INSTITUTO DE ZOOTECNIAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
INFLUÊNCIA DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL DE
BOVINOS NELORE SOBRE CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS
DA PASTAGEM E SOBRE O COMPORTAMENTO INGESTIVO
INSTITUTO DE ZOOTECNIA GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
INFLUÊNCIA DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL DE
BOVINOS NELORE SOBRE CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS
DA PASTAGEM E SOBRE O COMPORTAMENTO INGESTIVO
Henrique José Urzedo Costa
Nova Odessa
Janeiro - 2014
GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
INFLUÊNCIA DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL DE
BOVINOS NELORE SOBRE CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS
DA PASTAGEM E SOBRE O COMPORTAMENTO INGESTIVO
José Urzedo Costa
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS
INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
Influência do consumo alimentar residual de bovinos nelore sobre
características estruturais da pastagem e sobre o comportamento
ingestivo
Henrique José Urzedo Costa
Orientadora: Dra. Renata Helena Branco Arnandes
Co-Orientadora: Dra. Maria Eugenia Zerlotti Mercadante
Nova Odessa Janeiro - 2014
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação do Instituto de Zootecnia, APTA/SAA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Produção Animal Sustentável.
Ficha catalográfica elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia
Bibliotecária: Tatiane Helena Borges de Salles CRB 8/8946
C838i Costa, Henrique José Urzedo
Influência do consumo alimentar residual de bovinos nelore sobre características estruturais da pastagem e sobre o comportamento ingestivo / Henrique José Urzedo Costa.
Nova Odessa, SP: [s.n.], 2014. 69 f.: il.
Dissertação (Mestrado) – Instituto de Zootecnia. APTA/SAA, Nova
Odessa.
Orientador: Dra. Renata Helena Branco Arnandes Co-orientador: Dra. Maria Eugênia Zerlotti Mercadante
1. Nutrição Animal. 2. Bovinos. 3. Comportamento ingestivo. 4. Urochloa
brizantha cv. 5. Comportamento animal. I. Arnandes, Renata Helena Branco II. Mercadante, Maria Eugênia Zerlotti III. Titulo.
CDD 636.2084
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL
CERTIFICADO DE APROVAÇÃO
TÍTULO: INFLUÊNCIA DO CONSUMO ALIMENTAR RESIDUAL DE BOVINOS
NELORE SOBRE CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS DA PASTAGEM E SOBRE O
COMPORTAMENTO INGESTIVO
AUTOR: HENRIQUE JOSÉ URZEDO COSTA
Orientador: Dra. Renata Helena Branco Arnandes
Co-orientador: Dra. Maria Eugência Zerlotti Mercadante
Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em Produção
Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:
Dra. Renata Helena Branco Arnandes
Dr. a Flávia Maria de Andrade Gimenes
APTA – Ribeirão Preto/SP
Dr. a Wignez Henrique
APTA – São José do Rio Preto/SP
Data da realização: 31 de Janeiro de 2014
Presidente da Comissão Examinadora
Prof. Dra. Renata Helena Branco Arnandes
Conserva contigo os companheiros idosos, com a alegria de quem recebeu da vida o honroso encargo de reter, junto do coração, as luzes remanescentes do próprio grupo familiar.
Reflete, naqueles que te preservaram a existência ainda frágil, nos panos do berço; nos que te equilibraram os passos primeiros; nos que te afagaram os sonhos da meninice e naqueles outros que te auxiliaram a pronunciar o nome de Deus.
Já que atravessaram o caminho de muitos janeiros, pensa no heroísmo silencioso com que te ensinam a valorizar os tesouros do tempo, nas dificuldades que terão vencido para serem quem são, no suor que lhes alterou as linhas da face e nas lágrimas que lhes alvejaram os cabelos...
E quando, porventura, te mostrem azedume ou desencanto, escuta-lhes a palavra com bondade e paciência...
Não estarão, decerto, a ferir-te e sim provavelmente algo murmurando contra dolorosas recordações de ofensas recebidas, que trancam no peito, a fim de não complicarem os dias dos seres que lhes são especialmente queridos!...
Ama e respeita os companheiros idosos! São eles as vigas que te escoram o teto da experiência e as bases de que hoje te levantas para seres quem és...
Auxilia-os, quanto puderes, porquanto é possível que, no dia da existência humana, venhas igualmente a conhecer o brilho e a sombra que assinalam, no mundo, a hora do entardecer.
(Psicografia – Meimei)
Dedico esse trabalho, com muito
amor e carinho, primeiramente a
Deus, aos meus pais, minha
família e todos que me apoiaram.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus por todos os momentos de minha vida, sem Ele não
estaria aqui e não teria oportunidade de vivenciar tantos momentos bons. Foi nele onde encontrei
forças para enfrentar todas as tempestades que vieram, as vezes mansas, as vezes tormentosas,
mas sempre com uma certeza por final, que a bonança estava por vir.
Agradeço a minha família por ser tão maravilhosa e proporcionarem momentos tão
especiais e de alegria. Agradeço aos meus pais, José e Ednéia Costa pelo apoio, incentivos e
principalmente paciência, ao qual nunca duvidaram do potencial daquele menino criado no
interior de uma pequena cidade. A minha irmã Lívia pelo companheirismo e amizade, que apesar
de brigas e desentendimentos, que foram sim esmagadas pelos momentos de felicidade e amor,
completou minha existência dentro do nosso lar.
Sou grato a todo corpo docente do instituto de zootecnia, especialmente a professora
Renata Helena Branco Arnandes, minha orientadora, e a Prof. Dra. Maria Eugenia Zerlotti
Mercadante , minha co-orientadora, pela orientação que contribuíram para minha formação e
conclusão desse trabalho. Agradeço também a todos companheiros e funcionários da fazenda
experimental de bovinos de corte localizada em sertãozinho-SP que nunca mediram esforços para
ajudar dentro do possível. Dentre eles me recordo do Fla, Brás, Leu, Estela, Dona Terezinha, Seu
Palomares, Batata, Brole, Quaiada, Dimi, Kára, Dona Orides, Dona Irma, Ito, Rô, Aline, Clésia e
Sebastião (in memorian), um grande amigo que nos deixou na saudade. Me recordo por fim de
agradecer as professoras, Prof.(a).Dr.(a) Flavia Maria de Andrade Gimenez que me alicerçou
muito no inicio do mestrado, e a Prof.(a).Dr.(a) Luciana Gerdes que também foi essencial para
conclusão desse projeto.
Agradeço imensamente a Faculdade estadual paulista - UNESP - Campus de Jaboticabal -
SP, especialmente o Setor de forragicultura e pastagens do departamento de Zootecnia pelo
auxilio, tanto com equipamentos quanto com informações, que enriqueceram esse trabalho.
Agradeço todo corpo docente do departamento de zootecnia, principalmente a Prof.(a).Dr.(a) Ana
Claudia Ruggieri que colaborou com toda minha formação. Obrigado ao LANA (laboratório de
nutrição animal) e aos técnicos responsáveis, por dispor de todo equipamento e informações
necessários para obtenção dos resultados obtidos.
Obrigado imensamente aos meus irmãos de mestrado pelos anos de convivência,
companheirismo e amizade, e ajuda ao qual foram indispensáveis para o meu amadurecimento
dentro do mestrado. Esses amigos foram muitos, tentarei citar todos porque sei que todos
merecem, primeiramente meus amigos de turma Guilherme Santos, Gustavo Lara , Tassia
Samora entre outros, depois ainda lembro dos amigos que encontrei na fazenda experimental
como Elaine Magnani, Eduardo Guariglia, Olinta Cota, Cleisy do Nascimento, Bruno Lages,
Marcela Morelli, Suzane Perez, Thais Ceacero, Julian Aldrighi, André Grion, Luiza Freitas,
obrigado igualmente a todos. Por fim ainda agradeço aos estagiários que ajudaram muito na
conclusão desse experimento como Murilo Marim, Amanda Maiorano, Gabriela Batista, Thais,
William Marano, Bianca Olivieri, Ingrid fuzikawa.
Se esqueci-me de temporariamente de algum nome no momento da digitação desse
trabalho isso não o torna menos importante. Dentro da minha memória eu saberei o quanto essa
pessoa foi indispensável para meu crescimento.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... ix
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ xi
RESUMO ................................................................................................................................. xii
ABSTRACT ............................................................................................................................ xiii
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 17
2.1. Urochloa brizantha cv. Marandú ou capim-marandu ...................................................... 17
2.1.1. Estrutura do dossel forrageiro .......................................................................................... 18
2.1.2. Altura do dossel ............................................................................................................... 18
2.1.3. Número de perfilhos (NP) ................................................................................................ 19
2.1.4. Interceptação luminosa (IL) ............................................................................................. 19
2.1.5. Índice de área foliar (IAF) ............................................................................................... 20
2.1.6. Massa seca total de forragem (MST), massa seca total de forragem potencialmente
digestível e composição morfológica do capim-marandu ........................................................... 20
2.1.7. Composição bromatológica ............................................................................................. 21
2.1.8. Manejo do pastejo ........................................................................................................... 21
2.1.8.1. Métodos de pastejo ....................................................................................................... 21
2.2. Consumo alimentar residual (CAR) ................................................................................ 22
2.3. Comportamento Ingestivo ............................................................................................... 24
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 27
3.1. Caracterização do local ................................................................................................... 27
3.1.1. Clima .............................................................................................................................. 27
3.1.2. Solo ................................................................................................................................. 28
3.2. Caracterização do experimento ...................................................................................... 29
3.3. Metodologia utilizada para coleta de dados ..................................................................... 31
3.3.1. Altura, massa total e composição morfológica da forragem ............................................. 31
3.3.2. Número de perfilhos ........................................................................................................ 32
3.3.4. Matéria seca potencialmente digestível ............................................................................ 33
3.3.5. Pastejo simulado e composição bromatológica da forragem ............................................. 33
3.3.6. Desempenho animal ........................................................................................................ 34
3.3.7. Estimativa de consumo .................................................................................................... 34
3.3.7.1. Excreção fecal - Cromo ............................................................................................ 34
3.3.7.2. Excreção fecal - Titânio ............................................................................................ 35
3.3.8. Comportamento ingestivo ................................................................................................ 35
3.4. Análises realizadas ......................................................................................................... 37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................... 38
4.1. Altura e número de perfilhos .......................................................................................... 38
4.1.1. Altura .............................................................................................................................. 38
4.1.2. Número de perfilhos ........................................................................................................ 39
4.2. Massa seca total (MST), massa seca potencialmente digestível (MSpd), porcentagem e
massa total de componentes morfológicos ............................................................................. 42
4.2.1. Massa seca total (MST) e massa seca potencialmente digestível (MSpd) ..................... 42
4.2.2. Porcentagem de folha, colmo e material morto ................................................................ 42
4.2.3. Massa de folha, colmo e material morto ........................................................................... 43
4.3. Índice de área foliar e interceptação luminosa ................................................................. 45
4.3.1. Índice de área foliar (IAF) ............................................................................................... 45
4.3.2. Interceptação luminosa (IL) ............................................................................................. 45
4.4 Composição bromatológica da forragem .......................................................................... 47
4.5. Consumo ........................................................................................................................ 50
4.6. Peso inicial e final, ganho total de peso, GMD, carga animal e unidade animal/ha .......... 53
4.6.1. Peso inicial e final dos animais ........................................................................................ 53
4.6.2. Ganho total e GMD ......................................................................................................... 53
4.6.3. Carga animal e unidade animal/ha ................................................................................... 54
4.7. Comportamento Ingestivo ............................................................................................... 56
4.7.1. Tempo em pé e deitado .................................................................................................... 56
4.7.2. Tempo de cocho, ruminação, pastejo e ócio .................................................................... 56
4.7.3. Taxa de bocado, mastigação e bolo de ruminação ............................................................ 58
5. CONCLUSÕES .................................................................................................................... 60
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ................................................................................... 61
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados de temperaturas máximas, mínimas e média do ar e precipitação do
segundo semestre do ano de 2012 e primeiro semestre do ano de 2013 da estação
meteorológica do centro APTA bovinos de corte, de Sertãozinho, SP................................... 28
Tabela 2 - Análise química do solo da área experimental, antes do período experimental.... 28
Tabela 3 - Médias de altura, número de perfilhos totais, perfilhos ramificados e perfilhos
mortos de Urochloa brizantha cv. Marandú, submetida ao pastejo por bovinos Nelore,
classificados pelo CAR.......................................................................................................... 41
Tabela 4 - Médias de massa seca total, massa seca potencialmente digestível, porcentagem
de folhas, colmo e material morto e massa de componentes morfológicos de Urochloa
brizantha cv. Marandú, submetida ao pastejo por bovinos Nelore, classificados pelo
CAR....................................................................................................................................... 44
Tabela 5 - Média de índice de área foliar e interceptação luminosa de Urochloa brizantha
cv. Marandú, submetida ao pastejo por bovinos Nelore, classificados pelo CAR............... 46
Tabela 6 - Médias em porcentagem, de valores de matéria seca (MS), matéria seca
potencialmente digestível (MSpd), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente
ácido (FDA), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi), fibra em detergente neutro
isenta de cinzas e proteína (FDNcp), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB) e energia
bruta (EB), expresso em Kcal/kg, de Urochloa brizantha cv. Marandú, submetida ao
pastejo por bovinos Nelore, classificados pelo CAR........................................................... 49
Tabela 7 - Médias de consumo de matéria seca total (CMS total), consumo de matéria seca
expresso em porcentagem do peso vivo (CMS PV), consumo de matéria expresso em
porcentagem de unidade tamanho metabólico (CMS utm), consumo de pastagem (CMS
Pasto), consumo de pastagem em relação ao peso vivo (C.Pst PV), consumo individual de
suplemento (Cons. Supl.) e consumo individual de suplemento expresso em porcentagem
do peso vivo ( CSpl. PV) de bovinos Nelore, classificados pelo CAR, submetidos ao
pastejo de Urochloa brizantha cv. Marandú............................................................................ 52
Tabela 8 - Médias de peso inicial , peso Final , ganho total e ganho médio diário de
bovinos Nelore, classificados pelo CAR, submetidos ao pastejo de Urochloa brizantha cv.
