8/19/2019 Mulher e pobreza no Brasil
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AS MULH ERES NO UNIVERSO DA
POBREZA . O CA SO BRA SILEIRO
LEN L VIN S
A ferninização da pobreza aparece hoje como um fenômeno contempo-
râneo de destaque diante do aum ento do numero dos pobres em escala planetana
Surge assim um a categor ia sexuada q ue parece ter caractenst icas propnas a o
reunir duas fragilidades ser do s exo feminino e ser carente E stou aqui referindo m e
a m ulher pobre
Mu itas pes quisas têm insist ido na s dif iculdades qu e a instabilidade conju-
gal e a mud ança na estrutura fam iliar têm p rovocado nos setores m ais empob reci-
dos da população onde a m ulher passa a acum ular sozinha funções de provedora
e de responsave l exclusiva pelo esfera da reprodução E ssas pesqu isas revelam q ue
o num ero de famíl ias chef iadas por m ulheres vem aumentando ano a anoe q ue tais
famíl ias aprese ntariam u m pe rf il extrema me nte vulneravel em razão do a lto grau de
discr im inação que sof rem as m ulheres no m ercado de t rabalho onde recebem
rendimentos m enores por desem penharem at ividades Me nos qual i ficada4
2
Isso tem
levado formulação de al ternat ivas c ie com bate a pobreza com bctseernpoli ticas
sexuadas que contemplam a d imensão de género e pnonzam as mu lheres nos
programa s voltados a este f im
Es sas politicas al ias constituem um a novidade Expres sam a força real e
visivel do mo vimento de m ulheres e sua capacidade d e intervenção inst i tucional
N um pais com o o B rasa, onde o sistema cie poirticas sociais nunca apoiou-se de fato
num estr tegi de
combate à pobreza
desenvolvendo mu i to m ais ações de
carater corporat ivo e cl ientel ista que favoreciam p arte da po pulação integrada no
1
Este ar t igo faz par te da pesq uisa desenvolv ida no IPEA co m apoio da Fundaçã o Ford in t itu lada
Gênero Trabalho e Pol i t icas Publ icas da qual part ic iparam outros pesquisadores brasi le iros Contou
com a colaboraçã o de Ma rcelo Rubens do Am aral estat is t ico e Ma rcio Duarte Lopes programado r
Agradecemos em particular a Sonia Rocha do IPEA por nos ter cedido sua metodologia de
mensuração da pobreza
Segundo Paes de B arros Pinto Mendonça e Fax os dom icíl ios chef iados por mulheres têm em media
uma renda menor nao porque tem m ais
cri nç s
ou me nos adultos mas porque o chefe do domic i lio
sendo um a mulher ganha m enos In II Serninario Nacional Polit icas Econô micas Pobreza e Trabalho
Lavinas coord ) Rio de Janeiro IPEA 1994
ANO 4 6
S E M E S T R E 9 6
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mercado armai de trabalho
as mulheres jamais foram contempladas senão no
interior de rogramas de proteção materno-infantil Pouco e precariamente presen-
tes no mer
ado de trabalho eram indiretamente beneficiadas por alguns programas
de saude alimentação e nutrição na condição de gestantes ou mães de familia
ktualmente com a multiplicação de iniciativas populares notadamente
nas esfera , locais (municipios e governos estaduais) as mulheres representadas
institucion•ilmente em Conselhos dos Direitos da Mulher e outras instâncias de
participaç Jo politica têm formulado propostas e delimitado orientações que pre-
tendem i troduzir a dimensão de gênero nas politicas publicas iniciativa bem
sucedida a formulação de um programa de atendimento especial a saude da
mulher e toda a rede publica hospitalar brasileira e na implementação de
medidas • - combate a violência domestica e sexual
osso objetivo neste artigo e avaliar se as politicas de combate a pobreza
devem se sexuadas tratando portanto diferentemente homens e mulheres e
definir que o melhor espaço para a implementação de pont-ices de gênero
• feminismo na sua pratica politica e no seu reiterado compromisso com
a constru• ão de categorias que dêem conta no plano conceituai de forjar
instrument is para apreender a realidade e transforma-la - perfil que felizmente nos
afasta de -tiquetas pos - encontrou nas rel ções soci is de gênero
a ferramenta
adequad• para tirar o foco do ser mulher seja como objeto de estudo de politica
social anti discriminatona de luta ideologica - e coloca-lo nas relações entre os
sexos rela ôes essas assimetricas contraditorias antagônicas base de uma desi-
gualdade que vem de longe e que encerra as mulheres no plano material e
simbolico em espaços subordinados e papeis e funções desprestigiados
desqualifii ados e portanto mal remunerados
o entanto a vivência da discriminação e muitas vezes da exclusão
acaba d: fato por acentuar o ser mulher como se a categoria gên ro
não fosse
°pereci° ai pertinente para isso E assim que em lugar de falar das relações sociais
de gênero e raça falamos nas mulheres negr s Ou melhor e assim que se
autodeno inam essas mulheres no interior do movimento de mulheres Da mesma
forma ao falar de um espaço econômico especifico como a agricultura não se
mencion • as relações sociais de gênero na atividade agropecuaria como se fosse
