INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA
INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO DE COIMBRA
O CONTRIBUTO DA GESTÃO DE COMPRAS
ESTUDO DE CASO
Diana Carina Martins das Neves
Coimbra
outubro de 2015
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INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA
INSTITUTO SUPERIOR DE ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE
DE COIMBRA
O CONTRIBUTO DA GESTÃO DE COMPRAS
ESTUDO DE CASO
Diana Carina Martins das Neves
Projeto submetido ao Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra para
obtenção do grau de Mestre em Controlo de Gestão, sob orientação de Lúcia Maria
Rodrigues dos Santos.
Coimbra
outubro de 2015
4
RESUMO
A gestão de compras é cada vez mais uma peça fundamental na competitividade das
organizações. É o departamento de compras que mais influencia o stock da empresa e a
relação com os clientes, abrindo caminho ao sucesso desta. Para chegar a esse objetivo, é
necessário conhecer este departamento a fundo.
A preocupação com a melhoria contínua da qualidade dos produtos e/ou serviços oferecidos
por uma empresa é uma realidade. Uma forma eficaz de controlar este ponto é mediante a
gestão da cadeia de abastecimento (supply chain management), que encadeia o
planeamento, a gestão e a coordenação do fluxo de materiais e informações desde o
fornecedor até ao consumidor final, tendo como objetivo último a satisfação do cliente.
Este estudo foi desenvolvido numa empresa portuguesa especializada em ferramentas,
máquinas e equipamentos orientados para as áreas da construção, bricolage, jardim,
proteção e iluminação, sendo que o departamento selecionado foi o das compras.
A pesquisa incidiu neste departamento pela sua importância na empresa, no sentido em que
a otimização das compras permite identificar despesas desnecessárias, minimizar perdas e
eliminar desperdícios, criando dessa forma um fator de diferenciação face à concorrência.
O objetivo deste trabalho consiste em examinar o departamento de compras da empresa em
estudo, de forma a comprovar o seu contributo na promoção e garantia de vantagem
competitiva para a empresa.
PALAVRAS CHAVES: compras, Stock, Cadeia de Abastecimento, Riscos
iv
5
ABSTRACT
Purchase management is growing stronger when it comes to company competitiveness.
Purchase department is the one which most influences a company stock as well as customer
relationships, leading the way to the company’s success. To reach this goal, it is necessary
to be well aware of this department.
The concerning with quality continuous improvement when it comes to products and/or
services provided by a company is a reality. An effective way of controlling this matter is
through supply chain management which links planning, management and flux
coordination of materials and information from supplier to consumer, having customer
satisfaction as the final goal.
This study was developed in a Portuguese company specialized in tools, equipments and
machines aimed for construction area, DIY, garden, safety and electricity items, with focus
on the purchase department.
The research aimed at this department for its importance in the company, due to the fact
that purchase optimization can identify unnecessary expenses, minimize loss and eliminate
waste, creating, therefore, a differentiating factor towards competition.
The aim of this work is to examine the purchase department of this company in order to
show its contribution towards the promotion and assurance of competitive advantage for
the company.
KEY WORDS: Purchase, Stock, Supply Chain, Risks
v
6
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AS/400 Application System 400
AS/NZS 4360 Norma Australiana / Neozelandesa
CMR Convention relative au Contrat de Transport International de
Marchandises par Route
COSO Commitee od Sponsoring Organizations
DIY Do It Yourself
EMM Equipamento de Monitorização e Medição
EPI Equipamento de Proteção Individual
ERM Enterprise Risk Management
FERMA Federation of European Risk Management Associations
IBM International Business Machines
IEFP Instituto de Emprego e Formação Profissional
IIA Institute of Internal Auditors
ISO International Standard Organization
JIT Just In Time
NP EN ISO 9001:2008 Norma Portuguesa European Norm International Standard
Organization
PALOP Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa
POS Point of Sale
SGA Sistema de Gestão de Armazéns
SGQ Sistema de Gestão da Qualidade
vi
7
ÍNDICE
ÍNDICE DE QUADROS ................................................................................................................... x
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................................... xi
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 12
CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 15 1.1. A Gestão da Cadeia de Abastecimento ............................................................................. 15
1.1.1. Tipologias Genéricas da Cadeia de Abastecimento ...................................................... 15
1.1.2. Planeamento Agregado da Cadeia de Abastecimento ................................................... 16
1.2. A Gestão de Compras........................................................................................................ 17
1.2.1. O Processo de Compras ................................................................................................ 17
1.2.2. Características do Departamento de Compras .............................................................. 21
1.2.3. Estratégias de Compras ................................................................................................. 22
1.3. A Gestão de Stocks ............................................................................................................ 23
1.3.1. Modelos de Gestão de Stocks ........................................................................................ 23
1.3.1.1. Modelos Determinísticos .......................................................................................... 24
1.3.1.2. Modelos Estocásticos ................................................................................................ 26
1.3.2. JIT ................................................................................................................................. 28
1.3.3. Sistemas de Classificação de Stocks.............................................................................. 28
1.3.4. Custos de Stocks ............................................................................................................ 29
1.4. A Gestão do Risco .............................................................................................................. 30
1.4.1. Definição e Importância da Gestão do Risco ................................................................ 31
1.4.2. As Metodologias da Gestão do Risco ........................................................................... 31
1.4.2.1. COSO II – ERM ......................................................................................................... 32
1.4.2.2. ISO31000 ................................................................................................................... 34
1.4.2.3 Diferenças entre o COSO ERM e a ISO 31000 ......................................................... 35
1.4.3. A Gestão do Risco no Departamento de Compras ......................................................... 36
CAPÍTULO II – OBJETIVOS E METODOLOGIA................................................................... 38
2.1. Questões da Investigação ................................................................................................... 38
2.2. Objetivos ............................................................................................................................ 38
2.2.1. Gerais ............................................................................................................................ 38
vii
8
2.2.2. Específicos .................................................................................................................... 38
2.3. Metodologia ....................................................................................................................... 39
2.4. Recolha e Análise de Dados ............................................................................................... 40
CAPÍTULO III – CARATERIZAÇÃO DA EMPRESA ............................................................. 42
3.1. Breve Origem e Evolução Histórica da Empresa ............................................................... 42
3.2. Negócio, Mercados e Produtos .......................................................................................... 43
3.3. Organigrama ....................................................................................................................... 45
3.4. Visão, Missão, Valores ..................................................................................................... 48
3.5. Política de Qualidade ........................................................................................................ 49
3.6. Principais Processos de Gestão ......................................................................................... 49
3.6.1. Processos de Gestão do Sistema da Qualidade ............................................................. 51
3.6.2. Processos de Gestão do Departamento Comercial ........................................................ 52
3.6.3. Processos de Gestão do Departamento de Marketing ................................................... 54
3.6.4. Processos de Gestão do Departamento de Compras ..................................................... 56
3.6.5. Processos de Gestão do Armazém e Picking ................................................................ 58
3.6.6. Processos de Gestão de Expedição / Distribuição ......................................................... 59
3.6.7. Processos de Gestão de Infraestruturas ......................................................................... 61
3.6.8. Processos de Gestão do Departamento de Recursos Humanos ..................................... 62
3.6.9. Processos de Gestão do Departamento Administrativo ................................................ 63
3.7. Gestão do Risco .................................................................................................................. 64
3.8. Sistema de Informação ........................................................................................................ 65
CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO ......................................................................................... 68 4.1. Objetivos do Estudo ............................................................................................................ 68
4.1.1. Objetivos Gerais ............................................................................................................ 68
4.1.2. Objetivos Específicos .................................................................................................... 69
4.2. Âmbito do Estudo .............................................................................................................. 69
4.3. Metodologia do Estudo ...................................................................................................... 69
4.4. Explicação do Estudo ......................................................................................................... 70
4.4.1. Tomada de Conhecimento e Apreciação do Funcionamento do Departamento de
Compras ........................................................................................................................................ 70
4.4.1.1. Necessidade de Compra ........................................................................................... 71
4.4.1.2. Elaboração da Encomenda ....................................................................................... 72
4.4.1.3. Transporte da Encomenda ........................................................................................ 73
viii
9
4.4.1.4. Receção da Encomenda ............................................................................................ 74
4.4.1.5. Avaliação de Fornecedores ...................................................................................... 75
4.4.2. Avaliação da Gestão do Risco e do Sistema de Controlo Interno ................................. 78
4.4.2.1. Análise dos Riscos do Processo de Compras .......................................................... 78
4.4.3. Indicadores de Desempenho ........................................................................................ 90
4.5. Principais Conclusões do Estudo de Caso.......................................................................... 98
CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 100
RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................... 101
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 104
ANEXO .......................................................................................................................................... 106
ix
10
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro n.º 1: As Fases do Processo de Compras 18
Quadro n.º 2: Estratégias de Compras 22
Quadro n.º 3: Modelos de Gestão de Stocks 24
Quadro n.º 4: Métodos de Gestão de Stock (Modelos Determinísticos) 25
Quadro n.º 5: Métodos de Gestão de Stock (Modelos Estocásticos) 26
Quadro n.º 6: Gamas de Produtos 44
Quadro n.º 7: Principais Funções dos Órgãos do Organigrama 45
Quadro n.º 8: Descrição das Fases do Processo de Gestão do Sistema da Qualidade 51
Quadro n.º 9: Descrição das Fases do Processo do departamento Comercial 53
Quadro n.º 10: Descrição das Fases do Processo do Departamento de Marketing 54
Quadro n.º 11: Descrição das Fases do Processo do departamento de compras 56
Quadro n.º 12: Descrição das Fases do Processo de Gestão do Armazém e Picking 58
Quadro n.º 13: Descrição das Fases do Processo de Expedição / Distribuição 60
Quadro n.º 14: Descrição das Fases do Processo de Infraestruturas 61
Quadro n.º 15: Descrição das Fases do Processo de Gestão de Recursos Humanos 62
Quadro n.º 16: Descrição das Fases do Processo do Departamento Administrativo 64
Quadro n.º 17: Objetivos Gerais 68
Quadro n.º 18: Objetivos Específicos 69
Quadro n.º 19: Classe de Fornecedores 76
Quadro n.º 20: Avaliação Qualitativa de Fornecedores 76
Quadro n.º 21: Grelha de Avaliação Qualitativa de Fornecedores 77
Quadro n.º 22: Análise de Riscos 79
Quadro n.º 23: Recomendações 87
Quadro n.º 24: Indicadores de Desempenho 90
x
11
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura n.º 1: Cubo COSO 34
Figura n.º 2: Evolução de Vendas 2013-2014 44
Figura n.º 3: Organigrama da Empresa do Estudo de Caso à data de 31/12/2014 46
Figura n.º 4: Fases do Processo de Gestão do Sistema da Qualidade 51
Figura n.º 5: Fases do Processo do departamento Comercial 52
Figura n.º 6: Fases do Processo do Departamento de Marketing 54
Figura n.º 7: Fases do Processo do departamento de compras 56
Figura n.º 8: Fases do Processo de Gestão de Armazém e Picking 58
Figura n.º 9: Fases do Processo de Expedição / Distribuição 59
Figura n.º 10: Fases do Processo de Infraestruturas 61
Figura n.º 11: Fases do Processo de Recursos Humanos 62
Figura n.º 12: Fases do Processo do Departamento Administrativo 63
Figura n.º 13: Fases do Processo de Compras 71
xi
12
INTRODUÇÃO
As transformações económicas experienciadas a partir do século XXI, particularmente no
final de 2008, deixaram muitas empresas em posição de fragilidade, mostrando quão volátil
e incerto é o universo financeiro. A crise financeira iniciada pelo mercado imobiliário
norte-americano rapidamente se expandiu ao resto do mundo, tornando-se global. Instalou-
se a noção de que nada é garantido e nenhum negócio está a salvo. O universo financeiro
tornou-se um espaço global, no qual a proliferação de empresas é constante, todavia apenas
as mais fortes sobrevivem. Para isso, é necessário que haja fatores diferenciadores.
Vivemos numa época de acesso imediato à informação em que a procura é maior do que a
oferta e, portanto, a competição é feroz. As empresas necessitam de mostrar capacidade de
resposta mas com riscos calculados, logo, a gestão dos recursos deve ser uma temática
sempre na mente das organizações.
Com o fenómeno da globalização e com a adoção de novas tecnologias, houve áreas dentro
das empresas que ganharam maior destaque. Neste estudo, salientamos a importância do
departamento de compras ao nível organizacional. Este setor passou de uma atividade
meramente rotineira de aquisição de produtos para uma área de importância estratégica para
as organizações. O objetivo principal do departamento de compras é coordenar e
monitorizar o fluxo contínuo de fornecimento, de modo a corresponder às necessidades de
produção; comprar os materiais aos melhores preços, mantendo a qualidade e a quantidade;
e servir os interesses da empresa (Simchi-Levi et al, 2009).
Uma gestão de compras eficaz e eficiente deverá promover o aumento da produtividade e a
qualidade dos produtos e serviços prestados, além de aumentar também o lucro, a satisfação
dos clientes e a vantagem competitiva das entidades.
Dentro de uma empresa, o departamento de compras influencia diretamente o desempenho
financeiro da empresa, visto que incorpora a maioria da despesa investida num negócio,
sendo, por isso, uma ferramenta indispensável e determinante para o sucesso da mesma.
13
Neste estudo, foram estabelecidos dois objetivos primordiais:
a realização de um estudo ao departamento de compras de uma empresa do setor de
importação de ferragens e ferramentas e;
o exame do seu contributo para promover e garantir vantagem competitiva na
referida empresa.
A análise destes objetivos tem o intuito de responder às questões:
a empresa dispõe e utiliza ferramentas adequadas que garantam a adequação do
departamento de compras?
o departamento contribui positivamente para promover e garantir a vantagem
competitiva na empresa?
Para este efeito, foram recolhidos dados resultantes de:
observação directa do funcionamento dos departamentos considerados relevantes
para o estudo, assim como dos seus procedimentos e funções;
entrevistas informais e questionários realizados aos responsáveis do departamento
de compras e a outros colaboradores pertinentes para o estudo;
análise de documentos da empresa como notas de encomenda, faturas, folhas de
conferência, provas de pagamento e também os seus manuais e regulamentos
internos.
O trabalho realizado foi dividido em quatro secções, cuja explicação será feita infra.
Capítulo I – Revisão da Literatura: este capítulo apresenta uma abordagem teórica sobre
as temáticas desenvolvidas neste estudo. Neste capítulo podemos ler sobre a gestão de
compras e a gestão de riscos.
Capítulo II – Metodologia e Objetivos: este capítulo apresenta a metodologia utilizada na
elaboração deste trabalho, as questões de investigação que se procuram responder, assim
como os objetivos que se pretendem cumprir neste estudo.
Capítulo III – Caracterização da Empresa: este capítulo apresenta a empresa em estudo
ao nível da sua história, processos de gestão, gestão de risco e sistemas de informação.
14
Capítulo IV – Estudo de Caso: este capítulo apresenta a recolha, sistematização e análise
de toda a informação considerada relevante para a elaboração deste estudo. Neste capítulo
inclui-se a apreciação do funcionamento do departamento de compras, a avaliação da
gestão de risco e do sistema de controlo interno e a análise de indicadores.
A parte final do trabalho apresenta as recomendações, limitações e conclusões.
15
CAPÍTULO I – REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo reúne uma síntese e interpretação dos estudos e trabalhos disponíveis sobre a
gestão de compras, o departamento de compras e o processo de compras. Uma vez que este
não se trata de um tema isolado, foram igualmente abordados conceitos relacionados como
a gestão da cadeia de abastecimento, a gestão de stocks, e, ainda, a gestão de riscos cuja
aplicação será feita no capítulo final do estudo de caso.
1.1. A Gestão da Cadeia de Abastecimento
Segundo Carvalho et al (2012, p.69), “[…] as empresas que implementaram com sucesso a
Gestão da Cadeia de Abastecimento possuem dois objetos em comum. Em primeiro lugar,
pensam sobre a Cadeia de Abastecimento como um todo, ao invés de manterem a visão
focalizada internamente. Em segundo lugar, perseguem resultados de aumento de volume
de vendas (mais valor para o cliente), melhor utilização dos ativos e redução de custos.”
Assim, os objetivos da cadeia de abastecimento apresentam-se como a otimização de
recursos e a diminuição de tempos de resposta com vista à satisfação dos clientes.
Mas em que consiste a cadeia de abastecimento? Tal como o próprio nome indica, a cadeia
agrega todas as ações ou atividades interligadas para satisfazer o objetivo do abastecimento.
Por ser um conceito tão intrincado, a cadeia de abastecimento apresenta algumas tipologias
que, seguidamente, são descritas genericamente.
1.1.1. Tipologias Genéricas da Cadeia de Abastecimento
Existem vários tipos de necessidades em cada empresa e para cada uma existe um tipo de
cadeia de abastecimento. Gupta (1997) distingue três tipos:
cadeias intensivas na distribuição – o tempo de resposta é curto, o stock é mínimo e
otimizar os custos de produção é prioritário; visível em produtos de grande
consumo, retalho e distribuição;
cadeias intensivas na produção – o tempo de encomenda-entrega é curto, o nível de
cumprimento dos serviços é elevado, maximizam-se os ativos industriais; visível em
produtos químicos, vidro e papel;
16
cadeias intensivas no aprovisionamento – pratica-se a manutenção de stocks baixos,
devido aos custos dos componentes comprados; visível em eletrónica de consumo e
automóvel.
1.1.2. Planeamento Agregado da Cadeia de Abastecimento
“O planeamento agregado da Cadeia de Abastecimento visa decidir sobre questões como e
onde produzir, quando e quanto produzir, que produtos armazenar, onde, em que
quantidade, que meios de transporte utilizar e com que frequência, que informação e
sistemas e tecnologias de informação selecionar, entre outras questões, não numa
perspetiva de uma organização isolada e «cercada» a montante pelos seus fornecedores e a
jusante pelos seus clientes, mas numa perspetiva mais ampla, alargada e integrada com
todos os intervenientes da Cadeia de Abastecimento.” (Carvalho et al, 2012, p.123).
O planeamento de uma cadeia de abastecimento pode ser estratégico, tático ou operacional,
dependendo se se pretende que os objetivos sejam cumpridos a longo, médio ou curto
prazo. O planeamento estratégico pressupõe um investimento financeiro avultado, com
impactos significativos na empresa, a longo prazo (Carvalho et al, 2012), e abarca decisões
como a conceção de produtos, a seleção de fornecedores ou parceiros comerciais e
localização de sedes, fábricas e armazéns (Simchi-Levi et al, 2009). O planeamento tático é
pensado a médio prazo, procurando fazer a ponte entre o planeamento operacional e o
planeamento estratégico. É neste tipo de planeamento que se corrige o desenho prático se
este não estiver alinhado com a estratégia desenvolvida. Este tipo de planeamento engloba
decisões como a alocação e distribuição de recursos em função dos mercados em que atuam
e o planeamento de campanhas e promoções (Carvalho et al, 2012). Finalmente, o
planeamento operacional abrange decisões a curto prazo, normalmente tomadas no dia-a-
dia. É neste plano que se executam as medidas delineadas ao nível estratégico e ajustadas
ao nível tático. São decisões como o planeamento das frotas de distribuição, a receção de
mercadoria ou a satisfação de pedidos de clientes (Simchi-Levi et al, 2009).
Podemos verificar que os três níveis de planeamento trabalhando desde o fornecedor até ao
cliente unem esforços para otimizar toda a cadeia de abastecimento.
17
1.2. A Gestão de Compras
A gestão de compras é a atividade mais importante na cadeia de abastecimento, pois
encerra a responsabilidade da satisfação das necessidades da empresa, face às exigências do
mercado. Em linhas gerais, a gestão de compras é responsável pela aquisição de materiais e
serviços considerando “[...] materiais com qualidade correta, na quantidade certa, no
instante certo e ao preço correto, da fonte certa para entrega no local correto. “ (Pozo,
2010, p.139).
A gestão de compras é cada vez mais uma atividade estratégica desenvolvida dentro da
empresa pelo que, para cumprir a sua função de forma eficaz, o gestor de compras deve
demonstrar bons conhecimentos do produto que se propõe comprar, para poder comparar e
negociar com o fornecedor, de forma a fechar o melhor negócio para a empresa (Carr et al,
2002). O objetivo primordial da gestão de compras é então conciliar os objetivos de
aquisições da empresa com as expectativas dos fornecedores.