Marandú............................................................................................................................... 55
x
Tabela 9 - Médias de carga animal e unidade animais de bovinos Nelore, submetidos ao
pastejo de Urochloa brizantha cv. Marandú............................................................................ 55
Tabela 10 - Médias de tempo em pé, tempo deitado, tempo de cocho, tempo de ruminação,
tempo de pastejo e tempo em ócio de bovinos Nelore, classificados pelo CAR, submetidos
ao pastejo de Urochloa brizantha cv. Marandú...................................................................... 59
Tabela 11 - Médias de bolo de ruminação e número de bocados de bovinos Nelore,
classificados pelo CAR, submetidos ao pastejo de Urochloa brizantha cv. Marandú............ 59
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Componentes do comportamento ingestivo de um animal em pastejo.................... 25
Figura 2 - Croqui da área experimental com 18 piquetes, 9 piquetes de 2 ha para machos e 9
piquetes de 1 ha para fêmeas..................................................................................................... 30
xii
Influência do consumo alimentar residual de bovinos Nelore sobre características
estruturais da pastagem e sobre o comportamento ingestivo
RESUMO Nesse experimento, o objetivo foi avaliar as características bromatológicas,
produtivas e morfológicas de Urochloa brizantha cv. Marandú submetida ao pastejo por
bovinos de corte classificados pelo consumo alimentar residual, além do comportamento
ingestivo, consumo e desempenho desses animais. O experimento foi conduzido no centro
APTA de bovinos de corte, em Sertãozinho, do Instituto de Zootecnia pertencente a
Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, adotando-se o delineamento
experimental inteiramente casualizado, com teste de tukey à 5% probabilidade, sendo os
tratamentos as classificações CAR dos animais (baixo; médio e alto). Foram utilizados 102
machos e 51 fêmeas, da raça Nelore e idade de aproximadamente 16 meses, com
classificação CAR determinados em teste de confinamento por 84 dias (sistema GrowSafe)
e distribuídos em dezoito piquetes, nove de machos e nove de fêmeas (2 ha para os machos
e 1ha para fêmeas). O peso médio aproximado era de 370 kg para os machos e 340 kg para
as fêmeas. Ambos os sexos possuíam 36 animais tester, sendo 12 para cada tratamento de
CAR. Os animais tester não alternavam de piquetes pois seriam utilizados para coleta de
dados do comportamento ingestivo, consumo e desempenho do trabalho. Para manutenção
do capim dentro das recomendações de altura entre 25 e 35 cm, foram utilizados animais
reguladores que entravam e saiam dos piquetes de acordo com a necessidade. Esses animais
reguladores possuíam obrigatoriamente a mesma classificação de CAR que os animais
experimentais de cada piquete. A suplementação protéica foi fornecida diariamente, no
período da manhã, na quantidade de 0,75 kg/animal/dia. Não foi constatado efeito dos
tratamentos impostos (CAR distintos), ou seja, não foram capazes de influenciar nas
características produtivas, morfológicas ou bromatológicas da forrageira e nem no
desempenho, consumo individual ou comportamento ingestivo dos animais. Portanto os
resultados desse experimento comprovaram a inviabilidade para seleção de animais com
classificação CAR distintas, em condições semelhantes, com objetivo da criação em regime
de pastejo.
Palavras-chave: 1. CAR. 2. Nutrição animal. 3. Bovinos. 4. Perfilhos.
5.Comportamento animal.
xiii
Influence of residual feed intake of Nellore cattle on structural characteristics of the
pasture and on the feeding behavior
ABSTRACT
In this experiment , the objective was to evaluate the qualitative , productive and
morphological characteristics of Urochloa brizantha cv. Marandú subjected to grazing by
beef cattle classified by residual feed intake , in addition to feeding behavior , intake and
performance of these animals . The experiment was conducted at center APTA of beef
cattle in Sertãozinho , Institute of Animal Science belonging to the secretary of agriculture
of the state of São Paulo , adopting the completely randomized design , with the Tukey test
at 5 % probability , and the treatments the animals RFI ratings (low , medium and high) .
Were used one hundred and two males and fifty-one females, Nellore breed, aged
approximately 16 months and with rated CAR determined in the confinement test for 84
days (GrowSafe system) and distributed in eighteen paddocks, nine males and nine
females (2 ha for males and for females 1ha). The approximate average weight was 370 kg
for males and 340 kg for females .Both sexes had 36 tester animals , 12 for each treatment
RFI . The tester animals not alternated paddocks as would be used for data collection of
feeding behavior , intake and performance. To maintain grass within the recommendations
in height between 25 and 35 cm , were used regulators animals that drifted in and out of
paddocks as needed . These regulators animals must have the same rating of RFI that
experimental animals in each paddock . Protein supplementation was given daily , in the
morning , in the amount of 0.75 kg / animal / day . No effect was found of treatments
(distinct RFI) , so they were not able to influence the production , morphological and
nutritive characteristics value of forage and or performance, individual consumption or
grazing behavior of the animals . Therefore the results of this experiment proved the
infeasibility for selecting animals with distinct RFI classification , under similar conditions ,
with the objective of creation under grazing .
Key-words: 1. RFI. 2. Animal feed. 3. Cattle. 4. Tillers. 5. Animal Behavior.
14
1. INTRODUÇÃO
Como grande produtor mundial agropecuário, o Brasil se posiciona como um
país emergente, com importância significativa no mercado mundial atualmente. Nosso
país ocupa atualmente o primeiro lugar como maior exportador de carne bovina do
mundo, à frente de potências mundiais como Estados Unidos, Índia, Austrália, entre
outros. O Brasil hoje produz cerca de 9,2 mil toneladas de equivalente carcaça, se
posicionando atrás apenas dos Estados Unidos que produz aproximadamente 12 mil
toneladas (ABIEC, 2011).
Além de todos esses indicadores positivos, ainda se destaca o método pelo qual
os animais são criados. A forma predominante de criação de bovinos é a pasto (97% de
todos os animais), maneira essa considerada ética e que promove melhores condições
de bem estar para os animais, utilizando o sistema de pastejo contínuo na maioria das
propriedades. Atualmente registra-se um contingente de cerca de 209 milhões de
animais, principalmente por zebuínos da raça Nelore, caracterizando também um dos
maiores rebanhos bovinos do mundo, sendo inferior apenas á alguns países como Índia.
Esses animas estão espalhados por uma extensão de 225 milhões de hectares de
pastagens, sendo elas nativas ou cultivadas (ABIEC, 2011).
15
Apesar das informações citadas anteriormente, o nosso país possui índices
zootécnicos de produtividade, considerados médios a baixos. Mesmo com aumento de
68% na produção de carne bovina nos últimos 20 anos, o Brasil ainda possui
produtividade relativamente baixa. Um indicador é a taxa de lotação média registrada
que se encontra por volta de 0,9 UA/ha, enquanto em países desenvolvidos esses dados
atingem médias de 2 a 3 UA/ha (ABIEC, 2011).
Apesar dos índices zootécnicos inferiores, a cadeia pecuária do Brasil apresenta
alta competitividade e, para que o produtor tenha sucesso, ele precisa ser cada vez mais
eficiente. Portanto, conhecimentos básicos na área econômica são necessários para o
sucesso dentro da empresa rural. Entre informações consideradas importantes destaca-
se que para se obter lucro no curto prazo em qualquer organização econômica é preciso
inicialmente eliminar custos. Transpondo essa afirmação para o meio pecuário, conclui-
se que na alimentação dos animais é onde podemos encontrar em primeira instancia a
lucratividade dentro do processo, uma vez que, Almeida et al. (2004), relataram que a
alimentação do rebanho pode alcançar níveis entre 50 a 60% do custo total da produção
animal.
Almeida et al. (2004) relataram que uma das mais eficientes ferramentas para
melhorar os índices produtivos é o melhoramento genético. Essa grande área de estudos
permite a identificação e seleção de animais que conseguem utilizar eficientemente
nutrientes disponibilizados, ganhando mais peso com menor consumo. Assim
utilizando animais com consumo inferior consegue-se minimizar os custos com
alimentação e conseqüentemente aumentar a lucratividade da empresa rural.
Existe uma infinidade de variáveis que podem ser estudadas no melhoramento
genético quanto a eficiência alimentar, dentre elas podemos citar a conversão alimentar,
que constitui um indicador clássico e que possui como desvantagem principal a
correlação com tamanho e peso corpóreo do animal. Outra variável proposta pelo
trabalho de Koch et al. (1963), que não apresenta desvantagem citada na medida
anterior, é o consumo alimentar residual (CAR), que é definida como a diferença entre
o consumo (de matéria seca ou de energia) observado e o consumo estimado para
mantença do peso corporal e para desempenho. Animais mais eficientes apresentam
CAR negativo e consomem menos alimentos que o esperado para mantença e
produção, ao contrário dos menos eficientes, que tem CAR positivo e um consumo
16
observado maior que o esperado. Herd et al. (1998) relataram até 20% menos consumo
em animais CAR negativo.
Mas somente o CAR se torna pouco eficiente no cenário de bovinos de corte
criados em sistema de pastagens. Trabalhos recentes mudam o foco das características
produtivas isoladas, e passam a buscar características produtivas aliadas à qualidade e a
maneira pela qual o animal busca e captura a forrageira oferecida (CARVALHO et al.,
2005).
Torna-se importante conhecer a relação planta-animal e as respostas que a
planta oferece à prática do pastejo, ao mesmo tempo, as respostas comportamentais que
os animais apresentam frente às condições estruturais da forragem. Estudos
demonstraram que esta relação esta intimamente ligada com o tipo e forma de manejo
imposto pelo técnico. Portanto, o entendimento desse complexo sistema e as relações
que o mesmo possui entre suas variáveis é imprescindível para o sucesso do sistema
(CARVALHO et al., 2005).
O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência do consumo alimentar residual
sobre o comportamento ingestivo, desempenho animal, consumo de forragem e
suplemento , de bovinos Nelore, e as características produtivas, morfológicas e
nutricionais da Urochloa brizantha cv. Marandú no período das águas. Esses
conhecimentos serão essenciais para fomentar a sustentabilidade da cadeia de produção
de carne através do melhoramento animal.
17
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Urochloa brizantha cv. Marandú ou capim-marandu A Urochloa brizantha cv. Marandú é uma gramínea tropical originária do
continente africano. A mesma foi trazida para o nosso país com a finalidade de
participar como fonte de alimentação nas criações pecuárias extensivas. Possui
características favoráveis como resistência à pragas e alta capacidade de adaptação,
além de bons níveis nutritivos quando comparadas a outros cultivares da mesma
espécie. Essas características, em conjunto com o potencial de produção de massa de
forragem (média de 8 a 10 t/ha/ano), fizeram com que essa variedade fosse difundida
pelo Brasil (EMBRAPA, 2005).
A planta possui hábito cespitoso, com laminas foliares largas e longas, boa
relação folha/caule (até 57% de folhas), boa resposta á adubação fosfatada, resistente a
algumas pragas de pastagens, contudo requer níveis médios de fertilidade de solo e
médias anuais de precipitação de 700 mm (EMBRAPA, 2005).
18
2.1.1. Estrutura do dossel forrageiro Dentro do estudo de pastagens, é importante entender a estrutura da planta, pois
esta informação permite compreender e decidir o manejo imposto frente à capacidade
que a forrageira possui em capturar luz e se recuperar do pastejo pelos animais. Como
definição, a estrutura do dossel forrageiro é a distribuição das partes das plantas sobre o
solo dentro de um ambiente. Seria resultado de características morfogênicas, que por
sua vez refletem em características estruturais, que irão definir a forma que a planta se
organiza no meio (LACA e LEMAIRE, 2000).
Seguindo esse conceito, se entende a importância de conhecer a distribuição
espacial da forrageira. Dessa maneira, compreende-se o nível de interceptação de luz
que a planta é capaz de capturar, a quantidade de folha remanescente que a mesma
necessita para sua recuperação e por fim a intensidade e freqüência de desfolha que o
manejador poderá impor sem que prejudique a vida ou o potencial produtivo dessa
espécie no ambiente escolhido (LACA e LEMAIRE, 2000).
