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IMPORTANTE

IV unidade

Proposta de redação

A partir de nossas discussões em sala e de uma pesquisa aprofundada sobre o assunto, escreva um texto dissertativo argumentativo sobre o tema O impeachment de 2016 no Brasil: golpe ou validação da constituição? Seu texto deve:

Ter entre 25 e 30 linhas. No primeiro parágrafo fale um pouco sobre o problema proposto, em seguida

apresente sua opinião ante o tema. No D1, explique sua tese de forma clara e objetiva. No D2, explique sua tese e faça uma citação, trazendo uma citação como

estratégia argumentativa. Na sua conclusão, apresente duas soluções, uma a curto e outra a longo

prazo; ainda, deixe claro quem será o provedor e de que forma sua solução será aplicada (praticidade).

Texto 01

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Texto 02

SÃO PAULO - O processo de impeachment de Dilma Rousseff, concluído nesta quarta-feira (31) com a saída da presidente do poder, deflagrou uma ferida aberta na sociedade. Apesar da maioria ampla no Senado ter decidido pela saída de Dilma, o fato é que a sociedade mostra divisão que foi deflagrada durante as eleições de 2014. Enquanto boa parcela da população apoiou o impeachment de Dilma, outra fatia relevante é contra, classificando-o de "golpe", um dos mantras utilizados pelo defensores da petista no processo. Para tratar sobre os dois lados da questão, oInfoMoney consultou os dois lados da questão para responder a pergunta: afinal, o impeachment foi ou não foi golpe?Confira abaixo as duas visões: SIM, foi golpe!Esther Solano Gallego, doutora em Ciências Sociais e professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)

O observador incauto que assistiu ao espetáculo dantesco do Senado deve pensar que os senadores são todos figuras ilibadas e de decência inquestionável que lutam, incansavelmente, como cavaleiros da justiça, contra a corrupção. Como disse Janaina Paschoal, Deus deu força para o processo, argumento jurídico original, sofisticado e muito coerente em um Estado laico, para aumentar a legitimidade do processo.Corrupção, o mantra utilizado até o limite para justificar o impeachment. Irônico, pensando que um dos maiores protagonistas desta triste crônica tem sido Eduardo Cunha, por todos conhecido pela sua retidão e integridade na hora de tratar as contas públicas. Irônico, relembrando o "estancar a sangria" de Romero Jucá nos áudios de Sergio Machado. Irônico, pensando na delação da Odebrecht citando uma doação de R$ 10 milhões a Michel Temer, o

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presidente interino inelegível, ou um caixa dois de R$ 23 milhões para José Serra.Mas são tudo ironias inocentes, ingênuas. Casualidades desta vida sarcástica que gosta de brincar. Nada estava ou está sendo arquitetado. Homens de bem, dizem eles, invocando um governo honrado. Os velhos caciques da política se mantêm honestamente sentados em suas cadeiras sem intervir nos rumos do país. O impeachment é pelas pedaladas, é pela corrupção, e ainda, está seguindo a lei e o rito. Porque a lei, todos sabemos, nunca serve a projetos de poder, ela emana do povo. A justiça, todos sabemos, é cega, julga a todos com os mesmos pesos e medidas. O rito e a estética dos homens engravatados do Congresso nunca foram pensados para dar aparência de formalidade a tramas ilegítimas.O impeachment é um processo de ruptura governamental muito traumático e que só deveria ser invocado em casos de excepcionalidades. Sempre com a máxima responsabilidade e sentido democrático, valores, ambos, que, se alguma vez foram privilegiados no Congresso Nacional, hoje, definitivamente, não são os parâmetros que pautam as decisões da maioria dos nossos representantes.Não é o caso justificar Dilma Rousseff, nem o PT. O PT vendeu a alma em nome do poder. Festejou por mais de uma década ao lado daqueles que hoje o acusam. O governo Dilma prometeu um programa progressista que traiu desde o primeiro dia. Movimentos sociais, mulheres, negros, indígenas, periferias, quem hoje sente que o petismo enfrenta com força a regressão conservadora e o fundamentalismo? Não é defender Dilma, nem o PT, é defender nossa frágil democracia do jogo sujo ao que ela está submetida, da ferida que este impeachment impõe.O legado desta manobra, desta farsa, deste drama, é uma legitimidade  ainda menor das instituições e seus representantes, um debate político infantilizado, raivoso e violento e a inconsolável certeza de que o poder funciona à perfeição e sempre encontra o caminho, com todos nós de espectadores passivos, engolindo o circo