uma dad • configuração das contradições entre homens e mulheres naquela esfera
produtiva e reprodutiva mas faiamos da
mulher rur l
Que por sua vez, se
autoden• ina
mulher tr b lh dor rur l
evidenciando que a inatividade não
caracter 4. sua condição de membro da familia não remunerado tal como e
categorizo da pelo Censo Agropecuano4
Ao enfatizar a feminização da pobreza estamos falando das mulheres
pobres q e certamente não irão buscar construir uma cidadania propria - caso dos
Uma analiá recente e bastante completa das politicas sociais no Brasil encontra se em DRAIBE M
et and
Estrd egias para Combater a Pobreza no rasil programas instituições e recursos
Banco
Interamerici no de Desenvolvimento Documento de Trabalho n 190 Washington D C julho de 1994
4
Mulheres ti
balhadoras rurais organizaram uma campanha nacional por ocasião da realização do
Censo Ecori °mico de 1991 congregando todas a declararem se produtoras rurais em lugar de
membro da família nao remunerado
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dois exemp los anteriores - a partir do predicado de pobreza Ser po bre e justamente
não ter acesso a con dições m inim as de v ida Logo estar dest i tu ido de p r inc ipios
elemen tares const itu tivos d a c idadania d o d i re ito a um a a l im entação balanceada
e suficiente do direito a vestir se e a morar apropriadamente do direito a ter
oportunidades e poder e scolhê- las N ão e possivel reivindicar o direi to de ser pobre
Por isso mesm o m ulher pobre e um a forma de categorização socia l forçosamente
gestada p elas inst itu ições pelas el i tes pe nsa ntes pe ia c lasse pol i tica Não e u m
processo identrtario com vistas a constituição de uma camp o legítimo de interesses e a
me canismos de representação E por essas razões e um a categonaadhocao feminismo
E verdade que p or te r com o ob je tivo do ponto de v is ta es t ra teg ico a
superação de todo t ipo de des igualdades en t re os sexos o femin ism o tem dado
pouca atenção ao aum ento das disparidades socio-econôm icas entre mu lheres na
ul tima de cada quando se am pl ia a taxa de at ividade feminina diversi ficam-se su as
formas de integração no m ercado de trabalho alarga-se o cam po dos se us dire itos
As lu tas pe lo reconhec im ento da ex is tênc ia de um a v io lênc ia de gênero e sua
penal ização a m obi lização e m torno dos d i re i tos reprod ut ivos (categor ia c unhada
na prat ica fem inista) são alguns dos pontos consen suais em que o fem inism o m ais
avançou po l it icam ente t razendo v itor ias con cretas p ara todas as m ulheres sem
dist inção de c lasse cor raça geração or igem geograf ica etc On de a s di feren ças
entre m ulheres geram co ntradições expl ic i tas elas foram qual if icadas c om a em er-
gência de cam pos senão opostos ao m enos devidame nte delimi tados O exem plo
que ilustra esse processo e no vamente o caso do m ovim ento de mu lheres negras que
busca constituir-se como um mo vime nto propno no interior do mom ento de mulheres
s crescentes des igualdades ent re m ulheres
Vale a pena desde ja mostrar o que aconteceu na decada de 80
tomando p or um lado hom ens e m ulheres e por outro as mulheres entre s i Sabem os
que nos ul timos dez anos aum entou a taxa de atividade das mu lheres no mercado
de trabalho embo ra ela ainda m antenha-se relat ivam ente baixa - em torno de 38
Ou se ja a ina t iv idade femin ina a inda e e levada no Bras il mui to em bora venha
diminuindo em distintas faixas etanas (não m ais apenas no s grupos jovens) e entre
m ulheres casadas e com f i lhos de tenra idade Por outro lado as m ulheres perm ane-
cem conf inadas num pequeno num ero de ocupações cu jo n ive l de rend imento e
m ais baixo o nivel de qual i ficação infer ior para não dizer no m ais das vezes quase
nulo e a ca pac idade gerenc ia l inexpress iva Trata-se por tanto de um a p ar t ic ipa-
ção no m ercado de t rabalho for tem ente segregada
Segundo da dos da PNAD 1990 (Pesquisa Nacional por Amostragem de
Dom icil io) me tade das m ulheres que trabalham esta no setor inform al dest itu idas
pois de direitos previden clarios s Elas trabalham m ajor itar iam ente em tem po parcia l
contra apenas 155 dos hom ens o que dem onstra ev identeme nte que a força de
Para maiores informações e detalhes sobre a evoluçao da força de trabalho feminina na decada de
80 consultar artigo de Abreu Jorge e Sor In II Seminário Nacional Preparatorio para Pequim Politicas
Econômicas Pobreza e Trabalho LAVINAS L et alhi IPEA, Serie Seminanos n 7/94 maio de 1994 89
paginas
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O MULHERES BRANCAS
a M U LH ER ES N ÃO
BRANCAS
--O-- HOMENS BRANCOS
A H O M EN S N ÃO
B R ANC OS
1988
989
990
trabalho feminina não dispõe das mesm as chances de com petir no me rcado de
trabalho e i relação a seus colegas do sexo m asculino N ão é por acaso que dentre
os trabalhadores que desenvolvem atividades em seu propno domicilio 822 são
