Índice
1 ................. Sumário Executivo
4 ................. Introdução
8 ................. Matriz de Materialidade
9 ................. Recomendações
11 ............... SASB
12 ............... Análise de Mídia
21 ............... Processo de Pontuação
25 ............... Gráfico Aranhas dos Temas Ambientais
26 ............... Gráfico Aranhas dos Temas Sociais
27 ............... Desempenho Ambiental
28 ............... Desempenho Social
30 ............... Temas Ambientais
38 ............... Temais Sociais
50 ............... Temas Emergentes
52 ............... Integração de Fatores ESG na
Concessão de Crédito
55 ............... Práticas, Critérios de Investimento e
Concessão de Crédito
60 ............... Benchmarking
61 ............... Anexo 1 – Metodologia
67 ............... Relação com os os ODS
68 ............... Ficha Técnica
Lista de Gráficos e Tabelas
2 ................. Tabela 1: Temas sociais e ambientais relevantes para o setor financeiro
7 ................. Tabela 2: Os temas sociais e ambientais mais relevantes no setor bancário
7 ................. Tabela 3: Riscos e oportunidades da sustentabilidade no setor bancário do Brasil
8 ................. Gráfico 1: Matriz de Materialidade Consolidada
22 ................ Tabela 4: Pontuação Total
23 ................ Tabela 5: Pontuações Temas Ambientais
24 ................ Tabela 6: Pontuações Temas Sociais
25 ................ Gráfico 2: Gráfico Aranha dos Temas Ambientais
26 ................ Gráfico 3: Gráfico Aranha dos Temas Sociais
27 ................ Gráfico 4: Gráfico Aranha dos Temas Ambientais no S1
27 ................ Gráfico 5: Gráfico Aranha dos Temas Ambientais no S2
28 ................ Gráfico 6: Gráfico Aranha dos Temas Ambientais no S3
28................. Gráfico 7: Gráfico Aranha dos Temas Sociais no S1
29 ................ Gráfico 8: Gráfico Aranha dos Temas Sociais no S2
29 ................ Gráfico 9: Gráfico Aranha dos Temas Sociais no S3
53 ................ Tabela 7: Critérios ESG
60................ Tabela 8: Empresas Analisadas no Setor
63 ................ Tabela 9: Temas Relevantes para o S1
63................. Tabela 10: Temas Relevantes para o S2
63 ................ Tabela 11: Temas Relevantes para o S3
64................ Tabela 12: Temas Relevantes para o Setor
64................ Tabela 13: Drivers Competitivos
64 ................ Tabela 14: Ações Estruturantes
65 ............... Tabela 15: Coordenadas da Matriz de Materialidade
Prefácio - Núcleo de Sustentabilidade FDC
O Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral tem o objetivo
de apoiar empresas na busca por sistemas de gestão, melhores práticas e
referências que criam valor tanto para os acionistas e proprietários quanto para a
sociedade em geral. Uma maneira de apresentar o estado da arte da gestão
sustentável é produzir um benchmarking e comparar o desempenho socioambiental
de várias empresas de um mesmo setor.
Muitos desafios e oportunidades de sustentabilidade são definidos na base
da atividade econômica e, por isso, existem poucos assuntos que variam de uma
empresa para outra no mesmo setor. Por exemplo, empresas mineradoras sempre
terão o desafio de se engajar com comunidades locais, empresas
têxteis confrontam o risco de trabalho infantil e escravo, e montadoras estão
sendo pressionadas a reduzir emissões gasosas. Nesse sentido, um benchmarking
setorial permite:
• Identificar os principais temas socioambientais trabalhados pelo
setor analisado;
• Identificar os atores com o melhor desempenho em relação a certos
temas, como, por exemplo, emissões, recursos hídricos e impacto
socioeconômico nas comunidades locais;
• Identificar e destacar as práticas dos líderes para inspirar outros atores a
seguir o exemplo;
• Destacar as empresas mais engajadas do setor em relação à gestão
de sustentabilidade;
• Orientar as empresas que querem começar a adotar práticas mais sustentáveis.
Esperamos que este benchmarking de sustentabilidade do setor
bancário ajude as empresas a serem mais competitivas e contribua para o
desenvolvimento sustentável do Brasil.
Bancos e outras instituições financeiras são essenciais para o funcionamento
da economia. Eles garantem o acesso ao mercado de capital, dando crédito,
facilitando a emissão de ações e oferecendo uma variedade de instrumentos
financeiros. Implícito neste processo, os bancos decidem que tipo de negócio deve
existir (e receber crédito e investimento) e que tipo não deve existir e
não receberá capital necessário para crescer. Este fato faz dos bancos atores chave
para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os ODS foram
estabelecidos pelas Nações Unidas com apoio de 193 países, inclusive o Brasil. Além
de questões operacionais como, por exemplo, uma melhor eficiência energética
nos escritórios e agências, o impacto de um banco se determina principalmente por
via dos investimentos que fomentam (ou não) os ODS.
Este benchmarking do setor financeiro tem por objetivo avaliar os bancos e
outras instituições financeiras com base em informações publicamente disponíveis,
como seus relatórios de sustentabilidade, suas Políticas de Responsabilidade
Socioambiental (PRSA) e informações sobre sustentabilidade publicados em seus
websites até a data de 08.03.2019. Adicionalmente, analisaram-se iniciativas
internacionais (ex. recomendações do Sustainability Accounting Standards Board) e
mídia crítica para identificar temas que potencialmente faltam nas informações
apresentadas pelos bancos.
Sumário Executivo
1
A análise permitiu identificar quais são os temas mais relevantes para o
setor, avaliar o desempenho de cada banco e ranquear os bancos de acordo com
o seu desempenho. Também foram identificadas boas práticas, que permitem aos
bancos melhorarem seu desempenho.
Foram selecionadas empresas filiadas à Federação
Brasileira de Bancos (Febraban) para compor a análise do
benchmarking. Escolheram-se as 20 maiores empresas de acordo com a
segmentação do Banco Central para instituições dentro do Sistema Financeiro
Nacional (SFN). São elas: Itaú, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco,
Santander, BTG Pactual, Safra, Banco Votorantim, Citibank, Banco do
Nordeste, Credit Suisse, Banrisul, Sicredi, BNP Paribas, JP Morgan, Bancoob, Banco
Pan, ABC Brasil, Banestes e Rabobank.
Os temas mais destacados são Ética, Transparência &
Integridade, Educação e Inclusão Financeira e Saúde e Segurança Ocupacional (veja
tabela 1).
Tabela 1: Temas sociais e ambientais relevantes para o setor financeiro
Desses 20 bancos a grande maioria publica informações sobre seu desempenho
socioambiental. 50% dos bancos publicam um relatório seguindo orientações
internacionais da Global Reporting Initiative (GRI) e cinco bancos usam uma matriz
de materialidade (ferramenta chave para priorizar temas de acordo com o negócio
e a relevância para stakeholders). Quatro bancos apresentam apenas uma Política
de Responsabilidade Socioambiental (PRSA) e um banco apenas divulga um
Comunicado de Sustentabilidade.
Temas Ambientais Temas Sociais
• Emissões e Mudanças Climáticas
• Energia
• Recursos Hídricos
• Resíduos e Efluentes
• Direitos Humanos• Diversidade e Igualdade
• Educação e Inclusão Financeira
• Ética, Transparência e Integridade
• Impacto Socioeconômico
na Comunidade
• Saúde e Segurança Ocupacional
2
Levando-se em consideração que Transparência é o tema mais
importante, é surpreendente o fato de que apenas 50% dos bancos seguem
padrões internacionais na publicação dos relatórios. Comparando
exigências internacionais e mídia negativa do setor com o conteúdo da
PRSA e dos relatórios analisados, nota-se que a maioria dos bancos não
prestam contas sobre os temas mais relevantes tanto para mercados
financeiros internacionais (ex. riscos socioambientais na carteira de
investimentos) ou para temas críticos na mídia (ex. corrupção e lavagem
de dinheiro decorrente da Operação Lava Jato, Panama Papers, etc.). Em
geral, existe uma disparidade significante entre o melhor e pior
desempenho socioambiental das instituições financeiras analisadas.
A pontuação dos bancos varia de uma escala de 44 pontos até 1 ponto
numa escala de 60 pontos possíveis. Existe uma oportunidade
enorme para instituições do setor como a Febraban e outras, a apoiar a
troca de boas práticas entre as entidades do setor, algo que pode melhorar
a percepção do setor perante a sociedade em geral.
Os Top 3 bancos que prestam contas sobre seu desempenho
socioambiental são o Itaú, Bradesco e Banco do Brasil. Em geral os bancos
da classificação S1 da Febraban tem um desempenho melhor que S2, que,
por sua vez, estão melhor que S3.
© Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, 2020
Contato: Prof. Heiko Hosomi Spitzeck – [email protected] ou [email protected]
3
INTRODUÇÃO
Bancos e outras instituições financeiras são essenciais para o
funcionamento da economia. Eles garantem o acesso ao mercado de capital dando
crédito, facilitando a emissão de ações e oferecendo uma variedade de
instrumentos financeiros. Implícito neste processo os bancos decidem que tipo de
negócio deve existir (e receber crédito e investimento) e que tipo não deve existir
e não receberá capital necessário para crescer.
As decisões de investimento tomadas pelos bancos tem uma relação clara
com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela
Organização das Nações Unidas (ONU). Se projetos ou organizações que fomentam
aos ODS recebem investimentos necessários, os bancos contribuem diretamente
aos ODS.
4
Cada vez mais os bancos começam investir em negócios que fomentam os
ODS e param de financiar atividades que prejudicam os ODS – e se tornam uma
alavanca enorme para a transição para uma economia verde, de baixo carbono –
isto é, uma economia mais sustentável.
Um exemplo: Larry Fink, CEO da BlackRock, uma das maiores empresas
de gestão de investimentos do mundo, que administra fundos no valor de mais
que R$ 24 trilhões (mais que 3 vezes o PIB do Brasil em 2018) publica a cada ano
uma carta aberta aos investidores. Em janeiro 20191 ele reforçou que “cada
empresa precisa explicar o propósito atrelado ao modelo de negócio e
estratégia corporativa” e concordou que “empresas precisam servir a todos os
stakeholders”. A BlackRock começou em 2019 a avaliar uma parte importante
do seu portfólio de investimentos (iShares) frente a riscos socioambientais e de
governança (ESG – em inglês, environmental, social e governance). Isso garante
que investidores saibam em que investem seu dinheiro. Na carta de 2020 ele
reforçou este posicionamento e destacou as mudanças climáticas como tema
importante para o mercado financeiro.
Para se adequar a essas tendências, os bancos precisam primeiro
entender os impactos socioambientais das suas próprias atividades e num
segundo passo, inserir critérios de sustentabilidade na composição de seu
portfólio de investimentos, na concessão de créditos e nas outras ferramentas
financeiras que oferecem ao mercado.
Neste Benchmarking de Sustentabilidade de Bancos e Instituições
Financeiras avaliamos o desempenho socioambiental das empresas via análise
dos seus relatórios de sustentabilidade, Política de Responsabilidade
Socioambiental (PRSA) e site. Isso permite analisar quais temas sociais e
ambientais são considerados relevantes pelos bancos como também identificar
melhores práticas.
1 Larry Fink's 2019 Letter to CEOs. Purpose & Profit. Disponível em
https://www.blackrock.com/corporate/investor-relations/larry-fink-ceo-letter. Acesso em: 25 de
outubro de 2019.5
O primeiro, e potencialmente mais significante insight, é a falta
de transparência acerca do desempenho socioambiental dos bancos operando no
Brasil. Dos 20 bancos analisados, 5 não publicam relatório de sustentabilidade,
apenas 5 usam matriz de materialidade (ferramenta importante para definir como os
temas socioambientais impactam na competitividade da empresa) e 10 orientam a
publicação do relatório em padrões internacionais como a
Global Reporting Iniciative (GRI), sendo 9 deles com auditoria independente. Assim,
constatamos que apenas 50% das instituições financeiras analisadas trabalham o
tema de sustentabilidade de maneira estratégica e prestam conta à sociedade sobre
seu desempenho social e ambiental.
A presente pesquisa avaliou empresas de acordo com a segmentação de
instituições dentro do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Esta segmentação obedece
a resolução aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) - Resolução n° 4.553 -
, e tem como objetivo a regulação das instituições, conforme o porte, a atividade
internacional e o perfil de risco. Foram escolhidos os três principais segmentos: S1,
instituições com porte igual ou superior a 10% do PIB, ou internacionalmente ativos;
S2, instituições de porte entre 1% e 10% do PIB; e S3, com instituições de porte entre
0,1% e 1% do PIB. Apenas o segmento S1 segue integralmente os padrões do Comitê
de Basileia para Supervisão Bancária.
As instituições selecionadas que compõe o S1 foram: Banco do Brasil,
Bradesco, BTG Pactual, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander. As instituições
do S2: Banrisul, Banco do Nordeste, Citibank*, Credit Suisse, Safra, Votorantim. E as
instituições do S3 selecionadas foram: ABC Brasil, Banco Pan, Bancoob, Banestes,
BNP Paribas, JP Morgan, Rabobank e Sicredi. Dessa maneira, foram avaliadas 20
empresas nesta pesquisa.
*O Itaú assumiu as operações de varejo do Citibank desde Nov. de 2017, mas como ainda
operam com clientes institucionais o relatório foi considerado separadamente.
6
Por meio da análise de relatórios de sustentabilidade e da metodologia
de Benchmarking desenvolvida pelo Núcleo de Sustentabilidade da Fundação
Dom Cabral (veja anexo 1 para detalhes), foram identificados quatro ambientais e
seis sociais relatados pela maioria das empresas do setor:
Tabela 2 - Os temas sociais e ambientais mais relevantes no setor bancário
A partir desses eixos temáticos, são relatadas as práticas e os panoramas
gerais do setor bancário brasileiro. Também são identificados e apresentados os
desafios e as oportunidades relacionadas aos assuntos sociais e ambientais, além de
boas práticas de empresas líderes que apresentaram o melhor desempenho do
setor. Dessa maneira, por meio da exposição dos panoramas e das boas práticas,
o benchmarking oferece uma orientação para a gestão sustentável no setor
bancário. Os exemplos citados nas próximas sessões foram retirados dos Relatórios
de Sustentabilidade analisados.
