INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 1
JOSÉ AUGUSTO FIORIN (ORG.)
sapiens editora
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 2
2007,Sapiens Editora
Obras da série Estudos da Sociedade:
Volume 1 A organização das sociedades na história da humanidade
Volume 2 O pensamento Humano na história da Filosofia
Volume 3 O Desenvolvimento Brasileiro – Colônia, Império e República
Volume 4 A Humanidade em seu transcurso histórico
Volume 5 Sociologia Rural: Breve Introdução
Catalogação na Fonte
Copyright ®
Fiorin, José Augusto (org.). Introdução ao Cooperativismo. Ijuí: Sapiens Editora, 2007. 60 p.
1.Sociedade 2. Cooperativismo 3.Sociologia 4.Cultura 5.Estado I.Título II.Série
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 3
Instituto
Municipal de Ensino Assis Brasil
Curso Técnico em Agropecuária
Prof. José Augusto Fiorin
HISTÓRIA DO COOPERATIVISMO
A história da cooperação
A cooperação sempre existiu nas sociedades humanas, desde as
eras mais remotas, estando sempre associada às lutas pela
sobrevivência, às crises econômicas, políticas e sociais, bem como às
mudanças.
Os melhores exemplos da cooperação aparecem quando se
estuda a organização social dos antigos povos como os babilônios,
gregos,
chineses, astecas, maias e incas.
A cooperação econômica se fortaleceu no século XVI com P.C.
Plockboy que idealizava a cooperação integral por classes de
trabalhadores, e com John Bellers, que procurava organizar "Colônias
Cooperativas" para produzir e comercializar seus produtos, na tentativa
de eliminar o lucro que era apropriado pelos intermediários.
O Cooperativismo moderno surgiu junto com a Revolução
Industrial, como forma de amenizar os traumas econômicos e sociais que
assolavam a classe trabalhadora com suas mudanças e transformações.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 4
O processo de industrialização, na sua primeira etapa, fez com
que os artesãos e trabalhadores rurais migrassem para as grandes
cidades, atraídos pelas fábricas em busca de melhores condições de vida.
Essa migração fez com que houvesse excesso de mão-de-obra,
resultando na exploração do trabalhador de forma abusiva e desumana,
submetendo-os a uma jornada de trabalho de até 16 horas/dia, e salários
que não supriam as necessidades básicas dos trabalhadores.
Mulheres e crianças eram obrigadas a ingressar no mercado de
trabalho em condições mais cruéis que os homens, passando inclusive a
ser exploradas nas minas de carvão...
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 5
Os Tecelões de Rochdale
Em 21 de dezembro de 1844, em Toad-Lane (Beco do Sapo) um
grupo de 28 tecelões da cidade de Rochdale, na região de Manchester,
na Inglaterra, lançou no mundo a semente do sistema econômico do
Cooperativismo. Um século e meio de experiência consagrou este
sistema como o maior movimento de idéias já realizado na história da
humanidade.
Formavam este grupo de idealistas:
01. Benjamin Jordan - ajudou a alugar o armazém onde funcionava a
Cooperativa.
02. Benjamin Rudman - tecelão e cartista. Retraído, mas firme e
trabalhador.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 6
03. Charles Howarth - operário de fábrica de algodão, era o
"Arquimedes da Coope-ração". Autor dos estatutos rochdalianos e criador
do princípio da distribuição de lucros na produção das contas. Foi o
primeiro secretário da Cooperativa.
04. David Brooks - estampador e cartista, foi o primeiro encarregado
das compras da Cooperativa.
05. George Healey - chapeleiro.
06. James Banford - um dos quatro conselheiros eleitos na primeira
assembléia, em 13 de agosto de 1844.
07. James Daly - um dos que mais influíram no comitê de tecelões de
flanela, em favor da criação da Cooperativa. Foi secretário na primeira
administração da Cooperativa.
08. James Maden - tecelão da flanela, era um dos "adeptos da
esperança".
09. James Manock - tecelão de flanelas e cartista, foi suplente várias
vezes e conselheiro.
10. James Smithies - classificador de lãs e guarda-livros. Foi
considerado o maior dos pioneiros.
11. James Standrind.
12. James Tweedale - fabricante de tamancos e socialista. Um dos
primeiros conselheiros e 5º presidente da Cooperativa.
13. James Willkinson - ajudou a alugar o armazém onde funcionava a
Cooperativa.
14. John Bent - alfaiate e socialista. Um dos primeiros integrantes do
Conselho Fiscal.
15. John Collier - mecânico socialista. Exerceu a função de
conselheiro da Cooperativa várias vezes.
16. John Garsid - marcineiro.
17. John Holt - foi o primeiro tesoureiro da Cooperativa.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 7
18. John Hill.
19. John Kershaw - era guarda de armazém de uma mina de carvão.
Também trabalhava como cartista.
20. John Sconcroft - vendedor ambulante.
21. Joseph Smith - separador de lã. Participou da reforma social.
Integoru a primeira comissão de compras.
22. Miles Ashworth - tecelão de flanela e cartista, foi o primeiro
presidente da Cooperativa de Rochdale.
23. Robert Taylor - organizador da venda de livros e revistas.
24. Samuel Ashworth - tecelão de flanela, foi o primeiro gerente da
Cooperativa, cargo que ocupou por 22 anos. Deixou a Cooperativa com o
expressivo número de 6 mil associados.
25. Samuel Tweedale - tecelão, foi o primeiro conferencista da
Cooperativa.
26. Willian Cooper - tecelão de flanela e socialista. Foi o primeiro
caixeiro da Cooperativa.
27. Willian Mallaleu - suplente do conselho reeleito na primeira
assembléia.
28. Willian Taylor - tecelão, foi um dos primeiros a acreditar e a
ingressar no movimento.
Ana Tweedale foi a única mulher que apoiou o grupo, ajudando a
conseguir o primeiro local onde funcionou a Cooperativa. A primeira
mulher a ingressar como associada da cooperativa Pioneira, será Eliza
Brierley, que é admitida em maio de 1846.
PRINCÍPIOS
O que é Cooperativismo?
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 8
É a união de pessoas voltadas para um objetivo comum, sem visar
lucro.
O cooperativismo, como o próprio nome já diz, tem como sua maior
finalidade, libertar o homem do individualismo, através da cooperação
entre seus associados, satisfazendo assim as suas necessidades.
Defende a reforma pacífica e gradual da coletividade e a solução
dos problemas comuns através da união, auxílio mútuo e integração
entre as pessoas. Busca a correção de desníveis e injustiças sociais com
a repartição equitária e harmoniosa de bens e valores.
Princípios do cooperativismo
1 - Adesão livre e voluntária - Cooperativas são organizações voluntárias
abertas para todas as pessoas aptas para usar seus serviços e dispostas
a aceitar suas responsabilidades de sócio sem discriminação de gênero,
social, racial, política ou religiosa.
2 - Controle democrático pelos sócios - as Cooperativas são organizações
democráticas controladas por seus sócios, os quais participam ativamente
no estabelecimento de suas políticas e nas tomadas de decisões. Homens
e mulheres, eleitos pelos sócios, são responsáveis para com os sócios.
Nas cooperativas singulares, os sócios têm igualdade na votação; as
Cooperativas de outros graus são também organizadas de maneira
democrática...
3 - Participação econômica dos sócios - os sócios contribuem
eqüitativamente e controlam democraticamente o capital de sua
Cooperativa. Parte desse capital é usualmente propriedade comum da
Cooperativa para seu desenvolvimento. Usualmente os sócios recebem
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 9
juros limitados sobre o capital, como condição de sociedade.Os sócios
destinam as sobras para os seguintes propósitos: desenvolvimento das
Cooperativas, apoio a outras atividades aprovadas pelos sócios,
redistribuição das sobras, na proporção das operações.
4 - Autonomia e Independência - as Cooperativas são organizações
autônomas de ajuda mútua. Entrando em acordo operacional com outras
entidades, inclusive governamentais, ou recebendo capital de origem
externa, elas devem fazer em termos que preservem o seu controle
democrático pelos sócios e mantenham sua autonomia.
5 - Educação, treinamento, informações - as Cooperativas oferecem
educação e treinamento para seus sócios, representantes eleitos,
administradores e funcionários para que eles possam contribuir
efetivamente para o seu desenvolvimento. Também informam o público
em geral, particularmente os jovens e os líderes formadores de opinião
sobre a natureza e os benefícios da cooperação.
6 - Cooperação entre cooperativas - as cooperativas atendem seus sócios
mais efetivamente e fortalecem o movimento cooperativo trabalhando
juntas, e de forma sistêmica, através de estruturas locais, regionais,
nacionais e internacionais, através de Federações, Centrais,
Confederações etc.
7 - Preocupação com a comunidade - as Cooperativas trabalham pelo
desenvolvimento sustentável de suas comunidades, através de políticas
aprovadas pelos seus membros, assumindo um papel de
responsabilidade social junto a suas comunidades onde estão inseridas.
SIMBOLOGIA
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 10
Os símbolos e a bandeira do cooperativismo
1- Símbolos
Pinheiro - Antigamente era tido como símbolo da imortalidade e da
fecundidade pela sua sobrevivência em terras menos férteis e pela
facilidade na sua multiplicação.
Círculo - Representa a vida eterna, pois não tem horizonte final,
nem começo, nem fim.
Verde - O verde escuro das árvores lembra o princípio vital na
natureza.
Amarelo - O amarelo ouro simboliza o sol, fonte de energia e calor.
Assim nasceu o emblema do Cooperativismo: um círculo abraçando
dois pinheiros, para indicar a união do movimento, a imortalidade
de seus princípios, a fecundidade de seus ideais, a vitalidade de
seus adeptos.Tudo isso marcado na trajetória ascendente dos
pinheiros que se projetam para o alto, procurando subir cada vez
mais.
2- A bandeira
O Cooperativismo possui uma bandeira formada pelas sete cores do
arco-íris, aprovada pela ACI em 1932, como símbolo de paz e esperança.
