Filipa Andreia Simões Sebastião
O efeito da temperatura e humidade relativa nos níveis
de hidratação e temperatura corporal dos ciclistas
Dissertação de Mestrado em Biocinética, apresentado à Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da
Universidade de Coimbra
Setembro de 2017
O efeito da temperatura e humidade relativa nos níveis de
hidratação e temperatura corporal dos ciclistas
Filipa Andreia Simões Sebastião
Dissertação de Mestrado em
Biocinética, apresentado à
Faculdade de Ciências do
Desporto e Educação Física
da Universidade de Coimbra
Orientador: Professor Doutor
Amândio Manuel Cupido
Santos
Filipa Sebastião i
Agradecimentos
À Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra e à
Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI) por proporcionarem a
realização da presente dissertação.
Ao Laboratório da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, em especial à Doutora
Ana Donato por toda a ajuda.
Ao orientador professor Doutor Amândio Santos por toda a paciência e por todo o apoio que deu
para que tudo corresse da melhor forma.
Ao professor Doutor Manuel Carlos Gameiro da Silva, ao engenheiro João Carrilho e ao Professor
Doutor Mário Mateus por toda a ajuda dada.
Á minha família, principalmente mãe e irmão, por toda a paciência e todo o apoio que me deram
ao longo de todo o processo da dissertação.
Ao José Miguel namorado, colega e amigo por todo o apoio e paciência ao longo destes meses.
Ao André Nunes por toda a disponibilidade e ajuda ao longo do trabalho.
Muito obrigado a todos os que permitiram de uma forma direta e indireta a realização da presente
dissertação.
Filipa Sebastião ii
Resumo
O ciclismo é uma modalidade que sendo de prática ao ar livre tanto se pode treinar com
condições ambientais confortáveis como se pode praticar em condições adversas. Desta forma
compreender o que acontece ao nosso corpo ao nível da hidratação e da termorregulação é bastante
importante.
Este estudo teve como objetivo verificar o nível de hidratação dos atletas e o
comportamento da temperatura corporal durante e após dois testes experimentais de uma hora a
uma intensidade correspondente a 2 mmol/L de lactato, e a diferentes temperaturas (21ºC e 34ºC)
e humidades relativas (60% e 55% respetivamente).
No presente estudo participaram 16 sujeitos com uma média de idades de 32.02 anos. Numa
primeira fase fizemos a avaliação da composição corporal, do VO₂ máximo e lactato. De seguida
realizámos o teste à temperatura 21ºC e 60% HR e por último fizemos o teste à temperatura de
34ºC e 55% Hr. Nos testes de 60 minutos avaliámos sempre antes e após o teste a massa corporal,
a temperatura da urina, a hemoglobina, o hematócrito e a pressão arterial, antes e durante o teste
analisámos a temperatura da pele.
Conclusões: Existem diferenças estatisticamente significativas (p≤0.05) entre o teste
realizado à temperatura de 21ºC e 60% Hr em comparação com o realizado à temperatura de 34ºC
e 55% Hr na variável de perda de volume plasmático (obtivemos uma perda 3.33±4.58% e 7.54±
4.19% respetivamente), na temperatura da urina (obtivemos um temperatura média no final do teste
de 37.59±1.30ºC e de 38.68±0.45ºC respetivamente) na temperatura da pele (cervical, esterno,
antebraço e coxa) e na pressão sistólica (obtivemos após o teste uma pressão arterial sistólica em
média de 104.31±7.15 mmHg e de 99.8±6.70 mmHg respetivamente). Isto leva-nos a concluir que
não podemos continuar a avaliar e a preparar os nossos atletas nas condições laboratoriais
(condições standard) e estes de seguida irem competir ou treinar em locais quentes porque o nosso
corpo reage de formas completamente diferentes.
Palavras-chave: ciclismo, hidratação, temperatura, humidade relativa, temperatura da urina
Filipa Sebastião iii
Abstract
Cycling is a modality performed mostly in the outdoor, were athletes can wither train
with comfortable environmental conditions as they can face adverse conditions. In this way
understanding what happens to our body at the level of hydration and thermoregulation is quite
important.
The objective of this study was to verify the hydration level of the athletes and the
behavior of body temperature during and after two experimental tests of one hour at an intensity
corresponding to 2 mmol / L of lactate, and at different temperatures (21ºC and 34ºC) and relative
humidity (60% and 55% respectively).
In the present study 16 subjects with a mean age of 32.02 years participated. At the first
step we evaluated the body composition, VO₂ max and lactate, then we performed the test at 21ºC
and 60% RH and finally we performed the test at 34ºC and 55% Hr. In the 60-minute tests, we
evaluated the body mass, urine temperature, hemoglobin, hematocrit and blood pressure before,
during and after the test.
Conclusions: There were statistically significant differences (p≤0.05) between the test
performed at 21ºC and 60% RH compared to the test at 34ºC and 55% RH in the plasma volume
loss variable (we obtained a loss of 3.33 ± 4.58 (mean temperature at the end of the test was 37.59
± 1.30 ° C and 38.68 ± 0.45 ° C respectively) at skin temperature (cervical, sternum, forearm and
thigh) and (mean systolic blood pressure was 104.31 ± 7.15 mmHg and 99.8 ± 6.70 mmHg,
respectively). This leads us to conclude that we cannot continue to evaluate and prepare our athletes
in laboratory conditions (standard conditions) and then compete or train in hot places because our
body reacts in completely different ways.
Key words: cycling, hydration, temperature, relative humidity, urine temperature
Filipa Sebastião iv
Índice
Capítulo 1 - Introdução .................................................................................................................... 1
Capítulo 2 - Revisão da literatura .................................................................................................... 4
1. Água, sódio, potássio e cloro ................................................................................................ 5
1.1. Distribuição da água corporal ....................................................................................... 5
1.2. Necessidade diária de água ........................................................................................... 6
1.3. Ganhos e perdas de água corporal ................................................................................. 7
1.4. Sódio.............................................................................................................................. 8
1.4.2. Hipernatremia ............................................................................................................ 9
1.5. Potássio.......................................................................................................................... 9
1.5.1. Hipocalemia ............................................................................................................... 9
1.5.2. Hipercalemia .............................................................................................................. 9
1.6. Cloro ............................................................................................................................ 10
1.6.1. Hipocloremia ........................................................................................................... 10
1.6.2. Hipercloremia .......................................................................................................... 10
2. Hidratação ........................................................................................................................... 11
2.1. Estado de hidratação.................................................................................................... 11
2.2. Fatores que influenciam o estado de hidratação .......................................................... 11
2.3. Definição de desidratação ........................................................................................... 12
2.4. Tipos de desidratação .................................................................................................. 12
2.5. Sinais e sintomas de desidratação ............................................................................... 13
2.6. Avaliação do estado de hidratação .............................................................................. 13
Filipa Sebastião v
2.6.1. Mudanças na massa corporal ................................................................................... 13
2.6.1.1. Desidratação até 6% da massa corporal ............................................................... 14
2.6.1.2. Desidratação superior a 6% da massa corporal.................................................... 14
2.6.2. Alterações analíticas ................................................................................................ 14
2.6.2.1. Hemoglobina plasmática ...................................................................................... 14
2.6.2.2. Hematócrito ......................................................................................................... 15
2.6.2.3. Volume plasmático .............................................................................................. 15
2.6.2.3.1. Equação de Van Beaumont (1972)................................................................... 15
2.6.2.3.2. Equação de Dill e Costill (1974) ...................................................................... 16
2.6.2.3.3. Equação de Harrison, Graveney e Cochrane (1982) ........................................ 17
2.6.3. Análise da urina ....................................................................................................... 17
2.6.3.1. Cor da urina ......................................................................................................... 17
2.6.3.2. Osmolaridade da urina ......................................................................................... 18
2.6.3.3. Densidade da urina ............................................................................................... 19
2.7. Desidratação e superfície corporal .............................................................................. 19
3. Pressão arterial .................................................................................................................... 21
Pressão arterial após o exercício físico .................................................................................. 22
4. Temperatura corporal ......................................................................................................... 23
4.1. Equilíbrio térmico ....................................................................................................... 23
4.2. Regulação hipotalâmica da temperatura ..................................................................... 23
4.3. Medição da temperature corporal interna.................................................................... 24
4.3.1. Temperatura oral...................................................................................................... 24
4.3.2. Temperatura axilar ................................................................................................... 24
Filipa Sebastião vi
4.3.3. Temperatura timpânica ............................................................................................ 25
4.3.4. Temperatura retal ..................................................................................................... 25
4.3.5. Temperatura da urina ............................................................................................... 25
4.4. Temperatura cutânea ................................................................................................... 26
4.5. Termorregulação no calor ........................................................................................... 26
4.5.1. Radiação .................................................................................................................. 27
4.5.2. Condução ................................................................................................................. 28
4.5.3. Convecção ............................................................................................................... 28
4.5.4. Evaporação .............................................................................................................. 28
5. Hidratação e termorregulação ............................................................................................. 29
Capítulo 3 - Metodologia ............................................................................................................... 31
1. Caraterização e seleção da amostra .................................................................................... 32
1.1. Fases do estudo ............................................................................................................... 32
1.2. Avaliação antropométrica ........................................................................................... 32
1.2.1. Massa corporal ......................................................................................................... 33
1.2.2. Estatura .................................................................................................................... 33
1.3. Avaliação da composição corporal ............................................................................. 33
1.3.1. Medição de pregas adiposas .................................................................................... 33
1.4. Lactatos ....................................................................................................................... 35
1.4.1. Determinação dos 2 e 4 mmol’s /L .......................................................................... 35
1.4.2. Métodos de determinação do limiar anaeróbio........................................................ 35
1.5. Temperatura corporal .................................................................................................. 36
1.5.1. Medição da temperatura da pele .............................................................................. 36
Filipa Sebastião vii
1.5.2. Temperatura da Urina .............................................................................................. 37
1.6. Pressão arterial ............................................................................................................ 37
1.7. Avaliação do estado de hidratação .............................................................................. 37
1.7.1. Avaliação da cor da Urina ....................................................................................... 37
1.7.2. Volume plasmático .................................................................................................. 38
1.7.2.1. Hematócrito ......................................................................................................... 38
1.7.2.2. Hemoglobina ........................................................................................................ 39
1.7.3. Osmolaridade da Urina ............................................................................................ 40
1.7.4. Densidade da Urina ................................................................................................. 40
1.7.5. Perda de massa corporal .......................................................................................... 40
1.8. Diário de hidratação .................................................................................................... 41
1.9. Protocolos laboratoriais ............................................................................................... 42
1.9.1. Organização do laboratório ..................................................................................... 42
1.9.2. Protocolo do teste máximo (Vo₂ máximo e limiar anaeróbio) ................................ 42
1.9.3. Avaliação da hidratação e temperatura corporal – Protocolo laboratorial .............. 45
Capítulo 4 – Resultados e Discussão ............................................................................................. 47
1. Caraterização dos atletas .................................................................................................... 48
1.1. Consumo máximo de oxigénio e lactato ..................................................................... 49
2. Teste nas condições climáticas de 21ºC e 60% de humidade relativa ................................ 50
2.1. Correlações com as diferenças nas variáveis de antes para o depois do teste ............. 50
2.1.1. Mudança no volume plasmático .............................................................................. 50
2.1.3. Diferença no valor do potássio do pré-teste para o pós teste................................... 53
2.1.4. Diferença na temperatura da urina do pré teste para o pós teste ............................. 54
Filipa Sebastião viii
2.2. Correlações com os valores das variáveis após o teste ............................................... 56
2.3. Comparações das variáveis no mesmo teste ............................................................... 58
3. Teste realizado na temperatura de 34ºC e 55% HR ............................................................ 59
3.1. Correlações com as diferenças nas variáveis de antes para o depois do teste ............. 59
3.1.1. Mudanças no volume plasmático ............................................................................ 59
3.1.2. Diferença na temperatura da urina do pré-teste para o pós-teste ............................. 61
3.1.3. Massa gorda ............................................................................................................. 61
3.2. Correlações com os valores das variáveis após o teste ............................................... 62
3.3. Comparações entre variáveis do mesmo teste ............................................................. 65
4. Comparação entre o teste realizada à temperatura de 21ºC e 34ºC em todas as variáveis . 67
4.1. Análise do Diário de Hidratação ................................................................................. 67
4.2. Variáveis de hidratação e de temperatura ................................................................... 68
Capítulo 5 - Conclusões ................................................................................................................. 73
Referências bibliográficas ............................................................................................................. 76
Apêndices ........................................................................................................................................ A
A - Ficha informativa sobre o estudo ........................................................................................... B
B – Ficha de recolha de dados dos testes de 1 hora ..................................................................... D
C - Ficha da composição corporal ............................................................................................... F
D – Ficha de recolha de dados do consumo máximo de oxigénio ............................................... G
E – Diário de hidratação .............................................................................................................. H
Filipa Sebastião ix
Índice de tabelas
Tabela 2-1 - Percentagem de água nos órgãos e nos tecidos (Betts et al. 2013) ............................. 5
Tabela 2-2 - Concentração de sódio no plasma e na urina (Betts et al. 2013) ................................ 8
Tabela 2-3 - Concentração de potássio no plasma e na urina (Betts et al. 2013) ............................ 9
Tabela 2-4 - Concentração de clora no plasma e na urina (Betts et al. 2013) ............................... 10
Tabela 2-5 - Valores de referência da hemoglobina (Billett, 1990) .............................................. 14
Tabela 2-6 - Valores de referência para o hematócrito (Billett, 1990) .......................................... 15
Tabela 2-7 - Valores de referência da osmolaridade na urina ....................................................... 18
Tabela 2-8 - Valores de referência da densidade da urina ............................................................. 19
Tabela 2-9 - Valores da pressão arterial (Chobanian, 2004) ......................................................... 21
Tabela 2-10 - Fatores que ajudam no equilíbrio térmico............................................................... 23
Tabela 3-1 - Protocolos de testes máximos ................................................................................... 43
Tabela 3-2 - Protocolo de realização de testes de 60 minutos ....................................................... 45
Tabela 3-3 - Condições de realização dos testes de 60 minutos .................................................... 45
Tabela 4-1 - Valores médios e desvios-padrão das condições dos testes ...................................... 48
Tabela 4-2 - Índices avaliados para a caraterização dos atletas .................................................... 49
Tabela 4-3 - Valores médios do Vo2 máx, da FC máxima e dos 2mmol's/L de lactato ............... 49
Tabela 4-4 - Relação estatisticamente significativa entre a mudança no volume plasmático e outras
variáveis ......................................................................................................................................... 51
Tabela 4-5 - Relação estatisticamente significativa entre a massa gorda e outras variáveis ......... 52
Tabela 4-6 - Relação estatisticamente significativa entre a diferença no valor do potássio do antes
para o fim do teste e outras variáveis ............................................................................................ 53
Tabela 4-7- Relação entre a diferença na temperatura da urina do antes para o depois do teste e a
diferença na pressão sitólica do antes para o depois do teste ........................................................ 54
Tabela 4-8 - Correlações 21ºC e 60% Hr ...................................................................................... 56
Tabela 4-9 - Comparação entre os valores antes e após no teste realizado à temperatura de 21ºC e
60% Hr ........................................................................................................................................... 58
Filipa Sebastião x
Tabela 4-10 - Relação estatisticamente significativa entre as mudanças no volume plasmático e
outras variáveis .............................................................................................................................. 60
Tabela 4-11 - Relação estatisticamente significativa da diferença na temperatura da urina do inicio
para o fim do teste com outras variáveis ....................................................................................... 61
Tabela 4-12 - Relação entre a massa gorda e a diferença da osmolaridade e da densidade do antes
para o depois do teste..................................................................................................................... 61
Tabela 4-13 - Correlações 34ºC e 55% HR ................................................................................... 62
Tabela 4-14 - Comparação entre os valores antes e após o teste de 34ºC e 55% Hr ..................... 65
Tabela 4-15 - Valores da temperatura retal, da osmolaridade da urina, do Na⁺, K⁺ e o CL¯ do estudo
de Saat et al. 2005 .......................................................................................................................... 66
Tabela 4-16 - Valores médios de água ingeridos pelos atletas no dia antes e no dia da realização do
teste ................................................................................................................................................ 67
Tabela 4-17 - Comparação entre o teste de 21ºC e os 34ºC em todas as variáveis estudadas ...... 68
Filipa Sebastião xi
Índice de figuras
Figura 2-1 - Situação de clima temperado com pouco ou nenhum exercício (McArdle et al., 2010)
......................................................................................................................................................... 7
Figura 2-2 - Situação de clima quente com exercício intenso (McArdle et al., 2010) .................... 8
Figura 2-3 - Nomograma de mudanças no volume plasmático (Beaumonts, 1972) ..................... 16
Figura 3-1 - Adipómetro utilizada na medição das pregas de adiposidade ................................... 34
Figura 3-2 - Exemplo de determinação dos 2 e 4 mmol's/L de lactato ......................................... 35
Figura 3-3 - Sensores de temperatura utilizados na medição da temperatura da pele ................... 36
Figura 3-4 - Ilustração dos locais onde foram feitas as medições da temperatura da pele ............ 36
Figura 3-5 - Exemplo da escala de cor da urina ............................................................................ 38
Figura 3-6 - Régua para medição do microhematócrito e centrifugadora de microhematócrito ... 39
Figura 3-7 - Espetrofotómetro Diaglobal, pipeta Dr. Lange, capilares e hemoglobina ................ 39
Figura 3-8 - Balança para pesar os bidons ..................................................................................... 41
Figura 3-9 - Monark 824E utilizada nos testes .............................................................................. 42
Figura 3-10 - Ventilador Equation, utilizado durante os testes ..................................................... 42
Figura 3-11 - Espetrofotómetro Dr. Lange, Lactatos, Pipeta Dr. Lange e Capilares .................... 44
Filipa Sebastião xii
Índice de gráficos
Gráfico 2-1 - Distribuição dos fluidos corporais (Betts et al., 2013) .............................................. 6
Gráfico 4-1 - Valores médios e respetivos desvios-padrão dos vários métodos de determinação do
limiar anaeróbio ............................................................................................................................. 49
Gráfico 4-2 - Percentagem de volume plasmático perdido por cada atleta nas condições climáticas
de 21ºC e 60% HR ......................................................................................................................... 50
Gráfico 4-3 - Comparação dos valores de sódio, densidade e osmolaridade ................................ 63
Gráfico 4-4 - Médias e respetivos desvios-padrão da temperatura da pele antes dos testes ......... 69
Gráfico 4-5 - Comparação entres as médias das diferenças ocorridas do antes para o depois do teste
nos 21ºC e 34ºC ............................................................................................................................. 70
Gráfico 4-6 Médias e respetivos desvios-padrão das temperaturas da pele no fim dos testes ...... 71
Gráfico 4-7 - Comparação da % de MC perdida pelos atletas sem contabilização dos líquidos
ingeridos ........................................................................................................................................ 72
Filipa Sebastião xiii
Abreviaturas
Ucor – Cor da urina
Hct – Hematócrito
Hb – Hemoglobina
ADAI – Associação para o desenvolvimento da aerodinâmica industrial
ADH – Hormona antidiurética
SG – Densidade da urina
PA – Pressão arterial
FCM – Frequência cardíaca máxima
PAS – Pressão arterial Sistólica
PAD – Pressão arterial Diastólica
HR – Humidade relativa
LT – Lactate Threshold
VO₂ máximo – consumo máximo de oxigénio
Filipa Sebastião 1
Capítulo 1 - Introdução
Filipa Sebastião 2
O ciclismo é uma modalidade que cada vez tem mais praticantes na nossa sociedade bem
como em todo o mundo. Sendo o ciclismo uma modalidade praticada ao ar livre e nas mais diversas
condições ambientais (chuva, neve, sol, etc) é bastante importante compreendermos o que acontece
ao nosso corpo para minimizar os danos que possam ocorrer. Neste trabalho vamos centrar nos no
que acontece à hidratação e à termorregulação num ambiente quente.
