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QUEM FOI HITlERP Numa das conversas aqui na redação, o repórter Luiz Alberto Moura disse
o seguinte: "Já imaginou se, durante a Primeira Guerra Mundial, alguém tivesse acertado o então mero soldado Adolf Hitler? Com certeza, o mundo hoje seria outro". E seria mesmo. Depois do final da Segunda Guerra Mundial, que foi incitada por Hitler, o mundo foi praticamente dividido em dois, cada parte cabendo a uma das potências que se firmaram com o fim do conflito: EUA e URSS. Teve início a Guerra Fria e aí tudo foi se desenrolando até chegar à configuração do planeta atualmente.
Éfato que Adolf Hitler foi uma pessoa decisiva para o século em que vivemos. Sua figura pessoal, sua vida pública, seus atos, tudo é absurdo e intrigante. Ele promoveu uma das maiores atrocidades de que se tem notícia na história da humanidade com o apoio (mesmo que, em muitos casos, passivo) de milhões de pessoas que acreditaram em suas idéias racistas e autoritárias. Mas como ele conseguiu incitar as massas a acreditarem numa idéia tão radical, a crerem na superioridade absoluta de uma raça e na necessidade da exterminação de outra?
Costumo dizer que Hitler era um gênio do Mal, pois, analisando friamente, percebe-se que ele e sua "equipe" conseguiram manobrar populações com artimanhas muito eficazes a partir de idéias inconsistentes que não encontravam respaldo lógico. Eé repugnante perceber que ele conseguiu levar a cabo suas intenções, matando milhões de pessoas, especialmente judeus inocentes, e praticando um dos crimes mais repulsivos da história.
Hitler é, portanto, uma figura que jamais pode ser esquecida para que todos nós, seres humanos, lembremo-nos do que nossa espécie é capaz de fazer e jamais repitamos episódios como foram a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto.
Confira a seguir a trajetória de Adolf Hitler, competentemente esmiuçada por Lucas Pires, que se debruçou durante meses sobre diversas fontes para trazer até você uma visão ampla de como foi e o que significou a existência de Adolf Hitler para a história da humanidade.
Um grande abraço,
kt2k,redacao@editoraonli~
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11::-- SUMÁRIO
INFÂNCIA, FAMíLIA E ADOLESCÊNCIA O pai, a mãe e a vida de Hitler até sua ida para Viena
05
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL A participação de Adolf Hitler na guerra e o princípio
da ideologia nazista
10
ASCENSÃO DO PARTIDO NAZISTA A entrada do futuro Führer para o partido
e o crescimento da ideologia
16
PREPARATIVOS PARA A GUERRA O cenário que se armou para que a Segunda
Guerra Mundial acontecesse
22
A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL As alianças, as lutas e os horrores do período
28
A POLÊMICA MORTE O que se diz a respeito das mortes de Hitler e Eva Braun
34
HERANÇA DE AUSCHWITZ Holocausto: a "Solução Final"
38
V,DA AMOROSA O lado pessoal de um dos mais temíveis vultos históricos
42
ENTREVISTA: O NAZISMO E O BRASIL Maria Luisa Tucci Carneiro, professora de história da USp, fala
sobre o período Vargas
44
DEMÔNIO ENCARNADO? Quem foi este homem que marcou a história da
humanidade com sangue
46
Gu~ Livros e filmes sobre o tema
48
4 Grandes líder s da História
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Nascido em 1889, filho de Klara e Alais, Adolf Hitler
cre ceu num ambiente familiar dominado pela figura tirânica
do pai e pelo amor à mãe e às artes
.. :~
.'
,1 ••
Por Lucas Pires
Adolf Hitler na infância
A primeira mulher de Alois, Anna Glasl-Horer, era mais
velha que ele 13 anos e já estava doente quando eles se ca
saram. Quando ela morreu, Alois logo oficializou a união
com a copeira da casa, Franciska Matzelberger, com quem já
vinha tendo um caso amoroso. Alguns historiadores apon
tam que, mesmo nessa época, a bela e jovem Klara já teria
um relacionamento com o futuro marido. Só que, quando
Alois casou-se com Franciska e ela quis se livrar de Klara,
pois sabia o risco que corria. No entanto, Franciska contraiu
tuberculose e foi se tratar em outra cidade, deixando a casa
para que Alois e Klara pudessem voltar à rotina anterior - de
serviços prestados por ela tanto na casa quanto na cama.
Franciska acabou morrendo também e, enfim, os dois pude
ram oficializar o casamento no começo de 1885. Mas, para
isso, tiveram que redigir uma petição ao bispo local, pedin
do permissão para realizarem a união, pois havia um laço
consangüíneo entre eles. O bispo, então, enviou o pedido a
Roma, que concedeu a permissão.
OCAS MENTO Alois era 23 an s mais velho que Klara, filha de um primo
irmão 'dele. o entanto, antes de se casar com a mãe de Adolf,
Alois fora c.asado outras duas vezes e Klara trabalhava como
empregada em sua casa.
criançé solitaria e independente, de poucos
amigos _ div rsões. Suas leituras baseavam-se
em istárias de guerras e
averturas militares, assuntos que
o fascinaram desde pequeno
o futuro dita ordaAlemanhafoi uma
alar sobre Adolf Hitler é falar sobre o nazismo, e
falar sobre ambos é mexer no que talvez seja a maior prova
de crueldade da qual o ser humano foi capaz, A figura el',ig
mática e c tivante de Hitler, com seu bigodinho ralo e curto e
gestos firmes enquanto proferia discursos coléricos, conquis
tou o post de maior representação do Mal de que se tem no
tícia. O século 20, o século de Hitler, foi o mais sangrento e
abominável da história da humanidade. Portanto, falar dele,
buscar res atar a trajetória desse homem e de suas ações, que
culminaram com Holocausto e seis anos de guerra, é delica
do e exige responsabilidade. As feridas abertas pelo nazismo
continuam sem cicatrizar, tanto na Alemanha, quanto em ju
deus ou q alquer ser humano consciente do que foi a Segun
da Guerra Mundial. Talvez elas nunca cheguem a fechar, tal
vez algum dia cicatrizem, mas suas marcas não se apagarão,
Eis o intuit de to a cicatriz - permanecer para sempre relem
brar. Eis por que estudamos a História.
As atrocidades cometidas por Adolf Hitler são o lado mais
conhecido desse austríaco nascido em Braunau, próximo à di
visa com a lema ha, no dia 20 de abril de 1889. Era filho da
jovem Klar Pôlzl, de 28 anos, com Alois Hitler, que tinha mais
de 50 anos e estava prestes a se aposentar. A história da união
deste casal é curiosa.
~ ~~
~~Da vila de Braunau a Viena,
UMA INFÂNCIA CONTURBADA
1-,
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Klara Hitler era 23 anos mais nova que omarido e tinha Adolf como seu
filho predileto
o PERFIL DOS PAIS Alois Hitler era funcionário público e trabalhava como inspe
tor-chefe num escritório alfandegário. Como seu emprego exigia
viagens costantes, a mudança de endereço tornou-se rotina para
a família. Na década de 1890, de Braunau, onde nascera o filho
Adolf, a família Hitler mudou-se para Passau, na Alemanha, pas
sando por Halfeld, Fischlham, Lambach e Leonding, todos pe
quenos vilarejos na região da cidade de Linz, onde se estabelece
ram em definitivo com a aposentadoria de Alois. Adolf Hitler, em
"Minha Luta", relembra a trajetória do pai com admiração, ape
sar de não querer para si a mesma vida no funcionalismo público,
algo que geraria enormes desavenças entre pai e filho. Confira o
que Hitler escreveu sobre o pai: " ... o jovem de dezessete anos,
insistiu na sua resolução e tornou-se funcionário público. Depois
de vinte e três anos, creio eu, estava atingido o seu objetivo. Pa
recia assim estar cumprida a promessa que o rapaz havia feito,
isto é, de não voltar para a aldeia paterna sem que tivesse me
lhorado de situação". Enquanto isso, a mãe, Klara, estava "ab
sorvida nos afazeres domésticos e, sobretudo, sempre dedicada
aos cuidados da família" .
Historiadores reforçam a
relação confiituosa de Hitler com
seu pai, tido como um tirano, que
impunha a lei e a ordem sob castigos físicos.
Relatos de SU rras que Adolf teria levado do
pai na infância são freqüentes e muitos usam
esse trauma para explicar a
psique maligna que Hitler
viria a desenvolver
EDUCAÇÃO RíGIDA E MORTE DOS PAIS Numa típica família alemã, a educação dada aos filhos era a
mais rígida e dura possível. Klara deu à luz outros dois filhos an
tes de Adolf, Gustav e Ida, que morreram com poucos meses de
vida por causa de difteria. Quando Adolf tinha cinco anos, nas
ceu Edmund, que também não resistiu e morreu de sarampo, e,
dois anos depois, Paula, que se tornou a única irmã por parte de
pai e mãe viva de Hitler (com Franciska, Alois havia tido dois fi
lhos - Alois Jr. e Angela).
O futuro ditador da Alemanha foi uma criança solitária e
independente, de poucos amigos e diversões. Suas leituras ba
seavam-se em histórias de guerras e aventuras militares, coi
sas que o fascinaram desde pequeno. Em "Minha Luta", ele
relembra que sua leitura favorita na infância era compos
ta pelos dois volumes de uma revista ilustrada que falava da
guerra franco-alemã, ocorrida em 1870-71 (guerra em que
Bismarck, então chanceler alemão, unificou a Alemanha e inau
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JÍ.
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..
gurou o II Reich). "Daí em diante, eu me entusiasmava cada
vez mais por tudo ue, de qualquer modo, se relacionasse com
a guerra OL com a vida militar".
A autoridade paterna prevalecia sempre e as decisões de
Alois eram incontestáveis. Historiadores reforçam a relação
conflituosa de Hitler com seu pai, tido como um tirano, que
impunha a lei e a ordem sob castigos físicos. Relatos de surras
que Adolf, que m is tarde assassinaria milhões de judeus, teria
levado do ai na i fância são freqüentes e muitos usam esse
trauma para explicar a psique maligna que Hitler viria a desen
volver. Est dos de psicologia sobre o efeito de quando adultos
dão surras em crianças trazem a história de Hitler como mode
lo, como o exemplo extremo a que esta educação, chamada de
"educação destrutiva", pode chegar.
Em contrapartida, o próprio Hitler não fala de ter apanhado
do pai. Diz apenas sobre brigas e discussões com ele, mas não relata nenhum c so de castigo físico.
que, logo de começo, pouca esperança de cura oferecia. Não
obstante, isso atingiu-me atrozmente. Eu respeitava meu pai,
mas por minha mãe tinha verdadeiro amor", recorda Hitler no
final do primeiro capítulo de "Minha Luta". Sozinho na cida
de grande, sem a mãe, ele, enfim, teria de encarar a vida com
os próprios punhos.
VIENA E AS ARTES Outro golpe que marcou a decepção de Adolf Hitler com
a vida foi a sua reprovação na prova para ingressar na Aca
demia de Belas-Artes em Viena. Crendo que seria facilmente
admitido, pegou a herança deixada pelo pai, retirada quando
completou 18 anos, e rumou para a capital austríaca ao lado -do único amigo que tinha em Linz: August Kubizek. O deslum
bramento inicial de Hitler com a cidade deve ter sido o oposto
da miséria e da fome com que passaria seus próximos anos no local. Ele mesmo escreveu que Viena va
Sua maior discussão com o pai aconte lia a ele "como uma viva lembrança dos Para AdOIf Hitl e r, a perda ceu quand ,aos 11 anos e diante de um mais tristes tempos da minha vida. Cinco
talento pai a o d senho, Hitler decidiu - anos de misérias e de sofrimentos, eis oda mae seria comparável a que seria pintor. m artista! Essa postu que significa a minha estadia nessa cida
ra era demais para um rígido educador e outro evento que marcaria sua de de prazeres" .
conservadc.r como Alois, para quem sua Viena vivia sua "belle époque", com decepção com a vida: o nãoprópria vida era o exemplo a ser seguido a efervescência cultural e artística e ca
ingresso naAcademia depelo filho. A autondade e a vontade do fés, óperas e concertos às margens do
pai de que o filho fosse também funcio Danúbio. Era um centro cultural compaBelas-Artes em Viena nário públi:o iriam se opor à rebeldia e rável a Paris, uma metrópole com cerca
ao sonho 00 menino de ser pintor. Conta Hitler: "Pela primei
ra vez na v da fui, ai chegado aos onze anos, forçado a fazer
oposição. Por mais firmemente decidido que meu pai estivesse
·na execução de s s planos e propósitos que se formara, não
era menor a teimosia e a obstinação de seu filho em repelir um
pensamento que pouco ou nada lhe agradava. Eu não queria
ser funcionário público".