mulheres i dicando que as oportunidades de multiplicar suas atividades são restritas
a um num :
ro de funções com pativels com os l imites do espaço e das atividades
dom éstica limites que se revestem de grande importância em se tratando de lares
pobres e d
sprovidos
mu itas vezes de infra-estrutura basica
odavia observou-se no mesm o periodo um a tendência a redução no
diferencial dos rendimentos medios por sexo O rendimento med io feminino passou
de 27 sala os minimos m ensais em 19 81 para três em 199 0 quando o dos hom ens
perm anec - u constante em torno de cinco saianos m inim os° Logo essa relação
evoluiu fav e ravelmente as mulheres porque nesta decada os homens foram os mais
atingidos • - ia reestruturação da economia e pelo desem prego
is graficos 1 e 2 mostram tal evolução N o primeiro vem os que no grupo
18-6 9 anos a evolução da renda m edia por sexo e cor em escala m etropolitana
confirma u distanciamento crescente nas rendas de mu lheres brancas e hom ens
não br n •s em f vor d quel s isto dito o v lor d rend medi dos homens
brancos e o uase o dobro da dos três outros grupos O g rupo que au fere rendimentos
ma is baixa. e o das mulheres negras Gêne ro e raça hierarquizam portanto as
desiguaid
• des sociais
Gráfico 1 Evolução da renda media por sexo e cor - PE A
18 a 69 anos- 1987-1990
onte PNAD IBGE 87 90 Regiões metropolitanas (exceto Brasília)
grafico 2 ilustra o que se pa ssou no interior do gru po das m ulheres
considera do-se os d istintos niveis de escolaridade
no periodo 83-90 Vemos nitida-
mente a e istência de dois grupos o primeiro formado pelas m ulheres com m ais de
doze ano de estudo (1° e 2° grau s com pletos e nivel supe rior) cujo valor da renda
salário m nlmo brasileiro situava em 1994 quando o artigo foi escrito em torno de US 70 (setenta
dólares)
'Segundo P nes de Barros e Mendonça que trabalham na ótica da teoria do capital humano a
escolaridadp é um dos fatores que mais explica o quadro de desigualdades no Brasil (cerca de 30%)
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—
0—ATE 4 ANOS
—
0 4 A
8 ANOS
—0 8
A 2 ANOS
—
X-12 A 16 ANOS
SU PE RIO R
—á—
M E D I A
80 00
75 00
70 00
65 00
1989
990
984
1985
1986 1987
98 8
e m ais do dobro ou do t r ip lo da renda m edia feminina O segun do grupo e con st itu ido
por aquelas que se e ncont ram na m edia ou aba ixo de la a saber as mu lheres com
m enos de 12 anos de estudo O g raf ico 3 que med e o coef ic iente de variação das
rendas m edias das m ulheres por n ive l de e sco lar idade reve la que a um entou em
quase 20 o desnivel de renda entre as m ulheres Ou seja a elevação do rendim ento
m echo das m ulheres fo i resultado dos ganhos de renda ap ropriados pelas m ulheres
m ais esco lar izadas de n ive l supe r ior Houve consequ entem ente nes ta decada
aum ento das des igua ldades econômicas ent re m ulheres
Gráfico 2
PEA de 180 69 anos- evolução da renda media das
mu lheres por nivel escolar - 1983-1990
1200
. -_- 1000
800
400
N.
E
200
Fonte PNAD IBGE 83 90 Regiões metropolitanas (exceto Brasília)
Gráfico 3
Coef ic ien te de var iação das rendas m ed ias por
niveis escolares (PEA feminina de 18 a 69 anos)
Fonte PNAD IBGE 83 90 Regiões metropolitanas (exceto Brasília)
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Jma primeira constatação impõe se se se verifica uma tendência a
os diferenciais de renda entre home ns e m ulheres multo embora seja
mais de um seculo para que tais diferenciais tornem-se quase nulos- e Isso
antenha o ri tm o atual de recuperação do s rendimentos femininos -
inversamente uma ampliação do desnivel de renda entre as mulheres
N força de comparar as trajetorias de ambos os sexos p ara interpretar o
estagnação ou o recuo das m ulheres numa sociedade fundada numa
Je gênero temo-nos descuidado da analise de quem são as beneficiárias
- sso de transformação social do qual o feminismo enq uanto movim ento
- m duv ida um dos elementos fundamentais embora não exclusivo
ausência de uma comp reensão clara deste fenômeno não imp ediu que
idos p oliticos
e o prop rio movimento de mulheres venham apontando a
e de se priorizar o com bate a p obreza feminina com esp ecial atenção
lheres negras chefes de família e mães solteiras que pelo seu alto grau
bilidade deveriam ser
privi legiadas pe los programa s de geração de
grego e formação p rofissional
xiste um reconhecimento tacito de que sua situação e precarissima com
o
modo em dois p arâmetros 1 - a dimensão racial e uma desvantagem
a para os grup os não brancos em razão do racismo e
sso
vai afetar
- ira as mulheres que ja são um grupo social discriminado a partir do sexo
ica as debilidades do subgrup o
mulheres negr s2 a sobreposição
de/ma ternagem ao longo da vida das mulheres cercea seu acesso ao
e trabalho em igualdade de condições com os hom ens o q ue eviden-
ai ter um im pacto m uito m ais prejudicial e amp lamente restritivo sobre
