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SERÁ QUE O TEATRO

PODE AJUDAR A PERCEBER

O MUNDO ?

Image aIgue

“Misturar personalidades e culturas diferentes no palco representa um convite para sair de casa para ver o que está acontecendo em outros lugares, o que se passa mais além. É um convite para via-jar através da imaginação, para ter um olhar rico e positivo sobre os outros, independentemente de quem ele seja”

Christiane Véricel

Há uns dez anos, Image Aiguë reforçou a sua acção na Europa. Nomeada « Embaixador cultural euro-peu » pela l’UE em 2010, a Companhia reforça a sua cooperação artística com os seus parceiros italianos, suecos, portugueses e turcos. Ela conta igualmente em divulgar o sei conceito por outros países como a Geórgia ou o Egipto.

Encontrar, obsErvar, transmitirAssim, Image Aiguë continua a desenvolver o

Grupo Teatral Europeu, criado em 2008. Este, agru-pa ateliers de formação e de pesquisa que acentuam o trabalho da Companhia, realizado em diferentes momentos do ano. Jovens artistas de diversas nacio-

nalidades iniciam a prática artística de Christiane Véricel. A aquisição progressiva dessa prática per-mite-lhes mais tarde, de passar adiante os valores de companhia. Também são convidados a darem o seu contributo no enriquecimento das reflexões de Image Aiguë sobre o mundo, actores culturais e diversos profissionais (jornalistas, investigadores, artistas...), pelas suas competências e a sua singu-laridade. Certos artistas podem inspirar-se nos ate-liers para criar as suas próprias obras : textos, vídeos, fotos ou ainda desenhos. O Grupo Teatral Europeu passa a ser um espaço de coincidência artística que divulga a idéia de uma Europa fundada na tolerância e na abertura para o mundo...

como o teatro pode ajudar a encontrar seu lugar no mundo, para desenvol-ver um sentimento de cidadania européia? Há 27 anos, cHristiane véricel, reúne no palco, actores de origens e idades diferentes e questiona sobre os grande problemas da nossa época.

a companhia image aiguë, criada em 1983 por christiane véricel, reúne alguns vinte artistas (actores,

cenógrafos, músicos...), técnicos e administrativos. graças à sua experiência internacional, Christiane Véricel dedi - cou-se a inventar um vocabulário teatral que permite a cada um exprimir-se na sua língua de origem sem dificultar a compreensão do espectador Em todas as criações, actuam com profissionais de Image Aiguë, crianças, adolescentes, autóctones, imigrados, encontrados ao longo de viagens, e reunidos pela cena, na frança e no exterior. christiane véricel cria personagens a partir da personalidade de cada um para poder contar histórias universais sobre o poder, a diferença, a sobrevivência, a fome...

companHia cHristiane véricel embaixador cultural europeu 2010

EstE jornAl ExIstE Em 6 línguAs

francêsinglês

italianoportuguês

suecoturco

Luka

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www.imagE - aiguE.org

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Peço aos actores para trabalharem sobre histórias muito simples, histórias universais sobre a actualidade ou sobre situações comuns. Aprendi, lidando com culturas muito diferentes, a inventar motivos universais que facilitariam o investimento íntimo e pessoal, quase imediato, dos indivíduos oriundos de diversos horizontes. Então me inspiro naquilo que toma forma diante dos meus olhos para começar à inventar os personagens e construir a trama do espectáculo.

« é primordial que a identidade e a vontade de cada um se manifeste

para enriquecer o teatro »

Os encontros e as trocas que surgem nesta ocasião, baseiam-se nas práticas vivas e concretas das experiências que procuram valorizar o vivido e as emoções de cada artista. Trata-se mesmo de uma transmissão permanente do nosso imaginá-rio. É primordial que a identidade e a

vontade de cada um se manifeste para enri-quecer o teatro. Todos os dias, dou-me conta até que ponto a cena é um formidável catali-sador. Ela ajuda à criar elos, à abrir os nossos olhos para a diversidade mun-dial e também para a complexidade dos mecanismos relacionais em torno do qual nossas sociedades são organizadas

— neste ultimo espectáculo, desejou trabalHar de forma ainda mais acen-tuada sobre a presença das crianças em cena...

