TRANSPORTE
RODOVIÁRIO DE
PRODUTOS PERIGOSOS
PPrroocceeddiimmeennttooss ddee PPrriimmeeiirraa RReessppoossttaa nnoo
AAtteennddiimmeennttoo àà EEmmeerrggêênncciiaass
Realização:
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE
PPRROODDUUTTOOSS PPEERRIIGGOOSSOOSS
PPrroocceeddiimmeennttooss ddee PPrriimmeeiirraa RReessppoossttaa nnoo AAtteennddiimmeennttoo aa
EEmmeerrggêênncciiaass
CEPED UFSC
Florianópolis, 2012.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Excelentíssima Senhora Dilma Vana
Rousseff
DEPARTAMENTO NACIONAL DE
INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES
Diretor Geral
Senhor Luiz Antônio Pagot
SECRETARIA DE ESTADO DA DEFESA
CIVIL
Secretário de Estado
Senhor Geraldo Cesar Altoff
Secretário Adjunto
Senhor Márcio Luiz Alves
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA
Magnífico Reitor da Universidade
Federal de Santa Catarina
Professor Álvaro Toubes Prata, Dr.
Diretor do Centro Tecnológico
Professor Edson da Rosa, Dr.
Departamento de Engenharia Química e
Engenharia de Alimentos
Professor Ariovaldo Bolzan, Dr.
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E
PESQUISAS SOBRE DESASTRES
Diretor Geral
Professor Antônio Edésio Jungles, Dr.
Diretor Técnico e de Ensino
Professor Marcos Baptista Lopez
Dalmau, Dr.
Diretor de Articulação Institucional
Professor Irapuan Paulino Leite, M.Sc.
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E
EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA
Superintendente Geral
Professor Pedro da Costa Araújo, M.Sc.
Catalogação na fonte por Graziela Bonin – CRB14/1191
Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos Pesquisas
sobre Desastres.
Transporte rodoviário de produtos perigosos: procedimentos de primeira resposta
no atendimento a emergências / Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre
Desastres. - Florianópolis: CEPED UFSC, 2012.
53 p. : il. color. ; 30 cm.
1. Transporte rodoviário – Produtos perigosos. 2. Emergência - Atendimento. I.
Universidade Federal de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas
sobre Desastres. III. Título.
CDU 656.1
APRESENTAÇÃO
Este manual foi elaborado para atender ao Projeto Sistema de
Prevenção, Controle e Atendimento Emergencial em Acidentes com
Produtos Perigosos na Rodovia BR-101/SC – Trecho Sul.
O Projeto é uma parceria entre o Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – DNIT e o Centro Universitário de Estudos
e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina –
CEPED UFSC. Além disso, conta com a participação da Secretaria de
Estado da Defesa Civil - SDC e da Fundação de Amparo à Pesquisa e
Extensão Universitária – FAPEU.
O Projeto visa à estruturação de um sistema integrado de
primeira resposta e resposta especializada, para atendimento de
acidentes envolvendo produtos perigosos, no trecho sul da BR-101/SC,
de modo a prestar socorro e assistência às vítimas, de uma forma rápida
e eficiente, incluindo a construção de uma área, no Hospital Universitário,
destinada ao atendimento a queimados.
A resposta às emergências com produtos perigosos
frequentemente envolve múltiplas instituições, como transportadoras,
órgãos públicos, empresas prestadoras de serviço e comunidade.
Portanto, é necessário que todos estes setores estejam devidamente
preparados, para que o atendimento emergencial seja realizado de forma
rápida e segura, minimizando, desta forma, os riscos à saúde da
população e ao meio ambiente.
SUMÁRIO
1. CONCEITOS E DEFINIÇÕES ...........................................................................................6
2. RESUMO DA LEGISLAÇÃO ............................................................................................8
2.1 NORMAS TÉCNICAS DA ABNT .......................................................................................9
3. DOCUMENTOS NECESSÁRIOS ................................................................................. 11
4. EQUIPAMENTO PROTEÇÃO INDIVIDUAL E EQUIPAMENTOS PARA
SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA ................................................................................................ 12
5. CLASSIFICAÇÃO DOS PRODUTOS PERIGOSOS ................................................... 13
5.1 RÓTULOS DE RISCO E PAINEL DE SEGURANÇA .................................................................. 14
6. PLANO AMBIENTAL EMERGENCIAL - PAE ............................................................ 17
7. PROCEDIMENTOS DE RESPOSTA ............................................................................ 18
7.1 COMO IDENTIFICAR UM PRODUTO PERIGOSO .................................................................. 19
7.2 COMO UTILIZAR O MANUAL DE EMERGÊNCIAS DA ABIQUIM ........................................ 20
7.3 COMO ISOLAR A ÁREA DE RISCO ...................................................................................... 21
7.4 A IMPORTÂNCIA DE UM SISTEMA DE COMANDO DE OPERAÇÕES ..................................... 24
7.5 A ADMINISTRAÇÃO DE EMERGÊNCIAS .............................................................................. 26
7.6 AÇÕES OPERACIONAIS ..................................................................................................... 29
7.7 A ROTINA DOS OITO PASSOS ........................................................................................... 31
8. COMO UTILIZAR O SISTEMA DE INFORMAÇÕES ............................................... 35
8.1 ACESSO AO SISTEMA ......................................................................................................... 35
8.2 ACIDENTE ......................................................................................................................... 38
8.2.1CADASTRO DE UM NOVO ACIDENTE ................................................................................ 39
8.2.2 EDIÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS DE ACIDENTE JÁ CADASTRADO ............................... 44
8.2.3 VISUALIZAÇÃO DO LOCAL DO ACIDENTE ........................................................................ 45
8.3 RELATÓRIOS ..................................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 50
ANEXO A - MAPA RODOVIÁRIO DE SANTA CATARINA .............................................. 51
ANEXO B - TELEFONES ÚTEIS .............................................................................................. 52
ANEXO C - TABELA DE INCOMPATIBILIDADE ................................................................ 53
6
1. Conceitos e Definições
Produtos Perigosos: São as substâncias com propriedades físico-químicas
que podem causar danos à saúde e ao meio ambiente (ARAÚJO, 2001).
Carga Perigosa: Trata-se de qualquer tipo de carga sendo transportada
de forma inadequada, que acarrete risco de acidentes.
Carga a granel: produto que é transportado sem qualquer embalagem,
sendo contido apenas pelo equipamento de transporte.
Carga Embalada/Fracionada: produto que no ato do carregamento,
descarregamento e transbordo do veículo transportador é manuseado
juntamente com o seu recipiente (NBR 7501 ABNT, item 3.15).