Durante o exercício físico os indivíduos estão sujeitos a imensos fatores que podem afetar
a perda de líquidos através do suor, esses fatores são: as condições ambientais (temperatura,
humidade, radiação e vento), o tipo de exercício físico (intensidade, duração, volume, frequência e
a condição física e metabólica) e o vestuário (várias camadas de roupa, por exemplo, as roupas
impermeáveis aumentam a taxa de perda de suor) (Sawka et al. 2007). Outros fatores podem
influenciar a taxa de sudação de cada sujeito, como por exemplo a predisposição genética, a massa
corporal, o sistema cardiovascular e a eficiência metabólica (Sawka et al. 2007). No ciclismo para
além dos fatores inerentes a cada atleta e aos específicos da modalidade também tem de ter em
conta todos os fatores ambientais que podem afetar os atletas.
A água é o constituinte mais abundante do nosso corpo (Institute of Medicine, 2005 e
Kleiner, 1999), o que faz com que seja um dos elementos importantes a ter em conta no nosso dia-
a-dia e especialmente na prática de exercício físico no calor. A água é essencial para manter o
volume plasmático, regular a nossa temperatura corporal e para permitir a contração muscular, é
por estes motivos que o consumo de água é tão importante para manter níveis de hidratação
adequados antes, durante e após o exercício físico (Sawka et al. 2007). Uma hidratação pouco
correta pode levar a desenvolver lesões e em casos mais graves levar a colocar a vida em risco, isto
é mais fácil de acontecer quando se pratica exercício em ambientes muito quentes (Shirreffs, 2003).
Outro dos fatores que vamos dar enfase neste trabalho é a termorregulação. O nosso corpo
tem um centro onde controla a nossa temperatura corporal, é ele o centro hipotalâmico, este tem
como objetivo manter a nossa temperatura corporal nos 37ºC ± 1ºC estando este em constantes
ajustamentos para manter a temperatura ideal (McArdle et al., 2010; Brooks et al., 2005). Quando
estamos a realizar exercício físico num ambiente quente (no ciclismo ocorre alguma vezes) ocorre
uma grande sobrecarga do nosso sistema cardiovascular. Esta sobrecarga acontece porque há uma
necessidade superior para passagem de sangue na pele (para perda de calor) e também uma
Filipa Sebastião 3
necessidade superior de passagem de sangue no músculo (fornecer oxigénio para a contração).
(Johnson, 2010). Um valor muito elevado na temperatura corporal pode levar a sérios problemas
no desempenho do atleta.
Desta forma o objetivo do nosso trabalho é verificar o nível de hidratação dos atletas e o
comportamento da temperatura corporal durante e após dois testes experimentais de uma hora a
uma intensidade correspondente a 2 mmol/L de lactato, e a diferentes temperaturas (21ºC e 34ºC)
e humidades relativas (60% e 55% respetivamente).
Filipa Sebastião 4
Capítulo 2 - Revisão da literatura
Filipa Sebastião 5
1. Água, sódio, potássio e cloro
A água é uma substância muito abundante no nosso corpo e é muito importante para a nossa
vida (Institute of Medicine, 2005 e Kleiner, 1999). Nada no nosso corpo funciona se não existir
água, esta está presente em todos os nossos sistemas. A água tem várias funções no nosso corpo,
esta não só está dentro das células como também está entre elas e ainda ajuda a dar forma às
estruturas das macromoléculas como as proteínas e o glicogénio. Para além do que já foi dito
anteriormente a água tem muitas mais funções importantíssimas para o nosso bem-estar, são elas:
a digestão, a absorção, transporte e uso de nutrientes, a eliminação de toxinas e produtos residuais,
produção de energia e lubrificação das articulações e no equilíbrio da temperatura corporal.
(Kleiner, 1999)
1.1. Distribuição da água corporal
No nosso corpo entre 40 a 70% da massa corporal é água, esta variação depende da idade, do
género e da composição corporal (fator que mais faz variar a quantidade água corporal entre os
indivíduos) (McArdle et al., 2010). A composição corporal é um dos fatores com mais impacto na
percentagem de água corporal, uma pessoa que tenha mais massa magra (65 a 75% do peso é água)
tem mais percentagem total de água, uma pessoa que tenha mais massa gorda (10% do peso é água)
tem menos percentagem total de água (McArdle et al., 2010).
Tabela 2-1 - Percentagem de água nos órgãos e nos tecidos (Betts et al. 2013)
Órgãos e Tecidos % de água
Cérebro 80-85
Dentes 8-10
Pulmões 75-80
Coração 75-80
Fígado 70-75
Ossos 20-25
Rins 80-85
Sangue 50
Pele 70-75
Músculos 70-75
Filipa Sebastião 6
A água no nosso corpo está distribuída em dois compartimentos, são eles o intracelular
(líquidos dentro das células) e o extracelular (líquidos presente entre as células) (McArdle et al.,
2010; Betts et al., 2013). Os líquidos perdidos através da transpiração são principalmente líquidos
extracelulares (McArdle et al., 2010).
O líquido intracelular é o principal componente do citosol/citoplasma. Este ocupa 60% da água
total em todo o nosso corpo, este volume tende a ser muito estável porque a quantidade de água
nas células é muito bem regulada. O líquido extracelular ocupa os restantes 40% da água total do
nosso corpo. Aproximadamente 20% do líquido extracelular é encontrado no plasma, os outros
locais onde se encontram líquidos extracelulares são: líquido cefalorraquidiano, linfa, líquido
sinovial nas articulações, líquido pleural, líquido pericárdico, líquido peritoneal e humor aquoso
do olho (Betts et al., 2013).
Gráfico 2-1 - Distribuição dos fluidos corporais (Betts et al., 2013)
1.2. Necessidade diária de água
Uma pessoa adulta que não pratique exercício físico, ou seja, sedentária tem uma necessidade
de 2,5 litros de água por dia. Já uma pessoa ativa e que pratique o seu exercício físico num ambiente
quente e húmido aumenta as suas necessidades para entre 5 a 10 litros de água (McArdle et al.,
2010).
Proporções dos fluidos corporais
Intracelular Fluidos intersticiais Plasma Outros fluídos
Filipa Sebastião 7
1.3. Ganhos e perdas de água corporal
Como vimos anteriormente, para se manter o equilíbrio de água, ou seja, o estado de
hidratação têm de existir ganhos e perdas de água. Desta forma há vários mecanismos de ganhos
e perdas de água, são eles:
Perdas de água (Shirreffs, 2003; Kavouras, 2002; McArdle et al., 2010):
Sistema urinário através dos rins;
Sistema respiratório através dos pulmões e trato respiratório (250 a 500 ml por dia);
Sistema Gastrointestinal (fezes ou vômito) (100 a 200 ml por dia);
Através da pele com o suor (500 a 700 ml por dia);
Perdas de água em forma de vapor.
Ganhos de água (Shirreffs, 2003; McArdle et al., 2010):
Consumo de alimento;
Consumo de bebidas;
Produção metabólica (Fornece cerca de 14% das necessidades diárias de água).
Numa situação de clima temperado com pouco ou nenhum exercício acontece a seguinte
situação (McArdle et al., 2010):
Figura 2-1 - Situação de clima temperado com pouco ou nenhum exercício (McArdle et al., 2010)
Consumo diário de água
Alimentos (1000 ml)
Liquidos (1200 ml)
Metabolismo (350 ml)
Total de 2550 ml
Perda diária de água
Urina (1250 ml)
Fezes (100 ml)
Pele (850 ml)
Pulmões (350 ml)
Total de 2550 ml
Filipa Sebastião 8
Numa situação de clima quente com exercício intenso acontece a seguinte situação (McArdle et al.,
2010):
Figura 2-2 - Situação de clima quente com exercício intenso (McArdle et al., 2010)
1.4. Sódio
O sódio é o principal catião do fluido extracelular, este é responsável pela pressão osmótica
que existe entre o interior das células e o seu ambiente circundante. Se o sódio for consumido em
excesso (comum em algumas sociedades) pode levar ao desenvolvimento de hipertensão. O sódio
é filtrado nos glomérulos dos rins, algum é reabsorvido no túbulo enrolado proximal e o restante é
excretado. (Betts et al., 2013)
Tabela 2-2 - Concentração de sódio no plasma e na urina (Betts et al., 2013)
Nome Símbolo Químico Plasma Urina
Sódio NA⁺ 136.00 – 146.00 (mM) 40.00 – 220.00 (mM)
1.4.1. Hiponatremia
Concentração baixa de sódio pode ser derivada do excesso de água que faz com que fique mais
diluído no corpo. Esta baixa concentração pode ser causada pelo consumo baixo do mesmo ou por
uma excreção exagerada. Uma perda muito grande de sódio pode levar a transpiração excessiva,
Consumo diário de água
Alimentos (1000 ml)
Liquidos (1200 ml)
Metabolismo (350 ml)
Total de 2550 ml
Perda diária de água
Urina (500 ml)
Fezes (100 ml)
Pele (5000 ml)
Pulmões (700 ml)
Total de 6300 ml
Filipa Sebastião 9
vómito e diarreia. A nível celular o excesso de água causa a inflamação das células, isto a nível das
células vermelhas do sangue pode levar a um deficiente transporte de oxigénio. A inflamação nos
neurónios pode resultar em danos cerebrais e em casos mais extremos na morte. (Betts et al., 2013)
1.4.2. Hipernatremia
A hipernatremia ao contrário da hiponatremia é um aumento de sódio no sangue, este pode ser
causado pela perda de água no sangue ou por desequilíbrios hormonais na hormona antidiurética
(ADH) e a aldestrona. (Betts et al., 2013)
1.5. Potássio
O potássio é o principal catião intracelular, este ajuda a estabelecer o potencial da membrana
em repouso em neurónios e fibras musculares após a despolarização da membrana e potenciais de
ação. O potássio é excretado através dos túbulos renais. (Betts et al., 2013)
Tabela 2-3 - Concentração de potássio no plasma e na urina (Betts et al. 2013)
Nome Símbolo Químico Plasma Urina
Potássio K⁺ 3.50 – 5.00 (mM) 25.00 – 125.00 (mM)
1.5.1. Hipocalemia
A hipocalemia é um nível baixo de potássio no sangue, esta pode acontecer pela redução
de potássio no organismo. Esta redução pode ser causada por um défice de consumo e que pode
levar a sintomas como vómitos, diarreia e alcalose. (Betts et al., 2013)
1.5.2. Hipercalemia
A hipercalemia é um nível exagerado de potássio no sangue, o que pode levar a problemas
nas funções dos músculos esqueléticos, no sistema nervoso e no coração. Este elevado nível de
potássio pode levar a uma despolarização parcial da membrana plasmática nas fibras
musculares esqueléticas, nos neurónios e nas células cardíacas e pode levar também à
incapacidade das células se repolarizarem. (Betts et al., 2013)
Filipa Sebastião 10
1.6. Cloro
O Cloro é o anião mais predominante no meio extracelular. Este tem um papel importante
na pressão osmótica entre o meio extracelular e o intracelular e ainda na manutenção da
hidratação. (Betts et al., 2013)
Tabela 2-4 - Concentração de clora no plasma e na urina (Betts et al., 2013)
Nome Símbolo Químico Plasma Urina
Cloro Cl¯ 98.00 – 107.00 (mM) 110.00 – 250.00 (mM)
1.6.1. Hipocloremia
A hipocloremia é um nível baixo de cloro no sangue, que pode ser causada por uma
absorção defeituosa tubular renal ou por vómitos, diarreia e acidose metabólica. (Betts et al., 2013)
1.6.2. Hipercloremia
A hipercalemia é um nível elevado de cloro no sangue que pode ser causada por
desidratação, ingestão excessiva de sal dietético (NcCl), ingestação de água do mar, intoxicação
por aspirina, insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar hereditária ou crónica e por fim
por fibrose cística. (Betts et al., 2013)
Filipa Sebastião 11
2. Hidratação
2.1. Estado de hidratação
O estado de hidratação em que se encontra um atleta influência o rendimento físico que este
vai ter na atividade que vai desenvolver.
O estado de de hidratação pode ser definido das seguintes formas (Shirreffs, 2003; McArdle
et al., 2010):
A hidratação é o equilíbrio de água, ou seja, constantemente há ganhos e perdas de água
corporal para manter o equilíbrio;
Hiperhidratação existe excesso de água (balanço positivo);
Hipohidratação existe falta de água (balanço negativo);
Desidratação é o processo de perda de água corporal;
Re-hidratação é o processo de ganho de água.
2.2. Fatores que influenciam o estado de hidratação
O estado de hidratação é influenciado por um aumento da temperatura, da altitude e por uma
diminuição na humidade relativa, estas condições levam a um aumento na perda de água através
da respiração e da transpiração (Maughan, 1992 & Rintamaeki et al., 1995)
Com o aumento da temperatura ambiental, as necessidades de termorregulação aumentam o
que faz uma perda maior de suor para que se mantenha a temperatura do core nos níveis ideais. Já
em altitude há uma diminuição da humidade relativa que faz que haja um aumento da perda de
líquidos pela respiração. (Kleiner,1999)
Existem outros dois fatores que influenciam a hidratação, são eles: a cafeina e o álcool. O álcool
faz com que haja uma diminuição da secreção da hormona antidiurética na hipófise que faz com
que o rim perca mais água por défice de reabsorção. Já na cafeina foi visto que a ingestão de 642
mg/dia aumentou a excreção urinária de água em 24 horas, causando um balanço hídrico negativo
Filipa Sebastião 12
e diminuição do peso corporal, foi ainda visto que as perdas de sódio e potássio na urina
aumentaram (Kleiner et al., 2009).
2.3. Definição de desidratação
Uma perda da água corporal é conhecida por ser desidratação (Shirreffs, 2003 & Kavouras,
2002). Perda de água corporal sem haver um equilíbrio dos fluidos nos vários compartimentos do
nosso corpo, e que representa uma ameaça ao bem-estar e à saúde dos sujeitos (Ryan et al. 1998).
2.4. Tipos de desidratação
A desidratação pode ser (Kleiner,1999):
Aguda, são perdas que ocorrem derivado do exercício físico num curto espaço de
tempo;
Crónica, acontece devido à falta ou pouca de ingestão de líquidos ou pela perda
excessiva ao longo de algum tempo.
A desidratação ainda pode ser classificada das seguintes formas (Weinberg & Minaker,
1995):
Desidratação isotónica: Perda equilibrada de água e sódio que ocorre rapidamente.
Este tipo de desidratação pode ocorrer devido a vómitos e diarreia.
Desidratação hipertónica: quando as perdas de água forem maiores que as perdas de
sódio. Ocorre hipernatremia (níveis de sódio no soro >145 mmol/L) e
hiperosmolaridade (osmolaridade no soro >300 mmol/Kg).
Desidratação hipotónica: Ocorre quando a perda de sódio é superior à perda de água.
O sódio do soro diminui (<135 mmol/L) e a osmolaridade do soro é baixa (<280
mmol/kg).