Segun o Hitler, essa decisão fez com que seu pai ficasse
contra ele, torna do-se cada vez mais irritado. No entanto,
Adolf não se refere nunca a agressões fisicas. Contrariado, aca
bou se desinteressando em definitivo pelos estudos que não
estivessem ligados às artes. Isso culminou com o abandono da
escola dois anos depois da morte do pai, aos 15 anos. Além do
seu desinteresse, ma infecção pulmonar o derrubou, e o mé
dico receitou que ficasse um ano sem ir à escola.
A morte do p i, em 1903, não foi dolorosa como a perda
da mãe quatro anos depois, em dezembro de 1907. O faleci
mento de i</ara pegou Hitler de surpresa, que estava restabele
cido em Viena desde setembro do mesmo ano. Klara teve um
câncer no seio e, desesperado, Adolf contratou os serviços mé
dicos de E mund Bloch, médico judeu famoso e que cobrava
a/tos honorários. Diante do sofrimento da paciente, o médico
sugeriu tratar as feridas com gazes embebidas em iodo. Aler
tou que isso pod ria, como efeito colateral, envenenar a pa
ciente. Hitler aceitou o risco e Klara foi tratada, morrendo em
seguida ef tivamente por intoxicação de iodo. Sua morte era
tida como certa, mas o tratamento a antecipou. O transtor
no que to ou conta da mente do filho órfão foi imenso. "A
sua morte se deu epois de uma longa e dolorosa enfermidade
de 2 milhões de habitantes. Mas o lado bom da cidade contras
tava com milhares de desempregados. E mesmo os que tinham
uma ocupação trabalhavam para a mera subsistência. Assim,
uma massa de vagabundos e delinqüentes pairava pelas ruas
vienenses, configurando uma mistura de raças que possibilita
ria a Hitler o estudo e a formação de sua personalidade e ide
ologia racistas.
Depois da primeira recusa de admissão na Academia de Be
las-Artes, aconteceu outro fracasso. Adolf Hitler foi até a escola
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questionar os motivos e ouviu do diretor que sua vocação era
para a arq itetura, não para a pintura e o desenho. De fato, as
pinturas de Hitler de edifícios eram primorosas, mas as que exi
giam carac.terização humana ficavam muito a dever. "Estava
'. tão conve cido do êxito do meu exame que a reprovação que
. me anunciaram feriu-me como um raio que caísse de um céu
sereno", r cordaria ele depois. Assim, aquele jovem desiludido
estava livre e sem ocupação na capital do império.
Até os 21 anos, Hitler recebia uma pensão de órfão, com a
qual mal conseguia comer. Quando chegou de Linz, ele e Kubi
., zek alugaram um quarto de pensão, mas, após a morte da mãe
e uma visita do amigo aos pais, Adolf deixou a pensão e desa
pareceu na mass vienense, não dando mais notícias ao ami
go. Nesse tempo em que passou perambulando, sem residência
ou ocupação fixas, Hitler fez de tudo um pouco: foi ajudante
de operário e carregador de malas na estação, removeu neve
e pintou uadro. Ele e um conhecido fizeram parceria num
negócio: dolf pintaria pequenos quadros e cartões-postais e
Reinhold Hanish, o tal conhecido, os venderia em cafés, óperas
e igrejas. Mas a parceria não durou muito, pois Hanish sumiu
com um dos quadros, deixando Hitler furioso.
Nesse ínterim, Adolf foi tendo contato maior com livros e
com as idéias anti-semitas, além de periódicos que ressalta
vam a raça ariana e colocavam a mistura racial como o grande
problema do Império Austro-Húngaro. Tudo ajudou a moldar
seu pensamento. Em Viena, Hitler descobriu os dois perigos
que tinham "horrível significação para a existência do povo
germânico": o marxismo e o judaísmo. Seus cinco anos na ci
dade, até 1912, fariam com que consolidasse seu ódio à de
mocracia (" Émais fácil um camelo passar pelo fundo de uma
agulha do que ser descoberto um grande homem por uma
eleição"), ao governo imperial dos Habsburgo ("Se o Parla
mento nada valia, menos ainda valiam os Habsburgo"), aos
posteriores socialistas, sindicalistas e a todas as raças que não
fossem arianas. A ideologia nazista estava formada. Era ques
tão de tempo para ele a pôr em prática.
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Por Lucas Pires
estadia de Hitler em Viena acabou em maio
de 1912, quando ele se mudou para Munique, a metrópole das
artes alemã. Há dois motivos de sua partida: o ainda sonho de
ser artista e a fuga do alistamento militar. Como o montante de
desempregados e desocupados em Viena era enorme naquela
época, o governo austríaco resolveu garimpar os pendentes
com o serviço militar, e Hitler era um dos que não havia se alis
tado. Com a polícia em seu encalço, foi para a Alemanha a fim
de evitar servir um governo que odiava. Em "Minha Luta", ele
escreveu que foi atraído para Munique porque era uma cidade
alemã, livre da mistura de raças que ele havia presenciado em
Viena, e que contava com uma vida artística agitada. De fato,
Hitler co sidero o período em que viveu em Munique, até es
tourar a guerra, o mais feliz de sua vida.
Mas nem mesmo a fuga foi capaz de evitar a polícia aus
tríaca. Oito mes s depois de sair de Viena, Adolf foi localizado
e preso como d sertor. Em vez de ser enviado a Linz, acabou
levado para Salzburgo, onde foi examinado e liberado do ser
viço militar por s r considerado inapto para atividades militares.
Devido à vida penosa dos últimos anos, seu físico não era avan
tajado ne forte e, por isso, concluíram que ele era fraco de
mais para carregar armamentos pesados. Assim, Hitler voltou
para Mu ique livre de qualquer pendência com o Império
Austro-HG ngaro.
Desse evento até o início da Primeira Guerra Mundial, pas
sou-se menos de um ano, período em que ele viveu de quadros
vendidos nas ruas e de pequenos biscates. A rotina de quartos
de pensão sujos e baratos era compensada pela leitura de jor
nais anti-semitas, livros sobre política e panfletos que falavam
da conspiração judaica contra o mundo. Um deles, o mais fa
moso até hoje," s Protocolos dos Sábios de Sião", parece ter
sido seu c mpanheiro de cabeceira.
Hitler viveu assim até que chegou a notícia de que o ar
quiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro
Húngaro, tinha sido assassinado por terroristas sérvios em Sa
rajevo. Em julho de 1914, o Império declarava guerra à Sérvia.
Era o início da Primeira Guerra Mundial.
PARTIC PAÇ O NA PRIMEIRA GUERRA OS europeus já esperavam por uma guerra, mas os alemães
a desejavam, tanto que Hitler e toda uma multidão vibraram
entusiasmados na Praça Odeon, em Munique, quando a Ale
manha declarou guerra à França. A nação germânica uniu-se
aos austría os contra a Sérvia, que teve ao seu lado a Rússia e a
Europa Ocidental. Logo o incidente original - Sérvia versus Im
pério Austro-Húngaro - ficou em segundo plano. A luta era por
território e tre um poder imperial alemão e o resto da Europa.
A possibilidad de fazer parte de um momento histórico
alemão e, mais ainda, de uma conquista grandiosa como a que
pretendia a Alemanha fez com que Hitler logo se apresentasse
como volu tário. Pela Áustria, ele fora dispensado e nem to
maria a iniCiativa de lutar por um governo que o causava oje-
Logo após ter feito seu requerimento
para ser soldado, Hitler foi aceito e
incorporado ao ,160 Regimento de Infantana da Reserva da Baviera.
Alguns meses depois, partiu junto a
seus companheiros para o
front ocidental
riza, mas, pelo país alemão, pela glória da pátria que ainda não'
era sua (pois ainda não era um cidadão alemão), ele estava dis
posto a dar a vida se necessário. "Começou então para mim,
como provavelmente para todos os outros alemães, a mais
inesquecível e a maior época da minha vida. Com orgulho e sau
dade, recordo-me das primeiras semanas daquela luta heróica
do nosso povo, na qual graças à benevolência do destino, me
foi dado tomar parte", escreveu Hitler sobre esse momento.
Logo depois de ter feito o requerimento para ser solda
do, Adolf Hitler foi aceito e incorporado ao 16° Regimento de
Infantaria da Reserva da Baviera. Alguns meses depois, partiu
junto a seus companheiros para o front ocidental e lutou em
diversas batalhas, como o desastre de Ypres (quando, de 3.500
soldados, apenas 600 sobreviveram) e as batalhas em Tourco
ing e em Neuve Chapelle. Foi tido como soldado valente e es
forçado, chegando a ser promovido a cabo. Mas daí não pas
sou devido à sua condição de austríaco (ou seja, não-alemão)
e por diversos ferimentos que havia sofrido. Em 1916, no dia 7
de outubro, Adolf foi ferido na perna e ficou na reserva por al
guns meses até que voltou à frente de batalha no ano seguinte.
Trabalhando como mensageiro, isto é, levando e trazendo men
sagens entre os diversos centros de batalha, Hitler esteve sem
pre exposto ao ataque inimigo, mas nunca deixou de cumprir
seu dever, até mesmo salvando diversos companheiros que en
contrava pelo caminho. Em 14 de outubro de 1918, em uma
de suas incursões, ele foi atingido por bombas de gás mostar
da inglesas que o deixaram cego temporariamente. Sofreu um
colapso e acabou internado no hospital militar de Pasewalk,
de onde ouviu a informação, em 11 de novembro, de que a
grande nação alemã perdera a guerra e se rendera.
o COMEÇO DO ÓDIO Em 1918, Hitler recebeu por duas vezes a Cruz de Ferro,
uma condecoração de reconhecimento pelos valores em guer
ra. Mas seu esforço pessoal não se refletiu em avanço alemão.
Quando estava na reserva no hospital próximo a Berlim, Adolf
ficou cada vez mais convencido de que teria havido um boicote
judeu comunista dentro da própria Alemanha. Ele chamou isso
de propaganda inimiga, desencadeada pela imprensa semita
que propagava um fim trágico à Alemanha e a culpa do Kai
ser. Desenvolveu maior ódio aos judeus por crer que eles, den
tro do esforço de guerra alemão, foram, aos poucos, tomando
conta de toda a produção e de todos os negócios do país. Isso
Grandes líderes da História II www.cine-master.blogspot.com
France Presse
"
~ ''''I,
-.'.~~ <..-" -.......... ...
Soldados franceses decarregando caminhões perto do campo de batalha de Verdun, no leste da França, em 1916
itL..... r acreditava que os judeus, dentro do esforço de guerra alemão, teriam, , . ao' poucos, tomado conta de toda a produção e de todos os negoClos do país.
Is o foi interpretado como traição por ele quando 400 mil trabalhadores berlinenses entraram em greve pedindo o fim do conflito
foi interpretado como traição por Hitler quando 400 mil trabalha
dores berlinenses entraram em greve pedindo o fim do conflito.
Os tratados de paz entre os países aconteceram ao lon
go de t do o ano de 1919, mas o mais importante foi o assi
nado n dia 28 de junho: o Tratado de Versalhes, acordo que
foi fech do entre as potências ocidentais vitoriosas no conflito,
França e Grã-Bretanha, com respaldo dos Estados Unidos, que
logo saiu de cena. À Alemanha foram impostas punições que,
sem dú ida, seriam o motivo latente da Segunda Guerra Mun
dial. Sob o argumento de que aquela nação era a única respon
sável pela eclosão da guerra, as maiores limitações recaíram
à Alem nha, para não permitir que o país crescesse e se tor
nasse n vamente forte. A nação alemã estava privada de man
ter marinha e força aérea efetivas; teria o exército limitado ao
máximo de 100 mil homens; teria parte de seu território ocu
pado militarmente; e veria a extinção dos direitos sobre suas
até enCo colônias ultramarinas, que ficariam sob os domínios
britânic , fran ês e japonês. Além disso, a Alemanha perdeu
territórios, como parte da região leste (que ficou com a Polô
nia), da Alsácia-Lorena, que voltou para a França, e teve de
pagar i denizações de guerra exorbitantes.
