AUCIMAIA DE OLIVEIRA TOURINHO
ESTUDO HISTÓRICO E SÓCIO-AMBIENTAL DAS PRINCIPAIS FONTES PÚBLICAS DE SALVADOR
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em
Engenharia Ambiental Urbana, da Escola Politécnica da
Universidade Federal da Bahia como requisito à obtenção
do Grau de Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.
Orientador: Profa. Dra. Magda Beretta
Salvador 2008
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À minha família,
especialmente aos meus queridos filhos.
AGRADECIMENTOS
Ao Criador. Sem Ele seria impossível que este trabalho estivesse sendo lido agora.
Aproveito este espaço para dedicar a todas as pessoas que me aconselharam, motivaram,
auxiliaram e colaboraram ao longo deste trabalho e que diretamente contribuíram para que
esta pesquisa tivesse êxito.
A professora Magda Beretta, orientadora desta dissertação, agradeço o compromisso
assumido, os níveis de exigência e o apoio que disponibilizou, com isto encontrei nela uma
companheira e amiga.
Aos técnicos do Laboratório do Departamento de Engenharia Ambiental (LABDEA): Telma,
Rita Vinagre, Ednildes e Percílio. Pela participação na análise dos parâmetros físico-químicos
e bacteriológicos;
A Francisco Negrão pela atenção e orientação no capítulo 4 dos aspectos físicos naturais,
considero que sua contribuição foi inestimável visto ser sua área de atuação.
A Adriano Mascarenhas pelo o apoio no mapa de distribuição das fontes, esta contribuição
enriqueceu muito este trabalho.
Ao prof. Sergio Nascimento pela explicação sobre a geologia de Salvador e pelo fornecimento
dos dados de sua pesquisa.
Agradecimento especial a Fernando Mota, químico do Laboratório de Química Analítica
Ambiental da UFBA (LAQUAM), que com simpatia, boa vontade e presteza fez as análises
dos compostos voláteis.
Aos professores Maurício Fiúza, Luis Roberto Moraes e Iara Brandão por darem excelentes
contribuições na defesa do projeto e que ajudaram a direcionar esta dissertação.
A todos os professores do Mestrado, pois contribuíram direta e indiretamente para conclusão
deste trabalho.
Aqui incluo os meus amigos do Grupo de Recursos Hídricos (GRH) uma caminhada longa, e
por estarem me apoiando tornaram os momentos difícies deste processo mais agradáveis.
A prof. Yvonilde Medeiros, sempre presente em minha caminhada profissional e acadêmica.
À Astor de Lima pelas informações, pela disposição e atenção dispensada em sua residência.
Aos meus colegas do Colégio Zilma Gomes, pois os considero companheiros na jornada pela
educação.
Aos professores da banca de defesa final: Arisvaldo Mello, Sergio Nascimento, Maria
Elisabete Pereira e Viviana Zanta, cada um em sua área de atuação, trouxe pertinentes
contribuições para melhoria do trabalho final.
Incluo, de forma especial, meu esposo Rodrigo Albuquerque pela aliança, confiança e
principalmente pela disponibilidade nas saídas de campo, auxiliando, protegendo, por ser as
fontes uma área com deficiência de segurança...acredito que sem este apoio, eu teria até
mudado de tema.
A todos que se debruçaram no estudo sobre as fontes de Salvador, infelizmente poucos, mas
que foram muito importantes para o desenvolvimento desta pesquisa.
E... Especialmente aos meus pais, pelo total apoio e por serem meus primeiros mestres,
ensinando-me valores fundamentais para a formação do meu caráter. A eles as palavras
sempre serão poucas. Eu os amo.
Para eruditos e investigadores
existe um belo tema de pesquisa e indagação:
As fontes da Bahia!
(PEIXOTO, 1946).
Escondidas em recantos históricos, as muitas fontes da Bahia são documentos do tempo em
que abastecer a cidade de água era trabalho feito com amor, arte, algumas lendas e muita
poesia. (DÓREA, 1974)
APRESENTAÇÃO
O Interesse pelo presente trabalho surgiu aproximadamente, em 1998, no término do curso de
graduação em geografia na Universidade Federal da Bahia (UFBA), embora já estivesse
envolvida com pesquisas em Recursos Hídricos desde aquela época não havia acontecido um
momento oportuno para desenvolver este tema. Contudo, em 2005, ingressando como aluna
regular do Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana (MEAU) meu objeto de estudo estava
estabelecido: “As Fontes de Água de Salvador”. Estudar as fontes foi enigmático, ao mesmo
tempo em que impressionava, decepcionava.
Vale ressaltar que foi uma pesquisa desgastante, pois não existe um órgão responsável pelo
acompanhamento, manutenção e que concentrasse todas informações necessárias. Assim, foi
preciso listar as fontes a partir de pesquisa em livros, monografias, jornais antigos e fontes
orais. Durante o desenvolvimento sempre estava buscando quem conhecesse uma fonte, com
isso, o número das catalogadas foi aumentando com o decorrer do trabalho. E acredito ainda
não ter alcançado a sua totalidade.
Para introduzir o estudo foi preciso entender um pouco da história, tanto de Salvador quantos
das fontes e do desenvolvimento do sistema de abastecimento de água até os dias atuais.
Também foi necessário levantar referências que fundamentassem a pesquisa e ao mesmo
tempo apresentar questões que justificassem o interesse pelo trabalho.
Entender as fontes a partir do líquido que flui na superfície não é suficiente, foi necessário
compreender processos internos. Por isto o Capítulo 03 aborda sobre a geologia, solo,
topografia da área de estudo, objetivando entender como estes aspectos físicos naturais
contribuíram para o surgimento das mesmas.
Depois, mais detalhadamente, conhecer as fontes distribuídas na cidade de Salvador, para isto
foi incluído fotos atuais, informações de localização geográfica, endereços, características
físicas, situação atual, dados históricos e apoio legal para a sua preservação, neste capítulo
também foi apresentado todos os trabalhos desenvolvidos sobre fontes, tanto os de órgãos
públicos quanto pela academia. Estas informações estão concentradas no capítulo 05.
Quando se propõe conhecer a qualidade de água de um determinado corpo hídrico, dependerá
sempre das análises de laboratório. Por isso o Capítulo 06 é dedicado a apresentar os índices
obtidos em campo através das análises dos dados e gráficos, assim como o Capítulo 07 a
proposta da rede de monitoramento, objetivo específico desta pesquisa.
Para finalizar o documento o Capítulo 08 corresponde às considerações finais e
recomendações do trabalho.
Não acredito ter reunido aqui um documento completo, pois é um tema que limita as ações de
quem se propõe a estudar, mas acredito ter produzido um documento amplo de pesquisa
exploratória, que propõe o controle da qualidade da água, mas acima de tudo um documento
de denuncias, pois é o objetivo contribuir para preservação de monumentos tão importantes
em uma cidade tão bonita e agradável, mas que está despercebida dos valores históricos.
Conforme relata Boccanera Júnior (1921), “não são dignos de ter história, os povos que
desamam a história” e também ninguém ama o que não conhece, e não preserva o que não
ama.
RESUMO
A necessidade de monitorar a qualidade de água das fontes de Salvador é de fato um assunto
importante na busca da qualidade ambiental urbana. A pesquisa ganhou maior relevância
quando o objeto de estudo envolve a água em seu uso mais nobre: o consumo humano. Nesta
pesquisa foi feito um extenso levantamento histórico em diversos órgãos e diferentes fontes
de informação, incluindo as entrevistas pessoais. Foram realizadas visitas a campo para
caracterização, georreferenciamento e coleta de água para análise físico, química e
bacteriológica. A primeira campanha de campo aconteceu em 29 de junho de 2005 e a última
em 19 de abril de 2007, demonstrando que os trabalhos de campo foram, também, muito
extensos, neste período foram catalogadas 54 fontes. Avaliada a partir da seleção de 40
parâmetros e objetivando identificar as suas condições atuais, a água assumiu papel prioritário
no desenvolvimento desta pesquisa, pois através dela foi possível ter conhecimento da
qualidade consumida pela população usuária. Os dados foram obtidos por meio de coleta de
amostras de água em 22 fontes distribuídas na cidade. Além de se ter concluído um
diagnóstico sobre as condições históricas e atuais das fontes, se obteve um mapa síntese que
propõe uma rede de monitoramento, visando, a priori, o controle das condições ambientais de
suas águas. Ao final da pesquisa foi possível confirmar que maioria das fontes não estão
apropriadas para determinados usos e completamente abandonadas, e se não houver uma
intervenção urgente do poder público, para reverter esta situação, num futuro próximo serão
apenas registros na história, o que é uma perda irreparável para a cidade.
Palavras-chave: Salvador, fontes de água, qualidade da água.
ABSTRACT
The need to monitor Salvador’s water fountains’ water quality is in fact a very important topic
in the urban water quality achievement. This topic got more relevance when the human water
ingestion started to be the main concern. This research performed a significant historic study
in various segments using diverse information sectors such as personal interviews. Field
characterization visits, georeferencing, water collection for physical, chemical and
bacteriologic analysis were also performed. The first site assessment happened in June 20th,
2005 and the last one in April 10th, 2007 which demonstrated that the field work was
substantial. On that time, 53 water fountains in Salvador were registered. Based on 40
specific parameters, and prioritizing the identification of actual water conditions, the water
itself began to be the main objective of this study development due to its importance in
determination of the water quality used by the population. The data were obtained from 22
water fountains’ samples distributed on the city. Besides the fountains’ historic and actual
conditions concluded, a map production is proposed for the creation of a monitoring system,
which will provide a better water quality control. After this study it was possible to affirm that
the majority of water fountains are not appropriate for human use and they are also in a
complete abandon stage. If nothing is being done by the government authorities to change that
situation, in a close future those fountains will be only history which is a huge lost for the
city.
Key words: Salvador, water fountains, water quality.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fonte no Largo Dois de Julho (BAHIA, 2003)
Figura 2 - Companhia de Água do Queimado (BAHIA, 2003)
Figura 3 - Casa de vender água (SAMPAIO, 2005)
Figura 4 - Aguadeiros (BAHIA, 2003)
Figura 5 - Localização da cidade de Salvador em relação à América Sul e ao Brasil.
Figura 6 - Fontes de: a) vale, b)contato e c) fratura (Lima, 2005).
Figura 7 - Distribuição espacial dos pontos de amostragem (Malha de Limites Municipais, CONDER, 2003) e coleta de dados.
Figura 8 - Fonte Banheiro dos Jesuítas: a) Banheiro dos Jesuítas atualmente , b) Banheiro,(BAHIA,1974), c) Vista panorâmica e d) detalhe dos Banheiros
Figura 9 - Fonte da Graça: a) fonte em 2005; b) Visão geral, fonte reformada.
Figura 10 - Fonte Chapéu de Couro: a) vista geral; b) detalhe do espelho d’água
Figura 11 - Fonte do Conj. Bahia: a) fachada da fonte; b) detalhe da bica
Figura 12 - Fonte da Bica: a) visão geral e usos: b) detalhe da bica e bacia de recolhimento.
Figura 13 - Fonte Nova: a) detalhe das Bicas; b) tipo de uso
Figura 14 - Fonte das Pedreiras: a) visão geral; b) visão das bicas e tipos de usos.
Figura 15 - Fonte da Pedra Furada: a) visão geral; b) detalhe do poço
Figura 16 - Fonte das Pedras: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento após acidente de outubro de 2006
Figura 17 - Fonte Davi: a) área de recolhimento; b) visão da vegetação entorno.
Figura 18 - Fonte do Instituto de Biologia
Figura 19 - Fonte de Sta. Luzia, a) fiel recolhendo água, b) Igreja e c) fiéis na fila
Figura 20 - Fonte do Baluarte, a) fachada da fonte; b) área alagadiça e com lixo
Figura 21 - Fonte do Buraquinho.
Figura 22 - Fonte do Chega Nego: a) fachada da fonte; b) bica
Figura 23 - Fonte do Coqueirinho, (BAHIA, 1997)
Figura 24 - Fonte Dique do Tororó: a) vista geral das cúpulas; b) poço.
Figura 25 - Fonte do Gueto: a) fachada da fonte; b) detalhe da bica e vazão.
Figura 26 - Fonte do Mugunga: a) visão geral;) detalhe do frontispício
Figura 27 - Fonte Redenção do Pelourinho.
Figura 28 - Fonte do Pereira: a) tipos de uso; b) visão geral.
Figura 29 - Fonte do Queimado: a) detalhe da bica e b) visão geral
Figura 30 - Fonte dos Perdões: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento
Figura 31 - Fonte do Zoológico: a) vista geral da fonte, b) detalhe do poço
Figura 32 - Fonte da Estica: a) visão geral; b) tipo de uso
Figura 33 - Fonte do Gabriel: a) visão geral e b) uso da fonte por lavadeiras
Figura 34 - Fonte do Gravatá: a) Vista geral; b) detalhe da vazão da água
Figura 35 - Fonte da Mãe d’água: a) local exato da fonte; b) detalhe do frontispício (FALCÂO, 1940).
Figura 36 - Fonte das Pedreiras ou Preguiça: a) visão geral; b) detalhe da bica e vazão de água.
Figura 37 - Fonte Sto Antonio do Cabula: a) bicas em detalhe; b) visão geral, tipo de uso.
Figura 38 - Fonte São Pedro: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento
Figura 39 - Fonte do Taboão: a) visão da fonte anteriormente (Acervo Fund. Gregório de Mattos) e b) situação atual.
Figura 40 - Fonte Solar do Unhão: a) fachada da fonte; b) detalhe da bacia de recolhimento
Figura 41 - Fonte Vale do Tororó: a) Fonte em 2005, b) foto em processo de ocupação e c) foto atual em Abril de 2008.
Figura 42 - Fonte Visconde de Mauá: a) fachada da fonte; b) ponto de lixo
Figura 43 - Fonte Vista Alegre de Baixo: a) fachada da fonte; b) visão geral com área entorno e c) tipo de uso
Figura 44 - Gráfico da análise de pH
Figura 45 - Gráfico da análise de OD
Figura 46 - Gráfico da análise de DQO
Figura 47 - Gráfico da análise de DBO
Figura 48 - Gráfico da análise de Turbidez
Figura 49 - Gráfico da análise de Cor
Figura 50 - Gráfico da análise de Cloreto
Figura 51 - Gráfico da análise de Fósforo
Figura 52 - Gráfico da análise de N.Nitrato
Figura 53 - Gráfico da análise de Ferro
Figura 54 - Gráfico da análise de Coliformes Termotolerantes
Figura 55 - Coleta de água para o laboratório do SENAI/SETIND
Figura 56 - Distribuição espacial das fontes propostas para a rede de monitoramento
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Representação dos Domínios Geológicos de Salvador, segundo diversos autores. Adaptado de Silva (2005)
Quadro 2 - Fontes catalogadas com destaque para as visitadas
Quadro 3 - Pontos de amostragem para análise de qualidade da água das fontes e Salvador
Quadro 4 - Indicação dos parâmetros de qualidade de água e dos laboratórios de análise em cada campanha de amostragem nas fontes de água de Salvador.
Quadro 5 - Identificação dos pontos de amostragem selecionados.
Quadro 6 - Numeração dos pontos de amostragem.
Quadro 7 - Resumo das principais características das fontes, informações oriundas do levantamento em campo e análises de água.
Quadro 8 - Relação de parâmetros propostos a serem utilizados nas avaliações de água.
Quadro 9 - Relação das fontes selecionadas para compor a rede de monitoramento
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Medidas de vazões de fontes com saída de água através de bicas. Adaptado de Lima (2005).
Tabela 2 - Resultados analíticos de parâmetros físicos, químicos e coliforme termotolerantes encontrados nas análises realizadas pelo LABDEA.
Tabela 3 - Comparação dos resultados analíticos da pesquisa apresentada por Azevedo (1992), Guerra e Nascimento (1999 e 2002), Lima et al (2003) apud Lima (2005) e pela presente pesquisa.
Tabela 4 - Cálculo da relação DQO/DBO.
Tabela 5 - Resultados analíticos de COV’s encontrados nas análises realizadas pelo LAQUAM.
Tabela 6 - Teores de metais encontrados nas análises realizadas pelo SENAI / SETIND (arsênio, cádmio, chumbo, cromo, mercúrio e níquel).
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
CEMAB Centro de Memória da Água na Bahia
CETIND Centro de Tecnologia Industrial
COVs Compostos Orgânicos Voláteis
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento
FGM Fundação Gregório de Mattos
GPS Sistema de Posição Geográfica
GRH Grupo de Recursos Hídricos
IPAC Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia
IPHAN Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
LABDEA Laboratório do Departamento de Engenharia Ambiental
LAQUAM Laboratório de Química Analítica Ambiental
LDM Limite de Detecção do Método
LMT Limite Máximo Tolerável
MEAU Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana
mg/L Miligrama por Litro
NEHMA Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e de Meio Ambiente
OCEPLAN Órgão Central de Planejamento
OD Oxigênio Dissolvido
OMS Organização Mundial da Saúde
PDE Pano Diretor de Encostas
PDU Plano Diretor Urbano
Ph Potencial Hidrogeniônico
PMS Prefeitura Municipal de Salvador
PVC Poli Cloreto de Vinila
RBC Rede Brasileira de Calibração
RMS Região Metropolitana de Salvador
SAER Superintendência de Água e Esgotos do Recôncavo
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SEPLAM Superintendência Municipal de Meio Ambiente
SPHAN Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
SRH Superintendência de Recursos Hídricos
UFBA Universidade Federal da Bahia
UNEB Universidade do Estado da Bahia
μg/L Microgramas por Litro
VMP Valores Máximos Permitidos
IGEO Instituto de Geociências
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO 17
1.1 JUSTIFICATIVA 23
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 24
1.3 OBJETIVOS 24
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 26
3 ÁREA DE ESTUDO 33
3.1 ASPECTOS FÍSICOS NATURAIS 34
3.1.1 Solos 37
3.1.2 Geologia 38
3.1.3 Hidrogeologia 42
3.1.4 Geomorfologia 43
4 METODOLOGIA 44
4.1 ETAPAS METODOLÓGICAS 44
5 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO E SITUAÇÃO DAS FONTES 55
5.1 FONTES 60
5.1.1 Fontes na cidade de Salvador 61
5.1.2 Outras fontes 103
6 QUALIDADE DA ÁGUA E ANÁLISE DOS DADOS 104
7 RECOMENDAÇÃO PARA MONITORAMENTO 131
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 135
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 138
APÊNDICE
ANEXO
1 INTRODUÇÃO
Salvador é a cidade das fontes d’águas. Bochicchio (2003) afirma que Thomé de Souza não
pensou duas vezes quando achou o porto ideal, devido à água, para fundação da cidade.
Na escolha do local para a Cidade de Salvador o problema da água teria forçosamente que ser
considerado. Tanto Azevedo (1969), quanto Falcão, (1949) relatam que, efetivamente, o rei
no regimento que deu a Thomé de Souza, recomendava a mesma circunstância de ressalva
para instalação da cidade de Salvador: “... espero que este seja e deve ser em sítio sadio e de
bons ares, e que tenha abastança de águas, e porto em que bem possam amarrar os navios e
vararem-se quando cumprir, porque todas estas qualidades ou as mais delas puderem ser,
cumpre que tenha dita fortaleza e povoação”.
Segundo Carneiro (1980), Nóbrega relatava que a cidade se encontrava “em local de muitas
fontes” e que Gabriel Soares contava que um dos motivos da escolha do sítio da cidade foi em
haver, defronte do porto a que se recolhera a armada, uma fonte perene, a fonte das Pedreiras.
Ora, além desta fonte, um degredado deu seu nome a outra que explorava, a Fonte do Pereira,
na parte baixa do caminho que ligava a praia à cidade, pelo norte, a Ladeira da Misericórdia.
Os mananciais existentes ao longo das praias e nas encostas de Salvador foram responsáveis
pelo abastecimento de toda a cidade no período da instalação de Salvador, de acordo com
Carneiro (1993), havia aproximadamente 150 fontes e 16 chafarizes.
Dos tempos de Thomé de Souza aos dias atuais a importância das fontes foi minimizada e o
recurso natural vem se degradando ao longo do tempo sem que nenhuma gestão venha sendo
praticada.
Gerenciar os recursos naturais disponíveis no ambiente constitui-se num grande desafio para
as sociedades organizadas. A tarefa torna-se mais complexa quando o assunto é recursos
hídricos, devendo-se levar em consideração que é um recurso escasso e cada dia mais
fragilizado na relação com as sociedades. Quando se trata de água potável mais delicado ainda
se torna o assunto, pois ao olho nu não se pode fazer referência à sua qualidade.
Portanto, abordar este tema para Salvador não é uma tarefa fácil, pois a cidade não tem
conhecimento oficial e regular das condições químicas e bacteriológicas que suas águas
subterrâneas e superficiais têm, agregado a isto vem registrando nas últimas décadas um
significativo crescimento populacional, e que diretamente tem atingido os recursos naturais,
como os rios, lagos e fontes e conseqüentemente as águas subterrâneas.
A necessidade de se contemplar os recursos hídricos na implementação de ações é urgente. As
nascentes da água e as estruturas físicas construídas devem ser levados em consideração, pois
o próprio monumento registra o passado e a história.
Pouco se tem escrito sobre a existência das fontes que surgiram em Salvador. O que se
desenvolveu foram algumas lendas a respeito delas e isto ocorre devido à escassez de registro
histórico e bibliográfico. Sabe-se, porém, que conservar as fontes resgata o passado e
transmite valores de um período.
Ao se analisar as fontes de Salvador, nota-se que, em geral, estes monumentos se diferenciam
da arquitetura contemporânea, e tem-se a sensação de estar voltando a um passado distante,
que não corresponde ao momento vivenciado atualmente.
As antigas fontes foram construídas para facilitar o acesso da população à água e assim
abastecer a cidade, conforme pode ser visto na Figura 1. Existem desde a época das capitanias
hereditárias e representaram, durante longos anos, fator de real importância para a população.
Hoje a maioria delas, parcial ou totalmente destruídas, encontra-se abandonadas, servindo de
sanitário público ou depósito de lixo. Lentamente, sem que a população se desse conta elas
foram sendo colocadas à margem da necessidade diária, aos poucos os aguadeiros e mulheres
com lata d’água na cabeça foram sendo situações pouco vistas no cotidiano.
Figura 1: Fonte no Largo Dois de Julho (BAHIA, 2003)
As fontes de Salvador têm histórias interessantes de suas origens, algumas documentadas por
historiadores e outras contadas pela “boca do povo”.
Salvador fora construída num “sítio sadio e de bons ares”, com água abundante e magnífico
porto, conforme a Coroa Portuguesa ordenara a Thomé de Sousa, mas ainda fez mais:
construiu-a num alto e longo promontório [cabo formado de rochas elevadas], cercado de
águas por todos os lados. Mesmo ao norte, onde a terra buscava o continente, havia rios e
mananciais em abundância (SAMPAIO, 2005).
Devido ao seu valor socioeconômico, alguns procedimentos foram estabelecidos para o
convívio com as fontes. Conforme descrito no repertório de fontes sobre a escravidão,
existente no arquivo municipal de Salvador, em 1696 a casa da Câmara de Salvador proibiu
que qualquer pessoa lavasse roupa ou permitisse que suas escravas o fizessem debaixo das
bicas das fontes da cidade, pois teriam uma pena de seis mil réis (BAHIA, 1988). Embora
fosse sabido que o tumulto entre aguadeiro e soldados era comum nas fontes, conforme
Vilhena (1969) apud Sampaio (2005), alguns escravos quebravam-se mutuamente as cabeças
e os braços. A violência se agravava com a insolência dos insubordinados soldados, que
obrigavam os escravos a levar água para onde bem quisessem. Se não obedecessem
apanhavam bastante e muitos escravos ficavam aleijados ou morriam.
Assim, o Livro das Águas, elaborado pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa),
cita que os chafarizes e as fontes públicas existentes na primeira metade do século XIX já não
atendiam a demanda da comunidade e nem às aspirações de progresso da época. Em 1800,
com o aumento da população e o alargamento progressivo da cidade, o número de fontes
havia também crescido. Ressalta Carneiro (1980), que na cidade de Salvador, na coroa da
colina, havia muitas fontes, embora em fins do século XVIII, segundo Vilhena (1969), não
havia dentro da cidade uma única fonte cuja água se podia beber.
Segundo Azevedo (1969), é interessante como a administração municipal, já em 1785,
cogitava o aproveitamento, para consumo dos moradores da cidade, de rios, que depois
vieram a ser utilizados pela moderna engenharia sanitária na rede projetada para servir
Salvador e também como eram tratados os problemas de saneamento desses mananciais.
Sampaio (2005) afirma que, com objetivo de colaborar com a salubridade pública na parte que
toca a higiene das águas potáveis, o diretor do Imperial Corpo de Engenheiros, tenente
coronel João Blöem, encaminhou, em 1848, um programa de trabalho, citando que o estado
presente em que estavam as fontes públicas era lastimoso. Pela má construção havia
infiltração de água impura e um efetivo mau cheiro pelos ciscos podres que se observam
nelas.
Em 1850, Salvador, com 60 mil habitantes, carecia de um sistema de abastecimento de água,
pois os aguadeiros distribuíam a água captada em minadouros, utilizando barris de até 80
litros transportados nos lombos dos animais, cobrando preços que variavam de acordo com os
períodos de estação chuvosa ou de secas (BAHIA, 2003). Resolveu-se neste período,
estabelecer um serviço de canalização pelo qual a província contribuiria com 150 contos de
réis.
Sampaio (2005) relata que nas casas e nos escritórios, a água era armazenada em tanques,
talhas, potes e moringas. Construíram-se chafarizes, cisternas e cacimbas por todos os lados.
No entanto, à medida que a população crescia, a água diminuía. Tornou-se urgente prover a
cidade com um sistema de abastecimento constante, sobretudo quando se provou que a
propagação da famigerada peste de 1850, que dizimara grande parte da população, estava
ligada às precárias condições de higiene da capital.
Em 1852 houve um incentivo para construção de mais fontes e chafarizes em virtude da Lei
nº 451, de 17 de junho de 1852, que criou o serviço de abastecimento de água potável para
cidade (BOCCANERA JÚNIOR, 1921). Este incentivo resultou na criação da Companhia de
Água do Queimado (Figura 2).
Figura 2: Companhia de Água do Queimado (BAHIA, 2003)
Afinal, a 7 de janeiro de 1853 começaram a funcionar 21 chafarizes, nos principais pontos da
cidade, vendendo a água aos aguadeiros que, por sua vez, a revendiam com algum lucro às
famílias e casas de negócio (AZEVEDO, 1969; BAHIA, 2003). A companhia vendia água à
população ao preço de 20 réis (uma pequena moeda de cobre) por barril. O manancial era o
rio do Queimado, uma das nascentes do rio Camurugipe; nele se construiu uma barragem que
produzia em torno de 1.000m3 de água por dia (SAMPAIO, 2005). Mesmo assim logo é
modificado o contrato, e a Companhia obtém o “privilégio” de aumentar o serviço, utilizando-
se de outros mananciais, como, por exemplo, das barragens de Mata Escura e da Prata, mas os
hábitos da população de recorrer às fontes, não deram à Companhia meios para melhorar e
desenvolver os seus serviços (BAHIA, 1966).
Em 1870, renova-se o contrato e prorroga-se o privilégio, com a condição da empresa
executar novas obras (BAHIA, 1966). Com esta exigência, e para complementar a água dos
chafarizes insuficientes para o consumo da cidade, a Companhia organizou a distribuição do
líquido em diversas casas, conhecidas como casas de vender água (Figura 3). Por terem sido
instaladas ao término da Guerra do Paraguai, março de 1870, foram designadas com os nomes
de locais onde houvera vitórias do exército brasileiro – Curuzu, Humaitá etc. Essas casas
tinham apenas uma porta, que dava entrada a minúsculo espaço, no qual havia uma torneira
instalada pela Companhia. A quantidade de água correspondia ao valor da moeda de cobre
(10, 20, 40 e 60 réis) que era depositada (SAMPAIO, 2005).
Figura 3: Casa de vender água (SAMPAIO, 2005)
Todo o esforço era feito para poupar o precioso líquido, principalmente nos períodos com
falta d’água, como em 1891-92, cuja ação destrutiva foi comparada à da seca que havia
devastado a Província, dez anos antes. Havia nesta época muitas queixas contra a Companhia
(SAMPAIO, 2005).
Começa um novo século. Salvador tinha em torno de 250 mil habitantes e um consumo per
capita de 35 litros de água por dia: 20% do necessário. Com a constante falta de água, a venda
nas fontes sobe de 5 para 25 réis o litro, o cargueiro, de 400 para até 2.000 réis. O preço da
pena d’água sobe de 9 para 12 mil réis mensais. A Companhia de Água do Queimado, sem
recursos, não teve perspectivas de novos investimentos no sistema (BAHIA, 2003).
Em 1904 contratou-se o engenheiro Teodoro Sampaio, que estimou que dentro de 20 anos a
população aumentaria em 50 por cento.
Em 1907 as obras para implantação do sistema estão parcialmente concluídas e finalmente,
em 1910, Salvador estava abastecida com um novo sistema de água que chegava aos
“subúrbios” da Barra, Rio Vermelho, Brotas, Boa Vista, Pitangueiras, Castro Neves e Tororó.
Nessa época, toda a rede de distribuição da cidade tinha 89 quilômetros, com tubulações
variando de 3 a 18 polegadas de diâmetro (BAHIA , 2003).
De acordo com Pereira (1994), mesmo com a distribuição de água encanada já implantada em
meados do século XIX, o serviço não conseguiu satisfazer a necessidade de toda a população
da cidade. Por isso, ainda se recorriam aos aguadeiros (Figura 4), que faziam um serviço de
distribuição paralelo, através das principais fontes.
Figura 4: Aguadeiros (BAHIA, 2003)
A evolução dos tempos transformou o rudimentar sistema de abastecimento de água. Quando
os governos incluíram o saneamento nos seus planos de trabalho a população passou a contar
com água encanada.
A mudança do uso de fontes públicas para sistema de abastecimento por canalização foi
bastante demorada, primeiro porque a população estava habituada a usar as fontes e teve
resistência, e segundo, implantar um sistema com tecnologia diferente requer um investimento
grande, e não foi possível que a alteração ocorresse imediatamente.
Depois da implantação do Sistema de Abastecimento de Água, as fontes, aos poucos, foram
perdendo sua real importância, sendo abandonadas e colocadas em plano inferior ao seu
verdadeiro valor. Com o passar dos dias a situação foi se agravando, contudo foram resistindo
ao tempo e ao descaso, como afirma Felix (1982), não é por outro motivo que várias fontes
enfrentam os séculos com uma imponência que assombra. Elas eram obras feitas para
durarem. E cada uma delas tinham uma história particular. Felix (1982), ainda afirma:
“Algumas fontes, pobrezinhas, já nem choram. Outras, entretanto, velhinhas, ainda resistem
ao tempo e um fio de água continua escorrendo, fininho, fininho, parecendo lágrima”.
Levando em consideração a condição em que se encontravam, no final do século XX os
órgãos públicos e estudantes voltaram sua atenção às fontes de água naturais, com propósito
de resgatá-las de uma situação que continuamente vem se agravando.
O olhar que este trabalho direcionou às fontes foi do ponto de vista histórico e sócio-
ambiental. Sem a pretensão de esquecer a importância histórica, foi focalizado o momento
atual das fontes, que é de fornecer água para alguns usos, conforme ainda pode ser visto ao
visitá-las. Trata-se, portanto, de um estudo interdisciplinar, de caráter humano e físico.
Esta pesquisa teve origem frente à necessidade de buscar respostas e disponibilizar dados que
resulte na sustentabilidade ambiental deste recurso natural.
1.1 JUSTIFICATIVA
Este projeto tem sua justificativa apoiada em duas razões: uma de natureza científica e outra
de natureza social.
De natureza científica porque é a primeira pesquisa a caracterizar a historia e as condições
atuais de um maior número de fontes estudadas, assim como a varredura de 40 parâmetros
para qualidade da água. Com esta investigação passa-se a ter conhecimento da situação, não
só da qualidade hidroquímica, mas da qualidade ambiental da água para uso de contato
primário ou secundário.
Vale ressaltar que estão ainda incluídas as indicações dos trabalhos realizados sobre fontes,
tanto os desenvolvidos por órgãos quanto os de caráter acadêmico. Em se tratando deste
assunto esta contribuição também é inédita.
