Transcript
Page 1: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA – FACULDADE DE DIREITO

2010

Hermenêutica Jurídica Matéria de hermenêutica dada durante o

primeiro período.

U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E J U I Z D E F O R A – F A C U L D A D E D E D I R E I T O

Page 2: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

2 Sumário

Sumário

i. Hermenêutica e Interpretação do Direito p.3

ii. Hermenêutica lato sensu e stricto sensu p.6

iii. Hermenêutica Filosófica p.6

iv. Hermenêutica Constitucional p.7

v. Cânones Hermenêuticos p.9

vi. Tipos de interpretação ou métodos hermenêuticos p.12

vii. Desafio Kelseniano p.14

viii. Voluntas legis e voluntas legislatoris p.14

Bibliografia p.17

Page 3: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

3 Hermenêutica e Interpretação do Direito

I- Hermenêutica e Interpretação do Direito Hermenêutica: a teoria científica da arte de interpretar .

No mundo do Direito, hermenêutica e interpretação constituem um dos muitos

exemplos de princípios e aplicações. Enquanto a hermenêutica cuida da teoria e visa

estabelecer princípios, critérios e métodos, orientações gerais, a interpretação é de

cunho prático, aplicando os ensinamentos da hermenêutica.

Interpretar é o ato de explicar o sentido de alguma coisa. É revelar o significado de

expressão verbal, artística ou constituída por um objeto, atitude ou gesto. O trabalho do

intérprete é o de decodificar e, para isto, percorre inversamente o caminho seguido pelo

codificador. Interpretar o Direito significa revelar o seu sentido e alcance. Temos assim:

revelar o seu sentido: a lei que concede férias anuais ao trabalhador tem o significado, a

finalidade, de proteger e beneficiar a saúde física e mental do trabalhador; fixar o

alcance das normas jurídicas: significa delimitar o seu campo de incidência. Então,

Interpretar o Direito é revelar o sentido e o alcance de suas expressões. Fixar o sentido

de uma norma é descobrir a sua finalidade, é pôr descobertos os valores consagrados

pelo legislador, o alvo que ele buscava proteger; e fixar o alcance é demarcar o campo

de incidência da norma jurídica, é conhecer sobre os fatos sociais em que circunstancia

a norma jurídica tem aplicação. Interpretar o Direito é conhecê-lo; conhecer o Direito é

interpretá-lo.

A interpretação pode ter dupla finalidade: teórica e prática. É teórica quando assume

como foco o esclarecimento de determinado assunto (norma), como é próprio da

doutrina. É prática quando se destina à administração da justiça e aplicação nas relações

sociais.

Atualmente, no âmbito doutrinário dos tribunais, existe a chamada Interpretação

conforme a Constituição, segundo a qual sempre que a norma jurídica oferecer mais de

um sentido e um deles for contrario a lei maior, apenas este deverá ser considerado

inconstitucional. Este princípio é mais uma aplicação do Direito do que uma

interpretação.

A Hermenêutica do texto normativo busca a intelecção desse texto: a vontade da norma,

voluntas legis, seu sentido, ratio e mens legis.

A Hermenêutica da norma jurídica, restringindo o campo das normas, chegando em

Hermenêutica das normas jurídica escritas, a lei que é o núcleo da Hermenêutica.

Pelos cânones hermenêuticos, busca-se o sentido das normas jurídicas, busca-se a ratio

legis da causa objetiva da elaboração da lei, motivo do legislador e finalidade da lei.

A hermenêutica é uma totalidade, não se escolhe um único método ou cânone, todos

devem ser usados sincronizadamente. Um problema apontado pelos os juristas é que a

hermenêutica possui uma quantidade grande de métodos e cânones que podem levar a

Page 4: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

4 Hermenêutica e Interpretação do Direito

resultados diferentes, não existe uma hierarquia entre eles. Argumenta-se que o Direito

por ser uma Ciência do Espírito1, e não uma ciência exata, têm-se então uma margem

de analise. No que tem valor (homem) não existe exatidão.

O ideal é o uso de todos os métodos em busca de um consenso entre seus resultados,

sem desprezar as regras da argumentação, que junto com os cânones hermenêuticos

buscam uma maior objetividade interpretativa no maior nível possível ao Direito.

A Hermenêutica Jurídica é um processo intelectivo do entendimento (busca a vontade

da norma) com a finalidade prática de resolver conflitos (razão destinada ao agir

humano). As normas jurídicas são um esquema de interpretação da realidade, criadas a

partir da interpretação da realidade, por isso, a Hermenêutica Jurídica faz uma meta-

interpretação do Direito, já que na verdade ela interpreta a realidade (a norma jurídica

interpreta a realidade e a Hermenêutica Jurídica por sua vez interpreta a norma, com

isso, a Hermenêutica Jurídica acaba por interpretar indiretamente a realidade).