11 Grandes líderes da História
Sob instigação do então presidente norte-americano
Woodrow Wilson, foi criada a Liga das N'1-ções, com o objeti
vo de negociar e solucionar pacificamente qualquer conflito que
pudesse ocorrer no cenário internacional dali pra frente. Sediada
em Genebra, a organização teve participação discreta no decor
rer da década de 1920, mas não foi muito eficiente em razão da
pr6pria recusa dos Estados Unidos de se juntar à Liga.
No começo de novembro, antes mesmo de ter sido assi
nada a paz com as potências ocidentais, o estado alemão ficou
em convulsão com rebeliões e tentativas de revolta. Diferentes
facções políticas disputavam o poder e entre elas havia comuni
stas que queriam um regime semelhante ao soviético e aqueles
que desejavam a manutenção do governo imperial. Mas nenhum
deles prevaleceu: Guilherme II, o Kaiser, foi obrigado a renunciar,
deixando o cargo de chanceler para Friedrich Ebert. A República
foi proclamada e, em janeiro de 1919, um complô comunista foi
esmagado, culminando com a morte de dois de seus líderes: Karl
Lirbknecht e Rosa Luxemburgo. Berlim estava ainda um caos,
com trabalhadores armados pelas ruas, quando mudaram a
capital da nova república para Weimar. O exército que sobrou da
guerra passou a ser responsável pela contenção de revoltas.
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France Pre!se
ENCO TR COM O PARTIDO NAZISTA Hitlel voltou a Munique em março de 1919, depois de ter
atuado como guarda em um campo de concentração de presos
russos na cidade de Traunstein. Ainda pertencente ao corpo
militar, f i designado para a comissão de inquérito do exér
cito para buscar suspeitos de ligação com o comunismo. Fez
um curso de instrução política para se tornar oficial instrutor,
cuja função era proferir palestras promovendo o nacionalismo
e condenando o comunismo. Em seguida, passou a integrar o
corpo de espionagem do exército, trabalhando como espião em
reuniões de movimentos revolucionários e de esquerda. Muitas
das inves1igações não passavam de reuniões de amigos que se
juntavam para beber e desabafar em alguma das várias cerve
jarias de Munique. No entanto, foi num desses encontros que
a vida de Hitler udou radicalmente, deixando para trás uma
vida de s Idado para se tornar um carismático político.
As h milhações impostas à Alemanha pelo Tratado de
Versalhes marcariam toda a carreira política de Hitler na
década de 1920. Seus objetivos, a partir dali, eram reverter
o quadro, vingar os traidores da pátria, que deixaram a Ale
manha ser derrotada, e recuperar a glória da nação de Bis
marck. Essa idéia era demasiadamente forte em Hitler, que
se negava a acreditar numa derrota militar alemã sem a
cooperação interna de judeus e comunistas, que teriam mina
do a resistência civil e propagado uma paz que desencadeou na
humilhação da nação. Em "Minha Luta", Hitler descreveu um
cenário inteiramente favorável à Alemanha no fim da guerra,
afirmando que a vitória estaria muito próxima se não fosse a
Exército norte-americano sob o comando do gen ral John Pershing
Grandes líderes da História 13
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?
atuação interna de judeus, que buscavam domínio sob o capi
tal inter o, e d s comunistas. Rapidamente, difundiu-se a teo
ria da "punhalada nas costas", que nada mais era do que essa
idéia fixa de Hitler de que o exército alemão fora derrotado
não pel s inimigos de armas, mas pela traição de indivíduos em
seu próprio território, isto é, por judeus, socialistas e comunis
tas. Segundo ele, "a derrota foi o primeiro resultado catastró
fico visí el, por parte do povo, de um envenenamento moral,
que consistia no enfraquecimento do instinto de conservação,
resultante da pr paganda de doutrinas (oriundas de grupos ju
daicos e marxistas) que, há muito, vinham minando os funda
mentos da nação e do Império".
Em 12 de setembro de 1919, Adolf Hitler fora designado a
espionar um grupo que se chamava" Partido dos Trabalhadores
Alemãe ". Era apenas a reunião de alguns homens na cervejaria
Sternecker sob a liderança do fundador do partido, Anton Drex
ler. Hitler descreve que, no encontro, houve um debate livre de
idéias e que, como ele não agüentou o discurso de um dos ora
dores, que pregava a separação da Baviera da Alemanha, pe
diu a pa avra e falou sua opinião sobre um dos temas que mais
o fascinava: a união dos povos germânicos (sob essa desculpa
Hitler iria anexar a Áustria em 1937 e invadir a Tchecoslováquia
no ano seguinte). O homem a quem Hitler se dirigia foi em
bora antes mesmo que terminasse sua fala. O futuro Führer
Adolf Hitler recebeu, no quartel do 2°
Regimento de Infantaria, onde dOI"mia num quarto
na companhia de camundongos, um
cartão-postal anunciando que ele fora aceito como sócio do Partido dos Trabalhadores Alemães
foi muito aplaudido e cumprimentado por todos (não mais que
20, 25 pessoas). Uma semana depois disso, Hitler recebeu,
no quartel do 2° Regimento de Infantaria, onde dormia num
pequeno quarto na companhia de camundongos, um cartão
postal anunciando que ele fora aceito como sócio do Partido
dos Trabalhadores Alemães. Na carta, marcavam uma reunião
para a ratificação de sócio. Em dúvida quanto a aceitar o con
vite ou não, Hitler acabou sendo o sétimo sócio do futuro Par
tido Nazista. "Eu não pensava em entrar para um partido or
ganizado e sim em fundar o meu próprio partido", escreveu
ele. De fato, Hitler entrou para um partido organizado, mas
logo tratou de transformá-lo em seu partido. Em poucos me
ses, o partido seria ele.
A GRANDE GUERRA, O INíCIO DE TUDO
Tudo que o homem já havia enfrentado em termos bélicos
e militares, a Primeira Guerra Mundial superou em todos os
nivei~. Pela primeira vez na história, estourava uma guerra
considerada mundial, pois envolvia todas as grandes potên
cias, em especial os Estados europeus, com exceção de Es
panha, Paises Baixos, Suiça e Escandinávia. O Japão também
ent!' u na guerra, assim como os Estados Unidos e o Canadá.
E mais: indianos e africanos foram enviados para combater
na Europa.
A novidade dessa guerra não se resume ao fato de ter sido
global, mas também por sua crueldade e pelo uso de armamen
tos otados de alta tecnologia. Foram utilizados, pela primei
ra vez, submarinos, armas voltadas para bloquear o abaste
cimento do exército inimigo e matá-lo de fome, aeroplanos e
tanques (não muito eficientes, mas aperfeiçoados na Segunda
Guerra Mundial). Além das ferrovias surgidas no decorrer do
século 19, estradas haviam sido construidas efacilitavam a lo
comoção de tropas, assim como veiculas movidos a gasolina.
As a mas de infantaria também impressionavam: os britânicos
carregavam rifles que podiam atingir um homem a 800 metros
de distância. metralhadoras que atiravam 600 tiros por minu
to e canhões pesados que chegavam a acertar alvos distantes
mai~ de 10 km. Pela primeira vez na história, uma guerra apre
sentou mais mortos decorrentes da ação do inimigo do que por
doenças. Nos quatro anos que durou a guerra, cerca de 5 mil
homens morreram diariamente.
Mas o maior pesadelo estava nas trincheiras, na
frente ocidental. Eram buracos cavados no chão protegi
dos por sacos de areia em que homens se movimentavam
enfrentando fome, frio, chuvas, doenças e o medo da morte
a qualquer momento. Frente a frente com o inimigo, sair
da trincheira era morte certa. As tentativas de tomada de
posição adversária foram quase sempre massacres, como
o de Verdun, em 1916, quando uma ofensiva alemã que
envolveu 2 milhões de soldados acabou perdendo metade
deles. O historiador inglês Eric Hobsbawm, maior autori
dade do século 20 viva, em seu livro "Era dos Extremos: O
Breve Século XX", descreve como se deu a guerra de trin
cheiras: "Milhões de homens ficavam uns diante dos ou
tros nos parapeitos de trincheiras barricadas com sacos de
areia, sob as quais viviam como - e com - ratos e piolhos.
De vez em quando, seus generais procuravam romper o im
passe. Dias e mesmo semanas de incessante bombardeio de
artilharia 'amaciavam' o inimigo e o mandavam para baixo
da terra, até que no momento certo levas de homens saiam
por cima do parapeito, geralmente protegido por rolos e
teias de arame farpado, para a "terra de ninguém ", um
caos de crateras de granadas inundadas de água, tocos de
árvores calcinadas, lama e cadáveres abandonados, e avan
çavam sobre as metralhadoras, que os ceifavam, como eles
sabiam que aconteceria".
14 Grandes Líderes da História
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Grandes Líderes da História 15
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5 O IGENS DO MAL EM HITLER
D 'ntro dL literatura que marcou os estudos sobre Hitler,
um dos temas mais suscitados é aquele cuja pretensão é expli
car as L rigens do anti-semitismo assassino do Führer. Diversos
autores apoiaram-se emfatos da vida dele, muitos duvidosos ou
pouco (ríveis, e em muitas conjecturas para transformá-lo no
Mal em amado.
As razões para seu comportamento são diversas, mui
tas abs Irdas ( cómicas, mas nenhuma traz uma explicação
satisfatúria. Alem do motivo citado anteriormente sobre um
possívei sangue judeu vindo do avó, uma das razões mais comu
mente citadas é aquela que coloca a educação excessivamente
rígida n'cebida por Adolfcorno motor-propulsor de seu mal. Seu
pai seric um tirano inconseqüente que surrou por diversas vezes o
filho. A obediência cega seria obrigação e qualquer forma de re
beldia 0'1 desobediência geraria represálias. A psicologia explica
certas d'sfimções em adultos como seqüelas de castigos físicos e
humilhal'ões quando crianças. Devido à educação destrutiva, as
crianças maltratadas tendem a reprimir e negar todos os maus tra
tos e agr 'ssões recebidas, pois, caso contrário, elas não resistiriam
à dor. & ÇQ dor seria represada quando adultos em forma de força
destrutiva. Seria deste modo, negando a dor e seus sentimentos,
ou seja, encobrindo mentalmente a verdade a que era submetido,
que Hitlpr teria se transformado no ditadorquefoi e no estopim do
genocídi J, insen~ível a qualquer sentimento de humanidade.
Ouh a explic ção, cujos boatos vinham desde o pré-guerra, é
a teoria da sífilis, a qual alega que Hitler teria adquirido sífilis,
uma do(cnça sexualmente transmissível, com uma prostituta ju
dia de VIena. Aí estaria a origem do anti-semitismo dele, sendo a
"Soluçãl Final" resultado de efeitos perturbadores na mente do
doente n 1m estágio adiantado da enfermidade. Essa teoria expli
caria aU mesmo o suposto suicídio da sobrinha de Hitler, Geli
Raubal, em 1931 cam quem ele mantinha uma relação ambígua:
ela teria ~e mat do porque fora contaminada com a sífilis.
Hitler faz a saudação nazista durante a abertura
as Olimpíadas de Berlim, em agosto de 1936
A buscapor um trauma ligado ajudeus nessas explicações é níti
da e talvez insincera. Muita coisa viroufolclore, outras se perderam
diante do absurdo das divagações. Os judeus são também afonte do
mal de Hitler em outras versões. Além daquele de um judeu sedutor
que engravidou a avó paterna de Adolf, há uma que coloca o mesmo
judeu sedutor, agora um professor de música, que noivou e engravi
dou Geli Raubal, a sobrinha-amante de Hitler. Diante da descobe
rta, ele teria forçado Geli a se matar ou mesmo providenciado sua
morte. Seria a dor da perda e a vingança que levariam ao Holocaus
to. Uma terceira teoria envolvendo osjudeus coloca a culpa nafigu
ra de um médico desastrado que, por erro ou omissão, teria deixado
que Klara, mãe de Hitler, morresse. Osofrimento pelaperda da mãe,
causadapor umjudeu, seria a explicação para seu anti-semitismo.
