Luiza Garnelo – CPqLMD/FIOCRUZ
8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva
Rio de Janeiro, Agosto de 2006.
NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS,
MOVIMENTO ETNOPOLÍTICO E
SAÚDE INDÍGENA
NOVOS MOVIMENTOS SOCIAIS,
MOVIMENTO ETNOPOLÍTICO E
SAÚDE INDÍGENA
Objetivo do Trabalho Objetivo do Trabalho
Analisar a interveniência do
movimento indígena na Amazônia,
na condução e execução da Política
Nacional de Saúde Indígena no
período 1999 a 2006.
Analisar a interveniência do
movimento indígena na Amazônia,
na condução e execução da Política
Nacional de Saúde Indígena no
período 1999 a 2006.
Perfil do movimento indígena no BrasilPerfil do movimento indígena no Brasil
• Constelação de micro entidades de atuação
local ou microrregional
• Interessadas no gerenciamento de projetos e
ações de auto-sustentação;
• “Rotinização” do discurso étnico;
• Afirmação identitária tornou-se pano de fundo
para uma busca de acesso ao “mercado
projetos” de desenvolvimento
local/sustentável (Albert, 2000).
• Constelação de micro entidades de atuação
local ou microrregional
• Interessadas no gerenciamento de projetos e
ações de auto-sustentação;
• “Rotinização” do discurso étnico;
• Afirmação identitária tornou-se pano de fundo
para uma busca de acesso ao “mercado
projetos” de desenvolvimento
local/sustentável (Albert, 2000).
Movimentos sociais são “expressões de poder da
sociedade civil e sua existência,
independentemente do tipo de suas
demandas, se desenvolve num contexto de
correlação de força social. Eles são, portanto,
fundamentalmente, processos político-sociais”
(Gohn,1997:251).
Movimentos sociais são “expressões de poder da
sociedade civil e sua existência,
independentemente do tipo de suas
demandas, se desenvolve num contexto de
correlação de força social. Eles são, portanto,
fundamentalmente, processos político-sociais”
(Gohn,1997:251).
Conceitos-chaveConceitos-chave
Novos Movimentos Sociais Novos Movimentos Sociais
•Priorizam “a criação de esquemas interpretativos que enfatizam a cultura, a ideologia, as lutas sociais cotidianas, a solidariedade entre pessoas de um grupo ou movimento social e o processo de identidade criado” (Gohn,1997:121).
• Para Melucci (1994) são: processos sociais em construção que buscam abarcar as práticas cotidianas dos sujeitos, ligadas às relações micro políticas, inclusive as não-institucionalizadas como o espaço doméstico, as interações afetivas, de gênero e de comunicação. Priorizam questões relativas aos sistemas de valores de grupos sociais, não redutíveis à mera análise macroeconômica.
•Priorizam “a criação de esquemas interpretativos que enfatizam a cultura, a ideologia, as lutas sociais cotidianas, a solidariedade entre pessoas de um grupo ou movimento social e o processo de identidade criado” (Gohn,1997:121).
• Para Melucci (1994) são: processos sociais em construção que buscam abarcar as práticas cotidianas dos sujeitos, ligadas às relações micro políticas, inclusive as não-institucionalizadas como o espaço doméstico, as interações afetivas, de gênero e de comunicação. Priorizam questões relativas aos sistemas de valores de grupos sociais, não redutíveis à mera análise macroeconômica.
Redes Sociais Redes Sociais
Rede: “conjunto de pessoas com as quais o ato de manter relações de amizade e de camaradagem permite conservar e esperar confiança e fidelidade” (Caillé, 2002).
Relações fluidas, pouco hierarquizadas, de caráter moral e político, reguladas por necessidades econômicas, políticas e afetivas de seus membros. Ação calcada na esfera do cotidiano; busca suprir serviços essenciais não providos pelo Estado ação substitutiva.
Calcadas na afetividade, nas trocas e no baixo grau de formalização das relações;
Rede: “conjunto de pessoas com as quais o ato de manter relações de amizade e de camaradagem permite conservar e esperar confiança e fidelidade” (Caillé, 2002).
Relações fluidas, pouco hierarquizadas, de caráter moral e político, reguladas por necessidades econômicas, políticas e afetivas de seus membros. Ação calcada na esfera do cotidiano; busca suprir serviços essenciais não providos pelo Estado ação substitutiva.
Calcadas na afetividade, nas trocas e no baixo grau de formalização das relações;
Redes Sociais Redes Sociais
Novos enfoques para o velho problema da relação indivíduo X
sociedade; obrigação X liberdade; ação X estrutura Elias
(1994) equilíbrio entre as vontades individuais e os
constrangimentos sociais;
Movimentos sociais configurados como pequenos grupos
imersos na vida cotidiana, desenvolvendo ações solidárias e de
apoio recíproco (Melucci, 1994).
