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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII

JOSEMAR CÉSAR DA SILVA

DISCUTINDO A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UM

ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL RÔMULO GALVÃO.

SENHOR DO BONFIM 2010

����������JOSEMAR CÉSAR DA SILVA

DISCUTINDO A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UM

ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL RÔMULO GALVÃO.

Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia - UNEB, como requisito parcial para obtenção do título de licenciado em Pedagogia. Orientador: Profº. Romilson Moreira do Carmo

SENHOR DO BONFIM 2010

JOSEMAR CÉSAR DA SILVA

DISCUTINDO A VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR: UM

ESTUDO NO COLÉGIO ESTADUAL RÔMULO GALVÃO.

BANCA EXAMINADORA:

___________________________________________

AVALIADOR (A)

___________________________________________ AVALIADOR (A)

___________________________________________ PROFº. ROMILSON MOREIRA DO CARMO

ORIENTADOR

“Quem conhece a violência e quem sabe de onde veio? A violência das escolas é a mesma das ruas, do trabalho, é a mesma de dentro de casa”. SILVA

Dedico esta monografia especialmente a DEUS,

por ter me iluminado e conduzido pelos caminhos

do SABER.

Aos meus pais exemplo de dedicação e amor.

Ao meu filho, com quem deixei de brincar para

estudar

Aos colegas pela compreensão e cumplicidade.

A todo que de forma direta e indireta contribuíram

comigo nesta caminhada.

AGRADECIMENTOS

As dificuldades existem para serem vencidas; os caminhos existem para

serem percorridos; as vitórias existem para serem conquistadas; As honrarias

existem para serem recebidas!

Por ter vencido dificuldades, ter percorrido caminhos, ter conquistado vitórias

e estar recebendo agora as honrarias, agradeço:

AO MEU ORIENTADOR, por ter aberto os meus caminhos; UNEB, pelo Curso oferecido.

RESUMO

A violência escolar é uma realidade em todo o mundo. Alunos e professores são ameaçados, agredidos e mortos, os prédios escolares são alvos de depredação, arrombamentos e furtos. Esta situação é preocupante e de difícil solução. Diante desse quadro surgiu o interesse em realizar o presente estudo com o intuito de fazer uma abordagem sobre a violência na escola, suas possíveis causas e suas conseqüências, investigando as percepções dos professores do Ensino Fundamental I e II, lotados no Colégio Estadual Rômulo Galvão, sobre este problema tão complexo e de difícil solução. Nesse contexto utilizou-se como instrumento para coleta de dados um questionário aberto semi-estruturado, para investigar a percepção dos professores sobre a vioência escolar. Foi constatado que no colégio objeto de estudo a violência sempre acontece. Os docentes tentam coibir os atos violentos com advertência, suspensões e até com expulsão do aluno. .

PALAVRAS CHAVES: Violência. Violência escolar e Professor.

ABSTRAC

School violence is a reality throughout the world. Students and teachers are threatened, beaten or killed, the school buildings are targets for vandalism, burglary and theft. This situation is worrying and difficult to solve. Given this situation led us to conduct this study in order to make an approach to school violence, its possible causes and consequences, investigating the perceptions of teachers in Middle School, crowded in the State College Romulo Galvão, on this problem as complex and difficult solution. In this context it was used as a tool for collecting data a semi-structured questionnaire that was administered to 11 teachers crowded in that school, to investigate their perceptions of school violence. Data collection took place from November 20 to 02 December 2009 and found that the school subject of study, violence is always the case. Teachers punish violent acts with warnings, suspensions and even expulsion of the student.

KEY WORDS: Violence. School violence, Teacher.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..........................................................................................................14

CAPÍTULO I ..............................................................................................................16

1. PROBLEMATIZANDO A VIOLÊNCIA................................................................16

CAPÍTULO II .............................................................................................................19

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................19

2.1 Violência nas sociedades humanas .............................................................19

2.1.1 Uma reflexão sobre os tipos de violência..................................................25

2.2 A violência no espaço escolar ......................................................................26

2.3 O professor e a violência escolar .................................................................31

CAPÍTULO III ............................................................................................................33

3. PROCESSOS METODOLÓGICOS ...................................................................33

3.1 Pesquisa utilizada ........................................................................................33

3.2 O ambiente investigado................................................................................34

3.3 Os participantes da pesquisa .......................................................................35

3.4 Os instrumentos utilizados ...........................................................................36

3.5 A coleta de dados.........................................................................................36

CAPÍTULO IV............................................................................................................38

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .....................................................38

4.1 O posicionamento dos entrevistados ...........................................................38

4.1.1 Definição de violência na escola ...............................................................40

4.1.2 Com relação às causas da violência escolar ............................................41

4.1.3 Ocorrência de atos violentos no Colégio Estadual Rômulo Galvão ..........43

4.1.4 Natureza dos atos violentos e os atores envolvidos nesses atos. ............44

4.1.5 Com relação às maiores dificuldades que os professores sentem em

harmonizar a convivência entre os alunos. ........................................................45

4.1.6 Com relação às medidas tomadas pelo professor diante dos atos violentos

cometidos pelos alunos......................................................................................46

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................48

REFERÊNCIAS.........................................................................................................50

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Causas da violência nas escolas.............................................................42

Figura 02: Ocorrência de atos violentos....................................................................43

Figura 03: natureza dos atos violentos......................................................................44

Figura 04: Punições aplicadas.................................................................................. 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Dificuldades.........................................................................................45

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INTRODUÇÃO

A violência escolar é um fenômeno que vem ganhando proporções

consideráveis nas últimas décadas. Sabe-se que as causas que desencadeiam esse

fenômeno são de natureza diversas, entre as quais destaca-se as desigualdades

sociais, a desestruturação das famílias e a inversão de valores, decorrente do

modelo neoliberal que valoriza o ter em detrimento do ser, o que dificulta a

convivência entre os homens.

A escola é uma instituição cujo papel é proporcionar aos alunos a

formação humana e capacitação, assegurando-lhes o desenvolvimento dos seus

potenciais, é o lugar por excelência de preparo para o futuro e para a vida. Sabendo

que a violência escolar é hoje uma realidade incontestável, esta configura-se um

grave problema social.

Diante do exposto se faz mister uma análise do supracitado fenómeno,

considerando suas causas e consequências na sociedade, buscando também

descobrir os meios e possibilidades para solucionar ou amenizar o referido

problema.

Desta forma, o presente estudo foi estruturado em diversas partes, a saber:

Inicialmente, construiu-se uma breve abordagem sobre a violência nas

sociedades e também nas escolas; nesta parte consta ainda a relevância do estudo

sobre a violência no ambiente escolar, a justificativa que gerou a escolha desse

tema, as questões norteadoras e os objetivos que se quis alcançar;

A segunda parte discorre sobre a violência, a violência nas sociedades

humanas, suas causas, seus tipos, a violência no espaço escolar, o professor e a

violência nas escolas.

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Na terceira parte são enumeradas as etapas que foram percorridas no

decorrer do presente estudo: pesquisa utilizada, ambiente investigado, instrumentos

e sujeitos da pesquisa e a coleta dos dados.

A quarta parte mostra os dados obtidos através da aplicação do questionário

e os analisa, confrontando-os com os dizeres dos teóricos consultados. Finalmente,

em um último momento, são feitas as considerações finais acerca de tudo que foi

lido e investigado, e onde se faz observações gerais acerca do problema levantado.

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CAPÍTULO I

1. PROBLEMATIZANDO A VIOLÊNCIA

Alguns estudiosos afirmam que a violência não é nata, ela é adquirida através

do meio ambiente em que se vive, salvo se houver algum tipo de doença patológica.

Freud ao estudar o comportamento do homem, assevera que ele tem dentro de si

uma ânsia de ódio e destruição. Segundo Colombier, Mangel e Perdriault (1999) o

potencial biológico da agressão existe no ser humano, ele sustenta, mas esse

potencial mudou bastante durante a evolução

A violência no animal é o resultado do instinto de conservação e ele só a usa

para buscar seu alimento, lutar pelo seu território, disputar uma fêmea ou ainda,

para se defender quando se sente ameaçado. Por ser um animal, o homem também

usa a violência, só que ele extrapola os limites.

Atualmente a violência tem crescido vertiginosamente e é a principal causa

das mortes de pessoas com todas as idades. Conforme Colombier, Mangel e

Perdriault (1999, p. 36) um relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde

(OMS) afirma que: “violência mata mais de 1,6 milhões de pessoas no mundo a

cada ano. Esse relatório mostra ainda que a violência responde por 14% das mortes

de homens e 7% das mortes de mulheres”.