Uma das teorias mais cómicas, mas que recebeu certo crédi
to na década de 1980 é a da mordida de bode. Ela veio à tona
através das memórias de um advogado que defendeu um soldado,
em 1943, acusado de difamação ao Führer. Esse soldado afirma
va ter sido colega de Hitler na escola na Austria. A difamação em
questão seria a informação de que Adolfnão teria um dos testícu
los porque fora arrancado por uma mordida de bode. Segundo o
soldado, quando criança, Hitler apostou que conseguiria urinar
na boca de um bode e, na tentativa de ganhar a aposta, o bicho o
teria mordido e arrancado um dos seus testículos. Para reforçar
essa teoria, quando encontrado o cadáver de Hitler carbonizado,
em 1945, constatou-se que ele não tinha o testículo esquerdo. Essa
mordida consistiria nafonte da posterior insanidade do Führer.
Toda essas teorias não passam de buscas de explicação para
algo que talvez não tenha explicação. Ou será que alguém em sã
consciência diria que Hitler matou milhões de judeus porque um
bode o mordeu ou porque um médico judeu deixou acidentalmente
sua mãe morrer? Buscar explicações é típico dos homens, ainda mais
para algo tão abominável quanto o queAdolfHitlerfez naAlemanha.
Mas explicar e entender não pode significar compreender e perdoar.
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rr 7"" t"r fT rr rr- ,., ri rr rr rr rF t"/ f'f n- ,-, ,..,." ri 1'"' ",..Ir 1'"1 n rI '1í , C;Ií- não est~ a n~ pod~r"rrrgs o p,aís j~sofrja com a él!!léaçg do"::.. a1elev~ão, 'Iíma 1Dv.ertção ~cen'te 'em:pre~d'a p.tincip..almêD-
I. ,/ 1,/ I ././ I ,/. / / ./. /' / / ./ I ./',', ./ r / ; ./ ~., ,I /
Ir./,c nazismo; que~se eonsokdou~doisranos'dep0rs. C'0-m isso, a-r terparara trãnsmi,são"'das J:)1ovas- em-'tircuito il'lterne'pararo •• ;~"'d~Jij-"'t-I~ ,.orgaJiiz; o,1em;n~o péia,w,á. ~e.cuÇão,p-e~s~ im'="rnu,': ./ p(;blic;='pre;ente:=-e, O~cliO:=-o' g;;~d;:meiifde ~ôm;';i.caÇão/.~; I.
.rt !' ...r ,..,- ,,~- "., rr ,r,- ,ç- ,..r ,.r r- '1 ('F ,r ,r- ,.r ,.r ".r rr- rr "r rrr ...r ;. " dar a sede des jogas, mas, ,EJepo-i5 cjermuit-as !naecisées e~ , da époea, qtJe teve par-ticipação espec-i-al com traflsmis-sões,ao .;;;./;,., Jin~istênGias,-k>'rari- fea.I,lzadQsJos..../rl'aiofés jõ'gos,.plírn,piéOSf~ / vi,;ó p';á' m;is de44 paises;A OI~gáni~çãOdprl};éntG~/olJ.tFá
ItlrfilOir;-""-;I'/ r de todoS s.fempos: ,r-_, ,-, ~, ~./',... ,... ~ novidafle: ás serv.kos""de transpôrte áéreo~-e dé-docu.mentá· ~" .;'./ ~ 1./ .;./ J /, I ~ ~ -,.;' ~ -';"
,rr f",;r, Hitlfr de~linolJu,m'[nvesJ;Tn;JelJ1o d~f\lais:de 3",.0 mi'UJõeÇ riPs, ré,áli;zaÇl'õs pCir ze(lelins: ~r r;. , ~ -: rr ';
'-:'/ I. ,de dólares, qua~tiã inimaginavel i?ara ii época, Rara 'ooras -./ - fdi lambem émrBerlTm' q' ú.e'otórreu ã·primeiraceiimonia aerF .1". ....r . r ".1 ri rr "F '" ,.r "r ,.r ,.r ,r ,.,. ,.-~ F ,"-1 rf t' rt r, r. I'rj
{.....~~"t-",1 e o aprjmorª-menw' oéfi,técnJcas 'g,e segs atl~tas.rÇom~es--= réYezaitlentõ::da tQ.cha'QlímpiJ;a, s'ã.ind6]le Atena , na G1éda-;::e ./ I, I , I ./ ./ J ./ , " , / , ~ ./ ./ ./ I ./ ./ I ,,' / ./ I
Ir '" i porte e politica nl111Ca conse'guifam se'dissociar, a"intenção,r sendo 'carre~ada 'g,or atletas'de varios 'gãísesraté chegar ao 'e5I Ir:JI~: ' ~ r--. ('"' ( ,.... I ~ I ,-.. r--, .-- ,-- .-- r- ,.- I -', ' ,-.,,...,-. '-.'- ~ r
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,r res-;/'"que-assistiam -a-um-desfile militar tendorcomo-de00ração ~- g'ig;l1te;cas sC-á ti€~~ ~./ ~ / ~ / ~ ~ ~ ~, r, ~
,r :-Entre 10 é'16 ~ ai~sto 1e 1~36, 49 ,páfses p~rticfparam ,; éJas-:Olirnpíadas de~B'erli;;:{ F;':ám,3~73~ ho~énsr;'34li fnu-~./ '"::. !her.e~ &.putãn o,-:-m~edál~aseiJ1 Z2./moâ;altãageÇ~ Álem<Í=../ :::. nhíterrflmoú;a có,tDpe~ãQ 'ffm p'EfrY)eiF,6 lugár n6;q,uáçfro di - mea~lhas, com 32 ouros>na rrentfi dds-1Z5taa05 LJnidos>que../
rI ,;- " ("1- ,rr I"T ,..- ,F I'r- ~t- ,r " r.
': obt!yera 1 24'1T1eda;]haqje 0ClIo. Ms.s, iQ:divid:yall1'Tgnte,-:.quem-" /'J ('J./ / ./'/'/ I I ,r reatment chamou-menção fo-r O negro 'rrorte~americano-Jesse
':.O;-e8si ~ maior v~çécfo~fe~~erífrn. ~s):a~d;:~e n;'íltl~ ./ rr r" ,.1 fT ,- r( "F ".,- ,r fri rr ,.;- 'r r tismo, a aisAr dl,Giona+- mOGlalidaEle e -tJm des esport&s mais
,~ imp,~ftaRtes da 'po~á, Ôwerí,s.~c'on,C;Uisto~/qú.atrowetJal~ás de-' ': 9uro.,NGma ãemon.s}raçã?'de ~açlsn)o,'JiJtlér-s~e r1e~oú-a/en: ./ ': tre'ífar á~ meÇ[à1 a~par~o a\Lêta, :aifer~terfj'enté~o q:ue f~ , .,
./ ~r ".~ 1",- ,r ,r F, "rzia com os-atletas branGos,Em rtenhwm dos quatro rituais ·de ,;émi~<ão,;Hitle; ap'ertou,; mÁ; oe ,Gwens: ,:
• Ao· çorÍtrjrió-cj.o qu~ f~z ,o führer. todes osrn~grÓs e juéfeus Toram qeril-rec~idó{pelos atlitas álemaes, inClusil/e ,
,um diJes geá o,.,maiq,r exymplo.~d'e r,éspeito'e ~sporj:í)/idade
,cump'(imentand'õ Owens ãpós iTma de suáS coríquisfas. Mãs 1/ / ./'/ "I I
~ta !lotíc~ fOi'Jetara pata a lmpr~~a:3jue fra p[oibicLã, Relo ministro da-pro~ganda Goebbles, de notidar as, vitárr r.- ,,- rí ,,- ,- ,,- r,- .- r
rias de negros amerieanos:,;./ If;lfeliz~énte;âep;i~de-=-três,;ríos désse; jog;s, e~ 193.9,
oexér-e(to R~zisfa )míãc!iu ã- PolÔnja" d-ando início} Segunda 'Guerra Múíidiar~ Par:ca,usá-dis{ó, dúáS olimpíaCfã~ dêlxara:m
rde'se,rJ-eallÍada~;a d~_1'940 erri,:I6quio'e ?~de 1,944 ~í:n Lqoêlres, 'Voltando os Jogos Olímpí:tos ã_serem disputaãos 50
'W~nt~~m:1948;na ~pitali~gl.fsa. '; / ,r
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m termos mais simples, a pergunta sobre
quem o que causou a Segunda Guerra Mundial pode ser
respon uas palavras: Adolf Hitler" , afirma Hobsbawm
em "Era os Extremos". De fato, é quase um consenso que
as maiores potências européias não queriam o conflito, mas
acabaram arrastadas a ele pela agressão ultrajante dos países
que formavam o Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Estas nações
estavam descontentes com as resoluções pós-Primeira Guer
ra Mundial e com a partilha de territórios e de influências a
Alemanha pela humilhação da derrota e pelo excessivo rigor
do Tratado de Versalhes; a Itália e o Japão por insatisfação
pela pouca parte que lhes coube e desejos imperiais não rec
ompensados pela participação na Primeira Guerra.
Hitler tinha noção de seu poderio militar e da competên
cia de seus exércitos quando, em apenas três semanas, sub
jugou a Polônia. No fim de setembro, o país polonês não
passava de uma região anexa à Alemanha. Parte desse ter
ritório foi ocupada pela então URSS em decorrência do tra
tado de não-agressão entre os países. Com o pacto, foi pos-
UERRA o tlcaA invasão da Polôn ia
ese cadeou uma guerra
euro éia contra Inglaterra
Fra ça, mas, à medida
ue as tropas de Hitler
vançavam, o receio de um
i pério nazista tomava conta
o undo. Tudo parecia soar
fav r do Führer, até que
Je resolveu invadir a Rússia
viu os Estados Unidos
ntrarem na guerra
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Tropa alemã no ataque à URSS, em 1941
de '940; Portugal e Espanha, governados por líderes fas glaterra, numa operação apelidada de "Leão-Marinho". Os
cistas (Salazar e Franco), permaneceram neutros. Hitler até ataques aéreos da Luftwaffe, a Força Aérea Alemã, intensifi
que tentou egociar a presença espanhola ao lado das for caram-se em julho contra navios ingleses no Canal da Man
ças alemãs, mas o general Francisco Franco, após três anos cha e, posteriormente, a diversas cidades, incluindo Lon
de ma guerra civil que destroçara o país (guerra na qual dres. A Real Força Aérea Britânica (RAF) era relativamente
armament s alemães e italianos foram testados ao lado recente e inexperiente, contando com a maioria de pilo
das forças franquistas), considerou inoportuna uma parti tos na base dos 20 anos, mas a tecnologia dos equipamen
cipação espanhola e "declinou" o convite de Hitler. tos, com radares eficazes, possibilitou uma guerra defensi
Winston Churchill, primeiro-ministro inglês nomeado va e de desgaste por parte dos ingleses. O combate mos
, em 'llaio d 1940 e que prometeu ao povo "sangue, cansa trou-se decisivo para o desenrolar do conflito, pois Hitler
ço, _uor e lágrimas", viu-se isolado e em inferioridade mili teve de abandonar a Operação Leão-Marinho depois que
tar. A frente de batalha em terra, que avançou para conter viu, em agosto, aviões britânicos furarem o espaço aéreo
as forças nazistas em conjunto com as francesas, foi rapi alemão e bombardearem Berlim. Foi o primeiro grande gol
damente r pelida e só se salvou pela retirada de Dunquer pe sofrido por Hitler em uma série de triunfos.