De natureza social por se tratar de uma pesquisa que será de utilidade pública, pois é
propósito ser encaminhado à Prefeitura e ao Governo do Estado, responsável pela manutenção
e preservação das fontes, uma proposta de rede de monitoramento para acompanhamento da
qualidade da água, visando atender a população atual e futuras gerações.
Os resultados deste trabalho constituem um apoio científico importante para subsidiar a
tomada de decisão no sentido de superar o estado degradação instalado.
Baseado nestas características é relevante obter em um único documento dados que
subsidiarão a gestão urbana da cidade voltados aos recursos hídricos, sendo, então, um
instrumento eficaz de gerenciamento e tomada de decisão. Não se pode promover a
preservação das fontes se não estudarmos a sua história, sua geografia, ou seja, os meios pelos
quais se poderá aproximar da situação de interesse.
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Considerando que as fontes são monumentos muito antigos, excluídos do processo de
preservação e expostos a toda ação de vândalos e do próprio tempo, e que a qualidade da água
tem uma relação estreita com a falta de políticas públicas urbanas, com o crescimento
populacional acelerado e com as atividades sócio-econômicas desenvolvidas no substrato,
acredita-se que as fontes da cidade estão com problemas relacionados à qualidade de suas
águas e de estruturas físicas (principalmente as históricas). Surgem assim algumas
interrogações, comuns quando se trata deste assunto: Porque a maioria das fontes está
sucateadas, se elas representam a história da nossa cidade? Qual o grau de comprometimento
da qualidade da água das fontes? Que interferência há de atividades, como, proximidade a
postos de gasolina, cemitérios, e curtumes, por exemplo, expondo aos poluentes e substancias
danosas? Que usos são mais constantes por parte da população? Que ações podem ser
realizadas para a revitalização das fontes? Assim, pode-se levantar uma hipótese:
Provavelmente a falta de preservação, manutenção e conscientização por parte dos usuários e
principalmente do poder público têm trazido prejuízos inestimáveis, tanto na qualidade de
água quanto na fonte enquanto monumento.
1.3 OBJETIVOS
O principal objetivo desta dissertação é realizar um diagnóstico das fontes públicas
distribuídas na cidade de Salvador. Terá como foco os aspectos físicos e históricos, bem como
a análise da qualidade da água, visando disponibilizar uma ferramenta que poderá ser
utilizada tanto por gestores públicos quanto por pesquisadores e organizações da sociedade
civil na preservação deste patrimônio local.
Têm-se como objetivos específicos: conhecer o histórico das fontes; verificar a qualidade da
água observando sua evolução a partir de estudos realizados anteriormente, verificar a vazão
de água das mesmas, identificar a situação atual e propor uma rede de monitoramento aos
órgãos competentes: a Superintendência Municipal de Meio Ambiente (SEPLAM), à
Gregório de Mattos (FGM) ambos da Prefeitura Municipal e ao Instituto do Patrimônio
Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão do Governo do Estado, visando que sua
preservação e manutenção seja efetivada.
Para que o objetivo principal desta pesquisa fosse alcançado, foi necessário se debruçar no
estudo de várias situações: o social, envolvendo a história e a relação atual que estas fontes
têm com os usuários; o físico, relacionado ao entendimento do mecanismo interno e externo
do surgimento das fontes, por meio das informações de geologia, geomorfologia, solos e por
fim a avaliação da qualidade físico-química e bacteriológica da água, como o meio mais
direto para a análise da situação instalada.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Abordar sobre fontes públicas em uma cidade como Salvador possibilita tratar de questões
que estão atreladas à temática, como, por exemplo, urbanização, sociedade e políticas
públicas, e aqui é válido analisar até que ponto eles têm interferido na degeneração dos
aspectos históricos e ambientais destes monumentos. É oportuno salientar que em outras
localidades ou em outros países, os monumentos e a natureza estão mais preservados,
considerando que o crescimento populacional é semelhante ou mesmo em maior velocidade.
Com isto permite-se reportar a uma análise conceitual da questão política, especificamente
das políticas públicas, da urbanização e dos atores sociais envolvidos.
Segundo Gonçalves, (2002) a palavra política origina-se do grego e significa limite. Dava-se o
nome de polis ao muro que delimitava a cidade do campo; só depois se passou a designar
polis o que estava contido no interior dos limites do muro. O resgate desse significado, como
limite, talvez ajude a entender o verdadeiro significado da política, que é a arte de definir os
limites, ou seja, o que é o bem comum.
Assim, política é acima de tudo, arte, pois articula as relações humanas, é o ambiente para o
exercício da cidadania, o espaço para argumentação, salienta-se a importância da política,
como meio de expressão e espaço apropriado para as discussões. Conforme a abordagem de
Pereira (2007), a vida em sociedade é complexa e envolve adversidade. Para tornar possível a
convivência, é necessário se estabelecer ações que visem a uniformidade dos direitos.
É comum, portanto, nas sociedades estabelecidas que ocorram os problemas, os conflitos, os
entraves, etc... Contudo neste momento o papel da política é imprescindível, principalmente
no que tange à resolução de conflitos. Surge, assim a terminologia mais apropriada para a
situação, que são as políticas públicas. Políticas públicas, segundo Guareschi et al (2004), “é
o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um
compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas.
Expressa a transformação daquilo que é do âmbito privado em ações coletivas no espaço
público”, e ainda, como destaca Bucci (2002), “são programas de ação governamental visando
coordenar os meios à disposição do Estado e as atividades privadas, para a realização de
objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados”.
O Brasil das últimas décadas convergiu para uma grande concentração urbana, gerando várias
metrópoles com mais de um milhão de habitantes, além de um grande número de cidades
médias que agem como pólos de desenvolvimento em diferentes regiões do país. Esta grande
concentração da população, numa sociedade com grandes diferenças sociais e sem
planejamento, tem provocado uma piora ainda maior da qualidade de vida, mesmo apesar do
crescimento econômico percapita. (BRASIL, 1998). Os efeitos desta realidade fazem-se sentir
sobre todo aparelhamento urbano relativo a recursos hídricos, ao abastecimento de água, ao
transporte e ao tratamento de esgotos.
Contudo, o uso do solo urbano sem um maior planejamento tem sido o maior agente dos
problemas atuais. Apesar da existência do Plano Diretor Urbano (PDU) em grande parte das
cidades, os loteamentos clandestinos, as favelas e a falta de obediência política da legislação
urbana têm produzido uma grande deterioração dos espaços, incluindo o da bacia urbana.
Como conseqüência, algumas endemias retornaram como cólera e a dengue, os rios urbanos
estão totalmente assoreados e poluídos e escoam basicamente esgoto cloacal, mesmo
existindo rede de esgotos em algumas cidades.
A ausência de políticas públicas no processo de crescimento da maioria das cidades brasileiras
vem trazendo inúmeros problemas para a população que nelas residem. Uma das
conseqüências do crescimento urbano foi o acréscimo da poluição doméstica e industrial,
criando condições ambientais inadequadas e propiciando o desenvolvimento de doenças,
poluição do ar e sonora, aumento da temperatura, contaminação da água subterrânea, entre
outros problemas.
A urbanização tem relação direta na preservação ou degradação dos mananciais. Para Mota
(1995) a qualidade da água de um manancial, além dos seus usos, depende das atividades que
se desenvolvem nas suas margens. Pode-se dizer que a mesma está intimamente relacionada
com o uso que se faz do solo ao seu redor.
O crescimento urbano é, igualmente, responsável por elevados consumos de água, sendo
muitos destes gastos, excessivos e desnecessários. A poluição provocada pelo lançamento dos
esgotos domésticos nos rios contribuiu, para um esbanjamento de recursos que são vitais para
o homem e para todos os seres existentes. Um exemplo dessa poluição é o caso dos resíduos
hospitalares, ricos em nitratos, que são relativamente inofensivos nos campos, mas no corpo
humano são capazes de provocar danos irreversíveis, e estes são lançados negligentemente
Neste contexto, pode-se perceber que não é somente um aspecto que tem proporcionado a
degradação das fontes, de suas águas e de outros monumentos públicos, mas pelo menos a
combinação de duas situações: a sociedade com seu crescimento populacional e o governo
enquanto poder público, no momento que não assume seu papel na garantia dos direitos
sociais e de ações devidamente planejadas. Provavelmente, se a política fosse menos poder e
mais serviço à coletividade, se estaria mais próximo da democracia e do “governo do povo”.
Conforme Pereira (2007), demandas por políticas e ações políticas são geradas pelos
interesses de diversos atores. Estes atores são: a sociedade civil, os representantes do povo, as
ONG’s, as instituições, o poder público, etc. Contudo os usuários das fontes, atores apontados
nesta pesquisa, estão associados à pobreza e a marginalidade, o que provavelmente tenha
contribuído na pouca atenção governamental, visto que as políticas públicas desenvolvidas
são bastante elitistas. Deve-se, no entanto, ressaltar que os usuários também são formadores
da sociedade soteropolitana e têm uma estreita relação com a cidade, enquanto ambiente de
convivência, e com a água.
Para Carneiro e Costa (2003) a exclusão é algo vinculado ao cenário contemporâneo, e
consiste na impossibilidade ou dificuldade intensa de se ter acesso aos mecanismos de
desenvolvimento pessoal e à inserção sócio comunitária.
Segundo o artigo 182 da Constituição Federal, marco regulatório das políticas públicas
urbanas explicita que “a política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público
municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes”.
Dois termos são destaques no artigo acima citado, cidade e bem estar dos habitantes. De
acordo com Silva (2004) é importante identificar o espaço privilegiado de atuação dessas
políticas. O espaço geográfico, objeto das políticas públicas é a cidade, e que as políticas
públicas têm como desafio alcançar a sustentabilidade urbana para o pleno exercício da
cidadania, assegurando uma vida harmônica do homem em seu meio ambiente.
A sociedade já se encontra majoritariamente instalada em cidades, e as questões
socioambientais têm e terão cada vez mais um papel predominante na determinação das
políticas públicas no meio ambiente urbano. Trata-se de assegurar condições dignas de vida
urbana a todos, buscando um equilíbrio social e ambiental do planeta. (SILVA, 2004).
Conforme Lefebvre (2002), em seu conceito de direito à cidade, aponta, que deverá haver um
conjunto de exigências legítimas para a existência de condições de vida satisfatórias, dignas e
seguras nas cidades.
A visão de sustentabilidade para cidade, associada ao meio ambiente, ao acesso a serviços
dignos, e aos atores sociais exclusos, remonta, provavelmente à questão de uma nova forma
política, tendo em vista a participação, pois, ao menos, eles teriam conhecimento da
importância deste ambiente e de opinar sobre a realidade em que eles vivem. Seria a
participação o caminho para solução dos problemas citados e dos conflitos, em busca de uma
cidade mais equilibrada?
É válido salientar que as fontes são de propriedades da PMS exceto à fonte Redenção do
Pelourinho que é de propriedade do Governo do Estado, assim sendo, os atores sociais
responsáveis pelas políticas públicas de manutenção e restauração das fontes são os poderes
público municipal e estadual. Considera-se como municipal a SEPLAM e a FGM e estadual o
IPAC. De fato eles deveriam propor um plano com ações estratégicas e articuladas com o
governo para preservação e manutenção dos bens públicos, com vista à valorização e a
ressocialização.
A SEPLAM engloba maiores atribuições quanto às fontes, pois está responsável pela política
ambiental do município. Segundo seu regimento interno (Consolidação dos Decretos n°
11.981/98 e n° 12.057/98), ela tem por finalidade exercer as funções de planejamento urbano,
política ambiental e promover o desenvolvimento econômico do Município, tem, entre outras,
as seguintes áreas de competência:
• Definição, coordenação e execução das políticas, diretrizes e metas relacionadas com o planejamento urbano;
• Promoção de medidas para prevenir e corrigir a alterações do meio ambiente natural, rural e insular;
• Promoção de ações de educação ambiental em articulação com a Secretaria Municipal da Educação e Cultura, bem como campanhas e eventos voltados para a comunidade;
• Estabelecimento de diretrizes e políticas de preservação e proteção da fauna e da flora, bem como para o reflorestamento;
• Promoção e execução de projetos e atividades voltadas para a garantia de padrões adequados de qualidade ambiental do Município;
• Controle do ordenamento e do uso e ocupação do solo e preservação do meio ambiente;
• Definição da política de uso e ocupação do solo e aplicações das normas de ordenamento correspondentes, bem como da administração e fiscalização do cumprimento das normas sobre publicidade em logradouros públicos;
Tem, ainda, como missão planejar e regulamentar o desenvolvimento urbano-ambiental de
Salvador, de forma efetiva e participativa. E como visão, ser reconhecida, pelo cidadão, como
referência em planejamento municipal participativo, disponibilizando informações acessíveis,
na construção de uma cidade mais legalizada e igualitária.
A FGM e o IPAC têm por responsabilidade a política de educação patrimonial, cabe a estes a
preservação das fontes enquanto monumento, e principalmente porque são bens tombados.
Segundo a lei nº 3.601/86 de 19 de fevereiro de 1986, a FGM foi criada em 1986 sob a forma
de fundação, dotada de autonomia administrativa e financeira, patrimônio próprio, vinculada à
Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Tem como diretriz a construção de políticas
culturais para Salvador.
Conforme Resolução nº 016/03 de 31 de julho de 2003, que aprova o regimento interno do
IPAC, este Instituto estadual tem por finalidade executar a política de preservação do
patrimônio cultural da Bahia.
Ao IPAC, compete:
• I - promover, por todos os meios legais, a preservação dos bens de cultura do Estado; • II - pesquisar, documentar, restaurar e promover a produção técnica e científica
necessária à preservação dos bens de cultura; • III - colaborar na formulação da política de educação patrimonial, juntamente com
órgãos afins na área educacional; • IV - exercer, de modo sistemático, a fiscalização dos bens protegidos, orientando as
intervenções no acervo patrimonial, nos limites da lei; • V - examinar projetos de intervenção em bens protegidos, emitindo parecer
conclusivo; • VI - colaborar com as municipalidades na elaboração de políticas públicas que digam
respeito à preservação, tombamento, normas de proteção e critérios de uso dos bens de cultura;
Para consecução de sua finalidade, poderá o IPAC:
I - celebrar convênios, contratos, acordos e outros ajustes de cooperação técnica ou financeira com instituições públicas ou privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais; II - contrair empréstimos e financiamentos junto a instituições públicas e privadas; III - praticar outros atos que se enquadrem na finalidade da Autarquia.
Além da reflexão quanto ao dever do poder público, do papel da sociedade civil, e
identificado os responsáveis pela preservação de tais monumentos é importante ressaltar a
base legal relativa à preservação do monumento e da qualidade ambiental das fontes, com isto
algumas leis foram levadas em consideração neste capítulo.
Nesta abordagem as legislações foram divididas em 3 blocos distintos, relacionados com: 1)
preservação dos monumentos; 2) a água vista como um recurso natural necessitando de
preservação e por fim 3) as legislações relacionadas aos limites de parâmetros para as análises
de qualidade de água. Os parágrafos estão dispostos nesta seqüência apresentada.
1) Relacionando legislação à questão das políticas públicas referentes aos bens culturais têm
como marco importante a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(SPHAN). Na idéia de preservação da obra construída, seja de qualquer natureza, aliam-se
também as idéias de cidadania. O Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, estabelece
a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional, e o tombamento para obras de
interesse histórico, (BRASIL 1937). Ainda neste sentido a legislação estadual por meio da Lei
nº 3.660, de 8 de junho 1978 que dispõem sobre o tombamento dos bens de valor cultural e dá
outras providências, em anexo neste trabalho (Anexo A). O Decreto nº 26.319, de 23 de
agosto de 1978 e o Decreto nº 28.398, de 10 de novembro de 1981 formalizaram o
tombamento de fontes como a do Baluarte, fonte do Dique, a fontes dos Padres e a fonte
Mugunga.
2) Relacionado ao bem natural, as legislações federais e estaduais, são enfáticas em abordar o
tema de qualidade ambiental, degradação ambiental e poluição. Partindo desta premissa, as
fontes, objetivo de estudo desta pesquisa, não deveriam e nem poderiam estar nas condições
que se encontram.
A Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que institui a Política Nacional do Meio
Ambiente, tem por objetivo, segundo o art. 2º, a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana, atendidos a princípios como proteção dos ecossistemas, com a
preservação de áreas representativas e recuperação de áreas degradadas.
A Legislação Estadual, mais precisamente a Lei 7. 799, de 07 de fevereiro de 2001, estabelece
a Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais e tem por objetivo assegurar o
desenvolvimento sustentável e a manutenção do ambiente propício à vida em todas as suas
formas. Aborda, no art 1º que a qualidade ambiental deve ser assegurada para uso das
gerações presentes e futuras, devendo ser observadas e adotadas medidas no sentido de
garantir seu aproveitamento e uso continuado, mediante a adoção de práticas que aumentem a
eficiência do uso da água, do solo, da fauna e da flora e de outros recursos naturais, e que o
meio ambiente deve ser protegido, visando à garantia da qualidade de vida, que se traduz na
segurança, saúde, igualdade, dignidade da pessoa humana e bem estar social, considerando-se
os recursos ambientais como bens indivisíveis, que devem ser acessíveis a todos, importando,
o seu dano irreversível, na inviabilidade do exercício dos direitos garantidos.
3) Com relação à qualidade de água, a principal intervenção para a efetivação de seu controle
aconteceu com a implementação de algumas legislações que serão muito citadas nesta
pesquisa no capítulo da análise de dados, entre elas: a) a Resolução do Conselho Nacional de
Meio Ambiente (Conama) n° 357 de 17 de março de 2005, que dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências; b) a Resolução
Conama n° 274 de 29 de novembro de 2000, que trata sobre a balneabilidade das águas,
considerando que a saúde e o bem-estar humano podem ser afetados por estas condições e por
fim; c) a Portaria do Ministério da Saúde nº 518, de 25 de março de 2004, que estabelece os
procedimentos e responsabilidades relativas ao controle e vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Esta portaria foi definida pelo Ministério
da Saúde e é importante para esta pesquisa, pois as fontes, quase em sua totalidade, são
utilizadas para consumo humano.
Os padrões adotados nestas legislações, de um modo geral, são Valores Máximos Permitidos
(VMP) de concentração para uma série de substâncias e componentes presentes na água. Os
padrões de potabilidade para as águas destinadas ao abastecimento humano são estabelecidos
segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que define como água potável
àquela que apresenta aspecto límpido e transparente; não apresenta cheiro ou gosto objetável;
não contém nenhum tipo de microrganismo que possa causar doença; e não contém nenhuma
substância em concentrações que possam causar qualquer tipo de prejuízo à saúde.
A NBR 9.896/87 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) preconiza que os
padrões de qualidade são constituídos por um conjunto de parâmetros e respectivos limites, e
são estabelecidos com base em critérios científicos que avaliam o risco para uma dada vítima
e os danos causados pela exposição a uma dose conhecida de um determinado poluente
(PROENÇA, 2004).
O discurso e a prática na gestão das águas veio com a sanção da Lei Federal nº 9.433, de 8 de
janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, tendo como um dos
fundamentos gerir tais recursos, proporcionando uso múltiplo, em consonância com objetivos
que assegurem “à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões
de qualidade adequados aos respectivos usos”.
3 ÁREA DE ESTUDO
A área onde foi desenvolvida a pesquisa, a cidade de Salvador tem forma triangular e está
cercada pelo mar (Figura 5). Segundo IBGE (2001) a capital baiana conta com uma população
de 2.440.886 habitantes, sendo estimada em 2007 em 2.892.625 habitantes. A cidade
inicialmente se instalou sobre um planalto, protegida de um lado por vales profundos e do
outro por uma escarpa, hoje seu vetor de crescimento está direcionado ao norte-nordeste. É
uma cidade que no contexto nacional tem grande importância histórica, turística e social. Sua
área é de aproximadamente 324 km2, ou seja, 32.400,00 ha.
Figura 5: Localização da cidade de Salvador em relação à América Sul e ao Brasil.
A temperatura é elevada durante o ano, com média máxima de 28,1ºC e mínima 22,5ºC, e
média anual de 25.3ºC (BAHIA, 1994).
A posição litorânea assegura ao município uma umidade relativa da ordem de 80%, a
precipitação pluviométrica média varia entre 50 a 350mm ao mês, resultantes da chuva
frontais e pseudos-frontais de leste, tornando-o a zona mais irrigada do Estado (BAHIA,
1994). Com relação à precipitação, 63,8% das chuvas caem no período de outono-inverno,
correspondendo à estação chuvosa e detém 60% dos dias de chuva corrida durante todo o ano.
Segundo Köppen (1948) o clima é tropical chuvoso de floresta (af) e segundo a classificação
Thornthwaite (1948) é úmido (B2rA’a’), com uma média de 2.220 horas de exposição anual
ao sol.
Segundo Bahia (1994) a vegetação do município é Floresta ombrófila densa e Formações
pioneiras com influencia marinha (restinga) arbórea.
As fontes públicas se encontram distribuídas neste espaço geográfico apresentado e estão
mais concentradas a sudoeste do município, principalmente próximo à falha geológica da
Cidade.
Para compreensão do surgimento destes mananciais de água, será apresentada a condição
físico-natural em que se encontram estas fontes.
3.1 ASPECTOS FÍSICOS NATURAIS
As fontes naturais são surgências das águas subterrâneas armazenadas em reservatórios no
subsolo. Os reservatórios de águas subterrâneos ou aqüíferos acumulam-se através de anos ou
mesmo de séculos, sendo que o seu reabastecimento é feito através das chuvas de modo
contínuo e natural.
As fontes existentes na cidade de Salvador são, em sua grande maioria, proveniente das águas
que drenam as terras do município formando diversas bacias que se distribuem em duas
vertentes: a do Atlântico e a Baía de Todos os Santos. Convergem diretamente para o
Atlântico mais de 80% das chuvas que se precipitam sobre o município. Essa vertente
apresenta longos cursos d’água que vão aumentando de importância na direção NE (BAHIA,
1985b).
A grande quantidade de surgências ou fontes identificadas na cidade foi notada pelos
historiadores que escreviam sobre a incidência desses mananciais.
De acordo com A Tarde (1999), historiadores afirmavam que os lendários subterrâneos da
capital baiana não seriam outra coisa senão galerias de captação e drenagem de água que
partia ou chegava a estas fontes.
Segundo Azevedo (1969) todas as fontes eram na baixa de grandes ladeiras, e que sem dúvida
seriam procedentes das fraturas das rochas.
Vilhena (1969) escreveu: “ tenho, meu amigo, observado que são aqui as terras em extremo
rotas, motivo por que as surgentes das águas, todas saem junto à superfície da terra nas baixas
à falda dos montes.... Toda a montanha na sua falda geme água, e poucas são as casas, que
não tenham sua poça, em que se aproveitam, toda porém é salobra”.
De acordo com Azevedo (1991) as fontes surgem da água contida nas porosidades das rochas.
Diferencia os tipos de fontes, apresentado a classificação de Bryan, segundo o autor existem
quatro tipos de fontes naturais: as de vale, de contato, de falhas (artesianas) e de fraturas,
sendo este último tipo o predominante nas fontes de Salvador, principalmente naquelas
localizadas na parte central da cidade, pois nestas são encontradas rochas de embasamento
cristalino que permitem o armazenamento das águas infiltradas provenientes das chuvas nas
fraturas internas existentes neste tipo de rocha.
Lima (2005) apresenta a definição para cada tipo de fonte classificada por Azevedo (1991)
assim como sua representação gráfica. (Figura 6).
Figura 6: Fontes de: a) vale, b)contato e c) fratura (Lima, 2005).
A fonte tipo Contato ocorre quando a superfície do terreno intercepta o contato de uma
camada permeável sobreposta a uma impermeável, podendo ser chamada de fixas. Em
Salvador geralmente o contato dá-se entre rocha alterada e rocha sã.
A fonte tipo Vale ocorre quando o talvegue de um vale intercepta o nível hidrostático, sendo
caracterizado pela modalidade de seu ponto e surgência, a depender da variação sazonal da
altura que o aqüífero aflora.
E a fonte tipo Fratura ocorre normalmente, em rochas cristalinas e em calcários (cárstico) em
decorrência de fraturas interligadas e que interceptam a superfície do terreno.
A captação das fontes naturais no município de Salvador sofriam interferências de infra-
estrutura para garantia de vazão e fornecimento de água, segundo o jornal Tribuna da Bahia
(1976) elas geralmente eram construídas por quatro sistema básicos: o de captação e
a) VALE b) CONTATO c) FRATURA
transporte da água, o de armazenamento e decantação, o de distribuição e o de
transporte e absorção da água servida.
As fontes de captação, oriundas de água de percolação, na escarpa da falha de Salvador era
um tipo muito comum na cidade baixa. São jorros espontâneos que ainda hoje podem ser
vistos nas muralhas da ladeira da montanha. A fim de tornar possível a coleta de maior
volume de água, muitas dessas fontes avançavam em galerias horizontais para dentro da
montanha, cada qual captando diferentes mananciais, (BAHIA, 1983). Para recolherem maior
volume de água algumas dessas fontes foram dotadas de galerias que coletavam água de
muitas fissuras da rocha.
O armazenamento da água das fontes era feito em reservatórios, que serviam para regularizar
o fluxo das nascentes e decantar a água. A distribuição fazia-se por meio de bicas ou
chafarizes. Finalmente, a água servida era conduzida através de galerias e lançado em riacho,
encosta ou poço de absorção (BAHIA, 1974).
Dórea (1974) considerou que algumas fontes, podiam ser vistas como verdadeiras obras de
arte, com suas galerias trabalhadas, estendendo-se montanha adentro até a escondida nascente
das águas. Solidamente construídas para canalizar o líquido, essas galerias formavam
conjuntos de túneis, algumas vezes chegando a ter dezenas de metros.
Segundo Nascimento (2002) a caracterização físico-química das águas subterrâneas no seu
estado natural, sem a interferência de fatores antrópicos, está diretamente subordinada às
condições geológicas, litológicas e climáticas reinantes em uma determinada região.
Assim sendo, os aspectos físicos naturais são propiciadores da qualidade da água e também se
pode afirmar que são determinantes no surgimento das fontes na cidade de Salvador,
principalmente no que diz respeito à geologia e hidrogeologia.
Em Salvador, a geografia local, a ação do clima e as características geológicas apresenta um
quadro propício para surgimento das fontes naturais. O clima caracterizado por uma
temperatura sempre elevada e a intensa pluviosidade distribuída pelos 12 meses do ano, age
poderosamente sobre a vegetação, o solo e pela disponibilidade da água subterrânea.
Ainda segundo Mattoso (1992. p. 155),
“Há água em toda a parte da cidade. Com efeito, o Embasamento Cristalino do horst é impermeável, mas a espessa camada oriunda de sua decomposição é extremamente porosa, servindo de reservatório
sendo as águas sempre renovadas nesse clima úmido. A porosidade do solo é de cerca de 20% (cada metro cúbico é capaz de conter duzentos litros de água) e sua espessura média é de vinte metros (freqüentemente atinge mais de 30 metros). É fácil imaginar o enorme reservatório representado pelo solo da cidade alta: é só cavar para ter um poço. Basta um afloramento, ao contato com a rocha matriz e com seu solo em decomposição, para ver jorrar uma nascente. Os mananciais e as fontes estão em toda a parte em Salvador, na base do horst como nas trilhas de menor fratura, do menor deslocamento de terreno, do mais insignificante vale. São águas cristalinas, filtradas naturalmente, ricas em sais minerais. Salvador é a cidade das mil fontes”.
Ainda segundo (Mattoso apud Ufba, 1998) “Salvador é uma cidade úmida, onde o grau
hidrométrico do ar pode subir até 100%, sítio cujo equilíbrio ecológico natural permitiu, em
1549, a fácil e perene fixação de seus primeiros habitantes.
Além da espessa camada de regolito que recobre o Embassamento Cristalino, a topografia da
cidade de Salvador também propicia o surgimento dessas fontes, isto devido à falha geológica
que separa cidade alta da cidade baixa. Essa feição estrutural foi resultado do afundamento
durante o cretáceo, de uma bacia de subsidência já existente no fim do triássico-jurássico. Os
deslocamentos que ocorreram nesta época provocaram fraturamentos e cisalhamentos intensos
nas rochas em várias direções. Eles podem explicar o caminho para penetração da água a
partir do fraturamento da rocha da região. Geralmente estas águas percolam pelas fraturas
aflorando na encosta através das fontes. São classificadas como do tipo gravitacional,
formadas por correntes ou veios d’água subterrâneas que minam na superfície, ou seja, o
fluxo de d’água interno da rocha flui de um ponto mais alto para outro mais baixo pela
atuação da força da gravidade.
3.1.1 Solos
Segundo o Mapa Exploratório de Reconhecimento de Solos (EMBRAPA-SUDENE, 1976)
predomina para a Cidade de Salvador o LVd 35 - Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico +
Podzol Vermelho Amarelo Tb. Ainda em pequena representação o Pv1 - Podzol Vermelho
Amarelo Tb +Ta Podzólico Vermelho Amarelo, AMd2 - Areias Quartzosas Marinhas
Distróficas (DUNAS).
Conforme o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (EMBRAPA, 1999) os Latossolos,
solo predominante na área de estudo, são de avançado estágio de intemperização, muito
evoluídos, em resultado de enérgicas transformações no material. São normalmente muito
profundo, sendo a espessura do solum raramente inferior a um metro. São típicos de regiões
equatoriais e tropicais.
Azevedo (1991) relata que são caracteristicamente permeáveis e autóctones o que facilita a
infiltração da água nestes e destes para o sistema de fraturas nas rochas.
Também conforme Bahia (1985b) os solos encontrados no município são em sua maioria
ácidos, bastante porosos, profundos, comportando-se como solos bem drenados, formados por
Latossolos Vermelho-Amarelo, Areias Quartzosas Marinhas Distróficas e associações de
Podzol, Areias Quartzosas Distróficas e Solos Holomórficos indiscriminados.
3.1.2 Geologia
A história geológica antiga, que provavelmente começou no arqueano/paleoproterozóico e foi
até meados do cenozóico, marca profundamente o sítio de Salvador.
De acordo com Barbosa e Dominguez (2004) a cidade de Salvador é caracterizada por um
conjunto litológico representado por três domínios principais:
i) a Bacia Sedimentar do Recôncavo, que faz parte do contexto do Rift Recôncavo,
representados pela Formação Salvador e, arenitos e folhelhos, representados pela Formação
Pojuca do Grupo Ilhas;
ii) o Alto de Salvador, Planalto ou Maciço de Salvador, representado por rochas
metamorfizadas, graníticas e basálticas do embasamento cristalino arqueano-
paleoproterozóico; e
iii) a Planície Litorânea ou Margem Costeira Atlântica, faixa plana, onde se destacam
pequenos morros arredondados, modelados por flutuações climáticas e do nível do mar,
formada por depósitos sedimentares Terciários da Formação Barreiras e depósitos
inconsolidados do Quaternário.
Lima (1995 apud Santos, 2003) caracteriza a Região Metropolitana de Salvador (RMS) por
cinco domínios geológicos distintos, quais sejam: Alto Cristalino de Salvador, parte da Bacia
Sedimentar do Recôncavo, Zona da Falha de Salvador, Baía de Todos os Santos e Planície
Costeira Quaternária.
Segundo Silva (2005) definiram-se os seguintes domínios geológicos para Salvador a partir
do Plano Diretor de Encostas (PDE), elaborado em 2004: Rochas Sedimentares do Rift do
Recôncavo Sul, Complexo Cristalino do Embasamento, Escarpa da Falha de Salvador,
Cobertura Continental do Terciário e Depósitos Inconsolidados do Quaternário.
Para Ribeiro (1991) a geologia da cidade de Salvador é constituída por duas partes distintas
divididas pela escarpa de linhas de falha de Salvador. Na cidade baixa afloram sedimentos do
Grupo ilhas, enquanto na cidade alta, rochas de alto grau de metamorfismo da face granulíto,
que constitui o embasamento cristalino, além da presença da Formação Barreiras.
De modo geral, a cidade de Salvador é caracterizada por rochas pré-cambrianas do
embasamento cristalino parcialmente recobertas pelos sedimentos cretácicos da Formação
Barreiras que repousa discordantemente sobre rochas cristalinas (SANTOS, 2003).
Segundo Santos (2003) num contexto tectônico, as unidades litológicas, caracterizam o Alto
Cristalino e a Bacia Sedimentar do Recôncavo. Separando esses dois domínios, se tem uma
zona de deformação subvertical denominada de Falha de Salvador, que corresponde ao limite
tectônico oriental da bacia sedimentar do Recôncavo e representa um dos marcos da distensão
continental que produziu a referida bacia. A Falha de Salvador tem direção geral
aproximadamente N45oE, e acumula um rejeito total do embasamento superior a 4000 m.