1.2.1. O Processo de Compras
O processo de compras compreende uma sequência de ações com o objetivo final de
aquisição de bens ou serviços. Segundo Gonçalves (2010), o número e a complexidade das
ações a tomar varia consoante a dimensão da empresa. Genericamente podemos dividir o
processo de compras em oito fases ou estágios (Lysons, 1990):
análise e identificação das necessidades;
definição das necessidades;
pesquisa dos fornecedores;
solicitação de propostas;
avaliação de propostas;
adjudicação, seguimento e receção de encomenda;
ordem de pagamento;
avaliação de fornecedores.
18
Quadro n.º 1: As Fases do Processo de Compras
Fase Descrição
Análise e
Identificação das
Necessidades
No processo de análise e de identificação das necessidades de compra da
empresa, torna-se imprescindível conhecer exatamente a gama de produtos
em falta, o prazo e a quantidade do fornecimento necessário. Para isso, é
necessário saber como estão os stocks e fazer uma previsão das vendas para
determinado período.
Atualmente, é possível organizar o sistema de encomendas por datas e
quantidades, ou seja, o sistema informático dispara quando se atinge o
stock mínimo e é necessário fazer uma nova encomenda. No entanto,
existem produtos sazonais. Nestes casos, a qualidade e os preços variam,
logo, é necessário estudar a melhor altura de compra.
Questões que devem ser consideradas quando se identifica uma
necessidade de compra:
Qual é o histórico de vendas do produto?
Qual o prazo de validade do produto?
Que quantidade deve ser adquirida, a que ritmo e durante quanto tempo?
Há limitações a nível de armazenamento?
Há limitações financeiras para a aquisição do produto?
A entrega deve ser feita sempre no mesmo local ou em vários?
O produto implica manutenção técnica?
Definição das
Necessidades
Depois de definida a necessidade de compra, efetua-se o pedido de compra,
na qual se especificam todos os aspetos técnicos e económicos da
necessidade verificada. O pedido da compra deve ser revisto e corrigido, a
fim de ser enviado aos fornecedores sem erros nem omissões.
Pesquisa dos
Fornecedores
Face à necessidade de compra, o comprador pesquisa e seleciona os
fornecedores que mais se enquadram, utilizando ficheiros de materiais e
serviços. Caso não exista já uma base de dados, o comprador terá de iniciar
a sua pesquisa do zero e posteriormente enviar as consultas aos novos
fornecedores.
Solicitação de
Propostas
As consultas devem indicar o prazo para receção das propostas e os
critérios de seleção.
Avaliação de
Propostas
Depois de recebidas as propostas dos fornecedores, deve elaborar-se um
mapa comparativo, onde se indicam todas as variáveis da consulta e se
cruzam as ofertas dos fornecedores, com a finalidade de serem comparadas
e analisadas, com vista à adjudicação da encomenda ao fornecedor que
apresentou a melhor proposta, segundo os critérios estabelecidos.
(Continua)
19
Quadro n.º 1: As Fases do Processo de Compras (Continuação)
Adjudicação,
Seguimento e
Receção de
Encomenda
Antes da fase de adjudicação, a encomenda pode ser negociada. De entre o
conjunto de fornecedores selecionados pode solicitar-se uma nova proposta
com melhores condições de oferta.
A melhor proposta levará à adjudicação da encomenda, não impedindo a
sua renegociação.
A formalização da encomenda é sempre redigida em documento próprio da
empresa, normalmente editado por via informática. Este documento,
denominado encomenda ou nota de encomenda, será enviado ao fornecedor
por e-mail ou fax.
No seguimento da encomenda, o comprador tem a responsabilidade de
garantir o cumprimento do prazo de entrega. Para isso, deve manter
contacto frequente com o fornecedor, o transportador, o despachante, e
todos os demais intervenientes, no sentido de acompanhar o fornecimento
desde a origem até ao destino, identificar eventuais problemas e evitar
possíveis atrasos.
Depois de rececionada a mercadoria no armazém, a nota de entrega deve
ser analisada pelo comprador. Mediante a fatura previamente enviada pelo
fornecedor, o comprador verifica e confirma se o material foi entregue em
conformidade com todos os requisitos da encomenda (quantidade,
qualidade, prazo, preço, …). Qualquer não-conformidade deve ser
imediatamente comunicada ao fornecedor, devendo também manter-se um
registo interno da ocorrência, com vista à sua solução.
Ordem de
Pagamento
Depois da conferência, por parte das compras, de que a encomenda foi
recebida segundo os parâmetros negociados ou depois de tratadas todas as
reclamações, o departamento Financeiro é autorizado a tratar do
pagamento.
Avaliação de
Fornecedores
No final do processo de compras, o desempenho do fornecedor é avaliado a
fim de se decidir se passa a ser um fornecedor regular ou se não é viável
para a empresa adjudicar mais encomendas. Os parâmetros normalmente
considerados são:
certificação (do fornecedor e do produto fornecido - bens tangíveis
e serviços);
competência técnica;
criatividade e soluções inovadoras;
divulgação de informação técnica;
flexibilidade à mudança de especificações;
aceitação de quantidades variáveis de encomenda;
competência técnico-comercial dos vendedores;
disponibilidade dos vendedores;
assistência pré-venda;
assistência pós-venda;
percentagem de rejeições em materiais não certificados;
percentagem de atrasos nas entregas;
evolução dos preços relativamente à média do mercado;
condições de pagamento;
evolução dos prazos relativamente à média do mercado;
proximidade geográfica.
Fonte: Adaptado de Lysons (1990), Moya (2007), Pozo (2010) e Carvalho et al (2012)
20
Conforme se verifica pelo quadro supra, uma peça fundamental na gestão de compras é o
fornecedor. Os eleitos são aqueles capazes de apresentar o melhor preço, qualidade,
capacidade de fornecimento e localização. A localização dos fornecedores interessa
particularmente à Logística, que gere todo o transporte das mercadorias, sendo irrelevante
se o transporte é contratado pelo fornecedor ou comprador. Importante sim é o tempo
necessário para obter as mercadorias, assim como a taxa de cumprimento do prazo de
entrega.
Pelo contrário, a inadequação de dados técnicos, o incumprimento de prazos, o fraco
desempenho e os preços indevidos causam transtorno ao processo operacional, gerando
atrasos na produção, falta de qualidade, custos acrescidos e insatisfação do cliente (Pozo,
2010).
Assim sendo, podemos estabelecer como objetivos do departamento de compras:
a) gestão do abastecimento que permita o fluxo de produção;
b) coordenação dos fluxos com o mínimo de investimentos em stocks;
c) compra de materiais e produtos a preços reduzidos, obedecendo a parâmetros pré-
definidos de qualidade, prazos e preços;
d) atenção ao desperdício e obsolescência de materiais, avaliando e sondando o
mercado;
e) crescimento da empresa, facilitando uma posição competitiva, mediante
negociações justas;
f) manutenção de parceria com os fornecedores selecionados.
21
1.2.2. Características do Departamento de Compras
“O setor de compras ocupa uma posição importante na maioria das organizações, pois
peças, componentes e suprimentos comprados representam, em geral, entre 40 a 60% do
valor final das vendas de qualquer produto. Isto significa que reduções de custos
relativamente baixas conquistadas no processo de aquisição de materiais podem ter um
impacto bem maior sobre os lucros do que aperfeiçoamentos semelhantes noutras áreas de
custos e vendas da organização.” (Ballou, 2006, p. 357).
Os ganhos obtidos pelo departamento de compras não seriam possíveis sem o
estabelecimento de relações com outras áreas funcionais da empresa, para além dos
fornecedores externos (Trent et al, 1994). As operações constituem a principal fonte de
pedidos para materiais adquiridos, portanto é necessária uma cooperação estreita entre este
departamento e o das compras. Para que as compras sejam eficazes é necessário comunicar
cancelamentos, alterações nas especificações ou alterações nas quantidades ou prazos de
entrega. O departamento de compras pode necessitar da ajuda do departamento jurídico
para redação de contratos com os fornecedores. A contabilidade é responsável pelos
pagamentos aos fornecedores e deve ser informada aquando da chegada dos artigos, de
modo a poder usufruir de eventuais descontos. Os departamentos de design e engenharia
normalmente preparam as especificações dos materiais que devem ser comunicadas ao
departamento de compras.
Devido ao contacto com os fornecedores, o departamento de compras normalmente está em
posição de passar informação sobre novos produtos e melhoria de materiais ao
departamento de design. Da mesma forma, ambos os departamentos podem trabalhar em
conjunto para determinar se alterações em especificações, design ou materiais podem
reduzir o custo dos artigos adquiridos (Carvalho et al, 2012).
Os fornecedores trabalham em estreita colaboração com o departamento de compras para
estarem ao corrente dos materiais e características dos mesmos em futuras compras, sendo
considerados para isso a qualidade, a quantidade e o prazo. As compras também devem
22
avaliar o fornecedor em termos de custos e confiança, por exemplo. As boas relações com
fornecedores podem ser importantes em encomendas urgentes ou alterações de última hora
e os fornecedores disponibilizam uma boa fonte de informação sobre a melhoria de
produtos e materiais (Stevenson, 2005).
As informações que permitem decidir as quantidades e os prazos de entrega do produto
final podem ser classificadas em duas categorias (Moya, 2007):
qualitativas - quando intervém a opinião da administração, dos vendedores, dos
compradores e mediante pesquisas de mercado;
quantitativas - quando é considerada a evolução das vendas anteriores.
Em muitas organizações, a previsão de stocks é uma faculdade adquirida com o tempo
(know-how) e a experiência aplicados da melhor forma para suprir as necessidades da
empresa.
1.2.3. Estratégias de Compras
Existem inúmeras estratégias de compras mediante as quais as empresas procuram
concretizar os seus objetivos. As mais comuns e importantes são apresentadas no quadro
infra.
Quadro n.º 2: Estratégias de Compras
Estratégia Descrição
Otimização da
Base de
Fornecedores
Neste processo procura-se quantificar e qualificar os fornecedores a manter.
Pode envolver eliminação e redução mas também substituição dos
fornecedores, caso estes não cumpram os requisitos necessários. Com esta
ação espera-se a seleção dos melhores fornecedores e a redução de custos,
que deverá traduzir-se na melhoria do desempenho.
Global Sourcing Esta estratégia pressupõe a globalização do fornecimento, ou seja, os
fornecedores poderão estar em qualquer local do mundo. Com uma gestão
bem organizada, é possível reduzir custos, melhorar as fontes de
abastecimento e estabelecer alianças noutros mercados.
Desenvolvimento
de Parcerias
O desenvolvimento de parcerias envolve um investimento por parte do
comprador e do fornecedor, com vista à satisfação de ambas as partes. Esta
estratégia caracteriza-se pelo número reduzido de fornecedores,
normalmente eleitos os melhores e mais antigos da base, que estão mais
dispostos a colaborar com a estratégia das empresas.
Fonte: Adaptado de Carvalho et al (2012)
23
1.3. A Gestão de Stocks
“É importante que se consiga otimizar o investimento, aumentando o uso eficiente dos
meios financeiros, minimizando as necessidades de capital investido em stocks.”
(Gonçalves, 2010, p.314).
Segundo o autor, a gestão de compras mantém uma estreita ligação com a gestão de stocks
uma vez que o objetivo passa por assegurar a aquisição dos produtos e/ou serviços de modo
a que, idealmente, o stock nunca deixe de cumprir com as necessidades da empresa. Neste
âmbito, podemos destacar duas funções básicas. Uma é estabelecer um sistema de controlo
dos artigos em stock, outra é tomar decisões relativamente à quantidade e época/tempo de
fazer encomendas.
Segundo Stevenson (2005), para ser eficiente, a gestão deve cumprir os seguintes
requisitos:
1. possuir um sistema de controlo de stock em caixa e sob encomenda;
2. prever de forma fidedigna da procura que inclua indicação de possíveis erros de
previsão;
3. conhecer os lead times, ou seja, o tempo entre a confirmação da encomenda e o
recebimento da mesma, e a variação dos mesmos;
4. estimar razoavelmente os custos de manutenção de stock, custos de encomenda e receção
e custos de falta de stock;
5. possuir um sistema de classificação dos artigos.
1.3.1. Modelos de Gestão de Stocks
“Gestão de stocks é o conjunto das técnicas empregues para garantir que os stocks de
matérias-primas e outros abastecimentos, trabalho em curso e produtos finais são mantidos
a níveis que garantam um nível de assistência máxima custando o mínimo.” (Lysons, 1990,
p.118).
24
Podemos considerar dois tipos de stocks (Carvalho et al, 2012):
stock de segurança – o excedente que evita a rutura de stock, fazendo face a
possíveis contratempos;
stock cíclico – a aquisição em maior quantidade para obter preços mais reduzidos.
Para gerir o stock, existem dois modelos que compreendem diferentes métodos de gestão de
stocks.
Quadro n.º 3: Modelos de Gestão de Stocks
Modelo Método
Determinístico Quantidade Fixa
Período de Pedido Variável
Período de Pedido Fixo
Quantidade Variável
Planeamento de Pedidos
Estocástico Contagem Contínua
Contagem Periódica
Fonte: Elaboração própria
O modelo determinístico compreende uma procura e uma oferta exata, ou seja, as
quantidades e os prazos de entrega das encomendas não variam, pelo que são constantes. O
modelo estocástico compreende uma procura e uma oferta incertas, o que pode originar
situações de rutura de stocks. Neste tipo de modelo, convém manter um stock de segurança
para fazer face à imprevisibilidade tanto das quantidades como dos prazos de entrega
(Carvalho et al, 2012).
1.3.1.1. Modelos Determinísticos
Nos três métodos apresentados, o stock é reposto em tempo controlado, de modo
instantâneo ou gradual.
25
Quadro n.º 4: Métodos de Gestão de Stock (Modelos Determinísticos)
Método Descrição
Quantidade
Económica de
Encomenda
Caracteriza-se pela encomenda da quantidade que garante o menor custo.
Neste método são ponderados o custo de stock e o custo de encomenda.
Quantidade
Económica de
Encomenda com
Descontos de
Quantidade
Para além do custo de stock e o custo de encomenda, neste método é
introduzido o custo de aquisição anual. A vantagem deste método é o
desconto comercial associado à quantidade encomendada.
Quantidade
Económica de
Encomenda sem
Reposição
Instantânea de
Stock
Caracteriza-se pela entrada e saída de stock em simultâneo, por não haver
reposição instantânea do stock.
Fonte: Adaptado de Stevenson (2005), Moya (2007) e Carvalho et al (2012)
A quantidade económica de encomenda reflete o equilíbrio entre os custos de manutenção e
os custos de fazer a encomenda. Se o volume da encomenda variar, um dos custos
aumentará enquanto o outro diminui. Por exemplo, se uma encomenda for pequena, o stock
médio será baixo, logo os custos de manutenção também. No entanto, pequenas
encomendas geram encomendas frequentes, o que aumentará o custo anual destas
encomendas. Proporcionalmente, grandes encomendas em intervalos esporádicos resultam
em baixos custos anuais, todavia o nível médio de stock mantém-se alto, gerando grandes
custos de manutenção. Assim, a solução ideal é fazer encomendas equilibradas, nem muito
grandes nem muito pequenas (Stevenson, 2005; Carvalho et al, 2012).
O impacto do desconto comercial na quantidade económica de encomenda com descontos
de quantidade reflete-se da seguinte forma em três tipos de custos:
diminuição do custo de aquisição anual que, por sua vez, diminui o custo de
aquisição unitário e mantém a quantidade de aquisição anual;
diminuição do custo de encomenda anual em virtude de um volume de encomendas
menor, com maior quantidade encomendada;
aumento do custo de stock em função da quantidade encomendada, que será maior
devido à compensação obtida.
26
“O desconto comercial de quantidade só será compensatório se a diminuição do custo de
aquisição anual e do custo de encomenda anual for superior ao aumento do custo de posse
de stock anual.” (Carvalho, 2012, p.260).
No método da quantidade económica de encomenda sem reposição instantânea de stock, a
reposição é constante. “Nesta situação, o stock máximo nunca atinge a quantidade de
encomenda, uma vez que ao mesmo tempo que essa quantidade vai gradualmente dando
entrada em stock, a procura vai ocorrendo. O stock máximo, e consequentemente o stock
médio, vai depender da relação entre a taxa de procura e a taxa de abastecimento. Quanto
maior for o valor do rácio entre a taxa de procura e a taxa de abastecimento, menor será o
stock máximo em armazém (e consequentemente o stock médio). A taxa de abastecimento
tem de ser superior à taxa de procura para que não exista situação de rutura de stocks […]”
(Carvalho, 2012, p.265).
1.3.1.2. Modelos Estocásticos
Para Lysons (1990), Stevenson (2005) e Carvalho et al (2012), a contagem de stock pode
ser periódica ou contínua.
Quadro n.º 5: Métodos de Gestão de Stock (Modelos Estocásticos)
Método Descrição
Contagem
Periódica
(intervalo de
tempo fixo,
quantidade
variável)
A contagem é feita num período estipulado (semanal ou mensal) para
decidir a quantidade a encomendar de cada artigo. A partir desta contagem,
o gestor estima a procura do artigo antes do próximo período de entrega,
baseando a quantidade a encomendar nessa informação.
Contagem
Contínua
(quantidade fixa,
intervalo de
tempo variável)
As saídas de stock são controladas numa base contínua e assim o sistema
fornece informação sobre o nível de stock de cada artigo. Quando um artigo
atinge uma quantidade mínima pré-determinada, o sistema dispara e alerta
para fazer uma nova encomenda.
Fonte: Adaptado de Lysons (1990), Stevenson (2005) e Carvalho et al (2012)
27
Uma vantagem da contagem periódica é que ocorrem muitas encomendas em simultâneo e
isso pode gerar economia de recursos, durante o processo e expedição das encomendas. No
entanto, são mais as desvantagens. Por exemplo, a falta de controlo entre as contagens e
também a falta de precaução contra faltas entre os períodos de contagem, devendo para
isso, manter um stock de segurança.
Um benefício óbvio da contagem contínua é o controlo fornecido pela contínua
monitorização das saídas de stock. Outra vantagem são as encomendas de quantidade fixa,
nas quais o gestor pode determinar uma quantidade ótima de encomenda. Uma
desvantagem é o custo adicional da manutenção dos registos. Para além disso, continua a
ser necessário fazer uma contagem física contínua do stock para evitar possíveis erros,
danos, roubos e outros fatores que possam reduzir o montante efetivo de stock. As
transações bancárias são um exemplo de registo contínuo das alterações ao stock
(Stevenson, 2005; Carvalho et al, 2012).
Os stocks servem para satisfazer os pedidos dos clientes, pelo que é essencial ter
estimativas realistas acerca da quantidade e tempo de entrega das encomendas. É crucial
uma boa relação entre as previsões e a gestão de stocks.
Os sistemas Point of Sale (POS) registam o volume real de vendas. O conhecimento deste
valor pode ser uma ferramenta crucial na previsão e gestão de stocks. Disponibilizando
informação sobre a procura real em tempo real, estes sistemas permitem à gestão fazer
quaisquer alterações para um stock mais rentável. Este tipo de sistemas é cada vez mais
utilizado e considerado uma importante ferramenta na eficiência e eficácia da gestão de
stocks, sendo colocada à disposição dos fornecedores (Stevenson, 2005).
28
1.3.2. JIT
Just-in-time (JIT) é um conceito criado pelo Japão, nos anos 50, cujo objetivo é limitar a
produção e montagem ao estritamente necessário, otimizando o stock de materiais ao
máximo. Para que este sistema funcione, é necessário que todos os produtos encomendados
sejam entregues no local, data e quantidade exatos. Isto é possível se existir uma boa rede
de fornecedores. Segundo Lysons (1990), devem existir relações cordiais com os
fornecedores para que estes entendam a importância de lead times curtos. Para isso, é
importante a pesquisa de fornecedores com uma distância geográfica curta, de modo a
agilizar os tempos de trânsito.
O estabelecimento de boas relações com os fornecedores também contribui para melhores e
mais rentáveis negócios, na medida em que as encomendas se fecham mais cedo, com
compra de maiores quantidades a preços mais competitivos. Alguns dos fatores que vão de
encontro às expetativas dos fornecedores e que agilizam o processo de compra são:
a manutenção de hábitos de encomendas;
as previsões exatas das necessidades de encomendas;
a coerência das especificações dos produtos;
a minimização das alterações das encomendas;
a emissão regular de notas de encomenda;
o pagamento a pronto.