No Brasil, a violência também tem sido crescente nas últimas décadas, sendo

a sociedade brasileira uma das mais violentas do mundo. Há violência nas ruas

(assaltos, seqüestros), nas residências, nas escolas e ninguém sabe explicar porque

tem aumentado tanto. Assim, ela já faz parte do cotidiano do homem e a escola não

escapa dela também. Nas escolas sempre houve violência mas não nas proporções

em que se encontra agora. A complexidade da questão provém de um conjunto de

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fatores que contribuem com diversas intensidades para o quadro dramático da

educação pública brasileira e baiana, em particular.

A violência pode ser uma reação conseqüente a um sentimento de ameaça

ou de falência da capacidade psíquica em suportar o conjunto de pressões internas

e externas a que se está submetido, afirma Levisky (1997). Essas pressões seriam a

pobreza, desemprego, destruição da família, falta de perspectiva de vida em virtude

de políticas sociais ineficazes. Todas essas pressões explicariam a onda de crimes

que assolam a sociedade dos centros urbanos .

A competição na sociedade capitalista é uma constante e há disputas

permanentes em quase todas as dimensões de vida cotidiana. Essa é a cultura de

uma sociedade perversa que propõe a perversão como uma conseqüência lógica de

sua forma de ser e aceita a violência como um fato natural. A violência então se

espalha em todos os setores da sociedade humana, nos lares, nas empresas, nas

ruas e até nas escolas.

Os homens não nascem naturalmente maus, a sociedade é que os

transforma, já afirmava Rosseau (MONTAGU, 1998). Esta parece ser uma verdade

pois de fato, nenhum ser humano nasce violente, ou criminoso, o seu destino será

traçado após a nascença. Tudo indica que seu comportamento é fruto do ambiente a

que está exposto, ambiente este que pode tornar o homem um ser violento ou não.

A violência acompanha as sociedades desde o mundo antigo quando se via

os confrontos belicosos entre as nações. As conquistas das terras eram

fundamentadas em violência e por muito tempo a história foi um conjunto de

narrativas sobre reis e generais, sendo que os fatos decisivos da história acabam

por coincidir com as grandes batalhas.

Este problema social se encontra em todos os setores da sociedade inclusive

nas escolas onde em sua maior parte, é protagonizada pelos jovens, que se

agrupam, formando sub-culturas, sub-grupos, formando gangues. Conforme salienta

De Certeau (1995, p. 89):

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Os jovens são os grandes consumidores dos meios informáticos e audiovisuais, como a internet, computador, televisão e música. A televisão é um dos meios que mais violência difunde e a criança ou o jovem é o sujeito passivo que mais a consome. Muitos jovens constroem as suas personalidades de acordo com o que observam, com uma total ausência de discernimento do que é certo ou errado.

A violência na escola tem crescido tanto nos últimos tempos que os

envolvidos na educação já estão perdendo as rédeas da situação e parecem não

saber que medidas tomar para sanar esse problema. O seu crescimento nas escolas

também tem suscitado as mais diversas opiniões sobre as causas, sendo citadas a

influência má do meio social, a falta de amor e educação familiar que forma jovens

desequilibrados.

O que se vê atualmente no espaço escolar é o freqüente comportamento

agressivo e violento da população estudantil, apesar dos novos parâmetros

pedagógicos que pregam a não punição visando transformar atos agressivos em

novos saberes educativos, mas nem assim, os alunos estão se tornando mais

dóceis. É por isso que se faz necessário realizar um estudo sobre a violência nas

escolas e a percepção dos educadores sobre este problema social.

A relevância social deste estudo deve-se ao fato de que a violência tem se

instalado dentro das escolas, onde existem as humilhações e as agressões físicas e

morais sofridas pelos alunos por parte de seus colegas e até de alguns professores.

Diante dessas ponderações e da relevância social desse tema, demonstrou-se

interesse em realizar este estudo sobre a violência no espaço escolar, analisando

suas causas e conseqüências. Assim, o presente estudo busca entender as causas

e conseqüências da violência no contexto escolar.

Pergunta-se: Qual a percepção que os professores do Colégio Estadual

Rômulo Galvão têm da violência?

Objetivou-se então com este trabalho, investigar as percepções dos

professores do Ensino Fundamental I e II, lotados no Colégio Estadual Rômulo

Galvão, sobre o problema da violência, problema este tão complexo e de difícil

solução.

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CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Diante do problema exposto e procurando entender o porquê da violência nas

escolas, buscou-se aportes teóricos para fundamentar e nortear esta discussão.

Nesta perspectiva, a problemática e o objetivo permitem eleger as seguintes

palavras chaves: Violência, Violência escolar, Professor.

2.1 Violência nas sociedades humanas

A palavra “violência” é descrita nos dicionários como uma ação que se faz

com o uso da força bruta. É definida também como tirania, coação, crueldade e

força. Como salienta Montagu (1998, p. 16) “desde sempre o homem exerceu e foi

alvo de violência”. Cite-se os gladiadores no coliseu lutando até morrer para deleite

da platéia, o episódio do holocausto e as guerras que sempre estiveram presentes

na história da humanidade. Os monarcas egípcios praticavam a mutilação, a tortura

e a morte dos adversários aprisionados e isso era motivo de glória e de exaltação.

Assim, eles praticavam a essência do sadismo, a paixão pelo controle ilimitado e

divinal, sobre os homens e todo o universo social.

O comportamento que causa dano a outra pessoa, a um ser vivo e que nega

autonomia, integridade física ou psicológica, chama-se violência, afirma Girard

(1990). Este termo deriva do latim violentia que significa aplicação de força, vigor,

contra qualquer coisa ou ente. Para Montagu (1998) ela é a transgressão da ordem

e das regras sociais, o atentado direto, verbal ou físico contra a pessoa cuja vida,

saúde e integridade física ou liberdade individual correm perigo a partir da ação de

outros.

Segundo Girard (1990) quando Freud fala sobre a violência diz que o homem

tem uma predisposição inata e nasce e cresce em sociedade violenta. Já Durkeim

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diz que o homem se torna violento em virtude da densidade demográfica, do

desenvolvimento econômico, social e cultural de uma sociedade, que fomentam as

desigualdades e consequentemente os desvios aos valores morais. Entretanto,

Santos (1999) salienta que a agressividade é sobretudo uma manifestação do

modelo social e não um traço isolado de um comportamento individual ou particular.

A violência parece estar arraigada à sociedade, pois está presente, implícita

ou explicitamente, na maioria das produções das sociedades. Ela apresenta parte

das contradições efetivadas por um modelo de desenvolvimento constituído nos

países subdesenvolvidos, ineficaz, de produzir um modelo de desenvolvimento

econômico que suporte significativamente frações de sociedade com melhoria de

sua capacidade de desenvolvimento.

Por causa do livre arbítrio o homem torna-se um agressor e é justamente por meio de sua agressividade que ele construiu e constrói a sua história. É por meio da agressividade que o homem descobriu a grandeza da paz e a importância do perdão, no entanto, os genocídios, as guerras e a destruição de povos e culturas inteiras mostram que ao longo da história humana, essa mesma agressividade também viabilizou propósitos destrutivos (DE CERTEAU, 1995, p. 88).

Após a segunda guerra mundial a desigualdade entre os indivíduos aumentou

significativamente e a competitividade também cresceu, pois nesses tempos atuais

se defende o aumento cada vez maior da produtividade nas atividades humanas.

Quem produz mais consegue mais, consegue se situar melhor neste mundo

capitalista e, para produzir mais, o homem passa por cima de todos os valores

éticos, tornando-se competitivamente agressivo. Como ressalta Xavier (2002, p. 41):

É justamente pelo fortalecimento do neoliberalismo, visualizado através do acentuado crescimento das desigualdades sociais e da exclusão da maioria da população brasileira da participação nos bens e serviços produzidos pelo coletivo, que se torna importante reconhecer essas ações como elementos desencadeadores de novas expressões de violência.

Nessa era da tecnologia as mudanças são uma constante e esse processo de

mutabilidade acaba gerando uma ausência na construção dos valores éticos entre

os indivíduos. Assim, esse movimento de mudanças tem provocado um processo de

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ausência de valores sociais agregadores e gerado um vazio que vem sendo

preenchido pela violência, afirma Xavier (2002).

A mudança conceitual dos valores vem ocorrendo através de gerações na sociedade brasileira, em relação a crianças, jovens, adultos e idosos dos diferentes conceitos socioculturais, passando a incluir a violência como um valor consensualmente aceito. Para alguns grupos, a violência está associada a uma forma de reconhecimento e poder em determinado grupo social, acentuando o sentimento de pertencimento, virilidade e masculinidade (XAVIER, 2002, p. 42).

