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OAB SP lança campanha

O que eu vou fazer depois de formado?

Toda forma de amor vale amar

Os reflexos do descumprimento da Constituição pelos poderes constituídos

A favor do aumento da pena nos crimes de trânsito

A Ordem dos Advo-gados do Brasil - Se-ção São Paulo, promo-veu o lançamento no último dia 22/06 da campanha “Corrup-ção Não”. A lista de 11 propostas elaboradas ao longo de meses por lideranças da classe foram apresentadas a advogados, entre eles conselheiros da Se-cional e presidentes de Subseções, além de autoridades e con-vidados. O evento foi transmitido ao vivo para as 229 represen-tações do interior do Estado. pg.9

Essa é a maior dúvida dos es-tudantes, Bacharéis e até mesmo de Advogados de todo o Brasil. Percebe-se que poucos estudan-tes dos cursos jurídicos, até mes-mos dentre aqueles que já estão nos últimos anos dos cursos escolheram o que fazer depois que estiverem com o diploma na mão. Pensando nisso e, quem sabe em uma forma de ajudá-los na escolha é que o Jornal Fato Ju-rídico, através do Prof. Alessan-

A advogada Maria Berenice Dias é reconhecida entre seus pares como uma referência nas questões relacionadas ao Direito da Família, no Brasil. Primeira mulher a se tornar desembar-gadora no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ela é fre-quentemente citada em decisões judiciais favoráveis a famílias bimaternais, bipaternais e multi-parentais – quando os responsá-veis pela criança são mais de três -, de ponta a ponta no País.

“As pessoas querem ser feli-

O País vem sofrendo signi-ficativos abalos institucionais, decorrentes do descumprimen-to da Constituição pelos Pode-res constituídos, fato esse que têm passado quase desaper-cebido diante do difícil quadro econômico-financeiro, ético e político pelo qual passa o Brasil. pg.5

Em que pese os respeito-sos argumentos contrários de que não é o aumento da pena nos crimes de trânsito ou até mesmo o aumento do valor das multas das infrações de trânsito que irão coibir a prática destas

condutas ilícitas, verificamos que é necessário fazer algo ur-gente para que possamos dimi-nuir rapidamente o número de casos de mortes, lesão corporal e embriaguez na condução de veículos automotores... pg.11

Sobrevivendo ao divórcio...

pg.10

Diretor Responsável: André Luiz Badaró

dro Ferraz do NEAF (Núcleo de Estudos Alessandro Ferraz), ela-borou um artigo de como está o mercado, e principalmente para quem quer fazer uma carreira nas diversas áreas jurídicas. pg.3

zes, amar quem quiserem. Quan-do nada é reconhecido, gera uma invisibilidade com consequên-cias extremamente perversas”, afirma. pg.9

Julho de 2015 Ano I • Edição 1

“CORRuPçãO, NãO”

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MDA cria comissão para apresentar anteprojetos à Assembléia Legislativa

EdItorIAlFato Jurídico:“É todo acontecimento externo que faz refe-

rência a uma ação humana ou da natureza que desenvolve o direito, ou seja, cria a relação jurídi-ca e que possa constituir direitos e obrigações em torno de determinado objeto”.

Segundo a Teoria Tridimensional do Direito, de Miguel Reale, ao lado da norma e do valor, o fato é elemento constitutivo do próprio direito.

Portanto, a relação jurídica surge em virtude de fato jurídico e como aplicação e decorrência da norma jurídica.

Não se pode conceber uma ideia de direito sem a presença das relações jurídicas desenvolvidas entre os homens na dinâmica do convívio social.

O Fato Jurídico é qualquer acontecimento. Mas nem todos os acontecimentos são relevantes para o direito, pois não criam, extinguem ou modificam situações jurídicas. Apenas aqueles fatos que pro-duzem efeitos na seara do direito são chamados fatos jurídicos.

Assim, segundo a doutrina, pode-se conceituar fato jurídico como sendo todo o acontecimento, natural ou humano, que é capaz de criar, conser-var, modificar, ou extinguir relações ou situações jurídicas”.

Foi com esse conceito sobre o que é “Fato Jurídico” é que tive a grata satisfação de dar nome a um jornal realizado não apenas para a “Co-munidade Jurídica”, mas sim para todos aqueles que buscam através deste periódico a informação necessária para um profundo conhecimento e dis-cussão para as grandes transformações jurídicas ocorridas em nosso país!

André Luiz Badaró - Diretor ExecutivoJornal Fato Jurídico - O direito da boa leitura!

Na abertura dos tra-balhos da Comissão

de Assuntos Legislativos e Relacionamento com a Assembléia Legislativa de São Paulo, criada pelo Movimento de Defesa da Advocacia (MDA), três temas foram elencados como prioritários: ajus-tar a legislação adminis-trativa tributária esta-dual ao novo Código de Processo Civil, fixar nor-mas para a apresentação de licitações e discutir a ampliação do poder de investigação criminal.

A proposta da nova comissão, apresentada é que os resultados dos debates sirvam de sub-sídios aos projetos de lei que venham a ser pro-postos na Assembléia Legislativa de São Paulo.

“Precisamos aqui na Assembléia de antepro-jetos. Nós damos a eles a forma de projetos de leis, mas necessitamos do conhecimento e cul-tura dos senhores”, dis-se o presidente da Alesp, deputado estadual Fer-nando Capez (PSDB), na abertura da comissão.

Durante a reunião, foram apresentados os integrantes das quatro coordenadorias criadas e os temas a serem de-batidos por cada grupo.

A coordenadoria so-bre Processo Adminis-trativo Tributário será conduzida por Antonio Augusto Silva Pereira de Carvalho, vice-presiden-te do Tribunal de Impos-tos e Taxas do Estado de São Paulo. O grupo planejar propor mudan-ças no processo adminis-trativo tributário, com base no novo CPC, com o objetivo de conseguir maior celeridade e uni-formização das decisões dos tribunais estaduais.

A ideia é discutir também normas para a apresentação de licita-

ções. Segundo o presi-dente da comissão, Edu-ardo Salusse, muitos editais hoje deixam de apresentar um projeto executivo detalhado, o que leva a aditamento de obras públicas, one-rando os cofres públicos e muitas vezes gerando ineficiência.

Já a coordenadoria sobre organização judi-ciária e segurança pú-blica, liderada por Fabio Machado de Almeida Delmanto, deverá priori-zar no primeiro momen-to mudanças nos proce-dimentos investigatórios na área criminal. O as-sunto, segundo Capez, vem sendo discutido na Câmara dos Deputados, com o objetivo de dar mais poder à legislação

estadual sobre o traba-lho de investigação cri-minal.

O grupo de assuntos relacionados ao Direi-to Tributário será geri-do por Cibele Malvone Toldo, que deve debater o Imposto sobre Trans-missão Causa Mortis e Doação (ITCMD) e seu aprimoramento. Na coor-denadoria sobre Direito do Consumidor, condu-zido por Thiago Mahfuz Vezzi, serão discutidos nos primeiros encontros a lei de entrega nas com-pras pela internet.

“Estamos nos colo-cando à disposição para servir de intermediador entre a sociedade e As-sembléia, municiando os deputados de propostas de anteprojetos para que a Casa tenha a condição de aprimorar os debates e o fortalecimento das leis”, afirmou o presi-dente da comissão. De acordo com Salusse, os primeiros trabalhos devem ser entregues à Assembléia Legislativa dentro de quatro a seis meses.

Aprovado projeto que regulamenta a fiscalização dos royalties de petróleo e gásA Assembléia Legislativa aprovou o Projeto de Lei 456/2015, que dispõe sobre a fiscalização, arrecadação, lança-mento e cobrança das compensações financeiras e das participações governamentais devidas ao Estado de São Paulo decorrentes da exploração e da produção de petróleo e gás natural, por concessão, permissão, cessão e outras modalidades administrativas. Fonte: Agência de Notícias ALESP

É Agora

Diretor Executivo e Jornalista Responsável André Luiz Badaró (MTB/SP 59.623)

Conselho Editorial Presidente: Prof. Dr. Ricardo A. Andreucci

Conselheira: Profª. Dra. Patrícia Horgos

Revisora Profª. Nádia de Oliveira Porciúncula

Projeto Gráfico Jornal Impresso Agência Impacto

Endereço Rua Capitão João de Oliveira, 441 – KM 18 – Osasco/SP

Impressão: Gráfica MAR MAR | Tiragem: 30mil

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Expediente

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Coral OAB/CAASPMúsicas que tocam a alma!

Carreira de tribunais

Morte Digital: o que acontece com os perfis de usuários falecidos?

ARTigO

A era digital nos trouxe muitos benefícios bem

como muitas dúvidas. Es-tamos conectados a todo o momento a diversas redes sociais e nunca sabemos quando uma fatalidade pode ocorrer. E ai surge uma grande dúvida: o que acontecerá com o seu per-fil nas redes sociais após a morte? Provavelmente essa questão já passou pela sua cabeça algumas vezes!

Nos primeiros oito anos de existência da rede social mais popular do mundo, estima-se que 30 milhões de usuários morreram. Por dia, são aproximadamente 10.273 usuários. E todos os dias, 10.000 usuários mortos possivelmente re-ceberão solicitações de amizades, serão marcados em fotos, ou até mesmo serão parabenizados por

seu aniversário. Acontece que ao fale-

cer, o usuário deixa na in-ternet toda uma herança, como se fossem rastros que ficam disponíveis na web, mesmo após muito tempo de falecimento. En-tre estes rastros, ficam da-dos de redes sociais, fotos, e qualquer outro conteúdo do autor.

Assim como esses da-dos, os perfis nas redes sociais continuam ativos, e este é um dos fatos que nos levam a repensar toda essa nova era digital: Como devemos proceder para apagar esses dados? Deixo o perfil ativo?

Manter o perfil ativo é uma escolha da famí-lia. Algumas pessoas con-sideram reconfortante, outras, consideram ainda mais doloroso. Essa dúvida

também nos leva a refletir para onde vão todos esses dados, ou como pode se proceder para apagar uma conta.

Primeiramente, é ne-cessário entender que você é dono dos seus pró-prios dados, e o Facebook respeita a sua privacidade inclusive após a sua mor-te. Ou seja, seus dados só poderão ser acessados por ordem judicial, ou se você realizou uma autorização prévia (como passar seus dados de login para um cônjuge, por exemplo).

Mas para a desativação de uma conta, os trâmites costumam ser mais sim-ples. É necessário compro-var o grau de parentesco com o falecido e também provar a morte por meio de documentos, como cer-tidão de óbito. Dessa ma-

O Coral OAB/CAASP, que é formado por 33, sendo 07 por vozes mas-culinas(04 tenores e 03 baixos) e por 26 femini-nas (13 sopranos e 13 contraltos), existe des-de 1998 e é regido pelo maestro José Antunes da Silva Filho. O coral tem sido responsável por várias exibições marcan-tes, algumas das quais ficarão na memória e nos corações de quem curte uma boa música, como a do último dia 19 de maio, em comemoração ao Dia de Santo Ivo (Padroei-ro dos Advogados), que aconteceu na igreja que leva o nome do santo, que fica no bairro do Ibi-rapuera. As futuras apre-sentações que já estão no calendário do coral serão em agosto – mês do Ad-vogado, no Metrô Sé e a de dezembro as músicas natalinas, (ainda fal-tando a confirmação da data, veja nas próximas

Vivemos tempos di-fíceis tanto para os que já possuem a carteira da ordem dos advogados do Brasil, quanto os que ain-da estão em fase de gra-duação. Em função disso, os concursos podem ser uma excelente oportuni-dade, pois trazem bons salários, ascensão profis-sional e a tão sonhada es-tabilidade, principalmen-te, hoje, em tempos de crise e de terceirização. Assim, dentre as várias al-ternativas existentes, res-saltamos as Carreiras ofe-recidas pelos tribunais, sejam elas para o nível médio (técnico) ou supe-rior (analistas). Vale res-saltar que há concursos para analista tanto para aqueles que tem forma-ção em direito e os que não exigem formação na área jurídica. Os cargos oferecidos variam, consi-

derando o edital recente para TRT 3 / 2015 de R$ 5425,79 para técnicos até R$ 10.485,62. Assim, no Brasil, temos os seguin-tes tribunais: STF (Su-perior Tribunal Federal), 4 Tribunais superiores, 5 TRFs, Tribunais regionais federais, 27 TREs (Tribu-nais regionais estaduais) e 24 TRTs (Tribunais re-gionais do trabalho). Além deles, temos os TJs (Tri-bunais de justiça - 1 em cada unidade federativa). Portanto, percebe-se de forma clara que uma pes-soa que almeja sucesso em concursos para Tri-bunais, certamente, terá muitas oportunidades, pois ao todo, temos 91 Tribunais no país, sendo que todos eles apresen-tam excelentes chances de concursos. Vale salien-tar, o fato de que milhares de bacharéis em direito

Dr. Alessandro FerrazProfessor de Direito Constitucional e Adminis-trativo em cursos preparatórios para carreiras públicas. Com grande experiência em concursos públicos, ministrou aulas em cursos preparatórios como o Formação, o Uniequipe, o Unicursos (Campinas), o Complexo Jurídico Damásio de Jesus e o Complexo de Ensino Renato Saraiva. Advogado. Ex-serventuário do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Autor em conjunto com Professor Marcus Costa Vasconcelos do livro Direito Constitucional da editora RIDEEL. Coorde-nador juntamente com Fábio Vieira dos livros da Coleção Resposta Certa - Editora Saraiva.