Elbacha (1992) relata que a cidade possui sua maior área sobre o “horst” dessa depressão, e
apenas uma pequena extensão fica no bloco deprimido, onde está localizada a Cidade Baixa.
A maior parte do sítio localiza-se assentada sobre um planalto constituído por rochas
silicatadas do embassamento pré-cambriano, os sedimentos cretácicos da Bacia do Recôncavo
que afloram na Cidade baixa são constituídos por uma seqüência de arenitos, siltitos,
folhelhos e por conglomerados aflorantes em Monte Serrat e Bonfim.
O substrato rochoso é formado por rochas metamórficas e ígneas recobertas parcialmente por
sedimentos recentes de siltes e argila. Essas rochas se alteram profundamente formando a
enorme massa de material que encobre as encostas.
Visando facilitar a compreensão quanto a geologia de Salvador, segundo as colocações dos
autores aqui discutidas, foi elaborado uma representação dos domínios geológicos segundo
estes autores e demonstrado no Quadro 1 esta divisão foi relacionada a três domínios maiores,
que de acordo com Barbosa e Domingues (1996) é representado pela Bacia Sedimentar do
Recôncavo, Alto de Salvador e Margem Costeira Atlântica, a partir desta divisão é notório
que todas elas fazem relação entre si, embora esteja mais detalhadas ou generalizadas ou
tenham nomenclatura um pouco diferenciada.
Quadro 1: Representação dos Domínios Geológicos de Salvador segundo diversos autores. Adaptado de Silva (2005)
ERAS/ períodos
Barbosa e Domingues
(1996) Ribeiro (1991) Elbacha (1992)
Lima (1995 apud Santos, 2003) Santos (2003)
PDE (Salvador, 2004)
-- --
CEN
OZÓ
IC
O
Qua
tern
ári
o
Margem Costeira Atlântica
-- Planície Costeira Quaternária.
-- Depósitos inconsolidados do Quaternário
CEN
OZÓ
IC
O
Terc
iário
Formação Barreiras
Cobertura Continental do Terciário
Sedimentos Cretácicos da Bacia do Recôncavo
Bacia Sedimentar do Recôncavo
Bacia Sedimentar do Recôncavo
Rochas Sedimentares do Rift do Recôncavo Sul
MES
OZÓ
ICO
C
retá
ceo
Bacia Sedimentar do Recôncavo Sedimento da
Formação Ilhas Baía de Todos os Santos
Embasamento Cristalino
Embasamento pré-cambriano
Alto Cristalino de Salvador
Alto Cristalino
Complexo Cristalino do Embasamento
PALE
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OTE
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O D
OM
ÍNIO
S G
EOLÓ
GIC
OS
Alto de
Salvador Escarpa de Falha de Salvador --
Zona da Falha de Salvador
-- Escarpa da Falha de Salvador
Considerando que as duas tipologias mais marcantes na cidade de Salvador são o
Embassamento Cristalino e a Formação Barreiras, estas formações serão detalhadas para
maior entendimento.
Embasamento cristalino
As rochas que compõem o embasamento cristalino apresentam um índice de fraturamento
moderado a alto, com predomínio de fraturas com mergulhos elevados e, quando expostas
apresentam maior potencialidade para ruptura em cunha de pequenos blocos (SILVA, 2005).
Segundo Santos (2003), as rochas do cristalino geralmente são encobertas por sedimentos
terciários da Formação Barreiras, por sedimentos recentes ou por espesso manto de alteração
de mais de 20 m de espessura. O desenvolvimento de aqüíferos nessas unidades se deve,
principalmente, ao elevado grau de deformação e fraturamento a que essas rochas foram
submetidas.
Cavalcanti (1999) considera o embasamento como uma única unidade designada de complexo
cristalino. As rochas granulíticas que ocorrem na área incluem gnaisses, magmatitos, corpos
granitóides e anfibolitos.
O sistema de fraturamento do embasamento cristalino também facilitou a alteração das
rochas, servindo como canais de percolação das águas de chuva, como conseqüência, o
intemperismo físico e químico dessas rochas juntamente com os processos de erosão, resultou
na formação dos vales e depressões que servem de percursos para a drenagem fluvial
existente (SACRAMENTO, 1975 apud NASCIMENTO, 2002).
Formação Barreiras
A Formação Barreiras engloba quase a maior parte dos sedimentos terciários em território
baiano e cobre extensa área da RMS. Corresponde basicamente a um pacote de sedimentos
continentais pouco litificados e de cores variegadas, que se constituem de argilas, areias e
cascalhos, com estratificação irregular, normalmente indistintas (BARBOSA e
DOMINGUES, 1996 apud CAVALCANTI, 1999).
De idade Pliocênica, a Formação Barreiras tem a forma de um extenso tabuleiro apresentando
ligeira inclinação em direção à costa, repousando discordantemente sobre as rochas das bacias
sedimentares mesozóicas e do embasamento cristalino. De composição e granulometria
variada, esta formação é caracterizada por arenitos finos a grossos, argilitos cinza
avermelhados, roxos e amarelados e arenitos grossos a conglomeráticos com matriz caulínica.
Esse material evolui para solos residuais arenosos e areno-siltosos de cor acinzentada
(SILVA, 2005).
Geomorfologicamente, os sedimentos do Barreiras, na forma de tabuleiros ligeiramente
inclinados em direção à costa, constituem os testemunhos de leques aluviais pliocênicos que
foram depositados discordantemente sobre o substrato cristalino em altitudes superiores a
50m, podendo ultrapassar a cota de 80m. Em direção ao topo, predominam espessas camadas
de arenitos de granulação média a fina, com matriz argilosa e coloração amarelo-
esbranquiçada, cuja espessura máxima chega a alcançar 20 m (SANTOS, 2003).
3.1.3 Hidrogeologia
Na cidade de Salvador os aqüíferos em grande parte são rasos e de elevada vulnerabilidade,
conforme assinalaram Guerra e Nascimento (1999)
Segundo Lima (1994; Bahia, 1996 apud Cavalcanti, 2001) a RMS, compreende basicamente
dois sistemas aqüíferos: (i) o aqüífero granular múltiplo, semi-confinado, ou sistema do
recôncavo e (ii) o aqüífero freático, consistindo do embasamento cristalino acoplado à
Formação Barreiras ou às areias quaternárias. O sistema livre é definido por uma única
superfície freática com alimentação natural por infiltração direta de águas pluviais.
Detalhando os dois sistemas, e ainda segundo Cavalcanti (1999) o Sistema Aqüífero do
Recôncavo é semi confinado. Para o sistema Cristalino, as características mais importantes
são a densidade e o tipo de fraturamento, e a espessura e natureza do manto de alteração, pois
as possibilidades de aproveitamento das suas águas subterrâneas estão condicionadas à
presença de fraturas abertas, já que se trata de rochas extremamente compactas e não
permeáveis.
Santos (2003) indica que aspectos importantes desses sistemas aqüíferos naturalmente
derivam de suas características geológicas. Por exemplo, as características mais importantes
da parte cristalina do aqüífero livre são as densidades de fraturas e o tipo de fraturamento, e a
espessura e natureza do manto de alteração. As possibilidades de aproveitamento das águas
subterrâneas nesse setor estão restritas à presença de fraturas abertas ou fissuras, pelo fato de
serem rochas extremamente não permeáveis (SANTOS, 2003)
Para Oliveira (1997), o sistema aqüífero cristalino do Alto de Salvador, que corresponde a
maior parte do município, é do tipo livre ou freático, a variação da profundidade corresponde
a menos de 1 metro de profundidade na zona de praia até mais de 20 metros nas elevações.
A vazão dos poços em aqüíferos cristalinos é normalmente baixa, se comparada à de outros
aqüíferos, no caso do aqüífero cristalino da cidade de Salvador, o mesmo vem sendo
explorado, de forma não controlada, para abastecimento de bairros e comunidades da região
costeira, bem como para atender o suprimento parcial de edifícios, condomínios e
estabelecimentos comerciais da cidade.
Ainda conforme Oliveira (1997) e fazendo referência às duas tipologias marcantes de
Salvador, o cristalino e o sedimentar indicam que grande parte do contato entre estes sistemas
aqüíferos parece ser impermeável. Entretanto ao longo de zonas fraturadas, pode haver em
profundidade, transferência de muita água entre os dois sistemas, ampliando, portanto, a
reserva hídrica do sistema aqüífero cristalino.
3.1.4 Geomorfologia
Segundo Gonçalves apud Silva (2005), as feições geomorfológicas de Salvador resultaram do
profundo intemperismo das rochas do embasamento cristalino, o “horst” de Salvador,
entalhado por uma densa rede hidrográfica, que deu origem a um relevo movimentado, com
níveis altimétricos situados entre 30 e pouco mais de 100 metros, poucas vezes chegando até
150 metros, e com vertentes de inclinações variáveis com ângulos suaves a subverticais.
Segundo o Órgão Central de Planejamento (Oceplan), Oceplan (1980 apud Elbacha, 1992) a
geomorfologia apresenta três compartimentos topográficos principais em Salvador:
a) Planalto – onde se encontra localizada a Cidade Alta;
b) Planícies a beira mar – onde se encontra localizada a Cidade Baixa;
c) Planície Litorânea – compreendida pela orla marítima.
Podendo-se corresponder as seguintes seções da cidade:
Planície a beira mar: a Cidade Baixa se apresenta plana com 2 elevações: Bonfim e Mont
Serrat;
Planície litorânea: delimitada pela escarpa da Falha de Salvador indo do Porto da Barra para
além do limite norte da cidade;
E o planalto: correlacionável aos espigões elevados com topos planos separados por vales;
Os vales geralmente são achatados com largura de até 200m.
4 METODOLOGIA
A realização de um bom trabalho de pesquisa requer do pesquisador buscar soluções sérias e
métodos apropriados ao trato do problema estudado. Para desenvolvimento da pesquisa em
questão foi analisado o procedimento pelos quais os objetivos deveriam ser alcançados. Como
0o trabalho realizado precisou se apoiar em análises quantitativas e qualitativas, foi necessário
utilizar estas duas técnicas de análise para desenvolvimento da dissertação. Quanto a análise
quantitativa se restringiu a medir e comparar os valores obtidos no trabalho de campo
referentes à análise de água e o tratamento estatístico dos dados. Foi notório, em campanha de
campo, a necessidade de entrevistas para melhor compreensão da situação, com isto foi
estabelecida a primeira técnica qualitativa a ser utilizada, a entrevista. É valido salientar que
nesta pesquisa a análise qualitativa se sobrepôs à quantitativa.
Haguette (1992) afirma que a ação individual é uma construção realizada pelo indivíduo por
meio da interpretação das características das situações nas quais ele atua. Isso indica que a
consideração das falas dos usuários da área de estudo é importante como representação da
realidade local. A percepção em campo torna-se uma componente imprescindível na pesquisa
qualitativa pelo fato do pesquisador captar uma gama de situações ou fenômenos emergentes
do ambiente no cotidiano.
Para as entrevistas foi construído um roteiro estruturado sob forma de questionário (Apêndice
A), na perspectiva de realizar uma "conversa" que permitisse construir o ponto de vista dos
atores sociais a respeito da situação e usos das fontes de água. A população entrevistada
foram os usuários e consumidores de água das fontes.
A partir das entrevistas foi possível fazer o reconhecimento, a identificação e registro das
fontes existentes, permitiu também um primeiro olhar, sob o ponto de vista dos usuários, pois
eles foram os atores de maior proximidade devido ao convívio intenso. Assim, as entrevistas
se mostraram um instrumento importante para traçar a realidade de cada fonte estudada, e
propiciaram várias interpretações no decorrer do documento.
4.1 ETAPAS METODOLÓGICAS
O procedimento metodológico foi dividido em algumas etapas:
1) A etapa inicial contemplou o levantamento documental e bibliográfico, em fontes
secundárias, como: livros antigos, jornais, monografias e dissertações. Este levantamento foi
realizado na FGM com leitura de artigos de jornais, que datam do inicio do século passado até
o presente momento, no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, na Faculdade de Filosofia
e Ciências Humanas, na Biblioteca Central da UFBA, na Biblioteca Central do Estado da
Bahia onde foram identificados trechos de literatura antiga relacionada às fontes. Foi também
realizado levantamento no Instituto de Biologia e no Instituto de Geociências da UFBA
visando identificar bibliografia referente às fontes, à geologia e geomorfologia da Cidade. O
mesmo aconteceu em alguns órgãos públicos que têm ligação direta com a manutenção,
restauração e reformas das fontes: o IPAC e o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan-Bahia).
Ainda nesta etapa ocorreu o levantamento de bases cartográficas referente à cidade de
Salvador com o objetivo de criar mapas temáticos das fontes. Mapa de localização das fontes,
relevo, uso do solo, geologia, e por fim o da proposta de monitoramento. O programa para a
criação e edição dos mapas foi o Arc View 3.2, com apoio do MicroStation 8.0.
2) A segunda etapa correspondeu às campanhas de campo. Estas campanhas foram dividas em
três momentos, de acordo com o tipo de parâmetros e laboratório a que foram destinadas.
Também neste período foi levantada as vazões de água para as fontes que foram apresentadas
por Lima (2005).
A partir da pesquisa bibliográfica realizada, especialmente em jornais antigos, livros antigos,
monografias e fontes orais, foram catalogadas 54 fontes, sendo que destas, 34 foram visitadas
e estão destacadas em negrito no Quadro 2. Em muitos casos não foi possível identificar a
localidade, pois são desconhecidas e a informação do endereço, que constavam nas fontes
bibliográficas, não foi o suficiente
A identificação (ID) para cada fonte definida neste quadro será mesma em todo trabalho, isto
com objetivo de criar identidade para cada uma delas.
Quadro 2: Fontes catalogadas com destaque para as visitadas
ID NOMENCLATURA LOCALIZAÇÃO
01 Fonte Água de Meninos Água de Meninos
02 Fonte Banheiro dos Jesuítas Colégio dos órfãos em São Joaquim
03 Fonte Bx dos Sapateiros Baixa dos Sapateiros
04 Fonte Catarina ou da Graça Travessa da Rua Esperanto Graça
05 Fonte Cemitério Campo Santos Cemitério Campo Santo
06 Fonte Chapéu de Couro Alto de Ondina
07 Fonte Conj. Bahia Conjunto Bahia - Santa Mônica
08 Fonte Convento de Santa Tereza Local não identificado
09 Fonte da Alegria Bonfim
10 Fonte da Bica São Caetano
11 Fonte Nova Início da Ladeira dos Galés
12 Fonte da Matança – Perto do matadouro Retiro
13 Fonte das Pedreiras Cidade Nova
14 Fonte da Vovó 7 portas
15 Fonte da Pedra Furada Pedra Furada
16 Fonte das Pedras Fonte Nova
17 Fonte Davi Brotas
18 Fonte de Biologia Campus da Federação UFBA
19 Fonte de Sta Luzia Igreja de Sta Luzia
20 Fonte do Baluarte Ladeira de Água Brusca
21 Fonte do Beco da Água de Gasto Local não identificado
22 Fonte do Buraquinho Pedra Furada
23 Fonte do Cabuçu Rio Vermelho
24 Fonte do Chega Nego Praia da Onda - Ondina
25 Fonte do Coqueiro ou Vila Velha Av. Vale dos Barris, atrás do Conv.da Lapa
26 Fonte do Dique do Tororó ou do Barril Dique do Tororó
27 Fonte do Dr. Carvalho Local não identificado
28 Fonte do Gueto Brotas
29 Fonte do Goldinho Nazaré
30 Fonte do Mungunga Av. Jequitaia, próx. a feira de São Joaquim
31 Fonte Redenção do Pelourinho Pelourinho
32 Fonte do Pereira Ladeira da Misericórdia
33 Fonte do Queimado Vale do Queimado
34 Fonte do Segredo Brotas
35 Fonte do Xixi 7 portas
36 Fonte dos Aflitos Gabriel Torres
37 Fonte dos Perdões ou Sto Antonio Rua dos Perdões ou Santo Antonio
38 Fonte do Zoológico Jardim Zoológico
39 Fonte Estica Liberdade
40 Fonte Gabriel Próximo ao Largo 2 de Julho
41 Fonte Gamboa das Pedras Atrás do Convento do Desterro
42 Fonte Gravatá Rua Gravatá e Rua da Independência
43 Fonte Iemanjá Farol da Barra
44 Fonte Pedreira ou Preguiça Avenida Contorno
45 Fonte Rio Vermelho Atrás do Mercado do Rio Vermelho
46 Fonte Santo Antonio do Cabula Av. Luis Eduardo Magalhães
47 Fonte São Felipe Néri Cidade Baixa
48 Fonte São Miguel ou Quibungo Maciel de Baixo com São Miguel
49 Fonte São Pedro Lad. de São Pedro- Prox. Concha Acústica
50 Fonte Taboão ou dos Padres Ladeira do Taboão: Rua do Julião
51 Fonte Unhão Solar do Unhão
52 Fonte Vale do Tororó Tororó
53 Fonte Visconde de Mauá Fundo Museu de Arte Sacra
54 Fonte Vista Alegre de Baixo Vista Alegre
A distribuição espacial das fontes para a cidade em estudo pode ser visualizada na Figura 7.
Os pontos de amostragem em azul referem-se aos que apresentam vazão e foram analisados,
os verdes não foram analisados e os vermelhos estão sem vazão, entupidos ou destruídos.
Figura 7: Distribuição espacial dos pontos de amostragem (CONDER, 2003) e coleta de dados.
Oriundo do Quadro 2 foram selecionadas 22 fontes para serem os pontos de amostragem,
tendo em vista as coletas de água para análise. Como algumas já não existiam, outras estavam
entupidas ou danificadas, foi considerando nesta seleção, como prioridade, aquelas que
tivessem vazão de água ao longo do ano ou tivessem com algum tipo de uso. As escolhidas
estão apresentadas no Quadro 3.
Quadro 3: Pontos de amostragem para análise de qualidade da água das fontes e Salvador
ID FONTE LOCALIZAÇÃO
04 Graça Travessa da Rua Esperanto Graça
07 Fonte Conj. Bahia Conjunto Bahia - Santa Mônica
10 Fonte da Bica São Caetano
11 Fonte Nova Ladeira dos Galés
13 Fonte das Pedreiras Cidade Nova
15 Fonte da Pedra Furada Pedra Furada
16 Fonte das Pedras Fonte Nova
17 Fonte Davi Brotas
19 Fonte de Sta Luzia Igreja de Santa Luzia (Pilar)
22 Fonte do Buraquinho Pedra Furada
24 Fonte do Chega Nego Ondina
26 Fonte do Dique do Tororó Dique do Tororó
28 Fonte do Gueto Brotas (Gueto)
33 Fonte do Queimado Vale do Queimado
37 Fonte dos Perdões ou Sto Antonio Rua dos Perdões
39 Fonte da Estica Liberdade
42 Fonte Gravatá Rua da Independência
44 Fonte da Preguiça ou da Pedreira Avenida Contorno
46 Fonte Sto Antonio do Cabula Cabula
49 Fonte São Pedro Ladeira de São Pedro - Atrás do TCA
51 Fonte Unhão Solar do Unhão
54 Fonte Vista Alegre de Baixo Vista Alegre de Baixo
Selecionada as fontes passou-se à etapa correspondente às análises de água. A partir do
Quadro 4 é possível visualizar os laboratórios utilizados, os parâmetros e fontes selecionadas
para cada campanha.
Quadro 4: Indicação dos parâmetros de qualidade de água e dos laboratórios de análise em cada campanha de amostragem nas fontes de água de Salvador.
1ª. campanha 2ª. campanha 3ª. campanha
LABORATÓRIO
Laboratório do Departamento de Engenharia Ambiental (LABDEA). UFBA – Escola Politécnica.
Laboratório de Química Analítica e Ambiental (LAQUAM) UFBA – Instituto de Química.
SENAI/CETIND Programa de Ensaios de Proficiência em Águas.
Físico-químico e bacteriológico Voláteis Metais
PARÂMETROS
• Cor, • pH, • Cloreto, • DQO, • DBO, • N nitrato, • OD, • Turbidez, • Ferro Total • Fósforo Total • Coliformes
termotolerantes.
• 1,1 Dicloroeteno, • Diclorometano, • Dissulfeto de Carbono, • 1,2 Dicloroeteno (trans), • 1,1 Dicloroetano • 1,2 Dicloroeteno (Cis), • Clorofórmio, • 1,1,1 Tricloroetano, • 1,2 Dicloroetano, • Benzeno, • Tetracloreto, de Carbono, • Tricloroetileno, • Bromodiclorometano, • Tolueno, • 1,1,2 –Tricloroetano, • Dibromoclorometano, • Tetracloroetileno, • Monoclorobenzeno, • Etilbenzeno, • (m+p) – Xilenos, • Estireno, • O-Xileno, Bromofórmio
• Cádmio Total, • Mercúrio Total, • Chumbo Total, • Arsênio Total, • Níquel Total, • Cromo Total
FONTES
Fonte V. Alegre de Baixo Fonte da Graça Fonte Conj. Bahia Fonte da Bica Fonte das Pedreiras Fonte das Pedras Fonte Davi Fonte de Sta Luzia Fonte do Buraquinho Fonte do Chega Nego Fonte do Dique do Tororó Fonte do Gravatá Fonte do Gueto Fonte do Queimado Fonte dos Perdões Fonte da Estica Fonte da Pedra Furada Fonte Nova Fonte da Preguiça Fonte Sto Ant. do Cabula Fonte São Pedro Fonte Unhão
- Fonte da Graça Fonte Conj. Bahia - Fonte das Pedreiras Fonte das Pedras Fonte Davi Fonte de Sta Luzia - Fonte do Chega Nego - Fonte do Gravatá Fonte do Gueto Fonte do Queimado Fonte dos Perdões Fonte da Estica - Fonte Nova Fonte da Preguiça - Fonte São Pedro Fonte Unhão
- - - Fonte da Bica Fonte das Pedreiras - - - - - - Fonte do Gravatá Fonte do Gueto - - Fonte da Estica - - - - - -
Com relação às coletas de amostras de água para as análises físico-químicas e bacteriológicas,
destinadas ao LABDEA, foi realizada a primeira saída em 29/06/2005 e as fontes visitadas
foram: da Preguiça/Contorno; Solar do Unhão/Contorno; da Fonte Nova/Ladeira dos Galés e
do Dique/Dique; a segunda saída foi realizada em 07/07/2005 e as fontes visitadas foram: da
Graça na Graça; dos Perdões no Barbalho e Queimado na Lapinha, a terceira saída foi em
10/03/2007 as fontes contempladas foram: Santo Antonio do Cabula/Av Luiz Eduardo
Magalhães; da Bica/ São Caetano; Conjunto Bahia/ IAPI; das Pedreiras/Cidade Nova; do
Gueto/Brotas e Davi/Brotas. A última saída desta campanha ocorreu em 19/04/2007 e foram
visitadas as seguintes fontes: de Santa Luzia/Pilar; da Estica/Liberdade; Vista Alegre de
Baixo/Coutos; da Pedra Furada/Pedra Furada; Biologia/Ufba-Federação e Chega
Nego/Ondina.
Embora se recomende amostragem num só período a diferença nos períodos das campanhas
se deu, principalmente, porque ao longo do trabalho a mestranda foi obtendo informações
sobre novas fontes que iam sendo adicionadas à pesquisa e conseguintes o aumento na relação
de fontes a terem suas águas analisadas. A última a ser incorporada foi a da Bica no São
Caetano, encontrada em março de 2007.
Para esta campanha os parâmetros analisados foram: cor, Potencial Hidrogeniônico (pH),
cloreto, Demanda Química de Oxigênio (DQO), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO),
nitrato, Oxigênio Dissolvido (OD), fosfato, turbidez, coliformes termotolerantes.
Para a coleta de água foram seguidas as recomendações das normas nacionais que disciplinam
a matéria, referente a edição mais recente da publicação Standard Methods for the
Examination of Water and Wasterwater (APH ASSOCIATION, 1998), que contém
informações quanto à forma adequada de coleta, quanto aos tipos de frascos utilizados,
lavagem do frasco, reagentes para preservação e tempo máximo de armazenamento conforme
apresenta no Anexo B. Após as coletas de água bruta, as amostras foram encaminhadas para o
Laboratório do Departamento de Engenharia Ambiental (Labdea) da Escola Politécnica na
UFBA.
Visando não comprometer a integridade das amostras foram tomados mais alguns cuidados:
- Os frascos utilizados foram disponibilizados pelo próprio laboratório responsável pela
análise. Para Coliformes termotolerantes foi necessário para reagir, 15% de
Etilenodiaminotetracético (EDT), pois reduz o efeito de metais pesados e 10% de Diossufato
de sódio que elimina o efeito do cloro;
- No acondicionamento das amostras foi importante colocar os recipientes em sacos plásticos
para evitar contato com água de degelo;
- O transporte foi realizado em procedimento exigido pelas normas, em condições adequadas
de temperatura.
A segunda campanha foi realizada para a coleta de água dos compostos orgânicos voláteis e
semi-voláteis no Laboratório de Química Analítica Ambiental (Laquam) da Faculdade de
Química na UFBA. Os parâmetros analisados foram: Diclorometano, 1,1 Dicloroeteno,
Dissulfeto de Carbono, 1,2 Dicloroeteno (trans), 1,1 Dicloroetano, 1,2 Dicloroeteno (Cis),
Clorofórmio, 1,1,1 Tricloroetano, 1,2 Dicloroetano, Benzeno, Tetracloreto, de Carbono,
Tricloroetileno, Bromodiclorometano, Tolueno, 1,1,2 – Tricloroetano, Dibromoclorometano,
Tetracloroetileno, Monoclorobenzeno, Etilbenzeno, (m+p) – Xilenos, Estireno, O-Xileno e
Bromofórmio.
Visando também a integridade da amostra a ser enviada ao laboratório e evitar perdas dos
Compostos Orgânicos Voláteis (COVs), alguns procedimentos foram importantes:
- O frasco utilizado foi disponibilizado pelo próprio laboratório responsável pela análise;
- As etiquetas foram anotadas anteriormente para diminuir o manuseio durante a coleta;
- As amostras foram identificadas com etiqueta autocolante, escritas a lápis, pois caneta ou
outro tipo de tinta poderia expor a prováveis contaminantes orgânicos voláteis;
- O recipiente foi fechado e lacrado com aparelho próprio disponibilizado pelo laboratório;
- No acondicionamento das amostras foi indispensável o uso de carvão ativado, para que não
fossem absorvidas substâncias presentes no ambiente, funcionando como um filtro, também
foi importante acondicionar os recipientes em sacos plásticos para evitar contato com água de
degelo;
- O transporte foi realizado em procedimento exigido pelas normas, em condições adequadas
de temperatura, submetidos a um processo de resfriamento.
Esta campanha foi realizada em 25 de setembro de 2006, a facilidade de realização de 16
fontes em uma única saída foi em função do tamanho do recipiente, de 20ml, possibilitando o
acondicionamento mais facilitado e única colocação no aparelho para medição.
Após esta data estava programada uma segunda saída para conclusão da campanha, mas o
aparelho de análise do Laquam apresentou defeito e até ao fechamento desta pesquisa não foi
possível finalizar.
A terceira e última campanha de coleta de água foi realizada em 19 de abril de 2007 referente
a análise dos metais, o Laboratório responsável foi o SENAI-CETIND – pelo Programa de
Ensaios de Proficiência em Águas (PEP), os parâmetros analisados foram: Cádmio Total,
Mercúrio Total, Chumbo Total, Arsênio Total, Níquel Total e Cromo Total.
As amostras não foram filtradas para análise, pois visualmente não tinham material
particulado em suspensão.
Devido a limitação financeira foram escolhidas 5 fontes das 22 selecionadas como pontos de
amostragem. Nesta escolha foi considerada a fonte que tivesse seu jorro oriundo diretamente
das rochas e são consideradas fontes de fraturas e que também apresentasse indicativo de
comprometimento da qualidade da água, de interferências como: proximidade a postos de
gasolina, cemitérios e concentração populacional, e que também mantivessem uma certa
distância entre si, para abranger uma maior área e assim obter informação de diversos pontos
da cidade.
As amostras de água foram preparadas no SENAI-CETIND por formulação gravimétrica, sob
condições ambientais controladas e utilizando equipamentos calibrados na Rede Brasileira de
Calibração (RBC). A preparação foi realizada utilizando materiais de referência certificados
no National Institute of Standard & Technology (NIST), água ultra-pura e reagentes de grau
suprapuros.
Em cada amostra teste utilizada no PEP foram realizados testes de estabilidade e
homogeneidade da amostra, mesmo para aquelas amostras consideradas estáveis e
homogêneas.
Com relação à medida de vazão de água utilizada nesta pesquisa, o método selecionado foi o
Método Tambor, ele é aplicável a pequenos cursos d’águas e bicas, consiste em colocar um
tambor ou balde, com volume conhecido em baixo da saída da água, e medir o tempo, em
segundos, que o tambor demora a encher. A seguir dividir o volume do tambor pelo tempo de
enchimento, o resultado é a vazão em litros por segundo. Para encontrar a vazão por hora
multiplica este valor por 3.600 segundos, que neste caso específico equivale aos resultados
encontrados neste trabalho.
Durantes as campanhas ocorreram registro fotográfico, as entrevistas com a população local,
aplicação de questionário, observação “in loco” como meio de perceber a situação e os usos
atuais. A obtenção das coordenadas geográficas foi através do Sistema de Posição Geográfica
(GPS).
3) Depois das campanhas aconteceu a última etapa metodológica que foi a análise e tabulação
de dados obtidos em planilha Excel, para a criação de gráficos e posterior análise, assim como
seleção das fotos e criação dos mapas temáticos. Por fim a proposta de rede de monitoramento
visando monitorar a qualidade da água.
5 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO E SITUAÇÃO DAS FONTES
Segundo historiadores baianos, o material bibliográfico específico sobre as fontes,
encontrados em livros e relatos não podia desassociar do cotidiano da cidade, sendo elas
lembradas em bibliografia mais antiga e esquecidas na mais recente. Dos livros pesquisados,
alguns se sobressaíram pelo destaque que eles deram às fontes públicas nos seus escritos.
Destacam-se como cronistas mais antigos Gabriel Soares Souza e José Domingos Rebello,
que descreveram sobre a situação da cidade no inicio da povoação, o cenário na escolha do
sítio para instalação da cidade de Salvador e comentaram sobre as fontes históricas, sempre
salientando que as mesmas foram muito importantes num período da história em que o
abastecimento de água na cidade era realizado, exclusivamente, pelas fontes, por meio de
latas d’água transportadas por animais ou por aguadeiros. Eles são citados em Bocanera
Júnior (1921), Carneiro (1980), Carvalho (1997) e Coelho Filho (2004).
Em 1952, a Prefeitura Municipal de Salvador publicou o Roteiro Turístico da Cidade do
Salvador, que entre outros temas populares destaca um capítulo para descrição das fontes: do
Pereira, dos Padres, do Gravatá, da Mugunga, Baixa dos Sapateiros, da Vila Velha, Água de
Meninos, do Gabriel e fonte Nova (BAHIA, 1952).
Os trabalhos desenvolvidos até o momento, em relação a este tema, compreende de relatórios
de alguns órgãos públicos, pesquisa de iniciação científica ou monografia de final de curso.
Não é conhecida nenhuma dissertação de mestrado ou tese de doutorado neste assunto. A
maior parte da bibliografia consultada é de diagnóstico e num único documento é proposto
um plano de recuperação que não foi implementado. As pesquisas estão a seguir
discriminadas.
A Superintendência de Água e Esgotos do Recôncavo (SAER) atualmente extinta, elaborou
em 1966, um estudo intitulado: Das fontes públicas à “solução Joanes”. Um trabalho
elaborado pela Assessoria de Relações Públicas e Divulgação da SAER. Retrata a evolução
do sistema de abastecimento de água, propondo a adução do rio Joanes por aqueduto ao longo
da praia, até o local da Bolandeira. Aborda sobre o rio Joanes e apresenta o projeto de autoria
do Engenheiro Azevedo Neto (BAHIA, 1966).
