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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS

EDUCATIVOS

ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NA PRATICA DOCENTE.

RITA DE CÁSSIA DE SOUZA SANTOS

SENHOR DO BONFIM - BA 2012

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM – BA PEDAGOGIA: DOCÊNCIA E GESTÃO NOS PROCESSOS

EDUCATIVOS

ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NA PRÁTICA DOCENTE

RITA DE CÁSSIA DE SOUZA SANTOS

Trabalho Monográfico apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus VII como pré-requisito para a conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos Educativos. Orientadora: Prof.ª Msc. Rita Braz Conceição Melo

SENHOR DO BONFIM - BA 2012

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RITA DE CÁSSIA DE SOUZA SANTOS

ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NA PRÁTICA DOCENTE.

Aprovada em: ____/____/_____

__________________________________ Orientadora

__________________________________ Avaliador(a)

__________________________________ Avaliador(a)

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A Deus em primeiro lugar por todas as bênçãos derramadas em minha vida. A Nossa Senhora que intercede por mim em minhas orações diárias. A Minha mãe, Maria da Paz, pelo exemplo que é. Nunca mediu esforços para investir em minha educação. Ao meu pai (in memorian) pelo amor, carinho e confiança depositada em mim. A minha irmã e amiga Daiane, pela força, atenção e incentivo que sempre me impulsionou a vencer as barreiras da vida. Ao meu filho Alysson Vitor, por seu amor e carinho, a alegria do meu viver. Ao meu padrasto Hotelino meu segundo pai pelo apoio e dedicação. Ao meu esposo Ademilson. pela paciência, descontração e carinho nos momentos estressantes.Ao meu sobrinho Gustavo pelo carinho e amor.

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AGRADECIMENTOS A Universidade do Estado da Bahia – Campus VII, representada pelos docentes e direção.

A todos os meus professores pelo conhecimento produzido durante o curso.

A professora Rita de Cássia Braz, pela atenção, comprometimento, orientações

e socializações de seus conhecimentos.

Aos meus colegas do curso pela amizade e carinho. Aos meus colegas de

trabalho da Escola Municipal José de Anchieta pela a amizade e pelos

momentos de descontração.

A Viviane Brás pelo apoio técnico e a amizade. A todos que contribuíram de

forma direta e indireta na minha formação. Agradeço a todos. Que Deus os

abençoe!

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“A leitura se levada a efeito critico e reflexivamente, levanta-se como um trabalho de combate a alienação (não racionalidade) é capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua plenitude (liberdade)”. Ezequiel Silva

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RESUMO

Este trabalho monográfico, é resultado de uma pesquisa realizada em uma instituição de educação infantil e traz reflexões sobre a temática Literatura Infantil fazendo referência a importância da Literatura Infantil na prática pedagógica dos docentes da Escola Estrela do Amanhã. Buscamos nessa pesquisa identificar a importância da literatura infantil na pratica pedagógica dos professores de Educação Infantil. Nosso quadro teórico fundamentou-se em autores como: Santos (1999), Oliveira (1992), Kramer (1992), Fazenda (1991), Kramer (2005), Garcia (2003), Abramovich (1997), Coelho (2000), Bettehleim (1996); entre outros. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa cujos instrumentos de coleta de dados aplicados foram a entrevista semi-estruturada e o questionário fechado. Com a utilização desses instrumentos identificamos a importância da Literatura Infantil na prática pedagógica dos docentes da Escola Estrela do Amanhã. Entretanto observamos que a prática docente relacionada a Literatura Infantil em nosso lócus de pesquisa ainda é perpassada por compreensões tradicionais no qual a Literatura Infantil é utilizada como forma recreativa para atender as exigências do planejamento Palavras-chave: Literatura Infantil: históricos e conceito; Infância e Educação Infantil e Prática Pedagógica.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10 CAPÍTULO I ..................................................................................................... 12

1. ERA UMA VEZ... A LITERATURA INFANTIL NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ..................................................................................................... 12

CAPÍTULO II .................................................................................................... 16

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................... 16

2.1.1-Compreendendo a Infância e a Literatura Infantil .................. 19 2.2.Compreendendo a Educação Infantil ........................................ 20 2.3 Literatura infantil: despertando a imaginação e construindo conhecimentos. .............................................................................................. 21 2.4 Professor e Prática Pedagógica .................................................. 22 CAPÍTULO III ................................................................................................... 25

3. PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................. 25

3.1 Tipo de pesquisa .......................................................................... 25 3.2 Lócus e sujeitos da pesquisa. ..................................................... 26 3.3 Instrumentos de coleta de dados ................................................ 27 3.3.1 Questionário Fechado. .......................................................... 27 3.3.2 Entrevista Semi-Estruturada ................................................ 27 3.4 Perspectivas de análise dos dados e integração dos resultados ......................................................................................................................... 28 CAPÍTULO IV ................................................................................................... 29

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .................................... 29

4.1 Perfil dos sujeitos ......................................................................... 29 4.1.1 Gênero .................................................................................... 29 4.1.2 Nível de formação .................................................................. 30 4.1.3 Carga horária de trabalho ..................................................... 31 4.1.4 Renda mensal ........................................................................ 32 4.2 O que dizem as professoras: análise e interpretação da entrevista semi-estruturada .......................................................................... 33

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4.2.1 As histórias infantis: as experiências vivenciadas pelas professoras na sua prática diária. ................................................................ 33 4.2.2 O hábito de ler livros infantis ............................................... 34 4.2.3 Compreensão das docentes sobre literatura infantil ......... 35 4.2.4 O momento da Literatura Infantil no plano semanal .......... 36 4.2.5 História preferida pela turma ................................................ 37 4.2.6 O tipo de história mais contada. .......................................... 38 4.2.7 O interesse das crianças pela Literatura Infantil ................ 39 4.2.8 A metodologia usada para trabalhar com a literatura infantil em sala de aula ............................................................................................... 40 5. CONSIDERAÇOES FINAIS ......................................................................... 42

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 45

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INTRODUÇÃO A Literatura Infantil é um suporte básico no conhecimento e aprendizado dos

alunos, possibilitando o aluno viver um mundo de encantamento e fantasia.

Através de várias leituras as crianças constroem o seu mundo aproximando-se

de varias linguagens. A contação de historias pode possibilitar à criança uma

experiência com mundo da leitura, elas vivem experiências enriquecedoras que

favorecem a sua criatividade, promovem a formulação de idéias e observação.

Sendo de suma importância no currículo escolar e principalmente no plano

diário, pois ela deve ser trabalhada todos os dias em sala de aula e não como

uma mera recreação sem nenhum objetivo. É nesse contexto que buscamos

nessa pesquisa identificar a importância da literatura infantil na prática

pedagógica dos docentes da Educação Infantil.

Nossa pesquisa foi dividida em quatro capítulos que seguem:

No Capítulo I, apresentamos o histórico da Literatura Infantil enfatizando o

nosso problema de pesquisa que é identificar a importância da Literatura

Infantil na prática pedagógica dos professores da Educação Infantil.

No Capítulo II, apresentamos o referencial teórico que aprofundou e conceituou

as palavras-chave que nortearam nossa discussão: Literatura Infantil, Infância

e Educação Infantil, Prática Pedagógica.