1.3.3. Sistemas de Classificação de Stocks
Os artigos que compõem um stock não têm todos o mesmo grau de importância em termos
de investimento, potencial de lucro, volume de vendas ou utilização ou penalizações de
falta de stock. Cada artigo em stock detém uma importância relativa. O sistema ABC
classifica o stock de acordo com a sua importância, geralmente calculada com base nas
vendas e no custo do artigo. Assim, um artigo pertence à classificação A quando é muito
importante, B quando é moderadamente importante e C quando é menos importante. No
entanto, o número de categorias pode variar de empresa para empresa, consoante o grau de
diferenciação pretendido.
29
O sistema ABC também pode ser utilizado como guia para contagens cíclicas, ou seja,
contagens físicas dos artigos em stock. O objetivo é reduzir as discrepâncias entre as
quantidades indicadas pelos registos do stock e as quantidades reais existentes.
A precisão é importante porque a falta dela pode levar ao mau funcionamento das
operações, fraco atendimento aos clientes e custos desnecessários de manutenção de stock
elevado. Estas contagens são feitas mais do que uma vez por ano, reduzindo os custos de
contagens imprecisas, dando oportunidade de corrigir as causas dessas imprecisões
(Stevenson, 2005).
1.3.4. Custos de Stocks
Stevenson (2005) e Lysons (1990), concordam na enumeração de custos básicos associados
aos stocks: a manutenção, a transação (fase de encomenda) e o défice. A manutenção
refere-se ao stock físico em armazém. Os custos incluem juros, seguros, impostos,
depreciações, obsolescências, deterioração, danos, roubos e custos de armazenamento
(aquecimento, luz, aluguer, segurança). Também incluem custos de oportunidade
associados a fundos que poderiam ser utilizados noutros investimentos que não o stock.
A significância de cada um dos componentes descritos depende do tipo de artigo mantido
em stock. Equipamentos eletrónicos como máquinas fotográficas, calculadoras, televisores
ou mesmo automóveis estão mais sujeitos a roubo. Produtos alimentares como carnes e
marisco, alimentos produzidos ou cozinhados estão sujeitos a uma rápida deterioração.
Produtos láteos, molhos, medicamentos, pilhas e filmes também apresentam uma vida útil
limitada. Normalmente, os custos de manutenção anuais variam entre 20 e 40% do valor do
artigo (Stevenson, 2005).
Os custos de transação são os custos de fazer uma encomenda e recebê-la. Incluem
determinação da quantidade a encomendar, preparação de faturas, transporte, inspeção e
verificação da mercadoria à chegada, relativamente à quantidade e à qualidade e
movimentação da mercadoria para armazenamento temporária.
30
Quando uma empresa produz o próprio stock, os custos de funcionamento das máquinas
são análogos aos custos de encomenda, ou seja, têm um custo fixo por produção,
independentemente do volume da produção.
Os custos de défice resultam quando a procura excede o stock em caixa. Estes custos
podem incluir custos de oportunidade de não efetuar uma venda, perda de clientes,
penalizações por atrasos, entre outros. Além disso, se o défice ocorrer com um artigo de
uso interno (por exemplo, para fornecer uma linha de montagem), o custo de não produção
é considerado custo de défice. Estes custos podem atingir centenas de euros em minutos.
Os custos de défice são muitas vezes difíceis de calcular e a sua estimativa pode ser
subjetiva.
1.4. A Gestão do Risco
Na literatura, existem diversas definições de risco e gestão de risco. Para este estudo, foram
selecionadas as consideradas mais pertinentes.
Segundo a norma ISO 31000 (2009), risco é o efeito da incerteza sobre os objetivos
traçados pela empresa.
O COSO (2004) define risco como a possibilidade de um evento ocorrer e afetar
nefastamente a realização dos objetivos definidos. Os eventos podem ser fruto de fontes
internas ou externas à empresa, podendo causar impactos positivos e/ou negativos.
A FERMA (2003) considera o risco a combinação da probabilidade de um acontecimento e
das suas consequências.
Para o IIA (2009), o risco representa a possibilidade da ocorrência de um evento que possa
influenciar o alcance de objetivos.
Da leitura destas quatro definições constata-se que correr riscos é uma realidade a que as
empresas estão sujeitas. Deste modo, é imprescindível que as empresas tomem ações no
sentido de gerir e controlar os riscos, bem como a probabilidade da sua ocorrência.
31
Para isso, devem implementar um sistema de gestão de risco para, não só minimizar os
riscos mas também transformá-los em oportunidades, de forma a criar valor para a empresa.
1.4.1. Definição e Importância da Gestão do Risco
O conceito de gestão de risco surge pela primeira vez num artigo publicado no Harvard
Business Review, em 1956, como um conjunto de meios que visam a identificação, a
avaliação e o reporte do risco das empresas (Beja, 2004). Neste estudo, foram selecionadas
definições mais recentes.
O COSO ERM (2004) define a gestão de risco como um processo que deve ser executado
pelos órgãos de gestão, extensível a toda a organização, segundo a estratégia delineada pela
empresa.
Segundo a FERMA (2003), a gestão de risco caracteriza-se como um processo contínuo e
em constante desenvolvimento, que deve ser aplicado à estratégia da empresa.
O importante a reter é que as empresas devem apostar e implementar um sistema de gestão
de risco de modo a identificar e controlar a ocorrência de riscos, transformando-os em
oportunidades, criando valor para a empresa.
1.4.2. As Metodologias da Gestão do Risco
No que concerne a gestão de risco, existem várias metodologias que convergem no mesmo
sentido, de modo a uniformizar conceitos e processos para a implementação da gestão de
riscos. Destacam-se as seguintes:
Norma de Gestão de Riscos da FERMA - Risk Management Standard (2002) -
Federation of European Risk Management Associations;
Norma de Gestão de Riscos Australiana - AS/NZS 4360 (2004) - Risk Management
Guidelines;
Gestão de Risco Empresarial – ERM: Enterprise Risk Management Framework
(2004), COSO;
ISO 31000 (2009) - International Organization for Standardization.
32
Para este estudo, destacamos as metodologias que consideramos mais relevantes,
nomeadamente o COSO ERM (2004) e a ISO 31000 (2009).
1.4.2.1. COSO II – ERM
O COSO ERM é um modelo que pretende elucidar as empresas quanto à definição,
identificação, avaliação e gestão de riscos, de forma a que estes não comprometam os
objetivos estratégicos da empresa e, consequentemente, a criação de valor. O modelo deve
ser implementado em toda a organização, de modo decrescente. A gestão deve ser capaz de
determinar o nível de incerteza que a empresa pode aceitar, assim como os riscos que
enfrenta, para poder identificá-los, medi-los e estabelecer prioridades. Depois desta
avaliação, a gestão irá definir um tratamento para os riscos, de acordo com a estratégia
definida para a empresa.
O COSO ERM (2004) estabelece que a estrutura de gestão de risco é definida com o
propósito de alcançar os objetivos propostos dentro de uma empresa. Estes são
classificados em quatro categorias:
estratégicos;
operacionais;
relato;
conformidade.
Os objetivos estratégicos estão relacionados com a visão e a missão. Os operacionais
referem-se ao uso eficiente e eficaz dos recursos da empresa. Os objetivos de relato refere-
se à informação reportada e, finalmente os objetivos de conformidade dizem respeito ao
cumprimento de leis e regulamentos.
Além das quatro categorias de objetivos identificadas, existem ainda oito componentes
interrelacionadas. Se os objetivos definem as metas a atingir, as componentes são os meios
necessários para atingir os objetivos. De acordo com este modelo, as componentes de
gestão do risco são:
33
o ambiente interno – onde se define o risco que a empresa pode aceitar;
a definição de objetivos – que deve estar alinhada com a missão e com o risco que a
empresa pode aceitar;
a identificação de eventos – que se caracteriza pela enumeração de ações internas ou
externas que possam afetar o cumprimento dos objetivos;
a avaliação do risco – que deve ser analisado segundo a probabilidade de ocorrência
para depois se gerir o seu impacto; aqui devem ser analisados o risco inerente e o
risco residual;
a resposta ao risco – que é o tratamento que a gestão aplica aos riscos, depois de
identificados e avaliados: evitar, aceitar, reduzir ou partilhar;
as atividades de controlo – que são as políticas, os procedimentos e as práticas que
certificam que as respostas ao risco são implementadas;
a informação e a comunicação – que se caracteriza pela identificação e divulgação
dos princípios estratégicos da empresa;
a monitorização – que deve ser efetuada e, sempre que se justifique, alterada de
acordo com os princípios e necessidades da empresa.
Este processo não é sequencial mas interativo, ou seja, qualquer componente pode
influenciar a outra e não apenas a seguinte. Por outro lado, existe uma relação direta entre
objetivos e componentes, conforme se pode verificar pela figura infra.
34
Figura n.º 1: Cubo COSO
Fonte: Enterprise Risk Management — Integrated Framework. COSO (2004)
Este modelo apresenta, todavia, algumas limitações:
podem ocorrer falhas ou erros humanos na análise de resposta ao risco;
os órgãos de gestão podem ignorar as decisões da gestão de risco;
os controlos podem ser contornados.
Estas limitações podem representar um obstáculo no cumprimento dos objetivos definidos
pela empresa.
1.4.2.2. ISO31000
A ISO 31000, publicada em 2009, surgiu da necessidade de criar uma norma internacional
que integrasse e padronizasse conceitos, terminologias, processos e pressupostos
específicos para a gestão de riscos, de forma a auxiliar as empresas a estruturar e
implementar um sistema de gestão de risco de forma eficiente e eficaz.
Esta norma é suficientemente abrangente para ser aplicada a qualquer tipo de empresa,
independentemente das suas dimensões ou setor de atividade.
35
De entre os seus objetivos, destacam-se:
aumentar a probabilidade de a empresa atingir os seus objetivos;
identificar e tratar os riscos passíveis de existir na empresa;
cumprir os requisitos legais e as normas internacionais;
melhorar a confiança dos stakeholders;
melhorar os controlos;
melhorar a identificação de ameaças e oportunidades;
melhorar a eficácia e a eficiência operacionais.
A norma ISO 31000 explica que todas as empresas, de todas as dimensões, lidam com
fatores tanto internos como externos, que criam o fator incerteza. O risco é o efeito que a
incerteza cria nos objetivos das empresas. Cabe à gestão do risco diminuir essa incerteza e
também calcular as probabilidades de determinados eventos ocorrerem e as consequências
que podem representar para os objetivos da empresa.
1.4.2.3 Diferenças entre o COSO ERM e a ISO 31000
A grande diferença entre a ISO 31000 e o COSO ERM reside na forma como tratam a
avaliação e a gestão de risco. A ISO 31000 dá maior enfoque às consequências da
ocorrência de determinado evento, ao passo que o COSO ERM se centra mais nos eventos
do que nas consequências.
Das diferenças apontadas por Preis (2011), destacamos as descritas abaixo:
a ISO 31000 define o risco como a incerteza perante os objetivos definidos pela
organização enquanto que o COSO ERM define o risco como um efeito negativo na
consecução dos objetivos;
a ISO 31000 pode ser aplicada a qualquer empresa por ter uma abordagem mais
abrangente e simplificada ao passo que o COSO ERM apresenta uma aplicação
mais restrita e complexa.
36
1.4.3. A Gestão do Risco no Departamento de Compras
A gestão do risco na cadeia de abastecimento tem como objetivo: estimular as boas
práticas, como por exemplo, incutir no stakeholder a eliminação do desperdício; melhorar
as relações entre os intervenientes na cadeia de abastecimento; procurar o equilíbrio entre o
risco estratégico e a recompensa das pessoas, recursos e capacidades (Singh, 2014).
Desta forma, a gestão do risco na cadeia de abastecimento pode ser considerada a melhor
prática para minimizar quaisquer impactos na empresa. Na cadeia de abastecimento, em
particular durante o processo de compras, encontram-se intervenientes como fornecedores,
fabricantes, grossistas e revendedores responsáveis por diversas funções como gestão de
material, de produção e de informação. Estas ações geram riscos como o de fornecimento,
de processo, de propriedade intelectual, de política e de finanças que, a qualquer momento
podem afetar a rentabilidade e sobrevivência do negócio.
Por esta razão, é necessário instituir um suporte para os processos que compõem o processo
de compras, de modo a identificar riscos-chave e a gerir, mitigar e minimizar o seu impacto
no desempenho da empresa (Singh, 2014).
Este suporte pode ser constituído por:
stocks de segurança: serve para mitigar o impacto dos riscos causados por atrasos na
entrega das mercadorias ou produtos não conformes, por exemplo;
variedade de fornecedores: serve para existir alternativa de fornecimento a fim de
reduzir o risco de não abastecimento caso haja falhas por parte de um dos
fornecedores; também permite criar a competição entre eles, de modo a obter
melhores condições.
37
De entre os riscos mais comuns num departamento de compras, podemos salientar:
riscos inerentes ao fornecedor
riscos inerentes ao mercado
riscos inerentes ao produto
riscos inerentes ao macro-ambiente
Os riscos inerentes ao fornecedor englobam o risco inerente ao mercado, que por sua vez, é
uma parte dos riscos associados ao produto. A quarta categoria engloba todos os riscos não
contemplados pelas categorias anteriores, ou seja, incluem-se riscos decorrentes de
alterações na sociedade como preocupações ambientais.
As organizações que implementam um sistema de gestão de riscos no seu departamento de
compras podem obter inúmeros benefícios na medida em que este oferece uma melhoria no
foco do risco, além de promover uma melhor mitigação deste. Outros benefícios incluem a
eliminação de custos inesperados e a redução da quebra nos stocks.
38
CAPÍTULO II – OBJETIVOS E METODOLOGIA
2.1. Questões da Investigação
A sociedade contemporânea é cada vez mais exigente e competitiva. A quebra ou mesmo
queda de pequenas e grandes empresas pode estar associada à dificuldade constante de se
manter no mercado globalizado. Fatores como a volatilidade dos preços de algumas
matérias-primas e mercadorias, as dificuldades associadas à negociação com fornecedores
de países e culturas diversos, contribuem para aumentar os riscos associados às transações
comerciais. Por isso é relevante estudar e compreender a importância da função de compras
na empresa sujeita ao estudo.
Neste, pretende-se dar resposta às questões:
a empresa dispõe e utiliza ferramentas adequadas que garantam a adequação do
departamento de compras?
o departamento contribui positivamente para promover e garantir a vantagem
competitiva na empresa?
2.2. Objetivos
2.2.1.Gerais
O presente projecto visa dois objetivos gerais. O primeiro consiste na realização de um
estudo ao departamento de compras de uma empresa do setor de importação de ferragens e
ferramentas e, o segundo pretende examinar o seu contributo para promover e garantir
vantagem competitiva na referida empresa.
2.2.2. Específicos
Este projecto visa ainda satisfazer os seguintes objetivos específicos:
conhecer a empresa sujeita ao estudo por via do seu negócio, dos seus sistemas de
controlo de gestão e de controlo interno;
39
conhecer o funcionamento do departamento de compras da empresa e os processos
de gestão relevantes para o estudo e, em particular, o processo de compras;
sistematizar as vantagens de um departamento de compras eficaz e eficiente;
apreciar o sistema de informação do departamento de compras;
apreciar o contributo do departamento de compras para garantir vantagem
competitiva.
2.3. Metodologia
Com vista à satisfação dos objetivos definidos no ponto 3.2. supra, a presente análise foi
realizada seguindo a metodologia qualitativa e o método do estudo de caso na empresa
examinada, com vista à sua caracterização e à realização de um exame ao departamento de
compras, em contexto real numa empresa.
Os dados a recolher foram qualitativos e obtidos junto da empresa e resultaram de:
observação directa das funções, dos procedimentos e das transacções;
entrevistas informais realizadas aos responsáveis do departamento de compras e
aos colaboradores considerados relevantes para o estudo;
análise de documentos da empresa, incluindo os seus manuais e regulamentos
internos.
Entendendo-se que, “[…] os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que
significa ricos em fenómenos descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas, e de
complexo tratamento estatístico.” (Bogdan e Bilken, 1994).
Neste estudo foram considerados os seguintes passos (Torock et al, 1997):
definição do âmbito do estudo - na qual foi selecionado um determinado
departamento para análise das atividades desenvolvidas;
planeamento, preparação e organização – depois de definido o âmbito do estudo, foi
desenvolvido um plano de ação onde foram descritos os passos a seguir para
execução da análise referida;
40
reunião de fatos e atualização da documentação – esta fase engloba a acumulação de
toda a informação pertinente referente ao departamento em estudo. Esta informação
é recolhida mediante correspondência, políticas e procedimentos e por entrevistas
aos colaboradores da empresa;
pesquisa e análise – esta fase acumula a evidência e os factos necessários para
apoiar o relatório final;
relatório – a fase final do estudo inclui o resumo do trabalho desenvolvido, a
descrição do âmbito do estudo, o relato detalhado das principais conclusões e a
sugestão das alternativas disponíveis para minimizar ou eliminar os problemas
encontrados.
Neste âmbito, pretendeu-se:
desenvolver uma pesquisa e sistematização bibliográfica relevante que permita
compreender o tema, incluindo o seu contributo para promover e garantir vantagem
competitiva na empresa;
a realização de entrevistas informais aos responsáveis dos departamentos da
empresa mais relevantes para este estudo, previamente seleccionados, com o intuito
de conhecer e compreender os sistemas de controlo interno e de gestão do
departamento de compras, e ainda do sistema de informação pertinente;
a recolha e a validação dos dados obtidos junto da empresa examinada que seguirá
o método da consulta de documentos, registos em arquivo, observação direta e
participante das tarefas da empresa, apreciação dos processos da gestão e dos
procedimentos de controlo implementados. (Yin, 2008).
2.4. Recolha e Análise de Dados
Para este estudo foram recolhidos e analisados pedidos de cotação, notas de encomenda,
adjudicações de transporte, faturas, notas de entrega ou folhas de conferência e
comprovativos de pagamentos.
41
Mediante a pesquisa e entrevistas realizadas aos participantes neste projeto, foi possível
concluir que, de facto, são necessários métodos e critérios para o cumprimento das tarefas
não só no departamento de compras mas em todos os departamentos da empresa. O estudo
dos processos da empresa e a elaboração do mapa dos mesmos facilitam a identificação e
controlo dos riscos iminentes.
A recolha de dados permitiu identificar as dificuldades e erros cometidos pelo que se torna
mais fácil apresentar recomendações que sirvam os interesses da empresa.
42
CAPÍTULO III – CARATERIZAÇÃO DA EMPRESA
A empresa sobre a qual incide este estudo é de origem nacional e é especializada na
importação e comercialização de ferramentas, máquinas e equipamentos orientados para as
áreas da construção, bricolage, jardim, proteção e iluminação. A comercialização de
marcas próprias e a constante aposta em artigos inovadores, apoiados por uma organizada
rede de vendedores e distribuidores, permite uma oferta de qualidade e de melhoria
contínua de produtos e serviços com o objetivo prioritário de proporcionar a satisfação e
fidelização dos clientes.
Dispõe de modernas instalações robotizadas e de um modelo organizacional funcional
composto por uma equipa de profissionais especializados, cujo lema é servir a empresa e os
seus clientes. Desta forma, a empresa permite-se exercer a sua atividade segundo os mais
elevados padrões de qualidade.
A estratégia da empresa foca-se na criação de valor para o cliente, apostando na
manutenção de preços competitivos, design de produtos mais moderno e apelativo,
desenvolvimento e melhoria do serviço pós-venda.
3.1. Breve Origem e Evolução Histórica da Empresa
Esta empresa surge a partir da reestruturação de uma outra empresa, na sequência da
aquisição total de quotas por parte de um dos sócios. A empresa tem início, tal como é
conhecida atualmente, na década de 80, na zona norte do país, onde se mantém.
A aquisição de novos negócios e exploração de outros tipos de mercado permitiu o
crescimento rápido da empresa, facilitando a expansão do negócio. Apostando na
importação e comercialização por grosso de máquinas e ferramentas, a empresa aumentou o
seu capital e o seu volume de negócios de tal forma, que mudou as instalações três vezes.