Cores da bandeira do Cooperativismo:
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 11
Cada uma das cores tem um significado próprio.
Vermelho - coragem significado próprio.
Alaranjado - visão de possibilidade do futuro.
Amarelo - desafio em casa, família e comunidade.
Verde - crescimento de ambos, individual (como pessoa) e dos
cooperados.
Azul - horizonte distante, a necessidade de ajudar os menos
afortunados, unindo-os uns aos outros.
Anil - pessimismo, lembrando a necessidade de ajudar a si próprio e
aos outros através da cooperação.
Violeta - beleza, calor humano e coleguismo.
COOPERATIVISMO
O associacionismo cooperativista tem por fundamento o
processo social da cooperação e do auxílio mútuo segundo o qual
aqueles que se encontram na mesma situação desvantajosa de
competição conseguem, pela soma de esforços, garantir a sobrevivência.
Cooperativismo é a doutrina que preconiza a cooperação
como forma de organização e ação econômicas, pela qual as pessoas ou
grupos que têm o mesmo interesse se associam, a fim de obter
vantagens comuns em suas atividades econômicas. Como fato
econômico, o cooperativismo atua no sentido de reduzir os custos de
produção, obter melhores condições de prazo e preço, edificar
instalações de uso comum, enfim, interferir no sistema em vigor à
procura de alternativas a seus métodos e soluções.
Seus princípios, estabelecidos em 1966 pela Aliança
Cooperativa Internacional, remontam a outros fixados em 1844 e
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 12
resumem-se em: adesão livre; gestão democrática; taxa limitada de juro
ao capital social; sobras eventuais para os cooperados, que podem ser
destinadas ao desenvolvimento da cooperativa, aos serviços comuns e
aos associados, proporcionalmente a suas operações; neutralidade social,
política, racial e religiosa; ativa colaboração das cooperativas entre si e
em todos os planos, local, nacional e internacional; constituição de um
fundo para a educação dos cooperados e do público em geral.
Histórico. Em seus primórdios, no século XVIII, o
cooperativismo pretendia constituir uma alternativa política e econômica
ao capitalismo, eliminando o patrão e o intermediário, e concedendo ao
trabalhador a propriedade de seus instrumentos de trabalho e a
participação nos resultados de seu próprio desempenho. Reformadores
sociais, socialistas utópicos ou socialistas cristãos como Robert Owen e
Charles Fourier criaram cooperativas de produção. Louis Blanc fundou o
que chamou de "oficinas sociais", ao agrupar artífices do mesmo ofício.
Destacam-se, como teóricos do cooperativismo, Beatrice Potter Webb,
Luigi Luzzatti e Charles Gide, que chegou a propor a "república
cooperativa".
Em maio de 1838, com o movimento cartista na Inglaterra,
que se disseminou pela classe média, surgiram as primeiras
manifestações concretas de cooperativismo, que culminaram com a
fundação da Sociedade dos Pioneiros de Rochdale (1844), que reunia 28
tecelões da localidade.
Na atualidade, especialmente nos países capitalistas mais
desenvolvidos, o cooperativismo convive com outras formas de
organização empresarial, como na Suécia, país onde mais e melhor se
desenvolveu. No Brasil, sobressaem algumas cooperativas agrícolas. O
modelo brasileiro de cooperativismo é o unitário, isto é, a cooperação é
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 13
regulada por uma só lei orgânica. O modelo diversificado gera legislação
específica para cada tipo de organização cooperativa.
Tipos de cooperativas. As cooperativas dividem-se em três
tipos básicos: as de produção, as de consumo e as de crédito. As
primeiras agrupam trabalhadores que se associam para produzir bens ou
serviços para uso mútuo ou visando ao mercado. As segundas
congregam consumidores de qualquer gênero, de forma a obter
melhores preços, condições e qualidade de bens e serviços, comprando
por atacado ou diretamente do produtor, para uso próprio ou revenda.
As cooperativas de crédito, comuns na Alemanha do século
XIX, operavam em conjunto com as de consumo, e atendiam
principalmente aos pequenos produtores urbanos e artesãos. Além das
naturais formas mistas, um quarto tipo é a cooperativa agrícola, que
funde os três tipos anteriores, atuando em todo o universo da atividade
econômica vinculada à agricultura: compra e manutenção de
implementos; compra de sementes e outros insumos; financiamento da
produção; construção de silos e armazéns; plantio e colheita;
comercialização etc.
União Soviética e China. Na antiga União Soviética, as
fazendas coletivas, ou colcoses, constituíam uma forma de
cooperativismo coletivista imposto pelo estado. A diferença fundamental
estava em que as terras e tudo o que produziam eram de propriedade do
estado. O colcós, assim, era uma propriedade social característica da
acentuada centralização da economia soviética.
Na China, o primeiro plano qüinqüenal, de 1953 a 1957, que
visava à implantação do socialismo, baseou-se no modelo soviético e
criou no campo cooperativas agrícolas de produção, que agrupam de
trinta a quarenta famílias trabalhando em conjunto. Ao contrário do que
se dava na União Soviética, a terra e os meios de produção continuavam
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 14
propriedades individuais e a renda era distribuída conforme o trabalho e
os equipamentos de cada um.
Ao final desse plano qüinqüenal, as cooperativas já reuniam
de 100 a 300 famílias. Terras e bens de produção passaram à
propriedade da cooperativa. Os trabalhadores rurais continuavam donos
de seus bens pessoais, casa de moradia e animais domésticos. Podiam,
ainda, cultivar hortas para consumo próprio. A partir de 1957, novas
mudanças ocorreram: as cooperativas agrícolas foram substituídas pelas
comunas rurais, cada uma com cerca de cinco mil famílias. No final do
século XX, outras modificações estruturais verificaram-se na China.
Cooperativa: o que é?
O termo Cooperativa possui várias definições na literatura
especializada que variam conforme a época e o viés doutrinário em que
foram elaboradas. Considerando a multiplicidade de aspectos que tal
definição deve incorporar, fica difícil encontrar um conceito que expresse
em uma única frase essa multiplicidade. O que se busca é uma
aproximação que relaciona os principais elementos encontrados na
maioria das definições:
“Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se
unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades
econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de um
empreendimento de propriedade coletiva e democraticamente gerido”.
Basicamente o que se procura ao organizar uma Cooperativa
é melhorar a situação econômica de determinado grupo de indivíduos,
solucionando problemas ou satisfazendo necessidades comuns, que
excedam a capacidade de cada indivíduo satisfazer isoladamente.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 15
A Cooperativa é então, um meio para que um determinado
grupo de indivíduos atinja objetivos específicos, através de um acordo
voluntário para cooperação recíproca.
Esquematicamente podemos representar essa relação como:
Uma Cooperativa se diferencia de outros tipos de associações de pessoas
por seu caráter essencialmente econômico. A sua finalidade é colocar os
produtos e ou serviços de seus cooperados no mercado, em condições
mais vantajosas do que os mesmos teriam isoladamente. Desse modo a
Cooperativa pode ser entendida como uma “empresa” que presta
serviços aos seus cooperados.
Essa “empresa comunitária”, chamada cooperativa, é regida
por uma série de normas que regulamentam o seu funcionamento e
cujas origens remontam o ano de 1844, quando foi criada a primeira
cooperativa nos moldes que conhecemos hoje, em Rochdale na
Inglaterra. Essas normas, que orientam como será o relacionamento
entre a cooperativa e os cooperados e desses entre si, no âmbito da
cooperativa, são conhecidas como Princípios do Cooperativismo.
Embora sobre vários aspectos uma Cooperativa seja similar a
outros tipos de empresas e associações, ela se diferencia daquelas na
sua finalidade, na forma de propriedade e de controle, e na distribuiçao
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 16
dos benefícios por ela gerados. Essas diferenças definem uma
Cooperativa e explicam seu funcionamento. Para organizar essas
características e possibilitar uma formulação única para o sistema, foram
estabelecidos os princípios do cooperativismo, pelos quais todas as
cooperativas devem balisar seu funcionamento e sua relação com os
cooperados e com o mercado. Aceitos no mundo inteiro como a base
para o sistema, sua formulação mais recente estabelecida pela Aliança
Cooperativa Internacional data de 1995:
1º Princípio: Adesão Voluntária e livre
As cooperativas são organizações voluntárias, abertas a
todas as pessoas aptas a utilizar os seus serviços e dispostas a assumir
as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo,
sociais, raciais, políticas ou religiosas.
2º Princípio: Gestão Democrática Pelos Membros
As cooperativas são organizações democráticas controladas
pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas
políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres eleitos
como representantes dos outros membros são responsáveis perante
estes. Nas cooperativas de primeiro grau os membros têm igual direito
de voto (um membro, um voto), e as cooperativas de grau superior
(federações, centrais, confederações) são também organizadas de forma
democrática.
3º Princípio: Participação Econômica dos Membros
Os membros contribuem eqüitativamente para o capital das
suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Pelo menos parte
desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os
membros recebem, habitualmente, e se a houver, uma remuneração
limitada ao capital subscrito como condição da sua adesão. Os membros
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 17
afetam os excedentes a um ou mais dos seguintes objetivos:
desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da
criação de reservas, parte das quais, pelo menos, será indivisível;
benefício dos membros na proporção das suas transações com a
cooperativa; apoio a outras atividades aprovadas pelos membros.
4º Princípio: Autonomia e Independência
As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda
mútua, controladas pelos seus membros. Se estas firmarem acordos com
outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem à
capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle
democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia das
cooperativas.
5º Princípio: Educação, formação e informação
As cooperativas promovem a educação e a formação dos
seus membros, dos representantes eleitos, dos dirigentes e dos
trabalhadores de forma a que estes possam contribuir, eficazmente, para
o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral -
particularmente os jovens e os formadores de opinião - sobre a natureza
e as vantagens da cooperação.
