I
Talita Souza Dantas
Influência da Conicidade do Pilar e tipo de Agente Cimentante
na Resistência de União de Coroas Metálicas Cimentadas
Sobre Pilares Personalizáveis de Implantes
Uberlândia 2011
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia, para obtenção do Título de Mestre em Odontologia na Área de Clínica Odontológica Integrada.
II
Talita Souza Dantas
Influência da Conicidade do Pilar e tipo de Agente Cimentante
na Retentividade de Coroas Metálicas Cimentadas Sobre
Pilares Personalizáveis de Implantes
Orientador: Prof. Dr. Flávio Domingues das Neves
Banca Examinadora: Prof. Dr. Flávio Domingues das Neves
Profa. Dr. Adérito Soares da Mota Prof. Dr. Adérico Santana Guilherme
Uberlândia 2011
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Uberlândia, para obtenção do Título de Mestre em Odontologia na Área de Clínica Odontológica Integrada.
III
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.
D
1
9
2
i
2011
Dantas, Talita Souza, 1987- Influência da conicidade do pilar e tipo de agente cimentante
na retentividade de coroas metálicas cimentadas sobre pilares
personalizáveis de implantes / Talita Souza Dantas. -- 2011.
113 f. : il.
Orientador: Flávio Domingues das Neves.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia,
Programa de Pós-Graduação em Odontologia.
Inclui bibliografia.
1. 1. Odontologia - Teses. 2. Implantes dentários - Teses. I. Ne-
2. ves, Flávio Domingues das. II. Universidade Federal de Uberlân-
3. dia. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. III. Título.
4.
CDU: 616.314
IV
V
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha família e em especial aos meus pais, que
sem medir esforços, tornaram essa caminhada possível.
VI
AGRADECIMENTOS
A vida, sempre tão intensa e tão sincera.
A Universidade Federal de Goiás, minha casa, responsável pela minha
graduação e que abriu os horizontes da minha vida profissional e que foi
cenário dos melhores anos da minha vida.
A Universidade Federal de Uberlândia, que me acolheu tão bem para essa
nova jornada e que sem dúvida foi responsável por uma grande crescimento
pessoal e profissional, abrindo minha cabeça e me ensinado a realmente ser
um ser pensante.
Ao Professor Paulo Simamoto, pelas considerações, dicas e disponibilização
da Escola Técnica de Saúde da Universidade de Uberlândia e principalmente
por sempre me receber com um sorriso no rosto.
Aos alunos da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de
Uberlândia, por terem se dedicado na fase inicial do trabalho em que muitas
coisas ainda eram apenas descobertas.
A todas as pessoas do Laboratório de Prótese Dentária do Hospital
Odontológico da Universidade Federal de Uberlândia, que foram sempre
solícitos e deixaram as portas do laboratório abertas.
Aos secretários do departamento de Prótese Fixa, Oclusão e Materiais
Odontológicos da FOUFU, Susy e Wilton, que me receberam de braços abertos
e que em todos os momentos fazem do departamento um lugar melhor.
As secretárias do Dr. Flávio, Érica e Fabiana que sempre dispostas resolveram
muitos problemas carinhosamente, contribuindo para que tudo ocorresse da
melhor maneira possível.
VII
A Camila, sempre tão solícita no uso do Laboratório de Biologia Celular.
Obrigada pela disponibilidade e pelos ensinamentos.
Ao técnico Adivaldo pela contribuição e disponibilidade na execução de partes
técnicas do trabalho.
Ao Ranor por colocar seu laboratório a disposição e facilitar toda execução
técnica/protética da pesquisa.
A Professora Veridiana, pela capacitação técnica na máquina de ensaios
mecânicos.
A técnica Mariani, que tornou possível a avaliação de imagens em Confocal,
sempre disposta e envolvida na busca dos melhores resultados.
Ao grande amigo Rodrigo Jaiba, que sem hesitar tornou seus conhecimentos
em estatística disponíveis.
Aos membros da banca examinadora, que enriqueceram o trabalho com suas
ideias e pontos de vista.
Aos meus novos amigos que a vinda a Uberlândia tornou possível. Pessoas
especiais que fizeram esses dois anos menos amargos e que com toda certeza
estarão comigo eternamente.
Ao João Paulo Neto que como um irmão me acolheu e me ajudou a dar passos
tão decisivos na minha vida. Obrigada pelos conselhos, pelas dicas, pelas
críticas sempre tão importantes para todo meu crescimento ao longo desses
dois anos. Obrigada pela amizade, pelo carinho e pela consideração sempre
verdadeiros, sinceros e recíprocos.
VIII
Aos meus amigos Lucas Dantas e João Paulo Lyra que logo que aqui cheguei
me receberam de braços abertos, me guiaram e me acolheram me fazendo
sentir à vontade em um lugar até então desconhecido. Pessoas como vocês
tornaram o começo tão difícil muito mais suave. Obrigada pela amizade
sincera, pelo companheirismo, sentimentos bons que levo do meu peito
eternamente.
Aos meus meninos Marcel e Thiago, sempre tão disponíveis a me ajudar, a me
ensinar a me fazer crescer. Ter vocês como equipe fez tudo ser mais
proveitoso. Obrigada pela parceria e principalmente pela amizade sem igual
que surgiu entre nós. Admiro cada um de vocês que hoje fazem parte da minha
vida e de todo meu crescimento. Obrigada!
Aos meus amigos de Goiânia, que assim como eu sofreram com a ausência e
compartilharam muita saudade ao longo de todo esse tempo. E que também
foram parte da força para que tudo continuasse.
Ao Lucas, que muito mais do que companheiro foi meu amigo, meu professor e
meu pai em muitos momentos. Obrigada por ter me ensinado tanto. Por me
fazer crescer como profissional e principalmente como pessoa. Obrigada pelo
cavalheirismo, pela calma de sempre e até excessiva. Obrigada por me fazer
ver a vida mais suave e sempre do meu lado não medir esforços pra me fazer
feliz.
Ao Professor Carlos, sempre tão empolgante na busca do conhecimento e
sempre tão carinhoso nos seus abraços.
Ao Professor Adérico Santana Guilherme, por ter sido a pessoa que acreditou
em mim. Obrigado professor pela confiança e por todos os ensinamentos que
contribuíram por hoje eu chegar até aqui. Agradeço seus ensinamentos e sua
amizade, que mesmo apesar da distância, me acompanham sempre.
IX
Ao Professor Adérito Soares da Mota, pra mim um exemplo de homem. Uma
pessoa fundamental no sucesso da minha caminhada. Sempre disposto ao
bem, sempre sincero nas suas falas doces ou amargas. Um homem
verdadeiro, sem máscaras. Muito mais que um excelente professor. Um pai.
Obrigada Professor Adérito por me ter dado a oportunidade de conviver dia a
dia ao seu lado. Você fez a diferença na minha vida e no meu mestrado!
E de maneira especial agradeço ao meu querido orientador Professor Flávio
Domingues das Neves, que foi verdadeiramente um mestre. Agradeço por ter
aceitado o desafio de orientar uma aluna até então desconhecida, por se
entregar intensamente aquilo em que acredita, por ser um exemplo de
dedicação. Agradeço pelas oportunidades imensuráveis, pelos ensinamentos e
até mesmos os puxões de orelha. Obrigada pelos conselhos e pela confiança.
Hoje tenho certeza que estive no melhor lugar e com a melhor pessoa.
Obrigada pela oportunidade de fazer parte dessa história que com certeza
mudou a vista do meu ponto. Obrigada, Flávio!
Enfim, agradeço a todos que de uma maneira ou de outra contribuíram para
que tudo isso fosse possível e real.
X
“Que seja doce” Caio Fernando Abreu
XI
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVEATURA ......................................................................................... 12
RESUMO ............................................................................................................. 13
ABSTRACT ........................................................................................................... 14
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
2 REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................................... 18
2.1 Implantes Unitários ........................................................................................... 18
2.2 Próteses cimentadas x Próteses parafusadas .................................................. 20
2.3 Retenção mecânica em prótese cimentada ...................................................... 29
2.4 Cimentos Odontológicos ................................................................................... 41
2.5 Adesão a estrutura metálica ............................................................................. 53
2.6 Resistência a tração de coroas metálicas sobre implante ................................ 60
3 PROPOSIÇÃO ....................................................................................................... 76
4 MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................... 77
4.1 Confecção das amostras .................................................................................. 77
4.2 Procedimentos Laboratoriais ............................................................................ 80
4.3 Protocolo de cimentação .................................................................................. 83
4.4 Ensaio de tração ............................................................................................... 87
4.5 Análise Estatística ............................................................................................. 88
4.6 Análise do Padrão de Falha .............................................................................. 89
4.7 Avaliação em MEV ............................................................................................ 89
4.8 Avaliação em MVCL ......................................................................................... 90
5 RESULTADOS ....................................................................................................... 92
5.1 Ensaio de Tração .............................................................................................. 92
5.2 Análise do Padrão de Falha .............................................................................. 93
5.3 Avaliação em MEV ............................................................................................ 94
5.4 Avaliação em MVCL ......................................................................................... 95
6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 98
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 104
REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 105
ANEXOS .............................................................................................................. 111
12
LISTA DE ABREVEATURAS
m - Micrometro
mm - Milímetro
cm - Centímetro
m - Metro
Mpa - Mega Paschal
N - Newton
Kgf - Quilograma força
oC - Grau Celsius
s - Segundos
DP - Desvio padrão
Rpm - Rotações por minuto
M - Mol
ml - Mililitro
Kg - Quilograma
Min - Minuto
Mg - Miligrama
13
RESUMO
Vários fatores devem ser considerados na seleção dos pilares angulados, assim, muitas
vezes, o clínico deve encontrar uma forma prática de superar a falta de retenção
resultante das características desse tipo de pilar. O objetivo deste estudo foi avaliar a
resistência de união de coroas metálicas cimentadas sobre pilares personalizáveis retos e
angulados, cimentados com diferentes agentes de cimentação definitivos. Noventa e um
análogos de implantes regulares do tipo hexágono externo foram divididos em Grupo
controle (C): pilar reto personalizável cimentado com fosfato de zinco (n = 10); três
grupos (n = 10) com pilares angulados de 17° cimentados com fosfato de zinco (A17F),
Panavia F (A17RM) e RelyX U100(A17R) e ainda mais três grupos (n = 10) com
pilares angulados de 30° também cimentados com cimento de fosfato de zinco (A30F),
Panavia F (A30RM) e RelyX U100 (A30R). Coroas de Níquel-Cromo foram
confeccionadas e cimentadas em seus pilares correspondentes sendo que as coroas
cimentadas com Panavia F foram pré-tratadas com um primer para metal contendo
monômero ácido fosfatado (MDP). Dados de todos os grupos foram comparados ao
grupo controle por meio da análise de variância ANOVA - One way (α =0,05) e teste de
Dunnet, e a comparação entre os grupos testados foi realizada por meio de análise de
variância ANOVA – Two way (α =0,05) e teste de Tukey. Ainda as avaliações em
MEV e MVCL foram realizadas com 3 amostras representativas de cada grupo com o
objetivo de investigar as características microscópicas das interfaces pilar-coroa-
cimento. A média de força (DP) necessária para deslocar as coroas nos grupos C, A17F,
A17RM, A17R, A30F, A30RM e grupos A30R foram, respectivamente, 357,26 (62,21)
N; 251,50 (20,13) N; 397, 05 (88,48) N; 328,71 (79,87) N; 276,70 (17,96) N; 377,81
(90,61) N e 335,42 (88,34) N. O cimento Panavia F apresentou os resultados mais
elevados de resistência a tração (RT) e o fosfato de zinco apresentou os menores valores
de RT entre os grupos testados. Apenas o grupo A17F foi estatisticamente diferente do
grupo controle (p = 0,007) e a inclinação das paredes axiais do pilar não influenciou os
valores de retenção obtidos. O fosfato de zinco apresentou uma linha de cimentação não
homogênea na análise em MEV e MVCL. A presença de primer contendo MDP pode
ser percebida nas imagens de MVCL do grupo Panavia F. Dentro das limitações deste
estudo in vitro, o Panavia F apresentou a maior resistência de união entre os grupos
testados, no entanto, todos os três cimentos testados foram semelhantes ao grupo
controle, exceto o grupo A17F grupo, mostrando que nas condições do estudo todos eles
podem ser usados com sucesso.
Palavras - chave: Pilar. Cimentação. Primer para metal. Ensaio de tração. Microscopia
Eletrônica de Varredura. Microscopia de Varredura Confocal a Laser.
14
ABSTRACT
Several factors must be considered in the selection of angled abutments. In these
situations, the clinician should find a practical way to overcome the lack of retention.
The purpose of this study was to evaluate the bond strength of metallic crowns
cemented to straight and angled customizable abutments with different definitive luting
agents. Ninety one regular external hex analogs and abutments were divided in Control
group (C): customizable straight abutment cemented with zinc phosphate (n = 10); three
groups (n = 10) with 17° angled abutment cemented with zinc phosphate (A17ZP),
Panavia F (A17RM) and RelyX U100 (A17R) cements and more three groups (n = 10)
with 30° angled abutment also cemented with zinc phosphate (A30ZP), Panavia F
(A30RM) and RelyX U100 (A30R) cements. The metal copings were cemented onto
their corresponding metal dies and crowns cemented with Panavia F were pre-treated
with an alloy primer containing an acid-phosphated monomer (MDP). Data from the all
groups were compared to control group with a 1-way ANOVA (α=.05) and Dunnet’s
test, and comparison between tested groups were done with 2-way ANOVA (α=.05) and
Tukey’s test. SEM and CLSM evaluation were performed (n = 3) aiming to investigate
microscopic features of the abutment-cement-crown interfaces. The mean force (SD)
required to dislodge the crowns in the C, A17ZP, A17RM, A17R, A30ZP, A30RM and
A30R groups was 357,26 (62,21) N; 251,50 (20,13) N; 397,05 (88,48) N; 328,71
(79,87) N; 276,70 (17,96) N; 377,81 (90,61) N and 335,42 (88,34) N respectively.
Panavia F presented the higher tensile bond strength results and zinc phosphate the
lower between the tested groups. Only A17ZP group was different from control group
(p=.007) and the abutment taper has no influence in retentive values. Zinc phosphate
showed an inhomogeneous cement line in SEM and CLSM analysis. The presence of
MDP primer could be perceived in CLSM images of Panavia F group. Within the
limitations of this in vitro study, the Panavia F presented the higher bonding strength
between tested groups, however, all 3 cements tested were similar to control group
except A17ZP group, showing that in the conditions of the study they all can be
successfully used.
Key-words: Abutment. Cementation. Metal Primer. Tensile Bond Strength. Scanning
Electron Microscopy. Confocal Laser Scanning Microscopy.
15
1 INTRODUÇÃO
Basicamente as próteses implanto suportadas podem ser
classificadas, com relação ao método de retenção, em duas categorias –
próteses parafusadas e próteses cimentadas. As próteses implanto suportadas
parafusadas tem na reversibilidade sua maior vantagem. Por outro lado,
restaurações implanto suportadas retidas por cimento apresentam melhores
condições estéticas devido a eliminação do orifício de acesso do parafuso.
Além disso, quando corretamente confeccionadas apresentam adaptação
passiva, o que pode realmente melhorar a distribuição de tensões no conjunto
implante-restauração. De maneira geral, ambas tem apresentado contínua
evolução, e taxas de sobrevivência das restaurações implantadas estão em
constante crescimento (Hebel & Gajjar, 1997).
Ainda não há consenso a respeito da superioridade de um método
de retenção quando comparado ao outro, sendo que o uso de um determinado
sistema muitas vezes depende da preferência do cirurgião dentista e das
limitações especificas de cada caso (Michalakis et al., 2003). Especificamente,
as próteses implanto suportadas cimentadas têm sido consideradas como
tendo alto potencial de assentamento passivo resultante de elevada retenção
friccional e apresentam retenção aumentada em até três vezes quando
comparadas as próteses fixas convencionais (Hebel & Gajjar, 1997; Heckmann
et al., 2004; Pellizzer et al., 2010). Além do fato dos pilares apresentarem,
geralmente, maior área superficial que os dentes naturais preparados, essa
superioridade em retenção também está ligada a inclinação pré-estabelecida
pelos fabricantes das paredes axiais desses pilares, variando em torno de 6° a
10° (Gilboe & Teteruck, 1974; Hebel & Gajjar, 1997; Squier et al., 2001)
Os princípios mecânicos que regem a retenção de uma restauração
odontológica cimentada estão diretamente ligados ao não deslocamento axial
da peça, em situações onde esta é submetida a um carregamento que resulte
em tensões de tração (Hebel & Gajjar, 1997). Em linhas gerais a superfície de
contato existente entre as paredes internas da restauração e as externas do
elemento pilar determina o grau de retenção friccional da peça protética. Há
16
uma relação diretamente proporcional entre área superficial, grau de
paralelismo das paredes axiais e a retenção friccional ou micromecânica da
restauração (Kaufman et al., 1961; Heintze, 2010). Esses princípios são
igualmente válidos e aplicáveis para próteses fixas convencionais e para
próteses implanto suportadas cimentadas. Assim, fatores como altura e largura
do componente protético, bem como tipo de cimento e técnica de cimentação,
podem influenciar na resistência a tração das pecas protéticas cimentadas
(Kent et al., 1996; Michalakis et al., 2003; Schneider et al., 2007).
O tratamento da superfície, do pilar ou das paredes internas da peça
protética, também é reconhecidamente efetivo no aumento da retenção
micromecânica e esses dois fatores em conjunto com a união química por meio
de condicionadores para metal, geralmente contendo monômeros ácidos
fosfatados, tornaram aplicável e efetivo o uso de cimentos resinosos para a
fixação definitiva de peças protéticas metálicas (Ohno et al., 1998; Kibayashi et
al., 2005; Tsuchimoto et al., 2006b; Schneider et al., 2007).
Algumas situações clínicas, em que a condição óssea dificulta o
posicionamento dos implantes, diferentes inclinações do longo eixo do dente
podem ser obrigatórias resultando em maior número de variáveis a serem
observadas na reabilitação protética, e então os pilares angulados figuram
como uma alternativa de resolução. Esses pilares possuem um amplo orifício
de entrada do parafuso de fixação em uma de suas paredes axiais,
característica essa que somada ao desgaste muitas vezes necessário para
personalizar o componente para situação clínica em questão, diminuem ainda
mais a área superficial e alteram a inclinação das paredes axiais pré-
estabelecida pelo fabricante (Emms et al., 2007). Assim, o parafuso do pilar
será apertado inevitavelmente no longo eixo do implante, entretanto é
necessário um orifício de acesso no pilar, para passagem e posicionamento do
referido parafuso. No pilar reto este orifício está localizado na parede superior,
já nos angulados nas paredes axiais, isto por si só já diminui a área de contato
friccional entre pilar e prótese, entretanto os orifícios axiais precisam ainda
serem maiores que o do pilar reto, complicando ainda mais a questão.
17
Além disso, em situações ósseas e de espaço protético ideais,
implantes são posicionados de tal forma que a resolução protética permite a
utilização de pilares preparáveis retos sem nenhuma alteração técnica, sendo
possível utilizá-los assim como o fabricante o disponibiliza. Entretanto, como
supracitado, alterações ósseas tornam necessária a inclinação do implante e
isso pode exigir o uso de pilares angulados. Considerando o espaço protético
favorável, esses pilares também não necessitam de alteração, podendo ser
usados assim como o fabricante os disponibiliza. Ou seja, em próteses
implantadas cimentadas o mesmo espaço protético pode, dependendo da
inclinação do implante, necessitar de diferentes pilares protéticos, e isto implica
em diferentes alturas e áreas de preparo, o que sugere diferentes retenções.
Assim em uma situação protética reabilitadora em que diferentes inclinações
dos implantes obrigam o uso de diferentes pilares sem, entretanto necessidade
de personalização (desgastes adicionais), que por sua vez influência na
retenção final quando comparado ao pilar reto que é maior e poderia ter sido
utilizado caso o implante fosse idealmente posicionado (Emms et al., 2007).
Tendo em vista o número reduzido de estudos na literatura sobre a
retenção relativa de vários cimentos dentários definitivos com as superfícies
metálicas tratadas quimicamente e considerando todo o contexto referenciado,
justifica-se investigação da correlação entre diferentes angulações das paredes
axiais de pilares metálicos, diferentes áreas de superfícies disponíveis para
união e o uso de materiais para cimentação resinosos ou convencionais, que
poderá fornecer relevante informação para eleição do material para a
cimentação levando em conta as particularidades de cada situação clínica. Ou
ainda fornecer importante informação estratégica para a indústria a respeito da
necessidade de possível tratamento de superfície, realizado em linha de
produção, objetivando melhor desempenho clínico de componentes angulados.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Implantes Unitários
O sucesso da utilização de implantes osseointegrados na
reabilitação de pacientes desdentados totais e parciais tem sido bem
documentado na literatura indexada no decorrer os últimos anos. O panorama
atual revela que o uso de implantes para prover suporte a coroas unitárias
evoluiu para uma opção viável e confiável de tratamento. Dessa forma o
capítulo inicial da revisão de literatura visa apresentar o contexto das
reabilitações unitárias com implantes dentários.
Em 1991 Jemt et al. realizaram um estudo multicêntrico prospectivo
com acompanhamento de um ano de implantes unitários em 92 pacientes. Os
pacientes foram divididos em subgrupos de acordo com a área de ausência
dentária sendo que as fases do estudo incluía avaliação, instalação dos
implantes ad modum Brånemark, tratamento protético com pilares específicos
para coroas unitárias e acompanhamento clínico. Para serem incluídos no
estudo os pacientes deveriam possuir uma ou duas ausências dentárias com
dente adjacente natural e antagonista natural ou prótese parcial. Foram
excluídos do estudo pacientes com qualidade e quantidade ósseas
insuficientes, espaço interoclusal insuficiente, estado periodontal e endodôntico
comprometidos, guia canina mantida por restauração e pacientes com
dependência química ou usuários de qualquer tipo de drogas. Além disso, os
pacientes deveriam ter o mínimo de 14 anos para as mulheres e de 16 anos
para os homens e o máximo de 70 anos para ambos. Assim, foram instalados
107 implantes sendo 88 em maxila e 19 em mandíbula. Os acompanhamentos
foram realizados na primeira semana e 1, 6, 12, 24, 36, 48 e 60 meses após a
instalação da coroa, sendo que para o presente estudo apenas os dados de 1
ano de acompanhamento foram analisados. Os parâmetros clínicos envolvidos
na avaliação incluíram qualidade gengival, profundidade de sondagem,
sangramento a sondagem e mobilidade. Para avaliação radiográfica foram
realizadas tomadas panorâmicas e periapicais pela técnica no paralelismo uma
semana após a instalação da coroa e ao final de um ano, sendo proposta nova
19
tomada radiográfica ao final do terceiro e quinto ano. Durante o primeiro ano de
acompanhamento, três pacientes não responderam aos chamados para a
consulta-controle. Os resultados apontaram perda de três implantes, boa
estabilidade gengival em relação à profundidade de sondagem e sangramento,
alguns desapertos de parafusos e fraturas de restauração de modo que,
segundo os autores, o estudo indica uma técnica promissora para colocação e
manutenção da estabilidade de implantes unitários. A saúde gengival ao redor
das coroas foi satisfatória e comparável à situação dos dentes naturais e
mesmo a presença de inflamação gengival em longo prazo pode ser resolvida
por meio do aperto de parafusos de pilares soltos.