Sandra Ciliano Graduada em Análise de Sistemas e Direito, com especialização em Administração em Redes, Segurança da Informação , Análise de Softwares (Fraudes) e Direito Eletrônico ela EDP- Escola Paulista de Direito. Consultora, Perita Judicial, Professora Universitária e Palestrante sobre Crimes na Internet e Segurança Digital. É coluni-sta em diversos blogs e revistas, criadora do Site Crimes na Internet e Membro da Comissão de Direito Eletrônico e Crimes de Alta Tecnologia da OAB/SP e Membro da Comissão de Segurança Pública da OAB/SP.

Debatedores pedem menos burocracia na concessão de patentesRepresentantes de entidades ligadas à propriedade intelectual relataram no último dia 9, em audiência pública na Câmara dos Deputados, que obstáculos como a burocracia e a demora no processo para concessão de patentes ou reconhecimentos de marcas desmotivam a inovação tecnológica e atrapalham o desenvolvimento do mercado brasileiro. Fonte: Agência Câmara Notícias

Dr. Alessandro Ferraz

Por Sandra Ciliano

neira, a conta é excluída da rede social, e os dados do usuário, consequente-mente.

Há também a opção de manter a conta como um “memorial”. A burocracia é a mesma, porém a conta permanece ativa de uma maneira peculiar: o mural fica livre para postagem de amigos, bem como marca-ção de fotos. Mas o perfil não aceita mais solicitações de amizade e a privacidade das postagens não pode mais ser alterada. Feito isso, a transformação em memorial não pode mais ser revertida. Em ambos os casos, as informações de login não são informadas a terceiros, mantendo assim a privacidade do indivíduo.

A decisão de manter o perfil ativo como memo-rial, ou desativá-lo com-

pletamente vai da família. Muitas pessoas preferem manter o perfil “in memo-rian” como forma de dimi-nuir a saudade, e confor-tar as partes envolvidas. Outras consideram um sofrimento ainda maior. É uma decisão em que não há o certo ou errado, envolve apenas a vontade dos familiares e o mais importante é que a priva-cidade do usuário conti-nua preservada, em sua grande maioria.

Cada rede social possui um trâmite diferente para contas de usuários faleci-dos, mas em todas elas há a política de respeito à pri-vacidade de cada usuário.

Observando esse novo comportamento, dois pro-gramadores desenvolve-ram um site em que o usu-ário pode programar suas

mensagens de despedida, agendar postagens, e até mesmo excluir sua conta e seus dados. A ferramenta que tem como função dar um destino aos dados vir-tuais do usuário, tem con-quistado muitos adeptos.

Este fato nos leva a repensar na brevidade da vida e as questões que nós realmente nos impor-tamos. Será que isso real-mente é necessário? Será que damos uma impor-tância exagerada para as redes sociais? Vale a pena repensar nossas opiniões, o que você acha?

Tecnologia & Carreiras

edições). Para você que é Advogado, Estagiário ou Estudante de Direito e que gosta de música, requisito fundamental para fazer parte do coral segundo o mastro José Antunes, fica aqui o con-vite para fazer parte do coral, que pretende cres-cer ainda mais.

Para se inscrever, basta telefonar para

(11) 3292-4500 e fa-lar com Ivone, ou en-viar e-mail para [email protected]. Os ensaios acontecem às segundas e às quar-tas-feiras, das 18h30 às 20h30, no auditório CAASP (Caixa de Assis-tência dos Advogados de São Paulo) Rua Benja-min Constant, 75, Cen-tro, Capital.

sintam-se inclinados aos concursos para analistas dos Tribunais, o que fará com que tenham a opor-tunidade de cumprir a exigência de três anos de atividade jurídica se o seu objetivo é a Magistratura ou o Ministério Público. Portanto, foi gravada uma aula em vídeo a fim de deixar os senhores mais informados. Assista a ela!

Para assistir ao ví-deo, use o QR Code abai-xo ou através do endereço: https://goo.gl/HY34ro

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A aplicação do novo CPC nas relações de trabalho

O princípio da orientação da inspeção do trabalho: a prevenção em detrimento da sanção

Com a promulgação da lei 13.015 de

2015, surge um novo CPC, com o intuito de dar maior celeridade no julgamento dos conflitos entre as partes. Mas para o direito do trabalho, o que mudou?

Abaixo apontaremos de forma direta o que se aplica na prática do dia a dia dos processos traba-lhistas. O NCPC aplica-se subsidiariamente aos processos trabalhistas, conforme art.15.

Art. 64 - As incompe-tências deverão ser ar-güidas em preliminar de contestação, podendo ser a relativa ou a absoluta.

Art. 76 - Poderá ocor-rer a regularização das partes mesmo em pro-cessos que estejam nos tribunais.

Art.98 - Será cabível a justiça gratuita (custas e depósito) mesmo para pessoa jurídica.

Art. 133 - Cabível a desconsideração da PJ na área trabalhista.

Art.139 - Possibilida-de de inversão do ônus da prova pelo Juiz na área trabalhista.

Art. 156 - Necessida-de de cadastro de peritos no Tribunal e não mais direto ao Juiz.

Art. 165 - Serão cria-dos novos centros de con-ciliação. Esse é o objetivo

desse código.Art. 219 - Os prazos

serão apenas contatos nos dias úteis.

Art. 293 - A impug-nação do valor da causa deverá ser feito em preli-minar de contestação.

Art. 294 - Possibilida-de de Tutela antecipada (para direito material),

cautelares (para a pos-sibilidade de perda do direito) ou tutela de evi-dência (para situações que não precisam ser pro-vadas o perigo da demo-ra). Na área trabalhista muito comum para con-cessão de assistência mé-dica, por exemplo.

Art. 319 - Na petição

inicial devemos informar se existe o interesse de audiência de conciliação.

Art. 384 - Ata notarial - sempre comum para as hipóteses de páginas na rede mundial de compu-tadores quando uma das partes agride a honra de outras.

Serão cabíveis os se-guintes procedimentos especiais ainda na área trabalhista: Consigna-ção em pagamento (art 539), exibição de contas (art 550), possessórias (art 554), embargos de terceiro (art 674), moni-tória (art 700), restaura-ção de autos (art 712) e execução (art. 771).

No Brasil, inegáveis são as contribui-

ções da Fiscalização do Trabalho ao zelar pelo cumprimento da legisla-ção trabalhista. Em um país de dimensões con-tinentais como o nosso, e no qual os sindicatos, regra geral, não são tão representativos dos tra-balhadores, os órgãos de inspeção do trabalho desempenham um papel essencial para a efetivi-dade dos direitos sociais e trabalhistas.

A mídia noticiou inú-meros casos de resgate de trabalhadores em condições análogas às de escravo, mesmo dentro da cidade de São Paulo. E os exemplos da valio-sa contribuição da Fis-calização do Trabalho é bastante amplo: também abrange, dentre tantos outros, situações ligadas a excesso de jornada de trabalho, exploração de trabalho infantil, ao cumprimento de cotas

de contratação de pes-soas com deficiência e, em especial, hoje, para temas relacionados ao meio ambiente do tra-balho.

Por outro lado, fora de casos de descumpri-mentos graves e eviden-tes da legislação, exis-tem hipóteses em que a própria interpretação de normas ministeriais (NRs- Normas Regula-mentares) é discutível. Nesse sentido, conside-rando o imenso número de empresas de peque-no porte em nosso país, as quais nem sempre têm possibilidades para contratar uma assesso-ria de medicina e segu-rança no trabalho, além da jurídica e contábil, seria oportuna refletir se, diante de infrações involuntárias, de natu-reza pontual e leve, seria adequado a autuação da empresa sem que fos-se precedida por uma orientação ou concessão

de prazo para a tentativa de saneamento do pro-blema.

A Convenção n. 81 da OIT (Organização Internacional do Tra-balho), ratificada pelo Brasil, prevê não apenas o poder de punição dos agentes de fiscalização do trabalho, mas, tam-bém uma função técni-ca e de assessoramento aos empregadores e aos trabalhadores sobre a maneira mais efetiva de cumprir as disposições legais.(art.s 5º e 17).Consagra-se o dever de cooperação dos inspeto-res com trabalhadores, empregadores e suas organizações, cabendo-lhes o direito de deci-dir se devem advertir e aconselhar, em vez de iniciar ou recomendar um procedimento.

A doutrina da Orga-nização Internacional do Trabalho – OIT vem destacando, sobretudo em questões ambientais,

por sua natureza dinâ-mica, o importante papel construtivo entre a fisca-lização, empregadores e demais agentes sociais por meio da orientação-diálogo-esclarecimento, cuja efetividade, em ter-mos de resultado, supe-ra em muito a mera pos-tura punitiva.

A evolução legisla-tiva da OIT posterior à Convenção n. 81 avan-çou de modo a prestigiar o diálogo e o papel de orientação da fiscaliza-ção laboral. A Conven-ção n. 129, por exemplo, modernizou os métodos de ação fiscal pelo fato de preconizar a preven-ção em detrimento da sanção. Prevê (art. 6) o assessoramento e o con-trole do cumprimento de dispositivos legais re-lativos às condições de vida e de trabalho dos empregados.

A legislação nacional consagra tal princípio. O art. 18, inciso II do De-

creto n. 4.552, de 2002, denominado “RIT” (Re-gulamento de Inspeção do Trabalho) determina que compete aos AFTs em todo o território na-cional:“ministrar orien-tações e dar informações e conselhos técnicos aos trabalhadores e às pes-soas sujeitas à inspeção do trabalho, atendidos os critérios administra-tivos de oportunidade e conveniência”.

Em sentido similar o art. 23 do citado diploma, ao declarar: “Os Audito-res-Fiscais do Trabalho têm o dever de orientar e advertir as pessoas su-jeitas à inspeção do tra-balho e os trabalhadores quanto ao cumprimento da legislação trabalhista ...” Também a CLT, em seu artigo 627-A, prevê a possibilidade de ins-tauração de um proce-dimento especial para a ação fiscal, objetivando a orientação sobre o cum-primento das leis de pro-

Gleibe Prettié professor de direito do trabalho. Advogado. Perito Judicial. Sociólogo. Jornalista. Autor de mais de 40 obras na área pela Ícone Editora. Mestrando pela UNG

Túlio de Oliveira MassoniAdvogado. Mestre e Doutor em Direito do Trabalho pela USP. Professor da UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo e dos cursos de pós-graduação da PUC-SP, FGV-RJ, UNIMEP e outros

Por Gleibe Pretti

Por Túlio de Oliveira Massoni

Desta forma, temos o novo CPC com o escopo de dar maior rapidez nos julgamentos. Apenas o tempo e a prática vai de-terminar se essa fato será verdadeiro.

Nas palavras de Mil-lôr Fernandes, “O ho-mem é um animal que adora tanto as novida-des que se o rádio fosse inventado depois da te-levisão haveria uma cor-reria a esse maravilhoso aparelho completamente sem imagem.”

teção ao trabalho, bem como a prevenção e o sa-neamento de infrações à legislação mediante Ter-mo de Compromisso.

A Inspeção do Tra-balho, é óbvio, vela pelo cumprimento da ordem jurídica trabalhista. Mas atinge esse fim não apenas punindo as em-presas, cabendo-lhe o essencial papel de asses-soramento, sobretudo em termos de melhorias.

A verdadeira eficácia da Inspeção do Traba-lho está em seu caráter orientador, e não apenas no punitivo. Cria-se, as-sim, um diálogo perma-nente entre os atores sociais envolvidos com o espírito de promover a melhoria contínua das condições de trabalho e do meio ambiente do trabalho saudável.

Claro indenizará trabalhadora que desenvolveu depressão por tratamento humilhanteA Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de recurso da Claro S.A., condenada a inde-nizar por danos morais uma trabalhadora que apresentou quadro de depressão após ser submetida a tratamento humilhante bi ambiente de trabalho. O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região(RS) equiparou a doença a acidente de trabalho e determinou o pagamento de R$ 5.500,00 à empregada. Fonte: TST

Conexão

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Abalos institucionais na ordem constitucional brasileira: os reflexos do descumprimento da Constituição pelos poderes constituídos

O País vem sofrendo sig-nificativos abalos ins-

titucionais, decorrentes do descumprimento da Cons-tituição pelos Poderes cons-tituídos, fato esse que têm passado quase desapercebi-do diante do difícil quadro econômico-financeiro, ético e político pelo qual passa o Brasil.

