EXCELETÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA VARA
CÍVEL DA COMARCA DE LARANJEIRAS DO SUL – ESTADO DO PARANÁ.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO
PARANÁ - em defesa do consumidores de Nova Laranjeiras/PR -, por seu
Promotor de Justiça infra-assinado, com base nos artigos 5º, inciso XXXII, 127,
caput, e 129, inciso III, 170, inciso V, da Constituição da República; nos artigos 1º,
inciso II, 3º, 5º caput, da Lei n. 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública) e no artigos 81,
parágrafo único, inciso III e art. 82, inciso I, da Lei n. 8.078/90 (Código de Defesa
do Consumidor), vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, ajuizar
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
(AÇÃO COLETIVA DE CONSUMO)
COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
- c o n t r a –
RODOVIA DAS CATARATAS S.A.
(ECOCATARATAS) pessoa jurídica de direito privado, CNPJ 02.228.721.0001/89,
com endereço na BR-277, km 581, bairro Pavan, município e comarca de
Cascavel/PR, pelos fundamentos de fato e de direito que se passa a expor:
2
1. DOS FATOS.
Conforme apurado por esta 1ª Promotoria de Justiça da
Comarca de Laranjeiras do Sul, a empresa RODOVIA DAS CATARATAS S.A.,
concessionária da obra pública, pelo prazo de 24 (vinte e quatro) anos, para a
recuperação, o melhoramento, a manutenção, a conservação, a operação e a
exploração do pedágio na BR 277, situado no Município de Nova Laranjeiras,
sendo que no dia 30 de novembro de 1998, celebrou termo de compromisso com o
Município de Nova Laranjeiras, em que se comprometia, pelo prazo de 01 (um)
ano, a oferecer o montante de 4.000 (quatro mil) passagens por mês pelo preço unitário de
R$ 0,50 (cinquenta centavos), para ser utilizadas na praça de pedágio P3.4, situada entre os
município de Nova Laranjeiras e Laranjeiras do Sul, pelos proprietários de veículos
residentes no Município de Nova Laranjeiras, em virtude da dependência deste município
em relação aos demais serviços públicos, privados, atendimento hospitalar, entre outros,
oferecidos na cidade de Laranjeiras do Sul.” (fs. 06/07-MPPR).
No dia 30 de novembro de 1999, a empresa ora
requerida renovou referido termo de compromisso por mais um ano (fls. 08/09-
MPPR).
Esgotado o prazo deste último termo de compromisso, a
requerida RODOVIA DAS CATARATAS S.A., manteve o benefício de cobrança
de tão-somente metade do valor do pedágio até o final de 2008 ou início de 2009,
ou seja, por mais 10 (dez) anos, conforme se depreende da leitura dos termos de
declarações prestados nesta Promotoria de Justiça às fls. 169/172-MPPR.
No dia 15 de abril de 1999, o Sr. Prefeito de Nova
Laranjeiras oficiou à empresa RODOVIA DAS CATARATAS S.A. com o intuito
de reestabelecer o desconto no pedágio para os munícipes de Nova Laranjeiras (f.
19-MPPR).
No dia 30 de novembro de 2009, foi designada
3
audiência com a concessionária para tentar reestabelecer o benefício, porém, o seu
gerente afirmou não poder comparecer (f. 21-MPPR).
No dia 14 de dezembro de 2009, a mesma situação, o
gerente da concessionária disse que não poderia comparecer a reunião marcada
para o dia 14 de dezembro de 2009 (f. 22-MPPR).
No dia 18 de janeiro de 2010, a empresa concessionária
afirmou não poder mais conceder o referido benefício aos munícipes de Nova
Laranjeiras (fls. 24/26-MPPR).
Foi apresentado substancioso abaixo assinado em favor
do “Movimento – Pedágio – Valor Justo para Nova Laranjeiras” (fls. 29/77).
No dia 29 de março de 2010, foi apresentado
requerimento formulado ao Ministério Público de Laranjeiras do Sul, em que
solicitam “uma orientação e/ou pedido de providências” para solicionar o caso relativo
ao abatimento da tarifa do pedágio para os moradores de Nova Laranjeiras (fls.
84/85).
No dia 26 de maio de 2010, esta Promotoria de Justiça
determiou a requisição de documentos e o agendamento de reunião com a
concessionária, o Município de Nova Laranjeiras e os representantes comunitários
para julho de 2010 (f. 87).
No dia 07 de junho de 2010, foi apresentado pela
concessionária o documento requisitado pelo Ministério Público (fls. 89/159).
Tendo em conta a mudança de Promotor de Justiça, foi
neste ano realizada audiência informal com este Promotor de Justiça com o intuito
de obter uma solução para o caso.
Assim, após solicitação verbal deste Promotor de
Justiça, o Presidente da Câmara Municipal de Nova Laranjeiras, no dia 11 de julho
de 2011, apresentou rol dos serviços públicos e privados que apenas são oferecidos
4
no Município de Laranjeiras do Sul, dependendo, assim, os munícipes de Nova
Laranjeiras da realização de viagem, com passagem pelo pedágio, para gozar de
tais serviços (fls. 161/162).
No dia 23 de agosto de 2011, foram colhidos
depoimentos de 03 (três) vereadores de Nova Laranjeiras a respeito do caso (fls.
164/165).
No dia 25 de agosto de 2011, foi colhido depoimento do
Prefeito Municipal de Nova Laranjeiras (fls. 166/167) e de outros cidadãos de
Nova Laranjeiras (fls. 169/172).
Diante desse contexto fático, é que vem o Ministério
Público do Estado do Paraná vem propor a presente Ação Civil Pública.
2. DOS FUNDAMENTOS JURIDÍCOS.
2.1. PRELIMINARES.
2.1.1. DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL.
Cumpre, inicialmente, ressaltar que, a nosso aviso, a
competência para processar e julgar a presente Ação Civil Pública é da Justiça
Estadual.
Não se ignora que quando se trata de questões tarifárias
relativas à pedágios, tem se reconhecido o interesse da União e, consequentemente,
se tem firmado a competência da Justiça Federal.
Nesse sentido, já decidiu o egrégio Superior Tribunal de
Justiça:
“Tratando-se de majoração de pedágio ocorrida em
rodovia federal e autorizado pelo poder concedente, in
casu, a União, por meio de autarquia federal (DNER),
5
há de ser observado o disposto no art. 109, inciso I, da
Carta Magna, para a determinação da competência
para processar e julgar as ações, mormente quando há
manifestação expressa interesse do ente Federal.”
(STJ - CC 34.199/RJ, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/06/2002, DJ
19/08/2002 p. 139)
Ocorre, porém, que o presente caso trata de situação
distinta. Se está a discutir o direito dos consumidores de Nova Laranjeiras a obter o
abatimento no valor da tarifa do pedágio.
Assim, a questão restringe-se à análise da relação entre
concessionária-usuário, não atingido de qualquer forma o interesse jurídico do
poder concedente.