Assim como nos tempos antigos, atualmente continuam ocorrendo guerras

entre os homens e estas, são as expressões máximas da violência humana. Cite-se

as guerras no Afeganistão e os conflitos entre Árabes e Judeus, no Oriente Médio,

ressalta Rossi (2004). Percebe-se então que a violência, sob as mais diversas

formas de apresentação, transformou-se no foco central de atenção da sociedade

atual, sendo a grande obsessão da sociedade global e gerando uma preocupação

com a busca da segurança. Atualmente a procura intensa pelas drogas, a incidência

de crimes hediondos, a decadência cultural e moral aliada ao descaso com os

valores éticos, acontecem endemicamente nas sociedades em todo o mundo. Estes

são atos violentos.

A história contemporânea, nacional e internacional, está semeada de acontecimentos violentos. Realmente novas são as formas inusitadas e destemidas com que a violência se apresenta atualmente entre nós, com conseqüências imprevisíveis. Se a natureza e as dimensões reais do fenômeno da violência ainda não estão suficientemente esclarecidas, são bem conhecidas já as transformações que ele vem produzindo nos hábitos e práticas sociais das pessoas e nas virtudes que as fundamentam. O vírus da violência penetra nos poros do tecido social, ameaçando a saúde moral das instituições nacionais (MONTAGU, 1998, p. 16).

Vive-se em um mundo marcado pela violência de pessoas movidas pelo ódio,

pelo rancor e pela sede de vingança e essa violência gera destruições materiais e

espirituais. A busca pelo poder prega o lucro acima de tudo, esquecendo-se dos

valores morais e espirituais. Acontece que o homem não é apenas matéria, ele é

também espírito e não deve agir como uma máquina. Quando ele passa a agir

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apenas como matéria, ignora seus sentimentos e age como como os animais,

disputando seu terreno com violência (FROMM, 1997).

Atualmente, com a política revolucionária da tecnologia, surge um movimento

de mudanças de valores, hábitos, costumes, códigos de ética e de conduta. Essas

mudanças vêm provocando “um processo de ausência de valores sociais

agregadores e gerado um vazio que vem sendo preenchido pela violência, ao se

substituir a autoridade pela força”, afirma Xavier (2002, p. 41).

Acredita-se que a violência que assola as sociedades e o planeta é

conseqüência das injustiças e preconceitos que tornam difíceis as relações entre os

homens. “Muitas vezes, a violência ocorre pelo desemprego, desigualdade social,

fome e analfabetismo. Isso tudo levas as pessoas desesperadas a cometerem atos

violentos, como roubar, praticar assaltos à mão armada […]” (ATAIDE, 2004, p. 104).

No combate à violência, afirma Ataide (2004), é necessário que se busque a

superação da pobreza, da injustiça e da desigualdade social, pois só existe paz

quando existe justiça social.

Esse problema social cresceu tanto nos últimos tempos que parece não ter

mais como ser detido, ou ao menos, ser amenizado por meio da ação policial ou da

justiça. Percebe-se que quanto mais se aumenta o efetivo policial, mais a

criminalidade aumenta. Quanto mais se constroem presídios, mais eles ficam

abarrotados. Quanto mais se julgam processos, mais eles são acumulados nas

prateleiras.

Tudo parece indicar que o padrão de referência do mundo atual é o quadro de

violências, que tem se tornado corriqueiro e um ítem obrigatório na visão atual. “A

imoralidade da cultura da violência consiste na disseminação de sistemas morais

particularizados e irredutíveis a ideais comuns, condição prévia para que qualquer

atitude criminosa possa ser justificada e legítima”, afirma Freire Costa (1993, p. 84).

[…] o agir violento e alguns dos discursos que o analisam tornam-se tautológicos: as pressões são violentas porque a sociedade é violenta; as pessoas são reativas pela necessidade de se defender contra a violência; cresce a impunidade porque a sociedade é

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violenta; a sociedade é violenta porque cresce a impunidade; etc. (ROCHA, 1999, p. 5).

Os atos violentos, nos dias de hoje, atingem a vida e a integridade das

pessoas e é motivo de grande preocupação por parte da sociedade. Essas

transgressões da ordem e das regras sociais atentam diretamente contra o cidadão,

cuja vida, saúde, liberdade individual e integridade física, são ameaçadas a partir da

ação de outros cidadãos.

Os indivíduos violentos geralmente são dotados de alto grau de

agressividade, que é o comportamento adaptativo intenso, ou seja , o indivíduo

violento tem dificuldade de se relacionar com o próximo e de estabelecer limites,

porque estes às vezes não foram construídos no âmbito familiar, ressalta GIRARD

(1990). Diz-se que uma pessoa é violenta quando possui padrões de educação

contrários às normas de convivência e respeito para com o outro. Esses padrões

podem ter sido formados a partir da influência de grupos de referência de valores,

de crenças e de formas de comportamento.

Os fatores que contribuem para que os alunos manifestem violência nas

escola são vários e diversos. Os mais relevantes parecem ser a desigualdade social,

o ambiente familiar desestruturado, a indisciplina escolar, a influência de grupos e de

formas de comportamento, a competitividade (ZALUAR, 1992).

O fator da desigualdade social, possível geradora da violência, desendadeia

atos violentos. A necessidade e a carência das condições mínimas de sobrevivência,

acaba embrutecendo o indivíduo, tornando-o violento. Por se sentir inferior aos

demais e de estar em uma posição inferior na sociedade, esse indivíduo passa a ter

uma atitude de ódio em relação aos privilegiados economicamente e, esse ódio gera

atos violentos contra a sociedade que não lhe dá oportunidade igual aos demais

indivíduos.

No mundo capitalista o pai e a mãe se preocupam mais em trabalhar para

adquirir bens materiais para seus filhos, pois o atual modelo econômico neoliberal

valoriza mais o ter que o ser. Neste contexto, negligenciam valores como afetividade

e aproximação com seus filhos, deixando-os carentes de atenção. Não dão limites a

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seus filhos, não têm tempo para verificar se as regras estabelecidas no lar, são

seguida pelos filhos. Desta forma, os filhos se governam, não aprendem a respeitar

o semelhante e criam suas próprias regras. Assim:

Inúmeras situações de violência a que muitas crianças e jovens estão expostos no ambiente familiar podem representar, justamente uma fragilização e negação das relações de ascendência dos adultos sobre as crianças. Decorrente daí, ressentimento ed sentimento de impotência podem gerar agressão e violência (XAVIER, 2002, p. 78).

A indisciplina escolar traduz-se por uma forma de desobediência insolente às

normas da escola e do professor. Ela conduz os alunos a praticarem atos violentos

pois ela abrange a falta de limites, de respeitos às regras, aos valores e aos

professores. Os alunos indisciplinados não respeitam regras, não obedecem as

ordens, não respeitam o patrimônio escolar. A indisciplina escolar se traduz em

desrespeito, para com o colega, para com o professor, para com a própria instituição

escolar (depredação das instalações). Esse tipo de indisciplina é consequência da

falta de limites e da ausência de valores que a família não impôs (AQUINO, 1996).

A influência dos grupos ou de comportamentos acontece quando o aluno

busca respostas para sua identidade e é nesse momento que ele se junta às

gangues, no intuito de resolver suas inquietações. Especialmente, quando a família

e a escola não estimulam valores como solidariedade, companheirismo, respeito e

tolerância, é que os jovens se sentem “empurrados” para se juntarem a grupos que

lhes dão mais atenção que a sua família, e é nesse momento que mora o perigo,

pois alguns desses grupos são gangues que não respeitam nenhuma regra da

sociedade em que vivem.

Werthein (2000) aponta como sendo a principal causa da violência, o ambiente

familiar. Para este autor a decadência do ambiente familiar ocorre em virtude da

violência doméstica, do alcoolismo, da tóxico-dependência, da promiscuidade, da

desagregação dos casais, da ausência de valores éticos, da permissividade e da

demissão do papel educativo dos pais. “Normalmente, os indivíduos que vivem estas

problemáticas familiares são sujeitos e alvos de violência”, ressalta Werthein (2000,

p. 15).

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2.1.1 Uma reflexão sobre os tipos de violência

As agressões sofridas pelo ser humano acontecem sob diversas formas e em

todos os lugares. Para se ter uma idéia, a violência acontece desde que se nasce,

ou seja nos primeiros anos de vida e o que é pior, através das pessoas da própria

família. Um exemplo é a violência praticada contra os bebês no próprio lar, através

das canções de ninar como “Boi da cara preta”, “A cuca vem pegar”, “O cravo brigou

com a rosa”, “Atirei o pau no gato” e outras mais. Nas letras dessas canções prega-

se o medo, a vingança e a agressão física, que leva à criança o temor, a desavença,

a agressividade.