e devem fazer face sozinhas sem nada compartilhar ao custo das
- mulheres chefes de família e mães solteiras
o nosso entender esses subgrupos são identificados como os mais fragels
IDmerecedores de maior atenção por p arte das pol i ticas publicas em
im estado alem de ser mulher ser negra e ser mãe assumindo sozinha os
io de um processo a reprodução das desigualdades entre os sexos mas
ntre as mulheres vai aum entando a vulnerabilidade e a precarização de
pos sociais frente aos dem ais no quadro atuai de reestruturação econô-
transformação d a família e individuação das mulheres)
Isso nos levaria a pensar q ue as lutas das mulheres em p rol de uma
que possa de fato ser conjugada no feminino talvez não estejam
io igualmente todas as mulheres nem tam po uco perm itindo que todas
lem v erdadeiram ente cidadãs
N os mulheres conhecem os a exclusão do mercado de trabalho das
s dos d ireitos civicos do exe rcia° do p oder daq uilo que constitui a esfera
vida social Vivemos de forma subordinada na esfera domestica privada
imos - e continuamos a fazê -lo - nossa integração nossa autonomia tanto
do trabalho e da p olit ica q uanto nas dem ais esferas de sociabilidade
Referimo ri DS
aqui ao Partido dos Trabalhadores P1) que no seu documento programatico para as
eleições pre sidenciais no Brasil sugeria que as mulheres negras e as mães solteiras fossem o publico
prioritario riçs programas de combate a pobreza
redução c
necessaric
caso se rr
observa-sE
avanço a
hierarquia
deste proc
social e si
alguns par
necessida
para as m
de vulner
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publica cl,
ReMnde
no mund
ESTUDOS FEMINIST S
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Nosso d iscurso foi o da exclusão invisibilidade que levou a q ue nos an os 70 os
organism os internacionais inquietos com a m arginalização estrutural das m ulheres
prom ovessem m undo afora sua integração ao desenvolvim ento Integração essa
que não logrou para todas o acesso aos frutos do desenvolvimento e essa
integr ção se deu de form segreg d ocup ndo os postos de tr b lho m is
precarios m enos qualificados m ais instavels e mais mal pagos hoje esse perfil não
e mais privilegio das mulheres mas atinge crescentemente ambos os sexos agravan-
do s desigu ld des e foment ndo nt gonismos no interior de um mesm
categoria de sexo
A pobreza de m ilhões de m ulheres não e apenas relativa na relação com
o sexo oposto portanto no que ela tem de decorrente das desigualdades de
gê nero m as absoluta - e disso parecemo s não estar tão conscientes
A p reocupação com a recrudescência da pobreza e as novas formas de
sua m anifestação esta colocada na ordem do dia A tinge desde os poises ditos pos-
industriais aos poses que ao longo de seu processo de industrialização e moderni-
zação produtiva conviveram com a inform alidade e a m arginalidade e cujo grande
desafio era realizar a integração social de boa pa rte da pop ulação M obiliza os
organismos internacionais (O NU Banco M undial) em penhados em m edira pobreza
quantifica-la e identifica-la para m elhor focalizar políticas de com bate a m isena
Nos paises desenvolvidos por exem plo m ultiplicam-se o que Castel9
cham a de zonas de vulnerabilidade e de zonas de exclusão em oposição as zonas
de integração cujo raio de cobertura vem diminuindo As primeiras são espaços
onde vêm ocorrendo precanzação das relações de trabalho e fragilização dos
suportes relacionais Embora os individuos ai presentes ainda mantenham entre si e
com o conjunto da sociedade elos de solidariedade a am eaça de ruptura e um a
possibilidade que não pode ser descartada A s zonas de exclusão são aquelas onde
a ruptura do elo social ja se deu e onde predom ina a m arginalidade m ais completa
onde a coesão social ja não prevalece por inexistirem não so condições elementa-
res de sobrevivência econôm ica m as tambem m ecanism os de proteção socia l
associados a solidariedades familiares e afetivas
Desigualdades de gênero e desigualdades socia is no ras i l
No Brasil onde a desigualdade tem um carater estrutural e uma am plitude
assustadora talvez ainda não saibam os ao certo quais os grupos m ais vulneraveis
quais os excluidos Os trabalhos m ais recentes que buscam avaliar a gravidade e a
abrangência da pobreza têm -se dedicado a estimar l inhas de pobreza
, elaborar
tipologias no interior dos grupos de pobres etc
C STEL Robert Dei Exciusion comme Etat a ia Vulnerabilite comme Processus in FFICH RD J e DE
FOUCAULD J B
Justice Sociale et negalités
Paris Editions Espnt 1 992
o
Sugerimos a leitura dos trabalhos de Sonia Rocha entre outros disponweis no IPEA cuja metodologia
desenvolvida permite estimar linhas de pobreza e o universo da população pobre para distintas
regiões brasileiras
Ver a este respeito os trabalhos de Juarez Brandão Lopes do CEBRAP
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' Ião dispondo de um a me todologia propria para interpretar o conteudo
