INDICADORES DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
Miguel Ângelo Borges Mália
Dissertação para obtenção do grau de Mestre em
Engenharia Civil
Júri:
Presidente: Doutor António Heleno Domingues Moret Rodrigues
Orientadores: Doutor Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito
Doutor Manuel Duarte Pinheiro
Vogal: Doutora Maria da Graça Madeira Martinho
Outubro 2010
Indicadores de resíduos de construção e demolição
i
Resumo
A indústria da construção representa um dos maiores e mais activos sectores da União Europeia (UE),
consumindo mais matérias-primas e energia do que qualquer outra actividade económica. Da mesma
forma, os resíduos das suas actividades constituem a grande maioria dos resíduos produzidos em
toda a UE.
A agressão continuada ao ambiente por parte da indústria da construção resultou, em Portugal, na
publicação do Decreto-Lei n.o 46/2008, que regula a gestão de resíduos de construção e demolição
(RCD). Esta legislação visa criar condições para a implementação de medidas de prevenção e recicla-
gem de RCD mas carece de instrumentos que acelerem o desenvolvimento de um sector tão tradi-
cional como o da construção.
Na sequência desta carência, o presente trabalho tem por objectivo determinar indicadores que pos-
sibilitem estimar a quantidade de RCD gerados, ao nível da obra, tanto globalmente como por fluxo
de resíduos. A geração de RCD é estimada para seis sectores específicos: nova construção residencial;
nova construção não residencial; demolição residencial; demolição não residencial; reabilitação resi-
dencial; e reabilitação não residencial. Os dados necessários ao desenvolvimento dos indicadores
foram retirados de estudos anteriores existentes na literatura.
A viabilidade dos indicadores propostos foi testada, neste trabalho, através da análise de casos de
estudo. Verificou-se que estes oferecem uma forma razoavelmente robusta de medir e controlar as
quantidades de resíduos geradas em obra. Contudo, os indicadores necessitam de ser continuamen-
te trabalhados, de forma a melhorar a sua precisão.
Palavras-chave: resíduos de construção e demolição, indicadores, legislação, impacte ambiental
Indicadores de resíduos de construção e demolição
ii
Abstract
Construction industry represents one of the largest and most active sectors in the European Union
(EU), consuming more raw materials and energy than any other economic activity. Similarly, waste
from its activities constitutes the vast majority of waste produced throughout the EU.
Continuous aggression to the environment by the construction industry has led, in Portugal, to the
publication of the Decree-Law No. 46/2008, which regulates the management of construction and
demolition waste (CDW). This legislation aims to create conditions for the implementation of meas-
ures for prevention and recycling of CDW but this decree lacks the tools to accelerate the develop-
ment of a traditional sector such as construction.
In order to fill this gap, this study aims at determining indicators to estimate the amount of CDW
generated at the construction site, both globally and per waste stream. CDW generation is estimated
for six specific sectors: residential construction; non-residential construction; residential demolition;
non-residential demolition; residential renovation; and non-residential renovation. Data used to de-
velop these indicators were obtained from previous studies.
The feasibility of the proposed indicators was tested in this work through case studies' analysis. It
was found that they provide a reasonably robust way of measuring and reporting waste volume gen-
erated in the construction site. However, these indicators need to be continuously evaluated in order
to improve its accuracy.
Keywords: construction and demolition waste, indicators, legislation, environmental impact
Indicadores de resíduos de construção e demolição
iii
Agradecimentos
Uma dissertação de mestrado é, também, um trabalho colectivo. A realização desta investigação só
foi possível graças à colaboração de algumas pessoas que, de forma directa ou indirecta, se mostra-
ram preponderantes para que eu conseguisse elaborar esta dissertação.
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao meu Pai, à minha Mãe e ao meu Irmão todo o apoio,
estímulo e compreensão que sempre me proporcionaram, mesmo quando o meu estado de espírito,
alterado pelos obstáculos impostos por esta dissertação, não correspondeu às suas expectativas.
À Eng.a Cândida Martins (Câmara Municipal de Montemor-o-Novo), Eng.a Dulcina Ferreira (Mota-
Engil), Eng.a Alexandra Castro (Mota-Engil), Eng.o Brito Cardoso (Ambisider), Eng.a Vera Teixeira
(Ambisider), Eng.o João Almeida (Demotri), Dr. André Coelho (IST) e ao Eng.o António Cabaço (LNEC),
pela sincera disponibilidade e notável colaboração no fornecimento de dados que se revelaram fun-
damentais para o resultado final desta dissertação.
Ao Dr. João Caixinhas (Ceifa ambiente) e ao Eng.o Miguel Gama (Opway), agradeço também a sua
total disponibilidade para partilhar conhecimentos e documentos sobre as boas práticas de gestão de
RCD em obra.
À Prof. Sandra Ramos e Prof. Conceição Oliveira, pelas suas valiosas sugestões e pela ajuda no uso
correcto da língua portuguesa.
À Maria do Mar Rosa, Ricardo Santos e ao Ricardo Querido que, com a sua amizade e interesse, me
ajudaram e motivaram a terminar este trabalho, especialmente nos momentos em que este parecia
não ter fim.
Finalmente, o maior reconhecimento dirijo-o ao Prof. Manuel Duarte Pinheiro e, em especial, ao
Prof. Jorge de Brito, pela sua orientação, dedicação e confiança prestada, indispensáveis à concreti-
zação de um trabalho desta natureza.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
iv
Índice de texto
1. Introdução .............................................................................................................................1
1.1. Considerações preliminares .................................................................................................... 1
1.2. Âmbito da dissertação e seus objectivos ................................................................................ 1
1.3. Organização da dissertação ..................................................................................................... 2
2. Impacte ambiental da indústria da construção ........................................................................5
2.1. Considerações preliminares .................................................................................................... 5
2.2. Consumo de energia e de recursos naturais ........................................................................... 5
2.3. Desperdícios na construção e a produção de resíduos ........................................................... 9
2.4. Caracterização e classificação de resíduos de construção e demolição ............................... 13
2.5. Gestão de resíduos para a sustentabilidade da construção ................................................. 16
2.5.1. Desconstrução: uma ferramenta para a minimização de resíduos ............................... 17
2.5.2. Reutilização e reciclagem: convertendo os resíduos em recursos ................................ 19
2.5.2.1. Elementos de betão................................................................................................... 21
2.5.2.2. Alvenaria e tijolos ...................................................................................................... 21
2.5.2.3. Asfalto ........................................................................................................................ 22
2.6. Síntese conclusiva.................................................................................................................. 23
3. Legislação e estratégias para os RCD ..................................................................................... 25
3.1. Considerações preliminares .................................................................................................. 25
3.2. Panorama actual na União Europeia ..................................................................................... 25
3.2.1. Dinamarca ..................................................................................................................... 26
3.2.2. Holanda ......................................................................................................................... 28
3.2.3. Alemanha....................................................................................................................... 30
3.2.4. Reino Unido ................................................................................................................... 31
3.2.5. Espanha ......................................................................................................................... 35
3.3. Panorama actual em Portugal ............................................................................................... 36
3.4. Análise comentada do Decreto-Lei n.o 46/2008 ................................................................... 39
3.5. Síntese conclusiva.................................................................................................................. 52
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição .............................................................. 53
4.1. Considerações preliminares .................................................................................................. 53
4.2. Estudos realizados no âmbito ............................................................................................... 53
4.2.1. Panorama actual da estimativa de RCD em Portugal .................................................... 53
4.2.2. Panorama actual da estimativa de RCD em outros países ............................................ 55
4.3. Metodologia proposta para a quantificação de RCD ............................................................ 59
4.4. Recolha e tratamento de dados ............................................................................................ 60
4.4.1. Nova construção ............................................................................................................ 61
4.4.2. Demolição ...................................................................................................................... 78
4.4.3. Reabilitação ................................................................................................................... 87
4.5. Síntese conclusiva.................................................................................................................. 95
5. Validação dos indicadores propostos .................................................................................... 97
5.1. Considerações preliminares .................................................................................................. 97
5.2. Casos de estudo: análise e interpretação dos resultados obtidos ........................................ 97
5.2.1. Caso de estudo: Grupo Mota-Engil ............................................................................... 97
Indicadores de resíduos de construção e demolição
v
5.2.2. Caso de estudo: Ambisider e Demotri ......................................................................... 101
5.2.3. Caso de estudo: Câmara Municipal de Montemor-o-Novo ........................................ 102
5.3. Dificuldades sentidas na validação dos indicadores ........................................................... 108
5.4. Síntese conclusiva................................................................................................................ 110
6. Conclusões gerais ............................................................................................................... 111
6.1. Considerações finais ............................................................................................................ 111
6.2. Conclusões ........................................................................................................................... 112
6.3. Desenvolvimentos futuros .................................................................................................. 115
Referências bibliográficas .......................................................................................................... 117
Indicadores de resíduos de construção e demolição
vi
Índice de figuras
Figura 2.1 – População mundial, 1950-2000, e projecções: 2000-2050 ................................................. 5
Figura 2.2 – Distribuição do fornecimento total de energia primária por combustível, em 2007 ......... 6
Figura 2.3 – Distribuição das emissões totais de CO2 por combustível, em 2007 .................................. 6
Figura 2.4 – Evolução das emissões de CO2 a partir de combustíveis fósseis ......................................... 7
Figura 2.5 – Produção mundial de agregados em 2004 .......................................................................... 8
Figura 2.6 – Resíduos produzidos por actividade económica, em 2006, em percentagem do total de
resíduos produzidos .............................................................................................................................. 12
Figura 2.7 – Destino dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal .......................................................... 13
Figura 2.8 – Composição dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal ................................................... 15
Figura 2.9 – Cenários possíveis para a recuperação de materiais dentro do ambiente construído ..... 18
Figura 2.10 – Vista interior do Cristal Palace durante a Grande Exposição de 1851 ............................ 18
Figura 3.1 – Evolução das taxas de reciclagem de RCD na Dinamarca ................................................. 27
Figura 3.2 – Projecto Iguana Verde, em Stavoren ................................................................................. 29
Figura 3.3 – Edifício habitacional Waldpirale, em Darmstadt ............................................................... 32
Figura 3.4 – Edifício de escritórios Vilbeler Weg, em Darmstadt .......................................................... 32
Figura 3.5 – Fluxo económico na gestão de RCD .................................................................................. 34
Figura 3.6 – BRE Environment Building, em Watford ........................................................................... 34
Figura 3.7 – Quantidade de RCD recolhidos .......................................................................................... 38
Figura 3.8 – Quantidade de sacos para RCD entregues a particulares ................................................. 38
Figura 4.1 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 01 para a nova construção
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 64
Figura 4.2 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 02 para a nova construção
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 64
Figura 4.3 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01 para
a nova construção residencial (kg/m2) .................................................................................................. 65
Figura 4.4 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a nova construção
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 65
Figura 4.5 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 03 para a nova construção
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 66
Figura 4.6 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 04 07 para a nova construção
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 66
Figura 4.7 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a nova construção
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 67
Figura 4.8 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a nova construção
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 68
Figura 4.9 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 01 para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 72
Figura 4.10 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 02 para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 72
Figura 4.11 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 03 para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 73
Figura 4.12 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01
para a nova construção não residencial (kg/m2) ................................................................................... 73
Indicadores de resíduos de construção e demolição
vii
Figura 4.13 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 74
Figura 4.14 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 03 para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 74
Figura 4.15 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 04 07 para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 75
Figura 4.16 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 06 04 para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 76
Figura 4.17 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 76
Figura 4.18 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 09 03 para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 77
Figura 4.19 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a nova construção não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 77
Figura 4.20 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 01 para a demolição residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 80
Figura 4.21 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 02 para a demolição residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 80
Figura 4.22 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01
para a demolição residencial (kg/m2) .................................................................................................... 81
Figura 4.23 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a demolição residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 81
Figura 4.24 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 02 para a demolição residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 82
Figura 4.25 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 04 07 para a demolição residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 82
Figura 4.26 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a demolição residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 83
Figura 4.27 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a demolição residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 83
Figura 4.28 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 01 para a demolição não residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 86
Figura 4.29 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01
para a demolição não residencial (kg/m2) ............................................................................................. 86
Figura 4.30 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a demolição não residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 86
Figura 4.31 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 04 07 para a demolição não residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 86
Figura 4.32 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a demolição não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 88
Figura 4.33 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01
para a reabilitação residencial (kg/m2) ................................................................................................. 90
Figura 4.34 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a reabilitação residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 90
Indicadores de resíduos de construção e demolição
viii
Figura 4.35 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 02 para a reabilitação residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 90
Figura 4.36 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a reabilitação residencial
(kg/m2) ................................................................................................................................................... 90
Figura 4.37 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a reabilitação
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 91
Figura 4.38 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01
para a reabilitação não residencial (kg/m2) .......................................................................................... 94
Figura 4.39 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a reabilitação não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 94
Figura 4.40 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a reabilitação não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 94
Figura 4.41 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a reabilitação não
residencial (kg/m2) ................................................................................................................................ 94
Figura 5.1 – Distribuição dos valores referentes à geração de resíduos do subcapítulo 17 01 na
actividade de substituição de cobertura, em obras residenciais (kg/m2) ........................................... 105
Figura 5.2 – Distribuição dos valores referentes à geração de resíduos do subcapítulo 17 01 na
actividade de renovação / remodelação, em obras residenciais (kg/m2) ........................................... 106
Figura 5.3 – Distribuição dos valores referentes à geração de resíduos do subcapítulo 17 01 segundo
o tipo de trabalho de reabilitação realizado, em obras não residenciais (kg/m2) .............................. 108
Figura 5.4 – Inexistência de triagem de RCD numa obra de reabilitação ........................................... 109
Figura 5.5 – Armazenamento incorrecto de RCD, sem triagem destes, numa obra de nova construção
............................................................................................................................................................. 109
Figura 5.6 – Demolição de um edifício com recurso a pá de arrasto .................................................. 110
Figura 6.1 – Vantagens económicas, ambientais e sociais da correcta gestão de RCD ...................... 111
Indicadores de resíduos de construção e demolição
ix
Índice de quadros
Quadro 2.1 – Produção de agregados na Europa, em 2006 ................................................................... 8
Quadro 2.2 – Perdas de alguns materiais de construção no estaleiro, na Holanda ............................... 9
Quadro 2.3 – Perdas de alguns materiais de construção no estaleiro, no Brasil .................................. 10
Quadro 2.4 – Fontes e causas de desperdícios na construção ............................................................. 10
Quadro 2.5 – Percentagem de RCD por tipo de actividade .................................................................. 11
Quadro 2.6 – Destino dos RCD na Holanda e na Dinamarca ................................................................. 13
Quadro 2.7 – Composição dos RCD em percentagem por peso ........................................................... 15
Quadro 2.8 – Composição dos RCD por tipo de actividade, em percentagem por peso ...................... 15
Quadro 2.9 – Capítulos da LER nos quais podem ser incluídos os resíduos do sector da construção .. 16
Quadro 2.10 – RCD cuja reciclagem é directa e o seu reaproveitamento possível .............................. 20
Quadro 2.11 – Utilizações possíveis dos resíduos de betão consoante o seu grau de granulometria . 21
Quadro 2.12 – Exemplos de dosagens de misturas betuminosas com material reciclado ................... 22
Quadro 3.1 – Especificações técnicas para a utilização de materiais reciclados, resultantes do acordo
voluntário de 1996 ................................................................................................................................ 31
Quadro 3.2 – Misturas de betão utilizadas no edifício Waldpirale ....................................................... 32
Quadro 3.3 – Misturas de betão utilizadas nos edifícios de escritórios Vilbeler Weg .......................... 33
Quadro 3.4 – Principais documentos legislativos, que podem incidir sobre os RCD, aprovados em
Portugal, nos últimos anos .................................................................................................................... 37
Quadro 4.1 – Estimativa de Pereira et al. para a quantidade anual de RCD produzidos na zona litoral
Norte, em milhares de toneladas .......................................................................................................... 54
Quadro 4.2 – Estimativa de Ruivo e Veiga para a produção de RCD em Portugal ................................ 54
Quadro 4.3 – Estimativa de Coelho para a produção de RCD em Portugal, para o ano de 2008 ......... 55
Quadro 4.4 – Estimativa da produção de RCD em obras residenciais no Massachusetts, em 2000 .... 56
Quadro 4.5 – Estimativa da produção global de RCD, na Flórida, em 2000 ......................................... 57
Quadro 4.6 – Estimativa da produção de RCD, na actividade de reabilitação, na Flórida, em 2000 .... 57
Quadro 4.7 – Volume de RCD gerado em três fases construtivas distintas, em m3/m2 ....................... 58
Quadro 4.8 – Volume de RCD gerado na actividade de demolição, em m3/m2 .................................... 58
Quadro 4.9 – Resíduos contabilizados nesta pesquisa e o código LER no qual se incluem .................. 60
Quadro 4.10 – Escala utilizada na atribuição de um grau de confiança aos indicadores desenvolvidos
............................................................................................................................................................... 60
Quadro 4.11 – Densidades dos materiais soltos consideradas para o cálculo da geração de RCD em
peso ....................................................................................................................................................... 61
Quadro 4.12 – Indicadores de geração de RCD na actividade de nova construção residencial
determinados em estudos anteriores ................................................................................................... 63
Quadro 4.13 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção residencial (kg/m2) ......... 69
Quadro 4.14 – Explicações padrão utilizadas aquando da análise dos indicadores ............................. 70
Quadro 4.15 – Indicadores de geração de RCD na actividade de nova construção não residencial
determinados em estudos anteriores ................................................................................................... 71
Quadro 4.16 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção não residencial (kg/m2) .. 78
Quadro 4.17 – Indicadores de geração de RCD na actividade de demolição residencial determinados
em estudos anteriores .......................................................................................................................... 79
Quadro 4.18 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição residencial (kg/m2) ................... 84
Indicadores de resíduos de construção e demolição
x
Quadro 4.19 – Indicadores de geração de RCD na actividade de demolição não residencial
determinados em estudos anteriores ................................................................................................... 85
Quadro 4.20 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição não residencial (kg/m2) ............ 88
Quadro 4.21 – Indicadores de geração de RCD na actividade de reabilitação residencial determinados
em estudos anteriores .......................................................................................................................... 89
Quadro 4.22 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação residencial (kg/m2) ................. 92
Quadro 4.23 – Indicadores de geração de RCD na actividade de reabilitação não residencial
determinados em estudos anteriores ................................................................................................... 93
Quadro 4.24 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação não residencial (kg/m2) .......... 95
Quadro 5.1 – Quantidade de RCD gerados em obras de nova construção não residencial ................. 99
Quadro 5.2 – Sistema de classificação desenvolvido para facilitar a comparação entre os dados
obtidos e os indicadores propostos ...................................................................................................... 99
Quadro 5.3 – Percentagem de resíduos de betão, tijolos, telhas e materiais cerâmicos produzidos, em
relação ao total, nas diversas obras analisadas .................................................................................... 99
Quadro 5.4 – Escala utilizada, no capítulo anterior, na atribuição de um grau de confiança aos
indicadores desenvolvidos .................................................................................................................. 100
Quadro 5.5 – Percentagem de desperdício de ferro e aço nas diversas obras analisadas ................. 100
Quadro 5.6 – Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção
não residencial (para edifícios com a estrutura em betão armado) ................................................... 100
Quadro 5.7 – Quantidade de RCD gerados em obras de demolição residencial ................................ 101
Quadro 5.8 – Quantidade de RCD gerados em obras de demolição não residencial ......................... 101
Quadro 5.9 – Quantidade de aço utilizada em armadura nas obras fornecidas pela Mota-Engil ...... 102
Quadro 5.10 – Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição não
residencial (para edifícios com a estrutura em betão armado) .......................................................... 102
Quadro 5.11 – Quantidade de resíduos relativos ao subcapítulo 17 01 gerados em obras de
reabilitação residencial ....................................................................................................................... 103
Quadro 5.12 – Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação
residencial ........................................................................................................................................... 104
Quadro 5.13 – Quantidade de resíduos relativos ao subcapítulo 17 01 gerados em obras de
reabilitação não residencial ................................................................................................................ 107
Quadro 5.14 – Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação não
residencial ........................................................................................................................................... 107
Quadro 6.1 – Taxa de reciclagem e de deposição em aterro de RCD, em alguns países da UE ......... 112
Quadro 6.2 – Especificações técnicas do LNEC relativas à utilização de RCD em obra ...................... 113
Quadro 6.3 – Indicadores de RCD produzidos nesta dissertação ....................................................... 114
Quadro 6.4 – Taxa de aprovação dos indicadores propostos nesta dissertação ................................ 115
Indicadores de resíduos de construção e demolição
xi
Lista de abreviaturas
APA - Agência Portuguesa do Ambiente
CER - Catálogo Europeu de Resíduos
CMB - Câmara Municipal do Barreiro
CMMN - Câmara Municipal de Montemor-o-Novo
CUR - Commissie voor Uitvoering van Research
DEPA - Danish Environmental Protection Agency
DEFRA - Department for Environment, Food and Rural Affairs
INR - Instituto dos Resíduos
INE - Instituto Nacional de Estatística
ITeC - Institut de Tecnologia de la Construcció de Catalunya
LER - Lista Europeia de Resíduos
LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil
RCD - Resíduos de Construção e Demolição
RSU - Resíduos Sólidos Urbanos
SIRAPA - Sistema de Registo da Agência Portuguesa do Ambiente
SIRER - Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
SWMP - Site Waste Managment Plan
TGA - Teodoro Gomes Alho
UE - União Europeia
EUA - Estados Unidos da América
Indicadores de resíduos de construção e demolição
xii
Indicadores de resíduos de construção e demolição
1
1. Introdução
1.1. Considerações preliminares
A indústria da construção constitui um dos maiores e mais activos sectores em toda a Europa, repre-
sentando 28% e 7% do emprego, respectivamente na indústria e em toda a economia europeia
(Enterprise & Industry, 2009). Este sector é um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento
social e económico dos países mas é também um dos que causam maior impacte no ambiente, pro-
movendo a degradação ambiental através do consumo excessivo de energia e da geração de resí-
duos.
Em termos ambientais, a indústria da construção é a terceira maior emissora de CO2 do sector indus-
trial a nível mundial e da UE, representando cerca de 10% das emissões totais de CO2 (Habert et al.,
2009). Além disso, esta indústria gera mais de 450 milhões de toneladas por ano de resíduos por
toda a UE, sendo este o maior fluxo de resíduos, em termos quantitativos, à excepção dos resíduos
provenientes das actividades mineira e agrícola (Ortiz et al., 2010).
Em Portugal, cerca de 7,5 milhões de toneladas de RCD são produzidas a cada ano (Agência Portu-
guesa do Ambiente, 2010), representando cerca de 20% do volume total de resíduos gerados no país
(Coelho, 2010). A maioria destes resíduos é depositada em aterro, ocupando um volume que ultra-
passa claramente o ocupado pelos resíduos sólidos urbanos (RSU).
Na sequência da evolução deste problema, a minimização do consumo de recursos naturais é apon-
tada como o factor-chave para atingir a sustentabilidade na construção. Segundo alguns especialis-
tas, a forma mais eficiente para atingir esse propósito passa pela incorporação dos resíduos que a
indústria produz nos materiais de construção. Os resíduos de construção e demolição têm um alto
potencial de recuperação, podendo 80% destes ser reciclados (Ortiz et al., 2010). No entanto, para
ser viável a reciclagem dos resíduos gerados pelo sector, é fundamental assegurar a sua correcta
gestão.
Neste sentido, o Governo Português criou um regime jurídico próprio para o fluxo de RCD, incenti-
vando a reutilização e reciclagem destes resíduos em detrimento da sua deposição em aterro (Agên-
cia Portuguesa do Ambiente, 2010). Contudo, continuam a verificar-se infracções como derrames de
óleo e gasóleo no estaleiro, incorrecta separação de RCD em obra e despejos ilegais (Chaves, 2009),
sendo complicado avaliar as alterações provocadas com a entrada em vigor desta nova legislação.
Outra situação recorrente é o incumprimento quer do plano de prevenção e gestão de RCD quer do
registo de dados de RCD. Para os responsáveis que elaboram estes planos, existem claras dificulda-
des em identificar e estimar os RCD produzidos em obra, por falta de estimativas disponíveis (Chaves,
2009). O primeiro passo para a correcta gestão deste tipo de resíduos passa por determinar a sua
quantidade (Lage et al., 2010).
1.2. Âmbito da dissertação e seus objectivos
À medida que os diversos intervenientes nas várias fases do ciclo de vida de uma obra apreendem o
conceito de Construção Sustentável, crescem as iniciativas para proteger o ambiente natural e a saú-
de das populações.
Em Portugal, a publicação do Decreto-Lei n.o 46/2008, que regula a gestão de resíduos de construção
e demolição (RCD), vem criar condições para a aplicação de medidas de prevenção e reaproveita-
1. Introdução
2
mento de RCD, aliando a utilização das melhores tecnologias disponíveis à utilização de materiais
com um potencial superior de reutilização e reciclagem.
Com a entrada em vigor deste documento, não é apenas o ambiente que beneficia, podendo o sector
da construção tirar proveitos económicos da correcta gestão de RCD. A redução da geração de RCD
conduzirá à consequente diminuição de custos, quer pelo decréscimo de resíduos a depositar em
aterro, quer pela diminuição de consumo de matérias-primas (Bossink e Brouwers, 1996).
No entanto, esta legislação tem sido bem mais dinâmica do que a prática, não tendo conseguido
inverter esta situação de má prática e de grande dificuldade em dissociar a produção de resíduos do
desenvolvimento normal e desejável da indústria da construção. Não se deve esperar um progresso
rápido de um sector com métodos e rotinas tão tradicionais como o da construção, particularmente
numa área em que não existem incentivos e cujas vantagens económicas imediatas não são claras
para a maioria dos intervenientes.
Embora o DL 46/2008 seja um passo importante para que Portugal possa atingir o êxito dos países
com maiores níveis de desenvolvimento no âmbito da gestão de RCD, este carece de meios e instru-
mentos para tornar mais célere a evolução da indústria da construção. Um exemplo disso é a carên-
cia de indicadores que permitam estimar a quantidade de RCD produzida em obra, de modo a que se
possa preencher correctamente quer o plano de prevenção e gestão quer o registo de dados de RCD
(Chaves, 2009). A falta de conhecimento acerca da quantidade e composição dos resíduos produzi-
dos em obra torna difícil também a realização de uma fiscalização eficaz, de forma a confirmar a cor-
recta gestão dos RCD por parte de quem os produz.
É essencialmente com base nestes aspectos que se justifica o desenvolvimento desta dissertação de
mestrado. Existe a necessidade de melhorar a aplicabilidade deste decreto e de produzir ferramentas
que o complementem, de modo a transformar a boa gestão de RCD numa prática comum.
Este trabalho teve como objectivo, numa primeira fase, efectuar uma pesquisa do panorama actual
da legislação e estratégias para os RCD, na União Europeia e em Portugal, que culminou com a reali-
zação de uma análise comentada do DL 46/2008. Através desta análise, procurou-se identificar os
aspectos positivos e negativos deste documento e apresentar propostas de alteração, que possam
ser consideradas aquando da revisão do diploma.
Numa fase posterior, ambicionou-se produzir indicadores que forneçam à indústria de construção
um conjunto de valores confiáveis que possam ser utilizados como referência para quantificar os RCD
gerados ao nível da obra, de forma a auxiliar a aplicação do decreto em estudo. Para atingir este
objectivo, procedeu-se à investigação de métodos e técnicas de quantificação de RCD, estabelecen-
do-se um ponto da situação actual no que diz respeito a estudos realizados no âmbito da produção
de RCD em Portugal, bem como à sua comparação com estudos efectuados em outros países.
Finalmente, a viabilidade dos indicadores é testada através da investigação de casos de estudo, de
modo a mostrar-se que, apesar da sua simplicidade, são uma ferramenta útil na quantificação dos
RCD produzidos em obra.
1.3. Organização da dissertação
A presente dissertação encontra-se organizada em seis capítulos. O conteúdo de cada um desses
capítulos é descrito seguidamente.
Capítulo 1 - Introdução - é efectuada uma introdução geral ao tema, expõe-se o âmbito da disser-
Indicadores de resíduos de construção e demolição
3
tação e são enumerados os objectivos preconizados. É apresentada ainda a estrutura e organiza-
ção do trabalho;
Capítulo 2 - Impacte ambiental da indústria da construção - são identificados os problemas
ambientais associados ao sector da construção analisando-se, por um lado, o consumo de energia
e recursos naturais e, por outro, os desperdícios na construção e a produção de resíduos; é feita a
caracterização e classificação dos RCD; retrata-se o modo como os RCD devem ser geridos, de
forma a tornar a construção numa actividade mais sustentável;
Capítulo 3 - Legislação e estratégias para os resíduos de construção e demolição - aborda-se o
panorama actual da legislação e estratégias para os RCD na UE, caracterizando-se países com dife-
rentes níveis de desenvolvimento no que respeita à gestão de RCD (Dinamarca, Holanda, Alema-
nha, Reino Unido e Espanha); descreve-se a legislação portuguesa que incide sobre os resíduos
em geral e, em particular, os RCD; faz-se uma análise comentada do Decreto-Lei n.º 46/2008, de
modo a poder-se dirigir a investigação dos indicadores, no capítulo seguinte, de acordo com este;
Capítulo 4 - Indicadores de resíduos de construção e demolição - investiga-se o panorama actual
da estimativa de RCD em Portugal e noutros países; descreve-se a metodologia proposta, neste
trabalho, para a quantificação de RCD; procede-se à caracterização e quantificação dos dados
recolhidos, bem como à apresentação das considerações e cálculos realizados para a determina-
ção dos indicadores de produção de RCD, em obra (nova construção, reabilitação e demolição),
para edifícios residenciais e não residenciais;
Capítulo 5 - Validação dos indicadores propostos - este capítulo foi elaborado a partir de dados
reais de geração de resíduos em obra fornecidos por empresas e Câmaras Municipais; são testa-
dos os indicadores propostos no capítulo anterior, verificando-se de que forma estes se adaptam
ao panorama nacional;
Capítulo 6 - Conclusões gerais - são feitas considerações finais e apresentadas as principais con-
clusões obtidas com a realização deste trabalho; são abordados possíveis desenvolvimentos futu-
ros.
1. Introdução
4
Indicadores de resíduos de construção e demolição
5
2. Impacte ambiental da indústria da construção
2.1. Considerações preliminares
A sociedade moderna, ao produzir o seu espaço, fá-lo de acordo com os seus interesses económicos
e sociais, em detrimento dos da natureza. Primeiro, apodera-se do lugar e dos seus recursos naturais,
para depois alterar o seu aspecto e organização. Dentro desta sociedade, a indústria da construção
tem a função de transformar o ambiente natural, adaptando-o ao desenvolvimento das mais diversas
actividades.
O sector da construção desempenha um papel importante na União Europeia, representando 28% e
7% do emprego, respectivamente na indústria e em toda a economia da Europa dos 15 (Enterprise &
Industry, 2009). O peso desta actividade reflecte-se também a nível ambiental, consumindo o sector
mais matérias-primas do que qualquer outra actividade económica e produzindo a grande maioria de
resíduos gerados em todo o espaço comunitário.
O crescimento da população mundial (as projecções apontam para que aumente de 6,1 biliões de
pessoas em 2000 para 8,9 biliões de pessoas em 2050, como mostra a Figura 2.1), e as necessidades
que daí advêm em termos de construção implicarão um maior consumo de recursos não renováveis,
do qual resultará um acréscimo da produção de resíduos, transformando a construção numa activi-
dade cada vez mais insustentável.
Figura 2.1 – População mundial, 1950-2000, e projecções: 2000-2050
(adaptado de Population Division, 2009)
2.2. Consumo de energia e de recursos naturais
Como se pode ver pela Figura 2.2, mais de 80% da energia produzida mundialmente é proveniente
da combustão de combustíveis fósseis, emissores de grandes quantidades de CO2 para a atmosfera.
Tal situação encontra-se explicitada na Figura 2.3. Desde a Revolução Industrial, as emissões anuais
2. Impacte ambiental da indústria da construção
6
de CO2 provenientes destes combustíveis aumentaram drasticamente, de perto de zero para cerca
de 29.000 milhões de toneladas de CO2 em 2007, como mostra a Figura 2.4. O World Energy Outlook
(2009) estima que a necessidade de energia a nível mundial cresça cerca de 40%, entre 2007 e 2030.
Continuando aquela a ser produzida maioritariamente por combustíveis fósseis, é esperado que as
emissões de CO2 continuem a crescer exponencialmente, atingindo as 40.200 milhões de toneladas
de CO2, em 2030 (International Energy Agency, 2009b). Esta tendência para o crescimento das emis-
sões está em consonância com o pior cenário apresentado no relatório do Intergovernmental Panel
on Climate Change (2007), que projecta que a temperatura média do planeta mude entre 2,4 oC e 6,4 oC, até 2100. Este tema é particularmente importante para a indústria da construção, visto que é a
terceira maior emissora de CO2 do sector industrial a nível mundial e da UE (Habert et al., 2009). Esta
indústria representa cerca de 10% das emissões totais de CO2, estando a maioria destas relacionadas
com a produção de betão (Habert et al., 2009).
Figura 2.2 – Distribuição do fornecimento total de energia primária por combustível, em 2007
(adaptado de International Energy Agency, 2009a)
Figura 2.3 – Distribuição das emissões totais de CO2 por combustível, em 2007
(adaptado de International Energy Agency, 2009a)
34,0%
20,9%
26,5%
5,9%
2,2%
9,8%
0,7%
Fornecimento total de energia primária por combustível - 2007Total: 12.029 milhões de toneladas equivalentes de petróleo
Petróleo
Gás
Carvão
Nuclear
Hidroeléctrica
Combustíveis renováveis e resíduos
Outros*
37,6%
19,8%
42,2%
0,4%
Emissões totais de CO2 por combustível - 2007Total: 28.962 milhões de toneladas de CO2
Petróleo Gás Carvão Outros*
*Outros inclui geotérmica, solar, eólica, térmica, etc.
*Outros inclui resíduos municipais não renováveis e resíduos industriais
Indicadores de resíduos de construção e demolição
7
Figura 2.4 – Evolução das emissões de CO2 a partir de combustíveis fósseis
(adaptado de International Energy Agency, 2009b)
O betão, produzido com cimento portland, é o material de construção mais utilizado em todo o
mundo. As fábricas de produção de betão requerem um alto consumo de energia, provocam eleva-
das emissões de gases com efeito de estufa e consomem matérias-primas iguais a 1.000 milhões de
toneladas de água, 1.500 milhões de toneladas de cimento e 10.000 milhões de toneladas de agre-
gados por todo o mundo, a cada ano (Becchio et al., 2009). Contudo, das emissões de CO2 resultan-
tes da produção de betão, cerca de 85% são provenientes do fornecimento de cimento (Habert et al.,
2009). Uma avaliação ao ciclo de vida do cimento mostrou que 95% deste CO2 é libertado durante a
sua produção e que os restantes 5% se devem ao transporte da matéria-prima e do produto final
(Habert et al., 2009). Na produção de cimento, o calcário é a principal matéria-prima utilizada, sendo
queimado a 1450 oC para se produzir o clínquer, o núcleo duro do cimento. Durante o processo de
produção do cimento, são libertadas cerca de 0,92 toneladas de CO2 por cada tonelada de clínquer
produzida. Esta emissão deve-se ao processo de descarbonatação do calcário, 0,53 toneladas, e ao
uso de combustíveis fósseis para a produção de energia, 0,39 toneladas (Habert et al., 2009). A con-
tribuição dos agregados para as emissões totais de CO2 do betão é reduzida, menos de 15%, e deve-
se essencialmente à utilização de combustíveis fósseis para a produção de energia. A extracção, o
transporte e o processamento destes corresponde a menos de 25% dessas emissões (Flower e Sanja-
yan, 2007). No entanto, o seu peso na balança ambiental não pode ser ignorado.
De todos os recursos naturais, os agregados minerais são os mais utilizados na actividade da constru-
ção. Em 2004, foram produzidas 17.675 milhões de toneladas de agregados em todo o mundo (Val-
verde e Tsuchiya, 2007). Na Figura 2.5, mostra-se os maiores produtores de agregados a nível mun-
dial. A indústria de agregados é a maior do sector extractivo não energético na UE, com uma produ-
ção superior a 3.000 milhões de toneladas por ano (European Aggregates Association, 2009). No
Quadro 2.1, apresenta-se a produção de agregados na Europa, por país e por tipo de agregado. É de
notar a produção muito reduzida de agregados reciclados relativamente aos agregados originais. Os
agregados naturais de origem mineral mais comuns são a areia, o cascalho e a rocha britada. São um
produto final quando utilizados como balastro ferroviário, enrocamentos ou gabiões, e servem de
matéria-prima para o fabrico de betão, pré-fabricados, pavimentos asfálticos e cimento. Segundo a
European Aggregates Association (2009), para a construção de 1 quilómetro de auto-estrada, são
necessárias cerca de 30.000 toneladas de agregados, enquanto que para a construção de 1 metro de
caminho-de-ferro de um comboio de alta-velocidade são precisas 9 toneladas. O seu consumo é sus-
2. Impacte ambiental da indústria da construção
8
tentado através da extracção em leitos de rios, em pedreiras e, com menor frequência, em costas
marítimas. Para além do risco de serem esgotadas as reservas mais importantes destes materiais, a
actividade extractiva acarreta um grande impacte ambiental, destruindo a paisagem, contaminando
a água e os solos, e prejudicando a flora e a fauna.
Figura 2.5 – Produção mundial de agregados em 2004 (adaptado de Valverde e Tsuchiya, 2007)
Quadro 2.1 – Produção de agregados na Europa, em 2006 (adaptado de European Aggregates Association, 2008)
País Produção (Milhão de tonelada)
Areia & Cascalho
Rocha Britada
Agregados Marinhos
Agregados Reciclados
Agregados Fabricados
(3)
Total
Áustria 66,0 32,0 0,0 3,5 3,0(1)
104,5
Bélgica 10,1 55,5 3,5 13,0 1,3 83,4
Croácia 6,2 21,8 0,0 0,0 0,0 28,0
República Checa 27,1 41,5 0,0 3,8 0,3 72,7
Dinamarca 58,0(1)
0,3(1)
13,6(2)
n.d. n.d. 72,0
Finlândia 54,0 46,0 0,0 0,5 0,0 100,5
França 167,0 233,0 7,0 14,0 9,0 430,0
Alemanha 277,0 270,0 0,4 48,0 30,0 625,4
Irlanda 54,0(1)
79,0(1)
n.d. 1,0(1)
0,0(1)
134,0
Itália 210,0 135,0 0,0 5,5 3,5 354,0
Holanda 44,5 n.d. 50,0 25,0 n.d. 119,5
Noruega 13,4 45,0 0,0 n.d. n.d. 58,4
Polónia 115,0 43,0 n.d. 8,0 3,0 169,0
Portugal 97,5 0,0 n.d. n.d. 97,5
Roménia 15,5 6,5 0,0 0,5 0,5 23,0
Eslováquia 10,0 16,5 0,0 0,2 0,3 27,0
Espanha 170,0 314,0 0,0 1,5 0,0 485,5
Suécia 23,0 62,0 0,0 1,8 0,2 87,0
Suiça 50,0 5,7 0,0 5,7 n.d. 61,4
Turquia 24,0 260,0 0,0 0,0 0,0 284,0
Reino Unido 68,0 123,0 13,0 58,0 12,0 274,0
Total 1560,3 1789,8 87,5 190,0 63,1 3690,7
n.d. - não disponível; (1) Dados de 2005; (2) Dados de 2004; (3) Subprodutos resultantes da actividade industrial e extractiva.
4002%
4503%
7004%
6504%
250014%
310018%4500
25%
537530%
Produção mundial de agregados - 2004Total: 17.675 milhões de toneladas
Brasil
Canadá
Japão
Rússia
EUA
UE
China
Resto do Mundo
Indicadores de resíduos de construção e demolição
9
Como referido, a indústria da construção consome uma grande quantidade de energia na actividade
de construção. Contudo, a este consumo deve ser acrescida a energia gasta durante a fase de utiliza-
ção dos edifícios, podendo esta ser mais importante do que o consumo durante a fase de construção.
Em 2004, a energia consumida por edifícios correspondeu a 37% de toda a energia consumida na UE,
um consumo maior do que o do sector da indústria, 28%, e do que o dos transportes, 32% (Pérez-
Lombard et al., 2007). O crescimento da população, a melhoria dos serviços dos edifícios e dos níveis
de conforto e o aumento do tempo gasto no interior dos edifícios têm vindo a aumentar considera-
velmente o consumo de energia dos edifícios. Esta energia é gasta em iluminação, equipamentos,
água quente doméstica e conforto ambiental.
2.3. Desperdícios na construção e a produção de resíduos
Outro problema que afecta o sector da construção é a quantidade de material desperdiçado durante
o processo construtivo. Estas perdas aumentam o impacte ambiental da actividade por representa-
rem um consumo desnecessário de material para a produção, ou manutenção, do produto final. Esta
situação prejudica também o próprio empreiteiro que terá maiores gastos financeiros devido à
necessidade de novas aquisições para substituir os materiais desperdiçados, trabalhos a mais para
corrigir erros, atrasos na conclusão da obra e, ainda, por ter de lidar com os resíduos produzidos
(Ekanayake e Ofori, 2000).
O nível de desperdícios no local de construção é considerável. Na Holanda, descobriu-se que a quan-
tidade de resíduos gerados (percentagem por peso), por cada material de construção, encontra-se
entre 1% e 10% da quantidade comprada, como se pode ver pelo Quadro 2.2 (Bossink e Brouwers,
1996). Adicionalmente, concluiu-se que a quantidade média de material de construção comprado
que acaba como resíduo no local de construção é de 9% (por peso). Estudos semelhantes têm sido
realizados no Brasil, em processos de pesquisa cada vez mais abrangentes, indicando que a taxa de
perda na actividade de construção é de 20 a 30% do peso total de materiais no estaleiro (Pinto e
Agopayan, 1994). O Quadro 2.3 resume alguns dos resultados obtidos num desses estudos, que con-
tou com a participação de 18 universidades e 52 empresas. A principal descoberta foi talvez a grande
variação de desperdícios entre as diferentes empresas e estaleiros de uma mesma empresa, durante
a fase de execução, em alguns casos 100 vezes superior (John, 2000).
Quadro 2.2 – Perdas de alguns materiais de construção no estaleiro, na Holanda (adaptado de Bossink e Brouwers, 1996)
Material de construção Resíduo
(% por peso)
Blocos de pedra 9
Betão 3
Elementos de areia e cal 1
Telhas 10
Argamassa 10
Tijolos de areia e cal 6
Apesar de só na etapa construtiva as perdas se tornarem visíveis, estas começam a ocorrer com as
decisões tomadas na fase de projecto. Segundo um estudo realizado por Ekanayake e Ofori (2000),
uma quantidade substancial dos desperdícios no local de construção está directamente relacionada
2. Impacte ambiental da indústria da construção
10
com erros de projecto. Alterações no projecto durante a fase de execução, inexperiência do projec-
tista ou falta de dados para avaliar os métodos e a sequência de construção em fase de concepção
são os factores mais significantes para a produção de resíduos na construção. Tais aspectos subli-
nham a urgência de uma comunicação eficiente e de uma partilha de informação flexível durante
todo o processo construtivo. Danos na obra devido a trabalhos posteriores e mão-de-obra não quali-
ficada foram também apontados como factores determinantes para a produção de resíduos na cons-
trução. O Quadro 2.4 mostra mais algumas fontes e causas de desperdícios na construção, divididas
em quatro categorias: fase de projecto; fase de execução; manuseio de materiais; e aspectos contra-
tuais. Embora alguns resíduos não possam ser evitados, o potencial de redução dos custos, através
da prevenção de geração de desperdícios na obra, é substancial e deve servir de incentivo a todos os
intervenientes nas várias fases do ciclo de vida de uma obra, de modo a juntarem esforços para
minimizarem a produção de resíduos na construção.