Expedidor: qualquer pessoa, organização ou governo que prepara uma
expedição para transporte; quem emite o documento fiscal (NBR 7501,
item 3.38).
Transportador: qualquer pessoa, organização ou governo que efetua o
transporte de produtos perigosos por qualquer modalidade de
transporte (NBR 7501, item 3.93)
Acidente com Produto Perigoso: Evento repentino e não desejado, onde
a liberação de substâncias perigosas em forma de incêndio, explosão,
derrame ou vazamento, causa danos a pessoas, propriedades ou ao
meio ambiente.
Incidente com Produto Perigoso: Evento repentino e não desejado, que
foi controlado antes de afetar elementos vulneráveis (causar dano ou
7
exposição às pessoas, bens ou ao meio ambiente). Também denominado
de “quase acidente”.
Zona Contaminada ou Área de Risco: Área do acidente com produtos
perigosos onde os contaminantes estão ou poderão surgir.
8
2. Resumo da Legislação
O transporte de produtos perigosos é objeto de extensa e complexa
legislação que acompanham a evolução da preocupação da sociedade
em relação à preservação do meio ambiente.
Resolução n° 3.665/11, que substitui a Regulamentação do
Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, aprovada pelo Decreto
96.044/88.
Resolução CNEN- 13/88: Aprova as normas para o “Transporte de
Materiais Radiativos”;
Decreto nº 1.797/1996: Dispõe sobre a execução do Acordo de
Alcance Parcial para a Facilitação do Transporte de Produtos
Perigosos, entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, de 25 de
janeiro de 1996;
Decreto nº 2.866/1998: Aprova o regime de infrações e sanções
aplicáveis ao transporte terrestre de produtos perigosos;
Lei nº 9.605/1998: Dispõe sobre as sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente;
Decreto nº 4.097/2002: Altera os art. 7º e 19 do RTPP;
Resolução ANTT nº 420/2004 e Resolução n° 701/2004: Aprova as
instruções complementares ao RTPP;
Resolução MT Nº 1573/2006: Institui o Regime de Infrações e
Penalidades do Transporte Ferroviário de Produtos Perigosos no
âmbito nacional;
9
Resoluções do CONTRAN: 14,18, 26, 36, 38, 87, 102, 132, 149, 151,
152,157, 168, 205, 210, 356;
Resolução ANTT nº 1644/2006: Altera o anexo à Resolução nº 420/04
que aprova as instruções do RTPP;
Resolução nº. 3.632/2011 da Agencia Nacional dos Transportes altera
o anexo da Resolução nº. 420/04;
O transporte de produtos perigosos controlados pelo Exército também
está sujeito às exigências previstas pelo R-105, com redação dada pelo
Decreto nº 3665/00, que apresenta a lista de produtos.
Neste caso, além dos documentos de porte obrigatório, previsto pelo
RTPP (Ficha de Emergência, Envelope para o Transporte, Documento
Fiscal, e Certificado de Capacitação para o Transporte de Produtos
Perigosos a Granel), também deve portar a guia de Tráfego, devidamente
preenchida e assinada por Oficiais do Exército Brasileiro, responsáveis
pelo controle do transporte destes produtos.
Da mesma forma, o transporte de materiais radiativos é controlado pela
Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que emite a Ficha de
Monitoramento de Materiais Radiativos e a Declaração do Expedidor de
Material Radioativo.
2.1 Normas Técnicas da ABNT
A ABNT mantém uma comissão permanente, formada por técnicos dos
órgãos, setores e entidades envolvidos com transporte de produtos
perigosos. Esta comissão é responsável pelo estudo e elaboração de
10
Normas Técnicas Oficiais, que são editadas e periodicamente revisadas.
Segue abaixo as principais Normas Técnicas relacionadas ao transporte
rodoviário de produtos perigosos.
NBR 7500 Símbolos de risco e manuseio para o transporte e
armazenamento de materiais.
NBR 7501 Transporte de produtos perigosos - terminologia.
NBR 7503
Ficha de Emergência e Envelope para transporte para o
transporte de produtos perigosos (características e
dimensões).
NBR 9735 Conjunto de equipamentos para emergências no
transporte rodoviário de produtos perigosos.
NBR 10271 Conjunto de equipamentos para emergências no
transporte rodoviário de ácido fluorídrico (procedimento).
NBR 12710 Proteção contra incêndio por extintores no transporte
rodoviário de produtos perigosos.
NBR 13095 Instalação e fixação de extintores de incêndio para carga,
no transporte rodoviário de produtos perigosos
NBR 13221 Requisitos para o transporte de resíduos.
NBR 14064 Atendimento de emergência no transporte rodoviário de
produtos perigosos.
NBR 14095 Área de estacionamento para veículos rodoviários de
transporte de produtos perigosos.
NBR 14619 Incompatibilidade química.
11
3. Documentos Necessários
CONDUTOR:
Carteira Nacional de Habilitação
Carteira do Curso MOPP
VEÍCULO:
Documentação de licenciamento do veículo
CIPP - Certificado de Inspeção para o Transporte de Produtos Perigosos
(Certificado de capacitação do veículo e equipamentos para o
transporte a granel)
CIV – Certificado de Inspeção Veicular
PRODUTO TRANSPORTADO:
Nota Fiscal com manifesto da carga (transporte nacional).
Declaração de Carga (MERCOSUL).
Ficha de Emergência.
Envelope para o Transporte.
Licenciamento Ambiental.
Explosivos: Guia de tráfego do Ministério do Exército.
Material Nuclear: Autorização da Comissão Nacional de Energia
Nuclear.
Produtos controlados: Autorização do Departamento de Polícia Federal
– DPF.
12
4. Equipamento Proteção Individual e Equipamentos para Situação de
Emergência
Equipamento de Proteção Individual - EPI
O Equipamento de Proteção Individual deve ser usado, pelo motorista,
para o manuseio do produto ou no caso de ocorrência de um acidente. O
EPI básico é composto por Capacete e luvas de material adequado ao(s)
produto(s) transportado(s), definidos pelo fabricante do produto.
Obs: Além do EPI Básico existem 11 grupos de EPI específico, que variam
de acordo com o produto transportado (NBR 9735, da ABNT).
Equipamentos para Situação de Emergência
Consideram-se equipamentos para situação de emergência o conjunto de
equipamentos previstos pela NBR 9735, da ABNT, que deve acompanhar
o transporte rodoviário de produtos perigosos, para atender às situações
de emergência, acidente ou avaria. O conjunto prevê elementos para a
sinalização e o isolamento da área de ocorrência, conforme a ficha de
emergência, e a solicitação de socorro, conforme o envelope para o
transporte.
