7/25/2019 Etnomusicologia, Tras Os Montes 1.1
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EtnomusicologiaTrs-os-Montes (Nordeste)
Costumes, Grupos, Filarmnicas e Cancioneiro
ndice
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Introdu!o....................................................................................................2
Cancioneiro Transmontano........................................................................3
Gaita-de-"ole................................................................................................8
Constru!o................................................................................................9
#$na!o.................................................................................................. 10
%s Gaiteiros............................................................................................11
G&neros Musicais e Grupos..................................................................12
% celtismo e as suas repercuss'es na msica na Galia e no Nortede *ortugal................................................................................................13
# +anda de msica de +ru, Mogadouro............................................17
Conclus!o...................................................................................................20
+iliogra$a................................................................................................21
Introdu!o
Antes da formao de Portugal como pas independente, a
Pennsula !"rica, e particularmente a parcela #ue $o%e constitui o
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territ&rio portugu's, foi palco da in(aso e maior ou menor
perman'ncia de di(ersos po(os, #ue encontra(am no mar uma
fronteira intranspon(el e, por isso, tin$am de lutar pela so!re(i('ncia
na#uele espao.
A n(el musical, encontram)se naturalmente marcas da passagem
desses diferentes po(os e culturas, em!ora a aus'ncia de registos
impea #ue com segurana se aponte a origem de alguns dos mais
antigos e*emplos de pr+ticas musicais. o s& as condi-es
$ist&ricas, mas tam!"m a situao geogr+ca de algumas +reas da
Pennsula, e*plicam a continuidade de certos fen&menos musicais e o
desaparecimento doutros. A /ona $o%e designada de r+s)os)ontes,cercada por montan$as e conse#uentemente menos perme+(el a
inu'ncias e*teriores, fe/, por e*emplo, perdurar as anas dos
Pauliteiros, #ue, indissoci+(eis do som da gaita)de)foles, so !em
possi(elmente um testemun$o da presena celta no norte do
territ&rio peninsular.
r+s)os)ontes " a uma regio #ue conser(ou costumes e tradi-es
ligados 4 pastorcia, aos tra!al$os do lin$o, 4s segadas 8ceifas5 e
mal$adas do centeio, #ue manti(eram (i(as as manifesta-es
musicais, como o canto, com eles relacionados, e #ue so de
rele(ante import6ncia para a nossa etnograa musical. oi a regio
#ue mel$or conser(ou o romanceiro popular. A gaita)de)foles " o
principal instrumento de toda a +rea transmontana, as cele!ra-es
mais importantes aparece normalmente ao lado da cai*a e do !om!o,
con%unto #ue se con$ece pelo nome de "s Pereiras ou aiteiros.
ais recentemente, e*iste uma tradio de festas tocadas com
!andas larm&nicas da regio, em #ue, principalmente antigamente,
eram sempre festas animadas e concorridas, em #ue ningu"m #ueria
perder nen$um epis&dio da festa, #uer da parte do dia, com o incio
do dia de festa e a arruada da man$, seguindo da procisso,
acontecendo esta 4 tarde. urante a festa poder)se)ia encontrar nos
locais de con((io pessoas com reale%os, $arm&nios, gaitas de foles,
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autas por entre outros (ariados instrumentos. : noite, os !ailaricos e
os despi#ues de !andas, %untamente com o (in$o animam as danas
e os comuns desacatos de #ual#uer arraial de aldeia.
Cancioneiro Transmontano
; romanceiro portugu's tem sido fre#uentemente destacado pelos
especialistas como um dos mais importantes ramos do romanceiro
$isp6nico e europeu. istingue)se pela conser(ao de temas raros ou
descon$ecidos nas outras tradi-es
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norte)americanos, Joanne L Purcell, Mamuel .Armistead e =andace
Mlater.
