Garantias do Poder Legislativo
Prof. Gilberto JúniorCurso Atualizado (29.04.2018)
Finalidade de Assegurar:
LIBERDADEINDEPENDÊNCIA
IRRENUNCIÁVEIS
DIPLOMAÇÃO
● Momento que são atribuídas as garantias aos parlamentares;
● Seu término pode se dar:
○ Fim do mandato; ou
○ Renúncia
Um parlamentar que se afasta de sua função para exercer outro cargo mantém suas imunidades?
● Súmula 04 STF*
PRERROGATIVA DE FORO● Os PARLAMENTARES FEDERAIS desde a diplomação até o
término do mandato são julgados perante o STF, pela prática de
infrações penais comuns. (art. 53, §1º CF)
● Não é imunidade*
○ A partir da diplomação, todos os processos criminais em
andamento contra o parlamentar devem ser remetidos
imediatamente ao STF. (Princípio do Juiz Natural)
■ Princípio do “tempus regit actum”.
Exemplo: Art. 53, §1º CF/88.
… PRERROGATIVA (art. 58, §1º)
● Não se estende à IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (LEI
8.429/92), não há dúvida de que à competência é do juízo de 1º grau. ○ Art. 84. §2º CPP
■ ADI 2860■ ADI 2797
… PRERROGATIVA (art. 58, §1º)
● SUPERVENIÊNCIA DO FIM DO MANDATO○ INQ. 2295 (STF)
■ Já iniciado o julgamento?■ Não iniciou o julgamento?
… PRERROGATIVA (art. 58, §1º)● CONEXÃO E CONTINÊNCIA
○ Enunciado do STF - Súmula nº 704 - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.■ Crime em concurso de pessoas:
● Réu com foro?● Réu sem foro?
… PRERROGATIVA (art. 58, §1º)● Qual é a razão disso?
○ A competência penal do STF é de direito estrito, estando prevista taxativamente na CF/88. Logo, não pode ser ampliada indevidamente por normas de direito infraconstitucional, como é o caso dos dispositivos do CPP que tratam sobre a reunião de processos em caso de conexão.
… PRERROGATIVA (art. 58, §1º)● Mas é possível que todos sejam julgados conjuntamente no
STF?○ SIM. O STF definiu, no dia 13/02/14, que a regra geral
passa a ser o desmembramento. No entanto, em casos excepcionais, será possível que os demais réus que não têm foro por prerrogativa de função também sejam julgados pelo STF em um único processo. Isso se justifica quando o julgamento em separado puder trazer algum prejuízo relevante à prestação jurisdicional.
… PRERROGATIVA (art. 58, §1º)
● E quem decide se o caso concreto seguirá a regra geral (desmembramento) ou se deverá haver o julgamento em conjunto (exceção)?
… PRERROGATIVA (art. 58, §1º)● Existe algum exemplo recente no qual o STF aplicou a exceção
(e não a regra)?○ SIM. No caso da Ação Penal 470/MG (“Mensalão”), existiam alguns acusados
que eram Deputados Federais e outros que não tinham foro por prerrogativa
de função. O STF entendeu que se houvesse o desmembramento, existiria a
possibilidade de serem proferidas decisões contraditórias. Outro argumento
foi o de que eventual remessa dos autos ao juízo de 1ª instância provocaria
excessiva demora no julgamento, dada a complexidade da causa e a
quantidade de informações envolvidas (AP 470/MG, rel. Min. Joaquim
Barbosa, questão de ordem julgada nos dias 2 e 3.8.2012)
… PRERROGATIVA (art. 58, §1º)● E se o parlamentar estiver sob INQUÉRITO POLICIAL?
○ Conforme o STF, a prerrogativa de foro abrange a tramitação do inquérito policial, que deve ser realizado sob a supervisão de um Ministro Relator, especialmente designado para tanto. Se um delegado de polícia investiga parlamentar sem a supervisão do STF, cabe contra esse constrangimento a interposição de Reclamação, porquanto está sendo usurpada pela Polícia a competência do STF.