A análise dos temas sociais e ambientais identificou riscos e oportunidades
socioambientais que impactam no desempenho competitivo das empresas e
também na reputação do setor bancário nacional:
Tabela 3 - Riscos e oportunidades da sustentabilidade no setor bancário do Brasil
Temas Ambientais Temas Sociais
• Emissões e Mudanças Climáticas
• Energia
• Recursos Hídricos
• Resíduos e Efluentes
• Direitos Humanos
• Diversidade e Igualdade
• Educação e Inclusão Financeira
• Ética, Transparência e Integridade
• Impacto Socioeconômico na
Comunidade
• Saúde e Segurança Ocupacional
Riscos Oportunidades
• Inadequação da concessão ou uso do
crédito, o que pode levar ao
endividamento dos clientes
• Financiamento de projetos e empresas
com impacto socioambiental negativo
• Aumento do volume de negócios verdes e
inclusivos e geração de impacto positivo
para a sociedade
• Apoio a adequações ambientais, sejam
elas relacionadas à obtenção de
certificações, aquisição de equipamentos
para tratamento de efluentes, redução
das emissões ou ganho de eficiência
energética
7
Gráfico 1: Matriz de Materialidade Consolidada
Baseado em nossa análise, construímos a seguinte matriz de
materialidade genérica para os bancos operando no Brasil. Essa matriz foi
construída a partir da própria avalição dos bancos que apresentaram dados
sobre a relevância de cada temas para o negócio (eixo x) e para os
stakeholders (eixo y). A área na direita encima destaca temas que tem alta
relevância para o negócio bancário e que tem potencial de melhorar o
relacionamento com stakeholders-chaves:
8
RECOMENDAÇÕES
1 Defina os temas sociais e ambientais
relevantes para o seu negócio
Como primeiro passo, recomendamos a análise dos temas sociais e ambientais
identificados numa lógica financeira e a discussão sobre quais temas têm mais impactos
nos seus resultados e no ambiente em que está inserido. Por exemplo, temas como
energia e direitos humanos podem ter alto potencial de redução de custos e riscos. A
construção de uma matriz de materialidade pode ser de grande ajuda nesse ponto, uma
vez que ela organiza os temas de acordo com a sua importância para o público interno e
externo da empresa. No eixo de X de uma matriz de materialidade é feito o mapeamento
da importância do tema para o negócio e a estratégia da empresa (baixo, médio, alto). Já
o eixo Y mostra a importância do tema para stakeholders externos, como, por
exemplo, comunidades, imprensa, governo, representantes da sociedade civil; os quais
também classificam os temas em baixa, média e alta importância.
Recomendamos que cada empresa construa sua própria matriz pelos seguintes
fatores: a discussão na diretoria sobre quais temas impactam mais o negócio trazem uma
clareza na estratégia. Se a empresa sabe que a energia tem potencial de reduzir custos, a
área de operações entende que é preciso criar uma meta de eficiência energética para ser
atingida. Em segundo lugar, consultar os stakeholders externos é essencial para
desenvolver uma estratégia apta para o futuro e ajudar reduzir conflitos com comunidades
e fiscais.
Entendemos, porém, que nem toda empresa tem o orçamento para desenvolver sua
própria matriz. Assim, neste relatório, analisamos as matrizes de materialidade publicadas
pelas empresas nacionais que divulgaram suas matrizes, e construímos uma matriz
consolidada (veja página anterior). Caso a sua empresa ainda não tenha construído a sua
própria matriz de materialidade, a matriz genérica construído neste relatório pode servir
como ponto de partida até que a sua própria matriz de materialidade seja construída.
9
2 Implemente as melhores práticas existentes
Este relatório identifica várias boas práticas que servem como benchmarks.
Estes benchmarks podem orientá-lo a aprender com o exemplo de outros e ajudá-lo a criar
valor para sua empresa. Para definir quais são as práticas mais relevantes para o seu
negócio, busque selecionar aquelas que mais estiverem relacionadas aos temas com maior
impacto nos resultados financeiros. As avaliações nas tabelas de desempenho ambiental e
social apontam para as instituições financeiras que tem as melhores notas e
consequentemente as melhores práticas.
3 Competir ou colaborar?
Os temas sociais e ambientais que identificamos podem ser agrupados em duas
categorias: a) temas que dão vantagem competitiva à empresa (ex. eficiência energética,
que reduz custos) e b) temas que são um desafio para todo o setor ou até vários setores
(ex. ética e transparência). Nos temas que criam vantagem competitiva, recomendamos
desenvolver expertise para se diferenciar da concorrência. Nos temas que são um desafio
comum, recomendamos colaborar, desenvolver metodologias e processos conjuntos para
criar soluções que ajudem todo o setor a lidar melhor com estes temas. A colaboração tem
também a vantagem de que nenhuma empresa precise arcar sozinha com todos os custos
envolvidos.
4 Olhe para o futuro
É fundamental que as empresas fiquem atentas a temas que podem ganhar
relevância no futuro para que possam ganhar tempo para absorver essas questões e,
também, se destacarem dentro do seu setor com relação aos seus concorrentes.
Em nossa avaliação, por exemplo, encontramos que Crédito Verde e Inclusão
Financeira como temas que podem se tornar relevantes no futuro dentro do cenário
nacional, podendo ser encontrados em detalhes na sessão “Temas Emergentes”.
Adicionalmente recomendamos um olhar mais cauteloso para recomendações
internacionais para o setor financeiro – a SASB recomenda além dos temas da matriz, olhar
para privacidade de clientes e segurança de dados, gestão sistêmica de riscos e integração
de fatores ESG (environmental, social, governance) na avaliação de riscos de créditos.
Respondendo a críticas na imprensa recomendamos adicionalmente um olhar mais
criterioso para temas como lavagem de dinheiro, trabalho escravo e infantil,
desmatamento e a questão de juros e endividamento.
10
Sustainability Accountability Standards Board (SASB)
A SASB (em português, o Conselho de Normas de Contabilidade de
Sustentabilidade) é uma organização não-governamental nos EUA fundada em 2011 que
define normas de relatórios financeiros integrando aspectos sociais, ambientais e de
governança. O objetivo da SASB é desenvolver normas para diferentes setores que
ajudam avaliar riscos ESG para investidores.
O ex-prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, serviu como presidente da
SASB entre 2014-2018. Até hoje foram publicados 77 normas setoriais. Um dos objetivos
da SASB é que as normas setoriais virem critérios obrigatórios a serem incluídas nos
relatórios publicados por empresas listadas na bolsa de Nova Iorque. Na sua carta em
2020, Larry Fink menciona a metodologia da SASB como referência para avaliar o
desempenho socioambiental de instituições financeiras.
A norma para bancos comerciais inclui os seguintes critérios que a SASB
considera essencial para avaliar o desempenho ESG do setor – em negrito & itálico
destacamos os temas que a SASB recomenda, mas não estão relatados pela maioria dos
bancos no Brasil:
• Inclusão financeira
• Privacidade do cliente & segurança de dados
• Gestão do ambiente legal e regulatório
• Gestão sistemática de riscos
• Integração de fatores ESG na avaliação de riscos de crédito
Essa pequena análise mostra que os relatórios dos bancos no Brasil atendem
apenas a 20% das recomendações para instituições financeiras listadas na bolsa em
Nova Iorque.
11
Análise de Mídia
Além de verificar se os relatórios dos bancos Brasileiros correspondem a
padrões internacionais, também verificamos se eles respondem a discussões
públicas sobre o setor financeiro. Nos últimos anos houve críticas (destacamos
temas não tratadas pelos bancos nos relatórios de novo em negrito e itálico) frente
ao sistema financeiro internacional sobre temas como lavagem de dinheiro (ex.
Panama Papers) e no Brasil particularmente questões sobre juros adequados e
endividamento, a participação do setor financeiro em esquemas de corrupção e
respostas no sistema de compliance (ex. Lava Jato) como também sobre temas
como trabalho escravo e infantil, financiamentos de empresas com áreas
embargadas pelo IBAMA e o combate frente a mudanças climáticas. Nesta seção,
serão abordados casos divulgados na mídia nacional e internacional sobre a
atuação de bancos frente a estes tópicos, destacando-se escândalos que afetaram
negativamente a imagem do setor perante a sociedade.
Lavagem de Dinheiro (Panama Papers)
O tema lavagem de dinheiro ganhou destaque nas mídias desde o maior
vazamento de dados da história ocorrido em 2016. Nomeados como “Panama
Papers”, 11.5 milhões de arquivos foram revelados da base de dados do escritório
de advocacia Mossack Fonseca, trazendo à tona um escândalo a nível global,
envolvendo líderes e políticos de diversos países.
12
Segundo o jornal alemão Süddeutsche Zeitung (SZ), ao menos 28 instituições
bancárias alemãs2 têm ligação com o escritório de advocacia. Dentre elas,
destaca-se o Deutsche Bank, acusado de envolvimento em lavagem de dinheiro por
meio de uma subsidiária nas Ilhas Virgens Britânicas. Após a investigação, as ações
do banco registraram queda recorde e, atualmente, ainda está sendo difícil se
reestruturar.
Mesmo com uma redução de 6 mil funcionários em 2018, o banco
alemão já anunciou a demissão de mais 18 mil funcionários para os próximos 3
anos, um quinto do seu quadro atual. Além disso, a instituição financeira informou
que pretende deixar de atuar com negociação de ativos para desenvolver uma
unidade de atendimento para clientes corporativos e comerciais. Em setembro,
informou a venda de parte de seu negócio de corretagem e negociação eletrônica
de ações ao BNP Paribas. Também vendeu US$ 50 bilhões em ativos para o banco
de investimentos norte-americano Goldman Sachs, considerando como um
abandono de áreas não estratégicas para o plano de recuperação3.
No geral, todo o setor bancário alemão passa por uma crise após o
vazamento. Uma mancha foi instaurada e recuperar a rentabilidade e a confiança
dos investidores não tem sido uma tarefa fácil. O Fundo Monetário Internacional já
está pressionando os bancos a acelerarem seus planos de reestruturação, mas
ainda não é possível afirmar qual serão os rumos que as maiores instituições
financeiras do país terão nos próximos anos.
Juros Altos
Um estudo elaborado pela MoneYou em parceria com a Infinity Asset
Management mostrou que o Brasil possuía em fevereiro de 2020 a nona maior taxa
de juros reais (0,91%) e a oitava maior taxa de juros nominais (4,25%)4 quando
comparado com os 40 países mais relevantes do mercado de renda fixa mundial.
13
2 FMI pede que setor bancário alemão acelere reestruturação. Extra Globo. Maio de 2019.
Disponível em: https://extra.globo.com/noticias/economia/fmi-pede-que-setor-bancario-alemao-
acelere-reestruturacao-23673143.html. Acesso em: 03 de dezembro de 20193 Deutsche Bank vende US$ 50 bi em ativos ao Goldman Sachs. Por Giovanna Oliveira. Suno
Research. Disponível em: https://www.sunoresearch.com.br/noticias/deutsche-bank-vende-
ativos-goldman-sachs/. Acesso em: 03 de dezembro de 20194 Mesmo nas mínimas históricas, juro real brasileiro ainda é um dos maiores do mundo; veja o
ranking. Por Julia Wiltgen. Seu Dinheiro. Disponível em: https://www.seudinheiro.com/2020/
economia/mesmo-nas-minimas-historicas-juro-real-brasileiro-ainda-e-um-dos-maiores-do-mundo-
veja-o-ranking/. Acesso em: 6 de abril de 2020.
Para o cenário brasileiro, a alta taxa de juros está associada
aos encargos cobrados pelo Governo – como por exemplo a taxa sobre a
movimentação do dinheiro (depósito compulsório) e a tributação indireta sobre
a intermediação financeira, com IOF sobre o valor dos empréstimos
e PIS/Cofins5. Mesmo considerando os encargos, o negócio de crédito contribuiu
para que os 4 maiores bancos brasileiros relatavam lucros de R$69 bilhões em
2018 (R$ 24,977 bilhões do Itaú Unibanco, R$ 12,166 bilhões do Santander, R$
19,085 bilhões do Bradesco e R$ 12,862 bilhões do Banco do Brasil6.
Outro fator importante associado aos altos juros cobrados pelos bancos é o
spread bancário, que consiste na diferença entre os juros pagos pelos bancos aos
clientes que fazem investimentos nas instituições bancárias (também chamada de
taxa de captação) e os juros cobrados pelos bancos na concessão de um empréstimo.
Quanto maior forem os juros cobrados pelo banco na concessão de empréstimo e
menor for a taxa de captação, maior o spread bancário e, portanto, maior o lucro da
instituição. Embora exista uma regularização sobre o tipo de empréstimo e o
tomador – como a regulação sobre empréstimos imobiliários –, o maior spread
registrado foi com relação aos empréstimos a pessoas físicas (43,2% de diferença
segundo o Banco Central). Novamente, as instituições financeiras alegam que a alta
taxa de inadimplência é um fator que leva a um aumento da taxa de juros de
empréstimos, como é o caso do cheque especial, cujos juros podem chegar a 300%
ao ano. Entretanto a alta taxa de inadimplência também pode significar que a
análise de crédito dos clientes para empréstimos bancários é falha, reforçando a
importância da promoção de educação financeira para os clientes. Especialistas em
economia mencionam adicionalmente que a falta de concorrência no setor, algo que
garante um oligopólio sobre as transações financeiras7.
Por fim, os juros altos refletem diretamente na taxa de
endividamento das famílias brasileiras e, por consequência, na economia do país. De
acordo com a Confederação Nacional do Comércio, em abril de 2019, 62,7%
das famílias brasileira não estavam honrando suas dívidas.
5 FEBRABAN. Entenda por que os juros que voce paga ainda são altos. G1. Outubro de 2019.
Disponível em: https://g1.globo.com/especial-publicitario/papo-reto/noticia/2019/10/21/entenda-
por-que-os-juros-que-voce-paga-ainda-sao-altos.ghtml. Acesso em: 08 de Dezembro de 20196 TAKAR, T. Lucro dos 4 maiores bancos bate recorde, sobe 20% e vai a R$69 bilhões. Uol. Fevereiro
de 2019. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/02/14/lucro-dos-
maiores-bancos.htm. Acesso em: 08 de Dezembro de 20197 ELIAS, J. O que é o spread bancário e o que ele tem a ver com os juros que voce paga? Uol.