Decorrência do principio organizacional, que prestigia a separação de poderes em uma Constituição escrita e rígida, e que adota o Estado democrático de direito, os destinatários do poder – o Legislativo, Executivo e Judi-ciário – encontram, para sua atuação, cláusulas expressas e implícitas no texto consti-tucional que demarcam suas competências e os limites de seu exercício. Não há, pois, exercício totalmente discri-cionário de poder no País. O poder estatal é, necessaria-mente, um poder limitado qualquer que seja seu campo de ação, sendo sua finalidade maior atender ao interesse público e à defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos.

A não observância dos limites constitucionais pelas instituições investidas de poderes constituídos, além de implicarem em respon-sabilidade política (veja-se o art. 84, para exemplo), se consubstancia na noção da inconstitucionalidade, vale dizer, trazem a conotação

de violação da Constituição justamente por aqueles que são seus principais desti-natários. Ora, repita-se, a submissão dos destinatários do Poder à Constituição é a regra: a inconstitucionalida-de é a danosa exceção.

Não obstante o coman-do constitucional, todavia, vivemos no País algo que se assemelha a uma grave cri-se institucional em razão da sistemática desobediência dos poderes constituídos á Constituição, situação que se repete diuturnamente.

Vários exemplos podem ser citados: a ofensa ao arti-go 66 e §§, que disciplinam o processo legislativo referen-te ao veto e que vêm sendo sistematicamente ignorados pelo Congresso Nacional; a expedição da Medida Pro-visória (já transformada em lei) que instituiu o Programa Mais-Médicos e cujo arti-go 17 fere, além de outros preceitos constitucionais, o artigo 84, VIII (competência exclusiva do PR para assinar atos internacionais sujeitos à referendo do CN) e o artigo 40, I (competência exclusiva do CN para resolver sobre [...] atos internacionais que acarretem encargos ou com-promissos gravosos ao patri-mônio nacional, norma essa que impede a proposição de medida provisória que impli-que tais encargos). Citem-se, também, como exemplos,

a modificação ou supressão informal de preceito expres-so na Constituição (art. 52, X) pelo STF que, como é evidente, assume nessa hi-pótese, a função de Poder Constituinte derivado para mudar a Constituição (cf. Recl 4.335 – 5/AC), ou, ain-da, a obstrução, pelo Con-gresso Nacional, para pautar CPI proposta por minoria parlamentar (MS 32.885 – MC. MS 32.889 – MC) etc.

Em razão dos limites deste texto examine-se ape-nas um exemplo de inconsti-tucionalidade praticada por Poder institucional e que, sem dúvida, viola o texto de nossa Lei Maior, traz descré-dito em sua força normativa e gera abalos institucionais no País – a questão da apre-ciação de veto presidencial pelo Congresso Nacional..

Observe-se, de início, que vem ocorrendo siste-mática violação da norma constitucional que disciplina a apreciação do veto presi-dencial, na forma disposta no art. 66 e §§, especialmen-te na que estabelece o §4º. Esse determina que a não apreciação – aprovação ou rejeição do veto - no tempo regulamentar em sessão con-junta das Casas Congressuais (Senado e Câmara Federal), em trinta dias, implicará em uma espécie de sanção já que o veto deverá ser coloca-do na ordem do dia da sessão

Anna Candida da Cunha FerrazMestre, Doutora e Livre Docente pela FDUSP. Coordenadora e docente do Mestrado do Centro Universitário FIEO/Osasco. Ex-Procuradora Geral do ESP.

Por: Anna Candida da Cunha Ferraz

imediata, sobrestadas as de-mais proposições até sua vo-tação final. Esse assunto foi objeto de, pelo menos, dois Mandados de Segurança, impetrados por parlamenta-res que se opunham à colo-cação em pauta, na ordem do dia, de projetos de lei, sem que antes houvesse a apre-ciação de vários vetos presi-denciais apostos a autógrafos (projetos de lei aprovados no Parlamento e enviados para a sanção presidencial). Essa discussão foi travada no MS 37816 – MC-AGR/DF. Con-cedendo liminar ao parla-mentar impetrante, o Minis-tro Fux acentuou terem sido constatados mais de três mil vetos pendentes sem vota-ção e anteriores à votação do veto parcial aposto ao Projeto de Lei nº 2.565/2011, objeto da discussão no Mandado de Segurança citado. Em seu voto o Min. Fux reconhe-ceu a existência de limites constitucionais ao poder de deliberação legislativa acerca do veto presidencial, por for-ça do citado art. 66 e §§ e o direito de o parlamentar im-petrar segurança contra essa violação. Não obstante, o Mi-nistro Teori Zavaski, no que foi seguido pela maioria dos Ministros, cassou referida li-minar por entender que essa decisão jamais seria admitida pela Corte em razão “da gra-vidade das consequências” que derivariam do reconhe-

cimento dessa inconstitucio-nalidade. Assim, em resumo, a inconstitucionalidade da prática congressual e a ofen-sa ao direito constitucional do parlamentar de ver cum-prido o processo legislativo constitucional, reconhecidos pelo STF, se tornaram como que inexistentes. E - o que é pior - não acarretaram qualquer consequência ao Poder Legislativo faltoso e, como seria de se esperar, a correção do vício de incons-titucionalidade. E tal questão ainda não teve decisão final a respeito, prevalecendo, por-tanto, na realidade dos fatos e do direito, essa inconstitu-cionalidade.

Se as consequências da declaração de tal inconstitu-cionalidade poderiam cau-sar problemas para o anda-mento do trabalho legislativo – razão julgada suficiente para a não “punição” do po-der relapso – outras conse-quências, talvez mais graves ainda, decorrem dessa in-constitucionalidade. De um lado, como se sabe, a elabo-ração de leis - em razão da adoção, no Brasil, o princípio da legalidade, pois somente a lei obriga” - constitui a função principal e privativa do Congresso Nacional (com apenas exceções expressas: a lei delegada e a medida provisória). Ora, a não dis-cussão de vetos presiden-ciais significa que o Poder

Legislativo abre mão de sua função principal, deixando a última palavra na elaboração das leis ao Poder Executivo, cuja hegemonia em nosso sistema se evidencia cada vez mais. Isso porque o veto parcial ou total obstaculiza a legislação proposta e se não aprovado ou derruba cons-titui a norma para o caso. Por outro lado, essa incons-titucionalidade pode vir a ferir direitos fundamentais. Isto porque, além de ferir direito dos parlamentares, o veto parcial ou total impede a formalização de lei que, eventualmente, diga respei-to a direitos fundamentais. Como fica o titular de um direito contido na “Lei” e vetado pelo Presidente da República, sem que a deci-são fique confirmada pelo Parlamento? Qual remédio jurisdicional teria o cidadão para exigir seu direito?

Em síntese, a incons-titucionalidade produzida pelos poderes constituídos – no caso o próprio Congresso Nacional – fere o princípio da independência e harmo-nia entre os poderes, abala, de modo significativo, a nor-malidade constitucional bra-sileira e desprestigia direitos fundamentais.

Ministros declaram: Não é necessária autorização prévia para publicação de biografiasO STF declarou no último dia 10, ser inexigível consentimento de pessoa biografada para publicação de biografias. O plenário acompanhou voto da relatora, ministra Cármen Lúcia, dando interpretação conforme a Constituição aos artigos 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto.

Caderno um

Lei dos Planos e Seguros de Saúde, de Maury Angelo Bottesini e Mauro Conti MachadoA fórmula encontrada

pelos autores implica remeter o usuário da obra aos registros atualizados das Resoluções Normati-vas e regulamentadoras, a partir dos artigos da Lei nº 9.656, de 1998. Cada artigo da Lei tem como primeira anotação as Re-soluções que se referem ao texto legal ou que,

sem referência expressa, guardem vínculo com a matéria legislada. “Des-de a regulação insculpida na Constituição Federal, passando um a um pelos artigos da Lei 9.656, de 1998, até as Resoluções da ANS, os autores Bot-tesini e Conti Machado dão uma visão ampla do alcance dos dispositivos

do Direito posto, das di-retrizes doutrinárias da matéria, sem descuidar de pequenos, mas pre-cisos, registros da ten-dência da jurisprudência nos Tribunais Estaduais e Superiores a respei-to dos temas versados. Qualquer interessado na matéria referente à Saú-de Suplementar terá na

obra elaborada por Botte-sini e Conti Machado um guia seguro e atualizado para as dúvidas e orien-tações necessárias.”Min. Enrique Ricardo Lewan-dowski. Este lançamento foi realizado no Térreo da Loja Principal da Li-vraria Cultura, onde os autores receberam diver-sos amigos.

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Aprovado projeto do TJ que aumenta a taxa judiciária no caso de apelaçãoAprovado com 52 votos favoráveis e 12 contrários, o PL 112/2013, de iniciativa do Tribunal de Justiça, que altera a Lei 11.608/2003, referente às taxas judiciárias. O projeto inclui no rol de serviços públicos de natureza forense pelos quais as partes devem recolher taxa “a obtenção das informações cadastrais do sistema SerasaJud, cujos custos serão fixados periodicamente pelo Conselho Superior da Magistratura”. Fonte: Agência de Notícias ALESP

Ponto de Vista

As novas alterações às Súmulas e Orientações Jurisprudenciais do TST

Trabalho escravo no Brasil contemporâneo

O Pleno do Tribunal Supe-rior do Trabalho (TST)

aprovou, pela Resolução 197, de 12 de maio de 2015, alte-rações em suas Súmulas e Orientações Jurisprudenciais (OJ). Assim, em vista da re-levância do papel desempe-nhado pela jurisprudência da Corte Superior Trabalhista, sobretudo por uniformizar os diversos entendimentos exa-rados pelos demais órgãos do Poder Judiciário Trabalhista e refletir diretamente nas rela-ções trabalhistas individuais e coletivas de todo o país, é que se faz necessária sua exata compreensão e dimensão.

Com efeito, parte das mudanças ocorridas resul-tam de conversões de Orien-tações Jurisprudenciais em verbetes sumulares. Nesse passo, a OJ 115 da Subse-ção de Dissídios Individuais (SBDI-1) foi convertida na Súmula 459. Igual procedi-mento foi aplicado à OJ 305 da SBDI-1, incorporada que foi ao item I da Súmula 219. Ainda, as Orientações Juris-prudenciais 104 e 186 passa-ram a constar dos itens II e III da Súmula 25 do TST.

E, a respeito da citada Súmula 25, esta passou a contemplar um novo inciso IV, cuja redação é a seguinte: “IV – O reembolso das custas à parte vencedora faz-se ne-cessário mesmo na hipótese em que a parte vencida for pessoa isenta do seu paga-

mento, nos termos do artigo 790-A, parágrafo único, da CLT”.

A propósito, o artigo 790-A da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) dispõe so-bre a isenção da parte quan-to ao recolhimento de custas processuais, referindo que, além dos beneficiários de justiça gratuita, estão abran-gidos pela respectiva isenção a União, os Estados, o Dis-trito Federal, os Municípios, como também as autarquias e fundações públicas fede-rais, estaduais e municipais que não explorem atividade econômica.

No tocante às entidades fiscalizadoras do exercício profissional, entende-se que a aludida isenção para fins de pagamento de custas proces-suais não lhes alcança. Neste viés, inclusive, é a posição defendida pela mais alta Cor-te do Poder Judiciário Traba-lhista, em precedente oriun-do da SBDI-1, cujo voto é de relatoria do Ministro João Oreste Dalazen, a saber:

“RECURSO. DESER-ÇÃO E TEMPESTIVIDADE. CONSELHO REGIONAL DE FISCALIZAÇÃO PRO-FISSIONAL. NATUREZA JURÍDICA. PRIVILÉGIOS DO DECRETO-LEI Nº 779/69.

1. Os conselhos regionais de fiscalização de profissões regulamentadas constituem autarquias corporativas que

desempenham funções dele-gadas do Poder Público. Tan-to ostentam natureza autár-quica que, salvo em matéria trabalhista, demandam e são demandados perante a Justi-ça Federal.

2. O Decreto-Lei nº 779/69 não distingue a espé-cie de autarquia, desde que típica, no tocante à fruição dos privilégios processuais lá contemplados. Daí por que as disposições do Decreto-Lei nº 779/69 alcançam os con-selhos de fiscalização profis-sional, inclusive no tocante à dispensa de recolhimento de depósito recursal e de custas processuais, bem como em relação ao prazo em dobro para recorrer. Precedentes da SBDI1 do TST.

3. Embargos de que se conhece, por divergência jurisprudencial, e a que se nega provimento.

(TST-E-RR -26500-89.2009.5.04.0022, SBDI-I, rel. Min. João Oreste Dala-zen, 25.4.2013).”