43
No final da década de 90, a empresa passou a sociedade anónima, com um capital social de
2.100.000 Euros e um volume de negócios de 20.000.000 Euros.
O crescente sucesso comercial obriga, mais uma vez, à deslocação da sede. Neste sentido,
foi projetado um novo espaço moderno e funcional, no qual a grande novidade introduzida
foi um sistema de armazenamento autoportante totalmente robotizado, com o intuito de
assegurar um controlo mais eficaz e eficiente do stock em caixa, e também facilitar a
receção e execução de encomendas.
O número e configuração dos cais de carga e descarga também foi concebido de modo a
facilitar e incrementar a receção e expedição de mercadorias, visto que veio possibilitar o
aumento de cargas e descargas em simultâneo, rentabilizando o investimento feito. Este
espaço, com uma área aproximada de 20.000m2, foi inaugurado em 2009.
3.2. Negócio, Mercados e Produtos
Situada na zona norte de Portugal, a crescente expansão de mercados tem sido uma
consequência do sucesso da empresa. Com frota de distribuição própria e uma forte equipa
de vendas em toda a Península Ibérica, a empresa assegura a sua preponderância em
Portugal Continental e Ilhas, Espanha e alguns PALOP, como, por exemplo, Cabo Verde,
Moçambique e Angola. Apesar de algum decréscimo de vendas nos PALOP, a força
comercial tem vindo a aumentar na Península Ibérica, como é possível verificar nos
gráficos infra.
44
Figura n.º 2: Evolução de Vendas 2013-2014
Fonte: Adaptado do Mapa de Vendas da Empresa à data de 31/12/2014
Um dos fatores diferenciadores da empresa é a aposta na comercialização de marca própria
seguindo uma lógica de melhoria e evolução constantes, de forma a acompanhar as
necessidades dos mercados crescentes. Atualmente, a empresa dispõe de gamas que
abrangem as mais diversas áreas, conforme demonstrado no quadro n.º 6 infra.
Quadro n.º 6: Gamas de Produtos
Gama Produto
Ferramenta Manual e
Ferragens Parafusos, Porcas e Anilhas
Betumadeiras e Trinchas
Chaves Crescentes e Alicates
Ferramenta Elétrica Rebarbadoras
Berbequins
Serras
Ferramenta Mecânica Compressores
Geradores
Máquinas de Lavar de Alta Pressão
Automóvel Elevadores de Veículos e Macacos
Almotolias
Carregadores de Baterias
Soldadura Soldadores
Máscaras e Luvas de Soldador
Soldas
(Continua)
53% 27%
20%
Vendas 2013
Portugal Espanha PALOP
59%
32%
9%
Vendas 2014
Portugal Espanha PALOP
45
Quadro n.º 6: Gamas de Produtos (Continuação)
Ferramentas Agrícolas e
de Jardim Motoenxadas
Pulverizadores
Roçadouras
Aprovisionamento Porta-paletes e Gruas
Escadotes
Armários e Estantes
Proteção e Sinalização Auscultadores, Máscaras e Óculos
Coletes Refletores
Cones e Correntes
Material Elétrico Extensões e Fichas Elétricas
Multímetros
Chaves Busca-polos
Iluminação Focos e Lanternas
Candeeiros
Lâmpadas
Artigos para o Lar Estufas Pellets
Mata-moscas e Mosquitos
Kits Primeiros Socorros
Fonte: Adaptado dos Catálogos da Empresa à data de 31/12/2014
3.3. Organigrama
Na empresa em estudo, todas as decisões em todos os departamentos, antes de efetivadas,
são reportadas à Administração. Este órgão intervém, assim, em todas as decisões
estratégicas e operacionais, estabelecendo contato direto com todos os colaboradores. O
organigrama infra ilustra de que forma a empresa está organizada. Sempre que necessário,
a organização é modificada de forma a permitir uma melhor gestão.
46
Figura n.º 3: Organigrama da Empresa do Estudo de Caso à data de 31/12/2014
Fonte: Adaptado do Manual da Qualidade da Empresa à data de 31/12/2014
Quadro n.º 7: Principais Funções dos Órgãos do Organigrama
Órgão Funções
Administração Supervisão de todos os departamentos
Representação da empresa em atos oficiais
Definição dos objetivos e planeamento estratégico
Departamento da
Qualidade Implementação e manutenção dos processos necessários ao
Sistema de Gestão da Qualidade
Acompanhamento do tratamento de reclamações
Acompanhamento de Ações Corretivas e Ações Preventivas
Departamento de
Sistemas de
Informação
Funcionamento e manutenção dos equipamentos de comunicação
Resolução de problemas na área da informática
Funcionamento e manutenção do hardware e software
Assistente de
Administração Apoio na elaboração de documentos para a administração
Distribuição do e-mail geral
Gestão do economato
Assessor de
Administração Gestão de encomendas, créditos e faturação
Gestão do mercado internacional
Negociação com bancos
(Continua)
47
Quadro n.º 7: Principais Funções dos Órgãos do Organigrama (Continuação)
Órgão Funções
Departamento
Comercial Deslocações para compras com fornecedores nacionais e
estrangeiros
Deslocações para vendas com clientes nacionais e estrangeiros
Apoio a vendedores e clientes
Vendedores Gestão da carteira de clientes (cobranças)
Angariação de novos clientes
Apresentação dos produtos da empresa a clientes
Assistentes
Comerciais Receção de encomendas a clientes
Introdução de encomendas no sistema de gestão
Apoio geral de atividades associadas à faturação
Órgão Funções
Departamento de
Marketing Criação do layout de catálogos
Elaboração de folhetos
Desenvolvimento do design das embalagens dos produtos
comercializados
Assistentes de
Marketing Tradução de manuais
Elaboração de catálogos e fichas técnicas
Desenvolvimento do design das embalagens dos produtos
comercializados
Órgão Funções
Departamento
Financeiro Gestão de tesouraria
Pagamento a fornecedores
Pagamento de salários
Contabilistas Elaboração de todas as demonstrações financeiras
Gestão de todas as atividades da área contabilística e fiscal
Controlo financeiro
Assistentes
Financeiros Gestão de cobranças e pagamentos
Acompanhamento das contas-correntes dos clientes e fornecedores
Criação de fichas de cliente
Órgão Funções
Departamento de
compras Gestão de compras (contatos com fornecedores, procedimentos
administrativos, transporte)
Receção e conferência de encomendas a fornecedores
Criação de fichas de fornecedores
(Continua)
48
Quadro n.º 7: Principais Funções dos Órgãos do Organigrama (Continuação)
Órgão Funções
Armazém Organização da logística
Gestão do armazém
Gestão de produtos não conforme ou irregularidades antes, durante e
após carga e descarga de mercadorias
Assistentes de
Armazém Conferência à receção da mercadoria com o documento de
transporte
Receção e conferência de devoluções
Organização da mercadoria no armazém a granel
Operadores de
Picking Processamento de encomendas
Embalagem dos produtos
Preparação de cargas
Órgão Funções
Departamento de
Recursos Humanos Gestão da carteira de seguros
Gestão de contratos de colaboradores
Recrutamento, acolhimento e formação de colaboradores
Assistentes
Administrativas Atendimento telefónico e presencial
Gestão da correspondência
Apoio administrativo a todos os departamentos, em geral
Fonte: Adaptado das Fichas de Funções dos departamentos da Empresa à data de 31/12/2014
3.4. Visão, Missão, Valores
A visão da empresa prende-se com a importação e comercialização de ferramentas,
máquinas e equipamentos para construção, bricolage, jardim e iluminação à escala nacional
e internacional, em busca da excelência e a satisfação dos clientes.
Quanto à missão, esta empresa baseia-se no trabalho em equipa, no desafio constante e no
profissionalismo com a intenção clara de fornecer a melhor e mais completa solução ao seu
alcance, englobando produto, serviço e preço. Os objetivos são a consecução sustentável
dos seus compromissos comerciais, a união e empenho dos colaboradores, a manutenção da
liderança e de marca de confiança e, em última análise, a satisfação total do cliente.
Esta empresa é pautada pelos valores do trabalho e da confiança, da disciplina e da
ambição, do rigor e da qualidade, da competência e da competitividade.
49
3.5. Política de Qualidade
A Política da Qualidade elenca os princípios pelos quais a empresa se rege no que respeita à
cultura organizacional. É seguido um modelo de gestão orientado para a melhoria contínua
com o intuito da satisfação dos objetivos globais da empresa.
Os princípios que se seguem ilustram o compromisso para a qualidade desta empresa.
Manutenção de uma postura de honestidade e de ética na relação com o cliente, com
os fornecedores e com os colaboradores;
aposta na prestação de serviços com qualidade e no cumprimento de prazos;
transparência no relacionamento com todos os stakeholders;
formação contínua dos seus colaboradores e estímulo ao trabalho em equipa;
resposta às mais recentes exigências do mercado;
melhoria contínua de todos os processos mediante a aquisição de equipamentos
inovadores;
comprometimento com os requisitos legais e normativos aplicáveis, assim como
com a melhoria contínua da eficácia do Sistema de Gestão da Qualidade, segundo a
Norma ISO 9001:2008.
3.6. Principais Processos de Gestão
Os principais processos de gestão e o sistema de controlo interno foram formalizados e
documentados no âmbito do sistema de gestão da qualidade através do manual da
qualidade. Este manual foi elaborado pela Direção da Qualidade, sob orientação e
aprovação da Administração.
O sistema de gestão da empresa é baseado na metodologia de abordagem por processos
inter-relacionados e interatuantes. Esta metodologia visa um enquadramento que permita a
compreensão das suas interações e a determinação do seu desempenho, através de
indicadores adequados. A sua determinação e prossecução efetuam-se regularmente, de
acordo com o definido no mapa de indicadores, com o objetivo de melhorar continuamente
a eficiência e a eficácia dos processos e, consequentemente, da empresa.
50
Os processos identificados e descritos de acordo com esta metodologia foram agrupados
em três grupos:
Processos de Gestão - relacionados com a gestão;
Processos de Negócio – diretamente relacionados com a realização do produto/
prestação do serviço;
Processos de Apoio – dão suporte aos restantes processos, assegurando os recursos
necessários.
A descrição dos processos foi realizada tendo por base uma matriz de processo onde são
definidos:
os inputs, os outputs e as atividades principais de cada processo;
as funções que executam e/ou participam em cada uma das atividades;
os documentos e meios que são necessários à execução de cada atividade;
os registos resultantes de cada atividade.
Cada processo tem um gestor, identificado na matriz de processo, que é responsável pelo
seu desempenho e por concretizar os seus objetivos, ao qual cabe:
assegurar a implementação do processo;
promover a melhoria do desempenho do processo;
assegurar a medição do(s) respetivo(s) indicador(es);
assegurar a realização das atividades, de acordo com o descrito na matriz de
processo, mantendo-a atualizada;
responder pelo processo em auditoria.
O conjunto de processos que caracterizam as atividades da empresa e o seu sistema de
gestão da qualidade encontram-se representados pelos quadros infra.
51
3.6.1. Processos de Gestão do Sistema da Qualidade
O processo de gestão do sistema da qualidade tem como objetivo descrever a metodologia
para assegurar a conformidade do sistema de gestão da qualidade com os requisitos da NP
EN ISO 9001:2008, avaliar a sua eficácia e promover a melhoria contínua do desempenho,
tendo como gestor a Direção da Qualidade.
Figura n.º 4: Fases do Processo de Gestão do Sistema da Qualidade
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Quadro n.º 8: Descrição das Fases do Processo de Gestão do Sistema da Qualidade
Fase Descrição
Planeamento do
Sistema de
Gestão da
Qualidade
Anualmente é feito o planeamento das atividades de manutenção do
sistema.
O planeamento é efetuado no programa anual, bem como o respetivo
acompanhamento.
Definição da
Política de
Qualidade
Anualmente e aquando da revisão do sistema é feita a revisão à Politica
da Qualidade.
Definição dos
Objetivos da
Qualidade
Com o acompanhamento dos indicadores, é feita a monitorização dos
objetivos do ano transato sendo traçados os objetivos para o ano
seguinte.
Controlo de
Documentos Na lista de documentos, é feito o controlo de documentos, registos e
dados, e estão definidos a emissão e controlo de documentos e registos,
de modo a evidenciar a conformidade dos requisitos e a eficiente
operacionalidade do SGQ.
(Continua)
Planeamento do SGQ
Definição da Política
de Qualidade
Definição dos
Objetivos da
Qualidade
Controlo de Documento
s
Realização de
Auditorias Internas da Qualidade
Resolução de
Problemas
Definição e Acompanha
mento de Indicadores
Avaliação da
Satisfação dos Clientes
Revisão do SGQ
52
Quadro n.º 8: Descrição das Fases do Processo de Gestão do Sistema da Qualidade (Continuação)
Realização de
Auditorias
Internas da
Qualidade
A calendarização das auditorias internas é efetuada no programa anual.
Resolução de
Problemas No dia-a-dia, poderão ocorrer situações anómalas e, por isso, o seu
tratamento e acompanhamento encontra-se descrito, de acordo com os
casos, nos respetivos procedimentos.
Definição e
Acompanhamento
de Indicadores
Para avaliar o desempenho de cada processo são definidos indicadores,
sendo o seu acompanhamento efetuado de acordo com o previsto no
programa anual e no mapa de indicadores.
Avaliação da
Satisfação dos
Clientes
De acordo com o estipulado no respetivo procedimento e com o
planeamento é feita a avaliação da satisfação dos clientes.
Revisão do
Sistema de
Gestão da
Qualidade
A revisão do SGQ é feita após a conclusão das auditorias anuais.
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
3.6.2. Processos de Gestão do Departamento Comercial
O processo de gestão do departamento comercial tem como objetivo descrever metodologia
associada à atividade comercial na empresa, tendo como gestor a Direção Comercial.
Figura n.º 5: Fases do Processo do Departamento Comercial
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Definição da Política de Vendas
Planeamento da
Atividade Comercial
Gestão da Carteira de
Clientes
Elaboração de
Propostas
Receção de Encomenda
s
Faturação
Acompanhamento dos
Recebimentos
53
Quadro n.º 9: Descrição das Fases do Processo do Departamento Comercial
Fase Descrição
Definição da
Política de
Vendas
De acordo com a estratégia comercial (aumento das vendas e satisfação
dos clientes), ainda com a identificação de novos produtos, áreas de
atuação e promoções, serão criados os respetivos documentos de
suporte elaborados pelo departamento de marketing.
Planeamento da
Atividade
Comercial
Mensalmente é efetuada uma reunião com a equipa comercial para
ponto de situação dos trabalhos e atualização de produtos, dando
particular relevo às novidades.
Gestão da
Carteira de
Clientes
O planeamento das visitas aos clientes está a cargo do comercial em
sintonia com a Administração. Sempre que aplicável a comunicação
com o cliente é apoiada pelo departamento comercial.
Para a abertura de novos clientes, o comercial recolhe informação que é
enviada para a sede da empresa para validação ou não e início da
atividade com o cliente e registo dos respetivos elementos no sistema
informático.
A ficha de cliente é atualizada sempre que aplicável.
Elaboração de
Propostas
Cabe à Administração a gestão da informação a integrar nas propostas e
promoções para apresentar aos clientes. Em caso de revisão é validada a
ultima proposta apresentada. Sempre que aplicável poder-se-á proceder
a ajustamentos de preços em acordo com o cliente.
Para clientes especiais a empresa poderá funcionar como central de
compras. Nesta situação e havendo um acordo prévio com alguns
fornecedores, estes podem fazer entrega direta de mercadoria junto
destes clientes mediante autorização prévia da empresa.
Faturação No departamento comercial são analisadas e tratadas as faturas e / ou
guias que necessitem de tratamento especial (por exemplo: conjunto de
produtos, alteração de preços e faturação de guias).
Daí segue para a expedição.
Acompanhamento
dos
Recebimentos
Cabe ao responsável de cobranças o acompanhamento da conta
corrente do cliente e respetiva articulação com o comercial.
Pelo menos uma vez por mês é entregue aos comerciais a listagem de
cobranças atualizada.
Após o recebimento é efetuada a respetiva regularização da conta
corrente do cliente.
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
54
3.6.3. Processos de Gestão do Departamento de Marketing
O processo de gestão do departamento de marketing tem como objetivo descrever a
metodologia para ilustração de embalagens e promoção do artigo de marcas próprias, tendo
como gestor a Direção de Marketing.
Figura n.º 6: Fases do Processo do Departamento de Marketing
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Quadro n.º 10: Descrição das Fases do Processo do Departamento de Marketing
Fase Descrição
Receção da
Fatura Proforma
Com a receção da cópia da fatura proforma, o colaborador de marketing
articula com o fornecedor, solicitando todos os dados técnicos do artigo:
fotografias; medidas das embalagens, fichas de seguranças e fichas
técnicas (quando aplicável). É ainda solicitado o manual ao fornecedor.
Com a receção dos elementos solicitados o colaborador de marketing
verifica os conteúdos.
Criação da
Embalagem
Após a receção dos elementos e com base nas orientações internas
“Normas de Embalagens”, inicia-se o design do produto.
Com a conclusão do design, o ficheiro é salvo em formato de curvas e
enviado para o fornecedor via e-mail com conhecimento da
Administração.
Verificação da
Ilustração
Antes da impressão o fornecedor envia o ficheiro final em JPEG para
verificação pelo departamento de marketing, seguindo-se a confirmação
para a impressão pelo fornecedor.
No final da encomenda é solicitado ao fornecedor a declaração de
conformidade original (quando aplicável).
(Continua)
Receção da Fatura
Proforma
Criação da Embalagem
Verificação da
Ilustração
Elaboração do Manual
do Equipament
o
Receção da Embalagem
Captação da Imagem
Elaboração da Ficha de
Artigo
Atualização de
Catálogos
Elaboração do Livro de Promoções
55
Quadro n.º 10: Descrição das Fases do Processo do Departamento de Marketing (Continuação)
Elaboração do
Manual do
Equipamento
Com base no modelo do “Manual de Instruções” o colaborador de
marketing elabora o manual com tradução em Português, Inglês e
Espanhol, bem como os respetivos certificados, declarações de
conformidade e garantias.
De forma a que a documentação anterior se mantenha atualizada, do
ponto de vista legal, é feita uma consulta prévia online aos sites:
http://www.enterpriseeuropenetwork.pt; http://www1.ipq.pt; e http://eur-
lex.europa.eu.
Depois de concluído é enviado para o fornecedor para impressão.
Receção da
Embalagem
Com a receção das embalagens é entregue no departamento de marketing
uma unidade para verificação: cumprimento de diretivas europeias -
marcação CE, livro de instruções, certificado de conformidade,
certificado de garantia, embalagem.
Caso seja detetada alguma irregularidade é comunicado ao departamento
de compras / Administração procedendo-se de acordo com o previsto
para o tratamento de produto não conforme e quando aplicável abertura
de Não Conformidades.
Captação da
Imagem Segue-se a fotografia do artigo e da embalagem, seguidamente é feita a
edição e colocação no servidor.
Elaboração da
Ficha de Artigo É criada a ficha de artigo com base no modelo pré-definido.
Atualização de
Catálogos O catálogo é atualizado com a nova ficha de artigo e de acordo com as
orientações da Administração.
Elaboração do
Livro de
Promoções
Para a elaboração do “Livro de Promoção” é rececionado no
departamento de marketing uma listagem com os artigos propostos e
respetivos preços.
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
56
3.6.4. Processos de Gestão do Departamento de Compras
O processo de gestão de compras tem como objetivo descrever a metodologia associada à
gestão de compras comunitárias e extracomunitárias de produtos / serviços / economato,
tendo como gestor a Direção de Compras.
Figura n.º 7: Fases do Processo do Departamento de Compras
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Quadro n.º 11: Descrição das Fases do Processo do Departamento de Compras
Fase Descrição
Identificação da
Necessidade de
Compra
Através da análise dos stocks, oportunidades identificadas por
fornecedores ou novos produtos, bem como eventuais análises à
sazonalidade de vendas / produtos dá-se início ao processo de
compras.
Para novos produtos, a Administração analisa a documentação do
fornecedor e solicita cotações. Outro tipo de compras (consumo
interno) está a cargo da Direção Financeira.
Análise de
Proposta
Com a receção da informação é efetuada uma triagem e sempre
que aplicável solicitação de amostras de produtos ou articulação de
reuniões comerciais.
É ainda verificada a conformidade dos artigos com as diretivas
comunitárias, prazos de entrega e disponibilidade.
