s firlclzfosé licenciada em Design I ndustrial pela Faculdade de Arquitectura da
Unrversidade Técnica de Lisboa e fez o Cu rso Avançado de Artes Plásticas do Ar.Co. Realizou duas\! ,
exposições indivíduais, na liustria e na Estónía, e participou em diversas colectivas, no Espaço
Avenida zir e na.PlataformdÌhevólver, entre outras
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*mtítulo(A4)eoo8, papel,
úrensões variáveis
AcidadedeTeclarooz instalação, areia,
água, dimensões variáveis.
Fotograha: Teresa Santos
e Pedro Tropa
A \OLT-{ DE L ì L{ }IES \ DE ìLf DE I R\. num pequeno ate-
Iiê na Baixa de Lisboa"Andrea Brandão, urna.lr. seleccionadaspara o Anteciparte'O9, qlica-no6" aEar-es das sras obras a im-portância da revela$o do signo que Íder? do razio, da hcuna,do vão, da intermpção, do silencio da pausa do interrzlq doacÍìso, dos espaços ou tempos int€rsticiab Ìt&r conpci<;ao de
experiências que criam momentos de tensão eque uhrapassama tradicional dicotomia entre espectador e obFcto, entre o inte-ligível e o ininteligível, a artista processa o transitório e regista as
mutações contínuas dos objectos que manipula, colocando-ncno limiar de uma situapo embrioniíria, enformada pelo riscode destruipo ou, mesmo, de desaparecimento da composiSo
original. Muitas obras da artista caminham para um ob-jecto que não é estável, que é performativo, em processo
de desaparecimento ou apÍÌrecimento, explorando o ladoefémero das "coisas". Nas obras de Andrea Brandão, os
espectadores ou contempladores movem-se no tempo da
obra e são tocados pelo inefível Belo.
Andrea Brandão é formada em Design Industrial, pela
Faculdade de Arqútecrura da Universidade Técnica de
Lisboa, mas é no Ar.Co, no curso avançado de Artes Plás-
ticas, que encontra o seu Gìmpo de ac$o participando,em paralelo, em experiências e laboratórios de dança con-temporânea, nomeadamente com João Fiadeiro e Gus-tavo Sumpta. O desenho, enquanto disciplina artística, éo seu campo de erperiência e de formulação discursiva.
É neste contexto que problematiza situações que podemvir da disciplina propriamente dita, numa linha metadis-cursiva, ou de situações que lhe apÍÌrecem no dia-a-dia.Assim, formula hipóteses, testa limites e apresenta poten-
ciais conclusões, nuncì encerradas pela moldura que as
enforma."Encontrei uma orientapo e um espaço de experi-
menta$o no desenho, não só no desenho tradicional-dorisco sobre o papel - mas no deseúo como explosão de
sentidos, testando os seus limites. É no processo criativoque aparecem as soluções", afirma a artista. Do curso de
Design Industrial valoriza, sobretudo, a relação emocional,qualitativa, que estabeleceu com os materiais."É diferenteuma cadeira construída em madeira e uma cadeira cons-
ruída em plástico. Há materiais que têm uma linguagem.É diferente um desenho a carvão e um de-senho a grafite'lNo seir babalho, o conceito de tradu$o é, por isso, fun-damenut Lperiências" gestos e emoções são transferidospara urna dimerrsão erpandida do deseúo que amplificaa gracsËncia
Âs referencias de Andrea Brandão variam entre acon-tecirrsrtm ou situações da realidade quotidiana e a Li-
teratura - Tànizaki, Italo Calvino,Maria Gabriela Llansol -, Cinema -Tsai Ming-Liang -, ou Artes Visuais -Bruce Nauman, Gordon Matta ClarlçFernanda Gomes...