Em matéria de fixação do órgão jurisdicional
responsável pela demanda, como alerta Alexandre de Moraes, “a competência da
Justiça Federal vem taxativamente prevista na Constituição. Dessa forma,
conclui-se que a competência da Justiça comum (rectius: Justiça Comum Estadual)
é subsidiária.” (MORAES, Alexandre. Constituição do Brasil interpretada. 4ª ed.
2004, pág. 1482)
Assim, se a competência da Justiça Federal é taxativa, as
ações cíveis, incluídas as ações civis públicas, somente serão processadas e julgadas
pela Justiça Federal quando a “União, entidade autárquica ou empresa pública
federal” forem “autoras, rés, assistentes ou oponentes”.
Muito embora seja corretíssima a advertência de Peter
Häberle, ao dizer que “las doctrinas de la interpretación sobreestiman siempre la
importancia del texto” (HÄBERLE, Peter. El Estado Constitucional. Universidad
Autónoma Del México, 2003, pág. 160), no presente caso, a literalidade do texto
6
constitucional é de fundamental importância, posto que delimita, de modo
bastante claro, as causas que competem à Justiça Federal e, subsidiariamente, as
que competem à Justiça Estadual.
Desse modo, não há como se fazer interpretação
extensiva para abranger situações outras que não as expressamente previstas no
inciso I, do art. 109 da Constituição Federal (relativamente às ações civis de modo
geral, como é o caso da ação civil pública).
Ora, para a inclusão – no pólo ativo ou passivo - da
União, de autarquia federal ou de empresa pública federal é de rigor que exista
interesse jurídico direto ou indireto da dessas entidades
Sobre esse último tema – interesse jurídico -, assim
lecionam Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, verbis:
“(...) de acordo com o impacto, maior ou menor, que a
decisão da causa imprimir à esfera jurídica de
qualquer pessoa, será ele admitido a participar, com
maior ou menor intensidade, no processo que se forma
para a resolução do conflito. Esse impacto se mede
pelo interesse jurídico, demonstrado pela parte frente
ao litígio e, especialmente, frente a ação de direito
material a ser exercida, em caso de procedência da ação
processual. Quanto maior a atuação direta da ação de
direito material sobre as relações jurídicas do sujeito,
tanto maior deverá ser sua possibilidade para
efetivamente participar da relação processual.
Contrariamente, quanto menor for esse impacto sobre
as relações jurídicas da pessoa, menor será sua
qualidade para participar (exercer poderes e
faculdades processuais) no processo formado,
7
chegando ao limite em que o sujeito não será
diretamente atingido (prejudicado juridicamente) em
suas relações sociais por conta da atuação da ação de
direito material, sendo-lhe vedada a participação no
processo, ao menos na condição de sujeito parcial
(podendo, eventualmente, ser convocado a colaborar,
como testemunha, perito etc.).”
(MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio
Cruz. Manual do Processo de Conhecimento. 3ª ed.,
2004, pág. 188)
Diante disso, não havendo qualquer interesse jurídico
direto ou indireto da União por não existir, nem de longe, atingimento de sua
esfera jurídica, não há que se falar em competência da Justiça Federal
Diante disso, é que o Ministério Público do Estado do
Paraná entende ser da Justiça Estadual a competência para processar e julgar a
presente Ação Civil Pública.
2.1.2. DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO
PÚBLICO, DA CARACTERIZAÇÃO DA RELAÇÃO
DE CONSUMO E DOS INTERESSES INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS COM INTERESSE PÚBLICO E
SOCIAL.
Todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que possuem
veículos que passam por rodovias pedagiadas são consumidoras, vez que se
enquadram visivelmente no conceito de consumidor, trazido pelo art. 2º do Código
de Defesa do Consumidor, posto que se utilizam dos serviços de conservação de
estradas como destinatários finais, que são prestados (fornecidos) pela requerida
RODOVIA DAS CATARATAS S.A. (ECOCATARATAS).
8
Ressalte-se que os interesses que o Ministério Público -
com legitimação extraordinária (ou autônoma, como preferem alguns
doutrinadores) - ora vem buscar a tutela são os chamados interesses individuais
homogêneos (CDC, art. 81, III), posto que eles decorrem de origem comum
(relação de consumo com a requerida), são individuais (pode-se identificar cada
consumidor) e são divisíveis (pode-se identificar o dano a cada consumidor).
Além disso, verifica-se que - muito embora a discussão
trate de direito individual homogêneo - resta evidente o interesse social na
presente demanda (CR, art. 127, caput), pois, conforme já decidiu o egrégio
Superior Tribunal de Justiça, “impende reconhecer que a presente demanda
envolve a tutela de direitos dos consumidores usuários da rodovia objeto de
contrato de concessão, bem como a validade de ato administrativo, em razão de
eventual violação de princípios que regem a Administração. Tais circunstâncias,
logicamente, evidenciam a legitimação extraordinária do Órgão Ministerial para
propositura da demanda, em vista de manifesto interesse público. Mais a mais,
na linha do que restou decidido no REsp 417.804/PR, Rel. Ministro Garcia Vieira,
Rel. p/ Acórdão Ministro Humberto Gomes de Barros, DJU 10.03.2003, 'a ação
civil pública é via adequada para o Ministério Público pleitear a proteção do
direito do cidadão de transitar livremente por rodovia federal, sem pagar
pedágio', mormente quando não construída rodovia alternativa’.” (STJ - REsp
512.074/RS, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em
16/11/2004, DJ 04/04/2005 p. 257)
Nesse sentido também o seguinte recente julgado:
“Mesmo que não se admitisse comprovado, na
hipótese, o relevante interesse social, doutrina e
jurisprudência são unânimes em admitir que o
Ministério Público tem legitimidade ativa de
interesses individuais homogêneos na seara do direito
9
do consumidor, pois presume-se a importância da
discussão para a coletividade.“
(STJ - AgRg no REsp 856.378/MG, Rel. Ministro
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA,
julgado em 17/03/2009, DJe 16/04/2009)
Assim, patente está a existência de relação de consumo,
o interesse público e social em jogo e, consequentemente, a legitimidade do
Ministério Público de figurar no pólo passivo da presente relação jurídico
processual.
2.2. DO MÉRITO DA PRETENSÃO DEDUZIDA EM
JUÍZO.
2.2.1. DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA DO DIREITO
AO ABATIMENTO DA TARIFA DO PEDÁGIO.
Conforme já devidamente esclarecido quando da
exposição fática, os munícipes de Nova Laranjeiras beneficiaram-se do abatimento
da tarifa do pedágio existente entre referido Município e o Município de
Laranjeiras do Sul entre o dia 30 de novembro de 1998 (fls. 06/07-MPPR) até o
final de 2008 ou início de 2009 (fls. 169/172-MPPR).