Quadro 2.3 – Perdas de alguns materiais de construção no estaleiro, no Brasil (adaptado de John, 2000)
Material de construção Resíduo (% por peso)
Mínimo Mediana Máximo
Cimento 6 56 638
Aço 2 9 23
Blocos e tijolos 3 13 48
Areia 7 44 311
Betão 2 9 23
Quadro 2.4 – Fontes e causas de desperdícios na construção (adaptado de Bossink e Brouwers, 1996)
Fase de projecto Fase de execução Manuseio de materiais Aspectos contratuais
•Faltadeatençãonacoordenação dimen-sional dos produtos •Alteraçõesrealizadasno projecto durante o decorrer dos trabalhos •Inexperiênciadoarquitecto na sequên-cia e método da cons-trução •Faltadeatençãoaos tamanhos padrão exis-tentes no mercado •Faltadeconhecimen-to do arquitecto quan-to a produtos alterna-tivos •Faltadeinformaçãonos desenhos •Errosnocontrato •Contratoincompletono início do projecto •Selecçãodeprodutosde pouca qualidade
•Erroscometidos durante o transporte ou pelos trabalhadores •Acidentesdevidoanegligência •Danos no trabalho concluído causados por operações posteriores •Usoincorrectodomaterial que, por sua vez, exige substituição •Aquisição de quanti-dades inexactas devido à falta de planeamento •Atrasos na entrega de informação ao constru-tor relacionada com o tamanho e tipo dos produtos a serem utili-zados •Maufuncionamentodos equipamentos
•Condiçõesclimatéri-cas adversas
•Danosduranteotransporte •Armazenamentoina-propriado que leva à deterioração ou dano dos materiais • Materiais fornecidos em embalagens separa-das (por exemplo, sacos de cimento) •Utilizaçãodo material existente nas proximida-des do local de trabalho, mesmo que não seja o mais indicado •Conflitosentreaequi-pa de projecto e os tra-balhadores •Roubo
• Erros de encomenda (por exemplo, enco-mendar materiais a mais ou a menos) •Faltadepossibilidadede encomendar meno-res quantidades •Adquirirprodutosquenão cumprem as especi-ficações
Indicadores de resíduos de construção e demolição
11
Contudo, não é só na actividade de construção nova que se geram resíduos, sendo estes produzidos
também durante a renovação, remodelação e reabilitação de construções e através de trabalhos de
demolição. Os resíduos de demolição correspondem ao material residual resultante da actividade de
demolição. Este material é essencialmente aquele que foi utilizado na construção, menos algum
material que tenha sido extraído, com aplicação imediata. Todas as partes da estrutura, desde a
cobertura até às fundações, incluindo o solo circundante, podem ser um constituinte deste tipo de
resíduos. A quantidade de resíduos gerados vai depender do grau de selectividade da demolição e do
nível de desmantelamento que o projecto de construção permite. Os resíduos de renovação, remo-
delação e reabilitação resumem-se a resíduos de construção e de demolição e resultam da melhoria
ou alteração de fracções de determinada construção, da correcção de anomalias e da remoção de
componentes que se tenham degradado e atingido o final de vida útil, necessitando de serem substi-
tuídos. Os resíduos gerados em todas as fases do ciclo de vida de um edifício são denominados de
resíduos de construção e demolição (RCD).
Embora todas estas actividades sejam geradoras de resíduos, é geralmente o processo de demolição
que produz a maior quantidade de resíduos, visto que a grande maioria dos materiais retirados das
demolições não é reaproveitada na própria obra nem fora dela. Na Dinamarca, os trabalhos de
demolição representam 70 a 75% do total de RCD produzidos (Waste Centre Denmark, 2010).
Segundo Bossink e Brouwers (1996), estima-se que, na Europa Ocidental, cerca de 80% do total de
RCD sejam gerados a partir de processos de demolição e remodelação, sendo os restantes 20% pro-
duzidos na actividade de construção. Nos EUA, a U.S. Environmental Protection Agency (1998) estima
que 48% do total de RCD sejam provenientes da actividade de demolição, tendo também a activida-
de de reabilitação um forte peso, produzindo 44% do total de RCD. Contudo, em certos países, a
actividade de demolição não é aquela que produz a maior quantidade de resíduos. Na Noruega, 44%
do total de RCD resulta da actividade de reabilitação, enquanto que 36% resultam da actividade de
demolição (Statistics Norway, 2006). No Brasil, estima-se que, em algumas cidades, mais de 50% dos
RCD são produzidos na construção (Pinto, 1999). Para uma melhor percepção, os dados anteriores
são apresentados no Quadro 2.5. Segundo John (2000), estas diferenças reflectem a importância de
cada segmento no sector de construção em cada economia, da tecnologia empregue, da taxa de
desperdício e do nível de manutenção dos edifícios.
Quadro 2.5 – Percentagem de RCD por tipo de actividade
Tipo de obra % de resíduos por actividade
Europa Ocidental Dinamarca Noruega EUA
Construção 20 5 - 10 20 8
Reabilitação 80
20 - 25 44 44
Demolição 70 - 75 36 48
De todos os resíduos produzidos, os resíduos municipais e industriais são aqueles que atraem mais
atenções, sendo por isso alvo de legislações ambientais mais rigorosas. Segundo Ruivo e Veiga
(2004), não é dada tanta importância aos RCD, apesar de estes constituírem grandes volumes, por-
que estes são maioritariamente inertes, não gerando preocupações de lixiviação, propagação de
matérias tóxicas ou inconvenientes de putrefacção de matérias orgânicas, como acontece no caso
dos resíduos sólidos urbanos (RSU). No entanto, nos últimos anos, os RCD têm-se tornado cada vez
mais importantes, motivo pelo qual têm vindo a ser considerados um dos fluxos prioritários na ges-
tão de resíduos. Como se apresenta na Figura 2.6, os RCD representam mais de 30% de todos os
2. Impacte ambiental da indústria da construção
12
resíduos produzidos pelos vários sectores económicos da UE, representando 31% do total de resí-
duos gerados na UE (EUROSTAT, 2009). Pinto (1999), num estudo realizado em dez cidades brasilei-
ras, estima que os RCD representem entre 41 e 70% do total de RSU, nos centros urbanos do Brasil.
O Central Pollution Control Board estimou que, na Índia, são produzidos cerca de 48 milhões de
toneladas por ano de resíduos sólidos, dos quais 25% são RCD (Technology Information, Forecasting
and Assessment Council, 2001). Na Austrália, a quantidade de resíduos sólidos gerados é de cerca de
32,4 milhões de toneladas, pertencendo 42% desses resíduos à indústria de construção (Productivity
Commission, 2006).
Figura 2.6 – Resíduos produzidos por actividade económica, em 2006, em percentagem do total de resíduos
produzidos (adaptado de EUROSTAT, 2009)
Actualmente, a nível mundial, a grande maioria dos RCD acaba em aterros, ou depositada ilegalmen-
te ao longo das vias de comunicação ou em espaços abertos. A deposição ou incineração ilegal de
RCD provoca a contaminação do solo, da água e do ar devido a substâncias tóxicas presentes nos
resíduos, trazendo consequências graves não só para o ambiente mas também para a saúde pública.
No entanto, o impacte real destas deposições é pouco conhecido, sendo-lhe dada pouca atenção
pelas autoridades locais ou nacionais que controlam e regulamentam esta prática de eliminação.
Segundo John (2000), em cerca de dez anos, a antiga pedreira de Itatinga em S. Paulo, originalmente
um buraco de 300 metros de diâmetro e 80 metros de profundidade, foi convertida numa montanha
de resíduos de 80 metros de altura, devido ao aterro diário de 4 mil toneladas de RCD depositados
ilegalmente no município. Segundo Pereira (2002), pode dizer-se, sem grande erro, que, em Portugal,
a esmagadora maioria dos RCD teve até há muito pouco tempo como destino final a lixeira, sem
qualquer tratamento ou aproveitamento. Em 2002, com a transposição da Directiva 1999/31/CE
(relativa à deposição de resíduos em aterro) para a legislação nacional, estes resíduos são transferi-
dos para aterros. Na zona Litoral Norte de Portugal, como exemplo, 68% dos RCD têm como destino
final o aterro, como mostra a Figura 2.7. Em 2006, existiam em Espanha cerca de 45 milhões de tone-
ladas de RCD, sem contar com solos de escavação, dos quais 50% foram eliminados sem tratamento,
e apenas 3 milhões de toneladas foram reciclados, ou seja, menos de 7% (Institution of Civil Engi-
neers, 2009). Em Itália, apenas 6% do total de RCD são reciclados, dos mais de 20 milhões de tonela-
das de RCD que são produzidos anualmente (Costa e Ursella, 2003). Contudo, não interessa a Portu-
gal comparar-se com países nos quais se pratica uma má gestão de RCD, mas sim com países como a
Dinamarca e a Holanda, que tomaram prontamente medidas para combater a problemática dos RCD,
apresentando agora taxas de sucesso elevadas como resultado das iniciativas tomadas. Nestes dois
Indicadores de resíduos de construção e demolição
13
países, a percentagem de reciclagem de RCD é de 95% e 94%, respectivamente, como se mostra no
Quadro 2.6.
Figura 2.7 – Destino dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal
(adaptado de Pereira et al., 2004)
Quadro 2.6 – Destino dos RCD na Holanda e na Dinamarca (adaptado de Gonçalves, 2007; Waste Centre Denmark, 2010)
Destino dos RCD % por peso
Holanda Dinamarca
Reciclagem 95,3 94,0
Incineração 1,2 2,0
Aterro 3,5 4,0
2.4. Caracterização e classificação de resíduos de construção e demolição
O material residual designado de RCD tem uma constituição heterogénea, sendo composto por frac-
ções de diversas dimensões, que podem apresentar elementos como, por exemplo: betão e arga-
massas; materiais cerâmicos; madeiras; metais; plásticos diversos; vidros; papel e cartão; tintas e
colas; materiais betuminosos; e solos. A composição dos RCD vai variar, entre outros factores, com o
tipo, fase e localização da obra e com os materiais, equipamentos e processos utilizados na constru-
ção.
A fracção mais importante dos RCD é a dos materiais inertes, representando esta mais de 50% do
volume total de resíduos (quando não são contabilizados os solos de escavação e as lamas de draga-
gem e perfuração, esta fracção é geralmente superior a 80%). O betão e os materiais cerâmicos são a
principal fonte de material inerte, embora também se possam encontrar pedras, vidros e metais. O
betão como resíduo pode aparecer de duas formas – como betão armado em elementos estruturais
do edifício, tendo aço incorporado na sua constituição, e como betão simples, em fundações e pavi-
mentos. É na actividade de demolição que os resíduos de betão são mais significativos. Os tijolos,
telhas, azulejos e porcelanas são os principais materiais cerâmicos encontrados nos RCD. Estes vêm
geralmente partidos e misturados com argamassas à base de cimento e cal. Segundo Pereira (2002),
os materiais cerâmicos constituem cerca de 50% do material utilizado na construção de edifícios. A
grande porção de vidro encontrada nos edifícios é utilizada em janelas exteriores. Deve-se proceder
sempre à sua remoção antes dos processos de demolição, através do corte do vidro da estrutura ou
da remoção das armações de janelas com vidro. A natureza siliciosa do vidro vai afectar o desempe-
nho dos resíduos que possam vir a ser utilizados como agregados reciclados para betão (Ruivo e Vei-
ga, 2004). Os metais, dos quais se destacam o ferro e o aço, são largamente utilizados na construção,
25%
5%
2%
68%
Destino dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal(% por peso)
Reutilização Reciclagem Incineração Aterro
2. Impacte ambiental da indústria da construção
14
nomeadamente nas estruturas. Enquanto resíduos, os metais são gerados essencialmente durante a
demolição, visto que, durante a obra, o material utilizado é pré-fabricado e, portanto, feito com a
medida necessária, gerando assim poucos resíduos (Ruivo e Veiga, 2004). De salientar que têm a
vantagem de serem facilmente separados dos outros materiais devido às suas propriedades magné-
ticas (Pereira, 2002).
Para além dos materiais inertes, também são correntes na construção a madeira, os plásticos, os
materiais betuminosos, o papel e o cartão. A madeira assume maior relevância na fase de constru-
ção, servindo essencialmente para a execução de cofragens. Pode-se encontrar também em quanti-
dade razoável em demolições de edifícios antigos com a estrutura em madeira. Elementos como
caixilhos de janelas, portas, divisórias e outros acessórios também podem ser encontrados como
resíduos. De notar que a madeira utilizada na construção é normalmente tratada com produtos quí-
micos, pelo que é necessário ter cuidados especiais, visto tratar-se de um resíduo perigoso. Outros
problemas associados aos resíduos de madeira são a inclusão de pregos, parafusos e buchas (Tech-
nology Information, Forecasting and Assessment Council, 2001). A origem do papel e cartão como
RCD está relacionada com as embalagens dos materiais e equipamentos instalados na obra. Como
tal, a parte mais significativa do volume destes resíduos provém dos trabalhos de construção, sendo
o seu peso, no total dos resíduos de demolição, pouco significativo (Carvalho, 2001). Os principais
plásticos utilizados na construção são o polietileno (PE), o cloreto de polivinilo (PVC) e o poliestireno
(PS). Estes três tipos de plástico são termoplásticos e têm a vantagem de ser recicláveis. Aparecem
na construção como embalagens e películas aderentes, condutas de água e de esgoto, e isolamentos.
Os materiais betuminosos mais utilizados na construção são o asfalto, as emulsões betuminosas e as
telas betuminosas. A principal utilização do asfalto surge na pavimentação de estradas, onde é utili-
zado como material aglutinante para as partículas de agregados, enquanto que as emulsões e telas
betuminosas são aplicadas em muros de suporte, caves e coberturas como material de impermeabi-
lização, devido às suas características hidrófugas. O asfalto tem a vantagem de poder ser totalmente
reaproveitado após a sua aplicação, desde que não contenha alcatrão, já que possui baixo ponto de
fusão e não reage quimicamente em contacto com outros materiais.
Existem diversos materiais na construção que são considerados perigosos, pelo que devem ser pro-
cessados e transportados com especial cuidado e separados dos restantes RCD. A contaminação dos
RCD com estes materiais inviabiliza uma posterior reutilização, passando a totalidade dos resíduos
contaminados a ser considerada como resíduos perigosos. Para além dos materiais que já são consi-
derados perigosos só por si, existem aqueles que se obtêm pela reunião de componentes perigosos
(colas, revestimentos, selantes) e os que se tornam perigosos pela acção do meio onde permanece-
ram durante anos (contendo agentes poluentes). No caso de edifícios antigos, existe maior probabili-
dade da existência de materiais perigosos, tais como o amianto,clorofluorocarbonetos(CFC’s)epoli-
clorobifenilos(PCB’s),do que em novos edifícios, uma vez que o controlo destes materiais tem vindo
a intensificar-se. Outros materiais perigosos, ou potencialmente perigosos devido às suas caracterís-
ticas, que se pode encontrar como resíduos numa obra são: algumas tintas e materiais de revesti-
mento; resinas; aditivos para betão à base de solventes; produtos químicos impermeabilizantes;
emulsões à base de alcatrão; chumbo; madeira tratada; placas de gesso cartonado; embalagens con-
taminadas com restos de materiais perigosos; botijas de gás vazias, utilizadas nas operações de corte
e soldadura; e equipamentos eléctricos com componentes tóxicos.
No Quadro 2.7, compara-se a constituição dos RCD produzidos em vários países e, no Quadro 2.8,
apresenta-se os resultados obtidos por um estudo realizado em Oslo, na Noruega, envolvendo 311
Indicadores de resíduos de construção e demolição
15
projectos de construção, que determinou a composição dos RCD por tipo de actividade (Statistics
Norway, 2006). Na Figura 2.8, apresenta-se a constituição dos RCD produzidos na zona Litoral Norte
de Portugal.
Quadro 2.7 – Composição dos RCD em percentagem por peso (adaptado de Technology Information, Forecasting and Assessment Council, 2001; Brito Filho, 1999; Waste
Centre Denmark, 2010; Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001)
Composição dos resíduos Índia S. Paulo Dinamarca Holanda
Solos de escavação, areia e cascalho 35,0 32,0 37,0 n.c.
Alvenaria e tijolos 30,0 30,0 5,0 25,0
Betão e argamassas 25,0 33,0 22,0 40,0
Metais 5,0 n.d. n.d. 1,0
Asfalto 2,0 n.d. 14,0 26,0
Madeira 2,0 n.d. n.d. 1,5
Outros 1,0 5,0 22,0 6,5
n.c. - não contabilizado; n.d. - não disponível.
Quadro 2.8 – Composição dos RCD por tipo de actividade, em percentagem por peso (adaptado de Statistics Norway, 2006)
Composição Construção Reabilitação Demolição Total
Betão e tijolos 45,79 47,69 84,16 67,24
Madeira 13,67 30,31 6,42 14,58
Metal 1,32 3,59 4,33 3,63
Gesso 6,25 5,72 0,15 2,77
Papel, cartão e plásticos 4,50 0,89 0,27 1,14
Vidro 0,47 0,41 0,12 0,26
Isolamentos 1,87 0,51 0,07 0,49
Amianto - 0,70 0,32 0,38
Outros resíduos perigosos 0,23 0,04 0,04 0,07
Outros 25,89 10,13 4,13 9,44
Figura 2.8 – Composição dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal
(adaptado de Pereira et al., 2004)
35,0%
5,0%
1,0%
0,5%1,0%
5,0%
40,0%
6,0% 5,0% 1,5%
Composição dos RCD na zona Litoral Norte de Portugal(% por peso)
Betão, alvenaria e argamassa
Madeira
Papel e cartão
Vidro
Plásticos
Metais (aço incluído)
Solos de escavação
Asfalto
Lamas de dragagem e perfuração
Outros
2. Impacte ambiental da indústria da construção
16
Segundo Ruivo e Veiga (2004), estima-se que sejam utilizados pela indústria da construção mais de
20.000 produtos, para os quais mais de 600 normas europeias têm vindo a ser elaboradas. Os cres-
centes problemas, associados à produção de resíduos, levaram a UE à necessidade de repensar toda
a sua política de gestão destes. Para tornar essa gestão mais eficaz, considerou-se importante a exis-
tência de uma correcta caracterização dos resíduos através de critérios de classificação análogos a
todos os países membros. A introdução do Catálogo Europeu de Resíduos (CER), e mais tarde da Lista
Europeia de Resíduos (LER), veio revelar-se determinante neste aspecto. A LER divide os resíduos em
20 capítulos e, para além de classificar um maior número de resíduos do que o CER, contém os resí-
duos considerados perigosos devidamente assinalados por um asterisco.
Na LER, os RCD são representados pelo capítulo 17 que, para além dos resíduos de construção e
demolição, inclui os solos escavados de locais contaminados. No entanto, devido à enorme diversi-
dade de materiais utilizados pela indústria de construção, este sector vai ter de classificar os seus
resíduos em vários capítulos. Apresenta-se, no Quadro 2.9, alguns capítulos em que os vários resí-
duos produzidos pela actividade de construção podem ser incluídos.
Quadro 2.9 – Capítulos da LER nos quais podem ser incluídos os resíduos do sector da construção (adaptado de Ruivo e Veiga, 2004)
Capítulos da lista
Definição
08 Resíduos do fabrico, formulação, distribuição e utilização (FFDU) de revestimentos (tin-tas, vernizes e esmaltes vítreos), colas, vedantes e tintas de impressão
13 Óleos usados e resíduos de combustíveis líquidos (excepto óleos alimentares)
14 Resíduos de solventes, fluidos de refrigeração e gases propulsores orgânicos
15 Resíduos de embalagens, absorventes, panos de limpeza, materiais filtrantes e vestuário de protecção não anteriormente especificados
16 Resíduos não especificados em outros capítulos desta lista
17 Resíduos de construção e demolição (incluindo solos escavados de locais contaminados)
2.5. Gestão de resíduos para a sustentabilidade da construção
O sector da construção não tem intenção de parar de construir, intervir e demolir o ambiente cons-
truído existente. Com o contínuo crescimento da produção de resíduos e da procura de recursos
naturais, num futuro próximo, os aterros estarão sobrelotados e o Planeta cada vez mais e mais
poluído e explorado. Este problema não pode ser ignorado, necessitando o sector de melhorar a
actual gestão de RCD, de modo a tornar a construção sustentável. Para atingir esta meta, é necessá-
rio ver os resíduos de construção e demolição como um recurso ou um subproduto, que através da
reutilização e reciclagem se converte em novos produtos que podem ser usados para uma variedade
de fins. Este cenário vai permitir não só minimizar a produção de resíduos mas, também, reduzir o
consumo de recursos naturais, já que os materiais são recuperados dentro do ambiente construído.
Reciclar e reutilizar materiais de antigos edifícios não é novo. Na Roma Antiga e na Grécia, colunas e
coliseus de pedra foram frequentemente desmantelados, sendo os seus blocos de pedra reutilizados
Indicadores de resíduos de construção e demolição
17
em novos edifícios. Muitas das antigas mesquitas e palácios, no Cairo, foram erguidas com blocos de
pedra que tinham sido removidos da superfície externa das grandes pirâmides de Gizé. Por todo o
Mundo, casas de terra têm sido repetidamente demolidas e reconstruídas usando a mesma terra e
vigas de madeira. Após a Segunda Guerra Mundial, a maioria dos trabalhos de reconstrução na Euro-
pa foi realizada com os resíduos de demolição. Embora se verifique um rápido aumento do espaço
construído e uma maior complexidade nas construções, não foi dada mais importância à reutilização
e reciclagem dos RCD (GTZ-Holcim, 2007).
O difícil desmantelamento das novas construções dificulta o processo de separação dos RCD, não
permitindo que se faça um processamento eficiente destes. Para tornar viável o reaproveitamento
dos RCD, é necessário intervir logo na fase de concepção do edifício, quando é determinada a subs-
tância e as características deste. Os arquitectos e os projectistas devem começar a desenhar os edifí-
cios de modo a permitir a sua desconstrução e capacidade de adaptação a novos componentes e
materiais, incluindo os reciclados (van der Meer et al., 2006).
2.5.1. Desconstrução: uma ferramenta para a minimização de resíduos
A desconstrução é um processo que consiste em pegar num edifício, ou em parte dele, desmante-
lando-o selectivamente e removendo os materiais antes de a estrutura ser demolida, ou evitar a
demolição por completo, desmontando toda a estrutura na ordem inversa em que foi construída
(Hagen, 2007). Como se mostra na Figura 2.9, a desconstrução abre caminho para a revalorização e
reutilização de materiais de construção e elementos construtivos que, de outra forma, seriam trata-
dos como resíduos inúteis e removidos para espaços de armazenamento que, muitas vezes, não
estão legalmente autorizados a manter tais resíduos (Couto e Couto, 2007).
Segundo Hagen (2007), a desconstrução:
- permite que os materiais recuperados possam ser reutilizados, reciclados ou reprocessados, devido
ao maior cuidado que é tomado na remoção destes;
- promove o crescimento de um novo mercado de materiais usados ou reciclados, pois o valor de
mercado para os materiais recuperados da desconstrução é maior do que o dos da demolição;
- gera benefícios ambientais, já que a recuperação de materiais ajuda a reduzir os encargos nos ater-
ros, elimina a necessidade de gastar energia adicional na manufactura de novos materiais e reduz o
consumo de matérias-primas;
- cria postos de trabalho, pois é um processo que envolve uma quantidade significativa de trabalho,
através da remoção, preparação, classificação e transporte dos materiais recuperados.
Um exemplo de um edifício que foi desenhado para ser desmontado e deslocalizado foi o Cristal
Palace (Figura 2.10), uma enorme construção em ferro fundido, madeira e vidro erigida, em Londres,
para albergar a Grande Exposição de 1851. A construção foi inovadora, quer pela sua rápida monta-
gem, que durou apenas seis meses, quer pela estrutura, leve e fina, em grelha montada em série,
que tornava possível desmontar o edifício peça a peça e montar noutro local (Hobhouse, 2002).
Depois de a Grande Exposição ter terminado, o edifício foi totalmente desmontado e reconstruído
em Sydenham Hill. Outro exemplo foi a EXPO 88, em Brisbane, que viu serem erigidos numerosos
edifícios temporários que foram desenhados para serem desmontados depois do evento e reutiliza-
dos noutro local. O sistema de painéis pré-fabricados e o quadro estrutural externo aparafusado
permitiram que os edifícios fossem facilmente desmontados, transferidos e convertidos para uso
2. Impacte ambiental da indústria da construção
18
como edifícios comerciais e industriais (Crowther, 2000). As exposições mundiais foram muito impor-
tantes, pois permitiram o conhecimento dos avanços técnicos de diferentes países, avivando a com-
petição e o avanço nos processos técnicos.
Figura 2.9 – Cenários possíveis para a recuperação de materiais dentro do ambiente construído
(Crowther, 2000)
Figura 2.10 – Vista interior do Cristal Palace durante a Grande Exposição de 1851
(adaptado de http://intranet.arc.miami.edu/)
Indicadores de resíduos de construção e demolição
19
Segundo Webster e Costello (2005), certas características dos edifícios simplificam o desmantela-
mento, reduzindo o tempo e o custo de recuperação dos materiais:
- transparência - criar sistemas que são visíveis e fáceis de identificar;
- regularidade - criar sistemas e materiais que são semelhantes em todo o edifício e definidos em
comum (padrões de repetição);
- simplicidade - criar sistemas e interligações que são simples de entender, com um número limitado
de diferentes tipos de materiais e tamanhos de componentes;
- número limitado de componentes - este autor descobriu que é mais fácil desmontar as estruturas
que são compostas por grandes elementos do que as com elementos menores; elementos de maior
dimensão tendem a resistir a danos mais facilmente durante o processo de desconstrução e podem
ser removidos mais rapidamente da estrutura;
- materiais facilmente separáveis - os materiais devem ser facilmente separáveis em componentes
reutilizáveis.
Contudo, apesar de todos os benefícios inerentes à desconstrução, esta ainda não angariou a com-
preensão e a aceitação geral, necessitando de continuar a ser desenvolvida e promovida. É necessá-
rio aumentar a consciência sobre a sua importância junto das várias partes envolvidas na indústria da
construção, especialmente os donos de obra, os projectistas e os empreiteiros (Liu et al., 2003).
2.5.2. Reutilização e reciclagem: convertendo os resíduos em recursos
A reutilização e a reciclagem como estratégias de minimização de resíduos oferecem três benefícios:
reduzem a procura sobre novos recursos naturais; diminuem a energia necessária para a produção
de novos materiais; e usam resíduos que de outra forma teriam o aterro como destino final. A reutili-
zação é a opção mais desejável em comparação com a reciclagem, porque é mais eficaz na redução
do desperdício e na procura de recursos. Ao ser reutilizado, o material recuperado não sofre qual-
quer tipo de processamento, ao contrário da reciclagem, em que o material usado é reprocessado
para a produção de um novo produto similar ou diferente.
Apesar de existirem muitos sistemas recomendados de reciclagem de material, a actual reciclagem
de RCD é limitada a alguns tipos de resíduos. Ao considerar um material reciclável, três grandes áreas
precisam de ser levadas em consideração (Mindess et al., 2003): a economia; a compatibilidade com
os outros materiais; e as propriedades do material. De um ponto de vista puramente económico, a
reciclagem de RCD só é atraente quando o produto reciclado é competitivo com os recursos naturais,
em relação ao custo e à quantidade (Tam e Tam, 2006). Os materiais reciclados serão mais competi-
tivos em regiões onde existe escassez de matérias-primas e de locais de deposição. Este aspecto é
confirmado em países como a Dinamarca, Holanda e Bélgica, onde a escassez de matérias-primas
levou a que se tornassem pioneiros na área de recuperação de RCD, sendo actualmente os países
com as taxas de reciclagem de RCD mais elevadas, como se mostrou no Quadro 2.6.
Os esforços para promover a reutilização e a reciclagem de RCD têm levado bastante tempo para se
desenvolver, por implicarem uma mudança de percepção entre todas as partes envolvidas na indús-
tria de construção, que sempre viram os RCD como um resíduo sem qualquer tipo de utilidade. Para
acelerar esta mudança de ideias, as seguintes condições devem ser satisfeitas (GTZ-Holcim, 2007):
- aceitar que os RCD são um recurso valioso, que podem ser reutilizados tal como são, ou reproces-
sados num novo produto; para implementar este conceito, é necessário desenvolver investigações,
2. Impacte ambiental da indústria da construção
20
projectos-piloto, campanhas informativas e outro tipo de actividades;
- tem que ser mais rentável reutilizar e reciclar os RCD do que depositá-los em aterros; um mecanis-
mo eficaz para isso é impor taxas elevadas sobre a deposição em aterro e pesadas multas para os
despejos ilegais; subsídios e isenções fiscais para a reciclagem são meios adicionais para incentivar a
reutilização e a reciclagem;
- se é para reutilizar e reciclar os RCD, então deve existir um mercado para estes materiais e subpro-
dutos; por outras palavras, o preço dos RCD reciclados deve ser suficientemente baixo para atrair
compradores e, ao mesmo tempo, rentável para quem os recicla;
- os produtos reciclados devem idealmente ter uma qualidade igual ou superior à dos novos produ-
tos; se não puder ser alcançada a mesma qualidade dos novos produtos, as normas e especificações
deverão ser ajustadas para permitir que os produtos de menor qualidade possam ser usados em
aplicações menos exigentes; a criação de um sistema de certificação de qualidade para produtos
reciclados contribuirá para reforçar a confiança dos consumidores;
- para os RCD poderem ser reutilizados ou reciclados, a demolição dos edifícios tem de ser cuidado-
samente planeada, devidamente organizada e estritamente controlada; esta demolição, com mão-
de-obra qualificada e motivada, deve suceder na ordem inversa da construção;
- é de extrema importância que os RCD sejam triados na fonte e que cada fracção seja armazenada e
transportada separadamente, protegendo-a de qualquer contaminação ou mistura com outros resí-
duos;
- um importante incentivo para a reutilização e reciclagem de RCD seria implementar certificações de
boas práticas, similares à certificação ISO 14001 para sistemas de gestão ambiental.
Por representarem uma parte significativa dos RCD e por a sua reciclagem não ser directa, como no
caso do vidro, plásticos e metais (como se mostra no Quadro 2.10), considerável investigação tem
vindo a ser desenvolvida em vários países para reciclar betão, asfalto, alvenaria e tijolos. Descreve-
se, de seguida, o tipo de reaproveitamento que cada um destes materiais pode ter.
Quadro 2.10 – RCD cuja reciclagem é directa e o seu reaproveitamento possível (adaptado de GTZ-Holcim, 2007)
Material Processo Utilização final
Aço Limpeza Reutilização dos elementos de aço
Reciclagem Novos componentes de aço
Alumínio Limpeza Reutilização dos elementos de alumínio
Reciclagem Novos componentes de alumínio
Plásticos Reciclagem Novos produtos
Vidro
Limpeza Reutilização dos elementos em janelas, espelhos, entre outros
Britagem Agregados reciclados
Reciclagem Novos produtos
Embalagens Reciclagem Novas embalagens
Isolamento Limpeza Reutilizado
Reciclagem Novos produtos
Placa de gesso cartonado
Limpeza Reutilizado
Britagem Regulador de solos
Reciclagem Novos produtos de gesso
Indicadores de resíduos de construção e demolição
21
2.5.2.1. Elementos de betão
Sendo o betão o material mais usado à face da Terra e, consequentemente, um dos maiores consti-
tuintes dos RCD, é fundamental encontrar soluções que permitam a sua reciclagem. Os resíduos de
betão, dependendo da sua qualidade, podem ser utilizados como agregado reciclado para o fabrico
de betão novo ou como camada de base de pavimentos rodoviários (Tam e Tam, 2006). Contudo, na
prática, a grande maioria dos resíduos de betão está a ser consumida na construção de estradas, já
que a sua utilização como agregado reciclado do betão ainda não é consensual. A falta de especifica-
ções que assegurem a manutenção dos requisitos de segurança e utilização dos elementos construí-
dos é uma das razões pelos quais o receio da aplicação deste tipo de subprodutos ainda subsiste,
apesar das potencialidades que os agregados reciclados têm vindo a demonstrar (Gonçalves, 2007).
O betão produzido com agregados reciclados é tão fácil de misturar, transportar, aplicar e compactar
como o betão convencional. No entanto, devido à absorção de água relativamente alta do agregado
reciclado, é recomendado que os agregados reciclados estejam o mais perto de uma condição seca
superficial saturada quanto possível (Hansen, 1986). Os resíduos de betão podem ter diferentes fina-
lidades, consoante o seu grau de granulometria, como se mostra no Quadro 2.11.
Quadro 2.11 – Utilizações possíveis dos resíduos de betão consoante o seu grau de granulometria (adaptado de Kawano, 1995)
Grau de granulometria Aplicação
Elemento demolido Material de aterro, pavimento
Fragmentado (de 200-400 mm) Protecção de diques
Britado (menos de 50 mm) Sub-base, enchimento, material de fundação
Britado e desgastado (menos de 40 mm) Agregado de betão, agregado de betão betumino-so para sub-base, enchimento
Pó (subproduto da britagem) Ligante para betão betuminoso, material de esta-bilização de solos
2.5.2.2. Alvenaria e tijolos
Sempre que possível, devem reutilizar-se os tijolos inteiros em vez de britá-los para aplicações menos
exigentes. No entanto, os tijolos vêm normalmente contaminados com argamassas e muitas vezes
são misturados com outros materiais, como madeira e betão. Nestes casos, que são a grande maioria
das situações, a separação dos tijolos e posterior limpeza é difícil e morosa, acabando por se tornar
dispendiosa. Qualquer contaminação significativa dos tijolos irá tornar a sua reutilização inviável
economicamente, já que o custo de limpeza dos tijolos antigos acaba por ser superior ao custo do
tijolo natural (Tam e Tam, 2006). A opção para este tipo de resíduos acaba por ser a mesma do que
para a maioria dos RCD que são reciclados por britagem.
A alvenaria é normalmente britada como agregado reciclado. Uma aplicação especial do agregado
reciclado de alvenaria é a sua utilização em blocos de betão para isolamento térmico contendo micro
esferas de poliestireno (Hendriks e Pietersen, 2000), a qual produz um tipo de betão leve com carac-
terísticas de isolante térmico elevadas. Outra aplicação potencial para o agregado reciclado de alve-
naria é a sua utilização como agregado em tijolos de argila tradicionais, bem como em tijolos de sili-
cato de sódio (Hendriks e Pietersen, 2000): uma pequena porção de agregados reciclados é utilizada
como um substituto para a argila nos tijolos tradicionais e como um substituto para a areia nos tijo-
los de silicato de sódio; para uso na fabricação de tijolos de barro tradicional, esta fracção não deve
2. Impacte ambiental da indústria da construção
22
conter cal para evitar efeitos adversos sobre a resistência, a retracção, a durabilidade e a cor do tijo-
lo; quando utilizado em tijolos de silicato de sódio, esta fracção pode conter cal, mas os tijolos de
silicato de sódio devem ser produzidos a uma pressão de 15 bar e a temperaturas mais baixas do que
os tijolos de argila.
Quando o agregado reciclado de alvenaria é usado para tijolos de silicato de sódio, a argamassa de
cimento aderida aos agregados tem de ser removida por um processo mecânico ou térmico. O mate-
rial resultante do processo térmico é bastante fino, podendo ser aquecido para a produção de clín-
quer. A quantidade de CO2 produzida por este processo é menor do que quando o material natural é
usado (Tam e Tam, 2006). Podendo este material ser uma alternativa viável ao cimento, um dos
materiais de construção que causa mais impactes no ambiente, é importante que se continue a
desenvolver investigação neste campo.
2.5.2.3. Asfalto
Cerca de 90% das estradas europeias são revestidas de asfalto (Hendriks e Pietersen, 2000). Por este
motivo, torna-se essencial reunir esforços que conduzam à reciclagem deste. A produção de misturas
betuminosas com material fresado de pavimentos asfálticos antigos tem como princípio a junção de
agregados, betume e material proveniente da remoção de camadas betuminosas, de modo a formar
uma mistura homogénea com características muito semelhantes a uma mistura betuminosa tradi-
cional (Simões e Botelho, 2009). O restante asfalto fragmentado pode ser ligado com cimento, no
lugar das sub-bases de areia estabilizada com cimento.
Na Holanda, em 1990, 50% do asfalto antigo foi usado para a produção de novo asfalto, contendo
este 10 a 15% de asfalto reciclado (Hendriks e Pietersen, 2000). Em Portugal, a Teodoro Gomes Alho
(TGA) tem vindo a desenvolver este processo, com claros benefícios económicos: redução da quanti-
dade comprada de betume e agregados; diminuição de resíduos a eliminar. Como se mostra no Qua-
dro 2.12, a TGA utiliza cerca de 20 a 25% do material fresado na produção de novo asfalto.
Quadro 2.12 – Exemplos de dosagens de misturas betuminosas com material reciclado (adaptado de Simões e Botelho, 2009)
Mistura % de
betume
% de material fresado
% de betume no material
fresado
% de betume na mistura, prove-
niente do material fresado
% betume novo a
introduzir Poupança
Macadame betuminoso
4,5 25 5,0 1,3 3,3 16%
Mistura betuminosa
densa 4,9 20 5,0 1,0 3,9 13%
As tecnologias de reciclagem de asfalto que têm vindo a ser implementadas com mais frequência
são: a reciclagem a frio, onde os resíduos asfálticos são reduzidos em tamanho e lhes são adiciona-
dos água e um agente estabilizador, tal como o cimento, a espuma-betume ou as emulsões betumi-
nosas (Cheung, 2003); a reciclagem a quente, que resulta num rearranjo das propriedades físicas e da
composição química original do betume (Hendriks e Pietersen, 2000).
Relembre-se que se optou por realçar apenas o tipo de reaproveitamento destes materiais (betão,
asfalto, alvenaria e tijolos) pois, como referido, estes constituem uma fracção significativa dos RCD e
a sua reciclagem não é directa, como no caso de outros materiais (vidro, plásticos e metais).
Indicadores de resíduos de construção e demolição
23
2.6. Síntese conclusiva
Existem sinais claros de que o actual modelo de crescimento do sector da construção, baseado na
extracção maciça de recursos naturais, com o recurso a energias poluentes, e na produção desequili-
brada de resíduos não é sustentável a longo prazo. O sector tem de aproveitar os novos padrões de
exigência ambiental que têm vindo a ser impostos pela opinião pública e substituir o seu modelo de
desenvolvimento por um que permita à construção tornar-se uma actividade sustentável. Para isso
acontecer, toda a cadeia produtiva da indústria terá de sofrer transformações significativas.
A reciclagem é essencial para o desenvolvimento sustentável, uma vez que é impossível pensar na
actividade de construção sem a produção de resíduos. Aquela permite aos RCD não só um destino
diferente do aterro mas, também, a sua transformação num novo produto. De facto, é necessário
que se comece a pensar nestes resíduos não como desperdícios mas sim como recursos importantes
que têm vindo a ser desbaratados.
Projectar os edifícios de modo a serem auto-suficientes e construir com uma menor quantidade de
recursos naturais e energia poluente, reaproveitando os RCD como subprodutos, é talvez o maior
desafio que a indústria da construção enfrenta nos dias de hoje.
2. Impacte ambiental da indústria da construção
24
Indicadores de resíduos de construção e demolição
25
3. Legislação e estratégias para os RCD
3.1. Considerações preliminares
Com elevada frequência, assiste-se à deposição em aterro dos RCD, sem nenhum controlo e sem
qualquer preocupação de separação na origem. Para agravar a situação, verifica-se também um
número significativo de despejos ilegais com consequências graves não só para o ambiente mas tam-
bém para a saúde pública. De modo a resguardar o ambiente e a garantir o crescimento sustentável
das cidades, um grande número de regulamentações ambientais e iniciativas têm vindo a ser imple-
mentadas. Muitas destas leis procuram, por um lado, fiscalizar a gestão de RCD e, por outro, encon-
trar soluções que conduzam à valorização de RCD através de normas e especificações técnicas que
credibilizem o seu uso como material reciclado e reutilizável.
Na União Europeia, não existe legislação específica para os RCD. Apesar disso, alguns países da UE
tomaram acções prontamente, criando várias regulamentações e iniciativas de modo a estimular a
correcta gestão de RCD. No entanto, existem ainda muitos países dentro do espaço europeu em que
a gestão de RCD se encontra numa fase inicial, necessitando de percorrer um longo caminho até
alcançar o êxito dos países com maiores níveis de desenvolvimento. É o caso de Portugal, que apro-
vou legislação para regular a produção e gestão de RCD somente em 2008.
3.2. Panorama actual na União Europeia
Na União Europeia, não existe legislação específica para os RCD. No entanto, os resíduos em geral
começaram a ser regulados em 1975, aquando da primeira intervenção legislativa da comunidade
europeia na área, com a entrada em vigor da directiva 75/442/CEE. Esta tinha como objectivos pri-
mordiais: garantir uma eliminação de resíduos que proteja a saúde humana e o ambiente; harmoni-
zar a legislação a nível europeu; incentivar a recuperação de resíduos e a sua reutilização, a fim de
preservar os recursos naturais.
Esta política da UE para os resíduos manteve-se até 1991, quando foi publicada a directiva
91/156/CEE. Esta vem alterar substancialmente o texto original da antiga directiva, visando como
principais objectivos: garantir uma correcta eliminação de resíduos, mas sobretudo promover a sua
prevenção; harmonizar a legislação a nível europeu, criando uma terminologia comum e uma defini-
ção de resíduos; encorajar a reutilização e a reciclagem dos resíduos, como alternativa aos recursos
naturais; assegurar que a Comunidade e que cada Estado-Membro se tornem auto-suficientes no
que se refere à eliminação de resíduos. Em 2006, foi publicada a directiva 2006/12/CE, que revoga a
directiva 75/442/CEE adoptando, quase sem alterações, o texto da directiva 91/156/CEE (Caixinhas
et al., 2009).
Neste âmbito, recentemente, em 2008, foi publicada a directiva 2008/98/EC. Esta quebra a linha de
pensamento seguida até então, focando-se em aspectos como: minimizar o impacte negativo da
produção e gestão de resíduos na saúde humana e no ambiente; harmonizar a legislação a nível
europeu, clarificando não só as definições usadas mas também a distinção entre valorização e elimi-
nação, e resíduo e não resíduo; reduzir a utilização de recursos e propiciar a aplicação prática da
hierarquia de gestão de resíduos; a prevenção de resíduos deverá constituir a primeira prioridade e a
reutilização e reciclagem deverão ter prioridade em relação à valorização energética dos resíduos.
Com a publicação desta directiva, a UE passa de uma política que se concentrava essencialmente na
3. Legislação e estratégias para os RCD
26
eliminação de resíduos para uma que privilegia o uso desses resíduos como subprodutos, de modo a
poupar os recursos naturais.
Apesar de a directiva 2008/98/EC não ser específica para nenhum tipo de resíduos, nesta existem
duas importantes referências aos resíduos de construção e demolição:
- na alínea c) do artigo 2.o, onde é excluído do âmbito de aplicação da directiva “osolonãocontami-
nado e outros materiais naturais resultantes de escavações no âmbito de actividades de construção,
sempre que se tenha a certeza de que os materiais em causa serão utilizados para efeito de constru-
ção no seu estado natural e no local em que foram escavados;”
- na alínea b) do n.o 2 artigo 11.o, onde se expressa que, “até 2020, a preparação para a reutilização,
reciclagem e valorização de (…) resíduos de construção e demolição não perigosos (…) sofre um
aumentomínimode70%empeso.”
Na primeira referência, encontra-se uma solução para os solos de escavações, que representam a
maior fracção dos RCD e que, em alguns casos, como descreve a alínea, não deveriam sequer ser
considerados como resíduos. Na segunda referência, são traçadas metas para a reciclagem de RCD
que precisa de ser impulsionada na UE, já que, tirando alguns países que, como se mostrou, apresen-
tam taxas elevadas de reciclagem, a grande maioria continua a não aproveitar convenientemente os
resíduos que produz, apresentando taxas de reciclagem muito reduzidas.
Constata-se então que, apesar de não existirem leis comunitárias próprias, alguns países da União
Europeia tomaram acções prontamente, criando várias iniciativas de modo a estimular a prevenção e
o reaproveitamento de RCD. Interessa aqui descrever de um modo geral o panorama dos RCD nesses
países mais desenvolvidos nesta área mas também naqueles cuja actual gestão de RCD se aproxima
mais do cenário português, como é o caso de Espanha. Assim, para além deste país, optou-se por
caracterizar também a Dinamarca, a Holanda, a Alemanha e o Reino Unido. Realça-se que se preferiu
fazer incidir esta análise apenas sobre países da União Europeia porque é desta comunidade que
Portugal faz parte e é dentro desta comunidade que se encontram os melhores exemplos na correcta
gestão de RCD, como se mostra de seguida.
3.2.1. Dinamarca
A Dinamarca é um dos maiores casos de sucesso no que diz respeito à gestão de RCD, onde a recicla-
gem dos mesmos é uma prática corrente. O objectivo de 2004, atingir uma taxa de reciclagem de
90%, foi alcançado em 1997 e manteve-se a este nível desde então (Waste Centre Denmark, 2010).
Os RCD constituem cerca de 37% do total de resíduos gerados (Danish Environmental Protection
Agency, 2007) e a elevada taxa de reciclagem deve-se a dois importantes factores: o elevado imposto
a que estão sujeitos os resíduos que não são reciclados e a obrigatoriedade de separação dos resí-
duos na origem.
Até à década de 1980, a Dinamarca ainda dependia fortemente da deposição de resíduos em aterro.
A mudança do aterro foi precipitada pela preocupação com a poluição das águas subterrâneas, espe-
cialmente porque toda a água potável da Dinamarca vem de águas subterrâneas. Também existia
pouco espaço para a construção de novos aterros e o país dependia fortemente dos combustíveis
importados, encontrando-se ansioso para encontrar fontes alternativas de energia (Department for
Environment, Food and Rural Affairs, 2003).
Em 1985, a Danish Environmental Protection Agency (DEPA) começou a regular a reutilização de
Indicadores de resíduos de construção e demolição
27
asfalto. De acordo com essa regulação, o uso de asfalto demolido na construção de novas estradas
deixa de requerer aprovação, podendo ser usado na sub-base e na pavimentação de estradas, cami-
nhos, espaços públicos e similares (Waste Centre Denmark, 2010). A aprovação é contudo necessária
para a deposição permanente ou temporária do asfalto demolido.
Em 1990, a DEPA possibilitou a reutilização, sem autorização prévia, de determinados materiais de
construção (pedra, telhas e elementos de betão) em processos construtivos, desde que livres de con-
taminantes e separados na origem (Waste Centre Denmark, 2010). Esses dois aspectos são uma con-
dição prévia para que a utilização destes RCD não esteja sujeita ao imposto sobre resíduos (Monteci-
nos e Holda, 2006).
