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Instituto A Vez do Mestre
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA
EDUCAÇÃO E O MUNDO DO TRABALHO
Apresentação de monografia ao
Instituto A Vez do Mestre, como
requisito parcial para obtenção do grau
de licenciatura em pedagogia.
Por.: Roberta Brito Azevedo Glioche
Orientador: prof. MS. Andressa Maria
Freire da Rocha
Rio de Janeiro
2009
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2
AGRADECIMENTOS
A Deus, pois sem a sua vontade nem
uma folha cai sobre a terra;
As minhas amadas filhas que me
deram amor e carinho até o último
minuto desta jornada;
A minha avó, simplesmente por estar
sempre ao meu lado;
A minha irmã, Daniella, pelo amor e
compreensão;
Ao Alexandre, pelo seu amor, carinho e
dedicação extra em todas as horas;
A Luciana, minha amiga de todas as
horas;
A minha orientadora, professora Ms.
Andressa, pela força nos 45 minutos do
segundo tempo, quando tudo já parecia
perdido.
3
DEDICATÓRIA
A minha mãe, que tão jovem me
deixou, mas que deixou plantada a
semente do gosto pela educação;
Ao meu maravilhoso marido que me
suporta no meus dias ruins;
As minhas amadas filhas que apesar
de minhas ausências me deram força
para continuar minha empreitada me
amando incondicionalmente.
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RESUMO
Somos atingidos diariamente por mudanças em diversas áreas de
nossas vidas. Tais mudanças veem ocorrendo gradativamente, sem contudo
mudar seus objetivos, quais sejam, a busca da compreensão da fase
contemporânea de acumulação de capital.
De acordo com alguns estudiosos, o fenômeno que desencadeou tais
mudanças, forma as modificações nos processos de trabalho iniciadas em
1973 – A grande depressão, e transcorrem até os dias atuais.
É de conhecimento geral, que a sociedade em que vivemos se constitui
de relações mercantis, contudo, é necessário que compreendamos que uma
sociedade capitalista, onde o trabalho é a principal mercadoria, é uma
sociedade produtora de mais-valia, e não apenas de valores de uso, que se
originam no trabalho concreto.
Esta concepção nos traz ao tema desta monografia, a relação entre o
trabalho e a educação. Esta que vem sofrendo profundas transformações como
forma de se adequar as necessidades contemporâneas do mundo do trabalho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................8 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................10 CAPÍTULO I
1. A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO X TRABALHO..........................................11 1.1 Educação e o Fordismo X Taylorismo....................................................12 1.2 Educação e o Toyotismo........................................................................17
CAPÍTULO II 1. A EDUCAÇÃO FRENTE AS EXIGENCIAS DO MERCADO....................20
CAPÍTULO III
1. A EDUCAÇÃO FORMANDO O PROFISSIONAL....................................28 3.1. Educação básica ..................................................................................28 3.2. Escolas técnicas...................................................................................30 3.2. Universidades corporativas...................................................................35 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................41
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INTRODUÇÃO
O encontro entre o trabalho e o conhecimento se dá como forma de
propiciar ao individuo mecanismos que o permitam se adequar as novas
necessidades do mundo moderno, buscando uma educação que atenda a tais
necessidades.
Tal conhecimento é algo que se origina na necessidade, na curiosidade
em se obter a solução de certa atividade, quando orientada inteligentemente.
Durante a evolução do homem, a educação vem sofrendo mudanças,
sempre no sentido de capacitar o homem às novas diretrizes a qual a
sociedade a época lhe impõe, deixando clara a função da educação, frente a
natureza do homem, do conhecimento, e de seu comportamento social, moral.
Somos atingidos diariamente por mudanças em diversas áreas de
nossas vidas. Tais mudanças vem ocorrendo gradativamente, sem contudo
mudar seus objetivos, quais sejam, a busca da compreensão da fase
contemporânea de acumulação de capital.
Este trabalho constitui-se de pesquisa bibliográfica sobre a relação entre
trabalho e educação. Inicia-se numa análise sobre a história da educação e dos
modos de produção. Buscaremos aprender o complexo da estrutura produtiva
que iniciou as formas de produção flexíveis que se e em novas formas de
organização e gestão do trabalho.
Trata-se de compreendermos as consequências desse processo para a
formação do trabalhador que, segundo os pressupostos organizacionais do
toyotismo, tem que ser qualificado, polivalente e multifuncional. Trataremos
também nesse contexto histórico, a heterogeneidade, fragmentação e
precariação do “mundo do trabalho”, que convive com políticas públicas de
formação profissional norteadas pela pedagogia de aprender continuamente.
Essas mudanças geram novas exigências para o trabalhador, de que as
empresas passam a exigir novos “atributos, atitudes e habilidades”.
Dessa forma, surge o conceito de empregabilidade que modifica a teoria
do capital humano. Consolida-se, desta forma, o conceito do capital sob a ótica
do toyotismo, que espalha-se pelo mundo da educação, numa apologia de
governos e empresas.
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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Desenvolver estudo bibliográfico dos movimentos sociais e políticos, das
intervenções educativas e das elaborações teóricas sobre a educação, de cada
item temático em seu respectivo momento histórico.
8
CAPÍTULO I
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO X TRABALHO
De acordo com Teixeira (2006), nossa civilização vem “progredindo
materialmente e se deteriorando espiritualmente, acrescentando muitos que
isto se vem dando pelo abandono dos valores morais e humanos”.
Durante a Idade Média, a educação era voltada apenas por um pequeno
grupo de pessoas que buscavam o crescimento intelectual e espiritual,
enquanto aos demais (escravos) ficavam a responsabilidade de atender as
necessidades materiais de toda a população. Porém essa formula, jamais
atenderia as necessidades de uma sociedade moderna. Essa por sua vez
busca até hoje, soluções para seus problemas de organização e bem-estar.