Obs: As especificações dos equipamentos, bem como grupos de
equipamentos específicos encontram-se na NBR 9735, da ABNT.
13
5. Classificação dos Produtos Perigosos
A classificação adotada é feita com base no tipo de risco que estes
produtos apresentam e conforme as Recomendações para o Transporte
de Produtos Perigosos da ONU. A mesma estabelece os critérios
utilizados para a classificação destes materiais, os quais determinaram a
criação de 9 classes, que podem ou não ser subdivididas, conforme as
características dos produtos.
Classe 1 – Explosivos
Subclasse 1.1 Substâncias e artefatos com risco de explosão em massa;
Subclasse 1.2 Substâncias e artefatos com risco de projeção;
Subclasse 1.3 Substâncias e artefatos com risco predominante de fogo;
Subclasse 1.4 Substâncias e artefatos que não representam risco
significativo;
Subclasse 1.5 Substâncias pouco sensíveis;
Subclasse 1.6 Substâncias extremamente insensíveis.
Classe 2 – Gases
Subclasse 2.1 Gases inflamáveis;
Subclasse 2.2 Gases comprimidos não tóxicos e não inflamáveis;
Subclasse 2.3 Gases tóxicos por inalação.
Classe 3 - Líquidos inflamáveis
Classe 4 - Sólidos inflamáveis; Substâncias autorreagentes e explosivos
sólidos insensibilizados
14
Subclasse 4.1 Sólidos inflamáveis;
Subclasse 4.2 Substâncias passíveis de combustão espontânea;
Subclasse 4.3 Substâncias que, em contato com a água, emitem gases
inflamáveis.
Classe 5 - Substâncias Oxidantes e Peróxidos Orgânicos.
Subclasse 5.1 Substâncias Oxidantes;
Subclasse 5.2 Peróxidos Orgânicos.
Classe 6 - Substâncias Tóxicas e Substâncias Infectantes.
Subclasse 6.1 Substâncias Tóxicas;
Subclasse 6.2 Substâncias Infectantes.
Classe 7 - Substâncias Radioativas
Classe 8 - Substâncias Corrosivas
Classe 9 – Substâncias Perigosas Diversas
5.1 Rótulos de Risco e Painel de Segurança
Atualmente, os produtos perigosos listados pela ONU ultrapassam 3.400
produtos que são atualizados periodicamente (ABIQUIM, 2011).
Estes produtos são identificados através do painel de segurança. Na parte
superior tem-se o número de risco do produto e na parte inferior o
número da ONU, conforme poderá ser verificado na Figura 01. As
especificações do painel de segurança estão descritas na NBR 7500, da
ABNT.
15
FIGURA 01 – Painel de Segurança
Fonte: Adaptado da NBR 7500 da ABNT, 2012.
O rótulo de risco, placa ilustrada em formato de losango, é afixado nas
laterais e na traseira do veículo, eles possuem desenhos e números que
identificam o produto (Resolução 3.632/11, da ANTT). Na Figura 02 é
possível verificar os rótulos de risco, onde é apresentado o número da
classe, a descrição do perigo e o símbolo correspondente.
16
FIGURA 02 - Rótulos de Risco
Fonte: Adaptado da Resolução 3.632/11 da ANTT
17
6. Plano Ambiental Emergencial - PAE
Sabe-se que os produtos perigosos, enquanto devidamente
acondicionados e armazenados em procedimentos comerciais
adequados, apresentam sempre o chamado risco intrínseco ou o
potencial de danos (toxicológico), mas não os riscos acidentais, cuja
periculosidade é promovida pela manipulação e o transporte desses
produtos.
As ações de segurança previstas para mitigação dos danos referentes a
riscos acidentais estão consubstanciadas nos Planos de Atendimento a
Emergências, que devem ser elaborados previamente e conhecidos por
todos os envolvidos.
A Meta 1 do Projeto de estruturação do Sistema de Prevenção, Controle
e Atendimento Emergencial em Acidentes com Produtos Perigosos na
Rodovia BR-101/SC - Trecho Sul foi a elaboração do Plano Ambiental
Emergencial – PAE, para o trecho sul da BR-101/SC, com todas as
informações necessárias para uma resposta rápida e eficiente no
Atendimento a Emergências com Produtos Perigosos.
O Plano Ambiental Emergencial – PAE tem como objetivo estruturar um
conjunto bem planejado de atividades, informações e procedimentos
destinados à coordenação das ações das diversas instâncias públicas
afetas ao tema, no atendimento e resposta aos acidentes com produtos
perigosos.
18
7. Procedimentos de Resposta
O principal aspecto a ser considerado durante o atendimento de um
acidente ambiental que envolva produtos perigosos diz respeito a
segurança das pessoas envolvidas. Para tanto, especialmente em se
tratando de profissionais de primeira resposta, deve-se adotar as
seguintes recomendações básicas (Oliveira, 2000, p.44):
Evitar qualquer tipo de contato com o produto perigoso,
aproximando-se da cena com cuidado, tendo o vento pelas
costas, tomando como referência o ponto de vazamento do
produto;
Procurar identificar o produto (não aproximar-se mais do que
100 m da área de risco) e verificar se há vazamento, derrame,
liberação de vapores, incêndio ou a presença de vítimas;
Isolar o local do acidente impedindo a entrada ou a saída de
qualquer pessoa. Manter-se afastado da zona contaminada no
mínimo 100 metros até conseguir informações seguras sobre o
tipo de produto perigoso existente no local;
Solicitar a presença de socorro especializado (polícia rodoviária,
polícia militar, corpo de bombeiros, defesa civil, etc.);
Estabelecer as áreas de segurança e isolamento (proteção) inicial
recomendadas no Manual de emergências da ABIQUIM;
19
Determinar as ações iniciais de emergência, recomendadas no
Manual de emergências da ABIQUIM, até a chegada do socorro
especializado.
7.1 Como Identificar um Produto Perigoso
Identifique o produto por qualquer uma das seguintes maneiras:
a) Pelo número de quatro algarismos (número da ONU) existente
no painel de segurança (placa laranja) afixado nas laterais,
traseira e dianteira do veículo ou constante na Ficha de
Emergência, no documento fiscal ou na embalagem do produto.
Consulte o manual da ABIQUIM pelo número da ONU.
FIGURA 03 – Identificação do Produto Perigoso
Fonte: ABIQUIM, 2006.