Assim, a nova redação atribuída à Súmula 25, em especial ao seu item IV, en-fatizou o direito de a parte, se vencedora da demanda, ser reembolsada das custas pagas quando da interposi-ção de recurso contra deci-são que lhe foi desfavorável, entendimento este que rea-firma a previsão legal já exis-tente no parágrafo único do artigo 790-A da CLT.

Oportuno salientar, con-tudo, que se a parte vencida for o Ministério Público, este estará isento da obrigação de restituir as custas pagas pela parte “ex adversa”. Neste ponto, inclusive, é o expresso comando do referido pará-grafo único do artigo 790-A do texto celetista.

Para fins de esclareci-mento, de se destacar o teor do preceito consolidado:

“Art. 790-A. São isentos do pagamento de custas, além dos beneficiários de jus-tiça gratuita:

I – a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municí-pios e respectivas autarquias e fundações públicas fede-rais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica;

II – o Ministério Público do Trabalho.

Parágrafo único. A isen-ção prevista neste artigo não alcança as entidades fiscali-zadoras do exercício profis-sional, nem exime as pessoas jurídicas referidas no inciso I da obrigação de reembolsar as despesas judiciais realiza-das pela parte vencedora.“

Ainda, a mais recente alteração realizada pela Co-missão de Jurisprudência e Precedentes Normativos do Tribunal Superior do Traba-lho conferiu nova redação à Súmula 366, a qual dispõe sobre os minutos residuais para fins de cômputo da jor-

nada de trabalho.De acordo com a parte

final acrescida ao verbete su-mular, considera-se tempo à disposição do empregador, na forma do artigo 4º da Conso-lidação das Leis do Trabalho, aquele destinado a atividades desenvolvidas pelo emprega-do com troca de uniforme, lanches, higiene pessoal, dentre outras situações que possam ser verificadas no caso particular de cada rela-ção de emprego.

Isso porque, frise-se, o serviço efetivo é representado não apenas por aquele perío-do em que o empregado este-ja executando ordens. Inclui-se aqui, por força legal, aquele de mera disponibilidade, sen-do este o caso, por exemplo, do período de deslocamento entre a portaria da empresa e o local de trabalho, na forma da Súmula 429 da Corte Su-perior Trabalhista.

Nesse diapasão, as varia-ções de horário do registro de ponto excedentes de 10 (dez) minutos diários, mesmo que causadas pelo exercício de outras atividades que não estejam compreendidas pela efetiva prestação de serviços pelo empregado - a exem-plo da troca de uniforme, lanches e higiene pessoal -, serão consideradas como verdadeiro tempo à disposi-ção. E, na hipótese, caso seja ultrapassado o limite legal da jornada de trabalho em seus

A presente obra propõe ponderar sobre a situ-

ação do trabalho escravo praticado atualmente no Brasil, um país proclamado como Estado Democrático de Direito e fundamentado na proteção da dignidade da pessoa humana à luz da Constituição Federal de 1988, a qual assegura ao homem e cidadão a asse-

veração dos direitos funda-mentais e a preservação de sua valorização perante a sociedade. Infelizmente, a atual conjuntura revela que os dispositivos aparelhados para a garantia da digni-dade humana, atrelados à dignidade do trabalho, pa-decem de ineficácia diante da realidade de um Estado onde a pobreza e a explora-

ção humana persistem em marcar a vida de milhares de cidadãos. Dessa feita, objetiva-se evidenciar as ações concretas que visam à erradicação do trabalho escravo por meio da evo-lução de políticas públicas e do combate jurisdicional e institucional, fazendo-se cumprir com os acordos e convenções firmados entre

Ricardo Souza Calcini Bacharel em Direito pela Universidade Presbite-riana Mackenzie, onde obteve o título de Especial-ista em Direito Social. É também Pós-Graduado em Direito Processual Civil pela Escola Paulista da Magistratura do Tribunal de Justiça de São Paulo. Assessor de Desembargador no Tribunal Regional de São Paulo da 2ª Região. Palestrante, Articulista e Comentarista Direito do Trabalho. Colunista do site JurisConsultos e da FocoFiscal Gestão Educacional. É membro do Instituto Bra-sileiro de Direito Social Cesarino Júnior (IBDSCJ), da Academia Brasileira de Direito Processual Civil (ABDPC), da Academia Brasileira de Direito Con-stitucional (ABDConst), da Associação Brasileira de Direito Processual Constitucional (ABDPC), do Instituto Brasileiro de Direito Desportivo (IBDD), da Academia Brasileira de Direito do Estado (ABDET) e do Instituto Brasiliense de Direito Aplicado (IDA).

Por: Ricardo Souza Calcini

Por: Elisaide Trevisam

módulos diário e semanal, serão pagas integralmente como horas extra ordinárias.

Para tanto, de se mencio-nar a nova redação da Súmu-la 366 do TST, a saber:

“SÚMULA Nº 366. CARTÃO DE PONTO. RE-GISTRO. HORAS EXTRAS. MINUTOS QUE ANTE-CEDEM E SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO. (nova redação)

Não serão descontadas nem computadas como jor-nada extraordinária as varia-ções de horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minu-tos diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jorna-da normal, pois configurado tempo à disposição do em-pregador, não importando as atividades desenvolvidas pelo empregado ao longo do tem-po residual (troca de unifor-me, lanche, higiene pessoal, etc).” (destacou-se)

o Brasil e a ordem inter-nacional de proteção dos direitos humanos. Enfim, que este seja um convite à reflexão filosófica, socioló-gica e jurídica sobre o apri-moramento da qualidade dos princípios democráti-cos, efetivamente invoca-dos para a supressão da escravidão contemporânea na realidade brasileira. A

Professora Elisaide Tre-visan, disse que teve dois lançamentos o primeiro na FALC (Faculdade Al-deia de Carapicuíba) e o agora aqui no Mezanino da Livraria Cultura, onde pode receber vários ami-gos, além da presença do Ministro do STM(Supe-rior Tribunal Militar), José Barroso Filho.

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Julho / 2015 8

Plenário do CNJ aprova cotas de acesso a negros para cargos no JudiciárioO plenário do Conselho Nacional de Justiça aprovou a resolução que dispõe sobre a reserva aos negros, no âmbito do Poder Judiciário, de vagas oferecidas em concursos públicos para provimento de cargos efetivos e de ingresso na magistratura. A partir de agora, haverá reserva mínima de 20% das vagas para estes candida-tos, sendo que o percentual poderá ser elevado a critério de cada tribunal, que também terá autonomia para criar outras políticas afirmativas de acordo com as peculiaridades locais.

Entre linhas

Filosofia do Direito

Quando pensamos na Filosofia e sua relação

com o Direito, nos espanta-mos com o surge nesta re-flexão.

Infelizmente o pragma-tismo jurídico legou ao es-tudo da Filosofia aplicada ao Direito uma pequeníssima antessala, mas que se pen-sarmos bem sobre a questão, a reflexão filosófica se en-contra arraigada no âmago de todo o corpo da ciência jurídica em especial em seus fundamentos, buscando in-terpretá-los, explica-los e questiona-los.

Depois de polêmicas face à introdução da disciplina fi-losofia do direito na primeira fase do Exame de Ordem Unificado da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), professores alertam que o candidato deve se preparar bem para responder a ape-nas duas das 80 questões na Primeira fase do Exame. A Filosofia no Direito em ter-mos senso comum parece capsulada em questões de concurso, sendo isso um tre-mendo erro.

Não se deve pensar que a Filosofia do Direito, se re-sume em duas questões pro-postas em um concurso, mas tem uma abrangência muito maior. Há um aspecto ideo-lógico jurídico que envolve a questão da Filosofia do Direi-to, isto é, pode-se e deve-se apresentar como posição de valores ideais (em particular o valor da justiça) baseados nos quais se aprova e con-

dena as ações dos homens e as leis mesmas que os go-vernam; isto é, quando nos propomos pensar a norma, os valores, analisar e funda-mentar a análise jurídica so-bre um substrato reflexivo e que permita ver além do fe-nômeno ou fato aparente ou aplicar a lei, a norma, a regra sem um contexto, justificati-va ou alicerce.

Outro aspecto que trans-cende do primeiro é a crítica em relação ao fenômeno do fato jurídico, assim podemos ver a Filosofia do Direito so-bre dois prismas que se colo-ca sobre o problema axiológi-co (o problema do valor) e o problema crítico (o problema do método científico), porém acrescentando uma adver-tência de que os dois proble-mas derivam de uma única e fundamental atitude diante da realidade, tanto é verda-deiro que o problema axio-lógico implica uma crítica (crítica do agir) e o problema crítico implica uma axiologia (isto é, uma doutrina do cri-tério de verdade) Norberto Bobbio, 2001.

O que é então a Filosofia do Direito?

A Filosofia do Direito é o campo de investigação fi-losófica que tem por objeto o Direito. Ela pode ser de-finida como o conjunto de respostas à pergunta “o que é o direito?”, ou ainda como o entendimento da natureza e do contexto do empreendi-mento jurídico.

Assim, ela não só diz res-

peito a perguntas sobre a na-tureza do fenômeno jurídico, mas ainda sobre quais ele-mentos estão em jogo quan-do ele é discutido.

Pode-se observar que a “FILOSOFIA DO DIREITO” debruça-se sobre questões relacionadas à essência do fe-nômeno jurídico, ou seja, dis-cussões sobre a problemática filosófica que afeta e impac-ta diretamente no Direito, como a própria definição do direito que só pode ser res-pondida mediante análises sobre a moral, justiça, verda-de e outros temas filosóficos.

Para compreender me-lhor esta essência da Fi-losofia do Direito, Dimitri Dimoulis, asseverou: “(...) a filosofia do direito utiliza os ordenamentos jurídicos tão-somente como parâmetro de comparação e como fon-te de ilustração para tratar de temas, tais como poder, coação, verdade e justiça e para refletir sobre o sentido ontológico e social do ato in-terpretativo” (DIMOULIS, 2006. P. 31).

O papel fundamental da Filosofia do Direito é contri-buir no sentido de uma visão holística do Direito e propi-ciar os interlocutores da Filo-sofia e serem capazes de le-var a uma leitura reflexiva do fenômeno jurídico, indo além do imediatismo positivista.

Para Nunes (2004, p. 01): “(...) a Filosofia do Di-reito tem, pelos menos, duas funções: a) estimular o pen-samento; b) fazer uma críti-

Por: Cláudio Eduardo Badaró

questionamento corremos o risco de cristalizarmos nosso pensamento.

Filosofar não é tarefa fá-cil. Exige do sujeito uma pos-tura de abandono do lugar de comodidade e supõe perma-nente abertura para a cons-trução do conhecimento.

Assim a Filosofia do Di-reito propõem investigar o Direito do ponto de vista con-ceitual; exercendo sobre ele uma rigorosa crítica; proble-matiza-o; viabiliza ao jurista abrir sua mente diante do fe-nômeno jurídico; abre espaço para a percepção de verdades que se escondem por traz dos discursos. Estabelece, enfim, com o Direito uma relação dialética capaz de fazer com que o jurista tenha cada vez mais uma melhor percepção de seu instrumento de traba-lho.

Pensar, questionar e abranger uma reflexão que vá além da fria letra é tarefa dos amantes da filosofia.

[...] Mas justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta. Por-que a dilação ilegal nas mãos do julgador contraria o direi-to escrito das partes, e, assim, as lesa no patrimônio, honra e liberdade... Os tiranos e bárbaros antigos tinham por vezes mais compreensão real da justiça que os civilizados e democratas de hoje [...] (Rui Barbosa)

Cláudio Eduardo BadaróBacharel em Filosofia pela PUC/Campinas – Professor de Filosofia, Mestre em Educação para Ciência; Doutorando em Educação e Antropólogo Forense

ca do conhecimento jurídico imposto pela doutrina” e já para Nader (2005, p. 09): “Modernamente a Filosofia se identifica como método de reflexão pelo qual o homem se empenha em interpretar a universalidade das coisas”.

Bittar e Almeida (2001, p. 43): “A Filosofia do Di-reito é um saber crítico a respeito das construções jurídicas erigidas pela Ciên-cia do Direito e pela própria práxis do Direito. Mais que isso, é sua tarefa buscar os fundamentos do Direito, seja para cientificar-se de sua natureza, seja para cri-ticar o assento sobre o qual se fundam as estruturas do raciocínio jurídico, provo-cando, por vezes, fissuras no edifício jurídico que por sobre as mesmas se ergue”.

Do que se pode deduzir destas reflexões pontuais é que quando nos voltamos para questões que transcen-dem a superficialidade ou a positividade e estimulamos o pensamento gera-se uma nova forma de se perceber a realidade, de forma crítica, profunda como, por exem-plo, compreender a Doutrina de modo mais amplo, exami-nando a dimensão da ideali-dade ou legitimidade, isto é, a dimensão de valor do direito, adequando o direito vigente ao ideal democrático e an-seios sociais, preocupando-se com os critérios de justiça e o problema da verdade no direito.

