EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA
__________ DA COMARCA DE __________SP
__________________, nacionalidade,
estado civil, profissão, RG ______________ e inscrita no CPF-MF
_____________, documentos anexos, residente e domiciliada na R/Av.
__________, na cidade de ___________ – CEP __________, por seus
advogados e procuradores que ao final esta subscrevem, mandato incluso,
vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no §
3º do artigo 226, da Constituição Federal de 1988; Lei 8.971 de 29 de
dezembro de 1994; Lei 9.278 de 10 de maio de 1996; artigo 1.723 caput, § 1º
do Código Civil e artigo 693, do Código de Processo Civil propor:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE RECONHECIMENTO
E EXTINÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL E PARTILHA DE BENS
CUMULADA COM PEDIDO DE ALIMENTOS “IN LIMINE”
E TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA
em face de:
________, nacionalidade, estado civil,
profissão, RG ______________ e inscrito no CPF-MF _____________,
documentos anexos, residente e domiciliada na R/Av. __________, na cidade
de ___________ – CEP __________, pelos motivos fáticos e razões de direito
a seguir aduzidos:
1 - DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA
A REQUERENTE requer a Vossa
Excelência que lhe seja concedido os benefícios da Assistência Judiciária
Gratuita, conforme dispõe o artigo 4º da Lei 1060/50, haja vista não dispor de
condições financeiras para suportar custas e despesas processuais sem
prejuízo próprio, conforme declaração de hipossuficiência econômica anexada.
2 - DA FIXAÇÃO “IN LIMINE” DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
2.1 Saliente-se que é obrigação do
REQUERIDO manter a ex-convivente, haja vista, que aquela abdicou de sua
vida profissional para dedicar-se aos filhos e ao lar, enquanto o requerido
alcançava uma confortável situação financeira e sucesso profissional, auferindo
renda mensal superior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), sendo lamentável sua
postura diante do término de um relacionamento duradouro.
2.2 Ressalte-se que a REQUERENTE, NÃO
possui condições de custear o lar, tendo em vista que, após a constituição
familiar com o requerido, este não mais a deixou trabalhar, dedicando sua
vida exclusivamente ao requerido e seus filhos, perdendo totalmente o
seu espaço de trabalho, pois agora quase chegando aos 50 anos de
idade, sabemos que é difícil recomeçar a sua vida profissional, prova disto,
é a Declaração de Ajuste Anual em nome da Requerente, documentos anexos.
2.3 A titulo de ilustração e anexada aos autos,
demonstramos abaixo os gastos mensais que a REQUERENTE necessita para
sua manutenção e sobrevivência, excluídas do quadro abaixo, despesas com
dentista, cujo tratamento emergencial já foi iniciado, conservação e
manutenção do imóvel, seguros e IPVA dos veículos da requerente.
QUADRO DE DESPESAS
2.4 Importante esclarecer que, foi pleiteado
alimentos na forma de tutela provisória de urgência, inclusive com pedido
liminar nesta ação declaratória, haja vista os princípios da celeridade, da
economia processual e da instrumentalidade das formas.
2.5 Princípio da Celeridade, amparado pela
Constituição Federal em seu artigo 5º, LXXVIII, pois se fossem pleiteados
pedidos autônomos, a ação de alimentos poderia ser indeferida, tendo em vista
que a união estável alegada pela autora é de fato, portanto deveria
primeiramente ser reconhecida.
2.6 Com a entrada em vigor da Emenda
Constitucional nº 45/2004 a efetiva prestação jurisdicional foi erigida a princípio
fundamental, pois foi acrescentado o inciso LXXVIII ao art. 5º da Carta Magna
o princípio do prazo razoável do processo, verbis: "a todos, no âmbito judicial e
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios
que garantam a celeridade de sua tramitação". Cumpre registrar, inicialmente,
que não basta a tutela formal do direito. Faz-se necessário sejam colocados à
disposição, os meios concretos que permitam que a norma venha atingir o
efeito desejado, qual seja a efetividade do processo, com a consequente
redução do prazo de duração entre o ajuizamento do pedido e a eficaz
prestação jurisdicional.
2.7 A atual complexidade social,
caracterizada pelo surgimento de novos direitos e, portanto novas demandas
exigem que, o Estado esteja suficientemente preparado para enfrentar os
desafios da sociedade contemporânea, de forma a garantir a plena efetivação
dos direitos consagrados.