No Capítulo III, traçamos o percurso metodológico, que se subsidiou na

pesquisa com abordagem qualitativa, cujos instrumentos de coletas de dados

foram a, entrevista semi-estruturada e o questionário fechado.

No Capitulo IV, apresentamos o resultado das informações adquiridas através

dos instrumentos anteriormente citados, os quais permitiram identificar a

importância da literatura infantil na pratica pedagógica dos professores da

Educação Infantil.

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Para finalizar trazemos as nossas considerações finais sobre a Literatura

infantil embasando-se na análise de dados sobre a importância da literatura

infantil na prática pedagógica dos docentes da Educação Infantil.

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CAPÍTULO I

1. Problemática

A literatura infantil desempenha um papel importante no desenvolvimento do

ser humano, através de várias leituras as crianças constroem um mundo de

idéias e vivem experiências enriquecedoras; nesse sentido compreende-se a

literatura infantil como instrumento facilitador e prazeroso na construção do

conhecimento do educando, despertando-o assim para o mundo da leitura.

A história da literatura infantil surge para a criança apartir do século XVIII,

quando a criança passa a ser vista como um ser diferente do adulto. As

crianças eram vistas como um adulto em miniatura participando dos mesmos

eventos que os adultos, não havia uma literatura especifica para elas com

necessidades e peculiaridades próprias.

A partir da idade moderna, com a revolução industrial surge um novo modelo

familiar burguês, transformando o contexto da infância. A criança para de

trabalhar e passa a ser vista como um ser com necessidades diferentes, desta

forma entendia-se que o público infantil precisava de uma formação específica

e cuidados diferenciados. Zilberman (1987) afirma que:

Antes da constituição deste modelo burguês, inexistia uma consideração especial para com a infância. Essa faixa etária não era percebida como um tempo diferente, nem o mundo da criança como um espaço separado. Pequenos e grandes compartilhavam dos mesmos eventos porem nenhum laço amoroso especial os aproximava.(p.23).

É nesse contexto que surge a literatura infantil, voltada para ensina a moral e

os bons costumes. Seu caráter era inteiramente pedagógico com intuito

formativo. Segundo Palo (2011) desde primórdios, a literatura infantil surge

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como uma forma literária menor atrelada a função utilitário – pedagógica que a

faz ser mais pedagogia do que literatura (p. 15). Desse modo a literatura tinha

como principal função ensinar a criança a ler e a escrever sem

contextualização com a Literatura Infantil, mais com um caráter formativo e de

difusão de idéias.

Apesar da valorização da criança no contexto educacional as primeiras obras

infantis eram adaptações da literatura para adultos, a literatura infantil não era

dada a importância no desenvolvimento da criança. Segundo Coelho (2000);

Ligada desde a origem a diversão ou aprendizado das crianças, obviamente sua matéria deveria ser adequada a compreensão e interesse desse peculiar destinatário. E como criança era vista como um “adulto em miniatura”, os primeiros textos infantis resultaram da adaptação ou da minimização de textos escritos para adultos. (p.29).

No Brasil, a literatura tem início no século XIX com obras pedagógicas e

adaptações portuguesas sem considerar a realidade da criança. Como afirma

Cunha (1991): “No Brasil, como não poderia deixar de ser, a literatura infantil

tem inicio com obras pedagógicas e sobretudo adaptadas de produções

portuguesas, demonstrando a dependência típica de colônias (p.23). Apartir da

década de 70 com Monteiro Lobato é que passa-se a conhecer uma literatura

infantil voltada para a criança e para os valores sociais culturais e humanos.

Segundo Cunha (1991):

Com Monteiro Lobato é que se tem início a verdadeira literatura infantil brasileira. Com uma obra diversificada quanto a gêneros e orientação, cria esse autor uma literatura centralizada em algumas personagens que percorrem e unificam seu universo ficcional. (p.24)

Monteiro Lobato soube traduzir o mundo infantil através de seus personagens ,

levando às crianças textos imaginativos e emocionantes, seus textos

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possibilitando que as crianças reflitam sobre as suas realidades

compreendendo o universo social onde vivem.

Porém, apesar dos avanços e conquistas na área da infância, o que

percebemos no contexto em que estamos inseridos, através de nossas

experiências na educação infantil, é que alguns professores trabalham com a

literatura infantil de forma descontextualizada sem levar em conta o que essa

ferramenta lúdica pode oferecer. A Literatura aparece mais como uma tarefa a

cumprir, obrigando as crianças a lerem sem refletirem a relevância da leitura.

Sendo assim “... acreditamos que um ponto pode ser atingido: o educador.

Pode-se trabalhar com ele, melhorar seus conhecimentos e sua visão quanto a

matéria Literatura Infantil”. ( CUNHA, 1991,p.11).

Reconhecemos a importância da Literatura Infantil ser trabalhada desde os

primeiros contatos da criança, através de diversos tipos de histórias.Como

afirma Abramovich (1997): “... pode contar qualquer história a criança:

comprida, curta, de muito antigamente ou dos dias de hoje, contos de fadas, de

fantasmas, realistas, lendas, historias em forma de poesia ou de prosa ...”

Ressaltamos que muitas crianças desde pequenas já tem contato com a

Literatura Infantil, pois quando chegam à escola trazem consigo experiências

com a literatura vivenciada com suas famílias ou em outros espaços sociais.

Diante do que foi exposto colocamos a nossa questão de pesquisa: Qual a

importância da literatura infantil na prática pedagógica dos docentes de

Educação Infantil?

Sendo assim, nosso objetivo consiste em identificar a importância da literatura

Infantil na prática pedagógica dos docentes de educação infantil da Escola

Estrela do Amanhã. Ao pesquisarmos sobre a importância da literatura na

prática pedagógica dos professores de educação infantil pretendemos assim

despertar um olhar reflexivo do professor para com sua prática educativa.Pois

acreditamos que a literatura infantil contribui no desenvolvimento e na

formação das crianças e no papel do professor como mediador do

conhecimento. Entretanto, é necessário a reflexão do professor sobre sua

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pratica em sala de aula para despertar nos seus educandos o envolvimento

com a literatura infantil.

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CAPÍTULO II

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Diante do que foi refletido, sobre as questões que envolvem este estudo,

realizaremos uma discussão teórica sobre as palavras chaves que embasaram

o desenvolvimento metodológico e que darão suporte a análise de dados da

pesquisa. Neste sentido, a nossa discussão teórica centra-se nos conceitos de

Literatura Infantil; Infância e Educação Infantil, Pratica Pedagógica.

Palavras-chave: Literatura Infantil; Infância e Educação Infantil, Pratica

Pedagógica.

2.1- Literatura infantil: despertando a imaginação e construindo conhecimentos.

É uma expressão artística literária que tem como função levar o conhecimento

as crianças para que possam transformar sua própria existência. As obras

literárias despertam na criança a imaginação, favorece o desenvolvimento da

criticidade, ajudando no desenvolvimento social e intelectual. Como afirma

Abramovich (1997):

Ao ler uma história a criança também desenvolve todo potencial critico. Apartir daí ela pode pensar, duvidar, se perguntar, questionar... Pode se sentir inquieta, cutucada, querendo saber mais e melhor ou percebendo que se pode mudar de opinião. (p.143)

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Neste sentido, a literatura infantil desenvolve a criatividade e a criticidade das

crianças, através das histórias infantis as crianças viajam no mundo da

imaginação. Coelho (2000) enfatiza que: “É do livro a palavra escrita que

atribuímos a maior responsabilidade na formação da consciência de mundo

das crianças e dos jovens. (p.15) .