A Secretaria da Indústria e Comércio do Estado da Bahia, com o Programa de Preservação e
Aproveitamento do Patrimônio Monumental de Salvador elaborou uma Proposta de
Valorização de Três Monumentos Baianos, entre eles um monumento popularmente
conhecido como o “Banheiro dos Jesuítas”, (Figura 8) fonte privada existente no fundo da
Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim, no sopé da falha que divide Salvador nas
Cidades Alta e Baixa. Pretendeu-se com este Programa, converter o movimento turístico em
impulso capaz de revitalizar monumentos e setores urbanos tradicionais de Salvador,
assegurando, deste modo, a sua sobrevivência e valorização, ou, em outras palavras, induzir o
seu desenvolvimento. Os três projetos apresentados nesta publicação resultaram dos estudos e
projetos que foram elaborados dentro deste Programa, sendo os primeiros que tiveram
divulgação para um público maior. Além de histórico detalhado de sua construção, compõe
este trabalho, fotos da época, planta baixa e mapa de localização (BAHIA, 1974).
A Secretaria da Cultura e Turismo do Estado da Bahia e o Instituto do Patrimônio Artístico e
Cultural da Bahia (IPAC) publicaram, em 1975, o primeiro volume de Inventário de
Proteção do Acervo Cultural da Bahia. Este foi o primeiro órgão a chamar a atenção para
as fontes e tratá-las como monumentos. A proposta deste inventário é que estas fontes fossem
tombadas pelo IPHAN e que o levantamento realizado revelasse a verdadeira significação, o
estado de cada monumento ou sítio e identificar todas as vinculações do mesmo com o
contexto físico e sócio-cultural, reunindo, simplesmente, os elementos necessários e
suficientes a uma precisa identificação dos bens culturais e do seu estado de conservação e
uso, tendo em vista a sua salvaguarda. Foram inventariadas as fontes das Pedreiras, dos
Padres ou do Taboão, do Gravatá, do Coqueiro, do Mugunga, do Baluarte e do Dique. Cada
ficha apresenta diversas informações, tais como, estado de preservação, condições higiênicas,
proteção existente, proteção proposta, utilização atual, e dados complementares como: dados
tipológicos, dados cronológicos e dados técnicos. Também apresenta um pequeno croqui de
localização do monumento (BAHIA, 1997).
A Secretaria de Indústria e Comércio do Estado da Bahia, em 1982, propôs um Estudo de
Restauração e Reutilização das Fontes e Chafarizes de Salvador. Considerando que esta
Secretaria já havia realizado o 1º inventário e proposta de tombamento, foi focado neste
estudo a preservação. Tendo como objetivo maior revitalizar o Centro Histórico da Cidade do
Salvador. O estudo também levanta uma questão importante: que a responsabilidade de
administração das fontes não estava claramente definida, pois elas não são consideradas nem
integrantes do sistema de distribuição de água potável, nem dos parques e jardins, nem das
edificações públicas. Para que se pudesse implementar o programa proposto era necessário
que este ponto fosse esclarecido. Outro ponto fundamental era a celebração de convênios
entre a Prefeitura e a Embasa para controle da qualidade da água e eventual fornecimento de
água potável, no caso em que os mananciais não oferecessem segurança necessária. Igual
convênio deveria ser feito com a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba)
para a instalação de um sistema especial de iluminação das mesmas. Várias fontes foram
contempladas neste estudo, entre elas a fonte dos Padres, das Pedreiras, do Baluarte, do
Gabriel, Santo Antonio, da Graça, São Pedro, do Tororó, da Mugunga, das Pedras, do Gravatá
e do Queimado. Em cada fonte constavam a localização, utilização, trabalhos a executar,
instalações e custo aproximado, assim como foto com feição atual da época e planta baixa
(BAHIA, 1982).
A Fundação Gregório de Matos (FGM), em 1985 elaborou um Catálogo de Estudos e
Projetos de Restauração. Devido aos inúmeros projetos desenvolvidos por esta Fundação e à
inexistência de recursos específicos para as obras (por isso não executada), foi tomada a
iniciativa de realização do catálogo, que tem como um dos principais objetivos permitir uma
visão global do trabalho e também uma visão mais particularizada de cada caso estudado. O
catálogo foi estruturado com base numa ficha resumo, elaborada de modo a permitir uma
leitura completa, porém sucinta, dos dados existentes sobre os monumentos escolhidos. Além
de dados sobre o histórico, a importância, características físico-arquitetônicas, custos de
intervenção, tiveram a preocupação de utilizar ilustrações dos monumentos, dando uma idéia
dos seus aspectos mais pitorescos. Neste estudo foram contempladas as fontes das Pedreiras,
do Gabriel, de São Pedro e do Queimado e apresentados a importância do monumento, sua
localização, descrição, proposta de uso, proprietário, área construída, estágio do projeto e
estimativa de custo. Nem todos os itens foram preenchidos, denotando falta de informação
detalhada e precisa sobre as fontes. Também consta um desenho a mãos de cada fonte, com
identificação do desenhista (BAHIA, 1985a).
Em 1991, Caroline Told de Azevedo apresentou monografia de conclusão de curso de
bacharelado em ciências biológicas do Instituto de Biologia da UFBA, com o título “As
fontes e suas águas na cidade de Salvador” com o objetivo de estudar a qualidade da água
de 25 fontes, sob o ponto de vista dos parâmetros físico-químicos, temperatura, condutividade
elétrica, pH, nitrito, dureza e cloro, os quais conjuntamente possibilitariam a caracterização
destas fontes quanto à sua possibilidade de uso pela população. A metodologia utilizada
constou, inicialmente, de entrevistas com investigadores relacionados ao tema, leitura de
artigos de jornais, trechos de literatura antiga e observação visual (AZEVEDO, 1991).
Em 1992, Eliane Andrade Guimarães apresentou monografia de conclusão de curso de
bacharelado em ciências biológicas do Instituto de Biologia da UFBA, com o título
“Bacteriologia das águas das fontes da cidade de Salvador”. Embora estivesse catalogado,
o relatório de pesquisa não foi encontrado, nem na faculdade de origem e nem na Biblioteca
Central da UFBA. O objetivo deste trabalho foi realizar análises quantitativas de coliformes
totais e termotolerantes em 25 fontes já estudadas por Azevedo (1991), sob o ponto de vista
da análise químico-físico (GUIMARÃES, 1992).
Segundo Carneiro (1993) e Pereira (2001), o artista plástico Astor de Lima presidente da
ONG, Centro de Memória da Água na Bahia (CEMAB), elaborou um livro intitulado “Fontes
e Chafarizes em Salvador – Roteiro histórico das águas em quatro séculos e meio”. Em
entrevista realizada em 26/08/2007 o autor declarou que este trabalho ainda não foi publicado
por falta de patrocínio, e que houveram várias tentativas, mas nenhuma foi finalizada ao ponto
de haver a publicação, contudo ainda tem esperança que aconteça a publicação deste trabalho
que exigiu muita pesquisa e horas de trabalho para sua elaboração.
Em 1989, Astor de Lima fundou o Centro de Memória da Água motivado pela sua
determinação na preservação das fontes. Segundo ele era um projeto que deveria ter avançado
mesmo com todas as dificuldades e ainda “a falta de uma política de educação ambiental que
oriente a população para a importância da água é a principal causa do descaso com que são
tratadas as fontes e os monumentos que a cercam”. Com o slogan: “aplique seu imposto na
fonte” o Cemab tentou sensibilizar a iniciativa privada para investir nas fontes e nos
chafarizes da cidade. Atualmente o Centro está desativado e o acervo inacessível. Segundo
Lima (2006) em resposta ao editorial publicado no dia 21 de outubro de 2006 no Jornal A
Tarde referente a denúncia com relação ao sumiço do acervo do museu, Astor informou que
foi responsabilidade da Embasa o destino ignorado do material do Cemab, depois a Embasa se
pronunciou informando que estão localizadas na Expô Embasa no rio Vermelho.
A UFBA em convênio com a Embasa desenvolveu duas pesquisas em 1999 e 2002 relativas à
qualidade da água nas bacias dos rios Camurugipe e Lucaia. Nesta análise foram
contempladas sete fontes que estão relacionadas na presente pesquisa e que apoiaram a
discussão dos dados.
Em 1999, Ari Medeiros Guerra e Sergio Augusto de Morais Nascimento, professores do
Instituto de Geociências (IGEO) – UFBA, desenvolveram uma pesquisa intitulada de
“Diagnóstico do grau de comprometimento das águas do aqüífero freático de Salvador
causado por vazamentos em postos de gasolina”, contou com o apoio financeiro da
Superintendência de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Secretaria do
Planejamento Ciência e Tecnologia (CADCT) do Estado da Bahia, e da Embasa. O estudo
teve por objetivo avaliar o grau de comprometimento, em nível de diagnóstico, da qualidade
das águas subterrâneas do aqüífero freático da cidade de Salvador, e apresentou como estudo
de caso a bacia do rio Camarujipe (GUERRA E NASCIMENTO, 1999). Nesta pesquisa
foram contempladas quatro dos setenta e quatro pontos analisados (fonte do Conj. Bahia,
Pedreiras, Queimado e Santo Antonio do Cabula). Sergio Augusto de Morais Nascimento
desenvolveu outra pesquisa em 2002 o trabalho teve o título de “Estudo da qualidade da
água do aqüífero freático nas bacias dos rios Lucaia e baixo Camarujipe” e seu objetivo
principal foi a caracterização hidroquímica, assim como avaliar o grau de comprometimento
ambiental do aqüífero freático, relativo à presença de metais pesados e bactérias do grupo dos
coliformes e heterotróficas. Dos quarenta pontos analisados três foram de fontes naturais de
água (a fonte do Gueto, Dique do Tororó e Biologia), o projeto contou com a cooperação
técnica e financeira fornecida pela Embasa (0NASCIMENTO, 2002).
Em 2003, a Embasa publicou o Livro das Águas - História do Abastecimento de Água em
Salvador, apresentando informações, curiosidades e fatos que marcaram a história do
abastecimento de água em Salvador, desde o descobrimento do Brasil, com depoimentos de
historiadores e pesquisas sobre trabalhos de engenheiros, até a época atual. Foi reunido um
acervo de ilustrações e fotos, com depoimentos de historiadores, técnicos e engenheiros. A
intenção do livro foi promover um registro compacto de texto, privilegiando a documentação
fotográfica, em uma publicação que comemorou os trinta e um anos de fundação da Embasa e
o período que se costumou denominar de “Década do Saneamento na Bahia”. Foi abordados
temas como: as fontes, água no império, a crise no século XX e alternativas para o
abastecimento (BAHIA, 2003).
Em 2003, Maurício Bochicchio apresentou, à Universidade do Estado da Bahia (Uneb),
monografia como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Urbanismo, intitulada: “As
fontes da cidade de Salvador: histórico e situação atual”, o trabalho teve o objetivo
apresentar um relato atualizado sobre a conservação em que se encontravam as fontes da
cidade naquela data, seguido de um diagnóstico onde destacava os aspectos físicos, higiênico
e social (BOCHICCHIO, 2003).
O último trabalho elaborado sobre as fontes de água foi uma pesquisa de Iniciação Científica
– CNPq realizada pelo Núcleo de Estudos Hidrogeológicos e de Meio Ambiente (Nehma),
com o título de Geologia, hidrogeologia e aspectos ambientais das fontes de águas
naturais da cidade de Salvador (Lima et al, 2003), proporcionando subsídio ao trabalho de
monografia intitulado de Caracterização Hidrogeológica e Ambiental das Fontes Naturais
da Cidade Alta de Salvador, que teve como objetivo principal avaliar as potencialidades
(vazões), os tipos e a qualidade das águas das fontes naturais do alto cristalino de Salvador.
Para tanto foi efetuado um cadastro georreferenciado, caracterização geológica,
geomorfológica, hidrogeológica e hidrogeoquímica, em 17 fontes, avaliando “in-situ” as
condições higiênicas e sanitárias no entorno desses locais (LIMA, 2005).
5.1 FONTES
As fontes de água são mananciais que se encontram espalhadas em todo o mundo, a depender
da geologia, topografia e solo elas surgem com maior ou menor freqüência. A sua
conservação irá depender do compromisso do governo, da educação ambiental e do papel de
cada cidadão. Países mais antigos que o Brasil, e que tiveram uma história parecida quanto à
necessidade de águas das fontes para abastecimento urbano, têm políticas urbanas
diferenciadas quanto a preservação do monumento, assim como no cuidado com a qualidade
da água. Em Portugal é notório a valorização que estes monumentos possuem, tanto por parte
da população local quanto dos turistas que visitam e consomem com confiança as águas das
fontes, sendo até mais valorizadas do que as vendidas em mercados. Portugal é referência
neste trabalho, pois Salvador foi uma das primeiras cidades a ser colonizada e a primeira
capital do país e que teve uma relação estreita quanto o modo de vida da metrópole para a
colônia.
No Brasil a valorização correspondente aos monumentos históricos e aos recursos naturais é
diversificada ao longo do território nacional. Foram localizadas algumas fontes que estão
distribuídas no Brasil. Nada comparado à quantidade de Fontes de Minas Gerais,
especificamente, Ouro Preto e principalmente Salvador.
É perceptível a importância turística das fontes de água de Ouro preto, fazendo parte do
Roteiro Turístico da Cidade. Entre acervos, museus, igrejas e praças, destacam-se a
localização dos chafarizes e seu histórico.
As fontes de Ouro Preto desempenhavam função essencial e estratégica na antiga e populosa
Vila. Segundo Righi e Carvalho, (2006, p.12) “Os chafarizes representam elemento
urbanístico de grande importância. As casas de Vila Rica nos séculos XVIII e XIX não
possuíam rede de água encanada, situação que obrigava a construção dos chafarizes, fontes
públicas de água potável. Felizmente diversos chafarizes foram poupados e preservados,
apesar de terem perdido a muito tempo a sua função primordial. Em alguns casos foram até
recuperados e restaurados e constituem verdadeiras obras de arte”.
As fontes foram construídas num período entre 1753 e 1846. Num levantamento bibliográfico
foi constatado que existem 13 fontes preservadas, configurando até hoje importantes
mananciais para a região.
5.1.1 Fontes na cidade de Salvador
Na Bahia, especificamente em Salvador, as fontes têm sido foco de atenção, não pela
preservação de suas águas ou conservação de seus monumentos, mas pelas denuncias de seu
estado atual e do descaso em que se encontram.
A pesquisa histórica em relação às fontes foi um trabalho que constou de extensiva pesquisa
bibliográfica.
Das 54 fontes catalogadas e apresentadas na metodologia 40 estão detalhadas neste capítulo,
pois foram passíveis, a partir do levantamento bibliográfico, de dar informações referentes a
cada uma delas, sendo muitas visitadas e acrescidas de dados recentes.. As fontes, tantos as
históricas quanto as mais modernas, estão apresentadas por ordem alfabética e indicando o ID.
As que estão sendo consideradas modernas não apresentam estrutura ornamental trabalhada
para a saída ou recolhimento de água. Quando a fonte é considerada recente foram suprimidos
os itens de dados históricos e apoio legal.
Neste capítulo serão apresentadas a localização geográfica, dados históricos, situação e
utilização atual, os dados foram obtidos a partir das observações feitas “in loco” e
enriquecidas com fotos atuais. As fontes desaparecidas ou destruídas não terão informações
de situação atual e localização geográfica e somente as tombadas terão a informação de apoio
legal.
FONTE ÁGUA DE MENINOS - ID N° 01
Endereço: local desconhecido
Situação Atual: fonte não existente.
Dados Históricos: a Fonte de Água de Meninos foi doação de Thomé de Souza. Fonte
preciosa para engenho e fazenda, doada aos “meninos” órfãos, que vieram de Lisboa para a
fundação do Colégio dos Padres (PEIXOTO, 1946).
Nasceu depois que se constatou que das rochas descia um pequeno riacho. Fez-se então, uma
pequena concha, que foi colocada numa parede de aproximadamente dois metros de altura e
vinte centímetros de espessura. Na galeria feita de tijolos e pedaços de pedras foi utilizado o
óleo de baleia e tinha vinte metros de cumprimento (FARIAS JÚNIOR, 1970).
Quando os jesuítas vieram de Portugal para o Brasil trouxeram sete meninos já instruídos para
que captassem a simpatia das pessoas que porventura aqui existissem. No lugar onde
moravam, existia uma rica nascente d’água que, correndo até bem perto do mar, formavam
uma lagoa, onde um grande número de crianças costumava tomar banho. Daí o termo água de
meninos. Segundo Peixoto (1946) em 1752 foi captada, canalizada e restaurada em 1876.
De acordo com Rebello (1829) a fonte tinha 3 chafarizes abundantes, que também fornecia
água para as embarcações do porto e conforme Sampaio (2005) esta fonte foi aterrada em
1890.
FONTE BANHEIRO DOS JESUITAS - ID N° 02
Endereço: Avenida Frederico Pontes, 375 - Calçada. Fundo da Casa Pia e Colégio dos Órfãos
de São Joaquim.
Localização UTM: 554347.22, 8568392.43
Situação Atual: dos monumentos que resistiram ao tempo este é o mais depedrado e
abandonado, o acesso é dificultado pelo caminho de barro e pela distância, no período de
chuva a situação se agrava, toda construção está escondida pelos matos e seu interior se
encontra cheio de lixo. Em seu entorno, acima do monumento e na encosta existem muitas
construções de moradia de população de baixa renda (Figura 8c) Na época de utilização era
destinado para uso da fonte e banhos, detalhe dos banheiros na Figura 8d. Verificando as fotos
recentes em relação à antiga (Figura 8b) percebe-se que há algum tempo o monumento está
abandonado.
Características Físicas: a construção consiste num monumento que mede 13,5 metros de
comprimento por 7,5 m de largura e 6,0 m de altura (Figura 8a). Um dos lados serve de
arrimo ao morro vizinho e nos demais se contam oito arcos-plenos, de 1,70 m de vão
(BAHIA, 1974).
Dados Históricos: provavelmente por se tratar de fonte particular, as referências históricas a
seu respeito são escassas.
A Casa Pia e Colégio dos Órfãos de São Joaquim é a antiga residência do bandeirante
Domingos Afonso Sertão, conquistador do Piauí. As obras foram iniciadas em 1709, sob a
orientação de Padre José Aires, e foi inaugurado em 1825, função que até hoje mantém o
edifício. O projeto original do banheiro e fonte dos Jesuítas foi construído no século XVIII,
com aproveitamento das correntes ou veios de água subterrânea que minavam da encosta do
morro. Uma roldana do século passado, localizada na cavidade de onde saiam às águas,
mostra os métodos usados pelos jesuítas para utilizar a fonte. Aproveitando as ruínas, o
Localização do Banheiro em relação às edificações em torno
Tourinho, 2007 Bahia, 1974
Tourinho, 2007
Figura 8: Fonte Banheiro dos Jesuítas: a) Banheiro dos Jesuítas atualmente , b) Banheiro, (BAHIA,1974), c) Vista panorâmica e d) detalhe dos Banheiros
a) b)
c) d)
banheiro foi totalmente restaurado pelo Patrimônio em meados da década de 70 no século
XX, que gastou com as obras Cr$ 70 mil, voltando a apresentar o mesmo aspecto de quando
fora usado pelos jesuítas e alunos do colégio, guardando inclusive marcas do de seu uso, pelos
religiosos, nas pedras gastas pelo tempo (SANTOS, 1978).
Apoio Legal: Não é protegido por lei.
FONTE DA BAIXA DOS SAPATEIROS - ID N° 03
Endereço: fonte desaparecida
Dados Históricos: a fonte da Baixa dos Sapateiros foi construída em 1628, custou $30.000
(em dinheiro da época), preço pelo qual arrematou a obra o pedreiro Pedro Gonçalves Matos
(AZEVEDO, 1969). A ordem de construção veio do Senado da Câmara (A TARDE, 1974).
Segundo Sampaio (1949) “A Fonte da Baixa dos Sapateiros tinha muitos olhos d’água de que
o povo se utilizava, nas cabaceiras do ribeiro era por detrás do atual Convento de S. Bento”.
FONTE DA GRAÇA - ID N° 04
Endereço: Rua Almirante Japiaçu, s/n° - Graça
Localização UTM: 551460.95 , 8563305.67
Situação Atual: a fonte é gradeada, mas não é fechada, em 2005 visitando o local foi visto
que o aspecto da pintura era muito antigo, em entrevista aos usuários foi notório que não
havia manutenção por parte do órgão competente. A identificação da fonte estava colocada
em um painel de azulejo, visto na Figura 9a, o uso de maior freqüência é para lavagem de
carro, sendo que todos os dias usam suas águas neste objetivo, e são justamente os lavadores,
numa forma precária, que cuidam da manutenção da fonte. Considerando que a população que
vive próxima à fonte é de classe média alta, não há outros tipos de uso por parte dos
moradores, como acontece nas outras fontes visitadas. Sua deterioração foi acelerada
aproximadamente no final da década de 60 do século XX, tendo por principais motivos a
construção da Avenida do Vale do Canela e também das ruas próximas.
Figura 9: Fonte da Graça: a) fonte em 2005; b) Visão geral, fonte reformada.
Conforme pode ser verificado na Figura 9b, a fonte e área em torno estavam revitalizadas,
com reforma da fonte e pavimentação da área ao redor, parquinho para crianças, obras
executadas pela SETIN, SURCAP, órgãos da Prefeitura Municipal de Salvador (PMS).
Características Físicas: a fonte foi bastante modificada. Não possui bicas e apresenta bacia
de recolhimento semelhante a da fonte das Pedras e dos Perdões. Suas dimensões:
comprimento = 4,50m e largura = 3,85m. Gradil = altura 0,85m.
Dados Históricos: uma das mais antigas fontes, construída em 1500 por Caramuru e,
conforme a lenda, a índia Catarina Paraguaçu nela se banhava. A fonte servia também para
abastecer os barcos que aportavam na cidade e para piqueniques de famílias tradicionais. Ela
foi construída de modo a aproveitar correntes ou veios de águas subterrâneas, através de um
sistema de galerias (SANTOS, 1978).
Conforme Bochicchio (2003) sua feição atual data de 1913.
Apoio Legal: sem apoio legal.
FONTE CHAPÉU DE COURO - ID N° 06
Endereço: Alto de Ondina, próximo à entrada do Jardim Zoológico, com acesso também pela
praia da Onda.
Localização UTM: 553803.76 , 8561700.93
Situação Atual: apresenta águas transparentes, localizada em ambiente com muita vegetação,
os usuários a utilizam para beber, tomar banhos e como local de refúgio. Segundo moradores
da localidade a população usuária é caracterizada por mendigos e delinqüentes que furtam em
a)
Aspecto da fonte e área em 2005
Fonte
Tourinho, 2005 Tourinho, 2007
Praça reforma
b)
Ondina e sobem morro acima em busca de esconderijo no local onde ela está localizada. Em
função disto ela não é utilizada pela população que vive em torno, e por esta condição de
pouco uso suas águas são límpidas, se comparada com outras (Figura 10b). Conforme
documento encontrado no IPHAN, em 22 de setembro de 2005 a Associação de Federação
Baiana de Culto Afro solicitou a esta Instituição uma reforma na fonte.
Figura 10: Fonte Chapéu de Couro: a) vista geral; b) detalhe do espelho d’água
Características Físicas: fonte rústica, construída em pedras. Conforme seta indicativa na
Figura 10a, existe a construção de um banco em continuidade da fonte.
FONTE DO CONJUNTO BAHIA - ID N° 07
Endereço: Rua Blumenau, s/n° - Conjunto Bahia. Santa Mônica
Localização UTM: 556181.11 , 8568236.50
Situação Atual: a fonte localiza-se em um condomínio fechado, corre água todo o ano,
considerando que a vazão de água é baixa, os moradores a usam para enchimento de garrafas
e garrafões para serem usadas como água mineral no uso diário, quando há falta de água
encanada ela é mais procurada. De acordo com Lima (2005) das dez fontes analisadas em sua
pesquisa esta é a que apresenta uma das menores vazões, com uma média de 63 L/h de vazão
de água. A fonte está situada no sopé do morro com muita vegetação e rochas expostas. Ainda
segundo Lima (2005) trata-se de uma fonte de vale.
Banco
Tourinho, 2006 Tourinho, 2006
a) b)
Características Físicas: fonte com uma bica (Figura 11b), estrutura modelada com azulejos
(Figura 11a), caracterizando um estilo contemporâneo. A obra de estrutura presente foi
realizada pelos moradores do condomínio, tem uma aparência sem atrativo e descuidada.
Figura 11: Fonte do Conj. Bahia, a) fachada da fonte; b) detalhe da bica
FONTE DA BICA - ID N° 10
Endereço: Ladeira Fonte da Bica – São Caetano
Localização UTM: 557097.65 , 8570385.32
Situação Atual: basicamente usada pelos moradores da circunvizinhança para lavagem de
roupas (Figura 12a) e carros, abastecimento e banhos no local. Em uma das visitas realizada
era muito forte o odor característico de peixe, indicando que também é usada em variados
propósitos, inclusive este, limpeza de frutos do mar. Está encravada em área densamente
povoada e com muitas edificações, localidade de topografia menos elevada em comparação
com a área em torno. Foi registrada a presença de um posto de gasolina nas proximidades.
Figura 12: Fonte da Bica, a) visão geral e usos: b) detalhe da bica e bacia de recolhimento.
a) b)
Tourinho, 2007 Tourinho, 2007
a) b)
Tourinho, 2007 Tourinho, 2007
Características Físicas: a água brotas das pedras e existe um beneficiamento muito simples,
com cimentação em torno da mesma, pequena bacia de recolhimento, bica de cano de Poli
Cloreto de Vinila (PVC) (Figura 12b). A canalização das águas servidas é direcionada ao
esgotamento sanitário da rua.
FONTE NOVA - ID N° 11
Endereço: Av. Vasco da Gama, s/n. próximo à subida da Ladeira dos Galés.
Localização UTM: 554116.93 , 8565359.46
Situação Atual: conforme pôde ser percebida em visita a campo e podendo ser confirmado
na Figura 13a fonte tem o aspecto ruim, a estrutura física está intacta, porém com muito limo
e sujeiras. Seu principal uso é lavagem de caro, roupa e banhos (Figura 13b). Os moradores
em torno a usam quando há falta de água encanada. A vazão local é alta.
Figura 13: Fonte Nova: a) detalhe das Bicas; b) tipo de uso
Características Físicas: possui duas bicas e pequena bacia de recolhimento.
Dados Históricos: em 1977 abastecia os moradores circunvizinhos. Com sinais de reforma
efetuados no início século XX, seu maior problema era a ausência de esgoto para escoamento,
o que transformou toda a região circunvizinha num charco, dificultando o acesso (JORNAL
DA BAHIA, 1977).
A fonte Nova, segundo Azevedo (1969) em 1800 apesar de ser a água “grossa” e “pesada”,
ela servia para beber.
Apoio Legal: sem referência legal
Tourinho, 2006
a) b)
Tourinho, 2006
FONTE DAS PEDREIRAS - ID N° 13
Endereço: Rua Osório Vilas Boas, s/n° - Cidade Nova
Localização UTM: 555506.11 , 8567050.65
Situação Atual: usada com freqüência pela comunidade local. Os principais usos são para
lavagem de roupas, carros, banhos e para uso doméstico. As crianças a utilizam como lazer.
Na Figura 14b é percebido três tipos de usos realizados comintantemente, a) lazer: onde as
crianças tomavam banho, b) para consumo humano: um usuário enchia um garrafão e c)
lavagem de roupa, especificamente um tapete. Próximo à fonte tem um ponto de lixo. A noite
é iluminada por um holofote para manter boa luminosidade no período noturno. A
concentração populacional é alta assim como a quantidade de edificações em seu entorno.
Características Físicas: a água sai espontaneamente das pedras em duas bicas de cano PVC,
apontados na Figura 14b. Foi beneficiada com um telhado de zinco para proteger e amenizar
incidência do sol sobre as lavadeiras de roupas, pois elas, além de outros usuários utilizam a
fonte com muita freqüência, Figura 14a.
Figura 14: Fonte das Pedreiras: a) visão geral; b) visão das bicas e tipos de usos.
FONTE DA PEDRA FURADA - ID N° 15
Endereço: Avenida Constelação, s/n° - Monte Serrat.
Localização UTM: 552878.39 , 8571302.72
Situação Atual: a fonte (Figura 15) é bastante usada por moradores da circunvizinhança,
principalmente pelos moradores de uma invasão que fica nas proximidades e que não tem
acesso a água encanada, fazendo o seu transporte por balde para lavagem de roupa, banhos e
limpeza de casa. É comum que garotos usem a água para lavagem de carros dos usuários nos
a) b)
Tourinho, 2006 Tourinho, 2006
bares que ficam nas proximidades. Considerando que a água é doce também é usada por
banhista que se lavam quando retornam do banho de mar. Aparentemente a quantidade de
água é grande e seu acesso se dar através de baldes que é elevado até a superfície por cordas.
Segundo os moradores, por segurança a noite é colocado um tampão.
Figura 15: Fonte da Pedra Furada: a) visão geral; b) detalhe do poço
Características Físicas: fonte tipo cacimba com acesso ao poço por uma parede de tijolos
(Figura 15b)
FONTE DAS PEDRAS - ID N° 16
Endereço: Ladeira Fonte das Pedras, s/n°
Localização UTM: 553939.02 , 8565401.04
Característica física: a fonte possui galeria de captação de água, frontispício com brasão da
cidade de Salvador e bacia de recolhimento de águas servidas em nível inferior ao da rua.
(BAHIA, 1982). Conforme Jornal A Tarde (1984) possui quatro saídas de água.
Situação Atual: sua estrutura física está muito comprometida, o muro que cercava a fonte
está caído. Em fotos mais antigas (Falcão, 1940), é possível verificar que a fonte possuía
frontispício trabalhado e uma entrada com grade de ferro. A situação de descaso se tornou
mais agrave quando em outubro de 2006 um carro se chocou contra o monumento deixando-o
bastante danificado (Figura 16a). comprometendo o monumento como um todo, devido as
fissuras na estrutura. Vale lembrar que a fonte é tombada pelo Estado, e neste caso, segundo o
Decreto-Lei n° 25/1937 art. 17 “as coisas tombadas não poderão, em nenhum caso, ser
a)
b)
Tourinho, 2006
Tourinho, 2006
destruídas, demolidas ou mutiladas... sob pena de multa de cinqüenta por cento do dano
causado” (BRASIL, 1937).
Figura 16: Fonte das Pedras: a) detalhe da bacia de recolhimento após acidente de outubro de 2006, b) fonte restaurada.
Em outubro de 2007 iniciou a reforma da fonte, atualmente se encontra completamente
restaurada, ao finalizar este trabalho ela se apresentava conforme Figura 16b, com seus
aspecto iniciais preservados, exceto a grande de entrada.
A fonte é abundante em água por todo o ano e muito usada para lavagem de carros, roupa e
banhos, em caso de falta de água, na região, os moradores locais se abastecem da fonte.
Limpeza e pintura, manutenção em geral são realizadas pelos usuários, principalmente
lavadores de carros, de forma descomprometida e precária.
Dados Históricos: a fonte das Pedras é caracterizada como uma das mais antigas, citada por
Domingos Rebello na sua Corografia do Império do Brasil, de 1829 (BAHIA, 1982).
Segundo Bochicchio (2003) ela foi citada por Vilhena em 1801 e conforme Azevedo (1969)
em 1800 apesar de ser a água “grossa” e “pesada”, ela servia para beber.
Apoio Legal: a fonte foi tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.
FONTE DAVI - ID N° 17
Endereço: Rua Emília Couto, s/n° - Brotas, próximo ao Hospital Aristides Maltêz.
Localização UTM: 555612.26 , 8564046.05
Situação Atual: fonte sem nome, com infra-estrutura rudimentar (Figura 17) localizada em
área particular, pouco conhecida na redondeza e localizada numa área com muita vegetação
a) Monumento atingido pelo acidente
Tourinho, 2007
tacto
b)
Tourinho, 2008
nas proximidades, conforme pode ser visto na Figura 17. Foi denominada de “Fonte Davi”
por Lima (2005) e adotado nesta pesquisa para unificar a terminologia dada a fonte e facilitar
a identificação para trabalhos futuros. Água mina em grande quantidade e a população
próxima a utiliza para banhos e abastecimentos domésticos. A área em torno tem poucas
edificações, pouco habitada e vegetação em abundância, o que deve facilitar a recarga de água
subterrânea. O acesso é dificultado pela topografia íngrime declinada. Está localizado em
local sem pavimentação e muito barro, tornando escorregadio em período de chuva.
Figura 17: Fonte Davi: a) área de recolhimento; b) visão da vegetação entorno.