20
b) Pelo nome do produto constante na Ficha de Emergência ou no
documento fiscal. Consulte o manual da ABIQUIM pelo nome do
produto.
c) Caso não haja nenhuma informação específica sobre o produto,
verifique o rótulo de risco (placa ilustrada com formato de
losango) afixado nas laterais e na traseira do veículo e consulte a
tabela de rótulos de risco no manual da ABIQUIM, que lhe
indicará o guia correspondente à classe do produto.
7.2 Como Utilizar o Manual de Emergências da ABIQUIM
Utilize o Manual de Emergências para identificar os
produtos perigosos e as ações iniciais de emergência da
forma que segue:
Páginas amarelas: Relação dos Produtos Perigosos
por ordem numérica crescente;
Páginas azuis: Relação dos Produtos Perigosos por
ordem alfabética;
Páginas laranja: Apresentam os Guias nos quais são encontradas
as recomendações de segurança;
Páginas verdes: Encontram-se as distâncias de seguranças para
alguns produtos.
Após identificar o número da ONU dos Produtos Perigosos que estão
sendo transportados, devemos consultar as páginas amarelas do Manual
de Emergência. A coluna GUIA Nº indica a página laranja que deverá ser
21
consultada. Nelas você encontrará informações sobre os riscos potenciais
do produto e as ações de emergência a seguir.
Não sendo possível identificar o número da ONU ou o nome do Produto
Perigoso, existe uma alternativa; procurar o rótulo de risco do Produto
Perigoso. No Manual de Emergências existem duas páginas de rótulos de
risco com seus Guias correspondentes.
Você poderá encontrar uma série de Produtos Perigosos assinalados com
um asterisco (*) nas páginas amarelas e nas azuis, por exemplo, o cloro,
nº da ONU 1017 *; estes produtos exigem uma atenção especial nos
casos de vazamentos.
Consulte as páginas verdes, na parte final do manual, para conhecer as
distâncias de isolamento e proteção inicial.
Observação: O Manual de Emergências da ABIQUIM não resolve todos os
problemas que podem ocorrer com os produtos perigosos, porém,
seguindo suas recomendações você poderá controlar o acidente nos seus
primeiros minutos, até a chegada de uma equipe especializada, evitando
riscos e a tomada de decisões incorretas.
7.3 Como Isolar a Área de Risco
Após identificar o(s) produto(s) perigoso(s) e tomar as medidas iniciais
de emergência, verifique a direção predominante do vento e determine
se o vazamento é grande ou pequeno.
22
Pequeno vazamento = único recipiente de até 200 litros ou
tanque maior que possa formar uma deposição de até 15 metros
de diâmetro;
Grande vazamento = grande volume de produtos provenientes
de um único recipiente ou diversos vazamentos simultâneos que
formem uma deposição maior que 15 metros de diâmetro.
Depois, isole a área de risco utilizando a fita ou corda e seus dispositivos
de sustentação, presentes nos Equipamentos para Situação de
Emergência. Utilize os quatro cones e as quatro placas “Perigo Afaste-se”
para sinalizar o acidente.
Determine as distâncias adequadas consultando a tabela existente na
seção verde do manual de Emergências da ABIQUIM e dirija todas as
pessoas para longe do vazamento, seguindo a direção contrária a do
vento. As distâncias mínimas para o isolamento e evacuação são de 30 e
200 metros, respectivamente.
Zonas de Controle
Toda área do acidente com produto perigoso deverá estar sob rigoroso
controle para se reduzir a possibilidade de contato com qualquer dos
contaminantes presentes. O método utilizado para prevenir ou reduzir a
migração dos contaminantes é a limitação de três zonas de trabalho.
23
FIGURA 04 – Zonas de Controle de Risco
Fonte: SENASP, 2009.
Segundo indicação da International Fire Service Training Association
(IFSTA, 1995, p.145) as zonas de trabalho devem ser delimitadas no local
com fitas coloridas e, se possível, também mapeadas. A dimensão das
zonas e os pontos de controle de acesso devem ser do conhecimento de
todos os envolvidos na operação.
DIREÇÃO DO VENTO DIREÇÃO DO VENTO
POSTO DE COMANDO
ÁREA DE ATENÇÃO MÉDICA DE EMERGÊNCIA
CORREDOR DE
DESCONTAMINAÇÃO
ÁREA DE
REABILITAÇÃO
ZONA QUENTE
ZONA MORNA
ZONA FRIA
OPERAÇÕES DEFENSIVAS
ÁREA DE SUPORTE / LOGÍSTICA
SAÍDA DE EMERGÊNCIA
TV
PERÍMETROS DE
SEGURANÇA
SETOR DE INFORMAÇÃO AO PÚBLICO INFORMAÇÃO DE QUALQUER ORIGEM
24
A divisão das zonas de trabalho (IFSTA, 1995, p. 144) deverá constituir-se
da forma que segue:
ZONA QUENTE
Localizada na parte central do acidente, é o local onde os contaminantes
estão ou poderão surgir. O isolamento da área de risco executado pode
ser utilizado como delimitação da zona quente.
ZONA MORNA
É a localidade que fica posicionada na área de transição entre as áreas
contaminadas e as áreas limpas. Esta zona deve conter o corredor de
descontaminação. Toda saída da zona quente deverá ser realizada por
esse corredor.
ZONA FRIA
Localizada na parte mais externa da área é considerada não contaminada.
O posto de comando da operação e todo o apoio logístico ficam nessa
área.
7.4 A Importância de um Sistema de Comando de Operações
O Sistema de Comando de Operações (SCO), também conhecido pela
sigla SCI (Sistema de Comando de Incidente) é reconhecido como um
modelo já documentado, utilizado no manejo eficaz de recursos
disponíveis nas operações de emergência.
De forma geral, vemos que a organização da cena de emergência se
inicia com a chegada das primeiras equipes de primeira resposta.
25
Para evitar comandos múltiplos ou ações independentes, deverá existir
uma única pessoa responsável pelo comandamento das ações, a qual
será denominada de Comandante da Operação (CO). Esse sistema servirá
para indicar o responsável pela operação, estabelecer uma hierarquia de
comando e apresentar uma lista de pessoas chaves e suas respectivas
funções.
Segundo Oliveira (2000, p.55) recomenda-se que o primeiro homem de
comando que chega na cena da emergência assuma formalmente o
comando da operação pela rede de rádio.
Este profissional permanece na função de CO durante todo o tempo, a
não ser que seja substituído por outro profissional de maior hierarquia
ou capacitação profissional.