Ressaltamos que existem vários gêneros de literatura infantil como: contos de

fadas, historias bíblicas, poemas, poesias, historias em quadrinhos, lendas,

fábulas entre outros.

Assim constatamos que a escola tem papel fundamental na construção do

conhecimento das crianças. Coelho (2000) pontua:

Em face desta realidade concreta e desafiante, torna-se cada vez mais urgente uma nova reflexão sobre educação e o ensino, pois é nessa área que os novos princípios ordenadores da sociedade serão definidos, equacionados e transmitidos a todos, para que uma nova civilização se construa num amanhã próximo (ou longínquo). (p.15).

A literatura abre oportunidades para que as crianças despertem o gosto pela

leitura, vivenciando situações reais que possibilitarão uma maior interação

entre o leitor e o texto e de acordo com Bettelheim (1996):

Para que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imaginação: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e tornar suas emoções; estar harmonizada com suas ansiedades e aspirações, reconhecer plenamente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir soluções para os problemas que a perturbam... (p.13).

Compreende-se assim que a literatura proporciona prazer, lazer e

encantamento. Os textos literários tais como os contos de fadas apesar de

retratarem o contexto socioeconômico da Europa Medieval, também têm seu

espaço na educação infantil, pois apresentam problemas sociais como: o

medo, o amor, a dificuldade de ser criança, a vida e morte. Visto que:

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É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a insegurança, a tranqüilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as ouve... (ABRAMOVICH, 1997, p. 17)

De acordo com a autora percebemos que a Literatura Infantil desperta nas

crianças sentimentos importantes no desenvolvimento social. Segundo Coelho

(2000), ao privilegiarmos os estudos literários, estaremos estimulando o

exercício da mente bem como “a percepção do real em suas múltiplas

significações, a consciência do eu em relação ao outro, a leitura de mundo em

seus vários níveis” (p.16).

Neste sentido a literatura infantil pode ser considerada como um significativo no

processo de construção do conhecimento infantil, capaz de despertar a

curiosidade de conhecer o mundo a sua volta. Através do contato com textos

literários as crianças terão oportunidade de criação e recriação da realidade

como forma de enriquecimento social e intelectual.

Sendo assim o professor deve saber contar histórias primeiramente conhecer

e envolver-se em cada história expressando sentimentos verdadeiros que

estão contidos nos textos infantis. Como afirma Abramovich (2005):

... ler o livro antes, bem lido, sentir como nos pega, nos emociona, nos irrita... Assim, quando chegar o momento de narrar a historia, que se passe a emoção verdadeira, aquela que vem lá de dentro, lá do fundinho, e que, por isso, chega no ouvinte... (p.20)

O professor pode contar os mais diversos tipos de história desde que já

conheça e domine a contação de histórias, fazendo com que seus alunos

envolvam-se e participem das histórias que são contadas. Para isso é

necessário que o professor deixe seus alunos bem a vontade só depois

começar a contar histórias.

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2.2- Compreendendo a Infância e a Educação Infantil

O conceito de infância é traduzido como fase do desenvolvimento do ser

humano em que a criança constrói seu conhecimento social. De acordo com

Stein Berg (2001):

(…) a criança é uma criação da sociedade sujeita a mudar sempre que surgem transformações mais amplas. O apogeu da infância tradicional durou aproximadamente de 1850 a 1950. Durante esse período, protegido dos perigos do mundo adulto, as crianças foram retiradas e colocadas em escolas. A medida em que o protótipo da família moderna se desenvolveu no final do século XIX, o comportamento apropriado dos pais para com os filhos se consolidou em torno de noções de carinho e responsabilidade do adulto para o bem estar da criança.(p.12).

Antigamente a criança era vista como um ser inocente, ingênuo, dependente

do adulto e sem participação da sociedade, um adulto em miniatura. É neste

contexto que Santos (1999) afirma que:

A criança, ao longo da historia e da evolução do homem, nem sempre foi considerada como hoje é. Antigamente ela era caracterizada como um ser ingênuo, inocente, gracioso ou ainda imperfeito e incompleto. Estas noções se constituíram em elementos básicos que fundamentaram o conceito de criança, entendido como um ser “sem existência social, miniatura do adulto, abstrata e universal”. Portanto, um conceito que independe da cultura ou classe social. ”(p.9).

A construção do conhecimento da criança se dá através da interação com

outros indivíduos, essa interação possibilitará a troca de conhecimentos e a

aquisição de novas experiências. Desse modo, Oliveira (1992) afirma que:

A criança constrói assim conhecimentos conforme estabelece relações que organizam e explicam o mundo. Isso envolve assimilar aspectos dessa realidade, apropriando-se de significados sobre a mesma através de processos ativos de interação com outras pessoas e

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objetos, modificando ao mesmo tempo sua forma de agir, pensar e sentir (p.51).

A infância é uma etapa importante para o indivíduo. Pois através dela o

indivíduo forma o seu caráter e sua personalidade. A literatura infantil cumpre a

missão de transformar socialmente a criança com sua função de fazê-la pensar

criticamente. Neste sentido, para Kramer (2005):

Estudos contemporâneos sobre infância enfatizam que a criança é um sujeito social, que possui historia e que alem disso, é produtora e reprodutora do meio no qual está inserida, atuante, portanto, como produtora de historia e cultura. (p.133).

A criança é um ser social e é função da escola compreender e respeitar seus

pontos de vista e suas diversidades buscando adaptar-se a ela. Conforme

Kramer (1992), a criança não deve ser “(...) encarada como se fosse a histórica

e como seu papel social e seu desenvolvimento independessem das

contribuições de vida, da classe social e do meio cultural de sua família. (p.23).

Fica evidenciada então que a leitura é de fundamental importância no

aprendizado da criança, pois através dela a criança faz a interpretação do meio

social em que vive.

A educação infantil é a primeira etapa escolar do indivíduo e tem como

objetivo o desenvolvimento integral da criança, como afirma a LDB em

seu artigo 29:

A educação infantil, primeira etapa da educação básica tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seus seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicologico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.

De acordo com a lei, a educação infantil deve ser oferecida em creches para

crianças de 0 a 3 anos, e em pré escolas para crianças de 4 e 5 anos, porem

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não sendo obrigatória. A educação infantil surge no Brasil com as creches que

tinham como função um atendimento assistencialista oferecido como forma de

apoio aos pais que tinham que trabalhar. Nessas instituições as crianças não

recebiam uma educação de qualidade, o atendimento era de forma precária,

inadequada ao desenvolvimento integral das crianças, pois não tinham uma

concepção de educação, apenas de guarda e cuidado dessas crianças.

Com o novo conceito de infância muda-se o atendimento às crianças, as

instituições passam além de ter um caráter assistencialista, de guardar, cuidar

e alimentar, a ter uma formação educativa respeitando seus aspectos sociais,

psicológicos, físicos e intelectuais como afirma Fazenda (1991):

(…) um novo papel para o ensino pré-escolar é oferecer condições propicias, oportunidades e estímulos dos mais variados para a criança educar-se, socializar-se, formar-se independente e autônoma para enfrentar situações de conflito dos mais diversos, apropiando-se do processo de aprendizagem como sujeitos de sua historia. (p. 35).