Filipa Sebastião 13
2.5. Sinais e sintomas de desidratação
Os sintomas da desidratação podem ser: dor de cabeça, fadiga, perda de apetite, pele corada,
intolerância ao calor, tonturas, boca e olhos secos, sensação de ardor no estômago e urina escura
e com um odor forte (Kleiner,1999).
Os atletas devem ser capazes de reconhecer os sinais e sintomas de desidratação para que
possam minimizar os danos que ocorrem por desidratação ou para não chegarem a estados
graves de desidratação. Os sinais são: sede, irritabilidade e desconforto geral, dor de cabeça,
cansaço, tonturas, cólicas, calafrios, vómitos, náuseas, sensação de calor na cabeça e no
pescoço e uma diminuição no desempenho. Quando um atleta está consciente, desidratado e
sem problemas gastrointestinais pode fazer uma reidratação, se o atleta está instável
mentalmente ou com problemas gastrintestinais deve ser levado para o hospital. (Casa et al.
2000)
2.6. Avaliação do estado de hidratação
Não há um método que seja usado universalmente em todos os laboratórios para ver o qual o
estado de hidratação em que se encontra um individuo. São usadas com alguma frequência as
medições da densidade e osmolaridade da urina, a osmolaridade do plasma, o sódio presente no
plasma e o valor do hematócrito (Kleiner,1999). Nesta revisão iremos focar nos nas mudanças que
ocorrem na massa corporal, alterações no volume plasmático (utilizando o hematócrito e
hemoglobina), cor, osmolaridade e densidade da urina.
2.6.1. Mudanças na massa corporal
Os atletas podem avaliar o seu estado de hidratação através das mudanças na massa corporal
(Sawka et al., 2007). Podemos assumir que 1 ml de suor perdido corresponde a uma perda de 1
grama de massa corporal (Sawka et al., 2007).
% 𝑑𝑒𝑠𝑖𝑑𝑟𝑎𝑡𝑎çã𝑜 =(𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙) + 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑔𝑒𝑟𝑖𝑑𝑜𝑠
100× 100
Filipa Sebastião 14
2.6.1.1. Desidratação até 6% da massa corporal
Uma desidratação em que ocorre uma diminuição de 2 a 3% na massa corporal é
considerada uma desidratação moderada. Este tipo de desidratação já pode ter efeitos negativos no
desempenho dos atletas e pode fazer diferença a quando de uma disputa de uma prova. Níveis ainda
mais baixos do que 2% também podem ter impacto negativo no desempenho do atleta. (Shirreffs,
2003; Kavouras, 2002)
Uma desidratação até à perda de 4% da massa corporal leva a uma redução gradual do fluxo
sanguíneo sistémico, muscular e periférico, há maior gasto de energia através do glicogénio
muscular, há um aumento da temperatura interna e muscular, há um aumento do metabolismo
celular e há uma tendência para a diminuição do consumo de oxigénio quando há fadiga (González-
Alonso et al., 2008).
2.6.1.2. Desidratação superior a 6% da massa corporal
Uma desidratação igual ou superior a 6% de perda de massa corporal é considerada uma
desidratação grave, este tipo de desidratação pode colocar a vida em risco e isto ocorre mais quando
se está num local com temperatura elevada (Shirreffs, 2003).
2.6.2. Alterações analíticas
2.6.2.1. Hemoglobina plasmática
A hemoglobina (Hb) é a proteína contida nos glóbulos vermelhos e que é responsável pelo
transporte do oxigénio até aos tecidos. (Billett, 1990)
Tabela 2-5 - Valores de referência da hemoglobina (Billett, 1990)
Género Valores de referência (g/dl)
Masculino 14-18
Feminino 12-16
Filipa Sebastião 15
2.6.2.2. Hematócrito
O hematócrito mede o volume de glóbulos vermelhos em relação ao volume total de sangue
(glóbulos vermelhos e plasma). (Billett, 1990)
Tabela 2-6 - Valores de referência para o hematócrito (Billett, 1990)
Género Valores de referência (%)
Masculino 40-54
Feminino 39-48
2.6.2.3. Volume plasmático
Para o cálculo do volume plasmático existem algumas equações que podem ser aplicadas
na prática clinica e também em estudos relacionados com exercício físico (Borges et al. 2011).
2.6.2.3.1. Equação de Van Beaumont (1972)
Esta equação parte do princípio que um aumento do hematócrito em relação à situação de
repouso é associado à redução do volume do plasma e que a mudança no plasma e no hematócrito
é de igual magnitude.
𝐷𝑒𝑙𝑡𝑎 𝑃𝑉% = [100
100 − 𝐻𝑐𝑡1] × [(100(𝐻𝑐𝑡1 − 𝐻𝑐𝑡2))/𝐻𝑐𝑡2]
Hct1 é o valor do hematócrito em repouso e o Hct2 é o valor do hematócrito no segundo
momento, ou seja, consoante aquilo que se queira avaliar.
As mudanças no volume plasmático também pode ser expressa por via de um nomograma,
utilizando as mudanças do hematócrito.
Filipa Sebastião 16
Figura 2-3 - Nomograma de mudanças no volume plasmático (Beaumonts, 1972)
2.6.2.3.2. Equação de Dill e Costill (1974)
Para o cálculo da variação do volume plasmático a equação de Dill e Costill (1974) tem
sido a mais discutida e mais citada pelos estudos (Borges et al. 2011). Esta equação tem em conta
o valor da hemoglobina e do hematócrito antes e durante ou depois do exercício físico (Dill e
Costill, 1974). O cálculo faz-se da seguinte forma:
∆𝑃𝑉: 100[𝐻𝑏A (1-HctD×10−2 )]/[𝐻𝑏𝐷(1 − 𝐻𝑐𝑡𝐴 × 10−2 )] − 100
Hb corresponde ao valor da hemoglobina e o Hct corresponde ao valor do hematócrito, já
o A corresponde a antes do exercício e o D a depois ou durante o exercício (Borges et al. 2011).
Para a validação desta equação de Dill e Costill (1974) foi feita uma comparação entre a
mesma e o método de espectrofotométrica do azul de Evans (Evans blue dye). Para isso foram
utilizados sete sujeitos masculinos saudáveis em que estes durante 42 dias estavam das 7 horas às
23h sentados e dormiam 8 horas por noite, ou sejam, um estilo de vida sedentário. Com este estudo
Filipa Sebastião 17
foi possível provar que não houve diferenças nos resultados entres os dois métodos (equação de
Dill e Costill (1974) e o método de espectrofotométrica do azul de Evans) (Johansen et al, 1997).
2.6.2.3.3. Equação de Harrison, Graveney e Cochrane (1982)
Para estes autores a equação de Dill e Costill (1974) pode introduzir alguns erros no cálculo
do volume plasmático. Para eles ao utilizar a equação destes autores teríamos de assumir que todas
as mudanças no valor de hematócrito e hemoglobina são devido a perdas ou ganhos de plasma. Isto
só acontece se o número total de células vermelhas no espaço intravascular se mantiver constante.
Estes autores então sugeriram algumas alterações à equação, ficando da seguinte forma:
%𝐷𝑒𝑙𝑡𝑎 𝑃𝑉 = [([𝐻𝑏]𝑐 × 𝐹𝑐
[𝐻𝑏]𝜏 × 𝐹𝜏) × (
100 − 𝐻𝑐𝑡𝜏 × 9 𝐹𝜏
100 − 𝐻𝑐𝑡𝑐 × 𝐹𝑐) − 1] × 100
Na equação o Hb corresponde à hemoglobina, o Hct é o hematócrito, o F corresponde à
razão celular, c representa a medição número 1 e o 𝜏 corresponde à segunda medição, ou seja ao
momento final.
2.6.3. Análise da urina
2.6.3.1. Cor da urina
Através da cor da urina (Ucor) é possível identificar em que estado de hidratação se
encontram os atletas. Para isto existem escalas já validadas que podemos usar, é o caso da escala
que utiliza oito cores que foi validada por Armstrong et al., (1994). Muitas substâncias podem
modificar a cor da urina dependendo da quantidade da substância, do pH da urina e da forma
estrutural da substância (Brunzel, 2013).
Filipa Sebastião 18
Esta escala serve para avaliar o nível de desidratação em ambientes
extremos. A cor 1, 2 e 3 significa que se está bem hidratado, se a cor
estiver no 7 e 8 significa que se está desidratado e que se deve consumir
bastantes líquidos. Esta escala foi retirada do artigo de Casa et al. (2000).
Este é um método prático e que os atletas até podem utilizar nas suas casas. A Ucor
apresenta uma boa correlação com a densidade e osmolaridade da urina e ainda com a osmolaridade
plasmática, sendo desta forma um método fiável para a avaliação da hidratação (Armstrong et al.,
(1994)).
2.6.3.2. Osmolaridade da urina
Outra das formas de avaliação da hidratação é ver a osmolaridade da urina, a osmolaridade
da urina é a concentração de uma solução que é expressa em osmoles de partículas de soluto por
quilograma de solvente (Brunzel, 2013).
Na tabela seguinte apresentamos os valores de referência (Armstrong et al. 1994):
Tabela 2-7 - Valores de referência da osmolaridade na urina
Osmolaridade
Bem hidratado 442 mOsm .𝑘𝑔−1
Hidratado 442-1,052 mOsm. 𝑘𝑔−1
Desidratado > 1,052 mOsm. 𝑘𝑔−1
Filipa Sebastião 19
A osmolaridade pode ser calculada através de várias fórmulas, a fórmula que apresentamos
a seguir é uma das mais utilizadas em laboratório clinico (Pinheiro, 2015).
mOsm /Kg H2O = 2 × ([NA] + [K] + [ureia mg/dl] / 2.8 + [glicose mg /dl] /1 8
Para o cálculo da osmolaridade através desta fórmula é necessário ter os valores do potássio,
do sódio, da ureia e da glicose (Batlle et al. 1998)
2.6.3.3. Densidade da urina
A densidade da urina é a comparação da densidade da urina com a densidade da água. É
fisiologicamente impossível que a nossa urina tenha uma densidade igual à da água pura (1.000),
a menor densidade possível de obter é de 1.002. Já a maior densidade que a urina pode atingir é de
aproximadamente 1,040. (Brunzel, 2013)
SG=Densidade da urina
Densidade da água (mesma quantidade da urina)
Na tabela seguinte apresentamos os valores de referência (Armstrong et al. 1994):
Tabela 2-8 - Valores de referência da densidade da urina
Densidade
Bem hidratado < 1.013
Hidratado 1.013-1.029
Desidratado > 1.029
2.7. Desidratação e superfície corporal
Os valores para o cálculo da superfície corporal é usada na medicina interna para o cálculo das
doses dos medicamentos, do volume de ejeção e do débito cardíaco (Mosteller, 1987).
Existem várias equações para o cálculo da superfície corporal, a de Du Bois & Du Bois (1916)
é a equação clássica:
BSA (m2) = 0.007184 × 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑐𝑚)0’725 × 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 (𝐾𝑔)⁰’⁴²⁵
Filipa Sebastião 20
Ainda há mais algumas fórmulas para a cálculo da superfície corporal, são elas:
Equação de Haycock (1978):
BSA(m2) = 0.0235 × 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑐𝑚)0.3964 × 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 (𝑘𝑔)0.5378
Equação de Gehan & George (1970):
BSA(m2) = 0.0235 × 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑐𝑚)0.42246 × 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 (𝑘𝑔)0.51456
Equação de Boyd (1935):
BSA(m2) = 0.0003207 × 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑐𝑚)0.3 × 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 (𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠)(0.7285−(0.0188
× 𝐿𝑂𝐺 (𝑔𝑟𝑎𝑚𝑎𝑠))
Equação de Mosteller (1987):
BSA(m2) = √[𝐸𝑠𝑡𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎 (𝑐𝑚) × 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 (𝑘𝑔))/3600]
Filipa Sebastião 21
3. Pressão arterial
A pressão arterial é a força por unidade de área que o sangue exerce contra as paredes dos
vasos sanguíneos e contra as paredes do coração, a pressão arterial é medida em mm Hg e é medida
na artéria braquial do braço (Betts et al., 2013). A pressão arterial reflete os efeitos combinados do
débito cardíaco e da resistência vascular periférica (McArdle et al., 2010).
𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑎𝑟𝑡𝑒𝑟𝑖𝑎𝑙 = 𝐷é𝑏𝑖𝑡𝑜 𝐶𝑎𝑟𝑑í𝑎𝑐𝑜 × 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑖𝑓é𝑟𝑖𝑐𝑎
A pressão arterial sistólica (PAS) é o valor mais alto da pressão arterial, esta é a pressão
arterial que resulta da ejeção do sangue durante a contração do ventrículo (Betts et al., 2013). A
pressão arterial sistólica dá a ideia do trabalho que esta a ser feito pelo coração e a força que está a
ser exercida contra as paredes arteriais durante a sístole ventricular (McArdle et al., 2010). Já a
pressão arterial diastólica (PAD) é o valor mais baixo da pressão arterial e representa a pressão
arterial sanguínea durante o relaxamento do ventrículo (Betts et al., 2013). A pressão arterial
diastólica dá-nos a indicação da resistência periférica, ou a forma como o sangue flui das arteríolas
para os capilares (McArdle et al., 2010).
Na tabela seguinte apresentamos os valores da pressão arterial e as suas classificações:
Tabela 2-9 - Valores da pressão arterial (Chobanian, 2004)
Classificação PA sistólica PA diastólica
Normal <120 e <80
Pré-hipertensão 120 a139 ou 80 a 89
Hipertensão 1 140 a 159 ou 90 a 99
Hipertensão 2 ≥160 ou ≥100
A pressão arterial média (PAM) é a força média que o sangue exerce nas paredes dos vasos
arteriais durante um ciclo cardíaco (Betts et al., 2013; McArdle et al., 2010). A pressão arterial
média é mais baixa que a média aritmética das duas pressões artérias porque o coração tem mais
tempo de diástole do que de sístole (McArdle et al., 2010).
𝑃𝐴𝑀 = 𝑃𝐴 𝑑𝑖𝑎𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑎 + [0,33 × (𝑃𝐴 𝑠𝑖𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑎 − 𝑃𝐴 𝑑𝑖𝑎𝑠𝑡ó𝑙𝑖𝑐𝑎)]
Filipa Sebastião 22
Pressão arterial após o exercício físico
Após o exercício físico tem sido demonstrado que acontece o fenómeno de hipotensão
(Pescatello et al., 2004), ou seja, há uma diminuição da pressão arterial quando comparada com a
pressão arterial antes da realização do exercício físico. A hipotensão após o exercício físico ocorre
em indivíduos saudáveis (normotensos), em indivíduos hipertensos e em animais. Este fenómeno
de hipotensão após o exercício ocorre mais em indivíduos hipertensos mas também ocorre em
indivíduos normotensos. Já foi visto que este fenómeno ocorre após caminhadas, corridas, andar
de bicicleta, nadar em exercícios de resistência (Kenney & Seals, 1993). Como a pressão arterial é
uma função do produto do débito cardíaco e da resistência periférica total, a diminuição da pressão
arterial devem resultar da diminuição do débito cardíaco e da resistência periférica total. (Kenney
& Seals, 1993).
Os exercícios de resistência promovem uma diminuição do volume plasmático (Brush et
al. 1999; Collins et al. 1989), esta diminuição de volume plasmático pode levar à diminuição do
volume de ejeção, do débito cardíaco e da pressão arterial (Rezk et al. 2006).
Em corredores foi visto que a pressão arterial diastólica e sistólica diminuíram
consistentemente imediatamente após terem terminado a corrida (Groom, 1971).
Foi ainda estudada a influência de duas sessões de treino (resistência e aeróbio) na PA, a
sessão de treino de resistência consistiu em exercício com pesos a 40% da força máxima e a sessão
aeróbia foi realizada num cicloergómetro a uma intensidade de 60% a 70% da FCM. A PAD
apresentou reduções significativas (p<0.05), já a PAS de 24h não teve variações estatisticamente
significativas (Bermudes et al., 2004).
Filipa Sebastião 23
4. Temperatura corporal
4.1. Equilíbrio térmico
Para existir um equilíbrio térmico há durante todo o dia ganhos e perdas de calor. Esta variação
diária existe par tentar manter os 37ºC que é nosso conteúdo de calor corporal (McArdle et al.,
2010). A temperatura corporal humana normal varia entre os 36.5ºC e os 37.5º C (Brooks et al.,
2005)., ou seja, muito perto dos 37ºC (Burton, 1935). Mas de manhã esta pode estar abaixo dos
36ºC e durante o exercício pode passar dos 40º C. (Brooks et al., 2005).
Tabela 2-10 - Fatores que ajudam no equilíbrio térmico
Perdas de Calor Ganhos de calor
Radiação;
Condução;
Convecção;
Evaporação.
Taxa metabólica basal;
Atividade muscular;
Hormonas;
Efeitos térmicos dos alimentos;
Alterações de postura;
Meio ambiente.
4.2. Regulação hipotalâmica da temperatura
O hipotálamo é onde se encontra o centro que regula a nossa temperatura corporal. Esse centro
atua com o objetivo de manter a temperatura nos 37ºC ± 1ºC, estando constantemente a fazer os
ajustes necessários para manter na temperatura ideal (McArdle et al., 2010; Brooks et al., 2005).
A regulação do calor é ativada por dois processos (McArdle et al., 2010):
Os recetores térmicos da pele mandam informação para a área de controlo central;
Diferenças na temperatura do sangue que passa pelo hipotálamo estimula essa área.