Utilizando este sistema de comando único o CO adapta um organograma
básico e inicial, de acordo com suas necessidades administrativas e
operacionais, para controlar a situação emergencial. A magnitude da
ocorrência determinará o tamanho e a complexidade do organograma
necessário.
Normalmente, os elementos básicos de um SCO são: Comando,
Operações, Planejamento, Logística e Finanças.
Oliveira (2000, p. 55) alerta que a questão de quem deverá responder
pelo comando de uma operação pode ser definida através de diretrizes,
protocolos, ou até, por uma questão de tradição, no entanto, casos
documentados de confrontos, até físicos, entre profissionais de diversas
26
organizações, nos mostram que a questão “quem manda” ainda
assombra a maioria dos serviços públicos de emergência.
Portanto, fica evidente que um conceito de comando unificado precisa
ser rapidamente incorporado pelo sistema que utiliza talentos e recursos
das organizações visando o melhor resultado do conjunto.
Certamente, a partir da padronização de condutas através de protocolos
escritos, e aceitos por todas as organizações, as controvérsias sobre
quem está no comando serão esquecidas.
7.5 A Administração de Emergências
Todo serviço de socorro e resposta a emergências envolvendo produtos
perigosos representa uma atividade de risco e, como tal, deve ser
encarada profissionalmente. Por isso sugere-se a adoção de um modelo
sistematizado de comando e controle que permita um trabalho em
equipe, seguro e eficiente.
Partindo-se da premissa de que todo acidente rodoviário com produto
perigoso, tem características particulares, no entanto, existe nelas um
fator em comum que é a necessidade do planejar, organizar, dirigir
(liderar) e controlar as ações de socorro. O desempenho dessas quatro
funções básicas (PODC) constitui o verdadeiro processo de trabalho
(ações gerenciais) no local da emergência, e considera-se que o
responsável pelo comando e controle da operação comporte-se como
um administrador profissional ao desempenhar o seu papel (Chiavenato,
1999, p. 51).
27
Portanto, na sequência, abordaremos cada uma dessas quatro funções,
sob a ótica dos produtos perigosos e veremos que esse comando e
controle de uma operação é algo dinâmico e interativo que exigirá do
responsável um perfil de profissional dedicado, íntegro, sereno,
disciplinado e tecnicamente muito bem preparado.
PLANEJAMENTO: As organizações de resposta não podem trabalhar na
base da improvisação. O planejamento figura como a primeira das
funções básicas do responsável pelo gerenciamento da resposta e
controle do acidente, por ser exatamente aquela que serve de base para
as demais funções. O planejamento determina antecipadamente quais
são os objetivos que devem ser atingidos e como se deve fazer para
alcançá-los.
ORGANIZAÇÃO: A palavra organização significa qualquer
empreendimento humano moldado intencionalmente para atingir
determinados objetivos. A função básica da organização se baseia em
uma divisão de tarefas racionais para que os objetivos possam ser
alcançados, os planos, executados e as pessoas possam trabalhar de
forma eficiente. Os responsáveis pelo comando e controle dessas
operações sabem que para trabalharem seguros e conseguirem atingir
seus objetivos precisam trabalhar em equipe e de maneira lógica.
DIREÇÃO: Definido o planejamento e estabelecida a organização, resta ao
responsável fazer as coisas andarem e acontecerem. A função básica da
direção (liderança) está vinculada com a ação de se relacionar com
pessoas em todos os níveis da organização. Liderar significa interpretar
28
os planos para os outros e dar as instruções sobre como executá-los em
direção aos objetivos a atingir.
CONTROLE: O controle depende do planejamento, da organização e da
direção para formar o processo gerencial completo. A finalidade do
controle é assegurar que os resultados daquilo que foi planejado,
organizado e dirigido se ajustem tanto quanto possível aos objetivos
previamente estabelecidos.
Portanto, em termos de comando e controle em acidentes rodoviários
envolvendo produtos perigosos, podemos resumir essas quatro funções
da seguinte forma:
Durante o planejamento o responsável necessita:
1. Fixar objetivos (saber onde se pretende chegar para se saber
exatamente como chegar até lá);
2. Definir a estratégia de controle da emergência (ofensiva ou defensiva);
3. Definir um plano de ação para alcançar os objetivos pré-estabelecidos.
Em seguida, durante a organização, o responsável precisa:
1. Dividir o trabalho (dividir as tarefas que precisam ser cumpridas);
2. Designar as pessoas (equipes de profissionais) para a execução dessas
tarefas;
3. Alocar recursos e coordenar esforços para a correta execução das
tarefas determinadas.
Depois, durante a direção (liderança), o responsável precisa:
1. Dirigir seus esforços para que as pessoas executem o plano e atinjam
os objetivos pré-estabelecidos;
29
2. Guiar as pessoas para a ação, dando instruções claras sobre como
executar o plano;
3. Manter a segurança e a motivação incentivando o trabalho
coordenado, seguro, e em equipe.
Finalmente, durante o controle, o responsável precisa:
1. Avaliar o desempenho das equipes envolvidas;
2. Corrigir ações (se necessário);
3. Tornar a avaliar, de forma a assegurar que os resultados daquilo que
foi planejado, organizado e dirigido realmente atinjam os objetivos
previamente estabelecidos.
7.6 Ações Operacionais
Ao conduzir o comando e controle de ocorrências emergenciais, o
responsável deverá se guiar pelos princípios operacionais do
planejamento, organização, comando e controle, segurança e uso
racional dos meios.
Podemos dizer que no nível estratégico (que cabe ao responsável pelo
comando e controle da operação) sugere-se que o responsável avalie a
situação e decida se a operação será atendida de forma ofensiva ou
defensiva, com base no modelo gerencial das quatro ações básicas
(planejar, organizar, dirigir e controlar).
Já no nível tático (que cabe aos demais profissionais envolvidos em nível
gerencial), sugere-se que as tarefas sejam programadas com base numa
série de princípios já registrados anteriormente (princípio do
30
planejamento, da organização, do comando e controle, da segurança e
do uso racional dos meios).
Em termos de produtos perigosos, podemos definir estratégia como a
mobilização dos recursos de uma determinada organização visando o
alcance de objetivos maiores, enquanto a tática é um esquema específico
de emprego de recursos dentro de uma estratégia geral.
Logo, cada estratégia implica na proliferação de ações ou medidas
táticas. A diferença entre estratégia e tática reside basicamente nos
seguintes aspectos: a estratégia é compostas de várias táticas
simultâneas e integradas.