Os Contos de Fadas, elaborados incialmente para formação de valores, são cheios de símbolos fálicos, desajustes, famílias incompletas (viúvas, órfãs, madrastas), perdas, violentando a pureza da criança, que deveria se comprazer no maravilhoso, na magia do bem possível, para que introjestasse sentimentos positivos que a levariam à fase adulta com maior chance de ser uma pessoa boa (FREUD, 1997, p. 23).

A violência pode se manifestar tanto através de ofensas físicas como

psicológicas. A violência física acontece através do uso da força, com o objetivo

claro de ferir, deixando marcas evidentes. São comuns murros e tapas, agressões

com diversos objetos e queimaduras causadas por objetos ou líquidos quentes. A

violência psicológica ocorre através da rejeição, depreciação, discriminação,

desrespeito e atos humilhantes. Apesar de não deixar marcas evidentes (físicas)

provoca problemas interiores para o resto da vida.

A violência psicológica também chamada de agressão emocional, pode

desencadear graves estados psicológicos e emocionais e ser mais prejudicial que a

violência física. “É uma violência que não deixa marcas corporais visíveis, mas

emocionalmente provoca cicatrizes para toda a vida”, salienta Freud (1997, p. 12).

Estão incluidas como violência psicológia a mobilização emocional da vítima para satisfazer a necessidade de atenção e a agressão dissimulada, em que o agressor tenta fazer com que a vítima se sinta inferior, dependente e culpada. São também atos violentos psicológicos, a atitude de oposição e aversão, em que o agressor toma certas atitudes com o intuito de provocar ou menosprezar a vítima, e as ameaças de mortes (BARRETO, 2002, p. 38).

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Outro tipo de violência é a verbal que normalmente é manifestada através de

ofensas morais (insultos) e depreciações como também através do silêncio. Existe

ainda a violência sexual, na qual a vítima é obrigada a praticar atos sexuais contra

sua vontade. A negligência também é um tipo de violência.

2.2 A violência no espaço escolar

A escola é um ambiente que proporciona o acesso ao exercício da cidadania,

como também pode ser um mecanismo de exclusão social. Ela é o espaço onde

crianças e jovens se encontram, compartilham códigos de comportamento, recebem

informações e expressam suas dúvidas. Entretanto, ela também é um espaço onde

a violência se manifesta de diversas formas.

O que seria então violência escolar? Para Abramovay (2002) violência escolar

é toda ação praticada, isolada ou em grupo, dentro das instituições de ensino, com a

participação dos alunos ou dos demais envolvidos na educação (diretores,

professores e funcionários. Entre os tipos violentos praticados na escola, destacam-

se a violência física, verbal, simbólica e o Bullying (CHARLOT, 2002). A violência

física é o uso da força, provocando lesões através da força física e do uso de armas.

A violência verbal é quando ocorrem situações de opressão, humilhação,

xingamentos e palavras de baixo Calão. Violência simbólica são atitudes e condutas

discriminatórias e o Bullying que é uma manifestação de ofensas verbais, apelidos

ofensivos e depreciativos, humilhações, exclusão e discriminação.

O tipo de violência que acontece nas escolas chamado Bullying, é o que usa

o poder para intimidar ou perseguir pessoas indefesas. Assim:

Bullying vem do inglês bully e significa usar a superioridade física para intimidar alguém. É o tipo de comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo inerente às relações interpessoais. As vítimas são os indivíduos considerados mais fracos e frágeis, transformados em objeto de diversão e prazer por meio de “brincadeiras” maldosas e intimidadoras (CONSTANTINI, 2004, p. 19).

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A violência escolar, esse problema educacional, tem crescido

assustadoramente em todo o mundo. Sempre veiculam na mídia notícias de

estudantes mortos na sala de aula por colegas, professores agredidos e até

assassinados por alunos, vigilantes escolares agredidos, funcionários da escola em

pânico crescente. Esse quadro de violência vem aumentando cada vez mais.

Por ser a violência um problema da sociedade como um todo, particularmente quando atinge determinados patamares de intensidade, ela repercute logicamente no meio escolar, de várias maneiras e por várias razões. As várias maneiras se sintetizam nos seguintes cenários: atos de violência e/ou de vandalismo contra a escola e seus integrantes, perpetrados por agentes externos a ela; atos de violência na escola, seja praticados por agentes internos a ela, seja pela presença em seu interior de agentes externos; e, enfim, atos explícitos ou implícitos de violência praticados pela escola ou seus dirigentes (PINO, 2007, p. 13).

Esse é um fenômeno preocupante porque atinge de forma direta os alunos

em formação e contribui para romper com a idéia de que a escola é um local de

formação do ser humano e da educação como um todo, de que a escola é o lugar de

formação da ética e valores humanos. Acontece porém, que a escola é, em certo

sentido, “uma espécie de caixa de ressonância das turbulências sociais que ocorrem

nos diferentes meios sociais de onde procedem seus integrantes”, ressalta Pino

(2007, p. 13).

A violência parece já ter se tornado parte do cotidiano escolar em todo o

mundo, pois sempre se ouve nos noticiários as agressões sofridas no interior das

escolas. Estas, que sempre foram representadas como um lugar seguro de

integração social, de socialização, não é mais um espaço resguardado, ao contrário,

tornou-se cenário de ocorrências violentas. Quando a violência se instala em uma

determinada escola, o ensino-aprendizagem fica afetado porque a qualidade das

aulas diminui e como conseqüência os alunos não sentem vontade de ir à escola.

As causas desse problema social ainda não estão suficientemente explicadas,

podendo ser de ordem familiar, social ou afetiva. Colombier, Mangel e Perdriault

(1999) argumentam que a violência na escola pode ser gerada pela insatisfação

pessoal, pelo mito do progresso social, pela felicidade individual ou pela segregação.

28

Na visão desses autores a violência nas escolas se expressa quando os códigos

culturais não são compreendidos, quando os alunos não são escutados, quando as

relações de confiança são quase inexistentes, quando os envolvidos na educação se

sentem desrespeitados, ameaçados e humilhados.

A violência no ambiente escolar traz terríveis conseqüências tanto para o

professor como para o aluno. Além de conseqüências pessoais e danos físicos,

provoca traumas, sentimentos de medo e insegurança, prejudicando o

desenvolvimento pessoal. Guimarães (1998) informa que entre as diversas

manifestações de violência, que são trazidas para as escolas, as mais graves são o

tráfico de drogas e as gangues. Estas são formadas por grupos de amigos ou por

grupos de traficantes.

As manifestações de atos violentos nas escolas salienta Santos (1999),

ocorrem através de golpes, ferimentos, violência sexual, roubos, crimes, vandalismo;

humilhações, palavras grosseiras, falta de respeito. Portanto, atos violentos não são

apenas agressões físicas, mas também agressões verbais, como por exemplo,

agredir por meio de palavras e atitudes, que acabam por magoar alguém. Estas, não

machucam o físico, mas a alma, o ego, o interior do ser humano.

O espaço escolar é invadido pela violência cuja manifestação vai desde

informações de cartazes com: “não haverá merenda porque não tem água” ou “não

haverá merenda por causa da indisciplina”, até a seqüência de assassinatos dentro

da escola. É uma construção social de uma sociedade perversa que propõe a

perversão como uma conseqüência lógica de sua forma de ser. A exclusão dá

resposta de modo mais brutal, mas também o mais ineficaz: não produz rebeldia

organizada em projetos de transformação social, mas de uma forma agressiva de

inclusão pela via da violência no mundo da violência (SANTOS, 2001)

Força, coerção e dano em relação ao outro, enquanto atos de excesso, presentes nas relações de poder – seja no nível macro, do Estado, seja no nível micro, entre os grupos sociais –, vêm a configurar a violência social contemporânea. A violência seria a relação social de excesso de poder que impede o reconhecimento do outro – pessoa, classe, gênero ou raça – mediante o uso da força ou da coerção, provocando algum tipo de dano, configurando o oposto

29

das possibilidades da sociedade democrática contemporânea (SANTOS,1999, p. 13).

Hoje se considera que qualquer ato, atitudes e conflitos entre professores e

alunos e entre os alunos e seus colegas, são considerados indisciplina escolar.

Neste contexto, problemas que antes eram considerados indisciplina, passaram a

serem vistos como violência escolar. Deste modo, condutas autoritárias ou

repressivas da escola, até então vistas como problemas pedagógicos ou de gestão

educacional, são redefinidos como problemas de violência escolar. Essa violência

expressa as crescentes fraturas em instituições socializadoras como a família e a

escola (SANTOS,1999).

