indivíduo apresenta mais estratégias de fuga-esquiva a medida que ocorrem
mais eventos estressantes e que a presença de sintomas de estresse. Este
resultado está de acordo com a literatura e com as teorias de estresse que sugerem
que uma das respostas primárias a um evento estressante é a resposta de fuga
(Selye, 1984). A estratégia confronto não apresentou correlação com as fases de
estresse, mas apresentou uma correlação com diversas outras estratégias de
enfrentamento (suporte social, aceitação de responsabilidade, fuga-esquiva,
resolução de problemas, reavaliação positiva) o que indica que esta estratégia é
frequentemente usada em conjunto com outras. As estratégias suporte social,
resolução de problemas e reavaliação positiva também aparecem associadas a
outras estratégias (F3 á aceitação de responsabilidade, resolução de problemas,
reavaliação positiva, F7 á suporte social e aceitação de responsabilidade e F8 á
suporte social, aceitação de responsabilidade e resolução de problemas). Estes
resultados indicam que frequentemente os participantes utilizam diversas estratégias
de enfrentamento. A “escolha” da estratégia provavelmente esta relacionada com o
tipo de evento e as características do indivíduo (LAZARUS e FOLKMAN, 1984).
26
6. CONCLUSÃO
Os dados obtidos através desta pesquisa e as referências bibliográficas
investigadas deram-nos base para o levantamento de algumas considerações a
respeito das estratégias de enfrentamento e sua relação com estressores ambientais
e sintomas de estresse.
Vale ressaltar a dificuldade ao realizar esse trabalho no momento da coleta
de dados. A desistência dos participantes foi alta e a amostra não foi representativa
o que invalida as generalizações destes dados para toda a comunidade docente de
escolas públicas de Itajaí. Diante disso, nossos objetivos ficaram comprometidos,
ficando válidos somente para os professores que participaram da presente pesquisa
até o final da coleta de dados.
Verificou-se que para a continuação ou realização de outra pesquisa, a
coleta dos dados deverá ser feita com horário marcado com os professores, visto
que a estratégia utilizada (a estagiária explicou a pesquisa e entregou os
instrumentos aos participantes, e retornou em outro momento para recolher) não
demonstrou a eficácia esperada.
No tocante ao nível de estresse pode-se perceber que há um número
significativo (14 de 27 de professores) que apresentam estresse na fase de
resistência. De acordo com a literatura utilizada, a fase de resistência é quando o
individuo tenta lidar com o estresse automaticamente, de modo a manter sua
homeostase interna.
As situações que mais estressam os professores em seu trabalho foram
excesso de alunos e o desinteresse dos mesmos.
No que concerne às estratégias de enfrentamento utilizadas nos ambientes
educacionais (escolas públicas no município de Itajaí), identificou-se que as
estratégias mais utilizadas pelos professores foram: reavaliação positiva,
autocontrole, resolução de problemas, suporte social e fuga e esquiva. Conforme
afirma a literatura são as estratégias que melhor sustentam a saúde mental dos
profissionais no mercado de trabalho. As estratégias de fuga e esquiva e
autocontrole possuem como função adaptar o sujeito à situação. O que implica em
27
estratégias baseadas no controle da emoção, segundo FOLKMAN e LAZARUS
(1984).
28
7. REFERÊNCIAS
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teachers. Research in Educacion, 1980.
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pelos professores. Universidade de Évora, 1994
29
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LIPP, M. Inventário de Sintomas de Stress para Adultos – ISSL. São Paulo:
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estudo da cultura escolar. In: OLIVEIRA, D. A.; DUARTE, M. R. T. (Orgs.)
Política e trabalho na escola: administração dos sistemas de educação
básica. 2.ed., Belo Horizonte, 2001
31
8. ANEXO
32
Anexo 1
INVENTÁRIO DE ESTRATÉGIAS DE CONPING
Leia cada item abaixo e indique, fazendo um circulo na categoria apropriada, o que você fez nas situações de estresse.