Ainda de acordo com Teixeira (2006)
“Os gregos já alicerçados em um regime escravocrata, chegaram,
efetivamente, a desenvolver toda uma filosofia para esse tipo especial de
homem “livre” e ‘espiritual”. Aceita que fosse a teoria de que certos homens são
“escravos”, até por natureza, a teoria social consequentemente importaria em
um conceito de homem livre a maneira grega, isto é, cujas necessidades
matérias seriam atendidas por escravos e que se entregaria as delicias da vida
mental...” (p.50)
Ainda segundo Teixeira, 2006 estamos na busca de uma “...organização
social em que todos os homens tenham oportunidades iguais para se
desenvolverem aqui e agora uma vida decente e de progressivo bem-estar,
fundada no trabalho e em uma organização social justa”.
1.1.Educação e o fordismo/Taylorismo
9
Fordismo foi o modelo de produção desenvolvido por Henry Ford o qual
tinha o objetivo era produzir a preços baixos, para compra em massa pelos
norte-americanos. Enquanto Taylorismo foi desenvolvido pelo engenheiro
Frederick Winslow Taylor.
Segundo LACOMBE (2008),
“Taylorismo é o sistema de produção baseado na organização racional do
trabalho e na sua remuneração das pessoas pelo resultado obtido, para obter o
máximo de produção, com alta qualidade e no tempo mínimo” (p43,44)
Suas principais medidas forma a desqualificação dos operários, que
montavam o carro do inicio ao fim, e parcelou as atividades como forma de
agilizar o processo. Os trabalhadores repetiam os mesmos movimentos
indefinidamente durante a jornada de trabalho.
De acordo com KUENZER (1985), “Começa aí a história da
desqualificação do trabalhador, que tem na manufatura, com sua forma
característica de divisão de trabalho, a sua causa principal, apoiada,
evidentemente, na extração da mais valia”. (p.40)
As empresas passam a buscar uma mão de obra mais capacitada,
aumentando dessa forma os salários e consequentemente o poder aquisitivos
dos funcionários, aumentando assim o número de consumidores.
Segundo Saviani (2005), em seu livro, capitalismo, trabalho e educação
cita:
[...] “Estado de bem-estar” traduziu um determinado grau de
compromisso entre estado, empresas e sindicatos de trabalhadores que, numa
fase de crescimento da economia, assegurou um relativo equilíbrio social e
impulsionou significativamente o desenvolvimento das forças produtivas
10
capitalistas, cujo resultado se materializou num avanço tecnológico de tal
proporção que deu origem a uma nova “revolução industrial”: a revolução
microeletrônica, também chamada de “revolução da informática ou revolução
da automação”. (p.32)
Durante esse período,a educação buscou um padrão que se adequasse
a uma demanda crescente de mão de obra que abastecesse a industria.
Despreocupada com a formação do individuo como um ser crítico, e sim
apoiada na memorização de conceitos e rotinas, este “operário” ideal, era ao
mesmo tempo consumidor e produtor disciplinado e especializado.
De acordo com KUENZER (1985),
[...] “ela deve ser combinada com a persuasão e com o consentimento, o
que se dá, entre outras coisas, pela remuneração mais alta da força de
trabalho que lhe permita alcançar o nível de vida adequado aos novos modos
de produção, que exigem uma forma particular de dispêndio de energias
musculares e nervosas”. (p.51)
As empresas estabeleciam hierarquias na produção, onde haviam os
planejadores e os executadores, ambos disciplinados e especializados.
Ainda de acordo com KUENZER (1985),
“Daí constitui-se a fábrica capitalista em campo fundamental para a
investigação, compreendida como a concretização mais completa e acabada
da divisão do trabalho na sociedade contemporânea, com todos os seus
recursos de exploração, e alienação do trabalho representados pela
especialização de funções, hierarquização do trabalhador coletivo,
automatização do processo produtivo e distribuição desigual de educação,
11
representada pela qualificação dos níveis decisórios e desqualificação dos
níveis ligados a execução.” (p.20)
Inicia-se então o processo de massificação da educação para atender a
demanda desses tipos de trabalhadores. E essa educação também era
estruturada e hierarquizada, onde nos 1° e 2° grau eram voltados para a
formação dos níveis inferiores da fábrica e a formação universitária investia em
pesquisa e qualificação para os planejadores especializados.
Como aponta SANFELICE (2007),
[...] “O que parecia bom para as elites – independentemente de estarem
decadentes ou dependentes, era considerado bom para seus próprios
interesses e, consequentemente, deveria ser bom também para cada cidadão.
Estava em voga o papel da educação em preparar o trabalhador para obedecer
e agir conforme as ordens ditadas por aqueles que estavam no topo
hierárquico da estrutura produtiva industrial, de modo a revelar uma educação
massificada, plenamente adaptável ao modelo produtivo vigente, que requeria
um grande número de trabalhadores para as tarefas rotineiras, a serem
executadas sem questionamentos ou qualquer outro tipo de resistência. (p.544)
Max Weber, intelectual alemão, já falava sobre o tipo de formação
oferecida aos estudantes universitários, como um ensino seriado com o intuito
de formar especialistas capazes de gerir empresas. Calculistas, administrariam
as empresas de forma a evitar desperdícios e, desta forma, potencializar o
acúmulo de capital.
Esse tipo de formação, despreocupada com o cognitivo do ser humano,
e se apoiando única e exclusivamente com a memorização de uma sequencia
12
de disciplinas seria a responsável pela formação do profissional ideal para
aquela época.