Percebe-se deste modo,

que não se pode compre-ender o fenômeno jurídico sem evidente conhecer seus fundamentos filosóficos e doutrinários, para bem apli-car a JUSTIÇA. A Filosofia do Direito irá sempre propor: quid ratio iuris (Qual a razão do direito?)

A filosofia irá buscar as causas do direito, para então interpretar à luz da realidade, da vida, dos acontecimentos do cotidiano.

De acordo com o sociólo-go Zygmunt Bauman (2004), vivemos hoje em sociedade líquida, valores destroçados, paradigmas falidos e as pes-soas estão sempre calculan-do os riscos de suas escolhas. Se estiver numa relação que não é prazerosa ou se ela entra em choque com as mi-nhas realizações individuais, o vínculo se enfraquece. É uma eterna busca.

Os fatos vistos e vividos pelo homem contemporâneo demonstram que há uma desestrutura das relações e como já apontou Karl Marx sobre o processo pelo o qual o Homem está se coisifican-do e na atualidade vivendo em um inferno tecnológico como salientou Horkheimer e Adorno (1983).

Possuidor de uma consci-ência maior ou menor sobre o mundo, o Homem necessi-ta compreender claramente sua realidade, as normas, as regras a lei ajudam na fixa-ção dos limites e modelos. Se apenas obedecermos às regras sem fazer qualquer

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Projeto de Justiça Restaurativa chega às escolas municipais da capitalO Ministério Público do Estado de São Paulo, o Tribunal de Justiça e a Defensoria Pública assinaram, nesta quar-ta-feira (3/6), com a Secretaria Municipal de Educação, Acordo de Cooperação Técnica para desenvolver o pro-jeto “Justiça Restaurativa nas Unidades Educacionais da Rede Municipal de Educação de São Paulo”. O objetivo é dotar as escolas de instrumentos conceituais e operacionais para que possam atender e orientar a comunidade escolar nas situações de conflito e violência Fonte: Comunicação MPSP

Acontece

Toda forma de amor vale amar

É improvável, é impossível ser feliz sozinho sem ter

alguém para amar. É o que diz a música “Te Ver” do Skank.

Pelo jeito, para ser feliz é preciso ter alguém para cha-mar de seu.

Só que ter um par – aquela coisa boa do só vou se você for – mais do que a rea-lização de um sonho, é uma verdadeira imposição.

Em todos os tempos, todas as religiões, de qual-quer credo ou crença, que acreditam no deus que for, sacralizam a união entre as pessoas, impondo o dever de se multiplicarem até a mor-te, mesmo na pobreza, na tristeza e na doença.

Quase uma danação!É de tal ordem a obri-

gação da prática sexual no casamento, que se chega a falar em débito conjugal, sem que se fale em crédito conjugal.

Inclusive há quem diga que o casamento se consu-ma na noite de núpcias, e não momento da celebração.

Tanto isso é verdade que há tribunais que anulam o casamento quando um se recusa a cumprir o “débito conjugal”, sob a alegação de o outro ter sido induzido em erro, ao ver frustrada uma justa exceptiva.

Isto porque sempre hou-ve interesse no aumento populacional: antes do sur-gimento das armas de fogo, ganhava a guerra quem ti-

nha um número maior de soldados; em algumas regi-ões, ainda hoje, filhos signi-ficam mais força de trabalho grátis, configurando, muitas vezes, exploração do traba-lho infantil; também mais filhos aumenta o número de fiéis da religião dos pais, tanto que existe o dever de batizá-los, sob pena de os fi-lhos – e não os pais – serem severamente punidos pela omissão dos pais.

O fato é que ninguém é livre para não casar: se é uma mulher, coitada, so-brou, ninguém quis, ficou para titia; se é um homem, com certeza é gay.

Além de não ter a liber-dade de casar ou não casar, ninguém é livre para esco-lher o par.

O homem necessaria-mente deve ser sempre mais: mais alto, mais velho, mais rico, mais culto. O sinal menos é da mulher.

E, é claro, para cumpri-rem a exigência de se repro-duzirem, os noivos precisam ser de sexos diferentes.

A não ser por tal motivo, não há qualquer justificativa para o repúdio às uniões de pessoas do mesmo sexo. Di-fícil saber o motivo de tanta discriminação o fato de uma pessoa amar outra, seja do sexo que for. Afinal, o afeto não afeta o direito de nin-guém, não prejudica outro. Só traz benefício ao par.

Será que é tão difícil per-ceber que esta é a forma que

algumas pessoas encontram para ser feliz?

No entanto família, es-cola, colegas de trabalho, sociedade, todo mundo têm horror ao amor entre iguais.

A aversão é de tal ordem que no Brasil, a cada 28 ho-ras, um homossexual é mor-to em razão de sua orienta-ção sexual ou identidade de gênero.

Este repúdio sempre levou a uma invisibilidade com efeitos perversos.

As uniões homossexuais eram tratadas como meras sociedades comerciais, em que os sócios visavam lucros a serem divididos segundo o aporte financeiro de cada um. Depois de anos de uma vida em comum, sendo o ca-sal muitas vezes hostilizados pelos familiares, quando da morte de um, o outro nada recebia, não conseguia nem entrar na casa, ficava com a roupa do corpo. Os bens ame-alhado juntos vão para aque-les parentes distantes, ainda que eles nunca tivessem con-vivido com o falecido.

E quando homossexu-ais constituem famílias com filhos – sim, eles têm filhos: ou adotam ou fazem uso das técnicas de reprodução assistida – não conseguiam registrá-los no nome de am-bos, só de um. O outro não podia nem inscrever o filho como dependente no seu plano de saúde.

Esta é a face feia do pre-conceito.

Daí a necessidade de novas expressões homoafe-tividade e heteroafetividade para evidenciar que se tra-tam relacionamentos da or-dem do afeto e não do sexo. Foi assim que, no início des-te século a justiça começou a reconhecê-las como enti-dade familiar, concedendo direito à herança, a pensão por morte e, a partir do ano de 2011, assegurando aces-so ao casamento.

Aos filhos é assegurada a adoção pelos dois pais, o registro em nome de ambos, e até a concessão da licença natalidade. Só que, quando são dois pais, é descabido que a licença seja somente de cinco dias. E quando são duas mães, ambas fazem jus à licença de quatro meses?

Aos transexuais passou-se a reconhecer o direito de alterarem o nome e a identi-dade de gênero, sem terem que se submeter à cirurgia de transgenitalização.

Mas estes avanços no âmbito do Poder Judiciário não são suficientes.

É necessário uma lei para que as pessoas não pre-cisem se socorrer da justiça, que de um modo geral, é lenta.

E, ainda que a justiça consiga conceder direitos, não tem como punir os de-litos de ódio. Ninguém pode ser condenado se o fato não for considerado crime.

Daí a necessidade uma legislação que criminalize a

homofobia e assegure todos os direitos à população LGB-TI.

Não só lésbicas, gays, bissexuais, travestis e tran-sexuais. Mas também aos intersexuais – é o que sig-nifica a letra “I” inserida na sigla. Eram os chamados de hermafroditas, por nasce-rem com o sexo genital in-definido.

Descabido que os pais escolham um sexo e sub-meta o filho a uma série de cirurgias, sem que ele tenha direito de optar sobre sua identidade de gênero. E, se quando crescer, tiver a iden-tidade diferente do sexo que lhe foi aleatoriamente cons-truído?

A omissão do legislador fez com todos os projetos apresentados, em 20 anos, nunca sequer chegassem a ser votados. Atualmente, em face do conservadorismo fundamentalista que vem tomando conta do Congres-so Nacional, só tramitam projetos que visam retirar os direitos já assegurados pela justiça.

Daí a criação de uma Comissão Nacional da Di-versidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil bem como em todas as seccionais e em inúmeras subseções espalhadas Brasil a fora, com a finalidade de qualifi-car os advogados para atu-arem neste novo ramo do direito.

Um grupo de juristas

Por: Maria Berenice Dias

com o apoio das comissões e dos movimentos sociais ela-borou o projeto do Estatuto da Diversidade Sexual, a ser apresentado por iniciativa popular. No entanto, é ne-cessária a adesão de um por cento do eleitorado, que cor-responde a cerca de um mi-lhão e meio de assinaturas.

É muita coisa. Mas pa-recia fácil. Afinal, é rápido, não dói e não transforma ninguém em homossexual.

Mas é incrível a dificul-dade das pessoas de se co-locarem no lugar do outro, sentirem a dor alheia.

Isto é solidariedade, o que poucas pessoas têm.

Todos querem ser res-peitados, mas ninguém se preocupa em respeitar o próximo.

Ora, enquanto parcela de cidadãos não tem direitos reconhecidos, não se vive em um país livre, que se diz democrático de direito e cuja Constituição Federal prega a igualdade e o respei-to à dignidade.

Vive-se a era dos direitos humanos. Todos são dife-rentes. E, ser diferente, não quer dizer desigual.

Todo mundo só quer ser feliz, ter o direito de amar.

Como diz Caetano Ve-loso, toda a forma de amor vale a pena, toda a forma de amor vale amar.

Maria Berenice DiasAdvogada; Vice Presidenta Nacional do IBDFAMPresidente da Comissão da Diversidade Sexual da OAB

OAB SP lança campanha “Corrupção, NÃO”A Ordem dos Advogados

do Brasil - Seção São Paulo, promoveu o lança-mento no último dia 22/06 da campanha “Corrupção Não”. A lista de 11 propos-tas elaboradas ao longo de meses por lideranças da classe foram apresentadas a advogados, entre eles

conselheiros da Secional e presidentes de Subseções, além de autoridades e con-vidados. O evento foi trans-mitido ao vivo para as 229 representações do interior do Estado.

“Mais uma vez a advo-cacia de São Paulo se colo-ca à frente do combate de

um tema social tão relevan-te, antigo, mas tão presen-te”, disse Marcos da Costa. “A iniciativa é tomada no sentido de dar um basta a esse mal tão terrível e cau-sador de tantos prejuízos ao Brasil do ponto de vista social e econômico, que pa-rece impregnado na nossa

cultura”.O presidente da OAB

SP disse que a lista de pro-postas será entregue ao go-verno federal, ao Congres-so Nacional, ao Conselho Federal da OAB e também ao governo do Estado de São Paulo e à Assembléia Legislativa local.

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Julho / 2015 10

OAB SP manifesta-se contra o rebaixamento da maioridade penalA Secional paulista da Ordem, em consonância com sua posição histórica no sentido de que a diminuição da idade penal não é panacéia para refrear a prática de crimes por crianças e adolescentes, e por entender que há outros empecilhos relativos à questão, rejeita a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 171/1993 que objetiva o rebaixamento da maioridade penal. Para manifestar sua posição, encaminhou carta assinada pela presidente em exercício, Ivette Senise Ferreira, solicitando apoio contra a medida à bancada paulista federal na Câmara, à Frente Parlamentar em Defesa da Advocacia e às lideranças políticas. Fonte: Comunicação OAB/SP

Questão de Ordem

Sobrevivendo ao divórcio: Conhecer a lei é o primeiro passo para evitar que a separação vire um inferno

Cobrança de alimentos no novo CPC

O fim de um casamento é uma daquelas fa-

ses delicadas da vida, que pode se tornar traumática se o casal fizer do divórcio um campo de batalha.

Disputas em torno de quem fica com o quê são muitas vezes insufladas por mágoas e ressenti-mentos acumulados e o que prevalece não é a ra-zão, mas o coração ferido.

Esse cenário pode fa-cilmente transformar-se num inferno para todos os envolvidos. Aliás, foi essa palavra que Paul McCart-ney usou para descrever seu conturbado divórcio. Quando seu casamento de quatro anos com Hea-ther Mills chegou ao fim, a sossegada vida de milioná-

rio que o ex-Beatle levava também acabou.

Histórias como essas são freqüentes nos tribu-nais – e não se restringem apenas aos casais mais abonados. Até mesmo os que dispõem de um mo-desto patrimônio são ca-pazes de se engalfinhar como cão e gato na hora da separação.

Sendo assim, fica a pergunta: como é possível sobreviver ao divórcio, de preferência sem grandes traumas e perdas finan-ceiras?

Parte da resposta pode ser encontrada na lei. Em caso de divórcio ou sepa-ração, a divisão do patri-mônio do casal é definida pelo regime de bens que

eles escolheram ao casar. Por isso, conhecer os regi-mes existentes e escolher o que melhor atende aos seus interesses é a melhor maneira de evitar – ou, ao menos, amenizar – futu-ras dores de cabeça.

O regime mais fre-qüente, adotado quando os noivos não fazem o pacto antenupcial (po-pularmente chamado de pacto pré-nupcial) é o da comunhão parcial de bens. Por esse sistema, na separação os cônjuges dividem somente o que foi adquirido pelo casal du-rante o casamento.

Os demais regimes exigem a elaboração de um pacto antenupcial. É o caso da comunhão

universal de bens, que estabelece a divisão de todo o patrimônio entre os cônjuges – tanto o que possuíam antes quanto o que adquiriram depois de casar.