A técnica jurídica é a técnica de elaboração da norma (ênfase na axiologia jurídica) e a

de aplicação das normas (usando a Hermenêutica Jurídica para interpretar essa norma).

Na busca pelo sentido da norma a uma negação da aparência (igualdade formal)

buscando a essência (sentido da norma), sempre de forma dialética, pois uma não existe

sem o outro.

O limite da Hermenêutica Jurídica são os princípios da isonomia (tratamento de todos

igualmente perante a lei) e o da segurança jurídica.

Na primeira metade do século XX houve a inspiração privatista da Hermenêutica

Jurídica da relevância dos códigos. A primeira forma de interpretação da norma

jurídica foi à exegese (privatista – código napoleônico). Houve importação da

interpretação privatista e, com ela, tem se menor busca do aspecto axiológico e o rígido

raciocínio silogístico do intérprete. O âmbito de incidência de uma norma no regime

privado é muito reduzido – valor axiológico menor, atingindo com menor perquirição

(investigação) e o raciocínio silogístico mais forte, fica mais nítida a aplicação da

norma. A hermenêutica privatista tem um estudo exclusivamente lógico analítico-

descritivo (dedução, separação e descrição) do Direito. Nessa interpretação não se busca

uma atualização da lei com sua valoração axiológica, busca-se a aplicação da letra da lei

(corpus legis), também não existe uma busca em contextualizar a lei na nova realidade,

é uma interpretação atrelada aos códigos, estrita e literal, digna do movimento

exegético. Existe no movimento exegético uma tentativa conservadora de perpetuação

do status quo2. E a posição da doutrina positivista, que afirma a neutralidade da

pretensão da lei, descartando a moral e os juízos de valor, e colocando como correto

uma mera aplicação mecânica da lei, com aplicador neutro, com uma crença cega nas

normas positivadas.

1 Ciência Humana, que trata de conteúdo do homem, e não uma Ciência exata.

2 Estado atual das coisas

Page 5: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

5 Hermenêutica lato sensu e stricto sensu

A compreensão da ratio legis da lei advém da construção de sentido do corpus legis e na

medida em que a ratio legis é compreendida a lei é atualizada. O Círculo Hermenêutico

– que apesar de ser chamado de círculo tem seu formato em espiral – defende a idéia

que “ao mesmo tempo em que o sujeito influência o objeto, o objeto influência o

sujeito.”

Como já disse anteriormente a crítica feita a Hermenêutica Jurídica é a possibilidade de

resultados discrepantes, porque o processo hermenêutico não é dotado de exatidão, não

existe exatidão nas Ciências Humanas. A crítica não atinge a Teoria da Argumentação,

porque é meramente formal, não gera determinado conteúdo, como faz a Hermenêutica

Jurídica. Uma das respostas a essa crítica é que na ciência não existem conclusões

absolutas, imutáveis, permanentes, porque (1) a ciência é baseada na refutabilidade das

verdades que constrói, devido à (2) a falibilidade intrínseca do consenso, da verdade, a

racionalidade vai descobrindo aos poucos as verdades da natureza, no momento da

refutação uma verdade é desconstruída com a construção de outra, enriquecida,

evidenciando assim (3) a processualidade dialética da ciência. Aquilo que foi

alcançado na singularidade de um momento no desenvolvimento científico, passa a ser a

universalidade de outro processo hermenêutico, do qual surge outra conclusão, há de

que, não há dogmaticidade, há refutabilidade.

A objetivação crescente da interpretação da norma jurídica se dá tanto no

desenvolvimento de métodos hermenêuticos quanto na elaboração de regras da

argumentação jurídica. Não se consegue uma exatidão, mas se consegue o máximo de

objetivação, objetividade, no ponto de vista do conteúdo e no ponto de vista

procedimental, formal, estrutural, tentando sempre fugir das arbitrariedades das

decisões.

O importante de um resultado científico é que ele seja comprovável, demonstrável, e

não que seja definitivo. E ele é comprovável e demonstrável mediante a utilização de

regras e critérios, que devem ser revelados de forma que qualquer sujeito possa chegar

aos mesmos resultados utilizando-os, daí a universalidade.

No poder legislativo têm-se normas abstratas que possibilitam a realização do direito no

poder judiciário, tem-se a aplicação da norma com sentido axiológico que possui no

instante de sua incidência nas relações jurídicas concretas. Existe uma concretização das

normas e uma concretização da sua aplicação na sociedade – regulando pelo silogismo

jurídico, materializando, concretizando a abstração (os dois momentos são necessários e

possuem sentido axiológico-original e o posterior-duplo e amplo).