Revalorização do sistema da dádiva de Mauss, para o entendimento das formas contemporâneas de interação social (Martins, 2004).
Busca de respostas teóricas adequadas à complexificação das análises sociais, ao surgimento de novas formas de movimentos sociais e aos desafios epistemológicos correlatos.
Novos enfoques para o velho problema da relação indivíduo X
sociedade; obrigação X liberdade; ação X estrutura Elias
(1994) equilíbrio entre as vontades individuais e os
constrangimentos sociais;
Movimentos sociais configurados como pequenos grupos
imersos na vida cotidiana, desenvolvendo ações solidárias e de
apoio recíproco (Melucci, 1994).
Revalorização do sistema da dádiva de Mauss, para o entendimento das formas contemporâneas de interação social (Martins, 2004).
Busca de respostas teóricas adequadas à complexificação das análises sociais, ao surgimento de novas formas de movimentos sociais e aos desafios epistemológicos correlatos.
Subsistema de Saúde Indígena no Brasil
Subsistema de Saúde Indígena no Brasil
Modelo Assistencial do Indigenismo clássico: sanitarista/campanhista (EVS)
• Criação do Subsistema de Saúde Indígena (1990 a 1999) Distritalização Sanitária;
• Princípio da descentralização do SUS versus federalização do subsistema de saúde indígena;
• FHC: Política do estado mínimo, terceirização da execução das ações de saúde indígena, realizada através de convênios com Ongs e Prefeituras.
• Governo Lula: metade da meia volta?
Modelo Assistencial do Indigenismo clássico: sanitarista/campanhista (EVS)
• Criação do Subsistema de Saúde Indígena (1990 a 1999) Distritalização Sanitária;
• Princípio da descentralização do SUS versus federalização do subsistema de saúde indígena;
• FHC: Política do estado mínimo, terceirização da execução das ações de saúde indígena, realizada através de convênios com Ongs e Prefeituras.
• Governo Lula: metade da meia volta?
Ponto de Vista Indígena Ponto de Vista Indígena Sobre sua participação na terceirização
• “Atuou-se para que a participação indígena deixe de ser
apenas decorativa, para que possamos assumir nossas
responsabilidades. Articulações, convênios foram firmados na
perspectiva de promover a melhoria de vida para as
populações indígenas de todo país. Mais recentemente, várias
organizações passaram a manter Convênio com a Fundação
Nacional de Saúde na perspectiva de modificar o triste quadro
de saúde dos povos indígenas; cansados de analisar os
relatórios anuais que falam de mortes e violências contra os
povos indígenas, procuramos mudar o curso da história e dos
acontecimentos na vida cotidiana das aldeias”.
Sobre sua participação na terceirização
• “Atuou-se para que a participação indígena deixe de ser
apenas decorativa, para que possamos assumir nossas
responsabilidades. Articulações, convênios foram firmados na
perspectiva de promover a melhoria de vida para as
populações indígenas de todo país. Mais recentemente, várias
organizações passaram a manter Convênio com a Fundação
Nacional de Saúde na perspectiva de modificar o triste quadro
de saúde dos povos indígenas; cansados de analisar os
relatórios anuais que falam de mortes e violências contra os
povos indígenas, procuramos mudar o curso da história e dos
acontecimentos na vida cotidiana das aldeias”.
Conseqüências Políticas da
Terceirização Conseqüências Políticas da
Terceirização • Reconhecimento das Organizações Indígenas
como parceiras do Estado instaurou um protagonismo negado pelo indigenismo clássico;
• Parceria com o poder público propiciou apropriação dos conceitos e propósitos da reforma sanitária brasileira e gerou um aprendizado técnico-administrativo que vem aprimorando a interação indígena com outras políticas públicas;
• Acesso aos recursos públicos não se acompanhou controle social e monitoramento da gestão, gerando corrupção e cooptação de lideranças;
• Reconhecimento das Organizações Indígenas como parceiras do Estado instaurou um protagonismo negado pelo indigenismo clássico;
• Parceria com o poder público propiciou apropriação dos conceitos e propósitos da reforma sanitária brasileira e gerou um aprendizado técnico-administrativo que vem aprimorando a interação indígena com outras políticas públicas;
• Acesso aos recursos públicos não se acompanhou controle social e monitoramento da gestão, gerando corrupção e cooptação de lideranças;
• Forte ingerência do Estado sobre a atuação política de entidades representativas dos povos indígenas da Amazônia legal;
• Atrelamento do movimento indígena a prioridades políticas definidas pelo governo;
• Reordenamento das rotinas das entidades etnopolíticas a planos, metas, prazos e orçamentos alheios ao seus objetivos;
• Esbarrou nos limites da capacidade da capacidade gerencial da FUNASA e das conveniadas.
