1
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
FRAGMENTOS DA MEMÓRIA: A TRAJETÓRIA POLÍTICA DE HELENA
GRECO NO MOVIMENTO FEMINO PELA ANISTIA EM MINAS GERAIS
Kelly Cristina Teixeira1
Resumo: Este trabalho visa discutir uma outra face do Movimento Feminino pela Anistia (MFPA)
ao abordar a participação da mineira Helena Greco e o papel das emoções na construção das
atividades sociais e políticas a partir de sua entrada para este movimento, em Minas Gerais. O
MFPA foi iniciado em 1975 por Therezinha Godoy Zerbine na cidade de São Paulo e o núcleo
mineiro teve sua oficialização o ano de 1977, com sede em Belo Horizonte. Helena Greco aos 61
anos inicia sua trajetória política, marcada pela luta e resistência aos direitos não apenas de
liberdade política, mas, sobretudo pela igualdade de gênero. Dentre as categorias que nos
auxiliaram nesta elaboração, destacamos as ferramentas da História Oral, História das Mulheres,
Estudos de Gênero e de Memória, empregadas para compreender a participação e inserção política
de Helena Greco. Partiremos de uma análise inicial de parte das fontes de seu arquivo pessoal
coletadas no Instituto Helena Greco e de entrevistas com Helena para o Projeto História e Memória:
Visões de Minas do Laboratório de História Oral da Universidade Federal de Minas Gerais.
Palavras-chave: Resistência, Gênero, Ditadura, Política
Michel Pollack ressaltou a ligação estreita entre memória e o sentimento de identidade, a
identidade tomada como o sentido da imagem de si e para os outros. Esta sendo seletiva traz à tona
elementos da trajetória que visam dar coerência na construção e reconstrução de si2. Ao trazermos
elementos da trajetória de Helena Greco visamos configurar esta coerência em sua biografia. Esta
recorre a determinados acontecimentos e elementos na busca de justificar posicionamentos e
escolhas políticas. Helena ficou conhecida em Minas Gerais como a Defensora dos Direitos
Humanos e esta identidade social foi construída coletivamente e individualmente. Segundo Odir
Belatto, a construção desta identidade realiza-se no interior de contextos sociais que definem a
posição dos agentes e por isso guiam suas representações e escolhas, logo, a construção da
identidade não é ilusória uma vez que é dotada de eficácia social 3. Por conseguinte, ao relacionar a
subjetividade do indivíduo e sua caracterização e relação com o meio, reiteramos que a identidade é
constituída de significados e da experiência. E são essas experiências de vida que elegemos neste
artigo. Sabemos que outras vivências ficarão de fora de nossa análise, entretanto, seria impossível
analisar uma vida e seus desdobramentos.
1 Doutoranda em História Cultural do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Santa
Catarina, Brasil, sob orientação da Prof.ª Drª. Cristina Scheibe 2 POLLACK, Michel. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 2, n. 3, 1989, p. 3-15. 3 BELLATO, Odir. A construção da identidade social. Revista do Curso de Direito da FSG. Caxias do Sul ano 3 n. 5
jan./jun. 2009 p. 141-151
2
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Instrumentalizamos a noção de emoção como estratégia, em especial na política e partimos
da reflexão de Christophe Prochasson, que percebe que a emoção:
designa o conjunto de movimentos efetivos, mais ou menos estáveis engendrados
pelo choque de um estado individual com a análise de uma situação. Isto implica
em duas consequências importantes: as emoções não resultam de um
encaminhamento puramente individual, mas se inscrevem em uma perspectiva
social e cultural: elas não se opõem à cognição ( PROCHASSON, 2005, p. 312)
Ao estudar as emoções não buscamos desnudar D. Helena, pois seus impulsos da alma
como ressaltou Alexis Tocqueville são vedados aos historiadores e até aos seus contemporâneos.
No entanto, podemos apreender e analisar os fragmentos das expressões de sua emoção, ou seja, o
que Prochasson denominou de “práticas emocionais” que visam desencadear o uso das emoções.
Pierre Boudieu advertiu em seu artigo, A Ilusão Biográfica, que a história de vida não
acontece de forma linear, na qual o indivíduo nasce, cresce se desenvolve e morre. De forma que os
turbilhões de acontecimentos ocorridos durante a existência fluem numa rede de eventos
organizados em torno do próprio fim da história (BOURDIEU, 1998, p.184). Deste modo,
partiremos de uma análise de parte das fontes de seu arquivo pessoal coletadas no Instituto Helena
Greco e de entrevistas com Helena para o Projeto História e Memória: Visões de Minas do
Laboratório de História Oral da Universidade Federal de Minas Gerais4.