A qualidade do ensino fica diminuída quando ocorre a violência na escola pois

esta gera indisciplina, torna os alunos inseguros, desmotivados, agressivos. Além

disso desperta nos professores o medo, angústia e estresse. Prejudica a relação

entre o professor e o aluno, entre o aluno e a escola. Enfim, tumultua todo o

processo de ensino-aprendizagem.

Geralmente os agentes de atos violentos na escola são os alunos e os

membros de gangues, que se infiltram para poder traficarem drogas. Estes praticam

predominantemente a violência física que é manifestada através de confronto

corporal ou armado e, para eles, tudo é motivo para brigar, ou seja, a ofensa física é

o diálogo que eles usam. Normalmente, as escolas situadas nas periferias das

grandes cidades são as mais violentas e talvez isso aconteça por causa das

desigualdades sociais e da pobreza que reina nas periferias e nas favelas. Nesse

contexto, Colombier, Mangel e Perdriault (1999) salientam que a violência que os

alunos exercem , é antes de tudo, a que seu meio exerce sobre eles, pois a criança

reflete na escola as frustrações do seu dia a dia.

Os tipos de violência praticados na escola, de acordo com Colombier, Mangel

e Perdriault (1999), são a violência física (bater, matar, estuprar, roubar, assaltar,

tiroteio), violência contra o patrimônio (destruição do mobiliário e do prédio) e

violência simbólica (humilhações, desinteresse, desvalorização do aluno). Para esse

autor, os fatores que levam o aluno a praticar atos violentos são a desigualdade

30

social e a influência de grupos e de valores. A desigualdade social, segundo Barreto

(2002), embrutece as pessoas e desperta o ódio. A influência de grupos e de valores

motiva o aluno a cometer crimes, a querer levar vantagem em tudo, a ser intolerante.

“É dentro das gangues que os jovens alunos provam sua audácia, desafiam o

medo da morte e da prisão. É uma subcultura criminosa marcada pela violência”

(ZALUAR, 1992, p.27). Nessas gangues há fartura de drogas, de bebidas alcoólicas,

e de armas de fogo, que seduzem os jovens carentes.

É nesse momento de sedução que o professor deve estar presente,

orientando e advertindo seu aluno sobre os perigos e as conseqüências de participar

dos grupos alienados. Ele, o professor, possui um relevante papel social nesse

sentido, uma vez que o ambiente escolar deixou de ser um lugar seguro, tornando-

se um grave problema social. Assim, o educador é um profissional que pode agir na

prevenção e resolução dos problemas de violência, podendo atuar de diferentes

formas, ou seja, com a família, com o aluno, no meio onde se registem focos de

violência e mesmo na escola como elemento mediador. Como salienta Petrus (1997,

p. 27):

Os setores sociais em desequilíbrio são campos de ação do educador são e este tem duas funções que são: desenvolver e promover a qualidade de vida de todos os cidadãos, adotar e aplicar estratégias de prevenção das causas dos desequilíbrios sociais. Apesar das relações entre educação social e marginalização serem evidentes, com a marginalização não se esgota o âmbito da educação social.

Como se pode perceber, o trabalho do educador é prevenir e intervir em

situações de desvio ou risco, de forma a criar mudanças qualitativas. Deverá exercer

intencionalmente influências positivas nos alunos. Através de sua ação educativa ele

pode exercer influência sobre o alunado e estes, ao assimilarem e recriarem essas

influências, tornam-se capazes de estabelecer uma relação ativa e transformadora

com a sociedade (ENGUITA, 1989). A escola e seus professores formam um

universo capaz de propiciar o desenvolvimento do aluno, bem como criar condições

para que ocorram aprendizagens significativas.

31

2.3 O professor e a violência escolar

A violência nas escolas é uma realidade incontestável e lastimável. Em todo o

mundo surgem ocorrências de agressões no espaço escolar, sejam entre os alunos

ou entre alunos e professor. Diante desse quadro os professores sentem-se

perplexos e impotentes, pois na maioria das vezes, não sabem como agir ou

prevenir os conflitos que surgem no cotidiano dos estabelecimentos de ensino.

Acontece que os docentes foram preparados para ministrar conhecimentos e

educar os alunos e não para servir de mediador em conflitos, armados ou não. São

poucos os educadores que fizeram cursos de psicopedagoga para lidar com alunos

problemáticos, portanto, não se pode cobrar deles uma postura que não possuem.

Essa situação é muito grave uma vez que, a escola é o local por excelência

onde o aluno tem possibilidades de vivenciar formas construtivas de interação,

adquirindo um saber que propicie as condições para o exercício da cidadania,

ressalta Charlot (2002).

O professor enfrenta muitas dificuldades para administrar a violência que

atualmente existe nas escolas, pois para os alunos ser violento é absolutamente

normal. A violência vivenciada nas ruas e nos lares é reproduzida nas escolas pelos

alunos. O docente está sofrendo um processo de desumanização, ninguem respeita

mais a sua dignidade nem a sua autoridade. Para muitos alunos ele é apenas um

empregado do Governo que é pago para lhes ensinar.

“O professor é visto por muitos alunos como incapaz, e agem como se

soubessem mais do que ele, reclamam do ensino, desrespeitam-no, discutem com

ele de igual para igual e o intimidam com ameaças até físicas” (SANTOS, 1999, p.

38). Diante desse quadro, crescem os problemas de saúde dos professores, tais

como, depressão, stress, esgotamento mental, síndrome do pânico. Os atestados

médicos são rotineiros no cotidiano escolar, o que configura uma situação alarmante

na área educacional, por que os docentes estão com medo, com pavor de entrar em

uma sala de aula e enfrentar alunos agressivos. Como se pode perceber a violência

na escola reflete a violência que impera na sociedade.

32

São cobradas dos professores, ações que visem minizar ou erradicar a

violência dentro das escolas, pois todos acham que eles têm um papel fundamental

na indisciplina de seus alunos. No entanto, o professor não pode ser

responsabilizado pelos atos violentos dos alunos, por que não foi na escola que eles

aprenderam a ser agressivos.

Aquino (1998) defende a idéia de que o professor é o responsável em

apresentar o mundo ao aluno, contribuindo para preservar sua bagagem cultural,

instruindo-os quanto aos conhecimentos acumulados e, contribuindo para a

transformação das novas gerações, inclusive no que se refere ao comportamento

agressivo.

Acredita-se que as ações educativas do professor poderão auxiliar a mudar o

comportamento dos alunos, na medida em que possibilitam o alívio de tensões de

uma forma socialmente aceitável, abrindo espaço para a tomada de consciência das

implicações e conseqüências dos atos violentos.

33

CAPÍTULO III

3. PROCESSOS METODOLÓGICOS

Este capítulo cita as etapas percorridas no desenrolar da presente pesquisa,

ou seja, o tipo de pesquisa utilizada, o lócus estudado, os sujeitos envolvidos,

instrumentos utilizados e os procedimentos durante a coleta de dados.

Entende-se por metodologia o processo pelo qual se pode alcançar um fim

determinado como afirma Minayo (2003): ”a metodologia inclui as concepções

teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da

realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador”.

Partindo deste pressuposto e levando em consideração as opções teóricas, a

questão norteadora, e principalmente, a complexidade do fato abordado, se elegeu o

método qualitativo para desenvolver a investigação.

3.1 Pesquisa utilizada

Com relação ao tipo de pesquisa, foi utilizada a pesquisa qualitativa porque

são usadas quando se busca percepções e entendimento sobre a natureza geral de

uma questão, abrindo espaços para a interpretação do fato. O método qualitativo

muito usado nas pesquisas educacionais nas ultimas décadas, tem como

característica investigar o significado que os envolvidos dão ao assunto pesquisado.

Segundo Bodgam e Biklen (1994, p. 18) a pesquisa qualitativa pretende:

[…] melhor compreender o comportamento e a experiência humana eles procuram entender o processo pelo qual as pessoas constroem significados e descrevem o que são aqueles significados. Usam observações empíricas porque é com os eventos concretos do comportamento humano que os investigadores podem pensar mas clara e profundamente sobre a condição humana.

34

Castro (2006, p. 109.) também se posiciona sobre a pesquisa qualitativa

afirmando que:

Uma pesquisa qualitativa permitiria explorar as profundidades do comportamento humano de forma mais criativa e percuciente. Defendo que, a pesquisa qualitativa é indissociável neste estudo, visto que, as representações sociais dos agentes de pesquisa não se demonstram em processos básicos, lineares e, jamais poderão ser expressos em números, visto que a abordagem qualitativa analisa o individuo em sua totalidade levando em consideração as suas subjetividades.