… PRERROGATIVA (art. 58, §1º)
● O parlamentar que se afasta do cargo mantém a prerrogativa de foro?○ SIM. O foro por prerrogativa de função não é perdido, pois
o parlamentar pode retornar a qualquer momento ao cargo. Assim, ele se mantém mesmo durante o afastamento, até o término do mandato.
○ E o suplente?
IMUNIDADES PARLAMENTARES FEDERAIS
● Imunidade Material/Real/Substantiva/Inviolabilidade○ Freedom of Speech
■ Art. 53● Previsão adicionada pela EC 35/01
○ Contudo o STF já atribuía aos parlamentares antes. E acrescenta ainda a IRRESPONSABILIDADE política e administrativa (disciplinar).
IMUNIDADES PARLAMENTARES FEDERAIS
● Imunidade Material/Real/Substantiva/Inviolabilidade○ DENTRO DO CONGRESSO:
■ O STF entende que a manifestação sequer precisa guardar conexão com o exercício da função parlamentar (presunção absoluta). Demais excessos devem ser reprimidos pela própria casa, como se fosse uma questão interna corporis. RE AgRg 463671 (decisão de 2007).
IMUNIDADES PARLAMENTARES FEDERAIS● Imunidade Material/Real/Substantiva/Inviolabilidade
○ FORA DO CONGRESSO:■ Neste caso, elas só estarão protegidas se estiverem
conexão com o exercício da função parlamentar. Exemplo: Eurico Miranda, era presidente do Vasco e Deputado Federal, falou que o juiz teria recebido dinheiro para favorecer o Palmeiras em certo jogo. Foi condenado, tendo em vista não ter relação com as suas funções.
IMUNIDADES PARLAMENTARES FEDERAIS● Imunidade Material/Real/Substantiva/Inviolabilidade
○ PROFERIDA EM REDES SOCIAIS:■ Neste caso, elas só estarão protegidas se estiverem
conexão com o exercício da função parlamentar.
NATUREZA JURÍDICA DA IMUNIDADE MATERIAL● Pontes de Miranda - Causa de exclusão de crime. ● Basileu Garcia - Causa que se opõe à formação do crime.● Aníbal Bruno - Causa pessoal de exclusão de pena ● Magalhães Noronha - Causa de irresponsabilidade. ● Frederico Marques - Causa de incapacidade pessoal por razões
de política criminal. ● STF - Causa de atipicidade.
ATENÇÃO!!! Enunciado Súmula 245 STF
● STF. Súmula 245 - A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.○ Essa Súmula se refere apenas à imunidade parlamentar,
não se aplicando aos casos de prerrogativa de foro, onde nada impede que os corréus dos parlamentares também sejam julgados perante o STF (Súmula 704 do Supremo).
“EXTENSÃO DA IMUNIDADE” MATERIAL
● Caso 1: Imagine que um parlamentar vá até uma revista e faz uma denúncia. O parlamentar está protegido pela imunidade. A imunidade parlamentar se estende a fatos cobertos pela imprensa. Se ela divulga uma informação que foi fornecida por um parlamentar, não poderá ser responsabilizada (STF).
● Caso 2 CPI: a resposta dada no calor do debate (por quem não tem imunidade) em face do parlamentar, também está abrangida pela imunidade material.
Estado de sítio (art. 137) e a imunidade material● Art. 53, §8º CF/88.
○ Regra: PERMANECER○ Exceção: SUSPENDER○ Somente os membros da mesma casa a qual pertencem,
podem, por voto de 2/3 suspender as imunidades, isso fora do CN. Dentro a imunidade permanece.
● E o ESTADO DE DEFESA? (Art. 136)
IMUNIDADE FORMAL/PROCESSUAL
● “Freedom from arrest”○ Tem dois aspectos. Trata-se de prerrogativa relacionada à
PRISÃO e ao PROCESSO, muito embora não impeça a responsabilização do parlamentar pelo crime.
○ IMPORTANTE: Essa imunidade só se aplica a fatos ocorridos (infrações penais praticadas) após a diplomação.