Faces e Fases de Helena Greco
Helena Greco nasceu em Abaeté, Minas Gerais em 15 de junho de 1916, em uma família de
classe média, seu pai, Antônio Greco, um foi comerciante de origem italiana e sua mãe, Josefina de
Campos Álvares, brasileira, descendia de família tradicional da cidade de Abaeté. Helena era a
mais velha de sete irmãos. Devido a ampliação dos negócios, seu pai resolve mudar-se para Belo
Horizonte em 1924. Sua origem somada à escolaridade no colégio Santa Maria, dirigido por irmãs
4 Sobre os tipos de depoimentos podemos encontrar: História da cidade de Belo Horizonte que reúne depoimentos de
ex-prefeitos, funcionários da administração pública municipal e moradores anônimos da cidade, desde seus primeiros
anos; História das elites no setor público e privado: reúne depoimentos de lideranças empresariais e de personalidades
do setor público do Estado de Minas Gerais dos anos 1940 a 1970; História dos ambientalistas mineiros: reúne
depoimentos de gerações de ambientalistas que atuaram ou atuam na defesa do meio ambiente. História dos artistas
mineiros: reúnem depoimentos da vida, obra e cotidiano dos artistas em seu contexto sócio histórico e políticos;
História dos professores mineiros: reúne depoimentos de gerações de professores sobre seus cotidianos de vida e
trabalho, a partir dos anos de 1950. E por fim, História dos partidos políticos e sindicatos que reúne depoimentos de
sindicalistas e de lideranças partidárias mineiras anteriores e posteriores ao golpe militar de 1964 com 48 depoimentos
incluindo a entrevista de Helena Greco realizada pela Prof.ª Dr.ª Lucília de Almeida Neves Delgado e Anna Flávia
Arruda Lanna Barreto em 08/11/95. Informações disponíveis no site:
http://www.fafich.ufmg.br/historiaoral/index.php/por/Acervo-deentrevistas . Acesso em 20 de maio de 2014.
3
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
dominicanas e considerado de elite em Belo Horizonte, contribuiu para que tivesse uma instrução
refinada e clássica que incluiu formação musical e o domínio de outras línguas como o francês,
inglês e o italiano. Nos tempos de colégio interno, sua leitura à luz de lanterna às escondidas no
dormitório, incentivada pelo professor Velloso, a afastaram do padrão tradicional de leituras e
comportamentos das “moças de família”. Segundo Helena:
Naquela ocasião tinha a tal leitura cor de rosa. Madamy Delly. Eu tinha ódio disso.
Eu consegui uma coisa que eu nem sei como (...). Porque naquele tempo era assim:
ou o livro era indecente ou era contra a religião, era o Index. E o Dr. Velloso, é aí
que eu devo uma obrigação ao Dr. Velloso. Ele me passou uma lista de livros, que
eu comprei e levava escondido. Ele me passava livro também. Aí eu lia escondido
das irmãs. Era rara a semana que eu não lia um livro (...)5.
Entre os livros citados por Helena se encontram os autores Balzac, Anatole France,
Shakespeare e Dante Alighieri, todos lidos em língua original. Todavia, mesmo com o afastamento
da leitura “cor de rosa de Madame Delly”6, Helena parecia compreender que havia códigos de
conduta a serem interpretados e reproduzidos como na citação:
Tinha uma coisa interessante que era o seguinte, as irmãs me deram muito apoio,
porque eu não era... A questão espiritual nunca me importou mesmo. Então as
irmãs, tinham umas que ficavam meio preocupadas com aquilo. Acontece que eu
fiz questão de ganhar todos os prêmios de religião. (...) Eu seguia um roteiro era
simples7.
Há em sua fala, aproximações e rupturas com os modelos fixados para uma geração, que
desembocam em relações de poder como na fala “eu seguia um roteiro”. Igualmente Helena ao
seguir um roteiro demonstra uma de suas faces. Esta vivência no colégio revela normas próprias do
mundo político, que mostram, por sua vez, códigos de agir e pensar que tomam lugar nas estratégias
de representações do mundo social. Virgínia Woolf já descrevera sobre a temática em sua obra
Orlando, enfatizando que uma biografia é vista como completa quando dá conta simplesmente de
cinco ou seis eus, quando um ser humano pode ter milhares dele (WOOLF, 1992. p. 284).