que o que evitou o massacre e a perda de consideráveis
con .ingentes humano e bélico ingleses. Um ano depois PRÓXIMO PASSO, A URSS de iniciada a guerra, as forças antagônicas resumiam-se Apesar disso, a Grã-Bretanha tinha uma política mais
ao novo império alemão, que havia tomado quase todo defensiva, sem um efetivo de guerra que abrisse caminho
o c ntinente europeu, contra a pequena ilha britânica ao para uma contra-ofensiva sobre a Alemanha. Assim, com a
norte do continente. Recuado em seu território, Churchill Inglaterra fora de controle, Hitler pôde se preparar para sua
poderia facilmente chegar a um acordo de paz com grande cartada, o objetivo maior de seu ímpeto imperialis
Hitler, o q e foi proposto, pois o líder alemão queria for ta : a "Operação Barba Roxa", ou seja, a invasão da URSS,
mar uma frente contra a União Soviética, mas o ímpeto foi país que, até então, estava fora do conflito pelo pacto de
exclusivamente o de resistir, incitando o povo ao esforço não-agressão. Adolf Hitler resolveu invadir a Rússia comu
de uerra e ao sacrifício. Ciente de uma derrota caso ten nista, onde esperava encontrar recursos naturais e mão-de
tasse um ataque aos nazistas por terra, Churchill conden obra escrava para o golpe final do III Reich. Este é tido como so seus esforços de guerra em o maior erro do Führer e aquele desenvolver uma força aérea H itler teve de ab~ndonar a Operação que marcou a virada do pêndulo co siderá el e manter o pode da Segunda Guerra. rio naval que, historicamente, Leão-Marinho depois que viu, A Europa Oriental também marcou a rã-Bretanha. Nisso havia caído nas mãos do Eixo,em agosto, aviões britânicos cor sistiam suas esperanças de deixando livre o caminho até a
furarem o espaço aéreo alemãoresistência até que algo novo União Soviética. A ofensiva consurgisse n horizonte. e bombardearem Berlim. tra a URSS foi programada para
De fat , a resistência in 22 de junho, uma data marcante Foi o primeiro grande golpe glesa aos ataques de Hitler para Hitler que a conside-rava de
foi heróic . O ditador alemão sofrido pelo FÜhrer sorte. No ano anterior, a França pretendia ma invasão à In- havia se rendido naquela data e,
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em 1812, f ra o dia escolhi
do por Napoleão Bonaparte
para invadir a me ma Rús
sia. A idéia de Hitler era a
que marco suas conquis
tas anteriores: uma guer
ra-relâmpago que pegasse
o adversári de surpresa e
o subjugass o mais rapida
mente possível. Previa que
até setembro, antes do in-
Hitler resolveu invadir a Rússia comunista,
onde esperava encontrar recursos naturais
e mão-de-obra escrava para o golpe
final do III Reich. Este é tido como o maior
erro do Führer e aquele que marcou a
virada do pêndulo da Segunda Guerra
verno russo, as for as de Stálin estariam dominadas e as
principais ci ades russas - Moscou, Stalingrado e Lenin
grado -, ocupadas pelos alemães.
Mas um detalhe precisa ser colocado aqui. O suces
so de Hitler e sua independência em relação às ações
que tomava irritaram Mussolini, que se sentia em segun
do plano numa gu rra que faziam juntos. Ressentido, o
líder italiano resolve invadir a Grécia e tomar aquele país
sozinho. No entanto, as tropas italianas, uma das me
nos eficientes de toda a Europa, ficaram em apuros. A in
vasão à URSS havia, inicialmente, sido programada para
maio, mas a ncompetência e a inveja de Mussolini fizer
am com que Hitler a iasse o ataque aos russos e dispusesse
seus homens a resolver a situação na Grécia. Com isso, a
"Operação Barba Roxa" acabou atrasada em cinco semanas,
o que foi de f ndamental importância para seu fracasso.
Mesmo sim, Hitler acreditava que um ataque con
junto pelo céu e por terra faria as forças russas capitu
larem sem mito esforço. Na verdade, o Führer não co
locava muita fé na vontade russa de resistir. Um povo
racialmente inferior (os soviéticos eram considerados esla
vos, uma raça comp rada aos judeus, além de comunis
~~ Pearl Harbor
tas) não teria a mesma for
ça de vontade de um ari
ano. Com essa crença, os
alemães avançaram eficaz
mente pelo território sovié
tico nas primeiras semanas
de combate. Prosseguiam
rumo à capital russa sem
muitas dificuldades, pois
Stálin não esperava por
essa ofensiva germânica que fragmentava a frente de batalha alemã em dois fronts
- o ocidental e agora o oriental.
Mas, para a infelicidade de Hitler, as forças nazistas não
conseguiram terminar a invasão antes do inverno. Subesti
maram o poder de resistência do povo russo e a tática de
Josef Stálin, que impôs uma política de terra arrasada (isto
é, bater em retirada deixando para trás nada que pudesse
ser usado pelos inimigos). Esta resolução foi fatal dentro
do esquema pensado por Hitler, pois suas tropas não es
tavam preparadas para uma guerra mais longa do que a
prevista. Não tinham levado alimentos e combustível sufici
entes, além de munição e vestimentas propícias para o pior
inverno russo de todos os tempos. As baixas temperaturas
fizeram com que as correntes dos tanques congelassem e se
quebrassem, além das armas enguiçarem e necessitarem de
lu brificantes constantemente.
ALIADOS CONTRA-ATACAM Alguns comandantes do exército queriam a retirada das
tropas do território russo, mas Hitler era tão implacável em
seus objetivos que, muitas vezes, cegava-se para a verdade.
Ordenou que continuassem a guerra até o fim. Foi quando
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tro as de Hitler, na URSS, não
e avam preparadas para uma guerra
mais longa do que a prevista, Não tinham
levado alimentos e combustível .
suficientes, além de munlçao e , .
estimentas propicias para o pior
Inver O russo de todos os tempos
cheg u deze bro e, de fato, a história da guerra mu
dou e rum . O exército russo deu início à sua con
tra-ofensiva que os levaria até Berlim, e o Japão ata
cou a base naval americana de Pearl Harbor em 7 de
deze bro, f rçando os Estados Unidos, até então fora
da g erra, a entrarem no conflito. De Stalingrado, as
forças alemãs começaram a cair. Em pouco mais de dois
mese , meio milhão de soldados nazistas haviam mor
rido r o combate. Sem muito pensar no que a decisão
acarr taria, itler declarou guerra aos Estados Unidos
em 11 de dezembro, assim como a Itália. O presidente
RoosE:velt, enfim, tinha uma motivação para entrar na
guerra ao lado dos Aliados: o conflito chegava ao seu
estágio global.
A partir de 1942, os rumos da guerra pareciam já ter
um lado para o qual pender. A praticamente produção
ilimitada dos Estados Unidos seria fundamental para minar
as forças de itler, que buscou intensificar a produção bé
lica, f rçand os povos conquistados a trabalharem em
camp s de concentração. Ao mesmo tempo, ele decidiu
pela' Soluçã Final", começou o transporte maciço de ju
deus para os campos na Europa Oriental e pôs os campos
de extermíni para funcionar pra valer.
A derrota da Alemanha era apenas uma questão de
tempo. Na África, um dos melhores generais de Hitler,
Erwi Rommel, que havia mantido as tropas inglesas no
norte africano longe da batalha na Europa, encontrava
o início de sua derrocada, que teria fim com a rendição
'em aio de 1943 na Tunísia. Hitler prendeu-se mais e
mais na frente contra os russos, deixando o front oci
dent I descoberto. Logo forças anglo-americanas entra
ram o território italiano pela Sicília e o Grande Consel
ho F cista a Itália exigiu a renúncia de Mussolini por
sua conduta uma guerra que não levou a Itália a lugar
algu . Em seguida, foi preso pelo governo provisório de
Pietr Badoglio e, em 3 de setembro de 1943, a Itália
assinou a rendição. Uma semana depois, Hitler enviou
uma tropa para libertar Mussolini. Apesar da incom
petê cia em termos militares, o duce italiano fascista
sempre foi eu modelo e acreditava que ainda poderia
ajud r na guerra. Livre, Mussolini fundou a República de
Saló e prometeu ao Führer que reorganizaria a resistên
cia f scista na Itália.
líderes da História
ATENTADO CONTRA HITLER A guerra já estava perdida em quase todas as frentes de bat
alha. Os russos haviam tomado, aos poucos, todos os territórios
ocupados pelos alemães nos dois primeiros anos de guerra. Cami
nhavam para Berlim enquanto a frente ocidental, no dia 6 de jun
ho de 1944, via o desembarque na Normandia, fato chamado de
o "Dia D". Dali, os Aliados libertariam a França e os demais países
do oeste europeu. Mas, nada fazia Hitler perder as esperanças.
Ele demonstrava que era a vitória total ou a derrota total. Assim,
ordenou que todos continuassem a luta, até a morte, se necessário.
Por mais incrível que pareça, quase nenhum alemão contestava as
decisões do Führer. Confiavam cegamente em suas palavras, tanto
que não houve baixa no ímpeto da população.
Mas alguns conselheiros e homens do partido tinham exa
ta noção de que o caminho para o qual o Führer os levava era
o da completa destruição. Queriam um acordo de paz com as
potências ocidentais, mas também sabiam que, com Hitler no
poder, isso seria impossível. Assim, planejaram um atentado, que
se desenvolveu em 20 de julho de 1944. O coronel Klaus von
Stauffenberg foi até o quartel-general do Führer com uma bom
ba dentro de uma pasta de couro. No gabinete de Hitler, de
positou-a ao chão junto ao pé da mesa, a menos de dois metros
de seu alvo, e saiu da sala mediante uma desculpa qualquer. Ou
viu-se a explosão e alguns minutos se passaram até que Adolf Hit
ler saísse, de entre a fumaça e destroços, ferido e tonto. O atenta
do fracassou e o que se viu em seguida foi o banho de sangue de
quase 5 mil pessoas consideradas oposicionistas ao regime.
A saúde de Hitler piorava dia após dia. Sedentário, tinha cor
rentes dores de cabeça, cãibras e dores pelo corpo. Eo atentado
serviu para acentuar um tremor nervoso no braço e na perna esquerdos. Cada vez mais, ele permanecia trancado na Chancela
ria de Berlim. A insanidade parecia estar tomando conta de Hitler
cada vez mais, pois a cada dia suas atitudes atrozes aumentavam.
A guerra ia chegando ao fim. Num movimento contrário ao
expansionismo alemão de 1939 até 1941, os territórios conquis
tados eram reconquistados e iam espremendo o exército alemão.
Em 1945, nada mais poderia salvar a Alemanha, nem a morte de
Roosevelt conseguiu dar forças para resistir. Em abril daquele ano,
Mussolini foi preso e assassinado por rebeldes, que penduraram
seu corpo como troféu e o espancaram brutalmente. Hitler, no fi
nai de abril, enfim sentiu que a derrota estava próxima quando os
russos tomaram Berlim. No dia 30 de abril, cometeu suicídio ao
lado de Eva Braun, sua fiel amante por 16 anos. No dia 7 de maio
de 1945, a Alemanha assinava a rendição incondicional. Era o
fim do nazismo, o fim de Hitler.
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~- POLÊM ADA MORTE
As últimas horas de vida de
Ad If Hitler foram marcadas
pela de ilusão com a derrota e
pela insanidade. Com um tiro
na cabeça, o Führer se matou,
te do eu corpo em segu ida
queimado enquanto os russos
inv diam Berlim. No entanto,
há ai da aqueles que alimentam um ito de que ele sobreviveu
morte de Adolf Hitler ainda é tema de discus
sões e desconfianças pelo mundo. Diversas versões surgiram a
cada nova possibilidade - suicídio, envenenamento - e houve
mesmo quem diss sse que o Führer fugira de Berlim e que sua
morte fora criada para enganar os Aliados. Mas fato é que,
hoje, tem-se certeza da morte dele, mais precisamente de seu
suicídio, no dia 30 de abril de 1945.
Em 20 e abril de 1945, Hitler completou 56 anos. Nesse
mesmo dia, depois de ser cumprimentado por todos aqueles
que permaneciam no bunker da Chancelaria de Berlim, para
onde forarr depois que Berlim passou a ser atacada, ele se
reuniu com seus principais homens - Martin Boorman, Goe
bbels, Himmler, Gõring, Speer e Ribbentrop - para deliberar
sobre os andamentos da guerra. Conscientes da derrota, pro
puseram a Führer que deixasse a cidade e fosse para outro
refúgio mais seguro, o de Berchtesgaden. Hitler teria se recu
sado a deixar a capital. Entre todos ali, apenas ele mantinha a
idéia de ainda vencer a guerra.
A morte do presidente Roosevelt soou-lhe como um sinal
de esperan a. Depois disso, acreditou que dois exércitos ale-
Segundo jornais americanos da década de 1980, Hitler teria vivido até os 100 anos eaqui na América do Sul
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ra abatida, que constantemen
te recorria a injeções de estimu
lantes. Num de seus surtos pós
estimulantes, anunciou a todos
sua decisão de cometer suicí
dio, acentuada pela notícia de
que Himmler abria negociações
de paz com o conde sueco Ber
nadotte. Informou que morreria
em Berlim quando a cidade esti
vesse próxima a ser totalmente
tomada pelo exército vermelho.
Himmler foi logo declarado trai
dor e condenado à morte, mas
foi o auxiliar do chefe da Ges
tapo, de nome Fegelein, casado
com uma irmã de Eva Braun, que
foi morto.