Assim, verifica-se que os munícipes exerceram direito
ao abatimento do pedágio por período superior a 10 (dez) anos, sendo que – com
tal exercício de direito e pelo período que foi utilizado – incidiu à espécie
prescrição aquisitiva ao direito de abatimento do pedágio no valor de 50%
(cinquenta por cento) do valor aos munícipes de Nova Laranjeiras.
Sobre a possibilidade de prescrição aquisitiva de bens e
direitos incorpóros, veja-se o ensinamento de Miguel Reale e de Judith H. Martins
Costa:
10
“No final do séc. XIX, Von Jhering, revolucionando a
noção de posse, afastou-a do poderio físico sobre a
coisa, centrando-a sobre a exterioridade do exercício
do direito, noção essa que - como demonstrou em tese
por vários motivos pioneira o mestre Vicente Rao17-
acabou ingressando não apenas no art. 485 do CC/1916
(LGL\1916\1): outras regras, como as dos arts. 488, 490,
493 e 520, par. ún., do CC/1916 (LGL\1916\1), aludem
de modo expresso à posse de direitos que se adquire,
nos termos do art. 493, pela apreensão da coisa ou pelo
exercício do direito. Tanto assim é que, em 1909, o STF,
pelo voto do eminente Pedro Lessa, admitiu:
"(...) é certo que, repellida a theoria da proteção
possessória das cousas incorpóreas, muitos direitos
individuaes hão de ficar fatalmente sem defesa (...) E
nem, perante o direito, são mais respeitáveis, e dignos
de protecção immediata, os direitos ligados à
propriedade ou à posse de cousas corpóreas do que aos
incorporeos; e porque é que só aquelles hão de
encontrar seguro asylo nos tribunaes?18
Traços das antigas concepções canonistas - que
misturam a corporis possessio e a iuris possessio - são
encontrados, por igual, e com ainda maior força, no
art. 1.379 doCC/2002 (LGL\2002\400) que, à diferença
do Código de 1916(art. 698 do CC/1916 (LGL\1916\1))
alude expressamente à usucapião do exercício de
servidão aparente. Digna de nota é a modificação do
texto, antes alusivo à "posse incontestada e contínua
11
de uma servidão" e, agora, ao "exercício incontestado e
contínuo de uma servidão aparente". Também digna
de nota é a comparação entre o teor do
art. 1.260 do CC/2002 (LGL\2002\400) e o
art. 618 do CC/1916 (LGL\1916\1): ambos regulando a
usucapião de coisa móvel, a regra ora vigente alude
apenas à posse de coisa móvel (como pressuposto da
aquisição da propriedade), enquanto a regra revogada
referia-se à aquisição do domínio de coisa móvel.
Tudo está, pois, a sinalizar, que a posse - antes de ser
uma noção meramente naturalista - tem, para o
Direito, um sentido social, como há décadas tem
escrito o primeiro signatário desse parecer, aludindo,
por exemplo, à idéia de "posse-trabalho", hoje
positivada no Código Civil (LGL\2002\400).19”
(REALE, Miguel; MARTINS COSTA, Judith H. Da
prescrição aquisitiva de ações escriturais. Revista de
Direito Bancário e do Mercado de Capitais | vol. 27 | p.
13 | Jan / 2005 | DTR\2005\783) (grifou-se)
E continuam referidos autores:
“A exigência da corporeidade vem, de resto, afastada
pela jurisprudência que não apenas entende tipificado
o crime de furto de energia elétrica24como permite a
usucapião de linhas telefônicas (Súmula 193
(MIX\2010\1445) do STJ), bem demonstrando a
vigência do paralelismo entre a usucapião e a
propriedade há tantos séculos acenada: se hoje as
coisas incorpóreas são suscetíveis de propriedade,
12
também o poderão ser de usucapião.” (op. cit) (grifou-
se)
Assim, conforme visto pela abalizada doutrina, é
perfeitamente possível que a posse de um bem incorpóreo (direito ao abatimento
da tarifa do pedágio) tenha como conseqüência jurídica a prescrição aquisitiva
desse direito.
Tal prescrição aquisitiva se dá com base no artigo 1.260
do Código Civil, verbis:
“Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua,
contínua e incontestadamente durante três anos, com
justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.”
Na espécie, o Município de Nova Laranjeiras exerceu
muito mais do que três anos desse direito, sendo que possuía justo título e estava
de boa-fé.
Mesmo que se entenda que não tinha o Município justo
título e boa-fé – o que parece incompatível com a prova dos autos – estaria
preenchido o requisito para a usucapião de bens móveis, prevista no art. 1.261 do
Código Civil, que estabelece que: “Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se
prolongar por cinco anos, produzirá usucapião, independentemente de título ou
boa-fé.”
Mesmo que se entendesse incabível a possibilidade de
usucapião em hipóteses que tais – o que estaria em desacordo com a melhor
doutrina, em nosso sentir – estariam perfeitamente preenchidos os requisitos para
a concessão de uma servidão parcial, nos termos do art. 1.379 do Código Civil:
“Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de
uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do
art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu
nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título
13
a sentença que julgar consumado a usucapião.
Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o
prazo da usucapião será de vinte anos.”
Veja-se que não é de se aplicar à espécie o parágrafo
único, pois o Município de Nova Laranjeiras, evidentemente, ostenta o título de tal
condição, expressado pela lei de criação do Município.
Diante de tudo o que foi exposto, é possível verificar-se
facilmente que houve a prescrição aquisitiva pelo Município de Nova Laranjeiras,
ante o exercício por seus munícipes do direito ao abatimento do pedágio, por mais
de 10 (dez) anos, sendo, portanto, de rigor a declaração de que os munícipes de
Nova Laranjeiras têm direito ao abatimento da tarifa do pedágio em 50%
(cinqüenta por cento).
2.2.2. O PRINCÍPIO DA CONFIANÇA E O
INSTITUTO DA SURRECTIO COMO
GARANTIDORES DA MANUTENÇÃO DO
DIREITO AO ABATIMENTO DA TARIFA DO
PEDÁGIO.
Conforme já afirmado nesta petição inicial, existe uma
relação jurídica de consumo entre os munícipes de Nova Laranjeiras que são
usuários do pedágio e a concessionária ora requerida.
Desse modo, as relações contratuais devem ser
permeadas, dentre outros, pelo princípio da confiança.
Sobre as conseqüências desse princípio, veja-se a lição
de Gerson Luiz Carlos Branco:
“O estudo do modelo jurídico da confiança, mais
especificamente do princípio da confiança, é feito com
base nos três principais campos de sua aplicação no
14
âmbito contratual, que são: (3.1 infra) a formação do
contrato e a responsabilidade pré-contratual; (3.2 infra)
as conseqüências da proteção da confiança em relação
aos efeitos do contrato, notadamente a proteção das
expectativas legítimas de qualidade e adequação dos
produtos e serviços; e (3.3 infra) a proteção da
confiança como instrumento para limitar o exercício
abusivo de posições jurídicas.”