5 Entrevista realizada com Helena Greco, em Belo Horizonte, em 1995, por Lucília de Almeida D. Neves e Anna Flávia
Arruda Lanna Barreto para o Projeto: Memória e História Visões de Minas, do Centro de Estudos Mineiros/ Programa
de História Oral da Universidade Federal de Minas Gerais. p. 42 6 M. Delly foi o pseudônimo do casal de irmãos e escritores franceses Frédéric Henri Petitjean de la Rosiére e Jeanne
Marie Henriette Petitjean de la Rosiére .Tal literatura possui um estilo romântico, um tom de encantamento e clima de
conto de fada. As histórias destacavam os valores e comportamentos da aristocracia europeia situada entre os finais do
século XIX e inícios do século XX. Sobre a temática ver a dissertação de: Russo, Aline França. Relendo M. Delly:
personagens, enredo, crítica. Belo Horizonte: UFMG – Faculdade de Letras, 2012 Disponível em:
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/ECAP95GKUW/dissertacao___aline_franca_russo_
__relendo_m_delly.pdf?sequence=1 7 Idem, p. 30
4
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
E podemos ter milhares, pois somos atravessados por infinitos sujeitos e suas subjetividades,
influenciando e sendo influenciado.
Em outra fase de sua trajetória, após já estar casada e com filhos, ensinou língua estrangeira
nos domingos a alunos carentes. Iniciou também no ano de 1964, com um grupo de senhoras, um
trabalho caritativo, realizando visitas a Penitenciárias, fato que lhe rendeu o convite para ensinar
inglês na Penitenciária Antônio Dutra Ladeira, trabalho que desenvolveu até 1966. Apesar de
revoltada contra as injustiças, conforme revelou em entrevista a revista Teoria & Debate em 1994,
Helena Greco até os anos de 1970 não encontrava um canal de participação política, pois, segundo
relatou, não conhecia partido “que valesse a pena”. Helena Greco dizia não ter na época muito
estudo de política, o que ela possuía era um sentimento.
Eu tenho um sentimento de que seria muito bom (...) sinto que sou cidadã do
mundo. A diferença é que sou socialista. Olha ser socialista para mim é você... É
um governo que antes de pensar no governo e em si próprio ele pensa no que é
bom para o povo8.
Vale a pena ressaltar que emoção, interesses e normas sociais não são dicotômicos, elas
interagem entre si na performance individual e na constituição de sua própria imagem.
Evidentemente, Helena individualizou-se a partir de um grande número de sanções sociais e em
permanente interação com outros indivíduos, o que a tornou única, conforme afirma Elias: “a
sociedade não apenas produz o semelhante e o típico, mas também o individual”(ELIAS, 1994, p.55-
56. Grifos do original). Também podemos destacar aí uma questão de gênero. Talvez para um homem
não fosse muito bem visto dizer que suas convicções políticas seriam resultado de um sentimento,
afinal, na sociedade ocidental, a masculinidade tem sido associada à razão, contrapondo-se a uma
feminilidade que estaria ligada especialmente a uma sensibilidade associada à
natureza.(WICKBERG, 2007, p. 661-684)
Com a implantação da Ditadura Militar em 1964, sua análise sobre o golpe era norteada,
sobretudo, por revistas norte-americanas utilizadas nas aulas de inglês. Todavia, a partir da morte
do estudante Edson Luiz, em 1968, ela começou a achar “esquisito” o que estava acontecendo. Ela
se comoveu com a história de Edson Luiz, sua morte, o sofrimento de sua família e se envolveu
emocionalmente a partir daí com o movimento de resistência.
Os discursos de resistência à Ditadura Militar mobilizavam, sobretudo, jovens, e D. Helena
observava que sua filha caçula, Heloisa Greco, de apelido Bizoca, estudante de História na
8 Idem. p. 94.
5
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Universidade Federal de Minas Gerais, estava envolvida com o movimento estudantil, em especial,
a partir do ano de 1976. Bizoca fazia parte da resistência à Ditadura por meio do grupo de esquerda
Centelha. De acordo com Helena, sua preocupação com o bem-estar da filha foi o motivo para
investigar mais a fundo o que estava acontecendo. Sua casa sempre estava cheia de jovens que se
reuniam e ela sempre escutava os debates e opiniões sobre a situação do Brasil naquele período.
Helena mencionou em entrevistas que nunca teve muitos amigos, e, segundo sua filha Bizoca, isto
pode ser em parte devido a sua erudição, fazendo assim com que a aproximação com os amigos
universitários da filha fosse mais atraente. Existiam, também, as macarronadas de sexta-feira,
promovidas na casa de Helena, nas quais um grande número de jovens participava. Em um destes
encontros, no início de junho de 1977, ela escutou sobre a manifestação no Campus da UFMG, na
Faculdade de Medicina e resolveu ir até lá; este era o primeiro e decisivo passo para sua ruptura
visível9 e a implantação do MFPA em Minas Gerais. Segundo ela:
Eu soube que os estudantes iam todos lá no Campus da Medicina e que a polícia
estava cercando tudo lá. Eu fiquei preocupada, porque todo o meu povo com quem
eu lidava politicamente estava lá. Então eu fui pra lá (...). Houve aquela... Uma fala
muito bonita, o pessoal todo muito interessado, e tal. Mas a gente preocupada com
a situação que estava. Foi a primeira vez que tinha um ato público durante a
Ditadura. Então eu resolvi falar. Levantei e falei... O negócio é que eu senti na
hora, era um sentimento. Eu senti foi o seguinte: a minha geração foi muito inerte,
ela podia ter feito muita coisa. E hoje eu me arrependo disso. Eu quero dizer que a
gente tem que fazer alguma coisa, porque a questão está muito séria e não pode
continuar assim10.