II- Hermenêutica lato sensu e stricto sensu

Page 6: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

6 Hermenêutica Filosófica

Ao explicar extensivamente, de forma simples, podemos dizer que a hermenêutica lato

sensu analisa a obra humana, da cultura, buscando seu sentido. Enquanto, a

hermenêutica stricto sensu dirige-se as palavras, signo dos signos, que são conhecidas

como signos dos signos porque são sinais de pensamento, que por sua vez são sinais de

realidade.

Segundo o dicionário jurídico RG-FENIX a expressão lato sensu significa: “no sentido

amplo, ou geral. Diz-se da interpretação extensiva por oposição a stricto sensu.”

Este mesmo dicionário define stricto sensu sendo: “no sentido estrito, literal, exato ou

próprio; que não admite interpretação extensiva. Diz-se da exegese em que o tempo é

tomado na verdadeira acepção jurídica. O mesmo que sensu stricto. Por oposição a

lato sensu.”

Na hermenêutica stricto sensu podemos dizer que se pensa a realidade através das

palavras, existe um processo interior, e se exterioriza o pensamento também através das

palavras. Portanto, temos uma duplicidade do uso das palavras, usadas tanto no

processo de interiorização, quanto no processo de exteriorização.

III- Hermenêutica Filosófica

A Hermenêutica Filosófica nada mais é que a interpretação do homem, que busca o

significado do próprio ser que interpreta, o sujeito é o intérprete e o interpretado. Como

expoentes desta corrente, temos Heidegger e Gadamer.

Esse tipo de hermenêutica não procura entrar no objeto que o homem faz, somente

interroga sobre o sujeito, indagando perguntas como: o que é o homem?

Interpretativamente realiza-se um processo de compreensão, que busca a revelação do

sentido da realidade cultural.

Como já foi dito, a hermenêutica é o processo de interpretação. O objeto da

Hermenêutica Filosófica é o sentido do ser, da realidade produzida pelo ser e o

resultado é a compreensão desse sentido, do homem. É a compreensão da totalidade da

realidade, entendendo que o homem a integra de forma a buscar o sentido de ambos. Na

Hermenêutica Filosófica, não há distanciamento entre sujeito e objeto, do ser que

interpreta para o ser interpretado, existe um movimento, que é chamado de círculo

hermenêutico, que é o processo que temos as seguintes características:

a. Exteriorização do indivíduo e a interiorização do interpretado. Este movimento

ocorre porque, para que se entenda algo, é necessário se exteriorizar tentando

compreender e interiorizar essa compreensão, num processo circular;

b. O intérprete modifica a realidade interpretada e, ao mesmo tempo, modifica a si

próprio. Dá sentido à realidade, modificando-a e também se modifica, pois

ganha conhecimento, ocorre um enriquecimento, também em um processo

circular;

Page 7: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

7 Hermenêutica Constitucional

c. Existe também a chamada pré-cognição, onde o que ocorre é que toda a coisa é

mediatizada pelo conhecimento social que já se tem. Quando se conhece algo

novo, já se tem conhecimento prévio sobre o mundo, a experiência.

Conhecimento social em determinado momento histórico, e não individual. E a

coisa nova é inserida no nosso conhecimento, mas mediatizada pelo o que já

conhecemos;

d. Com isso, ocorre um rompimento da distancia entre o horizonte cultural da

elaboração da obra produzida, e aquele presente quando dá sua interpretação, a

aplicação. Tem-se uma obra produzida, que quando vai ser interpretada é trazida

para o presente, circularidade hermenêutica.

Podemos dizer então que ao mesmo tempo em que o sujeito influência o objeto, o

objeto influência o sujeito, e que, a compreensão e a pré-compreensão são históricas, e

necessitam do contexto. A linguagem, como bem diz Gadamer, está tanto no

pressuposto quanto no fim da compreensão.

Embora a terminologia seja Círculo Hermenêutico, o que realmente ocorre, assim como

no movimento dialético, é um movimento em espiral.

(U) Inserção de uma nova obra no conhecimento

(P) Negação dessa obra, porque é desconhecida

(S) A norma é inserida, entra no conhecimento prévio e não é mais

desconhecida

A compreensão é, então, um processo de síntese da universalidade, da totalidade da

cultura. É a busca do alcance do sentido da universalidade da cultura. Enquanto a

explicação é a analise do todo em partes, a separação não só do sujeito e do objeto,

como do próprio objeto que é dividido para que se atinja a essência. É então um

processo analítico. A compreensão vai além, pois ela busca já na essência o conceito

daquilo que será compreendido.

IV- Hermenêutica Constitucional

A Hermenêutica Constitucional recebeu importância a partir da segunda guerra

mundial, quando foram criados os Tribunais Constitucionais. Teve-se o reconhecimento

da normatividade de valores e princípios constitucionais. Os valores estão inseridos nos

princípios.