(BRANCO, Gerson Luiz Carlos. A proteção das
expectativas legítimas derivadas das situações de
confiança: elementos formadores do princípio da
confiança e seus efeitos. Revista de Direito Privado |
vol. 12 | p. 169 | Out / 2002 | DTR\2002\459)
Do princípio da confiança e da boa-fé objetiva, surgem
os institutos da supressio e asurrectio, conforme afirma Luciano de Camargo
Penteado:
“A surrectio verifica-se nos casos em que o decurso do
tempo permite inferir o surgimento de uma posição
jurídica, pela regra da boa-fé. Normalmente, é figura
correlata à suppressio. A surreição consistiria no
surgimento de uma posição jurídica pelo
comportamento materialmente nela contido, sem a
correlata titularidade. Como efeito deste
comportamento, haveria, por força da necessidade de
manter um equilíbrio nas relações sociais, o
surgimento de uma pretensão.
Deste modo, por exemplo, se ocorre distribuição de
lucros diversa da prevista no contrato social, por longo
15
tempo, esta deve prevalecer em homenagem à tutela
da boa-fé objetiva. Trata-se do surgimento do direito a
esta distribuição - surrectio - por conta da sua
existência na efetividade social.
(PENTEADO, Luciano de Camargo. figuras parcelares
da boa-fé objetiva e venire contra factum proprium.
Revista de Direito Privado | vol. 27 | p. 252 | Jul / 2006
| DTR\2006\456)
Sobre a aplicação da supressio e surrectio, recentemente
decidiu o egrégio Superior Tribunal de Justiça:
“O princípio da boa-fé objetiva exercer três funções: (i)
instrumento hermenêutico; (ii) fonte de direitos e
deveres jurídicos; e (iii) limite ao exercício de direitos
subjetivos. A essa última função aplica-se a teoria do
adimplemento substancial das obrigações e a teoria
dos atos próprios, como meio de rever a amplitude e o
alcance dos deveres contratuais, daí derivando os
seguintes institutos: tu quoque, venire contra facutm
proprium, surrectio e supressio.
5. A supressio indica a possibilidade de redução do
conteúdo obrigacional pela inércia qualificada de uma
das partes, ao longo da execução do contrato, em
exercer direito ou faculdade, criando para a outra a
legítima expectativa de ter havido a renúncia àquela
prerrogativa.”
(STJ - REsp 1202514/RS, Rel. Ministra NANCY
ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
21/06/2011, DJe 30/06/2011) Nesse sentido, também:
16
REsp 953.389/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI,
TERCEIRA TURMA, julgado em 23/02/2010, DJe
15/03/2010)
Assim, verifica-se que a requerida, durante mais de 10
(dez) anos, criou a justa expectativa nos munícipes de Nova Laranjeiras de que
teriam direito ao abatimento na tarifa do pedágio, sendo que não é lícito agora a
concessionária simplesmente cassar tal benefício, frustrando as justas e fundadas
expectativas do povo novolaranjeirense.
Veja-se, ademais, que não é lícito a concessionária fazer
inúmeras promessas quando da instalação da praça de pedágio, desarticulando
assim movimentos contrários à sua instalação (nesse sentido, vide declarações de
fls. 166 e 169) e, após consolidada a situação de fato consistente na cobrança das
tarifas, simplesmente cassar sem justificativa o benefício de há muito concedido.
Desse modo, ante a incidência do instituto da boa-fé
objetiva, caracterizado pela surrectio, garantem a manutenção do abatimento da
tarifa do pedágio em 50% (cinqüenta por cento) para os munícipes de Nova
Laranjeiras.
2.2.3. DO PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO
CONTRATO.
Outro princípio que deve incidir, na opinião do
Ministério Público, à espécie, é o princípio da função social do contrato.
Ora, como se sabe muitas vezes a existência de um
contrato gera efeitos que vão muito além das partes contratantes, tais contratos
podem ter consequencias muito benéficas ou catastróficas a uma comunidade, a
um município ou a um grupo indeterminado de pessoas.
Nesse sentido, como bem leciona o professor Luiz
17
Edson Fachin, ao falar sobre a função social do contrato:
“é imperioso apreender o tema dos contratos e da
responsabilidade civil que nessa ambivalência emerge
nas ponderações levadas a efeito presentemente no
Brasil à luz do direito contemporâneo. Anote-se que a
função social dos contratos é um preceito de ordem
pública. Inválido, por isso, pode ser considerado
qualquer negócio ou ato jurídico que contrariar esta
disposição, hoje inserida no direito brasileiro tanto
pelo art. 421 quanto pelo art. 2.035 do CC/2002
(LGL\2002\400).
Esse princípio legal é aplicável a todas as espécies de
relações jurídicas, quer contratuais, quer
extracontratuais, tanto de direito privado quanto de
direito público. É que no campo jurídico
contemporâneo não há mais espaço para a separação
absoluta entre o público e o privado.
(...)
Por conseguinte, aos contratos em geral se impõem os
limites da função social, que passa a ser o sentido
orientador da liberdade de contratar, pilar e espelho
da sociedade brasileira contemporânea. Novos tempos
traduzem outro modo de apreender tradicionais
institutos jurídicos.
Não se trata de aniquilar a autonomia privada, mas
sim de superar o ciclo histórico do individualismo
exacerbado, substituindo-o pela coexistencialidade.
Quem contrata não mais contrata apenas com quem
18
contrata, eis aí o móvel que sinaliza, sob uma ética
contratual contemporânea, para a solidariedade social.
Probidade e boa-fé são princípios obrigatórios nas
propostas e negociações preliminares, na conclusão do
contrato, assim em sua execução, e mesmo depois do
término exclusivamente formal dos pactos. Deste
modo, quem contrata não mais contrata tão só
o que contrata, via que adota e oferta um novo modo
de ver a relação entre contrato e ordem pública.
O equilíbrio entre justiça e segurança jurídica provoca
a compreensão desse cenário jurídico. O desafio é
decodificá-lo para construir o futuro que não deve se
resumir a um requentar do passado. Assim, no debate
quanto à validade e à eficácia dos contratos no direito
brasileiro, está presente um sistema de valores que
contrapesa, no direito, a justiça e seu avesso.”
(FACHIN, Luiz Edson. Contratos e responsabilidade
civil: duas funcionalizações e seus traços. Revista dos
Tribunais | vol. 903 | p. 26 | Jan / 2011 |
DTR\2011\1089)
Na espécie, se está a falar dos efeitos da criação da praça
de pedágio cortando os municípios de Nova Laranjeiras e Laranjeiras do Sul.