0 Não usei esta estratégia 1 Usei um pouco 2 Usei bastante 3 Useiem grande quantidade
1 Concentrei-me no que deveria ser feito em seguida, no próximo passo 0 1 2 32 Tentei analisar o problema para entendê-lo melhor 0 1 2 33 Procurei trabalhar ou fazer alguma atividade para me distrair 0 1 2 34 Deixei o tempo passar – a melhor coisa que poderia fazer era esperar. O
tempo é o melhor remédio0 1 2 3
5 Procurei tirar alguma vantagem da situação 0 1 2 36 Fiz alguma coisa que acreditava não dar resultados, mas ao menos
estava fazendo alguma coisa0 1 2 3
7 Tentei encontrar a pessoa responsável para mudar suas idéias 0 1 2 38 Conversei com outra(s) pessoa(s) sobre o problema, procurando mais
dados sobre a situação0 1 2 3
9 Critiquei-me, repreendi-me 0 1 2 310 Tentei não fazer nada que fosse irreversível, procurando deixar outras
opções 0 1 2 3
11 Esperei que um milagre acontecesse 0 1 2 312 Concordei com o fato, aceitei o meu destino 0 1 2 313 Fiz como se nada tivesse acontecido 0 1 2 314 Procurei guardar para mim mesmo(a) os meus sentimentos 0 1 2 315 Procurei encontrar o lado bom da situação 0 1 2 316 Dormi mais que o normal 0 1 2 317 Mostrei a raiva para as pessoas que causaram o problema 0 1 2 318 Aceitei a simpatia e a compreensão das pessoas 0 1 2 319 Disse coisas a mim mesmo (a) que me ajudassem a me sentir bem 0 1 2 320 Inspirou-me a fazer algo criativo 0 1 2 321 Procurei a situação desagradável 0 1 2 322 Procurei ajuda profissional 0 1 2 323 Mudei ou cresci como pessoas de uma maneira positiva 0 1 2 324 Esperei para ver o que acontecia antes de fazer alguma coisa 0 1 2 325 Desculpei ou fiz alguma coisa para repor os danos 0 1 2 326 Fiz um plano de ação e o segui 0 1 2 327 Tirei o melhor da situação, o que não era esperado 0 1 2 328 De alguma forma extravasei os meus sentimentos 0 1 2 329 Compreendi que o problema foi provocado por mim 0 1 2 330 Sai da experiência melhor do que eu esperava 0 1 2 331 Falei com alguém que poderia fazer alguma coisa concreta sobre o
problema0 1 2 3
32 Tentei descansar, tirar férias a fim de esquecer o problema 0 1 2 333 Procurei me sentir melhor, comendo, fumando, utilizando drogas ou
medicação0 1 2 3
34 Enfrentei como um grande desafio, fiz algo muito arriscado 0 1 2 3
33
35 Procurei não fazer nada apressadamente ou seguir o meu primeiro impulso
0 1 2 3
36 Encontrei novas crenças 0 1 2 337 Mantive meu orgulho não demonstrando meus sentimentos 0 1 2 338 Redescobri o que é importante na vida 0 1 2 339 Modifiquei aspectos da situação para que tudo desse certo no final 0 1 2 340 Procurei fugir das pessoas em geral 0 1 2 341 Não me deixei impressionar, recusava-me a pensar muito sobre esta
situação 0 1 2 3
42 Procurei um amigo ou parente para pedir conselhos 0 1 2 343 Não deixei que os outros soubessem da verdadeira situação 0 1 2 344 Minimizei a situação me recusando a preocupar-me seriamente com ela 0 1 2 345 Falei com alguém sobre como estava me sentindo 0 1 2 346 Recusei recuar e batalhei pelo que eu queria 0 1 2 347 Descontei minha raiva em outra(s) pessoa(s) 0 1 2 348 Busquei nas experiências passadas uma situação similar 0 1 2 349 Eu sabia o que deveria ser feito, portanto dobrei meus esforços para
fazer o que fosse necessário0 1 2 3
50 Recusei a acreditar que aquilo estava acontecendo 0 1 2 351 Prometi a mim mesmo que as coisas serão diferentes da próxima vez 0 1 2 352 Encontrei algumas soluções diferentes para o problema 0 1 2 353 Aceitei, nada poderia ser feito 0 1 2 354 Procurei não deixar que meus sentimentos interferissem muito nas
outras coisas que eu estava fazendo0 1 2 3
55 Gostaria de poder mudar o que tinha acontecido, ou como me senti 0 1 2 356 Mudei alguma coisa em mim, modifiquei-me de alguma forma 0 1 2 357 Sonhava acordado(a) ou imaginava um lugar ou tempo melhores do que
aqueles em que eu estava0 1 2 3
58 Desejei que a situação acabasse ou que de alguma forma desaparecesse 0 1 2 359 Tinha fantasias de como as coisas iriam acontecer, como se
encaminhariam0 1 2 3
60 Rezei 0 1 2 361 Preparei-me para o pior 0 1 2 362 Analisei mentalmente o que fazer e o que dizer 0 1 2 363 Pensei em uma pessoa que admiro e a tomei como modelo 0 1 2 364 Procurei ver as coisas sob o ponto de vista da outra pessoa 0 1 2 365 Eu disse a mim mesmo(a) que as coisas poderiam ter sido piores 0 1 2 366 Corri ou fiz exercícios 0 1 2 3
34
Anexo 2
INVENTÁRIO DE SINTOMAS DE ESTRESSE – ISSL
Assinale os sintomas que tem experimentado nas ÚLTIMAS 24 HORAS
Mãos e/ou pés frios Boca seca
Nó ou dor de estômago
Aumento da sudorese (muito suor)
Tensão muscular (dores nas costas, pescoço, ombros)
Aperto na mandíbula/ranger de dentes, ou roer unhas ou ponta de caneta