É verdade. Eu tentei examinar e equilibrar o pequeno poder de cada um procurando dar as crianças o seu lugar: não só no palco, como também no propósito do espectáculo. Pois Les Ogres, além dos temas ligados à fome, e ao acesso aos alimentos, trata de uma questão muito importante para mim, a da resistência. Quando devemos obedecer e quando podemos resistir? É muito interessante trabalhar com crianças sobre estes temas e examinar com elas os limites da resistência e da disciplina.

— quem são as crianças que actuam em LEs ogrEs ?

São crianças que trabalham connosco já há muitos anos. É por conhecê-las bem que consegui através delas transpor a sua maneira

— após ici Là-bas, apresenta LEs ogrEs. como consideras esta nova criação em relação aos espectáculos anteriores da companhia imagE aiguë ?

O tema central de “Les Ogres” vai ao encontro de uma preocupação que atravessa o trabalho de Image Aiguë desde a sua criação, em 1983 : a questão da partilha dos alimentos, da busca de um equilíbrio onde cada um encontraria o seu lugar. Como alimentaríamos nos próximos anos, todos os seres humanos que vivem na terra ? Evidentemente não respondo esta pergunta, mas é através do palco, que tento esclarece-la, fazendo com que cada um de nós reflicta sobre o assunto. Os espectáculos da Companhia Image Aiguë, são baseados na personalidade dos actores presentes em cena, cada uma das nossas criações são concebidas como uma proposta única e singular.

— que processo de criação a leva a preparar os seus espectáculos baseando-se na personalidade dos actores ?

Embaixador cuLturaL EuropEu, a companhia imagE aiguë pros-

sEguE as suas ExpLoraçõEs tEatrais Em torno dE tEmas sobrE

a aLtEridadE, a difErEnça, o tErritório, a carência, a nEcEs-

sidadE… ExpLoraçõEs rEaLizadas com actorEs profissionais

E actorEs mirins–intérprEtEs quE hojE, Em «LEs ogrEs», dão

um cunho humorístico sobrE os buLímicos E os insaciávEis.

Procura-se um equilíbrio onde cada um possa encontrar o seu lugar

1983 christiane véricel orga-niza ateliers teatrais com crianças e adolescentes de origens diversas, num bairro popular do subúrbio de saint etienne. decide então criar a companhia image aiguë, com a fina-lidade de seguir o seu caminho nesta via teatral.

1994 é em nazareth, a maior cidade árabe de israël, que christiane véricel faz com que crianças judaicas

e muçulmanas actuem juntas. estes momentos de intensa confrontação e cheios de surpresa dão nascimento ao espectáculo adama.

1998 a companhia image aiguë organiza ateliers teatrais com crianças de pondichéry. após esta expe-riência, o pequeno prakash e a pequena antoniamal chegam a viajar até a frança para participarem na criação de nandri no centro dramático da bretanha, para

Entrevista de Christiane Véricelpor Manuel Piolat Soleymat

27 criações em volta das grandes fracturas do mundo

companHia cHristiane véricel

Desde 1983, a Companhia foi recebida em cenas locais, nacionais e internacionais dos cinco con tinentes. Image Aiguë realizou 36 criações originais, apresentadas mais de 1000 vezes, em 35 países e em mais de 250 lugares.

depois partirem em digressão em mais de vinte e três cidades francesas.

1999 depois da Índia, o brasil. christiane véricel parte para o rio de janeiro, onde vai ter com uma asso-ciação que trata de crianças abando-nadas. com muitos dentre eles, cria-se o espectáculo dia à dia.

2000 após esses anos viajan-do pelo mundo, image aiguë reforça a sua acção na europa. recebida em um campo de ciganos na macedónia, christiane véricel cria curumi e segue em digressão pelo continente. o progra-ma intitulado « o teatro para reafirmar como cidadão do mundo » marca em seguida, o inicio do apoio da ue.

2008-2009 no qua-dro de um projecto, apoiado pela união europeia, « a europa começa aqui ou lá », a companhia image aiguë produz em outubro de 2008 ici là-bas no tea-tro célestins, em lyon. segue-se uma digressão na frança, assim como na república checa e na suécia, durante o ano de 2009.