O imposto sobre resíduos foi instituído em 1990 e revelou-se um instrumento eficaz no aumento da
reciclagem de RCD. Em 1984, a taxa de reciclagem rondava 15% e, em 1994, já era superior a 80%,
como se mostra na Figura 3.1. Como um instrumento fiscal, o imposto sobre os resíduos destina-se a
exortar os produtores de resíduos a reduzir as quantidades de resíduos que produzem e a reciclar os
resíduos (Montecinos e Holda, 2006). O imposto sobre os resíduos é, desde 2001, de € 44,30 por
tonelada para os resíduos incinerados ede€ 50,34 por tonelada para os resíduos depositados em
aterro (Waste Centre Denmark, 2010), não havendo nenhum imposto sobre os resíduos a ser recicla-
dos. A extracção de agregados naturais encontra-se também sujeita ao pagamento de uma taxa
específica.
Figura 3.1 – Evolução das taxas de reciclagem de RCD na Dinamarca
(Veltzé, 2006)
Em 1995, foi publicado o regulamento municipal sobre a triagem de RCD (Waste Centre Denmark,
2010). As Câmaras Municipais ficaram encarregues do dever de elaborar regulamentação sobre os
RCD, a fim de aumentar a sua reciclagem. Essa regulamentação deve obrigar à separação de RCD na
fonte quando o total de resíduos produzidos for superior a uma tonelada (Montecinos e Holda,
2006). Isto significa que mesmo os edifícios de menores dimensões estão obrigados a separar os
resíduos na origem.
Um acordo voluntário foi selado, em 1996, entre o Ministério do Ambiente e Energia e a Associação
Dinamarquesa de Empreiteiros de Demolição. O acordo assegura a correcta demolição das constru-
ções de modo a privilegiar a reciclagem dos resíduos através da sua correcta separação (Waste Cen-
tre Denmark, 2010). A demolição selectiva é aplicada mesmo quando é mais cara e demorada do que
a demolição tradicional. Isto acontece porque são obtidas grandes poupanças através da redução de
custos para o imposto sobre os resíduos e de maior venda de materiais recicláveis (Montecinos e
Holda, 2006).
12
82 89
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1984 1994 2000
Destino dos RCD na Dinamarca
Reciclagem
Incineração
Aterro
3. Legislação e estratégias para os RCD
28
Na Dinamarca, não há problemas com o consumo de materiais processados a partir de RCD. Geral-
mente, a comercialização dos materiais recicláveis é organizada em conformidade com a comerciali-
zação dos materiais originais (Montecinos e Holda, 2006). Aliás, a maioria dos centros de reciclagem
e reprocessamento de RCD tanto comercializa materiais originais como materiais recicláveis.
Um exemplo da boa gestão de RCD que se pratica nos estaleiros dinamarqueses foi presenciado por
uma comissão inglesa do Department for Environment, Food and Rural Affairs (DEFRA). A comissão
visitou um estaleiro para observar a triagem dos RCD na origem e uma empresa, a RGS 90, que acei-
ta, trata e vende esses resíduos como um substituto para os agregados, entre outras utilizações. No
estaleiro, existe um contentor para cada fracção de resíduos e os trabalhadores colocam cada ele-
mento de resíduo no recipiente adequado, sendo os recipientes levados várias vezes por semana. A
RGS 90 era originalmente um fornecedor de agregados mas mudou-se para a reciclagem de RCD
quando o imposto sobre resíduos aumentou. Esta empresa privada ocupa um lugar de 100 hectares
nos arredores de Copenhaga e lida com 10 a 15% de todos os resíduos da Dinamarca. A empresa
cobra uma taxa mais elevada para a recepção de resíduos indiferenciados, pois com estes só pode
ser manufacturado um produto de qualidade inferior (Department for Environment, Food and Rural
Affairs, 2003).
Um projecto de demonstração de utilização de RCD na construção foi realizado em Odense, onde foi
construído um edifício de habitação com materiais reciclados, sempre que tecnicamente exequível
(Carvalho, 2001): as fundações e a estrutura de betão foram feitas com agregados reciclados de
betão e alvenaria de tijolo; as paredes foram feitas com tijolos reutilizados; e os pisos, portas e jane-
las construídas com madeira reutilizada. O projecto foi levado a cabo pela Sociedade de Renovação
Urbana de Odense, com o apoio do Ministério do Ambiente e Energia e da Câmara Municipal.
3.2.2. Holanda
A Holanda é um dos países da UE que apresenta um sistema de gestão de RCD mais avançado. O uso
de materiais reciclados é promovido não só pelo Estado mas também pela própria indústria da cons-
trução. Em 1990, foi traçada a meta de 90% de reciclagem até 2000, tendo esta sido atingida em
1999, quando, dos 18 milhões de toneladas de RCD produzidos nesse ano, 16,2 milhões de toneladas
foram reutilizados ou reciclados (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001).
Desde 1993 que uma variedade de iniciativas para estimular a prevenção e a reciclagem de RCD têm
vindo a ser implementadas. As mais importantes que levaram a atingir uma taxa de reciclagem tão
elevada são (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001): a obrigação de sepa-
ração na origem; a criação de um mercado atractivo para o uso de produtos reciclados; a elevada
taxa existente para a deposição de RCD em aterro. Para além destas iniciativas, promove-se os pro-
dutos com maior durabilidade, o desenvolvimento de elementos construtivos facilmente desmontá-
veis e a melhoria de qualidade dos materiais de construção produzidos a partir de RCD.
Hoje em dia, a maioria dos RCD é separada na origem como resultado de várias campanhas informa-
tivas, incentivos financeiros e regulações (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment,
2001). Este factor aumenta consideravelmente as possibilidades de reciclagem, pois, ao proceder-se
à separação dos RCD na origem, uma larga porção destes pode ser directamente reencaminhada
para uma central de reciclagem, não necessitando de passar primeiro por uma central de triagem.
Segundo o Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment (VROM), um elemento crucial
Indicadores de resíduos de construção e demolição
29
na gestão de RCD é o mercado para materiais de construção manufacturados a partir de resíduos. O
produto principal é o agregado reciclado, que é vendido como material para a construção de estra-
das e, em menores quantidades, para a produção de betão. As normas ambientais que os materiais
secundários têm de cumprir são estabelecidas num decreto no âmbito de materiais de construção. A
certificação do produto final dá aos clientes a confiança de que os produtos cumprem todas as exi-
gências técnicas e ambientais.
O Centro de Investigação Holandês (CUR) tem vindo a desenvolver especificações para a utilização de
agregados reciclados. Em 1984, foi lançada a especificação para a utilização de agregados reciclados
provenientes da britagem de betão e, em 1986, entrou em vigor a especificação homóloga para
agregados reciclados de alvenaria (Gonçalves, 2007). Posteriormente, o CUR desenvolveu mais uma
especificação, para agregados provenientes de resíduos de argamassa britada.
Em 1997, foi proibida a deposição de RCD recicláveis em aterro, sendo mais tarde alargada a proibi-
ção a RCD combustíveis. Contudo, em 2001, a maioria dos aterros obteve uma isenção desta proibi-
ção. Essas isenções foram concedidas por de momento não existir capacidade suficiente de valoriza-
ção ou incineração dos RCD (Ministry of Housing, Spatial Planning and the Environment, 2001). Ape-
sar deste retrocesso, a deposição em aterro de RCD é pouco atraente por causa do alto imposto de
aterro.
No final da década de 80, era possível em algumas partes do país depositar RCD em aterro por cerca
de€5portonelada.Noentanto,nosanosrecentesospreçoscrescerambastante,custandoagora
cercade€122portonelada(MinistryofHousing,SpatialPlanningandtheEnvironment,2001).Sai
geralmente mais barato processar os RCD para reciclagem ou, se combustíveis, para incineração. Em
contrapartida, um significativo incentivo financeiro foi criado para compensar o uso benéfico dos
RCD.
Figura 3.2 – Projecto Iguana Verde, em Stavoren
(adaptado de www.hautec.eu)
Um projecto-piloto desenvolvido na Holanda é a Iguana Verde (Groene Leguaan), que contou com o
apoio do programa LIFE da União Europeia e que consistiu na construção de casas ecológicas (Figura
3.2), em Stavoren, a preços acessíveis e com uma habitabilidade de alta qualidade (Gommer, 2000).
Os materiais usados na construção das casas são na sua grande maioria reutilizados ou reciclados: as
fachadas são de madeira; foram utilizadas tintas naturais; as paredes são de adobe, gesso cartonado
e papel reciclado; e o isolamento térmico é à base de celulose e conchas. O aquecimento é feito
através de painéis solares e tubagens subterrâneas e é reaproveitada a água da chuva para fins sani-
tários, máquinas de lavar roupa e loiça. Os referidos materiais têm muito menos impacte sobre o
3. Legislação e estratégias para os RCD
30
ambiente durante todas as etapas do seu ciclo de vida do que os materiais de construção usuais,
como o betão, os metais e os plásticos.
3.2.3. Alemanha
A Alemanha é o país da UE que mais RCD produz mas também é um dos que tem a maior taxa de
reciclagem destes. Em 2002, produziu cerca de 214 milhões de toneladas de RCD, cerca de 60% de
todos os resíduos produzidos no país, tendo 85% destes sido reutilizados ou reciclados (Weisleder e
Nasseri, 2006).
A primeira lei da Alemanha sobre a eliminação de resíduos foi promulgada em 1972, estabelecendo
uma mudança das lixeiras para aterros centralizados, controlados e regulados (Weisleder e Nasseri,
2006).
Em 1986, foi publicada a lei para a prevenção e eliminação de resíduos. Esta descreve os princípios
para a transição de eliminação para a gestão de resíduos. Segundo esta lei, o primeiro objectivo deve
ser a prevenção de resíduos. Não sendo esta possível, a composição dos resíduos deve ser melhora-
da, a fim de permitir a reutilização ou reciclagem destes. Com base nesta lei, foi produzida, em 1993,
regulamentação referente aos resíduos urbanos, especificando o tratamento e eliminação de resí-
duos e abrangendo os vários fluxos de resíduos, como os resíduos domésticos e os resíduos de cons-
trução e demolição. As metas desta regulação são (Weisleder e Nasseri, 2006): reciclar os resíduos
que não possam ser evitados; reduzir a toxicidade dos resíduos; garantir que o tratamento ou elimi-
nação dos resíduos não produz impactes ambientais. Descreve, ainda, que os RCD devem ser recolhi-
dos e preparados para a recuperação separadamente na origem. Os municípios responsáveis devem
encorajar a utilização de instalações móveis ou semi-móveis de recuperação de resíduos. Também
contém requisitos relativos à eliminação de resíduos, sendo que as fracções de resíduos que não
preencham os requisitos do regulamento não podem ser depositadas em aterro e terão que ser tra-
tadas.
A principal lei no âmbito da reciclagem e gestão de resíduos, KrW / AbfG, foi promulgada em 1996
(Weisleder e Nasseri, 2006). Esta lei definiu os princípios para o desenvolvimento da gestão de resí-
duos em direcção a uma economia de ciclo fechado. Estabeleceu uma nova hierarquia de tratamento
de resíduos, onde a prevenção é melhor do que a reciclagem de resíduos, mas a reciclagem é prefe-
rível à eliminação de resíduos. A eliminação de resíduos só é permitida quando a reciclagem é inviá-
vel economicamente ou impossível. A fim de cumprir os objectivos da lei, os resíduos destinados a
serem recuperados devem ser mantidos e tratados separadamente. Esta lei estabeleceu também a
responsabilidade dos produtores sobre os resíduos resultantes dos seus produtos.
Em 1992, um decreto oficial foi elaborada no âmbito dos RCD, contendo os requisitos para a preven-
ção, valorização e eliminação de resíduos sem afectar a qualidade do ambiente. Este também con-
tém metas quantitativas para a recuperação e reciclagem de resíduos, com uma taxa de reciclagem
de 60% a ter de ser atingida até 1995 (Weisleder e Nasseri, 2006).
Em 1996, um novo documento foi divulgado contendo requisitos para a demolição ou
desconstrução. Este exige, entre outras coisas, um plano de desconstrução que permita a separação
dos materiais recicláveis. O documento estabelece ainda que a eliminação de RCD recicláveis tem de
ser reduzida em 50%, com base nos níveis de 1995, até 2005.
Embora estes dois projectos nunca tenham entrado em vigor, acabaram por produzir um acordo
Indicadores de resíduos de construção e demolição
31
voluntário, assinado em 1996 por várias organizações industriais (Weisleder e Nasseri, 2006). O acor-
do incidiu essencialmente sobre os RCD e definiu a meta de atingir os objectivos previstos nos dois
projectos que não chegaram a ser promulgados. Deste acordo saíram também algumas especifica-
ções técnicas referentes à utilização de materiais reciclados, como se mostra no Quadro 3.1. Conse-
quentemente, passou a ser possível a utilização de RCD para a produção de betão.
Quadro 3.1 – Especificações técnicas para a utilização de materiais reciclados, resultantes do acordo voluntá-rio de 1996 (adaptado de Schultmann, 2001)
Área de aplicação Regulamento Aplicação
Uso geral de minerais da reciclagem dos materiais
Especificações técnicas do Bund / Länder-Arbeitsgemeinschaft Abfall
(LAGA)
Requisitos para a reciclagem dos resíduos inertes
Construção de estradas com material reciclado
RAL-RG 501/1 Avaliação da qualidade de materiais reciclados na construção de estradas
TL Min-StB 2000
Condições técnicas de entrega de materiais inertes na construção de estradas
TL RC ToB-StB 1995 Condições técnicas suplementares de entrega de materiais inertes reci-clados na construção de estradas
Betão com agregados recicla-dos
Conselho Alemão para o Aço e Betão - “Códigoparabetãocomagregados
reciclados”
Linha de orientação para o betão com agregados reciclados
DIN 4226-100 Agregados reciclados para o betão e argamassas
DIN 4226 Agregados para o betão
DIN 1045 Betão e betão armado: dimensio-namento
Bons exemplos de construções que aproveitaram estas especificações para a utilização de betão com
agregados reciclados são o edifício habitacional Waldpirale (Figura 3.3) e os edifícios de escritórios
Vilbeler Weg (Figura 3.4), ambos em Darmstadt. No primeiro caso, foi produzido um betão com
agregados reciclados para as fundações e outro para a estrutura do edifício. A composição das mistu-
ras de betão é apresentada no Quadro 3.2. No segundo caso, os edifícios foram construídos simetri-
camente, com um projecto estrutural idêntico e praticamente com o mesmo uso. Ambas as estrutu-
ras são feitas com betão armado mas num dos edifícios, recorreu-se a um betão somente com agre-
gados naturais e, no outro, a um betão com agregados reciclados, de modo a poder-se analisar no
tempo o comportamento de ambos os betões. Apresenta-se no Quadro 3.3 a composição da mistura
de betão para cada um dos edifícios.
3.2.4. Reino Unido
Em 2003, o Gabinete do Vice-Primeiro-Ministro realizou um inquérito, na Inglaterra, sobre a ampli-
tude e a utilização de RCD na construção. As estimativas sugerem que a quantidade de RCD produzi-
dos na Inglaterra aumentou de cerca de 69 milhões de toneladas em 1999 para cerca de 91 milhões
de toneladas em 2003 (Voronova, 2006). Durante este período, a proporção de RCD reciclados
aumentou de 35 para 50%. A proporção de RCD enviados para aterro diminuiu de 37 para 32%. Os
restantes 28% de RCD foram depositados em locais desocupados (normalmente na recuperação de
terras, na modernização agrícola ou em projectos de infra-estruturas). O Reino Unido é um dos paí-
3. Legislação e estratégias para os RCD
32
ses que mais RCD produz dentro da União Europeia mas é também um daqueles que mais políticas
tem implementado de modo a reaproveitá-los. A estratégia para os resíduos tem como principais
objectivos (Department for Environment, Food and Rural Affairs, 2010): fornecer as ferramentas ao
sector para que este possa melhorar a sua eficiência através da produção de menores quantidades
de resíduos, desde a concepção até à demolição; tratar os resíduos como um recurso, aumentando
não só a reutilização e a reciclagem mas também a utilização de material recuperado; desenvolver o
sector de reutilização e reciclagem, aumentando a sua procura e garantindo o investimento no tra-
tamento de resíduos. Descreve-se de seguida os regulamentos mais importantes relativos à gestão
de RCD.
Figura 3.3 – Edifício habitacional
Waldpirale, em Darmstadt (adaptado de www.b-i-m.de)
Figura 3.4 – Edifício de escritórios Vilbeler Weg, em Darmstadt
(adaptado de www.b-i-m.de)
Quadro 3.2 – Misturas de betão utilizadas no edifício Waldpirale
(adaptado de Grübl et al., 1999)
Tipo de betão Betão para as fundações Betão para a estrutura do
edifício
Classe de resistência à compressão B25 B25
Água (kg/m3) 190 180
CEM I 42,5 R (kg/m3) - 290
CEM III / A 32,5 R (kg/m3) 300 -
Cinzas volantes 50 40
Relação água / cimento 0,59 0,59
Areia 0/2a (kg/m3) 616 615
Agregados naturais 2/8 (kg/m3) 530 290
Agregados reciclados 8/16 (kg/m3) 569 334
Agregados naturais 16/32 (kg/m3) - 544
Agente redutor de água (kg/m3) 1,5 -
Consistência inicial a10min (cm) 40 – 42 36 - 38
O Environmental Protection Act, de 1990, estabelece a base para o controlo da concessão de licenças
e outras disposições destinadas a assegurar que o tratamento de resíduos, a sua eliminação ou recu-
peração, não prejudique o ambiente. Esta lei declara ainda, através do Duty of Care, que a responsa-
bilidade pelos resíduos recai sobre todas as partes envolvidas na sua gestão (Voronova, 2006). Publi-
Indicadores de resíduos de construção e demolição
33
cado em 1991, o Duty of Care informa que quem produz, importa, transporta, armazena, trata ou
elimina os resíduos tem o dever de garantir que qualquer resíduo produzido é tratado de forma
segura e em conformidade com a lei.
Quadro 3.3 – Misturas de betão utilizadas nos edifícios de escritórios Vilbeler Weg (adaptado de Garg et al., 1999)
Constituintes Betão com agregados
naturais Betão com agregados reci-
clados
CEM I 42,5 R (kg/m3) 290 310
Água (kg/m3) 175 170
Cinzas volantes 70 40
Areia 0/2a (kg/m3) 682 585
Agregados 2/8 (kg/m3) 463 545
Agregados 8/16 (kg/m3) 715 568
Em 2002, foi publicado um regulamento referente a aterros, Landfill Directive, que visa prevenir ou
reduzir, tanto quanto possível, os efeitos ambientais negativos dos aterros sanitários (Voronova,
2006). Com esta directiva, é ilegal para um operador de aterro receber resíduos não tratados ou
líquidos. Segundo a Agência Ambiental, esta é uma oportunidade para as empresas melhorarem as
suas práticas de redução, triagem e reciclagem dos seus resíduos. Anteriormente, em 1996, já tinha
sido implementada uma taxa para a deposição de RCD em aterro, sendo esta diferente para o caso
de estes serem inertes ou não. A taxa para os RCD inertes é de £ 2,50 (€ 2,85) por tonelada enquanto
que para os RCD não inertes a taxa é de £ 40 (€ 62,53) por tonelada. As taxas têm vindo a ser aumen-
tadas todos os anos mas o Governo já assegurou que irão ser congeladas este ano (Department for
Environment, Food and Rural Affairs, 2007).
Também em 2002, foi introduzido um imposto sobre os agregados, para garantir que o impacte
ambiental da extracção de agregados naturais é plenamente reflectido no preço, encorajando assim
a utilização de agregados reciclados. Este imposto visa estimular a economia no uso de produtos
reciclados a partir de RCD em lugar de produtos naturais. Em 2007, o imposto estava fixado em £
1,60 (€ 1,82) por tonelada de agregados naturais mas, desde 2008, esta taxa tem vindo a ser aumen-
tada de £ 1,95 (€ 2,22) por tonelada por ano (Department for Environment, Food and Rural Affairs,
2007).
Em 2008, foi publicada uma nova regulamentação, tornando os planos de gestão de RCD na obra
obrigatórios para todos os projectos de construção que custem mais de £ 300.000(€ 341.880). Este
plano de gestão de RCD, Site Waste Managment Plan (SWMP), regista a quantidade e tipo de resí-
duos produzidos no estaleiro e a forma como os RCD vão ser reutilizados, reciclados ou eliminados.
Segundo o DEFRA, o planeamento atempado da gestão de RCD na obra vai permitir (Department for
Environment, Food and Rural Affairs, 2010): aumentar a quantidade de resíduos de construção que
são recuperados, reutilizados e reciclados; melhorar a eficiência dos recursos materiais; diminuir a
produção de resíduos; impedir os despejos ilegais. A implementação do SWMP é da responsabilidade
do empreiteiro, cabendo às autoridades garantir a aplicação do plano e, em caso de falhas, impor
sanções.
O fluxo económico na gestão de RCD no Reino Unido pode ser descrito como mostra a Figura 3.5. O
Governo publica leis e regulamentos sobre a gestão de resíduos. Todas as empresas, que produzem,
processam e armazenam resíduos deverão cumprir esses regulamentos. As empresas de construção
que produzem resíduos têm que pagar às empresas de resíduos para os reutilizar ou reciclar. Ao
3. Legislação e estratégias para os RCD
34
mesmo tempo, as empresas de resíduos pagam aos aterros a taxa de deposição de RCD que não
podem ser tratados.
Figura 3.5 – Fluxo económico na gestão de RCD
(adaptado de Voronova, 2006)
Algumas obras realizadas evidenciam a evolução nesta área, sendo um exemplo disso o BRE Envi-
ronment Building (Figura 3.6), construído em 1996. Os materiais de construção especificados para a
construção do edifício têm um alto teor de materiais reciclados e reutilizados, incluindo (Label for
Environmental, Social and Economic Buildings, 2007): 80.000 tijolos recuperados; 96% do edifício que
anteriormente ocupava o local foi recuperado ou reciclado; no pavimento do hall de entrada e da
área de conferências foi utilizado parquet de mogno recuperado; 90% do betão fabricado in situ utili-
zou agregados reciclados; foram utilizadas cinzas volantes na mistura de cimento.
Figura 3.6 – BRE Environment Building, em Watford
(adaptado de Label for Environmental, Social and Economic Buildings, 2007)
Indicadores de resíduos de construção e demolição
35
3.2.5. Espanha
Em Espanha, a reciclagem de RCD ainda se encontra pouco desenvolvida, sendo a taxa de reciclagem
menor do que 10%. Tal como em Portugal, só em 2008 foi publicada legislação para regular a produ-
ção e gestão deste fluxo específico de resíduos. Esta medida foi tomada como resposta aos aumen-
tos imprevistos na produção de RCD, que superaram as estimativas mais pessimistas, após um perío-
do em que a indústria da construção registou um grande desenvolvimento (Sólis-Guzmán, 2009).
Segundo as autoridades espanholas, as causas que levam ao baixo reaproveitamento dos RCD são: o
despejo ilegal ou descontrolado de RCD, sem o cumprimento dos requisitos da legislação de aterro, e
as baixas taxas de admissão de RCD em aterros autorizados, que dificultam a sustentabilidade e a
rentabilidade da operação de estações de tratamento de RCD (Ministerio de Medio Ambiente y
Medio Rural y Marino, 2009).
Contudo, antes da implementação da nova legislação, já existiam alguns progressos na correcta ges-
tão de RCD, particularmente na Comunidade Autónoma de Madrid, do País Basco e da Catalunha
(Ruivo e Veiga, 2004). Este facto deve-se ao aumento da iniciativa pública e privada para a imple-
mentação de instalações de tratamento, tanto de equipamentos fixos e móveis para o tratamento de
RCD como de aterros controlados (Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino, 2009).
Existiram também avanços na formação e sensibilização do sector, em grande parte devido a iniciati-
vas de formação levadas a cabo pela Confederação Nacional de Construção (CNC), congressos desen-
volvidos pela Associação das Entidades de Reciclagem e Demolição (GERD) e outras iniciativas que
beneficiaram do apoio institucional e financeiro do Ministério do Meio Ambiente e Meio Rural e
Marinho (MARM). Estas Comunidades Autónomas desenvolveram também políticas activas no âmbi-
to dos RCD, incluindo a aplicação de taxas sobre a sua deposição em aterro. É o caso da Catalunha,
onde se alcançou um bom controlo do fluxo de RCD e o desaparecimento virtual de despejos não
controlados no seu território (Ministerio de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino, 2009).
O Real Decreto 105/2008, de 1 de Fevereiro de 2008, é instituído como uma peça fundamental da
política espanhola no âmbito dos RCD, esperando-se que contribua para o desenvolvimento susten-
tável de um sector tão importante para a economia espanhola como é o sector da construção. Este
decreto aplica os princípios: da responsabilidade do produtor; de prevenção de resíduos; da respon-
sabilidade entre todos os agentes envolvidos na cadeia de produção e gestão de RCD (Ministerio de
Medio Ambiente y Medio Rural y Marino, 2009).
Este novo regulamento obriga o arquitecto a incluir um estudo sobre a gestão de RCD na fase de
projecto e compele o construtor a desenvolver um plano de gestão de RCD para a obra. Tanto o
estudo como o plano são necessários para a obtenção da licença de construção e necessitam de con-
ter dois aspectos importantes: as quantidades de resíduos e o custo do tratamento destes (Sólis-
Guzmán, 2009). O decreto impõe também a obrigação de separação dos RCD na origem, a partir de
certos limites, de modo a facilitar a sua posterior valorização, e a proibição de deposição de RCD sem
tratamento prévio, de maneira a desencorajar a deposição de resíduos valorizáveis. Prevê ainda o
estabelecimento de um mecanismo de controlo vinculado à obtenção de licenças de construção, no
qual o produtor, através de uma caução, garante o cumprimento das exigências de gestão dos RCD a
ser produzidos no local.
A fim de atingir níveis de reciclagem aceitáveis, as autoridades espanholas pretendem ainda agir,
através de regulamentos futuros, sobre dois aspectos fulcrais para a correcta gestão de RCD: incidir
de forma especial na erradicação de aterros ilegais e nas condições de funcionamento daqueles que
3. Legislação e estratégias para os RCD
36
estão legalizados, especialmente nos preços de admissão de RCD; estimular a procura por produtos
reciclados de RCD, especialmente agregados reciclados, através da aplicação de normas sobre as
condições técnicas e ambientais destes materiais, a fim de facilitar a sua inclusão em obra (Ministerio
de Medio Ambiente y Medio Rural y Marino, 2009).
Um exemplo de boa gestão de RCD ocorreu, em 1992, em Barcelona, durante a construção das infra-
estruturas necessárias para os Jogos Olímpicos. Foram produzidas cerca de 1 milhão de toneladas de
agregados reciclados. Estes foram utilizados sobretudo como sub-base de auto-estradas e para a
construção das estradas e ruas da cidade olímpica. Outros exemplos de aplicação de RCD reciclados
são a auto-estrada Ronda del Litoral, em Barcelona, e a auto-estrada que liga Valdepeñas e Almura-
diel, cujas camadas de base e sub-base são constituídas por material reciclado (Ruivo e Veiga, 2004).
3.3. Panorama actual em Portugal
A indústria da construção em Portugal não tem a tradição de reutilizar ou reciclar os próprios resí-
duos que produz, acabando a grande maioria destes depositados em aterros ou despejados ilegal-
mente. A legislação para a regulamentação do fluxo de RCD foi aprovada em 2008. Esta surgiu como
uma necessidade de grande importância dentro da gestão de resíduos, não só devido às grandes
quantidades que são produzidas deste resíduo específico mas também devido às frequentes deposi-
ções ilegais de RCD que têm de ser travadas.
O regime jurídico de gestão de resíduos foi pela primeira vez aprovado em Portugal através do
Decreto-Lei n.o 488/85. Este documento incentivava: a menor produção de resíduos; o desenvolvi-
mento de processos tecnológicos que permitissem a reciclagem dos resíduos; a eliminação dos resí-
duos não reciclados em condições de máximo aproveitamento do seu potencial energético. Contudo,
a evolução rápida do direito comunitário determinaria a revogação daquele diploma pelo Decreto-Lei
n.o 310/95, que tratou de operar a transposição para a ordem jurídica interna das directivas euro-
peias. Mais tarde, este seria revogado pelo Decreto-Lei n.o 239/97, que estabelecia as regras gerais
para a correcta gestão de resíduos. Actualmente, encontra-se em vigor o Decreto-Lei n.o 178/2006,
que veio revogar o DL 239/97. Segundo este decreto, as obrigações gerais são: separação selectiva
dos resíduos na origem, de forma a promover preferencialmente a sua valorização; envio de resíduos
para entidades licenciadas para a sua gestão; proceder ao licenciamento das operações de gestão de
resíduos; cumprir as regras sobre operações de transporte de resíduos; registo e envio electrónico de
resíduos. Apesar de todo o esforço legislativo que a gestão de resíduos sofreu desde 1985, só em
2008 foi publicada a primeira regulamentação específica à gestão de RCD, através do Decreto-Lei n.o
46/2008. No Quadro 3.4, apresenta-se a principal legislação portuguesa, que pode incidir sobre os
RCD, em ordem cronológica.
Das alterações instituídas pelo DL 46/2008, a Agência Portuguesa do Ambiente (2010) destaca, entre
outras:
- a possibilidade de reutilização de solos e rochas não contendo substâncias perigosas, preferencial-
mente na obra de origem; caso isso não seja possível, é prevista a reutilização noutras obras para
além da de origem, bem como na recuperação ambiental e paisagística de pedreiras, na cobertura de
aterros destinados a resíduos ou ainda em local licenciado pelas câmaras municipais;
- a definição de metodologias e de práticas a adoptar nas fases de projecto e execução da obra que
privilegiem a aplicação do princípio da hierarquia das operações de gestão de resíduos;
Indicadores de resíduos de construção e demolição
37
Quadro 3.4 – Principais documentos legislativos, que podem incidir sobre os RCD, aprovados em Portugal, nos últimos anos (adaptado de Coelho e Brito, 2007)
Legislação Descrição geral
Portaria n.o 15/96, 23 de Janeiro de 1996
Aprova as operações de gestão de resíduos (revogado pela Portaria n.
o 209/2004)
Portaria n.o 335/97, 16 de Maio de 1997 Estabelece as regras de transporte de resíduos
Portaria n.o 818/97, 5 de Setembro de 1997
Aprova a lista europeia de resíduos (revogado pela Portaria n.
o 209/2004)
Decreto-Lei n.o
239/97, 9 de Setembro de 1997 Estabelece as regras gerais de gestão de resíduos (revo-gado pelo Decreto-Lei n.
o 178/2006)
Portaria n.o
961/98, 10 de Novembro de 1998 Legisla a autorização de processos de gestão de resí-duos industriais, urbanos e de outros tipos (revogado pelo Decreto-Lei n.
o 178/2006)
Portaria n.o
792/98, 22 de Setembro de 1998 Aprova a lista de resíduos industriais não perigosos (revogado pela Portaria n.
o 1408/2006)
Decreto-Lei n.o
321/99, 11 de Agosto de 1999 Regula a instalação e a gestão de aterros de materiais não perigosos (revogado pelo Decreto-Lei n.
o 152/2002)
Decreto-Lei n.o
516/99, 2 de Agosto de 1999 Aprova o Plano Estratégico para os resíduos industriais não perigosos
Decreto-Lei n.o
152/2002, 23 de Maio de 2002 Regula a instalação, utilização, encerramento e pós-encerramento de aterros (revogado pelo Decreto-Lei n.
o
183/2009)
Portaria n.o
209/2004, 3 de Março de 2004 Lista europeia de classificação de resíduos
Decreto-Lei n.o
178/2006, 5 de Setembro de 2006 Estabelece as regras gerais de gestão de resíduos
Portaria n.o 1408/2006, 18 de Dezembro de 2006
Aprova o Regulamento de Funcionamento do Sistema Integrado de Registo Electrónico de Resíduos
Decreto-Lei n.o 46/2008, 12 de Março de 2008 Estabelece as regras gerais de gestão de RCD
Decreto-Lei n.o 183/2009, 10 de Agosto de 2009 Regime jurídico da deposição de resíduos em aterro
- o estabelecimento da obrigação de triagem prévia à deposição dos RCD em aterro;
- a introdução de uma taxa de gestão de resíduos específica para a deposição de inertes de RCD, de
valor inferior ao previsto no DL 178/2006, de forma a ajustar o referido instrumento tributário ao
forte condicionamento criado pela concorrência dos agregados resultantes da actividade extractiva;
- a definição de requisitos técnicos mínimos para as instalações de triagem e fragmentação;
- a dispensa de licenciamento para determinadas operações de gestão, nos casos em que não só o
procedimento de licenciamento não se traduzia em mais valia ambiental, como constituía um forte
obstáculo a uma gestão de RCD concordante com os princípios da hierarquia de gestão de resíduos;
- a aplicação de RCD em obra condicionada à observância de normas técnicas nacionais ou comunitá-
rias; na ausência de normas técnicas aplicáveis, são observadas as especificações técnicas definidas
pelo Laboratório Nacional de Engenharia (LNEC), relativas à utilização de RCD designadamente em
agregados reciclados grossos em betões de ligantes hidráulicos, aterro e camada de leito de infra-
estruturas de transporte, agregados reciclados em camadas não ligadas de pavimentos e misturas
betuminosas a quente em central;
- a obrigação de emissão de um certificado de recepção por parte do operador de gestão dos RCD;
- o condicionamento do licenciamento de obras particulares e a recepção de obras públicas que se
encontram dependentes da evidência de uma boa gestão dos RCD; esta interligação é conseguida
por via da aplicação simultânea do diploma específico de RCD, do Código dos Contratos Públicos
(CCP) e do Regulamento Jurídico da Urbanização e da Edificação (RJUE), sendo que a elaboração e
execução do Plano de Prevenção e Gestão de RCD (PPG), no âmbito das obras públicas, e o Registo
3. Legislação e estratégias para os RCD
38
de Dados de RCD no respeitante às obras particulares, constituem mecanismos inovadores que per-
mitem condicionar os actos administrativos associados ao início e conclusão das obras à prova de
uma adequada gestão deste tipo de resíduos.
As Câmaras Municipais têm um papel fundamental na correcta gestão de RCD, não só pela criação de
espaços para a instalação de unidades de triagem mas também pela disponibilização de locais para
deposição dos inertes passíveis de reaproveitamento. Descreve-se de seguida dois projectos pionei-
ros levados a cabo pela Câmara Municipal do Barreiro (CMB) e pela Câmara Municipal de Montemor-
o-Novo (CMMN).
A CMB tem em prática, há dez anos, um sistema de recolha de RCD no caso de pequenas obras,
como trabalhos de reabilitação, renovação ou remodelação (Costa, 2009). Os interessados requisi-
tam na CMB uns sacos, denominados Big Bags, até a um máximo de seis, cada um com capacidade
para 1 m3. Estes sacos encontram-se marcados e são entregues mediante apresentação de uma guia
de pagamento. No final da obra, a recolha dos sacos fica a cargo da CMB através da empresa SUMA
(Serviços Urbanos e Meio Ambiente). O destino dos sacos é o aterro sanitário da AMARSUL (Valoriza-
ção e Tratamento de Resíduos Sólidos), onde os inertes são utilizados para a camada de base do
aterro e os solos como cobertura (Lobato, 2009). Realça-se que, desde a sua origem até ao seu desti-
no final, os RCD não sofrem qualquer tipo de triagem ou tratamento. A CMB procura neste momento
inverter esta situação, encontrando-se em conversações com empresas da área e com o Instituto
Superior Técnico (Costa, 2009). Em 2008, a CMB recolheu 1075 sacos, o correspondente a 5.305
toneladas de RCD. Segundo a própria, mais de 90% do total de RCD produzidos em obras deste tipo.
Nas Figuras 3.7 e 3.8, apresenta-se a evolução dos resultados desta recolha levada a cabo pela CMB.
Figura 3.7 – Quantidade de RCD recolhidos
(adaptado de Costa, 2009)
Figura 3.8 – Quantidade de sacos para RCD entregues a particulares
(adaptado de Costa, 2009)
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
2629 23201399
2932 2452 2665
46353905
5372 5305
Quantidade de RCD recolhidos
Quantidade recolhida (toneladas)
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
16021970
7551600
2247
1317 1306 1390 1348 1075
Quantidades de sacos para RCD entregues a particulares
Quantidades de sacos para RCD entregues a particulares
Indicadores de resíduos de construção e demolição
39
A deposição ilegal de RCD constituía um problema ambiental e de saúde pública no concelho de
Montemor-o-Novo. No sentido de reduzir o impacte deste problema, a CMMN promoveu, entre
Dezembro de 2003 e Julho de 2007, um projecto LIFE, comparticipado pela Comissão Europeia. Este
projecto é uma solução piloto, a nível municipal, para a gestão da fracção inerte dos RCD. Durante
este, foram realizadas várias acções que incluíram (Martins, 2009):
- o dimensionamento e implementação de um sistema municipal para a recolha da fracção inerte dos
RCD, que obriga os utilizadores a separarem a fracção inerte na origem;
- dimensionamento, instalação e operação de Unidades Piloto de Reciclagem;
- criação, implementação e fiscalização de normas locais para a gestão destes resíduos;
- realização de casos de estudo com o objectivo de testar aplicações para os agregados reciclados
(reabilitação de estradas de terra batida, construção de uma via pavimentada com cerca de 400 m,
produção de peças pré-fabricadas de betão, caracterização dos agregados grossos produzidos e aná-
lise de amostras de betão produzidas com os mesmos);
- acções diversas de sensibilização e divulgação, dirigidas à população em geral e aos produtores de
RCD com actividade na área do concelho (folhetos, sessões de esclarecimento, página na internet,
visitas à unidade de reciclagem).
O projecto permitiu garantir um destino adequado para as fracções inertes dos RCD produzidas a
nível local, contribuindo para aumentar o tempo de vida dos aterros e reduzir os depósitos ilegais
destes resíduos. Destaca-se, ainda, uma melhoria contínua na gestão dos RCD por parte dos produto-
res locais, que iniciaram sistemas de planeamento e deposição selectiva. Face aos resultados obtidos,
a CMMN decidiu dar continuidade às soluções implementadas, com excepção de alguns casos de
estudo. Contudo, apesar dos resultados positivos, destacam-se alguns problemas e necessidades
futuras (Martins, 2009): reforçar as acções de sensibilização; promover novos ensaios para caracteri-
zação e aplicação de agregados reciclados; incentivar a instalação de operadores privados licenciados
para a gestão das fracções não inertes e para os solos; realizar melhorias e adaptar a unidade de
reciclagem à nova legislação; redefinir alguns aspectos do funcionamento da unidade de reciclagem,
incluindo a possível integração num sistema intermunicipal e um eventual aumento da sua capacida-
de. Até ao momento, os serviços em causa são totalmente gratuitos para os utilizadores. No entanto,
a CMMN pretende introduzir tarifas que possam compensar os custos de operação.
3.4. Análise comentada do Decreto-Lei n.o 46/2008
A entrada em vigor, em Portugal, do DL 46/2008 é um primeiro passo para a correcta gestão de RCD.
Serve para consciencializar quem lida com este tipo de resíduos, apontando-lhes o caminho a seguir.
Contudo, este decreto tem sido visto mais como um dever e menos como uma oportunidade para as
empresas aperfeiçoarem os seus métodos. Não se deve esperar uma evolução rápida de um sector
com processos e técnicas tão tradicionais como o da construção, nomeadamente numa área em que
não existem incentivos e cujas vantagens económicas imediatas não são claras para a maioria dos
actores.
Apesar de o DL 46/2008 ser um bom começo para o início da mudança, carece de meios e instrumen-
tos para tornar mais veloz o progresso da indústria da construção. Um exemplo disso é a falta de
indicadores que possibilitem estimar a quantidade real de resíduos produzida, de modo a confirmar a
correcta gestão destes por parte de quem os produz. Aliás, a produção de indicadores, que possam
3. Legislação e estratégias para os RCD
40
compensar esta falta, é a base do desenvolvimento desta dissertação de mestrado. Assim, para se
poder dirigir a investigação dos indicadores de acordo com o DL 46/2008, surge a necessidade de
proceder à análise deste, que é feita de seguida.
“Artigo 1.o
Objecto
O presente decreto-lei estabelece o regime das operações de gestão de resíduos resultantes de obras
ou demolições de edifícios ou de derrocadas, abreviadamente designados resíduos de construção e
demolição ou RCD, compreendendo a sua prevenção e reutilização e as suas operações de recolha,
transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação.”
A respeito do art. 1.o, deve-se observar:
- é considerado RCD qualquer resíduo proveniente de obras anteriormente descritas, incluindo os
fluxos específicos de resíduos neles contidos, sendo que, quer os resíduos urbanos ou similares quer
a mistura de resíduos provenientes da obra com outros resíduos de origem distinta, não se incluem
nesse universo (Agência Portuguesa do Ambiente, 2010); por exemplo, os resíduos dos escritórios
localizados na obra, não obstante o facto de terem origem no sector da construção, não correspon-
dem à definição do fluxo de resíduos em causa; outro exemplo é a mistura do papel do escritório da
obra com os das embalagens de acondicionamento de material a incorporar na obra; embora os
resíduos das embalagens sejam considerados RCD, o resíduo resultante da mistura destes com o
papel do escritório deixa de o ser;
- a reutilização é a reintrodução, sem alterações significativas, de substâncias, objectos ou produtos
nos circuitos de produção ou de consumo de modo a evitar a produção de resíduos; por exemplo, a
britagem na obra de origem e posterior utilização do material britado na mesma obra não é conside-
rada uma reutilização mas antes uma utilização de RCD em obra, pois a britagem vai alterar a granu-
lometria do material podendo corresponder a uma alteração significativa deste; são exemplos de
reutilização de materiais em obra a reutilização de lâmpadas fluorescentes, de portas ou de janelas;
de notar que, os materiais retirados da obra poderão ser reutilizados desde que, por razões de segu-
rança e saúde pública, os mesmos obedeçam às especificações técnicas e certificação / homologação
respectivas dos produtos virgens que pretendem substituir (Agência Portuguesa do Ambiente, 2010).
Segundo a Agência Portuguesa do Ambiente, as duas definições anteriores são geradoras de alguma
confusão, levando a más interpretações do decreto.
“Artigo 2.o
Princípios de gestão
A gestão de RCD realiza-se de acordo com os princípios da auto-suficiência, da prevenção e redução,
da hierarquia das operações de gestão de resíduos, da responsabilidade do cidadão, da regulação da
gestão de resíduos e da equivalência, previstos no Decreto-Lei n.o 178/2006, de 5 de Setembro.”
A respeito do art. 2.o, deve-se observar:
- princípio da auto-suficiência – as operações de gestão de resíduos devem decorrer preferencial-
mente em território nacional, reduzindo ao máximo os movimentos transfronteiriços de resíduos;
este aponta que os países se devem focar em desenvolver todos os meios e instrumentos necessá-
rios para a correcta gestão de RCD em vez de procurar quem o possa fazer por eles;
- princípio da prevenção e redução – evitar e reduzir a produção de resíduos, bem como o seu carác-
Indicadores de resíduos de construção e demolição
41
ter nocivo, deve ser encarado como o objectivo prioritário da política de gestão de resíduos; a gestão
de resíduos deve, também, evitar ou reduzir o risco para a saúde humana e para o ambiente causado
pelos resíduos; este princípio sugere a necessidade de introdução de alterações na concepção dos
produtos, através da adopção de medidas ao nível dos processos produtivos, como a adopção das
melhores técnicas disponíveis e a utilização eficaz de matérias-primas e energia, e ao nível do produ-
to, como a substituição dos materiais nocivos por outros de menor impacte ambiental, a elaboração
de produtos mais duráveis e a opção por produtos feitos a partir da reutilização de outros produtos;
- princípio da hierarquia das operações de gestão de resíduos – a gestão de resíduos deve assegurar
que à utilização de um bem sucede uma nova utilização ou que, não sendo viável a sua reutilização,
se procede à sua reciclagem ou a outras formas de valorização, como a recuperação energética; a sua
deposição em aterro constitui a última opção de gestão, justificando-se apenas quando for técnica
ou economicamente inviável outra solução;
- princípio da responsabilidade do cidadão – os cidadãos contribuem para a prossecução dos princí-
pios de gestão de resíduos, adoptando comportamentos de carácter preventivo em matéria de pro-
dução de resíduos, como por exemplo o consumo de produtos com menores impactes ambientais,
mas também através da adopção de práticas que facilitem a respectiva reutilização e valorização,
como é o caso da separação dos resíduos;
- princípio da regulação da gestão de resíduos – é proibida a realização de operações de armazena-
gem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos não licenciadas no DL 178/2006; são igual-
mente proibidos o abandono de resíduos, a incineração de resíduos no mar e a sua injecção no solo,
bem como a descarga de resíduos em locais não licenciados para realização de operações de gestão
de resíduos;
- princípio da equivalência – o regime económico e financeiro das actividades de gestão de resíduos
visa a compensação tendencial dos custos sociais e ambientais que o produtor gera à comunidade ou
dos benefícios que a comunidade lhe faculta, de acordo com um princípio geral de equivalência.
“Artigo 3.o
Responsabilidades
1 – A gestão dos RCD é da responsabilidade de todos os intervenientes no seu ciclo de vida, desde o
produto original até ao resíduo produzido, na medida da respectiva intervenção no mesmo, nos ter-
mos do disposto no presente decreto-lei.
2 – Exceptuam-se do disposto no número anterior os RCD produzidos em obras particulares isentas de
licença e não submetidas a comunicação prévia, cuja gestão cabe à entidade responsável pela gestão
de resíduos urbanos.