Alterando o papel do professor de intelectual prestigiado, onde ele era
parte fundamental da formação do cidadão distinto e autônomo, para um
simples técnico que deveria utilizar-se de mecanismos que o auxiliassem na
memorização de conteúdos sem questionamentos por parte dos alunos. O
ensino passa a adotar um currículo fechado, afastando cada vez mais o aluno
de seu cotidiano, consequentemente criado cidadãos incapazes de
compreender o mundo em que viviam ou de construírem novos conhecimentos.
Porém, este período, facilitou em demasia tanto a organização sindical
quanto a regulamentação estatal, uma vez que, decorrente da grande
necessidade de trabalhadores para atender ao consumo de massa daquela
época, assegurou um equilíbrio social e impulsionou fortemente o avanço
tecnológico.
De acordo com SAVIANI (2005),
“[...] o chamado “estado de bem estar” traduziu um determinado grau de
comprometimento entre o estado, empresas e sindicatos de trabalhadores que,
numa fase de crescimento da economia, assegurou um relativo equilíbrio social
e impulsionou significativamente o desenvolvimento das forças produtivas
capitalistas, cujo resultado se materializou num avanço tecnológico de tal
proporção que deu origem a uma nova “revolução industrial”: a revolução
microeletrônica, também denominada “revolução da informática” ou “revolução
da automação”
Este avanço se originou na nova revolução industrial, que diferente da
primeira, transferiu para as máquinas não só as funções manuais, como
13
também as intelectuais, liberando assim o homem para, mais uma vez, o
cultivo do intelecto, do corpo e da alma.
Após a grande depressão de 1930 o processo produtivo e a organização
do trabalho, égide ao Fordismo/Taylorismo, acabou por causar um grande
problema de acumulação de capital e consequentemente de desemprego em
massa.
Entretanto, essas práticas são tolhidas pela sociedade e devido a tal
avanço o padrão produtivo é modificado, uma vez que a sociedade encontra-se
mais uma vez em crise, devido ao número de desempregos causados pela
revolução industrial, buscando um novo padrão de acumulação de capital,
como forma de flexibilizar o processo até então existente. Surge então o
Toyotismo.
Ainda de acordo com SAVIANI (2005).
“Nessas condições o avanço tecnológico foi utilizado para alterar o
padrão produtivo, introduzindo a acumulação flexível a qual substitui o
taylorismo fordismo pelo toyotismo[...]” (p.21)
MÉSZAROS (2003), um dos maiores escritor e pensador Marxista dos
nossos tempos em sua obra A educação para além do capital, disserta sobre
as mudanças nos processos produtivos.
“ A razão principal por que este sistema forçosamente escapa a um
significativo grau de controle humano é precisamente o fato de ter ele próprio,
surgido no curso da história como uma poderosa – na verdade, até o presente,
de longe e mais poderoso – estrutura “totalizadora” de controle a qual tudo o
mais, inclusive seres humanos, deve se ajustar, e assim provar sua “viabilidade
produtiva” ou perecer, caso não consiga se adaptar.” (p.96).
14
1.2 Educação e o toyotismo:
O toyotismo surgiu no Japão após a II Guerra mundial, mas só a partir
da crise de 70 é que foi caracterizado como organização de produção
capitalista.
Diferente do cenário onde foi desenvolvido o taylorismo e o fordismo, o
toyotismo desenvolveu-se num pequeno mercado consumidor, capital e
matérias-primas escassos e grande disponibilidade de mão de obra não
especializada. O resultado foi o aumento da produtividade de pequenas
quantidades de números modelos de produtos voltados para o mercado
externo.
Há então o processo de, de acordo com SAVIANI (2005),
“desaquecimento de economia como forma de mantê-la ajustada as relações
sociais vigentes, comandadas pelos interesses do sistema financeiro
internacional” (p.22)
Esta resposta equipamentos e bens de capital necessários para
reconstrução do país após a guerra.
O sistema de ensino atender as demandas do referido modelo também
foi alterado. A mão de obra não poderia ser especializada em funções únicas e
restritas como a fordista, sendo necessária então investir numa educação não
voltada para o trabalho e sim para o enriquecimento do mesmo.
Acrescenta SAVIANI (2005),
“ a partir do final dos anos 1980, entram em cena as reformas educativas
ditas neoliberais que se encontram em andamento. Sob a inspiração do
toyotismo, busca-se flexibilizar e diversificar a organização das escolas e o
trabalho pedagógico, assim como as formas de investimento”.(p.23)
15
O funcionário torna-se polivalente em uma atividade produtiva onde
busca identificar o mais rápido possível um problema, através de um sistema
de luzes, verde, laranja e vermelho, resolve-lo e acelerar a produção.
Para esse novo paradigma produtivo, exige a educação de
trabalhadores de um novo tipo para a adequação aos métodos flexíveis de
organização e gestão de trabalho.
De acordo com Saviani (2005), a educação passa a ser vista como
investimento conforme trecho de seu livro abaixo.
[...] os dispêndios com educação passaram a ser considerados
desejáveis, não apenas por razões sociais ou culturais, mas especificamente
por motivos econômicos, e transformam-se num investimento de retorno ainda
mais compensador do que outros tipos de investimento ligados a produção
material. A educação passou, pois a ser concebida como dotada de um valor
econômico próprio e considerada um bem de produção (capital) e não apenas
de consumo” (p.22).
Pode-se afirmar que é imprescindível a necessidade de posse da
escolaridade básica, compreensão global de um conjunto de tarefas e elevação
da capacidade de abstração e seleção e trato de informações.
Com o intuito de criar um novo padrão de acumulação de capital, em
1973, surge então o toyotismo, como forma de flexibilizar o processo até então
existente.
16
CAPÍTULO II
A EDUCAÇÃO FRENTE AS EXIGÊNCIAS DO MERCADO
A globalização é um processo de integração global que induz ao
crescimento da interdependência entre as nações. De ordem política, social e
econômica, tem seus pontos positivos e negativos, pontos esses definidos
pelas relações sociais existentes.