;s =antos ransmontanos constituem uma das mais profundas e
originais e*press-es da musical regional portuguesa. Im!ora noa!orde neste tra!al$o as inu'ncias remotas ou pr&*imas destes
cantos. as no $+ du(ida #ue, em mGltiplas das suas fei-es, a
musical regional de r+s)os)ontes le(anta perple*idades e
interroga-es. N poss(el #ue se (islum!ra nela ecos ou reminisc'ncias
de e*press-es e formas musicais pret"ritas, medie(alismos, e*otismos,
a gre%a, a Minagoga, os regos ou os Ora!es. ote)se a e*trema
se(eridade desta mGsica, destes cantos, o seu car+cter despido detodo e #ual#uer sentimento ou preocupao de agrada!ilidadeQ, o
seu desenfeitamentoQ, a sua cor terrosa ), o #ue to !em (ai com a
paisagem de lin$as e (olumes duros, ensimesmados, com o g"nio
rude, inteiro, da gente transmontana e o patriarcalismo dos seus
costumes.
o seu lirismo s&!rio e penetrante, certos romancesQ cantares )
como al$anin$a de M. Joo, @alde(inos, al(a)mal(eta, o Lendito eoutros cantos repassados de (o/es, ancestrais, !em se pode di/er a
e*presso pura do $omem transmontano, parcela do $omem uni(ersal,
nos seus momentos de funda identicao com o esprito da erra.
Im traos !re(es, apontemos alguns cantos, $inos sagrados,
c6nticos de tra!al$o, poemas de amor e de morte, entre os maissignicati(os do patrim&nio musical do po(o transmontanoH
C
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; =onde in$o.
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ona Ancra. Lelo romance tal(e/ corruptela ou deformao s&nica
de ona Ungela, romance (ulgari/ado em r+s)os)ontes e em
Ispan$a, nesta con$ecido pela designao de >a no(ia del du#ue de
Al!a.
eus te sal(e, osa. Incantador romance pastoril. A melodia em
maior e de regular ritmo !in+rio, semel$a uma graciosa ronda infantil.
ai*in$a (erde. =ano de sa!or e corte tro(adoresco, usada em
ui/elo como cantiga de mal$asQ. A melodia " um simples, mas
elegante tetracorde d&rico
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auta pastoril
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=ar(al$esa. Sma das tr's danas tpicas do termo de @in$ais,
composta de #uatro guras e acompan$ada por gaita)de)foles e
ferrin$os.
&)r&. =ano do !ero, de ritmo (erdadeiramente em!alador. >etraem dialecto mirand's.
edondo. ana pastoril, e*ecutada alternadamente em fraitaQ e
gaita)de)foles.
+)la)don. raciosa e ing"nua cantilena de a!aularQ, isto ", g"nero
de di+logo cantado entre os pastorin$os #ue comunicam entre si de
um monte para o outro.
Gaita-de-"oleGaita-de-"ole., Gaita Mirandesa. ou Gaita
Transmontana.
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A aita)de)fole de r+s)os)ontes +,
dependendo dos artesos, e e*i!e inter(alos pr&*imos dos usados na
mGsica da regio, so!retudo na auta pastoril
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As pr+ticas musicais e os pr&prios materiais de construo dos
instrumentos esto profundamente en(ol(idos no conte*to agro)
pastoril desta regio.
As t"cnicas de construo deste instrumento eram, at" $+ !empouco tempo, artesanais, com os artesos
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#$na!oZo%e em dia mant"m)se um de!ate intenso so!re #ual ser+ a escala
Y(erdadeiraY dos instrumentos desta regioH fundamentalmente
diat&nica menor natural, menor $arm&nica, menor mel&dica, maior ou
at" uma escala natural no)temperada.
Megundo Al!erto Jam!rina >eal
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%s Gaiteiros
as a aita)de)fole transmontana conser(a ainda alguns aspetos
das tecnologias pr")industriais e dos sa!eres a elas associadosH
tradicionalmente eram os pr&prios gaiteiros #ue procura(am e
escol$iam as madeiras ade#uadas, seleciona(am o ca!rito do #ual se
fa/ia um fole e no raras (e/es, fa!rica(am as suas pr&prias pal$etas,
para al"m de fa/erem depois os ental$es decorati(os nas peas da
gaita, com uma mo $a!ilidosa e uma simples na(al$a.
