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Junho de 2011
Sumário
BOLETIM DIÁRIO DO TEMPO......................................................................................................... 2
Boletim do Tempo para 16 de junho (CHUVA) ......................................................................... 2
Boletim Técnico CPTEC .............................................................................................................. 8
Nível 250 hPA ........................................................................................................................ 8
Nível 500 hPA ........................................................................................................................ 8
Nível 850 hPA ........................................................................................................................ 8
Superfície ............................................................................................................................... 9
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BOLETIM DIÁRIO DO TEMPO
Boletim do Tempo para 16 de junho (CHUVA)
As imagens de satélite do dia 16 de junho (Figura 01) mostraram nebulosidade na parte
noroeste do Pará desde as primeiras horas do dia. Apenas a região mais ao sul do Estado
apresentou céu praticamente limpo, com apenas algumas nuvens rasas em baixos níveis. As
18:00 GMT, ainda não se observou o desenvolvimento da convecção, especialmente na costa
nordeste do estado.
Na imagem das 21:00 GMT (Figura 02), observou-se bastante nebulosidade em grande parte
da bacia amazônica, exceto no Pará, devido a zona de convergência intertropical. Observa-se
também nebulosidade na costa leste do nordeste.
Através da Figura 03, que mostra os sistemas convectivos as 21:00 GMT, é possível verificar
que os sistemas presentes por toda a bacia amazônica estavam em sua fase crescimento, algos
em fase madura, porém com sua maioria em estágio de dissipação.
O acumulado de precipitação entre as 12:00 GMT de 15 e as 12:00 GMT de 16 de junho (Figura
04) mostra a precipitação associada com os sistemas. Sobre Bélem, o acumulado não
ultrapassou os 20 mm/dia.
Quando se observa a intensidade de precipitação medida pelos disdrômetros parsivel e joss
(Figura 05), instalados no sítio Outeiro, entre os horários das 02:52 e 02:57 GMT, tem-se um
pico as 02:54 GMT de 4,3 mm/h. No mesmo instante, o pluviômetro 1 registrou um máximo de
taxa de precipitação de 15,24 mm/h.
O CAPPI do radar meteorológico (Figura 06) Banda X instalado em Belém mostra a
refletividade do evento observado a 2 km, no momento em que passou sobre a região as 02:54
GMT. A refletividade do sistema atingiu o 25 dBZ, o que equivale a mais ou menos 2,5 mm/h
de intensidade de chuva.
O RHI (Figura 07) no azimute de Outeiro revelou a estrutura vertical do sistema. A refletividade
da célula mostrada não ultrapassou 30 dBZ as 20:30 GMT e atingiu uma altura de 5 km.
Por fim, os dados coletados na torre meteorológica instalada no sítio Outeiro revelam as
variações de temperatura, umidade, velocidade e direção do vento antes e após o evento de
precipitação (Figura 08). A temperatura e a umidade não registraram variação significativa.
Mantiveram-se em torno de 25,4°C e 88%, respectivamente. Quanto a velocidade do vento,
observou-se um pico as 02:54 GMT de 3 ms-1. Na direção, percebe-se um giro do vento que
antes era de leste e passou a ser de norte-nordeste.
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(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 1. Imagens do Satélite GOES-12 às (a) 00:00 GMT, (b) 06:00 GMT, (c) 12:00 GMT e (d)
18:00 GMT do dia 16 de junho de 2011 recortadas para o Estado do Pará.
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Figura 2. Imagem do Satélite GOES-12/METEOSAT às 21:00 GMT do dia 16 de junho de 2011.
Figura 3. Sistemas convectivos observados na imagem das 21:00 GMT do satélite GOES
determinado pelo sistema FORTRACC (CPTEC/DSA) no dia 16 de junho de 2011 e sua fase no
ciclo de vida (amarelo-crescimento, vermelho-maturação, verde-dissipação). Fonte: DSA/INPE.
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Figura 4. Precipitação diária (mm) estimada por satélite sobre o Estado do Pará entre as 12h do
dia 15 de junho de 2011 e as 12h do dia 16 de junho de 2011. Fonte: DSA/INPE.
Figura 5. Taxa de precipitação estimada pelos disdrômetro parsivel, disdrômetro joss e por
dois pluviômetros instalados no sítio Outeiro para evento observado no dia 16 de junho de
2011.