Quanto aos procedimentos técnicos foi utilizado um levantamento:de dados

que é a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.

Procede-se à “solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas

acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa,

obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados”, ressalta Triviños

(1987, p. 21).

3.2 O ambiente investigado

Lócus de Pesquisa propicia ao pesquisador uma vivência que traz interação

entre o pesquisador e o sujeito, proporcionando ao pesquisador uma abertura para

investigar, dialogar, a fim de perceber o fenômeno pesquisado. Deste modo

elegemos como lócus o Colégio Estadual Rômulo Galvão, situado na Av Roberto

Santos, Centro, Senhor do Bonfim Bahia. A escolha da referida escola justifica-se

por ser uma instituição que acomoda um grande número de alunos e professores

com realidade diversificada, oriundo de várias partes da cidade e município,

contendo um histórico significativo de violência no seu interior.

O lócus é o espaço onde se consegue informações sobre o objeto

pesquisado, o lócus, de fato proporciona uma abertura para atender as indagações

do pesquisador, é nesse ambiente que os sujeitos expressam e dão legitimidade as

suas representações, demonstrando seus sentidos e subjetividade.

35

Este colégio possui 21 salas sendo 10 salas de aula, 01 sala de informática,

01 sala de ciências, 01 biblioteca, 01 Secretaria, 01 sala de mecanografia, 01 sala

de Diretoria, 01 sala de professores, 01 sala de vídeo, 01 sala para cozinha e 2

depósitos; possui 2 pátios sendo 1 coberto e outro sem cobertura, 8 sanitários sendo

6 para os alunos (masculinos e femininos), 1 para os professores e outro para a

Diretoria.

Quanto ao quadro de funcionários, é composto por 30 professores, 01

Diretora, 02 vice-diretoras e 01 Coordenadora, 01 merendeira, 1 secretária, 1

funcionária para serviços gerais. O colégio é frequentado por 479 alunos do Ensino

Fundamental I e II, distribuídos nos três turnos: matutino, vespertino e noturno. Este

colégio foi escolhido em virtude da disponibilidade dos professores em participar da

pesquisa.

3.3 Os participantes da pesquisa

Como foi utilizada a pesquisa qualitativa, não se pretendeu generalizar as

informações, nem houve uma preocupação em projetar os resultados para

população, pois neste tipo de pesquisa geralmente aborda-se pequenos grupos de

entrevistados. Neste contexto, da população de 30 professores, escolheu-se uma

amostra de 11 professores, que participaram deste estudo e lecionam no colégio

acima citado, nas séries do Ensino Fundamental I e II. A escolha desses professores

aconteceu por causa da disponibilidade de em participarem da pesquisa, bem como

da boa vontade demonstrada por cada um deles.

Nas questões que investigam o perfil dos entrevistados, foi apurado que 20%

deles possuem apenas formação inicial (Magistério), 50% está em processo de

graduação e 30% possui nível superior. Dos onze sujeitos pesquisados todos eram

mulheres, fato já captado pelo senso comum, pois o exercício da docência vem

sendo uma profissão basicamente feminina. Santos(2008, p. 1) afirma que:

Há um antigo discurso “natural” a inclinação das mulheres para a docência. Afirmava-se que elas tinham aptidão para profissão docente, pois essa passa a ser vista como extensão do lar. Assim,

36

essa profissão passa a adquirir características marcantemente femininas, tais como, fragilidade, afetividade, paciência, doação, etc.

Há algum tempo atrás, salienta Rabelo (2009), era significativa a presença do

sexo masculino na docência, fato este que começou a diminuir em virtude de um

salário com valor muito baixo, o que desestimulou os homens. As mulheres, ao

contrário, não se importavam com a remuneração baixa e passaram a ocupar cada

vez mais as docências nas escolas.

3.4 Os instrumentos utilizados

Foi realizada a observação participante, posteriormente uma entrevista semi-

estruturada e a elaboração de um questionário misto, visando identificar o a

percepção dos professores sobre a violência. Nas pesquisas do tipo qualitativo, os

dados são colhidos por meio de questionário estruturado com perguntas claras e

objetivas, já que devem garantir a uniformidade de entendimento dos entrevistados e

conseqüentemente a padronização dos resultados.

O questionário aberto é um instrumento de coleta de dados constituído por

uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a

presença do investigador. Assim:

[...] os pesquisados se sentem mais livres para exprimir opiniões que temem ser desaprovados ou que podem colocá-los em dificuldades, menos pressões para uma resposta imediata, o pesquisado pode pensar com calma (GOLDEMBERG, 2000, pp. 87-88).

3.5 A coleta de dados

Esta é uma das etapas mais importantes de qualquer estudo e deve ser

criteriosa e autêntica. Para Ludke e Menga (1986, p. 45):

Analisar os dados qualitativos significa “trabalhar” todo material obtido durante a pesquisa, ou seja, os relatos de observação, as transcrições da entrevista, as análises de documentos e as demais

37

informações disponíveis. A tarefa de análise implica, num primeiro momento, a organização de todo o material, dividindo-o em partes, relacionando essas partes e procurando identificar nele tendências e padrões relevantes. Num segundo momento essas tendências e padrões são avaliados, buscando-se relações e interferências num nível de abstração mais elevado.

Procedeu-se então a análise dos resultados obtidos, análises estas, que

foram realizadas a partir das questões respondidas pelos professores que

indicassem a sua percepção acerca da violência na escola. As falas das

entrevistadas foram colocadas na íntegra, respeitando-se o seu posicionamento. Por

último, os resultados analisados foram colocados em gráficos para serem melhor

compreendidos.

38

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

De acordo com os dados obtidos através da aplicação dos questionários,

pôde-se constatar resultados acerca do que pensam os professores do Colégio

Estadual Romulo Galvão sobre a questão da violência escolar, bem como a

problemática da violência no referido colégio.

A coleta de dados é uma etapa das mais importantes em um estudo de

campo. De acordo com Goldemberg (2000, p. 19) a coleta de dados é “o ponto que

exige muita sensibilidade para que se aproveite o máximo possível dos dados

coletados e da teoria estudada”. Veja-se então os resultados, abaixo citados.

4.1 O posicionamento dos entrevistados

Todas as professoras que participaram da pesquisa responderam que se

preocupam com a violência que existe nas escolas, por que o espaço escolar é o

local onde se educa e se prepara para a vida, não devendo existir neste espaço um

lugar para a violência e sim, para a formação de atitudes. Eis o disse uma delas:

Porque a escola é o lugar por excelência, onde há formação para a vida, para o futuro. E como fica essa formação marcada pela violência?(PA

1).

Realmente, a escola é uma instituição cujo papel é o de proporcionar aos

alunos, a formação humana e a capacitação, assegurando-lhes o desenvolvimento

de seus potenciais. Ela é um lugar de conhecimentos. “É especialmente na escola

1 Utilizaremos a consoante P maiúscula, seguida de letra em ordem alfabética, para assegurar e ocultar a identidade dos sujeitos da pesquisa.

39

que esses sujeitos aprendem, pela convivência, a construir mundos possíveis,

pautados em relações éticas de prestígio do outro em sua legitimidade” (SOUZA,

2002, p. 184).

Outras professoras disseram que a violência é preocupante porque

desequilibra o ambiente escolar e o respeito entre os envolvidos no processo de

ensino/aprendizagem.

Porque acaba gerando rivalidades entre as turmas, dificultando o desempenho nas aulas e a integração entre os alunos, o que acaba afetando os professores e causando redução no desenvolvimento das aulas. (PE).

Porque é notório na escola as diversas formas de violência. Medidas urgentes devem ser tomadas em conjunto, ou seja, escola, comunidade e políticos (PB).

Estes resultados são corroborados por Sposito (1998) quando ele salienta

que a escola, como instituição que faz parte da sociedade, sofre os reflexos dos

fatores de violência manifestados dentro da sala de aula, comprometendo o

aprendizado e as relações interpessoais.

Mais outras professoras disseram que a violência na escola é preocupante

porque retrata a violência que existe nas sociedades em geral:

A escola reflete a sociedade. Vivemos uma época em que a mídia reproduz a violência e isto aparece também na escola. (PC).

Não só na escola, mas em todos os segmentos da sociedade, a violência é preocupante. A violência gera violência e tem que ser coibida. Entretanto, é preciso que seja feito um trabalho de reestruturação das famílias, que é a base de tudo (PD).