; tpico gaiteiro transmontano assume, portanto, a gura do Yaiteiro
totalYH " ele #ue ana e fa/ a sua pr&pria gaita, aprende e ensinarepert&rio e t"cnicas e naturalmente, " ele o Yrei da festaY, #uando "
solicitado para animar os !ailes e festas comunit+rias.
A formao mais $a!itual " o grupo de aiteiro, =ai*a e Lom!o, sendo
#ue o gaiteiro a!re as festas sa/onais com Al(oradas, acompan$a
$a!itualmente as prociss-es e as danas de Y>]s PalosY
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G&neros Musicais e Grupos
;s g"neros musicais fre#uentemente associados a esta gaita so as
danas como o Laile Agarrado, Laile Picado, Jotas, urin$eiras,
=ar(al$esas, mas tam!"m os >$aos #ue acompan$am as danas dos
pauliteiros, nas aldeias do concel$o de iranda do ouro.
Para al"m da mGsica de dana, tam!"m " fre#uente #ue o gaiteiro
se%a c$amado a acompan$ar fun-es rituais, como as al(oradas,
passacal$os, rondas e prociss-es.
aiteiros transmontanos famosos foram recol$idos por (+rios
etn&grafos e e*istem numerosas gra(a-es #ue $o%e ser(em de
inspirao para a recuperao desse instrumento e do seu repert&rio )
entre os mais con$ecidos, contam)se os nomes deAle*andre Augusto
eio, Jos" Joo da gre%a, anuel Mampedro, anuel Paulo artins,
ascimento aposo, Paulino Pereira Joo, Joo Prieto ^imeno, =arlos
onal(es, odrigo ernandes, entre outros.
Zo%e em dia, para al"m dos gaiteiros YtradicionaisY, (o surgindo
tam!"m no(as forma-es #ue procuram fa/er a continuao e
reinterpretao dos repert&rios e instrumentos transmontanos, como
por e*emplo, os grupos aiteiros de >is!oa, alandum alundaina,
aitafolia ou >enga)lenga.
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% celtismo e as suas repercuss'es namsica na Galia e no Norte de *ortugal
o 6m!ito dos processos transfronteirios, o celtismo _ um
mo(imento transnacional inuente em (+rias partes da Iuropa )
possuiu um importante papel na construo de identidades na ali/a
e no norte de Portugal.
a etnomusicologia, o celtismo tem sido o foco de in(estigao desde
os anos 90, no entanto, em Portugal no tem sido al(o de estudos.
Im Ispan$a, a ali/a tem sido o principal enfo#ue de in(estigao
espor+dica. Apesar do patrim&nio musical comum, a in(estigao em
torno do intenso interc6m!io transfronteirio entre Portugal e
Ispan$a, en(ol(endo manifesta-es do celtismo so!retudo na
mGsica, ainda est+ incipiente.
ao a#ui meno para um pro%eto desen(ol(ido pela in(estigadora
respons+(el Mal`a Il)M$a`an =astelo)Lranco e uma e#uipa de
in(estigao do I)md _ nstituto de Itnomusicologia _ =entro de
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Istudos em Gsica e ana, precisamente so!re o tema #ue a!ordo
a#ui, in(estigao esta em #ue !aseio a min$a a!ordagem ao tema.
A an+lise comparati(a do mo(imento da mGsica celta no norte de
Portugal e na ali/a constitui a principal estrat"gia de in(estigao,tendo como enfo#ue os processos transfronteirios de construo da
identidade #ue instrumentali/am os patrim&nios musicais, ancorados
na noo do celtismo (isando a construo de uma identidade luso)
galaica.