Os recetores térmicos periféricos são terminação nervosas na pele, estes agem aquando de
modificações rápidas tanto no calor como no frio. Estes recetores dão o alerta das modificações
que estão a acontecer e mandam essa informação sensorial ao hipotálamo e ao córtex, após o alerta
são desencadeadas respostas fisiológicas para levar a que a temperatura volte aos valores normais.
(McArdle et al., 2010)
Filipa Sebastião 24
4.3. Medição da temperatura corporal interna
A temperatura interna é definida pela temperatura do hipotálamo, centro regulatório da
temperatura corporal (Brooks et al., 2005). A temperatura corporal interna pode ser apresentada
pelo Sistema Métrico Internacional (valores de congelação e ebulição de 0º C a 100ºC), ou seja,
em graus Celsius, ou pode ainda ser apresentada em graus de Fahrenheit, com valores de
congelação de 32ºF e de ebulição de 212ºF. (Ribeiro, 2010). A temperatura corporal interna é um
parâmetro fisiológico importante usado no meio clinico (Ng et al. 2009). A temperatura corporal
interna pode ser medida de quatro métodos, o retal, o timpânico, o axilar, oral (Asher &
Nortinghton, 2008; O’Grady et al., 2008) e ainda através da temperatura da urina (Kawanami et al.
2012; Fox et al. 2015; Brenner et al. 1985)
4.3.1. Temperatura oral
A temperatura oral é o método mais comum de medição da temperatura corporal interna
mas tem limitações para a medição da temperatura do core durante o exercício porque o aumento
da respiração arrefece o termómetro dando temperaturas imprecisas (Brooks et al., 2005).
4.3.2. Temperatura axilar
A medição da temperatura axilar é realizada colocando um termómetro na axila e a medição
da temperatura ocorre após alguns minutos. Esta técnica foi estudada em 300 crianças e
adolescentes com idades compreendidas entre os 4 e os 14 anos. Após muitas medições (+3000
medições) os autores descobriram que haviam diferenças entre a temperatura axilar e as
temperaturas retais e orais independentemente da idade dos sujeitos analisados, as diferenças que
ocorreram nestas temperaturas foram aumentando quanto mais alta fosse a temperatura do sujeito
analisado e com as oscilações do meio ambiente. Este método tem sempre um valor inferior de
temperatura relativamente à retal e à oral, o que leva a que este não seja um método tão fiável
quanto o método retal e o oral. (Falzon et al., 2003)
Filipa Sebastião 25
4.3.3. Temperatura timpânica
A vantagem da medição da temperatura corporal interna a partir do tímpano é a sua
proximidade com o hipotálamo. Esta medição também tem as suas desvantagens, são estas,
provocar desconforto na medição e esta temperatura é afetada pela pele da cabeça que tempro uma
temperatura inferior à do cérebro (Brooks et al., 2005).
4.3.4. Temperatura retal
A temperatura retal é considerada um gold standard na medição da temperatura corporal
interna perante agressão térmica em atletas e trabalhadores (Armstrong et al. 2007).
A temperatura retal por norma é mais alta em 0.6ºC comparada com a temperatura oral.
Mesmo esta sendo superior é a mais apropriada para utilizar para saber a temperatura hipotalâmica
(Brooks et al., 2005).
4.3.5. Temperatura da urina
A temperatura da urina é um bom índice da temperatura corporal interna, seja em ambientes
quentes ou frios. Pode haver algumas diferenças na medição na temperatura da urina que são
pequenas diferenças derivadas das condições ambientais ou pelas diferentes técnicas de medição.
Comparando a temperatura da urina com a retal foi visto que quando a medição era realizada a
40ºC houve diferença de -0.44 a 0.20ºC na temperatura da urina e na medição feita a 5ºC houve
diferença -0.89 a 0.39ºC na temperatura da urina. (Kawanami et al. 2012)
A temperatura da urina é sempre mais baixa que a temperatura retal. Para 15 sujeitos
masculinos a diferença foi de 0.33ºC (SD ±0.17) e para 15 sujeitos femininos a diferença foi 0.40ºC
(SD± 0.17), a diferença entre os géneros não é significativa. A temperatura da urina e retal após o
exercício aumentou na mesma proporção, já a temperatura oral teve um aumento superior. (Fox et
al. 2015)
Filipa Sebastião 26
Comparando a temperatura da urina com a temperatura oral foi visto que a temperatura da
urina era de 97.1ºF±0.038 e a temperatura oral era de 97.8ºF±0.044, o que significa uma correlação
significativa entre as duas (r=0.746, P <0.0001). (Brenner et al. 1985)
A temperatura da urina tem uma correlação significativa com a temperatura vaginal, ou
seja, de manhã a temperatura da urina foi de 36.36ºC e vaginal foi 36.48ºC (r=0.88 e P=0.0001). e
à tarde a temperatura da urina foi de 37.20ºC e 37.00ºC (r=0.80 e P=0.0001) (Samples & Abrams,
1984).
4.4. Temperatura cutânea
A temperatura cutânea pode refletir a presença de doença, lesão e das interações que ocorrem
entre o corpo e o meio ambiente sendo desta forma um parâmetro bastante útil e importante. A
medição da temperatura cutânea é bastante importante na área clinica, ocupacional, na medicina
desportiva, ciências do desporto e na saúde pública. (Bach et al., 2015).
A temperatura aumenta da pele para o interior do nosso corpo, o que quer dizer que a nossa
temperatura do core é sempre superior à exterior. A temperatura da pele num ambiente de 25ºC em
média ronda os 33ºC, isto é, 4 a 5ºC (alguns centímetros a baixo da pele) a menos do que a
temperatura interior do corpo. Esta temperatura média não se encontra em todas as partes do corpo,
por exemplo, o pé pode ter uma temperatura inferior a 27ºC, enquanto que no abdómen pode te 35
ou 36 ºC. A média da temperatura do corpo é mais baixo 1 ou 2ºC abaixo da temperatura retal no
estado metabólico basal, em caso de febre foi visto que estas duas temperaturas se mantém iguais.
(Burton, 1935)
A medição da temperatura da pele fornece informações importantes relativas ao nosso sistema
de controlo térmico e pode ser interessante em estudos de termorregulação (Fernandes et al., 2014).
4.5. Termorregulação no calor
A combinação entre condições ambientais quentes e o exercício físico (esta combinação ocorre
bastantes vezes em eventos desportivos) representa um grande desafio para o nosso sistema
cardiovascular. Quando se combinam estas duas variáveis existe uma competição entre o músculo
Filipa Sebastião 27
(necessita de uma passagem superior de sangue para fornecer oxigénio para que este possa
continuar a contrair) e a pele (tem de haver mais passagem de sangue para que se consiga perder
mais calor). (Johnson, 2010)
No hipotálamo, na medula espinal, na pele e em alguns órgãos abdominais existem
termorrecetores que estão sempre alerta para pequenas mudanças que possam ocorrer e que
respondem consoante o que for pretendido, ou seja, se for para perda de calor iniciam o processo
de vasodilatação, se for para ganho de calor iniciam o processo de vasoconstrição (Bach et al.,
2015).
No exercício no calor os mecanismos termorreguladores protegem o corpo de um aquecimento
excessivo que pode desencadear vários problemas ao atleta. Para realizar esta proteção é essencial
que ocorra uma dissipação eficiente do calor. Como vimos anteriormente as formas utilizadas para
a perda de calor são: a radiação, a condução, a convecção e a evaporação. (McArdle et al., 2010)
4.5.1. Radiação
A perda de calor na forma de ondas eletromagnéticas (energia radiante) chama-se radiação
(McArdle et al., 2010; Brooks et al., 2005). As ondas eletromagnéticas que regulam a temperatura
são as ultravioletas, as visíveis, as infravermelhas e as micro-ondas. A que desempenha um papel
mais significante na perda de calor é a onda infravermelha. Em repouso num ambiente confortável
o calor perdido por radiação é de 60%. A perda de calor através da radiação é influenciada pela
posição do corpo e pela roupa utilizada.(Brooks et al., 2005)
A cor e a textura dos objetos afetam a sua capacidade de absorver raios de calor. Objetos
claros absorvem menos o calor radiante do que objetos pretos e ásperos. A pele humana (qualquer
uma das cores), absorve 97% do calor radiante que a atinge. Desta forma, quando se pratica
exercício físico em dias de muito calor é preferível utilizar uma camisola de algodão branca do que
andar em tronco nu. (Brooks et al., 2005)
Filipa Sebastião 28
4.5.2. Condução
A condução é a transferência de calor entre dois objetos que estão em contacto direto ou
transferência de calor dentro do organismo. Um dos exemplos de transferência de calor através
deste método é o que acontece quando nos sentamos numa cadeira. Outra das formas de perda de
calor por condução é na urina e nas fezes. (Brooks et al., 2005)
A perda de calor por condução depende de dois fatores (McArdle et al., 2010):
A diferença de temperatura entre as duas superfícies que estão em contacto;
Qualidade térmica das superfícies.
4.5.3. Convecção
A transmissão de calor para ou de ar ou água é chamada de convecção, a perda de calor por
convecção é de 12% numa temperatura ambiente normal (Brooks et al., 2005).
Se o vento estiver frio e a superfície corporal estiver quente por exemplo durante uma
corrida, a perda de calor aumenta porque a convecção substitui sempre a zona de isolamento
(McArdle et al., 2010):
Efeito do vento na temperatura corporal é chamado de fator windchill e é expresso em
kcal.h¯ⁱ por m²
𝐾₀ = √(100𝑣 + 10.45 − 𝑣)(33 − 𝑇)
V= velocidade do vento m.s¯ⁱ
T= temperatura do ar em ºC
4.5.4. Evaporação
Cerca de 25% da perda de calor ocorre por evaporação (Brooks et al., 1944). Por cada litro
de água evaporada sai do corpo 580 kCal (1 grama de água corresponde a 0.58 kCal) para o meio
ambiente (Brooks et al., 2005; McArdle et al., 2010).
Filipa Sebastião 29
A nossa superfície corporal é constituída por 2 a 4 milhões de glândulas sudoríparas que
durante o calor segregam grandes quantidades de solução salina hipotónica (0.2 a 0.4% de NaCI).
(McArdle et al., 2010)
Quanto mais elevada a temperatura ambiente a condução, a convecção e a radiação
diminuem a sua ação para facilitar a perda de calor, quando isto acontece, quer dizer que estes
mecanismos não têm forma de perder o calor metabólico. Desta forma, a evaporação a partir do
suor e do trato respiratório desempenha o principal fator de dissipação de calor. (McArdle et al.,
2010)
5. Hidratação e termorregulação
A quantidade de água que temos no nosso corpo desempenha um grande papel na
termorregulação e no desempenho no exercício físico no calor (Sawka et al., 2001).
A temperatura do core aumenta consoante o nosso estado de hidratação, durante o exercício
físico no calor há um aumento de 0.15ºC para cada diminuição percentual de massa corporal.
Quando o nosso corpo está na temperatura ideal a produção de suor é mais baixa e a capacidade
para a dissipação de calor através da evaporação é reduzida quando estamos num estado de
desidratação. Em estados elevados de desidratação há uma redução sistemática na produção de
transpiração durante o exercício em calor. (Sawka, 1992)
Durante exercícios de endurance, os atletas podem perder entre 1 a 2 litros de líquidos
corporais através da transpiração, esta transpiração ocorrer como meio de manter a temperatura
corporal no valor correto. Através desta transpiração acaba por ocorrer desidratação, como ocorre
desidratação por consequência vai ocorrer um aumento da temperatura do core, o que pode causar
fadiga. Com uma desidratação de 4% de perda de massa corporal e com um aumento da temperatura
do core podem ocorrer reduções significativas no débito cardíaco (3 l/min), no fluxo sanguíneo
muscular e da pele e ainda na pressão arterial. A junção destes dois fatores (desidratação e
hipertermia) no exercício no calor provocam alterações na função cardiovascular o que torna o
atleta menos capaz para a realização do exercício físico. (González-Alonso, 1998)
Num estudo foi comparada a temperatura corporal e os marcadores de hidratação em atletas
que realizaram uma prova de Ironman a uma temperatura de 27.2 ± 0.5ºC e uma humidade relativa
Filipa Sebastião 30
de 80 ± 2%. Foram medidas a massa corporal e a osmolaridade da urina antes e imediatamente
após a prova de Ironman (19 atletas masculinos). A temperatura corporal foi medida também antes
e após a corrida e a cada transição durante o evento. A temperatura corporal médio no início da
prova foi de 37,1 ± 0,7 ° C, após a natação foi de 37,8 ± 0,9 ° C, após o ciclismo foi de 37,8 ± 1,0
° C e após a corrida foi de 38,4 ± 0,7 ° C. A massa corporal diminuiu significativamente durante a
corrida em 3,7 ± 1,9 kg (4,8 ± 2,4%, p <0,05), enquanto a osmolaridade na urina aumentou
significativamente de 491,6 ± 300,6 para 557,9 ± 207,9 mosm.𝐿−1 (p <0,05) (Baillot and Hue,
2015). Podemos verificar que ao longo da prova ocorreram bastantes mudanças na temperatura
corporal (foi aumentando ao longo da prova), houve um aumento na osmolaridade da urina e ainda
houve uma diminuição na massa corporal.
Foi estudado o efeito de uma híper hidratação com glicerol, com água e uma hidratação
normal no stress oxidativo, na termorregulação e na performance. Para isto foram utilizados sete
atletas masculinos que realizaram um teste com uma duração de 90 minutos em que era pedido que
estes fizessem a maior distância possível num cicloergómetro (Wattbike Ltd, Nottingham, UK),
este teste era realizado numa câmara a 35ºC e a 40% de humidade relativa. Este consumiram 1.2 g
de glicerol por quilo de massa corporal em 26 ml.Kg de água, ou o mesmo volume mas só de água.
Durante o teste foram analisadas a temperatura do core, temperatura relativa da pele e a escala de
conforto térmico em intervalos de cinco minutos, o ritmo cardíaco e a potência. No final foram
retiradas amostras de sangue e passados 60 minutos do teste voltaram a retirara. Foi também
analisado o volume total de urina. A temperatura corporal e a frequência cardíaca aumentaram com
o exercício, mas não foram diferentes entre as intervenções. A distância total percorrida não foram
diferentes entre as intervenções. A ingestão de líquidos atenuou o stresse oxidativo, mas não
aumentou a termorregulação ou o desempenho.Concluíram que uma híper hidratação não melhorou
a performance nem a termorregulação. Já quando os atletas tinham à sua disposição para consumo
as bebidas estes satisfaziam as suas necessidades consoante as sensações dos próprios e desta forma
tinham melhores resultados (Hillman, A. et all. 2013).
Filipa Sebastião 31
Capítulo 3 - Metodologia
Filipa Sebastião 32
1. Caraterização e seleção da amostra
O presente estudo foi realizado com 16 ciclistas das variantes de BTT e estrada, sendo a maioria
federados (apenas dois não são atletas federados no entanto sujeitos a exames médicos anuais) e
dos mais variados escalões (Sub-23, elites amadores e masters). Todos já possuíam alguma
experiência dentro da modalidade estando inseridos no programa de provas do regional e do
nacional.
Antes da realização de todos os testes foi explicado a todos os atletas o objetivo da investigação
e de como se iriam desenrolar todos os testes necessários. Foi entregue a todos os atletas um termo
de consentimento informado com todas as explicações necessárias para o desenrolar do estudo.
1.1. Fases do estudo
A realização deste estudo teve três fases:
Numa primeira fase procedemos à recolha das variáveis antropométricas e de
composição corporal. No mesmo dia a seguir à recolha das variáveis descritas
anteriormente realizámos um teste para determinação do VO₂ máximo e do limiar
anaeróbio de cada atleta. Esta fase de testes foi realizada no laboratório da Associação
para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI).
Na segunda fase realizámos os testes de uma hora nas duas temperaturas e humidades
diferentes para vermos as diferenças na hidratação e temperatura corporal que
ocorreram. Esta fase de testes foi realizadas no laboratório da ADAI.
A terceira fase foi a realização da análise de todos os dados recolhidos com a utilização
do software informático.
1.2. Avaliação antropométrica
As variáveis antropométricas avaliadas na primeira fase do estudo tiveram como principal
objetivo a caraterização da amostra recrutada.
Filipa Sebastião 33
1.2.1. Massa corporal
A massa corporal foi medida com uma balança digital portátil Seca (modelo 770 com
graduação de 100 gr). A medição foi realizada com os atletas sem roupa, estes durante a medição
mantiveram-se imóveis e com o olhar em frente, até que o valor indicado na balança fosse o final.
Os valores dados na balança eram expressos em quilogramas (kg), com aproximação às décimas.
1.2.2. Estatura
Para a medição da estatura foi utilizado um estadiómetro portátil da marca Harpenden
modelo 98.603 de Holtain Limites com precisão ao milímetro. A estatura é a distância existente
entre o vértex da cabeça e o plano plantar estando o sujeito na posição anatómica de referência e
descalço. Após a colocação do cursor no vértex é feita a leitura da estatura que é expressa em
centímetros com aproximação às décimas.
1.3. Avaliação da composição corporal
1.3.1. Medição de pregas adiposas
Para o cálculo da percentagem da massa gorda utilizámos uma equação que utiliza sete
pregas (Jackson and Pollock, 1978), é ela:
Densidade corporal = 1,112 – 0,00043499 (soma das sete pregas) + 0,00000055 (soma das
sete pregas)2 – 0,00028826 (idade)
Para a avaliação das pregas adiposas utilizámos um adipómetro Dr. Lange (figura 1).