A estratégia se refere a operação como um todo, pois procura alcançar
uma determinada finalidade (expressão global dos objetivos da
operação), enquanto a tática refere-se a ações específicas, pois procura
alcançar objetivos isolados. Podemos considerar ainda que, a estratégia é
definida pelo responsável pelo comando e controle da operação,
enquanto a tática é partilhada com os demais gerentes ou responsáveis
por setores ou atividades (responsável pelo controle de vazamentos,
responsável pela proteção contra incêndio, responsável pelo socorro de
vítimas, etc.)
As decisões estratégicas objetivam basicamente determinar se as
operações se conduzirão de um modo ofensivo ou defensivo.
Operações Ofensivas: Durante uma operação ofensiva as
condições do acidente permitem a realização de ações na área
quente. Geralmente essas ações são desenvolvidas por
31
profissionais de nível técnico e envolvem resgate de vítimas,
descontaminação de profissionais, estanqueidade de vazamentos,
contenção de produtos derramados, abatimento de vapores,
neutralização ou remoção de produtos perigosos, combate a
incêndios, recolhimento e transbordo de cargas, etc.).
Operações Defensivas: São utilizadas quando as condições do
acidente impedem o acesso dos profissionais devido aos riscos
potenciais existentes. Este trabalho deverá ser orientado muito
mais para ações de isolamento do local, controle de acesso à
zona contaminada, prevenção de incêndios, monitoramento
ambiental, etc.
7.7 A Rotina dos Oito Passos
Sabe-se que existem diferentes formas de proceder no atendimento de
uma emergência com produtos perigosos, entretanto, para as tarefas
operativas no local da emergência, sugere-se um modelo denominado de
Rotina dos Oito Passos, o qual foi desenvolvido a partir do original,
intitulado de “The 8 step process”.
No início dos anos 80, Mike Hildebrand, Greg Noll e Jimmy Yvorra
introduziram o conceito do “Processo dos 8 Passos” para administrar
incidentes com produtos perigosos, através de uma publicação da IFSTA,
intitulada: Hazardous Materials - Managing the Incident. (PYE, 2002).
O livro é amplamente utilizado por equipes de bombeiros, técnicos em
produtos perigosos, policiais rodoviários, policiais táticos, equipes
32
industriais de resposta em emergências e outros profissionais que lidam
com vazamentos e derrames de produtos químicos perigosos.
A rotina dos oito passos pode ser assim resumida:
1. Controle inicial da cena de emergência: o primeiro que chega na cena da
emergência deve assumir o comando da operação, estabelecer um Posto de
Comando e iniciar o controle do local. Para isso, deverá identificar a
emergência como sendo um acidente com produtos perigosos, avaliar seu
alcance, e, dimensionar os meios necessários para controlá-la. Deverá ainda
isolar a área e controlar o acesso ao local do acidente, se necessário,
evacuando áreas de risco;
2. Identificação do problema (quais os produtos envolvidos): o responsável
deverá identificar o tipo de produto perigoso envolvido no acidente com
base na observação dos veículos envolvidos e suas cargas e classificá-lo
quanto aos riscos potenciais;
3. Determinação dos riscos potenciais do acidente: o responsável deverá
avaliar a magnitude do risco com base na estimativa de probabilidade
(frequência) dos acidentes e seus efeitos (severidade). De forma simples,
o comandante da operação (sem expor-se a perigo) deverá verificar o
que acontecerá se não for tomada nenhuma providência, e, a partir daí,
determinar as primeiras ações a seguir, com base nas recomendações no
Manual de Emergências da ABIQUIM;
4. Seleção do pessoal, recursos materiais e proteção pessoal necessária à
intervenção: o responsável deverá identificar os profissionais mais
capacitados para atuarem na resposta à emergência, reunir os
33
equipamentos de proteção pessoal e demais materiais necessários ao
atendimento seguro da emergência;
5. Gerenciamento das informações e organização dos recursos: o
responsável deverá gerenciar todas as informações relativas ao acidente
e organizar os recursos, definindo os níveis da operação e quem será
responsável por cada tarefa. Deverá também liberar o pessoal e os
recursos materiais dispensáveis. Manter os materiais e informações
pendentes para o controle da situação e transmitir a todos os envolvidos
as informações relativas ao plano de ação;
6. Implementação do plano de ação de emergência para controlar a
situação: o responsável deverá dirigir a sequência de ações para controlar
o escape de produtos de seus contendores, através de ações ofensivas ou
defensivas e controlar as ações, corrigindo possíveis falhas ou desvios do
plano de emergência;
7. Realização dos procedimentos de descontaminação: o responsável
deverá identificar o nível exigido para a descontaminação das vítimas e
profissionais de resposta, bem como o local mais adequado para
executá-la. Determinar a execução da descontaminação dos
equipamentos e materiais utilizados e isolar os instrumentos e
equipamentos contaminados, eliminando os descartáveis;
8. Coleta e registro dos dados e finalização da operação: o responsável
deverá recapitular todos os passos e ações executadas, listar e registrar
todos os dados da ocorrência e orientar medidas preventivas e
educacionais para evitar a repetição do evento.
34
Finalmente, apresenta-se um resumo esquemático de toda a proposta
metodológica para padronizar a forma de avaliar e responder acidentes
rodoviários com produtos perigosos, de acordo com o nível de atuação
de cada pessoa dentro de sua respectiva organização, conforme quadro
apresentado a seguir:
QUADRO 01. Resumo da proposta metodológica por níveis.
Quem? O quê? De que forma? Qual método?
Responsável
pelo comando
e controle da
operação
Atua no
processo
(nível
estratégico)
Maneira pela qual
se realiza a
operação
Atuação
defensiva ou
ofensiva com
base no modelo
gerencial do
PODC
Profissionais de
nível gerencial
Atuam no
método
(nível tático)
Meio ou maneira
de proceder; forma
de agir
Baseados em
princípios táticos
Demais
profissionais de
nível operativo
Atuam na
técnica (nível
operativo)
Jeito de executar
ou fazer algo,
habilidade
Baseados na
rotina dos oito
passos
35
8. Como Utilizar o Sistema de Informações
O sistema foi concebido tendo como objetivo principal auxiliar os
profissionais envolvidos com acidentes com produtos perigosos, como
policiais rodoviários, bombeiros, agentes da defesa civil, funcionários da
FATMA, etc., principalmente logo após o acidente, na tomada das
primeiras ações, que são cruciais para limitar os danos.
8.1 Acesso ao sistema
Para acessar o sistema deve-se digitar a URL http://dnitpp.ceped.ufsc.br,
com o que o usuário receberá a tela mostrada na Figura 05.