6º Princípio: Intercooperação
As cooperativas servem de forma mais eficaz os seus
membros e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalhando em
conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e
internacionais.
7º Princípio: Interesse pela Comunidade:
As cooperativas trabalham para o desenvolvimento
sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos
membros.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 18
A Cooperativa e seus Valores
Definição
Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se
unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades
econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de
propriedade coletiva e democraticamente gerida.
Valores
As cooperativas baseiam-se em valores de ajuda mútua e
responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Na
tradição dos seus fundadores, os membros das cooperativas acreditam
nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social
e preocupação pelo seu semelhante.
A cooperativa como meio de sobreviver à crise
Na Inglaterra, na época da Revolução Industrial, existiam
muitas fábricas cheias de operários carregados de problemas e
necessidades, pois enquanto as fábricas prosperavam, os operários
viviam quase na miséria: muitas horas de trabalho, salário muito baixo,
desemprego, fome, etc. E então, em meio a todos estes problemas,
alguns operários resolveram se reunir para procurar uma solução e
sentiram que só através da cooperação poderiam sobreviver à crise.
Através da União de 28 tecelões (operários), é criado um pequeno
armazém cooperativo de consumo: a "Sociedade dos Equitativos
Pioneiros de Rochdale".
E aí foi lançada a semente do Cooperativismo, em Rochdale,
1844
Princípios Cooperativos
Os princípios cooperativos são as linhas orientadoras através
das quais as cooperativas levam os seus valores à prátca e são:
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 19
1º Princípio - Adesão voluntária e livre
" Liberdade é despertar nos outros a vontade de fazer."
As cooperativas são organizações voluntárias e abertas a
todas as pessoas aptas a utilizarem os seus serviços e a assumir as
responsabilidades como cooperados, sem descriminações de sexo,
sociais, raciais, políticas e religiosas.
2º Princípio - Gestão democrática pelos cooperados
" Nosso capital são as pessoas."
As cooperativas são organizações democráticas, controladas
pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas
políticas e na tomada de decisões. As pessoas, eleitas como
representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes.
Nas cooperativas de primeiro grau (singulares) os cooperados tem igual
direito de voto (um cooperado, um voto). As cooperativas de grau
superior (centrais, federações e confederações) são também organizadas
de forma democrática.
3º Princípio - Participação economica dos cooperados
" Somar é compartilhar resultados."
Os cooperados contribuem equitativamente para o capital
das suas cooperativas e controlam-no democraticamente. Parte desse
capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os
cooperados recebem, habitualmente, se houver, uma remuneração
limitada ao capital integralizado, como condição de sua adesão. Os
cooperados destinam os excedentes a um ou mais dos seguintes
objetivos: a) desenvolvimento de suas cooperativas, eventualmente
através da criação de reservas, parte das quais, pelo menos, será
indivisível; b) benefícios aos membros na proporção das suas transações
com a cooperativa; c) apoio a outras atividades aprovadas pelos
cooperados.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 20
4º Princípio - Autonomia e independencia
" Empreendimentos autonomos e controlados por seus
associados ."
As cooperativas são organizações autonomas, de ajuda
mútua, controladas pelos seus cooperados. Se estas firmarem acordo
com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a
capital externo, devem faze-lo em condições que assegurem o controle
democrático pelo seus cooperados e mantenham a autonomia das
cooperativas.
5º Princípio - Educação, formação e informação
" Educar é construir um futuro melhor."
As cooperativas promovem a educação e a formação dos
seus cooperados, dos representantes eleitos e dos funcionários de forma
que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das
suas cooperativas.Informam o público em geral, sobretudo os jovens e
os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.
6º Princípio - Cooperação entre Cooperativas
"A união faz a força."
As cooperativas servem de forma mais eficaz aos seus
cooperados e dão mais força ao movimento cooperativo, trabalho em
conjunto, através das estuturas locais, regionais, nacionais e
internacionais.
7º Princípio - Interesse pela Comunidade
"A responsabilidade social está no DNA do cooperativismo."
As cooperativas trabalham para o desenvolvimento
sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos
cooperados.
O SESCOOP
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 21
UM SERVIÇO PARA APOIAR O DESENVOLVIMENTO DO
COOPERATIVISMO
O cooperativismo, desde o seu surgimento no ano de 1844, a partir da
experiência exitosa dos tecelões de Rochdale, Inglaterra, sempre foi
considerado como uma alternativa aos modelos sócio-econômicos
tradicionais. Nasceu como um movimento popular autônomo e preserva
esta característica como vital para o seu permanente desenvolvimento.
Com doutrina e princípios próprios, o cooperativismo
preserva a iniciativa privada, persegue a eficiência econômica através da
gestão democrática, distribui os resultados proporcionalmente à
participação de cada membro nas atividades da cooperativa e, dessa
forma, desenvolve a cidadania em sua plenitude.
Por todas essas razões o cooperativismo se estendeu a todos
os países e acabou por se inserir em todos os setores da economia com
uma proposta alternativa adequada aos mais diversos problemas e
situações da economia moderna.
O cooperativismo no Brasil lançou raízes profundas em vários
segmentos da economia nacional. Desde o final do século passado,
quando se constituíram no país as primeiras cooperativas de Consumo,
até os dias de hoje, quando congrega um contingente de mais de 5
milhões de pessoas, o cooperativismo tem contribuído de forma notável
para viabilizar aquilo que hoje chamamos de "economia social".
No setor Agropecuário, no qual ganhou mais notoriedade em
nosso país face as características da produção rural brasileira, o
cooperativismo foi o elemento que aglutinou os esforços dos pequenos
produtores familiares e foi também a fórmula encontrada para que se
defendessem das pressões e dos interesses mais poderosos situados no
comércio ou na indústria. E tem sido o principal responsável pela
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 22
resistência dos pequenos produtores no enfrentamento de todos os
percalços que a nossa agricultura vem enfrentando nos últimos anos.
O reconhecimento desse papel pela sociedade brasileira tem
se manifestado de forma muito clara em nossa legislação. Assim é que o
artigo 174 da Constituição Federal de 1988, em seu segundo parágrafo,
fixa a responsabilidade do Estado em apoiar e estimular o
Cooperativismo. Com base nesse dispositivo e no entendimento de que o
ensino e a capacitação profissional é hoje o instrumento estratégico, por
excelência, para vencer os desafios da competitividade e da
empregabilidade e, portanto, para garantir o desenvolvimento da
economia brasileira, vem o governo federal de autorizar a criação do
Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – SESCOOP. Essa
instituição, à imagem e semelhança de outras congêneres, como o
SENAI, SENAC, SENAT e SENAR, que têm dado exemplos concretos de
como o setor privado pode conseguir, com sucesso e economicidade de
recursos, conduzir programas de capacitação profissional capazes de
atender as necessidades de seus públicos, respeitando a natureza de sua
organização e os aspectos doutrinários que lhes são próprios.
A novidade que se acrescenta com a criação do SESCOOP,
um serviço voltado exclusivamente para o público cooperativista, é
apenas o reconhecimento das características específicas da organização
cooperativista, acima referidas, e suas demandas diferenciadas.
O SESCOOP não implicará qualquer acréscimo às
responsabilidades financeiras do erário público. Muito menos das
cooperativas. A fonte dos recursos que deverá dispor a partir de 1999,
advirão das próprias cooperativas que passarão a destinar-lhe o valor da
contribuição de 2,5% sobre a folha de salários anteriormente destinadas
às outras instituições similares.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 23
O SESCOOP passa a ser um instrumento de extrema
importância no que se tange à elevação dos índices de profissionalização
da gestão das sociedades cooperativas, permitindo acelerar os
investimentos que elas vêm fazendo para o aperfeiçoamento de todo o
processo administrativo e operacional, essenciais ao desafio da
competitividade e da globalização. Nesse sentido deverá iniciar seus
trabalhos com o desafio de proporcionar as condições necessárias ao
monitoramento da gestão das empresas cooperativas apoiadas pelo
RECOOP.
Finalmente, o SESCOOP deverá contribuir para alavancar o
trabalho de desenvolvimento e promoção social no âmbito das
cooperativas, notadamente visando à incorporação dos jovens, filhos de
empregados e cooperados, ao ambiente cooperativista.
OS RAMOS DO COOPERATIVISMO
O modelo cooperativo tem sido usado para viabilizar
negócios em vários campos de atuação. Para efeito de organização do
Sistema Cooperativo elas estão organizadas por ramos conforme a área
em que atuam. São eles:
Cooperativas Agropecuárias
Reúnem produtores rurais ou agropastoris e de pesca, que
trabalham de forma solidária na realização das várias etapas da cadeia
produtiva: da compra de sementes e insumos até a colheita,
armazenamento, industrialização e venda no mercado da produção. Para
assegurar eficiência, a Cooperativa pode também, promover a compra
em comum de insumos com vantagens que, isoladamente, o produtor
não conseguiria.
Cooperativas de Consumo
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 24
Caracterizam-se pela compra em comum de artigos de consumo para
seus cooperantes, buscando diminuir o custo desses produtos. Na prática
funcionam como supermercados.
Cooperativas de Crédito
São sociedades de pessoas destinadas a proporcionar
assistência financeira a seus cooperantes. Funcionam mediante
autorização e fiscalização do Banco Central do Brasil, porque são
equiparadas às demais instituições financeiras. Para consecução de seus
objetivos podem praticar as operações passivas típicas de sua
modalidade, como obter recursos no mercado financeiro, nas instituições
de crédito, particulares ou oficiais, através de repasses e
refinanciamentos. Podem captar recursos via depósito à vista e a prazo,
de seus cooperantes; fazer cobrança de títulos, recebimentos e
pagamentos, mediante convênios correspondentes no país, depósitos em
custódia e outras captações típicas da modalidade. No que se refere às
operações ativas, diferem dos bancos, fundamentalmente, porque só
podem contratar essas operações, isto é, empréstimos de dinheiro, com
seus cooperantes, ao contrário dos bancos, que operam com o público
em geral. O cooperativismo de Crédito em nosso país estava organizado
em 2 modalidades distintas, as cooperativas de crédito mútuo (urbano) e
as cooperativas de crédito rural.