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NÃO, não foi golpe!Renata Barreto, economista e blogueira do InfoMoney, atua no mercado de capitais há 13 anos No meu entendimento, a discussão sobre ser ou não ser golpe nunca deveria ter existido. Se as pessoas estão achando que o impeachment é uma punição muito dura, na verdade deveriam questionar a Lei de Responsabilidade Fiscal e até mesmo a constituição, que prevê o impeachment e as bases legais que podem ser usadas para tal. Mas afinal, o que realmente aconteceu?A Lei de Responsabilidade fiscal fala claramente o seguinte: Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios.O que aconteceu durante a gestão de Dilma, foi justamente o repasse de recursos de Bancos Públicos para a União. A famosa contabilidade criativa se mostrou efetiva em esconder a verdadeira situação das contas públicas, já que o Banco Central não foi informado corretamente dos passivos do Tesouro Nacional. Isso inclusive afeta todo o orçamento, considerando que se esperava um superávit primário que na realidade não existia.Muitos argumentam que as tais pedaladas – um nome bonito para fraude –, aconteceram em todas as gestões, mas é preciso entender que há uma grande diferença entre ajuste e erro contábil de fraude com fim eleitoreiro. Nos anos anteriores, o atraso nos repasses não superou 0,1% do PIB e com Dilma, chegou a 1%.Sabendo disso, temos provado que o crime de responsabilidade aconteceu. É claro que a maioria da população acaba não se aprofundando na questão e muitos apoiam o impeachment pela catastrófica gestão que resultou na pior crise econômica que o Brasil enfrentou. Entretanto, o impeachment nada mais é que um processo político com base jurídica que respeita burocráticos

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trâmites, inclusive com observância integral do STF que poderia interromper o processo a qualquer momento. Outra questão levantada que se tornou motivo para arbitrariedades foi o fato do Ministério Público Federal ter julgado que não houve crime. É preciso entender, nesse caso, que o MPF apenas julga crimes comuns que seriam passíveis de punição de acordo com o código penal brasileiro. O crime de responsabilidade fiscal está previsto numa lei específica que nada tem a ver com isso.Além de estar muito claro que houve violação da LRF e que isso é base legal para o impeachment, é preciso também discorrer sobre a importância desse ato e suas consequências. Fraude é algo bastante sério que não poderia ser tolerado em nenhuma circunstância – como ocorre no meio privado – além de ser responsável por problemas graves no futuro.Dilma, além de ter usado a contabilidade criativa para maquiar as contas públicas em época de eleição, disse que isso teria acontecido para pagamento de programas sociais, de forma a trazer simpatia do público para essa violação de lei. Entretanto, os gráficos fornecidos pelo próprio Tribunal de Contas da União nos mostram que a maioria dos repasses foram para o BNDES por meio do Programa de Sustentação de Investimento.Fatos não podem ser ignorados, por mais que a realidade seja dura ou mostre coisas que não gostaríamos de ver. Gostar de Dilma, do PT, das políticas populistas e todo resto é uma coisa. Dizer que não existe base legal e crime de responsabilidade é outra. Uma grande irresponsabilidade. 