Características Físicas: apresenta pequena estrutura física, bastante rudimentar.
FONTE DE BIOLOGIA - UFBA - ID N° 18
Endereço: Campus de Ondina da UFBA. Localizada ao lado do Instituto de Biologia
Localização UTM: 553357.02 , 8562762.50
Situação Atual: sem uso, está desprezada e completamente encoberta por vegetação no local
onde flui a água (Figura 18). O ambiente se apresenta muito úmido devido a não haver
escoamento da água que transborda da fonte.
Local onde mina água
Direção da fonte
Tourinho, 2006
Tourinho, 2006
a)
b)
Figura 18: Fonte do Instituto de Biologia
Características Físicas: mina do solo, sem estrutura física.
FONTE DE SANTA LUZIA - ID N° 19
Endereço: Rua do Pilar, 55B – Comércio.
Localização UTM: 553362.33 , 8566368.49
Situação Atual: a fonte está localizada no interior da igreja (Figura 19b), a água corre todo o
ano e as águas servidas são desviadas para um córrego ao lado da parede externa. A igreja
abre somente aos domingos pela manhã e no dia 13 de cada mês para celebração de uma
missa às 9:00h, a data faz referência a data de comemoração à santa, dia 13 de dezembro. Há
neste dia de comemoração grande manifestação religiosa. A busca por suas águas é constante
por todo o ano, havendo um aumento nesta procura durante os festejos, podendo ser
confirmada na Figura 19a e 19c. Devido à crença o uso é exclusivo para lavar os olhos ou
beber, visando à cura milagrosa.
Tourinho, 2007
Tourinho, 2006
Bica
Tourinho, 2006
a) b)
b)
c)
Figura 19: Fonte de Sta. Luzia: a) fiel recolhendo água, b) Igreja e c) fiéis na fila
Características Físicas: apresenta três bicas de saída de água, a vazão é percebida com mais
intensidade na bica que está à direita diminuindo até à mais fraca que está à esquerda, a
fachada é toda trabalhada em pedras.
Dados Históricos: guarda a tradição de que suas águas são milagrosas para a cura das
enfermidades dos olhos. Porém foi verificado alto teor de contaminação bacteriológica, a
partir da análise da água. Segundo Vasconcelos (1998, p. 5) “Num estudo realizado em 1994,
pelo Instituto de Biologia da UFBA, foi verificado o alto teor de contaminação bacteriológica
de algumas nascentes de Salvador, entre elas a de Santa Luzia, onde as pessoas, geralmente
lavam os olhos”.
Apoio Legal: sem apoio legal.
FONTE DO BALUARTE - ID N° 20
Endereço: Ladeira de Água Brusca, s/n° - Santo Antonio além do Carmo.
Localização UTM: 554042.71 , 8567122.71
Situação Atual: até 2005 servia de moradia a um homem, conforme consta em Bochicchio
(2003) vivia no local há aproximadamente 5 anos; como a evasão ocorreu em 2005,
provavelmente morou por 7 anos na fonte. Devido a esta situação a fonte anteriormente estava
isolada por madeirite. Conforme Figura 20a a fonte está abandonada atualmente e não corre
água pelas bicas, contudo o local é alagadiço, demonstrando que ainda há saída de água, esta
situação pode ser comprovada na indicação da seta na Figura 20b. Com relação ao seu
monumento está muito depedrado e com muito lixo. No entorno da fonte existe uma oficina e
algumas edificações que não ambientalizam com o estilo arquitetônico do monumento.
Figura 20: Fonte do Baluarte: a) fachada da fonte; b) área alagadiça e com lixo
Área alagada e lixo
Tourinho, 2006 Tourinho, 2006
a) b)
Características Físicas: suas bicas encontram-se dentro de dois compartimentos cobertos e
fechados por portas. Seus vãos são emoldurados por cercaduras e seu frontispício possui
frontão em voluta, de forma semelhante às igrejas baianas no estilo barroco do século XVIII
(BAHIA, 1982).
Dados Históricos: segundo Bahia (1983), embora sejam escassas as referências sobre a fonte
do Baluarte, a sua existência é bem antiga, e possivelmente se tratasse de fonte privada, o que
explica o silêncio dos historiadores. Situada em uma encosta e construída em alvenaria de
pedra, é dotada de galerias horizontais que penetram o lençol freático. Os chafarizes
localizam-se no interior de pequeno compartimento, cujo ingresso é controlado por portas, o
que faz supor tratar-se, originalmente, de fonte privada. Não há notícias sobre a exploração de
suas galerias.
A ladeira em que ela está localizada é artificial, foi construída porque ali havia um barranco
por onde as águas caíam. Daí o nome Ladeira da “Água brusca”. Segundo Sampaio (2005) a
ladeira foi denominada assim devido a força com que jorravam as águas da fonte.
Em letreiro local consta que ela foi restaurada em março de 1984 pelo Governo do Estado da
Bahia.
Conforme BAHIA (1997), por motivo de proteção, em 1975 foi proposta que o IPHAN
tombasse a fonte.
Apoio Legal: foi tombada pelo Decreto nº 28.398 de 10.11.81, de acordo com a Lei nº 3.660,
de 8.06.78 e com o Decreto nº 26.319 de 23.8.78. (BAHIA, 1983).
FONTE DO BURAQUINHO - ID N° 22
Endereço: Rua Rio Negro, s/n° - Monte Serrat
Localização UTM: 552827.07 , 8571276.91
Situação Atual: localizada no quintal de algumas casas, é utilizada para uso doméstico
(lavagem de roupa, de casa, banhos, etc), assim como para beber e cozinhar alimentos. Esta
fonte, juntamente com a fonte da Pedra Furada (fonte catalogada com numeração 15), tem
uma distância aproximada entre elas em torno de 100 metros, são utilizadas pela população
local com grande freqüência, principalmente em período de falta d’água, estão localizadas
numa região aterrada, o que provavelmente justifique o aparecimento destes mananciais. D.
Norma, pessoa que vive numa casa próxima a fonte, garante que há uma fonte similar na
proximidade.
Características Físicas: a água flui diretamente de uma grande rocha. Nela foi esculpida uma
pequena bacia de recolhimento, lhe dando uma característica rústica e foi acrescentado um
pequeno muro para que segurasse a água descartada, e pode se verificado na Figura 21, onde
há indicações na foto.
Figura 21: Fonte do Buraquinho.
Dados Históricos: fonte de uso recente, sem referência histórica.
FONTE DO CHEGA NEGO - ID N° 24
Endereço: Av Oceânica, s/nº - Ondina, em frente à praia da Onda.
Localização UTM: 553810.53 , 8561651.09
Situação Atual: a fonte está em boa conservação em sua estrutura física, a vazão de água é
muito baixa ao longo de todo o ano, chegando em alguns períodos a ser suspensa, os maiores
usuários são os freqüentadores da praia da Onda e transeunte da rua que a usam
principalmente para beber e lavar os pés. Segundo Lima (2005) das 10 fontes analisadas esta
apresentava vazão média de 37 L/h de água. Não existem edificações em seu entorno. A fonte
está situada no sopé do morro em cujo alto se desenvolve o bairro de Alto de Ondina e onde
também está localizada a fonte do Chapéu de Couro.
Características Físicas: fonte de porte pequeno (Figura 22a) tem apenas uma bica de saída
de água e uma pequena bacia de recolhimento (Figura 22b).
muro
Tourinho, 2007
bica
Figura 22: Fonte do Chega Nego: a) fachada da fonte; b) bica
Dados Históricos: é um monumento dos anos 20 do século XX, construída quando o
governador José Joaquim Seabra fez uma das maiores intervenções na cidade, abrindo
avenidas (A TARDE, 1999).
Apoio Legal: Sem proteção legal
FONTE DO COQUEIRO OU VILA VELHA - ID N° 25
Endereço: Av Vale dos Barris, no fundo do Convento da Lapa.
Situação Atual: destruída para construção da Estação da Lapa.
Características Físicas: segundo Bahia (1997) a fonte era um elemento de notável mérito
histórico-urbanístico e possuía cinco bicas. Como a maioria das fontes baianas, apresentava
bacia de recolhimento de águas servidas em nível inferior à rua. Seu frontispício era
emoldurado por duas pilastras jônicas (Figura 23). Estava secionada à meia altura por uma
pequena moldura. Suas extensas galerias se dirigiam em direção SW no fundo do vale que
separa os bairros da Piedade e Barris.
a) b)
Tourinho, 2006 Tourinho, 2006
Figura 23: Fonte do Coqueirinho, (BAHIA, 1997)
Dados Históricos: não se sabe exatamente a data de construção desta fonte, pois, conforme
alguns autores teria sido chamada “Fonte do Caminho Velho ou Fonte da Vila Velha”, por
estar situada à margem do caminho que conduzia ao núcleo criado por Diogo Álvares Correa
(BAHIA, 1997). Depois de abandonada ficou conhecida como “Fonte do Coqueiro da
Piedade” (JORNAL DA BAHIA, 1970a).
Lia-se em pequena placa de mármore fixada em seu frontispício: “Feita em 1711 e reedificada
em 1895”. Deve-se, porém, admitir que ela já existisse em 1711, tendo sido melhorada neste
ano. Em 1887 a Câmara Municipal mandou inspecionar, limpar e restaurar e em 1895 foi
reformada ou reedificada, segundo placa que existia no local. (BAHIA, 1997). Foi
redescoberta em junho de 1974, quando um trator que trabalhava na construção da Av. Vale
dos Barris fazia escavações. O professor e historiador Frederico Edelweiss afirmou que a
fonte é tão velha que foi citada nas Cartas de Viena. Foi uma das fontes mais importantes da
cidade, pois servia para abastecer todo o centro de Salvador. O bairro tem o nome de Barris
indiretamente por causa da fonte, pois o povo descia a rua General Labatut para ir buscar água
nesta fonte levando barris e depois subiam a outra ladeira que vai dar na Lapa. E como havia
um grande movimento de barris subindo e descendo por aquelas ruas, o bairro ficou com este
nome. A propósito desta fonte, o professor Edelweiss escreveu um artigo denominado “Fontes
dos Barris” para a revista Rotaria, em 1940. Ele afirmava que por toda aquela redondeza,
Barris, Tororó, existiam muitas fontes semelhantes que, foram se perdendo depois da água
encanada e do progresso da cidade (TRIBUNA DA BAHIA, 1974).
De acordo com Azevedo (1969) em Vila Velha existia uma fonte pública, merecia freqüentes
medidas de conservação por parte dos vereadores. Em 1630 gastou-se 4$600 réis no concerto
Bahia, 1997
do manancial; em 1635 e 1940, novos reparos se fizeram. Por ocasião do último, os oficiais
do senado foram pessoalmente verificar que as obras eram necessárias. Em 1800 a qualidade
da água era considerada medíocre.
Segundo o jornal A Tarde (1987) registra a perda da Fonte dos Coqueiros quando relata que
ela foi soterrada para a construção da Estação da Lapa, no Governo Mário Kertz.
Apoio Legal: sem proteção legal
FONTE DO DIQUE DO TORORÓ - ID N° 26
Endereço: Av. Presidente Costa e Silva, s/n°, às margens do Dique do Tororó.
Localização UTM: 553415.54 , 8564608.85
Situação Atual: esta seria um exemplo de “modelo de fonte” para cidade de Salvador,
localizada em praça pública supervisionada, a Praça Mário Brasil, fechada nos horários em
que não há funcionário presente. Local limpo e fonte bem conservada, o jardim tem vários
equipamentos como: bancos, brinquedos e material de ginástica. A fonte integra um pequeno
parque infantil e dá acesso a Superintendência de Manutenção e Conservação da Cidade,
órgão da PMS. Segundo Lima (2005) trata-se de uma fonte de vale.
Características Físicas: fonte estilo cacimba. Composta por dois poços verticais de tijolos
(Figura 24b), geminados, executados em alvenaria de pedra, conforme apresenta Figura 24a
com cúpula em tijolo encimadas por pináculos. Suas dimensões são: Objerto1: altura = 4,60m
e diâmetro = 3,50m. Objeto 2: altura = 4,00m e diâmetro = 3,50m.
Figura 24: Fonte Dique do Tororó: a) vista geral das cúpulas; b) poço.
a) b)
Tourinho, 2005Tourinho, 2005
Dados Históricos: foi construída pelo Engenheiro Antonio Lacerda com a ajuda de seu irmão
Antonio Frederico Lacerda, quando mordomo do Asilo dos Expostos, no período de 1871-
1875. Inaugurada em 1885 funcionou até a instalação da rede de distribuição de água na
Avenida Joana Angélica, no começo do século passado. (BAHIA, 1983).
Em lugar de ser elevada por balde suspenso em roldana, como é comum em fontes desse tipo,
foi desde o início instalado um sistema de bomba manual que recalcava a água encosta acima
até o asilo. Tal sistema possibilitou, dentre outras vantagens, manter a fonte fechada só se
abrindo seus postigos para limpeza e reparo, (BAHIA, 1997). Atualmente o acesso da água à
superfície, quando necessário, se dá através de baldes suspenso por cordas.
Apoio Legal: tombada pelo Decreto nº 28.398 de 10.11.81, de acordo com a Lei nº 3.660, de
8.06.78 e com o Decreto nº 26.319 de 23.8.78 (BAHIA, 1983). O sítio é tombado pelo
IPHAN (GP-1) BAHIA (1997).
FONTE DO GUETO - ID N° 28
Endereço: Rua 18 de Março, s/n° - Praça da Bica
Localização UTM: 556319.02 , 8563360.95
Situação Atual: está encravada em localidade com grande concentração populacional e
muitas edificações em torno. Com projeto de urbanização e benfeitorias realizadas no local, a
fonte sofreu pequeno deslocamento depois da mudança, ela ficou estrategicamente mais
posicionada, no centro de uma pracinha onde está localizada. Usada pela comunidade para
banho, limpeza de casa, lavagem de carros, para beber e ambiente de lazer de crianças, ela
tem importância social relevante. Antigamente era conhecida como “Fonte de Seu Júlio”, em
alusão à pessoa que tinha o cuidado de mantê-la sempre limpa. Depois foi reconhecida pelo
nome do lugar onde está instalada: Gueto.
Características Físicas: fonte com uma bica, é elevada a quantidade de vazão percebida em
todo o ano (Figura 25b). Ao contrário de outras fontes, como das Pedras, São Pedro e
Perdões tem bacia de recolhimento de pequena dimensão. Conforme Figura 25a no entorno
foi desenvolvido trabalho artístico com montagens de azulejos quebrados. Destaque para a
face de leão em alto relevo na localização da bica. A decoração da fonte ambientaliza com o
local, área de elevado valor artístico em referência aos trabalhos desenvolvidos por Carlinhos
Brown.
Figura 25: Fonte do Gueto: a) fachada da fonte; b) detalhe da bica e vazão.
Dados Históricos: fonte de uso recente, sem referência histórica.
FONTE DO GODINHO - ID N° 29
Endereço: Rua da Misericórdia, nº 06 – Misericórdia. Esta fonte existiu nos fundos do
hospital Santa Isabel.
Situação Atual: fonte não existente.
Dados Históricos: a fonte do Godinho era mineral, considerada uma obra de arte, e, sobre ser
obra de arte, um monumento histórico de beleza rara, mas de valor desconhecido. Não foram
encontrados registros em livros antigos sobre a existência da fonte. Do ponto de vista
histórico nada se apurou, apenas que o lençol de água foi descoberto pelos jesuítas. Foi
constatado que suas águas eram medicinais. Era uma fonte muito usada para banhos e para
beber. Segundo análises realizadas observou-se ser a mesma ácida e ferruginosa,
principalmente sem contar com os outros sais minerais existentes. Tinha-se, portanto, no
coração da cidade, um monumento histórico, com potencial científico, que valia, quando
nada, a exploração e conhecimento (O DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 1940).
FONTE DO MUGUNGA - ID N° 30
Endereço: Av. Frederico Pontes, s/n° - São Joaquim
Localização UTM: 554169.86 , 8568044.84
Situação Atual: fonte entupida e sua área em volta serve de depósito de lixo (Figura 26a). O
veio d’água mina em um paredão próximo a fonte abandonada. Os moradores do entorno não
sabem o nome da fonte e nem reconhecem a importância deste monumento, principalmente
Tourinho, 2006
a)
Tourinho, 2006
b)
do período da história quando não havia água encanada em Salvador. A fonte do Mugunga
está situada no sopé da montanha em cujo alto se desenvolve o bairro da Liberdade.
Características Físicas: segundo Bahia (1997) originalmente esta fonte deve ter sido
formada pelo corpo central em cantaria e dois lances simétricos, de arrimos terminados em
voluta que continham as terras da montanha. Um desses lances teria sido destruído para
construção de um sobrado. O frontispício do corpo central é formado por duas robustas
pilastras toscanas, recobertas por frontão curvo (Figura 26b). No centro desta composição
existe uma pequena pia (bastante depedrada), de desenho rococó, com uma única bica que não
funciona. Suas Dimensões: Frontispício :(4,17 x 3,00m).
Figura 26: Fonte do Mugunga: a) visão geral;) detalhe do frontispício
Dados Históricos: as duas datas (1746 e 1800) gravadas em cartela emoldurada com ornatos
florais, no centro do frontão que encima o corpo central do muro da fonte, devem referir-se,
provavelmente, a construção e alguma reforma. (BAHIA, 1983). Em 1829 foi citada por
Domingos Rebelo, no livro Corografia do Império do Brasil. Esta fonte funcionou até 1952
(BAHIA, 1982).
Ainda segundo Bahia (1997) até pelo menos, 1952, funcionava, fornecendo água para os
feirantes de Água de Meninos e saveiros que ancoravam na enseada vizinha. E por motivo de
proteção, em 1975 foi proposto que o IPHAN tombasse a fonte.
Apoio Legal: tombada pelo Decreto nº 28.398 de 10.11.81, de acordo com a Lei nº 3.660, de
8.06.78 e com o Decreto nº 26.319 de 23.8.78. (BAHIA, 1983).
FONTE REDENÇÃO DO PELOURINHO - ID N° 31
Endereço: Pátio das Artes - Centro Histórico, trecho baixa dos Sapateiros.
a) b)
Fonte
Lixo Local onde deveria estar a bica
Tourinho, 2006 Tourinho, 2006
Localização UTM: 553406.87 , 8565683.15
Situação Atual: a fonte está localizada em um pátio policiado, atualmente a água jorra
através de um sistema de bombeamento que é ligado nos horários de maior freqüência de
visitantes e turistas. Embora não seja fonte natural é apresentada nesta pesquisa em função do
seu valor histórico.
Segundo a FGM o monumento representa o pilori, coluna de pedra de cantaria onde se
amarravam os condenados a açoites nos tempos coloniais. Como num memorial, a tentativa
foi resgatar o objeto do esquecimento desde o século XVIII, o pilori, nosso olhar ao
humanizá-lo não esconde que essa pedra sangrou.
Características Físicas: atualmente (não há referência de sua forma anterior) construída em
alvenaria de tijolo e barro, com estrutura de cantaria e pedra trabalhada (Figura 27), possui
cerca de 6 metros de profundidade.
Figura 27: Fonte Redenção do Pelourinho.
Dados Históricos: técnicos contratados pelo IPAC descobriram esta fonte em 22 de março de
1998, é considerada de grande valor histórico, cuja origem remonta ao século XVIII. Hoje faz
parte do projeto integrante do Quarteirão Cultural Provavelmente a fonte foi usada até a
década de 30 do século XX (A TARDE,1998).
Apoio Legal: sem proteção legal
FONTE DO PEREIRA - ID N° 32
Endereço: Ladeira da Misericórdia, próxima a Ladeira da Montanha
Localização UTM: 553030.88 , 8565882.19
Tourinho, 2007
Situação Atual: localizada em ambiente de pessoa de baixa renda e voltado à zona
prostituição. A fonte não existe, conforme seta na Figura 28b, mina água num paredão de
pedras onde provavelmente seria o lugar onde estava localizada a antiga fonte do Pereira.
Existe uma bacia de recolhimento de água, não sabendo se explicar a quem pertence a obra, e
se o objetivo principal era de recolher as água que flui da encosta. Existem usos específicos
para a fonte, como lavagem de roupa, bem perceptível na Figura 28a, lavagem de carro,
banhos e outros.
Figura 28: Fonte do Pereira: a) tipos de uso; b) visão geral.
Características Físicas: segundo Azevedo (1969) a fonte tinha duas bicas de pedra forradas
de cobre com seis bocais de metal, instalada em 1636. Atualmente tem pequena bacia de
recolhimento construída com pedras.
Dados Históricos: a fonte do Pereira, a que alude Gabriel Soares, foi descoberta por um dos
400 degradados que vieram, com Thomé de Souza, de sobrenome Pereira, junto da qual se
estabeleceu para vender água à marinhagem (BOCCANERA JUNIOR, 1921).
Gabriel Soares afirmou: “Tem nesta cidade grandes desembarcadouros com três fontes na
praia, ao pé dela, em as quais os mercantes fazem sua aguada bem à borda do mar, das quais
se serve também muita parte da cidade por serem estas fontes de muita boa água”. Conforme
Edelweiss, estas três fontes eram: a do Pereira, na baixa Misericórdia, a das Pedreiras, na
Preguiça e a dos Padres na subida do Taboão (BAHIA, 1997).
a)
b)
Atual saída de água
Tourinho, 2007
Tourinho, 2007
Segundo Sampaio (1949) localizava-se na ladeira da Misericórdia. Ainda conforme Sampaio
(1949) depois dos primeiros desembarques se achou defronte da cidade aguada excelente bem
à borda do mar que na época denominou de Naus, mais tarde de Pereira. E de acordo com
Azevedo (1969) foi reformada em 1636, serviço grande e caro, que o empreiteiro Domingos
Fernandes, pedreiro, pensava necessitar de dois meses para concluir, cobrando a elevada
quantia de 25$000 réis.
“Esta fonte foi descaracterizada pela construção da ladeira da Montanha, que lhe cortou o
acesso direto à área comercial, a fonte do Pereira continua jorrar água em abundância,
permitindo que pobres e marginais, habitantes e freqüentadores da ladeira da Misericórdia, ali
se banhem e lavem suas roupa, corroborando as palavras de Vilhena quando escreveu que
essas fontes só serviam para o gasto” (SAMPAIO, 2005, p. 105).
Segundo Bahia (2003) a fonte desapareceu no começo do século XX.
FONTE DO QUEIMADO - ID N° 33
Endereço: Rua do Queimado, s/n° - próximo ao Largo do Queimado.
Localização UTM: 554524.25 , 8567727.11
Situação Atual: fonte abaixo do nível da rua e afastada da mesma, muito freqüentada pelos
moradores do bairro. Portão de acesso em ferro que fica diariamente aberto (Figura 29b) e
ainda conforme poderá ser visto na Figura 29a são seis saídas de água dos quais apenas três
estão em funcionamento. A fonte apresenta grande escadaria para acesso da mesma.
Figura 29: Fonte do Queimado: a) detalhe da bica e b) visão geral.
a) b)
Tourinho, 2006 Tourinho, 2006
Características Físicas: em comparação com as outras fontes visitadas é maior em tamanho
na estrutura e área, formada por galerias de captação de água, frontispício com revestimento
imitando pedra e frontão triangular (BAHIA, 1985a)
Dados Históricos: foi construída em 1801 e contou, em 1859, com a visita histórica de Dom
Pedro II, da imperatriz e das princesas. Era comum aos ilustres da época a visita às fontes e
chafarizes para conferir a qualidade da água (SANTANA, 2002).
Domingos Rebello em sua Corografia do Império do Brasil relacionou esta fonte como uma
das que se situava na Freguesia de Santo Antonio Além do Carmo, juntamente com a de Santo
Antonio (dos Perdões) e muitas outras particulares (BAHIA, 1982).
De acordo com Azevedo (1969) e Vilhena (1969) em 1800 a fonte do Queimado tinha
excelente água para beber onde parte da cidade e muita gente da praia iam buscar água. Ainda
segundo Vilhena (1969) a Fonte do Queimado ficava na parte alta da cidade.
Em placa afixada no local, consta que foi restaurada em 1992 pelo Governo do Estado.
Apoio Legal: conforme BAHIA (1985) a fonte é tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de
10 de maio de 1984 e conforme Bochicchio (2003) o conjunto arquitetônico onde se localiza,
foi tombado pelo IPHAN registrado no Livro Histórico de 14/02/1997.
FONTE DO SEGREDO - ID N° 34
Endereço: Candeal de Brotas
Situação Atual: fonte não existente.
Dados Históricos: segundo Jornal da Bahia (1970b) os moradores do Candeal Pequeno, em
Brotas, no final de 1970 estavam atravessando uma verdadeira seca desde que a Fonte do
Segredo que abastecia aquela zona foi desativada, pois canalizavam os esgotos do conjunto D.
João VI e do Colégio Luis Viana com seu minadouro, inutilizando-a. Até 1969 a velha fonte
do Segredo de Nossa Senhora de Brotas abastecia toda a zona onde moravam cerca de 100
famílias. A fonte foi restaurada em fevereiro de 1952, mas sua origem se perdeu no tempo.
Foi construída na administração de Osvaldo Gordilho, prefeito da cidade. Gordilho iniciou a
execução do Plano Geral da Cidade, uma espécie de Plano Diretor, concebido pelo Escritório
de Planejamento Urbano de Salvador.
FONTE DOS PERDÕES OU DO SANTO ANTONIO - ID N° 37
Endereço: Rua Vital Rego e esquina com a Rua dos Perdões, s/n° - Barbalho.
Localização UTM: 554086.41 , 8566860.79
Situação Atual: convertida em poço de água desprezada e suja é aparentemente poluída,
apresentando muito lixo e camada de limo. Esta situação deplorante é vista na Figura 30b,
percebe-se, assim, o alto grau de eutrofização. Quanto à estrutura física construída está bem
conservada (Figura 30a), o portão que dá acesso tem cadeado e não foi identificado algum
tipo de uso. A prefeitura realiza limpeza em 2 de julho de cada ano, na ocasião do trabalho de
campo 2005 a 2006 morava um doente mental no local. Segundo Bochicchio (2003) tem
difícil integração social por estar entre ruas e edificações.
Figura 30: Fonte dos Perdões: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento
Em oficio interno do IPHAN de 31.03.99 (Informação Técnica 163/99) o restaurador Huides
Cunha apresentou a situação da Fonte dos Perdões ao Superintendente do IPHAN Eduardo
Furtado Simas. O superintendente respondeu ao oficio interno informando que a fonte não era
tombada pelo IPHAN.
Características Físicas: estrutura semelhante à fonte de São Pedro e das Pedras.
Dados Históricos: foi citada por Domingos Rebello em sua Corografia do Império do Brasil,
em 1829. Conforme placa existente foi reedificada em 1889 pela municipalidade, sob a
direção de Dr. Monteiro (BAHIA 1982).
Apoio Legal: tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.
Tourinho, 2006 Tourinho, 2006
a) b) a) b)
FONTE DO ZOOLÓGICO - ID N° 38
Endereço: Parque Zoobotânico Getúlio Vargas - Alto de Ondina s/n° - Ondina.
Localização UTM: 553477.62 , 8562133.04
Situação Atual: localizado parque Zoobotânico Getúlio Vargas, mais conhecido como Jardim
Zoológico. A área é de proteção ambiental, vinculado à Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (SEMARH).
Por estar localizado em uma área com policiamento e cercada por uma grade de ferro está
relativamente protegida. Conforme pode ser visto na Figura 31a a sujeira encontrada no local
é oriunda das folhagens que caem da vegetação, que no local é vista em abundância. Não há
uso específico por parte da comunidade que freqüenta o local, mas, de acordo com vigia local
a fonte é conhecida como “Fonte dos Desejos” e é comum que os visitantes lancem moedas
para que seus pedidos sejam atendidos e com isto pode-se observar que não está apropriada
para consumo humano.
Características Físicas: de acordo com a Figura 31b a fonte é de estilo cacimba, composta
por um poço vertical de tijolos, executados em alvenaria de pedra.
Figura 31: Fonte do Zoológico: a) vista geral da fonte, b) detalhe do poço
FONTE DA ESTICA - ID N° 39
Endereço: Rua Coronel Tupy Caldas. s/n° - Liberdade
Localização UTM: 555113.64 , 8568839.32
Situação Atual: conforme Figura 32a a estrutura da fonte está em nível mais baixo que a rua,
assim como sua área entorno está localizada em área de topografia mais baixa que o conjunto
Tourinho, 2007 Tourinho, 2007
a) b)
como um todo, o ambiente é densamente povoado, onde a concentração de edificação é muito
acentuada, a fonte é bastante usada pela comunidade para banhos, lavagem de carros e roupas,
para beber e lazer para as crianças da redondeza (Figura 32b). A água corre todo o ano. Há
nas proximidades um posto de gasolina. Não há indício que exista limpeza por parte dos
usuários, pois há muito limo e aspecto de sujeita no ambiente.
Figura 32: Fonte da Estica: a) visão geral; b) tipo de uso
Características Físicas: fonte de estrutura abaixo do nível da rua, com uma bica de saída de
água em cano de PVC. Tem estrutura física simples e moderna, principalmente depois que foi
revestida de azulejos e cercada com corrimão de ferro. Suas dimensões: largura: 3,50m,
comprimento: 5,50m, altura total: 1,70m.
Dados Históricos: fonte de uso recente, sem referência histórica.
FONTE DO GABRIEL - ID N° 40
Endereço: Esquina da Rua Augusto França e a Rua do Gabriel, próximo ao Lgo 2 de Julho.
Localização UTM: 552322.79 , 8564791.40
Situação Atual: a entrada está completamente descaracterizada, o muro foi revestido com o
azulejo da casa vizinha. Onde anteriormente era a entrada da fonte hoje é um ponto de lixo,
indicado com uma seta na Figura 33a. Atualmente ela é o quintal de uma casa, pois foi aberta
uma saída ligando diretamente à fonte. Não existe uma entrada pública. A área de
recolhimento de água mantém o mesmo espaço. Segundo Bochicchio (2003) no período de
Tourinho, 2006
a) b)
Tourinho, 2006
Tourinho, 2006
sua pesquisa o mato tinha tomando conta do recinto, dificultando sua visualização, via-se
apenas uma calha cheia de água de péssimo aspecto. Com isto se conclui que os quatros anos
antes não havia a ligação da casa vizinha com a fonte. Considerando que é tombada por um
Decreto Estadual e que segundo o Decreto-Lei n° 25/1937 art. 18 “sem prévia autorização do
SPHAN, não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou
reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios e cartazes, sob pena de ser mandada destruir
a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso multa de cinqüenta por cento do mesmo
objeto”, é perceptível a afronta em que este bem público se encontra, como extensão de uma
propriedade particular.
Figura 33: Fonte do Gabriel: a) visão geral e b) uso da fonte por lavadeiras
Características Físicas: situada em um nível bem abaixo da rua, é constituída de um olho
d’água de onde o líquido segue por uma vala de 9 metros de comprimento por 1,20 metros de
largura, sendo eliminado por uma galeria que deságua, provavelmente, na encosta. Toda
cercada por muros possui um portão que dá para a escadaria de acesso à fonte [não existe a
entrada] (BAHIA, 1985a).
Dados Históricos: esta é uma das mais antigas fontes da cidade, a Figura 33b retrata um
período muito anterior ao que vivemos no momento, em que a fonte era usada por lavadeiras e
moradores da região. A fonte do Gabriel recebeu este nome porque o terreno onde foi
construída pertenceu a Gabriel Soares e foi propriedade do mosteiro de São Bento.
Possivelmente os subterrâneos partem do Unhão e do Hospício de Jerusalém. É conhecida
também por Fonte do Unhão (A TARDE, 1974).
a) b)
Fonte
Antiga entrada
Lixo Tourinho, 2006
Acervo Gregório de Matos
Conforme Bahia (1982) em 1584, Gabriel Soares de Souza doou aquela área, por testamento,
aos Beneditinos. Um século mais tarde pertencia ao Desembargador Pedro de Unhão Castelo
Branco. Domingo Rebello em Corografia do Império do Brasil (1829), relacionou esta fonte
como uma das que se situava na Freguesia de São Pedro, ao lado Barris, Coqueiro, Tororó e
São Pedro.
Esta fonte era muito procurada porque se dizia que as suas águas curavam doenças
SAMPAIO (2005).
Apoio Legal: tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.
FONTE DO GRAVATÁ - ID N° 42
Endereço: Rua do Gravatá, s/n° - Nazaré.
