Planejamento econômico e financeiro - Prof. Ms. Marco A. Arbex
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Introdução: Planejamentoeconômico e financeiro
Prof. Ms. Marco A. Arbex
Introdução
• Para Gitman (2008), o planejamento financeiro é um aspecto importante das atividades da empresa porque oferece orientação para a direção, a coordenação e o controle das providências tomadas pela organização para que atinja seus objetivos.
• Dois elementos essenciais do processo de planejamento financeiro são o planejamento de caixa e o planejamento de resultados.
• O primeiro envolve a elaboração do orçamento de caixa (curto prazo). O segundo exige a elaboração de demonstrações projetadas (longo prazo).
Introdução
• Para Brealey et al. (2001), o planejamento financeiro é um processo que consiste em:
– avaliar as alternativas de investimento e financiamento disponíveis à empresa;
– estimar os futuros impactos previstos para as decisões atuais;
– escolher os caminhos a serem trilhados; – estabelecer medidas de comparação entre o
desempenho ocorrido e as metas estabelecidas no plano financeiro
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Introdução
• Braga (1989) diz que o planejamento financeiro de uma empresa compreende a programação dos planos financeiros e sua integração e coordenação com os demais planos da organização.
• Para Gitman (2008), o processo de planejamento financeiro inicia-se pela elaboração de planos financeiros de longo prazo (estratégicos) orientando a formulação de planos e orçamentos de curto prazo (operacionais)– Os planejamento financeiro deve estar alinhado com
os objetivos estratégicos de longo prazo da empresa.
Horizonte de planejamento
• Os planos financeiros de longo prazo procuram refletir os resultados esperados no planejamento estratégico da empresa.
• À medida que o horizonte de planejamento se distancia da data de elaboração, o grau de detalhamento se reduz, em virtude do nível de confiabilidade das projeções.
• Ross et al. (2002) menciona que não existe consenso quanto ao intervalo que pode ser interpretado como curto prazo, mas observa que o período de um ano usualmente adotado como tal.
PLANEJAMENTO FINANCEIRO
PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Planos Financeiros de Longo Prazo(estratégicos)
Planos Financeiros de Longo Prazo(estratégicos)
Ações financeiras planejadas e o impacto antecipado dessas ações em períodos longos
Planos Financeiros de Curto Prazo(operacionais)
Planos Financeiros de Curto Prazo(operacionais)
Especificam as ações financeiras a curto prazo e o impacto destas ações
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Níveis de decisão de umaempresa:
Souza e Clemente (1999) observam que as decisõessobre investimento de capital pertencem tipicamente aonível estratégico.
Essas decisões apresentamhorizonte temporal de médio oulongo prazos, e normalmenteenvolvem grandes somas de recursos e afetam a vida daempresa por longo período.
Por que planejar?
• Souza e Clemente (1999) notam que uma empresapode ser vista sob várias óticas: como uma entidadepolítica, sócio-cultural ou como uma unidadeprodutiva, que transforma insumos em produtos(geração de valor);
• Sob a ótica da análise de investimentos, umaempresa é vista como uma unidade orientada paraa acumulação de capital.
Por que planejar?
• Para Souza e Clemente (1999), a decisão de investir é de natureza complexa porque muitosfatores (inclusive de ordem pessoal) a influenciam.
• Se não estabelecemos um modelo teórico paraanalisar os investimentos realizados, corremos o risco de tomar decisões por impulso ou com base na emoção, mas que não teriam o mesmo resultadode uma decisão calculada
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Por que planejar?
• Para Souza e Clemente (1999), a idéia básica é que a decisão de investir depende do retorno esperado: quanto maiores os ganhos futuros que podem ser obtidos, mais atraente será o investimento
Mas como avaliar esses ganhos futuros?
Risco e retorno
• O primeiro aspecto diz respeito à relação entre risco e retorno
• Quanto maior o risco de um determinado investimento, maior será o retorno esperado do mesmo. Temos que observar que quanto melhor for o nível de informação do tomador de decisão, menor será o nível de risco a que estará sujeito.