As obras desta artista obedecem
a regras precisas, que as definem e
que condicionÍÌm um leque alarga-
do de respostas orientadas por umproblema inicial. O espaço é suporteessencial para a percep@o das suas
composições aparentemente eféme-
ras, como A Cidade de Teclo,2007,referência diresta à obra de Calvino,Cidnàa Invisíveis. Uma cidade feitade areia e âgua, através de constru-
ções delineadas a partir de moldes de
objectos quotidianos. "Tecla quer ser
mas nuncr será. É uma cidade que
nunca estará acabada. Prevenindo a
sua ruína estií sempre em constru$o(...). Testemunhamos o processo de
trabalho (a construSo, desconstru-
ção, reconstrução) como uma su-
Junho 2010
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perffcie de tempo", diz a artista. Uma folha A4 serve-lhede motivo para várias composições instáveis.
O confronto entre uma folha de ouro e uma folhade papel queimado, numa obra apresentada no Anteci-parte'09, activa a tensão e o medo de uma inesperadadecomposição, dissolução em pó, última matéria detodos os seres. O que pesa mais, uma folha de ouro ouuma folha de papel queimado? "Boa pergunta. Vou pe-sar", promete Andrea Brandão.
Por vezes, as suas obras jogam com diferentes ima-gens sugeridas por uma mesma palavra, como Morta-lha, 2006 - várias mortalhas, coladas com saliva, dãoorigem a um lençol, a um objecto semelhante a um véu,sensível aos efeitos daluz. Poeticamente, as mortalhaspara fazer cigarros originam, no colectivo, a mortalhaou lençol que, tradicionalmente, envolve o corpo deum morto.
Realizada num ateliê de escultura, a intervenção TheHo\e,2006, a partir do filme homónimo do realizadorTsai Ming-Liang, "evidencia os orifícios que edstiamneste espaço, recorrendo ao uso de materiais que tinhanos bolsos, como bilhetes de metro, por exemplo'l
PROCESSO Andrea Brandão actua sobre o pro-cesso de formação da arte, dando-nos imagens, condi-
ções de observação e interacção, desenhos e instalacoesque resultam de um trabalho de recoÌha, associação
e, nalguns casos, padronizaçao, dos elementos dessas
composições, delineadas num determinado espaço.Na maioria dos casos, as suas obras respondem a carac-terísticas espaciais ou arquitectónicas e dependem deocorrências aleatórias que alteram as suas propriedadesoriginais, a estabilidade física dos seus materiais, numapoética formal sublimada pelos efeitos de uma ténuetransparência e suave luminosidade. Por vezes, surgemefeitos estéticos derivados da materialização da sombra.De alguma forma, esta concepção da arte destina-se a
receber aluz,a acção do movimento e a beleza inerenteà passagem do tempo, lembrando Kakuzo Okakura, emO Livro do Chá: "Na arte, o Presente é eterno'l
De acordo com o texto Dar forma à sombra,publicado nocatálogo do Anteciparte, "todo o trabalho de Andrea Bran-dão incide sobre a noção de 'processo', procurando testaros limites da sua definição e da materiaÌização da obra (...),adivinhar a luz que há na sombra e a sombra na iuz, numareflexão sobre a indissociár'el conerão entre os dois'l
Àssim, materiais, usualmente, considerados insignifrcan-tes - folhas de papel -\-1. mortalhas, pedras da calçada, espe-lhos. baldes. giz. canetas de teltro, madeira, plásticos, areia,água. saliva. neve -.ontribuem para um discurso sobre aiagiÌidaCe iaCuiÌt'r que nos parece perene e indiferente..l,s "r'erda,i.es mrsticas" dos materiais são reveladas através deerperiéncias de cariz intimista, resultantes de uma apuradae siìenciosa pratica de ateliê.
-\ sin-rplicidade destas intervenções, projectos, instala-
çoes, desenhos. brota de uma vontade de testar e cruzar osÌimites de ditèrentes práticas disciplinares. As tensÒes, sem-pre presentes, são activadas a partir de uma manipulaçãoplástica da integridade dos materiais, esticando ao máximoas condiçÕes de uma possível mas frágil estabilidade. Atéaos limites -
zoo7, papel (r folhade r88 x 160 cm, r folhade 74,5 x rz4 cm e r folhade 52,5 x 74,5 cm), 5 lápisde grafrte e caderno, técnica
mìsta, dimensões variáveis
(detalhe), zoo7, papel
de máquina, frta-cola, prego
e suporte de madei ra, técnicamista, dimensões variáveis
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