A revolução burguesa foi o que mais acelerou esse processo de
globalização. Uma vez que a sociedade capitalista leva as mercadorias a
ultrapassarem as fronteiras e buscarem mercados mais distantes
De acordo com FRIGOTTO, Boletim técnico do SENAC, volume 25 n°2
“sem dúvida, foi a revolução burguesa que acelerou exponencialmente o
processo de globalização, mormente das mercadorias. Os pensadores que
formularam o pensamento clássico da economia, Adam Smith e Marx, cada um
dentro de sua perspectiva analítica, mostram que a sociedade capitalista
impulsiona as mercadorias para mercados os mais distantes.”
“Num dos mais divulgados e discutidos textos escritos por Marx e
Engels, o Manifesto Comunista, que completou 150 anos em março de 1998, a
positividade e negatividade da globalização é descrita de forma emblemática.”
“Onde quer que tenha assumido o poder, a burguesia pôs fim a todas as
relações feudais, patriarcais e idílicas. (...) A burguesia não pode existir sem
revolucionar constantemente os meios de produção e, por conseguinte, as
relações de produção e, com elas, as relações sociais”. (...) (abud)
De acordo com Kuenzer (1999) em seu trabalho editado no boletim
técnico do SENAC
17
“embora não sejam a principal causa, os avanços da ciência e da
tecnologia, resultantes do investimento do grande capital e dos Estados
Nacionais, passam a ser estruturalmente constituintes do novo modo de
acumulação, contribuindo desta forma para o desemprego não apenas porque
os investimentos geram poucos postos, mas também porque o geram no setor
mais dinâmico, que não por acaso vem sistematicamente substituindo a força
de trabalho pela tecnologia, como estratégia de competitividade e imperativo de
sobrevivência das grandes empresas no âmbito da internacionalização.” (v.25,
n°2)
A velocidade assustadora na qual ocorre hoje a globalização, é
viabilizada por meio de novas tecnologias e uma política orientada para garantir
os lucros do capital financeiro.
Segundo FRIGOTTO (1999)
“Estamos diante, pois, de um processo de globalização com uma
velocidade sem precedentes viabilizada por novas tecnologias
microeletrônicas, informacionais e energéticas e com formas de exclusão,
também sem precedentes, sustentadas pela ideologia e políticas neoliberais.
Trata-se de políticas fundamentalmente orientadas para garantir os lucros do
capital financeiro, em sua maior parte especulativos”. (Boletim Técnico do
SENAC, volume 25 n°2)
Essas dimensões nos permitem compreender o sentido e a função que
assumem as políticas de formação profissional.
As mudanças ocorridas marcaram a transição de uma sociedade
industrializada para uma sociedade tecnológica, onde a tecnologia é o fator
decisivo para justificar as mudanças ocorridas.
18
Segundo SAVIANI (2005),
“Diferentemente da primeira revolução industrial, que operou a
transferência das funções manuais para as máquinas, essa nova revolução
transfere para as máquinas as próprias operações intelectuais, razão pela qual
esta época é chamada de “era das máquinas inteligentes” (p.21)
A sociedade tecnológica não é uma evolução do industrial e sim algo
novo, que não modifica a essência do modo de produção capitalista, mas lhe
traz novos contornos, sobretudo nas exigências de qualificação do trabalhador.
A introdução da microeletrônica, a partir dos anos 90, constituiu-se num
fato constatável em vários setores da vida produtiva e tem acarretado
consequências importantes para o movimento de desqualificação da força de
trabalho.
Ainda citando SAVIANI (2005),
“Os dispêndios com educação passaram a ser considerados desejáveis,
não apenas por razões sociais ou culturais, mas especificamente por motivos
econômicos, e transformam-se num investimento de retorno ainda mais
compensador do que os outros tipos de investimento ligados a produção
material. A educação passou, pois, a ser concebida como adotada de um valor
econômico próprio e considerada em bem de produção (capital) e não apenas
de consumo.” (p.22)
Com a aplicação da microeletrônica, os equipamentos tornam-se mais
“flexíveis” e podem ser programados para diversas finalidades, o que
oportuniza atender a crescente diversificação do mercado. A parcela de
trabalhadores que tem acesso a programação precisa se apresentar com maior
qualificação.
19
A essa base produtiva correspondem processos de trabalhos flexíveis e
maleabilidade das funções. Essa flexibilização traz a possibilidade de uma
redução dos níveis de divisão e fragmentação do trabalho, pois oportuniza a
troca entre as funções e favorece a poli valência, como novo perfil de
qualificação da força de trabalho.
De acordo com Tassigny (2005)
“A mudança da base eletromecânica para a base microeletrônica, passa
a exigir o desenvolvimento de habilidades cognitivas e comportamentais tais
como: capacidade de análise, síntese, rapidez de respostas, criatividade diante
de situações inesperadas, interpretação e uso d diferentes linguagens,
capacidade para trabalhar em grupos etc. As demandas do processo de
valorização do capital, dentro desse novo paradigma produtivo chamado de
“toyotismo” (de inspiração japonesa), exigem a educação de trabalhadores de
novo tipo para adequação aos métodos flexíveis de organização e gestão do
trabalho” (revista Iberoamericana de educação periódico 36-9)
O mercado atual exige pessoas polivalentes, flexíveis, ágeis, com visão
de todo, que leiam e escrevam em vários idiomas e que possuam habilidade
múltiplas. Aquele que não possuir estes pré requisitos estão fadados a
exclusão do processo produtivo e consequentemente ao desemprego, fome e
miséria.
