Fanzine Comunicação popular e resistência cultural
Henrique Magalhães
• Publicações amadoras produzidas por fãs de expressões artísticas.
• Estados Unidos, década de 1930: autores de ficção científica.
• Espaço para veicular trabalhos dos jovens autores.
• Com o caráter de resistência e inovação se difundiram pelo mundo.
• Suporte a experimentações artísticas, reflexões e análise das artes.
Tyli-Tyli, revista de quadrinhos poéticos: vanguarda e ousadia
• Brasil: botetins na década de 1960.
• Boletim Ciência-Ficção Alex Raymond.
• Primeiro fanzine brasileiro, outubro de 1965.
• Editado em Piracicaba por Edson Rontani.
Primeiro fanzine brasileiro, tido ainda como boletim
• O termo “fanzine” , difundiu-se em meados dos anos 1970.
• Revistas especializadas francesas.
• Publicações do movimento punk.
As revistas francesas de estudos – ou fanzines – consagraram os quadrinhos
• Inicialmente, boletins rudimentares, impressos em mimeógrafos.
• Evolução gráfica, com a informática e o barateamento das cópias.
• Atualmente, sofisticação e requinte gráfico como as publicações do mercado.
Do mimeógrafo às edições de luxo, como o francês PLG
Os fanzines na categoria de folkcomunicação:
• “Marginalidade” e motivação comunitária.
• Porta-vozes de expressões artísticas menosprezadas pela mídia. • Pensamento de indivíduos, associações e grupos de aficionados.
• Interação, troca de informações e opiniões.
A revista Mandala e os quadrinhos poéticos, sem
espaço no mercado
• Fanzines (de fanatic magazine): magazine (revista) do fã.
• Publicações amadoras, sem fins lucrativos.
• Pequenas tiragens, difusão restrita para um público dirigido.
• Público interessado e ciente do assunto enfocado.
Coleções da Gibizada não tinha mais que 100 exemplares
• Mais que um fã contemplativo, o editor de fanzine é um aficionado.
• Ação entusiasta de simpatizantes de atividade artística.
• Protagonismo, atitude proativa, interação e investigação.
Capa do primeiro livro dedicado aos fanzines
• Para Edgar Morin o fã tem uma adoração quase religiosa.
• O amor do fã não pode possuir, a estrela escapa à apropriação privada.
• O amor pela estrela não tem ciúmes, é sem desejo.
• É compartilhado, pouco sexualizado, é um amor de veneração.
Edição dedicada ao “mutante” Arnaldo Batista
• Anonimato e resignação, apropriação pelo consumismo.
• Reunir de coisas que representem o objeto amado.
• O fã desejaria ser amado, mas com humildade.
• Adoração não recíproca, mas eventualmente recompensada.
• Desigualdade que caracteriza o amor religioso.
Raul Seixas é objeto de veneração em vários fanzines
• Editor de fanzine: inquietação e curiosidade sobre os bastidores da arte.
• Participação ativa e interferência na arte.
O fanzine Garrafa incitava os leitores a fazer rádios livres
• Temáticas artísticas irrestritas pra os fanzines.
• Música: estrelas da música pop, ídolos do rock, bandas, gênero musical.
• Cinema: gêneros cinematográficos.
• Literatura, televisão, comportamento, moda, rádio.
O mundo do rock, dos modos e do cinema de ficção científica
Fanzines de quadrinhos:
• Resistência ao descaso das editoras.
• Afirmação dos quadrinhos nacionais.
Historieta: resistência ao descaso do mercado
• Contraposição aos quadrinhos importados.
• Difusão e renovação dos quadrinhos.
• Discussão e avaliação da expressão artística.
Maturi: protagonismo dos autores nordestinos
• Veículo para a reflexão e publicação da arte.
• Várias subdivisões temáticas: personagens e autores.
• Estúdios e grupos de produção, gêneros e épocas.
Nostalgia, e faroeste, veículos para colecionadores veteranos
• Super-heróis, nostalgia, ficção científica; faroeste.
• Lançamento dos jovens quadrinistas.
Publicação de super-heróis: diversidade dos fanzines e
revistas em quadrinhos
• Importância da comunicação interpessoal e grupal.
• Essa é a principal motivação dos fanzines.