Radicalmente oposto a isso é a separação de bens. Como o próprio nome sugere, os que optam por esse regime não dividem nada: o que está em nome do marido é do marido, o que está em nome da mulher é da mulher. Cabe lembrar que, em alguns casos, a separação de bens é obrigatória. É o que acontece, por exemplo, com quem se casa com mais de 70 anos ou com menos de 18 anos.

Há, também, um ou-

tro regime que ainda é pouco conhecido. Trata-se da participação final nos aqüestos. A palavra pode soar estranha, mas em termos jurídicos, aqües-tos significa simplesmente bens. Esse sistema é uma espécie de híbrido da se-paração de bens e da co-munhão parcial. Permite que, em caso de separa-ção ou divórcio, cada côn-juge mantenha o que está em seu nome, dividindo apenas o que estiver em nome de ambos. Essa dis-tinção é importante, pois, na comunhão parcial, tudo o que foi adquirido após o casamento é dividi-do – independentemente de estar em nome do ma-rido ou da mulher.

Sempre fora cultivadaa ideia de que somente

os devedores de alimentos são conduzidos ao cárce-re. Essa assertiva não tem absoluta ligação com a eficácia do Processo Civil, mas com a sensação de injustiça que a sociedade alimenta e que gravita so-bre o direito penal.

Seja como for, o NOVO CPC, vigente à partir de março de 2016, manterá a prisão civil como uma das ferramenta tendentes a forçar o cumprimento da obrigação alimentar.

Prudente, num pri-meiro momento, noticiar a origem do crédito ali-mentar. Em suma, referi-docréditopoderá provir de consenso – acordo judicial ou extrajudicial – ou de decisão judicial resolutó-ria de conflito.

Essa distinção é im-portante, pois haverá tra-tamento diferente entre o cumprimento coercitivo da decisão judicial e a exe-

cução de título extrajudi-cial em que os alimentos restarem fixados.

Quando a fixação se der em título extrajudicial, o que poderá ocorrer, p. ex., em separação, divórcio ou dissolução de uniões estáveis ou homoafetivas levados a cabo por escri-tura pública em que um cônjuge ou companheiro se comprometa a pagar alimentos para o outro, a mora no pagamento auto-rizará o manejo da execu-ção de alimentos pautada no art. 911 do NCPC.

A mais importante mu-tação proveniente da vin-doura legislação está afeta à possibilidade de prisão civil do devedor, mesmo diante da fixação em instrumen-to extrajudicial, o que não é possível na atual con-juntura legislativa. Com a vigência do NCPC, a pen-são alimentícia fixada em escritura pública, ou seja, em instrumento extrajudi-cial, autorizará a prisão do

executado, derivando essa assertiva da conjugação dos artigos 911, parágrafo único e 528, § 3º, ambos no NCPC.

Não se pode olvidar que o divórcio e a separa-ção extrajudiciais só po-dem ser feitos se houver entre as partes consenso, já que o Tabelião não tem autonomia decisória. As-sim sendo, a possibilidade de prisão em virtude de descumprimento de acor-do trará à tona a função inibitória, desmotivadora.

Nesse procedimento – execução de alimentos – que, repise-se, funda-mentar-se-á em título ex-trajudicial, o devedor será citado para que em 3 (três) dias pagar, justificar o não pagamento ou prová-lo.

Tratando-se, contudo, de título judicial – senten-ça ou decisão interlocutó-ria que fixe os provisórios –, a mora no cumprimen-to da decisão judicial via-bilizará o início da fase de

cumprimento de senten-ça apoiada nos artigos 528 a 533 do NCPC.

No aludido rito, o de-vedorserá citado para, também em 3 (três) dias, pagar, provar o pagamen-to ou justificar a impossi-bilidade de fazê-lo, desta-cando como significativa mudança o fato de que a justificativa só será aceita se houver absoluta im-possibilidade (528, § 2º, NCPC).

Sendo a justificativa rechaçada e inexistindo pagamento, poderá o jui-zdecretar a prisão civil do executado pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses, em regime fechado. De-termina a lei que o preso moroso não poderá ficar custodiado junto com pre-sos comuns.

Não bastasse a prisão, estampou no texto legal a possibilidade de protesto do título executivo, o que provocará a inserção do nome do devedor no rol

dos mal quistos pelo mer-cado de consumo, cerce-ando-lhe o direito de cré-dito, tudo com o escopo de forçar o pagamento.

O cumprimento da pena de prisão, não im-porta qual seja o lapso de cárcere, não eximirá o executado do pagamento do débito alimentar que, obviamente, não autori-zará mais a prisão, mas permitirá a manutenção no nome do devedor em protesto e o prossegui-mento da execução com a constrição de bens.

Apenas as três últimas prestações vencidas até o ajuizamento autorizarão o pedido de expedição do mandado de prisão, pres-tações anteriores estas que se somarão às que vencerem no curso da fase de cumprimento.

O rito especial da pri-são será facultativo, per-mitindo ao credor que abra mão dessa consequ-ência e busque apenas os

Ivone Zeger Advogada especialista em Direito de Família e Sucessão. Membro efetivo da Comissão de Direito de Família da OAB/SP é autora dos livros “Herança: Perguntas e Respostas” e “Família: Perguntas e Respostas” – da Mescla Editorial www.ivonezeger.com.br

Carlos Eduardo de Andrade MaiaAdvogado. Doutorando em Ciencias Jurídicas y Sociales. Professor da TV Justiça – Supremo Tribunal Federal. Coordenador do curso de pós-graduação lato sensu em Direito de Família e Sucessões do Complexo de Ensino Andreucci.CoordenadorGeral de cursospreparatóriospraE-xame de Ordem do ComplexoAndreucci de Ensino. Professor de Direito Civil, Prática Civil e Direito do Consumidor em cursos preparatórios para Exame da OAB e para concursos públicos. Professor de Direito Civil em cursos de pós-grad-uação lato sensu. Professor convidado da Escola Superior de Advocacia. Professor de Direito Civil da FACCAMP. Membro efetivo da comissão de Direito de Família da Seccional São Paulo. Mem-bro do Instituto Brasileiro de Direito de Família. Membro da Academia Brasileira de Direito Civil. Diretor Presidente de Maia Training.

Por: Ivone Zeger

Por: Carlos Eduardo de Andrade Maia

Conhecer a lei pode ajudá-lo a lidar melhor com os aspectos práticos do divórcio. Mas não resol-ve tudo. Porisso disse no início que essa era apenas parte da resposta.

A outra parte passa por aspectos que estão além da esfera jurídica, e que dizem respeito ao bom senso, à maturidade e ao equilíbrio emocional de cada um. É a combina-ção de todos esses aspec-tos que pode evitar que o divórcio vire, como disse Paul McCartney, um ver-dadeiro “inferno”.

bens do devedor para a satisfação do crédito (528, § 8º), destacando-se que, extirpando discussões, o juiz determinará nos autos da execução ou do cumprimento a expedição de ofício para desconto em folha (529, NCPC).

Por fim, importa assi-nalar que a fase de cum-primento poderá ser ini-ciada tanto no juízo em que fixada a pensão (516, II, NCPC), quanto no do domicílio do credor (528, § 9º), permitindo-se, ade-mais, a utilização do sa-lário mínimo como base legal (533, § 4º, NCPC).

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Julho / 2015 11

Câmara aprova acesso de advogados a investigações em andamentoA Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 6705/13, do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), que garante ao advogado a possibilidade de ter acesso a todos os documentos de uma investigação, sejam físicos ou digitais, mesmo que a investigação ainda esteja em curso. Fonte: Agência Câmara Notícias

Vox Populi

A favor do aumento da pena nos crimes de trânsito

Em que pese os respei-tosos argumentos con-

trários de que não é o au-mento da pena nos crimes de trânsito ou até mesmo o aumento do valor das mul-tas das infrações de trânsi-to que irão coibir a prática destas condutas ilícitas, ve-rificamos que é necessário fazer algo urgente para que possamos diminuir rapida-mente o número de casos de mortes, lesão corporal e embriaguez na condução de veículos automotores.

A educação de trânsito muito embora prevista no Código de Trânsito Brasi-leiro como obrigatória no currículo escolar, não saiu e nem sairá do papel; é le-tra morta assim como tan-tas outras no País da cha-mada “Lei que não Pega”.

A formação dos con-dutores, por sua vez, tam-bém, é algo que deve ser revisto e melhorado, já que as autoescolas não ensinam aos seus alunos os preceitos básicos e fun-damentais do Código de Trânsito Brasileiro e muito menos se preocupam em ensinar aos novos condu-tores que o existem regras de convivência e respeito mútuos entre pedestres, ciclistas, motociclistas e motoristas que devem ser respeitadas para evitar aci-dentes de trânsito.

Esta Ausência da boa formação do condutor alia-da a falta de educação de Trânsito, são os responsá-veis diretos pelas infrações de trânsito e pela ocorrên-

cia dos crimes previstos no CTB.

Para coibir a prática das infrações de trânsito por exemplo o governo faz da multa, a forma de educação forçada. As ve-zes extrapola os valores, mas algumas condutas, tais como a de dirigir em-briagado é hoje vista muito mais como uma infração administrativa prevista no artigo 165 do CTB do que tipificada como crime de trânsito previsto no artigo 306 do CTB.

Entendo e até nos pa-rece lógico esta opção esta-tal pela infração de trânsito em detrimento do crime. A infração de trânsito gera multa que representa ar-recadação para o Estado, portanto é positivo. Já o crime gera Inquérito, Pro-cesso e Condenação, o que significa apenas despesa para o Estado que tem que arcar com os custos desta persecução penal.

Mas como o Estado tem o monopólio do Jus Puniendi, cabe a ele exer-cê-lo com rigor àquele que pratica crimes de trânsito. E para que o indivíduo te-nha a exata noção de que está sendo punido por aquela conduta considera-da na lei como crime, ne-cessário é que exista uma pena que o desestimule a praticar condutas tais como a de beber, dirigir e matar no trânsito.

Para dar uma reposta penal à altura do que é es-perado pela sociedade sur-

gem as interpretações no sentido de que esta con-duta de matar embriagado no trânsito não é um delito culposo de trânsito previs-to no artigo 302 do CTB, mas sim um crime de homicídio doloso, na mo-dalidade de dolo eventual, prevista no artigo 121 do Código Penal, sendo pois este crime de competência do Tribunal do Júri.

Tal interpretação sobre se o homicídio praticado por individuo embriagado na direção se veículo auto-motor é culposo ou doloso (dolo eventual), pode gerar uma batalha judicial que poderá levar anos e que se decidirá apenas no Supe-rior Tribunal de Justiça.

Para tanto, visando sa-nar o problema de inter-pretação, foi elaborado um projeto de lei de iniciativa popular visando o aumen-to de pena do homicídio culposo de trânsito para aquele indivíduo que bebe, dirige e mata no volante.

A Constituição Fede-ral consagrou como ins-trumento de exercício da soberania popular (artigo 14, inciso III, da CF) a ini-ciativa popular de lei, que poderá ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de Projeto de Lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, dis-tribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles, conforme pre-

ceitua o § 2º, do artigo 61, da Constituição Federal.

Assim, considerando a necessidade urgente de al-teração da Lei nº 9.503, de 23 de Setembro de 1997, no que diz respeito à capi-tulação dos crimes de trân-sito que envolva a embria-guez ao volante, o projeto de Lei propõe: A revogação da infração administrativa prevista no artigo 165 da Lei nº 9.503/97. (A em-briaguez ao volante passa a ser somente ilícito penal e não mais ilícito adminis-trativo); Propõe também a alteração do artigo 302, acrescentando os §§ 2º, 3º e 4º, da Lei nº 9.503/97 e ainda a alteração da reda-ção do caput do artigo 306 acrescentando os §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.503/97.

A redação ficará assim do Artigo 302: Praticar ho-micídio culposo na direção de veículo automotor: Pe-nas - detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo auto-motor. § 1º. No homicídio culposo cometido na dire-ção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente: I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação; II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calça-da; III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; IV - no exercício de sua pro-

fissão ou atividade, estiver conduzindo veículo de transporte de passageiros. § 2º. No homicídio culpo-so cometido na direção de veículo automotor, a pena será de cinco a oito anos, se o agente dirigir veículo automotor em via pública e estiver sob a influência de qualquer concentração de álcool ou substância tóxica ou entorpecente de efeitos análogos. § 3º. No caso da infração prevista no parágrafo anterior, todo condutor de veículo auto-motor, envolvido em aci-dente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool ou substância tó-xica ou entorpecente de efeitos análogos, será sub-metido a exame clínico ou perícia médico legal que, por meio técnico, permita ao médico certificar seu estado. § 4o A embriaguez a que se refere o artigo 302, § 2º deste Código po-derá ainda ser constatada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos no-tórios sinais de embria-guez, excitação ou torpor apresentados pelo condu-tor que será encaminhado para a realização do exa-me clínico.