A idéia do suicídio veio a Hi
tler por duas razões: a primeira
era não ser capturado vivo pelos
Aliados e a outra era o medo de
que acontecesse a ele o mesmo
que haviam feito com seu cole
ga Mussolini. O líder italiano fora
preso e assassinado. Receoso de morrer como um traidor ou um
delinqüente, e não querendo ser
exibido em nenhum museu de
cera (como Lênin, o líder da re
volução russa de 1917) como tro
féu, ordenou a seus homens que,
após morto, fosse queimado.
Depois de tais resoluções,
Publicação da época afirma que Hitler e Eva teriam fugido de Berlim falou a todos que estavam no
mães pudes em libertar Berlim e isso significar à guerra o que
foi a batalha de Stalingrado para os russos - o ponto de vira
da. Mas suas orde s para os tais dois exércitos nunca foram
cumpridas, pois eles não mais existiam. Mesmo assim, Hitler permaneceu incólu e, proibindo que a palavra derrota fosse
sequer pronunciada. No entanto, sua saúde es
tava demasiadamente afeta
da, ainda mais após o atenta
do de julho de 1944. Seu cor
po já não andava ereto e tinha
tumores no braço e nas pernas
que aparentavam mal de Pa
rkinson. Escondido há semanas
no bunker sem mesmo ver a luz
do sol, empalidecera muito e o
olhar, antes brilha te, perdera
sua força. Tornara-se uma figu
bunkerque quem 'quisesse poderia partir a qualquer momento. Não mais precisariam ficar.
Goebbels e alguns outros decidiram continuar com ele até
o fim. Então, Hitler distribuiu ampolas de cianureto (um
veneno poderoso que matava em instantes depois de to
mado) a todos que permaneceram e tratou de providen
ciar seu casamento com Eva Braun. Num ato que poucos
A idéia do suicídio veio a Hitler por
duas razoes: a primeira era não ser
capturado vivo pelos Aliados e
outra era o medo de que acontecesse
a ele o mesmo que fizeram com seu
colega Mussolini. o líder italiano fora
preso e assassinado
compreenderam, ele desposara
a mulher que lhe dedicara mais
de 16 anos de vida. Goebbels e Boorman foram as testemunhas,
e houve champanhe para a co
memoração. Era 29 de abril e,
logo em seguida ao casamento,
Hitler se recolheu ao seu gabi
nete com a secretária Frau Lan
ge para ditar seus testamentos
- um pessoal e outro político.
Foram feitas três cópias dos do
cumentos, enviadas uma para a
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sede do partido e as demais para os generais D6nitz e Sch6r
ner. Neles, Hitler nomeou D6nitz como presidente, Goeb
bels o novo chanceler e Boorman, ministro do partido. An
tes de dormir, o Führer testou, com sucesso, o cianureto em
seu cão Blondi.
Hitler e Eva Braun recolheram-se para o quarto logo de
pois do alm ço do dia 30 de abril e de terem cumprimenta
do as pesso s presentes. Minutos depois, às 15h30, os cria
dos ouviram um disparo e correram em direção ao quarto de
Hitler, enco trando-o sobre o sofá com a cabeça estourada.
Ao seu lado, estava Eva Braun, morta e com uma pistola na
mão. Ela tomou o cianureto. Hitler manteve uma cápsula do
veneno na boca, mas preferiu morrer com a honra dos mili
tares. Imedi tamente após verem que seu líder havia de fato
se matado, o criado de quarto, de nome Linge, Boorman e
o Dr. Stumpefegger cobriram os corpos com um cobertor e
trataram de levá-los para fora do bunker. As ordens finais de
Hitler foram que fossem queimados e, para tanto, encomen
dou uma re essa de 200 litros de gasolina para o motorista
Kempka, qu conseguiu reunir apenas 170 litros de veículos
abandonados nas ruas. Os corpos de Hitler e Eva Braun fo
ram depositados numa vala no jardim da chancelaria, cober
tos por gaso ina e ateados fogo. Quando acabaram as cha
mas, os rest s fora enterrados.
Goebbel enviou, então, uma mensagem a D6nitz infor
mando da morte do Führer. Depois, como indicou que faria,
envenenou os seis filhos e ordenou a um soldado que execu
tasse a ele e sua esposa. O mais fiel dos seguidores de Hitler
seguiu-o até na morte. Os demais presentes no bunker ten
taram fugir e alguma forma, mas quase todos foram cap
turados pelos russos, que estavam a duas quadras do local
quando ocorreu o suicídio. O único de que não se soube
mais foi Martin Boorman, fato que alimentou diversas lendas
em torno de sua fu a.
O exército russo chegou ao bunker nos dias seguintes
e, em 4 de aio, u soldado, Ivan Curakov, encontrou os
corpos de Hitler e Eva queimados. Os soviéticos tinham em
mãos a verdade sobre a morte de Hitler - os restos humanos
e as principais testemunhas que estavam com ele até o fim.
Em 23 de maio, um médico informou o resultado da autóp
sia. Era de fato o cadáver de Hitler, pois a arcada dentária e
uma palite identificavam-no, além de uma cápsula de cianu
reta, que foi acusada como a causa da morte. Prontamente,
os russos propagara a idéia de que Hitler morrera envene
nado e não c m um tiro, o que provaria uma morte covarde.
Mas a verdac e parece ter vindo à tona com uma investiga
ção realizada por autoridades anglo-americanas no decor
rer daquele ano. A conclusão foi de que Adolf Hitler havia
morrido com tiro na cabeça disparado por ele mesmo. Essa
investigação irou um livro, escrito pelo próprio responsável
pelo caso, H.R. Trevor-Roper. "Os Últimos Dias de Hitler"
tornou-se um best-seller desde então, mas foi muito critica
do na época. Já hoje, é quase um consenso.
No testamento de Hitler, uma última ordem à nação:
"Continuem a comb ter os judeus". Morreu convicto de seus
ideais, admirável se não fosse tendente ao mal.
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Por Lucas Pires
ada é mais erróneo do que acreditar que o
preconceito e a perseguição aos judeus começaram com o na
zismo. Não foi Hitler que criou o anti-semitismo, ele apenas
levou tal d utrina ao seu grau extremo - o do extermínio.
Quando est va no poder, elevou o anti-semitismo a uma políti
ca de Estado que visava, num primeiro momento, expulsar to
dos os judeus dos territórios ocupados pelo Reich e construir
uma Alemanha" limpa", com apenas a população ariana.
Mas é p ssível afirmar que Hitler não conseguiria provocar
o Holocausto sem o consentimento da população. A teoria cor
rente é de que a população alemã nada sabia sobre os campos
de extermínio e o assacre de judeus, mas uma história revi
sionista provou que, de fato, o povo alemão não só sabia como
apoiava o g nocídio. Claro que a interiorização de um com
portamento terrorista, capaz de aceitar a morte do outro como
cumento que descreve uma conspiração judaica para conqui
star o mundo. Esse livro inspirou muito Hitler em suas idéias e
era levado a sério pela população. Assim, quando o nazismo
iniciou sua política de perseguição e, posteriormente, de elimi
nação, já havia enraizado na mentalidade popular um senti
mento de repulsa aos judeus. Em outras palavras, havia uma
pré-disposição a aceitar a perseguição, acentuada pela debili
dade económica e moral pela qual passava a população.
TRÊS ESTÁGIOS DA PERSEGUIÇÃO A partir de 1933, todo um aparato institucional de violência
e terror tomou conta da Alemanha. O pensamento anti-semita
no período do III Reich pode ser dividido em três estágios de
crescente recrudescimento da violência. Num primeiro momen
to, que vai de 1933 a 1938, percebeu-se a tentativa de banir
os judeus de todos os campos sociais - económico e político
essencialmente - através de leis, como as de Nuremberg, que
impunham a proibição do casamento entre judeus e arianos,
anti-Senil ita
natural, só poderia acontecer com um incessante bombardeio
de propaganda anti-semita. Os nazistas foram especialistas em
criar e espalhar cartazes, filmes, livros e panfletos denegrindo a
imagem dos j deus, muitas vezes retratados como insetos, co
bras e outras pragas pestilentas. À imagem do homem de pele,
olhos e cabelos c1aro~ do ariano, contrastavam as vestes sujas,
o nariz encorpado, a barba longa e a feição diabólica do judeu.
"Enquanto as Imagens dos arianos expressavam beleza, docili
dade, pureza e inocência, aquelas que se referiam aos judeus
representavam a falsidade, a mesquinharia, a luxúria e a agres
sividade", confirma a historiadora Maria Luiza Tucci Carneiro.
Mesmo antes da propaganda nazista, o espírito contra ju
deus já existia e era muito forte não só na Alemanha. Panfletos
e livros anti-semitas foram lançados aos montes no decorrer do
século 19, tanto que, em 1893, o Partido Anti-Semita do Povo
conquistou 16 cadeiras no Parlamento alemão.
Entretanto, o mais divulgado libelo anti-semita surgiu na
Rússia em 1905. "Os Protocolos dos Sábios de Sião" é um do
boicotes económicos, prisões e espancamentos. Exemplos de
ações nessa direção: demissão de funcionários públicos judeus
em 7 de abril de 1933; programa de confisco de bens perten
centes a judeus em 1934; médicos judeus proibidos de exercer
sua profissão em hospitais públicos a partir de março de 1936
e o expurgo de toda arte e literatura não-alemãs, que culmi
nou com a queima de livros proibidos pelo regime na Praça da
Ópera de Berlim. O resultado dessa primeira ofensiva foi que
150 mil judeus deixaram a Alemanha no período de 1933 a
1938, sendo 2 mil deles jornalistas e intelectuais.
Um segundo estágio teve início em 1938, com a "Noite dos
Cristais", quando mais de 7,5 mil lojas e quase 200 sinagogas
foram pilhadas e incendiadas, 300 judeus foram assassinados e
outros 30 mil, levados a campos de concentração. Durou até
1941, com a decisão pela "Solução Final". Nesse período, au
mentaram as prisões e os judeus dos países invadidos eram en
viados para os campos de trabalho forçado e de concentração.
Um programa de eutanásia, conhecido como "Aktion 4", foi
Grandes Líderes da História 39
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Antes das câmaras de gás, o fuzil menta era uma das formas
de e ermínio. No entanto, era considerado
um método muito lento e prejudicial
à moral dos atiradores
implantado para matar doentes mentais crônicos. No final de
1941, cerca de um milhão de judeus haviam morrido por diver- .
sas motivos sob domínio nazista.
O terceiro estágio foi marcado pela radicalidade da per
seguição, que foi exatamente o momento em que o regime
adotou o extermínio como solução para a questão judaica. A idé
ia era matar cerca de 11 milhões de judeus de toda a Europa. A
execução em massa começou com a invasão da então URSS e
a deportação dos judeus para os guetos e campos da Europa
oriental. Antes das câmaras de gás, o fuzilamento era uma
das formas de extermínio. No entanto, era considerado len
to e pre-judicial à moral dos atiradores. Então, as câmaras de gás
foram aprimoradas (primeiramente funcionando com monóxi
do de carbono, depois com o gás Cyclon B, um ácido prussiano
fabricado originalmente para combater vermes e com efei
to mais acelerado) e enormes fornos crematórios foram
construídos para dar fim aos corpos. Em muitos campos, os corpos
eram usados na fabricação de sabão, e dos cabelos confecciona
vam-se chinelos para os tripulantes dos submarinos.
No julgamento de Nuremberg, em abril de 1946, Rudolph
Hess, um dos diretores de Auschwitz, o campo de concentração
que mais matou judeus - entre 1,5 e 2,5 milhões - descreveu alguns
procedimentos: " ... o bafo e o fedor nauseabundos, produto da
perpétua combustão dos corpos, invadiram a região toda, de modo
que os habitantes das comunidades das redondezas sabiam muito
bem que em Auschwitz processavam-se extermínios C..) Esperáva
mos habitualmente meia hora antes de reabrir as portas para reti
rar os cadáveres. Depois de transportados, nosso comando especial
apoderava-se dos anéis e dos dentes de ouro dos cadáveres".
o LEGADO DO HOLOCAUSTO A matança generalizada contra os judeus nos campos de ex
termínio foi considerada segredo de Estado pelo regime nazista,
que não queria que tais informações vazassem para o mundo,
pois isso só acarretaria num recrudescimento no combate aos
alemães. Mas, conforme os exércitos russos iam libertando os
países invadidos e ocupados, deparavam-se com a realidade da
crueldade destinada aos judeus. Os quase 8 mil sobreviventes
presos em Auschwitz só encontraram a liberdade em janeiro de
1945, quando foram libertados pelos soviéticos em um estado
tal de miséria que, dificilmente, diria-se que eram seres humanos.