Um estudo multicêntrico prospectivo de cinco anos foi realizado por
Scheller et al. em 1998 com objetivo de determinar as taxas de sucesso a curto
e longo prazo de coroas unitárias sobre implantes envolvendo pilares CeraOne
com coroas cimentadas e suportadas por implantes Brånemark e além disso
avaliar os efeitos nos tecidos moles ao redor das coroas e dos dentes
adjacentes. Dessa forma, em março de 1992 foram instalados 99 implantes
unitários (87 em maxila e 12 em mandíbula) em 82 pacientes distribuídos em
12 centros de tratamento. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados ad
modum Brånemark por profissionais experientes e após o período de 3 a 6
meses de cicatrização, os pilares CeraOne foram instalados com torque de 32
N.cm. Além da avaliação radiográfica após a instalação dos implantes, outra
tomada radiográfica do implante e dos dentes adjacentes após a segunda
etapa cirúrgica foi realizada. Após a cimentação da coroa, o primeiro exame
clínico foi realizado na segunda semana e acompanhamentos clínicos
adicionais com avaliações radiográficas do implante e dos dentes adjacentes
foram realizados a cada dois anos, sendo então realizadas no primeiro, terceiro
e quinto ano após a instalação da coroa. Para os implantes e os dentes
adjacentes os parâmetros gengivais foram determinados utilizando o índice de
sangramento modificado de Loe & Silness (1963) e também houve avaliação
quanto ao nível da margem da coroa em relação à margem gengival. A
mobilidade dos implantes e dentes foi analisada bem como todos os outros
20
problemas observados durante as visitas foram reportados. As avaliações
radiográficas foram realizadas por um mesmo radiologista por meio de
tomadas padronizadas, sendo avaliada a reabsorção óssea ao redor dos
implantes. Assim, os resultados apontados pelos autores revelaram que dos 99
implantes instalados, dois foram perdidos antes do tratamento protético, um
implante foi perdido duas semanas após cimentação da coroa e outro implante
foi considerado perdido após o segundo ano de acompanhamento. Por fim, 57
pacientes com 65 implantes e coroas participaram do estudo durante os cinco
anos. Algumas complicações envolveram a fratura de sete coroas de cerâmica
pura e quatro desapertos de parafuso. Já em relação aos parâmetros
gengivais, não houve inflamações importantes na maioria dos casos, no
entanto entre o terceiro e quinto ano houve aumento no índice de
sangramento. A média da perda óssea para o primeiro ano foi de 0,5 mm na
mesial, e 0,4 mm na distal. Diante dos dados encontrados, os autores
concluíram que os resultados em longo prazo para coroas unitárias com
implantes Brånemark são estáveis e acumulam uma taxa de sucesso de 95,9%
para os implantes de 91,1% para as coroas. Todas as coroas que fraturaram
puderam ser reparadas, as taxas de reabsorção óssea foram mínimas, os
tecidos moles permaneceram estáveis e a troca de parafusos de titânio por
parafusos de ouro pareceram resolver os problemas de desaperto de parafuso
dos pilares.
2.2 Próteses cimentadas x Próteses parafusadas
A implantodontia tem visto progressos rápidos e notáveis nos
últimos anos. A busca de resultados previsíveis em longo prazo tem levantado
várias questões relativas aos materiais utilizados, bem como a respeito das
técnicas seguidas da prática clínica. Uma dessas questões diz respeito ao tipo
de ligação entre a restauração e o implante. As restaurações sobre implantes
podem ser parafusadas ou cimentadas. As próteses retidas por parafuso tem
uma história bem documentada de sucesso na aplicação em pacientes
edêntulos. No entanto, com o aumento no número de tratamento de pacientes
21
parcialmente desdentados, novos conceitos de restauração têm evoluído no
domínio da prótese sobre implante, incluindo as próteses retidas por cimento.
Segue, portanto, uma revisão em ordem cronológica de estudos da literatura
indexados que discutem esse tema.
Lewis et al. em 1988 foram os primeiros a descrever uma nova
técnica para a fabricação de restaurações implanto-suportadas feitas
diretamente sobre os implantes Brånemark System (Nobel Biocare, Göteborg,
Suécia), sem o uso dos tradicionais pilares, de modo a superar os problemas
de limitação de espaço interoclusal. Assim, a nova proposta dos autores
descrevia peças pré-fabricadas de plástico que adapatariam-se diretamente
sobre a plataforma do implante, chamadas então de pilares UCLA. Esses
pilares foram concebidos para serem incorporados ao padrão de cera e, em
seguida, eliminados no processo de fundição. Dessa forma, a estrutura fundida
de metal poderia ser fixada diretamento sobre o implante, eliminando
problemas de espaço interoclusal insuficiente. O estudo ainda acompanhou
durantes 24 meses 17 pacientes com 45 implantes restaurados com pilares
UCLA e constatou que não houve nenhum tipo de perda óssea anormal, fratura
dos componentes ou da restauração, bem como sinais de eletrogalvanismo ou
corrosão eletrolítica.
Em 1989, Lewis et al. foram além e descreveram a fabricação de
coroas telescópicas em pilares personalizáveis a partir de pilares UCLA para
resolver problemas com angulação. A técnica descrita apresentou
discrepâncias marginais que variaram entre 4µm e 8µm, sendo valores
compatíveis com as discrepâncias encontradas em componentes
convencionais. A restauração final foi cimentada sob o coping telescópico com
cimento provisório, provendo assim, revesibilidade para o caso.
Em 1997, pretendendo discutir como a escolha por próteses sobre
implantes parafusadas ou cimentadas poderia influenciar dramaticamente na
oclusão e estética, Hebel & Gajjar realizaram uma breve revisão a respeito de
aspectos inerentes as próteses sobre implantes parafusadas e cimentadas.
Enquanto as próteses cimentadas possuem relação direta com fatores de
22
retenção que incluem paralelismo das paredes, área de superfície e altura,
rugosidade de superfície e tipo de cimento utilizado, as próteses parafusadas
possuem sua previsibilidade de retenção fornecida pelo parafuso, que por sua
vez, necessita ser submetido ao torque indicado pelo fabricante. Assim, os
parafusos possuem diferentes desenhos, diferentes propriedades mecânicas e
composição. Segundo os autores, a justificativa para utilização de próteses
parafusadas está ligada apenas a limitação de espaço interoclusal, em que os
fatores de retenção mecânica importantes para os pilares cimentados ficam
prejudicados. Por outro lado, as próteses cimentadas possuem diversas
vantagens como geração de um ambiente passivo e estável, em que possivéis
desadaptações do coping metálico seriam compensadas pela presença do
cimento. O assentamento e ajuste de estruturas sem passividade são
realizados através de procedimentos convencionais, enquanto soldas são
necessárias para estruturas parafusadas. Além disso, a ausência dos orifícios
de acesso nas próteses cimentadas fornece um desenho que melhora as
propriedades de resistência da porcelana, resultando em menos fraturas e pelo
mesmo motivo a oclusão pode ser obtida de modo a permitir que as tensões
sejam distribuidas axialmente. Ainda, segundo os autores, as prótesese sobre
implante cimentadas promovem fácil acesso a região posterior da boca,
redução de custos, redução das complexidade dos componentes, redução da
complexidade dos procedimentos laboratoriais, redução do tempo de cadeira,
apresentando também estética superior.
Em 1998, com o objetivo de comparar clinicamente as
características microbiológicas na região peri-implantar de implantes suportanto
tanto restaurações parafusadas quanto cimentadas e investigar a relação entre
a microflora peri-implatar e a microflora periodontal no mesmo indivíduo, Keller
et al. selecionaram 15 pacientes parcialmente edêntulos que haviam recebido
implantes do sistema de implantes dentários ITI®, consistindo em um total de
15 próteses parafusadas, cinco cimentadas e 60 sítios periodontais
investigados no estudo. Foram colhidas informações quanto aos índices de
placa ao redor dos implantes, sangramento e material microbiológico. Em
23
relação aos dentes naturais, foram feitas também medidas de profundidade de
sondagem e recessão assim como nos implantes e as protéses parafusadas
foram removidas e o material biológico colhido do interior da estrutura. Na
análise microbiológica, as bactérias foram classificadas quanto ao seu tipo,
quantificadas através da contagem de unidades formadoras de colônias
através de software específico e os valores submetidos à análise estatística.
Os resultados apontaram a presença de colônias bacterianas no interior das
estruturas das próteses parafusadas, que é explicada pelos autores como
possível contaminação do componente durante a instalação ou pela presença
de algum tipo de desadaptação. Houve também correlação significante entre as
bactérias encontradas nos sulcos dentais, na região peri-implantar e na região
interna da estrutura das próteses parafusadas, o que indica que a infiltração
bacteriana através da interface entre a prótese e o pilar executa um papel
importante na colonização bacteriana na parte interna de coroas parafusadas.
No entanto, não houve relação significativa entre o tipo de fixação (parafusada
ou cimentada) e presença de bacteria, mostrando que esse fator possui pouca
influência nos parâmetros microbiológicos e clínicos.
Com objetivo de acessar a magnitude da adaptação marginal da
interface implante-coroa de implantes ITI® com restaurações cimentadas e
parafusadas, em 1999, Keith et al. realizaram um estudo utilizando 20
implantes 4,1 x 10 mm que foram divididos em dois grupos de 10 implantes
cada. Um grupo era formado por pilares que receberam próteses parafusadas
e o outro grupo formado por pilares que receberam próteses cimentadas. O
grupo de próteses cimentadas ainda foi subdividido em coroas cimentadas com
cimento a base de ionômero de vidro e coroas cimentadas com cimento a base
de fosfato de zinco. Os valores de desadaptação foram obtidos através de
imagens microscópicas feitas durante as várias etapas do estudo. Após a
tabulação dos dados e análise estatística, os resultados apontaram diferenças
significativas entre os valores de desadaptação marginal das próteses
parafusadas e cimentadas, sendo que as parafusadas apresentaram menor
valor. Por outro lado, entre as próteses cimentadas, também houves diferenças
24
significativas quanto ao cimento utilizado, de forma que o cimento a base de
ionômero de vidro apresentaram valores menores de desadaptação do que o
cimento de fosfato zinco, mesmo assim, os autores afirmam que os valores
apresentados pelas próteses cimentadas são clinicamente aceitáveis. O estudo
também aponta que as fases laboratoriais de confecção de uma coroa metalo-
cerâmica sobre implante, seja ela cimentada ou parafusada provoca um
aumento na desadaptação de 22 e seis vezes, respectivamente.
Com a finalidade de comparar a integridade marginal e geração de
tensão durante o assentamento de restaurações parafusadas e cimentadas
sobre implantes, Guichet et al. em 2000 realizaram um estudo simulando
região posterior de mandíbula restaurada com três implantes de 10 mm, por
meio de análise fotoelástica. Dez restaurações de três elementos foram
realizadas sobre os implantes, sendo cinco parafusadas e cinco cimentadas.
Todas as 10 infraestruturas foram analisadas quanto à adaptação maginal por
meio de avaliação microscópica, de maneira que três medidas foram realizadas
em cada um dos pilares antes e depois da cimentação e antes e depois do
torque. Além disso, as infraestruturas foram investigadas quanto à geração de
tensão a cimentação e ao torque através de fotografias do modelo fotoelástico.
Assim, os resultados mostraram que para as médias dos valores de
desadaptação marginal antes da cimentação e do torque não houve diferenças,
no entanto após o torque as próteses parafusadas tiveram os valores reduzidos
de maneira significativa, enquanto as próteses cimentadas não apresentaram
diferenças entre os valores antes e após cimentação. Em relação a análise
fotoelástica as próteses cimentadas apresentaram valores de tensão inferiores
as próteses parafusadas. Não houve relação entre a adaptação maginal e
geração de tensão para as próteses parafusadas, fato que foi verificado para
as cimentadas.
Michalakis et al. em 2003 realizaram uma revisão crítica a respeito
de restaurações sobre implantes cimentadas e parafusadas com o objetivo de
discutir as vantagens e desvantagens de cada uma. Segundo os autores, os
fatores que são influênciados pelo tipo de restauração incluem: facilidade de
25
fabricação e custo, passividade da infraestrutura, retenção, oclusão, estética e
reversibilidade. Em relação à facilidade de fabricação e custo a prótese
cimentada é mais fácil do que as parafusadas, já que são utilizadas as técnicas
tradicionais para sua confecção e não há necessidade de formação especial
para os técnicos de laboratório além de possuírem componentes mais baratos.
Para os aspectos relacionados a passividade da infra-estrutura os autores
apontam que várias etapas da confecção de próteses podem acumular
pequenos erros responsáveis por possíveis desadaptações, aspectos esses
relacionados aos procedimentos de moldagem, fundição, queima da porcelana
e instalação da prótese. Por meio da análise de vários estudos, os autores
apontam ausência de passividade nas próteses parafusadas, capazes de gerar
maior concentração de tensão ao redor dos implantes em comparação com as
próteses cimentadas. No entanto, as próteses parafusadas apresentaram
menores valores de desadaptação marginal do que as próteses cimentadas,
fato que, segundo os autores, não tem relação com a degradação do pilar, mas
que pode influenciar na colonização bacteriana. E para as próteses cimentadas
ainda existe o fator adicional da degradação do cimento. Já os fatores de
retenção para as próteses cimentadas são basicamente os mesmos que
envolvem as próteses convencionas e incluem a convergência das paredeas
axiais, altura e área de superfície, rugosidade da superfície e tipo de cimento.
Para as próteses parafusadas a retenção é obtida pelo parafuso de fixação,
que liga o implante com o pilar e o pilar com a prótese. Nesse aspecto as
próteses parafusadas apresentam vantagem em situações em que o espaço
interoclusal é pequeno, reduzindo significativamente os fatores de retenção
mecânica, como altura das paredes, necessária nas próteses cimentadas. Para
os fatores de oclusão os autores afirmam que os tamanhos do orifício de
acesso necessário para o parafuso das próteses parafusadas impedem o
estabelecimento de contatos oclusais ideais, enquanto que para as cimentadas
esses contatos ideais podem ser determinados e permanecerem estáveis por
longo tempo. A estética também pode influenciar na escolha do tipo de prótese,
sendo verdade que o orifício de acesso das próteses parafusadas as tornam
26
pouco estéticas, principalmente em região mandibular que envolve molares e
pré-molares, e apesar de existirem resinas opacas que mascaram o orifício das
próteses parafusadas, as próteses cimentadas não apresentam esses
problemas. Durante a instalação das restaurações parafusadas, apenas uma
radiografia é necessária para verificar o ajuste preciso da prótese antes de
proceder ao torque final dos parafusos de fixação. No entanto, para
restaurações cimentadas, há uma necessidade de cuidado durante a remoção
dos restos de cimento, além de exame radiográfico, sendo a remoção de
resíduos de cimento crítica para a saúde peri-implantar além de um
procedimento complicado principalmente na presença de margens
subgengivais. Por fim a falta de reversibilidade seria a grande desvantagem
das próteses cimentadas comparadas com as próteses parafusadas, mas que
muitas vezes é minimizada através do uso de cimentos provisórios. Assim, os
autores concluem que os clínicos devem avaliar as vantagens e desvantagens
de cada tipo de restauração para selecionar a mais adequada de acordo com a
situação clínica.
Em 2004, Heckmann et al. avaliaram parâmetros de adaptação
passiva de próteses sobre implantes cimentadas e parafusadas com o objetivo
de quantificar as tensões geradas por ambos os tipo de próteses sobre
implante além de avaliar a influência das técnicas de moldagem e confecção
das próteses. Assim, um paciente de 69 anos, portador de implante ITI® (4,1 x
12 mm) na maxila direita se voluntariou para o estudo. Pilares para prótese fixa
cimentada sobre implantes foram parafusados sobre os implantes. Foi
confeccionado um modelo representativo da posição dos implantes na boca,
para a realização das medidas. Moldeiras individuais permitiram à realização
de dois tipos de técnicas de moldagens sobre o modelo de medidas, e em
seguida foram enceradas as infraestruturas. Seis grupos de 10 amostras foram
criados de acordo com as técnicas de moldagem e confecção bem como o tipo
de prótese. Para a mensuração dos valores de tensão foram colocados quatro
strain gauges próximos aos implantes e um strain gauge posicionado na face
oclusal do pôntico da infraestrutura. Os valores de tensões geradas após
27
cimentação e fixação das próteses parafusadas foram tabulados e submetidos
à análise estatística. Assim, os resultados apresentados pelos autores
revelaram que não houve diferenças entre as técnicas de moldagem utilizadas
nem para as próteses parafusadas nem para as próteses cimentadas, no
entanto não ficou evidente a existência de um tipo de prótese mais passiva do
que outra. Os autores afirmam que mais estudos devem ser feitos e que o
cirurgião dentista deve preferir próteses que apresentem menores valores de
tensão gerados ao redor dos implantes.
Ainda em 2004, Vigolo et al. recrutaram 12 pacientes para realizar
um estudo clínico controlado prospectivo com objetivo de comparar coroas
unitárias sobre implantes cimentadas e parafusadas por quatro anos após
reabilitação protética quanto ao nível ósseo marginal peri-implantar, parâmetros
de tecidos mole peri-implantar e complicações protéticas. Foram intalados 24
implantes, sendo dois por paciente. Após quatro meses da instalação dos
implantes foram realizados os procedimentos protéticos e laboratoriais e cada
paciente recebeu uma prótese cimentada e uma prótese parafusada. Todos os
pacientes foram submetidos a um programa de acompanhamento com
intervalo de três meses no primeiro ano e de seis meses nos anos seguintes.
Após avaliações de todos os parâmetros, os resultados apontaram estabilidade
dos tecidos moles na região dos implantes e em relação aos dois grupos
avaliados, não houve diferenças quanto ao nível ósseo e complicações
protéticas. Assim, segundo os autores, a escolha por prótese parafusada ou
cimentada seria uma preferência do clínico.
Em 2005, em um estudo experimental em cachorros Assenza et al.
avaliaram clinicamente os índices de desaperto de parafuso em próteses sobre
implante cimentadas e parafusadas. Para isso foram instalados implantes em
seis cachorros da raça Beagle, sendo que cada animal recebeu 10 implantes
em mandíbula. Três meses após a instalação dos implantes, os animais foram
submetidos a segunda etapa cirúrgica para instalação dos pilares. Dos 60
implantes instalados, 30 receberam pilares parafusados e 30 receberam pilares
cimentados. Sobre os pilares foram cimentadas estruturas metálicas
28
representativas de seis elementos dentários e 12 meses após foram removidas
para as avaliações. Os resultados revelaram após 12 meses 27% de desaperto
de parafuso nos pilares parafusados, enquanto nenhum desaperto de parafuso
foi constatado nos pilares cimentados, fato justificado pelos autores, como
objetivo alcançado pelo cimento que preenche todos os espaços no interior da
peça evitando micromovimento e consequente penetração de fluidos e
bactérias.
Ainda, Assenza et al. em 2006, como parte do mesmo estudo
experimental em cachorros, agora para avaliar parâmetros imunohistológicos
dos tecidos moles ao redor de implantes com próteses cimentadas e
parufusadas, revelaram que não houve diferenças entre os parâmetros
avaliados, dentre eles fatores de inflamação tecidual tanto para próteses
cimentadas quanto parafusadas. As diferenças só foram evidentes quando as
próteses parafusadas tiveram os parafusos afrouxados.
Tosches et al. em 2009, compararam a influência na adaptação
marginal de coroas variando técnicas de moldagem e materiais utilizados para
fundição, além de comparar esses fatores entre próteses parafusadas e
cimentadas. Uma amostra de 60 espécimes foi dividida em quatro grupos de
acordo com o tipo de pilar e técnica de impressão utilizada bem como o
material utilizado para fundição. Após o processo de cimentação das próteses
cimentadas com cimento à base de ionômero de vidro e as próteses
parafusadas de acordo com o torque recomendado pelo fabricante, as
amostras foram incluídas em resina epóxica, seccionadas transversalmente e
submetidas à avaliação microscópica da adaptação marginal. Após
comparação dos dados e análise estatística os resultados revelaram que
independente do tipo de técnica de impressão utilizada e material para
fundição, houve uma diferença significativa na média dos valores de adaptação
marginal vertical entre as coroas parafusadas (8,5 ± 5,7 µm) e cimentadas. A
diferença foi observada antes (54,4 ± 18,1 µm) e após a cimentação com
cimento a base de ionômero de vidro (57,4 ± 20,2 µm) ou fosfato de zinco
(67,4 ± 15,9 µm).
29
Com objetivo de avaliar a distribuição de tensões em diferentes
sistemas de retenção (cimentada e parafusada) em próteses parciais fixas
sobre implantes com conexão do tipo hexágono externo por meio de
fotoelasticidade, Pellizzer et al. em 2010 realizaram um estudo e
confeccionaram dois blocos de 45 x 30 x 10mm com resina fotoelástica e
inseriram dois implantes nas regiões de segundo pré-molar e molar de cada
modelo, sendo o modelo 1 representante da prótese parcial fixa parafusada e o
modelo 2 representante da prótese parcial fixa cimentada. Técnicas
convencionais foram utilizadas para a confecção das infraestruturas em NiCr,
com padronização da altura das coroas. As próteses cimentadas receberam
cimentação provisória e as parafusadas seguiram o torque recomendado pelo
fabricante. Para o teste de distribuição de tensões, uma força de 100N foi
aplicada a uma angulação de 0° e 45° em pontos fixos da superfície oclusal
das infraestruturas metálicas, por um período de 10 s. As tensões resultantes
nos modelos fotoelásticos foram fotografadas e avaliadas em um software. A
avaliação qualitativa feita por 2 observadores determinou que quanto maior o
número de franjas, maior a tensão, e quanto mais próximas as franjas, maior a
concentração de tensão. Os resultados para a força aplicada em direção ao
longo eixo da prótese (0°) mostraram que quando os dois modelos foram
comparados, o modelo de próstese parafusada exibiu maior número de franjas,
correspondendo a maior magnitude de tensões, e as franjas se apresentaram
próximas, ou seja, maior concentração de tensões. Para a avaliação com força
aplicada em 45° os resultados apontaram mais uma vez, quando comparando
os dois modelos, maior número de franjas e franjas mais próximas para o
modelo 1, resultando em maiores tensões concentradas. Apesar dos autores
concluirem que as próteses cimentadas resultam em melhor distribuição de
tensões e menor magnitude de tensão, é discutido sobre as próteses
cimentadas a falta de reversibilidade e a possibilidade de inflamação gengival
devido ao excesso de cimento.
2.3 Retenção mecânica em prótese cimentada
30
As próteses cimentadas tornaram-se, em muitos casos, a
restauração de escolha para o tratamento de pacientes com implantes,
principalmente diante do novo panorama da implantodontia e das exigências
estéticas do mercado. A literatura é repleta de estudos que apontam os vários
fatores que influenciam a retenção de restaurações cimentadas, e são esses
fatores os mesmos tanto para restaurações sobre dentes quanto para
restaurações sobre implantes. Assim, uma abordagem científica é descrita com
artigos cronologicamente apresentados.
Para demonstrar a relação entre a retenção e o ângulo de
convergência de coroas cimentadas, Jorgensen em 1955 confecionou 70
amostras cônicas com 8 mm de diâmetro variando o ângulo de convergência
em 5°, 10°, 15°, 20°, 25°, 35° e 45°, sendo divididas em sete grupos de 10. As
coroas foram cimentadas com cimento à base de fosfato de zinco seguindo as
orientações do fabricante sendo colocado um peso de 4 kg por 10 minutos
sobre as amostras. Em seguida, após 24 horas, as amostras foram submetidas
ao ensaio de tração. Os valores obtidos criaram um gráfico em forma de
hipérbole, o que demonstrou que a medida que houve aumento do ângulo de
convergência houve uma diminuição da retenção. Além disso, foi realizado
ensaio com amostras que tiveram suas superfícies lixadas, aumentando a
rugosidade de superfície e entao cimentadas e submetidas ao ensaio de
tração. Para esse grupo, os valores de retenção foram superiores e o gráfico
não apresentou uma relação regular entre o ângulo de convergência e
retenção, fato justificado pelo autor devido afalta de padronização no
procedimento da criação da rugosidade de superfície.