A educação infantil busca proporcionar à criança o desenvolvimento pleno e a

construção da aprendizagem para torná-la crítica, possibilitando a construção

de sua própria identidade. Na educação infantil a literatura é de grande

importância para a construção do conhecimento da criança. Neste sentido,

Kramer (2001) afirma que:

A pré- escola serve para propiciar o desenvolvimento infantil considerando os conhecimentos e valores culturais que as crianças já têm e progressivamente, garantindo a aplicação dos conhecimentos, de forma a possibilitar a construção da autonomia (…) contribuindo, portanto, para a formação da cidadania. (p.50).

As crianças são seres em desenvolvimento e com características diferentes.

Cabe ao adulto compreender o mundo infantil considerando sua singularidade,

respeitando sua capacidade afetiva, emocional, cognitiva, social e individual. É

nesta perspectiva que o Referencial Curricular Nacional para a Educação

Infantil (1998) afirma que:

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Considerar que as crianças são diferentes entre si implica propiciar uma educação baseada em condições de aprendizagem que respeitem suas necessidades e ritmos individuais, visando ampliar e enriquecer as capacidades de cada criança considerando como pessoas singulares e com características próprias. (p. 32,33).

É necessário que a escola trabalhe com a leitura a partir da educação infantil

através de atividades lúdicas que despertem a criatividade e a criticidade. Ao

possibilitarmos vivencias com a leitura e escrita, consideramos “sua relevância

e significado para a vida da criança”, mas também como “algo que se torne

uma necessidade para ela e que lhe permita refletir sobre a sua realidade e

compreende-la. (GARCIA, 2003, p.94).

Neste contexto, faz-se necessário uma educação que ofereça à criança a

compreensão de si e da realidade em que está inserida reconhecendo o

contexto social e cultural desta, na tentativa de uma educação significativa.

Neste sentido o professor exerce um papel fundamental na educação infantil

que consiste num papel importante desta pesquisa.

.

2.3- Prática Pedagógica e Educação Infantil

O papel do professor de Educação infantil é o de mediador de conhecimentos,

ele não ensinará o conteúdo pronto e acabado, mas sim irá auxiliá-lo na

percepção de mundo, pois, segundo Marcuchi (1986) diz: ”O certo que ler e

escrever são hoje duas práticas sociais básicas em todas as sociedades

letradas, independentemente do tempo médio com elas despendido e do

contingente de pessoas que as pratica. (p.39)”.

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Entende-se que a pratica do professor seja criativa possibilitando assim ao

aluno o seu autoconhecimento e o acesso ao mundo da leitura e escrita que

caracteriza a sociedade em que vive.

É neste contexto que aparece a formação de professores que é de extrema

importância na qualidade da educação infantil. Essa preocupação inicia-se

apartir da década de 1980 com a abertura de outro momento na historia dos

pais, encerrando o período da ditadura militar é “... a ruptura com o

pensamento tecnicista que predominava na área (FREITAS, 2002 p.2), o Brasil

começa a buscar rumos para a elaboração de outro projeto político idealizado

pelos educadores, no momento da formação.

Dessa forma para que o professor desenvolva sua capacidade de ensinar na

Educação infantil é necessário que ele tenha uma formação sólida e especifica:

A formação dos docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e instituições superiores de educação admitida como a formação mínima para o exercício do magistério na Educação Infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal. (BRASIL, 2006, p.52).

Assim percebemos a formação especifica garantida pela LDB que estabelece

como preceito ao menos a formação na modalidade normal em nível médio

para os profissionais da educação infantil. Sabemos, portanto, que amparado

na LDB 9394/96, a sociedade brasileira reestrutura seus sistemas

educacionais, com o objetivo de acompanhar o processo de avanços da

tecnologia, globalização da economia e mudanças das interações sociais.

Tal discussão é analisada por Cury (1996):

A formação inicial de professores como a preparação profissional passa a ter papel crucial na própria organização da educação nacional não só por ser um momento de entrelace entre o nível básico e o superior, mas também pode representar o momento de

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inserção qualificada na escolarização, hoje cada vez mais necessária (p.40).

Neste contexto, o professor será um mediador consciente de seu papel que

possibilitara o desenvolvimento das capacidades das crianças, utilizando-se da

literatura infantil como meio para que seus educandos expressem seus

pensamentos e sentimentos, proporcionando a reflexão e recriação da

realidade. Sobre essa questão Lajolo (2002). A escola conta com a literatura infantil para difundir-ataviados pelo envolvimento da narrativa, ou pela forma encantadora dos versos-sentimentos, atitudes e comportamentos que lhe competem inculcar em sua clientela (p.66).

Portanto o educador deve propiciar aos seus alunos o contato com

diversos livros e textos literários possibilitando assim a oportunidade de

desenvolver seus conhecimentos e pontos de vista diversos.

Entretanto, para que os alunos despertem o gosto pela leitura cabe ao

professor ser um assíduo leitor. Sobre esta questão Costa (2006), afirma

que: “cabe, portanto, ao professor que trabalha com textos e leituras

promover progressos constantes dos seus alunos juntamente com a

evolução pessoal de leituras e conhecimentos.” (p.23).

Assim é tarefa do educador facilitar o aprendizado dos seus alunos através

de uma pratica educativa envolvente que trabalhe com a literatura infantil

todos os dias através de atividades que prendam a atenção dos alunos.

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CAPÍTULO III

3. PRODECIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia é o processo pelo qual se pode alcançar um fim determinado.

Como afirma Minayo (2003): “a metodologia inclui as concepções teóricas de

abordagem, o conjunto de técnicas que possibilita a construção da realidade é

o sopro divino, do potencial criativo do investigador.” Desta forma, a pesquisa

está ligada as bases qualitativas, através de instrumentos que possibilitaram ao

pesquisador uma compreensão sobre o objetivo da pesquisa.

Diante disso optou-se pela pesquisa qualitativa uma vez que esta nos propicia,

enquanto pesquisador, vivenciar critérios de qualidade tomando como base a

entrevista semi estruturada que nos possibilita compreender o que os sujeitos

dizem e pensam sobre o tema pesquisado. Ludke e André (1986) expressam: È cada vez mais evidente o interesse que os pesquisadores da área de educação vêm demonstrando pelo uso das metodologias qualitativas. Apesar da crescente popularidade dessas metodologias, ainda parecem existir muitas duvidas sobre o que realmente caracteriza uma pesquisa qualitativa, quando é ou não é adequado utilizá-la e como se coloca a questão do rigor cientifico nesse tipo de investigação. (...) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. A pesquisa qualitativa supõe contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está inserida (...) (p.11).

Sendo assim é necessário que o pesquisador esteja em contato com os

sujeitos da pesquisa.

3.1 Tipo de pesquisa

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A pesquisa realizada é de cunho qualitativo, pois segundo Bogdan e Beklin

(1987): “A pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos,

obtidos no contato direto do pesquisador com situações estudadas, enfatiza

mais o processo do que o produto e se preocupa em relatar as perspectivas

dos participantes”. (apud LUDKE e ANDRÉ, 1986, p. 13). A pesquisa qualitativa

foi escolhida, pois embasa-se no contato direto com o pesquisador, através da

troca de informações entre o pesquisador e o pesquisado na busca de novos

conhecimentos.