O modelo brasileiro era o que se chama de cooperativas
fechadas, pois só podiam associar pessoas de um grupo social específico,
por exemplo, para ser sócio de uma cooperativa de crédito rural a pessoa
tinha que ser proprietário de uma propriedade rural e, para ser sócio de
uma cooperativa de crédito mútuo, a pessoa tinha que pertencer a um
grupo profissional específico, médicos, advogados, ou, trabalhar em uma
mesma empresa, exemplo, SEBRAECOOP.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 25
Este cenário mudou com a resolução 3106 do Banco Central
que criou as chamadas cooperativas mistas. A partir dessa resolução as
cooperativas de crédito rural poderão associar pessoas de outros grupos
sociais, independentes de terem propriedade rural ou não. O mesmo
valendo para as cooperativas de crédito mútuo que podem associar
pessoas de diferentes grupos profissionais. A resolução criou também, a
cooperativa de empreendedores formada por empresários dos vários
ramos da atividade empresarial
Cooperativas Educacionais
Surgiram como uma solução para a crise que enfrentavam as
escolas brasileiras. Pais e alunos se uniram para enfrentar a falta de
estrutura do ensino público e o alto custo das mensalidades das escolas
particulares. Essas cooperativas podem oferecer todos os níveis de
ensino ou, concentrar o serviço apenas em um tipo de atendimento como
educação infantil, por exemplo. Outras oferecem cursos
profissionalizantes. Há ainda as escolas agrícolas. A escolha do nível de
ensino em que a cooperativa vai atuar depende, também, das
necessidades das pessoas cooperadas. A vantagem desse modelo é a de
que os pais dos alunos participam da definição da proposta pedagógica
da escola e dos custos necessários para viabiliza-la.
Cooperativas Especiais
Compostas pelas cooperativas constituídas por pessoas que
precisam ser tuteladas. A Lei n. 9.867, do dia 10 de setembro, de 1999,
criou a possibilidade de se constituírem cooperativas “sociais” para
organização e gestão de serviços sociosanitários e educativos, mediante
atividades agrícolas, industriais, comerciais e de serviços, contemplando
as seguintes pessoas: deficientes físicos, sensoriais, psíquicos e mentais,
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 26
dependentes de acompanhamento psiquiátrico permanente, dependentes
químicos, pessoas egressas de prisões, os condenados a penas
alternativas à detenção e os adolescentes em idade adequada ao
trabalho e situação familiar difícil do ponto de vista econômico, social ou
afetivo.
As cooperativas sociais organizam o seu trabalho,
especialmente no que diz respeito às dificuldades gerais e individuais das
pessoas em desvantagem, e desenvolvem e executam programas
especiais de treinamento, com o objetivo de aumentar-lhe a
produtividade e a independência econômica e social. A condição de
pessoa em desvantagem deve ser atestada por documentação
proveniente de órgão da administração pública, ressalvando-se o direito
à privacidade.
O estatuto da dita “Cooperativa Social” poderá prever uma
ou mais categorias de sócios voluntários, que lhes preste serviços
gratuitamente, e não estejam incluídos na definição de pessoas em
desvantagem.
Cooperativas de Habitação
Compostas pelas cooperativas destinadas à construção,
manutenção e administração de conjuntos habitacionais para seu quadro
social. As cooperativas deste tipo utilizam o autofinanciamento ou as
linhas de crédito oficiais pra produzir imóveis residenciais com preços
abaixo do que se pratica normalmente no mercado, conseguidos através
de gestão dos recursos com maior eficiência. O custo total do
empreendimento é rateado, de acordo com a unidade escolhida, entre os
cooperantes, que contribuem com parcelas mensais e acompanham
todas as fases da produção dos imóveis: da aquisição do terreno e
elaboração do projeto até a entrega das chaves.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 27
Cooperativas de Infra-estrutura
Antes denominado “Energia/Telecomunicações e Serviços”,
composto pelas cooperativas, cuja finalidade é atender direta e
prioritariamente o próprio quadro social com serviços de infra-estrutura.
As cooperativas de eletrificação rural, que são a maioria, aos poucos
estão deixando de ser meras repassadoras de energia para se
transformar em geradoras de energia.
Cooperativas de Mineração
Compostas pelas cooperativas com finalidade de pesquisar,
extrair, lavrar, industrializar, comercializar, importar e exportar produtos
minerais
Cooperativas de Produção
Compostas pelas cooperativas dedicadas à produção de um
ou mais tipos de bens e mercadorias, sendo os meios de produção
coletivos, através da pessoa jurídica, e não individual do cooperante. É
um ramo relativamente novo, cuja denominação pertencia antes ao ramo
agropecuário. Para os empregados, cuja empresa entra em falência, a
cooperativa de produção geralmente é a única alternativa para manter os
postos de trabalho.
Cooperativas de Saúde
Compostas pelas cooperativas que se dedicam a recuperação
e preservação da saúde humana. É um dos ramos que mais rapidamente
cresceu nos últimos anos, incluindo médicos, enfermeiros, dentistas,
psicólogos e profissionais afins. Nelas são três as preocupações básicas:
valorização do profissional com melhor remuneração, condições de
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 28
trabalho adequadas e atendimento de qualidade ao paciente. É
interessante ressaltar que esse ramo surgiu no Brasil e está se
expandindo rapidamente para outros países.
Cooperativas de Trabalho
São sociedades de pessoas que, reciprocamente, se obrigam
a contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade
econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro, vez que o
resultado do trabalho é dividido ente os cooperantes. Trata-se de uma
modalidade que vem despontando como opção para gerar, manter ou
recuperar postos de trabalho. Denominam-se cooperativas de trabalho,
tanto as que produzem bens como aquelas que produzem serviços,
sempre pelos próprios cooperantes. Atividades como artesanato,
consultoria, auditoria, costura, informática e segurança, são alguns
exemplos da atuação deste tipo de cooperativa.
SÍMBOLOS DO COOPERATIVISMO
Emblema do Cooperativismo
O pinheiro é considerado símbolo da imortalidade e da
fecundidade. Multiplica-se com facilidade, inclusive em terrenos inóspitos.
Dois pinheiros simbolizam a união e fraternidade.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 29
O círculo é uma figura geométrica que não tem começo nem
fim, simboliza a eternidade do cooperativismo.
O verde-escuro dos pinheiros simboliza o princípio vital da
natureza e toda a esperança que ela encerra.
O amarelo-ouro, cor do sol, fonte de toda a energia e calor,
fonte de toda a vida.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 30
A combinação destes símbolos resultou na marca mundial do
cooperativismo: Em qualquer país, em qualquer língua, quaisquer que
sejam os princípios religiosos ou políticos, o emblema mostra a
eternidade sem limites do círculo, abraçando os dois pinheiros unidos e
coesos, imortais e fecundos nos seus princípios, perenes na multiplicação
de seus ideais.
A esperança verde e a energia amarela dos adeptos do
cooperativismo são marcadas pelas cores dos emblemas.
Os pinheiros, voltados para cima, mostram o
desenvolvimento.
Principais características:
1. CONCEITO:
· Sociedade civil/comercial sem fins lucrativos
2. FINALIDADE:
· Viabilizar e desenvolver atividades de consumo, produção,
crédito, prestação de serviços e comercialização;
· Atuar no mercado gerando benefícios para os cooperantes;
· Formar e capacitar seus integrantes para o trabalho e a
vida em comunidade.
3. GESTÃO
· Assembléia Geral de cooperantes, órgão máximo de decisão
dos destinos da cooperativa, a ela está subordinado o Conselho de
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 31
Administração, órgão executivo formado por cooperantes que é
responsável pela administração diária da cooperativa,
· Conselho fiscal, órgão formado por cooperantes cuja
finalidade é garantir que os direitos dos cooperantes e as decisões da
assembléia geral estejam sendo cumpridos.
4. LEGISLAÇÃO:
· Constituição Federal (art. 5o., incisos XVII E art. 174, par.
2o.)
· Código civil
· Lei federal no. 5.764/71
· Legislações específicas de acordo com a atividade exercida,
crédito, trabalho, saúde...
5. FORMAÇÃO
· Mínimo de 20 pessoas conforme estabelece a lei 5.764/71
· Qualquer pessoa física que não desenvolva atividades que
conflitem com os interesses da cooperativa
6. PATRIMÔNIO
· O capital é formado por quotas-partes ou pode ser
constituído por prestação de serviços, doações, empréstimos e processos
de capitalização
7. GESTÃO
· A cooperativa é uma instituição autogestionada.
· Nas decisões em assembléia geral, cada cooperante tem
direito a um voto
8. OPERAÇÕES
· Realiza plena atividade comercial
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 32
· Realiza operações financeiras, bancárias e pode se
candidatar a empréstimos e aquisições do governo federal
9. REMUNERAÇÃO DE DIRIGENTES
· Os dirigentes podem ser remunerados através de “pró-
labore”, cujo valor é definido em assembléia geral
10. RESULTADOS FINANCEIROS
· Após decisão em assembléia geral, as possíveis sobras
líquidas podem ser divididas de acordo com o volume de negócios do
associado com a cooperativa. É obrigatória a destinação de 10% das
sobras para os fundos de reserva e 5% para os fundos educacionais,
conforme a lei 5764 / 71
11. TRIBUTAÇÃO
Especialistas em direito tributário fazem uma lista dos
impostos, tributos e taxas a que uma entidade cooperativa está sujeita e
em que situações. As implicações tributárias, bem como as não-
incidentes, são:
1) PIS - De acordo com a legislação em vigor, a contribuição
incide o percentual de 1% sobre a folha de pagamento de funcionários
da cooperativa, e em casos de operar com não-associados, incide
percentuais de 0,65% de acordo com a Medida Provisória 1.546-22, de 7
de agosto de 1997.