da pobre bi feminina m etodologia essa que precisa evidentemente ser cr iada a
semelha n a dos esforços que vêm sendo desenvolvidos com vistas a criação de um
indice de esenvolvimento hum no feminino
2
vam o-nos servir aqui de um dos
procedim ntos 3
que utilizamos na nossa pesquisa para caracterizar minimam ente
quem são s m ulheres pobres a distinção entre população pobre e não pobre por
sexo N oss finalidade e observar se as desigualdades de gênero atingem igualmen-
te mulher pobres e não pobres e qual a am pl itude das di ferenças en tre m ulheres
acima e a aixo da l inha de pobreza
Tpbela 1
Renda Familiar Per Capita dos Pobres US (01/07 /94) -
i or Região Metropolitana
Região
Metropolitana
Renda Linha de
Pobreza
R io de Janeiro
32
02
53 99
São P aulo 3 7 85
62
73
Curitiba 2 2 2 7
37
6
Porto A legre 29
5
5 0 02
Belo H orizonte
26 47
46
44
Salvador 23
90
49
27
Recife 24
29
44
9
Fortaleza
9
67 34
9
Belem
34
34
5 9
57
Brasília
32
86
55 30
Brasil 2
32 —
Fonte PNAD 1990 IBGE
Linha de P obreza Sonia Rocha 1 PEA/DIPES
Elaboração IPEA DIPES Lavinas 1994 Deflator IGP Dl FGV)
* Incluindo todas as regiões alem das metropolitanas
A
ON U e o B anco M undial sao dois organismos internacionais que estão fomen tando a elaboraçao
delD1-1s(índi es de Desenvolvimento Humano) e IDSs (índices de Desenvolvimento Social) para avaliar
o grau de b m-estar existente nas dist intas sociedades criando mecanism os de com parabihdade em
nivel mundi I A imp ortancia das desigualdades entre hom ens e mulheres levou a que se buscasse
construir um O S fem inino formado por vanos indicadores propnos a ideia de um bem
estar satisfatono
para as m ui eres considerando que em função da divisa° social e sexual do trabalho estas acabam
tendo nece idades especificas
3
Para cara tenzar a pobreza feminina no ano de 199 0 servi= nos da metodologia de Sonia R ocha
(DIPES IP EA)1 que estabelece l inhas de pobreza com base na estrutura de consumo e no s preços de
cada regiã a partir de informaçõe s do sistema es tatistico brasileiro Para a distinção da p opulaçã o
em pobres não pobres tendo como p râmetro definidor s hnh s de pobrez utor utilizou
renda famil r
per c pit
calculada a part ir dos dados da PN AD (Pesquisa Nacional por Amostra de
Dom icí lios) outro procedimento ut il izado foi uma anál ise longitudinal da e volução da s di ferenças
entre mulh es por ntvel
de escolaridade nos nos
80 com base no acompanhamento
de cortes
sintéticas a longo da decada
ESTUDOS FEMINISTAS
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HOMEM MULHER
Como podemos ver na tabela 1 onde estão estimadas as linhas de
pobreza e a renda per capita dos pobres em escala metropolitana e critico o
quad ro brasileiro o valor da renda fam iliarper
c pit do população pobre gi ra em
199 0 em torno a U S 21 apresentando variações regionais multo fortes Tomando-se
o universo dos pobres vem os que
grosso mo o
seus rendimentos encontram-se em
torno de 40% abaixo da linha de pobreza c om e xceção da região metropolitana de
Salvador onde ta l percentual chega a 50% As m ulheres representam 52% da
população pobre e os hom ens 4785% (grafe() 4)14
Gráfico 4
Total de Pobres
6000%
5000%
4000
3000
2000%
1000%
000
Fonte PNAD/1990 L inha de pobreza IPE A DIPES S onia R ocha Elaboração IPE A DIPES
Se c onsiderarmos o corte regional (tabela 2) podem os constatar que no
Norte e no Nordeste proporcionalmente o peso dos pobres varia de 41% a 44% d a
população mas as regiões onde sua expressão numerica surpreende são o Nordeste
e o S udeste onde se enco ntram aproximadam ente 3/4 do total de pobres no pais
O graf ico 5 indica a p roporção de pobres po r sexo e faixa etana E m
media 40% das nossas crianças e jovens de 18 anos são pobres percentual esse que
cai para 1/4 em se t ratando da pop ulação adul ta seja ela do sexo fem inino ou
masculino
14 O ut ras metodolog ias com o a que vem buscando aval iar o m ontante de p essoas que no Brasil
seriam eventuais beneficiarias de um programa de ren da minima po r disporem de um a renda inferior
a US 140 mensais est imam o numero de pobres em torno de 53 mi lhões sendo quase 28 mi lhões do
sexo fem inino
ANO 447
2
0
SEMESTRE 96
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lN Ã O P O B R E S
POBRES
Proporção de Pobres Homens Mulheres nas Macrorregiões Brasileiras
abela 2
Ma
Brasileira
brorregião
População
199
•
Proporção
de Pobres
População d e
Pobres Estim
4orte 9
91 645 4 79 4 4
91 2
‘lordeste
41
76
93 1
44
53
18
596 967
Sudeste 6 68 2 7 62
24 51
15 12
8 44
; u
8 27 125 19 48 4 252
945
2 entro Oeste
9 18
182 24 99 2 2 94 53 6
3rasil 144 361
645
3 8
45 925 97
P N A D 1990 IBGE
le Pobreza Sonha Rocha IPEA/DIPES
não IPEA DIPES Lavinas 1994
Dtwas preliminares DEPOP/IBGE
Gratico 5 Brasil proporção pobres por sexo e faixa etaria
Fonte
Unha
Elabo
EstIrr
9 0
8
E 70
•6
50
0
•3
2 0
o
O V E N S
O M E N S +
ULHERES
1 8 A N O S
8 A N O S
1 8 A N O S
Font PNAD/1990 Linha de pobreza IPEA DIPES Sonia Rocha