2.1.2. Altura do dossel
Das variáveis estruturais da planta, a altura do dossel forrageiro é aquela que
alia maior importância com menor dificuldade de mensuração. Ela funciona como
ferramenta que se correlaciona em alto grau com outros indicadores de difícil
mensuração como o índice de área foliar e a interceptação luminosa. Lembrando que a
interceptação luminosa pode ser considerada o passo inicial para uma seqüência de
processos que resultam na produção de forragem. Essa variável pode ainda ser usada
tanto para plantas tropicais como para temperadas (MOLAN, 2004).
A altura, sendo uma característica estrutural, não só influencia a planta mas
também o desempenho animal, pois influenciará na forma pela qual a planta vai se
apresentar para o animal no momento da sua alimentação (estrutura do dossel) e
conseqüentemente a reação do animal com seu potencial de consumo. Hodgson e Da
Silva(2002) obtiveram bons resultados utilizando altura como critério de manejo em
pastagens de Urochloa.
19
2.1.3. Número de perfilhos (NP) Inicialmente deve-se conhecer que o perfilho é a unidade básica das gramíneas,
formado por uma sucessão de fitômeros em diferentes fases de desenvolvimento. Por
ser um constituinte básico da planta, entende-se que nele será expressado as primeiras
respostas da forrageira frente a algum estímulo empregado (LEMAIRE e CHAPMAN,
1996).
Considerada a característica estrutural mais importante, e ainda aquela que gera
maior impacto, o número de perfilhos é outra indicador interessante de ser estimada
assim como a altura. Esse indicador também explica as respostas das plantas e dos
animais decorrente da decisão de manejo (SBRISSIA e DA SILVA, 2008).
Experimentos comprovaram que mudanças na densidade populacional de
perfilhos, que é determinada por um número de perfilhos em função de uma
determinada área de solo, é resultado da competição por luz dentro da comunidade de
plantas, com a finalidade de atingir um equilíbrio entre crescimento e senescência, e a
competição por luz é resultado direto da ação do animal no relvado (SBRISSIA e DA
SILVA, 2008).
Em áreas com severidade de pastejo superior, há ocorrência de maior número de
perfilhos de menor tamanho, à medida que a altura do dossel aumenta, ou seja,
estabelece um pastejo mais leniente, o número de perfilhos diminui e há a tendência de
aumento do tamanho de colmos (SBRISSIA e DA SILVA, 2008).
2.1.4. Interceptação luminosa (IL) Considerada um indicador extremamente importante para decisões de manejo
em pastejos rotacionados, a interceptação luminosa, tem participação indispensável no
pastejo continuo como forma de confirmar a qualidade e veracidade das informações
extraídas de experimentos realizados. Esse indicador é totalmente dependente da
arquitetura da planta, assim influenciando na sua produção e no consumo do animal
(DA SILVA e NASCIMENTO JR., 2006).
Pela dificuldade de se estimar níveis de IL na prática, estudos relacionaram a
interceptação luminosa à outras características estruturais do pasto e encontraram
elevada correlação com a altura do dossel forrageiro (DA SILVA e NASCIMENTO
JR., 2006).
20
2.1.5. Índice de área foliar (IAF)
Assim como a interceptação luminosa, esse indicador é importante para
aumentar a acurácia dos dados extraídos e aumentar a confiabilidade das metas de
manejo estabelecidas. Esse índice é definido como sendo a relação entre a área foliar e
a área de solo ocupada pela mesma. Tal conceito proporciona melhor entendimento das
relações entre ambiente luminoso e o acúmulo de forragem da comunidade de plantas
(WATSON, 1947).
Existem denominações importantes que precisam ser entendidas quando se fala
de índice de área foliar. Pesquisadores definiram como IAF "'ótimo" aquele alcançado
quando a planta consegue interceptar toda a luz incidente com o mínimo de auto
sombreamento. O IAF é chamado de "crítico" quando atinge interceptação de 95% da
luz incidente, e denomina-se "teto" no momento em que a taxa de formação de folhas
novas é igual a de morte das folhas inferiores (GOMIDE, 1994).
Esse índice é expresso em número sem unidade pelo aparelho estimador, e
considera-se uma média ideal para pastejo contínuo entre 2 e 4. A maior desvantagem
dessa medida é que sem uma informação complementar torna-se ineficiente. Isso
ocorre, pois não se consegue explicar fatos como a organização espacial das folhas,
distribuição vertical e horizontal das mesmas ou ainda o ângulo foliar (GOMIDE,
1994).
2.1.6. Massa seca total de forragem (MST), massa seca total de forragem potencialmente digestível e composição morfológica do capim-marandu Todos os demais indicadores citados até agora, refletem sobre a massa seca
total de forragem. Aqui é onde se observa a resposta da planta frente ao pastejo
imposto. Inicialmente se destaca que a produção de forragem possui reflexão direta
com o padrão de radiação solar incidente e o equilíbrio entre processos de fotossíntese,
respiração e senescência. Portanto a massa seca total de forragem expressa a quantidade
total de forragem (kg), na matéria seca, disponível em uma determinada área,
geralmente expressa em relação a 1 ha (DA SILVA e SBRISSIA, 2001).
É importante ainda conhecer a composição morfológica da pastagem que pode
ser desmembrada nos componentes: lâminas foliares, colmo ou haste e material morto.
A dieta considerada interessante para o animal em pastejo precisa conter grande
21
proporção de folhas (30% da composição da planta) em relação a colmo e material
morto (HODGSON, 1990). Isso é destacado, pois a folha é o local da planta onde se
encontra o melhor valor nutritivo de todo o dossel, influenciando assim o desempenho
animal. Além de tudo, a folha é a parte da forragem que possui maior facilidade de
colheita, facilitando assim o consumo e o comportamento ingestivo (TRINDADE et al.,
2007).
A quantidade demasiada de colmos dificulta o pastejo, dependendo da sua
proporção e da distribuição espacial na massa de forragem, podendo constituir barreiras
ao animal, além de serem de qualidade nutritiva inferior (STOBBS, 1973).
Completando as informações desse item, é indispensável discorrer sobre a
matéria seca potencialmente digestível (MSpd). Esse indicador informa a quantidade
relacionada à qualidade da forragem oferecida ao animal, ou seja, a capacidade da
forrageira em resultar em ganho de peso do rebanho (PAULINO et al., 2000).
2.1.7. Composição bromatológica A composição bromatológica da forragem está totalmente ligado com o
desempenho animal e a sua mensuração é de total importância para validação de dados
e explicação de respostas experimentais. Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica
(MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), energia bruta (EB) e digestibilidade são
essenciais para caracterização da dieta e o ambiente que o animal foi exposto em
determinado trabalho (BOGDAN, 1977).
2.1.8. Manejo do pastejo O manejo do pastejo é constituído basicamente pela freqüência e intensidade de
desfolha impostas pelo técnico na forragem.
2.1.8.1. Métodos de pastejo
Existem basicamente dois métodos de desfolha utilizados expressivamente, o que
corresponde à lotação contínua em que os animais permanecem constantemente no
pasto e o rotacionado, onde o animal é trocado de pasto quando este atinge uma altura
22
pré-determinada. No pastejo rotacionado, o animal não permanece no pasto durante o
crescimento da pastagem (DA SILVA, 2006).
Dentro do contínuo a lotação pode ser fixa ou variável, ou seja, pode-se modificar
ou não a carga animal nos seus piquetes durante o ano. Vale ressaltar que com a lotação
fixa o técnico não consegue maximizar os ganhos relativos entre plantas e animais
devido às ondas produtivas dessas espécies nas estações secas e chuvosas do ano (DA
SILVA, 2006).
Depois de discorrer sobre esses conceitos, se compreendi o intuito de
experimentos que vêm sendo realizados nos últimos anos com gramíneas tropicais para
determinar alturas ideais de manutenção, no sistema de pastejo continuo, buscando
relacionar conceitos de interceptação luminosa, composição morfológica e produção de
matéria seca. As pesquisas buscam determinar a condição ideal para manter o dossel
sob lotação contínua, o objetivo é entender as respostas das plantas à interceptação
luminosa pelo dossel e, a partir das respostas estruturais mensuradas fazer
recomendações de manejo (SBRISSIA ET AL., 2008).
2.2. Consumo alimentar residual (CAR)
A busca por animais mais eficientes, usando o melhoramento genético como
parâmetro, auxiliaria no processo produtivo como um todo, significando ganhos em
lucratividade. Trabalhos recentes abandonam o foco clássico de busca por produção a
qualquer preço e objetivam encontrar o animal que apresente o menor consumo a uma
mesma produção ou produção similar. Experimentos com animais de corte provam que
as diferenças individuais para este tipo de característica existem, tornando possível
assim a seleção. Um dos indicadores utilizados nessa linha de pesquisa é o CAR,
denominado consumo alimentar residual, que expressa a diferença entre uma ingestão
real medida do animal e seu consumo previsto com base na sua taxa de crescimento e
peso (KOCH et al., 1963).
A vantagem principal do CAR frente a outras medidas de eficiencia ocorre por
ser uma variavel que se expressa fenotipicamente independente de tamanho e peso do
animal, ao contrário das tradicionais, e ainda possui herdabilidade moderada. Esse
indicador ainda possibilita ganhos ambientais pois utilizando animais que aproveitem
melhor a alimentação, a quantidade de geração de subprodutos da digestão é menor e
23
por consequência ocorre a redução da emissão dos gases de efeito estufa (HERD et al.,
1998).
Morgan et al. (2010) classificaram novilhas Brahman em eficientes (CAR
negativo) e não eficientes (CAR positivo) com base no CAR pós-desmame, e
observaram que cerca de 62% delas não mudaram de classificação quando foram
classificadas com base no CAR na idade adulta.
Dittmar III (2007) utilizou novilhas da raça Brahman, previamente avaliadas
para CAR em confinamento (6 CAR negativo, 6 CAR positivo), para determinar as
fontes de variação envolvidas no CAR em pastagem. Apesar do consumo de matéria
seca em proporção do peso vivo não ter sido significativamente diferente, diferenças
numéricas indicaram tendências que as novilhas CAR negativo consumiram menos
forragem como proporção de seu peso vivo que as novilhas CAR positivo.
Meyer et al. (2008) determinaram o CAR de novilhas Hereford com dois anos
de idade, classificando-as em CAR alto, médio e baixo em 54 dias no confinamento.
Posteriormente, as novilhas CAR alto e CAR baixo foram avaliadas em dois
experimentos subseqüentes em pastagem, quanto ao consumo. Não foi observada
diferença significativa quanto ao consumo.
Herd et al. (1998) determinaram consumo a pasto de novilhos Angus e Hereford
pela técnica de alcanos e relataram que animais com CAR negativo, criados em
confinamento, produziram progênie que apresentaram 41% menor consumo de matéria
seca, quando comparados aos seus contemporâneos CAR alto, no pasto. Estes animais
ainda cresceram 19% mais rápido.
Basarab et al. (2003) avaliaram as relações entre parâmetros de eficiência
alimentar e de composição corporal de 176 novilhos Bos taurus no Canadá. Neste
trabalho, novilhos mais eficientes (CAR negativo) apresentaram menor consumo de
energia metabolizável (10,2%), menor retenção de energia (12,0%) e produziram
menos calor (9,3%) do que novilhos menos eficientes (CAR positivo).
Todavia, como qualquer outro indicador, o CAR possui limitações. A primeira
está relacionada quanto ao sistema de produção adotado na avaliação dos animais mais
e menos eficientes. É necessário mais estudos para que seja comprovado que a
avaliação de eficiência feita em confinamento é válida para animais em sistemas de
pastagens. A segunda desvantagem seria o custo para determinar o consumo alimentar
24
individual para cada animal, contudo, a utilização de rebanhos disseminadores de
genética anularia o caráter potencial desse entrave (ALMEIDA ET AL., 2004).
2.3. Comportamento Ingestivo Quando um profissional identifica e resolve limitações como a produtividade da
sua forrageira e a eficiência alimentar dos seus animais, ele se depara com um terceiro
contratempo que se define pela maneira com a qual a forrageira se apresenta ao animal
e o reflexo que isso causará no comportamento ingestivo desse animal, ou seja, o gasto
energético e temporal que o animal despenderá para a colheita dessa planta. Assim,
conhecimentos relacionados ao processo ingestivo demonstraram ser um fator decisivo
nas condições de pastejo encontradas nos sistemas de produção (CARVALHO et al.,,
2005).
Esses conhecimentos se relacionam com o domínio de temas como memória de
trabalho e memória de referência que são desenvolvidas pelo animal a fim de escolher,
localizar e ingerir da melhor maneira o alimento dentro da comunidade de plantas. Essa
capacidade que o animal consegue aplicar está ligada a experiências prévias negativas
ou positivas, em determinados locais, no ato do consumo (CARVALHO et al,, 2005).
Experimentos descreveram que a escolha eficiente desses sítios de pastejo se
torna crucial na prática de alimentação, pois já existe um gasto temporal realizando
apreensão, mastigação e deglutição da forragem, portanto, demandando um excesso em
qualquer atividade, o individuo terá menos tempo para ruminação, descanso, interações
com outros animais, ingestão de água, e esse desequilíbrio pode no final significar um
menor ganho de peso (DA SILVA, 2006).