3 – Em caso de impossibilidade de determinação do produtor do resíduo, a responsabilidade pela
respectiva gestão recai sobre o seu detentor.
4 – A responsabilidade das entidades referidas nos números anteriores extingue-se pela transmissão
dos resíduos a operador licenciado de gestão de resíduos ou pela sua transferência, nos termos da lei,
para as entidades responsáveis por sistemas de gestão de fluxos de resíduos.”
A respeito do art. 3.o, deve-se observar:
- co-responsabilizam-se todos os intervenientes no ciclo de vida dos materiais; pretende-se, desta
forma, consciencializar todos os envolvidos, e não só o produtor do resíduo final, para a necessidade
de uma correcta gestão dos RCD; os fabricantes de materiais de construção são responsáveis por
3. Legislação e estratégias para os RCD
42
garantir que os seus produtos são criados de forma a reduzir o desperdício e a facilitar a recuperação
após a utilização, devendo trabalhar no sentido de torná-los totalmente recicláveis; os proprietários
do edifício, os engenheiros e os arquitectos são responsáveis pela integração de uma estratégia de
gestão de resíduos na obra, devendo optar pela inclusão de materiais recicláveis no edifício; as
empresas de demolição têm a responsabilidade de demolir os edifícios de modo a que a recuperação
e reciclagem dos materiais seja possível;
- esta disposição reflecte uma responsabilidade dos municípios acrescida às decorrentes do DL
178/2006, nomeadamente no que respeita à obrigação de assegurar a gestão dos resíduos urbanos
cuja produção diária não exceda 1100 litros por produtor (Agência Portuguesa do Ambiente, 2010);
aqueles ficam assim obrigados a assegurar que todos os resíduos produzidos dentro do município são
recolhidos e tratados adequadamente; os municípios têm um papel fundamental na gestão de RCD,
devendo agir e fazer cumprir a legislação existente, especialmente no caso de obras particulares
isentas de licença e não submetidas a comunicação prévia, que são as mais susceptíveis a despejos
ilegais;
- ao tornar-se responsável pelos resíduos o seu detentor, em caso de impossibilidade de determina-
ção do produtor, pretende-se que exista sempre um responsável pelos resíduos, até estes serem
encaminhados para o destino mais apropriado, garantindo assim que recebem o tratamento ade-
quado.
“Artigo 4.o
Plano específico de gestão de RCD
Os objectivos quantitativos e qualitativos a atingir em conformidade com os objectivos definidos pela
legislação nacional ou comunitária aplicável aos RCD, bem como as prioridades, metas e acções rela-
tivas à sua gestão, constam do plano específico de gestão de RCD, aprovado nos termos do artigo
15.o do Decreto-Lei n.o 178/2006, de 5 de Setembro.”
A respeito do art. 4.o, deve-se observar:
- se Portugal pretende cumprir as metas delineadas pela UE para a reciclagem de RCD, então é
necessário definirem-se objectivos quantitativos claros e ambiciosos para o reaproveitamento de
RCD no nosso país; as metas existentes são demasiado ambíguas, referindo apenas a necessidade de
se reduzir a quantidade e perigosidade deste fluxo de resíduos.
“Artigo 5.o
Metodologias e práticas a adoptar nas fases de projecto e de execução da obra
A elaboração de projectos e a respectiva execução em obra devem privilegiar a adopção de metodo-
logias e práticas que:
a) Minimizem a produção e a perigosidade dos RCD, designadamente por via da reutilização de
materiais e da utilização de materiais não susceptíveis de originar RCD contendo substâncias perigo-
sas;
b) Maximizem a valorização de resíduos, designadamente por via da utilização de materiais
reciclados e recicláveis;
c) Favoreçam os métodos construtivos que facilitem a demolição orientada para a aplicação dos
princípios da prevenção e redução e da hierarquia das operações de gestão de resíduos.”
A respeito do art. 5.o, deve-se observar:
Indicadores de resíduos de construção e demolição
43
- o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações apresenta-se, ainda, pouco sensibili-
zado, quando este deveria ser o principal promotor destas metodologias e práticas (Carteiro, 2009);
é necessário que passe a privilegiar a demolição selectiva e a incorporação de materiais reciclados
em percentagem crescente nas próprias obras, para que o sector privado possa seguir o seu exem-
plo; de destacar, também, a necessidade de se desenvolverem parcerias entre o poder público e a
iniciativa privada (Pinto, 2001);
- existem claras dificuldades para conseguir convencer os projectistas e donos de obra a adoptar
materiais reutilizados ou reciclados; subsiste ainda a conotação de que estes materiais são um pro-
duto de menor qualidade; é necessário que se desenvolvam mais projectos de demonstração e inves-
tigação no sentido de comprovar a qualidade destes novos materiais, sendo fundamental a criação
de um mercado alternativo, para apoiar a utilização destes materiais, usando o poder de compra do
Estado (John, 2000); deve existir, ainda, uma redução dos custos dos produtos reciclados através de
isenções fiscais para produtos contendo resíduos; John (2000) também destaca o uso de incentivos
políticos e fiscais;
- o sector da construção é caracterizado pela dificuldade de introdução de novas tecnologias; para
superar esta barreira, era importante que fosse estabelecido, neste artigo, a obrigação de incorporar
uma percentagem mínima de materiais reciclados na obra (no caderno de encargos); esta disposição
iria permitir fiscalizar o uso de material reciclado de uma maneira mais eficiente, obrigava os donos
de obra a usar material reciclado, facilitava a criação de um mercado de materiais reciclados e, ainda,
garantia que os materiais reciclados iriam de facto ser utilizados (Carteiro, 2009);
- os processos de demolição continuam a assentar na destruição simultânea de toda a edificação
(Gonçalves, 2007); para que as empresas de demolição orientem os trabalhos de demolição para o
reaproveitamento dos materiais, é necessário mostrar-lhes que têm um papel importante no proces-
so de gestão de resíduos; o Governo deve realizar campanhas informativas e celebrar acordos volun-
tários com a indústria de demolição, como aconteceu na Dinamarca e na Alemanha; é preciso mos-
trar às empresas que fornecem serviços valiosos para os donos de obra, assumindo a responsabilida-
de da recuperação, do tratamento, do processamento e da comercialização dos materiais do edifício,
podendo ganhar uma parcela significativa das suas receitas através da comercialização dos materiais
resultantes da demolição que possam ser recuperados ou reciclados (Weisleder e Nasseri, 2006).
“Artigo 6.o
Reutilização de solos e rochas
1 – Os solos e as rochas que não contenham substâncias perigosas provenientes de actividades de
construção devem ser reutilizados no trabalho de origem de construção, reconstrução, ampliação,
alteração, reparação, conservação, reabilitação, limpeza e restauro, bem como em qualquer outro
trabalho de origem que envolva processo construtivo, abreviadamente designado por obra de ori-
gem.
2 – Os solos e as rochas referidos no número anterior que não sejam reutilizados na respectiva obra
de origem podem ser utilizados noutra obra sujeita a licenciamento ou comunicação prévia, na recu-
peração ambiental e paisagística de explorações mineiras e de pedreiras, na cobertura de aterros
destinados a resíduos ou, ainda, em local licenciado pela câmara municipal, nos termos do artigo 1.o
do Decreto-Lei n.o 139/89, de 28 de Abril.”
A respeito do art. 6.o, deve-se observar:
3. Legislação e estratégias para os RCD
44
- a exclusão dos solos e rochas não contaminados do fluxo de RCD é uma medida importante, pois
estes significam uma percentagem considerável do total de RCD; contudo, nesta disposição faltam
directrizes que caracterizem um solo contaminado e indiquem os testes necessários para o detectar;
normalmente, na obra, não são efectuadas análises aos solos, sendo este avaliado essencialmente
pelo seu histórico; torna-se, assim, complicado saber se este contém de facto substâncias perigosas,
para além do óbvio;
- segundo o art. 1.o do DL 139/89, carecem de licença das Câmaras Municipais os locais onde se pre-
tende realizar acções de destruição do revestimento vegetal que não tenham fins agrícolas e acções
de aterro ou escavação que conduzam à alteração do relevo natural e das camadas do solo arável
(Agência Portuguesa do Ambiente, 2010).
“Artigo 7.o
Utilização de RCD em obra
1 – A utilização de RCD em obra é feita em observância das normas técnicas nacionais e comunitárias
aplicáveis.
2 – Na ausência de normas técnicas aplicáveis, são observadas as especificações técnicas definidas
pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil e homologadas pelos membros do Governo responsá-
veis pelas áreas do ambiente e das obras públicas, relativas à utilização de RCD nomeadamente em:
a) Agregados reciclados grossos em betões de ligantes hidráulicos;
b) Aterro e camada de leito de infra-estruturas de transporte;
c) Agregados reciclados em camadas não ligadas de pavimentos;
d) Misturas betuminosas a quente em central.”
A respeito do art. 7.o, deve-se observar:
- as especificações técnicas definidas pelo LNEC sobre RCD e respectivas aplicações, indicadas no
decreto, traduzem as utilizações potenciais mais comuns no sector da construção civil (Agência Por-
tuguesa do Ambiente, 2010); no entanto, se é pretendida, para Portugal, uma taxa de reciclagem de
RCD elevada, são necessárias mais especificações e normas técnicas com vista à criação de um mer-
cado de materiais reciclados que possa dar resposta a todas as necessidades dos operadores e agen-
tes do sector; um importante incentivo para a reciclagem de RCD seria, também, a homologação /
certificação dos produtos reciclados (GTZ-Holcim, 2007);
- os RCD que tenham sido objecto de processamento com vista a obedecerem rigorosamente às
normas técnicas ou, na sua ausência, às especificações técnicas previstas no diploma deverão ser
encarados como produtos / materiais; deste modo, o encaminhamento e a gestão destes produtos /
materiais para a finalidade que esteve subjacente ao processamento em causa, não recaem no âmbi-
to da legislação em matéria de resíduos (Agência Portuguesa do Ambiente, 2010).
“Artigo 8.o
Triagem e fragmentação de RCD
1 – Os materiais que não seja possível reutilizar e que constituam RCD são obrigatoriamente objecto
de triagem em obra com vista ao seu encaminhamento, por fluxos e fileiras de materiais, para reci-
clagem ou outras formas de valorização.
2 – Nos casos em que não possa ser efectuada a triagem dos RCD na obra ou em local afecto à mes-
ma, o respectivo produtor é responsável pelo seu encaminhamento para operador de gestão licencia-
Indicadores de resíduos de construção e demolição
45
do para esse efeito.
3 – As instalações de triagem e de operação de corte e ou britagem de RCD, abreviadamente desig-
nada fragmentação de RCD, estão sujeitas aos requisitos técnicos mínimos constantes do anexo I ao
presente decreto-lei, do qual faz parte integrante.”
A respeito do art. 8.o, deve-se observar:
- a separação de RCD na origem, juntamente com a demolição selectiva, são os factores que mais
influenciam a qualidade da reciclagem dos RCD; como tal, a obrigatoriedade de triagem dos RCD na
obra, ou em local afecto à mesma, é uma medida de grande importância para a gestão dos RCD.
“Artigo 9.o
Deposição de RCD em aterro
A deposição de RCD em aterro só é permitida após a submissão a triagem, nos termos do artigo ante-
rior.”
A respeito do art. 9.o, deve-se observar:
- esta condição vinculativa pretende contribuir para um incremento da reciclagem ou de outras for-
mas de valorização de RCD e, acessoriamente, para a minimização dos quantitativos depositados em
aterro (Agência Portuguesa do Ambiente, 2010);
- no futuro, esta disposição deveria ser adaptada de modo a não permitir a deposição em aterro de
RCD recicláveis ou combustíveis; contudo, para evitar o que aconteceu na Holanda, é necessário,
primeiro, criar capacidade suficiente de valorização ou incineração dos RCD, devendo-se construir
mais infra-estruturas de valorização de RCD de modo a cobrir todo o território nacional e não apenas
parte deste, situação que se verifica actualmente.
“Artigo 10.o
Plano de prevenção e gestão de RCD
1 – Nas empreitadas e concessões de obras públicas, o projecto de execução é acompanhado de um
plano de prevenção e gestão de RCD, que assegura o cumprimento dos princípios gerais de gestão de
RCD e das demais normas aplicáveis constantes do presente decreto-lei e do Decreto-Lei n.o
178/2006, de 5 de Setembro.
2 – Do plano de prevenção e gestão de RCD consta obrigatoriamente:
a) A caracterização sumária da obra a efectuar, com descrição dos métodos construtivos a utili-
zar tendo em vista os princípios referidos no artigo 2.o e as metodologias e práticas referidas no arti-
go 5.o do presente decreto-lei;
b) A metodologia para a incorporação de reciclados de RCD;
c) A metodologia de prevenção de RCD, com identificação e estimativa dos materiais a reutilizar
na própria obra ou noutros destinos;
d) A referência aos métodos de acondicionamento e triagem de RCD na obra ou em local afecto
à mesma, devendo, caso a triagem não esteja prevista, ser apresentada fundamentação da sua
impossibilidade;
e) A estimativa dos RCD a produzir, da fracção a reciclar ou a sujeitar a outras formas de valori-
zação, bem como da quantidade a eliminar, com identificação do respectivo código da lista europeia
de resíduos.
3 – Incumbe ao empreiteiro ou ao concessionário executar o plano de prevenção e gestão de RCD,
3. Legislação e estratégias para os RCD
46
assegurando designadamente:
a) A promoção da reutilização de materiais e a incorporação de reciclados de RCD na obra;
b) A existência na obra de um sistema de acondicionamento adequado que permita a gestão
selectiva dos RCD;
c) A aplicação em obra de uma metodologia de triagem de RCD ou, nos casos em que tal não
seja possível, o seu encaminhamento para operador de gestão licenciado;
d) A manutenção em obra dos RCD pelo mínimo tempo possível que, no caso de resíduos perigo-
sos, não pode ser superior a três meses.
4 – O plano de prevenção e gestão de RCD pode ser alterado pelo dono da obra na fase de execução,
sob proposta do produtor de RCD, ou, no caso de empreitadas de concepção - construção, pelo adju-
dicatário com a autorização do dono da obra, desde que a alteração seja devidamente fundamenta-
da.
5 – O plano de prevenção e gestão de RCD deve estar disponível no local da obra, para efeitos de fis-
calização pelas entidades competentes, e ser do conhecimento de todos os intervenientes na execu-
ção da obra.
6 – A Agência Portuguesa do Ambiente disponibiliza no seu sítio na Internet um modelo de plano de
prevenção e gestão de RCD.”
A respeito do art. 10.o, deve-se observar:
- esta disposição visa melhorar a eficiência dos recursos materiais, promovendo o melhor uso dos
materiais de construção e dos processos construtivos de modo a que os resíduos sejam minimizados
e os que não puderem ser evitados possam ser reutilizados ou reciclados;
- tem, também, como objectivo reduzir os despejos ilegais, restringindo as oportunidades disponíveis
para a descarga ilegal de resíduos e garantindo às autoridades o controlo de todos os RCD produzi-
dos no local de construção;
- é necessário que as autoridades procedam a uma fiscalização mais apertada para fazer cumprir o
disposto neste artigo; contudo, de momento, as autoridades, e as próprias empresas, não têm fer-
ramentas para medir adequadamente a quantidade de RCD produzidos ou de material reutilizado /
reciclado na obra; ambiciona-se, com esta dissertação, fornecer ferramentas a essas entidades para
poderem cumprir e fazer cumprir este artigo.
“Artigo 11.o
Gestão de RCD em obras particulares
Nas obras sujeitas a licenciamento ou comunicação prévia nos termos do regime jurídico de urbaniza-
ção e edificação, o produtor de RCD está, designadamente, obrigado a:
a) Promover a reutilização de materiais e a incorporação de reciclados de RCD na obra;
b) Assegurar a existência na obra de um sistema de acondicionamento adequado que permita a
gestão selectiva dos RCD;
c) Assegurar a aplicação em obra de uma metodologia de triagem de RCD ou, quando tal não
seja possível, o seu encaminhamento para operador de gestão licenciado;
d) Assegurar que os RCD são mantidos em obra o mínimo tempo possível, sendo que, no caso de
resíduos perigosos, esse período não pode ser superior a três meses;
e) Cumprir as demais normas técnicas respectivamente aplicáveis;
f) Efectuar e manter, conjuntamente com o livro de obra, o registo de dados de RCD, de acordo
Indicadores de resíduos de construção e demolição
47
com o modelo constante do anexo II ao presente decreto-lei, do qual faz parte integrante.”
A respeito do art. 11.o, deve-se observar:
- tal como o artigo anterior, esta disposição visa não só promover o aumento da reutilização e reci-
clagem de RCD mas também prevenir despejos ilegais de resíduos, através do controlo das quantida-
des de RCD produzidos;
- sabendo-se que o controlo e fiscalização das obras privadas é mais complicado, deveria ter sido
assegurado, como em Espanha, o estabelecimento de um mecanismo de controlo vinculado à obten-
ção de licenças de construção, no qual o produtor, através de uma caução, garante o cumprimento
das exigências de gestão dos RCD a ser produzidos no local;
- exige-se aos produtores de RCD que estimem a quantidade de RCD produzidos na obra, mas tam-
bém a quantidade dividida por fluxo de resíduos, identificando-os segundo o código da LER; no
entanto, não são dados, nem aos produtores nem às autoridades, ferramentas para proceder a essas
estimativas; pretende-se, assim, com esta dissertação, produzir indicadores de fácil utilização que
permitam aos vários intervenientes no processo de gestão de RCD responder a estas exigências.
“Artigo 12.o
Transporte
1 – Ao transporte de RCD aplica-se o disposto na Portaria n.o 335/97, de 16 de Maio, com excepção
dos n.os 5, 6 e 7 relativos à utilização da guia de acompanhamento de resíduos.
2 – O transporte de RCD é acompanhado de uma guia cujo modelo é definido por portaria do membro
do Governo responsável pela área do ambiente.”
A respeito do art. 12.o deve-se observar:
- o actual regime de transporte de resíduos, regulamentado pela Portaria n.o 335/97, revelou-se
desajustado em relação às especificidades do sector da construção, pelo que foi definida uma guia
específica para o transporte de RCD, aprovada pela Portaria n.o 417/2008; esta nova guia de acom-
panhamento revelou-se uma boa medida, pois veio tornar mais eficaz a fiscalização e controlo das
transferências de RCD dentro do território nacional;
- de notar que não é permitido continuar a usar-se os modelos das guias de acompanhamento de
resíduos previstos na Portaria n.o 335/97, para acompanhar o transporte de RCD; de acordo com o
estipulado no número 1 deste artigo, não é aplicável o disposto nos números 5, 6 e 7 da Portaria n.o
335/97, relativo à utilização da guia de acompanhamento de resíduos (Agência Portuguesa do
Ambiente, 2010).
“Artigo 13.o
Licenciamento de operações de gestão de RCD
1 – Sem prejuízo do disposto no n.o 3 do presente artigo, as operações de armazenagem, triagem,
tratamento, valorização e eliminação de RCD estão sujeitas ao regime de licenciamento constante
dos artigos 23.o a 44.o do Decreto-Lei n.o 178/2006, de 5 de Setembro.
2 – A deposição de RCD em aterro está sujeita a licenciamento nos termos do Decreto-Lei n.o
152/2002, de 23 de Maio.
3 – Estão dispensadas de licenciamento:
a) As operações de armazenagem de RCD na obra durante o prazo de execução da mesma;
b) As operações de triagem e fragmentação de RCD quando efectuadas na obra;
3. Legislação e estratégias para os RCD
48
c) As operações de reciclagem que impliquem a reincorporação de RCD no processo produtivo
de origem;
d) A realização de ensaios para avaliação prospectiva da possibilidade de incorporação de RCD
em processo produtivo;
e) A utilização de RCD em obra;
f) A utilização de solos e rochas não contendo substâncias perigosas, resultantes de actividade
de construção, na recuperação ambiental e paisagística de explorações mineiras e de pedreiras ou na
cobertura de aterros destinados a resíduos, nos termos previstos no artigo 6.o.”
A respeito do art. 13.o, deve-se observar:
- esta disposição é um dos aspectos chave deste decreto; permite uma diminuição da carga burocrá-
tica, promovendo o aumento da valorização de RCD (Agência Portuguesa do Ambiente, 2010);
- neste contexto, a britagem e posterior utilização do material britado na obra carecem de licencia-
mento, desde que a britagem se verifique na obra de origem;
- também se encontra dispensada de licenciamento a incorporação de misturas betuminosas em
centrais de betuminosos, por se tratar de uma operação de reciclagem que implica a reincorporação
deste tipo de resíduos no processo produtivo de origem; a dispensa de licenciamento em causa é
independente da localização do processo produtivo de origem, sendo esta dispensa válida para os
resíduos produzidos em qualquer obra, nos termos da disposição supra mencionada (Agência Portu-
guesa do Ambiente, 2010).
“Artigo 14.o
Fluxos específicos
1 – Os produtores e os operadores de gestão de RCD devem dar cumprimento às disposições legais
aplicáveis aos fluxos específicos de resíduos contidos nos RCD, designadamente os relativos aos resí-
duos de embalagens, de equipamentos eléctricos e electrónicos, óleos usados e pneus usados e resí-
duos contendo polibifenilos policlorados (PCB).
2 – As normas para a correcta remoção dos materiais contendo amianto e para o acondicionamento
dos respectivos RCD gerados, seu transporte e gestão, são aprovadas por portaria dos membros do
Governo responsáveis pelas áreas do ambiente, da saúde e do trabalho.”
A respeito do art. 14.o, não há nada a acrescentar.
“Artigo 15.o
Dever de informação
Estão obrigados ao registo no SIRER e à prestação de informação nele exigida os produtores e opera-
dores de gestão de RCD, nos termos do artigo 48.o do Decreto-Lei n.o 178/2006, de 5 de Setembro.”
A respeito do art. 15.o, deve-se observar:
- o SIRER foi substituído e integrado num novo sistema, único, o SIRAPA, Sistema de Registo da Agên-
cia Portuguesa do Ambiente; este processo decorre da extinção e integração das competências do
anterior Instituto dos Resíduos (que geria o SIRER) e do Instituto do Ambiente (que geria o SIPO) na
Agência Portuguesa do Ambiente;
- este sistema de registo visa não só uma maior fiscalização e controlo do fluxo de RCD mas também
facultar um conjunto de serviços aos seus utilizadores, como efectuar pedidos de informação ou de
licenciamento, consultar o estado da sua resolução ou resposta e aceder à sua informação sobre
Indicadores de resíduos de construção e demolição
49
pagamentos (Agência Portuguesa do Ambiente, 2010).
“Artigo 16.o
Certificado de recepção
O operador de gestão de RCD envia ao produtor, no prazo máximo de 30 dias, um certificado de
recepção dos RCD recebidos na sua instalação, nos termos constantes do anexo III ao presente decre-
to-lei e que dele faz parte integrante, devendo ser disponibilizada cópia às autoridades de fiscalização
sempre que solicitado.”
A respeito do art. 16.o, deve-se observar:
- o produtor de RCD passa a conhecer o destino que foi dado aos RCD que produziu, já que o certifi-
cado, através do anexo III, tem de identificar as operações de valorização ou eliminação a que foram
sujeitos os RCD; esta disposição permite, ainda, facilitar a fiscalização dos operadores de gestão de
RCD, possibilitando às autoridades um maior controlo sobre os seus procedimentos.
“Artigo 17.o
Fiscalização
1 – A fiscalização do cumprimento do disposto no presente decreto-lei é exercida pela Inspecção-
Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território, pelas comissões de coordenação e desenvolvi-
mento regional, pelos municípios e pelas autoridades policiais, sem prejuízo dos poderes atribuídos
por lei a outras entidades.
2 – No uso da competência fixada no número anterior, qualquer entidade fiscalizadora pode, com
fundamento no risco sério e iminente de ocorrência de acidentes que possam afectar o ambiente, a
saúde pública ou a segurança de pessoas e bens, determinar à entidade licenciada a adopção das
medidas necessárias para prevenir a sua ocorrência.
3 – As autoridades policiais prestam toda a colaboração necessária às restantes entidades fiscaliza-
dores.”
A respeito do art. 17.o, não há nada a acrescentar.
“Artigo 18.o
Classificação das contra-ordenações
1 – Constitui contra-ordenação ambiental muito grave o abandono e a descarga de RCD em local não
licenciado ou autorizado para o efeito.
2 – Constitui contra-ordenação ambiental grave:
a) O incumprimento do dever de assegurar a gestão de RCD, a quem, nos termos do previsto no
artigo 3.o, caiba essa responsabilidade, com excepção dos casos previstos no n.o 1;
b) O não cumprimento da obrigação de assegurar, na obra ou em local afecto à mesma, a tria-
gem de RCD ou o seu encaminhamento para operador de gestão licenciado, em violação do disposto
no artigo 8.o, na alínea c) do n.o 3 do artigo 10.o ou na alínea c) do artigo 11.o;
c) A realização de operações de triagem e fragmentação de RCD em instalações que não obser-
vem os requisitos técnicos a que estão obrigadas nos termos do n.o 3 do artigo 8.o;
d) A deposição de RCD em aterro em violação do disposto no artigo 9.o;
e) A não elaboração do plano de prevenção e gestão de RCD, nos termos do artigo 10.o;
f) A inexistência na obra de um sistema de acondicionamento em violação do disposto na alínea
3. Legislação e estratégias para os RCD
50
b) do n.o 3 do artigo 10.o ou na alínea b) do artigo 11.o;
g) A manutenção de RCD no local da obra após a sua conclusão ou a manutenção de RCD peri-
gosos na obra por prazo superior a três meses, em violação do disposto na alínea d) do n.o 3 do artigo
10.o ou na alínea d) do artigo 11.o;
h) O incumprimento das regras sobre transporte de RCD, a que se refere o artigo 12.o;
i) O não envio de certificado de recepção dos RCD em violação do disposto no artigo 16.o.
3 – Constitui contra-ordenação ambiental leve:
a) A alteração do plano de prevenção e gestão de RCD em violação do disposto no n.o 4 do arti-
go 10.o;
b) A não disponibilização do plano de prevenção e gestão de RCD nos termos definidos no n.o 5
do artigo 10.o;
c) Não efectuar o registo de dados de RCD ou não manter o registo de dados de RCD conjunta-
mente com o livro de obra nos termos da alínea f) do artigo 11.o.
4 – A tentativa e a negligência são puníveis.
5 – Pode ser objecto de publicidade, nos termos do disposto no artigo 38.o da Lei n.o 50/2006, de 29
de Agosto, a condenação pela prática de infracções muito graves previstas no n.o 1, bem como de
infracções graves previstas no n.o 2, quando a medida concreta da coima aplicada ultrapasse metade
do montante máximo da coima abstractamente aplicável.
6 – A decisão de condenação pela prática das contra-ordenações previstas no presente artigo é
comunicada ao Instituto da Construção e do Imobiliário, I. P., quando aplicada a empresários em
nome individual ou sociedades comerciais que exerçam a actividade da construção.”
A respeito do art. 18.o, não há nada a acrescentar.
“Artigo 19.o
Sanções acessórias e apreensão cautelar
1 – Relativamente às infracções muito graves e graves previstas no artigo anterior, pode a autoridade
competente, simultaneamente com a coima, determinar a aplicação das sanções acessórias que se
mostrem adequadas, nos termos previstos na Lei n.o 50/2006, de 29 de Agosto.
2 – A autoridade administrativa pode ainda, sempre que necessário, determinar a apreensão provisó-
ria de bens e documentos, nos termos previstos no artigo 42.o da Lei n.o 50/2006, de 29 de Agosto.”
A respeito do art. 19.o, deve-se observar:
- a aplicação de sanções acessórias é uma boa medida, já que o infractor corre o risco de perder o
direito de exercer a sua actividade (construção ou demolição); este aspecto ganha mais relevância,
no cenário português, por o valor das coimas ser reduzido;
- em Portugal, continuam a registar-se infracções graves do presente decreto, pelo que é necessário
reforçar o peso das contra-ordenações; noseminário“EnquadramentoeAspectosLegaisdaGestão
de RCD”, alguns dos participantes revelaram que, por vezes, existe a tentação de não cumprir o
decreto, por ficar mais barata a infracção do que a correcta gestão dos resíduos.
“Artigo 20.o
Instrução dos processos e aplicação das coimas
1 – Compete às entidades fiscalizadoras, com excepção das autoridades policiais, instruir os processos
relativos às contra-ordenações referidas nos artigos anteriores e decidir da aplicação da coima e san-
ções acessórias.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
51
2 – Quando a entidade autuante não tenha competência para instruir o processo, o mesmo é instruí-
do e decidido pela Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território.”
A respeito do art. 20.o, não há nada a acrescentar.
“Artigo 21.o
Taxa de gestão de resíduos
A taxa de gestão de resíduos devida nos termos do artigo 58.o do Decreto-Lei n.o 178/2006, de 5 de
Setembro, reveste, para os resíduos inertes de RCD depositados em aterro, o valor de € 2 por tonela-
da.”
A respeito do art. 21.o, deve-se observar:
- a reduzida taxa de deposição em aterro não promove a reciclagem dos RCD, pois torna mais rentá-
vel a sua deposição do que a sua reciclagem; veja-se o caso da Holanda e Dinamarca, onde a taxa de
reciclagem de RCD teve um grande crescimento após a imposição de pesadas taxas para a deposição
de RCD em aterro; com esta disposição, os produtores de RCD têm duas opções, depositá-los ou reci-
clá-los, sendo que estes irão sempre optar pela opção mais barata; se o Governo quer atingir taxas
elevadas de reciclagem, só pode existir uma opção para os RCD, a sua reciclagem;
- uma alternativa à taxação de deposição de RCD em aterro, adoptada pela Alemanha com grande
sucesso, é a interdição de deposição em aterro de RCD recicláveis, medida referida aquando da aná-
lise do art. 9.o;
- uma disposição complementar à taxa de gestão de resíduos, adoptada por alguns países, e que
poderia ser, também, adoptada por Portugal, é a introdução de um imposto adicional sobre os agre-
gados naturais; esta medida pretende encorajar a utilização de agregados reciclados, garantindo
também que o impacte ambiental da extracção de agregados naturais é plenamente reflectido no
preço.
“Artigo 22.o
Regime subsidiário
Em tudo o que não estiver especialmente regulado no presente decreto-lei em matéria de gestão de
RCD, aplica-se subsidiariamente o Decreto-Lei n.o 178/2006, de 5 de Setembro.”
A respeito do art. 22.o, não há nada a acrescentar.
“Artigo 23.o
Regime transitório
1 – Os operadores de gestão de RCD licenciados ou cujo procedimento de licenciamento se encontre
em curso à data da entrada em vigor do presente decreto-lei ficam obrigados a adaptar-se às condi-
ções estabelecidas no anexo I ao presente decreto-lei no prazo de 90 dias após a sua entrada em
vigor.
2 – Findo o prazo referido no número anterior, os operadores de gestão de RCD licenciados devem
requerer vistoria à CCDR territorialmente competente para verificação das condições da instalação e
eventual actualização da licença.”
A respeito do art. 23.o, não há nada a acrescentar.
“Artigo 24.o
3. Legislação e estratégias para os RCD
52
Regiões autónomas
O presente decreto-lei aplica-se às Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, sem prejuízo das
necessárias adaptações à estrutura própria dos órgãos das respectivas administrações regionais.”
A respeito do art. 24.o, não há nada a acrescentar.
“Artigo 25.o
Entrada em vigor
O presente decreto-lei entra em vigor 90 dias após a data da sua publicação.”
A respeito do art. 25.o, não há nada a acrescentar.
3.5. Síntese conclusiva
Dada a importância do reaproveitamento dos RCD para o desenvolvimento sustentável, vários países
desenvolveram políticas de modo a incentivar a prevenção e o reaproveitamento dos RCD, com
resultados importantes. As medidas mais eficazes para atingir taxas de reciclagem de RCD elevadas
são a separação de RCD na origem e o elevado imposto para RCD depositados em aterro.
Em Portugal, apenas foram aprovadas leis para regular a produção e gestão de RCD em 2008. Com a
publicação do DL 46/2008, não é somente o ambiente que beneficia, podendo a indústria da cons-
trução tirar proveitos da eficaz gestão de RCD. A redução da produção de resíduos conduzirá à con-
sequente diminuição de custos, quer pelo corte de resíduos a depositar em aterro, quer pelo decrés-
cimo de compra de recursos.
No entanto, este diploma carece de meios e instrumentos, como indicadores para estimar a produ-
ção real de RCD em obra, para acelerar a evolução do sector da construção. É essencialmente com
base nesse aspecto que se justifica o desenvolvimento desta dissertação de mestrado. Existe a
necessidade de produzir instrumentos que o complementem, de modo a transformar a boa gestão
de RCD numa prática comum.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
53
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
4.1. Considerações preliminares
Neste momento, perante a falta de conhecimento acerca da quantidade e composição dos resíduos
produzidos, torna-se difícil não só a implementação do novo decreto-lei ao nível da obra, mas tam-
bém uma avaliação rigorosa do potencial destes resíduos para posterior reciclagem.
Após uma primeira fase, na qual foi feita uma análise comentada da legislação que regulamenta o
fluxo específico de RCD, procede-se, neste capítulo, à investigação de métodos e técnicas de quanti-
ficação de RCD, ambicionando-se produzir indicadores que possam auxiliar a aplicação do decreto-lei
em estudo.
4.2. Estudos realizados no âmbito
De modo a proceder-se à melhor escolha de métodos e técnicas de quantificação de RCD, estabele-
ce-se, seguidamente, um ponto da situação actual no que diz respeito a estudos realizados no âmbi-
to da produção de RCD em Portugal, bem como à sua comparação com estudos efectuados em
outros países.
4.2.1. Panorama actual da estimativa de RCD em Portugal
Apesar de terem sido desenvolvidos alguns estudos para quantificar a produção de RCD em Portugal,
os valores estimados não oferecem uniformidade suficiente para caracterizar a situação dos RCD a
nível nacional.
No trabalho de investigação de Carvalho (2001), faz-se referência a 63.164 ton/ano, dados do Institu-
to dos Resíduos (INR) relativos a 1998, e 7.690.749 ton/ano, dados do Instituto Nacional de Estatísti-
ca (INE) relativos a 1997. O primeiro valor foi declarado pelas empresas do sector da construção
como a quantidade de resíduos produzida, enquanto que o segundo foi determinado com recurso a
métodos de selecção de amostra regional, com inquérito e entrevista directa. Foi ainda publicado,
num relatório síntese do INR (Instituto dos Resíduos, 2003), o valor de 1.282.673 ton/ano para a
geração de RCD, em 2001, muito embora nesse relatório a indústria da construção não esteja repre-
sentada, aparecendo, no entanto, o código 17 do CER, correspondente aos RCD.
O primeiro grande estudo realizado, a nível europeu, confere a Portugal uma produção de cerca de
3.200.000 ton/ano, usando uma estimativa de 325 kg/hab/ano. Este valor obteve-se de uma estima-
tiva realizada para Espanha, correspondendo à média entre 375 e 275 kg/hab/ano, que o governo da
Catalunha assumia como sendo os valores referentes à geração de RCD nessa região, para zonas
urbanas e rurais, respectivamente (Symonds Group Ltd et al., 1999). De notar que este valor não
inclui a parcela de solos de escavação nem os resíduos gerados na demolição ou reabilitação de
estradas.
No Workshop “Sistemas IntegradosdeGestãode FluxosEspecíficosdeResíduos", foi apresentada
uma comunicação relativa a um estudo realizado, em 2002, para a zona Norte de Portugal. Para o
cálculo da produção de RCD, aplicou-se novamente a estimativa de 325 kg/hab/ano, tendo-se obtido
o valor de 2.132.600 ton/ano, para a zona litoral Norte. A diferença deste estudo para o anterior
reside na soma de uma parcela correspondente aos solos de escavação e aos resíduos de estradas,
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
54
ao núcleo dos RCD, com base nas percentagens indicadas na Figura 2.8, como se mostra no Quadro
4.1. A consideração dos 325 kg/hab/ano resultou, ainda, neste trabalho, numa estimativa global,
para Portugal, de 6.440.000 ton/ano de RCD produzidos (Pereira, 2002). Neste estudo, efectuou-se
também uma recolha de informação, da qual não se obtiveram resultados concretos, pois apenas
8,8% das empresas respondeu ao questionário e dessas apenas metade deu informação quantitativa
(Pereira et al., 2004). Segundo Coelho e Brito (2007), este estudo é, até ao momento, aquele que
obteve um valor mais realista para a produção de RCD no território nacional.
Quadro 4.1 – Estimativa de Pereira et al. para a quantidade anual de RCD produzidos na zona litoral Norte, em milhares de toneladas (adaptado de Pereira et al., 2004)
Composição dos resíduos Produção de RCD
(milhares de toneladas)
Betão, tijolos, azulejos e alvenarias 809,0
Madeira 115,6
Papel e cartão 23,1
Vidro 11,6
Plásticos 23,1
Metais (aço incluído) 115,6
Isolamentos 11,6
Outros 23,1
Núcleo dos RCD 1132,6
Solos e rochas 925,7
Resíduos de estradas (asfalto e betuminoso) 74,2
Total 2132,6
No trabalho de Ruivo e Veiga (2004), as estimativas, para 2002, foram realizadas através de dois
métodos: por aplicação de índices de produção de RCD por área construída / demolida, adquiridos
por estudos efectuados em Espanha e através de dados disponibilizados pela Câmara Municipal do
Barreiro, que possibilitaram a determinação de um índice per capita para a actividade de reabilita-
ção, remodelação e renovação; e por inquérito a todos os sistemas de gestão de resíduos sólidos
urbanos do país. Os resultados determinados apontam para uma produção de 4.403.778 ton/ano
(como se apresenta no Quadro 4.2), para o primeiro método, e 181.229 ton/ano, para o segundo. Tal
como no estudo anterior, o fraco resultado obtido por inquérito deve-se essencialmente a dois
aspectos: os sistemas de gestão tinham pouca informação quantitativa sobre este tipo de resíduos e
os mais importantes não responderam ao inquérito.
Quadro 4.2 – Estimativa de Ruivo e Veiga para a produção de RCD em Portugal (adaptado de Ruivo e Veiga, 2004)
Tipo de obra Índice utilizado Produção de RCD
m3 toneladas
Construção 0,12 m3/m
2 3 160 529,5 3 792 635,4
Demolição 0,95 m3/m
2 30 542,5 36 651,0
Remodelação, reabilitação e renovação 0,046 m3/hab/ano 478 743,4 574 492,1
3 669 815,4 4 403 778,5
Na investigação de Coelho (2010), a metodologia utilizada para estimar a quantidade de RCD a nível
Indicadores de resíduos de construção e demolição
55
nacional foi baseada nos procedimentos do documento da Franklin Associates (1998), onde foram
usados dados reais de produção de RCD em obra (kg/m2). Contudo, devido à escassez de obras reais
monitorizadas para medição da quantidade de resíduos gerados, tanto para a actividade de nova
construção como para a actividade de reabilitação e demolição, Coelho (2010) utilizou, como alterna-
tiva, projectos reais de edifícios com idades variadas, dos quais extraíu as medições necessárias para
estimar as quantidades de RCD geradas na actividade de reabilitação e demolição. Para estimar os
resíduos gerados na actividade de nova construção, foram utilizados os valores de geração em m3/m2
do estudo de Mañá i Reixach et al. (2000), convertidos em kg/m2 (no Quadro 4.11, apresenta-se as
densidades utilizadas para converter estes valores). Refira-se que, tal como nos estudos anteriores,
considerou-se aceitável a utilização de dados produzidos em Espanha pois a indústria de construção
espanhola tem muitas semelhanças com a portuguesa (Coelho, 2010). Neste trabalho, foi ainda esti-
mada uma fracção referente aos resíduos gerados na actividade de reabilitação e demolição de obras
públicas (estradas) a partir de dados reais de produção de resíduos neste tipo de intervenções
(kg/km). No documento da Franklin Associates (1998), após calculada a geração média de RCD em
obras de demolição, estimou-se a área total demolida (m2) a partir do número de edifícios demoli-
dos, sabendo-se também, a partir de dados estatísticos, qual a área média de cada edifício demolido.
Multiplicando a área total estimada pela geração média de RCD, obteve-se a estimativa da geração
total de RCD na actividade de demolição. Coelho (2010) adoptou este procedimento não só para a
actividade de demolição mas também para a actividade de reabilitação e nova construção. Para a
actividade de reabilitação e demolição de estradas, apenas foi necessário determinar o número de
quilómetros intervencionados. Os resultados determinados apontam para uma geração de RCD (sem
solos de escavação), em 2008, de 1.966.874 ton/ano. No Quadro 4.3, apresentam-se os resultados
obtidos repartidos por cada tipo de actividade.
Quadro 4.3 – Estimativa de Coelho para a produção de RCD em Portugal, para o ano de 2008 (adaptado de Coelho, 2010)
Tipo de actividade Produção de RCD
toneladas kg/hab/ano
Edifícios de habitação
Construção 862 872 81,4
Reabilitação 83 309 7,9
Demolição 457 881 43,2
Edifícios de serviços
Construção 117 332 11,1
Reabilitação 22 152 2,1
Demolição 121 466 11,5
Obras públicas Demolição 301 862 28,5
Total 1 966 874 185,6
Até hoje, as investigações efectuadas, em Portugal, para apurar a quantidade de RCD baseiam-se
principalmente em valores per capita e inquéritos às empresas de gestão de RCD. Tal conduziu a
valores que traduzem com pouca exactidão a situação real dos resíduos no país, levando à necessi-
dade de se adoptar diferentes metodologias que possam proporcionar valores mais rigorosos.
4.2.2. Panorama actual da estimativa de RCD em outros países
A determinação da quantidade e composição dos RCD produzidos é, ainda, um grande desafio. Con-
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
56
tudo, inúmeras investigações têm sido direccionadas nesse sentido, existindo, actualmente, diversas
maneiras de fazer uma estimativa aproximada da produção de RCD. Resume-se, seguidamente,
algumas investigações desenvolvidas, fora de Portugal, no âmbito da estimação da produção de RCD.
De notar que se optou por abordar estes estudos, em detrimento de outros, por nestes terem sido
empregues metodologias diferentes das utilizadas, até hoje, para estimar a geração de RCD em Por-
tugal.
Em Massachusetts, nos EUA, Wang et al. (2004) desenvolveram um modelo com o objectivo de esti-
mar, não o valor global de RCD, mas antes a quantidade gerada por fluxos específicos de resíduos
(madeiras, placas de gesso cartonado, telhas asfálticas e carpetes). Nesta investigação, desenvolve-
ram-se, primeiramente, factores de conversão que possibilitaram estimar a quantidade de cada
material presente num edifício. Seguidamente, assumiu-se que, na actividade de construção nova, os
resíduos produzidos equivalem a 10% dos materiais empregues, enquanto que no processo de demo-
lição correspondem a 100%. Através do número de licenças de construção e demolição emitidas,
obteve-se, para edifícios residenciais, os seguintes valores: 87.100 ton/ano de madeira; 58.100
ton/ano de placas de gesso cartonado; 17.100 ton/ano de telhas asfálticas; e 1400 ton/ano de carpe-
tes. De notar que, embora este modelo tenha sido desenvolvido para estimar a produção de RCD
tanto em edifícios residenciais como não residenciais, neste estudo apenas foram apresentadas
estimativas para fontes residenciais. No Quadro 4.4, apresentam-se os resultados obtidos de uma
forma mais detalhada.
Quadro 4.4 – Estimativa da produção de RCD em obras residenciais no Massachusetts, em 2000 (adaptado de Wang et al., 2004)
Composição dos resíduos Quantidade de RCD produzidos (ton)
Construção Demolição Total
Madeira 30 800 56 300 87 100
Placas de gesso cartonado 20 100 38 000 58 100
Telhas asfálticas 5 800 11 300 17 100
Carpetes 500 900 1 400
Total 57 200 106 500 163 700
No estudo de Cochran et al. (2007), desenvolveu-se uma metodologia para determinar a quantidade
global de RCD produzidos, na Flórida, nos EUA. Neste estudo, foram analisados seis sectores específi-
cos geradores de RCD: nova construção residencial; nova construção não residencial; demolição resi-
dencial; demolição não residencial; reabilitação residencial; e reabilitação não residencial. A quanti-
dade de RCD gerados na actividade de nova construção foi estimada como o produto da área da acti-
vidade de construção (m2) pela geração de resíduos por unidade de área de construção (kg/m2). Nos
casos em que a área total de construção não se encontrava disponível, esta foi calculada através da
divisão do valor total da actividade de construção ($/ano) pelo custo médio por área de actividade de
construção ($/m2). Este método foi também o utilizado para estimar a quantidade de resíduos pro-
duzidos na actividade de demolição, tendo-se optado por uma abordagem diferente para a activida-
de de reabilitação. Segundo Cochran et al. (2007), existem muitos tipos diferentes de reabilitação,
tornando-se difícil desenvolver uma equação geral que determine a quantidade e composição dos
resíduos gerados. Assim, os resíduos de cada tipo de actividade de reabilitação devem ser calculados
individualmente. Neste estudo, a quantidade total de RCD gerados a partir da actividade de reabilita-
ção foi calculada a partir da soma dos resíduos gerados em trabalhos de: ampliação; renovação /
Indicadores de resíduos de construção e demolição
57
remodelação; substituição de cobertura; e, no caso de reabilitações residenciais, substituição do
pavimento de estradas privativas. Para determinar a quantidade de resíduos gerados por tipo de
actividade de reabilitação, multiplicou-se a área total de cada tipo de actividade (m2) pela produção
média de resíduos em cada tipo de actividade (kg/m2). Os dados usados para determinar a quantida-
de de RCD gerados na actividade de nova construção, demolição e reabilitação (tais como o valor
total da actividade, o custo médio por área de actividade e a área total da actividade) foram obtidos
a partir do U.S. Census Bureau, de organizações de comércio e de departamentos locais responsáveis
pela emissão de licenças de construção, enquanto que as taxas médias de produção de resíduos para
cada tipo de actividade foram retiradas de vários estudos neste domínio. No Quadro 4.5, apresenta-
se a estimativa obtida, neste estudo, da produção global de RCD, na Flórida, enquanto que, no Qua-
dro 4.6, se mostra os resultados obtidos para a reabilitação, repartidos por cada tipo de actividade.