• Forte ingerência do Estado sobre a atuação política de entidades representativas dos povos indígenas da Amazônia legal;
• Atrelamento do movimento indígena a prioridades políticas definidas pelo governo;
• Reordenamento das rotinas das entidades etnopolíticas a planos, metas, prazos e orçamentos alheios ao seus objetivos;
• Esbarrou nos limites da capacidade da capacidade gerencial da FUNASA e das conveniadas.
Conseqüências da TerceirizaçãoConseqüências da Terceirização
Terceirização no governo Lula Terceirização no governo Lula • Desinteresse das novas autoridades
sanitárias por esta estratégia;• Retomada da «autoridade sanitária»
estatal (Portarias 69 e 70) ;• Denúncias de corrupção - Convênios
desfeitos;• Amazônia indígena sai do centro das
atenções da política do subsistema de saúde indígena;
• Reforço à «Prefeiturização» do subsistema de saúde indígena
• Desinteresse das novas autoridades sanitárias por esta estratégia;
• Retomada da «autoridade sanitária» estatal (Portarias 69 e 70) ;
• Denúncias de corrupção - Convênios desfeitos;
• Amazônia indígena sai do centro das atenções da política do subsistema de saúde indígena;
• Reforço à «Prefeiturização» do subsistema de saúde indígena
Contexto da saúde indígen no governo Lula Contexto da saúde indígen no governo Lula Confusa agenda na política indigenista do
PT; Saída da conexão paulista no MS, sensível
às questões ambientais da sociedade globalizada;
Entrada da conexão nordestina, interessada nas questões doméstico-partidárias nos estados e municípios da região
Recrudesce o atrelamento político-eleitoreiro do órgão responsável pela saúde indígena.
Confusa agenda na política indigenista do PT;
Saída da conexão paulista no MS, sensível às questões ambientais da sociedade globalizada;
Entrada da conexão nordestina, interessada nas questões doméstico-partidárias nos estados e municípios da região
Recrudesce o atrelamento político-eleitoreiro do órgão responsável pela saúde indígena.
Contexto do governo Lula Contexto do governo Lula A mudança de rumos da política
indigenista no governo Lula redireciona para o Nordeste do país o foco principal do interesse do Estado no campo da saúde indígena;
Associativismo indígena na Amazônia enfrenta crise de legitimidade que demanda um reavaliação de prioridades na relação com os órgãos de saúde indígena.
A mudança de rumos da política indigenista no governo Lula redireciona para o Nordeste do país o foco principal do interesse do Estado no campo da saúde indígena;
Associativismo indígena na Amazônia enfrenta crise de legitimidade que demanda um reavaliação de prioridades na relação com os órgãos de saúde indígena.
ConclusõesConclusõesO associativismo indígena buscou protagonismo na gestão da política de saúde indígena, mas foi soterrado (momentaneamente??) pela assimetria da relação com o Estado;
Enfrenta as conseqüências de uma crise política ligada ao exercício de um papel substitutivo da ação do Estado (Garnelo & Sampaio, 2003);
Desmobilização (momentânea???) das lideranças etnopolíticas no campo da saúde indígena e interrogação sobre os rumos do associativismo indígena na Amazônia.
O associativismo indígena buscou protagonismo na gestão da política de saúde indígena, mas foi soterrado (momentaneamente??) pela assimetria da relação com o Estado;
Enfrenta as conseqüências de uma crise política ligada ao exercício de um papel substitutivo da ação do Estado (Garnelo & Sampaio, 2003);
Desmobilização (momentânea???) das lideranças etnopolíticas no campo da saúde indígena e interrogação sobre os rumos do associativismo indígena na Amazônia.
Se relembrarmos…. Se relembrarmos….
Que a atuação dos novos movimentos sociais é pautada pelo sistema da dádiva (Mauss), calcada na afetividade, nas trocas recíprocas e no baixo grau de formalização das relações;
E que... Priorizam a atuação na esfera das relações micro-políticas cotidianas pautadas pela confiança mútua;
Que a atuação dos novos movimentos sociais é pautada pelo sistema da dádiva (Mauss), calcada na afetividade, nas trocas recíprocas e no baixo grau de formalização das relações;
E que... Priorizam a atuação na esfera das relações micro-políticas cotidianas pautadas pela confiança mútua;
Nos Perguntamos…. Nos Perguntamos….
Havia mesmo alguma chance dessa tentativa dar certo??
Havia mesmo alguma chance dessa tentativa dar certo??
Muito Obrigado!Muito Obrigado!