A pesquisa qualitativa proporciona ao pesquisador a capacidade de interagir e

ouvir atentamente as informações obtidas, coletando fatos relatados pelos os

sujeitos que vivenciam uma determinada realidade, e assim, possibilitando ao

mesmo interpretar os significados que são atribuídos a realidade em que os

sujeitos estão inseridos.

3.2 Locus e sujeitos da pesquisa.

A presente pesquisa foi realizada na Escola Estrela do Amanhã no município

de Senhor do Bonfim-BA. Localizada na Rua José Coelho, Bairro Olaria.

Escolhemos essa instituição por estar localizada na comunidade onde moro,

onde moram pessoas de classe baixa e que possui alguns problemas de

classes sociais como uso de drogas ilícitas, alcoolismo, gravidez precoce e

extrema pobreza.

A Escola Estrela do Amanhã está localizada na Rua José Coelho, sem número,

Olaria sendo um estabelecimento de ensino privado em um bairro periférico da

cidade que recebe alunos da comunidade e das localidades circunvizinhas. A

instituição atende a 100 alunos divididas em 6 turmas, funcionando nos turnos

matutino e vespertino. O estabelecimento possui 03 sanitários, 01 para os

funcionários e 02 para os alunos, 01 cozinha, 05 salas de aula, 01 secretaria,

01 sala de leitura. O corpo funcionário é composto por 6 professoras de

Educação Infantil , 02 auxiliares de classe e 02 auxiliares de serviço gerais.

Page 27: Monografia Rita Pedagogia 2012

27

Para a realização desta pesquisa tivemos como sujeitos da pesquisa os 05 professores atuantes na instituição. Inicialmente convidamos os professores

para a participação da nossa pesquisa e explicamos o nosso objetivo a ser

desenvolvido na presente instituição e o quanto desejávamos a colaboração de

todos para a realização do nosso trabalho.

3.3 Instrumentos de coleta de dados

Para alcançar os objetivos desta pesquisa utilizamos como instrumentos de

coleta de dados o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada que nos

possibilitou identificar as contribuições da literatura infantil na Educação

infantil. Sendo assim é necessário que o pesquisador esteja em contato com os

sujeitos da pesquisa.

3.3.1.1 Questionário Fechado

Visando traçar o perfil dos sujeitos optarmos pelo questionário fechado em

anexo, pela necessidade de obtermos dados que nos possibilitasse descrever

o perfil dos sujeitos em seus aspectos sócio-econômicos educacionais, uma

vez que o questionário fechado apresenta-se como instrumento prático que nos

garante respostas diretas.e neste sentido o questionário auxiliou no alcance do

nosso objetivo: Identificar a importância da Literatura Infantil na pratica

docente. Como nos afirma Marconi e Lakatos (1996) o questionário fechado é

“um instrumento de coleta de dados constituído por uma ordenada de

perguntas que deve ser respondido por escrito e sem a presença do

pesquisador” (p.88).

3.3.2.1 Entrevista Semi-Estruturada

Page 28: Monografia Rita Pedagogia 2012

28

A entrevista semi-estruturada proporciona ao pesquisador a obtenção de

informações através do dialogo, das novas revelações sobre suas experiências

vivenciadas no ambiente pesquisado. A entrevista é de grande valia na

aquisição de dados na pesquisa qualitativa, constituindo-se como instrumento

que permite o contato com o entrevistado. Para Trivinos (1987) a:

(...) entrevista semi-estruturada, em geral aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias; hipóteses, que interessam a pesquisa, e que, em seguida oferece amplo campo de interrogativas, fruto de nossas hipóteses que vão surgindo á medida que recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante, seguindo espotaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na elaboração do conteúdo da pesquisa. (p.146).

Assim a entrevista semi-estruturada em anexo dá possibilidades ao

pesquisador de interpretar cada gesto e atitude de forma minuciosa cada

resposta, cada resposta, cada expressão apresentada na fala do pesquisado,

que servirá de dado a ser também analisado juntamente com o conteúdo da

entrevista.

Page 29: Monografia Rita Pedagogia 2012

29

CAPÍTULO IV

4. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS Neste capítulo apresentaremos a análise e interpretação de dados, que buscou

analisar as contribuições da Literatura Infantil na prática pedagógica dos

docentes da Escola Estrela do Amanhã. Sendo assim, na coleta de dados

norteada pela abordagem da pesquisa qualitativa, utilizamos com instrumentos

o questionário fechado e a entrevista semi-estruturada aplicados aos sujeitos

da pesquisa, ou seja, cinco professoras da educação infantil do referido lócus.

Ressaltamos que nossas análises foram embasadas nos teóricos que

fundamentaram as palavras-chave, através do cruzamento dos dados. Para

melhor estruturação desta etapa, estabelecemos categorias com os pontos

mais relevantes tendo em vista o objetivo proposto.

4.1 Perfil dos sujeitos Apresentamos o resultado do questionário fechado, que buscou traçar o perfil

dos sujeitos, tomando como base itens que nos levaram a uma reflexão sobre

a prática pedagógica vinculada a literatura-infantil.

4.1.1 Gênero Nossos sujeitos são as cinco regentes de Educação Infantil da escola Estrela

Amanhã no turno vespertino. Conforme dados coletados percebemos que

100% são do sexo feminino.

Essa informação demonstra que a presença das mulheres na educação,

principalmente na Educação Infantil pode ser atribuída ao paradigma histórico,

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30

no qual a maternidade e o cuidar eram fatores determinantes nesta etapa da

educação, a partir de uma visão assistencialista e tradicional da educação

infantil. Segundo Machado (1991) caberia a instituição substituir a mãe

cuidando da criança, alimentando e cuidando de sua higiene, saúde com muito

rigor. “[...] a soma desses elementos seriam responsáveis pela formação

adequada das crianças preenchendo a lacuna deixada pela mãe ausente, até

que aos sete anos eles ingressassem no sistema escolar vigente”. (p. 17).

Desde primórdios essa função assistencialista foi atribuída à mulher. Portanto,

com o surgimento das creches o intuito era primordialmente o cuidar das

crianças, papel atribuído às mulheres. Essa realidade nos leva a refletir sobre o

papel da mulher principalmente na Educação Infantil Como afirma Kramer

(1992):

O gênero como constitutivo das relações sociais e apontando marcas de uma socialização orientada por modelos de papeis sexuais dicotimizados e diferenciados, em que a socialização feminina tem como eixos o trabalho domestico e a maternagem (p.87).

De acordo com o que afirma a autora, ao longo da história as mulheres

sempre estiveram presente na Educação Infantil sendo responsáveis pela

formação das crianças.

4.1.2 Nível de formação Quanto à escolaridade percebemos que 60% das entrevistadas têm o ensino

médio completo e somente 40% possui o Ensino superior incompleto. O curso

das professoras é na área de Pedagogia.

Estes dados demonstram uma carência formativa das profissionais da

Educação Infantil tendo em vista que essas professoras, em sua grande

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31

maioria, possuem apenas nível médio. Acreditamos que esta realidade pode

implicar diretamente na formação do aluno. Nesse sentido:

Fazenda (1991) afirma que:

Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas requer além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as situações nem sempre se repetem) uma compreensão teórica profunda dos prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz. (p. 16).