De notar que os RCD gerados em infra-estruturas como estradas, pontes, portos e estádios não
foram considerados nesta investigação.
Quadro 4.5 – Estimativa da produção global de RCD, na Flórida, em 2000
(adaptado de Cochran et al., 2007)
Tipo de actividade Quantidade de RCD produzidos (ton)
Edifícios residenciais Edifícios não residenciais
Nova construção 916 000 478 000
Demolição 238 000 816 000
Reabilitação 863 000 437 000
Total 3 750 000
Quadro 4.6 – Estimativa da produção de RCD, na actividade de reabilitação, na Flórida, em 2000
(adaptado de Cochran et al., 2007)
Tipo de actividade de reabilitação Quantidade de RCD produzidos (ton)
Edifícios residenciais Edifícios não residenciais
Ampliação 109 000 75 000
Renovação / remodelação 509 000 245 000
Substituição da cobertura 181 000 117 000
Substituição do pavimento de estradas privativas 64 000 0
Total 863 000 437 000
Em Espanha, o método utilizado pelo Institut de Tecnologia de la Construcció de Catalunya (ITeC)
permite a quantificação do volume de RCD por unidade de área de superfície (m3/m2) ao nível da
obra. No volume de resíduos de construção por unidade de área, são consideradas três fases distin-
tas de construção: estrutura (distinguindo-se o tipo de cofragem utilizado, madeira ou metálica);
parede; e acabamento (distinguindo-se os resíduos cerâmicos dos detritos de gesso). Apresenta-se,
no Quadro 4.7, os indicadores que permitem estimar os RCD gerados nestas fases construtivas. Os
resíduos de demolição são calculados em função do tipo de construção: edifícios residenciais com
estrutura de alvenaria; edifícios residenciais com estrutura de betão armado; e edifícios industriais
com estrutura de alvenaria. No Quadro 4.8, mostra-se os indicadores que possibilitam quantificar os
RCD produzidos na actividade de demolição. Segundo Lage et al. (2010), este procedimento descreve
como estimar com suficiente precisão o volume de resíduos por metro quadrado. De notar que, para
produzir estes indicadores, o ITeC acompanhou várias obras na região da Catalunha.
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
58
Quadro 4.7 – Volume de RCD gerado em três fases construtivas distintas, em m3/m
2
(adaptado de Mañá i Reixach et al., 2000)
Fases de construção Volume de RCD gerado
Estrutura (cofragem de madeira) 0,01500
Estrutura (cofragem metálica) 0,00825
Parede 0,05500
Acabamento 0,05000
Total 0,12000
Quadro 4.8 – Volume de RCD gerado na actividade de demolição, em m3/m
2
(adaptado de Mañá i Reixach et al., 2000)
Composição dos resí-duos
Edifício residencial (alvenaria)
Edifício não residencial (alvenaria)
Edifício residencial (betão armado)
Alvenaria e tijolos 0,5120 0,5270 0,3825
Betão e argamassas 0,0620 0,2550 0,5253
Pedras 0,0820 0,0240 0,0347
Metais 0,0009 0,0017 0,0036
Madeira 0,0663 0,0644 0,0047
Vidro 0,0004 0,0005 0,0010
Plásticos 0,0004 0,0004 0,0007
Asfalto - - 0,0012
Outros 0,0080 0,0010 0,0153
Total 0,7320 0,8740 0,9690
No estudo realizado por Sólis-Guzmán et al. (2009), na região de Sevilha, em Espanha, os indicadores
estimados permitem obter não só a quantidade global de RCD produzidos na obra, mas também a
quantidade específica de três tipos de resíduos: resíduos de demolição; resíduos de construção; e
resíduos de embalagens. Primeiramente, definiu-se um sistema de classificação para os RCD seme-
lhante ao utilizado pelas empresas para obterem os mapas de quantidades, criando-se, deste modo,
um modelo fácil de perceber e implementar. Depois, realizaram-se inquéritos a cem projectos de
edifícios habitacionais, construídos em 2004, com a finalidade de se determinar a quantidade de
cada material utilizado por projecto e a porção de resíduo produzido por processo construtivo. Estes
projectos foram definidos através de cinco características principais:
- projecto: nova construção ou demolição;
- número de pisos: de 1 até 10 pisos elevados, 1 até 2 pisos enterrados e lojas ou escritórios no piso
térreo;
- fundações: estacas, ensoleiramento geral, sapatas simples ou contínuas;
- estrutura: betão armado ou paredes de tijolo;
- cobertura: inclinada ou horizontal.
Finalmente, determinaram-se coeficientes de modo a converter os valores de área construída num
volume de RCD produzidos. Este modelo tem vindo a ser testado desde então, em actividades de
construção e demolição, com elevadas taxas de sucesso. Segundo Sólis-Guzmán et al. (2009), o êxito
deste modelo deve-se à simplicidade dos cálculos e ao facto de as quantidades terem sido determi-
nadas a partir de inquéritos.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
59
4.3. Metodologia proposta para a quantificação de RCD
Pretendeu-se, com o desenvolvimento deste modelo, fornecer ferramentas não só às empresas que
lidam com os RCD, mas também às autoridades, de modo a poderem, respectivamente, cumprir e
fazer cumprir o DL 46/2008, nomeadamente o disposto:
- na alínea e) do n.º 2 do artigo 10º, que se aplica a empreitadas e concessões de obras públicas,
onde se enuncia que deve constar obrigatoriamente do plano de prevenção e gestão de RCD a “esti-
mativadosRCDaproduzir,(…)comidentificaçãodorespectivocódigodalistaeuropeiaderesíduos”;
- na alínea f) do artigo 11º, que diz respeito a obras particulares, onde consta que o produtor de RCD
ficaobrigadoa“efectuar e manter, conjuntamente com o livro de obra, o registo de dados de RCD
(…)”.
Em ambas as alíneas, é exigido que se estime não só a quantidade de resíduos produzidos no global
da obra, mas também a quantidade dividida por fluxo específico de resíduos, identificando-os segun-
do o código da LER. Assim, o objectivo principal da pesquisa apresentada neste trabalho foi o desen-
volvimento de indicadores que possibilitem estimar a geração global de RCD na obra, bem como a
sua composição.
A metodologia utilizada neste trabalho para estimar a geração de RCD ao nível da obra foi baseada
nos procedimentos do estudo de Cochran et al. (2007), onde foram usados dados de estudos ante-
riores sobre RCD existentes na literatura. A geração de RCD é estimada para os mesmos seis sectores
considerados no estudo de Cochran et al. (2007) e da Franklin Associates (1998): nova construção
residencial; nova construção não residencial; demolição residencial; demolição não residencial; rea-
bilitação residencial; e reabilitação não residencial. Os RCD gerados em obras públicas não foram
incluídos na estimativa por não existir praticamente nenhum estudo que quantifique os resíduos
produzidos neste tipo de obras. Várias publicações (Weisleder e Nasseri, 2006; Kofoworola e Ghee-
wala, 2009) notam a ausência de tais dados, destacando que uma elevada percentagem destes resí-
duos corresponde a solos de escavação, que quase nunca são incluídos nos estudos sobre RCD.
Relativamente à composição dos resíduos, apenas foram contabilizados os fluxos de resíduos que se
incluem no capítulo 17 da LER (resíduos de construção e demolição), por se assumir que este grupo
contribui efectivamente com maior peso para a quantificação global de resíduos na obra. Embora
pertençam ao capítulo 17 da LER e representem uma parte significativa dos RCD gerados, os solos de
escavação e lamas de dragagem foram excluídos da contabilização por falta de informação disponí-
vel, como mencionado. A quantidade produzida destes resíduos deve ser estimada com base em
informação específica disponível no local da obra (SMARTWaste, 2010). No Quadro 4.9, apresenta-se
os resíduos que foram contabilizados, bem como o código LER no qual se incluem. De notar que,
embora existam vários códigos relativos a resíduos contendo substâncias perigosas, neste estudo
foram todos incluídos no código 17 09 03 por não existir informação suficiente para diferenciar os
resíduos perigosos.
A informação disponível sobre a geração de RCD é limitada, pelo que não foi possível produzir indi-
cadores que diferenciassem as principais características dos edifícios (tais como o tipo de fundações,
estrutura e cobertura). Esta informação é também bastante heterogénea, o que conduziu à necessi-
dade de se produzir um intervalo de valores para a geração de RCD, em vez de se tentar gerar um
único valor. Segundo Lage et al. (2010), a grande amplitude dos dados disponíveis pode ser atribuída
a uma série de causas diferentes, como a falta de estudos fiáveis, as diferenças de poder económico,
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
60
tamanho das cidades, práticas construtivas e as diferenças relacionadas com o tipo predominante de
população (rural ou urbana). Sabendo-se que os dados recolhidos são altamente dependentes da
zona em estudo, optou-se por atribuir um grau de confiança aos indicadores desenvolvidos (Quadro
4.10), de modo a ter-se uma noção do seu nível de fiabilidade.
Quadro 4.9 – Resíduos contabilizados nesta pesquisa e o código LER no qual se incluem
Resíduos Código LER
Betão 17 01 01
Tijolos 17 01 02
Ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos 17 01 03
Misturas de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos 17 01 07
Madeira 17 02 01
Vidro 17 02 02
Plástico 17 02 03
Misturas betuminosas 17 03 02
Mistura de metais 17 04 07
Materiais de isolamento 17 06 04
Materiais de construção à base de gesso 17 08 02
Resíduos de construção e demolição contendo substâncias perigosas 17 09 03
Mistura de resíduos de construção e demolição 17 09 04
Quadro 4.10 – Escala utilizada na atribuição de um grau de confiança aos indicadores desenvolvidos
Grau de confiança Descrição
Bom Contabilizaram-se muitos valores, apresentando-se estes homogéneos. Valores bastante conclusivos.
Razoável Contabilizaram-se muitos valores, apresentando-se estes heterogéneos. Valores pouco conclusivos.
Fraco Contabilizaram-se poucos valores. É possível, no entanto, retirar conclusões destes.
Mau Recolheu-se uma amostra de valores muito reduzida. Não é possível retirar conclusões destes.
Para simplificar a utilização dos indicadores de RCD produzidos, foram utilizados os valores de gera-
ção em kg/m2, necessitando-se somente de multiplicar os indicadores pela área bruta do edifício ou
pela área de intervenção, no caso de trabalhos de reabilitação, para se obter a geração de RCD ao
nível da obra. Refira-se que, pelo facto de se pretender os valores da geração de RCD em kg/m2, foi
necessário converter os valores que se exibiam em m3/m2 usando as densidades dos materiais soltos,
tal como geralmente se apresentam quando descartados em obra. Mostra-se, no Quadro 4.11, as
densidades dos materiais soltos utilizadas.
4.4. Recolha e tratamento de dados
Segue-se a descrição e quantificação dos dados recolhidos, bem como a apresentação das considera-
ções e cálculos realizados para a determinação dos indicadores de geração de RCD, ao nível da obra
(nova construção, demolição e reabilitação), para edifícios residenciais e não residenciais.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
61
Quadro 4.11 – Densidades dos materiais soltos consideradas para o cálculo da geração de RCD em peso (adaptado de Coelho, 2010; Hao et al., 2007; Franklin Associates, 1998; Giancoli, 1998)
Material Densidade (kg/m3)
Madeira 178,0
Gesso cartonado 207,7
Estuque (gesso) 593,3
Alvenaria (de tijolo) 830,6
Plásticos 13,0
Metais 900,0
Vidro 2500,0
Mistura RCD (geral) 830,6
4.4.1. Nova construção
Residencial
Foram contabilizados 27 estudos com indicadores de geração de RCD relativos a esta categoria, como
se mostra no Quadro 4.12. Neste, encontram-se realçados os valores que nitidamente se destacam
dos restantes. Após a exclusão dos outliers, foi criado um gráfico de barras, para os códigos LER que
continham mais informação, de modo a permitir uma melhor comparação de valores. Seguidamente,
procedeu-se à análise dos indicadores desenvolvidos para a nova construção residencial.
Apresenta-se, na Figura 4.1, os dados concernentes ao código 17 01 01 (betão). Para edifícios com a
estrutura em madeira, a geração de resíduos de betão situa-se entre 0,3 e 1,9 kg/m2. Os dados relati-
vos a edifícios com a estrutura em betão armado são menos concludentes, encontrando-se valores
entre 2,5 e 4,5 kg/m2 e entre 17,8 e 32,9 kg/m2. Contudo, uma análise mais detalhada dos dados
sugere que a estimativa entre 2,5 e 4,5 kg/m2 resulta da assunção de que parte dos resíduos de
betão se encontram misturados com outras fracções de resíduos, sendo incluídos num código dife-
rente (17 01 07 – misturas de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos). Conclui-se assim
que, para edifícios com a estrutura em betão armado, a produção de resíduos de betão deve situar-
se entre 17,8 e 32,9 kg/m2; no entanto, este valor pode ser inferior, no caso de se contabilizar uma
porção destes resíduos como fazendo parte do código 17 01 07.
Na Figura 4.2, mostra-se os valores referentes ao código 17 01 02 (tijolos). Embora não tenham sido
contabilizados muitos dados, da análise dos obtidos, pode-se distinguir duas tendências. Para edifí-
cios com a estrutura em betão armado, a produção deste fluxo de resíduos situa-se entre 19,2 e 58,6
kg/m2, enquanto que, para edifícios com a estrutura em madeira, a geração de resíduos de tijolos se
situa entre 0,5 e 0,8 kg/m2. Refira-se que o valor de 41,5 kg/m2 não foi incluído na estimativa refe-
rente a edifícios com a estrutura em madeira por se considerar que é demasiado irrealista.
Para o código 17 01 03 (ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos), apenas foram contabilizados três
valores, não sendo possível produzir uma estimativa fiável. Pode-se estimar a produção deste fluxo
de resíduos entre 1,7 e 3,2 kg/m2. De notar que os indicadores quantificados são referentes a edifí-
cios com a estrutura em betão armado.
Os dados relativos aos resíduos de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos (subcapítulo
17 01 da LER) apresentam, em alguns casos, apenas uma estimativa global da mistura destes resí-
duos, enquanto que, em outros, é apresentada uma estimativa inferior para cada fracção por se
assumir que parte destes resíduos se encontram misturados entre si (código 17 01 07 da LER). Esta
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
62
situação torna complicado estimar indicadores para cada um destes fluxos de resíduos. Para transpor
esta dificuldade, nesta pesquisa, produziram-se indicadores para cada um destes fluxos de resíduos
mas, também, para a sua totalidade, de modo a que ambos se possam complementar. O desenvol-
vimento de um indicador para a geração total de resíduos do subcapítulo 17 01 implica que a totali-
dade dos resíduos estimados para os diversos códigos deste subcapítulo se situe dentro da estimati-
va aconselhada por este indicador. Desta forma, possibilita-se que as estimativas realizadas para
cada fracção sejam diferentes das desenvolvidas nesta investigação sem, no entanto, se comprome-
ter a real dimensão da quantidade gerada destes resíduos.
Na Figura 4.3, apresentam-se os valores relativos à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01.
Com base nos dados obtidos, podem ser desenvolvidas duas estimativas distintas. Para edifícios com
a estrutura em betão armado, a geração total de RCD (associados ao subcapítulo 17 01) situa-se
entre 40 e 102 kg/m2, enquanto que, para edifícios com a estrutura em madeira, esta se situa entre 0
e 2 kg/m2. Refira-se que, embora este indicador global tenha como objectivo complementar os res-
tantes indicadores desenvolvidos (associados ao subcapítulo 17 01), este não foi produzido de forma
totalmente dependente dos restantes, de modo a evitar que indicadores menos fiáveis possam pôr
em causa a geração real destas fracções de resíduos. Ainda assim, pode-se constatar que a estimativa
desenvolvida acaba por ser semelhante à que resultaria do somatório dos indicadores produzidos
para os vários códigos LER que compõem este subcapítulo.
Apresenta-se, na Figura 4.4, os dados referentes ao código 17 02 01 (madeira). Como se pode obser-
var, os valores apresentam uma certa homogeneidade, podendo-se estimar a geração deste fluxo de
resíduos entre 2,5 e 17,9 kg/m2. Contudo, após uma análise mais cuidada dos dados existentes,
podem ser identificadas duas tendências distintas dentro deste intervalo. Os edifícios com a estrutu-
ra em madeira situam-se entre 5,6 e 17,9 kg/m2, enquanto que os edifícios com a estrutura em betão
armado se situam, principalmente, entre 2,5 e 6,4 kg/m2. Refira-se ainda que, para edifícios com a
estrutura em betão armado, a geração de resíduos de madeira é condicionada pelo tipo de cofragem
utilizado, podendo-se esperar valores inferiores aos estimados caso não sejam utilizadas cofragens
de madeira.
Para o código 17 02 02 (vidro), foi contabilizada uma amostra muito reduzida. Como tal, optou-se por
utilizar a estimativa de Myhre (2000), que sugere que a produção deste resíduo se situa entre 0,0 e
0,3 kg/m2. Decidiu-se aproveitar este intervalo por neste estarem contidos os restantes valores quan-
tificados. Refira-se que foram excluídos, desde logo, os valores do estudo de Hsiao et al. (2002), por
se considerar que estes são demasiado elevados, apresentando uma ordem de grandeza semelhante
à dos valores quantificados para a actividade de demolição.
Apresenta-se, na Figura 4.5, os valores quantificados para o código 17 02 03 (plástico). Como se pode
observar, a geração deste fluxo de resíduos na obra varia entre 0,1 e 7,0 kg/m2. No entanto, saben-
do-se que os plásticos são utilizados maioritariamente na nova construção residencial em tubos,
cabos e embalagens (sendo que estes dois últimos são contabilizados num código LER diferente), não
é expectável que a produção deste fluxo de resíduos alcance valores tão elevados como 3,9 e 7,0
kg/m2 (mesmo o valor de 2,9 kg/m2 é questionável). Assim, pode-se estimar a geração de resíduos de
plástico entre 0,1 e 0,8 kg/m2.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
63
Quadro 4.12 – Indicadores de geração de RCD na actividade de nova construção residencial determinados em estudos anteriores
Estudo País Observações Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Bergsdal et al. (2007) Noruega
4 29,36 6,50 6,50 5,68 0,24 0,11 1,20 3,04 0,07 9,60
5 30,77 19,11 19,11 2,75 0,12 0,48 0,21 1,38 0,07 6,19
Myhre (2000) 2 6,5 - 15,7 6,5 - 15,7 1,1 - 2,8 0 - 0,3 0,7 0,2 - 1,2 0,1 - 1,2 0,8 - 3,5 0,02 8,8 - 9,6
Metro Vancouver (2008) Canadá 4 23,70 0,47
12 0,47 15,41 0,24 4,98 2,13
5 16,30 0,33
12 0,33 10,60 0,16 3,42 1,47
Kelly e Hanahoe (2009)
Irlanda
3 70,00 40,13
14 40,13 5,90 15,41
0,67 6,22
Grimes (2005) - 66,00
- 64,00 Kofoworola e Gheewala (2009) Tailândia
15 21,38 9,79 9,79 2,92 0,10 0,28 0,40 1,34 0,05 5,54
Kharrufa (2007) Iraque - 215,00
Stenis (2005) Suécia - 32,69 4,36 4,36 0,62 2,18 3,74 11,21
Fatta et al. (2003) Grécia 2
75,00
Wang e Zhao (2003) China 2, 16
54,00
Solís-Guzmán et al. (2009)
Espanha
3, 7 89,37
Mañà i Reixach et al. (2000) 2, 3, 7, 10, 17
114,26 3,29 96,92 100,21 2,52 0,14 3,38 5,93 0,87 2, 3, 7, 11, 17
114,47 4,47 96,92 101,39 0,99 0,15 3,93 5,93 0,87
Ortiz et al. (2010) 2, 7
205,89 109,00 54,30 3,19 166,49 3,08 3,92 10,46 0,04 14,70
Lage et al. (2010) 2, 7
80,00 2,48 38,08 40,56 5,44 7,04 14,08 5,76 0,72
Hsiao et al. (2002) Taiwan
3, 7 956,47 879,86 58,56 938,42 5,34 2,00 10,71
2, 3, 8 436,47 398,69 398,69 35,60 2,00 0,18
2, 3, 8 862,29 468,48 332,24 800,72 56,96 2,00 2,61
2, 3, 6 186,11 41,53 41,53 142,40 2,00 0,18
2, 3, 9 386,78 308,46 48,59 357,05 5,34 2,25 22,14
- 568,97 333,94 176,25 510,19 49,13 2,00 7,65
Katz e Baum (2010) Israel 3
166,12
Giglio (2002)
Itália 2
25 - 50
Dinamarca 2
15,00
Reino Unido 2
1,80
SMARTWaste (2010) - 168,05 32,90 29,24 1,86 38,6514
102,65 12,46 2,94 2,6213
2,80 3,32 7,64 0,21 20,99
McGregor et al. (1993) EUA
6 22,50 13,05 0,90 7,20 1,35
6 21,97 16,92 3,73 1,32
6 18,07 12,83 3,98 1,26
6 19,97 12,98 4,59 1,80
6 14,64 1,61 1,61 9,66 2,64 0,73
6 9,76 5,56 2,44 1,46
6 15,62 9,22 3,75 2,19
6 21,96 13,62 5,27 2,64
6 14,64 10,25 2,49 1,61
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
64
Quadro 4.12 – Indicadores de geração de RCD na actividade de nova construção residencial determinados em estudos anteriores (continuação)
Estudo País Observações Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
NAHB Research Center (1995)
EUA
6 22,26 10,86 0,08 0,12 6,19 4,52
6 22,65 9,55 0,30 0,44 5,94 5,37
6 22,86 9,97 0,77 0,34 5,44 3,74
6 18,79 6,61 0,13 0,63 5,86 4,50
Cochran et al. (2007) 6 21,35 0,26 0,51 0,77 12,00 0,15 0,39 0,30 5,20 1,40
7 43,70 22,90 22,90 6,40 0,49 1,50 0,90 4,90 0,93
Kibert (2002) 2
27,00
Salinas (2002) 4 20,00 0,60 0,60 8,80 0,60 5,00 3,60
5 39,00 0,78 0,78 17,94 2,34 9,75 5,85
Franklin Associates (1998) - 29,93 1,50 1,50 20,05 0,12 5,99 2,39
- 21,38
3D/International (sem data) 18
21,38 1,92 1,92 11,33 0,43 0,43 4,06
Lipsmeier e Günther (2002) França 7
44,22 23,3314
23,33 0,36 0,03 0,90 0,33 19,99
- 7 51,65 17,83
19 19,16 1,69 3,81 42,48 0,04
Kartam et al. (2004) Kuwait 2
45,00 1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Desconhece-se se os valores correspondem a edifícios residenciais ou não residenciais
3 Valores convertidos de m
3/m
2 para kg/m
2
4 Edifícios de pequenas dimensões
5 Edifícios de grandes dimensões
6 Edifícios com a estrutura em madeira
7 Edifícios com a estrutura em betão armado
8 Edifícios com a estrutura em alvenaria
9 Edifícios com a estrutura metálica
10 Utilização de cofragem de madeira
11 Utilização de cofragem metálica
12 Pode conter resíduos de misturas betuminosas
13 Pode conter resíduos de alcatrão
14 Pode conter resíduos de outros materiais inertes para além de betão e materiais cerâmicos
15 Valores desenvolvidos a partir do estudo da Franklin Associates (1998) e de Bergsdal et al. (2007)
16 Valores também utilizados por Shi e Xu (2006)
17 Valores também utilizados por Coelho (2010)
18 Valores desenvolvidos a partir do estudo da Franklin Associates (1998)
19 Pode conter resíduos de metal e madeira
Figura 4.1 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 01 para a nova construção residencial (kg/m
2)
Figura 4.2 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 02 para a nova construção residencial (kg/m
2)
0,3 0,3 0,5 1,5 1,9 2,5 3,3 4,4 4,5
17,8
22,9
32,9
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
(kg/
m2)
0,5 0,6 0,8
19,2
29,2
41,5
48,6
54,358,6
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
kg/m
2 )
Indicadores de resíduos de construção e demolição
65
Figura 4.3 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01 para a nova
construção residencial (kg/m2)
Figura 4.4 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a nova construção residencial
(kg/m2)
No código 17 03 02 (misturas betuminosas), apenas foram contabilizados quatro valores, o que não
permite fazer uma estimativa fiável da produção deste tipo de resíduos. Contudo, da análise dos
valores obtidos, é de esperar que a produção deste fluxo de resíduos se encontre entre 0,4 e 2,6
kg/m2. É expectável que edifícios com a estrutura em madeira tendam para o limite inferior deste
intervalo, enquanto que edifícios com a estrutura em betão armado tenderão para o limite superior.
Na Figura 4.6, mostra-se os valores relativos ao código 17 04 07 (mistura de metais). Como se pode
observar, os valores contabilizados apresentam-se bastante dispersos, evidenciando bem a impor-
tância do tipo de estrutura do edifício para a geração deste tipo de resíduo. Para este código, podem
ser definidos, consoante o tipo de estrutura do edifício, dois intervalos distintos: 0,1 a 0,9 kg/m2 para
edifícios com a estrutura em madeira; e 0,9 a 3,9 kg/m2 para edifícios com a estrutura em betão
0,3 0,5 0,6 0,8
0,8 1,5 1,6 1,9 4,4 6,5 9,8 1
9,1
22
,9
23
,3
40
,1
40
,6
41
,5
42
,5
10
0,2
10
1,4
10
2,7
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Met
ro V
anco
uve
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00
8)
Met
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8)
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02
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7)
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RTW
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(20
10
)
(kg/
m2 )
2,5 2,8 2,9 3,1
5,3
5,3 5,4 5,6 5,7 5,9 6,4 6,6
8,8 9,2 9,5 9,7 10
,0
10
,2
10
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12
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12
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13
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(kg/
m2)
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
66
armado. Para edifícios com a estrutura em alvenaria, pode-se estimar a geração deste fluxo de resí-
duos entre 0,2 e 2,6 kg/m2. Contudo, este intervalo foi estimado apenas com base nos dados do
estudo de Hsiao et al. (2002). No que concerne a edifícios com a estrutura metálica, não foi possível
produzir uma estimativa por falta de dados fiáveis. Refira-se que foram excluídos, desde logo, os
valores de alguns estudos por se considerar que estes são demasiado elevados, apresentando uma
ordem de grandeza semelhante à dos valores quantificados para a actividade de demolição.
Figura 4.5 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 03 para a nova construção residencial
(kg/m2)
Figura 4.6 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 04 07 para a nova construção residencial
(kg/m2)
Para o código 17 06 04 (materiais de isolamento), foram quantificados poucos valores, apresentan-
do-se estes demasiado dispersos para se poder desenvolver uma estimativa fiável. Como se mostra
no Quadro 4.12, os valores obtidos variam entre 0,2 e 3,3 kg/m2. No entanto, não é expectável que
um fluxo de resíduos como este, que contribui com pouco peso para a quantificação global de resí-
duos, alcance valores de geração tão elevados como 3,3 kg/m2. Assim, optou-se por utilizar a estima-
tiva desenvolvida por Myhre (2000), que sugere que a produção deste resíduo se situa entre 0,1 e 1,2
0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,8
2,9
3,9
7,0
0,01,02,03,04,05,06,07,08,0
(kg/
m2 )
0,1 0,1
0,1 0,2 0,2
0,2 0,2 0,3 0,3 0,3 0,4 0,4 0,5 0,6 0,6 0,9
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0,9
2,2 2,3 2,6 2,8 3
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0,01,02,03,04,05,06,07,08,0
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m2 )
Indicadores de resíduos de construção e demolição
67
kg/m2.
Na Figura 4.7, mostra-se os dados referentes ao código 17 08 02 (materiais de construção à base de
gesso). Como se pode observar, não existe uma grande discrepância entre valores, variando estes
entre 2,4 e 7,6 kg/m2. Refira-se que a geração de resíduos associados a este código é condicionada
pela maior ou menor utilização de revestimentos à base de gesso e placas de gesso cartonado. Da
interpretação dos dados obtidos, pode-se concluir ainda que, para edifícios com a estrutura em
betão armado, o intervalo deve situar-se entre 3,7 e 7,6 kg/m2, enquanto que, para edifícios com a
estrutura em madeira, este se situa entre 2,4 e 7,2 kg/m2.
Figura 4.7 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a nova construção residencial
(kg/m2)
Para o código 17 09 03 (resíduos de construção e demolição contendo substâncias perigosas), foi
contabilizada uma amostra muito reduzida de valores. Pode-se estimar a geração de resíduos perigo-
sos entre 0,02 e 0,33 kg/m2, mas a fiabilidade desta estimativa é bastante reduzida.
Embora tenham sido contabilizados dados relativos ao código 17 09 04 (mistura de resíduos de cons-
trução e demolição), não faz sentido desenvolver uma estimativa para este, pois a produção de mis-
turas de resíduos na obra está dependente da qualidade da triagem de RCD realizada. Contudo,
como é expectável que parte dos resíduos acabem misturados, principalmente na fase de acabamen-
to, na qual os resíduos produzidos consistem de uma mistura de todos os materiais encontrados no
local de construção (Katz e Baum, 2010), desenvolveu-se uma estimativa para a geração global de
RCD na obra, de modo a que os indicadores desenvolvidos nesta pesquisa possam considerar even-
tuais misturas de resíduos. Com o desenvolvimento deste indicador global, possibilita-se que as
estimativas realizadas para cada fluxo específico de resíduos sejam diferentes das determinadas nes-
ta investigação (caso se contabilizem misturas de RCD, a quantidade gerada de alguns fluxos de resí-
duos pode ser inferior à estimada), sem, no entanto, se comprometer a verdadeira dimensão da
quantidade de RCD gerada em obra. O desenvolvimento de um indicador para a geração total de
RCD, implica que a totalidade dos resíduos estimados para os diversos códigos LER se situe dentro da
estimativa aconselhada por este indicador.
0,7 1
,3 1,4
2,4 2,5 2,6 3
,0 3,4 3,7
3,7 3,7 4,0 4,1 4
,6 4,9 5,0 5,0 5,2 5,3 5,4 5,8 5,9 5,9
5,9 5,9 6,0 6,2
7,2 7
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9,8
0,01,02,03,04,05,06,07,08,09,0
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)
(kg/
m2 )
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
68
Na Figura 4.8, apresentam-se os valores relativos à geração total de RCD ao nível da obra. Como se observa, a geração global de resíduos varia entre 10 e
115 kg/m2. Este intervalo pode, ainda, ser decomposto consoante o tipo de estrutura do edifício. Para edifícios com a estrutura em madeira, a geração total
de RCD situa-se entre 10 e 39 kg/m2, enquanto que, para edifícios com a estrutura em betão armado, esta se situa entre 44 e 115 kg/m2. Optou-se pelo
valor de 115 kg/m2 para definir o limite máximo deste intervalo pois, tendo em conta as estimativas desenvolvidas para os diversos fluxos de resíduos, não é
expectável que a produção de resíduos na obra seja superior a este valor. Além disso, os valores largamente superiores a 115 kg/m2 são pouco fiáveis para
serem incluídos na estimativa. Os dados de Kharrufa (2007) sugerem um elevado desperdício de materiais durante o processo construtivo, resultado das
limitadas políticas de gestão de RCD no Iraque, enquanto que os dados de Hsiao et al. (2002) e de Ortiz et al. (2010) resultam do somatório de valores que
foram considerados outliers. Refira-se que, embora este indicador global tenha como finalidade complementar os restantes indicadores desenvolvidos, este
não foi produzido de forma totalmente dependente dos restantes, de modo a evitar que indicadores com um baixo grau de fiabilidade possam adulterar a
quantidade real de RCD produzidos em obra. Ainda assim, pode-se constatar que a estimativa desenvolvida acaba por ser semelhante à que resultaria do
somatório dos diversos indicadores produzidos para a categoria em análise.
Figura 4.8 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a nova construção residencial (kg/m
2)
9,8 14
,6
14
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m2 )
Indicadores de resíduos de construção e demolição
69
No Quadro 4.13, apresenta-se os indicadores desenvolvidos para a nova construção residencial, bem
como o grau de confiança atribuído a cada um deles. Neste, encontram-se realçados os indicadores
que englobam vários códigos LER, para uma melhor compreensão. Conforme se mostra no Quadro
4.10, o grau de confiança conferido a cada indicador depende, essencialmente, da quantidade de
dados recolhidos e das conclusões possíveis de retirar destes.
Quadro 4.13 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção residencial (kg/m2)
Indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção residencial (kg/m2)
Código LER Tipo de estrutura do edifício
Grau de confiança - Madeira Betão armado Alvenaria
17 01 01 - 0,3 - 1,9 17,8 - 32,9 - Fraco
17 01 02 - 0,5 - 0,8 19,2 - 58,6 - Fraco
17 01 03 - - 1,7 - 3,2 - Mau
17 01 - 0 - 2 40 - 102 - Razoável
17 02 01 - 5,6 - 17,9 2,5 - 6,4 - Bom
17 02 02 0,0 - 0,3 - - - Mau
17 02 03 0,1 - 0,8 - - - Fraco
17 03 02 0,4 - 2,6 - - - Mau
17 04 07 - 0,1 - 0,9 0,9 - 3,9 0,2 - 2,6 Razoável
17 06 04 0,1 - 1,2 - - - Fraco
17 08 02 - 2,4 - 7,2 3,7 - 7,6 - Bom
17 09 03 0,02 - 0,33 - - - Mau
Total - 10 - 39 44 - 115 - Bom
Ao longo desta categoria, foram apresentadas diversas explicações para justificar as opções feitas
aquando do desenvolvimento dos indicadores. Como algumas destas explicações servem, também,
para fundamentar as decisões tomadas nas categorias seguintes, optou-se por as agrupar no Quadro
4.14. Deste modo, em vez de se estar repetidamente a apresentar as mesmas explicações, faz-se
referência a estas através deste quadro.
Não residencial
Foram contabilizados 23 estudos com indicadores de geração de RCD relativos a esta categoria, como
se mostra no Quadro 4.15. Neste, encontram-se realçados os valores que nitidamente se destacam
dos restantes. Após a exclusão dos outliers, foi criado um gráfico de barras, para os códigos LER que
continham mais informação, de modo a permitir uma melhor comparação de valores. Seguidamente,
procede-se à análise dos indicadores desenvolvidos para a nova construção não residencial.
Na Figura 4.9, mostra-se os dados relativos ao código 17 01 01 (betão). Como se pode observar, a
geração de resíduos de betão situa-se entre 3,3 e 40,1 kg/m2. No entanto, da análise dos dados obti-
dos, deduz-se que os valores compreendidos entre 3,3 e 11,5 kg/m2 surgem da assunção de que par-
te dos resíduos de betão se encontra misturada com outras fracções de resíduos, sendo contabiliza-
dos menos resíduos no código 17 01 01 e mais no código 17 01 07 (misturas de betão, tijolos, ladri-
lhos, telhas e materiais cerâmicos). Deste modo, pode-se concluir que a geração de resíduos de
betão deve situar-se entre 18,3 e 40,1 kg/m2; no entanto, este valor pode ser inferior, no caso de se
contabilizar uma porção destes resíduos como fazendo parte do código 17 01 07. Refira-se que os
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
70
dados recolhidos são referentes, essencialmente, a edifícios com a estrutura em betão armado e,
como tal, esta estimativa apenas reflecte os resíduos de betão gerados por edifícios com esse tipo de
estrutura.
Apresenta-se, na Figura 4.10, os dados relativos ao código 17 01 02 (tijolos). Pode-se estimar a gera-
ção de resíduos de tijolos entre 15,6 e 54,3 kg/m2. De notar que os restantes dados (2,8 e 6,3 kg/m2)
parecem surgir da assunção de que parte dos resíduos de tijolos se encontra misturada com outras
fracções de resíduos (código 17 01 07 da LER), resultando, assim, numa estimativa inferior às restan-
tes. Refira-se ainda que, tal como para o código LER anterior, os valores quantificados representam,
maioritariamente, edifícios com a estrutura em betão armado.
Para o código 17 01 03 (ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos), apenas foram contabilizados valores
de três estudos. Da análise dos valores quantificados, apresentados na Figura 4.11, pode-se estimar a
produção deste fluxo de resíduos entre 0,4 e 3,2 kg/m2. Refira-se que, no caso de se tratar de um
edifício industrial, a geração deste tipo de resíduos poderá ser inferior à estimada nesta investigação.
Novamente, a estimativa reflecte, principalmente, os resíduos gerados em edifícios com a estrutura
em betão armado.
Quadro 4.14 – Explicações padrão utilizadas aquando da análise dos indicadores
Designação Descrição
Explicação A
Os dados relativos aos resíduos de betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâ-micos (subcapítulo 17 01 da LER) apresentam, em alguns casos, apenas uma estima-tiva global da mistura destes resíduos, enquanto que, em outros, é apresentada uma estimativa inferior para cada fracção por se assumir que parte destes resíduos se encontra misturada entre si (código 17 01 07 da LER). Esta situação torna compli-cado estimar indicadores para cada um destes fluxos de resíduos. Para transpor esta dificuldade, nesta pesquisa, produziram-se indicadores para cada um destes fluxos de resíduos mas, também, para a sua totalidade, de modo a que ambos se possam complementar. O desenvolvimento de um indicador para a geração total de resíduos do subcapítulo 17 01 implica que a totalidade dos resíduos estimados para os diversos códigos deste subcapítulo se situe dentro da estimativa aconselhada por este indicador. Desta forma, possibilita-se que as estimativas realizadas para cada fracção sejam diferentes às desenvolvidas nesta investigação, sem, no entanto, se comprometer a real dimensão da quantidade gerada em obra destes resíduos.
Explicação B
Apesar de terem sido contabilizados dados relativos ao código 17 09 04 (mistura de resíduos de construção e demolição), não faz sentido desenvolver uma estimativa para este, pois a produção de misturas de resíduos na obra está dependente da qualidade da triagem de RCD realizada. Contudo, como é expectável que parte dos resíduos acabe misturada, desenvolveu-se uma estimativa para a geração global de RCD na obra, de modo a que os indicadores desenvolvidos nesta pesquisa possam considerar eventuais misturas de resíduos. Com o desenvolvimento deste indicador global, possibilita-se que as estimativas realizadas para cada fluxo específico de resíduos sejam diferentes às desenvolvidas nesta investigação (caso se contabilizem misturas de RCD, a quantidade gerada de alguns fluxos de resíduos pode ser inferior à estimada), sem, no entanto, se comprometer a verdadeira dimensão da quantida-de de RCD gerada em obra. O desenvolvimento de um indicador para a geração total de RCD implica que a totalidade dos resíduos estimados para os diversos códi-gos LER se situe dentro da estimativa aconselhada por este indicador.
Explicação C
Refira-se que, embora este indicador global tenha como objectivo complementar os restantes indicadores desenvolvidos, ele não foi produzido de forma totalmente dependente dos restantes, de modo a evitar que indicadores menos fiáveis possam pôr em causa a geração real de resíduos na obra. Ainda assim, pode-se constatar que a estimativa desenvolvida acaba por ser semelhante à que resultaria do soma-tório dos indicadores produzidos para os diversos códigos LER.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
71
Quadro 4.15 – Indicadores de geração de RCD na actividade de nova construção não residencial determinados em estudos anteriores
Estudo País Observações Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Bergsdal et al. (2007) Noruega
- 30,77 19,11 19,11 2,75 0,12 0,48 0,21 1,38 0,07 6,19
- 31,50 17,52 17,52 4,05 0,79 0,10 0,80 0,07 7,91
Myhre (2000) 2 6,5 - 15,7 6,5 - 15,7 2,8 - 1,1 0 - 0,3 0,7 0,2 - 1,2 0,1 - 1,2 0,8 - 3,5 0,017 8,8 - 9,6
Giglio (2002)
Itália 2 25-50
Dinamarca 2 15
Reino Unido
2 1,8
SMARTWaste (2010)
- 181,49 40,12 15,63 0,42 45,2914
101,46 17,97 1,65 3,3813
7,21 3,36 5,02 2,79 22,05
- 200,04 35,64 21,53 2,31 41,5314
101,01 12,76 2,22 2,8213
13,15 1,49 4,49 0,68 55,19
- 292,94 4,26 2,81 1,65 219,7114
228,43 4,47 1,27 16,3313
2,80 1,05 5,84 0,01 26,49
- 205,98 38,33 16,92 0,69 57,0914
113,03 12,57 1,85 5,4913
4,69 2,74 4,19 0,69 51,57
- 160,45 25,06 17,27 0,64 22,1514
65,12 12,01 1,87 6,5613
6,33 2,35 10,11 0,66 43,60
- 133,50 18,32 19,74 0,15 53,8214
92,03 4,34 0,62 4,5713
5,30 0,79 2,08 1,46 17,22
- 134,45 36,26 26,12 1,10 8,0914
71,57 13,45 1,46 2,3413
4,59 2,31 6,33 0,74 21,74
- 285,17 11,47 28,19 1,17 132,4314
173,26 23,53 2,93 5,4913
3,97 3,34 6,05 1,96 50,53
Metro Vancouver (2008) Canadá - 12,30 7,38 0,49 2,95
- 51,70 19,6512
19,65 4,65 1,03 9,82 16,54
Kofoworola e Gheewala (2009) Tailândia 15
18,99 8,70 8,70 2,60 0,09 0,25 0,36 1,19 0,04 4,92
Kartam et al. (2004) Kuwait 2 45,00
Kelly e Hanahoe (2009)
Irlanda
3 87,00 25,55
14 25,55 7,23 18,86
0,82 7,62
3 139,00 32,01
14 32,01 10,01 22,70
0,4 41,90
Grimes (2005) - 38,00
- 205,00
McDonald e Smithers (1998) Australia 3 79,74
3 69,77 8,23 8,23 2,07 0,83 0,07 7,17 3,40 10,57
Mañà i Reixach et al. (2000)
Espanha
2, 3, 7, 10, 17 114,26 3,29 74,96 78,25 3,23 0,25 3,38 2,60 0,87
2, 3, 7, 11, 17 114,47 4,47 74,96 79,43 1,70 0,26 3,93 2,60 0,87
Ortiz et al. (2010) 2, 7
205,89 109,00 54,30 3,19 166,49 3,08 3,92 10,46 0,04 14,70
Lage et al. (2010) 2, 7
80,00 2,48 38,08 40,56 5,44 7,04 14,08 5,76 0,72
Begum et al. (2006) Malásia - 398,26 358,83 6,34 1,09 366,26 27,18 0,27 4,53
Hsiao et al. (2002) Taiwan
3, 7 947,62 784,70 48,59 833,29 5,34 2,25 106,74
3, 7 999,86 931,10 47,43 978,53 5,34 1,50 14,49
3, 7 1081,72 976,49 85,47 1061,96 5,34 2,00 12,42
2, 3, 9 386,78 308,46 48,59 357,05 5,34 2,25 22,14
2, 3, 8 436,47 398,69 398,69 35,60 2,00 0,18
2, 3, 8 862,29 468,48 332,24 800,72 56,96 2,00 2,61
2, 3, 6 186,11 41,53 41,53 142,40 2,00 0,18
- 568,97 333,94 176,25 510,19 49,13 2,00 7,65
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
72
Quadro 4.15 – Indicadores de geração de RCD na actividade de nova construção não residencial determinados em estudos anteriores (continuação)
Estudo País Observações Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Wang e Zhao (2003) China 2, 16
54,00
Fatta et al. (2003) Grécia 2 75,00
Franklin Associates (1998)
EUA
- 18,99
3D/International (sem data) 18
18,99 6,27 6,27 5,89 0,57 1,90 4,37
Kibert (2002) 2 27,00
McGregor et al. (1993) 6 12,00 7,32 0,48 2,88
6 40,99 10,66 2,87 27,46
Cochran et al. (2007) 6 11,50 7,00 0,50 3,00
7 47,60 33,00 33,00 3,30 1,40 5,20 4,70
Lipsmeier e Günther (2002) - - 33,93
- 33,66
1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Desconhece-se se os valores correspondem a edifícios residenciais ou não residenciais
3 Valores convertidos de m
3/m
2 para kg/m
2
4 Edifícios de serviços
5 Edifícios industriais
6 Edifícios com a estrutura em madeira
7 Edifícios com a estrutura em betão armado
8 Edifícios com a estrutura em alvenaria
9 Edifícios com a estrutura metálica
10 Utilização de cofragem de madeira
11 Utilização de cofragem metálica
12 Pode conter resíduos de misturas betuminosas
13 Pode conter resíduos de alcatrão
14 Pode conter resíduos de outros materiais inertes para além de betão e materiais cerâmicos
15 Valores desenvolvidos a partir do estudo da Franklin Associates (1998) e de Bergsdal et al. (2007)
16 Valores também utilizados por Shi e Xu (2006)
17 Valores também utilizados por Coelho (2010)
18 Valores desenvolvidos a partir do estudo da Franklin Associates (1998)
Figura 4.9 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 01 para a nova construção não residencial (kg/m
2)
Figura 4.10 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 02 para a nova construção não residencial (kg/m
2)
Nesta investigação, produziram-se indicadores para cada um dos fluxos de resíduos que compõem o subcapítulo 17 01 mas, também, para a sua totalidade. No Quadro 4.14 (Explicação A), apresenta-se a justificação para o desenvolvi-
mento deste indicador global.