Uma questão que dificulta a Hermenêutica Constitucional é a vagueza, generalidade e

imprecisão dos preceitos da Constituição, tendo em vista que ela é o material fundante

do nosso ordenamento jurídico e vai sendo concretizada aos poucos. As normas

constitucionais têm uma maior flexibilidade de interpretação, devido à sua maior

Page 8: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

8 Hermenêutica Constitucional

complexidade. A interpretação tem que ser mais rica, mais detalhada, para que se

consiga chegar à objetividade.

Todas as normas dispostas na Constituição têm o mesmo nível formal, mas existe uma

diferença com respeito aos seus respectivos níveis axiológicos. Existe uma estrutura

axiológica diferenciada dentro da própria Constituição, de pesos do seu conteúdo

normativo. Tudo é constitucional, mas alguns estão em uma posição axiológica superior

ao que demais é dito, v.g., Direitos Fundamentais.

O Princípio da proporcionalidade3 não é positivado, é um princípio geral do Direito

(recente). É utilizado na solução de colisão principiológica e, especialmente, em casos

de colisões entre princípio fundamentais, pois, eles reúnem a condensação axiológica

máxima em um ordenamento jurídico e, dentro dos Direitos Fundamentais, são

princípios tão amplos que entram em choque entre si, v.g., Princípio da Igualdade e da

Liberdade.

O Princípio da Hierarquização axiológica está “junto” com o da proporcionalidade

porque a finalidade é a mesma, só que, enquanto no da proporcionalidade tem-se as três

máximas, nesse se busca, no caso concreto, a identificação do princípio superior para a

resolução do caso (colisão) mediante a hierarquização dos valores em questão, que são

hierarquizáveis, mas sem exatidão, especialmente no caso concreto, com circunstâncias

fáticas de cada caso.

Pelo Princípio axiológico estabelece-se a hierarquia entre as normas constitucionais. A

declaração dos Direito Fundamentais prefere (é superior) a todas as demais normas

constitucionais. Este princípio analisa o peso valorativo de cada norma, fazendo uma

declaração de maior peso a umas e menor a outras.

O Principio Político questiona e avalia aas concepções de regime liberal de Estado

(propriedade privada tida como valor essencial) ou regime social (igualdade com

primeiro valor). Ambos são baseados na liberdade (só necessitam de estar na

Constituição).

Desses princípios decorrem em relação à Hermenêutica dos Direitos Fundamentais, os

Princípios da ponderabilidade, imediatidade e extensabilidade.

O Princípio da ponderabilidade é a terceira máxima do Princípio da

proporcionalidade, que é aplicada aos Direitos Fundamentais. Os Direitos

Fundamentais tem maior peso na constituição que as demais normas nela escritas, isso

quer dizer que, na Constituição existe somente igualdade formal, e não igualdade

3 (1) Modalidade indicadora de que a severidade da sanção deve corresponder à maior ou menor

gravidade da infração penal. Quanto mais grave o ilícito, mais severa deve ser a pena. A idéia foi defendida por Beccaria em seu livro Dos Delitos e das Penas e é aceita pelos sectários das teorias relativas quanto aos fins e fundamentos da pena. (2) O princípio da proporcionalidade tem o objetivo de coibir excessos desarrazoados, por meio da aferição da compatibilidade entre os meios e os fins da atuação administrativa, para evitar restrições desnecessárias ou abusivas. Visa-se, com isso, a adequação entre os meios e os fins, vedando-se a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.

Page 9: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

9 Cânones Hermenêuticos

axiológica, existindo normas com maior peso valorativo do que outras, v.g., Direitos

Fundamentais. O Estado Democrático de Direito tem os Direitos Fundamentais como

razão de ser e, para sua concretização, se institucionalizou a organização política do

Estado Democrático de Direito, daí a finalidade ética desse Estado Democrático.

Existe uma diferenciação axiológica do Direito no ordenamento (Constituição no topo,

o resto adequado a ela), possibilitando a solução de conflitos da Hermenêutica

Constitucional (interpretação do texto constitucional). Quando falamos da hierarquia

dos Direitos Fundamentais é necessário entender o uso da ponderação, tendo em vista

que, esta é a principal arma do intérprete mediante ao caso de uma colisão de normas

jurídicas, especialmente princípios jurídicos. Outra idéia que deve ser lançada e

assimilada é a seguinte: só podem ser restrições aos Direitos Fundamentais os próprios

Direitos Fundamentais, já que estes estão no topo do ordenamento jurídico,

demonstrando sua totalidade necessária e eficácia absoluta.

O Princípio da imediatidade diz que as normas declaradas Direitos Fundamentais

independem de regulação intermediária, porque a partir da sua declaração tem-se a

outorga imediata dos Direitos Fundamentais, com acesso imediato do sujeito de Direito

aos órgãos encarregados de sua garantia e efetividade, mesmo sendo muito mais gerais e

abstratos.