Para ilustrar melhor esse sistema complexo observa-se o fluxograma adaptado
de Cangiano (1999). O autor explicou que o animal possui um consumo diário de
forragem que depende exclusivamente da taxa de consumo e o tempo de pastejo. Se o
manejo estiver errado e a pastagem se apresenta ao animal de maneira insatisfatória,
esse animal altera a taxa de consumo frente ao tempo destinado para esse pastejo, a fim
de não prejudicar, como já dito, o tempo destinado às outras atividades. A taxa de
consumo do animal ocorre em função da massa e da taxa de bocados. Esse individuo irá
tentar alterar a massa do mesmo a fim de compensar o consumo denegrido. Na
seqüência, essa massa de bocado depende da densidade da forragem e do volume do
bocado; se foi o manejador que decidiu a quantidade de forragem oferecida, então o
25
animal só poderá influenciar no volume desse bocado. Por fim, esse volume depende da
profundidade e área de bocado, se o tamanho da boca do animal é uma característica
genética então ele só poderá influir na profundidade. Essa profundidade será decidida
pela altura e o número de perfilhos da planta, que são características estruturais dessa
forrageira. Conclui-se que a estrutura da planta influi diretamente no consumo e por
conseqüência no ganho desse animal (Figura 1).
Figura 1. Componentes do comportamento ingestivo de um animal em pastejo (Adaptado: Cangiano,
1999)
As atividades dos animais nos sistemas de produção em pastagens
compreendem basicamente períodos de pastejo, ruminação e descanso. O tempo de
pastejo varia entre 6 e 12 horas, e o tempo de ruminação próximo de 6 a 8 horas
(HODGSON, 1990).
O tempo de pastejo parece ser distribuído em picos no decorrer do dia mais
intensamente no inicio da manhã e no fim da tarde, principalmente pelo fato de que
nesses períodos, a temperatura do dia ser mais amena. O método de avaliação baseado
na mensuração do tempo de pastejo é especialmente apropriado para avaliação do
comportamento ingestivo (ÍTAVO et al, 2008).
O ato da ruminação ocorre principalmente no período da noite, e está
relacionada à quantidade de material ingerido e a necessidade de remastigação deste
material, ou seja, a natureza e qualidade da dieta influi diretamente nesse quesito, sendo
que quanto maior o conteúdo fibroso da dieta ou maior o tamanho das partículas, maior
será o tempo destinado à ruminação e menor para as outras atividades (CARVALHO et
al., 2005).
Densidadee
26
O bocado é o ato que o animal desenvolve em apreender a forragem. O fator
que mais influencia na taxa de bocado é a oferta de forragem: em quantidades menores,
o animal tende a realizar mais bocados para compensar um tamanho de bocado
reduzido, aumentando assim a frequência de bocados (taxa de bocados = n° de
bocados.minuto-¹) (CARVALHO et al.., 2001).
27
3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Caracterização do local O experimento foi conduzido no Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica dos
Agronegócios de Bovinos de Corte, em Sertãozinho, do Instituto de Zootecnia, da
Secretaria de Agricultura do estado de São Paulo. O centro se localiza na região norte
do estado de São Paulo e está situado a 21º10´56” de latitude Sul e 48º05´51” de
longitude Oeste, à altitude de 520 metros. A implantação da área foi realizada em
dezembro de 2011, a adaptação se iniciou em dezembro de 2012 e o período
experimental ocorreu entre os meses de janeiro e abril de 2013. A forragem começou a
ser controlada com medidas semanais de altura á partir de agosto de 2012.
3.1.1. Clima
O clima local é tropical do tipo AWa, mesotérmico com verão úmido e inverno
seco de acordo com a classificação de Koppen, com precipitação pluvial média anual
em torno de 1312 mm, umidade relativa do ar de 80% e temperatura media de 24 °C
(CIIAGRO, 2013). As médias mensais de temperatura e a precipitação pluvial,
referentes ao período experimental estão apresentadas na Tabela 1.
28
Tabela 1 – Temperaturas máximas, mínimas e média do ar e precipitações do segundo semestre do ano de 2012 e primeiro semestre do ano de 2013 da estação meteorológica do centro APTA bovinos de corte, de Sertãozinho, SP.
Ano Período Precipitação Temperatura
máxima Temperatura
mínima Temperatura
media Mm ºC Junho 116,8 26,5 12,4 19,4 Julho 29,5 27,2 9,1 18,2
2012 Agosto 0 29,3 11,6 20,4 Setembro 88,7 32,1 14,0 23,0 Outubro 53,9 33,9 17,9 25,9 Novembro 61,5 34,0 17,4 25,7 Dezembro 143,6 32,2 17,7 25,0 Janeiro 155,1 30,9 18,9 24,9 Fevereiro 165,7 31,8 18,8 25,3
2013 Marco 240,0 30,7 18,3 24,5 Abril 42,8 29,4 15,3 22,3 Maio 92,9 28,4 12,8 20,6 Junho 255,1 30,9 18,9 24,9
Fonte: www.ciiagro.sp.gov.br - Monitoramento climático.
3.1.2. Solo
Os solos do Centro são constituídos basicamente de latossolo roxo de boa
fertilidade e de bom potencial de produção agrícola. Antes da instalação do capim na
área foram coletadas 36 amostras de solo buscando caracterizar o espaço que seria
destinado para cada piquete. Dezoito dessas amostras em profundidade de 0 - 20 cm e o
restante à 20 - 40 cm, para posterior formação de duas amostras compostas, destinadas
à análise química dos parâmetros de fertilidade e posterior correções quando
necessárias, segundo Werner et al. (1996).
Tabela 2 - Análise química do solo da área experimental, antes do período experimental
Amostra pH MO Presina K Ca2+ Mg2+ H+Al SB T V%
CaCl2 g/dm3
mg/dm3
-----------------------mmolc/dm³-----------------
------
0-20 5,5 30 35 1,6 31 13 31 45,6 76,6 60
20-40 5,3 27 16 0,8 25 10 34 35,8 69,8 51
Fonte: COPERCANA - Cooperativa dos plantadores de cana do oeste do estado de São Paulo, 2010.
29
3.2. Caracterização do experimento
O período experimental teve duração de 120 dias, sendo os 36 dias iniciais para
adaptação e os 84 dias finais de coleta de dados. Os dias de coleta foram divididos em
três períodos, onde o primeiro durou até os 28 dias, o segundo até os 56 dias e o
terceiro acabou aos 84 dias. A área de pastagem de capim-marandu (Urochloa
brizantha cv Marandú) foi formada em dezembro de 2011, após correção do solo com
calcário dolomítico (90% PRNT) para elevar a saturação por bases para 60%, segundo
Werner et al. (1996). Como adubação de correção com fósforo foi aplicado 60 kg de
P2O5 por hectare na forma de superfosfato simples. A adubação de manutenção da área
experimental consistiu da aplicação de 150 e 120 kg/ha/ano de N e K2O, nas formas de
sulfato de amônio e de cloreto de potássio, respectivamente, em janeiro de 2013.
A partir de março de 2012 foram utilizados animais para manutenção do pastejo
da área. O intuito era fazer com que a espécie se estabelecesse por completo nos
piquetes para que depois fosse estabelecida uma meta de manejo baseada na altura
média. A partir de agosto de 2012, a área começou a ser controlada com medições de
altura semanais. No momento em que começou a adaptação da área do experimento,
dezembro de 2012, a altura ideal alvejada (25 a 35cm em média) já era alcançada
devido ao grande período de adaptação dessa forrageira nessa área.
O método de pastejo utilizado foi o de lotação contínua com taxa de lotação
variável.
O experimento foi instalado em área de aproximadamente 27 ha, dividida em
nove piquetes de dois hectares, no caso dos machos, e nove piquetes de um ha para as
fêmeas. Além dos 18 piquetes, a área experimental possuia uma área de reserva de
capim-marandu, de 26 ha, para manutenção dos animais reguladores (put and take),
necessários para regular a oferta de forragem. Cada um dos piquetes possuía bebedouro
com acionamento automático por bóias, cocho com 4 metros de comprimento e área de
20m2 com sombrite.
Foram utilizados 102 machos e 51 fêmeas, da raça Nelore com classificação
CAR pós desmame, determinados em teste de confinamento por 84 dias (sistema
GrowSafe). Ambos os sexos possuíam 36 animais tester, distribuídos em nove piquetes,
sendo 12 para cada tratamento de CAR. Os animais tester não alternavam de piquetes
pois seriam utilizados para coleta de dados do comportamento ingestivo e desempenho
do trabalho. Para manutenção do capim dentro das recomendações de altura entre 25 e
30
35 cm, foram utilizados animais reguladores que entravam e saiam dos piquetes de
acordo com a necessidade (66 animais reguladores para machos e 15 animais
reguladores no caso das fêmeas). Esses animais reguladores possuíam obrigatoriamente
a mesma classificação de CAR que os animais experimentais de cada piquete.
A idade dos animais era de aproximadamente 16 meses, com peso médio inicial
aproximado de 370 kg para os machos e 340 kg para as fêmeas. Todos os animais
foram pesados a cada 15 dias. Nas pesagens realizadas no início e final do período
experimental, os animais foram submetidos a jejum de 16 h de água e alimento. Nas
pesagens intermediarias, realizadas quinzenalmente, os animais não foram expostos a
prática de jejum. Antes do período experimental todos os animais foram tratados contra
endo e ectoparasitas.
Foi oferecido, durante todo o experimento, um suplemento protéico na
quantidade de 750 gramas por animal por dia. Essa mistura era composta por torta de
algodão, milho e uréia em porcentagens de 25,2%; 59,5% e 1% respectivamente. Esse
composto era distribuído em todos os piquetes durante o período da manhã.
É importante citar por fim que se conseguiu manter a altura alvejada ideal
durante todo o experimento, mostrando a consistência nos dados coletados no presente
estudo.
Figura 2. Croqui da área experimental com 18 piquetes, 9 piquetes de 2 ha para machos e 9 piquetes de 1
ha para fêmeas, totalizando uma área experimental de 27 ha.
31
Os tratamentos se basearam, em ambos os sexos, nas diferentes classificações de
CAR (machos = baixo: -1,98 a -0,28; médio: -0,27 a 0,38; alto: 0,39 a 1,81; e fêmeas =
baixo: -0,86 a -0,15; médio: -0,14 a 0,14; e alto: 0,15 a 1,27) e suas influências nas
características morfologias, bromatológicas e de produção da Urochloa brizantha cv
Marandú, assim como no desempenho, consumo de forragem e suplemento e
comportamento ingestivo dos animais. Os tratamentos foram dispostos em
delineamento inteiramente casualizado, com três repetições por tratamento, totalizando
nove piquetes ou unidades experimentais, tanto para os machos quanto para as fêmeas.
No capim-marandu foi avaliada a altura, massa seca total, massa seca
potencialmente digestível, porcentagem de matéria seca, composição bromatológica da
forragem, índice de área foliar (IAF), interceptação luminosa, número de perfilhos,
porcentagem dos componentes morfológicos (folha, colmo e material morto) e
produção dos componentes morfológicos.
No caso dos animais, foi avaliado o peso, ganho de peso médio diário, ganho
total de peso, carga animal, unidade animal/ha (1 UA: 480 kg de peso vivo do animal),
consumo de pasto e suplemento e comportamento ingestivo.
3.3. Metodologia utilizada para coleta de dados
3.3.1. Altura, massa total e composição morfológica da forragem
As alturas da pastagem foram realizadas semanalmente durante todo período que
compreendeu os meses de agosto de 2012 a abril de 2013. Esses dados foram coletados
com o auxilio do "sward stick". Esse instrumento é constituído por uma bengala
graduada que se localiza no centro de um prato. Quando é definido o ponto a ser
medido, o prato é liberado sobre a parte superior da forragem, indicando na bengala
graduada a altura do dossel. Foram realizadas coletas de 100 pontos por piquete por
uma pessoa treinada que percorria pontos aleatórios da área a ser medida,
caracterizando toda a área. Ao final do processo era calculada a média para
determinação da condição do piquete.
Para se estimar a disponibilidade total de forragem ofertada aos animais, foram
realizadas coletas da pastagem, a cada 28 dias, através do corte rente ao solo de seis
áreas, duas delas caracterizando a altura média do piquete, duas outras caracterizando o
valor do desvio padrão inferior à média e mais duas destinadas ao valor do desvio
32
padrão superior à média, de maneira a caracterizar cada piquete experimental,
utilizando quadrado metálico de 1,0 x 1,0 m (McMENIMAN, 1997). Destas amostras
de forragem, uma subamostra foi seca em estufa de ventilação forçada (60 oC ± 5 oC/72
hs) para determinação de porcentagem de matéria seca. No caso das amostras que
caracterizavam as alturas medianas dos piquetes, além da primeira subamostra, foi
retirada outra subamostra e destinada à separação morfológica (material morto, lâminas
foliares, colmo), e posterior secagem em estufa para determinação da porcentagem de
matéria seca. Essas amostras médias ainda foram moídas em moinho tipo Willey (crivos
de 1,0 mm) e armazenadas para análises laboratoriais.
3.3.2. Número de perfilhos O número de perfilhos foi determinado pela contagem do total de perfilhos
existentes nas subamostras destinadas a pré -secagem para determinação da primeira
matéria seca do capim. Posteriormente extrapoladas para valores que representassem a
ocupação de 1 m². Essas amostras representavam pontos com condição semelhante à
média do dossel quanto a altura da pastagem e massa de forragem.