Elab ração IPEA DIPES Lavinas 1994
Uma primeira constatação e que dentre os pobres as mulheres são um
is numerosas que os homens tal como acontece no plano demografico
as mulheres pobres tal como os homens pobres representam 25 da
do seu sexo Numericamente portanto a pobreza feminina não tem
ressão que a pobreza masculina
O corte
geracional adultos e não
D que permite captar uma maior concentração da pobreza nas coortes
is da população
pouco m
sendo qu
populaç -
maior
x
adultos i
mais jove s
ES TU D OS F EMI NI S TA S
473N 2/96
8/19/2019 Mulher e pobreza no Brasil
11/16
Procurando agora identificar como trabalham e quanto ganham as
m ulheres pobres vam os analisar alguns aspe ctos relativos as taxas de atividade de
desem prego de par t ic ipação na renda global etc detendo-nos na fa ixa etana de
18-65 anos que seria em p rincipio aquela em idade prod utiva
A tabela 3 Informa que a taxa de atividade e um divisar de aguas en tre os
sexos m ulheres pobres e não pobres são men os at ivas que os hom ens No en tanto
ha diferenças mas não tão marcantes entre mulheres pobres e não pob res estas regis-
trando taxas de atividade ma is elevadas do que aquelas taxas essas crescentes a
med ida que aumenta a escolandade No que tange a atmdade po rtanto as desigual-
dades de gê nero são manifestas tanto no universo dos pobres quanto dos não pobres
Tabela 3 Taxas de A t iv idade e D esemprego Hom em/Mulher para Pobres/
Não Pobres de 18-65 Anos nas R egiões Metropolitanas - Total Brasil
TAX A D E
OM M MUL R
Pobre
Não Po bre
Pobre
Não P obre
At iv idade
Desemprego
85 91
1282
8916
294
39 88
1043
56 23
2 9 9
Fonte PNAD 199 IBGE
Linha de Pobreza Sono R ocha - IPEA/DIPES
Elaboração IPEA DIPES Lamas 1994
A mesma tabela revela ainda que para o ano de 199 a taxa de
desem prego da po pulação pobre e m ui to super iora da população não pobre para
ambos os sexos confirmando que proporcionalmente os pobres são os mais
afetados pe la cr ise e pe las m udanças no mercado de t rabalho M ais de 10 das
mu lheres pobres ativas estão desem pregadas contra 3 das não pobres No caso
do desem prego constatamos pois que não e o g ênero que expl ic i ta as d i ferenças
m as o antagonism o pobre/não pobre
Duas outras tabelas permitem interpretar o conteudo das desigualdades por
sexo e s ituação em relação a l inha de pobreza De sta vez, em lugar de an alisarmo s o
quadro em escala metropol itana vam os fazê lo opondo m eio rural e meio urbano e
tomand o exclusivam ente a população em pregada (assalariada) As vanaveis esco-
lhidas foram o num ero med io de horas trabalhadas e a posse de carteira assinada que
no B rasil significa maior formalização da relação de e mp rego e a cesso a algun s direitos
t rabalh is tas (prev idência seguro desem prego l icença m atern idade rem unerada)
A tabela 4 m ostra que a exem plo da taxa de atividade as desigualdades
de gê nero são as que expl icam a existência de dois patamares d ist in tos de horas
t rabalhadas por semana enquanto os hom ens se jam e les pobres ou não pobres
trabalham em media um pouco mais de 46 horas por semana as mulheres
independen teme nte da sua s ituação socia l têm jornadas sem anais men ores de
aproxima damen te 38 horas (caso das m ulheres que estão em pregadas em at iv ida-
ANO 7
0
SEMESTRE 96
8/19/2019 Mulher e pobreza no Brasil
12/16
des urban is) Isso estaria indicando também que o acesso a empregos menos
precários I pgo mais regulares e estáveis seria um privilegio masculino posto que por
lei a Jorna la semanal de trabalho no Brasil e de 44 horas
bela
4
Numero Medio de Horas Trabalhadas dos Empregados
Po
bres
e Não Pobres por Sexo -18 a 65 Anos
Sexo Situação
Pobres
Não Pobres
omem
/ Rural
47 34 49 02
Mulher
/
Rural 35
09
37
67
omem/
Urbano
46 02 45 38
Mulher /
Urbana 38
24
38
30
Homem
/ Brasil
46 45
46
14
Mulher / Brasil 37 48 38 21
Fonte PNAD 199 IBGE
Linha de Pobreza Sonla Rocha IPEA/DIPES
Elaboração IPEA DIPES LavInas 1994
la a tabela 5 revela que o acesso a carteira assinada e mais difundido no
grupo dos ão pobres sem distinção de sexo do que no grupo dos pobres Neste
a proporçE o de mulheres com carteira assinada encontra-se um pouco abaixo do
percentual masculino (42 contra 46 respectivamente) indicando que no caso
dos pobres as desigualdades de género parecem ter maior relevância do que no
i
aso dos n • o pobres Ainda assim fica patente tomando-se o corte rural/urbano
que apoia zação entre menos beneficiados e mais beneficiados da-se entre pobres
e não pob es (e não a partir do corte de sexo)
a 5
Proporção de Empregados Pobres e Não Pobres com
Cdirteira Assinada - 18 a 6 5 Anos
Sexo Situação
Pobres
Não Pobres
omem
/
Rural
2493%
38 50%
Mulher Rural
2387% 3888%
omem
/ Urbano 5627% 68 0 1 %
Mulher / Urbana 48 55% 6487%
omem
/
Brasil
4608%
61 83%
Mulher
/
Brasil
42 55%
6 1 1 6 %
Fonte PNAD 199 IBGE
Linha de Pobreza Sorna Rocha IPEA/DIPES
Elaboração 1PEA DIPES Lamas 1994
ESTU DOS FEM INISTAS 75
N 2/96