Localização UTM: 553255.31 , 8565371.41
Situação Atual: a fonte permanece sempre fechada e com cadeado (Figura 34a), mesmo
assim não impedem o acesso por parte de alguns usuários, principalmente homens que pulam
a grade de ferro. O uso prioritário é para beber, a comunidade local usa a água em período de
não abastecimento. A vazão é grande, conforme demonstra a Figura 34b, contudo se
apresenta com lixo e muito limo na sua bacia de recolhimento, com aspecto de desprezo. Seu
entorno é cercado por um conjunto de casa e sobrados do século XIX de grande valor
histórico.
a)
b)
Tourinho, 2006 Tourinho, 2006
Figura 34: Fonte do Gravatá: a) Vista geral; b) detalhe da vazão da água
Em oficio interno do IPHAN de 1.02.99, o restaurador deste Instituto, Huides Cunha,
denuncia ao Superintendente do IPHAN Sr. Eduardo Furtado Simas, que o Bloco da Alvorada
usava a fonte do Gravatá como depósito de equipamentos de show, colocando telhas de zinco,
andaimes de ferro, patamares de madeirite, etc.
Em ofício interno de 31.03.99 (Informação Técnica 164/99) o restaurador do IPHAN Huides
Cunha apresenta a situação da fonte do Gravatá ao Superintendente do IPHAN Eduardo
Furtado Simas, situação de precariedade decepcionante e página de desespero ao patrimônio
histórico, um caso de saúde publica.
O superintendente respondeu aos ofícios internos informando que a fonte não era tombada
pelo IPHAN.
Características Físicas: trata-se de uma fonte de sopé de encosta, com galerias horizontais de
captação de água que possibilitam a passagem de um homem em pé, possui reservatório de
decantação, frontispício com duas bicas e bacia de recolhimento de águas servidas em nível
inferior ao da rua (BAHIA, 1982). Não se sabe onde se inicia as galerias de captação, mas são
tão profundas que em certo ponto cruzam por baixo da galeria de esgotos que desce a rua da
Independência (TRIBUNA DA BAHIA, 1976).
Dados Históricos: não há registro preciso sobre a data de construção, embora seu frontispício
sugira século XVIII. Em 1724, o senado da Câmara desapropriou terrenos necessários à
construção de um acesso à fonte.
Em 1801, Vilhena comenta: “Dentro da cidade, um pouco da igreja e freguesia de Santana
Ana fica a fonte do Gravatá, a mais imunda e pior de todas; é, porém a mais freqüentada por
ser a única pública que há dentro da cidade...” (BAHIA, 1987. p 184).
Em 1829 Domingos Rebello, na Corografia do Império do Brasil faz referência a esta fonte;
relatando que as águas dos rios das Tripas enriquecia-se com as águas da fonte do Gravatá.
Em 1846 a Santa Casa de Misericórdia perde a questão contra a Câmara Municipal, a qual
reclamava a propriedade dos terrenos onde se localizava a fonte (REBELLO, 1829).
As galerias, ou grandes condutos, que levam água ao depósito eram notáveis construções
(BAHIA, 1952).
Segundo Bahia (1997) por motivo de proteção, em 1975 foi proposto que o IPHAN tombasse
a fonte.
Apoio Legal: a fonte foi tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.
FONTE IEMANJÁ OU MÃE D´ÁGUA - ID N° 43
Endereço: Farol da Barra
Localização UTM: 550698.30 , 8561759.25
Situação Atual: fonte desaparecida. Segundo funcionários do farol da Barra, quando o forte é
visto de frente, a fonte localizava-se ao seu lado esquerdo (Figura 35a).
Dados Históricos: a fonte da Mãe d’água é a que guarda um maior número de lendas. A festa
de Iemanjá, por exemplo, antes de ser realizada no Rio Vermelho, era na Barra. Pescadores e
outras pessoas costumavam ir reverenciar a “rainha do mar”. Presente e flores saíam das
proximidades do Forte de Santo Antonio da Barra mar afora. De volta, os fiéis se reuniam em
redor da fonte da mãe d’água, (Figura 35b) dando início ao samba de roda (JORNAL DA
BAHIA, 1970a).
Figura 35: Fonte da Mãe d’água: a) local exato da fonte; b) detalhe do frontispício (FALCÃO, 1940).
FONTE PEDREIRA OU DA PREGUIÇA - ID N° 44
Endereço: à margem da Avenida do Contorno, no bairro da Preguiça.
Localização UTM: 552369.52 , 8565130.69
a) b)
Provável local da fonte
Tourinho, 2006 Falcão, 1940
Situação Atual: muito freqüentada, por moradores da circunvizinhança, para banhos,
lavagem de roupas, carros e para abastecimento residencial. Segundo Lima (2005) das 10
fontes analisadas, no período da pesquisa, esta é a que apresentava maior vazão (Figura 36b),
com uma média de 6.479,8 L/h de água. Contudo o monumento está muito pichado,
abandonado, descuidado, com lixo e muito limo (Figura 36a).
Figura 36: Fonte das Pedreiras ou Preguiça: a) visão geral; b) detalhe da bica e vazão de água.
Conforme documento encontrado no IPHAN, em 29 de nov de 2000 foi solicitado por
Francisco Sena, presidente da Fundação Gregório de Mattos ao IPHAN 7ª. SR a recuperação
e restauração desta fonte.
Em 20 de dez de 2000 o IPHAN respondeu ao ofício informando que a fonte localiza-se em
área de proteção rigorosa, conforme lei municipal 3289/83. E constatando que o monumento
encontra-se em estado de degradação avançado, recomendou-se que os projetos de
urbanização das áreas em entorno bem com propostas arquitetônicas de restauração da fonte
fossem encaminhadas ao IPAC para análise e apreciação.
Características Físicas: seu reservatório é de planta retangular com cobertura de duas águas,
onde existem bacias para ventilação. Sua galeria foi inspecionada no final do século XIX, por
Inocêncio Góes e Braz Amaral (BAHIA, 1997).
Seu frontispício é formado por dois cunhais apilastrados que suportam frontão triangular
clássico, em cujo triângulo existe uma placa de mármore com detalhes dos melhoramentos
introduzidos em 1851 (PEREIRA FILHO, 1977).
a)
b)
Tourinho, 2005
Tourinho, 2005
Dados Históricos: uma das fontes mais antigas da cidade, também citada por Gabriel Soares
de Souza (1587). Está assinada na planta do “Livro de Razão do Estado do Brasil”, de 1612.
Foi citada por Vilhena em 1801 e aparece também na Corografia do Império do Brasil, de
Domingos Rebello, de 1829. Sofreu reforma em 1851, segunda placa fixada em seu
frontispício, quando deve ter sido construído seu frontão triangular neoclássico.
Em meados da década de 1970 a fonte das Pedreiras servia a rua Ribeira do Góes e à
Preguiça, o nome desta fonte não aparece nos primeiros escritos, só em 1631, Tamoyo de
Vargas a ela se refere como a “fonte de famosa água” (PEREIRA FILHO, 1977).
Uma das mais antigas fontes, sendo anteriormente chamada de Naus. Forneceu água para
armada de Thomé de Souza, há registro que em 1636 foi reformada. (A TARDE, 1974).
Apoio Legal: segundo BAHIA (1997) a fonte integra a área tombada pelo IPHAN (GP-1) do
subdistrito da Conceição da Praia e foi proposto que o IPHAN tombasse a fonte.
Conforme BAHIA (1985) a fonte é tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio
de 1984.
FONTE SANTO ANTONIO DO CABULA - ID N° 46
Endereço: Av. Luis Eduardo Magalhães, s/n° - próximo ao túnel localizado nesta avenida.
Localização UTM: 557954.11 , 8567464.01
Situação Atual: os moradores a utilizam para abastecimento doméstico, principalmente para
beber, conforme figura 37b eles trazem garrafões para serem cheios na fonte e afirmam que
água tem excelente qualidade, sendo vantajoso vir de longe para transportá-la.
Figura 37: Fonte Sto Antonio do Cabula: a) bicas em detalhe; b) visão geral, tipo de uso.
Tourinho, 2006Tourinho, 2006
Vasilhames de água
a) b)
Características Físicas: localizada nas rochas e com três saídas de água em cano de PVC,
Figura 37a.
Dados Históricos: foi descoberta na construção da Avenida Luis Eduardo Magalhães.
FONTE SÃO PEDRO - ID N° 49
Endereço: Ladeira da Fonte, próximo a Concha Acústica.
Localização UTM: 552275.38 , 8564168.0
Situação Atual: está abandonada, sem uso por parte da comunidade, a limpeza é realizada
pelos moradores que vivem próximo a fonte com receio de proliferação do mosquito vetor da
dengue. Presença de muitos peixes em sua bacia de recolhimento. Em seu entorno há muitas
edificações, ficando descaracterizada com o ambiente ao redor (Figura 38a).
Características Físicas: a visualização da fonte São Pedro é prejudicada devido à sua
localização, de costa para a rua. É composta de galerias de captação de água, frontispício com
detalhes neoclássicos e bacia de recolhimento de água, semelhante à fonte dos Perdões e das
Pedras (Figura 38b).
Figura 38: Fonte São Pedro: a) visão geral; b) detalhe da bacia de recolhimento
Dados Históricos: “em 1800 a fonte era de todas a melhor quanto à qualidade da água, desta
bebiam todos os que ficavam mais próximos e muitos ainda dos que moravam distantes, e
tinha escravos que lha carregavam, sendo esta preferível a todas as mais águas” (AZEVEDO,
1969).
Segundo Bahia (1982), Braz do Amaral citou-a em seu livro “História do Brasil, do Império à
República” como sendo a melhor fonte de água potável de Salvador. Ainda conforme Rebello
(1829) a fonte de São Pedro fazia a abundância de todos os moradores da vizinhança.
a) b)
Tourinho, 2006Tourinho, 2006
Apoio Legal: tombada pelo Decreto Estadual n° 30.483 de 10 de maio de 1984.
FONTES TABOÃO OU DOS PADRES - ID N° 50
Endereço: Rua Conselheiro Lafayete, s/n° - Tabuão.
Localização UTM: 553199.22 , 8566081.53
Situação Atual: embora esteja em sítio tombado é uma das mais depredadas, no período da
pesquisa foram registradas várias fotos que confirmam a evolução do descaso. Atualmente
está entupida e totalmente descaracterizada do modelo original, (poderá ser comparada às
Figuras 39a e 39b) isto se deve ao alto nível de degradação. Usada como sanitário público,
está com muito entulho e lixo.
Figura 39: Fonte do Taboão: a) visão da fonte anteriormente (Acervo Fund. Gregório de Mattos) e b) situação atual.
Conforme documento encontrado no IPHAN, foi solicitado em 29 de novembro de 2000 por
Francisco Sena presidente da Fundação Gregório de Mattos ao IPHAN 7ª. SR a recuperação e
restauração da fonte dos Padres.
Em 20/12/2000 IPHAN responde informando que a fonte localiza-se em área de proteção
rigorosa, segundo lei municipal 3289/83, e, também em área tombada federalmente através do
processo nº 1093T. Sendo verificado que o monumento encontra-se em estado de degradação
avançado e totalmente abandonado, recomendou-se que os projetos de urbanização das áreas
em entorno, bem com as propostas arquitetônicas de restauração da fonte fossem
encaminhadas ao IPAC para análise e apreciação.
Acervo Gregório de Matos Tourinho, 2005
a) b)
Características Físicas: até cerca de quarenta e cinco anos atrás tinha a forma de um nicho
recoberto por abóboda de berço no fundo do qual existia um chafariz em forma de carranca
cujas águas jorravam sobre uma bacia situada ligeiramente acima do nível da rua. A carranca
não existe mais e o nicho foi revestido de grandes pedras irregulares, imitando uma gruta (A
TARDE, 1981).
Braz do Amaral e Inocêncio Galvão, no fim do século XIX exploraram em toda a sua
extensão suas galerias com quatro metros montanha adentro e que do meio para o fim
espalharam-se em cinco braços, cada qual captando diferentes mananciais (PEREIRA FILHO,
1977).
Dados Históricos: a fonte dos Padres era elemento de notável mérito histórico urbanístico. É
uma das três mais antigas fonte da cidade de Salvador, citada por Gabriel Soares de Souza,
1587. Foi assinalada, em 1612, na planta ilustrativa do “Livro de Razão do Estado do Brasil”
(BRASIL, 1982)
Existia uma lenda em que os padres carmelitas recorriam a esta fonte em torno das 18 horas,
quando o sol se punha, para tomar banhos despidos, e justamente tem esse nome porque foi
construída em terrenos dos Jesuítas (JORNAL DA BAHIA, 1970a).
Em 1612, a fonte dos padres é assinalada na Planta de Salvador, que ilustra o “Livro da Razão
do Estado do Brasil” (A TARDE, 1981).
De acordo com Azevedo (1969) a fonte dos Padres foi remodelada em 1628 com a colocação
de duas bicas novas de pedra de mármore, trabalho que o pedreiro pantaleão Braz arrematou
pela quantia de 13$000 réis. Para acabar com o costume que tinham as lavadeiras de trazer as
suas roupas e lavar ali, foi preciso fazer-se uma postura municipal expressa. Segundo Jornal
da Bahia, (1970a) esta proibição durou por toda sua vida útil.
Comparando uma fotografia reproduzida em Falcão (1940), no livro Relíquias da Bahia,
percebe-se que atualmente a fonte foi muito alterada, o nicho do chafariz foi revestido de
pedras irregulares e o chafariz substituído por tubo de plástico.
Segundo Bahia (1997) por motivo de proteção, em 1975 foi proposto que o IPHAN tombasse
a fonte.
Apoio Legal: tombada pelo Decreto nº 28.398 de 10.11.81, de acordo com a Lei nº 3.660, de
8.06.78 e com o Decreto nº 26.319 de 23.8.78, (BAHIA,1983).
FONTE UNHÃO - ID N° 51
Endereço: Avenida Contorno, s/n° - Solar do Unhão.
Localização UTM: 552070.94 , 8564775.46
Situação Atual: analisando a Figura 40a percebe-se que a fonte está conservada e limpa.
Aparentemente sem algum tipo de uso, assim como a fonte do Dique do Tororó seria um
exemplo adequado para modelo ideal, devido a sua conservação, precisaria, contudo que fosse
adequada e aberta ao uso público. Local muito freqüentado por turistas e por moradores,
justamente porque a área mescla cultura e lazer.
Características Físicas: tem estilo diferenciado das demais fontes. A água que mina tem
descarga através de uma válvula de saída (ladrão de água) numa bacia de recolhimento que
fica ao lado externo (Figura 40b).
Figura 40: Fonte Solar do Unhão: a) fachada da fonte; b) detalhe da bacia de recolhimento
Dados Históricos: foi construída no século XVII e se situa em dos mais importantes
conjuntos arquitetônicos do Estado, guardando todas as características do passado (SANTOS,
1978).
O Solar do Unhão está localizado em um sítio histórico do século XVI, era na sua origem um
complexo agro-industrial de produção de açúcar e possuía casa grande e capela. Devido a
paisagem deslumbrante o Solar do Unhão se transformou em um dos cartões-postais da cidade
mais bonitos.
Apoio Legal: sem apoio legal.
a) b)
Tourinho, 2005 Tourinho, 2005
FONTE VALE DO TORORÓ - ID N° 52
Endereço: Rua Monsenhor Rubens Mesquita, s/n° - Tororó
Localização UTM: 553179.93 , 564746,02
Situação Atual: em completo abandono, quase totalmente soterrada e encoberta pela pista
que passa em nível mais elevado que a fonte, no início da pesquisa, em 2005, estava
localizada num matagal, as crianças usavam para beber água, tomar banho e como ambiente
de lazer. Conforme Figura 41a a algumas crianças brincavam com água que corria externo à
cúpula. Atualmente tem sido desenvolvida uma invasão, a área encontra-se com pouca
vegetação e muitas casas edificadas ao redor, pode perceber a retirada de vegetação para este
objetivo através do comparativo entre as Figuras 41a e 41b. O minadouro flui ao lado da
fonte, com isso o entorno se apresenta úmido. Devido ao assentamento desordenado e sem
licença que está acontecendo em torno da fonte (juntamente com a falta de informação por
parte dos invasores), não é descartada que ela seja destruída para construção de alguma
edificação. A Figura 41c representa o quanto o assentamento desordenado tem crescido.
Figura 41: Fonte Vale do Tororó: a) Fonte em 2005, b) foto em processo de ocupação e c) foto atual em Abril de 2008.
Tourinho, 2005 Tourinho, 2007
a)
Tourinho, 2008
c)
Fonte
b)
Características Físicas: a fonte data do século XIX, tipo cacimba, composta por um poço
vertical de tijolos, executada em alvenaria de pedra, recoberta por cúpula culminada por
coruchéus. Idêntica às fontes do Dique do Tororó.
Dados Históricos: não foram encontradas referências históricas sobre a mesma. Segundo
Bahia (1982) trata-se, provavelmente, de construção do ultimo terço do século XIX.
Apoio Legal: tombada em nível estadual pelo Decreto n° 30.483 de 10 de maio de 1984.
FONTE VISCONDE DE MAUÁ - ID N° 53
Endereço: Rua Visconde de Mauá, s/n°. Detrás do Museu de Arte Sacra.
Localização UTM: 552439.02 , 8565179.65
Situação Atual: estabelecida em local estratégico, próximo ao Largo Dois de Julho, à
Contorno, à Praça Castro Alves e da fonte das Pedreiras, contudo se apresenta abandonada e
sem uso, a bica de saída de água está entupida, conforme seta na Figura 42b. Localizada em
rua pouco movimentada e poucas casas na proximidade, em frente da fonte existe um local
que apresenta muito lixo, indicando o grau de desprezo e pouco caso, este detalhe pode ser
visto na Figura 42a, é notório que é usada como sanitário público.
Características Físicas: surge da encosta, vestida em pedras com pequena escadaria de
acesso, um pouco recuada em relação ao paredão, é visível que havia três bicas, contudo,
todas entupidas.
Figura 42: Fonte Visconde de Mauá: a) ponto de lixo; b) fachada da fonte
a) Saídas entupidas
Tourinho, 2007
b) Lixos e entulhos
Tourinho, 2007
Dados Históricos: segundo Bochicchio (2003) o Jornal da Bahia de 14/07/1977 afirma que
na época de uso fornecia água aos moradores da Preguiça, Rocinha do Marinheiro e
adjacências.
Apoio Legal: sem apoio legal.
FONTE VISTA ALEGRE DE BAIXO - ID N° 54
Endereço: Rua Topázio, s/n° - Vista Alegre de Baixo.
Situação Atual: 558709.67 , 8579158.20
Características Físicas: verificando a Figura 43a percebe-se que foi realizado um
beneficiamento estrutural com cimentação no chão e parede de bloco revestida no local onde
saem as duas bicas de água. Devido à localidade ser de material arenoso, possibilita um
melhor acesso. Conforme Figura 43b a área em torno da fonte não há edificações, o solo é
revestido de grama propiciando a recarga e alimento do aqüífero local. A comunidade a utiliza
principalmente para beber, é muito comum encontrar moradores com vasilhames de pet 2
litros ou de 20 litros de água mineral para suprir o abastecimento residencial, (Figura 43c).
Tourinho, 2006 Tourinho, 2006
Tourinho, 2005
a) b)
c)
Figura 43: Fonte Vista Alegre de Baixo: a) fachada da fonte; b) visão geral com área entorno e c) tipo de uso
Dados Históricos: fonte de uso recente, sem referência histórica. A partir desta pesquisa a
fonte está sendo denominada de “Fonte Vista Alegre de Baixo”, fazendo relação ao bairro
onde está localizada, pois a população usuária e local consultada apenas a conhecem como
bica.
5.1.2 Outras fontes
Outras fontes foram citadas em jornais, livros, mas não foram passíveis de serem inseridas
neste capítulo, pois são fontes desaparecidas e não tinham informações suficientes. Foram
catalogadas as seguintes fontes: fonte Cemitério do Campo Santo, fonte Convento de Santa
Tereza, fonte da Alegria, fonte da Vovó, fonte do Cabuçu, fonte do Xixi, fonte dos Aflitos,
fonte Gamboa das Pedras, fonte Rio Vermelho, fonte São Felipe Néri, fonte São Joaquim e
fonte São Miguel ou Quibungo. Outras fontes foram citadas por Bochicchio (2003) como:
fonte Bambu, fonte do Brasil, fonte do Espargal, fonte do Pilar, fonte da Rua da Mulher das
Cartas e fonte de Itacaranha e também por Azevedo (1991), como: fonte Galpão, fonte
Gouveia, fonte Lobato, fonte Milagres, fonte Pereira II e fonte do Arquivo Público.
Para o professor de história, Cid Teixeira, a recuperação das fontes deve ser feita, não apenas
como atração turística, mas, sobretudo porque refletem uma realidade de época.
6 QUALIDADE DA ÁGUA E ANÁLISE DOS DADOS
Tradicionalmente, a qualidade da água tem sido avaliada e mesmo monitorada através da
análise de parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos. De uma maneira geral, as
características físicas são analisadas sob o ponto de vista de sólidos (suspensos e dissolvidos
na água). As características químicas, nos aspectos de substâncias orgânicas e inorgânicas e as
biológicas.
Considerando a preocupação na qualidade da água utilizada, e em destaque a qualidade da
água das fontes naturais em questão, Proença (2004) recomenda que sejam obrigatoriamente
monitorizados aqueles parâmetros que têm seus resultados facilmente relacionados com fonte
de poluição. Os coliformes termotolerantes, independente das condições do local a ser
amostrado, devem ser monitorizados, uma vez que estão diretamente relacionados ao uso
mais prioritário da água, o abastecimento humano. Esta situação é justamente a que mais
ocorre com a maioria das fontes analisadas.
Neste capítulo estarão em foco informações de vazões, as análises dos parâmetros e a
proposta da rede de monitoramento. Tendo em vista atender os objetivos desta dissertação.
Em campo foi verificado que o uso preponderante das águas da fonte são utilizadas para
consumo humano, com isto foi estabelecido nesta pesquisa que os limites desejáveis estejam
dentro do padrão da normalidade da Resolução Conama 357 para água doce - Classe 1.
A Resolução 357/05 “Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais
para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes“ e define para água doce, em classe 1 o seguinte uso:
a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado;
b) à proteção das comunidades aquáticas;
c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho.
Os itens a e c são contemplados na realidade da área de estudo deste trabalho, sendo o item a
bastante relevante, a avaliação também será feita à luz da Portaria 518/04.
Nos limites para água classe1 é proposto que haja necessidade de tratamento simplificado,
contudo é notório que este procedimento não é possível nas fontes em estudo, pois a maioria
dos usuários que utilizam a água para beber faz diretamente no local. A possibilidade de
tratamento poderia ocorrer somente em suas residências.
É valido salientar que para a Portaria 518/04 é considerado água potável – água para consumo
humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão
de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde.
Em campo foi verificado que as fontes caracterizam-se por grande discrepância nos níveis de
vazão de água, umas têm apenas uma bica, enquanto outras chegam até seis bicas. Umas têm
vazão bastante volumosa enquanto outras apenas gotejam. Esta é considerada uma
característica física marcante nas fontes de Salvador. Contudo o mesmo não ocorre com os
usos, havendo bastante similaridade entre eles. Sendo os prioritários para lavagem de carro,
consumo humano e banhos, listados em ordem de freqüência de uso.
Lima (2005) apresenta informações de medidas de vazão, para 10 fontes da cidade e
correspondem a medidas realizadas em outubro de 1981, outubro de 2002 e outubro de 2003,
as informações foram transcritas abaixo (Tabela 1) e acrescidas com medidas realizadas em
abril de 2007 pela presente pesquisa.
Tabela1: Medidas de vazões de fontes com saída de água através de bicas. Adaptado de Lima (2005).
Fontes OUT 81
(L/h) OUT 02
(L/h) OUT 03
(L/h) ABR 07
(L/h)
Chega Nego 41 22 37 20
Conj. Bahia - 55 63 61
Davi - 2805 3934 3600
Estica - - - 1694
Gueto - 3056 2122 3495
Nova 2793 1827 1698 1039
Pedreira ou Preguiça 10590 5482 7228 1823/1580*
Pedreiras - - 3433 1811
Queimado - 4426 2770 1001
Sta Luzia 871 799 - 480
Sto. Antonio do Cabula - 3034 2160 154
Vista Alegre de Baixo - - - 224
* Primeira e segunda medida referidas no trabalho.
Para uniformizar as informações de Lima (2005) esta pesquisa adotou a medida de L/h para
representação dos dados encontrados.
É de suma importância ressaltar que, para haver conclusões mais seguras é necessário utilizar
uma série histórica maior, inclusive, é preciso que as estações do ano estejam coincidindo,
pois há diferenças naturais entre períodos secos e úmidos. Contudo não foi possível obedecer
Datas
ao mesmo período do ano devido a necessidade de finalizar as pesquisas de campo e
levantamento de dados.
Contudo se fará alguns comentários. O que pode ser percebido é relativo à sensível
diminuição da vazão ao longo do tempo da maioria das fontes, principalmente quando
consideradas aquelas que tiveram medidas a partir de 1981, as situações mais alarmantes são
as fontes da Pedreira e a do Santo Antonio do Cabula. Na fonte da Preguiça foi percebida a
necessidade de tornar a verificar a vazão, devido a grande discrepância, e assim foi
confirmado que os números antes encontrados estavam corretos, de fato a vazão desta fonte
sofreu uma diminuição muito significativa. Esta diminuição não foi igual à da fonte Nova que
ocorreu gradativamente, ela apresentou uma redução brusca, neste aspecto se assemelha à
Santo Antonio do Cabula.
As fontes do Conjunto Bahia e do Chega Nego tem baixa vazão, contudo se mantêm estáveis.
Porém em visitação anterior e posterior à data das medidas, a do Chega Nego se apresentou
quase sem vazão de água.
A única situação inversa, do conjunto como um todo, é a fonte do Gueto que apresentou um
aumento significativo tanto em relação a 2003 quanto em relação a 2002.
Em algumas fontes já chegaram a desaparecer por completo o fluxo de água. A fonte do
Chega Nego, por exemplo, na maior parte do ano tem vazão bem reduzida, chegando a ser em
gotejamento ou pequeno fio d’água que escorre pela parede do frontispício. Para o
agravamento desta situação é importante relatar que a retirada da vegetação, assentamento
urbano e a cimentação do solo são aspectos que diretamente tem contribuído para o quadro
que está se instalando.
É importante lembrar que as legislações vigentes relacionados à potabilidade, balneabilidade e
classificação dos corpos d’água serão referenciadas para analisar os índices encontrados e
embasar os comentários.
Os níveis de qualidade da água, avaliados por parâmetros físico, químico e bacteriológicos
analisados no LABDEA estão apresentados na Tabela 2. Serão destacados nesta tabela todos
os índices fora do limite recomendados pela Resolução Conama 357/05, 274/00 e a Portaria
518/04.
A Tabela 3 apresenta os resultados analíticos encontrados por Azevedo (1992), Guerra e
Nascimento (1999), Nascimento (2002), Lima et al (2003) e por esta pesquisa, estão
destacados os valores que também apresentaram desconformidade com os limites aceitáveis
pela Resolução Conama 357/05 e Portaria 518/04. Esta tabela tem o objetivo principal de
comparar os dados obtidos nesta pesquisa com as pesquisas realizadas pelos autores citados
acima, com isto alguns resultados de parâmetros disponíveis na Tabela 2 estarão repetidos na
Tabela 3. E conforme citado no referencial teórico a pesquisa de Guerra e Nascimento (1999)
contemplou as fontes do Conj. Bahia, Pedreiras, Queimado e Santo Antonio do Cabula
enquanto que o trabalho de Nascimento (2002) contemplou as fontes do Gueto, Dique do
Tororó e Biologia.
Os dados oriundos das pesquisas referidas nas discussões estão disponíveis, na íntegra, em
anexo (Anexo C, D e E).
Tabela 2: Resultados analíticos de parâmetros físicos, químicos e coliforme termotolerantes encontrados nas análises realizadas pelo LABDEA
ID Fontes Cloreto Cor DBO DQO Ferro T.
Fósforo T.
N. Ni- trato
OD pH Turbi- dez
Col Ter N° de parâmetros
fora do limite Limite Conama 274/00 <250 Limite Portaria MS 518/04 <250 15 - - 0,3 - <10 - - 5 UT Ausência Limite Conama 357/05 <250 <15 <3 - <0,3 <0,02 <10 >6 6-9 40UNT - Unidade mg/L UH mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L - - UFC/100mL
04 Graça 141,00 10 2 18 0,53 <0,01 8,55 1,99 6,49 7,11 930 03 06 Bica 87,40 0 <2 32,0 <0,01 - 19,0 1,49 5,64 1,01 08 03 07 Conjunto Bahia 64,60 0 <2 28,0 <0,01 -- 14,2 3,59 5,12 0,96 <01 03 11 Nova 55,60 < 5 <2 <10 <0,01 <0,01 5,96 7,54 7,19 0,85 02 01 13 Pedreiras 64,10 0 <2 24,0 <0,01 16,0 1,51 5,17 1,00 < 01 03 16 Pedras 53,70 < 5 <2 <10 <0,01 14,6 3,61 3,61 6,08 1,60 49 01 17 Davi 71,50 0 <2 16,0 <0,01 13,5 4,26 6,20 1,23 46 02 18 Biologia 41,70 30 5,60 19,0 3,64 0,08 0,04 0,95 7,31 44,2 500 07 19 Santa Luzia 158,00 0 <2 15,0 <0,01 0,06 9,60 6,46 7,45 1,08 5 03 22 Buraquinho 91,40 0 1,00 19,0 <0,01 <0,01 5,20 7,30 5,84 1,24 <01 03 24 Chega Nego 234,00 <5 2,75 22,9 1,62 <0,01 4,14 16,6 7,14 120 10 04 26 Dique Tororó 61,50 < 5 <2 11 0,1 <0,01 16,6 2,69 5,72 1,67 120 04 28 Gueto 56,60 0 <2 32,0 <0,01 - 14,2 1,79 5,61 1,99 14.500,00 04 33 Queimado 49,50 < 5 2 28,8 0,01 0,04 13,5 3,72 6,16 0,30 30 03 37 Perdões 55,40 < 5 2,5 28,8 0,25 <0,01 13,7 4,86 6,72 3,40 7400 03 39 Estica 76,50 0 1,00 15,2 <0,01 <0,01 19,5 6,95 5,90 1,18 03 04 42 Gravatá 64,60 0 <2 <10 <0,01 <0,01 13,8 5,55 6,78 1,03 280 02 44 Preguiça ou Pedreira 68,60 < 5 <2 <10 <0,01 <0,01 14,2 6,84 6,35 0,83 48 02 46 Santo Antonio do Cabula 38,70 0 <2 12,0 <0,01 - 6,40 3,23 5,20 2,45 05 02 49 São Pedro 46,70 < 5 <2 <10 <0,01 <0,01 4,16 6,09 6,28 1,53 40 01 51 Unhão 52,70 < 5 <2 <10 <0,01 <0,01 14,5 7,60 7,40 0,87 1400 03 54 Vista Alegre de Baixo 42,20 0 1,12 15,2 <0,01 <0,01 8,20 10,3 5,97 1,79 <01 03
Valores fora dos limites recomendados pelo Conama 357/05, Portaria do MS 518//04 e Conama 247/00.
Tabela 3: Comparação dos resultados analíticos da pesquisa apresentada por Azevedo (1992), Guerra e Nascimento (1999 e 2002), Lima et al (2003) apud Lima (2005) e pela presente pesquisa.