• Quanto melhor o nível de informação do investidor, menorserá o nível de risco a que estará sujeito. Nesse sentido é que se recomenda a elaboração de projetos e análises paraavaliação de investimentos.
Risco e retorno
• Analise as seguintes notícias:
A) Brasil pula de 15º para 5º em atração de investimentos, diz a ONU :
“Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) indica que, em 2010, países emergentes e em desenvolvimento
atraíram mais da metade dos investimentos estrangeiros e foram responsáveis por quase um terço dos recursos investidos. Países emergentes, como a China e o Brasil, ganham cada vez mais importância para o mercado mundial como receptores de
investimentos estrangeiros e também como investidores em outros países, de acordo com um relatório da ONU”.
Fonte: http://www.agrosoft.org.br/agropag/218797.htm.
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Risco e retorno
B) O ministro da Fazenda, Guido Mantega comentou o impasse sobre o aumento do teto da dívida pública dos EUA. Caso não haja consenso entre democratas e republicanos para subir o limite máximo de endividamento, os investidores correm o risco de levar um calote do governo americano, com consequênciaspara o Brasil :
“Provavelmente haveria fuga (de capitais) para os EUA, curiosamente é isso que acontece" - ou seja, numa eventual quebra de confiança no
mercado financeiro global, os investidores recorreriam aos títulos mais seguros, que ainda estão nos Estados Unidos. Ele também alertou para o
aumento da "aversão ao risco no mundo todo e uma diminuição de crédito”.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/bbc/949591-mantega-atribui-impasse-sobre-divida-nos-eua-a-insensatez.shtml.
Risco e retorno
• Veja a o caso do Banco “Sofisa Direto”. O banco não tem taxas ou tarifas e a conta é aberta online:
Por que os títulos do banco apresentam maiorrentabilidade que os títulos similares de outras
instituições? (CDB)
-Tesouro Direto: Sofisa rende 5% a mais-CDB Sofisa rende 27% a mais-Fundos DI: Sofisa rende 13% a mais-Poupança: Sofisa rende 40% a mais
Risco e retorno
• Souza e Clemente (1999) fazem uma distinção entre riscoe incerteza: – Situação de risco: os eventos posíveis e suas probabilidades
de ocorrência são conhecidos;– Situações de incereza: não se sabe quais os eventos
possíveis ou não se conhecem as probabilidades de ocorrência
• Os projetos de investimento geralmente conseguemapenas melhorar a tomada de decisão, diminuindo o nívelde incerteza.
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Risco x incerteza
• Exemplificando a diferença entre risco e incerteza:
• Investir em titulos de renda fixa (fundos DI, porexemplo) (risco)
• Investir em ações de uma start up (incerteza)• Mudanças politicas: Lula em 2002; Hugo Chavéz
(incerteza)
Características das decisões de investimento
• Para Casarotto Filho e Kopittke (1998), as decisões de investimentos nas empresas, normalmente, possuem as seguintes características:
– Racionalidade limitada: definida por Simon (1957) como a incapacidade humana de considerar apenas aspectos lógicos e racionais no processo decisório;
– Multicritério ou Multi-Objetivo: vários objetivos, políticas e metas nortearão a decisão de investimento;
– Multidecisor: vários decisores (por meio de conselhos ou colegiados);
– Incerteza: Mudanças
O conceito que está por trás de qualquer decisão deinvestimento é o CUSTO DE OPORTUNIDADE
• Esse conceito mostra que todas as decisões de alocação de recursos possuem algum custo (financeiro ou não-financeiro).
• O conceito de custo de oportunidade também ilustra a idéia de que, ao fazer uma escolha, temos que renunciar a outras coisas.
• Como os recursos são escassos, existe um trade-off(escolha conflitiva) em toda tomada de decisão.