Filipa Sebastião 34
Figura 3-1 - Adipómetro utilizada na medição das pregas de adiposidade
Para efetuar as medições pedimos aos atletas que se encontrassem relaxados e em posição
anatómica de referência (De pé com os membros superiores estendidos ao lado do tronco e as
palmas das mão voltadas para a frente, o olhar deve manter-se para o horizonte). As pregas de
adiposidade medidas foram:
Prega Peitoral – Prega obliqua, localizada entre o ponto médio entre a axila e o mamilo;
Prega Tricipital – Prega vertical, medida na face posterior do braço direito, a meia
distância entre os pontos acromial e radial;
Prega Subescapular – Prega Obliqua, dirigida para baixo e para fora, localizada
imediatamente abaixo do vértice inferior da omoplata direita;
Prega média axilar – Prega vertical medida do lado direito do atleta, que se encontra no
ponto onde se cruza a linha média axilar e a linha do ponto xifóide;
Prega abdominal – Prega vertical medida do lado esquerdo do atleta a 2 cm do umbigo
e 1 cm acima do mesmo;
Prega Suprailíaca – Prega ligeiramente obliqua, dirigida para baixo e para dentro,
localizada acima da crista ilíaca sobre a linha média axilar;
Prega Crural – Prega vertical, localizada na linha média da face anterior da coxa direita,
a meia distância entre a prega inguinal e o bordo superior da rótula. Esta prega foi
Filipa Sebastião 35
medida com o atleta sentado e com o membro inferior direito a formar um ângulo de
90º.
1.4. Lactatos
1.4.1. Determinação dos 2 e 4 mmol’s /L
Para a determinação dos 2 e dos 4 mmol/L de lactato utilizámos o papel milimétrico, para
isso traçámos a curva de lactato e potência (como mostra a figura 2). Os dados para a determinação
destes parâmetros foram recolhidos na primeira fase de recolha de dados (VO₂ máximo e lactato).
Figura 3-2 - Exemplo de determinação dos 2 e 4 mmol's/L de lactato
1.4.2. Métodos de determinação do limiar anaeróbio
Para determinação dos limiares anaeróbios utilizámos uma extensão para o Microsoft Excel
2016 denominada de Lactate-E, esta extensão foi validade anteriormente por Newell et al., 2007.
Não havendo consenso de qual o melhor método para a determinação do limiar anaeróbio
decidimos utilizar os três métodos calculados com a extensão, o Lactate Threshold (Faude et al.,
2009), o Dmax (Cheng et al., 1992), o Dmax modificado (Fabre et al., 2010), e os 4 mmol/L de
lactato (Heck et al., 1985) determinados com o papel milimétrico.
Filipa Sebastião 36
1.5. Temperatura corporal
1.5.1. Medição da temperatura da pele
Para a medição da temperatura da pele foram utilizados os sensores de temperatura
(termopares) criados pela ADAI do departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de
Coimbra (figura3).
Figura 3-3 - Sensores de temperatura utilizados na medição da temperatura da pele
A medição foi realizada durante os testes em quatro lugares diferentes (coxa direita, esterno,
braço direito e cervical), os locais estão representados na figura 4:
Figura 3-4 - Ilustração dos locais onde foram feitas as medições da temperatura da pele
Filipa Sebastião 37
A temperatura foi registada antes de começar o teste, aos 5 minutos, aos 15 minutos, aos
30 minutos, aos 45 minutos e aos 60 minutos.
1.5.2. Temperatura da Urina
Decidimos realizar a medição da temperatura corporal interna através da urina por ser um meio
pouco invasivo quando comparado com a medição da temperatura retal.
Num estudo realizado com trinta sujeitos (quinze femininos e quinze masculinos) foi realizada
uma comparação da medição da temperatura retal com a da urina. Foi relatado que em descanso a
temperatural da urina foi mais baixa que a retal com uma diferença de 0.33ºC (SD±0.17) para
homens e de 0.40ºC (SD±0.17) para as mulheres (Fox et al. 1975).
A temperatura da urina foi medida através de um termómetro digital Checktemp® 1 HI98509
da Hanna Instruments. A temperatura da urina foi analisada antes e após os testes (cerca de 5
minutos após o atleta terminar o teste).
1.6. Pressão arterial
Decidimos avaliar a pressão arterial antes e após o exercício. Existem trabalhos científicos que
relatam que após o exercício pode haver uma diminuição da pressão arterial, podendo esta ser
causada pela perda de volume plasmático (Rezk et al.,, 2006), (Chen & Bonham, 2010).
O protocolo utilizado foi: o atleta sentado com as costas direitas, relaxadas e apoiadas no
encosto da cadeira, sem cruzar as pernas, com o braço direito apoiado na mesa. Para isso, utilizámos
um esfigmomanómetro coluna de mercúrio-RIESTER e um Estetoscópio WelshAllyn.
1.7. Avaliação do estado de hidratação
1.7.1. Avaliação da cor da Urina
Realizámos a avaliação da cor da Urina para identificar em que estado de hidratação se
encontram os atletas. Para isto utilizámos a escala de oito cores que foi validada por Armstrong et
al. (1994) (figura 5).
Filipa Sebastião 38
1.7.2. Volume plasmático
Para o cálculo do volume plasmático utilizámos a equação de Dill e Costill (1974) por esta ser
a mais citada em estudos de exercício físico. Esta equação tem em conta o valor da hemoglobina e
do hematócrito antes e durante ou depois do exercício físico (Dill e Costill, 1974). O cálculo faz-
se da seguinte forma:
∆𝑃𝑉: 100[𝐻𝑏A (1-HctD×10−2 )]/[𝐻𝑏𝐷(1 − 𝐻𝑐𝑡𝐴 × 10−2 )] − 100
1.7.2.1. Hematócrito
Para obtermos o valor do hematócrito utilizámos o método de microhematócrito.
Escolhemos este método porque este é um gold standard para a determinação do hematócrito
(Pearson & Guthrie, 1982).
A colheita do sangue para realizar a análise do hematócrito foi realizada sempre após 10
minutos do atleta permanecer sentado (antes e após o teste). Após estes 10 minutos procedemos à
desinfeção do dedo e fazíamos uma picada (Unistik 2 Extra), de seguida colocávamos ¾ de sangue
em dois tubos capilares de microhematócrito (marca Superior MARIENFELD) e tapávamos uma
das pontas com plasticina. De seguida colocávamos os capilares numa centrifugadora (figura 6) de
microhematócrito (marca Hawksley England) durante 5 minutos a uma rotação de 11000 por
A cor 1, 2 e 3 significa que se está bem hidratado, se a cor estiver no 7 e
8 significa que se está desidratado e que se deve consumir bastantes
líquidos. Esta escala foi retirada do artigo de Casa et al. (2000).
Figura 3-5 - Exemplo da escala de cor da urina
Filipa Sebastião 39
segundo. No final colocávamos os capilares numa régua e mediamos o valor das células vermelhas
e do total (exemplo figura 6) e após isso fazíamos o rácio e multiplicávamos por 100 para termos
o valor em percentagem.
Figura 3-6 - Régua para medição do microhematócrito e centrifugadora de microhematócrito
1.7.2.2. Hemoglobina
Para obtermos o valor da hemoglobina utilizámos o método Sodium Lauryl Sulfate
(método SLS) (figura 7). Por este se tratar de um processo de medição realista que oferece várias
vantagens em relação ao método padrão estabelecido (Oshiro et al. 1982).
Figura 3-7 - Espetrofotómetro Diaglobal, pipeta Dr. Lange, capilares e hemoglobina
Filipa Sebastião 40
A colheita do sangue para a análise da hemoglobina foi realizada sempre após o atleta
permanecer sentado 10 minutos (antes e após o teste). Após estes 10 minutos procedemos à
desinfeção do dedo e fazíamos uma nova picada (Unistik 2 Extra), de seguida colocávamos 10μL
de sangue num capilar (marca Hirschmann) e colocávamos com uma pipeta o sangue para um
frasco de hemoglobina SLS (marca Diaglobal). No final com um espetrofotómetro Diaglobal
(comprimento de onda de 546nm) fazíamos uma primeira medição com um fraco vazio e após 30
segundos do sangue estar a reagir no frasco fazíamos a medição da hemoglobina.
1.7.3. Osmolaridade da Urina
Para a realização do cálculo da osmolaridade da urina utilizámos a seguinte equação:
𝑚𝑂𝑠𝑚 /𝐾𝑔 𝐻2𝑂 = 2 × ([𝑁𝐴] + [𝐾] + [𝑢𝑟𝑒𝑖𝑎 𝑚𝑔/𝑑𝑙] / 2.8 + [𝑔𝑙𝑖𝑐𝑜𝑠𝑒 𝑚𝑔 /𝑑𝑙] /1 8
Esta é uma das fórmulas mais utilizadas nos laboratórios clínicos. Esta equação necessita
dos valores de sódio, potássio, da ureia e da glicose para a obtenção do valor da osmolaridade
(Batlle et al 1988).
Para o cálculo desta fórmula precisámos de um conjunto de valores que foram analisados
no Laboratório de análises da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra com as amostras
de urina que recolhemos antes e após os testes.
1.7.4. Densidade da Urina
Para obtermos esta variável contámos com a ajuda do Laboratório de análises da Faculdade
de Farmácia da Universidade de Coimbra com as amostras de urina que recolhemos antes e após
os testes.
1.7.5. Perda de massa corporal
Utilizámos esta variável para avaliar o estado de hidratação por esta ser uma variável muito
simples e muito fácil de ser utilizada pelos atletas (Sawka et al., 2007).
Para isto, fizemos a medição da massa corporal antes do teste (depois de urinarem) e depois do
teste antes de urinarem e depois de urinarem, estas medições foram feitas encontrando-se o atleta
sem roupa e ainda no fim do teste era pedido que estes removessem a mais possível o suor existente
Filipa Sebastião 41
na pele. Foi ainda controlada toda a água ingerida durante o teste, para isso pesámos (balança da
marca AND A&D Company Limited) o bidon sempre antes e após o teste para ter a totalidade dos
líquidos ingeridos (figura 8).
Figura 3-8 - Balança para pesar os bidons
O cálculo da perda de massa corporal foi feita da seguinte forma:
% 𝑑𝑒𝑠𝑖𝑑𝑟𝑎𝑡𝑎çã𝑜 =(𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 − 𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑐𝑜𝑟𝑝𝑜𝑟𝑎𝑙 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙) + 𝑙𝑖𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑛𝑔𝑒𝑟𝑖𝑑𝑜𝑠
100× 100
1.8. Diário de hidratação
Para saber a quantidade de água ingerida pelos atletas que realizaram os testes utilizámos um
diário de hidratação (que se encontra em apêndice). Este diário foi entregue aos atletas com
antecedência, os atletas tiveram que preencher o diário no dia antes à realização dos testes e no dia
do teste até à hora de realização do mesmo. No diário tiveram que colocar toda a água que ingeriram
e as quantidades, as peças de fruta (quais e quantidades), todas a bebidas, gelatinas e sopa.
Para o cálculo final da água ingerida recorremos a uma tabela de composição dos alimentos
(Porto & Oliveira, 2007) e para sabermos o peso das frutas e as quantidades dos recipientes (copo,
taças, etc) utilizámos os referenciados por Amaral (1993).
Filipa Sebastião 42
1.9. Protocolos laboratoriais
1.9.1. Organização do laboratório
Os três testes foram realizados num cicloergómetro Monark 824E, este foi o cicloergómetro
escolhido devido à sua fiabilidade e reconhecimento científico. Este cicloergómetro é reconhecido
como sendo um gold standard (Guiraud et al, 2008).
Figura 3-9 - Monark 824E utilizada nos testes
Durantes os testes tivemos um Ventilador (Equation – SFDC3-600CT0) alimentado por um
controlador de tensão variável que permite ajustar a velocidade de escoamento para a velocidade
alvo. O ventilador estava a 3 metros do atleta que corresponde a uma deslocação de ar de 5 Km/h.
Figura 3-10 - Ventilador Equation, utilizado durante os testes
1.9.2. Protocolo do teste máximo (Vo₂ máximo e limiar anaeróbio)
Fase 1: Na fase inicial o atleta realizava a avaliação antropométrica (massa corporal e estatura),
fazia a avaliação da temperatura da urina e por fim, era realizada a avaliação da composição
corporal (medição das pregas adiposas).
Filipa Sebastião 43
Fase 2: Experimentar as medidas colocadas no cicloergómetro Monark 824E para ver se estava
tudo correto. Após ver se estava tudo correto o atleta realizava um aquecimento de 10 minutos com
90 watts de potência.
Fase 3: Colocávamos todos os materiais necessários para darmos início ao teste.
Fase 4: Dávamos início ao teste. Este consistiu em um protocolo progressivo intervalado (4
minutos de teste e 1 minuto de descanso, este tipo de protocolo é referenciado para a determinação
do limiar anaeróbio por Yoshida (1984) e Margaria et al., (1933)) e foi escolhido para cada atleta
um dos protocolos apresentados na tabela 1 consoante as suas caraterísticas e condição física.
Tabela 3-1 - Protocolos de testes máximos
Protocolos de teste
1 2
Carga (Kg) Potência (W) Carga (Kg) Potência (W)
1 90 1 90
1.5 135 1.5 1.35
2 180 2 180
2.5 225 2.5 225
2.8 252 3 270
3.1 279 3.3 297
3.4 306 3.6 324
3.7 333 3.9 351
4 360 4.2 378
4.3 387 4.5 405
Fase 5: Durante o teste foram recolhidas as trocas de gases através de um analisador de gases
(Metamax Portable System: marca Cortex, Leipzig, Alemanha), no fim de cada 4 minutos
registávamos os valore obtidos (ficha de registo presente em apêndice).
No minuto de intervalo realizávamos a recolha de lactato para posterior análise (mini
espetrofotómetro Dr. Lange).
Primeiro desinfetávamos o dedo do atleta com papel com álcool e de seguida
secávamos com papel seco para que o suor não contaminasse a nossa amostra;
De seguida, fazíamos uma picada e retirávamos 10μL de sangue que posteriormente
colocávamos num frasco (Diaglobal Lactate) com a ajuda de uma pipeta (Dr. Lange)
Filipa Sebastião 44
Figura 3-11 - Espetrofotómetro Dr. Lange, Lactatos, Pipeta Dr. Lange e Capilares
Ainda durante esse minuto era registado o valor da frequência cardíaca (Sensor
Garmin) e ainda a perceção de esforça (Escala de Borg 6-20)
Fase 6: O teste era terminado quando o atleta já não tinha capacidade de continuar o teste. Fazia
uma recuperação ativa de cerca de 10 minutos.
Fase 7: Voltar a avaliar a massa corporal e a temperatura da urina.
Calibrações
Antes do início do teste foram realizadas sempre as calibrações dos equipamentos (os dois
primeiros consoante o que o fabricante indica e o último ponto consoante o que o atleta nos dizia):
Monark Peak 824E
Analisador de gases Metamax Portable System
Altura do selim e distância ao guiador
Filipa Sebastião 45
1.9.3. Avaliação da hidratação e temperatura corporal – Protocolo laboratorial
Tabela 3-2 - Protocolo de realização de testes de 60 minutos
Protocolo de teste
6’ Aquecimento
2’ a 45% da potência do teste
2’ a 65% da potência do teste
2’ a 85% da potência do teste
1h Teste a 2 mmol/L lactato
5’ Recuperação
1. Feita a 90w
Tabela 3-3 - Condições de realização dos testes de 60 minutos
Condições de realização dos testes
Testes Temperatura Humidade
Primeiro 21ºC 60%
Terceiro 34ºC 55%
Esta fase consistiu em dois testes diferentes para cada um dos atletas nas diferentes
condições (21ºC e 60% humidade e 34ºC e 55% de humidade relativa), o teste consistiu em 6’ de
aquecimento seguido de 1 hora a 2 mmol/L de lactato e por fim, 5’ de recuperação ativa.
Filipa Sebastião 46
A água nos dois testes foi fornecida por nós e os atletas faziam a hidratação à sua vontade.
A composição analítica da água é a seguinte:
Conforme boletim de análise nº01331-16 do IST
pH 5,3 (±0.4)
Sílica (SiO₂) 9,1 (±0.4) mg/L
Mineralização
Total 32 (±2) mg/L
Aniões (mg/L) Catiões (mg/L)
Cl¯ 9,1 (±0.4) NA⁺ 5.7 (±0.4)
HCO¯₃ 2.6 (±0.5) Mg²⁺ 1.0 (±0.2)
SO₄²¯ 1.2 (±0.2) Ca²⁺ 0.7 (±0.2)
NO₃¯ 1.8 (±0.2)
Fase 1: Era pedido para serem entregues as folhas de registo Diário de Hidratação
(encontra-se em apêndice) do dia antes ao teste e do dia do teste.
Fase 2: Avaliação da temperatura da urina e recolha da mesma para avaliação da
osmolaridade e densidade, avaliação da massa corporal (depois de urinar), análise da hemoglobina
e do hematócrito. Medição da pressão arterial e ainda era fornecido o bidon da água ao atleta (já
estando o bidon pesado).
Fase 3: De seguida pedíamos ao atleta para subir para o cicloergómetro Monark para ver se
estava tudo nas medidas corretas e colocávamos os sensores de temperatura da pele.
Fase 4: Iniciávamos o aquecimento, após o mesmo dávamos início ao teste. Ao fim dos 60
minutos era retirado o peso colocado na Monark e faziam um retorno à calma de 5 minutos.