2) COFINS - De acordo com o artigo 6o da Lei Complementar
70/91, as cooperativas estão isentas do recolhimento da contribuição
para Financiamento da Seguridade Social, mas tão somente quanto aos
atos cooperativos de suas finalidades.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 33
3) Contribuição Social - Conforme acórdão, o Conselho de
Contribuinte através da câmara Superior de recursos fiscais decidiu
"Acórdão SEREF/01 - 1.751 publicado no DOU de 13.09.96, Pág. 18.145"
que o resultado positivo obtido pelas sociedades cooperativas nas
operações realizadas com os seus associados, os atos cooperativos, não
integra a base de cálculo da Contribuição Social.
4) IRRLL - Não há incidência nos atos cooperativos.
5) IRPJ - O regulamento do Imposto de Renda é taxativo de
que, nas cooperativas que operam com associados, praticando, assim, o
ato cooperativo, ( artigo 79 da Lei 5.764) as sobras por acaso existentes
no encerramento do balanço não são tributadas, levando-se em linha de
consideração, que a cooperativa não é sociedade comercial.
6) FGTS - O FGTS somente tem como fato gerador para os
empregados da cooperativa, sendo certo que não existe o fato gerador
para os cooperativados.
7) INSS - Com o aditamento da Lei Complementar 84/96,
passou a incidir o percentual de 15% sobre a retirada de cada
cooperante e se os mesmos forem autônomos (inscritos na Previdência
Social); a Contribuição será de 20% sobre o salário-base de cada
associado. É importante ressaltar que a Obrigação do Recolhimento é de
exclusiva responsabilidade da cooperativa.
8) ISS - A maioria dos municípios brasileiros preceitua que a
incidência do Imposto em questão é sobre o total do faturamento.
Entretanto, vários especialistas entendem que a única receita operacional
da cooperativa de trabalho é a Taxa de Administração, que se tornaria o
fato gerador do ISS.
9) ICMS - Se a cooperativa operar dentro de um único
município, não existe a incidência do ICMS.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 34
Existe uma crescente demanda pela organização de
cooperativas, principalmente as de trabalho e de crédito. Abaixo
transcrevemos algumas questões que tem sido recorrentes na formação
de cooperativas e que podem auxilia-lo(a) no apoio à essas demandas:
PROCEDIMENTOS PARA FORMAÇÃO DE COOPERATIVA.
Fase preparatória : 1° - Reunião de um grupo de pessoas
interessadas em constituir a cooperativa, com as seguintes
finalidades:
Determinar os objetivos da cooperativa;
Averiguar as condições dos interessados, em relação aos
objetivos da cooperativa;
Verificar viabilidade econômica, financeira, mercadológica e
social da cooperativa;
Escolher uma comissão para tratar das providências necessárias
à constituição da cooperativa, com indicação do coordenador dos
trabalhos.
2º - Reunião com todos os interessados em participar da
cooperativa, a fim de responder aos seguintes questionamentos:
A necessidade da cooperativa é sentida por todos?
A cooperativa é a solução mais adequada?
Já existe alguma cooperativa na redondeza, que pudesse
satisfazer a necessidade do grupo?
Os interessados estão dispostos a entrar com a sua parte no
capital necessário para viabilizar a cooperativa?
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 35
O volume de negócios é suficiente para que os cooperantes
tenham benefícios?
Os interessados estão dispostos a operar integralmente com a
cooperativa?
3° - Procedimentos a serem feitos pela Comissão:
Procurar a OCERGS E SESCOOP/RS, para solicitar as orientações
necessárias à constituição da cooperativa;
Elaborar a proposta de estatuto da cooperativa
Distribuir aos interessados cópias da proposta de estatuto, para
que a estudem, e realizar reuniões com as pessoas interessadas
para discussão de todos os itens da proposta de estatuto e dos
itens principais do estudo de viabilidade econômico-financeira;
Definir o perfil da pessoa que irá ocupar cada cargo eletivo na
cooperativa e depois sondar possíveis ocupantes, para então
averiguar a capacitação e o interesse deles em ocupar o
respectivo cargo, considerando que esses cargos não são
remunerados, e sim pagos, se necessário, mediante um “pró
labore”. Para os cargos gerenciais devem ser contratados
executivos com a adequada capacitação profissional, sem
parentesco com membros do quadro social;
Convocar as pessoas interessada para a realização da Assembléia
Geral de Constituição da Cooperativa, com dia, hora e local
determinados, afixando o aviso de convocação em locais
freqüentados pelos interessados, podendo também ser veiculado
através da imprensa e rádio da localidade, sendo que, este
primeiro Edital não é obrigatório à publicação.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 36
MODELO DE CONVOCAÇÃO Convoca-se todos os interessados em criar
a Cooperativa ......................................
.....................................................................para a Assembléia de sua
Constituição, (nome) a realizar-se
em:.................................................................................. DATA:
________ 1 ________ /2004 horas .............................. LOCAL:
...........................................................................................................
...... ENDEREÇO:
........................................................................................................
com os seguintes ASSUNTOS: 1. Análise e aprovação do Estatuto Social;
2. Eleição do Conselho de Administração (ou Diretoria) e do Conselho
Fiscal; 3. Assuntos Gerais: LOCAL
...........................................................................................................
............ (nome da localidade) DATA _______ / _______ / 2 _______
COMISSÃO: …………………………………………………………………………….......
(assinaturas)
ASSEMBLÉIA GERAL DE CONSTITUIÇÃO DA COOPERATIVA :
1º - O Coordenador da Comissão de Organização da cooperativa faz a
abertura da Assembléia e solicita aos presentes que escolham o
Presidente dos trabalhos da reunião; o Presidente escolhe um Secretário
“ad hoc”;
2º - O Secretário faz a leitura da proposta do estatuto social da
cooperativa;
3º - Os presentes discutem e propõem sugestões de emendas ao
estatuto;
4º - As emendas colocadas em votação e aprovadas são incluídas na
proposta de estatuto;
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 37
5º - Votação do estatuto pela Assembléia;
6º - Eleição dos Cargos do Conselho de Administração (ou diretoria) e do
Conselho Fiscal da cooperativa, através do voto secreto de todos os
presentes, podendo ser eleita qualquer pessoa, desde que não seja:
Impedida por lei;
Condenada a pena que impeça, ainda que temporariamente, o
acesso a cargos públicos;
Impedida por crime falimentar, de prevaricação etc.
7º - O Presidente dos trabalhos convida o Presidente eleito para dirigir
os trabalhos;
8º - O Presidente eleito convida os demais membros do Conselho de
Administração e do Conselho Fiscal a assumirem seus assentos à mesa e
declara constituída a cooperativa;
9º - O Secretário faz a leitura da Ata da Assembléia que, após lida e
aprovada, deverá ser assinada por todos os cooperantes fundadores da
cooperativa.
OBS:. - Não é permitida a existência de parentesco até o 2º grau em
linha reta ou colateral (pai, filho, avô, irmão, neto, primo, etc.) de
quaisquer pessoas componentes dos órgãos de administração ou
fiscalização da cooperativa. - Menores de 18 anos de idade só poderão
fazer parte de sociedades cooperativas se assistidos por responsável
legal ou se emancipados. - O estatuto social e a ata de constituição,
antes de ser levados à Junta Comercial, deverá ser apreciado pela
OCERGS, a fim de verificar se não conflita com a legislação cooperativista
vigente (Lei 5.764 de 16 de dezembro de 1971).Após análise será
emitido um Pré-Certificado de Registro. - O associado de Cooperativa é
contribuinte obrigatório da Previdência Social conforme Instrução
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 38
Normativa n° 84 de 17/12/2002 publicada no DOU-1 de 23/12/2002,
prescrita no Art. 2º, III, L.
Junta Comercial do Rio Grande do Sul - JUCERGS : Após a
Assembléia Geral de Constituição e análise da OCERGS, tornar-se
necessário fazer o registro da Cooperativa na Junta Comercial do
Estado.Para se obter o registro, a Cooperativa deverá apresentar à Junta
Comercial os seguintes documentos:
Ata de Constituição da cooperativa, em três vias;
Estatuto Social da cooperativa, em três vias;
Lista nominativa dos associados em três vias;
Cópia autenticada da Carteira de Identidade (RG) e do Cadastro
da Pessoa Física (CPF) do Conselho de Administração (ou
Diretoria).
Ficha de Cadastro Nacional: Da Cooperativa – FCN 1 e dos
Conselheiros de Administração – FCN 2 (adquirido nas livrarias);
Requerimento à junta comercial, ou Capa de Processo, (tarja
verde) adquirido nas livrarias;
Cartão Protocolo (adquirido nas livrarias);
Documento de Arrecadação da Receita Federal - DARF, no valor
de R$ 5,06 com o código da Receita Federal nº 6621 e um
Documento de Arrecadação do Estado - DIR no valor de R$50,00
com o código nº 5509.
9- Pré Certificado de Registro (emitido pela OCERGS)
As três vias da Ata da Assembléia Geral de Constituição e do
Estatuto da Cooperativa, devem ser originais. Rubricadas todas
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 39
demais páginas e assinadas na última página por todos os
fundadores devidamente identificados.
A Cooperativa deverá providenciar o visto de advogado (carimbo
e nº OAB) na última páginada Ata de Fundação e do Estatuto
Social.
Registro na Secretaria da Receita Federal do RS: Após aprovação
dos documentos na JUCERGS, deverão ser encaminhados á Receita
Federal, para a retirada do CNPJ.