2.8 Economia processual e da
instrumentalidade das formas, tendo em vista que, todos os argumentos e
provas da referida união estável, ora pleiteada estão acostadas nesta exordial,
portanto se dividida, teríamos que argumentar e provar novamente, com
juntada de todos estes documentos em outra ação autônoma.
2.9 Deve ser ressaltado que, economia
processual significa que a máquina judiciária deve despender o mínimo
possível de esforço com vistas a fornecer uma efetiva prestação jurisdicional e
o princípio da instrumentalidade das formas consiste no aproveitamento dos
atos processuais, quando, realizados de uma determinada forma, ainda que
não sendo aquela prescrita em lei, tenha atingido sua finalidade e não cause
prejuízo a qualquer das partes ou ao interesse público.
2.10 Destarte, com os fundamentos acima,
justificam a possibilidade e viabilidade de cumular ação de
reconhecimento e dissolução de união estável e alimentos, bem como
partilha de bens.
2.11 Assim, estando presentes os
pressupostos do binômio necessidade/possibilidade, e havendo a dissolução
da convivência marital e a propositura da presente demanda requer-se a
fixação “IN LIMINE” dos ALIMENTOS PROVISÓRIOS no importe de xx (xxx)
salários mínimos vigentes, a serem creditados diretamente na conta corrente
da REQUERENTE, junto ao Banco ____, conta corrente nº _____, Agência
____, em nome de _________, todo dia 10 (dez) de cada mês
2.12 Conforme artigo publicado no site “jus
navegandi” da Ilustre Dra. Maria Luiza Pereira de Alencar Mayer Feitosa,
mestra e doutoranda “... a lei não assegurou a adoção do rito sumário da Lei
5.478/68. É preciso no pedido solicitar reconhecimento de união estável
c/com alimentos (Ação de reconhecimento de união estável c/c alimentos). Se
existe prova pré-constituída de união estável, pode-se pedir, na inicial, os
alimentos provisórios. No mais, volta-se ao rito ordinário ...“.1
2.13 Neste sentido, os nossos tribunais têm
decidido:
AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE RECONHECIMENTO
E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C ALIMENTOS -
ALIMENTOS FIXADOS EM DOIS SALÁRIOS MÍNIMOS -
COMPATIBILIDADE COM OS RENDIMENTOS DO
AGRAVANTE, QUE É MICRO-EMPRESÁRIO - RECURSO
IMPROVIDO.
Os alimentos, quer à guisa de pensão, quer em caráter provisório,
devem ser fixados de acordo com a possibilidade-necessidade.
Estando o ex-companheiro na administração da firma do casal,
fica ele obrigado a pensionar a agravada, que se encontra sem
fonte de renda.
(TJ/MS – 1ª T. Cív., Ag. Inst. nº 2004.000005-7/0000-00Rel. Des.
Ildeu de Souza Campos, julg. 18.05.2004)
DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS ENTRE
COMPANHEIROS. AUSÊNCIA DE RECONHECIMENTO
JUDICIAL DA UNIÃO ESTÁVEL. VASTO ACERVO
PROBATÓRIO A INDICAR A ESTABILIDADE DA UNIÃO LIVRE.
NECESSIDADE E POSSIBILIDADE COMPROVADAS. FIXAÇÃO
DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS EM ANTECIPAÇÃO DE
TUTELA. DECISÃO REFORMADA.
1 http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=545
1 – Não há previsão legal que impeça a fixação de alimentos
provisórios entre companheiros sem que tenha havido o prévio
ajuizamento de Ação de Reconhecimento e Dissolução de
União Estável.
2 – A análise dos artigos 1694 do Código Civil Brasileiro e 2º da
Lei 5.478/68 permite entrever que para a fixação de alimentos
em favor de quem os pede deve restar comprovada tão-
somente a sua necessidade e demonstrada a obrigação e
possibilidade de quem os deverá prestar.
Agravo de Instrumento parcialmente provido.
Acordam os Senhores Desembargadores da 2ª Turma Cível
do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios,
ANGELO PASSARELI - Relator, CARMELITA BRASIL - Vogal,
WALDIR LEÔNCIO JÚNIOR - Vogal, sob a Presidência do
Senhor Desembargador J.J. COSTA CARVALHO em proferir a
seguinte decisão: DAR PARCIAL PROVIMENTO. UNÂNIME,
de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.