Em 1961 Kaufman et al. descreveram alguns fatores que afetam a
retenção de restaurações fundidas e cimentadas sobre dentes. Para isso, os
fatores que podem influenciar na retenção de uma prótese cimentada, foram
divididos em três categorias: preparo dentário, fundição e cimentação. Assim,
segundo os autores, os fatores de retenção que envolvem o preparo dentário
são a área de superfície, a altura da superfície preparada, o ângulo de
convergência das paredes opostos da superfície preparada, a textura da
31
superfície preparada, dispositivos de retenção intracoronal no preparo e o grau
de retenção provido pelos vários componentes da superfície preparada. Já os
fatores de retenção envolvidos no processo de fundição da estrutura metálica
incluem a adaptação da peça metálica sobre a estrutura dentária preparada, a
textura da supefície interna da peça fundida e as propriedades de resistência
da liga necessárias para manter o selamento do cimento. Para os fatores
relacionados à cimentação, são citados o tipo de cimento, o efeito de
perfuração na coroa metálica para escoamento de excesso de cimento, a
influência da viscosidade do cimento, variação na força de assentamento,
variação da duração da força, variação do tempo entre a cimentação e o
ensaio de tração, o ângulo de direção da força de tração e os valores de
resistência a compressão e cisalhamento do agente cimentante. Assim, os
seguintes fatores foram avaliados pelo estudo: a altura da superfície
preparada, o ângulo de convergência das paredes opostas do preparo, a área
de superfície do preparo e o efeito da perfuração na coroa metálica. Para isso
foram confecionadas amostras em alumínio representativas de preparos
dentais com medidas pré-determinadas. As amostras foram preparadas
variando altura em 4,7 mm e 10 mm e o ângulo de convergência das paredes
em 1°, 5°, 10°, 15° e 20°. Vários diâmetros foram utilizados variando de 4,4 mm
a 9,5 mm com intervalos de 0,63mm. Todos os processos de enceramento,
inclusão e fundição foram padronizados, e as coroas metálicas foram
cimentadas com cimentos à base de fosfato de zinco e após 24 horas foram
submetidos ao ensaio de tração. Os resultados apontam que a medida que a
altura aumentou houve aumento da resistência a tração mas sem a existência
de uma proporção. A resistência a tração aumentou mais quando houve
variação da angulação do que quando houve variação da altura, sendo que o
aumento mais abrupto ocorreu a partir da angulação de 5°, ou seja, a medida
que a convergência se aproximou do paralelismo a retenção aumentou. Em
relação ao diâmetro, o estudo revelou que o aumento da resistência a tração
foi proporcional ao aumento da unidade de área para uma angulação
constante. Por fim, os resultados mostraram que coroas com perfurações na
32
região oclusal para escoamento de excesso de cimento, apresentaram maiores
valores de resistência à tração bem como melhor assentamento das estruturas.
Em 1974 Gilboe & Teteruck, abordaram os fundamentos de retenção
e forma de resistência dos preparos dentários. Assim, segundo os autores,
todos os preparo necessitam de fatores que previnam o deslocamento das
restaurações por tensões funcionais. O primeiro fator citado envolve o
paralelismo das paredes axiais, de forma que a medida que as paredes axiais
se aproximam do paralelismo, a restauração pode apresentar maior resistência
ao deslocamento por tensões de tração e cisalhamento. Ainda, reduções das
paredes axiais entre 2° e 5°, fornecem ótima resistência e retenção. Em
relação a altura os autores apontam que a medida que a altura do preparo
aumenta as formas de resistência e retenção aumentam e ainda que existe
uma relação direta entre a área de superfície e o potencial de resistência
retentiva do preparo. Portanto, quanto maior o diâmetro cervical do dente,
maior a área de superfície disponível para o preparo. No entanto, os autores
enfatizam que se os fatores primários forem insuficientes, pode-se lançar mão
de fatores secundários como caixas, sulco e pinos. Por fim, o estudo revela
que o aumento da área de superfície aumenta a resistência e retenção e a que
a falta de área de superfície só pode ser compensada através da adição da
mesma.
Fatores que influenciam a retenção de cilindros de ouro CeraOne
foram avaliados por Kent et al. em 1996 com o objetivo de relatar variáveis
adicionais relacionadas com a falha de cimentos (cimento temporário sem e
com eugenol e cimento a base de fosfato de zinco) para o sistema CeraOne,
incluindo o efeito da altura, volume de agente cimentante e o uso de cimentos
contendo eugenol. Cilindros de ouro CeraOne foram cimentados sobre pilares
CeraOne com alturas de 3,7 mm e 5 mm variando seis combinações de
volumes e cimentos distintos. Cada cimento foi manipulado de acordo com as
indicações do fabricante e o volume utilizado foi de 0,01 ml e 0,02 ml para cada
variável analizada. Após armazenamento em 100% de umidade por duas horas
as amostras foram submetidas ao ensaio de tração a uma velocidade de 0,5
33
cm/min e os dados tabulados. Os resultados apontaram influência importante
tanto do tipo de cimento quanto da altura do pilar e uma interação entre esses
dois fatores, enquanto os volumes utilizados não demonstração influência na
retenção dos cilindros. Além disso, os autores concluem que a altura de 5 mm
associada ao cimento de fosfato de zinco promoveu os maiores valores de
resistência a tração.
Uma análise retrospectiva a respeito da influência do tipo de cimento
e tipo de cilindro na falha de cimentação de coroas sobre implantes unitárias
instaladas entre 1991 e 1995 foi realizada por Carter et al. em 1997. Os
prontuários de 30 pacientes com 36 coroas sobre implantes foram analisados
com objetivo de identificar as instâncias da falha de cimentação. Cada
cimentação, cada falha de cimentação e cada cimentação foi registrada como
um evento, sendo que dois pacientes com mais de cinco novas cimentações
foram excluídos do estudo bem como três pacientes que tiveram suas coroas
cimentadas com cimentos a base de ionômero de vidro. Foi seguido um
protocolo de cimentação e apenas cimentos temporários e cimentos a base de
fosfato de zinco foram utilizados. Além disso, as coroas foram confeccionadas
com três tipos de cilindros: 19 cilindros de plástico seguidos de fundição; seis
cilindros pré- fabricados de ouro e 11 cilindros pré-fabricados de cerâmica. Os
eventos de falha foram analisados segundo as variáveis tipo de cimento e tipo
de cilindro. Assim, os resultados revelaram que as coroas cimentadas com
cimento temporário sofreram mais solturas quando comparadas com as coroas
cimentadas com cimento de fosfato de zinco. Também foi apontado influência
quanto ao tipo de coping utilizado, sendo que os de plástico seguidos de
fundição sofreram mais solturas das coroas e os resultados mais favoráveis
foram para os copings de cerâmica cimentados com fosfato de zinco. Diante
dos resultados com grande variação, os autores apontam como possíveis
fatores contribuintes o tipo do dente reabilitado, a diferente rugosidade de
superfície entre os cilindros, já que um foi fundido e os outros dois apesar de
serem pré-fabricados são de materiais diferentes (ouro e cerâmica), além dos
mesmos possuírem formas internas diferentes, sendo que o pilar de ouro pré-
34
fabricado possui seis lados enquanto o de cerâmica possui 12 lados, de
maneira que todos esses fatores poderiam ter influenciado nos resultados
obtidos.
Hebel & Gajjar em 1997, em uma revisão sobre aspectos de
próteses sobre implantes cimentadas e parafusadas, discutiram os fatores de
retenção envolvidos nas próteses cimentadas. Segundo os autores os fatores
responsáveis pela retenção de coroas são os mesmos tanto para próteses
convencionais quanto para próteses sobre implante e incluem: angulação e
paralelismo do preprao, área de superfície e altura, rugosidade de superfície e
tipo de cimento. Em relação à angulação do preparo é sugerida uma
convergência ideal de 6°, quando na realidadea maioria dos preparos dentários
apresentam-se no intervalo de 15° a 25°. Considerando que a maioria dos
fabricantes produzem pilares com convergência de 6°, as próteses sobre
implantes cimentadas apresentam uma retenção ideal que supera as proteses
convencionais em três vezes. A combinação de altura e área de superfície está
totalmente ligada e os autores apontam que o aumento nesses dois aspectos
possue relação direta com aumento de retenção e forma de resistência. Para
eles, com pilares de implantes é possível conseguir maiores valores de
retenção do que em dentes naturais quando comparados a altura e área de
superfície. A rugosidade também influencia a retenção e pode ser conseguida
com utilização de brocas ou jateamento da superfície. E por fim, o tipo de
cimento que pode ser provisório ou definitivo, também possue relação com
fatores de rentenção. Os cimentos provisórios foram desenvolvidos para uso
por um curto período (restaurações provisórias), enquanto os cimentos
definitivos foram desenvolvidos para possuirem maior resistência e
longevidade. Alguns exemplos incluem fosfato de zinco, ionômero de vidro,
cimento resinoso e cimentos híbridos. Segundo os autores, na prótese
convencial são utilizados cimentos mais resistentes para compensar a
ausência de retenção do preparo e promover um melhor selamento marginal.
Falhas decorrentes da cimentação de coroas em dentes naturais podem levar
a perda do dente, sendo que essas falhas podem também ocorrer em próteses
35
sobre implantes, no entanto, não levam a perda do pilar. Ainda, segundo os
autores, a cimentação em prótese sobre implante poderia ser feita com
cimentos provisórios, considerando os aspectos de angulação e altura ideais
dos pilares, tornando o precedimento de cimentação reversível.
Ainda em 1997 Ayad et al. pretendendo determinar a relação entre
as características superficiais dos preparos dentários para coroas metálicas
totais e a retenção de cimentação das mesmas, realizou um estudo em que 90
molares humanos extraídos receberam preparos para coroas totais. Os dentes
foram divididos em três grupos de 30 amostras de acordo com o instrumento
rotatório utilizado sendo diamantado, para acabamento ou carbide e antes de
submetidos aos preparos foram incluídos em resina epóxica e os preparos
padronizados pela utilização de uma máquina de praparo. Em seguida,
seguiram-se com procedimentos de moldagem e enceramento da infraestrutura
que foi fundida dando origem às coroas metálicas em liga de ouro. Cada grupo
de 30 amostras foi ainda subdivido em subgrupos de 10 de acordo com o
cimento utilizado, incluindo cimento a base de fosfato de zinco, cimento a base
de ionômero de vidro e cimento resinoso seguindo as orientações do
fabricante. Após a cimentação uma carga dinâmica de 98N foi utilizada por 10
minutos e em seguida removido o execesso de cimento. As amostras ainda
foram subemtidas a ciclagem térmica de 1500 ciclos entre 5°C e 55°C com 1
minuto de tempo de imersão e então submetidas ao ensaio de tração. Os
resultados apontaram diferenças significativas entre a cimentação e tipo de
broca e nas combinações entre eles. Assim, os preparos finalizados com
brocas de acabamento tiveram baixos valores de retenção enquanto que os
preparos finalizados com brocas carbide apresentaram maiores valores de
retenção para todos os cimentos utilizados. Baseados nos dados encontrados
os autores concluiram que para o cimento de fosfato de zinco as brocas
carbide promoveram boa retenção, aumentando a mesma de 46% a 55%
quando comparado com os preparos finalizados com as outras brocas, além
disso, os instrumentos rotatórios não influenciaram nos valores de retenção
36
para os cimentos de ionômero de vidro e resinoso e por fim o cimento resinoso
apresentou os melhores valores diante de todas as variáveis do estudo.
Comparando as taxas de falhas de cimento em pilares do tipo
CeraOne, também em 1997 Kent et al. cimentaram cilindros de ouro Ceraone
sobre pilares de titânio de 5mm de altura utilizando cimento de fosfato de zinco,
cimento temporário com e sem eugenol além de variar o método de de
fechamento do orifício de acesso do parafuso, sendo orificio fechado
completamente com resina acrílica autopolimerizável e orifíco sem nenhum
material. Os cimentos foram manipulados de acordo com as indicações do
fabricante e as amostras submetidas à carga estática de 5 kg por 10 minutos e
após 24 horas armazenadas em 100% de umidade foi realizado o ensaio de
tração. Os resultados apontaram diferenças estatísticas significantes em
relação ao tipo de cimento utilizado, no entanto, não houve nenhum tipo de
correlação nem entre o método de fechamento do orifício nem interação entre
as duas variáveis.
Sato et al. em 1998 examinaram o ângulo de convergência e altura
de preparos dentários realizados por estudantes no Japão. Utilizando
estudantes do último ano do curso de odontologia na Faculdade de
Odontologia da Universidade de Tokyo, foram analizados 63 preparos dentais
realizados por 60 estudantes. Medidas de altura e ângulo de convergência
foram feitas pelo mesmo avaliador e os valores tabulados. Os resultados
mostraram que a média do ângulo de convergência total dos preparos dos
alunos foi de 19°, sendo que apenas 12,7% dos preparos apresentaram
conicidade considerada ideal pelos autores, ou seja, a maioria dos preparos
apresentou-se sobre preparados. Além disso, a diferença entre a altura das
coroas e a altura dos preparos ficou entre 1 mm e 2,4 mm, o que significa que
o espaço seria suficiente para a estrutura metálica. Os autores discutem que
uma angulação do preparo ideal entre 2° e 5° não seria determinante para a
retenção da coroa quando da utilização de cimentos resinos, fato que se torna
fundamental quando o cirurgião dentista utiliza cimento a base de fosfato de
zinco. Assim, concluem que a convergência idel de 2° a 5° deve ser respeitada,
37
no entanto, um aumento da convergência do preparo para 20° não altera os
resultados clínicos em dentes.
Vários fatores parecem ter relação com assemtamento e retenção
de coroas metálicas, dentre eles a rugosidade de superfície. Assim,
Tuntiprawon em 1999 realizou um estudo com objetivo de avaliar o
assentamento marginal e retenção de coroas metálicas cimentadas sobre
dentes preparados com pontas diamantadas de diferentes granulações
utilizando três agentes cimentantes distintos. Sessenta pré-molares humanos
extraidos foram selecionados de acordo com o tamanho de suas coroas,
limpos e armazenados em água deionizada. Em seguida suas raízes foram
incluidas em blocos de resinas na altura da junção cemento esmalte e então
tiveram as coroas preparadas de forma padronizada em uma máquina de
preparo. As amostras foram dividas em dois grupos de 30 espécimes, sendo o
grupo I preparado com pontas diamantadas mais grossas e o grupo dois
preparado com pontas diamantadas mais finas, de modo que todos os
preparos possuiam altura de 3 mm e ângulo de convergência de 6°. Após
limpeza em ultrassom, os grupos foram avaliados quanto a sua rugosidade de
superfície através de microscopia eletrônica de varredura e seguidos dos
procedimentos de moldagem, enceramento das coroas e fundição. Cada grupo
de 30 espécimes foi subdividido em três grupos de 10 para cimentação com
cimentos a base de fosfato de zinco, cimento de ionômero de vidro e cimento
resinoso. Foram realizadas medidas da altura das coroas antes e após
cimentaçãoe o ensaio de tração realizado. Os resultados das medidas das
coroas demonstraram pequenas diferenças, o que significa que as coroas
foram assentadas muito próximas das margens do preparo. Os resultados
também apontaram diferenças significativas de assentamento das coroas entre
os diferentes cimentos utilizados, mas sem relação significante com a
rugosidade de superfície. Já em relação a retenção, o estudo revelou
diferenças significativas entre os cimentos utilizados e rugosidade de
superfície, principalmente em relação ao cimento resinoso. Assim, os autores
afirmam que as pontas diamantadas grossas promoveram maior retenção das
38
coroas para todos os tipos de cimentos, já que as mesmas promoveram uma
superfície com maiores projeções observada através da microscopia, por outro
lado não houve relação da rugosidade ou tipo de cimento com assentamento
das estruturas.
Em 2001, Squier et al. realizaram um estudo com o objetivo de
fornecer dados sobre a retenção relativa de coroas metálicas cimentadas com
cinco diferentes cimentos sobre pilares de titânio com convergência de 8° e
com superfície anodizada ou não anodizada. Para isso, foram utilizados 60
pilares padronizados em 5,5 mm de altura e 8° de convergência que
receberam torque de 35 Ncm. A metade dos pilares representou o grupo sem
tratamento de superfície, enquanto a outra metade constituiu o grupo de pilares
anodizados. Assim, foram enceradas e fundidas 60 coroas metálicas sobre os
respectivos pilares. Além disso, para a cimentação foram utilizados cinco
cimentos diferentes (fosfato de zinco, resinoso, ionômero de vidro, ionômero de
vidro modificado por resina e óxido de zinco sem eugenol) de maneira que para
cada um foram utilizadas seis amostras em cada grupo de pilares (anodizado e
não anodizado). Todas as coroas foram cimentadas de acordo com as
recomendações do fabricante e em seguida armazenadas em umidade por 24
horas. Antes do ensaio de tração as 60 amostras foram termocicladas a uma
temperatura que variou entre 5,1 °C e 56,1°C com intervalo de 34 s por período
total de 24 horas. O ensaio de tração foi realizado a uma velocidade de 0,5
cm/min. Os resultados mostraram que houve diferenças significativas entre os
cinco tipos de cimentos utilizados, no entanto não houve diferenças
significantes entre os pilares com superfície não anodizada e anodizada, o que,
segundo os autores, revela que as forças de retenção não foram alteradas pela
superfície anodizada. Além disso, os resultados apontaram que o cimento
resinoso apresentou os melhores resultados para as duas superfícies,
seguidos do cimento a base de fosfato de zinco e cimento de ionômero de
vidro modificado por resina, sendo que o cimento de ionômero de vidro e óxido
de zinco sem eugenol apresentaram os menores valores de retenção. Apesar
dos autores concluírem que a anodização da superfície do pilar não foi um fator
39
que influenciou na retenção da cimentação, os mesmos acreditam ser
necessário mais estudos para determinar se o revestimento do pilar
desempenha um papel importante ou interfere de alguma maneira no conjunto
implante/pilar.
Michalakis et al. em 2003, ao realizarem uma revisão crítica
comparando próteses sobre implantes cimentadas e parafusadas discutiram
que os fatores responsáveis pela retenção das próteses cimentadas sobre
implantes são basicamente os mesmo das próteses sobre dentes:
convergência das paredes axiais, área de superfície e altura, rugosidade de
superfície e tipo de cimento. Quanto ao tipo de cimento os autores afirmam que
podem ser utilizados cimentos provisórios ou definitivos, sendo que os
cimentos definitivos são utilizados para aumentar a retenção e promovem um
bom selamento marginal para as restaurações, enquanto que os cimentos
provisórios são utilizados em restaurações provisórias com o objetivo de
facilitar sua remoção. No entanto, segundo os autores, os cimentos provisórios
podem também ser utilizados na cimentação de restaurações sobre implantes
permitindo sua reversibilidade. Assim, para as restaurações sobre implantes
cimentadas, os autores afirmam que a escolha do cimento é um dos aspectos
mais importantes que influencia a quantidade de retenção obtida.
Baseados no fato de que os estudos clínicos tem apontado a perda
de retenção com principal fator na falha de próteses fixas, Ayad et al. em 2009
propuseram um estudo para determinar a relação entre o ângulo de
convergência de preparos dentários para coroas totais metálicas e a
resistência de cimentação com cimentos convencionais e adesivos. Cento e
vinte coroas metálicas foram fundidas e cimentadas sobre 120 dentes
humanos extraídos e preparados de forma padronizada, seguindo altura de 3,5
mm e diâmetro de 8 mm, sendo que o ângulo de convergência das paredes
variou em 5°, 12° e 25 °(n = 40). As coroas em cada grupo foram subdivididas
em 4 subgrupos (n = 10) de acordo com o tipo de cimento: cimento de fosfato
de zinco, cimento de ionômero de vidro e dois cimentos resinosos. Assim, foi
realizado ensaio de tração das coroas para avaliar a resistênica da cimentação
40
e em seguida todas as coroas foram recimentadas e submetidas e novo teste.
Os resultados apontaram uma diferença significativa para as diferentes
angulações e tipo de cimento, bem como diferenças entre a primeira e a
segunda cimentação. Para todos os tipos de cimento a angulação de 5°
demonstrou os maiores valores de resistência a tração e independente da
angulação, o cimento resinoso Panavia 21 apresentou os melhores resultados.
Portanto os autores concluem que a angulação do preparo e o tipo de cimento
utilizado influenciam a resistência inicial e de recimentação de coroas
metálicas; que existe redução da força de união entre a cimentação inicial e a
recimentação; que considerando as angulações utilizadas a de 5° promoveu
melhores resultados de resistência e que os cimentos resinosos,
especialmente o Panavia 21, resultaram em valores de resistência
significantemente maiores quando comparados ao cimento de fosfato de zinco
e de ionômero de vidro.
Em 2010 Heintze realizou uma revisão com objetivo de avaliar os
fatores que influenciam os testes que avaliam a eficácia de agentes de
cimentação em coroas cimentadas sobre dentes. Para isso, foi feito uma busca
por estudos na base de dados MEDLINE de 1966 a 2008, sendo que após
analisados os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 18 estudos
para a revisão. Dentre os estudos selecionados, 10 utilizaram molares, 6
utilizaram pré-molares e 2 utilizaram ambos. Quanto ao preparo dentário a
altura variou entre 3 mm e 6mm e o ângulo de convergência das paredes
variou entre 4°,8° e 33°. Já a área de superfície dos preparos foi quantificada
em apenas nove estudos. Em 16 estudos ligas metálicas foram utilizadas para
confecionar as coroas e em apenas duas foram utilizadas cerâmicas. Variáveis
como armazenamento, ciclagem, força de tração, velocidade de tração, teste
estatístico e coeficiente de variação também foram analizados. Assim, o autor
apresenta como resultados que os fatores mais importantes que afetaram a
retenção de coroas nos experimentos de laboratório foram o ângulo de
convergência do preparo e a área de superfície à qual as coroas foram
41
cimentadas, sendo que este últimoé determinado principalmente pela altura e
tipo de dente.
de Campos et al. em 2010 realizaram um estudo com objetivo de
investigar se a topografia de superfíciede pilares de implantes afetava a
resistência retentiva de coroas metálicas unitárias cimentadas com fosfato de
zinco, gerando a hipótese de que a força necessária para deslocar a peça
metálica varia em função da superfície do pilar.Assim, três pilares cônicos de
titânio com 5,5 mm de altura foram divididos em três grupos, sendo o grupo 1
referente a um pilar usinado, o grupo 2 referente a um pilar que recebeu
jateamento com partpiculas de 80 µm de óxido de alúminio e o grupo 3
referente a um pilar pré-fabricado com ranhuras circunferenciais. Foi realizada
análise da rugosidade de superfície de cada pilar com rugosímetro a fim de se
estabelecer parâmetros. Três análogos de implante foram incluídos em resina
acrílica e sobre eles instalados os respectivos pilares com torque de 35 Ncm.
Para cada grupo experimental foram enceradas, fundidas e cimentadas com
fosfato de zinco cinco coroas metálicas. Após remoção do excesso de cimento
as amostras foram armazenadas em umidade por 24 horas. As amostras foram
submetidas ao ensaio de tração a uma velocidade de 0,4 mm/min e os valores
obtidos em N. Os resultados apresentados pelos autores revelaram valores de
resistência superiores para o grupo de pilares que sofreram jateamento (822N)
e para o grupo de pilares com ranhuras circunferências (871N), sendo que o
grupo dos pilares usinados apresentou os menores valores de resistências
(369N). No entanto não houve diferenças estatísticas entre o grupo 2 e o grupo
3. Portanto os autores, afirmam que, apesar das limitações do estudo, existe
uma relação entre a alteração da superfície dos pilares e aumento da retenção.
2.4 Cimentos Odontológicos
Vários tipos de cimentos têm sido usados na odontologia, dentre
eles podemos citar o fosfato de zinco, cimento de silicato, ionômero de vidro,
ionômero de vidro modificado por resina, cimento de policarboxilato, cimento à
base de óxido de zinco e eugenol e cimentos resinosos. Nesse contexto, esse
42
tópico da revisão de literatura abordará aspectos importantes de alguns
cimentos odontológicos, principalmente fosfato de zinco e cimento resinoso.