Kuenzer, 2005 cita que essas competências devem fazer parte do perfil
do novo trabalhador como forma de fazer parte dos empregáveis na sociedade.
“[...] passam a exigir o desenvolvimento de competências cognitivas
superiores e de relacionamento, tais como análise, síntese, estabelecimento de
relações, criação de soluções inovadoras, rapidez de resposta, comunicação
20
clara e precisa, interpretação e uso de diferentes formas de linguagem,
capacidade para trabalhar em grupo, gerenciar processos para atingir metas,
trabalhar com prioridades, avaliar, lidar com as diferenças, enfrentar os
desafios das mudanças permanentes, resistir a pressões, desenvolver o
raciocínio lógico-formal aliado a intuição criadora, buscar aprender
permanentemente, e assim por diante. Mesmo para desempenhar tarefas
simplificadas, o elevado custo de um investimento tecnologicamente sofisticado
exige trabalhadores potencialmente capazes de intervir crítica e criativamente
quando necessário, além de observar normas que assegurem a
competitividade e, portanto, o retorno do investimento, através de índices
mínimos de desperdício, retrabalho e risco.” (Boletim Técnico do SENAC, v.37,
n°5).
Diante desta nova e assustadora realidade a maioria dos governos,
buscam políticas de inserção para a população desempregada, e a escola
possui um papel fundamental enquanto importante instrumento de inserção
desses trabalhadores.
Desta forma a reestruturação no âmbito educacional torna-se
imprescindível, fundado na perspectiva das habilidades básicas e específicas
de conhecimentos, atitudes e de gestão da qualidade, construtora de
competências polivalentes e, supostamente, geradoras de empregabilidade.
Segundo Tassigny (2005)
“A mudança da base eletromecânica para a base microeletrônica, passa
a exigir o desenvolvimento de habilidades cognitivas e comportamentais tais
como: capacidade de analise, síntese, rapidez de respostas, criatividade diante
de situações inesperadas, interpretação e uso de diferentes linguagens,
21
capacidade para trabalhar em grupos etc. As demandas do processo de
valorização do capital, dentro desse novo paradigma produtivo chamado de
“toyotismo” (de inspiração japonesa), exigem a educação de trabalhadores de
novo tipo para adequação dos métodos flexíveis de organização e gestão do
trabalho” (Revista Iberoamericana de educação, periódico 36/9)
Mediante urgência da reestruturação da educação regular e
principalmente da formação técnico-profissional, a educação surge como
fórmula para ajustar a sociedade a nova ordem mundial. Sendo que ao invés
de buscar formar cidadãos com habilidades básicas que geram empregos,
buscam sim gerar competências e habilidades que garantam a
empregabilidade. Trata-se agora de serviços ou bens a serem adquiridos para
competir no mercado produtivo.
Outra dimensão que as diretrizes do ensino médio consideram diz
respeito ao que está ocorrendo no mundo do trabalho e no mundo da prática
social, já que, diz a lei, a educação escolar deverá ser vinculada a ambos. As
mudanças em curso na organização do trabalho deixam muitos educadores
atônitos em relação ao perfil de habilidades e competências. O que aumenta a
possibilidade de empregabilidade no mundo de hoje é a ênfase nas habilidades
básicas gerais, tem grande importância a capacidade de análise, a capacidade
de resolver problemas, a capacidade de análise, a capacidade de resolver
problemas, a capacidade de tomar decisões e, sobretudo, ter flexibilidade para
continuar aprendendo.
De acordo com Mello (1999),
[...] Fala-se inclusive em “laborabilidade” em lugar de empregabilidade
na medida em que essas competências constituem na verdade um trabalhador
22
polivalente que pode, quando bem preparado, ser mais autônomo para decidir
seu percurso no mercado de trabalho. (p.166).
A cada dia discuti-se mais sobre uma nova ordem mundial em vários
campos de nossa sociedade, tais como: política, economia, educação e etc.
Essas mudanças estão relacionadas com o processo de globalização.
A globalização repensa a formação educacional dos indivíduos, vindo a
afetar principalmente a classe mais pobre, que sofre com a postura elitista e
seletiva que a educação assume nos dias atuais. O distanciamento entre os
países ricos e pobres fez com que aumentasse a dependência dos pobres em
relação aos ricos. O poderio econômico e político nas mãos de poucos, ditam
as regras de todo o mundo e as políticas educacionais são projetadas e
implantadas segundo as exigências da produção e do mercado.
É o que diz a professora Renata Zanette,
“Na medida em que os Estados Nacionais já não são mais o único
sustentáculo dos sistemas econômicos, estes se encontram com um elevado
grau de exposição e vulnerabilidade, submetidos a tensões de diferentes
lógicas de funcionamento que movem os mercados globais, permitindo que
estados hegemônicos, controladores do processo econômico em escala
mundial, determinem suas leis e a forma de condução das políticas sociais e
educacionais”. (WWW.centrorefeducacional.com.br/estaeduc.htm)
Numa sociedade invadida pela renovação tecnológico-científica, o centro
do processo produtivo está no conhecimento e desta forma na educação. Isto
ocorre porque do ponto de vista global, a força motriz e o eixo da
transformação produtiva são a educação e o conhecimento. Desta forma, bens
necessários a transformação da produção, ao aumento do potencial cientifico e
23
tecnológico e ao aumento do lucro e do poder de competição num mercado
cheio de livres concorrências. Torna-se clara a conexão estabelecida entre
educação e o trabalho.
24
CAPÍTULO III
A EDUCAÇÃO FORMANDO O PROFISSIONAL
Tendo como ponto de partida a educação básica, as transformações
atuais do mundo do trabalho levam hoje aos indivíduos a completarem seus
estudos através de uma aprendizagem constante.