Agravo de Instrumento 20080020021584AGI – Acórdão nº
308.461- 04/06/2008.
2.14 Verifica-se, portanto, que se proposta
duas ações distintas, uma para alimentos e outra para o reconhecimento e
dissolução de união estável, corre-se sério risco de indeferimento da primeira,
por isso, a cumulação de pedidos, ora pleiteados.
2.15 Por derradeiro requer-se a Vossa
Excelência que, ao ser prolatada a R. sentença sejam fixados ou convertidos
os alimentos provisórios em definitivos no importe de xx (xxxx) salários
mínimos vigentes.
3 – DOS FATOS
3.1 – DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL
3.1.1 Requerente e requerido, se conheceram
em _____________, cidade ____ no ano de _____, tendo namorado por
__(___) anos.
3.1.2 Requerente e requerido, passaram a
conviver em união more uxore, quando chegaram a São Paulo, em _______,
primeiramente em um __________, posteriormente alugando um apartamento
ao final do mesmo ano, na Rua/AV. __________, onde permaneceram por
aproximadamente ___(____) anos. No ano de ____, no dia ___de ____ nascia
o primeiro filho do casal, __________, certidão de nascimento anexa.
3.1.3 Após o nascimento do primeiro filho do
casal no ano de ____, a requerente, após a licença maternidade desligou-se da
empresa em que trabalhava, para dedicar-se exclusivamente ao filho e ao
companheiro no lar familiar, conforme documento anexo.
3.1.4. Conseguiram, as partes casa própria em
__________, onde a requerente reside com seus filhos até hoje, cujo valor é de
aproximadamente __________________
3.1.5 Em _____________nascia no Hospital
____________, o segundo filho do casal, conforme certidão de nascimento
anexa, já demonstrando que a situação financeira do casal estava em plena
ascensão.
3.1.6 A vida do casal transcorria muito bem,
prosperando a cada dia, dispondo a requerente de babá para os filhos
pequenos, e, empregada para os afazeres domésticos. Com a ascensão
profissional do requerido, que trabalhava em uma instituição financeira, nesta
época, a requerente, com o dinheiro que deste recebia a título de mesada,
cursou a faculdade _______________, fotos anexas.
3.1.7 Com o labor doméstico da requerente, a
vida profissional do requerido ascendia rapidamente, tanto que, em 20__, foi
aberta a Empresa ____________, inscrita no CNPJ sob nº ______________,
empresa prestadora de serviços de _________, com contratos de altíssimo
valor, anexo cópia dentre outros de um dos contratos firmados pela empresa
em _______.
3.1.8 A partir da abertura da empresa, o
requerido auferia cada vez mais lucros ao mesmo tempo em que os aplicava
em bancos e ações, sem que a requerente soubesse o montante exato de tais
aplicações.
3.1.9 Ressalte-se, Excelência, que o
relacionamento entre requerente e requerido protraiu-se no tempo, o que
retrata indubitavelmente a estabilidade da relação com animus de constituir
família, tanto que desta existe prole.
3.1.10 Viveram juntos por mais de ____(____)
anos, e assim o fizeram pública e continuamente, embora, como todo casal
tivessem desavenças, estas nunca foram suficientes para minimizar o
sentimento que os unia.
3.1.11 Socialmente sempre se apresentaram
como se marido e mulher fossem, mantendo convivência estreita com os
familiares e amigos como comprovam as fotografias anexadas, compra do
Título do Clube _______, no ano de ______ bem como cópia do Termo de
Responsabilidade assinada pelo requerido para a ____________, no ano de
____, quando da venda de um veículo ou imóvel, onde no campo estado civil
pode se verificar casado.
3.1.12 Infere-se ainda que, as despesas estão
todas em nome do requerido e são encaminhadas para o endereço onde vivem
a requerente e seus filhos.
3.1.13 Por todo exposto nesta exordial é devido
o reconhecimento da União Estável existente entre as partes, posto ter
havido vida em comum pública e duradoura por mais de ___(_____) anos.
3.2 – DISSOLUÇÃO DA UNIÃO: MOTIVOS JUSTIFICADORES
3.2.1 Os desentendimentos entre o casal,
começam a partir de _______, quando o requerido começa a viajar sozinho,
inclusive para fora do país, deixando a requerente e os filhos em casa.