O Poder Judiciário é o órgão competente para efetivar os Direitos imediatamente,

porque ele determina o cumprimento da norma jurídica, sendo que, em caso de lacuna,

há a criação de uma norma individualizada a partir da decisão no caso concreto, realiza-

se a integração do Direito. Embora não haja completude, existe completabilidade, isso

quer dizer que o Direito é completável.

O Princípio da extensabilidade das normas dos Direitos Fundamentais significa que a

interpretação deles deve ser a mais ampla possível para sua mais extensa concretização.

No momento de se interpretar os Direitos Fundamentais é necessário lembrar-se de que

o seu conteúdo é mais amplo, geral e abstrato, sendo assim, deve-se buscar todo o

alcance lógico e axiológico da norma jusfundamental, para que se tenha a maior

aplicação possível, devido a sua maior relevância. Para que estes cuidados sejam

seguidos há o recurso aos princípios implícitos (ordenamento jurídico no seu todo) e os

princípios explícitos (os positivados) para a interpretação da Constituição.

V- Cânones Hermenêuticos

a) Cânone da objetividade: tem como finalidade essencial a consideração da

autonomia da expressão lingüística. Quando a norma é expressa ganha

autonomia (vida própria), se decola do sujeito que a declarou, alguns autores

chegam a dizer que a norma é mais sabia que o legislador, pois ela pode regular

casos que nem o legislador, que a criou, poderia imaginar.

Page 10: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

10 Cânones Hermenêuticos

“Uma norma legal, uma vez emanada, desprende-se da pessoa

do legislador, como uma criança se livra do ventre materno. Passa a

ter vida própria, recebendo e mutuando influências do meio

ambiente, o que importa na transformação de seu significado.” 4

Gabriel Saleilles

O que realmente importa então é a voluntas legis5, pois há uma superação da

subjetividade originaria da norma jurídica, a norma assume identidade própria.

Uma vez existente a lei deve ir além da voluntas legislatoris6, pois ela passa a

ser autônoma.

Existe uma busca da ratio legis7 segundo a ratio iuris

8. Há uma necessidade de

atualização normativa, havendo um distanciamento e independência da norma

jurídica com relação ao seu autor (a norma não pode ficar presa a voluntas

legislatoris, não pode se limitar à ratio legis do momento de sua criação, pois o

tempo passa e os textos envelhecem). O elemento subjetivo é essencial à

interpretação, porque é o sujeito que a realiza.

Pode-se dizer que a mens legis9 adquire mais valor do que a corpus legis ou

verba legis10

, porque no pensamento da lei existe objetividade, autonomia, ela dá

o sentido e é o critério externo pelo qual o intérprete deve se pautar.

b) Cânone da totalidade: É um cânone que assim como o primeiro tem em mente

a melhor compreensão das propostas. A idéia deste cânone é simples: as partes

devem ser interpretadas em função do todo, e de que, o todo deve ser descrito a

partir de uma combinação harmônica das partes.

4 REALE, Miguel. Lições preliminares de direito. São Paulo: Bushatsky, 1974.

5 Latim; vontade da lei, o objetivo da lei. NUNES, Rodrigues. Dicionário Jurídico RG-Fenix. São Paulo:

Editores Associados, 1994. 6 Latim; a vontade, intenção do legislador. NUNES, Rodrigues. Dicionário Jurídico RG-Fenix. São Paulo:

Editores Associados, 1994. 7 Latim; a razão da lei; os motivos que a determinaram; o fim visado pelo legislador. NUNES, Rodrigues.

Dicionário Jurídico RG-Fenix. São Paulo: Editores Associados, 1994. 8 Latim; significa razão de direito. Motivo, razão que o hermeneuta encontra no direito vigente para

justificar a interpretação ou solução, que dá a uma regra jurídica ou a certo caso concreto. O fim do direito, a inteligência da lei, a lógica Jurídica. NUNES, Rodrigues. Dicionário Jurídico RG-Fenix. São

Paulo: Editores Associados, 1994. Outra explicação que me foi apresentada pela Prof.ª Claudia Toledo coloca a ratio iuris como a razão do ordenamento. 9 Latim; é o sentido, a inteligência, o espírito da lei, a sua finalidade precípua. Deve sempre superpor-se à

verba legis, às palavras, à letra da lei. NUNES, Rodrigues. Dicionário Jurídico RG-Fenix. São Paulo: Editores Associados, 1994. 10

Latim; as palavras da lei. NUNES, Rodrigues. Dicionário Jurídico RG-Fenix. São Paulo: Editores Associados, 1994. A expressão corpus legis é interpretada por muitos como: letra da lei, ou forma, ou corpo da lei.