Fase 5: No fim do teste voltávamos a avaliar a massa corporal (antes e após urinarem), a
temperatura da urina e recolha da mesma para a análise da osmolaridade e densidade, análise da
hemoglobina e do hematócrito
Filipa Sebastião 47
Capítulo 4 – Resultados e Discussão
Filipa Sebastião 48
O objetivo deste estudo consistiu em saber qual o efeito de 1 hora a uma intensidade de 2
mmol/L de lactato na hidratação e termorregulação nas condições de 21ºC e 60% de humidade
relativa e de 34ºC e 55% de humidade relativa em ciclistas. Para isto analisámos numa primeira
fase a composição corporal dos atletas e o seu consumo máximo de oxigénio e de seguida fizemos
dois testes nas condições:
Tabela 4-1 - Valores médios e desvios-padrão das condições dos testes
Temperatura (ºC) Humidade relativa (%)
Teste 1 33,83 ±0,28 54,84±3,17
Teste 2 21,21±0,74 59,08±6,94
Foram avaliados 16 atletas, os quais terminaram o teste nas condições climáticas de 21ºC e
60% HR. No entanto na temperatura de 34ºC e 55% HR apenas 10 atletas terminaram o teste. Na
variável temperatura da urina tivemos de excluir dois valores da avaliação pré-teste de 21ºC porque
os atletas não realizaram a quantidade de urina necessária para que o termómetro fizesse a medição
correta da temperatura. Devido a termos uma amostra reduzida algumas variáveis não apresentaram
normalidade na sua distribuição (testada através do teste de Shapiro-Wilk, Skewness e da Kurtosis)
por esse motivo decidimos utilizar os testes não-paramétricos para a análise dos nossos dados. Para
analisar a relação entre variáveis utilizámos o teste de Spearman, para a comparação entre variáveis
utilizámos o teste de Wilcoxon.
1. Caraterização dos atletas
Para a caraterização dos atletas utilizámos a sua idade, a estatura, a massa corporal e a
percentagem de massa gorda. Na tabela 2 podemos ver os valores dos atletas que pertenceram à
nossa amostra, podemos observar que a sua percentagem de massa gorda se encontra em níveis
ideais para a manutenção de um estilo de vida saudável.
Filipa Sebastião 49
Tabela 4-2 - Índices avaliados para a caraterização dos atletas
Índice avaliado Média e Desvio-padrão
Idade (anos) 32.02±9.94
Estatura (cm) 172.41±5.73
Massa corporal (kg) 63.09±10.50
Massa gorda (%) 10.48±4.13
1.1. Consumo máximo de oxigénio e lactato
Para determinação do Vo₂ máximo, dos 2mmol/L de lactato e dos limiares anaeróbios
realizámos um teste progressivo intervalado num cicloergómetro.
Os dados dos atletas que utilizámos para o nosso estudo estão apresentados na tabela abaixo:
Tabela 4-3 - Valores médios e respetivos desvios-padrão do Vo2 máx, da FC máxima e dos 2mmol's/L de lactato
Vo2 (ml/Kg/min) 73,18±8.81
Vo2 (l/min) 4,68±0.56
FC máxima 186,25±8.49
2 mmol/L (W) 221,69±23.78
Para a determinação do limiar anaeróbio utilizámos os quatro métodos mais conhecidos para o
efeito, os valores médios dos nossos atletas estão apresentados no gráfico abaixo:
Gráfico 4-1 - Valores médios e respetivos desvios-padrão dos vários métodos de determinação do limiar anaeróbio
281,25 278,43249,59
273,13
0
50
100
150
200
250
300
350
4 mmol/L LT Dmax Dmax modificado
Po
tên
cia
(W)
Limiares anaeróbios
Filipa Sebastião 50
2. Teste nas condições climáticas de 21ºC e 60% de humidade
relativa
2.1. Correlações com as diferenças nas variáveis de antes para o depois do
teste
2.1.1. Mudança no volume plasmático
No teste realizado à temperatura de 21ºC e 60% HR houve uma perda média de volume
plasmático de 3.33±4.58%. No gráfico seguinte estão os valores de perda de volume plasmático de
todos os atletas:
Gráfico 4-2 - Percentagem de volume plasmático perdido por cada atleta nas condições climáticas de 21ºC e 60% HR
A nossa amostra apresentou uma média de hemoglobina de 15.16±1.23 g/dL e uma média de
hematócrito de 43.54±2.97%. No estudo de Heinicke et al. (2001) a média de hemoglobina de
ciclistas profissionais foi de 15.7±0.6 g/100ml e o valor médio de hematócrito foi de 47.1±1.8%
(Heinicke et al. 2001).
-5,63-7,28
-3,32
-12,22
1,50
3,58
-2,65
6,55
-2,05
-0,30
-2,49
-6,64-5,34
-6,56 -6,22
-4,20
-15,00
-10,00
-5,00
0,00
5,00
10,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Percenteagem de volume plasmático perdido por cada atleta nas condições climáticas de 21ºC e 60% HR
Atleta
Filipa Sebastião 51
Para sabermos a relação das variáveis estudadas com a perda de volume plasmático fizemos a
correlação entre as variáveis. As variáveis que apresentaram uma maior relação com as mudanças
de volume plasmático foram:
Tabela 4-4 - Relação estatisticamente significativa entre a mudança no volume plasmático e outras variáveis
Volume plasmático
Variável Correlação de Spearman Significância
Diferença na osmolaridade do
início para o fim do teste -0.529 0.035
Diferença na densidade do início
para o fim do teste -0.514 0.042
Diferença no sódio do início para o
fim do teste -0.524 0.037
Diferença no cloro do início para o
fim do teste -0.628 0.009
Diferença na temperatura da
cervical dos 0’ para os 60’ -0.564 0.023
Diferença na temperatura do
antebraço dos 0’ para os 60’ -0.506 0.046
As mudanças de volume plasmático apresentam uma relação significativa (p≤0.05) com a
diferença na osmolaridade do início para o fim do teste (quanto maior a diferença na osmolaridade
do inicio para o fim do teste menor a perda de volume plasmático), com a diferença na densidade
do início para o fim do teste (quanto maior a diferença na densidade do inicio para o fim do teste
menor a perda de volume plasmático), com a diferença no sódio do início para o fim do teste
(quanto maior a diferença no sódio do inicio para o fim do teste menor a perda de volume
plasmático), com a diferença no cloro do início para o fim do teste (quanto maior a diferença no
cloro do inicio para o fim do teste menor a perda de volume plasmático), com a diferença na
temperatura da cervical dos 0’ para os 60’ (quanto maior a diferença na temperatura da cervical do
inicio para o fim do teste menor a perda de volume plasmático) e com diferença na temperatura do
antebraço dos 0’ para os 60’ (quanto maior a diferença na temperatura do antebraço do inicio para
o fim do teste menor a perda de volume plasmático).
Filipa Sebastião 52
2.1.2. Massa gorda
A nossa amostra teve uma percentagem média de massa gorda de 10.48±4.13. Para sabermos
de que forma a massa gorda influência as outras variáveis em estudo analisámos a relação existente:
Tabela 4-5 - Relação estatisticamente significativa entre a massa gorda e outras variáveis
Massa gorda
Variável Correlação de Spearman Significância
Diferença na temperatura da
cervical dos 5’ para os 15’ 0.568 0.022
Diferença na temperatura da
cervical dos 45’ para os 60’ 0.497 0.05
Diferença na temperatura da
cervical dos 0’ para os 60’ 0.605 0.013
Diferença na temperatura do
esterno dos 0’ para os 60’ 0.543 0.030
A percentagem de massa gorda dos nossos atletas apresentam uma relação significativa
(p≤0.05) com a diferença na temperatura da cervical dos 5’ para os 15’, dos 45’ para o 60’ e na
diferença dos 0’ para os 60’ (quanto maior a diferença de temperatura da cervical dos 5’ para 15’,
dos 45’ para os 60’ e dos 0’ para os 60’ maior a percentagem de massa gorda dos nosso atletas) e
com a diferença na temperatura do esterno dos 0’ para os 60 (quanto maior a diferença de
temperatura do esterno dos 0’ para 60’ maior a percentagem de massa gorda dos nosso atletas).
A massa gorda distribuída no nosso corpo, pode consoante a sua espessura explicar as
diferenças na temperatura média da pele dos diferentes sujeitos, como também podem explicar a
variação de temperatura da pele que ocorre nos vários sítios do corpo (LeBlanc, 1954).
Filipa Sebastião 53
2.1.3. Diferença no valor do potássio do pré-teste para o pós teste.
Na diferença no valor do potássio de antes para o fim do teste tivemos um valor médio de
11.33±26.47. Na tabela a baixo apresentamos as variáveis que tiveram relação com a diferença no
valor do potássio de antes para o fim do teste:
Tabela 4-6 - Relação estatisticamente significativa entre a diferença no valor do potássio do antes para o fim do teste e outras
variáveis
Potássio
Variável Correlação de Spearman Significância
Diferença na temperatura da
coxa dos 0’ para os 5’ -0.641 0.007
Diferença na temperatura da
coxa dos 15’ para os 30’ -0.685 0.003
Diferença na temperatura da
coxa dos 30’ para os 45’ -0.521 0.039
Diferença na temperatura da
coxa dos 0’ para os 60’ -0.576 0.043
Perda de massa corporal com
os líquidos ingeridos 0.679 0.04
Perda de massa corporal sem
os líquidos ingeridos 0.534 0.033
A diferença no valor do potássio do antes para o fim do teste apresenta uma relação significativa
(p≤0.05) com a diferença na temperatura da coxa dos 0’ para os 5, dos 15’ para os 30’, dos 30’ para
os 45’ e dos 0’ para os 60’ (quanto maior a diferença de temperatura da coxa dos 0’ para 5, dos 15’
para os 30’, dos 30’ para os 45’ e dos 0’ para os 60’ menor a diferença no valor do potássio do
antes para o fim do teste), com a perda de massa corporal descontando os líquidos ingeridos (quanto
maior a perda de massa corporal descontando os líquidos ingeridos maior a diferença no valor do
potássio do antes para o fim do teste) e com a perda de massa corporal não contabilizando os
líquidos ingeridos (quanto maior a perda de massa corporal sem contabilizar os líquidos ingeridos
maior a diferença no valor do potássio do antes para o fim do teste).
Filipa Sebastião 54
2.1.4. Diferença na temperatura da urina do pré teste para o pós teste
No teste realizado à temperatura de 21ºC e 60% de humidade relativa houve em média do
início para o fim do teste uma diferença na temperatura da urina de 1ºC±0.36.
Tabela 4-7- Relação entre a diferença na temperatura da urina do antes para o depois do teste e a diferença na pressão sitólica do
antes para o depois do teste
Temperatura da urina
Variável Correlação de Spearman Significância
Diferença na pressão sistólica
do antes para o depois do teste -0.714 0.004
Potência correspondente a
2mmol/L de lactato 0.595 0.025
Potência correspondente a
4mmol/L de lactato 0.621 0.018
Potência correspondente ao
limiar anaeróbio Lactate
Threshold
0.578 0.030
Potência correspondente ao
limiar anaeróbio Dmáx 0.578 0.031
Potência correspondente ao
limiar anaeróbio Dmáx mod. 0.567 0.035
A diferença na temperatura da urina do antes para o fim do teste apresenta uma relação
significativa (p≤0.05) com a diferença na pressão sistólica do antes para o depois do teste, ou seja,
quanto maior a diferença na temperatura da urina do inicio para o fim do teste menor a diferença
na pressão sistólica do antes para o depois do teste. Apresenta ainda relação positiva com a potência
exercida na intensidade correspondente a 2mmol/L e 4 mmol/L, ao Lactate Threshold, ao Dmáx e
ao Dmáx modificado, ou seja, quanto maior for a diferença da temperatura da urina do antes para
o depois do testes maior é a potência que os atletas exercem nos 2mmol/L, nos 4 mmol/L, no
Lactate Threshold, no Dmáx e no Dmáx modificado.
Quem realizou o teste de 21ºC com uma potência superior (valor superior nos 2mmol/L) foi
quem teve um aumento superior na temperatura da urina, isto pode ser explicado pelo facto dos
atletas que exercem mais potência tenham de fazer mais trabalho do que aqueles que têm valores
menores de potência já que a cadência é a mesma, a força exercida é que muda.
Filipa Sebastião 55
Após o exercício físico é comum ocorrer o fenómeno de hipotensão (Pescatello et al., 2004),
neste caso quem teve uma diferença superior do pré para o pós teste realizado a 21ºC e 60% HR
no valor da temperatura da urina foi quem teve uma menor diferença na pressão arterial sistólica.
A pressão arterial é influenciada pela temperatura do core, quando a temperatura do core é elevada,
há uma maior contratilidade dos músculos utilizados no exercício, por sua vez há um aumento do
débito cardíaco, isto tudo leva a que a pressão arterial diminua.
Filipa Sebastião 56
2.2. Correlações com os valores das variáveis após o teste
Com o objetivo de saber qual a relação entre as variáveis fizemos o teste de Spearman, os resultados obtidos para as
variáveis do teste realizado à temperatura de 21ºC encontram-se na tabela abaixo:
Tabela 4-8 - Correlações 21ºC e 60% Hr
Correlações 21ºC e 60% Hr
Cor da
urina Densidade Osmolaridade Potássio Cloro Sódio
PA
diastólica 2mmol/L MG
Cor da urina 0.840** 0.801** 0.708**
Osmolariade 0.840** 0.683** 0.728** 0.850** 0.805**
Densidade 0.683** 0.519* 0.607* -0.645**
Potássio 0.801** 0.728** 0.815**
Cloro 0.708** 0.519* 0.850** 0.815** 0.675** -0.600*
Sódio 0.607* 0.805** 0.675** -0.509*
PA sistólica 0.723** -0.638**
*A correlação é significativa no nível 0.05 (bilateral)
** A correlação é significativa no nível 0.01 (bilateral)
Filipa Sebastião 57
Ao analisarmos os dados das correlações do teste realizado a 21ºC podemos ver que a cor da
urina tem relação positiva com a osmolaridade, com o potássio e com o cloro, ou seja, quando a
cor da urina aumenta a osmolaridade, o potássio e o cloro também aumentam. Em relação à
osmolaridade esta apresenta uma relação positiva com a cor da urina, com a densidade, com o
sódio, com o potássio e com o cloro, isto quer dizer que quando a osmolaridade aumenta também
aumentam todas as outras variáveis. A densidade tem uma relação positiva com a osmolaridade,
com o sódio e com o cloro e uma relação negativa com a potência que os atletas tinham na
concentração de 2mmol/L de lactato, na relação positiva quando a densidade aumentam todas as
outras diminuem, já a relação negativa quer dizer que quem tem um maior aumento na densidade
é que tem a potência nos 2 mmol/L de lactato mais baixa. O sódio apresenta algumas relações
positivas (já apresentadas anteriormente) e uma relação negativa com a potência correspondente
aos 2mmol/L de lactato, ou seja, quem tem um maior valor de sódio no fim do teste é quem
apresenta uma potência inferior nos 2mmol/L. Quando passamos para as pressões arteriais
podemos ver que há duas relações na pressão sistólica, uma positiva com a pressão diastólica e
uma negativa com a massa gorda, quem tem uma pressão sistólica superior no fim do teste é quem
tem menor massa gorda. Na pressão diastólica verificamos que há uma relação negativa com o
cloro e com a massa corporal, ou seja, quem no fim do teste teve um valor superior na pressão
diastólica foi quem teve um valor mais baixo de cloro e de massa corporal.
Filipa Sebastião 58
2.3. Comparações das variáveis no mesmo teste
No mesmo teste fizemos a avaliação das variáveis antes e depois do teste, para conseguirmos
perceber se haviam diferenças fizemos a sua comparação, os resultados são apresentados na tabela
abaixo:
Tabela 4-9 - Comparação entre os valores antes e após no teste realizado à temperatura de 21ºC e 60% Hr
Variáveis Antes (média e
desvio-padrão) Depois (média
e desvio-padrão) Significância
Cor da urina 3.81±1.72 4.56±1.36 0.26
Osmolaridade da urina (mOsm.𝑘𝑔−1) 817.73±429.89 811.91±374.2 0.877
Densidade da urina 1013.13±7.04 1016.56±5.69 0.017
Sódio (mEq.𝐿−1) 86.69±52.33 73.31±41.40 0.140
Potássio (mEq.𝐿−1) 49.44±23.41 60.78±42.06 0.098
Cloro (mEq.𝐿−1) 96.17±44.80 102.00±46.02 0.679
Temperatura da urina (ºC) 36.59±0.39 37.59±0.37 0.011
Temperatura da cervical (ºC) 32.47±1.17 32.16±1.59 0.501
Temperatura do esterno (ºC) 31.88±1.25 31.93±1.64 0.469
Temperatura do antebraço (ºC) 30.03±1.66 29.94±2.69 0.877
Temperatura da coxa (ºC) 30.01±1.07 29.87±2.50 1.00
Pressão sistólica (mmHg) 119.94±7.51 104.31±7.15 0.001
Pressão diastólica (mmHg) 70.25±5.70 67.81±5.56 0.199
Ao observarmos os dados da tabela a cima podemos ver que temos variáveis com diferenças
significativas (p≤0.05) e outras que não apresentam diferenças significativas (p>0.05). Assim
sendo podemos ver que as variáveis que apresentam diferenças estatisticamente significativas são,
a densidade da urina, a temperatura da urina e a pressão arterial sistólica. Quase todas a variáveis
para classificar o estado de hidratação mesmo não tendo dado diferenças estatisticamente
significativas tenderam a aumentar no sentido da desidratação.