Já a redação do artigo 306 ficaria assim: Condu-zir veículo automotor, na via pública, sob a influên-cia de álcool ou sob a in-fluência de qualquer outra

Mauricio Januzzi Santos Presidente da Comissão de Estudos sobre o Sistema Viário da OAB/SP, Presidente da Comissão do Advogado Professor da OAB/SP, Conselheiro Secional da OAB/SP, Ex-Presidente da 93ª Subseção de Pinheiros da OAB/SP, Especialista em Direito Penal pela Escola Superior do Ministério Público do Estado de São Paulo, Mestre em Filosofia do Direito e do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, advogado criminalista e Professor de Processo Penal da PUC/SP.

Por: Mauricio Januzzi Santos

substância psicoativa que determine dependência. Penas - reclusão, de um a três anos, multa e suspen-são ou proibição de se ob-ter a permissão ou a habi-litação para dirigir veículo automotor. § 1º No caso da infração prevista no artigo 306, todo condutor de ve-ículo automotor, envolvido em acidente de trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito, sob suspeita de dirigir sob a influência de álcool ou substância tóxica ou entorpecente de efeitos análogos, será submetido a exame clínico ou perí-cia médico legal que, por meio técnico, permita ao médico certificar seu es-tado. § 2o A embriaguez a que se refere o artigo 306 deste Código poderá ainda ser constatada pelo agen-te de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acer-ca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor que será enca-minhado para a realização do exame clínico.

Por isso, somos a favor do aumento de pena nos crimes de trânsito como forma de resposta penal mais adequada aos anseios da sociedade.

do jornAl

contAto:

André bAdAró(11) 9.7014-4282lançamento: out/2015

anuário jurídico

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Julho / 2015 12geral

Ministério e entidades esportivas apóiam prorrogação da Lei de Incentivo ao EsporteDebatedores foram unânimes em apoiar a prorrogação da Lei de Incentivo ao Esporte (11.438/06), em mesa-re-donda da Comissão do Esporte que debateu o tema nesta terça-feira (9). A lei permite a dedução, do Imposto de Renda, de doações e patrocínios a projetos desportivos e paradesportivos aprovados pelo Ministério do Esporte. A vigência da lei se encerra no final deste ano. Fonte: Agência Câmara Notícias

Ordenamento Jurídico no direito desportivo

As noticias relativas a esportes estão além

das colunas desportivas. O mundo esportivo avan-çou consideravelmente no mercado do entrete-nimento, sacramentado como uma das indústrias mais rentáveis do mundo. Obviamente, as relações jurídicas advindas deste cenário também crescem de maneira gradativa.

Neste aspecto, cita-mos alguns exemplos de relações comuns que já são tuteladas pelo direi-to comum: no direito ci-vil (como as cessões de direitos de imagem, os naming rights); no direi-to marcário (registro e licenciamento de mar-cas); no direito trabalhis-ta (relações entre atletas profissionais e seus clu-bes/agremiações...), no direito societário (consti-

tuição e demais atos dos clubes, clubes-empresas, associações dentre ou-tras), no direito penal (si-tuações com excesso que extrapolam as relações de dentro de campo, tipifi-cadas como infrações pe-nais, crimes de evasão de divisas); direito tributário (regime fiscal de clubes, associações, eventos es-portivos). Enfim, uma lista exaustiva de situa-ções que são regidas por normas comuns do direi-to, ainda que aplicadas às especialidades desporti-vas.

Mas, há também um campo diferenciado do direito - o desportivo - que possui normas bem especificas, inclusive com previsão inédita em nossa última Constituição Fede-ral:

“Art. 217. É dever do

Estado fomentar práticas desportivas formais e não formais, como direito de cada um, observados:

I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;

II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto ren-dimento;

III - o tratamento diferenciado para o des-porto profissional e o não profissional;

IV - a proteção e o incentivo às manifesta-ções desportivas de cria-ção nacional.

§ 1º O Poder Judi-ciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas

após esgotarem-se as ins-tâncias da justiça despor-tiva, regulada em lei.

§ 2º A justiça des-portiva terá o prazo má-ximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.

§ 3º O poder público incentivará o lazer, como forma de promoção so-cial. (n.n.)”

Assim, a Justiça Des-portiva tem competência para julgar as infrações disciplinares e litígios relacionados às compe-tições desportivas, com o intuito de manter a or-dem e as regras de cada modalidade e fazer valer os atos organizacionais internos, nos moldes dos Estatutos de cada Enti-dade, preservando-se os resultados esportivos, que deveriam estar desvincu-

lados dos interesses polí-ticos.

Além da nossa CF, deve-se citar a Lei Pelé: 9.615/98 com suas diver-sas alterações que é tam-bém um importante mar-co legal no esporte, onde foram tratadas questões polêmicas como a extin-ção da “Lei do Passe”, além de disciplinar sobre a destinação de recursos e sobre pratica despor-tiva profissional, dentro outros pontos. Para re-gular o processamento e julgamento de ações disciplinares temos o Có-digo Brasileiro de Justiça Desportiva(CBJD) que são utilizadas pelas Co-missões Disciplinares e Tribunais das Federações e Confederações esporti-vas nacionais.

Para finalizar, dentre outras legislações especi-

Por: Luciana Monteiro de Lima

ficas, cita-se o Estatuto do Torcedor: Lei 10.641/03 com suas alterações pos-teriores que dispõem sobre regras gerais prote-tivas da relação de consu-mo do torcedor.

Conclui-se que há uma série de situações deste universo desporti-vo que deve ser aprecia-da pela égide da Justiça Comum. Por outro lado, há um ordenamento es-pecífico para justiça des-portiva que julgará admi-nistrativamente infrações disciplinares e litígios relacionados a competi-ções.

Luciana Maria Monteiro de Lima Advogada. Formada em Ciências Jurídicas pela Universidade Mackenzie (1999). Habilitada para advogar na União Européia por Portugal.Pós Graduada e Co-idealizadora do 1º Curso em Direito Desportivo no Brasil. Docente na Pós Graduação em Direito Desportivo IBDD-UNIP (SP) e no IBDD-INEJ (RS). Palestrante em cursos sobre direito desportivo e direitos dos deficientes pela OAB-SP. Vice-Presidente do Tribunal Pleno do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

A monitoração eletrônica e fiscalização indireta do condenado

A possibilidade de moni-toração eletrônica du-

rante a execução da pena foi instituída pela Lei nº 12.258, de 15 de junho de 2010, permitindo a fisca-lização indireta do conde-nado, em determinados casos, mediante a utiliza-ção de equipamento que possibilite sua localização, com indicação de horário e distância, além de ou-tras informações úteis à fiscalização judicial.

Modificando vários dispositivos da Lei de Execução Penal e acres-centando-lhe os arts. 146-A a 146-D, em seção intitulada “Da monitora-ção eletrônica”, a Lei nº 12.258/10 teve vários de seus dispositivos vetados pelo Presidente da Repú-blica, constando das ra-zões do veto que “a adoção

do monitoramento eletrô-nico no regime aberto, nas penas restritivas de direito, no livramento condicional e na suspensão condicio-nal da pena contraria a sistemática de cumpri-mento de pena prevista no ordenamento jurídico brasileiro e, com isso, a necessária individualiza-ção, proporcionalidade e suficiência da execução penal. Ademais, o projeto aumenta os custos com a execução penal sem auxi-liar no reajuste da popula-ção dos presídios, uma vez que não retira do cárcere quem lá não deveria estar e não impede o ingres-so de quem não deva ser preso.”

Assim é que o veto a boa parte dos dispositivos da lei fez com que o sis-tema de monitoramento

eletrônico não fosse insti-tuído em sua plenitude na execução penal, trazendo, portanto, acanhada novi-dade, que, de certo modo, tem o mérito de inau-gurar a possibilidade de utilização dessa preciosa ferramenta de controle do condenado durante a exe-cução da pena.

Sim, porque o foco da citada lei foi primor-dialmente fornecer aos operadores da execução penal meio mais eficaz de controle sobre o con-denado em liberdade, nos casos de saída temporária e prisão domiciliar (art. 146-A, incisos II e IV), não recaindo a preocupa-ção do legislador sobre a ressocialização do preso, fulcro do sistema de exe-cução instituído pela Lei nº 7.210/84, possibilitan-

do-lhe o ingresso gradati-vo no sistema de liberdade total.

Essa lei, em seu tex-to originário, trazia várias hipóteses de utilização de fiscalização indireta por monitoração eletrônica, a saber: no caso de aplica-ção de pena restritiva de liberdade a ser cumprida nos regimes aberto ou se-miaberto, ou no caso de concessão de progressão para tais regimes; no caso de autorização de saída temporária no regime se-miaberto; no caso de apli-cação de pena restritiva de direitos que estabelecesse limitação de horários ou freqüência a determina-dos lugares; no caso de determinação de prisão domiciliar; e no caso de concessão de livramento condicional ou suspensão

condicional da pena.Em razão do veto

parcial à lei, entretanto, restaram apenas duas hi-póteses em que pode ser utilizada a monitoração eletrônica: saída temporá-ria em regime semiaberto e prisão domiciliar.

Nestes casos, conce-dido o benefício, o conde-nado será instruído acerca dos cuidados que deverá adotar com o equipamen-to eletrônico (que será constituído certamente por pulseira ou tornoze-leira – já que a lei não es-tabelece o meio), ficando ainda ciente do dever de receber visitas do servidor responsável pela monito-ração eletrônica, respon-dendo aos seus contatos e cumprindo suas orien-tações, além de abster-se de remover, de violar, de

Ricardo Antonio AndreucciProcurador de Justiça Criminal do Ministério Público de São Paulo. Doutor e Mestre em Direito. Pós-doutor pela Universidade Federal de Messina – Itália. Coordenador do Complexo de Ensino Andreucci. Professor universitário e de cursos preparatórios para ingresso nas Carreiras Jurídi-cas e OAB. Autor de diversas obras publicadas pela Editora Saraiva. Articulista e palestrante.

Por: Ricardo Antonio Andreucci

modificar, de danificar de qualquer forma o disposi-tivo de monitoração ele-trônica ou de permitir que outrem o faça.

A violação comprovada dos deveres acima especi-ficados poderá acarretar, a critério do juiz da exe-cução, ouvidos o Minis-tério Público e a defesa, a regressão do regime; a revogação da autorização de saída temporária; a re-vogação da prisão domici-liar; e advertência, por es-crito, para todos os casos em que o juiz da execução decida não aplicar alguma destas medidas.

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Julho / 2015 13

Estudante não poderá ingressar em faculdade de Direito por ainda cursar ensino médio

Um estudante classificado no vestibular através do Enem para o curso de Direito na Universidade Federal de Juiz de Fora/MG não poderá ingressar no curso por ainda estar cursando o 3º ano do ensino médio. Assim decidiu a 5ª turma do TRF da 1ª região ao negar provimento à apelação do aluno. Fonte: Migalhas

Acadêmicos de Direito

Carta de uma turma de Direito ao seu Reitor!

Diferença básica entre arresto e seqüestro

Impostos (resumaço)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR

REITOR DA FACULDA-DE DE DIREITO, NÓS, estudantes de Direito, brasileiros, estagiários (a grande maioria), re-sidentes e domiciliados na rua do Desespero, 666, bairro do Suicídio Coletivo, vêm, em nome do completo e absoluto medo de reprovar, com imensa cara de pau, pelo estagiário que manja um pouquinho de elaborar petições, propor a pre-sente

AÇÃO DE CANCE-LAMENTO DA PROVA DE ONTEM em face do PROFESSOR DE DIREITO PENAL DO OITAVO SEMESTRE NOTURNO, pelas ra-zões de fato e de direito

adiante aduzidas.

I – DOS FATOSEm um passado re-

cente, nós, dominados por uma sede de justi-ça, decidimos mudar o país, torná-lo mais justo e aplicar as leis de modo eficaz, assim, matricula-mo-nos nesta tão honra-da faculdade de Direito.

Contudo, com o pas-sar dos anos, acabamos percebendo que não dá pra mudar muita coisa sendo advogado ou juiz, com isso passamos a fre-quentar mais os bares da região do que a sala de aula.

Deste modo, é cediço que após a ingestão de álcool em níveis acima do considerado normal, o entendimento das ma-térias torna-se prejudi-

cado, motivo este que faz com que os alunos não obtenham notas sa-tisfatórias nas avaliações realizadas.

Assim, em razão da falta de comprometi-mento dos alunos, e do excesso de álcool no sangue, não houve outra alternativa senão calçar as sandálias da humil-dade e bater às portas do senhor reitor para pedir que cancele a prova por motivos de: FODEU!

II – DO DIREITOA doutrina e a juris-

prudência vem decidin-do maciçamente que os jovens são o futuro do Brasil, e nós estudantes de Direito, enquadrados na categoria: JOVENS, não podemos ser preju-dicados por um sistema ultrapassado que avalia o aluno por notas e não por quem ele é.