A LDB promulgada em 1996 estabeleceu um prazo de dez anos para que

apenas professores habilitados em nível superior sejam admitidos para lecionar

na Educação Infantil e de 1ª a 4ª nas séries do ensino fundamental. Desta

forma percebemos mais uma vez que em nosso país as leis são criadas

objetivando maior qualidade na educação, no entanto, não são cumpridas

principalmente quando essa realidade faz parte de uma escola privada em um

bairro periférico da cidade.

4.1.3 Carga horária de trabalho

Percebemos que 100% das entrevistadas trabalham 40 horas semanais. Este é

um reflexo do não reconhecimento profissional dos professores que há muito

tempo lutam por melhores condições de trabalho e aumento salarial. O

professor se vê muitas vezes obrigado a trabalhar uma carga horária elevada

para adquirir maior rentabilidade financeira e poder arcar com suas despesas

pessoais.

Sabemos que a carga horária de 40 horas reduz o tempo do professor para

planejar as suas atividades impossibilitando que o profissional desempenhe

melhor a sua função. “os trabalhadores e as trabalhadoras da educação vivem

também em um estado de permanente antinonímia existencial” (GENTILI,

2008, p.11). Percebemos que na escola pesquisada os professores devido ao

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baixo salário necessitam trabalhar 40 horas para complementar a sua renda

mensal. Sendo assim Angotti (2001) afirma que: o exercício da profissão exige

que:

O professor tenha elementos para proceder à análise, reflexões e avaliações referentes ao seu próprio fazer, encontrando novos caminhos qualitativamente diferente para efetivação de um trabalho docente, reflexivo e orientado por um projeto de educação pré-escolar. (p. 55)

E para que este exercício seja efetuado qualificadamente é necessário que o

professor disponha de tempo para elaborar suas aulas como também para

investir na sua formação.

4.1.4 Renda mensal

Identificamos que 60% das professoras recebem um salário mínimo e somente

40% meio salário. O salário dos professores está abaixo do piso nacional para

o magistério que é de R$ 1.451,00. A diretora da escola justifica que por ser

uma escola de pequeno porte, tem pouco tempo que funciona e que o valor

das mensalidades não são o suficiente para pagar o valor determinado pelo

piso nacional. Libanêo (2004) afirma que:

O professorado diante das novas realidades e da complexidade de saberes envolvidos presentemente na sua formação profissional precisaria de formação teórica mais aprofundada (...) além, obviamente, da indispensável correção dos salários, nas condições de trabalho e de exercício profissional (p.76).

Ressaltamos que a baixa renda mensal pode ser também um reflexo do nível

de formação desses profissionais.

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4.2 O que dizem as professoras: análise e interpretação da entrevista semi-estruturada

Ao analisarmos os resultados das entrevistas buscamos, nas respostas

apresentadas pelas colaboradoras, conhecer os significados que a literatura

infantil representa na vida de cada sujeito e da leitura que fizemos dessas

entrevistas surgiram as unidades de análise que trataremos a seguir. Salientamos que a entrevista foi gravada e transcrita, para melhor análise e

compreensão dos dados coletados.

4.2.1 As histórias infantis: as experiências vivenciadas pelas professoras na sua prática diária.

Ao perguntarmos às professoras se gostam de literatura infantil todas as

respostas foram positivas, só variam as justificativas. Sentimos que a maioria

ler para ter um maior domínio na contação de histórias e por ser mais uma

exigência da escola como afirma a P11: “... trabalho com os contos infantis para

ter domínio na contação de historias infantis”. A professora não deixa

transparecer que gosta de contar histórias infantis, mas sim, que tem a

necessidade de conhecer para usar em sua prática pedagógica. No entanto,

percebemos nas falas das docentes P2 e P5 que elas trabalham com a

literatura infantil porque gostam e tem prazer em contá-las.

Gosto de contar histórias e sempre que conto me envolvo nelas, eu sempre estou lendo historias infantis.P2 Gosto de histórias infantis desde criança, pois tive contato na infância com contos infantis. P5

1 Utilizaremos a letra P maiúscula seguida de números crescentes para identificar e ocultar a identidade das professoras.

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Desse modo observamos que a literatura infantil faz parte da vida delas e que

se envolvem e se encantam contando histórias infantis. Os presentes relatos se

aproximam do que fala Abramovich (1997) quando enfatiza que ler histórias

infantis:

(...) É poder ler sorrir e gargalhar com as situações vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou do jeito de escrever dum autor e, então ser um pouco cúmplice desse momento de humor, de brincadeira, de divertimento... (p.17).

Percebemos que as docentes P2 e P5 lêem por prazer, pois tiveram um

contato maior com a literatura infantil na infância, no depoimento afirmam que

começaram a gostar da literatura infantil na escola, pois eram trabalhados

contos infantis que despertou a oportunidade de conhecer e vivenciar situações

reais através da fantasia.

4.2.2 O hábito de ler livros infantis

Quando questionadas sobre o hábito de ler livros, todas responderam que lêem

sempre livros infantis. Só uma das pesquisadas que afirmou que ler somente

para seus alunos, porque não tem tempo para ler histórias infantis.

Leio só quando é necessário para meus alunos, pois não tenho tempo de ler histórias infantis. P4

Observamos que a docente apesar de achar a leitura necessária na pratica do

professor não tem o hábito da leitura diária, por afirmar que desempenha duas

funções na escola, de diretora e professora.

Para nos tornarmos leitores assíduos precisamos “criar tempo” para a leitura

para que possamos passar esse hábito para os nossos alunos, pois os

professores são exemplos para seus alunos e a escola tem como papel

fundamental trabalhar a leitura desde a infância.Ter o costume de ler textos

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literários é enriquecedor, pois possibilita a construção de conhecimentos, da

interpretação da realidade.

A literatura infantil é importante, pois através dela a criança desenvolve-se cognitivamente e psicologicamente. P5.

Assim o hábito de ler histórias é percebido como uma atividade do

desenvolvimento das crianças pequenas. Tal atitude se aproxima do que afirma

Coelho (2000):

Chega-se a conclusão de que o professor precisa estar “sintonizado” com as transformações do momento presente e reorganizar seu próprio conhecimento ou consciência de mundo, orientado em três direções principais: da literatura (como leitor atento), da realidade social que o cerca... E da docência (como profissional competente). (p.18).

Desse modo, a literatura possibilita a construção do conhecimento através da

criação da realidade, além de ser prazeroso e levar a criança à fantasia e a

emoção com as histórias infantis.

4.2.3 Compreensão das docentes sobre literatura infantil Buscamos através da análise das falas das professoras discorrer sobre a

importância da Literatura Infantil na prática pedagógica da Educação Infantil.

Quando questionadas se consideram a Literatura Infantil como influenciadora

no desenvolvimento das crianças as pesquisadas responderam:

Sim, pois contribui para o aprendizado da criança. P1 Sim, elas aprenderem a contar e recontar as histórias que eu conto. P2 Sim, desenvolve a linguagem, a escrita, e eles aprendem a lição de moral das histórias. P3

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Depende da maneira como é aplicada se você procura uma literatura que vai despertar algo no aluno é benéfico. P4 Sim é importante, pois, através da leitura é que a criança se desenvolve. P5

Percebemos nas falas das professoras que estas conhecem a importância da

literatura infantil no desenvolvimento da criança considerando como um meio

estimulador do aprendizado. Nas falas das professoras observamos que a

literatura contribui no aprendizado desenvolvendo a linguagem, a escrita,

estabelecendo valores que irão contribui na formação da personalidade do

aluno.