FIGURA 05 - Tela inicial do sistema
36
Para poder efetivamente utilizar o sistema, o usuário deve estar
cadastrado e clicar o botão Acesso usuários, no canto superior direito da
tela, que fará com que seja exibida a tela mostrada na Figura 06. O
usuário deve preencher os campos Usuário e Senha e clicar Acessar. Se o
código de usuário e a senha estiverem corretos, o sistema irá para a tela
inicial, mas agora com o usuário com acesso ao sistema. Se houver algum
erro no código do usuário ou na senha, a mensagem mostrada na Figura
07 aparecerá.
FIGURA 06 - Tela de login no sistema
37
FIGURA 07 - Mensagem de erro no acesso
Se o usuário não se lembrar mais da sua senha, poderá clicar o link “você
esqueceu a sua senha?” e neste caso visualizará a tela mostrada na Figura
08 e poderá preencher o seu nome de usuário ou seu email e clicar o
botão Enviar nova senha por email, que uma nova senha será enviada ao
email cadastrado no sistema.
38
FIGURA 08 - Tela de envio de nova senha
Uma vez que o usuário esteja logado no sistema, terá acesso às suas
funcionalidades através do menu horizontal (Acidentes, Operação PP,
Cadastros, Contatos e Relatórios), na parte inferior da faixa azul com o
logotipo do CEPED UFSC. Um menu similar também existe no canto
inferior direito da tela, na cor laranja.
8.2 Acidente
O primeiro item do menu, Acidente, deve ser usado para o registro de
novo acidente com produto perigoso, para a alteração de alguma
informação de um acidente já registrado, ou para a visualização de
relação de acidentes com produtos perigosos.
39
A página inicial é a listagem dos acidentes ordenados pelo tempo,
mostrando os acidentes mais recentes em primeiro lugar na lista (Figura
09).
FIGURA 09 - Tela inicial de Acidente
8.2.1 Cadastro de um novo acidente
Para cadastrar um novo acidente, deve-se clicar o botão Novo acidente
da Figura 09, que fará com que a tela mostrada na Figura 10 seja exibida.
Como se pode observar na Figura 10, o formulário de cadastramento de
acidentes está dividido em três blocos.
40
FIGURA 10 - Tela de cadastramento de acidente
41
O bloco superior contém as informações essenciais para identificar e
localizar um acidente: Rodovia, KM (quilômetro em que aconteceu o
acidente), Sentido (norte-sul ou sul-norte, no caso da BR-101), data e
hora do acidente e fase do dia (informação se o atendimento será de dia
ou de noite, muito relevante em algumas situações de vazamento de
carga), nome do informante do acidente e órgão a que o informante
pertence, como por exemplo, Polícia Rodoviária Federal. Esses campos
são de preenchimento obrigatório.
O bloco central do formulário contém características do acidente e
nenhum dos campos é obrigatório. Do lado esquerdo:
Nome do produto perigoso transportado ou o respectivo número
ONU - essa é a informação mais importante, pois o produto
determinará o tipo de providência a ser tomada
emergencialmente: tamanho do isolamento e eventualmente
evacuação, tipo de vestimenta adequada para o socorro, etc.
Classe de risco – é preenchido automaticamente, se o produto for
informado;
Quantidade total e Unidade – é a quantidade total de produto
perigoso transportado;
Condição climática – o usuário deve selecionar entre sol, chuva
ou nublado;
Direção do vento – o usuário deve selecionar entre as opções de
direção;
Derramamento – selecionar entre até 200 litros (<200 l) ou mais
de 200 litros (> 200 l), no caso de líquidos.
42
Para informar os produtos envolvidos no acidente (Figura 11), o usuário
deve preencher o campo Nome do Produto ou Número ONU. Com o
nome do produto (ou parte dele) ou o número ONU informados, o
usuário deve clicar a lupa (Figura 11-1). Uma janela irá se abrir com uma
lista de produtos com o nome ou número ONU informados. O usuário
deverá selecionar um dos produtos (Figura 11-2) e clicar Selecionar
(Figura 11-3) para adicionar o produto à lista de produtos envolvidos.
Caso o acidente tenha mais de um produto, repete-se o procedimento.
Se o usuário quiser retirar algum produto do cadastro do acidente, basta
clicar o produto selecionado e em seguida clicar o botão , localizado
à direita do produto (Figura 11-4).
FIGURA 11 - Informando o produto perigoso do acidente
43
A Classe de Risco é preenchida automaticamente uma vez que um
produto tenha sido informado. Se existir mais de um produto, o campo é
preenchido com o produto de maior classe de risco. Caso não tenha
nenhum produto selecionado ou se retire algum produto, a classe de
risco ficará em branco e o usuário deverá colocar seu valor manualmente.
Do lado direito do bloco central existem 10 características do acidente
que podem ser informadas, selecionando a opção adequada (Não
Informado, Sim ou Não): Vazamento, Incêndio, Abalroamento, Colisão,
Capotamento, Tombamento, Explosão, Liberação de Nuvem, Acesso Fácil
ao Veículo, Veículo Visível da Estrada. Estas informações são relevantes
para determinar o tipo de equipamento e providências necessárias para o
atendimento ao acidente.
Para quaisquer informações não previstas no cadastro (ex: cor do rótulo
de risco do produto), o usuário deve utilizar o campo chamado
‘Informações Adicionais’.
Uma vez preenchidos estes dados, o usuário deve clicar o botão Enviar. O
envio do acidente irá salvar os dados no banco de dados, enviar email
para as autoridades responsáveis, permitir a visualização do local do
acidente no mapa e a emissão de um relatório completo sobre as
providências a serem tomadas emergencialmente.
Por fim, o último bloco é de informações referente a pessoas e entidades
envolvidas no acidente. Informações do motorista, transportadora,
número de ocorrência policial e vítimas são descritas ali. Normalmente
estas informações são obtidas somente após o socorro do acidente, não
44
sendo necessário preenchê-las no cadastramento de um novo acidente, e
sim posteriormente, através de uma alteração (edição). Além disso,
informações detalhadas sobre o acidente (como vítimas) são coletadas
pela polícia rodoviária em formulário específico. Uma vez que todas as
informações possíveis sobre o acidente foram coletadas e não há mais
nada a ser acrescentado, o usuário deve marcar a opção Relatório
Completo, indicando que não falta preencher mais nenhuma informação
sobre o acidente.