Na Figura 4.12, apresentam-se os valores relativos à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01. Pode-se estimar, para edifícios com a estrutura em betão armado, a geração total de RCD (associados ao subcapítulo 17 01) entre 32
e 113 kg/m2. No Quadro 4.14 (Explicação C), apresenta-se a forma como este indicador foi produzido.
2,5 3,3 4,3 4,56,3
8,211,5
18,3 19,6
25,1
33,035,6 36,3
38,340,1
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0
(kg/
m2 )
2,86,3
15,6 16,9 17,319,7 21,5
26,128,2
41,5
47,4 48,6 48,6
54,3
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
(kg/
m2)
Indicadores de resíduos de construção e demolição
73
Figura 4.11 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 03 para a nova construção não residencial
(kg/m2)
Figura 4.12 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01 para a
nova construção não residencial (kg/m2)
Apresenta-se, na Figura 4.13, os dados referentes ao código 17 02 01 (madeira). Com base nos dados
obtidos, pode-se estimar a geração de resíduos de madeira entre 1,7 e 13,5 kg/m2. No entanto, este
intervalo pode ser dividido consoante o tipo de estrutura do edifício. Para edifícios com a estrutura
em betão armado, a geração deste tipo de resíduos situa-se, sobretudo, entre 1,7 e 5,4 kg/m2,
enquanto que, para edifícios com a estrutura em madeira, esta situa-se entre 4,7 e 10,7 kg/m2. Refi-
ra-se que se poderia ter utilizado o valor de 27,2 kg/m2 para definir o limite superior desta estimativa
(os valores de 23,5 e 27,2 kg/m2 oferecem uma base sustentável à sua inclusão neste intervalo).
Porém, optou-se por excluir estes valores por se considerar que estes são demasiado elevados, apre-
sentando uma ordem de grandeza semelhante à dos valores quantificados para a actividade de
demolição.
Para o código 17 02 02 (vidro), foi contabilizada uma amostra muito reduzida, não sendo possível
realizar uma estimativa fiável da produção deste tipo de resíduos. Os valores contabilizados sugerem
que a produção deste resíduo na obra se situa entre 0,0 e 0,8 kg/m2. De notar que os valores do
0,20,4
0,6 0,7
1,1 1,1 1,2
1,7
2,3
3,2
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
(kg/
m2 )
6,3 8,2 8,7 1
7,5
19
,1
19
,6 25
,6 32
,0
33
,0 40
,6
41
,5
65
,1 71
,6 78
,3
79
,4 92
,0 10
1,0
10
1,5
11
3,0
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
3D
/In
tern
atio
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(se
m d
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McD
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99
8)
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gsd
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00
7)
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00
9)
Kel
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00
9)
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. (2
00
7)
Lage
et
al. (
20
10
)
Hsi
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. (2
00
2)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
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10
)
Mañ
à i R
eixa
ch e
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. (2
00
0)
Mañ
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eixa
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. (2
00
0)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
(kg/
m2)
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
74
estudo de Hsiao et al. (2002) foram excluídos, desde logo, pelo mesmo motivo referido aquando da
análise deste fluxo de resíduos na categoria de nova construção residencial.
Figura 4.13 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a nova construção não residencial
(kg/m2)
Apresenta-se, na Figura 4.14, os valores quantificados para o código 17 02 03 (plástico). Como se
pode observar, a geração deste fluxo de resíduos na obra varia entre 0,3 e 3,9 kg/m2. Contudo,
sabendo-se que os resíduos de plástico contribuem pouco para o peso total de RCD, não é de esperar
que a sua geração seja superior a 1,9 kg/m2. Assim, estima-se a geração deste fluxo de resíduos entre
0,3 e 1,9 kg/m2.
Figura 4.14 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 03 para a nova construção não residencial
(kg/m2)
No código 17 03 02 (misturas betuminosas), apenas foram contabilizados valores de dois estudos,
apresentando-se estes bastante distintos. O estudo desenvolvido pelo SMARTWaste (2010) sugere
que a produção deste fluxo de resíduos se situa entre 2,3 e 6,6 kg/m2, enquanto que o estudo de
Myhre (2000) sugere que a geração de resíduos provenientes de misturas betuminosas ronda 0,7
kg/m2. Como nenhum dos estudos fornece informação adicional, não é possível relacionar estes valo-
res com o tipo de estrutura do edifício. Como tal, estima-se a produção deste fluxo de resíduos entre
0,7 e 6,6 kg/m2, sendo o valor médio de 3,9 kg/m2. Refira-se que os valores obtidos a partir do estu-
1,7 2,1 2,6 2,8 3,1 3,2 3,3 4,1 4,3 4,5 4,7 5,3
5,3
5,3
5,3 5,4 5,9 7,0 7,2 7,3 7,4
10
,0
10
,7 12
,0
12
,6
12
,8
13
,5
18
,0
23
,5 27
,2
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
Mañ
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eixa
ch e
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. (2
00
0)
McD
on
ald
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mit
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99
8)
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(20
09
)
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7)
Ort
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01
0)
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00
0)
Co
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. (2
00
7)
Ber
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00
7)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
Met
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00
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. (2
00
2)
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00
2)
Hsi
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. (2
00
2)
Hsi
ao e
t al
. (2
00
2)
Lage
et
al. (
20
10
)
3D
/In
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atio
nal
(se
m d
ata)
Co
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00
7)
Kel
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e (2
00
9)
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rego
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al.
(19
93
)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Kel
ly e
Han
aho
e (2
00
9)
McG
rego
r et
al.
(19
93
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
Beg
um
et
al. (
20
06
)
(kg/
m2 )
0,2 0,3 0,30,6 0,6
1,3 1,5 1,7 1,9 1,92,2
2,9
3,9
0,00,51,01,52,02,53,03,54,04,5
(kg/
m2 )
Indicadores de resíduos de construção e demolição
75
do do SMARTWaste (2010) podem compreender misturas betuminosas contendo alcatrão (que são
contabilizadas num código LER diferente - 17 03 01), pelo que o limite superior do intervalo estimado
pode estar inflacionado.
Apresenta-se, na Figura 4.15, os valores relativos ao código 17 04 07 (mistura de metais). Como se
pode observar, os valores contabilizados apresentam-se bastante dispersos, mostrando a importân-
cia do tipo de estrutura do edifício para a geração deste tipo de resíduo. Para este código, podem ser
definidos, consoante o tipo de estrutura do edifício, dois intervalos distintos: 0,2 a 2,9 kg/m2 para
edifícios com a estrutura em madeira; e 1,0 a 7,2 kg/m2 para edifícios com a estrutura em betão
armado. Para edifícios com a estrutura em alvenaria, pode-se estimar a geração deste fluxo de resí-
duos entre 0,2 e 2,6 kg/m2. Contudo, este intervalo foi estimado apenas com base nos dados do
estudo de Hsiao et al. (2002). No que concerne a edifícios com a estrutura metálica, não foi possível
produzir uma estimativa por falta de dados fiáveis. Refira-se que foram excluídos todos os valores
acima de 7,2 kg/m2, por se considerar que estes são demasiado elevados, apresentando uma ordem
de grandeza semelhante à dos valores quantificados para a actividade de demolição.
Figura 4.15 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 04 07 para a nova construção não residencial
(kg/m2)
Na Figura 4.16, mostra-se os valores recolhidos para o código 17 06 04 (materiais de isolamento).
Como se pode observar, a geração de resíduos provenientes de materiais de isolamento varia entre
0,1 e 3,4 kg/m2. No entanto, não é expectável que um fluxo de resíduos como este, que contribui
com pouco peso para a quantificação global de resíduos, alcance valores de geração tão elevados
como 3,4 kg/m2. Assim, optou-se por utilizar uma estimativa semelhante à desenvolvida por Myhre
(2000), que sugere que a produção deste resíduo se situa entre 0,1 e 1,2 kg/m2. Como tal, estima-se
a geração deste fluxo de resíduos entre 0,1 e 1,5 kg/m2.
Apresenta-se, na Figura 4.17, os dados referentes ao código 17 08 02 (materiais de construção à base
de gesso). Como se pode observar, os valores apresentam uma certa homogeneidade, podendo-se
estimar a geração de resíduos associados a este código entre 0,5 e 6,3 kg/m2. Da interpretação dos
dados obtidos, pode-se concluir ainda que, para edifícios com estrutura em betão armado, o interva-
lo se deve situar entre 2,6 e 6,3 kg/m2, enquanto que, para edifícios com a estrutura em madeira,
este se situa entre 0,5 e 3,4 kg/m2.
0,2
0,2 0,3 0,5 0,8 1,0 1,4 1,9 2,6 2,8 2,9 3,4 3,9 4,0 4,5 4,6 4,7 5,3 6
,3 7,2 7,2 7,7
10
,5 12
,4
13
,2 14
,1
14
,5
18
,9
0,02,04,06,08,0
10,012,014,016,018,020,0
Hsi
ao e
t al
. (2
00
2)
Hsi
ao e
t al
. (2
00
2)
Ko
fow
oro
la e
Gh
eew
ala
(20
09
)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
3D
/In
tern
atio
nal
(se
m d
ata)
Hsi
ao e
t al
. (2
00
2)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
McG
rego
r et
al.
(19
93
)
Mañ
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eixa
ch e
t al
. (2
00
0)
Mañ
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eixa
ch e
t al
. (2
00
0)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
Beg
um
et
al. (
20
06
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
McD
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e S
mit
her
s (1
99
8)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
Hsi
ao e
t al
. (2
00
2)
Ort
iz e
t al
. (2
01
0)
Hsi
ao e
t al
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00
2)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
Lage
et
al. (
20
10
)
Hsi
ao e
t al
. (2
00
2)
Kel
ly e
Han
aho
e (2
00
9)
(kg/
m2)
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
76
Figura 4.16 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 06 04 para a nova construção não residencial
(kg/m2)
Figura 4.17 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a nova construção não residencial
(kg/m2)
Os valores obtidos para o código 17 09 03 (resíduos de construção e demolição contendo substâncias
perigosas) apresentam-se bastante dispersos, não sendo possível o desenvolvimento de uma estima-
tiva fiável. Como se mostra na Figura 4.18, a geração de resíduos perigosos varia entre 0,01 e 2,8
kg/m2. Segundo Ruivo e Veiga (2004), a construção de uma casa produz entre 10 e 20 kg de resíduos
perigosos. Contudo, este valor pode ser superior se estes resíduos forem misturados com os restan-
tes RCD (passando todos os resíduos a ser considerados como resíduo perigoso). Assim, pode-se con-
cluir que a geração de resíduos perigosos na obra deve situar-se entre 0,01 e 0,74 kg/m2, podendo
esta ser superior, no caso de existir contaminação dos restantes resíduos.
Apesar de terem sido quantificados valores relativos ao código 17 09 04 (mistura de resíduos de
construção e demolição), não se desenvolveu uma estimativa para este, tendo-se optado antes pelo
desenvolvimento de um indicador para a geração global de RCD na obra. No Quadro 4.14 (Explicação
B), apresenta-se a justificação para a produção deste indicador.
0,1 0,2 0,40,8
1,11,5
2,3 2,42,7
3,3 3,4
0,00,51,01,52,02,53,03,54,0
(kg/
m2 )
0,4 0,5 0,5 0,5 0,8 0,8 1,2 1,4 2
,1 2,6
2,6 3
,4 4,2 4,4 4,5 5
,0 5,2 5
,8 5,8 6,1 6,3
9,8 10
,1
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Kel
ly e
Han
aho
e (2
00
9)
McG
rego
r et
al.
(19
93
)
Met
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00
8)
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00
7)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Kel
ly e
Han
aho
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00
9)
Ko
fow
oro
la e
Gh
eew
ala
(20
09
)
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al e
t al
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00
7)
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(20
10
)
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ch e
t al
. (2
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0)
Mañ
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eixa
ch e
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. (2
00
0)
McD
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99
8)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
3D
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atio
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(se
m d
ata)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
Co
chra
n e
t al
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00
7)
Lage
et
al. (
20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
Met
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uve
r (2
00
8)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
(kg/
m2)
Indicadores de resíduos de construção e demolição
77
Figura 4.18 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 09 03 para a nova construção não residencial
(kg/m2)
Na Figura 4.19, apresentam-se os valores relativos à geração global de RCD ao nível da obra. A partir
destes valores, podem ser desenvolvidas duas estimativas diferentes. Para edifícios com a estrutura
em madeira, a geração total de RCD situa-se entre 12 e 41 kg/m2, enquanto que, para edifícios com
estrutura em betão armado, esta se situa entre 48 e 135 kg/m2. Optou-se pelo valor de 135 kg/m2
para definir o limite máximo deste último intervalo pois, tendo em conta as estimativas desenvolvi-
das para os diversos fluxos de resíduos, não é expectável que a produção de resíduos na obra seja
superior a este valor. No Quadro 4.14 (Explicação C), apresenta-se a forma como este indicador foi
produzido.
Figura 4.19 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a nova construção não residen-
cial (kg/m2)
No Quadro 4.16, apresenta-se os indicadores desenvolvidos para a nova construção não residencial,
bem como o grau de confiança atribuído a cada um deles. Neste, encontram-se realçados os indica-
dores que englobam vários códigos LER, para uma melhor compreensão. Refira-se que, conforme se
0,01 0,02 0,04 0,07 0,07
0,66 0,68 0,69 0,74
1,46
1,96
2,79
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
(kg/
m2 )
11
,5
12
,0
12
,3
15
,0
19
,0
19
,0
19
,0
27
,0
30
,8
31
,5
33
,7
33
,9
38
,0
41
,0
45
,0
47
,6
51
,7
54
,0 69
,8
75
,0
79
,7
80
,0
87
,0
11
4,3
11
4,5 13
3,5
13
4,5
13
9,0 16
0,5 18
1,5
18
6,1
20
0,0
20
5,0
20
5,9
20
6,0
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
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. (2
00
7)
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(19
93
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20
02
)
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09
)
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99
8)
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02
)
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7)
Ber
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00
7)
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20
02
)
Lip
smei
er e
Gü
nth
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20
02
)
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00
5)
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(19
93
)
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20
04
)
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7)
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8)
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00
3)
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99
8)
Fatt
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03
)
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8)
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20
10
)
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00
9)
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0)
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0)
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aste
(20
10
)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
Kel
ly e
Han
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00
9)
SMA
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aste
(20
10
)
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(20
10
)
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2)
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(20
10
)
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(2
00
5)
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01
0)
SMA
RTW
aste
(20
10
)
(kg/
m2 )
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
78
mostra no Quadro 4.10, o grau de confiança conferido a cada indicador depende, essencialmente, da
quantidade de dados recolhidos e das conclusões possíveis de retirar destes.
Quadro 4.16 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção não residencial (kg/m2)
Indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção não residencial (kg/m2)
Código LER Tipo de estrutura do edifício
Grau de confiança - Madeira Betão armado Alvenaria
17 01 01 - - 18,3 - 40,1 - Fraco
17 01 02 - - 15,6 - 54,3 - Fraco
17 01 03 - - 0,4 - 3,2 - Fraco
17 01 - - 32 - 113 - Razoável
17 02 01 - 4,7 - 10,7 1,7 - 5,4 - Bom
17 02 02 0,0 - 0,8 - - - Mau
17 02 03 0,3 - 1,9 - - - Fraco
17 03 02 0,7 - 6,6 - - - Fraco
17 04 07 - 0,2 - 2,9 1,0 - 7,2 0,1 - 2,6 Razoável
17 06 04 0,1 - 1,5 - - - Fraco
17 08 02 - 0,5 - 3,4 2,6 - 6,3 - Bom
17 09 03 0,01 - 0,74 - - - Fraco
Total - 12 - 41 48 - 135 - Bom
4.4.2. Demolição
Residencial
Foram contabilizados 19 estudos com indicadores de geração de RCD relativos a esta categoria, como
se mostra no Quadro 4.17. Neste, encontram-se realçados os valores que nitidamente se destacam
dos restantes. Após a exclusão dos outliers, foi criado um gráfico de barras, para os códigos LER que
continham mais informação, de modo a permitir uma melhor comparação de valores. Seguidamente,
procede-se à análise dos indicadores desenvolvidos para a actividade de demolição residencial.
Na Figura 4.20, mostra-se os dados respeitantes ao código 17 01 01 (betão). Como se pode observar,
a geração de resíduos de betão varia entre 91 e 840 kg/m2. Este intervalo pode, ainda, ser decom-
posto conforme o tipo de estrutura do edifício. Estima-se a geração de resíduos de betão entre: 492
e 840 kg/m2, para edifícios com a estrutura em betão armado; 91 e 216 kg/m2, para edifícios com a
estrutura em alvenaria; 137 e 300 kg/m2, para edifícios com a estrutura em madeira.
Apresenta-se, na Figura 4.21, os dados concernentes ao código 17 01 02 (tijolos). Pode-se estimar a
geração de resíduos de tijolos entre 84 e 486 kg/m2. Refira-se que o valor de 45 kg/m2, referente a
edifícios com a estrutura em betão armado, não foi incluído na estimativa por ser demasiado peque-
no, apresentando uma ordem de grandeza semelhante à dos valores quantificados para a actividade
de nova construção. Refira-se ainda que o intervalo estimado pode ser decomposto de acordo com o
tipo de estrutura do edifício: entre 84 e 90 kg/m2, para edifícios com a estrutura em madeira; entre
118 e 425 kg/m2, para edifícios com a estrutura em alvenaria; e entre 170 e 486 kg/m2, para edifícios
com a estrutura betão armado.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
79
Quadro 4.17 – Indicadores de geração de RCD na actividade de demolição residencial determinados em estudos anteriores
Estudo País Observações Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Bergsdal et al. (2007) Noruega
4 575 394,30 394,30 105,84 2,59 0,92
15 4,45 1,69 3,37 0,40 59,02
5 1103 1012,46 1012,46 48,55 0,44 0,32
15 7,70 0,01 0,42 31,21
Myhre (2000) 2 387 – 1164 23,6 - 98,5 0,3 - 3,3 0,3 - 6,5
15 1,0 3,3 – 29 0,1 - 2,2 0 - 4,1 0,57 22,8 - 35,3
Metro Vancouver (2008) Canadá - 547 136,75
11 136,75 240,68 16,41 10,94 142,22
- 626 156,5011
156,50 275,44 18,78 12,52 162,76
Fatta et al. (2003) Grécia 2 2850
Kharrufa (2007) Iraque - 1261
Kartam et al. (2004) Kuwait - 1450
Wang e Zhao (2003) China 2, 13
1260
Mañà i Reixach et al. (2000)
Espanha
3, 8 608 90,77 425,27 516,04 11,80 1,00 0,01 0,81 6,64
3, 7 805 769,04 317,70 1086,74 0,84 2,50 0,01 3,24 12,71
CYPE Ingenieros (2010)
2, 8 664 215,80 298,10 27,10 541,00 32,40 0,60 0,40 3,40 81,30 4,90
2, 7 1061 767,85 193,27 17,57 978,69 2,40 1,50 0,80 13,60 52,71 10,40
2,9 619 293,00 176,00 16,00 485,00 25,00 0,70 0,40 55,00 48,00 5,00
Lage et al. (2010) 2, 7
1350 662,85 571,05 1233,90 58,05 1,35 1,35 28,35 10,8 10,8
Solís-Guzmán et al. (2009) 3, 7
1053 Nixon (1976) Suécia
7 917 766,00 44,87 810,87 22,93 4,67 1,87 11,87 33,33 3,47
Giglio (2002)
Itália 2 1000-2000
Dinamarca 2 900
Reino Unido 2 31
Coelho (2010) Portugal
8 345 191,01 8,29 21,08 220,38 50,01 0,98 4,23 68,85
8 302 117,88 17,40 27,15 162,43 53,49 0,50 1,23 84,59
7 1371 491,73 486,17 4,41 307,97 1290,28 5,79 0,68 0,22
12 9,81 64,28
7 1277 807,86 169,56 10,56 258,14 1246,12 11,88 1,09 3,89 0,54
12 13,46
- 251 170,77 170,77 26,49 1,68
7,37 4,08
Franklin Associates (1998)
EUA
- 620 86,81 316,25 403,06 86,81 105,42 6,20
- 238 57,0010
57,00 99,75 4,75 76,00
- 562
3D/International (sem data) 14
562 151,61 84,23 235,83 185,30 5,62 22,46 56,15
Cochran et al. (2007)
6 595 300,00 90,00 390,00 70,00 10,00 100,00 5,00
6 725 530,00 530,00 90,00 30,00 60,00
6 195 90,00 30,00 60,00
6 435 240,00 240,00 90,00 30,00 60,00
7 910 840,00 840,00 30,00 40,00
Poon et al. (2004) Hong Kong 3, 7
332 3, 7
540
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
80
Quadro 4.17 – Indicadores de geração de RCD na actividade de demolição residencial determinados em estudos anteriores (continuação)
Estudo País Observações Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Crowther (2000) Austrália - 700 1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Desconhece-se se os valores correspondem a edifícios residenciais ou não residenciais
3 Valores convertidos de m
3/m
2 para kg/m
2
4 Edifícios de pequenas dimensões
5 Edifícios de grandes dimensões
6 Edifícios com a estrutura em madeira
7 Edifícios com a estrutura em betão armado
8 Edifícios com a estrutura em alvenaria
9 Edifícios com a estrutura metálica
10 Não se contabilizaram as fundações do edifício
11 Pode conter resíduos de misturas betuminosas
12 Pode conter resíduos de alcatrão
13 Valores também utilizados por Shi e Xu (2006)
14 Valores desenvolvidos a partir do estudo da Franklin Associates (1998)
15 Pode conter resíduos de papel
Figura 4.20 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 01 para a demolição residencial (kg/m
2)
Figura 4.21 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 02 para a demolição residencial (kg/m
2)
Para o código 17 01 03 (ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos), apenas foram quantificados dados de dois estudos. Como se pode observar, a produção deste fluxo de resíduos varia entre 8,3 e 27,1 kg/m2. Para edifícios com a estrutu-
ra em alvenaria, a geração deste fluxo de resíduos situa-se entre 8,3 e 27,1 kg/m2, enquanto que, para edifícios com a estrutura em betão armado, esta se situa entre 10,6 e 17,6 kg/m2. Optou-se por excluir da estimativa o valor de 4,4
kg/m2 por este ser demasiado pequeno, apresentando uma ordem de grandeza semelhante à dos valores quantificados para a actividade de nova construção. Refira-se que não foram contabilizados dados para edifícios com a estrutura
em madeira.
Nesta investigação, produziram-se indicadores para cada um dos fluxos de resíduos que compõem o subcapítulo 17 01 mas, também, para a sua totalidade. No Quadro 4.14 (Explicação A), apresenta-se a justificação para o desenvolvi-
mento deste indicador global.
Na Figura 4.22, apresentam-se os valores relativos à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01. Pode-se estimar a geração total de resíduos associados ao subcapítulo 17 01 entre 137 e 1290 kg/m2. Refira-se ainda que o intervalo
estimado pode ser decomposto de acordo com o tipo de estrutura do edifício: entre 137 e 390 kg/m2, para edifícios com a estrutura em madeira; entre 162 e 541 kg/m2, para edifícios com a estrutura em alvenaria; e entre 811 e 1290
kg/m2, para edifícios com a estrutura em betão armado. No Quadro 4.14 (Explicação C), apresenta-se a forma como este indicador foi produzido.
Apresenta-se, na Figura 4.23, os dados relativos ao código 17 02 01 (madeira). Como se pode observar, os valores contabilizados variam entre 12 e 275 kg/m2, evidenciando bem a importância do tipo de estrutura do edifício para a
geração deste tipo de resíduo. Para este código LER, podem ser definidos três intervalos distintos: entre 70 e 275 kg/m2, para edifícios com a estrutura em madeira; entre 12 e 54 kg/m2, para edifícios com a estrutura em alvenaria; e
entre 12 e 58 kg/m2, para edifícios com a estrutura em betão armado.
Na Figura 4.24, mostra-se os dados contabilizados para o código 17 02 02 (vidro). Com base nos dados obtidos, a produção de resíduos de vidro pode ser estimada entre 0,4 e 2,6 kg/m2. De referir que esta estimativa é semelhante à
desenvolvida por Myhre (2000), que sugere que a geração deste resíduo se situa entre 0,3 e 3,3 kg/m2.
Para o código 17 02 03 (plástico), foi contabilizada uma pequena quantidade de valores. Contudo, pode-se estimar a produção deste tipo de resíduos entre 0,4 e 5,6 kg/m2. Refira-se que esta estimativa é semelhante à desenvolvida por
Myhre (2000), que sugere que a geração deste resíduo se situa entre 0,3 e 6,5 kg/m2 (embora esta estimativa possa conter, também, resíduos de papel).
91137 152 157
216 240293 300
492530
663
766 768 769808
840
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
(kg/
m2 )
84 87 90118
170 176 191 193
298 318
425
486
0
100
200
300
400
500
600
(kg/
m2 )
Indicadores de resíduos de construção e demolição
81
Figura 4.22 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01 para a
demolição residencial (kg/m2)
Figura 4.23 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a demolição residencial (kg/m
2)
Para o código 17 03 02 (misturas betuminosas), foram quantificados poucos dados, não sendo possí-
vel desenvolver uma estimativa fiável. A geração deste fluxo de resíduos varia entre 0,2 e 1,9 kg/m2,
sendo o valor médio de 1,0 kg/m2. Refira-se que os dados obtidos se referem apenas a edifícios com
a estrutura em betão armado.
Na Figura 4.25, apresenta-se os valores relativos ao código 17 04 07 (mistura de metais). Como se
pode observar, a geração deste fluxo de resíduos varia entre 3,2 e 28,4 kg/m2. De realçar que, este
intervalo é similar ao desenvolvido por Myhre (2000), que sugere que a geração deste tipo de resí-
duos se situa entre 3,3 e 29 kg/m2. Da interpretação dos dados, pode-se concluir ainda que, a produ-
ção de resíduos de metais se situa entre: 3,4 e 4,2 kg/m2, para edifícios com a estrutura em alvenaria;
4,8 e 22,5 kg/m2, para edifícios com a estrutura em madeira; 9,8 e 28,4 kg/m2, para edifício com a
estrutura em betão armado. Para edifícios com a estrutura metálica, a geração deste fluxo de resí-
duos ronda 55 kg/m2. Contudo, este valor foi estimado apenas com base no estudo da CYPE Ingenie-
ros (2010).
13
7
15
7
16
2
17
1
22
0
23
6
24
0 39
0
39
4
40
3 48
5
51
6
53
0
54
1
81
1
84
0 97
9
10
12
10
87
12
34
12
46
12
90
0200400600800
100012001400
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Co
elh
o (
20
10
)
Co
elh
o (
20
10
)
Co
elh
o (
20
10
)
3D
/In
tern
atio
nal
(se
m d
ata)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Mañ
à i R
eixa
ch e
t al
. (2
00
0)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Nix
on
(1
97
4)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Mañ
à i R
eixa
ch e
t al
. (2
00
0)
Lage
et
al. (
20
10
)
Co
elh
o (
20
10
)
Co
elh
o (
20
10
)
(kg/
m2)
12
12 23 25 26 32 4
9 50 53 58 70 8
7 90
90
90 10
0
10
6
18
5
24
1 27
5
0
50
100
150
200
250
300
Mañ
à i R
eixa
ch e
t al
. (2
00
0)
Co
elh
o (
20
10
)
Nix
on
(1
97
6)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Co
elh
o (
20
10
)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Co
elh
o (
20
10
)
Co
elh
o (
20
10
)
Lage
et
al. (
20
10
)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
3D
/In
tern
atio
nal
(se
m d
ata)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
(kg/
m2)
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
82
Figura 4.24 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 02 para a demolição residencial (kg/m
2)
Figura 4.25 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 04 07 para a demolição residencial (kg/m
2)
Para o código 17 06 04 (materiais de isolamento), apenas foram contabilizados dois indicadores.
Como tal, optou-se por utilizar a estimativa de Myhre (2000), que sugere que a produção destes resí-
duos se situa entre 0,1 e 2,2 kg/m2. Decidiu-se aproveitar este intervalo por nele estar contido o
outro indicador quantificado.
Apresenta-se, na Figura 4.26, os dados relativos ao código 17 08 02 (materiais de construção à base
de gesso). Da análise dos dados obtidos, pode-se concluir que a produção deste fluxo de resíduos se
situa entre: 10,9 e 105,4 kg/m2, para edifícios com a estrutura em madeira; 68,9 e 84,6 kg/m2, para
edifícios com a estrutura em alvenaria; 10,8 e 64,3 kg/m2, para edifício com a estrutura em betão
armado.
Para o código 17 09 03 (resíduos de construção e demolição contendo substâncias perigosas), foi
contabilizada uma pequena quantidade de valores, sendo a fiabilidade da estimativa desenvolvida
bastante reduzida. Pode-se estimar a geração deste fluxo de resíduos entre 0,4 e 0,6 kg/m2. Contudo,
no caso de os restantes RCD serem contaminados com resíduos perigosos, é expectável que a quan-
tidade gerada deste tipo de resíduos seja bastante superior à estimada.
0,4 0,5 0,6 0,7 0,71,0 1,0 1,1
1,41,5
1,7
2,5 2,6
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
(kg/
m2 )
3,2 3,4 4,2 4,5 4,8 7
,4 7,7 9,8 10
,0
11
,9
13
,5
13
,6 16
,4
18
,8 22
,5 28
,4
55
,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
Mañ
à i R
eixa
ch e
t al
. (2
00
0)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Co
elh
o (
20
10
)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Co
elh
o (
20
10
)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Co
elh
o (
20
10
)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Nix
on
(1
97
6)
Co
elh
o (
20
10
)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
3D
/In
tern
atio
nal
(se
m d
ata)
Lage
et
al. (
20
10
)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
(kg/
m2 )
Indicadores de resíduos de construção e demolição
83
Figura 4.26 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a demolição residencial (kg/m
2)
Apesar de terem sido quantificados valores relativos ao código 17 09 04 (mistura de resíduos de
construção e demolição), não se desenvolveu uma estimativa para este, tendo-se optado antes pelo
desenvolvimento de um indicador para a geração global de RCD na obra. No Quadro 4.14 (Explicação
B), apresenta-se a justificação para a produção deste indicador.
Na Figura 4.27, apresentam-se os dados relativos à geração global de RCD. Estima-se a geração total
de RCD na actividade de demolição residencial entre 195 e 1371 kg/m2. Refira-se ainda que o interva-
lo estimado pode ser decomposto de acordo com o tipo de estrutura do edifício: entre 195 e 725
kg/m2, para edifícios com a estrutura em madeira; entre 302 e 664 kg/m2, para edifícios com a estru-
tura em alvenaria; e entre 805 e 1371 kg/m2, para edifícios com a estrutura betão armado. No Qua-
dro 4.14 (Explicação C), apresenta-se a forma como este indicador foi produzido.
Figura 4.27 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a demolição residencial (kg/m
2)
No Quadro 4.18, apresenta-se os indicadores desenvolvidos para a demolição residencial, bem como
10
,8
10
,9
12
,5
30
,0
30
,0
30
,0
30
,0
33
,3 48
,0
52
,7
56
,2 64
,3
68
,9 81
,3
84
,6 10
0,0
10
5,4
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
Lage
et
al. (
20
10
)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Nix
on
(1
97
6)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
3D
/In
tern
atio
nal
(se
m d
ata)
Co
elh
o (
20
10
)
Co
elh
o (
20
10
)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Co
elh
o (
20
10
)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
(kg/
m2 )
19
5
23
8
25
1
30
2
33
2
34
5 43
5 54
0
54
7
56
2
56
2
57
5
59
5
60
8
61
9
62
0
62
6
66
4
70
0
72
5 80
5 90
0
91
0
91
7 10
53
10
61
11
03 1
26
0
12
61
12
77
13
50
13
71
14
50
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Co
elh
o (
20
10
)
Co
elh
o (
20
10
)
Po
on
et
al. (
20
04
)
Co
elh
o (
20
10
)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Po
on
et
al. (
20
04
)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
3D
/In
tern
atio
nal
(se
m d
ata)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Mañ
à i R
eixa
ch e
t al
. (2
00
0)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Cro
wth
er (
20
00
)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Mañ
à i R
eixa
ch e
t al
. (2
00
0)
Gig
lio (
20
02
)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Nix
on
(1
97
6)
Solís
-Gu
zmán
et
al. (
20
09
)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Wan
g e
Zhao
(2
00
3)
Kh
arru
fa (
20
06
)
Co
elh
o (
20
10
)
Lage
et
al. (
20
10
)
Co
elh
o (
20
10
)
Kar
tam
et
al. (
20
04
)
(kg/
m2)
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
84
o grau de confiança atribuído a cada um deles. Neste, encontram-se realçados os indicadores que
englobam vários códigos LER, para uma melhor compreensão. Refira-se que, conforme se mostra no
Quadro 4.10, o grau de confiança conferido a cada indicador depende, essencialmente, da quantida-
de de dados recolhidos e das conclusões que é possível retirar destes.
Quadro 4.18 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição residencial (kg/m2)
Indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição residencial (kg/m2)
Código LER Tipo de estrutura do edifício
Grau de confiança - Madeira Betão armado Alvenaria
17 01 01 - 137 - 300 492 - 840 91 - 216 Razoável
17 01 02 - 84 - 90 170 - 486 118 - 425 Fraco
17 01 03 - - 10,6 - 17,6 8,3 - 27,1 Fraco
17 01 - 137 - 390 811 - 1290 162 - 541 Razoável
17 02 01 - 70 - 275 12 - 58 12 - 54 Razoável
17 02 02 0,4 - 2,6 - - - Fraco
17 02 03 0,4 - 5,6 - - - Fraco
17 03 02 - - 0,2 - 1,9 - Mau
17 04 07 - 4,8 - 22,5 9,8 - 28,4 3,4 - 4,2 Razoável
17 06 04 0,1 - 2,2 - - - Mau
17 08 02 - 10,9 - 105,4 10,8 - 64,3 68,9 - 84,6 Razoável
17 09 03 0,4 - 0,6 - - - Mau
Total - 195 - 725 805 - 1371 302 - 664 Bom
Não residencial
Foram contabilizados 15 estudos com indicadores de geração de RCD relativos à demolição não resi-
dencial, como se mostra no Quadro 4.19. Neste, encontram-se realçados os valores que nitidamente
se destacam dos restantes. Após a exclusão dos outliers, foi criado um gráfico de barras, para os
códigos LER que continham mais informação, de modo a permitir uma melhor comparação de valo-
res. Seguidamente, procede-se à análise dos indicadores desenvolvidos para a actividade de demoli-
ção residencial.
Na Figura 4.28, mostra-se os dados relativos ao código 17 01 01 (betão). Como se pode observar, a
geração de resíduos de betão varia entre 216 e 768 kg/m2. Este intervalo pode, ainda, ser decompos-
to conforme o tipo de estrutura do edifício. Para edifícios com a estrutura em betão armado, estima-
se a geração de resíduos de betão entre 401 e 768 kg/m2, enquanto que, para edifícios com a estru-
tura em alvenaria, esta se situa entre 216 e 373 kg/m2. Refira-se que foram excluídos, desde logo, os
valores do estudo de Coelho (2010) por se considerar que estes são demasiado elevados, destacan-
do-se bastante dos restantes valores recolhidos.
Para o código 17 01 02 (tijolos), foram contabilizados poucos valores, não sendo possível realizar
uma estimativa fiável. Ainda assim, pode-se estimar a geração de resíduos de tijolos entre 176 e 438
kg/m2. O valor de 44 kg/m2, referente a edifícios com a estrutura em betão armado, não foi incluído
na estimativa por ser demasiado pequeno, apresentando uma ordem de grandeza semelhante à dos
valores quantificados para a actividade de nova construção. Da interpretação dos dados obtidos,
pode-se concluir ainda que, para edifícios com a estrutura em alvenaria, o intervalo se deve situar
entre 298 e 438 kg/m2.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
85
Quadro 4.19 – Indicadores de geração de RCD na actividade de demolição não residencial determinados em estudos anteriores
Estudo País Observações Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Bergsdal et al. (2007) Noruega
- 1103,25 1012,46 1012,46 48,55 0,44 0,3211
7,70 0,01 0,42 31,21
- 601,95 519,34 519,34 17,09 0,20 2,5711
45,31 0,09 0,31 0,23 14,67
Myhre (2000) 2 387 – 1164 387 – 1164 23,6 - 98,5 0,3 - 3,3 0,3 - 6,5
11 1,00 3,3 – 29 0,1 – 2,2 0 – 4,1 0,57 22,8 – 35,3
Metro Vancouver (2008) Canadá - 764,00 519,527 519,52 122,24 38,20 84,04
Franklin Associates (1998)
EUA
- 742,15 489,82 7,42 497,24 118,74 14,84 37,11
- 756,80
3D/International (sem data) 10
756,80 401,10 401,10 158,93 22,70 52,98 75,68
Cochran et al. (2007) 4 845,00 690,00 690,00 1,50 44,00 110,00
Kartam et al. (2004) Kuwait - 1750,00
Wang e Zhao (2003) China 2, 9
1260,00
Mañà i Reixach et al. (2000)
Espanha
3, 5 824,92 373,32 437,73 811,05 11,46 0,05 1,53 0,83
CYPE Ingenieros (2010)
2, 5 664,00 215,80 298,10 27,10 541,00 32,40 0,60 0,40 3,40 81,30 4,90
2, 4 1061,10 767,85 193,27 17,57 978,69 2,40 1,50 0,80 13,60 52,71 10,40
2, 6 619,10 293,00 176,00 16,00 25,00 0,70 0,40 55,00 48,00 5,00
Lage et al. (2010) 2, 4
1350,00 662,85 571,05 1233,90 58,05 1,35 1,35 28,35 10,80 10,80
Giglio (2002)
Itália 2 1000-2000
Dinamarca 2 900,00
Reino Unido 2 31,00
Crowther (2000) Austrália - 600,00
Fatta et al. (2003) Grécia 2 2850,00
Coelho (2010) Portugal
- 35,00 25,30 25,30 0,75 1,32 7,26 0,12 0,35
- 258,00
27,73 27,73 121,76 4,43
29,91
4 1637,00 1328,83 43,89 7,32 179,18 1559,22 19,94 1,48 21,33
8 34,76
4 2410,00 1976,00 4,27 357,21 2337,48 4,05 9,32 6,07 52,83
1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Desconhece-se se os valores correspondem a edifícios residenciais ou não residenciais
3 Valores convertidos de m
3/m
2 para kg/m
2
4 Edifícios com a estrutura em betão armado
5 Edifícios com a estrutura em alvenaria
6 Edifícios com a estrutura metálica
7 Pode conter resíduos de misturas betuminosas
8 Pode conter resíduos de alcatrão
9 Valores também utilizados por Shi e Xu (2006)
10 Valores desenvolvidos a partir do estudo da Franklin Associates (1998)
11 Pode conter resíduos de papel
Para o código 17 01 03 (ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos), apenas foram quantificados dados de dois estudos. Pode-se estimar a produção deste fluxo de resíduos entre 16,0 e 27,1 kg/m2. Refira-se que foram excluídos os valores
do estudo de Coelho (2010), por se considerar que estes são demasiado reduzidos, apresentando uma ordem de grandeza semelhante à dos valores quantificados para a actividade de nova construção.
Nesta investigação, produziram-se indicadores para cada um dos fluxos de resíduos que compõem o subcapítulo 17 01 mas, também, para a sua totalidade. No Quadro 4.14 (Explicação A), apresenta-se a justificação para o desenvolvi-
mento deste indicador global.
Na Figura 4.29, apresenta-se os valores relativos à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01. Pode-se estimar a geração total de resíduos associados ao subcapítulo 17 01 entre 485 e 1234 kg/m2. Refira-se ainda que o intervalo
estimado pode ser decomposto de acordo com o tipo de estrutura do edifício. Assim, para edifícios com a estrutura em alvenaria, estima-se a geração destas fracções de resíduos entre 541 e 811 kg/m2, enquanto que, para edifícios
com a estrutura em betão armado se estima esta entre 497 e 1234 kg/m2. No Quadro 4.14 (Explicação C), apresenta-se a forma como este indicador foi produzido.
Apresenta-se, na Figura 4.30, os dados relativos ao código 17 02 01 (madeira). Como se pode observar, os valores contabilizados variam entre 11 e 159 kg/m2, evidenciando bem a importância do tipo de estrutura do edifício para a
geração deste tipo de resíduo. Para este código LER, podem ser definidos dois intervalos distintos: entre 11 e 32 kg/m2, para edifícios com a estrutura em alvenaria; e entre 20 e 159 kg/m2, para edifícios com a estrutura em betão
armado.
A geração de resíduos de vidro (código 17 02 02) varia entre 0,2 e 4,4 kg/m2, conforme se mostra no Quadro 4.19. De referir que esta estimativa é semelhante à desenvolvida por Myhre (2000), que sugere que a geração deste resíduo
se situa entre 0,3 e 3,3 kg/m2.
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
86
Figura 4.28 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 01 01 para a demolição não residencial (kg/m
2)
Figura 4.29 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01 para a demolição não
residencial (kg/m2)
Figura 4.30 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a demolição não residencial (kg/m
2)
Figura 4.31 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 04 07 para a demolição não residencial (kg/m
2)
Para o código 17 02 03 (plástico), foi contabilizada uma pequena quantidade de valores. Contudo, pode-se estimar a produção deste tipo de resíduos entre 0,4 e 6,1 kg/m2. De realçar que esta estimativa é semelhante à desenvolvida
por Myhre (2000), que sugere que a geração deste resíduo se situa entre 0,3 e 6,5 kg/m2 (embora esta estimativa possa conter, também, resíduos de papel).
Para o código 17 03 02 (misturas betuminosas), foi quantificada uma amostra muito reduzida, não sendo possível desenvolver uma estimativa fiável. A geração deste fluxo de resíduos varia entre 1,0 e 21,3 kg/m2. Contudo, não é
expectável que a geração deste tipo de resíduos atinja valores tão elevados como 14,8 e 21,3 kg/m2. Pode-se estimar, assim, a geração de resíduos de misturas betuminosas entre 1,0 e 1,4 kg/m2.
Na Figura 4.31, apresenta-se os valores relativos ao código 17 04 07 (mistura de metais). Como se pode observar, a geração deste fluxo de resíduos varia entre 3,4 e 55,0 kg/m2. Da interpretação dos dados obtidos, pode-se concluir
ainda que o limite inferior reflecte a geração de resíduos de metal em edifícios com a estrutura em alvenaria, enquanto que o limite superior reflecte essa mesma geração em edifícios com a estrutura metálica. Para edifícios com a
estrutura em betão armado, que representam a maioria dos casos analisados, a geração deste tipo de resíduos situa-se entre 28,4 e 53,0 kg/m2.
216293
373 401
490 520
663 690768
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
(kg/
m2
)
401497 519 520 541
690811
979 1012
1234
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
(kg/
m2 )
1117 20 25
32
4958
119 122 122
159
0
20
40
60
80
100
120
140
160
(kg/
m2 )
3,47,3 7,7
13,6
28,4 29,934,8
37,1 38,2
44,0 45,3
52,8 53,0 55,0
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
(kg/
m2 )
Indicadores de resíduos de construção e demolição
87
Para o código 17 06 04 (materiais de isolamento), apenas foram contabilizados três indicadores.
Como tal, optou-se por utilizar a estimativa de Myhre (2000), que sugere que a produção deste resí-
duo se situa entre 0,1 e 2,2 kg/m2. Optou-se por aproveitar este intervalo por neste estarem contidos
os outros indicadores quantificados. Como se optou por esta estimativa também para a demolição
residencial, decidiu-se analisar os dados de ambas as categorias em simultâneo. Da análise destes,
pode concluir-se que o limite inferior desta estimativa (0,1 kg/m2) reflecte a geração deste fluxo de
resíduos em edifícios não residenciais, enquanto que o limite superior (2,2 kg/m2) reflecte essa mes-
ma geração em edifícios residenciais.
Como se pode observar no Quadro 4.19, foram contabilizados poucos dados referentes ao código 17
08 02 (materiais de construção à base de gesso). Estima-se a geração deste fluxo de resíduos entre
10,8 e 81,3 kg/m2. Da interpretação dos dados obtidos, pode-se concluir ainda que, para edifícios
com a estrutura em betão armado, o intervalo deve situar-se entre 10,8 e 75,7 kg/m2.
Para o código 17 09 03 (resíduos de construção e demolição contendo substâncias perigosas), foi
contabilizada uma pequena quantidade de valores, sendo a fiabilidade desta estimativa bastante
reduzida. Estima-se a geração deste fluxo de resíduos entre 0,2 e 0,6 kg/m2. No entanto, no caso de
os restantes RCD serem contaminados com resíduos perigosos, é expectável que a quantidade gera-
da deste tipo de resíduos seja bastante superior à estimada.
Apesar de terem sido quantificados valores relativos ao código 17 09 04 (mistura de resíduos de
construção e demolição), não se desenvolveu uma estimativa para este, tendo-se optado antes pelo
desenvolvimento de um indicador para a geração global de RCD na obra. No Quadro 4.14 (Explicação
B), apresenta-se a justificação para a produção deste indicador.