Fontes: Vasconcellos e Garcia (2009); Mankiw (2008)
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Exemplos:
• Para cada real de seu salário que você gasta com algo, existe um real a menos para gastar com qualquer outracoisa.
Se você aplicou R$ 1.000,00 na poupança, você deixou de aplicar esse mesmo valor em qualquer outra coisa
• O custo de investir dinheiro da empresa na troca da frota é deixar de investir na troca de equipamentos ou naampliação da estrutura física
• O custo de você levar uma TV nova para casa sem terdinheiro é ter que pagar juros pelo “empréstimo” que a lojaonde você fez a compra lhe concedeu.
Qual o custo de oportunidade de você estarassistindo a esta aula agora?
QUESTÃO PARA DISCUSSÃO (1)
Considere a seguinte situação:
- Você tem uma moto para vender hoje pelo valorde R$ 5.000,00.
- Seu amigo oferece para comprá-la por R$5.100,00, desde que você espere um mês.
O que você deve considerar para tomar essadecisão, sob a ótica da análise deinvestimentos?
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QUESTÃO PARA DISCUSSÃO (2)
• Você tem R$ 100.000,00 disponível no caixa da empresa e pretende usar esse dinheiro para adquirir um imóvel para ampliar o espaço físico da empresa. Ao procurar oportunidades, você encontra um imóvel adequado no valor de R$ 100.000,00.
Responda: - Você compraria a casa à vista ou financiaria?
Considere que você conseguiu uma linha de crédito especial para empresas com taxas de juros de 8% ao ano.
Argumente sobre a questão considerando os conceitos de risco, incerteza e custo de oportunidade.
O foco desta disciplina é desenvolver formas de analisaras tomadas de decisão de longo prazos nas empresas da
forma mais racional possível, utilizando o máximo de informações disponíveis para evitar que o senso comum e o feeling sejam os únicos critérios adotados para se fazer
uma escolha
Essa área do conhecimento é também chamada de engenharia econômica. Os slides a seguir ilustram osprincípios fundamentais da engenharia econômica, de
acordo com Hummel e Taschner (1995)
Princípio 1: Não existe decisão a ser tomada considerando alternativa única
– Qualquer tomada de decisão envolve ao menosduas alternativas.
Exemplos:– Comprar novo equipamento ou continuar
utilizando o atual?– Aplicar dinheiro em fundos cambiais ou ouro?
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Princípio 2: É melhor compararalternativas homogêneas
Exemplos: • Comprar casa em bairro nobre por R$ 500.000,00
ou em bairro popular por R$ 100.000,00?• Comprar carro novo por R$ 30.000,00 ou usado por
R$18.000,00?
• Se desconsiderarmos as preferências pesssoais, a comparação será mais racional se as característicasdos produtos comparados forem similares (estadode conservação, segurança, capacidade, etc).
Princípio 3: Apenas as diferenças de alernativas são relevantes
• Se ambas as alternativas apresentarem custos oureceitas iguais, não há necessidade de análisecomparativa.
Exemplo:• Investimento YYZ plus no Banco A é considerado de
baixo risco e rende 8% ao ano. Investimento ABD master no Banco B é também considerado de baixorisco e rende 8% ao ano.
Princípio 4: Os critérios para decisão entre alternativas econômicas devem reconhecer o valor do dinheiro no tempo
Exemplo:Não é possível afirmar que investir R$ 1.000,00 hoje para
receber R$ 1.130,00 em uma aplicação com vencimentoem dois anos é o mesmo que investir R$ 1.000,00 hojepara receber R$ 1.430,00 em uma aplicação com vencimento em seis anos.
Para comparar, deve-se igualar o tempo de vida do investimento. Isso porque os R$ 1.130,00 ao final dos dois anos podem ser reaplicados a uma outra taxa de juros até o final dos seis anos.
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Princípio 5: Lembrar dos problemasrelativos ao racionamento de capital
• Não adianta conseguir uma alternativa de investimentorentável se não haverá capital suficiente para executá-la.