Novamente o sentimento entra em cena. O sentimento de que havia alguma coisa errada, de
injustiça na infância. O sentimento de desigualdade social, unido ao sentimento de preocupação
com sua filha e com “seu povo” envolvidos com o movimento estudantil, desembocou na
inversão/invenção de Helena, de mulher vista como componente da elite mineira para defensora dos
direitos humanos. A emoção e o sentimento “explicam” seu discurso na Faculdade de Medicina, em
que foi identificada por um jornal como uma senhora velha e gorda que tomou a palavra. Helena já
estava com 61 anos e sua fala na manifestação contribuiu para a abertura de um canal de
participação política e para o início de uma vida pública, mas, acima de tudo, para um
9 Compreendemos por ruptura visível o que está dado a ver por um grupo. O que ele percebe como transformação.
Nesse sentido não vislumbramos chegar a transformação subjetiva. 10 Ibidem p.104-105.
6
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
questionamento da posição de sua geração11, vista por ela como inerte em um momento político
conflituoso.
No final da manifestação na Faculdade de Medicina da UFMG, um grupo de mulheres a
convidou para participar do Movimento Feminino pela Anistia, que seria fundado em Minas
Gerais12. De acordo com Helena, este foi seu primeiro canal de participação política13. Todas as
mulheres envolvidas na fundação do núcleo mineiro eram mais jovens que Helena, ou seja, a
identificação ultrapassou a idade. Podemos dizer, deste modo, que geração não é uma faixa rígida e
compacta relacionada simplesmente a idade, mas, sim, a um coletivo de indivíduos que
experimentam de forma conjunta alguns eventos marcantes. Helena não possuía familiares
perseguidos, sua filha, apesar de ativa no movimento estudantil e participante da Centelha, jamais
havia sofrido diretamente perseguição no período14. Então, o que a motivara a entrar no MFPA?
Segundo Heloisa Greco, seu engajamento tinha mais a ver com seus desejos de fazer algo, do que
com a preocupação com a sua segurança.
De “dona” do lar à presidente do Movimento Feminino pela Anistia em Minas Gerais
O Movimento Feminino pela Anistia foi oficialmente instituído em dezembro de 1975, na
cidade de São Paulo pela advogada Therezinha Godoy Zerbine. A principal bandeira desse
movimento era a luta por uma Anistia Ampla, Geral e Irrestrita a todas/os as/os presas/os e
11 Karl Mannheim nos leva a refletir sobre o conceito de geração a partir das ideias de Wilhelm Pinder que dizem
respeito ao problema da “enteléquia de uma mesma geração”, ou seja, de seus objetivos internos ou de suas metas
íntimas que estão relacionadas ao “espírito do tempo” de uma determinada época ou ainda à desconstrução, uma vez
que várias gerações estão trabalhando simultaneamente na formação do “espírito do tempo”. Portanto, é preciso levar
em conta que o ritmo biológico reage no elemento do acontecer social. Helena se reconhece no que Mannheim
denomina “conexão geracional” (generatioszusammenhang) em uma alusão a Heidegger. Ao instrumentalizarmos o
conceito de “conexão geracional”, compreendemos que é preciso estabelecer um vínculo de participação em uma
prática coletiva com a partilha de experiências comuns. WELLER, Vivian. A atualidade do conceito de gerações de
Karl Mannheim. IN: Revista Sociedade e Estado - Volume 25 Número 2 Maio / Agosto 2010. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69922010000200004 12 A campanha pela Anistia desencadeada em 1975 com o lançamento do Manifesto da Mulher Brasileira pelo
Movimento Feminino pela Anistia foi organizada primeiramente em São Paulo por Terezinha Zerbine e se irradiou por
demais estados do país no decorrer da década. Coube às mulheres, portanto, o pioneirismo pela luta da Anistia no
Brasil. BARRETO, Ana Flávia Arruda L., O Movimento Feminino pela Anistia: a esperança pelo retorno à
Democracia. Editora CRV, Curitiba, 2011. 13 Segundo Heloisa Greco, em sua tese de doutorado Dimensões Fundacionais da luta pela Anistia, este papel coube às
mulheres em um primeiro momento por serem mães, irmãs, companheiras e filhas de atingidos pela Ditadura, que se
uniram em torno de um objetivo comum: a busca de familiares desaparecidos ou a defesa dos familiares presos.