2010 nasce uma nova cria-ção, Les ogres ou le pouvoir rend joyeux infatigable, seguida de uma digressão francesa e europeia até 2011. ar tistas vindos de itália, de por tugal, da suécia e da turquia encontram-se em lyon, durante o verão de 2010 para participarem de ateliers de formação e de pesquisa do grupo teatral.

de ser, e inventar personagens muito diferentes uns dos outros, personagens talvez ainda mais fortes, ainda mais profundos do que nos meus espectáculos anteriores. Nenhuma delas me reenvia uma imagem cor-de-rosa, transposta da infância. Les Ogres é composta por uma sucessão de histórias curtas submetidas à serem modificadas ou completadas, como uma espécie de mosaico teatral onde um elemento pode ser desenvol-vido, um outro substituído, afim de modificar o formato do espectáculo. Gostaria por exemplo, de voltar a trabalhar com artistas circenses, como eu fiz por ocasião de Ici là-bas, ou então de aprofundar o uso de fantoches, uma prática que me atrai

« Sempre que vamoS para fora, meSmo Sendo perto, aumentamoS o noSSo território e o conhecimento doS outroS. »

christiane véricel, Encenador e Direcção artística Sandrine de rosa, Músico e actriz frédéric périgaud et Burhan taskiran, Actoresestanislao Sanchez, Músico

Artistas formadores :Jean Sclavis, Bonequeiroviolaine véricel, DançarinaSilvia nogueira, Cantora e acompanhante

Artistas associados :estelle feuvrier e Gilles feuvrier, Animadores actores

Administração :nicolas Bertrand, Administradorpierre Brini, Secretário Principalilitza Georgieva,

Técnico de comunicaçãoLivia Lavieille, Contabilista e Assistente administrativaolivier pinay, Coordenador, redactor de conteúdos

Técnicos :Bruno corona, Régie geralmichel theuil, Iluminadormuriel habrard, Técnico de vídeo

Conjunto Teatral Europeu : Jovens artistas da Suécia, Itália, Turquia, Portugal e França : Servan, einar, Giacinto, patricia, andré, rosaria

Crianças da Europa :Luca, mbariki, marie-Sara, tom, Lynda, mathilda, rania, catarina, Baptiste, antoine, Kaelia, Lenaelle, camillia.

Companhia Image Aiguë

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Procura-se um equilíbrio onde cada um possa encontrar o seu lugar « para mim, a felicidade, está no fazer teatro. » (Luca d’Haussy, 12 anos)

« o meu vizinho comilão tinha o olhar terrível de um homem incapaz fisica-mente, de ver para além daquilo que deseja devorar, quer seja uma porção de natas quer seja um país. » (Klaus Mann)

« sou uma maravilha, nem mais nem menos maravilhosa do que os outros. » (Albert Jacquard)

« a barca encontra-se aberta. ninguém conse-guiria salvar-se sozinho. nenhuma sociedade, nenhuma economia. nenhuma língua existe por si só,sem estar ajustada às outras. nenhuma cultu-ra, nenhuma civilização, alcança a sua plenitude sem estar em simbiose com as outras. » (Edouard Glissant e Patrick Chamoiseau)

« para mim, o sujeito é sempre mais importante do que a imagem. » (Diane Arbus)

« o nosso procedimento artístico pressupõe nunca ficar pelo discurso ou pela teoria. o que conta, acima de tudo, é o movimento, a produção súbita, a partilha. » (Christiane Véricel)

há muito tempo e que experimento pela primeira vez neste espectáculo.

— LEs ogrEs recorre muito à imagem daquele que recolHe. o que revela para si este tipo de personagens ?

Nos meus espectáculos, adianto-me frequentemente, deixando-me inspirar pelas circunstâncias. Foi por ocasião de um trabalho com uma turma de escola primária que fiz surgir a figura daquele que recolhe. Procurava encontrar gestos ancestrais que ainda hoje pudessem falar por si. Gosto de me aproximar o máximo possível da simplicidade para depois poder ir mais além. A idéia daquele que apanha corresponde a isso. Este gesto universal atravessou a história dos homens para chegar até nós. Ainda hoje, pessoas continuam a recolher : quando apanham conchas na praia, quando recuperam produtos abando-nados nos mercados... Parti daí para a minha pesquisa sobre Les Ogres, o que me levou a explorar o domínio da carência, do vazio, em vez do pleno, da opulência.