Pretende)se uma an+lise detal$ada das pr+ticas musicais ligadas aoceltismo e aos discursos a elas associados, e a(aliar os modos como o
imagin+rio celta " utili/ado como elemento aglutinador no noroeste
da Pennsula !"rica.
esde nais da d"cada de 70, o mo(imento musical celta foi)se
difundido a partir da Isc&cia e da rlanda para a ali/a, ligado 4
rei(indicao desta regio como nao, e a uma emergente
identidade luso)galaica.
; discurso identit+rio consolidou)se por meio de iniciati(asinstitucionais, e de grupos informais, na criao de produtos culturais
#ue alimentaram imagin+rios celtas. este conte*to, a gaita)de)foles
transforma)se num cone da mGsica tradicional galega, dei*ando de
representar o modelo de folclore rural do passado para liderar um
no(o estilo musical ur!ano, sm!olo de uma cultura contra)
$egem&nica.
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esde nais da d"cada de 1980, o ensino da gaita propagou)se pela
ali/a, ao n(el do ensino ocial e em associa-es locais, na criao
de !andas de gaitas, num mo(imento musical de legitimao
identit+ria. EPara tal, contri!uiu a padroni/ao do instrumento,
en(ol(endo artesos e e*ecutantes, mas tam!"m a integrao e
di(ulgao de no(os grupos e mGsicos galegos no mercado
internacional da E=eltic usic.F, acrescenta Mal`a =astelo)Lranco.
esde a d"cada de 90, o mo(imento musical te(e um impacto
assinal+(el no norte de Portugal, atra("s de mediadores locais #ue
contri!uram para a entrada na economia do patrim&nio cultural local,
utili/ando)o como (eculo para a promoo econ&mica e social
ancorada no turismo.
Sm dos aspetos do pro%eto " a an+lise de #uatro
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Iste pro%eto de in(estigao ter+ como o!%eti(os a contri!uio com
no(os con$ecimentos em torno do mo(imento da mGsica celta em
Portugal e a sua relao com mo(imentos an+logos na ali/a e
noutras partes da Iuropa, tal como, aprofundar e alargar a
in(estigao so!re a utili/ao do celtismo na construo de
identidades na +rea estudada.
A um n(el mais geral, contri!uir+ para a compreenso da
instrumentali/ao das pr+ticas musicais e dos discursos em torno da
mGsica na articulao de identidades contempor6neas.
# +anda de msica de +ru, Mogadouro
Lru& " uma aldeia tpica transmontana do concel$o de ogadouro,
sendo eu e os meus pais l$os desta terra, e situando)se esta no
ordeste ransmontano, decidi a!ordar nesta parte do tra!al$o o
maior e pro(a(elmente Gnico pro%eto musical, neste caso de !anda
larm&nica, #ue e*istiu nesta aldeia.
A !anda de mGsica de Lru& te(e no ano de 19T2 o seunascimento, ou digamos o seu incio como !anda.
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Za(ia nesse tempo um padre na aldeia de nome Ant&nio
=aseiro. Lom padre e #ue gosta(a de cati(ar os %o(ens para a sua
c$amada 4 igre%a aos domingos. essa altura a aldeia teria mais ou
menos C00 $a!itantes. ;s %o(ens no tin$am ocupao de tempos
li(res e ento o Mr. Padre =aseiro montou na casa paro#uial, #ue tin$a
ane*o um salo onde os %o(ens se reuniam, uma aparel$agem
radiof&nica para ali poderem passar mais algum tempo sem estarem
enfadados. =omo no $a(ia eletricidade, foi montada uma torre na
$a!itao, onde tin$a na sua e*tremidade mais alta, umas p+s #ue o
(ento fa/ia girar produ/indo assim energia num gerador #ue
transforma(a em energia el"trica alimenta(a o r+dio fa/endo com
#ue este funcionasse.
esse tempo apareceu pela aldeia um $omen/ito de meia)
idade, natural da aldeia de Mam!ade do concel$o de Alf6ndega da f",
#ue no tendo onde car foi parar 4 casa do Mr. Padre #ue o acol$eu.