Fevereiro de 2019. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/02/03/
juros-altos-spread-bancario.htm. Acesso em: 09 de Dezembro de 2019. 14
O indicador considera em sua análise as dívidas com cartão de crédito,
cheque especial, empréstimo pessoal, entre outros. Dessas dívidas, a que
apresentou maior peso no indicador foram as dívidas com cartões de crédito,
seguido de carnês de loja e financiamento de automóveis8. À luz dos dados
expostos, é questionável o tipo de economia que o setor financeiro está criando no
Brasil, onde informações sobre o endividamento e a qualidade de vida financeira
dos clientes são omitidas dos relatórios divulgados anualmente pelos bancos.
Compliance
Grandes escândalos financeiros colocam em xeque a credibilidade das
instituições envolvidas. No Brasil, um dos primeiros escândalos veiculados a
instituições financeiras foi o ligado ao Banco Nacional em 1995, onde o mesmo
forjava empréstimos e o balanço financeiro9. Em meio a esses e outros
escândalos, sendo o mensalão o mais comentado ainda hoje, foram criados
diretrizes e regulamentações a fim de evitar a ocorrência de fraudes. Dessa forma,
as instituições financeiras vêm implementando sistemas de combate à lavagem de
dinheiro, possíveis transações que tenham ligação com terrorismo, sonegação de
impostos, evasão de divisas e qualquer atividade ilegal. Tais ações
foram denominadas Programas de Compliance ou apenas Compliance.
A implementação desse conjunto de ações estratégicas era opcional.
Entretanto, publicada no Diário Oficial da União em 30 de agosto de 2017 o Banco
Central do Brasil alterou a resolução nº 4.595 que “dispõe sobre a política de
conformidade (compliance) das instituições financeiras e demais instituições
autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil”. A implementação de
políticas de Compliance, outrora facultativa, a partir do dia 31 de dezembro de
2017 passou a ser obrigatória para as instituições mencionadas no art. 1º da
resolução.
8 FERNANDES, A. Taxa de famílias endividadas no país sobe e atinge o maior número desde 2015.
Correio Braziliense. Maio de 2019. Disponível em
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2019/05/07/internas_economia,7
53547/taxa-de-familias-endividadas-sobe-e-atinge-maior-numero-desde-2015.shtml. Acesso em 08
de Dezembro de 2019.9 Entenda o caso Nacional. Jornal O Globo, Setembro de 2013. Disponível em
https://oglobo.globo.com/economia/entenda-caso-nacional-9809140. Acesso em 09 de Dezembro
de 2019.
15
Além do já exposto, o BNDES com edição da Resolução 3.439 de 27 de
Dezembro de 2018, passou a determinar a obrigatoriedade de bancos que atuam
como agentes financeiros em ações que utilizam recursos do banco de
desenvolvimento a colher evidências e dar comprovação de que adotam práticas
voltadas à prevenção de lavagem de dinheiro e combate ao financiamento de
terrorismo10. Ainda no que diz respeito a análise de mídia, a corrupção e lavagem
de dinheiro apareceram como tema recorrente veiculado a instituições
bancárias no Brasil e no mundo. Não obstante, o Brasil caiu 9 posições no indicador
de corrupção no setor público, o Índice de Percepção da Corrupção (IPC), em
janeiro deste ano. O país foi de nota 43 em 2012 para os 35 atuais, e chegou a
estar na 69ª posição naquela época contra a 105ª posição atualmente11.
Em uma reportagem publicada pelo jornal O Globo em setembro de 2018,
o Credit Suisse, conforme apontado pela agência regulamentadora, Finma, falhou
em combater os casos de lavagem de dinheiro em casos suspeitos de corrupção
ligados à Petrobras, PDVSA e Fifa. De acordo com a agência, as falhas perduraram
por vários anos, principalmente antes de 2014. A Finma reconheceu que o banco
tomou medidas para que as questões de conformidade e luta contra a lavagem de
dinheiro fossem reforçadas, além de investigações internas12.
O cenário da operação Lava Jato, que investiga casos de corrupção e
lavagem de dinheiro no Brasil ganhou mais um capítulo ao identificar 1,3 bilhão de
reais em lavagem de dinheiro em bancos. Segundo matéria publicada pela revista
Exame e de acordo com a reportagem do site UOL, que usou como fonte dados do
Ministério Público do Paraná e do Rio de Janeiro em Outubro deste ano, pelas
contas dos bancos Caixa Econômica Federal, Santander, Banco do Brasil, Itaú
Unibanco e Bradesco foram movimentadas grandes quantias de dinheiro em nome
de empresas de fachada operadas por doleiros.
10 Diário Oficial da União. Imprensa Nacional, Janeiro de 2019. Disponível em
http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/58903640. Acesso
em 09 de Dezembro de 201911 CALEIRO, J. P., Brasil cai 9 posições no principal indicador de corrupção no setor público.
EXAME, 29 de Janeiro de 2019. Disponível em https://exame.abril.com.br/brasil/brasil-cai-9-
posicoes-no-principal-indicador-de-corrupcao-no-setor-publico/. Acesso em 10 de Dezembro de
2019.12 Agência aponta falhas de banco no combate à corrupção na Petrobrás e Fifa. O Globo
Economia. 17 de Setembro de 2019. Disponível em https://oglobo.globo.com/economia/agencia-
aponta-falhas-de-banco-no-combate-corrupcao-na-petrobras-fifa-23075584. Acesso em 05 de
Dezembro de 2019. 16
Cooptação de funcionários das instituições e falhas nas ferramentas de controle de
operações suspeitas teriam contribuído para a utilização do sistema bancário
nacional para operações ilegais13.
Recentemente, em novembro desse ano, o Itaú Unibanco foi multado em
3,8 bilhões de reais pela prefeitura de São Paulo sob acusação de fraude tributária.
O Banco Safra foi acusado de simular sede na cidade de Poá durante cinco
exercícios fiscais, tendo sonegado 14,9 milhões no período de 2014 a 2016,
segundo aponta o relatório14. Segundo o documento divulgado pelo blog do Fausto
Macedo no jornal O Estado de São Paulo, o banco Santander Brasil se comprometeu
a pagar o total de R$ 195.568.679,00 de ISS devido em operações entre janeiro de
2014 e novembro de 2017 em um acordo com a CPI para evitar a condução
coercitiva do seu presidente em junho desse ano15.
Assim, é possível perceber que o tema é recorrente ao longo dos anos, e
ganhou maiores proporções na atualidade. Apesar da relevância, impacto
econômico e obrigatoriedade estabelecida, algumas instituições ainda se
encontram envolvidas em casos de irregularidade, embora a ética e transparência
seja apontada como fator mais relevante pelas mesmas. Além da compliance
stricto senso os bancos deveriam mostrar como eles trabalham no desenvolvimento
de uma cultura de integridade, que orienta os colaboradores e parceiros de atuar
não só com a letra senão também no espírito da lei.
13 Lava Jato já identificou R$ 1,3 bilhões em lavagem de dinheiro nos bancos. Exame. 02 de
Outubro de 2019. Disponível em https://exame.abril.com.br/negocios/lava-jato-ja-identificou-r-
13-bilhao-em-lavagem-de-dinheiro-nos-bancos/. Acesso em 01 de Dezembro de 2019.14 CPI em SP pede indiciamento de executivos do Itaú e Safra. Exame. 06 de Dezembro de 2019.
Disponível em https://exame.abril.com.br/negocios/cpi-em-sp-pede-indiciamento-de-executivos-
do-itau-e-safra/. Acesso em 15 de Dezembro de 2019.15 MACEDO, Fausto. Para poupar presidente de depoimento, Santander fecha acordo de R$ 195 mi
na CPI da Sonegação. Estadão, 31 de Maio de 2019. Disponível em
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/para-livrar-presidente-de-depoimento-
santander-fecha-acordo-de-r-195-mi-na-cpi-da-sonegacao/. Acesso em 13 de Dezembro de 2019.
17
Violação Social e Ambiental
De acordo com o Relatório Global de Escravidão 2018 publicado pela
fundação Walk Free, cerca de 40,3 milhões de pessoas foram submetidas a
atividades análogas à escravidão em todo o mundo16. No Brasil, o número chega a
quase 370 mil pessoas, o que corresponde a uma taxa de 1,8 pessoas em condições
de escravidão moderna para cada mil habitantes. O Código Penal brasileiro em três
artigos trata especificamente do trabalho escravo e da punição aos escravagistas e
130 anos depois da libertação, o fantasma da escravidão ainda paira sobre o
cenário nacional17.
Em uma reportagem publicada pelo jornal Consultor Jurídico em maio desse
ano, o Ministério Público do Trabalho ingressou ações contra o Banco do Brasil,
Bradesco, BTG Pactual, Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco, Banco Safra e
Santander. Segundo o órgão, as organizações negligenciaram o risco
socioambiental na concessão de crédito a negócios relacionados a violação dos
direitos humanos e exploração do trabalho escravo. Segundo o MPT, o Banco do
Brasil, Bradesco e Santander concederam crédito a clientes que figuravam a “lista
suja” (Cadastro de Empregadores da União) do governo federal, que conta com 186
empresas envolvidas com trabalho escravo. Ainda de acordo com o MPT, os dois
primeiros fizeram empréstimos repetidas vezes a clientes que estavam na lista de
empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à
escravidão18.
Já A Caixa, Banco Safra, BTG Pactual e Itaú são acusados de não adotar
quaisquer medidas para prevenir, identificar ou controlar os riscos resultantes do
trabalho infantil, de mortes no meio ambiente de trabalho, de práticas
discriminatórias ou de qualquer outro problema trabalhista grave que atinja
direitos fundamentais da pessoa humana. Segundo o MPT, os três últimos nunca
negaram crédito a qualquer pessoa em razão de risco socioambiental existente,
por mais graves que fossem as violações praticadas pelo interessado no crédito. O
MPT pediu ainda que os sete bancos passem a inserir em seus contratos,
relacionados a concessão de crédito e financiamentos, cláusulas reconhecendo
obrigações de cunho socioambiental, bem como consequências e sanções para o
caso de descumprimento, aplicando punições sempre que flagrada a
irregularidade18.
18
Na conjuntura atual do meio ambiente, o país enfrentou recentemente um
aumento acentuado no crescimento do desmatamento, bem como os incêndios na
Amazônia que tomaram conta dos noticiários nacionais e internacionais. O saldo do
desmatamento na Amazônia entre 1º de agosto de 2018 e 31 de julho desse ano é o
maior nos últimos 11 anos, com cerca de 9 mil quilômetros quadrados de área
desmatada, de acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) no dia 18 de novembro19. Além disso, entre os anos 2000
e 2017, segundo o estudo de pesquisadores da Universidade de Oklahoma
publicado na revista científica Nature Sustainability, a Amazônia perdeu mais de
uma Alemanha em área de floresta20.
O jornal O GLOBO publicou uma reportagem em outubro desse ano com
base em dados levantados pelo mesmo e em informações do Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo o jornal, nos
últimos 12 anos, bancos repassaram cerca de R$ 165 milhões em financiamentos
subsidiados com recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES) para empresas que tiveram áreas embargadas por desmatamento na
Amazônia. Entre as instituições identificadas estão Itaú Unibanco, Bradesco, Banco
do Brasil e Santander21.
O banco Bradesco financiou 59% do total, repassando cerca de R$ 94
milhões de reais. O Itaú repassou cerca de R$ 8,1 milhões. Ao todo, foram
identificadas 343 operações em 17 bancos para 28 empresas beneficiadas por
empréstimos nos oito estados da Amazônia Legal. Não há lei que proíba essa
prática, entretanto, uma resolução em 2008 do Conselho Monetário Nacional (CMN)
proíbe os bancos de fornecerem crédito rural a empresas em áreas que tenham
sido alvo de embargos de órgãos ambientais por desmatamento. O banco Safra
disse que não cedeu crédito rural e Sicredi e ABC Brasil afirmam que atenderam
outras áreas21.
16 Escravidão moderna atinge mais de 40 milhões no mundo. Deutsche Welle, Portal G1, 20 de
Agosto de 2018. Disponível em https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/07/20/escravidao-
moderna-atinge-mais-de-40-milhoes-no-mundo.ghtml. Acesso em 12 de Dezembro de 201917 Brasil tem quase 370 mil escravos modernos, diz relatório. Carta Capital. 20 de julho de 2018.
Disponível em https://www.cartacapital.com.br/sociedade/com-370-mil-escravos-modernos-
brasil-lidera-ranking-na-america-latina/. Acesso em 03 de Dezembro de 2019.
19
Segundo uma reportagem publicada pelo jornal Metro1 em julho desse ano,
o BNDES foi aprovado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para fazer ações
contra crise climática. O banco foi aprovado pela diretoria do Green Climate Fund
(GCF), fundo da ONU que conta com doações de mais de 40 países, apoia países
em desenvolvimento e tem cerca de R$ 10,3 bilhões em doações. Dessa forma, o
BNDES poderá acessar recursos para realizar ações contra mudanças climáticas. O
credenciamento ocorreu na categoria de risco socioambiental A na modalidade
acesso direto, na qual apenas 24 das 88 instituições aprovadas estão22. Acerca de
todas as informações apresentadas, todos os bancos citados reafirmam seus
compromissos com a ética, direitos humanos, meio ambiente e programas
de compliance mas a grande maioria não publica dados relevantes e objetivos.
De acordo com o que foi explorado e pesquisado, é perceptível o poder
de transformação que advém que das instituições financeiras, bem como o
impacto exercido de forma direta sobre questões que influenciam desde condições
de trabalho e ética até o meio ambiente. A análise de mídia negativa mostra
novamente que temas de discussão pública envolvendo instituições financeiras não
necessariamente são abordados nos relatórios de sustentabilidade na maioria dos
bancos analisados.