Até maio, quando descobriram o campo de Mauthausen, prisio
neiros de outros cinco campos haviam sido libertados. As auto
ridades aliadas ordenaram que a realidade das atrocidades fosse
documentada no próprio local. Tais documentos foram essenciais
para a condenação de nazistas no Julgamento de Nuremberg.
a resultado final da guerra para os judeus chegou à casa
dos 6 milhões de mortos. Livres das garras nazistas, não tinham
para onde ir e nem em quem se apoiar. a retorno à vida, como
o despertar após um longo inverno, contrastava duas realidades:
a felicidade da libertação e a incógnita do futuro, que era ainda
mais desanimador quando detectado que eles não podiam se
dirigir a lugar algum e tinham de permanecer em campos or
ganizados pelos Aliados esperando alguma resolução. Desprovi
dos de qualquer bem material ou lar, além do trauma da perda
de parentes e do sofrimento vivido, acabaram buscando abrigo
40 Grandes líderes da História
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em outros lJaíses ( edidas que exigiam pedidos de visto e certa
burocracia) ou migrando para a Palestina (legalmente ou não).
Um navio repleto de sobreviventes judeus da guerra rumava ile
galmente para a Palestina quando foi capturado pela marinha
britânica e 1947. Do lado de fora do Exodus, nome do navio,
uma faixa dizia: "Os alemães destruíram nossas famílias e nossos
lares. Não destruam nossa esperança" .
Logo um movimento pró-criação de um estado judaico
nasceu, que culminou com a partilha da Palestina e a criação do
estado de Israel e 1948. Os judeus, considerados apátridas
até então, tinham um território para chamar de lar.
O ANT -SEN ITISMO COMO IDEOLOGIA Anti-semitism é a hostilidade ideologicamente motivada
contra o povo judeu e sua cultura. Ele é antigo e pode ser
remetido ' consolidação do cristianismo como religião do
minante n Ocidente. Desde que o cristianismo assumiu essa
postura, o tratamento dado aos judeus varia em três formas:
conversão, expulsão ou eliminação. Há os fatores econômi
cos, sociais, políticos e raciais, mas foi o religioso que marcou
o anti-semltismo até o século 19. Historicamente, o povo ju
deu foi tido como culpado pela morte de Jesus Cristo.
Esse movime to anti-semita pode ser dividido em três
momentos distintos: o pensamento teológico (tradicional),
o científico (mod mo) e o neonazista (contemporâneo). O
primeiro f i corrente desde a Idade Média até o início do
século 19. Com conotação econômico-religiosa, esse anti
semitismo baseava-se nas doutrinas pregadas pela Igreja
Católica, principalmente na Península Ibérica. Na Espanha
do século 15, leis proibiam os cristãos-novos (judeus con
vertidos ao catolicismo) de exercer função pública ou ingres
sar em corporaçõ s profissionais. Freqüentemente, na Idade
Média, os judeus eram responsabilizados por terremotos,
pela peste negra ou pelo envenenamento de poços d'água.
Já o científico, que apareceu no final do século 19,
não seguiu mais a fundamentação teológica, nascendo, as
sim, um novo anti-semitismo, fundamentado em argumen
tos científicos. Surgiram, principalmente, na França e na Ale
manha e apoiavam-se em teorias racistas, por sua vez base
adas numa pseudociência ligada à biologia e à antropologia
social. Foram publicados estudos de Gobineau e Chamber
lain, por exemplo, em que "provavam" serem os judeus per
tencentes a uma raça inferior e os consideravam agentes no
civos à humanidade.
Por último, a terceira fase do anti-semitismo ressurgiu a
partir dos nos de 1980, após uma hibernação de pratica
mente 30 nos, devido à divulgação dos crimes praticados
contra os judeus pelos nazistas. Essa retomada do movimen
to anti-semita não é mais baseada em argumentos teológi
cos nem científicos. Ganha o nome de neonazismo, pois
é um anti- emitismo mascarado pelo anti-sionismo, que é
negar ao j deu a ua liberdade e independência nacional,
ser contra I-rael. Mitos de seus seguidores chegam a negar
o Holocausto ou mesmo a inverter a ordem carrasco-vítima,
colocando s nazistas como as vítimas em questão.
o resultado final da guerra para os
judeus chegou à casa dos 6 milhões de mortos. Livres dos nazistas, não tinham
para onde Ir e nem em quem se apoiar
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oOU FICA
46 Grandes líderes da História
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1m ossível olhar Hitler e não ver nele aquilo que mais se
aproxima do Mal em termos humanos. Jamais vai-se
e quecer da agressão à humanidade que ele promoveu Pires
ompreender a era nazista na história alemã e
uadrá-Ia em seu contexto histórico não é perdoar o
ge ocídf . De t da forma, não é provável que uma pessoa
que tenha vivido este século extraordinário se abstenha
de julgar. O difícil é compreender". Essas palavras de Eric
Hobsbawm servem para todos aqueles que estudam ou
buscam saber mais sobre quem foi Adolf Hitler e o que
representou o n zismo para o mundo.
Julgai e compreender, dois verbos, duas ações que, em
se tratan o de Hitler, estão dissociadas. Todos julgamos, mas
nem tod s compreendemos. Para quem não viveu o horror
do nazismo, talvez os relatos não passem de palavras em
livros. Para outros, são marcas sinalizadas na própria carne.
Nada foi mais monstruoso do que o regime nazista. E
Hitler e s us comparsas cansaram de avisar que poriam em
prática tudo o que de fato fizeram bem antes de iniciada
a guerra. Pelo enos desde 1926, quando foi publicado
o livro "Minha Luta", o mundo tinha conhecimento do
que Hitler pensava dos judeus, da raça ariana e do que
pretendia empreender para recuperar a grandeza da nação
e do império alemães, perdida na Primeira Guerra. Mesmo
assim, Hitler chegou ao poder.
Charl s Chaplin, em 1940, filmou "O Grande Ditador",
uma par' dia de Hitler em que colocou, com seu típico
humor, as características de um regime autoritário baseado
na crença de uma raça superior. Mas seu filme não foi capaz
de prever o de fecho trágico que se veria em seguida.
Enquanto na ficção de Chaplin o final é um discurso
emocionado em que a fraternidade está acima de qualquer
raça ou credo, na vida real Hitler escolheu o caminho
inverso. E os resultados foram uma guerra em escala global
e uma carnifiCina como nunca vista antes. Definitivamente,
Chaplin não previu Hitler.
Assim, em termos morais, como explicar um regime
baseado na violência e no terror, na perseguição a minorias
étnicas, n invas-o de países soberanos em nome de uma
raça dita superior, sem que nenhuma nação se opusesse
energicamente contra? Talvez a pergunta que deva ser
formulada eque deve pautar os estudos sobre os nacionalismos
atualmente seja outra: como foi possível a existência de um
Hitler? A explicação para esse mal é um dos enigmas mais
contunde tes do século 20. Talvez nunca cheguemos a uma
conclusão, mas o importante é que o fato deve permanecer.
Pesquisar . conjecturar sobre os motivos que levaram Adolf
Hitler a o iar os judeus a ponto de exterminá-los não pode
ser mais i portante do que as mais de 60 milhões de vidas
que se dissiparam com a guerra. Se a lição de Hobsbawm é
compreender, não para perdoar, mas sim para julgar, relembrar
tal julgamento torna-se tarefa obrigatória para evitar que
novo mal aconteça. Ainda mais em tempos como os atuais,
quando se vê movimentos neonazistas e outros que negam a
existência do Holocausto. A História é o maior professor que
podemos ter, mas a memória enfraquece com o tempo. Daí a
essencialidade de seu estudo.
Passados 60 anos do fim da guerra, é possível encontrar
subsídios para saber quem foi Adolf Hitler? Um idealista,
um assassino, um líder carismático, um artista frustado, um
psicopata sexual? Com certeza, ele foi tudo isso, e muito mais.
E é exatamente esse "muito mais" que se perdeu. Dentro
da ótica da moral e da ética cristãs, da distinção clara entre
Bem e Mal, não há como entender o genocídio. Hitler foi a
encarnação do Mal, como muitos outros também o foram,
mas não há antecedentes de alguém que espalhou a morte
em escala industrial como ele.
Goebbels, o ministro da Propaganda do III Reich e pessoa
mais próxima a Hitler durante todo o tempo, disse a um auxiliar
seu certa vez: "Trabalho com ele há muitos anos, vejo-o quase
todos os dias e, todavia, há momentos em que ele me escapa
completamente. Quem se pode gabar de o ter visto tal e qual
como ele é? No mundo da fatalidade absoluta em que ele
se move, nada mais possui sentido, nem o bem, nem o mal,
nem o tempo, e aquilo a que os homens chamam de sucesso
não pode servir-lhe de critério. Tomais-me por um doido, mas
escutai o que vos digo: é provável que Hitler termine numa
catástrofe. <...) Hitler tem inimigos no mundo que pressentem
a sua personalidade, mas duvido que ele tenha um só amigo
que o saiba, à parte eu. E, apesar disso, o que ele é, em última
instância, ignoro-o. Éele realmente um homem? Não o posso
jurar. Existem momentos em que ele me faz tremer".
Se nem Goebbels compreendia Hitler, como podemos
compreendê-lo? A nós, resta a tarefa de conhecer e julgar.
E, no caso de Hitler, julgar é condenar.
Para quem não viveu o horror do nazismo, talvez os relatos não passem de palavras em
livros. Para outros, são marcas ", .
sinalizadas na propna carne
Grandes Líderes da História 47 www.cine-master.blogspot.com
I<"---OUII
LivROS E fi lM ES Onde procurar mais informações sobre o assunto
As fontes de consulta a respeito de Hitler, do nazismo
e da S gunda Guerra Mundial são das mais abundantes
da hist' ria contemporânea. Em pouco mais de 50 anos
após o fim da guerra, o número de livros, filmes e estudos
históric se int rpretativos ligados a ela é de impressionar. A
bibliografia em português, como de costume, fica muito a
dever a que há disponível em inglês e francês, por exemplo,
mas, m smo assim, é possível ter acesso a trabalhos muito
Llvl<GJS
MINHA LUTA, DE ADOLF HITLER (Centauro Editora)
Este é o livro que mais ódio e
paixão gerou no mundo desde seu
lançamento na década de 1920.
Paixão dos alemães, que viam em
Hitler a figura que os livraria de
todos os males; ódio dos judeus e
comunistas, ue viam nele um manual de perseguição.
Certo é que que Hitler fez desde quando chegou a
chanceler alemão e, posteriormente, a Führer estava
descrito em seu livro, escrito da prisão em 1924. Nele,
Hitler fala de sua infância, sua vida em Viena e Munique e
sua experiência na Primeira Guerra, tudo isso entremeado
por seus argumentos de ódio ao governo austríaco pré
guerra, pela sua descoberta do anti-semitísmo que o
marcaria pra sempre, pelo combate aos comunistas,
pela superioridade alemã, pela unicidade dos povos
germânicos e pela legitimidade da guerra por conquista
aos povos considerados mais fracos e inferiores.
"Minha Luta" já teve diversas traduções e edições
pelo undo todo e deve ser encarado como um
d0cumento histórico de inestimável valor para entender
Hitler e o nazismo. A edição atual, da Centauro Editora,
tem mais de 500 páginas e vem com diversas fotos. É uma edição de luxo que qualquer leitor dificilmente
encontrará em livrarias. Isso porque há um forte lobby
judeu contra a venda do livro. Muitos donos de livrarias
são judeus proíbem que "Minha Luta" esteja em
suas prateleiras; outras, que se aventuram em pô-lo à venda, sofrem com ameaças judiciais. Tal história pode
ser confirmada, pois, para este trabalho, a busca pelo
livro em livrarias foi fracassada e este só foi encontrado
direta ente na editora, que busca meios alternativos de
vender a obra, como pela internet.
É importante frisar que "Minha Luta", apesar de
bons de historiadores sérios e outros mais sensacionalistas.