IMUNIDADE FORMAL/PROCESSUAL
● PRISÃO:○ Art. 53, §2º ○ Os parlamentares só podem ser presos por sentença penal
condenatória transitada em julgado ou em caso de flagrante de crime inafiançável.
○ Ou seja, no âmbito penal os parlamentares não podem ser presos cautelarmente, SALVO em flagrante de crime inafiançável.
IMUNIDADE FORMAL/PROCESSUAL
● PRISÃO:○ E no âmbito civil não podem ser presos em nenhuma
hipótese. ○ No caso da prisão em flagrante, mandam-se os autos à
Casa respectiva que vai decidir politicamente, se é conveniente ou não manter o acusado preso.
IMUNIDADE FORMAL/PROCESSUAL
● PROCESSO:○ Art. 53, §§§3º, 4º e 5º; ○ Até a EC/10 vigorava o “princípio da improcessabilidade”.
O parlamentar só poderia ser processado se a respectiva casa autorizasse o processo contra ele. A partir da emenda 35/01, foi substituído pelo “princípio da processabilidade”.
IMUNIDADE FORMAL/PROCESSUAL
● PROCEDIMENTO:○ O STF recebe a denúncia, ato contínuo é cientificada a
casa que o parlamentar faz parte. Se a maioria dos membros da respectiva casa entender que há motivos (perseguição política, por exemplo), poderá suspender o andamento do processo, mas isso se dar somente até a decisão final.
IMUNIDADE FORMAL/PROCESSUAL● PRESCRIÇÃO:
○ Nesses casos, quando suspende o processo, suspende a prescrição. Mesmo quando não há previsão expressa na CF, segundo o STF suspende a prescrição, pois a finalidade não é a impunidade e sim evitar perseguições políticas.
○ OBS: em relação aos crimes cometidos antes da diplomação, não se aplica a imunidade formal quanto ao processo. É julgado normalmente, apenas no foro pela prerrogativa de função, no caso o STF!
OUTRAS GARANTIAS● Sigilo de fonte: Os Deputados e Senadores não serão
obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações (art. 53, §6º).
● Incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores: A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva (art. 53, §7º).
IMUNIDADES DOS DEPUTADOS ESTADUAIS● Art. 27, §1º
○ Inviolabilidades = imunidades materiais. ○ Imunidades = imunidades formais.
IMUNIDADES DOS DEPUTADOS ESTADUAIS
● Deputados estaduais têm competência por prerrogativa de foro?○ Segundo entendimento do STF, os deputados estaduais só
terão prerrogativa de foro se houver previsão na Constituição Estadual.■ Poder implícito do estado-membro estabelecer essa
prerrogativa de foro.
IMUNIDADES DOS DEPUTADOS ESTADUAIS
● E se o Deputado Estadual comete crime contra União/Interesses/Bens/etc.?○ De acordo com o STF, a competência será do TRF, em
razão da simetria. Se não houver essa prerrogativa na CE, a competência será da JF de primeiro grau.
IMUNIDADES DOS DEPUTADOS ESTADUAIS
● E no caso de crimes eleitorais?○ Por simetria, a competência é do TRE.
IMUNIDADES DOS DEPUTADOS ESTADUAIS
● E no caso de o Deputado Estadual cometer crime doloso contra a vida?○ Deputados Estaduais respondem no caso de crimes
dolosos contra a vida no TJ em virtude do PRINCÍPIO DA SIMETRIA disposto no art. 25 da CF, prevalecendo frente ao Tribunal do Júri, também previsto na CF.■ É o entendimento do STJ.
● E a Súmula 721 do STF?
IMUNIDADES DOS DEPUTADOS ESTADUAIS
● E a Súmula 721 do STF?○ A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o
foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual.■ Essa Súmula foi convertida em Súmula Vinculante (45), em 2015.■ A súmula fixou o entendimento de que a competência do Tribunal
do Júri deve prevalecer, mencionando que a regra vale para casos em que a prerrogativa de função seja estabelecida exclusivamente na Constituição estadual.