Page 11: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

11 Cânones Hermenêuticos

A compreensão da norma é sempre provisória e vai se aperfeiçoando com a

extensão do discurso no tempo, tornando-se mais rica. No momento final tem a

reunião conjunta dos elementos singulares com maior precisão e clareza do

resultado (quanto melhor se compreender o sentido das partes mais preciso e

claro é o resultado).

A totalidade busca conformidade lógica e axiológica da lei com todo o

ordenamento jurídico, considerando-o como um todo sistemático e não uma

simples soma de partes. Há um dever de coerência quando se analisa o todo,

buscando assim a não contradição das normas, gerando sempre uma

preocupação em não gerar e tentar eliminar as antinomias.

Há preponderância dos princípios gerais do Direito (explícitos ou implícitos)

sobre o costume na interpretação da lei (Direito codificado). Pela totalidade se

busca o princípio da universalidade, buscando uma interpretação não

casuística11

, utilizando a mesma norma para casos semelhantes em sua

relevância – mesma ratio legis.

c) Cânone da atualidade: O intérprete não deve apenas entender o sentido

original do texto normativo, mas reconstruí-lo de forma com que se adapte

melhor ao novo contexto, a nova realidade. A interpretação é feita pelo

intérprete na sociedade contemporânea, por isso traz a norma para o presente.

Ocorre uma junção dos dois horizontes do Círculo Hermenêutico, elaboração e

aplicação. A ratio legis do momento da elaboração da norma deve se adequar as

novas necessidades do contexto atual em que a norma vigora. Os textos

normativos tendem a envelhecer por motivos externos, de forma que a lei tem

que ser atualizada para não perder sua plena eficácia.

A atualização não representa à mera presentificação da norma, há a comunhão

dialética entre duas culturas, não existe uma negação do passado, mas sua

conjunção no presente.

Na relação dialética tem-se a fidelidade ao pensamento original em confronto

com a exigência de renovação advinda da atualidade do conhecer. Deve-se fugir

do arbítrio, porque a atualidade é um método científico, que exige a

fundamentação racional.

d) Cânone da adequação: É a consonância da mens legis com a totalidade do

ordenamento. O que ocorre então é uma combinação harmônica dos cânones

hermenêuticos, de modo que se consiga alcançar o seu sentido, considerando a

11

A casuística segundo Karl Larenz é aquela situação em que para se chegar à solução de um problema jurídico buscam-se fundamentos na equidade do juiz, é uma solução decisionista, de forma que a decisão é dada pelo o que é considerado justo pelo juiz, ou de outra autoridade a qual é reservada a competência de decisão. A decisão casuística é marcada pela arbitrariedade.

Page 12: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

12 Tipos de interpretação ou métodos hermenêuticos

riqueza de cada cânone. Para que essa consonância entre atualidade,

objetividade e totalidade aconteça harmonicamente e de modo eficaz é

necessário coerência entre eles.

Da utilização dos quatro cânones hermenêuticos consegue-se chegar aos tipos de

interpretação, que por sua vez, são usados também como métodos hermenêuticos.

VI- Tipos de interpretação ou métodos hermenêuticos

i. Interpretação literal ou gramatical: Citarei dois trechos de renomados autores

que definem bem esse tipo de interpretação.

“Na interpretação literal ou gramatical o dever do intérprete é

analisar o dispositivo legal para captar seu pleno valor expressional.

A lei é uma declaração da vontade do legislador e, portanto, deve

ser produzida com exatidão e fidelidade. Para isto, muitas vezes é

necessário indagar do exato sentido de um vocábulo ou do valor das

proposições do ponto de vista sintático.”

REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito.

“Em se tratando de Direito escrito é pelo elemento gramatical que

o intérprete toma o primeiro contato com a proposição normativa [...]

O elemento gramatical compõe-se da analise do valor semântico das

palavras empregadas no texto, da sintaxe, da pontuação etc. [...]

Modernamente, a crítica que se faz a esse elemento não visa, como

é natural, à sua eliminação, mas à correção dos excessos que

surgem com a sua aplicação. Objetiva-se evitar o abuso daqueles

que se apegam à literalidade do texto, com prejuízo à mens legis.”

NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito.

ii. Interpretação lógico-sistemática: Para definir esse método hermenêutico

também utilizarei um trecho de Reale.

“Cada artigo de lei se situa em um capítulo ou em um título e seu

valor depende de sua colocação sistemática. É preciso, pois,

interpretar as leis segundo seus valores lingüísticos, mas sempre

situando-as no conjunto do sistema. Esse trabalho de compreensão

de um preceito, em sua correlação com todos que com ele se

articulam logicamente, denomina-se interpretação lógico-sistemática.