GRECO, Heloisa, Dimensões Fundacionais da Luta pela Anistia. Tese de Doutorado em História. Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade
Federal de Minas Gerais Belo Horizonte: 2003, p. 69. 14 Em entrevista realizada com Heloisa Greco, em 19 de junho de 2013, em Belo Horizonte/MG, por Kelly Cristina
Teixeira, a entrevistada relatou: a entrada dela no MFPA tinha mais haver com seus desejos de fazer algo, do que a
preocupação com a minha segurança.
7
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
exiladas/os políticas/os pelo o regime militar, instaurado no Brasil entre os anos de 1964 e 1985. As
medidas arbitrárias tomadas após o golpe acabaram por suspender todas as garantias legais para
reprimir todas/os àquelas/es que se sentiam encorajadas/os a se opor ao governo, garantindo, assim,
a consolidação do Estado por meio da violência.
O contexto da década de 1970, além de ser importante pelo crescimento dos movimentos de
oposição às ditaduras civil-militares instauradas no Cone Sul15, é também marcado pelo impacto das
discussões sobre o feminismo em âmbito internacional e pela criação dos primeiros grupos de
discussão feminista no Brasil16.
Paralelamente a estas discussões, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o ano
de 1975 como o Ano Internacional da Mulher. O ponto central do Ano da Mulher foi a realização
da I Conferência Mundial sobre a Mulher, no México, com o propósito de abrir espaço para as
próprias mulheres falarem sobre as suas questões na esfera pública.
A realização da I Conferência Mundial sobre a Mulher foi a oportunidade para Therezinha
Zerbine, em tom denunciativo, fazer a leitura do Manifesto da Mulher Brasileira pela Anistia e
tornar oficial o Movimento Feminino pela Anistia que já vinha sendo pensando desde início daquele
ano. No manifesto, é enfatizada a importância da atuação da mulher na luta pela Anistia, na busca
pela igualdade e pelo restabelecimento das liberdades individuais. A repercussão da leitura desse
documento e da oficialização do MFPA foi decisiva para a disseminação do movimento em
território nacional. O segundo semestre daquele ano e os que se seguiram foram marcados por
diversas conferências em solo nacional que buscavam enfatizar a importância da promulgação de
uma Lei de Anistia e a convocação das mulheres a adensar o movimento, já que era um movimento
exclusivo para e por mulheres.
Os núcleos do MFPA foram se formando pelos estados por meio do convite feito pela
própria Therezinha Zerbine através de cartas, buscando apresentar o movimento e os seus objetivos
de mobilizar mulheres desenvoltas para atuarem na criação desses novos núcleos. Inicialmente,
conforme aponta Anna Barreto, somente mulheres participavam das reuniões e eram admitidas
15 Referência aos seguintes regimes ditatoriais no Cone Sul: Paraguai (1954-1989), Chile (1963-1990), Bolívia (1964-
1982), Argentina (1966-1973) e Uruguai (1973-1985). Sobre isto, ver em: WOLFF, Cristina Scheibe. “Feminismo e
configurações de gênero na guerrilha: perspectivas comparativas no Cone Sul, 1968-1985”. Rev. Bras. Hist., São Paulo,
v. 27, n. 54, dez. 2007. p. 19-38. 16Sobre a formação dos primeiros grupos feministas no Brasil, ver em: SARTI, Cynthia A. “O feminismo brasileiro
desde anos 1970: revisitando uma trajetória”. Estudos Feministas, Florianópolis, 12(2): 264, maio-agosto/2004; TELES,
Maria Amélia de Almeida. Breve história do feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1993.
8
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
como “sócias”. A presença de homens se dava na função de colaboradores, participando das
atividades desenvolvidas pelo MFPA e/ou com algum tipo de apoio material17.
O contato inicial de Helena Greco com o MFPA ocorreu no mesmo dia de sua intervenção
na manifestação no Campus da UFMG, após as prisões de vários estudantes. Helena e 79 pessoas se
reuniram na Igreja de São Francisco das Chagas e escreveram um manifesto de repúdio ao ato dos
policiais em nome do MFPA. Em dezembro de 1977, já havia nove grupos formados perfazendo um
total de aproximadamente cem pessoas. Helena foi eleita a primeira presidente do núcleo mineiro,
possuindo grandes divergências quanto ao rumo da luta com Therezinha Zerbine. Segundo Helena,
uma de suas discussões durante a organização foi a entrada de homens no movimento e a
aproximação das integrantes das mães de presos e exilados18. Para ela, os homens seriam bem-
vindos para apoiar, mas não para participarem do movimento, caso contrário, ele deveria mudar de
nome. Outra questão, era a divergência de grupos dentro do MFPA que não aprovavam a
aproximação com as mães dos exilados, fato também contestado por ela.