Identificamos que as professoras gostam da literatura infantil e conhecem a

verdadeira importância da literatura, tendo em vista que esta ferramenta

favorece a aquisição do conhecimento, tendo a oportunidade de vivenciar

novas experiências através do mundo da leitura. Como afirma Coelho (2000):

“No contato com a literatura, os homens têm a oportunidade de ampliar,

transformar ou enriquecer sua própria existência de vida, em um grau de

intensidade não igualada por nenhuma outra atividade. (p.29).

4.2.4 O momento da Literatura Infantil no plano semanal

Ao serem questionadas se existia um momento especifico para a literatura em

seu plano de aula semanal, 80% das professoras responderam positivamente,

e somente 20% deu resposta negativa, desconsiderando a importância da

literatura em sua pratica diária.

Sim, sexta-feira é a recreação. P1 Não, é aleatoriamente. P2 Sim na sexta-feira. P3 Sim, como recreação na sexta-feira. P4 Sim na sexta-feira. P5

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Observamos que na maioria dos casos as professoras trabalham a Literatura

Infantil em sala de aula e afirmam possuir um dia no plano semanal reservado

para o conto de histórias infantis. Somente uma professora disse que não tinha

um momento especifico em seu plano de aula. Ela afirmou que conta histórias

para seus alunos quando sente vontade, no dia que ela quer.

Através da respostas observamos que as docentes têm o conhecimento da

importância da Literatura Infantil, no entanto, não trabalham com a Literatura

Infantil diariamente tratando-a com um mero sentido recreativo, como um

passatempo nas sextas-feiras, distanciando-se do verdadeiro sentido da

literatura infantil na vida das crianças.

4.2.5 História preferida pela turma

Os textos literários dividem-se nas seguintes modalidades de textos: os contos

de fadas, as histórias infantis contemporâneas, as fábulas, as histórias bíblicas,

as lendas, poesias e prosas. Assim é importante que o professor tenha o

conhecimento desses diversos tipos de textos infantis para que possa contar

para seus alunos de acordo com seu interesse.

Para que o professor estimule a leitura, primeiramente é necessário que ele

goste de ler e busque sempre histórias novas para ler para seus alunos,

conhecendo seus interesses e respeitando sua faixa etária.

Questionadas sobre o gosto da turma sobre as histórias infantis as respostas

foram diversas.

João e pé de feijão, Chapeuzinho Vermelho, Os três porquinhos. P1 Chapeuzinho vermelho, A branca de neve. P2 As historias bíblicas. P3 As meninas Barbie, Monica e os meninos Pato Donald o que é relacionado às histórias em quadrinhos. P4

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Branca de neve. P5

Percebemos através dos depoimentos que as crianças preferem mais os

contos clássicos universais como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Os três

porquinhos e também as histórias bíblicas, isso fica evidenciado nas falas de

P2, P3 e P5. Só duas professoras, P1 e P4, afirmam que os alunos não gostam

muito de ouvir histórias segundo elas seus alunos só gostam de histórias

dramatizadas. Percebemos também o preconceito existente na fala das

professoras ao escolherem os tipos de histórias a serem contadas para os

alunos, elas não contam histórias e que tenham negros como protagonistas.

Conforme Oliveira (2001):

O professor deve ter bastante claro que os princípios que regem seu fazer estão diretamente relacionados com os princípios de cidadania que estão sendo construídos pelas crianças. Desta maneira é fundamental a busca, a coerência entre o ideal de formação que se quer alcançar e os procedimentos assumidos pelo docente enquanto ser individual, social, profissional e político na efetivação de seus objetivos, seus valores e seus ideais, para que possamos almejar uma sociedade mais humana, igualitária e justa, preservando o que a sociedade tem de melhor, seu potencial humano. (p. 67).

Para isso o professor tem que ter uma preparação para contação de histórias,

pois as histórias dramatizadas prendem mais a atenção dos alunos, levando a

imaginação e a fantasia. Para Abramovich (1997): “Os contos de fadas são tão

ricos que tem sido fonte de estudos para psicanalistas, sociólogos,

antropólogos, psicólogos, cada qual dando sua interpretação e se

aprofundando no seu eixo de interesse”. (p.121)

Percebemos a riqueza das histórias infantis ultrapassando barreiras,

desenvolvendo a criatividade, encantando a vida das crianças. Os contos de

fadas são importantes também, pois sempre tem uma lição de moral que

ajudam as crianças a solucionarem seus problemas.

Page 39: Monografia Rita Pedagogia 2012

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Apenas uma entrevistada, P3, respondeu que as histórias que seus alunos

mais gostavam eram as histórias bíblicas. Compreendemos que essa

afirmação está relacionada ao fato de que a dona da escola é evangélica e

trabalha com um projeto sobre as histórias bíblicas

Nesse contexto é que o professor deve conhecer a história que seu aluno gosta

para ser contada de maneira interessante e que levem seus alunos para

selecionarem os livros de sua preferência. Ao analisarmos as falas pudemos

constatar que as crianças gostam e se interessam pelas histórias infantis.

Portanto, a literatura infantil precisa ser utilizada de forma lúdica, pois dessa

forma despertará o interesse fazendo com que participem das histórias

4.2.6 O interesse das crianças pela Literatura Infantil

Desde a infância é importante o contato da criança com a literatura infantil,

portanto, a escola tem como papel fundamental inserí-las nesse contato com a

leitura, por isso é imprescindível ter um acervo completo com diversos tipos de

gêneros literários. Na perspectiva de sabermos se os alunos demonstram

interesse pela Literatura Infantil perguntamos as professoras se as crianças

sentem interesse por esta ferramenta educativa. A maior parte das professoras

afirmou:

Sim, principalmente os clássicos universais. P1 Em parte eles gostam mais de assistir do que ouvir histórias infantis. P2 Sim eles gostam mais quando são dramatizadas. P3 Mais ou menos só historias do interesse deles. P4 Sim eles sempre ouvem quando estou contando. P5

Ao analisarmos as falas pudemos constatar que as crianças gostam e se

interessam pelas histórias infantis. Portanto, a literatura infantil precisa ser

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40

utilizada de forma lúdica, pois dessa forma despertará o interesse fazendo com

que participem das histórias.

É necessário que o professor seja um artista no momento da contação de

histórias para que assim possa chamar atenção dos alunos envolvendo-os nas

histórias contadas. Como afirma Bettelheim (1996) “para que uma estória

realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua

curiosidade” (p.13). acreditamos que três pontos são fundamentais para

despertar o gosto da leitura: o professor gostar de ler, os alunos selecionarem

os livros de leitura de acordo com seus gostos e o professor saber contar

histórias ludicamente prendendo a atenção dos seus alunos.