OBS: – Por capital entende-se o capital próprio mais o capital de
terceiros (financiamento).– Havendo capital de terceiros, deve-se ainda avaliar a taxa
pela qual esse capital será adquirido
Princípio 6: Deve-se separar as decisões sempre que possível
• Não deve-se cometer o erro de juntar em um “pacote”, decisões que poderiam ser melhor analisadasseparadamente. Assim, corre-se o risco de deixar escaparuma boa alternativa por deixar de analisá-la fora do contexto geral.
Exemplo: Em um projeto de ampliação da estrutura física da empresa, contrata-se, em um único pacote, o projetoarquitetônico, a mão-de-obra da construção, os materiais, equipamentos e decoração. Se os serviços fossem orçadosseparadamente, o custo poderia ser mais atrativo.
Princípio 7: Deve-se sempre atribuircerto grau de incerteza nas decisões
• Como trabalha-se com investimentos de longo prazo(valores estimados), há sempre um grau de incerteza. Por isso, é comum tentar incluir a análise de cenáriospessimistas e otimistas, além dos cenários prováveis.
Exemplo:A SONY realizou alto investimento para lançar o MD, em
1992. Embora tenha feito sucessso no Japão, logo o produto ficou obsoleto com a popularização do CD e dos computadores pessoais, que permitia gravar CDs emcasa a custos muito baixos
-Outros exemplos: Investimentos na web e no setor de TI.
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Princípio 8: As decisões devem também consideraros eventos qualitativos (não quantificáveismonetariamente)
• Normalmente, quantificamos os investimentos paraavaliá-los. Porém, deve-se explicitar em um projeto oselementos não quantificáveis.
• Dessa forma, nem sempre a viabilidade econômica de um investimento justifica sua realização.
Exemplos de fatores que devem complementar a análiseeconômica na decisão de compra de um imóvel:
• Nível de criminalidade no bairro• Boa vizinhança• Preferências pessoais acerca do imóvel.
Princípio 9: Realimentação de informações
• Os dados devem sempre ser realimentados/atualizadospara análise mais precisa.
• Isso permite o ajuste das estimativas e a minimizaçãodas incertezas.
Exemplo:Ao estimar a taxa de câmbio fugura em um projeto de
investimento, é necessário acompanhar a conjunturaeconômica para perceber ocorrerão movimentos queindiquem alteração significativa dessa taxa no futuro.
Princípio 10: Importância dos dados econômicos e gerenciais
• Os dados econômicos (taxas de juros, inflação, conjuntura econômica geral) e os dados financeiros(elementos do fluxo de caixa) são mais importantes queos dados contábeis na análise econômica de projetos de investimento.
Exemplo:Contabilmente, a depreciação de uma máquina pode ser
de dez anos. Porém, na análise do projeto dentro darealidade da empresa, pode-se almejar que essamáquina se pague em cinco anos para o investimentovaler a pena.
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Textos base
BRAGA, R. Fundamentos e técnicas de administração financeira . São Paulo: Atlas, 1989.
BREALEY, R. A. et al. . Fundamentos de administração financeira . 3 ed. . Rio de Janeiro: 2001
CASAROTTO FILHO, Nelson; KOPITTKE, Bruno Hartmut. Análise de investimentos: matemática financeira, engenharia econômica, tomada de decisão, estratégia empresarial. São Paulo: Atlas, 1998.
GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira . 7 ed. São Paulo: HARBRA, 2008 .
HUMMEL, Paulo Roberto Vampre; TASCHNER, Mauro Roberto Black. Análise e decisão sobre investimentos e financiamentos: engenharia econômica: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1995.
ROSS, Stephen A., WESTERFIELD, Randolph W. e JAFFE, Jeffrey. Administração Financeira: Corporate finance. Atlas, 2002.
SOUZA, Alceu; CLEMENTE, Ademir. Decisões financeiras e análise de investimentos: fundamentos, técnicas e aplicações. São Paulo: Atlas, 1999.