SIGLAS
JUCERGS – Junta Comercial do Estado do Rio Grande do Sul
FCN – Ficha de Cadastro Nacional
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
DIR – Documento de Ingresso de Receitas (Estadual)
DARF – Documento de Arrecadação de Receitas (Federal)
OAB – Ordem dos Advogados do Brasil
Observações necessárias: Os pagamentos de DIR e DARF devem ser
realizados em agências do Banrisul em dinheiro ou cheque administrativo
do Banrisul ou visado. PARA O REGISTRO NA OCERGS Toda cooperativa
deve registrar-se na OCE de seu Estado a fim de atender ao disposto no
artigo 107, da Lei n. º 5.764/71, integrando-se ao Cooperativismo
Estadual. Para efetuar o registro na OCERGS, a cooperativa deverá
encaminhar os seguintes documentos:
01 exemplar do estatuto social;
01 via da Ata de Constituição da cooperativa;
01 via da Lista Nominativa dos associados fundadores;
01 cópia do CNPJ;
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 40
01 via do Formulário de Cadastro e Requerimento de Registro,
fornecida pela OCERGS, devidamente preenchida e assinada;
01 via da última Ata de Assembléia Geral que a cooperativa
realizou, devidamente registrada na junta comercial (se houver);
01 via do último relatório e do Balanço Geral anual (se houver);
Taxa de registro – R$ 80,00.
Recolhimento obrigatório da Contribuição Sindical, conforme
Consolidações das Leis Trabalho, Art. 587. “O recolhimento da
contribuição sindical dos empregadores efetuar-se-á no mês de
janeiro de cada ano, ou, para os que venham a estabelecer-se
após aquele mês, na ocasião em que requeiram às repartições o
registro ou a licença para o exercício da respectiva atividade”.
Devem as cooperativas possibilitar a seus associados programas
de educação, formação cooperativista em caráter permanente,
além de canais de comunicação e informação que garantam a
transparência do andamento dos negócios da mesma.
COMO ORGANIZAR UMA COOPERATIVA?
De modo geral as pessoas quando buscam essa informação,
pensam que a cooperativa é a solução para o seu problema. Ou porque
já ouviram falar de alguma que funciona próximo ou porquê viram uma
propaganda.
É importante você considerar, e ajudá-las a compreender,
que a cooperativa é uma forma de organização e não um negócio em si
mesmo. Por exemplo, o negócio de um grupo de costureiras não é a
cooperativa, mas a confecção e comercialização de roupas. A cooperativa
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 41
é a forma de organização que elas podem escolher para viabilizar o
negócio de confecção.
Isso significa que um dos primeiros passos a serem
considerados é a viabilidade do próprio negócio. E aí, partimos para a
recomendação básica em qualquer início de atividade empresarial:
estudo de viabilidade econômica. Você pode também encaminhar
algumas perguntas para o grupo responder:
a) A necessidade de trabalho, produção, crédito é sentida
por todos os interessados?
b) A cooperativa é a solução mais adequada? Ou uma
associação poderia ser o primeiro passo?
c) Já existe alguma cooperativa nas redondezas que poderia
satisfazer aos interessados?
d) Os interessados estão dispostos a entrar com o capital
necessário para viabilizar as cooperativas?
e) O volume de negócios é suficiente para que os
cooperantes tenham benefícios?
f) Os interessados estão dispostos a operar integralmente
com a cooperativa?
g) A cooperativa terá condições de contratar pessoal
qualificado para administra-la e um contador para fazer a contabilidade
da cooperativa, que tem características específicas?
h) Existe mercado para os produtos ou serviços a serem
oferecidos?
Essa á uma fase complicada, pois é planejamento e gasta um
tempo razoável para ser executado de forma correta. As pessoas tendem
a não considerá-la necessária e querem partir para algo mais prático. Seu
desafio será o de manter o grupo motivado nessa fase e fazê-los
compreender a importância desse estudo.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 42
Montar uma cooperativa do ponto de vista jurídico é
burocrático, mas não é nada complexo. Complicado é mantê-la
funcionando e garantindo os resultados esperados a partir da sua
fundação.
Uma cooperativa é uma organização eminentemente
coletiva. A própria legislação exige um mínimo de 20 pessoas para sua
constituição. Essa característica é a sua vantagem e também um grande
complicador.
Quando as pessoas procuram o SEBRAE para constituir uma
cooperativa elas buscam a solução que a cooperativa representa. Na
maioria das vezes nem todas as pessoas envolvidas já tiveram algum
trabalho juntos. Então você terá pessoas que ainda não se estruturaram
em um grupo organizado, com objetivos comuns e, o que é fundamental,
capacidade para trabalhar coletivamente.
Isso é complicado e tem sido motivo para fechamento de
muitas cooperativas. Continuemos com nosso exemplo das costureiras:
para formar uma cooperativa serão necessárias 20 pessoas; o sentido
para se formar essa organização será basicamente o de gerar ou
aumentar a renda desse grupo. Imagine que cada cooperante queira ter
uma retirada de 1 salário mínimo por mês: R$240,00.
Para apenas gerar essa renda para todos os cooperantes,
essa cooperativa teria que ter líquido R$8.800,00 por mês. O que,
dependendo da situação, é praticamente impossível.
Na prática a cooperativa não atenderá os anseios dos
indivíduos e ainda estará gerando algum tipo de despesa. O primeiro
movimento dessas pessoas, tão logo vejam que seus anseios não estão
sendo atendidos, será o de abandonar a cooperativa deixando uma série
de problemas para os que ficarem.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 43
Nem sempre organizar uma cooperativa é a melhor opção,
muito embora seja esse o desejo das pessoas e, aparentemente a
solução mais viável, pode se transformar em um problema muito grande
conforme o modo como ela foi organizada. Um bom estudo de viabilidade
econômica permitirá vislumbrar qual a real necessidade do mercado e se
uma cooperativa é a melhor forma para que o grupo atenda seus
objetivos.
Uma sensibilização consistente sobre o que é e como
funciona uma cooperativa, responsabilidades de cada um no processo,
com certeza será um bom inicio de trabalho.
Uma dimensão importante a ser considerada é a empresarial
de uma cooperativa. Ela só conseguirá atender as necessidades de seus
cooperantes, gerando os benefícios esperados, se ela for eficiente na sua
relação com o mercado. Isso significa capacidade de gestão, capacidade
técnica e capital de giro.
O que normalmente ocorre é que de repente, um grupo de pessoas que
algumas das vezes é competente na gestão do seu próprio negócio
individual ou, na maioria das vezes, competente na execução de
determinado serviço, se tornam sócios de um empreendimento coletivo.
A empreendimento cooperativo será maior que as atividades individuais
de cada cooperante, isso exigirá procedimentos e práticas diferentes das
quais eles estão habituados.
No caso de cooperativas de crédito isto é mais tranqüilo, pois
o ramo de crédito é um dos mais organizados e regulamentados do
cooperativismo. A Crediminas, CecreRSe e a Unicred, Centrais
Cooperativas responsáveis pela organização do ramo de crédito em
Minas, tem equipes de consultores especializados na montagem dessas
cooperativas e que dão apoio a grupos que as querem constituir. Mais
complicado são outros ramos que não tem essa estrutura. Mantendo
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 44
nosso exemplo das costureiras, é como pegar 20 mulheres que sempre
trabalharam em casa de modo informal e colocá-las para gerenciar um
empreendimento coletivo. Neste caso, o grande desafio é transformar
trabalhadores em empresários. Esse salto pode fazer a diferença no
sucesso da Cooperativa.
Muitas vezes as pessoas esperam resultados financeiros
rápidos e com quase nenhum investimento, isto é muito claro nos grupos
de trabalhadores de baixa renda que tentam organizar cooperativas.
Como todo negócio, ela também exigirá um tempo de maturação para
gerar os resultados esperados. Essa distância entre as necessidades
imediatas das pessoas e o amadurecimento do negócio, tem contribuído
para o fechamento precoce de cooperativas que, no seu início, eram
promessas de êxito.
Nesse aspecto são válidos os estudos que apontam como
causa da alta mortalidade de empresas no nosso país, a falta de
conhecimentos gerenciais.
Dessa forma, no seu trabalho de apoiar a constituição de
uma cooperativa, vale a pena considerar a inclusão de algum tipo de
apoio gerencial.
Já tivemos experiências também com demandas de
organização de cooperativas por Prefeituras e outros órgãos públicos. É
importante avaliar os interesses envolvidos nessas demandas, pois
muitas vezes são meramente políticos, havendo uma preocupação maior
com a constituição da cooperativa do que propriamente com a sua
sustentabilidade.
Esteja atento para filtrar esses interesses, deixando claro as
necessidades de apoio para uma cooperativa ter sucesso, amarrando
principalmente as responsabilidades do órgão demandante com o
processo de constituição e acompanhamento da cooperativa.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 45
Outra questão importante diz respeito aos empresários que
buscam o Sebrae para ajudá-los a montar cooperativas de trabalho.
Muitos são bem intencionados e buscam essa alternativa visando
viabilizar suas empresas, outros por desinformação ou má fé, buscam
uma forma de diminuir gastos com os trabalhadores.
O cooperativismo de trabalho é um dos ramos que mais
cresce em nosso país e um dos que mais gerou problemas. Esse ramo do
cooperativismo foi usado muitas vezes como forma de sublevar os
direitos dos trabalhadores, fraudando os mesmo, transgredindo os
princípios trabalhistas e da doutrina do cooperativismo, bem como leis
benefícios e direitos adquiridos.
Seu papel aqui é identificar a real necessidade e
possibilidade de implantar uma cooperativa de trabalho, cuidando para
perceber os reais interesses do empresário. Um grande problema que
temos de evitar é o de vincular o nome do Sebrae a uma “coopergato”, o
nome que no jargão do cooperativismo define as cooperativas de
trabalho fraudulentas que exploram os trabalhadores.
Alguns Cuidados devem ser tomados em relação às
Cooperativas de trabalho, tanto para elas em relação a contratantes de
seus serviços, quanto de contratantes de serviços para elas:
Ao se contratar uma cooperativa é preciso haver um contrato
de prestação de serviços, descrevendo detalhes do escopo, número de
cooperados envolvidos, descrição funcional do trabalho, tempo de
prestação dos serviços, quais os parâmetros de produtividade e o padrão
da qualidade dos serviços a serem prestados.