— e isto porque o seu espectáculo não convida para a imagem que Habitual-mente temos dos ogros…

Não. Mas, o ogro pode reenviar para outras imagens, outras referências, nomea-damente para a autoridade. Mais do que me limitar a reproduzir a imagem asso-ciada ao ogro, achei mais interessante traba-lhar à volta de figuras de ogros transpostas, mais viradas para o poder e a dependência. Para esse efeito, examinei a oscilação das noções de poder e de autoridade, em torno de relações de confrontação entre adultos e crianças, actores e marionetas, humanos e animais…

— que lHe sugere a designação como embaixador cultural da europa para a companhia imagE aiguë ?

Estou orgulhosa e feliz. Vem tornar oficial uma dimensão muito importante do nosso trabalho: a transmissão da nossa filosofia artística. Esta função de Embaixa-dor permitir-nos-á apreender ainda melhor o nosso papel de transmissor, melhorar a nossa compreensão do mundo, dos outros, do indivíduo. Porque, cada vez que vamos para outro sítio, mesmo se for perto, aumentamos o nosso território e o nosso conhecimento dos outros.

qual é o ponto principal da filosofia de imagE aiguë ?

Baseia-se numa idéia muito simples: explorar o algures, o fora pode ajudar-nos a adoptar uma atitude de tolerância em relação aos outros. Visto que, evidentemente, nos colocando face à singularidade, às diferenças deles, o teatro faz-nos tomar consciência que estes « outros » nos enriquecem, que o mundo está vivo e que não se pode adoptar uma única forma de nos relacionarmos com o mundo exterior. Assim, em Les Ogres, quando se fala de obediência ou de desobediência, chegamos ao ponto de nos questionarmos sobre o lugar único que cada um de nós ocupa no mundo em relação aos lugares que ocupam os outros. Aí é que reside a única forma de viver mais justamente.

« O teatro faz-nos tomar

consciência que (...) não se pode adoptar uma

única forma de nos relacionarmos

com o mundo exterior. »

— para este último espectáculo, também revisitou fotografias de diane airbus...

Sim,é uma fotógrafa que aprecio muito. Diane Airbus explica que nas suas obras privilegia sempre o sujeito, as pessoas que fotografa, em relação à imagem, à própria fotografia. O meu trabalho vai no mesmo sentido. Em vez de privilegiar a encenação, muitas vezes, constrangedora, é deixada às personagens a possibilidade de se apro-priarem do espaço, dado que se inspiram da personalidade dos actores.Trabalhando com o vivo, acho mais intenso valorizar perso nalidades interessantes do que as imo-bilizar, as condensar num quadro dema-siado restritivo.

— isso explica o facto das suas cria-ções serem muitas vezes evolutivas ?

Sem dúvidas. A fim de preservar o carác-ter autêntico das personagens e das emoções, é preciso que o espectáculo permaneça vivo, que o prazer do teatro não deixe de estar presente. Além disso, penso que se não há prazer, não há teatro. Isto é válido tanto para os artistas, como para os espectadores. À imagem do que toma forma em cena, os nossos espectáculos destinam-se a um público muito variado, um público mestiço de um ponto de vista social, cultural, geracional... Isto, claro, sempre com a vontade de defender uma grande exigência artística. O trabalho de Image Aiguë inscreve-se assim, numa via dupla que acaba por ser única : um teatro ao mesmo tempo popular e militante.

« Sempre que vamoS para fora, meSmo Sendo perto, aumentamoS o noSSo território e o conhecimento doS outroS. »

Image aIgu

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Amendoins, tangerinas, pedaços de pão, cacau em pó, bolachas… Uma mesa, uma marmita, uma toalha xadrez, pratos, uma concha, garfos… Raparigas e rapazes, mario-netas, violinos, um bandónio, um nariz de palhaço, uma galinha sedosa do Japão…

Grandes conflitos e pequenas guerras

Ao proporcionar, em cena, um encontro entre seis crian-ças actrizes e quatro actores profissionais, Christiane Véricel inventa Les Ogres, um novo convite à interrogação sobre a questão da partilha

dos alimentos, explorando através do teatro, as temá-ticas da privação, do acesso aos recursos, da relação com a dependência e a autoridade. Composto por uma suces-são de pequenas histórias, por sequências teatrais de universos contrastados, este espectáculo-mosaico faz-nos tomar consciência acerca das consequências dos grandes conflitos assim como das pequenas guerras.