MIESTER (1999), afirma que “nosso conhecimento e nossa qualificação
só são adequadas durante um período de 12 a 18 meses, depois do qual
precisamos reabastecê-los para competir na economia global do
conhecimento”. (p.12).
3.1 EDUCAÇÃO BÁSICA
Em 1549, chegaram os primeiros jesuítas ao Brasil. Quinze dias após
sua chegada, foi edificada a primeira escola elementar brasileira. De lá pra cá,
muitos anos se passaram e a educação brasileira sofreu várias modificações e
avanços até os dias atuais.
Em 1996, com o intuito de melhorar a educação no Brasil, o Governo
Federal criou o PDE (Plano de desenvolvimento da educação). O PDE tem por
finalidade oferecer a todos uma educação de qualidade, realizando
investimentos na educação profissional superior.
A lei de diretrizes básicas 9394/96 foi baseada no principio do direito
universal que rege a educação para todos, bem como uma série de mudanças
voltadas para a garantia da educação básica.
Como forma de auxiliar na busca dessas melhorias, Governo Federal
regulamentou o Fundo de manutenção e desenvolvimento do ensino
fundamental e de valorização do magistério (FUNDEF) como forma de apoiar
as referidas melhorias.
A nova LDB estabelece que a finalidade da educação é o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”. (LDB, art 2°)
A pesar desse discurso, KUENZER (1999) discorda dizendo:
“Embora o discurso oficial reproduza o compromisso como
generalização da educação básica, modelo do mundo desenvolvido, que
mesmo não tendo resolvido a questão do emprego já atinge patamares
25
elevados de educação superior para a população, no Brasil ainda lutamos para
universalizar o ensino básico para os que estão na faixa de 7 a 14 anos.
(KUENZER, Boletim Técnico do SENAC)
A educação básica surge então, segundo (1999), “condição de
continuidade de formação, de compreensão dos fundamentos científico-
tecnológicos do trabalho de formação ética e crítica, tendo em vista a
participação cidadã nas relações sociais produtivas”.
CORDÃO (1999) já discorre dizendo:
“Assim, a articulação entre a educação básica e a educação técnica
deve sinalizar as escolas médias quais as competências gerais que as escolas
técnicas esperam que os alunos levem do ensino médio” (BOLETIM TÉCNICO
DO SENAC)
É preciso, contudo, termos consciência das dificuldades e atrasos do
nosso sistema educacional, e da necessidade iniciar urgentemente um
processo de melhoria. De acordo com CORDÃO (1999)
“ É essencial que se concentrem os esforços na instauração de um
processo de contínua melhoria da qualidade da educação básica, o que
significa, sobretudo, preparar crianças e jovens para um mundo regido,
fundamentalmente, pelo conhecimento e pela mudança rápida e constante.
Importa, portanto, capacitar cidadãos para uma aprendizagem autônoma e
contínua, tanto no que se refere as competências essências, comuns e gerais a
todos os cidadão, quanto no tocante as competências profissionais
especificas.” (Boletim técnico do SENAC)
3.2 ESCOLAS TÉCNICAS
Desde as primeiras décadas do Brasil República já existiam escolas
para formação para o trabalho. Como forma de prover as classes menos
abastadas meios que propiciassem meios que garantissem sua sobrevivência.
Segundo PELIANO (1989)
“A formação nas primeiras décadas do Brasil republicano, de modo
geral, foi um expediente largamente usado pela classe dirigente como meio de
contenção do que ela considerava “desordem social”, na verdade, sinais
presentes em cenário dinâmico e em transição, moldado fortemente pelo
processo de urbanização, com notável mobilização popular e classista em
busca de melhores condições de vida e de trabalho”. (p.156)
26
Com a evolução da atividade agrária para industrial, forma criadas em
1942 as escolas industriais e técnicas, tomando lugar as escolas de aprendizes
artífices, criadas em 1909. Segundo KUENZER (1985),
[...] o abandono violento do sistema artesanal pela introdução da
máquina no processo produtivo. Ao mesmo tempo que revolucionou os
métodos de organização do trabalho, a heterogestão trazida pelo novo modo e
produção que se iniciava, o capitalista, revolucionou as formas de educação
para o trabalho, a medida que a maquinaria substituiu o artesão, o aprendizado
longo de um trabalho completo foi sendo substituído por um aprendizado mais
fragmentado de uma tarefa parcial. (p.25)
Porém, podemos reconhecer que a formação dessa mão de obra
contribuiu sobre maneira, as demandas do setor industrial. (Cunha, 2000, p.66)
PELIANO, (1989) discorre sobre as claras intenções do governo com a
criação escolas industriais e técnica no trecho abaixo: “ A criação das escolas
industriais e técnicas evidencia, em maior grau, que o objetivo principal destas
instituições era a qualificação de mão de obra para as atividades industriais, ou
seja, estas instituições afastavam-se sobremaneira – de modo direto – de
objetivos associados a disciplina social, ainda que o público alvo a ser
alcançado continuasse a ser a população de baixa renda”. (p.158).
De qualquer forma, é posterior as décadas de 60-70, período em que o
parque industrial teve seu forte desenvolvimento, que a educaçao profissional
de nível médio foi considerada como de importância primordial em termos de
formação de mão de obra.
Assim, segundo Peliano (1989), “é que em 1971, a lei de diretrizes e
bases da educação brasileira tornou, de maneira compulsória, técnico
profissional todo o currículo do segundo grau. Um novo paradigma se
estabeleceu, formar técnicos sob regime de urgência.” (p.159)
Muito ajudava o fato do sucesso dessas escolas o fato das industrias
empregarem quase todos seus egressos.