Smith em 1968 discutiu a respeito do desenvolvimento de novos
cimentos odontológicos que até então se concentravam em dois tipos apenas,
sendo o fosfato de zinco e óxido de zinco e eugenol. Para o autor seria
fundamental a criação de um cimento que associasse a facilidade de
manipulação com boas propriedades retentivas e que, além disso, se aderisse
aos substratos dentários com pouca toxicidade e capacidade anti-cariogênica.
Assim, o objetivo do estudo se foca na descrição dos benefícios de um novo
cimento proposto pelo autor, basicamente derivado do óxido de zinco e solução
aquosa de ácido poliacrílico e que pode ser formulado com diferentes
características para as várias aplicações clínicas. O cimento proposto parte do
principio da hidrofilia considerando as características diversas da dentina e do
esmalte e possui três pontos fortes: resistência adequada, adesão aos
substratos dentários e ausência de toxicidade. Após a realização de testes de
resistência a tração por meio de compressão diametral de discos, foi
determinado que os valores de resistência do novo cimento foram superiores
aos valores encontrados para os cimentos de fosfato de zinco. Ainda, os
resultados de ensaios de resistência adesiva de vários cimentos ao esmalte e a
dentina após 24horas armazenados em água a 37°C também revelaram
valores satisfatórios para o cimento poliacrílico. Por fim, testes clínicos em
cachorros e macacos por meio de avaliação histológica de caninos preparados
e preenchidos com cimento poliacrílico e cimento de óxido de zinco (controle) e
extraídos em intervalos de 1 a 7 dias demonstraram pouca reação inflamatória,
sugerindo com todo esse contexto, um uso possível desse tipo de cimento.
Em 1971, Servais & Cartz discutiram sobre a estrutura do cimento
de fosfato de zinco. Assim, segundo os autores a estrutura do cimento de
fosfato de zinco consiste de partículas de óxido de zinco em uma matriz amorfa
então cristalina de fosfato. Além disso, cristais de hopeite (Zn3 (PO4)2 4H20)
podem crescer a partir da superfície do cimento, se o excesso de água estiver
presente e poros extensos e de cristais superficiais, que são dependentes das
43
condições de umidade, afetam a resistência e as propriedades adesivas do
cimento. Para investigar a estrutura e comportamento desse cimento foi
utilizado difração de raio-X, microscopia eletrônica de varredura e microssonda
eletrônica. Várias amostras do cimento foram preparadas e armazenadas em
diferentes condições de umidade em temperatura ambiente por quatro dias:
amostra A, 30 % de umidade relativa; amostra B, 100% de umidade relativa;
amostra C, imersão em água destilada e amostra D, enclausurada entre duas
lâminas de vidro. Para a análise de difração de raio-X a amostra A apresentou
apenas a presença de ZnO e pequena quantidade de MgO como fases
cristalinas, com praticamente a mesma proporção original do pó. Para as
outras amostras, todas continham além do ZnO a fase cristalina hopeite. A
análise em microscopia eletrônica de varredura revelou para a amostra A
ausência de formações cristalinas. A amostra B apresentou grupos de cristais
de hopeite e a amostra C grupos de cristais cresceram na sua superfície.
Assim, os autores concluem que a distribuição de partículas de ZnO e MgO
dentro da matriz de fosfato foi claramente revelada pela microscopia eletrônica
de varredura e pela microssonda eletrônica e que mesmo que o fosfato
cristalino não esteja envolvido no processo de endurecimento do cimento, pode
haver um subsequente crescimento de hopeite (Zn3 (PO4) 2 4H20) na
presença de excesso de umidade. Portanto, a superfícies dos cimentos são
definitivamente modificadas pelo crescimento de camadas de cristais de
hopeite, assim como pelos poros que podem se fixar abaixo de sua superfície.
Os cristais de hopeite são mantidos fracamente à superfície de cimento, de
modo que sua presença reduz consideravelmente todas as propriedades
adesivas do cimento.
Com objetivo de relatar as propriedades de novos cimentos de
ionômero de vidro, Wilson et al. em 1977 compararam as propriedades dos
cimentos ASPA II e ASPA IV com outros bons exemplos de agentes de união
representados por cimentos de fosfato de sílica, policarboxilato de zinco,
fosfato de zinco e óxido de zinco e eugenol. O cimento de ionômero de vidro
ASPA é definido pela interação dos íons de Al3+ e Ca2+ extraídos do pó, com
44
poliânions em solução de ácido poliacrílico. As técnicas de manipulação e
tempo foram seguidas de acordo com as orientações do fabricante e todos os
procedimentos realizados em temperatura controlada de 23 ± 1°C e 50 ± 2%
de umidade relativa. Foram medidas a espessura de cimento, solubilidade e
resistência a compressão. A resistência a tração foi mensurada por meio de
compressão diametral utilizando um disco de cimento de 6 mm de espessura e
6 mm de diâmetro que foi armazenado em água a 37°C por 24horas. A
opacidade também foi mensurada com goniofotômetro em discos de 1 mm de
espessura envelhecidos por 24horas. O cimento ASPA II apresentou altos
valores de resistência compressiva apesar de ter se mostrado sensível a
umidade enquanto toma presa. No entanto, os tamanhos demasiadamente
grandes de suas partículas inviabilizam seu uso em determinadas situações. O
ASPA IV se apresentou bem semelhante ao ASPA II a não ser pelo fato de
possuir partículas mais finas que produzirem uma espessura de cimento mais
favorável. Com isso, ao comparar esses resultados com os outros cimentos
testados, os autores concluem que o cimento ASPA IV que foi desenvolvido do
cimento de ionômero de vidro convencional tornando o pó mais fino, ao
contrário dos outros cimentos, possui certo grau de translucidez que permite
sua utilização em coroas de porcelana pura e onlays, isso, devido à ausência
de óxido de zinco em sua composição. Sua resistência também se mostrou
favorável em relação aos outros cimentos testados e a espessura de cimento
foi equivalente ao fosfato de zinco com grãos finos. Assim como o fosfato de
sílica, a solubilidade inicial desse cimento ionomérico foi maior do que os
cimentos de óxido de zinco, e apesar disso não afetar a durabilidade clínica é
necessário algum tipo de proteção enquanto o cimento toma presa.
Em 1989, Knibbs & Walls avaliaram a susceptibilidade a erosão de
cimentos de fosfato de zinco (ZP), policarboxilato de zinco manipulado com pó
e água (PC) e cimento de polialcenoato de vidro também manipulado com pó e
água (GI). Vinte e quatro espécimes de cada cimento foram confeccionadas a
partir de uma matriz quadrada e a manipulação realizada de acordo com a
recomendação do fabricante. Para avaliar quando o tempo após a presa do
45
cimento afetaria na sua susceptibilidade a erosão, 12 amostras de cada
cimento foram testadas 15 min após e 12 amostras foram testadas 1hora após.
As amostras foram então imersas em lactato de sódio/ácido lático a 0,1 M e pH
4 e água destilada a pH 5,5 e um perfilômetro foi utilizado para medir a perda
de material. Além disso, foi realizada uma investigação clínica, em que coroas
foram confeccionadas e cimentadas em pacientes que foram acompanhados
periodicamente e as restaurações avaliadas quanto a profundidade de
sondagem em um período de 3 a 5 anos. Os resultados mostraram que todos
os cimentos foram susceptíveis a erosão após 1 hora e após 15 min. O cimento
GI foi o menos susceptível a erosão quando comparado com os outros dois
cimentos para os dois períodos avaliados e não houve diferença significativa
após 15 min para as perdas entre os cimentos ZP e PC. Após
acompanhamento de 42 meses de 250 coroas a análise revelou diferenças
significantes entre os grupos de cimentos, sendo que a inspeção visual da
curva de sobrevivência apresenta o seguinte ranking de desempenho:
ZP>PC≥GI. Os resultados divergentes entre as análises laboratoriais e avalição
clínica são justificadas pelos autores por vários fatores, dentre eles a possível
presença de fendas marginais nas coroas cimentadas, a influência da umidade
durante a presa do material e também a influência das forças de escovação.
Quase 10 anos depois com uma mudança dramática da prática
odontológica pela introdução de novos materiais e novas técnicas, Rosenstiel
et al. (1998) propuseram uma revisão de literatura com objetivo de sumarizar
as pesquisas realizadas com os sistemas de cimentos disponíveis e ajudar o
cirurgião dentista a escolher o material mais adequado. A presente revisão
aponta os cimentos de policarboxilato e de óxido de zinco e eugenol ao invés
de cimentos mais resistentes como o fosfato de zinco como sendo indicados se
a irritação pulpar for uma preocupação, pois são cimentos mais biocompatíveis
devido ao seu alto ph e restaurações cimentadas com esses cimentos
apresentam menor infiltração bacteriana. Além disso, os artigos reportados
pelos autores afirmam que a biocompatibilidade de agentes de cimentação
resinosos está relacionada ao seu grau de conversão e queixas de
46
sensibilidade podem ocorrer devido à polimerização incompleta do cimento
resinoso. Verificou-se que a polimerização por luz de cimentos resinosos não
pode ser realizado previsivelmente através de uma restauração de resina
superior a 2 mm de espessura com uma exposição de luz de 90 s ou menos,
assim cimentos de presa química ou dual devem ser escolhidos para
restaurações adesivas. Em relação inibição de cárie ainda é duvidoso os reais
benefícios dos cimentos odontológicos. Apesar de muitos estudos in vitro
confirmarem a redução da desmineralização e aumento do nível de flúor, ainda
é duvidoso se a liberação de flúor in vitro é, de fato, um bom fator de proteção
contra cárie clinicamente significante. Os cimentos resinosos parecem, em um
aspecto geral, apresentarem propriedades mecânicas superiores aos cimentos
convencionais. A temperatura é outro aspecto que pode influenciar no
comportamento clínico dos cimentos, já que a maioria dos ensaios são
realizados a temperatura ambiente (23°C) e os materiais são requeridos para
função a 37°C. Os cirurgiões dentistas também devem se atentar para variação
da proporção do material, já que essa revisão de literatura aponta que
aumentos ou redução das proporções dos materiais podem alterar suas
propriedades mecânicas positivamente em algumas vezes e negativamente em
outras. A alteração na proporção dos cimentos pode afetar também sua
solubilidade, o que muitas vezes explica resultados de performances clínicas
ruins associadas a ensaios laboratoriais com bons achados. Avaliando os
cimentos resinosos, muitos estudos identificaram a influência do tipo de liga
metálica utilizada na confecção de uma coroa, o tipo de preparo e a utilização
de primers como fatores que influenciam na resistência adesiva dos mesmos.
Por fim, outro aspecto importante citado pelos autores está relacionado com o
controle da umidade durante a presa inicial do material, fato bastante relevante
no que se diz respeito ao cimento de fosfato de zinco que quando exposto a
umidade resulta em erosão de sua estrutura.
Em 1999, Diaz-Arnold et al. revisaram a composição e as
características de cinco tipos de cimentos odontológicos e suas principais
vantagens, desvantagens e indicações, dentre eles o cimento de fosfato de
47
zinco e o cimento resinoso. O cimento de fosfato de zinco realiza sua presa por
meio de uma reação ácido-base iniciada pela mistura do seu pó contendo 90%
de ZnO e 10 % de MgO com o líquido que consiste aproximadamente de 67%
de ácido fosfórico tamponado com alumínio e zinco. Os outros 33% do líquido
compostos por água são significantes já que ela controla a ionização do ácido,
que influência na taxa e reação de presa. Isso é importante para o clínico, pois
se o frasco do líquido ficar destampado ocorrerá evaporação da água e,
consequentemente, o retardamento da presa. Se o cimento for corretamente
manipulado, ele exibe uma espessura de cimentação ideal e sua resistência
normalmente é constante e depende da proporção pó/líquido, assim, quanto
maior a quantidade de pó, maior sua resistência. O fosfato de zinco não adere
quimicamente a nenhum substrato promovendo retenção exclusivamente
mecânica, portanto, aspectos como ângulo de convergência, altura e área de
superfície do preparo são fundamentais. A microinfiltração agravada por sua
degradação em meio aos fluidos orais associado ao seu ph inicial baixo pode
comprometer sua biocompatibilidade. Apesar disso, sua confiabilidade
comprovada indica seu uso para cimentação de pinos pré-fabricados e
fundidos, coroas metálicas e onlays e inlays metálicas, próteses parciais fixas e
coroas totalmente cerâmicas a estruturas dentárias, amálgamas, resinas ou
núcleos de ionômero de vidro. Os autores ainda relatam que os cimentos
resinosos são variações de resina BIS-GMA e outros metacrilatos e
polimerizaram por meio de mecanismos químicos, fotopolimerização ou ambos.
A adesão ao esmalte ocorre por meio do embricamento micromecânico da
resina aos cristais de hidroxiapatita e aos prismas de esmalte condicionado. Já
a adesão a dentina é mais complexa envolvendo a penetração de monômeros
hidrofílicos através da camada de colágeno cobrindo parcialmente a apatita
desmineralizada da dentina condicionada. Os cimentos resinosos tem
mostrado alta resistência de união a ligas metálicas jateadas, como resultado
da retenção micromecânica e ainda os cimentos compostos por 4-META tem
apresentado forte adesão devido a interação química da resina com a camada
de óxidos da superfície metálica. A maioria dos cimentos resinosos possuem
48
em sua constituição de 50% a 70% em peso de vidro e sílica, gerando altos
valores de resistência compressiva e resistência a tração além de serem
virtualmente insolúveis em ambiente oral. Além de indicados para cimentação
de restaurações estéticas incluindo inlays e onlays de resina composta e todas
as restaurações de porcelana pura, os cimentos resinosos quimicamente
ativados são especificamente recomendados para união de metais.
Com objetivo de prover uma discussão clínica relevante a respeito
de agentes cimentantes definitivos e então melhorar a habilidade do cirurgião
dentista de realizar escolhas e aplicações inteligentes, Hill em 2007 publicou
um estudo que revisa e fornece considerações clínicas sobre os cimentos
odontológicos. Para o autor, o travamento micromecânico com superfícies
rugosas de um preparo de paredes paralelas é o principal meio de retenção
dos agentes cimentantes, independente de sua composição química. Na união
não adesiva o cimento preenche os espaços entre o dente e a restauração e se
uni pelo envolvimento às pequenas irregularidades da superfície (todos os
cimentos fazem isso). Na união micromecânica as irregularidades da superfície
são reforçadas por meio de jateamento ou condicionamento ácido que
promovem maiores defeitos para serem preenchidos pelo cimento, situação
que funciona bem para cimentos com boa resistência a tração (resinosos ou
ionomérico modificados por resina). Já a adesão molecular ocorre por meio das
forças bipolares de Van der Waals, e formação de uma fraca união química
entre o cimento e a estrutura dentária (policarboxilato e ionômero de vidro).
Além disso, segundo o autor, a retenção de uma restauração indireta recebe a
influência das propriedades mecânicas do cimento, no entanto, o cirurgião
dentista não deve escolher o cimento baseado apenas nessas propriedades,
pois o preparo dentário e o desenho da restauração tem grande influência na
sua retenção. Dentre os cimentos discutidos pelos autores, o cimento de
fosfato de zinco é abordado como o cimento mais antigo e que tem sido
utilizado com altas taxas de sucesso para restaurações metálicas,
metalocerâmica e de porcelana e é o padrão ao qual os outros cimentos são
comparados. Apesar disso, é importante uma consistência de manipulação
49
adequada para obter boa resistência e permitir o completo assentamento da
restauração. O fosfato de zinco funciona por união não adesiva e rapidamente
alcança suas propriedades físicas máximas em 24horas, possui alta resistência
compressiva e baixa resistência à tração comparado com os outros cimentos.
Sua solubilidade inicial é alta, mas diminuiu com o passar do tempo, mesmo
assim é significante, principalmente em meio ácido. Ainda, os autores
ressaltam seu baixo ph na primeira hora, e mesmo que após 48horas ele se
torne neutro seu uso não é indicado em casos em que a inflamação pulpar é
uma preocupação. A classificação apresentada pelo estudo ainda aponta
aspectos importantes sobre os cimentos resinosos, que são compostos a base
de metacrilato e 20% a 80% em peso de partículas de carga de sílica coloidal
ou vidro de bário. O cimento resinoso se une ao esmalte pelo embricamento
micromecânico em uma superfície tratada com ácido. A união à dentina
também é micromecânica, mas é mais complexa, normalmente necessitando
de vários passos incluindo a remoção de smear layer e desmineralização da
superfície, seguido da aplicação de um agente de união ou primer, ao qual a o
cimento resinoso se uni quimicamente. O modo como o cimento resinoso toma
presa e o sistema adesivo utilizado influenciam na qualidade da união a
estrutura dentária, assim, cimentos resinosos fotoativados tomam presa de
forma mais completa após o posicionamento inicial, enquanto cimentos
resinosos com presa química ou dual adquirem resistência gradualmente. Suas
propriedades incluem boa resistência à tração e compressão, tenacidade e
resiliência igual ou superior aos outros agentes de cimentação e baixa
solubilidade. Por outro lado, o cimento resinoso não oferece nenhuma liberação
de flúor, a espessura de cimento pode ser relativamente alta e a
compatibilidade pulpar pode ser um problema. No entanto, os autores afirmam
que no início dos anos 80 o cimento resinoso convencional foi modificado pela
adição de um éster fosfatado ao componente monomérico, introduzindo na
odontologia um novo grupo de cimento que possui o grau de união química
assim como a união micromecânica a estrutura dental e ligas metálicas. Nesse
sentido, o primeiro produto comercializado foi o Panavia contendo o monômero
50
adesivo bifuncional 10-metacriloiloxidecil dihidrogeno fosfato (MDP).
Atualmente, o Panavia F é um sistema pasta-pasta de presa dual,
autocondicionante e autoadesivo com liberação de flúor. Assim, esse tipo de
cimento representa um agente de união que pode ajudar a promover uma
retenção adequada a coroas e próteses em que existe retenção menor do que
a ideal.
Ainda em 2007, Pegoraro et al. relataram sobre o uso de agentes
cimentantes na odontologia estética. Segundo os autores, tradicionalmente o
cimento de fosfato de zinco é considerado o agente cimentante mais popular
apesar de algumas desvantagens bem documentadas como a solubilidade e
falta de adesão. Possui também grande aplicação que vai desde cimentação
de coroas metálicas e de porcelana, além de depender essencialmente da
forma geométrica do preparo dentário que limita o deslocamento da peça. Já
os cimentos resinosos são geralmente utilizados para restaurações estéticas e
tornaram-se populares por abordarem as desvantagens de solubilidade e falta
de adesão observada em materiais anteriores, no entanto, seu sucesso
depende de alguns aspectos relacionados com os mecanismos de união a
estrutura dentária e os materiais restauradores. Esses cimentos podem ainda
sofrer influência do tipo de mecanismo envolvido na sua presa, assim, os
autores relatam que alguns cimentos de presa dual podem apresentar sua
presa química de alguma forma limitada quando fotoativados, fato controverso
quando se relaciona o grau de conversão desses cimentos com a alteração de
suas propriedades mecânicas. Por fim, os autores chamam a atenção para o
uso de cimentos resinosos de presa dual, que devem ter sua fotoativação
adiada ao máximo para, dessa maneira, atingir o grau de conversão máximo
após a fotoativação, diminuindo o risco de absorção de água em excesso.
Em 2009 Faria-e-Silva et al. avaliaram o grau de conversão (DC) e
taxa de polimerização (Rp) do cimento resinoso Panavia F com polimerização
química ou dual e a influência do uso ou não de primer contendo co-iniciadores
misturados ao material. O cimento dual Panavia F e o primer autocondicionante
ED Primer foram testados. O DC do cimento foi medido usando-se um
51
espectrômetro. Para isso, quantidades iguais das pastas foram pesadas (27 g)
em uma balança analítica, misturadas por 15 s, colocadas sobre o cristal do
aparelho e protegidas com tira de poliéster para evitar a inibição de
polimerização pelo contato com oxigênio. Um disco de 2 mm de espessura e
10 mm de diâmetro de resina composta cor A2 foi preparado para simular uma
restauração laboratorial tipo overlay. O disco foi colocado acima da tira de
poliéster e a fotoativação foi conduzida por 20 s com a ponta do aparelho em
contato com o disco. Adicionalmente, um grupo quimicamente ativado foi obtido
protegendo o material da luz. Para avaliar o impacto do ED Primer na
polimerização do Panavia F uma gota de cada líquido do primer A e B foram
misturadas por 10 s e tiveram o solvente evaporado com um jato de ar suave
por 5 s. Em seguida 1,4 mg dessa mistura foi dispensada sobre uma placa de
vidro e então misturada a pasta base e catalizadora do cimento por 15 s. Os
resultados demonstram que a utilização do primer é fundamental
principalmente quando é utilizada apenas a polimerização química, sem luz. A
mistura do primer aumenta a disponibilidade de amina terciária, melhorando a
reação de polimerização e grau de conversão. A menor viscosidade do primer
pode contribuir para melhor mistura dos co-iniciadores na pasta catalizadora do
cimento e, além disso, o primer possui o t-isopropil benzeno sulfonato de sódio
como co-iniciador no liquido do primer B, o que reage com os monômeros
ácidos do liquido do primer A e com o cimento produzindo radicais livres que
melhoram a reação de polimerização. Além disso, independente utilização de
ED Primer, após 5 min o cimento alcançou cerca de 60% de grau de conversão
quando a presa dual foi analisada. Por outro lado, quando a fotoativação não
foi utilizada nem o ED primer, após 5 a 10 min nenhum grau de conversão
significante ocorreu, enquanto o DC aumentou de 52 para 65% entre 5 e 10
min quando o ED Primer foi utilizado. Os autores ainda ressaltam que o efeito
de qualquer primer contendo co-iniciadores pode ocorrer principalmente na
interface entre o cimento resinoso e a camada do primer, e assim, apenas
pequena espessura do cimento terá seu DC aumentado, e o restante do
52
material será pobremente polimerizado quando não exposto a luz e que,
portanto, a mistura do primer ao cimento supriria esse problema.
Para apontar os grandes grupos de cimentos utilizados para
cimentação de restaurações livres de metal e discutir as vantagens e
desvantagens de cada um, indicando as técnicas atuais e as tendências
futuras, Haddad et al. em 2011 realizaram uma revisão de literatura incluindo
48 artigos e quatro livros. Assim, os autores dividiram os cimentos em três
grupos: cimentos convencionais, cimentos resinosos e cimentos híbridos.
Dentre os cimentos convencionais o cimento de fosfato de zinco apresenta
uma técnica de manipulação crítica e nenhum tipo união química. Ainda possuí
baixa resistência à tração, que dita a importância da geometria do preparo na
redução do desenvolvimento de tensões destrutivas, resultando na perda de
retenção da restauração, portanto, quando esse aspecto for comprometido,
sistemas de cimentação adesiva são recomendados. Segundo essa revisão, o
fosfato de zinco tem baixa solubilidade em água, mas a erosão lidera a perda
de cimento e as falhas das restaurações não são normalmente associadas ao
cimento propriamente dito, mas sim devido ao pobre desenho retentivo do
preparo. O cimento de fosfato de zinco é indicado para cimentação de
porcelanas que não podem receber o tratamento convencional com ácido
hidrofluorico e restaurações em áreas de grandes esforços mastigatórios. Outro
grupo de cimentos é representado pelos cimentos resinosos que são
basicamente constituídos de uma matriz resinosa, como por exemplo, BIS-
GMA ou dimetacrilato uretano e finas partículas inorgânicas. Mais uma vez é
ressaltada a importância da polimerização desse tipo de cimento que pode ser
quimicamente ativado, fotoativado ou duplamente ativado. Os cimentos
resinosos possuem adequadas resistência a flexão e compressiva, e em
termos, sua resistência ao cisalhamento e a tração são maiores do que os
outros cimentos e sua natureza adesiva resultam em restaurações com
retenção e resistência a fratura superiores. Outro aspecto ressaltado pelos
autores a respeito dos cimentos resinosos remete ao tratamento de cerâmicas
altamente cristalinas que não são tratadas com ácido hidrofluórico, portanto,
53
essas cerâmicas inertes a esse tipo de tratamento, devem ser cimentadas com
resinas que possuam monômeros fosfatados como MDP encontrado no
cimento Panavia F, por exemplo. Esse monômero forma uma ligação química
aos óxidos metálicos como cromo, titânio, zircônia e alumínio, portanto, quando
aplicado sobre uma alumina densamente sinterizada, um cimento resinoso
contendo MDP aplicado sobre a superfície da cerâmica deve ter sua resistência
de união aumentada.