8.2.2 Edição e visualização de dados de acidente já cadastrado
Para selecionar um acidente para sua visualização (Figura 09), o usuário
pode fazer pesquisas por diferentes atributos, escrevendo no campo
Busca a palavra ou parte da palavra que quer pesquisar. Também pode
reordenar de acordo com o atributo de preferência, clicando no nome do
atributo. Para visualizar ou alterar os dados de um acidente basta clicar o
acidente em questão, que seus dados serão mostrados na tela.
A edição de um acidente é bem similar ao cadastro de novo acidente,
porém não é possível mudar alguns dados, como o quilômetro (KM) ou o
horário, como ilustra a Figura 12. A edição serve para complementar o
acidente com dados obtidos posteriormente, após ou durante o socorro.
45
FIGURA 12 - Campos desabilitados na edição do acidente.
O acidente terá sua coordenada geográfica no valor da coordenada
geográfica do quilômetro informado no cadastramento do acidente. Ao
clicar o botão Enviar em um acidente novo, em uma edição (alteração),
ou mesmo em uma simples visualização, é mostrada a tela de
visualização do local do acidente (Figura 13).
8.2.3 Visualização do local do acidente
Esta tela apresenta uma figura com a área em que ocorreu o acidente,
informações do entorno do local do acidente (itens cadastrados no
sistema nesta área: no quilômetro do acidente e até 5 quilômetros de
distância) e os dados para contatos de emergência.
46
FIGURA 13 - Exemplo de tela de visualização do local do acidente
47
A primeira informação exibida é a rodovia, o quilômetro e o sentido onde
ocorreu o acidente. Em seguida temos uma interface do Google Maps
com a região do acidente. A seta verde indica o centro do quilômetro
onde ocorreu o acidente. Logo abaixo da imagem são exibidos o ponto
de referência e o informante, caso esses itens tenham sido cadastrados.
Todos os produtos perigosos informados serão listados. Caso o usuário
cadastre um acidente sem informar o produto perigoso envolvido, será
mostrada uma mensagem de alerta para tal fato, como pode ser visto na
Figura 14. Em seguida é apresentado o conjunto de rótulos de risco,
mostrado na Figura 15. Se o rótulo puder ser identificado informe o
número da respectiva Guia no campo assinalado com uma seta na Figura
13, caso contrário informe o número 111, que é o de uma guia genérica a
ser informada quando não há qualquer indicação sobre o produto ou o
rótulo de risco.
FIGURA 14 - Alerta de que nenhum produto perigoso foi informado.
48
FIGURA 15 - Conjunto de rótulos de risco
Em seguida são exibidas duas listas. A primeira mostra a planta
retigráfica em um raio de um quilômetro de acidente. Os itens dessa lista
que possuem a sua localização geográfica cadastrada serão marcados no
mapa. A segunda lista mostra a planta retigráfica em um raio de cinco
quilômetros do acidente. Na parte inferior da tela são exibidos os órgãos
para contato emergencial.
Em seguida o usuário deve clicar o botão Gerar Relatório para obter um
arquivo no formato PDF denominado Relatório de Emergência que
mostra a área do acidente, uma relação de contatos de emergência e
detalhes dos procedimentos de emergência, obtidos das guias de
atendimento de emergência e da tabela de distâncias do Manual da
Abiquim.
49
8.3 Relatórios
Esta opção do “menu” contempla os relatórios do sistema relacionados
com os acidentes cadastrados. Os seguintes relatórios estão disponíveis:
TIPO RELATÓRIO INFORMAÇÃO DISPONÍVEL
01. Acidentes por
intervalo de Km e
data
Acidentes que ocorreram entre as datas e
quilometragem selecionadas, mostrando a
data e hora, o quilômetro, o sentido, o
clima, a transportadora e os produtos
envolvidos.
02.
Acidentes por
produto perigoso
Número de acidentes, por produto
perigoso, que ocorreram entre as datas
selecionadas, mostrando o número ONU, o
nome do produto, a classe de risco e o
número de acidentes.
03.
Acidentes por
quilômetro
Número de acidentes por quilômetro da
rodovia, que ocorreram entre as datas e
quilometragem selecionadas, mostrando o
quilômetro, o sentido da rodovia e o
número de acidentes.
04.
Listagem de
Órgãos
Todos os órgãos cadastrados na
quilometragem selecionada, mostrando o
quilômetro, o sentido da rodovia, o nome
do órgão, o tipo do órgão, o responsável,
telefone, a descrição do material que o
órgão possui e a quantidade desse
material.
05. Listagem de
Produtos Perigosos
Todos os produtos perigosos cadastrados,
mostrando o número ONU, a classe de
risco, o nome, a descrição e a guia.
50
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, Giovanni Moraes de. Regulamentação do transporte terrestre
de produtos perigosos/comentada. Rio de Janeiro: Ed. Giovanni Moraes
de Araújo, 2001. 810 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA QUÍMICA (ABIQUIM). Manual
para atendimento de emergências com produtos perigosos: guia para as
primeiras ações em acidentes. 6 ed. São Paulo: Departamento Técnico,
Comissão de Transportes, 2011. 340p.
CASTRO, Antonio L. C. de. Glossário de Defesa Civil: estudos de riscos e
medicina de desastres. 3 ed. Brasília: MI, 2002. 283 p.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2 ed. Rio de
Janeiro: Campus, 1999.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES
(DNIT). Diretoria de Planejamento e Pesquisa. Coordenação Geral de
Estudos e Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. Manual para
Implementação de planos de ação de emergência para atendimento a
sinistros envolvendo o transporte rodoviário de produtos perigosos. Rio
de Janeiro: [s.n.], 2005, 142p. (IPR. Publ., 716).
INTERNATIONAL FIRE SERVICE TRAINING ASSOCIATION. Hazardous
materials for first responders. Oklahoma: IFSTA, 1995.
OLIVEIRA, Marcos de. Emergência com produtos perigosos: manual
básico para equipes de primeira resposta. Florianópolis: IOESC, 2000.
PYE, Shirley. Managing the Hazardous Materials Incident. [S.l.]:
Emergency Film Group, 2002.
51
ANEXO A - Mapa Rodoviário de Santa Catarina
52
ANEXO B - Telefones úteis
FATMA (Fundação de Meio Ambiente) - 0800-644-1523
Corpo de Bombeiros – 193
Defesa Civil Estadual – (48) 3244-0600 / 3271-0916
Defesa Civil Municipal - 199
Polícia Rodoviária Federal - 191
Polícia Militar Rodoviária – 158
Pró-Química (ABIQUIM) – 0800-11-8270
53
ANEXO C - Tabela de Incompatibilidade
Fonte: http://amigonerd.net/trabalho/26061-transporte-terrestre-de-
cargas-perigosas