Apresenta-se, na Figura 4.32, os dados relativos à geração total de RCD. Estima-se a produção global
de resíduos, em obras de demolição não residencial, entre 664 e 1637 kg/m2. Refira-se ainda que o
intervalo estimado pode ser decomposto de acordo com o tipo de estrutura do edifício: entre 664 e
825 kg/m2, para edifícios com a estrutura em alvenaria; e entre 742 e 1637 kg/m2, para edifícios com
a estrutura em betão armado. Segundo os dados de Bergsdal et al. (2007), edifícios industriais e agrí-
colas tendem para o limite inferior deste intervalo, enquanto que edifícios de serviços tendem para o
limite superior. No Quadro 4.14 (Explicação C), apresenta-se a forma como este indicador foi produ-
zido.
No Quadro 4.20, apresenta-se os indicadores desenvolvidos para a demolição não residencial, bem
como o grau de confiança atribuído a cada um deles. Neste, encontram-se realçados os indicadores
que englobam vários códigos LER, para uma melhor compreensão. Refira-se que, conforme se mos-
tra no Quadro 4.10, o grau de confiança conferido a cada indicador depende, essencialmente, da
quantidade de dados recolhidos e das conclusões que é possível retirar destes.
4.4.3. Reabilitação
Residencial
Foram contabilizados 11 estudos com indicadores de geração de RCD relativos à reabilitação residen-
cial, como se mostra no Quadro 4.21. Refira-se que os dados quantificados se referem, essencial-
mente, à geração total de RCD, sendo escassa a informação sobre a composição dos resíduos produ-
zidos nesta categoria. Como tal, optou-se por não excluir, desde logo, nenhum dos valores obtidos,
ao contrário do que sucedeu nas categorias anteriores. Para os códigos LER que continham mais
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
88
informação, foi criado um gráfico de barras, de modo a permitir uma melhor comparação de valores.
Seguidamente, procede-se à análise dos indicadores desenvolvidos para a actividade de reabilitação
residencial.
Figura 4.32 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a demolição não residencial
(kg/m2)
Quadro 4.20 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição não residencial (kg/m2)
Indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição não residencial (kg/m2)
Código LER Tipo de estrutura do edifício
Grau de confiança - Madeira Betão armado Alvenaria
17 01 01 - - 401 - 768 216 - 373 Fraco
17 01 02 176 - 438 - - 298 - 438 Fraco
17 01 03 16 - 27 - - - Fraco
17 01 - - 497 - 1234 541 - 811 Razoável
17 02 01 - - 20 - 159 11-32 Razoável
17 02 02 0,2 - 4,4 - - - Fraco
17 02 03 0,4 - 6,1 - - - Mau
17 03 02 1,0 - 1,4 - - - Mau
17 04 07 3,4 - 55,0 - 28,4 - 53,0 - Razoável
17 06 04 0,1 - 2,2 - - - Mau
17 08 02 10,8 - 81,3 - 10,8 - 75,7 - Fraco
17 09 03 0,2 - 0,6 - - - Mau
Total 600 - 1750 - 742 - 1637 664 - 825 Bom
Como se observa no Quadro 4.21, somente foram contabilizados quatro dados relativos à geração de
resíduos de betão (código 17 01 01). Pode-se estimar a geração deste fluxo de resíduos entre 18,9 e
45,9 kg/m2.
60
0
60
2
61
9
66
4
74
2
75
7
75
7
76
4
82
5
84
5
90
0 10
61
11
03
12
60
13
50 1
63
7
17
50
24
10 28
50
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Cro
wth
er (
20
00
)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
3D
/In
tern
atio
nal
(se
m d
ata)
Met
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anco
uve
r (2
00
8)
Mañ
à i R
eixa
ch e
t al
. (2
00
0)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Gig
lio (
20
02
)
CYP
E In
gen
iero
s (2
01
0)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Shi e
Xu
(2
00
6)
Lage
et
al. (
20
09
)
Co
elh
o (
20
10
)
Kar
tam
et
al. (
20
04
)
Co
elh
o (
20
10
)
Fatt
a et
al.
(20
03
)
(kg/
m2)
Indicadores de resíduos de construção e demolição
89
Quadro 4.21 – Indicadores de geração de RCD na actividade de reabilitação residencial determinados em estudos anteriores
Estudo País Observações Geração de RCD por código LER associado (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Bergsdal et al. (2007) Noruega
- 89,47 40,40 40,40 37,94 0,29 0,38 0,62 5,90 0,03 2,70
- 60,13 30,45 30,45 8,06 0,29 4,06 0,14 2,44 0,03 13,48
Myhre (2000) 2 18,8 – 40,4 18,8 – 40,4 2,3 – 42,6 0,4 0,2 - 4 0,1 - 0,6 2,3 – 5,9 0,05 2,2 - 10,8
Metro Vancouver (2008) Canadá - 84,00
Kharrufa (2007) Iraque - 328,00
Lage et al. (2010) Espanha 2 90,00
Giglio (2002) Itália
2 50-100
Dinamarca 2 10,00
Coelho (2010) Portugal
- 92,00 63,33 12,56 9,79 85,68 5,02 0,84 0,16
- 396,69 21,39 319,46 3,05 19,34 363,24 6,69 0,65 2,61 23,49
- 177,00 106,08 68,46 174,54 2,01 0,23
O'Brien & Associates e Palermini & Associates (1993)
EUA
3 28,18 10,27 1,72 3,60
3 92,12 18,90 1,06 19,96 34,98 1,42 0,58 0,48 5,45
4 125,42 45,93 5,10 51,02 18,38 14,75
Cochran et al. (2007)
- 81,11 25,00 2,30 27,30 29,00 1,30 0,75 9,40 12,00 5 12,00 12,00
5 6,80 6,80
Franklin Associates (1998)
- 95,40 4 351,85
3 96,04
3 312,32
5 16,15
Salinas (2002)
Brasil 2, 6
110,00
Portugal
2, 3 40,65
2, 3 23,75
2, 3 27,38
1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Desconhece-se se os valores correspondem a edifícios residenciais ou não residenciais
3 Remodelação de uma cozinha
4 Remodelação de uma casa de banho
5 Substituição de cobertura
6 Valor retirado de estudos anteriores
7 Não foi contabilizada a cobertura
Para o código 17 01 02 (tijolos), apenas foram contabilizados valores do estudo de Coelho (2010), apresentando-se estes bastante dispersos. Ainda assim, pode-se estimar a geração de resíduos de tijolos entre 63,3 e 319,5 kg/m2.
Para o código 17 01 03 (ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos), foram quantificados dados de três estudos. A produção deste fluxo de resíduos varia, essencialmente, entre 1,1 e 3,1 kg/m2. Contudo, não se pode desprezar o valor de
12,6 kg/m2 pois, se para a actividade de demolição residencial se podem obter valores desta ordem de grandeza, também tal pode acontecer para a actividade de reabilitação residencial (que é composta por trabalhos de demolição e
de nova construção). Estima-se, assim, a geração deste fluxo de resíduos entre 1,1 e 12,6 kg/m2.
Nesta investigação, produziram-se indicadores para cada um dos fluxos de resíduos que compõem o subcapítulo 17 01 mas, também, para a sua totalidade. No Quadro 4.14 (Explicação A), apresenta-se a justificação para o desenvolvi-
mento deste indicador global.
Na Figura 4.33, apresentam-se os valores relativos à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01. Pode-se estimar a geração total de resíduos associados ao subcapítulo 17 01 entre 20 e 363 kg/m2. No Quadro 4.14 (Explicação C),
apresenta-se a forma como este indicador foi produzido. Refira-se apenas que, para esta categoria, a estimativa desenvolvida acaba por não ser muito semelhante à que resultaria do somatório dos indicadores produzidos para os
diversos códigos LER (associados ao subcapítulo 17 01).
Apresenta-se, na Figura 4.34, os valores relativos à produção de resíduos de madeira (código 17 02 01). Da análise destes, pode-se estimar a geração de resíduos de madeira entre 2,0 e 37,9 kg/m2. Refira-se que esta estimativa é seme-
lhante à desenvolvida por Myhre (2000), que sugere a geração destes resíduos entre 2,3 e 42,6 kg/m2.
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
90
Figura 4.33 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01 para a reabilitação resi-
dencial (kg/m2)
Figura 4.34 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a reabilitação residencial (kg/m
2)
Figura 4.35 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 02 para a reabilitação residencial (kg/m2)
Figura 4.36 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a reabilitação residencial (kg/m
2)
Na Figura 4.35, mostra-se os valores referentes à geração de resíduos de vidro (código 17 02 02). Apesar de terem sido contabilizados poucos valores, pode-se estimar a produção deste fluxo de resíduos entre 0,2 e 1,4 kg/m2.
Apenas foram contabilizados dois valores relativos à geração de resíduos de plástico (código 17 02 03), o que não permite fazer uma estimativa fiável da produção deste tipo de resíduos. Ainda assim, pode-se estimar a produção deste
fluxo de resíduos entre 0,6 e 1,3 kg/m2.
Para o código 17 03 02 (misturas betuminosas), foi quantificado somente o valor de 12 kg/m2. Refira-se que este valor representa apenas os resíduos gerados na substituição de materiais asfálticos numa cobertura. Como tal, não pode
servir como indicador da geração deste fluxo de resíduos na actividade de reabilitação residencial, pois não caracteriza a totalidade dos trabalhos que se inserem nesta actividade.
Como se pode observar no Quadro 4.21, foram contabilizados poucos dados referentes ao código 17 04 07 (mistura de metais). Estima-se a geração deste fluxo de resíduos entre 0,4 e 6,8 kg/m2. De referir que esta estimativa é seme-
lhante à desenvolvida por Myhre (2000), que sugere a geração destes resíduos entre 0,2 e 4,0 kg/m2.
Para o código 17 06 04 (materiais de isolamento), foi quantificada uma pequena parcela de valores. Como tal, optou-se por utilizar a estimativa de Myhre (2000), que sugere que a produção destes resíduos se situa entre 0,1 e 0,6
kg/m2. Decidiu-se validar este intervalo por este compreender os restantes valores contabilizados.
Como se pode observar na Figura 4.36, os valores obtidos para o código 17 08 02 (materiais de construção à base de gesso) variam, essencialmente, entre 2,4 e 9,4 kg/m2. Contudo, não se pode desprezar os valores de 14,8 e 23,5
kg/m2 pois, se para a actividade de demolição residencial se podem obter valores desta ordem de grandeza, também tal pode acontecer para a actividade de reabilitação residencial. Estima-se, assim, a geração deste fluxo de resíduos
entre 2,4 e 23,5 kg/m2.
20,0 27,3 30,5 40,4 51,085,7
174,5
363,2
0,050,0
100,0150,0200,0250,0300,0350,0400,0
(kg/
m2)
2,05,0 6,7 8,1
10,3
18,4
29,0
35,037,9
0,05,0
10,015,020,025,030,035,040,0
(kg/
m2)
0,2 0,3 0,30,4
0,70,8
1,4
0,00,20,40,60,81,01,21,41,6
(kg/
m2 )
0,22,4 3,6
5,5 5,9
9,4
14,8
23,5
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
(kg/
m2)
Indicadores de resíduos de construção e demolição
91
Para o código 17 09 03 (resíduos de construção e demolição contendo substâncias perigosas), foi
contabilizada uma pequena quantidade de valores, sendo a fiabilidade desta estimativa bastante
reduzida. Estima-se a geração deste fluxo de resíduos entre 0,03 e 0,05 kg/m2. No entanto, no caso
de os restantes RCD serem contaminados com resíduos perigosos, é expectável que a quantidade
gerada deste tipo de resíduos seja bastante superior à estimada.
Apesar de terem sido quantificados valores relativos ao código 17 09 04 (mistura de resíduos de
construção e demolição), não se desenvolveu uma estimativa para este, tendo-se optado antes pelo
desenvolvimento de um indicador para a geração global de RCD na obra. No Quadro 4.14 (Explicação
B), apresenta-se a justificação para a produção deste indicador.
Apresenta-se, na Figura 4.37, os dados relativos à geração total de RCD. Estima-se a produção global
de resíduos, em obras de reabilitação residencial, entre 28 e 397 kg/m2. Optou-se pelo valor de 28
kg/m2 para definir o limite inferior deste intervalo, pois os valores abaixo deste correspondem ape-
nas a trabalhos de substituição de cobertura, não representando a generalidade dos trabalhos de
reabilitação. Os valores de Salinas (2002) também não foram utilizados, já que a autora assumiu que
estes eram demasiado baixos para caracterizarem a real dimensão da geração de RCD em trabalhos
de reabilitação. No Quadro 4.14 (Explicação C), apresenta-se a forma como este indicador foi produ-
zido. Refira-se apenas que, para esta categoria, a estimativa desenvolvida acaba por não ser muito
similar à que resultaria do somatório dos indicadores produzidos para os diversos códigos LER.
Figura 4.37 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a reabilitação residencial
(kg/m2)
No Quadro 4.22, apresenta-se os indicadores desenvolvidos para a reabilitação residencial, bem
como o grau de confiança atribuído a cada um deles. Neste, encontram-se realçados os indicadores
que englobam vários códigos LER, para uma melhor compreensão. Refira-se que, conforme se mos-
tra no Quadro 4.10, o grau de confiança conferido a cada indicador depende, essencialmente, da
quantidade de dados recolhidos e das conclusões que é possível retirar destes.
7 10 12 16 24 27 28 4
1 60 8
1 84 89 90 92
92 95 96 1
10 12
5
17
7
31
2 32
8 35
2
39
7
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Gig
lio (
20
02
)
Co
chra
n e
t al
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00
7)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Salin
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20
02
)
Salin
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20
02
)
O'B
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sso
ciat
es e
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…
Salin
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20
02
)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Met
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anco
uve
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00
8)
Ber
gsd
al e
t al
. (2
00
7)
Lage
et
al. (
20
10
)
Co
elh
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20
10
)
O'B
rien
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sso
ciat
es e
Pal
erm
ini &
…
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Salin
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20
02
)
O'B
rien
& A
sso
ciat
es e
Pal
erm
ini &
…
Co
elh
o (
20
10
)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Kh
arru
fa (
20
07
)
Fran
klin
Ass
oci
ates
(1
99
8)
Co
elh
o (
20
10
)
(kg/
m2)
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
92
Quadro 4.22 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação residencial (kg/m2)
Indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação residencial (kg/m2)
Código LER Indicadores de RCD Grau de confiança
17 01 01 18,9 - 45,9 Mau
17 01 02 63,3 - 319,5 Mau
17 01 03 1,1 - 12,6 Mau
17 01 20 - 363 Fraco
17 02 01 2,0 - 37,9 Fraco
17 02 02 0,2 - 1,4 Fraco
17 02 03 0,6 - 1,3 Mau
17 03 02 121 Mau
17 04 07 0,4 - 6,8 Fraco
17 06 04 0,1 - 0,6 Mau
17 08 02 2,4 - 23,5 Fraco
17 09 03 0,03 - 0,05 Mau
Total 28 - 397 Razoável 1 Estimativa relativa apenas à substituição de materiais asfálticos na cobertura
Não residencial
Foram contabilizados 11 estudos com indicadores de geração de RCD relativos à reabilitação não
residencial, como se mostra no Quadro 4.23. Refira-se que os dados quantificados se referem,
essencialmente, à geração total de RCD, sendo escassa a informação sobre a composição dos resí-
duos produzidos nesta categoria. Como tal, optou-se por não excluir nenhum dos valores obtidos, ao
contrário do que sucedeu nas categorias anteriores. Para os códigos LER que continham mais infor-
mação, foi criado um gráfico de barras, de modo a permitir uma melhor comparação de valores.
Seguidamente, procede-se à análise dos indicadores desenvolvidos para a actividade de reabilitação
residencial.
Como se observa no Quadro 4.23, foram contabilizados poucos valores relativos ao código 17 01 01
(betão), apresentando-se estes demasiado dispersos para se poder realizar uma estimativa fiável.
Pode-se estimar a geração deste fluxo de resíduos entre 4,3 e 191,2 kg/m2.
Para o código 17 01 02 (tijolos), foram contabilizados, também, poucos valores. Contudo, neste caso,
os valores apresentam-se mais homogéneos. Pode-se estimar a geração de resíduos de tijolos entre
11,2 e 62,0 kg/m2.
Para o código 17 01 03 (ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos), apenas foram quantificados dados
de um estudo. Estima-se a produção deste fluxo de resíduos entre 0,2 e 16,9 kg/m2, mas a fiabilidade
desta estimativa é bastante reduzida.
Nesta investigação, produziram-se indicadores para cada um dos fluxos de resíduos que compõem o
subcapítulo 17 01 mas, também, para a sua totalidade. No Quadro 4.14 (Explicação A), apresenta-se
a justificação para o desenvolvimento deste indicador global.
Na Figura 4.38, apresentam-se os valores relativos à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01.
Pode-se estimar a geração total de resíduos associados ao subcapítulo 17 01 entre 19 e 318 kg/m2.
No Quadro 4.14 (Explicação C), apresenta-se a forma como este indicador foi produzido.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
93
Quadro 4.23 – Indicadores de geração de RCD na actividade de reabilitação não residencial determinados em estudos anteriores
Estudo País Observações Geração de RCD por código LER associado (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Bergsdal et al. (2007) Noruega
- 60,13 30,45 30,45 8,06 0,29 4,06 0,14 2,44 0,03 13,48
- 33,18 18,77 18,77 2,30 0,29 6,05 0,10 2,30 0,03 2,70
Myhre (2000) 2 18,8 – 40,4 18,8 – 40,4 2,3 – 42,6 0,40 0,2 - 4 0,1 - 0,6 2,3 – 5,9 0,05 2,2 - 10,8
Metro Vancouver (2008) Canadá - 39,00
Lage et al. (2010) Espanha 2 90,00
Giglio (2002) Itália
2 50-100
Dinamarca 2 10,00
Coelho (2010) Portugal
- 190,00 11,24 175,58 186,82 0,42 0,87 1,90 0,18
- 104,00 4,30 50,51 16,90 71,71 9,52 22,85
- 326,13 191,21 62,02 0,16 64,20 317,59 0,37
1,40 6,90
- 167,04 46,12 0,24 113,88 160,24 2,44 0,89 0,02 3,07
Franklin Associates (1998)
EUA
- 86,28
3D/International (sem data) - 86,28 18,98 18,98 24,16 2,59 16,39 18,98
Kibert (2002) - 320,00
Cochran et al. (2007)
- 20,40 4,20 1,00 13,00 2,20 3 39,00 21,00 21,00 8,00 10,00
3 4,10 4,10
3 1,60 1,60
3 12,00 12,00
3 3,00 3,00
3 1,50 1,50
3 1,40 1,40
3 2,70 2,70
Salinas (2002)
Brasil 2, 4
110,00
Portugal
2, 5 40,65
2, 5 23,75
2, 5 27,38
1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Desconhece-se se os valores correspondem a edifícios residenciais ou não residenciais
3 Substituição de cobertura
4 Valor retirado de estudos anteriores
5 Não foi contabilizada a cobertura
Pode-se estimar a geração de resíduos de madeira (código 17 02 01) entre 2,3 e 24,2 kg/m2, conforme se mostra na Figura 4.39. Contudo, optou-se por utilizar a estimativa de Myhre (2000), que sugere que a produção deste resíduo se
situa entre 2,3 e 42,6 kg/m2. Optou-se por aproveitar este intervalo pois, para além de incluir os restantes valores quantificados, oferece uma maior segurança na estimativa da produção de resíduos de madeira (o limite superior do
intervalo passa a ser de 42,6 kg/m2). Refira-se ainda que, não foram incluídos alguns valores na estimativa (0,37 e 0,42 kg/m2) por se considerar que estes são demasiado reduzidos para poderem reflectir a real dimensão da produção
deste tipo de resíduos na actividade de reabilitação não residencial.
Como se mostra no Quadro 4.23, foram contabilizados poucos dados referentes ao código 17 02 02 (vidro). Contudo, estes apresentam-se suficientemente homogéneos para se poder efectuar uma estimativa com relativa confiança.
Pode-se estimar a geração deste fluxo de resíduos entre 0,3 e 0,9 kg/m2.
Apenas foram contabilizados dois valores relativos à geração de resíduos de plástico (código 17 02 03), o que não permite fazer uma estimativa fiável da produção deste tipo de resíduos. Ainda assim, pode-se estimar a produção deste
fluxo de resíduos entre 1,9 e 2,6 kg/m2.
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
94
Figura 4.38 – Distribuição dos valores referentes à geração total de resíduos do subcapítulo 17 01 para a reabilitação não
residencial (kg/m2)
Figura 4.39 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 02 01 para a reabilitação não residencial (kg/m
2)
Figura 4.40 – Distribuição dos valores referentes ao código 17 08 02 para a reabilitação não residencial (kg/m
2)
Figura 4.41 – Distribuição dos valores referentes à geração total de RCD para a reabilitação não residencial (kg/m
2)
Para o código 17 03 02 (misturas betuminosas), foram quantificados somente dois valores, situando-se a geração deste fluxo de resíduos entre 8 e 12 kg/m2. Contudo, estes valores apenas representam os resíduos gerados na substitui-
ção de materiais asfálticos numa cobertura. Como tal, não podem servir como indicadores da geração deste fluxo de resíduos na actividade de reabilitação não residencial, pois não caracterizam a totalidade dos trabalhos que se inse-
rem nesta actividade.
Como se pode observar no Quadro 4.23, os valores obtidos para o código 17 04 07 (mistura de metais) variam, essencialmente, entre 0,2 e 6,1 kg/m2. Contudo, não se pode desprezar o valor de 16,4 kg/m2 pois, se para a actividade de
demolição não residencial se podem obter valores desta ordem de grandeza, também tal pode acontecer para a actividade de reabilitação não residencial. Estima-se, assim, a geração deste fluxo de resíduos entre 0,2 e 16,4 kg/m2.
Para o código 17 06 04 (materiais de isolamento), foi quantificada uma pequena parcela de valores. Como tal, optou-se por utilizar a estimativa de Myhre (2000), que sugere que a produção destes resíduos se situa entre 0,1 e 0,6
kg/m2. Decidiu-se aproveitar este intervalo por este compreender os restantes valores contabilizados.
Apresenta-se, na Figura 4.40, os valores contabilizados para o código 17 08 02 (materiais de construção à base de gesso). Com base nos dados obtidos, pode-se estimar a geração deste fluxo de resíduos entre 2,3 e 22,9 kg/m2.
Para o código 17 09 03 (resíduos de construção e demolição contendo substâncias perigosas), foi contabilizada uma pequena quantidade de valores, sendo a fiabilidade desta estimativa bastante reduzida. Estima-se a geração deste
fluxo de resíduos entre 0,03 e 0,05 kg/m2. No entanto, no caso de os restantes RCD serem contaminados com resíduos perigosos, é expectável que a quantidade gerada deste tipo de resíduos seja bastante superior à estimada.
18,8 19,0 21,0 30,5
71,7
160,2186,8
317,6
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
350,0
(kg/
m2 )
0,4 0,42,3 2,4
4,2
8,19,5
24,2
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
(kg/
m2 )
2,3 2,4 3,1
6,9
13,0
19,0
22,9
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
(kg/m2)
1,4
1,5
1,6 2,7 3,0 4,1 10
,0
12
,0
20
,4
23
,8
27
,4
33
,2
39
,0
39
,0
40
,7 60
,1 86
,3
86
,3
90
,0
10
4,0
11
0,0 1
67
,0
19
0,0
32
0,0
32
6,1
0,050,0
100,0150,0200,0250,0300,0350,0400,0
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Co
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t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
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. (2
00
7)
Co
chra
n e
t al
. (2
00
7)
Co
chra
n e
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. (2
00
7)
Gig
lio (
20
02
)
Co
chra
n e
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00
7)
Co
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n e
t al
. (2
00
7)
Salin
as (
20
02
)
Salin
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20
02
)
Ber
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00
7)
Co
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t al
. (2
00
7)
Met
ro V
anco
uve
r (2
00
8)
Salin
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20
02
)
Ber
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al e
t al
. (2
00
7)
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klin
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(1
99
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20
10
)
Kib
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(20
02
)
Co
elh
o (
20
10
)
(kg/
m2 )
Indicadores de resíduos de construção e demolição
95
Apesar de terem sido quantificados valores relativos ao código 17 09 04 (mistura de resíduos de
construção e demolição), não se desenvolveu uma estimativa para este, tendo-se optado antes pelo
desenvolvimento de um indicador para a geração global de RCD na obra. No Quadro 4.14 (Explicação
B), apresenta-se a justificação para a produção deste indicador.
Apresenta-se, na Figura 4.41, os dados relativos à geração total de RCD. Estima-se a produção global
de resíduos, em obras de reabilitação não residencial, entre 20 e 326 kg/m2. Optou-se pelo valor de
20 kg/m2 para definir o limite inferior deste intervalo, pois os valores abaixo deste correspondem
apenas a trabalhos de substituição de cobertura, não representando a generalidade dos trabalhos de
reabilitação. No Quadro 4.14 (Explicação C), apresenta-se a forma como este indicador foi produzido.
No Quadro 4.24, apresenta-se os indicadores desenvolvidos para a reabilitação não residencial, bem
como o grau de confiança atribuído a cada um deles. Neste, encontram-se realçados os indicadores
que englobam vários códigos LER, para uma melhor compreensão. Refira-se que, conforme se mos-
tra no Quadro 4.10, o grau de confiança conferido a cada indicador depende, essencialmente, da
quantidade de dados recolhidos e das conclusões que é possível retirar destes.
Quadro 4.24 – Indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação não residencial (kg/m2)
Indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação não residencial (kg/m2)
Código LER Indicadores de RCD Grau de confiança
17 01 01 18,9 - 191,2 Mau
17 01 02 11,2 - 62,0 Mau
17 01 03 0,2 - 16,9 Mau
17 01 19 - 318 Fraco
17 02 01 2,3 - 42,6 Fraco
17 02 02 0,3 - 0,9 Fraco
17 02 03 1,9 - 2,6 Mau
17 03 02 8 - 121 Mau
17 04 07 0,2 - 16,4 Fraco
17 06 04 0,1 - 0,6 Mau
17 08 02 2,3 - 22,9 Fraco
17 09 03 0,03 - 0,05 Mau
Total 20 - 326 Razoável 1 Estimativa relativa apenas à substituição de materiais asfálticos na cobertura
4.5. Síntese conclusiva
Como se pode observar nos indicadores desenvolvidos, em termos de constituição média dos resí-
duos a serem gerados em obra, a grande maioria destes é composta por resíduos de betão e mate-
riais cerâmicos. Estes valores estão de acordo com os resultados apresentados nos capítulos anterio-
res, em que se afirmou ser expectável que estes pudessem representar mais de 80% do total de RCD
gerados. Dos restantes materiais, destacam-se os resíduos de madeira, metais e materiais à base de
gesso, gerados a partir de desperdícios associados à cofragem, montagem de armaduras e colocação
de revestimentos.
Em resumo, é possível estimar a quantidade gerada de RCD a nível da obra, bem como a sua compo-
sição. Contudo, é necessário que se continue a produzir informação no âmbito da geração de RCD, de
4. Indicadores de resíduos de construção e demolição
96
modo a poder-se aumentar a fiabilidade das estimativas desenvolvidas. Nesta investigação, sentiu-se
especialmente dificuldades para produzir indicadores referentes à actividade de reabilitação, devido
a uma clara escassez de valores disponíveis acerca deste tipo de trabalhos.
Após o desenvolvimento dos indicadores de RCD, surge a necessidade de os testar, de modo a validá-
los e, se necessário, ajustá-los à realidade nacional. Assim, procede-se, no capítulo seguinte, à valida-
ção dos indicadores de RCD desenvolvidos nesta pesquisa.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
97
5. Validação dos indicadores propostos
5.1. Considerações preliminares
No capítulo anterior, desenvolveram-se indicadores que permitem estimar a geração de RCD em
obra. Como estes foram obtidos a partir de dados que se revelaram bastante heterogéneos e forte-
mente dependentes da zona em estudo, surge agora a necessidade de testar a sua fiabilidade, verifi-
cando de que forma estes se adaptam à realidade nacional.
A viabilidade dos indicadores propostos é testada, neste capítulo, através da análise de casos de
estudo. Para tal, procedeu-se à obtenção de dados, junto a empresas e Câmaras Municipais, com o
intuito de se efectuar uma análise comparativa entre as quantidades de resíduos efectivamente
obtidas em obra e as quantidades de resíduos determinadas a partir dos indicadores desenvolvidos.
5.2. Casos de estudo: análise e interpretação dos resultados obtidos
Para atingir os objectivos propostos, neste capítulo, de validar e calibrar os indicadores de RCD
desenvolvidos, procedeu-se à análise de casos de estudo. Optou-se por esta abordagem por se tratar
de uma metodologia de investigação que relata com pormenor a situação em estudo, proporcionan-
do uma maior compreensão da realidade.
Tal como em estudos anteriores, foi muito difícil obter informação sobre RCD junto das empresas e
Câmaras Municipais. Para se proceder à elaboração deste capítulo, entrou-se em contacto com inú-
meras entidades mas somente um número muito reduzido destas se disponibilizou a ceder informa-
ção. A falta de colaboração por parte das empresas e entidades do sector, sobre esta matéria, é ana-
lisada mais adiante.
Os indicadores de RCD em geral e, em particular, os desenvolvidos neste trabalho, são mais do que
uma estimativa. Não há obras iguais, cada uma tem a sua própria identidade, tornando-se inexequí-
vel a produção de um valor que se adeqúe a todos os casos. Para trabalhar com este tipo de estima-
tivas é necessário ter conhecimentos no âmbito da gestão de RCD e, acima de tudo, bom senso,
como se mostra de seguida.
5.2.1. Caso de estudo: Grupo Mota-Engil
Neste caso de estudo, examinaram-se as quantidades de resíduos produzidas em 10 obras de nova
construção não residencial. Estes dados foram cedidos pelo Grupo Mota-Engil e apresentam-se com-
pilados no Quadro 5.1. Neste, apresenta-se ainda os indicadores propostos para esta categoria (nova
construção não residencial) e a taxa de aprovação de cada um deles. De modo a permitir uma melhor
comparação entre os dados obtidos e os indicadores propostos foi desenvolvido um sistema de clas-
sificação para os valores recolhidos, como se mostra no Quadro 5.2. Este sistema foi utilizado na
análise de todos os casos de estudo.
Visto que todos os edifícios estudados têm a estrutura em betão armado, optou-se por começar esta
análise pelos indicadores referentes ao subcapítulo 17 01 (betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais
cerâmicos), já que este fluxo de resíduos representa uma parte significativa dos RCD produzidos em
obra.
Relativamente ao indicador proposto para o código 17 01 01 (betão), apenas um dos valores recolhi-
5. Validação dos indicadores propostos
98
dos se situa dentro do intervalo estimado. Contudo, apesar deste resultado menos positivo, pouco se
pode afirmar acerca da fiabilidade deste indicador. Como se pode observar no Quadro 5.1, nas obras
onde foi contabilizada a produção de resíduos de betão, foi também contabilizada a produção de
misturas de betão, tijolos, telhas e materiais cerâmicos. A quantificação destas misturas compromete
a análise do indicador proposto, pois não permite que se apure a quantidade real de resíduos de
betão produzida na obra. Esta situação já era esperada, tanto para este indicador como para os refe-
rentes ao código 17 01 02 (tijolos) e 17 01 03 (ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos) e daí se ter
procedido ao desenvolvimento de um outro indicador relativo à geração total de resíduos do subca-
pítulo 17 01.
Para o indicador relativo à geração total de resíduos pertencentes ao subcapítulo 17 01, a taxa de
aprovação foi de 40% mas esta não reflecte o valor real deste indicador. No Quadro 5.1, pode-se
observar que, na obra NCNR.2 e na NCNR.4 foi produzida uma quantidade bastante elevada de mis-
tura de RCD (código 17 09 04). Este dado sugere que, por estarem contaminados com outros tipos de
materiais, os resíduos de betão, tijolos, telhas e materiais cerâmicos foram contabilizados num códi-
go diferente. Relativamente às restantes obras em que os valores recolhidos se situam fora do inter-
valo estimado, pode-se verificar, no Quadro 5.3, que a quantidade contabilizada deste tipo de resí-
duos é demasiado reduzida para poder representar a totalidade dos resíduos inertes gerados em
obra. Neste, encontram-se realçadas as obras que apresentam uma percentagem muito pequena de
resíduos inertes. Segundo o Dr. João Caixinhas (Ceifa ambiente), a Eng.a Cândida Martins (Câmara
Municipal de Montemor-o-Novo) e o Eng.o Miguel Gama (Opway), esta situação é muito recorrente
em obras de nova construção, onde os resíduos inertes são muitas vezes fragmentados e utilizados
como camada de base de pavimentos. Como apenas os resíduos que são transportados para fora da
obra são pesados, os que são aplicados directamente na obra acabam por não ser contabilizados.
A contabilização incorrecta dos resíduos de betão, tijolos, telhas e materiais cerâmicos acaba por
influenciar, também, a fiabilidade do indicador relativo à geração total de RCD em obra. Como se
pode observar nos Quadros 5.1 e 5.3, as únicas obras onde este indicador não é validado são, tal
como no indicador anterior, aquelas em que a quantidade de resíduos inertes contabilizada é dema-
siado reduzida. Embora a taxa de aprovação determinada seja de apenas 60%, pode-se afirmar que
este indicador tem um bom grau de confiança.
O desempenho do indicador relativo ao código 17 02 01 (madeira) foi bastante positivo. Dos valores
contabilizados para este fluxo de resíduos, apenas um não aprova o indicador proposto. No entanto,
como se mostra no Quadro 5.1, este valor situa-se bastante próximo da estimativa desenvolvida. O
intervalo produzido deve ser ajustado de modo a incluir também este valor.
Os valores recolhidos para o código 17 02 02 (vidro), situam-se dentro do intervalo estimado. No
entanto, como apenas foram recolhidos dois valores, não se pode considerar este indicador total-
mente validado. Ainda assim, estes são suficientes para sugerir que se substitua o intervalo desen-
volvido (entre 0,0 e 0,8 kg/m2) pelo intervalo estimado por Myhre (2000), que situa a produção deste
resíduo entre 0,0 e 0,3 kg/m2 (Quadro 4.15). Optou-se por fazer esta alteração pois, tendo em conta
a ordem de grandeza dos valores recolhidos, é pouco provável que a geração deste tipo de resíduo
atinja 0,8 kg/m2. Ao proceder-se a este acerto, aumenta-se a precisão do indicador proposto. Face
aos resultados obtidos, optou-se por alterar o grau de confiança deste indicador de Mau para Fraco.
No Quadro 5.4, recorda-se como são definidas estas classificações.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
99
Quadro 5.1 – Quantidade de RCD gerados em obras de nova construção não residencial
Dados cedidos por Identificação da obra Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Grupo Mota-Engil
NCNR.1 59,85 59,26 59,26 0,29
NCNR.2 73,17 1,15 1,15 2,83 0,21 0,89 0,11 67,98
NCNR.3 11,45 0,69 0,69 2,57 0,03 0,31 0,06 1,43 0,08 0,57 5,25
NCNR.4 63,82 4,95 1,30 6,25 2,36 0,75 1,94 0,06 52,28
NCNR.5 57,69 49,99 49,99 1,77 0,47 3,31 1,01
NCNR.6 22,32 0,50 2,49 2,99 1,37 0,04 0,25 16,1 0,72 0,59 0,21
NCNR.7 32,05 2,76 2,76 3,51 1,83 4,36 2,44 10,61 5,18
NCNR.8 70,11 19,80 38,36 58,16 2,28 0,01 0,12 1,54 0,50 3,02
NCNR.9 48,02 6,35 30,27 36,62 1,97 0,24 0,15 1,12 0,26 1,63 4,54
NCNR.10 28,11 1,33 2,76 4,09 2,71 1,05 1,44 3,37 1,50 6,46 6,44
Indicadores propostos2 48 - 135 18,3 - 40,1 15,6 - 54,3 0,4 - 3,2 - 32 - 113 1,7 - 5,4 0,0 - 0,8 0,3 - 1,9 0,7 - 6,6 1,0 - 7,2 0,1 - 1,5 2,6 - 6,3 0,01 - 0,74 -
Taxa de aprovação3 60,0% 20,0% - - - 40,0% 88,9% 100,0% 66,7% 25,0% 66,7% 88,9% 0,0% - -
1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Para edifícios com a estrutura em betão armado
3 Reflecte a percentagem de valores que aprovam o indicador proposto
Quadro 5.2 – Sistema de classificação desenvolvido para facilitar a comparação entre os dados obtidos e os indicadores
propostos
Cor do valor recolhido Significado
Verde Aprova o indicador proposto.
Amarelo Situa-se fora do intervalo estimado, mas bastante próximo deste. O indicador proposto deve ser ajustado de modo a incluir também este valor.
Vermelho Situa-se fora do intervalo estimado.
Quadro 5.3 – Percentagem de resíduos de betão, tijolos, telhas e materiais cerâmicos produzidos, em relação ao total, nas diversas obras analisadas
Identificação da obra
Geração de RCD (kg/m2) Percentagem de resíduos inertes
em relação ao total (%) Total 17 01
NCNR.1 59,85 59,26 99,0
NCNR.2 73,17 1,151 1,6
NCNR.3 11,45 0,69 6,0
NCNR.4 63,82 6,251 9,8
NCNR.5 57,69 49,99 86,7
NCNR.6 22,32 2,99 13,4
NCNR.7 32,05 2,76 8,6
NCNR.8 70,11 58,16 82,9
NCNR.9 48,02 36,62 76,3
NCNR.10 28,11 4,09 14,6 1 A maioria dos resíduos inertes foi contabilizada no código 17 09 04
Para o código 17 02 03 (plástico), a taxa de aprovação foi de 66,7% mas esta não reflecte a verdadeira fiabilidade deste indicador. Como se pode observar no Quadro 5.1, dois dos valores obtidos situam-se fora do intervalo estimado,
mas bastante próximos deste. O indicador proposto deve ser ajustado de modo a incluir também estes valores. Em relação ao valor de 0,01 kg/m2, este é demasiado pequeno para que possa representar a totalidade dos resíduos plás-
ticos produzidos nesta obra.
Como se mostra no Quadro 5.1, apenas um dos valores contabilizados para o código 17 03 02 (misturas betuminosas) se situa dentro do intervalo estimado. No entanto, esta situação era esperada, visto que a estimativa foi desenvolvi-
da com base em apenas duas fontes, que apresentavam dados bastante heterogéneos. Dos indicadores propostos para esta categoria este é, seguramente, um dos que precisa de ser mais trabalhado, sendo necessário recolher mais
dados relativos a este tipo de resíduos de modo a produzir um indicador mais fiável. Este indicador é também um dos mais difíceis de estimar, já que a quantidade de resíduos de misturas betuminosas irá variar muito consoante a
necessidade ou não de construção de estradas e caminhos com pavimento asfáltico na periferia do edifício.
A taxa de aprovação do indicador desenvolvido para o código 17 04 07 (mistura de metais) foi de 66,7% mas esta não traduz o real grau de confiança deste indicador. Como se pode observar no Quadro 5.1, o valor de 0,89 kg/m2
encontra-se fora do intervalo estimado, mas muito próximo deste. O indicador proposto deve ser ajustado de modo a incluir também este valor. Quanto ao valor de 16,1 kg/m2, este não devia ter sido contabilizado na determinação da
5. Validação dos indicadores propostos
100
taxa de aprovação, já que parece resultar de uma situação imprevista em obra. Com base em informação adicional, cedida pela Mota-Engil, determinou-se a percentagem de desperdício de ferro e aço, em relação à quantidade de aço
utilizado em armadura, em cada uma das obras analisadas. Este cálculo não tem grande rigor mas permite perceber que, na obra em questão, o desperdício deste tipo de materiais foi extremamente elevado (Quadro 5.5), indicando
que algo de invulgar deve ter sucedido.
Quadro 5.4 – Escala utilizada, no capítulo anterior, na atribuição de um grau de confiança aos indicadores desenvolvidos
Grau de confiança Descrição
Bom Contabilizaram-se muitos valores, apresentando-se estes homogéneos. Valores bastante conclusivos.
Razoável Contabilizaram-se muitos valores, apresentando-se estes heterogéneos. Valores pouco conclusivos.
Fraco Contabilizaram-se poucos valores. É possível, no entanto, retirar conclusões destes.
Mau Recolheu-se uma amostra de valores muito reduzida. Não é possível retirar conclusões destes.
Quadro 5.5 – Percentagem de desperdício de ferro e aço nas diversas obras analisadas
Identificação da obra
Quantidade (ton) Desperdício de
material (%) Aço utilizado em
armadura Resíduo com código
LER 17 04 051
NCNR.10 - - -
NCNR.9 - 78,55 -
NCNR.8 1300 - -
NCNR.7 4070 117,6 2,9
NCNR.6 5665 1913,5 33,8
NCNR.5 2600 102,3 3,9
NCNR.4 4274 96,7 2,3
NCNR.3 6406 181,4 2,8
NCNR.2 894 21,5 2,4
NCNR.1 1759 9,6 0,5 1 Ferro e aço
Para o código 17 06 04 (materiais de isolamento), a taxa de aprovação foi de 88,9%. A análise deste indicador foi muito positiva, visto que apenas um dos valores recolhidos não se situa dentro do intervalo estimado. Face aos resulta-
dos obtidos, optou-se por alterar o grau de confiança deste indicador de Fraco para Bom.
Relativamente ao código 17 08 02 (materiais de construção à base de gesso), nenhum dos valores obtidos viabiliza o indicador proposto, como se mostra no Quadro 5.1. Este cenário não era de todo esperado, já que tinha sido contabi-
lizada uma amostra razoável de valores aquando do desenvolvimento deste indicador. Talvez a melhor explicação para o sucedido seja o facto de, segundo o Dr. João Caixinhas (Ceifa ambiente) e o Eng.o João Almeida (Demotri), em
Portugal não se proceder à separação desta fileira de resíduos na maioria das obras, originando esta falta de rotina uma grande disparidade entre os valores obtidos. Dos indicadores propostos para esta categoria este é, a par do indi-
cador relativo ao código 17 03 02 (misturas betuminosas), um dos que precisa de ser mais trabalhado, sendo necessário recolher mais dados relativos a esta fileira de resíduos de modo a produzir um indicador mais credível.
A análise dos dados cedidos pelo Grupo Mota-Engil permitiu testar 10 dos 13 indicadores desenvolvidos para a nova construção não residencial (para edifícios com a estrutura em betão armado). De um modo geral, os indicadores tive-
ram um bom desempenho, mostrando que, apesar da sua simplicidade, são uma ferramenta útil. É necessário, no entanto, que estes sejam continuamente avaliados e trabalhados, de modo a poder-se melhorar a sua precisão. No
Quadro 5.6, apresentam-se as alterações efectuadas aos indicadores desenvolvidos no capítulo anterior, decorrentes da análise deste caso de estudo.
Quadro 5.6 – Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a nova construção não residencial (para edifícios com a estrutura em betão armado)
Código LER
Antes da análise Após a análise
Indicador de RCD
Grau de confiança
Indicador de RCD
Grau de confiança
17 01 01 18,3 - 40,1 Fraco 18,3 - 40,1 Fraco
17 01 02 15,6 - 54,3 Fraco 15,6 - 54,3 Fraco
17 01 03 0,4 - 3,2 Fraco 0,4 - 3,2 Fraco
17 01 32 - 113 Razoável 32 - 113 Razoável
17 02 01 1,7 - 5,4 Bom 1,3 - 5,4 Bom
17 02 02 0,0 - 0,8 Mau 0,0 - 0,3 Fraco
17 02 03 0,3 - 1,9 Fraco 0,2 - 1,9 Bom
17 03 02 0,7 - 6,6 Fraco 0,7 - 6,6 Mau
17 04 07 1,0 - 7,2 Razoável 0,9 - 7,2 Razoável
17 06 04 0,1 - 1,5 Fraco 0,1 - 1,5 Bom
17 08 02 2,6 - 6,3 Bom 2,6 - 6,3 Mau
17 09 03 0,01 - 0,74 Fraco 0,01 - 0,74 Fraco
Total 48 - 135 Bom 48 - 135 Bom
Indicadores de resíduos de construção e demolição
101
5.2.2. Caso de estudo: Ambisider e Demotri
Neste caso de estudo, examinaram-se as quantidades de resíduos produzidas em 2 obras de demolição residencial e 4 de demolição não residencial. Estes dados foram fornecidos por duas empresas com capacidade e currículo em
demolições selectivas, a Ambisider e a Demotri, e apresentam-se reunidos nos Quadros 5.7 e 5.8. Nestes, apresentam-se ainda os indicadores propostos para as categorias em análise (demolição residencial e não residencial) e, para o
Quadro 5.8, a taxa de aprovação de cada um deles. As obras analisadas neste caso de estudo são todas relativas a edifícios com a estrutura em betão armado, à excepção da obra DR.1 (Quadro 5.7), que é relativa a um edifício em
alvenaria de pedra.