2.5 Adesão a estrutura metálica
Considerando o fato importante de que cimentos resinosos não
aderem fortemente a ligas metálicas sem modificação de sua superfície,
diferentes métodos para modificar a superfície de ligas metálicas têm sido
desenvolvidos para melhorar sua habilidade adesiva, no entanto, requerem
equipamentos especiais com manuseio complicado. Assim, alterações
químicas na superfície dessas estruturas se tornaram um novo aspecto
envolvido na cimentação adesiva dessas peças. Portanto, segue-se uma breve
revisão da literatura que aborda o efeito do tratamento de superfícies metálicas
na união sua união adesiva.
Em 1990, Matsumura et al. descreveram a união adesiva ao titânio
utilizando o agente de união titanato de metacrilato e resina opaca a base de 4-
META/MMA-TBB e ainda avaliaram a durabilidade do sistema após repetidas
termociclagens em água. Para isso, foram utilizados dois tipos de discos de
titânio, um com 10 mm de diâmetro e 2,5 mm de espessura e outro com 6 mm
de diâmetro e 2,5 mm de espessura. O primer consistia de dimetacriloil
isoestearil titanato isopropílico a 2% em metilmetacrilato (MMA) e o adesivo foi
resina opaca 4-META/MMA-TBB, iniciada por derivados de tri-n-butilborane,
tomando presa em temperatura ambiente. A resina opaca continha o
monômero 4-META como promotor da união adesiva e o polimetilmetacrilato
cobrindo o dióxido de titânio como um pigmento. Ainda, os discos de titânio
foram jateados e uma fita circular de 5 mm de diâmetro utilizada sobre os
discos de 10 mm de diâmetro para determinar a área de união. Os dois grupos
54
de discos receberam o tratamento com primer e os espécimes foram unidos
com a resina opaca 4-META/MMA-TBB. Após 30 min as amostras foram
imersas em água a 37°C por 24 horas e este foi considerado o ciclo zero. Em
seguida uma máquina de termociclagem foi utilizada e as amostras
mergulhadas por 1 min a uma temperatura de 4°C e 60°C alternadamente por
50000 ciclos. A resistência ao cisalhamento foi então mensurada com uma
máquina de ensaio a uma velocidade de 0,5 mm/min e como grupo controle
foram utilizados discos sem tratamento com primer e 4-META. Após, análise
estatística, os resultados apontaram que a união da resina ao titânio aumentou
consideravelmente com a adição de 4-META ao adesivo, fato justificado pelos
autores devido à presença de uma camada superficial de óxido de titânio que
pode ter sido adequada para união adesiva por meio do monômero 4-META.
Além disso, a utilização do primer também aumentou os valores encontrados,
apesar de não ter sido significante quando o monômero 4-META não foi
utilizado. Assim, os autores concluem que diante da pequena diminuição da
resistência ao cisalhamento com a termociclagem, a utilização conjunta do
primer e da resina opaca 4-META/MMA-TBB podem ser úteis na união ao
titânio durante procedimentos protéticos.
A respeito da união adesiva do titânio com primer a base de
metacrilato e resinas adesivas auto polimerizáveis, Taira et al. em 1995
descreveram um estudo utilizando discos de titânio de dois tamanhos
diferentes (10 mm de diâmetro e 2,5 mm de espessura e 6 mm de diâmetro e
2,5 mm de espessura) unidos com Ceased Opaque Primer, contendo MDP e
os agentes de união Panavia EX também contendo MDP em sua formulação,
Super Bond C&B contendo 4-META/MMA-TBB e um terceiro agente de união
sem 4-META, para avaliar a efetividade do primer MDP e do monômero 4-
META. Os discos de titânio foram jateados e uma fita circular de 5 mm de
diâmetro utilizada sobre os discos de 10 mm de diâmetro para determinar a
área de união. Os discos foram divididos em cinco grupos de acordo com a
combinação de primer e agente de união (G1- sem primer e com MMA-TBB;
G2- com primer e com MMA-TBB; G3- sem primer e com 4-META/MMA-TBB;
55
G4- com primer e com 4-META/MMA-TBB; G5- sem primer e com Panavia EX).
Após 30 minas amostras foram imersas em água a 37°C por 24 horas e este foi
considerado o ciclo zero. Em seguida uma máquina de termociclagem foi
utilizada e as amostras mergulhadas por 1 min a uma temperatura de 4°C e
60°C alternadamente por 100000 ciclos. A resistência ao cisalhamento foi
então mensurada com uma máquina de ensaio a uma velocidade de 0,5
mm/min e como grupo controle foram utilizados discos sem tratamento com
primer e 4-META. Assim, a resistência de união foi consideravelmente
aumentada com a utilização de MDP (G2) ou 4-META (G3). Também, após
100000 ciclos a resistência de união ao cisalhamento foi alterada, no entanto o
MDP foi superior ao 4-META como agente promotor de união ao titânio (G2 e
G3), e os resultado do G4 mostraram que a combinação de MDP e 4-META
não teve influência significante nos valores encontrados. Já o G5, apesar de ter
apresentado altos valores de resistência ao cisalhamento, demonstrou uma
degradação gradual dos valores. Portanto, os autores afirmam que a união
adesiva máxima bem como sua durabilidade é mais bem alcançada com a
utilização do Ceased Opaque Primer (MDP) ao invés do agente de união Super
Bond.
Ainda em 1995, May et al. testaram a hipótese nula de que não
haveria diferença para a resistência ao cisalhamento entre o
polimetilmetacrilato (PMMA) e o titânio sem tratamento e o titânio jateado e
tratado com sistema Rocatec. Vinte hastes cilíndricas de titânio de 7,6 x 0,3 cm
de diâmetro foram divididas em dois grupos de 10 amostras cada, sendo o
Grupo A sem receber nenhum tratamento e o Grupo B recebendo jateamento
com óxido de alumínio e sistema Rocatec, que por sua vez promove a
formação de uma camada superficial de sílica e posterior aplicação de silano.
Um PMMA termopolimerizável foi processado ao redor das hastes de titânio de
acordo com as recomendações do fabricante. O ensaio de resistência ao
cisalhamento foi realizado em uma máquina de ensaios universal a uma
velocidade de 0,5 mm/min. Os resultados apontaram diferenças estatísticas
significantes entre os dois grupos testados, sendo que o grupo tratado com o
56
sistema Rocatec apresentou valores de resistência ao cisalhamento 68% mais
altos do que o grupo sem tratamento. Assim, de acordo com os autores, esse
tratamento parece prover um sistema de união híbrida que usa mecanismos de
retenção químicos e mecânicos que atuam juntos para melhorar a união dos
materiais avaliados.
Em 1998, Ohno et al. avaliaram a adição de metais não nobres a
ligas metálicas nobres e seu efeito sobre a melhora e durabilidade da adesão
sem a necessidade de modificação de superfície do metal. Ligas binárias a
base de Au, Ag, Cu ou Pd contendo In, Zn ou Sn foram confeccionadas para
avaliar os efeitos dos metais básicos adicionados na habilidade adesiva. Para
avaliar a durabilidade da união em água, foram confeccionados discos
metálicos de 18 x 18 x 1,5 mm3 e filmes de PMMA de 0,2 mm de espessura
foram cimentados aos discos metálicos com resina 4-META, recebendo uma
carga estática de 20 Kgf por 5 min e mantidos a seco por um dia a 37°C. Em
seguida as amostras foram submetidas a 20 ciclos térmicos que variaram de -
196°C em nitrogênio líquido a 40°C em água com duração de 60 s cada. A
durabilidade da interface de união em água foi medida por meio da área
degrada traçada por um projetor de perfil, e 10 amostras foram medidas. Para
avaliação da resistência de união, discos de aço inoxidável foram verticalmente
posicionados sobre a superfície do metal e cimentados com resina 4-META. O
ensaio de tração foi realizado após ciclagem térmica já descrita e a uma
velocidade de 0,2 mm/min, e 5 amostras de cada tipo foram avaliadas. Ainda
foi realizada análise por espectroscopia de elétrons por raio-X, em amostras de
4 mm de diâmetro de Au com 20% de In, 20% de Zn ou com 20% de Sn. Os
resultados revelaram que as ligas a base de prata Ag-Zn-Sn e Ag-In-Zn
apresentaram falhas basicamente coesivas e valores de resistência de união
próximos a 40 Mpa e excelente durabilidade em água. Considerou-se que a
adição de metais básicos pode ter sido a razão para a excelente capacidade
adesiva e sem necessidade de modificação da superfície do metal. A
habilidade adesiva do Au foi melhorada adicionando 15% de In, da Ag
adicionando 20% de Zn e do Cu adicionando pequenas quantidades de In, Zn
57
ou Sn. Na análise espectroscópica foi detectada a formação de In2O3, ZnO e
SnO nas ligas de ouro e nas ligas de prata, óxidos que segundo os autores são
extremamente importantes na adesão com 4-META. Para o Pd, não houve
nenhuma influência na adição de metais básicos, já que o mesmo apresentou
100% de degradação.
Kibayashi et al. em 2005 investigaram os efeitos na resistência ao
cisalhamento de resinas ao titânio puro exposto a plasma sobre diferentes
gases atmosféricos. Foram confeccionados dois tipos de amostras: discos de
28 mm de diâmetro e 5 mm de espessura e lâminas de 7 x 7 x 3 mm. Todas as
amostras foram polidas e limpas e então receberam o tratamento de superfície
com gases atmosféricos (ar, CO2 e C3F8) por meio de um aparelho de
exposição a plasma. Para medição da energia livre de superfície foram
utilizados água, tetrabromoetano e diiodometano que permitiram a obtenção
dos ângulos de contato entre os líquidos e os discos. Antes e após a exposição
ao plasma, as lâminas foram submetidas a análise espectroscópica de elétrons
por raio-X. Para avaliação da resistência de união, hastes de titânio puro de 16
mm de diâmetro e 11 mm de altura, após expostas ao plasma, foram
cimentadas com diferentes resinas e primers a fragmentos de aço inoxidáveis
de 4 mm de diâmetro e 4 mm de espessura e em seguida submetidos a carga
de 500 gf por 30 min. Todas as amostras foram armazenadas em água
destilada por 24 horas a 37°C e submetidas ao ensaio de cisalhamento a uma
velocidade de 0,5 mm/s. Os resultados para análise de energia livre de
superfície mostraram que a exposição dos discos ao plasma em CO2
apresentou valores aumentados similares a exposição ao plasma em ar, por
outro lado a exposição ao plasma em C3F8 mostrou valores inferiores ao titânio
sem exposição. Quando unidos com resinas a base de 4-META e MAC-10os
valores de resistência de união do titânio exposto ao plasma em ar e CO2
aumentaram em relação ao titânio puro, enquanto as amostras expostas ao
C3F8 diminuíram os valores de resistência de união quando comparadas ao
titânio puro. A avaliação em microscopia eletrônica de varredura e análise da
rugosidade de todas as amostras com os diferentes tratamentos, não mostrou
58
diferenças entre os grupos testados, ou seja, a exposição ao plasma não
alterou as características geométricas da superfície do titânio. Portanto, os
autores consideraram que a resistência de união não dependeu da ancoragem
mecânica. Ainda, houve uma forte correlação entre a energia livre de superfície
e resistência de união para resinas com monômero 4-META e MAC-10.
Quando os monômeros HEMA e VBATDT foram utilizados, a exposição ao
plasma em ar e CO2 não promoveu aumentos nos valores de resistência de
união significantes e considerando os monômeros VBATDT e MDP os mais
fortes em comparação ao 4-META e MAC-10, o efeito do tratamento com
plasma sobre a resistência de união foi ofuscado. Baseado nesses resultados,
os autores concluem que a exposição ao plasma em um gás atmosférico
particular pode regular a resistência de união de resina ao titânio puro, sendo
um método de tratamento de superfície útil para cimentação de coroas
metálicas na clínica odontológica.
O efeito da utilização de primers a base de 4-MET e 10-MDP na
resistência de união de resinas ao titânio foi investigada em 2006 por
Tsuchimoto et al. Lâminas de titânio com dimensões de 10 x 10 x 3 mm foram
polidas e limpas e em seguida pré-tratadas com seis diferentes primers
experimentais a base de 10-metacriloxidecil dihidrogeno fosfato (10-MDP) e 4-
metacriloxietil ácido trimetílico (4-MET) em concentrações de 0,1; 1 e 10% (em
etanol 50%)por 5 min a temperatura ambiente, e como grupo controle lâminas
de titânio foram mantidas sem tratamento. Hastes de aço inoxidável foram
cimentadas às lâminas de titânio tratadas e não tratadas com Super Bond
C&Be Panavia Fluoro Cement. Após 15 min as amostras foram armazenadas
em água a 37°C por 24 horas e então submetidas ao ensaio de tração a uma
velocidade de 1 mm/min. Os testes foram realizados para 10 amostras de cada
grupo e após análise estatística os resultados foram superiores para o Super
Bond quando comparados aos outros grupos. Para o grupo cimentado com
Super Bond não houve diferenças estatísticas quando o titânio recebeu ou não
os seis tipos de tratamentos diferentes, apesar de ter havido uma tendência na
obtenção de maiores valores quando o 10-MDP foi utilizado, independente da
59
concentração. Os maiores valores de resistência de união do Panavia ao titânio
foram obtidos quando o titânio foi pré-tratado com 10-MDP 10%. Assim, os
autores afirmam que o pré-tratamento do titânio utilizando primers a base de
10-MDP é efetivo na melhora da desempenho adesiva da resina ao titânio,
especialmente quando Panavia é utilizado.
Novamente em 2006, Tsuchimoto et al. estudaram um método
efetivo para pré-tratar o titânio como parte de um procedimento adesivo. Foram
utilizadas lâminas de titânio de 10 x10 x 3 mm que após polidas e limpas foram
imersas em ácido clorídrico em concentrações de 0,1 e 1N e ácido fosfórico
37% por 5 min em temperatura ambiente, e lâminas de titânio sem tratamento
foram mantidas como grupo controle. Hastes de aço inoxidável de 7 mm de
diâmetro e 20 mm de altura foram cimentados às lâminas de titânio com
Panavia Fluoro Cement de acordo com as recomendações do fabricante, e
após 15 min, armazenadas em águas a 37°C por 24 horas. Em seguida as
amostras foram submetidas a termociclagem com 20000 ciclos alternando
entre 5°C e 55°C por 1 min cada imersão e então o ensaio de tração foi
realizado em uma máquina de ensaio universal a uma velocidade 1 mm/min.
Foi realizado também análise de microscopia eletrônica de varredura por
emissão de campo para obtenção de imagens das lâminas de titânio, análise
da rugosidade de superfície do titânio não tratado, tratado e jateado com óxido
de alumínio e por fim ainda foi realizada avaliação por espectroscopia de
elétrons por raios-X que incluiu um grupo tratado com ácido clorídrico e 10-
MDP. Os resultados apresentados pelos autores mostram que inicialmente não
houve diferenças importantes entre os valores de resistência de união dos
grupos que receberam diferentes tratamentos (HCL 0,1N e 1N e H3PO4 37%) e
o grupo não tratado. No entanto, após a termociclagem os valores diminuíram
em todos os grupos exceto para o grupo tratado com HCL 1N. A Análise
microscópica revelou ausência de diferenças morfológicas na superfície do
titânio entre os tratamentos com HCL 1N e H3PO4 37%. A rugosidade de
superfície entre o titânio não tratado e tratado com ácido não foi
significantemente diferente entre eles, mas significantemente menor do que a
60
rugosidade da superfície jateada com óxido de alumínio. Assim, o tratamento
com HCL 1N pode efetivamente melhorar a desempenho adesiva da resina ao
titânio, principalmente quando utilizada na concentração de 1N, fator atribuído
ao efeito da descontaminação da superfície e a interação química aprimorada
entre a resina e o titânio.
2.6 Resistência a tração de coroas metálicas sobre implante
O sucesso de coroas metálicas mantidas a um preparo cavitário é
atribuído não só as propriedades mecânicas do cimento, mas também a
designada cavidade e outros tantos fatores já abordados na revisão de
literatura. Apesar disso, não existe consenso se a adesão desses cimentos
seria dependente do tipo de preparo a fim de obter maiores valores de
retenção físico-químicos. Dessa forma esse capítulo da revisão de literatura
visa apresentar uma coletânea dos principais estudos a respeito da relação
entre cimentação de coroas metálicas e resistência a tração das mesmas.
Para determinar a resistência de retenção de um cimento ionomérico
modificado pela adição de resina em comparação com cimento à base de
ionômero de vidro e um cimento resinoso autopolimerizável, Ernst et al. em
1998 utilizaram 50 dentes humanos extraídos e hígidos entre molares e pré-
molares. Todos os dentes foram montados em resina ficando 3 mm da junção
cemento-esmalte e divididos em 5 grupos de 10 dentes cada. As coroas foram
preparadas com angulação de 5° e altura de 3 mm. Foram determinadas as
superfícies de retenção de cada preparo e após moldagem, as coroas foram
fundidas e jateadas. Para a cimentação foram utilizados os cimentos Ketac
Cem, F21 e Dyract Cem, sendo que após cimentação as coroas foram
armazenadas em águas a 37°C por uma semana, seguidas de ensaio de
tração a uma velocidade de 1 mm/min. Os resultados apresentados pelos
autores mostram que os valores encontrados para os cimentos Ketac Cem e
Dyract Cem foram superiores aos valores encontrados para o F21, sugerindo
utilização adicional de sistemas adesivos para os cimentos com menores
valores de resistência a retenção.
61
Covey et al. em 2000 realizaram um estudo para determinar o efeito
da dimensão de pilares de implante e do tipo de cimento na retenção da coroa
protética. Para isso, utilizaram pilares CeraOne regulares, largos e
experimentais de titânio e seus respectivos cilindros de ouro. As coroas foram
fundidas sobre os cilindros de ouro e cimentadas com cimento a base de
fosfato de zinco (permanente) e cimento a base de óxido de zinco e eugenol
(temporário) que foram manipulados de acordo com as recomendações do
fabricante. As coroas foram posicionadas sobre os pilares e submetidas a uma
carga estática de 20N por 10min e em seguida armazenadas em 100% de
umidade por 24horas. As amostras foram então testadas em uma máquina de
ensaios universal a uma velocidade de 5 mm/min. Todo procedimento foi
repetido 8 vezes para cada grupo experimental e os valores obtidos foram
convertidos em Mpa. Após análise estatística foi determinado que tanto o tipo
de cimento quanto o tipo de plataforma influenciaram nos valores de retenção
encontrados. Dessa forma, o cimento a base de fosfato de zinco apresentou
retenção até três vezes maior do que o cimento a base de óxido de zinco e
eugenol, sendo que o tipo plataforma foi importante apenas quando o cimento
permanente foi utilizado. Além disso, um resultado curioso apresentado pelos
autores revela que os pilares de plataforma larga apresentaram os menores
valores de retenção seguidos pela plataforma regular e experimental quando
cimentados com o cimento de fosfato de zinco. Diante disso, os autores
concluem que aspectos como altura e largura dos pilares seriam mais
importantes do que a área total de superfície no que diz respeito a retenção de
coroas metálicas.
Em 2002 com objetivo de testar a retenção de coroas metálicas
cimentadas em pilares de titânio com uma face com sulco e outra lisa utilizando
diferentes cimentos, Mansour et al. publicaram uma avaliação comparativa da
retenção de coroas fundidas utilizando pilares ITI com seis diferentes cimentos.
Os autores realizaram a inclusão de 10 implantes ITI 3,8 mm de diâmetro em
bloco de resina acrílica autopolimerizável e sobre os mesmos foram instalados,
com torque de 35 Ncm, 10 pilares de titânio com 5,5 mm de altura. Sobre os
62
pilares foram encerada coroas, que depois de fundidas foram cimentadas com
os seguintes cimentos: Temp Bond NE, IRM, HY-Bond, Protec Cem, Durelon e
Panavia 21. A manipulação dos cimentos seguiu as orientações do fabricante
e sobre as coroas foi colocada uma carga estática de 5 kg por 10 min. Após
serem armazenadas em 100% de umidade a 37°C por 24 horas, as amostras
foram submetidas ao ensaio de tração a uma velocidade de 0,5 mm/min. As 10
coroas foram utilizadas para os seis cimentos, e os valores tabulados e
analisados estatisticamente. Os resultados apresentados pelos autores
revelam que os valores para o cimento temporário Temp Bond foram os
menores encontrados e se igualou estatisticamente aos valores encontrados
para o IRM. O cimento resinoso Panavia21 gerou os maiores valores de
retenção que foram estatisticamente superiores a todos os outros cimentos
testados. O cimento a base de fosfato de zinco Hy-Bond apresentou valores
semelhante ao IRM e o Protec Cem e Durelon também se equipararam
estatisticamente. Assim, os autores sugerem não um melhor ou um pior
cimento, mas uma escala dos mesmos e sua capacidade de reter coroas
metálicas, na situação proposta.
Com a finalidade de comparar a resistência uniaxial de cimentos
utilizados em coroas sobre implantes, Akca et al. em 2002 lançaram mão de 21
implantes ITI regulares e sete implantes ITI largos, todos incluídos em resina
acrílica autopolimerizável, sendo o grupo de implantes regulares subdivididos
em mais três grupos de sete implantes cada: amarelo (4 mm de altura), cinza
(5,5 mm de altura) e azul (7 mm de altura) com 6° e todos conectados aos
respectivos implantes com 35Ncm de torque. Aos outros sete implantes largos
foram instalados pilares WNI com 6° (verde, 4 mm de altura). O total de 28
coroas foram enceradas e fundidas e após desinclusão foram jateadas com
óxido de alumínio. Para cimentação das coroas foram utilizados 10 cimentos
diferentes: Aqualox, Durelon, Poly-F, Meron, Vitremer, ProTec-Cem,
Sinegol,Procem, Temp-Bond e Poscal, todos manipulados seguindo as
orientações do fabricante. Após a cimentação foi aplicada uma carga estática
de 50N sobre as coroas e então as amostras foram armazenadas em placas
63
Petri com saliva artificial em temperatura ambiente por 24 horas. O ensaio de
tração foi realizado com célula de carga de 1000N e a uma velocidade de 0,5
mm/s. Assim, os resultados apontaram que a altura do pilar e o tipo de cimento
afetaram os valores de retenção encontrados. Além disso, apesar do aumento
de retenção não ter sido significante estatisticamente para alguns grupos, o
aumento da altura do pilar melhorou as propriedades retentivas de todos os
cimentos. No presente estudo, os valores de retenção encontrados para os
pilares do grupo verde foram um pouco maiores do que os valores encontrados
para o grupo amarelo, devido ao diâmetro mais largo dos implantes do grupo
verde. No entanto, como os valores de retenção dos pilares do grupo cinza e
azul foram superiores, parece que a altura dos pilares possui um efeito mais
forte sobre as propriedades de retenção do pilar do que a largura do mesmo.
Além disso, os autores concluem que a composição química dos cimentos
influencia nas propriedades retentivas dos mesmos e que o uso de cimentos a
base de fosfato de zinco e ionômero de vidro podem reduzir as falhas de
cimentação.