Ainda mais, há que se avaliar o que segue:
1) Peça 1 cópia do Estatuto Social da cooperativa;
2) 1 cópia do CNPJ e da inscrição municipal;
3) 1 cópia da ata da última assembleia geral ordinária;
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 46
4) 1 cópia do portfólio dos profissionais da mesma, ou
mesmo o catálogo dos produtos ou serviços prestados - veja quais são os
seus clientes, e...
5) Ligue para um cliente escolhido, para certificar-se da
legalidade jurídica, técnica e comercial da cooperativa.
A ausência desses dados pode configurar uma cooperativa
mal consolidada.
Acompanhe a evolução dos serviços prestados para
desenvolver confiança e criar a tradição de relacionamento.
Uma cooperativa não é uma agência de emprego ou de
trabalho, é uma empresa sujeita às leis de mercado: Tem que ter
Utilidade Social, oferecer serviços a preços adequados com qualidade e
dentro dos prazos de conclusão negociados. Ela pode fracassar em
função de uma má definição de sua atividade econômica, de sua
localização, do perfil de seus profissionais e da incapacidade de seus
administradores.
De modo geral, o custo das cooperativas de trabalho confere
uma menor carga tributária e trabalhista, resultando numa economia
comparada, com as empresas mercantis-normais, de 25 a 35% menores.
Um dos grandes desafios para o cooperativismo de trabalho
é o de minimizar reclamações trabalhistas em contratos com
cooperativas. Toda fiscalização do Ministério do Trabalho irá procurar
Vínculos Empregatícios entre o prestador e o tomador de serviços. É
importante eliminar as 3 condições que decorrem em problemas
trabalhistas:
(1) Pessoalidade: Evitar que "João e Maria façam sempre a
mesma coisa no mesmo lugar";
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 47
(2) Pontualidade: Eliminar evidências de hora marcada, para
início e fim da jornada de trabalho, demandando apenas o tempo total
dessa jornada - Fugir do velho conceito do "Bater Ponto";
(3) Subordinação: Criar a figura real do Gestor, sócio-
cooperado, com a função de condenar os demais sócios junto ao
tomador de serviços, sendo o intermediador e o interlocutor entre os
representantes desse tomador e os sócio-cooperados nos diversos
serviços.
Há também, necessidade de se elaborar um contrato nos
termos a seguir:
1. Qualificação das Pessoas Jurídicas: Tomador de serviços – SEBRAE-RS;
Prestador de Serviços – Cooperativa serviços gerais....
2. Descrever o escopo dos serviços a serem prestados, com
descrição das tarefas, setores envolvidos, padrões de qualidade e
produtividade, tempo da jornada de trabalho, efetivo por setor - tarefas
em número de sócios-cooperados (sem nomeações).
3. Princípio de gestão - Com gestor designado no contrato
(sem nomeações) para condenar as ordens de serviços com base na
descrição contratal das tarefas-setores. Exigir garantias de que não
haverá interferências do tomador dos serviços e de seus prepostos sobre
o ritmo de trabalho dos sócios-cooperados da Cooperativa.
4. Prazo de prestação de serviços.
5. Preço mensal pela prestação dos serviços.
6. Outras clausulas usuais de contratos.
É fundamental considerar na demanda por organizar uma
cooperativa, alguma forma de acompanhamento posterior à fase de
organização. É após organizada e funcionando que os problemas
realmente aparecem. Como está sendo a divisão do trabalho? Como está
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 48
funcionando a rotina de produção? Como está o relacionamento entre as
pessoas?
A OCERGS é principal órgão do cooperativismo em RS e um
importante parceiro do SEBRAE. Em todas as demandas sobre
cooperativas entre em contato com a OCERGS para orientá-lo em seu
trabalho.
Todas as cooperativas para serem reconhecidas como tal,
têm que serem registradas na OCERGS. É comum as pessoas
esquecerem dessa etapa pois os contadores se fixam em registrá-la
apenas para obter o CNPJ. Além da obrigatoriedade legal, a OCERGS
pode apoiar a constituição através de material ou mesmo fornecendo
técnicos para aprofundar a discussão.
QUAIS AS VANTAGENS EM SE MONTAR UMA COOPERATIVA?
Umas das questões levantadas é sempre relacionada a
benefícios fiscais. Talvez essa seja uma das questões menos
preponderantes. Do ponto de vista fiscal não há diferença entre os
impostos que incidem sobre produtos vendidos por uma cooperativa ou
por uma empresa mercantil.
A diferença principal é que o trabalho do cooperante através
da cooperativa, no caso das cooperativas de trabalho, não gera vinculo
empregatício com a mesma e os produtos produzidos pelos cooperantes
entregues na cooperativa também não geram tributação, é o que se
chama de atos cooperativos. Porém na hora de vender a mercadoria ao
consumidor ou o trabalho para uma empresa, há incidência de impostos
normalmente.
A principal vantagem é a organização do trabalho. É
possibilitar que indivíduos isolados e por isso com menos condições de
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 49
enfrentar o mercado, possam aumentar sua competitividade e, com isso,
melhorar sua renda ou sua condição de trabalho.
Os possíveis benefícios fiscais passam a ser secundários se o
negócio coletivo for viável a partir da união das pessoas.
Mais uma vez um estudo de viabilidade econômica permitirá
ao grupo decidir se é vantajoso ou não organizar uma cooperativa.
Documentos necessários
Podemos classificar a documentação necessária para se
constituir uma cooperativa em três blocos, 1º. dos documentos exigidos
do sócio para se associar à Cooperativa, 2º. dos documentos necessários
para se regularizar a cooperativa junto aos órgãos competentes e o 3º.
dos documentos necessários à contabilidade e funcionamento da
cooperativa após registro, os chamados livros da cooperativa.
1 - Para os Sócios:
RG
CPF
Comprovante de residência
2 - Para a Cooperativa:
Após a Assembléia Geral de Constituição, torna-se necessário
fazer o registro da Cooperativa na OCERGS e na Junta Comercial do
Estado.Para se obter o registro, a Cooperativa deve apresentar à: Junta
Comercial os seguintes documentos:
a) Requerimento à Junta Comercial - Formulário único sob a forma de
capa, à venda na papelarias.
b) Três vias da Ata da Assembléia Geral de Constituição e do
estatuto da Cooperativa. Uma via, pelo menos, deve ser original,
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 50
assinada por todos os fundadores, podendo as demais vias serem
fotocópias, desde que autenticadas em Cartório.
Declarar no fecho da Ata que a mesma é cópia fiel, transcrita
do livro próprio.
A Cooperativa deve providenciar o visto de advogado na
última página das três vias da Ata e do Estatuto, com o respectivo
número de inscrição e secção.
OCERGS
a) Cópia da ata da Assembléia Geral de Constituição.
b) Cópia do Estatuto.
c) Requerimento fornecido pelo OCERGS.
d) Cópia do CGC
3 - A Cooperativa deverá possuir os seguintes livros:
a) de matrícula;
b) de Atas das Assembléias;
c) de Atas dos Órgãos de Administração;
d) de Atas do Conselho Fiscal;
e) de Presença dos Cooperantes nas Assembléias Gerais;
f) outros, fiscais, contábeis, obrigatórios.É facultada a adoção
de livros de folhas soltas ou fixas.
No livro de Matrículas, os cooperantes serão inscritos por
ordem cronológica de admissão, dele constando:
a) nome idade, estado civil, nacionalidade, número do RG,
inscrição no CPF, profissão e residência do cooperante;
b) a data de sua admissão e, quando for o caso, de sua
demissão, eliminação ou exclusão;
c) a conta corrente das respectivas quotas-partes do capital
social.
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 51
Este é um assunto que sempre gera algum tipo de polêmica.
É provável que em vários momentos do seu trabalho você deve se ver
diante das seguintes perguntas:
É melhor montar uma cooperativa ou uma associação?
uando montar uma ou outra?Quais vantagens entre uma e outra?
Essas dúvidas são comuns e pertinentes uma vez que os dois
tipos de organização se baseiam nos mesmos princípios doutrinários e,
aparentemente, buscam os mesmos objetivos.
A diferença essencial está na natureza dos dois processos.
Enquanto as associações são organizações que tem por finalidade a
promoção de assistência social, educacional, cultural, representação
política, defesa de interesses de classe, filantrópicas; as cooperativas têm
finalidade essencialmente econômica. Seu principal objetivo é o de
viabilizar o negócio produtivo de seus associados junto ao mercado.
A compreensão dessa diferença é o que determina a melhor
adequação de um ou outro modelo. Enquanto a associação é adequada
para levar adiante uma atividade social, a cooperativa é mais adequada
para desenvolver uma atividade comercial, em média ou grande escala
de forma coletiva, e retirar dela o próprio sustento.
Essa diferença de natureza estabelece também o tipo de
vínculo e o resultado que os associados recebem de suas organizações.
Nas cooperativas os associados são os donos do patrimônio e
os beneficiários dos ganhos que o processo por eles organizados
propiciará. Uma cooperativa de trabalho beneficia os próprios
cooperantes, o mesmo em uma cooperativa de produção. As sobras que
porventura houverem das relações comerciais estabelecidas pela
cooperativa podem, por decisão de assembléia geral, serem distribuídas
entre os próprios cooperantes, sem contar o repasse dos valores
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO 52
relacionados ao trabalho prestado pelos cooperantes ou da venda dos
produtos por eles entregues na cooperativa.
Em uma associação, os associados não são propriamente os
seus “donos”. O patrimônio acumulado pela associação em caso da sua
dissolução, deverá ser destinado à outra instituição semelhante conforme
determina a lei e os ganhos eventualmente auferidos pertencem à
sociedade e não aos associados que dela não podem dispor, pois os
mesmos, também de acordo com a lei, deverão ser destinados à
atividade fim da associação. Na maioria das vezes os associados não são
nem mesmo os beneficiários da ação do trabalho da associação.