18 MPT ajuíza ações contra sete bancos por rédito a empresas "lista suja". Consultor Jurídicos. 25
de Maio de 2019. Disponível em https://www.conjur.com.br/2019-mai-25/mpt-ajuiza-acoes-
bancos-credito-empresas-lista-suja. Acesso em 07 de Dezembro de 2019.19 CERIONI, Clara. Desmatamento na Amazônia nos 12 meses até julho foi o maior em 11 anos.
EXAME, 18 de Novembro de 2019. Disponível em
https://exame.abril.com.br/brasil/desmatamento-na-amazonia-atinge-em-2019-maior-nivel-em-
11-anos-diz-inpe/. Acesso em 08 de Dezembro de 201920 POTTER, Hyury. Desmatamento na Amazônia seria o dobro do registrado pelo Inpe, aponta
estudo de universidade americana. BBC News Brasil, 20 de Agosto de 2019. Disponível em
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49402606. Acesso em 08 de Dezembro de 201921 PRAZERES, Leandro; PORTINARI, Natália. Bancos deram R$ 165 milhões para financiamento de
desmatadores. O Globo. 20 de Outubro de 2019. Disponível em
https://oglobo.globo.com/sociedade/bancos-deram-165-milhoes-para-financiamento-de-
desmatadores-24028764. Acesso em 08 de Dezembro de 2019.22 LOPES, Catarina. BNDES é aprovado pela ONU para fazer ações contra crise climática. Metro1.
Julho de 2019. Disponível em https://www.metro1.com.br/noticias/economia/76701,bndes-e-
aprovado-pela-onu-para-fazer-acoes-contra-crise-climatica. Acesso em 09 de Dezembro de 2019
20
Processo de pontuação
As pontuações dos temas materiais do setor bancário foram dadas a partir
da análise das informações disponibilizadas pelas empresas nos seus
Relatórios de Sustentabilidade. As empresas que não apresentavam esse tipo de
documento para divulgação das práticas e iniciativas foram avaliadas por meio
de seus websites ou Política de Responsabilidade Social (PRSA).
Para cada tema material, é dada uma nota que varia entre 0 e 6, de acordocom os critérios delimitados abaixo. Por meio das pontuações das empresas, sãoconstruídos os gráficos de desempenho do setor. Os temas emergentes não sãopontuados, uma vez que se entende que não estão consolidados o suficiente nosetor para que sejam analisados de forma justa. No entanto, melhores práticas detemas emergentes são divulgadas a fim de orientar empresas que desejam sedestacar na gestão de temas que terão maior proeminência no futuro.
A análise de cada cenário foi realizada por pelo menos dois pesquisadores.Após as análises terem sido finalizadas, os resultados encontrados foramcomparados. Em caso de divergência, a base de dados era retomada paraverificação e definição conjunta. Essa metodologia é conhecida no mundoacadêmico como interrater agreement.
As melhores práticas são escolhidas a partir de ações inovadoras dentro darealidade do setor e/ou que tenham resultados significativos.
Os critérios de pontuação são os seguintes:
Pontuação 0: Não há referência sobre o desafio;
Pontuação 1: A empresa aborda o desafio em seu website (aba de
sustentabilidade, não inclui notícias ou outras publicações), PRSA ou
relatório;
Pontuação 2: A empresa aborda o desafio em seu relatório e apresenta
dados;
Pontuação 3: A empresa aborda o desafio em seu relatório e apresenta
histórico de indicadores de desempenho;
Pontuação 4: A empresa aborda o desafio em seu relatório, apresenta
histórico de indicadores de desempenho e possui melhoria de desempenho
com relação ao tema ou a empresa aborda o desafio em seu relatório de
sustentabilidade, apresenta indicadores de desempenho, e possui metas
estratégicas, mas os indicadores reportam que não houve melhorias
relacionadas ao tema;
Pontuação 5: A empresa aborda o desafio em seu relatório, apresenta
indicadores de desempenho, apresenta melhoria de desempenho e possui
metas estratégicas com relação ao tema;
Pontuação 6: A empresa aborda o desafio em seu relatório, apresenta
indicadores de desempenho, possui metas estratégicas e apresenta o
melhor e mais relevantes desempenhos do setor em relação ao tema.
21
Ranking de Pontuações Totais
Na tabela abaixo podemos observar o ranking do desempenho dos bancos, do
melhor para o pior, a partir da somatória dos desempenhos nos temas sociais e
ambientais de cada banco.
22
BancosPontuação
Total
Itaú 44
Bradesco 42
Banco do Brasil 41
Santander 38
Credit Suisse 33
Banco do Nordeste 32
Caixa 32
Citibank 27
JP Morgan 26
Safra 21
Banrisul 20
Votorantim 20
BTG Pactual 17
Sicredi 15
Rabobank 14
Bancoob 9
Banestes 8
BNP Paribas 8
Banco Pan 6
ABC Brasil 1
Tabela 4: Pontuação Total
Para a elaboração desse estudo, a pontuação busca acompanhar o processo
de maturidade da gestão das empresas frente a temas socioambientais, como
também ressaltar as melhores práticas encontradas no setor, fornecendo insumos
para a análise crítica dos cenários e também para melhor gestão socioambiental
das empresas. Nos temas ambientais, o Itaú foi o banco que apresentou a maior
pontuação - 21 pontos em uma escala de 24 pontos possíveis - seguido pelo
Bradesco e Santander. Os bancos que não possuem pontuação em temas ambientais
não divulgaram informações sobre o desempenho do banco no tema. O mesmo
ocorre com os temas sociais, onde o banco com a maior pontuação é o Banco do
Brasil (26 de 32 pontos possíveis), seguido do Bradesco e Itaú.
TEMAS AMBIENTAIS
Emissões e Mudanças Climáticas
EnergiaRecursos Hídricos
Resíduos e Efluentes
TOTAL
Itaú 5 6 6 4 21
Bradesco 2 5 5 6 18
Santander 6 5 4 3 18
Credit Suisse 4 4 4 4 16
Banco do Brasil 2 4 4 5 15
Citibank 3 4 3 4 14
Banco do Nordeste 2 4 4 3 13
Caixa Econômica Federal
2 4 4 2 12
JP Morgan 3 4 3 2 12
BTG Pactual 2 2 3 2 9
Safra 2 2 3 2 9
Banrisul 2 2 0 4 8
Banco Votorantim 2 2 2 2 8
Rabobank 3 1 2 0 6
Banestes 1 1 1 0 3
BNP Paribas 1 1 0 1 3
Banco Pan 0 1 0 1 2
ABC Brasil 0 0 0 0 0
Bancoob 0 0 0 0 0
Sicredi 0 0 0 0 0
Tabela 5: Pontuações Temas Ambientais
23
Pontuação dos Temas Sociais
TEMAS
SOCIAIS
Direitos
Humanos
Diversidade e
Igualdade
Educação e
Inc lusão
Financeira
Ética,
Transparência e
Integridade
Impacto
Soc ioeconômico
na Comunidade
Saúde,
Segurança
Ocupacio nal
TOTAL
Banco do
Brasil6 4 2 4 4 6 26
Bradesco 3 4 6 2 4 5 24
Itaú 2 4 4 6 4 3 23
Caixa
Econômica
Federal
3 4 2 3 4 4 20
Santander 2 6 2 2 6 2 20
Banco do
Nordeste3 4 2 2 4 4 19
Credit Suisse 3 3 3 2 3 3 17
Sicredi 2 3 4 2 4 0 15
JP Morgan 1 3 3 3 2 2 14
Citibank 2 4 2 2 3 0 13
Banco
Votorantim2 0 3 2 3 2 12
Banrisul 2 2 2 2 2 2 12
Safra 2 2 0 2 2 4 12
Bancoob 0 2 2 2 3 0 9
Rabobank 2 1 1 1 2 1 8
BTG Pactual 2 0 0 2 2 2 8
Banestes 1 1 0 1 1 1 5
BNP Paribas 1 1 0 1 1 1 5
Banco Pan 1 1 0 1 0 1 4
ABC Brasil 1 0 0 0 0 0 1
Tabela 6: Pontuações Temas Sociais
24
Gráfico Aranha dos Temas Ambientais
O gráfico abaixo mostra o desempenho ambiental do setor bancário
brasileiro como um todo. Nota-se que existem bancos que não divulgam
nenhuma informação sobre seu desempenho frente a emissões e mudanças
climáticas, energia, recursos hídricos e resíduos e efluentes. Em
contrapartida, as melhores práticas em cada um dos temas (que receberam a
nota máxima), são caracterizadas por apresentarem indicadores, melhorias e
metas para os próximos anos, que serão discutidas mais à frente.
Gráfico 2: Gráfico Aranha dos Temas Ambientais
25
Assim como os temas ambientais, existem bancos que não divulgam
informações sobre os temas sociais. Existem benchmarks interessantes em
todos os temas, o que significa que o setor pode desenvolver mais temas
como Educação e Inclusão Financeira e Ética, Transparência e Integridade,
que apresentaram a pior média entre todos.
Estes resultados são particularmente relevante para associações de
classe como a Febraban porque existem boas práticas no mercado que podem
ser compartilhadas com o intuito de melhorar a imagem do setor como um
todo.
Gráfico Aranha dos Temas Sociais
Gráfico 3: Gráfico Aranha dos Temas Sociais
26
Desempenho Ambiental
Notamos que o desempenho dos bancos nos diferentes segmentos era
muito diferente. Portanto, avaliamos a média, o melhor e o pior desempenho
por segmento (S1, S2 e S3), conforme explicado na introdução deste
Benchmark.
Gráfico 4: Gráfico Aranha dos Temas Ambientais no S1
Gráfico 5: Gráfico Aranha dos Temas Ambientais no S2
27
Gráfico 6: Gráfico Aranha dos Temas Ambientais no S3
Gráfico 7: Gráfico Aranha dos Temas Sociais no S1
Desempenho Social
28
Gráfico 8: Gráfico Aranha dos Temas Sociais no S2
Gráfico 9: Gráfico Aranha dos Temas Sociais no S3
29
Temas Ambientais
Emissões e Mudanças Climáticas
Panorama
Instituída em 2009, pela Lei nº 12.187, a Política Nacional sobre Mudança do
Clima (PNMC) firma o compromisso do Brasil, junto à Convenção-Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima, de redução de emissões de gases de efeito estufa
entre 36,1% e 38,9% das emissões projetadas até 2020.23 No setor bancário brasileiro,
as emissões de Gases de Efeito Estufa são oriundas, principalmente, das atividades
associadas às dinâmicas das cadeias de suprimento dos fornecedores dos bancos, das
viagens aéreas relativas à negócios das companhias, das próprias rotinas dos
funcionários no trajeto casa-trabalho e do uso de energia (que detém, no setor
comercial no qual os bancos estão inseridos, 17,1% do consumo no país).
23 Portal do Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: http://www.mma.gov.br/clima/politica-
nacional-sobre-mudanca-do-clima>. Acesso em: 08 de abril de 2020.30
Ressalta-se que a temática das Emissões é abordada em diferentes níveis de
relevância nos Relatórios de Sustentabilidade e nas Políticas de Responsabilidade
Socioambiental das companhias filiadas à FEBRABAN. Contudo, é um tema que vem
atraindo financiamentos de grandes Fundos de Investimento no mercado internacional.
A BlackRock propõe, como diretriz para nortear seus financiamentos, que o
Investimento Sustentável não é mais um nicho, mas sim uma tendência que vem ganhando
predominância. A empresa concentra-se em direcionar capital para as companhias mais
bem preparadas para lidar com a mudança global associada à mudança climática, com o
objetivo de ajudar a proporcionar retornos financeiros competitivos e de longo prazo em
relação às referências tradicionais.24
Tais ações estão alinhadas com o ODS 13, combate a alterações climáticas, e possui
em seu objetivo central, o combate às mudanças climáticas e suas consequências, por
meio de políticas, estratégias e planejamentos dos governos locais. O setor bancário
posiciona-se como um catalisador dessa prática, uma vez que atua em diversas frentes de
financiamentos de projetos que, por consequência, promovem a redução das emissões de
gases poluentes.
Desafios
Consolidar melhores práticas que promovam, ainda mais, a redução das emissões
de gases de efeito estufa nas atividades direta e indiretamente associadas às dinâmicas do
setor bancário.
Boas Práticas
24 Portal da BlackRock. Disponível em: https://www.blackrock.com/br/perspectivas-em-
destaques/blackrock-investment-institute/sustentabilidade-o-futuro-do-investimento. Acesso
em: 08 de abril de 2020.25 Relatório Anual (2017). BTG Pactual
BTG Pactual 25
Como forma de reduzir o volume de emissões provenientes de viagens aéreas
referentes às atividades da companhia, todos os escritórios do banco são equipados com
salas de videoconferência e o uso dessa ferramenta é incentivado internamente. Em 2017,
foram realizadas 48.750 reuniões por videoconferências. Para reduzir as emissões
advindas do des locamento de funcionários, a empresa implementou em 2017 o Programa
‘’Bora Bike BTG’’, que fomenta o incentivo do uso de bicicletas para o deslocamento
casa–trabalho. O plano atingiu um público aproximado de 200 funcionários, que juntos
já pedalaram 47.345 km, o que representa 17.517kg de CO2 de emissões evitadas.
31
Energia
Panorama
De acordo com o Balanço Energético Nacional 2018, a geração de energia elétrica
no Brasil em centrais de serviço público e autoprodutores atingiu 588,0 TWh em 2017,
resultado 1,6% superior ao de 2016. Desse total, 17,1% da energia consumida vem do setor
comercial, o qual está inserido o setor bancário.
O consumo energético nos setores comercial e público, é fortemente influenciado
por fatores ambientais dentro dos edifícios. Desse modo, ar condicionado e iluminação
artificial são as fontes que mais consomem energia elétrica dentro do setor. Concomitante
a isso, as agências bancárias são as que mais têm participação nesse consumo.26
A gestão socioambiental, especificamente sobre o tema de pegada energética,
abordado nas políticas de responsabilidade socioambiental dos bancos filiados à Febraban
deve ser alinhada com o atual contexto do insumo no Brasil. Algumas companhias adotam
práticas de financiamento e empréstimo para quem busca soluções sustentáveis em
eficiência energética e escassez hídrica; iniciativa, essa, que permeia os espectros da
sustentabilidade do meio corporativo.