É sabido que o município de Nova Laranjeiras é um dos
mais pobres do Estado do Paraná, sendo que surgiu de um desmembramento do
Município de Laranjeiras do Sul. Além disso, é um município que tem situações
específicas, conforme se depreende da leitura o ofício de f. 19, subscrito pelo
Prefeito Municipal:
“o município de Nova Laranjeiras situa-se na região centro
19
oeste do Paraná, com uma população de 11699 habitantes,
onde 9886 habitantes vivem no meio rural e 1813 habitantes
vivem no meio urbano com a economia calcada nas atividades
agrícolas e pecuárias desenvolvidos nos 2761 estabelecimentos
agrícolas compostos em sua predominância de pequenos
agricultores e assentados que têm como principal atividades a
produção de milho, soja, fumo e feijão e bovinocultura de leite.
Salienta-se que o município possuía a maior reserva indígena
do estado composta pelas etnias kaigangues, guaranis e xetás.
Segundo dados oficiais do IBGE, Nova Laranjeiras possui um
dos IDHM mais baixos do estado e, por conseguinte do país,
situando-se na ordem de 0,6 índices. Estes se refletem em uma
elevada taxa de analfabetismo e uma baixa capacidade de
desenvolvimento.
Informamos que o Município de Nova Laranjeiras encontra-se
a 18 km de Laranjeiras do Sul, sendo que, a maioria da
população necessita deslocar-se para Laranjeiras do Sul
diariamente, em virtude da dependência no atendimento a
serviços públicos, como: exames, consultas, atendimento
bancário, atendimento Receita Estadual e Federal,
atendimento no INSS, serviços privados e outros.
Salientamos que os serviços públicos citados acima não
existem no Município de Nova Laranjeiras tendo a
necessidade da população deslocar-se a Laranjeiras do Sul.” (f.
19)
Veja-se, ademais, que o Sr. Prefeito, em termo de
declarações prestados nesta Promotoria de Justiça, afirmou: “que o custo do pedágio é
de R$ 8,10; que a população em geral utiliza a estrada, que isso afaeta o desenvolvimento da
20
cidade; que tem um grande efeito social, pois além dos prejuízos dos munícipes tem um caso
da empresa Brasil Foods que está fazendo estudo para instalar-se na ciadde, mais verifivou
que com o pedágio poderia prejudicar a instalação da empresa no Município” (f. 167-
MPPR).
Os serviços que existem tão-somente no Município de
Laranjeiras do Sul são os seguintes, conforme o presidente da Câmara Municipal:
“Agência do INSS; Receita Estadual; Receita Federal;
Delegacia de Polícia Civil; Fórum da Justiça Estadual; Fórum
Eleitoral; Vara de Trabalho; Cartório de Registro de Imóveis;
Agências Bancárias (em especial Caixa Econômica Federal),
Comércio em Geral (haja vista que o Município de Nova
Laranjeiras não dispõe de nenhuma loja de auto peças, por
exemplo); Núcleo Reginal de Ensino, Detran, Clínicas
Médicas e combustível 24 horas; SEAB – Secretaria de
Agricultura e do Abastecimento do Paraná (evidenciando que
este Município de Nova Laranjeiras tem sua econmia baseada
essencialmente na agricultura e agropecuária); Junta
Comercial, escritório da Copel, SENAC, dentre outros.
Salientamos ainda Excelência, que além dos serviços citados,
existem ainda caso de pessoas que residem neste Município de
Nova Laranjeiras que trabalham em Laranjeiras do Sul e vice
versa.” (f. 161-MPPR)
Diante desse contexto fático, verifica-se qua a instalação
da praça de pedágio entre os municípios de Nova Laranjeiras e Laranjeiras do Sul
gerou grande efeito negativo no município de Nova Laranjeiras, prejudicando os
seus munícipes, já em grande parte prejudicados pela situação de pobreza da
região, e acarretando dificuldades no saudável desenvolvimento da população
novalaranjeirense.
21
É inegável que a celebração do contrato de concessão e
fixação da praça de pedágio no referido muncípio geral efeitos que transbordam
fortemente o horizonte das cláusulas contratuais. Afetam toda uma população.
Ora, o modo mais adequado e com observância até ao
princípio da manutenção contratual, é o que a empresa requerida fez durante 10
(dez) anos, ou seja, a concessão de abatimento da tarifa do pedágio para os
moradores do Município de Nova Laranjeiras.
Não há como negar efeitos juríridos ao princípio da
função social do contrato, que impõe a harmonização dos interesses em jogo, que –
como já dito – pode ser feita mediante o abatimento da tarifa do pedágio em 50%
(cinqüenta por cento) para os munícipes de Nova Laranjeiras.
3. DAS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
DECORRENTES DA PRESCRIÇÃO AQUISITIVA,
DO PRINCÍPIO DA CONFIANÇA E DO PRINCÍPIO
DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO.
3.1. DA DECLARAÇÃO DA PRESCRIÇÃO
AQUISITIVA.
Conforme argumentado acima, ocorreu a prescrição
aquisitiva do direito de ter o pedágio abatido em 50% (cinqüenta por cento).
Assim, no entender do Ministério Público, deve ser
declarada a prescrição aquisitiva do direito – em benefício do Município de Nova
Laranjeiras e de seus munícipes - ao abatimento de 50% (cinqüenta por cento)
sobre a tarifa cobradas dos demais usuários, no pedágio existente na BR 277,
município de Nova Laranjeiras;
22
3.2. DA IMPOSIÇÃO À REQUERIDA DO DEVER
JURÍDICO DE ABATER O VALOR DO PEDÁGIO
EM 50% (CINQUENTA POR CENTO).
A tutela inibitória é um dos mais modernos
instrumentos de efetivação da tutela jurisdicional, tendo sido consagrada pelo art.
461 do Código de Processo Civil (também é trazida pelo art. 84 do CDC), que tem a
seguinte redação, verbis:
“Art. 461. Na ação que tenha por objeto o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se
procedente o pedido, determinará providências que
assegurem o resultado prático equivalente ao do
adimplemento.
§ 1º A obrigação somente se converterá em perdas e
danos se o autor o requerer ou se impossível a tutela
específica ou a obtenção do resultado prático
correspondente.
§ 2º A indenização por perdas e danos dar-se-á sem
prejuízo da multa (art. 287).
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e
havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o
réu. A medida liminar poderá ser revogada ou
modificada, a qualquer tempo, em decisão
fundamentada.
§ 4º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior
ou na sentença, impor multa diária ao réu,
23
independentemente de pedido do autor, se for
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe
prazo razoável para o cumprimento do preceito.
§ 5º Para a efetivação da tutela específica ou a
obtenção do resultado prático equivalente, poderá o
juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as
medidas necessárias, tais como a imposição de multa
por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de
pessoas e coisas, desfazimento de obras e
impedimento de atividade nociva, se necessário com
requisição de força policial.
§ 6º O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a
periodicidade da multa, caso verifique que se tornou
insuficiente ou excessiva.” (grifou-se)
A tutela inibitória traz um novo paradigma para o
direito processual civil, abandonando-se o excessivo apego à vetusta reparação do
dano, para concentrar-se na prevenção do ilícito.