3.3.3. Índice de área foliar e interceptação luminosa
As medições do índice de área foliar da pastagem e interceptação da radiação
fotossinteticamente ativa foram estimadas em quatro ocasiões (40° dia; 55° dia; 70° dia
e 84° dia) durante todo o período experimental, com o uso do aparelho “Accupar
LP80”. O aparelho é um ceptômetro linear com 80 sensores independentes. A técnica
combina medidas tomadas com o sensor acima do dossel, com medidas tomadas sob o
dossel próximas ao nível do solo. Foram realizadas 50 leituras por parcela no caso do
piquete dos machos (2 ha) e 25 leituras por parcela no caso das fêmeas (1 ha). As
leituras foram realizadas preferencialmente entre as 09:00 e 15:00 horas, onde a luz
possuía comprimento de onda acima de 400 nm.
33
3.3.4. Matéria seca potencialmente digestível
Nas amostras que representavam as alturas médias, foi calculado o percentual de
MS potencialmente digestível (MSpd) ofertada aos animais. Esse resultado foi obtido
pela incubação in vivo das amostras por 264 horas, no rúmen de quatro animais
mantidos em regime de pastejo. Após incubação das amostras, foi determinada a FDN
indigestível (FDNi) nos resíduos, obtida após o tratamento em detergente neutro. Para a
determinação da MSpd, foi utilizada a equação (PAULINO ET AL., 2006): MSpd =
0,98.(100 – FDN) + (FDN – FDNi); em que: 0,98 = coeficiente de digestibilidade
verdadeira do conteúdo celular.
3.3.5. Pastejo simulado e composição bromatológica da forragem A amostragem do pasto consumido pelos animais foi realizada via simulação
manual do pastejo. As amostras foram coletadas pelo método “hand-plucking”,
segundo Johnson (1978) onde a forragem é colhida manualmente após observação
prévia do hábito de pastejo dos animais. Foram coletados aproximadamente 300 g de
forragem fresca por piquete de avaliação em cada período do experimento. Esta coleta
foi realizada em toda a extensão de cada piquete, a cada 28 dias, é claro buscando
caracterizar os sítios de pastejo onde o maior grupo de animal se encontrava pastejando
no momento da coleta. As amostras foram secas em estufas de ventilação forçada (60
oC ± 5 oC/72 hs), moídas em moinho tipo Willey (crivos de 1,0 mm) e armazenadas em
frascos de polietileno em temperatura ambiente. Todas as amostras do pastejo simulado
foram submetidas a análises dos teores de matéria orgânica, cinzas, matéria seca (MS;
934,01), matéria mineral (MN; 942,05), extrato etéreo (EE; 954,02) de acordo com
AOAC (1990). A porcentagem de proteína bruta foi estimada com auxilio do aparelho
LECO FP - 258 , já os teores de energia foram obtidos através do uso de calorímetro
IKA® modelo 2000 Basic, automatizado. Os teores de FDN foram obtidos de acordo
com Mertens (1994), a partir do sistema Ankom®. Os teores de FDA, NIDA, NIDN e a
lignina (ácido sulfúrico 72%) foram obtidos pelo método seqüencial de Robertson e
Van Soest (1981) e por protocolo apresentado por Licitra et al. (1996). Os teores de
NNP foram determinados conforme descrição de Licitra et al. (1996). Por fim, foi
calculado os valores de FDNcp, isentando os valores de FDN de cinzas e proteínas.
34
3.3.6. Desempenho animal
Todos os 102 machos e as 51 fêmeas foram pesados a cada 15 dias. Nas
pesagens realizadas no início e final do período experimental, os animais foram
submetidos a jejum de 16 h de água e alimento. Nas pesagens intermediarias, realizadas
quinzenalmente, os animais não foram expostos a prática de jejum.
Para o cálculo do ganho de peso diário e o ganho de peso total foram utilizados
apenas os animais que não saíam e entravam nos piquetes, excluindo assim os animais
reguladores. Já para o cálculo da carga animal e da lotação (UA/ha) foram utilizados
todos animais que se encontravam dentro do piquete.
3.3.7. Estimativa de consumo
3.3.7.1. Excreção fecal - Cromo A estimativa de consumo foi realizada uma vez a cada período do experimento
em ambos os sexos. Foi fornecido, durante nove dias consecutivos, o Cr2O3,
administrado via oral, sendo que no oitavo e nono dia foram realizadas as coletas das
amostras de fezes. Por fim, no décimo dia, o cromo não foi fornecido, resumindo o
manejo em apenas a coleta das amostras de fezes. As amostras de fezes foram coletadas
diretamente no campo esperando os animais defecarem por conta própria evitando o
estresse do manejo. O processo de amostragem foi realizado durante três dias, como já
citado, uma vez ao dia em horários pré-estabelecidos para cada dia (7h00, 11h00 e
15h00). Essas fezes foram imediatamente congeladas a -18 oC. Ao final do
experimento, foram descongeladas, pré-secas em estufa de ventilação forçada, (60 oC ±
5 oC/72 hs), trituradas em moinho tipo Willey (crivos de 1,0 mm) e analisadas para
determinação do teor de matéria seca, cinzas, extrato etéreo, proteína bruta e energia
bruta. Após moagem, as coletas dos três dias seqüenciais de cada animal formaram
uma amostra composta das fezes de cada período, que foi destinada a posterior análises
laboratoriais.
As balas de cromo foram produzidas no laboratório do Instituto de Zootecnia e
possuíam doses de 10 g, embalado em “papel-de-pipoca”.
A quantidade de cromo nas fezes foi determinada após digestão das amostras,
seguindo referências de Detmann et al. (2004), e posterior leitura da mesma com
35
auxílio de espectrofotômetro de absorção atômica, conforme metodologia descrita por
Williams et al. (1962).
3.3.7.2. Excreção fecal - Titânio
Para estimativa do consumo de suplemento, utilizou-se a metodologia do
dióxido de titânio, sendo fornecido na quantidade de 10 g/animal/dia misturado ao
suplemento oferecido. O ensaio foi realizado nos mesmos dias em que o óxido de
cromo era administrado aos animais, uma vez a cada período, tanto para machos quanto
para fêmeas. O titânio foi fornecido por nove dias seguidos e a coleta de fezes foi
realizada no oitavo, nono e décimo dia, ao qual não foi fornecido esse indicador para os
animais.
As amostras de fezes foram coletadas diretamente no campo esperando os
animais defecarem por conta própria evitando o estresse do manejo. Portanto o
processo de amostragem foi realizado durante três dias, uma vez ao dia em horários
estabelecidos para cada dia (7h00, 11h00 e 15h00). Essas fezes foram imediatamente
congeladas a -18 oC. Ao final do experimento, foram descongeladas, pré-secas em
estufa de ventilação forçada, (60 oC ± 5 oC/72 hs) e trituradas em moinho tipo Willey
(crivos de 1,0 mm). Após moagem, os três dias seqüenciais de coleta de cada animal
formaram uma amostra composta que foi destinada a posterior análises laboratoriais.
A quantidade de titânio nas fezes foi determinada após digestão das amostras
seguindo referências de Titgemeyer et al. (2001). O posterior procedimento, de leitura
consistiu em pipetar três gotas de peróxido de hidrogênio (30% v/v) e fazer a leitura em
espectrofotômetro com comprimento de onda de 410 nm. No inicio, é necessário
calibrar o aparelho usando as amostras de branco e ajustando a absorbância para 0. Na
seqüência, foram feitas as leituras das demais soluções padrões antes da leitura das
amostras experimentais.
3.3.8. Comportamento ingestivo
Para análise do comportamento ingestivo, foram avaliados apenas os animais
tester, 36 machos e 36 fêmeas, sendo 12 de cada tratamento para ambos os sexos. As
coletas foram feitas por três dias consecutivos no inicio e no final do experimento,
36
assim o comportamento ingestivo foi caracterizado por dois períodos diferentemente
das outras variáveis desse estudo que foram coletadas em três períodos. Os animais
foram observados por 12 horas, iniciando às 6:00 h e encerrando a observação às 18:00
h. O comportamento ingestivo foi avaliado por observadores treinados, e as
observações e identificações das atividades dos animais foram realizadas a cada dez
minutos utilizando-se binóculos e cronômetros (MARTIN e BATESON, 1993). As
observações foram registradas instantaneamente, no momento em que se esgotava os 10
minutos de intervalo, pelo observador que se localizava em uma torre a quatro metros
do chão, próximas a área de alimentação e sombrite. Toda coleta de dados de
comportamento ingestivo foi observada por cinco torres, onde quatro delas registravam
dados de quatro piquetes cada, e uma delas observava dois piquetes apenas. Foram
estipulados dois turnos de 6 horas, assim era necessário dez observadores por dia. Além
dessas pessoas contava-se com um turno reserva de cinco pessoas para eventuais
contratempos.
O avaliador tinha por função registrar se o animal se encontrava em pé ou
deitado e ainda devia identificar se o mesmo estava pastejando, ruminando, em ócio ou
no cocho de suplementação. Considerou-se como tempo de pastejo, o tempo gasto
pelos animais na seleção, apreensão da forragem e manipulação do bolo alimentar,
incluindo os curtos espaços de tempo utilizados no deslocamento para seleção de
forragem. O tempo de ócio foi o período em que os animais não mostravam atividade
de locomoção e ausência de movimentos mandibulares. O tempo gasto na regurgitação
e remastigação dos bolos alimentares e o tempo decorrido entre a deglutição e a
regurgitação foi computado como tempo de ruminação. O tempo de permanência no
cocho foi considerado o período em que os animais ficavam próximo do cocho
consumindo o suplemento. Ao final, as mensurações inerentes às atividades relativas a
cada animal foram somadas para identificar o tempo gasto em cada atividade, assim
como as possíveis diferenças em função das classes de CAR.
As avaliações foram realizadas simultaneamente às observações de taxa de
bocados (número de bocados/minuto) e bolo de ruminação, pelo mesmo observador.
A média do número de mastigações por bolo ruminal e do tempo gasto para
ruminação de cada bolo foram obtidos registrando com cronômetros digitais três
valores por animal, por dia, conforme metodologia descrita por Burger et al. (2000).
Como especificado anteriormente o período do comportamento ingestivo foi
37
caracterizado pela repetição de três dias consecutivos, dessa forma cada animal tinha
nove valores de bolo ruminal por período, totalizando dezoito valores nos dois
períodos.
O bocado foi definido como o movimento mandibular de apreensão da forragem
caracterizado pelo movimento do animal com a cabeça e/ou som característico da
forragem sendo arrancada. A taxa de bocados foi considerada como o tempo necessário
para realização de 20 bocados (HODGSON, 1990). Os valores foram transformados
matematicamente em número de bocados.minuto-1 . A taxa de bocado foi determinada
no período da manhã e da tarde registrando seis repetições de cada animal por dia.
Como o período foi composto pela repetição de três dias, foi registrado dezoito valores
de taxa de bocados por período para cada animal, totalizando trinta e seis coletas nos
dois períodos para cada animal.
A fim de eliminar problemas com distância de visualização os observadores
esperavam os animais chegar próximos a área de alimentação e sombrite para registrar
as taxas de bocado e valores de bolo de ruminação.
As condições dos piquetes foram semelhantes, já que, como citado, a altura de
cada piquete foi mantida dentro da considerada ideal para o capim-marandu (25 a 35
cm), assim permitindo que fosse coletado dados de diferenças comportamentais de
animais expostos a ambientes similares.
3.4. Análises realizadas
O delineamento experimental foi inteiramente casualisado (DIC), com 3
tratamentos e 3 repetições para cada sexo. Os fatores considerados no modelo foram,
período, tratamento e peso inicial. As análises estatísticas foram realizadas com o
software SAS 9.3 , (Statistical Analysis System), SAS Institute (2009), com teste de
Tukey a 5% de probabilidade, para comparação das médias. Os dados foram analisados
através do procedimento MIXED. As análises relacionadas com o capim foram
realizadas através de medidas repetidas no tempo utilizando piquetes como unidades
experimentais.
38
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Altura e número de perfilhos
4.1.1. Altura
A altura do capim-marandu (Tabela 3) não diferiu (P>0,05) entre as diferentes
classes de CAR empregadas. Esse resultado já era esperado pois a altura foi meio de
controle da forrageira e a entrada e saída de animais reguladores foi responsável por
esse controle.
A altura é uma característica que altera a quantidade de consumo de matéria seca
dos animais, isso ocorre pois é fator determinante na estrutura do dossel que por sua
vez interferi no comportamento ingestivo do bovino. O controle desse indicador torna-
se de alta importância, pois demonstra embasamento da qualidade dos dados colhidos.
A altura da planta foi influenciada (Tabela 3) pelos períodos do experimento,
apresentando diferença significativa entre o primeiro e o terceiro período (P<0,05).
Essa diferença já era esperada já que o inicio do experimento ocorreu no verão e, à
medida que o estudo se estendeu para o inverno, a quantidade de horas de luz por dia
decaiu, características dessa época do ano, proporcionando à gramínea menor potencial
39
de crescimento, fazendo assim com que a mesma apresentasse médias de alturas
inferiores.
Os valores encontrados nesse experimento se aproximaram de valores descritos
por Gomide (1997) que, trabalhando com Urochloa brizantha cv. Marandú, encontrou
médias de altura variando desde 10 até 50 cm, registrando médias ideais próximas de
30 cm.