Segundo a ODS 7 (energia acessível e limpa), as energias renováveis devem ter uma
participação significativa na matriz energética global até 2030. Desse modo, a medida
regulatória irá alavancar diversos investimentos dos bancos com práticas que podem
promover a interseção de ganho de competitividade dentro do setor com o
desenvolvimento sustentável.
Desafios
Consolidar práticas e investimentos através de parcerias com companhias dos mais
diversos setores que incentivem a produção e obtenção de energias renováveis para
atender os processos produtivos que têm grande demanda do insumo. Dentro do setor,
adotar melhores práticas de eficiência energética, a fim de alinhar a otimização do uso do
recurso com redução de custos.
26 PAIXÃO, Andrea Carpenter Costa dos Santos da. Caracterização Tipológica de Agências Bancárias
e seu Potencial de Economia de Energia Elétrica e Etiquetagem com a Implantação de
Sistemas Fotovoltaícos. 2013. 68 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Arquitetura e Urbanismo,
Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 201332
Boas Práticas
27 Relatório Anual (2017). Banco do Brasil.28 Relatório Anual Consolidado (2017). Itaú.
Banco do Brasil 27
O Banco do Brasil e a EDP, uma das maiores empresas privadas do setor elétrico
do mundo, firmaram em Outubro de 2018, um contrato para a construção da primeira
usina, do banco, para captação de energia por meio da luz do Sol. O empreendimento
será instalado na cidade de Januária, localizado no norte do Estado de Minas Gerais, em
uma área de 150 mil metros quadrados e contará com 15 mil painéis fotovoltaicos que
totalizarão a capacidade instalada de 5 megawatts-pico (MWp). Essa energia produzida
de forma limpa e 100% renovável irá gerar 11 GWh/ano, o que corresponde ao
abastecimento de 4,5 mil residências com consumo médio de 2.400 kWh/ano. Levando
em consideração o consumo anual proveniente de energia limpa, a região deixará de
emitir mais de 1 mil toneladas de CO2, o equivalente ao plantio de mais de 7 mil
árvores. Destaca-se, ainda, que o empreendimento possibilitará uma economia de R$ 82
milhões em um período de 15 anos à conta de luz, o correspondente à economia de 58%
na conta de energia dessas unidades.
Itaú 28
O Itaú investe na consolidação de uma matriz energética baseada na obtenção
por fontes renováveis, para a manutenção das operações. Energia essa oriunda de usinas
de biomassa ou parques eólicos, sendo essa utilizada em menor escala. As principais
ações relacionadas ao tema foram a instalação de lâmpadas LED e a substituição de
equipamentos com alto consumo energético. Como consequência da adoção dessas
práticas, a companhia teve redução, no último ano, de 14% o consumo de energia
através de fontes não renováveis.
33
Recursos Hídricos
Panorama
A água doce disponível e explorável de forma economicamente viável
corresponde a 0,007% do total de água no planeta. O Brasil possua uma boa
disponibilidade hídrica, a qualidade das águas superficiais está cada vez mais
degradada, comprometendo e onerando o seu tratamento para consumo humano.
No que tange ao consumo consciente de água, a adição de práticas de redução e
reuso mostra-se eficaz nos mais diversos tipos de negócios.
Embora o setor de serviços não seja o maior consumidor de água – cargo
pertencente ao agronegócio, responsável por 70% do consumo total de água no
planeta – a redução de gastos causada quando são implementadas soluções para
minimização do consumo de água é expressiva. O setor bancário pode aumentar a
eficiência aquática na agricultura e em outros setores via financiamentos atrativos.
Dentro das próprias operações no setor bancário, a água é utilizada para o consumo
interno dos funcionários e clientes, banheiros e limpeza do espaço físico.
Os ODS 6 e 14 tratam da garantia de água para a geração futura, através da
gestão sustentável de água, universalização do saneamento básico e conservação
de rios e mares para a manutenção da vida aquática. De acordo com a ONU, até
2030, a população pode enfrentar um déficit de 40% de água caso alguma atitude
não seja tomada imediatamente.
Desafios
Na operação a implantação de sistemas para diminuição no consumo de água
pode envolver sistemas de reaproveitamento de água de chuva e águas cinzas para
descarga da bacia sanitária e lavagem de janelas e calçadas, bem como a
instalação de torneiras e descargas que diminuem o consumo de água. Mas a maior
alavanca do setor financeiro e providenciar ferramentas financeiras que incentivam
empresas a investir em eficiência aquática.
34
Boas Práticas
29 Relatório Anual Consolidado (2017). Itaú.
35
Itaú 29
Durante o período de 2013 a 2020, o banco tem a meta de reduzir em 16% o consumo de água dentro de suas agências, sendo que, de 2014 a 2016, a redução foi de 17%.
Além disso, nas agências Butantã e Digital Personnalité Aço III foram implementados sistemas de captação de água de chuva, restritores de vazão em torneiras e descargas. Outras melhorias realizadas durante o ano de 2017 em outras agências como desligamento de uma central de água gelada, restritores de vazão em torneiras e descargas e captação de água de chuva totalizaram uma economia de aproximadamente R$ 1.69 milhão de reais.
Resíduos
e Efluentes
Panorama
O tratamento de resíduos e efluentes faz-se uma atividade essencial para
que uma empresa esteja de acordo com as leis vigentes, além de cumprir suas
metas de reciclagem sem afetar sua capacidade de produção e ainda construindo
uma imagem da marca forte e responsável perante seu público.
A gestão do impacto socioambiental deve ser executada de forma a
assegurar a conformidade com a legislação, normas e regulamentos aplicáveis que
disciplinam a gestão socioambiental. Alguns bancos, como o Banco do Brasil,
possuem uma divisão com a responsabilidade de supervisão da gestão de riscos
socioambientais, tendo como premissa a gestão verde da cadeia de suprimentos.
A principal atividade dos bancos relacionada a esse tema é a disseminação
de práticas como coleta seletiva e redução de consumo de energia elétrica e água,
promovendo, assim, eficiência no consumo de energia, dos recursos naturais e dos
insumos, e, consequentemente, a gestão e destinação adequada dos resíduos e
efluentes gerados. Externamente, os bancos agem com responsabilidade
socioambiental na concessão de crédito, nos investimentos, na contratação de
fornecedores, no desenvolvimento e aprimoramento de produtos e serviços com
atributos socioambientais e na indução de boas práticas junto à sociedade.
Desafios
Reduzir resíduos e efluentes na própria operação e criar
mecanismos financeiros que motivam empresas a diminuir resíduos e efluentes nas
suas operações.
36
Boas Práticas
30 Relatório Integrado (2017). Bradesco.
Bradesco 30
Por meio do Plano Diretor de Ecoeficiência (Ciclo 2016 2018), o banco realiza
inúmeras iniciativas para promover o aumento da produção da ETE (Estação de
Tratamento de Esgoto), no Núcleo Cidade de Deus, e reduzir o volume de resíduos
(incluindo os tecnológicos) destinados a aterros, considerando o impacto de suas
operações em seus departamentos, empresas ligadas e rede de agências.
Dos resíduos sólidos gerados pela Organização, cerca de 85% são destinados a
aterros, principalmente os resíduos comuns (orgânicos, papel e plástico). A
quantificação desses resíduos na Organização é feita de duas maneiras: por pesagem,
nos prédios administrativos que possuem balança; e por estimativa, a partir de
amostragem, nas agências e nos prédios administrativos que não possuem balança.
Na manutenção na Cidade de Deus e em Alphaville, é utilizada uma máquina
para triturar folhas e galhos secos originados da varredura. O material triturado
(aproximadamente 2,5 toneladas/mês) é reaproveitado como adubo e aplicado na
jardinagem. As podas de grama também são utilizadas como insumo. Os resíduos
tecnológicos (oriundos da manutenção e substituição de equipamentos
eletroeletrônicos), por serem perigosos, são coletados por meio de logística interna ou
diretamente pelos fornecedores, e encaminhados para reciclagem.
O Plano Diretor de Ecoeficiência contempla a continuidade do Plano de Gestão
de Resíduos Sólidos e Tecnológicos (PGRST) Corporativo, abrangendo ações como coleta
seletiva, aumento da reciclagem, redução de desperdício de materiais e redução da
periculosidade de resíduos com as restrições RoHS.
37
Temas Sociais
Direitos Humanos
Panorama
Direitos Humanos é um tema social de alta relevância. A Constituição
Federal de 1988 da República Federativa do Brasil garante direitos individuais e
coletivos a todos. Nesse sentido, compreendendo a importância desse tema, muitos
bancos procuram proteger esses direitos por meio de parcerias especializadas, da
incorporação das melhores práticas do mercado e de orientações de órgãos que
estabelecem diretrizes de responsabilidade social, tais como a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, o Pacto
Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e a Organização
Internacional do Trabalho (OIT). Nesse sentido, a maioria dos bancos é signatária dos
Princípios do Equador e aplicam os Padrões de Sustentabilidade Socioambiental
da International Finance Corporation (IFC) e os Padrões de Desempenho do Grupo
Banco Mundial.
38
A maioria dos bancos não opera com empresas ou fornecedores que adotam
práticas ou realizam atividades que envolvam formas nocivas ou exploratórias de
trabalho, trabalho infantil; ou que pratiquem a exploração sexual de menores.
Além disso, reavaliar e aprimorar planos de comunicação e ações de capacitação
relacionados ao tema é prioridade.
Desafios
Garantir que os bancos não financiam atividades que envolvem a violação de
direitos humanos.
Boas Práticas
Banco do Brasil 31
Em seu relatório, o banco afirma que não há risco de ocorrência de trabalho
infantil ou análogo ao escravo nas operações próprias. O Banco também não assume
crédito com clientes que explorem mão de obra infantil ou que submeta trabalhadores a
formas degradantes de trabalho ou os mantenha em condições análogas à de trabalho
escravo.
O Banco exige, em contrato, que 100% dos empregados das empresas contratadas
na área de segurança tenham curso de formação em vigilância com material homologado
pelo Departamento de Polícia Federal, que inclui aspectos de direitos e relações humanas.
O Banco disponibiliza um fiscal de contrato e um fiscal de serviço, e mantém o
atendimento da Ouvidoria Interna disponível para trabalhadores de empresas contratadas
para que também registrem reclamações relacionadas ao seu contrato de trabalho.
Durante a execução do contrato, constatado que o fornecedor infringiu as
disposições contratuais ou legais relativas à sua execução, é aberto processo
administrativo que objetiva a aplicação de sanção administrativa ou, em último caso,
rescisão unilateral do contrato.
Além disso, o Banco é signatário dos Princípios do Equador e adota os padrões de
Desempenho de Sustentabilidade Socioambiental da International Finance Corporation
(IFC).
31 Relatório Anual (2017). Banco do Brasil.
39
Diversidade
e Igualdade
Panorama
A diversidade impulsiona a competitividade de uma organização, uma vez
que a pluralidade de gêneros, raças, origens, opiniões e culturas amplia as
perspectivas e os pontos de vista para as tomadas de decisão. Sendo assim, os
bancos buscam valorizar a diversidade e têm como meta garantir maior
proporcionalidade da representatividade nas seguintes linhas de inclusão: étnica,
social, gênero, gerações, LGBTA e pessoas com deficiência. O Código de Conduta
Ética da maioria dos Bancos defende o direito à diversidade de qualquer natureza e
se opõe a toda e qualquer forma de discriminação.
A diversidade e a igualdade são promovidas por meio de diretrizes
específicas, políticas, seminários, treinamentos e comunicações internas. Alguns
bancos possuem programas corporativos de ascensão profissional com ações
afirmativas de gênero e raça, garantindo, assim, maior participação nas etapas de
avaliação presencial e ampliando a visibilidade das competências dos funcionários.
O Banco do Brasil, por exemplo, aderiu aos Princípios de Empoderamento das
Mulheres, da ONU. Outros, como o Banco do Nordeste, integraram o Programa Pró-
Equidade de Gênero e Raça, promovido pela Secretaria de Políticas para Mulheres
da Presidência da República.
Desafios
Fomentar a diversidade no próprio quadro de funcionários e combater
qualquer forma de discriminação.
40
Boas Práticas
32 Relatório de Sustentabilidade (2017). Santander.
Santander 32
O Santander é uma empresa líder em diversidade, de acordo com o índice
Bloomberg Gender-Equality. Em 2018, o Banco Santander ficou na liderança das 104
empresas que compõem o índice global de diversidade em nível mundial.
O Banco também está nos índices FTSE4Good e DJSI desde 2003 e 2000,
respectivamente.
Em 2017, o Banco Santander aprovou alguns princípios gerais de diversidade e
inclusão que visam a ser um marco de atuação e de referência para todo o Grupo. Estes
princípios são complementados também com estratégias e ações próprias em cada uma
das regiões nas quais o Banco está presente. Além disso, para uma adequada gestão e
promoção da diversidade, criamos um grupo de trabalho executivo global e uma rede
global de especialistas em diversidade e inclusão, com representantes das diferentes
regiões e unidades de negócio.
A diversidade de gênero e a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres
são um eixo estratégico de atuação para o Banco Santander, com o objetivo de alcançar
20% das mulheres em funções de direção em todo o Grupo no final de 2018.
Além disso, o Grupo realizou um exercício para identificar e avaliar lacunas
salariais de gênero que pudessem existir nas diferentes unidades. Os resultados obtidos
foram divididos em nível de país, com planos de ação locais para eliminar a lacuna salarial
para menos de 5%. Além disso, o Banco tem um plano de ação para eliminar a lacuna
salarial de gênero em todos os mercados nos quais está presente para o ano 2025.
No Brasil, o Santander desenvolveu um portal de diversidade que define o
compromisso do Banco e oferece informações gerais tanto em nível interno como externo.
Além disso, desenvolvemos planos específicos de atuação para impulsionar a diversidade
de gênero, de raça e funcional.