3.2.2 Temendo que a relação caminhasse para
a ruptura e após dedicar grande parte de sua vida aos filhos, ao companheiro e
ao lar, a requerente volta a estudar, através de uma bolsa de estudos
_________, no ano de _______, como forma de se qualificar profissionalmente.
3.2.3 O requerido adotou o costume de
repreendê-la preferencialmente na frente dos filhos, colocando-a em situação
vexatória e humilhante, vez que se utilizava de palavras ofensivas e de baixo
calão, e em altos brados dizia que ela era “imprestável, inútil, vagabunda”,
esquecendo-se que a requerente abdicara de sua vida para dedicar-se aos
filhos e ao companheiro.
3.2.4 No início de 2009, a requerente descobre
através de um (documento....) _______, a presença de uma nova pessoa na
vida de seu ainda companheiro, documento anexo, o que torna insuportável a
vida ao seu lado.
3.2.5 Em represália, o requerido bloqueia em
maio de 2009, todos os cartões de crédito em conjunto com a requerente, bem
como fecha a conta corrente conjunta, mantida no _________.
3.2.6 O requerido deixou o lar do casal e
passou a viver com a nova companheira em outro endereço, embora ainda
fique no imóvel onde vive a requerente e seus filhos, grande parte da semana,
tendo em vista, que ainda possui as chaves da casa, sob a alegação de que
ainda é dono, pressionando a requerente com esta atitude, a fim de que a
mesma desocupe o imóvel.
3.2.7 A situação se agravava a cada dia, as
ofensas e humilhações só aumentavam, até que em _______________, já
separada do requerido, se viu obrigada a dirigir-se à Delegacia de Polícia e
efetuar um Boletim de Ocorrência, por Injúria, cuja cópia anexamos.
3.2.8 Ante as condutas humilhantes impostas à
requerente, quais sejam: tratamento indigno, chegando ao extremo de atender
e efetuar ligações para a atual companheira, inclusive em frente aos filhos do
casal, total abandono, e outros motivos de foro íntimo, influenciaram a vida em
comum, tornando-a insuportável, rompendo-se o vínculo que se formara há
mais de ___ (____) anos.
3.3 - DA NECESSIDADE ALIMENTAR DA REQUERENTE
3.3.1 Como já aduzido anteriormente,
mesmo após o rompimento da convivência com a requerente, o requerido
continuou auxiliando na manutenção das despesas do lar, bem como com as
despesas pessoais da REQUERENTE, porém bruscamente deixou de
contribuir espontaneamente, efetuando depósitos mensais de R$ _______,00
(___________reais) em sua conta corrente, mantida no Banco ______, em
meados de ___.
3.3.2 Ora, Excelência, para uma pessoa com o
status social da requerente, status este, proporcionado pelo próprio requerido
durante a convivência, é algo mínimo, ante a condição de profissional bem
sucedida, posição esta, alcançada com a ajuda e apoio da requerente.
3.3.2. O REQUERIDO é proprietário da
Empresa ____________, inscrita no CNPJ sob nº __________, razão pela
qual, sempre proporcionou um elevado padrão de vida à REQUERENTE, com
viagens e lazer, despesas pessoais e empregada (docs. Anexos).
3.3.3 Saliente-se que é obrigação do
REQUERIDO manter a ex-convivente, haja vista, que aquela abdicou de sua
vida profissional para dedicar-se aos filhos e ao lar, enquanto o requerido
alcançava uma confortável situação financeira e sucesso profissional, auferindo
renda mensal superior a R$ _________ (_______reais), sendo lamentável sua
postura diante do término de um relacionamento duradouro.
3.3.4 É cediço que, a requerente não pretende
eximir-se de suas obrigações, todavia por ter dedicado sua vida aos filhos e ao
lar, e contar hoje com idade próxima a _____ anos, não possui hoje,
qualificação para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, tanto que
voltou a estudar para melhor se qualificar, documento anexo.