Da Silva (2008) relatou em trabalho sobre o capim-marandu que a altura média
ideal a ser mantida para essa espécie aliando o maior potencial de ganho da forragem e
do animal em sistemas de lotação contínua esta entre valores de 25 e 35 cm. Esse
experimento conseguiu manter a forragem em médias próximas às indicada reforçando
a consistência dos dados colhidos.
4.1.2. Número de perfilhos
O número de perfilhos totais do capim-marandu (Tabela 3) não diferiu (P>0,05)
entre as diferentes classes de CAR. Os diferentes períodos também não influenciaram
esta característica, demonstrando o poder da plasticidade fenotípica do capim. Mesmo
alterando o tipo predominante de perfilho, o número total dos mesmos não foi
influenciado. A variável PT apresentou significância quando promovido a interação
período/tratamento desse experimento, diferentemente da outras variáveis coletadas
nesse estudo.
Sbrissia et al. (2008) realizaram experimento para comprovar a compensação
tamanho/densidade de perfilhos de capim-marandu durante as 4 épocas do ano
submetidos a 4 altura de manejo. O experimento em questão apresentou médias
superiores ao número total de perfilhos se comparado com o presente estudo. Os
autores relataram números variando de 1000 a 600 perfilhos totais/ m2 no verão e
inverno respectivamente. Essa discrepância pode ter sido influenciada pela diferença na
precipitação dos diferentes locais.
A literatura relata que a compensação tamanho/densidade de perfilhos é resultado
da competição por luz, e que plantas em processo de adaptação frente à desfolha
costumam alterar sua quantidade e tipo de perfilhos. No caso dos perfilhos ramificados
foi encontrado influência do período (P<0,05). À medida em que o experimento se
aproximava da época seca e o capim foi privado de fontes para recuperação e
40
crescimento, ele se alterava reportando menores médias de altura, por conseqüência
lançando mão de novos perfilhos para assegurar a sobrevivência do dossel (Tabela 3).
Foi constatado que no período inicial, a média de perfilhos ramificados foi até 30 %
menor que a mesma média encontrada para esse mesmo capim submetido ao pastejo no
último período.
Os perfilhos mortos (Tabela 3) também não foram influenciados pela variável
tratamento ou período (P>0,05).
41
Tabela 3. Médias de altura, número de perfilhos totais, perfilhos ramificados e perfilhos mortos de Urochloa brizantha cv. Marandú, submetida ao pastejo por bovinos
Nelore, classificados pelo CAR.
CAR PERÍODO P
ITEM BAIXO MÉDIO ALTO 28d 56d 84d CAR*PER CAR PER CV(%)
Altura 34a 33a 33a 37a 33b 29c 0,53 0,76 <,0001 14,63
PT 453a 442a 406a 452a 434a 416a 0,011 0,37 0,40 31,77
PR 36a 40a 34a 29a 34a 47b 0,11 0,62 <,0001 58,31
PM 129a 130a 118a 118a 125a 135a 0,30 0,83 0,38 51,78
Legenda: Altura (altura da pastagens expressa em centímetros); PT (número de perfilhos totais de Urochloa brizantha cv. Marandú por metro quadrado de área de solo); PR (número de perfilhos ramificados de Urochloa brizantha cv. Marandú por metro quadrado de área de solo); PM (número de perfilhos mortos de Urochloa brizantha cv. Marandú por metro quadrado de área de solo).
42
4.2. Massa seca total (MST), massa seca potencialmente digestível (MSpd), porcentagem e massa total de componentes morfológicos
4.2.1. Massa seca total (MST) e massa seca potencialmente digestível (MSpd)
A massa seca total (kg/ha) (Tabela 4) não diferiu significativamente entre os
tratamentos CAR (P>0,05). Esse indicador é influenciado diretamente pela quantidade
de radiação incidente e por isso diferiu entre valores de 8800 kg/ha, no primeiro
período até 7749 kg/ha no último período (P<0,05). A MST não é influenciada por
decisões pontuais de manejo, assim o declínio de valores das variáveis como altura e
perfilhos modificaram os resultados desse indicador. Essas médias se aproximam dos
valores apresentados por Andrade (2003) que relatou massa seca total de 6200 a 7200
kg/ha de capim-marandu trabalhados com quatro alturas de manejo (10, 20, 30 e 40
cm).
Na mesma tendência seguiram os valores de massa seca potencialmente
digestível, contudo não foram influenciados pelo período variando entre 6.933 até
6.848 kg/ha na parte final do estudo. Paulino et al. (2006) relataram em experimento
realizado com bovinos de corte em Urochloa decumbens, uma quantidade necessária de
10 toneladas/ha de massa seca potencialmente digestível para que a pastagem seja
considerada de boa qualidade.
Gomide (1997) relatou produções médias de massa seca total superiores ao
presente estudo, durante todo seu trabalho, para esse capim. A média relatada se
aproxima de 9,5 t de MS/ha/ano do capim-marandu.
4.2.2. Porcentagem de folha, colmo e material morto
Os tratamentos CAR distintos desse experimento não resultaram em diferenças
estatísticas na porcentagem de folhas (P>0,05). Já os períodos do presente trabalho
influenciaram essa característica (Tabela 4), em que a maior porcentagem ocorreu no 1°
período (24%) e a menor foi registrada no último período (20%). Esses valores eram
esperados já que o índice de área foliar e a interceptação luminosa apresentaram
comportamentos similares.
A porcentagem de colmo não diferiu estatisticamente (P>0,05) quanto as
classificações CAR, e seguiu a mesma tendência da porcentagem de folhas, onde foi
43
avaliado um decréscimo dos valores desse indicador ao passar do tempo, que diferiu
significativamente (P = 0,02).
Foi observado diferenças estatísticas (P<0,05) quanto ao período para
porcentagem de material morto, a fase final foi 10% superior se comparada ao primeiro
período do experimento. A porcentagem de material morto do capim-marandu (Tabela
5) não diferiu (P>0,05) quanto ao CAR.
Molan (2004) relatou em experimento realizado com capim-marandu, com
alturas médias de 20 cm, valores próximos aos encontrados por esse experimento para
porcentagem dos componentes morfológicos. Essas médias foram de 21% de folhas,
27% de colmo e 45% de material morto.
4.2.3. Massa de folha, colmo e material morto
A massa de folha e de colmos da Urochloa brizantha cv. Marandú assim como
as suas respectivas porcentagens foram influenciadas pelos períodos (Tabela
4)(P<0,05). Foi observado valores de 2.093 kg de MS de folha/ha/ano no primeiro
período do experimento, chegando a médias finais de 1.572kg de MS de folha/ha/ano
no último. As médias de massa de colmo variaram de 3.338 á 2.648 kg de MS/ha/ano.
Os tratamentos CAR distintos não influenciaram nesse indicador (P>0,05). O resultado
decrescente de valores das massas desses componentes morfológicos pode ter ocorrido
pelo comportamento similar registrado de massa seca total desse experimento.
Os valores de material morto não foram influenciados pelo período ou CAR
(Tabela 5) (P>0,05).
Novamente citando o experimento de Carvalho et al. (2005), foi observada
semelhança para os valores de massa seca total de folhas que foram em média de 1.950
kg/ha/ano. Já os valores de massa seca de colmo e de material morto foram inferiores,
sendo de 1.780 e 1.385 kg/ha/ano, respectivamente.
44
Tabela 4. Médias de massa seca total, massa seca potencialmente digestível, porcentagem de folhas, colmo e material morto e massa de componentes morfológicos de
Urochloa brizantha cv. Marandú, submetida ao pastejo por bovinos Nelore, classificados pelo CAR.
CAR PERÍODO P
ITEM BAIXO MÉDIO ALTO 28d 56d 84d CAR*PER CAR PER CV(%)
MST (kg/ha) 8347a 7874a 8289a 8800a 7962a 7749b 0,94 0,47 0,03 22,35
MSpd (kg/ha) 6933a 6401a 6848a 7185a 6649a 6347b 0,90 0,33 0,09 18,01
%Folha 22,2a 22,3a 21,0a 24,3a 20,5b 20,7b 0,21 0,43 0,0012 24,18
%Colmo 37,4a 36,0a 35,7a 37,9a 36,5a 34,6b 0,59 0,32 0,02 14,17
%MM 40,4a 41,6a 43,2a 37,7a 42,9b 44,6b 0,24 0,22 0,0002 19,36
Folha (kg/ha) 1839a 1742a 1707a 2093a 1621b 1572b 0,07 0,35 <,0001 26,34
Colmo (kg/ha) 3134a 2839a 2964a 3338a 2952a 2648b 0,80 0,22 0,0004 25,33
MM (kg/ha) 3364a 3443a 3621a 3369a 3531a 3529a 0,72 0,58 0,76 32,36
Legenda: MST (massa seca total (kg), expressada em porcentagem de matéria seca, de Urochloa brizantha cv. Marandú por hectare); MSpd (massa seca potencialmente digestível de forragem expressada em porcentagem de matéria seca de Urochloa brizantha cv. Marandú por hectare); %Folha (porcentagem de folha na composição morfológica de Urochloa brizantha cv. Marandú); %Colmo (porcentagem de colmo na composição morfológica de Urochloa brizantha cv. Marandú); %MM (porcentagem de material morto na composição morfológica de Urochloa brizantha cv. Marandú); Folha (massa seca total de folha (kg), expressada em porcentagem de matéria seca, de Urochloa brizantha cv. Marandú por hectare); Colmo (massa seca total de colmo (kg), expressada em porcentagem de matéria seca, de Urochloa brizantha cv. Marandú por hectare); MM (massa seca total de material morto (kg), expressada em porcentagem de matéria seca, de Urochloa brizantha cv. Marandú por hectare)
45
4.3. Índice de área foliar e interceptação luminosa
4.3.1. Índice de área foliar (IAF) O Índice de área foliar auxilia na explicação da movimentação populacional de
perfilhos, e geralmente é diretamente proporcional a quantidade total de perfilhos. O
IAF do capim-marandu (Tabela 5) não diferiu (P>0,05) entre os diferentes tratamentos
CAR, assim como a quantidade total de perfilhos. O IAF foi influenciado (P<0,05)
pelas datas de coletas, já que houve mudanças significativas em quantidade de perfilhos
ramificados e mortos, o que influenciou nesse indicador.
Os dados de IAF se aproximam daqueles apresentados por Gomide (1997) onde
relatou valores de 3,3 até 6 para capim marandu, variando em alturas de 10 a 50 cm em
média durante todo o trabalho. Molan (2004) encontrou valores de 2,7 até 5,6 para o
IAF em experimento com U.brizantha cv. Marandú, com alturas próximas dos 20 cm, o
que se aproxima dos valores médios de 2,8 mostrados nesse experimento.
4.3.2. Interceptação luminosa (IL)
A interceptação luminosa (IL) apresentou diferença estatística (P<0,05) para os
diferentes períodos de coleta, e diminuiu com a aproximação da estação seca do ano
(Tabela 5). Esse fato pode ser explicado pelo registro de alturas inferiores próximos ao
final do experimento, assim como a quantidade menor de perfilhos totais. O tratamento
CAR não influenciou nessa variável (P>0,05).
A interceptação luminosa encontrada foi inferior a encontrada por Grasseli et al.
(2000) onde relataram valores próximos aos 90% de interceptação luminosa registrados
à altura média de 25 cm, diferente desse experimento que apresentou médias de 80% de
IL, expostos a altura média de 30 cm. Ainda observando o experimento de Molan
(2004) foram encontrados valores de 81% de interceptação média durante todo o ano
para capim-marandu mantidos com média de altura de 20 cm. É interessante revisar
esses dados pois comprovam que alturas acima ou abaixo de 25 cm em média
diminuem potencialmente a interceptação luminosa para esse cultivar.
O presente experimento prezou pela manutenção da altura ideal para essa
espécie (25 a 35 cm em média) e mediu outros indicadores para provar que estava
seguindo a proposta inicial. Souza Neto (2004) trabalhou com a mesma forrageira e
encontrou maior proporção de folhas com manejo adotado de 95% IL.
46
Tabela 5. Médias de índice de área foliar e interceptação luminosa de Urochloa brizantha cv. Marandú, submetida ao pastejo por bovinos Nelore, classificados pelo CAR.
CAR COLETAS P
ITEM BAIXO MÉDIO ALTO 40 d 55 d 70 d 84 d CAR*COL CAR COL CV(%)
IAF 2,52a 2,60a 2,70a 2,22a 2,93b 2,76b 2,51b 0,99 0,60 0,005 23,68
IL 74,34a 76,81a 77,35a 62,67a 82,79b 81,10b 78,10b 0,98 0,65 <0,0001 17,97
Legenda: IAF (valores de índice de área foliar de Urochloa brizantha cv. Marandú); IL (valores de interceptação luminosa de Urochloa brizantha cv. Marandú).
47
4.4 Composição bromatológica da forragem Os valores observados da composição bromatológica da forragem relatam a boa
qualidade da forragem com teores satisfatórios de proteína bruta, extrato etéreo e
energia bruta. As porcentagens de FDN e FDA registrados foram similares aos
descritos em experimentos da área (MANELLA et al. 2003).