41
Educação e Inclusão
Financeira
Panorama
De acordo com o Banco Central do Brasil (BCB, 2013), a educação financeira
diz respeito a um meio de promover conhecimentos sobre finanças pessoais com o
intuito de melhorar a qualidade de vida da população. Assim, esse conceito se
relaciona com o desenvolvimento econômico do país, uma vez que boas decisões
financeiras refletem e influenciam toda a economia do país, relacionado com a
quantidade de pessoas endividados e inadimplentes.[1]
Programas de educação financeira criam vantagens a curto e longo prazo,
tais como a prática do consumo e crédito consciente, planejamento e gestão da
vida financeira, além de planejamento para a aposentadoria.[1] Para as instituições
financeiras vantagens são uma taxa menor de inadimplência e relações comerciais
mais longevas e menos conflituosas.
Adicionalmente, a inclusão financeira cria oportunidades para a população
de baixa renda a participar no sistema económico impulsionando o consumo
interno e o desenvolvimento económico ao mesmo tempo que melhore as
condições de vida de milhões de Brasileiros. [2] Serviços financeiros básicos como
uma conta corrente, um cartão de débito ou online banking ainda não foram
democratizados no Brasil.
42
Desafios
Providenciar acesso a serviços financeiros e educar aos clientes sobre
finanças pessoais para melhorar a qualidade de vida dos clientes, a taxa de
inadimplência e a saúde do sistema financeiro no Brasil.
Boas Práticas
Bradesco 33
O Bradesco conta com uma embarcação flutuante, Voyager, que inicia seu
percurso em Manaus e atende cerca de 50 comunidades ribeirinhas e 11 municípios. Essa
ação promove a inclusão e educação financeira em regiões remotas no Norte do Brasil
desde 2009. Além disso, o banco promove o Encontro Empresarial Bradesco Empresas e
Negócios que objetiva fortalecer a cultura de educação financeira e promover mudanças
no comportamento de consumo e planejamento estratégico de clientes, pequenas e
médias empresas. No total, em 2017, foram realizados mais de 400 eventos com
participação de 13.953 clientes em todo o território brasileiro. A instituição também
oferece o Click Conta Bradesco que inclui orientação em educação financeira, destinada
aos jovens de ate 17 anos e o SobMedida Prev Jovem, um plano de previdência destinado
ao público de crianças e jovens com contribuições a partir de R$ 50,00 mensais,
estimulando a educação financeira para este público. Ainda, o banco disponibiliza o
portal de Educação Financeira que mantém mais de 20 cursos gratuitos, entre eles
Planejamento e Orçamento Empresarial, Matemática Financeira, Finanças Pessoais e
Economia de Energia que, desde 2013 , contabilizaram mais de 1.350.000 acessos.
Ademais, o banco integra um grupo de trabalho de Educação Financeira da Febraban que
tem como objetivo desenvolver um modelo harmonizado para mensurar a saúde
financeira dos clientes, o que subsidiará iniciativas de estímulo à melhor gestão das
finanças e ao melhor uso dos produtos bancários por parte da população brasileira.
43
33 Relatório de Sustentabilidade (2017). Santander.
Ética, Transparência
e Integridade
Panorama
Após uma série de escândalos, empresas brasileiras se preocupam cada vez
mais com o combate contra a corrupção. Contudo, conforme dados do Relatório da
Transparência Internacional, de 2018, o Brasil ainda tem importantes lacunas
quando o tema é combater a corrupção dentro das companhias. Segundo uma
pesquisa do Ethisphere Institute de 2018, das 128 companhias elencadas como
líder no tema ‘’Ética, Transparência e Integridade’’ nenhuma representa o setor
bancário brasileiro34. Nas empresas Pró-Ética da Controladoria-Geral da União de
2018-2019 constam o Banco do Brasil e o Itaú.
Uma vez que uma companhia adota em suas atividades, práticas de
conformidade que estejam alinhadas com as tendências da Lei Anticorrupção
Empresarial (12.846/2013), o negócio re-conquista a confiança de investidores.
O panorama do tema no setor bancário apresenta perspectivas otimistas no
médio/longo prazo. Apesar de algumas carências de documentos formais como
relatórios anuais ou de sustentabilidade, todas as empresas fazem cumprimento da
medida 4.327 do Banco Central do Brasil, que exige a formalização de uma Política
de Responsabilidade Socioambiental. Nesse documento, o tema ‘'Ética,
Transparência e Integridade’’ foi abordado por todos os bancos associados à
Febraban.
Desafios
O maior desafio e complementar os processos de compliance com uma
cultura de integridade que respeita não só a letra da lei, senão também o espírito
da lei.
34 Portal da Ethisphere. Disponível em: http://www.worldsmostethicalcompanies.com/
honorees/?fwp_country=brazil. Acesso em: 08 de abril de 2020.
44
Boas Práticas
Santander 34
No período que corresponde entre 2015 e 2017, 99,1% dos funcionários do
Santander em todo o Brasil receberam treinamento de capacitação e educação em
práticas anticorrupção. Desse modo, alinhado ao Modelo de Corporate Defense, a
companhia também realizou diversas operações voltadas para a supply chain,
submetidas à avaliações de riscos relacionados ao tema. Antes da contratação de
fornecedores e da concessão de patrocínios em nome do Grupo Santander, é realizada
uma avaliação de Compliance para identificar eventuais riscos relacionados à corrupção.
Em 2017, a área de Compliance avaliou 1.136 operações relacionadas aos riscos de
corrupção, representando 100% do total de consultas direcionadas à área. Em todos os
casos, não foram identificados riscos significativos relacionados ao tema. Como resultado
no longo prazo, esses atributos colaboram para assegurar a reputação e a imagem do
Santander Brasil no mercado.
45
34 Relatório de Sustentabilidade (2017). Santander.
Impacto Socioeconômico
na Comunidade
Panorama
O setor bancário desempenha um papel fundamental no financiamento de
atividades de incentivo socioeconômico à comunidade. Um exemplo: Criado em
1999, o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) é destinado a financiar,
prioritariamente, a graduação de Ensino Superior de estudantes que não tem
condições de arcar com os custos da formação.35 Mecanismos e incentivos
financeiros tem o potencial de fomentar temas essenciais para as comunidades no
Brasil como educação, saúde, cultura e esportes.
Vários bancos se engajam nestes temas. A FEBRABAN, em conjunto com seus
associados, coordenaram alguns projetos sociais visando contribuir com a melhoria
da qualidade de vida dos profissionais das instituições e das comunidades
do entorno.36
Desafios
Melhorar a qualidade de vida das comunidades através da proposição de
investimentos em áreas como educação e saúde. Além disso, fomentar práticas de
inclusão e educação financeira de comunidades próximas com o viés de
capacitação das pessoas de baixa renda e o fomento ao desenvolvimento local.
35 Portal do Banco do Brasil. Disponível em: https://www.bb.com.br/pbb/sustentabilidade/negocios-
sociais#/. Acesso em: 08 de abril de 2020.36 Portal da Febraban. Disponível em: https://portal.febraban.org.br/pagina/3088/39/pt-
br/programas-apoiados. Acesso em: 08 de abril de 2020.
46
Boas Práticas
37 Relatório de Sustentabilidade (2017). Banco do Nordeste.38 Relatório Integrado (2017). Bradesco.
Banco do Nordeste 37
Lei de Incentivo ao Esporte
O Banco do Nordeste, desde 2009 destina recursos financeiros com base na Lei
de Incentivo ao Esporte (Lei nº 11.438/2006), em favor de projetos esportivos
localizados nas áreas onde a empresa tem atuação, que utilizem o esporte como forma
de inclusão social para o público infanto-juvenil em comunidades locais. Desde 2009, a
companhia já destinou um montante que ultrapassa R$8,033 milhões, os quais abrangem
44 projetos sociais que abraçam mais de 29 mil crianças e adolescentes de baixa renda.
Programa Nacional do Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF)
O Banco do Nordeste é o principal agente financeiro do PRONAF, do Governo
Federal, no Nordeste; contando com uma carteira ativa de R$$ 8,67 bilhões,
correspondente a 1,79 milhão de operações. Desse modo, em 2017 a empresa contratou
542 mil financiamentos com agricultores familiares, envolvendo recursos na ordem de
R$2,85 bilhões, alcançando 105,6% da meta estabelecida para o período. Do valor
arrecadado, na ordem de 68,9% foram destinados a financiamentos na região semiárida.
Bradesco 38
A Fundação Bradesco, programa de atividades autônomas criada pela empresa, é
o maior empreendimento educacional social do Brasil e oferece ensino formal gratuito e
de qualidade para crianças, jovens e adultos. Atualmente, beneficia 96.754 mil alunos,
em 40 escolas distribuídas de Norte a Sul do Brasil, em regiões de maior vulnerabilidade
econômica. Além disso, o programa possui uma área de atuação chamada Escola Virtual
o qual insere mais de 608 mil alunos. Ressalta-se que a Fundação Bradesco emprega de 3
mil funcionários, dos quais mais de 1,6 mil são professores, orientadores e
coordenadores. De 2016 para 2017, o orçamento de investimentos para benefício público
da Fundação aumentou de R$ 595,5 milhões para R$ 624,4 milhões.
47
Saúde e Segurança
Ocupacional
Panorama
Saúde e segurança ocupacional, junto com bem-estar dos colaboradores, são
comumente um dos temas sociais mais relevantes para uma empresa por estar relacionado
à motivação das equipes e, negativamente, com eventuais encargos trabalhistas. Além
disso, funciona como uma forma de retenção de talentos ao criar um clima organizacional
favorável, já que o aumento da satisfação dos colaboradores, frequentemente aumenta o
engajamento e fortalece o vínculo com o empregador. Como resultado, se tem um
aumento na produtividade, melhoria no atendimento e consequentemente um aumento do
índice de retenção de clientes.
Uma preocupação com esse tema em parte dos bancos orienta a criação e de
Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, conhecidas pela sigla CIPA. Essas
comissões são grupos de trabalho que promovem ações de conscientização com o objetivo
de reduzir e controlar a exposição a riscos nas atividades ocupacionais e questões sobre a
saúde como um todo. Além disso, as questões de saúde e segurança ocupacional também
são abordadas nos acordos coletivos com sindicatos e na comissão especializada nesse
assunto da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN). Essa comissão é composta por
representantes dos funcionários e dos bancos e discute além de saúde e segurança, temas
como igualdade de oportunidades, ascensão profissional e prevenção de conflitos.
Em relação aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Saúde e Segurança
Ocupacional está associado ao Objetivo 3: "Assegurar uma vida saudável e promover o
bem-estar para todos, em todas as idades”.
Desafios
Entender melhor as causas de afastamento, burn-out, acidentes e, via ações
concretas, reduzir taxas de absenteísmo e aumentar o engajamento dos
funcionários.
48
Boas Práticas
39 Relatório Anual (2017). Banco do Brasil.
Banco do Brasil 39
Para a avaliação de riscos de saúde e segurança no ambiente de trabalho, o
Banco do Brasil considera polícias internacionais da Organização Mundial de Saúde (OMS)
e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Além disso, o banco possui a rede de
Serviços Especializados em Engenharia e Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmt),
que contribui para a manutenção de um ambiente ergonômico e saudável, levando em
consideração também os funcionários com deficiência. O programa de Análise
Ergonômica do Trabalho, por exemplo, adapta as condições de trabalho às
características psicofisiológica dos funcionários, levando em considerações o mobiliário,
equipamentos, qualidade e umidade do ar, i luminação e temperatura do ambiente
interno. Destaca-se também o programa Qualidade e Vida no Trabalho, que disponibiliza
verbas para a contratação de atividades de relaxamento, nutrição, ginastica laboral e
palestras educativas relacionadas a hábitos saudáveis de vida. Essas ações refletiram em
uma diminuição de 54% da taxa de absentismo entre 2016 e 2017.
49
Temas Emergentes
Crédito Verde
Panorama
Segundo o relatório da Comissão Mundial sobre Economia e Clima, órgão da
Organização das Nações Unidas (ONU), a única forma de possível de realizar
crescimento econômico no século XXI é realizando investimentos em tecnologia e em
infraestrutura sustentável. 40 Com o intuito de acelerar essas ações de investimento é
necessário inserir as ações climáticas e a sustentabilidade nos fundamentos das
estratégias de crescimento. A partir disso o papel importante do setor financeiro e
bancário fica evidente. O crédito verde, uma das formas de alcançar o
desenvolvimento sustentável, é justamente a concessão de crédito pelos bancos a
ações e empresas que priorizem a questão socioambiental e tenham a
sustentabilidade no core do seu modelo de negócio.
40 Relatório Oficial da Comissão Global da Economia e do Clima. Disponível em:
https://newclimateeconomy.report/2018/wp-content/uploads/sites/6/2019/04/NCE_2018
Report_Full_FINAL.pdf. Acesso em: 08 de abril de 2020
50
Segundo a FEBRABAN (Federação Brasileira dos Bancos) em 2017, vinte e
cinco por cento dos créditos concedidos a empresas pelos bancos brasileiros foram
destinados a atividades relacionadas com a diminuição da emissão de carbono,
eficiência dos recursos naturais e inclusão social. Nota-se então que cada vez mais
que o crédito verde vem ganhando destaque e sendo o enfoque de destinação de
créditos bancários. Segundo Mario Sérgio Vasconcelos, diretor de Relações
Institucionais da FEBRABAN: “Isto se deve a dois fatores: maior compreensão da
importância dos potenciais impactos das mudanças climáticas no gerenciamento de
riscos dos portfólios de empréstimos e identificação das oportunidades de negócios
proporcionadas pela economia verde.” 41
Desafios
Ampliar a concessão de crédito verde pelo setor bancário e sistematizar
maneiras para a identificação de empresas que promovam o
desenvolvimento sustentável.
Boas Práticas
41 FEBRABAN. Financiamento bancário para economia verde cresce mais de 30% em 2017.
Disponível em: https://portal.febraban.org.br/noticia/3198/pt-br/. Acesso em: 08 de abril
de 2020.42 Relatório Anual (2017). Banco do Brasil.
Banco do Brasil 42
O Banco do Brasil trabalha continuamente para desenvolver soluções financeiras
e modelos de negócio que promovam a transição para uma economia verde e inclusiva.