Figura 6. Radar meteorológico
Figura 7. RHI (Range Height Indicator
de 2011 às 02:50 GMT.
Radar meteorológico Banda x das 02:54 GMT do dia 16 de junho de 2011.
Range Height Indicator) do sistema observado sobre Belém no dia
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de 2011.
no dia 16 de junho
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(a) (b) Figura 8. (a) Temperatura (°C) e umidade relativa (%) e (b) direção (°) e velocidade (m/s) do
vento entre as 2:30 e as 3:00 do dia 16 de junho de 2011 no sítio Outeiro.
Por Clênia R. Alcântara
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Boletim Técnico CPTEC
Nível 250 hPA
Na análise da carta sinótica de altitude (250 hPa) da 00Z do dia 16/06, nota-se a presença de uma circulação levemente ciclônica no leste do Brasil. Este sistema provoca nebulosidade baixa principalmente na faixa leste, onde é mais próximo do oceano e há um suporte termodinâmico mais favorável. No litoral há uma condição de chuva fraca. Mais ao sul nota-se a presença de um cavado frontal bem a leste de 30W, contornado pelos ramos norte e sul do Jato Polar (JPN e JPS, respectivamente). No Pacífico observa-se outro cavado frontal, contornado pelo JST e JPN. Este sistema já influencia a parte central da Argentina, juntamente com o JPN, com núcleo intenso em torno de 110 kt. Este sistema causa instabilidade que pode ser vista na imagem de satélite. No extremo norte da Região Norte observa-se uma circulação anticiclônica, que provoca divergência neste nível, e juntamente com o suporte termodinâmico favorece instabilidade neste setor.
Nível 500 hPA
Na análise da carta sinótica de nível médio (500 hPa) da 00Z do dia 16/06, observa-se uma
circulação anticiclônica, um pouco desconfigurada em relação a ontem, devido a aproximação
do cavado a oeste. Este sistema encontra-se centrado sobre o leste de SP e influencia o tempo
no interior do país, de forma a inibir a instabilidade, além de favorecer os baixos valores de
umidade relativa. Observa-se o reflexo do cavado frontal no Atlântico, também bem a leste de
30W, mas ainda estendendo um cavado para MG. Em grande parte da Região Nordeste nota-
se a presença de uma circulação anticiclônica, que de certa forma favorece a propagação de
ondas de leste para a costa desta região. No Pacífico também se observa o reflexo do cavado
frontal, inclusive já com reflexo na Argentina, onde há a atuação do JPN em altitude. Observa-
se significativa baroclinia associada a este sistema, através de fortes ventos e gradiente de
altura geopotencial.
Nível 850 hPA
Na análise da carta sinótica de nível baixo (850 hPa) da 00Z do dia 16/06 observa-se uma
circulação anticiclônica, associada ao anticiclone subtropical influenciando grande parte do
país. Este sistema favorece ventos de leste/sudeste na faixa leste do país e dá suporte
termodinâmico a instabilidade por enquanto fraca neste setor. Já no centro-sul do país este
escoamento favorece ventos de norte em direção a Argentina, Paraguai, Uruguai e parte do
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RS. Este escoamento transporta de ar relativamente mais quente para estas áreas e ajuda a
instabilizar a atmosfera.
Superfície
Na análise da carta sinótica de superfície da 00Z do dia 16/06, observa-se uma frente
estacionária sobre o Atlântico, na altura do sul do ES, bem afastada do continente. Um sistema
frontal é visto sobre o Pacífico, ao sul de 40S, ainda afastada do continente. Um cavado pode
ser visto entre o norte da Argentina, seguindo pelo Atlântico. Este sistema encontra-se
embebido dentro da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS), que tem núcleo de 1028 hPa
centrada em 31S/38W. Outro cavado é observado sobre o sul da Argentina. A Alta Subtropical
do Pacífico Sul (ASPS) está centrada em 38S/113W, com núcleo de 1035 hPa. A Zona de
Convergência Intertropical (ZCIT) oscila em torno de 6N e 9N sobre o oceano Pacífico e sobre o
Atlântico, este sistema oscila em torno de 4N e 9N. Sobre o leste do Nordeste nota-se um
cavamento nas isóbaras, que reforça a convergência de umidade, principalmente no litoral.