Iste $omem c$ama(a)se =ampos e !astante con$ecedor de (+rias
artes, por isso foi cando por ali fa/endo compan$ia ao padre. Ira
professor, ensinou (+rias crianas a aprender a ler e escre(er, erarelo%oeiro concerta(a e acerta(a o rel&gio da igre%a e de #uem o
procura(a. am!"m era mGsico, de(eras (ers+til, pois toca(a todos os
instrumentos.
I assim o padre =aseiro, $omem sempre muito ati(o, to
depressa a pensou como a fe/, e lem!rou)se de fa/er uma !anda de
mGsica em Lru&, tendo como mestre o Mr. =ampos, pois (iu neste
$omem o seu potencial para a mGsica e era de apro(eitar, e ento os
%o(ens teriam onde se prender e no andarem por ali a (aguear e
en(eredarem 4s (e/es por camin$os tortuosos como se costuma
di/er.
Into se assim o pensou assim o fe/. a missa de domingo o Mr.
padre todo (aidoso anunciou as suas pretens-es e #ue estariam no
salo as inscri-es a!ertas para integrarem a !anda.
Sns aplaudiam outros di/iamH
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) ; padre de(e estar tolo ele e o =ampos ol$a agora para o #ue l$e
d+.
Into l+ se iniciou o solfe%o en#uanto no c$ega(am os
instrumentos. Istes tardaram em c$egar e s& passado meio ano "#ue os instrumentos apareceram. oi uma festa todos #ueriam (er e
tocar. Iscusado ser+ di/er #ue nessa altura o salo paro#uial enc$ia)
se de gente para (er os ensaios. Into a $ora da distri!uio dos
instrumentos l+ apareceu.
)Lem tu, Am6ndio, toma (ais tocar tu!a. I tu rancisco, como no
sa!es ler (ais tocar !om!o.
i/ia o Mr. =ampos, #ue assim foi distri!uindo os instrumentos.
ais uns tempin$os e l+ c$egou o dia da estreia e no podia ser
de outra forma por#ue no na festa principal da aldeia a festa de
Pentecostes con$ecida entre n&s pela festa de maio.
I nesse dia logo pela man$ todos (estidos a rigor, com o sr
padre, o maestro o regedor, os mordomos e outras pessoas
importantes da aldeia l+ iam na frente a percorrer as ruas e !ecos da
aldeia, ou(indo)se os foguetes a anunciar a sua passagem. Atr+s da
!anda seguia a pe#uenada aos saltos e todos contentes.
I l+ se iam ou(indo alguns coment+riosH
);l$a #ue !em tocam, o mestre perce!e disto. @i(a a !anda de Lru&b
@i(ab @i(abb
A partir da#ui comearam a aparecer os contratos e as sadas
para outras festas. o incio os elementos da !anda seriam a uns
trinta, mas estes foram aumentando com a c$egada de mais
instrumentos e a sua formao *ou)se mais ou menos pelos
#uarenta elementos.
A !anda comeou a car anada e no (ero %+ no tin$a
descanso e sendo c$amada %+ para festas mais importantes. Imogadouro tam!"m $a(ia !anda e o mestre era o Mr. =a(adas. Iste %+
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temia de competir com a !anda de Lru& por#ue %+ esta(a a tocar
mel$or do #ue eles.
=omo na altura no $a(ia transportes pG!licos, os mGsicos
eram transportados numa camioneta de carga. Para e(itar o controlo
da polcia de tr6nsito, as desloca-es para as festas eram ainda feitas
de noite. Xuando se desloca(am a uma festa por (e/es no dia
seguinte tin$am outra atuao numa aldeia (i/in$a e a deslocao a
fa/ia)se a p" depois do arraial terminar. Ainda $o%e contam alguns
elementos, #ue um certo dia desses ao c$egarem 4 aldeia no
segundo dia ainda era de noite e procuraram cada um arran%ar um
lugar c&modo para descansar umas $oras, pois o cansao %+ era
muito. Xuando acordaram #ual no " o seu espanto, pois tin$am
dormido entre as campas de um cemit"rio. =ontam #ue a er(a era
muita e como lu/ el"trica no $a(ia no conseguiram (er onde
pernoita(am.