Filipa Sebastião 59
3. Teste realizado na temperatura de 34ºC e 55% HR
Todos os nossos 16 atletas realizaram o teste à temperatura de 21ºC e 60% HR sem problemas,
porém no teste à temperatura de 34ºC e 55% de humidade tivemos 6 atletas que não conseguiram
concluir os 60 minutos que estava prevista (1 atleta só conseguiu 30 minutos, 2 atletas fizeram 40
minutos e os 3 restantes fizeram 45 minutos). No primeiro dia de um estudo com condições de
31.1±0.1ºC e 70±4.4% em que os sujeitos tinham de realizar 60 minutos num cicloergómetro a
uma intensidade de 60% do VO₂ máximo só 5 em 16 sujeitos conseguiram terminar (Saat et al.
2005).
3.1. Correlações com as diferenças nas variáveis de antes para o depois do
teste
3.1.1. Mudanças no volume plasmático
No teste à temperatura de 34ºC e 55% de humidade relativa houve uma percentagem média de
perda de volume plasmático de 7.14±4.19, para o cálculo das mudanças ocorridas no volume
plasmático tivemos em conta o valor da hemoglobina e o valor do hematócrito. O valor médio da
hemoglobina antes do teste foi 15.18±0.7 g.dLe do hematócrito foi 43.52±1.8%, após o teste o
valor médio da hemoglobina foi de 15.88±1.25 g.dL e do hematócrito foi 45.51±2.06%. Após 40
minutos num cicloergómetro a 60% do VO₂ máximo num ambiente quente a perda de volume
plasmático foi de 8.34±5.56%, em relação à hemoglobina neste estudo estes apresentaram antes do
teste 14.74±0.62 g.dL e após 15.38±0.65 g.dL, já o hematócrito antes foi de 43.18±1.49% e depois
45.28±2.11% (Saat et al. 2005).
Filipa Sebastião 60
Tabela 4-10 - Relação estatisticamente significativa entre as mudanças no volume plasmático e outras variáveis
Volume plasmático
Variável Correlação de Spearman Significância
Diferença na cor da urina do início
para o fim do teste -0.632 0.05
Diferença na temperatura da cervical
dos 0’ para os 60’ -0.661 0.038
Diferença na temperatura do esterno
dos 45’ para os 60’ -0.661 0.038
Diferença na temperatura do esterno
dos 0’ para os 60’ -0.661 0.038
Diferença na temperatura da coxa dos
15’ para os 30’ -0.697 0.025
Vo₂ absoluto -0.709 0.022
Lactato 4 mmol’s/L -0.661 0.038
Dmax -0.770 0.009
Diferença na pressão sistólica do
início para o fim do teste 0.772 0.009
As mudanças no volume plasmático apresenta relação significativa (p≤0.05) com a diferença
na cor da urina do início para o fim do teste (quanto maior a diferença na cor da urina do antes para
o depois do teste menor a perda de volume plasmático), com a diferença na temperatura da cervical
dos 0’ para os 60 (quanto maior a diferença na temperatura da cervical dos 0‘ para os 60‘menor a
perda de volume plasmático), com a diferença na temperatura do esterno dos 45’ para os 60’
(quanto maior a diferença na temperatura do esterno dos 45’ para os 60’ menor a perda de volume
plasmático), com a diferença na temperatura do esterno dos 0’ para os 60’ (quanto maior a diferença
na temperatura do esterno dos 0’ para os 60’ menor a perda de volume plasmático), com a diferença
na temperatura da coxa dos 15’ para os 30’ (quanto maior a diferença na temperatura da coxa dos
15’ para os 30’ menor a perda de volume plasmático), com o Vo₂ absoluto (quanto maior o consumo
máximo de oxigénio absoluto menor a perda de volume plasmático), com o Lactato 4 mmol’s/L
(quanto maior a potência dos 4mmol’s/L de lactato menor a perda de volume plasmático), com o
Dmax (quanto maior a potência no Dmax menor a perda de volume plasmático) e com diferença
na pressão sistólica do início para o fim do teste (quanto maior a diferença na pressão sistólica do
antes para o depois do teste maior a perda de volume plasmático).
Filipa Sebastião 61
3.1.2. Diferença na temperatura da urina do pré-teste para o pós-teste
Neste teste houve uma diferença média da temperatura da urina de 1.82ºC±0.33.
Tabela 4-11 - Relação estatisticamente significativa da diferença na temperatura da urina do inicio para o fim do teste com outras
variáveis
Temperatura da urina
Variável Correlação de Spearman Significância
Lactato 2 mmol’s/L 0.853 0.002
Lactato 4 mmol’s/L 0.713 0.021
Lactate threshold 0.744 0.014
Dmax 0.695 0.026
As diferenças na temperatura da urina do antes para o depois do teste apresentam relação
significativa (p≤0.05) com o lactato 2 mmol’s/L, com o lactato 4 mmol’s/L, com Lactate Threshold
e com o Dmáx. Em qualquer uma das variáveis anteriores esta relação quer dizer quanto maior for
a diferença na temperatura da urina do inicio para o fim do teste também será maior a potência aos
2mmol’s/L, aos 4mmol’s/L, no Lactate Threshold e no Dmáx.
3.1.3. Massa gorda
A percentagem de massa gorda tem relação estatisticamente significativa com:
Tabela 4-12 - Relação entre a massa gorda e a diferença da osmolaridade e da densidade do antes para o depois do teste
Massa gorda
Variável Correlação de Spearman Significância
Diferença na osmolaridade
do início para o fim do teste 0.648 0.043
Diferença na densidade do
início para o fim do teste 0.712 0.021
A percentagem de massa gorda apresenta relação significativa (p≤0.05) com a diferença na
osmolaridade do início para o fim do teste e com a diferença na densidade do início para o fim do
teste. Isto quer dizer que quanto maior for a diferença da osmolaridade e da densidade do inicio
para o fim do teste maior é a percentagem de massa gorda.
Filipa Sebastião 62
3.2. Correlações com os valores das variáveis após o teste
Nas variáveis do teste realizado à temperatura de 34ºC efetuamos o mesmo teste já que o objetivo era o mesmo, os resultados
estão na tabela abaixo:
Tabela 4-13 - Correlações 34ºC e 55% HR
Correlações 34ºC e 55% Hr
Cor da
urina Densidade Osmolaridade Potássio Cloro Sódio PA
sistólica
Volume
plasmático
Temperatura
da urina
Cor da urina 0.854** 0.691* 0.691*
Osmolariade 0.691* 0.895** 0.794** 0.693* 0.806**
Densidade 0.854** 0.895** 0.753* 0.755* 0.746*
Potássio 0.753* 0.794** 0.827**
Cloro 0.755* 0.693* 0.827** 0.778** -0.852**
Sódio 0.691* 0.746* 0.806** 0.778** -0.751*
Temperatura
da urina -0.852**
PAM depois 0.738* 0.787**
MC perdida
s/liquidos 0.721* -0.685* -0.661*
Lactato
2mmol/L -0.652* 0.755*
Dmax -0.770**
Lactato
4mmol/L -0.661* 0.683*
VO₂ absoluto -0.709*
LactT 0.671*
*A correlação é significativa no nível 0.05 (bilateral)
** A correlação é significativa no nível 0.01 (bilateral)
Filipa Sebastião 63
A cor da urina relaciona-se positivamente com a osmolaridade, densidade, sódio, e
temperatura da coxa no final do teste. Quando a cor da urina no fim do teste é alta todas as outras
variáveis citadas anteriormente são elevadas. A cor da urina tem relação significativa com a
osmolaridade e a densidade (Armstrong et al.1998), ou seja, estas vão sofrendo alteração em
proporções parecidas dando sempre resultados muito parecidos quando comparadas. No nosso
trabalho deu uma relação com a osmolaridade em que p≤0.05 e com a densidade em que p≤0.001.
O sódio tem relação positiva com a cor da urina, com a osmolaridade, com a densidade,
com o cloro e com PAM (quem teve um valor mais elevado de sódio no fim do teste foi quem teve
o valor da osmolaridade, da densidade, do cloro e da PAM também mais alto), e uma relação
negativa com a potência correspondente a 2 mmol/L de lactato (quem teve um valor mais elevado
de sódio no fim do teste foi quem teve uma potência nos 2 mmol/L mais baixa).
Gráfico 4-3 - Comparação dos valores de sódio, densidade e osmolaridade
O potássio tem relação positiva com a osmolaridade, com a densidade, com o cloro e com
a MC perdida sem contabilizar os líquidos ingeridos, isto é, quanto maior o valor final do potássio
mais elevado o valor da osmolaridade, da densidade, do cloro e maior a perda de MC sem
contabilizar os líquidos ingeridos. O cloro tem relação positiva com a osmolaridade, com a
densidade, com o potássio e com o sódio (quanto maior o valor final de cloro maior o valor da
osmolaridade, da densidade, do potássio e do sódio no fim do teste) e relação negativa com a
1504,52
357,50
1053,18
399,92
1025 1005 1025 1010
197
20109
36
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1 2 3 4
Comparação dos valores de sódio, densidade e osmolaridade
Osmolaridade Densidade Sódio
Filipa Sebastião 64
temperatura da urina, isto é, quanto maior o valor do cloro no fim do teste menor a temperatura da
urina. O sódio, o potássio e o cloro são componentes essenciais dos fluídos corporais, como sangue
e urina e, ajudam a regular a distribuição de água ao longo do organismo além de desempenhar um
papel importante no equilíbrio ácido básico. O sódio é responsável pela regulação da pressão
osmótica existente dentro das células, para além disto é importante na manutenção do potencial de
membrana que é essencial para algumas funções celulares como é o caso das contrações musculares
e transmissão de impulsos nervosos e ainda na regulação do ácido-base. (Betts et al., 2013). O
potássio tem funções bastantes importantes, como é o caso da síntese de proteínas e glicogénio, na
transmissão de impulsos nervosos para a contração muscular e na correção de desequilíbrios no
ácido base. O cloro é importantíssimo no equilíbrio hídrico, na regulação da pressão osmótica e no
equilíbrio do ácido base. (Betts et al., 2013). Tendo estes eletrólitos tanta função essencial para
manter o equilíbrio do organismo é essencial que estes sejam consumidos em quantidades corretas
durante o exercício para que não ocorram desequilíbrios nos níveis de água, no ácido base do
organismo e na contração muscular.
A temperatura da urina tem relação negativa com o sódio e cloro e tem relação positiva
com a potência correspondente aos 2mmol/L e 4mmol/L de lactato e ainda com o limiar anaeróbio
LT, isto quer dizer que a temperatura é superior no fim do teste nos atletas que têm menores
concentrações de sódio e cloro e ainda temperatura da urina é superior nos atletas que tenham a
potência dos 2mmol/L, 4 mmol/L e do Lactate Threshold superior. Todos os testes foram realizados
à mesma cadência (90rpm) o que faz com que o ritmo de contração muscular seja parecida entre
atletas e entre teste, isto possivelmente pode querer explicar que atletas que exerçam mais potência
aos 2 mmol/, aos 4mmol/L e no limiar anaeróbio LT tenham de desempenhar mais trabalho para a
mesma cadência o que faz que tenham uma temperatura da urina superior.
A perda de volume plasmático tem relação negativa com o VO₂ absoluto, com a potência
dos 4 mmol/L de lactato e do Dmáx e ainda com a massa corporal perdida sem contabilizar os
líquidos ingeridos, ou seja, uma perda superior de volume plasmático está relacionada com um
VO₂ absoluto menor, uma potência nos 4 mmol/L de lactato menor, uma potência no Dmáx menor
e a uma perda de massa corporal sem contabilizar os líquidos ingeridos menor. Isto pode significar
que atletas com uma capacidade superior de consumo máximo de oxigénio e com potência superior
Filipa Sebastião 65
no limiar anaeróbio são mais eficientes conseguindo perder menos volume plasmático quando
comparado com os atletas com menores capacidade.
3.3. Comparações entre variáveis do mesmo teste
Como anteriormente fizemos com o teste à temperatura de 21ºC voltámos a faze-lo no teste à
temperatura de 34ºC, ou seja, comparamos todas as variáveis antes do teste com o depois do teste.
Os resultados obtidos estão apresentados na tabela seguinte.
Tabela 4-14 - Comparação entre os valores antes e após o teste de 34ºC e 55% Hr
Variáveis Antes (média e
desvio-padrão) Depois (média e
desvio-padrão) Significância
Cor da urina 4±1.63 4.90±1.29 0.119
Osmolaridade da urina (mOsm.𝑘𝑔−1) 707.36±408.96 787.05±340.28 0.445
Densidade da urina 1012.00±6.75 1016±6.15 0.057
Sódio na urina (mEq.𝐿−1) 66.70±61.03 77.17±54.19 0.330
Potássio (mEq.𝐿−1) 41.10±21.91 45.50±14.93 0.241
Cloro (mEq.𝐿−1) 74.38±64.55 85.61±65.84 0.285
Temperatura da urina (ºC) 36.86±0.18 38.68±0.34 0.005
Temperatura da cervical (ºC) 34.82±0.45 35.87±1.14 0.017
Temperatura do esterno (ºC) 34.15±0.84 35.78±1.32 0.007
Temperatura do antebraço (ºC) 34.05±0.72 34.92±1.70 0.285
Temperatura da coxa (ºC) 33.89±1.04 34.70±1.72 0.103
Pressão sistólica (mmHg) 118.80±6.68 99.80±6.70 0.005
Pressão diastólica (mmHg) 68.80±8.44 66.20±3.71 0.005
Ao observarmos os dados da tabela verificámos que há variáveis que apresentam diferenças
significativas do antes para o depois do teste e outras não apresentam diferenças significativas.
Neste teste as variáveis que apresentam diferenças estatisticamente significativas foram a
temperatura da urina (a média da temperatura da urina dos nossos atletas antes do teste foi de
36.86±0.18ºC e após o teste foi de 38.68±0.34ºC), a temperatura da cervical, a temperatura do
Filipa Sebastião 66
esterno, a pressão arterial sistólica e a diastólica. Quando olhamos para os valores presentes na
tabela conseguimos ver que os valores quase todos aumentaram no sentido da desidratação, os
valores da pressão arterial sistólica e da diastólica diminuíram no sentido da hipotensão. Após o
exercício físico tem sido demonstrado que acontece o fenómeno de hipotensão (Pescatello et al.,
2004), ou seja, há uma diminuição da pressão arterial quando comparada com a pressão arterial
antes da realização do exercício físico.
Num estudo foi realizado exercício a 35ºC e 40% Hr, estes tinham de realizar o máximo de
distância em 90 minuto num cicloergómetro, foi analisada a perda de massa corporal e a perda de
volume plasmático. Houve uma perda média de 0.19±0.38kg de massa corporal e uma perda de
5.69±1.24% de volume plasmático (Hillman, A. et all. 2013).
Num estudo foram analisadas parte das variáveis estudadas por nós, nesse estudo os sujeitos
tinham de realizar 40 minutos num cicloergómetro a 60% do VO₂ máximo (Saat et al. 2005). As
variáveis analisadas foram: a temperatura retal (no nosso trabalho foi analisada a temperatura da
urina), a osmolaridade da urina, o potássio, o cloro e o sódio, os valores estão apresentados na
tabela abaixo.
Tabela 4-15 - Valores da temperatura retal, da osmolaridade da urina, do Na⁺, K⁺ e o CL¯ do estudo de Saat et al. 2005
Variável Antes (média e desvio-
padrão) Depois (média e desvio-
padrão)
Temperatura retal (ºC) 37.35±0.34 38.85±0.45
Osmolaridade da urina (mOsm.𝑘𝑔−1) 294±276 438±216
Na⁺ na urina (mmol.𝐿−1) 71±53 92±25
K⁺ na urina (mmol.𝐿−1) 13±16 30±21
CL¯ na urina (mmol.𝐿−1) 51±63 90±43
Ao observarmos o que ocorreu no nosso teste em comparação com o teste a cima podemos ver
que todas as variáveis tiveram o mesmo comportamento nos dois testes, todas elas tiveram valores
superiores no fim do teste, tal como no nosso estudo neste também não ocorreram diferenças
estatisticamente significativas do antes para o depois do teste na osmolaridade, no Na⁺, no K⁺ e no
CL¯. Na nossa amostra e neste teste a temperatura máxima da urina chegou aos 39.3ºC, segundo
Filipa Sebastião 67
Brooks et al. (2005) em exercício a temperatura corporal pode chegar as 40ºC. Uma temperatura
interna elevada e problemas no sistema circulatório são fatores críticos para a fadiga no exercício
no calor (Nielsen et al., 1993). No estudo apresentado não ocorreram diferenças significativas na
temperatura retal o mesmo não ocorreu na nossa amostra (p=0.005) em relação à temperatura da
urina. Todos os restantes parâmetros (Na⁺, K⁺ e CL¯) tanto antes como depois do teste se
encontravam dentro dos valores ideais para o equilíbrio.