Parâmetros pH OD Turbidez Cor Cloreto Ferro Coliformes
Autores 1 2 3 4 2 3 4 2 4 2 4 2 4 2 4 2 4
Ano da coleta 1991 1999 2002
2003 2006 2007
1999 2002
2003 2006 2007
1999 2002
2006 2007
1999 2002
2006 2007
1999 2002
2006 2007
1999 2002
2006 2007
1999 2002
2006 2007
Limite 6-9 >6 <40 <15 <250 <0,30 Ausência Unidade mg/L mg/L mg/L mg/L Col/100ml Biologia - 5,8 - 7,3 0,6 0,9 9,3 44,2 12,5 30 49,1 41,7 1,7 3,64 20.000,0* 500,0** Graça 6,0 - 6,0 6,5 1,8 2,0 Chega Nego 5,9 - 6,4 7,1 4,35 16,6 Conjunto Bahia - 4,6 4,9 5,1 3,6 3,0 3,6 0,2 0,96 <5 0 64,0 64,6 0,04 <0,01 Dique do Tororó - 5,4 - 5,7 3,1 2,7 0,3 1,67 <5 <5 60,4 61,5 0,04 0,1 2.000,0* 120,0** Estica 5,3 - - 5,9 Gravatá 6,3 - - 6,8 Gueto - 5,6 5,3 5,6 1,7 1,5 1,8 0,2 1,99 <5 0 57,7 56,6 0,02 <0,01 20.000,0* 14.500,0** Nova 5,9 - 5,8 7,2 2,5 7,5 Pedreiras - 5,3 5,4 5,2 2,45 1,5 0,2 1,00 <5 0 54,0 64,1 0,35 <0,01 Preguiça/Pedreira - - 6,3 6,3 4,3 6,8 Perdões - - 6,5 6,7 1,5 4,9 Queimado 6,0 5,7 - 6,2 2,0 3,7 1,3 0,30 5,0 <5 55,0 49,5 0,09 0,01 Santa Luzia 8,1 - 7,8 7,4 18 6,5 Sto Antonio Cabula - 4,8 5,0 5,2 4,2 4,0 3,2 1,1 2,45 <5 0 50,0 38,7 0,04 <0,01 São Pedro 5,8 - 5,9 6,3 2,7 6,1
1 – Azevedo, (1992). *Totais ** Termotolerantes. 2 - Guerra e Nascimento, (1999) e Nascimento, (2002). 3 - Lima et al, (2003) apud Lima, (2005). 4 - pesquisa atual.
Valores fora do limite recomendados pelo Conama 357/05, 274/00 e Portaria MS 518/04
O Quadro 5 apresenta a indicação das fontes que constam nos gráficos de análise de água, está
ainda indicado no quadro o ID de cada fonte.
Quadro 5: Identificação dos pontos de amostragem selecionados.
Também para facilitar a leitura e análise dos gráficos os limites sugeridos por cada legislação
terão cores diferenciadas entre si. Com isto foi estabelecido no gráfico, vermelho para o limite
Resolução Conama 357/05, magenta para o limite da Portaria 518/04 e verde para o limite da
Conama 274/00, quando houve coincidência nos valores entre as legislações mesclou-se as
cores para denotar equivalência.
Serão discutidos os parâmetros conforme discriminados na metodologia.
- pH
Analisando os parâmetros apresentados na Tabela 2 sabe-se que o pH define o caráter ácido,
básico ou neutro de uma solução. A solubilidade de diversas substâncias é influenciada pelo
pH, bem como a forma química que eles se apresentam, livre ou associado. A escala de pH
varia de 0 a 14, os quais denotam vários graus de acidez ou alcalinidade. Valores abaixo de 7
ID Fonte 04 Graça 06 Bica 07 Conj Bahia 11 Nova 13 Pedreiras 16 Pedras 17 Davi 18 Biologia 19 Sta Luzia 22 Buraquinho 24 Chega Nego 26 Dique Tororó 28 Gueto 33 Queimado 37 Perdões 39 Estica 42 Gravatá 44 Preguiça 46 Sto A. Cabula 49 São Pedro 51 Unhão 54 Vista Alegre
e próximos de zero indicam aumento de acidez, enquanto valores de 7 a 14 indicam aumento
da basicidade.
A Figura 44 apresenta os valores encontrados relativos ao pH de cada fonte estudada.
Segundo a Resolução Conama 357/05 para água doce classe 1 o pH deverá estar entre 6,00 a
9,00.
pH
5,645,12
7,19
5,17
6,2
7,31 7,457,14
5,726,16
6,72
5,9
6,786,35
5,2
6,28 6,08
7,4
5,975,615,846,49
012
3456
78
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
o
Gueto
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
P o nto s de amo stragem
pH Limite Min. Conama 357/05
Figura 44: Gráfico da análise de pH
O gráfico mostra que das 22 fontes analisadas apenas oito estão abaixo do limite inferior,
embora todas estejam com valores maiores do que 5. Como o pH é uma função logaritmo
base 10, cada unidade representa uma variação de 10 vezes na concentração de íons H+.
Na pesquisa realizada por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002), (Tabela 3) das
sete fontes analisadas e coincidentes neste trabalho, todas apresentaram níveis de pH abaixo
do limite aceitável. Com relação à desenvolvida por Azevedo (1992) as condições do pH se
mostraram com valores melhores, contudo algumas estavam piores na época, como Fonte
Nova, Chega Nego e São Pedro.
Os pontos de análise na pesquisa de Lima et al (2003) todas também contempladas no
presente trabalho e conforme podem ser observados na Tabela 3 eles tiveram resultados
semelhantes, somente a fonte Nova e São Pedro tiveram valor diferenciado.
- OD
O Oxigênio Dissolvido (OD) é uma variável extremamente importante, pois é necessário para
a vida aquática. Geralmente o OD se reduz, quando a água recebe grandes quantidades de
substâncias orgânicas biodegradáveis, encontradas, por exemplo, no esgoto doméstico e em
certos resíduos industriais (DEBERDT, 2004).
A redução de OD ocorre em águas estagnadas (ambientes lênticos) e mais profundas,
inviabilizando a sua renovação onde o processo de aeração é mais lento, na presença de
matéria orgânica de origem biológica (plantas mortas e restos de animais que utilizam de 02
dissolvido em água), (BAIRD, 2002).
A Figura 45 representa os valores encontrados relativos a OD e nota-se que a maioria deles
estão em desconformidade com o limite mínimo estipulado pelo Conama 357/05 para classe 1
que em qualquer amostra, não deve ser inferior a 6 mg/L. Apenas 18%, ou seja, 8 fontes estão
com o limite correspondente a esta resolução. Deve-se, contudo, considerar que águas
subterrâneas quase sempre apresentam valores de OD inferiores a 6,0, provavelmente o
motivo por haver 12 fontes com valores inferiores a 6,0, visto que muitas delas são águas
vindas do substrato.
Em contrapartida, é provável que tenha havido oxigenação na água durante o procedimento da
coleta, os pontos identificados nesta situação foram as fontes Vista Alegre de Baixo e Chega
Nego.
OD
1,49
3,59
7,54
1,51
4,26
0,95
6,46
16,6
2,693,72
6,955,55
6,84
3,23
6,09
3,61
7,6
10,3
4,86
1,79
7,3
1,99
02468
1012141618
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
o
Gueto
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
P o nto s de amo stragem
mg/
L
OD Limite Min. Conama 357/05
Figura 45: Gráfico da análise de OD
Com relação ao OD, todos os resultados encontrados por Guerra e Nascimento (1999) e
Nascimento (2002) estão abaixo do limite aceitável (Tabela 3). Semelhante a esta pesquisa a
fonte de Biologia apresentou o maior índice. Quanto aos dados encontrados por Lima et al
(2003) 91% estavam abaixo do limite aceitável, embora 4 fontes que anteriormente estavam
em desconformidade, atualmente estão com valores acima do estabelecido, a saber: fonte do
Chega Nego, Nova, Preguiça e Santa Luzia, contudo essa oscilação é natural.
- DQO/DBO
O teste de Demanda Química de Oxigênio (DQO) analisa a existência e concentração da
matéria orgânica biodegradável ou não, a parcela avaliada pela DBO é a matéria orgãnica
biodegradável. A relação DQO/DBO indica quanto a matéria orgânica oxidável não
biodegradável existe na água.
A Figura 46 demonstra a situação real quanto aos índices de DQO encontrados nos pontos de
amostragem. Diferentemente dos outros parâmetros este não tem limite estabelecido pelo
Conama 357/05, pode-se, contudo, perceber que em 6 pontos o valor foi de tal forma baixo
que não foi possível sua detecção pelo método utilizado e que nos demais 16 pontos teve uma
maior concentração entre o intervalo de 15,0 mg/L a 25 mg/L. Sendo que os maiores índices
registrados estão nas fontes do Gueto e da Bica com 32,0 mg/L cada uma delas.
Como a DQO representa certo grau de comprometimento da qualidade da água, os valores
encontrados devem ser avaliados cuidadosamente para uma conclusão mais completa.
DQO
32
28
24
16
19
15
22,9
11
28,8 28,8
15,2
12
15,2
32
1918
0
5
10
15
20
25
30
35
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
o
Gueto
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
P o nto s de amo stragem
mg/
L
DQO
Figura 46: Gráfico da análise de DQO
A DBO é o indicador que determina, indiretamente, a concentração de matéria orgânica
biodegradável através da demanda de oxigênio exercida por microrganismos por meio da
respiração (VALENTE, et al, 1997).
A DBO é uma medida empírica da qualidade de oxigênio consumido por microorganismos,
na decomposição da matéria orgânica presente na água. Para sua análise, amostras de água
são incubadas no escuro, sob temperatura controlada (20°C), em um determinado tempo. O
consumo de oxigênio é determinado pela diferença entre as concentrações medidas de OD
(mg/L) antes e após o período de incubação. Sistemas aquáticos que não estão poluídos têm
valores de DBO de até 2,0 mg/L, enquanto aqueles sujeitos a grandes cargas de matéria
orgânica podem apresentar valores superiores a 10 mg/L (HERMES e SILVA, 2004).
O Conama 357/05 recomenda que para classe 1 deverá ser menor ou igual 3 mg/L. Segundo a
Figura 47 pode-se considerar que os pontos analisados estão em conformidade com a
legislação em vigência. Aproximadamente 65% não tiveram detecção pelo método utilizado e
dos oito pontos detectados apenas um está acima do limite.
DBO
0 0 0 0 0
5,6
0
2,75
0
2
1
0 0 0 0 0 0
1,12
2,5
2
1
0
0
1
2
3
4
5
6
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
o
Gueto
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
P o nto s de amo stragem
mg/
L
DBO Limite Max. Conama 357/05
Figura 47: Gráfico da análise de DBO
A fonte de Biologia foi a única que apresentou valor muito superior ao estabelecido e assim
como em outros parâmetros ela vem confirmando o seu estado de contaminação.
Para um dado efluente, se a relação DQO/DBO < 2,5 o mesmo é facilmente biodegradável. Se
a relação for 5,0 < DQO/DBO < 2,5 este efluente irá exigir cuidados na escolha do processo
biológico, e se DQO/DBO > 5, então o processo biológico tem pouca chance de sucesso
(JARDIM e CANELA, 2004).
A relação DQO/DBO foi calculada para todas as fontes e está representada na Tabela 4. Nos
pontos que foram possíveis estimar a relação é percebido que grande parte estão com valor
superior a 5,0, exceto para a fonte de Biologia. Este resultado é permitido fazer uma leitura de
que caracteriza pontos com interferências de esgotos e que o processo na destruição da carga
orgânica presente é mais dificultado.
Tabela 4: Calculo da relação DQO/DBO
ID Fonte DQO DBO Resultado
04 Graça 18 2 9,00 07 Conjunto Bahia 28,0 <ldm - 10 Bica 32,0 <ldm - 11 Nova <ldm <ldm - 13 Pedreiras 24,0 <ldm - 16 Pedras <ldm <ldm - 17 Davi 16,0 <ldm - 18 Biologia 19,0 5,60 3,40 19 Santa Luzia 15,0 <ldm - 22 Buraquinho 19,0 1,00 19,00 24 Chega Nego 22,9 2,75 8,33 26 Dique do Tororó 11 <ldm - 28 Gueto 32,0 <ldm - 33 Queimado 28,8 2 14,40 37 Perdões 28,8 2,5 11,52 39 Estica 15,2 1,00 15,2 42 Gravatá <ldm <ldm - 44 Pedreira ou Preguiça <ldm <ldm - 46 Santo A. do Cabula 12,0 <ldm - 49 São Pedro <ldm <ldm - 51 Unhão <ldm <ldm - 54 Vista Alegre 15,2 1,12 13,60
- Turbidez
A turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz através da água,
conferindo uma aparência turva à mesma e constituída pelos sólidos em suspensão. Refere-se
ao índice de clareza da água e se mede em Unidade de Turbidez Nefelométrica (NTU),
(GUIMARÃES, 2004).
A turbidez tem importância sanitária (afeta a filtrabilidade e dificulta a desinfecção) e
ecológica (reduz a zona eufótica e aumenta a tensão superficial).
Sua origem natural provém de partículas de rocha, argila e silte ou algas e outros
microorganismos. Além da ocorrência de origem natural a turbidez pode também ser causada
por lançamento de esgotos domésticos e industriais.
O Conama 357/05 recomenda que para classe 1 a água deverá ter até 40 Unidades
Nefelométrica de Turbidez (UNT) e a Portaria 518/04 indica, mais restritivamente, que
deverá ser até 5 Unidade de Turbidez (UN). Para facilitar a análise os dois limites estão
destacados na Figura 48. Com isto percebe-se que a maioria das fontes estão dentro dos
padrões estabelecidos pelas duas legislações e é confirmado em campo pelas transparências
das águas. Especificamente pode-se indicar que dois pontos estão em desconformidade com o
Conama e três pontos com a Portaria. Sendo que os maiores destaques estão para a fonte
Biologia e Chega Nego respectivamente. Contudo uma fonte se sobressai do conjunto, a fonte
do Chega Nego com 120,0 UNT, demonstrando que suas águas estão com pouquíssima
transparência.
Turbidez
44,2
0,33,4 1,790,871,61,532,450,831,031,181,671,081,2310,850,961,01 1,991,24
7,11
05
101520253035404550
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
o
Gueto
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
P o nto s de amo stragem
UN
T
Turbidez Limite Max. Conama 357/05 Limite Portaria MS 518/04
Figura 48: Gráfico da análise de Turbidez
Para turbidez os resultados encontrados por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento
(2002), (Tabela 3) estão em conformidade com a Conama 357/05 e 3 em desconformidade
com a Portaria 518/04. O valor mais elevado foi a fonte de Biologia, contudo não atinge o
limite estabelecido pelo Conama, mas ultrapassa o da Portaria.
120
- Cor aparente
Como as amostras não foram filtradas no ato da coleta ou no laboratório a cor considerada é
aparente, caso contrário seria cor real.
A resolução Conama 357/05 não determina o limite máximo para cor relativo à Classe 1,
indicando que o corpo de água deverá ter cor natural. De acordo com a Portaria 518/04 do
Ministério da Saúde o valor máximo permissível de cor na água para potabilidade é de 15 mg
Pt–Co/L, sendo, então, a referência usada para análise neste parâmetro.
Assim como a turbidez, a cor é um parâmetro de aspecto estético de aceitação ou rejeição do
produto. A cor indica a presença de substâncias dissolvidas ou finamente divididas que
transmitem coloração específica à água. Muitas vezes a cor indica se há interferência de
fenômenos naturais ou agressão antrópica.
A Figura 49 representa os índices encontrados com relação à cor e apenas o ponto 3 - Fonte
de Biologia está em desconformidade com a norma para consumo humano e potabilidade. Em
nove pontos os valores encontrados foram menores que 5 pt-Co/L, valor abaixo do limite de
detecção pelo método adotado e onze pontos foram encontrados valor igual a zero.
Cor
5
30
5 5 5 5 5 5 5 5
10
05
101520253035
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
oGue
to
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
Pontos de amostragem
pt-C
o/L
Cor Limite Conama 357/05 e Limite Portaria MS 518/04
Figura 49: Gráfico da análise de Cor
< < < < < < < < <
Acredita-se que o ponto de amostragem detectado com valor de 30 pt-Co/L foi agravado pelo
fato da coleta d’água ter acontecido em suas bacias de recolhimento o que favorece em muito
que tenha valores elevados neste parâmetro.
Relacionado aos valores apresentados por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002)
todos estão abaixo de 15 pt-Co/L. Mesmo estando no limite aceitável a fonte Biologia
também apresenta o maior resultado com 12,5 pt-Co/L.
Com isto foi confirmado em laboratório os resultados percebidos em campo, pois na maioria
dos casos ela estava isenta de contato com elementos externos, visto saírem diretamente da
rocha para os usos, apresentando-se incolor e translúcida.
- Cloreto
Altas concentrações do íon cloreto na água podem trazer restrições ao sabor da água e, desta
maneira, levar o consumidor a procurar outras fontes de suprimento. Aumento do teor do íon
cloreto evidencia um somatório de contaminações antrópicas provenientes de esgotos
domésticos, sanitários, industriais, aterros sanitários (lixões).
Segundo a Figura 50 os teores de cloreto estão em conformidade com a legislação referência,
a Conama 357/05, que indica o Limite Máximo Tolerável (LMT) de 250mg/L. A fonte do
Chega Nego apresentou o maior índice, contudo não chega a atingir o limite estabelecido, é
provável que a proximidade ao mar tenha interferência no valor encontrado. Nota-se que 85%
dos pontos de amostragem estão entre 40mg/L e 100 mg/L, configurando boas condições com
relação a este parâmetro.
Cloreto
87,4
64,6 55,6 64,1 71,5
41,7
158
61,549,5 55,4
76,564,6 68,6
38,7 46,7 53,7 52,742,2
234
56,6
91,4
141
0
50
100
150
200
250
300
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
o
Gueto
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
P o nto s de amo stragem
mg/
L
Cloreto Limite Max. Conama 357/05 e Limite Portaria MS 518/04
Figura 50: Gráfico da análise de Cloreto
Com relação aos resultados encontrados por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento
(2002) todos estão muito abaixo de 250mg/L, isto é, dentro do limite exigido pela legislação
Conama 357/05 para Classe 1 e pela Portaria 518/04. Neste aspecto também se assemelha
com esta pesquisa.
- Fósforo
Os fosfatos são encontrados nas águas superficiais e subterrâneas como resultados da
lixiviação dos minerais, dos processos naturais de degradação ou da drenagem da agricultura,
dos produtos da decomposição da matéria orgânica, dos resíduos industriais ou dos
constituintes das águas de refrigeração que os recebe em seu tratamento.
Segundo Resende (2007) do ponto de vista de saúde, o enriquecimento da água em fósforo
não traz maiores problemas, já que se trata de um elemento requerido em elevadas
quantidades pelos animais em geral. Entretanto, este enriquecimento pode trazer sérios
problemas em termos de desequilíbrio dos ecossistemas aquáticos.
Conforme a Figura 51 o fósforo foi encontrado, acima do LMT, em somente 4 pontos de
amostragem, nos demais os valores estavam abaixo do Limite de Detecção do Método
(LDM), que é <0,01mg/L. Contudo, os índices encontrados estão todos acima do limite
estabelecido pela Resolução Conama 357/05 para classe 1, valendo ressaltar que a fonte das
Pedras apresentou 14,60 mg/L, teor extremamente elevado se comparado ao limite mínimo
LMT
que é de 0,02 mg/L. Segundo Nascimento (2002) o fósforo pode estar associado a produtos de
limpeza, tais como, sabões e saponáceos. É provável, então, que esta seja a causa do valor
encontrado para a fonte das Pedras, pois suas águas são utilizadas para lavagem de carro,
estando sempre exposta a contato com este tipo de produto.
Fósforo
0,08
0,06
0,04
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
oGue
to
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
Pontos de amostragem
mg/
L
Fósforo Limite Max. Conama 357/05
Figura 51: Gráfico da análise de Fósforo
- Nitrato
O Nitrato é a principal forma de nitrogênio encontrada nas águas, sendo o último estágio da
oxidação da matéria orgânica. Concentrações superiores a 10mg/L demonstram condições
sanitárias inadequadas, pois a fonte principal de nitrato são despejos humanos e animais.
Segundo Nascimento (2002) o nitrato é normalmente o contaminante de ocorrência mais
comum nos grandes centros urbanos, devido principalmente às fossas domésticas e as latrinas.
Conforme Resende (2007) da mesma forma que ocorre para o fósforo, o enriquecimento
excessivo de águas superficiais em nitrato leva à eutrofização dos mananciais, também o
nitrato é a principal forma de nitrogênio associada à contaminação da água pelas atividades
agropecuárias.
O nitrito e o nitrato estão associados a dois efeitos adversos à saúde: a indução à
metemoglobinemia e a formação potencial de nitrosaminas e nitrosamidas carcinogênicas
(ALABURDA e NISHIHARA, 1998).
14,60
A Figura 52 demonstra os valores encontrados para N.Nitrato a partir das análises realizadas
em laboratório, destas, 55% estão fora do limite estabelecido pela Resolução Conama 357/05
para classe 1 e pela Portaria 518/04. Também em desconformidade com os limites adotados
pela a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (Usepa) e outras entidades ligadas
ao monitoramento e proteção ambiental em que a concentração de nitrato na água para
consumo humano não deve exceder 10 mg de N-NO3-/L, tanto para esta legislação quanto
para o Conama e a Portaria.
Nitrato19
14,2
5,96
16
13,5
0,04
9,6
4,14
16,6
13,5 13,7
19,5
13,8 14,2
6,4
4,16 3,61
14,5
8,28,55
5,2
14,2
0
4
8
12
16
20
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
o
Gueto
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
P o nto s de amo stragem
mg/
L
Nitrato Limite Max. Conama 357/05 e Limite Portaria MS 518/04
Figura 52: Gráfico da análise de N.Nitrato
É possível visualizar que a situação mais grave em relação ao nitrato é a fonte da Estica com
19,5 mg/L e da Bica com 19,0 mg/L, logo a fonte do Dique do Tororó com 16,6 mg/L e a
fonte das Pedreiras com 16,0 mg/L, estes pontos representam os dados mais críticos em
relação aos 12 que apresentaram valores superiores ao permitido pelo Conama 357/05 e pela
Portaria 518/04.
Estes valores muito acima do permitido é uma situação bastante preocupante, principalmente
se for considerado que são fontes utilizadas para consumo humano.
Na análise realiza por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002) referente a Nitrato,
das três fontes analisadas em 2002 duas apresentaram valores acima do limite, foi a fonte do
Gueto e a do Tororó.
Considerando que as condições sanitárias das fontes são as piores possíveis, é de se esperar
valores de H-NO3 tão elevados.
- Ferro
De acordo com a Cetesb (2007), o ferro, apesar de não se constituir em um tóxico, traz
diversos problemas para o abastecimento público de água. Confere cor e sabor à água,
provocando manchas em roupas e utensílios sanitários. Também traz o problema do
desenvolvimento de depósitos em canalizações e de ferro-bactérias, provocando a
contaminação biológica da água na própria rede de distribuição. Por estes motivos, o ferro
constitui-se em padrão de potabilidade, tendo sido estabelecida a mesma concentração limite
de 0,3 mg/L pela Portaria 518/04 e pela Resolução Conama 357/05.
A Figura 53 mostra que a maioria dos valores encontrados está abaixo do limite para as duas
legislações citadas. 16 pontos tiveram valores tão baixos que não foi possível detectá-los pelo
método utilizado. Porém, dos cinco pontos analisados com presença deste metal, três estão em
desconformidade, chegando a até 3,64mg/L, valor excessivamente alto. As duas fontes que se
encontram nesta condição é a de Biologia com 3,64mg/L, do Chega Nego com 1,62 mg/L e
ainda da Graça com 0,53 mg/L, valor baixo, contudo bem acima do aceitável que é de 0,3
mg/L.
Ferro
1,62
0,10,25
3,64
0,01
0,53
00,5
11,5
22,5
33,5
4
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
inho
Chega
Neg
oGue
to
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
Pontos de amostragem
mg/
L
Ferro Limite Max. Conama 357/05 e Limite Portaria MS 518/04
Figura 53: Gráfico da análise de Ferro
Segundo Nascimento (2002) em suas análises realizadas, a fonte de Biologia apresentou
1,7mg/L, sendo o maior valor encontrado na pesquisa para este parâmetro, se assemelhando,
assim, aos resultados encontrados neste trabalho. Ainda conforme Nascimento (2002) Os altos
teores de ferro não são tão preocupantes, pois em terrenos formados por solos ferralíticos
(latossolos), é comum e natural, a existência de elevados teores desse metal na água,
principalmente em regiões tropicais, como é o caso de Salvador.
- Coliformes Termotolerantes
A respeito do limite aceitável para coliformes termotolerantes e de acordo com a resolução
Conama 357/05 deverá ser obedecido os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na
Resolução Conama n° 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite
de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros. Com relação à potabilidade deverá ser
considerado a Portaria 518/04.
Os coliformes termotolerantes são bactérias que residem no intestino de animais de sangue
quente e são eliminadas pelas fezes do homem e de animais, em média 50 milhões por grama.
Esgoto doméstico bruto, geralmente contém mais de 3 milhões de coliformes por 100 ml. As
bactérias e vírus patogênicos causadores de doenças ao homem origina na mesma fonte, ou
seja, descargas fecais de pessoas contaminadas, logo, a água contaminada por poluição fecal é
identificada como sendo potencialmente perigosa pela presença de coliformes (HAMMER
apud MACÊDO, 2000).
Quanto à balneabilidade, os corpos d’água contaminados por esgotos domésticos podem
expor os banhistas a bactérias, vírus e protozoários, com isto as pessoas poder vir a
desenvolver doenças ou infecções após banho nestas águas.
Segundo a Resolução Conama 274/00 no Art. 2o as águas doces, salobras e salinas destinadas
à balneabilidade (recreação de contato primário) terão sua condição avaliada nas categorias
própria e imprópria.
As águas consideradas próprias poderão ser subdivididas nas seguintes categorias:
a) Excelente, (no máximo, 250 coliformes termotolerantes ou 200 Escherichia coli ou 25
enterococos por l00 mililitros);
b) Muito Boa: (no máximo, 500 coliformes termotolerantes ou 400 Escherichia coli ou 50
enterococos por 100 mililitros);
c) Satisfatória: (no máximo 1.000 coliformes termotolerantes ou 800 Escherichia coli ou
100 enterococos por 100 mililitros).
De acordo com a Portaria 518/04 a amostra deverá ter ausência total para 100/mL.
Conforme Figura 54 os pontos de amostragem retratam as condições atuais de qualidade da
água em relação aos coliformes termotolerantes para abastecimento e balneabilidade. Foi
utilizado para critério de avaliação o limite mais restritivo, que foi condição de potabilidade
onde estabelece ausência em 100/mL e para balneabilidade a condição excelente: quando
houver, no máximo, 250 coliformes termotolerantes.
No conjunto é verdadeiro afirmar que a maioria das fontes é considerada própria para banho.
Na condição de categoria excelente estão incluídas (17) dezessete, na categoria muito boa
está incluída uma e na satisfatória mais uma, três fontes não são aptas para balneabilidade
(Gueto, Perdões ou Santo Antonio e Unhão). Para consumo humano a situação é bastante
delicada, pois sua maioria está desaconselhável, observa-se que das 22 analisadas 18
acusaram presença de bactérias, e considerando que para potabilidade é exigido pela Portaria
que haja ausência de tais organismos vivos, é necessário considerar esta informação muito
relevante. Percebe-se, contudo, que a fonte do Buraquinho, Pedreiras, Conj. Bahia e Vista
Alegre de Baixo têm valor inferior a 01 UFC/100 mL.
Coliformes Termotolerantes
8 246
500
5 10
12030 3
280
485 40 49
930
0
200
400
600
800
1000
1200
Bica
Conj. B
ahia
Nova
Pedrei
ras Davi
Biolog
ia
Sta Lu
zia
Buraqu
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Chega
Neg
o
Gueto
Queim
ado
Estica
Sto A.C
abula
Pedras
Vista A
legre
P o nto s de amo stragem
UFC
/100
mL
Coliformes Termotolerantes Limite Min. Conama 274/00
Figura 54: Gráfico da análise de Coliformes Termotolerantes
14.500 7.400 1.400
Observa-se também que 3 fontes apresentam valores exorbitantes, apontada como um vetor de
comprometimento para saúde pública local, para estas o valor está indicado na Figura 54. A
situação mais alarmante é a do Gueto com 14.500 UFC/100mL, a dos Perdões com 7.400
UFC/100mL e a da Unhão com 1.400 UFC/100mL.
Convêm frisar que as coletas de água da fonte do Unhão e dos Perdões já completaram mais
de um ano e é provável que este panorama já tenha mudado, possivelmente para pior.
Conforme os resultados encontrados por Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002),
(Tabela 3) em suas análises também a fonte do Gueto e de Biologia apresentaram valores
altíssimo com 20.000 UFC/100mL de coliformes totais cada uma delas e também Dique do
Tororó com 2.000,00 UFC/100mL.
Os nitratos e os coliformes termotolerantes são os parâmetros em desconformidade mais
comum nas fontes e é, sem dúvida, as que melhor expressam o estágio de abandono delas.
Em um segundo momento de campanha de campo e conforme metodologia descrita no
referido capítulo, nas análises realizadas no LAQUAM foi constatado os índices referentes
aos paramentos de compostos orgânicos voláteis e semivoláteis, uma ferramenta importante
para determinar a qualidade ambiental da água utilizada.
Os Compostos Orgânicos Voláteis (COV’s) são compostos provavelmente cancerígenos para
humanos, assim qualquer alteração encontrada em análises poderá retratar um grande perigo
para a saúde daqueles que a utilizam.
Alguns COV’s são prejudiciais ao meio ambiente direta e indiretamente. Dentre os problemas
causados diretamente, destacam-se os efeitos tóxicos, como irritação da mucosa e problemas
hematológicos, hepáticos, renais e neurológicos. Nos compostos analisados, destaca-se o
reconhecido potencial cancerígeno do benzeno em humanos (JUNQUEIRA e
ALBUQUERQUE, 2005).
Por meio da Tabela 5 é possível verificar os resultados encontrados para os COV’s e perceber
que não será necessário gerar gráficos e discutir os dados, pois das 368 análises (16 pontos de
amostragem x 23 parâmetros) realizadas, somente um teve valor significativo e preocupante.
Assim é verdadeiro afirmar que 99,99% das análises estão dentro da conformidade das
legislações pertinentes, a Resolução Conama 357/05 e a Portaria 518/04. Contudo é oportuno
ressaltar que Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002) concluíram que só se encontra
valores altos nas proximidades de postos de gasolinas, garagem de ônibus e caminhões,
oficinas mecânicas, retífica de motores, etc, sempre à jusante dos pontos de contaminação
devido ao fluxo subterrâneo.
Nem todos os limites estão indicados nas legislações que são referências, o exemplo disto é o
Dissulfeto de Carbono, Tricloroetano, Bromodiclorometano, entre outros, exatamente os que
não tem indicação de limite na Tabela 5.
Tabela 5: Resultados analíticos de COVs encontrados nas análises realizadas pelo LAQUAM.
ID UNID 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Limite Conama 357/05 0,003 0,02 - - - - - - 0,01 0,005 0,002 - - 2,0 - - - - 90,0 - 0,02 - -
Unidade do Limite mg/L mg/L
- - - - - - mg/L mg/L mg/L - - µg/L - - - - µg/L - mg/L - -
Graça 04 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Conj. Bahia 07 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Nova 11 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Pedreiras 13 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Pedras 16 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Davi 17 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Sta Luzia 19 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Chega Nego 24 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Gueto 28 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 5,0 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Queimado 33 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Perdões 37 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Estica 39 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Gravatá 42 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Preguiça/Pedreira 44 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
São Pedro 49 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
Unhão 51 µg/L <0,2 <5 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <1 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,2 <0,5 <0,2 <0,2
(1)-1,1 Dicloroeteno, (2)-Diclorometano, (3)-Dissulfeto de Carbono, (4)-1,2 Dicloroeteno (trans), (5)-1,1 Dicloroetano, (6)-1,2 Dicloroeteno (Cis), (7)-Clorofórmio, (8)-1,1,1 Tricloroetano, (9)-1,2 Dicloroetano, (10)- Benzeno, (11)-Tetracloreto, de Carbono, (12)-Tricloroetileno, (13)-Bromodiclorometano, (14)-Tolueno, (15)-1,1,2 –Tricloroetano, (16)-Dibromoclorometano, (17)-Tetracloroetileno, (18)-Monoclorobenzeno, (19)-Etilbenzeno, (20)- (m+p) – Xilenos, (21)-Estireno, (22)-O-Xileno, (23)-Bromofórmio.
Os valores obtidos foram de tal maneira baixos que não foi possível detecção pelo método
utilizado, considerando os valores encontrados e o número de pontos que foram analisadas
(16 fontes) e as que deveriam ser analisadas (22 fontes) se percebeu que não haveria
necessidade de completar esta campanha de análise para COV’s, pois a possibilidade que as
06 restantes dessem valores tão baixos quantos os da Tabela 5 seria esperado, e em proporção
inversa estaria o custo financeiro que seria elevado, contudo um dado vale ser ressaltado nesta
discussão, o índice obtido para o único valor encontrado nestas análises, o clorofórmio
relativo à Fonte do Gueto, neste ponto de amostragem foi encontrado 5,0 µg/L, não há limites
estabelecidos pela legislação Conama 357/05 e nem pela Portaria 518/04, mas em posse desse
resultado é oportuno afirmar que este valor está muito elevado. Pois segundo o Guidelines for
Drinking-water Quality o valor máximo para clorofórmio é de 0,3 µg/L. Não se descarta a
possibilidade que tenha havido contaminação de amostragem ou no laboratório, o ideal seria a
repetição de análise.