MACHADO (1982) corrobora, “No ano de 1965 o ministério da
educação, Flávio Suplicy de Lacerda, recomenda a concentração de todos os
esforços na ampliação de matriculas nos cursos técnicos, extinguindo-se o 1°
ciclo nestas escolas de formação profissional. Neste caso, a responsabilidade
por este nível de ensino não deveria recair sobre as escolas técnicas, que
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deveriam se voltar unicamente para o 20 ciclo. Um dos argumentos formulados
em defesa desta medida afirma que é a formação de técnicos de 2° ciclo que é
o fator preponderante para a maior industrialização, já que as industrias
buscam os técnicos e não os estudantes de ginásio (p.53).
Naquele tempo, a expansão da industria no Brasil, exigiu a alteração na
formação profissional. Sob a ótica da organização do trabalho, isto
representava uma mudança substancial em sua configuração: instala-se o
trabalho complexo, deixando-se a distancia o trabalho simples. De acordo com
KUENZER (1985),
“Assim há uma pedagogia para ensinar o conteúdo do trabalho ao
trabalhador, como uma forma separada da educação como um todo. Mesmo
assim, elas não se dão de um único modo, revestindo-se de características
diferentes em função do fim a que se destinam. Para maioria da força de
trabalho ligada as tarefas de execução, a pedagogia do trabalho assume as
características de um ensino “prático” e parcial de uma tarefa fragmentada,
ministrado no próprio trabalho ou em instituições especializadas de formação
profissional”. (p.47-48).
Colocava-se necessária a ampliação da base cientifica da formação dos
técnicos, para que fosse possível ao profissional ter conhecimento das ciências
e poder compreender e acompanhar a rapidez com que as tecnologias se
substituíam.
A estrutura do modelo taylorista-fordista da produção passava por um
esgotamento com a inserção das novas tecnologias na produção e a escola de
formação profissional precisava estar atenta a essas questões.
As mudanças no processo de produção, certamente ignoradas por
algumas escolas técnicas, fazem com que se fizesse uma releitura de suas
propostas curriculares.
Esse movimento, entretanto, cresceu lentamente e só nos anos iniciais
de 1990, vai ganhando mais amplitude e densidade.
Em 1993, muitas escolas técnicas, cujos gestores se dispõe a colocar
em pauta a questão. Segundo Peliano (1989),
“ Segundo a concepção e objetivo de implantar novos centros de
educação tecnológica, foi em 1994, através da lei federal n°8948, instituiu-se o
sistema nacional de educação tecnológica. Através desse expediente legal,
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todas as escolas técnicas federais, até aquele ano criadas, seriam
transformadas gradativamente em centros federais de educação. (p.160)
Porem, o que se tratava eram as mudanças na estrutura das escolas,
sua reforma curricular, não apenas dentro da lógica discursiva, mas
principalmente numa outra pedagogia institucional. Pedagogia esta que
trouxesse para a escola técnica a característica de um local destinado ao
trabalho educativo, de (re)produção de conhecimento e de inter relacionamento
humanos dos quais participam as condições materiais.
O inicio dessas discussões forma baseadas nas mudanças ocorridas no
mundo produtivo na medida que elas se alinhavam com as propostas políticas
nacionais e internacionais, as possíveis consequências disto para ávida social
e só então deliberar ações que as instituições implementariam a partir da
(relativa) autonomia que possuem.
No final de 1996, as diretrizes e bases para a educação, em especial
para a formação profissional são colocadas pelo ministério da educação (MEC)
através da secretaria de educação média e tecnológica (SEMTEC) e a pauta
de discussões se altera na rotina educacional. É também neste momento, que
o governo retoma o dispositivo da lei n°8948, de 08 de dezembro de 1984, que
dispõe sobre a instituição do sistema nacional de educação tecnológica e
reafirma o compromisso da transformação das escolas técnicas e agro técnicas
federais em centros federais de educação tecnológica (CEFETs), nos moldes
dos demais centros federais já existentes.
De acordo com MEHEDEFF em palestra apresentada no seminário
internacional sobre avaliação do ensino médio e acesso ao ensino superior,
realizado em Brasília-DF, no período de 30 de junho a 2 de julho de 1997,
“[...] uma gama de instituições que estão se mobilizando, melhorando a
sua competência e provocando, umas das outras, uma profunda discussão
sobre a metodologia de educação profissional e a readaptação de todo o tema
da formação profissional e a readaptação de todo o tema da formação
profissional do trabalhador brasileiro”.
Passado esse período econômico, de intenso crescimento da industria
brasileira, a crise começa a se anunciar, e a nova mudança no processo de
produção se anuncia. Entra então o Toyotismo para mais uma vez gerar
mudanças no que diz respeito a formação profissional.
29
Porem essas mudanças nas escolas técnicas foram pouco significativas,
apenas a inserção das disciplinas de inglês e informática em todos os cursos
foi levantada.
As mudanças mesmo ficaram por conta da criação das universidades
corporativas, assunto que trataremos a seguir.
3.3 UNIVERSIDADES CORPORATIVAS
A universidade corporativa vem como vantagem competitiva no
mercado. MEISTER (1999) complementa:
“As universidades corporativas são essencialmente as dependências
internas de educação e treinamento que surgiram nas empresas por causa, de
um lado, da frustração com a qualidade e conteúdo da educação pós
secundarias e de outro, da necessidade de um aprendizado permanente. Em
muitas corporações elas se transformaram em complemento estratégico para
educar não apenas os funcionários, mas também parceiros, fornecedores,
clientes e a comunidade (p.12)
As empresas estão, a cada dia mais inseridas no setor da educação a
distancia, parcerias com universidades, criação de ambientes para a gestão de
infamações e a institucionalização de modelos educacionais voltados para as
necessidades do mercado. Procurando atender as necessidades de
capacitação de seus funcionários, as empresas a cada dia investem mais em
educação. Segundo MEISTER (1999)
“As empresas mais bem-sucedidas, ao invés de esperar que as escolas
tornem seus currículos mais relevantes para a realidade empresarial,
resolveram percorrer o caminho inverso e trouxeram a escola para dentro da
empresa. Abandonaram o paradigma de que a educação seria um capitulo da
responsabilidade social da empresa e passaram de forma muito pragmática a
entender que o diferencial decisivo de competitividade reside no nível de
capacitação em todos os níveis de seus funcionários, fornecedores principais,
clientes e até mesmo membros das comunidades onde atuam. (p.14)
Por outro lado, aparece a academia, fazendo duras críticas a estas
novas propostas e necessidades de qualificaçao. Estudiosos deste novo
conceito de formação continuada tentam estabelecer os limites e as relações
entre as necessidades de formação do mundo acadêmico para qualificação
humana.