8/19/2019 Mulher e pobreza no Brasil
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No qu e diz respei to a renda incluindo ai a população com m ais de 65 anos
de i dade vem os segundo a s tabe las 6 e 7 que a p a r tic ipação d as m u lhe res na
renda tota l de am bos os sexos si tua-se em torno de 25 nas cidades e 12-15 no
cam po para o grupo e m idade produt iva (18-65 anos) tanto no universo de pobres
com o no de n ão pobres Se olharmos as inat ivas (ma is de 65 anos) observam os que
tal part ic ipação e ainda m ais reduzida (8 a 17 ) por não terem estas m ulheres na
sua grande m aior ia d i re itos prev idenc iar ios com o apo sentador ias ancorados no
exercia° de atividades produtivas e remuneradas dada a sua debil nserção
anter ior no me rcado de t rabalho
Tabela 6
Part ic ipação da Re nda Tota l Fem in ina sobre a Ren da
Total de Am bos os Sexos
Faixa Etána
P O R S N Ã O P O B R E S
R u r a l
Urbano
R u r a l
Urbano
18-65 anos
+
de 65 anos
O 2
008
025
017
O 5
008
026
008
Fonte PNAD 1990 IBGE
Linha de Pobreza Sonia Rocha IPEA/DIPES
Elaboração PEA DIPES Lavinas 1994 Detlator IGP Dl FGV)
Tabela 7
Brasi l - Part ic ipação da Ren da Fem inina na Renda To tal
18 a 65 Anos
Dos Pobres
023
Dos N ão Pobres
025
Da s Pobres na Renda Total Fem inina
005
Fonte PNAD 1990 IBGE
Linha de Pobreza Sonla Rocha IPEA/DIPES
Elaboração IPEA DIPES Lavinas 1994
Se em media a proporção da renda fem inina var ia de 23 (pobres) a 25
(não pobres) da renda de am bos os sexos ( tabela 7) surpreende consta tar que a
renda das mulheres pobres corresponde apenas a 5 da renda de todas as mulheres
(pobres e não pobres) demon strando que as des igualdades de gênero que co lo-
cam m u lheres pobres e não pobres em d esvan tagem f ren te ao sexo opos to por
de te rem tão som en te 1 /4 de todas as rendas som am se no caso das m u lhe res
pobres profundas des igualdades decorrentes do quad ro extrem am ente perverso
da concen t ração de renda no pa is Ou se ja 95 da renda fem in ina qua tro vezes
m enor que a renda m ascul ina per tencem as m ulheres não pobres A tabela 8 que
ANO 4 76
S E M E S T R E 9 6
8/19/2019 Mulher e pobreza no Brasil
14/16
considera renda m edia dos individuos chefes de família por sexo
5 mo stra que
para o con Unto das regiões m etropolitanas do pais as mulheres chefes de família -
pobres ou ão pobres - sempre ganham guardadas todas as proporções parte do
que ganha T I os homens chefes de família Como assinala a tabela de referência ha
metropoles como Salvador e Recife notadamente onde as m ulheres pobres chefes
de família rogistram diferenciais menores do que as mulheres não pobres em relação
ao sexo op sto Via de regra prevalece o inverso O fato e que em am bos os casos
as desigual iades de gê nero são manifestas não se revelando agravadas no caso
das mulhe -s chefes de família pobres como se poderia imaginar Em outras
palavras o diferenciais de renda que opõ em mulheres e hom ens na condição de
chefe de f • mília não são ma iores em se tratando da população pobre Ha um a
simetria relotiva nestas desigualdades de gênero para mulhers chefes de família
pobres e n o pobres Vale assinalar que 61 9% das famílias chefiadas por mulheres
no conjunto das regiões m etropolitanas pertencem ao universo dos não pobres e
38 1% ao
di
s pobres proporção essa que sobe para metade no caso mais uma vez ,
das duas -tropoles nordestinas Salvador e R ecife (tabela 9)
Tabela
/31 - Renda M edia do Chefe de Fam ília nas Regiões M etropolitanas
CE
rasileir
- US (01/07/94)
REGIÃO
PO RE
NÃO PO RE
Chefe de Fam ília
Chefe de Fam ília
METROPOLITANA Homem Mulher
B)/ A)
Hom em M ulher
B)/ A)
A)
B)
A)
B )
Rio de Janeiro
166 49
106 16
0 64
8 4 2 8 1
551 12
0 65
São P auic
202 20
1 4 2 3 5
0 7 0
1 026 39 706 86 0 69
Curitiba
118 50
66 59 0 5 6 794 30 562 22 071
Porto Ale
re
156 96 94 03 0 60
8 7 7 2 1
707 46 081
B elo Honz
)nte 1 4 9 5 7
98 58 0 66 941 43 557 50 0 5 9
Salvador 1 4 5 3 7
102 74
071 1 027 26 610 60 0 5 9
Recife 139 02 102 99
0 7 4
781 03 550 24
0 7 0
Fortaleza 121 35
73 65
061 712 58 498 10 0 7 0
Belem
216 77
123 08
0 5 7
1 201 77
748 98 0 62
Brasília
192 03 117 04 061 1 406 77 909 10 0 65
Fonte PNAD
7990 IBGE
Unha de Pobreza Sonia Rocha IPEA/DIPES
Elaboração1IPEA DIPES Lamas 1994 Deflator IGP Dl FGV)
5
Tomam se Siqui apenas os individuos que se declararam chefes de familia sejam eles homens ou
mulheres coM ou sem conuoeu sem conjuge
ESTUDOS FEMINISTAS 77
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Tabela 9
Fam filas Chef iadas por Mulheres nas Reg iões Metro
politanas Brasileiras
Região
Metropoli tana
Pobres
Não P obres
Rio de Jane i ro
393
607
São Paulo
312 688
Curi t iba
146
854
Por to A legre
227 773
Belo Ho r izonte 376
624
Salvador
493 507
Reci fe 526
4 74
Fortaleza
4 50
550
Belem
4 65
535
Brasília
257
743
Total
3 8
61 9
F on te PNAD 1990 IBG E
Unha de Pobreza Som Rocha IPEA DIPES
Elaboração IPEA/DIPES LavInas 1994
Com bate à pobreza pol ít icas s exuadas ou não?