4 – DO DIREITO
4.1 – DA CONVIVÊNCIA “MORE UXORE” E O RECONHECIMENTO DA
UNIÃO PRETENDIDA
4.1.1 Conforme bem balizaram os fatos,
REQUERENTE e REQUERIDO conviveram pública e socialmente como se
marido e mulher fossem, desde ________, e juntos, constituíram família;
empenharam-se na educação dos filhos e na administração do lar
conjugal, conforme preceitua o Código Civil em seu artigo 1.723 caput, e artigo
1º da Lei Federal 9.278/96, senão vejamos:
Código Civil, art.1.723. É reconhecida como entidade familiar
a união estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com
o objetivo de constituição de família. (grifo nosso)
Lei Federal 9.278/96, artigo 1º – É reconhecida como entidade
familiar a convivência duradoura, pública e contínua, de um
homem e uma mulher, estabelecida com objetivo de
constituição de família. (grifo nosso)
4.1.2 O instituto da união estável passou por
transformações ao longo dos anos, e o que hoje se nota é o crescente número
dessas uniões, fato que fez com que o legislador constituinte demonstrasse a
preocupação em reconhecer a união estável entre o homem e a mulher
como entidade familiar, como dispõe § 3º do artigo 226, da Constituição
Federal de 1988, e os artigos 1.723 e seguintes do Código Civil e as leis
8.971/94 e 9.278/96, bem como julgados que a acolhem:
União estável, configuração
União estável. Affectio maritalis e coabitação. Entidade
familiar. O relacionamento entretido pelos litigantes configurou
união estável, cuja característica é a de assemelhar-se ao
casamento, indicando uma comunhão de vida e de
interesses, ficando evidenciada a affectio maritalis e sendo
apta para produzir sequelas de ordem patrimonial albergadas
pela Lei n. 8.971/94 e Lei n. 9.278/96 (TJRS, Ap. cível n.
70.005.876.354, rel. Des. Sérgio Fernando de Vasconcelos
Chaves, DOERS 12.05.2004). (RBDFam 25/120)
4.1.3 Por esses motivos, e por estarem
presentes os requisitos legais, há que ser declarada a UNIÃO ESTÁVEL
entre a REQUERENTE e o REQUERIDO, desde ____________ para que, em
decorrência desta, surtam os efeitos legais pertinentes.
4.2 - DA DISSOLUÇÃO
4.2.1 Comprovada a união estável, e ante os
argumentos fáticos e de direito, os quais demonstram que a REQUERENTE
não possui mais condições de prorrogar a união demonstrada, requer de Vossa
Excelência que sua DISSOLUÇÃO SEJA DECLARADA DESDE
___________.
4.2.2 Para tanto, invoca os efeitos legais
pertinentes à dissolução da união estável, quais sejam: o dever de alimentar
contido no teor do artigo 7º, da Lei 9.278/96, trazido in fine;
Art.7º. Dissolvida a união estável por rescisão, a
assistência material prevista nesta Lei será prestada por
um dos conviventes ao que dela necessitar, a título de
alimentos.
4.3 – DOS ALIMENTOS
4.3.1 Demonstrada a necessidade da
REQUERENTE pelo recebimento dos alimentos, notadamente por ter abdicado
sua vida em detrimento aos filhos, ao requerido e ao lar do casal e hoje não
vislumbrar recolocação no mercado de trabalho em função de sua idade.
4.3.2 As necessidades com alimentação,
moradia, saúde, vestuário, da requerente, geram um gasto mensal próximo à
importância de R$ XXXXXXX (XXXXXXXXXXX), conforme comprova a
documentação anexa e abaixo elencada:
QUADRO DE DESPESAS
4.3.3 Preceitua o Código Civil em seu artigo
1.694 e parágrafo primeiro e artigo 1695:
Art. 1694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros
pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver
de modo compatível com a sua condição social, inclusive para
atender às necessidades de sua educação. (g.n.)
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das
necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.
Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende
não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho,
à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode
fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
4.3.4 Ademais, conforme o ilustre jurista Yussef
Said Cahali:
Assim, os alimentos devem ser fixados para atender à
situação familiar deixada pelo réu no lar que abandonou;
considera-se que a subsistência do ser humano não se
constitui simplesmente de alojamento e comida; as
necessidades também se medem pelo padrão possível de
vida, a condição social da alimentanda (Dos Alimentos, p.
216)
4.3.5 Corroborando com o acima descrito, nos
traz a luz, Maria Helena Diniz,
Poder-se-ão classificar os alimentos:
1. (...)