Em sua compreensão era necessária esta aproximação,
eu falei: não é [uma coisa a parte]. Elas estão agora chorando pelos filhos, vamos
dar a elas a ideia de que elas têm que chorar por mais gente, não só pelos filhos
não19.
As duas discussões, na visão de Greco, eram políticas, pois o MFPA não deveria ficar
apenas no assistencialismo, levar mantimentos às prisões e vender os artesanatos fabricados por
alguns presos para assistir suas famílias; a luta do MFPA deveria ser ampliada. Portanto, havia duas
concepções: a questão da Anistia e o assistencialismo. Outra questão tratada foi a luta pela
emancipação da mulher. No Estatuto do MFPA está:
(...) promover a elevação social, cultural e cívica da mulher através de cursos,
palestras e atuação no desenvolvimento de sua consciência social e cívica e
orientando-a para a sua compreensão de suas responsabilidades perante a sociedade
e a integração da família na comunhão social sempre dentro dos ideais
democráticos20.
Dentro do MFPA havia diversas correntes de pensamento sobre a questão de gênero, e
Terezinha Zerbine e Helena Greco mais uma vez possuíam posturas distintas. Segundo Greco, a
17 BARRETO, op. cit., 2011, p.75. 18 BARRETO, op. cit., p.131 19 Idem. 20 Estatuto do Movimento Feminino pela Anistia. Arquivo IHG.
9
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
posição de Zerbine era burguesa por visar a questão da anistia, principalmente por ter seu marido
perseguido, e por defender a integração da mulher à sociedade, compreendendo seu papel
pacificador, segundo o regimento. Já Greco almejava extinguir este papel pacificador, convocando
mulheres para a luta não só pela Anistia, mas, por seus direitos e contra a Ditadura.
Em 19 de maio de 1979, o MFPA núcleo MG realizou o I Encontro da Mulher, cujo tema
era A Mulher na sociedade Brasileira. Os temas abordados pelo Encontro eram: o trabalho
feminino, os direitos da mulher e sua participação na política. Isto demonstra que apesar de haver a
sede em São Paulo dirigida por Zerbine, os núcleos possuíam, até certo ponto, autonomia, que era
gerida de acordo com os interesses da gestão. Entretanto, Therezinha Zerbine e Helena possuíam
uma relação conflituosa. Em meados de 1994, em entrevista à revista Teoria & Debate, ao ser
indagada sobre como era sua relação com a Therezinha Zerbini, respondeu: “É até difícil falar.
Quando me perguntavam se eu conseguia trabalhar com a Therezinha, eu respondia: "Não, não
consigo". Tínhamos modus operandis completamente diferentes”.21
O papel da mulher e tudo o que a circundava era relevante para Helena, que se via como
uma feminista desde os tempos do colégio interno.
O núcleo mineiro do MFPA foi um dos mais numerosos do país, chegando a alcançar um
número de trezentas mulheres. Helena estava sob os holofotes nacionais sendo convidada a
participar do Congresso Mundial pela Anistia em Roma, fato que rendeu constrangimento frente à
Terezinha, uma vez que ela era a fundadora e presidenta nacional do Movimento. Cartas eram
trocadas entre elas. Em uma delas, Zerbine reclama que Helena não deveria ter concedido uma
entrevista a um jornal e falado em nome do Movimento, mesmo concordando com seu
posicionamento. Reafirma na carta que a única pessoa que poderia falar pelo MFPA era a presidenta
nacional, no caso ela.
Helena Greco ambicionava imprimir ao MFPA um caráter feminista que precisa ser
pensado dentro das etapas do feminismo que se desenvolveu no Brasil, ainda que o contexto
político da Ditadura Militar tornasse quase impossível qualquer forma de mobilização, segundo
Joana Maria Pedro e Cristina Wolff,
É possível estabelecer três etapas do feminismo que se desenvolveu no Brasil: 1)
Anterior a 1975, composto por mulheres intelectualizadas, que trouxeram do
exterior livros, artigos e ideias do feminismo que se desenvolvia na Europa e nos
Estados Unidos; 2) a partir de 1975, com a instituição pela ONU do Ano
Internacional da Mulher, um feminismo controlado pelos grupos de esquerda que
21 GRECO, 1994.
10
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
lutavam pelo fim da ditadura e pela anistia; 3) a partir do final da década de 1970,
com o retorno das exiladas e o estabelecimento de diálogos mais fortes entre os
feminismos no Brasil e o movimento internacional22 .