[...] Interpretar logicamente um texto de Direito é situá-lo ao

mesmo tempo no sistema geral do ordenamento. A nosso ver, não

Page 13: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

13 Tipos de interpretação ou métodos hermenêuticos

se compreende, com efeito, qualquer separação a interpretação

lógica da sistemática. São antes aspectos de um mesmo trabalho de

ordem lógica, visto como as regras de direito devem ser entendidas

organicamente, estando umas na dependência das outras, exigindo-

se reciprocamente através de um nexo que a ratio iuris explica e

determina.”

REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito.

iii. Interpretação histórico-evolutiva: A explicação deste tipo de interpretação

será feita com trechos de Reale e Nader.

“[...] Gabriel Saleilles, deu claros contornos à teoria da

interpretação histórico-evolutiva. Segundo essa doutrina, uma norma

legal, uma vez emanada, desprende-se da pessoa do legislador,

como uma criança se livra do ventre materno. Passa a ter vida

própria, recebendo e mutuando influencias do meio ambiente, o que

importa na transformação de seu significado.”

REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito.

“Como força viva que acompanha as mudanças sociais, o Direito se

renova, ora aperfeiçoando os institutos vigentes, ora criando outros,

para atender o desafio dos novos tempos. [...] A evolução da ciência

nunca se faz mediante a saltos, mas através de conquistas graduais,

que acompanharam a evolução cultural registrada em cada época.

[...] Quanto mais antigo for o trabalho preparatório, menos valor

oferecerá, pois terá retratado fatos de uma sociedade mais distante.”

NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito.

iv. Interpretação Teleológica: Destacarei trechos de Nader e Ferraz Jr.

“Na moderna hermenêutica o elemento teleológico assume um

papel de primeira grandeza. Tudo que o homem faz e elabora é em

função de um fim a ser atingido. A lei é obra humana e assim

contém uma idéia de fim a ser alcançado. Na fixação do conceito e

alcance da lei, sobreleva de importância o estudo teleológico, isto é,

o estudo dos fins colimados pela lei. [...], o fato teleológico investiga

os fins que a lei visa atingir. Quando o legislador elabora uma lei,

parte da idéia do fim a ser alcançado. Os interesses sociais que

pretende proteger, inspiram a formação dos documentos legislativos.

Assim, é natural que no ato da interpretação se procura avivar os

fins que motivaram a criação da lei, pois nessa descoberta estará a

revelação da mens legis. [...] Os fins das leis se revelam através dos

diferentes elementos de interpretação.”

NADER, Paulo. Introdução ao estudo do Direito.

Page 14: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

14 Desafio Kelseniano

Uma típica interpretação teleológica e axiológica é a que se postulam fins e se

valorizam situações.

“A interpretação teleológica e axiológica ativa a participação do

intérprete na configuração do sentido. Seu movimento interpretativo,

inversamente ao da interpretação sistemática que também postula

uma cabal e coerente unidade do sistema, parte das conseqüências

avaliadas das normas e retorna para o interior do sistema. É como

se o intérprete tentasse fazer com que o legislador fosse capaz de

mover suas próprias previsões, pois as decisões dos conflitos

parecem basear-se nas previsões de suas próprias conseqüências.

Assim, entende-se que, não importa a norma, ela há de ter, para o

hermeneuta, sempre um objetivo que serve para controlar até as

conseqüências da previsão legal (a lei sempre visa aos fins sociais

do direito e às exigências do bem comum, ainda que, de fato, possa

parecer que eles não estejam sendo atingidos).”

FERRAZ JR, Tercio Sampaio. Introdução ao estudo do Direito.

VII- Desafio Kelseniano

É necessário, no plano da hermenêutica, um princípio que impeça o recuo ao infinito,

pois, uma interpretação cujo os princípios fossem mantidos sempre em aberto

bloquearia a obtenção de uma decisão. E, ao mesmo tempo, pela própria natureza do

discurso normativo, o sentido do conteúdo das normas é sempre aberto. Tais

características fazem com que o ato interpretativo dogmático se veja aprisionado dentro

de uma correlação instável entre dogma e liberdade, isto é, entre um ponto objetivo,

v.g., a necessidade de determinar objetivamente os pontos de partida, e um ponto

subjetivo, v.g., de ao final, sempre se encontrarem diversos sentidos.

Esse impasse, onde ocorre essa relação de tensão entre dogma e liberdade constitui o

que chamamos de o desafio kelseniano.

VIII- Voluntas legis e voluntas legislatoris

Essa é um dos temas mais polêmicos da ciência jurídica. Essa oscilação entre fator

subjetivo – voluntas legislatoris – e fator objetivo – voluntas legis ou espírito do povo –

foi, e vem sendo digno de estudo sendo considerado um ponto nuclear para entender o

desenvolvimento da ciência jurídica como teoria da interpretação.