Quadro 5.7 – Quantidade de RCD gerados em obras de demolição residencial
Dados cedidos por Identificação da obra Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Ambisider DR.1
2 2843,83
3 74,16
3 3,33 24,48
3 1,04 2746,53
DR.2 1392,56 8,27 0,49 0,67 5,70 1,58 1369,83
Indicadores propostos
Geral - - - - - - - 0,4 - 2,6 0,4 - 5,6 - - 0,1 - 2,2 - 0,4 - 0,6 -
Betão armado 805 - 1371 492 - 840 170 - 486 10,6 - 17,6 - 811 - 1290 12 - 58 - - 0,2 - 1,9 9,8 - 28,4 - 10,8 - 64,3 - -
1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Edifício com a estrutura em alvenaria de pedra
3 Não foram desenvolvidos indicadores para este código LER para este tipo de estrutura
Quadro 5.8 – Quantidade de RCD gerados em obras de demolição não residencial
Dados cedidos por Identificação da obra Geração de RCD por código LER (kg/m
2)
Total 17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011 17 02 01 17 02 02 17 02 03 17 03 02 17 04 07 17 06 04 17 08 02 17 09 03 17 09 04
Ambisider
DNR.1 1151,38 0,73 3,94 0,54 28,99 0,65 1114,28
DNR.2 113,06 1,29 1,45 0,44 88,22 4,41 3,72 0,95
DNR.3 1431,47 1181,64 1181,64 1,53 0,77 0,02 8,74 0,56 226,44
Demotri DNR.4 1220,09 817,06 373,16 1190,22 7,28 0,73 8,30 13,57
Indicadores propostos2 742 - 1637 401 - 768 176 - 438 16 - 27 - 497 - 1234 20 - 159 0,2 - 4,4 0,4 - 6,1 1,0 - 1,4 28,4 - 53,0 0,1 - 2,2 10,8 - 81,3 0,2 - 0,6 -
Taxa de aprovação3 75,0% 0,0% - - - 100,0% 0,0% 100,0% 75,0% - 25,0% 66,7% 0,0% - -
1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Para edifícios com a estrutura em betão armado
3 Reflecte a percentagem de valores que aprovam o indicador proposto
A reduzida amostra de obras, contabilizada para a actividade de demolição residencial, não permite tirar conclusões quanto à fiabilidade dos indicadores desenvolvidos para esta categoria. Refira-se apenas a fraca triagem de resíduos
efectuada nestas obras, correspondendo a mistura de RCD a mais de 95% do total de resíduos produzidos, como se mostra no Quadro 5.7. A quantificação de misturas de resíduos tão expressivas quanto estas compromete não só a
análise e o desenvolvimento de indicadores, mas também o próprio reaproveitamento de resíduos.
Como se pode observar no Quadro 5.8, a maioria dos indicadores referentes à demolição não residencial deu boas indicações. De destacar o desempenho dos indicadores relativos ao código 17 02 02 (vidro) e ao subcapítulo 17 01
(betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos), que foram aprovados por todos os valores contabilizados.
O indicador referente à geração total de RCD também teve um bom desempenho, não sendo validado apenas por um dos valores quantificados, como se apresenta no Quadro 5.8. Contudo, esse valor (113,06 kg/m2) não afecta a fiabi-
lidade deste indicador, visto que é demasiado reduzido para poder representar a totalidade dos resíduos produzidos nessa obra. A mesma situação ocorreu com o indicador relativo ao código 17 02 03 (plástico). O único valor que não
se situa dentro do intervalo estimado (0,02 kg/m2) é pouco credível para prejudicar o grau de confiança deste indicador. Tendo em conta a boa prestação do indicador relativo aos resíduos de plástico, decidiu-se alterar o grau de con-
fiança de Mau para Fraco.
Dos três valores contabilizados para o código 17 06 04 (materiais de isolamento), dois situam-se dentro do intervalo estimado. No entanto, mais do que a validação deste indicador por parte destes valores, importa perceber que o indi-
cador proposto para este fluxo de resíduos necessita de ser ajustado. Este indicador é muito semelhante àquele que foi estimado para a nova construção não residencial (entre 0,1 e 1,5 kg/m2), acabando por não reflectir a maior gera-
ção desta fileira de resíduos na actividade de demolição. Assim, optou-se por alterar o limite superior deste intervalo para 4,4 kg/m2.
5. Validação dos indicadores propostos
102
Para o código 17 04 07 (mistura de metais), foram obtidos quatro valores mas apenas um aprova o intervalo estimado. No entanto, o grau de confiança neste indicador mantém-se, visto que alguns dos valores contabilizados (8,3 e 8,7
kg/m2) são questionáveis. Com a informação cedida pelo Grupo Mota-Engil, determinou-se a quantidade de aço em armadura, em kg/m2, para as obras analisadas no caso de estudo anterior. Estas obras são relativas a edifícios não
residenciais com a estrutura em betão armado, tal como as que estão a ser analisadas neste caso de estudo. Como se pode observar no Quadro 5.9, a quantidade de aço utilizada em armadura varia, essencialmente, entre 37 e 85,7
kg/m2. Estes valores apenas se referem à utilização de aço em armadura mas permitem perceber que a fracção de resíduos metálicos produzidos em obra será da mesma ordem de grandeza dos valores que definem o intervalo estima-
do para esta fileira de resíduos (entre 28,4 e 53,0 kg/m2).
Como se mostra no Quadro 5.8, o indicador relativo aos resíduos de madeira foi o que teve pior desempenho, não tendo sido validado por nenhum dos valores recolhidos. O insucesso deste indicador deve-se, provavelmente, a um
mau julgamento dos dados obtidos, aquando do seu desenvolvimento, que conduziu à incorporação de valores relativos a edifícios com a estrutura em madeira neste indicador. Actualmente, a madeira utilizada na construção serve,
essencialmente, para a instalação de estruturas e suportes (Ruivo e Veiga, 2004), pelo que este indicador se apresenta bastante inflacionado. Foram contabilizados poucos dados para se desenvolver um indicador mais credível mas
estes parecem sugerir que a produção de resíduos do código 17 02 01 (madeira) na demolição de edifícios com a estrutura em betão armado nunca será superior a 20 kg/m2.
Para os indicadores relativos ao código 17 01 01 (betão) e ao código 17 08 02 (materiais de construção à base de gesso), somente foi contabilizado um valor, como se mostra no Quadro 5.8, o que não permite tirar conclusões acerca da
fiabilidade destes indicadores.
Embora tenha sido contabilizada uma pequena amostra de dados relativos à demolição não residencial, a análise destes possibilitou perceber que estes apresentam alguma credibilidade, podendo ser um instrumento útil na previsão
das quantidades de RCD geradas neste tipo de obras. No entanto, apesar das boas indicações dadas por estes indicadores, é necessário proceder-se à recolha de mais dados, de modo a apurar-se a verdadeira fiabilidade destes. No
Quadro 5.10, apresentam-se as alterações efectuadas aos indicadores desenvolvidos no capítulo anterior, decorrentes da análise deste caso de estudo.
Quadro 5.9 – Quantidade de aço utilizada em armadura nas obras fornecidas pela Mota-Engil
Identificação da obra Quantidade de aço em
armadura (kg/m2)
NCNR.10 -
NCNR.9 -
NCNR.8 54,2
NCNR.7 150,7
NCNR.6 47,6
NCNR.5 80,9
NCNR.4 85,7
NCNR.3 56,9
NCNR.2 37,0 NCNR.1 53,5
Quadro 5.10 – Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a demolição não residencial (para edifícios com a estrutura em betão armado)
Código LER Antes da análise Após a análise
Indicador de RCD
Grau de confiança
Indicador de RCD
Grau de confiança
17 01 01 401 - 768 Fraco 401 - 768 Fraco
17 01 02 176 - 438 Fraco 176 - 438 Fraco
17 01 03 16 - 27 Fraco 16 - 27 Fraco
17 01 497 - 1234 Razoável 497 - 1234 Razoável
17 02 01 20 - 159 Razoável 1 - 20 Mau
17 02 02 0,2 - 4,4 Fraco 0,2 - 4,4 Fraco
17 02 03 0,4 - 6,1 Mau 0,4 - 6,1 Fraco
17 03 02 1,0 - 1,4 Mau 1,0 - 1,4 Mau
17 04 07 28,4 - 53,0 Razoável 28,4 - 53,0 Razoável
17 06 04 0,1 - 2,2 Mau 0,1 - 4,4 Fraco
17 08 02 10,8 - 75,7 Fraco 10,8 - 75,7 Fraco
17 09 03 0,2 - 0,6 Mau 0,2 - 0,6 Mau
Total 742 - 1637 Bom 742 - 1637 Bom
5.2.3. Caso de estudo: Câmara Municipal de Montemor-o-Novo
Neste caso de estudo, examinaram-se as quantidades de resíduos inertes (betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos) produzidas em diversas obras de reabilitação residencial e não residencial. A Câmara Municipal de Mon-
temor-o-Novo (CMMN) recolhe apenas as fracções inertes dos RCD pois, segundo Martins (2009), é muito complicado controlar as restantes fracções. Como estas representam uma porção muito reduzida do total de RCD produzidos
em obra, acabam por ser, muitas vezes, queimadas (madeira), depositadas juntamente com os RSU (vidro, plástico, papel e cartão) ou contrabandeadas (metais).
Como foi cedida uma elevada quantidade de dados (89 obras), essencialmente, relativa à mistura de inertes (betão, tijolos, ladrilhos telhas e materiais cerâmicos), procedeu-se, neste caso de estudo, à análise e apresentação dos dados
relativos a obras residenciais de uma forma diferente das anteriores, de modo a permitir uma melhor percepção e visualização destes. Assim, analisou-se, primeiramente, 18 obras onde existiu o cuidado de tentar separar os resíduos
inertes para, posteriormente, se analisar as restantes 71 obras onde foi contabilizada apenas a mistura deste tipo de resíduos.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
103
No Quadro 5.11, apresenta-se os dados relativos à geração de resíduos de reabilitação em obras
residenciais. Neste, destaca-se o mau desempenho obtido pelos indicadores relativos a um fluxo
específico de resíduos (código 17 01 01, 17 01 02 e 17 01 03). Este desempenho já era esperado, já
que tinha sido atribuído a estes indicadores um grau de confiança de Mau, existindo várias razões
para o explicar. A razão mais evidente é a falta de dados disponíveis relativos à geração de resíduos
em obras de reabilitação. Devido a este aspecto, sentiu-se, neste trabalho, claras dificuldades para
produzir indicadores fiáveis para este tipo de actividade. Outra razão para o sucedido, referida tam-
bém nos casos anteriores, é o facto de existir, na maioria das obras, a produção de misturas de resí-
duos inertes. A produção destas misturas compromete a análise, e mesmo o desenvolvimento, dos
indicadores propostos, pois não permite que se apure a verdadeira quantidade gerada em obra des-
tas fileiras de resíduos (betão, tijolos, ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos).
Quadro 5.11 – Quantidade de resíduos relativos ao subcapítulo 17 01 gerados em obras de reabilitação resi-dencial
Identificação da obra Geração de RCD por código LER associado (kg/m
2)
17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011
RR.1 4,4 113,3 117,7
RR.2 186,0 230,5 416,5
RR.3 8,0 63,6 189,7 261,3
RR.4 61,3 136,1 197,4
RR.5 119,4 418,4 537,8
RR.6 112,5 208,5 321,0
RR.7 96,4 185,5 281,8
RR.8 20,3 20,3
RR.9 47,0 104,5 151,5
RR.10 212,5 212,5
RR.11 31,3 182,5 213,8
RR.12 198,7 81,3 280,0
RR.13 26,9 37,7 27,1 91,7
RR.14 77,2 81,6 158,8
RR.15 56,8 88,0 144,8
RR.16 26,6 7,0 33,6
RR.17 8,0 71,0 79,0
RR.18 25,5 25,5
Indicadores propostos 18,9 - 45,9 63,3 - 319,5 1,1 - 12,6 - 20 - 363
Taxa de aprovação2 0,0% 0,0% 5,9% - 91,0%
3
1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Reflecte a percentagem de valores que aprovam o indicador proposto
3 Percentagem relativa às 89 obras residenciais contabilizadas
Apesar destes obstáculos, o insucesso dos indicadores relativos a estas fileiras parece residir, essen-
cialmente, no facto de os intervalos estimados não terem em conta o tipo e a extensão dos trabalhos
de reabilitação. Como se pode observar no Quadro 5.11, os indicadores propostos para o código 17
01 01 (betão) e 17 01 02 (tijolos) têm um limite inferior demasiado elevado, enquanto que o interva-
lo estimado para o código 17 01 03 (ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos) tem um limite superior
5. Validação dos indicadores propostos
104
demasiado baixo.
Num trabalho de reabilitação de pequena dimensão, como é o caso da renovação do reboco de
paredes, é pouco provável produzir-se, pelo menos, 18,9 kg/m2 de argamassas, tal como é duvidoso
que, num trabalho de maior extensão como é o caso da substituição total de uma cobertura, se pro-
duzam apenas 12,6 kg/m2 de telhas cerâmicas. Com base nestas deduções, apoiadas pelos valores
recolhidos, optou-se por alargar os intervalos desenvolvidos para estes códigos LER (Quadro 5.12),
de modo a que estes possam ser trabalhados em função da extensão e do tipo de actividade de rea-
bilitação.
Quadro 5.12 – Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação residencial
Código LER
Antes da análise Após a análise
Indicador de RCD
Grau de confiança
Indicador de RCD
Grau de confiança
17 01 01 18,9 - 45,9 Mau 4,4 - 45,9 Fraco
17 01 02 63,3 - 319,5 Mau 8,0 - 319,5 Fraco
17 01 03 1,1 - 12,6 Mau 8,0 - 212,5 Fraco
17 01 20 - 363 Fraco 20 - 363 Bom
17 02 01 2,0 - 37,9 Fraco 2,0 - 37,9 Fraco
17 02 02 0,2 - 1,4 Fraco 0,2 - 1,4 Fraco
17 02 03 0,6 - 1,3 Mau 0,6 - 1,3 Mau
17 03 02 121 Mau 12
1 Mau
17 04 07 0,4 - 6,8 Fraco 0,4 - 6,8 Fraco
17 06 04 0,1 - 0,6 Mau 0,1 - 0,6 Mau
17 08 02 2,4 - 23,5 Fraco 2,4 - 23,5 Fraco
17 09 03 0,03 - 0,05 Mau 0,03 - 0,05 Mau
Total 28 - 397 Razoável 28 - 397 Razoável 1 Estimativa relativa apenas à substituição de materiais asfálticos na cobertura
Relativamente ao indicador produzido para os resíduos relativos ao subcapítulo 17 01 (betão, tijolos,
ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos), o desempenho deste foi bastante diferente dos restantes
indicadores, tendo este obtido uma taxa de aprovação de 91%. A boa prestação obtida por este indi-
cador deve-se ao facto de, ao contrário dos outros indicadores, este ter uma grande amplitude (entre
20 e 363 kg/m2), permitindo encaixar dentro do intervalo estimado obras de reabilitação de diferen-
tes tipos e dimensões. No entanto, mais do que a aprovação deste, importa perceber se é possível
melhorar a precisão do intervalo estimado se este for decomposto consoante a extensão e o tipo de
trabalho de reabilitação realizado. Para este efeito, a CMMN forneceu informação adicional que pos-
sibilitou a divisão das obras analisadas segundo o tipo de trabalho realizado. Foi escolhida a mesma
classificação de tarefas de reabilitação utilizada no estudo de Cochran et al. (2007): renovação /
remodelação; e substituição de cobertura.
Apresenta-se, na Figura 5.1, a quantidade de resíduos do subcapítulo 17 01 (betão, tijolos, ladrilhos,
telhas e materiais cerâmicos) produzida na substituição da cobertura de um edifício. Como se pode
observar, a produção deste tipo de resíduos neste tipo de trabalho de reabilitação situa-se, essen-
cialmente, entre 22 e 159 kg/m2, sendo que a substituição total da cobertura tenderá para o limite
superior. À medida que a percentagem de substituição da cobertura diminui, a geração de resíduos
inertes tenderá para o limite inferior. Este intervalo enquadra-se na primeira metade do intervalo
Indicadores de resíduos de construção e demolição
105
estimado para a geração total de resíduos relativos ao subcapítulo 17 01 (entre 20 e 363 kg/m2).
Figura 5.1 – Distribuição dos valores referentes à geração de resíduos do subcapítulo 17 01 na actividade de
substituição de cobertura, em obras residenciais (kg/m2)
Os dados recolhidos para a actividade de renovação / remodelação revelaram-se menos conclusivos,
ocupando estes a totalidade do intervalo estimado. Para este tipo de actividade, tentou-se separar,
ainda, as obras consoante o tipo de tarefas típicas de renovação / remodelação em habitação (substi-
tuição de rebocos e revestimentos, remodelação de cozinhas e casas de banho), como efectuado no
estudo da Franklin Associates (1998). Contudo, como se mostra na Figura 5.2, esta informação adi-
cional foi igualmente inconclusiva. Da análise dos dados referentes à actividade de renovação /
remodelação, conclui-se apenas que a substituição de rebocos varia, principalmente, entre 22,8 e
86,0 kg/m2, situando-se este intervalo na primeira metade do indicador produzido para os resíduos
do subcapítulo 17 01 (entre 20 e 363 kg/m2).
No Quadro 5.13, apresenta-se os dados relativos à geração de resíduos de reabilitação em obras não
residenciais. Para este tipo de obras, foram obtidos menos dados mas a análise que se pode fazer é
semelhante à realizada para a actividade de reabilitação residencial.
Os indicadores relativos a uma fileira específica de resíduos (código 17 01 01, 17 01 02 e 17 01 03)
necessitam de ser ajustados, de modo a poderem ser trabalhados em função da dimensão e tipo do
trabalho de reabilitação, especialmente o indicador relativo ao código 17 01 03 (ladrilhos, telhas e
materiais cerâmicos) que apresenta um limite superior demasiado reduzido, como se mostra no
Quadro 5.13. Com base nos valores recolhidos, procedeu-se a acertos nos indicadores produzidos
para estes códigos LER (Quadro 5.14).
Quanto ao indicador produzido para os resíduos relativos ao subcapítulo 17 01 (betão, tijolos, ladri-
lhos, telhas e materiais cerâmicos), a taxa de aprovação foi de 62,5% mas esta não traduz a verdadei-
ra fiabilidade deste indicador. Como se pode observar no Quadro 5.13, alguns dos valores contabili-
zado encontram-se fora do intervalo estimado, mas muito próximos deste. O indicador deve ser ajus-
tado de modo a incluir também estes valores.
22 2534
48 5157
70 7279
88 92 92106 111
123
145159
280
0
50
100
150
200
250
300
(kg/
m2)
5. Validação dos indicadores propostos
106
Figura 5.2 – Distribuição dos valores referentes à geração de resíduos do subcapítulo 17 01 na actividade de renovação / remodelação, em obras residenciais (kg/m
2)
Para este indicador, procedeu-se, igualmente, à divisão das obras estudadas segundo o tipo de trabalho de reabilitação realizado (remodelação de interio-
res, renovação de instalações sanitárias, substituição de cobertura), de modo a se perceber se é possível melhorar a precisão do intervalo estimado decom-
pondo-o consoante a extensão e o tipo de trabalho de reabilitação realizado. Como se mostra na Figura 5.3, à excepção dos valores relativos a trabalhos de
substituição da cobertura, os restantes são inconclusivos. Para este tipo de tarefa de reabilitação, a geração de resíduos do subcapítulo 17 01 (betão, tijolos,
ladrilhos, telhas e materiais cerâmicos) situa-se entre 17,3 e 48,4 kg/m2, encaixando este intervalo na primeira metade do indicador produzido (entre 19 e
318 kg/m2).
20
20 23 24 25 33 33 46 52 56 58 62 78 83 85 86 89
89 93
93 95 10
01
00
10
61
08
10
91
10
11
11
16
11
81
18
12
01
23
13
11
32
13
51
49
15
11
51
15
21
54
15
41
66
17
31
97
20
72
13
21
32
14
22
72
35
24
02
44
25
02
50
26
12
67
27
52
76
28
2 32
1 35
9 39
84
17
42
15
07 53
65
38
55
07
21 7
75
0
100
200
300
400
500
600
700
800R
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rio
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(kg/m2)
Indicadores de resíduos de construção e demolição
107
Quadro 5.13 – Quantidade de resíduos relativos ao subcapítulo 17 01 gerados em obras de reabilitação não residencial
Identificação da obra Geração de RCD por código LER associado (kg/m
2)
17 01 01 17 01 02 17 01 03 17 01 07 17 011
RNR.1 102,93 102,93
RNR.2 37,50 121,25 158,75
RNR.3 30,00 30,00
RNR.4 165,83 165,83
RNR.5 300,00 300,00
RNR.6 15,40 55,03 163,17 233,60
RNR.7 67,00 368,40 435,40
RNR.8 644,00 644,00
RNR.9 25,20 25,20
RNR.10 380,00 380,00
RNR.11 107,20 486,57 593,77
RNR.12 30,71 3,84 166,39 200,94
RNR.13 2,60 46,90 49,50
RNR.14 18,07 0,00 18,07
RNR.15 34,38 14,00 48,38
RNR.16 17,27 17,27
Indicadores propostos 18,9 - 191,2 11,2 - 62,0 0,2 - 16,9 - 19 - 318
Taxa de aprovação2 0,0% 100,0% 22,2% - 62,5%
1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Reflecte a percentagem de valores que aprovam o indicador proposto
Quadro 5.14 – Correcções efectuadas nos indicadores de RCD desenvolvidos para a reabilitação não
residencial
Código LER
Antes da análise Após a análise
Indicador de RCD
Grau de confiança
Indicador de RCD
Grau de confiança
17 01 01 18,9 - 191,2 Mau 15,4 - 191,2 Fraco
17 01 02 11,2 - 62,0 Mau 11,2 - 62,0 Fraco
17 01 03 0,2 - 16,9 Mau 2,6 - 107,2 Fraco
17 01 19 - 318 Fraco 17 - 380 Bom
17 02 01 2,3 - 42,6 Fraco 2,3 - 42,6 Fraco
17 02 02 0,3 - 0,9 Fraco 0,3 - 0,9 Fraco
17 02 03 1,9 - 2,6 Mau 1,9 - 2,6 Mau
17 03 02 8 - 121 Mau 8 - 12
1 Mau
17 04 07 0,2 - 16,4 Fraco 0,2 - 16,4 Fraco
17 06 04 0,1 - 0,6 Mau 0,1 - 0,6 Mau
17 08 02 2,3 - 22,9 Fraco 2,3 - 22,9 Fraco
17 09 03 0,03 - 0,05 Mau 0,03 - 0,05 Mau
Total 20 - 326 Razoável 20 - 326 Razoável 1 Estimativa relativa apenas à substituição de materiais asfálticos na cobertura
5. Validação dos indicadores propostos
108
Existem muitos tipos diferentes de reabilitação, tornando-se complicado desenvolver um indicador
que estime a quantidade e composição dos resíduos gerados neste tipo de actividade. Neste docu-
mento, as estimativas produzidas para a actividade de reabilitação revelaram-se pouco precisas,
devido à grande heterogeneidade dos dados recolhidos. No entanto, a análise dos dados obtidos
junto da CMMN, apesar de pouco conclusiva, revela que se pode melhorar a precisão dos indicadores
propostos, se estes forem decompostos consoante a extensão e o tipo de trabalho de reabilitação
realizado. Contudo, dada a dimensão dessa tarefa e o curto tempo para a elaboração desta disserta-
ção, essa investigação terá de ser realizada em trabalhos futuros.
Figura 5.3 – Distribuição dos valores referentes à geração de resíduos do subcapítulo 17 01 segundo o tipo de
trabalho de reabilitação realizado, em obras não residenciais (kg/m2)
5.3. Dificuldades sentidas na validação dos indicadores
No presente trabalho, procedeu-se à recolha de informação quantitativa sobre RCD junto das empre-
sas e Câmaras Municipais mas foi-se confrontado com a mesma ausência de resultados de trabalhos
anteriores (Coelho, 2010; Ruivo e Veiga, 2004; Pereira, 2002). Esta situação é bastante limitativa, já
que não permite que se obtenham conhecimentos sobre a conjuntura nacional. É necessário perce-
ber o que leva a que a maioria das empresas não mostre interesse em participar em estudos no
âmbito da gestão de RCD.
A razão mais evidente será, talvez, o prosseguimento de más práticas de gestão de RCD em obra.
Como se mostra nas Figuras 5.4 e 5.5, a separação de RCD ainda não é uma prioridade em obra. Nes-
te trabalho, apresentam-se apenas dois casos mas esta situação foi observada em inúmeras obras.
Outra operação que ainda não foi interiorizada pela indústria da construção, e que é absolutamente
necessária para permitir a correcta triagem de RCD, é a demolição selectiva. Na Figura 5.6, mostra-se
a demolição de um edifício com recurso a pá de arrasto. A demolição demorou pouco tempo, mas no
17 18 25 30 48 50
10
3 15
9
16
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1 23
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(kg/
m2 )
Indicadores de resíduos de construção e demolição
109
final apenas restou uma mistura de RCD. As empresas, em especial as de menor dimensão, prova-
velmente abstêm-se de fornecer dados pois sabem que a quantificação de apenas misturas de RCD
aponta para a inexistência de separação de RCD nas suas obras.
Figura 5.4 – Inexistência de triagem de RCD numa obra de reabilitação
Figura 5.5 – Armazenamento incorrecto de RCD, sem triagem destes, numa obra de nova construção
Outra razão para este problema será o incorrecto arquivo dos dados relativos à geração de RCD em
obra. As empresas introduzem os dados no SIRAPA mas depois não os guardam convenientemente,
acabando por se desperdiçar esta valiosa informação. Esta situação foi confirmada junto de algumas
empresas, que justificaram a não disponibilização de dados com o facto de estes não estarem devi-
damente organizados.
Este problema levanta, contudo, uma questão bem mais importante: que utilidade se dá aos dados
introduzidos no SIRAPA? Actualmente, estes parecem servir apenas para a Agência Portuguesa do
Ambiente produzir uma estatística anual da geração de RCD, em Portugal. No entanto, segundo o Dr.
João Caixinhas (Ceifa ambiente), os dados introduzidos no SIRAPA podem conduzir ao desenvolvi-
mento de mais estudos no âmbito da gestão de RCD, bastando para isso que estes sejam tornados
públicos pela APA.
5. Validação dos indicadores propostos
110
Figura 5.6 – Demolição de um edifício com recurso a pá de arrasto
De modo a poder-se tirar o melhor proveito desses dados, é necessário, contudo, que se criem novos
critérios para o seu registo. Os dados inseridos no SIRAPA devem: ser agrupados por obra; informar
sobre o tipo de obra efectuada (nova construção, demolição, reabilitação); e permitir que se tenha
conhecimento sobre o tipo de estrutura do edifício. Um melhor aproveitamento desta informação
possibilitará, seguramente, o desenvolvimento de indicadores mais fiáveis e coerentes com o pano-
rama nacional.
5.4. Síntese conclusiva
Actualmente, a resposta das empresas funcionando em Portugal é muito fraca, quando solicitadas
para o fornecimento de informação acerca de RCD. É necessário inverter esta situação, nomeada-
mente através do desenvolvimento de parcerias entre as empresas e as universidades. O estabeleci-
mento de um modelo de colaboração será saudável para ambos, beneficiando as empresas do talen-
to e capacidades que as universidades colocam à sua disposição, e impulsionando por seu lado a
cultura de investigação científica no ambiente empresarial.
A análise efectuada aos indicadores neste capítulo veio mostrar que, como referido, em termos de
constituição média dos resíduos a serem gerados em obra, a grande maioria destes é composta por
resíduos de betão e materiais cerâmicos. Possibilitou perceber também que, actualmente, é reapro-
veitada na actividade de construção uma grande parte desta fracção, embora para fins menos
nobres. No entanto, por não serem transportados para fora do local da obra, estes resíduos não são
contabilizados, acabando por dificultar o seu controlo.
As estimativas de geração de RCD serão cada vez mais importantes à medida que os países, ganhan-
do consciência do problema que estes representam, aprovam legislação sobre RCD mais rigorosa, de
forma a aumentar a taxa de reciclagem desta fileira de resíduos. Nesse sentido, os indicadores de
RCD desenvolvidos nesta dissertação oferecem uma maneira simples e consistente de medir e con-
trolar as quantidade de RCD geradas em obra.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
111
6. Conclusões gerais
6.1. Considerações finais
A indústria da construção é responsável por grandes alterações no ambiente ao longo de toda a sua
cadeia produtiva, causando um impacte ambiental proporcional à sua dimensão. Esta indústria con-
some cerca de 50% de todos os materiais extraídos do Planeta (Fortunato e Roque, 2009), sendo a
terceira maior emissora de CO2 do sector industrial a nível mundial e da UE, representando cerca de
10% das emissões totais de CO2 (Habert et al., 2009). Além disso, a indústria da construção gera cer-
ca de 35% dos resíduos industriais produzidos em todo o mundo (Solís-Guzmán, 2009). Conclui-se
que o actual modelo de desenvolvimento adoptado pelo sector da construção não é sustentável a
longo prazo.
O sector tem de aproveitar os novos padrões de exigência ambiental que têm vindo a ser impostos
pela opinião pública e substituir o seu modelo de desenvolvimento por um que permita à construção
tornar-se numa actividade mais sustentável. As empresas têm de se consciencializar que investir na
sustentabilidade ambiental traz vantagens não só para a sociedade e o ambiente mas também para
as próprias empresas, como se mostra na Figura 6.1.
Figura 6.1 – Vantagens económicas, ambientais e sociais da correcta gestão de RCD
(adaptado de Spies, 2009)
Uma vez que a geração de resíduos é inevitável, a reciclagem destes é uma das acções que devem ser
incluídas nas práticas comuns do sector, visando a sua maior sustentabilidade. O potencial de rea-
proveitamento de RCD é enorme (Ortiz et al., 2010), podendo a incorporação destes resíduos em
determinados produtos vir a ser extremamente benéfica, já que proporciona economia de matéria-
prima e energia, para além de que permite aos RCD um destino diferente do aterro. No entanto, para
Correcta
gestão de RCD
Vantagens económicas
• Redução dos custos de transporte e deposição em aterro;
• Redução da dependência de matérias-primas;
• Melhoria da situação económica da indústria da reciclagem;
• Criação de mais empregos;
• Melhoria da qualidade dos materiais reciclados estimulada por melhores preços;
• Redução dos custos das novas construções.
Vantagens ambientais
• Menor extracção de recursos naturais;
• Redução das emissões de CO2;
• Eliminação de despejos ilegais e não autorizados;
• Melhoria da qualidade do ar.
Vantagens sociais
• Redução dos riscos de saúde gerados pelos depósitos ilegais;
• Redução dos riscos de saúde gerados pela incineração;
• Melhor utilização do espaço público.
6. Conclusões gerais
112
o reaproveitamento deste tipo de resíduos se tornar numa prática comum é necessário que estes
comecem a ser vistos não como desperdícios sem qualquer utilidade mas sim como recursos valiosos
que têm vindo a ser desbaratados (GTZ-Holcim, 2007).
A aplicação deste novo paradigma de desenvolvimento sustentável à actividade de construção é tal-
vez o maior desafio que a indústria enfrenta nos dias de hoje. Para isso acontecer, exige-se profun-
das transformações em toda a cadeia produtiva da indústria da construção (John, 2000). Contudo,
muitas empresas do sector, em especial as de menor dimensão, mantêm a convicção de que não é
possível conciliar a sustentabilidade ambiental com a económica, não se encontrando por isso recep-
tivas a mudanças na sua forma de trabalhar. Deste modo, para proteger o ambiente e a saúde públi-
ca, e garantir que os produtores assumem a responsabilidade pelos resíduos resultantes dos seus
produtos, é necessário definir e implementar instrumentos normativos sólidos, apoiados por acções
de fiscalização rigorosas.
6.2. Conclusões
Nesta dissertação, efectuou-se uma pesquisa do panorama actual da legislação e estratégias para os
RCD, na União Europeia e em Portugal, que culminou com a realização de uma análise comentada do
Decreto-Lei n.o 46/2008. Através desta análise, foi possível identificar os aspectos positivos e negati-
vos deste documento, e apresentar propostas de alteração, que devem ser consideradas aquando da
revisão do diploma.
É evidente a necessidade de implementação em Portugal, tal como já se fez noutros países da UE
com resultados bastante positivos (Quadro 6.1), de uma taxa de deposição de RCD em aterro mais
elevada. A taxa que actualmente está a ser praticada em Portugal não promove a reciclagem de RCD,
tornando mais rentável a sua deposição do que a sua reciclagem. A alternativa à taxação de deposi-
ção de RCD em aterro passa pela interdição de deposição em aterro de RCD recicláveis, medida
adoptada pela Alemanha com grande sucesso também, como se mostra no Quadro 6.1. A introdução
de uma destas medidas deverá, no entanto, ser apoiada pela construção de mais infra-estruturas de
valorização de RCD, distribuídas por todo o território nacional, de modo a que exista capacidade sufi-
ciente de valorização desta fileira de resíduos. Em Portugal, existe ainda um pequeno número de
equipamentos de reciclagem de RCD, segundo um levantamento recente no âmbito de um projecto
de investigação em curso.
Quadro 6.1 – Taxa de reciclagem e de deposição em aterro de RCD, em alguns países da UE (adaptado de Gonçalves, 2007; Waste Centre Denmark, 2010; Weisleder e Nasseri, 2006)
País Taxa de reciclagem
de RCD (%) Taxa de deposição de RCD em
aterro(€/ton)
Holanda 95 122
Dinamarca 94 50,3
Alemanha 85 Não existe1
Portugal < 10 2 (para RCD inertes)
5 (para RCD não inertes) 1 Não é permitida a deposição em aterro de RCD recicláveis
Indicadores de resíduos de construção e demolição
113
De grande importância, também, seria a obrigatoriedade de incorporar, no caderno de encargos,
uma percentagem mínima de materiais reciclados de RCD em obra (Carvalho, 2001; Carteiro, 2009).
A introdução desta disposição na legislação seria um poderoso e determinante instrumento na pro-
moção dos RCD como materiais de construção, garantindo que estes iriam de facto ser reaproveita-
dos. Esta medida ganha maior relevância a partir do momento em que a União Europeia traça, atra-
vés da directiva 2008/98/EC, uma meta de 70% (em peso) de reaproveitamento de RCD não perigo-
sos até 2020. A vantagem desta disposição em relação a outras resulta da possibilidade de aumentar
a taxa de reciclagem de RCD sem a imposição de novas taxas, designadamente sobre a deposição em
aterro de resíduos e a extracção de agregados. Por esta medida reunir maior consenso, a Agência
Portuguesa do Ambiente encontra-se a elaborar uma disposição neste âmbito relativa a obras públi-
cas (Carteiro, 2009). Contudo, a incorporação desta disposição na actual legislação teria de ser com-
plementada com a introdução de mais normas e especificações técnicas relativas à utilização de RCD
tendo em vista a criação de um mercado de materiais reciclados que possa dar resposta a todas as
necessidades consequentes da obrigatoriedade de incorporação de material reciclado em obra.
Actualmente, quase não existem normas técnicas aplicáveis em Portugal, apenas as especificações
técnicas definidas pelo LNEC, apresentadas no Quadro 6.2.
Quadro 6.2 – Especificações técnicas do LNEC relativas à utilização de RCD em obra
Especificação técnica Descrição
E471/2006 Guia para a utilização de agregados reciclados grossos em betão de ligantes hidráulicos
E472/2006 Guia para a reciclagem de misturas betuminosas a quente em central
E473/2006 Guia para a utilização de agregados reciclados grossos em betão de ligantes hidráulicos
E474/2006 Guia para a utilização de resíduos de construção e demolição em aterro e camada de leito de infra-estruturas de transporte
Existe ainda a necessidade de completar o DL 46/2008 com indicadores que permitam controlar os
resíduos produzidos na obra. Para os responsáveis que elaboram quer o plano de prevenção e gestão
quer o registo de dados de RCD, existem claras dificuldades em quantificar as quantidades de RCD
produzidas, por falta de estimativas disponíveis (Chaves, 2009). Em Portugal, existe uma carência de
estudos sobre a caracterização quantitativa dos resíduos gerados pelo sector da construção, sendo
que nenhum destes se foca verdadeiramente na produção de resíduos no local da obra. Nesta disser-
tação, mostrou-se que é possível, embora com algumas limitações, estimar a quantidade de RCD
gerados em obra, bem como a sua composição. Seria muito mais fácil desenvolver estudos neste
âmbito se os dados introduzidos no SIRAPA pelos produtores de RCD fossem tornados públicos pela
APA.
No capítulo 4, produziram-se indicadores que fornecem à indústria de construção um conjunto de
valores inovadores que podem ser utilizados como referência para quantificar os RCD gerados ao
nível da obra, na actividade de nova construção, demolição e reabilitação (Quadro 6.3). Posterior-
mente, estes indicadores sofreram pequenas correcções, evidenciadas no Quadro 6.3, de forma a
melhorar a sua precisão. A metodologia utilizada para desenvolver os indicadores baseou-se em
dados de estudos anteriores existentes na literatura e considerações diversas, como complemento
6. Conclusões gerais
114
aos dados recolhidos. Nesta investigação, sentiu-se maiores dificuldades para produzir indicadores
relativos à actividade de reabilitação, devido a uma clara escassez de valores disponíveis acerca deste
tipo de trabalhos. Os dados para a actividade de nova construção e de demolição foram mais fáceis
de obter pois este tipo de trabalhos é amplamente monitorizado e estudado, enquanto que a reabili-
tação não o é neste domínio.
Quadro 6.3 – Indicadores de RCD produzidos nesta dissertação
Indicadores de RCD propostos relativos a edifícios com a estrutura em betão armado (kg/m2)
Código LER
Nova construção Demolição Reabilitação
Residencial Não
residencial Residencial
Não residencial
Residencial Não
residencial
17 01 01 17,8 - 32,9 18,3 - 40,1 492 - 840 401 - 768 4,4 - 45,92 15,4 - 191,2
2
17 01 02 19,2 - 58,6 15,6 - 54,3 170 - 486 176 - 438 8,0 - 319,52 11,2 - 62,0
2
17 01 03 1,7 - 3,2 0,4 - 3,2 10,6 - 17,6 16 - 27 8,0 - 212,52 2,6 - 107,2
2
17 011 40 - 102 32 - 113 811 - 1290 497 - 1234 20 - 363 19 - 318
17 02 01 2,5 - 6,4 1,3 - 5,42 12 - 58 1- 20
2 2,0 - 37,9 2,3 - 42,6
17 02 02 0,0 - 0,3 0,0 - 0,32 0,4 - 2,6 0,2 - 4,4 0,2 - 1,4 0,3 - 0,9
17 02 03 0,1 - 0,8 0,2 - 1,92 0,4 - 5,6 0,4 - 6,1 0,6 - 1,3 1,9 - 2,6
17 03 02 0,4 - 2,6 0,7 - 6,6 0,2 - 1,9 1,0 - 1,4 12 8 - 12
17 04 07 0,9 - 3,9 0,9 - 7,22 9,8 - 28,4 28,4 - 53,0 0,4 - 6,8 0,2 - 16,4
17 06 04 0,1 - 1,2 0,1 - 1,5 0,1 - 2,2 0,1 - 4,42 0,1 - 0,6 0,1 - 0,6
17 08 02 3,7 - 7,6 2,6 - 6,3 10,8 - 64,3 10,8 - 75,7 2,4 - 23,5 2,3 - 22,9
17 09 03 0,02 - 0,33 0,01 - 0,74 0,4 - 0,6 0,2 - 0,6 0,03 - 0,05 0,03 - 0,05
Total 44 - 115 48 - 135 805 - 1371 742 - 1637 28 - 397 20 - 326 1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
2 Este indicador foi sujeito a uma pequena correcção
De acordo com os indicadores desenvolvidos, em termos da constituição média dos resíduos a serem
gerados em obra, a grande maioria destes é composta por resíduos de betão e materiais cerâmicos.
Este resultado está de acordo com os resultados de outros estudos, em que se afirma que estes
representam cerca de 80% do total de RCD gerados (quando não são contabilizados os solos de esca-
vação). Dos restantes materiais, destacam-se os resíduos de madeira, metais e materiais à base de
gesso, gerados a partir de desperdícios associados à cofragem, montagem de armaduras e colocação
de revestimentos.
Actualmente, a resposta das empresas funcionando em Portugal é muito fraca, quando solicitadas
para o fornecimento de informação acerca de RCD. Das cerca de 30 entidades contactadas, apenas 4
se disponibilizaram a ceder informação quantitativa. Devido a esta situação, apenas foi possível tes-
tar parte dos indicadores propostos. É necessário inverter esta situação, nomeadamente, através do
desenvolvimento de parcerias entre as empresas e as universidades. O estabelecimento de um
modelo de colaboração será saudável para ambos, beneficiando as empresas do talento e capacida-
des que as universidades colocam à sua disposição, e impulsionando por seu lado a cultura de inves-
tigação no ambiente universitário.
De um modo geral, os indicadores de RCD parecem proporcionar uma maneira simples e consistente
de medir e controlar as quantidades de RCD geradas ao nível da obra. No Quadro 6.4, apresenta-se a
taxa de aprovação dos indicadores desenvolvidos nesta dissertação. Estes podem ser utilizados para
Indicadores de resíduos de construção e demolição
115
determinar as dimensões dos contentores e a frequência com que estes devem ser utilizados. O pla-
neamento antecipado destas acções possibilita que os resíduos sejam adequadamente tratados,
impulsionando o seu reaproveitamento (Sólis-Guzmán, 2009). A validação de alguns destes indicado-
res foi, contudo, influenciada negativamente pela fraca separação de RCD em obra. Esta operação
continua a ser um problema em obra, não sendo acessível e de fácil execução, quer pelo espaço que
requer de estaleiro, quer pelas quantidades de resíduos produzidas, quer ainda pela mão-de-obra
necessária (Chaves, 2009).
Quadro 6.4 – Taxa de aprovação dos indicadores propostos nesta dissertação
Taxa de aprovação dos indicadores propostos
Código LER
Nova construção Demolição Reabilitação
Residencial Não
residencial Residencial
Não residencial
Residencial Não
residencial
17 01 01 - 20,0% - - - -
17 01 02 - - - - 0,0% -
17 01 03 - - - - 5,9% 25,0%
17 011 - 40,0% - 100,0% 91,0% 62,5%
17 02 01 - 88,9% - 0,0% - -
17 02 02 - 100,0% - 100,0% - -
17 02 03 - 66,7% - 75,0% - -
17 03 02 - 25,0% - - - -
17 04 07 - 66,7% - 25,0% - -
17 06 04 - 88,9% - 66,7% - -
17 08 02 - 0,0% - - - -
17 09 03 - - - - - -
Total - 60,0% - 75,0% - - 1 Resulta do somatório dos resíduos que se inserem no subcapítulo 17 01
6.3. Desenvolvimentos futuros
Pretende-se que esta dissertação, apesar das suas limitações, constitua um incentivo para a realiza-
ção de diversos estudos complementares nesta área. Seguidamente, apresenta-se uma lista de
recomendações relativas a investigação futura no domínio da gestão de RCD:
- um conjunto melhorado de densidades dos materiais soltos, tal como geralmente se apresentam
quando descartados em obra, iria melhorar a fiabilidade e a precisão das estimativas relativas à
quantidade de RCD produzidos em obra;
- se é pretendida a correcta separação de resíduos em obra, é necessário mostrar aos diversos inter-
venientes que esta operação é a melhor opção; deve ser realizada uma análise comparativa entre a
separação de RCD na obra e a recolha destes resíduos misturados, de modo a avaliar-se a viabilidade
económica de ambas as opções;
- para que a utilização de materiais reciclados de RCD se torne prática comum, é necessário que exis-
ta confiança na sua qualidade e desempenho; para tal, é fundamental a elaboração de mais normas e
especificações técnicas sobre a aplicação de RCD em obra, para além das apresentadas no Quadro
6.2;
- seria de elevado interesse, também, a elaboração de um conjunto de disposições relativas à gestão
6. Conclusões gerais
116
de RCD, designadamente a obrigação de incorporar uma percentagem mínima de materiais recicla-
dos em obra, a integrar no caderno de encargos; estas disposições iriam facilitar a criação de um
mercado alternativo de materiais reciclados;
- se é uma prioridade a criação de um mercado alternativo de materiais de RCD reciclados, então
deve-se apurar qual a receptividade do mercado e dos consumidores a estes novos materiais; esta
investigação permitirá perceber de que forma se pode popularizar este novo conceito;
- deve ser efectuado um levantamento dos novos materiais de RCD reciclados que estão a chegar ao
mercado; este trabalho será importante no sentido de mostrar as alternativas existentes aos mate-
riais tradicionais; possibilitará ainda perceber que novos materiais devem ser desenvolvidos, de for-
ma a colmatar algumas carências presentes no mercado de materiais reciclados;
- é necessário realizar uma análise tecnológica aos materiais de RCD reciclados que estão a chegar ao
mercado; esta pesquisa permitirá o ajustamento das normas e regulamentos de construção a este
tipo de materiais; contribuirá também para o desenvolvimento futuro de um certificado de qualidade
para materiais de RCD reciclados;
- é necessário um levantamento rigoroso da realidade nacional relativamente aos RCD, nomeada-
mente no que diz respeito às mudanças produzidas pelo DL 46/2008; este trabalho será de extremo
valor para analisar os efeitos do novo quadro legislativo sobre a indústria da construção;
- é preciso analisar a repercussão do DL 46/2008 na indústria dos materiais de construção, particu-
larmente a nível de reutilização / reciclagem de materiais; a indústria dos materiais de construção
fomenta a cadeia produtiva da construção, pelo que também esta se terá de tornar mais sustentável;
- se a monitorização fiável dos RCD produzidos é um objectivo para Portugal, então devem ser
desenvolvidas pesquisas adicionais sobre a produção desta fileira de resíduos na actividade de reabi-
litação; esta é uma actividade muito complexa, pouco estudada e que no futuro, com o crescimento
desta actividade em Portugal, terá um grande peso na quantidade de RCD produzidos no nosso país.
Indicadores de resíduos de construção e demolição
117
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