Por fim, e conforme descrito na metodologia, a Tabela 6 apresenta os dados encontrados na
análise realizada pelo Laboratório do SENAI/SETIND.
Tabela 6: Teores de metais encontrados nas análises realizadas pelo SENAI/SETIND (arsênio, cádmio, chumbo, cromo, mercúrio e níquel)
Arsênio Cádmio Chumbo Cromo Mercúrio
Níquel
Unidade das legislações mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L mg/L
Portaria MS 518/04 0,01 0,005 0,01 0,05 0,001 -
Conama 357/05 0,01 0,001 0,01 0,05 0,0002 0,025 USEPA, 1991 - 0,005 0,08 1,00 0,001 0,160
Limite de Detecção do Método (LDM) 2,0 µg/L 0,5 µg/L 3 µg/L 0,02 mg/L 0,2 µg/L 7 µg/L
Bica <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L 0,2 µg/L <7 µg/L Estica <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L 0,2 µg/L <7 µg/L Gueto <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L <0,2 µg/L <7 µg/L
Pedreiras <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L <0,2 µg/L <7 µg/L Vista Alegre de Baixo <2,0 µg/L <0,5 µg/L <3 µg/L <0,02 mg/L <0,2 µg/L <7 µg/L
Os metais pesados apresentam efeitos acumulativos e provocam lesões cerebrais, pois a
definição mais difundida de metais pesados é justamente aquela relacionada com a saúde
pública, apresentando efeitos adversos à saúde humana. Os metais surgem nas águas naturais
devido, basicamente, aos lançamentos de efluentes industriais.
Esta campanha foi relativa a seis parâmetros de metais pesados (arsênio, cádmio, chumbo,
cromo, mercúrio e níquel) para 5 pontos de amostragem selecionados. A Figura 55 representa
a coleta realizada em campo para estes parâmetros.
Figura 55: Coleta de água para o laboratório do SENAI/SETIND.
É possível observar na Tabela 6 que 94% dos valores encontrados foram baixo do LDM,
induzindo que, em relação a estes parâmetros, as fontes encontra-se em conformidade.
As quantidades encontradas de mercúrio na fonte da Estica e na fonte da Bica estão no limite
de tolerância e provavelmente só apareceram porque as amostradas não foram filtradas.
Contudo é importante estar atento a estes valores, pois a concentração se iguala ao limite
estabelecido pelo Conama (0,0002mg/L).
Guerra e Nascimento (1999) e Nascimento (2002) realizou análise para chumbo e mercúrio,
mas, das sete fontes apresentadas por eles somente há coincidência com este trabalho a fonte
do Gueto, e assim como nesta análise, este ponto de amostragem apresentou valores no limite
de aceitação.
Também conforme a situação anterior o número de fontes foi reduzido em função dos valores
obtidos terem sido baixos e principalmente pela limitação financeira que a pesquisa em
questão apresentou.
Para sintetizar as informações apresentadas e propiciar o entendimento particular e geral das
fontes foi elaborado o Quadro 7, nele está relacionado o resumo das principais características.
Estas informações foram originadas das entrevistas, das observações in loco e das análises
realizadas nos laboratórios. Com relação aos parâmetros o destaque foram aqueles que
apresentavam valores fora dos limites estabelecidos pelas legislações.
Quadro 7: Resumo das principais características das fontes, informações oriundas do levantamento em campo e análises de água.
Parâmetros fora do limite das legislações ID
Nomencla- tura Localização UTM
Estru- tura
Física
Cond. Sani-
tárias**
Proteção Existente:
Tombamento Usos*
Conama 274/00
(Balnea- bilidade)
Conama 357/05
Port. 518/04 Ou- tros
04 Graça Graça 551460.95,8563305.67 Boa Adequada Não Lav. carro Satisfatória DQO e Fe Coli. Termot. 06 Bica São Caetano 557097.65,8570385.32 Ruim Inadequada Não Lav. roupa Excelente DQO, Nit., pH Coli. Termot. 07 Conj. Bahia IAPI 556181.11,8568236.50 Ruim Inadequada Não Beber Excelente DQO, Nit., pH - 11 Nova Fonte Nova 554116.93,8565359.46 Ruim Inadequada Não Diversos Excelente OD Coli. Termot. 13 Pedreiras Cidade Nova 555506.11,8567050.65 Não tem Inadequada Não Diversos Excelente DQO, Nit e pH - 16 Pedras Fonte Nova 553939.02,8565401.04 Boa Regular Dec.30.483/84 Diversos Excelente P Coli. Termot. 17 Davi Brotas 555612.26,8564046.05 Não tem Inadequada Não Diversos Excelente DQO e Nitrato Coli. Termot.
18 Biologia Ondina 553357.02,8562762.50 Não tem Inadequada Não Sem uso Muito boa Cor, DBO, P, Fe, DQO, Turb Coli. Termot.
19 Sta. Luzia Pilar 553362.33,8566368.49 Regular Adequada Não Lavar olhos Excelente DQO, OD e P Coli. Termot. 22 Buraquinho Monte Serrat 552827.07,8571276.91 Ruim Inadequada Não Diversos Excelente DQO, OD e pH - 24 Chega Nego Ondina 553810.53,8561651.09 Regular Inadequada Não beber Excelente DQO, Fe e OD Coli. Termot. Clorof 26 Diq. Tororó Dique 553415.54,8564608.85 Boa Adequada Dec.28.398/81 Sem uso Excelente DQO, Nit., pH Coli. Termot. 28 Gueto Brotas 556319.02,8563360.95 Regular Regular Não Diversos > q padrão DQO, Nit., pH Coli. Termot. 33 Queimado Queimado 554524.25,8567727.11 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 Diversos Excelente DQO, Nit., P Coli. Termot. 37 Perdões Barbalho 554086.41,8566860.79 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 Sem uso > q padrão DQO e Nitrato Coli. Termot.
39 Estica Liberdade 555113.64,8568839.32 Ruim Inadequada Não Diversos Excelente DQO, Nit., pH e OD Coli. Termot.
42 Gravatá Nazaré 553255.31,8565371.41 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 beber Muito boa Nitrato Coli. Termot. 44 Preguiça Contorno 552369.52,8565130.69 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 Diversos Excelente Nitrato e OD Coli. Termot.
46 Sto Antonio nio Cabula
Av. Luis Eduar do Magalhães 557954.11,8567464.01 Não tem Regular Não beber Excelente DQO e pH Coli. Termot.
49 São Pedro Campo Grande 552275.38,8564168.00 Ruim Inadequada Dec.30.483/84 Sem uso Excelente OD Coli. Termot. 51 Unhão Contorno 552070.94,8564775.46 Regular Adequada Não Sem uso > q padrão OD e Nitrato Coli. Termot. 54 Vista Alegre V. A. de Baixo 558709.67,8579158.20 Ruim Inadequada Não beber Excelente DQO, OD e pH -
LEGENDA: * USOS: foi considerado “Diversos” quando a fonte é usada para vários usos, como: beber, banhos, lavagem de carros, roupas, entre outros ** COND. SANITÁRIAS: foi considerada “Inadequada” quando havia presença de lixo, limo, água empoçada, mato, etc.
7 RECOMENDAÇÃO PARA MONITORAMENTO
Monitorar o meio ambiente é uma atividade importante para orientar ações de proteção
ambiental. A qualidade das águas das fontes de Salvador é uma das principais referências das
suas condições naturais.
Esta proposta de monitoramento, produto de investigação científica, é direcionada à
comunidade acadêmica interessada em pensar estratégias de preservação e, principalmente, a
gestores públicos, tanto da esfera estadual quanto municipal.
Ela vem sugerir que determinadas fontes em Salvador tenham uma constante avaliação e
acompanhamento, tendo em vista conhecimento da qualidade da água contínua e ao mesmo
tempo dispensar segurança aos habituais usuários das mesmas.
Foram considerados nesta proposta os parâmetros apontados como grupo de parâmetros
essenciais, em função das análises realizadas anteriormente, dos dados encontrados nesta
pesquisa e do conhecimento da realidade local percebido nas visitas “in loco”. A proposta de
parâmetros está disposta no Quadro 8, a seguir:
Quadro 8: Relação de parâmetros propostos a serem utilizados nas avaliações de água.
ANÁLISE PARÂMETRO SUGERIDO
LABORATÓRIO VALOR (R$)
Físico
• Cor, • pH, • DQO, • DBO, • OD, • Turbidez,
LABDEA 76,00
Bacteriológico Coliformes termotolerantes LABDEA 21,00
• Ferro Total • Fósforo Total • Cloreto, • N nitrato, • Manganês
LABDEA 72,00
Químicos • Cádmio Total, • Mercúrio Total, • Chumbo Total, • Arsênio Total, • Níquel Total, • Cromo Total.
SENAI/SETIND 184,00
TOTAL 353,00
Sabendo-se que o custo referente às análises de água em geral são altas, se proporá aquele que
são relacionados diretamente a potabilidade. Foi, ainda, incluído o manganês, por ser um
parâmetro muito encontrado nas águas de Salvador. Assim, foi estabelecido que dos 40
parâmetros analisados neste trabalho 18 fossem indicados para continuarem sendo
monitorados, em função da realidade encontrada nas fontes. Sugere-se que este
monitoramento seja realizado bimestralmente, abrangendo, assim, períodos secos e úmidos.
Devido à larga distribuição territorial das fontes na cidade, se poderão ter dados da qualidade
da água de diversos pontos. Para a escolha destas fontes, que futuramente poderão ser
periodicamente monitoradas, três critérios foram estabelecidos para a seleção desta rede de
amostragem:
1. Que fossem mais utilizadas pela população, principalmente aquelas voltadas para
higiene pessoal, beber e cozinhar;
2. Que fossem mananciais com fluxo diretamente da rocha, evitando-se a coleta na bacia
de recolhimento, porque a probabilidade que haja contaminação em águas paradas é
maior;
3. Que fossem prioritariamente escolhidos aqueles pontos de amostragem que
trouxessem em suas análises valores considerados acima do limite de tolerância,
sugerindo, assim, que devessem ser monitorados com mais freqüência.
Assim o Quadro 9, relaciona as fontes escolhidas e os motivos pelo qual foram sugeridas.
Quadro 9: Relação das fontes selecionadas para compor a rede de monitoramento
ID FONTE MOTIVO DA ESCOLHA
28 Fonte do Gueto
Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber e banhos; Índices superiores ao estabelecidos para classe1: Nitrito, DQO e pH Coliformes termotolerantes (muito elevado)
06 Fonte da Bica
Manancial jorra da rocha Índices superiores ao estabelecidos para classe1: DQO e pH N. Nitrato muito elevado Presença de mercúrio (mesmo que no limite)
07 Fonte do Conjunto
Bahia Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber
39 Fonte Estica Manancial jorra da rocha Presença de mercúrio (mesmo que no limite) Índices superiores ao estabelecidos para classe 1 com relação ao Nitrato
54 Fonte Vista Alegre Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber
22 Fonte do Buraquinho Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber e banhos
19 Fonte de Santa Luzia Manancial jorra da rocha Usada para banhar os olhos e beber
13 Fonte das Pedreiras Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber e banhos; N. Nitrato muito elevado
33 Fonte do Queimado Manancial jorra da rocha Muito usada para beber e banhos
46 Fonte Santo Antonio
do Cabula Manancial jorra da rocha Uso prioritário de beber
A Figura 56 representa a distribuição espacial das fontes que deverão compor esta rede de
monitoramento, enfatizando a necessidade da constante averiguação.
Figura 56: Distribuição espacial das fontes com destaque nas indicadas para a rede de monitoramento.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao desenvolver este tema o foco principal foi contribuir para a melhoria da qualidade
ambiental do município, voltado à preservação dos recursos hídricos e das fontes históricas.
Relacionado à questão histórica, o estudo mostrou, que existe uma distância entre o valor das
fontes e o sentimento das pessoas em relação a sua importância. Observou-se ser um
problema de caráter político-social, pois o cidadão soteropolitano não foi despertado para esta
valorização, haja visto ser um problema enfrentado desde a época que estas eram utilizadas
como sistemas de abastecimento exclusivos e que também outros monumentos espalhados na
cidade enfrentam a mesma condições de menosprezo. Percebe-se que em outras localidades,
principalmente fora dos limites nacionais, existe um diferencial acentuado na questão da
representação histórica de monumentos como estes.
Dado o exposto, também foi observado em visitas “in locum” e confirmadas em conversas
com a população, que as fontes agregam problemas de natureza diversas, como falta de
manutenção, de reformas, de disciplina no uso e de conscientização por parte da comunidade,
aliado a isto a comprovação que são ambientes relacionados à pobreza, sujeira e exclusão
social. Estes aspectos são resultantes, em sua maioria, da ausência de compromisso e do
descaso político, como foi analisado no corpo do trabalho a maior parte das ações
governamentais é apenas paliativos, como pintura próxima às festividades cívicas, limpeza
decorrente de alguma campanha, etc... Nada que configure uma manutenção contínua e eficaz.
Devido à convivência com este ambiente durante as pesquisas de campo, o que notoriamente
se pode afirmar, é que mesmo estando abandonadas ou mal cuidadas, os usuários afirmam, em
decorrência do seu aspecto límpido, que suas águas são puras e confiáveis, entende-se que o
grau de confiabilidade que eles têm, independente da responsabilidade governamental, está na
idéia que as fontes são minerais, e é justamente este conceito que vem propiciando seu uso,
ainda que marginalizado.
Levando em conta o que foi verificado sobre as análises de qualidade de água é oportuno
ressaltar que estamos diante de um problema de natureza social e de saúde pública, pois
observando o que está estipulado pelas resoluções Conama n° 357/05, n° 274/00 e a Portaria
n° 518/04, legislações brasileira vigentes, em sua grande maioria as fontes estão em
desconformidade para alguns usos realizados pela comunidade. Ressalta-se que alguns
parâmetros se destacam gerando preocupação, como o nitrato e os coliformes termotolerantes,
onde seus elevados teores foram percebido em várias fontes da cidade. Vale relembrar que o
nitrato está associado a dois efeitos adversos à saúde: a indução à metemoglobinemia e a
formação potencial de nitrosaminas e nitrosamidas carcinogênicas. Portanto, o aumento deste
teor implica na necessidade de um alerta em relação a exposição em que os usuários se
encontram.
Neste contexto de qualidade da água merecem destaque duas fontes, a de Biologia e a do
Gueto, pois apresentaram mais parâmetros fora da conformidade com a legislação referência.
Este alerta é mais apropriada para a do Gueto, pois ela é comumente usada pelas pessoas para
diversos fins, inclusive beber e tomar banhos. Enquanto que a de Biologia não há qualquer
tipo de uso, e se mostra totalmente abandonada.
Assim, das 22 fontes analisadas, pode-se concluir que, 2 (duas) estão em perfeita condições de
potabilidade, a saber: fonte do Buraquinho, na Pedra Furada, e Vista Alegre de Baixo, no
Subúrbio, e que 17 (dezessete) estão em padrão excelente de balneabilidade, visto que 9
(nove) fontes apresentam um valor igual ou menor que 10 UFC/100mL para coliformes
termotolerantes.
A proposta da rede de monitoramento, resultado deste estudo é indicada como uma adequada
ferramenta para controle e conservação da qualidade da água e mesmo recuperação dos
monumentos, pois eles estarão sempre em foco a partir deste acompanhamento sugerido.
Com base nas conclusões acima estabelecidas podem-se tecer as seguintes recomendações:
- é necessário que seja incluído um programa de manutenção de limpeza, considerando a
necessidade particular de cada uma, estabelecido de maneira periódica, cabendo ao poder
público tal ação e que não seja delegado aos usuários que não têm recursos e instrumentos
adequados;
- é importante que seja desenvolvido estudos relacionados à arquitetura dos monumentos,
tendo como objetivo central a reforma de alguns deles e proposta de monumento para outras
fontes, principalmente as descoberta recentemente. Se houvesse um estudo visando os
aspectos arquitetônicos seria de grande valia e se juntaria a este trabalho e aos demais já
desenvolvido com vistas à preservação.
- é salutar que seja afixado uma placa com os dados obtidos de qualidade de água, tendo o
cuidado de usar terminologias claras ao entendimento dos usuários das fontes, indicando que
tipo de uso é possível a partir da análise realizada. Para aqueles que levam a água para suas
casas outras informações devem ser adicionadas, como, por exemplo, o esclarecimento da
necessidade de desinfecção para consumo.
- é importante revitalizar o uso social, tornando-as ambiente de lazer, área de contemplação,
diversão de crianças e, sobretudo um local diferenciado frente às texturas de concreto e asfalto
de uma grande metrópole;
E por fim acreditar que a proposta de monitoramento, quanto à qualidade de água, seja de fato
efetivada ou aproveitada de alguma forma pelo poder competente, pois o investimento
sugerido é considerado um valor ínfimo em relação ao seu retorno social–ambiental, histórico
e turístico.
Considerando que provavelmente não haverá uma intervenção em curto prazo, recomenda-se,
ainda, que a população usuária e do seu entorno seja orientada por meio de programas de
educação relacionados ao manejo, projetos sociais e cartilhas, abordando sobre a situação das
fontes, seus aspectos gerais e também sobre os usos mais adequados.
Ao finalizar este documento acredita-se que o propósito inicial tenha sido alcançado e espera-
se que seja uma contribuição real para superação da situação analisada, pois socializando os
dados apresentados se poderão embasar ações e maximizar benefícios. Sabe-se, contudo, que
preservar não é apenas guardar conservar, e sim, também, utilizar contínua e adequadamente,
assegurando a sua funcionalidade futura.
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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águas de poços. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 32, n 2, p. 160-5, abril, 1998.
A.P.H. ASSOCIATION; A.W.W. ASSOCIATION; W.P.C. FEDERATION. Standard
Methods for the examination of water and wastewater. Washington DC: American Public
Health Association. 1998. 1268p.
A TARDE. Estas fontes já mataram a sede do povo e hoje estão abandonadas. Salvador,
1° mar 1974, caderno 01, p. 02.
A TARDE. Fontes dos Padres. Salvador, 08 fev 1981, p. 03.
A TARDE. Os chafarizes e fontes de Salvador serão restaurados. Salvador, 27 mai. 1984,
caderno Turismo, p. 03.
A TARDE. Salvador vai perder as suas fontes públicas. Salvador, 03 ago. 1987, caderno
01, p. 38.
A TARDE. Fonte antiga é achada no Centro Histórico. Salvador, 23 mar 1998. Caderno
01, p. 31.
A TARDE. Recuperação de fontes históricas fica no papel. Salvador, p. 12, 26 set. 1999.
AZEVEDO, Thales. Povoamento da cidade de Salvador. Salvador: Itapuã, 1969. 428p.
AZEVEDO, Caroline Told. As fontes e suas águas na cidade de Salvador. 1991. 27p.
Monografia de Bacharelado. Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia. 1991.
BAHIA. Decreto nº 11.981 de 24 de abril de 1998. Aprova o Regimento da Secretaria
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APÊNDICE
APENDICE A - Questionário aplicado em campo
Fonte: ___________________________Coordenada geográfica:_____________________
Data:______/____/____
Nome da fonte: _____________________________________________________________
Registro de existência da fonte: ________________________________________________
__________________________________________________________________________
Década de implantação: ______________________________________________________
Restauração?_______________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Usuários: Tipo:__________________________________
Quantidade: ____________________________
Tem vazão?_________ Como se comporta durante o ano?___________________________
__________________________________________________________________________
Usos: _____________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Há quanto tempo utiliza a fonte? _______________________________________________
__________________________________________________________________________
E com que freqüência? _______________________________________________________
__________________________________________________________________________
Em geral, para que uso ela é destinada por parte da comunidade? ______________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Você percebe período com escassez de água? _____________________________________
__________________________________________________________________________
Existe manutenção por parte do órgão competente? _________________________________
Existe participação dos usuários na manutenção? ___________________________________
A comunidade de entorno a utiliza? ______________________________________________
___________________________________________________________________________
OBSERVAÇÃO_____________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
ANEXOS
ANEXO A - Lei n° 3.660, de 08 de junho de 1978.
Dispõe sobre o tombamento, pelo Estado, de bens de valor cultural. D.0., 09.06.1978.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1° - O tombamento dos bens móveis e imóveis pertencentes às pessoas naturais, ou às pessoas
jurídicas, no Estado da Bahia, se regerá pelas disposições da presente lei. Art. 2° - O Estado promoverá o tombamento dos documentos, das obras, dos monumentos e dos locais
de valor histórico ou artístico, dos sítios e paisagens naturais notáveis, bem como das jazidas arqueol6gicas, que não estejam tombados pela União.
Art. 3° - O tombamento de bens pertencentes ao Estado, aos Municípios e suas autarquias, far-se-á de
ofício e o das demais pessoas naturais, voluntária ou compulsoriamente, segundo as modalidades, os critérios e os prazos estabelecidos em Regulamento.
Parágrafo único - O proprietário do bem tombado terá o prazo de 30 (trinta) dias, a partir do recebimento
da notificação, para manifestar sua anuência ao tombamento ou impugná-lo. Art. 4° - O tombamento estadual acarretará aos bens tombados os mesmos efeitos, inclusive quanto às
sanções e à alienação onerosa previstos pela legislação federal de tombamento por parte da União e será averbado, gratuitamente, no Cartório do Registro de Imóveis ou no Cartório de Títulos e Documentos.
Art. 5° - O Estado agirá, para a execução desta lei, na forma e por Intermédio dos órgãos e entidades
indicados em regulamento. Art. 6° - Não se poderá na vizinhança da coisa tombada, sem prévia autorização do 6rgi'o ou entidade
competente do Estado, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandado demolir a obra ou retirado o objeto, além da imposição de multa de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da obra ou do objeto.
Art. 7° - Haverá no Estado livros para tombamento de bens móveis e de bens imóveis de sua
propriedade, dos Municípios e de pessoas jurídicas de direito público e para tombamento de bens móveis e de bens imóveis de propriedade de pessoas de direito privado e de pessoas naturais.
Art. 8° - O cancelamento do tombamento far-se-á mediante decreto nos casos e segundo os critérios
estabelecidos em Regulamento. Art. 9° - O Poder Executivo regulamentará a presente lei no prazo de 60 dias contados após sua
publicação. Art. 10° - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 08 de junho de 1978.
ROBERTO FIGUEIRA SANTOS – Edvaldo Pereira de Brito.
ANEXO B - Guia técnico de coleta de amostras de água
Item Determinação Tipo de Frasco
Preservação daAmostra
Prazo de Análise
Lavagem do Frasco
Obs.
4 Cloreto 1 3 2 --- --- 6 Cor 1 1 3 --- --- 7 D.B.O 1 1 3 --- 2 8 D.Q.O 1 4 2 --- ---
11 Ferro Total 1 2 1 1 1 13 Fósforo Total 2 1 2 2 3 18 Nitrato 1 5 3 --- 3 23 O. D 3 6 4 --- 4 24 PH 1 --- --- --- --- 32 Turbidez 1 7 3 --- ---
Fonte: cedido pelo LABDEA-UFBA LEGENDA:
I) Tipo de Frasco: 1 2 3
Vidro, polietileno, polipropileno;
Vidro
Vidro neutro, boca estreita, tampa esmerilhada, cap. Aproximadamente 300ml com selo d´água
II) Preservação da Amostra
1. Refrigerar a 4º C 2. Adicionar HNO3 conc. até pH < 2, usar pipeta e papel indicador de pH 3. Não é necessária; 4. Adicionar a amostra H2SO4 conc. até < pH usar pipeta e papel indicador de pH; 5. Adicionar H2SO4 conc. até pH < 2, usar pipeta , usar papel indicador de pH, refrigerar a 4º C; 6. Adicionar à amostra 2 ml de sulfato manganoso e 2 ml de iodeto alcalino azida, tendo o cuidado de imergir a ponta
da pipeta no líquido do frasco. Fechar bem o frasco sem deixar bolhas de ar no interior e agitar e deixar o precipitado decantar até aproximadamente a metade do volume e agitar novamente;
7. Evitar luz.
III) Prazo para Análise 1 2 3 4
6 meses 7 dias 24 horas 4 a 8 horas
IV) Lavagem do Frasco 1. Lavar com HNO3 1:1, depois com água destilada ou deionizada; 2. Lavar com HCl diluído e quente. Não lavar com detergente.
V) Observações
1) A pipeta empregada para adição do ácido também deve ser lavada com ácido nítrico 1:1 e lavada posteriormente com água destilada ou deionizada; O ácido empregado na preservação da amostra deve ser fornecido pelo laboratório de análises. Na impossibilidade de se obter o ácido da entidade analisadora, fornecer à mesma 50 ml do ácido empregado na preservação; 2) Para D.B. O de vários dias, o volume necessário é de 5 litros; 3) O cloreto de mercúrio pode ser usado como uma alternativa de preservação na concentração de 40 mg/l, especialmente se o prazo requerido é desencorajado sempre que possível. 4) O frasco deve ser cheio até transbordar Coletar a amostra sempre com o auxílio de equipamento adequado garrafa de O. D., fazendo-o imergir cerca de 20 cm abaixo da superfície do líquido a ser amostrado e permitir que se escape todo o ar do conjunto, antes de retirar a amostra; No caso de não se dispor de equipamento, usar apenas o frasco, tendo o cuidado de derramar vária vezes o seu próprio volume antes de retirar a amostra; Coletar a amostra em profundidade com garrafas de Kemmerer ou similar. A porção da amostra para a determinação de O. D é a primeira a ser retirada da garrafa de Kemmerer e é imediatamente transferida para o frasco de D.B. O, sem turbulência ou agitação. A transferência é feita empregando tubo de látex que se adapta ao local apropriado da garrafa de Kemmerer. Deixar o frasco transbordar várias vezes o seu próprio volume antes de fechá-lo.
ANEXO C - Tabela 1: Parâmetro físico-químicos em águas de Fontes da Cidade de Salvador (AZEVEDO, 1992)
FONTE Temp.
°C pH Dureza
Condutiv µSi.cm-1
Cloro NO2
µg at/1
Arquivo Público 26.2 6.3 3 351 A 0.13
Fonte dos Padres 27.0 5.8 6 381 + 0.10
Dique 26.4 5.4 5 424 + 0.21
Dique I 28.0 6.9 2 156 + 0.21
Estica 27.1 5.3 7 564 + 0.12
Fonte Nova 28.3 5.9 6 240 + 0.12
Galpão 26.2 6.1 8 598 A 0.26
Gravatá 26.2 6.3 9 571 + 0.52
Gouveia 27.1 5.2 4 213 + 0.12
Lobato 28.3 6.8 7 488 +++ 1.16
Marina 29.6 6.8 10 610 A 0.32
Milagres 26.8 7.1 15 859 + 0.17
Muganga 30.1 7.2 6 389 +++ 0.19
N. Sra. Da Graça 27.1 6.0 5 410 A 0.48
Praia da Onda 25.1 5.9 7 906 + 0.10
Pedreiras 27.5 6.0 6 319 ++ 0.11
Pedreira de Brotas 26.5 5.3 3 200 + 0.12
Pereira I 26.8 6.8 17 903 +++ 0.0
Pereira II 27.4 6.7 18 781 ++ 0.09
Queimado 26.8 6.0 7 492 A 0.64
Santa Luzia 26.8 8.1 14 812 + 1.18
São Pedro 27.1 5.8 7 484 + 0.56
Três Bicas 26.8 6.5 8 614 A 0.24
Unhão 27.6 6.2 6 284 + 0.10
Zoológico 26.2 5.6 2 233 A 0.17
A= Ausência.
ANEXO D - Tabela 2: Resultados analíticos das águas das fontes naturais (Lima, 2005).
Parâmetro Unidade Sto. A. Cabula
Conj. Bahia
Queima- do Pedreira Gueto D.Tororó I.Biologia VMP
Ph - 4,8 4,6 5,7 5,3 5,6 5,4 5,8 6,5–8,5
Temp. °C 27,7 27,5 27,6 -
STD ms/cm 279,0 425,0 496,0 542,0 338,0 370,0 340,0 1.250,0
OD mg/L 140,0 266,0 248,0 270,0 151,0 166,0 136,0 1.000,0
Cor mh <5,0 <5,0 5,0 <5,0 <5,0 <5,0 12,5 15,0
Turbidez mg/L 1,1 0,2 1,3 0,2 0,2 0,30 9,3 5,0
Dureza mg/L 54,0 73,0 145,0 115,0 - 93,0 103,0 500,0
Ca mg/L 36,0 48,0 112,0 88,0 8,1 43,0 29,3 200,0
Mg mg/L 4,4 6,1 8,0 6,6 12,9 12,2 17,9 50,0
Na mg/L 23,0 38,0 32,0 39,0 36,9 33,0 23,1 200,0
K mg/L 3,4 3,9 9,5 11,0 4,2 6,2 2,8 10,0
HCO3 mg/L 7,0 3,5 40,5 17,0 12,4 11,5 69,9 500,0
SO4 mg/L 2,7 14,4 47,0 48,0 26,6 23,0 19,9 250,0
Cl mg/L 50,0 64,0 55,0 54,0 57,7 60,4 49,1 250,0
NH3 mg/L - - - - 0,12 0,10 0,19 1,5
NO2 mg/L <0,0010 <0,010 <0,010 <0,010 <0,008 <0,005 0,054 1,0
NO3 mg/L 15,0 15,0 1,3 10,0
PO4 mg/L <0,003 <0,003 <0,003 0,006 <0,003 <0,003 <0,003 <0,025
Fe mg/L 0,04 0,04 0,09 0,35 0,024 0,04 1,7 0,30
Pb mg/L 0,005 0,005 0,005 0,02 <0,001 <0,001 <0,001 0,01
Hg mg/L 0,0008 0,0011 0,0005 0,0005 <0,002 <0,001 <0,002 0,001
Mn mg/L 0,2 0,014 0,086 0,01
Col.fecais Col/100ml - - 720,0 - 4.000,0 2,0 56,0 -
Col. totais Col/100ml - - 800,0 - 20.000,0 2.000,0 20.000,0 -
ANEXO E - Tabela 3: Fontes de Água natural da Cidade de Salvador (Lima, 2005).
ANÁLISESFÍSICO-QUÍMICOS – 01/02/2003 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICOS – 04/01/2003 FONTE LOCALIZAÇÃO TIPO
pH T °C C Sal STD OD pH T °C C Sal STD OD
Unidade km - - °C (µs) mg/L mg/L mg/L - °C (µs) mg/L mg/L mg/L Zoológico 553808,8561630 Contato 5,7 26,1 247 0 116,09 6 Ondina 553808,8561630 Fratura 6,21 26,3 898 0,2 422,1 5,4 6,4 26,3 993 0,3 466,71 4,35 I. Biologia 553292,8562729 Contato Sto. A. do Cabula 554033,8566830 Contato 4,97 27,8 255 0 119,85 4,4 5 28,7 255 0 119,85 4 Conj. Bahia 556180,8568190 Fratura 4,7 27,5 419 0 196,9 3,8 4,9 28,1 410 0 192,7 3 Queimado 554466,856760X Contato Sto. A. Barbalho 554033,8566830 Contato 6,5 28,3 596 0 280,12 1,5 Sta. Luzi do Pilar 553522,8566586 Fratura 7,8 27,4 879 0,2 413,13 18 Contorno 552430,8565290 Fratura 6,1 28,3 582 0 273,5 5,1 6,3 27,7 525 0 246,7 4,3 N. Senhora da Graça 551653,8563112 Vale 6 28,3 485 0 227,95 1,8 São Pedro 552224,8564134 Contato 5,9 27,9 420 0 197,4 2,7 D. do Tororó 553396,8564603 Vale Nova I 554080,8565310 Contato 6,9 28,3 568 0 267 5,6 Nova II 553885,8565358 Contato 5,8 27,3 478 0 224,66 2,5 Davi 556480,8564072 Contato 5,7 26,9 460 0 216,2 3,5 Gueto 556170,8563370 Vale 5,7 27,5 391 0 183,77 1,4 5,3 29 386 0 181,42 1,5 Pedreira 555496,8567078 Contato 5,4 27,1 485 0 228 2,15 5,4 27,5 493 0 231,71 2,45
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
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