(Continua)
Identificação da
Necessidade de Compra
Análise de Proposta
Solicitação de
Encomenda a
Fornecedor
Criação da Ficha de Artigos
Introdução da
Encomenda no Software
Receção de Encomenda
s
Atualização de Stocks
Avaliação de
Fornecedor
57
Quadro n.º 11: Descrição das Fases do Processo do Departamento de Compras (Continuação)
Solicitação de
Encomendas a
Fornecedor
Para a encomenda ao fornecedor são acordados: embalagem,
termos de pagamento, referências, prazos de entrega, preços,
quantidades.
Com a receção da fatura proforma é verificada e validada a
encomenda, sendo rubricada pelo responsável da compra, e
remetida ao fornecedor. Quando aplicável, é ainda articulado com
o fornecedor a imagem para a embalagem e/ou produto e tradução
do manual, sendo entregue uma cópia da fatura proforma ao
departamento de marketing.
Cabe ao responsável de compras a confirmação quanto ao controlo
das declarações de conformidade e da marcação CE dos
equipamentos comercializados, em particular através da consulta
online das diretivas, normas e outros organismos notificados.
Criação da
Ficha de
Artigos
Para os novos produtos é aberto no AS 400 a ficha de artigo.
Introdução da
Encomenda no
Software
Para cada encomenda é criado um dossier (amarelo - extra-
comunitários e transparente ou brancos - comunitários).
No software AS 400 é introduzida a encomenda a fornecedores.
Receção de
Encomendas
A receção das encomendas é articulada pelo responsável de
compras, que contata o transitário ou fornecedor para planeamento
quanto à ordem de chegada.
Com a chegada da encomenda é efetuada a conferência física da
mercadoria e preenchida a folha de conferência, sendo retirada,
quando aplicável, uma amostra para o departamento de marketing.
O responsável de armazém entrega ao responsável de compras o
documento para conferência da encomenda.
Atualização de
Stocks
O responsável de compras faz a entrada da compra no software.
É retirada uma amostra de produto para o departamento de
marketing que verifica a conformidade do artigo (cumprimento de
diretivas europeias - marcação CE, manual de instruções,
certificado de conformidade, certificado de garantia, embalagem).
Caso seja detetada alguma irregularidade é comunicado ao
departamento de compras / Administração.
Avaliação de
Fornecedores Para finalizar o processo de compras, é feita a avaliação de
fornecedores, tendo por base os seguintes parâmetros:
qualidade dos produtos / serviços;
cumprimento dos prazos de entrega;
conformidade da documentação;
preços e condições de pagamentos;
resposta a reclamações.
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
58
3.6.5. Processos de Gestão do Armazém e Picking
O processo de gestão do armazém e picking tem como objetivo descrever a metodologia
associada à receção de encomendas e devoluções a clientes, à organização e gestão do
armazém, ao controlo de stocks e ao picking, tendo como gestor o Responsável de
Armazém.
Figura n.º 8: Fases do Processo de Gestão de Armazém e Picking
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Quadro n.º 12: Descrição das Fases do Processo de Gestão do Armazém e Picking
Fase Descrição
Receção da
Encomenda de
Fornecedor
No ato da receção é verificado o acondicionamento e estado da carga,
para que se dê início à descarga e conferência. Nota: sempre que for
identificada alguma anomalia é reportado: para material importado
(departamento de compras) ou ao respetivo responsável pela compra.
Para importação - Após a receção é conferida a encomenda e preenchida
a folha de conferências, que é entregue no final ao responsável de
compras para confrontação com a encomenda ao fornecedor.
Para nacionais - O colaborador na posse da fatura / guia confere todos os
itens assinando o documento no final.
Após a confirmação da encomenda esta é arrumada de acordo com as
especificações do material.
(Continua)
Receção da Encomenda
de Fornecedor
Receção de Devoluções
Execução da
Encomenda
Fecho da Encomenda
Conferência de
Mercadoria
Inventário Anual
59
Quadro n.º 12: Descrição das Fases do Processo de Gestão do Armazém e Picking (Continuação)
Receção de
Devoluções
Durante a receção de mercadoria devolvida pelo cliente, é verificado:
estado da embalagem; estado do artigo; referência; existência de
documentação de apoio.
O colaborador confere a guia, regista as anomalias, assina o documento,
entregando à colaboradora administrativa para que seja efetuado o crédito
ao cliente (entrada em stock).
Execução da
Encomenda
Armazém de paletes, caixas e armazém manual - De acordo com as
orientações do sistema informático dá-se início ao picking nos vários
armazéns, identificação dos volumes com a respetiva etiqueta e colocação
da encomenda no respetivo cais para posterior consolidação.
Durante o picking qualquer anomalia é registada no sistema de
informação.
Fecho da
Encomenda Após a conclusão do picking a encomenda é fechada sendo faturada
automaticamente ou emitida a guia de remessa, de acordo com o definido
pelo responsável comercial.
Conferência de
Mercadoria
Sempre que definido pela Administração será efetuada a conferência da
mercadoria antes da expedição para o cliente.
O colaborador responsável pela expedição irá conferir os itens pela guia
ou lista de embalagem.
Inventário
Anual
Anualmente e de acordo com o definido pela Administração é efetuada a
confirmação dos stocks em armazém, para que no final possam ser
confrontados os dois softwares (SGA e AS 400), corrigindo os stocks no
AS 400.
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
3.6.6. Processos de Gestão de Expedição / Distribuição
O processo de expedição / distribuição tem como objetivo descrever as atividades
associadas à expedição/distribuição nacional ou para o exterior, tendo como gestor o
Responsável de Armazém.
Figura n.º 8: Fases do Processo de Expedição / Distribuição
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Receção de Faturas /
Guias
Planeamento de Cargas e Entregas
Cargas de Viaturas
Distribuição
Entrega da Documenta
ção
60
Quadro n.º 13: Descrição das Fases do Processo de Expedição / Distribuição
Fase Descrição
Receção de
Faturas / Guias O departamento comercial seleciona as guias/faturas a enviar para junto
do responsável de armazém onde estas vão ser organizadas por zona
geográfica.
Planeamento de
Cargas e
Entregas
Portugal e Espanha - Diariamente são verificadas as guias / faturas
pendentes de entrega, sendo planeadas as rotas a realizar no dia seguinte.
As guias organizadas por rota são entregues junto da rececionista que
elabora o documento de transporte “Mapa de Cargas”, para que os
operadores de armazém iniciem a carga das viaturas consoante a
indicação do responsável de armazém.
O transporte nacional é realizado sempre que possível por uma empresa
do Grupo. Para Espanha, camiões completos são fretados a empresas
exteriores. Quando aplicável é agendado com o cliente a respetiva data de
entrega. Caso sejam detetadas irregularidade elas são reportadas ao
responsável de armazém.
Outras localizações (exportação) - Para o transporte por camião cabe ao
assessor da administração a articulação com o fornecedor e cliente.
Para o transporte em contentor cabe ao responsável de compras a
organização de todo o procedimento legal.
Cargas de
Viaturas Com a chegada da viatura ao cais, o operador de armazém inicia a carga
da viatura com base na ordem das faturas tendo atenção em carregar
primeiro a última carga a ser distribuída.
Distribuição Sempre que aplicável o responsável de armazém envia antecipadamente a
lista de embalagem ao cliente.
Entrega da
Documentação
Empresa do Grupo - o fornecedor devolve na empresa o triplicado
assinado pelo cliente relativo às faturas entregues.
Despachante - a entrega no cliente é monitorizada na plataforma do
fornecedor ou no caso de registo em papel é entregue documento
comprovativo da entrega na empresa (cópia CMR assinada pelo cliente +
fatura).
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
61
3.6.7. Processos de Gestão de Infraestruturas
O processo de infraestruturas tem como objetivo descrever a metodologia que garante o
funcionamento dos equipamentos, planeamento da manutenção e organização das
instalações, tendo como gestor a Direção de Sistemas de Informação.
Figura n.º 10: Fases do Processo de Infraestruturas
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Quadro n.º 14: Descrição das Fases do Processo de Infraestruturas
Fase Descrição
Manutenção de
Equipamentos e
Instalações
Aquando da receção dos equipamentos é atualizada a listagem de
infraestruturas, sendo aberta a ficha de equipamento. O planeamento das
intervenções é realizado no plano de manutenção / verificação.
Relativamente à análise das infraestruturas (incluindo edifício), é feita a
análise anualmente pela Administração aquando da revisão do sistema.
A limpeza das instalações é assegurada por uma empresa externa.
Controlo
Metrológico de
EMM
A metodologia de gestão dos EMM encontra-se definida no respetivo
procedimento.
Gestão de
Viaturas
Cada colaborador é responsável por manter a viatura em bom estado e
acompanhar as datas de inspeção e revisão. Em caso de alguma anomalia
contacta: para assuntos relacionados com seguros - assessor da
Administração; para outros assuntos – responsável de armazém.
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Manutenção de
Equipamentos e
Instalações
Controlo Metrológico de EMM
Gestão de Viaturas
62
3.6.8. Processos de Gestão do Departamento de Recursos Humanos
O processo de gestão de recursos humanos tem como objetivo descrever as atividades
relacionadas com os recursos humanos, nomeadamente recrutamento, acolhimento e
formação e garantir a existência dos recursos humanos com competência necessária ao
desempenho das suas funções, tendo como gestor a Direção de Recursos Humanos.
Figura n.º 11: Fases do Processo de Recursos Humanos
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Quadro n.º 15: Descrição das Fases do Processo de Gestão de Recursos Humanos
Fase Descrição
Recrutamento
A receção das candidaturas espontâneas é encaminhada para o assessor da
Administração.
A identificação da necessidade de recrutamento é efetuada pela
Administração.
O inicio da seleção de candidatos é articulado, de preferência com o IEFP,
e/ou divulgado através da comunicação social.
É acordada a data da primeira entrevista com o colaborador, sendo
realizada uma primeira triagem pelo assessor da Administração, para
posterior entrevista final pela Administração.
Caso seja decidido pelo recrutamento, dá-se início à recolha de
documentação e celebração do contrato de trabalho.
(Continua)
Recrutamento
Acolhimento
Gestão do Pessoal
Necessidades de
Formação
Plano de Formação
Avaliação da
Formação
Avaliação da
Satisfação dos
Colaboradores
63
Quadro n.º 15: Descrição das Fases do Processo de Gestão de Recursos Humanos (Continuação)
Acolhimento
Com a entrada do novo colaborador, é aberto no software AS 400 pela
Administração a ficha completa do colaborador. Paralelamente existirá
quando aplicável uma ficha em suporte papel que é arquivada na pasta
“Pessoal”.
Para o acolhimento: é apresentada a descrição de funções/organograma;
colaboradores da empresa; visita às instalações; regras gerais de
funcionamento; entrega de cartão de acesso e ponto (Registo de
Acolhimento e entrega de EPI's).
Gestão do
Pessoal
Diariamente é efetuado o controlo de ponto dos colaboradores.
Mensalmente é feito o controlo de presenças e faltas para o
processamento salarial.
Anualmente é articulada a marcação de férias
Necessidades de
Formação
Anualmente é analisado internamente a necessidade de formação pelo
assessor da Administração em articulação com a Administração, para
posterior elaboração e aprovação do plano de formação.
Plano de
Formação Ao longo do ano é efetuado o acompanhamento e atualização do plano
anual de formação. Para a formação efetuada internamente é efetuado o
registo no Registo de Sumários e Presenças.
Avaliação da
Formação
Após a formação é efetuada a respetiva avaliação pelos colaboradores
(para o caso de formação externa, em que a entidade promotora tenha
ferramentas próprias de avaliação, poderão ser estas as utlizadas).
Após o período de avaliação e de acordo com o planeado é efetuada a
avaliação da eficácia.
Avaliação da
Satisfação dos
Colaboradores
Anualmente e de acordo com o planeado no programa anual é
implementada a Avaliação da Satisfação dos Colaboradores.
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
3.6.9. Processos de Gestão do Departamento Administrativo
O processo de gestão do departamento administrativo tem como objetivo descrever a
metodologia associada ao atendimento, gestão da correspondência e arquivo, tendo como
gestor a Direção de Recursos Humanos.
Figura n.º 12: Fases do Processo do Departamento Administrativo
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
Gestão do Atendiment
o
Telefónico e Presencial
Gestão da Correspond
ência e Expediente
Gestão de E-mails
Arquivo Geral
Organização de
Documentos
Contabilísticos
64
Quadro n.º 16: Descrição das Fases do Processo do Departamento Administrativo
Fase Descrição
Gestão do
Atendimento
Telefónico e
Presencial
O atendimento presencial e telefónico é assegurado pela rececionista que
reencaminha para o respetivo responsável.
Gestão da
Correspondência
e Expediente
Diariamente é efetuado o levantamento e encaminhamento da
correspondência. Na deslocação ao exterior o paquete efetua ainda
diversas atividades de expediente.
A correspondência será colocada pelos respetivo colaborador no local
indicado para esse efeito diariamente até às 13h para poder seguir no
próprio dia.
Gestão de E-
mails O reencaminhamento do e-mail geral da empresa é efetuado pela
assistente da Administração para os diversos responsáveis.
Arquivo Geral O arquivo geral está a cargo das administrativas.
Organização de
Documentos
Contabilísticos
Diariamente é efetuado o acompanhamento dos documentos
contabilísticos pela contabilidade ou pelo responsável de cobranças com a
introdução dos documentos no software AS 400 e respetivo arquivo.
Fonte: Adaptado da Lista dos Processos da Empresa à data de 31/12/2014
3.7. Gestão do Risco
A implementação e a definição da gestão de risco é da responsabilidade da Administração.
Os processos que constituem a gestão de riscos são adaptados e atualizados em função das
necessidades da empresa. Mediante uma avaliação prévia dos riscos, que podem ser de
origem interna ou externa, analisa-se o impacto e a probabilidade de ocorrência dos
mesmos, de forma a geri-los eficazmente. Neste sentido, é de extrema importância o
controlo interno nas organizações, na medida em que este possibilita a sistematização dos
riscos e o estabelecimento de procedimentos de controlo com vista a evitar ou minimizar os
riscos, permitindo a consecução dos objetivos propostos pela empresa.
Considerando a tipologia e a importância do risco, a empresa pode tomar as seguintes
medidas:
mitigar – implementar mecanismos de minimização do risco;
transferir – distribuir o risco ou deslocar a sua totalidade;
aceitar – admitir a existência do risco e controlar o seu impacto na empresa.
65
A gestão de compras é uma área muito suscetível ao risco devido ao elevado número de
transações e operações e à frequente falta de controlo das mesmas. De entre os principais
riscos podemos destacar:
excesso de compras em stock que se podem tornar obsoletas;
receção de mercadoria não contabilizada;
custos incorretos ou mal calculados;
planeamento desadequado e/ou inexistente das necessidades das compras;
fraude nos pedidos de compras e nos pagamentos a fornecedores.
Na empresa em estudo, normalmente são executados os seguintes procedimentos de
controlo como forma de prevenção do risco:
todas as operações são autorizadas pela Administração, sendo que a autorização
pode ser por escrito ou oralmente;
existe uma pesquisa e comparação de preços praticados anteriormente;
antes da entrada da mercadoria em stock, faz-se uma comparação entre a
encomenda negociada e a nota de entrega para verificar se existem disparidades;
toda a mercadoria em trânsito é registada;
existe uma base com todos os pagamentos a fazer para que estes sejam feitos
atempadamente;
existe segregação de funções entre quem dá a ordem de pagamentos, quem faz os
pagamentos e quem os lança na contabilidade.
3.8. Sistema de Informação
A empresa dispõe de um sistema de informação manual e informatizado. Este último, o
sistema AS/400, da IBM, foi adotado pela empresa por ser de fácil utilização para todos os
utilizadores e devido aos elevados níveis de desempenho, decorrentes de uma boa gestão de
memória e dos processos de entrada e saída de dados.
66
Este sistema é responsável, entre outras, pelas seguintes funções:
gestão de encomendas a fornecedores;
processamento de pedidos de clientes;
emissão de faturas;
notas de débito, notas de crédito e guias de remessa;
controlo de stocks;
criação e manutenção de fichas de artigos;
criação e atualização de fornecedores;
criação e atualização de fichas de clientes;
gestão de vendas;
gestão de pagamentos e cobranças.
Este software permite também fornecer informação sobre a utilização feita pelos
utilizadores, de modo a que todos os acessos em todos os níveis, especialmente aqueles em
que é possível alterar dados, fiquem registados.
Existe controlo de acessos para que determinada informação esteja apenas disponível para
utilizadores autorizados, fomentando a segregação de funções. Sempre que necessário e
justificável, é revisto o perfil dos utilizadores para permitir ou restringir os acessos. Deste
modo, o sistema de informação funciona também como ferramenta de supervisão.
Para auxiliar o processo da cadeia de abastecimento, a empresa utiliza ainda o sistema
SGA, responsável pela gestão das operações que ocorrem no armazém, tais como:
identificação dos artigos;
localização em armazém;
listas de materiais por tipo de produto;
históricos de consumo;
gestão do inventário mediante leitura ótica de código de barras;
receção de mercadorias;
encomendas em curso;
67
expedição de encomendas.
O sistema de informação é vantajoso para a empresa se se mantiver atualizado e coerente.
Tanto as existências como os históricos dos artigos devem ser atualizados automaticamente
pelo sistema sempre que se executam movimentos ou processamento de documentos.
Deste modo, o sistema de informação não só recolhe informação como a processa e
transmite, de forma a facilitar o controlo das atividades da empresa.
68
CAPÍTULO IV – ESTUDO DE CASO
A maior dificuldade em avaliar o desempenho de um departamento de compras reside na
quantidade de variáveis envolvidas. O produto ou serviço a adquirir, bem como o grau de
complexidade da operação, são determinantes nas variáveis geradas. Neste capítulo, é
descrito o funcionamento do departamento de compras da empresa em estudo, medido o
seu desempenho, elencados os erros e riscos mais comuns e explicado de que forma este
departamento pode contribuir para a melhoria dos resultados da empresa.
4.1. Objetivos do Estudo
Os objetivos do estudo de caso a este departamento de compras prendem-se com o controlo
interno, os processos e a análise de dados financeiros. Para este efeito, foram contemplados:
a análise de documentos que comprovem a veracidade das compras;
a verificação de faturas e notas de entrega;
o exame dos passivos em moeda estrangeira.
4.1.1. Objetivos Gerais
De acordo com o já referido no ponto 2.2.1., este estudo pretende verificar o cumprimento
dos seguintes objetivos gerais:
Quadro n.º 17: Objetivos Gerais
1 Estudar o departamento de compras de uma empresa do setor de importação de
ferragens e ferramentas.
2 Examinar o seu contributo para promover e garantir vantagem competitiva na referida
empresa e verificar se é cumprido o objetivo deste departamento: adquirir mercadoria
e/ou serviços ao preço mais baixo, na quantidade necessária, com a qualidade desejada e
no momento oportuno.
Fonte: Elaboração própria
69
4.1.2. Objetivos Específicos
De forma a facilitar o estudo prático executado neste departamento de compras, os
objetivos específicos definidos no ponto 2.2.2. do presente trabalho, foram detalhados para
facilitar a sua avaliação e compreensão através dos indicadores definidos no ponto 4.4.3.
abaixo.
Quadro n.º 18: Objetivos Específicos
1 Assegurar o planeamento das necessidades de compras.
2 Assegurar que os bens e serviços são obtidos ao preço contratado.
3 Assegurar que os bens e serviços adquiridos preenchem os requisitos negociados.
4 Assegurar que todos os valores das encomendas são registados.
5 Assegurar que todas os produtos encomendados são registados.
6 Assegurar o pagamento das faturas na data devida.
7 Acompanhar o trânsito das encomendas da origem ao destino.
8 Verificar se a mercadoria rececionada está de acordo com o negociado.
9 Assegurar que os custos associados ao processo de compras são devidamente
contabilizados.
10 Analisar o sistema de informação do departamento de compras.
11 Avaliar o sistema de controlo interno do departamento de compras.
12 Assegurar que o desempenho do fornecedor é devidamente monitorizada e avaliada.
Fonte: Elaboração própria
4.2. Âmbito do Estudo
O âmbito do estudo incide no departamento de compras da empresa em estudo, tendo como
maior ênfase a avaliação do funcionamento do processo de compras e do seu ambiente de
controlo e gestão de risco, mediante a seleção e análise de alguns indicadores.
