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O DIA EM QUE O KLETO ACHOU DINHEIRO
Rubens Balestro
O achado
O Kleto era um menino que morava no interior, numa casa de material que ficava na
beira de uma estrada. Ele não era rico, mas não era pobre também. Bem, era mais para pobre.
Não vou dizer qual a idade dele, só que tinha mais de cinco e menos de treze anos. Um dia, o
Kleto estava na rua, chutando pedra quando o vento lhe trouxe um envelope com alguma
coisa dentro. Ele abriu e encontrou algo que parecia ser dinheiro. Nunca tinha visto um
dinheiro assim. Achou melhor mostrar para alguém.
Problematização: Por que o Kleto não devolveu o dinheiro?
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A primeira compra
O Seu Manoel, um português, tinha uma padaria perto da casa do Kleto e foi lá que ele
resolveu levar o que achou. Mostrou as três notas para o Seu Manoel e ele confirmou ser
dinheiro, mas de outro país. Disse que, se ele quisesse usar o dinheiro, teria de trocar por
dinheiro brasileiro.
- O senhor troca para mim?
- Sim, mas apenas uma nota, e se você comprar alguma coisa.
- Dá para comprar balas?
- Umas 50, chega?
- Sim, e posso comprar chocolate também?
- Você pode comprar muitas coisas e ainda sobrará troco.
O Kleto comprou 11 chocolates de diferentes tipos, quatro tipos de chicletes, uns dropes,
doces e duas latinhas de refrigerantes. O Seu Manoel colocou tudo numa sacola de plástico e
o Kleto pegou o troco, disse obrigado e foi embora.
Problematização: Quanto vale um dinheiro de cor verde de outro país?
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O menino da praça
Depois de andar até uma pracinha, Kleto sentou num banco embaixo de uma pequena
árvore e começou a comer os chocolates. Um menino que o Kleto achou ser mais pobre que
ele ficou parado na sua frente, olhando. Kleto pensou que aquele menino também queria
comer chocolate e, por isso, abriu a sacola e escolheu um de tamanho médio, de cor de laranja
e deu para ele. O menino pegou, disse obrigado e foi embora comendo o chocolate. Kleto
levantou e foi andar mais um pouco.
Problematização: O que é preconceito?
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A segunda compra
Enquanto Kleto andava pelas ruas da cidade, teve tempo para pensar em muitas coisas
que gostaria de fazer com o dinheiro que achou. Se desse, poderia ficar rico e comprar muitos
brinquedos como bicicleta, videogame, tênis, além de, é claro, ajudar seus pais. Ao passar por
uma banca de revistas, Kleto entrou e interessou-se por um álbum de figurinhas. Mostrou ao
dono da banca uma nota de dinheiro e perguntou se dava para comprar. Ele disse que sim e
que deveria levar alguns pacotes de figurinhas também. Kleto concordou e ainda recebeu
troco. Ele estava muito feliz.
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Hora de almoçar
Já era quase meio-dia quando o Kleto, por acaso, encontrou sua tia. Ela perguntou o
que ele estava fazendo. Ele disse que estava passeando e pediu para ela fazer o favor de avisar
sua mãe que ele não iria almoçar em casa (ele fazia isso de vez em quando, indo almoçar na
casa de amigos ou primos, mas sempre avisava). Ela disse que daria o recado, pois morava
perto da casa do Kleto. Em seguida, Kleto procurou uma lancheria e perguntou para o dono se
o dinheiro que tinha na mão dava para pagar um lanche. O homem disse que sim e que ainda
sobraria troco. O Kleto quis um cheeseburger com presunto e ovo e um suco de laranja.
Estava muito bom. Ele pagou com a nota e recebeu troco.
Problematização: Por que o Kleto não estava na escola?
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O cinema
Kleto queria ir ao cinema, mas achou que não o deixariam entrar. Resolveu ir igual, só
para ver o que estava passando. No caminho, encontrou uma mulher que pedia ajuda para as
pessoas. Ela tinha um nenê no colo e dizia que ele estava doente. O Kleto deu uma nota
amarela para ela. A senhora ficou muito feliz e disse obrigado. Chegando ao cinema, Kleto
ficou com muita vontade de entrar, pois estava passando um filme muito legal, mas o porteiro
não permitiu que ele entrasse, pois era muito novo e estava sozinho. Kleto resolveu, então,
fazer outra coisa.