• Troca de informações entre os fãs.
• Seção de cartas, artigos, críticas, resenhas e quadrinhos.
• Contato direto com outros fãs.
O fanzine QI é um grande fórum de debates entre os
leitores
Roberto Benjamin e a Folkcomunicação:
Perspectiva de comunicação comunitária:
• Linguagens comuns, próprias ao grupo do qual procedem.
• Expressão gráfica própria.
• Fanzines de rock, de nostalgia, de atualidades.
O Grupo Juvenil e Blood Vomits,
linguagem gráfica e textual particular
Derivações do termo “fanzine”:
• Zine, abreviatura do termo.
• Zinar, para a ação de se fazer o fanzine.
• Zineiro ou fanzineiro, para o editor.
• Fanzinagem e fanedição, para a edição dos fanzines.
• Fanzinoteca, biblioteca de fanzines.
Apropriação do termo com vários significados
Luiz Beltrão e a folkcomunicação:
• Manifestação e intercâmbio de informações e opiniões por agentes do folclore.
• Setores excluídos, sem acesso aos mass media, pela sua posição filosófica e ideológica contrária as normas culturais dominantes.
Temáticas controversas e “marginais”
• Setores que se poderiam classificar de contraculturais.
A liberdade de expressão é o forte
dos fanzines
Os fanzines e a folkcomunicação:
• Veículos de aficionados, sem acesso ao mercado.
• Marginalizados geograficamente.
• Porta-vozes da cultura underground.
A paraibana Ôxente!, e a underground Glaucomix
• Até os anos 1980, veículo impresso, em paralelo às publicações do mercado.
• Edgard Guimarães: fanzine não é alternativa mercadológica.
• O fanzine é uma publicação independente, livre das amarras do mercado.
• Da imposição das grandes tiragens, da linguagem consensual Para um público genérico.
Psiu Quadrinhos, editado por Edgard Guimarães
• No início, processos rudimentares de reprodução: mimeógrafo a álcool e à tinta.
• Redução do custo das fotocópias. A tecnologia favoreceu os fanzines de quadrinhos. • Revistas/portfólios e revistas especializadas: ensaios, críticas e notícias.
De edições mimeografadas a revistas
especializadas
• Possibilidade de reprodução das artes gráficas.
• Surgimento de inúmeros autores por todo o país. • Veículo promotor dos novos talentos.
• Estimulo ao aparecimento de sucessivas gerações de quadrinistas.
Prismarte, de Olinda e Recife: novos talentos
• Importância pelo papel de vanguarda cultural.
• Experimentação de novas linguagens.
Experimentações textuais e gráficas
• Padrão gráfico inovador, as ousadias conceituais.
• Legitimação das linguagens populares.
Renovação e legitimação das
linguagens populares
• Difusão de nomes dos cartuns nacionais.
• Grandes autores vieram dos fanzines e publicações alternativas.
• Influência de Henfil, Angeli, Ziraldo, Laerte, Paulo Caruso e Jaguar.
A editora Circo reuniu uma nova geração de cartunistas
• Reconhecimento do trabalho de Marcatti, Edgar Franco, Wellington Srbek e Cedraz.
Confirmação do trabalho de Srbek e Cedraz
• Surgimento de pequenas editoras independentes.
• Atuação no mesmo público dos fanzines e simpatizantes.
Katita, da editora Marca de Fantasia
• Ênfase no produto cultural bem acabado. Fruto da revolução tecnológica trazida pela informática.
Jukebox, bom acabamento gráfico
• Influência da informática sobre o folclore. • Nova estratégia de produção dos cordéis.
• Pequenas tiragens, arquivo eletrônico. • Semelhança com a edição de fanzines. • Método da Marca de Fantasia.
Os cordéis também se adaptam às novas
tecnologias
• Criação de editoras independentes. • Nona Arte: André diniz, no Rio de Janeiro.
• Quadrinhos de fundo histórico e social.
• Wellington Srbek, em Belo Horizonte. • Elementos da cultura brasileira.
Outro lado da história política e cultural
• Descaso do mercado formal.
• A resistência da autoedição.
• Criação de circuitos independentes de produção e circulação.
Estórias Gerais mostra a qualidade
dos quadrinhos brasileiros