Texto 03

GOLPE DE ESTADO: CONCEITOUm golpe de Estado acontece quando um governo estabelecido por meios democráticos e constitucionais é

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derrubado de maneira ilegal – portanto, de uma forma que desrespeita esses processos democráticos (eleições diretas, por exemplo) e as leis de um país. Um golpe não necessariamente acontece com o uso da força, apesar de que são comuns na história do Brasil e de outros países da América Latina a ocorrência de golpes militares – ou seja, a ameaça do uso da força é usada para remover o poder constituído.

Outras formas de golpe também são possíveis, como pelo uso indevido da Justiça para incriminar pessoas no poder – ou seja, a Justiça agindo ela mesma de maneira ilegal. Essa é uma forma de golpe mais sutil, mas que produz os mesmos resultados: a deposição de um governo eleito democraticamente por vias que extrapolam as regras de um Estado Democrático de Direito.

Também é importante entender que um golpe de Estado pode ter apoio da maioria ou de uma minoria. O apoio popular é, na verdade, um ingrediente bastante presente em diversos golpes.

Um golpe também pode ser realizado pelo próprio governo, que se recusa a ceder o seu poder em situações previstas em lei. Por exemplo: um governo que continua no poder quando deveria ter permitido novas eleições diretas.

A história do Brasil é marcada por diversos episódios de golpe.  Vamos lembrar do mais recente e mais emblemático deles?

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A COMPARAÇÃO DO MOMENTO ATUAL COM O GOLPE DE 64

Posse do presidente Costa e Silva, em 1967(Foto: Arquivo/Agência Senado/Fotos Públicas – 15/03/1967)

Muito se tem falado a respeito das semelhanças entre os cenário políticos do Brasil de 1964 e do Brasil de 2016. Por isso, é interessante resgatar um pouco do que foi aquele momento da vida nacional, para ver se a comparação procede.

52 anos atrás, o Brasil tinha como presidente João Goulart, o Jango. O presidente não era muito bem visto por uma boa parte da imprensa e da classe média, pois apresentava inclinações políticas à esquerda (antes de virar presidente, ele foi ministro de Getúlio Vargas, quando aumentou o salário mínimo em 100%; enquanto chefe de governo, defendia reformas de base com viés popular). Goulart tinha alcançado o poder após o estranho episódio da renúncia de Jânio Quadros, em 1961. Jango era vice de

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Quadros e assumiria a presidência já naquela época, mas foi impedido de assumir o cargo, sob a ameaça de uma intervenção militar e o início de uma guerra civil. O país passou então por uma rápida experiência de parlamentarismo, em que os poderes de Goulart eram bastante limitados (você pode aprender mais sobre sistemas de governo aqui!). Mas após um plebiscito, o país voltou ao presidencialismo e Goulart finalmente virou o presidente com plenos poderes.O período de Goulart como presidente foi bastante breve e agitado, com muitas greves, protestos e comícios marcantes. A polarização política crescia enquanto a imprensa pedia pela saída do presidente (fosse por impeachment ou por renúncia). As justificativas para esse pedido são bastante familiares para nós, mesmo que em um contexto diferente. Naquela época, o confronto da Guerra Fria basicamente dividia o mundo entre comunistas e capitalistas. A presença de um governo de esquerda inclinado a ampliar direitos sociais tornava mais simples fazer valer a ideia de que havia uma ameaça comunista no país.Outro motivo alegado para a deposição de Goulart, como em outros momentos na história do país, foi a corrupção, que teria se tornado um problema sério naquele momento, acusava-se. Lembra muito alguma coisa, não? Aqui, a semelhança de 1964 e 2016 se torna bastante evidente.

Com o ambiente instável e uma grande convulsão social no país – mais uma vez, parecido com o que aconteceu neste ano no país. Grandes protestos foram realizados no Rio de Janeiro e outras grandes cidades, contra e a favor do governo. Logo depois, os militares – que eram uma força política muito maior na época do que hoje em dia – intervieram no dia 31 de março de 1964. João Goulart foi mandado para o exílio no Uruguai. Todas as forças

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favoráveis ao governo, seja nos meios militares ou políticos, não foram capazes de reagir. O golpe estava dado.

