O indivíduo enquanto ator social
Profa. Ana Paula Lima
Disciplina: Sociologia
A representação do eu
• Quando vivemos em sociedade construímos nossa identidade.
• Nós sentimos, pensamos e representamos.
• Então, essa identidade:
• É manipulada por nós para sermos melhor aceitos?
• Ou o que conta é o que representamos e não o que sentimos e pensamos sobre o que realmente somos?
Erving Goffman
• O estudo do homem em sua representação social; • Desde a constituição das identidades, até a formação dos estigmas.
• A representação ocorre por meio da “interação simbólica”: A interação social influencia o comportamento dos homens. Em suas interações os homens fazem uso de símbolos que podem
dizer mais que as próprias falas. A ação de cada homem é estabelecida a partir da reação com o
outro. Nossas identidades só são construídas socialmente. • A partir das interações simbólicas se constituem as relações mais
complexas.
A representação do eu na vida cotidiana:
• Em sua vida cotidiana os indivíduos são movidos por quais interesses? Por quais motivações?
• Os indivíduos agem tentando causar impressões em outros indivíduos.
• Mas isso não é algo calculado, é instintivo. • Para que possam ser aceitos, e desse modo, melhor
viver em sociedade, desenvolvem as suas ações fundamentadas nas reações dos outros.
A representação do eu na vida cotidiana
• Paralelo com Durkheim: o processo de socialização.
• Uma das tarefas da socialização é incutir nos indivíduos a percepção de que eles precisam seguir determinadas condutas aceitas socialmente.
• Ex: quando comparecemos a uma festa de aniversário ou em um dia de prova no Colégio Tiradentes.
A representação do eu na vida cotidiana:
• A vida social é comparada a uma peça teatral.
• Inconscientemente o indivíduo atua.
• A posição que um indivíduo ocupa na sociedade exige que ele haja de determinada maneira.
• Ao se comunicar o indivíduo deseja transmitir uma impressão.
• Desse modo, ele representa um papel.
A representação do eu na vida cotidiana
• O papel ocupado por um indivíduo na vida social, o status. • Status legal: determinado por leis e normas. • Status social: relacionado ao mérito pessoal, ao
reconhecimento. • A cada posição de status é atribuída uma maneira de agir e
de se relacionar.
• “Papéis sociais”: comportamento esperado por um indivíduo de acordo com a posição ocupada por ele na organização social.
A representação do eu na vida cotidiana
• Ex: o trabalho de um policial exige dele determinada postura.
• Na maioria das vezes o indivíduo atua inconscientemente.
• Em outras ocasiões ele pode dramatizar.
A representação do eu na vida cotidiana:
• O indivíduo tenta projetar uma imagem melhorada de si mesmo.
• A relação entre o eu demasiadamente humano e o eu socializado.
Manicômios, prisões e conventos:
• Compreender a estrutura do eu.
• A posição que um indivíduo ocupa na sociedade exige que ele haja de determinada maneira.
• A força das instituições totais sobre a conduta dos indivíduos.
Manicômios, prisões e conventos
• Instituições totais: lugares em que os indivíduos ficam reclusos por um longo período de tempo.
• Objetivo: excluir os indivíduos de suas relações de origem. • Características: São fechadas, há barreiras físicas inclusive, que impedem a
saída do interno.
Dentro dessas instituições os indivíduos vivem sob uma forma disciplinar.
Manicômios, prisões e conventos:
• Asilos e orfanatos: para cuidar de pessoas inofensivas;
• Sanatórios: para cuidar de pessoas que não tem condições de cuidar de si próprios.
• Cadeias, penitenciárias: para retirar do convívio social pessoas perigosas.
• Quartéis, internatos: para a formação educacional e/ou profissional.
Manicômios, prisões e conventos:
• Os internados devem se adaptar a essas instituições.
• Três reações mais frequentes: se isolam, tornam-se violentos, ou se convertem.
• Por ficarem reclusos durante um período de tempo, apenas em um determinado espaço, seus sentidos, pensamentos, hábitos e ações acabam sendo moldados por esse espaço.
• Desvinculam-se de sua identidade anterior.
• Incorporam a cultura desse espaço social.
• Ocorre um controle do indivíduo, a mudança do eu.
Manicômios, prisões e conventos:
• Sofre rebaixamentos, degradações e humilhações.
• Intensão: fazer com que os internados passem a ter determinado padrão de conduta.
• Deixa a sua identidade real e passa a “vestir” a identidade
que a sociedade conferiu a ele. • Reformar o indivíduo.
• Conclusão: o eu é defino pelo lugar em que ele está
inserido.
Manicômios, prisões e conventos
• A mortificação do eu:
• 1ª parte: Direta: obediências e castigos.
• 2ª parte: Indireta: uso de uniformes; distanciamento de objetos pessoais; funções básicas cronometradas; obediência por meio de hierarquias e regras; impossibilidade de realizar escolhas básicas; violências e mutilações; corpo físico, necessidades e desejos disciplinados.
Manicômios, prisões e conventos
• O senso comum tende a achar que essas instituições são eficazes, quando na verdade degradam o ser humano.
• As instituições totais não recuperam ou auxiliam os indivíduos, pelo contrário, degradam-no.
“ No ciclo usual de socialização de adultos, esperamos que a alienação e a mortificação sejam seguidas por um novo conjunto de crenças a respeito do mundo e uma nova maneira de conceber os eus.” Goffman.
O holocausto brasileiro
Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada:
• A identidade deteriorada.
• O termo surge na Grécia Antiga. O seu significado é marcar.
• As marcas eram feitas com fogo ou cortes nos corpos de escravos ou traidores políticos, por exemplo.
• A marca servia para mostrar a sociedade que aquela pessoa carregava algo de negativo.
Estigma
• São estigmas:
Deformidades físicas;
Marcas corporais culturais, tais como: religiosas, nacionais, raciais etc.
Culpas de caráter: alcoólatra, ex-presidiário.
Lugares de origem: favelas, bairros de periferia.
Estigma
• O estigmatizado tende a compreender o atributo estigmatizado como um defeito.
• Em interação social, o estigmatizado geralmente se vê em três situações:
Contato misto: estigmatizado + “indivíduo normal”: tende ao retraimento
ou a agressividade frente ao desrespeito ou rejeição do outro.
Contato com iguais: compartilhamento de vivências possibilita integração social.
Informados: conhecedores e simpatizantes dos estigmatizados. Conhecem o estigmatizado para além do estigma, devido a isso, os estigmatizados passam a ser considerados “normais”.
Estigma
• A reação ao estigma pode ocorrer de duas formas:
Vitimização: usa o atributo estigmatizado como desculpa para fracassos.
Superação: dominar outras áreas, geralmente inatingíveis devido ao estigma, na tentativa de corrigir a sua condição.
Referências
• GOFFMAN, Ervin. A representação do eu na vida cotidiana. Editora Vozes. Petrópolis. 2008.
• SILVA, Afrânio et al. Sociologia em Movimento. Editora Moderna. São Paulo. 2013.