Ninguém melhor do que Luis Guilherme Marinoni e o
co-autor Sérgio Cruz Arenhart, para explicar o tema, verbis:
“é necessário isolar uma tutela contra o ilícito
(compreendido como ato contrário ao direito), requer-
se a reconstrução do conceito de ilícito, que não pode
mais ser compreendido como sinônimo de fato
danoso.
A tutela inibitória é essencialmente preventiva, pois é
sempre voltada para o futuro, destinando-se a impedir
a prática de um ilícito, sua repetição ou continuação.
(...)
24
A tutela inibitória não tem o dano entre seus
pressupostos. O seu alvo, como já foi dito, é o ilícito.
É preciso deixar claro que o dano é uma conseqüência
meramente eventual do ato contrário ao direito. O
dano é requisito indispensável para a configuração da
obrigação ressarcitória, mas não para a constituição do
ilícito.
Se o ilícito independe do dano, deve haver uma tutela
contra o ilícito em si, e assim uma tutela preventiva
que tenha como pressuposto a probabilidade do
ilícito, compreendido como o ato contrário ao direito.”
(grifou-se)
(MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio
Cruz. Manual do Processo do Conhecimento. 3a ed.,
2004, p. 485)
Uma vez compreendido o conceito de tutela inibitória,
cumpre salientar uma de suas principais funções, a prevenção do dano e a
repetição do ilícito, como garantia do respeito às normas jurídicas.
Para auxiliar a entender o assunto, trazemos à colação,
novamente, os ensinamentos dos autores acima citados, verbis:
“(...) as normas que, visando garantir determinados
bens, vedam certos atos, têm função preventiva.
Portanto, se essas normas objetivam garantir bens
imprescindíveis à vida social, é claro que sua violação,
por si só, implica em transgressão que deve ser
imediatamente corrigida. Nas situações em que uma
dessas normas é violada, não importa o ressarcimento
do dano (não só porque dano pode ainda não ter
25
ocorrido, como também porque a pretensão à correção
do ato contrário ao direito é independente da
pretensão do ressarcimento do dano) e a punição do
violador da norma. O que realmente interessa é dar
efetividade à norma não observada.” (grifou-se)
(MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio
Cruz. Manual do Processo do Conhecimento. 3a ed.,
2004, p. 495 e 496)
Ora, a tutela inibitória, como visto, é o meio processual
que se amolda perfeitamente ao caso em exame, pois o que pretende o Ministério
Público é a coibir e prevenir a continuação da violação aos direitos dos munícipes
de Nova Laranjeiras, usuários do pedágio administrado pela requerida.
Isso porque, a cobrança do valor integral da tarifa do
pedágio aos moradores do Município de Nova Laranjeiras gera evidente ilicitude,
pois viola o princípio da confiança, o instituto da surrectio e o princípio da função
social do contrato.
Na espécie, o que se pretende é impedir a continuação
das práticas ilícitas, mediante a imposição do dever jurídico de abater a tarifa do
pedágio existente na BR 277, no município de Nova Laranjeiras, em 50%
(cinqüenta por cento) do valor cobrado para os demais usuários.
3.3. DA DEVOLUÇÃO EM DOBRO DOS VALORES
PAGOS PELO USO DO PEDÁGIO.
O Código de Defesa do Consumidor dispõe, em seu
artigo 42, parágrafo único, o seguinte:
“Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor
inadimplente não será exposto a ridículo, nem será
26
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou
ameaça.
Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por valor
igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de
correção monetária e juros legais, salvo hipótese de
engano justificável.” (grifou-se)
Conforme já suficientemente fundamentado acima,
houve cobrança de quantia indevida dos consumidores pelo uso do pedágio.
Vale ressaltar que, para que se determine tal devolução,
é inclusive prescindível que se prove a má-fé, conforme já decidiu o egrégio
Superior Tribunal de Justiça:
“PROCESSUAL CIVIL - RECURSO ESPECIAL -
ADMINISTRATIVO - FORNECIMENTO DE
ENERGIA ELÉTRICA - COBRANÇA INDEVIDA -
DEVOLUÇÃO EM DOBRO - ARTIGO 42,
PARÁGRAFO ÚNICO, DO CDC - CONFIGURAÇÃO
DE MÁ-FÉ - IRRELEVÂNCIA - AUSÊNCIA DE
DOLO OU DE CULPA NÃO COMPROVADA.
1. A jurisprudência do STJ tem firmado o
entendimento de que a devolução em dobro dos
valores indevidamente cobrados dos usuários de
serviços públicos essenciais dispensa a prova da
existência de má-fé.
2. Aplicação do artigo 42, parágrafo único, do CDC na
hipótese de erro.
3. A recorrente não se desincumbiu de demonstrar a
ausência de dolo ou de culpa na cobrança indevida.
27
4. Recurso especial não provido.”
(STJ - REsp 1108498/PB, Rel. Ministra ELIANA
CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
18/08/2009, DJe 08/09/2009)
Assim, devem os requeridos devolver a todos os
consumidores que efetuaram tais pagamentos pelo uso do pedágio em dobro,
acrescido de juros e correção monetária.
4. DO PEDIDO DE CONCESSÃO LIMINAR DE
ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
DEFINITIVA.
Cumpre trazer, no presente, tópico as razões que, a
nosso aviso, justificam a concessão de medida liminar.
O § 3º, do art. 461 do Código de Processo Civil prevê a
possibilidade de concessão de medida liminar e tem a seguinte redação, na parte
em que interessa, verbis:
“§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e
havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder tutela
liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o
réu.”
A antecipação dos efeitos da tutela na Ação Inibitória
tem fundamental importância, dada a sua relevância para, desde logo, debelar a
continuação do ilícito e prevenir seu acontecimento.
Nesse sentido, ensina Luiz Guilherme Marinoni, verbis:
“As ações inibitória e de remoção do ilícito, diante de
sua natureza, não podem dispensar a tutela
antecipatória. A técnica antecipatória é imprescindível
28
para a estruturação de um procedimento efetivamente
capaz de prestar as tutelas inibitória e de remoção do
ilícito. Se a natureza dessas tutelas exige tal técnica,
não é difícil visualizar, na legislação processual, o
local de sua inserção. Ora, tanto o art. 461 do CPC,
quanto o art. 84 do CDC, permitem ‘ao juiz conceder a
tutela liminarmente ou mediante justificação prévia,
citado o réu’, na ‘ação que tenha por objeto o
cumprimento de obrigação de fazer ou não-fazer’.”
(grifou-se)
(MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela Inibitória e
Remoção do Ilícito, publicado no sítio do autor:
http://www.professormarinoni.com.br/ consultado no
dia 09.12.2005)
Como visto, as ações de imposição de obrigação de fazer
ou não fazer – das quais a tutela inibitória é espécie - tem como fundamento o art.