4.2.7 A metodologia usada para trabalhar com a literatura infantil em sala de aula

Percebemos que as professoras usam vários tipos de estratégias para exporem

a Literatura Infantil em sala de aula através de histórias contadas, DVD,

dramatizações. Ao serem questionadas sobre a forma como trabalham com os

textos infantis elas responderam da seguinte forma:

Conto histórias, eles assistem DVD, trabalho também contando historias com fantoches. P1 Leio as histórias e depois mando eles recontarem e dramatizarem a história. P2 Lendo as historias e depois mandando eles dramatizarem. P3 Exposições teatrais, fantoches, dedoches infantis sempre procurando uma maneira de atrair a atenção das crianças. P4 Através de figuras, teatros e fantoches dessa forma fica mais interessante contar historias. P5

As professares planejam suas aulas de acordo com o interesse dos seus

alunos procurando sempre diversas maneiras de contar histórias não só da

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forma tradicional, mas através de DVD, fantoches, dedoches, teatro. Elas usam

vários tipos de recursos para atrair a atenção de seus alunos.

Literatura é arte, literatura é prazer... Que a escola encape esse lado. É precisar e isso inclui criticar... Se ler for mais uma lição de casa a gente bem sabe que é que dá... Cobrança nunca foi passaporte ou a aval pra vontade e descoberta ou pro crescimento de ninguém. (ABRAMOVICH 1995, p.148).

Diante desse contexto, acreditamos que podemos trabalhar com

diversas metodologias, tornando a literatura infantil mais atrativa e prazerosa.

Acreditamos que é importante o professor estar inovando sua pratica

pedagógica através de metodologias que favoreçam a contação de historias.

Entretanto se o professor não buscar aprimorar seus conhecimentos sua

pratica ficara descontextualizada.

Page 42: Monografia Rita Pedagogia 2012

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5. CONSIDERAÇOES FINAIS

Compreendemos que a escola precisa trabalhar com a literatura infantil desde

as series iniciais, pois esta contribui para o desempenho social da criança. No

inicio da vida escolar, já na educação infantil é necessário introduzir textos que

despertem o gosto pela leitura, tornando-se um hábito. Neste sentido Damke

(1995) afirma que:

(...) uma escola democrática em que pratique uma pedagogia da pergunta, em que se ensine e se aprenda com seriedade, mas que a seriedade jamais livre sisudez. Uma escola em que ao se ensinarem necessariamente os conteúdos, se ensine também a pensar certo (p.24).

Aos professores cabe a missão de trabalhar em suas aulas com a literatura

infantil fazendo com que seus alunos se envolvam com as histórias,

participando, opinando, recontando, ilustrando para que através dessa prática

possam desenvolver sua criatividade e seus dons artísticos. O educador

alegando que seu tempo é pouco para ler acaba sempre induzindo os seus

educandos a lerem os mesmos livros, tornando esse momento que deveria ser

prazeroso em uma árdua obrigação.

Como afirma Abramovich (1997), a literatura na escola: (...) se for mais uma

lição de casa, a gente bem sabe no que é que dá (...) cobrança nunca foi

passaporte ou aval pra vontade, descoberta ou pro crescimento de ninguém...

(p.148).

Na maioria das vezes também, os professores tratam a literatura infantil como

uma atividade recreativa, que sempre é feita nas sextas-feiras ou então como

dever de casa sem importância, desconsiderando essa atividade como a

ampliação do gosto pela leitura na vida da criança.

Na fase de desenvolvimento da criança a literatura infantil é um ponto crucial

no desempenho das habilidades das crianças, para que adquiram

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conhecimento de uma forma prazerosa. Cabe ao professor, estimular a prática

da leitura com aulas inovadoras que possibilitem aos seus alunos uma leitura

ampla de mundo.

Já no sentido social é de suma importância a literatura infantil, pois através

dela as crianças aprenderão a interagir socializar-se e expressarem-se com

facilidade. Desse modo, abre a possibilidade da criança perceber o mundo

através da palavra ao influenciar o desenvolvimento da aprendizagem. Neste

sentido percebe-se que é necessário o professor refletir sobre a sua prática

educativa com intuito de transformá-la em uma prática significativa,

proporcionando às crianças um contato com os livros e atividades de leitura.

O contato das crianças com a Literatura desde a Educação infantil é

impreencendivel no desenvolvimento motor, cognitivo, social. A criança desde

cedo deve ter contato com livros infantis para poder desenvolver o gosto pela

leitura, escrita e desenvolver diversas potencialidades. Sendo assim cabe ao

professor estar constantemente trabalhando com a Literatura Infantil em sala

de aula, levando as crianças a expressarem seus sentimentos, opiniões e

despertando sua criatividade.

A forma como o professor concebe a Literatura Infantil influencia na sua prática

diária. É importante que o professor tenha formação necessária para trabalhar

a Literatura Infantil em sala de aula.

Entre as cinco professoras, sujeitos dessa pesquisa, duas estão cursando o

Pedagogia, e as outras três só possuem magistério que não lhes da

embasamento para trabalhar com Educação Infantil, pois o curso de magistério

era voltado para ensinar series inicias e não Educação Infantil.

A formação do professor influencia muito em sua prática, pois os professores

sem formação muitas vezes não tratam a Literatura dentro de um contexto

atualizado e pedagógico, mas como um divertimento sem importância, um

passatempo que nas sextas-feiras não permitem as crianças vivenciarem a

Page 44: Monografia Rita Pedagogia 2012

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Literatura Infantil em suas vidas, despertando a imaginação e desenvolvendo a

criatividade.

A maioria das docentes apesar de conhecerem e evidenciarem em suas falas a

importância da Literatura Infantil tanto no aspecto social, cognitivo e

psicológico, percebemos ainda que os discursos não condizem com a prática

das pesquisadas que falam que a Literatura Infantil é importante na formação

da criança, no entanto, não trabalham adequadamente em sala de aula. As

professoras não fazem a leitura de textos infantis porque gostam e sim como

necessidade para dar suporte em suas aulas, tornando a Literatura Infantil um

atendimento às normas estabelecidas pelo planejamento semanal.

Page 45: Monografia Rita Pedagogia 2012

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REFERÊNCIAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: Gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997. ANGOTTI, Maristela. (organizadora). Educação Infantil: para que, para quem e por quê? Campinas, SP: Ed. Alínea, 2006. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 11ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, VOL. 1,2,3, 1998. _______. Ministério da Educação e Cultura. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.(1996). Apresentação Carlos Roberto Jamil. 10 ed. Rio de Janeiro, DP &, 2006. Legislação Brasileira. COELHO, Nelly Novaes. Teoria, Analise, Didática. 1ª Ed. São Paulo: Moderna, 2000. COSTA, Marta Moraes da. Literatura infantil. Marta Moraes da Costa.Curitiba: IESDE, 2006. CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura infantil: teoria e prática. São Paulo: Atica, 1991. CURY, Carlos Roberto Jamil. A Educação na primeira Constituinte Republicana. In: FÁVERO, Osmar. A Educação nas constituintes brasileiras. Campinas –SP: Autores Associados, 1996, p. 69- 80. DAMKE, I. R. O processo do conhecimento na pedagogia da libertação: as idéias de Freire, Fiori e Dussel. Petrópolis: Vozes, 1995. FAZENDA, Ivani Catarina Arantes(org). Ta pronto seu lobo? Didática/ Prática na pré escola. São Paulo: Atica, 1991. GARCIA, Regina Leite(Org). A formação da professora- alfabetizadora: reflexões sobre a prática. São Paulo: Cortez 2003. GENTILI, Pablo. Desencanto e utopia: a educação no labirinto dos novos tempos/ Pablo Gentili, Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. KRAMER, Sonia. A política da pré-escola no Brasil: A arte do disfarce. 4ª Ed. São Paulo: Cortez, 1992.

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