Ainda em 2002 Ergin & Gemalmaz avaliaram as propriedades
retentivas de cinco cimentos em coroas feitas com metais nobres (AuAgPd) e
não-nobres (NiCr) cimentados sobre preparos curtos e excessivamente
cônicos. Portanto, foram necessários 80 pré-molares humanos recentemente
extraídos e hígidos que foram incluídos em resina acrílica a 2 mm da junção
cemento-esmalte. Os dentes receberam preparos padronizados para coroa
metálica com ângulo de convergência total de 33°, altura de 3 mm e diâmetro
oclusal de 3 mm. Após moldagem dos preparos com silicone, as coroas foram
enceradas e fundidas com as respectivas ligas e depois de jateadas foram
cimentadas com cimento de fosfato de zinco (Phosphate), cimento de ionômero
de vidro (Meron), dois cimentos de ionômero de vidro modificado por resina
(Principle e Fuji Plus) e cimento resinoso (Avanto). As fundições foram dividas
em 5 grupos de 16 amostras cada, sendo oito amostras para cada tipo de liga e
os procedimentos de cimentação realizados de acordo com as orientações do
fabricante. Uma carga estática de 5 kg por 10 min foi aplicada para cimentação
64
e as amostras armazenadas em água destiladas a 37°C por 24horas. Foram
ainda termocicladas entre 5°C e 55°C por 5000 ciclos, com tempo de imersão
de 30s e então submetidas ao teste de tração a uma velocidade de 1 mm/min.
Após análise estatística dos valores encontrados, foram confirmadas pelos
autores que o cimento de fosfato de zinco apresentou as menores médias de
retenção para as duas ligas analisadas, sendo os valores estatisticamente
similares ao Meron e Principle. Por outro lado, o Fuji Plus e Avanto
apresentaram os maiores valores para a liga de AuAgPd. Ainda, os cimentos
de fosfato de zinco, Meron e Fuji Plus apresentaram valores significantemente
maiores para a liga de NiCr. Assim, os autores concluem que os cimentos
resinosos e os ionoméricos modificados por resina são os mais indicados para
preparos pouco retentivos.
No ano seguinte, Bernal et al. (2003) estudaram os efeitos da
angulação do preparo, altura e tipo de cimento na resistência ao deslocamento
de coroas cimentadas sobre implantes. Assim, foram confeccionados pilares de
titânio com convergência oclusal total de 20°e 30° com alturas de 4 mm e 8
mm. Oito moldagens de cada pilar foram realizadas e então enceradas 32
coroas fundidas para serem então cimentadas sobre os pilares com quatro
diferentes agentes cimentantes: Fleck´s, Temp Bond, Improv a Temp Bond
com vaselina. Em seguida as coroas foram cimentadas e submetidas a uma
carga de 10 kg em umidade a 37°C por uma hora antes de serem testadas a
uma velocidade de 5 mm/min. A análise estatística apresentada pelos autores
mostrou que o cimento Improv obteve as maiores médias de retenção para os
pilares com 20° de angulação e 8 mm de altura, seguido do cimento de fosfato
de zinco Fleck´s e Temp Bond. O Temp Bond manipulado com vaselina
apresentou os menores valores. Para a angulação de 20° e altura de 8 mm não
houve diferenças estatisticamente significantes observadas entre Temp Bond e
Fleck´s, apesar das médias de resistências para esses 2 cimentos terem sidos
diferentes em todos os outros grupos. Para os preparos com 30° e 8 mm de
altura houve diferenças estatísticas significantes para todos os cimentos
testados, sendo que o Improv apresentou os maiores valores. Por outro lado,
65
não houve diferenças entre Improv e Fleck´s para os grupo com 4 mm de altura
independente da angulação do pilar. Por fim os autores concluem que altura de
8 mm do preparo associado a uma convergência oclusal total de 20°
demonstrou um significante aumento na retenção quando comparados com os
pilares de 30°. Além disso, a altura de 8 mm apresentou valores de retenção
superiores aos pilares de 4 mm para todos os cimentos exceto para o Temp
Bond com vaselina e o cimento Improv d Fleck´s demonstraram valores de
resistência significantemente melhores em comparação com os outros
cimentos.
Consani et al. em 2003 realizaram um estudo com objetivo de
verificar a resistência à tração de coroas metálicas fixadas com diferentes
cimentos e submetidas à termociclagem. Setenta e duas coroas foram fundidas
com liga de NiCr Verabond II e cimentadas em preparos dentários
padronizados com 10° de paredes laterais e acabamento cervical com ombro
reto, ombro biselado 20° e ombro chanfrado 45° e altura de 4 mm. As coroas
foram separadas em três grupos de oito elementos de acordo com os cimentos:
fosfato de zinco, ionômero de vidro modificado por resina Vitremer e resinoso
Rely X, e submetidas a 500 ciclos térmicos em banhos de 5°C e 55°C. A
retenção foi avaliada de acordo com a carga de tração (kgf) necessária para
separar a coroa do preparo, numa máquina Instron com velocidade de 0,5
mm/min. Os resultados submetidos à análise de variância e ao teste de Tukey
(5%) mostraram que a retenção mais eficiente foi obtida com o cimento
resinoso, independentemente do tipo de acabamento cervical.
Para medir, comparar e ranquear a habilidade retentiva de alguns
materiais utilizados para cimentação de coroas metálicas sobre implantes 30
min após cimentação em ambiente seco e temperatura ambiente e após
armazená-las em solução salinas por 72 horas a 37°C, Alfaro et al. em 2004
publicaram um estudo em que nove pilares de titânio com 6° de angulação das
paredes axiais foram instalados sobre seus análogos regulares com torque de
35Ncm e então moldados para posterior enceramento e fundição de coroas
com liga de Au. Após o procedimento de desinclusão das coroas, as mesmas
66
foram jateadas e então cimentadas com 11 diferentes agentes cimentantes,
sendo que o cimento de fosfato de zinco foi utilizado como padrão ouro para as
comparações com os cimentos temporários e permanentes utilizados. A
cimentação seguiu as orientações do fabricante e em seguida as amostras
foram submetidas a uma carga estática de 5 kg por 10min. As amostras foram
mantidas em temperatura ambiente por mais 20min e então submetidas ao
ensaio de tração em uma máquina de ensaio a uma velocidade de 0,5 mm/min,
de maneira que esse procedimento foi repetido seis vezes para cada tipo de
cimento considerando que sempre foram utilizadas as mesmas coroas para um
tipo de cimento específico. Outro teste foi realizado após armazenamento em
solução salina por 72horas. Após análise estatística dos dados, os autores
encontraram que o tempo assim como o tipo de material utilizado influenciou
nos valores de retenção encontrados e que as falhas encontradas foram do tipo
adesiva entre a interface pilar-cimento. Os cimentos Improv e Fynal
apresentaram os melhores valores de retenção quanto testados após 30min e
ao contrário de todos os outros cimentos que tiveram os valores de resistência
diminuídos em contato com a solução salina e envelhecimento, o fosfato de
zinco e o Silastic demonstraram significante aumento dos valores de retenção
quando armazenados por 72horas em solução salina.
Utilizando diferentes cimentos odontológicos com intuito de
identificar a resistência de união de copings metálicos sobre pilares de
implantes pré-fabricados, foi realizado um estudo por Maeyama et al. em 2005.
Com esse objetivo, os autores lançaram mão de oito implantes estreitos de 4,5
mm de diâmetro montados em blocos metálicos e sobre os quais foram
instalados oito pilares com 5 mm de altura e 6° de convergência das paredes
axiais e com torque de 35Ncm. Em seguida, os copings plásticos foram
colocados sobre os pilares e sobre eles encerados as coroas já com o
dispositivo necessário para o ensaio de tração. Após a fundição e desinclusão
das coroas, as mesmas foram inspecionadas e cimentadas com cinco tipos de
cimentos: cimento provisório a base de óxido de zinco e eugenol (Temporary
Pack); cimento a base de fosfato de zinco (Elite Cement); cimento de ionômero
67
de vidro (Fuji I); cimento de ionômero de vidro modificado por resina (Fuji
Luting) e cimento resinoso (Panavia F 2.0). Cada cimento foi manipulado de
acordo com as recomendações do fabricante e após assentadas as coroas
receberam uma carga estática de 100N por 10 min. Ainda, 1hora depois da
cimentação foram armazenadas em água a 37°C por 24horas e então
submetidas ao ensaio de tração a uma velocidade de 0,5 mm/min. Após
análise estatística dos valores encontrados, os resultados apontados pelos
autores mostram que o cimento de óxido de zinco e eugenol apresentou os
menores valores de retenção e os cimentos de ionômero de vidro modificado
por resina e o cimento resinoso apresentaram os maiores valores de retenção,
enquanto o fosfato de zinco e ionômero de vidro apresentaram valores
similares e intermediários, fatos explicados pelos autores devido as
características superficiais do pilar estudado.
Para avaliar as propriedades retentivas de sete diferentes agentes
cimentantes em coroas de implantes cimentadas sobre o conjunto
análogo/pilar, Pan & Lin em 2005 publicaram um estudo em que foram
utilizados 56 pilares de titânio com 3,8 mm de diâmetro instalados sobre seus
análogos e divididos em sete grupos. As coroas foram enceradas sobre os
pilares e fundidas com um dispositivo plano na superfície oclusal. Após a
cimentação das coroas sobre os pilares com os diferentes cimentos: cimento
de fosfato de zinco; Advance; All-Bond 2; Panavia F; Durelon; Temp Bond e
ImProv, as amostras foram sujeitas a 1000 ciclos mastigatórios a 1,2 Hz e 75N
e em seguida também submetidas a termociclagem com 1000 ciclos em
intervalos de 5°C a 55°C e banhos de 1 min. Finalizados todos esses
tratamentos, foi realizado o ensaio de tração a uma velocidade de 0,125
cm/min. Assim, o estudo demostrou que houve diferenças significativas nos
valores das falhas para os diferentes cimentos testados, sendo que os valores
se diferenciaram significantemente em quatro grupos de cimentos: cimentos
resinosos All Bond 2 e Panavia F, cimentos de fosfato de zinco e cimento de
ionômero híbrido Advance, cimento de carboxilato Durelon e cimentos
provisório Improv e Temp Bond sendo que os cimentos resinosos
68
apresentaram os maiores valores de resistência. Assim, os autores concluem
que os cimentos provisórios tem como vantagem a possível reversibilidade das
coroas cimentadas sobre implantes.
Ainda em 2005, Bresciano et al. investigaram a retenção de 4 tipos
de cimentos usados na cimentação de coroas metálicas sobre pilares criados
digitalmente com diferentes alturas e ângulos de convergência. Foram
utilizados nesse trabalho 36 amostras que consistiam em um pilar e sua coroa
metálica. Nove pilares foram confeccionados a partir do programa Procera®
CAD v.1.93 3D simulando as dimensões de um pré-molar com 5, 7 e 9 mm de
altura e 0°, 4° e 8° de ângulo de convergência. Quatro pilares de titânio
idênticos foram confeccionados para cada altura e ângulo de convergência.
Cada pilar foi então parafusado sobre o análogo de implante com 32Ncm que
por sua vez estava parafusado sobre uma base de alumínio. As coroas foram
enceradas e fundidas com um argola na parte oclusal para o ensaio de tração e
então divididas em quatro grupos de nove amostras de acordo com o cimento
utilizado: Temp Bond, fosfato de zinco e Improv com e sem vaselina. Os
cimentos foram manipulados de acordo com as recomendações dos
fabricantes, e após as coroas assentadas sobre os pilares foi aplicada uma
carga estática de 10 kg por 10 min e então armazenadas em 100% de umidade
por 24 horas. As amostras foram testadas em uma máquina de ensaios
universal com célula de carga de 5000N para as coroas cimentadas com
fosfato de zinco e célula de carga de 1000N para os outros cimentos a uma
velocidade de 0,5 cm/min. As coroas foram reaproveitadas, sendo realizados
seis repetições para cada cimento. Assim, os resultados revelaram que o
cimento de fosfato de zinco apresentou os maiores valores de retenção,
seguido pelo Improv, Improv com vaselina e Temp Bond. Em relação a
angulação, fica claro que paredes paralelas geram maiores valores de retenção
do que paredes cônicas e para cada angulação, os valores de falha aumentou
com o aumento da altura do pilar, exceto para o pilar de 0° cimentado com
fosfato de zinco. Portanto, os autores concluem que com certeza a altura do
69
pilar tem influência sobre a retenção da coroa, mas essa influência é menor do
que a influência de sua angulação.
Dois anos mais tarde Schneider et al. (2007) avaliaram a resistência
de união de cimentos resinosos duais ao titânio comercialmente puro em 10
min e 24horas após remoção da camada de óxidos. Portanto os autores
utilizaram os cimentos resinosos Panavia F e Rely X ARC em associação a 120
discos de titânio comercialmente puro obtidos pela técnica da cera perdida.
Após a fundição os discos de titânio foram incluídos em blocos de resina
acrílica e receberam com lixas em três granulações. Uma área central de 4 mm
de diâmetro dos discos foi jateada com óxido de alumínio por 5s a 5 mm de
distância da superfície e em seguida os discos foram levados a ultrassom por
10 min e divididos em quatro grupos de 30 discos cada. Os procedimentos
adesivos foram realizados imediatamente nos grupos 1 e 3 e 24horas após
remoção da camada de óxidos nos grupos 2 e 4, sendo que o cimento Panavia
F foi utilizado de acordo com as recomendações do fabricante nos Grupos 1 e
2 e o RelyX ARC utilizado nos Grupos 3 e 4. Nos grupos 1 e 2 ainda foi
aplicado uma camada de primer contendo MDP e nos grupos 3 e 4 foi aplicado
uma camada de silano. Seguidos da manipulação dos cimentos e união dos
discos, os mesmos foram armazenados em água destilada a 37°C por 24horas
e então levados a máquina de ensaios universal a uma velocidade de 0,5mm/s.
Os resultados mostraram maiores valores de resistência de união para o Grupo
4 (Rely X ARC – 24horas), seguido do Grupo 2 (Panavia F – 24horas), Grupo 1
(Panavia F – 10 min) e Grupo 3 (RelyX ARC – 10 min). No entanto a análise
estatística revelou que a resistência de união não foi afetada nem pelo tempo
de armazenamento nem pelo tipo de agente de cimentação, assim não houve
diferenças estatísticas entre os grupos testados. Com base nos resultados
encontrados, os autores concluem que as características auto limitantes da
formação da camada de óxidos, apesar de ter aumentado numericamente os
valores de resistência de união, foi responsável por resultados estatisticamente
iguais entre os grupos testados. Além disso, a similaridade dos resultados entre
os dois cimentos é justificada pelos autores pela afinidade do silano aos íons
70
metálicos da camada de óxidos, promovendo resultados semelhantes com o
Panavia F e também a influência negativa da alta viscosidade do Panavia F em
comparação com o Rely X ARC, gerando maior número de bolhas que pode ter
influenciado nos resultados encontrados.
Emms et al. em 2007 estudaram o efeito da variação da altura,
diâmetro e método de fechamento de orifício de pilares de próteses cimentadas
sobre implantes com a utilização de pilares de 15° de angulação. Quatro pilares
estreitos, quatro regulares e quatro largos foram instalados sobre seus
análogos e incluídos em resina acrílica de modo a permitirem aplicação da
força de tração no seu longo eixo. As amostras foram posicionadas em uma
máquina de preparo e receberam alterações padronizadas na região do orifício
de acesso dos pilares. Originalmente os pilares possuíam nove mm de altura e
foram alterados das seguintes maneiras: sem modificação, remoção de três
mm, remoção de seis mm e remoção de nove mm Diretamente sobre os pilares
foram enceradas as coroas e fundidas e os orifícios de acesso dos parafusos
foram completamente ou parcialmente fechados com silicone. Para cimentação
foi utilizado o cimento Temp Bond e após sua manipulação as coroas foram
submetidas a uma carga vertical de 5 kg por 5 min e armazenadas por 24horas
em 100% de umidade a 37°C. O ensaio de tração foi realizado a uma
velocidade de 5 mm/min e repetido 20 vezes para cada tipo de fechamento de
orifício. O método de fechamento, o diâmetro do pilar e alteração da altura dos
mesmos foram relevantes para os valores retenção das coroas. Portanto, os
valores respeitam a ordem decrescente de retenção seguindo a plataforma
larga, regular e estreita e isso, segundo os autores, confirma o entendimento
atual de que a diminuição do tamanho da plataforma e, portanto da área de
superfície e diâmetro, resulta na queda de retenção. Por outro lado, o
fechamento total do orifício de acesso promoveu menores valores de retenção
do que os orifícios fechados parcialmente, o que fazem os autores sugerirem
que em situações com perda de retenção mecânica, seria interessante associar
o método de fechamento de orifício para aumenta-la ou vice-versa. Por fim, a
remoção de parte da parede do pilar aumentou a retenção quando removida
71
em 3 mm, isso porque o paralelismo das paredes foi aumentado, já quando
houve remoção total da parede do pilar o paralelismo não foi capaz de
compensar a perda de área de superfície.
Sheets et al. em 2008 utilizaram 10 análogos de implantes incluídos
em discos metálicos para comparar a natureza retentiva de cimentos dentários
comuns que tem sido adaptado para cimentação de coroas sobre implantes
com cimentos formulados especificamente para esse fim. Pilares de titânio com
6,38 mm de altura, cinco mm de diâmetro na base de 3° de convergência das
paredes axiais foram instalados com torque de 30Ncm sobre os 10 análogos de
implante. As coroas foram enceradas diretamente sobre os pilares e depois de
fundidas, desincluidas e limpas foram cimentadas com Temp Bond (C1),
UltraTemp de consistência regular (C2), Improv com e sem vaselina (C3 e C4),
Premier Implant Cement com e sem KY (C5 e C6), TR-2 (C7), Fleck´s cement
(C8), Ketac Cem Aplicap (C9), Fuji Plus Capsule (C10), e Ultra Temp de
consistência firme (C11). Foi aplicada uma carga de 2 kg no seu longo eixo e
após 24 horas as amostras foram submetidas a ensaio de tração a uma
velocidade de 5 mm/min. De acordo com os valores tabulados e analisados
estatisticamente, os valores de resistência do cimento C2 (grupo A) foi superior
a todos os outros. Os cimentos C4, C8, C9, C11 e C10 foram semelhantes
entre si (grupo B), assim como os cimentos C11, C10, C6, C3 e C1 também
foram semelhantes (grupo C) e os cimentos C7 e C5 formaram o grupo D em
semelhança. Portanto o cimento temporário a base de policarboxilato C2
apresentou valores superiores ao cimento de fosfato de zinco e ao cimento
resinoso e o cimento de fosfato de zinco por sua vez, apresentou valores
superiores ao cimento resinoso. Assim, os autores concluem que essa
surpresa nos resultados, em que o cimento temporário superou os cimentos
definitivos em valores de retenção aconteceu, pois a cimentação de coroas
metálicas em dentes naturais se comporta de maneira diferente em relação a
cimentação sobre pilares de implantes, já que os substratos são diferentes e
segundo os autores não podem ser comparados.
72
Para verificar a influência da ciclagem mecânica na retenção de
coroas metálicas cimentadas sobre pilares de implantes StraumannsynOcta
utilizando Panavia F, Ketac Cem e Temp Bond sem eugenol, Dudley et al. em
2008 realizaram um estudo em que 12 pilares regulares com 5,5 mm de altura
e angulação axial de 8° e seus respectivos análogos foram necessários. As
coroas foram construídas sobre um coping plástico pré-fabricado e em sua face
oclusal foi confeccionado uma superfície plana para auxiliar no ensaio de
tração. Após os procedimentos convencionais de inclusão, fundição e
desinclusão, as coroas foram numeradas e associadas aos respectivos
análogos que se encontravam com os pilares instalados. O conjunto
análogo/pilar foi então fixado em uma base de resina acrílica e ao fim da
manipulação dos três cimentos utilizados de acordo com a recomendação do
fabricante, as coroas receberam uma carga compressiva de 5kg por 5 min.
Imediatamente após a cimentação, as amostras foram armazenadas em 100%
de umidade por 24horas a 37°C e em seguida submetidas a 500 ciclos de
termociclagem entre 5°C e 55°C com imersão de 20 e intervalo entre eles de 5
a 10s. Além disso, amostras de cada grupo de cimento foram submetidas a
cargas compressivas de 0 ciclos, 192 ciclos, 5000 ciclos e 10000 ciclos com
carga de 5 kg e frequência de 80 ciclos/min em temperatura ambiente. Por fim,
para o ensaio de tração foi utilizada uma célula de carga de 2000N e uma
velocidade de 1 mm/min e o teste repetido oito vezes para cada coroa. Assim,
a análise estatística demonstrou que houve influência do tipo de cimento
utilizado ao contrário da ciclagem mecânica, que por sua vez não promoveu
efeitos importantes nos valores de retenção. O cimento Panavia F apresentou
valores de retenção superiores a todos os outros cimentos testados e o
cimento Ketac Cem e Temp Bond apresentaram valores semelhantes entre si
para todos os ciclos analisados. Esses resultados são justificados pelos
autores devido à presença de monômero fosfatado na composição no Panavia
F, que por sua vez facilita a união química com metais não preciosos. Além
disso, a semelhança inesperada entre o Temp Bond e o Ketac Cem é explicada
pela ausência de substrato dentário passível de condicionamento ácido e
73
remoção de smear layer que aumentaria embricamento mecânico no caso do
cimento ionomérico Ketac Cem.
A resistência de união de agentes cimentantes sobre pilares de
implantes levou Montenegro et al. em 2008 a publicarem um estudo que
avaliou a retentividade de diferentes cimentos dentários a componentes
protéticos do sistema CeraOne quando submetidos a ensaio de resistência de
união. Para isso foram necessários 20 pilares de aço inoxidável e 20 cilindros
de titânio do sistema CeraOne, divididos em quatro grupos de cinco amostras
cada de acordo com o cimento utilizado ( ionômero de vidro, fosfato de zinco,
óxido de zinco sem eugenol e cimento resinoso). Após a cimentação dos
cilindros seguindo as recomendações do fabricante, foi aplicada uma pressão
de 5N por 2 min, e 72horas após a cimentação foi realizado o ensaio de tração
com célula de carga de 50 Kg a uma velocidade de 0,5 mm/min. O cimento de
fosfato de zinco apresentou os maiores valores de retenção, seguido do
cimento resinoso, ionômero de vidro e cimento provisório, sendo os dois
primeiros semelhantes entre si e os dois últimos também semelhantes entre si.
Portanto, os autores concluem que os resultados encontrados ocorreram
devido ao fato de que espessuras muito finas de cimento falham por tensões
de cisalhamento enquanto espessuras maiores falham por tensões de
compressão/tração, assim o fosfato de zinco apresentou os presentes
resultados por possuir resistência a tensões de cisalhamento 6 maior do que as
tensões de compressão/tração considerando o contexto de espessura muito
fina de cimento na interface criada nesse estudo.
Continuando no ano de 2008, Wahl et al. acessaram a resistência
uniaxial de coroas cimentadas sobre pilares de implantes com diferentes
agentes cimentantes após termociclagem. Para esse estudo foram necessários
40 réplicas de pilares hexagonais estreitos com seus cilindros de titânio
cimentados com quatro tipos de cimentos: cimento provisório de óxido de zinco
sem eugenol, cimento de óxido de zinco e eugenol, cimento ionomérico
modificado por resina e cimento de fosfato de zinco. Os cimentos foram
manipulados de acordo com a recomendação do fabricante e depois dos
74
cilindros posicionados sobre os pilares manualmente, receberam uma carga
estática de 5 kg por 10 min e foram armazenados em água destilado a 37°C
por 15 dias. Em seguida, as amostras foram submetidas a 1000 ciclos térmicos
entre 5°C e 55°C com imersões de 30 s de duração. Quinze dias depois foi
realizado o ensaio de tração com uma célula de carga de 200 kg e velocidade
de 0,5 mm/min. Os resultados mostrados apontam os maiores valores de
retenção para o cimento de fosfato de zinco seguido pelo cimento ionomérico
modificado por resina e cimento de óxido de zinco e eugenol, sendo que o
cimento temporário apresentou os menores valores de retenção. Então, os
autores concluem que os valores superiores encontrados para o cimento de
fosfato de zinco podem ser explicados pelo seu alto módulo de elasticidade
bem como pelas suas propriedades mecânicas garantidas por suas partículas
pequenas. Por outro lado, o cimento de ionômero de vidro modificado por
resina apresentou valores inferiores ao fosfato de zinco devido ao seu baixo
módulo de elasticidade e sua capacidade de realizar fenômenos de sinérese e
embebição.