A s in f o rm a ç õ e s a p r e s e n t a d a s n a s t a be la s a c im a p e r m i te m a l g u m a s
.conclusões
Em pr ime i ro lugar observamos que as d es igua ldades de g ênero não são
m ais acentuadas no grupo dos po bres do que no dos não p obres Isso estar ia indicando
que as m u lhe res pob res não se r iam sob remane ira a fe tadas pe las des igua ldades
e n t re o s s e x o s c o m o s e p o d e r ia p e n s a r n u m a o t ic a c u m u la tiva o n d e g ê n e r o e
cond ição soc ia l se soma ssem sobredeterm inando rec iprocam ente vu lnerabi lidades
e c rescente grau d e exc lusão Em out ras pa lavras ser carente e ser do se xo fem in ino
não co loca as m ulheres num a pos ição de des igua ldade f ren te aos home ns m aior do
q ue aq ue la p resen te na re lação hom em m u lhe r no g rupo dos não pob res
Não sendo a m u lher pobre ma is des igua l do que a m u lher não pobre no
i n te r io r das re lações s oc ia is de gênero ju lgam os imp or tan te que as po i r t icas de
combate a pobreza não sejam sexuadas sendo ao contrario abrangentes
universa l izantes e nã o h ierarquizantes Não no s parece per t inente pnonz ar este ou
a q u e le s u b g r u p o e m f u n çã o d o s e xo d a c o r d o n u m e r o d e f ilh o s d a s it u a çã o
conjuga l em detr imento de outros igua lm ente desass is ttdos f rag i li zados e sobre tu
do despo ssu idos dos m eios necessar ios para uma sobrev ivênc ia d igna Se a cond i
ção de pobre não atenua as d ispandad essoc io econôm icas ent re os sexos tampou co
e am p l iada ou a g rav ada pe los an tagon i smo s de gênero
ANO
78
°SEMESTRE 96
8/19/2019 Mulher e pobreza no Brasil
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P4liticas de gênero nos parecem fundamentais no que tange a reprodu-
ção social
campo de
potencial dE
define igual
ocupação
rendas inferi
reduzidas pE
movei evidE
do trabalho
sobre ess c
dos homens
mulheres pé
distinta pos i
constatar
de nivel de ci
pobres de
pobres quel
rar e impler
renda que
ou posição
incorporem
desassistido:
divisão sexual do trabalho entre domestico e publico) pois e neste
ntagonismos entre os sexos que se define o maior ou menor grau
atividade remunerada das mulheres e em consequência disso que se
ente o leque real de oportunidades que se colocam em termos de
emprego para elas As mulheres pobres e não pobres apresentam
res as masculinas taxas de atividades menores jornadas de trabalho
rque não são ainda uma força de trabalho verdadeiramente livre e
nciando constrangimentos decorrentes do seu lugar na divisão sexual
omestico e na maternagem Politicas de gênero devem buscar atuar
ntradição contribuindo para ampliar e aprimorar a responsabilidade
nas tarefas reprodutivas em todos os nivels sociais
a segunda conclusão diz respeito as desigualdades sociais entre
bres e não pobres desigualdades estas marcantes e decorrentes da
ão que ocupam as mulheres na distribuição da riqueza Como pudemos
longo do artigo em materia de renda de posse da carteira assinada
sem prego as mulheres não pobres desfrutam tal como os homens não
r n l h o r s condições econômicas e trabalhistas do que as mulheres
nestes casos assemelham-se aos homens pobres Isto implica conside-
entarr no Brasil em carater emergencial politicas de distribuição de
ontemplem os indivicluos carentes independentemente de sexo raça
Ia familia e politicas de emprego e apoio a atividade econômica que
os grupos - sem distinção de raça sexo ou outra - vulneravers e
i que dispõem de menores e piores condições de competir no mercado
Cie
de trabalho e de inserir-se no mercado em gerai
desafio e como articular no plano da formulação de politicas os dois
paradigma o das desigualdades econômicas e o das desigualdades de gênero
combinand -os mas entendendo que ambos não implicam forçosamente a opção
por politica focalizadas que podem tornar-se ate vetor de segregação
P Ricas sexuadas ou politicas de gênero devem atravessar todo o tecido
social com atendo toda forma de discriminação por sexo que como vimos não
se restringe este ou aquele grupo social São contradições que exigem tratamento
universal P Ricas de combate a pobreza em que o ponto critico e a insuficiência
de renda o devem distinguir patamares de carência hierarquizando niveis de
penud de seria
ate porque podem estar reafirmando papeis sexuais ao tentar
proteger m is este ou aquele grupo Estas tombem devem abranger e o desafio e
este garan ir acesso a todos verdadeiramente necessitados) o universo integral
daqueles e aquelas cuja cidadania esta ameaçada pela degradação reiterada
das suas c ndições de vida mediante a sua quase exclusão da riqueza das
sociedades modernas