A porcentagem de matéria seca do capim (Tabela 6), não diferiu
significativamente quanto ao tratamentos CAR do presente experimento (P>0,05). Esse
indicador variou significativamente (P<0,05) apenas em função do período sendo
superior em 1% no inicio do experimento. Os teores de FDNi também diferiram
somente quanto ao período (P<0,05). Os valores de FDNi também sofreram influência
da interação tratamento/período, diferentemente da maioria das variáveis desse
experimento. Paulino et al. (2002) relataram médias de 15% de FDNi em pastos de
Urochloa sob analise morfológicas em diferentes épocas do ano.
O FDN foi influenciado (P<0,05) pelo período do experimento. A porcentagem
dessa variável foi de 65% no começo do estudo e de 62% no ciclo final do mesmo. Os
valores de FDN corrigidos para cinza e proteína seguiram a mesma tendência e apenas
não foram influenciados pelos distintos tratamentos (P>0,05). O período final do
experimento apresentou médias inferiores em aproximadamente 5% (Tabela 6). Os
dados relatados por Moraes et al. (2006) e Paulino et al. (2002) se aproximam desse
experimento. Os mesmos relataram médias entre 67 e 70% de FDN em pastos de
Urochloa. Manella et al. (2003) registraram valores de 75% para esse indicador e
Canesin et al. (2009) de 82%, quantidades essas relativamente superiores ao observado.
De acordo com os dados, a fibra em detergente ácido (FDA), não diferiu
significativamente (P>0,05) quanto as diferentes classes de CAR. Apesar do período
não influenciar nessa variável se destaca evolução numérica dos valores na fase final,
decorrente do elevado estádio de maturidade fisiológica da forragem, o que proporciona
grandes quantidades de colmo seco, material morto e folhas senescentes. Assim como
o FDN, Moraes et al. (2006) encontraram valores próximos aos encontrados nesse
experimento (38%). Canesin et al. (2009) e Manella et al. (2003) encontraram valores
relativamente discrepantes (65 e 44%).
Os teores de extrato etéreo, proteína bruta e energia da pastagem não foram
influenciados pelos diferentes tratamentos CAR impostos. Essas variáveis apenas
foram influenciadas pelo período (P<0,05). Em ambos os casos foi observado valores
48
superiores no último período do experimento. O possível motivo desses valores, assim
como valores de matéria seca, FDN e FDNcp, é explicado pelo comportamento atípico
do clima local, onde foram registrados elevados índices pluviométricos na fase final do
experimento. Não foi possível registrar a recuperação da forragem em valores de massa
seca total, mas foi identificado uma recuperação na qualidade da mesma (Tabela 6).
Em estudo realizado por Canesin et al. (2009), que trabalharam com capim
Marandú no período seco do ano, foram relatados teores médios de 3,5% de proteína
bruta. Dados esses inferiores ao desse experimento e aos teores mínimos relatados por
Minson (1990), que são requeridos para o desenvolvimento dos micro-organismos
ruminais responsáveis pela degradação de nutrientes provenientes da fração fibrosa da
dieta. Manella et al. (2002) também trabalharam com a mesma forragem no período de
inverno e relataram médias de 5,1% de PB. Já Paulino et al. (2002) relataram valores
médios de 9% de proteína em pastos de Urochloa.
Os valores de extrato etéreo observados variaram de 1,99 a 2,78 e se mostraram
superiores as médias de Paulino et al. (2002) e (2006) que registraram valores de 1,25 e
1,80, trabalhando com Urochloa decumbens.
A energia encontrada nas análises das amostras desse experimento se mostraram
1 kcal/kg superiores em média aos valores descritos por trabalho de Paulino et al.
(2006), já comentado acima.
É importante ressaltar que nenhum dos constituintes, da composição
bromatológica da forragem, se apresentaram diferentes nos tratamentos CAR impostos,
assim pode-se concluir que o pasto oferecido para as diferentes classes de animais eram
similares.
49
Tabela 6. Médias em porcentagem, de valores de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro
indigestível (FDNi), fibra em detergente neutro isenta de cinzas e proteína (FDNcp), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB) e energia bruta (EB), expresso em
kcal/kg, de Urochloa brizantha cv. Marandú, submetida ao pastejo por bovinos Nelore, classificados pelo CAR.
CAR PERÍODO P
ITEM BAIXO MÉDIO ALTO 28d 56d 84d CAR*PER CAR PER CV(%)
MS 23,28a 23,30a 23,95a 24,38a 23,37a 23,04b 0,76 0,29 0,03 6,37
FDN 65,25a 65,41a 63,90a 65,27a 66,93a 62,36b 0,94 0,23 <,0001 5,87
FDA 33,43a 32,75a 33,57a 32,23a 33,68a 33,85a 0,88 0,74 0,28 10,59
FDNi 16,34a 17,82b 16,60b 17,57a 15,80b 17,40a 0,0012 0,06 0,01 14,25
FDNcp 57,88a 57,94a 57,44a 59,83a 59,31a 54,12b 0,85 0,83 <,0001 6,52
EE 2,20a 2,29a 2,31a 1,98a 2,03a 2,79b 0,89 0,73 <,0001 24,32
PB 10,87a 11,58a 11,00a 9,55a 10,58a 13,33b 0,95 0,35 <,0001 17,89
EB 3,47a 3,49a 3,51a 3,46a 3,53b 3,68c 0,78 0,18 <,0001 3,65
Legenda: MS (porcentagem de matéria seca da Urochloa brizantha cv. Marandú); FDN (valores de fibra em detergente neutro, expressados em porcentagem da Urochloa
brizantha cv. Marandú); FDA (valores de fibra em detergente ácido, expressados em porcentagem da Urochloa brizantha cv. Marandú); FDNi (valores de fibra em detergente neutro indigestível, expressados em porcentagem da Urochloa brizantha cv. Marandú); FDNcp (valores de fibra em detergente neutro isenta de cinzas e proteína, expressados em porcentagem da Urochloa brizantha cv. Marandú); EE (valores em porcentagem de extrato etéreo, expressados na matéria seca de Urochloa brizantha cv. Marandú); PB (valores em porcentagem de proteína bruta, expressados na matéria seca de Urochloa brizantha cv. Marandú); EB (valores em kcal/kg de energia bruta, expressados na matéria seca da Urochloa brizantha cv. Marandú).
50
4.5. Consumo
A maioria dos indicadores relacionados com consumo apresentaram a mesma
tendência de variações em decorrência do experimento. Foi registrado aumento dos
valores do primeiro para o segundo período, seguido de queda para o período final do
experimento. A possível explicação para esse fato é o inicio de escassez de chuva nos
dois períodos inicias promovendo a necessidade do consumo superior de matéria seca
pelos animais no segundo período. Com o comportamento pluviométrico ocorrido entre
o segundo e terceiro período do experimento e a conseqüente melhora da composição
bromatológica da forrageira, foi observado a redução linear desses indicadores no
terceiro ciclo do estudo.
Os tratamentos CAR distintos não influenciaram (P>0,05) os valores de
consumo de matéria seca total (CMS) (Tabela 7). Isso provavelmente ocorreu porque
os diferentes tratamentos CAR também não influenciaram as médias de altura desse
trabalho, dessa forma a planta teve características estruturais similares para todas as
classes de animais provocando um consumo semelhante entre os bovinos. Essa variável
foi influenciada pelo período (P<0,05), como dito acima, alcançando valores iniciais de
6 kg de MS, posteriormente de 7,5 kg de MS e finalmente registrando valores de 6,5 kg
de MS por animal. O consumo de matéria seca em relação ao peso vivo também seguiu
o mesmo comportamento de variação (P<0,05). Paulino et al. (2006) trabalharam com
Urochloa decumbens sob pastejo por bovinos e destacou consumo médio de 4,5 kg de
MS/dia/animal, valores esses inferiores ao relatado por Marcondes et al. (2006) que
registraram 8 kg de consumo total de matéria seca/animal/dia em sistemas de
terminação. Euclides et al. (2000) utilizaram capins Urochloa brizantha cv. Marandu e
U. decumbens por novilhos Nelore no período das águas e encontraram valores de 2,75
e 2,65% de consumo de matéria seca em relação ao peso vivo, respectivamente.
O consumo de forragem e o consumo de forragem em relação ao peso vivo
foram influenciados pelos períodos do experimento (P<0,05), e não diferiram
significativamente para os tratamentos CAR distintos. Esse fato já era previsto pois a
mesma tendência de variação foi observada no consumo total desses animais. Valores
inferiores foram observadas por Paulino et al. (2006), em experimento destacado acima,
que registraram consumo médio de matéria seca de pasto em torno de 4 kg/animal/dia.
O consumo expresso em função do peso metabólico não foi influenciado pelo
tratamento (P>0,05) e foi diferente quanto ao período do presente trabalho (P =
51
0,0002). Marcondes et al. (2006) observaram valores superiores para esse indicador,
sendo próximas a 100 g/kg, ao contrario dos 75 g/kg desse estudo.
O consumo de suplemento e o consumo de suplemento em relação ao peso vivo
dos animais não foram influenciados (P>0,05) (Tabela 7). Os animais foram
suplementados com 750 gramas em média de suplemento por dia/animal. Os ganhos
atingiram médias de 400 gramas de peso por dia. Paulino et al. (2002) suplementaram
animais com 900 gramas por dia e registraram ganho de peso médio de 400 gramas.
Moraes et al. (2006) usaram 750 gramas de suplemento protéico e relataram ganho
médio diário de 600 gramas. Paulino et al. (2006) relataram consumo de 0,6% de
consumo de suplemento em relação ao peso vivo dos animais, superior ao observado
nesse experimento que foi de 0,2% do peso vivo.
52
Tabela 7. Médias de consumo de matéria seca total (CMS total), consumo de matéria seca expresso em porcentagem do peso vivo (CMS PV), consumo de matéria expresso
em porcentagem de unidade tamanho metabólico (CMS utm), consumo de pastagem (CMS Pasto), consumo de pastagem em relação ao peso vivo (C.Pst PV),
consumo individual de suplemento (Cons. Supl.) e consumo individual de suplemento expresso em porcentagem do peso vivo ( CSpl. PV) de bovinos Nelore,
classificados pelo CAR, submetidos ao pastejo de Urochloa brizantha cv. Marandú.
CAR PERÍODO P
ITEM BAIXO MÉDIO ALTO 28d 56d 84d CAR*PER CAR PER CV(%)
CMS tot.(kg) 6,69a 6,63a 6,68a 6,00a 7,50b 6,52a 0,97 0,99 <,0001 30,54
CMS PV(kg/Pv) 1,97a 1,92a 1,98a 1,71a 2,34b 1,82a 0,78 0,87 <,0001 31,29
CMS utm(g/Kg) 76,15a 74,44a 75,83a 69,20a 85,08b 72,14a 0,94 0,94 0,0002 30,77
CMS pasto(kg) 6,06a 5,96a 5,93a 5,30a 6,82b 5,84a 0,97 0,95 <,0001 33,44
C.pst PV(kg/Pv) 1,56a 1,50a 1,51a 1,39a 1,74b 1,44a 0,92 0,90 0,0001 34,27
Cons supl.(kg) 0,63a 0,67a 0,75a 0,69a 0,68a 0,68a 0,99 0,45 0,93 37,10
Cspl. PV(kg/pv) 0,16a 0,17a 0,19a 0,18a 0,17a 0,17a 0,99 0,46 0,32 37,55
Legenda: CMS tot.(consumo total individual (kg), expressado na matéria seca, por dia); CMS PV (consumo total individual diário (kg), expressado na matéria seca, em relação ao peso vivo); CMS utm (consumo total individual diário (kg), expressado na matéria seca, em relação ao tamanho metabólico); CMS pasto (consumo total individual de forragem (kg), expressado na matéria seca, por dia); C.pst PV (consumo total individual diário de forragem (kg), expressado na matéria seca, em relação ao peso vivo); Cons supl.(consumo total individual de suplemento (kg), expressado na matéria seca, por dia); Cspl.PV(consumo total individual diário de suplemento (kg), expressado na matéria seca, em relação ao peso vivo).
53
4.6. Peso inicial e final, ganho total de peso, GMD, carga animal e unidade animal/ha
4.6.1. Peso inicial e final dos animais
Foi proposto como condições experimentais que os animais apresentassem peso
inicial similares para que fosse possível observar as diferenças nas respostas que cada
tratamento poderia exercer. Assim o peso inicial não diferiu quanto aos tratamentos dos
animais (P<0,05). Da mesma forma, no final do estudo não foi observado influência
significativa para peso final dos animais quanto ao tratamento CAR (P>0,05).
4.6.2. Ganho total e GMD
Embora o destaque dado para composição bromatológica da forragem, os valores
de ganhos observados foram considerados de médios a baixos, quando comparados à
literatura (ANDRADE, 2003).
O ganho total de peso e o GMD (Tabela 8) do experimento também não foram
influenciados pelas classes CAR (P>0,05). Os animais ganharam em média 33kg o que
representou um ganho diário de 400 g durante esse estudo.
Maraschin (2004) descreveu ganhos médios diários de 580 g a 740 g de peso por
animal quando avaliados sistemas de pastejo de forrageiras sob lotação continua
impostos a quatro níveis de oferta de folhas.