Em 2010 para avaliar a retenção uniaxial entre duas técnicas de
cimentação e dois agentes de cimentação de coroas metálicas sobre pilares de
titânio bem como medir o excesso de cimento promovido pelas duas técnicas,
Santosa et al. utilizaram 40 implantes de 4,1 mm de diâmetro e 10 mm de
altura divididos em dois grupos de acordo com o cimento utilizado: provisório
(Temp Bond) ou permanente (RelyX). Pilares de 5,5 mm de altura e 8° de
angulação axial das paredes foram instalados sobre os implantes com torque
de 35Ncm e copings plásticos pré-fabricados foram usados para obtenção de
40 coroas metálicas com argola na face oclusal. Em seguida procedeu-se a
cimentação das coroas de acordo com a orientação do fabricante para cada
tipo de cimento de modo que em um dos grupos (teste) após a introdução do
cimento no interior da coroa a mesma era levada sobre um pilar excedente
para remover o excesso de cimento e só então a coroa foi levada sobre seu
respectivo pilar com pressão manual e posteriormente aplicada uma carga de
10 kg por 10 min. Para o outro grupo (controle), imediatamente após a
75
introdução do cimento no interior da coroa, a mesma foi posicionada sobre seu
pilar e recebeu a mesma carga estática. Ambos os grupo foram pesados para
avaliar a quantidade de cimento em cada técnica utilizada. Em seguida, as
amostras foram armazenadas em 100% de umidade a 37°C por 24horas e
submetidas ao ensaio de tração com célula de carga de 50 kg e velocidade de
0,5 mm/min. Os resultados mostraram que o cimento Rely X do grupo controle
apresentou os maiores valores de retenção enquanto os menores valores de
retenção foram representados pelo Temp Bond no grupo teste e assim não
houve influência da técnica de cimentação utilizada nos valores de retenção
obtidos. Além disso, houve diferenças entre as quantidades de excessos de
cimento, sendo que o Temp Bond do grupo controle apresentou as maiores
quantidades e o Rely X do grupo teste apresentou as menores quantidades.
Apesar da técnica de cimentação não ter influenciado nos resultados, os
autores não recomendam a utilização da técnica utilizada no grupo teste para
os cimentos temporários devido aos baixos valores de retenção obtidos e sim
para os cimentos como Rely X para remover o excesso de cimento sem
influenciar na retenção.
76
3 PROPOSIÇÃO
Geral
Avaliar comparativamente a resistência de união de coroas metálicas
fixadas com diferentes agentes de cimentação sobre pilares
personalizáveis (retos e angulados) de implantes.
Específicos
1. Investigar a influência da angulação do pilar e do agente
cimentante na resistência de união;
2. Analisar as características microestruturais da interface criada
entre pilar-cimento-coroa, e;
3. Determinar o padrão de falha das amostras tracionadas.
77
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Confecção das amostras
Para este experimento foram utilizados 91 pilares sobre análogos de
implantes regulares (Ø 4,1) (Neodent, Curitiba, Brasil) divididos em sete grupos
de acordo com o tipo de pilar e o agente cimentante utilizado. Três tipos de
pilares com diferentes alturas, ângulo de convergência oclusal e área de
superfície foram utilizados assim como disponibilizado pelo fabricante (Tabela
1). Pilares do tipo munhão personalizável, pilares angulados personalizáveis de
17° e pilares angulados personalizáveis de 30° (Figura 1) foram utilizados em
associação com os cimentos definitivos de fosfato de zinco (SS White, Rio de
Janeiro, Brasil), cimento resinoso Panavia F (Kuraray,Okayama, Japão) e
cimento resinoso autoadesivo RelyX U100 (3M ESPE, Seefeld, Alemanha) e
ainda foi utilizado o primer Alloy Primer (Kuraray, Okayama, Japão) contendo
monômero ácido fosfatado 10-metacriloiloxidecil dihidrogeno fosfato (MDP)
para o tratamento da superfície interna das coroas metálicas nas quais o
cimento Panavia F foi utilizado. Dessa forma, dividiram-se os grupos em Grupo
Rf (controle): pilares retos cimentados com cimento fosfato de zinco (n=10);
Grupo A17f: pilares angulados de 17o cimentados com cimento de fosfato de
zinco (n=10); Grupo A17rm: pilares angulados de 17o cimentados com cimento
resinoso com MDP (n=10); Grupo A17r: pilares angulados de 17o cimentados
com cimento resinoso autoadesivo (n=10); Grupo A30f: pilares angulados de
30o cimentados com cimento de fosfato de zinco (n=10); Grupo A30rm: pilares
angulados de 30o cimentados com cimento resinoso com MDP (n=10) e Grupo
A30r: pilares angulados de 30 cimentado com cimento resinoso autoadesivo
(n=10). Além disso, três amostras representativas de cada grupo foram
necessárias para análise das características microestruturais da interface
criada entre pilar-cimento-coroa.
Para inclusão dos análogos em posições ideais foram criados e
confeccionados três dispositivos de alumínio que permitiram o correto
posicionamento dos análogos previamente a sua inclusão em resina de
poliestireno (Aerojet, São Paulo, Brasil) (Figura 2). O dispositivo consistia de
78
barras de alumínio com dimensões de 12,5 x 1 x 2,5 cm e com cinco orifícios
confeccionados na mesma largura do análogo e com uma angulação prévia de
acordo com o grupo de pilares, ou seja, foi confeccionada uma barra com
orifícios retos, uma segunda barra com orifícios previamente angulados em 17°
e uma terceira barra com orifícios previamente angulados em 30°. Portanto,
essa angulação prévia permitiu a inclusão dos análogos em posições ideais
que foram corretamente compensadas após a instalação do seu respectivos
pilar, posicionando o conjunto análogo-pilar perpendicular ao solo, permitindo
que ensaio de tração fosse realizado precisamente seguindo ao longo-eixo das
amostras
Tabela 1. Valores de altura, área de superfície e ângulo de convergência
oclusal dos pilares.
Pilar Altura Área de superfície Ângulo de
convergência
Reto 8,7 mm 123,23 mm2 2°,50´
Angulado 17° 7,7 mm 72,39 mm2 5°
Angulado 30° 7,7 mm 76,42 mm2 5°
*dados fornecidos pelo fabricante
Os análogos foram posicionados nos orifícios dos dispositivos e
estabilizados por meio de um parafuso longo aparafusado no seu interior e que
Figura 1. Pilares de 17°, 30° e reto respectivamente.
Figura 2. Dispositivos de alumínio para inclusão dos análogos (A- reto; B-17°;
C- 30°).
A B C
A
B
C
79
A B C
A B
ultrapassava a espessura da barra de alumínio (Figura 3). Em seguida cilindros
de PVC de 20 mm de diâmetro e 20 mm de altura foram posicionados de
maneira centralizada sobre os análogos fixados na barra de alumínio e então a
resina de poliestireno foi vertida no interior dos cilindros (Figura 4). Após o
tempo de cura da resina, os cilindros de PVC foram removidos e os análogos
já incluídos foram separados do dispositivo de alumínio e os parafusos longos
removidos (Figura 5).
Figura 3. Análogos posicionados nos dispositivos de inclusão. A: análogos retos; B: análogos em 17°; C: análogos em 30°.
Figura 4. Inclusão dos análogos. A: cilindros de PVC encaixados sobre o dispositivo de maneira centralizada; B: cilindros de PVC com resina de poliestireno em seu interior.
Figura 5. Amostras incluídas após tempo de cura da resina (A- reto; B-17°; C-30°).
A B C
80
Na sequência, os pilares foram posicionados de maneira que
ficassem perpendiculares ao solo e seus parafusos foram apertados,
inicialmente, de forma manual e sem atingir o torque recomendado pelo
fabricante, apenas para manter os pilares em posição. As amostras foram
então selecionadas de forma aleatória compondo os respectivos grupos já
descritos. Diretamente sobre os pilares instalados foi realizado o enceramento
das coroas para sua posterior fundição.
4.2 Procedimentos Laboratoriais
Sobre os pilares foram enceradas coroas com resina acrílica
autopolimerizável Duralay (Reliance Dental Mfg Co, Worth, IL, EUA) (Figura 6).
Ainda foram confeccionadas argolas em cera orgânica Thowax (Yeti
Dentalprodukte, Engen, Alemanha) padronizadas por meio de uma matriz de
silicone (Figura 7) que posteriormente foram acopladas sobre as coroas
enceradas funcionando como dispositivo para o futuro ensaio de tração (Figura
8).
Depois de enceradas as coroas foram numericamente identificadas
de acordo com seu análogo e fixadas no sprue da base formadora do cadinho
e adicionados os condutos de alimentação necessários (Figura 9). Um anti-
bolha (Waxit, Degussa AG,Hanau, Alemanha) foi pincelado sobre as estruturas
a serem fundidas e o revestimento Micro Fine 1700 (Talladium, Curitiba, Brasil)
foi manipulado de acordo com as recomendações do fabricante e vertido no
anel de silicone sob vibração constante (Figura 10). Decorrido o tempo de
reação de presa do revestimento, o anel de silicone e a base formadora de
cadinho foram devidamente removidos. Os blocos com os cadinhos voltados
para baixo e utilizados na fusão da liga de NiCr (Fit Cast, Talladium, Curitiba,
Brasil) (25% Cr, 10% Mo e 60,75% Ni) foram colocados em um forno elétrico
semiautomático M2 BRAVAC (Bravac, São Paulo, Brasil) previamente
programado, conforme Tabela 2.
81
Figura 6. Vista do enceramento das coroas em resina acrílica autopolimerizável.
Figura 7. Argolas de cera confeccionadas em
matriz de silicone.
Figura 8. Argola de cera acoplada sobre o
enceramento da coroa.
Figura 9. Coroas fixadas no sprue da base formadora do cadinho com condutos
de alimentação acessórios.
Figura 10. Manipulação do revestimento sob vibração.
82
Tabela 2. Programação dos ciclos de temperatura, potência e tempo de
aquecimento.
Ciclo Temperatura
Máxima
Potência Tempo de Aquecimento em
Temperatura Máxima
1 0°C - 300°C Mínima 60 minutos
2 300°C - 500°C Média 40 minutos
3 500°C - 950°C Máxima 60 minutos
Após os ciclos de aquecimento, as fundições foram executadas por
centrifugação convencional. O cadinho de zircônia, previamente aquecido, foi
posicionado no braço da centrífuga. A liga (NiCr) foi fundida por meio da chama
redutora produzida por maçarico de gás-oxigênio (EDG, São Carlos, Brasil) e
injetada nos moldes pelo processo de centrifugação. Após as fundições, os
blocos foram imediatamente esfriados em água, por recomendação do
fabricante.
Na sequência, o bloco foi fraturado manualmente e o conjunto
metálico, removido e obtido. As amostras foram desincluidas do revestimento
com um desinclusor pneumático (Silfradent, F LLI Manfredi, Itália) e jateadas
com microesferas de vidro em jateador elétrico Multijet III (EDG, São Carlos,
Brasil) regulado com pressão de 5,6 kg/cm2. Os condutos de alimentação das
peças foram seccionados com discos de óxido de alumínio(Dentorium, Nova
York, EUA). Em seguida, foram realizados procedimentos de acabamento
utilizando brocas em baixa rotação (30000 rpm) tipo carbide, com ponta ativa
em formato cilíndrico e corte cruzado, adaptadas a motor de baixa rotação para
a eliminação de excessos grosseiros localizados na superfície das amostras,
utilizando-se refrigeração em água (Figura 11).
83
4.3 Protocolo de cimentação
As coroas metálicas obtidas foram limpas em ultrassom de bancada
por 10 min (Figura 12) e então os parafusos dos pilares receberam torque final
de 32 N.cm recomendado pelo fabricante (Figura 13). Os orifícios de acessos
dos pilares retos e angulados foram totalmente fechados com material
elastomérico denso (Optosil P Comfort, Heraeus Kulzer, Hanau, Alemanha)
com o cuidado de não impedir o assentamento passivo das coroas (Figura 14).
As amostras foram submetidas à cimentação com cimentos a base de fosfato
de zinco (SS White) (Figura 15) e os cimentos resinosos Panavia F (Kuraray)
(Figura 16) e RelyX U100 (3M ESPE) (Figura 17). A composição dos cimentos
é apresentada na Tabela 3. Seguindo a divisão dos grupos procedeu-se a
manipulação dos agentes cimentantes de acordo com a recomendação do
fabricante. Assim, para os grupos cimentados com fosfato de zinco foi utilizada
a medida pequena de pó (o lado do cabo com três marcações) para quatro
gotas de líquido. O pó foi então dividido em quatro partes iguais sobre uma
placa de vidro, sendo que um dos quartos foi posteriormente dividido em duas
partes e uma dessas partes ainda dividida em mais duas, totalizando uma
divisão em seis partes que foram manipuladas cada uma por 10 s, usando uma
espátula 24 e uma ampla área da placa de vidro. Após o tempo de
manipulação, o cimento foi aplicado nas paredes axiais internas das coroas.
Para a cimentação com Panavia F, as coroas metálicas e os pilares passaram
Figura 11. Coroas após desinclusão e acabamento.
84
Figura 12. Limpeza das coroas em ultrassom. Figura 13. Torque de 32Ncm recomendado
pelo fabricante.
por um tratamento prévio em que foi aplicado em todas as paredes axiais
internas das coroas um primer para metal Alloy Primer (Kuraray) (Figura 18)
com auxílio do aplicador que acompanha o cimento. Sobre os pilares foi
aplicada uma mistura do ED PRIMER (uma gota do líquido A e uma gota do
líquido B), contido no kit do cimento, após 60 s os excessos foram removidos
com papel absorvente, por capilaridade. Medidas iguais das pastas A e B foram
dispensadas sobre o bloco de manipulação e com auxílio de uma espátula
foram misturadas por 20 s, sendo então inserido no interior das coroas
quantidade suficiente para cobrir as paredes axiais internas das mesmas.
Optou-se pela fotoativação de cada face da linha de cimentação por 20 s
conforme o fabricante sugere na bula como um dos meios de polimerização. Já
a cimentação com cimento resinoso autoadesivo RelyX U100 (3M ESPE) não
necessitou de nenhum tratamento prévio nem das coroas nem dos pilares e
medidas iguais oferecidas pelo sistema de clicker foram misturadas por 20 s e
inseridas nas paredes axiais internas das coroas metálicas e a linha de
cimentação fotoativada por 20 s em cada face. Após a inserção dos cimentos
no interior das coroas e antes da fotoativação dos cimentos resinosos, as
coroas foram posicionadas sobre seus respectivos pilares inicialmente com
uma pressão manual por 10 s e em seguida houve aplicação de uma carga de
cimentação estática de 5 Kg por 10 min (Figura 19). Por fim as amostras foram
armazenadas por 24 horas em água destilada a 37°C e em seguida submetidas
ao teste de tração.
85
Figura 14. Orifícios de acesso do parafuso fechados com silicone. A: pilar reto; B: pilar de 17°; C: pilar de 30°.
A B C
Figura 15. Cimento de fosfato de zinco. Figura 16. Kit do cimento resinoso Panavia F.
Figura 17. Cimento resinoso autoadesivo RelyX U100.
86
Tabela 3. Composição química dos cimentos e primer utilizados
Cimento Composição
Fosfato de
Zinco
Pó: Óxido de Zinco, óxido de magnésio, corantes CI77288,
CI77268, CI77491.
Líquido: Ácido Fosfórico, Hidróxido de Alumínio, Óxido de Zinco,
Água destilada.
Panavia F
Paste A: sílica coloidal, Bis-GMA, dimetacrilato hidrofóbico e
hidrofílico, peróxido benzóico.
Paste B: vidro de bário silanizado, óxido de titânio, fluorido de
sódio, sílica coloidal, dimetacrilato hidrofóbico e hidrofílico,
dietanol-p-toluidina, T-isopropil benzeno sulfonato de sódio.
ED Primer A: hidroxietilmetacrilato (HEMA), 10-metacriloiloxidecil
dihidrogeno fosfato (MDP), ácido NM-aminossalicílico, dietanol-p-
toluidina, água.
ED Primer B: ácido NM-aminossalicílico, T-isopropil benzeno
sulfonato de sódio, dietanol-p-toluidina, água.
Alloy Primer: 6-n-4-vinilbenzil propilamino ditione triazina
(VBATDT), 10-metacriloiloxidecil dihidrogeno fosfato (MDP).
RelyX
U100
Éster de ácido fosfórico metacrilato, TEGMA, partículas de carga,
dimetacrilatos, sílica.
Figura 18. Alloy Primer.
87
Figura 19. Dispositivo para aplicação de carga de cimentação.
4.4 Ensaio de tração
Com os análogos incluídos e as coroas cimentadas, as amostras
foram posicionadas na máquina de ensaio mecânica (DL 2000, EMIC, São
José dos Pinhais, PR, Brasil) com auxílio de um dispositivo (Figura 20) de
forma que ficassem perpendiculares ao solo e a força fosse aplicada paralela
ao seu longo eixo. Foi utilizada uma célula de carga de 100 kgf e uma
velocidade de 0,5 mm/min até a falha do cimento. Os valores foram obtidos em
N (Tabela 3).
88
4.5 Análise Estatística
O software SPSS (SPSS Statistics 18.0; SPSS Inc, Chicago, Ill) foi
utilizado para todas as análises estatísticas. A força de deslocamento das
coroas entre o grupo controle e os grupos testes foi comparada por meio da
análise de variância (ANOVA – One way) ao nível de significância p ≤ 0,05. As
diferenças entre os grupos testes também foram avaliados por meio de análise
de variância (ANOVA – Two way). O teste de Tukey foi realizado para
determinar as diferenças significantes entre cada grupo estudado a o teste de
Dunnet determinou as diferenças entre o grupo controle e os grupos testes,
todos ao nível de significância de p ≤ 0,05.
Figura 20. Dispositivo para ensaio de tração.
89
4.6 Análise do Padrão de Falha
Após o ensaio de tração, foi realizado análise do padrão de falha das
amostras. Cada amostra testada foi classificada de acordo com a estrutura
remanescente predominante sobre a superfície do pilar seguindo a seguinte
descrição para o padrão de falha: falha adesiva – nenhum cimento
remanescente na superfície do pilar (tipo 1); falha mista – cimento
remanescente na superfície do pilar e superfície de adaptação da coroa (tipo
2). Os resultados da classificação do padrão de falha, entre cada grupo, foram
submetidos à distribuição em porcentagem.
4.7 Avaliação em MEV
Para avaliar o nível de embricamento mecânico, homogeneidade e
continuidade da união ao longo da interface cimento-pilar, três espécimes de
cada grupo (n=3) foram cortadas longitudinalmente à interface de união após
inclusão em resina epóxi (Buehler, Lake Bluff, IL, USA) (Figura 21) com
objetivo de expor a interface interna entre coroa-cimento-pilar. As superfícies
foram seccionadas em cortadeira de precisão com disco de diamante de dupla
face (Figura 22), foram polidas sequencialmente utilizando lixas de carbeto de
silício com granulaç es de 00, 00 e 000. ebris fora re ovidos co
ban os de ultrasso durante 5 in ap s cada passo de poli ento. Ap s
secage final e estufa a C por oras, os corpos de prova fora cobertos
com ouro e examinados em microscópio eletrônico de varredura (Phenom G2
PRO, Phenom World BV, Eindhoven, Netherlands) focando-se na profundidade
do cimento, imbricação mecânica, homogeneidade e continuidade ao longo da
interface de união. Foram obtidas 10 imagens de cada amostra e uma imagem
representativa foi escolhida considerando a similaridade dos padrões
observados.
90
A B C
4.8 Avaliação em MVCL
Para avaliação em Microscopia de Varredura Confocal a Laser
(MVCL), o cimento de fosfato de zinco, Panavia F e RelyX U100 foram
marcados com 0.01% (em peso) de corante laranja de acridina - LA (Sigma
Aldrich, St Louis, MO, EUA) e o Alloy Primer marcado com 0,01% (em peso) do
corante Alexa Fluor – AF (Invitrogen, Carlsbad, CA, EUA) (Figura 23). Após o
processo de marcação dos cimentos, as amostras (n = 3) foram cimentadas e
preparadas de acordo com os mesmos procedimentos descritos acima. A
análise em MVCL (510 Meta; Zeiss, Germany) foi realizada com dupla
Figura 21. Cortes longitudinais das amostras incluídas em resina epóxi. A: pilar reto; B: pilar de 17; C: pilar de 30.
Figura 22. Amostra fixada em cortadeira de precisão e
cortada com disco de diamante.
91
fluorescência (feixes de laser Argon/2 e HeNe) para o Panavia F + Alloy Primer,
e em laser Argon/2 (filtro de frequência de excitação: 488nµ e emissão:
525/50nµ) para fosfato de zinco e RelyX U100. Magnificação de ×20 para
objetiva e ×2 para zoom eletrônico foram utilizados. A análise foi procedida
focando-se na profundidade do cimento, imbricação mecânica, homogeneidade
e continuidade ao longo da interface de união. Foram obtidas 10 imagens de
cada amostra e uma imagem representativa foi escolhida considerando a
similaridade dos padrões observados.
Ainda foi realizada uma análise entre as características micro
estruturais da interface criada entre pilar-cimento-coroa por meio das imagens
obtidas em MEV e MVCL.
Figura 23. Captura de marcador com pipeta de precisão.
92
5 RESULTADOS
5.1 Ensaio de Tração
A análise descritiva dos valores de falha (N) dos sete grupos está
ilustrada na Figura 24. As médias (DP) necessárias para o deslocamento das
coroas no grupo C, A17F, A17RM, A17R, A30F, A30RM e A30R foram,
respectivamente, 357,26 (62,21); 251,50 (20,13); 397,05 (88,48); 328,71
(79,87); 276,70 (17,96); 377,81 (90,61) e 335,42 (88,34). A análise de variância
(ANOVA – One way) revelou diferenças significantes entre os grupos testes e o
grupo controle (df = 6, f = 5,54, p < 0.001). Na avaliação intergrupos (Teste de
Dunnet) apenas o grupo A17F foi significativamente menor em comparação ao
grupo controle (p = 0,007) (Tabela 4). Uma subsequente análise de variância
(ANOVA - Two way) revelou ainda a influência apenas do cimento nos valores
de resistência de união (p < 0,001) e a análise intergrupo (Teste de Tukey)
apresentou o grupo A17RM como o mais retentivo, sendo que a inclinação das
paredes axiais dos pilares não influenciou nos valores de resistência de união
obtidos (p =0,821) (Tabela 5).
Figura 24. Box plot dos valores de resistência à tração (N) para todos os grupos.
93
Tabela 4. Média ± DP - valores de resistência de união dos grupos testados
comparados ao grupo controle (N).
Grupo Média ± DP
Controle 357,26 + 62,21ª
A17RM 397,05+88,48ª
A17R 328,71+79,87ª
A17F 251,50+20,13b
A30RM 377,81+90,61ª
A30R 335,41+88,34ª
A30F 276,70+17,96ª
*Grupos identificados com letras diferentes representam diferenças estatisticamente significantes em relação ao grupo controle (Teste de Dunnet - p≤0,05).
Tabela 5. Média ± DP - valores de resistência de união (N) entre os grupos
testados.
Pilares
Cimento
Panavia F + MDP RelyX U100 Fosfato de Zinco
17º 397,05+88,48Aa 328,71+79,87Ba 251,50+20,13Ca
30º 377,81+90,61Aa 335,42+88,34ABa 276,70+17,96Ba
* Letras MAIÚSCULAS diferentes indicam diferença estatisticamente significante nas linhas, enquanto letras minúsculas diferentes indicam diferença estatisticamente significante nas colunas (Teste de Tukey - p≤0,05).