Pequenos e grandes per-sonagens desfilam à nossa frente, às vezes, como car-rascos e vítimas, mestres e escravos, fantoches e mani-puladores à imagem de quem

para além de serem poéticos, revelam-se com sentido.Estes momentos pintados de cor mais melâncólica, surgem em harmonia com cenas mais joviais, crianças que se impõem face a adultos e con-ferem uma dimensão, quase impressionista à nova criação de Christiane Véricel. Criação esta, cujas diferentes pers-pectivas levam à transforma-ção e à reinvenção no futuro, afim de se manter esta visão dinâmica e fecunda do teatro para a qual trabalha a Com-panhia Image Aiguë há mais de 25 anos.

Manuel Piolat Soleymat

Os Ogros ou O poder torna feliz e incansável

parceiros :centro cultural francês de palermo e de sicília (itália), ¨cˇu’m„a* (turquia), setepés (portugal), nycirkusprogrammet – s:t botvids gymnasium (sweden), Kc zahrada (república checa), stichting caucasus fundação (geogia), teatro do renascimento – oullins, teatro de viena, teatro gérard philipe - centro, dramático national de saint-denis (frança)

image aiguë é apoiada pela união europeia enquanto « Embaixador culturaleuropeu » para o ano 2010. ela beneficia do apoio do programa cultura, que ajudaos organismos activos a nível europeu no domínio cultural.

acorre a umas migalhas, de quem luta pela sobrevivência ou de quem defende os seus direitos, o de possuir. Parti-cipam assim, cada um à sua maneira, no combate da exis-tência e reenviam-nos a ima-gem dos nossos egoísmos, das nossas impaciências, das nossas voracidades.

Uma visão dinâmica e fecunda do teatro

Ao dissociarem-se de pon-tuações musicais, relações de poder e trocas verbais, as diferentes sequências de Les Ogres deixam de usar as pala-vras para passarem a contar

unicamente com a presença dos intérpretes. Assim, as pequenas Marie-Sara e Kaïna, silenciosas, sentadas num banco, face ao público… Uma mulher (Sandrine De Rosa) que vai ter com elas, não abrindo a boca, põe-se a descascar uma batata, meti-culosamente, sem notar que se tinha ferido, que corria o sangue dela... E a seguir, voltam as vozes, as injun-ções, as súplicas, as felizes repreensões aos nossos ouvidos... Estas pequenas partes do quotidiano sem palavras, como se escapas-sem do tempo, dão existên-cia a instantes teatrais que

Com o apoio da Fundação Hippocrène

O conjunto desta publicação apenas compromete a Companhia Image Aiguë e a Comissão europeia não é responsável pelo uso que poderia ser feito das informações nela contidas.

companHia cHristiane véricel

estimamos que 24 000 pessoas morrem de fome, por dia no mundo, ou seja, uma em cada 4 segundos. quantos Homens poderÍamos sustentar, se cada Habitante do planeta seguisse o regime alimentar de um camponês do bangladecHe? 18 mil milHões. quantos Homens poderÍamos sustentar se toda a gente seguisse o regime alimentar de um cidadão europeu ou americano ? 700 milHões…

Image Aiguë Companhia Christiane Véricel 2, place des terreaux 69001 lyon tél. +33 (0)4 78 27 74 81 fax. +33 (0)4 72 00 95 41 email. [email protected]

pode encomendar o conjunto das nossas publicações(jornal Là-bas-ici, blocos de viagem) sobre : www.image-aigue.org

setembro de 2008 maio de 2009 outubro de 2009 www.image - aigue.orgtextos : christiane véricel et manuel piolat-soleymat - fotografias : image aiguë - tradução : isabel seixas - grafismo : gérard paris-clavel, assistido de anne desrivières - fotogravura, impressão : jourdan - editado em junho 2010

Image aIgu