Problematização: Devemos dar esmolas?
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A terceira compra
O Kleto passou por uma loja que tinha uma linda carteira preta, por dentro e por fora.
Também tinha uma corrente para o pescoço com pontas, iguais as que tinha visto uns meninos
da cidade usarem. Como ele sempre quis ter uma carteira preta e uma corrente com pontas,
ele foi falar com a moça para saber se o dinheiro que tinha podia pagar. Mostrou duas notas à
ela e ficou sabendo que era possível comprar e que ainda sobraria troco. Ele comprou a
carteira preta e a corrente com pontas.
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A amiga
Kleto estava mais bonito com a corrente com pontas no pescoço e com a carteira preta
no bolso, guardando seu dinheiro. Foi então que ele lembrou de uma amiga chamada Lorena.
Ele gostava bastante dela. Resolveu convidá-la para tomar sorvete. Como sabia onde ela
morava, fez isso.
Chegando à casa de Lorena, fez o convite e ela aceitou. Foram até à sorveteria e ele
pediu para ela esperar um pouquinho, pois foi perguntar para o sorveteiro se com o dinheiro
que tinha na mão seria possível eles pegarem um pouquinho de cada
sabor de sorvete e mais cobertura. O sorveteiro disse que sim e que sobraria
troco. Eles pegaram um pouco de cada sabor e colocaram um pouco de todas as
coberturas. Sentaram-se e comeram. Depois, tomaram os refrigerantes que estavam
na sacola, aquela onde guardava o que comprou na padaria. As latinhas estavam
um pouco quentes, mas os dois as tomaram mesmo assim. O Kleto mostrou o álbum
de figurinhas para Lorena e abriram os pacotinhos. Eles ainda comeram alguns
chocolates que ele havia comprado pela manhã. Lorena disse ao Kleto que aquela tinha sido a
melhor tarde da sua vida.
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Levando Lorena para casa
Chegara a hora do Kleto levar a Lorena para casa. Ele pediu para ela esperar um
pouquinho, foi até um táxi e falou com o motorista. Perguntou para ele se com o dinheiro que
tinha na mão seria possível levar a amiga até a casa dela. O motorista, depois de ouvir o
endereço, disse que sim e que sobraria troco. Assim Kleto e Lorena foram para casa dela de
táxi.
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Um grande dia
Já estava anoitecendo e Kleto tinha de voltar para sua casa. Ele havia feito muitas
coisas. Achou dinheiro, trocou uma nota, comprou 50 balas, 11 chocolates, uns dropes, quatro
tipos de chicletes, doces, duas latas de refrigerantes. Além disso, comprou também um álbum,
figurinhas, comeu cheeseburger com presunto e ovo e tomou suco de laranja. Também foi ao
cinema ver o que estava passando, comprou uma carteira preta e uma corrente com pontas.
Saiu com a Lorena, tomou sorvete com ela, levou-a para casa de táxi. No final do dia, ele
pensou em como todos aqueles momentos tinham sido bons.
Ele ainda tinha duas notas de dinheiro do outro país e bastante troco.
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Será que terminou?
O Kleto estava voltando para casa, caminhando e chutando pedras, quando tropeçou
em algo que parecia com a ponta de uma caixa. Kleto resolveu desenterrar. Era uma caixa de
madeira, bem velha, não muito grande, mas ele caberia dentro dela se ficasse encolhidinho.
Não vou contar o que tinha dentro da caixa, só quando escrever sobre: O dia em que o
Kleto encontrou uma caixa.
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Dados:
Rubens Balestro, profissional da educação, graduado em Pedagogia, com Especialização em
Administração Escolar, Supervisão Escolar e Extensão em Neuropsicopedagogia.
Karen Andriolo Basso, é arquiteta e, como todo bom profissional desta área, gosta muito de
criar. Desde criança vem desenhando e isso a trouxe às suas principais atividades atuais: a
arquitetura e a ilustração. Até o momento, ilustrou 11 livros já publicados, além de criações
para sites, estamparia e publicidade. Junto aos escritores, visita escolas de Caxias do Sul e
região e participa também de feiras de livros e eventos culturais.