461 do Código de Processo Civil, sendo que, para a concessão da antecipação dos
efeitos da tutela, deve ser aplicado o seu parágrafo terceiro (e não o art. 273 do
Código de Processo Civil), que tem a seguinte redação, verbis:
“§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e
havendo justificado receio de ineficácia do
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela
liminarmente ou mediante justificação prévia, citado o
réu. A medida liminar poderá ser revogada ou
modificada, a qualquer tempo, em decisão
fundamentada.”
29
Imprescindível, pois, para a antecipação dos efeitos da
tutela, a concorrência de dois requisitos: a) relevante fundamento da demanda; e b)
justificado receio de ineficácia do provimento final;
A nosso aviso, no presente caso, está preenchido o
primeiro requisito, levando-se em conta toda argumentação trazida no corpo da
presente petição inicial nesse sentido.
Ressalte-se que para a antecipação dos efeitos da tutela,
em caso de tutela inibitória, não se aplica o art. 287 do Código de Processo Civil,
posto que o art. 461 do Código de Processo Civil, em seu parágrafo terceiro,
disciplina completamente a matéria da antecipação dos efeitos da tutela nas ações
de obrigação de fazer e não fazer.
No sentido da inaplicabilidade do art. 287 do CPC à
tutela inibitória, veja-se a lição de Luiz Guilherme Marinoni, verbis:
“A tutela antecipatória não requer, nesses casos (nos
casos de tutela inibitória e de remoção do ilícito), a
probabilidade de dano irreparável ou de difícil
reparação. A idéia de subordinar a tutela antecipatória
ao dano provável está relacionada a uma visão das
tutelas que desconsidera a necessidade de tutela
dirigida unicamente contra o ilícito.”
(MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela Inibitória e
Remoção do Ilícito)
Nesse sentido, veja-se o seguinte precedente do egrégio
Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, que soube corretamente distinguir a
tutela do art. 461 com a do art. 273, ambos, do Código de Processo Civil:
“AGRAVO DE INSTRUMENTO - PROCESSUAL
CIVIL - ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
INIBITÓRIA - POSSIBILIDADE - PROGRAMA DE
30
RÁDIO - UTILIZAÇÃO DE ADJETIVOS
PEJORATIVOS "GENERAL SEM FARDA",
"GANGSTER", "BANDIDO" PARA SE REFERIR AO
PREFEITO MUNICIPAL - DIREITO À HONRA E À
IMAGEM - PONDERAÇÃO DE INTERESSES -
PRESENÇA DOS REQUISITOS AUTORIZADORES
DA CONCESSÃO DA MEDIDA - INTELIGÊNCIA
DO ART. 461, § 3º, DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL - RISCO DE IRREVERSIBILIDADE DO
PROVIMENTO - INOCORRÊNCIA. RECURSO
DESPROVIDO.
A tutela inibitória pleiteada possui respaldo no
disposto no artigo 461, do Código de Processo Civil,
inexistindo qualquer óbice à sua concessão mesmo em
sede de antecipação de tutela, conforme garantido
pelos artigos 461, § 3º, do e 273, § 7º, do estatuto
processual. No caso específico da tutela inibitória, não
se perquire a respeito da probabilidade de dano
irreparável ou de difícil reparação, mas sim da
plausibilidade de que venha a ser praticado ato ilícito,
ou de que esse possa vir a se repetir, e o justificado
receio de ineficácia do provimento final. Tal medida
não resulta em qualquer violação ao direito de
liberdade de imprensa, tampouco se trata de censura
prévia, uma vez que visa evitar a perpetuação de
ofensa a direito personalíssimo, que não pode ser
maculado em virtude de pretensa liberdade irrestrita
de informação ou crítica. Hipótese em que os réus, por
31
meio de programa radiofônico, utilizaram-se de
expressões pejorativas para se referir ao Prefeito
Municipal, donde se extrai a probabilidade de que os
voltem a perpetrá-los, até o provimento final da
medida inibitória. Presentes os requisitos
autorizadores, é de rigor a concessão da antecipação de
tutela pleiteada.”
(TJPR - 10ª C.Cível - AI 0610551-7 - Matinhos - Rel.: Des.
Luiz Lopes - Unânime - J. 19.11.2009)
Assim, a análise restringe-se à presença ou não requisito
do justificado receio de ineficácia do provimento final, que na tutela
antecipatória, também, tem conteúdo singular.
Sobre a interpretação que deve ser dada ao justificado
receio de ineficácia do provimento final, mais uma vez, trazemos o ensinamento de
Luiz Guilherme Marinoni, verbis:
“Esse ‘justificado receio de ineficácia do provimento
final’ quer indicar, diante da ação inibitória,
‘justificado receio’ de que o ilícito seja praticado antes
da efetivação da tutela final. No caso de remoção, o
periculum in mora é inerente à própria probabilidade
de o ilícito ter sido praticado. Ou melhor: como a
tutela final, na ação de remoção, objetiva eliminar o
próprio ilícito ou a causa do dano, não há como supor
que a tutela antecipada de remoção exija, além da
probabilidade da prática do ilícito (fumus), a
probabilidade da prática do dano (que seria o perigo
nas ações tradicionais). Isso por uma razão óbvia: a
simples prática do ilícito abre oportunidade à tutela
32
final, sem que seja preciso pensar em dano, que já é
pressuposto pela regra de proteção e, assim,
descartado para a efetividade da tutela jurisdicional,
seja final ou antecipada.” (grifou-se)
(MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela Inibitória e
Remoção do Ilícito)
Veja-se que na espécie há uma peculiaridade bastante
interessante, pois uma vez verificada a ocorrência do fumus boni iuris como
conseqüência lógica estará presente o requisito do periculum in mora.
Isso porque, concluindo o órgão julgador que,
realmente, é ilegal a cobrança integral da tarifa do pedágio dos munícipes de Nova
Laranjeiras, se estará, em decorrência disso, concluindo que há o “’justificado
receio’ de que o ilícito seja praticado antes da efetivação da tutela final”, pois os
inúmeros munícipes utilizam diariamente o pedágio e se não for concedida a
medida liminar, o ilícito continuará a ocorrer.
Ora, não deferir o pedido de concessão da antecipação
da tutela é permitir que a ilicitude se perpetue até o dia em que se profira a
sentença final (em caso de procedência), ou seja, o ilícito permanece ocorrendo
antes da sentença definitiva, o que frustra a finalidade da tutela inibitória, com
sérios prejuízos aos consumidores.
Veja-se que, no presente caso, não há mera
probabilidade de ilícito (o que já autorizaria a concessão da medida liminar), mas
sim certeza da ilicitude, diante do fato de que – conforme declarações prestadas
nesta Promotoria de Justiça – os moradores de Nova Laranjeiras utilizam
diariamente o pedágio existente na BR 277.
33
Ora, é inegável que existe justificado receio de que o
ilícito seja praticado antes da efetivação da tutela final, estando, pois, preenchido o
requisito do periculum in mora.