4. Comparação entre o teste realizada à temperatura de 21ºC e 34ºC em todas
as variáveis
4.1. Análise do Diário de Hidratação
Através da análise do diário de hidratação podemos ver que os atletas ingeriram as seguintes
quantidades de água:
Tabela 4-16 - Valores médios de água ingeridos pelos atletas no dia antes e no dia da realização do teste
21ºC (média e
desvio-padrão) 34ºC (média e desvio-
padrão)
Dia antes ao teste (ml) 2655,50 ±830.47 2601.56±982.56
Dia do teste (ml) 1369±751.86 1474.02±794.85
Podemos ver que os atletas mantiveram o seu tipo de hidratação no dia antes ao teste à
temperatura de 21ºC e ao de 34ºC e também mantiveram no dia em que realizaram o teste. Quando
comparados podemos observar que não há diferenças significativas no dia antes (p=0.717) e no dia
do teste (p=0.469). Desta forma, podemos afirmar que os atletas realizaram os dois testes com
estados de hidratação muito semelhantes. Os atletas em média ingeriram 2600 ml de água, uma
pessoa adulta que não pratique exercício físico, ou seja, sedentária tem uma necessidade de 2,5
litros de água por dia. Já uma pessoa ativa e que pratique o seu exercício físico num ambiente
quente e húmido aumenta as suas necessidades para entre 5 a 10 litros de água (McArdle et al.,
2010). A maioria dos atletas tiveram um consumo de água superior aos 2.5 litros.
Filipa Sebastião 68
4.2. Variáveis de hidratação e de temperatura
Sendo um dos objetivos saber quais as diferenças que ocorrem um ambiente laboratorial
standart e num exercício em condições adversas (calor) decidimos fazer a comparação e apresenta-
la abaixo através dos valores de significância. Para além das diferenças que ocorrem após o teste
também fizemos a comparação das variáveis antes para ver se os atletas vinham nas mesmas
condições nos dois testes.
Tabela 4-17 - Comparação entre o teste de 21ºC e os 34ºC em todas as variáveis estudadas
Comparação entre o teste de 21ºC e os 34ºC em todas as variáveis estudadas
Variável Antes (sig) Depois (sig)
Cor da urina 0.782 0.577
Osmolaridade da urina 0.144 0.721
Densidade da urina 0.063 0.057
Sódio 0.114 0.878
Potássio 0.285 0.285
Cloro 0.092 0.386
Volume plasmático 0.022
Temperatura da urina 0.084 0.005
Temperatura da cervical 0.005 0.005
Temperatura do esterno 0.005 0.005
Temperatura do antebraço 0.007 0.005
Temperatura da coxa 0.005 0.005
Pressão arterial sistólica 0.932 0.046
Pressão arterial diastólica 0.878 1.000
Pressão arterial média 1.000 0.241
Líquidos ingeridos 0.005
Massa corporal perdida sem contabilizar líquidos ingeridos 0.674
Massa corporal perdida com contabilização líquidos ingeridos 0.005
Começando pelo antes do teste podemos ver que nas variáveis cor da urina, osmolaridade
da urina, densidade da urina, sódio, potássio, cloro, temperatura da urina, pressão arterial sistólica
e pressão arterial diastólica que não existiram diferenças significativas (p>0.05) o que é um bom
sinal já que o objetivo era que os atletas realizassem os dois testes nas mesmas condições.
Filipa Sebastião 69
Já na temperatura da pele existiram diferenças no antes do teste, isto pode ser explicado
pelo simples facto de os sujeitos já estarem dentro da câmara térmica, ou seja, no teste realizado à
temperatura de 21ºC os atletas antes do teste tiveram as temperaturas da pele mais baixas do que
no teste realizado à temperatura de 34ºC como podemos observar no gráfico 4:
Gráfico 4-4 - Médias e respetivos desvios-padrão da temperatura da pele antes dos testes
34,82 34,15 34,05 33,89
32,7231,95
30,41 30,18
26
28
30
32
34
36
Cervical Esterno Antebraço Coxa
Médias e respetivos desvios-padrão da temperatura da pele antes dos testes
34º 21º
Filipa Sebastião 70
Quando passamos para o pós teste podemos verificar também que a maioria da variáveis
não apresentaram diferenças significativas (p> 0.05). No gráfico a baixo estão representadas essas
variáveis incluindo o volume plasmático que apresenta diferenças significativas (p≤0.05):
Gráfico 4-5 - Comparação entres as médias das diferenças ocorridas do antes para o depois do teste nos 21ºC e 34ºC
As variáveis que apresentam diferenças significativas (p ≤0.05) foram a pressão sistólica e
a perda de volume plasmático (perda foi superior no teste à temperatura 34ºC e 55% HR). Após o
teste à temperatura de 21ºC e do à temperatura de 34ºC foi verificado que ocorreu hipotensão, esta
hipotensão foi maior no teste de 34ºC o que pode significar que quanto maior for a agressão ao
nosso organismo durante o exercício maior será a hipotensão ocorrida a seguir ao teste. Para
contrariar a hipotensão existem sistemas hipertensores que ajudam, são eles: catecolaminas, renina-
angiotensina e a vasopressina (Tresguerres, 1992). O sistema da renina-angiotensina pode intervir
no controlo da pressão arterial, este controlo é bastante importante nas hipotensões que ocorrem de
uma diminuição de volume plasmático e do estado de desidratação. A vasopressina é uma hormona
antidiurética (segregada pela neurohipófise) tem como principal função a reabsorção renal de água
nu túbulo coletor, esta hormona tem um papel importante na regulação da pressão arterial através
de duas vias: nos efeitos vasculares e nas ações renais. Esta função é clara quando a hipotensão é
provocada por hemorragia ou por perdas de volume plasmático. (Tresguerres, 1992)
-12
-7
-2
3
8
13
Cor da urina Dens Sodio Potássio Cloro Vol plasm
Comparação entres as médias das diferenças ocorridas do antes para o depois do teste nos 21ºC e 34ºC
21º 34º
Filipa Sebastião 71
Outras variáveis que deram diferenças após os testes foram: a temperatura da urina,
temperatura da cervical, do esterno, do antebraço e da coxa. Quando comparamos as temperaturas
finais dos dois testes podemos ver que a temperatura no teste realizado à temperatura de 34ºC é
sempre superior ao teste realizado à temperatura de 21ºC, tal como está demonstrado no gráfico
seguinte:
Gráfico 4-6 Médias e respetivos desvios-padrão das temperaturas da pele no fim dos testes
A combinação entre condições ambientais quentes e o exercício físico (tal como ocorreu no
teste à temperatura de 34ºC) representa um grande desafio para o nosso sistema cardiovascular
(Johnson, 2010). Um aquecimento muito elevado pode levar a graves problemas ao atleta (McArdle
et al., 2010). O máximo de temperatura atingida no teste de 34ºC foi de 39.3ºC e nos 21ºC foi de
38.4ºC podemos ver que há uma diferença de praticamente 1ºC. A temperatura da pele num
ambiente de 25ºC em média ronda os 33ºC, isto é, 4 a 5ºC (alguns centímetros a baixo da pele) a
menos do que a temperatura interior do corpo, não sendo igual em todas as partes do corpo (Burton,
1935). No nosso trabalho podemos ver que nos 21ºC e 60% Hr temos uma diferença da temperatura
interna para a cervical de 5.29ºC, no esterno de 5.33ºC, no antebraço de 7.57ºC e no coxa de 7.44ºC,
já nos 34ºC e 55%Hr temos uma diferença para a cervical de 2.81ºC, do esterno de 2.9ºC, do
antebraço de 3.76ºC e na coxa de 3.98ºC.
35,87 35,78 34,92 34,7038,68
32,22 32,16 29,92 30,0537,49
0
10
20
30
40
50
Cervical Esterno Antebraço Coxa Urina
Médias e respetivos desvios-padrão das temperaturas da pele no fim dos testes
34º 21º
Filipa Sebastião 72
As outras variáveis que apresentaram diferenças entre os dois testes foram os líquidos ingeridos
e a percentagem da massa corporal perdida com a contabilização dos líquidos ingeridos. Isto quer
dizer que os atletas adaptam o seu consumo de água consoante as necessidades, era de esperar que
estes ingerissem mais água no teste realizado à temperatura de 34ºC. Abaixo está um gráfico com
a representação da percentagem de massa corporal sem contabilizar os líquidos ingeridos:
Gráfico 4-7 - Comparação da % de MC perdida pelos atletas sem contabilização dos líquidos ingeridos
A perda de massa corporal é um dos indicadores que os atletas podem utilizar em suas casas
para contabilizar as perdas de líquidos que ocorrem durante os treinos. Uma desidratação em que
ocorre uma diminuição de 2 a 3% na massa corporal é considerada uma desidratação moderada.
Este tipo de desidratação já pode ter efeitos negativos no desempenho dos atletas e pode fazer
diferença a quando de uma disputa de uma prova. Níveis ainda mais baixos do que 2% também
podem ter impacto negativo no desempenho do atleta. (Shirreffs, 2003; Kavouras, 2002). Uma
desidratação até à perda de 4% da massa corporal leva a uma redução gradual do fluxo sanguíneo
sistémico, muscular e periférico, há maior gasto de energia através do glicogénio muscular, há um
aumento da temperatura interna e muscular, há um aumento do metabolismo celular e há uma
tendência para a diminuição do consumo de oxigénio quando há fadiga (González-Alonso et al.,
2008). Como podemos ver no gráfico a cima nos nossos testes o máximo de perda de massa
corporal foi de 3.36% de MC o que já provoca alguns problemas no desempenho do atleta.
1,40
1,872,09
1,20
0,65
1,61
0,47
1,10 1,00
3,36 1,44 0,87 0,34 0,98 -0,16 1,78 0,63 2,74 1,00
-0,50
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
% M
C p
erd
ida
Atleta
Comparação da % de MC perdida pelos atletas
21ºc
34º
Filipa Sebastião 73
Capítulo 5 - Conclusões
Filipa Sebastião 74
O estado de hidratação é uma variável importante a ter em conta em todas as modalidades
desportivas que sejam realizadas ao ar livre, tal como é o ciclismo, já que realizar um treino ou
uma prova numa temperatura e uma humidade standard (21º e 60% HR) não é o mesmo de estarmos
expostos ao calor.
Neste estudo conseguimos perceber o que acontece à nossa hidratação e termorregulação,
em condições standard (21ºC e 60% HR) e em stress térmico induzido pelo calor (34ºC e 55% HR).
A primeira coisa que fomos estudar foi a relação existente entre variáveis dentro dos dois testes:
1. Na temperatura 21ºC e 60% HR a cor da urina, a densidade, a osmolaridade, o sódio, o
potássio e o cloro praticamente todas apresentam relação significativa entre sim, ou seja,
quando uma destas variáveis no fim do teste apresentava um valor alto todas as outras
também apresentavam um valor alto.
2. Na temperatura de 34ºC verificámos que existe a mesma relação entre a cor da urina, da
osmolaridade, da densidade, do sódio e do potássio que acontece na temperatura 21ºC, mas
neste há mais variáveis que apresentam relação, o volume plasmático apresenta relação
significativa com a potência no Dmáx, nos 4 mmol/L e com o Vo₂ absoluto, isto é, quando
há maior a perda de volume plasmático menor é a potência exercida no Dmáx e nos 4
mmol/L e ainda um menor é o valor de VO₂ absoluto.
3. A temperatura da urina tem relação significativa com o cloro e o sódio, temperaturas da
urina mais elevadas implicavam menores valores sódio e cloro no fim do teste, e ainda teve
relação com as potências nos 2mmol/L, os 4mmol/L e o Lactate Threshold, isto é, quanto
maior a temperatura da urina maior a potência produzida nos 2mmol/L, nos 4 mmol/L e
Lactate Threshold.
4. Quando comparamos o que aconteceu nos dois testes vemos que existiram diferenças
significativas na perda de volume plasmático (obtivemos uma perda 3.33±4.58% e 7.54±
4.19% respetivamente), na temperatura da urina (obtivemos um temperatura média no final
do teste de 37.59±1.30ºC e de 38.68±0.45ºC respetivamente), na temperatura da pele
(cervical, esterno, antebraço, coxa), na pressão sistólica (obtivemos após o teste uma
pressão arterial sistólica em média de 104.31±7.15 mmHg e de 99.8±6.70 mmHg
respetivamente). e na quantidade de água ingerida. Quando comparamos os resultados
Filipa Sebastião 75
obtidos verificamos que o que ocorre numa temperatura e humidade standard (21ºC e 60%
HR) não é precisamente o que ocorre na temperatura 34ºC e 55% HR.
5. Face aos dados encontrados é necessário que os testes laboratoriais reproduzam as
condições de temperatura e humidade em que os atletas competem e/ou treinam.
Não respeitar esta premissa pode levar a desajustes no cálculo de cargas de treino e a
consequência para a saúde do atleta. Basta 2% da perda de massa corporal para o atleta não
reunir as condições adequadas para a prática de exercício físico, se os atletas não estiverem
informados e se não forem avaliados nas condições adequadas podem chegar a níveis mais
graves que podem colocar a vida em risco.
Filipa Sebastião 76
Referências bibliográficas
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Apêndices
Filipa Sebastião B
A - Ficha informativa sobre o estudo
“Efeito da temperatura e humidade nos níveis de hidratação e temperatura corporal em
ciclistas”
“Efeito da temperatura e humidade nas variáveis fisiológicas em ciclistas”
Os objetivos destes estudos são verificar o impacto que as variações climáticas, temperatura
e humidade, provocam nas variáveis fisiológicas, no nível de hidratação dos atletas bem como na
temperatura corporal em ciclistas após um esforço físico com a duração de uma hora a intensidade
correspondente à concentração de lactato de 2 mmol/l.
Avaliações a realizar:
Composição corporal:
o Pregas de adiposidade;
o Bod Pod.
VO₂ máximo e lactato;
o Determinação do VO₂ máximo;Determinação do limiar anaeróbio.
1 hora a intensidade correspondente à concentração de lactato de 2 mmol/ (21ºC e 55%
humidade):
o Avaliação da urina;
o Temperatura cutânea;
o Massa corporal;
o Avaliação da hemoglobina e do hematócrito;
o Medição da pressão arterial;
o Medição dos parâmetros cardiorrespiratórios com a máscara de VO₂;
o Avaliação da variabilidade da frequência cardíaca;
o Avaliação da frequência cardíaca ao longo do teste;
o Medição de lactato.
Filipa Sebastião C
1 hora a intensidade correspondente à concentração de lactato de 2 mmol/ (34ºC e 55%
humidade)
o Avaliação da urina;
o Temperatura cutânea;
o Massa corporal;
o Avaliação da hemoglobina e do hematócrito;
o Medição da pressão arterial;
o Medição dos parâmetros cardiorrespiratórios com a mascara de VO₂;
o Avaliação da variabilidade da frequência cardíaca;
o Avaliação da frequência cardíaca ao longo do teste;
o Medição de lactato.
Material a trazer:
Calções de ciclismo (os mesmos em todos os testes);
Calções justos para avaliação da composição corporal;
Toalha pequena para ter na bicicleta;
Fita cardíaca;
Sapatos ciclismo;
Bidon vazio;
Material para tomar banho.
Garantimos a confidencialidade e uso exclusivo dos dados recolhidos para o presente estudo,
prometendo anonimato.
Agradecemos a vossa disponibilidade para a realização dos testes e prometemos ser breves.
Com os melhores cumprimentos,
Filipa Sebastião e José Afonso
Filipa Sebastião D
B – Ficha de recolha de dados dos testes de 1 hora
Código de teste
Nome
Data e hora de teste
Temperatura e humidade
Aquecimento
Tempo Potência Cadência
2’ 90 90
2’ 90
2’ 90
Teste 1 hora à intensidade correspondente à produção 2 mmol/L de lactato
Tempo Cadência Carga Potência FC VE R VO₂ VCO₂ VO₂ Lactato RPE Pa
1 5
2 15
3 30
4 45
5 60
Temperatura cutânea
Antes 5 min 15 min 30 min 45 min 60 min
1 Cervical
2 Esterno
3 Antebraço
4 Coxa
Análise da Urina Hemoglobina
Antes Depois Antes Depois
Temperatura
Sódio
Filipa Sebastião E
Potássio Hematócrito
Ureia Antes
Glucose Antes
Densidade Depois
Cor Depois
Peso do bidon Massa corporal
Antes Antes (depois de urinar)
Depois Depois (antes de urinar)
Total ingerido Depois (depois de urinar)
Filipa Sebastião F
C - Ficha da composição corporal
Data e Hora do teste
Temperatura e Humidade
Dados Pessoais
Código do teste
Nome
Data de Nascimento
Vertente competitiva
Tipo de competição
Anos de experiência no ciclismo
Horas a que costuma treinar
Quantidade de treino semanal Menos de 10h 10h a 15h 15h a 20h Mais de 20h
Medidas Antropométricas
Estatura
Massa corporal da balança
Pregas de Adiposidade
Subescapular
Tricipital
Axilar média
Peitoral
Abdominal
Suprailíaca
Coxa
Filipa Sebastião G
D – Ficha de recolha de dados do consumo máximo de oxigénio
Código de teste
Nome
Data e hora de teste
Temperatura e humidade
Teste Vo2 máximo
T.
inicio
T.
Fim
Cadência Carga Potência FC VE R VO₂ VCO₂ VO₂ Lactato RPE
(Min) (Min) (rpm) (Kg) (Watt) (Bpm) l/min ml/kg/min (mmol/L) (Borg
6-20)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Massa corporal Antes do teste Kg
Depois do teste Kg
Temperatura da Urina Antes do teste ֯C
Depois do teste ֯C
Liquidos Antes do teste g
Depois do teste g
Monark Altura do selim Furo
Recuo do selim Furo
Dados finais
Tempo de teste min
Fc máxima bpm
VO₂ máximo ml/kg/min
VO₂ máximo l/min
Filipa Sebastião H
E – Diário de hidratação