5.2 Análise do Padrão de Falha
Padrões de falha de dois tipos foram observados: falha adesiva e
falha mista (adesiva e coesiva). Amostras dos grupos A17RM e A30RM
apresentaram apenas falhas mistas (adesiva e coesiva). Os grupos A17F,
A17R, A30F e A30R apresentaram diferentes quantidades dos dois tipos de
padrões de falha e o grupo controle demonstrou exclusivamente falhas
94
adesivas. Altos valores de resistência à tração foram associados a falhas
mistas. A Tabela 6 lista o percentual de distribuição dos padrões de falha entre
os grupos avaliados.
Tabela 6. Distribuição dos padrões de falha em cada grupo [ % (n = 10)].
5.3 Avaliação em MEV
As interfaces do cimento de fosfato de zinco analisadas em MEV
estão representadas nas Figuras 25A, 25B, 25C e 25D. As amostras
analisadas apresentam penetração completa do cimento nas irregularidades da
coroa de NiCr. Alguns espaços vazios foram eventualmente detectados.
Descontinuidades ao longo da interface de união também foram observadas e
foram mais frequentes no lado do pilar de Ti. Trincas internas (setas) no
cimento são apresentadas na Figura 25D.
As micrografias em MEV representativas das interfaces do cimento
Panavia F são definidas pelas Figuras 25E e 25F. O perfil longitudinal desse
grupo demonstrou os padrões mais elevados de entrelaçamento
micromecânico e homogeneidade, integridade e continuidade ao longo da
interface de união.
Padrão de Falha
Grupos Adesiva Mista
Control 100 (10) 0 (0)
A17RM 0 (0) 100 (10)
A17R 80 (8) 20 (2)
A17F 70 (7) 30 (3)
A30RM 0 (0) 100 (10)
A30R 50 (5) 50 (5)
A30F 70 (7) 30 (3)
95
Para o cimento RelyX U100 as interfaces são representadas pelas
micrografias em MEV nas Figuras 25G e 25H. Assim, o cimento autoadesivo
revelou um padrão de interface bastante similar ao Panavia F, apesar de exibir
alguns espaços vazios e não preenchidos pelo cimento em algumas regiões.
5.4 Avaliação em MVCL
As micrografias em MVCL são representadas pela Figura 26.
Analisando as interfaces de união é possível afirmar que a fluorescência das
imagens não foi completamente uniforme. No entanto, a ausência de
homogeneidade foi mais evidente para as imagens do fosfato de zinco (setas
na Figura 26A) e RelyX U100 (setas na Figura 26C). O Alloy Primer (em
vermelho - setas) e Panavia F (em verde) foram diferenciados por cores na
Figura 26B.
96
Figura 25. (cr:coroa de NiCr; abt: pilar de Ti; ZP: Fosfato de Zinco; PF: Panavia F; U100: RelyX U100) micrografias em MEV para as interfaces com fosfato de zinco são representadas nas imagens A,B, C e D. A: completo preenchimento das irregularidade do lado da coroa de NiCr (ponteiro),regiões não preenchidas e espaços vazios são algumas vezes detectados (setas). B: Descontinuidade ao longo da interface de união (asterisco) também foi detectada e foi mais frequente e extensa em relação ao pilar de Ti; C: espaços vazios na interface (seta); D: trincas internas (setas) no cimento. Micrografias em MEV para as interfaces com Panavia F são representadas nas imagens E e F. E:o perfil dos corte longitudinal desse grupo apresenta os maiores padrões de embricamento micromecânico (ponteiro) e integridade, homogeneidade e continuidade ao longo da interface de união; F: a linha de cimentação interna apresentou algumas variações dimensionais, provavelmente devido a variações intrínsecas do processo de fundição. O cimento Panavia F apresentou interface homogênea até mesmo quando as dimensões internas variaram. Micrografias em MEV para as interfaces com RelyX U100 são representadas nas imagens G e H. G: o cimento autoadesivo apresentou um padrão de interface bastante similar ao Panavia F, apesar de alguns espaços vazios serem detectados algumas vezes (asterisco em H).
97
Figura 26. (cr: coroa de NiCr; abt: pilar deTi; ZP: Fosfato de Zinco; PF: Panavia F; U100: RelyX U100) A: falta de homogeneidade percebida para o cimento de fosfato de zinco (setas em 26A); B: Alloy Primer (em vermelho – setas) e Panavia F (em verde) são diferenciados por diferentes cores em 26B; C: linha de cimentação com RelyX U100 também apresenta alguma descontinuidade ao longo da interface (setas).
98
6 DISCUSSÃO
O estudo demonstrou que para coroas metálicas cimentadas em
diferentes pilares com diferentes alturas, área de superfície e inclinação de
paredes e ainda cimentadas com diferentes agentes de cimentação e
tratamentos, as cimentadas com Panavia F e pré-tratadas com Alloy Primer
ofereceram maiores valores de resistência de união sendo, entretanto,
estatisticamente similares ao grupo controle. Por outro lado, a cimentação com
fosfato de zinco apresentou os menores valores de resistência de união
comparados aos grupos testes. Além disso, a associação dos fatores maior
área de superfície do pilar (pilar de 30°) com inclinação das paredes axiais de
5° parece ter sido mais relevante do que quando essa associação é feita entre
pilares que apresentam menor área de superfície (pilar de 17°) para
cimentação com fosfato de zinco, apesar da influência da inclinação das
paredes axiais do pilar não ter sido estatisticamente significativa para a
resistência de união, devido a pequena diferença que os dois pilares angulados
apresentam em relação a área se superfície disponível.
Os dois mecanismos primários de adesão dos cimentos dentários
são embricamento micromecânico e união físico-química (Hill, 2007). O
cimento de fosfato de zinco é um agente de união que se une por
embricamento mecânico as irregularidades das estruturas dentárias e
metálicas (Diaz-Arnold et al., 1999; Hill, 2007). Nesse estudo, o cimento de
fosfato de zinco foi utilizado como padrão ouro nos pilares retos com maior
área de superfície (grupo controle) e também em pilares angulados. Os
resultados mostraram que todos os grupos quando comparados ao grupo
controle foram semelhantes ao mesmo, menos o grupo A17F, que apresentou
valores de resistência à tração inferiores e diferentes estatisticamente (Tabela
4). Alguns estudos reportam que o fosfato de zinco possui baixa resistência a
tração, fato que determina a importância da geometria do preparo, inclinação
das paredes axiais, altura e área de superfície na redução do desenvolvimento
de tensões destrutivas no interior do cimento, resultando em perda de retenção
da restauração (Diaz-Arnold et al., 1999; Pegoraro et al., 2007; Haddad et al.,
99
2011). No grupo A17F os pilares possuem área de superfície reduzida, mas a
mesma inclinação de paredes axiais dos pilares do grupo A30F também
cimentado com fosfato de zinco, revelando que a associação entre área de
superfície e altura do pilar parece mais relevante, para a variável analisada,
quando comparada a inclinação das paredes axiais do pilar (Akca et al., 2002;
Bernal et al., 2003). Em um estudo semelhante realizado por Bresciano et al.
em 2005, diferenças estatisticamente significantes foram encontradas entre
pilares com diferentes conicidades, alturas e com a utilização de diferentes
agentes de cimentação. O fosfato de zinco se apresentou como o cimento mais
retentivo em todos os grupos em comparação com cimentos provisórios, e os
autores sugerem que a altura é importante para a retenção da coroa, apesar de
representar menor influência do que a inclinação das paredes axiais do pilar, já
que foram utilizados maiores intervalos entre os níveis de inclinação das
paredes dos pilares.
Anteriormente foi demonstrado que o paralelismo das paredes axiais
do preparo influencia positivamente na retenção de coroas cimentadas
(Jorgensen, 1955; Kaufman et al., 1961; Gilboe & Teteruck, 1974). Essa
situação parece influenciar os resultados apresentados pelo grupo controle, em
que o fosfato de zinco, que depende basicamente de retenção mecânica (Diaz-
Arnold et al., 1999; Hill, 2007), demonstrou resultados similares aos cimentos
resinosos testados. Alguns autores demonstraram a superioridade do cimento
de fosfato de zinco em situações de altura adequada e pouca conicidade do
preparo, mas comparando-o com cimentos provisórios (Covey et al., 2000;
Bernal et al., 2003). Por outro lado, o fosfato de zinco revelou baixos valores
de retenção comparado aos cimentos resinosos nos pilares angulados (Tabela
5), provavelmente devido a forma de resistência do pilar (geometria e
conicidade) e as propriedades dos cimentos (Ergin & Gemalmaz, 2002;
Maeyama et al., 2005).
No presente estudo, o teste de Tukey mostrou que apenas o tipo de
cimento afetou a resistência de união de coroas metálicas, comparando os
pilares angulados (Tabela 5). Isso ocorre devido a pequena diferença entre a
100
inclinação das paredes axiais dos pilares testados como apresentado na
Tabela 1. Kaufman et al. (1961), Sato et al. (1998) e Ayad et al. (2009)
demonstraram que um ângulo de convergência de 5° seria ideal para retenção,
e que um intervalo entre 2° e 5° deveria ser respeitado para o cimento a base
de fosfato de zinco mas não é imprescindível para os cimentos resinosos. Isso
também suporta os maiores valores de resistência de união para os dois
cimentos resinosos comparados ao cimento de fosfato de zinco. Assim, a
eficácia da união dos cimentos resinosos não depende exclusivamente de
embricamento micromecânico, mas depende também de outros mecanismos
físico-químicos (Hill, 2007; Pegoraro et al., 2007). Essa afirmação ainda ajuda a
explicar porque o Panavia F apresentou os maiores valores de resistência de
união mesmo quando comparado ao grupo controle ou aos outros grupos
testados. Por outro lado, quando o cimento RelyX U100 foi utilizado com pilares
angulados de 30º (grupo A30R), esse grupo apresentou-se estatisticamente
semelhante ao Panavia F (grupo A30RM). No entanto, o grupo A17R foi
diferente estatisticamente do grupo A17RM.
Diferentes métodos de tratamento de superfície para substratos
metálicos têm sido desenvolvidos para melhorar sua capacidade de união
(Matsumura et al., 1990; May et al., 1995; Ohno et al., 1998; Kibayashi et al.,
2005; Tsuchimoto et al., 2006a; Tsuchimoto et al., 2006b). A utilização de
monômeros ácidos, como MDP contido no Alloy Primer do cimento Panavia F,
podem ser capazes de produzir uma efetiva e duradoura interface de união
entre as resinas compostas e metais básicos (Matsumura et al., 1990; Taira et
al., 1995; Schneider et al., 2007). Essa união ocorreria por meio de ligações
químicas entre monômeros ácidos fosfatados e a camada de óxidos básicos de
metal. Ohno et al. em 1998 descreveram o mecanismo de Bolger que seria
responsável por essa união. Nesse mecanismo, uma interação entre os
polímeros ácidos ou básicos e os grupos hidroxila da superfície do metal
ocorreria, dependendo do ponto isoelétrico dos óxidos metálicos e da
dissociação ácida constante dos monômeros ácidos do adesivo. O uso do Alloy
Primer como pré-tratamento para as coroas metálicas cimentadas com Panavia
101
F resultou em altos valores de resistência de união da resina as coroas
metálicas para o grupo A17RM e isso pode ser explicado devido a esse
potencial do MDP de se unir a substratos metálicos (Tsuchimoto et al., 2006a).
O resultado da presença de P nas superfícies metálicas indica que por meio do
seu grupo fosfato o monômero funcional MDP é fortemente adsorvido na
superfície metálica (Taira et al., 1995; Tsuchimoto et al., 2006a). Por outro lado,
apesar da diferente área de superfície entre os pilares angulados de 30° e 17°,
a mesma não influenciou nos valores de retenção entre o mesmo tipo de
cimento, assim, o condicionamento prévio com MDP parece ter sido relevante
apenas quando uma menor área de superfície estava disponível. Portanto, em
certas situações em que se torna necessário um desgaste excessivo e
alterações na configuração geométrica do pilar original, modificações na
angulação das paredes axiais e redução da área de superfície disponível para
união, o mecanismo de união química exerceria uma função ainda mais
importante quando comparada a situações ideais em que essas modificações
não seriam necessárias (Matsumura et al., 1990; Taira et al., 1995; Tsuchimoto
et al., 2006a). No presente estudo os pilares foram utilizados assim como
recebidos do fabricante, entretanto, é valido lembrar que esses pilares são
personalizáveis, passíveis de modificação por preparo.
O grupo do cimento RelyX U100 mostrou resultados similares ao
grupo controle e menores valores de resistência de união do que o Panavia F
apenas para o grupo A17R. Os grupos A30RM e A30R apresentaram valores
estatisticamente iguais, e por essa razão, quando uma maior área de superfície
é disponível o cimento resinoso sem o tratamento prévio com MDP pode ser
usado apresentando os mesmos resultados.
O padrão de falha em todas as amostras cimentadas com Panavia F
(grupos A17RM e A30RM) foi misto após o ensaio de tração. Para as coroas
cimentadas com RelyX U100 falhas mistas ocorreram, no entanto, houve a
predominância de falhas adesivas em mais de 50% das amostras (Tabela 6).
Essas diferenças nos padrões de falha parecem estar ligadas a maior
capacidade de molhamento do cimento Panavia F, devido ao MDP presente no
102
Alloy Primer e ED PRIMER (Tabela 3), resultando em maior área de contato
entre o Panavia F e as coroas metálicas e superfície de Ti do pilar. Outra razão
para a predominância de falhas coesivas para o Panavia F seria sua alta
capacidade adesiva que supera sua própria resistência coesiva (Matsumura et
al., 1990; Taira et al., 1995; Schneider et al., 2007). Nos grupos cimentados
com fosfato de zinco a padrão de falha foi apenas adesivo para o grupo
controle e para o grupo de pilares angulados falhas mistas ocorreram, mas
também com predominância de falhas adesivas. O cimento de fosfato de zinco
apresenta uma técnica crítica de manipulação e nenhum tipo de união química
(apenas embricamento mecânico) e ainda possui baixa resistência à tração, o
que determina a importância da geometria do prepraro em reduzir o
desenvolvimento de tensões de tração destrutivas dentro da interface do
cimento, resultando em perda de retenção da restauração, e talvez, por esta
razão os pilares angulados apresentaram algumas falhas coesivas (Hill, 2007;
Haddad et al., 2011). A predominância de falhas adesivas para o fosfato de
zinco pode também ser explicada pelas características dos pilares,
considerando que os mesmos não receberam nenhum tipo de tratamento de
superfície como jateamento, permanecendo lisos e inalterados.
O uso de múltiplos marcadores fluorescentes, simultaneamente
analisados em modo de dupla fluorescência, permite a observação
individualizada de diferentes componentes marcados se os picos de emissão e
excitação forem bem separados. Na presente investigação, o uso de filtros
apropriados para os marcadores LA e AF, e a obtenção de imagens dos cortes
sequenciais das interfaces de cimentação marcadas, foi aplicada para garantir
uma emissão de sinal bem definida. Essa abordagem permitiu a observação
eficaz do relacionamento do Alloy Primer com a coroa metálica e também com
o cimento Panavia F.
A fluorescência das imagens não foi completamente uniforme ao
longo das interfaces de união. No entanto, a ausência de homogeneidade foi
mais evidente para as imagens dos cimentos de fosfato de zinco e RelyX U100.
Essa informação corrobora com os achados da avaliação em MEV. Além disso,
103
essas imagens contribuem para a explicação a cerca dos achados
relacionados aos dados de resistência a tração e análise do padrão de falha.
As falhas adesivas, que foram predominantes para os grupos cimentados com
fosfato de zinco, podem ser explicadas pela inabilidade do cimento de fosfato
de zinco de se reter a superfícies lisas ou sem nenhum tipo de tratamento
(asterisco na Figura 25B). Falhas coesivas podem ser resultado de falhas
internas ou espaços vazios (setas na Figura 25C e 25D; asterisco na 25H) que
diminuem a resistência a tração dos materiais avaliados. Outra possível
explicação pode se relacionar ao fato de que quando a resistência de união
excede a resistência coesiva, falhas do cimento ocorrem deixando resíduos do
mesmo tanto no lado da coroa quando no lado do pilar após o ensaio de
tração. O contato íntimo (ponteiro na Figura 25E) e a união química fornecida
pelo condicionamento com MDP (setas na Figura 26B) aumentam a
probabilidade desse tipo de falha.
Nesse estudo, a superfície do pilar permaneceu inalterada. Os
autores decidiram testar a resistência de união à superfície de titânio lisa assim
como fornecido pelo fabricante objetivando prevenir qualquer influência da
modificação física da superfície. Tratamentos como jateamento ou
abrasionamento são responsáveis por considerável aumento da resistência de
união (de Campos et al., 2010), fato que poderia se sobrepor aos resultados
investigados no presente estudo.
Baseado no presente estudo, recomenda-se que os três cimentos
testados possam ser utilizados satisfatoriamente quando preparados de acordo
com as recomendações do fabricante. O uso de cimentos resinosos e primers
para metal parecem ser vantajosos quando problemas extremos de retenção
existem como preparos excessivamente curtos em pilares personalizáveis e
com grande conicidade.
Novos estudos devem ser realizados com objetivo de determinar o
ponto critico de desgaste em que cada cimento pode ser usado e também
analisar o comportamento do agente de união frente às ciclagens térmica e
mecânica.
104
7 CONCLUSÕES
Dentro das limitações desse estudo in vitro e baseado na literatura
consultada, pode-se concluir que:
1. Diferentes cimentos sobre as mesmas condições podem prover
diferentes níveis de retenção;
2. A associação entre maior área de superfície e inclinação das
paredes axiais de 5° parece ser mais relevante para a retenção
micromecânica do que a associação da mesma inclinação com área de
superfície menor do pilar para o cimento de fosfato de zinco;
3. O cimento Panavia F promoveu os maiores valores de resistência
a tração quando as coroas foram pré-tratadas com Alloy Primer; e
4. No geral, quando analisados por MEV e MVCL, os cimentos
resinosos apresentaram interfaces mais homogêneas e contínuas
comparadas ao fosfato de zinco.
105
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111
ANEXOS
ANEXO 1
One Way Analysis of Variance
Data source: Data 1 in Notebook1
Dependent Variable: Força
Normality Test: Passed (P = 0,186)
Equal Variance Test:
Failed
(P < 0,050)
Group Name N Missing Mean Std Dev SEM Controle 10 0 357,263 62,209 19,672 17º Fosfato 10 0 251,495 20,135 6,367 17º Panavia 10 0 397,053 88,480 27,980 17º U100 10 0 328,710 79,865 25,256 30º Fosfato 10 0 276,697 17,960 5,679 30º Panavia 10 0 377,809 90,607 28,653 30º U100 10 0 335,415 88,341 27,936
Source of Variation DF SS MS F P
Between Groups 6 165305,117 27550,853 5,539 <0,001 Residual 63 313370,783 4974,139 Total 69 478675,901
The differences in the mean values among the treatment groups are greater than would be expected by chance; there is a statistically significant difference (P = <,001).
Power of performed test with alpha = 0,050: 0,982
Multiple Comparisons versus Control Group (Dunnett's Method):
Comparisons for factor: Angulação
Comparison Diff of Means q' P P<0,050 Controle vs. 17º Fosfato 105,768 3,353 -- Yes Controle vs. 30º Fosfato 80,566 2,554 -- No Controle vs. 17º Panavia 39,790 1,262 -- Do Not Test Controle vs. 17º U100 28,553 0,905 -- Do Not Test Controle vs. 30º U100 21,848 0,693 -- Do Not Test Controle vs. 30º Panavia 20,546 0,651 -- Do Not Test
Note: The P values for Dunnett's and Duncan's tests are currently unavailable except for reporting that the P's are greater or less than the critical values of .05 and .01.
A result of "Do Not Test" occurs for a comparison when no significant difference is found between
two means that enclose that comparison. For example, if you had four means sorted in order, and
found no difference between means 4 vs. 2, then you would not test 4 vs. 3 and 3 vs. 2, but still test 4
vs. 1 and 3 vs. 1 (4 vs. 3 and 3 vs. 2 are enclosed by 4 vs. 2: 4 3 2 1). Note that not testing the
enclosed means is a procedural rule, and a result of Do Not Test should be treated as if there is no
significant difference between the means, even though one may appear to exist.
112
ANEXO 2
Two Way Analysis of Variance
Data source: Data 1 in Notebook1
Balanced Design
Dependent Variable: Força
Normality Test: Passed (P = 0,069)
Equal Variance Test:
Failed
(P < 0,050)
Source of Variation DF SS MS F P
Angulação 1 267,253 267,253 0,0518 0,821 Cimento 2 152644,254 76322,127 14,796 <0,001 Angulação x Cimento 2 4984,894 2492,447 0,483 0,619 Residual 54 278541,127 5158,169 Total 59 436437,528 7397,246
The difference in the mean values among the different levels of Angulação is not great enough to exclude the possibility that the difference is just due to random sampling variability after allowing for the effects of differences in Cimento. There is not a statistically significant difference (P = 0,821).
The difference in the mean values among the different levels of Cimento is greater than would be
expected by chance after allowing for effects of differences in Angulação. There is a statistically
significant difference (P = <0,001). To isolate which group(s) differ from the others use a multiple
comparison procedure.
The effect of different levels of Angulação does not depend on what level of Cimento is present. There
is not a statistically significant interaction between Angulação and Cimento. (P = 0,619)
Power of performed test with alpha = 0,0500: for Angulação : 0,0500
Power of performed test with alpha = 0,0500: for Cimento : 0,999
Power of performed test with alpha = 0,0500: for Angulação x Cimento : 0,0500
Least square means for Angulação :
Group Mean
17º 325,753
30º 329,974
Std Err of LS Mean = 13,113
Least square means for Cimento :
Group Mean
Fosfato 264,096
Panavia 387,431
U100 332,063
Std Err of LS Mean = 16,060
Least square means for Angulação x Cimento :
Group Mean
17º x Fosfato 251,495
17º x Panavia 397,053
17º x U100 328,710
30º x Fosfato 276,697
113
30º x Panavia 377,809
30º x U100 335,415
Std Err of LS Mean = 22,712
All Pairwise Multiple Comparison Procedures (Holm-Sidak
method): Overall significance level = 0,05
Comparisons for factor: Angulação
Comparison Diff of Means t Unadjusted P Critical Level Significant?
30º vs. 17º 4,221 0,228 0,821 0,050 No
Comparisons for factor: Cimento
Comparison Diff of Means t Unadjusted P Critical Level Significant? Panavia vs. Fosfato 123,335 5,430 <0,001 0,017 Yes U100 vs. Fosfato 67,966 2,993 0,004 0,025 Yes Panavia vs. U100 55,368 2,438 0,018 0,050 Yes
Comparisons for factor: Cimento within 17º
Comparison Diff of Means t Unadjusted P Critical Level Significant? Panavia vs. Fosfato 145,558 4,532 <0,001 0,017 Yes U100 vs. Fosfato 77,215 2,404 0,020 0,025 Yes Panavia vs. U100 68,343 2,128 0,038 0,050 Yes
Comparisons for factor: Cimento within 30º
Comparison Diff of Means t Unadjusted P Critical Level Significant? Panavia vs. Fosfato 101,112 3,148 0,003 0,017 Yes U100 vs. Fosfato 58,718 1,828 0,073 0,025 No Panavia vs. U100 42,394 1,320 0,192 0,050 No
Comparisons for factor: Angulação within Fosfato Comparison Diff of Means t Unadjusted P Critical Level
Significant?
30º vs. 17º 25,202 0,785 0,436 0,050 No
Comparisons for factor: Angulação within Panavia
Comparison Diff of Means t Unadjusted P Critical Level
Significant?
17º vs. 30º 19,244 0,599 0,552 0,050 No
Comparisons for factor: Angulação within U100
Comparison Diff of Means t Unadjusted P Critical Level
Significant?
30º vs. 17º 6,705 0,209 0,835 0,050 No