Veja-se, portanto, ser irrelevante para fins de tutela
inibitória o fato de o abatimento ter parado no fim de 2008 ou início de 2009, o
que é relevante é o risco de continuidade do ilícito.
Trazemos, por oportuna, a lição de José Carlos Barbosa
Moreira, ao se referir à tutela preventiva dos interesses difusos, “se a justiça civil
tem aí um papel a desempenhar, ele será necessariamente o de prover no sentido
de prevenir ofensas a tais interesses, ou de pelos mesmos fazê-las cessar o mais
depressa possível e evitar-lhes a repetição; nunca o de simplesmente oferecer aos
interessados o pífio consolo de uma indenização que de modo nenhum os
compensaria adequadamente do prejuízo acaso sofrido, insuscetível de medir-se
com o metro da pecúnia”. (MOREIRA, José Carlos Barbosa. Temas de direito
processual. São Paulo: Saraiva, 1988, p. 24/35).
Nunca é demais trazer à colação a genial frase de
Carnelutti “o tempo é um inimigo do direito, contra o qual o juiz deve travar
uma guerra sem tréguas.” (apud DINAMARCO, Cândido Rangel. A reforma do
Código de Processo Civil, 2ª ed., p. 138)
Assim, o Ministério Público do Estado do Paraná requer
a concessão de medida liminar, inaudita altera pars, para o fim de impor à requerida
o dever jurídico de abater a tarifa do pedágio existente na BR 277, no município de
Nova Laranjeiras, em 50% (cinqüenta por cento) do valor cobrado para os demais
usuários, para as pessoas residentes no município de Nova Laranjeiras, sob pena
de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
34
5. DOS PEDIDOS.
Diante de tudo que foi exposto, o Ministério Público do
Estado do Paraná, requer:
a) a autuação da presente petição inicial e do Inquérito
Civil Público n. 0076.11.000156-7, desta 1ª Promotoria de Justiça de Laranjeiras do
Sul, autuando-se os apensos em apenso (evitando-se assim o prejuízo ao bom
andamento processual, vez que o contido nos apensos ostentam parcial relevância
para a causa), bem como o seu recebimento e processamento segundo o rito
estabelecido na Lei n. 7.347/85;
b) a concessão de medida liminar, inaudita altera pars,
para o fim de impor à requerida RODOVIA DAS CATARATAS S.A. o dever
jurídico de abater a tarifa do pedágio existente na BR 277, no município de Nova
Laranjeiras, em 50% (cinqüenta por cento) do valor cobrado para os demais
usuários, para as pessoas residentes no município de Nova Laranjeiras, sob pena
de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Para a concretização da liminar, requer-se que, nos
primeiros 60 (sessenta) dias de vigor da ordem, a avaliação da condição de
munícipe seja feita mediante a visualização do emplacamento do veículo.
Após esse prazo, requer-se seja determinado que a
requerida deverá verificar como providenciar tal abatimento para pessoas
residentes no município, mas com veículo com placas de outra cidade;
c) seja dada prioridade na tramitação da presente Ação
Civil Pública tendo em conta o interesse público na solução do presente litígio,
afixando-se tarjeta nesse sentido no rosto dos autos, com fundamento no art. 5º, §1º
da Constituição da República e forte no poder geral de cautela do magistrado.
Nesse sentido, veja-se a lição de Gregório de Assagra
Almeida:
35
“Portanto, sempre existirá interesse social na tutela
jurisdicional coletiva, razão pela qual, valendo-se da
regra interpretativa do sopesamento, conclui-se que os
processos coletivos devem ser analisados com a
máxima prioridade, até porque o interesse social
prevalece sobre o individual. O princípio da máxima
prioridade da tutela jurisdicional coletiva é
conseqüência dessa supremacia do interesse social
sobre o individual, e também decorre do artigo 5°, §1°,
da CF, que determina a aplicabilidade imediata das
normas definidoras de direitos e garantias
fundamentais. O Poder Judiciário, assim como os
operadores do direito, deve atuar para priorizar a
tramitação e o julgamento do processo coletivo.”
(ALMEIDA. Gregório de Assagra de. Direito Processual
Coletivo Brasileiro - Editora Saraiva, 2003)
d) seja a requerida citada para integrar o pólo passivo
da relação jurídico-processual, dando-lhe oportunidade para, se quiser, apresentar
resposta ou reconhecer procedência do pedido, no prazo legal, sob pena de
revelia, devendo constar do mandado a advertência do artigo 285, segunda parte,
do Código de Processo Civil.
Requer-se que a citação seja feita pelo correio (CPC, art.
221 e 222, caput);
e) seja determinada a publicação de edital no órgão
oficial, para que os interessados possam intervir no processo como litisconsortes,
além de se remeter ofício ao Município de Nova Laranjeiras para que providencie a
publicidade do referido edital, bem como ao PROCON para o mesmo fim, tudo
36
isso com base no art. 94 do Código de Defesa do Consumidor, além de determinar
a publicação do referido edital no site da empresa requerida;
f) a produção de todas as provas necessárias à
demonstração do alegado, em especial oitiva de testemunhas;
g) seja julgada procedente a presente Ação Civil Pública
para o fim de:
g.1.) declarar a prescrição aquisitiva do direito – em
benefício do Município de Nova Larajeiras e de seus munícipes - ao abatimento de
50% (cinqüenta por cento) sobre a tarifa cobrada dos demais usuários, no pedágio
existente na BR 277, município de Nova Laranjeiras;
g.2.) condenar a requerida a ressarcir, em dobro, os
valores cobrados a maior (ou seja, sem o devido abatimento de 50%) das pessoas
residentes no município de Nova Laranjeiras, devidamente acrescidos de juros e
correção monetária, desde a data em que deixou-se de conceder referido
abatimento;
g.3.) impor à requerida RODOVIA DAS CATARATAS
S.A. o dever jurídico de abater a tarifa do pedágio existente na BR 277, no
município de Nova Laranjeiras, em 50% (cinqüenta por cento) do valor cobrado
para os demais usuários, para as pessoas residentes no município de Nova
Laranjeiras, sob pena de multa diária no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
h) a condenação da ré ao pagamento das custas
processuais, honorários advocatícios e demais verbas de sucumbência, a serem
revertidos em favor do Fundo Especial do Ministério Público (Lei Estadual n.
12.241/98);
i) observância do art. 18 da Lei 7.347/85 e do art. 27 do
Código de Processo Civil quanto aos atos processuais requeridos pelo Ministério
Público;
37
j) a intimação pessoal do Ministério Público para
acompanhar todos os atos praticados no processo civil ora instaurado;
Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), por
ser inestimável.
Nestes termos,
Pede deferimento;
Laranjeiras do Sul, 15 de setembro de 2011.
Rodrigo Leite Ferreira Cabral
Promotor de Justiça