;s arraiais eram feitos pelas !andas, no $a(ia con%untos
musicais, e ento o Mr. padre =aseiro marca(a sempre presena no
acompan$amento da sua !anda. @+rias atua-es eram feitas, desde
arraiais de aldeia, prociss-es, missas, !ailes ou at" para alguma
passagem r+pida de algum secret+rio ou ministro de a#uando a
instalao pela primeira (e/ de eletricidade na aldeia.
e(ido 4 guerra do ultramar muitos %o(ens foram c$amados ao
ser(io militar, outros fugiram, e outros tantos pereceram na guerra,seguido de seguida a onda de emigrao a #ue o!riga(a a po!re/a a
!anda desfe/)se, $o%e em dia a deserticao e a falta de (ontade,
%o(ens, e pessoal #ualicado praticamente impossi!ilita a renascena
de este e outros grupos, em!ora $o%e em dia $a%a claramente uma
grande (alori/ao do legado instrument+rio e musical tradicional
#ue englo!a a regio de r+s)os)ontes, ou mais propriamente a
realidade em #ue cresci e regularmente (isito, o ordesteransmontano
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Conclus!oIm tempos passados, a regio do nordeste transmontano respirou,
(i(eu e sentiu a mGsica e as danas tradicionais com uma ligao
ainda !astante arcaica a can-es de tra!al$o, de col$eitas e
cele!ra-es de solstcios ligadas aos mais antigos cultos pagos cu%a
aita)de)ole e danas dos pauliteiros irandeses esto intimamente
associados, tal como, a identidade guerreira de um po(o de uma
regio com modos de (ida difceis mas estreitamente relacionados
com a ligao do Zomem 4 nature/a e a uma maneira simples e
natural de ser e se relacionar com a comunidade e o meio
en(ol(ente.
odos estes costumes, tradi-es e legado cultural ti(eram e t'm
impacto no modo #ue a mGsica inuencia muitos locais rurais menos
centrais, muitos outros fatores t'm peso nas tradi-es culturaismusicais como as cele!ra-es religiosas crists e, como referi
anteriormente, as cele!ra-es pags ou de origem pag. Mendo uma
regio fronteiria, pessoas #ue passa(am na terra como emigrantes,
feirantes e\ou comerciantes am!ulantes, saltim!ancos ou pessoas
#ue iam de salto para Ispan$a, neste caso na altura do Istado o(o,
em!ora com uma menor tradio, sempre ti(eram um importante
contri!uto e papel no cancioneiro e tradio oral musical desta regio.Zo%e em dia tem $a(ido um re%u(enescimento e uma crescente
(alori/ao da cultura, costumes e tradi-es, #uer, est+ claro, da
mGsica e danas tradicionais. a regio de ogadouro de #ue sou
oriundo, presenciamos atualmente um crescimento, #uer na formao
e atua-es de grupos e danas tradicionais, #uer na procura e
(alori/ao deste legado. ; esti(al do nterc"ltico de Mendim,
%untamente com grupos como os >$enga >$enga ou alandum
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alandaina so estandartes da mGsica celta e da sua tradio no
Planalto irand's. a (ila de ogadouro nasceu por e*emplo, o
esti(al da erra ransmontana em #ue se d+ prima/ia aos produtos,
grupos musicais e danas tradicionais da regio, aliado 4s tradi-es
pags e\ou celtas + mGsica tradicional e\ou fol com espao para
recria-es $ist&ricas e o principal, #ue " a promoo do con((io
entre pessoas de (+rias gera-es #ue partil$am uma identidade cada
(e/ mais not&ria no sentido cultural e\ou tradicional.
+iliogra$a
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