4.3. Metodologia do Estudo
Para avaliar o contributo do departamento de compras da empresa em estudo, foi feita a
análise de pedidos de cotações, ordens de compra, lista de conferências, faturas e ordens de
pagamento, elaboração de questionários e entrevistas. Ao longo do processo foram
recolhidos balanços financeiros, relatório de atividades, relatórios e pareceres de auditorias,
contratos, processos administrativos. Foi ainda realizado um inquérito de controlo interno
aos responsáveis de compras nacionais e internacionais.
70
No final deste estudo, procurou-se validar os seguintes procedimentos:
comprovar se os pedidos de compra coincidem com as folhas de conferência;
comprovar que no ato de receção se verificam preços, quantidades e qualidade;
verificar se todos os documentos (nota de encomenda, nota de entrega, fatura)
relativos ao processo de compras são devidamente arquivados;
comprovar que foi emitida a ordem de pagamento da fatura, depois de devidamente
autorizada;
identificar procedimentos relativos a seleção de fornecedores.
4.4. Explicação do Estudo
Para a elaboração deste estudo de caso, foi recolhida e sistematizada toda a informação
disponível, com o objetivo de conhecer o funcionamento e a organização dos processos,
procedimentos, sistemas de informação, de gestão e de controlo existentes no departamento
de compras da empresa em estudo. Também se procurou saber de que forma é avaliada a
concretização dos objetivos do departamento de compras, tendo sido feito um exame do seu
desempenho e ainda do seu contributo para a gestão global e até dos resultados da empresa.
De seguida, será feita uma apreciação aos processos, aos sistemas de gestão e de controlo
interno do departamento de compras. Esta ação pretende identificar e apreciar os principais
riscos inerentes e de controlo do departamento de compras, posteriormente explicados
numa matriz de risco, e contribuir com recomendações possíveis.
4.4.1. Tomada de Conhecimento e Apreciação do Funcionamento do
Departamento de Compras
O departamento de compras da empresa em estudo rege-se pelo sistema de centralização
total das compras, isto é, toda a responsabilidade de aquisições está a cargo de um único
departamento, não existindo divisão por tipo de produtos, e a cargo de apenas uma pessoa
que reporta diretamente à Administração.
Este departamento apresenta um funcionamento típico, passando por todas as fases
tradicionais, que, de forma simplificada são as seguintes:
71
Figura nº 13: Fases do Processo de Compras
Fonte: Elaboração própria
Com vista a conhecer e a apreciar o funcionamento e a organização do departamento de
compras, procedeu-se à revisão das fases do processo de compras com base em amostras de
processos de compras nacionais e internacionais, entrevistas e análise de documentos.
4.4.1.1. Necessidade de Compra
Normalmente, as compras são efetuadas em função de negócios fechados com grandes
superfícies ou tendo em conta a sazonalidade dos produtos comercializados, sendo esta
situação mais comum. Em qualquer dos casos, o departamento segue todos os trâmites
normais do processo de compras. Assim, é identificada uma necessidade de compra devido
às situações descritas anteriormente.
No entanto, com alguma frequência ocorrem situações de rutura ou défice de stock por não
se fazer uma análise adequada e atempada do stock.
Constatou-se que esta situação, assim como outras, acontecem devido à falta de pessoal,
porque não foi designado um responsável para controlar a oscilação do stock e garantir que
as necessidades de compras da empresa são satisfeitas em tempo útil. As necessidades de
compras são contidas por vários departamentos mas não são devidamente analisadas e
planeadas por especialistas.
Depois de se conhecerem os artigos a encomendar, a Administração, o assessor da
Administração ou o diretor comercial solicitam ao responsável de compras uma listagem
de stocks que pode ser por tipo de artigo ou por tipo de fornecedor. A consulta é feita no
software AS400 sendo que a análise dos níveis de stocks pode ter dois caminhos:
Necessidade
de Compra
Elaboração
da Encomenda
Transporte
da Encomenda
Receção
da Encomenda
Avaliação
de Fornecedores
72
se a necessidade de compra diz respeito a um negócio já concluído, serão
encomendadas as quantidades acordadas;
se a necessidade de compra é apenas sazonal, serão analisadas as últimas entradas e
saídas desses produtos, para assim estimar a quantidade a encomendar.
Com a definição das quantidades a encomendar, o responsável de compras já tem dados
para avançar no processo. Normalmente, as quantidades a encomendar são definidas pela
Administração. Verificou-se que o responsável de compras não possui suficiente autonomia
de decisão durante todo o processo de aquisições, o que pode causar alguma morosidade no
processo, para além de sobrecarregar a Administração com funções que poderiam
facilmente ser delegadas.
4.4.1.2. Elaboração da Encomenda
Caso se trate da aquisição de um produto novo, o responsável de compras terá de fazer uma
pesquisa de fornecedores na base de dados já existente ou terá de consultar sites
específicos. A consulta a fornecedores deve indicar as especificações técnicas, a quantidade
e o prazo de entrega do produto. Se se tratar de uma compra de produtos habituais, o
responsável de compras consulta a base de dados já existente e solicita a cotação ao
fornecedor ou fornecedores habituais. Depois de recebidas todas as ofertas, estas são
comparadas e analisadas para eleger a melhor proposta.
Antes da adjudicação, são negociados tipos de embalagem, preços, quantidades, prazos de
entrega e condições de pagamento. Em caso de produtos novos são ainda solicitados fotos,
manuais de instruções, certificados e amostras. O processo de negociação é sempre moroso
sendo, por vezes, necessário dias ou até semanas para confirmar uma encomenda. Isto
deve-se a várias razões:
é difícil encontrar um fornecedor para um produto específico;
o fornecedor pode demorar muito tempo a responder;
o fornecedor pode não ter disponíveis os dados ou documentos solicitados;
73
se houver muitos fatores de ponderação numa proposta, o responsável de compras
pode demorar algum tempo na sua análise;
pode ser difícil o acordo comercial entre o fornecedor e o responsável de compras;
salvo indicações prévias, nenhuma encomenda pode ser confirmada sem a validação
da Administração.
Depois de confirmada a encomenda, esta passa por alguns registos informáticos para efeitos
de controlo de gastos e também para que o responsável de compras não duplique
encomendas e consiga prever prazos de entrega da mercadoria. Considerando o elevado
número de funções e responsabilidades do responsável de compras, é bastante fácil perder o
controlo das encomendas se o registo das mesmas não for constantemente atualizado.
Também é fácil manipular estas bases se forem controladas apenas por uma pessoa.
4.4.1.3. Transporte da Encomenda
Tratar do transporte de uma encomenda também pode ser um processo complicado.
Normalmente os fornecedores orientais primam pela desconfiança e não disponibilizam a
carga até que seja confirmado o sinal de pagamento pelo banco. Assim, caso haja alguma
falha de comunicação entre os bancos, de origem e de destino, as datas de partida podem
ser incumpridas, comprometendo os acordos comerciais da empresa. Verificou-se que,
outras vezes, os fornecedores colocam as encomendas em segundo plano, se estas não
oferecem uma modalidade de pagamento mais célere ou não confirmam grandes
quantidades.
O transporte pode ser tratado tanto pelo fornecedor, como pelo responsável de compras,
consoante o negociado. No entanto, normalmente é mais vantajoso se a empresa se
incumbir da movimentação de mercadorias. Depois de pronta a encomenda, o fornecedor
avisa o responsável de compras e solicita o contacto do despachante. Este irá monitorizar
toda a viagem, da origem ao destino, informando o responsável de compras do paradeiro da
mercadoria. Desta forma, é possível identificar problemas, antecipar eventuais atrasos e
tomar as devidas precauções.
74
4.4.1.4. Receção da Encomenda
No dia de saída da encomenda, são emitidos os seguintes documentos de despacho:
fatura comercial;
lista de embalagem;
certificado de origem;
bill of lading;
seguro.
A pedido do responsável de compras, estes documentos são enviados pelo fornecedor, por
e-mail, e posteriormente reencaminhados para o despachante para iniciar o processo de
desalfandegamento da mercadoria. Dada a dimensão da empresa, existem sempre várias
encomendas em curso. Nem sempre é fácil para o responsável de compras dar a devida
atenção a cada encomenda individualmente. Normalmente, aquelas que são mais urgentes
são mais seguidas de perto.
Caso se verifique um grande atraso no envio de documentos para desalfandegamento no
porto de transbordo, o contentor pode ficar retido durante dias. Esta situação origina não só
atrasos na receção da mercadoria como também o pagamento de coimas. Mais uma vez se
comprova que a responsabilidade deste departamento não deve recair apenas numa pessoa,
pois todas as operações requerem tempo e pormenores que facilmente podem ser
descurados.
Após a chegada da mercadoria ao armazém, verifica-se se esta se apresenta conforme
negociado, se sofreu algum dano ou eventual furto. Uma descarga com menos cuidado
pode provocar danos ou a destruição da mercadoria. Situações de furto também são
possíveis, uma vez que, toda a mercadoria rececionada é manuscrita na folha de
conferência pelo assistente de armazém.
Normalmente, apenas o responsável de armazém tem acesso à nota de encomenda, logo às
quantidades. Caso a pessoa que confere a mercadoria também tenha acesso a este
75
documento, a folha de conferência torna-se facilmente manipulável. O responsável de
compras só solicita uma recontagem se a folha de conferência e a fatura comercial não
estiverem em conformidade, caso contrário, irá carregar a informação no sistema seguindo
o procedimento habitual.
Em caso de reclamações por mercadoria em falta ou danificada, por exemplo, são enviadas
fotos dos danos ao fornecedor para que este possa ressarcir a empresa, sendo assim
acionado o seguro. Para além disso, é mantido um registo informático destas ocorrências. O
responsável de compras anota e relembrar estes percalços sempre que há novas
encomendas, visto que, normalmente os fornecedores não têm estes cuidados.
4.4.1.5. Avaliação de Fornecedores
O registo interno de reclamações é uma forma de controlo da resolução das mesmas e serve
também para proceder à avaliação de fornecedores.
O procedimento utilizado na empresa em estudo para avaliar os fornecedores é composto
por três fases:
seleção/qualificação de fornecedores;
avaliação/reavaliação de fornecedores;
atualização da lista de fornecedores qualificados.
Na primeira fase, avaliam-se os fornecedores suscetíveis de pertencerem à base de dados
para fornecimento de bens ou serviços. Para esta avaliação utilizam-se os seguintes
critérios:
qualidade geral dos bens/serviços;
cumprimento de prazos de entrega do material;
preços e condições de pagamento;
conformidade da documentação.
76
Cabe à Administração a qualificação final dos fornecedores.
Sempre que aplicável, para a qualificação o fornecedor terá que obter como avaliação:
Quadro n.º 19: Classe de Fornecedores
Classe
A - Preferencial Cumpre totalmente
B - Aceitável Cumpre em parte
C - Não aceitável Não cumpre
Fonte: Procedimento de Compras da Empresa à data de 31/12/2014
A fase de avaliação/reavaliação de fornecedores ocorre anualmente e é feita com base na
média da avaliação qualitativa, em particular para os seguintes critérios:
qualidade geral dos produtos/serviços;
cumprimento de prazos de entrega do material;
preço e condições de pagamento;
resposta a reclamações;
conformidade da documentação.
Quadro n.º 20: Avaliação Qualitativa de Fornecedores
Avaliação Qualitativa
1 Fraco
2 Razoável
3 Bom
4 Muito Bom
5 Excelente
Fonte: Procedimento de compras da Empresa à data de 31/12/2014
77
Na última fase, na qual se atualiza a lista de fornecedores qualificados, apenas são
selecionados os fornecedores com média de avaliação de A, B e C de acordo com o quadro
infra:
Quadro n.º 21: Grelha de Avaliação Qualitativa de Fornecedores
Classe
A 75 - 100 PREFERENCIAL
B 50-74 ACEITÁVEL
C 40-49 COM RESERVAS
D <=39 NÃO ACEITÁVEL (a excluir)
Fonte: Procedimento de Compras da Empresa à data de 31/12/2014
Os fornecedores com média de avaliação D serão excluídos exceto se não existir substituto
ou desde que justificado.
A avaliação seguindo estes trâmites não significa que seja a mais adequada. Verificaram-se
casos em que uma primeira experiência de fornecimento não correu bem e o fornecedor foi
imediatamente eliminado da base de dados, sem que se procurassem saber as causas desse
mau desempenho. Houve outros casos em que um fornecedor habitual apresentou alguns
fatores não satisfatórios em encomendas consecutivas mas mesmo assim manteve-se na
base de dados por apresentar preços competitivos ou uma qualidade de produtos muito boa.
Por vezes, este tipo de fornecedores leva muito tempo até ser substituído ou nunca é
substituído. Há casos particulares na avaliação de fornecedores que devem ser analisados
com maior detalhe.
78
4.4.2. Avaliação da Gestão do Risco e do Sistema de Controlo Interno
Neste ponto procedeu-se a:
reconhecimento de riscos que tenham impacto no departamento de compras,
podendo influenciar os resultados da empresa;
identificação e prevenção de riscos de fraude;
análise e mensuração do impacto e da probabilidade de ocorrência de cada um dos
riscos identificados;
enumeração de mecanismos de controlo para a gestão de risco;
apresentação de recomendações para adoção de alterações possivelmente
necessárias.
4.4.2.1. Análise dos Riscos do Processo de Compras
Após a identificação das fases do processo de compras, da sua compreensão e da sua
avaliação para cada uma, foram identificados os objetivos definidos pela entidade. Com
base nos testes aos controlos e nas informações recolhidas, tais como balanços financeiros,
relatório de atividades, relatórios de auditorias, contratos, processos administrativos; e nos
resultados do inquérito de controlo interno realizado aos responsáveis das compras
nacionais e internacionais, foi possível elaborar uma análise à gestão de risco e do sistema
de controlo interno no departamento de compras. As principais conclusões são apresentadas
no quadro n.º 22 infra.
Fases do
Funcionamento
do Departamento
de Compras
Objetivos Tipo de
ObjetivoRiscos Inerentes
Probabilidade de
Ocorrência
Resposta ao
RiscoMedida de Controlo Interno
Tipo de
Controlo
Controlo de
SupervisãoExecutado por
O Excesso e rutura de stock Alta Reduzir A partir dos pedidos dos
clientes e, com base numa
solicitação verbal da
Administração é obtida uma
listagem dos stocks, na
aplicação comercial do
AS400, com os dados dos
artigos:
código e nome;
entradas e saídas;
quantidade em stock
I/M Examinar a listagem e
selecionar os artigos e
as quantidades a
encomendar pelo
setor das compras
Departamento
de Compras
O Comunicação deficiente das
necessidades de compras
Alta Reduzir Pontualmente, o departamento
comercial informa o
departamento de compras
sobre necessidades de
compras
I/M Examinar a listagem e
selecionar os artigos e
as quantidades a
encomendar pelo
setor das compras
Departamento
de Compras
O Incapacidade de o fornecedor
garantir a entrega atempada das
encomendas por haver /
considerar outros pedidos
prioritários ou por não ter
stock
Média Reduzir Todos os planos de compras
devem ser específicos quanto
aos materiais necessários, à
quantidade recomendada e ao
prazo de receção
I Verificar se as
encomendas seguem
os trâmites
solicitados; Insistir
com os fornecedores
para que a mercadoria
saia na data pretendida
Departamento
de Compras
O Informação não disponível ou
inexata sobre os níveis de
existências ou as necessidades
da empresa
Baixa Reduzir Deve haver uma consulta
regular ao sistema de
informação para verificar e
controlar as quantidades em
stock
I Examinar a listagem e
selecionar os artigos e
as quantidades a
encomendar pelo
setor das compras
Departamento
de Compras
Assegurar o
planeamento das
necessidades de
compras
Necessidade de
Compra
Quadro n.º 22: Análise de Riscos
(Continua)
80
F Aquisição a preços não
competitivos
Médio Reduzir Pratica-se uma gestão de
stocks baseada no sistema
"just in time"
I Examinar a listagem e
selecionar os artigos e
as quantidades a
encomendar pelo
setor das compras
Departamento
de Compras
F Redução da margem de lucro Médio Reduzir Devem existir procedimentos
para controlar os movimentos
do stock
I Examinar a listagem e
selecionar os artigos e
as quantidades a
encomendar pelo
setor das compras
Departamento
de Compras
O Falta de informação sobre as
necessidades de compras que
podem levar à perda de
negócios ou à aceitação de
outros para os quais não há
capacidade de resposta
adequada; e falta de articulação
entre os departamentos
comercial, armazém,
administração e compras.
Médio Reduzir Manter registos exatos do
inventário
I Atualizar os sistemas
de informação da
empresa: AS400 e
SGA
Departamento
de Compras
Necessidade de
Compra
Assegurar o
planeamento das
necessidades de
compras
F Falta de controlo de preços e
descontos comerciais
relativamente a cada
fornecedor
Baixa Reagir /
Minimizar
Manter uma base de dados em
excel com os preços
praticados pelos fornecedores
mediante pedidos de cotações
e tabelas de preços anuais
I/M Inexistente Departamento
de Compras
F Perda de vantagem competitiva
pela falta de
pesquisa/atualização/comparaçã
o entre a base de fornecedores
já existente e novos
fornecedores
Baixa Minimizar Supervisionar as variações
nos preços dos produtos /
serviços
I Inexistente Departamento
de Compras
F Gastos excessivos Média Reduzir Corrigir e aprovar
adequadamente os contratos e
pedidos de compras
I Inexistente Departamento
de Compras
Elaboração da
Encomenda
Assegurar que os
bens / serviços são
obtidos ao melhor
preço
(Continua)
Quadro n.º 22: Análise de Riscos (Continuação)
81
C, O Execução e confirmação de
uma encomenda que não
corresponde às necessidades
da empresa.
Baixa Reagir /
Minimizar
Solicitar amostras e toda a
documentação técnica do
produto, especialmente se for
novo ou se se substituir o
fornecedor; Antes de
confirmar a encomenda,
verificar todos os campos da
Fatura Proforma
M Inexistente Departamento
de Compras
F Perda de condições vantajosas
para a empresa
Média Reduzir Especificar o modo de envio e
a data de entrega nos pedidos
de compra; Comparar a
informação de receção de
produtos com a informação
sobre pedidos de compra e
dar seguimento aos pedidos
pendentes
M Inexistente Departamento
de Compras
Assegurar que a
Administração está a
par de todas as
atividades de
compras
C Risco de apropriação de ativos;
compras indevidas,
pagamentos não autorizados
Alta Evitar Todas as operações internas
devem estar autorizadas pelas
pessoas competentes.
M Antes da confirmação
final pelo Gestor de
Compras, a
Administração analisa
e autoriza ou não as
encomendas
Administração
Assegurar que todos
os valores das
encomendas são
registados e
autorizados
C Falta de controlo de plafond;
risco financeiro; risco de
liquidez; possível perda de
pedidos de compra
Média Evitar Atualização constante do
registo de encomendas
M Inexistente Departamento
de Compras
Elaboração da
Encomenda
Assegurar que os
bens / serviços
adquiridos
preenchem os
requisitos
negociados
(qualidade,
especificações
técnicas, preço,
quantidade, prazo de
entrega)
(Continua)
Quadro n.º 22: Análise de Riscos (Continuação)
82
Assegurar que todos
os produtos
encomendados são
registados
C Duplicação de encomendas;
Falta de controlo dos produtos
encomendados
Média Evitar Atualização constante do
registo de encomendas
I Inexistente Departamento
de Compras
Assegurar o
pagamento das
faturas na data
devida
C Falta de fornecimento ou
atrasos na data de saída das
encomendas por atrasos no
pagamento; perda de confiança
junto dos fornecedores; falha
no cumprimento de
compromissos comercais;
perda de reputação no
mercado; falta de
documentação (se as faturas
não dão entrada na
contabilidade, não são pagas
porque não estão lançadas no
sistema de gestão)
Médio Evitar Imprimir listagens periódicas
do sistema informático;
registar exatamente e
oportunamente as faturas de
todas as compras autorizadas;
investigar os pedidos de
compras pendentes, os
documentos de receção e as
faturas não confrontadas e
resolver as situações
pendentes, verificar se não há
duplicação de encomendas
(estas tarefas devem ser
executadas por pessoas que
não desempenhem funções de
compras nem de receção de
mercadoria)
I Inquérito por parte da
Direção Financeira
sobre pagamentos a
fazer caso estes não
estejam registados no
sistema ou em dossier
/ ficheiro designado
para o efeito.