Devemos ter o entendimento que muitas reivindicações feministas não tinham muito espaço
dentro das discussões e mobilizações da extrema esquerda e nem aderiam simpatizantes entre os
exilados, pois se entendia que tais questões prejudicariam a luta maior 23. O feminismo também não
era visto com bons olhos pelo regime militar, porém o entendimento dos órgãos de repressão do
Estado era que as ações das mulheres na mobilização contra o regime ditatorial eram “menos
perigosas”. Tal entendimento se daria pelo fato de se conceber as mulheres enquanto sujeitos sem
consciência política. A sociedade brasileira patriarcal e elitista “aceitaria” essa participação por
reforçar os ideários patriarcais, pois, segundo seu pensamento, os movimentos sociais e populares
dirigidos às mulheres e de composição feminina são sempre menos “perigosos”24. Entretanto, uma
análise de parte do arquivo pessoal de Helena Greco permite ver outra face desta senhora. Apesar
de carregar signos aceitos pelo imaginário da época como sua idade, que passava dos 60 anos e que
lhe conferia uma representação de um tradicionalismo comportamental, sua origem burguesa, sua
fala mansa e cordial que reforçava o papel aceito pelas elites, Helena Greco expressava ideias
socialistas e feministas, que não condiziam com este ideal patriarcal e burguês. Ela, entretanto,
certamente utilizava os “jogos de gênero”, utilizando essa imagem de senhora da elite para driblar a
repressão.25
Com o apoio do Frei Antônio26, as reuniões passaram a acontecer com certa regularidade às
segundas-feiras, na Igreja Nossa Senhora das Chagas, em Belo Horizonte, e reuniões de emergência
eram feitas em sua casa. Cultos Ecumênicos eram realizados pró Anistia e vigiados de perto pelo
Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), que caracterizara os discursos de D. Helena
como subversivos, exaltados e carregados de emoção. Imagens ligando D. Helena a reivindicações
pelo fim da violência do governo militar eram registradas pela Delegacia de Vigilância Especial, na
qual agentes de polícia detalhavam os Atos Públicos realizados na Igreja São José.
Em 1978, surge a proposta de formação do Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA) núcleo de
Minas Gerais. D. Helena assume a vice-presidência, acumulando o cargo com a presidência do
MFPA/MG, fato que permitiu fronteiras fluidas entre os movimentos.
22 PEDRO, 2007, p. 59. 23 PINTO, 2003, p. 53. 24 LEITE, 2009, p.113. 25 DUARTE, 2012, p.301 26 Não possuímos até o momento, grande número de informação sobre Frei Antônio. Apenas temos conhecimento de
que era da Ordem dos Franciscanos e que era pároco da Igreja Nossa Senhora das Chagas.
11
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
Após a Lei da Anistia, Dona Helena também aderiu a outras frentes de resistência à
repressão. Abaixo segue o resumo de seu discurso feito pelos agentes de polícia em um Ato Público
na Igreja São José, em 21 de maio de 1981, sobre o atentado no Rio Centro, quando se realizava um
show comemorativo do Dia do Trabalhador, durante o período da Ditadura Militar no Brasil:
Discorreu sobre a “escalada do Terror”, afirmando que as bombas que a ditadura
conduzia -por acidente detonadas- vitimavam os trabalhadores presentes no Rio
Centro. Salientando que o terrorismo se encontra nos “porões da ditadura” e que
pra esclarecer os fatos bastaria prender o “terrorista capitão Wilson Luís Chaves
Machado. Fazendo ainda referencias ao modelo econômico” do país, que gera
simplesmente o “desemprego e a instabilidade”, impondo aos trabalhadores um
salário de fome27.
Outro exemplo foi seu encontro com Mães da Praça de Maio em Belo Horizonte no
Seminário “64 Nunca Mais” para contarem suas histórias às mães brasileiras que também perderam
seus filhos pela repressão. De acordo com Cristina Scheibe Wolff, em seu artigo Eu só queria
embalar meu filho, as Mães da Praça de Maio foram a organização que mais mobilizou este
discurso emocional. Como símbolo, estas mães usavam uma fralda branca como lenço de cabeça,
exigindo o aparecimento de seus filhos com vida ou a punição dos responsáveis pelo seu
assassinato. A fralda passou a se constituir em um instrumento simbólico que se remetia ao cuidado
da mãe para com o filho e seu uso pode ser interpretado como estratégico, pois antes de serem
guerrilheiros, terroristas os jovens de esquerda eram assim mostrados como filhos e filhas.
Helena, não usava a fralda na cabeça, não teve seus filhos agredidos fisicamente pela
repressão, mas possui outros códigos bem próximos a essas duas mães retratadas abaixo: a idade e
os cabelos brancos que possuem a marca do tempo, da experiência, das alegrias e das tristezas que
contém um valor e apelo emocional.