IMUNIDADES DOS DEPUTADOS ESTADUAIS
● A imunidade parlamentar pode ser declarada de ofício?○ SIM!
■ O TJ, em apelação, reconheceu de ofício a imunidade do parlamentar e, consequentemente, julgou improcedente o pedido indenizatório.
■ STF reconheceu a imunidade do recorrido ao julgar RE com a mesma base fática.● A imunidade, que obsta a propositura de ação civil ou penal
contra o parlamentar por motivo de opiniões ou votos proferidos no exercício de suas funções, é absoluta, permanente, de ordem pública.
IMUNIDADES DOS DEPUTADOS DISTRITAIS (DF)
● Art. 32, §º○ O visto quanto aos Deputados Estaduais se aplica aos
Deputados Distritais
IMUNIDADES DOS VEREADORES (art. 29, VIII)
● Imunidade material: ○ Sua imunidade é restrita ao âmbito do município.○ José Afonso da Silva/Gilmar Mendes/STF entende que
“circunscrição do município” diz respeito aos limites territoriais do município (embora possa ser interpretada também no que “diz respeito” ao município, não é o que prevalece).
● Imunidade Formal:○ Vereadores não tem imunidade FORMAL. STF: Constituições
Estaduais não podem estabelecer imunidade formal para vereadores. ADI nº 558/RJ.
IMUNIDADES DOS VEREADORES (art. 29, VIII)
● Vereador pode ter prerrogativa de foro?○ A Constituição Estadual pode prever prerrogativa de foro para
os vereadores.
INCOMPATIBILIDADE E PERDA DE MANDATO
● Não CONFUNDIR:○ INELEGIBILIDADE
■ OCORRE ANTES○ INCOMPATIBILIDADE
■ OCORRE APÓS/SIMULTÂNEAMENTE○ PERDA DO MANDATO
■ OCORRE APÓS○ CRIME DE RESPONSABILIDADE
■ OCORRE APÓS
INELEGIBILIDADE (OCORRE ANTES)
● Inelegibilidade Absoluta (art. 14, §4º)○ Inalistáveis (conscritos e estrangeiros) e analfabetos. Só pode ser
prevista pela CF.● Inelegibilidade Relativa (art. 14, §§ 5º e 9º)
○ Relativa ao fato de ocupar algum cargo público. ○ Deve ser prevista por LC.○ Reeleição (§5º)○ Outro cargo (§6º)○ Parentesco (§7º) - “Reflexa”; Súmula Vinculante nº 18; STF RE
758461○ Militares (§8º)
INCOMPATIBILIDADE (APÓS/SIMULTÂNEO)
● As incompatibilidades podem ocorrer já na diplomação ou na posse e se referem a determinados atos praticados pelos eleitos ou ao exercício simultâneo de determinados cargos, funções, ou empregos públicos remunerados. Art. 54, I e II.
CRIMES DE RESPONSABILIDADE (APÓS)
● São instrumentos colocados à disposição do legislativo para exercer a fiscalização dos Poderes Judiciário e Executivo. Tradicionalmente membros do legislativo não praticam crimes de responsabilidade.
● O único parlamentar no Brasil que pode cometer crime de responsabilidade é o presidente da câmara de vereadores. Art. 29-A §3º.
● Diz respeito à folha de pagamento do município.
PERDA DO MANDATO (APÓS)
PERDA DO MANDATO (APÓS)
● Nos casos dos incisos I, II e VI, (incompatibilidade, decoro e condenação) a perda do mandato será DECIDIDA (ou seja, trata-se de CASSAÇÃO) pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
● O Poder judiciário não pode interferir no mérito do julgamento, pois se trata de questão interna corporis. No entanto, poderá analisar se foram respeitadas as garantias formais.
PERDA DO MANDATO (APÓS)
E no caso e renúncia do parlamentar para ‘escapar’ da cassação?
● Art. 55, §4º.○ Caso a Justiça Eleitoral entender que a renúncia trata-se de
fraude (‘escapar’), ele será inelegível por 8 anos após o término do mandato.
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