Realmente, como disseram as entrevistadas acima, a violência escolar é um

fato de grande preocupação, pois ela reflete a sociedade em que se vive. Uma vez

que o espaço escolar é um local de formação como pode haver nele um clima de

violência? Acontece que os alunos aprendem a ser violentos fora da escola e

quando entram no espaço escolar, continuam a praticar a violência a que estão

acostumados.

40

A escola reproduz os conceitos e ações de outros contextos institucionais,

como as sociedades, a família, a mídia. Esses conceitos e ações se refletem no

interior das relações escolares, ressalta Marques (1997). Atualmente, uma grande

parte dos alunos vão para a escola armados e, como salienta Colombier, Mangel e

Perdriault (1999, p. 15):

Muitos alunos da rede pública de ensino já viram uma arma de fogo dentro da unidade escolar, já viram armas brancas como canivete e punhal e isso é muito preocupante, pois já foram também ameaçados de alguma forma.

Nos últimos tempos é cada vez mais frequente os professores apreenderem

nas salas de aula pedaços de pau, canivetes, revólveres e drogas. Principalmente

as drogas, que são consumidas ou vendidas dentro das escolas, conduzem a atos

violentos, preocupando os envolvidos na educação, que se sentem impotentes

diante desse quadro.

4.1.1 Definição de violência na escola

Quando se pediu às professoras que definissem violência escolar, houve um

consenso nas respostas obtidas, pois todas disseram que violência escolar é todo

ato de vandalismo, de agressão física e verbal, de discriminação por parte dos

alunos e também dos professores. Uma das entrevistadas afirmou que violência

escolar é a violação dos direitos humanos.

Atos de vandalismo, agressão física e verbal (PA).

É quando se perde o respeito entre o professor e o aluno, pois o aluno de hoje perdeu a noção do limite (PB). São as ameaças, agressões verbais, discriminação de raça, cor,

opção sexual, agressões de ordem psicológica (PC). Violência na escola é tudo que agride física, moral e

psicologicamente (PD).

É a conseqüência da falta de estrutura das famílias, da perda de autoridade dos pais. Quando um adolescente não respeita sua família, não vai respeitar o professor e daí, surge a violência (PE).

41

Concordando com as repostas acima, Sposito (2001, p. 60) afirma que

“Violência é todo ato que implica a ruptura de um anexo social pelo uso da força.

Nega-se assim, a possibilidade da relação social que se instala pela comunicação,

pelo uso da palavra, pelo diálogo e pelo conflito”.

Violência é então, toda e qualquer ação que prejudique o bem-estar, a

integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de

um cidadão. É ainda, a omissão em defender os semelhantes.

4.1.2 Com relação às causas da violência escolar

Com relação a esta questão (Figura 1), a maioria (73%) das entrevistadas

mencionou como causas a família desestruturada, ausência de educação doméstica

e regras e valores sociais deturpados. Outras (18%) mencionaram como causas da

violência escolar as injustiças sociais e o modelo errado de modernidade e

naturalização da violência. Outras (9%) ainda citaram a necessidade de auto-

afirmação.

As causas da violência, portanto, são diversas como o abandono, os maus

tratos e a negligência da família, as injustiças sociais que geram as desigualdades

entre as pessoas e a naturalização da violência que já é encarada como algo

normal. Sobre esse fato Sposito (2001) se posiciona ressaltando que a violência

praticada por adolescentes na escola pode ser um indicativo concreto de protesto

contra os valores transmitidos nessa instituição, os quais não respondem as suas

expectativas e necessidades concretas.

42

73%

18%

9%

Sem educaçãodoméstica, familiadesestruturada e regrase valores sociaisdeturpadosInjustiças sociais emodelo errado demodernidade enaturalização daviolênciaNecessidade deautoafirmação

Figura 1. Causas da violência na escola 1

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa�

Para Zaluar (1992) as causas da violência na escola podem ser a

desmotivação, punições injustas, professores crispados pelas políticas educativas e

a visão negativa que os alunos têm da escola. Uma outra causa da violência na

escola são os alunos problemáticos que não querem nada da escola e estão lá

apenas porque são forçados pela família a frequentar as aulas. Pode ser também a

permissividade com que a escola aceita determinadas formas de violência que, por

isso, acabam naturalmente incorporadas ao cotidiano escolar (GUIMARÃES, 1996).

A violência na escola poder ser decorrente também do ambiente anti-social

que se encontra em vários estabelecimentos públicos de ensino como: sujos,

cercados de grades como se fossem um presídio, feios e de baixa qualidade de

ensino, sem nenhuma sedução para o aluno.

Um outro fator que gera violência na escola é a indisciplina escolar, que é

resultante da falta de educação doméstica, pois quando os pais não ditam as regras

básicas de convivência social, estão dando a entender que tudo é permitido,

inclusive o desrespeito ao semelhante. Assim, alunos indisciplinados e mal

educados agridem colegas e atormentam os professores, que não conseguem

controlá-los na sala de aula. Nesse contexto, o respeito pelo professor passou a ser

algo raro nas escolas em geral. Como consequência de todo esse processo, o aluno

tende a se afastar da escola, a ter medo de frequentá-la pois não se reconhece nela

. A violência provoca então a evasão escolar, dentre outras.

43

4.1.3 Ocorrência de atos violentos no Colégio Estadual Rômulo Galvão

Os atos violentos (Figura 2) na escola pesquisada, segundo (82%) das

professoras que participaram da pesquisa, ocorrem freqüentemente. Entretanto, as

demais (18%) professoras disseram não ocorrer nenhuma violência no referido

colégio. As que afirmaram não ocorrer atos violentos na escola ora pesquisada,

informaram ainda que nunca presenciaram estes atos, mas já tomaram

conhecimento através de outros docentes que eles aconteciam com serta

frequência. Como se pode perceber a violência é uma realidade também no local de

estudo, o que permite a constatação da existência real da problemática no universo

selecionado.

82%

18%

SIM NÃO

Figura 2. Ocorrência de atos violentos

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa

A pesquisa reafirma o que diz Benevides (1996), quando afirma que esta

realidade está estampada até nos grandes estabelecimentos de ensino, o que

comprova que a sociedade está ficando cada vez mais violenta. Nos depoimentos

dos sujeitos da pesquisa ficou evidente que a violência é cada vez mais praticada no

interior das escolas.

Quanto às docentes que disseram não ocorrer atos violentos na escola,

parece que elas não atentaram para o fato de que violência na escola não é apenas

aquela praticada contra os alunos, mas também às agressões dirigidas ao prédio

onde funciona a escola, tais como depredação e deteorização do patrimônio escolar,

invasões, roubos e destruições, como ressaltam Spósito (1994) e Barreto (2002).

Neste sentido Spósito (2001, p. 37) salienta que:

44

[…] é possível que este tipo de violência se manifeste como uma forma de protesto escolar e também como expressão de crítica aos serviços prestados, à impossibilidade do uso de suas dependências para recreação, ou até mesmo, como forma de revide em relação às agressões vividas no cotidiano da escola.

Geralmente para os educadores a violência se evidencia, de forma mais clara,

na relação entre os alunos. Os professores parecem não perceber que atitudes

violentas também são aquelas dirigidas contra a instituição escolar, dirigidas pelos

professores, diretores e coordenadores pedagógicos contra os alunos e vice-versa.

É como se os professores, diretores e coordenadores pedagógicos fossem isentos

de práticas violentas.

4.1.4 Natureza dos atos violentos e os atores envolvidos nesses atos.

Perguntou-se às professoras que responderam afirmativamente à questão

anterior sobre a natureza dos atos violentos cometidos pelos alunos. A maioria delas

(45%) respondeu que são de natureza verbal, 33% afirmou ser de natureza física,

enquanto 22% diz ser de natureza física, psicológica e verbal.

45%

33%

22%Natureza verbal

Natureza física

Natureza fisica,verbal epsicológica

Figura 3. Natureza dos atos violentos

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa�

Santos (2001) explica que violência física é quando ocorre um dano por meio

de força física com algum tipo de arma ou instrumento que possa causar lesões.

Violência psicológica inclui toda ação ou omissão que causa ou visa a causar dano à

auto-estima, à identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Esta é a forma mais

subjetiva, embora seja muito freqüente a associação com agressões corporais,

45

deixando profundas marcas no desenvolvimento do indivíduo, podendo

comprometer toda a vida mental.

Os resultados apontaram que a natureza da violência que mais ocorre é a

agressão verbal, embora todos os tipos mencionados (verbal, física e física,

psicológica e verbal) tenham sido citados por uma grande parte dos professores. É

interessante destacar que atitudes como apelidos, racismo, discriminação, e outras

atitudes que ocorrem nas relações sociais, são de natureza verbal e psicológica.