Segundo a metodologia desenvolvida pela Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN),
que mensura e identifica investimentos alocados na Economia Verde, em 2017 a carteira
do banco em negócios verdes totalizou um saldo de R$ 197,0 bilhões. Para o Banco do
Brasil, negócios verdes são as operações de crédito relacionadas a investimentos e
empréstimos para energias renováveis, eficiência energética, construção sustentável,
transporte sustentável, turismo sustentável, água, pesca, floresta, agricultura
sustentável e gestão de resíduos. Além disso, para viabilizar uma economia inclusiva,
também fazem parte da carteira áreas de cunho social, como educação, saúde e
desenvolvimento local e regional. Além disso em 2018 o Banco do Brasil anunciou uma
parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a ampliação da
concessão de crédito verde.
51
CIntegração de Fatores ESG na Concessão
de Crédito
Incluindo aspectos sociais e ambientais (ESG em inglés para environmental, social
e governance – ambiental, social e governança) na concessão de crédito o setor é capaz
de influenciar as ações dos indivíduos, empresas e governos.43 Consequentemente os
bancos tem uma alavanca enorme a sua disposição, motivando outros atores trabalhar
em prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
A integração de fatores ESG é o atrelamento de questões socioambientais com
critérios de investimentos. A partir disso os bancos estão passando a usar critérios que
levam em conta a sustentabilidade nos seus processos de decisão.
A S&P Dow Jones Indices44 delimitou quais temas dos critérios ESG são
incluídos na escolha de investimento no mercado financeiro. A RobecoSAM – que
construiu a metodologia do Dow Jones Sustainability Index olha para os seguintes
critérios - muito semelhantes aos temas abordados pelos bancos no Brasil:
43 Claro, Priscilla Borin de Oliveira & Claro, Danny Pimentel. Sustentabilidade estratégica: existe
retorno de longo prazo? Revista de Administração, São Paulo, v.49, n.2, p.291-306, abr./maio/jun. 2014.44 Ulrich, Emily. Entendendo os investimentos com base em fatores ESG. S&P DowJones. Disponível
em: <https://portugues.spindices.com/documents/education/practice-essentials-understanding-esg-
investing-por.pdf>. Acesso em 30 de novembro de 2019.52
Ambiental Social Governança
• Gestão de Resíduos;• Gestão de água;• Uso de recursos;• Redução de poluição e emissões de carbono;• Transparência em relação aos impactos ambientais.
• Direitos Humanos;• Diversidade;• Relacionamento com comunidade local;• Iniciativas filantrópicas;• Relacionamento com clientes.
• Remuneração;• Relação entre acionistas e gerências das empresas;• Direitos dos acionistas.
Fonte: RobecoSAM, “Measuring Intangibles: CSA Methodology”
O uso desses critérios pode excluir clientes de investimento e crédito, ou
taxas de riscos mais altos. Em relação a exclusão pode-se destacar as ações dos
britânicos The Co-operative Bank e da gestora de investimentos Hermes.
O The Co-operative Bank não presta serviços a negócios ou organizações que
tenham violado os seguintes tópicos: direitos humanos, desenvolvimento
econômico e social da Grã-Bretanha, meio-ambiente, desenvolvimento
internacional e proteção a fauna.45 Já a gestora de investimentos Hermes integrou
completamente os critérios ESG no seu processo de decisão, e uma das suas ações
é realizar a exclusão negativa de empresas violadoras desses fundamentos.46
Em relação a priorização das empresas que se destacam nas boas práticas
sustentáveis pode-se ressaltar a ação da gestora de fundos CalPERS47, da Hermes
e da VOX Capital. A CalPERS possui um programa de investimentos sustentáveis.
Esse programa busca analisar e conduzir pesquisas sobre questões e oportunidades
emergentes de investimento sustentável, orientar e apoiar práticas de
investimento responsável e a integração dos critérios ESG nos processos de
tomada de decisão de investimento.
45 Site oficial do The Co-Operative Bank. Disponível em: https://www.co-
operativebank.co.uk/values-and-ethics/ethical-banking. Acesso em 15 de novembro de 2019.46 Site oficial da Hermes (Hedged Funds). Disponível em: https://www.hermes-
investment.com/row/about-us/responsible-investing/. Acesso em 15 de novembro de 2019.47 Site oficial da CalPERS. Disponível em:
https://www.calpers.ca.gov/page/investments/sustainable-investments-program. Acesso em 16
de novembro de 2019.
Tabela 7: Temas sociais e ambientais relevantes para o setor financeiro
53
Além de realizar o processo de exclusão, a Hermes realiza uma triagem positiva
de empresas com bom desempenho ASG, empreende investimento focado em
empresas que buscam solucionar problemas ambientais e sociais e possui um
fundo de investimento especial focado em setores que colaboram a alcançar os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável48. E a brasileira Vox Capital
é uma gestora de investimentos de impacto social, ou seja, seu principal
fundamento é investir em empresas que priorizam boas práticas ambientais e
sociais, e que solucionem alguma problemática da sociedade.49
Os critérios ESG permitem a identificação e sucessivamente a mitigação
de riscos financeiros vinculados a questões sociais, ambientais e de governança.
A partir da análise de riscos, a Black Rock realizou um trabalho quantitativo no
qual o banco notou que os preços de mercado sugerem que cada um dos três
pilares de ESG tem níveis de importância aproximadamente semelhantes
nos mercados de crédito e de ações, e que empresas ou os emissores com forte
desempenho em ESG tendem a ser melhores no gerenciamento de
riscos operacionais e de reputação. A partir disso a Black Rock concluiu que as
métricas dos critérios ESG podem ajudar a identificar riscos e melhorar o
desempenho de investimentos frente a concorrentes que não avaiam critérios
ESG.50 Dentro disso é importante ressaltar que a crise de 2008 foi um marco que
levou os bancos a investirem em empresas voltadas a sustentabilidade com o
intuito de amenizar os riscos e focar em alternativas antes desconhecidas. 51
Com o intuito de medir esse impacto e descobrir se os critérios de
investimento e concessão de crédito dos bancos consideram, priorizam e
incentivam empresas que valorizam e focam no desenvolvimento socioambiental,
o Benchmarking de Sustentabilidade do Setor Bancário pesquisou os critérios de
investimento dos bancos analisados neste trabalho e alavancou os melhores
nesse quesito, tendo como base as melhores práticas citadas acima.
48 Site oficial da Hermes (Hedged Funds). Disponível em: <https://www.hermes-
investment.com/row/about-us/responsible-investing/>. Acesso em 15 de novembro de 2019.49 Site oficial da VOX CApital. Disponível em: <https://www.voxcapital.com.br/>. Acesso em 15 de
novembro de 2019.50 Site oficial da Black Rock. Disponível em: <https://www.blackrock.com/us/individual/investment-ideas/investing-for-outcomes/sustainable-investing>. Acesso em 14 de novembro de 2019.51 Hart, S. L. & Milstein, M. B. (2004, maio/julho). Criando valor sustentável. RAE Executivo,
3(2), 65-79.
54
Práticas, Critérios de Investimento e Concessão de Crédito
Itaú Asset Management 52,53
O Itaú delimita seus princípios de investimento responsável através de três
diretrizes: integração dos critérios ESG no processo de investimento; exercício direto de
voto (Proxy Voting); e através de transparência e engajamento.
O Banco integra os critérios ESG na escolha de seus investimentos através da
realização de uma metodologia própria realizada em três fases. A primeira consiste na
busca por três tipos de informações ESG relevantes para o valuation das empresas do
setor a ser analisado. A segunda etapa é o ponto crítico do processo de avaliação e
consiste na transformação das informações obtidas na fase anterior em matéria-prima
para o valuation. E finalmente a terceira etapa consiste em inserir as informações nos
modelos de valuation que utilizam o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), com o
objetivo de encontrar o Valor Presente Líquido (VPL) de temas que até então não
estavam precificados e, finalmente, o valor justo da empresa ajustado às questões
sociais e ambientais.
Além disso a Itaú Asset Management cede o exercício do direito ao voto em
relação as questões ambientais, sociais e de governança corporativa nas suas
Assembleias Gerais; encoraja o exercício de engajamento e transparência das empresas
em relação aos critérios ESG e incluiu os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável na
análise das empresas.
55
52 Site oficial do Itaú. Disponível em: https://ww2.itau.com.br/hotsites/sustentabilidade/_/no-
itau-unibanco/politicas/investimento-responsavel.html. Acesso em 15 de novembro de 2019.53 Integrações de questões ESG na avaliação de empresas. Disponível
em: https://www.itauassetmanagement.com.br/content/dam/itau-asset-management/content/
pdf/white-papers/ESG%20na%20avalia%C3%A7%C3%A3o%20de%20empresas.pdf. Acesso em 15
de novembro de 2019.
Santander 54
O Santander usa o PRI (Princípios para Investimentos Responsáveis), uma
iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para nortear o mercado financeiro e
de capitais na busca pelo desenvolvimento sustentável; e na sua atuação da escolha de
investimentos usa os critérios ESG. A partir desses critérios o banco construiu
um scorecard de sustentabilidade das companhias que é usado na seleção de ativos de
crédito privado inseridos nas carteiras de fundos.
Além disso o Santander possui um fundo de renda variável, composto
exclusivamente por ações de empresas que, além do tradicional potencial de valorização
econômico-financeira, destacam-se por sua postura com relação a seus acionistas,
funcionários, clientes, fornecedores, governo e sociedade, chamado Ethical Ações.
Além de usarem os critérios ESG nos investimentos o Santander também recorrer
aos parâmetros sociais e ambientais na análise de risco para a concessão de crédito a
projetos e empresas, influenciando assim os clientes a adotarem boas práticas
corporativas de gestão socioambiental.
BNP Paribas 55
O BNP Paribas adotou as medidas ESG para os seus investimentos baseados nos
10 princípios do Pacto Global da ONU (ODS). O banco usa esses critérios para a exclusão
de violadores de seus portfólios. Além disso a BNP Paribas possui uma estratégia de
investimento focada nas mudanças climáticas. Essa estratégia é dividida em três pilares
(alocação de capitais, Prêmio sobre responsabilidade e Transparência e compromisso)
que buscam reduzir a emissão de carnbono na atmosfera.
Além disso a BNP Paribas vinculou a concessão de crédito
com sustentabilidade, nesse programa as empresas que atingem suas metas de
sustentabilidade, usando os critérios ESG, se beneficiam de taxas de juros favoráveis,
enquanto que a empresa que falham terão taxas mais altas. Assim, as empresas têm um
incentivo para alinhar os objetivos de financiamento e sustentabilidade.
54 Investimento Responsável e Concessão de Crédito. Disponível
em: http://www.santanderassetmanagement.com.br/juridica/pt_PT/juridica/Quem-
Somos/Investimento-Responsavel e https://www.santander.com.br/sustentabilidade/gestao-de-
atividades/risco-socioambiental. Acesso em 13 de novembro de 2019.55 Site Oficial do BNP Paribas Disponível em: https://www.bnpparibas-am.com/en/rebus/our-economic-responsibility/our-responsible-investment-and-esg-policy/;https://docfinder.is.bnpparibas-ip.com/api/fi les/C7415B62-3F41-4D20-88BF-DDBBA97CC75F e https://cib.bnpparibas.com/sustain/sustainable-finance-the-rise-and-rise-of-sustainability-l inked-loans_a-3-
3008.html. Acesso em 13 de novembro de 2019.
56
Banco do Nordeste 56
O Banco do Nordeste possui critérios diretamente vinculados com
sustentabilidade na concessão de crédito. Dentre esses critérios estão:
Orientação aos empreendimentos financiados sobre a adoção de práticas
que minimizem seu impacto ambiental;
Financiamento a atividades rurais desenvolvidas em núcleos de
desertificação são condicionadas a adoção de medidas mitigadoras
e compensatórias;
O Banco do Nordeste veda financiamento a pesquisa e cultivo de organismos
geneticamente modificados nas terras indígenas e áreas de unidades de
conservação, exceto em áreas que tenham autorização do órgão ambiental
competente;
Vedação ou desembolso do financiamento de imóveis embargados por
irregularidade ambiental;
Vedação do financiamento produção intencional de poluentes orgânicos
persistentes (POPs) previstos na Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos
Persistentes.
Além dessas regras o Banco do Nordeste possui linhas de crédito especiais que
valorizam o respeito e a proteção do meio ambiente. A linha FNE Verde concede
crédito a implantação, ampliação, modernização e reforma de empreendimentos, com
exceção daqueles que envolvam supressão de mata nativa. A FNE Sol é uma linha de
crédito especialmente desenvolvida para o financiamento de sistemas de micro e
minigeração distribuída de energia por fontes renováveis para consumo próprio dos
empreendimentos e produtores rurais. (colocar referência). E por último o Banco possui
algumas linhas que incentivam o agricultor familiar.
Bradesco 57
O Bradesco visa engajar as empresas investidas e os parceiros de negócio na
adoção dos critérios ESG. Com o intuito de garantir esse objetivo o Bradesco
realiza reuniões com as empresas investidas, coordena o Grupo de Trabalho de Práticas
ESG, e avalia as corretoras e casas gestoras em relação a suas práticas voltadas a
sustentabilidade.
Além disso o Bradesco desenvolveu uma metodologia própria que integra as
questões ESG de maneira transversal a todas as classes de ativos. Essa análise é
baseada em informações públicas e no contato próximo com as empresas para
elaboração de um Rating ESG. Usando essas informações o Bradesco realiza uma triagem
positiva dos ativos, priorizando aqueles que demonstram estarem mais preparados para
os desafios da sustentabilidade.
57
56 Relatório de Sustentabilidade 2017 – Banco do Nordeste
Site Oficial do Banco do Nordeste. Disponível em: <bnb.gov.br/responsabilidade-
socioambiental/linhas-de-credito >. Acesso em 15 de novembro de 201957 Site Oficial do Bradesco. Disponível em: <https://www.bradescoasset.com.br/SiteBram/pt/Bradesco-Asset-Management/Investimento-Respons%C3%A1vel>. Acesso em 13 de novembro de 2019.