Gestor de
Compras,
Direção
Financeira
Elaboração da
Encomenda
C Incumprimento de prazos
acordados
Médio Evitar M Inexistente Departamento
de Compras
C Desconhecimento do paradeiro
das encomendas (podem ficar
retidas em portos de
transbordo o que origina
pagamento de paralisações)
Baixa Evitar M Inexistente Departamento
de Compras
F Pagamento de coimas aos
clientes
Baixa Evitar M Inexistente Departamento
de Compras
F Perda de negócios Baixa Evitar M Inexistente Departamento
de Compras
Monitorização constante (via
telefone ou e-mail) da
encomenda pelo contacto
com transitários,
transportadores e
despachantes
Transporte da
Encomenda
Acompanhar o
trânsito das
encomendas da
origem ao destino,
garantindo o
cumprimento dos
prazos e a
salvaguarda física
das mercadorias
(Continua)
Quadro n.º 22: Análise de Riscos (Continuação)
83
Receção da
Encomenda
Garantir que a
mercadoria
rececionada está de
acordo com todos
os requisitos
negociados
P, O, F Disparidade entre o real e o
negociado relativamente aos
produtos recebidos e
negociados
Média-Alta Evitar Comparação entre a fatura
comercial e a folha de
conferência do armazém. Em
caso de divergências é feita
uma reclamação formal ao
fornecedor. Documentar
todas as mercadorias
recebidas e devolvidas.; Fazer
a correspondência entre o
pedido de compras e a nota de
receção - verificar e anotar as
discrepâncias entre os dois
documentos - registar caso
haja mercadoria em falta;
anotar os pedidos pendentes;
verificar periodicamente e
com exatidão informação
sobre fornecedores, stocks e
pedidos de compras
pendentes.; apenas se
registam os materiais
realmente recibidos e aceites;
registam-se corretamente
todos os materiais devolvidos
ao fornecedor para serem
creditados
M Em caso de devolução
de mercadoria, o
responsável do
armazém deve
conferir a nota de
devolução
Armazém /
Departamento
de Compras
(Continua)
Quadro n.º 22: Análise de Riscos (Continuação)
84
P Manipulação de documentos e
registo devido à falta de
supervisão
Média Evitar I/M Inexistente
P, O Falta de controlo entre a
mercadoria realmente recebida
e a mercadoria faturada; a
informação de receção da
mercadoria pode ser
introduzida de forma incorreta
no sistema de informação ou
pode não haver tempo para
executar esta ação na altura
devida
Média Evitar I/M Inexistente
O A receção de grandes
quantidades de material pode
influenciar as atividades de
receção e verificação de
mercadoria
Média Minimizar M Inexistente
P, O A documentação relativa à
devolução de materiais pode
perder-se
Baixa Evitar I Inexistente
P, O A documentação relativa a
mercadoria devolvida pode
conter erros
Média Evitar I Inexistente
Garantir que a
mercadoria
rececionada está de
acordo com todos
os requisitos
negociados
Receção da
Encomenda
Comparação entre a fatura
comercial e a folha de
conferência do armazém. Em
caso de divergências é feita
uma reclamação formal ao
fornecedor. Documentar
todas as mercadorias
recebidas e devolvidas.; Fazer
a correspondência entre o
pedido de compras e a nota de
receção - verificar e anotar as
discrepâncias entre os dois
documentos - registar caso
haja mercadoria em falta;
anotar os pedidos pendentes;
verificar periodicamente e
com exatidão informação
sobre fornecedores, stocks e
pedidos de compras
pendentes.; apenas se
registam os materiais
realmente recibidos e aceites;
registam-se corretamente
todos os materiais devolvidos
ao fornecedor para serem
creditados
(Continua)
Quadro n.º 22: Análise de Riscos (Continuação)
85
Assegurar que os
custos associados ao
processo de
compras são
devidamente
contabilizados
C, O, F A falta de controlo na seleção
de fornecedores pode originar
fraude (favorecimento); é feita
a entrada de mercadoria em
stock mas os custos
associados à compra não são
atualizados no sistema de
gestão em tempo razoável o
que origina perda de margens
ou os custos são mal
imputados
Média Evitar Ter atenção ao câmbio na data
de pagamento; negociar com
o banco uma fixação cambial;
elencar todos os custos que
compõem o processo de
compras
I Inexistente Departamento
de Compras
Analisar o sistema de
informação do
Departamento de
Compras
C Receção de material não
contabilizado ou não
contabilizado na data devida;
entrada de dados inexata
Média Evitar Preenchimento exaustivo da
folha de conferência e
reconferência da mercadoria
em caso de dúvidas;
cruzamento de informação
entre o Departamento de
Compras e o Armazém;
verificar os totais de controlo
ou conferir elemento por
elemento
I Inexistente Armazém /
Departamento
de Compras
Receção da
Encomenda
Receção da
Encomenda
Avaliar o sistema de
controlo interno do
Departamento de
Compras
C Registo de faturação sem
recebimento do bem ou serviço
adjudicado
Baixa Evitar Todos os documentos devem
ser pré-numerados e
arquivados; todas as
atividades relacionadas com o
departamento de compras
devem ser suportadas por
procedimentos autorizados e
documentados; limitar os
acessos para alteração de
dados/informação; reconciliar
os estados das contas
recebidas pelos fornecedores
com a lista de contas a pagar;
conciliar as mercadorias
recebidas e as faturas;
verificar a correspondência
entre a mercadoria registada e
aquela que efetivamente existe
em stock
I Inexistente Departamento
de Compras
(Continua)
Quadro n.º 22: Análise de Riscos (Continuação)
86
Receção da
Encomenda
Avaliar o sistema de
controlo interno do
Departamento de
Compras
C Registo incorreto ou falha no
registo de encomendas; risco
de fraude e subversão de
documentos; contas a pagar
inválidas ou fraudulentamente
criadas para compras não
autorizadas ou inexistentes
Baixa Evitar Todos os documentos devem
ser pré-numerados e
arquivados; todas as
atividades relacionadas com o
departamento de compras
devem ser suportadas por
procedimentos autorizados e
documentados; limitar os
acessos para alteração de
dados/informação; reconciliar
os estados das contas
recebidas pelos fornecedores
com a lista de contas a pagar;
conciliar as mercadorias
recebidas e as faturas;
verificar a correspondência
entre a mercadoria registada e
aquela que efetivamente existe
em stock
I Inexistente Departamento
de Compras
Avaliação de
Fornecedores
Assegurar que o
desempenho do
fornecedor é
devidamente
monitorizado e
avaliado
O, C Informação sobre fornecedores
incorreta ou desatualizada;
informação imprecisa ou não
disponível sobre atos
fraudulentos dos fornecedores;
incapacidade do fornecedor
disponibilizar as quantidades
necessárias por existirem
pedidos prioritários
Média Minimizar Atualização da base de dados
de fornecedores quanto a
preços negociados,
características técnicas,
qualidade, quantidades pedidas
e prazos de entrega e tempo
de espera; verificar se os
fornecedores são qualificados
e se preenchem todos os
parâmetros necessários a uma
boa relação comercial;
manutenção de uma base de
reclamações
I Inexistente Departamento
de Compras
Fonte: Elaboração própria
Quadro n.º 22: Análise de Riscos (Continuação)
De acordo com a análise de riscos efetuada, apresentamos as recomendações de resposta
aos riscos identificados.
Quadro n.º 23: Recomendações
(Continua)
Riscos Inerentes Recomendações
Excesso e rutura de stock Investigar as vendas anuais de anos anteriores, mediante
articulação com o departamento comercial relativamente à
sazonalidade dos artigos e prever a rotação dos artigos para
programar o sistema com alertas de stocks mínimos, em estreita
articulação com a satisfação atual e previsível dos clientes,
atendendo às quantidades mínimas a manter em stock.
Comunicação deficiente das
necessidades de compras Fazer análises de compras a longo prazo.
Incapacidade de o fornecedor
garantir a entrega atempada das
encomendas por haver /
considerar outros pedidos
prioritários ou por não ter stock
Estudar os custos / benefícios de um sistema "just in time" ou
similar.
Informação não disponível ou
inexata sobre os níveis de
existências ou as necessidades
da empresa
Programar as compras com o objetivo de minimizar o stock e
garantir uma disponibilidade suficiente para satisfazer os
pedidos, de forma a garantir também preços e margens
desejadas.
Aquisição a preços não
competitivos
Redução da margem de lucro
Falta de informação sobre as
necessidades de compras que
podem levar à perda de negócios
ou à aceitação de outros para os
quais não há capacidade de
resposta adequada;
Falta de articulação entre os
departamentos comercial,
armazém, administração e
compras
Garantir a atualização da informação sobre as necessidades de
compras e uma adequada articulação entre os departamentos
comercial, armazém, administração e as compras.
Efetuar compras só após a confirmação das existências em
stock, dos prazos de entrega, dos custos associados face às
encomendas reais e potenciais.
Falta de controlo de preços e
descontos comerciais
relativamente a cada fornecedor
Atualizar a aplicação informática de gestão de encomendas do
AS400 e importar a informação da base de dados atual em
Excel, permitindo o registo da informação histórica por artigo:
- do último preço;
- da última quantidade encomendada.
Perda de vantagem competitiva
pela falta de
pesquisa/atualização/comparação
entre a base de fornecedores já
existentes e novos fornecedores
Garantir o acesso restrito dessa informação à administração e
ao seu assessor e ao responsável do setor das compras.
Gastos excessivos Estabelecer os volumes de compras, mediante a determinação
do consumo total de materiais similares e combinar os pedidos
para obter descontos por quantidade.
88
Quadro n.º 23: Recomendações (Continuação)
(Continua)
Execução e confirmação de uma
encomenda que não corresponde
às necessidades da empresa
Criar de um departamento de qualidade para melhor controlo, a
nível de legislação e especificações técnicas dos bens/serviços
adquiridos.
Investigar e adquirir acessórios e peças de reposição para as
máquinas comercializadas.
Perda de condições vantajosas
para a empresa
Risco de apropriação de ativos;
Compras indevidas, pagamentos
não autorizados
Informatizar o processo das encomendas para manter um
histórico de preços e quantidades por fornecedor para uma
análise futura.
Falta de controlo de plafond,
risco financeiro e risco de
liquidez;
Possível perda de pedidos de
compra
Pré-numerar todos os pedidos de compra e fazer o seguimento
dos mesmos.
Informar os fornecedores sobre os colaboradores autorizados a
confirmar encomendas.
Duplicação de encomendas;
Falta de controlo dos produtos
encomendados
Registar as encomendas informaticamente e programar alertas
no sistema quando se pretender encomendar um artigo já
registado em encomenda.
Contabilizar todas as encomendas informaticamente no final do
dia.
Falta de fornecimento ou atrasos
na data de saída das encomendas
por atrasos no pagamento;
Perda de confiança junto dos
fornecedores;
Falha no cumprimento de
compromissos comerciais
Perda de reputação no mercado;
Falta de documentação devido a
falha de articulação entre
departamentos
Programar alertas com uma margem de tempo.
Garantir o lançamento das faturas pela contabilidade num
espaço de tempo menor e não aguardar pelo final do mês.
Incumprimento de prazos
acordados Atualizar constante a base das encomendas.
Programar alertas regulares para todas as encomendas
incluindo o acompanhamento em tempo real.
Garantir uma eventual antecipação da encomenda ao
fornecedor com vista a reduzir possíveis imprevistos no
transporte de longo curso por via marítima, decorrentes de
fenómenos meteorológicos ou outros.
Desconhecimento do paradeiro
das encomendas
Pagamento de coimas aos
clientes
Perda de negócios
89
Quadro n.º 23: Recomendações (Continuação)
Fonte: Elaboração própria
Disparidade entre o real e o
negociado relativamente aos
produtos recebidos e negociados
Garantir que após a conferência física efetuada pelo
responsável no armazém e o preenchimento da folha de
conferência interna com o código, a descrição, a quantidade, o
peso e as medidas dos artigos recebidos, seguida da conferência
do gestor de compras que compara, a fatura com a folha de
conferência do armazém, seja ainda efetuada a conferência
qualitativa dos artigos recebidos pelo departamento de
marketing que intervém diretamente na elaboração do design
do produto.
Estabelecer uma periodicidade para o departamento de compras
enviar o plano de aquisições ao responsável de armazém.
Apostar numa filosofia “just in time”, para os produtos sujeitos
a alterações de design.
Manter informação atualizada dos pedidos de compra
pendentes - deve ser preparado um relatório semanal ou diário.
Pré-numerar sequencialmente e informatizar os relatórios de
receção de mercadoria/folhas de conferência para reduzir os
erros, facilitar a deteção dos eventuais erros e permitir a
informatização da informação sobre a receção das mercadorias.
Essa conferência deve ser feita semanalmente ou num período
de tempo igualmente frequente; em caso de dúvida, a
mercadoria deve ser recontada por outra pessoa e, se possível,
na presença do responsável do armazém.
Manipulação de documentos e
registo devido à falta de
supervisão
Falta de controlo entre a
mercadoria realmente recebida e
a mercadoria faturada
A receção de grandes
quantidades de material pode
influenciar as atividades de
receção e verificação de
mercadoria
A documentação relativa à
devolução de materiais pode
perder-se
A documentação relativa a
mercadoria devolvida pode
conter erros
A falta de controlo na seleção de
fornecedores pode originar
fraude
Receção de material não
contabilizado ou não
contabilizado na data devida;
Entrada de dados inexata
Manter procedimentos para que o inventário tenha um registo
diário. O sistema de informação deve incluir documentos de
receção de mercadoria numerados.
Registo de faturação sem
recebimento do bem ou serviço
adjudicado
Pré-numerar e controlar as ordens de envio de bens devolvidos.
Comparar as ordens de envio de mercadorias devolvidas com
as notas de crédito dos fornecedores. Registo incorreto ou falha no
registo de encomendas;
Risco de fraude e subversão de
documentos
Informação sobre fornecedores
incorreta ou desatualizada;
Incapacidade do fornecedor
disponibilizar as quantidades
necessárias por existirem
pedidos prioritários
Verificar e atualizar frequentemente o desempenho do
fornecedor ao nível da capacidade de satisfação de serviços.
Verificar negociações de preços e prazos de entrega, condições
de pagamento e possíveis litígios pendentes.
Verificar se os contratos comerciais são ou não cumpridos
segundo o negociado.
Rever os pedidos de compra.
Pesquisar e desenvolver relações comerciais com fornecedores
alternativos.
Instituir e supervisionar um código de conduta.
90
4.4.3. Indicadores de Desempenho
A análise dos indicadores de desempenho permite saber se estes estão a contribuir positiva
ou negativamente para os resultados da empresa, fornecendo pistas sobre a necessidade ou
não de alterar a estratégia organizacional. O quadro de indicadores que se segue pretende
dar resposta aos objetivos específicos estabelecidos no ponto 4.
Quadro n.º 24: Indicadores de Desempenho
(Continua)
Objetivos Indicadores Explicação
Assegurar o planeamento
das necessidades de
compras
Percentagem de ruturas no stock;
Percentagem de encomendas processadas
Analisar se há ruturas de stock e
porque motivo ocorrem estas
situações.
Assegurar que os bens /
serviços são obtidos ao
preço contratado
Percentagem de exatidão nos preços
cotados
Apreciar se os preços praticados
pelos fornecedores são
concordantes com os preços
fixados.
Assegurar que os bens /
serviços adquiridos
preenchem os requisitos
negociados
Percentagem de reclamações/devoluções;
Percentagem de pedidos de amostras
Apreciar se os artigos apresentam
as características técnicas
solicitadas pela empresa.
Verificar se a qualidade é testada
pela assistência técnica.
Assegurar que todos os
valores das encomendas
são registados
Contabilização do volume de encomendas Verificar o intervalo de datas de
encomendas e controlar o plafond.
Assegurar que todas os
artigos encomendados
são registados
N.º de encomendas registadas Manter as listagens de stocks e
confirmar, nos itens enviados, se a
encomenda foi de facto feita e
enviada.
Assegurar o pagamento
das faturas na data
devida
Percentagem de cumprimento de prazos de
pagamentos
Verificar se existem alertas de
pagamento por parte dos
fornecedores.
Acompanhar o trânsito
das encomendas da
origem ao destino
Percentagem de encomendas concluídas
dentro do tempo previsto
Comparar as datas de saídas
previstas pelos fornecedores com
as datas de saídas reais.
Verificar se a mercadoria
rececionada está de
acordo com o negociado
Percentagem de incumprimentos Apreciar a qualidade e
características da mercadoria
adquirida.
Assegurar que os custos
do processo de compras
são devidamente
contabilizados
Percentagem de erro na valorização da
mercadoria
Apreciar se todos os fatores
preponderantes são imputados à
mercadoria.
Analisar o sistema de
informação do
departamento de compras
Percentagem de documentos registados Apreciar se todos os documentos
necessários estão pré-numerados e
incluídos nos devidos processos.
91
Quadro n.º 24: Indicadores de Desempenho (Continuação)
Fonte: Elaboração própria
A análise que se segue tem o intuito de medir o desempenho da empresa em estudo, ao
nível do departamento de compras, mediante a seleção prévia de indicadores conforme
ilustrado supra.
1. Assegurar o planeamento das necessidades de compras
Neste objetivo, para validar os indicadores a percentagem de baixas no stock e a quantidade
de encomendas foi selecionada uma amostra das compras feitas num período de três meses:
Outubro, Novembro e Dezembro, correspondente a um trimestre de grande volume de
compras. Durante este período de tempo, verificou-se que, no total, foram feitas 60
encomendas a fornecedores, tanto nacionais como internacionais, cujo tempo de
confirmação varia em função do tipo de fornecedor. É mais fácil repor rapidamente o stock
quando a compra se refere a um artigo nacional.
Quando há situações de excesso de stock, normalmente são artigos mais antigos ou
sazonais que ainda não chegaram ao pico de vendas. São mais frequentes as situações de
rutura do que de excesso que, nesta amostra apresentam uma expressão de 20%, porque as
encomendas só foram recebidas após as datas acordadas. Em alguns casos, constataram-se
atrasos em alguns dias e noutros num ou dois meses.
As principais razões que justificam estas ruturas deveram-se essencialmente à falta de
cumprimento de prazos por parte dos fornecedores, por razões apenas imputáveis a eles; ao
planeamento das compras que não atendeu aos prazos de entrega previsíveis e normais dos
Avaliar o sistema de
controlo interno do
departamento de compras
Percentagem de cumprimento dos
procedimentos existentes
Apreciar se todos os
procedimentos são seguidos, se
alguns são eliminados ou se
existem controlos suficientes.
Assegurar que o
desempenho do
fornecedor é
devidamente
monitorizado e avaliado
Tempo médio de receção das encomendas Apreciar se os fornecedores
cumprem com o tempo de trânsito
garantido aquando da
confirmação das encomendas.
92
fornecedores; à articulação inadequada entre o departamento comercial e o departamento de
compras, que não conseguiu comunicar as eventuais necessidades de inventários que
permitissem fazer face às vendas expectáveis.
Considera-se que para estas compras, a empresa não conseguiu garantir um planeamento
adequado uma vez que as ruturas detetadas encontram-se no limite médio de risco. Isto
significa que a empresa para compensar as ruturas dos inventários viu-se obrigada a efetuar
compras urgentes a outros fornecedores geograficamente mais acessíveis, garantindo a
qualidade com preços de compra mais altos.
2. Assegurar que os bens e serviços são obtidos ao preço contratado
Para este objetivo, cujo indicador é a percentagem de exatidão nos preços cotados, foi
selecionada uma amostra de compras relativas ao ano de 2014. Durante este período de
tempo, verificou-se que em média, cerca de 75% dos fornecedores mantém os preços
acordados, geralmente no início do ano, podendo por vezes esse acordo prolongar-se
durante mais um ou dois anos. No entanto, os restantes 35% tentam aumentar os preços
negociados bianual, trianualmente ou a cada nova encomenda, tendo como justificação a
oscilação da moeda estrangeira e o encarecimento das matérias-primas.
Para melhor controlar os preços e prevenir que a empresa seja vítima de fraude, o
responsável de compras mantém um histórico de preços para cada fornecedor e tenta
manter mais do que um fornecedor geograficamente equiparável na sua base de dados.