Quando se fala em violência pensa-se logo em ataques físicos, mas ela se

manifesta também através de insultos, ameaças, comentários de duplo sentido. Há

pouca diferença entre o uso hostil das palavras e um ataque físico, afirma De

Certeau (1995). Quem agride verbalmente também fere moralmente e isso é pior

que uma agressão física.

4.1.5 Com relação às maiores dificuldades que os professores sentem em harmonizar a convivência entre os alunos.

Os professores informaram que as dificuldades (Tabela 1) em manter a

harmonia entre os alunos são as mais variadas. Citaram (5%) ausência de familiares

na escola, falta de respeito (20%), diferenças sociais (20%), falta de estrutura

escolar (25%) e descontrole emocional dos alunos (30%), dentre outras.

Tabela 1. Dificuldades citadas pelos professores do C. E. Rômulo Galvão.

Dificuldades Percentual de entrevistados

Falta de respeito ao semelhante 20%

Ausência de apoio dos pais ou responsáveis 5%

Falta de estrutura escolar 25%

Diferenças sociais entre os alunos 20%

Falta de controle emocional dos alunos 30%

Considerando-se que a violência é a expressão do sentimento intolerável de

fúria, que se projeta através do corpo em atos e reações, torna-se muito difícil de ser

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controlada. O aluno é um ser social que se relaciona com seus semelhantes e os

conflitos dessa convivência é muito comum, principalmente na sociedade permissiva

atual.

Acredita-se que uma das maiores dificuldades em controlar a violência na

escola é o aspecto cultural que é um grande catalisador do comportamento humano.

Principalmente entre os alunos do sexo masculino, a reação a uma provocação é

obrigatória pois a cultura apregoa que não revidar a uma ofensa é covardia e

ninguém quer ser covarde.

Para Matos e Carvalhosa (2001) em uma sociedade que valoriza a violência

através da exposição pública nos meios de entretenimento que apresentam a

violência como algo honroso e típico da auto-estima masculina, é quase impossível

manter a paz entre os alunos nas escolas. Além disso, a falta de educação

doméstica, que não impõe limites aos atos das crianças, acaba por torná-las adultos

sem freio, achando que podem tudo.

4.1.6 Com relação às medidas tomadas pelo professor diante dos atos violentos cometidos pelos alunos.

Diante dos atos violentos praticados pelos seus alunos (Figura 4), a maioria

(64%) das professoras afirmaram que dão uma advertência e em seguida

comunicam aos pais. Outras (27%) professoras informaram que inicialmente

comunicam aos pais e depois dão uma advertência e uma suspensão. As demais

(9%) entrevistadas disseram que comunicam aos pais, advertem, suspendem o

aluno para em seguida expulsá-lo da escola, ou seja, aplicam todas as penalidades

previstas no código escolar, dependendo do caso.

Os achados acima são corroborados por Ataide (2004) quando afirmam que a

melhor forma de prevenir a violência é garantir a punição dos atores do ato violento,

pois os indivíduos pensarão duas vezes antes de praticarem algum ato violento e

farão tudo para evitar as conseqüências legais das suas atitudes. Entretanto, Pino

(2007) é contra a aplicação de punições afirmando que quanto mais se pune, mais o

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ódio e a violência se desenvolverão, além de aumentar o sentimento de exclusão e

revolta contra a sociedade.

64%

27%

9% Aplicam advertência ecomunicam aos pais

Comunicam aos pais,advertem e suspendem oaluno

Aplicam todas as punições:advertem, suspendem eexpulsam o aluno

Figura 4. Punições aplicadas

Fonte: Questionário aplicado aos sujeitos da pesquisa�

Nos casos das ocorrências citadas acima, a mais utilizada pelos professores

é a advertência, que, acredita-se, não provoca sentimentos de exclusão nem de

revolta. Para controlar os ímpetos violentos dos alunos todas as punições são

válidas porque se assim não for, a violência tomará conta do espaço escolar mais do

que já está.

As violações dos direitos humanos, especialmente as que atingem a vida e a

integridade física dos indivíduos, deve ser punida com rigor. Será que o aumento da

violência nas escolas não é uma conseqüência da impunidade, da proteção ao

menor dada através do Estatuto da criança e do adolescente?

Segundo Pino (2007) alguns estudos atestam que após a criação desse

estatuto, o índice de violência e agressões na escola aumentou pois os

adolescentes se sentem amparados pela Lei e não respeitam mestres e colegas.

Quando praticam algum ato violento, os adolescentes dizem em seguida que

ninguém pode revidar suas ofensas: “Cuidado! Eu sou menor! Olhe o Estatuto do

Adolescente!”. Percebe-se então que eles se sentem autorizados a praticar

agressões e violência, pois não podem ser punidos nem ofendidos.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Todas as professoras foram enfáticas em afirmar que se preocupam demais

com o problema da violência nas escolas em todo o mundo, porque se a escola é o

espaço de desenvolvimento das habilidades do aluno como poderá lidar com essa

problemática da violência?

Compreendemos assim, diante dos discursos dos sujeitos pesquisados que

os fatores que levam o aluno a praticar atos violentos, são na sua maioria reflexos

da educação de uma sociedade desigual onde quase todos os valores foram

deturpados e não esta baseada no respeito da pessoa humana

Os achados na pesquisa permitiram constatar a presença concreta do

fenômeno em questão, embora em níveis bem inferiores aos alardeados pela mídia.

Pelo discurso dos sujeitos entrevistados, percebeu-se que a maioria dos atos

violentos são de natureza verbal, embora hajam também agressões físicas entre

alunos e depredação do patrimônio escolar.

Portanto, grande parte das violências apontadas se enquadram mais no grupo

das incivilidades, dos conflitos ou das micro violências, como salienta Santos (2001).

Quanto à definição de violência escolar percebemos que houve

unilateralidade das Informações, pois os docentes apontam como atos violentos os

vandalismos contra o patrimônio escolar, as agressões físicas e verbais, a violação

dos direitos humanos, as discriminações, dentre outras.

Os procedimentos adotados pelos professores para coibir as praticas de

violências registrados na escola em que atuam são considerados legais, e vão

desde de reuniões com os pais, que quase sempre ficam prejudicados pela ausência

destes, ou pelo entendimento de que a educação é tarefa exclusiva da escola, até

medidas extremas como a expulsão

49

Assim sendo, a relevância social e pedagógica da presente pesquisa,

concentra-se na sua contribuição para o desenvolvimento de conhecimentos sobre a

violência na escola, mostrando dados que poderão servir para minimizar essa

problemática, bem como incitar outros questionamentos sobre a forma de capacitar

os professores para lidar com esse problema.

Este estudo merece ser continuado e aperfeiçoado, através da inclusão de

discussões e reflexões sobre a violência escolar, sobretudo aquelas que já se

tornaram rotineiras como a dilapidação do patrimônio e as agressões verbais,

vivenciadas pelos discentes e docentes, pois, somente assim a escola poderá

cumprir o seu papel de contribuir para o desenvolvimento da cultura da paz,

ajudando a construir ações que visem a promoção dos valores de respeito,

fraternidade e de convivência pacífica, condição essencial para o enfrentamento de

problemáticas sociais como a presença da violência na escola.

50

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES DO COLÉGIO ESTADUAL ROMULO GALVÃO, SENHOR DO BONFIM – BAHIA.

Professor, a violência na escola pode assumir diversas formas, como por

exemplo. xingamentos, discriminação sobre raça ou cor, agressões fisicas,

ameaças, humilhações. Nesse contexto, contamos com sua colaboração no sentido

de nos prestar alguns esclarecimentos sobre a violência na escola.

Professor:

1. Você acha que a violência na escola é preocupante? Justifique.

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2. Para você, o que é violência na escola?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. Na sua opinião, quais as causas da violência escolar?

[ ] Ausência de educação doméstica

[ ] Família desestruturada

[ ] Necessidade de auto afirmação

[ ] Modelo errado de modernidade e naturalização da violência

[ ] Regras e valores sociais deturpados

[ ] Injustiças sociais

4. Ocorrem atos de violência no interior desta escola?

[ ] SIM [ ] NÃO

5. Qual a natureza desses atos de violência e quais os atores envolvidos?

[ ] Física [ ] Psicológica [ ] Verbal

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[ ] Verbal e física [ ] Verbal e psicológica

6. Quais as maiores dificuldades encontradas pelos professores para que os

alunos tenham uma convivência escolar harmônica ?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

7. Como você tenta punir os atos de violência cometidos por seus alunos?

[ ] Advertência [ ] Suspensão [ ] Expulsão

[ ] Comunica aos pais [ ] Transferência para outra escola