Ademais, com lastro no artigo 171 do vigen-te Código Penal, comete estelionato aquele que se

aproveita da ignorância do outro para prejudicá-lo, verifica-se no caso em tela que o professor ao exigir dos alunos um conhecimento que estes não possuem, estaria in-correndo em infração à legislação pátria.

Por fim, insta salien-tar que o Direito não so-corre aos que dormem, e a aula ministrada pelo professor causa inveja aos mais poderosos cal-mantes do mundo, pois basta adentrar em sala para o festival de boce-jos começar, o que no-vamente demonstra que os alunos não puderam aprender nada.

III – DOS PEDIDOSDiante do acima ex-

posto, requer:1 – A procedência

do pedido para anular a prova anteriormente marcada para o dia de ONTEM;

2 – Caso não seja este o entendimento de Vos-sa Excelência, que então aplique uma prova com conteúdos fáceis, ques-tionando os homens sobre a última rodada do brasileirão e para as mulheres perguntas re-lacionadas à moda, estilo e comportamento;

3 – Por fim, requer seja concedido ao me-nos 3,0 (três) pontos aos alunos que preen-cherem corretamente o campo “nome” na prova a QUAL FOI aplicada.

Termos em que, pede deferimento.

Brasil, 30 de junho 2015

Alunos de Direito!

Olá amigos e amigas! Fiz esse post para

tirar uma dúvida básica pra vocês nunca mais confundirem arresto com sequestro... Vamos lá:

Primeiro: Ambas são medidas cautelares p/ a proteção do bem no pro-cesso de conhecimento ou execução. Arresto: Conservação do bem pa-trimonial do demandado, querelado (devedor) para que fique assegurado o pagamento da dívida. Já o sequestro é apenas um modo de assegurar que a coisa que será entregue futuramente ao deman-dante esteja intacta no momento da entrega, ou seja, é apenas pra pre-servar a entrega do bem. No arresto ninguém liga pro bem em si, liga pro dinheiro. No sequestro o bem patrimonial em si é o que importa (sua conser-vação é por isso). Seques-

tro = Bem específico; Arresto= Qualquer bem ou conjunto de bens que sejam do valor da dívida.

Vamos fazer uma si-tuação hipotética: Eu devo a você 10 mil reais e você vendo que estou fazendo esbulho com todos os meus bens de-cide entrar com arresto/sequestro. Vamos fazer uma situação pra cada. Se o que importa pra vc é pegar minha TV de 10 mil e ELA SATISFAZ A DÍVIDA e você fica sa-bendo que eu vou dar um tiro de bazuca nela amanhã só pra não cor-rer o risco de te dar você entrará com SEQUES-TRO porque seu interes-se é SOMENTE naquela TV em específico. Já se nada que eu tiver lhe interessar em específico você entra com ARRES-TO pra juntar tudo que tenho e dar o montante

de 10 mil, entendeu? No arresto vc pensa assim: “Foda-se o que ele tem, quero meus 10 mil nem que ele venda tudo” já no sequestro você pensa assim “Foda-se o que ele tem nada, quero aquela tv a todo custo, afinal ela é o valor exato da dívida”.

No sequestro você tem interesse num bem, no arresto você só quer a grana, é simples.

Dica de amigo: A maioria dos casos de se-questro são em ações de execução de entrega da coisa... Já no arresto o bem (ou os bens) são confiscados pra garan-tir a EXECUÇÃO DA QUANTIA. Logo, no arresto o bem pode ser substituído já no seques-tro não pq você quer algo em específico (no caso minha tv). Espero que tenha ficado claro. Pro-cesso civil é vida.

Imposto é tributo cuja obrigação tem por fato

gerador uma situação independente de qual-quer atividade estatal es-pecífica, relativa à vida do contribuinte, à sua atividade ou a seu patri-mônio (art. 16 do CTN). Esta figura tributária tam-bém é prevista pelo art. 145, I, da CF. (SABBAG, Eduardo. Direito Tribu-tário Essencial. P. 65) Olá, leitor(a)! Cá estou eu para mais uma edição da série resumaço. Serie na qual faço posts curtos ape-nas para servir de lembre-te para eventual consulta para você relembrar bem rapidinho o tema. Sem mais delongas, vamos lá:

Impostos são espécies tributárias de caráter não vinculado, pois indepen-dem de qualquer contra-prestação estatal específi-ca relativa ao contribuinte.

Os impostos possuem forte relação com o princí-pio da capacidade contri-

butiva, uma vez que para o pagamento de impos-to basta a realização do fato gerador por parte do particular. Quanto mais você pratica o fato gerador, presume-se que mais con-dições você terá de arcar com a despesa tributária.

Além do caráter não vinculado, o imposto é um tributo unilateral e tam-bém conhecido por tribu-to sem causa pois, como já dissemos aqui, ele é des-vinculado de qualquer ati-vidade estatal respectiva.

Exemplo: Quando Caio se torna proprietário de um imóvel, localizado na zona urbana, ele de-verá pagar o IPTU, sem qualquer atuação estatal paralela. De outra banda, quando o município pres-ta a Caio um serviço pú-blico específico e divisível, Caio deve pagar uma taxa de serviço ao ente que prestou esse serviço.

Resumindo: O impos-to é exação não vinculada

e gravame de arrecadação não afetada.

O objetivo principal dos impostos é custear despesas públicas gerais ou universais.

Impostos: lista das res-pectivas competências tri-butárias

Impostos Federais (art. 153 da CF); Imposto de Importação (inc. I); Im-posto de Exportação (inc. II; Imposto de Renda (inc. III); IPI (inc. IV; IOF (inc. V); ITR (inc. VI); Impos-to sobre Grandes Fortu-nas (inc. VII); Impostos residuais (art. 154, I); Imposto Extraordinário (de Guerra) (art. 154, II); Impostos Estaduais (155 CF): ITCMD (inc. I); ICMS (inc. II); IPVA (inc. III); Impostos Municipais (Art. 156 CF):; IPTU (inc. I; ITBI (inc. II); ISS (inc. III).

Dê uma lidinha nesses artigos, tá tudo lá!

Enfim, é isso. Até a próxima! :)

Por: Henrique Araújo

Page 14: Jornal Fato Jurídico

Julho / 2015 14Opinião

Estudante não poderá ingressar em faculdade de Direito por ainda cursar ensino médioUm estudante classificado no vestibular através do Enem para o curso de Direito na Universidade Federal de Juiz de Fora/MG não poderá ingressar no curso por ainda estar cursando o 3º ano do ensino médio. Assim decidiu a 5ª turma do TRF da 1ª região ao negar provimento à apelação do aluno. Fonte: Migalhas

Franco Oliveira CocuzzaBacharel em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Moji das Cruzes (turma de 1980). Iniciou a carreira na magistratura em 1982 como juiz substituto e passou pelas Comarcas de Jacareí, São José dos Campos e Moji das Cruzes. Foi promovido para a Comarca de Piracaia como juiz de 1ª entrância e assumiu em 25.5.1983. Em Osasco foi Juiz da 5ª Vara Civil de 1984 a 1993. Foi promovido a juiz de direito de entrância especial em 1994. Promovido por antiguidade a desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo em 25/5/05. Professor na cadeira de Direito Constitucional no UNIFIEO desde 1992 até os dias atuais.

Thais Fernanda BizarriaEscritora, advogada em SP, poetisa, palestrante do Departamento de Cultura e Eventos da OAB/SP, especialista em família e sucessões/mediação, coordenadora da língua portuguesa e redação jurídica da OAB/SP, premiada com a Medalha Plínio Barreto e de Mérito Cultural pela OAB/SP, possuidora do quadro Rimando e Aprendendo Direito na Rádio Nacional AM de Brasília - Programa Enfoque Jurídico, vencedora de diversos concursos culturais e de poesia e oradora da X Turma de Direito da USJT.

Thais Fernanda Bizzaria

A terceirização da atividade jurisdicional

Não é de hoje que o Poder Judiciário é

associado a atributos de-preciativos, como lento, moroso, inoperante, ine-ficiente. Em suas defesa alguns incautos lembram do brocardo “ A Justiça tarda, mas não falha”. Na verdade a justiça len-ta configura a maior das injustiças. A crise do Po-der Judiciário é remota, mas é certo que a partir dos anos 80 a situação se agravou, e muito. A déca-da de oitenta foi marcada por uma profunda crise financeira e econômica, o que levou os governan-tes à adoção de inúmeros

planos, visando a estabi-lização da economia e, notadamente, da moeda, que era corroída por uma inflação galopante. A se-quência de planos, como o Cruzado, o Bresser e o malfadado Plano Collor, levaram o país ao colapso total, obrigando a popula-ção a se socorrer do Poder Judiciário. À par desta catástrofe sócio econômi-ca, o país vivia o restabe-lecimento da democracia com a promulgação da Constituição Federal, em 05/10/1988. A Constitui-ção conferiu ao povo uma gama infindável de direi-tos, aos quais foram acres-

cidos outros benefícios decorrentes do Código de Defesa do Consumidor, do Estatuto da Criança e do Adolescente, do Es-tatuto do Idoso, e tantos outros diplomas legais. Tal situação impulsionou as pessoas a buscarem os seus direitos perante o Poder Judiciário, já que o Estado reservou para si o poder exclusivo de con-ferir a tutela jurisdicional. Enquanto a demanda de ações judiciais crescia em proporção geométrica, o Poder Judiciário conti-nuava com sua estrutura estagnada e a atividade jurisdicional encontrava-

se algemada a uma legis-lação antiga e retrógrada. As estatísticas demons-tram o caos em que se encontra a Poder Judi-ciário, pois atualmente são mais de cem milhões de processos, para serem solucionados por 16.500 magistrados.Desta forma, a primeira solução encon-trada, no início dos anos 90, para tentar amenizar o problema do excesso de demandas, foi a criação dos Juizados Informais de Conciliação e Juizados de Pequenas Causas, na esteira do disposto no art. 98, I, da CF. A reforma do Poder Judiciário, consa-

grada pela EC 45/2004, trouxe mecanismos para agilizar a solução dos pro-cessos, como a súmula vinculante e a repercus-são geral. Além disso, a nova legislação proces-sual pretende estimular a solução pacífica dos conflitos e evitar a perpe-tuação dos processos com infindáveis recursos. Por fim, o Estado passou a incentivar a conciliação, a mediação e a arbitragem, como caminhos alterna-tivos para a solução dos conflitos dentro e fora da atuação estatal. A conclu-são a que se chega é que o Estado compreendeu que

Por: Franco Cocuzza

reservar pra si o monopó-lio da prestação da tutela jurisdicional não encontra mais espaço na atual rea-lidade e a terceirização da solução dos conflitos, por meio da mediação e da ar-bitragem (Lei 9.307/96), parece a mais econômica e eficiente solução para a justiça brasileira.

As alterações do divórcio com a emenda constitucional 66

ARTigO

“Com o tempo, você vai percebendo que, para ser feliz, você precisa aprender a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você.”

Mario Quintana

A Emenda n.º 66, apro-vada pelo Congresso

Nacional, em 13 de Julho de 2010, modificou a reda-ção do § 6º, do artigo 226, da Constituição Federal, tornando o conteúdo de seu dispositivo mais práti-co.

O divórcio deixou de ser condicionado aos requisitos da prévia separação judicial por mais de (01) um ano, bem como pela separa-ção de fato por mais de 02 (dois) anos, assim sendo, facilitou-se a dissolução do casamento, visto que não há mais lapso temporal de-terminado em lei a ser res-peitado.

Desta feita, entende-se:

o indivíduo pode casar-se hoje, e já divorciar-se ama-nhã.

Agora, explico um pou-co do divórcio e as suas al-terações, de forma singela, do meu jeito, Rimando e Aprendendo Direito, e es-pero que você leitor fique satisfeito e tire algum pro-veito:

Rimando e Aprendendo com o divórcio

No instituto do di-vórcio judicial o objeti-vo imediato é a cessação dos efeitos civis da socieda-de conjugal e, logo, a disso-lução.

A lei determina ao juiz um dever especial de bus-car a reconciliação do ca-sal, pois, de acordo com nosso ordenamento, a fa-mília deve ser protegida a todo momento.

O divórcio pode ser consensual, sendo procedi-mento de jurisdição volun-tária.

Neste tipo de divór-

cio, há consenso do casal, ninguém atua de forma ar-bitrária.

O divórcio pode ser liti-gioso sendo necessário que entre o casal, haja diver-gência, algo afrontoso que torne insuportável o víncu-lo matrimonial.

Com a nova emenda constitucional o § 6º do ar-tigo 226 da Constituição Fe-deral suprimiu o requisito da prévia separação judicial por mais de um ano do ca-sal.

Supriu também a com-provada separação de fato paor mais de dois anos.

A emenda 66, ao ser aprovada, concedeu des-burocratização em nosso cotidiano.

Page 15: Jornal Fato Jurídico

Julho / 2015 15

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