Page 15: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

15 Voluntas legis e voluntas legislatoris

Em meados do século XIX, ocorre, assim, na França e na Alemanha, uma polêmica. De

um lado aqueles que defendiam uma doutrina restritiva da interpretação, cuja a base

seria a vontade do legislador, a partir da qual, com auxílio de análises lingüísticas e de

métodos lógicos de inferência, seria possível construir o sentido da lei (“Jurisprudência

dos Conceitos”, na Alemanha, e “Escola da Exegese”, na França). De outro lado, foram

aparecendo aqueles que sustentavam que o sentido da lei repousava em fatores

objetivos, como os interesses em jogo na sociedade (“Jurisprudência dos Interesses”,

Alemanha), até que, já no final do século XIX e inicio do século XX, uma forte

oposição ao “conceptualismo” desemboca na chamada escola da “libre recherche

scientifique” (livre pesquisa científica) e da “Freirechtsbewegung” (movimento do

direito livre) que exigiam que o intérprete buscasse o sentido da lei na vida, nas

necessidades e nos interesses práticos. Desenvolvem-se, nesse período, métodos

voltados para a busca do fim imanente do direito (método teleológico), ou de seus

valores fundantes (método axiológico), ou de suas condicionantes sociais (método

sociológico), ou de seus processos de transformação (método axiológico-evolutivo), ou

de sua gênese (método histórico) etc.12

Um modo didático que se usa para expor melhor e facilitar a compreensão do que é dito

consiste em uma separação em dois grupos. Método e objeto aparecem como questões

correlatas. Do ângulo do objeto, o direito é visto como a positivação de normas dotadas

de sentido. Do ângulo do método, temos o problema de como e onde captar esse

sentido. Devido a isto, podemos dividir a doutrina em duas correntes que, embora não

se separem com muita nitidez, podem ser separadas didaticamente conforme o

reconhecimento ou da voluntas legis ou da voluntas legislatoris. Chamamos a primeira

de objetivista e a segunda de subjetivista.

A doutrina subjetivista insiste em que, sendo a ciência jurídica, um saber dogmático (a

noção de dogma enquanto um princípio arbitrário, derivado de vontade do emissor de

norma lhe é fundamental), é, basicamente uma compreensão do pensamento do

legislador; portanto, interpretação ex tunc (desde então, isto é, desde o aparecimento da

norma pela positivação da vontade legislativa), ressaltando-se, em consonância, o papel

preponderante do aspecto genético e das técnicas que lhe são apropriadas (método

histórico). Já para doutrina objetivista a norma goza de um sentido próprio, pode se

dizer que, os seguidores dessa corrente acreditam na autonomia da norma, do seu

desvinculamento com o legislador depois de sua criação, esse sentido próprio da norma

é determinado por fatores objetivos (o dogma é um arbitrário social),

independentemente até certo ponto do sentido que lhe tenha querido dar o legislador,

donde a concepção da interpretação como compreensão ex nunc (desde agora, isto é,

tendo em vista a situação e o momento atual de vigência), aonde se dá ênfase no papel

preponderante dos aspectos estruturais em que a norma ocorre e as técnicas apropriadas

a sua captação (método sociológico). Assim, levado ao extremo, podemos dizer que o

subjetivismo favorece certo autoritarismo personalista, ao privilegiar a figura do

12

FERRAZ JR, T. S. (2010). Introdução ao estudo do Direito: Técnica, decisão, dominação.

São Paulo: Atlas. (p. 232)

Page 16: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

16 Voluntas legis e voluntas legislatoris

legislador, pondo a sua vontade em relevo. Por sua vez, o objetivismo, também levado

ao extremo, favorece certo anarquismo, pois estabelece o predomínio de uma equidade

duvidosa dos intérpretes sobre a própria norma ou, pelo menos, desloca a

responsabilidade do legislador, na elaboração do direito, para os intérpretes ainda que

legalmente constituídos, chegando-se a afirmar, como fazem alguns realistas

americanos, que o direito é “o que os tribunais decidem” 13

.

13

FERRAZ JR, T. S. (2010). Introdução ao estudo do Direito: Técnica, decisão, dominação.

São Paulo: Atlas. (p. 234)

Page 17: Livro - Hermenêutica e Interpretação do Direito.pdf

17 <Bibliografia

Bibliografia FERRAZ JR, T. S. (2010). Introdução ao estudo do Direito: Técnica, decisão,

dominação. São Paulo: Atlas.

NADER, P. (2008). Introdução ao estudo do Direito. Rio de Janeiro: Forense.

NUNES, R. (1994). Dicionário Jurídico RG-FENIX. São Paulo: Editora Associados.

REALE, M. (1974). Lições preliminares de direito. São Paulo: Bushatsky.


Recommended