2. Quanto a natureza, apresentando-se como (a)
naturais, se compreendem o estritamente necessário à
subsistência do alimentando, ou seja, alimentação,
remédios, vestuário, habitação; (b) civis, se concernem a
outras necessidades, como as intelectuais e morais, ou
seja, educação, instrução, assistência, recreação. (Curso
de Direito Civil Brasileiro, p. 595, 24ª edição, reformulada,
2009)
4.3.6 Por esse motivo, requer-se a Vossa
Excelência a condenação do REQUERIDO em alimentos definitivos no importe
de XX (XXXXX) salários mínimos mensais, o que perfaz R$XXXXXXX
(XXXXXXXXXXX) a ser depositado todo dia 10 de cada mês, na conta
corrente nº ___, Agência __, junto ao Banco ___, em nome de ______.
4.4 - DA PARTILHA
4.4.1 Em relação à formação do patrimônio que
se quer ver partilhado, é indubitável que a REQUERENTE colaborou na
constituição do mesmo, trabalhando nos afazeres domésticos ao longo
destes ___ (____) anos de convivência, em prol do crescimento econômico da
família constituída no curso da união estável.
4.4.2 Ressalte-se que a REQUERENTE,
cumpriu ainda, em conjunto com o REQUERIDO, as obrigações inerentes a
guarda, sustento e educação dos filhos, além de ter se empenhado na
condução e manutenção da família, zelando para que permanecesse íntegra.
4.4.3 Argumenta-se para tanto, a aplicabilidade
do artigo 5º da Lei n. 9.278/96, abaixo transcrito:
Art. 5° Lei 9.278/96 - Os bens móveis e imóveis adquiridos
por um ou por ambos os conviventes, na constância da
união estável e a título oneroso, são considerados fruto do
trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer a
ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo
estipulação contrária em contrato escrito.
4.4.4 Ainda por dispositivo legal, pode-se
reiterar que na união estável, aplica-se às relações patrimoniais, no que
couber, o REGIME DA COMUNHÃO PARCIAL DE BENS, conforme preceitua
o artigo 1.725 do Código Civil Brasileiro:
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os
companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que
couber, o regime da comunhão parcial de bens.
4.4.5 Embora queira se comprovar que a
aquisição onerosa do patrimônio adveio do esforço comum entre a Requerente
e o Requerido entende o Superior Tribunal de Justiça que:
Jornada STJ 115: “Há presunção de comunhão de aquestos
na constância da união extramatrimonial mantida entre os
companheiros, sendo desnecessária a prova do esforço
comum para se verificar a comunhão dos bens”.
Corrobora com a afirmativa:
União estável. Sociedade de fato. Partilha de bens adquiridos
com o produto do esforço comum. Regras observáveis. Súmula
n. 380. Lei n. 9.278/96. Art. 5º. Aplicação. Provada a existência
de união estável e, no seu curso, a aquisição de bens, pelos
companheiros, impõe-se, uma vez rompido o relacionamento
more uxorio, a declaração de extinção da sociedade de fato e a
partilha dos bens adquiridos com o produto do esforço comum.
Não se exige que a contribuição para a formação do patrimônio
comum seja direta; basta a indireta, como a do trabalho
doméstico e a da administração do lar. Presume-se, até prova
em contrário, o esforço comum, na aquisição de bens
adquiridos na vigência da união estável, satisfatoriamente
comprovada. À míngua de prova em contrário, presume-se,
também, que os parceiros contribuíram, em igual medida, para
a formação do patrimônio comum (TJRJ, Ap. Cível n.
2000.001.00850, rel. Des. Wilson Marques, DORJ 14.02.2002).
(RBDFam 13/139)
4.4.6 Vez que resta configurado o “esforço
comum”, e estando presentes os requisitos legais exigidos, como relatados e
demonstrados, traz-se ao presente feito, a relação de bens a serem
partilhados, tendo em vista que foram adquiridos pelo esforço em comum na
constância da declarada união estável:
a) Casa _____________________, no
valor aproximado de R$ ___________, documento anexo;
b) 01 veículo Marca ___, modelo ____,
ano _____, no valor aproximado de R$ ___________, documento anexo;
c) 01 veículo Marca ___, modelo ____,
ano _____, no valor aproximado de R$ ___________, documento anexo;
d) 01 veículo Marca ___, modelo ____,
ano _____, documento anexo;
e) Contas bancárias, bem como aplicação
em ações, em nome do REQUERIDO, documentos anexos;
g) Título Clube __________, com valor
aproximado de R$ ________, documentos anexos.