Em trabalho desenvolvido por Canesin et al. (2009) e (2007), os autores
relataram ganhos de peso diário de 0,25 e 0,54 kg de bovinos expostos ao pastejo de
capim-marandu. Essas médias são próximas às registradas nesse estudo e inferiores ao
trabalho escrito por Góes et al. (2005) onde foi encontrado valores de 0,6 kg de ganho
diário em média.
Andrade (2003) alcançou valores entre 0,75 e 0,93 kg/animal/dia em média de
ganho de peso, para 30 e 40 cm de altura do capim-marandu, respectivamente, com
novilhas de corte Nelore em crescimento, sob pastejo utilizando método de lotação
contínua.
54
4.6.3. Carga animal e unidade animal/ha
A carga animal (kg/ha) e a lotação (UA/ha) (Tabela 9), não diferiram
significativamente (P>0,05) entre animais CAR diferentes.
Foi observada diferença significativa quanto a essas variáveis (P<0,05) quando
comparamos os períodos experimentais. O último período do experimento apresentou
médias superiores a 200 kg de peso vivo quando comparado com o primeiro período do
mesmo experimento. A lotação evoluiu de 4,5 para 5,1 UA/ha no decorrer do trabalho.
Isso provavelmente ocorreu devido à entrada dos animais reguladores com intuito de
manter as condições experimentais. Vale ressaltar que a altura média dos piquetes teve
comportamento inverso, comprovando que devido ao aumento da carga animal, a
forragem foi pastejada com mais severidade.
Maraschin (2004) avaliou o rendimento de forrageiras em diferentes sistemas de
lotação. O autor revelou médias de 3.000 kg de peso vivo/ha em lotação continua , o
que se mostra superior a esse experimento que reporta médias máximas de 2300 kg de
peso animal/ha/ano.
Canesin et al. (2009) trabalharam com freqüência de suplementação de bovinos
Nelores em regime de pastejo de capim-marandu e encontrou médias de lotação de 1,7
UA/ha. Esses números podem ter sido inferiores ao observado nesse experimento
devido ao fato do trabalho citado acima se estender na época seca do ano (inverno).
As médias de lotação do experimento em questão se apresentam diferentes as
médias brasileiras que são em torno de 0,9 UA/ha e também em relação as médias de
lotação de países considerados desenvolvidos que são por volta de 2,5 UA/ha (ABIEC,
2011).
55
Tabela 8. Médias de peso inicial, peso final, ganho total e ganho médio diário de bovinos Nelore, classificados pelo CAR, submetidos ao pastejo de Urochloa brizantha cv.
Marandú.
CAR P
ITEM BAIXO MÉDIO ALTO CAR CV(%)
Peso inicial (kg) 360,41a 360,42a 360,41a 0,99 9,87
Peso final (kg) 391,87a 395,44a 393,26a 0,89 10,38
Ganho tot. (kg) 31,45a 35,02a 32,84a 0,59 51,15
GMD (kg) 0,37a 0,42a 0,39a 0,59 51,15
Legenda: Peso inicial (peso individual (kg) no inicio do experimento); Peso final (peso individual (kg) no fim do experimento); Ganho tot. (ganho de peso individual (kg) durante o período experimental); GMD (ganho de peso individual diário (kg) durante o período experimental).
Tabela 9. Médias de carga animal e unidade animal de bovinos Nelore, submetidos ao pastejo de Urochloa brizantha cv. Marandú.
CAR PERÍODO P
ITEM BAIXO MÉDIO ALTO 28d 56d 84d CAR*PER CAR PER CV(%)
Carga an. 2275a 2192a 2092a 2058a 2210a 2292b 0,98 0,70 0,02 21,81
UA/ha 5,06a 4,87a 4,65a 4,57a 4,91a 5,09b 0,98 0,70 0,02 21,80
Legenda: Carga an. (Quantidade de peso animal (kg), por hectare, dos piquetes de Urochloa brizantha cv, Marandú); UA/ha (Quantidade de unidade animal, por hectare, dos piquetes de Urochloa brizantha cv, Marandú).
56
4.7. Comportamento Ingestivo
4.7.1. Tempo em pé e deitado
Os valores relacionados ao tempo em que os animais ficaram em pé (Tabela 10)
não diferiram significativamente nos tratamentos de animais CAR distintos,
apresentando médias de 490 min gastos com a essa atividade (P>0,05).
O gasto de tempo deitado (Tabela 10) foi menor no segundo período do
experimento (P<0,05), isso provavelmente ocorreu devido ao decréscimo na oferta e
qualidade de forragem com aproximação da seca. Esses valores não diferiram
significativamente nos tratamentos de animais CAR distintos, com médias de 210 min
gastos (P>0,05).
4.7.2. Tempo de cocho, ruminação, pastejo e ócio
O tempo despendido em cocho pelos animais (Tabela 10) não diferiu
significativamente nos tratamentos de animais CAR distintos, apesar de animais CAR
baixo (30 Min) demonstrarem menor tempo de visitação ao comedouro quando
comparado aos seus homólogos altos (36 Min) (P>0,05).
Os dados de tempo de cocho apresentaram respostas decrescentes com a evolução
do período do experimento, diferindo significativamente (P<0,05) entre os períodos 1 e
2 deste trabalho, talvez explicado pelo fato de que a qualidade da forragem disponível
próximo à estação seca do ano seja de nível inferior, desta forma o animal gasta mais
tempo pastejando e menos tempo com as outras atividades.
Esses valores corroboram Cabral (2011) que relatou média de 30 min de tempo
de cocho em média pelos animais de seu experimento, e inferiores ao estudo de Bremm
et al. (2008) onde afirmaram que seus animais gastaram em média de 30 a 80 minutos
com essa atividade.
O tempo com atividade de ruminação (Tabela 10) se apresentou superior no
segundo período do experimento, se comparado ao primeiro (P = 0,02), isso
provavelmente ocorreu devido ao decréscimo no teor de qualidade da forragem. Isso já
era esperado pois o tempo despendido com ruminação é influenciado pela natureza da
dieta, em que os alimentos concentrados reduzem o tempo de ruminação e os
volumosos, com alto teor de fibra tendem a aumentá-lo.
57
O mesmo não diferiu significativamente nos tratamentos de animais CAR
distintos, apesar de animais CAR baixo (82 Min) demonstrarem menor tempo de
ruminação quando comparado aos CAR alto (85 Min) (P>0,05).
Os valores de tempo de ruminação são inferiores aos relatados por Cabral (2011)
e Silva et al. (2005) que constataram médias de 150 e 158 min, respectivamente, de
atividade de ruminação pelos animais testatos.
O gasto temporal com atividade de pastejo (Tabela 10) foi superior no segundo
período do experimento (P<0,05), isso provavelmente ocorreu devido ao decréscimo na
oferta de forragem com as mudanças nas condições climáticas. O mesmo não diferiu
significativamente nos tratamentos de animais CAR distintos, apresentando médias de
370 min gastos com a essa atividade (P>0,05).
Penning et al. (1998) registraram 451 min/dia de gasto de tempo para o pastejo
de vacas secas. O autor ainda afirma que dificilmente bovinos e ovinos ultrapassam um
teto de 720 minutos em pastejo por dia. Bremm et al. (2008) encontraram valores de
390 a 450 min gastos diariamente com essa atividade.
Segundo Carvalho et al. (2001), a estrutura do pasto é uma característica central
e determinante tanto da dinâmica de crescimento e competição nas comunidades
vegetais quanto do comportamento ingestivo dos animais em pastejo. O maior tempo
de pastejo pode estar relacionado à maior procura por lâminas foliares.
Ainda deve ser lembrado que se constatou médias de alturas e massa seca total
inferiores nos períodos finais desse experimento comprovando a teoria de Baggio et al.
(2009) que demonstraram que, com a diminuição da altura do pasto, ocorre aumento
no tempo de pastejo, que varia de 380 a 459 minutos, respectivamente, para as alturas
de 40 e 10 cm. Burger et al. (2000) afirmaram que bovinos em pastagens cultivadas
despendem de 4 a 12 horas por dia para pastejo.
Os valores relacionados com atividade de ócio (Tabela 10) se apresentaram
inferior no segundo período do experimento, se comparados ao período inicial
(P<0,05), isso provavelmente ocorreu devido ao acréscimo nos gastos de tempo com
atividades como ruminação e pastejo. O mesmo não diferiu significativamente nos
tratamentos de animais CAR distintos, apresentando médias de 200 min gastos com a
essa atividade (P>0,05).
Bremm et al. (2008) relataram médias superiores às desse experimento, onde os
animais gastaram de 510 a 570 min com atividade de ócio nos dias de avaliação.
58
Contudo Rodrigues et al. (1993) encontraram dados próximos a 270 min para essa
atividade.
4.7.3. Taxa de bocado, mastigação e bolo de ruminação
As médias encontradas para a taxa de bocados foram de 40 bocados/minuto
(Tabela 11), e se apresentaram inferiores no segundo período do experimento quando
comparado ao inicial (P<0,05), isso ocorreu devido ao acréscimo no tempo gasto com
cada bocado o que com certeza está intimamente relacionado à qualidade da forragem
oferecida. O mesmo não diferiu significativamente nos tratamentos de animais CAR
distintos (P>0,05).
O aumento do intervalo de bocados seria resultado do esforço na colheita de
menor quantidade de folhas disponíveis nos perfilhos reprodutivos, uma vez que as
folhas, além de estarem em mais baixa disponibilidade, se encontram distanciadas pelo
aumento dos entrenós dos colmos, dificultando sua captura (CARVALHO et al., 2001).
Minson (1990) encontrou valores entre 55 a 65 bocados/minuto. Contudo,
Santos et al. (2004) observaram 35 bocado/minuto em pastagem de capim-marandu
manejada a 30 cm de altura.
O valor descrito para bolo de ruminação foi de 48 a 51 mastigações (Tabela 11),
e superior no último período do experimento (P<0,05), provavelmente decorrente aos
níveis de fibra da forragem oferecida nesse período do experimento, comprovando o
embasamento dos dados registrados de maior tempo de ruminação no período final
desse trabalho. O mesmo não diferiu significativamente nos tratamentos de animais
CAR distintos (P>0,05).
Silva et al. (2005) verificaram valores similares para essa variável descrevendo
dados de 45 mastigações em media/bolo de ruminação no seu experimento. Burguer et
al. (2000) apresentaram medias entre 51 e 77 mastigações observadas em seu trabalho.
59
Tabela 10. Médias de tempo em pé, tempo deitado, tempo de cocho, tempo de ruminação, tempo de pastejo e tempo em ócio de bovinos Nelore, classificados pelo CAR,
submetidos ao pastejo de Urochloa brizantha cv. Marandú.
CAR PERÍODO P
ITEM BAIXO MÉDIO ALTO 1 2 CAR*PER CAR PER CV(%)
Em pé (min) 489,8a 496,7a 489,6a 493,2a 490,8a 0,20 0,87 0,59 10,66
Deitado (min) 217,4a 210,2a 216,4a 225,3a 203,9b 0,23 0,88 <,0001 25,29
Cocho (min) 29,9a 32,5a 35,8a 36,5a 29,0b 0,21 0,37 0,0002 67,04
Ruminando(min) 81,9a 84,8a 85,1a 80,0a 87,9b 0,81 0,95 0,02 45,89
Pastejando (min) 378,5a 378,6a 374,1a 340,9a 406,5b 0,47 0,58 <,0001 17,03
Ócio (min) 204,9a 198,6a 208,4a 246,8a 161,2b 0,98 0,79 <,0001 35,21
Legenda: Em pé (médias de tempo individual diário, despendidos em pé, expressado em minutos); Deitado (médias de tempo individual diário, despendidos deitado, expressado em minutos); Cocho (médias de tempo individual diário, despendidos em atividade de cocho, expressado em minutos); Ruminando (médias de tempo individual diário, despendidos em atividade de ruminação, expressado em minutos); Pastejando (médias de tempo individual diário, despendidos em atividade de pastejo, expressado em minutos); Ócio (médias de tempo individual diário, despendidos em atividade de ócio, expressado em minutos). Tabela 11. Médias de bolo de ruminação e número de bocados de bovinos Nelore, classificados pelo CAR, submetidos ao pastejo de Urochloa
brizantha cv. Marandú. CAR PERÍODO P
ITEM BAIXO MÉDIO ALTO 1 2 CAR*PER CAR PER CV(%)
Bolo rum. 49a 49a 51a 48a 51b 0,58 0,51 <,0001 18,35
Boc/min. 39a 40a 40a 42a 37b 0,08 0,74 <,0001 23,51
Legenda: Bolo rum. (médias de número de bolo de ruminação individual diário, de bovinos Nelore submetidos ao pastejo de Urochloa brizantha cv, Marandú); Boc/min. (número de bocados individual diário, de bovinos Nelore submetidos ao pastejo de Urochloa brizantha cv, Marandú, por minuto);
60
5. CONCLUSÕES
Nas condições desse experimento não houve efeito das diferentes classificações
do consumo alimentar residual pós-desmame impostos, ou seja, esses tratamentos não
foram capazes de influenciar nas características produtivas, morfológica ou nutricionais
da forrageira e nem no desempenho, consumo individual ou comportamento ingestivo
dos animais.
De acordo com os resultados desse experimento não foi constatado a viabilidade
para seleção de animais com classificação CAR distintas, em condições semelhantes,
com objetivo da criação em regime de pastejo.
61
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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