Considera-se que a empresa verifica e controla a possível oscilação de preços mediante o
registo de preços de anos anteriores, a manutenção de vários fornecedores para o mesmo
bem e serviço, de forma a negociar o melhor preço. Mesmo com os fornecedores mais
obstinados que insistem em aumentar os preços com frequência ou fora da frequência
acordada, o responsável de compras tenta sempre negociar e protelar esse aumento para a
encomenda seguinte. Normalmente, esse adiamento é conseguido com um aumento de
quantidades a encomendar ou a promessa de maior volume de encomendas no futuro, pelo
que se conclui que a empresa é capaz de assegurar este objetivo.
93
3. Assegurar que os bens e serviços adquiridos preenchem os requisitos negociados
Para este objetivo, cujos indicadores são a percentagem de reclamações/devoluções e a
percentagem de pedidos de amostras, foi selecionada uma amostra de compras feitas no ano
de 2014. Durante este período de tempo, verificou-se que, felizmente as
reclamações/devoluções não são frequentes e variam em função do artigo adquirido.
Quando é feita uma encomenda de um novo artigo ou de um artigo similar no qual o
fornecedor é novo, em 90% dos casos são solicitadas amostras, particularmente se o artigo
representar um grande investimento.
Normalmente, os artigos mais pequenos e intuitivos, de uso manual são analisados pela
Administração, ao passo que equipamentos mais sofisticados são analisados e testados pela
assistência técnica. Aqui, verifica-se o funcionamento das máquinas e se as características
técnicas satisfazem as necessidades da empresa. Os equipamentos testados costumam ser
iguais aos encomendados pelo que a percentagem de reclamações/devoluções é de cerca de
25% e normalmente deve-se a danos durante o transporte ou defeitos de fabrico de origem.
Sempre que necessário, o responsável da assistência técnica apresenta uma reclamação da
mercadoria rececionada explicando detalhadamente por palavras, fotos e vídeos o motivo
da reclamação. Toda esta informação é enviada para o responsável de compras, que
reencaminhará ao fornecedor para sua análise. Normalmente, os fornecedores mostram-se
solícitos em cooperar pelo que aceitam as reclamações e predispõem-se a ressarcir a
empresa imediatamente ou em futuras encomendas.
Considera-se que a empresa assegura o objetivo referido dados os procedimentos
executados no sentido de certificar se os requisitos preenchem as necessidades da empresa
e dado o reduzido número de reclamações/devoluções.
4. Assegurar que os valores das encomendas são registados
Para este objetivo, cujo indicador é a contabilização do volume de encomendas, foi
selecionada uma amostra de compras feitas num período de três meses. O período
94
selecionado Outubro, Novembro e Dezembro, corresponde a um trimestre de grande
volume de compras.
Registaram-se, no total, 60 encomendas a fornecedores, tanto nacionais como
internacionais, sendo que apesar do maior número ser de compras nacionais, são as
compras internacionais que representam a maior despesa. Verificou-se também que apenas
são registados os valores das encomendas a fornecedores extracomunitários, sendo que o
plafond existente para este tipo de encomendas, é consecutivamente ultrapassado, em cerca
de 20%.
Considera-se que a empresa não faz uma correta gestão do plafond mensal, visto que este é
sistematicamente extrapolado e esta situação afeta os resultados da empresa. Também se
verifica que não existe um controlo de custos sobre a totalidade das encomendas, visto que
tanto as nacionais como as comunitárias não são contabilizadas.
5. Assegurar que todos os artigos encomendados são registados
Para este objetivo, cujo indicador é o número de encomendas registadas, foi selecionada
uma amostra de compras feitas num período de três meses. O período selecionado,
Outubro, Novembro e Dezembro, corresponde a um trimestre de grande volume de
compras. Durante este período verificou-se que todas as listagens de stock são guardadas
para haver garantia que todos os artigos selecionados foram encomendados.
Cerca de 90% das encomendas são feitas e enviadas ao fornecedor no dia em que são
recebidas pelo responsável de compras. Após o envio da encomenda, os artigos são
imediatamente registados na base de dados para controlo dos artigos encomendados, em
trânsito ou não encomendados.
Nesta amostra, verificou-se o registo total de 60 encomendas de fornecedores nacionais,
comunitários e extracomunitários, sendo que todas as encomendas são registadas
independentemente da sua origem. Deste modo, torna-se fácil o controlo dos artigos
pedidos, visto que a base está em constante atualização.
95
6. Assegurar o pagamento das faturas na data devida
Para este objetivo, cujo indicador é a percentagem de cumprimento de prazos de
pagamento, foi selecionada uma amostra de compras feitas no ano de 2014. No
departamento de compras, os pagamentos funcionam com letra de crédito ou transferência.
A transferência antecipada é pedida pelo fornecedor assim como a carta de crédito, e sem o
envio dos comprovativos a encomenda não avança. Os pagamentos a 30, 60 ou 90 dias são,
normalmente, mais suscetíveis de falhas. O responsável de compras separa os pagamentos
do mês colocando-os por ordem cronológica e vai entregando ao departamento financeiro
para liquidação. Também existe registo informático das datas de pagamento. Deste modo, a
taxa de sucesso é de cerca de 95%.
Considera-se que o procedimento existente é eficaz, visto que as faturas são liquidadas
dentro do prazo, não havendo reclamações por parte dos fornecedores ou atrasos na entrega
das encomendas.
7. Acompanhar o trânsito das encomendas da origem ao destino
Para este objetivo, cujo indicador é a percentagem de encomendas concluídas dentro do
tempo previsto, foi selecionada uma amostra de compras período de três meses. O período
selecionado Outubro, Novembro e Dezembro, corresponde a um trimestre de grande
volume de compras. Neste período em particular, verifica-se a saída de muitas encomendas.
Este fenómeno verifica-se não só a nível da empresa mas globalmente, o que dificulta o
cumprimento de prazos.
A empresa é ultrapassada por outras que façam encomendas maiores ou que ofereçam
melhores condições de pagamento. Outras vezes, a encomenda é feita quando a fábrica já
tem produção para outros mercados e, nesse caso, o fornecedor não pode garantir uma data
de saída breve. Há ainda o cenário de o último trimestre do ano ser uma época
atmosfericamente agreste, o que por si só pode provocar atrasos nas saídas das
encomendas.
96
Não é possível controlar todas as encomendas, dado a falta de pessoal para essa função e o
volume de compras verificado, em especial nesta amostra. No entanto, é possível afirmar
que para as encomendas urgentes e controladas, a percentagem de saídas dentro do prazo é
de cerca de 90%, enquanto que as outras encomendas que não têm a mesma dedicação têm
uma taxa de sucesso de cerca de 60%.
Considera-se portanto que, apesar de haver um controlo eficaz de todos os artigos
encomendados, o mesmo controlo não é possível a cada encomenda individualmente
devido à dimensão do volume de compras. Esta falta de acompanhamento das encomendas,
em especial das extracomunitárias, pode originar grandes atrasos nos prazos de entrega e,
em casos mais extremos, perda de negócios.
8. Verificar se a mercadoria rececionada está de acordo com o negociado
Para este objetivo, cujo indicador é a percentagem de incumprimentos, foi selecionada uma
amostra de compras durante o ano de 2014. Normalmente a mercadoria encomendada
preenche os requisitos negociados. Após a descarga, verifica-se se a mercadoria veio
devidamente acondicionada ou se apresenta algum dano e é retirado um exemplar para que
a assistência técnica possa testar que o artigo está em conformidade. A taxa de
incumprimento é de cerca de 15%.
Considera-se que a mercadoria satisfaz os requisitos solicitados e negociados e, sempre que
essa situação não se verifica, os fornecedores mostram-se disponíveis para solucionar
possíveis incumprimentos.
9. Assegurar que os custos do processo de compras são devidamente contabilizados
Para este objetivo, cujo indicador é a percentagem de erro na valorização da mercadoria, foi
selecionada uma amostra de compras pelo período de seis meses, de Janeiro a Junho, época
de renovação de stock. Existe uma lista de valores a imputar à mercadoria que é sempre
seguida. Desses valores fazem parte o transporte, o despacho aduaneiro e o seguro.
97
Visto que este procedimento está registado, a margem de cumprimento é exata. O que pode
suceder, embora raramente, é a introdução errada ou a omissão de valores, que pode ter
uma expressão de 10%. Considera-se portanto que a valorização da mercadoria é feita de
forma adequada.
10. Analisar o sistema de informação do departamento de compras
Para este objetivo, cujo indicador é a percentagem de documentos registados, foi
selecionada uma amostra de compras durante o ano de 2014. Verificou-se que, apesar de
existirem procedimentos, nem todos os documentos necessários estão pré-numerados pelo
que podem existir falhas nos controlos.
Por vezes, nem todos os documentos estão incluídos nos processos à data da sua conclusão,
devido a atrasos dos bancos, das seguradoras ou de qualquer outro organismo interveniente
no processo de compras. Cerca de 80% dos processos de compras têm todos os documentos
originais e registados à data de conclusão do processo.
Considera-se, portanto, que visto não haver numeração nem todos os documentos originais
estarem disponíveis à data de conclusão do processo, existe o risco de fraude.
11. Avaliar o sistema de controlo interno do departamento de compras
Para este objetivo, cujo indicador é a percentagem de cumprimento dos procedimentos
existentes, foi selecionada uma amostra de compras durante o ano de 2014.
Verificou-se que nem todos os procedimentos são seguidos e os considerados redundantes
são eliminados. Uma vez que não existem controlos suficientes, há alguma facilidade nesta
situação. Por exemplo, os procedimentos relativos à avaliação de fornecedores só são
aplicados em situações mais complicadas, quando o serviço adjudicado com o fornecedor
não é o negociado ou desejado. Considera-se que essa avaliação deveria ser feita a todos os
fornecedores, para maior controlo da qualidade.
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12. Assegurar que o desempenho do fornecedor é devidamente monitorizado e
avaliado
Para este objetivo, cujo indicador é o tempo médio de receção das encomendas, foi
selecionada uma amostra de compras durante o ano de 2014. Neste objetivo em particular,
existem três situações: o fornecedor nacional, o fornecedor europeu e o fornecedor
extracomunitário. Uma encomenda nacional demora cerca de uma semana a chegar; se for
um fornecedor europeu o prazo será de cerca de duas semanas e de um fornecedor
extracomunitário demorará cerca de dois meses. De todos estes fornecedores, os que têm
mais dificuldades em cumprir prazos são os extracomunitários.
Normalmente, os prazos são cumpridos quando existe um controlo apertado de uma
determinada encomenda ou quando o fornecedor é regular e já tem stock do cliente.
Verificou-se que existe maior atenção ao desempenho de um fornecedor se existirem falhas
consecutivas nas encomendas. Esses dados ficam registados na avaliação a fornecedores
para envio de reclamações e futuras substituições. A percentagem de falha dos fornecedores
é de cerca de 35%.
4.5. Principais Conclusões do Estudo
O exame levado a cabo no departamento de compras da empresa em estudo, permitiu-nos
concluir que o contributo deste departamento pode abranger áreas como a qualidade e a
economia. Relativamente à qualidade, foi demonstrado que existe uma preocupação com os
artigos comercializados, especialmente quando são novos. Existe a preocupação de testar a
qualidade, segurança e manutenção dos mesmos antes de serem disponibilizados ao cliente.
Esta medida proporciona a satisfação do cliente e garante uma taxa de devoluções baixa.
Ao nível da economia, tornou-se evidente que a falta de planeamento não deixa margem
suficiente para o processo normal de negociação, pelo que, para evitar situações de rutura
de stock ou perda de negócios, o responsável de compras tem apenas a opção de adquirir a
mercadoria necessária a preços pouco competitivos mas geograficamente mais acessíveis.
99
A margem da empresa é sacrificada se à despesa da mercadoria acrescentarmos a despesa
do transporte, considerando que os transportadores mais céleres normalmente são os mais
dispendiosos. Desta forma, não se concretiza o objetivo de redução de custos.
Dada a panóplia de procedimentos associados a cada uma das fases do processo de
compras, constatou-se que este departamento apresenta um grande risco de fraude. Para
além de todas as operações financeiras inerentes, neste departamento em concreto, a gestão
das compras está a cargo somente de uma pessoa, não havendo supervisão ou conferência
por parte de outros colaboradores. Desta forma, também o risco de erros ou omissões se
torna maior.
Relativamente à gestão e avaliação de fornecedores, esta empresa mantém uma carteira de
parceiros comerciais acumulados com o tempo, específicos para cada tipo de artigo
comercializado, no entanto, mantém-se disponível para inovar e negociar com novos
abastecedores, evidentemente, com as devidas precauções e seguindo determinados
critérios. No entanto, ficou provado que, por vezes, a avaliação de fornecedores não é feita
da forma mais adequada, sendo que se verificaram situações em que o desempenho dos
fornecedores deveria ter sido analisado com maior detalhe.
De uma forma geral, verificou-se que o departamento em análise apresenta um nível de
funcionamento satisfatório, sendo que as lacunas que apresenta são o reflexo da
inadequação no planeamento das necessidades da empresa.
100
CONCLUSÃO
A realização deste estudo permitiu comprovar que o departamento de compras constitui um
fator relevante na gestão de recursos de uma empresa. Com efeito, uma gestão adequada
dos produtos ou serviços a adquirir consegue promover e garantir vantagem competitiva
numa empresa, contribuindo positivamente para os seus resultados.
Julgamos que os objetivos propostos no início deste trabalho foram atingidos, na medida
em que procurámos justificá-los sob a forma de um estudo de caso. Por conseguinte,
procurou-se:
conhecer a empresa sujeita ao estudo por via do seu negócio, dos seus sistemas de
controlo de gestão e de controlo interno;
conhecer o funcionamento do departamento de compras da empresa e os processos
de gestão relevantes para o estudo e, em particular, o processo de compras;
sistematizar as vantagens de um departamento de compras eficaz e eficiente;
apreciar o sistema de informação do departamento de compras;
apreciar o contributo do departamento de compras para garantir vantagem
competitiva.
Verificou-se que a empresa em estudo possui um departamento de compras cujo
funcionamento é satisfatório, apresentando, todavia, algumas falhas, nomeadamente ao
nível do planeamento. No sentido de redimir algumas dessas situações, elencámos um
conjunto de recomendações que julgamos ser do melhor interesse para a empresa.
Com a realização deste estudo, foi possível observar que a gestão de compras nas
organizações é de fundamental importância para o seu sucesso num mercado cada vez mais
competitivo. Podemos concluir que há fatores determinantes a considerar no momento de
efetuar compras que fazem a diferença: material certo, preço certo, tempo certo, quantidade
certa e fornecedor certo.
101
Devido a limitações temporais, não foi possível o estudo e desenvolvimento de outros
temas relacionados com o abrangido neste trabalho como por exemplo, a logística, o
armazenamento e a distribuição que consideramos pertinente, por via da morosidade e
detalhe que esse estudo englobaria.
RECOMENDAÇÕES
A análise do departamento de compras da empresa em estudo, permitiu-nos verificar que
esta não utiliza a totalidade dos recursos disponíveis. Com efeito, constatou-se que, apesar
da empresa dispor de um sistema de informação com essa funcionalidade, o método de
classificação ABC não é utilizado, pelo que se desconhece a importância a atribuir aos
artigos que estão esgotados ou cujo stock está a terminar, ou seja, não existe a noção real de
quais os produtos com necessidade de aquisição prioritária e quais os que apresentam uma
rotação menor.
O tempo de reposição de um artigo também não é satisfatório visto que, frequentemente, a
compra é efetuada quando o produto já está esgotado. Isto significa que o planeamento não
é elaborado da forma mais correta. Para fazer face a estas ocorrências, é frequente a compra
de uma quantidade menor a um fornecedor geograficamente mais acessível que,
obviamente terá um preço superior ao da fábrica. Esta é a solução mais rápida para
responder aos pedidos dos clientes até que chegue a encomenda feita em maior quantidade
a outro fornecedor mais competitivo, mas com menor capacidade de resposta. A não
utilização desta funcionalidade quando existe uma gama de produtos tão alargada para
gerir, torna as ruturas inevitáveis.
O tempo de reposição depende muito do prazo negociado com o fornecedor que,
invariavelmente não é cumprido.
A análise desta empresa revelou que a mesma não utiliza todas as funcionalidades do seu
sistema de informação, no que respeita à gestão do stock, uma vez que não dispõe de um
102
profissional especializado nesta área capaz de gerir o inventário de acordo com as
necessidades da empresa. Dada a dimensão e a posição da empresa no mercado, esta
deveria ponderar a referida recomendação.
De forma a melhorar o desempenho da gestão de compras e da gestão de stocks,
consideramos igualmente pertinentes as seguintes recomendações:
programar o sistema de gestão para disparar quantidades mínimas e fazer nova
encomenda;
reduzir o nível de stock considerando os consumos reais assim como os prazos de
aprovisionamento até eliminar o excesso;
consultar o histórico de artigos selecionados com alguma periodicidade, analisando
se são vendáveis; se se justifica efetuar uma nova encomenda; qual o volume de
vendas e a que preço; comparar com a concorrência e verificar se é possível
aumentar margens ou inversamente se é necessário repensar preços;
controlar as datas de recolha e de chegada das encomendas, de modo a planear o seu
escoamento, não sobrelotar o armazém e facilitar a distribuição.
A adoção destas medidas prevê:
a redução das compras de emergência;
o cumprimento dos prazos de entrega;
maior rotação do stock;
a minimização das perdas;
a melhoria no atendimento ao cliente.
A última recomendação prende-se com a criação de um novo departamento. A
Administração é presença frequente nas principais feiras internacionais a nível comercial,
como por exemplo, a Feira de Bolonha e a Feira da China. Nestas feiras são estabelecidos
contatos e negócios devido à apresentação de novas empresas e também de novos produtos.
103
A nível estratégico, é vantajoso para a Administração o acesso às aquisições dos seus
concorrentes mas também a possibilidade de estar a par das novidades disponíveis no
mercado. Para testar a aceitação do mercado e desenvolver fatores diferenciadores,
consideramos justificável a criação de um departamento de I&D (Investigação e
Desenvolvimento).
104
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ANEXO
Questionário de Controlo Interno
1. As políticas e procedimentos de compras encontram-se elaborados por escrito e por via
informática?
2. A função de compras está segregada:
a) da contabilidade?
b) da receção de bens, mercadorias e materiais?
c) da expedição de mercadorias e produtos acabados?
d) do armazenamento dos materiais, bens e mercadorias?
e) da confirmação e pagamento das faturas?
3. As compras são efetuadas com base nos pedidos?
4. Quando é necessário fazer compras utilizam-se os fornecedores já existentes ou
pesquisam-se novos?
5. Que critérios são eleitos para selecionar um fornecedor?
6. Com que frequência é feita a avaliação de fornecedores?
7. Existe preocupação com atualização de preços?
8. Como são feitos os pedidos de cotação?
9. Que campos são incluídos nas notas de encomenda (preço unitário, quantidade, dados
técnicos, prazo de entrega e de pagamento, modo de expedição)?
10. Como se regista uma nova encomenda?
11. Existe forma de impedir a duplicação de encomendas?
12. As encomendas estão informatizadas?
13. Existe apenas uma pessoa responsável pelo registo de encomendas no sistema
informático?
14. Onde se recebem as mercadorias?
15. Existem guias de receção de todos os pedidos recebidos?
16. Como se controlam as guias de receção?
17. De que forma são verificadas as mercadorias?
18. Existem procedimentos para reclamações ou devoluções de mercadoria?
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19. A receção de material não conforme pelo Armazém é comunicada ao departamento de
compras?
20. O responsável que dá a ordem de pagamento de uma fatura, efetua os seguintes
procedimentos:
a) verificação das condições de pagamento, preços e quantidades mediante a
comparação da fatura com o pedido?
b) verificação das quantidades e qualidade mediante a comparação da fatura com a
guia de receção?
21. As contas dos fornecedores são atualizadas informaticamente?
22. Existe um arquivo com encomendas lançadas e não satisfeitas?
23. As faturas dos fornecedores são encaminhadas para a Contabilidade?
24. Existe segregação de funções entre quem:
a) verifica a fatura e aprova o seu pagamento?
b) emitiu o pedido e quem verifica a fatura e aprova o pagamento?
c) efetua a compra e quem efetua o pedido?
25. Os fornecedores selecionados são capazes de satisfazer as necessidades da empresa
pelas melhores condições financeiras?
26. Existe uma base de dados com todos os fornecedores selecionados?
27. Essa base de dados é revista periodicamente?