4.4.7 Ante os fatos bem como as provas
documentais apresentadas, salvo melhor juízo, são suficientes para comprovar
a UNIÃO ESTÁVEL HAVIDA ENTRE AS PARTES, bem como a FORMAÇÃO
DO PATRIMÔNIO, adquiridas de forma onerosa e com o esforço em
comum de ambos.
4.4.8 A contrario sensu, a falta de condições
para continuidade da vida em comum apontam para a EXTINÇÃO DA
UNIÃO ESTÁVEL, dela decorrendo a assistência material e a partilha dos
bens.
5 - DOS PEDIDOS
Ex positis, requer-se:
1 Declarar a EXISTÊNCIA DA UNIÃO
ESTÁVEL entre REQUERENTE e REQUERIDO, a partir de _____, para que
surta seus efeitos legais;
2 Declarar a EXTINÇÃO DA UNIÃO
ESTÁVEL a partir de ________.
3 A expedição de ofício às Administradoras
de Cartão de Crédito: Mastercard, Visa, American Express Card e Dinners
Club, sobre a existência de cartões em nome do requerido, ______, CPF-MF
nº. ______, bem como os gastos mensais nos mesmos, dos últimos 05 anos.
4 A expedição de ofício ao BACEN para
que sejam enviados os números das contas, agência e Banco, bem como os
extratos dos últimos 05 anos, em nome do requerido, ______, CPF-MF nº.
______, para demonstrar os valores aplicados e as movimentações financeiras.
5 A expedição de ofício ao Banco ______,
para que sejam enviados os extratos dos últimos 05 anos, em nome do
requerido, ______, CPF-MF nº. ______, para demonstrar as aplicações e as
movimentações financeiras.
6 A expedição de ofício ao BACEN para
que sejam enviados os números das contas, agência e Banco, bem como os
extratos dos últimos 03 anos, em nome da Empresa _____________, CNPJ nº
_______, para demonstrar as aplicações e as movimentações financeiras.
7 A citação do requerido no endereço
supraindicado, para que, querendo, conteste a presente no prazo legal, sob
pena de revelia.
8 Seja intimado o douto representante do
Ministério Público para que se manifeste no presente feito, se for o caso.
9 A concessão do benefício da Justiça
Gratuita, por não possuir a requerente, renda suficiente para movimentação da
máquina judiciária, portanto, impossibilitada de custear o processo sem o
prejuízo de seu sustento e de sua família, tudo em conformidade com o artigo
1º. §2º da Lei 5.478/68
10 O arbitramento dos honorários
advocatícios, por apreciação equitativa, em razão do labor profissional, artigo
85 § 2º e incisos, do Novo Código de Processo Civil.
11 Que as diligências do senhor Oficial de
Justiça, se realizem nas formas previstas no artigo 212, §§ do Novo Código de
Processo Civil.
12 Fixar “in limine”, alimentos provisórios
no importe de XX (XXXX) salários mínimos vigentes, a ser depositado todo
dia 10 (dez) de cada mês, na conta corrente nº _________, Agência ____,
junto ao Banco _____, em nome de ________.
13 Converter, ao final desta ação, os
alimentos provisórios em “definitivos”, no mesmo importe de XX (XXXX)
salários mínimos mensais vigentes, a serem depositados todo dia 10 (dez) de
cada mês, diretamente na conta corrente da Requerente, informada acima.
14 Reconhecer o direito à meação dos
bens móveis e imóveis adquiridos de forma onerosa, durante a constância da
união estável, conforme fundamentado acima.
6 – DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todos os
meios de prova admitidos em direito, em especial pelo depoimento pessoal do
requerido, sob pena de confissão, juntada de documentos, oitiva de
testemunhas, cujo rol apresenta ao final desta e que deverão comparecer em
audiência mediante intimação, perícia e demais que se fizerem necessárias
para o bom andamento do feito.
7 – DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa, o valor de R$ XXXXXXX
(XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX)
Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, XX de novembro de 20__
ADVOGADO
OAB/SP: _______
ROL DE TESTEMUNHAS
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