A associação tem uma grande desvantagem em relação à
Cooperativa, ela engessa o capital e o patrimônio, em compensação tem
algumas vantagens que compensam grupos que querem se organizar,
mesmo para comercializar seus produtos: o gerenciamento é mais
simples e o custo de registro é menor.
Vamos destacar, no entanto, que se a questão é atividade
econômica o modelo mais adequado é a Cooperativa.
A seguir um quadro organizado pela assistente social Sandra Mayrink
Veiga e pelo advogado Daniel T. Rech e publicado no livro Associações
como construir sociedades civis sem fins lucrativos – editora DP&A., que
busca mostrar as principais diferenças entre os dois modelos:
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO JOSÉ AUGUSTO FIORIN 53
CRITÉRIO ASSOCIAÇÃO COOPERATIVA
Conceito
Sociedade de pessoas sem fins lucrativos Sociedade de pessoas sem fins
lucrativos e com especificidade de atuação na
atividade produtiva/comercial
Finalidade
Representar e defender os interesses dos
associados. Estimular a melhoria técnica, profissional e social
dos associados. Realizar iniciativas de promoção, educação e
assistência social.
Viabilizar e desenvolver
atividades de consumo, produção, prestação
de serviços, crédito e comercialização, de
acordo com os interesses dos seus
associados. Formar e capacitar seus
integrantes para o trabalho e a vida em
comunidade.
Legalização
Aprovação do estatuto em assembléia geral pelos
associados. Eleição da diretoria e do conselho fiscal. Elaboração
da ata de constituição. Registro do estatuto e da ata de
constituição no cartório de registro de pessoas jurídicas da
comarca. CNPJ na Receita Federal. Registro no INSS e no
Ministério do trabalho.
Aprovação do estatuto em
assembléia geral pelos associados. Eleição do
conselho de administração (diretoria) e do
conselho fiscal. Elaboração da ata de
constituição. Registro do estatuto e da ata de
constituição na junta comercial. CNPJ na
Receita Federal. Inscrição Estadual. Registro
no INSS e no Ministério do trabalho. Alvará
na prefeitura.
Constituição Mínimo de duas pessoas. Mínimo de 20 pessoas físicas
Legislação
Constituição (art. 5o., XVII a XXI, e art 174, par.
2o.). Código Civil
Lei 5.764/71. Constituição (art.
5o. XVII a XXI e art. 174, par 2o.) Código
civil.
Patrimônio / Capital Seu patrimônio é formado por taxa paga pelos Possui capital social, facilitando,
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO JOSÉ AUGUSTO FIORIN 54
associados, doações, fundos e reservas. Não possui capital
social. A inexistência do mesmo dificulta a obtenção de
financiamento junto às instituições financeiras.
portanto, financiamentos junto às instituições
financeiras. O capital social é formado por
quotas-partes podendo receber doações,
empréstimos e processos de capitalização.
Representação
Pode representar os associados em ações coletivas
de seu interesse. É representada por federações e
confederações.
Pode representar os associados
em ações coletivas do seu interesse. Pode
constituir federações e confederações para a
sua representação.
Forma de Gestão
Nas decisões em assembléia geral, cada pessoa
tem direito a um voto. As decisões devem sempre ser tomadas
com a participação e o envolvimento dos associados.
Nas decisões em assembléia
geral, cada pessoa tem direito a um voto. As
decisões devem sempre ser tomadas com a
participação e o envolvimento dos
associados.
Abrangência / Área de Ação
Área de atuação limita-se aos seus objetivos,
podendo ter abrangência nacional.
Área de atuação limita-se aos
seus objetivos e possibilidade de reuniões,
podendo ter abrangência nacional.
Operações
A associação não tem como finalidade realizar
atividades de comércio, podendo realiza-las para a
implementação de seus objetivos sociais. Pode realizar
operações financeiras e bancárias usuais.
Realiza plena atividade
comercial. Realiza operações financeiras,
bancárias e pode candidatar-se a
empréstimos e aquisições do governo
federal. As cooperativas de produtores rurais
são beneficiadas do crédito rural de repasse
Responsabilidades
Os associados não são responsáveis diretamente
pelas obrigações contraídas pela associação. A sua diretoria só
pode ser responsabilizada se agir sem o consentimento dos
associados.
Os associados não são
responsáveis diretamente pelas obrigações
contraídas pela cooperativa, a não ser no
limite de suas quotas-partes e a não ser
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO JOSÉ AUGUSTO FIORIN 55
também nos casos em que decidem que a
sua responsabilidade é ilimitada. A sua
diretoria só pode ser responsabilizada se agir
sem o consentimento dos associados.
Remuneração
Os dirigentes não têm remuneração pelo exercício
de suas funções; recebem apenas o reembolso das despesas
realizadas para o desempenho dos seus cargos.
Os dirigentes podem ser
remunerados por retiradas mensais pró-
labore, definidas pela assembléia, além do
reembolso de suas despesas.
Contabilidade
Escrituração contábil simplificada. A escrituração contábil é mais
complexa em função do volume de negócios
e em função da necessidade de ter
contabilidades separadas para as operações
com os sócios e com não-sócios.
Tributação
Deve fazer anualmente uma declaração de isenção
de imposto de renda.
Não paga Imposto de Renda
sobre suas operações com seus associados.
Deve recolher o Imposto de Renda Pessoa
Jurídica sobre operações com terceiros. Paga
as taxas e os impostos decorrentes das ações
comerciais.
Fiscalização
Pode ser fiscalizada pela prefeitura, pela Fazenda
Estadual, pelo INSS, pelo Ministério do Trabalho e pela Receita
Federal.
Pode ser fiscalizada pela
prefeitura, pela Fazenda Estadual (nas
operações de comércio), pelo INSS, pelo
Ministério do Trabalho e pela Receita Federal.
Dissolução
Definida em assembléia geral ou mediante
intervenção judicial, realizada pelo Ministério Público.
Definida em assembléia geral e,
neste caso ocorre a dissolução. No caso de
intervenção judicial, ocorre a liquidação, não
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO JOSÉ AUGUSTO FIORIN 56
podendo ser proposta a falência.
Resultados Financeiros
As possíveis sobras obtidas de operações entre os
associados serão aplicadas na própria associação.
Após decisão em assembléia
geral, as sobras são divididas de acordo com
o volume de negócios de cada associado.
Destinam-se 10% para o fundo de reserva e
5% para o Fundo Educacional (FATES)
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO JOSÉ AUGUSTO FIORIN 57
EXEMPLOS DE COOPERATIVAS
COTRIJUI
Diante dos desafios da época, os fundadores da COTRIJUI tinham
algo em comum: somar esforços e buscar soluções que atendessem o interesse
coletivo. Exemplos? O combate as formigas e o recebimento/armazenagem da
produção. Reunidos em sala emprestada, dia 20 de julho de 1957, em Ijuí,
pioneiros fundaram a Cooperativa Regional Tritícola Serrana Ltda - COTRIJUI,
hoje denominada: COTRIJUI - Cooperativa Agropecuária & Industrial.
A melhor homenagem que se pode prestar aos fundadores, é reconhecer que
pensaram grande e projetaram o futuro da instituição recém criada. Prova disso
foi terem subscrito capital a ponto de iniciar a construção do primeiro graneleiro
já no primeiro ano de vida da COTRIJUI.
A cooperativa envolveu-se também nos transportes "carga pesada",
recuperando vagões, em desuso da RFFSA, num total de 70 lastros, com o que
dinamizou o transporte de grãos para o Porto de Rio Grande.
Fiel as suas raízes, logo a cooperativa estendeu seus serviços aos demais
municípios de sua área de ação. Além do município sede - IJUI - a cooperativa
estendeu seus serviços através de escritórios e armazéns, aos municípios de
TENENTE PORTELA, SANTO AUGUSTO, CORONEL BICACO, CHIAPETTA,
AJURICABA, AUGUSTO PESTANA e JÓIA, na Região Noroeste.
Em 1977, por incorporação, surgia a Unidade de DOM
PEDRITO(Fronteira Oeste) e recentemente a COTRIJUI estendeu serviços na
Região da Campanha, aos produtores dos municípios de São Francisco de Assis e
Manoel Viana.
Esse complexo atende as demandas de mais de 16.000 cooperados e
proporciona 1.500 empregos diretos.
Hoje a COTRIJUI diversificou suas atividades, ampliando suas ações
através da agroindustrialização, em especial na indústria de cereais, frigorífico,
fábrica de ração e moinho, todas voltadas a agregação de valor no produto
primário, buscando assim o melhor atendimento aos associados.
Nossa Missão:
"Desenvolver as atividades agropecuária e comercial,
oferecendo produtos e serviços com qualidade, a fim de construir o
caminho da satisfação dos associados, funcionários e clientes."
Objetivos da COTRIJUI
Aprimorar as relações entre os lideres de todas as instâncias da
Cooperativa;
INTRODUÇÃO AO COOPERATIVISMO JOSÉ AUGUSTO FIORIN 58
Propiciar a integração e a melhoria da qualidade de vida dos
associados, direção e funcionários;
Agregar valores em todas as áreas de negócio;
Buscar a rentabilidade e autonomia;
Ter claro o caráter social e empresarial da Cooperativa;
Desenvolver a qualidade nos produtos e serviços prestados.
Princípios da Cotrijui
Renovação dos fundamentos da cultura organizacional;
Capacitação dos associados, direção e funcionários, visando o
profissionalismo e a ação conjunta;
Inovação do desenvolvimento dos processos;
Preservação da ética dos profissionais, a fim de consolidar a moral
junto aos associados e comunidade em geral.
Negócio da COTRIJUI
"AGRONEGÓCIO DE ALIMENTOS"
A COTRIJUI representa 16.000 associados distribuídos em mais de
35 municípios, os quais produzem 1/3 da produção agropecuária gaúcha; tem
sedes em Ijuí e Porto Alegre; frigorífico em São Luiz Gonzaga, pólo arrozeiro em
Dom Pedrito e terminal no Porto de Rio Grande.