Há livros lançados no Brasil, mas com edição esgotada, como
as biografias escritas por Joachim Fest, chamada "Hitler",
e por John Tolland, "Adolf Hitler". Outro esgotado é "Os
Últimos Dias de Hitler", de H.R. Trevor-Hoper, que aborda as
versões sobre a morte do Führer.
A seguir, rastreamos uma série de obras sobre o assunto
que está disponível em livrarias e lojas especializadas.
todo seu conteúdo racista e da apologia da raça ariana e
do militarismo, é uma obra de interesse não só histórico
como geral. É uma chave para compreender uma mente
que foi a mais sanguinária do século 20.
PARA ENTENDER HITLER: A BUSCA DAS ORIGENS
PAR .. E"TI'.CO." DO MAL,IKlI!'ii'~~R ...."$U .... OI"U..S.O.a~ DE RON ROSENBAUM
I!!!!!!I!!!!!!;]!!!:!I;;;!I!!!!I!!!!!!I[ (Editora Record)
O autor escreveu mais de
rD~A:l~.;';·~"··"'.wJ1 600 páginas em que faz uma investigação euma pesquisa ampla
com historiadores e especialistas
para tentar entender por que Hitler
fez o que fez. Suas buscas remetem
aos avós de Adolf, passando por situações polêmicas
sobre a v(da do fünrer, como o suicídio (ou não) de
sua sobrinha-amante Geli Raubal, interpretações
folclóricas e outras com certa credibilidade. Cheio de
referências a outras obras de importância histórica
para o estudo sério sobre Adolf Hitler e o anti
semitismo no decorrer do século, é uma átima fonte
para conhecer o mundo da historiografia e como
fazer história é um exercício subjetivo que envolve
ideologias e escolhas pessoais.
o PAPA DE HITLER, DE JOHN CORNWELL (Editora Imago)
Um livro polêmico que estuda
as relações do papa Pio XII (Eugenio o PAPA DE HITLER Pacelli) com a Alemanha nazista. A HISTÓRIA SECRETA DE
P'OXII·JOHNCORNWELL Em suas pesquisas, o autor encontra
farto material que mostra que
Pacelli, quando era núncio papal em Berlim, ajudou
Hitler a chegar ao poder em 1933 e, diante do massacre
de judeus no decorrer da Segunda Guerra, silenciou.
48 Grandes líderes da História
I
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HITLER POR ELE MESMO (Martin Ciaret)
I do século, entre os quais as duas guerras
Cnmr'OOl!
Considerado um livro-c1ipping, é
uma obra que traz textos de diversos
especialistas já publicados. Éa reprodução
de parte de obras, como as biografias
de Adolf Hitler feitas por Joachim Fest
e John Tolland. Além disso, traz trechos
de "Minha Luta" e um perfil biográfico.
Uma boa indicação bibliográfica, estando
a maioria os livr s citados esgotados. Em termos gerais, uma
introdução ao universo de Hitler.
HOLOCAUSTO: CRIME CONTRA A HUMANIDADE,
Holo:austo DE MARIA LUIZA TUCCI CARNEIRO (Editora Ática)
A historiadora e pesquisadora, em
linguagem simples e acessível a colegiais,
faz um panorama do que foi o Holocausto
e qual sua dimensão para o século 20.
Fala sobre cresci ento do anti-semitismo na Alemanha, como
se deu a perseguição aos judeus desde a tomada de poder pelos
nazistas e como a indústria da morte nazista se desenvolveu.
ERA DOS EXTREMOS: O BREVE SÉCULO XX, DE ERIC HOBSBAWM (Cia das Letras)
Obra do famoso historiador inglês
que aborda o século 20, o século das
guerras. Num texto pessoal e cativante,
Hobsbawm aborda os principais temas
o entre elas têm destaque.
OS CARRAS OS VOLUNTÁRIOS DE HITLER, DE ANIEL CiOLDHAGEN (Cia das Letras)
Uma das questões que mais martelaram aHistória após aguerra
foi saber até ue ponto a população alemã tinha conhecimento do
que os nazistas faziam aos judeus eaté que ponto foram coniventes
com o Holo usto. Aqui, o autor busca demonstrar exatamente
a idéia de que a população foi cúmplice de todo aquele horror,
participando tivamente, inclusive em programas de extermínio.
HITLER E O HOLOCAUSTO, DE ROB RT WISTRICH (Editora Obj tiva)
O autor faz uma análise e apresenta sua visão de como
foi possível a instalação do nazismo. Ele busca explicar o que
levou Hitler a empreender o maior genocídio da histôria da
humanidade, que matou 6 milhões de judeus.
Fi MIS I'
A LISTA DE SCHINDLER, DE STEVEN SPIELBERG (1993)
Este filme foi aclamado pela crítica e deu a Spielberg o
Oscar de melhor diretor. Conta a história de Oskar Schindler,
um industrial membro do Partido Nazista que ajudou a salvar
milhares de judeus. Essa história é o pano de fundo para
Spielberg revisar seus antepassados e acertar contas com o
judaísmo. Ele retrata, em branco e preto, o horror dos campos
de concentração, sem camuflar a crueldade do tratamento
aos judeus e nem a perversidade com que eram mortos.
O PIANISTA, DE ROMAN POLANSKI (2002) Filme que retrata a vida de judeus no gueto de Varsóvia
diante da perseguição nazista. Pelo olhar de um pianista,
Wladyslaw Szpilman (o filme é baseado em livro de memórias
desse pianista), o diretor retoma uma narrativa realista,
mostra um retrato cru e fiel do massacre da população judia
na Polônia. Polanski ganhou o Oscar de melhor diretor e a
Palma de Ouro em Cannes por este filme.
o TRIUNFO DA VONTADE, DE LENI RIEFENTAHL (1935)
A cineasta de Hitler, como ficou conhecida, filmou esse documentário para o Partido Nazista quando da realização
do Congresso Nacional-Socialista de 1934. A estética
empregada tem sempre como finalidade a grandiosidade,
captando a cena de um ângulo que dê a dimensão da
grandeza do que era o nazismo, para o qual-a aparência
importava muito, pois seu regime era baseado no visual
e no impacto. Antes de Hitler fazer seus discursos, um
monumental desfile acontecia com gigantescas bandeiras
nazistas. Tudo era grandioso e essa sensação foi muito bem
captada por essa cineasta que, acusada de propaganda
nazista depois da guerra, acabou inocentada.
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O LONGO CAMINHO PARA CASA, DE MARK JONATHAN HARRIS (1997)
Vencedor do Oscar de melhor
documentário de 1997, aborda o pós
guerra pela ótica dos judeus. O que
aconteceu a eles? Para onde foram? O
que os países vencedores - os Aliados
_ destinaram a eles? São questões que
pouco conhecemos e o que o diretor Mark Harris mostra não
é nada gratificante aos países aliados, especialmente Estados
Unidos e Inglaterra. Pelo contrário, relatos de sobreviventes
indicam que a vida pós-nazismo não se modificou com a
libertação. Os judeus eram alvo de racismo mesmo por parte
das tropas americanas. Uma das falas mais marcantes de "O
Longo Caminho para Casa", de um sobrevivente, diz que "era
melhor ser um alemão derrotado do que um judeu libertado".
Grandes Líderes da História 49 www.cine-master.blogspot.com
Nos BRA os DE ESTRANHOS, DE MARK JONATHAN HARRIS (2001)
Outro documentário premiado do mesmo diretor de "O
Longo Caminho para Casa" abordando os judeus e o nazismo.
Aqui, através de arquivos fotográficos e depoimentos de
sobreviventes, Harris mostra a trajetória de 10 mil crianças
judias que fora tiradas da Alemanha e levadas para lares
e orfan tos britânicos. As histórias dessas pessoas estão
entrecortadas pela narração "em off" de Judi Dench. Venceu
o Oscar de melhor documentário de 2000.
ARQ ITET RA DA DESTRUiÇÃO, DE PETER COHEN (1994)
O filme ressalta a importância que a arte teve para a
propagação do pensamento e dos intuitos de Hitler, cujo
princípio geral era embelezar o mundo, limpar tudo, o que incluía
a elimin ção de um povo, no caso os judeus, considerados uma
raça inferior. A marcha de Hitler sobre Paris após a capitulação
desta é exemplar. Amante das artes, Adolf Hitler visitou todos
os pont s turísticos da capital francesa, como o Arco do Triunfo
e o Mueu do Louvre. Ao mesmo tempo, a admiração pelas
artes faz contraponto aos campos de concentração, mostrando
dois po tos essenciais do movimento - a busca da beleza e da
perfeição e a d struição.
o GRANDE DITADOR, DE CHARLES CHAPLIN (1940)
O primeiro filme falado de Charles
Chaplin tornou-se também uma das
obras mais significativas contra o
nazismo e o autoritarismo em geral.
Aqui, Chaplin interpreta dois papéis
opostos - o de um barbeiro judeu
perseguido por tropas de choque e o
de um itador chamado de Hynkel. Uma sátira a Adolf Hitler,
tem cenas marcantes, como a de Hynkel (Chaplin) dançando
com o lobo c mo se fosse um balão e o discurso final de
redenção do p rsonagem.
CíRC.1JLO DE FOGO, DE JEANJACQUES ANNAuD (2001)
A trama se passa em Stalingrado,
quando os alemães estão atacando a
cidade e impingem artilharia pesada
contra os russos. Estes, por sua vez,
estão numa guerra de resistência que
terminaria com a expulsão dos alemães e
posterior contra-ofensiva que levaria os
Aliados à vitória. Dentro da resistência,
há um exímio soldado atirador, Vassili Zaitsev, tido como grande
herói russo. Sua fama estava mantendo vivas as esperanças da
popula -oe, diante disso, os nazistas resolvem enviar seu melhor
atirador para acabar com Vassili. A partir daí, uma perseguição
de gato e rato se faz entre os destroços da cidade.
5P R.f:l\;UOSDAACADEMIA O RESG ATE DO,![üíoiiiliRItõR'lm's;;;;;;s,<lbo-g "" I
SOLDADO RVAN, DE STEVEN SPIELBERG (1997)
O início, com o desembarque na
Normandia no dia que ficou conhecido
............If como o "Dia D", é um dos retratos mais
cruéis da Segunda Guerra Mundial. A
mutilação de corpos, o sangue jorrando
e o mar de sangue que literalmente se
vê chocaram muitos e abriram os olhos
daqueles que desconheciam ou ignoravam o horror que foi o
combate ao nazismo. Dentro do espírito patriótico americano,
Spielberg coloca uma questão de humanidade - resgatar um
soldado que perdera seus três irmãos na mesma guerra e enviá-lo
de volta à sua mãe - como contraponto à brutalidade da guerra.
A resistência heróica aos tanques alemães e a satanização do
inimigo (não poderia ser diferente) elevam a participação dos
homens americanos no combate, que não deixa de passar a
idéia de que um americano vale o sacrifício de até um exército.
~.iiiiiiiilDa>:l CONCORRÊNCIA DESLEAL, DE ErrORE SCOLA (2001) ..w.-:=.;:;:;
Na Itália fascista de 1930, às
vésperas de estourar a guerra, dois
comerciantes vizinhos - um católico
e outro judeu - brigam pelos cliente)
em divertidas concorrências. Mas tudo
vai se transformando e ambos vão
criando uma forte amizade quando
o regime de Mussolini vai apertando
o cerco contra os judeus até sua expurgação final. Um filme
excepcional para ver como a perseguição aos judeus acontecia
no cotidiano e não apenas durante a guerra.
PEARL HARBOR, DE MICHAEL BAV (2001) Uma superprodução que, como o nome indica, retrata o
ataque aéreo japonês à base naval americana de Pearl Harbor. O
ataque foi o estopim para a entrada na Segunda Guerra Mundial
da maior potência até então, fato que foi decisivo para a vitória
aliada contra o Eixo. Produção ufanista norte-americana, talvez
traga o retrato mais fiel do que deve ter sido o bombardeio a
Pearl Harbor. As cenas são incrivelmente realistas.
SENTA A PUA!, DE ERIK DE CASTRO (2000)
Documentário brasileiro que
reúne depoimentos de pilotos
brasileiros que foram combater o
Eixo na Itália em 1944. Estiveram
na Europa 49 pilotos e 417 homens
de apoio. No filme, eles contam
histórias e dramas que viveram
desde os treinamentos nos Estados
Unidos até a volta para o Brasil.
50 Grandes Líd res da História
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