Digitalização
Panorama
A revolução digital tornou-se prioridade na agenda dos presidentes dos
grandes bancos brasileiros. Roberto Setubal, CEO do Itaú Unibanco, afirmou em
entrevista que a transformação digital do setor bancário o angustia toda noite58. E
ele tem razão em se preocupar: segundo a pesquisa global da Deloitte
“Transformação digital no setor bancário: Descobertas sobre consumidores”,
oitenta e quatro por centro utiliza serviços bancários online e 72% faz uso de
aplicativos móveis para acessar suas operações59. Outro destaque para o setor é a
ascensão das fintechs, empresas startups que utilizam tecnologia para tornar
processos financeiros mais simples e inovadores. De acordo com o mapeamento de
fintechs feito pela FINNOVATION, em 2019 existem 504 fintechs operando no Brasil,
dado que representa um crescimento de 34% em relação ao ano anterior.60
Diante disso, surge a necessidade de adquirir expertise digital para encarar a
nova concorrência. A tendência é que os bancos invistam nas melhorias para a
experiência do usuário, possibilitando a inclusão digital daqueles que ainda não
confiam no internet banking. Vê-se também a urgência de incluir a inteligência
artificial na busca de eficiência operacional, para compreender o comportamento
do cliente e antecipar suas necessidades.
Por fim, tão importante para o setor quanto o foco no cliente é a
preocupação em modernizar as operações internas. Com o avanço da
transformação ágil e a adoção times multidisciplinares organizados por linhas de
produto, as soluções são pensadas em conjunto para melhorar o atendimento ao
associado, com maior qualidade e em menos tempo, promovendo a inovação
tecnológica. Dessa forma, o setor bancário precisa estar atento às mudanças do
mercado e investir constantemente na modernização de seus processos.
58 Transformação digital do setor bancário 'nos agustia toda noite', diz Setubal, do Itaú. Aline Bronzati.
O Estado de S. Paulo. Disponível em: https://economia.estadao.com.br/noticias/negocios, transformacao-
com-fintechs-nos-angustia-toda-noite-diz-setubal,70002995258. Acesso em 11 de dezembro de 2019.59 Transformação digital no setor bancário. Delloitte. Disponível em: https://www2.deloitte.com /br/pt/
pages/financial-services/articles/transformacao-digital-bancos.html. Acesso em: 11 de dezembro de 2019.60 Novo Mapa de Fintechs do Brasil. Guilherme Horn. Estadão. Disponível em: https://link.estadao.com.br
/blogs/seu-bolso-na-era-digital/novo-mapa-de-fintechs-do-brasil/. Acesso em: 11 de dezembro de 2019.
58
A digitalização oferece também a democratização de serviços financeiros. Em
Quênia em 2006 apenas 20% da população tinha acesso a serviços financeiros, mas
60% tinham acesso a um celular. Dois intraempreendedores da Vodafone lançaram o
serviço de M-Pesa (suaíli para dinheiro móvel) que permite usuários mandar e
receber dinheiro como mandar e receber mensagens de texto. Lançado em 2007 o
serviço cadastrou 17 milhões de usuários até 2012 e a Vodafone aplicou o mesmo
sistema em mercados como Tanzânia, Índia, Egito e em outros países.
Desafios
Identificar quais são os principais serviços digitais utilizados por seus
clientes e traçar estratégias para atender às suas necessidades. Cada vez mais os
bancos vão concorrer em aumentar a qualidade de vida financeira das pessoas.
59
Benchmarking
Empresas Tipo de RelatórioAno
Reportado
Ano
Base
Relatório
baseado
no GRI
Divulgação
de
Matriz de
Materialidade
Relatório Auditado
ABC Brasil PRSA X X X X X
Banco do Brasil Relatório Anual 2018 2017 ✓ ✓✓ (KPMG Auditores
Independentes)
Banco do NordesteRelatório de
Sustentabilidade2018/2017
2017/
2016✓ ✓ ✓ (Ernest & Young)
Banco Pan PRSA X 2015 X X X
Bancoob Relatório Anual 2018 2017 X X X
Banestes PRSA X 2018 X X X
BanrisulComunicado de
Sustentabilidade2018 2017 X X X
BNP Paribas Registration Document 2016 2017 ✓ X✓ (Deloitte & Associés/
PricewaterhouseCoopers
Audit/ Mazars)
Bradesco Relatório Integrado 2018 2017 ✓ X✓ (KPMG Auditores
Independentes)
BTG Pactual Relatório Anual 2018 2017 X X X
Caixa Econômica
Federal
Relatório de
Sustentabilidade2018 2017 ✓ X
✓ (Pricewaterhouse
Coopers Auditores, S.L.)
CitibankRelatório de
Sustentabilidade2017 2016 ✓ X X
Credit SuisseCorporate Sustainability
Report2017 2016 ✓ ✓ X
ItaúRelatório Anual
Consolidado2018 2017 ✓ ✓
✓ (Pricewaterhouse
Coopers Auditores)
JP Morgan PRSA X X X X X
RabobankPolítica Global de
Sustentabilidade2019 2018 X X X
Safra Relatório Anual 2018 2017 X X X
SantanderRelatório de
Sustentabilidade2018 2017 ✓ ✓
✓ (Pricewaterhouse
Coopers Auditores)
SicrediRelatório de
Sustentabilidade2018 2017 ✓ X ✓ (Ernest & Young)
Votorantim Relatório Anual 2017 2016 X X✓ (KPMG Auditores
Independentes)
Tabela 8: Empresas Analisadas no Setor
60
Anexo 1 - Metodologia
Definição dos temas
Este relatório foi produzido a partir dos seguintes insumos: (1) Um
benchmarking realizado com base nas informações divulgadas pelas empresas nos
websites, relatórios de sustentabilidade, anuais ou integrados, e Política de
Responsabilidade Social (PRSA); e (2) uma revisão sistemática da literatura acerca dos
contextos socioambientais e econômicos do setor bancário.
Seleção das empresas analisadas
Foram selecionadas empresas filiadas à FEBRABAN para compor a análise do
benchmarking. Escolhemos as 20 maiores empresas de acordo com a segmentação do
Banco Central para instituições dentro do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Analisamos os relatórios de sustentabilidade, anuais ou
integrados (online ou PDF) mais recentes publicados até 08 de março de 2019.
Para fins de análise, foram considerados os relatórios mais
atualizados que tratavam do contexto brasileiro ou relatórios internacionais. Cada
empresa teve também apenas um relatório analisado.
61
A próxima etapa do processo de benchmarking consistiu na definição
dos temas socioambientais mais relevantes para o setor bancário, isto é,
os assuntos socioambientais e econômicos que a empresa está avaliando. A escolha
dos temas foi feita a partir de uma primeira análise dos relatórios publicados pelas
empresas ou informações nos websites. Os temas foram classificados de acordo
com sua frequência encontrada nos relatórios analisados.
Temas com maiores frequências foram classificados como materiais,
enquanto temas com frequência média foram considerados emergentes. Os temas
não são escolhidos tendo em vista a média absoluta, mas sim a relação com as
frequências das médias de outros desafios no mesmo cenário. A partir disso, são
obtidos os temas materiais e emergentes, como é possível verificar nas tabelas a
seguir.
Para fins de análise e comparação entre S1, S2 e S3, analisamos os temas
mais relevantes por setor e os temas mais relevantes em geral. Além disso,
também classificamos os drivers competitivos, que são as razões pelas quais os
temas são mais ou menos relevantes para a empresa; e as ações estruturantes,
que são as atividades necessárias para melhorar o desempenho social e ambiental
de um tema.
Panoramas e desafios
Os panoramas são construídos a partir de uma revisão sistemática
da literatura nacional sobre sustentabilidade do setor analisado.
Nesse benchmarking, foram contextualizados aspectos socioambientais do
setor bancário. O objetivo é situar o leitor sobre a atual situação do tema
em questão. Já os desafios são as principais oportunidades do setor que emergem a
partir desse levantamento de informações nos relatórios analisados.
62
Temas Relevantes para S1 (n=6)
Ética, Transparência e Integridade 6
Saúde e Segurança Ocupacional 5
Educação e Inclusão Financeira 5
Diversidade e Igualdade 5
Impacto Socioeconômico na Comunidade 4
Direitos Humanos 4
Emissões e Mudanças Climáticas 4
Segurança da Informação 4
Energia 2
Crédito Verde 2
S1 S2
Tabela 9: Temas Relevantes para o S1
Temas Relevantes para S2 (n=6)
Saúde e Segurança Ocupacional 5
Impacto Socioeconômico na Comunidade 5
Resíduos e Efluentes 5
Educação e Inclusão Financeira 4
Ética, Transparência e Integridade 3
Emissões e Mudanças Climáticas 3
Direitos Humanos 2
Energia 2
Crédito Verde 2
Recursos Hídricos 2
Tabela 10: Temas Relevantes para o S2
S3
Temas Relevantes para S3 (n=8)
Ética, Transparência e Integridade 8
Direitos Humanos 5
Saúde e Segurança Ocupacional 4
Impacto Socioeconômico na Comunidade 4
Resíduos e Efluentes 4
Energia 4
Diversidade e Igualdade 4
Crédito Verde 3
Educação e Inclusão Financeira 2
Emissões e Mudanças Climáticas 2
Tabela 11: Temas Relevantes para o S3
63
Temas Relevantes para o Setor (n=20)
Ética, Transparência e Integridade 17
Saúde e Segurança Ocupacional 14
Impacto Socioeconômico na Comunidade 13
Direitos Humanos 11
Educação e Inclusão Financeira 11
Resíduos e Efluentes 10
Diversidade e Igualdade 10
Emissões e Mudanças Climáticas 9
Energia 8
Crédito Verde 7
Temas Socioambientais
Tabela 12: Temas Relevantes para o Setor
Drivers Competitivos (n=20)
Atração e Retenção de Talentos 9
Satisfação dos Clientes 9
Desenvolvimento Sustentável 7
Desempenho Econômico 5
Reputação 4
Estratégia Fiscal 2
Eficiência Operacional 1
Bem-estar Animal 1
Drivers Competitivos Ações Estruturantes
Ações Estruturantes (n=20)
Gestão de Risco Socioambiental 16
Governança Corporativa 12
Portifólio 10
Gestão de Risco de Crédito 8
Inovação 7
Gestão de Risco de Mercado 7
Capacitação de Funcionários 7
Gestão de Risco Operacional 6
Relacionamento
com Stakeholders
5
Gestão de Risco de Liquidez 5
Gestão de Pessoas 4
Participação no Mercado 3
Liberdade de Associação
e Negociação Coletiva
2
Tabela 13: Drivers Competitivos
Tabela 14: Ações Estruturantes
64
As denominações dos temas sociais e ambientais são definidas tendo em
vista a maior proximidade possível com a linguagem utilizada pelas empresas em
seus relatórios. As nomenclaturas são padronizadas quando se referem ao mesmo
impacto. Por exemplo, “poluição”, “emissão de CO2” e “aquecimento global”
entram na categoria “Emissões e Mudanças Climáticas”. Essas mudanças tornaram
os nomes mais objetivos e claros acerca do escopo das análises.
Muitos confundem ações, drivers e temas e o maior problema é a não
especificação ou apenas citação de um tema muito abrangente como “Gestão de
Risco Socioambiental”
A Construção da Matriz de Materialidade
Tabela 15: Coordenadas da Matriz de Materialidade
Tema
Coordenadas
Matrizes e
Hierarquiza
ção
Citações SEM
Matriz e SEM
Hierarquização
Total Média Normatização
x y S1 S2 S3 x y x y x y
1Ética, Transparência
e Integridade4,94 7,44 1 2 7 24,81 32,31 6,20 8,08 9 9
2Saúde e Segurança
Ocupacional3,63 3,50 1 4 4 19,88 19,50 4,97 4,88 7,21 5,43
3Impacto
Socioeconômico na
Comunidade
3,94 3,78 1 3 3 18,81 18,34 4,70 4,59 6,82 5,11
4 Direitos Humanos 2,50 2,50 1 2 5 15,50 15,50 3,88 3,88 5,62 4,32
5Educação e Inclusão
Financeira4,88 5,63 0 2 1 17,63 19,88 4,41 4,97 6,39 5,54
6Diversidade e
Igualdade3,13 3,38 0 1 4 14,38 15,13 3,59 3,78 5,21 4,21
7 Resíduos e Efluentes 0,88 0,88 1 3 4 10,63 10,63 2,66 2,66 3,85 2,96
8Emissões e Mudanças
Climáticas2,25 3,38 1 2 2 11,75 15,13 2,94 3,78 4,26 4,21
9 Energia 1,13 1,50 1 2 4 10,38 11,50 2,59 2,88 3,76 3,20
10 Recursos Hídricos 0,75 1,13 1 1 1 5,25 6,38 1,31 1,59 1,90 1,78
65
As colunas x e y de “Coordenadas Matrizes e Hierarquização” foram
preenchidas com base na média das coordenadas das 3 matrizes existentes e das
empresas em que foi possível fazer hierarquização.
A metodologia de hierarquização foi desenvolvida a partir de uma análise
dos desenhos disponíveis no relatório, pela divisão
em macrotemas e microtemas que algumas empresas fizeram e pela quantidade de
stakeholders que sofrem impacto pelo tema apontados pela empresa.
Para aumentar a representatividade da matriz, usamos o número de citações
também. Para que não houvesse informação duplicada, tiramos as empresas que já
foram contabilizadas nas duas primeiras colunas.
Devido a maior relevância das coordenadas das matrizes (em relação às
citações), fizemos uma média ponderada (PESO 3 PARA MATRIZES E
HIERARQUIZAÇÃO E PESO 1 PARA CITAÇÕES). Para normatizar a média em eixos 9x9,
dividimos 9 pelos maiores valores de x e y e multiplicamos cada coordenada por
esse valor.
Os eixos foram caracterizados em três partes:
• 1 a 3 – baixa relevância;
• 4 a 6 - média relevância;
• 7 a 9 – alta relevância.
66
Relação com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)
Os ODS foram relacionados aos panoramas dos desafios socioambientais. Arelação foi estabelecida pelos pesquisadores responsáveis com base na maneiracom que as próprias empresas vinculavam os temas materiais com os ODS. Foramassociados somente os ODS que tinham o maior número de concordância entretodos os relatórios analisados.
67
Ficha técnica
SPITZECK, H; GUIMARAES, S.; COSTA, M.T.; VANI, J.C.;MAGALHAES, C.R.; MARQUES, L.F.; LOPEZ, L. (2019) Relatóriode Benchmarking de Sustentabilidade no Setor Bancário,Fundação Dom Cabral, NovaLima. Editoração Stéphannie Guimarães.
68