Diarréia passageira
Insônia, dificuldade para dormir
Taquicardia (batimentos acelerados do coração)
Respiração ofegante, entrecortada
Hipertensão súbita e passageira (pressão alta súbita e passageira)
Mudança de apetite (comer bastante ou ter falta de apetite)
Aumento súbito de motivação
Entusiasmo súbito
Vontade súbita de iniciar novos projetos
FASE I – Pontos assinalados ___
Assinale os sintomas que tem experimentado na ÚLTIMA SEMANA:
FASE II – Pontos assinalados ___
Problemas com a memória, esquecimento Mal estar generalizado. Sem causa específica
Formigamento nas extremidades (pés ou mãos)
Sensação de desgaste físico constante
Mudança de apetite
Aparecimento de problemas dermatológicos
Hipertensão arterial
Cansaço constante
Aparecimento gastrite prolongada (queimação no estômago, azia)
Tontura, sensação de estar flutuando
Sensibilidade emotiva excessiva, emociona-se por qualquer coisa
Dúvidas quanto a si próprio
Pensamento constante sobre um só assunto
Irritabilidade excessiva
Diminuição da libido (desejo sexual diminuído)
35
Assinale os sintomas que tem experimentado nos ÚLTIMOS MESES:
FASE III – Quantos itens assinalados ___
Diarréias freqüentes
Dificuldades sexuais
Formigamento nas extremidades (mãos e pés)
Insônia
Tiques nervosos
Hipertensão arterial continuada
Problemas dermatológicos prolongados (pele)
Mudança extrema de apetite
Taquicardia (batimento acelerado do coração)
Tontura freqüente
Úlcera
Infarto
Impossibilidade de estudar
Pesadelos
Sensação de incompetência em todas as áreas
Vontade de fugir de tudo
Apatia, vontade de nada fazer, depressão ou raiva prolongada
Cansaço excessivo
Pensamento/ fala constante sobre um mesmo assunto
Irritabilidade sem causa aparente
Angústia ou ansiedade diária
Hipersensibilidade emotiva
Perda do senso de humor
Fase I – 7 pontos ALERTA; Fase II >4 RESISTÊNCIA; Fase III >9 EXAUSTÃO
36
9. APÊNDICE
37
Apêndice 1
11.1 Termo de consentimento livre e esclarecido
Gostaria de convidá-lo (a) para participar de uma pesquisa cujo objetivo é descrever
as fontes, os sintomas e as estratégias de enfrentamento de estresse em professores
de escolas públicas. Sua participação consistirá em responder a dois instrumentos,
Inventário de Sintomas de Stress (ISSL) e Inventário de Estratégias de Coping, além
de um questionário com alguns dados como: idade, sexo, carga horária, tempo de
trabalho e outras funções que exerce. Não será necessário marcar entrevista para a
aplicação dos mesmos, pois deverão ser entregues devidamente preenchidos dentro
do envelope que você recebeu. Quanto aos aspectos éticos gostaria de informar que:
a) seus dados pessoais serão mantidos em sigilo, sendo garantido seu
anonimato;
b) os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com finalidade
acadêmica podendo vir a ser publicado em revistas especializadas, porém, como
explicitado no item (a) seus dados pessoais serão mantidos em anonimato;
c) não há respostas certas ou erradas, o que importa á a sua opinião;
d) a aceitação não implica que você estará obrigado a participar podendo
interromper sua participação a qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado,
bastando, para tanto, comunicar ao pesquisador;
e) você não terá direito a remuneração por sua participação, ela é voluntária;
f) esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa intervenção imediata, ainda
que tenha intenção de implementar um programa de monitoração dos níveis de
estresse e de controle do mesmo;
g) durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético,
você poderá contatar com o responsável por esta pesquisa.
h) após o término da pesquisa daremos uma devolutiva aos participantes da
pesquisa sobre os níveis de estresse e estratégias indicadas para lidarem com estes
sintomas.
Caso aceite participar, por favor, preencha os dados a seguir:
IDENTIFICAÇÃO E CONSENTIMENTO
Eu ___________________________________________ Declaro estar ciente dos
propósitos da pesquisa e da maneira como será realizada e no que consiste minha
participação. Diante dessas informações aceito participar da pesquisa.
Assinatura: ____________________________ Data de nascimento: ______________
Pesquisador: Prof. Dr. Jamir João Sardá Jr. Assinatura: __________________
39
Apêndice 2
Questionário
Idade:
Sexo:
Tempo de trabalho como professor:
Carga horária:
Outras funções que exerce:
Assinale com um X os eventos que lhe estressam ou desgastam:
□ Excesso de alunos em sala de aula
□ Desinteresse dos alunos
□ Salário inadequado
□ Falta de material
□ Falta de perspectiva de crescimento dentro da instituição
O que deixa você exausto em seu trabalho:
______________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
Obrigada!