30
BELLONI (1999) ressalta a importância da ligação entre os dois campos
de atuação da humanidade ao citar que:
“[...] a formação ao longo da vida trata de um campo novo que se abre e
requer a contribuição de todos os atores sociais e especialmente um forte
sinergia entre o campo educacional e o campo econômico no sentido de
promover a criação de estruturas de formação continuada mais ligadas aos
ambientes de trabalho”. (p.28)
As decisões sobre as adequações necessárias tanto das escolas,
quanto das universidades com relação ao conteúdo oferecido frente as
necessidades de trabalho, vem tornando novos contornos.
Hoje coloca-se uma educação para todos e para toda a vida, porem
discuti-se sobre qual tipo de educação deve ser oferecida.
Peter Druker (1993), em uma de suas obras – Sociedade pós-capitalista
fala da escola responsável como sendo aquela que ensina coisas úteis e
aplicáveis. Ele se posiciona em favor de uma educação voltada aos interesses
e necessidades imediatos do mercado, onde as instituições de ensino não são
mais as únicas a oferecer formação a indivíduos. Ele discorre:
“Finalmente, o ensino não pode mais ser um monopólio das escolas. Na
sociedade pós-capitalistas, a educação precisa permear toda a sociedade. As
organizações empregadoras de todos os tipos – empresa, agencias
governamentais, instituições sem fins lucrativos – também precisam se
transformar em instituições de aprendizado e de ensino. As escolas devem,
cada vez mais, trabalhar em parceria com os empregadores e suas
organizações. (p.154)
Peter Senge (2002), outros divulgador das novas estratégias de
gerenciamento, corrobora com esta perspectiva de que a empresa é uma
“organização de aprendizagem”. E argumenta que fomos criados tanto no
estudo quanto no trabalho, a separar o todo em partes para nos apossarmos
dele. Hoje não é mais possível utilizarmos o raciocínio sistêmico, chamado por
ele de Quinta disciplina. Segundo o autor:
“Livrando-nos dessa ilusão (fragmentação) podemos então formar
“organizações de aprendizagem”, nas quais pessoas expandem continuamente
sua capacidade de criar os resultados que realmente desejam, onde a
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aspiração coletiva é libertada e onde as pessoas aprendem continuamente a
aprender em grupo (p.11)
MEISTER (1999), não somente concorda, como também sai em defesa
dessas ideias apresentando dados incontestáveis para comprovar que o
investimento na educação é fator decisivo para o sucesso das empresas. Ela
vai mais além e afirma que “o mercado empresarial englobou a educação
superior e invadiu o seu solo sagrado”. (p.230)
Ao tentarmos seguir a ideia da universidade corporativa, algumas
questões são levantadas tais como: a inadequação dos conteúdos ensinados
nas universidades tradicionais, das metodologias empregadas e das técnicas
utilizadas; destacam-se novos tempos, lugar e formas de se ensinar e são
trocados também os personagens, tais como instrutores no lugar de
professores. Porém apesar destas questões, que jugo serem de suma
importância, o que se leva hoje em consideração são as vantagens
competitivas que serão trazidas as empresas.
MEISTER, tenta situar as diferenças: “As principais universidades
corporativas tem responsabilidade de operar como unidades de negócios (...)
como centro de lucro” (p.27). Ou por TEIXEIRA, como “verdadeiras
universidades negociais” (p.32)
Desta forma a imagem da universidade que nos era conhecida, nos é
inserida de novos conceitos. De espaço lúdico e cultural para contencioso e
concorrente, a universidade dos dias atuais se abre como espaço de
qualificação de trabalhadores que se origina no mercado e se forma para ele.
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CONCLUSÃO
As mudanças da estrutura produtiva no mundo, geram um novo
significado na teoria do capital humano, que direciona as políticas de educação
profissional no Brasil.
A ideologia dominante, no contexto da reestruturação produtiva, sugere
uma redefinição da teoria do capital humano, na medida em que articula a
educação profissional e a empregabilidade
As grandes inovações no campo das telecomunicações, também
interferiu no âmbito educacional. Forçando ao sistema educacional a nova
realidade.
No Brasil, as políticas do governo, no que diz respeito a educação,
sociedade e economia, continuam tendo por parâmetro as propostas do
mercado mundial. As palavras de ordem são: modernização na educação,
produtividade, eficácia e competência.
Na perspectiva das instituições empresariais e de seu sistema de
formação profissional prevalece a concepção de que o novo paradigma
produtivo exige novos perfis profissionais, a poli-Valência e a flexibilidade.
Desta forma, pressupondo que a qualificação e o treinamento para o
trabalho são suficientes para garantir a empregabilidade, no contexto a
mundialização do capital. Essa ideologia que deu as diretrizes para a
concepção de qualificação profissional para o governo, pressupondo a
qualificação profissional e o treinamento profissional, voltada para o
desenvolvimento de competências adequadas para garantir a empregabilidade
do trabalhador, bem como o aumento de seu rendimento.
33
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