Considerações finais
Helena Greco correspondia aos requisitos que almejava o MFPA para dar credibilidade ao
Movimento em Minas Gerais: classe, idade, grau de instrução, entre outros. Helena almejava
mudanças que sua geração não foi capaz de fazer, este interesse de modificar o que estava
estabelecido foi instrumentalizado pelo MFPA por convidá-la a fazer parte do Movimento. Na
esfera de disputas simbólicas, em que a imposição de uma figura depende além de fatores externos,
de sua aceitação carismática e passional por parte de seu grupo, Helena Greco era relevante para os
27 Arquivo Público Mineiro. AB 021-3-1 Pasta AB-2109-Rolo-12. Folha 11.
12
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
objetivos do MFPA, assim como era a utilização da emoção e dos sentimentos em seu discurso e,
por conseguinte em possíveis narrativas políticas.
Referências
Fontes Primárias
Arquivo Público Mineiro. AB 021-3-1 Pasta AB-2109-Rolo-12. Folha 11.
GRECO, Helena. Entrevista. História & Debate, 1994. Disponível em:
<http://www.teoriaedebate.org.br/materias/nacional/helena-greco?page=full>. Acesso em: 10 Maio
2015.
______. Projeto História e Memória: Visões de Minas do Laboratório de História Oral da
Universidade Federal de Minas Gerais, Entrevista concedida a Profª Drª Lucília de Almeida Neves
Delgado e Anna Flávia Arruda Lanna em 08 Nov. 1995. Belo Horizonte. Minas Gerais. Disponível
em: <http://www.fafich.ufmg.br/historiaoral/index.php/por/Acervo-deentrevistas>. Acesso em: 20
Maio 2014.
GRECO, Heloisa. Entrevista concedida a Kelly Cristina Teixeira, em 19 Jun. 2013. Gravador
digital. Belo Horizonte Minas Gerais. Acervo da autora.
Bibliografia
BOURDIEU, Pierre. Ilusão Biográfica. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína.
(Orgs). Usos e abusos da História Oral. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1998.
LANNA, Ana Flávia Arruda. O Movimento Feminino pela Anistia: a esperança pelo retorno à
Democracia. Curitiba: CRV, 2011.
LEITE, Rosalina de Santa Cruz. Elas se revelam na cena pública e privada: as mulheres na luta pela
anistia. In: SILVA, Haike R. Kleber da. (Org.). A luta pela anistia. São Paulo: Ed. UNESP;
Arquivo Público do Estado de São Paulo; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.
PEDRO, Joana Maria; WOLFF, Cristina Scheibe. Nosotras e o Círculo de Mulheres Brasileiras:
feminismo tropical em Paris. ArtCultura – Revista de História, Cultura e Arte, Uberlândia, v. 9, n.
14, 2007. Disponível em: <http://www.artcultura.inhis.ufu.br/PDF14/Joana%20Maria.pdf>. Acesso
em: 20 Jul. 2013.
PROCHASSON, Christophe. Emoções e política: primeiras aproximações. Varia hist., Belo
Horizonte, v. 21, n. 34, Jul. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-87752005000200004>. Acesso
em: 02 Jun. 2014.
13
Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos),
Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X
WOLFF, Cristina Scheibe. Eu só queria embalar meu filho. Gênero e maternidade no discurso dos
movimentos de resistência contra as ditaduras no Cone Sul, América do Sul. Aedos, Revista do
Corpo Discente do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS, (Online), v. 5, 2013.
YNCERA, Ignácio Sánches de la. La sociologia ante el problema geracional. Anotaciones al trabajo
de Karl Mannheim. REIS, n. 62, Abr./Jun. 1993.
Memory fragments: The political the trajectory of Helena Greco in the Movimento Feminino
pela Anistia in Minas Gerais
Abstract: This paper aims to discuss another aspect of the Movimento Feminino Pela Anistia
(MFPA) when discussing the participation of the female Helena Greco and the role of the emotions
in the construction of the social and political activities from her entrance to this movement in Minas
Gerais. The MFPA was started in 1975 by Therezinha Godoy Zerbine in the city of São Paulo, and
the mining nucleus was officialized in 1977, based in Belo Horizonte. Helena Greco at the age of 61
began her political career, marked by the struggle and resistance to the rights not only of political
freedom but, above all, by gender equality. Among the categories that helped us in this elaboration,
we highlight the tools of Oral History, History of Women, Gender Studies and Memory, used to
understand the participation and political insertion of Helena Greco. We will start with an initial
analysis of the sources from her personal archive collected at the Helena Greco Institute and from
interviews with Helena for the History and Memory Project: Visions of Mines from the Oral
History Laboratory of the Federal University of Minas Gerais.
Keywords: Resistance, Gender, Dictatorship, Politics