E AGORA, EM 2016: É GOLPE?

52 anos depois do golpe de 64, o país vive mais uma vez momentos delicados e que nos fazem perguntar: é possível acontecer um novo golpe de Estado por aqui, em pleno 2016? O lema “não vai ter golpe” virou grito de guerra de grupos que apoiam o governo da presidente Dilma (ou então se declaram a favor da ordem democrática, não necessariamente a favor do governo). A própria presidente usou essa expressão em discurso. Do outro lado, os opositores negam qualquer tentativa de golpe de sua parte e que o governo é que estaria dando um golpe na população. Nessa guerra semântica, quem tem a razão? Vamos checar alguns argumentos:

Sim, Dilma está sofrendo um golpe

Veja por que muita gente entende que as diferentes tentativas de levar à saída da presidente Dilma do governo são uma espécie de golpe de Estado:

O processo de impeachment que a presidente está sofrendo, por exemplo, é injustificado, já que Dilma não tem nada que possa ser comprovado contra ela (e um

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impeachment depende da comprovação de um crime de responsabilidade). Já o processo de cassação de Dilma e Temer por cometer crimes eleitorais, que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não está concluído e não comprovou qualquer uso de dinheiro ilícito nas campanhas. Já as manifestações populares realizadas contra o governo, alegam os defensores deste, também não são suficientes para depor um presidente. Mesmo que algo entre 2 e 6 milhões de pessoas tenham ido às ruas no último dia 13/03, argumenta-se que a presidente chegou ao poder pelo voto de 54 milhões de pessoas, e isso deve ser respeitado. Em 2018, haverá novas eleições, mais uma chance de eleger alguém que não seja do Partido dos Trabalhadores. As regras democráticas devem ser respeitadas. O Poder Judiciário tem sido um ator importante do golpe, ao investigar de maneira seletiva o governo, agindo voluntariamente em prol de sua derrubada. Os rumos recentes da Operação Lava Jato mostram isso:  o grupo político do PT tem sido duramente atacado (inclusive com medidas ilegais). O destaque vai para medidas tomadas contra o ex-presidente Lula, que passou por condução coercitiva, pedido de prisão preventiva e finalmente teve gravações de conversas telefônicas suas reveladas à imprensa (esta também acusada de colaborar com o golpe).

Não, Dilma não está sofrendo golpe

A oposição nega veementemente que exista qualquer golpe em curso.

Todas as medidas contra o governo petista estão dentro da legalidade e fazem parte do jogo democrático. O processo de impeachment é previsto na Constituição

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Federal como um mecanismo para remover governos corruptos e incompetentes – é o que se acusa o governo Dilma de ser. O processo no TSE, se acabar na cassação da presidente, também será legal. A crise que levou milhares de pessoas às ruas é resultado de uma sucessão de erros do governo que causaram uma grande insatisfação popular, e não de uma grande conspiração anti-democrática da oposição. A Operação Lava Jato e os trabalhos da Justiça, defendem os oposicionistas, estão dentro da normalidade – não foi comprovada nenhuma ilegalidade nos atos do juiz Sérgio Moro, por exemplo, que está à frente da Lava Jato, apesar das controvérsias da condução coercitiva e da divulgação dos grampos de Lula. O golpe, apontam os oposicionistas, estaria sendo dado pelo próprio governo, que ao nomear o ex-presidente Lula para o importante ministério da Casa Civil o colocou, na prática, na condição de chefe de Estado – ao mesmo tempo em que estaria protegendo Lula dos trabalhos da Justiça, ao concedê-lo o foro privilegiado (Lula deixa de ser investigado por Moro e passa a responder apenas ao STF – isso se ele realmente se tornar ministro).

http://www.politize.com.br/nao-vai-ter-golpe-entenda-o-que-e-golpe-de-estado/